Alguns dedos de Prosa: conversando sobre Psicologia ... · Precisamos conviver com imagens do belo!...
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14/9/2011 | Maristela Barenco Corrêa de Mello | (24) 2237-5801
Alguns dedos de Prosa:
conversando sobre Psicologia,
Educação Ambiental, Cultura
da Paz e Espiritualidade
Este Informativo é uma
publicação semanal dedicada a
Educadores, cujos conteúdos
são de inteira responsabilidade
da autora. Seu objetivo é
formativo: oferecer subsídios e
reflexões em Psicologia,
Educação Ambiental, Cultura
da Paz e Espiritualidade, e
renovar o propósito rumo a
uma educação transformadora.
Por uma Educação Ambiental Estética
Finalizamos as reflexões do último Informativo com as seguintes
interrogações: E você, Educador Ambiental, ensaia práticas impotentes, de resistência ou
sobretudo criativas e propositivas? Mas em que consiste uma prática ou práticas
criativas e propositivas? O filósofo Nietzsche distinguia dois tipos de criação: uma que
desponta da “fome” enquanto escassez; outra, que desponta do “supérfluo” enquanto
abundância... Questão intrigante, que refletiremos no próximo número.
Queremos aprofundar uma reflexão entre a Educação Ambiental e a
perspectiva estética. Seguimos as pistas de Nietzsche quando ele distingue entre a
atividade criadora que se dispõe a criar obras de arte e a existência criadora que se
dispõe a fazer da própria vida uma obra de arte. Por perspectiva estética na Educação
Ambiental não queremos nos referir somente a práticas educativas que sejam criativas e
artísticas. E aqui vale já uma consideração: não deveríamos compreender a arte como
meio, recurso pedagógico para outro fim. Arte é arte. Mas o que o filósofo Nietzsche
parecia dizer é que o grande desafio não é criar obras, mas fazer da vida uma obra de
arte. Ele fala de uma arte que brota não como expressão de recalque, de falta, escassez
e fome, mas como expressão de abundância, de alegria, de virtude. Ou seja, não criamos
porque nos sentimos vazios, tristes, frustrados e incompletos. Criamos porque
transbordamos de vida. Criamos porque temos um excedente de vida. A arte, para
Nietzsche não é algo acabado, mas sempre em vias de se fazer.
Assim, um trabalho estético é sempre ético-político, porque possui um sentido
profundamente transformador e autotransformador. Mas Nietzsche não compartilha de
nossa ética metafísica e prescritiva, que determina, de uma forma genérica, o que
devemos ser e onde devemos chegar. Aprendemos a idealizar pessoas e mundos. A base
da Educação compartilha desta ética metafísica: os currículos escolares já definem, de
Boletim No. 8, Ano I
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que nos tornamos pelas circunstâncias da
vida, sempre provisórias. Significa a
capacidade de potencializar a existência
para que ela seja afetada positivamente
pelas circunstâncias da vida. Colocar a vida
em um plano artístico significa não idealizar
a vida, tendo em vista que ela atenda as
expectativas da existência, mas preparar a
nossa existência para que ela seja capaz de
assumir os desafios provisórios da vida, ou
ainda, tornarmo-nos as pessoas para quem a
vida pode ser favorável. Não é limitar a vida
e sim ampliar a existência para que ela
tenha potência e força para responder aos
desafios da vida. Diante da crise ecológica
que a humanidade atravessa e se defronta,
antemão, que tipo de alunos precisam chegar,
como eles devem ser, onde devem chegar e
para que mundo estão sendo formados. Nesta
visão, nós, como educadores ambientais,
educamos crianças, jovens e adultos para que
sejam de uma determinada maneira, e para
que construam o mundo idealizado que
aprendemos e reproduzimos.
Nietzsche é autor de uma máxima
que desafia o ser humano a “tornar-se quem se
é”. O papel da arte é contribuir nesta direção.
Mas o que significa “tornar-se quem se é”? Na
perspectiva da ética metafísica acima descrita,
seria voltar a uma origem, a um substrato
imutável. Para Nietzsche é outra coisa: significa
a capacidade de ser, a cada momento, aquele
Colocar a vida em um plano artístico significa não idealizar a vida, tendo em vista que ela
atenda as expectativas da existência, mas preparar a nossa existência para que ela seja capaz
de assumir os desafios provisórios da vida (...).
uma perspectiva estética não fecha os olhos diante da crise e nem a interpreta de
forma acrítica. Busca suas causas históricas, sociopolíticas, suas implicações
econômicas e planetárias. E não investe em processos ligados à culpabilização e ao
medo, em futuros catastróficos que geram impotência e desesperança. Numa
perspectiva estética, as crianças, adolescentes e jovens não são matérias-primas para
realização de nossas utopias e nem as responsáveis em criar os mundos idealizados
por nós que não fomos capazes de criar.
Ser a cada momento aquele que nos tornamos, assumir a realidade que nos
torna diferentes e múltiplos, permanecer na imanência dos encontros e
acontecimentos, enfrentar a dor da existência com alegria, ter a coragem de se
inventar, a cada momento, num plano artístico – tudo isso significa fazer da vida uma
obra de arte e inventá-la, como afirmação, a partir de um querer-artista. Acreditar na
existência como obra de arte é crer e respeitar na singularidade humana, na vida como
momento presente, na educação como um processo criativo e um encontro
potencializador, em formas de sensibilização que ajude às crianças, mas também a
nós, educadores, a repensar e reinterpretar nossos modos de existência e o lugar que
natureza ocupa dentro deles. É olhar a crise como uma escolha entre muitas outras,
interpretá-la como possibilidade de aprendizado e crescimento, e como desafio para a
invenção de muitos mundos nunca experimentados.
Sugestões de Leituras
MACLEAN, DOROTHY. O Chamado das
Árvores. Carmo da Cachoeira, MG: Irdin, 2008, 158 p.
Dorothy Maclean é uma das fundadoras da Comunidade de Findhorn, na Escócia. Dedicou sua vida ao trabalho de meditação interna com os planos divinos. Tal contato a fez desenvolver uma conexão especial com a natureza e, sobretudo, com as árvores, nossas grandes protetoras, curadoras e irmãs.
Neste livro, Dorothy restabelece a conexão entre os seres humanos e as árvores, trazendo as mensagens de várias espécies de árvores. Seus textos são poéticos e profundamente meditativos, chamando a nossa atenção para espécies de árvores que nem mesmo conhecemos ou nomeamos. Apesar de constituir para nós uma experiência incomum, Dorothy relata: “É claro, as árvores e o mundo da natureza não falam. Não de modo como nós, seres humanos, compreendemos o falar. Quando entro em contato com eles não ouço as palavras, mas expresso minhas experiências com minhas próprias palavras (...)”. Dorothy não apenas parteja a natureza, como novas formas de se relacionar com ela.
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Sugestões de Filmes
Reinaldo José de Lima
Primeiramente gostaria de agradecer o convite da querida amiga Maristela para fazer parte desta ideia cheia de informação, reflexão e acima de tudo sensibilidade, uma característica peculiar da nossa Stela. A proposta aqui será a de trazer pequenas sinopses e indicações de filmes de nacionalidades diferentes com o objetivo de possibilitar interações variadas com a imagem e as narrativas cinematográficas. Espero que gostem.
Nosso primeiro filme chama-se VERMELHO COMO O CÉU (2006), produção italiana, dirigida por Cristiano Bortone e que narra a vida de Mirco, um garoto de 10 anos de idade que vive na região da Toscana e é apaixonado por cinema. Após um acidente perde a visão e, rejeitado pela escola pública, é enviado para um instituto para cegos na cidade de Gênova. É neste ambiente, após a descoberta de um gravador, que começa a criar histórias sonoras que mudarão sentidos e paradigmas. Realizado com extrema sensibilidade – algo muito peculiar no cinema italiano – “VERMELHO COMO O CÉU”, traz a superação como possibilidade sempre real e por isso envolve o espectador de maneira única – assim como qualquer ser humano – diante das transformações, sejam elas vistas das mais variadas formas. Para finalizar, um pequeno registro para quem curte as curiosidades que envolvem as narrativas cinematográficas: a história do filme é baseada na vida real de Mirco Mencacci, um renomado editor de som da indústria cinematográfica da Itália – o elemento que faltava para se envolver de vez com o filme. Até a próxima.
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Sugestões de Atividades
Trazendo a natureza para
dentro da Escola
Um espaço educativo desconectado
da natureza não é apenas
esteticamente feio como
energeticamente desvitalizado,
revelando a falta de relação entre o
ser humano e o seu meio circundante,
e a falta de cuidado em relação à vida.
Um ambiente com flores , plantas e
árvores é um ambiente vivo, repleto
de energia, que fornece imagens de
beleza. Por outro lado, não basta que
tragamos a natureza para dentro da
Escola, de forma mecânica.
Precisamos nos sensibilizar para esta
relação. A participação de todos é
fundamental. Só abraçamos os
projetos nos quais nos sentimos parte.
A proposta é sensibilizar os alunos que
moram em áreas de vegetação
possam trazer uma pequena muda,
plantada em uma latinha ou saco
plástico, para a Escola. Importante
que não se estimule o roubo de
plantas, ou uma atitude de
depredação do meio ambiente.
Plantar uma muda requer cuidado e
amor. Mas é um ato de extrema
simplicidade. Estas plantas precisam
ser cuidadas diariamente e fazerem
parte do cotidiano escolar. Para que
suas espécies se tornem conhecidas,
podemos criar um jogo da memória,
com a duplicação de fotos de suas
espécies. Precisamos conviver com
imagens do belo!
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Vamos florir nossas casas e nossas vidas?
Os cenários urbanos vêm trazendo, nos últimos anos, paisagens frias,
devastadoras e que refletem claramente o afastamento dos seres humanos em
relação ao ambiente natural. Por um lado, tais cenários fazem parte da chamada
modernidade: a expansão das cidades, a ocupação irregular e desenfreada do solo, a
construção de edifícios, o asfaltamento das vias públicas, a diminuição de áreas
verdes, o calçamento geral do solo, a proliferação de fios de eletricidade, cabos de tv
e torres de celulares. Por outro lado, tais cenários também engendram paisagens de
crise: a poluição de rios, a exposição de lixos nas ruas e áreas urbanas, as pichações
nas paredes, muros e edificações, a poluição emitida pelo intenso tráfego, a
destruição de orelhões telefônicos e praças. Tal cenário é crescente. Aos poucos,
vamos nos acostumando com tais paisagens e apesar de lamentarmos, não
conseguimos intervir. À sensação de lamento e impotência soma-se um
conformismo.
Lembro-me que na minha rua, nos tempos da minha infância, não havia
lixo espalhado. Ele era armazenado em latões, pelos moradores, e ainda havia
pessoas que passavam para recolher a chamada lavagem (lixo orgânico). No início da
minha rua havia um ponto de encontro da garotada, onde ficávamos sentados,
conversando. Passados 30 anos, este ponto de encontro virou depósito de lixo, de
entulho, de todos os tipos de dejetos. Apesar de ficar em um entroncamento de
ruas, em frente ao comércio, podemos passar lá todos os dias – ainda que o
caminhão do lixo também passe diariamente e que haja um serviço de disque-
entulho! – que o depósito está cheio, tomando a calçada e parte da rua. Perdemos
toda a identificação com os espaços públicos. Acostumamo-nos a pensar que a rua
não é nossa casa. Colocamos o lixo “fora” como se, de fato, existisse algum “fora”.
Mas todo “fora” é um dentro do mundo, cujo impacto incide em todas as formas de
vida.
Transitando nestes espaços feios, ficamos adoecidos, endurecidos e
insensíveis. Longe da natureza, da qual fazemos parte, vamos ficando desvitalizados
e enviando imagens de impotência e falta de cuidado às nossas mentes e corações.
Por mais que tentemos mobilizar as pessoas para uma mudança, há uma crença
coletiva de que mudar é muito difícil. Não acreditamos nem em nós e nem nos
nossos companheiros.
Abrir nossas Moradas ao mundo, olhar para nossos entornos, reunir a
vizinhança e lhe enviar mensagens de beleza e bondade nunca foi tão importante.
Precisamos, mais do que nunca, trazer de volta a natureza para o nosso entorno e
para dentro de nossas casas. Precisamos nos contagiar com sua energia curativa.
Um processo de educação ambiental pode acontecer exatamente onde
moramos, nesta perspectiva. Precisamos voltar a conviver com as árvores, com as
plantas e com as flores, em sua biodiversidade, que atrai pássaros e insetos. Tal
contato estimula cotidianamente imagens curativas de beleza, de harmonia, de
integração, e apelos de cuidado. Independente de como sejam nossas moradas –
grandes, pequenas, ricas ou pobres, de tijolo ou a pau-a-pique, podemos florir nossas
moradas, com muitos vasos, com muitos canteiros. Um canteiro vertical, feito com
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Sugestões de Filmes
Reinaldo José de Lima
Primeiramente gostaria de agradecer o convite da querida amiga Maristela para fazer parte desta ideia cheia de informação, reflexão e acima de tudo sensibilidade, uma característica peculiar da nossa Stela. A proposta aqui será a de trazer pequenas sinopses e indicações de filmes de nacionalidades diferentes com o objetivo de possibilitar interações variadas com a imagem e as narrativas cinematográficas. Espero que gostem.
Nosso primeiro filme chama-se VERMELHO COMO O CÉU (2006), produção italiana, dirigida por Cristiano Bortone e que narra a vida de Mirco, um garoto de 10 anos de idade que vive na região da Toscana e é apaixonado por cinema. Após um acidente perde a visão e, rejeitado pela escola pública, é enviado para um instituto para cegos na cidade de Gênova. É neste ambiente, após a descoberta de um gravador, que começa a criar histórias sonoras que mudarão sentidos e paradigmas. Realizado com extrema sensibilidade – algo muito peculiar no cinema italiano – “VERMELHO COMO O CÉU”, traz a superação como possibilidade sempre real e por isso envolve o espectador de maneira única – assim como qualquer ser humano – diante das transformações, sejam elas vistas das mais variadas formas. Para finalizar, um pequeno registro para quem curte as curiosidades que envolvem as narrativas cinematográficas: a história do filme é baseada na vida real de Mirco Mencacci, um renomado editor de som da indústria cinematográfica da Itália – o elemento que faltava para se
latas, torna o cenário mais inóspito em um lugar encantado. Se
pendurarmos alguns vidros vazios, com uma velinha dentro, podemos
encantar os jardins à noite.
O cultivo das flores nos entornos de nossas casas é uma
experiência contagiante e de grande dádiva. Tenho uma vizinha
querida, chamada Silvia, que veio morar em nossa rua e trouxe este
cultivo. Plantou floreiras de todos os tipos, maravilhosas. Colocou-as em
vasos, nas janelas e no quintal. Fez cortinas coloridas, cedeu à tentação
de levantar muros altos. Tentou expandir a experiência para o canteiro
em frente às nossas casas que, embora seja um espaço público, foi
cuidado e cultivado por minha mãe durante todos os anos que ela
morou nas redondezas. Mas roubaram todas as mudas, inclusive o pé
de manacá da serra! Assim mesmo ela tem perseverado. Em frente à
sua casa, vejo diariamente pessoas paradas, contemplando tamanha
beleza. As pessoas tecem comentários maravilhosos. Interrompem seus
itinerários para contemplar tal jardim. Alguns vizinhos, sensibilizados
com uma beleza que ela oferecia, começaram a plantar também. E isso
me contagiou. Embora eu sempre tenha cuidado do espaço interno de
minha morada, com plantas e flores, entendi a mensagem da Silvia: sua
proposta é de encantar o mundo, a vizinhança, as pessoas que passam
pelas ruas. É um convite silencioso e sensível à mudança.
Resolvi, então, criar um pequeno jardim em minha varanda,
apenas com vasos.. Melhor do que isso: resolvi ofertar-lhe de presente
ao meu companheiro. Plantei jasmineiros, gerânios, ervas medicinais,
margaridas, lírios, antúrios, alfazemas, azaléas árvores da felicidade.
Coloquei cata-ventos, anjos, luminárias. Na primeira semana, tive a
visita de uma joaninha, inseto que não via há muitos anos, que passou a
morar dentro de uma margarida. Comecei a colocar água e comida para
passarinhos e eles vêm, bem cedo, visitar-nos, faça chuva ou sol. Ficam
na varanda. Junto com eles, apareceram os beija-flores e até uma
aranha. Todos os dias o meu companheiro vai contemplar o jardim e ver
o que tem mudado, quando chega do trabalho. Isso envolve a todos em
uma casa.
Nosso projeto, iniciado agora, com a vizinha Silvia, é buscar
passar esta prática para a nossa vizinhança, doando e trocando mudas
de flores e incentivando, em pequenas reuniões (regadas a um lanche
gostoso) que as pessoas plantem em seus jardins ou janelas,
independente do espaço que disponham e das condições em que vivam.
Nosso objetivo é trazer a natureza para dentro de nossas vidas,
envolver as famílias no cuidado cotidiano com as flores e plantas, criar
uma estética natural e colorida em torno de nossas moradas, criar
formas de relacionamento na vizinhança. Acreditamos que este é o
primeiro passo para uma mudança em nosso olhar – exatamente este
que se acostumou com o lixo que se esparrama por todos os lados e
Sugestões de Filmes
Reinaldo José de Lima
“UM DOCE OLHAR” é o filme escolhido para este informativo
por vários motivos, que poderia eu aqui elencar. Mas talvez
dois sejam suficientes: a sensibilidade da narrativa
(principalmente a que envolve o garoto) e a intrínseca relação
com a natureza ali registrada. O filme é uma co-produção da
Alemanha e Turquia e foi o grande vencedor do Urso de Ouro
de Festival de Berlim de 2010. A narrativa gira em torno de
Yusuf (Bora Altas), um garoto turco que está aprendendo a ler
e a escrever e que nas horas vagas ajuda o pai, um apicultor
que guarda as colmeias nos galhos mais altos da floresta que
circunda a região onde mora. Um certo dia seu pai parte para
descobrir o motivo pelo qual as abelhas estão sumindo e a
demora em retornar faz com que a vida de Yusuf tenha outro
sentido. O filme se passa em uma região turca em que a
natureza reina de forma soberana, com montanhas que
configuram uma paisagem de tirar o fôlego. O outro grande
mérito do filme está nas interpretações dos atores,
principalmente a do garoto, cujo olhar e a expressividade – tão
naturais – coloca “UM DOCE OLHAR” como um dos melhores
filmes com interpretações infantis já produzidos. Mas atenção!
“UM DOCE OLHAR”, com o pouco que já foi dito acima já
sinaliza que é um daqueles filmes cuja narrativa é lenta,
cuidada, pouco há de sonoridade musical, os sons que
imperam são justamente os da natureza. Um narrativa que vai
envolvendo o espectador cuja sensibilidade para o cinema faz
com que consiga perceber a sutileza, a beleza e a suavidade do
que ali é retratado. Cenas que mostram a relação do menino
com o pai e com a mãe (distintas e fortes) ou as cenas em que
tenta ler na escola como forma de ganhar o tão sonhado
broche de bronze para que seu pai tenha orgulho de si, já
fazem da narrativa uma experiência única para o espectador.
VOCÊ SABIA?
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de todos os jeitos, nas calçadas - oferecer, para além de nossas moradas, imagens de
beleza.
No Sul da Índia, em uns vilarejos extremamente pobres, pude contemplar a
prática diária das mulheres em relação ao seu entorno: na confluência de suas casas,
logo que amanhece o dia, elas desenham mandalas coloridas ao chão, onde as pessoas
passam. Sabem que são fugazes, que logo se apagarão, mas repetem a prática
diariamente. Ao lado das mandalas, acendem incensos e os penduram nas árvores. As
mulheres também se ornamentam de flores diariamente em seus cabelos e
ornamentam os templos pequeninos que se distribuem pelas ruas. Colocam guirlandas
ao redor dos portais de suas casas. Tornam o cotidiano da vida humilde em uma ocasião
delicada e especial.
Estamos, minha vizinha e eu, criando placas que serão colocadas na frente de
nossas casas, incentivando às pessoas a florirem os seus espaços. Também vamos pintar
e colorir os postes que estão em frente às nossas casas. Vimos isso em uma cidade
mineira e achamos uma gracinha. Olhar o belo e oferecer o melhor que temos e somos
ao nosso entorno é reencantar os espaços públicos e coletivos, reencantar nossas vidas
e nossas moradas, revitalizá-las e energizá-las com amor, reencantar os olhares e
corações para a invenção de novos mundos e jeitos mais harmônicos de viver!
Outra prática que tenho exercido, nos últimos anos, é presentear as pessoas
com mudas de ervas medicinais ou flores, sempre plantadas em vasos, ou com as
mandalas, que são círculos mágicos que nos convidam a uma contemplação. Não gosto
de flores arrancadas, mas cultivadas. Ao redor do vaso, um ornamento singelo e algumas
palavras de carinho. A natureza em forma de presente é uma prática de extrema
sutileza.
Estamos fazendo o caminho inverso. Ao invés de apontarmos para o lixo,
queremos que a beleza das flores cultivadas possa gerar, por contraste, um convite à
mudança.
E você, que tal você fazer parte deste projeto?
Maristela Barenco Corrêa de Mello
Graduada em Teologia (ITF
Petrópolis), Psicologia (Universidade
Católica de Petrópolis), Mestre em
Educação (UERJ) e Doutora em Meio
Ambiente (UERJ). Formada em
Terapias Holísticas (ASBAMTHO).
Educadora social há 25 anos
Seção Cinema
Reinado José de Lima
Professor graduado em Pedagogia e
Coordenador Pedagógico do Centro
Educacional Canto de Criar – Areal
(RJ)
Maristela Barenco
Corrêa de Mello
(24) 2237-5801 [email protected]