AJES INSTITUTO SUPER IOR DE EDUCAÇÃO DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia...O presente...
Transcript of AJES INSTITUTO SUPER IOR DE EDUCAÇÃO DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia...O presente...
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM/PSICOPEDAGOGIA
E EDUCAÇÃO INFANTIL
APROVADA
NOTA: 8,5
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: FORMANDO FUTUROS LEITORES
Jéssica Fernanda Romoda Sardinha
Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo
ALTA FLORESTA/2015
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM/PSICOPEDAGOGIA
E EDUCAÇÃO INFANTIL
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: FORMANDO FUTUROS LEITORES
Jéssica Fernanda Romoda Sardinha
Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do Título de Especialização em Neurociência e Aprendizagem/Psicopedagogia e Educação Infantil”.
ALTA FLORESTA/2015
RESUMO
O presente estudo visa mostrar a importância da contação de história no
desenvolvimento da criança de educação infantil e propor técnicas e sugestões para
o professor no momento de contar histórias em suas aulas, visto que muitas vezes,
os professores tratam o momento da contação de história como algo rotineiro e não
o prepara com o entusiasmo que o mesmo requer e merece. Portanto ao pensar
neste tema visualizei aqueles profissionais que querem fazer um trabalho de
qualidade, mas que muitas vezes lhes faltam informação e criatividade. Neste
trabalho também será apresentado um projeto de ensino cujo nome é “Pequenos
Ouvintes, Grandes Leitores”, no qual este projeto é desenvolvido a partir da história
“Chapeuzinho Vermelho” da autora Maria Heloisa Penteado, com a turma do pré-I.
Com o objetivo de resgatar a arte de contar histórias, incentivando o hábito da leitura
e despertando a imaginação. As atividades serão desenvolvidas durante cinco dias,
com carga horária de quatro horas diárias, com desenhos, colagens, identificação de
letras do alfabeto, receitas, brincadeiras, musicas e filme. Para a construção deste
trabalho optei pelo formato de pesquisa bibliográfica em obras de diversos autores,
permitindo assim oferecer ao professor sugestões ao contar histórias para as
crianças na Educação Infantil. Um dos autores pesquisados que mais me chamou a
atenção foi Joana Cavalcante que trata a educação com muito amor, mas ressalta-
nos que ainda há muito para se fazer, neste livro ela também destaca a importância
da contação de história na educação infantil para o desenvolvimento da criança em
sua plenitude. Ao termino desta pesquisa e construção do projeto constatei, que
existem inúmeras formas de trabalhar a Contação de História e até mesmo a leitura
na Educação infantil. Este campo é muito amplo e dispõe de muitas possibilidades,
dando a nós professores um leque de opções para se trabalhar na sala de aula.
Espero ajudar outros professores e desenvolver a criatividade, criticidade, autonomia
e o faz de conta, no intimo de cada criança ao ouvir uma história, dando a elas o
prazer do imaginar e viajar nas inúmeras histórias ouvidas.
Palavras-chave: Contação de história. Desenvolvimento. Imaginação. Dedicação.
Amor.
SUMÁRIO
Introdução...................................................................................................................04
1 Revisão Bibliográfica...............................................................................................06
2. Processo de Desenvolvimento do Projeto de Ensino............................................27
2.1 Tema e linha de pesquisa....................................................................................27
2.2 Justificativa...........................................................................................................28
2.3 Problematização...................................................................................................28
2.4 Objetivos...............................................................................................................29
2.5 Conteúdos............................................................................................................29
2.6 Processo de desenvolvimento..............................................................................29
2.7 Tempo para a realização do projeto.....................................................................32
2.8 Recursos humanos e materiais............................................................................32
2.9 Avaliação..............................................................................................................32
Considerações Finais.................................................................................................33
Referências................................................................................................................34
Anexos........................................................................................................................36
INTRODUÇÃO
Os primeiros anos de vida são os mais significativos na formação de
personalidade de uma pessoa, uma infância bem cuidada é a base de sustentação
de uma adolescência, juventude e uma idade adulta socialmente integrada
afetivamente equilibrada e socialmente bem desenvolvida.
As histórias auxiliam muito nesta formação, pelo seu aspecto lúdico,
contribuindo no desenvolvimento intelectual, convívio social, interesse pela leitura,
estimula a imaginação, entre tantos outros, através dos personagens, do enredo e
do cenário da história.
Escolhi este tema para a monografia pelo desejo de trabalhar com as
crianças pequenas de uma forma mais significativa e prazerosa que venha a
possibilitar aprendizagens, que respeitem seus tempos e direitos. Tendo como
principais objetivos: analisar e teorizar aspectos significativos acerca desse tema;
perceber as diferentes linguagens no contexto escolar da educação infantil;
pesquisar e descrever a origem da contação de histórias; identificar a importância da
contação de histórias no desenvolvimento humano; descobrir quais linguagens a
contação de histórias ajuda a desenvolver; explicitar diversos recursos
lúdico/pedagógicos e/ou mediadores para a contação de histórias.
Estamos vivendo na era da tecnologia, onde tudo se resume a internet,
jogos, tablet, então faço a seguinte pergunta: onde fica a criticidade e autonomia da
criança? Com o uso abusivo desses objetos deixamos de ser reflexivos e ativos e
passamos a ser acomodados e simplificadores. Portanto através das pesquisas,
percebe-se que é necessária a inserção de métodos inovadores e muito criativos
para chamar atenção da criança, pois hoje em dia ela já conhece de tudo um pouco
e não é qualquer coisa que prende sua atenção. A contação de história é um dos
momentos mais prazerosos para as crianças da educação infantil, todos esperam
com ansiedade e alegria, essa é uma forma de atividade fácil, mas que deve ser
bem preparada pelo professor.
Com essa pesquisa pretendo apontar a importância das histórias infantis;
resgatar a arte de contar histórias, incentivando o hábito da leitura e despertando a
imaginação; relacionar a contação de histórias e a aprendizagem na Educação
Infantil; mostrar habilidades que o professor deve ter ao contar histórias ao identificar
diferentes maneiras de se contar histórias na Educação Infantil.
Durante o desenvolvimento do projeto serão trabalhadas diversas áreas,
sendo este um projeto interdisciplinar. As áreas abordadas serão: Linguagem oral e
escrita; Identidade e autonomia; movimento; Artes Visuais e Musica.
Este projeto terá duração de 20 horas, ou seja, uma semana, nele as
crianças irão brincar, desenhar, inventar história, decorar imagens, confeccionar uma
televisão com caixa de papel, fazer receita e no final apresentar o projetos para as
outras turmas da educação infantil.
Para a realização serão usados os seguintes materiais: papel sulfite, papel
craft, cola, lápis de cor, giz de cera, cola colorida, aparas de lápis, papel crepom,
DVD, roupa para fantasiar-se de Chapeuzinho Vermelho e o livro.
Então ao termino do projeto a avaliação será feita através da participação,
observação das crianças e envolvimento dos mesmos, tendo o objetivo de analisar o
trabalho, verificar se houve aprendizado e ao mesmo tempo verificar se a
metodologia foi satisfatória.
Para me fundamentar, fiz varias pesquisas bibliográficas, mas destaquei os
autores que mais me chamaram a atenção, são eles: Bruno Betellheim; Nelly
Novaes Coelho; Elisa Meirelles; Joana Cavalcanti e o RCNEI Ministério da Educação
e do Desporto Brasil. Todos tinham sua linha de pesquisa e pensamento voltados
para o desenvolvimento da criança de maneira autônoma, responsável e criativa,
através de aulas bem preparadas baseando-se na contação de historia, falaram
sobre seu valor e importância. Mas souberam esclarecer todos esses itens sem
deixar de lado a importância de a criança ser criança, que brinca, tem sentimentos e
opiniões.
Esses autores me mostraram conceitos muito importantes para minha
formação, auxiliando a enxergar melhor as metodologias de ensino/aprendizagem.
05
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Ao falarmos de Literatura Infantil devemos antes de tudo analisar como se
deu a origem dos textos infantis para conhecermos um pouco sobre a sua história,
veremos que com o passar do tempo ocorreram inúmeras mudanças na sociedade
envolvendo esta temática.
O surgimento da Literatura Infantil teve início com a tradição oral, onde, suas
fontes se apresentam no folclore, nas lendas e nos mitos, como também, a partir da
necessidade que o homem sentiu em transmitir suas idéias. Até o século XII as
crianças participavam da vida adulta, e eram vistas como adultos em miniaturas
compartilhavam da vida social, religião, política e seu mundo não eram separados do
mundo dos adultos, não se tinha uma visão de infância. Segundo ÁRIES (1978):
Até o século XVII, a infância não era entendida de maneira como percebemos hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos, trabalhavam e viviam juntos aos adultos, vestiam-se como adultos e praticavam de tudo: da vida social, política e religiosa da comunidade, não havia propriamente dito, “um mundo infantil”, diferente e separado, ou uma visão especial sobre infância, não se escrevia para elas, pois não existia “infância” (p. 23).
CUNHA (1991), nos deixa claro que somente durante o século XIII é que
ocorreram mudanças na sociedade que beneficiaram as crianças, fazendo com que
suas necessidades e características próprias fossem valorizadas e sua vida fosse
separada da vida dos adultos. Com essas mudanças, as crianças começaram a
receber tratamento especial, deixando de partilhar da vida dos adultos como era de
costume. Dessa forma, com a valorização da infância as narrativas que antes eram
compartilhadas com os adultos, passaram a ser apresentadas para as crianças com
intuito formativo.
ZILBERMAN (1987), ressalta que, com a valorização da infância ganha
também espaço a união familiar e passa a existir uma preocupação com o
desenvolvimento intelectual da criança. Assim, Literatura Infantil e Escola são
convocadas para ajudar na busca do espaço da criança na sociedade.
Não é por acaso que a escola e a Literatura Infantil passam a caminhar
juntas, pois os primeiros textos infantis foram escritos por professores e pedagogos
com fins educacionais. (ZILBERMAN, 1987). Contudo, como a criança era vista
como adulto em tamanho menor, os textos para o público infantil foram adaptados
através de obras voltadas para os adultos.
A partir das mudanças ocorridas na sociedade as obras literárias eram
reduzidas, porém, conseguiam alcançar o objetivo maior, atrair o pequeno leitor e
levá-lo a entrar em contato com diversas experiências que a vida proporciona, tanto
na realidade como na fantasia. (COELHO, 2000).
No Brasil a Literatura infantil surge a partir da implantação da Imprensa
Régia, somente em 1808 é que começaram a produzir livros para as crianças. Nessa
época os livros infantis começam a circular no país, porém essas produções ainda
eram escassas.
Em 1921 Monteiro Lobato publica Narizinho Arrebitado, onde a imaginação
já começa a aparecer com frequência nas histórias infantis. Lobato nos traz uma
literatura de encantos que auxilia a ampliação do conhecimento das crianças, além
de valorizar os aspectos culturais, ele buscou aproximá-las do nacionalismo através
da criação dos personagens das histórias. Segundo CUNHA (1991):
Com Monteiro Lobato é que tem início a verdadeira literatura infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e orientações, cria esse autor uma literatura centralizada em algumas personagens, que percorrem e unificam seu universo ficcional (p. 24).
As obras literárias para crianças crescem a cada dia, hoje são abordados
temas que trazem o cotidiano para a sala de aula e nos mostram que a Literatura
Infantil enquanto instrumento pedagógico está presente, auxiliando e incentivando
no interesse das crianças pela leitura, atuando também como arte.
Pode-se afirmar que a literatura é a mais importante das artes, pois sua matéria é a palavra (o pensamento, as idéias, a imaginação), exatamente aquilo que se distingue ou define a especificidade do humano. Além disso, sua eficácia como instrumento de formação do ser está diretamente ligada a uma das atividades básicas do indivíduo em sociedade: a leitura. (COELHO 2000, p. 10).
A Literatura Infantil se apresenta como a mais importante das artes e está
inserida na formação do ser humano através da leitura. Na criança de forma
especial, age como uma fonte enriquecedora de conhecimento, onde, os pequenos
leitores podem expressar suas emoções e suas habilidades através das histórias.
COELHO (2000), traz as seguintes abstrações:
Podemos dizer que, como objeto que provoca emoções, dá prazer ou diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de mundo de seu leitor, a literatura infantil é arte. Sob outro aspecto, como instrumento manipulador por uma intenção educativa, ela se inscreve na área pedagógica. (p. 46).
07
Uma das funções da Literatura Infantil na área pedagógica, segundo
ANTUNES (2007), é levar o conhecimento para as crianças através de obras
literárias que possam aproximar as crianças de maneira diversificada da prática da
leitura. É preciso que os momentos envolvendo esta prática possam ser prazerosos
e com isso vale ressaltar a importância da contação de história, onde as crianças
expressam suas emoções e assim cabe a responsabilidade do contador da história
fazer dessa hora um momento inesquecível.
As histórias, segundo ANTUNES (2007), sempre caminharam junto ao
homem em sua evolução, elas são responsáveis por grande parte de seu progresso,
devem ter nascido no momento em que ele sentiu necessidade de contar aos outros
alguma experiência sua, que poderia ter significado para todos.
Não há nesse mundo, segundo ANTUNES (2007), um só povo que não
tenha suas histórias, elas são uma necessidade do ser humano, por serem um elo
que une as pessoas. Através dela conhecemos o passado, podemos compreender o
presente e através da fala questionar e planejar o futuro.
A emoção que nos salta aos olhos através da literatura, segundo ANTUNES
(2007), nos deixa perceber a realidade de maneira mais sensível e abrangente
podendo ver todas as vertentes. Ela ainda nos proporciona o poder de ver não
apenas o outro, mas de nos ver através do outro, então a leitura acontece num
processo de busca e reflexão, no qual ler significa questionar o mundo e deixar-se
questionar por ele.
Ao ler estamos conversando com o universo, a partir do momento que nos
tornamos leitor, também nos tornamos capazes de ressignificar à realidade de
maneira mais inteira e reflexiva. Para CAVALCANTI (2002, p.37):
O literário tem o poder de captura por revelar intimamente o cerne da alma humana. Fala do que aprisiona e liberta. Metaforiza imagens do cotidiano banal e factual para revelar-se no não dito, naquilo possível de ser e pulsar nas entrelinhas do texto. Vai ser justamente entre uma palavra e outra, no vazio instituído pela letra que cai, pela palavra transformada, que a leitura vai alcançar sua dimensão própria e singular, identificada com o sujeito leitor.
Toda criança adora ouvir, contar e inventar histórias, esse processo é muito
importante para o desenvolvimento de todas as suas capacidades, pois através
deste, segundo ANTUNES (2007), a criança brinca com o lúdico, com as rimas e
com sua imaginação, contar histórias é maravilhoso, faz bem para a mente e para a
08
alma.
Na educação infantil as histórias fazem parte da rotina, segundo ANTUNES
(2007), de duas maneiras, através da leitura e da contação. Além de proporcionar
aos pequenos o contato com o mundo dos livros, os momentos de leitura os levam a
compreender que a escrita é uma maneira de fixar o texto.
É preciso deixar claro, segundo ANTUNES (2007), que há diferença entre
contar e ler histórias, as duas maneiras são muito importantes, cada uma possui
suas particularidades, sendo que uma acrescenta a outra.
Ler uma história para os alunos, segundo ANTUNES (2007), é uma forma de
apresentar a obra conforme sua linguagem original, nas palavras do autor. Já contar
histórias envolve a improvisação, a interação com a turma e a possibilidade de
agregar outros elementos ao enredo.
O interessante nas aulas é alternar entre ler e contar histórias. Ao ler,
segundo ANTUNES (2007), é preciso que o professor mostre para as crianças
porque escolheu aquele autor e apresente o livro, um bem cultural que guarda a
literatura. No entanto, na contação, o educador tem a oportunidade de resgatar a
tradição oral de narrar histórias que foram transmitidas de geração em geração. São
duas situações diferentes de trabalho com a linguagem.
CAVALCANTI (2002, p.72), afirma que “o leitor infantil pode ser muito
facilmente envolvido pelo momento da “contação”, desde que o processo seja bem
conduzido.”
Ainda diz, que:
A melhor técnica para narrar histórias de maneira sedutora, prazerosa e envolvente para crianças é, em primeiro lugar, ser um contador absolutamente apaixonado pelo mundo do “faz de conta”. Estar envolvido afetivamente com a narrativa é ponto fundamental. A história tem que ser narrada com paixão, sentimento, entrega, partilha. (CAVALCANTI, 2002, p.72).
A contação de histórias, segundo ANTUNES (2007), pode favorecer de
modo significativo à ação docente na educação infantil e até no ensino fundamental,
a escuta de histórias estimula a imaginação, desenvolve habilidades cognitivas,
educa, constrói noções de comportamento no meio social e ainda potencializa a
linguagem infantil. Através das histórias a criança sente diferentes emoções,
curiosidades, alegria, medo, raiva, desejo de mudança, ansiedade, insegurança,
09
tantas outras mais, e assim de maneira lúdica aprende aos poucos como resolver
seus diferentes problemas.
A vida é com frequência desconcertante para a criança, ela necessita mais ainda que lhe seja dada a oportunidade de entender a si própria nesse mundo complexo com o qual deve aprender a lidar. Para que possa faze-lo, precisa que a ajudem a dar um sentido coerente ao seu turbilhão de sentimento. Necessita de ideias sobre como colocar ordem na sua casa interior, e com base nisso pode colocar ordem em sua vida. (BETTELHEIM, 2009, p. 13).
Ouvindo histórias a criança vai conhecer outros espaços, momentos,
lugares, adquire um conhecimento de mundo de maneira lúdica e prazerosa. Para
ABRAMOVICH (1997, p.17).
É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo).
O professor quando conta uma história esta proporcionando uma ponte entre
a criança e o livro, criando um elo imaginário, enriquecendo seu vocabulário e a
expressão oral. Segundo ABRAMOVICH (1997), é bom evitar as descrições imensas
e cheias de detalhes, deixando o campo mais aberto para a imaginação da criança,
deixando-a desvendar as situações.
Além de ser uma atividade lúdica a contação de história auxilia a criança a
ver o mundo em sua plenitude, e nos aproxima afetivamente dela, a partir da
entonação de voz, da história escolhida, entre outros. O professor de Educação
Infantil deve ser motivador da leitura, e como as crianças nessa fase ainda não
sabem ler, o professor tem fundamental importância nesse processo, ele deve
adquirir o habito de ler todos os dias para seus alunos, ou frequentemente, sempre
tendo uma rotina quanto ao horário, e dias.
A Literatura pode ser para a criança o espaço fantástico para a expansão do seu ser, exercício pleno da sua capacidade simbólica, visto trabalhar diretamente com elementos do imaginário, do maravilhoso e do poético. Amplia o universo mágico, transreal da criança para que esta se torne adulto mais criativo, integrado e feliz. (CAVALCANTI, 2002, p.39).
Segundo o RCNEI (BRASIL,1998), é também por meio da possibilidade de
formular suas próprias questões, buscar respostas, imaginar soluções, formular
explicações, expressar suas opiniões, interpretações e concepções de mundo,
confrontar seu modo de pensar com os de outras crianças e adultos, e de relacionar
10
seus conhecimentos e ideias a contextos mais vastos, que a criança poderá
construir conhecimentos cada vez mais elaborados.
Nesse sentido, o professor tem um papel essencial, pois dentro do contexto
da literatura a função pedagógica implica na ação educativa do livro sobre a criança.
Através das histórias infantis o professor pode despertar a criatividade, a autonomia
e a criticidade da criança. Portanto, a contação de histórias ajuda a desenvolver nas
crianças uma postura investigativa tornado-as assim capazes de construir
planejamentos que considerem a pluralidade, diversidade étnica, religiosa, cultural,
identidade e autonomia, ou seja, que levem a um conhecimento do mundo.
GARCIA et al (2003), afirma que além de aprender sobre as diversas áreas
do conhecimento (histórias, geografia, matemática e português) as histórias apontam
para outros temas, como meio ambiente, saúde, ética, pluralidade cultural entre
outros.
Ao ler ou ouvir uma história conseguimos nos ver e sentir através do outro,
ela nos leva a reflexões e nos da o poder de mudar o mundo. Através da contação
de historias na educação infantil conseguiremos formar adultos mais conscientes,
responsáveis e transformadores.
Acreditamos que formar adultos reflexivos e conscientes depende do que nos dispomos a fazer para as crianças de hoje, ensinar a ler significa muito mais do que instrumentalizar o sujeito para o exercício do código linguístico. Contar histórias vai muito além de diverti-las porque toca em questões essenciais da existência. (CAVALCANTI, 2002, p.44)
O momento da contação de história é muito esperado pelas crianças,
portanto o professor não pode desiludi-lo, chegando à sala de aula sem ter nada
preparado, ou então improvisando, ao pegar o primeiro livro que encontrar no
armário. Caso isso aconteça a contação poderá ser um fracasso, pois, quando não
preparado o contador corre o risco de cometer vários deslizes neste momento, por
exemplo: não conseguir pronunciar corretamente o nome de um personagem, dar
pausas no meio do texto onde não há, não conhecer as palavras, deixando a história
sem vida e a aula desestimulante.
Quem convive com crianças sabe o quanto elas gostam de escutar a mesma história varias vezes, pelo prazer de reconhecê-la, de aprendê-la em seus detalhes, de cobrar a mesma sequência e de antecipar as emoções que teve da primeira vez. Isso evidencia que a criança que escuta muitas histórias pode construir um saber sobre a linguagem escrita. Sabe que na escrita as coisas permanecem, que se pode voltar a elas e encontra-las tal qual estavam na primeira vez. (RCNEI, BRASIL, 1998, v.3, p. 143).
11
E para que o professor proporcione esse ambiente lúdico é muito importante
que ele crie um clima de envolvimento, de encanto, que saiba dar pausas, criar
intervalos, respeitar o tempo imaginário de cada criança construir seu cenário,
visualizar seus monstros, criar seus dragões, adentrar pela casa, vestir a princesa,
sentir o galope do cavalo, imaginar o vilão e outras coisas. Cabe ao professor
aprimorar seu conhecimento e habilidades para contar histórias às crianças. É um
momento mágico e de uma riqueza de detalhes incontestáveis. Existem algumas
técnicas que auxiliam na preparação do conto.
A voz, segundo GARCIA et al (2003) , é uma grande aliada do professor no
momento de contar a história, quando bem usada torna aquele momento, mais
instigante. Através da voz, o narrador da vida aos personagens, ela deve ser,
compreensível e modificá-la de acordo com os aspectos da história que está
contando.
GARCIA et al (2003), ressalta que a voz é muito importante para o contador
de histórias, pois ela concretiza não só as sucessivas fases do conto (momentos de
alegria, tristeza, euforia, suspense, tranquilidade, etc.), como também os
personagens, uma vez que cada um possui uma voz típica e fácil de ser identificada.
Por exemplo: Sussurrar quando o personagem fala baixinho ou está
pensando em algo importante, falar baixo quando demonstrar dúvida, exaltar a voz
quando tiver algum barulho mais forte, Dar pausas ao pronunciar o “então”, para que
dê tempo de cada criança imaginar, todas as hipóteses de acontecimentos que
poderão surgir em seguida. Todos esses detalhes fazem muita diferença na
compreensão da criança em relação ao enredo da história.
Usar a onomatopeia, também ajuda a dar ênfase e emoção nos
acontecimentos. Demonstrar sentimentos, nas diferentes situações da história.
O olhar é tão importante quanto à fala no momento da contação de história
ele demonstra afeto, carinho, tristeza. Podemos falar através dos olhos. Deve-se
distribuir bem o olhar, não se fixando numa só pessoa ou grupo, olhar pelo menos
uma vez para cada ouvinte.
Antigamente, no tempo de nossos pais e avós, a comunicação era feita muito mais pelo olhar do que pelas palavras. Bastava um olhar mais forte e já se sabia o que eles queriam dizer. Hoje, falta esse ingrediente na comunicação. (GARCIA, et al, 2003, p.44).
12
As expressões corporais e faciais auxiliam o cantador á expressar suas
ideias, mas devem ser simples, variados e usados moderadamente, sem exagero.
Toda a narrativa pode ser contada com gesto, pois, cada personagem (madrasta,
bruxa, rainha, príncipe, rei, crianças, animais) tem suas manias, jeito de andar e de
ser que denunciam sua condição social e emocional.
As mãos são capazes de dar colorido, forma á história. A linguagem das mãos é poderosa e decisiva no ato de contar. As mãos visualizam com os gestos, que têm significação e formas convencionais. [...] Quanto a expressão corporal é preciso ter bastante cuidado. O exagero no uso desse ingrediente como a teatralização, pode sacrificar o efeito dessa narrativa. (GARCIA et al. 2003, p.46).
Possuir a manha de improvisar nas mais diversas situações, facilita a
comunicação entre ouvinte e leitor, portanto a memória e a imaginação são grandes
aliadas do cantador, uma vez que dado um branco o leitor busca em sua memória
ideias para improvisar sem deixar que os ouvintes percebam.
O contador de histórias não deve se irritar, nem chamar a atenção do ouvinte, ou seja, ele não deve parar de contar a história. Nesse instante, entra a sua capacidade de improvisação. Você pode recorrer a técnica de narrar com interferência, colocando os ouvintes para participar da história. (GARCIA et al. 2003, p. 48)
GARCIA et al (2003), ainda afirma que, a credibilidade é muito importante no
momento da contação da história, para fazer com que o publico acredite que o que
esta contando é verdadeiro. Para isso ele precisará da memória e da improvisação,
no caso de ele errar, e não querer que a plateia perceba o erro. Sustentando o olhar
firme, o contador convence o ouvinte, e ninguém questionará a verdade contida na
história.
Após todos esses itens minuciosamente observados e preparados, faltará
apenas o contador pegar algum adereço que remeta a história e começar a
narração, pois todas as crianças estarão esperando ansiosas por esse momento
mágico e encantador.
Por isso, o professor deve ler o livro antes, com atenção, e sentir todas as
emoções que a história transmite raiva, tristeza, medo, saudades, assim quando
chegar a hora da história o contador vai conseguir transmitir todas as emoções que o
texto propõe. Portanto o contador pode escolher qualquer tipo de história para narrar
para as crianças, desde que a conheça, e ache-a surpreendentemente boa.
ABRAMOVICH (1997, p. 20), afirma que:
13
Claro que se pode contar qualquer história à criança: comprida, curta, de muito antigamente ou dos dias de hoje, contos de fadas... de fantasmas, realistas, lendas, histórias em forma de poesia ou de prosa... Qualquer uma, desde que ela seja bem conhecida do contador, escolhida porque a ache particularmente bela ou boa, porque tenha uma boa trama, porque seja divertida ou inesperada ou porque dê margem para alguma discussão que pretende que aconteça, ou porque acalme uma aflição... O critério de seleção é do narrador... e o que pode suceder depois depende do quanto ele conhece suas crianças, o momento em que estão vivendo, os referenciais, de que necessitam e do quanto saiba aproveitar o texto (enquanto texto e enquanto pretexto).
Na verdade a história, segundo GARCIA et al (2003), é o mesmo que uma
bonita peça musical: não se pode descrevê-los ou executá-los bem se não
admirarmos. É preciso que o professor perceba se a história desperta a
sensibilidade, a emoção, por que dessa forma irá contá-la com sucesso. Sendo
assim o primeiro passo é gostar dela, compreendê-la, para transmitir tudo isso as
crianças.
Para as crianças da Educação Infantil é importante que as histórias tenham
linguagem simples, clara e de acordo com os interesses e idades. Devem ser uma
história interessante e agradável que despertem a curiosidade e a imaginação.
Quanto menores forem as crianças, mais suas representações e noções sobre o mundo estão associadas diretamente aos objetos concretos da realidade conhecida, observada, sentida e vivenciada. O crescente domínio e uso da linguagem, assim como a capacidade de interação, possibilitam, todavia, que seu contato com o mundo se amplie, sendo cada vez mais mediado por representações e por significados construídos culturalmente. (RCNEI, BRASIL, 1998, v. 03, p. 169)
Antigamente, segundo GARCIA et al (2003), muitas histórias, eram contadas
oralmente utilizando basicamente a voz, o olhar, e alguns gestos. Atualmente
passam a ser contadas às crianças com a utilização de recursos, também de forma
lúdica e criativa. A arte de narrar uma história conta com recursos
lúdico/pedagógicos ou mediadores (para alguns autores) e estão disponíveis no
mercado. Mas, com criatividade, podemos confeccionar como: dedoches, fantoches,
cineminha (TV), painéis, livros de pano, EVA, pop-up, de plástico, especiais para a
hora do banho. Livros que muitas vezes mais parecem brinquedos. Esses recursos
auxiliam na apresentação de histórias, que, além de serem ouvidas, passam a ser
assistidas e manuseadas.
Os interesses das crianças na escolha do livro na hora da contação de
história variam de acordo com o seu desenvolvimento cognitivo, ou seja, para cada
idade á uma preferência, e os professores precisaram estar atentos a este detalhe.
14
No livro Baú do Professor, volume 05, de GARCIA et al (2003), as autoras destacam
a classificação das histórias por faixa etária e interesses:
_ Crianças com idade entre 15 meses a 3 anos, demonstram aumento
constante em seu vocabulário, e criam palavras para expressar suas necessidades,
gostam de bater palmas, imitar gestos, também gostam muito de ouvir os outros
falarem, se satisfazem com o som, porem não conseguem acompanhar os casos de
uma história. Gostam de histórias curtas e com rimas, ouvir músicas e observar
gravuras, possuem concentração curta e dispersa, com duração em média de cinco
minutos e logo mudam de assunto rapidamente.
Os tipos de histórias sugeridas para essa fase são cantigas de ninar,
parlendas e rimas. As historias devem ser contadas utilizando imagens, bichinhos
para manusearem, movimento das mãos e histórias improvisadas.
_ Entre os três e quatro anos, as crianças estão na fase do realismo
imaginário. Para elas, a imitação representa a realidade e todas as coisas são vivas
e dotadas de sentimentos, apresentam maior capacidade de concentração;
conseguem compreender a sequência lógica, gostam de brincar com jogos e
adivinhas.
Os tipos de histórias sugeridas para essa fase são as improvisadas,
rimadas, as que possuem objetos e animais humanizados, histórias de exemplos e
as que falam da vida real: família, crianças e comunidade.
_ Entre quatro e cinco anos, encontra-se na fase do realismo imaginário,
para elas, a imitação representa a realidade, todas as coisas são vivas e dotadas de
intenções e sentimentos, possuem maior capacidade de concentração, sendo
capazes de ouvir histórias, por um tempo maior, bem como repetir sua sequencia.
Os tipos de histórias sugeridas para essa fase são as acumulativas e de
repetição, as da vida real que falam de crianças e família, histórias de brinquedos,
objetos e animais humanizados, ainda gostam de contos de causas e contos de
fadas com enredo simples.
_Entre cinco e seis anos, as crianças ainda encontram-se no realismo
imaginário, para elas: a imitação representa a realidade; todas as coisas são vivas e
dotadas de intenções e sentimentos; encontram-se no inicio do processo de
socialização, ou seja, formam pequenos grupos de amigos, gostam de estar na
15
companhia de outras pessoas; possuem maior capacidade de concentração, ou
seja, conseguem esperar sua vez de falar, escutam outras pessoas falando e se
interessam por histórias mais longas com enredo simples.
Os tipos de histórias sugeridas para essa fase são as acumulativas e de
repetição, as da vida real que falam de crianças e família, histórias com muita ação,
de animais e de exemplo, ainda gostam de contos de causas e contos de fadas com
enredo simples.
Quando as histórias são lidas apenas por ler, segundo CAVALCANTI (2002),
elas não causam o impacto que deveriam causar nas crianças, e por isso muitos,
quando se tornam adolescentes e podem escolher se querem ou não fazer leitura de
literatura, se sentem desinteressadas, pois para ela, não tem graça e passa a ser
vista como obrigação.
Por isso os professores de educação infantil precisam estar preparados para
que assumam uma atitude reflexiva em relação ao seu ensino e as condições sociais
que o influenciam e o grande desafio é garantir o movimento à riqueza do processo,
mantendo o diálogo permanente. Propor desafios, reflexões, fazer conexões entre o
conhecimento adquirido ao pretendido e ao vivido, sempre de maneira criativa e
lúdica, envolvendo todos os alunos.
As experiências vividas na educação infantil irão nortear o desenvolvimento
da criança em toda a sua vida escolar, portanto se a criança tiver uma visão negativa
da escola, ela vai criar barreiras, dificultando seu desenvolvimento nos anos futuros
de escolarização.
É importante ressaltar, que:
[...] Esperamos que a entrada da criança no mundo da leitura seja sempre realizada num clima de muita entrega e busca pela transformação. Cada educador tem nas mão uma varinha de condão, e por mais difícil que seja sensibilizar para a leitura, não podemos perder de vista o nosso propósito de não deixar morrer a nossa tradição e cultura, portanto as histórias que falam do que somos e podemos ser. (CAVALCANTI, 2002, p. 85).
As crianças, á medida que se desenvolvem, segundo CAVALCANTI (2002),
devem aprender passo a passo a se entenderem melhor, e com isso tornam-se mais
capazes de entender os outros, propiciando uma interação satisfatória e significativa.
Para que esse desenvolvimento ocorra às histórias devem ser bem contadas de
forma que despertem o interesse das crianças.
16
Diante de tantos aspectos referentes à contribuição da contação de histórias
vistos até o momento é possível identificar vários aspectos relevantes que são
abordados através dos contos de fadas, os estudos realizados sobre a importância
dos contos de fadas, destacam que a criança consegue resolver problemas
interiorizados em seu ser, e transmitem características que identificam cada sujeito
na sua singularidade, como também os sentimentos de bem ou mal.
Na verdade os contos de fadas, as fábulas, os mitos e outros, deixaram de
ser vistos como fantasias, para serem pressentidos como portas que se abrem para
verdades humanas ocultas.
É por meio dessa perspectiva que os contos de fadas, as lendas e os mitos etc. também deixaram de ser vistos como “entretenimento infantil” e vêm sendo redescobertos como autênticas fontes de conhecimento do homem e de seu lugar no mundo. (COELHO, 2005, p.17).
Os contos de fadas não falam só de amor mais de muitas situações que
vivemos na realidade e isso incentiva uma reflexão sobre os desafios que temos que
enfrentar no dia a dia. Por isso é muito importante que as crianças saibam que os
contos de fadas falam do lúdico, do mágico, mais também tratam de coisas reais.
Segundo ABRAMOVICH (1997), os contos de fadas são tão ricos que tem
sido fonte de estudos para psicanalistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos, cada
um dando sua interpretação de acordo com sua área de interesse e conhecimento.
Para BETTELHEIM (1978), explicar para uma criança por que o conto de
fadas é tão cativante para ela, destrói, acima de tudo, o encantamento da história,
de depende, em grau considerável, de a criança não saber absolutamente por que
está maravilhada. E ao lado do confisco deste poder de encantar vai também uma
perda do potencial da história em ajudar a criança a lutar por si só e dominar
unicamente por si só o problema que faz a história instigante para ela. As
explicações adultas, por mais corretas que sejam, roubam da criança a oportunidade
de sentir que ela, por si próprio, através de repetidas audições e de remoer varias
vezes acerca da história, enfrentou com êxito uma situação difícil. Nós crescemos,
encontramos sentido na vida e segurança em nós mesmos, por termos percebido ou
concertado problemas pessoais por nossa conta, e não por eles nos terem sido
explicados por outros.
À medida que o personagem vai vencendo os obstáculos, a criança também
aprende a se conhecer e a lidar com as diversidades da vida; vai amadurecendo,
17
enfim, se realizando plenamente como ser humano e conquistando a felicidade. Isso
tudo, é apresentado á criança através da palavra simbólica, que facilita para a
criança a compreensão desses significados profundos, escondidos na alma humana.
“O conte de fadas é a cartilha onde a criança aprende a ler sua mente na
linguagem das imagens, a única linguagem que permite a compreensão antes de
conseguirmos a maturidade intelectual.” (BETTELHEIM, 1980, p. 197).
Por meio, da identificação a criança vive intensamente os sentimentos do
personagem, seja ele bom ou ruim, com esse exercício ela aprende a trabalhar com
suas próprias dificuldades, à se conhecer melhor e também conhecer o mundo que á
cerca.
É importante ressaltar que:
Esta é a mensagem que os contos de fadas transmitem às crianças de forma múltipla: uma luta contra as dificuldades na vida e inevitável é parte intrínseca da existência humana; e se a pessoa não se intimida, mas se defronta de modo firme com as pressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominara todos os obstáculos e, ao fim, emergirá vitoriosa. (BETTELHEIM, 1980, p. 14).
Esses contos carregados de significados tem um valor inestimável, e não
podem estar distantes das leituras que serão oferecidas às nossas crianças. Quanto
maior forem os conhecimentos de leitura dessas narrativas, maiores recursos
interiores nossas crianças desenvolverão para encararem as adversidades com que
por certo irão se defrontar ao longo da existência. São contos que encantam,
apaixonam, são contos carregados de significação. Neles se concentra toda uma
sabedoria popular acumulada ao longo dos tempos. São a nossa herança cultural,
as inquietações, as verdades e as explicações mágicas que nossos antepassados
buscavam para entender o comportamento humano e a vida em sociedade.
Não há duvida de que, sem esse mar de narrativas maravilhosas que cobre a humanidade desde a origem dos tempos, a vida na Terra teria sido bem diferente: dificilmente poderia ser vista e sentida na essencialidade e na grandeza que lhe é inerente e que, infelizmente, nem todos conseguem descobrir. (COELHO, 1987, p. 75).
Segue abaixo, segundo BETTELHEIM (1980), alguns exemplos de métodos
para o momento da contação de histórias:
Cantinho da Leitura na sala de aula. Este Cantinho é um lugar reservado à
leitura de contos, de gibis, de revistas, além de livros de pintura, de desenho, dentre
outros. Nele as histórias são contadas pelo professor, contadas pelos alunos e lidas
individualmente, cada criança a sua maneira, através das imagens.
18
É importante que o professor convide os alunos a participar do cantinho pelo
menos três vezes por semana, a fim de criar um hábito de interesse na criança.
Além disso, é fundamental que o educador forme esse ambiente com a ajuda dos
seus alunos, para que desde o início haja uma interação com o local e também entre
professor-aluno e aluno-aluno.
Dessa forma, os alunos se sentirão mais a vontade, o que produzirá um
desbloqueio à leitura. O cantinho da leitura será encarado como um momento para
relaxar, e os alunos estarão aprendendo sem que percebam.
O cantinho da leitura é importante desde o maternal, porque mesmo que a
criança ainda não saiba ler, o aspecto visual chamará sua atenção e produzirá uma
leitura óptica, ainda mais se for de um livro que o professor já tenha lido em sala. O
consciente do aluno trará a história à sua memória e ele poderá contá-la através das
imagens.
Essa atividade produzirá hábito de leitura, interação entre os alunos,
aprendizado coletivo, respeito (silêncio quando o colega estiver lendo ou contando a
história), noção de tempo (há tempo para brincadeiras, há tempo para relaxar, para
ler, para conversar, etc.).
Simples Narrativa: é uma das mais fascinantes de todas as formas de
contar histórias, antiga, tradicional e uma autêntica expressão do contador de
histórias. Processa-se apenas por meio da voz do contador e de sua postura, não
requerendo acessórios, pois, com as mãos livres, sua força se concentra na
expressão corporal. “É a maneira ideal para contar uma história e a que mais
contribui para estimular a criatividade.” (COELHO, 1991, p.32). Segundo essa
autora, a utilização de ilustrações em determinadas histórias podem desviar a
atenção dos ouvintes, que deve fixar-se no narrador, para não perder o
encantamento da história.
O próprio livro: o professor poderá fazer uso do livro para mostrar imagens,
chamar a atenção de algum detalhe da história, ler uma frase, até mesmo levantar
hipóteses sobre o que irá acontecer. De acordo com COELHO (1991), existem
textos que indispensavelmente requerem a apresentação do livro, pois a ilustração o
complementa, mostrando-se tão rica quanto o texto. Porém, convém lembrar que se
for um livro de pouco texto e de ilustrações abundantes, o professor deve narrar
19
quase textualmente, com certas alterações na linguagem, indo desde variações de
entonação até impostações típicas de determinados personagens, com o intuito de
melhor caracterizá-los e, assim, envolver as crianças. É importante, também,
promover o diálogo, conversando com os alunos no decorrer da história,
promovendo a interação, pois segundo a autora, é este o momento ideal para
atribuir às palavras um significado concreto, real, extinguir preconceitos, e ideias
falsas, aproveitando todas as oportunidades para ajudar as crianças a crescer e
pensar.
Com gravuras: alguns livros de formato pequeno, de ilustrações que
antecipam acontecimentos ou não se correspondem com o texto, histórias em
revistas ao lado de outras matérias e anúncios diversos inviabilizam a utilização do
livro como recurso ilustrativo. Dessa forma aconselha-se que as gravuras sejam
reproduzidas e ampliadas em papel resistente, visíveis para o grupo de ouvintes e,
no caso de revistas, as cenas poderão ser recortadas e montadas em quadrados ou
retângulos de cartolina, duplo, complementando-se se necessário para obter um
visual mais bonito, considerando sempre os elementos essenciais da história.
Flanelógrafo: nas histórias em que o personagem central entra e sai de
cena, movimenta-se durante o enredo, COELHO (1991), afirma que o ideal é o uso
do flanelógrafo. As gravuras devem ser desenhadas, ampliadas ou pintadas em
papel grosso, recortadas e no verso pode ser colado velcro, lixa grossa, palha de
aço fina, tiras de fita dupla face, areia fina ou qualquer material que mantenha a
gravura presa à flanela, que é a base do flanelógrafo.
De acordo com OLIVEIRA (2009), não é todo o texto que se adapta ao
flanelógrafo; é preciso que o enredo e os personagens sejam bem destacados, a
história deve ser contada progressivamente e as crianças também poderão
manipular as figuras para contar ou recontar a história.
Segundo COELHO (1991), o uso do flanelógrafo não deve ser confundido
com a apresentação de gravuras, são situações distintas para histórias diferentes.
Na gravura a cena é reproduzida e no flanelógrafo, cada personagem é colocado
individualmente, ocupando seu lugar no quadro, o que dá ideia de movimento.
Vale ressaltar que usar o flanelógrafo não é tomar qualquer gravura,
reproduzi-la fixar um pedaço de lixa no verso e colocá-la no quadro de flanela, pois o
20
importante nessa técnica é a ação do personagem principal, num movimento
constante. (COELHO, 1991).
Imantógrafo: é um recurso de apresentação progressiva. No verso das
figuras devem ser fixados pequenos ímãs para serem colocados em uma placa de
zinco ou latão no decorrer da contação de história.
Quadro de pregas: o quadro de pregas é confeccionado em papel grosso
ou cartolina. Suas pregas deverão ter aproximadamente 5 a 7 centímetros; as
gravuras poderão ser as mesmas feitas para o flanelógrafo, apenas acrescentando
na base 5 a 7 centímetros de cartolina, para que se encaixe nas pregas do quadro.
Álbum seriado: as imagens da história devem ser pintadas ou desenhadas
em folhas de papel; quanto maior as ilustrações, melhor será a visibilidade da
criança. O ideal para crianças pequenas é o uso do papel do tamanho de uma folha
de cartolina.
Os cartazes devem ser presos formando um bloco e a parte superior deve
ser reforçada com uma fita forte; nessa fita, deve-se fazer alguns orifícios para unir
os cartazes com anéis, cordão ou madeira.
O álbum seriado é um recurso que as crianças gostam muito, pois o
professor pode criar uma situação de suspense, expectativa e envolvimento.
Álbum sanfonado: é parecido com o álbum seriado, mas, ao invés de virar
as folhas para trás, as partes são desdobradas. É feito com papel cartão e dobrado
em forma de sanfona; suas partes são ligadas com fita adesiva, ou fita de tecido.
Transparência: conforme a história é contada, as figuras desenhadas na
transparência devem ser projetadas no retroprojetor. Oliveira (2009) afirma que,
dependendo da história, os personagens se movimentam dentro da mesma; ela
sugere, então, que num segundo momento os alunos também possam recontar a
história, podendo também ocorrer o inverso: o professor projeta e os alunos criam
sua própria história e, posteriormente, o professor conta a sua versão.
Mural didático: sua base poderá ser feita em cartolina, ou outro material
semelhante. É importante que esteja colocado em uma altura de fácil visualização
para o público. A história pode ser montada e as gravuras serem cobertas e, aos
poucos, no decorrer da história, o professor vai revelando-as, de acordo com a
21
sequência da história.
Este recurso pode ser usado pela criança para contar a sua história. A
classe também pode organizar um mural a partir de um texto lido, da continuação de
uma história trabalhada em sala de aula, ou uma criação de uma história a partir de
um texto lido.
Cinema: antigo e simples, este é um recurso que desperta o interesse e a
curiosidade de todos, pois a história aparece em pequenos pedaços. É importante
que os desenhos sejam sequenciados, como outros recursos de apresentação
progressiva aqui propostos.
As cenas deverão ser mostradas aos poucos para a plateia, criando
expectativa e envolvimento com a história. De acordo com Oliveira (2009), este
recurso, como outros, permite que o professor pare em uma das cenas e introduza
outros recursos, como cantos, expressão corporal, mímica, etc.
Apresentações em slides (Powerpoint): este é um recurso de grande
interesse do aluno, pois existem vários textos acompanhados de imagens. Deve ser
planejado como todos os outros. As imagens poderão ser projetadas como estímulo,
antes, durante, ou no fim da leitura do texto.
O trabalho com o DVD nos ambientes em que é possível a utilização, o DVD
é mais um recurso que pode ajudar o professor na contação de histórias. Em sua
utilização, é importante que o professor previamente prepare os alunos e a sala, e
programe atividades posteriores, de modo que este recurso propicie aprendizagem
significativa.
A escola é o espaço privilegiado par a socialização, desenvolvimento e
descobertas. Mais que um lugar agradável para brincar, uma escola deve ser um
espaço que favoreça o crescimento e ter sempre pessoal preparado e capacitado
com formação e atualizações constantes, capazes de propiciar este
desenvolvimento com atitudes diárias, procurando manter um espaço estimulante,
educativo, seguro e afetivo requer cuidados e comprometimentos essenciais ao bom
andamento da escola.
Para CAVALCANTI (2002, p. 78):
Claro, que a escola é um campo fértil para se produzir leitura, alias ela deve ser o espaço para o desenvolvimento das potencialidades, no que inclui-se
22
o tornar-se leitor. Mas a escola precisa ser preparada para isso, para não fazer da literatura mero instrumento pedagógico com a finalidade de reproduzir padrões e valores da ideologia dominante. Ao contrario disso, a arte liberta porque transforma.
É papel essencial de a escola proporcionar espaços e materiais para que
ocorra o encontro entre livro e leitor, desenvolvendo o gosto pela leitura, deve criar
espaços para a valorização do lúdico, ser um campo fértil para a valorização da
interdisciplinaridade do olhar da criança sobre o mundo. As escolas precisam
acompanhar esse ligeiro desenvolvimento, atualizando-se de materiais, formação de
professores, projetos inovadores, buscando chamar a atenção dos pequenos
“leitores”, e despertando seu interesse para a literatura, como algo que proporciona
prazer e satisfação.
Para CAVALCANTI (2002), a escola deve trabalhar em busca de
proporcionar às crianças atividades que vão alem do lúdico, da brincadeira e da
simples leitura. Para ela é essencial que a leitura tenha um sentido na vida da
criança, é preciso que o ouvinte sinta-se identificado com o lido que possa exercitar-
se numa aprendizagem importante sobre o mundo, as pessoas, as lutas, a natureza,
a dor e o amor.
Dramatização: de acordo com OLIVEIRA (2009), é possível a adaptação
das histórias infantis para representação de seu texto para o teatro; assim, as
crianças assumem o papel dos personagens e os representam. Dependendo dos
recursos da escola, as crianças poderão usar fantasia, máscaras e diversos objetos
para representação do teatro. Ainda destaca que a história não deve ser elaborada
pelo professor e dada pronta para ser “decorada”; antes, será muito mais
enriquecedor se as crianças participarem de todo o processo.
Porém, o importante, ressalta a autora, é que “a criança (o aluno) assimile a
mensagem transmitida pela história e verbalize seu conteúdo, usando a linguagem
oral e gestual.” (OLIVEIRA, 2009, p.25).
O teatro de sombra é um recurso simples e interessante: uma cortina
transparente e esticada no frente do público e uma luz, que deve ser acesa atrás da
cortina, de forma que os personagens sejam projetados nela. De acordo com
Oliveira (2009), é possível também o uso de uma caixa com papel vegetal; assim,
projetam-se nela os personagens feitos de cartolina ou cartão preto, presos ou não
com uma vareta.
23
O Fantoche é um recurso que desperta muito interesse nas crianças. De
acordo com OLIVEIRA (2009), os fantoches também poderão ser produzidos pelos
alunos para representação da história, e após o planejamento e execução dos
bonecos, confeccionados com massa, meia ou sucata (de acordo com a escolha dos
alunos), a apresentação se fará da melhor forma.
Essa autora faz menção a alguns tipos de fantoches que poderão ser
utilizados como: fantoche de mão (em que a mão poderá ser pintada de acordo com
o personagem, colocar fios de lã sobre os dedos como se fossem cabelos), fantoche
feito com meia, fantoche com saco de papel, fantoche feito de tecido e fantoche de
dedos.
Teatro de varas: neste recurso, os personagens são feitos em cartolina e
fixados em uma vareta; um biombo em papelão poderá ser montado pelos alunos e
por trás dele, a peça é representada com os movimentos da vara, de acordo com a
sequência da história.
Máscaras são fáceis de fazer, baratas e substituem, tranquilamente,
figurinos; um excelente recurso, que pode ser confeccionado com papel, sacos de
papel ou tecido.
Cartazes e quadros: a história lida poderá ser representada com desenhos
dos alunos, em forma de álbum seriado, em forma de cartazes, ou em forma de
quadros, que poderão ser colocados na parede à medida que a história for contada.
De acordo com OLIVEIRA (2009), desenhar ou fazer colagens é uma atividade que
desperta o interesse e a criatividade e os alunos gostam muito.
O professor poderá sugerir aos alunos que tragam palavras, letras e
imagens recortadas relacionados à história e, a partir dos recortes, a criança poderá
formar frases relacionadas com a história ou até mesmo montar uma história
diferente.
Dobradura: o professor deve contar uma história que apresente condições
para representação em dobraduras, tais como peixe, barco, sapo, cão, gato, chapéu,
flores etc. Assim, cada aluno poderá escolher uma história, falar o porquê de tê-la
escolhido, fazer a dobradura, que poderá ser colada em uma folha de papel sulfite, e
completar o cenário de sua história.
História sequenciada é um excelente recurso para ajudar a criança a
24
expressar-se oralmente, como também organizar seu pensamento, assim o
professor poderá contar a história em sequência e posteriormente o aluno terá a
oportunidade de montar sua própria sequência.
O avental poderá ser usado como cenário da história. Ele ser feito de feltro
para que as figuras, coladas velcro no verso, sejam fixadas.
Os personagens também poderão ser colocados no bolso do avental e
serem retirados no transcorrer da história.
Os contos que as caixas contam: Este é mais um recurso ao qual o
professor poderá recorrer para contar histórias. As caixas podem ser grandes ou
pequenas, quadradas ou redondas; os personagens poderão ser colocados dentro
da caixa e, conforme o professor narra a história, ele são retirados da caixa,
trazendo encantamento, suspense e diversão para os ouvintes.
Para produzi-las, é preciso buscar papéis coloridos, colar retalhos de
tecidos, plásticos, espelhos, sementes, material reciclável; desta forma o professor
poderá montar um cenário dentro da caixa, o palco das ações de uma história,
poderá também montar uma caixa surpresa, com objetos interessantes, feitos para
serem manuseados pelos alunos enquanto a história é contada.
De acordo com OLIVEIRA (2009), o mais importante ao contar a história é o
envolvimento da criança. Quando ela se identifica com alguma parte da narrativa,
deve ser dado espaço a ela para falar de suas experiências relacionadas à história.
Portanto, acredita-se que os recursos sugeridos farão com que os alunos participem
mais e com prazer desta atividade, aproximando-os da literatura. Sempre que
possível é importante que o professor relacione a história com diversos assuntos,
propiciando, além do desenvolvimento intelectual, cognitivo e afetivo, situações que
favoreçam o letramento.
Cabe, portanto, ao professor de Educação infantil pensar, refletindo sobre o
seu fazer docente. Sonhar. Pigmentar a sua prática com as riquezas da fantasia e o
encantamento mágico do ato de criar em sala de aula e a contação de histórias é um
caminho para estimular todo esse potencial dos pequenos.
Todos os especialistas concordam que, num país como o Brasil, a escola tem um papel fundamental para garantir o contato com livros desde a primeira infância: manusear as obras, encantar-se com as ilustrações e começar a descobrir o mundo das letras. É nas salas de Educação Infantil que você, professor, deve apresentar os diversos gêneros à turma. Nessa
25
fase, o que importa é deixar-se levar pelas histórias sem nenhuma preocupação em "ensinar literatura". Ler para os pequenos e comentar a obra com eles é fundamental para começar a desenvolver os chamados comportamentos leitores. (MEIRELLES, 2010).
Sendo assim, a escola ocupa um papel fundamental no desenvolvimento da
criança, visto que, hoje em dia, a educação esta voltada praticamente para a escola,
pois, os pais estão cada vez mais trabalhando fora e no período integral, deixando
praticamente (por necessidade), a educação de seus filhos, sob a responsabilidade
de terceiros. As crianças de hoje em dia se desenvolvem com muita facilidade e tem
um enorme conhecimento de mundo, pois tem acesso a muitos meios de
informação.
26
2. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ENSINO
PROJETO: Pequenos Ouvintes, Grandes Leitores.
História: Chapeuzinho Vermelho.
Autora: Maria Heloisa Penteado.
Turma: Pré – I.
2.1TEMA E LINHA DE PESQUISA
Este projeto é voltado para a interação, comunicação e desenvolvimento
interpessoal. O trabalho com contos clássicos torna a aula mais atrativa, dinâmica e
mais próxima da realidade dos alunos. Valoriza a língua como veículo de
comunicação e expressão das pessoas e dos povos, abrangendo o desenvolvimento
da linguagem, da leitura e da escrita.
Na dimensão do cotidiano escolar, a literatura movimenta a fantasia e a
imaginação das crianças por meio de jogo de linguagem, mexe com as palavras,
brinca com as palavras, descobre mistérios e cria outros, mostra á criança seus
pensamentos obscuros, e ajudam-na a resolver seus problemas internos.
Visto todas estas vantagens, o projeto é focado em atividades desenvolvidas
através da contação da história “Chapeuzinho Vermelho”, ele vai falar sobre
obediência, vai trabalhar com a imaginação da criança, e seu desenvolvimento a
partir de brincadeiras, filme, roda de conversa, atividades dirigidas e até a
preparação de um bolo, seguindo a receita, observando assim as quantidades.
Como futuros pedagogos precisamos nos preparar, nos alimentando de
conhecimentos teóricos e práticos, buscando aperfeiçoar nossas concepções, e
mudar as atitudes que não coincidem com uma educação libertadora e
transformadora. Acredito que durante todo o curso trabalhamos para isso, através
das aulas, trabalhos e estágios. Elaborei este projeto, vendo o professor como
mediador do conhecimento, dando autonomia e liberdade para o aluno expressar
suas opiniões, e executar suas ações.
2.2 JUSTIFICATIVA
A história é uma arte de suma importância nas nossas vidas, através delas
conhecemos fatos, adquirimos experiências e nos despertamos para hábitos de
leitura.
Através das histórias, podemos levar as crianças á viajarem no tempo e
reproduzirem as mesmas, contribuindo assim para o seu desenvolvimento. Na
educação infantil, a arte de contar história deve se fazer presente, pois pode fazer
com que as crianças desenvolvam a fala, ajuda-ás a resolver problemas internos,
contribui para a interação e socialização de todos.
A contação de histórias propicia a criança inúmeras possibilidades de se
desenvolver, ela promove a interação, instiga a imaginação e também é a
oportunidade que muitas crianças tem de ter contatos com livros.
Acredito que quando um educador utiliza a história na sala de aula, ele está
praticando uma aprendizagem mais significativa.
Desta forma, o presente projeto se justifica pela necessidade de reavivarmos
a arte de contar histórias dentro do contexto escolar, utilizando a história como um
excelente recurso pedagógico para o desenvolvimento pleno da criança.
2.3 PROBLEMATIZAÇÃO
Durante todo o curso de pedagogia venho me preparando para obter
conhecimentos relacionados á área da educação, todas as disciplinas abordadas
foram muito importantes para minha formação, pude compreender como a educação
é importante, complexa e até difícil.
A educação infantil é um período muito frutífero no desenvolvimento da
criança, nesta fase, ela absorve todo o conhecimento que gira a sua volta, observa
as atitudes dos adultos e muitas vezes até os copia. Estudando alguns autores,
percebo que este é um ótimo momento para inserir a criança no mundo da leitura,
visto que, ela vive num mundo cheio de criatividade, possuindo amigos imaginários e
até conversando sozinhas.
Sabendo a importância da leitura no desenvolvimento escolar da criança, é
necessário que seja inserida na vida da criança desde sua mais tenra idade, sem
28
obrigações, este momento da contação deve proporcionar prazer á criança. Para o
professor conseguir transmitir o habito da leitura, é necessário que ele também
possua este habito, pois as crianças percebem e conhecem as atitudes de seus
professores.
O professor deve ser um mediador entre a criança e o conhecimento, jamais
dando resposta, ele deve levar o aluno à reflexão e a buscar resposta. Nessa fase,
ele também precisa ser muito criativo e buscar sempre atualizar seus
conhecimentos.
2.4 OBJETIVOS
Resgatar a arte de contar histórias, incentivando o hábito da leitura e
despertando a imaginação.
� Objetivos específicos:
_ Desenvolver a linguagem oral;
_ Estimular o gosto pela leitura;
_ Desenvolver raciocínio lógico;
_ Envolver as crianças num mundo de fantasias e imaginação;
_ Melhorar a interação, comunicação das crianças.
2.5 CONTEÚDOS
Linguagem oral e escrita; Identidade e autonomia; movimento; Artes Visuais
e Musica.
2.6 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
1º dia:
Neste primeiro dia, a professora irá despertar a curiosidade e a vontade da
criança em participar das atividades. Então para iniciar o professor vai informar às
crianças que vai mostrar algumas figuras de personagens que fazem parte de um
29
conto infantil muito conhecido, porem, essas imagens serão mostradas com projeção
de sombras.
A professora vai mostrar os personagens da história “Chapeuzinho
Vermelho”, e ao mostrar as imagens vai perguntar:
_ De quem é essa imagem?
_ Ela faz parte de algum conto que vocês conhecem?
_ Vocês sabem o nome delas?
De acordo com as respostas que forem surgindo, a professora vai dizer o
nome da história (Chapeuzinho Vermelho).
Questioná-los se conhecem a história, e distribuir o caderno de desenho
para que desenhem o que conhecem e entendem da história, em seguida mostrar e
explicar seu desenho para a turma.
2º dia:
A professora vai entrar na sala de aula caracterizada de Chapeuzinho
Vermelho, e iniciar a conversa explorando o nome da história e da autora. Em
seguida motiva-los a tentar contar a história de acordo com as imagens, observando
as diferentes versões contadas por elas.
Em seguida escrever na lousa o nome dos personagens, e distribuir o
alfabeto móvel para que procurem a letra inicial de cada um, sempre perguntado o
nome da letra encontrada. Confeccionar dedoches com os personagens para que
possam reproduzir o texto e brincar. Cada criança ira colorir o seu.
3º dia:
Ao iniciar a aula a professora ira convida-los para irem de baixo de uma
arvore e neste momento ela ira ler a história, respeitando todos os detalhes contidos
nela, utilizando recursos interpretativos de pausa, mudanças no tom de voz de
expressões faciais e gestos, após a leitura ela vai perguntar se gostaram, e porque
gostaram, ainda vai fazer perguntas sobre o conto, por exemplo: Porque o nome era
Chapeuzinho Vermelho? Quem ela encontra na floresta? Quais são as perguntas
que Chapeuzinho Vermelho faz ao lobo vestido de vovó? Quais foram as
recomendações que a mamãe fez a Chapeuzinho?
30
Em seguida, convida-los para fazer um bolo de fubá, levando em conta as
medidas e nomes dos ingredientes. Depois de pronto servir para as crianças. Para
encerrar as atividades do dia, brincar de “Enquanto Seu Lobo Não Vem”.
4º dia:
Assistir ao filme “Deu a Louca na Chapeuzinho”, parar em um determinado
momento e pedir que finalizem a história, neste momento a professora vai escrever a
versão das crianças em papel craft, para depois verificarem se o final deles é
coerente com o do filme, depois de escrito voltar a assistir o filme. Desenvolver roda
de conversa sobre qual parte mais gostaram, colorir e enfeitar a Chapeuzinho
Vermelho, disponibilizar papel crepom, aparas de lápis, giz de cera, carvão, cola
colorida para que enfeitem da maneira que preferirem.
Distribuir folha de papel sufite, para que cada criança desenhe uma cena da
história original (a contada pela professora), em seguida a professora vai montar
uma televisão utilizando uma caixa de papel (caixa de sapato, papelão) e varetas de
madeira, a professora vai fazer os cortes necessários e as crianças irão decorar a
caixa para que fique parecida com uma televisão. Nesta caixa será transmitida a
história ilustrada e contada pelas crianças.
Pedir para as crianças levarem no dia seguinte, guloseimas para organizar
um lanche partilhado.
5º dia:
Questionar as crianças sobre quais alimentos a Chapeuzinho Vermelho
levava para a vovó, em sua cesta. Entregar a atividade onde possui uma cesta, e
motiva-los a procurar em revistas seus alimentos preferidos, recortar e colar. Mostrar
para os colegas sua cesta e dizer o nome de seus alimentos preferidos, desenvolver
roda de conversa, sobre a importância de alimentar-se bem.
Em seguida organizar o lanche partilhado com os lanches que as crianças
trouxeram, de baixo de uma arvore ou lugar que transmita calma e prazer, estender
uma toalha, convida-los a sentar-se e lanchar. Para finalizar convidar as outras
turmas da educação infantil para assistirem a apresentação da história ilustrada por
eles na televisão.
31
2.7 TEMPO PARA A REALIZAÇÃO DO PROJETO
Este projeto será realizado, durante o período de 5 dias, com carga horária
de 4 horas diárias. Acima já está especificando as atividades realizadas durante
cada dia da semana.
2.8 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS
Para a realização do projeto será necessário, papel sulfite, papel craft, cola,
lápis de cor, giz de cera, cola colorida, aparas de lápis, papel crepom, DVD, roupa
para fantasiar-se de Chapeuzinho Vermelho e o livro.
2.9 AVALIAÇÃO
Ao longo do projeto o professor deve ficar atento, e observar o interesse e
participação em todas as etapas de desenvolvimento do projeto, ampliação da
linguagem oral, respeito às regras de convivência, a interação das crianças mais
tímidas nas rodas de conversa. Serão avaliadas também as atitudes do professor,
observando se ele ainda pode melhorar sua pratica pedagógica, e inserir novos
conceitos em sua aula.
32
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se com este trabalho, que as histórias são essenciais para o
desenvolvimento da criatividade, da socialização, da linguagem, da expressão
corporal e oral, da capacidade de opinar, argumentar e escolher, da coordenação
motora e da expressão artística. O professor que planeja as atividades decorrentes
da história tendo tais objetivos citados em vista contribui para que a criança
estabeleça desde cedo uma relação de prazer com a leitura e a escrita, seja na
família ou na escola, ela passa a encarar e entender as situações vivenciadas por
ela com uma ótica crítica, criativa, inquieta e viva.
Realizando este trabalho percebe-se que através da contação de historia o
professor pode tornar a aula mais dinâmica e atraente, proporcionando o
aprendizado desejado e ainda cria um elo de aproximação entre a criança e o
professor criando uma aprendizagem significativa.
Toda a escola tem um papel importante a exercer: cuidar para que o
aprender seja uma conquista. E como um instrumento indispensável, pode utilizar a
contação de histórias nas diferentes situações. Para que ocorra de fato o
aprendizado é muito importante que a escola seja unida, e todos os seus membros
trabalhem juntos, em prol de um único objetivo, sem deixar desviar-se a atenção e o
foco.
O projeto elaborado mostrará aos professores, que com simples atitudes em
seu dia a dia ele consegue inserir bons hábitos na vida das crianças, resgatando a
cultura da contação e/ou leitura de histórias, desenvolvendo a criatividade e a
imaginação.
Acredito que a educação infantil é o pilar de um bom desenvolvimento da
criança para seus futuros anos escolares, portanto, os professores desta turma
devem ser criativos e buscar sempre aperfeiçoar seus conhecimentos e técnicas
para realizar seus trabalhos em sala de aula, sempre lembrando que acima de tudo
são crianças e precisam de amor, paciência e carinho.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fany. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo: Scipione. 1997. ANTUNES, Celso. Educação infantil: prioridade imprescindível. 5ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.. ÁRIES, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. ___________. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. ___________. A psicanálise dos contos de fadas. 23. ed.São Paulo: Paz e terra, 2009. BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 1998. CAVALCANTI, Joana. Caminhos da literatura infantil juvenil: dinâmicas e vivencias na ação pedagógica. São Paulo: Editora Paulus, 2002. COELHO, Bethy. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1999. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. São Paulo: Ed. Moderna, 2000. ___________. Literatura infantil: teoria analise didática. 7. ed. São Paulo. Moderna, 2005. ___________. O conto de fadas. São Paulo: Ática, 1987. ___________. Panorama histórico da literatura infanto-juvenil. 4ª ed.. São Paulo: Ática, 1991.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria & prática. São Paulo: Ática, 1991. GARCIA, Walkiria et al. Baú do professor. Belo Horizonte: Fapi, 2003. GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura infantil: múltiplas linguagens na formação de leitores. São Paulo: Melhoramentos, 2009. MACHADO, Regina – Arcodais: Fundamentos teórico-poético da arte de contar histórias. São Paulo: DCL, 2004.
MEIRELLES, Elisa. Para começar, muitos livros. São Paulo: Abril, 2010. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br>. Acesso em: 30 set. 2013. OLIVEIRA, Maria Alexandre de. Dinâmicas em literatura infantil. São Paulo: Paulinas, 2009. PENTEADO. Maria Heloisa. Coleção contos de Grimm. 7. ed. São Paulo: Ática, 2012. ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. São Paulo; Global Ed., 6ª ed. 1987.
35
ANEXOS
Atividades trabalhadas durante a realização do projeto.
- Primeiro dia.
- Segundo dia.
- Terceiro dia.
Receita do bolo de fubá.
• 3 claras
• 3 gemas
• 1 copo (tipo requeijão) de açúcar refinado
• 1 copo (tipo requeijão) de leite
• 1/2 copo (tipo requeijão) de óleo de soja
• 1 copo (tipo requeijão) de farinha de trigo
• 1 copo (tipo requeijão) de fubá
• 1 colher de sopa de fermento em pó
• goiabada cascão cortada em cubos
1 modo de preparo
Numa batedeira bata as claras em neve. Continue batendo e adicione as
gemas, 1 a 1 . incorpore o açúcar, leite, o óleo e aos poucos, junte a farinha de trigo
e o fubá. Por último, agregue o fermento. Desligue a batedeira.
Numa forma de pudim, untada com óleo e enfarinhada com uma mistura de
canela e açúcar, coloque metade da massa. Salpique os cubos de goiabada,
coloque a outra metade da massa e cubra salpicando mais cubos de goiabada.
Leve ao forno a 180º C por 40 minutos e sirva a seguir.
- Quarto dia.
- Quarto e quinto dia.