Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

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Universidade de Aveiro 2021 Escola Superior de Saúde de Aveiro Alexandra Maria de Almeida Lopes DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE EFICÁCIA DO PROGRAMA INSYNTAX EM FALANTES TARDIOS

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Universidade de Aveiro

2021

Escola Superior de Saúde de Aveiro

Alexandra Maria

de Almeida Lopes

DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE

EFICÁCIA DO PROGRAMA INSYNTAX EM

FALANTES TARDIOS

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Universidade de Aveiro

2021

Escola Superior de Saúde de Aveiro

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Universidade de Aveiro

2021

Escola Superior de Saúde de Aveiro

Alexandra Maria de

Almeida Lopes

DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE EFICÁCIA

DO PROGRAMA INSYNTAX EM FALANTES

TARDIOS

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento

dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Terapia

da Fala, realizada sob a orientação científica da Professora Fátima

Alexandrina Mendes Martins, Professora Assistente Convidada na

Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro, e coorientação

da Doutora Marisa Lobo Lousada, Professora Adjunta da Escola

Superior de Saúde da Universidade de Aveiro.

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Para a minha família, por ter sido incansável ao longo deste meu

percurso.

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O júri

Presidente Professora Doutora Daniela Maria Pias de Figueiredo

Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

Arguente

Professora Doutora Sónia Correia Vieira

Coordenadora de Investigação no Laboratório de Afasia da Universidade de Washington

Orientadora

Professora Alexandrina Martins

Professora Assistente Convidada na Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro

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Agradecimentos À Professora Alexandrina Martins pelo acompanhamento, orientação e

disponibilidade no desenvolvimento deste trabalho. Por ter sido

incansável, encorajadora e positiva durante todo o percurso.

À Professora Doutora Marisa Lousada pela orientação, organização,

rigor e disponibilidade. Por ter sido paciente e me ter encorajado sempre

que foi necessário ao longo deste trabalho.

Ao Professor Doutor Pedro Sá Couto por toda a disponibilidade e

auxílio, fundamental na análise estatística.

Às instituições, Casa Santa Isabel, Cartolinhas, Fundação Oliveira

Lopes e CERmudança, que autorizaram a implementação do Programa,

disponibilizaram as instalações, possibilitando a realização deste

trabalho.

Às educadoras Alexandra, Cátia, Lídia e Silvia por terem sido

verdadeiras parceiras neste trabalho.

À terapeuta da fala Raquel Freitas, pela disponibilidade e empenho que

demonstrou na implementação do Programa, tornando possível a

realização deste estudo.

Um especial obrigada à minha irmã de coração, também Alexandrina

Martins, que tão bem desempenhou dois papéis fundamentais neste

meu precurso, o de orientadora e o de irmã, e me ajudou sempre a

encontrar o meu caminho, ao longo deste trabalho, conciliando-o com a

minha vida pessoal e familiar.

Ao meu marido, Sérgio, pela paciência, carinho e apoio incondicional

que demonstrou em todos os momentos. Por ter garantido sempre o

bem estar familiar, proporcionando-me tranquilidade e segurança ao

longo de todo este percurso.

Aos meus pais, por me terem dado apoio incondicional e possibilitado a

estabilidade necessária para que este trabalho fosse possível.

A todas as crianças e famílias que proporcionaram a realização deste

trabalho.

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Palavras-chave Falantes Tardios; Sintaxe; Terapia de Fala

Resumo Enquadramento: A prevalência de crianças falantes tardios (late

talkers) é elevada, podendo chegar aos 15% (Singleton, 2018; Colisson

et al., 2016). Estas crianças mantêm baixo desempenho linguístico aos

48 meses, que pode prevalecer durante toda a idade pré-escolar

(Hammer et al, 2017). Paralelamente, o desenvolvimento da sintaxe

encontra-se abaixo do esperado, verificando-se um ritmo lento de

aquisição (Singleton, 2018; Colisson et al., 2016). Considerando que a

emergência tardia da linguagem pode ser um sinal de uma perturbação

persistente, torna-se essencial atuação do terapeuta da fala em todas

as áreas da linguagem, nomeadamente uma intervenção específica ao

nível da sintaxe (Ebbels, 2008; Levy & Friedman, 2009). No entanto, não

são conhecidos programas de iniciação à sintaxe nem estudos sobre os

seus efeitos em crianças falantes tardios no português europeu.

Objetivo: Desenvolver um Programa de Iniciação à Sintaxe, o INsyntax,

e estudar a sua eficácia num grupo de crianças falantes tardios.

Método: Nas duas primeiras fases da investigação, desenvolveu-se e

validou-se o conteúdo do Programa INsyntax, que visa o

desenvolvimento sintático de frases com estrutura Sujeito-Verbo-Objeto

(SVO). Na terceira fase analisou-se a eficácia do INsyntax em 10

crianças identificadas como falantes tardios através de um estudo

experimental e randomizado. Assim, as crianças (entre os 24 e os 31

meses) foram distribuídas de forma randomizada por dois grupos (grupo

experimental com 5 crianças e grupo de controlo com 5 crianças). Foram

realizadas 8 sessões individuais de intervenção com periodicidade

semanal. As crianças foram avaliadas com Inventários de

Desenvolvimento Comunicativo de MacArthur-Bates II (PT-IDC II) e três

itens do Teste de Linguagem – Avaliação de Linguagem Pré-Escolar

(TL-ALPE), antes e no final da intervenção.

Resultados: Os resultados sugerem uma melhoria das competências

sintáticas das crianças com a implementação do INsyntax. Apesar de o

Programa incidir na componente sintática, constatou-se também a

expansão de vocabulário das crianças com a implementação do

Programa.

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Conclusão: Estes dados sugerem que o INsyntax é facilitador da

aquisição da estrutura sintática SVO em crianças falantes tardios.

Estudos futuros deverão incluir uma amostra alargada.

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Keywords Late Talkers; Syntax; Speech Therapy

Abstract Background: The prevalence of children identified as Late Talkers is

high, reaching 15% (Singleton, 2018; Collisson et al., 2016). These

children maintain poor linguistic performance at 48 months, which

prevails throughout preschool age (Hammer et al, 2017). At the same

time, the development of syntax is below expectations, with a slow pace

of acquisition (Singleton, 2018; Colisson et al., 2016). Considering that

the late language emergence can be a sign of a persistent disorder, it

becomes essential the intervention of a speech therapist in all areas of

language, namely a specific intervention at the level of syntax (Ebbels,

2008; Levy & Friedman, 2009). However, no syntax initiation

programmes are known or studies on its effects on Late Talkers children

in the Portuguese system.

Aim: Develop a Syntax Initiation Program, INsyntax, and analyze its

effectiveness in a group of Late Talkers children.

Method: In the first two phases of the research, the content of the

INsyntax program was developed and validated. The INsyntax aims

syntactic development of sentences with Subject-Verb-Object (SVO)

structure. The third phase consisted in analyzing the efficacy of INsyntax

in 10 Late Talkers children, through a randomized controlled trial. Thus,

the children (between 24 and 31 months) were randomly distributed in

two groups (experimental group with 5 children and control group with 5

children). Eight individual intervention sessions were held on a weekly

basis. The children were evaluated with the checklist MacArthur-Bates II

and three items of the Teste de Linguagem – Avaliação de Linguagem

Pré-Escolar (TL-ALPE), before the intervention and after its ending.

Results: The results suggest an improvement in the children's syntax

skills with the implementation of INsyntax. Although the program focuses

on the syntactic component, it was also verified the expansion of

children's vocabulary with the implementation of the program.

Conclusion: These data indicate that INsyntax facilitates the acquisition

of the SVO syntactic structure in Late Talkers children. Future studies

should include a large sample.

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Abreviaturas e/ou siglas

CDI – Checklist MacArthur-Bates Communicative Development

Inventories

IVC – Índice de Validade de Conteúdo

LDS - Language Development Survey

FT – Falantes Tardios

PBE – Prática Baseada na Evidência

PE – Português Europeu

PT-IDC II – Inventários de Desenvolvimento Comunicativo de

MacArthur-Bates II

SVO – Sujeito-Verbo-Objeto

SV – Sujeito-Verbo

TF – Terapeuta da Fala

TL-ALPE - Teste de Linguagem – Avaliação de Linguagem

Pré-Escolar

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Índice

1. Introdução ........................................................................................................1

2. Revisão da Literatura .......................................................................................3

2.1. Falantes Tardios ..............................................................................................3

2.1.1. Intervenção em Falantes Tardios .....................................................................5

2.2. Aquisição da Linguagem ..................................................................................6

2.2.1. Sintaxe .............................................................................................................8

2.2.2. Sintagma Nominal ............................................................................................9

2.2.3. Sintagma Verbal .............................................................................................10

2.2.4. Tipos de Frases .............................................................................................10

2.3. Intervenção em Sintaxe ..................................................................................11

2.3.1. Estratégias de Facilitação Gramatical ............................................................11

2.3.2. Abordagens metalinguísticas .........................................................................14

2.3.2.1. Colourful Semantics .......................................................................................15

2.4. Objetivos do Estudo .......................................................................................17

3. Metodologia ...................................................................................................19

3.1. Tipo de Estudo ...............................................................................................19

3.2. Fases Metodológicas .....................................................................................19

3.2.1. Fase 1: Construção do Programa INsyntax (a partir dos 24meses) ................19

3.2.2. Fase 2: Validação do Programa INsyntax ......................................................20

3.2.2.1. Validação de Conteúdo ..................................................................................20

3.2.2.2. Amostra..........................................................................................................21

3.2.2.3. Recolha de Dados e Instrumentos .................................................................22

3.2.2.4. Análise de Dados ...........................................................................................23

3.2.3. Fase 3: Análise da eficácia do Programa INsyntax em Falantes Tardios .......23

3.2.3.1. Considerações éticas .....................................................................................23

3.2.3.2. Amostra..........................................................................................................24

3.2.3.3. Procedimentos de Recolha de Dados ............................................................24

3.2.3.4. Instrumentos de Avaliação .............................................................................25

3.2.3.5. Medidas de Resultados ..................................................................................28

3.2.3.5.1. Intervenção ....................................................................................................28

3.2.3.6. Análise de Dados ...........................................................................................28

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4. Resultados .....................................................................................................31

4.1. Fase 1: Construção do Programa INsyntax (a partir dos 24meses) ................31

4.2. Fase 2: Validação do Programa INsyntax ......................................................32

4.2.1. Validação de Conteúdo ..................................................................................32

4.3. Fase 3: Análise da eficácia do Programa INsyntax em Falantes Tardios .......32

4.3.1. Caracterização da amostra ............................................................................32

4.3.2. Estudo da eficácia do INsyntax ......................................................................33

5. Discussão ......................................................................................................41

5.1. Fase 1: Construção do Programa INsyntax (a partir dos 24 meses) ...............41

5.2. Fase 2: Validação do Programa INsyntax ......................................................41

5.2.1. Validação de Conteúdo ..................................................................................41

5.3. Fase 3: Análise da eficácia do Programa INsyntax em Falantes Tardios .......42

5.4. Limitações e Trabalho Futuro .........................................................................45

6. Conclusão ......................................................................................................47

7. Referências Bibliográficas ..............................................................................49

Apêndices .......................................................................................................................57

Apêndice 1 - Exemplos de ilustrações que integram o Programa INsyntax ......................57

Apêndice 2 - Exemplo do material, procedimento e estratégias no ..................................58

Apêndice 3 - Questionário (A) enviado ao Painel de Peritos ............................................60

Apêndice 4 - Questionário (B) enviado ao Painel de Peritos ............................................61

Apêndice 5 - Declaração de Consentimento Livre e Informado ........................................64

Apêndice 6 - Distribuição aleatória dos participantes pelos grupos ..................................65

Apêndice 7 - Questionário sociodemográfico ...................................................................66

Anexos .......................................................................................................................67

Anexo 1 - Autorizações das entidades para a realização do estudo ................................67

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Codificação por cores dos argumentos de acordo com o Colourful

Semantics (Bryan, 1997; Bolderson et al., 2011).

16

Tabela 2: Codificação por cores dos argumentos. 20

Tabela 3. Caracterização do painel de peritos. 22

Tabela 4. Itens no Instrumento PT-IDC II forma longa (16-30 meses) (Viana et al.,

2017).

26

Tabela 5. Provas no Instrumento TL-ALPE (Mendes et al., 2014). 27

Tabela 6. Medidas de resultados: PT-IDC II forma longa e TL-ALPE. 28

Tabela 7. Caracterização da amostra na avaliação inicial. 33

Tabela 8. Resultados dos PT-IDC II e dos itens TL-ALPE no grupo experimental. 34

Tabela 9. Resultados dos PT-IDC II e dos itens TL-ALPE no grupo de controlo. 34

Tabela 10. Efeitos da implementação do INsyntax.

36

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Lista de Gráficos

Gráfico 1. Diferença dos resultados dos PT-IDC II no momento antes e depois da

implementação do INsyntax, no grupo experimental e de controlo.

35

Gráfico 2. Resultados dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo

experimental.

37

Gráfico 3. Resultados da 1ª parte dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax

no grupo experimental.

37

Gráfico 4. Resultados da 2ª parte dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax

no grupo experimental.

37

Gráfico 5. Resultados do item Formas de palavras 1 dos PT-IDC II após a

implementação do INsyntax no grupo experimental.

37

Gráfico 6. Resultados do item Verbos difíceis dos PT-IDC II após a implementação

do INsyntax no grupo experimental.

37

Gráfico 7. Resultados do item Formas de palavras 2 dos PT-IDC II após a

implementação do INsyntax no grupo experimental.

37

Gráfico 8. Resultados do item Frases dos PT-IDC II após a implementação do

INsyntax no grupo experimental.

38

Gráfico 9. Resultados do item Complexidade morfossintática dos PT-IDC II após a

implementação do INsyntax no grupo experimental.

38

Gráfico 10. Correlação dos resultados da diferença (momento pré e pós-

implementação do INsyntax) da primeira (Primeiras Palavras) e da segunda parte

(Morfologia e Sintaxe) dos PT-IDC II.

38

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1. Introdução

A prevalência de crianças identificadas como falantes tardios (FT; late talkers) é

elevada, podendo chegar aos 15% (Singleton, 2018; Colisson et al., 2016). Crianças

identificadas como FT aos 24 meses mantêm baixa performance linguística aos 48

meses, que pode prevalecer durante toda a idade pré-escolar. Mais tarde, em idade

escolar, existe maior probabilidade de manifestarem dificuldades de leitura e na

matemática, bem como problemas de comportamento (Hammer et al, 2017).

Singleton (2018) refere que nem todos os FT atingem o nível de desenvolvimento de

linguagem esperado para a sua idade sendo, por vezes, diagnosticados no primeiro

ciclo com Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem.

Os estudos de Rescorla (2009) e Hawa & Spanoudis (2014) mencionam que

adolescentes com historial de alterações no percurso de desenvolvimento da linguagem

evidenciam fracas competências linguísticas, comparativamente com os pares sem este

tipo de historial. Assim, indivíduos identificados como FT, apesar de apresentarem

scores de linguagem e de leitura dentro dos parâmetros esperados, posteriormente, na

adolescência, mantêm baixo desempenho no vocabulário, na competência gramatical e

na memória verbal.

Por outro lado, Colisson et al. (2016) afirmam que crianças expostas a ambientes

linguisticamente ricos, com mais oportunidades de brincar, às quais são mostrados

livros de imagens ou lidas histórias diariamente, bem como as que frequentam creches,

são menos propensas a serem caracterizadas como FT. Esta evidência destaca a

premência da estimulação em idades precoces.

O desenvolvimento das competências sintáticas tem sido descrito como abaixo do

esperado em FT, verificando-se um ritmo lento de aquisição de determinadas estruturas

(Singleton, 2018; Colisson et al., 2016).

Paralelamente, os estudos revelam resultados favoráveis das intervenções baseadas

no treino explícito das competências de linguagem comprometidas, nomeadamente nas

competências sintáticas (Ebbels, 2008; Levy & Friedman, 2009). Neste sentido, têm sido

desenvolvidas várias abordagens baseadas no uso de determinadas técnicas,

procedimentos e estratégias, enfatizando o importante o suporte na evidência como

forma de obter sucesso da intervenção (Ebbels, 2008).

Um dos programas de intervenção em sintaxe disponível a nível internacional é o

Colourful Semantics, com resultados favoráveis na aquisição de enunciados simples

(Bryan, 1997; Bolderson et al., 2011; Spooner, 2002). Em Portugal desconhecem-se

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programas de intervenção específicos de iniciação à sintaxe, validados para o

Português Europeu (PE), o que condiciona a atuação do Terapeuta da Fala (TF) quanto

à Prática Baseada na Evidência (PBE).

Perante esta lacuna, impera a necessidade do desenvolvimento de um programa de

intervenção precoce em sintaxe, assim como e a realização de um estudo sobre a sua

eficácia em FT. Pretende-se que este tipo de programa seja potenciador do

desenvolvimento das competências sintáticas das crianças, prevenindo o agravamento

dos défices e consequentes implicações no desenvolvimento académico e emocional

(Hammer et al, 2017).

Neste âmbito, pretende-se com a presente investigação desenvolver um Programa de

Iniciação à Sintaxe (INsyntax) e realizar um estudo da sua eficácia em FT que se

encontrem ainda na fase da palavra isolada.

Assim, a presente dissertação encontra-se organizada em seis capítulos: Introdução (1),

Revisão da Literatura (2), Metodologia (3), Resultados (4), Discussão (5) e Conclusões

(6).

No primeiro capítulo, Introdução, definem-se as motivações do estudo e apresenta-se a

estrutura da dissertação. No segundo capítulo, Revisão da Literatura, definem-se os

conceitos basilares abordados ao longo da dissertação acerca das crianças falantes

tardios e a intervenção com este grupo de crianças, o desenvolvimento da linguagem,

particularmente na área da sintaxe até aos 30 meses de idade, e apresentam-se os

princípios da intervenção em sintaxe. O capítulo termina com a apresentação dos

objetivos da investigação. No terceiro capítulo, Metodologia, descrevem-se as opções

metodológicas adotadas nas diversas fases da investigação. No quarto capítulo,

Resultados, apresentam-se os resultados obtidos nas várias fases do estudo. O quinto

capítulo, consiste na Discussão dos resultados apresentados, na exposição das

limitações do estudo, bem como são perspetivados trabalhos futuros que possam dar

continuidade ao aqui apresentado. Por fim, no sexto capítulo, elabora-se um sumário do

trabalho desenvolvido ao longo deste estudo e expõem-se as principais conclusões

obtidas. No final, encontram-se as Referências Bibliográficas e, nos Apêndices e

Anexos, os elementos que serviram de complemento ao estudo realizado.

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2. Revisão da Literatura

2.1. Falantes Tardios

O termo falantes tardios (FT) refere-se a crianças entre os 18 e os 35 meses de idade

que, na ausência de défices cognitivos, neurológicos, socioemocionais ou sensoriais,

apresentam um padrão de aquisição linguística caracterizado pela emergência tardia da

linguagem, com baixo desempenho linguístico, comparativamente com os pares da

mesma idade. Este quadro é caracterizado pela aquisição de linguagem a um ritmo mais

lento do que o esperado, com vocabulário expressivo limitado, sendo também descritos

défices ao nível da compreensão (Singleton, 2018; Colisson et al., 2016). Crianças

identificadas como FT aos 24 meses, quando reavaliadas aos 48 meses mantêm baixa

performance linguística, que pode prevalecer durante toda a idade pré-escolar. Mais

tarde, em idade escolar, existe maior probabilidade de manifestarem dificuldades de

leitura e na matemática, assim como problemas de comportamento (Hammer et al,

2017).

Apesar de não ser vinculativo que crianças FT venham a apresentar uma perturbação

de linguagem, na adolescência evidenciam fracas competências linguísticas,

comparativamente com os pares sem historial de défice no desenvolvimento de

linguagem. As descrições da literatura apontam para baixo desempenho no vocabulário,

na gramática e na memória verbal em adolescentes que tiveram o diagnóstico de FT,

apesar de apresentarem scores de linguagem e de leitura dentro dos parâmetros

esperados (Rescorla, 2009; Hawa & Spanoudis, 2014).

Como descrito em estudos anteriores, nem todos os FT atingem o nível de

desenvolvimento de linguagem esperado para a sua idade, sendo estes, por vezes,

diagnosticados no primeiro ciclo com Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem

(Singleton, 2018).

Assim, Singleton (2018) menciona a prevalência de 15% de FT e Colisson et al. (2016)

indicam uma prevalência de 12,6% nos FT, num estudo com crianças entre os 24 e os

30 meses, avaliadas com a checklist MacArthur-Bates Communicative Development

Inventories (CDI). Neste último estudo, os autores encontraram fatores de risco

variados, nomeadamente, ser do sexo masculino e historial familiar aquisição tardia de

linguagem. Adicionalmente, descrevem ainda que crianças a quem são dadas mais

oportunidades de brincar informalmente e a quem são mostrados livros de imagens ou

lidas histórias diariamente, bem como as que frequentam creches são menos propensas

a ser caracterizadas como FT (Colisson et al., 2016).

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Singleton (2018) refere alguns sinais de alerta para os FT, nomeadamente vocabulário

inferior a 50 palavras e/ou falta de combinações de palavras aos 24 meses, para além

de critérios adicionais, como compreensão verbal pobre ou preocupação parental com

o desenvolvimento linguístico.

Considerando a importância da identificação precoce de FT, deve ser realizada uma

avaliação de linguagem das crianças até aos 24 meses com desenvolvimento de

linguagem tardio. Esta avaliação deve contemplar o desenvolvimento do vocabulário, a

combinação de palavras e a compreensão de palavras e frases (Rescorla, 2009; Frota

et al., 2016).

Neste sentido, vários estudos longitudinais estabeleceram como critério de identificação

de FT a existência de um ou dois desvios padrão abaixo da média nas capacidades de

produção de linguagem (Hawa & Spanoudis, 2014). Para além disso, a literatura enfatiza

ainda a importância das informações reportadas pelos pais relativamente ao vocabulário

da criança, com base em instrumentos como a checklist Language Development Survey

(LDS) ou a checklist MacArthur-Bates Communicative Development Inventories (CDI)

(Hawa &Spanoudis, 2014).

A LDS é uma das ferramentas de rastreio de linguagem expressiva para crianças com

idade compreendida entre os 16 e os 30 meses, para a população americana. O

preenchimento é efetuado pelos pais em cerca de 10 minutos, visando a identificação

de crianças FT até aos 24 meses (Rescorla, 1989). Este instrumento foi adaptado,

validado e aferido para o PE, designando-se por Sistema de Avaliação Empiricamente

Validado (ASEBA): Um sistema integrado de avaliação com múltiplos informadores

(Machado et al., 2014).

Outro instrumento utilizado no despiste de crianças com défices de linguagem é a

checklist MacArthur-Bates Communicative Development Inventories (CDI) (Fenson et

al., 2000, 2007). Este questionário, à semelhança do anterior também é preenchido

pelos pais sendo utilizado como ferramenta na identificação de FT (Hawa e Spanoudis,

2014). Existe desde 2017 uma versão da CDI adaptada para o PE, designando-se

Inventários de Desenvolvimento Comunicativo MacArthur-Bates II (PT-IDC II), avaliando

o desenvolvimento de vocabulário, a produção morfológica de palavras complexas e a

combinação de palavras (Viana et al., 2017).

Segundo Vehkavuori & Stolt (2018), o despiste de FT pode ainda ser realizado pela

Communication and Symbolic Behavior Scales Development Profile Infant Checklist

(Wetherby & Prizant, 2002) e pela versão curta da CDI, que é aplicada através de um

questionário aos pais de crianças entre os 8 e 30 meses (Fenson et al., 2000). Esta

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checklist encontra-se traduzida, adaptada e validada para o PE (Frota et al., 2016).

Trata-se de uma ferramenta útil, eficaz e válida para o despiste de alterações de

linguagem, que pode ser aplicada a crianças com desenvolvimento típico ou atípico,

tanto falantes monolingues como em crianças em contexto de aquisição bilingue (Frota

et al., 2016).

Hawa & Spanoudis (2014), mencionam ainda pontos de corte para esta condição como

sendo abaixo do percentil 15 na checklist LDS ou abaixo do percentil 10 nos PT-IDC II.

O desenvolvimento sintático é uma área que se encontra geralmente abaixo do

esperado em crianças descritas como FT (Colisson et al., 2016; Rescorla et al., 2015;

Singleton, 2018). Apesar da existência de programas de estimulação de linguagem

direcionados para o aumento do léxico em FT, verifica-se uma melhoria significativa

destas crianças ao nível do vocabulário, porém a sintaxe mantêm-se abaixo do

esperado comparativamente aos pares, tornando evidente a necessidade da

intervenção direta a este nível (Kruythoff-Broekman et al., 2019).

2.1.1. Intervenção em Falantes Tardios

Na literatura é mencionada uma perspetiva, “Olhar e Ver” (no original “Watch and See”),

que consiste não propriamente numa intervenção direta com a criança, mas numa

monitorização atenta do seu desenvolvimento (Rescorla & Dale, 2013). Esta modalidade

de monitorização deve-se ao facto de o autor, Paul (1996), ter constatado no seu estudo

que 74% das crianças que haviam sido identificadas como falantes tardios aos 2 anos

de idade, aquando a entrada no primeiro ano de escolaridade mostravam sinais de

recuperação, com níveis de desenvolvimento de linguagem próximos do esperado. Não

obstante, ressalva-se que apesar das pontuações das avaliações destas crianças FT se

aproximarem na média padronizada, ainda se encontravam num nível inferior às do

grupo de controlo constituído por crianças com desenvolvimento típico (Rescorla & Dale,

2013).

Genericamente, são mencionadas na literatura três abordagens de intervenção de

linguagem em falantes tardios, Estimulação de Linguagem Genérica, Estimulação de

Linguagem Focada e Ensino Milieu (Rescorla & Dale, 2013).

A abordagem Estimulação de Linguagem Genérica envolve modificações nos contextos

físico e linguístico, visando o aumento da exposição a modelos adultos adequados, por

forma a usarem a linguagem no potencial máximo das suas capacidades. Pode ser

implementada por um clínico ou por um pai, mas sem pedir diretamente à criança para

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produzir palavras específicas, combinações de palavras ou determinadas estruturas

gramaticais. Os estudos de Robertson & Ellis Weismer (1999) e Buschmann et al. (2009)

revelaram ganhos significativos com a Estimulação de Linguagem Genérica.

A abordagem de intervenção Estimulação de Linguagem Focada, ao contrário da

anterior, envolve a identificação de alvos específicos ao nível da linguagem para os

quais são direcionados os esforços do clínico e os recursos de aprendizagem da

criança. Na investigação realizada, são descritos ganhos significativos com esta

perspetiva de intervenção (Girolametto et al., 1996, 1997, 2001), sendo referidos

benefícios a nível sintático com este tipo de intervenção em falantes tardios (Girolametto

et al., 1996).

No Ensino Milieu, tal como na Estimulação de Linguagem Focada, são identificados

objetivos específicos onde o adulto foca a sua intervenção. A distinção entre estas duas

abordagens encontra-se no facto de na segunda nunca ser pedido à criança a imitação

das produções do adulto. No Ensino Milieu espera-se que a criança use a estrutura alvo

corretamente, durante o momento de ensino, devendo o adulto recorer à modelagem,

incitando a imitação por parte da criança, caso seja necessário para atingir o objetivo

previamente definido (Rescorla & Dale, 2013).

A literatura reconhece ganhos em todas as abordagens de intervenção, tendo maior

benefício as mais focadas como a Estimulação de Linguagem Focada ou o Ensino

Milieu, principalmente quando necessário desenvolver competências de linguagem mais

específicas a nível lexical e sintático, como é o caso de determinadas estruturas

sintáticas (Rescorla & Dale, 2013).

Os estudos internacionais, no âmbito da intervenção com FT ao nível da linguagem,

revelam efeitos positivos com diferentes tipos de intervenção em FT, quer seja

implementada pelos pais quer pelo clínico, tanto em contexto domiciliário como de

gabinete (Girolameto et al., 1997; Deveney et al., 2017; Zuccarini et al., 2020). São

mencionadas melhorias linguísticas, nomeadamente, a nível lexical e sintático (Deveney

et al., 2017; Zuccarini et al., 2020).

2.2. Aquisição da Linguagem

Na literatura são mencionadas várias abordagens teóricas que procuram explicar o

desenvolvimento da linguagem, seguindo-se quatro das mais referidas, a

comportamentalista de Skinner (1957), a cognitivista de Piaget (2002), o construtivismo

de Vygotsky e a inatista de Chomsky (anos 50).

Page 29: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

7

A primeira teoria defende que a linguagem é aprendida por reprodução de

comportamentos, através de mecanismos de reforço entre o estímulo e a resposta

produzida pelo meio (Skinner, 1957).

De acordo com a perspetiva cognitivista, Piaget (2002) considera a linguagem como

uma aquisição cognitiva resultante de um processo de evolução em diferentes níveis de

organização cognitiva cada vez mais complexos. Nesta corrente, a linguagem é vista

como um instrumento de pensamento determinado pelas aquisições e capacidades

cognitivas.

A teoria do construtivismo defende que a criança adquire linguagem através do input do

meio ambiente a que está exposta. Nesta corrente o foco é mantido no meio ambiente

e na qualidade e quantidade de inputs que a criança tem acesso (Owens, 2012).

Por outro lado, Chomsky nos anos 50, na corrente inatista, explica a aquisição da

linguagem como uma capacidade geneticamente determinada, uma espécie de núcleo

fixo inato (Ferreira, 2008). O autor defende que as crianças nascem com faculdades

mentais dedicadas especificamente ao desenvolvimento da linguagem, que irão

amadurecer e desenvolver-se ao longo do tempo, em função da qualidade e qualidade

do input ambiental que as rodeia (Costa & Santos, 2003). Esta perspetiva pretende

explicar muitos dos fenómenos linguísticos que ocorrem em fase de aquisição,

nomeadamente, o facto de as crianças reproduzirem tendencialmente palavras e frases

que nunca ouviram, de forma sistemática (Guasti, 2002; Costa & Santos, 2003). Alguns

estudos verificaram que os bebés possuem capacidades precoces de tratamento de

informação linguística, analisando acusticamente e realizando a discriminação seletiva

de estruturas linguísticas (Costa & Santos, 2003).

Segundo Chomsky, o desenvolvimento da linguagem pressupõe um Mecanismo de

Aquisição de Linguagem, em inglês designado por “Language Aquisition Device” (LAD),

que se trata de um órgão biologicamente pré-programado para a linguagem verbal. Este

processo ocorre de acordo com um conjunto de princípios linguísticos geneticamente

determinados, a Gramática Universal (GU), e específicos à espécie humana, que

operam logo no estado inicial do conhecimento linguístico do ser humano. A gramática

do adulto corresponde ao modo estável do conhecimento linguístico de uma

determinada língua (Raposo, 1992; Faria, 1996).

A existência da Gramática Universal é reforçada pelo facto de existir uma sequência

idêntica de etapas do desenvolvimento da linguagem nas crianças, independentemente

da língua a que são expostas (Ferreira, 2008).

Page 30: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

8

2.2.1. Sintaxe

A sintaxe define-se como a combinação de duas ou mais palavras em enunciados com

sentido. A frase é tradicionalmente constituída por um sujeito, o argumento externo do

predicador, e um predicado, constituído pelo predicador e os seus elementos internos.

O sujeito corresponde ao constituinte que desencadeia a concordância verbal e ,no

caso do PE ocorre, nas frases mais básicas, na primeira posição argumental. O

predicado consiste no verbo e nos seus complementos (Corrêa et al., 2017; Mateus et

al., 2003).

A predicação refere-se não só à relação tradicional entre o sujeito e o predicado, como

também à relação estabelecida entre um núcleo lexical, como um verbo, e os seus

argumentos (Mateus et al., 2003).

Entende-se por argumento os elementos sintáticos necessários à formação da frase,

obrigatórios ou facultativos, selecionados pelo verbo ou previstos na sua estrutura

argumental (i.e. sujeito e complementos) (Mateus et al., 2003).

Analisando as estruturas de base no PE, verifica-se que tal como a generalidade das

línguas românicas contemporâneas, é uma língua de ordem canónica SVO (i.e. Sujeito-

Verbo-Objeto) ou seja, nas frases básicas, o sujeito (S) precede o predicado e este, por

seu lado, apresenta como núcleo o verbo (V), seguindo-se-lhe o complemento ou

complementos verbais (O), sempre que selecionados pelo verbo. Neste caso, o termo

objeto (O) refere-se aos modificadores adjuntos ao sintagma verbal. A ordem canónica

dos elementos remete para a ordem básica dos constituintes frásicos (Martins & Costa,

2016).

No que diz respeito à aquisição da estrutura frásica, Guasti (2002) refere que, por volta

dos 2 anos de idade, as crianças começam a combinar palavras embora Owens (2012)

defenda que esta combinação de duas palavras surge mais precocemente, por volta

dos 18 meses de idade. Entre os 2 e os 3 anos, as crianças aparentam já possuir um

conhecimento morfossintático bastante desenvolvido, com marcação de parâmetros

que definem a estrutura frásica, nomeadamente do movimento do verbo para flexão.

Nesta faixa etária, as crianças compreendem que a concordância de sujeito é uma

relação de dependência estrutural entre um núcleo e um constituinte num especificador,

para além de conhecerem já propriedades morfológicas dos verbos e categorias lexicais

e funcionais (Guasti, 2002).

Corrêa & Augusto (2017, p. 122) definem que “Sintagmas ou constituintes oracionais

são unidades sintáticas que compõem a estrutura hierárquica de orações das línguas

Page 31: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

9

naturais.” Os sintagmas são constituídos por um ou mais elementos e tradicionalmente

definidos como: sintagma nominal (SN), quando tem como núcleo o nome; sintagma

verbal (SV), sendo o verbo o elemento nuclear (Corrêa et al., 2017).

Ao longo do primeiro ano de vida, a criança vai retirando do meio linguístico pistas que

lhe possibilitam a identificação de unidades lexicais que se distinguem não só pelas

propriedades fonológicas e semânticas como também sintáticas. Estas últimas dizem

respeito ao modo como as unidades lexicais se combinam em enunciados de forma

estruturada. Deste modo, constata-se que no desenvolvimento da linguagem, a

aquisição sintática desde idades muito precoces revela não só um programa biológico

comum, como também reflete o resultado de um processo de identificação do que é

característico e específico de cada língua (Corrêa et al., 2017).

2.2.2. Sintagma Nominal

Os sintagmas nominais referem-se aos constituintes que podem ocupar diferentes

posições na frase e assumir posições de complementação ou de modificação.

Habitualmente, incluem um nome (comum ou próprio) ou exclusivamente um pronome

pessoal. Podem ainda incluir, além do nome, outros elementos como determinantes,

adjetivos, sintagmas preposicionais e orações relativas (Mateus et al., 2003).

As etapas no domínio do sintagma nominal decorrem desde os primeiros enunciados

linguísticos, nos quais são frequentes os substantivos comuns em enunciados de uma

palavra nomeando objetos, pessoas ou classes de elementos de um mesmo tipo

(Gentner & Boroditsky, 2001).

As primeiras combinações de palavras sugerem uma variedade de possibilidades de

uma estrutura onde um constituinte de natureza nominal se encontra presente. Nesta

fase, o respeito pela ordem das palavras/constituintes da língua já é observada (Brown,

1973; Martins 2007).

O uso produtivo da concordância sujeito/verbo surge entre os 2;6 e os 3 anos de acordo

com Theakston et al. (2003), alcançando apenas aos 4 anos de idade uma taxa de

acertos de 90% para o número de ocorrências do morfema de 3ª pessoa, em tarefas de

produção elicitada, no estudo de Rice & Wexler (2002).

Page 32: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

10

2.2.3. Sintagma Verbal

Os primeiros enunciados da criança, aos 18 meses, apresentam pouco mais do que

uma palavra e são designados de “telegráficos” por serem caracterizados pela ausência

de verbos copulativos, determinantes e verbos auxiliares, assim como flexão. Contudo,

de modo geral, as crianças revelam uma aproximação à gramática adulta,

especialmente no que diz respeito à ordem canónica dos elementos na frase, apontando

para uma fixação precoce deste parâmetro. São raros os erros relativamente à ordem

das palavras nos enunciados, particularmente no que diz respeito ao verbo e ao

complemento (Bloom, 1970; Brown, 1973).

2.2.4. Tipos de Frases

Guasti (2002) defende que desde idades precoces as crianças apresentam produções

que se aproximam da gramática adulta. De acordo com Hirsh-Pasek & Golinkoff (1996),

a partir dos 17 meses as crianças compreendem frases ativas reversíveis, o que

demonstra a aquisição precoce desta estrutura.

Entre os 2 e os 3 anos de idade, constata-se um enorme crescimento a nível gramatical,

quer ao nível da densidade quer da variabilidade das estruturas sintáticas utilizadas

(Cadime et al., 2021). Surgem já algumas subordinadas, logo a partir dos 2 anos,

nomeadamente as completivas, primeiro as infinitivas como complemento do verbo

querer (veja-se (1) e (2)) e mais tarde as finitas (3), bem como algumas subordinadas

adverbiais (4) (Santos et al., 2017).

(1) a (I)nês que(r) i(r) pa(ra) a casa. (INI, 1;10.29) [corpus Santos]

(2) a foca qu(er)ia sai(r). (TOM, 2;1.7) [corpus Santos]

(3) acho [ que é difí(cil) ]. (TOM, 2;5.3) [corpus Santos]

(4) ponh(o) aí pa(ra) faze(re)s [?] # (es)tá? (TOM, 2;8.9) [corpus Santos]

Os exemplos acima descritos foram retirados do corpus de Santos (2006) disponível na

plataforma CHILDES.

Aos 2 anos surge também o verbo com a negação frásica (Pierce, 1992), as primeiras

passivas, as estativas (Minello & Lopes, 2013), assim como as interrogativas tipo Q

(Soares, 2006). As primeiras interrogativas tipo Q são com o verbo ser (5), seguindo-se

as interrogativas introduzidas por Onde e Quem (Santos, 2017; Corrêa et al., 2017;

Cadime et al. , 2021).

Page 33: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

11

(5) O que é isto? (1;10) [corpus Soares]

O exemplo anteriormente descrito foi retirado do corpus de Soares (2006) in Santos

(2017).

Outras estruturas que surgem na produção espontânea entre os 2 e os 3 anos são as

clivadas. As crianças começam por produzir clivadas de “é que” e clivadas de “ser” e,

tal como no caso das relativas, nos períodos iniciais de produção verifica-se

ocasionalmente a omissão do complementador, como em (6) (Lobo & Soares-Jesel,

2017).

(6) Era este (es)tava aqui! (2;7) (Lobo & Soares-Jesel, 2017)

2.3. Intervenção em Sintaxe

Os estudos têm revelado resultados favoráveis nas intervenções baseadas no treino

explícito das competências de linguagem comprometidas, nomeadamente a nível

sintático (Ebbels, 2008; Levy & Friedman, 2009). Existem várias abordagens neste

sentido que se baseiam no uso de determinadas técnicas, procedimentos e estratégias,

sendo importante o suporte na evidência para o sucesso da intervenção (Ebbels, 2008).

2.3.1. Estratégias de Facilitação Gramatical

As estratégias de facilitação gramatical que visam a promoção de competências

gramaticais, através do uso frequente da forma que se pretende promover na criança,

têm revelado resultados favoráveis em crianças mais pequenas. As estratégias mais

comuns de facilitação gramatical são imitação, modelagem, estimulação focada e

reformulação (Ebbels, 2008).

No caso da imitação, o adulto produz o estímulo (representativo da estrutura alvo)

pretendendo que a criança imite a estrutura sintática, recebendo reforço para as

produções corretas (ver (7)). O modelo adulto e os reforços são graduados, sendo

progressivamente reduzidos até que a criança produza o alvo sem necessidade de

exposição ao mesmo. Com o recurso à imitação como estratégia de facilitação

gramatical, verifica-se dificuldade na generalização a outras produções (Ebbels, 2008).

(7) O TF produz a estrutura Sujeito-Verbo (SV) “O gato molha” e espera que a

criança imite esta estrutura alvo, incentivando-a a fazê-lo.

Page 34: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

12

Na modelagem e na estimulação focada, o objetivo é que a criança escute os exemplos

da estrutura alvo, não sendo necessário que os repita. Na modelagem, apesar de não

serem fornecidas orientações explícitas, a atenção da criança é direcionada para as

imagens, cenário ou brinquedos (ver (8)).

(8) O TF produz a estrutura SVO “O gato molha o chão”, fornecendo o modelo

pretendido, enquanto aponta para os pictogramas correspondentes a cada

elemento. A criança pode repetir ou não o estímulo fornecido. Se não o fizer, o

TF avança para outro.

Por contraste, na estimulação focada a atenção da criança não é dirigida para o

estímulo. Neste caso, pretende-se que seja produzida uma nova estrutura com a

aplicação da mesma regra, não correspondendo a uma imitação exata do modelo

fornecido (ver (9)). Geralmente, é dado feedback para possibilitar a correção da

produção da criança. O grau de modelagem é reduzido à medida que a criança começa

a usar a nova regra de forma produtiva. A produção evocada em resposta a uma imagem

ou situação pode seguir a modelagem ou um período de estimulação focada (Ebbels,

2008).

(9) O TF recorre a uma fotografia de um piquenique fornecida pela família.

Descreve uma das ações presentes, com recurso à estrutura SVO + locativo,

dizendo “O pai come o bolo no parque”. Pretende-se que a criança produza uma

estrutura similar com variação lexical, por exemplo: “A mãe bebe sumo no

parque”.

A reformulação consiste na manipulação de atividades lúdicas de forma a aumentar as

oportunidades de a criança usar determinada forma gramatical. O adulto não assume

um papel diretivo, porém reformula quando a criança comete um erro, recorrendo à

estrutura alvo (ver (10)). O contraste imediato entre as duas formas deve dirigir a

atenção da criança para os aspetos em que diferem, centrando-as nas características

da reformulação. Esta estratégia baseia-se no pressuposto teórico de que existe maior

probabilidade de a criança se interessar pelo que o adulto diz se estiver semanticamente

ligada à situação e à sua participação anterior (Ebbels, 2008).

(10) A criança descreve espontaneamente uma imagem de ação dizendo “O cão.”

O TF reformula recorrendo à estrutura alvo, “O cão molha”.

A reformulação poderá ser mais eficaz do que a imitação na promoção do uso

espontâneo das estruturas alvo. Contudo, a imitação leva a uma produção mais rápida

Page 35: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

13

do alvo em crianças com idades entre os 4 e os 10 anos (Camarata & Nelson, 1992;

Camarata et al., 1994; Nelson et al., 1996)

Existem outras estratégias de facilitação gramatical como o fala sobre si próprio (self-

talk) e a fala paralela (parallel talk). A fala sobre si próprio consiste na descrição das

ações resultantes da manipulação dos brinquedos por parte do adulto enquanto brinca

com a criança (ver (11)).

(11) Numa atividade na casinha, o TF descreve as suas ações enquanto brinca

com a criança dizendo “O menino está a lavar o prato na cozinha”, “O menino

limpa o prato na cozinha”, “O menino come o bolo na cozinha”.

Por seu lado, na fala paralela é realizada descrição das ações resultantes da

manipulação dos brinquedos por parte da criança (ver (12)). Ambas as estratégias, a

fala sobre si próprio e a fala paralela, maximizam a possibilidade de usar o modelo em

discurso espontâneo (Paul, 2007; Paul & Norbury, 2012).

(12) Numa atividade na casinha, o TF descreve as ações da criança enquanto

brincam juntos dizendo “A menina come o bolo na cozinha”, “A menina veste a

saia no quarto.”

Uma outra estratégia é a expansão gramatical, que consiste na expansão do enunciado

da criança para uma forma gramatical mais complexa, o que aumenta a probabilidade

de produzir o alvo, promovendo o desenvolvimento sintático (ver (13)) (Paul, 2007; Paul

& Norbury, 2012).

(13) A criança nomeia apenas sujeito de uma determinada ação, e.g. “A menina”,

e o terapeuta intervém dizendo “A menina pinta”, expandindo assim para a

estrutura SV.

É importante referir que, na intervenção linguística, é possível associar várias

estratégias de facilitação gramatical, potenciando a eficácia da intervenção, com vista

ao rápido alcance dos objetivos propostos (Ebbels, 2008).

A modelagem, a estimulação provocada e a reformulação, usadas de forma combinada,

demonstraram ser eficazes na generalização ao contexto de discurso espontâneo de

novas regras gramaticais aprendidas (Culatta & Horn, 1982; Fey et al., 1997)

Os métodos de facilitação gramatical são eficazes no desenvolvimento da morfologia e

sintaxe a nível expressivo, em crianças pré-escolares e em idade escolar com

perturbações de linguagem expressiva. Verifica-se que a modelagem é mais benéfica

Page 36: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

14

quando acompanhada por evocação provocada e que a reformulação promove uma

generalização mais rápida para discurso espontâneo do que a imitação (Ebbels, 2008).

Apesar de as estratégias de intervenção gramatical poderem ser implementadas em

abordagens menos estruturadas, como na conversação, têm sido também associadas

a abordagens mais estruturadas. Verifica-se que crianças com menor funcionamento a

nível linguístico ou de QI não verbal, beneficiam mais de abordagens estruturadas, por

contraste com crianças com funcionamento mais elevado, que parecem ter melhor

desempenho com abordagens mais interativas (Ebbels, 2008). Pelo referido, constata-

se a necessidade de considerar a relação entre o sucesso de métodos de intervenção

e as características das crianças envolvidas (Ebbels, 2008).

Perante o exposto, conclui-se que as diferentes abordagens de intervenção devem ser

ajustadas às crianças de acordo com as suas características e competências sintáticas

(Ebbels, 2008).

As estratégias de facilitação gramatical acima descritas devem ser utilizadas desde cedo

associadas a jogos linguísticos. Estas brincadeiras revelam um papel importante no

desenvolvimento de linguagem com benefícios ao nível da aquisição de competências

linguísticas, tornando-as num importante recurso a ser usado na terapia (Crystal, 1996).

A implementação das diferentes estratégias na intervenção em sintaxe, deve ser

acompanhada da aferição da sua eficácia, medida pelas evoluções verificadas aquando

do término da intervenção mas também pela sua manutenção num período follow up,

garantindo que os efeitos se mantiveram. Deste modo, é importante verificar se as

crianças generalizam alvos linguísticos semelhantes e se a intervenção aumenta o

desempenho linguístico em situação espontânea, tanto na componente compreensiva

como expressiva, em variados contextos (Ebbels, 2008).

2.3.2. Abordagens metalinguísticas

As abordagens metalinguísticas consistem no ensino explícito da linguagem, muitas

vezes, no contexto de pistas visuais específicas. Este tipo de abordagens baseia-se em

pressupostos teóricos que indicam que a codificação de partes da fala, poderia ajudar

crianças com capacidades limitadas ao nível da produção e compreensão de linguagem.

Foi este o caso do “Color Pattern Scheme”, desenhado para crianças com “afasia

recetiva”, com o objetivo de melhorar a produção de linguagem escrita, mesmo em

contacto de grandes limitações linguísticas (Lea, 1965).

Page 37: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

15

Também Kaldor, Robinson e Tanner (2001) descrevem benefícios do uso de cores

diferentes para codificar partes da fala, tendo criado o “Spotlights on Language

Communication System”, como forma de auxiliar no desenvolvimento da linguagem das

crianças com Perturbação de Desenvolvimento de Linguagem e de alguns casos de

autismo.

Várias são as abordagens que se baseiam na codificação de partes do discurso,

nomeadamente o Colourful Semantics (Bryan, 1997) e o Shape Codding (Ebbels, 2008).

2.3.2.1. Colourful Semantics

Em 1997, Bryan descreveu a terapia que usava com uma criança de 5;10 anos, com

dificuldades na construção frásica, no respeito pela ordem canónica dos constituintes e

na recuperação das palavras. O autor recorreu a um código de cores para assinalar

partes das frases e designou o método de Colourful Semantics. O método utiliza códigos

de cores para cada papel temático da frase, no sentido de ajudar as crianças a identificá-

los e assim criar uma variedade de frases que cumpram a estrutura argumental.

No seu estudo, Bryan realizou 3 meses de intervenção com a criança e verificou que a

pontuação num teste de linguagem expressiva melhorou, com equivalência a 12/18

meses de desenvolvimento. A criança alvo de intervenção passou a usar a estrutura

canónica correta nas frases, para além de se notar a diversificação dos verbos utilizados

(Bryan, 1997).

Estudos publicados baseados neste método de intervenção revelam resultados

favoráveis, nomeadamente diversificação dos verbos produzidos, utilização mais

frequente da estrutura canónica adequada, maior número de enunciados com adjuntos,

melhoria no uso de conjunções e pronomes bem como na conjugação verbal. Para além

disso, verifica-se um aumento geral da pontuação em testes de linguagem formal

(Spooner, 2002).

A propósito do tema, Bolderson et al. (2011) realizaram um estudo de eficácia, com a

metodologia serie de casos recorrendo a medidas repetidas, em crianças com 5 e 6

anos de idade. Todas as seis crianças apresentavam um número limitado de verbos,

escasso conhecimento do seu uso e omitiam informação relevante do ponto de vista

semântico. Os participantes foram monitorizados durante um período de 8 semanas de

terapia. Foram avaliados no início e no fim do período de linha de base e após a terapia.

Page 38: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

16

Os verbos escolhidos tiveram por base o desenvolvimento lexical típico, tendo sido

estabelecidos objetivos de intervenção individuais para cada sessão (Bolderson et al.,

2011).

Cada criança recebeu intervenção individualizada, ao longo de 8 semanas, com sessões

bissemanais, cuja duração era cerca de 30 a 45 minutos.

A ordem de introdução dos argumentos seguida foi a mesma que havia sido utilizada

anteriormente por Bryan (1997):

− agente + verbo

− verbo + tema

− verbo + locativo

− agente + verbo + locativo

− verbo + descrição

− agente + verbo + tema + locativo

− agente + verbo + tema + alvo. (Bolderson et al., 2011)

Cada argumento foi codificado com uma cor, associado a uma questão-chave (veja-se

tabela 1) e complementado com um gesto do Makaton (Walker, 1972).

Tabela 1: Codificação dos argumentos por cores no Colourful Semantics (Bryan, 1997; Bolderson et al.,

2011).

Foram definidos procedimentos e estratégias específicas para a implementação do

método ao longo das sessões. A maior parte das sessões consistia em tarefas que

privilegiavam a escuta e conversação com recurso a imagens (cenários), incluindo

também a sua descrição (Bolderson et al., 2011).

Questão Código de cor Referente

O que estão a fazer? Amarelo Verbo

Quem? Laranja Agente

O quê? Verde Tema

Onde? Vermelho Locativo

(Como é?) Azul (e forma de nuvem) Descrição

A quem? Rosa Recipiente/objetivo.

(Quando?) Castanho Tempo

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No final da intervenção, verificaram-se evoluções significativas na produção, ganhos

que se constataram inclusivamente em verbos que não foram alvo de intervenção direta,

revelando assim a generalização das competências por parte das crianças. A avaliação

final de algumas das crianças atingiu valores máximos e verificou-se melhoria em testes

de linguagem expressiva. A narrativa embora tenha permanecido abaixo do esperado

para a idade, melhorou substancialmente, atendendo ao seu perfil inicial (Bolderson et

al., 2011).

Os autores deste estudo pensam que terão contribuído para o sucesso da intervenção

fatores como a repetição das estratégias, o recurso a imagens desenhadas e o facto de

os verbos selecionados serem familiares para as crianças. Concluem ainda que a

utilização de verbos comuns nas tarefas potencia a aquisição de outros verbos com os

mesmos argumentos (Bolderson et al., 2011).

Genericamente, os resultados deste estudo revelam que uma intervenção explícita e

teoricamente fundamentada demonstra resultados benéficos em crianças com

competências ao nível da linguagem expressiva abaixo do espectável para a sua faixa

etária (Bolderson et al., 2011).

Apesar dos benefícios descritos com o ensino explícito das competências sintáticas,

não é conhecido um programa de intervenção para iniciação à sintaxe para crianças

falantes do PE que esteja devidamente validado.

2.4. Objetivos do Estudo

Definiu-se como objetivo geral do presente estudo, a elaboração de um Programa de

Iniciação à Sintaxe, o INsyntax, para crianças a partir dos 24 meses e o estudo da sua

eficácia num grupo de crianças identificadas como FT, entre os 24 e os 30 meses . Este

objetivo, de caráter geral, subdivide-se em três mais específicos, seguidamente

expostos:

a) Elaborar o Programa INsyntax, destinado a crianças a partir dos 24 meses,

incluindo a definição de objetivos terapêuticos (hierarquizados em função do nível de

complexidade sintática), bem como a descrição de atividades, procedimentos e

estratégias. Este objetivo pressupõe a elaboração de um Manual de Aplicação;

b) Validar o conteúdo do Programa de intervenção, através de uma painel de

peritos, selecionado com base num conjunto de critérios previamente definidos;

c) Estudar os efeitos deste Programa de intervenção em crianças identificadas

como FT, recorrendo a um estudo experimental e randomizado.

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18

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19

3. Metodologia

3.1. Tipo de Estudo

O presente estudo tem 3 fases. Relativamente à primeira e segunda fases, nas quais

se desenvolveu e validou o conteúdo do Programa, considera-se um estudo do tipo

transversal e descritivo com uma abordagem quantitativa. Na terceira fase, em que se

pretendeu medir os efeitos do Programa INsyntax, o estudo é longitudinal e

experimental, com uma abordagem quantitativa (Fortin, 2009).

3.2. Fases Metodológicas

3.2.1. Fase 1: Construção do Programa INsyntax (a partir dos 24meses)

Perante a ausência de programas na iniciação à sintaxe e de estudos nesta área para

FT, procedeu-se à criação do Programa INsyntax para crianças de idades a partir dos

24 meses.

A criação deste Programa teve por base a revisão bibliográfica mencionada

anteriormente. O INsyntax assenta nos princípios-base do Colourful Semantics,

incluindo estratégias de facilitação gramatical descritas na literatura (Bryan, 1997;

Ebbels, 2008; Paul, 2007; Paul & Norbury, 2012).

Atendendo ao objetivo do Programa INsyntax e à população-alvo, tendo por base os

princípios de Bryan (1997), respeitando o desenvolvimento sintático e lexical esperado

para esta faixa etária e organizando os objetivos sintáticos por complexidade, foi

definida a ordem dos argumentos, em cinco níveis hierarquizados:

Nível I – Agente (função sintática sujeito)

Nível II – Agente/ Verbo

Nível III – Agente/ Verbo/ Tema

Nível IV – Agente/ Verbo/ Tema/ Locativo

Nível V – Generalização

Cada argumento foi identificado com uma cor e uma questão representada com um

pictograma (Bolderson et al., 2011). A codificação por cores dos argumentos utilizada

no Programa é apresentada na tabela 2.

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Tabela 2: Codificação por cores dos argumentos.

Posteriormente, estabeleceram-se os objetivos de intervenção para cada competência

sintática, bem como a respetiva hierarquização em função da ordem dos argumentos

supracitada. De seguida, delineou-se a atividade e definiu-se, em cada nível, as

estratégias e materiais necessários para a implementar.

Por fim, descreveram-se pormenorizadamente, no manual de aplicação, os

procedimentos necessários à realização da atividade. No apêndice 1 podem consultar-

se exemplos das ilustrações do INsyntax criadas pela Brígida Machado, de acordo com

os estímulos pretendidos.

Sugerem-se oito sessões para a implementação do INsyntax: uma para o nível um

(Agente), duas para cada um dos níveis II (Agente/ Verbo), III (Agente/ Verbo/ Tema), e

IV (Agente/ Verbo/ Tema/ Locativo) e uma para o nível V (Generalização). A divisão

apresentada é indicativa, pois a progressão ao longo dos níveis é flexível e ajustável a

cada criança, de acordo com o seu desenvolvimento e as suas características

individuais. A criança só deve avançar para o nível seguinte depois de ter revelado

respostas consistentes no anterior, demonstrando ter alcançado o objetivo proposto.

3.2.2. Fase 2: Validação do Programa INsyntax

3.2.2.1. Validação de Conteúdo

A validação de conteúdo é um processo essencial ao desenvolvimento e adaptação de

ferramentas de avaliação e intervenção (Roberts, et al., 2006). Envolve duas fases,

iniciando-se com o desenvolvimento da ferramenta, seguindo-se a avaliação da mesma

por um painel de peritos (DeVon et al., 2007). Todo este processo de validação deve

iniciar com a definição objetiva do domínio, bem como dos itens que constituirão a

ferramenta em causa (Lynn, 1986).

Questão Código de cor Referente

Quem? Amarelo Agente

O que faz? Verde Verbo

O quê? Laranja Tema

Onde? Azul Locativo

Page 43: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

21

A validade de conteúdo pode ser obtida através da Percentagem de Concordância, do

Índice de Validade de Conteúdo (IVC) ou do Coeficiente Kappa. Ainda não é conhecido

um método estatístico único para determinar medidas de concordância entre

avaliadores na área da saúde (Alexander & Coluci, 2011).

O IVC determina a proporção ou percentagem de avaliadores que estão em

concordância sobre determinados aspetos do Programa (e.g., estrutura, conteúdo e

materiais) e sobre os itens nele incluídos. Deste modo, obtém-se uma análise para cada

item, bem como para o Programa na sua globalidade. A validade de conteúdo prevê,

para cada item, a elaboração prévia de um questionário com perguntas sobre a

ferramenta, podendo ser utilizada uma escala de Likert, com uma pontuação de 1 a 4,

referindo-se à relevância/representatividade do que se pretende avaliar. O valor do IVC

é calculado através do número de itens cotados como 3 ou 4 a dividir pelo número total

de itens (Grant & Davis, 1997). Considerando Alexander & Coluci (2011), os itens

cotados com 1 ou 2 devem ser reformulados ou eliminados.

Lynn (1986) e Polit & Beck, (2006) sugerem que, na presença de seis ou mais peritos,

o IVC deva ser no mínimo de 0,78. No entanto, Davis (1992) e Grant & Davis (1997)

consideram que, para aferir a validade de novas ferramentas, o IVC deve apresentar

valores iguais ou superiores a 0,80. Existem ainda autores que defendem valores a partir

de 0,90 (Polit & Beck, 2006).

Apesar de não existir consenso quanto ao valor mínimo a estabelecer para se considerar

um IVC aceitável, na validação de conteúdo recomenda-se a obtenção da média do IVC

para cada item, individualmente, para além do cálculo do IVC global, devendo os

investigadores descrever de que forma chegaram ao valor final (Polit & Beck, 2006).

Considerando as orientações fornecidas na bibliografia, constituiu-se um painel de

peritos para avaliar a representatividade dos itens selecionados no Programa INsyntax

(Grant & Davis, 1997), seguindo critérios objetivos. No processo de seleção dos peritos

a incluir no painel, devem ser cumpridos alguns critérios referentes ao número de anos

de experiência clínica, ao conhecimento específico e à realização de publicações

científicas na área em estudo (Davis, 1992).

3.2.2.2. Amostra

Na formação do painel de peritos, definiram-se alguns critérios de inclusão para garantir

determinadas características importantes na sua representatividade. Assim,

estabeleceram-se como critérios de inclusão: conhecimento específico na área em

Page 44: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

22

estudo (TF) e número de anos de experiência profissional (mínimo de cinco). Analisando

os critérios definidos para a seleção da amostra, conclui-se que o método de

amostragem utilizado foi o não probabilístico por conveniência (Fortin, 2009).

Como se pode consultar na tabela 3, o painel de peritos foi constituído por seis

Terapeutas da Fala (n=6), do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 26 e

os 37 anos. No que se refere ao grau académico, observa-se que 33,3% (n=2) são

licenciadas e 33,3% (n=2) apresenta o grau académico de mestrado. No que concerne

aos anos de exercício da profissão, verifica-se que 50% (n=3) exerce a profissão entre

10 a 15 anos. Praticamente todos (n=5) realizam intervenção na área da sintaxe, mas

nenhuma utiliza programas específicos na área da sintaxe.

Tabela 3. Caracterização do painel de peritos.

3.2.2.3. Recolha de Dados e Instrumentos

Todos os elementos do painel de peritos foram contactados via e-mail, no qual lhes foi

explicado o objetivo do estudo, tendo-se solicitado a sua participação voluntária. Após

a concordância dos participantes, os elementos do painel de peritos foram convidados

a analisar o Manual do Programa INsyntax, bem como as ilustrações e a preencher dois

questionários.

A seleção do método de recolha de dados a utilizar depende da natureza do problema

de investigação, das variáveis em estudo e da estratégia de análise estatística

considerada. O questionário é o instrumento de medida mais utilizado na investigação

científica por possibilitar a conversão dos objetivos de um estudo em variáveis

mensuráveis. Por este motivo, facilita a organização, normalização e controlo dos

Identificação Idade Género Grau Académico

Anos de

Experiência

Profissional

Intervenção

(faixa etária)

Intervenção

(sintaxe)

Uso de

Programa em

sintaxe

1 37 Feminino Mestrado ˃15 6-20 Sim Não

2 26 Feminino Licenciatura 5-10 0-6 Sim Não

3 35 Feminino Doutoramento 10-15 3-6 Não Não

4 36 Feminino Pós-Graduação 10-15 2-5 Sim Não

5 37 Feminino Mestrado 10-15 6-10 Sim Não

6 37 Feminino Licenciatura ˃15 3-10 Sim Não

Page 45: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

23

dados, levando a que a informação pretendida se recolha de forma rigorosa, evitando

possíveis enviesamentos. Consiste num método que realiza a recolha de dados através

de respostas escritas por parte dos participantes, sem assistência (Fortin, 2009).

Considerando o descrito na literatura, desenvolveram-se dois questionários, o

Questionário A, visando a Caracterização Sociodemográfica do painel de peritos e o

Questionário B, no qual é realizada a Análise de Conteúdo.

O Questionário A foi construído com o objetivo de recolher alguns dados

sociodemográficos dos elementos que constituem o painel de peritos (Ex: sexo, idade,

nível de escolaridade) (ver Apêndice 3). O Questionário B foi elaborado com o intuito de

obter a opinião dos peritos relativamente ao conteúdo do Programa e determinar o seu

IVC (ver Apêndice 4). É composto por um conjunto de questões pontuadas numa escala

de Likert, a variar de 1 (Não Concordo) a 4 (Concordo Totalmente), visando obter em

cada item a relevância/representatividade do que se pretende avaliar. Consideraram-

se, aspetos relevantes a avaliar: utilidade do Programa de intervenção para a prática

clínica, competências sintáticas em função da faixa etária, objetivos de intervenção

selecionados e hierarquização dos mesmos, atividades, clareza das estratégias,

adequação do Programa de intervenção ao público-alvo e ilustrações. Estabeleceu-se

um prazo de duas semanas para os peritos devolverem os questionários respondidos.

3.2.2.4. Análise de Dados

Os resultados foram analisados através do IVC. Em primeiro lugar, calculou-se o IVC

para cada item, individualmente, e posteriormente, obteve-se o IVC global, através da

média do IVC obtido, de forma individual, para cada item (Polit & Beck, 2006).

Posteriormente, implementou-se o Programa e realizou-se o estudo da sua eficácia em

FT.

3.2.3. Fase 3: Análise da eficácia do Programa INsyntax em Falantes Tardios

3.2.3.1. Considerações éticas

Para a realização do Estudo de Eficácia do Programa INsyntax foi solicitado um parecer

externo à Comissão de Ética da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde da

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, tendo-se alcançado um parecer positivo

(Parecer Nº P675_05/2020).

Page 46: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

24

Reuniram-se também as autorizações das entidades educativas onde decorreu o

estudo. O responsável legal de cada criança preencheu ainda o Consentimento Livre e

Informado (ver Apêndice 5), tendo-se respeitado, em conformidade com o descrito na

literatura, os princípios relativos ao direito à autodeterminação, ao anonimato, à

confidencialidade e à proteção contra o desconforto (Fortin, 2009).

3.2.3.2. Amostra

A amostra final foi constituída por 10 crianças apesar de, inicialmente, terem sido

identificados 15 participantes pelas educadoras. Foram excluídas 5 crianças pelos

seguintes motivos: 2 tinham uma condição clínica associada e as outras 3 não reuniam

critérios para serem identificados como FT, de acordo com os PT-IDC II.

A distribuição dos participantes pelo grupo experimental e de controlo foi realizada de

forma randomizada (Apêndice 6). Assim, o Programa foi aplicado a 10 crianças,

identificadas como FT com faixas etárias compreendidas entre os 24 e os 31 meses de

idade. Apesar de inicialmente se ter estabelecido como critério a idade entre os 24 e os

30 meses, houve necessidade de ajustar a faixa etária até aos 31 meses, no caso de

três crianças, de forma a conseguir uma amostra mais significativa. Todos os

participantes apresentam o PE como língua materna. Considerando os critérios

definidos, foi utilizado o método de amostragem não probabilística por conveniência

(Fortin, 2009).

3.2.3.3. Procedimentos de Recolha de Dados

O estudo de eficácia do Programa INsyntax decorreu em quatro instituições, mediante

autorização prévia (ver Anexo 1). No caso das instituições de ensino, foram contactadas

as educadoras das instituições, no sentido de identificarem, de acordo com os critérios

de inclusão e exclusão apresentados, possíveis participantes. Para melhor aferir os

critérios de seleção da amostra, foram aplicados os PT-IDC II – forma reduzida pelas

educadoras (Frota et al., 2012). No caso das crianças recrutadas através da clínica,

foram respeitados os mesmos procedimentos, tendo sido aplicados os mesmos

inventários pela investigadora.

Cada representante legal foi informado acerca dos objetivos e da metodologia que se

pretendia realizar com o seu educando. Concedeu-se a oportunidade para realizarem

todas as questões que os mesmos consideraram pertinentes. Cada representante legal

foi, ainda, alertado para o direito de recusar, a qualquer momento, a participação

Page 47: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

25

voluntária do seu educando no projeto de investigação, sem qualquer prejuízo.

Salvaguardou-se, ainda, o direito da própria criança renunciar a sua participação

voluntária no projeto, sem que isso acarretasse, uma vez mais, qualquer prejuízo. A

declaração de consentimento livre e informado foi obtida antes de qualquer recolha de

dados e após o fornecimento de todas as informações acerca do estudo,

nomeadamente objetivos, metodologia do estudo, armazenamento, divulgação de

dados, anonimato e confidencialidade.

Os representantes legais das crianças que aceitaram a sua participação voluntária neste

projeto, foram convidados a preencher, em primeiro lugar, um Questionário Demográfico

visando a caracterização pormenorizada de cada criança (Apêndice 7). Em segundo

lugar, foi-lhe solicitado que respondessem a um questionário sociodemográfico e aos

PT-IDC II – forma longa.

3.2.3.4. Instrumentos de Avaliação

Questionário sociodemográfico: Trata-se de um breve questionário que visa caracterizar

cada criança. Através deste instrumento recolheram-se dados relativamente ao género

e idade; verificaram-se os critérios de inclusão no estudo, como apresentar o PE como

língua materna e a ausência de condição biomédica associada; bem como informações

acerca de factos que podem influenciar os resultados do presente estudo,

nomeadamente, a frequência de terapia da fala e frequência de creche, especificando

a idade de início.

PT-IDC II (forma reduzida) (Frota et al., 2012): Os PT-IDC forma reduzida para o PE –

Nível II constituem um questionário curto (apenas uma página) e de preenchimento fácil

Este questionário apresenta uma lista do léxico produzido pelas crianças entre os 16 e

os 30 meses, motivo pelo qual foi utilizado para o recrutamento dos participantes e

inclusão na amostra (Frota et al., 2012).

PT-IDC II (forma longa) (Viana et al., 2017): Optou-se pela forma longa dos PT-IDC II

para ser utilizada como medida de resultados pois “fornecem informação sobre o

desenvolvimento da comunicação e linguagem, permitindo avaliar os primeiros sinais

de compreensão que se manifestam através de gestos, a progressiva aquisição do

vocabulário e a emergência da gramática” (Viana et al., 2017, pp. 13). Além disso, trata-

se de um instrumento de avaliação adaptado para o PE e ajustado à faixa etária do

estudo (Viana et al., 2017). Os Inventários de Desenvolvimento Comunicativo McArthur-

Page 48: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

26

Bates (PT-IDC II) (16-30 meses) – forma longa são constituídos por vários itens, como

descrito na tabela 4.

As duas versões dos PT-IDC II (forma reduzida e forma longa, ambos nível II) foram

traduzidos, adaptados e validados para o PE e avaliam a linguagem com recurso ao

preenchimento por parte dos pais (Viana et al., 2017; Frota et al., 2012). Contemplam

pontuações em percentis bem como as curvas de desenvolvimento com base nas

mesmas, constituindo uma ferramenta extremamente útil, válida e fiável, para a deteção

de desfasamentos ao nível da aquisição de linguagem. Atendendo à faixa etária das

crianças do presente estudo recorreu-se à totalidade dos PT-IDC II, que oferecem dados

validados para crianças entre os 16 e os 30 meses, compostos pelos itens expostos na

tabela 4.

Tabela 4. Itens no Instrumento PT-IDC II forma longa (16-30 meses) (Viana et al., 2017).

Nestas idades tão precoces os relatos parentais apresentam uma importância relevante,

especialmente considerando a dificuldade em obter amostras de linguagem em contexto

clínico (Thal et al., 2007). No entanto, sentiu-se a necessidade de se utilizar

adicionalmente um instrumento que permitisse a avaliação direta da produção sintática

da criança, o Teste de Linguagem – Avaliação de Linguagem Pré-Escolar (TL-ALPE),

tendo sido aplicados os três itens que se podem consultar na tabela 5 (Mendes et al.,

2014).

Teste de Linguagem – Avaliação de Linguagem Pré-Escolar (TL-ALPE) (Mendes et al.,

2014): O TL-ALPE é um instrumento de avaliação da linguagem validado para o PE para

crianças com idades entre os 3 e os 6 anos. O TL-ALPE apresenta boas características

Identificação Itens

Parte 1 - Primeiras Palavras A. Vocabulário

B. Como a criança Usa e entende Linguagem

Parte 2 – Morfologia e Sintaxe A. Formas de palavras – parte 1

B. Verbos difíceis

C. Formas de palavras – parte 2

D. Frases

E. Complexidade morfossintática

Page 49: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

27

de validade e fiabilidade. De forma a complementar os PT-IDC II como medida de

resultados, a investigadora avaliou cada um dos participantes de ambos os grupos com

3 itens do TL-ALPE (8.1, 8.2 e 13.2). Selecionaram-se estes itens visto serem os que

visam a descrição de imagens de ações com recurso a frases simples, conferindo uma

medida adicional, aplicada diretamente às crianças, que permite analisar a estrutura

sintática utilizada nestes dois momentos. Atendendo ao facto de a população-alvo do

estudo se enquadrar numa faixa etária inferior, optou-se por selecionar apenas 3 itens

que avaliam a estrutura sintática, de acordo com o esperado para a idade da amostra e

com o pretendido neste estudo, permitindo confirmar o nível linguístico das crianças.

As crianças foram todas avaliadas nos momentos pré e pós implementação do

Programa INsyntax, com recurso aos PT-IDC II forma longa e aos itens 8, 13.1 e 13.2

do TL-ALPE (Viana et al., 2017; Mendes et al., 2014).

Tabela 5. Provas no Instrumento TL-ALPE (Mendes et al., 2014).

Identificação Itens (Exemplos de respostas)

8.1. A menina está a lavar (lava) os dentes.

8.2. O menino está a beber (bebe) sumo.

13.2. O menino está a comer (come) ovo.

Page 50: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

28

3.2.3.5. Medidas de Resultados

As medidas de resultados utilizadas neste estudo foram as cotações obtidas nos itens

descritos na tabela 6.

Tabela 6. Medidas de resultados: PT-IDC II forma longa e TL-ALPE.

3.2.3.5.1. Intervenção

Ao grupo experimental foi implementado o Programa INsyntax semanalmente, ao longo

de 8 sessões, individualizadas, com a duração média de 45 minutos cada.

A implementação do Programa INsyntax ao grupo experimental foi assegurada por uma

terapeuta da fala, colaboradora no projeto de investigação. Aquando do término da

aplicação do Programa de Iniciação à Sintaxe ao grupo experimental, a mestranda

proporcionou essa mesma intervenção ao grupo de controlo, nas mesmas condições.

3.2.3.6. Análise de Dados

Os dados recolhidos ao longo do estudo dos efeitos do Programa INsyntax foram,

posteriormente, introduzidos numa base de dados, do programa Statistical Package for

Medidas de Resultados

PT-IDC II forma longa (16-30 meses)

Parte 1 - Primeiras Palavras

A. Vocabulário

B. Como a criança Usa e entende Linguagem

Parte 2 – Morfologia e Sintaxe

A. Formas de palavras – parte 1

B. Verbos difíceis

C. Formas de palavras – parte 2

D. Frases

E. Complexidade morfossintática

TOTAL

TL-ALPE 8.1. A menina está a lavar (lava) os dentes.

8.2. O menino está a beber (bebe) sumo.

13.2. O menino está a comer (come) ovo.

Page 51: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

29

the Social Sciences (SPSS) – versão 25, tendo-se procedido, posteriormente, à sua

análise estatística.

A análise dos dados dividiu-se em três etapas: (1) caracterização da amostra, através

de estatística descritiva das variáveis dependentes e das variáveis sexo e idade; (2)

análise da eficácia da implementação do INsyntax, pela comparação dos resultados

obtidos na avaliação realizada antes e após a implementação do Programa ao grupo

experimental; e (3) estudo da correlação entre a cotação da primeira parte (primeiras de

palavras) e da segunda parte (morfologia e sintaxe) dos PT-IDC II.

Para a caracterização da amostra, foi utilizado o teste t de amostras independentes para

as variáveis idade, idade de início na creche e cotação no total nos PT-IDC II, atendendo

ao facto de estes dados seguirem uma distribuição normal.

A análise da eficácia da implementação do INsyntax, pela comparação dos resultados

do grupo experimental e do grupo de controlo, foi realizada com estatística descritiva e

uma ANOVA de dois fatores mistos. Os pressupostos para a sua aplicação (critério de

esfericidade – teste de Mauchly – critério de homogeneidade – teste de Levene – e de

normalidade de resíduos – teste Shapiro-Wilk) foram cumpridos. São exceções o

momento pré-implementação da segunda parte (morfologia e sintaxe), o da pré-

implementação de formas de palavras - Parte 2, o da pós-implementação de frases, o

da pré e pós-implementação complexidade morfossintática, onde o Levene não foi

cumprido, o que pode enviesar os resultados obtidos. No entanto, verifica-se que os

resultados inferenciais obtidos estão em concordância com os resultados da estatística

descritiva e com a análise gráfica apresentada.

Para o estudo da correlação entre a cotação da primeira parte e da segunda parte dos

PT-IDC II foi utilizada a correlação de Pearson, uma vez que os dados seguem a

distribuição normal.

Todas as análises foram realizadas para um nível de significância de 0,05.

Page 52: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

30

Page 53: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

31

4. Resultados

4.1. Fase 1: Construção do Programa INsyntax (a partir dos 24meses)

Esta primeira fase foi dedicada ao desenvolvimento da ferramenta de intervenção em

estudo, o Programa de Iniciação à Sintaxe denominado INsyntax, direcionado a crianças

a partir dos 24 meses.

O desenho do Programa iniciou-se pela determinação dos estímulos a incluir de acordo

com as estruturas sintáticas alvo, SVO, dentro do léxico esperado para a faixa etária

dos 24 meses. De seguida, solicitou-se a uma ilustradora profissional com experiência

em desenho gráfico infantil a criação das imagens de acordo com os estímulos. No

Apêndice 1, podem ser consultados alguns exemplos das ilustrações do Programa.

A atividade teve como suporte três cenários, a casa, o parque e a praia, que se

considerou pertencentes aos contextos das crianças. As imagens destes cenários são

utilizadas ao longo de todo o Programa em função dos objetivos propostos para cada

nível. Os cenários e as suas imagens são apresentados pela seguinte ordem: casa,

parque, praia. Os estímulos relativos aos agentes e verbos selecionados são sempre os

mesmos ao longo do Programa, adicionando-se os temas no nível III e locativos no nível

IV.

No nível IV, no cenário da casa é utilizado o locativo referente a cada divisão, visando

facilitar a identificação por parte da criança, pelo que deve ser sempre apresentado este

cenário primeiro. De seguida, nos cenários do parque e da praia, são introduzidos outros

locativos, promovendo a generalização da estrutura.

Por fim, foi criado o Manual de Aplicação do INsyntax, onde são descritas as várias

etapas da atividade com base nos objetivos estabelecidos de forma hierarquizada,

especificando os materiais e procedimentos e indicando algumas estratégias que

poderão ser utilizadas ao longo da implementação do Programa, como se pode verificar

no exemplo apresentado no Apêndice 2.

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32

4.2. Fase 2: Validação do Programa INsyntax

4.2.1. Validação de Conteúdo

Na segunda fase, foi calculado o IVC de forma a obter a validação de conteúdo, tendo-

se obtido o valor global de 0,986 e o de 1 em todos os itens, à exceção de um deles em

que o valor foi de 0,83.

Apesar de o IVC obtido ter sido bastante elevado, quer o global, quer o de cada item,

melhoraram-se alguns aspetos com base nas sugestões realizadas pelos peritos,

nomeadamente a definição de argumento no manual de aplicação e a colocação de uma

seta azul para identificar os locativos, à semelhança do círculo que é utilizado para

identificar cada argumento ao longo do Programa.

4.3. Fase 3: Análise da eficácia do Programa INsyntax em Falantes Tardios

4.3.1. Caracterização da amostra

Para a análise dos efeitos do Programa procedeu-se, numa primeira fase, à

caracterização dos participantes. A primeira análise foi realizada com base na estatística

descritiva da amostra deste estudo (Tabela 7). Na variável sexo, observou-se uma

discrepância entre o número de crianças do sexo feminino e masculino, em ambos os

grupos, encontrando-se 40% dos participantes do sexo masculino e 10% do sexo

feminino, no grupo experimental, e os restantes 50% do sexo masculino, no grupo de

controlo. Relativamente à variável idade, a média foi de 27,70 meses. Analisando os

dados do teste t de amostras independentes para a variável idade de entrada na creche,

também não foram observadas diferenças significativas entre o grupo experimental e

controlo (p= 0,863), para α=0,05.

Por fim, em relação ao total obtido nos PT-IDC II na fase inicial, com base nos resultados

do teste t de amostras independentes, não se verificaram diferenças significativas entre

o grupo experimental e controlo (p= 0,138), para α=0,05. Contudo, analisando as médias

das pontuações totais na avaliação inicial, em ambos os grupos, constata-se que o

grupo experimental apresenta valores mais elevados (Média: 131,00; Desvio-padrão:

52,17) comparativamente ao de controlo (Média: 81,60; Desvio-padrão: 41,97).

Os resultados obtidos no TL-ALPE são zero em ambos os grupos, dado que nenhum

dos participantes produzia, antes da implementação do Programa, frases com a

estrutura sujeito/ verbo/ objeto.

Page 55: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

33

Tabela 7. Caracterização da amostra na avaliação inicial.

Legenda: n (%); Média ± Desvio-Padrão; na: não se aplica devido à dimensão da amostra ser reduzida ou

os valores obtidos serem idênticos em ambos os grupos.

4.3.2. Estudo da eficácia do INsyntax

Posteriormente, procedeu-se à análise da eficácia da implementação do INsyntax, pela

comparação dos resultados obtidos, em ambos os grupos, na avaliação inicial (pré-

implementação) e final (pós-implementação) após a implementação do Programa ao

grupo experimental. Analisando as tabelas 8 e 9, os resultados evidenciam uma

melhoria em todos os itens dos PT-IDC II e do TL-ALPE, como se verifica pela diferença

de pontuações entre o momento inicial (pré-implementação) e final de avaliação (pós-

implementação). Comparando as diferenças de resultados entre os PT-IDC II e do TL-

ALPE, constata-se que a melhoria é superior no grupo experimental comparativamente

à do grupo de controlo. Numa fase inicial, antes da implementação do INsyntax, de

acordo com os itens do TL-ALPE, nenhuma criança produzia a estrutura sujeito/ verbo/

objeto. Após a implementação, verificam-se diferenças em crianças do grupo

experimental uma vez que três crianças passam a usar frases com estrutura

sujeito/verbo/objeto. Apesar de as restantes não terem pontuado, por não usarem a

estrutura alvo, verifica-se, na análise qualitativa das respostas, que tentam expandir o

enunciado para palavra isolada (quando inicialmente não produziram palavras), ou

estruturas com dois elementos, quando numa primeira fase recorriam apenas a um

elemento.

Variáveis

Grupo

Experimental

(n=5)

Grupo de

Controlo

(n=5)

Resultado

estatístico

Total

Género

masculino 4 (40%) 5 (50%)

na

9 (90%)

feminino 1 (10%) 0 (0%) 1 (10%)

Idade (meses) 29,4±2,61 26,00±2,12 27,70±2,87

Idade entrada

na creche 21,00±12,33 19,80±7,82

t(7)=0,18

p=0,863

106,30±51,67

Provas

(avaliação

inicial)

Total Mac II 131,00±52,17 81,60±41,97

t(8)=1,65

p=0,138

106,30±51,67

Total ALPE-TL 0,00±0,00 0,00±0,00 na 0,00±0,00

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34

Tabela 8. Resultados dos PT-IDC II e dos itens TL-ALPE no grupo experimental.

Tabela 9. Resultados dos PT-IDC II e dos itens TL-ALPE no grupo de controlo.

Grupo de Controlo

diferença

TL-ALPE pré-implementação pós-implementação

Item 8.1 0 (0,00%) 0 (0,00%) 0 (0,00%)

Item 8.2 0 (0,00%) 0 (0,00%) 0 (0,00%)

Item 13.2 0 (0,00%) 0 (0,00%) 0 (0,00%)

Dimensões dos PT-IDC II M±DP M±DP diferença

1ª Parte: Primeiras Palavras 82,00±34,24 292,40±142,91 210,40±109,37

2ª Parte: Morfologia e Sintaxe 0.80±1,10 18,20±14,97 17,4±14,48

A. Formas de palavras - parte 1 0,00±0,00 6,40±3,44 6,40±3,44

B. Verbos difíceis 0,20±0,45 4,60±6,11 4,60±6,11

C. Formas de palavras - parte 2 0,00±0,00 1,40±1,34 1,40±1,34

D. Frases 0.80±1,10 2,60±0,89 1,80±1,48

E. Complexidade morfossintática 0,00±0,00 3,20±4,66 3,20±4,66

TOTAL MACII 81,60±41,97 280,40±171,80 198,80±130,11

Grupo experimental

diferença

TL-ALPE pré-implementação pós-implementação

Item 8.1 0 (0,00%) 3 (60%) 3 (60%)

Item 8.2 0 (0,00%) 3 (60%) 3 (60%)

Item 13.2 0 (0,00%) 2 (40%) 2 (40%)

Dimensões dos PT-IDC II M±DP M±DP diferença

1ª Parte: Primeiras Palavras 126,60±56,12 387,8±166,85 261,20±113,75

2ª Parte: Morfologia e Sintaxe 3,20±2,68 32,60±24,22 29,4±21,65

A. Formas de palavras - parte 1 0,00±0,00 8,00±2,92 7,8±5,22

B. Verbos difíceis 0,80±0,45 6,00±6,60 5,40±6,15

C. Formas de palavras - parte 2 0,40±0,55 1,80±1,30 1,40±1,52

D. Frases 1,40±0,89 4,60±2,30 3,20±1,92

E. Complexidade morfossintática 0,80±1,1 12,4±12,54 11,60±11,46

TOTAL MACII 131,00±52,17 450,60±141,80 319,60±94,56

Page 57: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

35

Estes dados são confirmados com o aumento do total da pontuação dos PT-IDC II, de

forma mais notória no grupo experimental, após a implementação do INsyntax, como se

pode visualizar no gráfico 1 de caixa de bigodes, onde a diferença entre o momento

antes e depois da implementação do Programa é substancialmente superior no grupo

de experimental.

Gráfico 1. Diferença dos resultados dos PT-IDC II no momento antes e depois da implementação do INsyntax, no grupo experimental e de controlo.

Para uma melhor análise da eficácia da implementação do INsyntax, pela comparação

dos resultados do grupo experimental e do grupo de controlo, recorreu-se a uma ANOVA

de dois fatores mistos, o tipo de grupo e o momento de avaliação. Neste teste verifica-

se a existência de diferenças significativas para o fator momento de avaliação nas

pontuações médias de todas as provas, para um nível de significância de 0,05 (ver

tabela 10). Em relação ao fator grupo não se verificaram diferenças estatisticamente

significativas em nenhum item. Também não se constata uma interação

estatisticamente significativa, entre o momento de avaliação e o grupo, apesar de, como

se verificou anteriormente pela análise da estatística descritiva (tabelas 8 e 9), se

observar no gráfico de caixa de bigodes (ver gráfico 1) e nos gráficos 2, 3, 4, 5, 6, 8 e 9,

que as melhorias são superiores no grupo experimental em todos os itens, o que se

reflete no total dos PT-IDC II, à exceção do item formas de palavras – parte 2, onde se

observam que ambos os grupos evoluem de forma semelhante (ver gráfico 7). As

diferenças entre os grupos são particularmente acentuadas no item das frases e da

complexidade morfossintática, gráficos 8 e 9, sendo francamente superiores no grupo

experimental, como seria de esperar uma vez que a sintaxe foi o alvo principal de

intervenção do INsyntax.

Page 58: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

36

Tabela 10. Efeitos da implementação do INsyntax

Dimensões do MACII

Momento de avaliação

GE GC ResuFTado estatístico

1ª Parte: Primeiras Palavras

Pré-implementação 126,60±56,12 82,00±34,24 FA: F(1;8)=44,66 p<0,001

FB: F(1;8)=1,22 p=0,301

Pós-implementação 387,8±166,85 292,40±142,91 FA x FB: F(1;8)=0,52 p=0,492

2ª Parte: Morfologia e

Sintaxe

Pré-implementação 3,20±2,68 0.80±1,10

FA: F(1;8)=16,14 p<0,001

FB: F(1;8)=1,47 p=0,260

Pós-implementação 32,60±24,22 18,20±14,97 FA x FB: F(1;8)=1,06 p=0,333

A. Formas de palavras -

parte 1

Pré-implementação 0,00±0,00 0,00±0,00

FA: F(1;8)=25,85 p<0,001

FB: F(1;8)=0,25 p=0,630

Pós-implementação 7,80±5,22 6,40±3,44 FA x FB: F(1;8)=0,25 p=0,630

B. Verbos difíceis

Pré-implementação 0,80±0,45 0.20±0,45 FA: F(1;8)=5,72 p=0,044

FB: F(1;8)=0,24 p=0,634

Pós-implementação 6,00±6,60 4,60±6,11 FA x FB: F(1;8)=0,04 p=0,847

C. Formas de palavras -

parte 2

Pré-implementação 0,40±0,55 0,00±0,00 FA: F(1;8)=9,56 p=0,015

FB: F(1;8)=0,91 p=0,367

Pós-implementação 1,80±1,30 1,40±1,34 FA x FB: F(1;8)=0,00 p=1,000

D. Frases

Pré-implementação 1,40±0,89 0.80±1,10 FA: F(1;8)=21,19 p=0,002

FB: F(1;8)=3,28 p=0,108

Pós-implementação 4,60±2,30 2,60±0,89 FA x FB: F(1;8)=1,66 p=0,233

E. Complexidade morfossintática

Pré-implementação 0,80±1,10 0,00±0,00 FA: F(1;8)=7,16 p=0,028

FB: F(1;8)=2,41 p=0,159

Pós-implementação 12,4±12,54 3,20±4,66 FA x FB: F(1;8)=2,31 p=0,167

TOTAL MACII

Pré-implementação 131,00±52,17 81,60±41,97 FA: F(1;8)=51,96 p<0,001

FB: F(1;8)=2,93 p=0,125

Pós-implementação 450,60±141,80 280,40±171,80 FA x FB: F(1;8)=2,82 p=0,132

Legenda: FA= momento de avaliação; FB= grupo; FAxB= interação entre o FA e o FB.

Page 59: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

37

Gráfico 2. Resultados dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo experimental.

Gráfico 3. Resultados da 1ª parte dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo experimental.

Gráfico 4. Resultados da 2ª parte PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo experimental.

Gráfico 5. Resultados do item Formas de palavras 1 dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo experimental.

Gráfico 6. Resultados do item Verbos difíceis dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo experimental.

Gráfico 7. Resultados do item Formas de palavras 2 dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo experimental.

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38

Por fim, foi estudada a correlação entre a diferença dos momentos pós e pré-

implementação do INsyntax na 1ª Parte - Primeiras Palavras, e na 2ª Parte – Morfologia

e Sintaxe, dos PT-IDC II encontrando-se estes resultados no gráfico 10.

Gráfico 10. Correlação dos resultados da diferença (momento pré e pós-implementação do INsyntax) da primeira (Primeiras Palavras) e da segunda parte (Morfologia e Sintaxe) dos PT-IDC II.

Gráfico 8. Resultados do item Frases dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo experimental.

Gráfico 9. Resultados do item Complexidade morfossintática dos PT-IDC II após a implementação do INsyntax no grupo experimental.

Page 61: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

39

Verifica-se que, quanto maior a diferença nas primeiras palavras, maior é a diferença na

morfologia e sintaxe. Esta diferença é superior no grupo experimental por comparação

ao de controlo. Neste último, a produção de palavras aumenta, mas a morfologia e

sintaxe mantêm-se. Em dois casos do grupo de controlo, o aumento da primeira parte é

acompanhado com a melhoria da segunda parte, embora sempre abaixo do grupo

experimental. Deste modo, apesar da dinâmica evolutiva nos dois grupos, existe uma

tendência superior no experimental comparativamente ao de controlo. Contudo, estes

são resultados preliminares uma vez que a dimensão da amostra é baixa.

Page 62: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

40

Page 63: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

41

5. Discussão

Este trabalho teve como principais objetivos o desenvolvimento do Programa INsyntax

para crianças a partir dos 24 meses, a sua validação de conteúdo e o estudo dos seus

efeitos em crianças identificadas como FT entre os 24 e os 31 meses de idade.

5.1. Fase 1: Construção do Programa INsyntax (a partir dos 24meses)

Para a elaboração do Programa foram seguidos os pressupostos de Bryan (1997) no

Colourful Semantics, considerando a abordagem de intervenção metalinguística, no

sentido potenciar aquisição da estrutura SVO, em crianças com desfasamento face ao

esperado para a sua faixa etária (Bryan, 1997). Deste modo, a construção dos materiais

incluiu pistas visuais específicas, nomeadamente a codificação dos argumentos por

cores, possibilitando a sua aquisição até chegar à estrutura SVO, podendo chegar ao

locativo.

No que concerne às competências sintáticas, englobaram-se as etapas para chegar à

produção de frases simples com estrutra SVO bem como a produção do locativo, em

crianças a partir dos 24 meses de idade (Brown, 1973; Bryan, 1997; Gentner &

Boroditsky, 2001; Guasti, 2002; Martins & Costa, 2016; Theakston et al., 2003).

O facto de existir um manual de aplicação com determinadas instruções e estratégicas,

possibilita a uniformização de procedimentos entre os terapeutas da fala (consultar

exemplo no Apêndice 2).

5.2. Fase 2: Validação do Programa INsyntax

5.2.1. Validação de Conteúdo

A validação de conteúdo do Programa INsyntax, realizada por um painel de peritos com

conhecimento na área da sintaxe, contribuiu para a redução do viés que habitualmente

resulta da construção de um programa (Lynn, 1986).

Foram definidos critérios para a seleção dos elementos do painel de peritos, de acordo

com a informação referenciada na literatura (Davis, 1992; Grant & Davis, 1997),

nomeadamente, o número de anos de experiência clínica e o conhecimento específico

na área em estudo. Assim, assegurou-se que cada avaliador tinha experiência e

conhecimento no domínio sintático da linguagem para poder melhor responder ao

questionário e contribuir para a validação do Programa de Iniciação à Sintaxe, INsyntax.

Page 64: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

42

De forma a garantir os critérios de seleção de Davis (1992), nenhum dos elementos do

painel de peritos participou em alguma fase prévia deste estudo. Não foi possível

cumprir o critério de realização de publicações científicas na área e estudo, apesar de

ser referenciado na literatura (Davis, 1992; Grant & Davis, 1997). No entanto, como

também reconhecido por Davis (1992), constata-se a dificuldade em conseguir cumprir

todos os critérios estabelecidos para o painel de peritos. Seguiu-se a recomendação de

Lynn (1986) no sentido de recorrer a um mínimo de três elementos no painel de peritos,

constituindo um painel de seis elementos.

Recorreu-se a um questionário estruturado, com instruções claras de preenchimento,

minimizando o viés das respostas e sendo favorável à validação de conteúdo, como

sugerido por Grant & Davis (1997).

De forma a validar todos os elementos do Programa na sua globalidade, foram

colocadas questões referentes ao conteúdo, à organização e tipo de materiais utilizados.

Os resultados, apesar de muito positivos, levaram à clarificação de uma definição, a de

argumento, no Manual de Aplicação, e à adição de um material aos cenários para

melhor explorar o locativo, a seta azul.

Considerando o valor mínimo de 0,78 para o IVC, para se obter validade de conteúdo,

de acordo com Lynn (1986) e Polit & Beck (2006), ou a referência de Davis (1992) e

Grant & Davis (1997) que defendem valores iguais ou superiores a 0,80, obteve-se um

IVC elevado, sendo de 0,986 para o global e o de 1 em todos os itens, à exceção de um

deles em que o valor foi de 0,83 (Lynn, 1986; Polit & Beck, 2006; Davis, 1992; Grant &

Davis, 1997).

5.3. Fase 3: Análise da eficácia do Programa INsyntax em Falantes Tardios

Analisando a amostra selecionada e distribuída de forma randomizada para a realização

do estudo experimental do Programa, verifica-se uma discrepância na variável sexo, em

ambos os grupos, encontrando-se 40% dos participantes do sexo masculino e 10% do

sexo feminino, no grupo experimental, e os restantes 50% do sexo masculino, no grupo

de controlo. Esta distribuição vai ao encontro dos dados da literatura que referem que

os défices de linguagem, na sua generalidade, são mais prevalentes no sexo masculino

comparativamente ao feminino (Bishop, 1997; Raghavan et al., 2018).

Page 65: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

43

Relativamente às variáveis idade da criança no momento de pré-implementação e idade

de entrada na creche, as médias são semelhantes em ambos os grupos, não se

verificando influência destas variáveis nos resultados.

No que concerne ao total obtido nos PT-IDC II na fase inicial, não se verificaram

diferenças estatisticamente significativas entre o grupo experimental e o de controlo,

apesar de o grupo experimental apresentar valores ligeiramente mais elevados

comparativamente com o grupo de controlo. Deste modo, também não se considera que

esta variável tenha influenciado os resultados.

Os resultados obtidos no TL-ALPE são zero na fase inicial de ambos os grupos, dado

que nenhum dos participantes produzia, antes da implementação do Programa, frases

com a estrutura SVO. Este era o resultado esperado, considerando que era um critério

na inclusão dos participantes na amostra para implementação do INsyntax.

Passando à análise da eficácia da implementação do INsyntax, a estatística descritiva

permite perceber que as diferenças entre as médias obtidas nos momentos pós e pré-

implementação do Programa nos PT-IDC II são superiores no grupo experimental. No

entanto, nota-se a existência de uma grande variabilidade entre os resultados dos

participantes, o que revela que os benefícios da intervenção do Programa foram

sofrendo grande variabilidade entre as crianças. Possivelmente, esta situação deve-se

à dimensão da amostra e ao facto de os indivíduos apresentarem diferentes

características individuais, nomeadamente, o perfil de comunicação, as competências

de manutenção da atenção bem como o interesse por tarefas mais estruturadas.

Pela comparação dos resultados obtidos na avaliação realizada antes e após a

implementação do Programa ao grupo experimental, os resultados evidenciam uma

melhoria em todos os itens dos PT-IDC II e nos itens do TL-ALPE, como se verifica na

diferença de pontuações entre o momento inicial (pré-implementação) e final de

avaliação (pós-implementação). Comparando, os momentos de avaliação pré e pós-

implementação do INsyntax, em ambos os grupos, constatam-se diferenças

estatisticamente significativas em todas as provas dos PT-IDC II e, consequentemente,

no seu total.

Em relação ao fator grupo e à interação entre o momento de avaliação e o grupo, os

dados não são estatisticamente significativos, apesar de serem evidentes melhorias

substancialmente superiores no grupo experimental comparativamente com o grupo de

controlo.

Page 66: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

44

Estes resultados podem dever-se a dois fatores: (1) reduzida dimensão da amostra que

limita a obtenção de resultados estatisticamente robustos; (2) características inerentes

ao diagnóstico das crianças que fazem parte da amostra, uma vez que todos os

indivíduos participantes neste estudo foram identificados como FT, caracterizando-se o

seu desenvolvimento linguístico por ser lento e tardio, sem condição biomédica

associada (Singleton, 2018; Colisson et al., 2016). Como descrito na literatura,

nomeadamente na perspetiva de não intervenção “Olhar e Ver”, mesmo sem qualquer

intervenção, as crianças FT evoluem naturalmente, ainda que de forma lenta e distinta

daquilo que parece acontecer no desenvolvimento típico (Rescorla & Dale, 2013). Por

este motivo, as crianças do grupo de controlo, mesmo sem intervenção, melhoraram as

competências sintáticas, embora a evolução seja muito superior no grupo experimental,

como expetável de acordo com os estudos descritos na revisão da literatura ao nível da

intervenção focada e estruturada em FT (Girolametto et al., 1996, 1997, 2001; Rescorla

& Dale, 2013).

Analisando o gráfico 1 de caixa de bigodes e os gráficos 2, 3, 4, 5, 6, 8 e 9, é notória

uma evolução positiva em todos os itens, tendo as linhas dos gráficos uma tendência

ascendente em ambos os grupos com maior inclinação no grupo experimental,

comparativamente ao de controlo. Estes resultados revelam uma melhoria francamente

superior no grupo experimental comparativamente ao de controlo, confirmando a

informação anteriormente descrita.

Os resultados do TL-ALPE surgem na mesma linha, uma vez que apenas crianças do

grupo experimental adquiriam a estrutura SVO e, neste grupo, as que não chegaram a

esta estrutura sintática revelaram melhorias. Uma criança passou a usar palavra isolada

(inicialmente sem produção) e outra adquiriu estruturas com dois elementos, quando

numa primeira fase recorria apenas a um elemento.

Estes resultados vão ao encontro dos estudos internacionais, onde são mencionados

benefícios no desenvolvimento da linguagem, a nível lexical e sintático, com diferentes

tipos de intervenção em FT, quer seja implementada pelos pais quer pelo clínico

(Girolametto et al., 1997; Deveney & Hagaman, 2017; Zuccarini et al., 2020). Contudo,

a variabilidade dos procedimentos dos pais na implementação da intervenção limita a

comparação da sua eficácia entre estudos com pais e com os clínicos, uma vez que

podem não refletir os métodos utilizados na prática clínica corrente (Zuccarini et al.,

2020). Por este motivo, optou-se pela implementação do INsyntax por parte do terapeuta

da fala, seguindo os procedimentos e estratégias descritos no Manual de Aplicação do

Programa, garantindo a sua uniformização. Por outro lado, os ganhos com a intervenção

Page 67: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

45

em FT, a nível sintático, são mais evidentes na abordagem de Estimulação de

Linguagem Focada (Girolametto et al., 1996), corroborando a necessidade de uma

intervenção sistemática, garantida com o cumprimento de todos os procedimentos, mais

facilmente controlados quando a implementação do Programa é realizada pelo

terapeuta da fala.

O facto de a melhoria em ambas as escalas ter sido consideravelmente superior no

grupo experimental, demonstra que a implementação do Programa INsyntax em

crianças FT é claramente vantajosa, prevenindo consequências em idades

subsequentes, nomeadamente:

− Baixo desempenho linguístico em idade pré-escolar (Hammer et al., 2017);

− Dificuldades na leitura e na matemática em idade escolar e problemas de

comportamento (Hammer et al., 2017);

− Baixo desempenho no vocabulário, gramática e memória verbal na

adolescência, ainda que os scores de linguagem e de leitura se encontrem dentro

do esperado (Rescorla, 2009; Hawa & Spanoudis, 2014);

− Por vezes, diagnóstico de Perturbação de Desenvolvimento de Linguagem em

idade escolar (Singleton, 2014).

Nos resultados comprovou-se ainda a correlação positiva entre a diferença dos

momentos pós e pré-implementação do INsyntax na 1ª Parte - Primeiras Palavras, e na

2ª Parte – Morfologia e Sintaxe, dos PT-IDC II. A diferença superior no grupo

experimental comparativamente ao de controlo, é reveladora dos efeitos positivos do

Programa.

5.4. Limitações e Trabalho Futuro

O presente estudo foi realizado em época de pandemia, o que naturalmente afetou o

recrutamento de participantes, uma vez que no início do ano letivo 2020/ 2021 as

instituições se encontravam a reestruturar as suas normas de funcionamento, de acordo

com a segurança e higiene exigidas pelas circunstâncias.

Deste modo, a principal limitação do estudo foi a reduzida dimensão da amostra que

condicionou a obtenção de resultados estatisticamente robustos. No futuro, seria da

maior relevância a implementação do Programa INsyntax a uma amostra de dimensão

alargada de crianças identificadas com FT, de forma a verificar os efeitos deste

Page 68: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

46

Programa. Para melhor comprovar a eficácia do INsyntax, seria também interessante a

realização de um estudo follow-up, de forma a aferir a manutenção dos resultados.

Considera-se ainda vantajosa a implementação do INsyntax e a análise da sua eficácia

em grupos de crianças com outros diagnósticos cujos défices de linguagem incluam

alterações ao nível da sintaxe.

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47

6. Conclusão

O presente trabalho permitiu a criação e validação de conteúdo de um Programa de

Iniciação à Sintaxe, o INsyntax, para crianças a partir dos 24 meses de idade,

facultando, aos terapeutas da fala, uma ferramenta de intervenção válida na área da

sintaxe.

O estudo dos efeitos do INsyntax em crianças FT revelou que as crianças do grupo

experimental aceleraram o processo de aquisição da estrutura sintática SVO,

manifestando melhorias muito superiores comparativamente ao grupo de controlo.

O desenvolvimento e validação do INsyntax é um contributo na criação de programas

de intervenção na área da sintaxe, cientificamente validados para o PE. Este Programa

constitui uma mais-valia no âmbito da intervenção precoce numa área específica,

proporcionando a iniciação à sintaxe em crianças que se encontrem ao nível da palavra

isolada. O INsyntax prevê uma fase de generalização, facilitando a aquisição da

estrutura canónica básica do português em pleno.

Em suma, o INsyntax revela-se um Programa favorável ao desenvolvimento de

competências sintáticas em crianças FT entre os 24 e 31 meses, perspetivando-se como

promissor noutras crianças que se encontrem ao nível da palavra isolada.

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48

Page 71: Alexandra Maria DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DE de Almeida ...

49

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Apêndices

Apêndice 1 - Exemplos de ilustrações que integram o Programa INsyntax

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Apêndice 2 - Exemplo do material, procedimento e estratégias no nível I - Agente

Nível I: Agente (com função sintática de sujeito)

Estímulos: menino/ menina/ avó/ bebé/ pai/ mãe/ cão/ gato.

Materiais: prancha com cenário, prancha A (representativa da função de agente ou

sujeito), imagens dos agentes, círculo amarelo de material resistente (cor representativa

de agente).

Descrição: Será apresentado um cenário de cada vez à criança, a casa, o parque e a

praia. O TF começa pelo cenário da casa e explora-o previamente questionando “quem

é?”, enquanto aponta para cada um dos agentes. Se a criança não responder, o TF

deverá fornecer o modelo verbal ou recorrer a outra estratégia que considere eficaz para

induzir a resposta da criança. O TF irá utilizar o círculo amarelo (cor representativa da

função de agente), para assinalar cada agente, repetindo a questão “Quem é?”, para

cada sujeito da imagem.

De seguida, será colocada a prancha em cima da mesa com a imagem representativa

da função de agente/sujeito (A).

A

<

<

<

<

<

<

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59

Seguidamente, o TF coloca ao lado da prancha A o cenário a utilizar.

Instrução do TF: O terapeuta tenta elicitar a produção do agente mencionando “O …”;

“A …” , por exemplo, enquanto fornece à criança o pictograma correspondente a cada

agente para que esta o coloque na prancha A. Na ausência de resposta, o TF nomeia

cada sujeito: “O bebé”, “A mãe”. Se a criança produzir o agente por elicitação, o TF deve

repetir.

A

Os procedimentos descritos repetem-se para os restantes cenários: parque e praia.

<

<

<

<

<

<

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Apêndice 3 - Questionário (A) enviado ao Painel de Peritos

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO SINTÁTICO

Caracterização Sociodemográfica Do Painel De Peritos

Este questionário visa obtenção de um conjunto de informações que permitirão

a caracterização pormenorizada do perfil sociodemográfico de cada membro que integra

o painel de peritos e que validará o conteúdo do Programa de Desenvolvimento Sintático

(24-30M). Neste sentido, solicitamos o preenchimento dos itens que se seguem:

1. Género: Masculino Feminino

2. Data de nascimento: ___/___/____

3. Grau Académico:

Licenciatura

Pós - Graduação

Mestrado

Doutoramento

4. Número de anos de experiência profissional:

5-10

10-15

Mais de 15

5. Qual o intervalo de idades das crianças com quem realiza intervenção?

_______________________________________________________________

6. Realiza ou realizou intervenção com crianças com défices na área da sintaxe?

Sim Não

6.1. Se respondeu sim, quais as idades? __________________________

7. Utiliza algum programa de intervenção em sintaxe?

Sim___ Não___

7.1. Se respondeu sim, qual?_____________________________________

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Apêndice 4 - Questionário (B) enviado ao Painel de Peritos

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO SINTÁTICO

O Programa de Desenvolvimento Sintático (24- 30M) foi desenvolvido com o

intuito de promover a aquisição da estrutura argumental, sujeito/verbo/objeto,

expandindo até ao uso do locativo, em crianças entre os 24 e 30 meses que se

encontrem ao nível da palavra isolada.

Solicita-se a leitura do manual em anexo antes do preenchimento do questionário que

se segue. Para as respostas, utiliza-se uma escala de 1 a 4, sendo o 1“Não concordo”

e o 4 “Concordo Totalmente”. Assinale com uma (x) no quadrado correspondente à sua

opinião acerca de cada item.

Questionário sobre o Programa de Desenvolvimento Sintático

1. O programa é apelativo para as crianças.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

2. A atividade é adequada para a faixa etária dos 24-30 meses.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

3. A atividade será fácil de utilizar pelos terapeutas.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

4. Do ponto de vista sintático, a atividade está estruturada e hierarquizada de forma

adequada.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

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62

5. Do ponto de vista sintático e semântico, os estímulos selecionados são

adequados.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

6. A atividade pode vir a ser útil, complementando a sua prática profissional.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

7. A atividade é adequada para promover a aquisição da estrutura frásica

sujeito/verbo/objeto/locativo, em crianças que se encontrem ao nível da palavra

isolada.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

8. O tipo de material sugerido para inclusão no programa é adequado.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

9. A descrição das estratégias é clara.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

10. O programa foca o objetivo a que se pretende.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

11. Gostaria de usar esta atividade na sua prática clínica.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

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63

Sugestões:

12. Recomendaria esta atividade a outros TF.

Não concordo Concordo Parcialmente Concordo Concordo Totalmente

Sugestões:

Outras Sugestões:

Obrigada pela colaboração!

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Apêndice 5 - Declaração de Consentimento Livre e Informado

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Considerando a “Declaração de Helsínquia” da Associação Médica Mundial

(Helsinquia 1964; Tóquio 1975; Veneza 1983; Hong Kong 1989; Somerset West 1996; Edimburgo 2000;

Washington 2002; Tóquio 2004; Seul 2008 e Fortaleza 2013)

Por favor, leia e assinale com uma cruz (x) os seguintes quadrados:

Compreendi a explicação que me foi fornecida acerca do projeto de investigação

que se pretende realizar. Foi-me dada a oportunidade para elaborar as questões

que julguei necessárias, tendo obtido uma resposta satisfatória a todas.

Compreendi, enquanto representante legal da criança sobre a qual incide a

recolha de dados, que tenho o direito de recusar/renunciar, a qualquer momento,

a participação voluntária do meu educando, sem qualquer prejuízo para ambos.

Compreendi que os dados recolhidos durante a investigação serão confidenciais

e que só os investigadores do projeto da Escola Superior de Saúde da

Universidade de Aveiro a eles terão acesso. Autorizo o acesso aos dados a todos

os investigadores.

Compreendi que os resuFTados do estudo podem ser publicados em revistas

científicas e/ou empregues noutros projetos de investigação, tais como

dissertações de mestrado ou programas doutorais, sem que haja qualquer quebra

de confidencialidade. Autorizo a utilização dos dados para esses fins.

Consinto a participação voluntária do meu educando neste projeto de

investigação.

Representante Legal da Criança (nome completo):

_____________________________________________________________________

Assinatura do Representante Legal da Criança:

______________________________________

________, ______ de _______________ de 2020

A Investigadora:

_______________________________

(Alexandra Lopes)

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Apêndice 6 - Distribuição aleatória dos participantes pelos grupos

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Apêndice 7 - Questionário sociodemográfico

Código :_________

QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO

Pretende-se, com o presente questionário, obter um conjunto de informações com o

propósito de caracterizar, de forma pormenorizada, o perfil demográfico de cada criança

que participará, voluntariamente, no projeto de investigação.

Considere as questões seguidamente apresentadas, respondendo com informações

referentes ao seu educando:

1. Género: Masculino Feminino

2. Data de Nascimento: ______________ Idade: _________________

3. Idade em que começou a frequentar creche: _________

4. A língua materna (primeira língua) da criança é o Português Europeu?

Sim

Não Se não, indique qual: ______________________________

5. A criança frequenta, ou já frequentou, Terapia da Fala?

Sim

Não

6. A criança evidencia, ou já evidenciou, alguma condição biomédica (e.g., perturbação

do espectro do autismo, perda auditiva)?

Sim Se sim, indique qual:_____________________________

Não

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Anexos

Anexo 1 - Autorizações das entidades para a realização do estudo

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