Alfama Não Se Quer Ser Uma Disneyland Para Turista Ver - PÚBLICO
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7/25/2019 Alfama No Se Quer Ser Uma Disneyland Para Turista Ver - PBLICO
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Alfama
quer
debater
formas
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Oferta
de
casas
para
arrendar caiu 33% em
Lisboa
classifica alcio com
Uma
Mouraria "mais
Alfama no se quer ser umaDisneyland para turista verTERESA SERAFIM 05/06/2016 - 16:27
A Associao e Populao de Alfama organizou um debate sobre o
futuro do alojamento no bairro. Moradores e acadmicosdiscutiram as
consequncias do boomturstico.
Todos tmuma certeza: Alfama no se pode tornar em mais uma
Disneyland. " difcil lutar contra os Santos Populares e a Marcha",
brinca Maria Lurdes Pinheiro, presidente da Associao do Patrimnio e
Populao de Alfama (APPA), que est frente da organizao do debate
"Alfama: Turismo, tradio e futuro", que decorreu no sbado, no Museu
do Fado, em Lisboa.
As ruas do bairro tpico lisboeta esto repletas de bandeiras coloridas, do
cheiro a sardinhas e a marcha do bairro foi apresentada no sbado, pela
primeira vez. "J temos moradores de Alfama na plateia", afirma mais
PBLICO/ARQUIVO
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tranquilizada Maria de Lurdes Pinheiro. "Por enquanto", diz um dos
moradores.
Quem j est no auditrio do museu presencia o permanente olhar
curioso de turistas que atravs das janelas envidraadas tentam
compreender o que se passa. De facto, mesmo sobre eles que se fala. O
boom turstico, o desalojamento de moradores do bairro e a sua possvel
descaracterizao foi o foco escolhido numa conversa entre residentes e o
mundo acadmico.
"Ns no somos contra o turismo, mas temos de dar oportunidade a
quem quer viver no bairro", afirma Maria de Lurdes Pinheiro no
arranque do debate. "Qualquer dia, os turistas so vizinhos uns dos
outros". Revelando que a APPA no tem nenhum remdio para a
situao, quer que esta seja uma conversa que transporte medidas para o
poder poltico. "No queremos que quando acabar o boomturstico
fiquemos sem ningum no bairro".
Adlia Rivotti trabalhou 15 anos em Alfama, como assistente social no
Gabinete de Reabilitao Urbana e ainda se lembra quando, em 1992,
desceu pela primeira vez o Beco de Santa Helena e avistou o bairro.
Agora antroploga, uma das oradoras convidadas. "O bairro sempre
integrou gente nova. Muitos dos alfacinhas de Alfama so da provncia",
afirma. De acordo com a antroploga, Alfama sempre foi uma terra de
migrantes e isso nunca foi problema.
Ao PBLICO, Adlia Rivotti explicou que h uma diferena."No o
mesmo haver um jovem ou algum de outro ponto da cidade que venha
viver para Alfama ou haver pessoas a alugar quinzena e semana". A
antroploga fala no "turismo imobilirio" e na falta de ligao que se cria
no bairro. "A rotao to rpida que ningum se conhece e no se criauma relao". H uma desvirtuamento do que o bairro e, "s tantas,
temos aqui uma Disneyland".
Turismo mata o turismo?
De acordo com a antroploga, "o sangramento de gente" em Alfama,
comeou com a inverso do projecto de reabilitao do bairro. Quando o
bairro iniciou o processo de reabilitao, em 1986, havia o objectivo de
preservar e fazer permanecer a populao local, a partir de 2004, tudo
mudou. "Saiu muita gente". Houve uma retirada da interveno pblica
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no bairro, em que a cmara no assegurou muitos edifcios. "Daqui a
nada o que os turistas procuram j l no est. Os poderes polticos
devem ser chamados a falar sobre a matria".
Foi tambm esse o ponto focado pelo socilogo Jos Lus Casanova. " A
ideia bsica, quando o turismo de mais mata o turismo". Para o
socilogo deve existir um debate entre os residentes, os trabalhadores do
bairro e os responsveis polticos. " uma deciso do bairro sobre o quequer ser", afirmou sobre a participao dos moradores. Como forma de
alerta sobre a falta de participao cvica, deu o exemplo da mudana de
paisagem do litoral algarvio. " o que acontece quando as pessoas no
fazem nada", salientou.
No descartou a importncia do turismo na actividade econmica do
bairro, at porque, "as pessoas encontram no turismo uma tbua de
salvao". Acrescenta que as crises econmicas so pocas frgeis e as
foras envolventes tentam sempre fazer com que as pessoas se sujeitem a
alugar as casas a preos maiores e a alug-las a turistas.
por isso que Jos Ferreira, Domingos Silva e Joo Almeida fizeram
questo de estar presentes na primeira fila do auditrio. Na casa dos 70
anos, vivem no bairro desde crianas e vem com preocupao o
abandono de habitantes do bairro e a dificuldade que os mais novos tm
em arranjar casa. Jos Ferreira levantou a voz no debate e referiu o caso
de "uma senhora que se sentiu mal e ningum a acudiu, pois no havia
ningum no prdio".
Domingos Silva nem quer imaginar quando terminar a lei das rendas, em
vigor nos ltimos cinco anos, e os senhorios tiverem oportunidade de
levantar o valor. "Em princpio, os velhos no podem sair, mas se o valor
aumentar para uns 500 euros eles no conseguem pagar", afirma com
indignao Joo Almeida. Vive no mesmo prdio de Domingos Silva e se
j coabitaram mais 15 famlias, hoje so apenas eles os inquilinos.
Num debate que no gerou muitas sugestes, a presidente da APPA,
Maria de Lurdes Pinheiro anunciou que a associao ir organizar mais
uma conversa sobre o tema em Setembro, num dia a anunciar. " para se
ir falando e discutindo".
Texto editado por Brbara Wong