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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARÂMETROS HEMATO-
IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE TILÁPIA
DO NILO
Fabrício Sado Rodrigues
Orientadora: Profª. Drª. Lívia Mendonça Pascoal
Goiânia
2017
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FABRÍCIO SADO RODRIGUES
ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARÂMETROS HEMATO-
IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE TILÁPIA
DO NILO
Dissertação apresentada junto ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola
de Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás, nível Mestrado.
Área de concentração:
Sanidade animal, higiene e tecnologia de
alimentos
Linha de pesquisa:
Orientadora:
Profª. Drª Lívia Mendonça Pascoal - EVZ/UFG
Comitê de orientação:
Prof. Dr. Eugênio Gonçalves Araújo -
EVZ/UFG
Profª. Drª Fernanda Gomes de Paula -
EVZ/UFG
GOIÂNIA
2017
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho inteiramente aos
meus pais, Eurípedes e Mitiko, por
todo apoio e atenção.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus pela oportunidade de concluir mais uma etapa
importante da minha vida, com persistência e sabedoria.
Agradeço imensamente à minha família, em especial meus pais, Eurípedes e
Mitiko, e meu irmão, Vinícius, por sempre me apoiarem e incentivaram nas minhas decisões.
À minha avó, Tokiko Sado, que, com sua presença, sempre nos deu força para seguir em diante
na vida. À minha noiva, Ana Laura, que sempre ao meu lado, me incentivou.
Aos meus orientadores, Profª Fernanda Gomes de Paula, Profª Lívia Mendonça
Pascoal e Profº Eugênio Gonçalves de Araújo, por acreditarem em mim e por todo incentivo,
ajuda e dedicação a este trabalho. Aos demais professores, Prof. Dr Rolando Alfredo Mazzoni
Romero, Profª Drª Giuliana Muniz, Profª. Drª Aline Mendonça Pascoal que foram de grande
importância para realização deste trabalho.
Aos amigos que me ajudaram e apoiaram na realização do mestrado, Bruno Mazini,
Caniggia Lacerda, Cristielle Souto (Pós-graduação), Anderson Pires, Débora Oliveira, Elieny
de Abreu (Graduação), Helton Oliveira (Laboratório Multiusuário), Bita (Setor de Piscicultura),
Drauton (UEG – Anápolis), Gustavo Valladão e Inácio Assane (CAUNESP-Jaboticabal),
Rogério Oliveira (CommerceAll - Peixe Forte), Guthemberghe Kirk e Paulo Roberto Silveira
(Aquiplan).
Às empresas que acreditaram no trabalho e gentilmente doaram ração extrusada
(VB Alimentos), alevinos (Aquabel- GO) e reagentes de qualidade de água (Peixe Forte).
À FAPEG e posteriormente à CAPES pela bolsa de estudo concebida.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................... 1
1.1. Introdução ............................................................................................................................ 1
1.2. Revisão de literatura ............................................................................................................ 2
1.2.1. Enfermidades De Peixes ................................................................................................... 2
a) Ectoparasitas ........................................................................................................................... 3
Trichodinídeos ................................................................................................................ 3
Monogenea ..................................................................................................................... 5
1.2.2. Sistema Imune De Peixes ................................................................................................. 6
a) Sistema Imune Inato De Peixes .............................................................................................. 7
1.2.3. Imunoestimulantes Na Piscicultura ................................................................................. 9
a) Alho (Allium Sativum) .......................................................................................................... 12
b) Efeitos Do Alho Para A Saúde E Desempenho Zootécnico Em Peixes .............................. 13
1.2.4 Tilápia Do Nilo ................................................................................................................ 15
1.3. Objetivo Geral ................................................................................................................... 16
REFERÊNCIA..........................................................................................................................16
CAPITULO 2 – ANÁLISE FARMACOGNÓSTICA E PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA DO
BULBO DO ALHO EM PÓ..................................................................................................... 21
RESUMO ................................................................................................................................. 21
ABSTRACT ............................................................................................................................. 21
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 22
MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 23
Amostra vegetal do alho ........................................................................................................... 23
Determinação do teor de umidade ............................................................................................ 23
Microscopia eletrônica de varredura (MEV)............................................................................ 23
Estudo farmacognóstico e prospecção fitoquímica .................................................................. 23
Extração e avaliação da composição química do óleo .............................................................. 23
RESULTADOS ........................................................................................................................ 24
DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 26
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 28
REFERENCIAS ....................................................................................................................... 28
CAPITULO 3 – ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARAMETROS
HEMATO-IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE
TILÁPIA-DO-NILO. ................................................................................................................ 32
RESUMO ................................................................................................................................. 32
ABSTRACT ............................................................................................................................. 32
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 33
MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 34
Local do experimento e animais ............................................................................................... 34
Delineamento experimental ...................................................................................................... 34
Amostra vegetal do alho em pó ................................................................................................ 35
Preparação da ração experimental e alimentação dos animais ................................................. 35
x
Monitoramento da qualidade de água ....................................................................................... 36
Pesagens Dos Animais ............................................................................................................. 37
Análise do desempenho produtivo ........................................................................................... 37
Análises econômica .................................................................................................................. 37
Análises Hemato-Imunológicas ................................................................................................ 37
Análise Parasitológica .............................................................................................................. 38
Identificação Dos Parasitas ....................................................................................................... 38
Análise Estatística .................................................................................................................... 39
RESULTADOS ........................................................................................................................ 39
Quantificação da alicina ........................................................................................................... 38
Desempenho Produtivo ............................................................................................................ 39
Análise econômica .................................................................................................................... 39
Análises Hemato-Imunológicas ................................................................................................ 40
Análises Parasitológicas E Identificação De Parasitas ............................................................. 41
DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 42
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 45
REFERENCIAS ....................................................................................................................... 46
CAPITULO 4 – NEW GEOGRAPHICAL RECORDS OF TRICHODINA, TRIPARTIELLA,
PARATRICHODINA AND FIRST REPORT OF TRICHODINELLA IN NILE TILAPIA
(OREOCHROMIS NILOTICUS) CULTURED IN
BRAZIL.................................................................................................................................... 49
ABSTRACT ............................................................................................................................. 50
INTRODUCTION .................................................................................................................... 51
MATERIALS AND METHODS ............................................................................................. 52
Study area and fish ................................................................................................................... 52
Parasitic diagnosis and taxonomic evaluation .......................................................................... 53
RESULTS ................................................................................................................................. 54
Trichodinids description: body ................................................................................................. 54
Trichodinids description: gills .................................................................................................. 55
DISCUSSION ........................................................................................................................... 58
REFERENCES ......................................................................................................................... 61
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 71
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
MEV - Microscopia eletrônica de varredura
CG - Cromatografia gasosa
EM - Espectrofotômetro de massa
IE - Índice de espuma
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Ig - Imunoglobulina
EROs - Espécies reativas de oxigênio
H2O2 - Peróxido de hidrogênio
OH- - Radicais hidroxila
O2 - Ânions de oxigênio
O2- - Superóxido
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations
UM - Umidade
PB - Proteína bruta
MF - Matéria fibrosa
EE - Extrato etéreo
MM - Matéria mineral
Ca - Cálcio
P - Fósforo
OD - Oxigênio dissolvido
TºC - Temperatura
pH - Potencial hidrogeniônico
COP - Custo operacional parcial
RB - Receita bruta
EDTA - Ethylene diamine tetraacetic acid
VCM - Volume corpuscular médio
HCM - Hemoglobina corpuscular médio
CHCM - Concentração de hemoglobina corpuscular média
NH3 - Amônia não-ionizada
P. Inicial - Peso inicial
P. Final - Peso final
GP - Ganho de Peso
CAA - Conversão alimentar aparente
CR - Consumo de ração
TCE - Taxa de crescimento específico
TS - Taxa de sobrevivência
CV - Coeficiente de variação
P - Nível de significância
VP - Venda de peixe
RLP - Receita líquida parcial
IC - Índice de custo
xii
ML - Margem de lucro
mm³ - Milímetro cúbico
xiii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
FIGURA 1.1 - Trichodina heterodentada ...................................................................4
FIGURA 1.2 - Monogenóide Girodactilideo. A. Visão geral do parasita B. Detalhe no
aparelho de fixação (seta) ....................................................................5
FIGURA 1.3 - Representação dos órgãos linfoides do peixe .......................................7
CAPÍTULO 2
FIGURA 2.1 - Fotomicrografias da amostra do bulbo de Allium sativum em pó. (A)
Aspecto geral de distribuição do pó com partículas de tamanho
heterogêneo e ausência de sujidades (Aumento de 250 x). (B) Grânulo
amorfo com fragmentos de epiderme (Aumento de 500 x) ................23
FIGURA 2.2 - Cromatograma de análise por CG/EM do óleo volátil extraído do bulbo
do A. sativum em pó ...........................................................................24
CAPÍTULO 3
FIGURA 3.1 - Trichodinella sp. (A); Trichodina centrostrigata (B); Trichodina compacta
(C); Tripartiella orthodens (D); Trichodina heterodentata (E); Trichodina
migala (F); Trichodina magna (G) e Paratrichodina africana (H)..............39
FIGURA 3.2 - Monogenea da família dactilogirídeo (seta) aderido à lamela branquial de
tilápia do Nilo...............................................................................................39
CAPÍTULO 4
FIGURA 4.1 - Photomicrographs of silver impregnated adhesive discs and schematic
drawing of the denticles of Trichodina compacta (a); T. heterodentata
(b) and T. magna (c) found in the body of Nile tilapia Oreochromis
niloticus cultured in Central-West region of Brazil. Scale bars: 10
μm……………………………………………………………….......63
FIGURA 4.2 - Photomicrographs of silver impregnated adhesive discs and schematic
drawing of the denticles of Trichodina centrostrigeata (a); T. compacta
(b); T. heterodentata (c); T. migala (d); Paratrichodina africana (e);
Trichodinella sp. (f) and Tripartiella orthodens (g) found in the gills
of Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Central-West region
of Brazil. Scale bars: 10 μm ……………………………………..….64
FIGURA 4.3 - Schematic drawing of the denticles of Trichodinella demonstrating the
diversity of denticle shape among Trichodinella epizootica (redrawn
from various sources) ……………………………………………….65
xiv
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
TABELA 2.1 - Classes dos metabólitos secundários e índice de espuma analisados na
amostra de alho em pó...........................................................................24
TABELA 2.2 - Constituintes químicos do óleo volátil do bulbo de A. sativum...........25
CAPÍTULO 3
TABELA 3.1 - Níveis de garantia da ração de 46% de PB, de granulometria de 1,7
mm, a para umidade (UM), proteína bruta (PB), matéria fibrosa (MF),
extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca) e fósforo (P),
demonstrados pelos fabricantes das rações utilizadas na alevinagem da
tilápia do Nilo em sistema de tanque-
rede.....................................................................................................34
TABELA 3.2 - Níveis de garantia da ração de 42% de PB, de granulometria de 2 a 3
mm, para umidade (UM), proteína bruta (PB), matéria fibrosa (MF),
extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca) e fósforo (P),
demonstrados pelos fabricantes das rações utilizadas na alevinagem da
tilápia do Nilo em sistema de tanque-
rede.....................................................................................................35
TABELA 3.3 - Médias do peso inicial (P. Inicial), peso final (P. Final), ganho de peso
(GP), conversão alimentar aparente (CAA), consumo de ração (CR),
taxa de crescimento específico (TCE) e taxa de sobrevivência (TS) de
alevinos de tilápia do Nilo alimentados com diferentes níveis de
inclusão de alho em pó em tanques-
redes....................................................................................................36
TABELA 3.4 - Dados médios da quantidade e despesas com ração, alho em pós,
gelatina, alevinos e o custo de produção parcial (COP) da tilápia do
Nilo alimentada com diferentes níveis de inclusão de alho em pó na
dieta em tanques-rede.........................................................................37
TABELA 3.5 - Dados médios do custo operacional parcial (COP), venda dos peixes
por unidade (VP), receita bruta (RB), receita líquida parcial (RLP) e
incidência de custos (IC) e margem de lucro (ML) da tilápia do Nilo
alimentada com diferentes níveis de inclusão de alho em pó na dieta
em tanques-rede..................................................................................37
TABELA 3.6 - Médias, coeficientes de variação (CV) e níveis de significância (P<0,5)
dos parâmetros hemato-imunológicos de alevinos da tilápia do Nilo
alimentados com diferentes níveis de inclusão do alho em pó em
tanques-rede........................................................................................38
TABELA 3.7- Média da contagem de ectoparasitas encontrados na análise
parasitológica......................................................................................40
xv
CAPÍTULO 4
TABLE 4.1 - Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis
niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard deviation
(minimum-maximum values; number of individuals
measured)……………………………………………………………..66
TABLE 4.2 - Measurements of trichodinids of from gills of Nile tilapia Oreochromis
niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard deviation
(minimum-maximum values; number of individuals
measured)……………………………………………………………..67
xvi
LISTA DE QUADROS
CAPÍTULO 1
QUADRO 1.1 - Comparação entre quimioterápicos, vacina e
imunoestimulantes...........................................................................11
xvii
RESUMO
A produção de peixes apresenta um crescimento constante, levando a intensificação da
produção e viabilizando o aumento da produtividade em uma pequena área, o que proporciona
o maior retorno econômico. Contudo, a intensificação demanda maiores manejos zootécnicos,
o que pode levar os peixes ao estresse, resultando no aumento da susceptibilidade a micro-
organismos patogênicos. Com o intuito de auxiliar na diminuição do uso de produtos químicos
no tratamento de enfermidades durante o processo produtivo, esta pesquisa foi realizada para
determinar o efeito imunoestimulante do alho (Allium sativum). Utilizou-se alevinos de tilápia
do Nilo alimentados com diferentes níveis de inclusão de alho em pó na ração (0,0%, 0,5%,
1,0%, 1,5%) durante a fase de alevinagem em tanque-rede. Realizou-se análise da amostra do
alho utilizado, do desempenho zootécnico dos animais, avaliações hemato-imunológica e
parasitológica, identificação taxonômica dos parasitas e viabilidade econômica do uso alho.
Observou-se que o nível de inclusão de 1,0% de alho em pó proporcionou melhores resultados,
sugerindo uma melhor resposta imunológica e menor carga parasitária, e também melhor
viabilidade econômica.
Palavras-chaves: Allium sativum, Oreochromis niloticus, imunoestimulador, tanque-rede
xviii
ABSTRACT
The production of fish presents a constant growth, leading to the intensification of production
and allowing the increase of productivity in a small area, which provides the greatest economic
return. However, the intensification demands greater zootechnical management, which can lead
fish to stress, resulting in increased susceptibility to pathogenic microorganisms. With the
purpose of helping to reduce the use of chemical products in the treatment of diseases during
the production process, this research was carried out to determine the immunostimulating effect
of garlic (Allium sativum). Nile tilapia fry were fed with different levels of inclusion of garlic
powder in their feed (0.0%, 0.5%, 1.0%, 1,5%) during the fish-farming tank stage. The garlic
sample, the zootechnical performance of the animals, hemato-immunological and
parasitological evaluation, taxonomic identification of the parasites and economic viability of
the garlic were took into consideration and analyzed. It was concluded that the inclusion level
of 1.0% garlic powder provided better results, suggesting a better immunological response and
lower parasitic level, happening to hold, and better economic viability.
Key words: Allium sativum, Oreochromis niloticus, immunostimulator, tank-net
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1. Introdução
A produção nacional de peixes de origem continental tem apresentado um
crescimento constante, segundo as últimas estatísticas do Ministério da Pesca e Aquicultura1 e
do IBGE2. O estado de Goiás ocupou a oitava posição em 2014, produzindo 21.619, 6 toneladas
de pescado2. No contexto mundial, a piscicultura cresce a cada dia, assim como o consumo per
capita, sendo o Brasil um dos países que vem se destacando no aumento do consumo de peixes3.
De acordo com últimas estatísticas internacionais, o Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking de
produção de peixes de água doce 3.
Em relação as espécies produzidas em sistema intensivo, analisando tanto os peixes
criados em água doce quanto em água salgada, a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) é a
mais importante, representando 41,9% da produção nacional2. Esta espécie se destaca na
produção comercial mundial por apresentar rápido ciclo produtivo, ótimo desempenho
zootécnico, alta capacidade de reprodução e rusticidade, pois tolera condições adversas do
ambiente4.
A tilápia do Nilo pode ser criada em diferentes sistemas de produção, especialmente
em sistemas intensivos como os tanques-rede. A produção de peixes em sistema intensivo tipo
tanques-rede apresenta várias vantagens, como o aproveitamento de reservatórios ociosos
(represas rurais, usinas hidrelétricas), menor investimento inicial, produção de diferentes
espécies de peixes em uma mesma área de lâmina d’água, entre outras. Porém, há algumas
desvantagens como a dependência dos peixes pela alimentação artificial e a ocorrência de
estresse, devido à alta densidade de estocagem, o que deixa os peixes mais susceptíveis a
enfermidades4. Essa questão tem ganhado cada vez maior relevância regional, tendo em vista
que, no Estado de Goiás, este sistema de produção tem crescido devido à grande área ocupada
por reservatórios hidrelétricos.
A intensificação da produção tem como consequência o aumento da ocorrência de
enfermidades, tornando um fator limitante na produção de tilápias5, 6. Para o tratamento de
infecções vários produtos químicos foram utilizados por muitos anos, como por exemplo o
formaldeído, o verde malaquita, o azul de metileno e antibióticos6,7, sendo estes últimos também
utilizados na piscicultura como promotores de crescimento8. Muitos destes produtos, usados
rotineira e indevidamente, apresentam vários inconvenientes, como a pressão seletiva sobre os
micro-organismos, podendo causar resistência dos mesmos6, resíduos do medicamento após o
tratamento, impacto ambiental8,9 e custo elevado10.
2
A exigência do mercado consumidor tem sido fundamental para que se busque
produtos mais saudáveis e sem resíduos antibióticos e químicos10,11. Dessa forma, o uso de
produtos naturais, com comprovadas ações medicinais, tem sido uma alternativa para minimizar
a incidência de doenças e melhorar o desempenho produtivo 6,12,13. Os extratos vegetais são
compostos naturais e inócuos, e têm grande potencial de uso na aquicultura como promotores
de crescimento, imunoestimuladores, antibióticos e anti-estresse6,9,13,14. O interesse pelo uso de
imunoestimulantes a base de extratos vegetais tem aumentado nos últimos tempos por todo o
mundo, devido à facilidade de preparo, raros efeitos colaterais aos animais e ao meio ambiente
e baixo custo6,13,15. Portanto, o uso desses produtos como agentes profiláticos em situação de
alto risco de manifestação de doenças é de grande valia para o cenário da aquicultura. Durante
a fase de alevinagem, a resistência contra patógenos pode ser aumentada por estes
imunoestimuladores, já que nesta faze estão mais sujeitos às enfermidades16. A mortalidade
nesta fase de desenvolvimento de tilápia em tanque-rede é de aproximadamente 10%17, o que
torna necessário o desenvolvimento de técnicas de visem à redução deste percentual.
O alho (Allium sativum L.) é uma das plantas com efeitos medicinais conhecida há
mais tempo9,15. A propriedade imunoestimulante, especificamente do bulbo5,11, tem sido alvo
de estudos na aquicultura, bem como seus demais efeitos benéficos, como antimicrobiano e
antioxidante18. Este vegetal exerce ainda efeito nos parâmetros hematológicos12, promove o
bem-estar dos peixes6, age como promotor de crescimento8 e estimula o apetite9.
Sendo assim, ressalta-se a importância desta pesquisa para se conhecer a ação do
alho em pó como imunoestimulador durante a fase de alevinagem da tilápia do Nilo em tanque-
rede, possibilitando uma produção mais viável, evitando perdas econômicas e,
consequentemente, auxiliar no avanço da piscicultura no Estado de Goiás. É importante
considerar que não foram encontrados registros destas avaliações realizadas em condições de
campo. Poucos trabalhos com este propósito foram realizados no Brasil e somente em condições
experimentais e nenhum no Estado de Goiás.
1.2. Revisão de literatura
1.2.1. Enfermidades de peixes
Nos sistemas intensivos os peixes são submetidos a altas densidades de estocagem
e manejos intensos, reduzindo a situação de bem estar e causando uma imunossupressão devido
ao estresse, levando os peixes a um quadro fisiológico mais susceptível ao acometimento de
enfermidades19,20.
3
Alguns organismos patogênicos estão presentes naturalmente no ambiente aquático
sem causar danos aos peixes, devido ao equilíbrio na relação entre hospedeiros, parasitas e
ambiente7,21. Distúrbios ambientais são os principais fatores que alteram este equilíbrio,
causando impactos negativos sobre o bem estar dos peixes, levando a um estado de
imunossupressão, deixando-os susceptíveis às infestações por organismos patogênicos21.
Os peixes podem ser acometidos por doenças causadas por diversas origens, como
nutricional, viral, fúngica, bacteriana e parasitária. As doenças causadas por parasitas são de
grande importância na piscicultura comercial, uma vez que propiciam infecções secundárias
causadas principalmente por bactérias oportunistas, o que agrava o quadro clínico dos animais,
e aumenta a chance de grandes prejuízos econômicos4, 21.
Contudo, a manutenção deste equilíbrio com a garantia de uma boa qualidade de
água, ótima saúde dos animais e prevenção da introdução de doenças na piscicultura, leva ao
sucesso produtivo de uma atividade economicamente viável7,21.
a) Ectoparasitas
Durante todo o ciclo produtivo os peixes estão susceptíveis à infecção por diversos
parasitas (protozoários e metazoários), presentes no ambiente aquático7,21. Estes podem ocorrer
em diferentes locais do corpo animal, podendo ser considerados ectoparasitas ou
endoparasitas7.
Os ectoparasitas na maioria das vezes são microrganismos comensais, presentes nos
animais sem causar danos, localizados no tegumento e nas brânquias de peixes. Geralmente não
há manifestações patogênicas quando os animais se encontram em condições fisiológicas ideais
e boa qualidade de água22,23. Contudo, quando essas condições são alteradas e levam o animal
a situação de estresse, os ectoparasitas podem levar a manifestações patogênicas e prejuízos
econômicos23.
Trichodinídeos
Protozoários ciliados, os parasitas responsáveis pela trichodiníase estão entre os
ectoparasitas mais comuns presentes em peixes de vida livre e de cultivo21,24. São parasitas
encontrados frequentemente na superfície corporal dos peixes, sendo algumas espécies
endoparasitas7. Em pequenas quantidades, estes são considerados parasitas ectocomensais, que
se alimentam de outros micro-organismos, como bactérias e algas, e também de partículas em
suspensão na água25.
4
Possui forma circular achatada e formação em disco de estruturas esqueléticas
dispostas em círculos (Figura 1.1). Essas características possibilitam a fácil identificação em
microscopia, principalmente quando corado em nitrato de prata, auxiliando na diferenciação
entre espécies e no diagnóstico da enfermidade26.
FIGURA 1. 1 - Trichodina heterodentada.
Fonte: Arquivo pessoal
A proliferação deste parasita ocorre principalmente em condições de baixa
qualidade de água, onde há excesso de matéria orgânica acumulada no ambiente24,25. Esta
situação favorece a reprodução do parasita e leva o animal a um estado de imunossupressão,
fazendo com que o peixe seja parasitado de forma intensa24,25,26.
Em infestações intensas é possível identificar a patogenia destes parasitas, que ao
se alimentarem de células epiteliais podem provocar hipersecreção de muco e lesões no epitélio
e brânquias24,25. Em casos graves, pode ocorrer erosão das nadadeiras e necrose da epiderme,
causando altas taxas de mortalidade26.
A profilaxia contra este parasita consiste, principalmente, na manutenção de uma
boa qualidade de água. Há vários métodos terapêuticos utilizados no tratamento desta
enfermidade, desde os mais convencionais com a utilização de produtos químicos e sal
comum25, a métodos mais novos e que vêm sendo muito estudados, como o uso de fitoterapias27.
5
Monogenea
A monogeneose encontra-se entre as principais parasitoses da piscicultura7,28. Os
monogenéticos são ectoparasitas pertencentes ao grupo dos platelmintos7,21, que podem
parasitar peixes, anfíbios e répteis28. Estes parasitas possuem forma alongada, ovoidal ou
circular, podendo medir de 1 milímetro a 3 centímetros7,29. Caracterizam-se principalmente pela
presença do haptor, aparelho de fixação no hospedeiro, localizado na parte posterior do corpo,
que é formado por ganchos, barras e âncoras ou ventosas, de número e tamanhos variáveis7,21,29
(Figura 1.2). Com este aparelho de fixação, esses parasitas provocam injúrias nos animais,
podendo causar uma hipersecreção de muco que pode atrapalhar nas trocas gasosas ao recobrir
as brânquias7.
FIGURA 1. 2 - Monogenóide Girodactilideo. A. Visão geral do parasita.
B. Detalhe no aparelho de fixação (seta).
Fonte: Pereira F.O., 201128
Os monogenéticos que parasitam peixes pertencem a duas grandes famílias:
girodactilídeos e dactilogirídeos7,21. Os girodactilídeos são parasitas vivíparos, sendo assim, no
seu interior já se verifica a presença de outro indivíduo semelhante até a quarta geração no
mesmo parasita7,21; e possuem a característica de ausência de olhos21. Os parasitas desta família
parasitam principalmente as brânquias e a superfície corporal dos peixes. Por outro lado, os
dactilogirídeos são ovíparos7,21,25, e podem ser reconhecidos pela presença de quatro manchas
oculares (quatro olhos)21; geralmente são encontrados apenas nas brânquias, mas podendo ser
encontrados nas cavidades nasais, e raramente em outros locais7,25.
O ciclo de vida deste parasita é direto, sendo assim, há facilidade de completar o
ciclo e parasitar novos animais ou até mesmo aumentar a infestação parasitária de um mesmo
animal, uma vez que este parasita ocorre principalmente em criações intensivas, quando há altas
densidades de estocagem, má qualidade de água e condições sanitárias inadequadas7,21,30.
6
Acredita-se que os monogenéticos são espécie-específicos7,29, e que se tratando de
peixes tropicais, cada espécie de peixe possua cerca de cinco espécies de monogenéticos7.O
prejuízo que este micro-organismo pode causar nos peixes, está relacionado com a espécie do
parasita, local de infestação e número de parasitas encontrados7,25.
Os sinais gerais da infestação por monogenéticos são hipersecreção de muco e
alteração de comportamento. O muco produzido em excesso nas brânquias e superfície corporal
pode levar a impermeabilização das brânquias e dificultar as trocas gasosas. Comportamentos
anormais são observados, como o ato dos peixes se esfregarem na lateral do viveiro com o
intuito de retirar o parasita, causando lesões que permitem a invasão de patógenos oportunistas
como fungos e bactérias, que, por sua vez, causarão uma infecção secundária7.
Microscopicamente, nas brânquias, a presença do parasita pode causar hiperplasia celular e até
fusão de filamentos das lamelas branquiais, o que também dificulta as trocas gasosas7,25.
Para o diagnóstico da doença, deve-se observar os sinais clínicos e fazer análise
com auxílio de lupa ou microscópio, do raspado de muco e de brânquias, para poder determinar
a presença do parasita. Como profilaxia, deve-se manter uma boa qualidade da água, submeter
os animais a banhos profiláticos com cloreto de sódio, e quarentena, antes do animal ir para a
área de produção31. O uso de vitamina C e de alho em pó adicionados a ração, aumenta a
imunidade dos animais e provocam uma diminuição significativa no parasitismo7,32,33.
1.2.2. Sistema imune de peixes
No ambiente em que os peixes vivem, ocorre uma constante interação do animal
com diversos micro-organismos patogênicos ou não patogênicos. Sendo assim, os peixes
possuem diferentes mecanismos de defesa que garantem a sua sobrevivência34.
Mecanismo biológico complexo, o sistema imune atua na defesa do indivíduo frente
a micro-organismos, toxinas e células malignas35. Este sistema é dividido, de acordo com o
ponto de vista funcional, em inato (não-específico) e adaptativo (específico), composto por
fatores celulares e humorais quando há o reconhecimento de um organismo invasor, e assim,
atuam interna ou externamente, juntos ou separados, com o objetivo de preservar a saúde e vida
dos animais35,36,37.
Nos peixes, não há a presença de tecidos ou órgãos mieloides, como nos mamíferos,
pois os peixes não possuem medula óssea e linfonodos. Sendo assim, os tecidos e órgãos que
constituem o sistema imune de peixes são classificados apenas como linfoides20. Estes órgãos
se formam durante o desenvolvimento larval, são eles: rins, timo, baço e tecidos linfoides
associados à mucosa38(Figura 1.3).
7
O rim é um órgão par e considerado o maior órgão linfoide nos peixes20,38. É
comparado à medula óssea por ter grande importância na hematopoiese, com a função de
formação e maturação de células sanguíneas e de defesa21.
O timo se caracteriza por ser um órgão duplo, e se localiza na região dorsolateral
das brânquias20. É um importante local de desenvolvimento e maturação dos linfócitos T, e
diferentemente do que ocorre em vertebrados adultos, nos peixes a sua involução ocorre
dependendo da espécie39.
O baço é dividido em duas regiões, polpa branca e polpa vermelha. A polpa branca
está relacionada à hematopoiese e formação das células de defesa e a polpa vermelha
relacionada com a fagocitose de células velhas ou anormais. Diferentemente dos mamíferos, a
divisão entre essas duas regiões não é organizada, entretanto, é possível identificar as polpas
em várias espécies38.
Nos tecidos linfoides associados à mucosa, incluem-se também pele e brânquias.
Estes tecidos estão dispostos de forma desorganizada por toda a mucosa, e produzem muco
contendo alguns componentes do sistema de defesa inato, como lisozima, proteína do sistema
complemento e imunoglobulinas38.
FIGURA 1.3. Representação dos órgãos linfoides do peixe.
Fonte: Tizard, 201440.
a) Sistema imune inato de peixes
A imunidade inata, também conhecida como natural ou não especifica, é a primeira
linha de defesa do organismo frente a um micro-organismo invasor, por meio de uma série de
mecanismos de proteção, sem necessidade de uma pré-exposição ao agente causador da
infecção10,20,41,42. Apesar do mecanismo de reconhecimento de agentes causadores de
enfermidades ser limitado, a imunidade inata possui grande eficiência, e é essencial para a
função da imunidade adquirida41.
8
Diversos fatores podem promover efeitos supressores nos parâmetros da imunidade
inata, como mudanças de parâmetros de qualidade de água, manejo e outros fatores que
desencadeiam estresse nos animais. Por outro lado, vários aditivos alimentares e
imunoestimulantes podem melhorar os fatores da imunidade inata41.
Os parâmetros da imunidade inata dos peixes, físicos, celulares e humorais, vêm
sendo bastante estudados em diferentes linhas de pesquisas, como imunoprofilaxia, imunologia
comparativa e imunologia evolutiva41.
Há a presença de parâmetros físicos, que são a pele, as mucosas, brânquias e
epiderme, que agem como primeira barreira contra infecção34,37,43. O muco tem uma importante
função de defesa34,43, além da proteção física, que impede a adesão de patógenos34,41 contém
também parâmetros imunológicos como lectinas, lisozima, proteínas do complemento,
peptídeos antibacterianos e imunoglobulina (Ig) M34,41,43.
Os parâmetros celulares são compostos por células “chaves” do sistema imune
inato, como as células fagocíticas, como os leucócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos),
monócitos / macrófagos e células citotóxicas41.
A fagocitose é um dos mecanismos de defesa mais importantes do sistema imune
inato12,44, podendo ocorrer por meio de leucócitos, principalmente neutrófilos, monócitos no
sangue e macrófagos no tecido44. Os fagócitos exercem um papel importante na defesa do
organismo contra infecções, e participam de processos imunorregulatórios37,44, limitando a
disseminação de agentes infecciosos pelo organismo do peixe37. Este parâmetro normalmente
mostra um aumento após administração oral de imunoestimulantes12.
Dentre as diferentes etapas do processo de fagocitose, uma importante etapa é a
chamada explosão respiratória, conhecida também como burst oxidativo12,42,44. Nesse processo,
o oxigênio é reduzido e diante de uma série de reações metabólicas intracelulares, ocorre a
produção elevada de espécies reativas de oxigênio (EROs), como por exemplo, o peróxido de
hidrogênio (H2O2), radicais hidroxila (OH-), ânions de oxigênio (O2) e superóxido (O2-)42,44.
Esses possuem poder oxidante, contribuindo na destruição dos micro-organismos42. Esses
mecanismos são considerados parâmetros importantes quando se pretende avaliar a capacidade
microbicida e o metabolismo oxidativo dessas células44. De todas as EROs produzidas durante
a explosão respiratória, o peróxido de oxigênio44 é a mais estável e fácil de mensurar, sendo
assim, a quantificação dos níveis dessa substância é um dos parâmetros utilizados na avaliação
da ativação de macrófagos, assim como o ânion superóxido5,45.
9
Segundo Ellis37, os monócitos também possuem a função de interagir o sistema
imune não específico ao específico, por meio da produção de citocinas capazes de estimular a
produção de linfócitos.
Há também a ação de elementos humorais inatos, como os fatores inibidores do
crescimento de bactérias, por exemplo, a transferrina, antiproteases, lisozima, proteína C reativa
e proteínas do sistema complemento20. Dentre estes fatores inibidores do crescimento de
bactérias destaca-se um elemento com grande utilização para a determinação de uma
imunoestimulação, a lisozima, apesar de que há trabalhos que também mensuram outros
elementos. A lisozima é uma enzima que está presente no muco, ovos, sangue e tecidos onde
há a presença de leucócitos 41,43, e tem poder de atuação sobre os peptideoglicanos da parede
de bactérias gram-positivas e gram-negativas, e pode ativar o sistema complemento e
fagócitos41.
1.2.3. Imunoestimulantes na piscicultura
A intensificação da produção de peixe, resultado do crescimento desta atividade no
Brasil, promoveu o aumento da casuística de enfermidades em pisciculturas comerciais, tendo
como consequência altos prejuízos econômicos. Devido ao intenso manejo que os animais são
submetidos em um sistema intensivo de produção, pode ocorrer um desequilíbrio homeostático,
afetando o sistema imune e deixando os peixes mais susceptíveis às enfermidades21,46. Com
isso, diversos fármacos vêm sendo utilizados no combate às doenças de peixe, e muitas vezes
indiscriminadamente, podendo causar diversos danos ao meio ambiente, à saúde humana e aos
próprios peixes, no caso de resistência bacteriana10,20,21,47. Sendo assim, substâncias
imunoestimulantes vêm ganhando a atenção nos centros de pesquisas em aquicultura, uma vez
que estes compostos não apresentam efeitos nocivos ao homem e nem ao meio ambiente,
tornando uma alternativa aos fármacos e produtos químicos convencionalmente
utilizados10,20,32,47,48.
A utilização dos imunoestimulantes na piscicultura tem grande importância nos
manejos que causam estresse nos animais6,10, como classificações, transferências, transporte e
vacinação. Manejos estes, nos quais, rotineiramente os piscicultores utilizam antibióticos e
produtos químicos para evitar a mortalidade de peixes e assim, o prejuízo econômico. O uso
dos imunoestimulantes também tem grande indicação nas fases de desenvolvimento em que os
peixes são mais suscetíveis ao acometimento de enfermidades, como na larvicultura e
alevinagem32,48.
10
Os imunoestimulantes podem ser substâncias sintéticas, químicas ou biológicas,
capazes de aumentar e melhorar a resistência do animal, induzindo a ativação ou aumento de
qualquer componente do sistema imune, atuando nos mecanismos de defesa não-específicos
diante de um desafio virial, fungico, bacteriano e parasitário20,48,49, proporcionando uma defesa
precoce contra as doenças50. Sendo assim, é possível realizar o tratamento preventivo com os
imunoestimulantes32,50,51.
Segundo Vaseeharan e Thaya48, os imunoestimulantes podem ter grande
importância na prevenção de doenças quando associados às vacinas, que possuem ação restrita
a um patógeno específico, pois esses possuem a capacidade de incrementar as defesas não
específicas, e assim, aumentar a resistência a diversas enfermidades, e consequentemente, a
eficácia da vacina.
A administração destes produtos aos animais não pode ser de forma contínua,
expondo-os ao composto por um longo período, e sim de forma periódica, em curtos períodos.
A administração por longos períodos pode tornar o animal tolerante ao composto, deixando-o
dessensibilizado, podendo até induzir imunossupressão9,53. Contudo, quando utilizado de forma
periódica, os imunoestimulantes induzem o aumento na resposta imunológica e após a
metabolização do composto no organismo do animal, o sistema imune retorna às condições de
normalidade49.
Há diferentes formas de administrar os imunoestimulantes na piscicultura, sendo
elas por via oral (adicionados a ração), injeção ou imersão (banhos terapêuticos)9,10,12,32, com
efeitos imunológicos diferentes, dependendo da via de administração9. O método considerado
mais eficaz por alguns autores é o de injeção intraperitonial, devido à rápida absorção e efeito
do imunoestimulante, porém é um manejo que requer mão de obra especializada, é estressante
aos animais e não é prático em peixes pequenos10,50. Contudo, o método via oral, pela
incorporação da substância ao alimento, é o mais aplicado, por ser mais prático9,32,54, menos
estressante e permitir que um número maior de peixes seja tratado com um manejo menos
oneroso e menos laborioso9,53. O método por imersão é eficaz10, porém, pode apresentar
dificuldades ao realizar banhos terapêuticos, devido ao grande volume de água, elevada dose
necessária e manejo no tratamento9.
Os efeitos dos imunoestimulantes nos peixes dependem de vários fatores, como o
tempo de exposição, dose, método de administração, condição fisiológica e espécie do animal.
Sendo assim, para a utilização eficaz destes produtos, todos estes fatores citados devem ser
levados em consideração9,10.
11
No Quadro 1.1 podemos observar uma comparação entre quimioterápicos, vacinas
e imunoestimulantes, em que temos a situação em que cada componente deve ser utilizado; a
eficácia de cada composto, segundo a qual os imunoestimulantes podem variar de excelente a
boa, dependendo da substância utilizada; o espectro da atividade, podendo ser classificados
como compostos de limitado a largo espectro; e a duração de ação no animal, podendo ser de
curta ou longa duração.
QUADRO 1.1. Comparação entre quimioterápicos, vacina e imunoestimulantes. Quimioterápicos Vacina Imunoestimulantes
Situação de uso Terapêutico Profilático Terapêutico/Profilático
Eficácia Excelente Excelente Excelente/Boa
Espectro Médio Limitado Largo
Duração Curta Longa Curta
Fonte: Adaptado de Sakai50
Os imunoestimulantes podem ser divididos em diferentes categorias dependendo
da composição, como compostos químicos sintéticos (levamisole), substâncias biológicas
(derivados de bactérias, polissacarídeos, extrato de plantas ou animais), fatores nutricionais
(vitaminas), hormônios (GH) e citocinas (polipeptídeos e glicopeptídeos)20,50. Cada
imunoestimulante tem um modo de ação, agindo de maneira restrita a uma célula alvo, podendo
aumentar a concentração ou atividade da mesma.
Os compostos vegetais, óleos essenciais e extratos de plantas bioativos, são
substâncias naturais e inócuas, e têm grande potencial de utilização na piscicultura, pois
possuem ação imunoestimuladora nos peixes6,9,10,12,32. Possuem comprovadas funções
antimicrobiana e antiparasitária, melhorando a saúde do animal, deixando-o preparado para
enfrentar as adversidades do meio em que vive10,32,47. Plantas com propriedades terapêuticas
são, atualmente, fontes importantes de compostos biológicos ativos para o tratamento de
doenças em peixes32, ainda mais por ter grande disponibilidade, baixo custo, potencial de ação
de largo espectro, serem biodegradáveis9, e portanto, não causam nenhum dano à saúde humana
e ao meio ambiente 6,9,32.
Diversos vegetais possuem comprovadas ações imunoestimulantes na piscicultura,
como alho (Allium sativum L.), gengibre (Zingiber officinale L.), nim (Azadirachta indica A.
Juss), hortelã-pimenta (Mentha piperita L.), babosa (Aloe barbadensis L.), linhaça (Linum
12
usitatissimim L.), entre outros. Podem ser utilizadas diferentes partes das plantas para extrair os
compostos benéficos, como as folhas, caules, raiz, bulbos, sementes, entre outros.
a) Alho (Allium sativum L.)
Os efeitos medicinais do alho, são conhecidos há muito tempo9,15,27, por esta ser
uma das plantas mais antigas já registrada15,27. Pesquisas sugerem que o alho se originou na
Ásia Central, e não se sabe ao certo a origem do nome. O alho pertence à família Liliaceae,
assim como a cebola e cebolinha27 e diversas outras espécies com potencial aromático.
Apesar de vários relatos sobre a utilização medicinal do alho ao longo da história,
as pesquisas para estudar as reais ações deste vegetal sobre um organismo começaram em
meados de 1844, por um cientista alemão27. A partir desse estudo inicial, vários outros
começaram a surgir, e comprovaram diversas ações em humanos, como antiparasitárias,
antibacteriana, antifúngica9,15,18,27, hepatoprotetor, inseticida 9, entre outros.
Na aquicultura, os estudos se iniciaram com a popularização de ervas chinesas na
produção de organismos aquáticos 9,52. Estudos concluíram que o alho possui diversas ações
benéficas aos animais aquáticos, como promotor de crescimento8,9,52, estimulador de apetite9,52,
antimicrobiano15,18,53, antioxidante e imunoestimulante18,52. O vegetal exerce ainda efeito nos
parâmetros hematológicos12 e tem a capacidade de aumentar o bem-estar dos peixes6. Segundo
resultados de estudos, o alho incluso na dieta de peixes é capaz de melhorar a qualidade da
carne (diminuindo o teor lipídico e de colesterol, e aumentando o teor de proteína) 9, 52,55, e
aumentar o tempo de prateleira do produto fresco55. O alho adicionado à ração para peixes não
interfere em sua palatabilidade33.
Os produtos à base de alho podem ser classificados em quatro grupos: óleo essencial
de alho, óleo de alho macerado, alho em pó e extrato de alho15. A parte do vegetal utilizada para
produção dos produtos é o bulbo5,11,55,56, onde há grande concentração de alicina, que é o
principal composto organossulfurado, considerado um componente imunologicamente ativo52.
Este composto tem capacidade de eliminar uma gama de agentes patogênicos como fungos e
bactérias9, representando em até 70 % dos organossulfurados presentes no vegetal55. O teor de
alicina e de outros compostos pode variar dependendo de diferentes fatores52,57, como o
genótipo e fatores ambientais, dependendo do nível de enxofre no solo, disponibilidade de água,
luminosidade e temperatura57, durante o período de cultivo.
13
b) Efeitos do alho para a saúde e desempenho zootécnico em peixes
Diversos parâmetros podem ser mensurados para confirmar a eficácia do efeito
imunoestimulante de um composto. Parâmetros hemato-imunológicos podem ser considerados
importantes indicadores de saúde em peixes49. A hematologia é de grande importância na
avaliação das condições de defesa do organismo animal, que consequentemente espelha as
condições de saúde do peixe58. Esta ferramenta auxilia na identificação de fatores estressantes
aos animais, podendo ser fatores ambientais ou parasitológicos59.
A determinação do hematócrito, contagem de eritrócitos e leucócitos totais27, é uma
ferramenta para a determinação da melhora ou não da saúde do animal diante a utilização de
um composto imunoestimulante. O hematócrito representa o volume de sangue, em
porcentagem, que corresponde aos glóbulos vermelhos, e o aumento deste, pode estar
relacionado a situações de estresse49.
Os eritrócitos possuem a importante função de transportar O2 e parte de CO2 do
sangue; sendo assim, qualquer redução dos níveis eritrócitos, será traduzida como deficiência
de O2 nos tecidos49. O aumento do número dessa célula na circulação, além de outros fatores,
pode indicar que os peixes passaram por algum procedimento imunoestimulante, pois mantém
níveis de oxigênio mais estáveis nos tecidos, o que é favorável em caso de condições
desafiadoras.
A contagem de leucócitos, atividade fagocítica, índice fagocitário, atividade
bactericida, atividade de lisozima e antiprotease, e explosão respiratória são parâmetros que
podem ser avaliados para determinar a eficácia de um composto imunoestimulante45,47. Nya e
Austin45 consideraram que os aumentos na proteína sérica total, de albumina e globulina, podem
ser indicadores auxiliares na melhora a imunidade inata.
O alho promove uma melhoria nas atividades imunológicas e exerce também efeito
nos parâmetros hematológicos de peixes45. Diversos autores relataram a melhoria nos
parâmetros hemato-imunológicos em peixes submetidos à administração de alho, comprovando
a sua função imunoestimulante. O estímulo destas funções imunológicas é importante na
proteção contra enfermidades52.
Proporções de monócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos e trombócitos se
encontravam elevadas em peixes com dietas suplementadas com alho5,9,11,45,55, assim como
eritrócitos 9,45,55,60, hemoglobina9 e hematócrito9,45. Vários autores relataram um maior índice
de atividade fagocitária em peixes suplementados com alho, comparados ao grupo
controle5,11,45,52,60. Ocorre também uma maior produção de espécies reativas de oxigênio
14
(EROs), em específico do aniôn superóxido11,60 nos tratamentos com alho, assim como um
aumento significativo na atividade respiratória5,11,52,60. Além disso os peixes alimentados com
dietas contendo alho, apresentaram atividade da lisozima significativamente elevada5,11,45,60,
assim como a atividade anti-protease11,45, e comprovada atividade bactericida11,45,52.
A atividade antibacteriana do alho é comprovada em diversos estudos, sendo ele
um dos mais eficazes imunoestimulante naturais9. Guo et al.61 relatam menor mortalidade de
peixes desafiados com Streptococcus iniae, quando alimentados com dietas suplementadas com
1,3% de alho na ração. O alho mostrou-se eficaz também contra Aeromonas hydrophila,
responsável por uma das mais importantes bacterioses na piscicultura7, sendo que diferentes
concentrações mostraram-se eficazes para diversas espécies de peixes. Em truta arco-íris, as
concentrações de 0,5 e 1,0% de alho na alimentação foram eficientes na diminuição da
mortalidade de peixes desafiados com esta bactéria (4% de mortalidade), comparando com o
grupo controle (88% de mortalidade)45. Em outro estudo, carpas indianas (Labeo rohita)
desafiadas com A. hydrophila tiveram alto índice de sobrevivência, quando alimentados com
dietas contendo 0,1 e 0,5% de alho60. Em tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus), a adição de
10 e 20 gramas de alho na dieta mostrou diferença significativa na sobrevivência de peixes
desafiados com A. hydrophila, quando comparados com o controle (sem suplementação),
porém não houve diferença significativa entre os dois tratamentos55. Alsaid et al.56 concluiram
que o alho também possui ação antibacteriana contra Streptococcus agalactiae, uma outra
importante bacteriose que acomete peixes no Brasil7, sendo a única que possui vacina registrada
para uso na aquicultura no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com
isso, a associação do efeito antibacteriano do alho, com a vacinação contra S. agalactiae pode
ser uma estratégia no combate a este agente que causa grandes prejuízos econômicos48.
As doenças parasitárias em peixes são de grande importância na piscicultura,
devido à diversidade de espécies de parasitas que podem acometer os peixes, causando grandes
prejuízos econômicos7. Militz33 concluiu que a adição de alho em pó na dieta de peixes tem
grande efeito antiparasitário contra monogenoides, podendo reduzir em até 70% da infestação
quando comparado a peixes que não se alimentam de dietas suplementadas com alho. O alho
reduz a infestação de Ichthyophtirius multifilus, um dos parasitas responsáveis pelos maiores
prejuízos econômicos em nível mundial7, quando os peixes parasitados são imersos em banho
terapêutico de 0,1 grama de extrato de alho por litro de água62. Outro parasita de grande
importância na piscicultura que pode ser prevenido mediante a utilização do alho é a Trichodina
sp., utilizando oito gramas de alho em pó por quilo de ração ofertada à tilápia do Nilo63; ou por
15
meio de banho terapêutico com 800 mg de extrato de alho por litro de água durante dois dias,
para a mesma espécie de peixe64.
Apesar das inúmeras vantagens e resultados positivos da utilização do Allium
sativum na piscicultura, há também resultados negativos. Abdel-hadi65, ao testar o uso do alho
no combate à saprolegniose em ovos de carpa comum (Cyprinus carpio), concluiu que a dose
de 4 gramas de alho por litro de água pode inviabilizar todos os ovos. Diab et al67 relataram que
o uso do extrato de bulbos de alho durante longos períodos (dois meses ou mais), mostrou efeito
contraditório em relação ao crescimento e resposta imunológica.
Diversos estudos comprovaram a ação de promotor de crescimento do alho em
peixes8,11,18,45,66, contudo há estudos que concluíram que o alho não faz efeito no crescimento
dos peixes5. Shalaby8 concluiu que a concentração de 30 gramas de alho por quilo de ração,
promove, com sucesso, o crescimento de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), ao comparar
com outras doses de alho em pó na dieta (0g, 10g, e 40g) e doses de clorfenicol (15g, 30g e 45
g). Outros autores relataram o sucesso na avaliação do desempenho de crescimento de peixes
com a utilização deste vegetal, como o melhor desempenho da Perca Gigante (Lates niloticus)
com a utilização de 20 gramas de alho por quilo de ração11; 1,3% de alho na ração para a
avaliação em Orange Spotted (Amblyeleotris Guttata)18; 0,5 % de alho na dieta ao avaliar
esturjão66; e no desempenho da truta arco-íris, onde a concentração de melhor resultado foi de
1% de inclusão de alho na dieta46.
A dose ideal e o tempo de exposição dos peixes ao alho ainda não estão bem
definidas para o uso na piscicultura47. Por isso, pesquisas sobre a utilização do alho na
piscicultura são de grande valia, por ser um produto amplamente disponível no mercado, de
baixo custo, e com comprovada ação sobre vários agentes infecciosos que acometem os peixes,
e por ação imunoestimulante.
1.2.4. Tilápia do Nilo
A tilápia do Nilo, espécie oriunda de diversos países da África, é a espécie mais
produzida no Brasil e no Mundo. Ela se destaca na produção comercial devido a diversos fatores
como ótimo desempenho zootécnico, alta capacidade de reprodução e rusticidade, graças aos
programas de melhoramento genético aplicados à esta espécie4.
Esta espécie é produzida mundialmente por se adaptar a diferentes condições de
cultivo, sendo muito tolerante em situações de má qualidade de água, como baixos níveis de
16
oxigênio dissolvido, valores de pH ácidos ou alcalinos e altas concentrações de amônia tóxica,
diferentemente de outras espécies cultivadas46.
Há a possibilidade de produzir a tilápia do Nilo em todos os tipos de sistemas de
produção, desde o semi-intensivo até os sistemas intensivos de produção de peixes, como
raceway e tanques-rede4.
1.3. Objetivo Geral
Avaliar a ação do alho em pó na dieta de alevinos de tilápia nos parâmetros de
desempenho produtivo, efeito imunoestimulante e antiparasitário, assim como a composição
química do vegetal.
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21
CAPÍTULO 2 - ANÁLISE FARMACOGNÓSTICA E PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA
DO BULBO DO ALHO EM PÓ
RESUMO
Plantas com atividades terapêuticas são utilizadas como importante ferramenta na prevenção
de doenças desde a antiguidade. Compostos do metabolismo secundário da planta e presentes
no óleo essencial, são moléculas bioativas, que podem promover efeitos terapêuticos, podendo
ser utilizado na medicina humana ou animal. O alho (Allium sativum) tem sido alvo de diversos
estudos devido às suas comprovadas ações benéficas a um organismo, como antioxidante,
imunoestimulante, antimicrobiano, entre outras. O processo de prospecção fitoquímica da
amostra de bulbo dealho em pó, detectou quatro grupos de importantes metabólitos secundários
presentes, sendo eles flavonóides, saponinas, resina, cumarinas. Na avaliação da composição
química do óleo essencial, a presença de compostos organosulfurados foi de maior relevância,
principalmente da alicina, que é a principal molécula bioativa presente no alho.
Palavras-chave: Allium sativum, óleo essencial, metabólitos secundários, fitoterapia
ABSTRACT
Plants with therapeutic activities are used as an important tool in disease prevention since
antiquity. Compounds of the secondary metabolism of the plant and present in the essential oil,
are bioactive molecules, which can promote therapeutic effects, being able to be used in human
or animal medicine. Garlic (Allium sativum) has been the target of several studies due to its
proven actions beneficial to an organism, such as antioxidant, immunostimulant, antimicrobial,
among others. The process of phytochemical prospection of the garlic bulb sample, detected
four groups of important secondary metabolites present, being flavonoids, saponins, resin,
coumarins. In the evaluation of the chemical composition of the essential oil, the presence of
organosulfur compounds was of greater relevance, mainly of allicin, which is the main bioactive
molecule present in garlic.
Keywords: Allium sativum, essential oil, secondary metabolites, phytotherapy
22
INTRODUÇÃO
O alho (Allium sativum), dentro da classificação mais utilizada, pertence à família
Lillaceae1,2,3. Esta é uma planta monocotiledônea, de clima temperado com ampla distribuição
geográfica, sendo a segunda hortaliça mais cultivada no mundo4.
Este vegetal destaca-se pelo seu uso na dieta humana5 e por suas propriedades
medicinais, sendo uma das plantas mais estudadas6,7,8,9,10. Sabe-se que o alho é rico em
vitaminas (A, B1, B2, B6 e C), minerais, carboidratos, fibras, lipídeos e proteínas11, sendo
assim, um alimento importante para o metabolismo celular7,12. As ações benéficas deste vegetal
foram utilizadas por gerações de maneira empírica, antes mesmo do interesse da comunidade
científica em avaliar seus efeitos no organismo1,8. A fitoterapia realizada com alho, prevê ações
diurética, laxante, contra doenças gastrintestinais, respiratórias e circulatória2.
Vários são os produtos originados do alho, dentre eles o óleo essencial de alho, óleo
de alho macerado, alho em pó e extrato de alho9. O bulbo é a parte do vegetal utilizada para
fabricação desses produtos13,14, nos quais há presença de diversos compostos benéficos ao
organismo vegetal e animal, como os metabólitos secundários e grande concentração de alicina
que é o principal composto organossulfurado presente no alho. A alicina é responsável pelo
cheiro e sabor típicos do alho8, assim como, pela maioria das propriedades farmacológicas da
planta2,8,15,16. Esse composto bioativo possui ações imunoestimulante8,15, antioxidante8,16,17,18,
antifúngica, e antibacteriana6,8,16,19. Além de efeitos hipolipidêmico, anticancerígeno8,
hipoglicêmico, anti-hipertensivo8,20 e anti-inflamatório20. Efeitos repelente de insetos e alguns
animais também já foram relatados8,21.
O teor de alicina e de outros compostos no alho, como os metabólicos secundários,
podem variar dependendo de diferentes fatores15,22,23, como o genótipo, nível de enxofre no
solo, disponibilidade de água, luminosidade e temperatura22.
Diante do exposto, o estudo dos compostos presentes em uma amostra de alho é de
grande importância, principalmente quando se tem o interesse de avaliar os resultados
terapêuticos benéficos deste vegetal. Assim, este trabalho tem como objetivo identificar as
classes de metabólitos secundários, teor de umidade e a composição química do óleo extraído
do bulbo do Allium sativum em pó para a quantificação da alicina.
23
MATERIAL E MÉTODOS
Amostra vegetal do alho
O bulbo do alho em pó utilizado no experimento foi em forma de pó adquirido de
uma a indústria farmacêutica. As análises foram realizadas no Laboratório de Pesquisa em
Bioprodutos e Síntese (LPbioS) da Universidade Estadual de Goiás - Campus Anápolis. Todas
as análises foram realizadas em triplicata.
Determinação do teor de umidade
Para a determinação da umidade através de irradiação de raios infravermelhos foi
utilizado o método proposto por Amoedo & Muradian.
Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
As estruturas microscópicas foram verificadas por microscopia eletrônica de
varredura (MEV) em equipamento de bancada (Hitachi modelo TM-3030 Plus). A pesquisa de
material estranho foi realizada em microscópio estereoscópio binocular (Opton TIM-2B).
Estudo farmacognóstico e prospecção fitoquímica
As análises da amostra em pó foram realizadas segundo os parâmetros
farmacopeicos25. Na identificação botânica foram realizadas as análises organolépticas,
considerando a sensibilidade sensorial para definição do odor, sabor, cor e consistência.
Para a prospecção fitoquímica, afim de identificar flavonóides, saponinas, resina,
cumarinas, antraquinonas, esteróides e terpenos, foram utilizados aproximadamente 35g do pó
da planta e reagentes específicos.
Extração e avaliação da composição química do óleo
A extração do óleo essencial do bulbo do alho em pó foi realizada em Clevenger,
segundo os protocolos propostos por Adams, R. P., 200726. Para avaliação da composição
química do óleo essencial foi utilizado um cromatógrafo gasoso acoplado ao espectrômetro de
massas (CG/EM) da marca Shimadzu modelo QP5050, equipado com coluna capilar CBP-5;
30 cm x 0,25 mm x 0,25 µm, fluxo de Helio a 1,0 mL.min-1 de hélio e a programação da
temperatura inicial foi realizada a 60 ºC (2 minutos); com primeira rampa de aquecimento a 3
ºC/minutos até 240 ºC, em seguida o aquecimento foi de 10 ºC/minutos até 280 ºC mantendo
essa temperatura por 10 minutos. O volume de injeção foi 1,0µL de óleo do bulbo do alho.
24
Os compostos foram identificados por base de dados computadorizados, usando a
espectroteca digital NIST11/2011/EPA/NIH. Os índices de retenção foram calculados através
da coinjeção de uma mistura de hidrocarbonetos C8-C32 da marca Sigma-Aldrich, e utilização
da equação de Van Den Dool & Kratz27.
A composição química do óleo essencial foi apresentada em forma de tabela, com
a porcentagem relativa das substâncias obtida por normalização de área de acordo com Santos,
et al.28.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na análise organolética do bulbo do alho em pó, a amostra apresentou sabor acre,
cor branco-amarelada e forte odor, caracterizado pela presença de compostos
organossulfurados, sendo a alicina o mais notável destes compostos. A caracterização sensorial
reforça a identidade da amostra, dada pela coloração branca amarelada e forte odor pungente
provocado pela alicina29.
Na pesquisa de material estranho o teor encontrado foi de 1,02%. Os resultados
encontram-se dentro dos parâmetros estabelecidos pela Farmacopeia Brasileira25 para a droga
em pó, que é de no máximo 2%, visto que esta foi adquirida de segmento industrial
farmacêutico.
Na análise de identidade e pureza da amostra de alho constituída pelo bulbo em pó,
observou-se características morfológicas correspondentes ao padrão de epiderme
característicos da espécie. A análise microscópica resultou nas fotomicrografias observadas na
Figura 2.1, evidenciando fragmentos da epiderme do alho, que se apresentam em maior
proporção.
B A
25
FIGURA 2.1. Fotomicrografias da amostra do bulbo de Allium sativum em pó. (A) Grânulo
amorfo com fragmentos de epiderme (Aumento de 500 x). (B) Aspecto geral de
distribuição do pó com partículas de tamanho heterogêneo e ausência de sujidades
(Aumento de 250 x).
A determinação da umidade residual presente na amostra foi de 7,99% ± 0,34 para
a secagem com raios infravermelhos, o qual está em concordância com os valores estabelecidos
de 8 a 14%25. O valor encontrado no presente estudo propicia boa conservação da droga vegetal,
já que teores acima de 14% de umidade favorecem proliferação bacteriana que podem degradar
os compostos biologicamente ativos. Sabe-se que as matérias-primas vegetais armazenam
determinada quantidade de água mesmo após submetidas ao processo de secagem. Dessa forma,
é relevante conhecer o teor de umidade, para correta preparação e garantia da conservação das
drogas vegetais30, a fim de evitar contaminações com microorganismos e degradações por
enzimas31.
As classes de metabólitos secundários analisados na prospecção fitoquímica estão
demonstradas na Tabela 2.1.
TABELA 2.1 - Classes dos metabólitos secundários e índice de espuma analisados na amostra de
alho em pó.
Metabólito secundário Resultado
Flavonoides Positivo
Saponinas Positivo
Resina Positivo
Cumarinas Positivo
Antraquinonas Negativo
Esteroides e terpenos Negativo
Índice de espuma (IE) 200
Na prospecção fitoquímica realizada na amostra do alho em pó, detectou-se a
presença de flavonoides, saponinas, resina e cumarinas. Os flavonoides são compostos com
atividade antioxidante, anti-inflamatória, antitumoral, antiviral sendo, portanto, bastante
explorados pela indústria farmacêutica e alimentícia. As saponinas constituem a classe de
compostos capazes de desestabilizarem membranas de bactérias, fungos e acentuarem
processos de cicatrização32. As resinas, semelhantes às saponinas, atuam sobre fungos, no
entanto, também têm a capacidade de eliminar insetos e auxiliarem no processo de cicatrização
da planta. Sua importância ainda é debatida assim como sua finalidade terapêutica. Já algumas
cumarinas são conhecidas por possuírem efeito antipirético e inibidor carcinogênico33,34,35. As
26
ações destes compostos justificam o amplo estudo das propriedades medicinais do
alho7,8,17,16,18,19,20.
Ainda sobre os compostos existente no alho, Lins et al.36 analisando o extrato de
alho, observou a presença de esteroides e terpenos36, os quais não foram encontrados na amostra
analisada neste trabalho. Esta discordância de resultados pode ser justificada pela sazonalidade,
fase de desenvolvimento da planta, temperatura, disponibilidade hídrica, nutrientes e ataque de
patógenos, que são fatores que influenciam a síntese de metabolitos secundários37. Segundo
Gobbo-Neto e Lopes37, dificilmente haverá constância na concentração de metabólitos
secundários em um vegetal.
Na extração do óleo volátil por Clevenger obteve-se um rendimento de 1,74%. A
composição química do óleo volátil analisado por CG/EM resultou no registro dos picos dos
compostos, como demostra a Figura 2.2.
FIGURA 2.2 - Cromatograma de análise por CG/EM do óleo volátil extraído do bulbo do A. sativum
em pó.
Na análise de composição química do óleo volátil foram identificados 29
compostos, cuja descrição encontra-se na Tabela 2.2.
27
TABELA 2.2 - Constituintes químicos do óleo volátil do bulbo de A. sativum
Pico Tempo de Retenção (min.) Quantidade % Constituinte
1 2,531 2,40 2-metil-heptano
2 2,617 2,18 3-metil-heptano
3 2,716 0,17 1,2-dimetil-ciclohexano
4 2,924 0,19 n-octano
5 3,667 0,24 1,2-dithiolano
6 10,581 4,19 sulfona de alila
7 12,971 5,78 aliina
8 14,509 8,51 metil-dissulfeto de alila
9 15,335 0,15 4-metil-1,6-heptadien-4-ol
10 15,435 0,23 4-metiltiazol
11 16,108 0,26 3-vinil-1,2-dithiaciclohex-5-ene
12 20,035 27,82 alicina
13 20,479 0,34 isobutil isothiocianato
14 22,469 0,14 [1,3] dithian-2-ona
15 23,278 1,68 metil 2-propenil dissulfeto
16 27,236 30,24 dissulfeto de alila
17 27,760 0,37 propil ethinil sulfóxido
18 29,762 4,50 tetrassulfeto de alila
19 29,960 0,19 isothiocianato de butila
20 31,005 1,98 Metil-trissulfeto de alila
21 31,560 0,43 1,1-dioxide-1,2-ditiolano
22 32,312 0,65 5-metil-1,2,3-tiadiazol
23 33,138 0,28 sulfeto de alila
24 37,748 1,10 sulfanil de alila
25 39,137 0,53
ácido metil ester 3,3-
dimetiloxirane-2-carboxilico
26 45,988 1,28 octatiocano
27 59,895 2,07 ácido 2-etilhexil ester oxálico
28 66,453 0,59 2-octil-1-decanol
29 68,946 0,31 2-hexil-1-decanol
Na análise da composição química do óleo essencial do alho, observou-se a
existência de cinco componentes majoritários, correspondendo aos maiores picos no
cromatograma, que são dissulfeto de alila (30,24%), alicina (27,82%), metil-dissulfeto de alila
(8,51%), aliina (5,78%) e sulfona de alila (4,19%). Não existem valores padrões para os
compostos presentes no óleo extraído do alho, visto que estes podem variar de acordo com o
método de extração e solventes utilizados21. Kimbaris et al.21 extraíram óleo do alho através de
três métodos utilizando solventes diferentes e observaram variação no teor dos compostos
presentes.
28
O composto de maior importância terapêutica encontrado no presente trabalho é a
alicina, o qual não existe até que o bulbo seja esmagado ou cortado. Em temperatura ambiente,
a lesão do bulbo ativa a enzima alinase32,38,39 que metaboliza a aliina em alicina39,40.
Dentre os efeitos benéficos que alicina proporciona ao organismo, destacam-se as
ações imunoestimulante, anti-inflamatória e antitumoral. A ação sobre o sistema imune é
mediada pela modulação de citocinas, dentre as quais o TNFα (Do inglês Tumor Necrosis
Factor Alpha) tem um papel de destaque41,42. Já a ação anti-inflamatória ocorre através da
inibição da migração de granulócitos neutrofílicos para o epitélio, uma vez que este é um
processo importante durante a inflamação43. A alicina também pode agir sobre o
desenvolvimento de células cancerígenas, por meio da inibição de enzimas mutagênicas
envolvidas nos mecanismos de proliferação celular8,44.
CONCLUSÃO
A amostra analisada apresentou presença de flavonoides, saponinas, resina e
cumarina, importantes classes de metabólicos secundários, com efeitos benéficos comprovados
ao organismo. O óleo essencial retirado da amostra em estudo, apresentou concentrações
significantes para os compostos organossulfurados, principalmente alicina, que é o mais
importante composto bioativo. Desse modo, a amostra de alho em pó estudada apresenta
características químicas para ser utilizada na alimentação humana e animal.
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32
CAPITULO 3 – ALHO EM PÓ NO DESEMPENHO PRODUTIVO, PARAMETROS
HEMATO-IMUNOLÓGICOS E INFESTAÇÃO PARASITÁRIA EM ALEVINOS DE
TILÁPIA-DO-NILO.
RESUMO
A ocorrência de enfermidades na produção de peixes em tanque-rede pode ser um fator
limitante que afeta a sustentabilidade da atividade. Sendo assim, o objetivo do estudo foi
determinar o efeito do alho em pó, em diferentes níveis de inclusão na dieta de tilápia do Nilo,
durante a fase de alevinagem em tanque-rede. Os peixes (3,04 ± 0,13g) foram distribuídos
aleatoriamente em 16 tanques-rede e alimentados por 35 dias com as dietas suplementadas com
0%, 0,5%, 1,0% e 1,5% de inclusão de alho em pó. Foram realizadas análise do desempenho
produtivo, parâmetros hemato-imunológicos, análise parasitológica e avaliação econômica do
uso do alho. A inclusão de 1,5% de alho proporcionou um maior consumo de ração (p = 0,042),
enquanto nos animais alimentados com 1,0% de inclusão de alho na dieta, observou-se maior
número de leucócitos totais (p = 0,0001), sugerindo imunoestimulação. Os peixes alimentados
com dietas suplementadas com alho em pó, independente do nível de inclusão, tiveram menor
carga parasitária (p = 0,0001) em relação ao tratamento controle. Conclui-se que a inclusão de
1,0% de alho em pó promoveu os melhores resultados em relação à imunidade, carga parasitária
e índices econômicos.
Palavras-chave: Allium sativum, desempenho zootécnico, imunologia, parasitologia.
ABSTRACT
The occurrence of diseases in the production of fish in the net-tank can be a limiting factor that
affects the sustainability of the activity. Therefore the objective of the study was to determine
the effect of garlic powder at different levels of inclusion in the diet of Nile tilapia during the
nursery stage. Fish (3.04 ± 0.13 g) were randomly distributed in 16 net tanks and fed for 35
days with diets supplemented with 0%, 0.5%, 1.0% and 1.5% inclusion of garlic in powder.
Productivity performance, hemato-immunological parameters, parasitological analysis and
economic evaluation of garlic use were analyzed. The inclusion of 1.5% of garlic promoted a
higher feed intake (p = 0,042), whereas in animals fed 1.0% of garlic inclusion in the diet, a
higher number of total leukocytes was observed (p = 0,0001), suggesting immunostimulation.
Fish fed diets supplemented with garlic powder, regardless of inclusion level, had a lower
33
parasite load (p = 0,001) in comparison to control-group. It was concluded that the inclusion of
1.0% of garlic powder promoted the best results regarding immunity, parasite load and
economic indexes.
Key words: Allium sativum, zootechnical performance, immunology, parasitology.
INTRODUÇÃO
Altas densidades de estocagem, somados aos manejos de classificação e
manipulação dos peixes, levam os animais ao estresse, e consequentemente a um desequilíbrio
homeostático, diminuindo a eficiência do sistema imunológico e deixando-os mais susceptíveis
às enfermidades1,2,3, podendo causar prejuízos econômicos3,4,5.
Devido a estes fatores, o surgimento de enfermidades nos cultivos de peixes em
sistema intensivo tornou-se cada vez mais recorrente, representando um fator limitante na
produção4,6,7,8. Com isso, alguns fármacos têm sido, frequentemente, utilizados para o
tratamento de doenças, como por exemplo, o formaldeído, verde malaquita, azul de metileno e
antibióticos5,7, sendo estes últimos, também usados como promotores de crescimento9. Muitas
vezes o uso indiscriminado desses fármacos pode causar diversas consequências, como
poluição do meio ambiente, acúmulo de resíduos na carcaça dos animais destinados ao
consumo, e pressão seletiva sobre os micro-organismos levando à resistência a moléculas
específicas7,9,10,11,12,13.
Na tentativa de minimizar essas consequências, os compostos naturais,
provenientes geralmente de extratos vegetais com comprovadas ações medicinais, tem sido uma
alternativa ao uso de produtos químicos7,14,15. Os extratos vegetais são compostos naturais e
inócuos, e têm grande potencial de uso na aquicultura, como promotores de crescimento,
antibióticos, anti-estresse e imunoestimulante7,10,15,16. O interesse pelo uso de
imunoestimulantes a base de extratos vegetais tem aumentado nos últimos anos mundialmente,
devido à facilidade de preparo, baixo custo, raros efeitos colaterais aos animais e ao meio
ambiente7,15,17. Especialmente durante a fase de alevinagem, os imunoestimulantes tem grande
importância promovendo o aumento da resistência contra patógenos, uma vez que nesta fase os
animais estão mais susceptíveis à enfermidades18.
Como alternativa natural ao uso de produtos químicos, o alho (Allium sativum L.),
uma das mais antigas plantas medicinais conhecidas10,17, possui efeitos benéficos. São descritas
ações antimicrobianas, antioxidantes, imunoestimulantes19, melhorias dos parâmetros
34
hematológicos14, bem-estar dos peixes7, além de atuar como estimulante do apetite10 e promotor
de crescimento9. Estes efeitos são devido à presença de vários compostos organossulfurados,
principalmente a alicina.
O Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking mundial de produção de peixes de água
doce21. O peixe mais produzido no país é a Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus),
representando 41,9% da produção nacional22. A preferência por esta espécie, justifica-se por
seu ótimo desempenho produtivo, alta capacidade de reprodução e rusticidade, sendo tolerante
às condições adversas da produção intensiva23.
Neste contexto realizou-se este trabalho com objetivo de conhecer a ação do alho
em pó na melhoria do desempenho produtivo, influência do sistema imunológico e na carga de
ectoparasitas nos animais alimentados com este vegetal. Assim como determinar o melhor nível
inclusão na dieta de tilápia do Nilo durante a fase de alevinagem em tanque-rede, visando
melhorias no cultivo de maneira sustentável.
MATERIAL E MÉTODOS
Os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética e Bem-
Estar Animal (CEUA) da Universidade Federal de Goiás, com o número de protocolo 015/2016.
Local do experimento e animais
O experimento foi realizado na represa do Setor de Piscicultura do Departamento
de Zootecnia da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, de 12 de
julho a 16 de agosto, totalizando 35 dias. Foram utilizadas 4.800 tilápias do Nilo, linhagem
Supreme, provenientes da Piscicultura Aquabel (Turvânia, GO), que chegaram com
aproximadamente 3,04±0,13 gramas e ficaram em período de adaptação por 10 dias.
Foram utilizados 16 tanques-rede berçários, de dimensão de 1m x 1m x 1m,
totalizando 1 m³ de volume total, e 0,7 m³ de volume útil. Antes do povoamento, realizou-se a
aclimatação da água do saco de transporte com água da represa, para o equilíbrio dos parâmetros
de qualidade de água, como principalmente temperatura e pH, e adaptação dos animais, uma
vez que o experimento ocorreu durante o inverno, em que é frequente baixas temperaturas. A
densidade utilizada foi de 428 peixes /m³, totalizando 300 animais em cada tanque-rede, o que
representou uma unidade experimental.
35
Delineamento experimental
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos
(0%; 0,5%; 1%; e 1,5% de inclusão de alho em pó na dieta) e quatro repetições, totalizando 16
unidades experimentais. Estes níveis de inclusão estão de acordo com diversos trabalhos que
avaliaram o alho como imunoestimulante em peixes6,9,14,23.
Amostra vegetal do alho em pó
O bulbo do alho utilizado no experimento foi em forma de pó adquirido da indústria
farmacêutica.
Para a quantificação da alicina, o principal composto imunologicamente ativo
presente no alho, realizou-se a extração do óleo volátil por Clevenger segundo os protocolos da
literatura24.
Para avaliação da composição química do óleo volátil do alho, especificamente a
alicina, foi utilizado um cromatógrafo gasoso acoplada ao espectrômetro de massas (CG/EM)
(Shimadzu QP5050)25.
Estas análises foram realizadas no Laboratório de Pesquisa em Bioprodutos e
Sintese (LPbioS) da Universidade Estadual de Goiás, Anápolis.
Preparação da ração experimental e alimentação dos animais
Para adição do alho em pó na dieta experimental, foi utilizada uma solução contento
8% de água a 45ºC e 0,5% de gelatina insípida26 em relação à quantidade total de ração
preparada. A quantidade de alho para cada tratamento foi incluída nessa solução, e
posteriormente adicionada à ração, homogeneizada manualmente e submetida à secagem
natural. Após a secagem, as rações experimentais foram armazenadas em recipientes
individuais em temperatura ambiente, e identificados para cada unidade experimental. O
preparo foi realizado diariamente, afim de garantir boa qualidade da ração experimental,
evitando o estoque. A ração comercial extrusada utilizada no experimento foi fornecida pela
empresa VB Alimentos.
Os peixes foram alimentados quatro vezes ao dia. Até o décimo dia de experimento
a granulometria da ração utilizada foi de 1,7 mm contendo 46% de proteína bruta (PB) (Tabela
3.1), e posteriormente, de 2-3 mm contendo 42% de proteína bruta (PB) (Tabela 3.2).
36
TABELA 3.1- Níveis de garantia da ração de 46% de PB, de granulometria de 1,7 mm, a para umidade
(UM), proteína bruta (PB), matéria fibrosa (MF), extrato etéreo (EE), matéria mineral
(MM), cálcio (Ca) e fósforo (P), demonstrados pelos fabricantes das rações utilizadas na
alevinagem da tilápia do Nilo em sistema de tanque-rede.
Ração UM PB MF EE MM Ca P
% Max % Mín % Max % Mín % Max % Max % Mín
46%PB 12 46 4 8 14 3 1,5
Enriquecimento da ração: Vitamina A (mín) 20000UI/kg, Vitamina C (mín) 750mg/kg, Vitamina D3
(mín) 6400UI/kg, Vitamina E (mín) 160UI/kg, Vitamina K3 (mín) 20mg/kg, Vitamina B1 (mín)
10mg/kg, Vitamina B2 (mín) 15mg/kg, Vitamina B6 (mín) 20mg/kg, Vitamina B12 (mín) 200mcg/kg,
Ácido Fólico (mín) 1.5mg/kg, Ácido Pantotênico (mín) 120mg/kg, Biotina (mín) 1.4mg/kg, Colina
(mín) 1800mg/kg, Niacina (mín) 300mg/kg, Cobre (mín) 20mg/kg, Ferro (mín) 80mg/kg, Iodo (mín)
5mg/kg, Manganês (mín) 30mg/kg, Selênio (mín) 0.4mg/kg, Zinco (mín) 160mg/kg, Inositol (mín)
250mg/kg
TABELA 3.2- Níveis de garantia da ração de 42% de PB, de granulometria de 2 a 3 mm, para umidade
(UM), proteína bruta (PB), matéria fibrosa (MF), extrato etéreo (EE), matéria mineral
(MM), cálcio (Ca) e fósforo (P), demonstrados pelos fabricantes das rações utilizadas na
alevinagem da tilápia do Nilo em sistema de tanque-rede.
Ração UM PB MF EE MM Ca P
% Max % Mín % Max % Mín % Max % Max % Mín
42%PB 9 42 3 7 10 1 0,8
Enriquecimento da ração: ácido fólico (2mg); ácido pantotênico (40mg); biotina (1.000 mcg); cobre (16
mg); colina (600 mg); ferro (110,56 mg); iodo (0,8 mg); lisina (0,08 mg); manganês (30 mg); metionina
(100 mg); niacina (40 mg); selênio (0,60 mg); vitamina A (8.000 U.I); vitamina B-1 (5 mg); vitamina
B-12 (30 mg); vitamina B-2 (10 mg); vitamina B-6 (5 mg); vitamina C (600 mg); vitamina D-3 (4.000
U.I.); vitamina E (160 mg); vitamina K-3 (4 mg) e zinco (140 mg); mananoligossacarídeos (280 mg);
beta glucanas (520 mg).
A ração foi pesada diariamente e acondicionada em potes individuais para cada
unidade experimental visando o controle de consumo da ração. A quantidade de ração fornecida
foi calculada de acordo com a biomassa dos tanques berçários22. Foram realizados ajustes na
quantidade de ração fornecida por meio da observação do consumo, evitando-se sobras
significativas.
Monitoramento da qualidade de água
Os principais parâmetros de qualidade da água, como oxigênio dissolvido (OD),
temperatura (TºC), pH e amônia não ionizada foram mensurados durante todo o experimento.
A temperatura e o oxigênio dissolvido foram mensurados diariamente às 08h, com auxílio de
37
um oxímetro digital (AT 155, Alfakit), que tem capacidade de monitorar ambos os parâmetros
simultaneamente.
O pH e a amônia foram mensurados aos sábados às 08h30min. Para determinação
de pH, foi utilizado um peagâmetro digital (AT 315, Alfakit). Para amônia foram utilizados
reagentes padronizados comerciais, e as leituras foram realizadas com o auxílio de
fotocolorímetro digital (AT 100PBS II, Alfakit), de acordo com a metodologia do fabricante.
As medias dos valores das análises de qualidade da água da represa foram
20,75±0,57ºC para temperatura, 7,09 ±0,39 mg/L para oxigênio dissolvido, 7±0,22 para pH e
0,03±0,015 mg/L para amônia não-ionizada (NH3).
Pesagens dos animais e análise do desempenho produtivo
Todos os animais foram pesados no primeiro dia de experimento, antes do
povoamento das unidades experimentais. No 13º e 25º dias de experimento, foram realizadas
pesagens de 10% dos animais por tanque-rede, coletados aleatoriamente. Este procedimento
visava obter o peso, acompanhar o desempenho produtivo e realizar ajuste no cálculo de ração
a ser fornecida. Ao final do experimento, no 35º dia, foi realizada a pesagem de 100% dos
animais para cálculo dos índices produtivos.
Os dados das pesagens dos animais e do consumo de ração foram utilizados para
calcular as seguintes variáveis de desempenho produtivo: ganho de peso (g) = peso final – peso
inicial; consumo de ração total (g) = soma do consumo de ração do período total; conversão
alimentar aparente = consumo de ração do período ÷ ganho de peso em biomassa; taxa de
crescimento específico (%/dia) = [(ln peso final – ln peso inicial) ÷ período em dias] x 100 27.
Durante o período experimental registrou-se a mortalidade para cálculo da taxa de
sobrevivência (%) = (nº de peixes final ÷ nº de peixes inicial) x 100.
Análises hemato-imunológicas
Após a pesagem final de todos os peixes, seis juvenis de cada tanque-rede,
totalizando 24 animais por tratamento, foram submetidos ao processo de anestesia com óleo de
cravo e posteriormente realizou-se a coleta de sangue. Esta foi realizada puncionando a artéria
caudal, utilizando agulhas de 0,80 x 25 mm e seringa estéril umedecida com anticoagulante
EDTA, afim de impedir a coagulação sanguínea. Em seguida, o sangue foi transferido para um
tubo tipo Vacutainer® com anticoagulante (Ethylene diamine tetraacetic acid).
Os parâmetros imunológicos analisados foram o número de linfócitos, monócitos,
leucócitos totais e contagem diferencial de leucócitos. Também foram analisados os parâmetros
38
hematológicos como contagem de eritrócitos, concentração de hemoglobina, valores de
hematócrito, proteína plasmática total, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina
corpuscular médio (HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM). Todas
essas análises foram determinadas de acordo com os métodos descritos por Ranzani-Paiva29.
Estas análises foram realizadas no Laboratório Multiusuário do Programa de Pós-
Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG.
Análise parasitológica e Identificação dos parasitas
Para as análises dos ectoparasitas, in loco, foram separados oito peixes de cada
tanque-rede, totalizando 32 animais por tratamento, os quais foram dessensibilizados por
choque térmico em água com gelo (proporção 1:1). Em seguida realizou-se a eutanásia por
secção de medula espinhal com o uso de bisturi30. Posteriormente, coletou-se fragmentos
branquiais e realizou-se raspado de muco e brânquias que foram depositados entre lâmina e
lamínula para contagem parasitológica. Simultaneamente preparou-se outra lâmina que foi
submetida a secagem para identificação dos parasitas.
As lâminas secas foram encaminhadas para o Laboratório de Parasitologia e
Microbiologia de Organismos Aquáticos do Centro de Aquicultura da Universidade Estadual
Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (CAUNESP), Jaboticabal - SP. As lâminas contendo os
parasitos foram impregnadas com Nitrato de Prata (2%) para avaliação dos caracteres
taxonômicos31.
As mensurações foram realizadas a partir de fotomicrografias obtidas no
fotomicroscópio Nikon® E200 (Nikon Instruments Inc., Melville, Estados Unidos) equipado
com sistema Motic 5.0 (Motic Instruments Inc., Hong Kong, China) e fornecidas em
micrometros32,33. A mensuração foi realizada com auxílio do software Image-Pro Plus® (Media
Cybernetics Inc, Rockville, Estados Unidos).
Análise econômica
A análise econômica foi realizada de acordo com a metodologia de Silva28. Esta
considera o custo operacional parcial (COP), definido pelos valores gastos com ração, peixe,
alho em pó e gelatina, enquanto a receita bruta (RB) é atribuída à venda dos peixes.
A ração de 46% PB foi cotada a R$ 4,73 e a de 42% PB a R$ 2,85, enquanto os
peixes foram estimados a R$ 0,15. Já o alho e a gelatina foram comprados a R$ 50,00 e R$
39
40,00 o quilo, respectivamente. Todos esses valores foram definidos de acordo com preços
vigentes dos insumos no dia do encerramento da fase experimental.
Análise estatística
Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste Scott-Knott (5%).
RESULTADOS
Quantificação da alicina
A alicina representou 27,82% do total de compostos presente na amostra do óleo
volátil.
Desempenho produtivo
Não foram observadas diferenças significativas nas variáveis de desempenho
produtivo entre os diferentes tratamentos, exceto consumo de ração. A inclusão de 1,5% de alho
proporcionou um maior consumo em relação aos outros tratamentos (p = 0,042). (Tabela 3.3).
Apesar de nos parâmetros de peso final e conversão alimentar não terem sido
observadas diferenças significativas, o tratamento suplementado com 1,0% de alho em pó na
dieta apresentou peso final 21,32% superior e conversão alimentar 18,75% inferior em relação
ao tratamento controle. Estas diferenças, ainda que não estatísticas, em grandes produções
podem definir a viabilidade econômica da atividade.
TABELA 3.3 – Médias do peso inicial (P. Inicial), peso final (P. Final), ganho de peso (GP),
conversão alimentar aparente (CAA), consumo de ração (CR), taxa de
crescimento específico (TCE) e taxa de sobrevivência (TS) de alevinos de
tilápia do Nilo alimentados com diferentes níveis de inclusão de alho em pó em
tanques-redes
Parâmetro Níveis de inclusão de alho em pó
CV (%) p 0% 0,5% 1,0% 1,5%
P. Inicial (g) 2,9 3,1 3,1 3,0 4,35 0,396
P. Final (g) 12,38 13,21 15,02 13,85 12,08 0,196
GP (g) 9,400 10,125 11,925 10,850 15,90 0,232
CAA 1,12 1,02 0,91 0,93 12,99 0,145
CR (g) 2.607 b 2.582,5 b 2.603,5 b 2.834 a 4,64 0,042
TCE (%/dia) 3,7 3,8 4,1 4,0 7,66 0,351
TS (%) 82,75 84,08 83,99 88,75 7,89 0,614
CV: coeficiente de variação; p: nível de significância.
40
Análises hemato-imunológicas
Observou-se diferença significativa, entre os tratamentos, apenas para a variável
leucócitos totais, sendo o nível de inclusão de 1,0% de alho em pó na ração o que apresentou
maior valor (Tabela 2.6).
TABELA 3.6 – Médias, coeficientes de variação (CV) e níveis de significância (P<0,5) dos
parâmetros hemato-imunológicos de alevinos da tilápia do Nilo alimentados
com diferentes níveis de inclusão do alho em pó em tanques-rede.
Parâmetro Níveis de inclusão de alho
CV (%) p 0% 0,5% 1,0% 1,5%
Plaquetas
(mm³)
76.500 75.500 73.100 82.300 42,32 0,8339
Hemácias
(mm³)
2.708.000 3.320.000 3.222.500 3.035.000 36,96 0,3433
Leucócitos 5.320 b 5.380 b 6.250 a 4.510 c 20,50 0,0001
Segmentados 37.350 33.000 37.850 31.300 45,34 0,4795
Eosinófilos 0,5 0,1 0,4 0,25 184,81 0,1477
Basófilo 11 141 4,90 2,40 793,57 0,4314
Linfócitos 2.026 2.161 2.431 2.045 40,03 0,5653
Monócitos 1.126 1.206 1.339 847 44,17 0,6107
Heterofilo 18,25 65,55 11,05 11,75 560,40 0,6954
Hematócrito 28,4 29,1 30,75 30,10 15,41 0,3773
Proteína
Plasmática
5,69 5,445 5,54 5,19 11,74 0,1023
Hemoglobina 7,7045 7,2415 8,1655 6,8440 24,23 0,1231
CHCM 27,492 25,236 26,923 22,783 25,51 0,1083
VCM 112,9 101,4 104,9 106,71 34,18 0,7894
HCM 32,872 25,483 29,137 24,295 55,44 0,2970
CV: coeficiente de variação; p: nível de significância.
Análises parasitológicas e identificação de parasitas
Na avaliação parasitológica foram encontrados Tricodinídeos e Monogenéticos.
Dentre os tricodinídeos, foram identificadas as espécies Trichodinella sp.; Trichodina
centrostrigata; Trichodina compacta; Tripartiella orthodens; Trichodina heterodentata; Trichodina
migala; Trichodina magna e Paratrichodina africana (Figura 3.1).
Na classe dos monogenéticos, foram identificados parasitas pertencentes à família
dos Dactilogirídeos (Figura 3.2).
41
FIGURA 3.1 – Trichodinella sp. (A); Trichodina centrostrigata (B); Trichodina compacta (C);
Tripartiella orthodens (D); Trichodina heterodentata (E); Trichodina migala (F);
Trichodina magna (G) e Paratrichodina africana (H)
FIGURA 3.2 – Monogenea da família dactilogirídeo (seta)
aderido à lamela branquial de tilápia do Nilo.
42
A infestação parasitária por monogenéticos e tricodinídeos em juvenis de tilápia do
Nilo foi significativamente menor (p = 0,0001) nos animais alimentados com alho em pó,
independente do nível de inclusão na ração, quando comparado ao grupo controle (Tabela 3.7).
Houve redução de 33,33%, 33,33% e 50% de infestação por monogenéticos nos animais
alimentados com 0,5, 1,0 e 1,5% de alho em pó na dieta, respectivamente. Para tricodinídeos,
houve redução de 44,73%, 52,63% e 65,78% de infestação nos animais alimentados com 0,5,
1,0 e 1,5% de alho em pó na dieta, respectivamente.
TABELA 3.7- Média da contagem de ectoparasitas encontrados na análise parasitológica
Parasita Níveis de inclusão de alho
CV (%) p 0% 0,5% 1,0% 1,5%
Monogenea 6 a 4 b 4 b 3 b 53,45 0,0001
Tricodínídeos 38 a 21 b 18 b 13 b 77,62 0,0001 CV: coeficiente de variação; p: nível de significância.
Análise econômica
Observou-se diferença significativa na quantidade e no custo de ração utilizada
(Tabela 3.4). O tratamento com 1,5% de inclusão de alho apresentou maiores valores para
consumo (p = 0,042), e custo com ração (p = 0,035), quantidade (p = 0,042) e o custo (p = 0,042)
com gelatina.
Para as variáveis quantidade de alho em pó (p = 0,042) e seu custo (p = 0,035), houve
diferenças significativas entre todos os tratamentos, uma vez que foram utilizadas diferentes
taxas de inclusão na ração.
TABELA 3.4 - Dados médios da quantidade e despesas com ração, alho em pós, gelatina, alevinos e
o custo de produção parcial (COP) da tilápia do Nilo alimentada com diferentes
níveis de inclusão de alho em pó na dieta em tanques-rede.
Níveis de
inclusão
Ração Alho em pó Gelatina Alevino COP
Kg R$ Kg R$ Kg R$ Unid R$ R$
0,0 % 2607 8,84 0 d 0d 13,04 0,52 300 45,00 53,84c
0,5 % 2583 8,71 12,91c 0,65c 12,91 0,52 300 45,00 54,35c
1,0 % 2604 8,82 26,03b 1,30b 13,02 0,52 300 45,00 55,12b
1,5 % 2834a 9,49a 42,51a 2,13a 14,17a 0,57a 300 45,00 56,62a
CV (%) 4,64 4,00 6,81 6,81 4,64 4,64 0 0 0,76
p 0,042 0,035 0,0001 0,0001 0,042 0,042 - - 0,0001
O custo operacional parcial (COP), influenciado pela quantidade de alho em pó
utilizada, apresentou maiores valores nos tratamentos com maior inclusão na dieta (p < 0,05).
43
Para as variáveis quantidade e custo com alevinos, receita bruta (p=0,614), receita
líquida parcial (p=0,842), incidência de custos (p=0,960) e margem de lucro (p=0,960), não
houveram diferenças significativas (Tabelas 3.4 e 3.5).
TABELA 3.5 - Dados médios do custo operacional parcial (COP), venda dos peixes por unidade
(VP), receita bruta (RB), receita líquida parcial (RLP) e incidência de custos (IC) e margem de lucro
(ML) da tilápia do Nilo alimentada com diferentes níveis de inclusão de alho em pó na dieta em
tanques-rede.
Níveis de inclusão do Alho em Pó COP VP RB RLP IC ML
R$ Unid R$ R$ R$/ unid R$
0,0 % 53,84 c 248 99,30 45,46 0,22 0,18
0,5 % 54,35 c 252 100,90 46,54 0,22 0,18
1,0 % 55,12 b 252 100,80 45,68 0,22 0,18
1,5 % 56,62 a 266 106,50 49,87 0,21 0,19
CV (%) 0,76 7,89 7,89 16,63 7,92 7,92
p 0,0001 0,614 0,614 0,842 0,960 0,960
DISCUSSÃO
Este estudo foi realizado em condições de campo o que difere da maioria dos
trabalhos encontrado na literatura consultada, realizado em condições laboratoriais,9,10,14,34 que
utilizam um reduzido número de animais e em situações controladas. Sendo assim, os presentes
resultados encontrados neste trabalho, poderiam ser aplicados nas criações comerciais visando
o aumento da eficiência produtiva, uma vez que as condições experimentais foram similares às
encontradas a campo.
A atividade farmacológica do alho envolve uma variedade de compostos
organossulfurados. O mais notável desses compostos é a alicina, o principal responsável pelo
efeito imunoestimulante nos animais. A amostra de alho em pó utilizada neste trabalho continha
27,82%, diferindo do valor encontrado por Guo et al.23 de 1,3%. A proporção de alicina não
possui um valor de referência padrão, uma vez que pode ser influenciado por fatores como
método de extração35, sazonalidade, fase de desenvolvimento da planta, altitude, temperatura,
disponibilidade hídrica, radiação ultravioleta, disponibilidade de nutrientes, poluição
atmosférica, indução por estímulos mecânicos ou ataque de patógenos na planta36,37.
Os parâmetros de qualidade de água mensurados durante o presente estudo
encontraram-se dentro dos níveis considerados adequados para a fase de desenvolvimento da
tilápia do Nilo, exceto a temperatura (20,75±0,57ºC), que estavam abaixo dos valores
preconizados para a espécie. Segundo Kubtiza22, recomenda-se temperatura da água de 25 a
44
30ºC, oxigênio dissolvido acima de 4mg/L, pH entre 6,5 a 8,5 e amônia não-ionizada abaixo de
0,2 mg/L. Como todos os tratamentos estavam submetidos à mesma temperatura da água, não
é fator de interferência nos tratamentos, contudo, pode ter influenciado o consumo de ração de
todos os peixes, devido ao efeito do frio no metabolismo do animal, e consequentemente os
demais parâmetros, como ganho de peso e conversão alimentar aparente. Os parâmetros
monitorados neste trabalho representam as condições ambientais encontradas nas criações
intensivas da região no período de inverno.
Na análise do desempenho produtivo, a única variável que apresentou diferença
significativa (p = 0,042) foi o consumo de ração, apresentando maior valor no tratamento com
1,5% de inclusão de alho na ração, o que não está associado a melhora no crescimento, resposta
imunológica ou parasitária. Este resultado foi encontrado em outro estudo, que mostrou
aumento na ingestão de ração de acordo com o aumento dos níveis de inclusão de alho9.
Segundo Shakya e Labh10, este efeito estimulador de apetite ocorre devido a presença da alicina.
As variáveis de desempenho produtivo ganho de peso, conversão alimentar
aparente e taxa de crescimento específico não apresentaram diferenças significativas entre os
tratamentos, corroborando outras pesquisas6,14 em híbrido de tilápia e “Asian sea bass”. Por
outro lado, há trabalhos nos quais tilápia do Nilo e truta arco-íris, alimentados com dietas
suplementadas com alho em pó, obtiveram maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e
maior taxa de crescimento específico em relação aos grupos controle9,34,38. As divergências
observadas entre os resultados do presente trabalho com os dados da literatura podem ser
justificadas pelos diferentes níveis de suplementação adotados, espécies pesquisadas e
protocolos experimentais empregados.
A análise sanguínea das amostras coletadas ao termino do experimento mostrou que
os peixes alimentados com ração suplementada com 1,0% de alho em pó apresentaram maior
número de leucócitos totais. Este resultado corrobora Ndong e Fall6, que avaliando o híbrido de
tilápia (Oreochromis niloticus x Oreochromis aureus), suplementado com 0,5g de alho em
pó/kg de ração, observaram um aumento significativo na contagem de leucócitos totais em
relação aos outros tratamentos (0,0 e 1,0 g de alho em pó/ kg de ração)6. Trabalhando com truta
arco-íris (Oncorhynchus mykiss), desafiadas com Aeromonas hydrophila ou quando submetidas
a estresse térmico, após receber dieta suplementada com 0,6 gramas de alho em pó/kg de ração,
Fazlolahzadeh et al.7 também observaram aumento na contagem de leucócitos totais. Da mesma
forma, pacus (Piaractus mesopotamicus) mantidos em laboratório, alimentados com diferentes
níveis de alho em pó (1,0, 1,5, e 2,0 mg em 10% de ração seca) apresentaram aumento do
45
número de leucócitos totais39. Os resultados observados neste estudo, assim como em diversas
pesquisas6,7,14,34,39,40 evidenciam que a inclusão de alho em pó na dieta de peixes promove um
aumento significativo na contagem de leucócitos totais sugerindo maior estimulação do sistema
imune.
Na análise parasitológica obteve-se resultados satisfatórios quanto à ação do alho
em pó, na qual os peixes alimentados com rações de todos dos tratamentos com inclusão de
alho apresentaram menor carga parasitária, quando comparada ao tratamento controle. Os
resultados corroboram estudos realizados em laboratório, nos quais tilápias alimentadas com
ração suplementada com alho em pó, tiveram até 70% menos de infestação por
monogenéticos41. Assim como em pacu (Piaractus mesopotamicus), nos quais a inclusão de 2,0
g de alho em pó /kg de ração teve eficácia de 95% no controle de monogenea39. Para
tricodinídeos, o resultado é consistente com outros estudos, nos quais tilápias alimentadas com
dietas suplementadas com alho apresentaram menor infestação de Trichodina sp em relação aos
animais que receberam dietas sem o alho42,43. Trabalhando com banho terapêutico de água com
alho em pó diluído, Chimandt et al.44 também encontraram menor número de tricodinídeos
quando comparado ao grupo controle. Todos estes resultados sugerem a ação do alho na
prevenção de parasitas e sua eficiência em diferentes formas de aplicação. A prevenção de
parasitas é fundamental na criação comercial de peixes pois as doenças parasitárias propiciam
infecções secundárias, causadas principalmente por bactérias, que agravam o quadro clínico
dos animais, levando a sérios prejuízos econômicos22,5,45. O uso de compostos naturais e
consequente redução da utilização de produtos químicos durante a produção é de extrema
importância para o desenvolvimento da piscicultura, tornando a atividade mais sustentável e
ambientalmente segura.
Durante a identificação dos parasitas encontrados nos animais, foram observados
exemplares do gênero Trichodinella sp., sendo este o primeiro registo no Brasil. (Capítulo 04
desta dissertação)
A análise econômica do uso do alho na dieta, é de grande importância para definir
a viabilidade financeira da utilização deste composto vegetal na produção. Segundo os
resultados, a inclusão de 1,5% de alho em pó na dieta proporcionou maior valor no custo
operacional parcial (COP), sem influenciar a receita liquida parcial (RPL), o índice de custo
(IC) e a margem de lucro (ML). A suplementação dietética de alho reduziu a quantidade de
parasitas dos peixes, enquanto a inclusão de 1% ativou resposta do sistema imune. Desse modo,
os resultados indicam que a inclusão de 1,0% de alho em pó na dieta é o mais indicado, já que,
46
além da influência positiva no sistema imunológico e na carga parasitária dos animais, o custo
deste tratamento não influenciou a receita líquida parcial (RLP) e na margem de lucro, apesar
de ter apresentado um custo operacional parcial mais elevado do que os níveis inferiores de
inclusão. Apesar de não ter sido encontrada análise econômica do uso do alho em pó para
peixes, avaliação semelhante foi observada em trabalho realizado com frangos de corte
alimentados com o referido composto, no qual o nível de inclusão de 1,0% também
proporcionou os melhores índices econômicos46.
CONCLUSÃO
Nas condições avaliadas, os resultados sugerem potencial imunoestimulante do
alho em pó em tilápia do Nilo, assim como ação antiparasitária, contra tricodinídeos e
monogenéticos, sem afetar os índices econômicos da produção. O melhor nível de inclusão de
alho em pó na dieta foi de 1,0%. Portanto o alho apresenta-se como uma alternativa para
produção de tilápia de maneira sustentável.
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49
CAPÍTULO 4 - NEW GEOGRAPHICAL RECORDS OF TRICHODINA,
TRIPARTIELLA, PARATRICHODINA AND FIRST REPORT OF TRICHODINELLA IN
NILE TILAPIA OREOCHROMIS NILOTICUS CULTURED IN BRAZIL
Artigo escrito de acordo com as regras exigidas da Revista “Acta Parasitologica”
(ANEXO 1).
New geographical records of Trichodina, Tripartiella, Paratrichodina and first report of
Trichodinella in Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Brazil
Fabrício S. Rodrigues1, Inácio M. Assane2,3, Gustavo M. R. Valladão3, Fernanda G. de
Paula1, Caniggia L. Andrade1, Déborah O. Rodrigues1, Anderson P. de Moraes1, Elieny M de
Abreu1, Eugénio G. de Araújo1, and Lívia M. Pascoal1
1Federal University of Goiás (UFG), Veterinary School, P.O. Box 131, Goiânia, Goiás,
Brazil
2 Zambeze University (UniZambeze), Faculty of Agricultural Sciences, P.O. Box 213,
Ulónguè, Tete, Mozambique
3Laboratory of Parasitology and Microbiology of Aquatic Organisms, São Paulo State
University (Unesp), Aquaculture Center of Unesp, Jaboticabal, SP, Brazil, 14870
*Corresponding author at:
E-mail: [email protected]
50
ABSTRACT
Massive occurrence of trichodinids is frequently accompanied by a serious disease in
fish farm. This study characterized morphologically species of trichodinids from gills and body
of Nile tilapia cultured in central west region of Brazil (Goiás state). Dried slides with parasites
were impregnated with silver nitrate (2%). Morphometric characters and schematic drawing of
the denticles were taken from photomicrographs made from the slides. Seven species of
trichodinid ectoparasites (Protozoa: Ciliophora: Trichodinidae) were found parasitizing the
gills, being four of the genera Trichodina Ehrenberg, 1838; one Tripartiella Lom, 1959; one
Paratrichodina Lom, 1963 and one Trichodinella Ṧrámek-Huṧek, 1953. On the body surface,
three specimens from genera Trichodina were identified. These parasites were recently
described parasitizing fish in other regions from Brazil, except for Trichodinella sp.. This is the
first record of parasites of this genus in this country.
Keywords: trichodinids, trichodiniasis, parasite, taxonomy, aquaculture.
51
1. Introduction
Prevalence and spread of diseases have become more and more important since the
aquatic food production has transitioned from being primarily based on capture of wild fish to
culture of increasing numbers of fish species (FAO 2016). Captive fish and, consequently, its
parasites are usually translocated around the world (Basson and Van As 1994, Reinertsen and
Haaland 1995), which may affect the health status of fish farms. Therefore, the studies focusing
in parasites identification and distribution are important.
Trichodinids are mobile peritrichous ciliated protozoan, important on marine and inland
aquaculture, with more than 300 species recognized as parasite or symbiont to aquatic
organisms (Gong et al. 2005, Mitra et al. 2013). They are perhaps the most frequent protozoans
invading the surface of fish and have been implicated in severe disease and mortalities in
various parts of the world (Nikolić et al. 2003, Khan 2004, Khoshnood and Khoshnood 2014,
Valladão et al. 2014). Considering the Brazilian tilapia production, very little information on
these groups are available and only three out of eleven genera under the family Trichodinidae
have so far been reported parasitizing Nile tilapia, namely Trichodina Ehrenberg, 1838
(Trichodina centrostrigeata Basson, Van As and Paperna, 1983, T. compacta Van As and
Basson, 1989, T. heterodentata Duncan, 1977, T. magna Van As and Basson, 1989, T. migala
Van As Basson, 1989), Paratrichodina Lom, 1963 (Paratrichodina africana Kazubski and El-
Tantawy, 1986) and Tripartiella Lom, 1959 (Tripartiella orthodens Basson and Van As, 1987)
(Ghiraldelli et al. 2006, Martins and Ghiraldelli 2008, Pantoja et al. 2012, Valladão et al. 2013,
Zago et al. 2014, Valladão et al. 2016, Nunes et al. 2016). Trichodinids are usually identified
through the morphology of the denticles in the adhesive disc and the development of adoral
ciliary spiral, having the denticle a very high systematic value (Gong et al. 2005) and hence the
correct identification depends mainly on the quality of the impregnation and stain techniques
used to evaluate these characters. Nevertheless, some trichodinids impregnates less than others
52
do, making it difficult to describe the species. Difficulties in evaluation of results of
impregnation are commonly encountered in Trichodinella Ṧrámek-Huṧek, 1953, where the
correct picture is sometimes changed into artefacts due to insignificant dimensions of the
denticle, which can easily be damaged when the smears preparation dries up (Lom 1963).
Though some species has a wide variety of hosts and geographical distribution (Lom and Haldar
1977, Basson and Van As 1987) there are few records of these small trichodinids in the
literature.
Nile tilapia, Oreochromis niloticus Linnaeus, 1857, is a freshwater cichlid native to
Africa and one of the most important farmed fish worldwide. It grows fast in different
aquaculture systems and wide range of temperatures and also have high market value (El-Sayed
2006, Lim and Webster 2006). In Brazil, the world’s 14th top aquaculture producer and 2nd in
the Americas (FAO 2016), Nile tilapia has been introduced into the aquatic ecosystems since
the 70’s to improve fisheries and aquaculture (Moreira et al. 2007) and nowadays is the main
produced specie and represents more than 45% of all fish production (IBGE 2015). The
relationship between tilapia translocation and spread of parasites in freshwater ecosystems has
been documented by many authors (Van As and Basson 1989, Bondad-Reantaso and Arthur
1989, Bondad-Reantaso and Arthur 1990, Lumanlan et al. 1992), being the trichodinids the
main protozoa associated with tilapia translocation worldwide.
In the present study, identification and description of trichodinids from gills and body
of cultured Nile tilapia in a new geographic location, Central-West region of Brazil (state of
Goiás), were performed.
2. Materials and methods
2.1. Study area and fish
Specimens of O. niloticus (Supreme strain) were collected in June 2016, from floating
net-cages in a reservoir at the fishery facilities in the Department of Animal Sciences of the
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Veterinary and Animal Sciences School of Federal University of Goiás, State of Goiás, central
west region of Brazil (16°35'42"S 49°16'52"W).
Water quality parameters in the net-cages were measured during the fish sampling as
follows (mean ± SD): the dissolved oxygen was 7.09 ± 0.39 mg L-1; the temperature was 20.75
± 0.57 ºC; the pH was 7.00 ± 0.22; the ammonia content was 0.03 ± 0.015 mg L-1. The dissolved
oxygen and temperature were determined using digital oxygen meter AT 155, Alfakit Ltd.; the
pH and ammonia were determined using digital pH meter AT 315, Alfakit Ltd. and digital photo
colorimeter AT 100PBS II, Alfakit, Ltd., respectively.
The experimental procedures were approved by the Ethics and Animal Welfare
Committee (CEUA) of the Federal University of Goiás, under protocol number 015/2016.
2.2. Parasitic diagnosis and taxonomic evaluation
Eleven fish (13.62 g ± 1.78) collected randomly from four net-cages (0.7 m³ useful
volume and density of 300 fish per cage) were desensitized by thermal shock in water with ice
(proportion 1:1) and then euthanized via medullar sectioning for the parasitological survey.
Samples from gills and body mucus were collected separately by scraping, deposited in glass
slides and observed fresh under an optical light microscope (40, 100 and 400 x).
Slides with parasites were air-dried and subsequently impregnated with silver nitrate
(2%) for the evaluation of all taxonomic characters (Klein 1958). Measurements of the
components of the adhesive disc and denticle were performed as described by Arthur and Lom
(1984), and additionally the number of denticles and pins were counted. The measurements
were made on photomicrographs (1000 x) obtained with a Nikon® E200 light microscope
(Nikon Instruments Inc., Melville, United States of America) equipped with a Motic® 5.0 image
capture system (Motic Instruments Inc., Hong Kong, China) and presented in micrometers as
suggested by Lom (1958) and Van As and Basson (1989). All measurements were made using
54
Image Pro Plus® software Media (Cybernetics Inc, Rockville, United States of America). The
obtained measurement data were presented as the mean ± standard deviation (minimum –
maximum; number of repetitions).
In order to describe the shape of the denticle, as proposed by Van As and Basson (1989),
schematic drawings of the denticles were produced by means of vectorization using
CorelDraw® X8 software (Corel Corporation, Ottawa, Canada).
3. Results
3.1. Trichodinids description: body
Measurements of taxonomic characters of each population of trichodinid collected from
the body surface of the fish are presented in Table 4.1.
Trichodina compacta
The blade was large, filling most of space between the y-axes. The anterior margin
touched de y-axes, sometimes slightly passing beyond. Prominent apophysis was observed at
the anterior margin of the blade. The central part extends to the half of the space between the
axes and presents itself rounded. The connection between the central part and ray presents
uniform thickness and similar to the ray. The ray were generally parallel to the y-axes with
broad thickness, filling almost entire space between y-axes. The central circle is characteristic
for the specie, presenting scattered darker spots (Figure 4.1a)
Trichodina heterodentata
The blade is large and fell almost entire space between y-axes. The anterior portion of
the blade surpasses significantly the limit of the y-axes. Prominent apophysis was common in
the anterior margin of the blade. The central part extends to the half of the space between the
axes and presents itself rounded. The ray presents a prominent apophysis in its anterior portion
and its thickness varies from wider to thin. The tip of the ray is sharp (Figure 4.1b).
55
Trichodina magna
This trichodinid have a large body size compared to the other species. The denticle blade
is tight, fitting almost the half of the space between the axes. The anterior margin of the blade
is slightly flattened (straight) and does not touch the y-axes. The ray presents a prominent
apophysis. The ray is thin, curved and slightly pointing in anterior direction, but does not
surpass the y-axes (Figure 4.1c).
Figure 4.1. Photomicrographs of silver impregnated adhesive discs and schematic
drawing of the denticles of Trichodina compacta (a); T. heterodentata (b) and T. magna (c)
found in the body of Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Central-West region of
Brazil. Scale bars: 10 μm.
3.2. Trichodinids description: gills
Measurements of taxonomic characters of each population of trichodinid collected from
the gills are presented in Table 4.2.
56
Trichodina centrostrigeata
The blade of the denticle is thin and the anterior and posterior margins are similar, being
almost parallel to each other. The blade fills large portion between y-axes and its anterior
margin surpasses the y-axes. The central part is short and rounded. The ray presents uniform
thickness with sharp tip, positioned parallel or anterior to the y-axes, sometimes surpassing it.
This trichodinid have a central ridges characteristic for the specie (Figure 4.2a).
Trichodina compacta
The morphological characteristics are similar to those described in specimens found in
the body surface (Figure 4.2b).
Trichodina heterodentata
The morphological characteristics are similar to those described in specimens found in
the body surface (Figure 4.2c).
Trichodina migala
The blade is thin and does not fill much of the space between y-axes. The anterior
portion does not touch y-axes and in some cases shown a small apophysis. The central part
occupies more than the half of the area between y-axes. Ray apophyses prominent. The ray is
thin, curved, sharp and displaced to the anterior direction, sometimes surpassing the limit of the
y-axes. (Figure 4.2d).
Paratrichodina africana
This trichodinid has a rounded blade that is not sickle-shaped, different from the genus
Trichodina. The central part has a large and characteristic elongated fragment that is parallel to
the central part of the adjacent denticle. The central part is thin and rounded and fills about half
the space between the y-axes. The ray is thin, with the rounded tip lying parallel to the y-axes
(Figure 4.2e).
57
Trichodinella sp.
This trichodinid is difficult to impregnate because of its small size and denticle
minuteness. The blade presents a small projection and the anterior margin extends well into the
space between y-axes. The central part is delicate and short, not passing the y-axis. The
denticles are small and inserted together by central parts and projections making it difficult to
see in the silver impregnated specimens. The ray forms a characteristic short, delicate and curve
hook (Figure 4.2f).
Tripartiella orthodens
Small-sized trichodinid. The anterior margin of the blade is straight and the posterior
margin is rounded. In the posterior portion, this trichodinid has a prominent projection. In the
anterior portion, between the blade and the central part, another prominent projection was
observed, which surpasses the y-axes. The central part is small and occupies small portion of
the space between the y-axes. The ray is straight, with similar thickness up to its tip, and parallel
or slightly positioned posteriorly to the y-axis (Figure 4.2g).
58
Figure 4.2. Photomicrographs of silver impregnated adhesive discs and schematic
drawing of the denticles of Trichodina centrostrigeata (a); T. compacta (b); T. heterodentata
(c); T. migala (d); Paratrichodina africana (e); Trichodinella sp. (f) and Tripartiella orthodens
(g) found in the gills of Nile tilapia Oreochromis niloticus cultured in Central-West region of
Brazil. Scale bars: 10 μm.
4. Discussion
In the present study 4 genus of trichodinids, Trichodina (T. centrostrigeata, T.
compacta, T. heterodentata, T. magna, T. migala), Paratrichodina (P. africana), Tripartiella
(T. orthodens) and Trichodinella (Trichodinella sp.) were found parasitizing Nile tilapia
cultivated in Brazil. All identified trichodinids from this study has an African origin (Basson et
al. 1983, Kazubski and El-Tantawy 1986, Basson and Van As 1987, Van As and Basson 1989,
Basson and Van As 1994) and have been found parasitizing fish from America (Aguilar-Aguilar
and Isla-Ortega 2015) and Eurasia (Duncan 1977, Basson and Van As 1994, Mitra and Haldar
2004, Mitra and Bandyopadhyay 2006, Mitra et al. 2012, Mohilal and Hemananda 2012). There
are also in Brazil records of T. centrostrigeata in southeast (Valladão et al. 2016) and north
region (Bittencourt et al. 2014); T. compacta in south (Ghiraldelli et al. 2006) southeast region
(Valladão et al. 2016); T. heterodentata in south (Martins et al. 2010) and southest region
(Valladão et al. 2016); T. magna in south (Martins and Ghiraldelli 2008) and southeast region
(Zago et al. 2014), T. migala in southeast (Valladão et al. 2016); P. africana in south
(Ghiraldelli et al. 2006, Jerônimo et al. 2011), southeast (Valladão et al. 2016), north
(Bittencourt et al. 2014) and northeast region (Valladão et al. 2013), and T. orthodens in
southeast region (Valladão et al. 2016). This study presents the identification of trichodinids in
Central-West region of Brazil (State of Goiás) and describe the first record of Trichodinella
genus in this country.
59
Trichodinids in this study has a very constant denticle shape that impregnates well with
silver nitrate, although in some species the denticles were somewhat less impregnated, making
it difficult to identify (Paratrichodina, Tripartiella and Trichodinella). The morphometric and
morphologic characteristics of T. centrostrigeata, T. compacta, T. heterodentata, T. magna, T.
migala, P. africana and T. orthodens identified in the present study were similar from the prior
descriptions of these species in Nile tilapia from Brazil. Nevertheless, the body diameter of T.
heterodentata was slightly higher (64–80 vs. 38–59) from those reported by Valladão et al.
(2016) but was similar to those described by Duncan (1977) (64–80 vs. 58–122). We consider
that small differences are common since variability in morphometric and morphologic
characteristics of trichodinids has been observed in other populations of these protozoans (Lom
1958) and are usually related to the developmental stages of the denticle, host and
environmental conditions (Duncan 1977, Kazubiski 1982, Gong et al. 2005).
The genus Trichodinella was described by Lom (1963) as having an incomplete turn of
the two adoral ciliary rows on the adoral zone, a peculiar shape of the denticle, small dimensions
and usually only parasitize gills of fish. So far, about 8 species have been identified from marine
and freshwater organisms. The Trichodinella sp. from this study was collected from the gills
and due to its small size and minuteness of the denticle, the impregnation was not good enough
to perform the specie identification. However, some elements of their structure, e.g. body
diameter, border membrane, adhesive disc, denticulate ring, denticle span, denticle ray, central
part of the denticle and blade, fairly well preserved in the preparations, allowed us to make
comparisons among small trichodinids already described in literature. Trichodinella sp. seems
to be identical with the species determined by Lom (1963) as a Trichodinella epizootica
Ṧrámek-Huṧek, 1953 occurring in gills of different species of fish on the Eurasian continent.
All measurements of taxonomic characters are very close to those of Trichodinella sp. in the
present study. The measurements of our specimens are also similar to: T. epizootica population
60
of Basson et al. (1983) from Cyprins carpio, of Albaladejo and Arthur (1989) from Cyprins
carpio, of Al-Rasheid et al. (2000) from Mormyrus kannume, of Mitra and Haldar (2004) from
Puntius gelius and of Basson (2010) from Tinca tinca. In the literature, schematic drawings of
T. epizootica vary significantly between each description (Figure 4.3). The schematic drawing
of Trichodinella sp. identified here was very similar to the record of Mitra and Haldar (2004)
(Figure 4.3). These differences may be due to the common variations observed in T. epizootica
morphology among the same population or in populations from different hosts (Lom 1963, Lom
and Haldar 1977, Basson and Van As 1987, Basson 2010), and this occurs mainly due to the
difficulties of its impregnation in silver nitrate, which culminates in different interpretations by
the authors. Furthermore, Figure 4.3 shows that the schematic drawing of T. epizootica
described by Al-Rasheid et al. (2000) is quite similar to the schematic drawing of Trichodinella
carpi Duncan, 1977 from Tang et al. (2005), presenting more similarities than the records of T.
epizootica between them. Measurement data and schematic drawing indicate that the parasite
of our study may be of the T. epizootica species; however, due to the small number of well-
impregnated specimens and the confusion in the literature, we only describe the genus. The
present investigation extended the distribution area of these identified trichodinids species to
the Central-West region of Brazil and added one country to the checklist of Trichodinella in the
world. These findings confirms that T. centrostrigeata, T. compacta, T. heterodentata, P.
africana and T. orthodens are widely distributed worldwide, occurring in various habitats. So
far, Trichodinella appear to be rare in Brazil and this may be due to the recent interest of
researchers to identify the trichodinids up to the species and the small sizes, which makes it
difficult to be identified even when impregnated with silver nitrate.
61
Figure 4.3. Schematic drawing of the denticles of Trichodinella demonstrating the
diversity of denticle shape among Trichodinella epizootica (redrawn from various sources).
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68
TABLES
Table 4.1. Measurements of trichodinids from body of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard
deviation (minimum-maximum values; number of individuals measured).
Trichodinids species Trichodina compacta Trichodina heterodentata Trichodina magna*
Body diameter 54.61 ± 3.39 (48.9-61.4; 22) 70.10 ± 6.15 (60.2-79.8; 18) 91.86
Border membrane 4.57 ± 0.47 (3.4-5.2; 22) 5.37 ± 0.70 (4.3-7.7; 18) 7.86
Adhesive disc 45.41 ± 3.30 (40.0-53.2; 22) 59.41 ± 6.14 (49.1-69.2; 18) 75.79
Denticulate ring 28.19 ± 2.71 (23.5-34.4; 22) 37.61 ± 3.92 (31.0-43.8; 18) 49.56
Central circle 13.75 ± 1.73 (10.4-18.0; 22) - -
Denticle span 11.86 ± 0.73 (10.8-13.1; 22) 17.90 ± 1.41 (15.0-19.8; 18) 24.41
Ray length 4.91 ± 0.55 (4.1-5.9; 22) 9.60 ± 1.05 (7.5-10.9; 18) 13.10
Central part 2.51 ± 0.32 (1.9-3.0; 22) 2.66 ± 0.32 (2.1-3.3; 18) 3.63
Blade length 4.43 ± 0.35 (3.7-5.3; 22) 5.55 ± 0.62 (4.2-6.7; 18) 7.44
Denticle length 8.23 ± 0.56 (7.2-9.4; 22) 9.44 ± 1.06 (7.4-11.4; 18) 10.09
Number of denticles 19.29 ± 0.96 (18-21; 21) 23.67 ± 1.03 (22-26; 18) 29
Pins/denticle 8.32 ± 0.48 (8-9; 22) 10.76 ± 0.90 (10-12; 17)
*Only one parasite well impregnated of this specie was found in the present study.
69
Table 4.2. Measurements of trichodinids of from gills of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard
deviation (minimum-maximum values; number of individuals measured).
Characters T. centrostrigeata T. migala T. heterodentata T. compacta
Body diameter 55.73 ± 5.02 (47.0-64.9; 22) 76.01 ± 5.66 (70.5-83.6; 4) 70.45 ± 6.06 (63.9-80.4; 9) 53.09 ± 2.20 (49.9-57.9; 9)
Border membrane 3.71 ± 0.84 (2.1-5.4; 22) 5.67 ± 0.50 (5.1-6.2; 4) 5.43 ± 0.53 (4.6-6.0; 9) 4.61 ± 0.53 (3.6-5.4; 9)
Adhesive disc 49.03 ± 5.31 (39.1-60.1; 23) 64.71 ± 6.83 (57.7-73.7; 4) 59.61 ± 5.58 (53.5-68.3; 9) 44.35 ± 2.09 (42.0-49.1; 9)
Denticulate ring 26.04 ± 2.89 (21.7-32.0; 24) 40.79 ± 5.50 (35.8-48.5; 4) 39.09 ± 6.99 (29.7-50.6; 10) 27.13 ± 2.13 (25.2-32.3; 9)
Central circle - - - 13.11 ± 1.66 (10.7-16.1; 9)
N of central ridges 13.22 ± 1.93 (10.0-17.0; 24) - - -
Denticle span 12.82 ± 1.94 (9.8-16.3; 24) 18.48 ± 2.02 (15.8-20.2; 4) 17.64 ± 1.64 (14.8-19.8; 10) 11.80 ± 0.87 (10.9-13.7; 9)
Ray length 4.57 ± 0.98 (2.5-6.7; 24) 8.30 ± 1.59 (6.0-9.7; 4) 9.61 ± 1.33 (7.3-11.6; 10) 5.38 ± 0.50 (4.7-6.2; 9)
Central part 2.42 ± 0.54 (1.4-3.3; 24) 3.43 ± 0.81 (2.6-4.3; 4) 2.46 ± 0.27 (2.1-3.0; 10) 2.30 ± 0.33 (1.6-2.7; 9)
Blade length 5.73 ± 0.94 (4.1-7.5; 24) 6.56 ± 0.87 (5.3-7.2; 4) 5.51 ± 0.52 (4.6-6.1; 10) 4.12 ± 0.51 (3.5-4.9; 9)
Denticle length 4.51 ± 0.37 (3.8-5.3; 24) 8.53 ± 0.48 (8.0-9.0; 4) 9.00 ± 1.03 (7.1-10.7; 10) 8.16 ± 0.51 (7.5-8.9; 9)
Number of denticles 27.71 ± 1.00 (26-30; 24) 27.00 ± 1.41 (26-29; 4) 23.90 ± 2.08 (22-28; 10) 19.00 ± 0.76 (18-20; 8)
Pins/denticle 9.33 ± 1.15 (8-10; 3) 10.00 ± 0 (10-10; 4) 10.40 ± 1.14 (9-12; 5) 8.89 ± 1.05 (8-10; 9)
70
Table 4.2. Measurements of trichodinids of from gills of Nile tilapia Oreochromis niloticus. The data are presented as arithmetic mean ± standard
deviation (minimum-maximum values; number of individuals measured). (Continuation.)
Characters P. africana T. orthodens Trichodinella sp.
Body diameter 25.04 ± 2.50 (21.6-29.8; 20) 27.36 ± 1.35 (24.9-29.1; 9) 22.94 ± 2.38 (20.2-25.7; 6)
Border membrane 1.80 ± 0.19 (1.3-2.1; 20) 2.50 ± 0.31 (1.8-2.9; 9) 2.04 ± 0.38 (1.5-2.5; 6)
Adhesive disc 21.24 ± 2.42 (17.7-26.3; 20) 22.36 ± 1.34 (19.8-24.2; 9) 21.65 ± 2.84 (18.5-24.4; 6)
Denticulate ring 12.42 ± 1.88 (9.4-16.3; 20) 10.88 ± 0.88 (9.3-12.5; 9) 12.01 ± 1.72 (10.2-14.4; 6)
Denticle span 5.82 ± 0.48 (4.7-6.7; 20) 7.42 ± 0.73 (6.3-8.5; 9) 4.37 ± 0.35 (4.0-5.0; 6)
Ray length 1.88 ± 0.33 (1.3-2.5; 20) 1.91 ± 0.23 (1.5-2.2; 9) 0.56 ± 0.08 (0.5-0.7; 5)
Central part 0.54 ± 0.10 (0.3-0.7; 20) 0.54 ± 0.06 (0.4-0.6; 9) 1.3 ± 0.15 (1.2-1.5; 5)
Blade length 3.33 ± 0.27 (2.7-3.8; 20) 4.87 ± 0.60 (3.7-5.7; 9) 2.34 ± 0.47 (1.7-2.8; 6)
Denticle length 2.42 ± 0.39 (1.7-3.4; 20) 2.57 ± 0.33 (2.1-3.1; 9) 2.21 ± 0.28 (1.9-2.6; 6)
Number of denticles 22.17 ± 1.10 (20-25; 18) 21.44 ± 1.01 (20-23; 9) 21.00 ± 1.41 (19-22; 5)
Pins/denticle - 5 ± 0 (5-5; 1) -
71
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de fitoterápicos para prevenção e tratamento de enfermidades tem sido
amplamente utilizado. O estudo realizado avaliou o efeito imunoestimulante da suplementação
de alho em pó (Allium sativum) na dieta de alevinos de tilápia do Nilo na fase de alevinagem
em tanques-rede mantidos em condições de campo.
Ao se avaliar os efeitos terapêuticos de um vegetal, é importante conhecer os
compostos que envolvem a amostra e suas ações benéficas. Nesse sentido, realizou-se
prospecção fitoquímica encontrando-se resultados positivos para os compostos metabólicos
secundários flavonóides, saponinas, resinas e cumarinas. Na análise da composição do óleo
essencial, detectou-se os principais compostos organossulfurados, destacando-se a alicina com
27,82%. Ainda que não exista padronização nas concentrações dos compostos presentes no óleo
essencial e oriundos do metabolismo secundário das plantas, a amostra analisada apresentou
características apropriadas para ser utilizada no experimento.
O teste estatístico confirmou que a inclusão de 1% de alho em pó na dieta de
alevinos proporcionou maior número de leucócitos totais sugerindo estimulação do sistema
imune. Todos os tratamentos com inclusão de alho tiveram menor carga parasitária, indicando
ser uma ótima estratégia de prevenção de parasitoses, diminuindo os prejuízos econômicos que
estas podem causar.
No desempenho produtivo, apesar de ter sido observada diferença para o consumo
de ração, não houve diferença estatística entre os tratamentos para as demais variáveis. Ainda
assim, a inclusão de 1% de alho em pó na dieta proporcionou aumento de 26,8% no ganho de
peso e redução de 18,75% na conversão alimentar aparente em relação ao grupo controle.
Embora estas diferenças não sejam estatísticas, em pisciculturas comerciais, podem ser
decisivas na garantia do sucesso da atividade, proporcionando maior rentabilidade ao produtor.
Este estudo possibilitou a identificação de parasitas monogenéticos e tricodinídeos,
permitindo o primeiro registro da Trichodinella sp. no Brasil. Esta espécie é de difícil
identificação, devido às suas dimensões reduzidas em relação aos demais tricodinídeos. Esses
parasitas têm relevância no cenário da piscicultura mundial e o registro de novas espécies em
uma determinada região é importante para verificarmos a eficiência de barreiras sanitárias.
Essas informações também permitem a tomada de medidas sanitárias que previnam a
proliferação desses patógenos a fim de impedir a ocorrência da enfermidade.
O alho se mostrou um eficiente produto natural a ser utilizado na piscicultura, com
possibilidade de diminuir o uso de produtos químicos durante o processo produtivo, ampliando
72
a sustentabilidade técnica, econômica e ambiental da atividade, que beneficia todos os
elementos da cadeia, desde o produtor até o consumidor final.
Outras pesquisas devem ser realizadas em condições de campo para que haja
melhores informações sobre os efeitos do alho em diferentes espécies, fases de
desenvolvimentos, assim como diferentes níveis de inclusão, uma vez que a piscicultura
continental brasileira se sustenta em diversas espécies criadas em diferentes sistemas de
produção.
73
ANEXOS
ANEXO AA. PARECER CONSUBSTANCIADO REFERENTE AO PROJETO DE
PESQUISA DO PROTOCOLO N. 015/16