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PROGRAMA PECUÁRIA LEITEIRA “PROLEITE” “O SENAR-AR/SP está permanentemente empenhado no aprimoramento profissional e na promoção social, destacando-se a saúde do produtor e do trabalhador rural.” FÁBIO MEIRELLES Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP ALIMENTAÇÃO SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

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PROGRAMA PECUÁRIA LEITEIRA“PROLEITE”

“O SENAR-AR/SP está permanentemente empenhado no aprimoramento profissional e na promoção social, destacando-se a saúde

do produtor e do trabalhador rural.”FÁBIO MEIRELLES

Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

ALIMENTAÇÃO

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

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FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULOGestão 2020-2024

FÁBIO DE SALLES MEIRELLESPresidente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

CONSELHO ADMINISTRATIVO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLESPresidente

JOSÉ CANDEOVice-Presidente

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRAROVice-Presidente

MARCIO ANTONIO VASSOLERVice-Presidente

TIRSO DE SALLES MEIRELLESVice-Presidente

ADRIANA MENEZES DA SILVA Diretor 1º Secretário

SERGIO ANTONIO EXPRESSÃODiretor 2º Secretário

MARIA LÚCIA FERREIRADiretor 3º Secretário

LUIZ SUTTIDiretor 1º Tesoureiro

PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESIDiretor 2º Tesoureiro

WALTER BATISTA SILVADiretor 3º Tesoureiro

DANIEL KLÜPPEL CARRARARepresentante da Administração Central

ISAAC LEITEPresidente da FETAESP

SUSSUMO HONDORepresentante do Segmento das Classes Produtoras

JOSÉ MAURÍCIO DE MELO LIMA VERDEGUIMARÃES

Representante do Segmento das Classes Produtoras

MÁRIO ANTONIO DE MORAES BIRALSuperintendente

JAIR KACZINSKIGerente Técnico

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ALIMENTAÇÃO

São Paulo - 2012

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

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4 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

IDEALIZAÇÃOFábio de Salles MeirellesPresidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

SUPERVISÃO GERALTeodoro Miranda NetoChefe da Divisão de Formação Profissional Rural do SENAR-AR/SP

RESPONSÁVEL TÉCNICOTeodoro Miranda NetoChefe da Divisão de Formação Profissional Rural do SENAR-AR/SP

AUTORESMara Cristina Setti - Zootecnista, Doutora em Produção AnimalJosé Renato de Carvalho Moreira - Engenheiro Agrônomo

COLABORADORESSindicato Rural de Cerqueira CésarMaré Agropecuária LtdaAgro Dinâmica Consultoria e Planejamento LtdaJosé Renato de Lima - Chácara São José - Cerqueira César/SPEdson Roberto Bagagli - Sitio BV Da Graúna - Cerqueira César/SPAudrin César Prestes Barros

REVISÃO GRAMATICALAndré Pomorski Lorente

DIAGRAMAÇÃOFelipe Prado BifulcoDiagramador do SENAR-AR/SP

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.

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5Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

SUMÁRIO

SUMÁRIO ..........................................................................................................................................................5

APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................................7

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................9

I - CONHECER O SISTEMA DIGESTIVO DO BOVINO ................................................................................. 11

1. SISTEMA DIGESTIVO ...................................................................................................................... 11

2. O BOVINO COMO RUMINANTE ......................................................................................................12

II - CONHECER AS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS .......................................................................................14

1. ENERGIA ..........................................................................................................................................14

2. PROTEÍNAS......................................................................................................................................14

3. MINERAIS .........................................................................................................................................15

4. VITAMINAS .......................................................................................................................................15

III - CONHECER OS ALIMENTOS VOLUMOSOS .........................................................................................18

1. PASTAGENS .....................................................................................................................................18

2. CAPINEIRAS.....................................................................................................................................19

3. SILAGENS ........................................................................................................................................20

4. FENOS ..............................................................................................................................................21

IV - CONCENTRADOS ...................................................................................................................................22

1. PROTEICOS .....................................................................................................................................24

2. ENERGÉTICOS ................................................................................................................................27

V - CONHECER OS SUPLEMENTOS ............................................................................................................32

1. MINERAIS .........................................................................................................................................32

2. VITAMÍNICOS ...................................................................................................................................32

VI - FAZER O ARRAÇOAMENTO ..................................................................................................................33

1. VERIFIQUE O REQUERIMENTO DIÁRIO DE NUTRIENTES PARA VACAS EM LACTAÇÃO E PRENHES .........................................................................................................................................33

2. CALCULE A INGESTÃO DE MATÉRIA SECA ..................................................................................34

3. ESTIME A INGESTÃO DE VOLUMOSO...........................................................................................35

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4. CALCULE A DIFERENÇA DO REQUERIMENTO E A INGESTÃO DE VOLUMOSO .......................36

5. FECHE A DIETA ................................................................................................................................36

VII - FORNECER O ALIMENTO AOS ANIMAIS .............................................................................................39

BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................................................................41

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7Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

APRESENTAÇÃO

OSERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23 de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992, como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve

a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e econômico do Homem do Campo e, consequentemente, a melhoria das suas condições de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles MeirellesPresidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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9Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

INTRODUÇÃO

Na produção de leite, para que os objetivos sejam alcançados com eficiência, é necessário que as condições de conforto do animal e o manejo nutricional, sanitário e reprodutivo sejam adequados.

Otimizar o consumo da ração pelos animais é um dos principais objetivos do sistema de produção, mesmo no sistema de bovinos a pasto.

A utilização de subprodutos agrícolas nas formulações de rações favorece a diminuição de custos, porém deve-se sempre consultar um técnico da área para formular as dietas de acordo com o manejo adotado na propriedade rural.

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É de fundamental importância conhecer o sistema digestivo dos bovinos, pois é através dele que os animais obterão os nutrientes necessários para seu organismo, auxiliando no crescimento, reprodução, produção e locomoção.

1. SISTEMA DIGESTIVO

Inclui as seguintes etapas:

• Ingestão: apreensão, mastigação (trituração) e deglutição (passagem do alimento da cavidade bucal para o esôfago);

• Digestão: decomposição química do alimento em tamanho reduzido para possibilitar a absorção;

• Absorção: após a digestão, as moléculas simples devem atravessar a membrana dos órgãos digestivos para o meio interno. Nas células os nutrientes vão ser utilizados pelo organismo;

• Excreção: eliminação dos produtos não utilizados.

Os bovinos leiteiros apresentam o Sistema Digestivo composto por:

• Boca: processo de mastigação;

• Faringe: órgão que se estende até o início do esôfago;

• Esôfago: condução do bolo alimentar;

• Estômago: início do processo de digestão. Apresenta 4 compartimentos: rúmen, retículo, omaso e abomaso;

• Intestino delgado: completa a digestão dos alimentos e sua posterior absorção. É composto por duodeno, jejuno e íleo;

• Intestino grosso: composto por ceco, cólon e reto. Local onde os alimentos não digeríveis são acumulados e armazenam as fezes;

• Ânus: local por onde são eliminadas as fezes;

• Glândulas acessórias: glândulas salivares, pâncreas e fígado.

I - CONHECER O SISTEMA DIGESTIVO DO BOVINO

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Desenho: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/digestao3.php

2. O BOVINO COMO RUMINANTE

Os animais são classificados conforme seu comportamento alimentar, ou seja, em herbívoros, onívoros e carnívoros.

• Herbívoros: alimentam-se exclusiva ou principalmente de plantas;

• Onívoros: comem de tudo, ou seja, alimentam-se de outros animais ou plantas;

• Carnívoros: alimentam-se exclusivamente de outros animais (carne).

Os animais herbívoros são classificados em ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos) e não ruminantes (cavalo e coelho).

Os bovinos são chamados de ruminantes por possuírem um estômago com vários compartimentos gástricos (poligástrico), ou seja: rúmen, retículo, omaso e abomaso. Estes compartimentos gástricos auxiliam no aproveitamento de alimentos fibrosos.

• Rúmen: também chamado de pança. Local onde vivem bactérias e protozoários que irão digerir as fibras do capim;

• Retículo: envia alimento para o rúmen, tem função mecânica;

• Omaso: reduz tamanho das partículas e absorve água;

• Abomaso: conhecido como estômago verdadeiro, onde se processa a digestão química. Corresponde ao estômago dos demais mamíferos domésticos.

Retículo

Omaso

Abomaso

Rúmen

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O rúmen-retículo apresenta 50% da capacidade digestiva, com espaço para armazenamento e digestão de alimento fibroso (como as pastagens, silagens, fenos, capineiras) através da população microbiana existente.

Essa população microbiana composta principalmente por bactérias é capaz de realizar três funções:

1. Digestão e fermentação.

2. Síntese de proteína microbiana.

3. Síntese de vitaminas do complexo B e K.

Nos bovinos, o desenvolvimento do rúmen dá-se entre 5 e 6 meses de idade, mas pode ser antecipado com o fornecimento de alimentos sólidos (concentrado e volumoso) em substituição ao leite.

ATENÇÃO!!!Deverá ser fornecido concentrado e feno à bezerra a partir da primeira semana, para

que ela se torne ruminante mais cedo.

A ruminação é o processo em que os ruminantes, após ingerir o alimento, tornam a regurgitá-lo para a boca, onde será mastigado novamente. Esta remastigação permite a redução das partículas e sua maior aderência, além da ação dos microorganismos que realizam a digestão.

Processo de ruminação:

a) Mastigação: os alimentos são mastigados grosseiramente;

b) 1.ª Deglutição: o alimento é imediatamente deglutido e chega ao rúmen;

c) Ruminação: o alimento volta à boca do animal para ser mastigado novamente;

d) 2.ª Deglutição: o alimento é deglutido novamente, completando o processo de digestão.

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II - CONHECER AS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS

O desempenho dos bovinos depende do consumo regular de alimentos que atendam suas necessidades diárias. As exigências dos animais para realização das funções vitais variam conforme raça, idade, situação fisiológica e sistema de criação.

As necessidades de nutrientes dos bovinos, por ordem, são: energia (exigida em maior quantidade), proteínas, minerais e por fim as vitaminas.

Os alimentos devem ser enviados para análise bromatológica para que sejam determinados os seus componentes. A primeira análise no laboratório é a matéria seca (MS), determinada em estufa.

Matéria Seca (MS) = Alimento menos água

Exemplo: A cana-de-açúcar apresenta em média 28% de MS, ou seja, a cada 100 kg de cana-de-açúcar na matéria natural (MN), como é fornecido aos animais, 28 kg são de MS e o que falta para 100 é de água, ou seja, 72 kg.

A energia, a proteína bruta, os minerais e as vitaminas estão contidos na matéria seca dos alimentos.

Depois da secagem do alimento, são feitas análises de proteína, fibra, extrato etéreo (gorduras) e cinzas (minerais) na matéria seca do alimento.

1. ENERGIA

A unidade padrão de energia é a caloria ou o calor requerido para elevar a temperatura de 1 g de água de 16,5ºC para 17,5ºC. A quilocaloria (kcal) corresponde a 1.000 calorias e a megacaloria (Mcal) corresponde a 1.000 kcal.

Existem várias medidas de energia, como energia bruta (EB), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL). O NDT (nutriente digestível total) é a unidade mais antiga para expressar energia.

Os carboidratos são componentes das forragens e concentrados oferecidos aos bovinos, sendo estes as principais fontes de energia, seguidos dos lipídios (gorduras).

2. PROTEÍNAS

As proteínas têm várias funções: estruturais, enzimáticas e hormonais, sendo responsáveis pela formação dos músculos e tecidos do corpo do animal. Normalmente as pastagens tropicais adubadas e no ponto ideal de colheita apresentam de 15 a 20% de proteína bruta (PB).

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3. MINERAIS

Os minerais participam da formação do esqueleto do animal e atuam como reguladores de diversas funções do organismo, como crescimento e reprodução, sendo que a sua falta ocasiona baixa resistência a doenças, atrofia o crescimento, dentre outros problemas.

São 18 os minerais essenciais aos animais, divididos em macrominerais, requeridos em maior quantidade (Ca, P, Mg, Na, K, Cl e S), e microminerais, requeridos em menor quantidade (I, Se, Co, Cu, Zn, Se, Mn, Mo, Fe, Si, F e Cr).

4. VITAMINAS

As vitaminas atuam como reguladoras de várias funções do organismo do animal, sendo que a sua falta ocasiona doenças, podendo também causar aborto e infertilidade.

As vitaminas classificam-se em lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrossolúveis (vitaminas do complexo B e C).

Exigências Nutricionais Por Categoria

Em função da categoria ou fase em que se encontram os bovinos, como crescimento, gestação, lactação e reprodução, é que se determinam a quantidade e qualidade dos alimentos utilizados na dieta.

Deve-se agrupar os animais conforme suas fases, pois estas apresentam diferenças nas exigências nutricionais. Isso facilita o manejo e aumenta o ganho em produção de cada grupo.

a) Bezerras

Na fase inicial, as bezerras têm a exigência suprida pelo leite, devendo mamar 4 litros/dia.

No sistema intensivo, seja aleitamento artificial ou natural, recomenda-se o fornecimento à vontade de concentrado (18% PB) e volumoso de boa qualidade (preferencialmente feno), desde 1 semana de idade. Quando o animal estiver consumindo 800 g/dia de concentrado, poderá ser desmamado. Após o desmame é necessário que o consumo voluntário diário aumente até atingir 1,5 a 2 kg/dia.

b) Novilhas

Para as novilhas deve-se fazer o pastejo em piquetes específicos ou fazer repasse nos piquetes das vacas em lactação. O concentrado deve ser formulado, visando complementar a pastagem com os níveis necessários de nutrientes para essa categoria animal.

c) Vacas secas

É desejável que o período seco de uma vaca, isto é, entre a secagem e o novo parto, seja de 60 dias. Nessa fase, de 60 até 40 dias antes do parto, as exigências nutricionais das vacas, geralmente, são supridas quando alimentadas apenas com volumosos de boa qualidade e mistura mineral, uma vez que não estão produzindo leite.

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No pré-parto (20 dias antes do parto) deve-se suplementar a vaca com concentrado, uma vez que o animal estará no período de transição, que vai de 3 semanas antes até 3 semanas depois do parto, com aumento na exigência nutricional. Deve-se considerar ainda que há uma diminuição no consumo nesta fase, principalmente pelo aumento acelerado do feto.

No período da seca, com a utilização da cana-de-açúcar, devemos suplementar a vaca com concentrado durante todo o período seco da vaca, pois trata-se de um alimento energético com baixo teor de proteína.

ATENÇÃO!!!A mudança de qualquer dieta deve ser feita de forma gradativa, por no mínimo 10

dias. Esse período é necessário para que ocorra a adaptação ruminal.

d) Vacas em lactação

Vacas em lactação têm exigências específicas para sua manutenção, crescimento, lactação e gestação, sendo divididas em 3 fases distintas:

• Início da lactação: do parto até 100 dias pós-parto

A vaca estará no período de transição nas 3 primeiras semanas após o parto, tendo uma alteração muito grande de sua exigência.

É um momento crítico para ela, quando ocorre o início da lactação e aumento acentuado da produção de leite. É nessa fase, ainda, que ocorre a maior parte dos problemas metabólicos, hormonais e de estresse do animal.

O consumo de alimentos pela vaca é crescente nessa fase. Porém, mesmo que o consumo seja de alimentos ricos em nutrientes, este não consegue suprir a exigência nutricional até o pico de lactação, que se dá ao redor de 60 dias pós-parto.

ATENÇÃO!!!Com relação às primíparas em início de lactação, estas apresentam as maiores exigências nutricionais, sendo importante ficarem separadas das multíparas,

principalmente no momento do fornecimento do concentrado.

Neste período ocorre regularmente a perda de condição corporal pela vaca. É nesse momento que devemos nos atentar para a qualidade e quantidade de alimentos oferecidos, preservando a saúde animal e considerando que é a fase de maior retorno econômico da atividade leiteira.

Dentro do sistema de manejo intensivo de pastagem, são os animais com preferência para fazer o pastejo de ponta.

ATENÇÃO!!!O fornecimento de alimentos de maior qualidade deve ocorrer em quantidades crescentes, para que seja atendida a exigência de forma gradativa, evitando os

problemas metabólicos.

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• Meio da lactação: de 100 até 200 dias pós-parto.

No meio da lactação a vaca atinge o pico de consumo de alimentos, a produção de leite vai diminuindo e tem início a reposição da condição corporal.

As exigências nutricionais são menores em relação à fase anterior. A preocupação da nutrição neste ponto é preparar o animal para o próximo parto.

Esses animais, ainda, consomem pasto de ponta, visando reduzir os custos com concentrado.

• Final da lactação: de 201 dias pós-parto até o encerramento da lactação

Nesta terceira fase da lactação a ingestão de nutrientes é maior que a demanda, já que a produção está bem menor e é a fase de maior reposição da condição corporal.

O animal pode consumir uma dieta com alimentos menos ricos.

Normalmente nessa fase a maioria dos animais está em pastejo de repasse, e muitos não são suplementados com concentrado, levando em consideração a exigência do animal.

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III - CONHECER OS ALIMENTOS VOLUMOSOS

Alimentos volumosos são aqueles que apresentam em sua composição um teor de fibra bruta (FB) maior que 18% na matéria seca (MS).

Os alimentos volumosos mais utilizados nos sistemas de produção de leite são as pastagens, as silagens de milho, sorgo ou capim e as capineiras de cana-de-açúcar e capim elefante.

A composição química dos alimentos, principalmente dos volumosos, muda muito em função do solo, clima, época do ano, nível de adubação, etc., sendo ideal que o produtor envie os alimentos para análise. Não sendo possível, ele deve fazer uso de tabelas de composição.

1. PASTAGENS

As pastagens tropicais, quando bem manejadas, têm potencial de produção de leite entre 8 e 14 kg/vaca/dia. O valor nutricional das pastagens é muito variável, pela diferença entre as espécies e a idade em que é consumida (estágio de desenvolvimento).

O manejo intensivo da pastagem melhora muito o ponto de corte (idade), oferecendo aos animais um alimento de melhor qualidade, reduzindo os custos de suplementação ou mantendo animais de produção exclusivamente a pasto.

As pastagens mais utilizadas são as do gênero Cynodon (Tifton, Coast-cross e Estrela africana), Pennisetum (Napier), Brachiaria (B. decumbens, B. brizantha, B. Humidícola e B. ruziziensis) e Panicum (Tanzânia e Mombaça).

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Deve-se escolher sempre as variedades que mais se adaptam à região e ao manejo desejado, visando ao máximo de produção aliado ao máximo valor nutritivo.

Na colheita de amostras para envio ao laboratório, no caso de pastagens, deve ser feito o corte do capim simulando o corte pelo animal.

2. CAPINEIRAS

São espécies de porte ereto, plantadas com a finalidade de corte e trituração para fornecimento aos animais no cocho.

Atualmente, por adotar o sistema de pastejo rotacionado, sua utilização resume-se na produção para fornecimento na época do inverno ou seca, quando há restrição de volumoso.

2.1 Capim elefante

É a variedade mais utilizada para corte, conhecida também como capim Napier (Pennisetum purpureum cv. Napier).

Essa forma de utilização tem sido reduzida em função da dificuldade de corte no momento de maior produção e qualidade, e do aumento de custos em relação ao pastejo. Embora aumente seu custo, pode ser utilizada ainda para silagem.

2.2 Cana-de-açúcar

Essa é a cultura mais utilizada nos dias de hoje, visando oferecer alimento em quantidade e qualidade para a época do inverno, em que há restrição na produção de volumoso.

É um alimento muito rico em energia (açúcar) e pobre em proteína (que é corrigida com adição de ureia).

Ela tem o máximo de produção em quantidade e qualidade, justamente no período seco, sendo o volumoso mais econômico nessa época. Bem conduzida, podem atingir produções superiores a 100 ton/ha, mantendo assim mais de 10 UA/ha.

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3. SILAGENS

As silagens de milho e sorgo apresentam potencial menor que as pastagens bem manejadas, devido ao baixo teor de proteína.

São alimentos mais equilibrados que a cana-de-açúcar em níveis de proteína, energia e minerais, porém apresentam um custo superior e uma produtividade menor por unidade de área.

Mesmo com a necessidade de uma adição maior de concentrado no uso da cana-de-açúcar, normalmente o custo da dieta total com silagem tem sido maior.

São muito utilizadas em sistemas de confinamento, em que as vacas recebem o alimento no cocho.

As silagens de capim também podem ser utilizadas como forma de aproveitamento do excedente de pastagem, que ocorre no verão, para ser fornecido no inverno.

No caso de análise bromatológica de silagem, devem ser retiradas amostras de pelo menos 3 pontos da faixa do silo a ser utilizada, evitando material próximo da lona ou do chão.

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4. FENOS

São alimentos desidratados no seu ponto de maior vigor, são de fácil armazenamento e têm um custo maior. Geralmente são fornecidos para animais mais exigentes ou que apresentam baixo consumo, como bezerras e vacas de altíssimas produções.

Em pequenas propriedades, pode-se desidratar a forragem em lonas plásticas, em terreiros ou no próprio campo de produção, sendo viável na utilização do excedente de pastagem que ocorre no verão.

Para análise do feno deve ser amostrado em torno de 3% da quantidade existente, retirando as amostras da parte interna. Esta amostra é colocada num saco plástico limpo, identificada e levada ao laboratório.

No caso de pastagens, silagens e capineiras, não sendo possível encaminhar para o laboratório no mesmo dia, as amostras devem ser congeladas para envio posterior.

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IV - CONCENTRADOS

A utilização de alimentos concentrados visa suprir as deficiências nutricionais dos volumosos e aumentar a produção de leite das vacas.

Muitas vezes as vacas em lactação e animais em crescimento precisam receber uma alimentação suplementar, normalmente através de alimentos concentrados.

O concentrado para vacas em lactação deve apresentar de 18 a 22% de PB e mais de 70% de NDT, na base de 1 kg de concentrado para cada 2,5 kg de leite produzido.

Sabendo que pastos tropicais conseguem suprir produções entre 8 a 14 kg/dia/vaca, esta suplementação concentrada somente será indicada para produções superiores à capacidade do pasto.

Os concentrados diferem-se dos volumosos por apresentarem menos de 18% de fibra bruta. Os concentrados podem ser energéticos ou proteicos.

A mistura de concentrados pode ser feita na propriedade ou ser comprada pronta (concentrado comercial). O concentrado comercial tem a praticidade da compra, porém normalmente é mais caro.

Concentrados preparados na propriedade

Já a mistura de concentrados na propriedade envolve a compra dos ingredientes, o armazenamento e a mistura. O concentrado misturado na propriedade deve ser feito levando-se em consideração:

a) Homogeneidade do material: levar em conta que os ingredientes utilizados têm tamanhos diferentes, pesos diferentes e que se pode não ter um produto final que corresponda à formulação;

b) Tempo de mistura: esse tempo é muito importante, pois pode haver uma separação dos alimentos durante a mistura, e varia de 3 a 15 minutos, dependendo do misturador. Também pode ser avaliado através de observação visual, no caso de mistura manual;

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c) Método de mistura: pode ser em sacos, na enxada ou em misturadores. Todos os métodos podem ser eficientes, desde que feitos com atenção na qualidade da mistura.

No caso de ingredientes que entram em pequenas quantidades na batida de rações, como os suplementos minerais e vitamínicos ou aditivos, estes devem ser batidos separados em um saco plástico com capacidade para 10 kg, juntamente com uma parte do ingrediente energético, por exemplo milho, que normalmente entra em maior quantidade, para ser feita uma pré-mistura.

Depois de feita a pré-mistura, esta é adicionada ao restante dos ingredientes que serão misturados no misturador ou manualmente, evitando que fique desuniforme ou que pequenas quantidades não se misturem às quantidades maiores de ingredientes.

ATENÇÃO!!!O balanceamento da ração deve ser realizado por profissional especializado,

evitando-se, assim, desperdício de alimentos e dinheiro.

Em relação ao misturador, algumas considerações importantes são:

a) Ter dimensões adequadas, considerando o número de animais e a disponibilidade de mão-de-obra;

b) Fazer um bom aterramento para não ter acúmulo de minerais na parede interna;

c) Fazer manutenção, evitando desgaste antecipado de peças e corrosão;

d) Fazer rede elétrica bem dimensionada;

e) Manter sempre o equipamento limpo.

Tudo isso visa ter uma mistura do concentrado de forma eficiente e que garantirá animais mais produtivos e lucrativos.

Após realizar a mistura, deve-se colocar o concentrado em sacos de 50 kg, pesar com auxílio de uma balança e armazenar sobre estrados.

ATENÇÃO!!!O depósito de rações deve ser simples, construído em local seco e ventilado, com o objetivo de manter os alimentos sem a presença de fungos, roedores e insetos que

causam a redução da qualidade.

Deve-se dispor os sacos em estrados com 10 a 15 cm de largura, distantes 50 cm da parede, evitando que estes fiquem abertos ou furados.

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1. PROTEICOS

Os concentrados proteicos apresentam mais de 20% de proteína bruta (PB), sendo os mais utilizados: farelo de soja, farelo de algodão e ureia. Outros produtos podem ser utilizados: farelo de girassol, farelo de amendoim e farelo de glúten (refinazil ou promil).

• Soja

A soja pode ser fornecida na forma de grão cru ou tostado e de farelo.

O grão apresenta 42% de PB, mas é pobre em cálcio, vitamina D e caroteno, além de ter como limitações:

a) alto teor de óleo (20%), que quando triturado deve ser fornecido rápido para não rancificar;

b) presença de urease, enzima que acelera a hidrólise da ureia no rúmen.

ATENÇÃO!!!Não tem sido recomendada a utilização de grão cru e ureia, para evitar problemas

de intoxicação pelo aumento de amônia no rúmen.

O grão é recomendado para bovinos até 20% da ração, desde que o teor de gordura na ração não seja maior que 5%, ou até 2,5 kg/animal/dia. Pode ser fornecido inteiro ou moído. Quando triturado deve ser fornecido rapidamente para evitar rancificação.

O farelo de soja apresenta 45 a 51% de PB. Não tem restrição de uso, exceto pelo preço. Devido ao alto custo do farelo, recomenda-se substituir parte das exigências proteicas (1/3) dos ruminantes pela ureia.

• Algodão

O algodão pode ser fornecido na forma de farelo e caroço.

O farelo sem casca apresenta 43% de PB na matéria seca e tem limitações de uso devido ao gossipol. O gossipol pode ser destruído pelos microrganismos do rúmen e pelo calor (80%), além de poder ser eliminado pela utilização de variedades com baixa concentração.

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Os ruminantes são relativamente tolerantes ao gossipol. Em vacas leiteiras o gossipol pode causar diminuição da gordura do leite e de sólidos totais e diminuir a fertilidade; em touros pode reduzir a produção de espermatozoides.

O farelo de algodão com casca, mais recomendado para ruminantes, apresenta de 25 a 38% de PB na MS. É recomendado para vacas leiteiras até 20% do concentrado ou até 4 kg/vaca/dia.

O caroço de algodão também é uma boa fonte de proteína (25% PB) e é rico em energia devido ao alto teor de óleo presente (24%), assim como o grão. Pode ser utilizado até 15% da MS da ração total, devido ao alto teor de óleo. É recomendado para bovinos em crescimento e vacas leiteiras até 3 kg/animal/dia e não é indicado para touros. É muito utilizado, pelo preço baixo e por ser um alimento rico em fibra.

• Ureia

A ureia é fonte de nitrogênio não proteico e apresenta 45% de nitrogênio. Como a proteína tem 16% de nitrogênio, o equivalente proteico da ureia é de 281% (45/16 x 100), ou seja, cada kg de ureia equivale a 2,81 kg de proteína bruta.

As recomendações de utilização são: substituir 25 a 33% da proteína da dieta; 1% da matéria seca da ração ou até 3% da matéria seca do concentrado; ou utilizar no máximo 50 g de ureia para cada 100 kg de peso vivo.

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A Embrapa Pecuária Sudeste preconiza o fornecimento de no máximo 300 g de ureia por animal por dia.

Outra forma de utilização de ureia é na mistura com cana-de-açúcar no período seco. Neste caso recomenda-se diluir 900 gramas de ureia mais 100 gramas de sulfato de amônio em 4 litros de água distribuídos em 100 kg de cana. Ou seja, a mistura de ureia e sulfato deve ser preparada com 9 partes de ureia mais 1 parte de sulfato de amônio, utilizando 1 kg dessa mistura para cada 100 kg de cana-de-açúcar picada (1%), e para melhor homogeneização dessa mistura deve-se dissolvê-la em 4 litros de água.

A incorporação da mistura na cana-de-açúcar pode ser feita com auxílio de um regador, na própria carreta, em área cimentada ou diretamente no cocho.

Antes de dar início à utilização de cana-de-açúcar com ureia, deve ser observado um período de adaptação dos animais, fornecendo-se metade da mistura de ureia + sulfato de amônio nos primeiros 14 dias, ou seja, 500 gramas dissolvidos em 4 litros de água para cada 100 kg de cana picada.

O sulfato de amônio é essencial como fonte de enxofre para síntese de aminoácidos sulfurosos pelos microrganismos do rúmen.

ATENÇÃO!!!Caso ocorra a interrupção do fornecimento da mistura por 2 dias, deve ser

feita nova adaptação. Isso evita a ocorrência de animais intoxicados e óbitos decorrentes dessa intoxicação

As causas de toxidez ocorrem pela falta de adaptação, utilização em níveis acima do recomendado, má homogeneização da ureia na cana-de-açúcar, consumo excessivo, fornecimento descontínuo, diluição da ureia da ração em água de chuva, etc.

Os sintomas de intoxicação por ureia são: desconforto, apatia, descoordenação, salivação excessiva, tremores musculares e de pele, respiração acelerada e endurecimento das

ureia(900g) +

sulfato de amônio(100g)

+ água(4L) →→

cana picada

(100 kg)

ureia(450g) +

sulfato de amônio

(50g)+ água

(4L) →→cana

picada(100 kg)

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patas dianteiras, podendo ocorrer também timpanismo e colapso circulatório em casos mais extremos.

Aos primeiros sinais de intoxicação é recomendado de 8 a 12 litros de vinagre (ácido acético 5%) com finalidade de baixar o pH ruminal e reduzir a hidrólise da ureia.

2. ENERGÉTICOS

Os concentrados energéticos são responsáveis pelo funcionamento do organismo, atuando como combustível para seus diversos processos ou funções, como crescimento e produção.

Eles apresentam menos de 20% de proteína bruta, e alto teor de energia, entre 75 e 92% de NDT.

Os mais utilizados são milho, sorgo e diversos subprodutos, como a polpa cítrica, a casca de soja, o farelo de arroz, o farelo de trigo, melaço e o farelo de mandioca.

• Milho

O milho pode ser fornecido na forma de grão cru ou moído, rolão ou MDPS.

O milho grão apresenta baixo teor de proteína (9%) e pode ser fornecido para bovinos até 70% da ração.

O milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS) é rico em fibra com valor médio de energia e baixo de proteína (8,5%). É recomendado para ruminantes em crescimento sem restrição.

Deve-se ter cuidado com acidose pelo alto consumo de milho em vacas de alta produção, mas é recomendável o uso bem moído, a fim de se ter uma maior digestibilidade.

ATENÇÃO!!!Quando da utilização de milho grão ou MDPS para vacas leiteiras, deve-se manter o

nível de FDN (fibra detergente neutro) da ração acima de 28%.

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• Sorgo

O grão de sorgo apresenta composição semelhante à do milho, com menor teor de energia e maior de proteína (9 a 13%), e tem como limitação o tanino, que diminui a digestibilidade e o consumo. A concentração de tanino varia conforme a variedade.

É recomendado para vacas leiteiras em até 100% de substituição ao milho, devendo ser oferecido triturado ou moído, devido à baixa digestibilidade do grão inteiro.

• Mandioca

A raiz fresca tem seu uso limitado devido ao glicosídeo cianogênico e à linamarina, que são convertidos em ácido cianídrico (HCn) no rúmen, sendo tóxico ao animal.

A mandioca-brava produz excesso de HCn, mas a secagem das folhas ou da raspa das raízes por 1 dia elimina este efeito.

A raspa da mandioca moída (RMCA) é deficiente em proteína (3%) e é recomendada para vacas leiteiras em até 100% de substituição ao milho. O valor nutritivo de 1 kg de milho equivale a 1 kg de RMCA + 200 g de farelo de algodão.

A mandioca é muito fermentável no rúmen e deve ser utilizada juntamente com a polpa cítrica ou o refinazil, em substituição ao milho.

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• Farelo de Trigo

O trigo pode ser fornecido na forma de farelo e farelinho.

O farelinho apresenta 88% de energia, 16% de PB e 8% de fibra (FDN), podendo ser utilizado de 30 a 50% do concentrado para vacas leiteiras.

O farelo de trigo apresenta 71% de energia e 18% de PB. O teor de gordura é de 4,5%, podendo levar à rancificação facilmente.

Pode ser utilizado para ruminantes sem restrição, desde que o teor de gordura da ração não ultrapasse 5%.

• Farelo de arroz

O farelo de arroz apresenta 70% de NDT e 13 a 15% de PB na matéria seca. Apresenta mais de 13% de gordura, que pode se rancificar facilmente, causando efeito negativo no consumo e destruição das vitaminas A e E.

Pode ser utilizado para ruminantes até 20% da ração ou até 5% do extrato etéreo (gordura) na ração.

O farelo desengordurado apresenta 18% de PB e 20% de fibra (FDN). Pode ser utilizado para ruminantes sem restrição.

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• Polpa cítrica

É formada por casca, bagaço e sementes, é pobre em proteína (7%) e fósforo (P) e rica em energia (77% de NDT) e cálcio (Ca). Geralmente é comercializada na forma peletizada, que é um processo mecânico em que ocorre a aglomeração de pequenas partículas através do calor úmido e da pressão de uma prensa de pelete em partículas grandes.

Para produção de até 20 litros/leite/dia, pode-se utilizar 100% de polpa; para produções acima de 20 litros/leite/dia, utilizar 50% de polpa e 50% de milho; e para produções acima de 32 litros/leite/dia, utilizar 2 partes de milho e 1 de polpa.

A EMBRAPA Pecuária Sudeste sugere um consumo limite de 6 kg de polpa cítrica/vaca/dia.

• Melaço

Apresenta limitações de uso devido ao nitrato e potássio em excesso, que levam à diarreia, nefrite, etc. Sua utilização é viável quando seu preço estiver abaixo de 65% do preço do milho.

É recomendado para bovinos em, no máximo, 15% da MS, mas normalmente é utilizado em 10% do concentrado.

Pode ser fornecido para bovinos adultos até 4 kg/animal/dia, após período de adaptação, para evitar acidose. Também aumenta o consumo da ração de bezerros, sendo utilizado em 7%.

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• Casca de soja

A casca de soja corresponde à fina camada que recobre a semente, que é separada do grão antes da extração do óleo. O NDT está próximo ao de forragens de boa qualidade.

A fibra da casca de soja possui uma característica bastante interessante para ruminantes quanto à sua fermentação, pois ela mantém o pH ruminal mais estável e evita a produção de ácido lático, ocasionando em um bom poder de tamponamento.

Pode-se encontrar casca de soja desidratada e peletizada.

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V - CONHECER OS SUPLEMENTOS

Os suplementos visam complementar ou suplementar as necessidades dos animais e podem ser minerais, vitamínicos ou minerais vitamínicos, além dos suplementos minerais proteinados e protéicos energéticos.

1. MINERAIS

Os minerais devem ser oferecidos através dos suplementos, conforme a exigência do animal e a composição dos alimentos consumidos.

Suplemento mineral é aquele que contém em sua composição macro e/ou microelementos minerais.

Um bom suplemento mineral deve apresentar no mínimo 6% de fósforo, fornecer 50% das necessidades em microminerais, utilizar fontes de alta disponibilidade dos elementos e ser palatável.

Para animais mantidos a pasto, o método mais prático de fornecer suplementação mineral é deixando a mistura (comercial ou batida na propriedade) no cocho coberto, à vontade.

Outro método é o da ingestão forçada, que consiste em misturar certa quantidade do suplemento com outro componente da dieta (normalmente a mistura de concentrado). Este método é utilizado para vacas em lactação, em que o animal tem uma ingestão diária constante da mistura mineral (350g), sendo aplicado para animais que recebem suplementação no cocho.

2. VITAMÍNICOS

As pastagens são ricas em vitaminas A, D e E, não necessitando de suplementação dos animais. No período seco, pode-se ter a necessidade de suplementação.

Já as forragens conservadas (silagens e fenos) perdem grandes quantidades de vitaminas, principalmente a vitamina A, devendo ser suplementada.

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VI - FAZER O ARRAÇOAMENTO

O arraçoamento consiste no ato de fornecer ração aos animais. Porém, antes do fornecimento é necessário realizar os cálculos da dieta para cada categoria animal.

O termo ração envolve todos os alimentos consumidos pelos animais, sendo normalmente uma combinação de alimentos volumosos (pastagem, silagem, feno, capineira) e alimentos concentrados (milho, farelo de soja, mineral).

A ração deve propiciar aos animais condições de crescimento, produção de leite e reprodução, compatíveis com o sistema de produção adotado.

Na alimentação de vacas em lactação deve-se considerar a produção de leite, o estágio da lactação, a idade da vaca, o consumo esperado de matéria seca, a condição corporal, os alimentos disponíveis e seu valor nutritivo.

1. VERIFIQUE O REQUERIMENTO DIÁRIO DE NUTRIENTES PARA VACAS EM LACTAÇÃO E PRENHES

Os dados devem ser adotados segundo a tabela de requerimento abaixo.

PESO VIVO (kg) PB (g) NDT (kg)

Manutenção de Vacas Adultas em Lactação

400 318 3,13450 341 3,42500 364 3,70550 386 3,97600 406 4,24650 428 4,51700 449 4,76

Adicional de Manutenção para Vacas Adultas - 2 últimos meses de gestação

400 890 4,15450 973 4,53500 1.053 4,90550 1.131 5,27600 1.207 5,62650 1.281 5,97700 1.355 6,31

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Nutrientes/kg leite para % de Gorduras

% Gordura Leite PB (g)/Litro NDT (kg)/Litro

3,0 78 0,280

3,5 84 0,301

4,0 90 0,322

4,5 96 0,343

5,0 101 0,364tabela – requerimento diário de nutrientes para vacas em lactação e prenhes

Exemplo: uma vaca de 500 kg com produção de leite com 3,5% de gordura necessita para:

• Manutenção – 364 g PB e 3,70 kg NDT

• Produção de leite – 84 g PB e 0,301 kg NDT (para cada litro de leite produzido)

Portanto, uma vaca de 500 kg com 3,5% de gordura produzindo 10 litros de leite necessitará de:

2. CALCULE A INGESTÃO DE MATÉRIA SECA

A ingestão de matéria seca (IMS) da vaca em lactação varia entre 2,4 e 3,5% em relação ao peso vivo (PV), em média, para o período total de lactação.

- Peso da vaca: 500 kg - Ingestão: 2,5% do PV em MS

PB (gramas) NDT (kg)

Manutenção 364 3,70

Produção de leite (84 x 10 litros leite)= 840

(0,301 x 10 litros leite) = 3,01

Total 1.204 6,71

12 kg de MSX =X =500 x 2,4

100→→

1.200

100X = →→

500 kg

X kg

100%

2,4%

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3. ESTIME A INGESTÃO DE VOLUMOSO

Verifique a tabela de composição básica dos principais volumosos e faça os cálculos.

COMPOSIÇÃO BÁSICA DOS PRINCIPAIS ALIMENTOS

- Tipo de volumoso: mombaça - Peso da vaca: 500 kg

Obs.: Considera-se que uma vaca de 500 kg ingere aproximadamente 50 kg de capim Mombaça por dia.

Encontramos na tabela que o Mombaça possui 20 % de MS, então:

Ao comer 10 kg de matéria seca de mombaça/dia, estará ingerindo:

ALIMENTOS VOLUMOSOS MS (%) PB (% na MS) NDT (% na MS)

Cana-de-açúcar 28 2 60

Pastagem rotacionada 20 12 60

Pastagem rotacionada (tifton) 20 15 65

Pastagens sobressemeadas 20 15 65

Silagem de milho 33 8 68

Silagem de sorgo 33 10 65Adaptado por Embrapa Pecuária Sudeste, 2008.

10 kg de MSX =X =50 x 20

100→→

1.000

100X = →→

100 kg mombaça

50 kg mombaça

20 kg MS (20%)

X kg MS

1,2 kg PBX =X =10 x 12

100→→

120

100X = →→

100 kg MS mombaça

50 kg MS mombaça

12 kg MS (12%)

X kg PB

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4. CALCULE A DIFERENÇA DO REQUERIMENTO E A INGESTÃO DE VOLUMOSO

Após obter o requerimento diário de nutrientes e estimar a ingestão de MS pelas vacas, deve-se calcular o déficit nutricional para fechamento da dieta.

Para isso basta subtrair o requerimento diário pela ingestão, ou seja:

Concluímos que o volumoso cobre praticamente toda a exigência requerida diariamente pelo animal, restando 4 gramas de proteína e 710 gramas de NDT, que devem ser supridas com concentrado ou subprodutos disponíveis na região.

5. FECHE A DIETA

Para fechar a dieta é necessário fornecer um alimento energético. Este alimento deve ser escolhido quanto à sua disponibilidade no mercado e custo.

Verifique na tabela os valores referentes ao alimento escolhido.

PB (gramas) NDT (kg)

Requerimento 1.204 6,71

Ingestão de Volumoso 1.200 6,00

Total - 4 - 0,71

6,0 kg NDTX =X =10 x 60

100→→

600

100X = →→

100 kg MS mombaça

50 kg MS mombaça

60 kg NDT (60%)

X kg NDT

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ALIMENTOS CONCENTRADOS MS (%) PB (% na MS) NDT (% na MS)

Algodão, farelo 28% 90 31 75

Algodão, farelo 38% 90 42 75

Algodão, caroço (1) 90 23 95

Arroz, farelo 90 14 70

Cevada, resíduo de cervejaria 20 20 65

Citrus, polpa peletizada (PCP)(2) 90 6 78

Girassol, farelo 90 45 70

Mandioca, raspa 85 3 80

Milho, rolão 85 6 70

Milho, grão moído 90 8 85

Soja, farelo 90 50 85

Sorgo, grão 90 12 80

Trigo, farelo 90 15 70

Ureia (3) 100 280 ---(1) limite de consumo de 3 kg de caroço de algodão (matéria original)/vaca/dia(2) limite de consumo de 6 kg de PCP (matéria original)/vaca/dia(3) limite de consumo de 300 g/vaca/diaAdaptado por Embrapa Pecuária Sudeste, 2008

Exemplo: Milho. Optamos por fazer os cálculos com o milho, pois é um produto encontrado em todas as regiões do estado.

0,9 kg ou 900g MS

X =X =90 x 1

100→→

90

100X = →→

100 kg Milho

1 kg Milho

90 kg MS (90%)

X kg MS

0,765 kg NDT

X =X =85 x 0,9

100→→

76,50

100X = →→

100 kg MS Milho

0,9 kg MS Milho

85 kg NDT (850%)

X kg MS

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38 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

Concluímos que, com 1 kg de milho, a dieta excederá um pouco do requerimento necessário da PB e NDT, sendo suficiente para suprir junto com o volumoso as necessidades do animal.

Portanto:

Conclusão:

A dieta deste animal está equilibrada no fornecimento de PB e NDT, e existe a possibilidade do aumento de produção devido à capacidade de ingestão de mais 1,1 kg de MS.

MO (kg) MS (kg) PB (gramas) NDT (kg)

Requerimento -- 12 1.204 6,71

Volumoso 50 10 1.200 6,00

Concentrado (milho) 1,0 0,9 72 0,765

Total Fornecido 51 10,9 1272 6,765

Total(requerido – fornecido) -- - 1,1 + 68 + 0,055

0,072 kg ou 72g PB

X =X =8 x 0,9

100→→

7,2

100X = →→

100 kg MS Milho

0,9 kg MS Milho

8 kg PB (850%)

X kg PB

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VII - FORNECER O ALIMENTO AOS ANIMAIS

O fornecimento de ração total (TRM), que é a mistura dos alimentos volumoso e concentrado fornecidos no cocho juntos, ocorre quando o animal é confinado ou quando na seca recebe uma suplementação volumosa, seja ela capineira, silagem ou feno, além da suplementação concentrada.

A utilização da ração total é uma forma de evitar que animais de maior produção, que têm um maior consumo de concentrado, apresentem distúrbios metabólicos como a acidose, o que normalmente ocorre em confinamento. A ração total também diminui a seleção de alimentos concentrados, diminui a ingestão de grande quantidade de concentrado de uma só vez e otimiza ingestão de volumoso.

A relação concentrado-volumoso é maior para vacas de maior produção de leite. De forma geral, sugerem-se as relações:

O melhor teor de matéria seca da ração total está entre 50 e 75%. Rações muito secas ou mais úmidas podem limitar o consumo.

Normalmente a ração fornecida para o animal deve ser dividida em duas vezes ao dia, manhã e tarde, principalmente quando a ingestão de concentrado por vaca/dia ultrapassar 6 kg.

No caso do manejo intensivo de pastagem, é fornecido apenas o concentrado próximo aos horários de ordenha. Nesse caso, existe apenas a necessidade de que a mistura do concentrado seja feita de forma adequada.

O fornecimento deve ser feito em cochos com dimensão suficiente para todos os animais, de fácil limpeza e acesso, de preferência próximo dos piquetes e sempre no mesmo horário.

ATENÇÃO!!!Os cochos devem permitir que todos os animais consumam ao mesmo tempo, sem ficar animal de fora, principalmente como consequência da dominância que existe

por peso ou idade.

Também deve-se evitar que os cochos fiquem perto de locais com lama, podendo-se trabalhar com cochos móveis, que têm condições de serem mudados, evitando que os animais deixem de ir ao cocho.

Produção de leite (kg/d) Concentrado % Volumoso %

14 a 23 40 60

24 a 35 45 55

36 a 45 50 50

Acima de 45 55 45Fonte: EMBRAPA – CNPGL (1997).

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40 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

Outro ponto importante é limpar o cocho antes de colocar ração nova, evitando sujeira, material fermentado e úmido ou partes não ingeridas que podem levar à contaminação.

Se houver sobra, esta deve ser pesada para ser descontada na manhã seguinte, uma vez que não devemos desperdiçar ração.

Caso não haja sobras ou sobre menos que 10% da quantidade total fornecida no dia anterior, pode-se aumentar a quantidade e rever o cálculo de consumo.

ATENÇÃO!!!No dia a dia da fazenda, existe uma distância muito grande entre a dieta formulada

pelo técnico, a oferecida aos animais e a realmente consumida por eles. Na alimentação o objetivo é diminuir ao máximo essa distância.

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41Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

BIBLIOGRAFIA

KIRCHOF, B. Alimentação da vaca leiteira. Guaíba: Agropecuária, 1997, 111p.

LANA, R. P. Sistema Viçosa de formulação de rações. 1ª ed. Viçosa: UFV, 2000, 60p.

SAMPAIO A.O. et al. Manual técnico: trabalhador na bovinocultura de leite. Belo Horizonte: SENAR-AR/MG/EMBRAPA: CNPGL, 1997. 271p.

SANTOS, F.A.P. Nutrição e formulação de ração para bovinos leiteiros. São Carlos: SENAR/EMBRAPA, 2006. 29p.

LANA, R. P. Sistema Viçosa de formulação de rações. 3ª ed. Viçosa: UFV, 2005, 91p.

LANA, R. P. Nutrição e alimentação animal (mitos e realidades). Viçosa: UFV, 2005, 344p.

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