Alegoria Linguagem Silencio

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  • 7/24/2019 Alegoria Linguagem Silencio

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    Zahira Souki

    Professora de Histria da Artena Universidade FUMEC.

    Resumo:

    Walter Benjamin acredita que o homem contemporneo est

    condenado tristeza e ao mutismo, pois no pode se expres-

    sar atravs da linguagem vazia que lhe chega pelos meios de

    comunicao. Impossibilitado de nomear suas experincias, sua

    linguagem tornou-se abstrata e meramente comunicativa. So-

    mente a alegoria, com seu poder de resignificar atravs de frag-

    mentos e runas, poder ajudar este homem a resgatar suas ex-

    perincias e dar a elas um significado.

    Palavras-chave: linguagem contempornea, linguagem vazia, ale-

    goria, silncio.

    A L E G O R I A :A L I N G U A G E M D O S I L N C I O

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    A criatura muda pode ter a esperana de salvar-se atravs das coi-sas significadas

    Walter Benjamim

    Para Walter Benjamin o homem contemporneo, rodeado de ob-jetos, enlutado pela perda irremedivel de sua aura, vive num mundo

    fragmentado e banalizado. A herana cultural chega at esse homempela via dos meios de comunicao, empobrecida, incapaz de ajud-lo nas reflexes do cotidiano. A sua linguagem, destituda do seu po-der de nomear as experincias, torna-se meramente comunicao.Com a perda da ligao com o concreto, vive-se uma nova pobreza.Em meio a runas, sob a lei do transitrio, o homem contemporneovive, na verdade, num mundo abstrato. Devora-se tudo: a cultura, ascoisas e os prprios homens, na procura de salvao. Esta se revelailusria, pois acaba por conduzi-lo exausto e melancolia. Enfim,

    esse homem um homem emudecido.Ser,no entanto,atravs dos prprios fragmentos que o rodeiam,queesse homem emudecido tentar se expressar. Por isso a alegoria, com seupoder de significar a partir da matria tornada runa, uma linguagemcapaz de resgatar a misria vivencial do homem contemporneo.

    Como na Redeno da cabala lurinica1, em que tudo restitudoao seu lugar pela magia secreta dos atos humanos, Benjamin (1936)resgata a alegoria e, com ela, as runas da histria, restituindo-a co-mo conceito crtico da arte contempornea.

    ALEGORIA, UMA LINGUAGEM OBLQUA

    Etimologicamente, alegoriaderiva de allos- outro e agorium - fa-lar na gora, usar linguagem pblica. Falar alegoricamente significafalar em linguagem acessvel a todos, remetendo a outro nvel de sig-nificao, dizendo uma coisa e expressando outra; a alegoria por ex-celncia, uma linguagem oblqua2.

    Quando se fala em alegoria, comum defini-la como uma fi-gura de linguagem capaz de exprimir, de forma concreta, uma idiaabstrata. Ela tambm associada a recursos expressivos que evi-denciam a contraposio existente entre a idia e a materialidade,atravs da personificao de uma abstrao. Para muitos, ela se de-fine ainda como uma expresso ardilosa das funes religiosas e po-lticas, que servem para uma determinada inteno ideolgica3.Es-sas atribuies do termo alegoria, embora corretas, no esgotam assuas possibilidades, porque ele possui desdobramentos e recursos

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    novembrode2006 expressivos que ultrapassam em muito os limites de uma figurao

    de algo abstrato.Embora uma alegoria e uma metfora partam de princpios se-

    melhantes, elas diferem entre si. Ambas estabelecem uma relao en-tre dois elementos concretos para expressar um significado abstrato.Mas, enquanto a metfora construda a partir de uma associao

    que se apia na semelhana entre dois elementos diferentes, a asso-ciao da alegoria feita de forma arbitrria, sem nenhuma regra desimilaridade. Na alegoria, o significado desejado se incorpora a umobjeto escolhido, como resultado de um ato intencional. A diferenaexistente entre a metfora e a alegoria se situa no fato de que nesta osignificado apia no significante e pode ser constantemente alterado,o que no acontece na metfora4.

    Por outro lado, as suas diferenas em relao ao smbolo, como en-tendido pelos romnticos, so mais acentuadas.Na alegoria, como ca-

    da significante foi escolhido de forma arbitrria, no lhe foram im-postos limites interpretativos. Alm disso, uma inteno alegrica nose prende ao significado sugerido pela sua origem, como acontece nosmbolo; por exemplo, sino e igreja, cruz e Cristianismo. Pelo contr-rio, ela predispe sempre a uma renovao de significados. Numa ale-gorizao barroca, uma faca tanto pode significar cime como mart-rio. A alegoria, diferentemente do smbolo, exige sempre a presenade um contexto para a sua interpretao. Devido s reinterpretaesdos contextos nos quais as alegorias se inserem, sempre so possveis

    novas leituras, pela integrao de novos fatos que aparecem no desen-rolar da histria. Desse modo, as alegorias podem sempre revelar in-tenes que tinham ficado ainda subjacentes a uma primeira leitura.

    A alegoria se assemelha ainda a uma fbula: ambas possuem umadimenso corprea e concreta, que lhes serve de instrumento de trans-misso de significaes intencionalmente induzidas. Tanto uma co-mo a outra possuem, alm de estarem estruturadas numa relao detexto manifesto e texto latente, uma dimenso ideal, incorprea e abs-trata. Entretanto, a fbula tem um efeito moralizante, que, emborapossa aparecer provisria e ocasionalmente na alegoria, no faz par-te de sua estrutura.

    Muitas representaes alegricas so feitas atravs da pintura ouda escultura; a alegoria se harmoniza plenamente ao efeito iconogr-fico proposto pelos temas. Estes so preferencialmente temas clssi-cos greco-romanos ou da tradio religiosa. Uma representao ico-nogrfica muitas vezes ultrapassa o esttico de uma obra acabada, apa-recendo como cenas vivas no teatro ou num culto. Nesses casos, os

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    recursos cnicos se tornam imprescindveis e a coreografia se con-funde intencionalmente com o enredo. Numa encenao religiosa, tu-do levado em conta; o discurso, os paramentos, a iluminao.

    Diferentemente de uma representao literria, que conta apenascom as letras maisculas para definir uma personificao, a lingua-gem plstica alegrica utiliza adereos que completam a identifica-

    o de cada personagem. Assim, uma inteno alegrica auxiliadapor elementos secundrios, que identificam cada personagem, dife-renciando-as e ao mesmo tempo contribuindo para a construo deum impacto visual. No seria possvel reconhecer a representao daalegoria da Liberdade ou da Justia sem que lhes tivessem sido in-corporados os adereos que tornassem reconhecveis os seus atribu-tos. Os olhos vendados, a balana, a espada falam da imparcialidade,do equilbrio e da firmeza da justia como se fossem um texto visualque obrigasse a uma leitura.

    Ao longo da Histria, a alegoria desempenhou papis diferentes,definidos pelo prprio momento histrico, devido mesmo sua ver-satilidade,de tal maneira que,na ausncia da possibilidade de uma lin-guagem direta, a sua obliqidade surgia como uma forma de sugerir aexistncia de um mundo subjacente quilo que era manifestado.

    A ALEGORIA NA HISTRIA

    A alegoriafoi o nome dado por Filo de Alexandria (25ac - 50dc),

    para designar o outro dizer. Atravs da juno das palavras outro (al-los) e dizer, (agorium) a alegoria passou a ser reconhecida na Grciahelenstica como uma linguagem capaz de fornecer, atravs das apa-rncias, significaes subjacentes. Entretanto, antes mesmo de rece-ber este nome, a alegoria j existia e exercia a funo de mediar o ma-nifestado e o latente.

    A alegoria apareceu na histria como uma forma de desvelar ossignificados e as intenes dos hierglifos egpcios. Considerados co-mo a emanao da sabedoria divina, cada um dos elementos dessa lin-guagem continha significaes incompreensveis a uma leitura des-provida de meios interpretativos. Atravs da necessidade de uma me-diao entre os hierglifos e o povo egpcio, a alegoria passou a ter afuno de tornar compreensvel cada inteno contida nessas con-venes. A religiosidade que envolvia todos os aspectos dessa cultu-ra ultrapassava os limites msticos de modo a organizar scio e poli-ticamente essa cultura. Assim, a alegoria manteve, apesar de sua fun-o profana, uma forte associao com o religioso. Isso se deve ao fa-

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    novembrode2006 to de que, ao desvelar o saber divino, contido em cada um dos carac-

    teres hieroglficos, ela se viu envolvida com o mistrio divino, suges-to que a acompanhou ao longo de sua histria. Marcilius Ficinus,no final do sculo XV, ao comentar asEnneadesde Plotino (205-270),j observava que era inteno dos sacerdotes criar algo que correspon-desse ao pensamento divino, j que a divindade detinha o saber de todas

    as coisas, no como uma idia cambiante, mas como a forma simples e imu-tvel das prprias coisas.5

    Em torno da alegoria formou-se desse modo uma expectativa deesclarecimento de enigmas de qualquer natureza. Nesse mesmo sen-tido, atravs do comentrio de Pierio Valerian feito em 1556,WalterBenjamin constata a ampla expectativa contida numa leitura alegri-ca dos hierglifos: ...falar hieroglificamente no outra coisa que des-vendar a natureza das coisas divina e humanas.6 O que se torna evidente que, como em muitos outros momentos da histria, no Egito An-

    tigo, as questes religiosas se confundiram ao ontolgico, misturan-do os conceitos de natureza profana aos valores absolutos contidos nasua religio. Isto pode ser visto no caso do hierglifo usado para re-presentar o conceito do tempo - uma serpente alada, mordendo a ex-tremidade de sua cauda.

    A multiplicidade e a mobilidade da concepo humana do tem-po - como ele num rpido ciclo liga o princpio com o fim, comoele ensina a prudncia, como ele traz e leva objetos - esto con-

    tidas, como toda essa srie associativa, na imagem slida e espe-cfica da serpente.7

    Na sua associao com os hierglifos, a alegoria conservou o seuvnculo com o sagrado, definindo-se como uma possibilidade de con-tato do homem com o sobrenatural. Essa sugesto religiosa fez comque, com muita freqncia, a sua funo de mediadora entre o sagra-do e o profano se confundisse com a prpria definio da alegoria.

    Na Grcia, a alegoria no teve a mesma atribuio religiosa dosegpcios, mas se prestou mediao de pocas distantes atravs deuma renovao de significados. Os poemas de Homero,8 que haviamenvelhecidos, tornando-se incompreensveis para aqueles que j co-nheciam e veneravam a razo, com a alegoria puderam ser resgatadose reintegrados na cultura clssica grega. Nesse contexto, a utilizaoda alegoria representou a unio de decncias seculares.

    Nos poemas de Homero, deuses antropomorfos, o fantstico e oreal se confundiam numa s realidade. Contrastavam com o pensa-

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    mento daqueles que j tinham adotado como verdade existncia deum deus nico. Com a interpretao alegrica, foi resgatada para opensamento clssico toda uma expresso potica que tinha se perdi-do no tempo. De fato, a alegoria veio mostrar a possibilidade de ra-zo e imaginao coexistirem. Portanto, ela diminuiu a distncia en-tre duas realidades, restituindo os antigos valores morais ao momen-

    to clssico da cultura grega.A alegoria desempenhou tambm, no nascimento do Cristianis-

    mo,o mesmo papel de mediao que exerceu na reintegrao dos poe-mas de Homero na cultura grega. Aqui a leitura alegrica assumiufunes messinicas e, ao mesmo tempo, adaptou as heranas clssi-cas e o Antigo Testamento aos novos valores cristos. Na procura deunir duas diferentes formas de viver, numa experincia de transcen-dncia, o Cntico dos Cnticos, composto de sensuais poemas salo-mnicos, inconcebveis dentro dos padres da moral crist, se trans-

    formou em elemento de grande fora representativa para a formaodas convices religiosas. Como num texto cristo o amor profanono poderia conter a fora religiosa sugerida por Salomo, o Cnticodos Cnticos, sob um enfoque alegrico, se transforma, ainda quecontivesse muitos outros significados, na celebrao do amor de Deuspor sua Igreja.9

    Orgenes, telogo da Igreja primitiva (182-252), viu na alegoriaum instrumento capaz de realizar a viso neo-platnica do mundo.Assim como, para o neo-platonismo, o homem se compunha de cor-

    po, alma e esprito, tambm os ensinamentos cristos se faziam emtrs nveis: a leitura literal, que tem como correspondncia o corpo; aleitura moralque corresponde alma e a leitura alegrica, que corres-ponde perfeio espiritual. possvel que essa analogia tenha sidointuda a partir da descrio do amor em Fedro. As dimenses da ci-dade ideal projetada por Plato, na Repblica, se assemelhavam que-las utilizadas posteriormente por Orgenes para classificar metafori-camente os possveis ensinamentos cristos. Atravs dessa analogia,Orgenes estava na verdade construindo toda uma expectativa em tor-no da linguagem alegrica, de tal modo que a tornava obrigatria pa-ra a transmisso do Cristianismo. provvel que outras concepesplatnicas tenham sido utilizadas por Orgenes para integrar a he-rana cultural clssica s exigncias do novo contexto histrico.

    No incio do mundo medieval, a linguagem alegrica j havia as-sumido aspectos do Cristianismo que ultrapassavam as atribuiesgregas de falar numa linguagem acessvel a todos. Como o AntigoTestamento permanecia ainda incompreensvel e estranho aos novos

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    novembrode2006 valores cristos, muitos telogos reconheceram na alegoria um ins-

    trumento para alcanar um ideal de perfeio, considerando-a parteda exegese bblica.

    A linguagem alegrica do mundo medieval se estruturou para finsestritamente religiosos. A necessidade de mediao entre a Bblia e ocristo fez da leitura alegrica um elemento imprescindvel para a pr-

    tica religiosa do sculo III ao sculo XII. A alegoria tornou-se umalinguagem exclusiva dos pregadores, que, admitindo o ideal de per-feio sugerido por Orgenes, a associaram ao ritual e s celebraesdo Cristianismo. Concebida como mediadora da relao entre Deuse os homens, a alegoria por muito tempo conservou esse estatuto,mesmo quando outras funes passaram a ser-lhe atribudas.

    Santo Agostinho (354-430), filsofo e Padre da Igreja, tributriodo pensamento neo-platnico, semelhana de Orgenes, consideraa traduo dos textos das Escrituras como uma necessidade para se

    atingir a f. Nessa traduo, somente possvel atravs da alegoria, que o cristo poderia encontrar o sentido para a sua f.

    J no julgava temerrias as afirmaes da f catlica, que eu su-punha nada poder retorquir contra os ataques dos maniqueus. Is-to consegui-o eu por ouvir muitssimas vezes a interpretao detextos enigmticos do Velho Testamento, que, tomados no sentidoliteral, me davam a morte. Exposta assim, segundo o sentido ale-

    grico, muitssimos dos textos daqueles livros, j repreendia o meu

    desespero,que me levava a crer na impossibilidade de resistir que-les que aborreciam e troavam da lei e dos profetas.10

    Nessa afirmao, percebe-se que, alm de sua influncia na vidapessoal de Santo Agostinho, a alegoria assumiu um papel insubsti-tuvel dentro da histria do Cristianismo, de tal sorte que as atribui-es alegricas e as particularidades do homem medieval se confun-diram numa mesma identidade. As inquietaes pessoais e dvidasreligiosas puderam ser respondidas pelas Escrituras atravs das inter-pretaes alegricas.

    Desde os primrdios do Cristianismo que se procurava, no Anti-go Testamento, justificativas e confirmaes que identificassem Cris-to com o Messias. Dessa maneira, a leitura alegrica dirigiu-se parao Antigo Testamento procura de evidncias que confirmassem aexistncia de Cristo como Deus encarnado. Assim, somente os ini-ciados no universo cristo poderiam reconhecer as verdades contidasnas Escrituras. Impregnado pela leitura alegrica, o homem medie-

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    val se encontrou nela, uma vez que ela incorporava a interdio doseu contato direto com o mundo. Interdio que se mostrava, atravsde seus Bestirios, onde se registravam animais curiosamente imagi-nados, pois o homem medieval no se valia, nas suas interpretaes,do contato direto com a natureza. A Physisclssica foi substituda pe-laNatura latina, idealizada ao ponto de tornar desnecessrio qualquer

    questionamento que envolvesse a natureza, pois tudo j estava expli-cado alegoricamente pelo Gnesis. A histria era concebida ...comoum processo inscrito na histria da salvao, e cujo telos era a dissoluo es-catolgica da cidade terrestre na cidade de Deus.11

    A partir do sculo XII,porm, a cultura ocidental passou por trans-formaes profundas, que mudariam radicalmente a relao entre ohomem e o mundo. O contato com os povos orientais, a recuperaode textos gregos, o surgimento das escolas vo ter como conseqn-cia o aparecimento da necessidade de resgatar os contatos perdidos

    com a natureza. O pensamento que passou a predominar trouxe con-sigo a excluso de qualquer tipo de mediao que pretendesse conterverdades teolgicas ou construir, de forma arbitrria, laos entre umapossvel explicao do mundo e o prprio mundo. Aos olhos dessenovo enfoque, uma interpretao alegrica j no mais se sustentava.

    At aquela poca, a abordagem de um fato histrico no se dife-renciava de uma lenda ou de uma estria mantida pela tradio reli-giosa, tendo em vista a no necessidade de comprovao de sua vera-cidade. A verdade se mantinha apenas pela garantia da autoridade da

    tradio. Entretanto, quando novas formas de pensar passaram a fa-zer parte do mundo, no qual se ensaiava o retorno razo como cri-trio de julgamento, tornava-se necessria a comprovao pela hist-ria de cada um de seus fatos. Diante dessa nova perspectiva, ao per-der a sustentao que recebia da tradio,a histria diferenciou-se daslendas. A necessidade de fundamentao cientfica revelou a fragili-dade da alegoria como mediadora entre o homem e o mundo, possi-bilitando o surgimento de discusses sobre os dogmas que sustenta-vam a sua inquestionabilidade.

    Desfeitos os laos com o sagrado, a alegoria passou, no Renasci-mento, a ser utilizada como uma linguagem profana capaz de expressara perplexidade do homem com a natureza.O telos, que j no era maisa salvao prometida pela cidade de Deus, mas o destino da alma hu-mana, se ..volta para o mundo das essncias.12 O mundo se torna dpli-ce: ...a visibilidade mesma dupla, pois exterior e sensvel, prpria dosolhos fsicos`, e interior e ideal, prpria de olhos da alma.13 Nesse mo-mento, o homem renascentista pde buscar nos pr-socrticos e em

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    novembrode2006 Plato um apoio para um contato mais direto, visual e ttil com a na-

    tureza. A alegoria vai articular um sentido inteligvel que se deixaapreender na multiplicidade do sensvel. Esse novo contato trouxe-lhe a conscincia da vacuidade da linguagem dos eruditos medievais,importante para expressar a complexidade desse mundo que passa-vam a vislumbrar. Assim, Leonardo da Vinci (1452-1519) recorre a

    Plato de forma alegrica, numa verso do mito da caverna, paraexpressar a sua perplexidade diante da nova abordagem da natureza:

    Movido pela minha sedenta vontade, ansioso por ver a abundn-cia das vrias formas estranhas feitas pela artificiosa natureza,

    perdido entre os rochedos sombrios, cheguei entrada de uma gran-de caverna: diante desta, um tanto estupefato e ignorante de talcoisa, com os rins dobrados em arco e a mo cansada assentei no joe-lho, fiz sombra com a mo direita sobre as plpebras baixas e qua-

    se fechadas; e dobrei-me vrias vezes para um lado e para outro,para ver se discernia alguma coisa; e isso era-me impedido pelagrande obscuridade que l dentro havia. Passando algum tempo,surgiram de sbito em mim duas coisas, medo e desejo de ver sel dentro existia alguma coisa miraculosa.14

    Essa descrio alegrica feita por Leonardo da Vinci (figura 1) ex-pressa o deslumbramento contido no prprio Renascimento, que, atra-vs de um sincretismo de idias buscadas em antigas tradies, situa-

    das fora do Cristianismo, renova o seu olhar para a natureza. A vol-ta alegoria e Plato se d exemplarmente na Academia Platni-ca, reunida em volta da figura de Marcilius Ficinius.Ali todo um es-foro se fez para recuperar o neo-platonismo que se apoiava nas obrasde Plotino, Proclo e Pseudo-Dionsio, Jmblico e Horapolo. Nessemomento, as tradies que tinham ressurgido, juntamente com a gre-co-romana, estavam acompanhadas de divergncias, provocando ten-ses que exigiam uma unidade. Nessa aparente impossibilidade deunidade, a alegoria foi usada para unificar, numa nica linguagem, aexpresso da tradio greco-romana, os elementos da astrologia, daalquimia, da Cabala, da Escolstica e a Patrstica. Essas distintas ten-dncias, agrupando-se em torno da linguagem alegrica, mostraramnovas formas de expresses.

    Lutero (1483-1546), atravs de sua obra Schriftprinzip(Princpioda Escritura), destituiu a alegoria de sua tradicional funo religiosa.Questionando o dogma e a validade interpretativa da alegoria, ele de-volveu s Escrituras a autoridade como matria de f, restabelecendo

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    a ligao direta do homem com Deus. A figura mediadora, interpre-tante dos textos sagrados, foi assim excluda. Dispensando a IgrejaCatlica e, por conseguinte, o sacerdote, como mediadores entre ohomem e Deus - mediao estruturada deste Orgines - Lutero, nasua traduo da Bblia, abandonou o sensus allegoricuse adotou o sen-sus litteralis. A linguagem alegrica perdia, assim, definitivamente,

    qualquer misso messinica.Mas a tenso proveniente de uma oposio entre o sentido pr-

    prio e o sentido figurado de um texto permanecia, instigando semprea busca de uma soluo. A multiplicidade do mundo sensvel, as in-terpretaes imediatas do estilo literal, compreendido desde Orge-nes como tosco, continuavam a exigir um sentido espiritual, que seocultava na aparncia das coisas. De qualquer forma, a alegoria guar-dava uma promessa de transcendncia, que o homem sempre relutouem abandonar.

    No sculo XVII, as vivncias de um mundo percebido como emdissoluo vo encontrar, na alegoria, a sua linguagem privilegiada.Os sentimentos de perda e as experincias religiosas, advindas daContra-Reforma, levam esse homem a uma profunda melancolia,j vislumbrada por Albert Drer (Figura 2 ), que em uma gravuramostra um anjo circundado de objetos, mas alheio a todos eles. Omelanclico submete o objeto a uma ruminao (Gruebeln), na pro-cura incessante de restituir ao objeto o seu significado perdido. Nis-so ele se assemelha ao alegorista que, retirando o objeto de seu con-

    texto, atribui-lhe um novo significado. A alegoria passa a ser entoa linguagem que vai permitir ao melanclico, que vive num cenriode runas, permeado de cadveres e esqueletos, expressar a vivnciade extrema transitoriedade como histria submetida s leis imut-veis da natureza. E foi justamente nas possibilidades expressivas daalegoria, reveladas pelo sculo XVII, que Benjamin pde compreen-der tudo aquilo que permaneceu obscurecido para a histria oficial.Nessa volta, ele pode encontrar o apoio de que necessitava paramostrar a alegoria como linguagem privilegiada para expressar o de-samparo de um mundo em runas.

    Os clssicos franceses do sculo XVIII, numa tentativa de orga-nizar os elementos da linguagem, apropriaram-se da alegoria, modi-ficando o sentido que a alegoria teve no perodo barroco e inserindo-a na retrica, para atribuir-lhe a funo de ornamentao. Dentro des-se sentido embelezador, a alegoria passou a fazer parte de uma cui-dadosa classificao lgica elaborada pela Escola de Port-Royal15.Es-sas regras chegaram at o sculo XIX, quando tornou-se necessrio

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    novembrode2006 redefinir as teorias da linguagem, do mesmo modo que se tornara pre-

    mente repensar os valores sociais e polticos.No sculo XIX, na vigncia do movimento Romntico, a alegoria

    passou por redefinies que a transformaram de ornamento em umelemento de oposio ao smbolo.A sua importncia foi atenuada pe-lo exacerbado valor que o smbolo recebia nesse movimento. A par-

    tir da obra de Goethe, Objetos das Artes Figurativas(1790), o smbo-lo passou a representar uma sntese do movimento romntico e a ale-goria s aparece em contraposio a ele. Dentro desse contexto,qual-quer meno que se fizesse a outra linguagem que no o smbolo ser-viria apenas para realar a sua superioridade. Na verdade, foi a partirda crtica ao romantismo, e conseqentemente ao smbolo como ele-mento privilegiado de expresso, como entendido pelos romnticos,que Benjamin pde resgatar a alegoria.

    Ao esgotar os recursos da retrica e a linguagem simblica dos

    romnticos, a alegoria reapareceu no mundo contemporneo comouma tentativa de expressar o bizarro e o grotesco, que exigiam umamanifestao esttica apropriada e que j no podiam permanecercontidos nos padres idealizados do Romantismo. A partir do es-tudo de Baudelaire, Benjamin pde perceber a existncia de uma se-melhana entre as questes fundamentais colocadas nos sculo XIXe XVII, momento em que surgiu o Barroco. Ele pde reconhecer,na linguagem potica de Baudelaire, a mesma experincia de luto ede melancolia advindos de perdas vividas pelo homem Barroco. Foi

    somente a partir da crtica ao Romantismo que a analogia entre es-ses dois momentos histricos tornou-se possvel. De fato, era im-possvel manter qualquer padro esttico fixo, como preconizadopelo Romantismo, depois do nascimento do capitalismo. A alego-ria vai se mostrar como a linguagem adequada para expressar ummundo saturado de objetos.

    No momento em que muitas mudanas tinham sido introduzidasno mundo, alterando os estatutos dos objetos artsticos, transfor-mando-os em mercadoria, a alegoria seria a nica linguagem capazde expressar todo pesar contido na dissoluo dos antigos valores. ORomantismo se propunha a neutralizar a fora dessas transformaes,atravs da adoo do smbolo, mas fracassou porque acabava por ex-cluir o prprio mundo que nascia dessas mesmas transformaes. Osmbolo romntico, que privilegiava a harmonia e um ideal de belo,no continha elementos que pudessem corresponder a necessidadesda linguagem potica desse momento da histria. Baudelaire, perce-bendo a inadequao do smbolo como fora expressiva da nova rea-

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    lidade, soube ressuscitar a alegoria em sua concepo barroca, pararestituir linguagem potica os elementos necessrios para expressara vivncia de perda.

    Tendo que conviver com objetos a prioridefinidos por uma exis-tncia precria e no se apoiando mais na sacralidade, a arte integroua si o valor de troca, experincia profana vivida como perda de esta-

    tutos e como degradao ontolgica16. Nesse momento, somente umalinguagem estruturada dentro de padres mais flexveis do que as for-mas romnticas poderia reorganizar a relao entre o objeto de arte eo homem , agora consciente de sua materialidade.

    A linguagem alegrica que reaparece no sculo XIX tem a mes-ma vivncia de runa do homem barroco, condenado a uma materia-lidade sem promessa de transcendncia, mas a ... alegoria de Baude-laire traz, ao contrrio da barroca, as marcas da clera, indispensvel pa-ra invadir esse mundo e arruinar suas criaes harmnicas.17

    Assim, como faz parte da vida do homem contemporneo convi-ver com a finitude, faz tambm parte dela expressar-se atravs de umalinguagem provisria, como a alegoria.

    A reintegrao das formas alegricas na linguagem poltica con-tempornea, observada por Benjamin a partir de Baudelaire, resgataa voz oprimida pelos critrios estticos idealizados. justamente naprovisoriedade e na arbitrariedade da alegoria que est toda a foraexpressiva incluidora do grotesco e do estranho que fazem parte docotidiano do homem oscilante, nascido com o capitalismo18. Ela se-

    ria ainda a nica forma de expresso capaz de explicitar a tendnciada arte contempornea em destruir a aparncia, e assim procurar naprpria arte outros significados que se situariam alm dela mesma.

    O interesse de Benjamin, porm, incide sobre as formas no afir-mativas da arte; em sua investigao sobre a Tragdia burguesa,construiu o conceito de alegoria como uma categoria que contrastacom a totalidade individual da obra transfiguradora. A alegoriaque exprime a experincia do sofrimento, da opresso, do negati-vo, contrape-se arte simblica, que promete e antecipa a felici-dade, a liberdade, a reconciliao e a realizao.Enquanto esta ne-cessita, para a sua decifrao e superao, da crtica da ideologia,aquela ela mesma crtica ou, pelo menos, remete crtica19.

    Resgatado o papel da alegoria no mundo contemporneo, apare-ce tambm a possibilidade de resgatar o que permanecia oculto nahistria, reprimido pela fora do ideal romntico. A harmonia prees-

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    novembrode2006 tabelecida no tinha deixado espao para a existncia do feio ou gro-

    tesco contido nas vozes dos vencidos. O resgate da linguagem aleg-rica feito por Benjamin representa a incluso de runas vividas, atento ignoradas pela histria oficial.

    Movido pela minha sedenta vontade, ansioso por ver a abundncia das vrias formas estranhasfeitas pela artificiosa natureza, perdido entre os rochedos sombrios, cheguei entrada de umagrande caverna: diante desta, um tanto estupefato e ignorante de tal coisa, com os rins dobra-dos em arco e a mo cansada assentei no joelho, fiz sombra com a mo direita sobre as plpe-bras baixas e quase fechadas; e dobrei-me vrias vezes para um lado e para outro, para ver sediscernia alguma coisa; e isso era-me impedido pela grande obscuridade que l dentro havia.Passando algum tempo, surgiram de sbito em mim duas coisas,medo e desejo de ver se l den-tro existia alguma coisa miraculosa20.

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    Na Origem do Drama Barroco Alemo, Benjamin recorre ao estudo de uma gravura feita porAl-brecht Drer(1471-1528), Melancolia (1513), para representar a acedia do homem barroco.Ele busca atravs dessa obra definir as classificaes da melancolia desenvolvidas desde a Ida-de Mdia, por uma corrente aristotlica de forte influncia rabe que classificava a melancoliacomo uma doena proveniente das influncias de Saturno. A acedia, que significa inrcia ouapatia, ou, para usar uma classificao benjaminiana spleen, define o melanclico como um serque, em meio a objetos, se entrega a devaneios. Dentro dessa perspectiva, tanto o homem bar-roco quanto o homem contemporneo, cercados de objetos, esto sujeitos a essa acedia, doen-a da alma insatisfeita pelo excesso de materialidade a que est condenada.

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    novembrode2006 NOTAS

    1 A cabala lurinica se originou de Isaac Luria (1534-1572), numa tentativa de dar um senti-do a expulso dos judeus da Espanha ,ocorrida em 1492. Em resposta a esse exlio, Luria tra-balha seu mito com a idia de redeno,explicando a Criao e a Salvao em trs momen-tos principais.O primeiro momento o Tzimtzum : Deus se contrai num movimento, crian-do um vazio, dando a oportunidade de aparecer o mundo e o mal. A luz de Deus atinge comtal intensidade as suas criaturas, semelhantes a vasos frgeis, que se esfacelam em milhares de

    pedaos. Essa quebra tem o nome de Schevira: atravs dela os fragmentos jazem distanciadosuns dos outros como runas. Essa separao vivida como um exlio, recebendo o nome deChechina. Ela representa uma parte exilada de Deus, ou a fidelidade dele a seu povo conde-nado a fragmentos e a runas. vista como uma fratura ontolgica, semelhante expulso deAdo do paraso, ocasionando o pecado original. explicada como uma queda, a qual so-mente pode ser unificada atravs da redeno ou Tikkun- chegada do Messias.

    2 ABBAGNANO, Dicionrio de Filosofia,p.22.3 KOTHE,A Alegoria.4 Na metfora aparecem o sentido prprio e o sentido figurado, permitindo a inferncia do ter-

    tium comparationis. Na Alegoria s aparece o sentido figurado. O sentido prprio e o tertiumcomparationisso inferidos a partir do contexto. A alegoria pe em funcionamento duas opera-

    es simultneas. Como nomeao particularizante de um sensvel ou visvel, opera por partes en-cadeadas num contnuo; enquanto referncia a um significado in absentia, opera por analogia, atra-

    vs de aluso e substituio. HANSEM,Alegoria, Construo e Interpretao da Metfora,p.16.5 BENJAMIN, Origem do Drama Barroco Alemo, p. 191-192.6 VALERIAN. BENJAMIM, Origem do Drama Barroco Alemo , p. 192.7 FINICIUS. BENJAMIN op. cit. p. 192.8 Baseados no dialeto jnico e entremeados de expresses elias, os poemas de Homero com-

    pem-se de textos representativos de uma fase anterior ao grego clssico.Embora no se pos-sa afirmar a existncia de um Homero real, pode-se perceber, nessa obra, uma unidade que,de forma homognea, se equilibra numa expresso que se configura atravs de caractersticasbem definidas de uma fase anterior ao clssico. Essa obra, estranha ao pensamento clssico,se caracteriza por uma mistura de histria e imaginao e expressa um mundo onde seres pro-digiosos se confundem s coisas reais e personagens humanas.

    9 GAGNEBIN.Alegoria: Que Outro Dizer?,p .3 .10 SANTO AGOSTINHO, Confisses- Livro V, 14 O Catecmeno, p. 8511

    ROUANET. Apresentao in Origem do Drama Barroco Alemo,p .3512 HANSEM.Alegoria, Construo e Interpretao da Metfora,p .8313 Idem, Ibidem, p. 75.14 CASINI.As Filosofias da Natureza,p.73.15 Segundo Todorov, a Escola de Port-Royal organizou minuciosamente as regras de gramti-

    ca, e descaracterizou o sentido inicial da retrica. Essa, originria da democracia, existiu en-quanto foi necessrio um discurso persuasivo para se atingir objetivos. Entretanto, quando autilizao da argumentao persuasiva se prendeu ao emprego de normas manipulatrias deopinio, impedindo o exerccio democrtico da retrica, a alegoria passou a ser um mero ador-no.

    16 Baudelaire percebe que como tudo no capitalismo,os seus poemas tinham sido tambm trans-formados em mercadoria. Obrigado a vend-los como um produto para ser consumido, ele

    vivencia essa experincia como uma perda e expressa atravs do luto, num processo seme-

    lhante ao do homem barroco. Ele procura expressar esse sentimento atravs da alegoria, por-que somente ela poderia sintonizar-se com o seu sentimento de perda.17 Benjamin,Walter - Parque Central, p.164, in: Charles Baudelaire: Um Lrico No Auge do

    Capitalismo, Obras Escolhidas, Volume III.18 Para Benjamin toda percepo do homem contemporneo se baseia no choque (Schockfor-

    miges).Ao se referir ao cinema, Benjamin aborda a questo da experincia de choque a queeste homem est sujeito, para, atravs dela, demonstrar a sintonia existente entre o homemdo sculo XX e a sua forma de se expressar contida no cinema:

    O cinema a forma de arte correspondente aos perigos existenciais mais intensos com os quaisse confronta o homem contemporneo. Ele corresponde a metamorfoses profundas do apa-

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    relho perceptivo, como as que experimentam o passante,numa escala individual, quando en-frenta o trfico, e como as experimenta, numa escala histrica, todo aquele que combate or-dem social vigente.

    A Obra de Arte Na Era de Sua Reprodutibilidade Tcnica, p. 192, in: Magia e Tcnica, Artee Poltica, Obras Escolhidas, Vol. 1.

    19 Habermas, J. Lcia Helena - Totens e Tabus da Modernidade Brasileira, p. 23.20 Paolo Casini. As Filosofias da Natureza, p. 73.

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