Akadémicos 57

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UM JORNALISMO MAIS PRÓXIMO págs. 4 e 5 págs. 4 e 5 Suplemento do JORNAL DE LEIRIA, da edição 1451, de 03 de maio de 2012 e não pode ser vendido separadamente. José Carlos Abrantes O papel do provedor é tornar públicas as críticas que recebe págs. 6 e 7 57 UM DIA COM OS MEDIA NO ÂMBITO DA INICIATIVA

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Edição N.º 57 do Jornal Akadémicos Kapa: Um Jornalismo mais próximo

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UM JORNALISMO MAIS PRÓXIMO

págs. 4 e 5

págs. 4 e 5

Suplemento do JORNAL DE LEIRIA, da edição 1451, de 03 de maio de 2012 e não pode ser vendido separadamente.

José Carlos AbrantesO papel do provedor é tornar públicas as críticas que recebe

págs. 6 e 7

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UM DIACOM OS MEDIA

NO ÂMBITO DA INICIATIVA

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TEATRO

24 maio, 21h30 Teatro José Lúcio da Silva

A FUGAO caos instalou-se na vida de Vicente Calado, um ministro que se demitiu após um escândalo de corrupção. No meio da crise, Vicente conhece um ser apaixonante: uma vendedora ambulante que vai mudar a sua vida para sempre. Esta comédia de Jórdi Galcerán conta com um elenco de luxo, José Pedro Gomes, Maria Rueff e Jorge Mourato. Billhetes: 12,5€.

MÚSICA

05 maio, 21h30 · Teatro José Lúcio da Silva

SEAN RILEY AND THE SLOWRIDERSSean Riley and the Slowriders são uma banda Conimbricense com um género predominantemente folk, rock e blues. Com espectáculos em países como Noruega, Alemanha e Holanda, esta banda está a internacionalizar-se. No dia 5 de maio, Sean Riley and the Slowriders apresentam-se à cidade de Leiria com um espetáculo que faz parte integrante da tournée de apresentação do seu quarto álbum It’s Been a Long Night, lançado em 2011. Bilhetes: 12,5€.

DANÇA

12 maio, 21h30 · Teatro José Lúcio da Silva

AMADEUSA Companhia de Dança de Aveiro chega a Leiria para apresentar o seu espetáculo, Amadeus. A coreografia fala-nos do tratar do corpo nas suas múltiplas expressões, na sua descoberta e aperfeiçoamento, onde os bailarinos são como notas introduzidas nas obras deste compositor, Wolfgang Amadeus Mozart. Venha deliciar-se. Bilhete: 7,50€

EXPOSIÇÕES

Até 22 maio · Edifício Banco de Portugal

NO MEU SILÊNCIO VEJO-TE EM PALAVRASNo meu silêncio vejo-te em palavras é uma exposição da pintora Maria João Franco, filha de Miguel Franco, conceituado ator e dramaturgo da cidade de Leiria. As obras da pintora têm uma tendência expressionista quer na abstração quer na sua passagem para a figuração. É possível ver ou rever a exposição até dia 22 de maio, de segunda a sexta, das 9h00 às 17h00, e sábados das 14h00 às 18h00. Entrada Livre.

EVENTOS

Até 22 maio

FEIRA DE MAIOComo já faz parte da tradição da cidade, a Feira de Maio está de volta. Num local onde se consegue conjugar o negócio local e o divertimento, o recinto vai estar repleto da cor e animação a que nos tem habituado. O cartaz de espetáculos está disponível na página online do município. Não deixe de visitar o recinto. Com certeza que não se vai arrepender.

Um dia com os Media*

* Operação Nacional de Reflexão sobre os Media, promovida pela Comissão Nacional da UNESCO, Conselho Nacional da Educação, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Gabinete para os Meios de Comunicação Social e Universidade do Minho – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade.

O desafio foi-nos colocado pelos promo-tores da iniciativa ‘Um dia com os media’: dinamizar uma ação que, no contexto das comemorações do Dia Mundial da Liberda-de de Imprensa e Expressão, definido pela Organização das Nações Unidas, pudesse constituir um contributo para pensar o fun-cionamento dos media e as suas relações com os cidadãos.

Neste movimento (de expressão acentu-ada pelo seu contorno nacional) propuse-mo-nos incorporar e explorar essa reflexão

nos nossos próprios projetos de comunica-ção – Akadémicos e Rádio Iplay – que têm hoje edições especialmente dedicadas ao tema. É neste contexto que o Akadémicos propõe, neste número, uma conversa com o Provedor do Telespetador do canal públi-co de televisão e ainda um ‘olhar’ sobre a realidade e os desafios futuros da informa-ção em contextos de proximidade.

Mas porque a discussão pode começar nas páginas dos jornais, nos ecrãs de te-levisão, nos microfones de rádio, mas não deve esgotar-se neles, prolongaremos a reflexão numa sessão de debate com a co-munidade académica. Um momento onde, a partir da reflexão crítica sobre os nossos próprios meios, procuraremos pensar so-bre este complexo conceito de proximidade e sobre a forma de o tornar cada vez mais efetivo, sobre formas de tornar os meios mais relevantes para os públicos, mas tam-bém de explorar o potencial de atividade dos públicos na sua relação com os meios.

Tendo a iniciativa como alcance a edu-cação para os media, e considerando o nosso próprio contexto educativo, con-tribuímos com debate sobre formas de acentuar o valor dos meios e o valor dos públicos, em novos quadros de interação, propiciados, por exemplo, pela Internet.

AABRIR

NÃOPERKASJoão Diogo Santos

Diretor InterinoJoão Nazá[email protected]

Coordenadores PedagógicosCatarina [email protected]

Paulo [email protected]

Apoio à EdiçãoAlexandre [email protected]

Departamento GráficoJorlis - Edições e Publicações, LdaIsilda [email protected]

Maquetização e Projeto GráficoLeonel Brites – Centro de Recursos Multimédia ESECS–[email protected]

Secretariado de RedaçãoAna Neves

Redação e colaboradoresAna Neves, Ana Vieira, Andreia Nar-ciso, Bárbara Jorge, Gonçalo Dourado, Daniel Sousa, João Diogo Santos, João Peixoto, Mariline Santos, Patrícia Calado, Patrícia Gonçalves, Pedro Rodrigues, Rebeca Silva, Sara Silva, Tânia Graço.

Presidente do Instituto Politécnico de LeiriaNuno [email protected]

Diretor da ESECSLuís Filipe [email protected]

Diretora do Curso de Comunicação Social e Educação MultimédiaAlda Mourã[email protected]

Os textos e opiniões publicados não vinculam quaisquer orgãos do IPL e/ou da ESECS e são da responsabilidade exclusiva da equipa do Akadémicos.

[email protected]

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www.literaciamediatica.pt/umdiacomosmedia

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03 maio 20123

Nos últimos meses, a região de Leiria tem recebido a visita do “Ar-tista Mistério”. Tal como o nome indica, ninguém conhece o artista, pois as suas obras de arte são fei-tas durante a noite e apenas no dia seguinte é que são notadas. No seu portefólio, constam corvos pintados nos viadutos da IC17, um viajante na estação de comboios de Monte Real, uma menina no cemitério de Carvide, o castelo de Leiria na Quinta de Santo António, o retrato de uma cena do livro O Crime do Padre Amaro na Sé e outros na Marinha Grande, Nazaré e na Praia da Vieira. A população tem recebido as intervenções com agrado, pois as produções são realmente boas. Chamam a aten-

ção das pessoas e ilustram situ-ações que combinam com o local onde são feitas. O retrato da cena em que o Padre Amaro beija Amé-lia encontra-se mesmo perto da Sé, o que nos lembra a polémica que houve com a igreja quando a obra de Eça de Queirós foi publi-cada e a ligação do autor a Leiria.

Mas não é caso único. Percor-rer a zona histórica da cidade, pe-los lados do Terreiro, Rua Direita e suas transversais, é como estar num museu ao ar livre, que nos faz refletir. Desde opiniões sobre a música dos Muse, até recordações do famoso jogo dos anos 80, Pac-man, a famosas declarações de amor, referências à própria cidade e ao rio que a atravessa, de tudo vamos encontrando. Frases ou desenhos esboçados com talento e perícia criam uma verdadeira galeria de arte.

A arte urbana mais conhecida apresenta-se em grafitis, estên-cis ou outros materiais, e pode ser vista um pouco por qualquer cidade. O único problema, é que se esta arte de rua for feita em propriedade privada pode levar à apresentação de queixa às autori-dades e o autor pode ser acusado de crime.

Cá para mim, se a interven-ção de rua for bem feita, e tiver um bom objetivo, é arte. Já que

a maior parte das casas estão desabitadas e muitas delas em estado de degradação, porque não dar oportunidade a verda-deiros artistas e deixá-los pintar algumas paredes? Porque não dar alguma cor à zona mais an-tiga da cidade? Porque não tentar mudar mentalidades? Existem diversas maneiras de expressar sentimentos, opiniões e gostos mas, nos dias que correm, es-sas mensagens são transmitidas desta forma original, para que sejam vistas por todos e para que quem passa vá pensando num ou noutro assunto.

Na minha opinião estes grafitis, odiados por muitos, são uma mais-valia para a cidade. É arte que merece respeito, quan-do é feita com talento. k

Os alunos do primeiro ano da licen�ciatura em��nima��o �ultural reali���nima��o �ultural reali�reali�zam, no dia 18 de�maio, um�projeto de dinamiza��o cultural na��asa Museu Jo�o Soares, situada na freguesia de �ortes, com o intuito de comemorar o “Dia Internacional dos Museus”.

Tendo como ponto de partida o convite dirigido a todos os museus do mundo pelo �onselho Internacional dos Museus para refletirem sobre o tema “Museus num Mundo em Mu�dan�a: Novos Desafios, Novas Ins�pira�ões”, pensando na forma como podem constituir�se como lugares de encontro das comunidades, será desenvolvido um programa de ati�

vidades vocacionado para diferentes públicos da freguesia das �ortes.

Os mesmos estudantes realizar�o ainda, no dia 31 de maio, no espa�o do Moinho de Papel, um workshop de criatividade com recurso a técnicas teatrais e artes plásticas direciona�das para o público sénior, bem como para os estudantes do ensino supe�rior. Segundo os responsáveis pelo projeto, pretende�se com a iniciativa transformar o Moinho num palco de sociabilidades, envolvendo os parti�cipantes enquanto praticantes cul�turais de pleno direito e fomentando rela�ões de proximidade com as artes e os objetos artísticos. k

Finaliza hoje a 20ª edi��o da Se�mana �cadémica de Leiria. Em palco, e com bilhetes a 10 Euros para estudantes e a 12 Euros para o restante público, v�o estar a Ins�tituna e os Diabo na �ruz. Está ainda prevista anima��o dos Djs Scooby Doo, DJ Yuri, DJ Ricardo M, DJ Pete �lexander.

O evento teve inicio no passado Domingo, dia 29 de �bril, com a Serenata, um dos

momentos mais marcantes na vida dos estudantes do ensino superior. O largo da Sé encheu��se de estudantes trajados e ca�loiros que só a partir da meia noite passaram a poder usar o traje, símbolo da academia e da cidade de Leiria. � noite, que contou com a participa��o de familiares, amigos, prosse�guiu no antigo recinto da �u�toLeiria, onde a Tuna Mista

da Escola Superior de Saúde (Higiatuna), Tuna mista da Escola Superior de Educa��o e �iências Socias (Tumácanéni�ca) e a Tuna Masculina do IPL animaram a festa.

O cartaz contou ainda com nomes como Quim Barreiros, Xutos e Pontapés, Kumpania �lgazarra e Jaim�o, além da presen�a já habitual de diver�sos Dj´s. k

Alunos de Animação Cultural dinamizam museus

Semana académica termina hoje

Texto Andreia Narciso

Texto Rebeca Silva

ESTÁ – a –

DAR

Aos 29 anos, João Pedro Caldeano conta já com um currículo bem recheado. Fruto do trabalho re-alizado em várias áreas tais como cinema, teatro e música, o antigo aluno do curso de Som e Imagem da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD) é técnico de apoio às equipas de filmagem numa das maiores empresas de cinema do mundo, a ARRI Media.

Natural das Caldas da Rainha, João Pedro começou a interessar-se por direção de fotogra-fia e tudo o que implicava a criação/iluminação de uma cena. Durante a licenciatura juntou-se a uma companhia de teatro nas Caldas da Rainha (Teatro da Rainha) que lhe “permitiu crescer no mundo artístico a nível criativo”. Acrescenta ainda que foi nessa altura que começou “a ter perceção de como as coisas são feitas por detrás do palco ou de uma tela de cinema, que para um espetáculo durar uma hora tem de ter preparação de sema-nas ou mesmo meses”.

Quando acabou a licenciatura, o antigo alu-no da ESAD comprou “bilhete só de ida para Londres para não ter a tentação de voltar para trás”, conta. Pediu emprego à ARRI, empresa de aluguer de cameras para cinema. Ficou à ex-periência. Como ao fim de três meses continu-ava sem remuneração voltou para Portugal. Um pouco desmotivado, mas com “a experiência e a aventura” na bagagem, refere.

Mas a oportunidade de regressar a Londres chegou. Recebeu um e-mail da ARRI Media a perguntar se estava interessado em voltar e não hesitou em comprar novo bilhete. Assinou con-trato como ajudante na secção de preparação das câmeras e no primeiro ano ganhou o prémio de empregado mais dedicado. Foi ascendendo na empresa até responsável por todas as equipas de filmagens que fazem testes com material da ARRI.

Depressa se adaptou a Londres, já que “é uma cidade que tem tudo”. Como inconveniente, João Pedro refere apenas o custo de vida, que considera elevado.

Atualmente está envolvido em projetos bem conhecidos dos portugueses tais como The Inbe-tweeners e Downton Abbey. Paralelamente, tem feito fotografia como freelancer, filmado várias curtas-metragens, videoclips para bandas e anún-cios. João Pedro Caldeano refere ainda que aca-bou “de publicar um livro eletrónico sobre foto-grafia” e que tem “outro livro em mente sobre iluminação para TV e cinema, que terá várias fo-tografias exemplificativas com o respetivo diagra-ma de luz, para se perceber como iluminar/criar certos ambientes visuais”, explica.

Quanto a projetos futuros, deseja trabalhar como diretor de fotografia a tempo inteiro e “possivel-mente ganhar a experiência necessária e conheci-mentos para filmar uma longa-metragem”. k

João Pedro Caldeano

Ex-aluno da ESAD faz sucesso em Londres

Artede Rua

TAKTOMOGRAFIAAXIALKOMPUTORIZADA

texto

Patrícia Calado

KÁENTRENÓSGonçalo Dourado

DR

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“Por uma boa história, por uma boa notícia, vamos ao fim da rua, vamos ao fim do mundo”. O slogan da TSF é algo que �delino Gomes, referência do jornalismo português e investigador do Institu�to Universitário de Lisboa (IS�TE), considera ainda atual, 20 anos depois da cria��o da rádio noticiosa, que mudou o paradigma dos media em Portugal. E as boas histórias, as notícias aconte�cem em todo o lado e n�o apenas nos corredores do poder de Lisboa ou nos centros económicos e políticos do mundo.

Emídio Rangel, fundador da TSF e da SI�, vai mais longe e aponta o jornalismo regional como o espa�o onde é possível ser mais eficaz porque, nos meios mais pequenos, n�o há concor�rência ao trabalho dos jornalistas. “É exatamente quando estamos numa época de globaliza��o que o jornalismo regional ainda faz mais sentido, porque quanto mais globais somos, quanto mais informa��o nos chega de todos os cantos do mundo, mais necessidade temos de saber quem somos, o que acontece à nossa volta e o que acon� e o que acon�tece no nosso círculo restrito”. Por isso, diz, esse tipo de “jornalismo é decisivo e importante”.

�ntigo aluno do curso de �omunica��o So�cial e Educa��o Multimédia (�SEM) do Institu�to Politécnico de Leiria (IPL) e atual jornalista e colaborador de uma rede de investigadores ibero�

�americanos que tem estudado o impacto das no�vas tecnologias nos media locais, Pedro Jerónimo considera que “quem tem cumprido o papel de informar com regularidade a freguesia, o conce�lho, o distrito, têm sido as pequenas publica�ões”. S�o estas estruturas, explica, que “melhor memó�ria têm do que se passa na proximidade, porque a acompanham diariamente”.

Contextos em mudançaSegundo a Entidade Reguladora da �omuni�

ca��o (ER�), existem em Portugal mais de 700 publica�ões regionais, mas muitas delas vivem problemas económicos antigos, sofrem de falta de escala e contam com poucos jornalistas por título. Um panorama que enfrenta agora a con�corrência de uma informa��o global, produzida n�o apenas pela imprensa nacional mas também pela blogosfera ou pelas redes sociais. Estes novos desafios obrigam o jornalismo a reinventar�se e isso também se passa nos meios regionais. O jor�nalismo “que é feito em exclusivo por jornalistas está a mudar. Os cidad�os já produzem e parti�lham informa��o, o que n�o faziam há 15 anos, por exemplo», explica Pedro Jerónimo.

Jornalista desde os anos 70, �delino Gomes é otimista e acredita no futuro do jornalismo porque a informa��o é um bem cada vez mais precioso. “Fala�se da morte dos media tradi�Fala�se da morte dos media tradi�cionais, mas pelo contrário nunca houve uma oportunidade t�o boa do jornalismo se afir�mar”, salienta.

Novas tecnologias e novos desafiosUm jornal já n�o está apenas circunscrito ao

formato de papel e, com o aparecimento de novas tecnologias, os media tiveram de assumir novas plataformas, como a net e a multimédia, um pas�so que ainda demora a ser dado pelos jornais re�gionais. “Temos mais dificuldade de tirar provei�to destas plataformas digitais, mas se pensarmos bem, s�o essas plataformas que melhor podem aproveitar o fenómeno da globaliza��o”, indica Ricardo Jorge Pinto, diretor�adjunto da �gência Lusa e docente na Universidade Fernando Pessoa. E isso “n�o é só por ser mais barato”, mas também porque “muitos jornais locais se destinam a leito�res que est�o fora do país, emigrantes que querem saber o que se está a passar na sua terra, e que portanto agora poder�o ter acesso mais facilitado a esse mesmo conteúdo”, acrescenta.

� conjuntura económica atual requer n�o só esfor�os às empresas detentoras de jornais, como também aos próprios jornalistas que, hoje em dia,

têm de ser cada vez mais polivalentes. Jo�o �ana�de ser cada vez mais polivalentes. Jo�o �ana�vilhas, investigador da Universidade da Beira In�terior (UBI) fala da forma��o que pode ser dada nas escolas: “os velhos paradigmas da comunica���o que nós utilizávamos devem ser revistos à luz de tudo o que está a acontecer. Hoje em dia têm de existir áreas próprias que formem as novas ge�ra�ões para as tecnologias”.

�s competências podem ser adquiridas nas escolas, mas a forma��o n�o é apenas da respon�sabilidade das institui�ões de ensino, pelo que os jovens devem ser mais ativos. “Se há cursos de jornalismo ou comunica��o social que n�o acompanham o ritmo, resta aos alunos fazerem o trabalho de casa e procurarem noutros lugares”, complementa Pedro Jerónimo. O investigador propõe ainda a “coopera��o entre os media regio�nais e as universidades”, colocando “estudantes nas reda�ões e jornalistas nas escolas, a partilha�rem espa�os e saberes”.

Que futuro?�pesar dos problemas que enfrentam as publi�

ca�ões nacionais, o futuro da imprensa regional n�o parece ser menos negro. “�inda estaremos longe das redu�ões drásticas nas vendas de jornais regionais”, mas “elas v�o�se sucedendo a pouco e pouco” e “se o foco se mantiver unicamente no meio impresso, continuando�se a descurar o onli-ne, ent�o alguns jornais regionais poder�o cami�nhar para a extin��o”, afirma Pedro Jerónimo.

No entanto Jo�o �anavilhas é menos pessimis�ta. O jornalismo regional “terá, à partida, espa�o de crescimento porque hoje em dia é possível le�é possível le� possível le�var o jornalismo local cada vez mais longe e levá�

�lo aos sítios onde est�o as pessoas. “Hoje temos um conjunto vasto de plataformas que permite que este tipo de jornalismo seja cada vez mais im�portante”, acrescenta.

Emídio Rangel vai ainda mais longe: “quando n�o há jornalismo de proximidade, o jornalismo está completamente condenado”. De facto, “o jornalismo de proximidade é um jornalismo de canal direto aos cidad�os comuns, e os cidad�os comuns é que s�o decisivos”. k

KAPA

O FUTURO DO JORNALISMO TAMBÉM PASSA PELO BAIRRO

A imprensa regional parece estar a conseguir sobreviver a um mundo de media globalizados. Num tempo em que todos somos cidadãos do mundo, será que o jornalismo regional ainda faz sentido?

TextoAna Neves, Mariline Santos, Patrícia Calado, Tânia Grácio

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03 maio 20125

Nascida em 1996, a partir de um projeto de escola, a Ras-tilho Records é hoje um sí-tio  online  de venda de  CDs  e discos de vinil com música de todos os géneros e para todos os gostos.

O  fundador, Pedro Vindei-rinho, conta que na altura com 18 anos imaginou “um simples catálogo de venda postal em papel”. Como explica, a ideia era disponibilizar CDs, livros e vinis de que gostava. Contac-tou com algumas editoras e pouco tempo de-pois o projeto foi aceite. O plano evoluiu para um espaço de venda online que já conta com mais de 10.000 clientes registados, sendo hoje considerada uma das maiores lojas online do país, principalmente na vertente da música Rock, Punk, Metal e Pop. Pouco tempo depois surgiu também a Editora Rastilho Records que já tem mais de 70 discos publicados e que se orgulha de já ter trabalhado com algumas das mais conhecidas bandas portuguesas,  tais como os Moonspell.

Em relação ao trabalho que a Rastilho Re-cords desenvolve, Pedro Vindeirinho diz que editam “bandas portuguesas no formato CD e vinil”, para depois as colocar à venda no mer-cado. Atualmente, encontra-se em desenvolvi-mento um projeto de criação de discos de vinil dos  álbuns das bandas Orelha Negra e  Wray-gunn. A melhoria e desenvolvimento do site é também uma prioridade, uma vez que é através dele que o público, tanto nacional como inter-nacional, acede aos serviços disponíveis e con-tacta com a empresa.

Para Pedro Vindeirinho os discos de vinil “têm um encanto diferente e acabam por ser um objeto de arte” cujo som “é muito mais genuíno, muito mais puro”. Tem também vindo a reparar que há cada vez mais jovens interes-sados no vinil, muitas vezes com o simples ob-jetivo de colecionar. Para quem ainda fica inse-guro com compras online, a Rastilho Records garante que tenta oferecer “o melhor serviço e os melhores produtos ao mais baixo preço”, de forma “cem por cento segura e fiável”.

A  empresa localiza-se nos Marrazes, em Leiria, mas a venda dos produtos é feita apenas através do endereço web, sendo depois efetu-ada a entrega direta ao consumidor. Pode ace-der ao catálogo ou contactar a Rastilho Records através do site www.rastilho.com. k

Rastilho Records

Da venda online à recuperação do vinil

KOKONSUMOOBRIGATÓRIO

texto

Patrícia Gonçalves Sara Silva

JORNALISMO LOCAL TAMBÉM É JORNALISMO GLOBAL

A INTERNET NÃO CONSEGUE SUBSTITUIR OS JORNAIS LOCAIS

RICARDO MIGUEL OLIVEIRA DIRETOR DO JORNAL DIÁRIO DE NOTÍCIAS DO FUNCHAL

JORNALISMO DE PROXIMIDADE É A PRINCIPAL ARMA

MILTON DIAS

DIRETOR ADJUNTO DO JORNAL DO PICO

JOÃO LUÍS CAMPOS DIRETOR-ADJUNTO DO JORNAL DIÁRIO DE COIMBRA

“Em meios pequenos, como é o caso da ilha do Pico, com uma popula��o residente a rondar os 14 mil habitantes, o jornalismo de proximidade torna�se na principal arma de um jornal local. Só assim se consegue apro�ximar os leitores, falando e tornando público aqueles que s�o os problemas das pequenas localidades e dando voz às pessoas para que sintam que têm um meio perto de si que pode contribuir para a resolu��o dos seus proble�mas. �s dificuldades económicas aumentam a cada dia que passa, refletindo�se na falta de meios, sobretudo humanos, o que torna bastante difícil o tratamento jornalístico da grande maioria dos assuntos”.

“� importância do jornalismo regional é imen�sa na medida em que a imprensa regional dá no�tícias e faz um acompanhamento dos eventos que têm lugar. No nosso caso, no interior, fazemos um acompanhamento que a imprensa nacional n�o faz seguramente. �omo há cada vez menos gente aqui, coloco em causa o futuro do Notícias de Gouveia como também da generalidade da imprensa regio�nal. Sendo também que há determinado tipo de informa�ões que só os jornais regionais é que as trazem. Embora saibamos das dificuldades e te�nhamos algumas dúvidas, também n�o somos as�sim tao pessimistas e reconhecemos que temos al�gumas boas condi�ões de trabalho, n�o em termos de remunera��o, mas em termos de condi�ões físi�cas e de meios que nós devemos sempre valorizar”.

“O jornalismo regional é im�prescindível para que haja um contacto mais próximo entre o leitor e a informa��o de proxi�midade entre a sua terra, o seu concelho ou o seu distrito. Os jornais nacionais normalmen�te n�o chegam em quantidade de vendas ao interior do país. Devemos ter em conta que em Portugal n�o se tem prestado

aten��o nenhuma à imprensa regional. Nos últimos anos tem havido um abandono por parte do governo e das autarquias e uma desvaloriza��o da infor�ma��o. Os custos s�o relativa�mente elevados em fun��o do custo de capa de cada jornal, esta é a primeira dificuldade da imprensa regional. � segun�da grande dificuldade é que as

câmaras, os municípios e o esta�do n�o têm o entendimento que estes jornais precisam do apoio publicitário destas autarquias. Enquanto houver à frente dos jornais pessoas com vontade de lutar, os jornais v�o sobreviven�do. V�o lutando com dificulda�des, reduzem em páginas e re�duzem o número de jornalistas ao seu servi�o”.

“O jornalismo de proximidade é aquele que está mais de acordo com os nossos es�tilos de vida. Importa n�o esquecer que nós temos, cada vez mais madeirenses fora da regi�o, o que exige uma melhor perce��o de como estamos e como somos no meio da comunica��o social porque, de facto, o jor�nalismo de proximidade é local, mas mes�mo local é, também, global. Portanto aqui�lo que, aparentemente, pode ser demasiado localizado pode ter grandes interesses para pessoas que est�o atentas ao que se passa na sua terra de origem. O maior problema que para alguns é uma vantagem e para outros é uma desvantagem s�o as dimensões do mer�cado, onde temos que ter estruturas interes�santes do ponto de vista de recursos para dar resposta àqueles que nos leem. �credito que daqui a 20 anos o nosso jornal diário será uma marca com diversos meios, diferentes dos que temos hoje e que ir�o surgindo ao longo dos anos, mas que ser�o perfeitamente adaptados quer à realidade regional quer às possibilidades desta nova realidade”.

“Todo o jornalismo, de um modo ou outro, tem de ter proximidade. N�o faz sentido escrevermos notícias que n�o tenham a ver diretamente com a vida das pessoas, quer sejam notícias sobre a rua ou o bairro da pessoa, quer seja sobre decisões mesmo tomadas noutros países, mas que tenham influência direta na vida de cada um. Só assim é que faz sentido e só assim é que as pessoas leem aquilo que nós escrevemos. O papel dos leitores é essencial, porque muitas das notícias que nós escrevemos partem de problemas que os leitores partilham connosco. Hoje em dia temos os proble�mas que todas as empresas da comunica��o social têm. Estamos a adaptar�nos a um mercado que implica alguma redu��o na publicidade, portan�to temos de nos reorganizar nas nossas estruturas para podermos continuar a nossa miss�o. No caso do Diário de �oimbra há quase 82 anos que o faz diariamente e as dificuldades neste momento s�o um bocado dos meios que n�o s�o os mesmos de outras empresas, que muitas vezes n�o vivem do negócio da comunica��o social. O futuro é conti�nuar a informar, continuar a ser próximo, porque s�o essenciais e imprescindíveis às popula�ões que servem. O desenvolvimento das cidades onde os jornais locais insistem é diferente, é um sinal de desenvolvimento das cidades. Será muito mais fá�cil substituir algum jornal nacional andando pela internet à procura, do que os jornais locais”.

COM MENOS GENTE, COLOCO EM CAUSA O FUTURO

COM VONTADE DE LUTAR, OS JORNAIS VÃO SOBREVIVENDO

PAULO PRATA CHEFE DE REDAÇÃO DO JORNAL NOTÍCIAS DE GOUVEIA

MANUEL MADEIRA PIÇARRA DIRETOR E FUNDADOR DO DIÁRIO DO SUL

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Qual o papel de um provedor de uma estação de televisão pública?O papel do provedor é, sobretudo, estar atento ao que os telespetadores dizem e tentar dar informação, perceber as razões que os levam a fazer críticas, fazer sugestões e fazer elogios. É essa ligação aos telespeta-dores que é fundamental num provedor. Mas eu di-ria mais. O provedor recebe muitas mensagens, tem também o Facebook… E eu julgo que o papel do pro-vedor da televisão, como também de outros provedo-res (eu já exerci a função no Diário de Notícias como provedor de leitores) é tornar públicas as críticas que recebe. E é esse lado que torna o papel do provedor verdadeiramente diferente. Os jornalistas fazem crítica, por exemplo, entre si, mas essas críticas não são públicas, não aparecem ao público.

Quais as reclamações mais frequentes?Se tivermos em conta, por um lado a informação e por outro o entretenimento, ou seja, os programas, o número de questões que são levantadas equivalem-

-se. A informação do telejornal é muito escrutinada porque os telespetadores como veem muito a infor-mação, estão sempre a fazer observações em relação à informação que recebem. Mas também, por exem-plo, o concurso “O elo mais fraco” tem sido uma fon-te de constantes reclamações.

E quais as sugestões mais dadas pelos telespe-tadores?Os telespetadores têm mais sugestões do que eu pos-so enumerar. Sugerem que se mudem as horas de programas que dão muito tarde. Dizem que as aber-turas dos telejornais são muito longas e, portanto, querem o noticiário com notícias de abertura mais

curtas. Algumas pessoas acham que há muito des-porto. Outros acham que há muita política. Ainda agora estou a preparar um programa sobre congres-sos partidários, exatamente porque um telespetador achou que o tempo que foi dado logo na abertura do telejornal à cobertura do congresso foi excessivo.

Que encaminhamento interno é dado às situa-ções que chegam?Quando eu considero que são coisas que deveriam ser dadas a conhecer aos diretores, eu dou-lhes a conhecer para eles responderem. Há coisas a que eu não sei responder ou não me quero substituir ao diretor. Se ele tomou a decisão, ele é que tem que me dar indicação do motivo porque tomou a deci-são. Quando isso acontece, espera-se pela resposta do diretor e depois responde-se aos telespetadores ou então fazem-se pareceres ou recomendações.

Já presenciou alguma caso extremo, em que teve de intervir mais?Já. De vez em quando, pensa-se em falar com os jor-nalistas, mas como o diretor está sempre disponível para ser ele a responder pelos jornalistas porque se considera responsável pela emissão, isso até agora não foi necessário. Mas tive também, por exemplo, o caso de uma jornalista da RTP que entrou num pro-grama “A voz do cidadão” porque tinha feito uma investigação no domínio.

É difícil manter uma posição imparcial, dentro da estação?Não sei se a posição é imparcial, até porque eu te-nho de tomar partido. Se as pessoas acham que, por exemplo, as notícias de abertura sobre o despedimen-

to do Domingos Paciência foram exageradas, e se eu considero o mesmo, eu tomo posição a favor daquilo que o telespetador me disse. O que pode acontecer é que eu não tome posição a favor do telespetador quando não considero que há motivo para isso. Mas, depois de pesar as coisas, tomo uma posição e nesse sentido não sou imparcial.

Quando aceitou a nomeação para este cargo, disse: “procurarei ser ouvidor dos espetadores, dos jornalistas, dos responsáveis dos progra-mas e de organizações especializadas e procu-rarei ser muito atento às redes sociais e à Inter-net em geral”. Qual o balanço que faz, desde que tomou posse?É muita coisa ao mesmo tempo. Por exemplo, as redes sociais: eu estou no Twitter e no Facebook, onde tenho uma atividade regular. Já houve grandes discussões no Facebook. E, por exemplo, a questão em que houve mais opiniões dos telespetadores foi a discussão sobre o assunto da tourada. Foi o assunto que motivou mais pessoas a participar, os que são contra e os que são a favor. E julgo estar atento ao que as pessoas me dizem e escrevem. Tenho procu-rado fazer os programas a partir dos e-mails dos te-lespetadores e a partir de toda essa reflexão das pes-soas que escreveram. Às vezes não é fácil porque há dez e-mails sobre um assunto e nós queremos que uma pessoa fale e ninguém quer falar.

Qual a importância da internet e das re-des sociais na relação entre o provedor e o telespetador?Desde o princípio que achei importante para o espe-tador se exprimir de outras maneiras. Eu, por exem-

JOSÉ CARLOS ABRANTES

“O rigor é uma coisa essencial no jornalismo”

SENTADO NOMOCHO

Provedor do telespetador da RTP

Aos 66 anos, José Carlos Abrantes é o

atual provedor do telespetador da RTP.

Prestes a completar um ano desde a nomeação

para o cargo, o professor e investigador da área

dos media faz um balanço e fala da importância

da proximidade com o telespetador

Texto Ana NevesFotos Rita Amaral

Page 7: Akadémicos 57

03 maio 20127

plo, não posso estar no Facebook a responder caso a caso às perguntas que me estão a fazer, mas o Face-book é, de facto, uma possibilidade que os espetado-res têm de dizerem o que pensam dos programas, de conversarem uns com os outros e isso acho que tem sido interessante.

Em que medida é que a experiência enquanto provedor de um jornal (Diário de Notícias) o auxiliou para este cargo? São realidades dife-rentes?São realidades muito diferentes. Por exemplo, no Diário de Notícias não havia distinção entre a in-formação e os programas porque era só informação, quando muito a publicidade que também é um outro domínio. O que é comum é a ideia da crítica públi-ca do jornalismo. E, portanto, o Diário de Notícias ajudou-me a pensar a atividade do provedor nesse as-peto de considerar que o que distingue é exatamente fazer crítica pública do jornalismo, com o auxílio dos telespetadores ou dos leitores.

Para além de provedor, que outros projetos tem em mãos atualmente?Agora parei, porque isto é uma coisa muito ativa, exi-ge muito de mim. Fazer um programa por semana na televisão é uma coisa bastante difícil, complexa. É, aliás, uma das grandes diferenças que tem do Diário de Notícias porque o Diário de Notícias foi uma ati-vidade que eu exerci sozinho, com a ajuda dos leitores. O cargo de provedor do telespetador é completamente diferente porque eu tenho uma equipa de produção para o programa que é composta por duas jornalistas e vários técnicos. É esse aspeto coletivo que é muito diferente do que foi o trabalho no Diário de Notícias.

Que outros projetos ainda quer concretizar?Quando acabar, verei. Mas, quando fui convidado para provedor, estava para fazer alguns projetos no domínio do comentário. Suspendi essa ideia, pelo menos temporariamente.

Ultimamente tem-se debatido muito a questão da privatização da RTP. Qual é a sua opinião?O governo diz que vai privatizar, manifestou uma in-tenção e até agora é pouco mais do que isso, embora julgue que já se está a trabalhar nessa ideia. Eu fui convidado para provedor do telespetador da RTP 1, RTP 2, África, Memória, Açores e nem me ficaria bem dizer que acho que deve haver uma privatiza-ção. Fui contratado para o que existe, e portanto, en-quanto isso existir, eu defendo o que existe.

E enquanto professor e investigador na área dos media, qual pensa ser o futuro do jornalis-mo, em Portugal?Acho que vai ser um terreno onde vai ser cada vez mais necessária a afirmação de qualidade. Com a disseminação da produção de informação pelos ci-dadãos, como é o caso do Facebook, do Youtube, o jornalismo vai precisar, para sobreviver, de vin-car a qualidade que esses meios de informação não podem ter. Nesse aspeto, devemos estar otimistas.

Que práticas poderiam ser melhoradas?São muitas. O rigor é uma coisa essencial no jor-nalismo, tal como a triangulação de fontes… São coisas que parecem simples, mas a cada momento, os factos continuam a valer. k

KULTOSJoão Peixoto

Numa mudança de cenário para Porto Rico, o au-tor americano Paul Kemp (Johnny Depp) tenta re-criar a sua carreira, até então falhada. Este filme, baseado numa obra com o mesmo nome, escrita por Hunter Thompson, passa-se na década de 50, onde nos é mostrada a realidade árdua de um escritor que tenta integrar-se num novo mundo. Conseguindo um emprego no jornal local da ci-dade de San Juan, Kemp é exposto a um ambi-ente rico em personagens. É aqui que conhece Sanderson, um empresário de alto estatuto que lhe promete oportunidades de trabalho, e Sala (Michael Rispoli), o seu «Sancho Pança» nas de-mandas de copos e desavenças.

A ênfase dada ao «problema» de alcoolémia é tanto expresso na quantidade ingerida, como na própria natureza das bebidas. Como diz Moberg (Giovanni Ribisi), colega de quarto de Kemp (que por alguma razão gosta de ouvir discursos de Hitler em vinil): «uma bebida de 40º de teor al-coólico não é para apreciadores vulgares». Sem desvalorizar o enredo, é também nestes exces-sos que envolvem o personagem que o filme se torna interessante e mordaz. Quando podemos ver Johnny Depp, sob a influência de LSD, a pro-clamar que descobriu «o sentido de tudo» através de uma discussão com uma lagosta, identifica-mos uma mistura de cómico com reflexão mais profunda. Citando, neste caso, a lagosta: «O ser humano é o único ser à face da Terra que diz adorar um Deus, e a única criatura que se com-porta como não tendo um».

Tendo em conta que Kemp se encontra com sérias divergências de opinião com o editor chefe da redação, empresários poderosos insatisfeitos com a sua prestação, e um pouco de bloqueio de escritor à mistura, podemos dizer que estes en-contros com outros seres do mundo são uma mu-dança de ares para Paul.

Realizado por Bruce Robinson, o filme recria a história caótica do livro de Thompson, numa mistura de história de amor, cobiça, traição e ál-cool. Mas não só. Representa também a jornada repleta de peripécias de um jornalista da época, confrontado com caminhos de corrupção ou justiça. Deve a palavra ser usada em benefício do corrupto ou da verdade? k

DR

KURTAS

O Diário a Rum

‘Não confundasembriaguez com juízo’

Page 8: Akadémicos 57

8

A FECHAR

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Ponto MediaEscrito por António Granado, este blogue

conta com uma vasta gama de conteúdos

sobre ciberjornalismo, fotografia,

rádio, televisão, imprensa e ensino do

jornalismo. É um espaço organizado

e fácil de aceder. Não deixe de ler e

comentar.

ONLINE

Ana Vieira

� equipa de andebol feminino do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) falhou a revalida��o do título nacional da categoria, nos �ampeonatos Na�cionais Universitários, que se disputa�ram entre 16 e 21 de abril, em Braga.

�om um início auspicioso, 3 vitó�rias nos 3 jogos da fase de grupos, uma derrota por (17�19) frente a U. �veiro arredou as leirienses do sonho da con�quista do bicampeonato. Na luta pelo lugar mais baixo do pódio, o IPL ven�ceu a U. Porto, reedi��o da final do ano transato, por 27�14. �onquistan�do, pelo décimo ano consecutivo, um lugar no pódio da competi��o.

� grande surpresa na comitiva leiriense pertenceu à equipa mascu�lina de andebol. �om um percurso irrepreensível, a equipa comanda�da por Marco �fra foi eliminada, na meia�final, pela poderosa equipa da U. Minho, atual campe� nacio�nal e europeia da categoria, por um esclarecedor 48�14. Dezasseis anos depois, esta equipa voltou a figurar entre as 3 melhores equipas nacio�nais da categoria.

Outras modalidades aquém das expetativas

Para além do andebol, o IPL fez��se representar em futsal (masculino e feminino) e futebol de 11. �s equipas entraram com o pé direito no play-off de acesso à fase final da prova, 2 vitó�rias nos 2 jogos disputados, mas a fase de grupos n�o correu de fei��o. Um empate e uma derrota colocaram as duas equipas fora da competi��o. No ano transato, ambas as equipas con�quistaram o 3º lugar final. � equipa de futebol 11 teve igual sorte, 2 derro�tas em 2 jogos, selaram a elimina��o da equipa.

Marco Oliveira, responsável do setor de Desporto do IPL, mostrou��se satisfeito pelo empenho dos “seus” atletas. “Os 80 estudantes das moda�lidades coletivas que estiveram pre�sentes nas fases finais honraram a Institui��o e contribuíram para uma imagem positiva e participativa do IPL. N�o posso apontar falta de em�penho, ou outro defeito, a quem se es�for�ou para estar presente no Minho”, sublinhou. k

O núcleo de �omunica��o Social e Educa��o Multimédia (�SEM) vai rea�lizar, em conjunto com a coordena��o do curso, o ciclo de cinema Os media no gran-de ecrã. � primeira proje��o decorrerá hoje, dia 3 de maio, pelas 17h00, no �uditório 1 da Escola Superior de Educa��o e �iências Sociais (ESE�S) com o filme A Primeira Página, de Billy Wilder. No dia 10 de maio será a vez da película Boa Noite, e Boa Sorte, de George �looney. O ciclo encerra dia 24 deste mês, com a película Verdade ou Men-tira, de Billy Ray. Todas as sessões ser�o se�guidas de debate para discuss�o dos temas abordados.

O evento insere�se nas comemora�ões do décimo aniversário do curso que in�cluem ainda a realiza��o de um workshop de fotografia, dia 10, às 10h00, e de um rai�

de fotográfico a realizar a partir das 14h00 pelas ruas da cidade.

Do conjunto de iniciativas previstas, destacam�se ainda a conferência integra�da na iniciativa Um dia com os media, bem como a inaugura��o, no átrio da ESE�S, de uma exposi��o com trabalhos realizados por alunos do curso, a decorrer esta tarde, a partir das 14h30.

�manh�, dia 4 de maio, decorre tam�bém a a��o de divulga��o da edi��o de �bril da revista ��IS, produzida pela Licenciatura de �omunica��o Social e Educa��o Multimédia, com uma a��o de venda da revista durante a manh�, no centro histórico da cidade, seguida, às 14h00, da conferência O Entusiasmo em Projetos Sociais, no M|I|Mo (Museu da Imagem em Movimento).

ÚLTIMASBárbara Reis

Os media no grande ecrã

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Campeonatos Nacionais Universitários 2012

Ciclo de Cinema

Congresso Internacional de SaúdeNos dias 11 e 12 de maio, a Unidade de Investigação em Saúde da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria organiza a primeira edição do Congresso Internacional de Saúde, subordinada ao tema Boas práticas para uma saúde melhor. O evento visa promover a discussão sobre as melhores práticas na promoção da saúde e proporcionar a todos uma oportunidade de enriquecimento científico, tecnológico, profissional e educativo.

 Comunicar DesignAlunos e docentes do curso de Design Gráfico e Multimédia da Escola Superior de Arte e Design (ESAD) de Caldas da Rainha juntam-se na organização do evento Comunicar Design, que decorrerá nos dias 29, 30 e 31 de maio e que visa reflectir sobre o design, os seus conteúdos e intervenientes, através de conferências, workshops, exposições e um mercado de objetos de autor.

Pontes Europa/ChinaNos dias 5 e 6 de junho tem lugar na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) a 1ª Conferência Internacional Pontes Europa/China, que pretende promover a cooperação e o conhecimento entre a Europa e a China, a partilha de experiências e a reflexão sobre temas como cultura, língua, tradução/interpretação e didática. k

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DR

NUNO

GONÇ

ALVE

S/UM

DICA

S

ciberjornalismo.com/pontomedia

DR

Texto Pedro Rodrigues

Texto Daniel Sousa