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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL A IMPORTANCIA DA LEITURA DOS CONTOS DE FADAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL TÉDNA DOS SANTOS CARDOSO Orientador: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO PRIMAVERA DO LESTE/2012

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

A IMPORTANCIA DA LEITURA DOS CONTOS DE FADAS NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

TÉDNA DOS SANTOS CARDOSO

Orientador: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO

PRIMAVERA DO LESTE/2012

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INFANTIL

A IMPORTANCIA DA LEITURA DOS CONTOS DE FADAS NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

TÉDNA DOS SANTOS CARDOSO

Orientador: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia e Educação Infantil.”

PRIMAVERA DO LESTE/2012

Dedico este trabalho...

Dedico este trabalho as pessoas que lutam diariamente ao meu lado,

transmitindo fé, amor, alegria, determinação, paciência, e coragem, tornando os

meus dias mais felizes e bonitos.

Ao grande Deus por me dar a graça de viver e ser uma pessoa melhor a

cada dia que me deu forças e entendimento para ultrapassar limites, vencer as

dificuldades e conquistar o que há de melhor nessa vida.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a...

Ao todo criador, Deus, que está acima de todas as coisas deste mundo.

Concebendo sempre os nossos desejos e vontades, mesmo quando de forma

oculta.

Agradeço também a minha familia, sentinelas constantes que me permitiram

a vida e caminharam comigo.

Também aos professores dessa Universidade que tanto contribuíram.

Ao meu esposo e ao meu filho, que tanto sofreram com minha ausência

durante os anos do curso.

Ainda agradeço a todos os meus colegas de jornada que chegou nos últimos

instantes dessa trilha, que contribuíram para o meu sucesso direta ou indiretamente

com sorrisos, lágrimas, coragem e fé foram depositados e necessários a este

trabalho. Sem o apoio desses anjos não alcançaria esta benção, esta promessa de

Deus em minha vida. Amém.

RESUMO

Escolhi este tema, pois a pesquisa é de suprema importância dos contos

de fadas para as crianças em crescimento, reside em algo mais do que

ensinamentos sobre as formas corretas de se comportar, eles são terapêuticos,

porque o paciente encontra sua própria solução através da contemplação do que a

"estória" parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida.

Apresenta um olhar reflexivo sobre a importância dos contos de fadas na educação

infantil. A historia é uma das formas mais profundas da arte e, talvez por isso, seu

efeito sobre nós seja tão relevante e, sempre esteve presente nas civilizações,

permanecendo até hoje. Constitui uma forma simbólica extremamente refinada,

complexa, articulada e significativa. É uma modalidade genuína de conhecimento,

com suas características, seus processos, procedimentos e produtos próprios, tanto

quanto, a matemática, as ciências naturais ou a linguagem. Teve como tratamento

metodológico pesquisas bibliográficas, dinâmica dos contos de fadas é vivenciada

a todo o momento na nossa experiência cotidiana. Portanto, os contos não é

simplesmente uma alternativa para “dar vazão” às emoções, ou, como

freqüentemente ouvimos, para “relaxar”. Ela pode mobilizar e elaborar nossa vida

intelectual e afetiva como nenhuma outra de conhecimento: abrem-se novas

possibilidades de articulação simbólica e expressiva. Processos esses nos qual a

música pode enriquecer as formas de conhecimento, através de um ensino lúdico,

prazeroso e democrático. Então, o resultado foi alcançado com exito ,diante de

tanta oferta em literatura a mais criativa e eficaz na alfabetização, a indicada vem a

ser os contos de fadas, os quais, tratam de problemas humanos universais como,

por exemplo, a solidão e a necessidade de enfrentar a vida por si só, mas de uma

maneira simbólica.

Palavras-Chave: Contos de Fadas; Educação Infantil; lúdico; Imaginação;

Criatividade; Prática Pedagógica.

SUMARIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................06

CAPÍTULO 1- O QUE É CONTOS DE FADAS...................................................08

1.1 A Importância dos contos de fadas no desenvolvimento infantil....................11

1.2 A Educação infantil sem contos de fadas.....................................................14

1.3 Os cantos da leitura infantil...........................................................................16

CAPÍTULO 2–OS CONTOS DE FADAS PARA O DESEMPENHO INFANTIL..18

2.1 Alguns Olhares...............................................................................................20

2.2 Contos de fadas não são somente Passatempo............................................22

2.3 A criança, a educação e os contos de fadas..................................................23

2.4 Como processo educativo...........................................................................24

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................27

REFERÊNCIAS..................................................................................................28

INTRODUÇÃO

O Presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre a

importância do conto de fadas no processo ensino aprendizagem da educação

infantil. As mesmas foram feitas em instituições municipais onde atuei como

estagiária. Assim constatei que a educação infantil vem sofrendo transformações ao

longo dos anos o quanto é importante o conto de fadas para o aprendizado e como

os resultados são positivos na prática pedagógica.

Porém o objetivo geral deste trabalho é mostrar a importância do

desenvolvimento de contos de fadas na educação infantil e o quanto é enriquecedor

a prática e o incentivo dos fantoches, direcionadas têm influenciado no aprendizado

das crianças em sua prática pedagógica, e que o mundo imaginário da criança está

ali, dentro de cada interação com a lúdicidade não importa onde, mas é justo ali que

está seu maior aprendizado, com objetivos específicos que as escolas devem se

adaptar no quesito ensino dos contos de fadas, sabendo exatamente o que é contar

histórias e a sua importância, compreender que o mesmo deve ser transmitido com

significado e adequação por parte de alguns educadores, certos de o lúdico não é

somente passatempo, sendo ele o grande responsável para atuar de modo claro e

ser comprometido com os resultados de suas ações cabendo a ele reavaliação da

mesma quando necessário, onde o principal é a criança, a educação e o lúdico.

Para a realização desse trabalho, foram necessárias pesquisas amplas e profundas.

As fontes buscadas foram bibliotecas municipais, internet, pois foi lá que me

surgiram idéias e estímulos para pesquisar e descobrir como as historias contribui no

desenvolvimento da personalidade e conhecimento de um ser.

Então dei inicio a esse prazeroso trabalho, observando, pesquisando e lendo

muito para ter uma base sólida de como os contos de fadas é importante na

educação infantil, através das interações que estabelecem desde cedo, com as

pessoas que lhes são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam

o seu esforço para compreender o mundo em que vivem as relações contraditórias

que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida à que

estão submetidas, seus anseios e desejos.

No primeiro capítulo falaremos sobre o que são contos de fadas, como é

importante para o desenvolvimento infantil, e como seria a educação infantil sem

contos de fadas, e os cantos da leitura infantil. Já no segundo capítulo veremos

como é os contos de fadas para o desenvolvimento infantil, os olhares de estudiosos

para os contos de fadas, que os contos não são somente passatempo, como é as

crianças, a educação e os contos de fadas, e como são os contos de fadas como

processo educativo.

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CAPÍTULO 1- O QUE É CONTOS DE FADAS

Os contos de fadas na educação infantil são, segundo CADEMAROTI

(1986), narrativas simbólicas extremamente importantes, simples, primitivas,

capazes de transmitir experiências subjetivas complexas e vivências emocionais

delicadas às pessoas mais ingênuas e às crianças. As lendas e as histórias de fadas

são incluídas hoje no acervo básico da literatura infantil porque as crianças se

apossaram delas, enquanto o público mais sofisticado as considerava uma literatura

de menor significado. Mas não há quem desconheça o quanto os grandes artistas,

inclusive escritores de todos os tempos, buscaram e buscam inspiração

constantemente nas manifestações mais primitivas da sua cultura, no folclore. O que

nos importa aqui é referendar a importância dos contos de fadas no

desenvolvimento intelectual e emocional das crianças. Todas as pessoas que

trabalham com educação e saúde engendram esforços para proporcionar condições

que favoreçam a integração psicológica. Se os contos de fada se apresentam com

possibilidades de favorecer essa integração, não há como desconsiderá-los. Se a

criança pode aprender, por meio deles, a identificar e a reconhecer, nos outros e em

si mesma, pensamentos e sentimentos que ajudam ou atrapalham sua relação

consigo mesmo e com os outros, se aprende a conviver com naturalidade com fortes

elementos do inconsciente da humanidade e do seu próprio inconsciente, estaremos

lhe oferecendo melhores condições para crescer e amadurecer por meio da

narrativa e da reflexão dos contos de fadas.

Os contos de fadas, segundo AQUIAR (2001), existem há milênios. Em

diversas culturas, em todos os continentes, existem histórias com estruturas e

narrativas semelhantes aos contos que conhecemos hoje, e que são de origem

européia. Todos nós, em algum momento de nossas infâncias, já vivemos sob os

encantos dos contos de fadas. Também já vimos nossos filhos ou alunos se

deleitarem com eles. Porém, observa-se em nossa sociedade um crescente

processo de banalização dessas histórias.

Através dos contos de fadas, segundo VON FRANZ (1980), a criança forma

conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão

oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na

sociedade e constrói seu próprio conhecimento.

Por isso, ao ouvir contos, o psiquismo da criança se desenvolve

primeiramente, porque ela tem o desafio intelectual de compreender uma narrativa

tão rica, intrincada e bem urdida, como a dessas histórias, pedindo para ouvi-la

várias vezes, até alcançar este objetivo e também porque, dominando o conflito da

história, ela está dominando seus próprios conflitos internos. Ou seja, para retornar à

afirmação de Tolstoi, os contos, com toda a sua fantasia, não transmitem falácias, e

sim a mais profunda verdade. Já demonstramos anteriormente que todos os contos

de fadas têm uma narrativa muito parecida, reproduzindo todos os estágios da vida

humana. Essa narrativa também reconta de várias maneiras, o complexo de Édipo.

Todas as histórias de fadas, segundo VON FRANZ (1980), se iniciam com o

herói deixando sua casa. Via de regra, os heróis saem de casa por ordem de seus

pais: Chapeuzinho Vermelho é enviado por sua mãe para levar doces à avó; Branca

de Neve é expulsa pela madrasta invejosa, assim por diante.Os contos de fadas são

uma variação do conto popular ou fábula. Partilham com estes o fato de serem uma

narrativa curta cuja história se reproduz a partir de um motivo principal e transmite

conhecimento e valores culturais de geração para geração, transmitida oralmente, e

onde o herói ou heroína tem de enfrentar grandes obstáculos antes de triunfar contra

o mal. Nos contos, que muitas vezes começam pelo "Era uma vez", para salientar

que os temas não se referem apenas ao presente tempo e espaço, o leitor encontra

personagens e situações que fazem parte do seu cotidiano e do seu universo

individual, com conflitos, medos e sonhos. A rivalidade de gerações, a convivência

de crianças e adultos, as etapas da vida (nascimento, amadurecimento, velhice e

morte), bem como sentimentos que fazem parte de cada um (amor, ódio, inveja e

amizade) são apresentados para oferecer uma explicação do mundo que nos rodeia

e nos permite criar formas de lidar com isso.

Trabalhar com contos de fadas nas escolas é uma atividade prazerosa para

todos os envolvidos no processo educativo, pois é um tema de grande aceitação

entre as crianças, que desperta interesse, envolvimento e participação dos mesmos.

O professor, antes de iniciar seu trabalho, deve desenvolver um projeto por escrito,

em referência ao mesmo, citando a justificativa, os objetivos de se desenvolver o

projeto, quais os recursos didáticos que disponibilizará para a realização do mesmo,

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a metodologia das aulas, dentre outros, buscando discutir com os alunos quais seus

interesses diante do mesmo. À medida que as histórias vão sendo trabalhadas, as

crianças podem se identificar com os personagens e transferirem todos os seus

conflitos para aqueles vividos na história, a criança se envolve tanto que passa a

viver como se fosse um dos personagens. Os assuntos abordados nos contos de

fada muitas vezes, segundo AQUIAR (2001), tornam-se reais, como os medos que

fazem parte de nossa vida, dentre esses, os que mais vemos nas crianças são medo

de escuro, de animais, dos pais não buscarem na escola, etc. Porém, um dos medos

mais difíceis de trabalhar nas escolas é o medo do Lobo Mau. Na verdade, a

intenção das histórias, como a Chapeuzinho Vermelho, não é de assustar as

crianças, mas de mostrar para as mesmas que não devemos falar com pessoas

estranhas, que não podemos confiar em qualquer um.

O amor, segundo ZILBERMAN (2005), é outro importante tema dos contos

de fadas, sempre aparecendo com um príncipe encantado e a princesa, que se

casam ao final da história,esses sentimentos fazem parte da vida de qualquer ser

humano e é bom que as crianças aprendam a lidar com eles o quanto ante,nas

aulas as crianças vão percebendo que seus medos vão sendo amenizados à medida

que a professora as faz refletir sobre os mesmos, que as suas relações sociais vão

ficando menos conflitantes, devido a momentos de discussão dos combinados da

turma, como regras de boa convivência que devem respeitar. Já o amor, este vai

surgindo através do respeito ao próximo, das atitudes menos egoístas e de carinho,

assim, a criança vai percebendo que a amizade é uma importante conquista para

seu dia-a-dia.Os contos de fadas ensinam também as crianças a enfrentarem

sentimentos de perda e angústia. Através deles as crianças percebem que tudo de

ruim que pode acontecer na vida de uma pessoa pode passar, pois sempre há uma

fada para ajudar a resolver os problemas, como as mães, avós, tias ou mesmo as

professoras.

Enquanto divertem as crianças, os contos, segundo COELHO (2003),

trabalham o lado emocional das mesmas, favorecendo o desenvolvimento de suas

personalidades, pois tratam vários problemas de forma prazerosa e aceitável,

cultivam a esperança, o sonhar e nos mostram que sempre há esperança para os

finais felizes. E é importante ressaltar ainda que, para as crianças acostumadas a

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ouvir histórias e estimuladas a ter sempre contato com as mesmas, a leitura se fará

constante na vida delas.

Sabe-se como é importante para a formação de qualquer criança ouvir

histórias. Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um bom leitor, tendo um

caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo. É

poder sorrir, gargalhar com situações vividas pelos personagens e com a idéia dos

contos, então, a criança pode ser um pouco participante desse momento de humor,

de brincadeira e aprendizado.

Os contos também, segundo VYGOTSKY (1987), conseguem deixar fluir o

imaginário e levar a criança a ter curiosidade, que logo é respondida no decorrer dos

contos. É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos

impasses, das soluções que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro,

através dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos

(ou não) pelos personagens de cada história.

1.1 A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

Entendemos a importância da interação dos contos de fadas que exercem

uma influência muito benéfica na formação da personalidade porque, segundo

DIATKINE (1993), através da assimilação dos conteúdos da estória, as crianças

aprendem que é possível vencer obstáculos e saírem se vitoriosas, especialmente

quando o herói vence no final.Precisamos que os profissionais de educação infantil

tenham acesso ao conhecimento produzido na área da educação infantil e da cultura

em geral, para repensarem sua prática, se reconstruir enquanto cidadãos e atuarem

enquanto sujeitos da produção de conhecimento. A atividade dos contos um berço

importante das atividades intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável à

prática educativa a brincadeira, o jogo, se torna uma atividade específica da infância,

em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos, na qual a

imaginação, a fantasia e também a realidade interagem na produção de novas

possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, e pelos

educadores.

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Outra função importante dos contos de fadas, segundo ABRAMOVICH

(1995), é a de resgatar o “tempo da alma”, pois a vida infantil precisa cumprir cada

etapa do seu desenvolvimento para que uma estrutura psíquica equilibrada possa

ser elaborada.

A alma, segundo DIATKINE (1993), tem um tempo próprio, característico,

ainda ditado pelos ritmos da natureza, que não costuma ter pressa. O “tempo da

alma” é que regula o passo das fases do amadurecimento humano, em oposição à

ansiedade e acúmulo de demandas, cobranças e pressões de toda sorte que a

sociedade moderna exerce sobre os indivíduos, mesmo sobre as crianças.

A prática do compartilhamento dos contos de fadas (pais lendo ou contando

para os filhos, professores para os alunos, etc. com posteriores conversas sobre a

estória) deve ser estimulada porque, segundo ABRAMOVICH (1995), nessa

atividade fica mais fácil para as crianças falarem sobre suas angústias, partilhar

suas dúvidas e ansiedades sem se expor pessoalmente. Isso é possível pois, ao

comentar uma estória, estarão falando dos seus sentimentos, mas não diretamente

de si próprias, já que estarão utilizando o recurso das personagens e de uma

situação fictícia como apoio. Deve-se, preferentemente, escolher estórias que

apresentem um final feliz. Vale lembrar que, em meio a esse tipo de atividade, não

cabe qualquer espécie de julgamento moral ou censura.

O que importa aqui, segundo AMARILHA (1997), não é ensinar às crianças

como se comportar (o que, por sinal, a própria estória já faz, de uma maneira muito

mais rica e ilustrativa, ao mostrar as conseqüências dos atos de cada um), mas

oferecer às crianças a oportunidade de expressarem suas dificuldades emocionais

de uma maneira protegida. Nessa perspectiva, a educação escolar deve partir do

nível de desenvolvimento efetivo do aluno, mas não para se ajustar a ele, e sim para

fazê-lo progredir cada vez mais: deve desafiá-lo, ajudá-lo com pistas, elevar seu

patamar de competência no percurso da sua escolarização. Infelizmente essa

educação ainda representa, para muitos docentes, uma experiência estranha e sem

significado, não conseguindo eles transformarem a sala de aula em um ambiente

estimulante, no qual os discentes se defrontem com situações-problema que os

motivem e desafiem.

[...] A educação lúdica através de contos é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento

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individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. [...]. (ABRAMOVICH, 1995, p.11).

A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação, segundo

AMARALHA (1997), é que damos o nome de educação. Esta não existe por si só; é

uma ação conjunta entre as pessoas que cooperam, comunicam se intera do mesmo

saber. A educação infantil não seria plena e completa sem o que os educadores se

aperfeiçoassem através de um aprendizado continuo e qualificado de acordo com as

necessidades dos educando e sendo assim sempre aprimorando seus

conhecimentos para uma educação libertadora. É nesse sentido que a Literatura

infantil e, principalmente, os contos de fadas podem ser decisivos para a formação

da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta. O maniqueísmo que

divide as personagens em boas e más, belas e feias, poderosas ou fracas, etc.,

facilita a criança à compreensão de certos valores básico da conduta humana ou

convívio social. Tal dicotomia se transmitida através de uma linguagem simbólica, e

durante a infância, não será prejudicial à formação de sua consciência ética. O que

as crianças encontram nos contos de fadas são, na verdade, categorias de valor que

são perenes. O que muda é apenas o conteúdo rotulado de “bom” ou “mau”, “certo”

ou “errado”. Sendo assim, o enfoque é mostrar a importância da utilização dos

contos e seus benefícios às crianças, já que, são relacionados ao mundo imaginário

pintando a realidade do mundo, atualizando ou reinterpretando, em suas variantes

questões universais, como o conflito do poder e a formação dos valores, misturando

realidade e fantasia, no clima do “Era uma vez”, permitindo “um final feliz”.

Entretanto, para que elas se tomem efetivamente leitoras e autoras dos

próprios textos, faz-se necessário que, em algum momento do processo de

alfabetização tenham não somente adquiridos conhecimentos específicos do código

alfabético, mas também (e, sobretudo) imaginação bem fluente, capaz de

desenvolver textos criativos; isso acontecerá se essas crianças tiverem acesso aos

contos de fadas, responsáveis por tais benefícios.

Vê-se que não há a necessidade de esperar pela alfabetização formal para

que as crianças se envolvam com a leitura dos contos infantis. Tem-se que associá-

la à alfabetização, para se obter melhores resultados na formação escolar e na

preparação da criança para a vida real. Só assim, a criança conhecerá a realidade

mundana sem toda obscuridade nela presente.

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Por isso, existe uma acentuada diferença entre as histórias contadas e as

histórias lidas para uma criança, já que, segundo ALVES (1994), a linguagem se

reveste de qualidade estética quando escrita, e essa diferença já pode ser percebida

por ela. Pois ao ouvir histórias, a criança vai construindo seu conhecimento de

linguagem escrita, que não se limita ao conhecimento das marcas gráficas a

produzir ou a interpretar, mas envolve gênero, estrutura textual, funções, formas e

recursos lingüísticos. Logo, ouvindo os contos, a criança aprende pela experiência a

satisfação que uma história provoca; aprende a estrutura da história, passando a ter

consideração pela unidade e seqüência do texto.

Mesmo assim, segundo COELHO (2003), para que os contos de fadas

consigam prender a atenção das crianças o é necessário entretê-las e despertar

nelas a curiosidade com isso, enriquecerá sua vida e estimulará sua imaginação

ajudando no seu desenvolvimento intelectual proporcionando assim, mais clareza

em seu mundo afetivo, auxiliando-a a reconhecer mesmo de forma inconsciente,

alguns de seus problemas e oferecendo-lhe perspectivas de soluções, mesmo

provisórias.

É exatamente a mensagem que os contos de fadas transmitem à criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana, mas que, se a pessoa não se intimida, mas se defronta de modo firme com as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, fogo, ela dominará todos os obstáculos, e ao fim emergirá vitoriosa.(BETTELHEIM, 2004, p,28).

Já VYGOTSKY (1987), entre outros estudiosos do assunto, buscando

compreender a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos do indivíduo

(abordagem genética), postula um enfoque sociointeracionista para a questão, no

qual um organismo não se desenvolve plenamente sem o suporte de outros de sua

espécie, o que afirma que todo conhecimento se constrói socialmente,durante todo o

percurso do desenvolvimento das funções psicológicas, culturalmente organizadas.

1.2 A EDUCAÇÃO INFANTIL SEM CONTOS DE FADAS

Seria tão convencional a educação sem a lúdicidade caminhando

efetivamente na educação, então é preciso refletir sobre a sua importância no

processo de ensinar e aprender. Cientes da importância do lúdico na formação

integral da criança têm por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do

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significado e da importância das atividades lúdicas na educação infantil, procurando

provocá-lo, para que insira o brincar em seus projetos educativos, tendo

intencionalidade, objetivos e consciência clara de sua ação em relação ao

desenvolvimento e à aprendizagem infantil. Nem tudo o que passamos para os

outros, ou que passam para nós, tem uma grande influência na nossa vida, mas tem

sempre algum significado, isso varia da forma de interpretação, de como estou

entendendo o esse processo de educação infantil onde sem o lúdico a educação

não teria tantos avanços.

Conceituar o lúdico, demonstrar sua importância no desenvolvimento infantil

e dentro da educação como uma metodologia que possibilita mais vida, prazer e

significado ao processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista que é

particularmente poderoso para estimular a vida social e o desenvolvimento

construtivo da criança.

[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. [...]. (ABRAMOVICH, 1995, p.11).

A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação, segundo

CADEMAROTI (1986), é que damos o nome de educação. Esta não existe por si só;

é uma ação conjunta entre as pessoas que cooperam, comunicam se intera do

mesmo saber. A educação infantil não seria plena e completa sem o que os

educadores se aperfeiçoassem através de um aprendizado continuo e qualificado de

acordo com as necessidades dos educando e sendo assim sempre aprimorando

seus conhecimentos para uma educação libertadora. Cada história tem uma

mensagem específica, típica ao seu roteiro e que motivou a sua escolha de acordo

com a mensagem educacional desejada pelo seu narrador, de forma genérica, as

histórias contribuem com diversos aspectos da formação de crianças e de jovens.

Esses aspectos podem variar de intensidade de uma história para outra, porém

pode-se dizer que, de maneira geral, todas as histórias propiciam o desenvolvimento

de atenção e raciocínio, senso crítico, imaginação, criatividade, afetividade e

transmissão de valore. As histórias têm o poder mágico de prender a atenção das

crianças, elas acompanham os fatos ocorridos e se questionam, como por exemplo:

Como será que o herói se sairá dessa situação?A princesa encontrará o príncipe e

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será feliz novamente?Isso fará com que as crianças exercitem a relação de causa e

efeito, que faz parte do seu amadurecimento.

Segundo DOHME (2003, p. 21):

sem dúvida, pensando no cidadão de amanhã, uma das maiores preocupações dos professores e até mesmo dos pais é de formar um homem e uma mulher que sejam críticos, que tenham capacidade de analisar o que está à sua volta, de avaliar o que está de acordo com seus princípios e o que não está e de tomar decisões de acordo com as suas próprias convicções.

Por exemplo: As crianças pequenas ficarão encantadas quando Cinderela se

apaixonar imediatamente pelo príncipe. Mas, as mais velhas poderão ser

questionadas se somente o fato de ser bonito, rico e poderoso é suficiente para

alguém se apaixonar.

1.3 OS CONTOS DA LEITURA INFANTIL

É de fundamental importância que o trabalho com crianças em fase de

alfabetização seja pleno de descobertas e significados, constituindo-se num real

prazer tanto para alunos, como para os educadores, tornando-se efetivamente uma

aprendizagem significativa.

ABRAMOVICH (1995, p16) ressalta

(…) Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo...

Podemos, assim, começar a compreender a importância da Literatura Infantil

no desenvolvimento cognitivo das crianças. Ser leitor é o meio para conhecer os

diferentes tipos de textos, de vocabulários. É uma forma de ampliar o universo

lingüístico. Para o "contador" de histórias, cabe o prazer de interagir com a leitura ao

mesmo tempo em que oportuniza este prazer para os seus ouvintes, como reafirma

DIATKINE (1993, p. 141), "(…) Contar histórias é uma experiência de grande

significado para quem conta e para quem ouve."

Diante desta constatação, faz-se necessário repensar a prática em sala de

aula de classes de alfabetização e educação infantil. Precisa-se buscar o novo, de

forma consciente e conhecedora da realidade do aprender a ler e escrever. A tarefa

de análise sobre o trabalho docente deve ainda ser precedida do conhecimento

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sobre a educação e seus avanços. Nesse contexto, entende-se a necessidade de

destacar que a criança na contemporaneidade, vem cada vez mais cedo para a

escola, ingressando assim na educação infantil.O processo de ensino-aprendizagem

ocorre às vezes de maneira informal, por meio da imersão do sujeito em situações

da vida cultural. Às vezes acontece de forma deliberada, pela ação clara e voluntária

de um educador que dirige este processo.

A maioria dos contos de fadas, segundo AQUIAR (2001), apresenta histórias

de príncipes e princesas os heróis que enfrentam problemas gerados por seres

malévolos.Os conflitos são criados por uma intenção maldosa contra uma pessoa de

bem. O herói, usando de seus talentos e qualidades que, muitas vezes, nem sabia

que possuía , resolve os conflitos com a ajuda de seres mágicos assim, tudo termina

com um final feliz, e o herói, a partir da experiência vivida, torna-se mais confiante e

maduro. No conto maravilhoso, as situações acontecem num espaço regido por leis

diferentes do mundo cotidiano e num tempo indefinido,por isso, é comum a história

se iniciar com a famosa frase: “Era uma vez, num reino muito distante...”. Os seres

que habitam esse espaço e vivem nesse tempo não são gente comum. Pelo

contrário, são seres maravilhosos: fadas, magos, bruxas, anões, gigantes, gênios,

dragões, duendes e outros, criados pela natureza e pela imaginação, convivem com

naturalidade e nada do que acontece lhes parece estranho.

É nesse universo do imaginário que as crianças mergulham no intuito de

aproximar sua realidade aos contos da Literatura Infantil e se descobrem enquanto

sujeitos da leitura que se apropriam. Acredita-se que os contos de fadas permitem

as crianças identificarem-se ou não com as dificuldades ou alegrias de seus heróis,

cujos feitos narrados expressam, a condição humana frente às provações da vida.

Acredita-se que as crianças encontram por intermédio dos contos de fadas uma

melhor maneira de viver.

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CAPÍTULO 2 – OS CONTOS DE FADAS PARA O DESEMPENHO INFANTIL

A leitura compartilhada, segundo Isabel Sole (1998), é aquela na qual o

professor ou um aluno assume a responsabilidade de organizar a tarefa de leitura e

de envolver os outros nela. Nessa atividade, quatro estratégias responsáveis pela

compreensão durante a leitura podem ser incentivadas. O professor e os alunos

devem ler um texto, ou um trecho de um texto, em silêncio (embora também possa

haver leitura em voz alta). Depois da leitura, o professor conduz os alunos através

das quatro estratégias básicas. Primeiro se encarrega de fazer um resumo do que

foi lido para o grupo e solicita sua concordância. Depois pode pedir explicações ou

esclarecimentos sobre determinadas dúvidas do texto. Mais tarde formula uma ou

algumas perguntas às crianças, cuja resposta torna a leitura necessária. Depois

dessa atividade, estabelece previsões sobre o que ainda não foi lido, reiniciando-se

deste modo o ciclo (ler, resumir, solicitar esclarecimentos, prever).

Dessa forma, algumas questões tornam-se pertinentes na discussão do

papel dos contos de fadas no processo de ensino e aprendizagem das crianças, e

que são de certa forma, respondidas de maneira sugestiva para que se possibilitem

novos embates sobre o tema abordado. Como surgiram os contos de fadas? Qual

sua importância na formação das crianças? A que fatores podem atribuir sua

permanência na vida infantil e adulta? Como podemos incorporar os contos no

currículo formal das escolas?As questões nos permitem inúmeras reflexões, todavia,

o foco primordial desta pesquisa é analisar documentos que permitem entender a

genuinidade dos contos de fadas na vida das crianças e oferecer mais uma

ferramenta indispensável para seu processo de formação e aprendizado.

Até bem pouco tempo, segundo COELHO (2003), a literatura infantil era

considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo pueril, uma

história sem outro valor senão distrair e encantar as crianças. Para investir na

interpretação do texto literário dentro dessa realidade, é necessário conhecer as

obras infantis que abordem questões e problemas universais, inerentes ao ser

humano. Por meio do prazer ou das emoções que as histórias proporcionam, o

simbolismo que está implícito nas tramas e nos personagens vai agir no

inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver conflitos interiores, os

quais são normais nas crianças.

Tendo em vista que esse gênero literário se destina a recrear e emocionar a

criança, segundo a autora, é importante pontuar que um bom livro seria agradável e

apreciado tanto por adultos como por crianças. Nesse sentido a escritora conclui que

existem livros, que são aceitos como fazendo parte da literatura infantil que são

pueris, tem uma linguagem carregada de diminutivos, não oferecem um sentido à

trama e têm diálogos frágeis, ou seja, são livros que tratam a criança como se ela

fosse um ser sem inteligência. A autora explica que é no encontro com qualquer

forma de literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou

enriquecer sua própria experiência de vida. Mas, demonstra também, que a literatura

infantil, por iniciar o homem no mundo literário, é utilizada como instrumento para a

sensibilização da consciência, servindo como meio de transmissão de valores e

idéias de submissão. Explica ainda que quando são desvendadas as idéias que

existem subjacentes a histórias, nos contos de fadas, é possível se expandir a

capacidade da pessoa de pensar, refletir e raciocinar. Esse entendimento possibilita

ao leitor entender as idéias e lhe dá uma maneira nova de analisar o mundo. Desta

maneira, assevera que é fundamental perceber que a literatura precisa ser encarada

sempre, por professores, psicóloga e estudiosa em geral, de modo global e

complexo, em toda sua ambigüidade e pluralidade.

Essa abertura não se esgota apenas em seu "eu", na sua própria pessoa,

mas estende laços que se entrelaçam com outras pessoas, caminhando até o

infinito. Essa é segundo o autor, uma maneira de se tecer o próprio destino,

recompondo a vida no resgate dos arquétipos herdados dos ancestrais e permitindo-

se se ver sem máscaras ou fantasias.A literatura infantil tem também esse poder de

resgatar sonhos e fantasias que estão incrustadas no inconsciente, pois logo que a

criança começa a andar e explorar o mundo que se estende à sua volta ela se

depara com alguns problemas complexos, que é a formação de sua identidade.

Nesse pormenor, um detalhe é importante para a autora, que enfatiza o

cuidado que deve ter o contador de histórias de evitar descrições dos detalhes, de

modo longo e muito elaborado, pois eles devem ficar restritos à imaginação infantil,

à criação da mente da criança, permitindo vôos necessários. Além disso, é

importante que o professor tenha conhecimento que o processo de criação das

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histórias nasceu da palavra viva e animada fornecida pelo mito, e deste evoluiu para

o conto.

Através do conhecimento fornecido pelo mito e pelas analogias que eles

permitem, segundo ALVES (1994), há possibilidade de um resgate das emoções e

se iluminam potenciais que de outra forma permaneceriam escondidos da própria

pessoa. Problemas como a riqueza, o trabalho, os poderes são elementos que se

situam na base de todos os contos. Isso demonstra que essas histórias não são

apenas criações da imaginação, mas nasceram de acontecimentos reais que o povo

recolheu e guardou e que mais tarde formou, na base, a moral da sociedade.

Historicamente, segundo AQUIAR (2001), o conto atuava como veículo de

transmissão de ensinamentos de valores morais e éticos ou como concepções de

mundo na tradição oral dos povos, sendo fortalecido na memória de consecutivas

gerações como uma espécie de legado que passava de pai para filho. Nesse

contexto, torna-se difícil estabelecer, precisamente, quantas e quais funções o conto

deveria servir na estrutura das sociedades primitivas. Com ele, fundamentava-se a

religião, passava-se noção do bem e do mal, estimulava-se a formação de um senso

de justiça natural com o qual as crianças eram alimentadas. Havia nitidamente uma

ação de ordem educativa, consciente e ao lado desta, uma necessidade básica de

sonho e fantasia a que os contos de fadas correspondiam.

2.1 ALGUNS OLHARES

É fundamental, segundo AMARILHA (1997), saber o que acontece no

mundo a sua volta, para se ter uma educação atenta às transformações políticas e

sociais, incentivando constantemente a prática da cidadania. Preparar alunos para a

vida e para o mundo produtivo em uma sociedade pouco solidária, bastante

competitiva e cada vez mais complexa.

Cabe ao professor, segundo CADEMAROTI (1986), fazer a educação

diferente, cabe a ele aprender a cooperar e cooperar para aprender, num processo

de integração, de oportunidades, de interação com os alunos e colegas. Uma

sociedade que se reinventa a cada dia, necessita desse formato de instituição nas

quais, certamente, haverá pessoas capazes de pensar, comunicar, analisar,

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comparar, criar, que respeitem as diferenças, que resolvam conflitos, que tenham

habilidades interpessoais.

Entre os estudiosos, segundo VON FRANZ (1980), apresentar a influência

dos contos e as vantagens que as histórias traz para o desenvolvimento da criança;

localizar as dificuldades encontradas pelos educadores em utilizar os contos como

ferramenta pedagógica e se a brincadeira pode propiciar as condições para um

desenvolvimento saudável da criança. Outros alegam que é o objeto transformador

da sociedade, mas há aqueles que acreditam que é só uma questão de estilo.

Temos algumas idéias desses autores e declarações de como é conflituosa

a idéia da literatura no geral principalmente na educação infantil e analisando suas

opiniões podemos concluir e formular nosso conceito.

Os contos, a fantasia, segundo AMARILHA (1997), são formas utilizadas

pela criança para explorar, conhecer e explicar o mundo. Com auxilio da fantasia, da

imaginação ele penetra mundos, os mais desconhecidos e distantes em busca de

respostas para inúmeras indagações. Por tudo isso, acreditamos, nenhum outro

texto pode realizar essa tarefa melhor do que a literatura dirigida para as crianças,

uma vez que nela esses aspectos são igualmente considerados essenciais, traduz o

real para a realidade infantil. Suaviza o impacto provocado pelo tamanho e pela

força dos adultos, diminuindo o sentimento de impotência da criança. Brincando, sua

inteligência e sua sensibilidade estão sendo desenvolvidas.

Diante de estudiosos, segundo CADEMAROTI (1986), afirmamos, os contos

são uma manifestação do nosso amor à criança. Todas as crianças gostam de

brincar com os pais, com a professora, com os avôs ou com os irmãos. A

participação do adulto na brincadeira da criança eleva o nível de interesse,

enriquece e contribui para o esclarecimento de dúvidas durante o jogo. Ao mesmo

tempo, a criança sente-se prestigiada e desafiada, descobrindo e vivendo

experiências que tornam o brinquedo o recurso mais estimulante e mais rico em

aprendizado. Guardar os brinquedos com cuidado pode ser desenvolvido através da

participação da criança na arrumação feita pelo adulto. O hábito constante e natural

dos pais e da professora ao guardar com zelo o que utilizou, faz com que a criança

adquira automaticamente o mesmo hábito, ocorrendo inclusive satisfação tanto no

guardar como no brincar.

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Para BETTELHEIN (2004, p.197), "(…) O conto de fadas é a cartilha onde a

criança aprende a ler sua mente na linguagem das imagens, a única linguagem que

permite a compreensão antes de conseguirmos a maturidade intelectual." Assim,

cada criança, particularmente, procurará no conto de fadas, um significado diferente

de acordo com as suas necessidades e interesses em cada fase de sua vida. Os

contos de fadas falam: de medos (Chapeuzinho Vermelho); de amor (A Pequena

Sereia); da dificuldade de ser criança (Peter Pan); de carências (Joãozinho e Maria);

de auto descobertas (O Patinho Feio); e de perdas e buscas (O Gato de Botas).

2.2 CONTOS DE FADAS NÃO SÃO SOMENTE PASSATEMPO

Percebe-se então, segundo CADEMAROTI (1986), que o elemento contos

tem sido visto com relevância por diversos campos de atuação e inserção do

homem, principalmente, aqueles relacionados a ação de caráter obrigatório ver isso

como passatempo é ignorância, devemos considerá-la, além de uma das ocupações

mais estimulantes e enriquecedoras do espírito humano, uma atividade insubstituível

para a formação de cidadãos na sociedade moderna e democrática. Por essa razão,

ela deveria ser semeada nas famílias desde a infância e fazer parte de todos os

programa educacionais.

Através da brincadeira, segundo ALVES (1994), a sociabilidade é

desenvolvida, pois, a criança aprende a ganhar ou perder e passa a compreender a

importância das regras para que haja uma participação satisfatória. Nas brincadeiras

com dramatizações, a criança tem a oportunidade de desenvolver diferentes papéis,

o que possibilita a compreensão mais efetiva sobre as interações existente entre os

indivíduos. Por meio das brincadeiras a criança enfrenta situações de medo,

alegrias, conflitos e estrutura as atividades emocionais para a vida adulta,

internalizando regras, desenvolvendo valores, criatividade e criticidade. E tudo isso

deve ser considerado como conhecimento, aprendizado, por isso, ressalta-se

também a contribuição dos contos na alfabetização. Nem mesmo os outros ramos

das ciências humanas - a filosofia, a história ou as artes - conseguiram preservar

essa visão integradora e um discurso acessível ao leigo, pois também eles

sucumbiram ao domínio da especialização. O elo fraternal que a literatura

estabelece ao homem transcende todas as barreiras temporais.

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Outro motivo para se conferir à literatura dos contos um lugar de destaque

na vida das nações, segundo BETTELHEIM (1980), é que, sem ela, a mente crítica

– verdadeiro motor das mudanças históricas e melhor escudo da liberdade – sofreria

uma perda irreparável.

2.3 A CRIANÇA, A EDUCAÇÃO E OS CONTOS DE FADAS

O presente trata do resgate dos contos como processo educativo,

demonstrando que ao se trabalhar ludicamente não se está abandonando a

seriedade e a importância dos conteúdos a serem apresentados à criança, pois,

segundo BETTELHEIM (1980), as atividades lúdicas são indispensáveis para o seu

desenvolvimento sadio e para a apreensão dos conhecimentos, uma vez que

possibilitam o desenvolvimento da percepção, da imaginação, da fantasia e dos

sentimentos.

Os contos utilizam como base de suas histórias os maiores conflitos da

humanidade. Assim, segundo VON FRANZ (1980), ao ler/ouvir um conto a criança

está lendo não só os seus conflitos, mas os de todos os seres humanos que vivem e

já viveram nesse planeta.Mas as razões do sucesso desses contos residem

justamente no fato de falarem a linguagem emocional em que se encontra a criança.

É fato que, na escola, segundo ALVES (1994), dá-se uma gradativa, mas

irreversível democratização do saber, pois é pela alfabetização que a criança

desenvolve o ato de brincar, decodifica os sinais escritos e atribuindo significados as

ações. A escola, entretanto tem cometido um grave erro: ensina a brincadeira

aleatoriamente. Uma vez que a criança aprende a brincar, não esquece o código,

mas, perde a assiduidade pela falta de incentivo, de recursos e de informação sobre

a importância do lúdico.

Portanto é necessário que ela passe por uma renovação pedagógica que se

preocupe com a formação de um homem, de uma nova sociedade, de uma nova

visão de mundo, formação que, ao ser experimentado pelo educando, permita-lhe

assumir de fato o exercício de cidadania. Através dessas histórias a criança vai

aprendendo a entender seus próprios conflitos internos e, com isso, começa a

aprender e a crescer. E quanto àquela criança que adorava ouvir histórias? O mais

importante que resta disso tudo é que nunca esqueçamos a lição...

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2.4 OS CONTOS DE FADAS COMO PROCESSO EDUCATIVO

Acredita-se que as crianças encontram por intermédio dos contos de fadas

uma melhor maneira de viver. Dessa forma, algumas questões tornam-se

pertinentes na discussão do papel dos contos de fadas no processo de ensino e

aprendizagem das crianças, e que são de certa forma, respondidas de maneira

sugestiva para que se possibilitem novos embates sobre o tema abordado. como

surgiram os contos de fadas? qual sua importância na formação das crianças? a que

fatores podem atribuir sua permanência na vida infantil e adulta? como podemos

incorporar os contos no currículo formal das escolas? As questões nos permitem

inúmeras reflexões, todavia, o foco primordial desta pesquisa é analisar documentos

que permitem entender a genuinidade dos contos de fadas na vida das crianças e

oferecer mais uma ferramenta indispensável para seu processo de formação e

aprendizado.

O maravilhoso, segundo ALVES (1994), sempre foi e continua sendo um dos

elementos mais importantes na literatura destinada às crianças.Através do prazer ou

das emoções que as estórias lhes proporcionam, o simbolismo que está implícito

nas tramas e personagens via agir em seu inconsciente, atuando pouco a pouco

para ajudar a resolver os conflitos interiores normais nessa fase da vida,

conseqüentemente, surge à necessidade da criança defender sua vontade e sua

independência em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou

amigos. É nesse sentido que a literatura infantil e, principalmente, os contos de

fadas podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao

mundo à sua volta. O maniqueísmo que divide as personagens em boas e más,

belas e feias, poderosas ou fracas, etc., facilita a criança à compreensão de certos

valores básico da conduta humana ou convívio social. Tal dicotomia se transmitida

através de uma linguagem simbólica, e durante a infância, não será prejudicial à

formação de sua consciência ética. O que as crianças encontram nos contos de

fadas são, na verdade, categorias de valor que são perenes. O que muda é apenas

o conteúdo rotulado.

Sabe-se como é importante para a formação de qualquer criança ouvir

histórias. Escutá-las, segundo AMARILHA (1997), é o início da aprendizagem para

ser um bom leitor, tendo um caminho absolutamente infinito de descobertas e de

compreensão do mundo. É poder sorrir, gargalhar com situações vividas pelos

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personagens e com a idéia dos contos, então, a criança pode ser um pouco

participante desse momento de humor, de brincadeira e aprendizado.Os contos

também conseguem deixar fluir o imaginário e levar a criança a ter curiosidade, que

logo é respondida no decorrer dos contos. É uma possibilidade de descobrir o

mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivem e

atravessam, de um jeito ou de outro, através dos problemas que vão sendo

defrontados, enfrentados ou não, resolvidos ou não pelos personagens de cada

história. A suprema importância dos contos de fadas para as crianças em

crescimento, reside em algo mais do que ensinamentos sobre as formas corretas de

se comportar, eles são terapêuticos, porque o paciente encontra sua própria solução

através da contemplação do que a "estória" parece implicar acerca de seus conflitos

internos neste momento da vida. Tomando característica marcante dessa área, o

poder de lidar com conteúdos da sabedoria popular e conteúdos essenciais da

condição humana, por isso, eles vivem até hoje e continuam envolvidos no mundo

maravilhoso, universo que detona a fantasia, partindo sempre de uma situação real

e concreta, sempre lidando com emoções que qualquer criança já viveu.

Então, vista a necessidade de escolher diante de tanta oferta em literatura a

mais criativa e eficaz na alfabetização, a indicada, segundo CADEMAROTI (1986),

vem a ser os contos de fadas, os quais, tratam de problemas humanos universais

como, por exemplo, a solidão e a necessidade de enfrentar a vida por si só, mas de

uma maneira simbólica.Os chamados contos de fadas, como os clássicos

“Chapeuzinho Vermelho”, “Branca de Neve”, “Sete Anões”, “Cinderela” e “Bela

Adormecida” fascinam várias gerações em diferentes países e culturas.

Lembra a Psicanálise, que a criança é levada a se identificar com o herói

bom e belo, não devido à sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a própria

personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e

beleza e, principalmente, sua necessidade de segurança e proteção. Pode assim

superar o medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta,

podendo alcançar gradativamente o equilíbrio adulto.Logo, a área do Maravilhoso

dos contos de fadas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o

pensamento mágico, natural das crianças, bem explica Vera Teixeira de Aguiar:

Os contos de fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um problema vinculado à realidade (como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e filho), que desequilibra a tranqüilidade inicial. O

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desenvolvimento é uma busca de soluções, no plano da fantasia, com a introduçao de elementos mágicos (fadas, bruxas, anões, duendes, gigantes etc.). A restauraçao da ordem acontece no desfecho da narrativa, quando há uma volta ao real. Valendo-se desta estrutura, os autores, de um lado, demonstram que aceitam o potencial imaginativo infantil e, de outro, transmitem à criança a idéia de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia, sendo necessário assumir o real, no momento certo. (ABRAMOVICH, 1994, p. 120 ).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos, portanto que, os contos de fadas são importantes sob vários

aspectos, proporcionando às crianças meios para desenvolver habilidades que

agem como facilitadores dos processos de aprendizagem. Estas habilidades podem

ser observadas no aumento do vocabulário, nas referências textuais, na

interpretação de textos, na ampliação do repertório lingüístico, na reflexão, na

criticidade e na criatividade. Estas habilidades propiciariam no momento de novas

leituras a possibilidade do leitor fazer inferências e novas releituras, agindo, assim,

como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem.

Enfim para que este fosse um trabalho bem elaborado, fizeram-se

necessárias pesquisas de leituras, concentrações e observações profundas é um

processo fundamental do ensino, com a metodologia adequada usada neste,

desenvolvemos fatos, criamos situações, exigimos e conseguimos interagir com o

meio que vivemos, é lindo ver que cada criança tem o seu jeito de aprender, de

soltar sua imaginação.

Os contos estimulam o raciocínio da criança, sendo papel da educação

formar pessoas criticas e criativas, que criem, inventem, descubra, que sejam

capazes de construir conhecimento. Não devendo aceitar simplesmente o que os

outros já fizeram, aceitando tudo o que lhe é oferecido. Daí a importância de se ter

alunos que sejam ativos, que cedo aprendem a descobrir, adotando assim uma

atitude mais de iniciativa do que de expectativa. Os educadores devem acreditar no

seu valor educativos como formadores de autenticidade, autonomia, criatividade,

pois a criança logo estará inventando brincadeiras e gestos para as músicas,

mostrando sua dinâmica social e capacidade interativa. A brincadeira, sendo

valorizado, o espaço para brincar será respeitada e o lúdico voltará a fazer parte do

cotidiano infantil

REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil, gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1994. ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione,1995. AGUIAR, Vera Teixeira. Era uma vez… na escola: formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato, 2001. ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994. AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? – literatura infantil e prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 1997. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. BETTELHEIM, Bruno, A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra,2004. CADEMAROTI, Lígia. O que é literatura infantil. São Paulo: Brasiliense, 1986. COELHO, N. N. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2003. DIATKINE, René. Histórias sem fim. Entrevista à revista Veja em 12 mar.1993. DOHME, Vania D’Angelo. Técnicas de contar histórias: pais: um guia para os pais contarem histórias para seus filhos. São Paulo: Informal, 2003. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Trad. Jéferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1987. VON FRANZ, Marie-Louise. A individuação nos contos de fadas. São Paulo: Paulus, 1980. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. www.educador.brasilescola.com/orientacoes/contos-fadas.htm. Acesso em 07 abr. 2012. www.blogdacrianca.com/as-criancas-e-os-contos-de-fadas-educacao-iAcesso em 25 abr. 2012.