Aguas Vivas 3 Antologia de Poesia Evangelica

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O Projeto Águas Vivas teve início em 2009. Ele nasceu com a ideia de divulgar a boa produção de poetas evangélicos contemporâneos, do Brasil e de Portugal, estreitando os laços entre autores e leitores, através da democratização do conhecimento que o livro eletrônico e gratuito proporciona. E ainda incentivar a produção, a um tempo insuflando conteúdo e ampliando o espaço de publicação, tão escasso na seara literária evangélica, notadamente em sua vertente dedicada à ars poetica.Uma das estratégias aqui adotadas é consorciar a participação de autores já de alguma maneira consagrados, ao lado de iniciantes que representam desde já boas promessas literárias. E mais que uma antologia de poesia evangélica, esta é uma antologia de poetas, pois, embora a poesia francamente cristã seja o carro chefe desta seleta, damos destaque também a textos de temática diversa, conforme a livre expressão dos autores.E agora, dando voz e continuidade à doce fruição de águas vivas que é a poesia, reunimos a literatura de oito autores: os brasileiros Francisco Carlos Machado, George Gonsalves,Heloísa Zachello, John Lennon da Silva, Julia Lemos, Silvino Netto e Sol Andreazza, e o lusitano Manuel Adriano Rodrigues.Que os versos de nossos irmãos, irmãos esses oriundos das mais diversas cores denominacionais do Protestantismo, e usuários de variados estilos de escrita, possam tocar as cordas do coração de cada leitor, entoando juntos a música (a um só tempo) devocional/sentimental/intelectual/estética, que, dentre todas as ditas Nove Artes, só a Poesia pode orquestrar.

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Águas Vivas Antologia

~ Volume 3 ~

Poetas Evangélicos Contemporâneos

Francisco Carlos Machado George Gonsalves Heloísa Zachello

John Lennon da Silva Julia Lemos

Manuel Adriano Rodrigues Silvino Netto Sol Andreazza

Organização de Sammis Reachers

2013

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Índice Prefácio ............................................................................. 05

Francisco Carlos Machado .................................................. 06 XII ........................................................................................................................... 07 XIII ......................................................................................................................... 08 Na Hora Marcada ............................................................................................ 09 Um Pinheiro ..................................................................................................... 10 O Sentido da Vida ........................................................................................... 11 Diurnal ................................................................................................................ 12 VIX ........................................................................................................................ 13 Paz e alegria de viver... ............................................................................... 15 Pecador .............................................................................................................. 16 O Encontro Crepuscular ............................................................................. 17

George Gonçalves ................................................................. 18 Natividade ........................................................................................................ 19 Jesus É ................................................................................................................ 20 Onde encontrar Jesus .................................................................................. 21 A Face de Deus no Homem ....................................................................... 22 Quando os Santos Se Vão .......................................................................... 23 Instantes Eternos ......................................................................................... 24 Perante Deus .................................................................................................. 25 Passagem ......................................................................................................... 26 Deus, És Meu Sem Fim ............................................................................... 27 Essência ........................................................................................................... 28

Heloísa Zachello ................................................................... 29 Ao menos por um momento ................................................................... 30

Bença, Mãe! Bença, Pai! ............................................................................. 31 Decifrando uma Amizade ......................................................................... 32 Bem Mais! ........................................................................................................ 33 Bíblia, meu Jornal ......................................................................................... 34 Maria Piedade ................................................................................................ 36 Minha Mãe ....................................................................................................... 38 Ladrão da Alegria ......................................................................................... 40 Santificação ..................................................................................................... 41 Cria em Mim .................................................................................................... 43

John Lennon da Silva ........................................................... 44 A hora última .................................................................................................. 45 Senhor, queira o meu ser, que seja o teu ............................................ 46 Escatologia poética ...................................................................................... 47 Lúcifer ............................................................................................................... 48 Senhor ............................................................................................................... 49 Tentando sonetar ......................................................................................... 50 A última redenção ........................................................................................ 51 Em Meu Quarto ............................................................................................. 52 De ferro e de aço ........................................................................................... 55 Na madrugada ............................................................................................... 56

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Julia Lemos ........................................................................... 57 De Tal Maneira ............................................................................................ 58 O amor será mais forte ............................................................................ 59 O Índio ............................................................................................................ 60 Madrugada no Recife ............................................................................... 61 A Voz ............................................................................................................... 62

Ulisses ............................................................................................................ 63 Guardei a Fé ................................................................................................. 64 Março .............................................................................................................. 65 Água Viva ...................................................................................................... 66 Exercício para a eleição de uma palavra ......................................... 67

Manuel Adriano Rodrigues ............................................. 68 Olhai os lírios do campo .......................................................................... 69 Em busca de gente descalça .................................................................. 70 Carta a Filadélfia ........................................................................................ 71 Escatologia ................................................................................................... 72 Carta aos Coríntios ................................................................................... 73 Como se desenha um escombro ......................................................... 74 Um Deus irreversível .............................................................................. 75 Sucesso .......................................................................................................... 76 A gaia ciência .............................................................................................. 77 Para ser gente ............................................................................................ 78

Silvino Netto ....................................................................... 79 Na Casa de Meu Pai Há Muitas Moradas! ....................................... 80 Quando Eu Morrer ................................................................................... 83 Os Sonhos Nascem Assim... ................................................................. 88 Quando o Saldo é Devedor ................................................................... 90 A Solidão do Sonhador ........................................................................... 92 Feira Livre de Bairro! ............................................................................. 94 Que Ser Que Sou!? .................................................................................... 96

O Choro da Noite e a Alegria da Manhã .......................................... 98 Em Crise de Energia ............................................................................. 100 Plantem Flores, Crianças .................................................................... 102

Sol Andreazza .................................................................. 104 Forjada para Deus .................................................................................. 105 Guia meu silêncio ................................................................................... 106 Lutero .......................................................................................................... 107 Perdido de si mesmo .............................................................. 108 Escória de Ouro ....................................................................................... 109 I don´t know how... .............................................................................. 110 Jesus Chegou! ........................................................................................... 111 Ode ao Espírito Santo ........................................................................... 112 Sob o Monte Vejo a Terra Prometida ............................................. 113 Escalada ...................................................................................................... 114

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Prefácio O Projeto Águas Vivas teve início em 2009. Ele nasceu com a ideia de divulgar a boa produção de poetas evangélicos contemporâneos, do Brasil e de Portugal, estreitando os laços entre autores e leitores, através da democratização do conhecimento que o livro eletrônico e gratuito proporciona. E ainda incentivar a produção, a um tempo insuflando conteúdo e ampliando o espaço de publicação, tão escasso na seara literária evangélica, notadamente em sua vertente dedicada à ars poetica.

Uma das estratégias aqui adotadas é consorciar a participação de autores já de alguma maneira consagrados, ao lado de iniciantes que representam desde já boas promessas literárias. E mais que uma antologia de poesia evangélica, esta é uma antologia de poetas, pois, embora a poesia francamente cristã seja o carro chefe desta seleta, damos destaque também a textos de temática diversa, conforme a livre expressão dos autores.

Sendo assim, no primeiro volume pudemos contar com a poesia de João Tomaz Parreira, Brissos Lino, Israel Belo de Azevedo, Gilberto Celeti, Josué Ebenézer, Noélio Duarte, Wolô, Luiz Flor dos Santos, Giovanni C. A. de Araújo, e deste que vos escreve.

No segundo volume, que veio a lume em 2011, estão antologiados os poetas: Antonio Costta, Florbela Ribeiro, Fabiano Medeiros, Flávio Américo, Jorge Pinheiro, Norma Penido e Rui Miguel Duarte.

E agora, dando voz e continuidade à doce fruição de águas vivas que é a poesia, reunimos a literatura de oito autores: os brasileiros Francisco Carlos Machado, George Gonsalves, Heloísa Zachello, John Lennon da Silva, Julia Lemos, Silvino Netto e Sol Andreazza, e o lusitano Manuel Adriano Rodrigues.

Que os versos de nossos irmãos, irmãos esses oriundos das mais diversas cores denominacionais do Protestantismo, e usuários de variados estilos de escrita, possam tocar as cordas do coração de cada leitor, entoando juntos a música (a um só tempo) devocional/sentimental/intelectual/estética, que, dentre todas as ditas Nove Artes, só a Poesia pode orquestrar.

Sammis Reachers, organizador.

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Francisco Carlos Machado Francisco Carlos Machado, 34 anos, maranhense, é poeta, escritor, professor, teólogo, missionário, linguista e ambientalista cristão. Em 1998 aos 18 anos inicio a sua carreira nacional de poeta com a publicação do poema “O Sentido da Vida” na Revista Evangélica A Seara. É autor de três livros de poesia: ”Na Escuridão e no Dia Claro”, “Adolescência Poética” e “Ilhéus”; tendo organizado a “Antologia Vozes Poéticas do Morros Garapenses”, sendo autor de diversos artigos, crônicas e poemas esparsos nos principais jornais do Maranhão e em revistas de circulação nacional. Declamador e orador eloquente, já proferiu pregações, palestras e declamou seus poemas em capitais como São Luis, Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Manaus, Brasília e Belém, além das inúmeras pequenas e medias cidades, povoados e aldeias de índios que visita em suas apaixonadas viagens de trabalho e aventuras: ora a pé, como andarilho; ora de carona, de ônibus, trem, barco ou avião. Partes de suas experiências e histórias como ambientalista cristão foram publicadas em livros: “Serviço Social Cristão”, de Mark Greenwood e “Assim na Terra com nos Céus” (Ultimato, 2011).

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XII Este livro de capa preta, antologicamente organizado em versos dos mais diferentes estilos, me leva para dentro de mim, e sempre na experiência de lê-lo encontro minha alma e o meu coração. Nele bilhões de leitores sabem que a verdade máxima é simples e fora puramente revelada, sendo possível ouvir a voz de Deus nos desertos, nos cumes dos montes, e no mais profundo íntimo dos homens. É certo que a mitologia grega, todas as crenças remotas e a esperança messiânica dos judeus e de outros povos, nele se materializou em um carpinteiro que não tinha onde declinar a cabeça, amava as crianças, as prostitutas e os pecadores pobres e ricos, no qual andando com eles interagia e os fazia sorrir. E tudo demonstra que realmente ele é o Cara que todas as civilizações dispersas de Babel sonhavam. Este livro de capa preta é o mais bonito, e o mais perigoso da história. O clássico que fez surgir santos, e também alimentou confusão e loucura, na mente de muitos que no folhear de suas páginas nada entendem e jamais entenderão suas linhas. Devido a isso as piores guerras estrondaram, derramando sangue de inocentes e de exércitos de ignorantes. Ele é o outro pão que diariamente me alimenta nas escuridões e nos dias claros da existência.

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XIII A estrela da manhã aproxima-se. Há pesar abundante na atmosfera, e nos insones olhos meus. O silêncio sensível, a escuridão de outrora, se esvaem, abeira-se a aurora. Não se ouve mais grilos e caninos, somente operetas de galos e galinhas, nos poleiros tênues dos quintais vizinhos. E do jambeiro, alvoradas de pardais. “Ainda nem se fez manhã. Eis-me aqui a Te buscar. Sem ti a vida é vã, sem razão passará”. E primeiras lágrimas rompem, em emocionantes canções matinais. O sobrenatural passa a ser real.

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Na Hora Marcada O último raiar do sol ilumina toda a montanha atrás da Igreja. E ressoam leves badaladas de sinos. Defronte da sua casa, sentada numa cadeira de balanço, uma velha amiga olha a cena encontrando alento. No alto da outra montanha, meninos alpinistas caçando o pôr- do- sol, gritam para outros embaixo, no vale sem gramínea. E em seu quarto semi-escuro o poeta em oração. Ele fala para Deus de amigos, de incompreensões expressadas, que desejam tornar o poeta cubo de gelo em sol pino.

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Um Pinheiro Cresce dentro de mim um pinheiro: calmo, incógnito, fugaz. Encovado entre artérias, suas raízes espalham-se em cada veia do meu corpo. Alimentando-se da seiva criada e formada no sistema de emoções. Fixando assim, uma existência profunda, no lirismo mortal e sensível da minha alma. Esse pinheiro, rusticamente me ocupa, declarando que não mais a mim pertenço. Que seu tronco e galhos, suas folhas pontiagudas, formarão milenar paisagem natalícia na geografia vital das experiências da existência. Renegando ou não a força simples e poderosa que o faz crescer altívolo dentro de mim. Verasmente milenar? Tornar-se-á milenar esse pinheiro em mim? Suportaria o mistério das ventanias vindas constantes, ameaçando sua ascensão e vitalidade? As mudanças súbitas e excêntricas de humores circundantes nas artérias? E as diferenças latentes, agitações perturbadoras dos ofícios diurnais e silenciosos das noites? Um pinheiro, em um dia vitalício foi encovado dentro de mim. Não em um canto, mas no meu coração. Para contar histórias, derramar lágrimas apreensivas, saudosistas e melancólicas. Produzindo pinhos de poesia, felicidades e renúncias. Pregando profundo que nunca se vive sozinho.

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O Sentido da Vida Sozinho estou no topo deste monte, ao meu redor encontro vidas. Encontro os pássaros cantando em melodias, os calangos correndo em folias. Encontro borboletas, formigas, plantas, flores. Fito os olhos no horizonte colorido, no vale do Parnaíba, na cidade abaixo de mim. Vejo as pessoas caminhando nas ruas, as casas, e ouço o barulho das crianças brincando na praça. Respiro fundo, pois um vento viajante passa, fazendo as folhas das árvores murmurarem. O meu ser indaga: - Qual o sentido da vida? Começo a filosofar, vou muito longe... De repente, paro. Descobri o sentido da vida! Olho para mim e sinto o coração pulsar, jorrar sangue em meu corpo. Novamente fito os olhos no horizonte colorido, eles enchem-se de lágrimas. Fico trêmulo, levanto minhas mãos e brado bem forte: - Deus, tu és o sentido da vida.

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Diurnal I Duas horas. É madrugada. O silêncio me abraça. Sinto sua doçura, ternura, a vastidão de solidão nas ruas. O cantar dos grilos, o ladrar dos caninos ao longe, a brisa fria e excitante do rio. Murmúrio... Os galhos das árvores, as estrelas distantes. Vive em mim a humanidade inteira. O encanto, a poesia, o belo.

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VIX E caminha-se no silêncio existente do quarto, na escuridão do quintal, onde brilha tão ofuscante a estrela Dalva. Na calçada grande em frente de casa, se caminha, pensa e declama baixinho: “ Não é do homem o seu caminho nem do homem que caminha o dirigir de seus passos ”. “ Caminho por uma rua que passa em vários países, Se não me veem, eu vejo, e saúdo velhos amigos.” E rompendo o tom da voz verbaliza-se versos num vozear livre: “ Ouço o som da voz humana... esse som que amo, Ouço todos os sons enquanto são afinados para o uso... Ouço os sons da cidade e os sons do campo... Ouço os sons do dia e da noite... “Mais do que nunca é preciso cantar”. E os cachorros deitados na rua uivam assustados, minha mãe abre devagar a janela, e a voz que havia se unido às partículas sensíveis do instante madrugal volta a declamar baixinho: O interior de poeta é igual filtro. Deve se enchido de líquido criativo, palavras, ideias, códigos significantes, misturado a diferentes emoções e sentimentos. E gota a gota, purificado, estará pronto para o consumo existencial dos leitores . A emoção do nascer do sol em boa parte das pessoas, não se iguala à emoção do poeta diante de um poema pronto. A leve tristeza do sol se pondo em numerosas pessoas, iguala-se no poeta quando um poema seu finaliza-se sem um título. Sua angústia de brilhar com o sol,

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brilhar sua estrela cadente, na consolidação da sua arte, é interiormente cortante, igual vento frio que passa na pele nua. O olhar do poeta na plástica das coisas, na beleza extraída e sentida, sua alegria e deslumbramento, o choro e o riso, o amor e a dor que ele vive, são rochedos junto ao mar bravio, onde ondas revoltosas constantes as açoitam. Por mais valente e heroico que ele seja, que diversas experiências tenha vivido, em seu interior tudo é solene e grácil, borboleta que se alimenta de néctar na flor. Tudo nele é mais sensível. Tudo no poeta é intensamente sentido.

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Paz e alegria de viver... Quando a visão do teu olhar refletir o oposto do teu sonho bom; do sonho comunitário e generoso, que a paz e a alegria de viver estejam em ti. Quando ao derredor não houver mais a beleza das flores, do azul celeste, das crianças brincando, do abraço e sorriso sincero dos amigos, que a paz e a alegria estejam em ti. Quando o conluio dos opressores, do interesse egocêntrico da minoria seguidora do papel e do ouro, te sufocar e afligir, que a paz e a alegria de viver estejam em ti. Quando te encarcerarem, estuprarem a tua alma, por causa da verdade patente, da justiça e amor aos pequeninos existentes, que a paz e a alegria de viver estejam em ti. Quando muitos ou todos gesticularem no ouvido a circunferência do insano, gritarem, rincharem os dentes, ou sorrirem de tua solidão, que a paz e alegria de viver estejam em ti. Que a paz e a alegria de viver estejam em ti, e em mim, e nos outros, na existência sofrida do buscar de um mundo melhor. Para provar que existe Deus, o amor sempre é maior, a justiça mesmo tardando vencerá. E a verdade espiritual das coisas simples e sinceras que existem, prevalecerá, toda vez que houver uma batalha no mundo.

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Pecador Todos me atiraram as primeiras pedras. Seis, oito, nove, muitas eram elas, repletas de fúria e indignação. Fui transparente com todos. Não escondendo minhas falhas, expus as vestes manchadas e com máscaras não me refugiei. Na alcova confidenciária, meu coração escancarou-se declarando tudo. Antes, na solidão dos bosques, em companhia das feras e dos olivais, revelei ao som dos ventos a situação, a polêmica questão. Contudo, atiraram-me as pedras, ferindo minha carne, transpassando minha alma, condenando-se também. Então, estendido no monturo da cidade, envolto em porções de sangue coalhado sob o olhar de vira-latas, Ele, o Amado, me fez levantar com fé e graça.

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O Encontro Crepuscular Na crepuscular viração do dia todo o meu ser ouve os ventos suaves oriundos dos quatro cantos do mundo. E volta ao jardim o Todo-Poderoso. Ao passearmos pelas veredas, ornamentadas de relvas e flores silvestres, às sombras dos babaçuais, dialogamos dos ocorridos diurnais, da chuva serôdia que deve chegar, do perdão que preciso construir. O Criador completa a Criatura. No caminhar, despencam de algumas folhas lagartas pequeninas assustadas. Sorri o Todo-Poderoso. Ele me abraça de lado, dando conforto e carinho. Fala-me do existente nas galáxias, do mistério nos buracos negros, da razão de criar as flores. Outras ventanias suaves nos encontram. Despede-se então o Todo-Poderoso. Estrelas altívolas começam a brilhar.

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George Gonsalves

George Gonsalves nasceu em 1971 em Macapá, filho dos paraenses José Távora Gonsalves e Maria Emília de Araújo Vinhas, mudando-se ainda na infância para Fortaleza, onde vive até hoje.

Na juventude, com 17 anos, então apreciador de rock nacional,

conheceu o evangelho e converteu-se a Jesus Cristo. Nesta época já rabiscava alguns versos, sempre carregados de melancolia e inconformismo, como este: “Matar para não morrer/ Que desculpa!/ o fim está próximo/ mas não é minha culpa”.

Bacharelado em Ciências Contábeis e Especialização em

Administração Judiciária (escolhido para oportunidades profissionais) e licenciatura em História (escolhido por paixão).

Em 2012 teve o poema “Noite de natal, noite sem igual”, incluído na coletânea Poesia do Natal – antologia de poemas natalinos. Desde 2010 mantém o blog Graça e Saber (www.gracaesaber.com) com textos poéticos, teológicos e comentários de livros. É casado com Sandra desde 1997, e pai do Gabriel e do Guilherme.

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NATIVIDADE

Um bebê chorou na fria noite, e o mundo não foi mais o mesmo

O nascimento que deu sentido a todos os outros, que deu início à morte da morte

Calem-se os oradores

Repousem as penas dos poetas Ajoelhem-se os poderosos

Descansem as bailarinas das cortes e cessem o dedilhar das harpas

Pois o Rei chegou!

Aquele que simplesmente É

veio ao nosso encontro Escolheu caminhar pelo vale sombrio e denso

palmilhado de flores retorcidas pisoteadas por homens de passos incertos

Contemplai-o Admirai-vos

Espantai-vos todos: a bela donzela de cabelos cacheados,

o homem que altivamente carrega suas cãs, o menino de alegria e esperança inocente

parai e adorai

Pois o Rei chegou!

Chegou para endireitar o tortuoso caminho que trilhamos, consertar a frágil nau que nos conduz,

nos salvar de nossa infindável ignorância, arrogantes pretensões

e incurável mesquinhez

O Rei chegou! Cheguemo-nos a Ele.

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JESUS É

Jesus não é apenas um mestre, mas a Sabedoria

não é apenas justo, mas a própria Justiça

Não somente “ninguém falou como ele”; Ele é o Verbo

não aponta para o certo; Ele é a Verdade Não é apenas profeta O futuro está em suas mãos tampouco tem força, mas é fortaleza para os que o procuram Não é só o salvador, mas a Salvação, não é iluminado, mas a própria Luz que ilumina o mundo Jesus não foi, nem será, Ele simplesmente é.

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ONDE ENCONTRAR JESUS Quando nascestes te procurei em um palácio estavas em um estábulo Quando crescestes te procurei em uma academia estavas em uma carpintaria Tentei te encontrar entre os puros estavas entre prostitutas e publicanos Entre os poderosos, mas estavas com os pobres e oprimidos Quando morrestes visitei o panteão dos heróis Estavas em uma cruz, entre malfeitores...

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A FACE DE DEUS NO HOMEM Como é tua face, ó Deus? Permaneces no recôndito de tua morada No entanto, te contemplo Em tantos rostos imperfeitos Na criança suja que vagueia entre torres de marfim faminta de pão e de afeto No ancião que geme em uma enfermaria fria, esquecido pelos seus, sem memória de si Na bela jovem que ansiosa espera pelo bravo amado que nunca virá No mancebo que sedento de justiça enfrenta exércitos poderosos Não posso te contemplar, ó Deus A não ser na face do homem

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QUANDO OS SANTOS SE VÃO Não sei por que os santos sempre parecem partir cedo demais nos deixando tristes e órfãos Quando se vão nos deixam menores do que éramos Talvez seja egoísmo ou insegurança Mas em um mundo permeado pela mediocridade e corrupção não quero ficar sem alguém piedoso por perto Os baluartes da igreja talvez não estejam nos púlpitos, vestidos elegantemente Talvez não sejam os eloquentes oradores que bradam no rádio e na televisão Quem sabe não os encontremos escrevendo poeticamente ou destilando precisos postulados doutrinários Talvez estejam onde ninguém os procura: nos apertados e anônimos quartos de oração, nas enfermarias abarrotadas de gente, dor e solidão nas visitas diárias aos encarcerados ou quem sabe em um canto esquecido de um grande templo religioso Talvez nunca sejam reconhecidos pelos homens Mas Deus um dia dirá que o mundo deles não era digno PS.: Em memória de Maria Zuila Batista, uma santa (quase) anônima

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INSTANTES ETERNOS A vida são recortes de instantes: lances e relances do Belo, lembranças da dor inaudita, lampejos do eterno Não posso esquecer a lança encravada em meu peito, ou não sentir a presença do vazio de quem amava, mas é preciso guardar instantes do que é sublime, como tesouro que não se pode mensurar Trazer à lembrança o aroma da dulcíssima fragrância da flor que viçosa e efêmera um dia se revelou a mim; a canção quase silenciosa do vento que me envolveu em uma montanha; a curta mensagem que um dia li em um tosco pedaço de papel e que me fez encontrar o caminho de casa; o carinho despretensioso de alguém que esteve ao meu lado. Recordar quantos pores do sol presenciei (e constatar que nenhum foi igual a outro); a diversidade de cores e imagens ao nosso redor (e perceber que Deus não é apenas o único juiz, mas o maior poeta)

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PERANTE DEUS Perante Deus só posso estar pobre, fraco e inculto; com o rosto descoberto, sem argumentos ou desculpas Perante Deus perco-me em Sua infinitude para poder me encontrar tal qual eu sou Perante Deus, Ser incandescente de amor, lanço-me na doce esperança de acolhida eterna Perante Deus quero estar em eloquente silêncio, terna contemplação e devotada adoração Perante Deus descubro: meus recursos são escassos, minha justiça inexiste e meus talentos nada são

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Passagem Passamos a vida... passando Já passei por rios caudalosos que, imponentes, traziam vida e por outros que, moribundos, deixaram apenas um leito imaginário Andei em tortuosas estradas, becos sem saída e apinhadas avenidas Pisei em terra batida, entre pedregulhos Mas também em campos verdejantes Passei por pessoas que jamais esquecerei, cujas presenças em silêncio foram um bálsamo para minha alma ferida e por outras que gostaria nunca ter conhecido Passei os olhos em livros que me deixaram saudades, cujas letras mágicas me levaram a lugares que dantes não conhecia. Quem dera pudesse retirar do baú de minha memória todas aquelas preciosas páginas! Passei pela chuva deixando-a me alcançar e já tentei fugir de suas gotas Abriguei-me dos raios do sol e um dia apressei-me para que eles me tocassem Também sei que devo passar do vil para o precioso, do rancor para o perdão, da borda para o profundo, do "meu" para o "nosso" Quero, enfim, continuar passando pela vida, antes que ela passe por mim. Antes que ela se esvaia por entre os dedos. E ao final almejo, como almejo! passar de mim mesmo para Aquele que dá sentido a tudo e a todos.

Page 27: Aguas Vivas 3 Antologia de Poesia Evangelica

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DEUS, ÉS MEU SEM FIM Quando o amigo faltar a música parar e a luz se apagar Quando o sol se esconder o amor não florescer e o tempo não correr Quando quem amo partir a lua não sorrir e o chão se abrir Quando chegar a dor a coragem se for e ninguém me der uma flor Lembrar-me-ei que só Tu, ó Deus preenches o vazio, sustentas o ser e que És meu sem fim

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ESSÊNCIA Devemos mergulhar em águas profundas Retirar o véu que a tudo reveste Procurar a suma essência das coisas E descobrir que: Viver não é existir, mas receber o Sublime Amar não é sentir, mas doar-se Adorar não é cantar, mas prostrar-se Orar não é falar, mas desejar Amizades não são virtuais, mas presenciais Família não são os de sangue, mas os de alma Poesia não tem que rimar, mas encantar E ainda: O silêncio pode ser ouvido Segundos podem ser eternos Na solicitude não se está só A Divindade é a realidade primeira e última

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Heloísa Zachello

Heloísa Helena Zachello. Nascida em Cabrália Paulista em 02/01/53. Moradora de Gália, por 19 anos. Há 40 anos reside em Campinas, onde é membro da Igreja Evangélica O Brasil Para Cristo. Casada com Luiz Antônio Cabrini Zachello há 35 anos, com quem tem duas filhas: Patrícia e Amanda, as quais lhes deram 3 netas: Laura, Elisa e Marina.

Mantém o blog http://heloraiz.blogspot.com.br

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AO MENOS POR UM MOMENTO

“Põe guarda, Senhor , à minha boca; vigia a porta dos meus lábios” Salmo l4l, versículo 3. Quando a conversa mingua, percebo que minha língua já não possui mais a íngua pelo meu muito falar. O furor se desvanece, o fogo se desaquece, o sangue logo se esquece de ferver, de borbulhar. Minha ira vai-se embora, sem que eu a bote fora; De vergonha ela se cora, pois não me faz mais pecar. Daí surge o pensamento junto ao conhecimento de saber que no momento, o melhor foi me calar!

“Quem retém as palavras possui o conhecimento...... Até o estulto quando se cala, é tido por sábio.” Provérbios l7: 27 e 28.

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BENÇA, MÃE! BENÇA, PAI! ( Salmo 53 )

Bons tempos, aqueles idos Em que até filho criado Não saía de sua casa aÇodado, sem ter pedido A bênção dos pais queridos.

Mas, não há mais Fé nos pais... Afrouxaram a consciência E multiplicaram seus ais... ! Burlaram as LEIS DA VIDA; Exaltaram a ciência; Não cuidaram do indivíduo;

aÇaimaram sua Crença; A família está caída... Pulsa de longe a Esperança, A única que ainda resta Incólume desta matança. !

Darwin mudou o esquema, Espalhando heresia. Ultrajou a Lei Suprema; Semeou sua teoria.

Trouxe o materialismo, Endossando o ateísmo. A Escola aderiu; Baixou guarda pros ateus; E o mundo se dividiu, entre o Naturalista e DEUS.

aÇoitaram a Criação; Ousaram zombar da Fé; E deu no que hoje se vê... Fizeram do humano tão pouco... Insultaram sua História. Levaram a Vida à esmo... Hoje, O CRIADOR É O MESMO! O macaco, porém, morreu louco...

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BEM MAIS! Bem mais que a força de touros Ou trilhões em diamantes. Bem mais que muitos tesouros; Bem mais que o agora ou o antes. Bem mais que muitos colares De pedras ou metal caro; Bem mais que a fartura de lares Onde o Amor é tão raro... Bem mais que toda esta história Com rimas e filosofia; Bem mais do que esta que escreve Ou do que lê a poesia. Bem mais que a colheita de trigo E toda a reserva de uva; O bom conselho do amigo, A bênção mansa da chuva, O brilho quente do sol Que nos traz vida e esperança; A terna luz do farol, Que é a Lua, sua herança, Bem mais que a linda harmonia Da doce voz da soprano, Bem mais que as forças dos grandes Ou as bênçãos do Vaticano, Muito, muito mais que tudo isto, Vale um coração humano, Que tem as Marcas de CRISTO!

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DECIFRANDO UMA AMIZADE ( João 15: 13,14 e 15.) Amigo bom é receita até pra mal incurável. Mas o tolo só aceita, amizade descartável. Cuidado com o tal amigo que do bem não quer saber. Se se faz de bem contigo é pra ter em quem se esconder, pois sempre é propenso a armar ou a cair em emboscada. E na melhor das hipóteses, te coloca em enrascada. E pode ser que até ria, e de ti faça deboche, tratando-te com zombaria, como palhaço ou fantoche. Se quem se diz “ teu amigo” te troca por qualquer ópio, foge dele rapidinho, se és teu amigo próprio! Já que ele não te ouve, não insistas, pois o tolo é qual mula sem cabeça, ou cabeça sem miolo. Se queres viver bem teu tempo desfrutando de AMIZADE, em Jesus tens o exemplo do AMIGO DE VERDADE!!!!!!!

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BÍBLIA, MEU JORNAL “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são Elas mesmas que testificam de mim.” João: 5 – 39.

ai, quero que Tua Palavra seja meu jornal do dia,

pois Nela estão as notícias que me trazem alegria. Quero viajar com meus olhos, corpo, alma, pensamento, para ler com sabedoria Velho e Novo Testamentos. Quero entender Sara, e também a escrava Hagar; Condoer-me de Ismael, e a Isaac aceitar. Ver nos dias de Rebeca os esperados nascimentos de Esaú e Jacó, os seus gêmeos, seus rebentos. O casamento de Lia, e depois, o de Raquel; a polêmica família de Jacó, teu Israel. A inocência do menino José em contar seus sonhos aos irmãos. quero ir com ele ao Egito, onde foi escravo de pagãos; e servo honesto, e por isso preso, sofrendo tão longe a cruel solidão, mas sempre firme, pois a Ti coeso, jamais traiu seu coração. Quero ver sua alegria, quando no Egito, exercendo poderes de governador, reconheceu aos seus irmãos, e com um grito de choro, revelou-lhes seu amor. E o encontro então cheio de afeto com o velho Jacó, o pai amado, fazer de José livre e completo na terra, onde fôra escravizado.

Após a alegria, ver a dor de um povo que já pelo Teu nome se chamava, ser escravizado, então de novo no Egito, onde outrora o exaltaras. Por isso, poupas a vida do menino que um dia seria o condutor

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desse mesmo povo, para o bom destino a uma terra de leite, mel e amor. E assim, quero peregrinar com Moisés pelo deserto, junto a todo o Israel; e ver como Tu ages através de quem bem sabes que te é fiel, pois ele orou, e Tu mandaste as pragas para Faraó finalmente se dobrar. quero ver o mar Vermelho, cujas águas tu abriste, pra teu povo atravessar. Quero cantar os Salmos de Davi; com Salomão aprender a meditar. Com Isaías e os demais profetas, em Teu Ungido sempre acreditar! E poder ver na pobre Manjedoura naquela bela noite em Belém, a jovem Maria, humilde genitora embalando com amor ao seu Nenêm. E ver nesse Menino que crescia em estatura, graça e sabedoria, o cumprimento das Tuas Profecias: O Sol da Justiça, o Messias! E após os Seus Milagres, preso à Cruz, mesmo sendo o Verbo Santo, Pura Luz, morrer em meu lugar, por meu algoz... Quero chorar a dura morte de Jesus. E em sua ascensão me alegrar ao ouvir uma voz a me falar:

- Por que olhas tanto para os céus? Jesus Cristo voltará um dia aos seus!

Ouço o Espírito e a Noiva dizerem: Vem! Quero com Eles repetir também. E chorando eu me encontro nesta data a clamar: Senhor Jesus, Maranata! Quero assim fechar a página final do Teu tão Verdadeiro e Bom Jornal, para poder ouvir a Sã Bondade da Tua Própria Voz, na Eternidade!!!

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Maria Piedade A uma corajosa e humana cidadã, cujo nome é: Yvone Bezerra de Mello, mãe postiça dos menores de rua da Candelária – RJ, assassinados em agosto de l993. ( Juízes 5: 7; Provérbios 31: 8 e 9.) Maria Piedade saía às ruas da grande cidade pra ver se acudia crianças semi nuas, criadas nos guetos, calçadas, bueiros, do imenso Brasil, que nunca foi mesmo dos tais brasileiros. O nome da moça, a bem da verdade, não era Maria, mas tinha piedade. Remava sozinha o barco furado da sorte mesquinha, do direito negado... Remava, remava nas altas marés. Lutava, lutava, contra fatos cruéis. Em faca de pontas se esmurrava sem dó! O sangue dos cortes escorria no “pó” das ruas malditas da cidade demente, que adora ao profano, e, onde o pobre indigente não é um ser humano... Assim, a poeira misturada ao seu sangue, atingia o nariz da sociedade exangue, cadente, doente, horrivelmente brutal, que tossia, espirrava, e desligava o canal Que tanto insistia

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em mostrar numa tela a total crueldade da “Cidade Bela”. Pois um dia, Piedade foi aos renegados, mas não mais os achou... Só corpos tombados por armas cruéis de alguns da polícia local, que lavam os pés de forma banal, no sangue que julgam ser de animal... E Piedade chorava... Não podia sorrir. Assim se mostrava ser mãe, sem parir, pois mãe, é quem educa, quem quer reerguer aquele que erra! Piedade era o Amor de DEUS cá na terra! Porque, para amar tantos seres sem identidade, desprezados por todos da vil sociedade, é preciso que DEUS derrame Bondade no coração de Yvone, ou de Maria Piedade!

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Minha Mãe " Se DEUS É por nós, quem será contra nós ?" Romanos 8:31 Primeiras lembranças: anos 50 Com as idades tão tenras das três filhas queridas, Vidas essas nascidas de um erro passado, numa quase choupana do pai velho e doente, habita a crente com a Fé ao seu lado. De enxada nos ombros, partindo pra roça, batalha com raça por nosso bocado. No bornal tão mirrado, de comida fraquinha, leva agulha e linha de crochê e bordado. E bem cedo na roça, sem que o frio a detenha, faz seu feixe de lenha, de maneira mui ágil. Sustentando a garra, trabalha pesado; esforço dobrado, por ser ela bem frágil. Já se faz quase noite quando em casa ela chega com a lenha nas costas, e o suor pela roupa. É o tempo que tem de acender o fogo, e assim preparar-nos do fubá uma sopa. E a seguir... dormir??? Nem pense você! À luz de lamparina ela faz mais crochê! Abate-a canseira, e a gente a chama: _ Mãe, quero dormir na cama!... _ Só mais esta carreira! O sábado é dia do terrível esfregão na velha bacia, com direito a sabão. Bota a gente de “molho”, e com força na mão, vai nos deixando brancas, sem o antigo cascão. Lava a nossa roupa, que de suja é azeda com a disciplina de quem lava seda. Limpa o chão da casa com água de cinza, e com uma toalha ela enfeita a mesa. Domingo bem cedo, ainda forças engendra para, com alegria, demonstrar outras prendas: na máquina de costura, de pano em pano, todo rasgo corrige, pra durar mais um ano. E enquanto cozinha, ela canta pra mim

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cantigas antigas, mais ou menos assim: “Folhas ao vento, quando a bonança veio me abraçar.” “Acorda, patativa, vem cantar!” logo a noite chega, abarcando o céu. Vamos à igreja, de hinário e véu. “Não olhar pelo caminho as vitrines de bar, senão as lombrigas podem nos magoar”. Hoje, 2.004: Isto tudo ainda é pouco, mas concluo, enfim. Eis o que foi e o que é minha mãe para mim. Os anos passaram; o milênio mudou. E se hoje eu posso ser aquilo que sou – ( embora tão pouco eu seja), devo-o a DEUS, que a tornou benfazeja. Não tenho calos no joelho; só uma leve marquinha, o que não se compara aos que minha mãe tinha. Seu exemplo de Fé fez ligar-me ao Céu. Hoje está bem idosa, essa serva fiel. “O justo florescerá como a palmeira... plantado na Casa do Senhor..... Na sua velhice dará frutos....... Será cheio de seiva e verdor....”Salmo 92 – 10. Obrigada, Senhor, por minha mãe Zuleika!

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LADRÃO DA ALEGRIA João 10 - 10 Ronda a terra habitada. Onde há um ser, fica à espreita. Úmbria é sua morada; Brutal é sua empreita. Atrai meloso o humano; Derruba sem dó o pano... O doce vil da peçonha Resulta em dor e vergonha... Deseja roubar-te a Vida, A tal serpente atrevida. Acautela-te muitíssimo! Livra-te de todos os seus laços! Esconde-te no Altíssimo! Guarda com Fé os teus passos! Rejeita ao que te engana e seduz! Implanta em ti mesmo A LUZ. Assim, a Tua Alegria, Será poupada Em JESUS!

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Santificação ( Salmo 51: 2; Isaías l: 16 ao 18; Malaquias 4: 2 e 6; Malaquias 3: 2: Gálatas 5: 16 ao 26.) Foi-me pedido escrever algo sobre Santidade. Pedi a Deus conceder-me inspiração de verdade. Passei o dia pensando, rabiscando, sem encontrar uma única palavra que pudesse expressar A Santificação Real que o Senhor de nós requer. E cansada, afinal, senti-me um trapo qualquer... Pois sobre alegria, bondade, não é tão difícil dizer, mas falar de Santidade não basta só escrever! Deixei de lado a caneta, e as roupas fui lavar. Uma peça muito suja pus-me a ensaboar. Passei água, alvejante, esfreguei-a muito, enfim! Mas a mancha persistente, parecia rir de mim... Então, levei-a ao sol, e ali eu a deixei quarando por um bom tempo, E paciente esperei. A mancha não resistiu! E era quase uma tinta! Logo ela se exauriu, e da roupa foi extinta. Meditei na Profecia de Malaquias: quatro, dois; onde um dia nasceria o Sol da Justiça, pois Ele enfim, converteria; Lavaria o coração de quem sincero, então cresse no Senhor da Salvação. Folheei mais minha Bíblia, e em Gálatas abri. Após o “fruto do Espírito”,

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eu emocionada li: “Se no Espírito vivemos, também Nele nós devemos viver, sem nunca nos deixarmos possuir pela vanglória.” E orando, completei:

- Pois só do Senhor é o Reino, Todo Poder, toda Glória! Foi assim que percebi que buscar Santificação, é despir-me totalmente do meu ego, e com sabão, sol, alvejante, água pura, ir pro “tanque da oração”: - Senhor, em ti me mergulho como uma roupa encardida. Retira de mim todo orgulho, toda mancha de minha vida! Pois És Fonte de Água Viva, És minha Força e Salvação. Vem, e lava-me por inteiro, mas primeiro o coração! Para eu ser por Ti aceita, dá-me Santificação! “...Ele será como o sabão dos lavandeiros.” Malaquias 3: 2.

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Cria em Mim Salmo 51 Caí, Senhor! Mais uma vez... Revoltei-me contra Ti, tão loucamente... Imprudente e na minha insensatez, Agucei-me aos encantos da serpente. Estou nu; e tudo à volta se fez escuro. Manchei o Teu Amor em mim, antes tão puro... Memorizo Teu Cuidado tão constante. Incansável foste Tu em me guiares, Mas agora trago baixo o semblante... Ó Senhor, não chego mais aos Teus Altares... Davi também pecou, num certo instante Em que errou tão grave, quando em seus dias, Usando de poderes de regente, Se fez dono da mulher do servo Urias. Ultrajei também, eu assim, o Sangue do Cordeiro, Morto por mim, num duro e hostil madeiro... Cria, ó Deus! Recria em mim a Fé, O instrumento com o qual posso chegar Reclinando-me sincero aos Teus Pés; Abrindo o coração pra Te aceitar. aÇaimo minha carne fraca e impura; Almejo mais e mais Tua Candura; Ouve-me, Senhor, vem me trazer a cura! Pai, pequei contra Ti! Sou réu confesso. Usa de misericórdia para comigo! Religa-me pra sempre a Ti, ó Deus, te peço! O Teu Amor é meu único Abrigo! Cria em mim, Senhor, um Coração puro!!! ( Escrito em 22.01.2005, em favor de um irmão )

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John Lennon da Silva O jovem (23 anos) John Lennon da Silva nasceu em Goiânia, de onde saiu ainda bebê para São Paulo, onde vive até hoje. Foi criado pelos avós, devido a dificuldades que sua mãe enfrentava no momento. Mas ninguém melhor que o próprio John para falar de si: “Meu verdadeiro dom (creio eu), é a dança. A poesia, na realidade é uma consequência de espírito, e desde sempre me pego a escrever nas pregas da alma... Autodidata, sonhava em ser bailarino e viajar pelo mundo. Logo mais, a experiência incomum, registrada num vídeo de quatro minutos, alcançou o YouTube e logo se disseminou. Acabou chamando a atenção do canal televisivo SBT, que me convidou para um programa de calouros. Bem, hoje trabalho com dança, que é o meu ganha-pão. A escrita para mim é uma forma de entender o mundo e as coisas que nele residem, de melhor colocar para fora as minhas tristezas e angústias, pensamentos e alegrias. Sobre a forma e métrica, ainda sou iniciante, estou aprendendo e estudando suas ciências. Este ano vou prestar o vestibular da universidade PUC, e tentar vaga em licenciatura de Letras, que é meu sonho.”

Mantém o blog http://yohananleo7.blogspot.com.br

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A hora última "Yeshua no Getsêmani" “— Pedro, Tiago, João, venham comigo Subir naquele monte de oliveiras; Minh' alma só de morte tem lareiras, Minha tristeza é tal como um jazigo. Vigiai de aqui irmãos, ficai de abrigo. Orai bem fortemente e sem canseiras, Pois logo subirão co' as suas bandeiras As trevas rente à face do inimigo!” Yeshua, sentindo sua necessidade, Orou dizendo: — "Pai, meu grande Pai, Que faça-se primeiro a tua vontade! — Levantai-vos, partamos, aqui estai, Está de volta a cobra sem piedade... Vamos, eis que é chegado o que me trai...”

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Senhor, queira o meu ser, que seja o teu “Muitos propósitos há no coração do homem, Mas o conselho do Senhor permanecerá.” (Provérbios 19:21) Senhor, queira o meu ser, que seja o teu Unir-me o coração a tua mesma linha, À tua promessa em face a face minha, Que a minha própria linha se perdeu. De meu desejo, ensejo, gozo e breu Quebraram-se na treva o que mantinha, Do mais velho propósito que eu tinha Perdeu-se na fraqueza, e nem foi meu... Primeiro, ó Deus, bebeste a tua taça, Irresistível, forte e inviolável; – Segundo a vós me queira com sua graça Que não transmuta e nunca foi quebrável! Ó Pai, o que me concerne tu me passa Querer-te o ser, teu Ser mais que inegável...

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Escatologia poética Ao meio-dia, nas bodas ressequido, A flecha magra estende a sua aljava. Estende a flecha a rútila Aldrava, Estende o Bode a fronte distinguido. Com ferro e fel na terra bate erguido, Levanta a peste à lava de sua flava; Co’ o braço esquerdo bate com sua clava, Mas o direito fez-se vão ronquido! As sombras já repassam cautelosas Mas ninguém vê a fera atrás da porta Tinindo as velhas setas perigosas. Remexe-se no sol – vulto plangente, Enquanto a hora fecha à triste horta Move-se o bicho e geme novamente!

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Lúcifer Toda pedra preciosa em ti achavas A sardônia, os topázios te cobriam, De ônix e de jaspe te vestiam – No Éden, no jardim do Pai entravas. No monte de Deus Santo tu estavas De carbúnculo e pífaros te erguiam, Tu eras querubim, te bendiziam – Nas pedras afogueadas tu andavas... As obras dos tambores eram tuas, E de obras formosuras, obras suas Eras aferidor da eternidade... Perfeito em teus caminhos foste feito Pois foste feito d’ouro, do perfeito... Até se achar em ti iniquidade!

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Senhor Senhor quero’abitar nesta tua asa E dizer que tu és meu forte Deus, Quero Senhor, entre os refúgios teus Curar minh’alma triste em tua casa... Pela misericórdia que tu abrasa Com que há de proteger com os anjos seus Minha família e os amigos meus, Confiarei Senhor, na Santa-casa! Ó, livra-me do vão passarinheiro E co’as suas asas cobre-me inteiro; Debaixo de tuas penas sou seguro. Eu não quero temer peste noturna, Nem seta que de dia voe e a furna. Senhor, Juiz de mim, sou tão impuro...

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Tentando sonetar Quando me dei a fazer algum soneto Com ritmo, metro e música cantada, Cantei cantando rimas na encantada, A rima mais formal dentre um quarteto. Começando o segundo assim me meto Rimar mais uma rima mal alçada E assim metrificando outra maçada De ter que repetir este quarteto! Já que entro no terceto, solicito Logo um décimo verso, e exercito O décimo primeiro verso fino. Bem, eis mais um soneto incompetente, Não sei fazê-lo enfim tão envolvente, Nem sei mesmo dizer quando termino...

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A última redenção "Oh! mas, Deus do amor! foi só fraqueza: De ímpias mãos me arrancai, tirai-me a vida, Alcance-me o perdão mortal tristeza!" (João de Deus) Eis-me aqui, ó fúria, eis-me aqui. Eis-me aqui, ó treva, tão maculado! Este arbusto espinhoso que criei, vi O quão longe estou do Imaculado. Eis-me aqui, ó triste céu, eis-me aqui. Eis-me aqui, ó meus olhos, tão tenebrosos! Acolhe-te para baixo, podre réu, segui Envolto de lástimas, lamentosos... Oh Senhor, se a luz que há em mim Abastecida está, de escuridão. Tão fria, tão pesada, tão cega assim, Dominado assim está meu coração... Oh, que eu volte o quanto antes Às primícias frutuosas deste amor. Eis aqui a minha dor, esquece dantes Estas sombras, oh Senhor, oh Senhor...

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Em Meu Quarto Uma voz: Aras, Piras, sábio sem querer, Delgado em lesas cruzes do alto? Sábio sem querer assim de ser Na alma estagnada do planalto... Pávido homem, serás tu um sábio de Deus? Para entrar no trono, segues o Cristo ou morre Em meus infernos! Segue semideus, Teus atos profanados enquanto corre Sobre os vidros derramados, E entre eles sangue seco e cru há de colher Se em teu pranto tais abismos acorrentados Ainda tens em teu louvor treva a tolher... Eu: Nem sábio em tua treva sou. Que há em teu clamor, filho escuro? Em minha cruz Cristo orando passou, Mas vós beijastes os fungos deste muro. Agora sou de Deus Jeová, Terei o paraíso e meu lugar no céu! E tu, cobra velha, onde quer que vá São podres os caminhos do teu réu. Se, tenho em meu louvor mágoa estorva Arcado em lama peço a Deus o meu perdão, E que Ele em seu eterno Amor absorva Minhas pobres lágrimas em galardão. Não te quero, Ò Filho estéril da luz errada. Em terra assim me desespero: Vem meu Deus, acolhe-me em tua morada! Uma voz: Nem acolherá, sem que vós façais obras aqui na terra, E aqui todas elas são somente minhas... Minhas as picadas das cobras na guerra, E meu são os segredos das varinhas! Eu: Não quero tuas cobras e varinhas, Satanás, Nem obras a ti faço.

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Porque em ti farsa se faz? Agora comes do pão que eu amasso. Em Jesus tenho meu escudo E minha espada em meu Pai Supremo. E o lugar que perdeste a glória e tudo, Perdeste porque foi sempre blasfemo! Uma voz: Vês teu Salvador na cruz todos os dias Não é? E teus olhos, cegos, Não conseguem entender tais ousadias Que estão ao redor de tantos egos. Crê em mim, e te darei toda a sabedoria Do super-homem se prostrares em mim Teus fracos joelhos, tua fria Alma, meu pequeno arlequim. Eu: Afasta-te de mim Satanás! Porque disse meu pai: Servirás somente ao Senhor teu Deus! Sai de meu quarto E deixa-me, pois não pertenço a ti. Guiai Teus anjos para a perdição e teu parto Segue para o abismo final. Canções do eclipse Forjam teu arcano, doído e brando... E quando chegar o momento do apocalipse Verás o Espírito Santo te entornando! Uma Voz Voltarei a ti, meu traço dormente, E nem Espírito nem Santo estará contigo... Nem coração e mente. Intrínseco a vós maldigo: Que virei com minhas legiões E fecharei teu campo de amigos, Pois nem terás a quem refugiar quando eu derrubar teus corações E te tirar dos teus Santos abrigos! Eu: Pode vir que não o temo, Porque Deus estará comigo em todos os meus caminhos E a mão dele achará todos os meus inimigos, e teu remo Não alcançará a minhas asas, ó dragão, nem teus pergaminhos Poderão derrubar minhas plumagens Quando eu estiver sob o baluarte do Altíssimo! Não serão maiores que a minha alma tuas feras de aragens,

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Não vês que estou com o Deus Vivíssimo? Uma voz: Arre! Arre! Arre! Arre! Eu chegarei! Arre! Arre! Arre! Contigo acabarei! Eu: Antes de chegares, Nem meu corpo haverá. Antes de chegares, Estarei com Jeová!

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De ferro e de aço

"Iuri Gagarin voou para o espaço, mas não viu qualquer deus lá." Nikita Khrushchev, referindo-se ao

primeiro homem a ir ao espaço (1961), o cosmonauta Iuri Gagarin.

De ferro e de aço, Metal e carbono,

Sem pouso e sem sono, Erguendo o seu passo

Subindo no trono.

De ferro e de aço, Metal e carbono.

Deixou o seu dono Seu céu, seu terraço.

E sobe no trono.

De ferro e de aço, Metal e carbono,

Sem pouso e sem sono. Subindo no espaço Deveras, é prono!

De ferro e de aço, Metal e carbono.

Ser rei ou ser mono De cada pedaço,

De falso patrono...

De ferro e de aço, Metal e carbono.

descobre no trono, Qu'as vezes, espaço É só de abandono...

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Na madrugada Na madrugada, rente a noite fria, Chorando tanto, busquei ao Senhor. Ó noite amargurada e vã alegria Busquei-te, ó alegria, no Penhor! Ah, transbordei-me neste medo oculto Ao vil, pesado julgo, carregando As transgressões de mim, de meu tumulto O mais passivo peso pranteando. Senhor, na madrugada o coração Vem rodeado ao fado, qual vaguei. Deixei no rosto, a marca da oração Do pranto que ao dormir não enxuguei...

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Julia Lemos

Julia Cristina de Araujo Lemos é natural de Caruaru, interior do estado de Pernambuco, nordeste do Brasil. Radicada em Recife, tem formação em Comunicação Social-Jornalismo e Publicidade e Propaganda, pela Universidade Federal de Pernambuco, tendo se dedicado a projetos de Assessoria de Imprensa e tendo também atuado como repórter e redatora em jornais e televisões da Região. Pós-graduada em Literatura Brasileira com especialidade em poesia pela Faculdade Frassinete do Recife, é Mestre em Estudos Brasileiros pela Universidade de Lisboa, tendo desenvolvido pesquisas na área de Folclore e Literatura Oral Tradicional Brasil-Portugal. Atriz, participou de várias peças nos palcos pernambucanos. Tem publicado poemas nos principais jornais da cidade e também tem participação em várias antologias. Publicou os livros de poesia, Carmem Antonio Migliacchio Enlouqueceu, (Edições Pirata- Fundação Gilberto Freyre), A Cozinha estrangeira na terra do caju – receitas de Henriqueta Magalhães, (organização e redação) e A Casa Estrelada, pela Fundação de Cultura de Pernambuco/Governo do Estado. Tem prontos os seguintes livros: A Exposição dos Sóis e Poemas ao Rei (poesias); Patativa do Assaré, um trovador Nordestino e Manoel de Barros: Sobre uma poesia de larvas incendiadas. Encontram-se em fase de preparação os livros Bailarinas no inverno e Sonhos dentro de águas, ambos de poesias.

Mantém o blog http://wwwmybloguer.blogspot.com.br/

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DE TAL MANEIRA O homem que amou o mundo de tal maneira não fez poesia. Mas suas palavras incandesciam varavam portas e prorrompiam paredes do coração. O Mestre não era homem de poesia mas sua frases arremessavam-se tais torpedos acordando reis estarrecidos. Não era lírica a voz do homem que se apaixonou daquela forma pelo mundo. Falava dos lírios, se tivéssemos fé seriam assim os nossos vestidos. Falava dos pardais para nos falar de importância, Deus teria todo o cuidado a Ele entregando nossos mais secretos fardos que do céu viria tudo, socorro e esperança. Eram como versos brancos as suas palavras lisas e de pedras pontiagudas ferindo nosso amor de brilhantes, safiras, águas - marinhas, turmalinas. E ungia-nos com o óleo fresco e a água lustral que se davam aos deuses. Na noite já alta ele despedia amigos com os corações contentes e as mentes cheias de perguntas. Dobrava os joelhos. Lá no monte sua voz ecoava em remoinho pelo deserto: - Pai! Falava sobre os homens e suas palavras eram ouvidas a meio-tom por um Deus perplexo.

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O AMOR SERÁ MAIS FORTE

O amor estará bem acima dos entrechoques das placas tectônicas, de homens ensaguentados portando lâminas, das donas de casa gordas e descansadas, do tinir do sino de bronze no lugar das palavras Apesar da espada da morte pude chegar até aqui que para uma força a ferir o amor será mais violento.

Ele guardará as saídas do meu coração, sempre O amor é o supremo bem de um Deus ciumento.

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O ÍNDIO Certa hora em que o sol parecia derramar-se em larvas, divisei no Marco Zero o Índio.

- Mirava com seu arco a grande cidade. Pareceu-me ouvir o rufar de tambores como num ritual de combate. Nada, a meu lado relampeavam as novas frotas feitas de ferro e aço que fintam o asfalto nas horas de ponta da antiga cidade. Pareceu-me também avistar ao longe os espectros dos conquistadores que arrebataram para sempre do indômito índio este seu paraíso.

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MADRUGADA NO RECIFE

Deus abençoe os homens e mulheres notívagos desta cidade.

Deus abençoe o povo desta terra de lodosas margens.

De caçoá nas mãos, vão-se os catadores de caranguejos

marcham na horizontal feito esferas luminosas

e têm em abundância na praia do Manguezal.

Deus nos livre dos homens entrincheirados.

arma branca, arma negra, escondidos entre as fendas feito escorpiões.

Notívaga, eu a tudo assisto, suplicando por todos: homens justos e injustos.

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A VOZ Uma voz se eleva ao estrepitar das ondas, voz que fende a penha e faz dar cria às corças. Do Oriente ao Ocidente tudo foi criado por meio dessa voz que disse: primeiramente as luzes! Uma linguagem silenciosa circula por todo este mundo visível. Mas quando nada ainda havia sido criado já a poesia se debruçava sobre o grande abismo!

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ULISSES

Mostra-me a cicatriz, és tu mesmo? Ouçamos aquela música tão nossa sob essa lua rochosa, tu a ouvir as flautas eu a escutar os tambores. Que anjos mal - vindos são estes? espante-os com a tua flecha, faça-os correr pela rua deserta. Façamos novamente a festa. Eu que estive a tricotar a colcha para afastar de nosso leito meus pretendentes tu que estiveste a lutar contra a fúria dos deuses.

Volta-me tua face, és tu meu guerreiro de Ítaca, seja o arco do teu braço meu abrigo.

Cala com teu beijo a minha boca. as damas antigas te foram inconstantes

mas o meu amor permanecerá de Janeiro à Janeiro. Ele é para sempre.

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GUARDEI A FÉ

Rosas abrem-se esta manhã ligeiras, no centro do dia está o sol

a felicidade aparece repentina, não sou de ficar respondendo à tristeza, cada dia traga o seu bem de gerânios na janela, dores que foram dissolvidas, de soluções inesperadas de gente de bem não dá para contar todas as pétalas que entram em sopro pela janela foi preciso dizer: cultive a esperança, guarde a fé, a vida não é brincadeira a vida é brincadeira examine-se o homem a si mesmo, coma do pão e beba deste vinho ajoelhe e fale com Deus quase nada lhe será impossível.

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MARÇO Desde que o dia começou chuvas abundantes despencam. O céu abriu seu repositório mais secreto. Lava-me o domingo a alma. Desde que o dia começou medito sobre a chuva nos olhos. As águas, estas de Março, ainda não fecham o meu verão.

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ÁGUA VIVA

Rios ameaçam brotar de dentro de mim para que nunca mais o chão onde piso permaneça o mesmo. Rios de águas cristalinas mudarão minha história por caminhos que desconheço.

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EXERCÍCIO PARA ELEIÇÃO DE UMA PALAVRA

Não é uma história É um corpo de palavras. Um ponto onde chego após cruzar vários ângulos. Não é uma história e sim uma sucessão de estradas em que posso demarcar um começo: jamais um fim. Mas como não devo deixar tudo pelos entantos busco o acento tônico, desejo o pesar das cores e as palavras juntas em arco, para dizer o indivisível.

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Manuel Adriano Rodrigues Manuel Adriano Rodrigues é português. Diplomado em Teologia pelo MEIB. Palestrante.

Mantém o blog: http://sipofglory.blogspot.com.br

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Olhai os lírios do campo A casa do grilo é feita de montanhas, flores, nuvens, ar e do seu encanto particular. Um insecto minúsculo com a inteligência cósmica das grandes opções filosóficas. Um buraco no chão, os olhos nas estrelas e a música no coração. Enquanto espera pelo socorro canta imperturbável, o grilo sábio espalhando amor entre dois pinheiros.

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em busca de gente descalça através das minhas veias corre uma sede incapaz de se conter em busca de gente descalça gente que tenha os olhos preparados para partilhar comigo uma rosa sem motivo nenhum gente determinada que me queira dizer amor apenas porque me amam sem sombra de dúvidas e que esteja disponível para semear no meu interior a essência das coisas substantivas com as suas bocas sólidas

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Carta a Filadélfia Um poema anuncia a chegada de um vasto país que constrói e gera. E por cima dos séculos já esperado com alguma displicência aparece Deus unívoco e fiel para que nasça uma rosa no abismo mais profundo. O rasto dos cavalos acende a alegria das festas inesperadas.

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Escatologia Hoje estive recolhido a pensar na arquitetura da abóbada celeste e a questionar-me sobre qual seria a minha origem. É terrível a desolação que o corpo deixa quando cai sobre a terra. Haverá alguma sapiência desconhecida depois disso que nos reacenda o coração? A natureza é efémera, dizia eu e é imortal, dizia-me o vento. Deve haver um lugar onde se inventam as rosas, deve haver um lugar feito da essência dos pássaros.

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Carta aos Coríntios Por vezes regressamos às palavras onde fomos felizes. Éramos outros quando a nossa boca ainda não tinha fissuras nem esconderijos. Um território livre de dicionários onde os pássaros podiam poisar em cada reticência do nosso pensamento. Foi ali que inventámos o beijo a eternidade e o girassol. E a alegria do verbo amar sem metáforas era o nosso grande poder.

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Como se desenha um escombro em breve partirei por um caminho fosforescente em direcção ao infinito pode muito bem acontecer que exista isso e também um pássaro inclinado sobre o silêncio então poderei descansar desta minha insónia perpétua desta minha alada materialidade tenho sentimentos a mais emoções a mais e tanto peso no pensamento vejam e ignorem-me este é o meu corpo mãos, pés, cabeça, coração ressurreição e este é o botão do meu casaco usual sempre muito mal abotoado pode ser que alguém, algum dia tenha saudades desta língua de Deus

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Um Deus irreversível "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte não temerei porque Tu estás comigo." (Salmo 23:4) esta noite as aves já estão recolhidas preparando o amanhã dos ninhos onde gentilmente defendem os filhos dormitam nas árvores sob a atenção da vigília dos meus olhos suspensos aprendendo o permanente esperando as bênçãos prometidas de um Deus irreversível as certezas das aves silenciadas deixam-me confiante e deleito-me docemente no salmo vinte e três reponho mais uma vez no coração os níveis necessários de verdes pastos e de águas tranquilas em justiça as certezas de hoje preparam o amanhã sem sobressaltos

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sucesso

preciso de alguma coisa que vá mais longe do que eu e que me leve para sempre agarrado ao pescoço da vida uma coisa impalpável, vagarosa e fosforescente maior que a própria morte com a boca pendurada na cabeça da eternidade que profetize sonhos e alentos um rastejante bicho da seda com cores de borboleta sôfrego de tudo e que me explique para além de mim

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a gaia ciência ouçam esta palavra: deus ela é feita da claridade indizível do coração e tem consigo os códigos da alegria é no entanto uma palavra chã pois o seu interior é feito amor, saudade e sentimento é provável que quando a ouvimos nos dê uma vontade quase obscena de dançar para a entender é preciso montar um personagem uma acção um ambiente onde nós próprios só acessoriamente somos nós próprios sem nenhum pretexto explicativo deus: nunca ouvi palavra com tantas coisas dentro

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para ser gente eu, sou livre mas não sou meu mas de todos aos que caminham ao meu lado dos que me amam com abraços apertados sem algemas gosto de voar entrar e sair sair e entrar sem medo de perder o norte ou a bandeira e de ser parte de uma comunidade significativa embora criticável onde não há grego nem judeu bárbaro cita servo ou livre ausente ou congregado fiel ou desviado onde todos se incluem e deixam de ser apenas homens e mulheres para ser gente eu, sou livre mas não sou meu

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Silvino Netto

Silvino Carlos Figueira Netto, bahiano, 70 anos de idade (com pique de 20), residente Rio de Janeiro/RJ, casado com Stella Ruth Araujo Netto, dois filhos homens, dois netos. Graduação em Teologia (STBSB), Comunicação (UFRJ), Pós-Graduação: Mestrado em Educação (USA); Ciência da Informação (UFRJ); Doutorado em Educação (UFRJ). Pastor (não em exercício); Professor Universitário (agora aposentado); Idealizador da Faculdade de Ciências da Educação/Curso de Pedagogia (STBSB); OSCIP Prof. José Luciano Lopes; PROGRAMA TURMA CIDADÃ (idealizador e coordenador). Pesqusiador. Escritor. Cidadã Fluminense. Membro da Igreja Batista do Recreio.

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NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS! Minha primeira morada Foi num pequeno espaço: O ventre materno de minha mãe. Morei ali durante nove meses. Não lembro de nada Sobre aquela primeira casa flutuante. Mas, sem dúvida, devo ter registros gravados, Em meu corpo e espírito, Que me acompanham até hoje. O espaço que me envolvia Passou a ser pequeno demais Para um embrião com cabeça de baiano. Assim, em busca da Supervia da Luz, Descobri a porta de saída, E fui, alegremente, acolhido por meus pais, E dois irmãos, Na rua Dr. Julio David, n. 3, Bairro da Ribeira, Salvador, Bahia. Boas e amargas lembranças Dos treze anos vividos Naquela casa de três quartos, Sala, banheiro, cozinha, quintal... E que, mais tarde, tornou-se A Casa da Dor! Depois da morte de meu pai, Fui morar com os queridos tios, No Rio de Janeiro, Capital Federal, Na rua Amoroso Costa, Tijuca, (Casa de Novas Oportunidades). Dali, reunimos a família novamente, Em nossa nova casa, Na rua Marechal Trompowisk, (Casa da Reconstrução)! E, então, Mariz e Barros, José Higino, Lexington Road (USA), Joaquim Palhares, Mariz e Barros, em novo endereço, Foram moradas de minha trajetória de vida, Enriquecida com meu novo núcleo familiar: Esposa e dois filhos. Agora, continuo morando no Rio, Na Av. Prefeito Dulcídio Cardoso, Barra da Tijuca! (Morada das Conquistas)!

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E, daqui para frente, Aos 67 anos de idade, Qual será a minha próxima morada?!!! A única certeza que tenho, hoje, É que, mais cedo ou mais tarde, Chegará o dia em que devo receber A escritura definitiva, eterna, Com as chaves De minha morada no céu. Sim, pois esta é a promessa De quem loteou a Nova Jerusalém, Para os que abrem a porta do coração, Para recebê-lo, cear com ele, E dele, Jesus, Receber a planta da casa, Com a promessa de escritura, Conforme as Escrituras: Na casa de meu Pai Há muitas moradas, Se assim não fosse, Eu vo-lo teria dito: Vou preparar-vos lugar... E quando eu for, E vos preparar lugar, Virei outra vez, E vos tomarei para mim mesmo, Para que onde eu estiver Estejais vós também!!! UMA CASA NO CEU! É MUITO LUXO PARA MIM, POBRE PECADOR! Se uma casa real ou em formatação simbólica, Minha Teologia não questiona. Não faz qualquer diferença para mim. O que importa é a certeza De estar abrigado nas moradas eternas, Na presença de Cristo! Não sei qual será o meu endereço no céu... Tenho dúvidas se será morada fixa Ou múltiplas moradas???!!! Mas, acredito, que todas as moradas Poderão ser habitadas Por um corpo glorificado... Todas serão minhas E de todos os meus irmãos em Cristo.

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Sendo assim, Tenho na rua da Vitória, Uma casa com uma vista linda Para o Mar Vermelho! Na praça da Adoração, Vozes do coral dos salvos... Vêm do Templo de Salomão! No Jardim da Consolação, Vista para o Getsemani, O lindo Jardim de Oração! Na Avenida da Glória, Um painel de nuvens resplandecentes Envolve o Monte da Transfiguração!!! Na indescritível rua da Graça, Esquina com a rua do Amor... Vejo, pelas janelas, sempre abertas, O Monte Calvário, Ali, aonde Jesus Cristo pagou o preço Para cumprir a promessa De muitas e ricas moradas no céu!... Maravilhosa Graça poder morar Nas mansões celestiais, Na Casa de meu Pai!!!

Fev 2010

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QUANDO EU MORRER (Aos meus amigos que morrerem depois de mim) Silvino Netto – 01.05.08 Quando eu morrer, Quero uma festa para celebrar a vida! Quero uma cerimônia repleta de amigos E familiares. Não quero ter pressa de dar adeus Enquanto presente em corpo frio. Não faço questão de flores e coroas. Flores de funeral, murcham logo E cheiram diferente do perfume Das flores de eventos festivos. Quero você presente Como adorno e aroma de que preciso Para celebrar os muitos dias de vida Que vivi, intensamente. Quando eu morrer, Quero que você Traga consigo suas lágrimas Para derramá-las sobre mim. As lágrimas são expressões Lindas de nossos sentimentos Mais profundos e significativos. Não quero ver somente Mulheres chorando. Quero ver homens, também. Homem também chora! Têm sentimentos! Portanto, chore lágrimas, Mesmo que não rolem na face, Que sejam apenas, lágrimas secas Brotantes do impulso de soluços, Do íntimo da alma, Que só você sabe O quanto significam. Quando eu morrer, Aproveite a oportunidade Para rever e abraçar amigos Que não os via há muito tempo! Fique à vontade para abraçá-los De seu jeito espalhafatoso e brincalhão. Eu não vou pensar Que é falta de respeito a mim,

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Seu morto querido. Só não faço o mesmo porque não posso. Iria causar um corre-corre tremendo E matar muita gente do coração... Com os amigos, Recordem o que tínhamos em comum, As nossas diferenças e semelhanças. Faça desta festa de minha morte Um evento alegre De encontros e abraços saudosos Que selem compromissos De não esperar o próximo enterro Do outro Para se encontrarem novamente. Quando eu morrer, Quero que você venha E traga no coração sementes de saudade. Que coisa linda O sentimento da lembrança do amigo... A vontade forte de que ele não se vá... Que fique; fique perto, Bem perto para sempre! Sua saudade trazida É uma prova do quanto você Me amou profundamente. Quando eu morrer, Não se preocupe Com a roupa que vai vestir. Não precisa tirar do armário, Aquelas vestes escuras, Com cheiro de mofo ou de sachê. Venha no seu próprio estilo: Com brilho, sem brilho ou multicor... Não importa. Lembre-se que sou tricolor! Quando eu morrer, Não precisa perder a noite toda No velório. Alguém vai ficar cuidando Para o “morto” não sumir (rrss). Descanse e, no máximo, Sonhe comigo, sem ter pesadelos. Mas, na hora da festa, Não chegue atrasado, Em cima da hora. Venha mais cedo para me curtir

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Na presença deste corpo Que você não verá mais (pelo menos aqui na terra). Nem fique indeciso Preocupado com as coisas que deixou Sobre a mesa de trabalho, Sem saber, se fica ou não fica, Até o último momento Do sepultamento. Me acompanhe, andando passo a passo, Até à sepultura. E, se for de sua cultura, Jogue suas últimas pétalas sobre mim. Quando eu morrer, Eu quero que você cante. Uma festa só é festa Se tiver muita música boa no ar Que expresse o perfeito louvor. Cante, porque faz bem: Espanta os males, Abre espaço no seu coração Para o pouso da paz, E faz caminho para o bálsamo da consolação... Quando eu morrer, Eu quero que o seu sorriso Esteja presente na minha despedida. Sorria, acompanhado De um breve “até logo”. Sim, porque você, também, está na fila. Não pense que vai Ficar, pra sempre, pra semente. Mais cedo ou mais tarde, Estará, aqui, no meu lugar. Quando eu morrer, Olhe para mim, Mas não precisa dizer nada. Eu sei que você vai me achar O morto mais bonito que já viu, Que estou sereno, Dormindo como um pássaro, Sonhando o sonho dos anjos... É verdade: Eu estou vivo, como nunca! Sei que você se lembrará Apenas de minhas virtudes, Sepultará minhas falhas

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Com o seu perdão, Prova o quanto gosta de mim, Apesar de mim mesmo. Quando eu morrer, Ao tocar o sino, Anunciando que chegou a hora De me sepultar, Não brigue por chegar primeiro Para carregar a alça de meu caixão. Se não conseguir vencer, Esta “briga de machão”, Fique satisfeito, com a certeza, De que me carregará para sempre No berço de seu coração. Quando eu morrer, Despeça-se de mim, Na certeza de nos encontrarmos um dia, No mistério da ressurreição, Pela graça de Deus Que nos deu a dádiva da vida; Pelo amor de Cristo, Que morreu por nós, Para celebrarmos, na morte, A vitória da vida, E vida eterna! Quando eu morrer, Se não puder vir, Não fique com sentimento de culpa E nem pense que volto, para dar o troco, Puxando-lhe o pé. Se não fizer nada disso que sugeri, Basta que reserve um tempinho, Onde estiver, Para refletir sobre a vida, Sobre as suas prioridades E o quanto é importante Cultivar amizades E cuidar de você. Quando eu morrer, Eu gostaria que fosse assim! Mas, não faça nada, Simplesmente, por mim. Faça, o que fizer, principalmente, Bem a você!

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PS. Tudo que escrevi e disse, Vale, também, se, mais tarde, Decidir ser cremado.

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OS SONHOS NASCEM ASSIM...

(Silvino Netto, dedicado ao projeto de sua criação com Deus - o Curso de Educação e a Faculdade de Ciências da Educação – STBSB)

Os sonhos não nascem Dos que dormem eternamente Em berço esplêndido...

Os sonhos nascem

Da alma inquieta,

Dos olhos acesos Que investigam o universo Té que no infinito Encontrem um novo ponto de luz! Os sonhos nascem Da insônia Dos que namoram as estrelas Nas madrugadas escuras, Ao desvendar os mistérios Da luz da aurora

Que vai brilhando mais e mais Até ser dia perfeito... Os sonhos nascem Dos que reencarnam As fantasias da infância, Constróem castelos na areia, Brincam de faz-de-conta, Correm, correm velozes Ao passo da lua cheia Para ver quem vai chegar primeiro! Nascem os sonhos Dos peregrinos da esperança, Dos que perseveram novos caminhos Na estrada longa e fria da vida, Até que combalidos, Adormecem, por um pouco, Em travesseiro de pedra...

E sonham os sonhos dos anjos Que os acordam aquecidos No berço da salvação!

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Não se vive sem sonhar! Quem não sonha, Não cria, não sente, não ama, Não anda, não busca, Não pulsa, não vê, não faz, Não dorme em paz. Vegeta sem rumo, coitado! Perdeu-se, no espaço, é pena! No mundo, apenas ocupa lugar! Ofusca, na face, A bela imagem, perfeita, De Deus!

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QUANDO O SALDO É DEVEDOR (Silvino Netto em balanço de fim de ano) Abro o livro de minha vida Para fazer o exame de contas de fim de ano. Verifico que o termo de abertura É uma oração de Noite de Vigília - Pedidos e promessas. Pedi tanto e prometi muito mais! Noto, no entanto, Que as entradas são maiores do que as saídas. No caso, o saldo é devedor, Porque acumulei o que foi dado para dar. Será que ingenuamente pensei Que, acumulando bênçãos para mim mesmo, Estava fazendo saldo médio no Banco de Deus? Mais um erro de cálculo: O que ganhei, emprestei aos outros, Com juros e correção monetária. Esperava que os outros me devolvessem bem mais Do que lhes dava. Sou um péssimo financista, Senhor! Todas as vezes que ia ao teu Banco para sacar (e precisava de um carro forte para transportar as tuas bênçãos) Lia os cartazes que a tua gerência colocava: Ajuntai tesouros nos céus... Eu sempre tive medo de investir! Poderia necessitar de uma hora para outra, e... Não gostava da ideia de depositar E ainda esperar os meses de carência. Para mim, era dinheiro parado. Eu queria ver a aplicação crescer, Mas, crescer no meu bolso, Onde estava o depósito do meu coração. Hoje reconheço que fiz mau negócio. Não se pode poupar sem dar. E nós dois saímos perdendo Porque desvalorizei a moeda do teu Reino! Estas “sobras” do saldo devedor Tornam-se em maldição, Como as moedas de Judas,

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Que se jogadas no templo, Nem assim poderiam sepultar a consciência pesada. Senhor, o jeito é fechar o balanço, Jogando o saldo devedor em perdas e danos. Preciso de teu crédito para começar um ano novo. Quero andar contigo, duas milhas ou mais, Para conter a inflação E fazer os cortes de mordomia. Recebe, Senhor, A confissão que te faço Não como um simples remorso, Mas um pedido de perdão Num termo de abertura sincero e consciente, De quem deseja restituir quadruplicadamente As dívidas do passado, O saldo devedor.

Do livro Presente (JUERP, 1980)

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A SOLIDÃO DO SONHADOR (Dedicado a mim mesmo, Silvino Netto, nas horas de vôo, na dor da solidão dos sonhos) Acordei, hoje, de meus sonhos da noite, E me encontrei na realidade da dor do dia de sonhador. O sonhador tem seus momentos de dor, De “sofridão”, daqueles que se dão. O sonhador sente a dor da solidão! Aquela sensação de quem se arrisca, sozinho, nas alturas, Incorporando sonhos de tantos. Não quero a solidão da noite fria do vôo solitário. (Uma andorinha só, não faz verão). Não quero as asas artificiais de Ícaro, Para voar só, no vôo perigoso de alcançar o sol. Quero aquecer-me no diálogo da solidariedade. Quero voar em V, Com meus pares, em bando, rasgando os céus, Em passes de danças e coreografias, Permutando lideranças, No palco dos céus de azul ou mesmo em turbulências. Quero compartilhar, no ninho das nuvens, Com pombas da paz e águias da liberdade Revendo rumos e rotas, na experiência de vôo de outros. O sonhador só, sente a dor Da força do vento contrário E se angustia por não querer perder o seu destino. O sonhador sente a dor De ver, do alto, homens, apenas formigas, Que se conformam em subir montanhas, sem rumo, Ou na escavação de túneis, Para esconder-se na escuridão da terra. Ciscam, acomodam-se em ocas, no seu quadrado 2x2, E realizam-se na busca de minhocas. São homens, com DNA de vôo, Mas não criam asas para alcançar as alturas - A razão de sua existência. O sonhador sente a dor de ver o horizonte distante, Como se nunca fosse chegar ao seu destino. O sonhador sente a dor do medo, De perder-se no infinito, De entrar em looping no buraco negro. O sonhador sente a dor dos grunhidos dos que ficam na terra,

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Zombando dos que voam, No coro da mesmice, dos que não acreditam no futuro. O sonhador sente a dor dos tiranos, Matadores de sonhos, de utopias, Caçadores dos que sonham para o além. O sonhador sente a dor Do peso das asas e dos pés descalços, sem descanso, Da falta do chão para um pouco de repouso. O sonhador sente a dor de estar sempre acordado, Vigilante no enfrentamento da nuvem negra, Que impede a visão do painel de vôo. Sente a dor dos raios cortantes que eletrizam a alma, Do clarão que lhe ofusca os olhos E do trovão que estremece seu corpo frágil. O sonhador sente o frio cortante e constante Que congela seus sonhos, por um pouco, Até que venha o seu verão de sol aquecedor, Combustível para uma nova estação de vôo. Mas, ainda que carregue a dor de seus sonhos, O sonhador, não desiste de voar. Voa na força de Fênix, dos que confiam no Senhor, Para renovar as forças, viver muito E, depois, ressuscitar das cinzas, Nos seus próprios sonhos e de seus outros pares. Reabastece-se no prazer da luta, ao superar obstáculos; Ao ver o invisível; ao conquistar novas terras e céus; Ao poder voar nos ares; sobre mares; Ver o sol de perto, o céu aberto; Banhar-se no brilho das estrelas; Provar, na lua-cheia, seu sabor de mel; Ver, no microscópio do universo, A biodiversidade da terra em multicores. O sonhador, ao transformar seu sonho em realidade, Sente o prazer de superar a dor Que carregou em sua longa jornada de vida. O prazer de ser contestador, conhecedor, Provedor, curador, agregador, inquiridor, Pesquisador, inovador, articulador, mobilizador, conquistador ... O SONHADOR, REALIZADOR, É UM VENCEDOR!

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FEIRA LIVRE DE BAIRRO! (Pelo dia do feirante, 25 de agosto. Uma homenagem especial do Programa Turma Cidadã aos feirantes da rua Morais e Silva) Feira livre de bairro, coisa gostosa! É ainda um pouco que resta De comunidade nas megacidades! Feira livre de bairro, Encontro de amigos, Comadres e compadres, Na simplicidade De quem sai à rua descontraído, De cara lavada, Com a roupa de casa, Sandália nos pés... Feira livre de bairro, Encontro da irmandade Na identidade de cada um. Feira livre de bairro, Cheiro de terra, natura, perfumes, Painel de cores de flores, Verduras, frutas, legumes, Ervas, carnes, farinhas... Feira livre de bairro, Exemplo de bom vendedor Que sabe mostrar seu produto Com graça, leveza e humor: “Moça bonita não paga Mas, também, não leva!” Feira livre de bairro, Modelo de empresa familiar, Exercício democrático, Objetivo e prático De diálogo, respeitoso De quem sabe negociar: - Bom dia Seu João - Bom dia madame. Tem laranja docinha, prova aqui... Que tal? Vai levar, freguesinha? Mamão maduro, melão, Manga, morango, caqui... Promoção de estação: Leva 3 por 2... - Bota meia dúzia de laranja Bahia...

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Das mais graúdas e bem escolhidas! Hum! O abacate, hoje, tá caro e feio. Não vou levar, não! E, de barraca em barraca, Vai-se enchendo a sacola: Farinha, tomate, cebola, Cenoura, chuchu, pimentão, Banana, abacaxi, limão... Vai lá rodando o carrinho... Pesado, rangendo, cheinho... PARABÉNS pelo seu dia, Amigo feirante, guerreiro, Símbolo da luta e ousadia Do trabalhador brasileiro Que se levanta primeiro, Bem antes do sol nascer! Aceite, querido feirante, Com estima e muito orgulho, Nosso abraço e gratidão, Por trazer à porta de nossa casa, Apesar de inevitável barulho, Humor, alegria e comunhão! Feira livre de bairro Não pode acabar! É tradição! É folclore, é cultura, é convivência, É povo na rua! É fraternidade, comunidade, cidadania!

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QUE SER QUE SOU!? (uma concepção filosófica de mim mesmo) Eu sou um ser, Um ser humano, Responsável por mim mesmo, Pelo meu outro, parte de mim, Pelo espaço que me hospeda Como ser. Logo, um ser sociopessoambiental, Responsável! Eu sou um ser Feito de mim mesmo, Do outro e para o outro. Sou feito por quem me fez À sua imagem e semelhança E a quem pertence a minha vida. Logo, sou feito de nós De mim e dos outros que são meus. Sou feito de pensar, sentir e agir. Sou feito de ontem, de hoje, de amanhã. Um ser ato/potência. Sou feito de inteligências Racional, emocional, espiritual Em potencialização dentro de mim. Sou um ser político, Social, biológico, Psicológico, espiritual... Um viajante aprendente, Construindo conhecimento Em educação continuada e permanente. Sou um ser sensível, Que aprende a ser, fazer, Conhecer, sentir e conviver. Sou um ser de deveres e direitos, Sujeito cidadão Construtor em transformação, Agente de minha trajetória de vida E da história do meu presente no mundo. Sou um ser de inteligências múltiplas, Amigo do saber,

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Na relação do inter, intra e trans. Um ser finito no corpo, Infinito no espírito Que se projeta na eternidade. Sou o ser que sou. Que ser sou eu!!!?

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O CHORO DA NOITE E A ALEGRIA DA MANHÃ Salmos 30:5 Ah! Quão amargas as lágrimas Que correm de minhas noites Escuras de dor! Noites que inundam a alma Nos encontros desencontrados Dos sonhos pesados De expectativas e desilusões! Noites intermináveis! Noites sem pernoites. Noites de temporais que não passam E me escondem dos olhos A luz do sol da manhã... Para onde vão as lágrimas Que saem de mim Nas noites escuras de minha dor? As lágrimas de minha alma triste, sombria, Encontram abrigo em poços vazios Que se transformam em fontes inesgotáveis De águas doces Que correm em filetes Para refrigerar a minha alma Na escuridão de minha noite. Pois, ainda que o choro dure uma noite A alegria vem pela manhã. Quão doces e bem-vindas As lágrimas que voltam De minhas noites de dor. Elas ganham força, Tornam-se correntes crescentes E banham as margens tórridas Do meu ser... Lágrimas de volta, Fazem rebrotar as sementes de fé, Paciência, perseverança... Escondidas no fundo da noite. Lágrimas de volta Refletem a luz da manhã, O brilho do sol,

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Na escuridão de meus olhos, Fazem-me ver os frutos Que nascem da noite escura: Árvores frondosas Cujas folhas não caem E dão o seu fruto Na estação própria! Bendito o choro da noite, Pois, é certo, A alegria vem pela manhã!

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Em Crise de Energia Senhor, estou enfrentando uma crise séria de energia, que se reflete no meu mundo. Foge-me a alegria... Parece esgotar-se o óleo de tua unção, a tua bênção, as reservas do coração. Não sinto vontade de servir, de exportar as riquezas que me deste. Há uma forte tendência de viver para mim mesmo, fechar os poços, diminuir a produção, supervalorizar-me, aumentar o preço dos produtos de minha vida, para que os outros venham a mim. Não me importo vendo o outro empobrecer, inflacionar. Mas o pouco que me resta da influência do teu Espírito revela que são grandes as jazidas inexploradas, mananciais inesgotáveis, alternativas energéticas que provém de ti. Então, Senhor, na tua força, faze produzir-se um real avivamento, não aquele de momento, de ativismo passageiro, de bater palmas de êxtase e emoção. Não aquela sensação de ter muito tendo pouco. Que fé inabalável, vida estável, equilibrada, dominada,

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para sempre ter e dar. Estou pronto a fazer contigo um contrato que bem sei não é de risco:

- Sonda-me; conhece-me o coração; prova-me e conhece o meu pensamento; e guia-me, ó Deus,

pelo caminho eterno - da luz perene, da força real da vida, do equilibro universal.

Do livro Presente (JUERP, 1980)

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Plantem Flores, Crianças Crianças do mundo inteiro, venham depressa, correndo... Vejam, crianças, como está o mundo, o jardim do Éden que Deus plantou, tão seco, sem chuva; tão feio, sem sol. As plantas não crescem, as flores não brotam, os frutos não saem... Vamos revolver a terra, crianças. Tragam pás e ancinhos, venham depressa, anjinhos, plantar a paz. Plantem mudas, mudas que mudem no silêncio o mundo imundo. Plantem flores, crianças, de todas as cores. Plantem amor-perfeito em cada vaso vazio das casas escassas de amor dos casais. Joguem sementes no bolso do papai, nos chinelos da mamãe... Cerquem os quartéis de saudade. Encham de sementes os fuzis e façam uma guerra santa, até que os homens morram de amor. Plantem rosa nos palácios de justiça, copo-de-leite à entrada das favelas, lírio branco nas celas dos presídios, bem-me-quer nas salas das escolas. Plantem nos púlpitos, a Rosa de Sarom. Encham o mundo de açucena, que sob oceano ameno seja prenúncio da cena da paz. E se os homens, com seus pés impiedosos, pisarem as flores que vocês plantaram, chorem, crianças, chovam lágrimas e protejam a terra com suas mãos divinas, cheias de calor, até fazer nascer no mundo,

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novo e lindo jardim da infância, a exalar amor. Do livro Presente (JUERP, 1980)

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Sol Andreazza

Sol Andreazza nasceu em Itu – SP, em 21 de Março de 1984. Serva de Cristo, estudante de teologia e hebraico bíblico, poetisa, radialista, escritora em formação. O foco principal de seu trabalho é levar o reino de Deus através da beleza da poesia e da informação.

Mantém o blog http://sol-andreazza.blogspot.com.br

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Forjada para Deus De deserto à deserto Deus, pela fé Mata-me e ressuscita-me Para que seja eu Filha forjada no fogo-frio deserto Ao invés, jamais herdeira-conformada do Egito Filha forjada sou Como espada, Adonai opera através de mim Seu Poder de Maravilhas

ADONAI NISSI

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Guia meu silêncio Porque o SENHOR consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do SENHOR; gozo e alegria se achará nela, ação de graças, e voz de melodia. Isaías 51:3 Espírito Santo, Guia-me em meio a essa nuvem de silêncio Onde sinto Teu doce cheiro Acalentado por Teu calor Espírito Santo, sinto-me oca... Coração rasgado em uma caixinha de vácuo Onde só Tu me vês Doce solidão, Onde Tu me consolas Padecer de solidão contigo É como um abraço de pétalas Guia-me, Espírito Santo Neste silêncio santo Onde só Tu interpretas o meu ser Guia-me

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Lutero Suam frias minhas mãos Enquanto contemplo de meu povo Esta histórica herança de dor Ousadia que abriu os portais Com chave de sangue, trouxe O temor do Senhor da minha salvação Meu povo é o povo de Cristo Fez-se Abraão por meu patriarca Família Santa, andarilhos da luz Dá-me Senhor aquela ousadia tal Para que eu, cheia do Espírito Santo possa honrar minha herança “Sua escolha é simples: se obedecerem (ao príncipe deste século), meus senhores, o brilhante cometa da nossa fé irá se estilhaçar, reduzido a poucas tochas isoladas, bruxuleando num universo obscuro” - Martin Luther

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Perdido de si mesmo Eu quero me perder de mim mesma Quero jogar minhas capas ao vento, Quero ver minhas máscaras enterradas na areia do esquecimento. Preciso bater o pó entre as fendas Tal qual seda suja, empoeirada coberta pela realidade escrita de rompimento de ilusão Meu deserto me domina Suas areias me encerram Seu calor me conduz Olho para o alto, Tua luz é muito forte Cego, Tua mão me sustenta. Minha alma embrionária Está sedenta, Senhor Chora para ser logo Aquilo que Tu queres Livre-arbítrio? Livra de mim esse fardo E como um bebê no ventre, Poderei dormitar em Tuas Mãos.

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Escória de Ouro Vemos, portanto, que o Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os ímpios para o dia do juízo, 2 Pedro 2:9 Tal qual cão embrenhado em vômito extenso Tal qual porcos mergulhados em lama e fezes Assim será de pó em pó a mão sobre aqueles que de profecias banhadas em ouro poluem a Tua morada

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I don´t know how... família em desejos des-encontrados, ideais des-entrelaçados anorexia emocional, des-amor de opostos obrigações, intrigas, indisposição moral cada um sangra... isolado... Jesus, Jesus, Jesus, Jesus, Teu fardo nos re-estabelece ... mas eu não sei como...

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Jesus Chegou! Instante que pontua a eternidade Coração velado dói agonizante Ouço uma Voz de muitas águas Clamando: Não chores! Multidão te aconchega à fria-cova São finitas minhas forças na contramaré Ouço uma Voz de muitas águas Clama e clama: Não chores! Em suave profundidade eis que Ele chega O abraço da Voz de muitas águas Ternamente consola anulando a multidão Na contra maré clama: Não chores! E cessou o choro e clamou a Voz de muitas águas Mancebo, a ti te digo: LEVANTA-TE (Lc 7-14)

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Ode ao Espírito Santo Olhinhos doces Ternura de encantamento Livra de mim o tormento Que trago em meu coração Louca Alegria Novidade em meu momento Traz-me abrilhantamento Eleva minh’emoção Eu encantada Sinto-me em deslumbramento Claridade, sentimento Intrigante bem-estar Indescritível Tu és aquele em pensamento Traz à palavra avivamento Chora em meu viver Tu és Aquele Essência, Pai, Grande Eu-Sou Espírito de quem criou A Razão do meu viver

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SOB O MONTE VEJO A TERRA PROMETIDA À Pra. Magaly Antunes, que com seu cajado, nos direciona à vontade Perfeita de Deus. Ardor pulsa em meu coração Bate em meu peito tambor Proclama cânticos de guerra Meu deserto estava um passo atrás À frente, terra prometida está Pronta e prestes a ser conquistada O inimigo à frente Posto já foi Sob meus pés Ruge o Leão da Tribo de Judá Bramemos juntos As Vitórias de Teu povo Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do SENHOR. Porque vós não saireis apressadamente, nem ireis fugindo; porque o SENHOR irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda. - Isaías 52:11-12

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Escalada Crescente descoberta Em que hoje me encontrei Olhei para as minhas paredes, Que me prendem e sufocam Claramente percebi Não é hora de para frente olhar a saída é para cima Em crescimento, devo escalar a presente muralha a escalada é para cima sustentada pela fé!

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