Alfabetização sem cartilha
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Alfabetização sem cartilha
Por que alfabetizar sem cartilha?
- Questões epistemológicas: como eu acredito que o ser humano produz conhecimento?
- Questões socio-culturais: sujeitos de diferentes espaçostempos leem o mundo e a palavra-mundo da mesma forma? Existe texto sem contexto? Existe o ser humano universal?
- Questões da psicologia das “infâncias”: como as crianças aprendem?
Como alfabetizar sem cartilha?
1) O aprendente é falante de uma língua. Alfabetizar não é negar a língua do falante, mas ampliar seu universo linguístico;
2) Isso implica mais do que preparar uma aula, implica em preparar-se para a aula: ampliar o próprio repertório linguístico, o próprio universo cultural, abrir-se ao mundo;
3) Qual a minha relação com a PALAVRA?
4) Aprender: DESEJO, NECESSIDADE, VONTADE
5) Produzindo o desejo a necessidade e a vontade na sala de aula : COMUNICAÇÃO & EXPRESSÃO: trabalhando a partir da palavra, do corpo, dos sentidos…
CONTAR HISTÓRIAS:ARTE MILENARA arte de narrar é uma das mais antigas atividades humanas. O contador de histórias era a memória viva de um povo, seu tradutor, seu inventor. Possui as chaves para guardar os acontecimentos, narrá-los com força para que se fizesse vivo na memória e corações daqueles que ouviam.
•Histórias são traduções de cultura e humanidade: são ao mesmo tempo temporais e atemporais, locais e globais;
•Histórias são balsâmicas: curam feridas da alma;
•Histórias são terapêuticas: nos permitem ir com leveza a lugares terríveis;
•Histórias são ideológicas: traduzem uma forma de ver e representar o mundo.
UMA HISTÓRIA MUITOS JEITOS DE NARRAR…
•O CONTADOR DE HISTÓRIAS : alguns contadores defendem uma contação centrada na palavra. A atenção é despertada apenas pelo talento de narrar;
•O CANTADOR DE HISTÓRIAS: alguns contadores usam histórias musicadas, muitas vezes misturando narrativas com musicas do folclore;
•A HISTÓRIA TEATRALIZADA: alguns contadores utilizam cenários, reálias, marionetes, fazem a contação como um espetáculo teatral.
Atividades a partir do texto QUEM MORA ?
(Maria Mazzetti)
QUEM MORA NA CASA TORTA ?
UM GATO QUE USA SAPATO
E TEM UM RETRATO NO QUARTO?
UMA FLORZINHA
PEQUENININHA
DE SAINHA CURTINHA ?
UM ELEFANTE COM RABINHO DE BARBANTE?
UM PAPEL DE ÓCULOS E CHAPÉU ?
UM BOTÃO QUE TOCA VIOLÃO ?
UM PENTE COM DOR DE DENTE ?
QUEM MORA NA CASA TORTA ?
INVENTE DEPRESSA ALGUÉM ?
1) Invente depressa alguém…
2) Qual o título?
3) Qual o nome da autora?
4) Onde será que está escrito………
5) O que é esse sinal “?”
6) Figura/palavra para achar na letra
7) Rearrumar a história: frases cortadas em tiras.
8) Completar com as palavras que faltam
9) Circule as palavras que terminam…
10) Onde aparece o nome de bicho?
11) Tem alguém na sala que o nome começa com G (GATO) F(FLOR) E(ELEFANTE)?
QUERO CONTAR HISTÓRIAS…
- Aprenda a ouvir histórias, em primeiro lugar.
- Prepare-se estudando, pesquisando, ensaiando.
- Procure conhecer melhor as crianças, como funciona sua imaginação.
-Não tenha a pretensão de ensinar, conduzir a interpretação da criança. Apenas conte uma história.
- Pesquise e monte seu repertório. Com o tempo suas histórias ficarão mais fáceis de contar. E ganharão vida, porque você estará acreditando nelas.
- Todos os recursos são válidos para chamar a atenção: cantar, dançar, usar sotaque, mas eles não podem ser mais importantes que a história.
- É sempre bom usar objetos que estimulem a imaginação: um lenço enrolado num cabo de guardachuva pode ser uma linda rainha vestindo sua capa.
- Procure desenvolver sua sensibilidade. Se você acreditar que o lenço é a capa da rainha, a criança vai gostar mais do seu jeito de contar.
- Porém, procure sempre conhecer o universo das crianças para as quais você vai contar a história. O sucesso ou fracasso dos recursos que você vai usar depende disso. O lenço enrolado no cabo de guardachuva pode não significar nada para elas.
- -Descubra a pontuação da história: os momentos de respirar, de se surpreender. Assim, a história ficará viva em você. E você se surpreenderá naquele momento, junto com quem está ouvindo, mesmo que tenha contado a mesma história mais de 100 vezes.
- Antes de começar a história, organize um espaço sem muitos objetos, elementos e movimentos que desviem a atenção de quem está ouvindo.
MAS E NA ESCOLA…
Didatizar uma história é matá-la no coração de quem ouve;
Atividades que explorem a expressão, outras possibilidades de interpretação: recriar a história e não apenas reproduzir.
Formar novos autores/ narradores… Diferentes veículos = diferentes linguagens O prazer de ouvir, ler, narrar, escrever Como ler para o outro…
Produzindo experiências e registros…•Experiências vividas: trabalhando a partir da identidade: meu nome, os nomes da minha família, o lugar onde moro, minha escola etc.
•Experiências com o corpo: observação do próprio corpo, expressão: dança, teatro, mímica, sombras etc; Jogos (e experiências) com os sentidos: nomes de frutas, expressão de cheiros, gostos, sons
•Experiências de observação da natureza: minhocário, aquário, estufa, vasinhos de plantas (temperos são ótimos!), histórias dos nossos animais de estimação, filmes etc. : registro “escrito” (considerando-se escritas: logográficas, ideográficas, alfabéticas) de TUDO que fazemos e observamos
Preparando um ambiente alfabetizador… Cantos temáticos: livros diversos/ coleções/
brinquedos/ jogos/ reálias (representações)/ viveiros/ sucatas/ instrumentos musicais/ etc
Material impresso: alfabetos/ famílias silábicas/ palavras/ textos/ rótulos/ músicas/ imagens / registro das atividades realizadas/ textos das crianças (obs: cuidado para não POLUIR! Informação demais confunde mais que ajuda! Coloque aos poucos, mude sempre, crie espectativas em relação ao ambiente.)
Pesquise e crie um bom repertório…
De textos: músicas, poemas, histórias… De jogos: com números, palavras, frases,
quebra-cabeças…
Sujestões:
Zé Zuca, Bia Bedran, Palavra Cantada,
Maria Mazzetti, Câmara Cascudo,
Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Ziraldo…
Bienal e Salão do Livro vem ai…