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O mundo está mais visível dê uma volta no seu quarteirão. Quantas lojas estão funcionando há mais de dez anos? Quantas mudaram de nome, de dono, de ramo? Isso não acontece apenas no seu quarteirão. O consultor americano Ricardo Foste, da Mckinsey, fez um estudo de 208 empresas durante 18 anos. Apenas três sobreviveram por todo esse tempo. Das 500 maiores empresas dos Estados Unidos em 1970, um terço já não existia em 1983, segundo uma pesquisa da Shell. O tempo de vida médio de uma empresa de qualquer tamanho, no Japão e na Europa, é de 12,5 anos, segundo um estudo do Stratix Group, da Holanda. Por que o mundo dos negócios é assim tão instável? Porque o mundo é assim. Ou, pelo menos, ficou assim nos últimos tempos. Metade dos casamentos termina em divórcio na Inglaterra e nos Estados Unidos (no Brasil, um em cada quatro casais se divorcia). Na Suécia, 25% das crianças nascem de mães solteiras. Nos Estados Unidos, 42 milhões de pessoas mudam de casa a cada ano. Por que tanta instabilidade, justamente agora? Uma forma de responder à questão é a do paleontólogo Stephen J. Gould, um estudioso da evolução. Para ele, a história da vida é uma série de situações estáveis, pontuadas por eventos raros que transformam tudo e ajudam a estabelecer a próxima era estável, em um novo patamar. Foi assim, por exemplo, com a extinção dos dinossauros. Segundo Gould, o final do século XX é um desses raros eventos que tudo transformam. A revolução da informática e a revolução da biotecnologia, que está vindo em seguida, deve provocar muito mais mudanças do que a Revolução Industrial causou no século passado. Só para se ter uma ideia, a Revolução Industrial fez o preço do algodão cair 85% entre 1780 e 1850. Com a revolução atual, essa mesma redução de 85% aconteceu no preço dos semicondutores em apenas três anos, entre 1959 e 1962. Há pelo menos três bons motivos para a aceleração das mudanças. O primeiro é a evolução tecnológica. Os outros dois são a globalização e a desregulamentação (caracterizada pela privatização e pela descentralização). O diálogo entre setores diferentes e países diferentes faz que muito mais experiências sejam compartilhadas. Enfim, o mundo está ficando menor, mais misturado e mais eficiente. O maior exemplo desse processo é a Internet, um espaço virtual em que a tecnologia se encontra com a globalização de forma quase absoluta. David Cohen. In. Você s.a. 2/2/2000. P. 43-4 (com adaptações). 01- Com base nas informações do texto, marque a única alternativa correta . a) A instabilidade referida no título limita-se à situação de mudanças nas empresas no mundo moderno, provocadas pelas revoluções da informática e da biotecnologia. b) Das mais de duzentas empresas estudadas por Richard Foster, pouco mais de 1% sobreviveu durante dezoito anos; a pesquisa da Shell apontou que, das quinhentas empresas pesquisadas, menos de 30% existiam depois de treze anos.

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O mundo está mais visível dê uma volta no seu quarteirão. Quantas lojas estão funcionando há mais de dez anos? Quantas mudaram de nome, de dono, de ramo? Isso não acontece apenas no seu quarteirão. O consultor americano Ricardo Foste, da Mckinsey, fez um estudo de 208 empresas durante 18 anos. Apenas três sobreviveram por todo esse tempo. Das 500 maiores empresas dos Estados Unidos em 1970, um terço já não existia em 1983, segundo uma pesquisa da Shell. O tempo de vida médio de uma empresa de qualquer tamanho, no Japão e na Europa, é de 12,5 anos, segundo um estudo do Stratix Group, da Holanda.

Por que o mundo dos negócios é assim tão instável? Porque o mundo é assim. Ou, pelo menos, ficou assim nos últimos tempos. Metade dos casamentos termina em divórcio na Inglaterra e nos Estados Unidos (no Brasil, um em cada quatro casais se divorcia). Na Suécia, 25% das crianças nascem de mães solteiras. Nos Estados Unidos, 42 milhões de pessoas mudam de casa a cada ano.

Por que tanta instabilidade, justamente agora? Uma forma de responder à questão é a do paleontólogo Stephen J. Gould, um estudioso da evolução. Para ele, a história da vida é uma série de situações estáveis, pontuadas por eventos raros que transformam tudo e ajudam a estabelecer a próxima era estável, em um novo patamar. Foi assim, por exemplo, com a extinção dos dinossauros.

Segundo Gould, o final do século XX é um desses raros eventos que tudo transformam. A revolução da informática e a revolução da biotecnologia, que está vindo em seguida, deve provocar muito mais mudanças do que a Revolução Industrial causou no século passado. Só para se ter uma ideia, a Revolução Industrial fez o preço do algodão cair 85% entre 1780 e 1850. Com a revolução atual, essa mesma redução de 85% aconteceu no preço dos semicondutores em apenas três anos, entre 1959 e 1962.

Há pelo menos três bons motivos para a aceleração das mudanças. O primeiro é a evolução tecnológica. Os outros dois são a globalização e a desregulamentação (caracterizada pela privatização e pela descentralização). O diálogo entre setores diferentes e países diferentes faz que muito mais experiências sejam compartilhadas. Enfim, o mundo está ficando menor, mais misturado e mais eficiente. O maior exemplo desse processo é a Internet, um espaço virtual em que a tecnologia se encontra com a globalização de forma quase absoluta. David Cohen. In. Você s.a. 2/2/2000. P. 43-4 (com adaptações).

01- Com base nas informações do texto, marque a única alternativa correta.

a) A instabilidade referida no título limita-se à situação de mudanças nas empresas no mundo moderno, provocadas pelas revoluções da informática e da biotecnologia.b) Das mais de duzentas empresas estudadas por Richard Foster, pouco mais de 1% sobreviveu durante dezoito anos; a pesquisa da Shell apontou que, das quinhentas empresas pesquisadas, menos de 30% existiam depois de treze anos.c) No segundo parágrafo, o vocábulo “assim” está empregado em um mesmo sentido, uma circunstância de modo que resume informações apresentadas anteriormente, seguidas de justificativas exemplificativas.d) Segundo explicações da paleontologia, a instabilidade explica-se pela evolução caracterizada por sequências instáveis que culminam em novos patamares instáveis, em permanentes mutações para diversas direções.

02- Na produção e na leitura de textos, é necessário considerar a escolha vocabular, a tipologia textual e as estruturas morfossintáticas, entre outros aspectos. Acerca desse assunto, marque a única alternativa incorreta.

a) O primeiro parágrafo, pela utilização da forma verbal imperativa “Dê”, seguida de frases interrogativas, contém a determinação de que o leitor circule pelo lugar onde reside para fazer um levantamento das lojas ali existentes.

b) No segundo parágrafo, o vocábulo “mundo” está empregado em duas acepções diferentes, sendo que a segunda serve para expandir e generalizar a primeira.

c) No segundo parágrafo, a expressão “Por que” introduz uma oração interrogativa cuja resposta inicia-se com o termo “Porque”, em desacordo com a norma gramatical.

d) O quarto parágrafo exemplifica e detalha o parágrafo anterior, além de comparar informações relativas à Revolução Industrial com dados mais recentes.

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PAÍS DO FUTURORio de Janeiro – Lembra-se de quando o Brasil era o país do futuro?

Primeiro foi um gigante adormecido (“em berço esplêndido”), que um dia iria acordar e botar pra quebrar.Depois tornou-se o país do futuro, um futuro de riqueza, justiça social e bem-aventurança.Eram tempos, aqueles, de postergar tudo o que não podia ser realizado no presente. A dureza do regime militar deixava poucas brechas para que se ousasse fazer alguma coisa que não fosse aquilo já previsto, planejado, ordenado pelos generais no poder.Só restava então aguardar o futuro, que nunca chegava (mais uma vez vale lembrar: foram 21 anos de regime autoritário).O pior é que, mesmo depois de redemocratizado o país, a coisa continuou e continua meio encalacrada, com muitos sonhos tendo de ser adiados a cada dia, a cada nova dificuldade. Com a globalização, temos que encarar (e temer) até as crises que ocorrem do outro lado do mundo. Todavia há que se aguardar o futuro com otimismo, e alguma razão para isso existe.Dados de uma pesquisa elaborada pela Secretaria de Planejamento do governo de São Paulo revelam que o Brasil chegará ao próximo século, que está logo ali na esquina, com o maior contingente de jovens de sua história.Conforme os dados da pesquisa, somente na faixa dos 20 aos 24 anos serão quase 16 milhões de indivíduos no ano 2000.Com esses dados, o usual seria prever o agravamento da situação do mercado de trabalho, já tão difícil para essa faixa de idade, e de problemas como a criminalidade em geral e o tráfico e o uso de drogas em particular.Mas por que não inverter a mão e acreditar, ainda que forçando um pouco a barra, que essa massa de novas cabeças pensantes simboliza a chegada do tal futuro? Quem sabe sairá do acúmulo de energia renovada dessa geração a solução de problemas que apenas se perpetuaram no fracasso das anteriores?Nada mal começar um milênio novinho em folha com o viço, a ousadia e o otimismo dos que têm 20 anos.

(Luiz Caversan – Folha de São Paulo, 28.11.98)

03- Encontra apoio no texto a afirmação contida na opção:

a) A existência de 16 milhões de jovens brasileiros no ano 2000 constituirá um problema insolúvel.b) Com a população jovem brasileira na casa dos 16 milhões, só se pode esperar o pior.c) Não se pode pensar de forma otimista em relação ao próximo século.d) Pode-se pensar positivamente em relação ao nosso futuro, apesar de alguns problemas.

04- A linguagem coloquial empregada no texto pode ser exemplificada pela expressão:

a) “em berço esplêndido”b) botar pra quebrarc) bem-aventurançad) dados de uma pesquisa

05- Em “…começar um milênio novinho em folha com o viço, a ousadia e o otimismo dos que têm 20 anos”, a parte sublinhada é substituível, sem mudança do significado, por:

a) a juventude, a audáciab) a competência, a imaginaçãoc) a criatividade, a perseverançad) a criatividade, a corageme) a imaginação, o destemor

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06- Na nova redação dada a algumas passagens do texto, cometeu-se um erro gramatical em:

a) Segundo os dados da pesquisa, somente na faixa dos 20 aos 24 anos serão quase 16 milhões de indivíduos nos anos 2000; b) Nada mau começar um milênio novinho em folha com o viço, a ousadia e o otimismo dos que têm 20 anos) c) Todavia há que se aguardar o futuro com otimismo, e alguma razão há para isso; d) A solução de problemas que apenas se perpetuaram no fracasso das anteriores sairão do acúmulo de energia renovada.

GABARITO

01-C02-C03-D04-B05-A06-D