Alegoria Ao Patrimonio

1

Click here to load reader

description

resenha

Transcript of Alegoria Ao Patrimonio

Page 1: Alegoria Ao Patrimonio

7/17/2019 Alegoria Ao Patrimonio

http://slidepdf.com/reader/full/alegoria-ao-patrimonio 1/1

Não há hoje quem não tenha ouvido falar sobre patrimônio. Patrimônio cultural, bementendido, pois, a denominação adquiriu múltiplos signicados, dependente do adjetivoque a qualica. Poder!amos por e"emplo, entre inúmeras possibilidades, falar de patrimôniogen#tico de seres vivos... Pois bem, ainda que admitindo seja o nome corrente e que opatrimônio cultural se tenha convertido numa noção mundiali$ada, sabe%se realmente oque # patrimônio& 's noç(es relativas a patrimônio, não raro, são vagas e contradit)rias. *senso comum atribuiria aos bens arquitetônicos preservados ou tombados a interdição deuso, o que deterioraria qualquer construção %todas destinadas em princ!pio + ocupação %pela não ocupação.

á ainda, entre n)s, brasileiros, dois outros aspectos tamb#m pass!veis de constatação,distantes do discurso mais atual sobre o patrimônio. * primeiro, tenderia a considerare"clusivamente como bens patrimoniais nacionais, o universo dos artefatos denominados-coloniais ou -barroco%coloniais /perman0ncia da noção originária do ideário modernistados anos trinta do s#culo 112. Neste conceito, nada daquilo que gure fora do partidocolonial seria digno de classicação. Nele se pode identicar, cristali$ado, o eco daspráticas ociais. 3ntendimento estreito, reprodução da ideologia que continua a seperpetuar na escolha de e"emplares do 4rasil, para gurar na lista do patrimônio mundial,alheia ao conceito contempor5neo, muito mais abrangente.

* segundo aspecto nos faria acreditar que o patrimônio seria inerente +s sociedadeshumanas desde sempre. Não seria impertinente acrescentar aqui, tamb#m o turismo, quego$aria da mesma crença de ser velho como o mundo. *ra, tanto o patrimônio quanto oturismo são fenômenos hist)ricos. 3, quando di$emos hist)ricos, admitimosnecessariamente uma g0nese ou origem de práticas sociais locali$adas no tempo e noespaço. Nessa medida, para se reconhecer e estabelecer suas identidades como práticassociais, tanto o turismo como o patrimônio, em virtude de sua import5ncia para acontemporaneidade, tornaram%se objetos de conhecimento. 3, já que se aludiu ao turismo,

# preciso destacar tamb#m, a grande contribuição que o conhecimento do patrimônio podeter para a atividade tur!stica, considerando a import5ncia crescente da oferta cultural comosegmento de mercado.

* patrimônio cultural, apenas muito recentemente, vem se articulando como mat#ria deconhecimento. 6 poss!vel que isto se situe ap)s os anos sessenta do s#culo 11, com apassagem da noção mais antiga e consagrada de monumento, para uma noção decomple"idade e de magnitude desconhecidas antes desse per!odo. Portanto, patrimônio, #mat#ria nov!ssima que se constr)i e se sedimenta na intersecção de inúmeros saberesacad0micos já consagrados. Para tanto, tateia%se entre a ist)ria, a ist)ria da 'rte,'rquitetura e 7rbanismo, 'ntropologia, 'rqueologia e as teorias de restauro, para citarapenas as disciplinas mais conhecidas. 8alta muito, entretanto, para que o patrimôniovenha a constituir%se em conhecimento provido de justicativas imanentes + sua estrutura.9o que se conhece hoje, dos fundamentos que ainda ostentam andaimes, das

metodologias enquanto aplicabilidade + prática, há um leque muito amplo depossibilidades: campo f#rtil, ainda que labir!ntico, onde # fácil perder%se.

 ;endo em vista a introdução, ' 'legoria do Patrimônio, de 8rançoise <hoa=, # um marconeste assunto. >iteratura que ordena, periodi$a, aborda criticamente as id#ias sobre apreservação e o restauro, codicando saberes diacronicamente e, identicando opatrimônio cultural, nascido das ?evoluç(es @ndustrial e 8rancesa, embalado pelos valoresdo ?omantismo. Processo e conceitos hist)ricos, dos quais o turismo não está alheio, ouantes, nos quais está intimamente imbricado, considerando sua origem.

3mbora possamos considerar ' 'legoria do Patrimônio fundamental, # preciso reconhecerque outras contribuiç(es o antecedem. á outros autores no mesmo conte"to, franc)fono,cuja colaboração tamb#m # decisiva para a disciplina em constituição. Pensoparticularmente em 'ndr# <hastel e Aean Pierre 4abelon, com >a Notion de PatrimoineB.

'liás, 8rançoise <hoa=, em ' 'legoria, rende um tributo de reconhecimento ao primeiroautor, dedicando%lhe o livro in memoriam. 3m outros conte"tos lingC!stico%culturais,tamb#m há contribuiç(es notáveis como na área anglo%sa"ônica. ;alve$ o melhor e"emplo,seja o já clássico ;he Past is a 8oreign <ountr=, do americano 9avid >oDenthalE. 3ntre ositalianos, @l ?estauro ;eoria e Pratica, de <esare 4randiF que a despeito de parecer restrito +recuperação de estruturas danicadas, na realidade ultrapassa o termo e a disciplinaconhecidos.

'pesar desta variedade e, da internacionali$ação dos estudos sobre o patrimônio, oconte"to franc)fono não apenas nos e"portou o nome, as pol!ticas centrali$adoras, osistema de organi$ação dos )rgãos públicos, tanto quanto o discurso com 0nfase nonacional. 9a! um certo ne"o e familiaridade, para entender e absorver propostas destaorigem.

' inGu0ncia francesa no entorno do patrimônio cultural, por outro lado, ainda permanecebem viva no 4rasil. 4asta atentarmos para um dos t!tulos mais importantes publicadosentre n)s: Patrimônio em Processo, de Haria <ec!lia >ondres 8onsecaI. 3"celente enecessária contribuição para compreender a pol!tica de preservação federal, # notávelnela, a inGu0ncia do t!tulo franc0s que se quer resenhar, sobretudo no arcabouço demontagem do segundo cap!tulo, que aborda historicamente a construção do patrimônio.

' autora de ' 'legoria do Patrimônio # l)sofa de formação. istoriadora das teorias e dasformas urbanas e arquitetônicas na 7niversidade de Paris J@@@ tem a atenção dedicada aourbanismoK e +s cidades o que fa$ com que se volte ao repert)rio morfol)gico e +s práticas