Alimentação de bovinos leiteiros - livro
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Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da Biblioteca Central da UFLA
TEXTO REVISADO PELO AUTORÓ 1997 FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
PROIBIDA A REPRODUÇÃO DO TODO OU PARTE, POR QUALQUER MEIO, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DA FAEPE.
Teixeira, Júlio César.Alimentação de bovinos leiteiros / Júlio César
Teixeira - - Lavras: UFLA - FAEPE, 1997.217p.: il.
Bibliografia:
1. Ruminante - Alimentação 2. Gado leiteiro.3. Nutrição - Alimentação. I Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD - 636.2142
ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS
Júlio César Teixeira
UFLA - Universidade Federal de LavrasFAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
Lavras (MG) - 1997
Engenheiro Agrônomo pela ESAL (1977), Mestre em Nutrição animal e pastagens pela USP/ESALQ (1980), Doutor em Zootecnia pela UFV (1984) Pós-Doctor em Nutrição de Ruminantes pela University of Arizona -USA (1988), Professor Titular do DZO/UFLA.
Curso de Especialização - Pós-Graduação “Lato Sensu por Tutoria à DistânciaALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS
Convênio:UFLA - Universidade Federal de Lavras FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
Reitor da UFLA:FABIANO RIBEIRO DO VALE
Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE:DOUGLAS ANTÔNIO DE CARVALHO
Chefe do Departamento de Ciências Exatas:ALOÍSIO RICARDO PEREIRA SILVA
Coordenador do Curso:ROGÉRIO SANTORO NEIVA
Editoração Eletrônica:SIDNEI TAVARES REIS
Capa:SIDNEI TAVARES REIS
Revisão de texto:
LUCIA DE FÁTIMA ANDRADE CORREIA TEIXEIRA
INGRID ROBLES MORON
Impressão:
GRÁFICA UNIVERSITÁRIA - UFLA
ÍNDICE
1. PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIGESTÃO EM BOVINOS
LEITEIROS ........................................................................................ 21
1.1. Introdução ............................................................................... 21
1.2. Características do Animal Ruminante .................................... 21
1.2.1. Estômago dos Ruminantes .............................................. 21
1.2.2. Microrganismos ............................................................... 23
1.2.3. Utilização de Alimentos Fibrosos e Outros ...................... 24
1.3. Importância da Função Ruminal ............................................ 24
1.3.1. Produção de Ácidos Graxos Voláteis .............................. 24
1.3.2. Formação de Isoácidos ................................................... 25
1.3.3. Produção de Ácidos Graxos de Cadeia Longa ................ 26
1.3.4. Produção de Ácido Lático ............................................... 26
1.3.5. Síntese de Proteína Microbiana ...................................... 26
1.3.6. Síntese de Vitaminas do Complexo B e K ....................... 27
1.3.7. Hidrogenação de Ácidos Graxos Insaturados .................. 27
1.3.8. Redução do Tamanho da Partícula ................................. 27
1.3.9. Absorção de Nutrientes no Rúmen .................................. 28
1.3.10. Eructação dos Gases .................................................... 28
1.4. Comportamento de Alimentação e Ruminação ..................... 28
1.5. Digestão no Abomaso e Intestino .......................................... 29
1.5.1. Abomaso ......................................................................... 29
1.5.2. Digestão Intestinal ........................................................... 29
iii
Índice
1.5.3. Ceco ............................................................................... 29
1.5.4. Intestino Grosso .............................................................. 30
1.6. Necessidades Especiais de Vacas Leiteiras .......................... 30
1.6.1. Tamanho da Partícula Suficiente.................................... 30
1.6.2. Preparação Adequada dos Grãos .................................... 30
1.6.3. Conteúdo Adequado de Fibra para Vacas Leiteiras ......... 31
1.6.4. Balanço entre Parede Celular (FDN) e Carboidratos
Não Estruturais ............................................................... 32
1.6.5. Manutenção do pH Ruminal ............................................ 32
1.6.6. Manutenção de PDR e PNDR ......................................... 33
1.7. Microbiologia Ruminal ............................................................ 33
1.8. Variação nas Respostas de Alimentos ................................... 34
1.9. Fatores Afetando a Ingestão de matéria Seca ....................... 34
1.9.1. Necessidades de Energia ................................................ 34
1.9.2. Digestibilidade das Rações ............................................. 35
1.9.3. Enchimento do Rúmen .................................................... 35
1.9.4. Fermentação Anormal da Ensilagem ............................... 35
1.9.5. Mecanismo de Feedback ................................................. 36
1.9.6. Presença de Toxinas ....................................................... 36
1.9.7. Palatabilidade ................................................................. 36
1.9.8. Temperatura e Umidade ................................................. 36
1.9.9. Tamanho ou Peso Corporal ............................................. 37
1.9.10. Freqüência de Alimentação ........................................... 37
1.9.11. Ingestão de Água .......................................................... 37
iv
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
2. CARBOIDRATOS PARA BOVINOS LEITEIROS .............................. 39
2.1. Introdução ............................................................................... 39
2.2. Tipos de Carboidratos ............................................................ 40
2.3. Carboidratos Não Estruturais ................................................. 49
2.4. Digestão de Carboidratos ....................................................... 50
3. FIBRA PARA BOVINOS LEITEIROS ................................................ 51
3.1. Introdução ................................................................................ 51
3.2. Medida do Nível de Fibra nos Alimentos ................................
52
3.2.1. Fibra Bruta ...................................................................... 52
3.2.2. Fibra em Detergente Ácido ............................................. 52
3.2.3. Fibra em Detergente Neutro ............................................ 53
3.3. Alimentos Fibrosos e Performance de Vacas ........................ 53
3.4. Nível Ótimo de FDN para Vacas Leiteiras ............................... 58
3.5. Conteúdo de Fibra da Ração Total ......................................... 59
3.5.1. Pouca Fibra e Fibra com Textura Inadequada ................. 59
3.5.2. Muita Fibra na Ração Total ............................................. 61
3.6. Conclusões .............................................................................. 61
4. PROTEÍNA PARA BOVINOS LEITEIROS ......................................... 63
4.1. Introdução ................................................................................ 63
4.2. Composição e Importância da Proteína ................................. 63
4.3. Fração Nitrogenada dos Alimentos ........................................ 64
4.4. Composto Nitrogenados Não Protéico .................................. 71
5. GORDURA PARA BOVINOS LEITEIROS ......................................... 73
5.1. Introdução ................................................................................ 73
v
Índice
5.2. Ácidos Graxos ......................................................................... 74
5.3. Ácidos Graxos Poliinsaturados, Monoinsaturados e
Saturados ................................................................................ 75
5.4. Ácidos Graxos Livres .............................................................. 77
5.5. Metabolismo das Gorduras ..................................................... 78
5.6. Funções da Adição de Gorduras ............................................ 79
5.7. Umidade em Gorduras .............................................................
79
5.8. Impurezas Insolúveis ............................................................... 80
5.9. Material Insaponificável .......................................................... 80
5.10. Ácidos Graxos Totais ............................................................ 80
5.11. Estabilidade da Gordura ....................................................... 80
5.12. Coloração ............................................................................... 82
5.13. Adição de Gordura em Rações de Ruminantes ................... 82
5.14. Fontes de Gorduras mais Comuns ....................................... 83
6. MINERAIS PARA BOVINOS LEITEIROS .......................................... 85
6.1. Introdução ................................................................................ 85
6.2. Cálcio ........................................................................................
85
6.3. Fósforo ..................................................................................... 86
6.4. Magnésio .................................................................................. 87
6.5. Enxofre ..................................................................................... 88
6.6. Potássio ................................................................................... 88
6.7. Sódio e Cloro ........................................................................... 88
6.8. Microminerais .......................................................................... 89
vi
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
6.9. Suplementação de Minerais para Bovinos Leiteiros ............. 90
7. VITAMINAS PARA BOVINOS LEITEIROS ....................................... 93
7.1. Vitamina A ................................................................................ 93
7.2. Vitamina D ................................................................................ 94
7.3. Vitamina D para Vacas Leiteira ............................................... 95
7.4. Vitamina E ................................................................................ 95
7.5. Vitamina K ................................................................................ 96
7.6. Vitamina C ................................................................................ 96
7.7. Vitaminas do Complexo B ....................................................... 97
7.8. Exigências de Vitaminas ......................................................... 98
7.9. Suplementação com Vitaminas .............................................. 98
7.10. Conclusões ............................................................................ 99
8. ÁGUA PARA BOVINOS LEITEIROS ................................................. 101
8.1. Funções da Água ..................................................................... 101
8.2. Ingestão de Água ..................................................................... 103
8.3. Qualidade da Água .................................................................. 106
8.4. Análises Laboratoriais ............................................................ 107
8.5. Qualidade Química da Água ................................................... 108
8.5.1. pH ................................................................................... 108
8.5.2. Dureza ............................................................................ 108
8.5.3. Total de Sólidos Solúveis (TSS) ...................................... 109
8.5.4. Nitratos e Nitritos ............................................................ 110
8.5.5. Sulfato ............................................................................ 112
8.6. Considerações Sobre a Qualidade Química da Água ........... 113
vii
Índice
8.6.1. Contaminantes e Elementos Tóxicos .............................. 113
8.6.2. Temperatura da Água ..................................................... 114
8.7. Testes Bacteriológicos e Físicos ........................................... 114
8.8. Conclusões .............................................................................. 116
9. ADITIVOS NAS RAÇÕES DE VACAS LEITEIRAS ........................... 117
9.1. Introdução ............................................................................... 117
9.2. Agentes Tamponantes e Alcalinizantes ................................. 117
9.3. Vitaminas do Complexo B e Colina ........................................ 120
9.3.1. Niacina ............................................................................ 122
9.3.2. Colina ............................................................................. 124
9.4. Outros Aditivos ....................................................................... 124
9.4.1. Enzimas .......................................................................... 124
9.4.2. Probióticos ...................................................................... 124
9.4.3. Leveduras e Fungos ........................................................ 126
9.4.4. Sais Aniônicos ................................................................ 128
9.4.5. Betacaroteno ................................................................... 128
9.4.6. Lasalocid ......................................................................... 128
9.4.7. Análogo da Metionina ...................................................... 128
9.4.8. Monensina ....................................................................... 129
9.4.9. Ácido Propiônico ............................................................. 129
9.4.10. Inoculantes Bacterianos de Silagens .............................. 129
9.4.11. Inoculantes Enzimáticos de Silagens ............................. 130
10. ALIMENTOS CONCENTRADOS PARA BOVINOS LEITEIROS ......
131
10.1. Introdução .............................................................................. 131
viii
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
10.2. Farelos de Sementes de Oleaginosas .................................. 131
10.2.1. Farelo de Soja ............................................................... 132
10.2.2. Farelo de Algodão ......................................................... 132
10.3. Sementes de Soja e Algodão ................................................ 132
10.3.1. Semente de Soja ........................................................... 132
10.3.2. Caroço de Algodão ........................................................ 133
10.4. Sub-produtos Ricos em Fibra ............................................... 133
10.4.1. Polpa de citrus ............................................................... 133
10.5. Sub-produtos Moídos ............................................................ 134
10.5.1. Farelo de Trigo .............................................................. 134
10.5.2. Farelo de Arroz .............................................................. 134
10.5.3. Glúten de Milho ............................................................. 134
10.5.4. Farelo de Glúten de Milho ............................................. 135
10.6. Sub-produtos de Origem Animal .......................................... 135
10.6.1. Farinha de Pena de Aves Hidrolizada ............................ 135
10.6.2. Farinha de Sangue ........................................................ 135
10.6.3. Farinha de Carne e Osso ............................................... 136
10.6.4. Farinha de Peixe ........................................................... 136
10.6.5. Sebo .............................................................................. 137
10.6.6. Gorduras Inertes Ruminalmente .................................... 137
10.6.7. Soro de Leite ................................................................. 137
11. ALIMENTOS VOLUMOSOS PARA BOVINOS LEITEIROS ............ 139
11.1. Introdução .............................................................................. 139
11.2. Leguminosas e Gramíneas .................................................... 139
ix
Índice
11.2.1. Silagem de Milho ........................................................... 140
11.2.2. Silagem de Sorgo .......................................................... 140
11.3. Palhadas ................................................................................. 140
11.4. Sabugo ................................................................................... 141
11.5. Pastagens ............................................................................... 141
11.6. Forragem Picada .................................................................... 141
11.7. Estimativa da Digestibilidade e Conteúdo de Energia ........ 142
12. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERROS EM
ALEITAMENTO ................................................................................ 143
12.1. Introdução .............................................................................. 143
12.2. Sistema Digestivo dos Bezerros ........................................... 143
12.3. Alimentação com Colostro .................................................... 144
12.3.1. Importância do Colostro ................................................. 144
12.3.2. Composição e absorção do colostro .............................. 144
12.3.3. Forma de Administração do Colostro ............................. 146
12.3.4. Armazenamento do Colostro ......................................... 146
12.3.5. Substitutos Comerciais .................................................. 147
12.4. Dietas Líquidas Alternativas para Bezerras ......................... 147
12.4.1. Proteína Nos Sucedâneo para Bezerros ........................ 148
12.4.2. Gordura nos Sucedâneos para Bezerros ........................
149
12.4.3. Carboidratos nos Sucedâneos para Bezerros .................
149
12.4.4. Minerais, Vitaminas e Antibióticos nos Sucedâneos
para Bezerros ............................................................... 149
x
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
12.5. Rações para Bezerros em Aleitamento ................................. 150
13. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERRAS E NOVILHAS ......... 153
13.1. Introdução .............................................................................. 153
13.2. Sistema Digestivo .................................................................. 153
13.3. Alimentação da Desmama aos Seis Meses de Idade ........... 154
13.4. Alimentação dos Seis Meses até um Mês Antes do Parto ..
156
13.5. Alimentação com Concentrados ........................................... 157
13.6. Nutrição Afetando a Reprodução e Sanidade ...................... 158
13.6.1. Deficiência de Energia ................................................... 159
13.6.2. Deficiência de Proteína .................................................. 161
13.6.3. Deficiência de Fósforo ................................................... 161
13.6.4. Deficiência de Iodo ........................................................ 161
13.6.5. Deficiência de Zinco ...................................................... 162
13.6.6. Deficiência de Manganês ............................................... 162
13.6.7. Deficiência de Cobalto ................................................... 162
13.6.8. Deficiência de Sal .......................................................... 162
13.6.9. Deficiência de Vitamina A .............................................. 163
13.6.10. Deficiência de Água ..................................................... 163
13.6.11. Sub-alimentação .......................................................... 163
13.6.12. Super-alimentação ....................................................... 163
13.7. Crescimento Compensatório ................................................ 164
14. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS SECAS ......................... 167
14.1. Introdução .............................................................................. 167
14.2. Manejo de Alimentação no Início do Período Seco ............. 167
xi
Índice
14.2.1. Exigência de Fibra Durante o Período Seco .................. 169
14.2.2. Exigência de Energia Durante o Período Seco .............. 169
14.2.3. Exigência de Proteína Durante o Período Seco ............. 170
14.2.4. Exigência de Minerais Durante o Período Seco ............. 170
14.2.5. Exigência de Vitaminas Durante o Período Seco ........... 171
14.2.6. Conseqüências do Programa de Alimentação ................ 172
15. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO NO PERÍODO DE TRANSIÇÃO ...... 175
15.1. Introdução .............................................................................. 175
15.2. Final da Lactação Anterior .................................................... 175
15.3. Secagem dos Animais ........................................................... 176
15.4. Período Seco .......................................................................... 177
15.5. Pré-parto ................................................................................. 177
15.6. Parto ....................................................................................... 178
15.7. Conclusões ............................................................................ 179
16. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO ........... 181
16.1. Introdução .............................................................................. 181
16.2. Fase 1 - Início da Lactação ................................................... 181
16.3. Fase 2 - Pico da Ingestão de Matéria Seca ........................... 183
16.4. Fase 3 - Meio ao Final da Lactação ....................................... 184
16.5. Considerações Gerais ........................................................... 184
17. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO
CONFINADAS .................................................................................. 187
17.1. Introdução .............................................................................. 187
17.2. Manejo em Freestall ............................................................... 187
xii
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
17.3. Piso das Instalações .............................................................. 189
17.4. Sala de Ordenha e Espera ..................................................... 189
17.5. Manejo de Alimentação ......................................................... 189
17.6. Comportamento de Alimentação .......................................... 190
17.7. Máxima Ingestão de Alimentos ............................................. 190
17.8. Estratégia de Alimentação para Maximizar a Ingestão
de Alimentos ......................................................................... 191
17.9. Disponibilidade de Água ....................................................... 192
17.10. Formação de Grupos de Alimentação ................................ 193
17.11. Pontos a Serem Checados em um Sistema de
Alimentação .......................................................................... 193
17.11.1. Instalações e Grupos ................................................... 194
17.11.2. Qualidade do Alimento no Comedouro ........................ 195
18. INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DO LEITE... 197
18.1. Introdução .............................................................................. 197
18.2. Alteração dos Componentes do Leite .................................. 198
18.3. Estratégias de Manejo de Alimentação para Maximizar os
Sólidos do Leite .................................................................... 198
18.4. Maximizando a Ingestão de Alimentos ................................. 198
18.5. Alimentos Concentrados e a Composição do Leite ............ 200
18.6. Fibra e a Composição do Leite ............................................. 201
18.7. Proteína Dietética e a Composição do Leite ........................ 202
18.8. Gordura Dietética e Composição do Leite ........................... 202
18.9. Recomendações Gerais ........................................................ 203
xiii
Índice
19. NUTRIÇÃO E DOENÇAS METABÓLICAS EM VACAS LEITEIRAS 205
19.1. Introdução .............................................................................. 205
19.2. Doenças Relacionadas ao Metabolismo Energético ............ 206
19.2.1. Síndrome da Vaca Gorda .............................................. 206
19.2.2. Cetose ........................................................................... 206
19.2.3. Retenção de Placenta ................................................... 207
19.2.4. Infertilidade ................................................................... 208
19.3. Doenças Associadas com Acidose ou Pouca Fibra ............ 208
19.3.1. Timpanismo ................................................................... 208
19.3.2. Laminite (Problemas de Casco) ..................................... 209
19.3.3. Indigestão ...................................................................... 209
19.3.4. Abcessos Hepáticos .......................................................
209
19.3.5. Deslocamento do Abomaso ........................................... 210
19.3.6. Baixo Nível de Gordura no Leite ................................... 210
19.4. Doenças Metabólicas Relacionadas a Minerais ................... 211
19.4.1. Febre do Leite (Hipocalcemia) ..................................... 211
19.4.2. Doenças do Imbalanço no Controle de Cálcio e
Fósforo ....................................................................... 212
19.5. Desordem Relacionadas ao Manejo Alimentar .................... 212
19.6. Considerações Gerais ........................................................... 213
20. A CONDIÇÃO CORPORAL E O PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO. 215
20.1. Introdução ......................................................................... 215
20.2. Diferentes Sistemas de Avaliação da Condição
Corporais .............................................................................. 216
xiv
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
20.3. Sistema Americano de Avaliação da Condição Corporal .... 217
20.4. Objetivo da Avaliação da Condição Corporal ...................... 217
20.5. Condições Corporal (CC) e Produção de Leite .................... 217
20.6. Condição Corporal (CC) e Performance Reprodutiva .......... 219
20.7. Épocas de Avaliação da Condição Corporal ........................ 220
20.8. Conclusões ............................................................................ 225
21. AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS
LEITEIRAS ....................................................................................... 227
21.1. Introdução .............................................................................. 227
21.2. Avaliação ................................................................................ 227
21.3. Ficha de Avaliação ................................................................. 228
22. MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS ...............
233
22.1. Introdução .............................................................................. 233
22.2. Pontos a Serem Checados em um Manejo ........................... 234
22.3. Seleção de Alimentos e Sistemas de Manejo ....................... 235
22.4. Manejo da Água ..................................................................... 236
22.5. Exame das Fezes ................................................................... 236
23. CONTROLE DA QUALIDADE RAÇÕES PARA BOVINOS
LEITEIROS ...................................................................................... 237
23.1. Controle de Qualidade ........................................................... 237
23.1.1. Aspectos a Serem Analisados ..................................... 237
23.1.2. Desenvolvendo Rações Baseando-se em Análises ..... 238
23.1.3. Enfatizar a Qualidade da Forragem para Vacas em
Lactação ..................................................................... 239
xv
Índice
23.1.4. Observações Constantes da Qualidade do Alimento .. 239
23.2. Controle da Qualidade ........................................................... 240
23.3. Performance Animal .............................................................. 240
23.4. Checar Práticas e Estratégias de Alimentação .................... 241
24. AGRUPAMENTO DE VACAS PARA ALIMENTAÇÃO COM
RAÇÃO TOTAL ............................................................................... 243
24.1 Introdução ............................................................................... 243
24.2. Agrupamento de Acordo com a Produção ........................... 243
24.3. Agrupamento pela Idade e Qualidade do Úbere .................. 244
24.4 Agrupamento pela Condição Corporal .................................. 245
25. GLOSSÁRIO ....................................................................................
247
26. LITERATURA CONSULTADA ......................................................... 265
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1. Sistema de determinação dos carboidratos .................. 42
Tabela 2.2. Fração de carboidratos de alguns alimentos ................. 42
Tabela 2.3. Composição das forragens ............................................. 43
Tabela 2.4. Classificação de fibra em vários tipos de forragens ..... 43
Tabela 2.5. Concentração ótima de FDN e FDA nas rações de
vacas ................................................................................ 44
Tabela 2.6. Capacidade de FDN como percentagem do peso vivo .. 46
Tabela 2.7. Calculo das exigências de FDN na ração ....................... 48
Tabela 2.8. Estimativa do valor volumoso ........................................ 48
Tabela 3.1. Conteúdo de fibra de algumas forragens, medida
xvi
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
pelas três técnicas .......................................................... 53
Tabela 3.2. Conteúdo de fibra em detergente neutro e ácido
e tempo gasto na mastigação de alguns alimentos ..... 57
Tabela 3.3. Conteúdo de FDN ótimo para vacas leiteiras ................. 58
Tabela 3.4. Influência do nível de FDN e tamanho da partícula
sobre a atividade mastigatória de vacas leiteiras ......... 59
Tabela 3.5. Típico efeito do conteúdo de fibra de rações sobre o
status metabólico de vacas leiteiras ............................. 60
Tabela 4.1. Fração da proteína dos alimentos .................................. 65
Tabela 4.2. Degradabilidade da proteína de vários alimentos ......... 66
Tabela 4.3. Fração protéica de várias forragens ............................... 67
Tabela 4.4. Exigências de proteína e energia .................................... 69
Tabela 4.5 . Exemplo de rações de degradabilidade controlada ..... 70
Tabela 5.1. Ácidos graxos e número de átomos ............................... 74
Tabela 5.2. Alguns alimentos ricos em gordura ............................... 75
Tabela 5.3. Concentração energética de vários alimentos ............... 76
Tabela 5.4 Composição de algumas fontes de gordura ................... 84
Tabela 6.1. Concentração máxima e recomendada de minerais
em rações de vacas secas e em lactação (NRC, 1989) . 91
Tabela 7.1. Níveis recomendados de vitaminas para vacas em
lactação (adaptado do NRC, 1989) ................................ 98
Tabela 8.1. Ingestão de água por bovinos leiteiros (litros/dia) ........ 103
Tabela 8.2. Estimativa do consumo diário de água para bovinos
leiteiros, de acordo coma variação na temperatura
xvii
Índice
ambiental ........................................................................ 105
Tabela 8.3. Efeito do teor de umidade do alimento no consumo
de água ............................................................................
105
Tabela 8.4. Nível de dureza da água ingerida por ruminante ........... 109
Tabela 8.5. Concentração de sólidos totais na água ........................ 110
Tabela 8.6. Níveis de nitrato na água, em ppm ................................. 111
Tabela 8.7. Nitratos e nitritos e fatores para converter uma forma
em outra .......................................................................... 112
Tabela 8.8. Limites máximos de substância tóxicas na água .......... 114
Tabela 8.9. Análise da água para bovinos leiteiros .......................... 115
Tabela 9.1. Tamponantes comuns e agentes alcalinizantes e sua
composição .................................................................... 119
Tabela 9.2. Resposta experimentais com tamponantes pode ser
benéfica .......................................................................... 119
Tabela 9.3. Situações onde a utilização de tamponantes pode ser
benéfica ........................................................................... 120
Tabela 9.4. Conteúdo e degradabilidade ruminal da colina em
alguns alimentos ............................................................ 121
Tabela 9.5. Resposta na produção a suplementação de niacina
em dietas contendo gordura suplementar .................... 123
Tabela 9.6. Resumo de diferentes pesquisas que mostram a
ação de fungos e leveduras na alimentação de
bovinos leiteiros ............................................................. 127
Tabela 10.1. Composição de alguns alimentos comumente
xviii
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
usados na alimentação de bovinos leiteiros ................ 138
Tabela 12.1. Composição aproximada do colostro e do leite de
vacas holandesas ........................................................ 145
Tabela 12.2. Qualidade de proteínas em sucedâneos para
bezerros. ....................................................................... 148
Tabela 12.3. Níveis de nutrientes recomendados na dieta de
bezerros em diferentes idades .................................... 151
Tabela 13.1. Ingestão de água por bezerras e novilhas ................... 155
Tabela 13.2. Conteúdo de nutrientes na dieta de bezerras e
novilhas ......................................................................... 160
Tabela 13.3. Desenvolvimento de bezerras e novilhas das raças
HOLANDESA e JERSEY ................................................. 165
Tabela 14.1. Exigências nutricionais de vacas secas, no pré-parto
e em lactação .................................................................. 168
Tabela 14.2. Impacto do manejo de vacas secas sobre desordens
metabólicas após o parto ...............................................
172
Tabela 14.3. Desordens digestivas e metabólicas em vacas na
época do parto ................................................................ 173
Tabela 18.1. Sumário de mudanças no manejo de alimentação
que afetam a composição do leite ................................. 204
Tabela 20.1. Tabela de conversão para diferentes sistemas de
avaliação da condição corporal ................................... 216
Tabela 20.2. Relação entre a perda de condição corporal pós-
xix
Índice
parto e performance reprodutiva (síntese de uma.
pesquisa) .......................................................................
219
Tabela 20.3. Condições corporal recomendada para bovinos
leiteiros ........................................................................... 220
Tabela 20.4. Relações, do estágio de lactação e escore de
condição corporal ou mudanças na condição
corporal e seus possíveis problemas ........................... 221
xx
1
PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO E DIGESTÃO EM BOVINOS LEITEIROS
1.1. Introdução
O custo da alimentação de bovinos leiteiros representa 45 a 60% do
custo total de produção de leite. O custo da alimentação precisa ser
observado para que os níveis de nutrientes e ingestão de alimentos possam
suportar um nível ótimo e econômico de produção. A melhoria da
alimentação é o ponto principal para aumentar a lucratividade , reduzindo o
custo de alimentação, aumentando a produtividade de leite/vaca,
melhorando a saúde e reprodução, diminuindo os gastos com
medicamentos, sêmen, etc.
O entendimento básico da nutrição animal aplicado para bovinos
leiteiros é essencial para um bom manejo do rebanho.
A conveniente alimentação dos ruminantes, especialmente dos
bovinos leiteiros, é muito mais complicado e requer muito mais arte do que
para animais monogástricos.
1.2. Características do Animal Ruminante
1.2.1. Estômago dos Ruminantes
21
1
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
O animal ruminante caracteriza-se por apresentar o aparelho
digestivo bem distinto, sendo que o estômago divide-se em quatro
compartimentos.
O rúmen, é o primeiro compartimento do estômago, um reservatório
equivalente a 160 a 240 litros, local da atividade microbiana, onde existe
aproximadamente 150 bilhões de microrganismos em uma colher de chá,
predominantemente de bactérias e protozoários. Estes microorganismos
comandam o crescimento fermentativo e vão servir como fonte de
nutrientes para o trato digestivo posterior.
O rúmen está em constante movimentação, causada pela contração
da musculatura. Existe, devido a isso, uma estratificação das partículas do
alimento. Partículas grosseiras das forragens tendem a permanecer
próximas ao esfíncter cárdia, para a regurgitação, ruminação e digestão
microbiana e redução do tamanho da partícula. Partículas finas das
forragens e partículas densas dos concentrados tendem a juntar no fundo.
As partículas tendem a deixar o rúmen após serem reduzidas de tamanho
via ruminação e ação microbiana. Os microrganismos também passam do
rúmen para o trato posterior (abomaso, intestino) para serem digeridos.
O rúmen, desenvolvido anatomicamente em tamanho, estrutura e
atividade microbiana digere alimentos secos ou silagens, enquanto que no
abomaso são digeridos leite ou sucedâneos. O desenvolvimento da parede
e tamanho do rúmen é a chave para a produção de certos ácidos da
fermentação dos alimentos sólidos. O rúmen é adequadamente
desenvolvido para fazer com que alimentos líquidos sejam desnecessários
a partir de 3 a 4 semanas de idade, se adequada dieta sólida é oferecida
poucos dias após o nascimento e se 700 a 1000 gramas começa a ser
consumida. Alguns ingredientes vegetais existentes nos sucedâneos na
forma líquida, entretanto, podem não ser adequadamente digeridos no
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
abomaso e intestino até os 24 dias de idade devido a falta de certas
enzimas.
O retículo, ou “favo de mel”, tem uma capacidade aproximada de 10
litros, caracterizando-se por ser um local de muitos problemas, considerado
uma parte da câmara de fermentação, praticamente sem diferenciação do
rúmen.
O omaso ou “folhoso”, tem uma capacidade aproximada de 16
litros, caracterizando-se pela remoção de água e “moagem”, servindo de
“para choques” para o abomaso.
O abomaso ou estômago verdadeiro, tem uma capacidade
aproximada de 20 litros e é o local de digestão ácida e enzimática.
1.2.2. Microrganismos
Os microorganismos do rúmen precisam ser adequadamente
alimentados tanto quanto o animal. Algumas conciliações precisam ser
feitas na alimentação dos microorganismos e da vaca para otimizar a
performance. Como exemplos, pode-se citar:
a - Não se pode sobrecarregar a dieta em concentrado, pois isso
pode ocasionar acidose e um pH ruminal que não é condutivo para síntese
de proteína e vitaminas do complexo B ou produção de acetato. Além disto,
pode reduzir a ingestão de forragens ao ponto que a função ruminal,
eructação e contração muscular são reduzidas.
b - Não se pode usar nitrogênio não protéico (NNP) como única
fonte de nitrogênio ou proteína para vacas em alta produção. O NNP pode
atender as exigências dos microrganismos para nitrogênio ou equivalente
protéico, mas não as exigências das vacas para aminoácidos essenciais,
como lisina e metionina.
23
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
c - O pH ótimo não é o mesmo para todas as funções ruminais:
para a síntese de vitaminas do complexo B é ao redor de 6,4, para a
síntese protéica de 6,8 e para digestão da fibra e celulose, de 7,0.
1.2.3. Utilização de Alimentos Fibrosos e Outros
Os ruminantes podem converter alimentos fibrosos e produtos que
não estão disponíveis ao homem ou animais de estômago simples em leite
e carne. Estes produtos podem ser divididos em:
a - Forragens anuais ou perenes, são fontes relativamente baratas
de nutrientes, podendo ser cultivadas em solos não adaptados para outros
tipos de culturas utilizadas na alimentação humana.
b - Resíduos culturais, como palhadas e outros.
c - Resíduos do processamento de alimentos, como os
provenientes da industrialização do milho, soja, laranja, leite, cana, etc.
d - Resíduos do processamento de fibras, como os provenientes da
industrialização do algodão, papel, etc.
e - Substitutos da proteína, como a uréia, amônia anidra, etc.
f - Resíduos animais, como o esterco, farinha de pena, farinha de
sangue, farinha de osso, farinha de carne, etc.
1.3. Importância da Função Ruminal
1.3.1. Produção de Ácidos Graxos Voláteis (AGVs)
Os carboidratos transformam-se, através da fermentação
microbiana, em AGVs, que fornecem 60 a 80% das necessidades
energéticas dos animais.
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
Os AGVs formados, em proporção nas rações de vacas leiteiras
são:
acético (50 a 60%), propiônico ( 18 a 20%) e butírico (12 a 18%).
O ácido acético predomina em dietas ricas em forragens e é a maior
fonte de energia e de substrato para a gordura do leite, para o metabolismo
muscular, gordura corporal. As concentrações de ácido acético são
reduzidas com o abaixamento do nível de forragem ou fibra efetiva na dieta.
Forragem finamente moída, alta ingestão de amido extrudado, peletizado ou
floculado, e alta ingestão de gordura também podem deprimir a produção
de ácido acético.
O ácido propiônico predomina em dietas ricas em concentrado e
provem energia via conversão a glicose no fígado, substrato para síntese
de lactose e uma pequena porção na síntese da proteína do leite.
O ácido butírico provem energia para a parede ruminal, substrato
para a síntese de gordura do leite e usado como gordura corporal quando
excesso de energia está presente na dieta.
Parece ser necessário maior produção de ácido acético que ácido
propiônico para manter o nível de gordura do leite normal. A relação ótima
acético propiônico é de 3:1. Relação menor que 2:1 resulta em performance
anormal e um tipo de metabolismo de ácido graxo que é antagônico a
produção de leite.
1.3.2. Formação de Isoácidos
Os isoácidos formados no rúmen, são usados na síntese protéica
ruminal e usados pelos microrganismos celulolíticos que quebram a fibra.
25
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
1.3.3. Produção de Ácidos Graxos de Cadeia Longa
O rúmen é capaz de produzir ácidos graxos de cadeia longa,
usados primariamente para a síntese da gordura corporal e do leite e como
reserva de energia. O ácido esteárico, encontrado na gordura corporal,
pode predominar na síntese e composição da gordura do leite.
1.3.4. Produção de Ácido Lático
O ácido lático, produzido no rúmen, é usado como fonte energética,
via conversão a propiônico e glicose. A produção excessiva de ácido lático
pode resultar em acidose aguda quando o pH do rúmen cai abaixo de 5,0.
Os principais sintomas são: incoordenação, fraqueza, aparente cegueira,
queda no consumo, paralisia ruminal, gemido de dor abdominal, ranger de
dentes, timpanismo e/ou distensão do abomaso, desidratação, diarréia
fétida, toxemia e morte.
1.3.5. Síntese de Proteína Microbiana
A proteína é transformada no rúmen pela degradação microbiana à
amônia. A amônia, proveniente da degradação protéica ruminal é convertida
em proteína microbiana. É possível utilizar substitutos da proteína dietética
como a uréia para reduzir custos, com a mesma função, além da ingestão
de outras fontes de nitrogênio não protéico (amônia, aminas, amidas e
nitratos) comumente encontrados em alimentos ensilados e ( resultado da
degradação da proteína durante a ensilagem) ou outros.
A proteína microbiana e a proteína que passa pelo rúmen sem
sofrer degradação (by-pass) vão sofrer digestão no abomaso e intestino
delgado para suprir o animal com aminoácidos, utilizados na síntese de
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
proteína corporal e do leite, na manutenção do nível de glicose e energia,
quando necessário.
A síntese microbiana de proteína resulta em um ganho líquido em
proteína disponível para o animal, se a dieta for adequada.
A proteína microbiana é de alta qualidade, antagônica a proteína
animal em conteúdo de aminoácidos, sendo superior em aminoácidos
essenciais a muitas proteínas de origem vegetal e somente vacas de alta
produção respondem a suplementação com metionina e lisina.
1.3.6. Síntese de Vitaminas do Complexo B e K
O rúmen sintetiza vitaminas do complexo B e K, fazendo com que
os animais dependam menos das fontes dietéticas. Somente a vitamina B12
não é sintetizada e houver inadequado suplementação de cobalto na dieta.
Somente vacas em alta produção respondem a suplementação com niacina
ou vitamina B12.
1.3.7. Hidrogenação de Ácidos Graxos Insaturados
Os ácidos graxos insaturados presentes na dieta são hidrogenados,
reduzindo a toxicidade das gorduras insaturadas e óleos nos
microrganismos do rúmen e tecido corporal, mantendo mais normal o
conteúdo de gordura corporal e do leite.
1.3.8. Redução do Tamanho da Partícula
As partículas do alimento são reduzidas através da mastigação do
bolo ruminado ou da ruminação ( regurgitação, remastigação e produção de
saliva para lubrificação e tampão). O volume de saliva é superior a 64
27
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
litros/dia. A redução da partícula facilita a digestão microbiana e é
necessária antes de muitos alimentos deixarem o rúmen.
1.3.9. Absorção de Nutrientes no Rúmen
A parede ruminal absorve grandes quantidades de AGVs (produção
de energia corporal), amônia (reciclada como uréia) e alguns minerais.
1.3.10. Eructação dos Gases
Os gases produzidos no rúmen durante a fermentação, como o
metano e CO2, são eructados, evitando-se o timpanismo.
1.4. Comportamento de Alimentação e Ruminação
O comportamento de vacas em inicio de lactação, em sistema de
confinamento, com ração total, pode ser resumido nos seguintes
parâmetros:
- número de vezes que consomem ração por dia: de 12 a 16;
- tempo gasto para se alimentar: 6 a 10 horas/dia;
- número de períodos de ruminação por dia: 10 a 14;
- tempo gasto na ruminação: 6 a 8 horas/dia;
- tempo gasto descansando: 6 a 12 horas/dia;
- taxa de permanência do alimento no rúmen: 20 a 24 horas, sendo
que as forragens permanecem mais tempo que concentrados ou forragens
mais finamente moídas.
- tempo de permanência no trato digestivo: 72 a 96 horas.
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1.5. Digestão no Abomaso e Intestino
1.5.1. Abomaso
A presença de alimento estimula a produção de ácido clorídrico
(cloro da ração e hidrogênio), que converte pepsinogênio em pepsina,
importante enzima proteolítica e pode atuar quebrando algumas gorduras.
O pH no abomaso varia de 2,0 a 4,0.
1.5.2. Digestão Intestinal
O intestino delgado dos ruminantes mede aproximadamente 40
metros de comprimento e 5,0 cm de diâmetro. As enzimas do pâncreas e
intestino, auxiliadas pela secreção biliar, quebram os nutrientes, na seguinte
ordem:
- gorduras à monoglicerídeos, ácidos graxos e glicerol;
- carboidratos simples à monossacarídeos;
- proteínas à aminoácidos.
O intestino delgado é o principal local de absorção dos produtos da
digestão.
1.5.3. Ceco
O ceco ou intestino cego, fica próximo a junção do intestino delgado
com o grosso, é o local de alguma fermentação, não sendo tão fundamental
em ruminantes.
1.5.4. Intestino grosso
29
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
O intestino grosso é o local onde ocorre alguma fermentação,
alguma absorção de energia e AGVs e é o último órgão do aparelho
digestivo, onde o material indigerido é armazenado para posterior excreção.
1.6. Necessidades Especiais de Vacas Leiteiras
1.6.1. Tamanho da Partícula Suficiente
Tamanho da partícula suficiente para estimular a eructação e
movimentação do rúmen e para adequada digestão da forragem. Partículas
muito finas de forragens deixam o rúmen muito rápido, sendo a
digestibilidade baixa quando comparada com partículas mais longas. A
presença de fibra longa é fundamental para a manutenção do nível de
gordura no leite e a saliva para manutenção do pH ruminal (função tampão).
Partículas finas de forragens requerem menos mastigação e reduzem a
produção de saliva, necessária para tamponar e manter o pH no rúmen, em
uma faixa adequada.
O tamanho da partícula deve ser adequado para o crescimento e
atividade microbiana, aumentar a produção de AGVs (especialmente
acetato) e proteína microbiana. A forragem deve ser picada ou moída para
que a média do tamanho da partícula seja de 1 a 2 cm e 15 a 20% das
partículas sejam de 2,5 a 4 cm de comprimento.
1.6.2. Preparação Adequada dos Grãos
Os grãos devem ser preparados de tal forma que a digestibilidade
do grão e da ração total seja melhorada, devendo-se observar que rações
com altos níveis de concentrados podem levar a abcessos no fígado. Os
grãos de cereais secos devem ser moídos em peneira de 1 cm. Grãos
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moídos muito finos podem reduzir a digestibilidade pelo aumento da taxa de
passagem pelo rúmen.
O tratamento térmico dos grãos (peletização, floculação, extrusão)
normalmente altera a molécula do amido, podendo aumentar a degradação
ruminal e conseqüentemente a produção de ácido propiônico, mas podem
causar uma diminuição nos níveis de gordura do leite (0,1 a 0,5 ou mais
pontos percentuais), quando a quantidade de grãos está acima de 35 % da
ração total.
O tratamento térmico de suplementos protéicos, não afeta o teor de
gordura no leite e pode aumentar a utilização da proteína (aumento a
proteína by-pass), desde que o tratamento não seja em excesso. O
tratamento térmico parece ser eficiente para a soja grão e caroço de
algodão, quando usado para animais jovens.
1.6.3. Conteúdo Adequado de Fibra para Vacas Leiteiras
O nível de carboidratos estruturais deve ser adequado para manter
o crescimento microbiano. O nível adequado é de 18 a 20% de FDA e de 28
a 30% de FDN.
Nem toda fibra tem o mesmo valor na ração:
a - o tamanho da partícula é importante especialmente para
utilização da forragem e para a movimentação do rúmen;
b - a digestibilidade da fibra varia: a fibra em alguns sub-produtos
pode ser mais digerida e mais rapidamente digerida;
c - a fibra em forragens de baixa qualidade pode não ser
adequadamente digerida;
31
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
d - fibra em forragens que são bastante imaturas pode ser quebrada
e rapidamente digerida.
1.6.4. Balanço entre Parede Celular (FDN) e Carboidratos Não Estruturais (CNE)
A relação e os níveis de FDN e CNE não é bem definida. O
conteúdo celular, como o amido e açucares solúveis são necessários para
prover energia prontamente disponível para os microrganismos e animal
bem como os carboidratos estruturais são importantes para auxiliar e evitar
o abaixamento no pH ruminal.
Uma forragem de tamanho de partícula adequado é necessária para
manter a metabolismo ruminal adequado e a composição do leite.
1.6.5. Manutenção do pH Ruminal
O pH ruminal precisa ser controlado para boa síntese de proteínas
e vitaminas (6,4 a 6,8), podendo abaixar ou aumentar em curtos períodos
nas dietas convencionais. A utilização de ração total controla melhor o pH
ruminal. O pH pode ser afetado pelo pH da água (abaixo de 5,5 a 6,0 ou
acima de 8,0 a 8,5), sendo adequada a ingestão de água com pH 6,5 a 7,5.
O pH pode ser controlado pelo nível de forragem e fibra na dieta,
pelo sistema de alimentação, pelo uso de tampões (necessário em rações
de vacas em início de lactação), pelo tratamento da água quando
necessário e, por estratégias de alimentação (alimentar mais de duas vezes
por dia).
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
1.6.6. Manutenção de PDR e PNDR
Para vacas em lactação é preciso manter o balanço entre a proteína
degradável no rúmen e a proteína não degradada, para atender as
necessidades de aminoácidos principalmente para vacas em alta produção.
Provavelmente um mínimo de 35 a 40% da proteína total precisa
ser “passada” para o intestino ou lentamente degradada no rúmen para
vacas em início de lactação, ao mesmo tempo que uma parte precisa
atender as necessidades de nitrogênio dos microrganismos do rúmen.
Outro aspecto, é que o perfil dos aminoácidos precisa ser adequado
para que não ocorra deficiência de aminoácidos essenciais, como metionina
e lisina.
1.7. Microbiologia Ruminal
Os microrganismos do rúmen são sensíveis à vários fatores, tais
como:
- níveis de proteína, amônia e uréia;
- níveis e tipo de gordura;
- níveis de minerais, especialmente cálcio, fósforo, enxofre,
magnésio, cobre, zinco e cobalto;
- materiais de fermentação anormal;
- alimentos estragados (mofo, putrefação e micotoxinas) podem
reduzir a ingestão, produção de leite ou a gordura do leite.
- águas contaminadas (coliformes fecais ou outros) ou com um pH
em níveis extremos.
33
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
1.8. Variação nas Respostas de Alimentos
As respostas dos animais variam para alguns alimentos e aditivos
em forragens e nos concentrados. Os aditivos em silagens que
consideravelmente aumentam o conteúdo de ácido lático pode algumas
vezes deprimir a performance de vacas leiteiras, especialmente se
nitrogênio não protéico ou outros tampões não forem adicionados a dieta.
Os seguintes itens são importantes e apresentam respostas
diferentes em vacas leiteiras: tampões, proteína by-pass, isoácidos,
suplementação com gordura, sementes de oleaginosas, metionina, niacina,
antibióticos.
1.9. Fatores Afetando a Ingestão de Matéria Seca
Os seguintes fatores afetam a ingestão de matéria seca por vacas
leiteiras:
1.9.1. Necessidades de Energia
Muitas vacas em produção irão ingerir para atender as suas
necessidades de energia, isso se a dieta estiver adequadamente
balanceada. Entretanto, vacas em alta produção (acima de 35 litros/dia) não
podem ingerir o bastante para atender as necessidades de energia,
utilizando as reservas corporais de gordura para atender os déficits (1 Kg de
gordura corporal pode produzir de 7 a 9 litros de leite). A obesidade deve
ser evitada, pois pode tornar as vacas mais susceptíveis a cetose,
infecções do útero e mastite. Vacas produzindo menos de 10 litros de leite,
algumas vezes irão consumir mais alimentos que o necessário para atender
as necessidades de energia. As vacas secas podem consumir o dobro de
suas necessidades se permitida.
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1.9.2. Digestibilidade das Rações
Algumas rações podem ter uma digestibilidade tão baixa que os
animais não podem ingerir o bastante para atender sua necessidades:
menos de 65 % de NDT ou 1,45 Mcal de Ell / Kg de matéria seca da ração
total não atende as exigências nutricionais de boas produtoras de leite, pois
a densidade energética é muito baixa.
Rações que tem digestibilidade relativamente alta podem ser
consumidas em menor quantidade desde que as necessidades de energia
sejam atendidas em menor ingestão: rações contendo altos níveis de
concentrado e pouca forragem (fibra efetiva) podem deprimir a ingestão,
produção e gordura do leite.
A digestibilidade da ração pode ser diminuída por inadequado
balanço ou nível de nutrientes.
1.9.3. Enchimento do Rúmen
O enchimento do rúmen é o sinal para o animal parar de comer,
ocorrendo mais facilmente com rações de baixa digestibilidade. Algumas
vezes os efeitos podem ser sobre uma ingestão maior de sal ou usando
bicarbonato de sódio na ração total, devido a maior ingestão da MS.
1.9.4. Fermentação Anormal da Ensilagem
Algumas vezes pode deprimir a ingestão e performance, devido a
uma cetose ou acetonemia.
35
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
1.9.5. Mecanismo de Feedback
Certos nutrientes ou metabólitos no sangue podem enviar sinais ao
cérebro para reduzir ou parar de comer.
1.9.6 Presença de Toxinas
A presença de certas toxinas nos alimentos podem deprimir a
ingestão de MS. As micotoxinas dos mofos, alcalóides presentes em
algumas forragens, tanino em algumas variedades de sorgo e amônia
desprendida devido a adição de uréia na silagem, com pH abaixo de 4,5,
afetam a ingestão.
1.9.7. Palatabilidade
Certos alimentos e aditivos podem deprimir a ingestão de alimentos
concentrados convencionais em dietas totais, como uréia ou bicarbonato
acima de 1,5 % ou glúten de milho acima de 20-30 %.
Algumas espécies de forragens são menos palatáveis que outras ou
mesmo forragens fertilizadas com excesso de nitrogênio ou esterco.
1.9.8. Temperatura e Umidade
A ingestão, produção e teor de gordura podem decrescer em
temperaturas acima de 32 0 C e 80 % de umidade, ocorrendo um
decréscimo nos verões úmidos e conseqüentemente sendo necessária a
concentração de determinados nutrientes na dieta.
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1.9.9. Tamanho ou Peso Corporal
As necessidades de forragem e FDN estão relacionadas com o
peso e tamanho corporal. Bezerros consomem maiores níveis por unidade
de tamanho metabólico que novilhas.
1.9.10. Freqüência de Alimentação
Parece que a freqüência de alimentação não é crítica em manejos
adequados e rações bem balanceadas, mas a alimentação mais de uma a
três vezes por dia parece ser necessária em muitas situações para atender
a expectativa de ingestão e utilização de alimentos.
1.9.11. Ingestão de Água
A ingestão e qualidade da água podem influenciar a ingestão de
matéria seca e a produção.
37
Princípios de Nutrição e Digestão em Bovinos Leiteiros
CARBOIDRATOS
PARA BOVINOS LEITEIROS2.1. Introdução
O manejo da alimentação de carboidratos pode ter um grande efeito
na performance do rebanho. O imbalanço pode causar uma série de
problemas, que incluem:
1 - alta proteína / forragem com baixa fibra
2 - baixa ou variável ingestão
3 - baixa ou alta gordura do leite
4 - aumento de problemas do casco
5 - grandes mudanças na condição corporal de vacas em início de
lactação
6 - maior quantidade de milho nas fezes
7 - fezes aquosas
8 - não pico
9 - não persistência
10 - aumento da incidência de problemas metabólicos
11 - aumento da incidência de problemas reprodutivos
39
2
Carboidratos para Bovinos leiteiros
Em contraste, em alguns rebanhos de vacas holandesas bem
manejados, com média de lactação acima de 9.000 Kg de leite com um
nível de gordura de 3,8 a 4,0% e de proteína de 3,2 a 3,3%, as
características comum neste tipo de rebanho é:
1 - vacas de grande porte
2 - forragem de boa qualidade
3 - alimentação não muito rica em grãos
4 - forragem com tamanho de partícula grande
5 - alimentação várias vezes ao dia
6 - ingestão de matéria seca alta e constante
7 - vacas com pico alto e persistente (menos de 10% de queda ao
mês)
8 - pequenas mudanças na condição corporal
9 - baixa incidência de cetose e deslocamento do abomaso
10 - poucos problemas com performance reprodutiva
O tema central deste sucesso parece ser a alimentação bem
manejada de carboidratos.
2.2. Tipos de Carboidratos
A vaca leiteira é um ruminante com uma grande população
microbiana no rúmen, que requer carboidratos para crescimento, e estes
carboidratos precisam ser balanceados ou podem ser um turno no caminho
da população microbiana para a digestão da fibra. O desafio é manter o
balanço para assegurar máxima digestão da fibra e entregar máxima
quantidade de energia para síntese de leite.
40
Van Soest desenvolveu um método para analisar a fibra dos
alimentos. Ele usou detergentes para solubilizar a fração não fibrosa. A fibra
em detergente ácido é assim chamada devido ser usada para extrair todo
conteúdo celular solúvel e hemicelulose, deixando a celulose e lignina.
Apesar de ser uma melhora significante sobre a fibra bruta, não é
totalmente satisfatória. Van Soest considera FDA somente como um passo
intermediário na determinação de lignina e proteína ligada. O mais
apropriado valor é fibra em detergente neutro (FDN) que inclui a
hemicelulose, pois o detergente neutro extrai o material celular solúvel e a
pectina que está associada com a parede celular. Os carboidratos
solubilizados são geralmente mais rapidamente digeridos que a fibra em
ruminantes.
A fibra bruta é a nomenclatura legal e corrente para a fibra que os
alimentos são registrados e garantidos. Infelizmente, a definição de fibra
total em alimentos é completamente inadequada em que toda hemicelulose
e parte da lignina não são contadas.
Existem problemas com o procedimento de FDN usualmente
associado com alimentos ricos em amido. O método original tem sido
modificado para incluir uma enzima amilase para auxiliar na solubilização do
amido. Infelizmente, isto não resolve todo o problema. Em muitos alimentos,
é difícil extrair o amido. Com o desenvolvimento tecnológico, o uso de
análise de infravermelho será mais comum e feita em minutos. Este
método, entretanto, depende de vários equipamentos. Para o propósito
corrente, sugere-se os valores da literatura para alimentos concentrados e
análise de FDN para as forragens.
Carboidratos para Bovinos leiteiros
Tabela 2.1 - Sistema de determinação dos carboidratos.Fração Química Digestão primária
FDNCeluloseLigninaHemicelulose
Detergente neutroBactéria celulolíticaBactéria hemiceluloliticaIndisponível
FDA Lignina Celulose Detergente ácido Bactéria celulolíticaIndisponível
Lignina ácido sulfúrico 72% Indisponível
Carboidratos solúveis
amidoaçucarespectinaproteínalipídeosminerais
detergente neutroBactérias e protozoários
em geral
Não-estrutural carboidratos e pectina
por cálculo
Tabela 2.2 - Fração de carboidratos de alguns alimentosAlimentos PB
% MSEE
% MSCinza% MS
CT% MS
FDN% MS
CNF% MS
CNE% MS
Feno de alfafa 17,6 2,6 9,1 70,7 46,9 23,8Feno de gramínea 13,9 3,1 7,1 75,9 67,2 8,7Silagem de milho 8,1 3,0 4,2 84,7 45,0 39,7Polpa de citrus 7,0 6,0 5,2 81,8 21,1 60,7 27,2Farelo de glutem 22,9 1,1 7,6 68,4 41,3 27,1 23,3Glutem de milho 65,9 2,4 3,4 28,3 14,0 14,3 18,4Milho 10,9 4,3 1,5 83,3 9,0 74,7 73,8Farelo de algodão 44,4 2,0 6,3 47,3 34,0 13,3Sorgo 12,4 3,1 2,0 82,5 8,7 73,8Soja grão 42,8 18,8 5,5 32,9 32,9Farelo de soja 49,9 1,5 7,3 41,3 14,0 27,3
CT - CARBOIDRATOS TOTAIS = 100 - proteína bruta - extrato etéreo - cinzaCNF - CARBOIDRATO NÃO FIBROSO = CT - FDNCNE - CARBOIDRATO NÃO ESTRUTURAL ( determinado pelo método de Smith )
Tabela 2.3 - Composição das forragens
42
Forragem MS
%
PB
% MS
FDN
% MS
FDA
% MS
Hemi
% MS
Celul
% MS
Lign
% MS
Silagem leguminosa 37
30-43
20
17-24
47
40-55
39
33-44
8,9
4-14
31
22-34
7,7
5-10
Silagem de gramínea 31
21-41
13
10-17
62
55-68
41
37-44
21
15-27
24
31-37
6,4
5-8
Silagem de Milho 33
25-40
8
7-9
45
38-51
26
22-30
19
15-23
23
19-27
2,8
2-3,5
Tabela 2.4 - Classificação da fibra em vários tipos de forragens
Forragem FDN
% MS
FDA
% FDN
Hemicel.
% MS
Celulose
% FDN
Lignina
% FDN
Silagem leguminosa 47,0 83,0 18,9 66,0 16,4
Silagem de gramínea 62,0 66,1 33,8 54,8 10,3
Silagem de milho 45,0 57,8 42,0 51,0 6,2
Note a variação na análise de FDN e a relação de FDA e lignina
como uma percentagem da FDN.
A FDN é usada como um indicador. É importante otimizar FDN na
ração para maximizar a ingestão de matéria seca. A tabela 2.5 ilustra os
níveis adequados de FDN e FDA em rações de vacas leiteiras.
Tabela 2.5 - Concentração ótima de FDN e FDA nas rações de vacas
Carboidratos para Bovinos leiteiros
Produção de leite
(vaca 600 Kg PV)
em Kg/dia
Energia liquida
lactação
Mcal/Kg
FDN
%
FDA
%
< 14 1,43 45 31
14 - 20 1,52 39 28
20 - 29 1,63 33 24
> 29 1,74 27 21
vaca seca 1,34 49 34
A FDN é usada como o primeiro indicador no lugar da FDA
basicamente pelos seguintes fatores:
1 - A relação de FDN e FDA nos alimentos não é sempre constante
nos alimentos,
2 - A FDN é uma boa estimativa do volume da dieta,
3 - Pesquisas mostram uma correlação FDN e ingestão de MS.
Mertens recentemente indicou a importância de reconhecer que a
vaca tem um requerimento demorado de energia que o impacto da
ingestão, e que como a densidade energética da ração aumenta, a ingestão
de matéria seca irá diminuir. Na formulação de dietas para vacas leiteiras, a
fibra e forragem precisam ser maximizadas na dieta para minimizar o custo.
Mertens demonstra que existe uma única solução para maximizar a
ingestão para manter um nível de produtividade.
Como mencionado anteriormente, é importante que o balanço
microbiano do rúmen seja mantido. Fazer isto, é necessário manter uma
quantidade mínima de fibra para digerir fibra. O melhor caminho para
44
estimar a quantidade mínima é pelo volume ruminal, que é relacionado com
o peso corporal. Mertens sugere que 1,2% do peso corporal ser o máximo.
Este número pode ser usado juntamente com os da tabela 2.6.
Para desenvolver este conceito, a FDN é o componente volumoso
lentamente digerido do alimento. Mertens encontrou que quando animais
foram alimentados com dietas ad libitum com diferentes conteúdos de FDN,
eles consumiram a matéria seca para uma capacidade diária de FDN de 1,2
% do PV (vacas adultas, no meio da lactação).
Recentes cálculos mostram que animais em crescimento, como
novilhas, animais em primeira lactação, irão consumir FDN somente para a
capacidade de 1,0 % do PV. Outros cálculos sugerem que vacas secas e
vacas em início de lactação precisam consumir somente para uma
capacidade de FDN de 0,8 a 1,0 % do PV, conforme mostra a tabela 2.7.
As diferenças mostram que a qualidade da forragem e agrupamento
de animais pelo tamanho pode ser mais importante nas considerações da
formulação da ração. O balanceamento de rações para substituição é de
extrema importância. Para novilhas alcançarem o potencial genético para
seu tamanho corporal será autorizada a formulação de rações contendo
máxima quantidade de forragem. Se a capacidade de FDN de um grupo de
animais é somente de 0,8 a 1,0 % do PV, isto limitará a ingestão total e
será enfatizado a importância de forragens de alta qualidade. Por exemplo,
se num grupo de vacas em início de lactação, 50% dos animais forem de
primeira lactação e o restante uma mistura de primeira, segunda, terceira
ou mais lactações, o tamanho médio no grupo será pequeno. Se as
novilhas tem somente 500 Kg e as outras 600 Kg de PV, o peso médio do
grupo será de 550 Kg de PV. Se o grupo está somente 50 dias em lactação
e um 55 % de FDN como forragem está iniciando a alimentação, as vacas
podem ter uma capacidade de FDN somente de 0,8 a 1,0% do peso vivo.
Carboidratos para Bovinos leiteiros
Tabela 2.6 - Capacidade de FDN como uma percentagem do peso vivo.
Número de Lactações
Animais 0 1 2 3+
Crescimento 1,0 - - -
Vaca seca 0,8 0,9 1,0
Vaca em lactação
0 a 14 Kg de MSI
14 a 28 Kg de MSI
> 28 Kg de MSI
0,85
0,90
1,00
0,95
1,00
1,10
1,05
1,10
1,20
Alguns exemplos de formulação para FDN estão apresentadas na
tabela 2.7 e 2.8. Os tipos de problemas que aparecem e os problemas que
podem ser resolvidos podem ser vistos. O ponto principal é o seguinte: se a
FDN é balanceada usando forragens de alta qualidade, o nível de nitrogênio
não protéico (proteína solúvel) na ração excederá aquela que pode ser
adequadamente utilizada pelas bactérias. Existe diversas soluções
possíveis para isto, nenhuma delas são totalmente adequada ou
apropriada:
1 - substituição parcial da fonte de alto FDN/baixa proteína como
silagem de milho,
2 - fornecendo alimentação diversas vezes ao dia e melhorando a
estratégia de alimentação,
3 - Diminuir a degradabilidade da proteína pela substituição por
fontes de baixa degradabilidade /baixa solubilidade,
Os exemplos mostram a importância do balanceamento de
carboidratos e forragens para manter as bactérias celulolíticas do rúmen.
46
Existem dois caminhos para calcular as exigências de FDN na
ração. O primeiro é usar os valores da tabela. Por exemplo, vacas
produzindo acima de 29 Kg de leite/dia terão 28 % da MS como FDN. A
concentração de FDN é calculada pela média usada para outras
concentrações de nutrientes expressos como percentagem, usando valores
de tabelas para concentrados e valores analíticos para forragens.
Outro método é usando uma equação. A equação que inicialmente
é mais apropriada aos dados da tabela 2.5, assumindo ingestão adequada
de matéria seca é :
CIFDN (em Kg) = 0,011 x Peso Vivo (em Kg),
onde CIFDN é a capacidade de ingestão de FDN.
A estimativa da ingestão de matéria seca pode ser próxima a exata.
Isto é um caminho para obter uma rápida estimativa da ingestão de matéria
seca. O outro caminho é usar equações para predizer a ingestão.
Pesquisadores recomendam que 70 a 75% do total de FDN
consumido pela vaca seja de forragem e o mínimo de FDN na ração de 25
%, isto enfatizado como fibra efetiva.
Tabela 2.7 - Cálculo das exigências de FDN na ração
Ingestão de matéria seca
Peso da vaca
Ingestão de FDN (nível de produção de leite, em Kg)
em Kg em Kg/dia 14 19 - 29 29
Carboidratos para Bovinos leiteiros
400 4,5 10,0 13,6 15,4
450 5,0 10,9 15,0 17,7
500 5,5 12,3 16,8 19,5
550 6,0 13,2 18,2 21,3
600 6,5 14,5 19,5 23,1
650 7,0 15,4 21,3 25,0
700 7,5 16,8 22,7 26,8
750 8,0 17,7 24,1 28,6
800 8,5 19,1 25,9 30,4
Tabela 2.8 - Estimativa do valor volumoso
Alimento Conteúdo de FDN %
Fração retida peneira 1.18
mm
Valor Volumoso unidades
Padrão 100 1,00 100,0
Feno de gramíneas 65 0,98 63,7
Feno de leguminosa 50 0,92 46,0
Silagem leguminosa 50 0,67 33,5
Silagem de milho 51 0,81 41,5
Milho moído 9 0,48 4,3
Farelo de soja 14 0,23 3,2
Palha de soja 67 0,03 2,0
Alimento muito moído 56 0,005 0,3
2.3. Carboidrato Não Estrutural
Finalmente, no balanceamento de rações para carboidratos, o
carboidrato não estrutural ou fibroso (CNE) precisa ser analisado.
O CNE pode ser calculado pela seguinte equação:
48
x
Carboidratos Totais = 100 - PB - EE - cinza
CNE = Carboidratos totais - FDN
ou
CNE = 100 - (FDN + PB + EE + cinzas)
Note que o total de carboidratos não estruturais mede o amido e
açucares. O CNE também inclui pectinas, que são encontrados nos
alimentos como as leguminosas, polpa de citrus e de beterraba. As pectinas
são rapidamente degradadas no rúmen.
Amidos e açucares fermentam muito rapidamente, principalmente
para propiônico. Se os amidos e os açucares são realmente disponíveis, a
fermentação pode mudar para fermentação láctica, que pode levar
rapidamente a uma acidose e problemas nos animais.
A recomendação para quantidades de amido e açucares na dieta de
bovinos, varia: máximo de 25 % da ração total, 1,1 % do PV como CNE,
máximo de 30% da MS da ração, outros 40 a 45%, no máximo. A mais
lógica e adequada é ter um mínimo e um máximo, sugerido-se:
baixa taxa de digestão de CNE - mínimo 1,1 % do PV
máximo 1,4 % do PV
média taxa de digestão de CNE - mínimo 1,0 % de PV
máximo 1,1% de PV
O mínimo é importante para prover o crescimento microbiano e o
máximo prevenir acidose.
Deve-se ter em mente que o manejo da alimentação é uma
importante parte do programa de alimentação de carboidratos. As vacas
devem ser estimuladas a consumir alimentos o máximo possível. Isto
Carboidratos para Bovinos leiteiros
significa que em rebanhos ordenhados duas vezes ao dia, de manhã e a
tarde, a estratégia será regular a alimentação de manhã até 8-9 horas da
noite. É importante planejar a estratégia de alimentação ao redor do tempo
de atividade da ordenha, para modificar sua dependência da fonte de
carboidratos e proteína.
2.4. Digestão de Carboidratos
Existem três fatores que afetam a digestão de carboidratos no
rúmen:
a. disponibilidade de carboidratos (solubilidade, cristalinidade, grau de
lignificação e distribuição de carboidratos)
b. proteína ruminal e disponibilidade de co-fatores (a massa microbiana
requer amônia, aminoácidos, isoacidos, vitaminas e minerais)
c. passagem ( a taxa que o material move através do rúmen para o trato
posterior).
Todos os tipos de carboidratos são diferentes , e isto é um desafio
para desenvolver métodos para assegurar esta variação. A disponibilidade
dos carboidratos é afetada por muitos fatores, principalmente maturidade,
ambiente, processamento, espécies e manejo de alimentação.
50
FIBRA PARA BOVINOS LEITEIROS
3.1. Introdução
Fibra é o material contido nos alimentos que é lentamente digerido
ou indigestível. Tipicamente, é a medida da parede celular das plantas: a
porção estrutural (de suporte) das plantas.
Os componentes fibrosos da parede celular incluindo a celulose,
hemicelulose e lignina, bem como pectina, são digeridos somente através
da fermentação microbiana. No rúmen, uma grande população de bactérias,
protozoários e fungos produzem enzimas que quebram os componentes
complexos da parede celular em pequenas moléculas, como a glicose.
Nutricionalmente, fibra é a porção do alimento que tem digestão
limitada, limita a digestão do alimento, requer mastigação e ruminação para
redução do tamanho da partícula e ocupa espaço no rúmen devido ao seu
volume, limitando assim o consumo.
A fibra contém os componentes dos alimentos mais lentamente
degradáveis, como celulose e hemicelulose, bem como um componente
químico indigerível, a lignina. Entretanto, um nível adequado de fibra é
necessário na dieta de vacas leiteiras, para manter a ruminação normal,
evitar depressão no conteúdo de gordura no leite, evitar problemas de
acidose e casco.
A capacidade de enchimento do aparelho digestivo das vacas é um
fator limitante, o quanto o animal esta habilitado para consumir altos níveis
de conteúdo de fibra e forragem nas dietas.
51
3
Fibra para Bovinos Leiteiros
3.2. Medida do Nível de Fibra nos Alimentos
Os três métodos usados para medir o nível de fibra nos alimentos
incluem: fibra bruta (FB), fibra em detergente ácido (FDA) e fibra em
detergente neutro (FDN).
Cada uma destas medidas pode ser encontrada em várias tabelas
de composição de alimentos ou volumosos. Apesar de todos eles medirem
fibra, cada método apresenta diferentes valores de fibra para um só
alimento.
3.2.1. Fibra Bruta
Este é o método mais antigo de se medir fibra. Basicamente, uma
amostra de alimentos ou de forragem é fervida por 30 minutos em ácido
forte e 30 minutos em alcali forte.
A fibra bruta não mede exatamente celulose, hemicelulose e lignina.
O ácido dissolve hemicelulose, enquanto o alcali dissolve lignina. O número
obtido para FB não reflete o total de fibra do alimento.
3.2.2. Fibra em Detergente Ácido
A fibra em detergente ácido é obtida fervendo uma amostra de
alimento ou forragem por uma hora em uma solução ácido sulfúrico-
detergente. Como descrito anteriormente, o ácido dissolve a hemicelulose,
sendo que a FDA é somente a medida da celulose e lignina. Desde que
alcali não é envolvido neste procedimento, em contraste com a FB, não há
perda de lignina quando a amostra é fervida em detergente ácido. Como
52
esperado, os valores de FDA dos alimentos tendem a ser maiores que os
valores de FB.
3.2.3. Fibra em Detergente Neutro
A fibra em detergente neutro é obtida fervendo uma amostra de
alimento ou forragem por uma hora em uma solução detergente, com pH =
7,0 (neutro). Uma das substâncias químicas da solução detergente neutro,
o sulfato lauril de sódio, é um detergente comum encontrado em
shampoos e sabões. Desde que esta solução não é alcalina nem ácida, não
há perda nem de celulose nem de lignina. Portanto, a FDN é a medida da
celulose, hemicelulose e lignina, os três principais componentes da parede
celular da planta.
A FDN é tipicamente o maior valor de fibra do alimento, a FDA o
segundo e a FB o menor.
Tabela 3.1 - Conteúdo de fibra de algumas forragens, medida pelas três
técnicas.
Forragem FB FDA FDN
Feno de alfafa 22 29 40
Silagem de alfafa 22 29 40
Silagem de milho 24 28 51
Feno de capim 30 35 65
3.3. Alimentos Fibrosos e Performance de Vacas
Adequado conteúdo de fibra de apropriada forma física na dieta de
vacas em lactação assegura mastigação e atividade ruminal normal. Todos
Fibra para Bovinos Leiteiros
os alimentos ou forragens tem um certo valor volumoso, que mede a
habilidade dos alimentos para estimular a mastigação, especificamente a
mastigação durante a ruminação. Este conceito considera não somente o
conteúdo de fibra dos alimentos bem como sua textura ou tamanho da
partícula.
Sub-produtos ricos em fibra como a casca de soja ou glúten de
milho podem ter alto nível de fibra, mas a fibra tem, tipicamente, partículas
de pequeno tamanho e baixo nível de fibra efetiva ou baixo valor volumoso.
Como ocorre com outros nutrientes, as vacas requerem uma
razoável quantidade de fibra para máxima resposta na produção de leite.
Isto reflete o fato que a fibra tem dois efeitos distintos sobre as vaca. O
primeiro, pelo aumento da fibra na dieta de um propicio nível ótimo, o valor
volumoso da fibra estimula mais ruminação e mantém normal a função
ruminal. Como mais fibra é adicionada a dieta, acima do nível ótimo para
um nível de produção, a fibra começa a manter seu segundo efeito: limitar a
ingestão e a digestibilidade da dieta.
A tabela 3.2 apresenta alguns alimentos volumosos e seus valores
esperados de FDN e FDA. Já que a fibra é o componente responsável pela
estimulação da mastigação em ruminantes, uma estimativa do tempo de
mastigação é dado por quilo de matéria seca consumida. Geralmente, o
aumento na fibra irá levar ao aumento no tempo de mastigação e quebra
das partículas do alimento. A mastigação estimula o fluxo de saliva e
consequentemente a produção de bicarbonato de sódio. Este é um
processo que resulta no tamponamento natural do rúmen. Sob certas
condições onde a ingestão de fibra é marginal, a adição de 600 a 750
gramas /vaca/ dia de bicarbonato de sódio é aconselhável.
Geralmente as forragens com alto conteúdo de fibra gastam um
maior tempo para mastigação, dependendo entretanto da forma física do
alimento e da fibra. Por exemplo, o feno de alfafa longo e feno de alfafa
54
peletizado tem o mesmo FDN e FDA, mas os tempos de mastigação são
drasticamente diferentes: um quilo de feno longo requer 60 minutos para
mastigação enquanto a mesma quantidade de feno peletizado requer
somente 35 minutos. O tempo de mastigação da silagem de milho irá variar
de acordo com o tamanho do corte; silagens com corte extremamente
grosseiro levam 60 minutos por cada quilo de MS comparada aos 50
minutos para o corte normal e 40 minutos para o corte fino (razão para
diminuição da gordura no leite quando se usa silagens finamente cortadas).
O feno de capim irá variar no tempo de mastigação em relação a
maturidade quando ao corte: em cortes precoces o tempo gasto na
mastigação é menor que em cortes tardios, uma resposta ao conteúdo de
fibra no feno.
Os sub-produtos com linter variam consideravelmente no teor de
fibra e no tempo de mastigação. A casca de algodão e a espiga de milho
tem grandes quantidades de FDN, mas a casca estimula mais a mastigação
e pode ser usado como um alimento volumoso por natureza. Os resíduos
de cervejaria e de destilaria tem um FDN e FDA mais altos que muitos
grãos e suplementos protéicos, mas, devido a suas formas físicas, são
somente um pouco mais efetivos para estimular a mastigação (em torno de
15 minutos por cada quilo) que o milho moído (8 minutos) e farelo de soja (6
minutos).
Dos alimentos disponíveis, o caroço de algodão inteiro parece ser o
melhor para estimular a mastigação. O alto teor de óleo é benéfico se
ingerido em quantidades limitadas devido ao aumento na densidade
energética da ração, importante para vacas em início de lactação
produzindo grande quantidade de leite. Apesar da semente de soja conter
uma quantidade relativamente alta de fibra, o tempo gasto na mastigação é
um dos menores entre vários sub-produtos, devido a forma física deste
alimento e ao fato que a fibra é extremamente digestível.
Fibra para Bovinos Leiteiros
Os dados da tabela 3.2 mostram que as forragens são geralmente
melhores na estimulação da mastigação, e consequentemente, produção de
gordura no leite. Entretanto , a forma física pode afetar muitos dos efeitos
desejados e precisa ser considerada na alimentação de vacas leiteiras.
Os sub-produtos variam drasticamente em suas habilidades para
estimular a mastigação e não são eficazes como muitas forragens, mas
estes alimentos podem ser fornecidos quando ingeridos em quantidades
limitadas. Pesquisas tem mostrado que os bovinos leiteiros precisam
mastigar no mínimo 10 horas por dia, para manter as funções normais do
rúmen e a porcentagem de gordura no leite.
Um exemplo de uma ração com mastigação inadequada (menor
que 10 horas/dia) é uma dieta contendo silagem de milho finamente
cortada, em níveis correspondendo a 50% da matéria seca e o restante
como concentrado: se esta vaca está consumindo 18 Kg de matéria seca,
somente 6 horas de mastigação seriam promovidos pela silagem (9 Kg x 40
min./Kg = 360 minutos ou 6 horas) e 1,3 horas pelo concentrado (9 Kg x 9
minutos/Kg de concentrado = 81 minutos ou 1,3 horas), resultando em um
total de 7,3 horas. A silagem de milho com corte normal adicionada a esta
ração poderia estimular 9 horas de mastigação mais 1,3 horas do
concentrado resultando em um total de 10,3 horas.
56
Tabela 3.2 - Conteúdo de Fibra em detergente neutro e ácido e tempo gasto
na mastigação de alguns alimentos.
FDN FDA Tempo de mastigação
(% MS) (%MS) (minutos/Kg de MS)
Forragens
Alfafa Longa 52 38 60
Peletizada 52 38 37
Silagem 52 38 57
Silagem Corte grosseiro 50 27 66
de milho Corte médio 50 27 60
Corte fino 50 27 40
Feno de Corte precoce 50 29 75
capim Corte tardio 72 42 90
Sub - Casca de algodão 89 71 31
produtos Polpa de citrus 28 22 31
Caroço de algodão inteiro 39 28 28
Resíduo de cervejaria 52 23 15
Espiga de milho 88 39 15
Resíduos de destilaria 45 16 13
Casca de soja 65 47 9
Grãos Milho 9 3 9
Cevada 23 7 15
Farelo de soja 10 6 7
Fibra para Bovinos Leiteiros
3.4. Nível Ótimo de FDN para Vacas Leiteiras
O nível ótimo de fibra na dieta é uma função do nível de produção
da vaca. Para alta produção, abaixar a fibra no nível ótimo para máxima
ingestão de alimentos. Com o aumento na produção de leite, o nível ótimo
de FDN na ração diminui. Para altos níveis de produção de leite, o nível de
FDN na ração cai para 26 %. Este valor pode ser visto como um mínimo.
Geralmente, quando o conteúdo de FDN da ração cai abaixo de 26-27 %,
existe uma boa chance da vaca diminuir o consumo, ter acidose,
desenvolver problemas de casco ou sofrer de depressão de gordura no
leite. Esta recomendação para mínimo nível de fibra na ração é baseado
assumindo-se que 75% da fibra de material grosseiro.
O alto valor de FDN recomendado para vacas secas reflete a
recomendação para manter bem condicionadas vacas secas com dietas
ricas em forragens.
Tabela 3.3 - Conteúdo de FDN ótimo para vacas leiteiras
Animais FDN, % na MS
Vacas em lactação acima de 45 litros/dia 26
alta produção, 30 a 45 litros/dia 28
média produção, 20 a 30 litros/dia
32-33
abaixo de 20 litros/dia 39
recém-paridas (até 4 semanas) 36
Vacas secas 50
Novilhas menos de 180 Kg de PV 34
de 180 a 360 Kg de PV 42
Gestantes, 360 a 540 Kg de PV 50
58
3.5. Conteúdo de Fibra da Ração Total
3.5.1. Pouca Fibra e Fibra com a Textura Inadequada
Uma ração com um nível de FDN abaixo de 26 a 28 % para vacas
em alta produção, ou uma ração contendo fibra que tem um reduzido
tamanho de partícula, pode causar uma série de problemas metabólicos.
O primeiro sintoma do inadequado valor volumoso (nível de fibra x
textura) da dieta será a diminuição da atividade de mastigação do bolo
alimentar (8 a 10 horas/dia), refletindo na produção de saliva. A saliva, rica
em bicarbonato, atua como tamponante no rúmen, neutralizando os ácidos
produzidos resultantes da fermentação microbiana dos alimentos. O pH do
conteúdo ruminal não pode cair abaixo de 6,0 - 6,2, pois reduz a
degradação da fibra pelos microrganismos. Quando existe insuficiente
bicarbonato, pode resultar em acidose ruminal. Esta condição está
associada com depressão na gordura do leite, diminuição do consumo,
problemas de casco e outros desarranjos metabólicos.
Tabela 3.4 - Influencia do nível de FDN e tamanho da partícula sobre a
atividade mastigatória de vacas leiteiras.
DIETA Ingestãomin/dia
Ruminaçãomin/dia
Totalmin/dia
Ração com 31% de FDN(55 % de silagem alfafa - 48% FDN)
211 534 745
Ração com 21% de FDN(55% de silagem alfafa - 31% FDN)
175 343 519
Ração com 31% de FDN(Silagem picada)
220 318 538
Ração com 21% de FDN(Silagem picada)
153 240 393
Fibra para Bovinos Leiteiros
Vacas consumindo ração com 31% de FDN ruminam
aproximadamente 3 horas a mais por dia que vacas consumindo rações
com 21% de FDN.
Assumindo que uma vaca produz aproximadamente 280 ml de
saliva por cada minuto que ela rumina, isto significa que uma vaca
consumindo ração com maior FDN irá produzir aproximadamente de 40 a
44 litros de saliva por dia a mais do que as consumindo ração com menor
teor de FDN. Baseado na composição da saliva, aproximadamente 230
gramas de bicarbonato estará disponível a mais para esta vaca.
Tabela 3.5 - Efeito típico do conteúdo de fibra das rações sobre o status
metabólico de vacas leiteiras.
% de Volumoso Longo na ração
Medidas 100% 60% 40% 0%
FDN, % 70 48 36 14
Mastigação, min/dia 960 900 820 340
Saliva, litros/dia 50 47 45 33
Acetato ruminal, % 70 61 55 40
Propionato ruminal, % 15 22 27 40
Gordura do leite, % 3,7 3,5 3,4 1,0
Com o decréscimo do conteúdo de FDN na dieta, diminui o nível de
acetato e aumenta o de propionato. O acetato é o precursor da síntese da
gordura do leite enquanto o propionato predispõe a vaca a produzir gordura
corporal. Um baixo nível de fibra na dieta faz a vaca mais eficientemente
60
sintetizar gordura corporal do que gordura do leite. Isto resulta na
depressão da gordura do leite.
3.5.2. Muita Fibra na Ração Total
O baixo nível de fibra na ração pode afetar a produção de leite e
nível de gordura no leite bem como ocasionar problemas digestivos, mas
muita fibra também pode reduzir a produção de leite.
Alta fibra diminui a concentração de energia da dieta devido os
alimentos fibrosos terem menos densidade energética que os grãos. Como
a vaca aproxima-se da sua capacidade de enchimento, altos níveis de fibra
diminuem a ingestão de alimentos. Estes dois efeitos de dietas de alta fibra
resultam em decréscimo na produção de leite.
3.6. Conclusões
O nível de fibra na ração tem um papel importante na ingestão de
alimentos e produção de leite. Para formular uma dieta adequada em fibra
efetiva, precisa-se entender o que é fibra, que medidas de fibra são usadas
e qual o papel físico da fibra na manutenção da função normal do rúmen.
Formulando dietas com o nível ótimo de fibra, como FDN, provem máxima
ingestão de forragem e máxima produção de leite.
Fibra para Bovinos Leiteiros
62
PROTEÍNA PARA BOVINOS LEITEIROS
4.1. Introdução
O National Research Council - NRC, em 1985 publicou as
recomendações para melhorar a precisão com que as exigências de
proteína podem ser preditas, para crescimento e produção de leite,
conceitos modernos que tem sido aplicados na formulação de rações.
Os suplementos protéicos usualmente são a porção mais
expressiva da ração de vacas leiteiras e em muitos casos o uso de uréia ou
outra fonte de nitrogênio não protéico (NNP) pode ser uma alternativa para
atender as exigências de proteína das vacas, reduzindo o custo e
atendendo as necessidades de nitrogênio solúvel para os microrganismos
do rúmen.
4.2. Composição e Importância da Proteína
Proteínas são estruturas químicas complexas compostas de
carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e enxofre. Cada proteína é feita de
numerosas unidades conhecidas como aminoácidos. Existe mais de 20
aminoácidos diferentes, de ocorrência natural, combinados em diferentes
maneiras para formar a proteína.
Os aminoácidos promovem o crescimento do músculo, osso ,tecido
conjuntivo e são os formadores das enzimas. O leite é uma fonte rica em
63
4
Proteína para Bovinos Leiteiros
proteína e portanto as vacas necessitam dietas contendo níveis
recomendados de proteína na dieta pois uma deficiência leva a uma
redução na produção, crescimento retardado e afeta a saúde do animal.
4.3. Fração Nitrogenada dos Alimentos
A fração nitrogenada dos alimentos pode ser definida da seguinte
forma:
Proteína bruta (PB) - usada para descrever o conteúdo de proteína de um
alimento, incluindo não somente o complexo protéico mas todo composto
nitrogenado, determinando-a pela medida analítica do nitrogênio do
alimento multiplicado por 6,25 (a proteína verdadeira contém 16% de
nitrogênio).
Proteína digestível (PD) - é o conteúdo de proteína bruta de um alimento
multiplicado por sua digestibilidade; geralmente as proteínas das forragens
são 60 % digestíveis e a dos alimentos concentrados 85%, podendo variar
dependendo de vários fatores.
Proteína ou nitrogênio solúvel (Psol) - compostos nitrogenados ou
proteína que são rapidamente degradados a amônia no rúmen, sendo
determinados pela quantidade de proteína que é solúvel em um líquido
(fluído ruminal, água ou outra solução).
Proteína não degradada no rúmen (PNDR) - proteína ou compostos
nitrogenados que não são degradados no rúmen, passam pelo rúmen e
ficam disponíveis para a digestão no intestino delgado, também
denominada proteína de escape ou by-pass.
Proteína degradada no rúmen (PDR) - fração da proteína que é
degradada pelos microrganismos do rúmen; compreende a fração solúvel
mais uma outra que é digerida enquanto o alimento permanece no rúmen.
64
Tabela 4.1 - Fração da proteína dos alimentos.
FRAÇÃO PROTEÍNA FORMA DETERMINAÇÃO
A Nitrogênio não protéico Proteína solúvel
B1 Proteína rapidamente degradável Proteína solúvel + ácido tungstico
B2 Proteína de degradabilidade intermediária Enzimática ou in situ
B3 Proteína de degradabilidade lenta Enzimática ou in situ
C Proteína indisponível Nitrogênio em Fibra em detergente ácido - N-FDA
Correntemente, somente a proteína total, proteína solúvel e
proteína ligada, como N-FDA, pode ser determinada. As várias frações
podem ser combinadas da seguinte maneira:
Proteína solúvel = A + B1
Proteína ligada = C
Proteína degradável = A + B1 + B2
Proteína não degradada = B3 + C
Proteína para Bovinos Leiteiros
Tabela 4.2 - Degradabilidade da Proteína de vários alimentos
Alimento MS
(%)
PB
(%)
Proteína solúvel (%)
PDR
(%)
PNDR
(%)
N-FDA
(%)
Polpa de citrus 90 6,7 26 80 20 5,0
Milho triturado 89 10,0 12 30 70 6,2
Milho moído 89 10,0 12 35 65 6,2
Melaço 75 4,1 100 100 0 0
Farelo de glúten 88 21,7 48 70 30 2,6
Caroço algodão 92 24,0 33 55 45 10,0
Farinha de sangue 90 98 9,5 18 82 10,0
Farelo de algodão 94 43 22 59 41 2,7
Glúten de milho 90 69 4 45 55 5,0
Farinha de peixe 93 64 12 20 80 5,0
Farinha de carne 90 51 13 24 76 5,0
Farinha carne/osso 90 47 15 40 60 5,0
Farelo de soja 88 49 20 72 28 2,0
Farelo de girassol 93 49 30 76 24 2,5
Uréia 99 281 100 100 0 0
Soja grão cru 90 41 40 80 20 2,9
As modificações nos valores da proteína e a combinação de frações
para obter a fração degradável e de escape, são ilustradas abaixo.
66
Observe as seguintes relações:
Proteína solúvel = A + B1
B2 = Degradável - solúvel
Degradabilidade, medida in vivo, enzimática ou em situ
B3 = escape - C
C = proteína em fibra em detergente ácido
Degradabilidade = 100 - escape (by-pass, indegradável ou B3) + C
Se é feita uma medida da proteína total sem conhecimento das
outras frações, estas frações permanecerão na mesma. Se, por exemplo, a
solubilidade é medida e é encontrado 25% do total de proteína, mudanças
precisam ser feitas na fração apropriada.
Tabela 4.3 - Fração protéica de várias forragens
Alimento MS,% PB,% Proteína solúvel
PDR PNDR N-FDA
Feno Alfafa 89 20 20 72 28 5
Silagem alfafa 40 20 45 80 20 10
Feno de gramíneas 89 12 20 63 37 5
Silagem de capim 30 12 55 80 20 10
Silagem de milho 35 12 55 73 27 4
Exemplo da modificação dos valores de proteína do farelo de soja:
Proteína
Proteína para Bovinos Leiteiros
Bruta = 51,0 % da MS
Solúvel, % da PB -> A = 6,0 e B1 = 14,0
Intermediária, % da PB -> B2 = 52,0
Baixa degradação, % da PB -> B3 = 26,0
Indisponível, % da PB -> C = 2,0
Exemplo do cálculo da proteína degradável e a de escape:
Proteína degradável = Solúvel + intermediária
= A + B1 + B2
= 6,0 + 14,0 + 52,0
= 70,0 %
Proteína de escape = Baixa degradabilidade + Indisponível
= B3 + C
= 26,0 + 2,0
= 28,0
68
Tabela 4.4 - Exigências de proteína e energia
EXIGÊNCIAS ITENS 180 Kg
0,9 Kg GPD
360 Kg0,9 Kg GPD
540 Kg 0,7 Kg GPD
Vaca seca
VacaInicio
Lactação
Vaca Meio
Lactação
VacaFinal
lactação
Matéria Seca
Kg 3,9 7,2 10,7 11,8 23,7 22,2 19,2
% do PV 2.9 2,6 2,3 2,0 4,0 3,6 3,0
Proteína Ingerida
Kg 0,64 0,77 0,95 1,45 3,90 3,40 2,68
% da MS 15,6 10,7 8,9 12,3 16,4 15,4 13,9
Fração proteína, %
Solubilidade 35 50 70 60 30 38 48Degradabilidade 45 55 71 75 60 61 61Não degradável 55 45 29 25 40 39 39
Total de NDT
Kg 2,5 4,2 5,7 5,9 17,3 15,6 12,4
% da MS 63 59 54 46 73 70 64
Energia mantença
Elm (Mcal) 3,1 5,2 7,6
Energia Ganho
Elg (Mcal) 1,9 3,3 3,9
Energia lactação
Ell (Mcal) 13,5 38,9 34,9 27,7
Mcal/MS 0,47 0,74 0,71 0,65
Tabela 4.5 - Exemplo de rações de degradabilidade controlada.
Proteína para Bovinos Leiteiros
IngredienteInício1
lactaçãoRPI
Início1
lactaçãoRPC
1978NRC2
RPI
1978NRC2
RPC
1985NRC2
RPI
1985NRC2
RPC
Ingestão de MS (Kg/dia)
Silagem pré-secada 4,54 4,54 4,54 4,54 4,54 4,54
Silagem de milho 5,53 5,53 8,03 7,94 8,03 7,94
Feno de leguminosa 0,91 0,77 0,91 0,91 0,91 0,91
Milho 7,71 6,40 3,90 2,86 3,18 2,04
Resíduo cervejaria 3,13 2,77 1,68 2,36 2,41 2,63
Farelo de soja 1,41 0,44 1,00
Total 21,82 21,56 19,07 19,07 19,07 19,07
Análise da ração (%MS)
PB 16,9 16,9 14,9 14,9 16,6 16,6
PDR 12,0 10,7 10,7 9,4 11,8 10,4
PNDR 4,0 6,2 4,2 5,5 4,8 6,2
FDN 30,1 30,1 36,8 36,7 36,7 36,6
Ell (Mcal/Kg) 1,74 1,72 1,63 1,63 1,63 1,63
MSI (% do PV) 3,65 3,65 2,99 3,00 2,99 3,00
Volumoso/concentrado 51 51 71 70 71 70
Fração Protéica (%PB)
Solúvel 31,6 29,9 36,5 34,6 35,8 33,1
Degradável 70,8 63,0 71,5 62,9 71,4 62,9
Não degradável 29,2 37,0 28,5 37,1 28,6 37,1
1 - Considerando uma vaca de 590 Kg de PV, produzindo 38 Kg de leite com 3,6% de gordura e perdendo 0,180 Kg/dia
2 - Considerando uma vaca de 630 Kg de PV, produzindo 25 Kg de leite com 4,0% de gordura e ganhando 0,180 Kg/dia
4.4. Compostos Nitrogenados Não Protéicos
70
Os compostos nitrogenados não protéicos são compostos de
carbono, nitrogênio, oxigênio, hidrogênio e algumas vezes de fósforo. A
uréia é o mais comum dos compostos não protéicos. Outros compostos são
disponíveis mas seu uso tem que ser visto com cuidado devido ao custo,
problemas de toxidade e regulamentação. Estes compostos incluem os
produtos amoniados, biureto, nitratos, etc.
A uréia é um composto branco, de gosto amargo para os
ruminantes, contendo normalmente entre 45 e 46,5 % de N (equivalente
protéico de 281 %). A uréia está ausente nas plantas sendo um produto
final normal do metabolismo de nitrogênio nos mamíferos.
O composto nitrogenado não protéico comumente encontrado nas
plantas é o nitrato, que normalmente não está em nível tóxico e pode ser
usado pelos ruminantes como uma fonte de nitrogênio.
As bactérias do rúmen requerem nitrogênio na forma simples como
amônia (NH3 ) e aminoácidos. Os compostos não protéicos, como a uréia,
são rapidamente convertidos em amônia e CO2 no rúmen. Quando
adequada energia está disponível, a amônia é sintetizada em proteína
microbiana. A utilização de uréia em dietas baixa em energia e rica em
forragens é ineficiente, devido a falta de energia.
Proteína para Bovinos Leiteiros
72
GORDURA PARA BOVINOS LEITEIROS
5.1. Introdução
A utilização de gordura na alimentação de ruminantes tem sido uma
prática recente na formulação de dietas para estes animais. As gorduras
apresentam propriedades físicas, químicas e fisiológicas que são
importantes no processamento da ração, na nutrição animal e na melhoria
na palatabilidade. Uma importante característica da gordura é seu alto valor
energético (as gorduras apresentam três vezes mais energia líquida para
lactação que uma quantidade equivalente de milho). Em rações onde a
energia torna-se um nutriente limitante e o limite superior da suplementação
de grãos tem que ser respeitado, a adição de gordura pode ser de
significante benefício energético para vacas em alta produção. Nestes
casos, a suplementação de gordura proverá necessária densidade
energética na dieta para fornecer flexibilidade para o balanceamento de
fibra e proteína.
O melhoramento da performance da lactação, condições corporais
e performance reprodutiva são citadas como um potencial benefício da
suplementação com gordura, além de auxiliar na redução da poeira em
misturas de grão moídos.
As fontes concentradas de gordura, são encontradas basicamente
em duas formas: seca ou líquida. Gordura na forma seca é de fácil
manuseio, pode ser adquirida em pequenas quantidades, mas são
73
5
Gordura para Bovinos Leiteiros
usualmente de maior custo. A gordura na forma líquida é mais econômica,
mas necessita equipamentos especiais para incorporá-la na mistura.
Independente da forma física, a gordura pode prover um importante valor
nutricional em rações de vacas leiteiras.
As gorduras utilizadas, comumente, em dieta de ruminantes incluem
o sebo (gordura animal), combinação de óleos e gorduras de origem animal
e vegetal, e mais recentemente, gorduras protegidas ou “rúmen by-pass”.
5.2. Ácidos Graxos
Os ácidos graxos são os principais constituintes das gorduras. Eles
são constituídos basicamente de carbono (C), oxigênio (O) e hidrogênio (H).
Moléculas de ácidos graxos constituem-se de átomos de carbono
ligados para formar cadeia de vários comprimentos, de 4 a 26 átomos de
carbono, conforme alguns são apresentados a seguir.
Tabela 5.1 - Ácidos graxos e número de átomos.
Nome comum N0 de átomos
Ácido butírico 4
Ácido Laurico 12
Ácido palmítico 16
Ácido esteárico 18
Ácido araquídico 20
74
5.3. Ácidos Graxos Poliinsaturados, Monoinsaturados e Saturados.
Os termos gordura saturada, monoinsaturada e poliinsaturada são
comumente usados e referem-se ao envolvimento químico no número de
ligações duplas carbono-carbono como constituinte da gordura. Por
exemplo, gorduras saturadas não contém duplas ligações, monoinsaturadas
contém somente uma dupla ligação e poliinsaturada pode conter duas ou
mais ligações duplas.
Tabela 5.2 - Alguns alimentos ricos em gordura.
Nome comum % de AG saturado
% de AG monoinsaturado
% de AG poliinsaturado
Manteiga 66 30 4
Sebo bovino 52 44 4
Banha de suíno 41 47 12
Óleo de soja 15 24 61
Óleo de oliva 14 77 9
Óleo de milho 13 25 62
Óleo de girassol 11 20 69
Em condições naturais, as gorduras contém uma combinação de
ácidos graxos, que caracteriza cada gordura.
O número de duplas ligações afeta a característica físico-química
(líquida ou sólida) de uma gordura a determinada temperatura. Por
exemplo, uma gordura saturada tem um alto ponto de fusão (temperatura
em graus centígrados em que a gordura passa do estado líquido ao sólido)
tanto monoinsaturadas ou poliinsaturadas. O sebo de boi, uma gordura
Gordura para Bovinos Leiteiros
saturada, tem ponto de fusão (400 C) mais alto que o óleo de oliva (uma
gordura monoinsaturada) que tem ponto de fusão mais alto que o óleo de
girassol, uma gordura poliinsaturada.
Gorduras que apresentam um ponto de fusão acima do sebo de boi
são classificadas como sebos (tallow) e as abaixo, como óleos ou graxas
(grease). Uma gordura de boa qualidade tem um nível mínimo de 41,50 C.
As gorduras, de origens diferentes, podem afetar a fermentação
ruminal. Quantidade excessiva de gordura poliinsaturada, como os óleos
vegetais, são tóxicas para alguns microrganismos ruminais. Gorduras
saturadas, com o sebo de boi, são supostamente inertes no rúmen, devido
ao seu alto ponto de fusão. Reduzindo a solubilidade da gordura no rúmen
presumivelmente minimiza o potencial negativo da interação da gordura
com os microrganismos do rúmen.
Uma prática comum na alimentação de ruminantes é dividir a
quantidade a ser adicionada em três formas: aproximadamente 1/3 com
fontes de óleos vegetais (soja grão ou caroço de algodão integral ), 1/3 com
gordura saturada (sebo de boi) e o 1/3 restante com uma fonte de gordura
inerte no rúmen.
Tabela 5.3 - Concentração energética de vários alimentos.
Alimento Energia líquida lactação (Mcal/Kg de MS)
NDT%
Feno de alfafa 1,26 56Fubá de milho 2,03 88Caroço de algodão 2,29 98Soja grão 1,89 81Sebo 5,24 94Gordura Protegida 4,47 182
76
5.4. Ácidos Graxos Livres
Na natureza, as gorduras ocorrem como triglicerídeos, que são três
ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol. Os ácidos graxos na
forma livre são formados quando os ácidos graxos são separados do
glicerol, como resultado de duas reações químicas:
1 - lipases naturais (enzimas que separam os ácidos graxos da
molécula de glicerol) em sub-produtos de origem animal podem causar a
formação de ácidos graxos livres;
2 - exposição da gordura a umidade pode separar os ácidos graxos
do glicerol.
Se, os sub-produtos de origem animal não são processados
rapidamente, os níveis de ácidos graxos livres aumentarão. Da mesma
forma, se cuidados não forem tomados no armazenamento, a umidade
adquirida pela gordura, aumentará o nível de ácidos graxos livres. Assim, o
nível de ácidos graxos livres é um indicador do cuidado no processamento
de sub-produtos de origem animal e/ou a presença de excesso de umidade
na gordura.
Para vacas leiteiras, não é importante se a fonte suplementar está
na forma de ácidos graxos livres ou de triglicerídeos, pois as bactérias do
rúmen tem a habilidade para hidrolizar triglicerídeos à ácidos graxos e
glicerol: o glicerol é convertido à ácidos graxos voláteis no rúmen.
Embora o nível de ácidos graxos livres não apresenta um efeito
negativo para ração de vacas leiteiras, este nível é um bom indicador da
qualidade e mais especificamente dos cuidados tomados no
processamento, sugerindo-se, quando possível, a utilização de fontes que
contenham no máximo 10% de ácidos graxos livres.
Gordura para Bovinos Leiteiros
5.5. Metabolismo das Gorduras
A maior parte das necessidades de energia dos ruminantes é
derivada de ácidos graxos de cadeia curta , os ácidos graxos voláteis
(acético, butírico e propiônico), produzidos pela fermentação ruminal de
vários concentrados e alimentos fibrosos na dieta.
No rúmen, a gordura passa por dois processos: o primeiro é a
lipólise que separa os triglicerídeos ou ácidos graxos complexados em
ácidos graxos livres e glicerol; seguindo a lipólise, os ácidos graxos
insaturados são hidrogenados (adição de moléculas de hidrogênio) pelos
microrganismos do rúmen para a forma de ácidos graxos saturados. Muito
pouca digestão suplementar de gordura ocorre no rúmen. As gorduras
combinam com as partículas dos alimentos e passam para o
abomaso/intestino, onde são misturadas com o ácido pancreático, bilis e
enzimas digestivas, sendo absorvidas.
Em contraste, os ácidos graxos que resultam da hidrólise de muitas
gorduras dietéticas pelas enzimas microbianas são primariamente ácidos
graxos de cadeia longa, dependendo do tipo de gordura. Ácidos graxos
saturados, que são sólidos a temperatura ambiente, são relativamente
insolúveis no fluido ruminal, ao passo que os ácidos graxos insaturados,
são líquidos na temperatura ambiente, solúveis e causam maior efeito na
depressão da digestibilidade da fibra. Os ácidos graxos de cadeia longa não
são absorvidos pela parede ruminal, sendo rapidamente incorporados
dentro da membrana celular das bactérias e protozoários ruminais sendo
que alguns “escapam” e passam para o abomaso.
Os ácidos graxos saturados e insaturados de cadeia longa no
rúmen são modificados pela população microbiana e alteram a fermentação
ruminal, sendo que os ácidos graxos insaturados tem maior efeito adverso
na fermentação do que os saturados. A “cobertura” física da fibra pela
gordura adicionada tem sido proposta como uma possível teoria para
78
explicar a depressão na digestibilidade da fibra, que ocorre em alguns
casos. Por outro lado, a adição de cálcio tem reduzido os efeitos negativos
da adição de gordura sobre a digestibilidade da fibra. Aparentemente, a
suplementação extra de cálcio (0,8 a 1,0 % de cálcio na matéria seca total
da ração) é usada na formação de sabões insolúveis com ácidos graxos de
cadeia longa e que nesta forma são menos prejudiciais aos microrganismos
do rúmen. No abomaso, os sabões de cálcio são dissociados e ficam
disponíveis para a absorção, devido ao baixo pH (mais ácido). Como o pH
aumenta no íleo e intestino grosso, os sabões são reconstituídos e
excretados.
5.6. Funções da Adição de Gorduras
Uma prática recente e que está se tornando comum nas fazendas
leiteiras de vários países tem sido alimentar vacas de alta produção, em
início de lactação, com um aumento na densidade energética da ração
devido ao balanço energético negativo que ocorre nesta fase. Para se
conseguir este aumento na densidade energética, o uso de gordura ou
alimentos ricos em gorduras é um passo natural para aumentar esta
densidade.
O caroço de algodão é um alimento rico em gordura que tem sido
utilizado com sucesso na alimentação de bovinos leiteiros, associado com
quantidades adequadas de forragens.
5.7. Umidade em Gorduras
A umidade é primariamente um indicador do controle e cuidados
usados no manuseio da gordura, podendo afetar negativamente os níveis
de ácidos graxos livres até uma deterioração da gordura estocada. O ideal é
que o nível seja inferior a 0,25%.
Gordura para Bovinos Leiteiros
5.8. Impurezas Insolúveis
Impurezas insolúveis são constituídas de pequenas partículas de
fibra, cabelo, couro, osso, terra ou plástico. Estas impurezas insolúveis
podem causar problemas de obstrução nas narinas e focinho e contribuem
na produção de lama nos tanques de armazenamento. O ideal é que o nível
de impurezas seja inferior a 0,25%.
5.9. Material Insaponificável
Material insaponificável é o material solúvel em gordura pura mas
não combina com soda para formar sabão. Isto é especialmente indesejável
na indústria de sabões. As fontes que contribuem para a insaponificação
incluem impurezas em equipamentos domésticos, restos de gordura e óleo
hidráulico. O ideal é que o nível de material insaponificável seja inferior a
0,50%.
5.10. Ácidos Graxos Totais
O total de ácidos graxos na gordura deve ser superior a 90%,
devido as gorduras naturais apresentarem em seu estado,
aproximadamente 90% de ácidos graxos e 10% de glicerol. Níveis de
ácidos graxos inferiores a 90% podem sugerir que a gordura contém altos
níveis de outros materiais.
5.11. Estabilidade da Gordura
O oxigênio é uma constante ameaça para a estabilidade e potencial
de rancificação de toda gordura. Quando a oxidação ocorre, peróxidos são
formados. A reação de peroxidação (medida em miliequivalentes de
80
peróxido por quilograma de gordura - mE/Kg) leva a formação de vários
sub-produtos, sendo que os principais destes são os radicais livres
responsáveis pelo odor ruím e sabor desagradável de gorduras e óleos
rancificados. Peróxidos em gorduras podem também destruir as vitaminas
A, D e E, aumentando as exigências de suplementação.
O procedimento para determinação da instabilidade da gordura
pode ser medida examinando-se periodicamente amostras de alimentos
armazenados. Dois testes principais são usados para medir a estabilidade
das gorduras: o teste VPI (valor de peróxido inicial) e o teste MOA (método
de oxigênio ativo). O VPI mede o nível de peróxidos na amostra dando uma
boa idéia da qualidade da gordura mas não avalia a estabilidade nas
condições de armazenamento. O MOA é um teste para medir a estabilidade
da gordura e sua resistência na formação de peróxidos. Níveis menores que
20 mE/Kg após 20 horas do teste MOA é uma especificação que pode ser
razoável. Gorduras que são expostas a altas temperaturas e ou umidade,
como os óleos em restaurantes (yellow grease) podem ter um índice maior
que 20 mE/Kg. Independente da quantidade de antioxidantes que possa ser
adicionado a este material, o valor de peróxido não é abaixado.
Normalmente, estas fontes comerciais de gordura (yellow grease) contém
uma combinação de óleos de restaurante, gordura restituída e
antioxidantes.
O uso de gorduras animais e sebo de animais recém abatidos pode
prevenir problemas de palatabilidade.
A adição de antioxidantes, como o etoxiquim, BHT ou TBHQ pode
ser uma prática adequada para assegurar estabilidade e aumentar o tempo
de armazenamento.
Gordura para Bovinos Leiteiros
5.12. Coloração
As gorduras variam na coloração, de branco puro (sebo bovino
refinado) a amarelo (gordura de galinha e óleo de restaurante). A cor é um
importante componente da gordura para a indústria química e de sabões,
mas não afeta o valor nutricional da gordura quando utilizada na dieta dos
ruminantes.
5.13. Adição de Gordura em Rações de Ruminantes
A prática de adicionar gordura em rações de ruminantes não deve
ser generalizada, devido ao aumento de custo que pode representar e por
as exigências energéticas serem atendidas, em vários casos, mediante o
balanceamento de rações com os alimentos convencionais.
Parece ser unânime que esta prática é benéfica para animais em
alta produção, especialmente no início da lactação, onde ocorre um balanço
energético negativo e uma depressão no consumo.
Antes de adicionar gorduras em rações, deve-se considerar os
seguintes pontos:
1 - Nível de produção - a adição parece ser necessária para vacas com
produção superior a 8.000 Kg de leite/lactação;
2 - Nível de grão na dieta - se, a adição de altas quantidades de grãos
(acima de 55 %) causar problemas como acidose e abaixamento no teor
de gordura do leite, a adição de gordura pode ser benéfica;
3 - Reprodução - a adição de gordura pode melhorar a performance
reprodutiva (cio e concepção) em vacas em início de lactação.
4 - Custo relativo da suplementação
82
5.14. Fontes de Gordura mais Comuns
Existe basicamente três formas de suplementar gordura em rações
de ruminantes: gorduras e óleos vegetais que primariamente contém ácidos
graxos insaturados, gordura animal que contém ácidos graxos saturados e
fontes de gordura protegida ou inerte no rúmen.
1 - Caroço de algodão - o caroço integral, com linter, é a forma mais
popular encontrada. O caroço é a única forma que combina proteína,
gordura e fibra em um só alimento. A gordura é insaturada, mas apresenta
uma baixa degradabilidade ruminal, e apresenta um acréscimo de 0,2 a 0,3
% no teor de gordura do leite. O caroço deslintado (mecanicamente ou por
uso de ácido) pode ser usado e é de manuseio mais fácil.
2 - Gordura animal - pode ser derivada de sub-produtos de muitas
espécies, mas é primariamente oriunda de suínos e bovinos, e é
comercializada em outros países com a denominação de “Feed grade
animal fat”;
3 - Banha - derivada principalmente de sub-produtos oriundos do
abate de suínos, podendo ser uma mistura de suínos, bovinos e galinha, é
comercializada em outros países com a denominação de “Choice white
grease”;
4 - Sebo - primariamente derivado de sub-produtos do abate de
bovinos, mas pode conter outras gorduras animais, desde que contenha
ponto de fusão acima de 40,50 C e é comercializado em outros países com
a denominação de “Tallow”;
Gordura para Bovinos Leiteiros
Tabela 5.4 - Composição de algumas fontes de gordura
Fonte de gordura MS,% G,% PB,% FDA, % ELL, %
Caroço de algodão:
com linter 92 18 21 31 2,05
sem linter 90 21 23 23 2,11
Soja grão integral 92 17 39 9 1,94
Girassol 90 40 18 15 2,84
Sebo 99 100 5,84
Banha de porco 99 100 5,84
Óleo de soja 99 100 5,84
Gorduras protegidas:
Alifet 98 92 5,48
Booster Fat 98 95 5,64
Energy Booster 98 100 5,95
Megalac 98 82 4,91
5 - Óleo usado de restaurantes - obtido primariamente de restos de
óleos vegetais usados em restaurantes, pastelarias e outros, podendo ter
coloração escura, alto nível de ácidos graxos livres e altos níveis de
impureza além de sofrer, em alguns casos, um processo de reconstituição.
É comercializado em outros países com a denominação de “Yellow grease”;
6 - Combinação de óleos e gorduras de origem animal ou vegetal,
podendo incluir todos os tipos de gordura animal, óleos vegetais, óleos
vegetais acidulados, sabões e/ou óleos de restaurantes.
84
MINERAIS
PARA BOVINOS LEITEIROS6.1. Introdução
Os minerais são fundamentais na nutrição de bovinos leiteiros,
especialmente para vacas em produção de leite. Os minerais são
requeridos por todos os animais para diversos processos biológicos, mas a
quantidade encontrada em muitos alimentos não são normalmente
suficientes para máximo crescimento ou produção de leite sendo necessária
uma suplementação para compensar a deficiência. Outro aspecto, é que os
teores de minerais dos alimentos variam consideravelmente, devido a vários
fatores, sendo, portanto, aconselhável a análise dos alimentos (forragens)
principalmente de cálcio e fósforo. Cuidados devem ser tomados para que
as quantidades suplementadas não sejam elevadas, para evitar problemas
de toxidez. Discutiremos aqui os principais minerais e sua importância na
nutrição.
6.2. Cálcio
O cálcio (Ca) tem pronunciado efeito sobre o metabolismo ruminal,
produção, crescimento e reprodução.
Os principais efeitos devido a uma deficiência de cálcio na dieta,
resultam em:
85
6
Minerais para Bovinos Leiteiros
- depressão na produção e piora na fertilidade,
- aumento na incidência de febre do leite e retenção de placenta,
- piora no crescimento do esqueleto resultando em fraturas
múltiplas de pernas de animais jovens,
- falta na suplementação ou falha no balanceamento das rações,
especialmente para animais jovens e vacas secas, freqüentemente está
envolvido,
- mais comum de ocorrer em rações ricas em silagem de milho.
Em alguns casos, o cálcio pode estar presente em quantidades
excessivas na dieta, especialmente quando ocorre uma superalimentação
de forragens ricas em cálcio por vacas secas, ou uma super suplementação
de animais, com cálcio. Os principais efeitos devido a um excesso de cálcio
na dieta são:
- depressão na digestibilidade da matéria seca,
- redução na ingestão de alimentos,
- aumento na incidência de febre do leite, retenção de placenta e
infeção urinária, quando presentes em rações de vacas secas e novilhas,
- pode aumentar a incidência de infertilidade, especialmente
problemas císticos quando grosseiramente excessivo.
6.3. Fósforo
Como ocorre com o cálcio, o fósforo (P) é muito importante para o
metabolismo normal do rúmen, reprodução, crescimento e produção.
Os maiores problemas decorrentes de uma ingestão deficiente de
fósforo são:
86
- mais freqüentemente ocorre em animais jovens e vacas secas, ou
quando são utilizadas dietas restritas em concentrado ou pouca
suplementação,
- algumas vezes é um problema devido ao uso de fontes de fósforo
de pior disponibilidade (fosfato de rocha, etc.),
- pode piorar crescimento e fortalecimento dos ossos.
Os maiores problemas relacionados com a ingestão excessiva de
fósforo, que pode ocorrer em rações de vacas leiteiras, geralmente
resultado de uma super suplementação, particularmente quando
consideráveis níveis de sub-produtos são utilizados na dieta, são a redução
da produção e especialmente da reprodução.
6.4. Magnésio
O magnésio (Mg) é importante para manter a fermentação ruminal
normal, crescimento do esqueleto, produção, reprodução e saúde animal.
Uma baixa ou deficiente ingestão de magnésio, geralmente devido a
um desbalanço da dieta ou falta da suplementação, resulta em:
- tetania das pastagens e casos complicados de febre do leite,
- depressão na digestibilidade da fibra,
- altos níveis de uréia no plasma,
- piora na reprodução.
O excesso da ingestão de magnésio, resulta em:
- depressão na ingestão de alimentos, digestibilidade e produção,
- pode resultar em diarréia.
Minerais para Bovinos Leiteiros
6.5. Enxofre
O enxofre (S) é necessário para a síntese de aminoácidos
sulfurosos pelos microrganismos do rúmen. A baixa ingestão de enxofre
pode resultar em uma induzida deficiência protéica. A ingestão excessiva de
enxofre degrada o tecido de fígado e a função hepática. É necessário
acompanhar, periodicamente, a quantidade de enxofre nas forragens e
ajustar a dieta.
6.6. Potássio
O potássio (K) é um mineral essencial para muitas funções do
metabolismo animal.
Uma ingestão deficiente de potássio pelos animais resulta em:
- redução na ingestão de alimentos,
- depressão na produção de leite e no teor de gordura,
- aumenta o stress devido ao calor e umidade,
- pode resultar em paralisia dos quartos dianteiros.
A ingestão excessiva de potássio, principalmente por vacas recém-
paridas e novilhas pode aumentar a congestão no úbere. Isto pode resultar
do uso de leguminosas ou de uma super suplementação com mistura
mineral contendo uma apreciável quantidade de potássio.
6.7. Sódio e Cloro
O sódio (Na) e o cloro (Cl) são dois elementos minerais que
normalmente são supridos pelo sal comum, sendo também encontrados em
alguma quantidade (Cl) em muitos alimentos.
88
O sal deve ser colocado a livre escolha do animal, em cocho
separado.
Uma baixa ingestão de sal, o que mais comumente falta nas dietas
de vacas, resultante de uma deficiência nos suplementos (alguns
suplementos protéicos comerciais apresentam baixo nível de sal para
serem mais palatáveis) ou devido a rações serem balanceadas usando
somente sódio, podendo resultar em uma deficiência de cloro devido ao uso
de tampões, resulta em:
- severos problemas relacionados a congestão do úbere de vacas
secas ou novilhas recém paridas,
- redução na ingestão de alimentos e na produção, bem como
possível aumento na incidência de deslocamento de abomaso,
- piora no balanço ácido-base.
6.8. Microminerais
Um ingestão deficiente de microminerais, iodo (I), selênio (Se),
manganês (Mn), cobalto (Co), molibdênio (Mo), ferro (Fe), cobre (Cu), zinco
(Zn), pode afetar consideravelmente a produção e especialmente a saúde,
como uma extensão da deficiência de proteína e energia.
Preferencialmente, o balanço é feito para Cu, Zn e Se usando
premix minerais contendo outros elementos como o Mn, Fe, Co e I em
proporções apropriadas.
A baixa ingestão de microminerais, pode levar as seguintes causas:
- deficiência de Cu pode resultar de alta ingestão de sulfato,
molibdênio, ferro e manganês, via água, ar ou planta poluída;
Minerais para Bovinos Leiteiros
- baixa ingestão de selênio aumenta a susceptibilidade a infeções
incluindo a de úbere, útero e casco;
- deficiência de cobalto resulta em deficiência de vitamina B12 que é
essencial para o metabolismo. O apetite pode ser reduzido e causar
anemia;
- deficiência de iodo causa uma disfunção da tiróide (bócio) e
hormônios endócrinos.
O flúor e o molibdênio, normalmente, não estão deficientes e sim
estão em excesso, ao ponto de causar toxidez. O excesso de flúor (acima
de 30-40 ppm na ração total) causa problemas nas pernas e casco e piora
na produção. Pode resultar de alto flúor em algumas fontes de fósforo ou
contaminação de forragem pelo ar poluído por indústrias de alumínio,
metais ,e etc. Altos níveis de molibdênio, resultantes de águas
contaminadas , causa uma deficiência de cobre induzida.
A excessiva ingestão de microminerais pode afetar a produção e a
saúde, sendo constatado na análise do sangue ou do fígado e, geralmente
ocorre da super suplementação e algumas vezes da água e de alimentos
contaminados. Excessiva ingestão de iodo pode resultar em valores altos
no leite (acima de 0,5 ppm).
6.9. Suplementação de Minerais para Bovinos Leiteiros
Os minerais precisam ser ingeridos nas quantidades necessárias e
a melhor forma para vacas leiteiras é através da mistura na ração
concentrada ou ração total. Os minerais precisam ser suplementados em
uma única mistura, contendo uma boa fonte de cada mineral, especialmente
em relação a disponibilidade. Se a análise dos minerais em uma ração total
ou no concentrado não estiver nos níveis esperados, deve-se checar se os
níveis de minerais foram adequadamente adicionados a ração ou se os
90
minerais foram adicionados em quantidades adequadas ou se foram
misturados e distribuídos inadequadamente. Cuidados devem ser tomados
para evitar perdas no misturador.
Tabela 6.1 - Concentração máxima e recomendada de minerais em rações de vacas secas e em lactação. (NRC, 1989).
Minerais Vacas secas
Início da lactação
Meio e final da lactação
Concentração
máxima
Macrominerais, em % da MS
Cálcio (Ca), 0,39 077 0,60 2,00
Fósforo (P) 0,24 0,49 0,38 1,00
Magnésio (Mg) 0,16 0,25 0,20 0,50
Enxofre (S) 0,16 0,25 0,20 0,40
Sódio (Na) 0,10 0,18 0,18 -
Cloro (Cl) 0,20 0,25 0,25 -
Potássio (K) 0,65 1,00 0,90 3,00
Microminerais, em ppm
Ferro (Fe) 50 50 50 1000
Cobalto (Co) 0,10 0,10 0,10 10
Cobre (Cu) 10 10 10 100
Manganês (Mn) 40 40 40 1000
Zinco (Zn) 40 40 40 500
Iodo ( I ) 0,25 0,60 0,60 50
Selênio (Se) 0,30 0,30 0,30 2
Minerais para Bovinos Leiteiros
92
VITAMINAS PARA BOVINOS LEITEIROS
As vitaminas são classificadas em dois grupos: solúveis em
gordura(lipossolúveis) e solúveis em água(hidrossolúveis). As vitaminas
lipossolúveis são armazenadas na porção gordura ou lipídica do alimento e
incluem as vitaminas A, D, E e K. As vitaminas hidrossolúveis incluem todas
as vitaminas do complexo B e C. Sob muitas condições, as exigências de
vitaminas são supridas por alimentos de alta qualidade, alimentos naturais,
pela fermentação ruminal e pela síntese que ocorre no tecido. As vitaminas
A, D e E usualmente são encontradas em quantidades significativas em
forragens de excelente qualidade. Todas as vitaminas do complexo B e a
vitamina K são sintetizadas pelos microrganismos do rúmen, enquanto a
vitamina C é sintetizada no tecido corporal.
7.1. VITAMINA A
Todos os animais requerem vitamina A. A vitamina A não é
encontrada nos alimentos como uma vitamina mas como caroteno, um
precursor da vitamina A. O caroteno é convertido a vitamina A na parede
intestinal ou no fígado. Uma miligrama de caroteno é equivalente a 400
USP ou unidades internacionais (UI) de vitamina A para bovinos.
Muitos fatores afetam a disponibilidade e utilização da vitamina A e
caroteno. Os fatores que reduzem ou destroem a potencialidade da
vitamina A são:
93
7
Vitaminas para Bovinos Leiteiros
- presença de nitratos nos alimentos;
- aquecimento dos alimentos durante o armazenamento;
- longos períodos de armazenamento;
- exposição ao ar e luminosidade;
- oxidação de óleos e gorduras nas rações;
- inadequadas quantidades de proteína, fósforo e zinco em rações.
Condições de estresse como baixa temperatura ambiental e doença
aumentam as exigências de vitamina A.
Deficiências de vitamina A incluem degeneração do trato
respiratório, boca, glândulas salivares, olhos, glândulas lacrimais, trato
intestinal, uretra, pulmões e vagina. Tecidos afetados são altamente
susceptíveis a infeções, resfriados e pneumonia. Diarréia e perda de peso
são comuns. Estágios avançados da deficiência são caracterizados por
mudanças nos olhos-queratitis, inflamação dos olhos, escurecimento da
córnea, cegueira noturna e finalmente, cegueira permanente. Vacas em
gestação exibem sintomas de deficiência através do encurtamento do
período de gestação, alta incidência de retenção de placenta, nascimento
de natimortos, bezerros com incoordenação motora e cegos.
7.2. Vitamina D
A vitamina D é conhecida como vitamina do sol ou fator
antiraquítico. A vitamina D ocorre em duas formas: D2 e D3. A vitamina D2 é
mais comumente encontrada nos fenos, palhadas e outras plantas,
enquanto a vitamina D3 é conhecida como a forma animal devido a sua
ocorrência na gordura dos peixes e leite irradiado. Ambas as formas são
iguais em vitamina D potencial e são estáveis durante o armazenamento.
94
A radiação solar ou luz ultravioleta converte certos componentes na
pele em vitamina D. Animais expostos a radiação solar sintetizam vitamina
D que em alguns casos não é suficiente para atender as exigências
nutricionais. Bezerros ou vacas criadas em sistema intensivo, com
cobertura total e que não consumem pelo menos 5 a 6 Kg de feno são,
praticamente dependentes de vitamina D.
7.3. Vitamina D para Vacas Leiteiras
A vitamina D é importante na absorção e subsequente utilização de
cálcio e fósforo do trato intestinal. Deficiências de vitamina D são
externadas pelo redução na disponibilidade de cálcio e fósforo. O primeiro
sintoma de deficiência é o decréscimo nos níveis de fósforo e cálcio no
sangue. Este decréscimo está associado com inflamação e fragilidade das
juntas e fácil quebra dos ossos da bacia. Em algumas condições, cio
silencioso e problemas de baixa fertilidade estão associados com nível sub-
ótimo de vitamina D.
7.4. Vitamina E
Compostos com atividade em vitamina E são conhecidos como
tocoferóis. Existem numerosas formas de tocoferol com atividade
antioxidante, que variam em atividade na vitamina E. O alfa tocoferol tem a
maior atividade em vitamina E. A vitamina E é usada em muitos alimentos
para prevenir a oxidação de outras vitaminas.
A deficiência de vitamina E é rara. Em bezerros, a deficiência é
conhecida como doença do músculo branco, com sintomas que incluem
fraqueza do músculo da perna, alteração dos músculos da língua e eventual
Vitaminas para Bovinos Leiteiros
inabilidade para ficar de pé. Em animais velhos, súbita falha no coração ou
injúria no músculo do coração estão associadas à deficiências crônicas.
Falta de odor no leite é usualmente o primeiro sintoma de
deficiência em vacas leiteiras. A alimentação com altos níveis de vitamina E
(400 a 1000 miligramas/vaca/dia) tem reduzido o odor de oxidação no leite;
entretanto, o custo é alto pois menos de 2% da vitamina E é transferida
para o leite.
Forragens verdes, material folhoso e vários óleos (germe de trigo e
soja) são boas fontes de vitamina E. Sob muitas condições, os alimentos
naturais suprem quantidades adequadas de vitamina E para vacas leiteiras.
Grandes quantidades de vitamina E podem ser armazenadas em vários
órgãos e tecidos corporais.
7.5. Vitamina K
A atividade em vitamina K é essencial para coagulação normal do
sangue. Folhas verdes (frescas ou secas) são boas fontes de vitamina K. A
vitamina também é sintetizada em grandes quantidades no rúmen.
Sintomas de deficiência de vitamina K são hemorragia ou sangramento
excessivo.
7.6. Vitamina C
O ácido ascórbico ou vitamina C não é necessário em rações de
vacas leiteiras devido a síntese corporal. Somente homens, macacos e
cobaias requerem fontes dietéticas de vitamina C.
96
7.7. Vitaminas do Complexo B
As vitaminas do complexo B são sintetizadas pelos microrganismos
do rúmen e muitas são abundantes em alimentos naturais. Portanto, não
existem evidências da necessidade de suplementação de vitaminas do
complexo B para animais com rúmen funcional (6 semanas de idade ou
mais velhos). As vitaminas do complexo B são: tiamina, riboflavina, ácido
pantotênico, niacina, biotina, vitamina B12 , ácido fólico, piridoxina e colina.
Sobre situações de doenças e durante períodos de estress, a
produção de vitaminas B pode ser limitada. A deficiência de cobalto pode
levar a uma deficiência de vitamina B12 , caracterizada por anemia.
Em bezerros, a deficiência de vitamina B pode resultar em:
- tiamina: polineurite (incoordenação das pernas especialmente dos
membros anteriores), perda de apetite, diarréia severa, desidratação e
morte;
- riboflavina: hiperemia (congestão do sangue) na mucosa da boca,
lesões, perda de cabelos, salivação excessiva;
- ácido pantotênico: dermatite escamosa ao redor dos olhos, perda
de apetite, diarréia, convulsões;
- niacina: súbita perda de apetite, diarréia severa, desidratação e
morte;
- biotina: paralisia das pernas traseiras, diminuição da excreção
urinária;
- vitamina B12: decréscimo no apetite e crescimento, fraqueza
muscular e anemia;
- piridoxina: perda de apetite, diminuição no crescimento, ataques
epilépticos e rangimento dos dentes;
Vitaminas para Bovinos Leiteiros
- colina: extrema fraqueza e inabilidade para permanecer de pé.
7.8. Exigências de Vitaminas
As exigências de vitaminas para vacas leiteiras são relacionadas ao
tamanho corporal e estágio de lactação. As vitaminas A, D e possivelmente
E pode ser balanceadas em rações de animais adultos. Bezerros
alimentados com leite integral podem receber suplementação com
vitaminas A, D e E sendo que as vitaminas do complexo B são supridas no
leite. Sucedâneos comerciais podem conter vitaminas A, D e E e todas as
vitaminas do complexo B.
Tabela 7.1 - Níveis recomendados de vitaminas para vacas em lactação (Adaptado do NRC, 1989).
VITAMINA UNIDADE NÍVEL Recomendado
NÍVEL Máximo
TOTAL estimado/dia
A UI/Kg 2.900 a 3.600 30.000 65.250 UI
D UI/Kg 450 4.500 20.250 UI
E UI/Kg 7 900 315 UI
7.9. Suplementação com Vitaminas
Existem dois métodos de suplementação de vitaminas para vacas
leiteiras: oral (via alimento ou água) e injetável.
O método mais comum é misturando um premix vitamínico com
grãos. A adição de 1 a 2,5 Kg de premix vitamínico por tonelada de grãos
98
pode suprir de 4.000 a 6.000 UI de vitamina A e 1.000 a 2.000 UI de
vitamina D por quilo de mistura, o que é adequado.
Vitaminas A, D e E podem ser injetadas intramuscularmente. Uma
dose usualmente provém adequado nível de vitaminas por 3 meses,
dependendo do nível e elementos das vitaminas. Uso de vitaminas
injetáveis durante o período seco e para recém-nascidos aumentará os
níveis de vitaminas no sangue e nos tecidos.
Super suplementação de vitaminas por longos períodos pode ser
evitado. Isto é particularmente importante para vitamina D. Doses maciças
(20.000.000 de UI de vitamina D por dia) iniciada 3 dias antes do parto e
por um máximo de 7 dias consecutivos, tendo sido utilizada para controlar a
febre do leite. Este nível de vitamina é tóxico se utilizado por mais de 7 dias.
O uso contínuo de 60.000 UI por Kg de ração por dia reduz a incidência de
febre do leite em vacas com um histórico prévio de doença, mas aumenta a
incidência em vacas que nunca tiveram esta desordem metabólica.
7.10. Conclusões
Em muitas fazendas leiteiras, adequadas vitaminas ou precursores
das vitaminas são encontradas nos alimentos. Situações onde a adição de
vitaminas são recomendadas são listadas a seguir:
- forragens armazenadas por longos períodos (vitamina A);
- silagem de milho danificada por gelo (vitamina A);
- dieta rica em grãos (vitaminas A, D e E);
- animais estabulados (vitamina D);
- bezerros com leite ou sucedâneo (vitaminas A, D e E);
- resíduos agrícolas (vitaminas A e D);
Vitaminas para Bovinos Leiteiros
- forragem danificada pelo tempo (vitaminas A e D);
- odor de leite oxidado (vitamina E);
- períodos de estresse (vitaminas A, D e E);
- forragem danificada pelo calor (vitamina A).
100
ÁGUA PARA BOVINOS LEITEIROS
A água é o nutriente mais importante na alimentação e saúde
animal, e o mais abundante nutriente no corpo animal em todas as fases do
crescimento e desenvolvimento. O corpo de um bezerro contém de 75 a 80
% de água ao nascimento e aproximadamente de 55 a 65 % no animal
adulto. De todos os animais domésticos, as vacas leiteiras em lactação
requerem grandes quantidades de água em proporção ao seu tamanho,
devido a água constituir cerca de 88 % do leite produzido.
Fontes de água incluem a água obtida do solo ou superfície, água
dos alimentos e água metabólica obtida da oxidação de gorduras e
proteínas no corpo. A ingestão de água usualmente refere-se a água
bebida livremente mais aquela disponível nos alimentos.
A quantidade e qualidade da água podem limitar a produção de
leite, o crescimento e a saúde animal.
O suprimento de água fresca e limpa é necessária para uma
fermentação e metabolismo ruminal normal, propiciar um fluxo adequado de
alimentos, digestão e absorção intestinal adequada, volume sangüíneo
normal e atender as necessidades do tecido.
8.1. Funções da Água
101
8
Água para Bovinos Leiteiros
A água é o meio em que ocorre todas as reações químicas no corpo
animal. No sangue, que contem 80% de água, é vital no transporte de
oxigênio e dióxido de carbono do tecido bem como iniciar o sistema de
suporte da vida do corpo.
As maiores funções da água são as seguintes:
- ideal lubrificante para transporte de alimentos;
- auxilia na excreção;
- regulador da temperatura corporal;
- agente tamponante na regulação do pH dos fluídos corporais.
As propriedades físicas da água são importantes na transferência
do calor e na regulação da temperatura do corpo. O calor específico é a
habilidade para absorver ou dar calor com uma relativa mudança na
temperatura. Desde que a água tem um alto calor específico, é um
importante fator no sistema regulador da temperatura corporal. A restrição
no consumo de água leva a uma diminuição na ingestão de alimentos, na
retenção de nitrogênio e perda de nitrogênio nas fezes. Isto resulta também
num aumento na excreção de uréia na urina. Animais que estão em ganho
de peso requerem mais água que os que estão perdendo peso.
Os animais podem perder toda a gordura e aproximadamente 50%
da proteína corporal e ainda assim sobrevivem, mas se perderem 10% da
água corporal, morrem.
Os animais necessitam um contínuo suprimento de água para
máxima eficiência. Devido as funções da água como lubrificante, transporte
de alimentos e auxílio na excreção de resíduos corporais, a ingestão
precisa ser igual a perda através das fezes, urina e evaporação. Como
exemplo, durante o metabolismo de proteínas, o ácido úrico e uréia são
produzidos e precisam ser removidos através dos rins. A água é necessária
102
para dissolver a uréia, ácido úrico, fosfatos e outros minerais para fácil
passagem através do trato urinário.
8.2. Ingestão de Água
O consumo de água das vacas leiteiras é influenciada por muitos
fatores incluindo raça, tamanho corporal, condições ambientais,
temperatura da água, umidade, suprimento de alimentos, sal e nível de
produção. Geralmente, os bovinos consomem de 4 a 8 litros de água por
cada Kg de matéria seca consumida e um adicional de 6 a 10 litros de água
por litro de leite produzido. Rações com altos níveis de sal ou proteína
aumentam a ingestão de água.
A produção de leite e a ingestão de alimentos diminuem quando a
ingestão de água não é adequada. Em temperaturas ambientais acima de
26 0 C, a taxa respiratória começa a aumentar, aumentando o total de água
perdida através da respiração e transpiração. Aumentando as perdas de
água é o sinal para o animal consumir mais água para repor as perdas.
Tabela 8.1 - Ingestão de água por bovinos leiteiros ( litros / dia).
Categoria Idade Quantidade
Bezerras Holandesas 1 mês 5 a 8 litros
Bezerras Holandesas 2 meses 6 a 9 litros
Bezerras Holandesas 3 meses 8 a 11 litros
Bezerras Holandesas 4 meses 12 a 14 litros
Bezerras Holandesas 5 meses 15 a 18 litros
Novilhas Holandesas 15 a 18 meses 23 a 28 litros
Novilhas Holandesas 18 a 24 meses 28 a 38 litros
Vacas Jersey 15 litros de leite/dia 52 a 60 litros
Vacas Guernsey 15 litros de leite/dia 55 a 62 litros
Vacas Pardo suíça 15 litros de leite/dia 58 a 68 litros
Água para Bovinos Leiteiros
Vacas Holandesas 23 litros de leite/dia 92 a 110 litros
Vacas secas Gestação, 6 a 9 meses 35 a 50 litros
Observação: vacas em lactação em média 4,5 a 5,0 litros por litro
de leite.
A ingestão de água pode ser estimada pela seguinte equação:
IA = 16,0 + 3,48 x MSI + 1,98 x PL + 0,05 x Na + 1,20 x TMS
onde,
IA = ingestão de água, em Kg/dia;
MSI = matéria seca ingerida, em Kg/dia;
PL = produção de leite, em Kg/dia;
Na = ingestão de sódio, em gramas/dia e
TMS = média da temperatura mínima semanal, em 0 C.
Desta forma, a equação para estimar o consumo de água irá alterar
3,48 litros por cada mudança em Kg de matéria seca ingerida, 1,98 litros
por cada litro de leite produzido, 0,05 litros por cada grama de sódio
consumido e 1,20 litros por cada grau celsius alterado na temperatura
média mínima. Normalmente, em temperatura elevadas, a ingestão de
matéria seca e produção de leite diminuem, mas usualmente a ingestão de
água aumenta, particularmente quando não existe sombra nas instalações.
Com sombra, a localização da água em relação a sombra pode ter um
efeito maior no consumo de água. Estudos tem mostrado uma diminuição
no consumo de água em temperaturas altas, quando os bebedouros estão
104
localizados no sol, requerendo que as vacas deixem a sombra para beber
água.
Tabela 8.2 - Estimativa do consumo diário de água para bovinos leiteiros, de acordo com a variação na temperatura ambiental.
Animais MSI > 50 C 100 C 150 C 210 C 260 C >300 C
Bezerras, 90 Kg 8,3 9,1 9,5 11,1 12,7 15,0
Bezerras, 272 Kg 24,9 26,9 31,3 38,4 41,6 46,7
Vaca seca, 635 Kg 13,6 39,6 46,3 53,1 60,2 66,9 73,7
Vaca, 18 litros/dia 16,3 61,4 68,1 74,8 81,6 88,7 95,5
Vaca, 27 litros/dia 18,2 72,9 79,6 86,7 93,5 100,2 106,9
Vaca, 36 litros/dia 20,0 84,7 91,5 98,2 104,9 112,1 118,8
Vaca, 45 litros/dia 21,8 96,2 103,0 109,7 116,8 123,5 130,3
A ingestão de matéria seca e o conteúdo de umidade do alimento
influenciam o total de água consumida. Em geral, vacas em lactação
consomem 1,5 a 2,0 litros de água por litro de leite, sendo que a ingestão
diminui com o aumento no teor de água dos alimentos.
Tabela 8.3 - Efeito do teor de umidade do alimento no consumo de água.
Ingestão 30,7 % 42,6 % 48,3% 53,6%
MS, Kg/dia 13,9 19,3 21,9 24,3
Água, litros/dia
Bebida 68,7 60,6 53,2 43,2
Água para Bovinos Leiteiros
No alimento 14,3 21,2 20,4 18,5
Total 83,0 81,8 73,6 61,7
Dietas ricas em sal, bicarbonato de sódio e proteína, levam a uma
produção anormal de urina, são causas da ingestão excessiva de água.
Os sinais de um a excessiva ingestão de água são: excessiva
produção de urina, fezes anormais em coloração e odor, diarréia.
As possíveis causas de uma inadequada ingestão de água são:
- carência de suprimento,
- inadequada pressão da água para atender as exigências,
quando se usa bebedouros em confinamento,
- baixa qualidade química da água: muito ácida, muito
alcalina, presença de metais, alto conteúdo de sólidos totais dissolvidos,
- poluição,
- presença de bactérias como coliformes fecais ou não
fecais, presença de algas, especialmente do tipo azul-verde, outros.
Os sinais de uma ingestão inadequada de água são fezes secas,
pequena produção de urina, ingestão de água infreqüente, elevação na
concentração de hematócito no sangue, queda considerável e não
explicada na produção de leite, ingestão de urina.
8.3. Qualidade da Água
A qualidade da água é importante para máxima performance de
vacas leiteiras. A água ingerida pelos animais é proveniente de água de
rios, lagos, nascentes e água empossada. Não se pode assumir que os
106
bovinos são resistentes a doenças bacterianas através da água bebida ou
água poluída.
A contaminação da água do estábulo e de poços é devido a
presença de nitratos, pesticidas, algas e certos parasitas como helmintos.
Também, a palatabilidade e odor da água bem como o alto nível de
minerais como ferro e enxofre reduzem o consumo.
8.4. Análises Laboratoriais
A qualidade da água é medida por testes de laboratório obtidos de
amostras retiradas periodicamente da superfície da água.
Os principais teste incluem os seguintes itens:
Químicos:
pH
dureza
sólidos totais dissolvidos
nitratos e nitritos
cálcio e magnésio
sulfato e cloretos
ferro e enxofre
Bacteriológicos:
contagem total de bactérias
Água para Bovinos Leiteiros
coliformes
Físicos:
cor
odor
turgidez
8.5. Qualidade Química da Água
Os testes químicos são a medida da presença na água de
elementos provenientes do solo, sedimentos e rochas. Os elementos
podem estar na forma de íons individuais, pares de íons ou complexos de
diversos ions. Os principais elementos são: hidrogênio, sódio, potássio,
magnésio, cálcio, sílica, cloro, oxigênio, enxofre e carbono.
8.5.1. pH
O pH é a medida da acidez ou alcalinidade. Água abaixo de pH 7,0
é ácida e acima é alcalina. A pH da água consumida pelos animais pode
variar de 6,5 a 8,0.
8.5.2. Dureza
A dureza da água pode ser classificada de acordo com a tabela 8.4.
A dureza não é um problema importante na água bebida pelos
animais. A concentração de elementos tóxicos é mais importante. A dureza
108
é medida pelo total de sabão necessário para desenvolver uma espuma
permanente.
Tabela 8.4 - Nível de dureza da água ingerida por ruminantes.
Grau de dureza mg/litro Descrição
0 a 60 mole
61 a 120 moderada
121 a 180 dura
> 180 muito dura
8.5.3. Total de Sólidos Solúveis (TSS)
O TSS é uma medida de todos os minerais que estão dissolvidos na
água, provenientes da percolação do solo e das formações de rochas. Os
principais ânions inorgânicos na água incluem carbonatos, cloretos, sulfatos
e nitratos. Os principais cations são o sódio, potássio, cálcio e magnésio.
Para água fresca, salinidade e TSS são equivalentes. O TSS fornece um
índice usual para a suscetibilidade de um suprimento de água para uso
animal.
Animais em crescimento toleram concentrações de sais na água
acima de 1%; níveis maiores são tóxicos. Quando a concentração de sais
aumenta para 1,2%, a ingestão de água aumenta. Concentrações maiores
que 1,2% reduzem o consumo de água.
Água para Bovinos Leiteiros
De uma maneira geral, os ruminantes podem tolerar concentrações
de sólidos totais de até 7.000 ppm para vacas leiteiras e 10.000 para
bovinos de corte.
Normalmente, níveis superiores a 10.000 ppm, tornam a água
impalatável. Níveis acima de 5.000 ppm afetam a palatabilidade e se
consumida, produzirá perda de peso e diarréia.
A remoção dos TSS da água é muito difícil e caro.
Tabela 8.5 - Concentração de sólidos totais na água.
Descrição Concentração de TSS mg/litro
Problemas
Água fresca 0 a 1.000 Nenhum problema
Água salobra 1.000 a 10.000 Risco
Água salgada 10.000 a 100.000 Perigoso
Salmoura > 100.000 Imprópria
Levemente salina 1.000 a 3.000 Satisfatória
Moderadamente salina 3.000 a 5.000 Possível diarréia
Muito salina 5.000 a 7.000 Evitar o uso
Próxima a salmoura 7.000 a 10.000 Alto risco
> 10.000 Imprópria
8.5.4. Nitratos e Nitritos
É necessário analisar a água e os alimentos para determinar o total
de nitratos ingeridos. Os resultados do laboratório são expressos em nitrato
de potássio (KNO3 ) ou como nitrato-nitrogênio ( NO3-N).
110
A toxidade ou envenenamento por nitrato é geralmente um
resultante da ingestão de forragens com alto conteúdo de nitrato. O nitrato
em sua forma original não é tóxico mas é na forma de nitrito.
Os nitratos entram no rúmen e são convertidos a nitritos, pelas
bactérias do rúmen antes de serem absorvidos e entrarem no sangue, onde
nesta forma convertem a hemoglobina (pigmento vermelho carregador de
oxigênio) em um pigmento castanho chamado metahemoglobina, que não
carrega o oxigênio. Como esta transformação ocorre no sangue, o animal
mostra tristeza e falta de respiração.
Tabela 8.6 - Níveis de nitrato na água, em ppm.
Conteúdo de NO3
Conteúdo de N-NO3
Problemas
0 a 44 10 Não prejudicial
45 a 132 10 a 20 Seguro se o alimento tem pouco nitrato e dieta balanceada
133 a 220 20 a 46 Pode ser prejudicial se usado por muito tempo
220 a 660 40 a 100 Possíveis perdas, risco para vacas leiteiras
660 a 800 100 a 200 Aumenta a possibilidade de perdas, pouco seguro
acima de 800 acima de 200 Não utilizar
Os sintomas de toxicidade aguda são:
- pulsação rápida,
- espuma na boca,
- convulsões,
- focinho e olhos azulados,
Água para Bovinos Leiteiros
- sangue de coloração achocolatado ou cinzento.
A infusão de uma solução com 4% de azul de metileno é o principal
tratamento terapêutico. Quando a conversão alcança de 70 a 80%, o animal
usualmente morre por asfixia. A toxicidade por nitrato da água é mais
provável ocorrer quando os animais bebem água de tanques ou fosso que
foram contaminados com fertilizantes contendo metais pesados.
Os seguintes fatores de conversão são utilizados quando se trata
de nitratos e nitritos:
Tabela 8.7 - Nitratos e nitritos e fatores para converter uma forma em outra.
Forma A Forma B
N NO2 NO3 KNO3 NaNO3
Nitrato - Nitrogênio 1,00 3,30 4,40 7,20 6,10
Nitrito - Nitrogênio 1,00 3,30 4,40 7,20 6,10
Nitrato (NO3) 0,23 0,74 1,00 1,63 1,37
Nitrito (NO2) 0,30 1,00 1,34 2,20 1,85
Nitrato de Potássio(KNO3) 0,14 0,64 0,61 1,00 0,84
Nitrato de Sódio (NaNO3) 0,10 6,54 0,72 1,20 1,00
Forma B = Forma A x Fator de conversão
8.5.5. Sulfato
Enquanto os níveis de sulfato não são bem definidos, níveis acima
de 500 ppm para bezerros e de 1.000 ppm para animais adultos podem
afetar a ingestão de água. A forma específica de sulfato pode ser
identificada desde formas menos tóxicas a mais tóxicas. Sulfito de
hidrogênio é a forma mais tóxica e quantidades inferiores a 0,1 ppm podem
reduzir a ingestão de água.
112
As formas comuns de sulfato encontradas na água são de cálcio,
ferro, magnésio e sódio. Todas são laxativas mas o sulfato de sódio é a
mais potente. Os bovinos tendem a iniciar resistência ao efeito laxativo
após um período de poucas semanas. Parece que o sulfato de ferro diminui
a ingestão de água mais que outras formas de sulfato.
8.6. Considerações Sobre a Qualidade Química da Água
As seguintes considerações deverão ser feitas com relação a
qualidade química da água para ruminantes:
1 - água considerada dura geralmente não traz efeito adverso para vacas;
2 - a combinação de alta concentração de magnésio e sulfato pode resultar
em fezes moles e diarréia;
3 - o tratamento químico da água para reduzir a concentração de bactérias
não afeta o consumo de água por ruminantes;
4 - alto nível de sulfato pode aumentar a necessidade de cobre;
5 - água ácida com um pH entre 5,1 a 5,5 pode aumentar os problemas
relacionados a acidose, reduzindo a produção de leite, diminuindo o
teor de gordura no leite, diminuindo a ingestão de alimentos, maiores
problemas metabólicos e de infeção e, aumento na infertilidade;
6 - água alcalina com um pH entre 8,5 a 9,0 pode resultar em problemas
relacionados a alcalose (sintomas semelhantes a acidose), podendo
resultar em deficiência de vitaminas do complexo B, devido a uma
diminuição na produção ruminal.
8.6.1. Contaminantes e Elementos Tóxicos
É conhecido a vários anos que os bovinos algumas vezes são
envenenados quando bebem águas de lagos ou represas invadidas por
Água para Bovinos Leiteiros
algas azuis-verdes. Seis espécies de algas tem sido identificadas como
potencialmente causadoras da toxidez. Deve-se evitar que os animais
bebam água de represas que tenham algas em crescimento.
Sob certas condições, a água pode conter níveis de minerais que
são potencialmente tóxicos para os animais. Os elementos mais comuns
são o chumbo, mercúrio e cádmio, entre outros que estão apresentados na
tabela 8.8.
8.6.2. Temperatura da Água
Existe pouca evidência mostrando que a produção animal possa ser
afetada pela temperatura da água em ambientes de clima quente. Águas
armazenadas em bebedouros abertos pode estar sujeita a maior
crescimento bacteriano.
Tabela 8.8 - Limites máximos de substancia tóxicas na água.Elementos mg/litros ou ppm
Alumínio 5,00Arsênico 0,20Cádmio 0,05Cromo 1,00Cobalto 1,00Cobre 0,50Flúor 2,00Chumbo 0,10Mercúrio 0,01Molibdênio 0,50Nitrato - N 100,00Nitrito - N 10,00Selênio 0,05Zinco 25,00
8.7. Testes Bacteriológicos e Físicos
114
Um esforço deve ser feito para que os animais possam beber água
limpa possibilitando a máxima performance possível. Diversos estudos
mostram que bactérias como a E. coli são destruídas pela população
bacteriana no rúmen. A determinação do número de bactérias como a E.
coli na água é essencial para humanos, e de pouco valor para os animais.
Tabela 8.9 - Análise da água para bovinos leiteiros.Item Média Esperado Possível problema
pH, % 7,0 6,8 a 7,5 < 5,5 e > 8,5sólidos totais, ppm 368 < 500 > 3.000alcalinidade, ppm 141 0 a 400 > 5.000Bicarbonatos, ppm 139CO2, ppm 46 0 a 50Cloretos, ppm 20,2 0 a 250 > 2.000Sulfatos, ppm 35,5 0 a 250 > 2.000Flúor, ppm 0,23 0 a 1,2 > 2,4Fosfatos, ppm 1,4 0 a 1,0Dureza total, ppm 208 0 a 180Cálcio, ppm 60,4 0 a 43 > 500Magnésio, ppm 13,9 0 a 29 > 125Sódio, ppm 21, 0 a 3Ferro, ppm 0,8 0 a 0,3 > 0,3Manganês, ppm 0,3 0 a 0,05 > 0,05Cobre, ppm 0,1 0 a 0,6 > 0,6 a 1,0Sílica, ppm 8,7 0 a 10Potássio, ppm 9,1 0 a 20Arsênico, ppm 0,05 > 0,20Cádmio, ppm 0 a 0,01 > 0,05Cromo, ppm 0 a 0,05Mercúrio, ppm 0 a 0,005 > 0,01Chumbo, ppm 0 a 0,05 > 0,10Nitrato-NO3, ppm 33,8 0 a 10 > 100Nitrito-NO2, ppm 0,28 0 a 0,1 > 4 a 10Sulfitos, ppm 0 a 2 > 0,1Bário, ppm 0 a 1 > 10Zinco, ppm 0 a 5 > 25Molibdênio, ppm 0 a 0,068Bactérias / 100 ml < 200 > 1.000.000Coliformes / 100 ml < 1,0 > 15 a 20
Água para Bovinos Leiteiros
Coliformes fecais/100ml
< 1,0 > 10
Streptococcus/100 ml
< 1,0 > 30
8.8. Conclusões
A água representa uma parte vital dos nutrientes ingeridos pelos
animais. Em quantidade, a ingestão de água é maior que a de alimentos. A
qualidade da água afeta o consumo e performance animal. Quando o pH é
menor que 6 e maior que 8,5 pode resultar em problemas para os animais.
Resfriar a água em climas quentes, reduz a ingestão, mas aumenta a
performance. Os bebedouros devem estar localizados em áreas em que os
animais tenham livre acesso. Vacas de alta produção de leite são
dependentes de água limpa, fresca e disponível todo o tempo. Manter os
bebedouros limpos é uma prática recomendada, para que as vacas possam
ingerir mais água.
116
ADITIVOS NAS RAÇÕES DE VACAS LEITEIRAS
9.1. Introdução
Há um grande número de aditivos disponíveis para inclusão nas
rações para vacas leiteiras. Eles podem oferecer aos produtores de leite
uma melhoria na nutrição de suas vacas e aumento de benefícios, quando
usados corretamente. Os aditivos não são disfarces ou substitutos para
rações balanceadas corretamente e boas práticas alimentares. Os aditivos
devem ser vistos sim, como auxiliadores em bons programas alimentares.
Este trabalho pretende revisar a pesquisa de alguns dos aditivos mais
populares e oferecer recomendações em suas utilizações mais efetivas.
9.2. Agentes Tamponantes e Alcalinizantes
Tamponantes são definidos como a combinação de um ácido fraco
e seu sal, os quais neutralizam os ácidos produzidos durante a digestão e
metabolismo dos alimentos. Os verdadeiros tamponantes neutralizam os
ácidos com pequena, ou sem alguma, mudança no pH. Por outro lado, os
agentes alcalinizantes neutralizam os ácidos, mas também aumentam o pH.
Os compostos classificados como tamponantes ruminais são bicarboanto
de sódio, bicarbonato de potássio, carbonato de magnésio e bentonita. Os
compostos alcalinizantes fornecidos ao gado leiteiro são bicarbonato de
sódio e óxido de magnésio. Os agentes tamponantes e alcalinizantes
disponíveis e sua composição estão listados na Tabela 9.1.
117
9
Os agentes tamponantes e alcalinizantes são provavelmente os
aditivos mais comumente usados. Avaliações em NY, centro-oeste e
nacional, indicam que acima de 50% dos produtores de leite estão
fornecendo ou tem fornecido cerca de 75% daqueles tamponantes usados
rotineiramente ou constantemente.
A predominância das informações das pesquisas de tamponantes
indicam que eles são mais efetivos quando as dietas contem 50% ou mais
de matéria seca da forragem como silagem de milho, quando baixas ou
limitadas quantidades de forragens estão sendo consumidas ou quando a
forragem ou os ingredientes da dieta são ligeiramente ácidos. Os
programas de alimentação, nos quais os tamponantes parecem ser os
menos efetivos são quando capins ou silagens de capim constituem a única
ou a principal porção de forragem utilizada na alimentação. A tabela 9.1 nos
dá uma visão da pesquisa sobre tamponantes em relação a utilização de
forragens.
Os agentes alcalinizantes ou tamponantes são freqüentemente
fornecidos para corrigir as quedas na gordura do leite. Diminuições na
gordura do leite ocorrem quando o pH do rúmen cai abaixo de 6 e a
proporção acetato-propionato no rúmen cai abaixo de 2.2 e/ou níveis de
propionato no rúmen excedem 25% molar. Enquanto os tamponantes
podem ajudar a corrigir os testes de baixa gordura no leite, a causa real
para a diminuição, tais como inadequado fornecimento de forragem,
excesso de fornecimento de grãos e forragens fornecidas muito finas
devem ser determinados e corrigidos.
Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras
Tabela 9.1- Tamponantes comuns e agentes alcalinizantes e sua composição
Item Bicarbonatode sódio
Carbonatode sódio
Alkaten AuxiliarRúmen
Óxido deMagnésio
Bicarbonato de sódio 100,0 37,0 34,8
Carbonato de sódio 47,0 43,8
Óxido de Magnésio 71 a 96
Material Inerte 6,1
Sódio 27,4 30,4 28,5 8,8
Magnésio 16,6 43 a 58
Potássio 14,5
Cloro 10,8
Enxofre 3,6
Tabela 9.2 - Respostas experimentais com tamponantes em várias condições de alimentação.
Condição da forragemResposta na
produção de leiteKg/dia
Produto
Ingestão de baixa forragem + 0,8 Bicarbonato Na
Ingestão de baixa forragem 0,0 Oxido de Mg
Ingestão moderada de forragem + 0,7 Bicarbonato Na
Ingestão moderada de forragem + 0,8 Oxido de Mg
Silagem de milho + 1,3 Bicarbonato Na
Silagem de milho - haylage + 1,1 Bicarbonato Na
Silagem de milho - haylage + 1,8 Carbonato de Na
Haylage - 0,1 Bicarbonato Na
Feno - 0,2 Bicarbonato Na
120
Tabela 9.3 - Situações onde a utilização de tamponantes pode ser benéfica.
Situação Descrição
Alimentação com silagem de milho acima de 50 % da matéria seca
Ração com baixa fibra-forragem ração abaixo de 19% de FDA
Forragem finamente moída partícula menor que 1 mm
Forragem fibra longa 50% partícula acima 5 mm
Rações ricas em amido conteúdo grão acima de 55 % da MS
Quantidade de grãos fornecida mais de 3,5 Kg/alimentação
Stress por calor temperaturas acima de 270 C
Baixa gordura no leite Diversas vacas com problemas
9.3. Vitaminas do Complexo B e Colina
Atualmente não existem dados que dêem embasamento para a
adição prática de vitaminas B nas rações para vacas leiteiras.
As vitaminas do complexo B são sintetizadas em quantidades
adequadas pelos microrganismos do rúmen sob muitas condições. A
exceção é a niacina que é suplementada durante os primeiros meses de
lactação, que tem demonstrada melhorar a produção e a sanidade
(discussão posterior).
A colina é uma vitamina do complexo B, que tem recebido atenção
recentemente, como um meio de melhorar a composição e a produção do
leite. Infusões pós-ruminais de colina tem mostrado aumentar a produção
Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras
de leite, porcentagem de gordura e, em um experimento, % de proteína do
leite.
A suplementação de dietas com formas de colina não-protegidas
contra a degradação de proteína microbiana ruminal não mostrou nenhum
aumento de produção. A razão aparente para isso, é que formas não
protegidas de colina são rápida e extensivamente degradadas no rúmen. O
conteúdo e a degradabilidade de colina em alguns alimentos comuns estão
na tabela 9.4.
A exigência pós-ruminal estimada diariamente de colina é 30 g para
uma vaca de leite típica. Para atender essa exigência, uma vaca teria que
consumir cerca de 43,8 Kg de farinha de peixe/dia. Isto não é viável, nem
prático. A suplementação de dietas com cloreto de colina ou estereato para
atender as exigências pós-ruminais resultou em um reduzido consumo
alimentar e não produziu efeitos benéficos. Assim, a suplementação de
dietas de vacas leiteiras com formas não protegidas do rúmen não é
recomendada.
Tabela 9.4 - Conteúdo e degradabilidade ruminal da colina em alguns
alimentos.
Alimento Conteúdo mg/gramas Degradabilidade %
Feno de alfafa 0,43
Cevada 1,84 80,0
Milho 0,68
Glutem de milho 0,60
Silagem de milho 0,38
Farinha de peixe 4,17 83,0
Farelo de soja 2,95 84,0
Cloreto de colina 357,90 99,0
122
Esterearato de colina 162,80 98,0
9.3.1. Niacina
A niacina, uma vitamina do complexo B, é um termo genérico para o
ácido nicotínico ou nicotinamida, os quais são as formas mais ativas de
niacina. A principal função biológica da niacina é uma coenzima envolvida
na transferência do H durante o metabolismo de carboidratos, lipídeos e
proteína. As bactérias do rúmen, geralmente, produzem niacina suficiente
para atender suas necessidades e as necessidades do metabolismo da
vaca. Entretanto, tem sido demonstrado que vacas nas primeiras lactações
quando o consumo alimentar é baixo e as exigências de nutrientes são altas
respondem a suplementação dietética com niacina.
Em 25 experimentos de pesquisa sumarizados por Hutjens (1990),
17 dos experimentos relataram um aumento na produção de leite (média de
1,2 Kg/dia) com suplementação de niacina. Uma resposta menos
consistente foi encontrada para % de gordura de leite com somente 13 dos
21 experimentos mostrando um aumento com a suplementação de niacina
(resposta média foi de 0.21% de unidades acima do controle). Tem sido
sugerida que o fornecimento de niacina em dietas com alta gordura
poderiam ajudar a aliviar a diminuição na % de proteína do leite,
comumente observada com estas dietas. Um sumário das pesquisas
recentes com dietas ricas em gordura estão na Tabela 9.5. Parece que a
niacina realmente aumentou a % de proteína do leite neste experimento,
mas tendeu a diminuir a % de gordura no leite e a produção de leite. Como
e onde a niacina age na vaca para aumentar a % de proteína do leite resta
ser elucidado.
Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras
Tabela 9.5 - Resposta na produção a suplementação de niacina em dietas
contendo gordura suplementar.
Local Controle
Leite
Kg/dia
Controle
Gordura
%
Niacina
Leite
Kg/dia
Gordura
unidade
%
Proteína
unidade
%
TX-1986 31,6 3,38 - 1,5 - 0,16 + 0,18
TX-1988 29,9 4,03 + 0,5 - 0,12 - 0,11
WI-1989 42,0 3,15 - 0,7 - 0,03 + 0,02
IL-1990 38,2 3,36 + 1,1 - 0,01 + 0,13
WI-1990 38,5 3,38 - 1,7 + 0,07 + 0,15
MÉDIA - 0,5 - 0,05 + 0,07
Tem sido mostrado que a niacina ajuda a prevenir a cetose. Como a
niacina age não está claro, mas parece ser através da regulação da perda
do peso corporal. Através da diminuição da liberação de gordura da reserva
corporal, a vaca pode utilizar mais efetivamente a gordura corporal, e
assim, prevenir a cetose.
Os resultados geralmente positivos das pesquisas indicam que a
niacina deveria ser suplementada (6 g/dia) para vacas de alta produção
(acima de 9.072 Kg de leite) começando duas semanas antes do parto até
a parição e continuando até 90 dias. Ótimas respostas são encontradas
quando vacas secas tem uma condição corporal maior que 3. Vacas
magras, de baixo peso não responderam ou responderam negativamente a
suplementação com niacina.
124
9.3.2. Colina
A colina é usada para minimizar a formação de gordura no fígado e
melhorar a neurotransmissão. O principal uso é para vacas secas, duas
semanas antes do parto, para vacas com experiência anterior em cetose e
perda de peso, na quantidade de 30 g por dia, devendo ser protegida da
degradação ruminal.
9.4. Outros Aditivos
9.4.1. Enzimas
Este autor desconhece qualquer informação de pesquisa publicada
de fornecimento de enzimas para gado leiteiro. Tem sido publicada alguma
pesquisa de produtos comerciais contendo enzimas na adição de alguns
outros aditivos alimentares, mas o efeito das enzimas sozinhas não podem
ser separadas de outros aditivos alimentares.
Em uma revisão de algumas pesquisas limitadas de enzimas em
dietas de ruminantes, Kung (1990) concluiu que a adição de enzimas em
dietas de animais com rumens funcionais seriam de pequeno benefício,
uma vez que as enzimas parecem ser extensivamente degradadas pelos
microrganismos do rúmen.
9.4.2. Probióticos
Probiótico é um suplemento alimentar microbiano vivo, que afeta
beneficamente o animal hospedeiro por aumentar seu balanço microbiano
intestinal (Fuller, 1989). Esta definição separa os probióticos, que são
usualmente constituídos de Lactobacillus ou espécies de Streptococcus,
Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras
das leveduras, fungos e outros microrganismos aeróbicos, os quais não são
viáveis nas condições anaeróbicas dentro dos intestinos.
Existe no trato uma população bacteriana natural de proteção. Esta
população é relativamente estável, mas pode ser alterada por fatores
dietéticos e ambientais. O fator mais comum associado com mudanças na
flora do trato é o stress (transporte, lotação, mudanças climáticas,
mudanças alimentares, parição e problemas de saúde). Entretanto, uma
definição exata de stress e o grau de stress exigido para alterar a microflora
do trato é difícil de ser estabelecida.
São limitadas as Informação sobre a utilização de probióticos na
alimentação e manejo de vacas leiteiras. A maior parte das informações
existentes sobre probióticos são com vacas estressadas ao parto. Tem sido
mostrado que o fornecimento de probióticos após a desmama ou transporte
aumenta o consumo alimentar, o ganho diário e a eficiência alimentar. Em
dois experimentos com vacas em lactação, fornecendo-se um lactobacillo
acidófilo houve um aumentou significativo da produção de leite em 1,8
Kg/vaca/dia durante o período experimental (Jaquette et al., 1988 and Ware
et al., 1988).
O modo de ação dos probióticos é incerto. Eles podem exercer os
seus efeitos benéficos através de antagonismo contra grupos específicos
de organismos patogênicos, uma atividade enzimática aumentada no trato
ou pela estimulação da imunidade. Seja qual for a forma que exercem seus
efeitos, devem ser ingeridos em um número suficiente para passar através
do rúmen e abomaso e se estabelecer nos intestinos.
A maior parte das vezes o fornecimento de probióticos é
imediatamente posterior a parição, durante períodos de inapetência ou
diarréia. Não são disponíveis dados suficientes para se fazer
recomendações nos benefícios alimentares contínuos ou qual(is) espécie(s)
de bactéria(s) seria(m) mais benéfica(s).
126
9.4.3. Leveduras e Fungos
Leveduras, culturas de levedura e culturas de fungos são
freqüentemente consideradas sinônimos, mas são na verdade, um pouco
diferentes. A espécie mais comum de fungo na alimentação é a
Saccharomyces cerevisiae. Ela pode estar em uma forma não fermentativa
ou em um forma de levedura seca, mas a definição de levedura sozinha
indica que ela está separada do meio no qual ela cresceu. A definição de
cultura de levedura é um produto seco composto de levedura fermentável e
o meio no qual ele cresceu. Os extratos de fungo (meio seco com
organismos) são principalmente de espécies de Aspergillus oryzae ou A.
niger.
Pesquisas recentes sobre os efeitos do fornecimento de produtos
de leveduras e fungos na produção de leite, composição do leite e consumo
de matéria seca são mostrados na tabela 9.6. Os resultados destes
experimentos são semelhantes aqueles revisados por Chase (1989) de
pesquisas anteriores nas quais as respostas de produção para alimentação
com leveduras e culturas de leveduras são inconsistentes.
O modo de ação das culturas de fungos e leveduras e extratos é
desconhecido. A microflora do rúmen ou mudanças de parâmetros
associados com o fornecimento destes produtos não podem ser
diretamente atribuídas a alimentação com microrganismos vivos, assim
como alguns produtos também não contém organismos viáveis e alguns
produtos também contém compostos adicionais que podem alterar os
padrões de fermentação ruminal. Leveduras e fungos produzem enzimas
tais como amilases, proteases, lipases e celulases e também são boas
fontes de vitaminas do complexo B.
Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras
Mudanças nas fermentações do rúmen ou parâmetros ruminais
atribuídos a alimentação com levedura e fungo são:
1. Aumento da digestão de celulose pela bactéria;
2. Digestão aumentada de fibra, aumento na digestão da fibra;
3. Utilização incrementada do ácido lático pela bactéria ruminal;
4. Produção aumentada de ácido propiônico no rúmen;
5. pH do rúmen mais estável.
Tabela 9.6 - Resumo de diferentes pesquisas que mostram a ação de fungos e leveduras na alimentação de bovinos leiteiros.
CONTROLE ADITIVO
ANO MSI PL % G % P MSI PL % G % P
1987 35,6 38,9
1988 20,9 30,4 3,20 3,17 21,4 30,7 3,33 3,13
1989 19,6 26,3 3,42 3,44 19,0 25,6 3,46 3,50
1990 17,8 26,0 3,9 3,2 17,8 27,2 3,9 3,2
Resta investigar se estes produtos realmente alteram as
fermentações do rúmen, se apresentam um efeito metabólico no animal ou
aumentam o consumo alimentar.
A inconsistência dos resultados de pesquisa nas dietas para vacas
em lactação tornam difícil a definição de situações específicas de uso de
aditivos de leveduras e fungos. Parece que vacas na primeira lactação com
128
dietas relativamente altas em grãos são as melhores candidatas para o uso
destes produtos.
9.4.4. Sais Aniônicos
Os sais anionicos são utilizados visando aumentar os níveis de
cálcio sangüíneo, pela estimulação da mobilização do cálcio do osso e
maior absorção de cálcio no intestino delgado. O principal uso é para vacas
secas, duas a três semanas antes do parto, na quantidade de 100 g (como
cloreto de amônio ou sulfato de magnésio), ajustando os níveis de cálcio
para 100 a 150 gramas/dia.
9.4.5. Betacaroteno
O betacaroteno é utilizado visando melhorar a performance
reprodutiva, a resposta a imunidade e controlar mastite. O principal uso é
para vacas em início de lactação e período de predisposição a mastite, na
quantidade de 200 a 300 g/dia.
9.4.6. Lasalocid
O lasalocid, um ionóforo, atua na melhoria da produção de ácidos
graxos voláteis, diminuindo a produção de metano, melhorando a eficiência
alimentar e prevenindo problemas de coccidiosis em bezerros. O principal
uso é para bezerros (prevenir coccidios) e novilhas em crescimento
(melhorar o crescimento e o uso de alimentos), na quantidade de 60 a 200
mg/animal/dia.
9.4.7. Análogo da Metionina
Aditivos nas Rações de Vacas Leiteiras
A metionina análoga é utilizada visando minimizar a formação de
gordura no fígado, controlar a cetose e melhorar a gordura do leite. O
principal uso é para vacas em inicio da lactação, recebendo altos níveis de
concentrado e limitada proteína dietética, na quantidade de 30 g/dia.
9.4.8. Monensina
A monesina, um ionóforo, atua na melhoria da fermentação ruminal,
melhorando a eficiência alimentar e prevenindo problemas de coccidiosis
em bezerros. Sua principal utilização é na prevenção de coccidios em
bezerros e novilhas em crescimento acima de 200 Kg de PV ,melhorando o
crescimento e o uso de alimentos, na quantidade de 50 a 200
mg/animal/dia.
9.4.9. Ácido Propiônico
O ácido propiônico é um inibidor da formação de mofos e
preservativo para silagens de alta umidade, feno úmido e silagem pré-
secada. O principal uso é aplicar nas forragens ou grãos antes do
armazenamento ou da ensilagem, na quantidade de 0,15 a 0,60 %,
dependendo da umidade.
9.4.10. Inoculantes Bacterianos de Silagens
Os inoculantes (bactérias) são utilizados para estimular a
fermentação da silagem, reduzindo as perdas de matéria seca, diminuindo a
temperatura da silagem e aumentando a produção de ácidos graxos
voláteis. O principal uso é aplicar nas silagens (acima de 60% de umidade),
forragens de primeiro ou ultimo corte (devido ao natural nível baixo
130
bacteriano) e ambiente de pior fermentação, na quantidade de 100.000
organismos/grama de silagem ou 90 bilhões por tonelada.
9.4.11. Inoculantes Enzimáticos de Silagens
Os inoculantes enzimáticos de silagens, são utilizados com a
função de digerir a parede celular das plantas para serem utilizadas pelas
bactérias lácticas, abaixando o pH e melhorando a taxa e extensão da
digestibilidade da forragem. O principal uso é aplicar nas silagens. A
quantidade adequada ainda não está clara.
ALIMENTOS CONCENTRADOS PARA BOVINOS LEITEIROS
10.1. Introdução
Muito dos alimentos concentrados utilizados na alimentação de
bovinos leiteiros representam sub-produtos resultantes do processamento
de alimentos para humanos. As rações de vacas leiteiras são formuladas
com sub-produtos e alimentos volumosos que não podem ser usados para
consumo humano. Existe uma variedade enorme de materiais que podem
ser usados.
Procuraremos discutir os alimentos que podem ser utilizados, seu
valor nutricional e restrições.
10.2. Farelos de Sementes de Oleaginosas
Farelos de algodão, amendoim, soja, girassol e canola são
suplementos ricos em proteína e excelentes fontes de energia (podem ser
usados como energia quando consumidos em excesso das exigências
nutricionais). Para vacas em lactação, os farelos de algodão, amendoim e
de girassol podem ser usados em substituição ao farelo de soja. O farelo de
girassol, que normalmente é alto em fibra precisa ser restrito a 20 a 25% da
mistura de grãos, devido a sua palatabilidade. O farelo de canola é similar
ao de girassol (alto em fibra) com baixos teores de energia: o valor
131
10
energético relativo ao farelo de soja é baixo. Geralmente, o farelo de soja e
o farelo de algodão são as fontes mais preferidas de proteína natural.
10.2.1. Farelo de Soja
O farelo de soja é o subproduto obtido após a extração do óleo do
grão de soja. Dependendo do processo de extração (expeller ou solvente),
o farelo pode ter de 44 a 48% de proteína. A proteína do farelo da forma de
expeller é menos degradável no rúmen que a obtida de solvente. O farelo
de soja tem altos níveis de proteína e energia e é de alta palatabilidade.
10.2.2. Farelo de Algodão
O farelo de algodão é o sub-produto obtido após a extração do óleo
do caroço de algodão, tendo variado nível de óleo em decorrência do tipo
de processamento. O farelo de algodão tem de 30 a 38% de proteína e,
aproximadamente, 90% da energia contida no farelo de soja e é de boa
palatabilidade. O farelo de algodão pode substituir totalmente o farelo de
soja em rações de vacas, apesar de apresentar o gossipol em níveis que
não afetam a vaca, a não ser quando utilizado em combinação com o
caroço de algodão inteiro. Neste caso, o gossipol “passa” pelo mecanismo
ruminal de desintoxicação (escapa da quebra no rúmen), entra na corrente
sangüínea, se ligando ao Fe da hemoglobina, criando a toxidade por
gossipol e possivelmente levando a morte súbita do animal. Portanto, para
vacas leiteiras em alta produção, o farelo de algodão tem que ser limitado a
35 a 40% da mistura concentrada ou quando houver adição de caroço de
algodão; o total (caroço mais farelo) deve ser limitado a 4,5 Kg/animal/dia.
10.3. Sementes de Soja e Algodão
Alimentos Concentrados para Bovinos Leiteiros
10.3.1. Semente de Soja
A semente de soja (soja grão) é um alimento rico em proteína,
energia e gordura, que deve ser utilizado em níveis máximos de 2,5 a 3,5
Kg/vaca/dia ou incluída na mistura concentrada (até níveis máximos de
20%). É recomendável que o grão seja moído ou triturado, antes da
utilização na alimentação, não devendo ser armazenado desta forma por
mais de uma semana pois pode rancificar. Quando o grão é tostado, torna-
se uma excelente fonte de proteína não degradada no rúmen, além de
destruir a urease.
10.3.2. Caroço de Algodão
O caroço de algodão é um alimento que apresenta moderado nível
de proteína, alta gordura, fibra e energia. O caroço pode ser encontrado
com linter ou deslintado (sem linter), que apresenta um pouco mais de
proteína e gordura. A utilização de caroço de algodão deslintado no qual se
utilizou ácido, não é recomendado. O caroço de algodão pode substituir
parte da fibra do volumoso para vacas leiteiras e pode ser utilizado até
níveis de 3,5 Kg/cabeça/dia. A utilização do caroço de algodão inteiro
apresenta melhores resultados que o caroço na forma moída ou triturada. O
caroço devido a sazonalidade, precisa ser armazenado, recomendando-se
que seja em lugar limpo, seco, com umidade de no máximo 13%, pois
níveis acima podem desenvolver Aspergillus flavus, que é um fungo
produtor de aflatoxina, extremamente tóxica para bovinos.
10.4. Sub-Produtos Ricos em Fibra
10.4.1. Polpa de Citrus
A polpa de citrus, seca e peletizada é um sub-produto da indústria
de processamento da laranja, constituída de casca, polpa de frutos inteiros
descartados, sendo freqüentemente utilizada na dieta de vacas em lactação
em outros países. A polpa contém aproximadamente 6 % de proteína, 11%
de fibra bruta e 70 a 75% de NDT. Geralmente é restrita a 10-15 % da
mistura concentrada mas pode ser utilizada até 25% sem problemas. A
vaca gosta da polpa e consome rapidamente, mas precisa de um período
para adaptação a polpa.
A polpa é uma boa fonte de fibra digestível e energia, devendo-se
cuidar com o cálcio, pois chega a ter 2% de cálcio.
10.5. Sub-Produtos Moídos
10.5.1. Farelo de Trigo
O farelo de trigo consiste primariamente da casca da semente,
resíduos de grãos, sendo utilizado para promover volume, tendo um efeito
laxativo. O uso tem que ser restrito ao máximo de 20% da mistura
concentrada.
10.5.2. Farelo de Arroz
O farelo de arroz é composto da casca da semente e gérmen, que
são removidos durante o processamento de polimento do arroz para
consumo humano. Pode ser usado como o farelo de trigo, restrito ao
máximo de 15% da mistura concentrada.
10.5.3. Glúten de Milho
Alimentos Concentrados para Bovinos Leiteiros
O glúten de milho consiste principalmente do glúten, separado no
processo úmido de produção do amido. É um alimento pesado e
concentrado, podendo ou não conter compostos solúveis do milho. É uma
excelente fonte de proteína (e proteína não degradada no rúmen) e energia
(ligeiramente superior ao grão) para vacas leiteiras quando adequadamente
balanceado com outros alimentos( até 15% da mistura ou no máximo 2,5
Kg/dia/cabeça). Não é muito palatável.
10.5.4. Farelo de Glúten de Milho
O farelo de glutem de milho consiste do glúten e da casca do milho,
podendo ou não conter outros compostos solúveis. É uma boa fonte de
proteína (aproximadamente 22%, de alta degradabilidade no rúmen) e
energia comparável ao sorgo, e quando o custo não é proibitivo, pode ser
utilizado até 50% da mistura de concentrado. Apresenta média
palatabilidade média. Sendo que na forma úmida, é mais palatável que na
forma seca.
10.6. Sub-Produtos de Origem Animal
10.6.1. Farinha de Pena de Aves Hidrolizada
É um produto que não é extensamente usado na ração de vacas
leiteiras devido ao odor e palatabilidade. Contém mais de 85% de proteína,
sendo 70% não degradada no rúmen, mas apresenta uma digestibilidade
intestinal média e um péssimo balanço de aminoácidos. É uma boa fonte de
enxofre, sendo restrita sua utilização a no máximo 10% da mistura
concentrada.
10.6.2. Farinha de Sangue
Produto constituído de sangue coagulado, seco e moído, na forma
de farinha. É rica em proteína bruta (80 %), com alto nível de proteína não
degradada no rúmen (acima de 80%), sendo uma fonte de aminoácidos de
excelente qualidade. Entretanto, o método de processamento pode afetar a
qualidade do produto. A farinha de sangue pode causar problemas de
qualidade e os animais precisam ser adaptados ao seu consumo
gradualmente. A farinha de sangue precisa ser limitada a no máximo 0,5 a
1,0 Kg/cabeça/dia.
10.6.3. Farinha de Carne e Osso
A farinha de carne e osso é o produto restituído do tecido animal,
incluindo ossos, que contém em torno de 54% de proteína, sendo 50%,
aproximadamente, não degradada no rúmen. Devido ao conteúdo de ossos,
o nível de cálcio e fósforo é alto. Desde que o conteúdo químico da farinha
de carne e osso pode variar sensivelmente, precaução deve ser tomada na
aquisição e formulação de dietas. A farinha de carne e osso não é palatável,
deve ser introduzida gradativamente além de ser limitada a 0,5 a 1,0
Kg/vaca/dia.
10.6.4. Farinha de Peixe
A farinha de peixe, sub-produto da industrialização de pescados,
contém mais de 60% de proteína, da qual 65% é não degradada no rúmen.
A farinha de peixe tem um excelente balanço de aminoácidos, sendo rica
em metionina e lisina. Entretanto, considerável variação na degradabilidade
ruminal ocorre devido a diferentes métodos de processamento. A farinha de
peixe é rica em cálcio e fósforo. Por causa do odor e gosto, a aceitabilidade
da farinha de peixe pode ser um problema, sendo que as vacas precisam
Alimentos Concentrados para Bovinos Leiteiros
serem adaptadas lentamente. A farinha de peixe deve ser utilizada no nível
máximo de 1,0 Kg/cabeça/dia, para vacas em alta produção.
10.6.5. Sebo
O sebo é 100% gordura e não supri outro nutriente para a ração a
não ser energia, apresentando uma alta densidade energética (177% de
NDT). Quando a gordura da dieta vem de fontes naturais que não são
protegidas (óleos, sebo) o total de gordura não pode exceder a 6% da ração
total.
10.6.6. Gorduras Inertes Ruminalmente
São gorduras insolúveis ou não degradadas no rúmen, que tem
pequeno efeito sobre os microrganismos ruminais, podendo exceder a 6%
do total da dieta, se necessário, para atender as exigências de produção.
Os métodos de produção destas gorduras ruminalmente inertes incluem a
hidrogenação de ácidos graxos insaturados, encapsulação da gordura em
uma matriz para proteger do rúmen e ligação química de óleos vegetais
(óleo de palma) com cálcio para formar um complexo insolúvel
ruminalmente. Estas gorduras tem alta densidade energética e são
limitadas a 500 gramas por dia. Devido a seu alto custo, elas são
freqüentemente usadas quando a suplementação dietética de gordura
alcançou nível de energia máximo e energia adicional é necessária. Em
geral, usa-se 1/3 da gordura dietética de fontes naturais, 1/3 de fontes de
gordura disponíveis para o rúmen (óleos, sebo) e 1/3 de fontes de gordura
inertes.
10.6.7. Soro de Leite
O soro de leite, é a porção líquida separada do leite coalhado
durante a fabricação do queijo. São obtidos basicamente dois tipos de soro
dependendo do tipo de queijo produzido: o soro doce, com pH = 6,0 e o
soro ácido, com pH = 4,6,. O pH de ambos os soros pode cair para 3,5
após 2 dias, o que o torna pouco palatável, tendo, portanto, de ser utilizado
diariamente. O soro é altamente corrosivo, dificultando o armazenamento.
As vacas precisam adaptar-se ao soro lentamente, mas uma vez
adaptadas, as vacas consomem aproximadamente 2/3 da sua ingestão
normal de água como soro. Em base de matéria seca, o soro eqüivale ao
milho em NDT, contendo 1/3 a mais de proteína. A ingestão de soro
aumenta a quantidade de urina excretada.
Tabela 10.1 - Composição de alguns alimentos comumente usados na alimentação de bovinos leiteiros.
ALIMENTO MS%
PB%
PDR%
EE %
FDN%
FDA%
FB % Ell Mcal
NDT %
Ca % P%
Quant. na
raçãoFarinha de
sangue92 80 18 1,3 0 0 1 1,04 61 0,28 0,23 1,5 Kg
Polpa de citrus
91 6 80 3,3 11,5 71 1,7 0,10 20 %
Far. Glúten milho
90 23 75 2,2 45 12 8,7 1,92 75 0,32 0,73
Glúten de milho
91 67 45 2,4 14 5 4,3 2,07 78 0,19 0,45
Caroço de algodão
92 21 55 18 44 34 22 2,22 87 0,19 0,41 25 %
Farelo de algodão
91 41 56 1 28 21 13 1,63 69 0,20 1,10 40 %
Farinha de penas
93 85 29 3 0 18 1 1,54 65 0,26 0,66 0,5 Kg
Farinha de peixe
92 61 35 9,6 0 0 0,9 1,67 67 5,2 2,9 1 Kg
Far. Carne e osso
93 50 51 9,6 0 0 2,2 1,67 66 10,3 5,1 1,5 Kg
Farelo de arroz
91 13 13,5 12 64 0,07 1,54 15 %
Alimentos Concentrados para Bovinos Leiteiros
Grão de soja 90 38 74 18 13 10 5 2,11 84 0,25 0,59 25 %Farelo de
soja89 45 65 1 14 10 6 1,94 75 0,26 0,60
Farelo de girassol
93 46 74 3 39 21 11 1,48 60 0,40 0,91 30 %
Sebo 99 0 0 98,5 0 0 0 - 175 0 0Soro de leite 14 90 0,7 0 0 0 1,87 0 0
ALIMENTOS VOLUMOSOS PARA BOVINOS LEITEIROS
11.1. Introdução
Os alimentos são classificados como forragens (volumosos) e
concentrados, mas está divisão não é sempre claramente definida.
As forragens são caracterizadas inicialmente como fibrosas (mais
de 18 % de FB) ou volumosa e geralmente representam a porção
vegetativa da planta. O conteúdo de energia digestível das forragens
geralmente é menor em unidade de peso ou volume que os concentrados,
sendo que a maior parte desta energia deriva da celulose ou hemicelulose.
11.2. Leguminosas e Gramíneas
As leguminosas e gramíneas são as principais fontes de forragem
para bovinos leiteiros. Estas forragens são excelentes fontes de proteína,
caroteno, cálcio e outros minerais se cortadas ou armazenadas
adequadamente.
Forragens de alta qualidade podem representar 2/3 da ração com
os animais consumindo de 2,5 a 3,0 % do seu peso, em base de matéria
seca, como forragem, além de suprir muita das necessidades de proteína e
energia para produção de leite. Fatores importantes na determinação da
qualidade é a idade ao corte e o estágio de maturação da planta: com
maturidade avançada, as plantas decrescem em proteína, energia, cálcio,
139
11
fósforo e matéria seca digestível enquanto aumenta a fibra (FDN, FDA e
lignina). A lignina é indigerível e normalmente afeta a digestibilidade de
outros nutrientes.
As leguminosas e as gramíneas podem ser utilizadas com silagem,
silagem pré-secada ou como feno. A silagem e a silagem pré-secada
oferecem a vantagem de menores perdas de folhas , menor tempo para
curtir ao sol e usualmente redução do trabalho no manuseio.
11.2.1. Silagem de Milho
Uma boa silagem de milho normalmente contém cerca de 50 % de
grãos com base na MS. É uma excelente fonte de energia e se produzida
adequadamente, as vacas consomem em grandes quantidades, mesmo
tendo-se em consideração que os animais necessitam de suplementação
de proteína e minerais.
11.2.2. Silagem de Sorgo
O sorgo pode ser usado como silagem em determinadas áreas que
não apresente problemas de doenças, pragas e manejo. A silagem de sorgo
é igual em produção a de milho, mas os grãos de sorgo usualmente não
produzem tão bem quanto o milho. O potencial de ingestão e de energia é
mais baixo que o do milho.
11.3. Palhadas
As palhadas de milho, trigo, aveia, feijão, etc. normalmente são
baixas em energia, proteína, minerais e vitaminas. Elas devem ser limitadas
na ração para vacas em lactação e usadas somente quando fibra adicional
é necessária. Se adequadamente suplementadas, algumas palhadas
podem ser utilizadas para vacas secas e novilhas mais velhas.
11.4. Sabugo
O sabugo de milho, adequadamente suplementado pode ser
utilizado em rações de vacas secas e novilhas. Normalmente é baixo em
proteína e energia e não é recomendado para alimentação de vacas em
lactação.
11.5. Pastagens
Se bem manejadas, as pastagens são uma boa fonte de nutrientes.
Elas tem uma vantagem adicional de eliminar a necessidade de manejo
manual do material. Adequada fertilização e manejo são necessários para
manter uma boa pastagem. A movimentação dos animais e a manutenção
de cercas são as maiores desvantagens. Freqüente rotação de pequenos
lotes reduz perdas, mas requer maior mão de obra.
Como a quantidade e qualidade das pastagens muda durante o
inverno, os animais necessitam ser suplementados com forragens
armazenadas ou outros alimentos.
11.6. Forragem Picada
A utilização de forragem verde, picada no cocho tem a vantagem de
reduzir as perdas no campo. Entretanto, picar forragem todo dia pode ser
um grande problema durante épocas de chuva ou durante picos de
trabalho.
11.7. Estimativa da Digestibilidade e Conteúdo de Energia
O teor de FDA das forragens é altamente correlacionado a
digestibilidade: aumentando o FDA a digestibilidade da MS e o NDT ou o
conteúdo de energia da forragem decresce.
Estimativas da digestibilidade e conteúdo de energia das forragens
do FDA pode ser estimado pela seguinte equação (base de MS):
· Leguminosas e gramíneas:
NDT, % = 88,9 - (% FDA x 0,779)
Ell , Mcal/Kg = {0,486 - (% FDA x 0,0138)}/ 0,454
· Silagem de milho:
NDT, % = 87,84 - ( % FDA x 0,7 );
Ell , Mcal/Kg = { 94 - (% FDA x 0,8)} / 0,454.
O teor de FDN é um indicador da ingestão de matéria seca:
· MSI, % do PV = 120 / % FDN na forragem
MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERROS EM ALEITAMENTO
12.1. Introdução
O programa de alimentação de bezerros recém-nascidos até a
desmama é fundamental para assegurar o bom desempenho dos
animais após a desmama, além de ser nesta fase onde ocorre maiores
problemas de mortalidade de animais.
Nesta fase, a alimentação terá que prover nutrientes necessários
para manutenção das funções vitais do corpo e para o crescimento e
reduzir a incidência e severidade das diarréias.
12.2. Sistema Digestivo dos Bezerros
Ao nascer e durante as primeiras semanas de vida, o rúmen,
retículo e omaso dos bezerros são subdesenvolvidos. Ao contrário de
uma vaca adulta, o abomaso é o maior compartimento do estômago. No
primeiro estágio de vida o rúmen não é funcional e alguns alimentos
digeridos pelos animais adultos não podem ser utilizados pelos bezerros.
Durante o aleitamento o leite “sobre passa” o rúmen via goteira
esofágica, diretamente para o abomaso.
Durante o tempo em que o bezerro ingere leite o rúmen continua
subdesenvolvido; quando os bezerros começam a consumir grãos e
forragens, uma população microbiana começa a estabelecer no rúmen e
143
12
Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento
retículo. Os produtos finais da fermentação microbiana são responsáveis
pelo desenvolvimento do rúmen, ocorrendo a partir da 3a semana de
idade, dependendo do programa de alimentação. Se a alimentação com
concentrado inicia-se durante a primeira semana, com ou sem forragem,
o rúmen começará a crescer (desenvolvimento de papilas) e começará a
funcionar como um animal adulto em 3 meses de idade.
12.3. Alimentação com Colostro
12.3.1. Importância do Colostro
Os bezerros nascem sem resistência a doenças e portanto
necessitam adquirir a resistência a partir da ingestão do colostro. A
alimentação com colostro (o primeiro leite secretado após o parto)’é
crítica nas primeiras 24 horas de vida. Pesquisas tem sugerido que 60
mg de imunoglobulinas precisam ser absorvidas para prover adequada
proteção a doenças. A absorção de anticorpos rapidamente declina após
o nascimento, com 2/3 dos anticorpos ocorrendo na alimentação animal.
O colostro também tem um importante papel no controle da atividade
microbiana danosa a nível de intestino.
O bezerro deve receber em torno de 3,5 litros de colostro de alta
qualidade imediatamente após o parto, mas pode necessitar de um tubo
esofagiano para conseguir este alto nível de ingestão.
A qualidade do colostro é baixa nas vacas de primeira e segunda
lactações, vacas mal manejadas no pré-parto e sob condições
ambientais de stress.
12.3.2 - Composição e Absorção do Colostro
146
A tabela 12.1 mostra a composição do colostro e as rápidas
transformações que ocorrem até a secreção do leite normal no terceiro
dia.
Tabela 12.1 Composição aproximada do colostro e do leite
de vacas holandesas
1 0 DIA 2 0 DIA 3 0 DIA
COMPONENTES 1a
ordenha2a
ordenha1a
ordenha2a
ordenha1a
ordenha2a *
ordenha
Sólidos Totais, % 23,9 17,9 14,1 13,9 13,6 12,5
Gordura, % 6,7 5,4 3,9 3,7 3,5 3,5
Proteína, % 14,0 8,4 5,1 4,2 4,1 3,2
Imunoglobulinas, %
6,0 4,2 2,4 0,2 0,1 0,09
Lactose, % 2,7 3,9 4,4 4,6 4,7 4,9
Minerais, % 1,11 0,95 0,87 0,82 0,81 0,74
* Leite normal
A composição do colostro é aproximadamente a do leite, após as
seis primeiras, ordenhas com a maioria das mudanças ocorrendo nas
primeiras duas ordenhas (primeiras 24 horas).
Os bezerros que não recebem o colostro nas primeiras 12 horas
após o nascimento não absorvem imunoglobulinas suficientes para prover a
imunidade. A ocorrência da não absorção inicia após as 12 horas e
aumenta a cada hora que passa. Após 24 horas, acima de 50% dos
bezerros não absorvem imunoglobulinas. A absorção cessa completamente
em todos os bezerros em 36 horas.
Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento
As células absortivas da mucosa do intestino delgado dos bezerros
ao nascer são imaturas. Nesta fase, eles podem absorver grandes
moléculas de proteínas do colostro e transportar para a circulação geral.
Com o amadurecimento das células absortivas, os bezerros perdem a
habilidade de absorver proteínas na forma intacta, ocorrendo o
“fechamento” da mucosa.
A concentração de imunoglobulinas no sangue dos bezerros é
diretamente relacionados a resistência à doenças. Com três semanas de
idade, mais ou menos, quando os bezerros estão aptos a produzirem suas
próprias imunoglobulinas, o conteúdo destas no sangue diminui até uma
taxa constante. Se os bezerros absorvem somente uma pequena
quantidade de imunoglobulinas antes do fechamento, as chances de
sobrevivência são grandemente diminuídas, sendo importante, portanto, o
consumo da quantidade adequada de colostro.
12.3.3. Forma de Administração do Colostro
Devido a importância da ingestão da quantidade adequada de
colostro (3,5 litros) o mais rápido possível após o nascimento, sendo
importante certificar-se se o bezerro irá mamar ou ingerir o colostro. A
utilização de mamadeiras ou balde para os bezerros é mais desejável que
deixar o bezerro mamar, pois desta forma se conhece a quantidade
consumida. Algumas pesquisas tem mostrado que 40 a 50% dos bezerros
ou não mamam ou não consomem a quantidade de imunoglobulinas
necessárias para a proteção de doenças.
12.3.4. Armazenamento do Colostro
Por diversas razões (leite sangrento, mastite, febre do leite, etc.)
existem bezerros que não podem ingerir um colostro de qualidade de suas
148
mães. Muitas vacas produzem mais colostro que seus bezerros necessitam.
Somente o primeiro colostro ordenhado de vacas mais velhas pode ser
armazenado. Geralmente o colostro destes animais tem um nível mais alto
de imunoglobulinas que aqueles de vacas de primeira e segunda lactação.
O colostro deve ser colocado em um saco plástico, na quantidade
recomendada para uma alimentação e congelado em freezer. O
descongelamento preferencialmente deve ser feito em água quente (50o C)
ou em forno de microondas, tomando-se o cuidado de não elevar
demasiadamente a temperatura para não coagular as imunoglobulinas do
colostro.
12.3.5. Substitutos Comerciais
Em alguns países, substitutos de colostro são comercialmente
disponíveis, apesar de pesquisas terem demostrado que estes produtos
contém baixa concentração de imunoglobulinas comparado as encontradas
em colostro de alta qualidade.
12.4. Dietas Líquidas Alternativas para Bezerras
Diversas dietas líquidas podem ser usadas com relativo sucesso
para bezerras, como os sucedâneos comerciais, o excesso de colostro, o
soro de leite enriquecido ou o leite mastítico. Os sucedâneos do leite
integral precisam conter de 20 a 22% de proteína bruta e de 10 a 20% de
gordura, na matéria seca.
Quando se escolher entre leite integral ou sucedâneo, a decisão
precisa ser baseada na conveniência, qualidade e custos. O sucesso do
aleitamento artificial está na qualidade do sucedâneo utilizado. Os
sucedâneos variam consideravelmente na qualidade: sucedâneos de alta
qualidade tem um conteúdo de nutrientes bem superior aos de baixa
Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento
qualidade, o que resultará em menor ocorrência de diarréia, maior vigor e
maior habilidade para resistência à doenças e ganho de peso. A qualidade
de um sucedâneo deve levar em conta a proteína, gordura, carboidratos ,
minerais, vitaminas e antibióticos.
12.4.1 - Proteína nos Sucedâneos para Bezerros
Como discutido anteriormente, os sucedâneos precisam conter pelo
menos 20 % de proteína, principalmente proteína derivada do leite ou de
sub-produtos do leite. Alguns sucedâneos contém proteína da soja ou de
outras plantas, que não são utilizados efetivamente pelos bezerros, devido
a um imbalanço no conteúdo de aminoácidos e os bezerros não coterem
enzimas para digerir os carboidratos associados a estas proteínas. A
qualidade da proteína pode ter um efeito significativo no crescimento do
bezerro.
Tabela 12.2 - Qualidade de proteínas em sucedâneos para bezerros.
Proteína de ótima qualidade
Proteína aceitável Proteína de baixa qualidade
Leite desidratado Soja especialmente processada
Solúveis de carne
Soro de leite integral Concentrado de soja Soja crua sem processamento
Soro de leite delactosado
Soja isolada Destilados
Caseína Proteína de peixe hidrolizada
Levedura
Albumina do leite Trigo
150
Proteína concentrada do soro
12.4.2. Gordura nos Sucedâneos para Bezerros
O conteúdo de gordura em um bom sucedâneo precisa ser de pelo
menos 10% . Altos níveis de gordura (20%) tendem a diminuir a severidade
das diarréias e fornecem energia adicional para o crescimento e
manutenção da temperatura corporal nos meses mais frios. Nos meses
quentes, níveis de 10% são suficientes.
A melhor fonte de gordura é a de origem animal (sebo) e, os óleos
vegetais insaturados são aceitáveis. A utilização de 1 a 2% de lecitina é
aconselhável como um auxílio para a digestão e absorção de gorduras.
12.4.3. Carboidratos nos Sucedâneos para Bezerros
A melhor fonte de carboidratos nos sucedâneos é a lactose (açúcar
do leite), não devendo conter grandes quantidades de amido e sacarose,
pois os bezerros não contém quantidade suficiente de enzimas para digerir
o amido e a sacarose, levando a uma maior incidência de diarréia e menor
ganho de peso. A ingestão excessiva de amido é uma das maiores causas
de diarréias nutricionais em bezerros com menos de 21 dias de idade.
Bezerros recém nascidos não utilizam fibra. Nível de fibra nos
sucedâneos comerciais acima de 0,25 % indica a presença de uma fonte de
carboidrato ou de proteína de origem vegetal.
12.4.4. Minerais, Vitaminas e Antibióticos nos Sucedâneos para Bezerros
Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento
Desde que muitos sucedâneos são adequadamente fortificados,
com suplementação adicional de minerais e vitaminas não são usualmente
necessários quando utiliza-se sucedâneos.
Muitos sucedâneos contém antibióticos ou combinações de
antibióticos de largo espectro para serem efetivos em muitos organismos
patogênicos. Para bezerros, mais importante é o manejo. A efetividade dos
antibióticos não se compara a um bom manejo.
12.5. Rações para Bezerros em Aleitamento
Uma ração de alta qualidade precisa ser oferecida aos animais a
partir de 3 a 7 dias de idade. Pequenas quantidades oferecidas e recusadas
devem ser removidas do cocho para manter a ração fresca. A ração precisa
ser palatável e de textura mais grosseira ( peletizada, etc.). Pesquisas com
altos níveis de proteína não degradada e gordura são variáveis. A adição de
uma fração fibrosa a uma dieta inicial de bezerros pode auxiliar no
atendimento as exigências iniciais de feno (antes de um mês de idade). A
forragem precisa ser ministrada antes do desaleitamento.
A ração de preferencia peletizada juntamente com água, precisa
estar disponível continuamente. A quantidade limite de ração é de
aproximadamente 2 Kg/dia, sendo este consumo conseguido
aproximadamente após a desmama, com 6 a 8 semanas de idade.
152
Tabela 12.3 - Níveis de nutrientes recomendados na dieta de bezerras em diferentes idades.
NutrientesSucedâneo
do leiteRação inicial até 3
meses
Ração de 3 a 6 meses
Ração de 6 a 12 meses
Ração acima de 12 meses
Energia Elm , Mcal/Kg 2,40 1,89 1,70 1,58 1,39 Elg, Mcal/Kg 1,54 1,19 1,08 0,97 0,81 EM, Mcal/Kg 3,77 3,10 2,60 2,47 2,27 ED, Mcal/Kg 4,18 3,02 3,02 2,88 2,69 NDT, % da MS 95 95 95 95 95Proteína Bruta, % 22 22 22 22 22Fibra, mínimo FB, % 13 15 15 FDA, % 16 19 19 FDN, % 23 25 25 FDN, % na MS da fibra 17 19 19Extrato Etéreo, mínimo, % 10 3 3 3 3Minerais Cálcio, % 0,70 0,60 0,52 0,41 0,29 Fósforo, % 0,60 0,40 0,31 0,30 0,23 Magnésio, % 0,07 0,10 0,16 0,16 0,16 Potássio, % 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 Sódio, % 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 Cloro, % 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 Enxofre, % 0,29 0,20 0,16 0,16 0,16 Ferro, ppm 100 50 50 50 50 Cobalto, ppm 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 Cobre, ppm 10 10 10 10 10 Manganês, ppm 40 40 40 40 40 Zinco, ppm 40 40 40 40 40 Iodo, ppm 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 Selênio, ppm 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30Vitaminas (UI/Kg)
Manejo de Alimentação de Bezerros em Aleitamento
Vitamina A 1700 1000 1000 1000 1000 Vitamina D 270 140 140 140 140 Vitamina E 18 11 11 11 11
154
MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BEZERRAS E NOVILHAS
13.1. Introdução
A adequada alimentação de novilhas leiteiras da desmama aos
vinte e quatro meses de idade é freqüentemente um desafio nas fazendas
leiteiras.
As novilhas precisam ser alimentadas para que possam ser
inseminadas ou cobertas na idade de 13 a 15 meses e estarem em
condições para parirem aos 24 meses de idade sem qualquer problema.
Enquanto a alimentação e cuidados com as novilhas não são as
atividades mais criticas do dia a dia da fazenda, a falta de cuidado crônica
com as é um problema de muitas fazendas. A nutrição inadequada das
novilhas leva a um baixo crescimento e a um peso inadequado na idade
desejada para a cobertura. Como resultado, as novilhas parem acima dos
24 meses de idade e produzem consideravelmente menos leite durante sua
vida produtiva do que novilhas bem alimentadas e desenvolvidas.
13.2. Sistema Digestivo
O sistema digestivo e as exigências nutricionais das novilhas vão
gradualmente alterando. Após a desmama, que pode ocorrer entre a 4a e 8a
semana de idade, o rumem é ainda pequeno e subdesenvolvido. As
paredes do rúmen são bastante finas para absorver grandes quantidades
153
13
Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas
de ácidos graxos de cadeia curta (acético, propiônico e butírico) produzidos
pela fermentação ruminal. Em adição, o rúmen não pode ainda esperar e
digerir bastante forragem para manter o crescimento satisfatório. Por isso,
bezerras recentemente desmamadas até um ano de idade precisam
receber uma alta proporção da matéria seca ingerida como concentrado:
acima de 2,5 a 3,0 Kg por cabeça. Bezerras acima de 1 ano de idade, que
tem um bom desenvolvimento do rúmen e boa fermentação ruminal, podem
ser alimentadas com forragens de média qualidade e mínima
suplementação com concentrados, tendo um crescimento e
desenvolvimento adequado.
13.3. Alimentação da Desmama aos Seis Meses de Idade
A qualidade da forragem pode ser cuidadosamente monitorada para
bezerras de 2 a 6 meses de idade. O feno de boa qualidade deve ser a
forragem preferida. Forragens de baixa qualidade reduzem a ingestão e
retardam o desenvolvimento. Feno de leguminosa ou misto, leguminosa-
gramínea, principalmente de segundo a terceiro corte, é considerado de alta
qualidade. Alimentos fermentados, como a silagem de milho e silagens pré-
secadas, podem ser administrados para bezerras dos quatro aos seis
meses de idade.
As pastagens devem ser evitadas para bezerras nesta fase devido
ao seu baixo teor de matéria seca e devido aos problemas de manejo das
pastagens. Bezerras novas, até 6 meses de idade, são manejadas melhor
quando estabuladas, recebendo mais os nutrientes provenientes dos
concentrados tendendo a sofrer menos que novilhas mais velhas de calor,
competição e parasitas internos e externos.
Quando chega o dia da desmama, a porção líquida de alimento das
bezerras precisa ser cortada e suplementada com uma boa mistura de
156
grão, à vontade. Nesta fase, as bezerras podem estar consumindo
aproximadamente 700 gramas por cabeça/dia, consumindo muito menos
forragem que concentrados, em base da matéria seca. A forragem pode ser
a maior porção da dieta de animais dos 4 aos 6 meses de idade, mas
precisa ser de alta qualidade e palatável.
Para bezerras acima dos 6 meses de idade, é recomendada a
utilização de concentrados, à vontade, até o máximo de 2,5 a 3,0
Kg/cabeça/ dia. A qualidade da forragem irá determinar quanto de proteína
e outros nutrientes são necessários na mistura concentrada, que pode ser
simples (milho, farelo de soja, vitaminas e minerais) ou complexa.
Água fresca, abundante e limpa, precisa estar disponível todo o
tempo. Água velha e suja reduz a ingestão de água e conseqüentemente o
consumo de alimento, tornando os animais mais suscetíveis a diarréias. A
ingestão de água depende de muitos fatores como a idade, tamanho
corporal, temperatura ambiental e consumo de forragens.
Tabela 13.1 - Ingestão de água por bezerras e novilhas.
IDADE, meses INGESTÃO, litros/dia
1 5 a 8
2 6 a 9
3 8 a 11
4 12 a 14
14 15 a 18
15 a 17 23 a 28
18 a 24 29 a 38
Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas
13.4. Alimentação dos Seis Meses até um Mês Antes do Parto
Aos seis meses de idade, as bezerras apresentam o rúmen
funcional, com grande capacidade, de tal forma que estão aptas a consumir
grandes quantidades de forragens.
Indiferente do tipo da forragem, as bezerras necessitam de uma
suplementação com concentrados, sendo que a quantidade depende
parcialmente da idade e da qualidade da forragem.
Com exceção da silagem de milho, muitas forragens podem ser
oferecidas as bezerras, à vontade, sem medo de uma superalimentação.
Como a silagem de milho tende a esquentar e fermentar no cocho, há
necessidade de fornecer adequadamente. A silagem de milho pode ser
tratada com amônia anidra para reduzir o crescimento de mofo e aumentar
o tempo de permanência no cocho, mas esta é melhor utilizada por
bezerras com idade acima dos 12 meses.
Leguminosas e misturas leguminosa/gramínea são excelentes
forragens para bezerras. O valor dos fenos e silagens pré-secadas,
entretanto, varia com o estágio de maturidade na colheita. Em forragens
maduras, o teor de proteína e energia decresce aumentando a
concentração de FDN e FDA. Assim, quanto mais madura a forragem, pior
é seu valor nutricional.
Silagem de milho é rica em energia e é uma excelente forragem
para novilhas mais velhas se devidamente suplementada com proteína, e
utilizada em quantidades limitadas para os animais não engordarem
demais. A condição corporal precisa ser acompanhada, em todos os
animais.
Animais que consomem somente pastagens raramente tem suas
necessidades nutricionais atendidas, principalmente para bezerras abaixo
158
de 1 ano de idade. Pastagens com excelente manejo podem ser uma boa
forragem para os animais. As novilhas tem um desenvolvimento satisfatório
dos 6 aos 12 meses de idade em pastagens, se consumirem de 1 a 2 Kg/
cabeça/dia de concentrado e forragem suplementar no período da seca.
Todos os animais precisam ter adequada sombra e livre acesso a
água (fresca e limpa) e sal mineral, principalmente se criados em
pastagens.
A ração concentrada para bezerras mais velhas e novilhas
necessita ser balanceada de acordo com a forragem, para prover os níveis
recomendados de energia, proteína, minerais e vitaminas e manter o
crescimento nas taxas desejáveis.
A uréia geralmente não é recomendada para bezerras até os seis
meses de idade, usando-se para bezerras mais velhas (se não for usado
amônia na ensilagem),na quantidade de 0,5 % do concentrado.
Os microminerais devem ser fornecidos à vontade em cochos e
adicionados no concentrado, atendendo as exigências nutricionais. Cálcio e
fósforo precisam ser balanceados de acordo com o crescimento.
Suplementação de vitamina A, D e E é necessário quando se utiliza
forragem estocada por longo período, fenos de baixa qualidade. Em
bezerras de rúmen funcional, os microrganismos produzem todas as
vitaminas do complexo B e vitamina K , não necessitando a adição na dieta.
13.5. Alimentação com Concentrado
Sob muitas condições de manejo, novilhas dominantes consomem
mais que sua proporcional parte de concentrado. Como resultado, as taxas
de crescimento das novilhas que vivem em grupos, podem variar
tremendamente. Este problema pode ser aliviado usando alguma forma de
contenção para dar a todos os animais a mesma oportunidade para receber
Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas
sua parte. A distribuição em grupos de acordo com a idade e peso é
necessário para os animais terem o crescimento desejado.
Rações completas ou rações totais Adequadamente formulada,
podem ser bem utilizadas por bezerras e novilhas em crescimento. Elas
contém todos os ingredientes necessários nas proporções desejadas. Em
bezerras alimentadas com rações totais é permitido a consumo de rações à
vontade. A ingestão é regulada pelo volume da ração, densidade energética
e outros fatores. Ração total contendo silagem de milho tem que ser
controlada quando administrada para novilhas mais velhas.
Algumas dietas podem resultar, algumas vezes, em hiperqueratose
ruminal, mudança prejudicial na parede ruminal, ulceração, abcesso no
fígado e timpanismo, se fornecidas por longo período sem forragens
grosseiras. Portanto, a utilização de feno (fibra longa) com determinados
concentrados é benéfico.
As exigências de matéria seca e outros nutrientes mudam com a
idade das novilhas, sendo aconselhável a separação em grupos de mesma
idade/peso, para ótimo crescimento e economia.
13.6. Nutrição Afetando a Reprodução e Sanidade
Bezerras alimentadas com quantidades inadequadas de energia,
proteína, minerais ou vitaminas, crescem mais lentamente e tem uma
menor eficiência reprodutiva que animais alimentados adequadamente.
Deficiências de energia, proteína, fósforo, iodo, manganês, zinco, vitamina
A, cobalto, sal e água são, provavelmente, as mais comuns deficiências
nutricionais em bezerras e novilhas em crescimento.
13.6.1. Deficiência de Energia
160
Volumoso pobre, pastagens ruins ou inadequadas suplementações
com concentrado causam deficiência energética em novilhas. Cio silencioso
é um comum sintoma desta deficiência. Falha para detectar cio em bovinos,
retarda a cobertura e aumenta o número de serviços por concepção. Para
melhor eficiência reprodutiva, as novilhas precisam ganhar peso no período
da cobertura. Novilhas prenhas precisam ser alimentadas com quantidades
limitadas de alimentos ricos em energia para evitar excessiva gordura no
parto. Vacas e novilhas gordas tendem a ter mais cetose por ocasião ao
parto, menor resistência a infeções no úbere e útero. Inadequado
crescimento retardará a maturidade sexual.
Tabela 13.2 - Conteúdo de nutrientes na dieta de bezerras e novilha.
Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas
ITEM 3 a 6 meses 6 a 12 meses > 12 meses150 Kg 250 Kg 400 Kg
MS ingerida, Kg/dia 2,7 a 4,0 5,4 a 7,3 6,8 a 11,3MS ingerida, % do PV 2,6 2,4 2,2Energia Elm, Mcal/Kg de MS 1,70 1,59 1,39 Elg, Mcal/Kg de MS 1,08 0,97 0,81 NDT, % MS 69 66 61Proteína PB, % MS 16 12 12 PNDR, % MS 8,2 4,3 2,1Fibra FB, % MS 13 15 15 FDA, % MS (mínimo) 16 19 19 FDN, % MS (mínimo) 23 25 25Minerais Ca, % MS 0,52 0.41 0,29 P, % MS 0,31 0,30 0,23 Mg, % MS 0,16 0,16 0,16 K, % MS 0,65 0,65 0,65 S, % MS 0,16 0,16 0,16 Na, % MS 0,10 0,10 0,10 Cl, % MS 50 0,20 0,20 Fe, ppm 10 50 50 Cu, ppm 10 10 10 Mn, ppm 40 40 40 Zn, ppm 40 40 40 Co, ppm 0,10 0,10 0,10 I, ppm 0,25 0,25 0,25 Se, ppm 0,30 0,30 0,30Vitaminas A, UI/Kg 2200 2200 2200 D, UI/Kg 300 300 300 E, UI/Kg 24 24 24
162
13.6.2. Deficiência de Proteína
Sintomas de deficiência de proteína em novilhas incluem a perda de
apetite, baixas taxas de crescimento e insucesso para mostrar sintomas de
cio. Adequada proteína é necessária para o bom desenvolvimento e
funcionamento dos órgãos reprodutivos, bem como para atender as
necessidades nutricionais das novilhas e desenvolvimento do feto. Muitas
novilhas recebendo inadequada proteína e energia por períodos
prolongados apresentam ovário e útero subdesenvolvidos e na maioria das
vezes retardamento na maturidade sexual.
13.6.3. Deficiência de Fósforo
Deficiência de fósforo pode reduzir o apetite, causar um apetite
depravado bem como um retardamento na maturidade sexual e deprimir os
sinais de cio. O fósforo auxilia na transferência de energia no tecido
corporal. A ração deve conter pelo menos 0,26 a 0,30 % de fósforo. Muitas
forragens e pastagens nativas apresentam baixos teores de fósforo, que
precisam ser suplementados, à vontade, com fosfato bicálcico, farinha de
osso, etc. ou com um suplemento mineral comercial. Os grãos contém bons
níveis de fósforo.
13.6.4. Deficiência de Iodo
Retardamento para mostrar o cio, redução nas taxas de concepção
e aumento na incidência de retenção de placenta são sintomas comuns
resultantes da deficiência de iodo. Os bezerros podem ter perda de pelo, ou
nascerem com debilidade ou natimortos. Bezerros de vacas deficientes em
iodo podem ter bócio (alargamento da tiróide).
Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas
13.6.5. Deficiência de Zinco
As pesquisas ainda não definiram ao certo como o processo
reprodutivo das novilhas é afetado pela deficiência de zinco, mas esta
deficiência pode causar baixa fertilidade nas novilhas e pode aumentar a
susceptibilidade a infecções.
13.6.6. Deficiência de Manganês
Irregularidade ou ausência de cio pode ser causado pela deficiência
de manganês. Deficiência severa leva a uma reabsorção do feto, fraco
desenvolvimento do úbere, completa ausência de secreção de leite e
nascimento de bezerros pequenos, debilitados ou mortos.
13.6.7. Deficiência de Cobalto
Bezerros novos com deficiência de cobalto mostram perda de
apetite e pior crescimento. Vacas com dietas deficientes em cobalto
produzem leite com baixo nível de vitamina B12 .
13.6.8. Deficiência de Sal
Após alguns meses, a deficiência de sal resulta em perda de
apetite, pior crescimento, menor produção de leite e apetite depravado.
Quando a dieta está deficiente em sal, os animais podem consumir urina,
estrume, sujeira e outros materiais. Esta deficiência vai de encontro a perda
de sódio e é mais comum em animais consumindo somente volumoso de
baixa qualidade. A ingestão de 30 a 60 gramas de cloreto de sódio (sal
comum) rapidamente alivia todos os sintomas de deficiência.
164
13.6.9. Deficiência de Vitamina A
Novilhas gestantes que estão com deficiência em vitamina A podem
abortar na ultima metade da gestação, além da deficiência causar
irregularidade no estro e reduzida fertilidade. Alta deficiência suprime a
ovulação ou impede a implantação dos ovos fertilizados no útero. A
deficiência de vitamina A leva os animais a serem mais suscetíveis a
infecções. Estes sintomas são semelhantes a deficiência de vitamina E.
13.6.10. Deficiência de Água
O consumo de água é afetado por vários fatores, incluindo o tipo e
qualidade do alimento. Com o aumento de proteína e sal na matéria seca
da dieta, aumento da temperatura ambiental, aumenta as exigências de
água. As novilhas precisam consumir água fresca, limpa, livre de coliformes
e à vontade.
13.6.11. Sub-alimentação
A sub-alimentação de novilhas leva a uma redução no crescimento
e aumenta a idade ao primeiro parto (acima de 24 meses). Atrofia no
crescimento resulta em vacas pequenas, menos produtivas e com mais
dificuldade no parto.
13.6.12. Super-alimentação
Estudos mostram que excessiva ingestão de energia (140% da
ingestão recomendada) antes da parição, causa infiltração de gordura na
glândula mamária e reduz o número de células alveolares disponíveis para
Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas
a síntese de leite. A alimentação para obter acelerada taxa de crescimento
parece não impedir o desenvolvimento da glândula mamária após a parição.
13.7. Crescimento Compensatório
Crescimento compensatório é um termo usado para descrever um
período de aumento na taxa de crescimento posterior a um período de
crescimento restrito. A taxa de crescimento de novilhas leiteiras tem sido
restrito devido a dietas pobres que foram alimentadas por pequenos
períodos de tempo. Novilhas podem compensar este pior crescimento com
períodos de muito rápido crescimento ou crescimento compensatório. Isto
pode somente ser obtido com dietas ricas em energia, proteína e outros
nutrientes. A utilização do crescimento compensatório
166
Tabela 13.3 - Desenvolvimento de bezerras e novilhas das raças HOLANDESA e JERSEY.
IDADE JERSEY HOLANDESAem meses PESO em Kg ALTURA em cm PESO em Kg ALTURA em cm
1 42 a 50 56 a 74 60 a 70 80 a 842 55 a 66 74 a 84 81 a 95 85 a 893 70 a 80 84 a 86 102 a 119 89 a 944 83 a 98 86 a 91 123 a 145 94 a 985 106 a 126 91 a 96 145 a 170 98 a 1036 117 a 146 96 a 98 167 a 195 103 a 1067 138 a 164 98 a 102 189 a 22 106 a 1108 152 a 187 102 a 104 211 a 246 110 a 1139 169 a 198 104 a 105 233 a 271 113 a 116
10 177 a 219 105 a 107 256 a 296 116 a 11911 194 a 226 107 a 109 277 a 321 119 a 12112 214 a 249 109 a 112 299 a 345 121 a 12313 227 a 260 112 a 113 320 a 369 123 a 12514 243 a 273 113 a 114 341 a 393 125 a 12715 256 a 290 114 a 115 362 a 416 127 a 12816 265 a 300 115 a 117 369 a 438 128 a 13017 276 a 316 117 a 118 402 a 460 130 a 13118 290 a 341 118 a 119 420 a 482 131 a 13219 295 a 349 119 a 120 438 a 502 132 a 13320 317 a 369 120 a 121 456 a 521 133 a 13421 326 a 375 121 a 122 473 a 540 134 a 13522 344 a 390 122 a 124 488 a 557 135 a 13623 345 a 399 124 a 125 502 a 573 136 a 13724 358 a 405 125 a 126 516 a 588 137 a 138
Manejo de Alimentação de Bezerras e Novilhas
168
MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS SECAS
14.1. Introdução
O adequado manejo de alimentação de vacas secas fornece o
suporte para o sucesso na próxima lactação. O manejo durante estes 50 a
70 dias, inclui a manutenção de uma condição corporal ótima, o preparo da
glândula mamária para o próximo período e minimização das doenças
infecciosas, digestivas e metabólicas.
Para se conseguir o sucesso neste programa, é necessário
conhecer o rebanho: produção anterior, condição corporal ao secar e
histórico sanitário.
Durante este período de transição, da lactação para o período seco
e nova lactação, as vacas estão sob um enorme estresse físico e
metabólico. O aumento deste estresse, agravado por uma manejo
deficiente, pode resultar especialmente em vacas de melhor produção de
leite, em aumento dos problemas sanitários, redução da ingestão de
matéria seca, redução da eficiência reprodutiva, aumento da
susceptibilidade a doenças e aumento da incidência de mastite.
14.2. Manejo da Alimentação no Início do Período Seco
O manejo da alimentação no início do período seco é essencial,
devendo-se manter ótimo conteúdo de fibra na dieta, limitar a ingestão de
167
14
Manejo de Alimentação de Vacas Secas
energia, evitar a superalimentação com proteína e atender as exigências de
minerais e vitaminas.
As rações das vacas secas devem prover adequada, mas não
excessiva, quantidade de nutrientes. Uma superalimentação com energia
leva a um super-condicionamento das vacas secas e aumenta a incidência
de desordens metabólicas no parto.
Tabela 14.1 - Exigências nutricionais de vacas secas, no pré-parto e em lactação.
Nutriente NRC, 1989
Vaca seca
Início
Vaca seca
Pré-parto Vaca lactação
Proteína Bruta, % 12 12-13 14-15 18
PNDR, % da PB - 28 33 35
Ell, Mcal/Kg 1,26 1,26 1,50 1,72
FDN, % 35 > 50 > 40 27
FDA, % 27 > 35 > 25 21
Ca, % 0,39 0,40-0,50 0,60 0,90
P, % 0,24 0,25 0,30 0,50
Mg, % 0,16 0,16 0,20 0,30
K, % 0,65 0,65 0,65 1,00
S, % 0,16 0,16 0,16 0,20
Vitamina A, UI/dia 50.000 100.000 100.000 100.000
Vitamina D, UI/dia 15.000 30.000 30.000 30.000
Vitamina E, UI/dia 200 400 600-1.000 600-1.000
14.2.1. Exigências de Fibra Durante o Período Seco
A fibra é fundamental no manejo de vacas seca, cuja dieta deve
conter um porcento ou mais do peso corporal como fibra grosseira. A
forragem ideal para o período seco inclui fenos de fibra longa, gramíneas ou
misturas de gramineas-leguminosas ou palhada de milho ou sorgo, quando
adequadamente suplementada.
Se a silagem de milho for usada normalmente para vacas em
lactação, deve-se utilizar em níveis imitados para vacas secas (2% do peso
vivo ou de 5 a 10 Kg ) visando melhorar a ingestão e a função ruminal após
o parto.
A vaca precisa consumir um mínimo de um porcento do seu peso
como forragem, em base de matéria seca, de um total aproximado de 1,6 a
1,8 porcento da ingestão total. As vacas secas necessitam níveis altos de
fibra, e forragem de alta qualidade deve ser reservada para vacas no início
da lactação, quando as exigências de energia são maiores.
14.2.2. Exigências de Energia Durante o Período Seco
Exigências de fibra e energia são interrelacionadas, e como as
dietas preenche cada requerimento é refletido na condição corporal. O
tempo ideal para recondicionar a vaca é durante o final da lactação. Se a
vaca é seca em condições corporais adequadas (3,5 a 4,0), a ingestão de
energia pode ser limitada durante o período seco, utilizando forragem de
média qualidade e limitada ingestão de energia, para minimizar a incidência
da “síndrome da vaca gorda”.
Os problemas associados com a síndrome da vaca gorda incluem o
deslocamento do abomaso, variações na ingestão, febre do leite, cetose,
retenção de placenta, edema do úbere e aumento na susceptibilidade a
metritis e mastite.
Manejo de Alimentação de Vacas Secas
O manejo de energia adequado seria a suplementação quando se
utiliza forragem de baixa qualidade, para atender as exigências, e
suplementar muito pouco ou nada, se utilizar forragem de boa qualidade,
evidentemente monitorando a condição corporal do animal.
14.2.3. Exigências de Proteína Durante o Período Seco
As exigências de proteína bruta durante o início do período seco
são de 12 a 13% da MS. Para assegurar que as exigências de proteína
sejam adequadamente atendidas, a forragem precisa ser analisada e
formulada uma ração apropriada. Deve-se evitar a deficiência de proteína
que diminui a ingestão e o uso de nutrientes bem como o excesso que pode
trazer problemas de desordens metabólicas.
Pesquisas tem mostrado que dietas que atendem as exigências de
proteína e não estão em excesso, reduzem a incidência de desordens
metabólicas.
14.2.4. Exigências de Minerais Durante o Período Seco
O manejo principal de minerais durante o período seco é evitar
excessivos níveis de cálcio, mantendo a relação entre cálcio e fósforo em
2,5:1 e 1,5:1, para evitar problemas de febre do leite. A suplementação
deve ser feita junto a ração total, ou concentrada.
O sal mineral, principalmente contendo os microminerais, pode ser
colocado em cochos minerais e deixados à vontade até no pré-parto,
quando devem ser adicionados na ração, para se evitar alta ingestão de sal
associado ao edema do úbere.
Entre os microminerais exigidos, destaca-se o iodo, cobalto e
selênio. A deficiência de iodo resulta em bezerros nascidos com bócio,
enquanto uma deficiência de cobalto resulta em baixo apetite e pior
crescimento. Vacas secas deficientes em selênio podem parir bezerros
mortos ou com doença do músculo branco e as vacas apresentam alta
incidência de retenção de placenta. Uma injeção de selênio e vitamina E,
aproximadamente 21 dias antes do parto, tem sido efetiva na redução da
incidência de retenção de placenta.
Recentemente nos Estados Unidos, tem sido utilizado sais
aniônicos (cloreto de amônio, sulfato de amônio, sulfato de cálcio e sulfato
de magnésio) durante o período seco para evitar a febre do leite em vacas
de maior produção, quando há ocorrência no rebanho. Os sais aniônicos
agem diminuindo o pH do sangue e urina, aumentando a mobilização e
absorção de cálcio, diminuindo, com isto, a incidência de febre do leite.
14.2.5. Exigências de Vitaminas Durante o Período Seco
As vitaminas A, D e E são importantes na nutrição das vacas
durante o período seco. A deficiência de vitamina A pode resultar em
abortos e bezerros doentes e debilitados.
A suplementação com vitaminas depende da qualidade da forragem
e do tipo de forragem utilizada. A suplementação é necessária quando se
usa silagens ou forragem picada.
Muitos pesquisadores recomendam um aumento nos níveis de
vitamina E (600 UI/dia) no pré-parto, principalmente quando os níveis de
selênio na dieta são baixos.
Manejo de Alimentação de Vacas Secas
14.2.6. Conseqüências do Programa de Alimentação
A incidência de desordens metabólicas em rebanhos de melhor
produtividade pode ocorrer em decorrência de erros no manejo nutricional
de vacas durante o período seco.
A tabela 14.2 mostra o impacto do manejo sobre as desordens pós-
parto, observando-se claramente que os fatores de manejo como o
programa de alimentação podem influenciar a saúde do rebanho.
Tabela 14.2 - Impacto do manejo de vacas secas sobre desordens metabólicas após o parto.
Manejo alimentar das vacas secas Impacto sobre as vacas recém-paridas
Dieta com baixo cálcio Diminui retenção de placenta, mestrite, deslocamento de abomaso e febre do leite
Suplementação extra com vitamina D Diminui mestrite e deslocamento do abomaso
Alimentação de vacas secas para aumentar o peso vivo
Aumenta a incidência de cetose
Muitas desordens metabólicas e digestivas que ocorrem perto do
parto são interrelacionadas. A febre do leite como uma desordem primária
está associada com alta incidência de mestrite, deslocamento de abomaso
e retenção de placenta (tabela 14.3).
Tabela 14.3 - Desordens digestivas e metabólicas em vacas na época do parto.
Desordem primáriaDesordem secundária
Febre do leite
Distocia Retenção de placenta
Mastiti Deslocamento de abomaso
Cetose
Distocia XRetenção placenta
X X
Mestrite X X X X XDeslocamento
abomasoX X X X
Mastite X X X X XBaixa taxa concepção
X X X X X X
Manejo de Alimentação de Vacas Secas
MANEJO DE ALIMENTAÇÃO NO PERÍODO DE TRANSIÇÃO
15.1. Introdução
O manejo completo das vacas durante o período seco e início da
lactação, denominado período de transição, é um dos aspectos mais
críticos na produção leiteira. A princípio, alguns consideram o período seco
como o tempo para deixar a vaca descansar e recuperar do stress da
lactação recentemente completada, enquanto outros vêem este período
como uma oportunidade para preparar a vaca para a lactação que está por
vir para qual a performance reprodutiva e produtiva possa ser aumentada.
Na verdade, o período seco serve para ambos propósitos.
As mudanças que uma vaca em alta produção sofre durante a
transição de uma lactação para um estado não produtivo (seco) e a volta
novamente para o período de lactação (após o parto) são estressantes para
a vaca e podem ter um impacto negativo na saúde, ingestão de alimentos,
produção de leite e eficiência reprodutiva durante a subsequente lactação.
É durante este período que a vaca é mais susceptível às várias desordens
metabólicas e digestivas e quando novas infecções intramamárias são
estabelecidas.
15.2. Final da Lactação Anterior
175
15
Manejo de Alimentação no Período de Transição
O maior desafio frente o manejo de uma rebanho leiteiro de alta
produção é o de como alcançar o grau desejado de condição corporal sem
que as vacas engordem excessivamente. Adequadas reservas corporais
precisam estar disponíveis para mobilização para sustentar altos níveis de
produção de leite durante o início da lactação quando a demanda de
energia excede a ingestão. Vacas que estão magras (condição corporal <
3,5) no parto não tem reservas adequada que possam ser mobilizadas e
conseqüentemente, a produção leiteira é reduzida. Vacas que estão muito
gordas (condição corporal > 4,5) apresentam maiores dificuldades e
desordens metabólicas como febre do leite, cetose, sindrome da baixa
gordura, deslocamento de abomaso, retenção de placenta e mestrite.
O manejo de alimentação adequado para o período de transição,
começa no final da lactação, onde as vacas precisam “acabar” as reservas
corporais no último terço da lactação, pois é nesta época em que as vacas
irão restabelecer as reservas corporais mais eficientemente que no período
seco.
15.3. Secagem dos Animais
O sucesso de um período seco é atingir um balanço econômico
entre os ganhos na produção e benefício da extensão a lactação corrente,
com perdas na produção e benefício na lactação seguinte como resultado
dos poucos dias secos, que segundo as pesquisas devem ser de 40 a 70
dias.
As vacas podem ser secadas prolongando o intervalo de ordenha
ou abruptamente, parando de ordenhar as vacas, que é o procedimento
mais simples, quando as vacas começam a “quebrar” rapidamente o leite.
Em vacas de alta produção, deve-se mudar a dieta para reduzir a produção
para níveis abaixo de 18 a 25 litros, acompanhado de uma restrição na
178
disponibilidade de água, substituição de forragens de alta qualidade para de
baixa qualidade e interromper a alimentação concentrada.
15.4. Período Seco
A estratégia do manejo para o período seco é prover suficiente
nutriente para a manutenção da vaca, crescimento da vaca (se não for
animal adulto) e desenvolvimento do feto. As exigências nutricionais das
vacas secas aumentam durante este período pois 60 % do crescimento
fetal ocorre neste período (dois últimos meses da lactação). Portanto, a
vaca precisa ser provida de uma ração que contém adequadas, mas não
excessiva, quantidades dos nutrientes requeridos. Super alimentação de
energia e proteína deve ser evitado para evitar desordens metabólicas.
As vacas devem consumir uma dieta com 12-13% de proteína bruta
e um mínimo de 1% do peso corporal como forragem de fibra longa. A
quantidade de concentrado precisa ser a mínima quantidade necessária
para atender as deficiências de energia e proteína e como suplemento para
minerais e vitaminas. A silagem de milho deve ser limitada, representando
no máximo 50% da forragem total ingerida.
15.5. Pré-parto
Um manejo alimentar diferenciado deve ser feito durante as últimas
2 ou 3 semanas antes do parto. Isto fará as vacas ajustarem a ingestão de
uma ração alta em forragem (predominantemente feno) e baixa em
concentrado durante o período seco para uma ração baixa em forragem
(silagem) e alta em concentrado. A ingestão de matéria seca cai de 20 a
40% imediatamente antes do parto, fazendo com que a ração de vacas no
pré-parto sejam formuladas para conter uma alta densidade nutricional,
diferentemente da ração de vacas secas, para que o nível desejável de
Manejo de Alimentação no Período de Transição
nutrientes seja mantido, além de ajustar o rúmen para a dieta rica em
forragem fermentada que predominará após o parto. O programa nutricional
trata-se portanto de uma transição (entre ração de vaca seca para uma
ração de vaca em lactação) onde o teor de proteína bruta deve estar entre
14 a 15%, além de aumentar a quantidade de fontes de proteína não
degradada no rúmen. Este aumento em 2 pontos na porcentagem de
proteína tem resultado em redução nos problemas metabólicos, aumento na
ingestão de matéria seca causando menor perda de peso no parto. O total
de concentrado deve ser aumentado para 0,5 a 1,0% do peso vivo da vaca,
que auxiliará na adaptação do rúmen aos altos níveis de concentrado
utilizados no pós-parto. Se houver ocorrência de cetose no rebanho, é
conveniente o uso de niacina (6 gramas/vaca/dia). Se o programa de
alimentação pós-parto incluir adição de gordura, é conveniente a adição de
100 a 150 gramas/vaca/dia, o que auxiliará a minimizar uma depressão na
ingestão de ração pós-parto causada pela adição de gordura, além de
acostumar o animal com o odor e gosto da gordura.
15.6. Parto
Este é um dos períodos mais críticos da vaca. As vacas precisam
ser estimuladas a consumir o máximo de matéria seca possível após o
parto. Entretanto, isto não significa que as vacas possam ser autorizadas a
consumir concentrado livremente. A estratégia adequada parece ser usar
uma ração baseada em forragens de boa qualidade com aumentos
gradativos na quantidade de concentrado oferecido. O stress do parto irá
afetar o balanço normal da população microbiana, podendo resultar em
diarréia, gastroenterite e redução na ingestão de alimentos.
conseqüentemente, é imperativo que os animais tenham saúde e atividade
microbiana adequada. Os probióticos e várias enzimas podem providenciar
uma ajuda adicional para o animal.
180
15.7. Conclusões
Para que uma vaca , especialmente a de alta produção possa fazer
sucesso e ser lucrativa o período de transição da lactação, o período seco-
parto e nova lactação , tem que se desenvolver um programa que considera
a saúde do úbere e do rúmen. Os seguintes pontos são importantes neste
manejo nutricional: desenvolver um programa alimentar no final da lactação
para que as vacas consigam uma adequada condição corporal; ter como
objetivo um período seco de 50 a 60 dias; desenvolver um programa de
controle de mastite durante o período seco; alimentar as vacas no período
seco para atender, mas não exceder, as exigências nutricionais e utilizar um
período pré-parto para ajustar as vacas para o parto e para o pós-parto.
Manejo de Alimentação no Período de Transição
182
MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO
16.1. Introdução
As exigências nutricionais das vacas em lactação variam de acordo
com o estágio de lactação e gestação, onde há uma correlação entre a
curva de produção de leite, % de gordura no leite, ingestão de matéria seca
e alterações no peso corporal durante a lactação.
Baseado nestes aspectos, três fases de alimentação distintas
podem ser definidas:
Fase 1 - Início da lactação, de 0 a 70 dias após o parto (pico de
produção de leite);
Fase 2 - Pico de ingestão de matéria seca, de 70 a 140 dias após o
parto (declínio da produção de leite);
Fase 3 - Meio e final da lactação, de 140 a 305 dias após o parto
(declínio da produção de leite).
16.2 - FASE 1 - Início da Lactação
O início da lactação, do parto até 70 dias pós parto, ocorre um
rápido aumento na produção de leite, podendo o pico de produção ocorrer
entre a 4 e 6 semanas. A ingestão de alimentos não mantém a mesma
proporção dos nutrientes, especialmente energia, necessária para a
181
16
Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação
produção de leite e o tecido corporal será mobilizado para atender as
necessidades de energia para produção de leite.
O ajuste das vacas a ração de lactação nesta fase é um importante
manejo prático. Aumentado-se os alimentos energéticos de 500 a 700
gramas/dia após o parto irá aumentar a ingestão de nutrientes, minimizando
problemas de desordens metabólicas. Excesso na utilização de grãos
(acima de 60%) pode causar acidose e a queda da gordura do leite. O nível
de fibra na ração total não deve ser menor que 18% de FDA e 28% de FDN.
A forragem tem que prover pelo menos 21% de unidades de FDN na ração
total. A forma física da fibra também é importante , pois a ruminação e
digestão serão mantidas normais se 50% das partículas da forragem forem
maior que 2,5 cm de comprimento.
A proteína é um nutriente crítico durante o início da lactação. Níveis
acima das exigências de proteína bruta durante este período auxiliam no
estímulo de ingestão de alimentos e permitem o eficiente uso dos nutrientes
mobilizados das reservas corporais para a produção de leite. As rações
precisam necessariamente conter 19% ou mais de proteína bruta para
atender as exigências durante este período. O tipo de proteína (degradáveis
e não degradáveis) e a quantidade de proteína a ser utilizada dependerá
dos ingredientes da ração , método de alimentação e potencial de produção
de leite da vaca. A uréia quando utilizada deve ser no máximo de 200
gramas por vaca quando o nível de proteína da ração é alto.
Baixo pico de produção e problemas de cetose ocorrem quando os
níveis de nutrientes não são atendidos, refletindo em baixa produção
durante toda a lactação. Se a ingestão de concentrado é aumentada muito
rapidamente ou é muito alta, pode levar a sérios problemas de desordens
metabólicas (deslocamento do abomaso, acidose, etc.)
Alguns pontos devem ser considerados para se aumentar a
ingestão de nutrientes nesta fase:
184
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
–1 utilizar forragem de alta qualidade;
–2 verificar se o nível de proteína da dieta é adequado;
–3 aumentar a ingestão de grãos em taxas constantes após o parto;
–4 considerar a adição de gordura nas dietas (de 500 a 750
gramas/dia/vaca);
–5 manter o acesso a alimentação constante;
–6 minimizar o stress.
16.3 - FASE 2 - Pico da Ingestão de Matéria Seca
A segunda fase da alimentação na lactação ocorre após os 70 dias,
quando as vacas já atingiram o pico de lactação e precisam ser
mantidas no nível do pico de produção o máximo possível. Nesta fase, a
ingestão de alimentos é próxima ao máximo e pode suprir as
necessidades de nutrientes, resultando em parada na perda de peso e
manutenção ou pequeno aumento no ganho de peso.
A ingestão de grãos pode ser alta, desde que não exceda a 2,3%
do peso vivo e de forragens (boa qualidade) com ingestão de 1,5% do
peso vivo (com base na matéria seca), para manter a função ruminal
normal. A utilização de rações com alta digestibilidade da fibra irá auxiliar
na manutenção de um ambiente ruminal ótimo quando altos níveis de
grãos começarem a ser utilizados.
Os problemas que podem ocorrer neste período incluem uma rápida
queda ou declínio na produção de leite, baixa na gordura do leite, cio
silencioso (não observado) e cetose.
Alguns pontos devem ser considerados para se aumentar a
ingestão de nutrientes nesta fase:
185
Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação
–7 distribuir a ração total (ou forragens e concentrados) diversas vezes
durante o dia;
–8 utilizar alimentos de melhor qualidade possível;
–9 limitar a uréia a 200 gramas/vaca/dia;
–10minimizar o stress.
16.4 - FASE 3 - Meio ao Final da Lactação
A terceira fase da alimentação na lactação vai ocorrer dos 140 aos
305 dias pós-parto, quando as vacas já apresentam um declínio constante
na produção de leite, a vaca está em gestação e as exigências nutricionais
serão facilmente atendidas pela ingestão. É a fase mais fácil de manejar a
alimentação. A alimentação com grãos é para atender as exigências de
produção e repor as perdas corporais ocorridas no início da lactação. As
vacas em lactação, nesta fase principalmente, requerem os mesmos
alimentos para repor um quilo de tecido corporal que as vacas secas.
A ocorrência de problemas nutricionais durante esta fase é
pequena. A produção de leite cai lentamente, em torno de 8 a 10% ao mês
(normal) e deve-se cuidar apenas para que as vacas não fiquem super
condicionadas.
16.5 - Considerações Gerais
As seguintes considerações podem ser feitas sobre o manejo
alimentar de vacas em lactação:
1. Proteína bruta: usada em níveis de 18 a 19% (na MS) no início da
lactação decrescendo para níveis de 13% no final da lactação;
186
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
2. Energia líquida para lactação: em níveis de 1,72 Mcal/Kg de MS no início
da lactação decrescendo para níveis de 1,54 Mcal/Kg de MS no final
da lactação;
3. Forragem: mínimo de 1,5 Kg por 100 Kg de peso vivo (ou 1,5 % do PV),
sendo que no início da lactação há necessidade de se utilizar
forragem de alta qualidade;
4. Fibra: mínimo de 18 % de FDA na MS durante o início da lactação
aumentando para 21 % ou mais de FDA no final da lactação, sendo
que a matéria seca da dieta precisa conter um mínimo de 21% de
FDN como forragem;
5. Sal: 0,5 a 1,0 % de sais minerais na mistura concentrada;
6. Cálcio e fósforo: aproximadamente 1% da mistura de concentrado
precisa ser de cálcio/fósforo.
187
Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação
188
MANEJO DE ALIMENTAÇÃO
DE VACAS EM CONFINAMENTO17.1. Introdução
O objetivo dos produtores leiteiros é providenciar ambientes de
estabulação e ordenha que promovam o conforto, produção e saúde animal.
O sistema e estratégia de alimentação precisa maximizar a ingestão de
alimentos e assegurar condições corporais adequadas. A movimentação
das vacas para a sala de ordenha (e vice-versa) precisa ser tranqüilo e
delicado.
O conforto das vacas pode fazer uma diferença de centenas de
litros de leite entre rebanhos com alimentação e genética semelhantes. O
sucesso será alcançado se criar um ambiente para a vaca que minimiza o
stress e a competição excessiva por alimentos e água.
17.2. Manejo em Freestall
A manutenção adequada de freestalls é a chave para o conforto
das vacas em muitas propriedades. As baias precisam estar limpas, secas
e confortáveis para que as vacas possam deitar, e ser de dimensões que
permitam a vaca levantar e deitar naturalmente. Uma importante
consideração é o “espaço de investida”. Quando de pé , a vaca precisa
investir ou para diante ou para o lado da baia. Se o espaço de investida não
187
17
Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas
é disponível, as vacas terão dificuldade em levantar e podem
eventualmente parar de usar a baia.
Para checar se em um freestall as baias estão adequadamente
dimensionadas para o conforto animal, considerar o seguinte:
a - as vacas consistentemente evitam certas baias ?
b - as vacas deitam para trás nas baias ?
c - as vacas ficam meio fora/meio dentro das baias ?
d - quando as vacas normalmente descansam (entre 10 e 16 horas) são
mais que 20 a 30% ?
Se as respostas para qualquer uma destas questões é sim, então
as baias não são tão confortáveis como elas precisam ser. Cheque também
injúrias ou falta de pelo nos joelhos e cotovelos, um sinal que as vacas tem
dificuldades sérias de deitar e levantar das baias.
As camas podem ser de vários tipos: palha, serragem, papel e
areia. A escolha é determinada pelo sistema de manejo do esterco.
Qualquer cama usada precisa manter as vacas limpas e secas. A
manutenção das camas das baias adequadamente maximiza a absorção de
umidade, torna a baia confortável, aumenta o uso e reduz o potencial de
injúrias.
A superfície da baia com cama, precisa ser livre de buracos de
urina. Deve-se olhar sujeiras no ubere e tetas. Muitos pesquisadores
sugerem o teste do joelho úmido: “ajoelhe na baia por 10 segundos: se o
joelho estiver úmido, então as baias não estão com as camas
adequadamente manejadas. As baias precisam ser inspecionadas
diariamente e as camas molhadas precisam ser removidas.
A manutenção inadequada do freestall não somente reduz o
conforto das vacas como também aumenta o risco de mastite.
190
17.3. Piso das Instalações
Todas as superfícies onde as vacas caminham precisam ser anti-
derrapantes para reduzir injúrias, aumentar a mobilidade para alimentar,
beber água e área de descanso e para estimular o cio. Se as vacas
caminharem muito lentamente ou timidamente, com as patas traseiras
estendidas, isto pode ser um sinal de pior tração. Todo piso concretado
precisa ser ranhado para ser menos escorregadio.
17.4. Sala de Ordenha e Espera
As vacas não devem esperar mais que duas horas na área de
espera (uma hora ou menos, é preferível). As vacas irão ruminar na sala de
ordenha e espera se são confortáveis e tranqüilas. Se mais que 20 % das
vacas defecam na sala de ordenha, isto pode ser um sinal de desconforto
ou ansiedade. O sistema de ordenha precisa ser adequadamente
desenhado, instalado e mantido, para o conforto das vacas.
17.5. Manejo de Alimentação
As tecnologias de alimentação usadas precisam ser
cuidadosamente avaliadas para se ter certeza se promovem intenso
comportamento alimentar para o rebanho.
As tecnologias de alimentação incluem o sistema de alimentação
(ração total, forragem separada do concentrado) , estratégia de alimentação
(quando está disponível dos alimentos, freqüência de alimentação) e
ingredientes da ração.
Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas
Um lucrativo programa de alimentação otimizará os três
componentes para promover o conforto animal, alimentação normal e o
comportamento social pelo rebanho. Intensiva conduta de alimentação
promove a máxima ingestão de alimentos e melhora a reprodução,
produção e saúde animal.
17.6. Comportamento de Alimentação
As vacas de boa produção de leite podem chegar no pico de
lactação consumindo cerca de 22 Kg de matéria seca e beber acima de 80
litros de água, diariamente. O tamanho médio de cada alimentação é de 2,0
Kg com duração aproximada de 30 minutos, com 11 alimentações em
média por dia e o tempo total gasto na alimentação de aproximadamente 5
horas.
Vacas em alta produção e velhas, consomem mais alimentos (em
maior quantidade e mais rapidamente), bebem mais água e ruminam por
mais tempo e mais eficientemente que vacas de baixa produção e novas.
Por causa destas diferenças inerentes entre vacas de primeira lactação e
vacas velhas, é importante agrupar separadamente para promover intenso
comportamento de alimentação e agressivo habito alimentar.
17.7. Máxima Ingestão de Alimentos
As vacas precisam alcançar máxima ingestão de alimentos no
máximo em 10 semanas após o parto, o que minimizará o tempo
despendido no balanço energético negativo. Geralmente, vacas que
atendem altos níveis de ingestão cedo, no início da lactação, produzirão
mais leite, com menos problemas de saúde e terão grande eficiência
reprodutiva. Novilhas de primeira parição precisam aumentar a ingestão de
192
alimentos diariamente (de 1,5 a 2,0 Kg/semana) durante as primeiras três
semanas pós-parto e vacas mais velhas, perto de 2,5 a 3,0 Kg/semana.
Uma vaca no pico de ingestão pode consumir aproximadamente 4%
do seu peso corporal como matéria seca, ou aproximadamente 1 Kg de
matéria seca por cada 2 Kg de leite produzido.
A ingestão de alimentos abaixo dos níveis desejáveis usualmente
resultará em excessiva perda de condição corporal, pior eficiência
reprodutiva, aumentando a incidência de problemas sanitários do rebanho e
baixa persistência de produção de leite.
Lembre-se sempre que uma ração adequadamente balanceada
fornece nutrientes em proporções e quantidades que nutrem uma vaca por
24 horas. Em adição, os nutrientes requeridos precisam estar em uma
quantidade de alimento que a vaca pode consumir em 24 horas. Estes
fundamentos precisam ser seguidos.
17.8. Estratégias de Alimentação para Maximizar a Ingestão de Alimentos
Os principais componentes de uma estratégia de alimentação que
influenciam a ingestão de alimentos incluem a disponibilidade de alimento e
sincronização da alimentação, manejo do cocho, freqüência e seqüência de
alimentação, conteúdo de umidade da ração, estratégias de agrupamento
de vacas e novilhas, evitar mudanças súbitas na ração e garantia de
suficiente disponibilidade de água.
A alimentação precisa estar disponível pelo menos 20 horas
diariamente. Alimentos frescos precisam sempre estar disponíveis quando a
vaca for comer: após a ordenha, após limpeza do freestall ou quando o
alimento é distribuído. Além disto, 65 a 70% da ingestão diária de matéria
Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas
seca ocorre durante o dia. Evidentemente, um sistema de alimentação para
maximizar a ingestão terá que adaptar este modelo de alimentação natural.
Os cochos (comedouros) precisam ser mantidos limpos e livres de
alimentos estragados. Muitos pesquisadores recomendam de 60 a 75 cm de
espaço no comedouro, por vaca. Entretanto, o espaçamento ideal no
comedouro por vaca depende da disponibilidade de alimento. O segredo é
observar o comportamento social durante a alimentação: existe dominância
excessiva e competição por alimento? As novilhas pequenas e vacas
recém-paridas são expulsas do comedouro pela vacas dominantes ?
Excessiva lama, esterco, água ou entulho irá impedir a movimentação dos
animais. O desenvolvimento do melhor sistema de alimentação do rebanho
requer observações cuidadosas do comportamento social e de alimentação
dos animais.
O conteúdo de matéria seca da ração precisa ser monitorada
periodicamente e as rações serem ajustadas de acordo (pelo menos
quinzenalmente). Tente manter o conteúdo de umidade da ração entre 15 e
50 % para máxima ingestão. As rações precisam ser distribuídas para as
vacas diversas vezes ao dia para estimular a atividade de alimentação. Se
utilizar alimentação separada, volumosos e concentrado, tente distribuir o
concentrado pelo menos quatro vezes ao dia, e não mais que 2,5 a 3.5 Kg
em cada alimentação.
O coração de qualquer sistema para vacas de alta produção de leite
precisa ser baseado em forragem de alta qualidade. Forragem de alta fibra
e de baixa qualidade limita a ingestão. conseqüentemente, mais
concentrado, em relação a forragem precisa ser consumido resultando em
acidose, problemas de baixa ingestão, e pior produção de leite.
17.9. Disponibilidade de Água
194
A água tem que estar disponível para os animais durante todo o dia.
O ideal é que os bebedouros sejam dimensionados para 20 a 25 vacas, e
colocados estrategicamente para todos os grupos de vacas nos estábulos,
na entrada da sala de ordenha e na área de espera. Os bebedouros não
devem estar a mais de 15 metros do comedouro. Em geral, uma vaca bebe
aproximadamente 4 litros de água para cada quilo de matéria seca
consumida. A limitação na ingestão de água pode limitar a ingestão de
matéria seca.
17.10. Formação de Grupos e Alimentação
A estratégia de formação de grupos pode promover a máxima
ingestão de alimentos e comportamento agressivo de ingestão assim como
ocorre após o parto. Todos os grupos de vacas precisam ser homogêneos
para facilitar a formulação de ração e alimentação. O tamanho do grupo
dependente das instalações, tamanho do rebanho, do numero máximo de
vacas que podem ser manejadas na ordenha, alimentação e do pessoal.
As novilhas recém-paridas devem ser agrupadas separadamente, o
que facilita a adaptação ao ambiente no pós-parto, melhora o
comportamento de alimentação e reduz desordens metabólicas, resultando
em alta ingestão e produção de leite.
Observações práticas sugerem que o efeito benéfico de separar
grupos é mais pronunciado no período de transição, sendo que grupos
com baixa densidade de vacas e amplo espaço no comedouro reduzem a
competição e o stress pós-parto.
17.11. Pontos a Serem Checados em um Sistema de Alimentação
Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas
Em resumo, considere os seguintes pontos para assegurar que
esteja implantado o mais lucrativo sistema de alimentação para os rebanhos
leiteiros, considere que cada um dos pontos pode maximizar a eficiência do
sistema de alimentação.
17.11.1. Instalações e Grupos
A - Manejo de alimentos e alimentação
–1 armazenamento de alimentos: capacidade adequada, boa manutenção,
acesso fácil;
–2 inventário adequado do volumoso,
–3 eficiente distribuição de alimentos para todos os grupos possíveis;
–4 minimizar as sobras ( 5% de sobras);
–5 pesagem correta de todos os alimentos para todos os grupos.
B - Vacas e movimento das vacas
–6 movimento tranqüilo e calmo para a sala de ordenha;
–7 acesso a alimentação quando as vacas querem comer;
–8 acesso a sombra;
–9 tempo gasto na alimentação e ingestão de água é mínimo (< 6
horas/dia);
–10peso ou tape das vacas corretos,
–11condição corporal apropriada.
C - Comedouros e lotes
–12espaço adequado no comedouro (60 a 75 cm/vaca);
196
–13disponibilidade e qualidade da água (20 vacas ou menos por
bebedouro);
–14comedouros bem mantidos;
–15comedouros livres de superfícies rugosas e quebradas.
17.11.2. Qualidade do Alimento no Comedouro
A - Distribuição de alimentos
–16tamanho de partícula adequada (15% ou mais, maiores que 5 cm );
–17a ração total uniformemente misturada, todo dia;
–18a ração total é distribuída pelo menos 2 vezes ao dia;
–19a ração é revolvida nos comedouros freqüentemente;
–20sem mofo, baixa temperatura do alimento, boa palatabilidade durante
todo o dia;
–21umidade da ração entre 15 e 50 %;
–22os minerais estão disponíveis entre 60 e 120 g/vaca/dia;
–23a textura da mistura concentrada grosseira;
–24o concentrado distribuído quatro ou mais vezes ao dia, de 2,5 a 3,5 Kg
no máximo em cada refeição;
–252,5 a 3,5 Kg de leite por Kg de concentrado;;
–261,8 a 2,5 % do peso corporal é consumido como forragem diariamente;
–27a forragem é analisada rotineiramente e as rações são balanceadas ao
menos quatro vezes ao ano.
Manejo de Alimentação de Vacas em Lactação Confinadas
B - Sobra de alimento
–28alimentos não podem estar sobrando no comedouro;
–29composição da sobra. As vacas estão sendo seletivas?
Em adição a estes pontos a serem checados, há necessidade de
avaliar os animais, alimentos, fatores ambientais e quanto o programa de
alimentação está atendendo as necessidades nutricionais das vacas:
a. problemas de casco e pernas que podem limitar a mobilidade;
b. atividade de ruminação: o ideal é que metade do rebanho esteja
comendo ou ruminando ao mesmo tempo;
c. consistência, cor e conteúdo das fezes;
d. respiração: cheque resfriado ou problemas nasais;
e. condição física das forragens: tamanho de partícula, mofo ou putrefação;
f. movimentação dos animais: tranqüilo e delicado.
198
INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DO LEITE
18.1. Introdução
O manejo adequado da alimentação das vacas de um rebanho,
pode abaixar os custos de produção além de manter o animal saudável. A
alimentação com níveis máximos de gordura e proteína, visando aumentar
a produção de leite é essencial para alcançar estes objetivos.
Os componentes sólidos do leite incluem a gordura, proteína,
lactose e minerais. Os valores normais para a gordura do leite variam de
3,7% (Holandesa) a 4,9% (Jersey), para a proteína de 3,1% (Holandesa) a
3,8 % (Jersey). A lactose é usualmente 4,6 a 4,8% para todas as raças e a
média para os minerais (cinza) é de 0,74%. A expectativa é para um
aumento no teor de gordura e proteína. Normalmente, o preço do leite é
baseado no teor de gordura. O teor normal de gordura no leite também
reflete uma fermentação ruminal normal e uma vaca saudável. Geralmente,
dieta que causa uma depressão na gordura do leite também causa
problemas de casco (laminite), acidose e problemas de ingestão de
alimentos.
A concentração de proteína no leite tem valor econômico porque
alta proteína leva a altas produções de queijo. Atualmente, o conteúdo de
proteína no leite começa a ser mais enfatizado com preços diferenciados,
197
18
Influência da Alimentação na Composição do Leite
ao passo que a gordura começa a declinar devido a demanda humana por
leite ou produtos lácteos baixos em gordura.
18.2. Alteração dos Componentes do Leite
Os fatores que afetam a composição do leite incluem: genética,
estágio da lactação, nível de produção de leite, idade da vaca, ambiente,
doenças (mastite) e nutrição. Aproximadamente 55% da variação na
composição do leite é devido a hereditariedade enquanto que 45% é devido
aos fatores ambientais como o manejo de alimentação. A proteína do leite
segue as mudanças na gordura, exceto durante uma depressão de gordura
ou quando altos níveis de gordura são adicionados na dieta.
18.3. Estratégias de Manejo de Alimentação para Maximizar os Sólidos do Leite
As seguintes estratégias são aconselhadas para maximizar a
produção de leite e de sólidos totais no leite:
1. formular uma ração apropriada;
2. maximizar a ingestão de alimentos;
3. monitorar a composição da dieta (análise da forragem e alimentos);
4. alimentar com forragem de qualidade e apropriadamente;
5. adequada alimentação com proteína, energia, fibra, minerais e
vitaminas.
18.4. Maximizando a Ingestão de Alimentos
A importância da maximização da ingestão de alimentos é
relacionada a minimização do balanço de energia negativo durante o início
da lactação. As vacas mudam para um balanço energético positivo, o peso
corporal volta ao normal, perdas no escore de condição corporal são
minimizados e as vacas produzem leite com gordura e proteína normais.
Aumentando a ingestão de alimentos pode-se aumentar a proteína do leite
em 0,2 ou 0,3 unidades. Este aumento na porcentagem da proteína do leite
pode ser devido a um aumento global no balanço de energia ingerida assim
como no aumento no total de alimento ingerido. Vacas em alta produção
podem ingerir de 3,6 a 4,0% de seu peso corporal, diariamente, como
matéria seca. Se em um rebanho os animais estão consumindo menos que
3,5% do seu peso corporal como matéria seca, a produção de sólidos do
leite pode ser limitada.
Os maiores fatores alimentares que afetam a ingestão de alimentos
são:
1. manejo de alimentação ( manter comedouro limpo, com sombra e
espaço adequado);
2. freqüência e seqüência de alimentação;
3. umidade da ração total ( 50 % ou menos);
4. interação social do grupo ( vacas dominantes são problemas quando são
misturadas em um mesmo grupo de vacas adultas e novilhas );
5. mudança súbita na ração;
6. piso e ventilação adequada.
Aumentando a freqüência de alimentação, aumenta a gordura no
leite, especialmente quando a dieta é baixa em fibra e alta em concentrado.
As maiores respostas são em dietas com menos de 45% de forragens e
quando o concentrado é oferecido separado, em salas de ordenha com
comedouros. Quando a dieta é oferecida como ração total, a freqüência de
Influência da Alimentação na Composição do Leite
alimentação não é tão problemática, enquanto a dieta permanecer
palatável.
18.5. Alimentos Concentrados e a Composição do Leite
A alimentação com concentrado, separado do volumoso,
primariamente envolve a manutenção de uma relação apropriada
volumoso/concentrado e níveis de carboidratos não estruturais (CNE), que
incluem amido, açucares e pectina.
Os carboidratos não estruturais podem variar de 20 a 45%. Um
nível de 40 a 45% é típico de dietas com uma relação
volumoso/concentrado de 40 a 60% ou menos forragem. Dietas com
grandes quantidades de forragem de alta qualidade e um mínimo de grãos
podem ser deficientes em carboidratos não estruturais. Alimentando com
adequado nível de CNE pode melhorar ambos, gordura e proteína do leite,
enquanto que uma superalimentação leva a uma diminuição na gordura de
1 unidade ou mais apesar de aumentar a proteína em 0,2 a 0,3 unidades.
O total de grãos por alimentação precisa ser limitado em 3,0 Kg
para prevenir acidose no rúmen, problemas de refugo de alimento e
redução do teor de gordura no leite.
Um nível de utilização adequado de grãos para maximizar a
produção de gordura e proteína é o seguinte:
Vacas Holandesas e Pardo suíça:
–1 menos de 18 litros/dia usar 1 Kg de grãos, por 4 Kg de leite;
–2 de 18 a 35 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 3 Kg de leite;
–3 acima de 35 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 2,5 Kg de leite;
Vacas com alto conteúdo de sólidos no leite:
–4 menos de 13 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 3 Kg de leite;
–5 de 13 a 27 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 2,5 Kg de leite;
–6 acima de 27 litros/dia usar 1 Kg de grãos por 2 Kg de leite.
Os grãos precisam ser limitados em um máximo de 13 a 15 Kg por
vaca por dia. Fezes que contém muito milho indigerível ou com um pH
menor que 6,0 indicam que tem muito grão ou CNE na dieta,
inadequadamente.
O processamento do grão também pode influenciar na composição
do leite. O milho floculado pode aumentar a porcentagem de proteína no
leite, mas quando em excesso causa uma depressão na gordura do leite.
Alimentos fibrosos como a casca de soja podem substituir grãos
aminolíticos e reduzir a severidade da depressão na gordura. Pesquisas
tem mostrado que a casca de soja pode substituir 50 a 75% do milho em
uma mistura concentrada para manter o nível de gordura normal.
18.6. Fibra e a Composição do Leite
As exigências de fibra das vacas consistem do nível de fibra e do
tamanho da partícula, que contribuem para a estimulação ruminal,
ruminação e salivação além da manutenção normal da gordura e da
proteína do leite. O mínimo requerido de fibra em detergente ácido (FDA) e
neutro (FDN) é de respectivamente 19-21 e 26-28%.Abaixo destes níveis a
vaca corre risco de diminuir a gordura do leite, ter problemas de acidose,
laminite, flutuação crônica na ingestão de alimentos e piora na condição
corporal, especialmente em vacas no início da lactação. Para assegurar
adequado comprimento de partícula, a forragem precisa ser triturada acima
de 1 cm. Tamanho menor que 1 cm pode diminuir drasticamente a gordura
do leite e aumentar a proteína em 0,2 a 0,3 unidades. A alimentação com
inadequada fibra não é recomendada para aumentar a proteína do leite,
Influência da Alimentação na Composição do Leite
pois afeta significativamente o ecossistema ruminal. É aconselhável que
75% da FDN da dieta seja de forragem triturada grosseiramente (fibra
longa) para satisfazer totalmente as exigências de fibra.
Rações ricas em fibra (baixa em energia) limitam a produção de
proteína do leite pois não é ingerida energia suficiente. Geralmente, 40 a
50% da matéria seca da forragem em uma ração é a quantidade mínima
para prevenir baixa gordura no leite. Níveis acima de 60 a 65% de forragem
necessitam de suplementação com fontes ricas em energia para evitar
deficiência energética e depressão na proteína do leite.
18.7. Proteína Dietética e Composição do Leite
O atendimento das exigências das vacas de proteína bruta e
proteína não degradada no rúmen é essencial para a manutenção normal
da proteína do leite. A proteína bruta pode variar de 15 a 18%, dependendo
da produção, e a de escape (não degradada) de 33 a 40% da proteína
bruta, especialmente para vacas no inicio da lactação. Parece que um nível
de 33% de proteína não degradada é adequado para vacas no terço médio
e final da lactação.
Geralmente, o nível de proteína bruta afeta a produção de leite,
mas não a porcentagem de proteína, menos se a dieta for deficiente em
proteína bruta. Um excesso de proteína degrada no rúmen pode reduzir a
proteína do leite. A utilização de uréia deve ser restrita em 1 a 2%, em uma
ração total.
18.8. Gordura Dietética e Composição do Leite
A suplementação da dieta com gordura, especialmente no início da
lactação, tem se tornado uma prática em determinadas fazendas,
especialmente para vacas de alta produção. Quando se utilizar gordura,
deve-se tomar certos cuidados para evitar uma queda no teor de proteína
do leite, que chega a 0,1 a 0,2 unidades. Se usada adequadamente, a
suplementação com gordura pode resultar na manutenção ou ligeiro
aumento na gordura do leite, pequena alteração na proteína e aumento na
produção de leite e no teor de sólidos não gordurosos do leite.
As recomendações para utilização de gordura baseam-se na
gordura animal (sebo) e em gorduras protegidas, na quantidade de 450
gramas/vaca/dia.
Pesquisas tem mostrado que a utilização de niacina (6 a 12
gramas/dia) pode corrigir a depressão na proteína do leite causada pela
suplementação com gordura dietética. Deve-se cuidar, no entanto, para que
as rações estejam adequadamente balanceadas em proteína, fibra, CNE, e
especialmente nos minerais cálcio e magnésio, que devem ser aumentados
em níveis de 0,95% e 0,35% da matéria seca da ração total,
respectivamente.
18.9. Recomendações Gerais
As praticas de alimentação para maximizar o conteúdo de sólidos
no leite e a produção, incluem:
1. manutenção de um adequado nível de fibra de 26 a 32% de FDN ou
adequado tamanho de partícula;
2. manutenção de um adequado nível de amido com 40 a 45% de
carboidratos não estruturais, no máximo;
3. manutenção da relação volumoso/concentrado em acordo com a fonte
de forragem;
4. manutenção de um adequado nível de proteína de 17 a 18%;
Influência da Alimentação na Composição do Leite
5. manutenção de um adequado nível de proteína não degradada no rúmen
de 33 a 40% da proteína bruta;
6. maximizar a ingestão de uma dieta balanceada.
A tabela 18.1 sumariza as praticas de manejo de alimentação que
influenciam no teor de sólidos no leite. A alimentação correta das vacas
leiteiras , apesar da complexidade, é o único caminho para produzir leite
com o nível máximo de gordura e proteína.
Tabela 18.1 - Sumário das mudanças no manejo de alimentação que afetam a composição do leite.
FATOR DE MANEJO GORDURA, % PROTEÍNA, %
Ingestão máxima de alimento aumenta aumenta 0,2 a 0,3 unidades
Aumento na freqüência de alimentação aumenta 0,2 a 0,3 pode aumentar muito pouco
Deficiência de energia pouco efeito diminui 0,1 a 0,4 unidades
Alto CNE ( > 45 %) diminui 1% ou mais aumenta 0,1 a 0,2 unidades
Normal CNE aumenta mantém o nível normal
Excessiva fibra aumento pequeno diminui 0,1 a 0,4 unidades
Baixa fibra ( < 26% de FDN) diminui 1% ou mais aumenta 0,2 a 0,3 unidades
Partícula de pequeno tamanho diminui 1% ou mais aumenta 0,2 a 0,3 unidades
Alta proteína bruta sem efeito aumenta se a dieta era
deficiente PB
Baixa proteína bruta sem efeito diminui se a dieta é deficiente
Proteína não degrada (33 a 40% da PB) sem efeito aumenta se era deficiente PB
Adição de gordura (> 7 a 8%) variável diminui 0,1 a 0,2 unidades
NUTRIÇÃO E DOENÇAS METABÓLICAS EM VACAS LEITEIRAS 19.1. Introdução
Desbalanços nutricionais, deficiências ou manejos inadequados de
programas alimentares para vacas leiteiras podem levar a um grande
número de problemas de saúde, identificados como doenças metabólicas
ou distúrbios metabólicos.
Compondo o problema estão toda mudança nutricional necessária
para a vaca, sua carência na lactação/período seco, mudança na qualidade
alimentar, e práticas de manejo para produção individual.
Os programas de sanidade do rebanho leiteiro devem incluir uma
forma de evitar desordens metabólicas e prevenção ou controle de doenças
infecciosas. Freqüentemente quando as doenças metabólicas aumentam,
doenças infecciosas oportunistas também aumentam.
Estresse devido a problemas metabólicos pode diminuir a
resistência da vaca e comprometer as funções imunológicas. Se estas
doenças não forem prevenidas, conseqüências de alto custo na reprodução
e na produção de leite poderão ocorrer. Em alguns rebanhos, a mortalidade
pode chegar a 20 a 25%, em adição a outros custos, como resultado destas
implicações da doença.
205
19
Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras
19.2. Doenças Relacionadas ao Metabolismo Energético
19.2.1. Síndrome da vaca gorda
O excesso de energia na dieta ( devido a concentrados, silagem de
milho, alguns fenos) durante o período seco, podem causar obesidade em
vacas próximas da parição. Estas vacas muito gordas são mais
susceptíveis a de outros problemas metabólicos como a febre do leite,
cetose, deslocamento do abomaso, retenção de placenta, metrite, e a
possibilidade do animal vir a morrer, o que é provável. Isto não é comum
em alguns manejos de rebanhos holandeses, para alimentação de vacas
para mudanças no peso de 700 para 900 Kg de peso vivo, o que
freqüentemente cria problemas. A estratégia alimentar é recomendada para
restaurar a condição corporal perdida durante o final da lactação. Não
somente esta prática poderá evitar severamente a ocorrência de vacas
obesas mas a conversão alimentar em tecido corporal é mais eficiente
durante o fim da lactação, comparado ao período seco. Deve-se tentar
alcançar um escore corporal de 3,5 no fim da lactação e manter esta
condição durante o período seco para minimizar a incidência da síndrome
da vaca gorda. Esta síndrome pode estar associada com todas as outras
doenças metabólicas discutidas neste artigo.
19.2.2. Cetose
Esta doença metabólica ocorre mais freqüentemente no início da
lactação e pode estar associada com outros problemas, como a síndrome
da vaca gorda, retenção de placenta, mastite, metrite, e deslocamento de
abomaso. Vacas com cetose precisam ser examinadas cuidadosamente.
Os sinais de cetose incluem anorexia, perda de peso, diminuição da
produção de leite, apatia e outros sinais não usuais. A cetose é melhor
prevenida pela manutenção das vacas em boas condições, mas não
gordas durante o período seco. Outra prática é iniciar o arraçoamento com
grãos 10 a 15 dias antes do parto, aumentando gradualmente de 0,5 Kg
até o nível máximo de 7,0 Kg/vaca/dia. Alterações na dieta durante as
primeiras 6 semanas de lactação também devem ser graduais. Durante a
lactação alimentos de boa qualidade, alta energia e palatáveis devem ser
usados.
19.2.3. Retenção de Placenta
A retenção de placenta no pós-parto em vacas leiteiras é comum,
mas com um manejo adequado pode ser mantida em níveis de até 10% das
vacas. O efeito da retenção de placenta na fertilidade subseqüente é devido
a involução retardada do útero e metrite crônica, uma das causas mais
comuns de infertilidade. Em muitas vacas a maior perda econômica é
devida ao atraso na concepção, o que está associado com a menor
produção de leite. A prevenção da retenção de placenta é o ponto chave.
Para esta desordem, é difícil apontar uma causa exata, assim muitos
fatores diretos e indiretos podem ser os responsáveis. O melhor é manter
uma vaca saudável, em condições adequadas durante e após o parto. Uma
ração adequadamente balanceada durante os 45-60 dias do período seco,
exercícios diários, asseio, áreas da maternidade seca e confortáveis, e
sanidade apropriada durante o período de prenhez minimizam as chances
de retenção de placenta. Vacas com deficiência em vitaminas A e D e de
selênio tem maior incidência de retenção de placenta. Injeções destes
nutrientes em níveis adequados podem ser administradas 8 semanas antes
do parto, se houver suspeita da deficiência.
Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras
19.2.4. Infertilidade
A infertilidade, causada por problemas nutricionais incluem vacas
que podem estar muito gordas ou muito magras. Outras causas além da
nutrição devem ser consideradas quando problemas nutricionais são
corrigidos. Avaliação da condição corporal é importante porque a eficiência
reprodutiva em vacas extremamente gordas ou magras é
consideravelmente reduzida. As fêmeas muito gordas tem mais problemas
no pós-parto (retenção de placenta, metrites, cistos ovarianos) enquanto
que, vacas muito magras usualmente tem problemas devido ao tempo
prolongado antes do reinicio do ciclo normal. Manter e registrar os escores
de condição corporal que variam de 1 para as muito magras até 5 para as
muito gordas. Vacas em lactação, no pico de produção, não devem ter
escore abaixo de 2,5 e por volta de 3,5 no período de secagem, tendo que
manter este escore durante o período seco.
19.3. Doenças Associadas com Acidose ou Pouca fibra
19.3.1. Timpanismo
O timpanismo é um problema comum quando a relação forragem/
concentrado em base de matéria seca, é muito baixa, ou quando a
concentração de fibra em detergente neutro efetiva é muito baixa.
Geralmente, quando a alimentação predominante é com silagem de milho, o
máximo que a silagem dever representar da ração, em base de matéria
seca é de 55% da ração total. Animais recebendo rações que causam
timpanismo crônico possuem pH ruminal muito baixo (muito ácido), e a
digestão normal dos nutrientes é prejudicada, sendo a ingestão de alimento
mínima. O timpanismo espumoso é a forma aguda de timpanismo, podendo
ocorrer quando vacas consomem grandes quantidades de certas
leguminosas tais como trevo. Animais em pastagens de leguminosas devem
ser cuidadosamente manejados para evitar o timpanismo.
19.3.2. Laminite (Problemas de Casco).
Esta é uma seqüela do timpanismo e indigestão quando a relação
forragem/concentrado é muito baixa. A laminite causa manqueira, contínuo
desconforto quando as vacas estão de pé, e pior performance.
19.3.3. Indigestão
Ocorre quando um contínuo e considerável desbalanço de amido
cria uma alta acidificação ruminal. Flutuações crônicas (de longa duração)
na ingestão de alimentos são sinais comuns de dietas com pouca fibra. A
vaca não pode maximizar a ingestão de alimento ou produção de leite
enquanto sua ingestão alimentar for inconstante.
19.3.4. Abcessos Hepáticos
Geralmente são uma seqüela da baixa relação
forragem/concentrado e acidificação ruminal em que o excesso de ácido
pode promover ou causar erosões/úlceras ruminais permitindo que várias
bactérias penetrem na corrente sangüínea. Estas bactérias são filtradas e
excretadas pelo fígado, resultando em infecções hepáticas e a criação de
abcessos, que prejudica a eficiência funcional do fígado.
Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras
19.3.5. Deslocamento do Abomaso
O deslocamento do abomaso é uma desordem de bovinos no qual o
abomaso (estômago verdadeiro) torna-se distendido por gás, fluidos, ou
ambos, levando-o a uma posição anormal. O abomaso geralmente se move
para a esquerda e para cima, permanecendo entre o rúmen e a parede
abdominal esquerda. A maioria dos deslocamentos de abomaso ocorrem
em vacas nas 2 semanas após o parto, sendo que as condições associadas
ao parto parecem ser o fator predisponente. Um nível alto de concentrado
na ração de vacas secas durante o final da gestação e após o parto parece
aumentar substancialmente a incidência de deslocamento de abomaso. Os
sinais de deslocamento de abomaso parecem com os da cetose (anorexia,
ingestão alimentar intermitente), movimentos intestinais escassos, redução
da produção de leite, desconforto geral e apatia. Alguns tipos pouco
comuns de deslocamento do abomaso (direito) mostram sinais um pouco
diferentes dos descritos acima. O tratamento destas condições usualmente
envolvem cirurgia abdominal: corrigindo o deslocamento, no qual o
abomaso é levado de volta à sua posição normal através de suturas para
que o deslocamento não volte a ocorrer. Alimentação apropriada pode
reduzir a incidência de deslocamento de abomaso.
19.3.6. Baixo Nível de Gordura no Leite
Uma depressão na gordura do leite pode ocorrer pela baixa relação
forragem/concentrado, ou em rações que a forragem está finamente moída.
A depressão da gordura do leite é tipicamente associada com acidose,
problemas alimentares e lesões dolorosas no casco. Suplementando a vaca
com dietas contendo fibra adequada, em termos de nível e tamanho da
partícula, eliminará, usualmente, estes problemas nutricionais
interrelacionados. Vários tampões, como o bicarbonato de sódio tem sido
úteis na manutenção da quantidade de gordura do leite, quando altos níveis
de concentrado são ingeridos. Freqüentemente os tampões tem estimulado
a ingestão alimentar, tornando-se especialmente importantes na dieta de
vacas no início da lactação. Os níveis recomendados de bicarbonato de
sódio na alimentação estão entre 0,50 e 0,75% da matéria seca da ração
total.
19.4. Doenças Metabólicas Relacionadas a Minerais
19.4.1. Febre do Leite (Hipocalcemia)
A febre do Leite geralmente ocorre próximo ao parto, e é causada
pela grande demanda de cálcio exigida no início da produção de leite. A
vaca é incapaz de atender esta demanda de cálcio, devido ao imbalanço da
dieta, influência da vitamina D ou da atividade da glândula paratireóide,
todos fatores que influenciam na regulação destes metabólitos durante o
período seco. Os animais com sintomas da febre do leite ficam
cambaleantes, apresentam tremores musculares, prostração, permanecem
deitados, inabilidade para levantar, temperatura abaixo do normal. A seguir
estão outros problemas que podem ocorrer devido a febre do leite:
dificuldade no parto devido a tremores musculares, aumento nas chances
de prolapso uterino, tendência de aumentar a retenção de placenta,
aumento da possibilidade de metrites (infecção uterina), diminuição na
performance reprodutiva, aumento da tendência de timpanismo devido à
atonia muscular do rumem, maior número de deslocamento de abomaso,
maior risco de cetose, risco consideravelmente maior de desenvolver
mamites, maior risco de outras doenças infecciosas, decréscimo na
produção de leite, redução na vida reprodutiva do rebanho. Os efeitos
secundários da febre do leite são economicamente muito importantes,
mostrando a importância da prevenção.
Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras
19.4.2. Doença do Imbalanço no Controle de Cálcio e Fósforo
O momento mais importante e crítico para ajustar o imbalanço de
cálcio/fósforo que causa problemas metabólicos é o mês que antecede o
parto. Os requerimentos incluem:
1. Limitada ingestão de cálcio antes do parto; alimentar em excesso tende
a inibir a mobilização normal de cálcio dos ossos.
2. O total das exigências de cálcio para uma vaca de 550 Kg no período
seco é de 40 g/dia; em geral, não deve ser alimentada em mais de
0,4% de cálcio na matéria seca da ração, para vacas secas.
3. Evitar altos níveis de fósforo na alimentação; o requerimento de fósforo
é de 28-30 g/dia e deve ser mantido próximo deste nível. Tentar
alimentar aproximadamente 0.24% de fósforo da matéria seca.
4. Uma alta dosagem de vitamina D injetável é recomendada por alguns
pesquisadores, de três a sete dias antes do parto, para ajudar na
prevenção da febre do leite.
19.5. Desordens Relacionadas ao Manejo Alimentar
Vários problemas relacionados ao manejo alimentar podem causar
sérias desordens nutricionais. A ingestão de partículas metálicas, arame ou
prego, pode causar sérios danos internos, doenças crônicas, pior
performance e possível morte. Deslocamento do abomaso tem sido
associado também a ingestão de forragem finamente moída ou outros
desbalanços nutricionais. Problemas de indigestão e performance ruins são
devidos muitas vezes a péssima qualidade do alimento, pouco asseio de
baias e comedouros, e falta de conforto e abrigo adequado para os animais.
Problemas de acidose podem também ser devido a adaptação ao alimento,
relação forragem/concentrado inadequada, superlotação animal nas áreas
de alimentação ou outras práticas negligentes.
A severidade do edema de úbere pode ser agravada com o
desbalanço nutricional. O excesso de energia, proteína e sal e a deficiência
de magnésio podem estar correlacionadas como possíveis causas deste
problema. Pesquisas tem mostrado que a suplementação com magnésio
(18g/vaca/dia iniciando 42 dias antes da data provável do parto) tem
demonstrado ser promissor na redução do edema de úbere.
19.6. Considerações Gerais
Parece ser concenso, que um bom manejo nutricional direcionado
para a manutenção de baixos níveis de desordens metabólicas incluem:
1. Utilizar uma dieta balanceada adequadamente para proteína, energia,
fibra, vitaminas e minerais.
2. Agrupar as vacas de acordo com a produção e ajuste da condição
corporal durante a lactação.
3. Manter vacas secas na condição de escore corporal de 3,5 , o desejado
escore para o período seco e parto, evitando a síndrome da vaca
gorda e desordens metabólicas relacionadas.
4. Providenciar exercícios para vacas secas.
5. Limitar a ingestão de grãos antes do parto para níveis de 0,5 Kg,
aumentando gradativamente, durante 15 dias até o parto, quando os
animais estarão ingerindo um nível máximo 7 Kg de concentrado.
Nutrição e Doenças Metabólicas em Vacas Leiteiras
6. Manter uma relação forragem/concentrado na ração total após o parto,
visando maximizar a ingestão mas em um nível para prevenir
problemas digestivos (cetose, acidose, deslocamento de abomaso)
durante a adaptação para a ração inicial.
7. Fornecer feno de gramíneas ou pastagens para vacas secas visando
minimizar a ingestão de cálcio, prevenindo a febre do leite.
8. - Limitar a alimentação com silagem de milho para vacas secas para 15
a 20 Kg/dia, fornecendo 5 Kg de feno ou forragem equivalente.
9. - Limitar a alimentação com concentrado após o pico de lactação e
ocorrência da concepção.
10.- Manter o intervalo entre partos de 12 a 13 meses para evitar longos
períodos secos, mantendo uma boa sanidade, nutrição e práticas
reprodutivas especiais. O objetivo de uma boa produção é prevenir
doenças por manejos alimentares, fornecendo a vaca um ambiente
limpo, seco, confortável, uma fonte de água de boa qualidade para
maximizar a ingestão de uma ração bem balanceada e palatável, para
atender as necessidades de produção.
A CONDIÇÃO CORPORAL E O PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO
20.1. Introdução
É bem conhecido, que a ração que a vaca consome pode ser bem
diferente daquela formulada, devido a variações na qualidade da forragem
(o teor de matéria seca, por exemplo), da ingestão de alimentos ou
complicações com mal funcionamento ou inapropriado sistema de
alimentação que pode comprometer um apropriado sistema de nutrição.
Portanto, a vaca é a avaliação final da ração. Medidas da ingestão de
matéria seca e estudo dos dados da produção do rebanho, composição do
leite e curva de lactação, bem como monitoração da condição corporal da
vaca, são as principais e melhores avaliadores da ração ou diagnostico dos
problemas nutricionais do rebanho.
O manejo cuidadoso da energia em vacas leiteiras é crucial para a
eficiência produtiva e reprodutiva. Pior manejo de energia é comumente
observado como o fator mais limitante que contribui para a baixa produção
de leite e pior performance reprodutiva.
A medição da condição corporal tem sido um instrumento eficiente
no monitoramento da ingestão de energia de vacas e rebanhos. Apesar de
ser uma medição subjetiva, a condição corporal dá uma surpreendente e
acurada medida da reserva de energia no animal vivo, melhor do que
através da variação no peso corporal, especialmente em novilhas e vacas
em gestação. As mudanças no peso vivo, como os que ocorrem durante
215
20
A Condição Corporal e o Programa de Alimentação
períodos de alta ingestão de matéria seca, refletem mais o total de
alimentos no trato digestivo que mudanças no status de reserva de energia.
A técnica de medição da condição corporal é relativamente simples
e de custo baixíssimo, podendo se tornar uma rotina comum no manejo,
pois um leigo, com pouco treinamento pode se tornar um competente
avaliador da condição corporal.
20.2. Diferentes Sistemas de Avaliação da Condição Corporal
Existem diversos sistemas de avaliação da condição corporal em
uso no mundo, o que pode levar a uma confusão na interpretação dos
dados. O sistema britânico usa uma escala de 0 a 5, com aumento de 0,5
ponto, resultando em uma escala de 11 pontos. O sistema australiano usa
escala de 1 a 8. O sistema americano, desenvolvido na Virgínia é uma
adaptação do britânico e usa uma escala de 1 a 5.
No Brasil, há uma tendência em se utilizar o sistema americano e o
britânico.
Tabela 20.1 - Tabela de conversão para diferentes sistemas de avaliação
da condição corporal.
Sistema Americano 1 2 3 4 5
Sistema Britânico 0 1 2 3 4 5
Sistema Australiano 1 2 3 4 5 6 7 8
218
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
20.3. Sistema Americano de Avaliação da Condição Corporal
O sistema americano desenvolvido na Virgínia é o mais utilizado
nos Estados Unidos e em outros países da América. Neste sistema as
vacas são avaliadas de 1 a 5, baseado na apreciação visual e palpação
manual do lombo, garupa e região da cauda. Um escore de 1 é dado a uma
vaca muito magra e o valor 5 a uma vaca muito obesa.
Recentemente, uma variação do sistema da Virgínia tem sido
desenvolvido na Califórnia, onde a avaliação é praticamente visual, sem
apalpação, mais prático e fácil de utilizar em sistema de free-stall, mas não
é tão preciso.
20.4. Objetivo da Avaliação da Condição Corporal (CC)
O objetivo da avaliação da condição corporal é identificar praticas
de alimentação sub ótimas ou discrepância entre as recomendações e a
performance do rebanho, otimizar a produtividade minimizando
desenvolvimento de problemas reprodutivos. A CC de vacas em tempos
diferentes, durante o ciclo de produção, fornece uma oportunidade para
observar mudanças nas reservas corporais associadas com mudanças na
produção de leite, reprodução e saúde. Ações de manejo apropriadas
podem ser tomadas em vacas individuais, em grupos ou no rebanho todo
para atender os objetivos, ou seja, para que a CC esteja nos mesmos níveis
antes do desenvolvimento do problema.
20.5. Condição Corporal (CC) e Produção de Leite
219
A Condição Corporal e o Programa de Alimentação
Como a condição corporal na época do parto aumenta para 4 ou
mais, a produção de leite e gordura no leite tende a aumentar durante o
início da lactação quando as vacas são alimentadas com dietas com
suficiente fibra. As vacas com CC acima de 3 no parto alcançam mais cedo
e é mais alto o pico de lactação, mas a persistência na lactação é
relativamente menor.
Os bovinos que requerem adicional reserva corporal são mais
eficientes em depositar energia durante a lactação do que no período seco.
As vacas em lactação usam a energia metabolizável do alimento com uma
eficiência de 75% para substituir as reservas corporais, enquanto que as
vacas secas usam a uma eficiência de 60%, requerendo 15 a 25% mais de
alimento para substituir as reservas, quando comparado com vacas em
lactação. Estudos em que as vacas foram alimentadas durante o período
seco, para alcançar a condição corporal desejada no parto, não mostraram
benefício econômico e o balanço energético foi comparado.
A ingestão de matéria seca é geralmente menor e a perda na
condição corporal tende a ser grande (acima de 1 unidade na CC) durante o
início da lactação para vacas gordas (acima de 4) em relação a condição
corporal adequada (3 a 4). A correção na quantidade de energia é
necessária para reduzir a taxa de mobilização da gordura.
A condição corporal excessiva no parto é indesejável. Vacas com
CC acima de 4, particularmente quando combinadas com longas lactações,
longos períodos secos ( acima de 70 dias) e pior manejo nutricional no pós-
parto, terão menor produção de leite, mais doenças metabólicas e baixa
performance reprodutiva. Entretanto, é bom enfatizar que ambos, a taxa e
extensão da perda da condição corporal são mais críticas que a CC ao
parto no desenvolvimento de fígado gorduroso e outros problemas.
220
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
20.6. Condição Corporal (CC) e Performance Reprodutiva
Parece ser uma verdade que vacas gordas com problemas de
deposição de gordura no fígado tem aumentado o período para a primeira
ovulação, primeiro estro e concepção, resultando em problemas de
infertilidade.
Vacas em balanço energético negativo, que apresentam perda de
peso, tem uma baixa performance reprodutiva (44 % de taxa de concepção
e 2,32 serviços/concepção) em relação as em balanço positivo, com ganho
de peso (67 % de taxa de concepção e 1,5 serviços/concepção).
Tabela 20.2 - Relação entre a perda de condição corporal pós-parto e performance reprodutiva (síntese de uma pesquisa).
Perda de Condição
CorporalNumero
Vacas
Dias para
a 1a
ovulação
Dias para
o 1o
estro
Serviços
por
concepção
Período
de
serviço
Pequena (< 0,5 ) 23 24 40 1,7 92
Moderada ( 0,5 a 1 ) 16 34 35 1,8 88
Severa ( > 1 ) 15 35 53 1,9 104
O manejo de alimentação de vacas no período seco precisa ser
direcionado para manutenção da condição corporal, sem perda de peso ou
CC. As vacas excessivamente gordas devem ser manejadas
separadamente durante o período seco. As vacas devem ser manejadas,
221
A Condição Corporal e o Programa de Alimentação
para manter a condição corporal, com dietas para um ganho de peso de 0,5
a 0,7 Kg/dia para compensar o rápido desenvolvimento do feto.
20.7. Épocas de Avaliação da Condição Corporal
Quanto mais freqüente as vacas forem avaliadas, melhor a
determinação das mudanças na reserva corporal. O ideal é que as vacas
sejam avaliadas mensalmente ou a cada dois meses. Esta avaliação pode
ser feita também no manejo normal do rebanho: no parto, na secagem,
durante vacinações, durante inspeção veterinária.
As seguintes épocas são sugeridas para avaliação dos animais:
1. No parto;
2. Entre 5 e 6 semanas após o parto (próximo ao pico de lactação, ao
primeiro cio, ou quando o primeiro exame retal é feito pós-parto,
etc.);
3. Entre 150 e 200 dias após o parto (no meio da lactação);
4. No fim da lactação (secagem).
Nestes tempos de avaliação, o escore desejado deve ser o listado
na tabela 20.2. Se o escore estiver fora das variações aceitáveis, o manejo
deve ser direcionado na tentativa de resolver o problema. O mais
importante é observar a mudança na condição corporal entre um estágio e
outro de lactação. A tabela 20.3 apresenta algumas condições corporais
recomendadas e suas variações.
Tabela 20.3 - Condição corporal recomendada para bovinos leiteiros.
Animal Condição corporal desejável Variação na condição corporal
Vacas Parto 3,5 3,0 a 4,0
Pico de Lactação 2,5 2,0 a 2,5
222
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
Meio da Lactação 3,0 3,0 a 3,5
Fim da Lactação 3,5 3,0 a 3,5
Novilhas 6 meses de idade 3,0 2,5 a 3,0
Época do cruzamento 3,0 2,0 a 3,0
Parto 3,5 3,0 a 4,0
Tabela 20.4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas.
Período Escore de
condição corporal
Razões Sugestão de
manejo
Época de Secar Alto ( > 4,0 ) vacas ganharam peso
excessivo durante a
lactação
Reduzir a energia da
ração no último terço
da lactação
Baixo ( < 3,0 ) Vacas não se
alimentaram para
ganhar peso durante o
período de lactação
Aumentar a energia no
último terço da lactação
Durante o período seco Ganho em CC acima
de 4,25
Excessiva energia na
ração de vacas secas.
Excessivo dias secos,
resultante de
problemas ou falhas na
reprodução
Medir a ingestão,
analisar a forragem e
reduzir a energia
Limitar o dia seco em
70 dias no máximo.
Estabeleça um rigoroso
manejo reprodutivo
Perda em CC Vacas secas perderam
peso devido a ração
Checar a ingestão,
analisar a forragem,
ajustar a energia da
ração para parar a
perda de peso.
223
A Condição Corporal e o Programa de Alimentação
Checar o espaço no
cocho, suprimento de
água, sombra.
checar vacas
individuais para
problemas de doenças
Tabela 20.4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas (continuação).
Período Escore de
condição corporal
Razões Sugestão de
manejo
Do parto ao pico CC muito alta (>
3,0 )
Genética
Inadequada
proteína na ração
pós-parto relativo
ao nível de
ingestão da vaca
Agrupe as vacas
baseado na
habilidade
produtiva; Medir a
ingestão e ajustar
a proteína da ração
para um máximo
de 19% na ração
Perda de CC de
1,0 unidade
Isto é normal e
esperado em
vacas leiteiras.
Maximizar a
densidade
energética da
ração mas guarde
níveis de FDN
efetivo na ração
para manter a
fermentação
ruminal.
Considerar adição
de niacina e
224
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
gordura
Perda de CC
acima de 1,0
unidade caindo
para baixo de 2,5
Vacas muito
magras no parto ou
perda excessiva de
peso
Medir a ingestão
de MS. Usar
gordura na ração e
forragem de alta
qualidade.
Tabela 20.4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas (continuação).
Período Escore de condição
corporal
Razões Sugestão de manejo
Do pico ao meio
da lactação
CC muito alta ( > 3,0 ) Vacas geneticamente
inferiores.
Vacas em dieta rica em
energia por muito tempo
Estas vacas são sérias
candidatas a serem
descartadas se o
problema não for
nutricional
CC permanece baixa( <
2,5 ) ou vacas continuam
a perder peso
Vacas não se
recuperaram da perda da
condição no inicio da
lactação.
Densidade energética da
ração muito baixa.
Doença crônica
Ração baixa em energia
para restabelecer a CC.
Algumas vacas com CC
muito baixa (< 2,5)
algumas com CC muito
alta (>3,5)
Grande variação na
habilidade genética do
rebanho.
Vacas não alimentadas
para atender as
exigências de energia.
Balancear ração para
atender as exigências de
energia e manter até as
vacas atingirem CC>3,0.
Descartar vacas com
problemas de doenças.
Medir a ingestão, analisar
225
A Condição Corporal e o Programa de Alimentação
forragem, balancear
ração Agrupar vacas de
acordo com a produção
e CC. Ter certeza de que
todas as vacas tem
acesso a ração e água.
Tabela 20.4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas (continuação).
Período Escore de
condição
corporal
Razões Sugestão de
manejo
Vacas em final de
lactação
CC muito alta
(>3,75).
Vacas recebendo
excesso de
energia
Intervalo entre
partos muito
longo
Medir ingestão,
ajustar a ração
Melhorar o
manejo
reprodutivo,
descartar vacas
com problemas
de fertilidade
CC muito baixa
ou vacas não
ganham condição
para chegar a 3,5
na época de
secar
Ingestão mais
baixa que a
esperada
(palatabilidade da
ração, alteração
na qualidade da
forragem, stress,
Fornecer ração
alta em energia
no último terço da
lactação
Consulte um
veterinário
226
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
etc.
Individualmente
as vacas podem
ter doenças
crônicas
20.8. Conclusões
Informações quantitativas relacionadas a avaliação da condição
corporal e composição corporal, são limitadas. Existe um consenso de que
a mudança de uma unidade na CC relaciona-se a uma mudança no peso
corporal (em torno de 30 a 60 Kg). Devido a isto, a adequada formulação de
rações, para atender certas condições de escore descritas, são muito difícil.
227
A Condição Corporal e o Programa de Alimentação
228
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DE
VACAS LEITEIRAS21.1. Introdução
A avaliação do programa de alimentação implantado, passa por
alguns pontos que devem ser checados e observados, para o ser alcançado
o sucesso.
21.2. Avaliação
A avaliação passa primeiramente pelo pessoal envolvido
diretamente com o rebanho. Qualquer problema que possa ocorrer, deve
ser percebido e discutido com o proprietário ou gerente, criador, tratadores
e retireiros, veterinário e se preciso, com os fornecedores de ração e
ingrediente. Deve-se ter em mente que um problema nutricional pode ser
responsável por toda uma situação ou por parte, como: doenças
infecciosas, mastite, reprodutivas, parasitas internos (helmintos, coccidios)
e externos ( piolho, sarna), etc.
Outro aspecto, é saber que a nutrição e as práticas alimentares
podem aumentar a incidência de doenças metabólicas e infecciosas assim
como problemas de infertilidade.
227
21
Avaliação do Programa de Alimentação de Vacas Leiteiras
21.3. Ficha de Avaliação
Quando um problema ocorrer, deve-se obter um histórico mais
detalhado possível da situação, e estas informações podem auxiliar na
descoberta dos problemas e da avaliação do programa, como um todo:
1 - requerer cópias das rações fornecidas pelo fazendeiro;
2 - obter as rações produzidas para determinar com que precisão as rações
estão sendo seguidas e as modificações feitas no programa;
3 - checar os itens mineral e vitamina fornecidos em cochos separados da
ração:
a - itens oferecidos: consiga o rótulo;
b - consumos aproximados - via sobra do suprimento, etc.
4 - obter a seqüência de alimentação - o que está sendo consumido e
quando.
5 - determinar qual é a ração consumida pelas vacas secas
a - muitos problemas de saúde, sanitários ou reprodutivos são
provenientes de uma alimentação imprópria durante o período seco,
especialmente no pré parto (nas últimas 2 - 3 semanas)
b - é praticada alimentação com concentrados antes da parição? (não é
recomendada em muitos rebanhos).
c - como é feita a transição de volumosos (de vacas secas para vacas
em produção)?
d - que níveis ou concentrados são utilizado no dia da parição?
e - De forma o consumo de concentrado aumentou depois da parição?
6 - Como as forragens são fornecidas a vacas leiteiras?
a - todas as vacas consomem a mesma quantidade?
b - ao menos uma forragem prejudicou a ingestão?
c - no caso de free-stall as forragens estão disponíveis dezoito horas ou
ao menos de 12 a 20 horas, diariamente?
7 - use um formulário para checar a alimentação das vacas leiteiras
8 - pesar as quantidades de alimentos ingeridos.
9 - cheque o consumo através das sobras de alimentos.
10 - obtenha uma avaliação por computador da ração quando todos os
dados estiverem disponíveis.
11 - determine o consumo de água, se a indicação for necessária.
12 - checar a incidência ou os vários problemas de saúde: use um
formulário, especialmente para checar infecções dos pés (casco).
13 - obtenha dados de produção de leite por alguns meses (atual, mês
anterior, outros) e se possível, os seguintes dados:
a - teor de gordura do leite;
b - teor de proteína do leite;
c - contagem de células somáticas.
14 - cheque os dados de produção do rebanho, como um todo e dos grupos
de produção.
a - as vacas mais velhas estão produzindo satisfatoriamente (que pode
ser medido pela produção no pico de lactação)?
Ideal para raças puras: de 25 a 30 litros.
Avaliação do Programa de Alimentação de Vacas Leiteiras
b - a maioria das novilhas de primeira lactação estão produzindo bem?
Ideal para raças puras: de 18 a 21 Kg/dia
c - De quanto as vacas mais velhas estão diminuindo a produção de leite
mensalmente? Cheque a porcentagem de mudança.
Ideal: não deve exceder 5 a 10% ao mês na maioria das vacas até
que elas estejam um tanto velhas (acima de 240 dias em lactação). As
vacas devem ser checadas, individualmente, em vários meses, pois estas
podem estar com uma produção alta ou baixa, fora do normal, no dia
testado.
d - checar a % de vacas em lactação no mês corrente e verificar se está
muito baixo (abaixo de 85 % ou tanto).
e - obtenha as média de produção de leite de todas as vacas em
lactação no mês corrente.
f - obtenha a composição do leite, se possível (% de gordura e proteína).
g - consiga a média de contagem de células somáticas e distribuição nos
meses anteriores e atual, se possível.
h - obtenha o status reprodutivo do rebanho: serviços/concepção,
período de serviço, intervalo entre partos, período seco, etc.
i - checar repetição de cio e verificar as causas da repetição.
15 - Inspecionar os animais
a - Checar todos os grupos: vacas em lactação, vacas secas, novilhas,
novilhas em gestação, bezerras de um ano, bezerras desmamadas,
bezerras em aleitamento,
b - checar os escores de condição corporal de todas as vacas e checar
vacas magras (< 3,0).
c - checar o peso de todos os animais jovens, peso e idade a primeira
parição, através do uso de fita (mínimo), altura da cernelha.
d - pesar os animais jovens quando existirem problemas.
e - observar as condições das fezes, urina, cascos, pernas, úbere e
pêlo.
Avaliação do Programa de Alimentação de Vacas Leiteiras
MANEJO DE ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS
22.1. Introdução
O manejo de alimentação de vacas leiteiras em confinamento é
fundamental na manutenção de uma ingestão adequada de alimento e na
redução do desperdício ou sobras. Uma definição do manejo de
alimentação é a quantidade de alimento oferecido comparado com a
quantidade de alimento consumido. A máxima ingestão de matéria seca
precisa suportar uma ótima produção de leite e profilaxia do animal.
Diversos aspectos precisam ser considerados: seleção de
ingredientes, a preservação dos ingredientes do alimento, a ingestão total
de matéria seca e o ambiente de alimentação que incluem o comedouro, a
água, o conforto animal e a qualidade do ar.
Dois pontos são necessários para um manejo de alimentação
adequado: se você não pode medir, você não pode inspecionar; se você
não pode inspecionar, você não pode administrar.
Três rações existem em uma fazenda: a ração formulada, a ração
oferecida para a vaca e a ração consumida pela vaca, que é a única ração
verdadeira. O sucesso depende do melhoramento desta ração.
233
22
Manejo de Alimentação de Bovinos Leiteiros
22.2. Pontos a Serem Checados em um Manejo
Os seguintes pontos e roteiro precisam ser checados:
1. as vacas precisam ter de 45 a 75 cm/vaca de espaço no cocho;
2. a ração precisa ser uniformemente consumida ao longo do comedouro;
3. examinar a ração para ver se ela está uniforme (caroço de algodão ou
soja são bons marcadores);
4. a distribuição da ração precisa ser avaliada: caules, espigas, material
fino e grosseiro;
5. a sobra ou refugo precisa estar entre 3 a 5% da dieta original oferecida e
parecer similar a original;
6. a ração precisa ser distribuída 2 ou 3 vezes ao dia;
7. se uma distribuição extra aumenta a ingestão de matéria seca em 1 Kg
ou mais, continue com a prática;
8. a sobra precisa ser removida diariamente e pode ser oferecida para as
novilhas, mas nunca para as vacas secas;
9. o comedouro precisa estar na sombra ou ser corberto;
10.o comedouro não pode permanecer vazio por mais que 2 a 3 horas/dia;
11.se as vacas necessitam mais alimento, aumente todos ingredientes
igualmente, não somente volumosos ou concentrados;
12.se as vacas não podem ingerir tudo que é oferecido, reformule a ração
total para assegurar correta ingestão de nutrientes em menos matéria
seca;
13.o comedouro precisa ter superfície macia, ao nível do chão;
14.cabos de contenção precisam estar posicionados à frente da vaca;
15.a ração precisa ser fresca e com bom cheiro (não pode estar mofada ou
com odor ruim);
16.a ingestão de matéria seca cai 10% em temperaturas acima de 260 C e
umidade de 80%; 20% em temperaturas acima de 320 C;
17.40% das vacas precisam estar ruminando durante o dia ou comendo e
mastigando 10 a 12 horas ao dia;
18.distribuir 60 a 75% da ração a noite durante o verão.
22.3. Seleção de Alimentos e Sistemas de Manejo
Os seguintes pontos devem ser considerados com relação a alguns
alimentos e ao tipo de dieta utilizada:
1 - Quando se utiliza ração total os seguintes cuidados devem ser tomados:
a - novilhas em primeira lactação precisam ter seu próprio grupo;
b - a matéria seca da ração total precisa estar entre 35 a 45% ;
c - há necessidade de adicionar água, se a ração for muito seca;
d - a variação na produção de leite em um grupo precisa ser a menor
possível;
e - as vacas devem mudar de grupo baseado na produção de leite,
condição corporal e idade;
2 - Quando o feno for usado, ele precisa estar disponível para que todas as
vacas possam consumir simultaneamente, distribuído 2 vezes ao dia, ou
incorporado na ração total;
Manejo de Alimentação de Bovinos Leiteiros
3 - A presença de mofo, acima de 10.000 unidades por grama de mateira
seca formando uma colônia, pode causar problemas digestivos;
4 - A silagem de milho precisa ser picada mais grosseiramente, e estar com
pH entre 3,8 a 4,2.
22.4. Manejo da Água
Um adequado suprimento de água e espaço adequado no
bebedouro precisam estar disponíveis para todas as vacas imediatamente
após a ordenha. A água deve ser potável, e estar a uma distância máxima
de 15 metros do comedouro. Deve-se distribuir um bebedouro para cada 20
vacas no sistema loose housing ou um metro linear de bebedouro.
22.5. Exame das Fezes
Um exame detalhado das fezes auxilia na análise do processo de
ingestão e digestão dos alimentos em vacas leiteiras. O pH das fezes acima
de 6,0 indica um excessiva indigestibilidade do amido. O odor putrefativo
das fezes sugere uma excessiva indigestibilidade da proteína. A presença
de grãos nas fezes indica um inadequado processamento ou pior digestão .
A consistência firme das fezes é desejável. Fezes fluídas (moles) pode ser
decorrência de uma excessiva ingestão de proteína, minerais ou grãos e um
baixo consumo de fibra (em quantidade ou na forma física).
CONTROLE DA QUALIDADE DE RAÇÕES PARA BOVINOS
LEITEIROS23.1. Controle de Qualidade
23.1.1. Aspectos a Serem Analisados
1 - Análise das forragens utilizadas para todos os grupos: vacas em
lactação vacas secas e animais jovens.
a - Incluir análise para proteína em silagens e fenos.
b - Análise de todos os minerais, incluindo microminerais: Cu, Zn, Mn,
Fe e S.
c - Testar alterações em tipo, aparência, odor especialmente em
silagens.
d - Retirar amostra de forragens em diferentes tempos de
armazenamento.
2 - Análise dos grãos e ingredientes após mudanças ou trimestralmente,
como: teor de umidade em milho, sorgo, farelo de soja, etc. Análise em
produtos comerciais quando apresentar informações inadequadas.
3 - Analisar misturas de concentrados ou alimentos trimestralmente ou após
mudanças na formulação.
237
23
Controle da Qualidade de Rações para Bovinos Leiteiros
4 - Analisar umidade de todos os itens usados na mistura da ração total
(TMR) ao menos quinzenalmente ou após mudanças, para manter o
nível adequado de matéria seca.
Ex: 15 Kg MS/50% de umidade = 30 Kg como alimento.
5 - Analisar a ração total trimestralmente ou em cada mudança.
6 - Obter amostras representativas para análise:
Feno: amostras do centro de 12 a 18 fardos
Silagem: composta de 6 amostras
TMR: composta de 6 amostras
Ingredientes: composta de cada remessa.
7 - Monitorar a qualidade da água analisando uma ou duas vezes ao ano ou
quando problemas inexplicáveis ocorrerem.
23.1.2. Desenvolvendo Rações Baseando-se em Análises
1- Programar rações baseadas na ingestão
2 - Programar para vacas em lactação, vacas secas e animais em
crescimento.
3 - Considerar os seguintes itens:
a - custo e disponibilidade,
b - tamanho da partícula e processamento por calor,
c - tipo de proteína: proteína degradável, proteína by-pass, conteúdo de
aminoácidos,
d - tipo de carboidratos: FDA, FDN e amido,
e - Combinação tipo de proteína x carboidrato:
Ex: ração rica em carboidratos que são rapidamente fermentáveis no
rúmen necessitam de bons níveis de proteína que são prontamente
degradadas no rúmen e vice e versa.
f - palatabilidade da ração,
g - adaptabilidade da ração ao sistema de alimentação,
h - condições ambientais,
i - capacidade de trabalho e manejo da fazenda
23.1.3. Enfatizar a Qualidade da Forragem para Vacas em Lactação.
1 - As forragens preferencialmente para serem utilizadas em quantidades
maiores para produção de leite precisam conter pelo menos 58% de
NDT ou 1,30 Mcal de ELL/Kg de matéria seca.
2 - As forragens precisam ser palatáveis e relativamente livres de mofo,
especialmente para vacas em alta produção.
23.1.4. Observações Constantes da Qualidade do Alimento
1 - Observar mudanças distintas na aparência e odor de forragens e grãos,
2 - Observar a presença de mofos, bolor, deterioração, contaminação
(metal, pedras, etc.)
3 - Toque para sentir calor nos alimentos ou nos locais de armazenamento,
4 - Observar se os silos estão totalmente vedados
Controle da Qualidade de Rações para Bovinos Leiteiros
5 - Checar os sobras de alimentos deixadas pelo rebanho ou animais
individuais.
23.2. Controle da Quantidade
A - Pesar o total de ração oferecida e as sobras nos últimos meses;
Compute a ingestão e cheque com as recomendações
B - Calibre os distribuidores de ração e outros equipamentos usados na
alimentação de acordo com o volume do último mês e mudanças na
umidade, tamanho da partícula ou na fórmula,
C - Observe os animais diversas vezes ao dia e cheque alimentos e sobras.
D - Cheque o inventário dos ingredientes utilizados nas rações,
E - Cheque rotineiramente a quantidade de água (m3) gasto na fazenda.
23.3. Performance Animal
Checando rotineiramente a performance animal pode ser um reflexo
do controle da ração.
A - Leite produzido e vendido: (exemplo)
Leite produzido - 1.700 litros
Total de vacas em lactação - 100 vacas
Leite produzido/vaca - 170 litros
Estas informações são importantes para se checar a ocorrência de
algum problema de imediato.
B - Checar o teor de proteína e gordura do leite no último mês.
Estes dados são bons indicadores do status nutricional.
C - Checar problemas de saúde no último trimestre, pois alguns podem
estar relacionados com a nutrição.
1 - Estômago cheio e com barulho pode ser sinal de acidose, alcalose ou
problema de alimento estragado,
2 - Retenção de placenta ou febre do leite pode ser problema
relacionado com a ração das vacas secas
3 - Cetose pode ser indicativo de problemas com ensilagem anormal,
carência ou excesso de proteína, ou água poluída.
4 - Aumento de mastitis pode significar problemas com ingestão de
alimento mofado, selênio, vitamina E ou água poluída ou teta
contaminada,
D - Perda de peso em vacas em lactação e vacas secas no último mês
E - Alimento refugado diariamente
F - Ruminação, mastigação e esvaziamento do rúmen,
G - Fezes - olhar a cor, odor, consistência e tamanho das partículas.
H - Urina - quantidade excretada e cor
G - Crescimento de animais jovens
23.4. Checar Práticas e Estratégias de Alimentação
A - Alimentos, forragens ou ração total tendo taxa de 5% de sobra em
muitos casos.
Controle da Qualidade de Rações para Bovinos Leiteiros
B - Usar métodos de alimentação que armazenam níveis de energia,
proteína e mineral no rúmen como possível em: ração total,
alimentação com concentrado mais de duas vezes por dia.
C - Prevenir excesso de temperatura no local de armazenamento dos
grãos: distribuir a ração mais freqüentemente, remover a forragem e os
alimentos antes da alimentação evitando-se remoção no dia anterior,
D - Limpar comedouros e bebedouros freqüentemente,
E - Manter as áreas de alimentação bem ventiladas.
AGRUPAMENTO DE VACAS PARA ALIMENTAÇÃO COM
RAÇÃO TOTAL24.1. Introdução
O conceito de oferecer todos os alimentos em uma ração completa
é relativamente novo. O conteúdo de nutrientes da ração total precisa
satisfazer as exigências de vacas de alta produção. Entretanto, quando
ração total é oferecida para todo o rebanho em lactação, vacas em início de
lactação e especialmente vacas com lactação prolongada devido a
problemas reprodutivos, tendem a ficar obesas. Estas vacas terão sérios
problemas de saúde e no parto. Desta forma, é desejável dividir as vacas
em lactação em mais de um grupo. O número de vacas em um grupo
precisa ser regulado para uma lactação e rotina de alimentação normais.
Durante a lactação, não é desejável deixar vacas na área de espera por
mais de 90 a 120 minutos. Se, por exemplo, 20 vacas são
ordenhadas/homem/hora, o número de vacas no grupo não deve exceder a
40 vacas.
24.2. Agrupamento de Acordo com a Produção
Muitas fazendas, nos Estados Unidos e Canadá, tem achado
conveniente agrupar vacas de acordo com o nível de produção de leite, o
243
24
Agrupamento de Vacas para Alimentação com Ração Total
que tem levado a um aumento na produção e resultado em grande
benefício.
Para reduzir a variação na produção de leite nos grupos, sugere-se
um mínimo de três grupos de produção. Vários grupos reduzem as
diferenças entre grupos no conteúdo nutritivo das rações e
conseqüentemente reduzem a queda na produção quando as vacas são
movidas de um grupo para outro.
Após 3 a 4 dias do parto, as vacas recém paridas são colocadas no
grupo onde a alimentação com concentrado é alta, sendo deixadas neste
grupo pelo menos 2 meses, quando terão a oportunidade de mostrar seu
potencial ou habilidade máxima para produção. As vacas que não
mostrarem este potencial, devem ser mudadas para o grupo de menor
produção. Uma desvantagem deste sistema é que vacas ainda vazias
podem ser transferidas para o segundo grupo. Estes grupos de vacas
precisam ser checados freqüentemente para a detecção de cio.
Alguns pesquisadores sugerem que as vacas sejam agrupadas pela
produção corrigida (4%) para melhor ajuste, mas esta prática é difícil de ser
implantada.
24.3. Agrupamento pela Idade e Qualidade do Úbere
O agrupamento de vacas pelo nível de produção de leite pode ter
efeito negativo sobre a produção e reprodução, se existem condições que
favorecem a agitação entre as vacas para estabelecer dominância. Uma
condição pode ser devido a continua adição de novas vacas ou remoção
das estabilizadas. Entretanto, transtornos podem resultar quando grupos ou
rebanhos são muito grandes e vacas individuais precisam ser reconhecidas
por outras vacas. Uma alternativa é agrupar vacas por uma lactação inteira,
de acordo com a velocidade de lactação, idade e tamanho:
246
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
1. novilhas de primeira cria - aumentar concentrado na faixa de 2,0
Kg/cabeça/dia acima da quantidade recomendada, diminuindo a
quantidade equivalente da forragem com base na matéria seca, para
satisfazer as exigências de crescimento adicional.
2. vacas de segunda e terceira lactações, vacas velhas com bons úberes.
3. vacas com úberes médios ou vacas baixas produtoras.
4. vacas velhas com úberes grandes.
Este sistema de agrupamento pode ser aplicado para rebanhos de
200 vacas ou maiores. As vacas podem ficar obesas durante o final da
lactação e todos os grupos tem que ser vistoriados minuciosamente para os
sinais de cio.
24.4. Agrupamento pela Condição Corporal
Parece ser óbvio, segundo alguns pesquisadores, que a utilização
de ração completa para todas vacas em lactação agrupadas de acordo com
o nível de produção pode satisfazer o critério necessário em um sistema
adequado. Pesquisas tem mostrado que uma ração alta em energia, como
ocorre em grupos pelo nível de produção, resulta em grande ingestão de
alimentos e menor perda de peso após o parto em relação a alimentação de
uma ração similar para uma lactação inteira. Em adição, vacas não perdem
peso por um longo período após o parto, que poderá ter um efeito sobre a
taxa de concepção e persistência de lactação para o restante da lactação.
Vacas com ração alta em energia alcançam o peso corporal em
aproximadamente 10 semanas antes e o estro pós-parto ocorre aos 36 dias
comparado aos 60 dias. Assim, o programa de alimentação pode ser
vantajoso se o produtor desejar cruzar suas vacas até os 40 dias, se
possível.
247
Agrupamento de Vacas para Alimentação com Ração Total
Pesquisadores tem recomendado que vacas recebam uma ração
completa contendo 17% de FB, 21,5% de FDA dos 3 dias pós-parto até elas
restabelecerem seu peso corporal, estimando-se que isto possa ocorrer aos
200-225 dias pós-parto. Pode ser benéfico a adição de 1,5 Kg de feno nesta
ração, como FDN efetiva. Após as vacas terem restabelecido seu peso
corporal até 210-225 dias em lactação, podem ser mudadas para um
segundo grupo, onde a ração contenha 33-36% de FDA. Está ração deverá
ser dada durante o período seco. A ração mais apropriada para vacas
secas é feno de gramíneas, suplementada adequadamente com minerais.
Entretanto, o feno para vacas secas necessita ser ajustado para rações de
alta energia que será administrada após o parto. A ração com 33-36% de
FDA, usada durante o final da lactação, precisa ser ajustada iniciando este
10-14 dias antes do parto. Se o feno não estiver disponível em quantidade
suficiente para as vacas secas, as rações de final de lactação precisam ser
administradas para as vacas secas.
248
GLOSSÁRIO Abomaso - o quarto compartimento estomacal (estômago verdadeiro) de
um ruminante.
Acetonemia (cetose) - uma condição caracterizada por uma elevada
concentração de corpos cetônicos nos tecidos e fluídos do corpo. É
mais comum entre vacas de alta produção em balanço energético
negativo.
Ácido desoxirribonucleico (DNA) - substância química que é o principal
material nuclear das células. A estrutura do DNA determina a
estrutura do ácido ribonucleico, o qual determina a estrutura das
proteínas das células.
Ácidos graxos voláteis (AGV) - comumente usado em referência ao
acético, propiônico e ácido butínico produzido no rúmen de bovinos,
cabra, e carneiro, no ceco de carneiro, ceco e cólon de suínos, no
cólon de cavalo e ceco de coelhos.
Ad libitum (à vontade). Terminologia comumente usada para expressar a
disponibilidade de alimento na base de livre escolha.
Amônia (NH3) - gás penetrante, sem cor, composto de nitrogênio e
hidrogênio; seus compostos são usados como fertilizantes.
Amônio - Ion NH4 + derivado da amônia NH3.
247
25
Glossário
Análise proximal - testes para determinação de matéria seca, material
mineral, nitrogênio (proteína bruta), fibra bruta, extrato etéreo
(lipídeos) e extrativo não nitrogenado. Representa a composição
grosseira da composição do alimento.
Animais vazios - termo comumente usado para animais domésticos não
prenhes, vazios.
Anorexia - falta ou perda de apetite.
Antibiótico - um produto metabólico de um microrganismo ou uma
substância química que em concentrações baixas é prejudicial para
atividades de outros microrganismos. Penicilina, tetraciclina,
streptomicina são antibióticos. Não eficazes contra vírus.
Antibiótico de largo espectro - um antibiótico que é ativo contra um grande
número de espécies de micróbios.
Atrofia - um defeito ou falha de nutrição ou função fisiológica manifestada
como um definhamento ou redução no tamanho da célula, tecido,
órgão, ou parte do corpo.
Bactéria coliforme - bactérias do trato intestinal de animais de sangue
quente. A presença é considerado indicativo de contaminação fecal.
Bactericida - um agente ou substância capaz de destruir bactéria.
Bacterina - suspensão de bactérias mortas ou atenuadas (vacina) usada
para aumentar a resistência à doenças.
Bacteriostática - descreve uma substância que previne o crescimento de
bactéria, mas não as mata.
Balanço de nitrogênio - nitrogênio consumido no alimento, menos nitrogênio
fecal e nitrogênio urinário (retenção de nitrogênio)
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
Bolo - alimento regurgitado que foi mastigado e está pronto para ser
engolido; uma grande pílula para dosar animais.
Bovino - referente ao boi ou a vaca.
BST (somatotropina bovina) - uma proteína complexa biologicamente ativa
secretada pela glândula pituitária. Ela estimula o crescimento celular
do corpo e a produção de leite. Disponível como um produto
produzido sinteticamente para uso em gado. Ocasionalmente
chamado de hormônio de crescimento ou HGB.
Capacidade suporte - número de animais que uma pastagem pode
comumente suportar com alimento para um certo período de tempo.
Caseína - a principal proteína do leite e do queijo.
Caseína iodada - proteína do leite (caseína) na qual o iodo é ligado. Isto é
comumente referido para a tiroproteína e pode ser usado para
estimular vacas leiteiras a secretarem mais leite.
Células somáticas - o conteúdo celular do leite é composto de
aproximadamente 95% de leucócitos (células brancas do sangue) do
sangue e 5% de células epiteliais da secreção do tecido do úbere. Os
leucócitos estão presentes na resposta a infecção, e as células
epiteliais estão presentes como um resultado da infecção.
Coletivamente estas células são chamadas de células somáticas.
Celulose - principal carboidrato constituinte das membranas da célula
vegetal. É disponível para ruminantes através da ação de bactérias
celulolíticas no rúmen.
Cetonúria - presença de corpos cetônicos na urina, referente a uma cetose
de vacas de alta produção.
Circunferência toráxica - a circunferência do corpo logo atrás das escapulas
do animal. É usado para estimar peso corporal.
251
Glossário
CMT - Teste de Mastite da Califórnia - um teste útil de seleção de mastite
por determinação do conteúdo de células somáticas no leite. Um
reagente é exigido para reagir com material nuclear de células
presentes no leite para formar um gel.
Colostro - o primeiro leite secretado após a parição. apresenta teores mais
altos em sólidos totais do que o leite normal.
Componentes - os outros sólidos nutricionais do leite que não a água ,
como gordura, proteína , lactose e minerais.
Concentrado - é um alimento alto em extrativo não nitrogenado ( ENN ) e
nutrientes digestíveis totais (NDT) e baixo em fibra bruta ( abaixo de
18 % ). Inclui grãos de cereais, farelo de soja, farelo de algodão e
sub-produtos da industria de moagem como glúten de milho e farelo
de trigo. Um concentrado pode ser pobre ou rico em proteínas.
Condição corporal - referente a quantidade de carne ( peso corporal ),
qualidade da pelagem e saúde geral dos animais.
Confinamento - rebanhos mantidos em currais ou estábulos para máxima
produção. As instalações podem ser parciais ou completas,
geralmente com piso, fechadas ou não, cobertas ou não.
Contagem de células somáticas - uma medida do número de células
somáticas presentes em uma amostra de leite. Uma concentração
alta , acima de 500.000 células somáticas pôr milímetro de leite
indica uma condição anormal no úbere.
Dias em Lactação(DEL) - o número de dias durante a presente lactação que
a vaca tem sido ordenhada, começando com a última data de parição
até a data presente.
Dias Secos - número de dias secos antes da parição.
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
Dicumarol - Um composto químico encontrado em trevo doce estragado e
feno de Lespedeza. Ele é um anticoagulante e pode causar
hemorragia interna quando ingerida por bovinos.
Digestibilidade - é a porcentagem de alimento ingerido que é absorvido pelo
organismo em oposição ao é excretada como fezes.
Diurético - droga ou agente usado para aumentar o fluxo da urina.
Duração total da lactação - produção total de leite e componentes durante
a lactação vigente.
Edema - presença anormal de grande quantidade de líquido nos espaços
intercelulares do organismo, como na dilatação das glândulas
mamarias comumente acompanhando parição em muitos animais da
propriedade.
Eficiência alimentar - mede a quantidade de alimento consumido pela
unidade de peso ganho ou unidade de produção (leite, carne, ovos).
Enchimento (Fill) - termo que designa o enchimento do trato digestivo do
animal.
Energia bruta - a quantidade de calor; medida em calorias, obtida quando
uma substância é completamente oxidada em uma bomba
colorimétrica.
Energia Digestível (ED) - porção de energia de um alimento que pode ser
digerido ou absorvido pelo organismo animal.
Ensilagem - forragem verde picada preservada por fermentação em um silo.
Também chamada silagem.
Equivalente protéico - termo que indica o teor de nitrogênio total de uma
substância em comparação ao teor de nitrogênio da proteína
(usualmente vegetal). Por exemplo, o nitrogênio não protéico (NNP),
253
Glossário
uréia, contém aproximadamente 45% de nitrogênio e contém o
equivalente protéico de 281% (6,25 + 45%).
Ergosterol - um estrol da planta que, quando ativado pelos raios
ultravioletas, torna-se vitamina D2, também chamado vitamina D2 e
ergosterina.
Eructação - o ato de arrotar ou liberar gases do estômago.
Esfíncter - anel muscular que fecha e abre, como o esfíncter muscular no
final da teta das vacas.
Estro - a respectividade sexual restrita em fêmeas mamíferas. Comumente
marcada por intensa aceitação sexual. O estro pertence a um ciclo
todo de mudanças na fêmea não prenha.
Extrativo não nitrogenado ENN) - que consiste de carboidratos, açúcares,
amidos, e uma importante porção de materiais classificados como
hemicelulose nos alimentos. Quando proteína bruta, gordura, cinza,
água, fibra, são adicionadas e subtraídas de 100, a diferença é o
extrativo não nitrogenado.
Extrato etéreo - substâncias gordurosas ou lípidica dos alimentos que são
solúveis em éter.
Fardo de feno - forragem que foi comprimida em um fardo (arredondado ou
retangular) para guardar espaço no armazém e ajuda na
manipulação.
Farelo - a membrana do grão (trigo e de outros grãos cereais) que é
separado da farinha e usado como alimentação animal.
Farinha de osso - ossos de animais que foram cozinhados à vapor sob
pressão e triturados. É usado como um fertilizante e como um
suplemento mineral na alimentação animal.
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
Feno - forragem seca usada para alimentar animais na fazenda.
Fibra - a porção de celulose das forragens que é baixa em NDT e difícil de
digerir por animais monogástricos.
Fibra Bruta - porção dos alimentos composta de: celulose, hemicelulose,
lignina e outros polissacarídeos que servem de parte estrutural e
protetora das plantas ( alta na forragem e baixas em grãos ) não
solúvel em detergente ácido ou alcalino.
Fibra em Detergente Ácido - mensuração da fibra extraída com detergente
ácido em uma técnica empregada para ajudar a avaliar a qualidade
de forragens. Inclui celulose, lignina, NIDA, e cinza não solúvel em
ácido.
Fibrose - condição marcada pela presença de tecido fibroso intersticial,
especialmente na glândula mamária resultante de mastite.
Fístula - uma abertura artificial no animal, exemplo no rúmen.
Forragem - Volumoso de alto valor alimentício. Gramíneas e leguminosas
cortadas em apropriado estágio de maturação e armazenadas para
preservar a qualidade, são denominadas forragens. Uma cultura que
é rica em fibra e cultivada especialmente para alimentar ruminantes.
Forragem picada verde - forragem colhida no campo e levada aos animais.
Isto minimiza a perda de nutrientes, cor, umidade e desperdício.
Fosfato - um ion de fósforo e oxigênio (H2PO4- ou HPO4
-2). Pode existir em
solução como um ion de éter ou sal de ácido fosfórico.
Free stall - sistema de produção, com cubículos ou camas na qual os
animais leiteiros são livres para entrar e sair, em oposição a ser
confinados em baias.
255
Glossário
Ganho médio diário - a quantidade média de acréscimo de peso vivo
quando aplicado a animais de fazenda.
Gastroenterite - Inflamação química bacteriana ou viral da mucosa do
estômago e intestino.
Gordura do leite - lipídios ou ácidos graxos, componentes do leite.
Gordura insaturada - uma gordura tendo uma ou mais duplas ligações não
completamente hidrogenada.
Gossipol - pigmento amarelo tóxico encontrado na semente de algodão. O
calor e a pressão tende a ligá-lo a proteína e desse modo se torna
seguro para o consumo animal.
GPD (Gases produzidos pela digestão). Estes incluem a produção de gases
combustíveis no trato digestivo durante a fermentação da ração. O
metano constitui a maior proporção da produção de gases
combustíveis pelos ruminantes. Quantidades mínimas de hidrogênio,
monóxido de carbono, acetona, etano e sulfidro de hidrogênio são
também produzido.
Hipoglicemia - nível de glicose sangüínea inferior ao normal.
In Vitro - ambiente artificial para testes realizados dentro de tubos de
ensaio.
In Vivo - dentro de um corpo vivo.
Incremento calórico - aumento em calor, produzido após o consumo de
alimento. Consiste de calorias liberadas na fermentação e no
metabolismo de nutrientes. Quando a temperatura ambiental está
abaixo da temperatura crítica, este calor pode ser usado para manter
o corpo quente; contudo, não é desperdiçado. Também chamado de
trabalho da digestão.
UFLA/FAEPE - Alimentação de Bovinos Leiteiros
Ingestão de proteína - total de proteína ou nitrogênio consumido sem
considerar a qualidade.
Intervalo entre partos - número médio de dias entre as duas últimas datas
de parições, para vacas individuais ou para um rebanho.
Intolerância à lactose - condição na qual a lactose não é adequadamente
hidrolisada no intestino devido a uma insuficiência da enzima lactase.
Lactação projetada (305 dias) - cálculo para prever o rendimento ou a
produção total de uma vaca em 305 dias, baseados em uma lactação
em progresso.
Lactose - açúcar único no leite, um dissacarídeo composto por glicose e
galactose. Média do conteúdo do leite de mais ou menos 5% de
lactose que pouco varia no rebanho.
Laminite - inflamação dos pés ou da perna inferior de animais ruminantes
causada pela superalimentação de grãos ou de gramíneas verdes.
Leguminosas - trevos, alfafa e plantas similares que podem absorver
nitrogênio diretamente da atmosfera através da ação de bactérias
que vivem nas raízes e as usa como nutriente para o crescimento.
Leite corrigido pela gordura - quantidade estimada de leite calculada em
base do equivalente de energia. Significa uma média da produção de
leite em diferentes animais leiteiros e raças em base energética
comum.
Lignina - composto que juntamente com a celulose forma a parede celular
das plantas. É praticamente indigestível.
Livre escolha - sistema de alimentação que permite que os animais
alimentem à vontade.
Matéria Seca - o teor livre de umidade dos alimentos.
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Glossário
Metabolismo basal - (MB) - as mudanças químicas que ocorrem nas células
de um animal, em estado de jejum ou descanso, quando se usa
energia suficiente para manter a atividade celular vital, respiração e
circulação como mensurada pela taxa metabólica basal (TMB).
NIDA - nitrogênio insolúvel em detergente ácido. Nitrogênio ou proteína
dietética não digestível.
Nitrificação - transformação bioquímica da oxidação da amônia (NH4) a
nitrito (NO2) ou a nitrato (NO3).
Nitrogênio orgânico - encontrado, em compostos orgânicos, tais como
proteína e aminoácidos. Exige decomposição microbiana antes da
nitrificação em um nutriente vegetal.
Novilha - fêmea bovina de menos de 3 anos de idade que não pariu um
bezerro. Vacas jovens com seu primeiro bezerro são chamadas de
novilha de primeira cria.
Número de ordenhas - as vacas são normalmente ordenhadas duas vezes
ao dia. Indica-se 2X, todavia, as vacas podem ser ordenhadas mais
freqüentemente (3X, 4X, etc.).
Nutrientes Digestíveis totais (NDT) - uma avaliação padrão do valor
nutricional de um alimento particular para animais de fazenda que
inclui todos os nutrientes orgânicos digestíveis: proteína, fibra,
extrativo não nitrogenado, e lipídeos.
Omaso - terceira divisão do estômago. Também chamado de folhoso
Ordenha manual - ordenha manual de um animal em oposição a ordenha
mecânica.
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Paralisia do parto - condição observada principalmente em vacas leiteiras
de alta produção, caracterizada por uma baixa concentração de
cálcio no sangue que resulta em paralisia parcial a completa logo
após o parto, chamado febre do leite.
Paraqueratose - qualquer anormalidade do córneo (camada córnea da
epiderme) da pele, especialmente por uma condição causada por
edema entre as células que perde a formação de queratina.
Parto - processo de dar origens a filhotes.
Pastar - consumir vegetação em pé, como pelos animais domésticos de
fazenda ou animais silvestres.
Período - o período de gestação de uma vaca.
Período de cio - aquele período de tempo quando uma fêmea aceita um
macho no ato de monta. Também chamado em cio ou estro.
Período de lactação - números de dias em que um animal secreta leite até o
próximo parto. Usualmente 10 a 12 meses.
Período seco - descreve uma vaca não lactante. O período seco de vacas é
o tempo entre lactações ( quando uma fêmea não está secretando
leite ), usualmente de 50 a 70 dias.
Persistência - é a qualidade de ser persistente, como na habilidade do
animal em lactação manter a lactação durante um período de tempo.
Pesagem - procedimento usado pelos supervisores e produtores de leite
para determinar a quantidade de leite produzido por uma vaca em um
dia.
259
Glossário
pH - medida logarítmica da alcalinidade ou acidez de uma solução usando
a concentração de ions hidrogênio. A escala de pH varia de 0 a 14
com números acima de sete alcalinos, e números abaixo de sete
ácidos. Uma mudança no número medido significa, que a solução é
dez vezes mais fraca ou mais forte que a medida anterior.
Piquete - área grande e aberta que permite descanso ao gado. Proporciona
uma área de até 60 m2 papa pastejo e descanso enquanto o freestall
usa somente 20 m2. Também chamado área livre ou abrigo.
Placenta - união de tecidos entre o feto e a mãe.
Plasma - porção líquida do sangue ou linfa, no qual corpúsculos ou células
sangüíneas flutuam.
Podridão de casco - inflamação que ocorre entre os dedos e em cascos de
ovinos e bovinos. Causado pela combinação de fungos e bactérias.
Poligástrico - que possui mais de um compartimento estomacal, como as
vacas e outros ruminantes.
Pós-parto - após o nascimento da cria.
Ppb (partes por bilhão) - eqüivale a microgramas por quilo ou microlitros por
litro.
Ppm (partes por milhão) - eqüivale a miligramas por quilo ou mililitros por
litro.
Prenhes, gestação (gravidez) - o período de concepção até o nascimento.
O período de desenvolvimento fetal entre a fertilização do óvulo e o
nascimento da cria.
Primípara - termo comumente usado para indicar o primeiro parto de
fêmeas bovinas.
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Prolapso uterino - condição na qual o útero esta totalmente no avesso, fora
do corpo do animal, geralmente após o parto.
Proteína Bruta - proteína total do alimento. Para calcular a % de proteína,
um alimento é primeiro analisado quimicamente para teor de
nitrogênio. Visto que as proteínas tem em média 16% de N ,
multiplica-se pelo fator 6,25 para obter a % de proteína bruta.
Proteína Degradada no rúmen (PDR) - aquela proteína ou nitrogênio
degradado no rúmen por microorganismos em proteína microbiana ou
liberada como amônia.
Proteína Digestível (PD) - é a quantidade de proteína do alimento que é
absorvida pelo trato digestivo; ela poderá ser calculado usando a
fórmula PD=% proteína bruta do alimento x o coeficiente de digestão
da proteína no alimento.
Proteína não degradada no rúmen (PNDR) - a porção da proteína
consumida que escapa da destruição pelos microorganismos do
rúmen (proteína de escape, proteína by-pass).
Quartos anteriores - os dois tetos dianteiros da vaca. Também chamado
úbere anterior.
Quilocaloria (Kcal) - equivalente a 1000 calorias.
Ração - alimento dado para um animal durante 24 horas.
Ração balanceada - necessidade de alimento diário de um animal
misturada para incluir proporções adequadas de nutrientes exigidos
para saúde, crescimento, produção e conforto normais. A ração
contendo todos os requerimentos dietéticos para satisfazer o
propósito para o qual é destinado.
Ração completa - uma mistura de todos alimentos ( forragem e grãos ) de
um dieta. Uma ração completa se ajusta em alimentadores
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Glossário
mecanizados e no uso de computadores para formulação de ração
de custo mínimo. As vezes chamado de ração mista total ou TMR.
Rebanho - um grupo de animais (especialmente bovinos) coletivamente
considerado como uma unidade.
Regurgitar - ato de levar alimentos não digeridos do estômago para a boca,
feito por ruminantes.
Retenção de placenta - membranas placentárias que não são expelidas
normalmente durante o parto.
Retículo - a segunda divisão ou compartimento estomacal de um ruminante.
Rúmen - primeiro compartimento estomacal, grande, de um ruminante.
Ruminação - a subida ou regurgitação do alimento para ser mastigado pela
segunda vez, como o gado faz; a mastigação do alimento pelo
ruminante.
Ruminante - um tipo de animal que tem o estômago dividido em quatro
compartimentos: rumem, retículo, omaso e abomaso, através dos
quais o alimento passa na digestão. Eles incluem gado, ovinos,
cabras, cervos e camelos.
Sala de ordenha em espinha de peixe - uma estabulação de ordenha
projetada em zig-zag suspenso que permite a ordenha de grupo de
várias vacas ao mesmo tempo em um sistema de leite em tubulação.
Sala de ordenha paralela - área de ordenha, mais alta ou plataforma, onde
a vaca fica perpendicular ao operador e as unidades de ordenha são
presas entre as pernas posteriores, também chamado lado a lado.
Sala de ordenha rotativa - edificação com plataforma rotativa redonda ou
carrossel no qual as vacas andam até começar a ordenha.
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Secar o animal - mudança de um animal lactante para não lactante,
geralmente feita 6 a 8 semanas antes do parto.
Serviço - termo comumente usado na criação animal, significando o
acasalamento do macho com a fêmea.
Silagem - forragem verde, assim como gramínea ou trevo, ou forragem,
assim como milho ou sorgo, que é cortada dentro de um silo, onde
é embrulhada ou comprimida para retirar o ar e passar por uma
fermentação ácida (acetato e lactato) que retarda o apodrecimento.
Silagem de alta umidade - silagem usualmente contendo 70% ou mais de
umidade.
Silagem pré-secada (Haylage) - silagem de baixa umidade (35-55% de
umidade). Gramíneas e leguminosas são cortadas no campo e
secadas até um nível mais baixo que silagens de gramíneas, mas a
cultura não é totalmente seca para o enfardamento. É comumente
armazenada em um sistema lacrado ou impermeável ao ar.
Silo - uma estrutura cilíndrica vertical, cova, trincheira ou outra câmara
relativamente sem ar na qual plantas verdes cortadas, como milho,
gramíneas, leguminosas, ou grãos pequenos e outros tipos de
alimentos são fermentados e armazenados.
Sólidos não gordurosos do leite - proteínas, lactose, minerais e outros
constituintes solúveis em água. É o mesmo que SNG.
Sólidos totais do leite (STL) - primariamente gordura do leite, proteínas,
lactose e minerais.
Somatotropina - um hormônio protéico produzido pela glândula pituitária, o
qual estimula o crescimento do músculo, ossos e desenvolvimento
mamário em animais jovens e aumenta a produção de leite em
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Glossário
animais lactantes pela disponibilidade de nutrientes para síntese e
secreção do leite.
Soro do leite - há duas espécies de soro de leite: soro do leite natural é um
subproduto da transformação do creme em manteiga, e soro do leite
cultivado, geralmente feito de leite desnatado por adição de uma
cultura e pela incubação até ácido láctico. Desenvolve-se a
aproximadamente 0,8%. Sal é geralmente adicionado para acentuar o
gosto.
Subclínica - uma condição de doenças sem manifestação clínica.
Subcutânea - localizado ou ocorre abaixo da pele.
Suculência - uma condição das plantas caracterizada por apresentar suco
fresco e tenra, tornando-as apetitosas aos animais.
Suplementar - adicionar minerais, vitaminas, ou outros ingredientes
menores (com referência ao volume) em uma ração.
Suplementos protéicos - produtos alimentícios que contém 20% ou mais de
proteína.
Sucedâneos - misturas de ingredientes não lácteos (outros do que leite,
gordura do leite, e sólidos não gordurosos) que são combinados
formando um produto semelhante ao leite, leite semi desnatado ou
desnatado. Caseinato de sódio, embora derivado do leite é
comumente chamado um ingrediente não lácteo e é também usado
como uma fonte de proteína nestas imitações de leite. Os óleos
vegetais são comumente usados como fonte de gordura.
Taxa de concepção - número total de concepções obtidas dividido pelo
número total de serviço.
Taxa de passagem - tempo que um resíduo indigestível dado na
alimentação leva para aparecer nas fezes.
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Tetânia - uma condição em um animal em que está localizado contrações
convulsivas musculares.
Tetania de pastagem - uma doença causada por deficiência de magnésio
de bovinos caracterizada por hiperirritabilidade, espasmos
musculares das pernas e convulsões.
Timpanismo - uma desordem dos ruminantes usualmente caracterizado por
uma acumulação de gás no rúmen.
TMR - ração em mistura total, ração completa.
Touro - bovino macho, sexualmente maduro e não castrado.
Toxinas - veneno produzido por certos microorganismos. Elas são produtos
do metabolismo celular.
Úbere - o agrupamento de glândulas mamárias encaixada providas com
tetas ou mamilos, como em vacas, ovelha, etc.
Ungulado - refere-se a animal que possui casco, como uma vaca.
Unidade Animal - uma unidade de mensuração de animal de produção,
equivalente de uma vaca adulta pesando 450 Kg. A medida é usada
para fazer comparações de consumo de alimento e pastejo.
Uréia - um composto orgânico de nitrogênio não protéico (NH2CONH2). É
feita sinteticamente pela combinação da amônia com dióxido de
carbono.
Vaca - um bovino fêmea adulta.
Vaca Leiteira - um bovino o qual a produção leiteira esta destinado para
consumo humano, ou é mantida para a criação de novilhas de
reposição.
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Glossário
Vacas Secas - Qualquer vaca que teve bezerro uma vez e não está
produzindo leite.
Vacinação - processo artificial de estimular a imunidade, reage em um
animal um material biológico alterado resultando em resistência a
doenças infecciosas.
Vísceras - os órgãos internos do corpo.
Vitelo (Veal) - bezerro alimentado para abate precoce (normalmente em
menos que 3 meses de idade, nos Estados Unidos).
Volatilização - o fluxo de gases, tal como amônia, do estrume para a
atmosfera.
Volumoso - consiste de pastagem, silagem, feno, ou outro alimento seco.
Ele poderá ser de alta ou baixa qualidade. Volumosos são
usualmente altos em fibra bruta (mais que 18%) e relativamente baixo
em ENN (aproximadamente 40%).
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COOPERATIVE EXTENSION. Holstein Beef Production. Proceedings
from the Holstein Beef Production Symposium, Ithaca, N.Y., 234 p.,
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TEIXEIRA, J.C. Fisiologia Digestiva dos Animais Ruminantes. Edições
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TEIXEIRA, J.C. Nutrição de Ruminantes. Edições FAEPE, Lavras, MG,
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VAN SOEST, P.J. Nutritional Ecology of the Ruminant. 2a. Ed., Cornell
University Press, Itacha, USA, 476 p., 1994.
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