Ai Que Loucura! Narcisa Tamborindegui

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Narcisa Tamborindeguy Ai, Que Loucura! 1

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Narcisa Tamborindeguy

Ai, Que Loucura!

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ÍNDICE 1. Eu, Narcisa 2. As Festas 3. As Drogas 4. Relacionamentos 5. As Amizades 6. Profissionalmente Falando 7.Viagens 8. Gargalhadas ao Vento 9. Bom Gosto Não se Discute 10. Fé 11. A Política 12. A Mídia 13. Meu Reino Por Um Sonho 14. Afinal, Quem é Narcisa?

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Narcisa é a personagem mais fascinante do Rio de Janeiro de hoje. É a personagem que restaura as grandes invenções da literatura brasileira feita por cariocas. Acho que a Narcisa é a reinvenção da Capitu do Machado de Assis, até no jeito de olhar, assim meio torto. Você não sabe se ela está te olhando. Você fica na alegria de que ela está te olhando mas ela está olhando para um lado do Copacabana Palace. Acho-a fascinante, uma personagem de romance. Encanta na hora, pegar a Narcisa como modelo de um romance, porque ela é rica demais. É uma sorte ter uma Narcisa.

“Ai, que loucura! Fala mais alguma coisa para meu livro, meu amor.” Então acho isso, a Narcisa é uma dádiva para um escritor. Quero que ela fique longe de todos os escritores. Ainda bem que Machado de Assis já morreu e Nelson Rodrigues também. Eu me considero o único, o primeiro a ter captado essa coisa da Narcisa, muito além das colunas sociais, das revistas, das entrevistas, do que ela fez na Globo. E acho que ela é uma intérprete de si mesma. Ela vive uma grande personagem, então ela é uma grande atriz, porque ser Narcisa é estar sempre interpretando uma personagem real. Acho que os homens todos ficam, ou ficamos, fascinados com a Narcisa. Agora, isso é muito perigoso. A Narcisa é muito perigosa. Roberto Drumond*

Roberto Drumond é escritor e jornalista. Escreveu o livro Hilda Furacão.

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Dedico este livro à minha mãe que é a pessoa que mais amo no mundo; Às minhas filhas, Marianna e Catharina que são a razão da minha vida; À irmã do coração, deputada Alice; E meu cunhado Paulo Brito; À querida sobrinha Nicole; Ao meu pai Mário, que foi a grande figura masculina da minha vida; À Ermelinda portuguesa que me criou, meu carinho. E ao Rio de Janeiro, terra onde nasci, palco de minha trajetória e cenário das histórias vividas neste livro.

Eu, Narcisa “Eu adoro espelho. A minha casa é toda espelhada porque adoro minha pessoa.”

Edifício Chopin, Av. Atlântica. Sou de família gaúcha de origem Basca, dos Altos Pirineus, uma linda região entre a França e a Espanha. De meu pai, Tamborindeguy e de minha mãe, Saldanha de origem portuguesa.

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A família mora neste prédio desde a sua construção. Aqui nasceu minha irmã e eu, e permanecemos até hoje no mesmo endereço. Nessa Copacabana do maravilhoso Rio de Janeiro, “princesinha do mar” como é conhecida mundialmente e de que tanto nos orgulhamos. Dessa mistura, o sangue flamenco por dentro de mim e a beleza carioca tomando conta do meu ser. Mistura essa que me persegue desde que nasci e me fez aprender a conviver com a explosão dos dias, sem ter medo do novo. Quem nasce sem medo sabe pisar e vai às festas com a mesma naturalidade que escreve livros... Acordei numa manhã daquelas que prometia ser escaldante, com um desejo enorme de escrever um livro, algo sobre mim, algo sobre a vida, eu todinha transparente “sem medo de ser feliz!” Nessa manhã, encontrei a sala do meu apartamento, repartida em três ambientes, escura, quente, parecia esconder algo do mundo através das cortinas. Pedi claridade, ar condicionado, água e café. Comecei escrever meu livro nesta manhã morna. Abriu-se um mundo deslumbrante a minha frente de recordações idas e vividas. O meu apartamento tem espelhos por todos os lados, do tamanho do pé direito. Independente do estado de espírito em que me encontro, eles me denunciam. Os espelhos funcionam para mim como uma espécie de terapeuta diário, constante, o tempo todo. Sou assim, só sei viver com os meus reflexos. Tenho alguns quadros de pintores importantes, uma fotografia minha pintada pelo Manabu Mabe, retratos com muita gente linda e famosa espalhados pelos diversos ambientes que compõem meu apartamento: Mick Jagger, Roberto Carlos, Gilberto Gil, Calvin Klein, Vera Fischer, Ivo e Hélcius Pitanguy, Glória Maria, Roger Moore, Xuxa, Tina Turner, Cláudia Schiffer, Bernardo Gouthier, etc. Fotos minhas em vários lugares do mundo. Um piano na sala dá o meu tom preferido. Adoro música e escuto o dia todo. Meus tapetes revelam também um pouco de mim, tudo no meu apartamento me revela, é um quebra-cabeça sem mistérios porque sou expontânea, aberta para o mundo. E isso não me da muitas defesas. Pois bem, meus tapetes dão a impressão de que estou sempre partindo. Sou assim mesmo, parto inesperadamente para qualquer lugar... é gostoso viver essa liberdade. Adoro viajar, quanto mais viajo, mais vontade tenho. Amor de Mãe Minhas filhas, minhas rainhas

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Minhas filhas são a grande graça que Deus me deu. Amo-as mais do que tudo. Meu amor por elas é infinito. Só a experiência de ser mãe completa a mulher. Posso dividir minha vida em antes do nascimento das meninas e depois dele pois passamos encarar os fatos com mais responsabilidade tudo muda em nosso modo de ver o mundo. Mães são as nossas maiores amigas, nossas confidentes imbatíveis. Tenho duas filhas lindas. A mais velha, a Marianna tem 14 anos e é sempre admirada por sua beleza e inteligência. Ela é minha grande amiga com quem troco impressões e experiências. Seu nome devo a Virgem Maria, minha guia que me ampara em todos os momentos e que certamente está amparando a Marianna. Minha Virgem Maria, exemplo de renúncia, a quem peço proteção todos os dias. Louvando essa Santa dei o nome à minha filha Marianna; Marianna da Santa e Mário do meu pai. Marianna lê muito é devoradora de livros totalmente intelectualizada. Quer ser médica. Catharina, a caçula tem olhos azuis e cabelos loiros cacheados. Uma boneca, dizem. Mas de bonequinha, minha filha não tem nada. Desde pequena foi muito independente, arrumava passeios com as amigas chamava-as para dormir em nossa casa ou vice-versa. Adora viajar, brincar, passear, andar à cavalo, nadar e ir a praia. Tem uma liderança própria mas a exerce com muita doçura. É incapaz de magoar. Compreende, tenta consolar as pessoas, é muito carinhosa e diz que quer ser atriz. O nome da minha filha é em homenagem as grandes rainhas Catharinas que se destacaram na história mundial. Não que suas biografias se assemelhem a de minha filha, longe disso, afinal sofreram e fizeram sofrer. Mas sua autenticidade , sua coragem e sua força as fixaram de vez na memória das pessoas e passaram para a História. Catharina de Médicis foi rainha da França e mãe de três reis. Era uma mulher inteligente, sábia matemática em um tempo em que mal se sabia escrever. Comandou o país de seus filhos em difíceis momentos, como as guerras entre católicos e protestantes. Era exímia amazona, razão pela qual lançou a calcinha, uma glutona de primeira. Catharina da Rússia era tão polêmica quanto. Governou um país de dimensões incalculáveis a ferro e fogo. Teve vários amores (quem foi ao Museu Hermitage em São Petesburgo sabe do que estou falando), ainda que esta não tenha sido sua faceta mais brilhante. Era uma déspota esclarecida, seguindo uma voga da época, necessária aos absolutistas que gostavam de ficar no poder. Catharina de Aragão foi uma das maiores sofredoras da História. Filha dos Reis Católicos, casou-se com o rei inglês Henrique VIII. Com ele teve uma filha, que mais tarde se tornaria a Rainha Mary (e lembrada como Bloody Mary). Mesmo assim, o marido preferiu o amor Ana Bolena e divorciou-se de Catharina, contrariando ordens papais, tendo até que criar uma nova

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Igreja para atingir esse fim, a Igreja Anglicana. Catharina nunca admitiu a hipótese de se divorciar de Henrique, dada sua forte fé católica. Morreu desgostosa com o inevitável casamento da Bolena com seu marido. Força, resignação, tristeza e coragem são alguns conceitos atribuídos as suas biografias. Ingredientes para formar líderes, personagens da História mundial. São assim as famosas as Catharinas da história. Sempre fui vizinha do Copacabana Palace. Morei três anos em Nova York, dois no Canadá, um na Suíça e morei quatro anos também em São Paulo. Então já morei bastante fora mas sempre morei ao lado do Copacabana Palace. Gosto de glamour por toda parte, telefones por todo canto. O que não gosto é de estabelecer padrões. Os padrões só existem porque somos medíocres no viver. O meu telefone toca muito, são amigos que estão sempre me convidando para um programa ou me contando sobre algo novo na cidade, no mundo. Costumo sair de tênis, roupa de ginástica, blusa frouxa, pelo calçadão da Av. Atlântica, para dar um passeio matinal. Vou constantemente a Igreja, adoro água benta, faço o sinal da cruz, abrindo os braços para Deus. Na Igreja eu encontro a paz! Branca, amarela, azul, dourada, serenidade. Busco a paz fazendo Yoga, meditando para que o espírito fique livre como um pássaro, rezando, andando, correndo, mergulhando, falando, expressando, fazendo, agindo, conseguindo, lutando, berrando, xingando, enforcando! Sempre me perguntam o que acho disso ou daquilo. Eu sempre respondo a verdade, doa a quem doer. As cortinas do meu apartamento já estão todas abertas, a sala também já não está tão quente e o meu mundo já começa a se abrir... Nasci num lindo dia de 25 de outubro, terça-feira, ao meio dia, no hospital Arnaldo de Moraes, com o médico, Dr. Jorge Resende e apresentada ao meu pai pelo Dr. Rinaldo De Lamare. Com muita sorte de ter nascido na “Princesinha do Mar”, Copacabana. Bem ao estilo carioca. Sol na cara. A praia repleta. A beleza me envolvendo como a nuvem envolve o Cristo Redentor. Promessa de muita festa no fim de semana. Nasci para viver os meus abismos, partilhar com muitos as minhas dúvidas e os meus acertos. “Quem viver verá que não foi em vão” viver a minha vida para além do proibido: - Eu me acho espontânea, delirante, sensível... ...Na Av. Atlântica

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Minha irmã e eu sempre passeávamos de carrocinha que era puxado por um bode na calçada da Av. Atlântica. Sempre gostei muito de nadar. Ia a praia aqui em frente acompanhada por um salva-vidas, o Wilson, porque minha mãe ficava com medo com o meu gosto pelo fundo do mar. Nessa época, a praia ainda não era tão poluída como é hoje. A gente brincava na areia, fazia castelos, gente de areia... Íamos também para o Iate Clube, para o Gávea Golf, Jockey etc. Tinha muitas bonecas, mas gostava mais da brincadeiras dos meninos. Tinha mais sabor de aventura. Adorava jogar ovos pela janela. Eu jogava na piscina do Copa ou na vizinha, que certa vez, perguntou se a minha mãe não contava os ovos que comprava. Porque as vezes não acertávamos o alvo. Que era dentro da varanda, mas quase sempre caia no lado de fora. Também havia um vizinho que na varanda dos fundos ficava espreitando, minha mãe. Um dia ela descobriu que ele levantava e se abaixava na varanda. Ela gritou de longe: “- Pode levantar que eu já descobri”. Era um gaiato esse vizinho.

“Amo a minha irmã, até porque só tenho uma irmã no mundo. Narcisa sempre foi muito estudiosa. Quando era pequena, chorava se não entendia a matéria dada no colégio. Durante minhas campanhas eleitorais, mobiliza todos os amigos. Um fenômeno; nunca vi tamanha liderança. Socialmente todos a admiram; se dá com todo mundo. Chega aos lugares com todos os amigos. É sincera, pródiga e não é falsa. Narcisa é espontânea e direta. Não manda recado: chega e fala, o que é raro nos dias de hoje. Se algumas coisas erradas fez, foi sempre com parcerias. As quais se preserva de falar. E, isso eu aprovo. Cada um que conte sua própria história. Até o dia em que julgue necessário revelá-las. Narcisa só tem uma cara, não sabe jogar xadrez com a vida, com as pessoas. Não sabe disfarçar quando não gosta de alguém. Tem muitas qualidades, minha irmã querida, mas tem

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um defeito que me incomoda muito: sua constante indecisão. Acho que o que eu tenho a mais, ela tem a menos. Narcisa, às vezes, viaja no “to be or not to be ”. Todos nós viajamos também, às vezes, mas Narcisa é demais. Se ela fosse uma mulher menos indecisa, seria perfeita!” Alice Tamborindeguy, irmã

A Escola Fui pela primeira vez à escola acompanhada dos meus pais, no Colégio Chapeuzinho Vermelho. E sempre fui uma boa aluna. Lembro-me até hoje do nome da minha primeira professora, tia Izar, que era um doce para mim. Tinha aula de piano que até hoje ainda sei tocar. Quando pequena, tocava obrigada, fugindo sempre da professora, tia Lais. Também fazia ballet, nadava na piscina do Copa e jogava tênis.

“Conheço Narcisa há muitos anos, desde o tempo em que estudávamos no primário do Colégio Chapeuzinho Vermelho da tia Madalena Khan. Quando nós tínhamos 13 anos, fomos passar as férias de fim de ano em Nova York, e ficamos hospedadas no Hotel Waldorf Towers. Uma tarde, voltando da rua, Narcisa trazia um saquinho com maravilhosos milk shakes para nós. Entramos no elevador e sua velocidade fez com que o saco se rasgasse e eles caíssem em cima dos pés de uma elegante senhora. Desculpamo-nos infinitamente, tentando, com os guardanapos que tínhamos, limpar os pés molhados. Meu pai então falou que se tratava de Imelda Marcos, Primeira Dama das Philipinas e que estava certo de que jamais alguém havia deixado cair um copo de sorvete em seus pés. Esgotaria o livro se fosse escrever as histórias engraçadas que vivi ao lado de Narcisa, que é pessoa amiga e tão boa quanto prestativa e solidária.”

Priscilla Levinsohn, amiga e comadre

A Infância na Fazenda Nessa mesma época, começaram descobertas e aventuras. Pois ia muito para a “Fazenda Tamborindeguy,” em Itatiaia. Isso dividido com a fazenda

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da minha mãe, em Campos, no Farol de São Tomé, em frente as atuais plataformas da Petrobrás. Meu pai, Mário Tamborindeguy, que hoje temos saudades, teve quatro mandatos como deputado Federal. Antes tinha uma empresa de terraplanagem e construção de estradas. Há uns trinta anos atrás sua firma Citor S.A. prestou relevantes serviços ao D.N.E.R. Ao longo dessas estradas construiu vários postos de gasolina e restaurantes, porque até então, nas estradas brasileiras, comia-se mal e dormia-se pior, careciam de uma infra-estrutura adequada. Ele era o melhor pai do mundo! Com carinho, contava-me histórias, aquelas que a gente aprende quando criança e jamais esquece. Sempre ia para a fazenda com várias amigas. Gostava de ir para as cachoeiras. Gostava muito de montar a cavalo. Mandava que eles estivessem sempre selados, prontos para sair galopando sem medo com minhas amigas: Manon, Esperança, Kátia, Jamile, Denise, Claudia e meus primos Viveka, Antônio, Tatiana e Fernanda, pena que o meus primos Antônio e Tatiana, de desastre de carro e minha amiga Denise foram recolhidos para o céu com pouca idade com menos de 20 anos pois eles viviam a vida intensamente. Minhas eternas saudades. Em Itatiaia em frente a fazenda tinha um posto de gasolina com restaurante que pertencia ao meu pai. Na lanchonete pegávamos tudo que tínhamos direito. Com oito anos dirigia bugre, Jeep que a gente tinha na fazenda. Era engraçado quando o trator vinha desatolar os carros Aprendi a dirigir rapidinho. Dirigia aqueles carros com marcha. Hoje em dia só gosto dos hidramáticos. Uma das coisas que marcou a minha infância foi essa liberdade: ar puro, natureza... foi sempre poder fazer o que queria... Foi nessa liberdade toda de nadar nos rios, subir montanhas, tomar banho nas cachoeiras, mergulhar em alto mar, que despertei para outras aventuras, como andar de pára-quedas...

“Minha mãe significa o mundo pra mim. Ela é carinhosa. Sinto muito amor por ela. Sinto muita saudade dela quando ela viaja. Se eu fosse dar um presente para ela, eu daria um helicóptero e uma Cherokee, que é o carro da vida que ela ama. E mais um monte de coisa. Eu amo muito minha mãe.”

Catharina, 8 anos.

Gimk Entrei para o Gimk, que é o ginásio do Chapeuzinho Vermelho, sempre tirava nota maravilhosas. Só tirava dez em matemática. Quando o professor Jofre anunciava a nota dez, todos da classe já sabia que era a minha prova. Todos eles gostavam de mim porque eu sempre dava cola.

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A Dor Cursava a 8ª série e ainda adolescente perdi meu pai. Já estava há um ano doente e faleceu de enfarte. Foi a coisa mais triste que aconteceu na minha vida. Acho que nem antes nem depois senti uma dor tão forte. Uma dor tão profunda que parecia que um grande buraco tinha se aberto no meu peito. Vamos amadurecendo na medida que perdemos os entes queridos. E nos agarrando no que aparece pela frente para suprir nossas dores. Ele fazia quase todas as minhas vontades e não deixava nos faltar nada, estando sempre nos apoiando. Hoje, quando penso em justiça, penso nele. Meu pai foi a pessoa mais justa e que eu vi mais trabalhar na vida. Acordava todo dia às seis horas da manhã, ia rezar na janela e depois fazer a barba na sala, onde o barbeiro já o esperava. Todos os domingos ia a missa na Cidade na igreja Nossa Senhora Mãe Dos Homens. Até hoje, minha irmã e eu levamos muitas flores no seu túmulo. Com saudades imensas. Meu querido primo Antônio, que também já se foi, e minha amiga e comadre Priscilla Levinsohn foram os primeiros a chegar para nos abraçar pela morte de meu pai. Gesto que nunca se esquece. Acho que até hoje não me consolei. A vida sem ele, sempre vai ter um vazio de saudade. Boas Recordações Entre os amigos de meu pai, havia um que o estimava muito. Uma dessas poucas amizades sinceras e despretensiosas tão raras de se encontrar hoje em dia. Trata-se do famoso pediatra Rinaldo de Lamare, autor do best seller "A vida do bebê". Todos os dias, antes de seguir para seu consultório, passava em nossa casa para uma conversa com meu pai, então adoentado e impossibilitado de sair de casa. Falavam de política, dos problema sociais, da família, entre outros assuntos. Quando não tinha tempo para conversar, dava um simples "alô" na porta do quarto e seguia para o consultório. Essa amizade nos dava muito conforto! Todos os anos, nas campanhas de minha irmã, Dr. Rinaldo coloca na janela de seu apartamento na Vieira Souto uma faixa, com o nome de Alice Tamborindeguy, para deputada. A esse querido amigo nosso carinho.

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HOMENAGEM O jornalista, amigo de meu pai, Oscar de Andrade, que tinha destacada função nos Diários Associados, por ocasião do aniversário de minha mãe no dia 10 de maio, fez a mais linda saudação gravada com fundo musical. Guardamos até hoje por achar de amizade suas palavras. Essa gravação foi ao ar às 18 horas, pela Rádio Tupi, no programa Júlio Louzada.

"A Força do Amor’

O homem é o "operário" de sua própria grandeza. Quando desperta para construir o ninho do seu amor – o lar – é porque sente um vazio na sua vida, a falta de um complemento necessário para o rejuvenescimento permanente e perene de suas forças, para aclarar idéias e firmar convicções no trato diário com as coisas da vida. Esse vazio, essa falta é a mulher, a companheira dedicada e fiel que anima e impulsiona o homem em seus momentos de fraqueza e indecisão, que o consola nas suas aflições e que enche o seu coração de alegria todas as noites, na sua volta ao lar, depois de mais uma jornada de trabalho. Quando um homem encontra em sua trajetória pela vida uma companheira que o complete e o realize, ele se transforma em um ser criador com toda energia e com todo o poder de sua ascendência divina. E quando isso acontece "tudo vale a pena se a alma não é pequena", como disse um poeta em um instante de rara inspiração. Mário Tamborindeguy, este dileto amigo, operário de sua própria grandeza, é um homem plenamente realizado no trabalho e no amor, por isso mesmo preparado para ser útil à coletividade. Por um impositivo de sua própria personalidade, não pára um só instante em seu desejo de servir, em sua ânsia de dar alguma coisa de si próprio em benefício de seus semelhantes. Quando candidato a deputado, seu nome foi lançado à praça pública e logo conquistou a preferência do eleitorado. Seus adversários na disputa, e não inimigos, porque Tamborindeguy não os tem, procuraram investigar entre os eleitores a causa

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daquela espontânea aceitação e ouviram uma resposta: "Tamborindeguy não pára!" Eis o verdadeiro segredo de sua consagração. A causa mais profunda e particular é sua companheira, a mulher que Deus colocou em seu caminho e que completa de maneira extraordinária a sua personalidade. Conta a Mitologia grega que Júpiter certa vez no Olimpo, quando pensava criar a humanidade, decidir fazer as almas gêmeas, prósperas e felizes. Todavia, pensando melhor, decidiu que o homem procurasse com seu próprio esforço encontrar a felicidade para si e para a humanidade. E mandou que seus mensageiros dividissem as almas gêmeas em duas partes e as distribuíssem indistintamente, por toda a vastidão do mundo. É por isso que hoje, só os homens que tenham encontrado a sua outra metade podem se sentir realizados, felizes e capazes de contribuir para a felicidade alheia. Mário encontrou a sua metade em D. Alice e se transformou no homem que todos conhecemos e admiramos. Mas, apesar da mitologia, nós mesmos nos dispusemos a estudar a tranqüilidade com que Tamborindeguy se agita na faina de bem cumprir o seu dever, sem se sentir fatigado, nem revoltado com o trabalho excessivo e as ingratidões dos homens. E descobrimos que os gregos tinham razão. Há em sua vida uma força superior, uma luz cintilante, penetrando em seu espírito, atuando em sua inteligência, guiando-lhe os passos, encorajando-o à luta, na doce e carinhosa presença de D. Alice, a estrela que lhe abre os caminhos e o conduz pela estrada da vida, como a que conduziu os Reis Magos à presença do Menino Jesus. O encontro desses dois eternos namorados foi um acontecimento. Seus olhares fortes e penetrantes se encontraram, se entenderam, se quiseram e se amaram, quase que no mesmo instante. Foi um dia de festa no Céu e na Terra. Há muito que nós, humildes amigos do casal feliz, desejávamos externar o que vai no nosso mundo interior de admiração, de respeito e de amizade leal e sincera. Nenhuma oportunidade seria melhor do que a de hoje, dia do aniversário desse anjo tutelar que é D. Alice: 1o de maio de 1972, dia consagrado ao trabalho, que tem sido a obsessão permanente de seu marido.

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Abençoado seja este dia em que aqui nos encontramos todos nós, reunidos neste recinto agradável, bem ornamentado com amigos e com flores, para homenagear esse ilustre casal e para render nosso respeito a essas duas encantadoras criaturas, filhas de Mário e D. Alice e que são outras duas estrelinhas à espera daqueles que haverão de guiar pelos caminhos da vida, como sua mãe a seu pai. Minha estimada D. Alice: Quando recebi o seu convite para participar desse jantar íntimo em que seria comemorado seu aniversário, tive uma grande preocupação. Trazer comigo as flores mais lindas que houvesse para enfeitar o seu lar nesse dia feliz. Esforço baldado e em vão. Nenhuma flor existe para na face da Terra, por mais singela e simples, por mais bela, mimosa ou perfumada, que pudesse superar os encantos, as qualidades e a ternura dessa extraordinária flor que ornamenta o lar Tamborindeguy, esta rosa de ouro, com dois botões de brilhantes que é motivo, hoje, de todas as nossas homenagens e do nosso carinho mais afetivo. Seu amigo Oscar de Andrade, D. Alice, resolveu então gravar neste acetato suas impressões, para que fiquem guardadas para a posteridade, para as gerações que haverão de perpetuar o que aqui testemunhamos, a lembrança deste dia, como um exemplo e um roteiro para os homens em busca de felicidade!" Infelizmente, esse querido amigo não se encontra mais entre nós. Para sua família, nossa gratidão por tão linda oração.

“Pra Frente é Que Se Anda” Na adolescência eu pegava o carro lá de casa. Uma vez, dirigi o carro com a Maria Pia Marcondes Ferraz. Quando não era com a Maria Pia, era com a Luciana Capanema ou Flávia Tamoyo, minhas queridas amigas de infância. Aí uma blitz deu sinal para pararmos, mas não paramos. Aliás, a gente nunca parava. A marcha-ré sempre foi um problema. Mas a gente sempre pedia ajuda na rua, “Como é que passa a marcha-ré moço? Vem dar uma ajuda?” Por isso que até hoje só dirijo pra frente, tanto no carro como na vida.

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Eu também tinha uma motinha, que era para andar só na fazenda, mas acabei trazendo para o Rio e saía andando por aí rapidamente. Adorava essa motinha... Voltando de Paris Estava voltando de Paris com a minha amiga Maria Pia e o Barão Gerard De Waldner foi nos levar ao aeroporto. Na hora do detax das compras o responsável por este setor pediu que eu abrisse as malas para mostrar alguma roupa da detax mas se eu não quisesse abrir era só passar 1.000 francos que estava tudo certo. O barão achava que só no Brasil havia este tipo de procedimento. Como já estava muito atrasada para o embarque o paguei discretamente. Tão Engraçado Quanto Patético Uma vez, aos 8 anos de idade, me perdi em Paris, no Boulevard Saint Germain, onde morava minha tia Lais. Fiquei desesperada e comecei a berrar, “Je suis bresiliénne!” E de tanto berrar, acabei sendo encontrada. Bahiense e Andrews Entrei para o científico, no Bahiense. Era super puxado. Odiava química. Sempre ia às aulas, mas já não era aquela aluna nota dez do ginásio. Ficava sempre em recuperação, mas nunca repeti de ano. Já era muito diferente de quando eu era pequena, que tinha obsessão pelos estudos e que chegava a dormir com os livros. Achava que iria aprender por osmose. Depois fui para o Andrews acabar o científico. Amei o colégio. Também, todo dia que eu chegava tinha sempre um fã com flores e com fotos minhas publicadas em algum jornal.

Suíça Depois fui morar na Suiça, no Colégio Le Mesnil, para aprender Inglês e Francês, um colégio só de mulheres. O Instituto era rígido demais para mim. Não permitia a saída das alunas durante a semana. Todas as meninas eram mais problemáticas do que eu. Eram mais complicadas. A maioria, brigadas com as famílias. Eu estava estressada lá. Todas já bebiam muito e eu bebia por causa do frio. A gente bebia e jogava as garrafas na neve. Um dia, a neve baixou e o diretor viu todas aquelas garrafas vazias. Para agravar a situação, ele nos pegou fugindo (a gente fugia do colégio pelas janelas, pulando o muro e caindo em cima dos carros), e nos convidou para nos retirar do colégio, o que eu adorei.

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Mais Patético Ainda Quando estudava no Le Mesnil, fui passar um fim de semana na casa da minha amiga Francesca, que até hoje gosto muito dela, mora em Roma e é uma amiga muito legal, muito para cima, muito animada, que tinha dez casacos de pele diferentes, os mais bonitos, italianos, chiquérrimos. Ela era chiquérrima e magérrima. Não comia nada. Super elegante. E quando voltei desse fim de semana com a Francesca, e como já era de madrugada e não queríamos que sua avó visse, resolvemos entrar pela janela do chalé. O fato é que erramos de janela, e em vez de entrar no nosso chalé, pulando no quarto de uma alemã que, com o susto, começou a berrar. Foi uma loucura, imagina, de madrugada acordando a mulher?! E eu toda sem graça, sem falar alemão!... Porque os chalés eram todos muito parecidos. Acho que errei, “Je me suis trompée de chambre.” E a alemã já ficou histérica. Para amenizar a situação acabei pagando o que se quebrou, o que estava em cima de uma cômoda, onde eu caí. Um Sentimento de Aventura Já pratiquei parasail no Hawai e no Caribe, já peguei onda em Bali, já andei de Asa Delta na montanha em Gstaad, na Suiça, e na pedra da Gávea, já fiz de tudo um pouco. Quando voei de Asa Delta, senti um forte frio na barriga e medo ao mesmo tempo. Um sentimento de aventura, de poder ser um pássaro pelo menos naqueles instantes... E aí descobri mais uma vez o sentido da liberdade. Voei por cima do Colégio Americano, na Gávea, onde minha filha Marianna estudava. Por um momento fiquei apavorada de ter a sensação de cair estatelada em cima do seu colégio. Já na neve, voei de Asa Delta em Gstaad e Mégève e não tive o menor medo porque na neve o vôo é mais rasante, comparado com o da pedra da Gávea. É como tomar um chá com torradas. Nova York Saí do Colégio com a Francesca, uma italiana, que foi convidada comigo a se retirar e fomos diretamente para o seu Chalet maravilhoso em Gstaad. Foi ótimo. As minhas amigas de lá namoravam com vários garotos. Ainda não tinha Aids nessa época. Mas eu só namorava, porque queria transar com um homem que amasse muito. Acabou a temporada em Gstaad e combinei com uma amiga carioca, Amelinha Azeredo Santos, que estava de mudança para NY, e alugamos o apartamento da Sra. Sara Kubitsheck. Eu a achava organizada e perfeccionista porque toda hora ela ficava limpando tudo ou reclamando que alguma coisa estava suja. E eu achava que estava tudo ótimo. Gosto

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de ter e conservar tudo limpo e organizado. A sujeira da vida e da alma me preocupa muito mais....

A Decepção Eu tinha cinco anos quando pintou a primeira paixão. Foi com meu amigo Dietrich do Colégio Chapeuzinho Vermelho. Aí convidei-o para vir na minha casa. E arrumei a casa toda. A minha escrivaninha etc. Ganhei um galinho da Ermelinda, minha governanta portuguesa, quem me criou e por quem ainda conservo grande amor. Eu arrumava o galinho em todos os cantos da escrivaninha. Ficava arrumando tudo e ele não veio. Foi a primeira maior decepção amorosa, aos cinco anos de idade. Daí, pode-se imaginar as outras que vieram. Não era muito de namorar, namorava mas nem me lembro... Namorei um, namorei outro.. Eram amores passageiros, aqueles que não deixam dor.

O Primeiro Beijo Eu devia ter uns doze anos quando experimentei o primeiro beijo. Foi numa festinha aqui no Rio, com alguém da escola, não lembro mais do nome. Beijava também na escola (de língua) os garotos. Adorava também treinar beijo na boca, atrás da porta da sala de aula.

A Primeira Vez Tive uma adolescência muito excitante. Mas eu sempre tive muito cuidado, ao contrário do que pensavam sobre meu comportamento. Às vezes parava para pensar e via que ninguém entendia nada de mim. É bem diferente uma pessoa excitada com a vida e o desrespeito com ela própria. Sempre tive muito respeito pela minha vida. Não ia muito além embora parecesse. Minha primeira vez foi com meu marido, pai da minha filha Marianna. Nem tudo o que é primeiro é bom. Aconteceu em Nova York. Resolvi fazer amor com a pessoa que veio a ser o pai da minha filha. Mas nessa época também pintou uma experiência nova. E eu fiquei em dúvida se namorava com ele ou com essa repentina paixão inexplicável. Ele era enteado do Frank Sinatra, filho da Bárbara, mulher dele, o Bob Marx, filho de um dos irmãos comediantes Marx.

O Mar

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Eu acho o mar lindo. Ele é puro, é cristalino, é saudável, é poderoso, é lubrificante, é delirante, é infinito. O mar tem muitos significados para mim. Ele sempre me acompanhou a vida inteira. Mergulho em alto mar, dou altos pulos, não tenho medo dele. Acho que é também por isso que não tenho medo de mergulhar em mim. Mesmo não sabendo a profundidade do mergulho, o mar tem dessas de atrair a gente...

O Silêncio O silêncio é calmante, é não ouvir a voz de ninguém. O silêncio para mim vale ouro e a palavra, prata. Infelizmente sou traída pela espontaneidade.

“Rotular as pessoas é fácil. Difícil é vê-las de uma forma não maniqueísta, e sim valorizando-se momentos e atitudes isoladas. No caso da Narcisa as interpretações sobre o seu comportamento e o seu caráter serão, neste livro, certamente as mais diversas. Particularmente tenho uma forte lembrança da solidariedade e do carinho da Narcisa. Quando nos conhecemos, ela namorava o Boninho e eu o Boni. Eu estudava Pedagogia e ela Direito na Faculdade Cândido Mendes. Narcisa casou-se com o Boninho e nós os convidamos para viajar conosco para Itália e Espanha. Passamos por Roma e fomos para a Sardenha. Depois iríamos para Ibiza. Um dos momentos mais dramáticos de minha vida esperava-me quando retornamos de uma longa noitada, depois de um magnífico jantar. Quando, felizes, chegamos ao hotel recebi um telefonema comunicando que meu único irmão havia falecido. Entrei em desespero. Não conseguia fazer nada, além de chorar. Entrei em choque! Boni foi cuidar do nosso imediato retorno ao Brasil. Os remédios que tomei tiraram-me qualquer iniciativa. Foi quando a Narcisa tomou a frente das ações e enquanto contava que havia perdido seu pai muito jovem e que só tinha uma única irmã, foi arrumando todas as nossas malas, sem parar um só minuto. Pronta a bagagem, ela ajudou ainda a me arrumar e cancelou a ida para Ibiza. Fiquei um tempo em São Paulo com a minha mãe e as aulas da faculdade já haviam recomeçado, assim como as provas. Narcisa, mais uma vez, me ajudou, indo aos professores, explicando o que estava acontecendo comigo e requereu um “segunda chamada”, além de conseguir cópias de todas as matérias que eu havia perdido. Graças a ela eu recuperei o período na Faculdade. Narcisa só tinha 18 anos e era uma menina. Até hoje fico emocionada com o carinho, a solidariedade e a amizade que ela me dedicou

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numa hora tão difícil. Passaram-se 14 anos, tivemos filhos. Narcisa se separou do Boninho, mas nossa amizade continua até hoje. Lou de Oliveira

Santinha e Cordata Eu era sempre uma pessoa calma, pacata. Diferente da minha maneira de ser hoje. Tanto que o meu apelido de criança era santinha. Olha só?! O meu apelido era santinha. Depois, com o passar do tempo, fui mudando. E minha irmã, Alice, que era atirada, começou a ficar careta. E eu, que era a santinha, comecei a ir por um caminho totalmente inverso ao que estava acostumada. Um caminho agitado. Saindo à noite, festas, amigos, patota. Uma vez fiz uma fogueira atrás da cortina da sala. Foram ver de onde vinha a fumaça e descobriram uma santinha do pau oco quase incendiando tudo, já querendo ver o circo pegar fogo. A Arte de Fazer Amigos Gosto de conviver. Tenho uma facilidade de fazer amigos, de estar rodeada de gente. Mas foi com o decorrer do tempo que aprendi a descobrir quem são os verdadeiros amigos. Quem se aproxima porque gosta de mim de verdade. O brasileiro tem uma facilidade de fazer amigos muito rápido. Você chega no café da manhã e já fica íntimo do outro. Quer dizer, é uma facilidade do brasileiro de ficar íntimo. E ao mesmo tempo que fica muito íntimo, evapora rápido. Então, acho que depois de uns tempos, quando comecei a andar na noite, saindo, indo à festas e à badalos, vi que muita gente que se aproximava de mim só oferecia uma ilusão de amizade. Porque com o tempo percebi também que essas amizades não tinham consistência. Mas eu gosto de ser amiga, abrir meu coração. Quem perde a minha amizade é porque não sabe que poderei ser muito melhor. Todos esses meus amigos estavam sozinhos e plugados e no final da loucura, todos se achavam o máximo, muito bem acompanhados, “o centro do mundo”. Mas no fim era uma grande ilusão, porque eram irreverentes, extremos, sensíveis, solitários, sofredores, excêntricos e não conseguiam ser levados a sério. Tem amigos que te juram amizade e amor eternos, depois, mudam e te abandonam. Muito triste!! Mas tenho amigas que nunca vão me abandonar como a inubliable Priscila Venâncio que sempre está ao meu lado para o que der e vier.

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A Natureza Como Forma de Espiritualidade A natureza é linda! A gente tem que conservar o sol, fazer ioga. Aconselho a todo mundo fazer ioga. A ioga já me ajudou muito. Aumentou o meu poder de concentração. Me acalmou. Me deu paz interior. A coisa mais importante no mundo é a paz de espírito. Você tendo paz de espírito, tirando a raiva, a inveja e o ódio do seu coração e tendo fé, consegue tudo com Deus. O problema é a raiva, que corrói o homem e mata. É horrível sentir raiva. As pessoas, às vezes, são tão ruins e eu sou tão sensível, que não consigo controlar as emoções. Para obter o poder supremo, temos que controlar as emoções. Sou radical ao expressar alegria, amor, prazer e preocupação. O desejo é a chave de tudo. Se você realmente deseja muito acaba realizando. Com sorte e talento.

A Família A família representa para mim o resumo da vida. É através dela que aprendo o valor da convivência. A minha família, por exemplo, não é grande, mas o bastante para ensinar o limite entre a discórdia e a compreensão. É uma família feminina. Tenho duas filhas maravilhosas, Marianna e Catharina. Marianna de quatorze anos e Catharina de oito anos. Elas representam para mim a possibilidade de multiplicar a própria existência. É através delas que meu olhar se estenderá pelo mundo. É através dos filhos que eu ganho mais idade, fico mais próxima de Deus... Minha mãe é a minha melhor amiga. É a única pessoa que me diz a verdade nua e crua. Muitas vezes me machuca porque eu preferia não escutar. Mas tudo bem. Sei que é bom saber esse lado. Ela é a única pessoa sábia para me falar isso. Ela adivinha as coisas. É uma bruxa. Tem essa espiritualidade toda. Tem uma alma grande, paz, muita força, muita energia positiva, muito forte. E me diz coisas que ninguém me diria porque nem saberia falar. Nem saberia ver. Então, às vezes, eu fico achando que não, quando ela fala de outra pessoa eu digo, ‘Não fala assim porque a pessoa não é isso!’ E até espero que não seja, mas se for eu já estou até preparada para me aceitar, já não vai ser nenhuma surpresa porque minha mãe já havia feito o raio X total. Nisso ela já me ajudou muito. Às vezes eu rezo para não ser do jeito que ela está falando, porque daí é muita loucura! E sempre diz “você não tem pai e quando eu morrer acabaram-se as verdades no mundo! A minha irmã é uma pessoa maravilhosa! Minha amiga. Sempre está ao meu lado. Acredita no meu potencial. Acredita no meu trabalho. Acredita que vou ser uma ótima entrevistadora de televisão. Acredita que esse meu livro vai ser um sucesso. Ela acredita em mim. Sempre me deu força. Sempre acha que tudo vai dar certo. Uma pessoa boa, que batalha, que já está no quarto mandato de deputada e foi candidata à prefeita de São

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Gonçalo, com cem mil votos e agora, na última eleição, quase 60 mil votos. É um exemplo de filha e irmã. Apareceu muitos anos atrás pela primeira vez como jurada no programa do Cassino do Chacrinha .

Censura Tenho a minha censura. Eu me preservo. Tenho meu recato. Não sou uma pessoa sem censura, senão iria sair pela rua pelada com uma melancia na cabeça. Tive um educação boa, careta. Fui educada no que havia de melhor, nos melhores colégios. Viajei e conheci muitas formas de se viver no mundo. Tenho uma ética de valores. Uma ética cordial. uma ética de vida. Do que é certo e do que é errado. No mundo dos negócios. No mundo da palavra. Acho que uma palavra vale mais do que uma assinatura. E não gosto que me subestimem. Respeito é bom e eu gosto. Neste País Machista Uma tarde fui a Maison Esmell me arrumar e fazer os cabelos com um chignon banana e lá encontrei a bonita Ariadne Coelho, prontas para irmos ao coquetel no museu de Belas Artes do Rodin, quando atravessando a pérgula do Copacabana Palace, encontro amigos esportistas que nadavam e me convidaram para nadar. Imediatamente aceitei, um programa mais saudável que ir ao museu ver os múltiplos de Rodin, que não são os verdadeiros pois estes estão em Paris. O divino valor da arte é na única e exclusiva peça. Então, fui nadar lindamente em um espaço puro e autêntico, sem cópia e nem sapato alto que faz mau aos pés. Um segredo de celebridade. Não contem para o Dr. Phillipe Carruthers, já amantes dos docinhos e dos biscoitos do restaurante italiano no Copacabana Palace, fiz um truque para sempre ter os biscoitos fresquinhos. Conheço até o cofre onde eles estão localizados. Graças ao melhor chefe de cozinha italiano Francesco Carli, do Cipriani. Não gosto muito de esperar, vou na frente quando quero as coisas. Por exemplo: Acredito que quando uma pessoa quer realmente algo ela pode conseguir. Quando alguém não atende o telefone, eu vou diretamente na porta e sou capaz de arrombar a porta ou capaz de pular a janela de um quarto para o outro de um amigo que dorme e não acorda. Isso me leva a loucura! Neste País machista, sou considerada um vulcão, mas na realidade sou direta, franca, genuína e verdadeira sem esquecer que a fidelidade é a chave de ouro de uma amizade que quando sincera dura sempre. Oscar Wilde, o grande escritor inglês que por ser gay foi julgado e preso pela justiça inglesa, saindo da prisão fraco e desiludido. Deus está certamente guardando o meu gênio e herói.

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Hoje e sempre defenderei os mais desprotegidos. Enquanto houver alguém pedindo esmola, desgraçado, analfabeto e numa situação inferior, com preconceitos com gays, lésbicas e simpatizantes, eu defenderei com eles a sua bandeira. Basta de hipocrisia!!! Porque, entre nós, os mais certinhos são os mais corruptos. Estes que utilizam a máscara grudada na face, e não tem vergonha de esconder o mau. Open your eyes!!!!!!!! Todo falso moral com falso ideal e muito roubo, na maioria dos casos, é por isso que nós temos os analfabetos. É inacreditável o fato de festejar 500 anos de descoberta do Brasil, sem educarem o nosso sofrido povo . Enquanto tivermos grande quantidade de analfabetos nunca chegaremos ao primeiro mundo. Onde está o ouro do Brasil, os lucros, os dividendos de uma eternidade de sacrifícios e esforços. Certamente num banco Suíço, ao invés de estar este dinheiro produzindo trabalho e riqueza em nosso país . Fila, Vacas e Galinhas Por pouco, eu elegantérrima, vestida de branco como, segundo um amigo meu, a atriz Maria Felix, que eu nem sei quem é, à procura de meus cartões american express, e credicard, que tinham vencido no México, eu gentilmente quis oferecer uma bala de maçã, na janelinha onze dos entregadores de cartão, e quase apanhei por uma megera esquelética e por um horroroso que dizia estar com pressa para pegar o avião para a China. Detesto fila, fila de leite, fila do pão, fila de espera, fila de elevador, fila do ski lift, fila dos cretinos chatos e obscenos. Nunca consegui ficar numa fila, ou botava alguém na fila para marcar o meu lugar ou sempre furei fila. No cinema quando era menor de idade sempre entrava pela fila da saída e sempre deu certo. Acho que a uma das organizações da sociedade que deveria ser revista pois coloca o ser humano numa atitude inferior como se parece uma fila de banco com uma fila de vacas a serem marcadas ou encurraladas para depois passarem ao abatedor, onde elas são mortas cruelmente. Aliás eu sou contra a maneiras que as pobrezinhas são crucificadas. Falando das vacas, não esqueçam das galinhas, que protejo, que além de dar o ovo da proteína nos fornece manjares faustosos, são criadas em situação miserável, não tem lugar nem para botar ovo, se bicam entre elas fazendo sofrimento infinitos de sua curta vida. É um absurdo a condição humana e animal. É uma loucura sabermos que no Brasil crianças se alimentam nas latas de lixo, com sobras apodrecidas de comida. E as que vivem drogadas desde os quatro anos de idade? Até tomam injeção de heroína na veia. Nunca foram à escola. Essa é uma das nossas realidades. Ainda bem que tem a UNICEF tentando fazer alguma coisa. Como podemos mudar isso? Escrevam para Narcisa: fax n° (021) 547-4698; E-Mail: [email protected]. Para fazermos juntos uma organização humana/ecológica.

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“Imagino que a alegria de Narcisa já tenho sido mencionada “ad nauseum” por todas as pessoas que dela tenham fala, eu, porém, quero falar de alguém que as pessoas não vêem. Narcisa é um personagem que foi sendo inventado e vem sendo reinventado ao bel prazer de seus inventores. Eu conheço uma Narcisa que não sai nos jornais, um ser humano admirável, com caráter, nostálgica e às vezes triste; cruelmente rotulada e massacrada, e, além de tudo, generosa até em sua dor.” Tito Gomes

Rio de Janeiro O Rio de Janeiro é uma cidade linda! Geograficamente é a cidade mais bonita do universo. Uma natureza fantástica. Não existe no mundo nada mais bonito que a iluminação das praias do Rio a noite. Eu sou carioca de paixão. Apaixonadíssima. Eu amo o Rio de Janeiro. O lugar que mais amo é aqui. Depois Nova York e Paris. Depois Sardenha, para nadar naquele mar cristalino do Mediterrâneo e meditar nas pedras... Dinheiro O dinheiro não traz felicidade mas paga a passagem para ela chegar. O certo seria gastá-lo com sabedoria. E como é bom quando se ganha ... O dinheiro só não compra a saúde, nossa principal riqueza ao longo da vida. Seria inteligente os jovens valorizarem a saúde para na vida adulta não sair dinheiro para tratamentos, etc., etc., sempre tristes e caros. Poucos têm a arte de ganhar dinheiro. Não esse dinheiro malfadado à custa de trapaças contra os nossos semelhantes. Desse lado selvagem de ganhar dinheiro não gosto de falar. São todos castigados pelos desígnios de Deus. Tornam-se clandestinos, omitem-se no convívio pessoal, não podem ir a festas, nem ser fotografados por causa dos bancos e da Justiça. Os ricos raramente são solidários. O lado humano da vida está sempre com os menos favorecidos. Glória a Deus por eles. Riqueza é um olhar amigo, é estender a mão passando o calor que conforta. Riqueza é desprendimento de um coração altaneiro que auxilia o próximo sem ferir sua sensibilidade. A vida é uma troca. Tem mão e contramão. E dela vamos tirando as lições de vida. Tudo que se pede por favor paga-se mais caro. O ideal seria que todos pudessem ganhar dinheiro para realizar todos os sonhos e serem felizes. Mas esse não é o único meio de ser feliz, senão todos os ricos seriam solidários, não sofreriam ciúmes, depressão, ansiedade, medo, tédio, angústias e acidentes. SEXO

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Sexo é uma das melhores coisas da vida! Quando se faz amor, a alma se solta e o espírito se eleva. Para saber o que é sexo, a entrega deve ser total e recheada de fantasias no momento em que você está praticando esse esporte. Sexo é saúde e beleza. É o equilíbrio. Limpa a alma e lubrifica o corpo. Atualmente só acredito em sexo com amor. O sexo leviano não deve ser feito por pessoas modernas e inteligentes, para evitar provações muito difíceis. O sexo deve ser consciente e com a pessoa certa. É importante que os parceiros tenham a mesma sintonia. Agradar bem o outro e ter muita ação. Não pode ter preguiça e aí, naturalmente, o seu êxtase virá. Tem que fazer o seu parceiro se sentir um rei. Você pode falar o que tiver vontade, a fantasia faz parte. Quantidade não conta, o que vale é qualidade. Sem sexo ninguém se realiza totalmente.

O Petróleo em Campos Quando leio nos jornais os altos índices de produtividade de petróleo na Bacia de Campos, não consigo deixar de lembrar a importância da família Saldanha nesse processo. Nossa família tem uma história sobre o petróleo, em Campos, estado do Rio de Janeiro, na fazenda Boa Vista, no Cabo de São Thomé, como pioneira de perfuração em terra. Essa fazenda com grande extensão de terras e praias, no começo do século, pertencia ao gaúcho Senador da República Pinheiro Machado, uma das figuras mais importantes deste país nessa época e grande amigo do meu bisavô Olavo Alves Saldanha. Desde criança escuto estas histórias da compra dessa fazenda, como a família Saldanha veio parar em Campos e do Pinheiro Machado através dos meus avós e da minha mãe. A família era chamada “os gaúchos de Campos”. . Com a morte de Pinheiro Machado, em 1915, assassinado no Hotel dos Estrangeiros, no Rio de Janeiro, a viúva procurou um amigo gaúcho que comprasse a fazenda. Esse amigo era o meu bisavô Olavo Alves Saldanha. Os primeiros trabalhos de busca de petróleo estão documentados em uma reportagem da revista Manchete de 21 de dezembro de 1974 , número 1183, "Petróleo – Um Novo Brasil", assinada por Cesarion Praxedes e Murilo Melo Filho, com fotos de Gervásio Batista. Meu amigo José Rodolfo Câmara gentilmente me conseguiu essa matéria, que aqui transcrevo. Vale ressaltar que a primeira perfuração em terra de petróleo no Brasil foi feita na Fazenda Boa Vista no Cabo de São Thomé bem em frente onde estão hoje todas as plataformas da Petrobrás.

"Desde o século passado se sabia da existência do petróleo em Campos. Nosso folclore está cheio de histórias de assombração que falam do fogo andante na região do Imbé. Em 1900, Júlio Feydit, com seu subsídios para a História dos Campos dos Goitacases,

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revelou a presença do petróleo na região da Fazenda do Boa Vista. E nosso importante geólogo Alberto Lamego Filho, em seu livro "O Homem e a Restinga", ofereceu grande quantidade de evidências sobre a matéria. Mais tarde, em 1944, o mesmo Lamego Filho ampliaria suas revelações com o livro "A Bacia de Campos na Geologia Litorânea do Petróleo". Dois gaúchos, o Senador Pinheiro Machado e seu conterrâneo, Olavo Saldanha, participaram do esforço pioneiro de busca do petróleo em Campos. Na Fazenda Boa Vista, junto ao Farol de São Thomé, a uns 45 km do centro da cidade, Pinheiro Machado e Olavo Saldanha detectaram os primeiros sinais da existência de petróleo, o que fez com que Saldanha se associasse ao então poderosíssimo grupo Henrique Lage para realizar as primeiras sondagens. O equipamento trazido do Rio de Janeiro pelo engenheiro Maurício Morand permitiu que a sonda chegasse aos 113 metros de profundidade, mas um acidente que provocou uma explosão de gás no local, somado à intransigência do grupo Lage, que pretendia efetuar sozinho a exploração do petróleo, determinou o encerramento dos trabalhos de prospecção. A maquinaria foi retirada e devolvida a Henrique Lage, já que o gaúcho Olavo Saldanha não quis vender o subsolo. Ou participava da empresa como seu maior acionista ou nada seria feito."

Meu avô doou diversos terrenos onde ficam a casa de veraneio da Prefeitura, o Centro Médico e algumas praças. Essas lembranças marcaram toda a minha infância, pois integram minha família de origem gaúcha à história dessa fazenda no estado do Rio.

“Não tenho dúvidas de que minha mãe seja uma mulher inteligente, mas ainda com os ferimentos em cicatrização de uma vida que teve seus momentos penosos como a de todo mundo. Conheço bem minha mãe, às vezes até melhor do que ela própria. A espontaneidade de Narcisa, que tantos elogiam, faz com que eu a decifre sempre, mesmo se não conversamos durante horas.

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Não é preciso! Afinal, quem é Narcisa? Um sorriso que faz qualquer pessoa sentir-se à vontade, simpatia que é a marca registrada de sua personalidade. Narcisa é feliz? Acho que esta é a pergunta que todos gostariam de fazer, mas que nunca fizeram. É aí que entra o mistério ingênuo dos olhos transparentes e indecifráveis de minha mãe. Sei do que ela é capaz. Acredito nela, sei que tudo dará certo. Falo como amiga, não como filha...”

Marianna, 14 anos.

"Minha filha caçula ocupa meu espaço e minha cabeça: estamos Alice Maria e eu sempre preocupadas com a nossa criativa Narcisa. Quando pequena, era uma menina extremamente estudiosa, dedicada – uma criança saudável. Só largou a chupeta depois de moça, escondendo-a debaixo do travesseiro. Como era um pai mais velho, Mário fazia todas as suas vontades (obviamente, dentro dos devidos limites), tratando as filhas com muito carinho: sua única preocupação era saber se estavam felizes. Gostava de estimulá-las com discussões e observar, mas eu sempre intervinha para acabar com os abusos da polêmica. Nunca cheguei a uma conclusão se isso era positivo ou negativo. Dizia ele que assim as meninas não seriam submissas. Quando adulta, colocou o pé no mundo e ninguém a segurou mais, viajando para todos os cantos do planeta. Nada amedronta minhas filhas; a medrosa sou eu. Sendo espontânea e não admitindo mentiras, Narcisa não consegue se ajustar

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bem ao mundo cruel em que vivemos. Amante da verdade, nada a impede de dizer o que pensa. Às vezes se arrepende do que diz impensadamente, enviando flores com cartões, dizendo que nos ama. Esse tipo de procedimento, só mãe e irmã perdoam. Sua liderança com amigos e amigas é notória. Não espera que a apanhem em casa: pega o carro e busca todos em casa. Não admite ser traída. Se isso acontece, é um "Deus nos acuda" de sofrimentos. Cai na maior depressão. O seu mal é esperar demais das pessoas. Sempre lhe digo: 'O ser humano tem duas caras: a do anjo e a do demônio. Nunca queira ver no marido, nos amigos, nos namorados e nos amantes a cara do demônio.' Várias vezes, Narcisa chegou deprimida em casa dizendo que viu a cara do demônio nessa ou naquela pessoa. Isso já era esperado. Ela se dá demais e já é tarde quando percebe o abuso. Tenho um carinho e um orgulho especial por minhas filhas. Narcisa termina esse ano de 1999 a segunda faculdade, de Jornalismo. São duas mulheres vigorosas, mães dedicadas, donas de suas vidas. Sempre repito para elas: Quem controla as emoções conquista o mundo!"

Alice Saldanha Tamborindeguy

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As Festas “Festa é um estado de espírito,

um encontro entre amigos. É um acontecimento social que você organiza.”

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Sou muito festeira; esse é meu estado de espírito. Um encontro comigo mesma, com o Cosmos, com os amigos. Estar entre amigos em uma festa me deixa lisonjeada simplesmente por tê-los, adicionando mais um momento importante na vida. Dizem que só promovo festas disputadíssimas, que há pessoas que fazem de tudo para figurar em minhas listas, especulando daqui, especulando de lá, para saber quando será o próximo evento. Pessoas que acham imprescindíveis viver neste planeta e ir a pelo menos uma de minhas festas. Na verdade, não dou muita bola sobre o que falam a esse respeito. Quero apenas que a festa seja inesquecível... Quando estou organizando uma, penso sobretudo nos convidados, que devem integrar um grupo bastante eclético, engraçado e obrigatoriamente de alto astral: empresários, artistas, políticos, putas, gays, intelectuais, estrangeiros que estejam de passagem pelo país (dão um quê de internacional), enfim, tudo e todos. A música deve se tornar a trilha sonora da vida dos convidados, a comida, farta e a bebida, geladíssima. Se for possível, um telão enorme, com imagens lindas, indescritíveis. As pessoas devem ter a sensação de que a festa não vai terminar nunca. Cada um fica o tempo que quiser, vai com a roupa que quiser. Não gosto de convites que impõem roupas. Escreveria em todos: "Venha bonito", no lugar dos frios "Passeio Completo" ou "Esporte fino". O que importa é que o convidado se sinta bonito, feliz e inspirado, evitando falar da vida alheia. Há tantos assuntos construtivos: economia, política, piadas, histórias hilárias, artes... Aliás, convide sempre os artistas - eles dão glamour – e troque o elenco, para surpreender os amigos e a si próprio. Nada como uma festa para lhe dar motivação, pintar um convite de trabalho, de fim de semana, de almoço... Um belo dia, você pode conhecer o príncipe encantado, o futuro namorado ou um amigo que poderá lhe dar a mão quando você mais precisar. Tudo pode acontecer! Aconselho todo mundo a ir a festas, ainda que deprimidos, pois trata-se de uma grande confraternização! Vamos a elas...

Piscina do Copa

Faço festa desde que nasci. Comemorei meu aniversário de quatro anos no Copacabana Palace. Depois de muitos salgadinhos, doces e brincadeiras, eu e minhas amigas abandonamos o salão e pulamos na piscina. Logo veio o gerente do hotel perguntar que bagunça era aquela. "É a Narcisa comemorando seu aniversário na água", responderam. "Se é a Narcisa, tudo bem", disse ele.

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Meus 15 anos Completei 15 anos com uma bela festa para duzentos amigos. O "hit" do momento era a música "Lança Perfume", de Rita Lee e um amigo, claro, levou várias "lança" de verdade para vender. Uma loucura! Muitos compraram e foi aquele delírio total!!! Lembro o espanto da turma careta que me via cair de tanto cheirar e me levantar em seguida com a maior classe e com a maior naturalidade para saudar os que chegavam. Uma certa hora, minha mãe entrou na sala de dança e ressaltou como todos os meus amigos eram limpinhos e cheiravam bem. Não percebeu que o cheiro era de lance perfume. O som foi orquestrado por meu saudoso amigo, o DJ Márcio Torres, que mais tarde seria cruelmente assassinado e jogado Pedra da Gávea abaixo. Era uma pessoa maravilhosa, um grande profissional, não havendo quem conseguisse ficar parado ao som de sua seleção de músicas. Às três horas da manhã, uma gangue, vinda do Leme, invadiu a festa, quebrando todos os pratos e um vidro enorme. Devidamente expulsos, decidiram quebrar as portas e as janelas do prédio com os extintores de incêndio das escadas. Os seguranças estavam em menor número, não dando conta dos vândalos. Por um momento, cheguei a pensar que meus 15 anos iriam terminar com uma pessoa jogada na piscina do Copacabana Palace. Foi a festa mais comentada e animada de minha geração. Foi um desajuste total. As plantas da casa amanheceram cheio de lança perfumes vazias. Nesse dia em diante, festas só fora de casa.

"Narcisa é a alegria em forma de gente. Seu sorriso contagiante é a essência da mulher carioca. "

Lilibeth Monteiro de Carvalho Marinho

Os famosos bailes do Copacabana Palace Meu encontro com o artista plástico Zeka Marques foi mágico: na Pérgula do Copacabana Palace, apresentado pela elegante amiga gaúcha Teresa Ferrari. Tradição, bom gosto, qualidade e estética se encontraram para uma relação única, marcada por grandes ocasiões, que celebraram a alegria de viver e a realização de grandes sonhos. Tudo o que fizemos juntos teve um grande sucesso com doses generosas de felicidade. Sou sua musa inspiradora desde seu primeiro baile gala de Carnaval no Golden Room do hotel Copacabana Palace. Chamou-o "Arabesco", inspirando-se nos maravilhosos balés russos. Zeka foi genial: reciclou os quilômetros de cortinas de seda cor-de-ouro velho hotel, transformando-as em tendas gigantescas,

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inteiramente repintadas com motivos mongólicos e russos, aplicados em arabesco de ouro e plumas que voavam ao vento. Neste set, criou a loja principal, onde fiz minha entrada, vestida de "Turandot Art-Déco", em crepe de china laranja com caudas e decotes com passemenarie, pedrarias e bordados franceses. Para reinar absoluta, uma coroa de ouro e brilhantes feita na Áustria, cópia da bizantina que portava a Rainha Teodora. Fui a grande sensação do baile, chegando com meu chevalier servant, o Senhor Carlos Johannpeter, que vesti em ouro para dar luz e compor o meu personagem. Marcou época. A música, conduzida pelo Mestre Formiga, que sempre orquestrou os Bailes do Teatro Municipal, foi o high-light do sucesso e, quem quisesse se refrescar de tanta alegria, era só ir para o terraço pegar uma brisa do mar. Fui até capa do jornal "O Globo", juntamente com o Presidente Fernando Henrique Cardoso, por meu glamour e pela originalidade de uma personagem que trouxe de volta a tradição do Baile do Copacabana Palace, o melhor do mundo. Criamos juntos um personagem-mito, inspirado no tema de cada baile. Essa tradição fez de mim a musa do Zeka, o criador artístico do baile. Em 97, cheguei numa liteira com um vestido de ouro, carregada por um séquito de homens escolhidos a dedo. As pessoas que se aglomeravam na porta do hotel ovacionaram. Era a própria Josephine Becker, uma vedete célebre do Follies Bergères de Paris, cujos shows se assemelhavam muito aos do Lido de hoje. Suas saias de banana causavam frisson nos anos 20. Em 98, Zeka me vestiu de Rosa Veneno para o tema floresta. Neste baile, me dividi para desfilar na escola de samba "Em Cima da Hora", cujas homenageadas eram a saudosa estilista Zuzu Angel e sua filha Hildegard. Voltei do Sambódromo para encerrar o baile en beauté. Em 99, a homenagem foi para nossa grande estrela Carmem Miranda. A decoração, toda em branco e preto, cobria os salões do Golden Room com paisagens em sombra chinesa inspiradas no Rio de Janeiro. Todos os detalhes remetiam aos balangandãs, aos turbantes e aos sapatos-plataforma da Pequena Notável. A passarela para o baile imitava as calçadas de Copacabana. Os sapatos-plataforma, que mediam 7m de altura, tornaram-se as arcadas para minha entrada, toda vestida de Carmem Miranda. Minha fantasia era inteira de cristais com franjas, réplica de uma usada por Carmem no filme "Copacabana". No topo da cabeça, um detalhe exótico: um candelabro de cristal, que, ao receber luz, projetava milhares de filetes luminosos por onde eu passava. Doei essa linda fantasia ao Museu Carmem Miranda, sob a curadoria de Iberê Camargo. Para o ano 2000, o criativo Zeka me intitulou "Musa do Novo Milênio". Festa afro-tribal em Acapulco.

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Estamos na Baía de Acapulco, México, na praia privada de Alejandra e Karin Alemán, respectivamente filha e viúva do Presidente Miguel Alemán, para comemorar o aniversário de Alejandra e sua formatura em Administração. A festa foi inspirada em ritos afro-tribais, inaugurando seu novo palácio de palha, chamado "Palapa", decorado por Zeka Marques, com motivos de onças e tigres. Um show! Viajei com a excêntrica Linda Conde, personagem surrealista de Jacques Tati, no famoso filme "Mon Oncle", casada com o banqueiro Armando Conde, e com sua cadelinha poodle, a Beauty. Como Beauty não tinha documento, tive que deixá-las desoladas no aeroporto da Cidade do México e para seguir viagem. Minhas malas não chegavam nunca a Acapulco, assim como Beauty e Linda, até que esta telefona com a boa notícia de que a cadelinha havia sido liberada por 13 dólares. Chegamos sem mala, sem fantasia, sem roupa, sem pluma, sem Beauty e sem maquiagem para a festa. Mais uma vez o talento de Zeka se superou: me preparou um vestido negro improvisado e uma mantilha de franjas espanholas, que transformou em turbante. Um personagem principesco-punk-marroquino, se é que vocês me entendem. Maquiadores vieram me tatuar com símbolos mágicos fosforescentes. Senti-me a própria Gloria Swanson em "Sunset Boulevard". Fui recebida na chegada da Villa Alejandra com um suco rosa exótico de flores, as famosas sávilas, tomado pelos povos azteca e maia. Como amo novidade, fiquei logo encantada, não parava de tomá-lo, um tipo de "Welcome to Acapulco". A "Palapa" é uma casa, dentro da propriedade, cujo teto é de palmas e suas colunas, troncos de árvores e raízes de 20 metros de altura. Uma bela vista para o mar se une às cortinas de sede crua que voam ao vento para encantar ainda mais os visitantes. À meia-noite, foi dado início aos festejos, com cascata de diamantes e fogos de artifício. Os convidados eram recebidos por pessoas vestidas como se fossem de uma tribo da Costa do Marfim, na África, com suas lanças e escudos vestidos de tranças ráfia, brancas e pretas, e duas barcas que levavam os tesouros, constituídos de imensas pedras preciosas brutas: diamantes, safiras, topázios, rubis de sangue de pombo de Burma, fora os cristais coloridos que todos convidados ganhavam para dar sorte.. Para completar o visual fantástico da festa, havia um iate de 400 pés iluminado e ancorado no píer da Villa Alejandra, de amigos que vieram especialmente para a festa, vestidos a caráter: cada um mais belo do que o outro. O décor teve tendas nômades, com onças e símbolos mágicos negros. As flores eram todas feitas de milho! Várias chaises longues, forradas com peles de onças, tigres e jaguares, adornavam o ambiente. Quando ficava cansada, me deitava nessas chaises longues para apreciar as danças e as palmeiras imperiais que decoram os dois quilômetros da melhor praia de areia branca, iluminada por tochas gigantes e velas brancas, dando lugar a uma discoteca muito confortável, cheia de almofadas e de pequenas mesas de jantar. Sobre a areia, coberta por tapetes de palha, houve um grande jantar com lagostas, camarões e taco. O fundo musical foi preparado com som da

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selva: rugidos de leões, cantos de pássaros, cascatas, tempestades de chuva, com um grupo de músicos africanos que tocavam seus atabaques e levavam os convidados a um transe espiritual exótico. Ninguém conseguia deixar de dar um show particular de dança. A famosa lua de Acapulco e o céu estrelado davam o must da natureza. Shows exóticos de mulheres com serpentes africanas e de belíssimos índios, que faziam malabarismos com labaredas, transformaram ainda mais a noite em um grande espetáculo. No final, em um balé que simbolizava a oferenda para as deusas do Amor e da Lua, uma mulher era simbolicamente cozida num caldeirão por índios canibais. Havia onças pequenas, leões (de verdade!), pássaros exóticos, que circulavam como ilustres personalidades. O que me impressionou foi a autenticidade, a alegria e a indumentária da nova geração mexicana, que sabe celebrar a vida. A festa foi tão animada que terminou com todo mundo nadando no mar e na piscina às oito e meia da manhã, com direito a breakfast na areia.

A Noite dos Sonhos

Para dar uma festa com esse título, comemorando vinte anos de casamento, Gilberto e Henriqueta Scarpa contrataram uma empresa especializada em festas VIP. Assim, o casal se ocupou de fazer uma boa distribuição dos convidados, a fim de que se sentissem, por uma noite que fosse, entre reis e rainhas. Entre as majestades, estavam Catherine Deneuve, Gina Lollobrigida, Dewi Soekarno, entre empresários, senadores, deputados, ministros, embaixadores, artistas, enfim, celebridades de todas as partes do mundo. O cenário era composto por um palácio de cristal, divididos em três salões, construídos a partir de uma enorme estrutura transparente. Em seu interior, um palco acomodava cerca de 120 músicos. Candelabros, tapetes persas, orquídeas, flores brancas e um show pirotécnico deram o tom estrelar. O número de profissionais, dos quais garçons bilíngües, maîtres, seguranças, parecia igual ao de convidados. A festa parecia um sonho, mas, obviamente, havia os que perguntavam: "Quanto será que ele gastou?" Acho esse tipo de comentário muito pobre, digno de quem merece ficar trancado em casa assistindo a TV. Não temos nada a ver com as finanças de ninguém. Se alguém faz uma festa com tanto glamour assim, é porque gosta de receber pessoas, enfeitar a vida, dar prazer, e não para ser vítimas de fofocas. Não importa que as grandes festas sejam sempre para negócios. Tudo é válido para quem recebe com grandeza e pela alegria que proporcionam. Quase de manhã, fui dançar sem os sapatos e um caco de vidro entrou em meu pé. Tive que fazer uma operação de emergência às oito da manhã. Quase perdi o tendão. O médico disse: "Você nem precisa de anestesia. Já

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está com muita, e me passou na frente de todos os paciente, não esperei um minuto sequer." Fui e voltei no avião de meus amigos Sérgio e Daniela Marjorie, empresários ítalo-brasileiros. Alto astral! Sabem o que é curtir a vida! Hospedei-me em duas casas: na de Alexandre, Lisa e Lise Grendene e Adelita Scarpa. Citroën Promovi uma festa no Copacabana Palace através de minha firma de eventos, Narcisa Promoções e Eventos, para a Citroën e sua representante brasileira, minha grande amiga, Sandra Habib. Sandra é uma mulher extraordinária, guerreira, articulada, um primor de simpatia. Chamamos a competente Helena de Brito e Cunha, que já havia organizado o meu casamento e o de minha irmã. Lembro que, no meu casamento, quem pegou o buquê foi minha internacional amiga Odile Rubirosa, que logo depois se casou com um músico americano, o Jimmy, que é maravilhoso com a nossa grande estrela. A grande atração da festa era a top model alemã Claudia Schiffer, que faz a publicidade para o modelo Xsara. Duas mil e quinhentas pessoas foram ver a modelo chegar, deslumbrante, penteada pela Maison Esmell, e sortear comigo e com minha filha Catharina passagens para os convidados. Segundo Hildegard Angel, a festa foi um brilho só. A Sandra Habib foi tão intuitiva, que o brinde era um guarda-chuva com a logomarca da Citroën. Nesse dia, houve um grande dilúvio no Rio de Janeiro. Mesmo com chuva, a festa teve muito sol. No dia seguinte, Claudia Schiffer queria um mailôt. Perguntei, então, qual era seu tamanho. "É P", respondeu ela. Fiquei espantada e perguntei: "Como você, tão grande, é P e eu, menor, uso M?" Ela insistiu e acabou usando. Caiu como uma luva.

Saint-Tropez

A festa tradicional desse belo balneário francês acontece há mais de 20 anos, organizada pelo milionário Tony Murray. Uma super produção toma conta da cidade, com fogos de artifício e temas diferentes a cada ano. Todos os convidados ficam hospedados no final de julho em nos vários iates de Tony, ancorados no porto de Saint-Tropez. São barcos de cinqüenta, sessenta metros, que recebem pessoas de todas as partes do planeta, ansiosas para assistir aos shows e aos concertos promovidos para a ocasião. Que o digam as personalidades, como Isabella Rosselini, os príncipes Albert e Stéphanie de Mônaco, o professor Ivo Pitanguy, a empresária da noite Régine Choukron, Germano Gerdau, que é um dos empresários que mais sabe viver.

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Bravo, Chiquinho!

Um de meus réveillons mais divertidos contou com a presença de Chiquinho Scarpa. Começou a diversão logo a partir do convite, quando ele me pediu uma equipe de batedores para acompanhá-lo do aeroporto à entrada de meu prédio. Chegou o Chiquinho com seis seguranças e sessenta garrafas do melhor champangne francês. Por cinco vezes, meu excêntrico convidado trocou de roupa, cada uma com uma cor diferente, no que foi acompanhado por seus parrudões. Com todo aquele champangne, as pessoas começaram a chamar o saudoso armador grego Constantin Niarchos de Onassis... O homem ficou confuso, sem entender nada, mas logo se acostumou à idéia de trocar de nome e curtiu a festa como ninguém!

Costão do Santinho Deslumbrante também foi a festa de inauguração do Centro Internacional de Eventos do Costão do Santinho Resort em Florianópolis. O hotel tem um dos cenários naturais mais bonitos do Brasil. Logo na chegada, pela manhã, senti que o brilho da festa se estenderia por todo o final de semana. O brilho tem lá a cor do eterno... À tarde, fui explorar os recantos dessa beleza natural. Andei pela praia, subi montanhas, fiz longas caminhadas. Mas a hora do glamour já se aproximava e muitos de meus amigos, também convidados, se preparavam para a grande noite. Chegamos eu, Alexia e Renata Deschamps, Lise Grendene e Lisa Barros (que, com seu charme imbatível, chamou a atenção de todos) no Centro Internacional de Eventos ciceroneados pelo jornalista e relações-públicas Marcus Contin. Havia uma escada na entrada, em cujo pé se abarrotavam inúmeros jornalistas para conseguir um "click" nosso. O champanhe estava hiper gelado e os 700 convidados pareciam ter sido escolhidos a dedo, tamanhas a simpatia e a beleza que esbanjavam. Personalidades lotaram o local: o carismático Ministro Rafael Greca, o governador Espiridião Amin e os representantes dos principais veículos de comunicação do país. Houve performances e olhares mil... Fui convidada para dançar várias vezes, sobretudo ao som de New York New York. Dancei, fotografei, espalhei muito de mim naquela simpática festa. Paulo Setúbal

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Foi uma grande festa black-tie, no Leopoldo, em São Paulo, oferecida por ocasião do seus 50 anos. Todo mundo lindo, chiquérrimo e de alto astral. Sua mulher, Adriana Maluf, parecia uma deusa grega num vestido longo branco. O champanhe estupidamente gelado, o jantar impecável, telões mostrando toda a vida dele e da sua família, inclusive eu apareci no telão, mas é óbvio que não me vi. Só havia gente do primeiro time: Olavo e Dayse Setúbal, Hebe Camargo, Thereza e Emerson Fittipaldi, Madeleine Saade e Cláudio Lins, Rob Tule, Thereza Collor, Regina Marcondes Ferraz, Paulo Maluf, Chiquinho Scarpa, Ricardo de Oliveira, Aparecida Marinho, Fernanda e Sérgio do Amaral e muitas outras beldades. Eu liguei para o casal e perguntei, “posso levar o meu séquito, quem eu quiser?” e eles: “Você tem carta branca por que você só traz gente interessante. Você é do bem!” Eu fiquei honradíssima porque eu soube que eles não deixavam ninguém convidar. A festa foi esplêndida!!! Paulo dançou a noite inteira, era a própria animação e elegância em pessoa! * * * Freqüentei muitas festas em várias partes do mundo, onde se vê gente com quem só vamos estar de novo daqui a dez anos ou nunca mais. São artistas hollywoodianos, milionários, reis, rainhas, princesas, príncipes... Fui também a festas mais simples, onde chego do jeito que sempre sou. Elegância, alegria, alto astral, generosidade, não têm dia, hora ou lugar. Hoje sou gosto mais de pequenos grupos. Estou mais seletiva. Um dia, acordamos com as preferências mudadas, com outros sonhos, outros desejos. É uma delícia poder mudar. A grande festa é aquela que fazemos em nossos corações, em nossas atitudes, na maneira como nos expressamos. O melhor brinde é o que oferecemos à nossa própria felicidade.

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As Drogas “É uma doença grave, progressiva, fatal e antes de matar, humilha.” “Os neurônios dos drogados ou dormem ou estão de férias.”

No ano em que meu pai morreu, eu saia muito com uma divertida e hilária turma da pesada. Fui na casa de um amigo, na noite de natal e tomei muito vinho, que eu não estava habituada, misturada com maconha e me lembro que fiquei tonta. Achei, que mesmo tonta, tinha condições de ir na festa de natal da minha família. Eu nunca gostei de natal, sempre achei muito triste esta data. Chegando lá, minha mãe notou que eu não estava sóbria e fui levada pelo motorista para casa onde vomitei muito e só consegui dormir quando desapareceram as tonturas. Minha mãe falou que era horrível mulher beber, mas como era o primeiro natal sem o meu pai, ela silenciou. Foi logo depois que comecei a pegar os carros na garagem. Dirigia para todo canto, mas não consumia álcool e raramente fumava um baseado. Num outro natal tornei a tomar champanhe novamente. Enlouqueci! Na mesma noite subir na mesa para dançar, foi um pulo. Isso numa famosa boite da zona sul. Dançava, dançava, a sorte é que não caí. E a galera acompanhava a dança. Quando fui ao banheiro encontrei todos cheirando inclusive eu. Voltei para cima da mesa, dando um show trepidante para os amigos. Um amigo meu veio falar comigo. Não lembro, mas acho que dei um tapa. Em outro, dei um chute. O meu sempre querido e saudoso Zózimo falou gentilmente que eu dei um show. No dia seguinte me contaram que eu tinha dado um tapa em um amigo e um chute em outro. Fiquei mal, porque não me lembrava desse pedaço e pedi ajuda a minha família. Veio um psiquiatra na minha casa e ele falou que eu não precisava de internação e sim, de um tratamento de como mudar os meus hábitos e o comportamento. Fui fazendo esse tratamento. Já estava brigando com a minha mãe. Tudo que ela falava me irritava. Fui com ela para Nova York. No avião ela começou, “Não bebe. Já está na quarta taça de champanhe. Você está ficando alcoólatra.” Tive que mudar de lugar no avião. Tudo se tornava uma briga. Em Nova York, fui a uma boite e subi novamente na mesa. Mas como o dono era louco e estava dando pó, falou que eu podia tudo.

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Muitas vezes acordava acabada, me arrastando e machucada emocionalmente. Passei a beber em casa, no quarto, sem controle. Bebia sozinha... Uma vez, minha irmã chegou e jogou a bebida na pia. Eu fiquei danada e falei, “Nunca mais suba aqui para jogar o meu drink fora. Nesse período, namorava algumas pessoas que não devia. Nem me lembrava quem. Era patético. Ligava para saber dos detalhes. Acho que fui muito usada. Cheguei a conclusão que os dependentes de droga, metade de seus neurônios dormem enquanto a outra sai de férias.

Para quem a conhece, sabemos que é bela. Que esta beleza envolve todo o seu ser. Encantadora e carismática. Em certos momentos é a mulher corajosa, determinada, amiga, desejando a vida e, noutros, a menina carente da afagos e proteção. Sempre acreditei em Narcisa, na sua capacidade de atingir seus objetivos.

Elys Chargel, psicóloga Outra vez, saí com dois amigos que eu adoro. A polícia parou o carro, viu a arma do segurança, pediu o porte de arma. mas a gente foi logo descendo, todos naquele estado, e berrando com a polícia. Aí eles falaram que íamos todos para uma DP. Um dos amigos jogou o pó no asfalto e outro carro da polícia, que se aproximava viu, e levou o pó e nos levou para a delegacia. Na delegacia, os PMs foram logo falando que iam chamar a imprensa. Um dos amigos negociou com o sub-delegado o preço da nossa liberdade. Deixamos lá os nossos relógios e o motorista depois foi levar o dinheiro. Com essa cena fiquei muito impressionada e vi que a minha vida estava sem controle e que poderia ficar pior. Depois achei que podia me controlar sozinha, com a ajuda do meu psiquiatra. Ir as festas sem beber. Ele já havia me proibido. Mas resolvi ir a uma festa e: 1° - Tomei whisky; 2° - Tomei champanhe; 3° - Cheirei lança e desmaiei em cima de um isopor que causou um verdadeiro estrondo. (Acho que paguei o maior mico); 4° - Cheirei pó; 5° - Cheirei mais lança e me

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joguei de roupa na piscina e o dono da festa achou que eu fui a pressão da noite. Fiquei chateada e mais uma vez quis tomar a decisão de me divertir com limites, limpa, sem me drogar. Mas depois continuei a beber. Nesse ínterim, fui para a Califórnia, para um SPA. Lá, passei a beber menos.

“O que posso dizer do tempo que conheço a Narcisa, é que ela é a pessoa mais generosa e mais amiga que a gente pode conhecer. Ela sempre foi capaz de ajudar as pessoas, pelo menos as pessoas perto da gente, quando necessitam de ajuda, inclusive a mim. Acho ela muito dinâmica. Que faz várias coisas que sempre dão certo. Então, Narcisa é uma pessoa bem sucedida! Não importa se ela vem de uma família bem realizada financeiramente. Ela consegue fazer várias coisas, desde mexer com a sociedade até mexer com a arte... porque quando se mete ser atriz dá certo também. Ela estuda e dá tudo certo. As festas que promove são sempre maravilhosas! Quer dizer, acho impossível que alguém possa falar mal da Narcisa, porque as pessoas vão lá e comem da comida dela, bebem da bebida dela. As pessoas tem que idolatrar a Narcisa. A verdade é essa. Fora isso, nós temos outra coisa em comum, que são nossos filhos. Meu filho Gabriel e a filha dela, Catharina, são muito amigos desde pequenos. Ela sempre foi comigo uma pessoa muito limpa, muito honesta. Então, as pessoas, às vezes na mídia, colocam coisas sobre a Narcisa que me desagradam profundamente. Eu as vezes ligo para ela meio constrangida, porque acho que eles não são

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fiéis ao que a Narcisa é. Eles não admitem que ela seja uma pessoa livre. Ela luta pela sua própria independência. Viaja. Diz o que pensa. Dá as próprias opiniões... Acho isso fundamental Desejo sinceramente que a minha amizade com Narcisa seja para sempre. É esse o meu sentimento por ela. E que ela seja sempre muito bem sucedida. Em tudo!”

Vera Fischer Num carnaval fiquei deprimida e me tranquei no quarto. Minha irmã soube dessa cena triste e patética e resolveu me ajudar. Achamos que eu estava incontrolável, sem censura, sem limites e resolvi tratar de mim com respeito, dignidade e seriedade. Com o tempo fui percebendo a realidade das coisas. Percebendo que, quando cheirava, tudo ganhava muito brilho, mas só naquele momento: a vida, os amigos etc. E tudo ficava divertido, engraçado, sem nexo, sem responsabilidade. E depois que cheirava, no dia seguinte, tudo ficava black! E eu me sentia socialblack, tinha ilusão que tudo continuaria em lua de mel como nas primeiras vezes que usei a droga e depois só vai piorando e a lua de mel torna-se rapidamente lua de fel. Fui muito humilhada por esta doença. Quando estava mal todo mundo se afastava de mim. Todo mundo fazia linha para mim, mas quando me viam deprimida, me largavam sozinha... A dependência química é uma doença. Uma das teorias afirma que para a doença se instalar na gente é necessário um conjunto de componentes: uma tendência neuro-química, um momento psicológico vulnerável e a droga de escolha. O encontro desses componentes deixa a pessoa impotente perante a droga e somente assumindo a doença e se afastando definitivamente de todas as drogas, a pessoa tem a chance de se curar. Hoje estou limpa com a ajuda do Poder Superior e da minha irmã e família. Estou sempre reavaliando a minha vida e tenho certeza, que com calma, eu chego lá. Para isso foi que Deus me criou...não quero sofrer nem ser humilhada.

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Relacionamentos

A mulher tem que ser bela, inteligente e livre. Ter perseverança, muita psicologia e um senso de humor para satisfazer o príncipe encantado da meia noite.

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Num jantar em Nova York, conheci meu primeiro marido, José Bonifácio Brasil de Oliveira Filho, Boninho num jantar. Com ele, tive a minha primeira relação sexual. Nessa mesma época em que o conheci estava investindo muito em mim e me matriculei na New York University, com a minha irmã Alice, que também estava morando lá e onde estudamos business e inglês. Fazia ginástica na Radou, na 57 e também me ocupava com outros cursos interessantes na própria universidade. Nova York passou a ser para mim uma verdadeira lua de mel. Um tempo depois resolvemos nos casar. Apesar de não ter absoluta certeza se iria dar certo. Sonhos são para se realizarem. Às vezes até os erros valem a pena. Casei na Igreja São Francisco de Paula, de vestido de noiva, muitas damas de honra e depois um jantar para 1000 pessoas no Copacabana Palace com melhor DJ, o Márcio Torres. Dancei até altas horas e tomei champanhe. Quem pegou meu buquê, como também já contei, foi a internacional Odile Rubirosa que casou em seguida com roqueiro Jimy. Acho que eu dei sorte. Hoje, os dois vivem bem e felizes em Boston. Fomos morar em um apartamento que os meus pais haviam me presenteado, ao lado do Copa, no prédio onde moro até hoje. Ele mudou de vida, largou sua bolsa a tiracolo e passou a usar roupas normais, virou um mancebo. Ficava preocupado se eu tinha jóias de família. Nesse mesmo tempo entrei para a Cândido Mendes, onde me formei advogada e no ano seguinte nasceu a minha primeira filha, Marianna, de cesariana pela mãos do Dr. João Paulo Marzano, perfeita e linda. Foi uma alegria enorme e ele também ficou muito feliz. Foi o dia mais feliz da minha vida! Amamentei a minha filhinha com muito prazer. O nosso relacionamento era ótimo. Começamos a sair muito com Lou e Boni. Viajamos pelo mundo. A Marianna fez o Boni ser avô e padrinho dela. Dois anos depois começamos a nos desentender , porque ele era irritado, e éramos muitos diferentes. Dizia que eu não era boa dona de casa e perguntava se eu não ia ao supermercado ou a feira coisa que nunca fiz. Por incrível que pareça nunca vi minha avó ou minha mãe fazerem trabalhos domésticos. Ele era um perfeccionista irritante e passava a mão nos móveis para ver se estavam limpos. Uma loucura! Nessa época como ele estava desempregado minha mãe abastecia a casa. Passamos a nos estranhar e nem o sexo segurava o casamento. Sofri, mas me senti aliviada na despedida. Éramos jovens para avaliarmos o relacionamento. Era retraído, taciturno, tão diferente do Rei que é hoje. Tomara que ele consiga recuperar o tempo perdido de amor e convivência com a nossa filha Marianna, que modéstia a parte, é um gênio!!!!

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“Eu e Narcisa moramos no mesmo prédio há muitos anos. Quando minha filha nasceu, a filha da Narcisa nasceu vinte dias depois, esse também foi um dos motivos que nos uniu. São marcos muito importantes, datas importantes que você se identifica com o outro. O que acho de bonito na Narcisa é a forma como ela se expressa num mundo onde há tanta mesmice, onde todo mundo quer se parecer tão igual um ao outro. A Narcisa tem coragem de ser um indivíduo. Não há duas Narcisas. Não tem nada parecido. Tenho muito carinho por ela.”

Maitê Proênça

Eu tinha um sócio, numa firma de Show Business, o Oscar Ornstein. Hoje só a saudade. Antes de morrer, ofereci um jantar em sua homenagem com todos os artistas. A nossa firma chegou a fazer altos contatos com artistas famosos como Tina Turner . Deu muita viagem, show e divertimento. Em 1988, coincidentemente, em outro jantar, que fiz em homenagem para o Oscar Ornstein, o rei do show business. Conheci o meu segundo marido, Carlos Johannpeter. Ele foi levado por Cristina Johannpeter. Ela nos apresentou e depois de um ano nos reencontramos em uma festa na casa de Ruth Saba e Daniel Saba. Logo nos interessamos um pelo o outro. Ele me convidou para jantar no Le Strége e eu aceitei. Fomos jantar e tomamos duas garrafas de vinho. Depois fomos diretamente namorar e nos apaixonamos. Ele incentivava todas as minhas loucuras e adorava ver o circo pegar fogo. Dizia que eu podia fazer tudo, que eu era uma rainha, The best. O meu segundo marido foi morar no Canadá, onde sua família comprou uma usina de aço e ele me convidou para ir com ele. E fomos morar numa pequena cidade no interior do Canadá, Cambridge, perto de Toronto. Foi ótimo, ficávamos juntos e estávamos muito felizes. Tínhamos os mesmos interesses no Canadá ou pelas redondezas e éramos muito unidos. Íamos, quando tínhamos tempo, passar os fins de semana em N.Y., em companhia dos amigos que eu tinha feito antes na Europa ou em N.Y. Nestes fins de semana ficávamos nos divertindo até as 6hs da manhã. Pela noite íamos pelo menos a 5 lugares. Éramos muito felizes.

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Engravidei em um desses fim de semana em Nova York, porque passamos todo o weekend no hotel fazendo amor. Durante a gravidez voltei ao Brasil, porque queria que a Catharina nascesse aqui. Cheguei com o maior barrigão e a minha filha Marianna também ficou contente por ganhar uma irmãzinha. No dia 27 de outubro de 1990, dia de Santa Catharina Labouré, da Rue de Bach, nasceu a minha segunda filhinha, perfeita, de olhos azuis, com 4 quilos. Amamentei durante três meses. Logo depois que ela nasceu voltei para o Canadá e levei a minha outra filha para morar lá. Ela não se adaptou. Não gostava de lá, nem da escola. Eu tinha tanto leite que dava mama para todos os bebês que estavam com os mães sem leite. Fiquei no Canadá com as minhas filhas e as babás. Vivia como se estivesse numa lua de mel. Nem me importando com o tédio do lugar. Nesse período não tinha vontade de fazer noitadas, só queria ficar com as minhas filhas amadas. Nos finais de semana, meu marido ia participar de concursos hípicos na cidade que morávamos ou nas proximidades. Sempre ia com as crianças torcer por ele. Um ano depois, o Caco foi transferido para São Paulo por seu pai. Eu fiquei no Rio ajudando a minha irmã na coordenação da campanha política. Quando terminou a campanha, fui morar com ele em São Paulo num apart hotel pequeno e impessoal. Como eu sou amiga do Roberto Maksoud, pedi que ele fizesse o mesmo preço do apart. Ele concordou. Foi ótimo. Tinha mais movimento e era super divertido. Caco viajava muito e eu ficava em São Paulo, muito sozinha, porque as minhas filhas não gostavam da escola de São Paulo. Só gostavam de estudar no Rio. Viajava quase todo final de semana para Porto Alegre ou Garopaba. Já no ano de 1992, eu havia arrumado um trabalho numa firma de advocacia, Tory Tory DesLauries & Binninton. Mas tive que deixar esse trabalho para viajar com Caco. Fomos para Hong Kong, Tóquio, Singapura, Bali. Foi o máximo! Na volta, ele começou a viajar, o tempo todo, a mando de seu pai. Sentia-me desprezada, sozinha, longe das minhas filhas que ficaram morando no Rio. Comecei a vir mais para o Rio e decidi ingressar na Faculdade de Jornalismo. No mesmo ano fiz um jantar lindo de aniversário para ele no Rio. Todos elogiaram. Foi ótimo. Mas uma revista fez uma matéria tendenciosa sobre a festa, nos expondo completamente diferente do que éramos. Não havia colocado lista na porta, pois era uma festa que podia entrar sem convite. Isso prejudicou nossa relação e teve tanta fofoca!!! Nossa...

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Depois do Ano Novo fomos para Punta Del Este. Eu só gostava de dançar em cima das mesas iguais as mulheres do primeiro mundo. Durante o ano seguinte de 1996, Caco continuava a vir ao Rio e dormia na minha cama, mesmo separados. Saíamos para jantar, festas. Ninguém entendia nada. Ele dormia na minha cama depois de passar as noites nas boites. Chegava de manhã para dormir no meu quarto e isto me levava à loucura, me deprimia. Ficava emocionalmente doente. E assim foi acontecendo a nossa separação. Tudo premeditado pela família dele. Espero que eles temam os desígnios de Deus e as energias cósmicas! Ele só usava a minha casa como hotel e para ficar perto da Catharina. Isso me dava um enorme vazio. Tornei-me triste, mas não demonstrava. Nunca perdi a amizade por ele. É o pai da minha filha. Temos uma história mas só conto a minha parte. A vida se repete em outras situações e se aprendemos com a experiência anterior, há mais possibilidades de sermos felizes com a que virá. Mas ainda não cheguei a conclusão se é melhor viver só ou acompanhada. Para se viver casada, tolerância é o assunto principal. E quando o assunto envolve filhos, tudo deve ser muito bem pensado. Crianças não gostam e raramente aceitam ver seus pais separados. Somos responsáveis por quem colocamos no mundo. O lar é importante, a família é mais importante ainda. Mas viver em um lar sem respeito, companheirismo, parceria e cumplicidade, é bem melhor viver sozinho . E isso é desfeito por culpa dos dois... No mundo atual, só com muita maturidade se consegue estabilizar um amanhã de equilíbrio. E às vezes, nem a maturidade consegue viver com o lado agressivo do casal. Por isso, a desunião também existe e assim muitos preferem curtir a vida à sós. O sentido da ilusão humana é a própria essência da vida. Se você perde a ilusão, perde a essência .

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As Amizades “Você conta nos dedos seus verdadeiros amigos. Acho que não encho minhas mãos de amigos. Está cada vez mais raro ter bons amigos hoje em dia. Amigos verdadeiros são muito raros.”

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Costumo ter como hábito, conservar livros de artes e modas, na mesa do centro da sala principal do meu apartamento. Tenho livros com as pinturas do Renoir, Van Gogh. Junto à esses livros conservo alguns porta-retratos com vários amigos. Em várias partes do mundo. E fico pensando nas amizades... Nos meus amigos que se foram, os que estão distantes, os que sumiram mundo afora. “Amigo é coisa para se guardar...” Quem te ama sem troca. Que gosta de você de qualquer forma. E vai sempre gostar da sua companhia. Vai sempre te ajudar. Estar por perto quando você precisar. Vai estar sempre para o que der e vier. É isso que considero uma pessoa amiga. É isso que considero uma amizade. As amizades para mim tem que ter um tom perfeito. Sentir logo de cara o seu significado. O que elas podem dizer. Então, para mim, as amizades são mágicas, misteriosas, talvez indecifráveis...

“Narcisa representa espontaneidade e calor humano. Partilha com alegria o que a vida lhe oferece de melhor. Enfrentou com coragem os momentos difíceis que soube transformar em lição para si e para os seus amigos. Esse espírito de luta parece que aflora sem esforço aparente mas com profunda coesão interna, fruto da sua herança familiar, dando-lhe essa força rara de se perceber em pessoa tão linda e delicada.”

Ivo Pitanguy

- Amigo é para quem diz a verdade. Que se incomoda com a gente, quem sabe criticar, quem critica por amor e não por inveja. Nos faz crescer, dá um toque. Não é quem diz uma coisa por outra, e nos patrulhando com falsidades.

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O Hélcius Pitanguy, é meu querido amigo de infância. Meu amigo espirituoso. Alegre. Ele é uma pessoa solar. Está crescendo espiritualmente. Está produzindo. Batalhando. É uma pessoa que me ajuda e me alegra. Ele me liga e a gente ri muito. Ele vive na Europa. Quando nos falamos ficamos felizes .

“A Narcisa é uma pessoa bem vinda em qualquer festa no mundo inteiro porque quando ela chega em qualquer lugar, ela chega, ela não passa, ela chega! Ela é uma pessoa para mim extremamente importante. Pela prova que ela sempre me deu de amizade, de uma profunda cumplicidade em todos os momentos que a gente já teve, que são inúmeros. Não posso nem falar dos momentos que tive com a Narcisa porque são tantos!... E todos os momentos com a Narcisa são de grande alegria. Então a Narcisa, sendo uma pessoa pela qual tenho carinho, com tanta amizade, é uma pessoa que é difícil falar sobre ela porque ela pode se destacar em qualquer ponto...”

Hélcius Pitanguy

“Acho Narcisa igual ao seu sorriso. Forte. Ela é uma pessoa que tem uma energia muito boa. A energia do sorriso dela é fascinante. Os olhos e o sorriso de uma pessoa dizem muito sobre ela. E a Narcisa é uma pessoa dessas. É um ser humano alegre, bom. Acho que é a coisa melhor que posso dizer sobre ela. Não a lembro com a cara aborrecida ou... É muito bom ser dentista dela.”

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Marta Faissol

- Amigo é aquele que fala tudo para você cair na real, quando você está cega por algum motivo. Dá o parâmetro da realidade. Faz você perceber onde está se metendo, para tirar sua falsa ilusão, desvendar o que vem para você com muita clareza. A Priscila Levinsohn é minha amiga de infância que ao longo dos anos conservamos. Já demos volta ao mundo. Fomos a um SPA, La Costa, na Califórnia, onde estavam Barbara Streisand e Maria Niarchos, que nos contou sobre o seu casamento que acabou em dois meses. Meu namorado da época, José Martins dos Santos, foi para o SPA me ver e me convidou para irmos ao Tahiti. Não aceitei o convite porque ia me sentir mal com os pais da Priscila., só tinha 16 anos. Outro arrependimento da minha vida. Gostaria de ter feito essa aventura. Por isso, tudo o que a vida oferecer em matéria de oportunidade não deixe de fazer. Constança Teixeira de Freitas é a diretora da Clínica Solar do Rio. É uma grande amiga que me incentivou muito num dos meus momentos mais difíceis.

“A coisa que mais me impressionou na Narcisa foi a sua ingenuidade. Ela é transparente! Dá para perceber que ela é uma pessoa boníssima e pura. Ela acredita nas pessoas. Isso é uma raridade hoje em dia porque as pessoas, estão de certa forma, poluídas pela vida de mentiras e traições. De interesses e negociatas. Ou de falta de amor familiar, desestrutura familiar e violência urbana. A primeira vez que ouvi falar da Narcisa, ela era uma garotinha e me impressionou o retrato dela: tão garotinha, tão bonitinha, casando. Lembro que falei, “Nossa, que menina linda! Que amor de menina!” E os

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dois casando tão cedo... me lembro disso. Daí, através dos anos, fui vendo a Narcisa pela vida. Em restaurantes, festas, réveillons... Uma vez me convidaram para um réveillon na casa dela. Aquela coisa de portas abertas, sempre generosíssima, convidando as pessoas e tal. Costumo dizer que a Narcisa é uma pessoa de Deus... é que ela, apesar de ter sido absorvida por essa confusão toda, por essa superficialidade, com drinks, champanhes, tóxicos e não sei o que, mas ela tem Deus. Ela não foi maculada, vamos dizer assim. Então, acho que a Narcisa teve muita sorte! Digo que nós somos escolhidos por Deus e porque nós? Porque a Narcisa é escolhida? Deus foi tão bom que pinçou a Narcisa do meio do inferno das drogas. Hoje ela freqüenta as mesmas festas, carnavais e tudo, mas tem uma outra postura. Ela adquiriu muito mais respeito por ela mesma. Porque as pessoa oferecem coisas! Se for perguntar, provavelmente já ofereceram para ela milhões de vezes desde que ela está em recuperação, champanhe, vodka, uísque, cocaína... Com certeza já ofereceram. Mas ela tem conseguido dizer não. E um não para esse pessoal, na verdade é um sim para a vida, um sim para a Narcisa!”

Constança Teixeira de Freitas

-Quem vai dizer para você o que é ridículo e o que não é? “Isso não é assim?” Vai te mostrar o outro lado da moeda? É muito raro você encontrar alguém que te fale a verdade sem te ferir. É preciso então

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muita profundidade, honestidade, confiança. Só aprendemos com o outro quando animamos a nossa verdade íntima e nossa alta estima.

“ALTO ASTRAL, seu nome é Narcisa. Nunca a vi de mau humor ou cara feia. Sua presença é sempre sinônimo de alegria e diversão para seus amigos.”

Paulo Müller, cirurgião plástico Ali Rezah Pahlev é meu outro grande amigo, filho do Xá do Irã. Veio para o Brasil, já saímos juntos aqui. Já saímos juntos em Nova York, em Saint Tropez. É uma pessoa que vive estudando. Já fez faculdade de música, de business. Ele é um eterno estudante. Ele tem um bigode, uma moustache enorme. Ele é um sujeito surrealista. Uma vez veio com o filho do rei Russein para o meu apartamento. E daí é que sua segurança estava lá em baixo. E minha mãe, que também mora no meu prédio, notou uma movimentação diferente e subiu para o meu apartamento meio que espantada, “Minha filha o que aconteceu? Tem tanto homem lá embaixo!” Aí viu que eu estava oferecendo uma recepção para eles. O Ali Reza Pahlev adorou os meus tapetes. Reconheceu na hora, “Esses tapetes são todos iranianos Narcisa!” Ficou super feliz por ter encontrado um pouco da sua pátria aqui no meu apartamento. Fomos para Angra e para Búzios de helicóptero. Ele tomou muita caipirinha, comeu muito camarão, muita casquinha de siri. Foi ótimo! Fora os passeios que fizemos de helicóptero no Rio. Em Nova York a gente ia dormir de manhã, passávamos a noite na boite O Bar, na 5th St., entre a Madson e a Park. Vivíamos lá, com a melhor mesa, melhor música, melhor suingue. Com as músicas do Gipsy King que ele adora. Música Árabe, música brasileira... Ele é fã da música brasileira. Fã do Gilberto Gil, Tom Jobin e Jorge Bem Jor. Tem música brasileira na casa dele que não acaba mais... Ele é show! Beijos.

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“Conheci Narcisa em 1984, quando estava grávida do meu primeiro filho. Desde então nasceu nossa amizade que até hoje se mantém cada vez mais fiel e tranqüila. Narcisa é uma pessoa muito especial, aliás, a família toda, mãe e irmã. Admiro muito a união delas. Narcisa é essa pessoa que adoro e que me conquistou com sua bondade, sinceridade, lealdade e honestidade”. Flora Gil

Roberto Carlos é supersticioso igual a mim. Como ele, gosto da cor azul. Também não gostamos do marrom. Uma vez fui assistir a uma gravação dele com uma amiga e ele não quis que assistíssemos porque ela estava de marrom. Acho que é por aí. Quando acreditamos que a cor não é boa, não é. Não faz bem para a pessoa. Não é bom misturar. Admiro imensamente a sua pessoa, o seu trabalho. Ele é o rei. Elegante com a vida. Uma celebridade. Admiro muito sua trajetória profissional. Sou fã do Paulo Ricardo que está cantando músicas lindas de amor e é seu sucessor natural.

“Lembro da festa da Ryder que fui com Narcisa. Resolvi botar uma peruca amarela para ficar diferente e Narcisa acabou indo com uma vermelha. No começo, ninguém nos reconheceu. Foi engraçadíssimo. Acho Narcisa uma pessoa boa. Tem coração e índole. É incapaz de fazer mal a alguém. Gosto muito dela. Ela é alegre, expansiva e faz festas engraçadas porque mescla gente de todos os tipos.”

Thereza Collor

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O Constatine Niarchos é um armador Grego. Quando ele veio ao Brasil, com sua mulher Silvinha, teve aquela confusão com o helicóptero, que foi ridícula, não gostei. Um falso amigo nosso, botou o pé no acelerador, causou uma pane no helicóptero e o helicóptero quase caiu. Depois inventou que o piloto tinha drogas e tinha roubado a mala de dinheiro do Constantine, uma inverdade, porque nem o Constantine deu falta dela, o cara inventou tudo! A gente passou o dia inteiro na delegacia. O Constantine nos defendeu, foi legal, uma pessoa boa. Infelizmente, passamos por esse constrangimento sem a menor necessidade. Tinham muitos repórteres nos aguardando. Priscila Venâncio, Silvia e Constantine, Doracy Gomes de Lima e eu para nos despistar das câmeras famintas, nos trancamos no banheiro da DP da Barra, além do local inconveniente, cheirava muito mal. Não teve outra saída. Tivemos que enfrentar os repórteres. Imediatamente exclamei: “já que tem que ser assim, vou na frente mas antes vou passar um Blush e um baton”. E assim foi a nossa saída com muito humor. Finalmente fomos para Angra, só que de carro.

“A Narcisa sempre foi uma pessoa amiga, com muito senso de humor, nos divertimos muito e mesmo nos horas difíceis ela mostra muita solidariedade. Desejamos a ela tudo o de melhor no futuro.”

Silvia Martins Niarchos e Constantine Niarchos

Eu queria um dia reunir todos esses meus amigos e colocá-los num grande navio para levá-los aos mares do Caribe. Ou para a Tailândia.. Acho exótico, bonito. São as ilhas mais bonitas do mundo que eu acho. Levaria em maio ou em setembro, que é também a melhor época no Tahiti, Bora Bora, Moreia Fidji, Puquete, Austrália e África do Sul. Todos esses lugares são lindos. E ofereceria um jantar tropical com muita música ao vivo e muita dança. Quem sabe, odaliscas...Enfim conhecer tudo antes de passar para outra esfera. - Geralmente só a família é que te diz algo sobre as mazelas da vida, porque ninguém tem tempo para perder, dizendo isso ou aquilo para você tentar mudar. Ninguém está preocupado. Todos estão preocupados consigo mesmo. Amigo deve saber guardar segredo. Coisas que só na maturidade se aprende. E às vezes nem mesmo assim.

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* * * Penso muito nos meus amigos. Só sei ser amiga de pensamento ligado, ali, solidária, construindo. Perguntando sempre se eles estão felizes. Como Deus os está tratando. Se Deus tem sido bom para eles... Mas tenho outros amigos que também muito me preocupo. São os amigos que enfrentam muitas dificuldades na vida. Dificuldades de ordens financeira, conjugal, desequilíbrio etc. Falo com Deus sempre sobre eles. Com os Santos da minha devoção. Gosto de pedir a Deus por eles e dar atenção à todos esses amigos que me procuram. Mesmo os menos próximos. Converso com todas essas pessoas, independentemente de próximas ou não. Desde o rei até o gari. Não tenho nenhum preconceito. Nem de cor, nem de classe. mandei o preconceito ir embora pelo o esgoto. “Além de amiga e confidente, sou fã da Narcisa. Fã, porque a considero um exemplo de caráter e autenticidade. Ela não se submete a regras sociais. Não se preocupa com a vida dos outros. É avessa à hipocrisia, pois assume tudo o que faz, e diz o que quer para quem ela julga precisar ouvir.

Encontrei em Narcisa uma sinceridade ímpar, uma generosidade rara, uma força e um amor pela vida contagiante, que nós os amigos, admiramos tanto. E é por toda essa luz, que Narcisa irradia. Onde ela vai causa sempre aquele “frisson”. E tudo que ela diz e se diz dela, vira notícia.”

Priscila Venâncio

Mário Annuza Sublime dama de nossas noites de boemia (quando a lua se esquece de dormir e o sol aquece o noturno dia).

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Yemanjá de nosso calçadão, Deusa da Avenida Atlântica, os refletores apontam para ela, mulher-reflexo de suas luzes. Mística, mágica, maravilhosa, pujante em sua beleza ímpar, venerada em versos vândalos, em poemas perdidos em sacrilégios. Símbolo eterno de Copacabana, menina de nossos olhos que nada enxergam (a não ser a feminilidade dela, pantera de nossos desatinos). Seu nome e o sobrenome exótico percorrem a orla e as andas em uma viagem mirabolante no compasso musical das estrelas. Mário Vinícius Annuza Falar de Narcisa é como falar de flor, perfume do campo, mar azul, nuvens brancas e céu de estrelas. Falar da amiga que me é tão familiar é muito importante para mim. Narcisa, você é um sucesso em qualquer lugar do planeta. Que através deste livro você venha a ser uma grande escritora e que as pessoas possam lhe conhecer linda, leve e solta. Beijos da amiga que te ama.

Cristina Johannpeter

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Profissionalmente Falando

Certa vez, uma pessoa disse que não precisava trabalhar porque possuía muitos dólares na conta. Precisar é relativo. Para sobreviver, este senhor de fato não necessitava sair de casa às seis da manhã e se trancar num escritório até as oito da noite. Trabalhar é produzir, ser útil, contribuir, dar novas idéias, criar novos conceitos, chegar a conclusões inéditas, estabelecer novos padrões. Usar a energia e o tempo para construir o bem social. Quando fiz vestibular para Direito, desejava trabalhar na profissão de advogada defendendo os direitos das pessoas. Logo que concluí o curso

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da Faculdade Cândido Mendes, fui morar no Canadá, onde tive a oportunidade de estagiar no escritório Torry Torry and The Laurriers and Binington, um dos mais conceituados daquele país. Foi uma experiência muito enriquecedora, pois conheci um outro sistema de leis, o Código Napoleônico, podendo compará-lo ao nosso, de Sistema Civil. Minha mentora era a Sheila Block, com quem ia a reuniões na Corte e encontros com empresários do petróleo. Adorava quando ela, para defender uma causa na Corte, tirava os sapatos e fazia um discurso que tocava a todos, com seu poder de persuasão.

No meu retorno para o Brasil ela escreveu a seguinte carta de referências: “ Tivemos o prazer de ter Narcisa Tamborindeguy em nossos quadros de funcionários como advogada visitante. Mesmo não podendo exercer a advocacia no Canadá, demonstrou interesse por inúmeros processos que tramitavam pelo nosso escritório. Também me deu assistência em várias causas que defendi em diversos níveis do Tribunal de Ontário, inclusive o Tribunal de Apelações. Bem como esteve presente durante vários procedimentos de pré-audiência e revisou vários documentos. Durante todo esse tempo ela demonstrou perspicácia e interesse na compreensão dos fatos e da estratégia. Casos estes que envolveram assuntos de comércio complexos. Além da perspicácia e interesse por assuntos legais ela se relacionou bem com os Juízes, clientes e outros advogados. Ela tem todos os “skills” necessários para fazer uma carreira de sucesso como advogada.”

Infelizmente, percebi que nosso país está mergulhado num caos legal. O Código Civil data de 1916, o Penal de 1941. Mulher adúltera ainda é considerada criminosa aos olhos da lei. Haja mulher criminosa nesta lei retrógrada! A Constituição de 1988 é até muito boa, mas se perde em seus intermináveis dispositivos e na falta de respeito da sociedade. As ditaduras das liminares e das medidas provisórias, vêm ultrajando nossas leis, deixando país por vezes ingovernável. O Judiciário carece de juizes justos, de advogados que sejam fiéis ao espírito das leis e de uma OAB mais representativa. A população está insatisfeita e descrente com tanta morosidade. Que loucura, meus Deus!!! Logo, entrei para a faculdade de Jornalismo, que concluirei ano que vem. O mundo das letras me fascina, o poder da palavra é impressionantemente enorme, voraz, faminto. Tão logo termine o curso, quero escrever uma coluna, fazer grandes entrevistas, conhecer novos lugares e saber transmitir meus conhecimentos. Estou investindo também em meu programa de TV. Minha relação com a câmera é muito forte, intensa, consigo passar para o telespectador a

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mensagem que quero. Não tenho a menor inibição; adoro perguntar, descobrir, explorar, conhecer... O formato é de um programa de entrevistas nada convencional, pois eu também não sou nada convencional. Através da conversa informal, que deixa o entrevistado mais à vontade, vou trazer fatos novos, declarações surpreendentes. Quero tirar do entrevistado até mesmo o que ele não sabia a respeito de si próprio. Gravei alguns pilotos com algumas personalidades, como os bailarinos do Ballet Bolshoi, o professor Ivo Pitanguy, o campeão Emerson Fittipaldi, a atriz Myriam Rios, Tony Marques, Paulo Ricardo, Lucinha Araújo, Ricardo Amaral, Arnaldo Nisquier, Arthur Xexéo, Carla Camurati, Flávia Quaresma, Renato Gaúcho, Vera Loyola entre outros. Todos ficaram bem à vontade, inclusive eu. Converso naturalmente, como se estivesse em minha própria casa ou num restaurante. Não adianta querer ser o que não é. O processo deve ser natural, espontâneo, informal, verdadeiro. Dá para perceber que esse programa é a menina de meus olhos! Sou uma tradicional fã de eventos. Nasci festeira, com a vontade de celebrar a vida, os amigos, a família, a Natureza. Festa é sinônimo de gratidão. Gratidão a Deus por estarmos vivos, com saúde, com amor e paz no coração. Promover um evento é um exercício árduo de tentar passar ao máximo para as pessoas o significado da celebração. Antes de qualquer coisa, a festa é um motivo de reunir pessoas queridas e de fazer novas amizades. Como já contei, promovi a festa de lançamento do carro Citroën Xsara, no Copacabana Palace, Rio de Janeiro. A festa contava com a participação da top model Claudia Schiffer. Até do cabelo da Claudia eu tive que cuidar com a competente Maison Esmell. Uma amiga, Hildegard Angel, disse que as pessoas foram ao evento para me dar um beijo e não para ver a modelo alemã. Essa é a razão da comemoração: saudar a vida e os amigos. Quando esse clima de felicidade se instala, não há produto no mundo que consiga mídia melhor. Tenho uma firma com meu nome, especializada em promoção de eventos. Lançamentos, aniversários, shows, toda festa que promovo recebe um toque pessoal, inconfundível. O toque da satisfação. Quando decidi abrir a firma, procurei criar um diferencial, algo que a distinguisse das demais, que revelasse meu caráter e minha personalidade, sem, no entanto, tirar o brilho dos donos das festas. Pensei no perfil dos clientes, no pessoal que seria contratado para fazer a segurança, o buffet, nos manobristas, nos músicos, enfim, tive que listar um staff de estrelas que fariam a beleza dos eventos. Sempre me perguntam a receita de uma boa festa. Claro que existem ingredientes básicos, mas cada caso tem sua particularidade. E a principal é saber receber com grandeza. Os garçons devem estar sempre sorridentes e impecáveis, a comida quente e as bebidas sempre geladas, manobristas, atenciosos e cuidadosos, e a lista de convidados, eclética e divertida. Aliás, esse é o principal item de uma festa: os convidados. Devem ser de todos os tipos, salvo os inconvenientes.

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Tive uma experiência maravilhosa trabalhando nas campanhas de minha irmã, que está no quarto mandato de deputada estadual do Rio de Janeiro. Atualmente a Alice tem um programa aos domingos das 10 às 12 horas na Rádio Manchete AM. Gosto muito dos bastidores da política, da adrenalina que rola nos comícios, nas contagens de votos, nas pesquisas de opinião. Trabalhei conseguindo patrocínios, camisetas, contratando artistas para os comícios, conversando com os eleitores e formadores de opinião. A Internet foi uma grata contribuição para meus trabalhos: o mundo virtual é enorme, cheio de informações interessantes. É possível dar a volta ao mundo em questão de segundos!!! O governo tem que prover as escolas da rede pública com computadores, para que essa maravilha moderna chegue a todos. Minha prima Andréia Laplana arrumou um namorado via Internet e está muito feliz com ele. Parabéns para a Internet que ajuda os namorados a se conhecerem. Meu dia é muito movimentado, o trabalho me ocupa o tempo inteiro, mas quem não gosta de se dedicar a algo que dá prazer? Nas minhas horas livres, costumo navegar na Internet e ler bons livros, que sempre dão ótimas idéias. Reciclar é fundamental. Leia, informe-se. Trabalho há para todos os que se alimentam de cultura.

Faço o que amo. Todo sábado entrevisto personalidades no programa “Encontro com o primeiro time” da TVE “às 22:30h. com a direção dos talentosos Fernando e Fernanda Barbosa Lima, Maria Ângela Galvão e Nina Luz. Quem me convidou foi o meu amigo José Carlos Dias da Silva, e estou me realizando dividindo a telinha com o apresentador Ronalldo Rosas e meus amigos, o grande carnavalesco e psicólogo Milton Cunha e Micheline Thomé que me acompanha nos programas de televisão e nas viagens internacionais onde fazemos talassoterapia e cuidamos da beauté. Ela é minha conselheira de beleza . César Thomé e a Micheline são os síndicos do nosso prédio.

Viagens

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Entrar no avião nos dá uma sensação de liberdade, de ilusão, de sonho e de que algo de novo vai acontecer... Felicidade é estar em paz, viajar, entrar nas nuvens, sonhar, ter um amanhã, com seus desejos se concretizando, obtendo muitos sucessos, saúde e amor. Viajar é mergulhar na alma, no astral, na energia, nos delírios, com força positiva, sabedoria e humor. Conhecer novas culturas, vendo arte, vivendo os lugares com as pessoas locais, estabelecendo diálogos em suas próprias línguas. Aconselho a todos aprenderem línguas para que as viagens sejam mais interessantes. Quando entramos no avião, temos a sensação de liberdade, de desprendimento, de purificação, uma maneira de sair de uma certa forma do cárcere terrestre. Minha experiência nas ilhas gregas, no Mar Egeu, na Sardenha e em Bali me fez experimentar um pouco desse desejo de não voltar à terra, tal o sentimento de purificação que tive no oceano. Eu e Lisa Barros fomos convidadas por um amigo em comum para passarmos o réveillon nos EUA. Primeiro fomos para Las Vegas, num jato do nosso anfitrião. Era um avião fantástico, um Challenger para dezesseis passageiros, muito confortável, muito a vontade. Éramos seis ao todo. Prefiro omitir o nome dele porque foi uma amizade passageira da minha amiga, um mal entendido que quase se tornou um compromisso. Ela o evitou o tempo todo. No meio da viagem, ela disse para esse senhor de cinqüenta anos, “Eu particularmente não me caso nessa vida com quem não tenha afinidades.” Mas ele continuou a insistir perguntando, “Quando você vai casar comigo?” “Quando você ficar com essa cara.” Ela apontou para o telão que estava passando um filme estrelado por Brad Pitt. Ainda durante a viagem, eu e Lisa fomos fazendo a maior festa com as filhas dele, com os nossos outros amigos, até chegarmos em Las Vegas. Quando chegamos lá, fomos às compras, muita diversão. Quando estávamos entrando em uma Loja reconhecemos uma moça e falei, “Lisa, não é nossa amiga? Conhecemos aquela moça de algum lugar!” E indaguei, “Vem cá, não te conheço de algum lugar?” Era a Thalia Ariadna, atriz de novela mexicana, muito simpática, muito bonita pessoalmente, falamos com ela um pouco e saímos. Chegamos ao restaurante juntamente com outras amigas, e na hora de pagarmos a conta, o dono do restaurante disse, “Não, por termos belezas que nem vocês, merecem ganhar um almoço.” E não nos cobrou, ainda nos mandou champanhe, flores e bombons, além de nos convidar para sair, dizendo que mandava a limosine nos pegar, oferecendo helicóptero, o mundo. Não estávamos interessadas!

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Nessa viagem, a minha filha Catharina estava em Punta del Este com o pai e a da Lisa, com o dela também. Então, estávamos as duas tristes porque estávamos sem as filhas. Nós ligávamos muito para elas. Gastamos só de telefonemas de Los Angeles para Punta muitos dólares, mais do que a viagem inteira, com compras, com jogos no cassino, com tudo, foi o que saiu mais caro! E nós chorávamos, saíamos, nos divertíamos e quando chegávamos no hotel sentíamos saudades das filhonas. A noite do Reveillon nós passamos do Hotel Mirage, foi uma festa super legal, Lisa com um vestido maravilhoso do Versasse e eu, com um vestido fantástico da Maria Helena Lacerda, chiquérrimo. Fomos então, as duas, maravilhosas, felizes da vida e passamos um final de ano lindo de morrer. Depois do Ano Novo fomos para Nova York. Lá, decidimos permanecer e ficamos, só eu e Lisa, com mais algumas amigas. Daí começamos a sair, restaurantes, badalações e tal. Fazíamos o maior sucesso, éramos as bem-vindas de Nova York, quando chegávamos nos restaurantes, aqueles playboys todos nos chamávamos para sair, pagavam as contas, não sei porquê, devemos passar uma energia muito positiva!... Sempre que íamos ao Spark’s Steak-House, sempre ofereciam champagne e a conta nem pensar e a pessoa que pagava devia ser um puta mafioso que nem se identificava e a gente morria de curiosidade. Isso acontecia em vários lugares. Em Nova York conhecemos um mafioso maravilhoso, John de Lucca, lindo de morrer, esse ficou apaixonado por Lisa. Eu arrumava vários namorados, então para saber com qual eu ia sair naquela noite, anotava o nome dele com batom no espelho para não trocar os nomes, tinha uns pretendentes maravilhosos. Tinha um de dois metros, era um jogador de baiseball louro dos olhos azuis, foi esse quem eu elegi para ser meu namorado enquanto estava em Nova York e dispensei os outros candidatos. Era o máximo, eu com um jogador de baiseball famoso e ela namorando um jogador de hóquei. Então saíamos nós duas com dois jogadores famosos, o Jonh Berringhan e o Brian Nunen. Nós chegávamos nos restaurantes com eles e era um assédio de fãs, de mulheres nervosas porque estávamos super bem acompanhadas, nas melhores mesas... éramos tratadas como estrelas! Quando chegávamos tiravam as pessoas da mesa para sentarmos, era uma coisa! E os paparazzi nos focavam querendo saber quem eram as duas morenas que tinham chegado no recinto. Foi um sucesso!

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“Narcisa é uma pessoa que conheço há nove anos, uma pessoa autêntica, franca, linda por dentro e por fora. Uma pessoa maravilhosa! Ela é uma pessoa inesquecível. Você nunca deixa de lembrar porque ela se torna uma pessoa muito presente, porque ela é uma pessoa fantástica! Eu tenho pena de quem perde o seu afeto, amizade ou seu carinho. Ela é uma pessoa imprescindível na vida das pessoas.” Lisa Barros

Fui ao Japão três vezes. É uma delícia fazer massagem lá. O sushi é’ maravilhoso! Fiquei nos hotéis New Otani e Imperial. Peguei o Trem Bala, fui para Kyoto. Todas as cidadezinhas são lindas, super contemplativas, super meditativas, bem legal. Mas é muito trânsito, e o táxi tranca a porta atrás e muita gente não fala inglês... Fiquei tão nervosa uma vez, porque a porta do táxi demorou a abrir que resolvi saí pela janela da porta e esperei o taxista de fora do carro, minha irmã e eu. Hong Kong também é um show. Tem tudo muito barato para comprar, é um mix do oriente com o ocidente. Tem pobreza e muita riqueza. É muito avançado, tem todas as grifes, é fantástico, muito moderno, nem parece um país que vive há tanto tempo sob o domínio comunista. As comidas são excêntricas, imagine que até camarão vivo se come por lá. Hong Kong , aconteceu um fato interessante: eu e minha irmã displicentemente jogamos a passagem Hong Kong Nova York na lata do lixo achando que era um outro papel. Quando chegamos no hotel vimos que havíamos perdido as passagens. Resume de la histoire, tivemos que comprar outras passagens. Fui com o meu segundo marido para Bali. Fomos recebidos pela Dewi e Karina Soukarno, mulher e filha do ex-presidente da Indonésia. Fui para Jacarta também. Bali é o máximo, é super exótico, as casas são lindas. Os enterros em Bali são celebrações de vida, são comemorados como vida, com festa, com tudo. Então fui a vários enterros lindos, crianças em cima do caixão, tocando tambor, oferendas para o rei do céu, todo mundo dá

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muitos presentes, a família junta dinheiro para dar jóias, tecidos caros, roupas, budas, tudo. É lindo! Eles acreditam em reencarnação. Nunca vi um enterro ser tão animado. E fiquei espantada porque vi coisas como um garotinho em cima do caixão feliz da vida! Aqui no Brasil não tem isso, lá é uma cultura bem diferente. Altas ondas para surfistas, altas boites. Arquitetura com piscinas de águas pretas, o banheiro é para fora da casa, então você toma banho olhando para o céu, um pedaço do quarto dá para fora, a cama noutro lugar... É uma arquitetura muito exótica, muito esotérica também, então você sente que já esteve naquele lugar. Daí as montanhas que você visita, deixa a impressão que já se esteve lá em outras vidas. Você diz, “Já estive aqui, já conheço aqui!” Tudo eu tinha essa impressão. Ficava esperando o Caco surfar, um mar cheio de coral, as ondas muito grandes e ele não voltava nunca... Já ficava preocupadíssima de como eu ia voltar para o Brasil com um caixão com ele dentro, porque imaginava que ele tinha morrido no fundo do mar. Ele marcava uma hora e chegava três horas depois, mas tudo bem, graças a Deus não aconteceu nada. Quando a gente chega na praia tem dez massagistas a sua disposição. No primeiro dia você compra todas as saídas de praia, todas as cangas lindas, aqueles panos balineses, bonecas, você faz trancinha. O Caco tinha um secretário para carregar a prancha, outro para calçar o sapato de borracha para não se machucar nos corais. Eu tinha quatro secretárias! Depois não queria mais ninguém! Mas me sentia o máximo, me sentia uma rainha! Com o tempo já não agüentava mais dez mulheres me tocando, fazendo massagem, queria estar sozinha! E elas eram baratíssimas, tudo muito barato. A suíte em que estávamos hospedados, no Hotel Bali Oberói, tinha uma piscina privada dentro e o banheiro saía para um lado da suíte. Então você ia ao banheiro olhando para o céu, e tomava banho numa super jacuse ao ar livre e de quebra um presente da lua cheia. E tinha também um jardim com muita planta, muita orquídea, uma beleza! Singapura é um tigre asiático. Os hotéis são tipo Maksoud, mas dez vezes maiores. Lá se come muito bem, tudo internacional, os táxis são jaguares, as pessoas são educadíssimas, finíssimas. Mais tarde, você descobre que é um regime muito autoritário, tem pena de morte. Mas é tudo muito civilizado, não tem assalto, não tem criminalidade. Singapura é considerado um país de primeiro mundo. E tem o melhor ritual para comer o famoso peking duck. Bankok é uma cidade linda, considerada uma cidade bem louca, bem divertida. Tem casas noturnas maravilhosas, tem prostitutas lindíssimas e elas fazem tudo. Nos shows que fui ver nas boates, elas tomam coca-cola e fumam pela vagina. Elas tem corpos lindos e começam a se prostituir, em média, com quatorze anos. Se vendem por uma roupa cara do Gucci ou por uma viagem para Nova York, ou por roupas fashions de grifes e sabem

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fazer umas loucuras que ninguém saberia no mundo. Imagina, colocar uma garrafa de coca-cola dentro da vagina, tirar e depois tomar a coca-cola. Colocar uma bola de gude dentro da vagina e em seguida colocá-la para fora; fumar pela vagina etc... São prostituas incríveis! Fazem shows de dar água na boca. Uma loucura! Ao Hawaí fui com a minha irmã, foi o máximo, a gente se divertiu. Fomos quando morávamos em Nova York. Chegamos lá de madrugada, o maior visual. Pegamos um helicóptero e fomos para aquelas ilhas próximas, a ilha de Maui é linda, cheia de vulcão, é show! Comi muita macadamia nuts, andei muito de helicóptero, asa-delta, saltei de pára-quedas, amei, demais! Lindo de morrer o Hawaí, com altas ondas! Los Angeles é o glamour total, aquele Hotel Berverly Willshire, aqueles restaurantes como o Bistro Gardem com jardins dentro, onde você vê todos os artistas famosos de Hollywood, o restaurante Chin Chin que é muito aconchegante, e o Sky Bar e o Le Deux Café, as compras do Rodeo Drive são as melhores do mundo, além de encontrar estrelas por todos os lados: Jack Nicholson, Cindy Crawford, Julia Roberts etc. Tem o Hotel Península, que tem uma piscina no topo. Você pode até namorar nela por ser tão exclusiva. A melhor coisa é namorar nessa piscina dentro d’água e lá é especial. Também porque tem cabaninhas no topo do Península, onde você pode fechar a cabana e continuar namorando. Hotel cinco estrelas com Rols Royce. Nova York é a miniatura do mundo, cidade cosmopolita, the big apple, de todos os povos reunidos! Ela transmite energia, onde a gente não pare nem para dormir. É um coquetel aqui, uma festa ali, um shopping, um jantar Já fui à seis boates, sete festas por noite... muito programa, a limosine não pára nunca. De manhã acordo cedo e já vou para shoppings, almoços, andar no Central Park, andar na rua. Vou para todos os museus, Guggenhein, Metropolitan, galerias no Soho ver arte, vou para o Village, é um show! Tudo acontece lá, passeatas de gays, passeatas de lésbicas, passeata de mães de gays e lésbicas, passeatas contra o preconceito da Aids e outros, maratona... é uma cidade que não pára, moraria lá tranqüilamente, sou apaixonada por Nova York. Lá tem as melhores boates, tem boate Heavy, de Reggae, de negão, de gay, os melhores lugares. É show! É o máximo, eletrizante, choque no ar! Arquitetonicamente, monumentalmente, acho Paris a cidade mais bonita do mundo. Tem o museu do Picasso, cheia de galerias de arte, a pirâmide nova do Louvre, o Arco do Triunfo, Praça de L’Étoile, todos esses lugares... Come-se super bem, boates, é o máximo. Só que francês é muito

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maçante, mas fora isso, Paris é sempre Paris. Avenue Montaigne, as melhores lojas, as melhores grifes, qualquer lugarzinho, por pior que seja, você sempre come bem, tudo é muito bom, comida maravilhosa, croissant maravilhoso, o melhor italiano que é o Strezza, e o melhor foie gras que você come no L”Ami Louis (Bastille), o melhor croque monsieur do mundo é o do Bar des Theatre, na Avenue Montaigne, que é barato e fica aberto a noite inteira. cidade muito cultural... Aquele Jardin de Toulipes, monumentalmente é a cidade mais linda do mundo. Londres é tudo civilizado, todo mundo tem horário, é todo mundo bem britânico. É lindo o Hyde Park em frente ao Hotel Dodcherster, que é o melhor hotel do mundo para mim. Fiquei hospedada lá quando tinha nove anos com minha família e me lembro que não queria sair da cama de tão boa que era, me afundava na cama com dez travesseiros para cada pessoa, aqueles edredons de reis e rainhas de penas de ganso, esse hotel é fantástico! Também abria a enorme banheira e não queria sair mais da água. Amo comprar no shopping Harrods, do namorado da Lady Di, que morreu junto com ela, adoro ir lá. Adoro jantar no Nobu japonês de Londres, adoro ir no Club Anabells, tão falado por Jeff Thomas. Enfim, tenho amigos lá. E adoro o campo de Londres! Os palácio de Londres são lindos! Roma tem a minha amiga Francesca. Todo mundo paquera todo mundo, paga teu almoço, te manda flores no restaurante. Tem um hotel maravilhoso em frente à Piazza di Spagna, com vista para a Piazza, muitas lojinhas na Paizza, compras. Tem também a Capela Sistina que é maravilhosa, Igreja São Pedro, ver o Papa, rezar muito, uma cidade muito antiga, muito bonita. É um povo muito quente, muito latino, os italianos são muito simpáticos e agradáveis, rola muita paquera naquela cidade, muita ação. O hotel que gosto de ficar em Roma é o Hasler, em frente à Piazza de España. Tem Genéve também que é legal, bonita, altas montanhas, a maior paz, tenho amigos lá. Saint Tropez é a casa do Tony Murray, o Hotel Byblos, em Monte Carlo, é ir para a boate Paradise, o Jimm’s que abre o teto da boite e você vê o céu, metade da boate é de vidro, no verão abre, é muito bonita e sofisticada e muito cara também, uma garrafa de uísque ou de champanhe custa quinhentos dólares, é tudo assim, uma fortuna. Saint Tropez tem as praias lindas, em frente a Praia, tem um restaurante Voile Rouge que se come muito bem, muito legal que tem um barman louco que faz os melhores drinques da cidade, os árabes, europeus fazem guerra de champanhe, jogam champanhe cristal rosé em todo mundo, todo mundo é brindado com champanhe na cabeça, amo ver aquela loucura! E de madrugada nas boates em Saint Tropez, em frente ao porto, onde estão

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os grandes barcos, depois da boate do Byblos, La Cave de Roi, vamos para a boate do Porto para emendar e tem guerra de champanhe, eu adoro ver aqueles ricos fazendo guerra de champanhe. Tem também o Club Cinquente Cinc, que também é em frente à praia em Saint Tropez, só vai gente bonita e é movimentado. Sardenha é o mar mais bonito do mundo. Só tem gente bonita, o Hotel Cala di Volpi, se vê os iates mais lindos do mundo, chega ser ridículo as pessoas disputando para ver a grandeza de seus barcos. Isso é hilário, fora o show ter barco maior ou menor é irrelevante. “Fulano de tal tem o barco tal, ciclano tem o barco tal, quem tem o barco maior?”, um papo cheio de banalidades. Tem a boate Sottovento, uma boate louquíssima, agora tem o lugar Billionaire, um nome meio cafona, mas é uma boate com restaurante que só vai billionaire mesmo. Tem o Hotel Petrise com barcos lindos, gente lindíssima de todos os lugares do mundo. Ilhas lindas com vegetação só de pedras, não tem essa beleza de Angra com mar, pedras e verde; é uma Angra mais sofisticada com barcos maiores, com muitos restaurantes internacionais, italianos, com boates, com shakes árabes, com galerias de lojas de jóias, com muito dinheiro, é isso. É um mar azul turquesa que você vê o fundo, muito show! É muito bonito para meditar lá. Fora a babaquice de quem tem o barco maior, vale a pena. Quando fui para Sardenha, quase na hora do embarque, não achava a chave do meu cofre e liguei para uma amiga super generosa, Cristina Gianini Gerdau que me emprestou uma caixa com brilhantes, relógios, todas as marcas de jóias, Bulgari... Quando minha mãe viu aquilo falou, “Devolve, devolve tudo.” Isto é um absurdo! Devolvi a metade e viajei imaginando a minha responsabilidade! Eu ia para os barcos, passeios e lojas agarrada com as jóias, e meus amigos diziam, “Que mulher milionária!” E não era nada meu, era tudo da Cristina, mas eu amei! Eu ia nadar e levava o saco de jóias para não sumir! Imagina o perigo se eu perdesse tudo, como iria repor para ela? Mas graças a Deus devolvi tudo intacto e ela me mostrou ser um ser humano muito especial, quem empresta um saco cheio de brilhantes e diamantes para uma outra amiga, só ela mesmo, porque ela é incomum. Desprendida! Caribe é fantástico! Fui para Aruba com a Theresa Collor. Nos divertimos muito, a convite do James e a Stella Rúbio, que são os dirigentes do CrediCard, foi ótimo. Foi um grupo simpático de amigos, Alexandre Araújo, Luana Piovani interessantes e divertidos. Jogamos no cassino, andamos de barco. É muito lindo lá, vale a pena, ainda mais bem acompanhada. O Amazonas é o pulmão do mundo, a oxigenação do mundo, é lindo! Fui a Parentins, a convite da Mazé , Ronaldo Tiradentes e Samuel Hanan, andei no barco do governador Amazonino, onde fui bem recebida.

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Mergulhei naquele rio com tartaruga, com tudo, todo mundo ficou com medo de algum bicho me pegar, mas nada aconteceu, graças a Deus, mergulhei, andei de jet-ski e ainda nadei com tartarugas enormes no rio Amazonas! O governador foi atencioso e depois ainda fui para Manaus, amei! Achei a Amazônia linda e vi que temos que preservá-la e lutar por ela porque é ela que faz os remédios, que dá a madeira... e o Samuel Hanan representa bem a vice-governança. Parentins Fui com minha amiga Nanã Gantois na festa do Boi, que é um grande carnaval no meio da selva e amamos. Para entrar no quarto do barco onde dormimos, uma tinha que sair. Nanã reclamava, ou as vuittons ou eu? Quando encontrei o Governador Amazonino Mendes pedi que ele me arrumasse um hotel que estava muito triste naquele mínimo quarto. E ele imediatamente nos colocou no melhor hotel da selva e nós inauguramos o hotel, ficando numa suite super confortável e depois voltamos de Lear-Jet. É claro que a festa do Boi foi inesquecível. Brasília Nova Capital Juscelino Kubitscheck, com a maior audácia, criatividade e competência, inaugurou a Capital no tempo previsto no dia 21 de abril de 1960. Presente a essa inauguração, meu pai então deputado federal, e já com apartamento montado em Brasília. Segundo minha mãe foi o maior espetáculo já visto. Holofotes cruzando os céus, ballet ao lar livre, enfim um verdadeiro conto de fadas. Ela disse que ate pensou que Juscelino não iria resistir a emoção de ver sua obra realizada. Não importa que questionem Brasília e ainda a questionam até hoje. O que importa é a criatividade da nova capital. Ninguém poderia imaginar 39 anos depois a cidade se tornaria uma realidade sócio-política-econômica, com a maior renda per capita do país . Grandes personagens da vida brasileira integram o fascínio de nossa capital: a embaixatriz Lúcia Flexa de Lima, os meus amigos Maria Pia e Priscila Venâncio, Liliana Roriz, Mary Lacerda, Cristiane Constatino, Vitor Foresti, Antônio Vitor de Sá Wanderley, Ana Cristina Kubitscheck, neta de Juscelino e mulher do megaconstrutor Paulo Octávio, o dono da VASP, Wagner Canhedo e até nosso tricampeão mundial de Fórmula I, Nelson Piquet. Tendo que enfrentar todas as dificuldades e a descrença até mesmo da maior parte de seus correligionários, Juscelino Kubitscheck foi em frente com sua criatividade e visão de estadista. Inaugurou uma cidade moderna, mais com a cara do terceiro milênio, que atendia a uma determinação

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estratégica de transferência da capital da República para o Centro-Oeste. Projetada pelos gênios da arquitetura Lúcio Costa e Oscar Niemeyer e vislumbrada por Dom Bosco, supunha-se que Brasília teria trezentos mil habitantes na virada do milênio. Está hoje com três milhões (se tivesse praia, teria dez milhões...). Depois que Juscelino passou a faixa presidencial ao seu sucessor, Jânio Quadros (que dizem ter sido uma figura “uisquizofrênica” – mistura de uísque com esquizofrenia – que passava boa parte do tempo no cineminha do Palácio da Alvorada vendo filme de faroeste e outros), Brasília chegou a ser ameaçada: o novo presidente pretendia esvaziar a capital. Quem a salvou do quase ostracismo foi o regime militar. Na época dos anos de chumbo, da guerrilha civil e dos protestos incansáveis, os donos do poder queriam mesmo era uma cidade distante, onde pudessem governar com tranqüilidade. Brasília preencheu todos os requisitos. Afinal, a Corte fica mais resguardada em Brasília. Mas isso demorou a se consolidar. Nem mesmo os embaixadores queriam deixar a Cidade Maravilhosa para ir morar no cerrado. O general Emílio Médici teve que baixar um decreto obrigando-os, em determinado prazo, a se estabelecer no Setor de Embaixada, que inclusive se tornou um ponto turístico da capital federal. Brasília tirou o glamour do Rio? Depende do que se entende por glamour. É poder, a liturgia dos poderosos, a efervescência das recepções do Itamaraty? Não cabe a ninguém discutir os méritos do Distrito Federal. Nem mesmo taxá-la de “Ilha da Fantasia”, se referindo ao paraíso dos corruptos. Ora, vale lembrar que Brasília um dia assistiu à entrada de uma bela mulher de maiô no salão principal do Palácio da Alvorada, onde o Presidente se reunia com seus ministros de Estado em grave momento de crise para exibir, orgulhosa, um long-play em vinil que havia ganho de presente, autografado por Frank Sinatra. Essa mesma senhora adorava sair escoltada por batedores e suas sirenes estridentes. Antes que me perguntem, trata-se de uma ex-primeira-dama . A Bahia é mística. Um lugar grande religiosidade, muita cultura. Gosto de ir a Praia de Itapuã, tenho amigos lá. A Capela da Negritude, os melhores músicos saem de lá, a musicalidade está toda lá, terra do Jorge Amado, do Caribé, do Calasães Neto, terra dos grandes artistas, dos grandes músicos, terra do Antônio Carlos Magalhães, que é um grande político, que reverencia a sua terra. Terra abençoada por Deus e bonita por natureza, que beleza! Isso é a Bahia. Com uma grande culinária, com acarajé e moquecas deliciosas, com o Teatro Castro Alves, homenagem ao nosso maior poeta, a Igreja do Bonfim... Tenho mania daquela fita do Bonfim porque dá muita sorte, sou baiana por natureza, amo a Bahia também, o Pelourinho, Porto Seguro, Arraial da Ajuda e tenho saudade do

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meu amigo Luiz Carlos Magalhães que até me convidou para entrar no seu partido e ser deputada federal pelo Rio. Aspen é o lugar que mais gosto de ficar. A Montanha Snow Mass, o Aspen Alps e o hotel Little Nells, que você já sai direto na pista de ski, são sem igual. Lá você encontra na pista de ski celebridades como o Jack Nicholson. É um lugar inesquecível! Adoro a neve. Só tem gente bonita, altos restaurantes, italianos, franceses, tem boates, é super cowboy e muito divertido! Recomendo para jantar e dançar o Caribu, que é toda decorada com animais. Tem cavalos viados e outros bichos . Gstaad Uma cidade que conserva o estilo arquitetônico do tipo suíço. As pistas de ski são ótimas. O melhor hotel é o Palace, que é muito elegante com a sua boite Gringo. Há outro hotel mais gostoso que é o Olden, onde servem a melhor raclete. Vocês podem ter a sorte de encontrar o Valentino jantando lá com um séquito de modelos lindos. Eu tive. Enfim, é uma cidade encantadora cada bofe que enlouquece qualquer ser humano com um mínimo de bom gosto. México Comecei tomando cafezinho para levantar as energias na Cidade do México com 3.000m de altura, que me deixou sufocada!!!!! Daqui irei a Oaxaca, lugar sagrado indígena, a onde tudo é arte e rodeado de colinas que escavadas guardam pirâmides astecas antigas, e conheci grandes artistas como Sérgio Hernández e Francisco Toledo. Visitei a cidade barroca espanhola colonial e visitarei Montalban e seus sítios arqueológicos e a famosa gigantesca e mais velha árvore de Tula onde me abraçarei nela. Somente o tronco tem 20m de largura. É um sonho, a altura equivalente a dez andares!!! Uma verdadeira Deusa da natureza. Vou abraça-la e receber sua energias, pois acredito na cura pelas árvores, não somente das árvores, como caminhar na geada da manhã, aonde você comunga com os anjos celestes e recebe a água dos anjos e da energia. Aí fui para Oaxaka ao nascer do sol com a minha anfitriã mexicana Alejandra Alemán. Cheguei neste lugar sublime, místico e iluminado por Deus. Sendo que sua grande riqueza é justamente a sua simplicidade, verdade, realidade, sol, luz e terra. Uma incrível criatividade existe neste lugar, povoado até hoje por 130 tribos de índios que costumam ser fieis as suas culturas e tradições. Tem árvore mais bonita do mundo, “árvore de Tule” que tem 300 anos, altura de um edifício de 15 andares. Ela é uma verdadeira Deusa. Eu abri a

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porta de proteção da árvore e fui abraçá-la para me energizar e as criancinhas que cuidavam da árvore não me deixava ficar em paz. No fim, perguntei à todas as essas crianças se elas queriam beijos e abraços. E acabei com 30 crianças caindo no chão com tanto beijo, abraço e amor. No dia seguinte, voltei para me energizar e distribuir doces e chocolates para retribuir aquele amor. Também em Oaxaca visitei a catedral, a Igreja de Santo Domingo e vários museus. Depois fui à galeria de artes mais famosa onde encontrei os pintores, Sérgio Hernández e Francisco Toledo. Imediatamente me tornei musa do Sérgio. E ele me fez um quadro lindo! Enquanto ele pintava minha amiga Alejandra, fui mudando o quadro, acrescentando a ele, coração com um ponto de interrogação dentro, sol, estrelas e lua. - Que musa exigente? Assim não é possível? Aí ele sacou tudo o que eu não tinha gostado do quadro e falou para eu ficar quieta, porque eu o estava levando a loucura. E ele resolveu tirar a minha boca para não exigir mais nada. E eu disse que quadro sem boca eu não aceitava. Como ele trabalhava com documento na tela, ele colocou um documento no lugar da boca e por cima pintou a minha boquinha maravilhosa e só assim ficamos amigos para sempre e ele ficou de me visitar no Brasil.

Perigos de Viagem!

Estão roubando e vendendo por uma fortuna órgãos: rins, coração, pulmões... Cuidado com o "Boa Noite, Cinderela"! Quem é rico, paga absurdos para não ficar na fila dos hospitais à espera de um doador, o que estimula o tráfico. Um amigo brasileiro saiu na noite de Buenos Aires, encontrando uma moça linda. Passaram a noite juntos. Quando acordou, estava na banheira, coberto de gelo. Sentindo uma forte dor nas costas, notou dois tubos no local dos rins. Olhou as paredes e viu um cartaz enorme, com os dizeres: "Não se mova! Se você quiser viver, chame a ambulância IMEDIATAMENTE!" Está até hoje esperando um transplante. Incrível os tempos em que vivemos e o inferno que está tomando conta do mundo. Temos que nos espiritualizar, pedir proteção a Deus e rezar muito!

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Um casal foi para um longo week-end em Istambul, capital da Turquia. Dando uma volta em um grande bazar, decidiram comprar um tapete. Os donos da loja convidaram-nos para um drink, a fim de festejar a compra. O homem, de uma hora para outra, desapareceu, deixando a mulher desesperada, procurando por ele. Passaram-se horas e nada. Os donos da loja supuseram que ele devia ter seguido as compras em outros lugares. A última esperança da mulher foi pedir socorro na Embaixada. Voltando ao hotel, confirmou o desaparecimento do marido. No quinto dia de sumiço, apareceu o bendito, com um relógio de ouro, elegantérrimo, vestido todo de Armani, porém se sentindo muito mal e não se lembrando de nada do que aconteceu durante esses quatro dias. Partiram para a Áustria, onde moram. Ele, mesmo sendo médico, não percebera a falta de um dos rins. Foi fazer exames e constatou que estava sem ele. Imaginem a perfeição da quadrilha e a técnica avançada de que se servem para extirpar órgãos e vendê-los a preços milionários aos que não querem aguardar na fila. Que loucura!!! Não aceite drogas em lugar nenhum. Mas tenha um cuidado redobrado em Bali e em Acapulco. O sujeito está de férias, se bronzeando nas praias maravilhosas. Chega uma moça nativa deslumbrante, oferece um baseado de maconha, o sujeito aceita, acha que pode relaxar, afinal, está de férias, enfim, entra na onda. Depois, a moça mostra o distintivo:

- Sou da polícia; esteja preso! - Mas você que me deu!

- Prove, então! Então, ou paga uma grana alta ou vai preso. Em Bali, este é o caso de vários surfistas brasileiros, que estão mofando atrás das grades por causa do flagrante armado.

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Gargalhadas ao Vento

Do Perigo Se Fez o Sorriso Ah! Sou cheia de ímpetos... Uma vez me joguei numa praia no meio de uma festa em Salvador com roupa, jóias e tudo. Outra vez, estava em Angra dos Reis, na ilha do Pitanguy e fui passear no helicóptero do Roberto Irineu Marinho. Com ele, o Hélcius Pitanguy, a Débora Olsoon e o piloto Malaguti.

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De repente eu e o Roberto ficamos fazendo alongamento do lado de fora do helicóptero. Daí, era para saltar, mas ninguém me avisou. Achei que o piloto fosse voar baixinho. Quando vi que o dono do helicóptero saltou achei estranho. O piloto não me viu e voou por montanhas e mais montanhas, morri de medo! Foi uma aventura James Bond mesmo. Acho que se fosse fazer um filme ganharia muito dinheiro, fui a doublé e artista porque fui muito bem nessa aventura! Daí o Hélcius me viu e vi o Roberto com a mão na cabeça. Achei estranho. Achei que alguma coisa errada tinha acontecido. E de repente o helicóptero voou muito alto em cima de uma montanha e eu me segurei com toda a força do mundo no ski do helicóptero para não morrer. Quando o piloto me viu me jogou no mar porque estava voando em cima de uma montanha de cinqüenta metros! Eu só via rocha, dizia, “Agora vou para o além ” Estava vendo aonde ia me jogar para não ficar aleijada. Para não me quebrar tanto. E via todos os meus amigos lá em baixo. Sentia que estavam meio atônitos. Falando uns aos outros , “Ai, meu Deus, a Narcisa, quem vai entregar o corpo?” Imagina que escândalo, Roberto Irineu entrega corpo da Narcisa. Ia ser Jornal nacional, no mínimo. E depois disso, eu estava com a minha amiga Débora que é modelo. Uma mulher séria. Ela é uma mulher de dois metros. Uma grande manequim internacional. Foi ela quem me viu pendurada e disse para o piloto. E voltou para perto do mar e eu saltei. Momentos depois, quando ela foi mergulhar, sentiu-se mal e eu a socorri. E já muito cansada o Hélcius veio nos ajudar. Então, um salvou a vida do outro. Foi uma experiência única. Um não deixou o outro morrer graças ao poder superior. Foi uma cena surrealista. Eu já estava rezando à Deus para me dar força e para não acontecer nada de errado. Depois fiquei ótima, queria mais! Não fiz nenhuma promessa. Não dava nem tempo de pensar. Quando se está no desespero você só pensa em Deus, na força e poder superior .

“Tem uma coisa nela que acho o maior barato. Nós estávamos no Copacabana Palace onde a Narcisa ia fazer uma repotagem para uma revista. Eram umas fotos sua com a Catharina. Aí a Catharina, na hora das fotos, resolveu ir brincar embaixo da mesa e o fotógrafo começou a ficar nervoso porque a Catharina não saía debaixo da mesa. “Sai, vem! Vem cá Catá!” Aí a Narcisa chegou e, “Não tem problema não, eu vou para baixo da mesa e você bate a foto da gente.” Achei o

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máximo! Normalmente as mães começam, “Minha filha sai, vem cá. Tem que tirar a foto.” Ela é super calma. Achei espontâneo, tão natural esse jeito dela, que é muito diferente das outras pessoas. Ela não cria complicações.” Thereza Ferrari, amiga gaúcha

Um Estranho Carnaval Convidei o Ivo Pitanguy para ir comigo a um baile de carnaval há muitos anos atrás. Eu com dois metros de balagandans na cabeça, convenci o amigo da nossa família, para irmos a um baile. Fomos primeiro jantar com a Gisella e o Ricardo Amaral. A Gisella na sua discreção não conseguiu esconder o seu espanto, pelo meu chapéu cheio de frutas já amadurecendo na minha cabeça. De lá, sugeri que fossemos conhecer o famoso baile de carnaval do Scala. Que surpresa! Que susto! Meu Deus, de repente uns seguranças enormes nos carregavam como criancinhas de berço, literalmente para atravessar a multidão. E mal conseguíamos nos mover. Foi um modo carnavalesco se nos saudar e logo nos trouxeram de volta, também nos braços. Na rua encontramos o querido Zózimo Barroso do Amaral, que infelizmente não está mais no nosso convívio. Zózimo exclamou: “Puxa Ivo, você vai nos deixar na noite que está apenas começando?” e indagou ainda mais, “Ivo, você vai continuar no carnaval?” Ivo respondeu: “Zózimo, carnaval é maravilhoso, mas eu vou para a neve e só volto daqui a dez anos, se voltar.” De suor e cansaço estávamos os dois inebriados e o carnaval no dia seguinte recomeça. Ivo não cumpriu a promessa. Reveillon e Carnaval: The GayPower Esta parte do meu livro dedico a queridos amigos, companheiros incansáveis de noites alegres, espirituosas e muito interessantes. Sempre me pergunto porque uma personalidade internacional e pública como George Michael tem coragem de enfrentar uma multinacional e se assumir “diferente” e outros, não. Ao longo de minhas andanças tenho procurado observar a “ fauna” social e dela tirar algum aprendizado. Os Gays muito me intrigam pois na maioria das vezes são bonitos e seduzem nós mulheres de forma implacável. Às vezes surpreendo algum amigo meu, supostamente hétero admirando embevecido a performance que na maioria das vezes o comportamento de um gay é.

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Houve um grande reveillon onde fui apresentada a um empresário e a sua noiva . Achei a roupa da jovem noiva um pouco pesada e senhoril. Em seguida fui apresentada a um belo rapaz de olhos azuis profundos e misteriosos e me apaixonei por ele. Jurava que tinha sido premiada com o melhor partido da noite. Num camarote da Marques de Sapucaí, cruzei novamente com os três e achei estranho o tempo ter passado e o triângulo permanecido. Foi no Sambódromo que outra estrela masculina do show bussines, objeto de desejo de todas as mulheres do mundo não se fez de rogado, agradeceu os aplausos femininos e bateu em retirada com um belo campeão de ginástica aeróbica de um Estado montanhoso do Brasil. Fiquei pensando que no exato momento em que todas as mulheres do planeta estavam se descabelando pelo sexy symbol ele estava se deleitando com o “bofe” no hotel 5 estrelas. Sei de fonte limpa que o amor durou 7 dias no Brasil e até hoje viagens para Mundo fazem parte do roteiro. Voltando ao triângulo, de triângulo não tem nada. A noiva era apenas fachada para esconder o “babado” entre o famoso e o lindo que eu achava que ia ser meu namorado. O aniversário do belo foi comemorado na mais famosa casa gay do Rio, presente do poderoso com direito a Gogoboy na entrada recebendo os 50 convidados e conduzindo-os ao mezanino, com brinde de champanhe e show poderoso de drag-queens. Vale a pena registrar os apaixonados beijos que me fizeram esquecer o noivado com a pobre moça. Com certeza de pobre ela não tem nada. Estou certa que a moça sabia de tudo e participava apenas de um divertidíssimo jogo de sedução, poder e luxo do tipo quem é quem. Se vocês me perguntarem onde está o Wally? Eu respondo rápido: Wally está na liberdade das pessoas poderem ser o que elas quiserem. Ninguém deve ser obrigado a interpretar um papel social que não queira. Nesta virada de milênio que o homem abra seu espírito para as infinitas possibilidades de cada um ser o que lhe fizer feliz e estar resolvido com o seus desejos sexuais. Politicamente incorreta Sou dona do meu nariz e muito rápida nas conclusões. Sou intuitiva, não tenho medo de expressar minhas opiniões e sei que as vezes elas são desconsertantes. Por exemplo, no dia em que descobri que os gays usavam um creme chamado KY para relações anais, melhor explicando, um lubrificante intimo para facilitar a penetração, me apaixonei perdidamente pelo nome da pomada e não parei de repeti dias para todos os que eu encontrava: use KY, compre KY, KY vai resolver seu problema. O maior sucesso eu fiz com minhas empregadas na cozinha, quando ligamos para a farmácia para encomendar. Foi quando conclui: “se não está conseguindo pela frente vai por trás mesmo. Na gravação do programa “Encontro com o primeiro time” na TVE Sábado as 22:30h, não me fiz de rogada enquanto alguns intelectuais não paravam de elogiar Fidel Castro, disparei a bomba: ele

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é um grande ditador, enquanto a chef de cousine dissertava sobre a buchada de bode que o Presidente FHC, comeu no interior do nordeste para conquistar mais votos de campanha, conclui: Ele deve ter vomitado tudo! Dever ser por isso que alguns me acham acelerada, mas eu tenho a minha loucura que é sempre ser verdadeira. Boa Carioca Como boa carioca, vai aqui uma dica para quem quer “respirar” o estilo de vida do Rio de Janeiro sem cair na cilada de programa de índio para turistas: dê um jeito de chegar até o Largo dos Guimarães, no alto de Santa Teresa. É só partir da rua Alice em Laranjeiras, e em 5 minutos você estará lá. Lá chegando, relaxe e escolha uma das cantinas, ou botecos, ou “Sushi-Houses” das charmosíssimas ruas de paralelepípedos onde o ar é sempre fresco. Tome um vinho de caneca (ou algo com teor etílico) e dê uma olhada nos vários ateliers de artistas das redondezas. Quando estiver “calibrado”, crie coragem e acredite que o melhor ainda está por vir: vá até os trilhos! A estação do bondinho é bem no Largo. Tome o que vai na direção dos Arcos da Lapa. É um passeio inesquecível de 10 minutos por ruas estreitas com mansões antigas abandonadas e cheias de histórias mal assombradas. É aí que você desliza sobre o maravilhoso aqueduto, tendo o Largo da Lapa a seus pés. É uma visão dos deuses. Ao chegar na estação final da linha olhe as fotos do Rio Antigo e deslumbre-se com a Catedral da Cidade, obra prima do grande Niemayer. Aconselho subir a Pedra do Arpoador e meditar lá em cima no sofá da Hebe que é como os gays chamam. Passem no Jardim Botânico onde tem as árvores mais lindas do mundo abrace-as e faça um pedido e visitem o Parque Lage. Conheçam a praia do Pepê na Barra para ver a gataria. Peguem um barco e visitem a Ilhas Cagarras e helicóptero para voar em frente ao Corcovado e fazer badalos. É um show!!! Rápido! Luz! Na festa do Costão do Santinho, em Florianópolis, lá pelas 2h me recolhi ao meu apartamento. E na hora das despedidas parecia que um séquito de súditos queria me acompanhar para eu não me retirar sozinha. E assim que cheguei ao apartamento faltou luz. E eu comecei a gritar por Gïlmar Chaves, meu amigo poeta, que estava hospedado no apartamento vizinho: “Poeta! Poeta! Rápido! Luz! Luz!” E o poeta saiu nas carreiras atrás do serviço do hotel pensando que tinha alguém no meu quarto. E chegou com vela e tudo. No dia seguinte foi um assunto só esse acontecimento. Rimos muito!!!

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No Ônibus Com Ana Cristina e Bruno Uma vez fui caminhar em companhia de Bruno Astuto e de Ana Cristina Monteiro de Carvalho, do Chopin até o fim do Leblon. Entretanto, nos cansamos logo no Arpoador, tomamos uma água de coco e o Bruno quis pegar um táxi.

- Não, Bruno, vamos de ônibus! - O quê, Narcisa? De ônibus? Indagou Bruno espantado. Senti também a expressão de desespero da Ana Cristina. - Ai, Narcisa, de ônibus eu não vou não. Afirmou hesitante Ana Cristina. - Então vai me dizer que nunca andou de ônibus, Ana? - No Brasil, não. - Então está na hora. Não vai ter assalto! Até o ponto, Ana Cristina descreveu todos os perigos de tomar um coletivo,

na vã esperança de me dissuadir daquele “impropério”. Não teve jeito. Lá estávamos nós diante do ônibus na Nossa Senhora de Copacabana, atrás do Cassino Atlântico. Ana Cristina, obviamente, pensou que a entrada fosse pela frente, bateu a mão no banco diversas vezes antes de se sentar e quase teve um enfarte quando saquei da bolsa o celular para contar a uma amiga a façanha (naquela época, celular era a novidade do momento):

- Você não vai acreditar: estou com a Ana Cristina e o Bruno num ônibus. Acredito que esta não foi a última vez em que eles andaram de carro, avião ou

helicóptero.

“Narcisa não perde tempo falando mal do outro; chega até a cortar esse tipo de conversa. Adora as filhas, vai ao parque de diversões correndo para alcançar a montanha-russa, pula de felicidade, quase chora se vê uma criança mendicante. Uma mulher cheia de emoções que pulsam e saltam no brilho de seus olhos. Não sabe conter o sorriso, muito menos as lágrimas. Negar-lhe algo é um exercício de auto-superação. Meus dias não saberiam distinguir a luz do sol se eu simplesmente não pudesse escutar sua voz. É reconfortante ser amigo da Narcisa .”

Bruno Astuto

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Perdidos Em São Gonçalo Uma bela noite de sábado, o meu motorista foi chamar o Bruno Astuto

para irmos ao apartamento da minha irmã. Para muitos, seria esse um programa de índio, mas eu sempre adorei os comícios da minha irmã. Na casa dela, todos marcaram o local do comício. Eu e o Bruno fomos em carros separados. Eu com um amigo e ele com o meu motorista, cada qual munido de seu celular. As ruas escuras, sem sinalização e mal iluminadas de São Gonçalo são um convite a ficar perdido. Pelo celular, fiquei brincando de gato e rato com o Bruno, tentando nos encontrar. Quando isso aconteceu, por um verdadeiro e indubitável acaso, perguntamos a um transeunte onde era o comício de Alice Tamborindeguy. Ele indicou um lugar no outro lado da cidade. Quando finalmente achamos o local, minha irmã já estava se despedindo dos eleitores e passei o resto da noite levando bronca da minha mãe.

O evento é bem profissional levando shows para diversos bairros e as mensagens da Alice sendo sempre um sucesso total Com Elimar Santos presente dando sorte e prestigiando.

E também Raça Negra e vários outros.

Carro e hot dog No último ano em que fiz uso de álcool e drogas, comecei a sair praticamente todas as noites. Durante o dia com o Bruno, estudávamos, praticávamos o francês, enfim, o de sempre, mas, à noite, bebíamos champanhe e whisky nas festas ou até mesmo em casa. Numa dessas noites, quase morremos. A bebida não fazia um efeito em mim, de modo que alguma lucidez restava em minha cabeça. Pegamos o carro até o Hippopótamus, dançamos três músicas e voltamos para casa. Naquele estado. Decidimos então que Bruno daria as indicações necessárias para mim: - Esquerda..., Narcisa. Direita...., Narcisa. O sinal está vermelho.... Diminuuuuuiii... Pode andar...., está verde agora. Tenho certeza de que Deus nos levou até em casa. Duas horas depois, refeitos da embriaguez e da aventura, fizemos nosso prato preferido: cachorro-quente com lingüiça de frango e mostarda de Dijon. Para beber, água de coco, claro.

Garçons na faculdade O professor de Radiojornalismo da faculdade, Dylmo Elias, convocou os alunos a prestarem uma singela homenagem ao imortal Tobias Pinheiro, Presidente da Academia carioca de Letras e um dos maiores poetas deste país. Ele escreveu livros que eu gosto muito, entre eles, O Menino do Bandolim e Marcas da Luz. O poeta Tobias iria encerrar as aulas daquele período. Combinou-se então que eu me encarregaria de trazer uns

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salgadinhos e Coca-cola para a pequena festinha da turma de nove alunos. No mesmo dia recebi seu telefonema-convite para assistir à palestra do imortal. Quando entrei em sua sala de aula, já estavam em cena: Karmmita Medeiros, Sebastião Lacerda (dono da Nova Aguilar), Paula Severiano Ribeiro, Catharina, minha filha, com uma amiguinha, todos degustando um pequeno buffet da Casa dos Sabores, apreciando os imensos arranjos de flores do Copacabana Palace e três garçons circulando com refrigerantes, sucos e águas para os alunos e para os convidados. O imortal quase perdeu sua imortalidade, claro! Eu estava inconsolável pois o porteiro da faculdade não deixou subir o champanhe e o whisky – quanta vileza! O inconsolável durou pouco e a noite terminou com muitos autógrafos no livro que Tobias estava lançando. Piruetas Festa de Catharina no Caesar Park com tema de Pocahontas. O Tout-Rio estava lá com sua prole. Era o primeiro aniversário da minha filha comigo e o pai dela, separados. Os flashes pipocando e a Catharina, como sempre, pulando de lá para cá. Dá dois beijinhos, recebe o presente, abre e volta para brincar, o que faz muito bem, diga-se de passagem. O animador tentava desesperadamente controlar a gritaria e entreter as crianças com qualquer coisa que justificasse sua contratação. E eis que surge a sugestão: “Vamos fazer ginástica com o papai e a mamãe da Catharina?” “Vaaaaaamooooos!!!!” Tudo começou com um leve polichinelo – riso geral da platéia de pais. Para o deleite das crianças. Então resolvi roubar a cena: dei três estrelas seguidas e depois mais duas. Óculos, colar, tudo caiu no chão, além da bainha do vestido ter parado na cabeça. Nunca se riu tanto. As crianças pediam bis,! E o cochicho geral era: “Quem tem uma mãe assim não precisa de animador.”

Piloto de táxi aéreo Numa dessas incursões pela Internet, conheci um charmoso piloto de táxi aéreo chamado Hugo. Mandou-me fotos, abriu seu coração, mas jamais soube quem eu era. Criei personagens louquíssimos que movimentaram sua vida amorosa por semanas. Eu era uma francesa, uma adolescente apaixonada, uma intelectual, entre outras coisas. Hugo me confidenciava que estava apaixonado por mim. Quando não soube mais como lidar com aquela bagunça de nomes e personalidades, desisti de entrar em salas de bate-papo virtuais, deixando Hugo inconsolável. Certo dia, chegou um e-mail de Hugo para mim. Descobrira a farsa e me maldisse para o resto de sua vida. Descupe a intromissão.

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Iara Na festa do Costão do Santinho, em Florianópolis, dei uma gafe daquelas de enfurnar a gente por dias no quarto de tanta vergonha: A Iara Baugarten, que é linda de morrer, maravilhosa, estava acompanhada de seu marido. Na hora das despedidas, achei que ela estava com um rapaz e indaguei, “É seu filho?” E quando olhei para o rapaz, percebi que tinha mais idade. Que gafe! Uma mulher tão bonita, uma empresária tão vaidosa, realmente foi uma gafe. Com isso aprendi a não perguntar nunca mais sobre com quem se está acompanhado. Fortaleza Chegamos eu, Catharina, a Luana Piovani e a Marcela Peixoto no aeroporto para uma viagem à Fortaleza. Mas quando deu-se a hora do embarque, nos chamaram muitas vezes, mas estávamos tão distraídas que perdemos o vôo. As malas foram e nós ficamos. Fiquei hospedada na casa do Grendene e fomos cicereoneados pelo Lázaro Medeiros e aproveitamos para ir conhecer no avião do Alexandre a ilha de Fernando de Noronha, até golfinho a gente viu. O mar e transparente turqueza. Amo o mar!!!! Paquera Uma vez estava no meu apartamento um super fã meu, de São Paulo, que estava fazendo de tudo para me conquistar. Aí a minha filha, Catharina, queria possuir um cachorro e eu dizia que não dava porque um cachorro num apartamento não combinava. Aí, o meu paquera foi para o chão e começou a latir, a brincar que era um cachorro e a Catharina dizia, “Ah, não vale! Cachorro assim eu não quero.” E ele ficava de quatro latindo, latindo, e já estava morrendo de cansaço de tanto latir. Gostei tanto da solidariedade dele que também resolvi fazer um pedido, “Ah, faz monstro agora!” Plástica Paulinho Müller, cirurgião plástico, tem uma técnica nova para tirar estrias, e eu, como gosto de experimentar o novo quis fazer na hora. Então o Paulinho pediu que eu me deitasse e começou a fazer o tratamento com uma agulhazinha. E olhei para ele e disse assim, “Ai como dói este tratamento. E ele me respondeu, “Ah, Narcisa, o ideal é que você estivesse dormindo!” “Ah, então vai lá em casa hoje a noite, quando eu estiver dormindo! Você passa a noite inteira fazendo isso em mim e vou acordar linda!”

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Cachê Uma noite saindo de uma festa em Porto Alegre, eu estava com o Caco, a Mariana prima dele, que é linda, maravilhosa, especial, divina, uma estrela iluminada, e com mais umas pessoas do Rio. Na hora da saída, o Caco demorou, como sempre e estávamos na rua, passando o maior frio, esperando por ele. Aí eu falei para a Santa Mariana, “Por favor, vai lá dentro e pergunta qual é o preço das mulheres? porque eu estou cansada de esperar e quero ir dormir, diz para ele vir logo. Paga para mim, por favor.” E ela com a sua eficiência resolveu o assunto na hora.

UM FRANCÊS POLITICAMENTE CORRETO Quando fui apresentada ao presidente da Citroen, Sérgio Habib, no Brasil, tivemos a seguinte conversa: EU – Você fuma? ELE – Não EU – Você bebe? ELE – Não EU – Você joga? ELE – Não EU – Ah, mas sexo você faz, não é? Ele arregalou os olhos e sorriu ..... NO MAKSOUD Fui convidada para um jantar no Hotel Maksoud, em São Paulo. Fui apresentada a um comandante da aviação. Conversei horas com ele, como se ele fosse da Varig. Perguntava coisas e ele com o maior senso de humor, respondia tudo. No final do jantar, uma amiga me contou que ele era o Rollin, da TAM. Que delícia. Ele curtiu nosso papo a noite inteira.

Faculdade da Cidade Imagina que na aula de jornalismo do professor Célio Campos, fui tema de uma prova. Todos os alunos da classe entrevistaram-me e depois entregaram uma matéria sobre mim. Fiquei emocionada quando li as 50 provas da classe sobre minha pessoa . Senti-me

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prestigiada pelo professor e pelos meus colegas . Guardo essas provas com muito carinho. Tocaram meu coração!

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Bom Gosto

Não Se Discute Para mim, elegante é você ser simples, natural, espontânea, de bem com a vida.

O que é elegância? A pessoa elegante é simples, natural, espontânea. Não tão espontânea quanto eu, pois nunca soube acertar na dose e me machuquei muito pour cause. Ter bom gosto é passar sempre energia positiva, saber vestir-se de vida, de novas ações, não se perder na rotina, mas sim embaraçar-se com ela. A roupa deve seguir o modelo clássico, deve-se ter sempre um blazer à mão. Roupa amarrada é tão ridículo e cafona quanto a cor roxa e a vulgaridade de uma bunda apertada. Tem que ser soltinha, sempre se vestindo um ponto a menos do que pede a ocasião. Vestido ou tailleur, de preferência. Um dia, acordamos casuais; outro, executivas. A vida é assim mesmo: gostar de uma única coisa pode evidenciar nossas limitações. É chique ter poder de escolha, ainda que optemos pelo mais simples. Aí é mais chique ainda!!! O sofisticado não é a grife, mas a simplicidade como lidamos com ela.

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Grife Grife já era! A elegância independe do dinheiro ou da classe social . A elegância nasce com a pessoa. Bom é usar aquilo que você realmente gosta, o que fica confortável em você; não importa de quem seja. Grife é o seu nome, sua identidade, sua atitude, sua categoria, sua classe ... Bacardi e guaraná. Tenho, claro, minhas preferências: a Loja Laís além de ser da minha tia preferida é a melhor de Copacabana, Frankie Amaury, Maison Twiggy, Daslu e Bazar Fashion e a Marcia Pinheiro que depois da viagem mística de Santiago de Compostela resolveu comercializar roupas próprias e das amigas em um bazar interessante e divertido. As grifes me irritam. A minha moda é própria. Só uso o que gosto. Muito antes de escolher uma roupa, me pergunto qual o meu estado de espírito. Sem estar bem consigo mesma nenhuma mulher pode se sentir elegante. Jóias Certa vez, eu e a Verônica Castiñera fomos à loja Bulgari de Nova York para ver as jóias maravilhosas desenhadas geométrica e futuristicamente, além das contar as pedras sem igual. Os vendedores demoraram tanto para trazer as bandejas com os modelos, que decidi explorar o lugar. Encontrei uma sala confortável, onde serviam capuccino, café expresso, salgadinhos e croissants chauds. Quando chegaram os vendedores, me encontraram não mais nessa sala VIP, mas no escritório do Mr. Bulgari, o dono da joalheria. Enquanto eles estavam loucos me procurando, eu estava, como sempre, muito bem, obrigada. Acabei não levando nada, pois gosto mesmo da Sara Jóias, no Rio de Janeiro, que tem desenhos sublimes e preços bem mais acessíveis e os melhores diamantes do mundo!

Sapatos Os da Chanel e os da Grendene são os únicos que caem bem nos meus pés. São confortáveis, de couro macio. Muitas pessoas se esquecem dos sapatos, acham que ninguém presta atenção, mas o cuidado que se tem com eles pode revelar uma pessoa que se preocupa com a elegância e com o bem estar.

Cosméticos

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Saint-Laurent e Chanel são meus preferidos. Aliás, tenho uma boa história com make-up para contar. Fui à Sak's de Nova York, comprar maquiagem. Trata-se de uma loja enorme, com todas as grandes marcas, que tem a vantagem de ser menos cheia que sua concorrente Bloomingdale's. Enquanto estava sendo maquiada, passou o homem mais sexy do mundo diante de meus olhos. Tive que abandonar a sessão de make-up (que seria para um almoço com Helcius Pitanguy e Madame Dewi Soekarno, mulher do ex-presidente da Indonésia, no Harry Cipriani), pois não podia perder a chance de conhecer aquela aparição. Saí correndo com o babador à procura do Apolo, que tomou o elevador. Eu também, claro. As vendedoras me seguiam com as compras pelo grande magasin. Fiquei muito amiga dele: houve um verdadeiro e recíproco coup de foudre, prova de que temos que ir atrás do que gostamos, porque o nosso está guardado. E vamos à luta!!!

Perfumes Tenho vários. É bom trocar a fragrância de vez em quando porque nosso olfato se acostuma ao cheiro e nos engana na hora de evitar exageros. O Gardênia Passionda Annick Goutal. Ele é o máximo. Como o Blonde, da Versace, o Pleasure, Beautiful da Estée Lauder e o Fracas, de Robert Piguet e agora o Happy de Clinique.e o perfume da maravilhosa Lady Di que é o Passion .

Chapéus De palha Panamá. The best!!!

Óculos Gucci, Chanel e Bulgari. Podem esconder ou seduzir. Importante é saber usar. Evite usá-los quando estiver falando com alguém. Os olhos são os porta-vozes da alma.

Relógios Bulgari, Rolex, Swatch, Vacheron Constantin e Patek Philippe. Meu pai usava os dois últimos, de platinas e chatos. Se está falando com alguém, nada de ficar olhando para o relógio, ainda que você esteja atrasado. Relaxe e finja que seu dia tem 30 horas.

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Carros Mercedes, Jaguar, Citroën e Subaru. Se tiver que blindar, socorro!!! Vinhos e whisky Não bebo. Pago essa penitência. Mas aconselho o Château Margaux 64, Château Lafitt Rotschild e Château Haut Brion, só para citar os melhores. E champagne Cristal rosée, Don Perignon e Renné Lalou, que você depois de beber você fazer vários vasos, de tão bonita que é a garrafa o melhor whisky é o Chivas e Ballantines.

Bebidas Água mineral e Coca Light são minhas preferidas. Água de coco para hidratar. Água da cachoeira para relaxar e se integrar à natureza! Gosto de ter sempre a mão um grande carregamento de água e coca light.

Pratos Adoro um bom filé grelhado com legumes. Comidas bem frugais, simples, sem molho. Não aprecio molhos; chego a ter uma certa repulsa . Prefiro tudo grelhado, bem saudável, bem a moda gaúcha. Aprecio peixe, cavaquinha, camarão, frango, lulas, muitos legumes, muitas saladas. Se peço uma comida e ela vem com muito molho, não como. Às vezes, tenho ataques de carnívora e gosto de uma violenta picanha com aipim frito.

Restaurantes No Rio de Janeiro: Gattopardo, Hipopotamus, Cipriani, do Copacabana Palace, Antiquarius, Margutta, de minha amiga Conceição. Esplanada Grill, Mediterrâneo, Academia da Cachaça da maravilhosa Renata Quinderé, Mariu’s, El Turfe e o People, para jantar e dançar. Em São Paulo: Fasano! Gero, Tambouille e o Leopoldo. Em Nova York: Mr. Chaw, Spark's (para carnes), Nobu, Le Cirque e o Harry Cipriani da Quinta Avenida. Em Paris: Lucas Carton, o italiano Strezza, o Bar du Théâtre, o Mr. Vong, o bistrô do hotel Plaza Athenée e o restaurante L’orangerie. Em Londres: Nobu Japonês e o Anna Bells.

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O melhor café e capuccino do Rio são o da Letras e Expressões , onde vou me deleitar com Philis Huber. No maior fluxo de veículos entre grandes metrópoles da América Latina, a via Dutra, encontra-se o melhor restaurante que se localiza na cidade de Roseira no Posto TAMBORINDEGUY a três horas do Rio de Janeiro. É como se fosse um OASIS em pleno asfalto. Lá, o cardápio é variadíssimo que agrada todos os gostos. Encontra-se vários tipos de souvenirs, um lindo mini mercado e loja de conveniência. Músicas ao vivo aos sábados com cantores populares. É o maior Restaurante e Posto da São Paulo-Rio, onde param a Viação Cometa, Itapemirim, Turismo e carros particulares. Se a Dutra tivesse uma história para contar, começaria com o saudoso dono da Viação Cometa Tito Masciolle e Mário Tamborindeguy. Hoje a viação Cometa tão bem administrada pelos filhos Felipe e Arthur Masciolle. Dança Ao som de jazz ou música clássica, é um espetáculo divino. Meus preferidos: no ballet clássico, o Balé Bolshoi, Ana Botafogo, Márcia Haydée, Mikail Barichinikov e Fernando Bujones; na dança contemporânea, a alemã Pina Bausch com o inesquecível ballet dos cravos, (Melken) . E, é claro, o flamenco do gato Joaquín Cortés .

Cinema Filmes com Jack Nicholson, especialmente Melhor é impossível, Al Pacino, em O advogado do diabo ele arrasou, e Robert De Niro são imperdíveis. Meus diretores favoritos são Almodóvar, Robert Altmann, Walter Salles Jr., Fábio e Bruno Barreto, Woody Allen. Filme inesquecível? Perfume de mulher, Um estranho no ninho, Titanic, O carteiro e o poeta, A vida é bela e Casablanca, Silêncio dos inocentes, Morango com chocolate, A casa dos espíritos e Romeu e Julieta, de Shakespeare, na versão de Zeffirelli . E como orientação espiritual, O pequeno Buda, com o bonitão Keanu Reeves. E para rir, Máfia no Divan com Roberto de Niro atuando como mafioso

Teatro Carmem de Bizet, divinamente interpretada por Maria Callas, O Fantasma da Ópera, que já vi cinco vezes na Broadway, Les Misérables, do Orient Express, Gata em Teto de Zinco Quente, com Vera Fischer. Do meu vídeo não sai o último show da Madonna. Teatral!

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E shows no Canecão. Onde sou recebida pela simpáticos Fátima e Zeca Priolli e Giovana e Mario Priolli, nas melhores mesas.

Livros Sou bastante eclética neste campo. Sigo o instinto, pergunto-me o que estou necessitando ler naquele momento. Afinal, o livro é um grande aliado, um bom companheiro. Gosto de Rose Marie Muraro, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade, Zuenir Ventura, Lu Lacerda, , Balzac, Mahado de Assis, Gabriel García Marques, Anna Sharpe Nelson Rodrigues. Minha razão de viver, de Samuel Wainer e Notícias de um seqüestro, de Gabriel Garcia Marques. Leio muito livros de auto-ajuda, como o "Amar não adoece" Dr. Marco Aurélio Dias da Silva, "Equilíbrio Emocional", "203 maneiras de enlouquecer um homem na cama", "Não faça tempestade em copo d'água" e "Conversando com Deus". Atualmente, estou envolvida com os pecados capitais: Gula, Inveja e Luxúria.

Artes Plásticas Gosto de René Proença, Antônio Peticov, Antônio Dias, Aldemir Martins, Ana Horta, João Manuel, Zeka Marques, Andy Warhol, Sylvinha Martins Niarchos, Tunga, Manabu Mabe, Sérgio Hernández, Francisco Toledo, Picasso, Van Gogh, Chagal, Toulouse-Lautrec, Velasquez, Salvador Dali, enfim, tudo o que é bonito e nos deixa extasiados... Renoir é meu preferido. Amaria ter um quadro seu! Sinto claridade, luz, expressão... Parece que entro no quadro e participo da cena. Porque são obras perfeitas! O Mabe fazia retratos de pessoas somente uma vez a cada dez anos. Fui premiada com um, que ocupa a parede principal de minha sala. Ele me eternizou com seus traços firmes e perfeitos. Saudades do gênio... A sGaleria que mais gosto é a Galeria São Paulo da Regina Boni e as do Soho em N.Y.

Música Música Popular Brasileira, claro!!! João Gilberto, Tom Jobim, Cazuza, Vinícius de Morais, Gilberto Gil, Gal Costa, Milton Nascimento, Simone, Rita Lee, Ney Matogrosso, Chico Buarque, Roberto Carlos, Paulo Ricardo, Caetano Veloso, , Elymar Santos, amigo da nossa família e sempre dá sorte nos comícios da Alice... Os internacionais: Frank Sinatra, Wolfgang Amadeus Mozart, Beethoven, Maria Callas, The Beatles, Steve Wonder,

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Rolling Stones, Madonna, Celine Dion, os três tenores (Plácido Domingo, José Carreras e Pavarotti) e sou funkeira. Minha música funk preferida é da furacão 2000 e adoro CD`s de música de passarinho e do mar para relaxar.

Carnaval Na avenida, vendo as escolas passarem. Quando desfilo, gosto de acenar para o meu povo, principalmente os garis que dão duro a noite toda. Sinto uma energia forte, pura e verdadeira. É um espetáculo mais bonito do que os da Broadway, porque tem a energia do povo brasileiro e quero mais é que o povão seja muito feliz. È no carnaval que esse povo maravilhoso realiza suas fantasias.

Escola de Samba Todas! Com carinho, a Caprichosos de Pilares, Mangueira, Mocidade, Beija Flor e União da Ilha com o bom gosto do grande carnavalesco Milton Cunha. Mas de tudo isso, gosto mesmo é de viver, experimentar cada dia como se fosse único! Arder. Cantar. Rimar. Sair fazendo belas coisas, amando e agradecendo por estar viva . Arregaçar a roupa e viver em paz com todos os gostos. Um detalhe: Quando o Ivo Pitanguy foi homenageado pela Caprichosos de Pilares, a minha maravilhosa amiga paraguaia Verônica Castiñera me ensinou a sambar minutos antes da escola entrar na Marquês de Sapucaí. E durante o desfile aconteceu um outro fato interessante. Um estrangeiro ficou indagando quem era aquela mulher vestida de Nefertite que todos os fotógrafos tanto se ocupavam ao invés de fotografarem a outras mulheres que estavam semi-nuas. Ao que responderam: “Está mulher que tanto é fotografada é a nossa des-lum-bran-te Narcisa!!!

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Porque todo mundo já deve ter roubado um pouquinho, seja de sentimento, de amor, de paz, de carinho, de atenção, de dinheiro... A vida é isso, tem que seguir em frente, levantar a cabeça, pensar no bem. A vida é a terceira lei de Newton: ação e reação.

Minha família é religiosa. Acreditamos e amamos a Deus sobre todas as coisas. Ao invés de só pedir, sabemos agradecer as graças concedidas, indo à igreja, rezando. Costumo levar meus amigos à igreja, quando vêm me pedir algum conselho, quando se mostram deprimidos e desesperados com algo. Quando sou eu que me encontro nessa situação, faço o mesmo. É um reconforto, uma sensação maravilhosa, o contato com Deus. Adoro freqüentar tanto a São Judas Tadeu no Rio, quanto a St. Patrick (na 5a Avenida de New York, no fundo da qual está a capela da Virgem Imaculada da Medalha Milagrosa, onde acendo muitas velas – ir a New York sem visitar essa Santa não vale nada), a da Medalha Milagrosa na

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Rue du Bac, em Paris, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida na Via Dutra, perto do nosso posto de gasolina e restaurante Roseira. Aliás, meu carro capotou em frente a essa igreja, todos voaram pela janela, menos eu. Beijei o asfalto, sentindo que foi Ela quem me protegeu. Gosto de ir à Basílica de São Pedro, no Vaticano e a Capela Sistina, um show de arte nos tetos, nos afrescos, por toda a parte. Sinto muita paz de espírito nesses ambientes. Agora, é fundamental que nós não fiquemos de braços cruzados esperando a boa vontade divina. Nosso Pai nos dá força, saúde, motivação, amor e liberdade para irmos à luta, buscar nossa felicidade, realizar nossos desejos. Mas se você não fizer nada por você, nada será possível. As pessoas costumam se gabar de seus sucessos. Pode ter orgulho? Pode sim, mas não se esqueça de agradecer a Deus, água benta e pretensão, cada um toma o que quer. Certa vez, minha irmã Alice fez uma promessa: se obtivesse aquela graça, subiria a escada da Igreja da Penha de joelhos. Não conheço ninguém que não tenha feito ao menos uma promessa na vida, mas que tenha cumprido... Pois bem: Alice colocou algodões amarrados no joelho e honrou seu compromisso. Deve ter sido duro, mas cumpriu duas vezes essa promessa. Mas quando se obtém um presente de Deus, nada é difícil para louvá-Lo. Qual seria a verdadeira fé? Certa vez me perguntaram minha religião. Sou devota de São Judas Tadeu, de Nossa Senhora Aparecida, rezo todo dia para minha Virgem Maria, o que faria de mim uma católica. Entretanto, tenho que confessar: minha verdadeira religião, meu grande credo é a força interior. Se você tem o coração preenchido com Deus, saberá se valorizar, ter confiança em seus próprios passos, não titubear nunca, tomar decisões, acreditar em seu potencial. Como conseguir essa segurança? Trabalhando, procurando fazer o bem para as pessoas, não perder tempo com mesquinharias, coisas pequenas, saber o verdadeiro valor de tudo. Minha mãe costuma dizer que quem controla as emoções tem o mundo! Isso não significa deixar de sentir ou ser uma pessoa fria, mas procurar dar a intensidade, a medida certa para cada situação, para cada experiência. Ainda estou tentando aproveitar essa lição mas é muito, muito difícil. Temos que confiar em nosso potencial. Não desisto nunca de mim. Quando coloco algo na cabeça, sai da frente!!! Quando estiver deprimido ou deprimida, mexa-se, vá caminhar, respire fundo, ore... Meu livro de cabeceira é a Bíblia. É ela que sempre me acompanha, que vigia o meu sono na minha mesinha de cabeceira. Tenho uma lista de preferidos, que, volta e meia, estou lendo e relendo: Conversando com Deus, de Neale Donald Walsch, Inteligência Emocional, de Daniel Goleman e Amar não adoece e "Não faça tempestade em copo d'água", que, aliás, o que eu mais faço na vida. São livros inteligentes, interessantes, que nos trazem idéias novas. Há muitos livros de auto-ajuda, mas poucos realmente dizem algo de novo. Assim, deve-se fazer uma boa seleção e se deleitar com essa literatura que veio para ficar.

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Gosto de missas animadas. São ótimas oportunidades de mostrar que louvar a Deus não é uma obrigação chata, mas uma alegria infinita, a realização da alma. A música, com sua linguagem compreensível e universal, transforma a fé em algo quotidiano na vida das pessoas, numa parte do dia-a-dia. Além disso, atrai os jovens para a igreja, recupera seu amor a Deus, à vida. As melhores missas são as celebradas com alegria e alto-astral pelo Padre Zeca. Parecem uma festa. Algumas orações para deixar seu dia mais alegre:

- Pai Nosso (a oração que Jesus nos ensinou) - Ave Maria (vamos louvar nossa Mãe querida) - "Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador. Se a ti me confiou a Piedade

Divina, sei que me reges, me guardas, me perdoas, me proteges e me iluminas. Amém."

- A Oração da Serenidade: "Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras." Ensinei minhas filhas a rezarem e a amar a Deus desde pequenas, assim como minha mãe me ensinou. Nada poderá abalá-las se Deus habitar seus corações! Nada! Com Deus me deito, com Deus me levanto, com a Divina Ave Maria do Espírito Santo.

A Política

Chega a um ponto o desrespeito no nosso país que não sabemos em quem mais confiar. Respeitar!

Fazer algo pelas pessoas me dá muito prazer. Essa é a essência da política. Não têm sentido um governo, um aparelho de Estado, uma hierarquização de poderes, sem que o bem comum seja o fim maior. Político bom é aquele que pensa no povo, que mantém contato permanente com os eleitores, que leva o compromisso que assumiu de representar as pessoas a sério, como uma questão moral e pessoal. Não entendo quem chega ao poder sem garra, sem coragem, sem ideal, sem gana de mudar, de contestar e denunciar o que estiver errado. Não me imagino política: gritaria tanto, cobraria tanto de todos que seria capaz de enlouquecer os colegas de plenário.

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Com essa inércia quase absoluta, nos habituamos a acompanhar tudo acabando em pizza em nosso país. O Brasil é, infelizmente, a maior pizzaria do mundo! Porque falam tanto do dinheiro das privatizações? E as que não foram feitas por interesses políticos? Por que vender a Vale do Rio Doce, a nossa galinha dos ovos de ouro, zinco, estanho? Foram para hospitais, escolas, segurança e infra-estrutura? Ou para a luxúria e megalomania de alguns poucos daqui e do exterior? Temos vários exemplos de escândalos político-finaceiros jamais solucionados: o das precatórias (onde vários estados emitiram sem qualquer amparo legal, títulos de dívida pública equivalentes a centenas de milhões de reais) e a ajuda absurda aos bancos falidos e desconhecidos salvos pelo PROER e por duvidosas manobras do Banco Central. Enquanto em outros países civilizados os escândalos normalmente envolvem milhões, no Brasil esse patamar sobe para dezenas de bilhões de dólares, sempre pagos pela viúva, ou seja, por nós. A aceleração do absurdo continua: CPI dos Bancos, do Judiciário (inacreditável a história de alguns juizes que acham dono do poder; acham que são deuses, quando na verdade são déspotas, que se julgam capazes de comprar jóias, carros e apartamentos caríssimos, sem provar a origem do dinheiro) e muitas outras que surgirão. Como advogada, fico estarrecida de ver o Judiciário sendo violentado dessa forma. O povo nem toma conhecimento dos escândalos... E as outras falcatruas bem sucedidas promovidas por uma elite e por políticos que sabem colocar uma máscara bem feita nas tramóias. Quem vai punir esses maus governantes. Os meios de comunicação na área do lazer são mestres em colocar o povo alienado nos assuntos políticos. Enquanto isso, comunidades carentes tiveram seu abastecimento de água cortado por pequenos atrasos de pagamento. Nós é que deveríamos ter cortado a água da casa dos dirigentes da CEDAE, para que, de uma vez por todas, aprendam a cumprir seus deveres básicos. Existem só três soluções para tudo isso: educação, educação e educação. A partir disso, um outro escândalo. Talvez, o mais sério: o quase completo descaso e a indiferença com o ensino público. O salário de fome dos professores me causa pânico. Pânico!!! Alunos e professores sem motivação não constróem um futuro melhor. Graças a Deus, ainda temos alguns poucos políticos que colocam a humanidade acima de qualquer vaidade, procurando uma justiça social para a população carente. Sonho com uma nova geração que transforme com garra e determinação o Brasil em um país mais igualitário, fraterno, solidário e justo. A Mulher na Política

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Coitadas das épocas que não aproveitaram as idéias magníficas das mulheres. Somos muito mais sensíveis; sabemos detectar e relacionar os problemas com mais sabedoria e menos arrogância. Infelizmente, poucos são os que percebem essa realidade inquestionável. As mulheres podem agregar mais amor e sensibilidade ao processo da res publica . Temos que conquistar cada vez mais espaço nesse "Clube dos Bolinhas" político-empresarial que nem sempre é o mais competente. Para tanto, não podemos nos conformar com a predominância de engravatados no Congresso Nacional. Sou a favor sim da obrigatoriedade de um percentual de mulheres no Parlamento para implementar uma visão mais feminina, ecológica e equilibrada no poder. De minha família saiu uma grande mulher política: minha irmã Alice Tamborindeguy. Como não admirar essa idealista, apaixonada pelo seu trabalho, que sempre está pensando em como melhorar as condições de vida da população, dos que a cercam? Vejo o posto de saúde que ela construiu e mantém com recursos próprios em São Gonçalo, o segundo maior município do Rio de Janeiro, tão carente e mal assistido. Lembro-me também de sua lei que dispõe sobre a obrigatoriedade da matéria "Dependência Química" no currículo escolar, ensinado ao jovem os males que causam o álcool e as drogas ao cérebro e à vida. Como não mencionar a lei que remunera famílias que adotam uma criança, entre tantas outras? Tenho muita admiração por sua luta diária e incansável. Mulheres do Brasil: apresentem-se ao quadro político. “Estaremos sempre atrasados socialmente enquanto não usarmos todos os instrumentos possíveis para dar a cada indivíduo condições mínimas de dignidade – e isso inclui condições efetivas de acesso à saúde, à educação e à habitação.”

Deputada Alice Tamborindeguy

Exemplos como esse nos mostram a capacidade inquestionável da mulher de governar, dirigir, conduzir um país, o mundo. O único meio de o Brasil melhorar: Mulheres para a Presidência! Minha participação na campanha da minha irmã, junto com minha competente e grande amiga Magda Gomes e meu cunhado Paulo Brito, que tiveram um papel estratégico durante toda a campanha, coordenando comícios, fazendo captação de recursos, almoços, encontros, eventos e debates. Estas foram minhas formas de contribuir para o sucesso dos quatro mandatos de minha irmã.

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A POLÍTICA E O MUNDO

Em relação ao cenário internacional, o mundo reflete, neste fim de milênio, a loucura de um século que, para mim, foi o século mais veloz da história da humanidade. Em cem anos, inventou-se o rádio, o avião e a televisão. No início do século começa também a era do automóvel e é descoberta a penicilina. Duas guerras mundiais determinam o destino da humanidade. O comunismo muda as estruturas da sociedade. Isso, para falar apenas de alguns dos grandes fatos acontecidos em tão pouco tempo. O que seria de nós, hoje, se eles não tivessem existido? Como seria o mundo, a humanidade sem a interferência da mídia, em especial da televisão, que traz os acontecimentos mundiais para dentro das nossas casas fazendo com que eles pareçam estar logo ali? Foram cem anos de descobertas, de ideais e de desafios que levaram o homem a acreditar que ele podia dominar tudo, até porque ele pisou na lua, mas parece que isso não é bem verdade. Hoje, o que a gente vê é o ser humano tentando salvar o planeta que ele destruiu: produtos químicos foram despejados em rios e oceanos (isso sem se falar nos esgotos); bombas nucleares foram explodidas matando milhares de pessoas e infectando o planeta de doenças degenerativas; milhares de florestas foram cortadas e espécies animais foram mortas, abalando o ecossistema; homens em busca de poder, como Hitler, mandaram matar e torturar homens, mulheres e crianças; guerras destruíram monumentos e obras de arte. Tudo isso por causa de poder, mas sempre disfarçado como algo que seria para o bem da humanidade. Agora, que parecia que as coisas começariam a ficar mais lights, com as pessoas preocupadas em preservar o planeta, procurando não cortar mais as árvores, não poluir mais os rios e praias, não discriminar mais as outras pessoas por cor ou por religião, as novas possibilidades da “aldeia global” (Internet, satélites e TVs por assinatura) fazem com que a gente tenha acesso a informações de outros povos e outros lugares, fazem com que a gente pense que a humanidade, ou pelo menos alguns homens, não aprenderam nada com cem anos de experiências nem sempre felizes. Quando a gente pensa, com o que se tem visto por aí, que as pessoas estão em busca de algo mais como, por exemplo, a busca de Deus através das religiões, surgem fatos que desmoronam a esperança em dias melhores. Eu, pelo menos, às vezes me sinto assim. Foi o que aconteceu em relação à guerra da Iugoslávia. Como é que se pode imaginar que, na atualidade, os sérvios, que consideram o Kosovo o berço da sua nação, mantenham a lembrança da derrota de seu exército há 600 anos atrás pelos turcos-otomanos e transformem isso numa bandeira para gerar uma limpeza étnica, tentando expulsar os albaneses dos Bálcãs, incentivados pelo presidente Milosevic, na minha opinião outro líder delirante como outros que o século XX criou. Como se não bastasse, recusando os apelos da Comunidade Internacional, Milosevic insistiu em suas idéias, levando a OTAN a bombardear o Kosovo como forma de

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pressionar o presidente. Mais uma vez, nós assistimos à guerra pela televisão, como foi durante a guerra do Golfo. De novo, milhares de inocentes mortos. E o que vai acontecer com Milosevic? O que vai acontecer com Saddan? Mas não foi apenas na Iugoslávia que a loucura pelo poder se manifestou nos últimos tempos. Em 1998, a Índia e o Paquistão deram um susto no mundo realizando testes nucleares. Um ano depois, os dois países entraram de novo em conflito e Cachemira, a região que faz fronteira entre os dois territórios, sofre mais uma vez. É complicado entender esse território, considerado “santificado”, fazendo testes nucleares que não tem nada a ver com a postura religiosa de seu povo. Principalmente se a gente lembrar que a Índia é o lugar de exílio do Dalai Lama, o grande líder do Tibete, que deixou para trás o chamado “teto do mundo” (o Tibete) por causa da ocupação chinesa e da perseguição aos monges budistas. Dá para entender que o governo chinês queira acabar com a cultura tibetana, destruir sua identidade religiosa? Pois é isso que vem acontecendo há quarenta anos. Dá até para entender que a China seja um país historicamente comunista? O que não faz sentido é pensar que essa atitude é outra forma de preconceito que ainda se mantém num mundo tido como atual, moderno e tecnologicamente avançado. Eu apoio a reação de diversos artistas e diretores de cinema que elevaram seu protesto contra esse autoritarismo através de filmes que mostram a beleza das tradições budistas. Mesmo que a gente não seja budista, ou de qualquer outra religião, deve, pelo menos, aprender a respeitá-las. Por falar em religião, outra história ligada a isso também anda se arrastando pelos últimos cinqüenta anos sem uma solução: é o conflito entre israelenses e palestinos. O Estado de Israel foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, na tentativa de dar um lar aos tão sofridos judeus, pelas Nações Unidas que dividiu a Palestina em dois estados: um judeu e outro árabe. O que acontece, então, é que o povo palestino quer criar o seu próprio estado nos territórios de Gaza e da Cisjordânia que estão sob o domínio israelense e onde fica Jerusalém. Ora, todo mundo sabe, que os judeus consideram a cidade o seu “solo sagrado”, portanto, será que essa luta tem solução? O primeiro ministro Ehud Barak, eleito há pouco tempo parece estar interessado no acordo de paz, mas, não sei não, já que entre os próprios judeus há uma discordância sobre o assunto. Os judeus leigos estão dispostos a ter um país nos moldes das democracias ocidentais, mas os ortodoxos continuam afirmando que o ideal é um Estado guiado pelas leis religiosas. É interessante pensar que mesmo parecendo fazer parte de lugares diferentes, religião e política estão sempre andando juntas. Um dos acontecimentos mais importantes do século XX, a queda do muro de Berlim, parece ter sofrido a interferência da Igreja Católica. Há pouco tempo, o Papa João Paulo II voltou a Varsóvia, onde há 20 anos atrás tinha

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rezado pelo fim do comunismo, desafiando a ditadura e apoiando o sindicato Solidariedade, que lutava contra o comunismo. De lá até a queda do muro todos nós sabemos o que aconteceu e eu me pergunto: será que esse envolvimento dos líderes religiosos com a política fizeram com que as pessoas perdessem a confiança na religião? Acho que o que aconteceu foi que o ser humano perdeu a confiança no homem, nesse homem do século XX, racional, yuppie, que se considera o dono do planeta e vive em função do relógio, e agora está procurando uma religiosidade dentro dele e que não foi encontrada nas religiões estabelecidas. Parece que essa nova maneira de agir levou as igrejas a procurarem novos caminhos ou até a criação de novas igrejas e novas seitas que possam oferecer o que a humanidade está buscando hoje. Isso também me preocupa. Será que mais uma vez o homem está buscando soluções para os seus problemas em outros lugares menos dentro dele mesmo? É claro que é complicado, uma vez que essa loucura veloz do século XX não deu tempo para pensar o que estava acontecendo em termos políticos, econômicos e mesmo pessoais. As diversas mudanças políticas influenciaram e influenciam a vida das pessoas. Nem bem se entendeu o que era o comunismo, o socialismo e a democracia liberal e já temos que conviver com o neoliberalismo que transforma a Europa em Comunidade Européia, com uma única moeda, o Euro. Tudo isso, parece ser uma forma de tentar igualdade com a super-potência norte-americana, dirigida por Bill Clinton que, apesar dos escorregões na vida pessoal conduz com pulso de ferro o país do Tio Sam. E ao falar em Clinton lembrei de dar minha opinião sobre sua mulher Hillary. Depois de superado o escândalo Monica, Hillary. Clinton pretende entrar para a política. Possivelmente isso será positivo, pois ela já demonstrou ter capacidade e frieza para enfrentar situações difíceis e a política precisa de mais cabeças femininas para as decisões. Nesse panorama internacional, ía esquecendo de falar sobre o caso Pinochet. Esse assunto complementa meu espanto em relação ao que acontece no mundo no final do século. Com a decretação, pelo Parlamento inglês, da sentença do ex-presidente do Chile, eu me pergunto: por que ele vai pagar apenas por uma parte dos crimes cometidos? E qual vai ser a sentença de Milosevic e do Saddan? Quem vai pagar pelos males causados à humanidade? Afinal, que mundo é este, tão “civilizado” , tão tecnologicamente avançado, que permite que atrocidades como as que nós temos visto diariamente ainda continuem existindo? O que eu penso, é que os governantes precisam parar de pensar em sua busca de poder pessoal e pensar mais nas necessidades dos seres humanos. Afinal, todo governante, todo líder mesmo que não queira, também faz parte da raça humana. Eu saio do sério quando eles se esquecem disso.

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A Mídia

A mídia é o seguinte, ela pode projetar uma pessoa como também derrubá-la. Devemos ter muito cuidado com a mídia . Ela é ótima para promover, divulgar, acontecer, fazer algo dar certo... Mas você tem que saber lidar com ela. Também não pode deixar que ela lhe suba à cabeça, tem que ser frio em relação à mídia. Cuidado com o que se fala é muito importante, porque mesmo com gravador, pode-se mudar o texto para dar mais impacto ao que você disse e vender mais. Até mudam a entrevista para ficar mais engraçada, interessante ou picante.

Agradeço a imprensa que sempre me prestigiou e aos que não interpretaram as minhas espontaneidade o meu perdão.

Narcisa Tamborindeguy acordou cedo, foi ao cabeleireiro, fez a maquiagem, vestiu a fantasia, fez a pose e está prontinha, esperando pelo baile do Copa – que é amanhã à noite. (JB, Danuza, 12/02/1999).

- Porque sou boa de interagir, de ter idéias, sou uma pessoa de fácil comunicação. Sempre tive facilidade de me comunicar com os outros.

A Citröen pagou uma baba para Cláudia Schiffer vir badalar o carro Xsara. Contavam com ela para lotar o Copa em big festa mesclando

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socialites, artistas, revendedores, clientes e correlatos. Não precisava gastar tanto. Bastava ter, no contexto, só a Narcisa Tamborindeguy. Famosos chegavam e partiam dizendo: “Vim aqui pela Narcisa, só pra dar um abraço nela.”(Hildegard Angel, O Globo, 09/05/1998). Narcisa Tamborindeguy, socialite, moradora de Copacabana – “O metrô significa desenvolvimento, progresso, coisa que está em faltas em falta no Rio. Inclusive vai melhorar e muito no transito. Discriminar os cariocas de outros bairros é uma bobagem. Todo mundo tem o direito de se divertir, de fazer homenagem à Iemanjá e ser feliz. O suburbano de hoje pode ser o ipanemense de amanhã. O Ano Novo é uma festa popular e, quanto mais gente, melhor.” (O Dia, GERAL, 27/12/98).

- Coluna social acho muito importante. Presta um serviço político, econômico, social. Mas acho que você só deve aparecer nela quando está produzindo algo, fazendo alguma coisa interessante ou ter saído muito bonita na foto. Senão, não interessa, se for para depreciar e gozar. Então é bom você aparecer bela ou produzindo. Ou dando opiniões que, a maioria das vezes eles colocam o que realmente você expressou, tentou dizer.

ATAQUE ESPECULATIVO Estão em alta as ações da Sociedade Anônima mais conhecido deste carnaval. Narcisa Tamborindeguy e Verônica Castiñera, as emergentes da farra, estão fazendo negócios incríveis na bolsa dos camorotes, a despeito da oscilação cambial nos bastidores do Sambódromo! (JB, Tutty Vasques, 15/02/99).

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-Quando você estiver com a intenção de namorar, tira da mídia, se ela tomar conhecimento, geralmente não dá certo.. Surgem dificuldades. Então, só permita colocar na mídia o que você produziu ou está produzindo. E bom evitar falar da sua vida particular e empresarial também. Quando quiser realizar alguma coisa, guarde só para você. As festas e eventos que você promove vazar para a mídia, só se estiver muito firme.

No dia da chegada do Papa, Vera Fischer resolveu deixar a Clínica Solar do Rio, em Santa Tereza, um centro de recuperação de dependentes químicos, para ir a uma reunião do AA (Alcoólicos Anônimos), na Igreja da Ressurreição, em Copacabana. Momentos antes, quando deixava a clínica, ela foi abordada por repórteres que faziam plantão no local e garantiu: “Gente, eu vou rezar.” Vestindo blusa dourada e calça marrom, com os cabelos molhados e uma fisionomia tranqüila, a atriz chegou à paróquia comandada por padre Zeca, acompanhada pela amiga e socialite Narcisa Tamborindeguy e por Constança Freitas, diretora do Solar onde Vera está internada desde o dia 16 de setembro.(...). (Manchete, 11/10/1997).

- Sempre que viajo saio na imprensa internacional. Revistas como a Vogue, revistas estrangeiras muito conhecidas.

Foi editado numa revista italiana uma foto minha com a seguinte chamada: “Narcisa Tamborindeguy, a destra, in barca tra le isole. Nella pagina a fianco, dall`alto, l`arrivo in elcottero all`isola di Porcos grandes di Pitanguy; l`interno del Portobello hotel appena inaugurato, che

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sarà la novità dell`estate 1988; una via di Paraty: la città è stata dichiarata monumento nazionale. Sotto, da sinistra, il campo da golf dell`hotel do Frade; una veduta della baia; due immagini della Pousada do Ouro, uno degli alberghi più famosi di tutto il Brasile. Angra de los Reis si trova 180 chilometri a sud de Rio de Janeiro. Si raggiunge con regolari collegamenti in aereo, oppure con l`autostrada che porta a Santos. Tutte le isole della baia sono ormai private; vi si ritrovano per affari e per vacanza imprenditori e professionisti in arrivo da tutto il mondo”. O meu querido Colunista Zózimo escreveu no Segundo Caderno do O Globo no dia 5 de fevereiro de 1997, a seguinte reportagem titulada Que Figura! “Aluna de jornalismo da Faculdade da Cidade e frequentadora lá de um curso de férias, Narcisa Tamborindeguy foi encarregada anteontem pelos colegas de levar uns comes e bebes para uma festa do curso. Eis que, para pasmo geral dos alunos, Narcisa (que topou logo) abriu a porta da sala e entrou com um séquito. Levou três garçons paramentados e um bufê. Foi um acontecimento”. Na Coluna da minha querida Danuza no Jornal do Brasil do dia 1º de agosto de 1998, escreveu: “NASCE UMA ESTRELA” “O Rio de Janeiro festejou Quinta-feira o nascimento de sua mais nova estrela: Narcisa Tamborindeguy, que fez uma rápida aparição no Você Decide, seguida

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de estrangulamento, e foi a melhor coisa do episódio. Detalhe: Narci estava linda. O jantar foi em homenagem a Roberto Drummond e a ela mesma, claro; no hall do elevador, num porta-retrato de prata, a crônica Capitu, de Drummond, inspirada na própria, e no mesmo hall um poster de Alice, candidata a deputada e irmã da dona da casa. A nova turma de Narcisa compareceu em peso: teve Eva Tudor, Débora e Paloma Duarte, Tônia Carrero, Marcos Winter, Fábio Barreto, Dora Pelegrino, Carolina Dieckman, Carlos Vereza, Marcos Frota, Stênio Garcia, Neville de Almeida, Luci, Luiz Carlos Barreto, Isis de Oliveira e a advogada Doracy Gomes de Lima . Aliás, quando alguém chegava e dizia “Oi, Isis” , ela respondia; “Declarações à imprensa só falando com meu irmão”. Logo Isis, que andou declarando tanto. A antiga _ e permanente _ turma do Solar do Rio também compareceu: Constança Teixeira de Freitas, Maria Clara Pelegrino, Tito Gomes. Do lado mais social de Narcisa, digamos assim, as vizinhas Regina Marcondes Ferraz e Madeleine Saade, Chico Peltier, Lu Lacerda, os irmãos Márcia e Paulo Muller, Ana Cândida e Ronaldo César Coelho, Silvio Guerra, o advogado das estrelas. Circulavam também Marianna filha de Narcisa e Nicole, filha de Alice – as duas de salto alto, correndo atrás dos artistas. Narcisa caprichou, e seu début nas telas custou caro: só da Sara jóias foram R$15 mil, mais um vestido de Valentino, da Dressy, US$3 mil, mais o jantar de mestre Caruso, com salada de feijão-branco chileno, massa com bacon, “rosbife, lagosta e cascata de morangos, aquelas coisas” – foi um sucesso!!!” Mãe extremosa, depois que os últimos convidados saíram, a nova atriz levou a filha Marianna para dançar um

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pouquinho no People Down, e de quebra deu uma passadinha no jantar de Gustavo Capanema filho, no Arpoador. A energia de Narcisa é um capítulo à parte na história do Rio”. Narcisices Durante o desfile da Caprichosos, o sueco Anders Paulson, marido de Ana Luiza Rego, perguntou a Paulinho Müller e Lu Lacerda: - Porque fotografam tanto aquela moça toda vestida quando tem outras quase sem roupa por perto? Elementar, meu caro Paulson: a vestidíssima era Narcisa Tamborindeguy, no modelito destaque – estreando no sambódromo, claro, porque, em outras avenidas, Narci já é um destaque ambulante há mui-to tem-po. (JB, Danuza, 17/02/1999).

- Porque sou uma pessoa carismática, interessante, diferente, alegre, para cima, lunática... então as pessoas querem saber o que faço.

Narcisa decide Um jantar com grande pompa e mitos convidados está sendo organizado para a noite de Quinta-feira, ‘as 21h, no flat de Narcisa Tamborindeguy, na Atlântica. As convidados está sendo pedida a pontualidade mais britânica. Explica-se: a bela anfitriã quer mostrar aos amigos sua estréia como atriz no programa “Você Decide”. Narcisa interpreta uma visitante misteriosa (a personagem não tem nome) do Museu de Belas Artes que acaba

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assassinada. Quem chegar atrasado corre o risco de perder a cena. (O Globo, Swann- Alessandro Porro, 28 de julho de 1998).

Jornal Zero Hora de Porto Alegre Coluna do Gasparotto, 19 de junho de 1999. Flûte de champanha Narcisa Tamborindeguy retornou do México, onde foi hóspede de Karin Aleman, e entrou firme no trabalho em seu livro Ai, Que Loucura e no programa de tevê que estréia hoje à noite, às 22h30min, no canal 28 da NET. O programa vai se chamar Primeiro Time e terá a presença do colunista Ricardo Boechat, entre outros nomes de evidência. Tanto o livro, cujo lançamento nacional está previsto para outubro, quando o programa abordarão temas variados, inclusive combate às drogas e iniciação à vida espiritual. É claro, não faltará também uma pitada de tempero forte.

(Nota de Jornal ou revista)

- Quando sai uma nota sobre mim que é uma mentira, não faço nada, deixo a nota ir para o inferno. Porque desmentir o óbvio! Não quero nunca mais ver aquela nota na minha frente. É melhor nunca mais voltar ao assunto. Deixar as pessoas esquecerem da nota é o melhor remédio. A gente tem que ter grandeza. Saber silenciar. - Quando me fazem uma pergunta que me agride, eu não respondo e pergunto a mesma pergunta para ele, para ver se ele tem coragem de responder. Isso é uma técnica inteligente que as pessoas tem que ter para se protegerem dos maus caráteres e das pessoas ruins que tem por aí.

(Nota de Jornal ou revista)

(Nota de Jornal ou revista)

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Meu Reino Por Um Sonho

Os dias se passaram desde que comecei a escrever este livro. Muita coisa nova me aconteceu durante este período. Algo se redescobriu em mim. Me vi... E fiquei revendo o que escrevera. Cochichando nos meus próprios ouvidos... “Tira isso, vai. Ah! Como estou gostando.” E por aí fui querendo mais até sentir que o fim chegou!... O telefone toca, convite para uma festa... pedem que eu não esqueça de levar meu sorriso... e a minha loucura pela alegria de viver. E continuou com as mesmas interrogações, se só com sorriso também se vive a vida! Sorrir e dançar espantam o diabo. Ping Pong

- Quem dá as melhores festas no Rio? - Narcisa – É difícil responder. Pois são várias as pessoas que recebem “avec

tout le savoir faire”. - Na sua opinião o sucesso de uma festa depende de que? - Narcisa - Dos hostesses e, principalmente, dos convidados. - O que acha dos políticos? - Narcisa - Nem toda generalização é brilhante. Há bons e maus políticos. - Quem é o homem mais inteligente?

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- Narcisa - O Brasil tem a grande sorte de Ter vários homens e mulheres do mais alto nível de inteligência em todos os estados.

- Quem é o símbolo sexual do mundo? - Narcisa - Hugh Grant. - O intelectual mais importante? - Narcisa - Copernicus, Newton e Einstein. - O maior mito? - Narcisa - John F. Kennedy - Seu escritor predileto? - Narcisa - Kirkegaard - Seu livro de cabeceira? - Narcisa - A Bíblia - Cantor preferido? - Narcisa - Mick Jagger - Cantora? - Narcisa - Edith Piaf e Madonna - O melhor filme? - Narcisa - Perfume de Mulher com Al Pacino - O melhor show? - Narcisa - My fair Lady - A personalidade do ano? - Narcisa - ainda está para existir. - A mulher mais bonita? - Narcisa - Minha mãe Alice Saldanha Tamborindeguy - A mais inteligente? - Narcisa - Eu. - O que é cafona? - Narcisa - Não estar de bem com a vida. - Quem é a mulher mais cafona do Rio? - Narcisa - Ainda estou para conhecer. - O que é ser vaidosa? - Narcisa - Autoestima demasiada - Seu perfume predileto?

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- Narcisa - Beautiful de Estée Lauder e Happy de Clinique. - Seu tipo de roupa? - Narcisa - Casual - Sapatos? - Narcisa - Chanel e Gucci. - Maquiagem? - Narcisa - Yves Saint Laurent - Sabonete? - Narcisa - Os perfumados - Creme? - Narcisa - Os do Dr. Ivo Pitanguy - Pasta de dente? - Narcisa – Email Diamant, francesa - O melhor dentista? - Narcisa - René Gerders, Martha Faissol e Heitor Simões - O maior sonho de consumo? - Narcisa - O que agrada os olhos. - O carro de sua preferência? - Narcisa - Ferrari Testarossa - Dizer a data de nascimento é um problema? - Narcisa - Não se não for a certa. - Seu psicanalista? - Narcisa - Marcos Gebara e Elys Chargel - O que lhe dá muito prazer? - Narcisa - As bem querenças e o amor físico, mas principalmente, o

intelectual. - Sua comida predileta? - Narcisa - Praticamente todas, desde que bem feitas. - Restaurante? - Narcisa - Em São Paulo – Fasano e Gero. No Rio – Hipopótamus,

Antiquarius e Harry Cipriani no Copa. Em Paris, La Tour d`Argent. Em Nova York, Mr. Chow e Le Cirque. Em Londres, Mirabelle e Annabel`s.

- Bebida? - Narcisa - Champanhe rosé, quando bebia.

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- O melhor lugar do Rio? - Narcisa - Minha casa. - Tem algum hobby? - Narcisa - Natação e winter sports in Aspen e Gstaad. - Algum motivo de arrependimento? - Narcisa - Vários, principalmente quando perco a razão. - Gostaria de fazer política como sua irmã Alice? - Narcisa - Gostaria de ser deputada federal para ajudar as crianças

desprotegidas. Fui uma vez convidada pelo falecido Presidente da Câmara dos Deputados Luiz Eduardo Magalhães, que falou que iria ser muito bem vinda no PFL e iria patrocinar minha campanha. Fiquei super animada, pena que ele virou anjo no Céu.

- O que mais admira? - Narcisa - O Papa João Paulo II - Seus projetos? - Narcisa - Desenvolver meu potencial em várias atividades e educar minhas

filhas. - Qual é o seu maior sonho? - Narcisa - Ser feliz, ter um homem que me ame, ter um programa de

entrevistas na TV e fazer sucesso. - Quais são os melhores cavaleiros? - Narcisa - Alfinete da hípica de São Paulo, Doda Miranda, Rodrigo Pessoa

e Jorge Johannpeter que além de ser um dos melhores cavaleiros e criadores incentiva os cavaleiros iniciantes e dá o seu sangue pelo hipismo. Viva o Haras Joter com os seus cavalos Holsteiner !

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Afinal, Quem é Narcisa?

Quando Ricardo Boechat disse que Narcisa era a rainha do Copa pós anos 80, senti de imediato que ela era realmente um ícone. Com muita simplicidade Narcisa transgride. E ao transgredir, ela constrói seu universo fora dos padrões estabelecidos. E vai se construindo ao mesmo tempo em que se torna espelho para o inconsciente coletivo. Narcisa é uma dessas mulheres impregnadas do novo. Nela, tudo tem a certeza do existir. A vida pulsa como uma taça de champanhe borbulhante. Narcisa é isso! Uma mistura liberta dos valores. Se “toda mulher é meio Leila Diniz,” prefiro dizer que toda meio Leila Diniz tem uma Narcisa dentro de si. Gïlmar Chaves

4ª de Capa “Narcisa é uma das mulheres mais excitantes que conheço dentro de um longo tempo. Ela não é bonita somente em seu exterior mas em seu interior também. E, a gente só quer voltar a ter contato com a alegria real da vida quando está em contato com essa mulher mesmo que, por apenas alguns momentos. Nós todos deveríamos aprender a viver a vida com tanta celebração, como essa mulher faz.”

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Neale Donald Walsch* Escritor do best Seller americano Conversando Com Deus.

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