Aguiar e Silva- Camões-labirintos e Fascínios - Aspectos petrarquistas de Camões

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1. Ao propor-me analisar as rela<;6esentre autobiografiae petrarquismo na poesia lfrica de Cam6es, nao conceituo «autobiografia» como urngenero literirio narrativo com as suas peculiares normas e conven<;6essemanticase tecnico-for- mais. Em rela¢o a Cam6es e a sua epoca hist6rica, semelhanteconceito seria anacr6nico, ja que a autobiografia, como genero literirio, seconstituiu apenas na segunda metade do seculo XVIII, sob 0 influxo dominante das Con.fessiomde J.-J. Rousseaue sob a ac¢o do egotismo e da egolatria de pre-romanticos e romanticos. o pr6prio vocibulo 'autobiografia' parece ter sido formado e difundido na lfngua inglesae na lfngua alema apenas nos Ultimosanos do seculo XVIII, figurando ainda como urn neologismo em virios dicionirios da lfngua francesa datados da segunda metade do seculo XIX. I Todavia, muito antes de se adquirir consciencia, a nivel da metalinguagem do sistema literario, da existencia do genero narrativo assim designado, a autobiografiaja ocorria na cultura ocidental como a manifesta¢o, ou a revela¢o, atravesdo acto da escrita literiria, da vida - sobretudo da vida intima, da vida espirituale da vida sentimental- do eu sujeito enunciador desse mesmo acto de escrita.Das Confessiones de Santo Agostinho a Vita di Benvenuto Cellini (... ) ria lui medesimo scritta, aos Essais de Montaigne, 0 impulso autobiografico aparece pro- fundamente ligado, na cultura do Ocidente,as agonias, aos anseios e aos jubilos da vida religiosado homem,as suas incertezas e duvidas filos6ficase doutrinais, as vicissitudes, as rniseriase asexalta<;6es da sua vida sentimental. 2 Esublinho na cultura do Ocidente, porque, como observou Georges Gusdorf,se alguns orientais I Vide, sobre esra materia, as paginas iniciais da obra de Georges May, L'Autobiographie, Pa- ris, 1979. 2 Sobrea historiae 0 desenvolvimento daautobiografia, como documento historico, como testemunho humano, como genera literario, existe uma extensa bibliografia. Consulre-se, por exemplo, a informa~ao bib1iografica fornecida por William C. Spengemann, The forms of autobiography. Episodesin the history of a literary genre, New Haven-London, 1980, pags.170-245.

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  • 1. Ao propor-me analisar as rela
  • No petrarquismo, todavia, para alem do ludismo e da exaspera
  • empreenderam escrever a hist6ria das suas vidas - por exemplo, Gandhi -, s6 0fizeram porque foram anexados a uma mentalidade que nao era a sua.

    o impulso autobiografico aparece imemorialmente associado apoesia lfrica,desde os poetas elegiacos gregos aos poetas alexandrinos, desde os poetas elegiacoslatinos aos trovadores provenc;:ais, desde Petrarca aos romanticos. Quando, na se-gunda metade do seculo XVI, se reconheceu a lfrica 0 estatuto de genero literariocomparavel, pela sua relevancia intrinseca e extrinseca, ao genero epico e ao generodramatico, foram-lhe atribuidos caracteres tecnico-formais e semanticos manifes-tativos, ou indiciadores, daquele impulso autobiografico: na lfrica, apenas fala apersona do poeta e 0 objecto da mimese lirica identifica-se com urn conceitodo poeta(em vez do termo maneirista e barroco de conceito, os pre-romanticos eromanticos falarao de sentimento e de paixao).3

    Os teorizadores e preceptistas literarios da segunda metade do seculo XVI,como Minturno, que assim caracterizaram a lfrica com marcas semicas e formaispr6prias do modo da escrita autobiografica, tinham em mente, como paradigmaticarealizac;:aohist6rica do genero lfrico, a poesia do Canzoniere de Petrarca e a poesiados grandes petrarquistas quatrocentistas e quinhentistas. Na hist6ria das literaturaseuropeias, como e sabido, 0 petrarquismo representa urn dos mais singularesfen6menos de pervivencia de uma concreta tradic;:ao literaria - uma tradic;:aoliteraria rigidamente codificada sobretudo no ambito da poesia lfrica, mas tambeminBuente nourros generos literarios, desde a comedia ao poema epico, a novela eao romance, embora manifestando-se algumas vezes sob a forma de par6dia ou deuma intertextualidade ironicamente manipulada. Nesta complexa tradi

  • 3. Em Cam6es, ocorrem com alguma frequencia afirma
  • como poeta que modelarmente realizara a sua obra poetica como urn espelho devida (nao se excluindo deste juizo uma positiva valora~o etica).

    A difusao do principio da imitatio vitae no petrarquismo quinhentista pres-sup6e, em primeiro lugar, a convic~o de que a poesia irrompe da histOria dumhomem, modelada pelos acontecimentos da sua biografia intima; em segundolugar, implica a ideia de que a poesia de Petrarca esta placentariarnente vinculada 11matriz da sua vida, 11matriz de urna exemplar historia de arnor realmente acontecidae as vicissitudes psicologicas, morais e espirituais que entretecerarn esse romancede arnor.

    o proprio Petrarca, como e sabido, perante as cepticas interroga

  • Pili volte Arnor m'avea gia detto: Scrivi,scrivi quel che vedesti in 1ettre d'oro [... ] (XCIII)

    Gran tiempo ha que arnor me dice: Escribe,escribe 10 que en ti yo tengo escritode letra que jarnas sera borrada.16

    De modo semelhante, Cam6es concebe 0 poema como urn textooriginariarneme escrito na alma pelo arnor, pela saudade ou por algum secretoageme, cabendo ao poeta a tarefa de copiar ou transcrever esse texto assimmisteriosarneme conformado:

    Nem eu escrevo mal tao cosrumado,mas n' alma minha, triste e saudosa,a saudade escrevo, e eu tras1ado. (pag. 238)

    A tao 10nga historia de tragico e paradoxal desconcerto arnoroso evocada eanalisada na canyao Manda-me AmOT que cante docemente e trans1adada pelo poetade urna escrita processada na sua imerioridade por urn inominado ageme:

    Despois que ja semi desfalecer-me,em 1ugar do semido que perdia,nao sei que[m] m'escreviadenuo n'alma co as 1etras da memoria,o mais deste processoco claro gesto jumarneme impressoque foi a causa de tao 10nga historia.Se bem a declarei,eu nao a escrevo, d'alma a tras1adei. (pag. 218)

    E nas redondilhas imituladas Carta a ua dama, cogitando 0 poeta no textoque escreveria, eo proprio Arnor, represemado como fietio personae, quem enunciaesta poetica em que 0 autor se converte em medium de urna voz que nasce demrodele e que se idemifica com 0 mais profundo da sua vida afectiva:

    Querendo escrever urn diao mal que tanto estimei,

  • e biografico da lfrica camoniana, condenando, ao mesmo tempo, a poesia que secompraz em requintes e low;:anias verbais: Quiere dezir, pues, el P. que en estaexpression de sus penas amorosas trata de la verdad, y no de cernir palabras espejadas,o joyantes: porque el no atender a esto es la mayor sefial de fino enamorado. Estaes la verdad; y todo 10 otro es embeleco. No se hallad cosa de espiritu en hombreque ande a caza de palabras.12

    3. No Canzoniere de Petrarca, a facticidade autobiografica subjacente - ouficcionalmente subjacente - ao alor lfrico compona como elemento relevante anarrativa da cena do enamoramento e a referencia ao tempo e ao lugar em que elatera decorrido: 0 soneto III (Era il giorno ch 'alsol si scowraro) eo soneto CCXI (Vogliami sprona, Amor mi guida e scorge) assinalam a este episodio, nuclear tanto na historiaautobiografica como na urdidura lfrica, a data de 6 de Abril de 1327, sexta-feira dapaixao de Cristo.13

    Cam6es, sem minudenciar como Petrarca as circunstancias cronologicas doevento, inscreveu na sua lfrica, no soneto 0 culto divinal se celebrava e na estancia2. a da canc;:aoVII (No Touro entrava Febo e Progne vinha), 0 topos petrarquista dadata e do lugar do seu enamoramento14 - enamoramento que tambem teriaacontecido em Abril, mes simbolico por nele ocorrer, em regra, a celebrac;:aolitlirgicada paixao e da ressurreic;:ao de Cristo e por nele se manifestar, em conformidadecom os dados astronomicos e 0 evolver da Natureza, a plena eflorescencia daPrimavera, a estac;:aoque, desde a lfrica proven

  • cuidando no que poria,vi Arnor que me dizia:- Escreve, que eu notarei. (pag. 7)

    Tal poetica pressup6e necessariarnente a anterioridade do vivido - quasesempre do sofrido - em rela'rao ao escrito, ou, para nos servirmos de umahomologia lexematica e semantica estabelecida pelo proprio Carn6es, a anterioridadedo sangue e do peito em relao a tinta e ao pape!. 17 E e porque a poesiapromana de uma hipertensao vivencial que a objectivao do texto poetico, docanto harmonioso que transfigura em concerto 0 desconcerto da alma, constituipara 0 autor urn meio privilegiado de autocatarse ou, segundo a terminologiaconsagrada desde Dante e Petrarca,18 de desafogo aos tormentos e as agonias doarnor:

    N'alma tenho contino urn fogo vivo,que, se nao respirasse no que falo,estaria ja feita cinza a pena; (pag. 304)19

    Se a criao poetica se autentica e ganha fundura humana pela sua ligaooriginaria e substantiva com as verdades puras existencialmente vividas peloarnante sujeito da enunciao lirica, de analogo modo a recepo dos textos assimproduzidos se encontra condicionada e regulada pelo substrato das experienciasvitais do arnor que os seus eventuais leitores possuarn:

    E sabei que, segundo 0 arnor tiverdes,tereis 0 entendimento de meus versos! (pag. 117)

    17 Cfr. Luis de Cam6es, Rimas, pag. 3.18 Pettatca tefere-se com frequencia ao efeito catartico da escrita e do canto poeticos: perche

    cantando il duol si disacerba (XXIII); ed in sospiri e'n rime I sfogo il mio incarco (CCLII); Ecerto ogni mi studio in quel tempo era I pur d'isfogare il doloroso core (CCXCIII), etc. A ideia deque 0 canto poetico lenifica 0 sofrimenro - e, em particular, 0 sofrimento amoroso - e liberta 0homem, encontra-se expressa em poetas como Te6criro, Horacio, Propercio, Ovidio, etc. (cfr. HugoFriedrich, op. cit., pags. 146 e 199).

    19 Na canio X, cuja confessionalidade aurobiografica ja coloquei em relevo, encontra-se aexpressao mais complexa e profunda desta poetica camoniana do desafogo. A intensidade dosofrimenro de que nasce a canio e a necessidade de buscar correlativo desafogo no texro poeticoexplicam a pr6pria extensao do poema: E se acaso I te culparem de larga e de pesada, I nao pode ser([he dize) limitada I a agua do mar em tao pequeno vaso (pag. 229). Todavia, a intensidade extremado sofrimento pode impedir a eflorescencia do canto poetico: vejo tao triste genero de vida I que,se Ihe nao valerem tantos olhos, I nao posso imaginar qual seja a pena I que traslade esra pena comque vivo (pag. 304); eu porei teu desejo em doce efeito, I se a dor me nao congela a voz no peiro(pag.310).

  • o biograflsmo psicologista que explica a genese do poema volve-se destemodo em factor determinante da inteligibilidade e da comunicabilidade do mesmopoema.

    5. A poesia petrarquiana, porque e - ou pretende esteticamente ser - espelhode uma vida e das vicissitudes psicologicas e morais de uma historia de amor eporque a vida humana, sujeita aos acidentes do tempo e do destino, e labil e incerta,tern na recordayao do passado, na recuperayao pela memoria dos dados existenciaisirremediavelmente consumidos pelo fluir do tempo biografico e cosmico, urn dosseus nucleos tematicos mais significativos e urn dos mais fecundos e sortilegosinstrumentos da sua retorica e da sua estillstica. Como observa urn dos mais sagazeshermeneutas da experiencia poetica" de Petrarca, perante a fungibilidadeangustiante da vida e a violencia assoladora do tempo e da morte, la salvezza, lasoluzione e offerta dalla 'memoria': una capacita davvero di fermare il tempo intornoa certi punti vivi, riscattarli, in una diversa esistenza, ormai assoluti e sicuri".20

    Nos poetas petrarquistas dos seculos XV e XVI, frequentemente fascinadoscom 0 preciosismo e 0 ludismo estillstico-formais e as argucias e subtilezaspsicologicas que diversos estudiosos tern caracterizado como uma manifestayaoantecipada do estilo barroco, perde-se ou deteriora-se muitas vezes a profundidadee ao mesmo tempo aquelas classicita e aulicita formale,,21 com que Petrarcaexprimira os tormentos e os deleites da memoria. Na obra de alguns poetaspetrarquistas, todavia - e basta citar Boscia e Garcilaso, ambos bem conhecidose admirados por Cam6es -, 0 tema da memoria manifesta-se nio soreiteradamente, mas tarnbem com a melancolia pungente, 0 dramatismo psicologicoe a elegancia formal da mais pura tradiyao petrarquiana.

    Na llrica de Cam6es, 0 tema da memoria desempenha uma funyao caorelevante que requer uma analise demorada e minudente, incompativel com 0teor e os limites materiais desta conferencia. E significativo observar que, segundourn computo atento, mas decerto sujeito a pequena margem de erro, que realizeisobre 0 texto das Rimas na ediyao elaborada pelo Professor Costa Pimpio, olexemamemoria" ocorre na llrica camoniana sessenta e nove vezes (cinco vezes na formaplural) e 0 lexema lembran~" sob a forma singular e sob a forma plural, trinta eseis vezes, embora os campos semanticos directa ou indirectarnente relacionadoscom 0 tema da memoria nio se configurem apenas com fundamento na ocorrenciados referidos lexemas.

    Se se exceptuar 0 seu significado eminentemente ftlosofico, metafisico, nocontexto neoplatonico das redondilhas Sobolos rios que viio e do soneto Na ribeirado Eufrates assentado, eo significado epico que apresenta nalguns poemas laudatorios

    20 Cfr. Adelia Noferi, L 'esperienza poetica del Petrarca, Firenze, 1962, pag. 65.21 Cfr. G. G. Ferrero, Ilpetrarchismo del Bembo e Ie RimediMichelangelo, Torino, 1935, p. 20.

  • de ilustres personagens historicos, 0 tema da memoria, na Hricacamoniana, estadrarnaticamente associado a ac
  • fundamentos e pelos efeitos que procura alcanc;:ar, tanto na estrutura do poemacomo na consciencia do leitor, esra inextricavelmente conexionada com a concepoda poesia como imitatio vitae.

    5. A hermeneutica awis delineada de alguns aspectos do petrarquismo deCam6es contribui para esclarecer, segundo penso, a razao por que ao longo dosseculos, desde Faria e Sousa ate Aquilino Ribeiro e Jose Hermano Saraiva, se ternverificado tao repetidamente a tentao de ler a Urica camoniana em clave biografica,ao mesmo tempo que ajuda a compreender uma das raz6es fundamentais por que,nao obstante a agudeza analitica e a engenhosidade exegetica de algumas dessasleiruras, tal tentao tern redundado sistematicamente em inexitos interpretativose crfticos.

    Os exegetas e comentaristas da Ifrica camoniana tern sido frequentementeobjecto daquela tentao, porque os proprios textos da Ifrica camoniana, atravesde numerosos sinais, quer da forma do conteudo, quer da forma da expressao, eatraves de algumas afirmac;:6es que se podem considerar como conformantes deuma poetica explfcita, insinuam, solicitam - solicitam em termos ilocutivospeculiares da ficcionalidade literaria - urna decodificao de teor biografista. Se,todavia, as marcas de confessionalidade e de autobiografismo da Ifrica de Cam6esprocedem, pelo men os em parte, da adesao do poeta a logica de urn determinadocodigo literario, da sua aceitao de urn modelo poetico historica e culturalmenteproduzido e adquirido, compreende-se entao a ineviravel desadequao das leirurasque procuram explicar apenas pelas vicissitudes da vida do autor - vida de quepouco se sabe, mas sobre a qual muito se conjecrura ... - e pelas caracterfsticas deurn temperamento - deduzido e adivinhado, em continuo drculo vicioso, a partirde textos poeticos depois dilucidados com fundamento em tais caracteristicas ...- elementos textuais de natureza tematica, estilfstica e retorica que requerem urnadecodificao bem diferente.

    A ilusao biografista resulta do espelho literario e dos efeitos espedficos-reflexos, refracc;:6es, anamorfoses ... - que ele origina ou intensifica. Com efeito,a poetica petrarquista da imitatio vitaee indissociavel de urna poetica da imitatio stili,faz parte de urn codigo literario - cuja actualizao em cada escritor e em cadatexto pode comportar modulac;:6es, desvios, transgress6es - segundo 0 qual 0poema, produzido em conformidade com paradigmas bastante rfgidos de estilemas,imagens, simbolos, processos retoricos e configurac;:6es tematicas, deve espelhar abiografia do autor empirico, identificado ou confundido com 0 eu Ifrico. Nao e,deste modo, a biografia que gera a poesia, mas a poesia que, segundo determinadasnormas e convenc;:6es semioticas, constroi uma biografia. Haved decerto naopequena surpresa para muitos leitores de Cam6es quando se realizar, com rigor eminucia, urn inventario e uma analise dos fenomenos de intertextualidade hetero--autoral de poemas aparentemente tio saturados de confessionalismo autobiografico

  • como a cans;ao X (Vinde cd, meu tilo certo secretdrio) eo soneto 0 dia em que eu nascimoura eperera ...

    6. No termo deste breve estudo de alguns aspectos do petrarquismo da lfricacamoniana, nao posso deixar de sublinhar a relevancia do principio tea rico, taopertinemememe fundamemado e analisado pela semi6tica da escola de T artu,pela lingufstica textual e pela estetica da receps;ao, segundo a qual a conceps;ao dotexto literario tao-so como co-texto, para utilizar a terminologia de Pet6fi, comoemidade monadica que apenas em si comeria a sua ratio, como urn dado substantivoe originario sem conex6es semioticas com a instancia da sua produs;ao e a instanciada sua receps;ao, constitui uma tese falsa do formalismo (formalismo que,curiosameme, se mescla muitas vezes com urn estrito positivismo). Urn formalismotao esteril, no plano hermeneutico, como a nova ortodoxia fundada naindeterminas;ao do texto literirio e que dissolve 0 co-texto numa vertiginosa eincomrolavel proliferas;ao de leituras ...