AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO...

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO 8,0 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM INFANTIL VANESSA TEIXEIRA DA SILVA RODRIGUES [email protected] Orientador: prof. Ilso Fernandes do Carmo COLÍDER/2013

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO

8,0

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM INFANTIL

VANESSA TEIXEIRA DA SILVA RODRIGUES

[email protected]

Orientador: prof. Ilso Fernandes do Carmo

COLÍDER/2013

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E ALFABETIZAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM INFANTIL

VANESSA TEIXEIRA DA SILVA RODRIGUES

Orientador: prof. Ilso Fernandes do Carmo

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de especialização em Educação Infantil e Alfabetização..

COLÍDER/2013

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me dar ânimo e sabedoria para realizar este

trabalho; ao Orientador Professor Drº Ilso Fernandes do Carmo pela paciência, aos

meus familiares, esposo Paulo Roberto Rodrigues por estarem sempre me

incentivando e dando força .

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DEDICATÓRIA

Dedico primeiramente a Deus por ter me sustentado durante essa

caminhada me dando saúde e forças para realizar este trabalho.

Aos meus familiares que me apoiaram na busca de novos conhecimentos,

aos meus amigos e colegas de profissão que me apoiaram e incentivaram na

realização deste trabalho e ao meu esposo.

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"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-

lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste

ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem

ar, com exercícios estéreis, sem valor para a

formação do homem."

Carlos Drummond de Andrade

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RESUMO

A escolha do tema foi O Lúdico na Educação Infantil tema este que nos

despertou grande interesse em falar sobre ele, esse assunto sobre o lúdico vem

sendo falado por vários educadores a qual não e um assunto novo, mas é uma

maneira nova de se aplicar nos dias atuais. O lúdico é uma das armas mais

poderosa na Educação Infantil, e desenvolve o lado motor, psicomotor, social da

criança ainda que este tema muitas vezes vem sendo trabalhado de formas

contrarias vemos também que o Lúdico esta sendo usado para deixar a criança

fazer o que quer dentro da sala e muitas vezes o professor acaba deixando como se

diz a “criança livre” demais e acontece de não ser realizado um trabalho de

qualidade envolvendo realmente o lúdico na criança.

O objetivo geral do trabalho é compreender melhor o papel do lúdico na educação infantil e

sua importância para o desenvolvimento e a aprendizagem durante toda a vida.

A fim de atender ao objetivo desse trabalho bibliográfico que se propôs

analisar, a importância da ludicidade na educação infantil, o presente trabalho

desenvolveu-se por meio das leituras e pesquisas bibliográficas, considerando que

esta abordagem proporcionou resultados significativos na área educacional, e

oportunizou ao pesquisador uma visão mais ampla no cotidiano escolar, ainda que

nos produziu conhecimentos e contribuiu para a transformação da realidade

estudada.

Palavras chave: Lúdico. Jogos. Brincar, Brincadeiras e Brinquedos Educação

Infantil.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................08

1.0– CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO

BRASIL......................................................................................................................10

2.0- A IMPORTÂNCIA DO LUDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.............................16

CONSIDERAÇÃES FINAIS.......................................................................................26

4.0 REFERÊNCIAS....................................................................................................28

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INTRODUÇÃO

O brincar faz parte do mundo da criança, assim elas aprendem melhor e se

socializam com facilidade, aprendem a conviver em grupo, aprendem a tomar

decisões e percebem melhor o mundo dos adultos.

Sistematizar o brincar significa uma reorganização da prática pedagógica

desempenhada pelo professor, prática essa que deve abandonar os moldes da

educação bancária e absorver o lúdico através dos jogos como o instrumento

principal para o desenvolvimento da criança. O jogo, e a maneira como o professor

dirigem o brincar, desenvolverão psicológica, intelectual, emocional, físico-motora e

socialmente as crianças, e por isso os espaços para se jogar são imprescindíveis

nos dias de hoje.

Através dos jogos lúdicos, do brinquedo e da brincadeira, desenvolve-se a

criatividade, a capacidade de tomar decisões e ajuda no desenvolvimento motor da

criança, além destas razões, tornam as aulas mais atraentes para os alunos, são a

partir de situações de descontração que o professor poderá desenvolver diversos

conteúdos, gerando uma integração entre as matérias curriculares.

Atualmente em nossa sociedade, extremamente capitalista, que influencia

todos, inclusive as crianças, exercendo poder e controle através dos meios de

comunicação, principalmente a televisão.

Uma das alternativas para se burlar essa influência está no lúdico, nas

brincadeiras de uma forma geral, onde as crianças trabalhariam além do corpo a

interação com o outro. A criança tem a característica de entrar no mundo dos

sonhos das fábulas e normalmente utiliza como ponte às brincadeiras. Quando esta

brincando se expressa mostrando seu intimo, seus sentimentos e sua afetividade.

Os espaços lúdicos são ambientes férteis também para a aprendizagem e o

desenvolvimento, principalmente da socialização. Isso não é assunto novo, pois

Fröebel (2008), que ocupa também uma posição relevante na história do

pensamento pedagógico sobre a primeira infância e pertence à corrente cultural

filosófica do idealismo alemão, sempre defendeu que o jogo constitui o mais alto

grau de desenvolvimento da criança, já que é a expressão livre e espontânea do

interior.

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As brincadeiras são importantes por fazerem parte do mundo das crianças e

por proporcionarem momentos agradáveis dando espaço à criatividade. Todos

devemos buscar o bem–estar dos pequenos durante o processo de ensino e

aprendizagem, resgatando assim o lúdico como instrumento de construção do

conhecimento.

O trabalho vem trazendo a hipótese do tema sabendo que o lúdico é de

fundamental importância na Educação Infantil em todas as etapas. A fim de atender

ao objetivo desse trabalho de curso que se propôs refletir, a importância da

ludicidade na educação infantil, o presente trabalho desenvolveu-se por meio das

leituras e pesquisas bibliográficas, considerando que esta abordagem proporcionou

resultados significativos na área educacional, no sentido de oportunizar ao

pesquisador uma visão mais ampla no cotidiano escolar, produziu conhecimentos e

contribuiu para a transformação da realidade estudada.

Realizou-se pesquisas bibliográficas em livros, revistas, sites, atividades,

levantamentos bibliográfico, leitura e redação provisória. O trabalho foi feito

somente com textos e não de pesquisa de campo. O que norteou o trabalho foi o

objetivo geral sendo: Compreender melhor o papel do lúdico na educação infantil e

sua importância para o desenvolvimento e a aprendizagem durante toda a vida. Já

os objetivos específicos foram: Fazer levantamento bibliográfico; Ler o material;

Documentar o material; Fazer a redação provisória; Oportunizar ao educador a

compreensão do significado e da importância das atividades lúdicas na educação

infantil; Conscientizar que através da ludicidade a criança adquire novos

conhecimentos e desenvolve habilidades de forma natural e agradável, gerando

aprendizagem com prazer.

O capitulo um vem trazendo um breve histórico sobre a contextualização

histórica da Educação Infantil no Brasil, no segundo capitulo esta se tratando do

tema A importância do lúdico na Aprendizagem Infantil, terceiro capitulo se trata das

considerações finais e por ultimo a bibliografia.

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

No decorrer da história da educação Infantil, o que se percebe é que o

primeiro espaço onde a criança cresce e se desenvolve é no contexto doméstico e

familiar. De acordo com referencial curricular nacional para educação infantil

(BRASIL, 1998 p. 11).

A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente nas últimas décadas, acompanhando a intensificação da urbanização, a participação da mulher no mercado de trabalho e as mudanças na organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade está mais consciente da importância das experiências na primeira infância, o que motiva demandas por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos.

Porém, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, essa estrutura

familiar foi se modificando e surgindo outro ambiente que foram às creches e pré-

escolas, espaços onde se davam a continuidade ao desenvolvimento infantil.

Segundo FREITAS (2003 p.20), “A infância passa a ser “visível” quando o trabalho

deixa de ser domiciliar e as famílias, ao se deslocarem e se dispersarem, não

conseguem mais administrar o desenvolvimento dos filhos pequenos.”

O espaço de cuidado da criança não tinha a criança como foco, nem seus

interesses como objetivo era voltado para as mães trabalhadoras que não tinham

lugar onde deixar seus filhos, daí surgiu esse espaço com intuito de cuidar das

crianças para que elas não ficassem abandonadas.

Aspectos esses que podem ser confirmados na fala de BANDEIRA e FREIRE

(2006, p.25):

A criação de alternativas com as finalidades caritativas, assistencialistas, filantrópicas, não tinha a criança como foco e nem os interesses das crianças como objetivos”. E isso foi visto em todos os espaços criados, como “a roda dos expostos no escravismo – colonial, os asilos na sociedade de classes.

A trajetória de atendimento às crianças pequenas vem mudando de acordo

com as transformações das condições de vidas dos diferentes grupos sociais. São

pertinentes essas mudanças aos papeis desempenhados pelas mães, abandono,

orfandades e em especial a mudança de olhares sociais que se reporta á criança

pequena. Na representação da infância o avanço sempre esteve ligado como a

forma particular de concepção de família dentro da organização social.

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O surgimento da infância se deu por volta do século XII, embora neste

período a criança não fosse vista como ser capaz de desenvolver suas

potencialidades e habilidades e era atribuída á infância a idéia de dependência,

segundo ALMEIDA (2006 p.10), “Só se sai da infância ao se sair da dependência ou,

ao menos, dos graus mais baixos de dependência.”

A infância também foi considerada o período mais frágil da criança, ao

adquirir alguma agilidade foi inserido no mundo do adulto, fazendo parte de seus

jogos e trabalho.

Já no século XVII, segundo Almeida (2006), a criança era vista com um novo

olhar, reportando a ela um sentimento de afeição e utilizando uma linguagem própria

para falar-lhe.

Na modernidade, segundo Almeida (2006) as famílias passaram a se

organizar de uma nova forma onde o pai assume a função de garantir o sustento das

necessidades familiares. A mulher tenta a conquistar seu espaço no mercado de

trabalho e busca sua autonomia, mas ainda continua muito restrita a esfera privada

do lar, com função de orientar e educar seus filhos. E neste ambiente que se reforça

a preocupação com a infância, ou seja, a idéia de infância esta na existência de

peculiaridade infantil, sendo considerado pequeno ser em potencial e em

desenvolvimento.

Segundo KRAMER, apud Projeto do Curso (2005, p.21), afirma que:

A idéia de infância, com se pode concluir, não existiu sempre, e nem da mesma maneira. Ao contrario, ela aparece com a sociedade capitalista, urbano industrial, á medida que mudam a invenção e o papel social da criança na comunidade.

Através da mudança no conceito de infância ocorreram também

modificações nas formas de atendimento, porém, as diversas formas de

atendimentos assumiram e assumem mudanças de acordo com cada momento

histórico, sendo assim podemos considerar que o processo de escolarização esta

relacionado à evolução do sentimento de infância e as modificações nas

representações da infância.

Ao buscar informações sobre as instituições de Educação Infantil no Brasil,

percebe-se, segundo Almeida (2006), que até por volta do século XIX, o interesse

era oferecer atendimento as crianças carentes filhos de trabalhadores e crianças

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abandonadas. As primeiras organizações foram instituições filantrópicas que a

sociedade criou com caráter assistencialista e higienistas, cujo objetivo maior era o

de tirar a criança pequena da ameaça da doença e da morte com o passar dos anos

o conceito de que a creche é um espaço voltado especialmente para o cuidado da

criança vem sofrendo mudanças, pois vários pensadores tais como Wallon, Piaget e

Vygotsky definem um posicionamento diferente, buscando mostrar que as creches

têm seu papel educativo além de cuidar.

Esses pensadores, segundo Almeida (2006), visam mostrar uma proposta

pedagógica relacionada não somente ao cuidar, mas também o educar. Neste

sentido busca formar cidadãos capazes de desenvolver suas capacidades não

deixando de respeitar as diferenças. Sendo assim faz se necessário á criação de leis

e projetos que busquem o desenvolvimento da criança, porém essas leis e projetos

precisam de uma política educacional, que venha efetivar de fato sua criação,

atender as crianças, em faixa etária de 0 a 6 anos.

Segundo a nova realidade em que se tornou a infância muitas leis e tratados

foram aprovadas com o objetivo de garantir essa visibilidade.

Com o andamento da redemocratização brasileira marcada por lutas e

movimentos sociais garantiu a Educação Infantil um lugar no campo da legislação

dando-lhe maior ênfase. Novo Estatuto lhe foi atribuído na LDB (LEI DE

DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO), nº 9394/1996. Neste momento a

Educação Infantil passou a ser reconhecida como sendo a primeira etapa da

educação básica, este feito está garantindo no artigo 29 dessa lei. E tendo como

finalidade o desenvolvimento integral da criança ate seis anos de idade, o texto

ainda complementa o que entre as instituições de Educação Infantil e a família.

Neste sentido ROMAN et al (2000, p.311), salienta que o artigo 29 da LDB, 9394/96

estabelece que:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da escola.

Ao reconhecer a criança como cidadã, como sujeito histórico criador de

cultura e a educação infantil como direito é preciso pensar também na qualificação

do profissional, pois só assim pode-se garantir ás crianças uma educação de

qualidade.

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Na busca de garantir esse ensino de qualidade a Lei 9394/1996 sinalizou

para um ensino obrigatório de nove anos, que se inicia aos seis anos de idade e o

mesmo se torna meta da educação nacional, por meio da lei n 10.172/01 a mesma

aprovou o Plano Nacional de educação (PNE) em 06 de fevereiro de 2006, a lei n

11.274 anos 2006 aprova o ensino fundamental de nove anos, incluindo as crianças

de seis anos de idade.

Com isso a Educação Infantil sofre mudanças no que se refere á faixa etária,

sendo que as crianças de 0 a 3 anos, continuam fazendo parte da creche, já os de

pré-escola serão somente os de 4 a 5 anos de idade.

Diante de todas essas mudanças nas leis que garantem uma nova visão de

instituição de Educação Infantil. Podemos considerar que as mudanças ocorreram

para facilitar o trabalho das educadoras, buscando cada vez mais a melhoria nas

instituições de Educação Infantil e na postura pedagógica dos profissionais que nela

atuam. Neste sentido o PROJETO DO CURSO (2005, p. 39) aponta que:

Hoje, as instituições de Educação Infantil são consideradas espaços privilegiados de convivência, onde se criam oportunidades para as crianças vivenciarem experiências lúdicas, do imaginário, do jogo, das relações interpessoais, do convívio com a natureza e da leitura, de modo integral e integrado.

Portanto para que os itens acima citados sejam realmente colocados em

prática é necessário que a instituição de Educação Infantil provoque a construção do

conhecimento da criança, envolvendo-as na observação, compreensão e descrição

daquilo que a cerca. Sendo assim ZANON (2008, p.11) pondera que: “pressupõe-se

a construção do conhecimento pela interação social na ação indissociável entre

teoria-prática.”

Outro fator importante é que as instituições de Educação Infantil devem

promover para as crianças condições de aprendizagem que acontece nas

brincadeiras e aquela que, forem de situações pedagógicas intencionalistas. Neste

sentido o RCNEI (BRASIL,1998, p 23) considera que: “É importante ressaltar,

porém, que essas aprendizagens, de naturezas diversas ocorrem de maneira

integrada no processo de desenvolvimento infantil.”

O Curso de Educação infantil e Alfabetização enfatiza a concepção

interacionista, concepção esta que está presente nas teorias de Piaget e Vygotski

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onde a criança aprende agindo sobre o objeto com o auxilio de pessoas de idade

diferenciadas. Sendo assim BORGES (2009, p.66) afirma que:

As teorias que se fundamentam nesta base epistemológica concebem a capacidade cognitiva dos seres humanos como produto exclusivo do meio, ou da experiência vivenciada pelo sujeito frente ao objeto de conhecimento.

Neste sentido o aluno aprende através da interação com o professor e as

outras pessoas com quem ele se relaciona no dia-a-dia, e também com meio físico,

cultural e social.

Nesta base epistemológica tem origem às teorias que explicam a

capacidade cognitiva das pessoas como produto de trocas biopsicofisiológicas.

Nesse contexto se incluem PIAGET, WALLON e VIGOTSKY, apud BORGES (2009,

p.66).

No campo das ciências, entre as teorias que concebem a capacidade cognitiva dos seres humanos da maneira acima estão: a teoria da equilibração, ou da adaptação entre assimilação e acomodação, do biológico e cientista social suíço Jean Piaget (1896-198); a teoria da mediação simbólica dos signos, do psicólogo soviético Lev Semyonovich Vygotsk (1896-1934); e a teoria da pessoa integral, do filósofo e médico francês Henri Wallon (1879-1962).

Foram determinadas pelas concepções de conhecimento, segundo Almeida

(2006), três concepções de Educação em toda a história da Educação: a concepção

moderna, tradicional e a dialética de Educação. Entre as três concepções a

diferença está na maneira de como cada uma determinou a concepção do aprender

e ensinar, projetado para a Educação escolar por meio do ideal.

Essa base epistemológica considera que o ser humano sendo de origem

biológica hereditária, inatista ou apriorista, concebe que a capacidade cognitiva do

individuo esta em si mesmo o sujeito já nasce com essa capacidade de produzir

conhecimento.

A base epistemológica de origem biológica não hereditária ou empirista,

segundo Almeida (2006), considera o sujeito como sendo exclusivo do meio e das

experiências vividas pelo sujeito presente ao objeto de conhecimento.

Já a base epistemológica de origem construcionista ou interacionista,

segundo Almeida (2006), esta teoria compreende o ser humano como produto de

troca que o sujeito realiza com o meio; físico, social e cultural.

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Na concepção dialética, segundo Almeida (2006), o ensino e o aprender são

dois processos que ao mesmo tempo, são diferentes e se complementam entre si.

Para essa concepção professor e aluno ensinam e aprendem para serem

indivíduos responsáveis pelas suas ações e cidadão que levam em consideração

seus direitos e deveres.

Sendo assim optou-se por trabalhar na área da Ludicidade, por ela se

constitui um dos eixos básicos da Educação Infantil, bem como a sua importância

para a formação do sujeito e também na interação com outras pessoas, ainda

orienta as ações das crianças na construção do conhecimento e no desenvolvimento

do pensamento.

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2. A IMPORTANCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM INFANTIL.

O reconhecimento da educação em creches e pré-escolas como um direito

da criança e um dever do estado a ser cumprido nos sistemas de ensino a partir da

Constituição de 1988 e, posteriormente, com a inclusão da nova Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – LDB, aprovada em 1996 (Lei9394/96), que

preconiza, no art. 29, o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade,

em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, faz com que a educação

infantil no Brasil comece a conquistar o seu espaço e dar visibilidade ao lúdico no

cotidiano escolar: Dar visibilidade à ludicidade na escola é perceber a criança como

um ser que possui uma linguagem própria de expressão, é permitir-lhe experienciar

um envolvimento mais profundo com que está sendo proposto. (BONFIM, 2010, p.

21).

Segundo KISHIMOTO (1997), as atividades lúdicas, mais especificamente, o

jogo imaginativo, teve seu início apenas no século XIX, antes este jogo já existia de

maneira simples, mas passava despercebido para o mundo adulto nas experiências

da infância. Ainda em suas palavras:

Atualmente, tanto o cinema como a televisão, com seus filmes infantis da era Disney, e os desenhos animados na TV, com o seus super-heróis como He-man, Batman, Jaspion e outros, provavelmente, influenciaram o desenvolvimento do jogo imaginativo, tornando-o mais elaborado e sofisticado (p. 59).

O lúdico, segundo Andrade (2007), tem como origem do Latino Lúdus que

significa Jogo, demonstrando não apenas um simples ato de brincar e jogar como

movimento espontâneo, mas sim, como uma grande ferramenta no processo do

desenvolvimento humano, e ao mesmo tempo na melhoria do ensino-aprendizagem.

O brincar bem como a concepção de infância, segundo Andrade ( 2007),

vem se construindo historicamente e não se apresenta de forma homogênea, mas

de acordo com a organização social, cultural e econômica de cada sociedade.

Historicamente o homem sempre brincou, através de diversos povos, culturas e no

decorrer da história sem distinção nas ruas, praças, feiras, rios, enfim em diferentes

contextos.

A presença do lúdico em sala de aula vem ao encontro com a necessidade

da criança, pois hoje elas não brincam como antigamente, os pais não estão tendo

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tempo para passar com os seus filhos, pois o mundo globalizado exige muito das

pessoas e as crianças só pensam em jogar jogos de computador, vídeo game e

outros jogos eletrônicos que não desperta a imaginação, a socialização, a interação

e até desviando o tempo que a criança precisa para ser realmente criança.

Através das atividades lúdicas, segundo Andrade (2007), as crianças

desenvolvem a coordenação motora, a atenção, o movimento ritmado,

conhecimento quanto à posição do corpo, direção a seguir, a socialização o limite e

outros; participando do desenvolvimento em seus aspectos biopsicológicos e

sociais; desenvolvem também livremente a expressão corporal que favorece a

criatividade, adquira hábitos de práticas recreativas para serem empregados

adequadamente nas horas de lazer, adquira hábitos de boa atividade corporal, seja

estimulada em suas funções orgânicas, visando ao equilíbrio da saúde dinâmica e

desenvolva o espírito de iniciativa, tornando-se capaz de resolver eficazmente

situações imprevistas.

SALOMÃO & MARTINI (2007: 4), enfatiza o brinquedo como:

... Quando é dado as crianças para brincarem livremente é necessário observar o que ocorre com os comportamentos das crianças, o que elas escolhem quando podem decidir a sua atividade. Diante disto o educador tem um papel essencial já que a ele cabe auxiliar o aluno, portanto o educador deve atentar para o tipo de auxilio que fornece...

Para construir, segundo Andrade (2007), a criança utiliza-se das

características associativas dos objetos, seu uso simbólico e das possibilidades

reais das matérias a fim de gradativamente relaciona-las em funções de diferentes

argumentos.

A ludicidade, segundo Andrade (2007), faz a criança criar uma situação

ilusória e imaginária, como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. A

criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos

adultos e não apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso. No brinquedo é

como se ela fosse maior do que é na realidade.

Para SCHAEFER (1994), as atividades lúdicas promovem ou restabelecem

o bem estar psicológico da criança. No contexto de desenvolvimento social da

criança é parte do repertório infantil e integra dimensões da interação humana

necessária na análise psicológica (regras, cadeias comportamentais, simulações ou

faz-de-conta aprendizagem observacional e modelagem).

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Mas pode ser visto de acordo com o Referencial Curricular Nacional para

Educação Infantil que as brincadeiras fazem parte da vivencia das crianças e

proporcionam a elas a construção do conhecimento.

As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro) jogos tradicionais, didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação dos conhecimentos da criança por meio da atividade lúdica. (BRASIL,1998, v1.p.28).

Na educação Infantil podemos comprovar a influência positiva das atividades

lúdicas em um ambiente aconchegante, desafiador, rico em oportunidades e

experiências para o crescimento sadio das crianças. Os primeiros anos de vida são,

Brasil, (1998), decisivos na formação da criança, pois se trata de um período em que

a criança está construindo sua identidade e grande parte de sua estrutura física,

sócio afetiva e intelectual e, sobretudo, nesta fase que se deve adotar várias

estratégias, entre elas as atividades lúdicas, que são capazes de intervir

positivamente no desenvolvimento da criança, suprindo suas necessidades

biopsicossociais, assegurando-lhe condições adequadas para desenvolver suas

competências.

As brincadeiras, segundo Andrade (2007), são importantes por fazerem

parte do mundo das crianças e por proporcionarem momentos agradáveis dando

espaço à criatividade. Todos devemos buscar o bem–estar dos pequenos durante o

processo de ensino e aprendizagem, resgatando assim o lúdico como instrumento

de construção do conhecimento.

O jogo, segundo Andrade (2007), é importante para a educação, pois todos

reconhecem mesmo aqueles que habitualmente não lidam com crianças, que o

“brincar” é parte integrante do dia-a-dia delas.

De acordo com as leituras realizadas podemos dizer que o professor não

pode subjugar sua metodologia de ensino a algum tipo de material porque ele é

atraente ou lúdico.

É necessário um cuidado muito importante da parte do professor, pois, antes

de trabalhar com lúdico em sala de aula, é necessário testá-los, analisando e

refletindo sobre os possíveis erros; assim, terá condições de entender as

dificuldades que os alunos irão enfrentar.

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Além disso, segundo Andrade ( 2007), devemos ter um cuidado especial na

hora de escolher atividades lúdicas, que venham a ser interessantes e desafiadores.

O conteúdo deve estar de acordo com o grau de desenvolvimento do aluno.

Portanto, o jogo não deve ser fácil demais e nem tão difícil, para que os alunos não

se desestimulem.

Os espaços lúdicos são ambientes férteis também para a aprendizagem e o

desenvolvimento, principalmente da socialização. Isso não é assunto novo, pois

FRÖEBEL (2008), que ocupa também uma posição relevante na história do

pensamento pedagógico sobre a primeira infância e pertence à corrente cultural

filosófica do idealismo alemão, segundo Andrade (2007), sempre defendeu que o

jogo constitui o mais alto grau de desenvolvimento da criança, já que é a expressão

livre e espontânea do interior.

A diferença entre os educadores é que para alguns o jogo, a brincadeira fica

muito bem quando a “parte séria” acaba o que quer dizer: vamos estudar fazer as

tarefas e quando tudo estiver pronto, vocês estarão “livres para brincar!”. E para

outros educadores o jogo mescla-se dentro do processo de ensino e aprendizagem,

isso quer dizer que o jogo é parte integrante da ação educadora. É sob este aspecto

que iremos discorrer: como brincar na sala de aula e aprender do mesmo jeito, ou

até, aprender melhor e mais.

De acordo com RONCA (1989, p. 27).

O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói classificações, elabora seqüências lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência.

Percebemos desse modo que brincando a criança aprende com muito mais

prazer, destacando que o brinquedo, é o caminho pelo quais as crianças

compreendem o mundo em que vivem e são chamadas a mudar. É a oportunidade

de desenvolvimento, pois brincando a criança experimenta, descobre, inventa,

exercita, vivendo assim uma experiência que enriquece sua sociabilidade e a

capacidade de se tornar um ser humano criativo.

De qualquer modo, é através do brincar que a criança aprende a se preparar

para o futuro e para enfrentar direta ou simbolicamente dificuldades do presente.

Brincar, além de ajudar a descarregar o excesso de energias, é agradável, dá prazer

à criança e estimula o desenvolvimento intelectual da mesma.

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Para BETTELHEIM (1988), as crianças brincam porque esta é uma atividade

agradável e ao brincar a criança exercita também a mente, além do corpo, pois

ambos estão envolvidos. O brincar é muito importante porque, além de estimular o

desenvolvimento intelectual da criança, ensina, sem forçá-la, os hábitos necessários

para seu crescimento.

Segundo SILVA (2003), a concepção de ludicidade que ainda predomina em

alguns espaços escolares coloca as atividades das crianças na escola divididas

entre os jogos e brincadeiras e o trabalho intelectual. Nas suas palavras, é possível

visualizar um contexto em que, na maioria das vezes, a brincadeira não está inserida

no cotidiano escolar:

São poucas as atividades que permitem a manifestação do imaginário infantil por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente pelo professor. Entre professores e pais, há uma presença acentuada da idéia de que o jogo infantil é perda de tempo na escola e que deve ser utilizado quase exclusivamente em momentos de lazer e descanso (SILVA, 2003, p. 16).

Nesse contexto, é importante ressaltar que a ludicidade não apresenta

apenas do mundo exterior a cada um de nós, mas, também, do nosso mundo

interior, que se relaciona com o exterior. Assim, SILVA (2011) citando PEREIRA

(2008) diz que:

As atividades lúdicas são muito mais que momentos divertidos ou simples passatempos e, sim, momentos de descoberta, construção e compreensão de si; estímulos à autonomia, à criatividade, à expressão pessoal. Dessa forma, possibilitam a aquisição e o desenvolvimento de aspectos importantes para a construção da aprendizagem. Possibilitam, ainda, que educadores e educandos se descubram, se integrem e encontrem novas formas de viver a educação (p. 19-20).

A autora coloca as atividades lúdicas como uma possibilidade de entrega

que é vista pelos símbolos, sonhos, desejos, necessidades, dores e alegrias; uma

integração conosco e com o outro, em uma troca tácita e significativa. A

manifestação das emoções é fundamental, pois elas não podem ser descartadas no

processo de autoconhecimento e auto expressão.

Segundo LUCKESI (2000), “uma educação lúdica tem na sua base uma

compreensão de que o ser humano é um ser em movimento permanentemente

construtivo de si mesmo.” (p. 20). Pode-se entender que pensar o ser humano dessa

forma implica compreendê-lo como um ser em mudança, que possui o potencial de

assenhorear-se de si, e não como um ser impotente a ser modelado pela escola e a

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quem será dito o que fazer. Assim, a atividade lúdica realizada pela professora deve

estar envolvida pelos seus sentimentos que, por sua vez, mobilizam suas decisões.

Só nos envolvemos realmente quando nos colocamos por inteiro naquilo que fazemos, portanto, decidir e concretizar exigem mais do que pensamento, exigem sentimento e ação. E é esta possibilidade de ser e estar inteiro que a atividade lúdica propicia. A possibilidade de compartilhar, de se entregar e de se integrar, de fertilizar a expressão de pensamentos, sentimentos e movimentos. (SILVA (2011) CITANDO PEREIRA, 2005, p. 94).

É importante que o professor não utilize as atividades lúdicas apenas como

um passatempo em sua prática, mas sim como um momento de interação, de troca

e de compartilhamento, momento de integração dos pensamentos, dos sentimentos

e dos movimentos em sua prática pedagógica cotidiana, constituindo-se, assim, em

atividades relevantes para a formação da criança, contribuindo para seu

desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor.

Na Educação Infantil, as crianças têm direito de se desenvolverem em um

ambiente que valorize o mundo da fantasia, da brincadeira, do movimento, do lúdico,

no qual muito se aprende. (RICHTER, 2006). E para que o lúdico tenha um lugar

garantido no cotidiano das instituições educativas, é fundamental a atuação do

educador, atuação esta alimentada pela vivência lúdica, em que o professor se

coloque pleno, inteiro no momento, alegre e flexível. Assim, o professor sai do papel

de agente exclusivo de informação e formação dos alunos, e passa a desempenhar

no contexto escolar uma função de extrema relevância que é a de elemento

mediador e possibilitador das interações entre as crianças assim como destas com

os objetos de conhecimento.

Além de mediador e possibilitador das interações entre as crianças nas

atividades lúdicas, o professor, ao dar espaço para as atividades lúdicas como

atividade principal, possibilita a construção e a ampliação da criatividade, do

aprendizado e, conseqüentemente, do desenvolvimento desta.

VYGOTSKY (1991) traz relevantes contribuições, ao colocar que as

atividades lúdicas se relacionam com o desenvolvimento na medida em que cria a

Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), na qual a criança se comporta de

maneira não habitual para a sua idade.

De acordo com REGO (1995), para que o professor possa intervir e planejar

estratégias que permitam avanços, reestruturação e ampliação do conhecimento já

22

estabelecido pelo grupo de alunos, é necessário que ele conheça as crianças, ou

melhor, as suas descobertas, hipóteses, informações, crenças, opiniões, enfim, suas

teorias acerca do mundo circundante. Acredito que este deva ser considerado o

ponto de partida. Para tanto, é preciso que, no cotidiano, o professor estabeleça

uma relação de diálogo com as crianças e que crie situações em que elas possam

expressar aquilo que já sabem e que se disponha a ouvir e observar as

manifestações infantis nas atividades lúdicas.

KELEMAN (1992), ressalta a importância de a professora tornar-se modelo

para o aluno e a necessidade desta experimentar um prazer intelectual e corporal

para que o aluno possa se conectar também com o seu prazer e desejo de

aprender. Quando a professora não está disponível para vivenciar seus sentimentos

e, conseqüentemente, vivenciar as atividades lúdicas com seus alunos, em vez de

propiciar uma prática lúdica que é essencial à formação da criança, como já vimos,

poderá desenvolver uma prática autoritária que, possivelmente, acarretará efeitos

tanto para a formação da criança quanto para si mesmo.

SILVA (2011), levando em consideração que as atividades lúdicas

propiciam, no cotidiano escolar, uma vivência de plenitude do aqui e do agora, livre

do controle do ego, o que permite a expressão da criatividade e da própria

expressividade, sem julgamentos prévios, sem os limites rígidos do perfeccionismo,

observa-se que a possibilidade de não haver uma vivência lúdica da professora ou a

não manifestação da sua expressividade, nos aponta indícios de um possível

encouraçamento, além das dificuldades e impossibilidades expressas em seu corpo

para vivenciar o lúdico.

Segundo REGO (1995), para que as brincadeiras infantis tenham lugar

garantido no cotidiano das instituições educativas é fundamental a atuação do

educador. É importante que as crianças tenham espaço para brincar, assim como

opções para mexer no mobiliário, que possam, por exemplo, montar casinhas,

cabanas, tendas de circo, etc. O tempo que as crianças têm à disposição para

brincar também deve ser considerado: é importante dar tempo suficiente para que as

brincadeiras surjam se desenvolvam e se encerrem.

SILVA (2011), citando REGO (1995), coloca que o educador pode auxiliar

não somente na organização do espaço e tempo para as brincadeiras, como

também auxiliar na escolha de utensílios para o incremento do jogo. O professor

23

deixa de ser visto como agente exclusivo de informação e formação dos alunos, e

passa a desempenhar no contexto escolar uma função de extrema relevância que é

a de elemento mediador e possibilitador das interações entre os alunos e das

crianças com os objetos de conhecimento.

Assim, o professor, em exercício e em formação, ao refletir sobre sua

prática, precisa de uma considerável análise das condições sociais e políticas que

influenciam seu trabalho bem como da compreensão do seu papel no contexto

social.

ROCHA (1997, p. 417), diz que:

A criança necessita brincar para viver, para vivenciar o mundo dos adultos, mundo este em que está inserida desde que nasce, mas do qual só se apropria progressivamente. Através da brincadeira, ela pode atuar de diversas maneiras nas situações em que se encontra, ou, sobretudo que imagina, e, portanto, ir se construindo, ir (re)elaborando a sua identidade enquanto sujeito social e histórico.

Daí podemos ver a grande importância deste adulto na vida desta criança,

partindo do princípio de que esta criança, nesta fase da pré-escola, muitas vezes,

utiliza-se do processo de imitação da professora. Assim, concordamos com

KELEMAN (1992), que diz que o professor torna-se modelo para o aluno, além de

estimulador do seu desenvolvimento.

De acordo com OLIVEIRA (1993, p. 26), “a mediação em termos genéricos é

o processo de interação de um elemento intermediário numa relação; a relação

deixa então de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento.”

A atividade lúdica pode ser compreendida pela própria ação, o momento

vivido, a entrega, como aponta SILVA (2011) citando PEREIRA (2005) diz que:

As atividades lúdicas não se restringem ao jogo e à brincadeira, mas incluem atividades que possibilitam momentos de alegria, entrega e integração dos envolvidos. (...) Possibilita a que, mas vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de realidade, de ressignificação e percepção, momentos de autoconhecimento e conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos de vida, de expressividade (p. 90 e 92).

SILVA (2011) citando PEREIRA (2005), em seus escritos, ressalta que as

atividades lúdicas possibilitam que o indivíduo experiencie sua inteireza e se

entregue ao momento vivido. Contudo, quando a professora não consegue vivenciar

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o momento lúdico já que este exige a entrega, a vivência se torna um fazer por

fazer, um fazer mecânico.

Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na instituição do

pensamento infantil. É brincando, jogando, que a criança revela seu estado

cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma

relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, e coisas e símbolos.

A criança, por meio das brincadeiras, reproduz o discurso externo e o

internaliza, construindo seu próprio pensamento. De acordo com vygotsky (1984,

p.97)

A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa se não a distância entre i nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente uma problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz.

O mesmo autor ainda coloca que é por meio das atividades lúdicas,

que a criança reproduz muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais pela

imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaborada. Essa representação do cotidiano

se da por meio da combinação entre as experiências passadas e novas

possibilidades e interpretações e reproduções do real, de acordo com as suas

afeições, necessidades, desejos e paixões.estas ações são fundamentais para a

atividade criadora do homem.

Brincar segundo Vygotsky coloca que é sinônimo de aprender, pois o brincar

e o jogar geram um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio,

desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais , compreende o meio,

satisfaz desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. Ads

interações que o brincar e o jogo oportunizam favorecem a superação do

egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia, e introduzem,

especialmente no compartilhamento de jogos, brinquedos, novos sentidos para a

posse e o consumo.

Marcellino (1990) defende a reintrodução das atividades lúdicas na escola.

Entende-se que esse direito ao respeito não significa a aceitação de que a criança

habite um mundo autônomo do adulto, tão pouco que deva ser deixada entregue aos

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seus iguais, recusando-se, assim, a interferencia do adulto no processo de

educação. Entende-se que educar ludicamente não é jogar liçoes empacotadas para

o educando consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é

tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo. É seduzir os seres

humanos para o prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento. Almeida (1995,

p.41) ressalta:

A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto espirito democrático enquanto investi em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, critica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.

Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o desenvolvimento

não e linear, mas evolutivo e, neste trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez

que a criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de

conhecimento, ela dificilmente perde esta capacidade. È com a formação de

conceitos que se da a verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos

maiores espaços para a formação de conceitos. Negrine (1994,p.19) sustenta que:

As contribuições das atividades das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: sendo a afetividade a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança.

Assim, o professor que vivencia o lúdico no seu cotidiano escolar reconhece

a importância do lúdico por si só e proporciona aos seus alunos a sua vivência. Ao

passo que, um professor encouraçado, que não se entrega às atividades, que não

tem disponibilidade corporal, que não gosta de brincar, terá maior dificuldade em

vivenciar o lúdico e em ter um olhar sensível para a prática lúdica dos seus alunos,

impossibilitando-os de vivenciá-lo.

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CONSIDERAÇÕES

O conhecimento linguístico, social e cognitivo, não constitui formas isoladas,

mas aspectos que se relacionam intimamente num fluxo dinâmico de interferências.

Relacionando o conjunto destas, enfatizamos as atividades lúdicas e reconhecemos,

através de nossas práticas que a aplicação das mesmas amplia as possibilidades de

intervirmos nos aspectos do conhecimento infantil. O lúdico não pode ser visto

como um protótipo e forma predominante da atividade do dia-a-dia da criança ao

brincar, a criança estimula a inteligência porque este ato faz com que a criança solte

sua imaginação e desenvolva a sua criatividade.

Ao realizar este trabalho sobre a importância do lúdico na educação infantil

pudemos perceber a importância de se trabalhar o lúdico frequentemente com as

crianças de 0 a 6 anos.

Consideramos que os objetivos proposto foram alcançados pois objetivo

geral do trabalho era mostrar a importância do lúdico na educação infantil e vejo

que através dos textos foi mostrado a importância do mesmo.

Acredito que este trabalho sobre a importância do lúdico na educação infantil

nos abre um caminho dentro do cotidiano escolar para a integração dos vários

aspectos do ser humano – corporal, emocional, mental e espiritual, possibilitando a

cada um (professor e alunos) se conhecer um pouco mais, se relacionar melhor

consigo mesmo e com o outro, o que implica lidar melhor com as próprias

dificuldades e com as do outro, possibilitando uma expressão mais espontânea e

criativa.

Diante das constatações realizadas, SILVA (2011) corroboro as

considerações de SILVA PEREIRA (2008) diz que:

Transformações mais profundas na prática pedagógica implicam uma mudança de atitude dos educadores, implicam uma nova postura diante da vida, não apenas uma mudança cognitiva com a aquisição de novos conhecimentos, mas também uma mudança emocional, corporal e espiritual, uma aprendizagem da integração das várias dimensões do ser humano (p. 144).

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É competência da educação infantil proporcionar aos seus educandos um

ambiente rico de atividades lúdicas, já que a maioria das crianças de hoje passam

grande parte do seu tempo em instituições que atendem a crianças de 0 a 5 anos de

idade, permitindo assim que elas vivam, sonhem criem e aprendam a serem

crianças. O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma

tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência,

estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular, desenvolve

habilidades motoras, diminui a agressividade, exercita a imaginação e a criatividade,

aprimora a inteligência emocional, aumenta a integração, promovendo, assim, o

desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social.

O estudo permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança,

compreender e construir seus conhecimentos, tornar-se cidadã deste mundo, ser

capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. sua contribuição

também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por

conta própria, sabendo resolver problemas e compreendendo um mundo que exige

diferentes conhecimentos e habilidades

Sendo assim, a educação infantil deve ser um ambiente especialmente

criado para fazer desabrocharem todas as potencialidades da criança, e por esse

motivo, devem ser oferecidos à criança, oportunidades de ser estimulada e

motivada, no momento conveniente e respeitar o tempo necessário para ela

amadurecer. O professor que vivencia o lúdico no seu cotidiano escolar reconhece a

importância do lúdico por si só e proporciona aos seus alunos a sua vivência. Ao

passo que, um professor encouraçado, que não se entrega às atividades, que não

tem disponibilidade corporal, que não gosta de brincar, terá maior dificuldade em

vivenciar o lúdico e em ter um olhar sensível para a prática lúdica dos seus alunos,

impossibilitando-os de vivenciá-lo.

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