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ALEGORIAS DO TEMPO: Uma reflexão sobre a transformação da paisagem do Parque Municipal de Belo Horizonte – Minas Gerais Izabella Galera 1 , Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] Paula M. Brasil Garcia 2 , Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected] 1 Izabela Galera Arquiteta. Professora de Arquitetura e Urbanismo na Faculdade Izabela Hendrix. Mestre em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável (MACPS) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (NPGAU) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 2 Paula M. Brasil Garcia Geógrafa Professora no Centro Universitário UNA. Especialista em Geoprocessamento pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Ciências Naturais e Conservação dos Recursos Naturais pela Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia e Análise Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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ALEGORIASDOTEMPO:UmareflexãosobreatransformaçãodapaisagemdoParqueMunicipaldeBeloHorizonte–MinasGerais

IzabellaGalera1,UniversidadeFederaldeMinasGerais,[email protected]

PaulaM.BrasilGarcia2,UniversidadeFederaldeMinasGerais,[email protected]

1Izabela Galera Arquiteta. Professora de Arquitetura e Urbanismo na Faculdade Izabela Hendrix.Mestre em AmbienteConstruído e Patrimônio Sustentável (MACPS) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutoranda noProgramadePós-GraduaçãoemArquiteturaeUrbanismo(NPGAU)daUniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG).2Paula M. Brasil Garcia Geógrafa Professora no Centro Universitário UNA. Especialista em Geoprocessamento pelaUniversidade Federal deMinasGerais (UFMG).Mestre em CiênciasNaturais e Conservação dos RecursosNaturais pelaEscoladeMinasdaUniversidadeFederaldeOuroPreto(UFOP).DoutorandanoProgramadePós-GraduaçãoemGeografiaeAnáliseAmbientaldaUniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG).

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RESUMO

O espaço público desempenha um papel determinante no ambiente construído, estabelecendo-secomoumaafirmaçãodemocráticadoequilíbrio entre adimensãopública e aprivadana cidade. Suaimportância no contexto da sociedade contemporânea extravasa a função de identidade simbólica,oferecendo um território para as manifestações coletivas, tanto como um espaço para expressãoindividualcomoumpalcoabertoparaavidadacomunidade.Comanotávelexpansãourbananaqualvivemos, constantemente, nos grandes centros, surgem as questões: como estes parques urbanossobrevivem emmeio à cidade contemporânea e como estão sendo apropriados? As mudanças queincidemnacidadecontemporâneageramumanovaatitudenacompreensãodosespaçospúblicos.Atransformação na estrutura econômica e social, além das mudanças espaciais, faz com que surjamnovas territorialidades, trazendomuitas vezes conflitos entre os atores institucionais e os cidadãos.Neste contexto, o espaçopúblico ganhaumnovo significado, político, ideológico, social e ambiental.Com este trabalho, pretende-se analisar o conceito de paisagem e de parque urbano, buscandoentender comooParqueAméricoRennéGianetti, emBeloHorizonte vêm sobrevivendoemmeioàsnovasdemandasdasmetrópoleseporconsequênciacomosuapaisagemvaisetransformando.

PalavrasChave:Paisagem,ParquesUrbanos;EspaçosLivres;UsoPúblico

ABSTRACT

Public space plays a decisive role in the built environment, establishing itself as a democraticaffirmation of the balance between public and private dimension in the city. Its importance in thecontext of contemporary society goes beyond the symbolic identity function, offering an area forcollectiveevents,bothasaspacefor individualexpressionasanopenstageforcommunity life.Withthenotableurbanexpansioninwhichweliveconstantlyinlargecities,thequestionsarise:howtheseurbanparkssurviveamidthecontemporarycityandhowareappropriate?Thechangesthataffectthecontemporarycitygenerateanewattitudeintheunderstandingofpublicspaces.Thetransformationintheeconomicandsocialstructure,inadditiontospatialchanges,givesrisetonewterritoriality,bringingoftenconflictsbetweenthe institutionalactorsandcitizens. Inthiscontext,thepublicspacetakesonnewmeaning,political,ideological,socialandenvironmental.Thisworkaimstoanalyzetheconceptoflandscape and urban park, seeking to understand how the Park Americo Renne Gianetti, in BeloHorizonte comesurvivingamid thenewdemandsof themetropolis and thereforeas its landscape istransformed.

Keywords:Landscape,UrbanParks;Freespaces;Publicuse

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CONCEITODEPAISAGEM

O termo paisagem é um conceito polissêmico que embora não seja exclusivo, é de granderelevância e tema de antigas discussões na Geografia. Conforme afirma Dominguez (2001), apaisagem,emumaépocaemquea geografia se afirmava comoumadisciplinaquepercorre asciênciashumanasefísicas,eraumaespéciedesínteseeepifenômenoresultantedeumarelaçãodetemposlongosentreascondiçõesnaturais(conjuntodedeterminantesbiofísicas)eaaçãodohomem (antrópicas) organizado em uma sociedade produtora de uma historicidade, de umaculturaedeumaevoluçãotecnológica.

Existemdiversasversõesacercadaorigemdotermopaisagem.Costa(2011)afirmaqueaideiadepaisagem foi proposta como conceito geográfico pela primeira vez pelo naturalista alemãoAlexanderVonHumboldt,noiníciodoséculoXIX,como“Der12TotalcharaktereinerErdgegend”,ou seja, o conjunto das características de uma região terrestre. Para Holzer (1999) paisagemenquanto termo, começou a ser empregado no alemão medieval, na palavra landschaft quesignificaumarelaçãoentreoshabitanteseseusítio.Landschaftdeuorigemaotermolandschapemholandês,queporsuavezoriginoulandscapeinglês.Otermoholandêsesteverelacionadoaspinturas de paisagens realistas no século XVII, atrelado as novas técnicas de representaçãorenascentista; e o termo em inglês, originado do holandês é definido como view of land ourepresentationoftheland(NAME,2010apudHOPKINS,1994).

Bertrand, geógrafo francês afirma que estudar uma paisagem é antes de tudo, apresentar aquestãodométodo,queenvolveanáliseeclassificação.Paraoautor,paisagemconsistiaemumtermopoucoutilizadoe incerto, e por essa razão, usado compouco critério. Bertrandafirmavaque paisagem não resultaria da simples junção de elementos geográficos, e sim a combinaçãodinâmicaeinstáveldeelementosfísicos,biológicoeantrópicos,vistaentãocomoumatotalidade.Ainterpretaçãodapaisagemassumeaindaumcarátersubjetivo,umavezquedependerádoolhardo observador. Nesse sentido, a análise poderá contemplar a cobertura vegetal, fauna, clima,geomorfologia, sociologia, arquitetura, história, ou mesmo a interação entre vários destesaspectos. No que se refere ao método, a análise pode incluir a fisionomia, dinâmica, relaçõesinternas,ecologiaalém,dacorrelaçãoentretodaselas.Aescala imprimeoníveldedetalhes,ouestabelecerálimites,tantonaanálisequantonomapeamento.

BurleMarx(1981),considerouqueasplantas,emseustrabalhos,eramaexpressãodapaisagem,indicandoqueotermoplantaao invésdevegetação, indicavaquesuaescaladetrabalhoeradedetalhe. Nesse sentido, Burle Marx indica que existem relações entre as plantas e o meio,afirmandotambémqueseuconceitodepaisagempressupõeaspectosecológicos,biogeográficose culturais, além do caráter estético e funcional contemplado pela arquitetura (MAXIMIANO,2OO4).

Em uma perspectiva macro, o geógrafo Ab’Saber (2003) advoga que paisagem é um conceitodiretamenterelacionadocomherança,sendoelaadvindadeprocessosfisiográficosebiológicos,além de patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdaram como território deatuaçãodesuascomunidades.Santos(2002,p.103)apresentadefiniçãosimilaraoafirmarque“apaisagem é um conjunto de formas que, num dado momento, exprime as heranças querepresentam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. ” Nesse sentido, apaisageméfrutodeprocessosdeacumulaçãodeaçõeseinterelaçõesentreosdiversosatoreseestáemconstantetransformação.

“Apaisagemnadatemdefixo,deimóvel.Cadavezqueasociedadepassaporumprocessodemudança,aeconomia,asrelaçõessociaisepolíticastambém

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mudam, em ritmos e intensidades variados. A mesma coisa acontece emrelaçãoaoespaçoeàpaisagemquese transformapara seadaptaràsnovasnecessidadesdasociedade.”(SANTOS,1997,p.37)

Santos ainda avalia a paisagem como um produto resultante de suas formas, criadas emmomentoshistóricosdiferentes, comorespostaacertasnecessidadesou funçõesdopresenteequecoexistemnomomentoatual.Portanto,apaisagemé formadapelos fatosdopassadoedopresente,cuja“construçãoconverte-seemumlegadoaostemposfuturos”(SANTOS,1985,p.55).Cada forma preexistente que permanece na paisagem constitui a existência concreta de umasociedade,limitandoedirigindoasfuturastransformaçõessociais.Aautoraconsideraapaisagemumpalimpsesto,discussãoapresentadaaseguir.

ConceitodePaisagemcomoPalimpsesto

“A cidade contemporânea tem muitas camadas. Forma o que poderíamoschamar de palimpsesto, uma paisagem composta de várias formasconstruídas,sobrepostasumasàsoutrasaolongodotempo.Emalgunscasos,as camadas anteriores são de origem realmente antiga, enraizadas nascivilizaçõesmaisvelhas,cujasmarcasaindapodemserpercebidasportrásdotecido urbano de hoje.Masmesmo cidades relativamente recentes contêmcamadas distintas acumuladas em fases diversas no tumulto do crescimentourbano caótico gerado pela industrialização, pela conquista colonial e pelodomínioneocolonial,emondasdemudançaespeculativaemodernização.Nosúltimosduzentosanos,ascamadasparecemterseacumuladodeformaaindamaiscompactaerápida,comoreaçãoaocrescimentodapopulação,aofortedesenvolvimento econômico e a consideráveis mudanças tecnológicas”(HARVEY,1996,p.01).

Palimpsestoéumadasmetáforasmaisusadasparailustraradinâmicadascidades.Essesuntuososubstantivo,ricoemsuacapacidadedeproduzirimagens,eraonomedadoaos“manuscritosemqueotextooriginaleraapagadoparatranscreverumnovotexto”(BAEZ,2006,p.125).Pesquisarum palimpsesto era identificar as camadas escritas que eram justapostas no leito do texto.Quando tratamos de cidades, o significado busca entender como seu tecido é atualizado pelareocupaçãodeespaços,comoacidadevaisemoldandoaolongodahistóriaepordetrásdestascamadashámemóriasepaisagenssobrepostas.

A construção de um conceito de paisagem como palimpsesto carrega consigo uma quebra deparadigma (a paisagem tradicionalmente era avaliada como uma situação de equilíbrio, deharmonia e de durabilidade entre as condições do meio físico e a sua apropriação por umdeterminado modo de vida a que estariam associados técnicas específicas, valores, práticas esimbologias),eagorapassaaserpensadaprincipalmentecomoartefatodeconstruçãosocial.

“A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem, enquantogrosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é aquela ainda nãomudadapeloesforçohumano.Senopassadohaviaapaisagemnatural,hojeessamodalidadedepaisagempraticamentenãoexistemais.Seumlugarnãoéfisicamente tocado pela força do homem, ele, todavia, é objeto depreocupaçõesede intençõeseconômicasoupolíticas.Tudohoje se situanocampo de interesse da história, sendo, desse modo, social. ” (SANTOS, M.1988,pag.23)

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Destaforma,Santosrefletesobreaquebradestapolaridadenopensarpaisagem,desconstruindoaideiade“paisagemnatural”e“paisagemartificial”,eentendendoapaisagemcomoalgomuitomaiscomplexoe resultadodeaçãosociale interaçãodohomemcomanatureza.Santos (1988)afirmaqueavidaemsociedadesupõeumamultiplicidadedefunçõesequantomaioronúmerodestas,maioradiversidadedeformasedeatores.Quantomaiscomplexaavidasocial,tantomaisnosdistanciamosdeummundonaturalenosendereçamosaummundoartificial.

Aobuscarmosentendera relaçãohomemxnatureza,énecessárioentendermosprincipalmenteda relação do homem com o seu trabalho, pois é dele que omesmo busca a sua subsistênciasendo o instrumento de trabalho do homem a própria interação e mutação da paisagem.ConformeSantos(1988)ilustra,osinstrumentosdetrabalhoimóveistendemapredominarsobreosmóveiseaseremacondiçãodeusodestes.Estradas,edifícios,pontes,portos,depósitosetc.sãoacréscimosànatureza semosquaisaproduçãoé impossível.A cidadeéomelhorexemplodessasadiçõesaonatural.

“Apaisagemnãosecriadeumasóvez,masporacréscimos,substituições;alógicapelaqualsefezumobjetonopassadoeraalógicadaproduçãodaquelemomento. Uma paisagem é uma escrita sobre a outra, é um conjunto deobjetos que têm idades diferentes, é uma herança de muitos diferentesmomentos.”(SANTOS,M.1988,pag.23)

Sendo assim, é correto afirmar que a paisagem é um objeto em constante mutação, sendo oresultado de adições e subtrações sucessivas. Formada por elementos naturais e artificiais, apaisageméprincipalmenteamarcadahistóriadarelaçãodohomemcomoespaço.Essamarcaserevela na figura dos parques urbanos, partindo do pressuposto que este advém a partir dasrelaçõesdoserhumanocomomeionatural.

OSPARQUESURBANOS

SinopseHistórica

Oespaçoemquevivemostem,sobrenossasvidas,umaforteinfluência:oambienteurbanofoiolugar parao qual o homem transferiu-se dohabitat natural para um construído. Sobumaóticaromântica,osespaçosverdesseriamumapossibilidadedeohomemcitadinovivenciaramudançadasestações,ofuncionamentodanaturezaeseaproximardoseuespaçodeorigem–anatureza.

OsparquessurgiramcomofatourbanoderelevânciaapenasnofinaldoséculoXVII,naInglaterra,atingindo seuplenodesenvolvimentoquasecemanosdepois. Entretanto, somentenosanosde1850e1860,osparquescompuseramosplanosurbanísticosnaEuropa, inicialmente,naFrança,comosplanosdoBarãoGeorges-EugéneHaussmann(GRANZ,1993).

Nocenáriourbano,nametadedoséculoXIX,asáreasverdes tornaram-sebastantenecessárias,uma vez que a cidade tornou-se o locus da vida social moderna. Dois fenômenos quecomprometeramaqualidadedevidaurbanasefizerampresentes:oprimeirofoiaconcentraçãoda população mundial nos centros urbanos, o que levou à diminuição da base dos recursosnaturais; o segundo foi o surgimentode valores voltados à acumulaçãode capital e à buscadestatussocialeeconômico,basedasociedadecapitalista,oqualcontribuiuparafragilizaretornarconflituosasasrelaçõessociaisurbanas.

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Ampliando-seaindamaisoconceitodeparquespúblicosurbanoscomoconstructocultural,pode-seafirmarque,concebidocomoequipamentourbanoerecreativo,estárelacionado,sobretudo,auma vontade política de representação através do tempo. São aqui tratados como exemplosemblemáticososparquespúblicosdoséculoXIXemParis, cuja idealizaçãopelopoderdaépocacontoucomoauxíliodeprofissionaisdeprestígio,destacando-seGeorgesEugéneHaussmanneopaisagistaJeanAlphand.

Nessa época de pós-revolução industrial, o interesse pelos parques passa a fazer parte docotidianourbano,associandoas ideiasde lazer3aodiscursopolíticodecunhohigienista.A idaaumparqueestavaassociadaaquestõesdesaúde:ia-seaumespaçoassimpararespirarobomardos jardins.Por isso,houveumamultiplicaçãodeparquesepequenaspraçasnaParisdoséculoXIX, inicialmente nos planos urbanísticos idealizados por Haussmann, nos quais se indica aaberturadenovas ruas,a criaçãodenovosbairrosedoisgrandesparques:oBoisdeBoulogne,antigaflorestasituadaentreorioSenaeasfortificaçõesocidentais,oparquesetornasededavidamaiselegantedeParis,por suaproximidadecomosChamps-Elysées,eoBoisdeVincennes,doladoopostodacidade,destinadoaosbairrosdooesteparademonstrarasolicitudedoImperadorNapoleãoIIIemrelaçãoàsclassesoperárias.

Omodelopaisagísticodos jardins inglesesdo séculoXVIII foi a fontede inspiraçãodosparquesurbanosque,porsuavez,tiveramorigemnasideiasromânticasdevoltaànaturezaebuscapelaqualidade de vida no meio urbano, sendo que dois fatos marcaram a criação dos primeirosparques: um foi a abertura dos jardins dos palácios ingleses ao público; outro, a realização deempreendimentosimobiliáriospromovidospelasiniciativaspúblicaeprivadaqueviramnacriaçãodosparquesbonsinvestimentosfocadosnaespeculaçãoimobiliária.

Entretanto,atransformaçãodoespaçourbanoemmercadoriadificultouacriaçãoeimplantaçãodos parques em áreas urbanas nomundo todo, uma vez que esse uso passou a ser entendidocomoconflitantecomosinteresseseconômicos(GRANZ,1982).

Osparques representavam,principalmente, grandesespaçosquepoderiamaliviarosproblemasdacidadeeromperasituaçãocitadinadeestresse.Defato,osparquesimplantadosnaEuropaenosEUAtiveramessepapel.Granz(1982)afirmaqueosparquespossibilitariamaoscidadãostercontatocomarfresco,lazeretranquilidade:

“Operíodosubsequente,de1900a1930,éodemaiorestransformaçõesnaevoluçãodosparques:éodoreformparkoutambémplaygroundperiod.Doissão os aspectos que o fundamentam na necessidade de mudanças:playgroundseespaçoslocais.Passamainternalizar-senourbano,construindoáreasparaascrianças.Empoucotempoaaspiraçãoéestendidaeimplantadapara todasas faixasetáriasemorganizaçõesprogramadase supervisionadasporidadesesexos.”(MAGNOLI,M.2006,p.209).

Odesenvolvimentodosmovimentosambientalistas,quesurgiramnoséculoXXeseacentuamnosdiasatuais,relataaimportânciadaEducaçãoAmbientalparaaformaçãodocidadão.Osparquesurbanos seriam espaços destinados à construção de uma consciência ecológica, nos quais oshabitantesda cidadepoderiamcompreenderosprocessosnaturais, pormeiodo contatodiretocomos elementos da natureza, utilizando essas informações na conservação dos recursos e doambienteurbano.

3FoinaRevoluçãoIndustrialquesurgemasleistrabalhistas,eadiferençaentretempodetrabalhoetempolivre.Olazerestárelacionadodiretamentecomoqueosoperáriosfaziamemseustemposlivres.

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De acordo com os aspectos ambientais, a vegetação atua diretamente no microclima urbano,colaborandopara suaambiência. Portanto,osparques funcionariamcomo“preventivos”dessesdanosambientaisnascidades.Possibilitariam,assim,amanutençãodealgunsatributosnaturaisno meio urbano̶ vegetação, geomorfologia, nascentes e outros, auxiliando na diminuição deruídos,noembelezamentodoambiente,nomelhoramentodomicroclimalocalquantoàumidadee insolação, no controle de erosão, naqualidadedo ar e namanutençãodemananciais (SILVA,2003,apudRIBEIRO,2000,p.52).

No decorrer do século XX, novas funções à antiga, por mais paradoxal que pareça, foramintroduzidas, voltadas basicamente ao lazer contemplativo. Atualmente, são atribuições queconsideramapreservaçãode recursosnaturais, aspráticasdesportivas,passandopelosespaçoscenográficosdosparquestemáticos,atéo lazersinestésicodosbrinquedoseletrônicos,comonocasodosparquesdaDisney.Essespapéisrequalificamosparques,atribuindo-lhesnovosadjetivosedenominações,comoParqueEcológicoeParqueTemático.

ParaOlmsted,umacidadecommaisespaçosabertose comofertadeáreade recreaçãoparaacomunidadepropiciariaumestilourbanomaisagradável.PartedoesforçodeOlmstedemeducaro público norte-americano sobre a importância da existência dos parques foi mostrar seusbenefíciosa todasasclassessociais, indistintamente,e seupapelcomopontodeencontroparatodososcidadãos, independentementedesua formação (BEVERIDGE,apudMACEDOeSAKATA,2003).

Todavia,emseulivroemblemático4“VidaeMortedasgrandescidades”JaneJacobsdefendequeespera-se muito dos parques urbanos. Longe de transformar qualquer virtude inerente aoentorno, longedepromoverasvizinhançasautomaticamente,osprópriosparquesdebairrosãodiretaedrasticamenteafetadospelamaneiracomoavizinhançanelesinterfere.(JACOBS,2001,p.104)

Para que um parque urbano tenha vitalidade, ele depende da complexidade do local, de suacentralidade,dainsolação,facilidadedeacessoedasuadelimitaçãoespacial.

ParquesnoBrasil

AcriaçãosistematizadadeParquesnoBrasilfoiiniciadanoséculoXIX,comavindadafamíliarealportuguesaem1808paraoRiodeJaneiro.AforteinfluênciadospaisagistasfrancesesquevieramparaaAméricaLatinaexplicaporquemuitosparquesurbanosbrasileiros inspiraram-senoestiloeuropeu.Entretanto,diferentementedospaíseseuropeusdoséculoXIX,oBrasilnãopossuíaumarede urbana expressiva. Até mesmo a capital, Rio de Janeiro, não tinha o porte das cidadeseuropeiasdaépoca,tantoemtermosdepopulaçãocomoemsuaáreaurbana.Aqui,osparquesforamcriadosparacomplementaroscenáriosdaselitesquemantinhamocontroledanaçãoemformação.

Amaisantigamanifestaçãoemtermosdepaisagismo,noBrasil,ocorreunaprimeirametadedoséc.XVII,emPernambuco,porobradoPríncipeMauríciodeNassau,duranteainvasãoholandesa.É certoque jáantesdaexpulsãodosholandeses,poucoounadahavia sobradodessa iniciativa,excetoumaquantidadedelaranjeiras,tangerinaselimoeirosespalhadosemtodosostrajetosdascampanhasdeinvasão.

4JaneJacobsescreveuolivroVidaeMortedasGrandesCidades,estelivrofoiummarcoparaourbanismo,aoquestionarodesenvolvimentodoplanejamentourbanonascidades.

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OparqueurbanomaisantigodoBrasilimplantadocomesteintuitofoioPasseioPúblicodoRiodeJaneiro,porordemdovice-reiD.LuísdeVasconcelos.Suasobrasiniciaramem1779,noséc.XVII,por Valentimda Fonseca e Silva, oMestreValentim (SEGAWA, 1996 p. 79). A proposta originalapresentava o traçado marcadamente simétrico, como o tradicional jardim francês. Uma dasgrandesdiferençasemrelaçãoaodesenhooriginalaoatualéqueoPasseiochegavaaomar.Em1862houveumagrandereforma,sendochamadoopaisagistaAugusteFrançoisMarieGaziou,quedeuaologradourocaracterísticasdejardiminglês,oujardimpaisagista.

Umadas fortescaracterísticasdestaépocaéanecessidadedeousuáriodoespaçopúblicousarvestimentasdeacordocomoprotocolodaEuropa,aindaquenãohouvessequalquernecessidadedissonosclimastropicais.

Com a vinda de alguns paisagistas franceses para o Brasil, veio também o costume de trazerplantas–juntocomasestufasemqueeramcultivadas−detodaapartedomundo,comoÁsiaeÁfrica. Essas, posteriormente, destinavam-se aos jardins particulares da elite, ou aos jardins eparquespúblicos:

“OJardimBotânicodoRiodeJaneiro,transformadopaulatinamenteduranteoséculo XIX em parque público, é um exemplo típico da fusão das duasvertentesprojetuais.Neleseobservaumaclaramisturadotraçadoromânticocom os grandes eixos clássicos, que constituem, em especial, a grandealamedadepalmeiras imperiais, sua referência espacialmaior. ” (MACEDO,2002,p.22).

Umdosgrandesfatoresquerevelamqueosparquesda“BelleÉpoque”,noBrasil,eramgrandescenários,éaquantidadedevaziosurbanos,consequênciadeumaurbanizaçãosemcontinuidadeque se apresentava nas cidades até quase a metade do séc. XX. Estes vazios expressam umanatureza abundante, e pouca necessidade de parques urbanos, devido às grandes escalasterritoriais.ConformeafirmaMacedo(2002,p.24),osvaziosurbanoseasimensasáreasdeterra,geralmentevárzeasderios,forampormaisdecemanos,osverdadeirosantecessoresdasáreasdelazerurbanoformais,dotipopraticadoempraçaseparques.Somentecomadiminuiçãoemesmoodesaparecimento,apartirdasegundametadedoséc.XX,ecomescassezrealdeáreasdelazerdasmassasmenosprivilegiadas,taltipodeequipamentotornou-seumanecessidadesocial.

Ospasseiospúblicostêmcomocaracterísticadimensõesmaismodestasqueosparques,aindaquecomomesmo intuito,ouseja,ócioecontemplação, constituindouma transiçãoentreograndeparque urbano e a praça jardim. No entanto, segundo Serpa (2007, p. 69), todos os parquespúblicosrepresentamalegoriasdotempoedospoderesqueosconceberam:antesmesmodesetornarumespaçodelazer,oparqueéumaideia,umconceito,umautopia,umdesejo,oqualestárelacionado,sobretudo,aumavontadepolítica.Ahistóriadeumparquecomeçasemprecomumcomandopolítico.

Percebe-se que os estilos que melhor expressam a paisagem dos parques urbanos no Brasilencontram-seemtrêsfases:oecletismo,dofimdoséculoXIXatéadécadade1920;omoderno,que surgiu a partir da décadade 1930, que rompe coma visão “romântica” dos parques, cujasinfluências ainda permanecem, como se observa no Parque do Ibirapuera (SP) e Parque doFlamengo(RJ);eoestilocontemporâneo,quesetornoumaispronunciadoapartirdadécadade1980(MACEDO,S.S,SAKATA,F.G,2002,p.23).

O Ecletismo é marcado pelos estilos romântico e geométrico. Seguem esses estilos o ParqueMuseu do Ipiranga, em São Paulo, e o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, que além de terem

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formasgeométricasfortesprocuraramimitaranatureza,comcaminhossinuososeplantasquesedebruçam sobre espelhos. Outros exemplos são o Campo de Santana, no Rio de Janeiro, e oParquedaLuz,emSãoPaulo(LEAL,2000).

Entreasdécadasde1920e1930houveumcrescimentodosespaçosurbanos,fazendocomqueosparques passassem a ser mais democráticos, frequentados por pessoas de diferentes classessociais.ComocitadoemLEAL(2000),“essastransformaçõesmarcamachegadadoestilomodernoeousodosespaçoslivresparapráticasesportivas,lugaresparabrincarejogar”.OestilomodernoémarcadopelasconcepçõesdeRobertoBurleMarx,oqualprojetouparquescomoodeBrasília,reforçando o estilo nacionalista. No Brasil, o estilo contemporâneo de construção de parquesurbanos se iniciaembrionariamentenosanos80, coma introduçãodosconceitosecológicosnopaís e com a chegada de novas obras feitas no exterior. É exemplo desse estilo a maioria dasintervenções do projeto Rio-Cidade, parques em Curitiba e a Praça Itália em Porto Alegre, deautoriadeCarlosFayeteequipe(1992),aqualconstituiomarcodestanovageraçãoprojetual.Noentanto,váriosparquesbrasileirosencontram-secomsériosproblemas,entreelesosimprovisosea falta de investimentos, principalmente, em áreas de menor valor comercial, ocupadas pelasclassesdebaixarenda(GANEM&LEAL,2002).

OParqueMunicipaldeBeloHorizontecomoassimcomotantosparquesconcebidosnoséc.XIXnoBrasil,sãoparquesquesobreviveramaolongodosanos,carregandoumlugardememóriaparaacidade sendo, desta forma, um símbolo destas cidades até hoje. Ao longo da história, o papeldesempenhado pelos espaços verdes nas nossas cidades tem sido uma consequência dasnecessidades experimentadas de cada momento, ao mesmo tempo em que é um reflexo dosgostosecostumesdasociedade.

ParqueMunicipalAméricoRennéGiannetti“Ao clarear do dia seguinte (19/08/1894), estavam já de pé os viajantes, e,tomando ligeira refeição, encetaram sua excursão matinal, examinando alocalidade em que se acha a vivenda do Dr. Aarão Reis, e que pela suasituação, sua topografia, abundância de fontes d´água cristalina, confluênciadocórregoAcabaMundocomo ribeirãoArrudas,esplêndidaconfiguraçãoefertilidade do solo – está já indicada para construir o grande e magnificoparquedafuturacapital.”(REIS,1893,p.33).

Oespaçoondehoje se localizaoParqueMunicipalabrigavaaChácaraGuilhermeVazdeMello,conhecidacomoChácaradoSapo.Aárea foidesapropriadapelaComissãoConstrutoradaNovaCapital em 1894. A principal casa (figura 01) serviu de habitação aos dois chefes da referidaComissão:AarãoReis,demarçoamaiode1895,eFranciscoBicalho,demaio1895a janeirode1898.Em1924,olocaltambémabrigouogovernadordoEstadoOlegárioMaciel,quetransferiuaresidênciaoficialparaoParqueMunicipal,atéofinaldesuagestão.

AarãoReis sonhoue idealizouBeloHorizontenoParqueMunicipal, sendocombasenelequeacidadefoiconcebida.

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Figura01:ResidênciadeAarãoReis,noatualParqueMunicipal.Fonte:APCBH-AcervoCCNC

Em1894,PaulVillon5aceitouo convitedoengenheiroAarãoReis (1853-1936)para se juntar àequipeencarregadadoprojetodeBeloHorizonte.Nomesmoano,VillonsetransferiuparaMinasGerais e assumiu as obras paisagísticas da cidade. Primeiramente, atuou na Quarta Divisão(estudos e preparos do solo) e, depois, na SextaDivisão (Arruamentos, Calçamentos, Parques eJardins)daComissãoConstrutoradaNovaCapital(DOURADO,2011).

Entre1894a1897,VillonexecutouaimplantaçãodoParqueMunicipal,umdeseusprimeirosnacapital.Previstoparaserum“pulmão”paraacidade,amaioráreaverdelocalfoidispostapróximaa um dos três bulevares estruturadores da malha urbana. O parque desenvolvia-se numasuperfíciede64hectares,combasenaaplicaçãodosprincípiosdejardimpaisagistamoderno,coma concepção naturalista, que buscava adaptar o desenho paisagístico à situação natural doterreno. Ainda tendo seguido a conformação natural do terreno, o parque foi inserido emumaplantaquadrangulareregular,acompanhandootraçadopropostoparaacidade.Essemodelodeparquenaturalista,como jardimpaisagistamoderno inseridoemumamalha rígidaseguecomoprincipal modelo o Central Park, em Nova Iorque, cravado na malha geométrica urbana deManhattan.

5Apartirde1898,Villonplanejou tambémosespaçosverdesdoPaláciodaLiberdade,aarborizaçãodosbulevares,dasavenidas e ruas da cidade. Com o encerramento dos trabalhos da Comissão, prosseguiu como paisagistamunicipal até1899,quandopediudemissãoeretornouaoRiodeJaneiro(Leme,1999,pp.2222-2223;Trindade,1997,pp.266-267).Oconjunto de intervenções paisagísticas em Belo Horizonte inaugurou um exemplo no modo de construir cidades noterritórioBrasileiro.BeloHorizontefoiaprimeiracapitalverdeadespontarnopais,assimprojetadadesdesuaorigem,nãoadaptada posteriormente, como a maioria dos núcleos urbanos tradicionais que, na mesma época, buscavam seenverdecer(DOURADO,2011).

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Figura02:ImplantaçãooriginaldoParqueMunicipal,inseridanamalharígidadanovacapital,comcaracterísticasdosjardinsingleses.Fonte:PanoramadeBeloHorizonte,AtlasHistórico(1997)

Foram propostas 6 (seis) praças em seu entorno, todas com acesso ao parque, marcadas porreferênciashistóricaseíconesrelacionadosàRepública.Quatrodestasdelasforamplanejadasnosvértices do parque, cujo perímetro é quadrangular. As outras duas localizavam-se nos eixoslaterais(figura02).

Nota-sequeAarãoReisplanejouseispraçasemtodooentornodoparque:destas,apenasaPraçadaRepública(atualAfonsoArinos)queseconstituíanopontodeorigemdaprincipallinhadeforçadoprojeto,foiexecutada,notrechodaAvenidaAfonsoPena,queflanqueiaoparque.Dalipartiamas três avenidas de acesso às praças 14 de setembro, da Liberdade e da Federação, destinadasrespectivamenteaospoderesmunicipal,estadualefederal(SANTAROSA,2002.p.115).

OprojetooriginalelaboradoporVillonpreviaumcassinocomteatro,umcoreto,umrestauranteeum observatório meteorológico. Dessas construções, apenas o cassino foi iniciado, numaesplanada onde pormuito tempo se encontrou aMoradia Estudantil Borges da Costa. As ruas,alamedas, lagoas e riachos foram traçados de forma livre, seguindo o perfil de jardim inglês; aarborizaçãofoiintroduzidapormeiodetransplantedeárvoresdegrandeportequeeramtrazidasdediversoslocaisdacidade,edoplantiodemudas,produzidasemdoisviveiros,criadosporVillonàsmargensdoCórregodaSerra,umvoltadoparaocultivodefloreseoutroparaárvoresexóticas:

“Um grande parque, 640 mil metros quadrados, será colocado quase nocentrodacidade,abrindoparaumagrandeavenidade50metrosdelarguraetrêsoutrasde35metros.Oparqueapresentaumasuperfíciemuito irregularcujapartemaisbaixaserátransformadaemgrandeslagoserioseapartemaisaltaemesplêndidosmirantes.Eleseráomaioremais importanteparquenaAmérica e vai sozinho atrair visitantes do Brasil e do exterior e vai elevar acidadeacimadasoutrasparapessoasquequeremdescansarerecobrarsuasforçasnoverãoemlocaisagradáveiseaprazíveis.”(REIS,1897,p.33).

AinauguraçãodoParqueMunicipal,quesetornouolugardeencontrodaelitemineira,aconteceuem26desetembrode1897, trêsmesesantesda fundaçãodanovaCapitaldoEstadodeMinasGerais.Nanoiteemqueacidadefoiinaugurada,em12dedezembrode1897,oparquerecebeu200convidadosemumbanquetequeseestendeuportrêsdiasetrêsnoites,àbasedeluzelétrica,oferecidopelaComissãoConstrutora.

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Ao longo dos anos, a área projetada para ser um parque inglês, uma ilha de romantismo nageométricacidadedeAarão, foicedendoespaçoparaumaproveitamentomenosoneroso,vistoque os cofres do município já não dispunham de tantos recursos, o que impossibilitou oprosseguimentodoprojetoinicial.Jáem1907,oParqueMunicipalcomeçouaserdesmembrado.

“Em1907,encontrou-seumasoluçãomenosonerosaaos jásobrecarregadoscofrespúblicosmunicipais:entregaraogovernodoEstadoaporçãosudoestedoParque,queseabriaparaaAvenidaMantiqueira,atualAlfredoBalena.Ali,deveriam ser instalados a Diretoria da Agricultura e um laboratório deanálises.NãoestavamaisemcogitaçãocontinuarostrabalhosdePaulVillon.Depoisdoafastamentodopaisagistafrancêsedamortedeseusucessor,JoséJorgeda SilvaPenna, extinguiu-seo cargodediretordoParque,quepassouaoscuidadosdodiretor-geraldeobrasdomunicípio.”(CVRD,1992,p.38).

Apartirde1911,aporçãosudoestedocórregoAcabaMundofoidrenada,criando-seumlagoparacriaçãodepeixes6;aparteajardinadafoirequalificadaetrêsgrandesruasparaarticulaçãointernadoparqueforamabertas,pormeiodeponteseaterros.

O Parqueperdeumais 45.241metros quadradosde sua superfície em1912, que foramdoadospelo governodo estadopara a construção da Faculdade deMedicina e do Centro de SaúdedoEstado.

Em 1914, ainda na área do parque, foi instalado um forno de incineração para parte do lixoproduzido na capital. No mesmo ano, erigiu-se o campo do América Futebol Clube, utilizando19.388 m² (sítio hoje ocupado por um hipermercado): em troca pela área doada ao clube, aprefeituraficoucomoantigocampodoAmérica,localquehojesediaoMercadoMunicipal.

ForamtambéminstaladososhospitaisSãoGeraldo,em1920,eohospitalSãoVicentedePaula,em 1925, posteriormente demolidos. Desse modo, "vai se conformando ali, onde antes eraParque,umaregiãohospitalar”(CVRD,1992,p.48/9).

Tambémnadécadade1920foraminstaladosogradileosportõesdeferro,oCoreto(retiradodaPraçaRioBranco),umapraçacircularnosmoldesdosjardinsfrancesesemseuentorno,aEstaçãodos Bondes (atualMercado das Flores), a quadra de tênis e a pista de patinação. É importantefrisar que, nessa época, os parques urbanos passaram a agregar outras funções, como parquesinfantiseesportes,aindamantendoacaracterísticadelugardecontemplação.

Nesse período, o Bar do Ponto, localizado do outro lado da Avenida Afonso Pena, ponto deencontrodosjovenspoetasCarlosDrummonddeAndrade,PedroNavaeEmílioMoura,eraumafortereferênciadocentrodacidade.ComaproximidadedaEstaçãodeBondes,tevesuaáreadeinfluênciaampliadaparaointeriordoParque.

Em 1937, propôs-se o prolongamento da Rua Pernambuco (atual Alameda Ezequiel Dias) e aCidade Universitária, que acabou não se consolidando. Nessa área encontram-se hoje, dentreoutros,aFundaçãoHemominas,oHospitaldaPrevidênciaeoHospitalSemper.

Nadécadade1940,oparqueperdeumaisumgrandeespaço,dessavezparaasconstruçõesdoPaláciodasArtes,ideadoporJuscelinoKubitschekparasuprirademandaculturaldacidade,aqual

6Aáreadoparqueondefoicriadoolagoparacriaçãodepeixes,oriundodaságuasdocórregoAcabaMundo,correspondeatualmenteaoLagodoQuiosque,próximoàportariadaAlamedaEzequielDias.

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haviaperdido seuantigoTeatroMunicipal,naRuaGoiás,paraabrigarumespaçomaisamploemodernoparaapopulação.AobradoPaláciodasArtessófoiconcluídaem1971.Assim,criou-seumteatrodeemergência,tambéminseridonoParqueMunicipal.LuizSignorelliprojetouoTeatroFranciscoNunes,inauguradoem1949,queacolheushowsepeçasteatraisenquantoasobrasdoPalácioestavamestagnadas.

Nessamesmadécada,omovimentomodernistainvadiuacidade:asgradesdoParqueMunicipalforam retiradas e uma série de eventos realizados: piano ao ar livre aos domingos, jogos defutebol, peteca, tênis e, principalmente, natação e remo. Intelectuais como Fernando Sabino,Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pelegrino fizeram do parque seu ponto deencontro.

ComadissoluçãodoInstitutodeBelasArtes,em1946,oartistaplásticoAlbertodaVeigaGuignardtransferiuseucursoparaoParqueMunicipal,comumaescolaeoficinapermanente,semnenhumimpedimento acadêmico. A escola Guignard foi edificada, a princípio, onde posteriormente selocalizouoColégioIMACO.Em1948,oprefeitoOtacílioNegrãodeLimarompeuocontratocomaescola, que foi obrigada a migrar para outros espaços até 1951, quando retornou ao parque,instalando-se no esqueleto do futuro Palácio das Artes, que estava em construção havia umadécada(CVRD,1992,p.90).

No final dos anos 1940, o parque perdeu o controle de acesso e uso, sofrendo um abandonosignificativo:suaimagemfoiassociadaàinsegurança,principalmentedevidoàretiradadosgradis.

Em1951,aoassumiraprefeitura,AméricoRennéGiannettiempenhou-seemreverterasituaçãodoparque,realizandoaprimeiragrandeobradereforma:recuperaçãodosjardinsedaLagoadosPatos,tratamentodaágua,reparodossanitários,asfaltamentodasalamedas,implantaçãodeumafonteluminosaeumaConchaAcústicaparaapresentaçãodeconcertosaoarlivre.

Para avaliar a área, o prefeito chamou o renomado paisagista Roberto Burle Marx, quediagnosticoua situaçãodoparque como“atravancado comconstruçõesde todaordemque lhetiremabeleza”,aconselhandoaproibiçãoimediatadenovasedificaçõesnologradouro,oquenãofoiseguido,tendoemvistaqueem1954foiconstruídaaEscolaTécnicadeComércioMunicipal,posteriormente Colégio IMACO, demolido em 2013, sob a justificativa de que o edifício geravamarginalização no local e para dar espaço a um novo edifício voltado às apresentações daOrquestraSinfônica7.

Naocasiãodas reformas, o local recebeuonomeque leva atéhoje, ParqueMunicipalAméricoRennéGiannetti,emhomenagemaoprefeito,quefaleceuem1954.

Entre1960e1970,apopulaçãodeBeloHorizontesaltoude600milpara1,3milhãodehabitantes,transformando as relações sociais na capital: originou-se uma classe média emergente e umaclasse operária especializada, aomesmo tempo em que a população de baixa renda da cidadeaumentou. A cidade passou a ter uma escalametropolitanamais consolidada. Desta forma, asdemandasporespaçospúblicosacompanharamessecrescimento.

Nosanos1960,acidadeassistiuaocortedosfrondososfícusdaAvenidaAfonsoPena,alterandoapaisagem do principal bulevar da cidade para dar espaço a mais carros. Nesse período, foipermitidatambémainstalaçãodeCirconoparque,causandograndeimpactonolocal.Em1966,oAbrigodeBondestransformou-seemMercadodasFlores;em1967,asobrasdoPaláciodasArtes7Atualmenteoprojetoestáaindaemfasedeexecuçãodaobra.

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foramretomadas.Nessaépoca,oparquevoltouasersinônimodemedoeinsegurança,gerandooafastamentodapopulação,principalmenteduranteanoite.

Nadécadade1970,foraminauguradosoOrquidárioMunicipaleoPaláciodasArtes.Ailuminaçãodelâmpadasincandescentesfoisubstituídapordemercúrio.Nessemomento,ojornalEstadodeMinas convidou os leitores a reconhecer o parque, buscando namemória afetiva dos cidadãosumareaproximaçãodopovocomologradouro.

Em 1975, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico deMinas Gerais (IEPHA/MG)realizouo tombamentode todooconjuntopaisagísticoearquitetônicodoparque,pormeiodoDecreton°17.086/75,queproíbenovas construçõesno local.Oprincipalobjetivoera reforçaroseucaráterdeáreadelazer,proibindo-senovasconstruçõesemseuterritório.Pelaprimeiravez,houveumganhoparaa regiãoganhou:comacanalizaçãodoAcabaMundo, foramacrescidosàsuaáreacincohectares(CVRD,1992,p.108).

Em 1977, as grades de ferro voltaram a contornar o parque. Nos anos 1980, aconteceu o IIEncontroRegionaldeBiólogos,ondeforamelaboradassugestõesparaasalvaçãodoparque,cujasituaçãoeraapontada,pelosprofissionais,comocatastrófica.

AsegundagrandeobradoParqueMunicipaltevelugarem1992,comoplantiodenovasespéciesde árvores, implantação de sistema de irrigação, repavimentação das alamedas, instalação denovos portões de entrada e aparelhos de ginástica, além da construção de uma pista decaminhadacomaproximadamentedoismilmetros.

Em2002,elaborou-seumcompletodiagnósticodoparque, juntamentecomoprogramaParque21,propondoumasériedemelhoriasquevêmsendoefetuadaspoucoapouco.Esteprogramafoielaboradoem2(dois)volumes,oprimeiroapresentandoodiagnósticocompletodoparque,eosegundoapontandodiretrizesquantoanecessidadedemelhoriadomesmo.

Noquediz respeitoaodesmembramentodoParqueMunicipal,ocorreramváriosordenamentosjurídicosquepossibilitaramacessãodepartesdaáreaoriginalaentidadespúblicaseprivadas;afigura03apresentacomofoioprocessodedesmembramentodoParqueMunicipalao longodesua história. Podemos analisar a partir das imagens uma sistemática fragmentação do tecidourbanoenestesentidoumanegaçãodorioarrudas,queanteriormentepassavaemleitonaturalpelomeiodoparque,ehojeseencontracanalizadoetamponado,dandoespaçoparaaAvenidadosAndradas.

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Figura03:ÁreadoParqueMunicipal,em1897,1942,2011.Fonte:Simão,2011.

Figura04:ParqueMunicipalemseutamanhoeprojetooriginalem1897.Fonte:http://www.mapahistoricodigitalbh.com.br/adaptadopelasautoras.

Figura05:ParqueMunicipalnasituaçãoatual2014.Fonte:http://www.mapahistoricodigitalbh.com.br/adaptadopelasautoras.

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O projeto original idealizado por Paul Villon, que aparece na imagem acima (figura 04) foiinspiradonosparquesdeParis eNovaYork. Sua ideia fundamental se apoiavanoencontrodaságuas,tirandoproveitodofundodevaleondeoCórregodoAcabaMundoseencontravacomoRibeirão Arrudas, e aproveitando ainda as três nascentes que existem no local. Devido a umasobreposiçãodecamadashistóricas,quesurgemporinteressesdiversos,hojeoParqueMunicipalrepresenta aproximadamente um terço de sua área original, entretanto, ainda hoje é o parquemais visitado e importante de Belo Horizonte, abarcando cerca de 60%8do numero total devisitantes de todos os parques da capital. Esta informação reforça sua importância ambiental esimbólicaparaacidadeesuaresistênciaatravésdotempo.

CONSIDERAÇÕESFINAIS“Osparquesdebairroousimilaressãocomumenteconsideradosumadádivaconferida à população carente das cidades. Vamos virar esse raciocínio doavessoe imaginarosparquesurbanoscomolocaiscarentesqueprecisemdadádivadavidaedaaprovaçãoconferidaaeles.Issoestámaisdeacordocomarealidade, pois as pessoas dão utilidade aos parques e fazem deles umsucesso,ouentãonãoosusameoscondenamaofracasso.”(JACOBS,2000,p.97).

Ascidades,deummodogeral,possuemsímbolospúblicos,sejaumapraça,sejaedifícioouumaavenidaosque,pormeiodesuavisibilidade,conferemimagensdepodereglóriaàslocalidades.OParqueMunicipal Américo RennéGiannetti pormeio da sua história constitui-se emummarcoreferencial que detém a memória e a identidade da cidade. Ressalte-se que só é passível dememória aquilo que se transformou e que, portanto, sugere a lembrança, a memória daidentidadedeontem(FEIBER,2004,p.95).

Compreendemosquea cidadeestáemconstante transformação,e todooperíododemudançadeixa para traz fragmentos tanto na paisagem como na memória da cidade. Estes fragmentospodemdizermuitosobrecomoacidadevemlidandocomseusinteressesecomorepresentaseuspoderes. Esta dinâmica pode ser percebida a partir da leitura do Parque Municipal de BeloHorizonte como um Palimpsesto, uma vez que este representa de forma clara, a sobreposiçãodestascamadashistóricasnapaisagemurbana,e,sobretudosimbolizaalgoqueaindaestáporvir,devidoaumaintensaressignificaçãodestelocalparaaspessoasquealifrequentam.

Emse tratandodedesvendá-la, relembremosquea ideiadeparquepúblicourbanoemergiunoséc. XIX.Na Inglaterra, em1833, foi apresentadoparaoparlamentobritânicoum inventáriodefatores que determinavam a necessidade de espaços públicos para os habitantes das cidades,notadamentenorelacionadoàsaúde,aobem-estar,àmoraleàdiversãodapopulação.Nasceuentãoaideiadeparquepúblicocomolugardevirtudes(SERPA,2007,p.80).

IstoficamuitoevidentequandovemosqueosprimeirosparquespúblicossurgemnaInglaterraeFrança,no iniciodoSec. XIX, comoos “pulmões”das grandes cidadeseumcomoum filtrodasmazelas da sociedade. Ou seja, nessa época os parques públicos vêm paramelhorar a vida dotrabalhador,eprincipalmentecomoummeiodecontrolesocial,poisaoofereceraáguapotáveleumlocalparaafamília,estecidadãoédesviadodoslocaismalvistospelasociedade,comobarese

8MédiaapontadapeloementrevistacomHomeroBrasil,ExDiretordoDepartamentodeParquesdaRegiãoSuldeBeloHorizonte,em14demaiode2014,noParquedasMangabeiras.

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casa de jogos, distanciando-se dos vícios, e principalmente da possibilidade de surgimento demotinseorganizaçõesoperárias.Oséc.XIXfoimarcadotambémporumcrescimentointensonascidades,ocasionandosuperpovoamentoepoluiçãodosmeiosnaturais.Dessa forma,namaioriadascidadeseuropeias,osparquesurbanosforamcriadoscomorespostaàsquestõessanitáriaseestéticasdascidades.

Ao contrário do que ocorria no século XIX nos parques urbanos europeus, hoje o ParqueMunicipal,pelasuacentralidadeeespaço,épalcodediversosmovimentosurbanosqueoutilizamcomoumaformadeapropriaçãodoespaçopúblicoe lutapelodireitoacidade.Destacam-seosculturais, tais como festivais de música que ocorrem em diversos horários, concertos aosdomingos e eventos no teatro Francisco Nunes. Como movimentos políticos, ressaltam-se ACidade que Queremos e Coletivo Muitxs, como vias para aumentar a participação popular nastomadasdedecisãoporpartedopoderpúblico,alémderepresentarumaalternativaàspolíticasquevêmsendopraticadasaolongodosúltimosanos.Nessesentido,osparquespúblicoscentraistêm uma abrangência que extrapola os limites municipais, o que propicia uma pluralidade defrequentadores,vindoareforçaraimportânciadeumaáreaverdepúblicapreservadaealtovalorhistóricoecultural.

Serparessaltaque“todososparquespúblicosrepresentamalegoriasdotempoedospoderesqueos conceberam” (Serpa, 2007, p. 69). É neste momento que o parque se afirma como temaurbano,cujaexistênciavemaserfundamentalparaavidanosgrandescentros.

Háumanecessidadedeaproximarcadavezmaisocidadãodesuavidaurbana,àvidacívica,aoquesefazemespaçospúblicos.Aproximaravidadocitadinoaseusparques,equeestespossamoferecer,alémdebem-estar,umaoportunidadedocidadãotambémseresponsabilizarerespeitaraquele espaço, buscandomelhorias emumamplo processo de discussão e informação, voltadoparaosinteressesdapopulaçãodaformamaishumanaeinclusivapossível.

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