Alma e Coracao

66
ALMA E CORAÇÃO FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER Ditado pelo Espírito Emmanuel 1

description

espiritismo; chico xavier; doutrina espírita

Transcript of Alma e Coracao

  • ALMA

    E CORAO

    FRANCISCO CNDIDO XAVIERDitado pelo Esprito

    Emmanuel

    1

  • INDICE

    ALMA E CORAO

    PrefcioAuxiliaras Por AmorAmars ServindoInimigos OcultosNa Sublime IniciaoAlma E CoraoAmbientesPasso AcimaAuxlio MoralDonativo Do CoraoComo PerdoarDarTeu LugarNo Credirio Da VidaEnergia E BranduraAnte A Lei Do BemEntre Deus E O PrximoAmbiente PessoalTua MenteJulgamentosPara O Reino De DeusDe Sol A SolProvaes Dos Entes QueridosSeguirs A LuzEfeito Do PerdoHerosmo OcultoAcima De NsSers PacienteIdeal E AoPerdo Na IntimidadeSementes DivinasAtaques Nas Boas ObrasApoio EspiritualComear De NovoAcontece O MelhorAmparo MtuoCompanheiros DifceisConfia Em DeusConversa Em FamliaDar E Fazer

    2

  • Deus VirDistrbios EmocionaisEm Matria De FEm Torno Da VirtudeDiscussesFalar E OuvirFamiliares QueridosFortunaIndicao Da VidaNa Sublime IniciaoNo Somos ExceesNossa ParcelaNossos Problemas Ofensas E OfensoresOpositoresPaz De EspritoPerante Os CadosPerto De TiProvaes E OraesReaesServio A Quem ServeTua PossePerturbao E Obsesso

    3

  • PREFCIO Nesta hora, em que tantos povos tm a sua paz conturbada e inmeros lares se

    debatem, desajustam e dissolvem para agravar as aflies da humanidade, o mundo est mais do que nunca necessitado e ansioso por um lenitivo, uma luz que brote da alma e do corao, e no mais do crebro frio e nebuloso. Da a oportunidade deste livro, cujo ttulo condiz muito com o seu contexto, to ameno e acolhedor que se nos afigura um prado florido e risonho, aberto ao cansado viajor que ali busque passar horas de descanso e reflexes.

    Acode ainda a circunstncia de haverem suas linhas fluidas da pena de algum que, tendo feito do sadio Espiritualismo o seu sacerdcio mais sagrado, tem dedicado toda a sua vida a aliviar as agruras morais e fsicas de seus semelhantes, tanto por seus atos como por suas palavras. Isto porque ele no um simples terico, mas um praticante vivo e sempre ativo do bem.

    Assim que o leitor ter aqui, sua frente, uma estimuladora mensagem, distribuda em sessenta curtos e bem concatenados captulos sobre variados temas confluindo todos, qual regatos de luz, para o mesmo oceano da Verdade, que Deus, e sedenta as almas peregrinas provenientes de todas a origens.

    Em cada captulo poder o interessado ter um tema para meditao. Se em cada um deles meditar, e o praticar at o fim, lograr construir dentro de si um mundo feliz, que o ajudar, nesta existncia, a aproximar-se um pouco mais da fonte da to sonhada e decantada felicidade, porm realmente buscada por to poucos.

    Publicando esta obra, cremos estar contribuindo para que sua mensagem logre alcanar todas as almas, iluminar seus coraes e harmonizar suas mentes, e desta sorte lev-las a trilhar nobremente a senda da espiritualidade, a nica capaz de lhes aliviar as amarguras da vida e conduzi-las ao Reino de Deus, que est mais dentro do que fora de cada um de ns.

    Oxal se confirme e concretize nossa crena, para que tanto o autor como os editores se sintam compensados em seu intento e esforos.

    Os Editores

    4

  • AUXILIARAS POR AMOREmmanuel

    Auxiliars por amor nas tarefas do benefcio.No te deixars seduzir pelo verbo fascinante dos que manejam o ouro da

    palavra para incrementar a violncia em nome da liberdade e dos que te induzam a crer seja a vida um fardo de desenganos.

    Adotars a disciplina por norma de ao em teu ambiente de trabalho renovador, e educar-te-s na orientao do bem, elevando o nvel da existncia e sublimando as circunstncias.

    De muitos ouvirs que no adianta sofrer em proveito dos outros e nem semear para sustento da ingratido; entretanto, recordars os benfeitores annimos que te amaciaram o caminho, apagando-se tantas vezes para que pudesses brilhar. Rememorars a infncia, no refgio domstico, e percebers que te ergueste, acima de tudo, da bondade com que te agasalharam o corao. No conseguiste a ternura materna com recursos amoedados, no remuneraste teu pai pelo teto em que te guardou a meninice, no compraste a afeio dos que te equilibraram os passos primeiros e nem pagaste o carinho daqueles que te alaram o pensamento luz da orao, ensinando-te a pronunciar o nome de Deus!...

    Reflete nas razes de amor com que o Todo-Misericordioso nos plasmou os alicerces da vida, e colabora onde estejas para que o bem se erija por sustentculo de todos.

    Enxergars, nos que te rodeiam, irmos autnticos, diante da Providncia Divina. Ajudars os menos bons para que se tornem bons, e auxiliars os bons a fim de que se faam melhores.

    Se a perturbao te dificulta o caminho, serve, sem alarde, e a trilha de libertao se te abrir, propiciando-te acesso frente.

    Se ofensas te apedrejam, escuda-te no dever bem cumprido e serve sempre, na certeza de que a bondade com a fora do tempo a meia natural de todos os reajustes.

    Muitos, mandam, exigem, dispem ou discutem... Sers aquele que serve, o samaritano da beno, o entendimento dos incompreendidos, a luz dos que se debatem nas sombras, a coragem dos tristes e o apoio dos que se afligem na retaguarda!... E, ainda quando te vejas absolutamente a ss, no ministrio do bem, sers fiel obrigao de servir, lembrando-te de que, certo dia, um anjo na forma de um homem escalou um monte rido em supremo abandono, carregando a cruz do prprio sacrifcio, mas porque servia e servia, perdoando e perdoando, fez nas trevas da morte o sol das naes, em perenidade de luz e amor para o mundo inteiro.

    5

  • AMARS SERVINDOEmmanuel

    Ainda quando escutes aluses em torno da suposta decadncia dos valores humanos, exaltando as foras das trevas, fars da prpria alma lmpada acesa para o caminho.

    Mesmo quando a ambio e o orgulho te golpeiem de suspeitas e de rancores o esprito desprevenido, amars servindo sempre.

    Quando algum te aponte os males do mundo, lembrar-te-s dos que te suportaram as fraquezas da infncia, dos que te auxiliaram a pronunciar a primeira orao, dos que te encorajaram os ideais de bondade no nascedouro, e daqueles outros que partiram da Terra, abenoando-te o nome, depois de repetidos exemplos do sacrifcio para que pudesses livremente viver. Recordars os benfeitores annimos que te deram entendimento e esperana, prosseguindo fiel ao apostolado do amor e servio que te legaram...

    Para isso, no te deters na superfcie das palavras. Colocar-te-s na posio dos que sofrem, a fim de que faas por eles tudo

    aquilo que desejarias se te fizesse nas mesmas circunstncias. Ante as vtimas da penria, imagina o que seria de ti nos refgios de

    ningum, sob a ventania da noite, carregando o corpo exausto e dolorido a que o po mendigado no forneceu suficiente alimentao; renteando com os doentes desamparados, reflete quanto te doeria o abandono sob o guante da enfermidade, sem a presena sequer de um amigo para minorar-te o peso da angstia; frente das crianas despejadas na rua, pensa nos filhos amados que aconchegas ao peito, e mentaliza o reconhecimento que experimentarias por algum que os socorresse se estivessem desvalidos na via pblica; e, perante os irmos cados em criminalidade, avalia o suplcio oculto que te rasgarias entranhas da conscincia, se ocupasses o lugar deles, e medita no agradecimento que passarias a consagrar aos que te perdoassem os erros, escorando-te o passo, das sombras para a luz.

    Ainda mesmo quando te vejas absolutamente a ss, no trabalho de bem, sob a zombaria dos que se tresmalham temporariamente no nevoeiro da negao e do egosmo, no esmorecers. Crendo na misericrdia da Providncia Divina e nas infinitas possibilidades de renovao do homem, seguirs Jesus, o Mestre e Senhor, que, entre a humildade e a abnegao, nos ensinou a todos que o amor e o servio ao prximo so as nicas foras capazes de sublimar a inteligncia para que o Reino de Deus se estabelea em definitivo nos domnios do corao.

    6

  • INIMIGOS OCULTOSEmmanuel

    Mencionamos, com muita freqncia, que os inimigos exteriores so os piores expoentes de perturbao que operam em nosso prejuzo. Urge, porm, olhar para dentro de ns, de modo a descobrir que os adversrios mais difceis so aqueles de que no nos podemos afastar facilmente, por se nos alojarem no cerne da prpria alma.

    Dentre eles, os mais implacveis so:- o egosmo, que nos tolhe a viso espiritual, impedindo vejamos as

    necessidades daqueles que mais amamos; - o orgulho, que no nos permite acolher a luz do entendimento, arrojando-nos

    a permanente desequilbrio; - a vaidade, que nos sugere a superestimao do prprio valor, induzindo-nos a

    desprezar o merecimento dos outros;- o desnimo, que nos impele aos precipcios da inrcia;- a intemperana mental, que nos situa na indisciplina;- o medo de sofrer, que nos subtrai as melhores oportunidades de progresso, e

    tantos outros agentes nocivos que se nos instalam no Esprito, corroendo-nos a energias e depredando-nos a estabilidade mental.

    Para a transformao dos adversrios exteriores contamos, geralmente, com o amparo de amigos que nos ajudam a revisar relaes, colaborando conosco na constituio de novos caminhos; entretanto, para extirpar os que moram em ns, vale to-somente o auxlio de DEUS, com o laborioso esforo de ns mesmos.

    Reportando-nos aos inimigos externos, advertiu-nos JESUS que preciso perdoar as ofensas setenta vezes sete vezes, e decerto que para nos descartarmos dos inimigos internos todos eles nascidos na trevas da ignorncia prometeu-nos o Senhor: conhecereis a verdade e a verdade vos far livres,

    o que equivale dizer que s estaremos a salvo de nossas calamidades interiores, atravs de rduo trabalho na oficina da educao.

    7

  • NA SUBLIME INICIAOEMMANUELQuando Jesus nos convocou perfeio, conhecia claramente a carga de falhas

    e deficincias de que estamos ainda debitados perante a Contabilidade da Vida. Urge, assim, penetrar o sentido de semelhante convite, aceitando, de nossa

    parte, a sublime iniciao.Na subida spera em demanda aos valores eternos, as Leis do Universo no nos

    reclamam qualquer ostentao de grandeza espiritual. Criaturas em laboriosa marcha na senda evolutiva atendamos, desse modo, aos alicerces do aprendizado.

    Nas horas de crise, os Estatutos Divinos no nos rogam certides de superioridade a raiarem pela indiferena, e sim, que saibamos sofr-las com reflexo e dignidade, assimilando os avisos da experincia.

    Renteando com injrias e zombarias, as instrues do Senhor no exigem de ns a mscara da impassibilidade, e sim, que as venamos de nimo forte, assimilando-lhes a passagem com a beno da compreenso fraternal.

    Defrontados por tentaes, a vida no espera que estejamos diante delas, em regime de anestesia, e sim, que busquemos neutraliz-las com pacincia e coragem, entesourando os ensinos de que se faam mensageiras, em nosso prprio favor.

    Abstenhamo-nos de adornar a existncia com expectaes ilusrias. Somos criaturas humanas, a caminho da sublimao necessria e, nessa condio, errar e corrigir-nos para acertar sempre mais, so impositivos de nosso roteiro. Conquanto isso, porm, permaneamos convencidos, desde hoje, de que se por agora no nos possvel envergar a tnica dos anjos, podemos e devemos matricular-nos na escola dos espritos bons.

    8

  • ALMA E CORAOEmmanuel

    A ti, leitor amigo, uma ligeira explicao quanto s pginas deste livro.No resultam de aturados estudos, no recinto de bibliotecas preciosas, porque

    todas nasceram na fonte da experincia.Reunidos luz da orao (), os companheiros encarnados e ns outros, os

    amigos domiciliados do Mais Alm, grafamo-las no curso de reflexes e debates sobre milenares problemas do destino e do ser, da indignao e da dor. Aps destacar esse ou aquele tpico da Doutrina Esprita, que nos revive o Evangelho de Jesus, permutvamos impresses e comentrios acerca das verdades fundamentais e simples do universo.

    face disso, so elas fragmentos de amor, colhidos em dilogos fraternos, no tentame de ajustar-nos s realidades do Esprito.

    Muitas vezes, os generosos interlocutores que nos honravam com ateno e palavra, procediam no s de crculos laureados de conquistas acadmicas, mas igualmente de laboriosas oficinas da vida prtica; no apenas de austeros deveres do lar, mas tambm dos torturados distritos da adversidade e da provao que burilam a existncia. E muitos outros, por bondade, nos traziam os ouvidos ansiosos, lubrificados de lgrimas ou atormentados de angstia, com fome de esperana e sede de Deus.

    Irmanados no objetivo nico de buscar o progresso espiritual, trocvamos, ento, os mais ntimos pensamentos, nos ajustes amigos de que este despretensioso volume nasceu em nossa renovadora seara de f.

    Releva-nos, pois, se te dedicamos um livro to singelo quanto s possibilidades de expresso de que dispomos. Cr, no entanto, que todo ele entretecido por fios de alma e corao nos votos que formulamos ao Senhor para que nos ilumine e nos abenoe, a fim de que, nas trilhas do amanh, te possamos oferecer algo de mais proveitoso e de melhor.

    EmmanuelUberaba, 26 de Julho de 1969

    () Todas as pginas publicadas neste livro foram psicografadas em reunies

    pblicas da Comunho Esprita Crist, em Uberaba, Minas Gerais. (Nota do Mdium)

    9

  • AMBIENTESEmmanuel

    Importante pensar que no apenas termos o que damos, mas igualmente viveremos naquilo que proporcionamos aos outros.

    Da o impositivo de doarmos to somente o bem, integralmente o bem.Se em determinada faixa de tempo criamos a alegria para os nossos

    semelhantes e criamos para eles o sofrimento em outra faixa, nossa existncia estar dividida entre felicidade e desventura, porque teremos trazido uma e outra ao nosso convvio, arruinando valiosas oportunidades de servio e elevao.

    Se oferecemos azedume, bvio que avinagraremos o sentimento de quem nos acolhe, reavendo, em cmbio inevitvel, o mesmo clima vibratrio, como quem recolhe gua inconveniente para a prpria sede, aps agitar o fundo do poo, de cuja colaborao necessite.

    Se atiramos crtica e ironia face do prximo, de outro ambiente no disporemos para viver seno aquele que se desmanda em sarcasmo e censura.

    Certifiquemo-nos de que no somente as pessoas, mas os ambientes tambm respondem. Queiramos ou no, somos constrangidos a viver no clima espiritual que ns mesmos formamos.

    Pacifiquemos e seremos pacificados.Auxilia e colhers auxlio.Tudo que espiritualmente verte de ns, regressa a ns, D e dar-se-te-,

    asseverou Jesus. O ensinamento no prevalece to s nos domnios da ddiva material propriamente considerada. Do que dermos aos outros, a vida fatalmente nos d.

    10

  • PASSO ACIMAEmmanuel

    Burilamento moral e prtica do bem constituem o clima da caminhada para a frente, no Reino do Esprito, mas no podemos esquecer que todo obstculo marcador de oportunidade do passo acima, na senda da elevao.

    Na escola, forma-se o aluno, teste a teste, para que se lhe garanta o aprendizado cultural.

    No educandrio da vida, o esprito, de prova em prova, adquire o mrito indispensvel para a escalada evolutiva.

    Toda lio guarda objetivo nobilitante, que se deve alcanar, atravs do estudo.Qualquer dificuldade, por isso, se reveste de valor espiritual, que precisamos

    saber extrair para que faa acompanhar do proveito justo.Em qualquer estabelecimento de ensino, variam as matrias professadas.Em toda a existncia, as instrues se revelam com carter diverso. assim que a hora do passo acima nos surge frente, com expresses sempre

    novas, possibilitando-nos a assimilao de qualidades superiores, em todos os sentidos.Tentao, degrau de acesso fortaleza espiritual.Ofensa recebida, ocasio de ganhar altura pela trilha ascendente do perdo.

    Violncia que nos fira ensejo para a aquisio de humildade.Sofrimento vereda para a obteno de pacincia.Necessidade no prximo significado em ns o impositivo da prestao de

    servio.Quando a incompreenso ou a intolerncia repontam nos outros, ter chegado

    para ns o dia de entendimento e serenidade.No te revoltes, nem te abatas, quando atribulaes te visitem. Desespero e

    rebeldia, alm de gerarem conflito e lgrimas, so das respostas mais infelizes que podemos dar aos desafios edificantes da vida.

    Deus no nos confiaria problemas, se os nossos problemas no nos fossem necessrios.

    Todo tempo de aflio tempo do passo acima. De ns depende permanecer acomodados sombra ou avanar, valorosamente, para a obteno de mais luz.

    11

  • AUXLIO MORALEmmanuel

    Em muitas circunstncias, afligimo-nos ante a impossibilidade de alterar

    o pensamento ou o rumo das pessoas queridas. Como auxiliar um filho que se distancia de ns, atravs de atitudes que

    consideramos indesejveis, ou amparar um amigo que persiste em caminho que no nos parece o melhor?

    s vezes, a criatura em causa algum que nos mereceu longo tempo de convivncia e carinho; noutros lances da vida, pessoa que se nos erigia na estrada em baliza de luz.

    Tudo o que era harmonia passa ao domnio das contradies aparentes, e

    tudo aquilo que se nos figurava tarefa triunfante, nos oferece a impresso de trabalho deteriorado voltando estaca zero.

    Chegados a esse ponto de indagao e estranheza imperioso compreender que todos os temos na edificao espiritual uns dos outros uma parte limitada de servio e concurso, depois da qual vem a parte de Deus.

    O lavrador promove condies favorveis ao plantio da lavoura, mas no consegue colocar o embrio na semente; protege a rvore, mas no lhe inventa a seiva.

    Assim ocorre igualmente conosco, nas linhas da existncia. Cada qual de ns pode ofertar a outrem apenas a colaborao de que

    capaz. Alm dela, surge a zona ntima de cada um, na qual opera a Divina

    Providncia, atravs de processos inesperados e, muitas vezes, francamente inacessveis ao nosso estreito entendimento.

    Diante, pois, dos seres diletos que se nos complicam na estrada, o melhor

    e mais eficiente auxlio moral com que possamos socorr-los, ser sempre o ato de entender-lhes a bno da orao silenciosa, para que aceitem, onde se colocaram, o Amparo Divino que nunca falha.

    Sejam quais sejam os problemas que nos forem apresentados pelos entes queridos, guardemos a prpria serenidade e cumpramos para com eles a parte de servio e devotamento que lhes devemos, depois da qual foroso nos decidamos a entreg-los oficina da vida, em cujas engrenagens e experincias recolhero, tanto quanto ns todos temos recebido, a parte oculta do Amor e da assistncia de Deus.

    12

  • DONATIVO DO CORAOEmmanuel

    Todos possumos algo para dar, seja dinheiro que alivie a penria, instruo que desterre a ignorncia, auxilio que remova a dificuldade ou remdio que afaste a doena.

    Existe, porm, uma dvida que todos podemos compartilhar, indistintamente, com absoluta vantagem para quem recebe e sem a mnima perda para quem d.

    Referimo-nos a beno da coragem.Quantos tero cado de altos degraus do bem, no pice da resistncia ao mal,

    por lhes faltar calor humano, atravs de uma frase afetuosa e compreensiva? Quantos tero desertado de suas tarefas enobrecedoras, com evidente prejuzo para a comunidade, precisamente na vspera de vitorioso remate, unicamente por lhes haver faltado algum que lhes suplementasse as foras morais periclitantes com o socorro de um gesto amigo? E quantos outros tombam diariamente na frustrao ou na enfermidade, to s porque no encontram seno azedume e pessimismo na palavra daqueles de quem esto intimados convivncia?

    No te armes apenas de recursos materiais para combater o infortnio. Aprovisiona-te de f viva e esperana, compreenso e otimismo, para que teu verbo se faa lume salvador, capaz de reacender a confiana de tantos companheiros da Humanidade, que trazem o corao no peito, feio de lmpara morta.

    No deixes para amanh o momento de encorajar os irmos do caminho no servio do bem.

    Faze isso hoje mesmo. Estende-lhes a alma no apelo ao bem e fala-lhes da prpria imortalidade, no tesouro inexaurvel do tempo e dos recursos ilimitados do Universo. Induze-os a reconhecer as energias infinitas de que so portadores e auxilia-os a descobrir a divina herana de vida eterna que lhes palpita no imo do esprito, ainda mesmo quando estirados nas piores experincias.

    Seja tua palavra claro que ampare, chama que aquea apoio que escore e blsamo que restaure.

    Sempre que te disponha a sair de ti mesmo para o labor da beneficncia, no olvides o donativo da coragem! Ajuda ao prximo por todos os meios corretos ao teu alcance, mas, acima de tudo, ajuda ao companheiro de qualquer condio ou de qualquer procedncia, a sentir-se positivamente nosso irmo, to necessitado quanto ns da pacincia e do socorro de Deus.

    13

  • COMO PERDOAREmmanuel

    Na maioria dos casos, o impositivo do perdo surge entre ns e os companheiros de nossa intimidade, quando o suco adocicado da confiana se nos azeda no corao.

    Isso acontece porque, geralmente, as mgoas mais profundas repontam entre os Espritos vinculados uns aos outros na esteira da convivncia.

    Quando nossas relaes adoeam, no intercmbio com determinados amigos que, segundo a nossa opinio pessoal, se transfiguram em nossos opositores, perguntemo-nos com sinceridade: como perdoar, se perdoar no se resume questo de lbios e sim a problema que afeta os mais ntimos mecanismos do sentimento?.

    Feito isso, demo-nos pressa em reconhecer que as criaturas em desacerto pertencem a Deus e no a ns; que tambm temos erros a corrigir e reajustes em andamento; que no justo ret-las em nossos pontos de vista, quando esto, qual nos acontece, sob os desgnios da Divina Sabedoria que mais convm a cada um, nas trilhas do burilamento e do progresso. Em seguida, recordemos as bnos de que semelhantes criaturas nos tero enriquecido no passado e conservemo-las em nosso culto de gratido, conforme a vida nos preceitua.

    Lembremo-nos tambm de que Deus j lhes ter concedido novas oportunidades de ao e elevao em outros setores de servio e que ser desarrazoado de nossa parte manter processos de queixa contra elas, no tribunal da vida, quando o prprio Deus no lhes sonega Amor e Confiana.

    Quando te entregares realmente a Deus, a Deus entregando os teus adversrios como autnticos irmos teus, - to necessitados do Amparo Divino quanto ns mesmos, penetrars a verdadeira significao das palavras de Cristo: Pai, perdoa as nossas dvidas, assim como perdoamos aos nossos devedores, reconciliando-te com a vida e com a tua prpria alma.

    Ento, sabers oscular de novo a face de quem te ofendeu, e quem te ofendeu encontrar Deus contigo e te dir com a mais pura alegria no corao: bendito sejas....

    14

  • DAREmmanuel

    As maiores transformaes de nossa vida surgem, quase sempre das doaes que fizermos.

    Dar, na essncia, significa abrir caminhos, fundamentar oportunidades multiplicar relaes.

    Muitos acreditam ainda que o ato de auxiliar procede exclusivamente daqueles que se garantem sobre poderes amoedados. Em verdade, ningum subestime o bem que o dinheiro doado ou emprestado consegue fazer; entretanto no se infira da que a doao seja privilgio dos irmos transitoriamente chamados mordomia da finana terrestre.

    Todos, podemos oferecer consolao, entusiasmo, gentileza, encorajamento.s vezes, basta um sorriso para varrer a solido. Uma frase de solidariedade

    capaz de estabelecer vida nova no esprito em que o sofrimento crestou a esperana.A rigor, todas as virtudes tm a sua raiz no ato de dar. Beneficncia, doao de

    recursos prprios. Pacincia, doao de tranqilidade interior. Tolerncia, doao de entendimento. Sacrifcio, doao de si mesmo.

    Toda ddiva colocada em circulao volta infalivelmente ao doador, suplementada de valores sempre maiores.

    Quem deseje imprimir mais rendimento e progresso em suas tarefas e obrigaes, procure ampliar os seus dispositivos de auxilio aos outros e observar sem delonga os resultados felizes de semelhante cometimento. Isso ocorre porque em todo o Universo as Leis Divinas se baseiam em amor no que, no fundo, a onipresena de Deus em doaes eternas.

    Em qualquer soma de prosperidade e paz, realizao e plenitude, o servio ao prximo a parcela mais importante, a nica alis, suscetvel de sustentar as outras atividades que compem a estrutura do xito.

    D do que possas e tenhas, do que sejas e representes, na convico de que a tua ddiva investimento na organizao crediria da vida, afianando os saques de recursos e foras dos quais necessites para o caminho.

    D e dar-se-te- ensinou-nos o Cristo de Deus.Unicamente pela beno de dar que a vida de cada um de ns se transformar

    numa beno.

    15

  • TEU LUGAREmmanuel

    Surgem lances obscuros na existncia, nos quais aflies dispensveis nos visitam o esprito, no pressuposto de que nos achamos fora do plano que nos prprio.

    Quisramos impensadamente exercer a funo de outrem, e ao mesmo tempo, solicitar que outrem se encarregue da nossa.

    Isso, porm, seria tumultuar a Ordem Divina.No ignoramos que os Emissrios do Senhor nos conhecem de sobra aptides e

    recursos. Qual ocorre aos engenheiros responsveis por edificaes determinada, que no instalariam o cimento em lugar do vidro, os Organizadores da Vida no nos designariam posio estranha s nossas possibilidades de rendimento maior na construo do Reino de Deus.

    Dentro do assunto, no nos ser lcito esquecer que a promoo ocorrncia natural e elevar-nos de nvel, mas promoo realmente aparece to-s quando no melhoramos conquistando degraus acima.

    A rigor, porm, urge reconhecer que nos achamos agora precisamente no ponto e no posto em que nos possvel produzir mais e melhor. A certeza disso nos fortalece a noo de responsabilidade, porquanto, cientes de que a Eterna Sabedoria nos permitiu desempenhar os encargos pelos quais respondemos perante os outros, podemos centralizar ateno e fora, onde estivemos, para doar o mximo de ns mesmos, na mquina social de que somos peas.

    Quando te ocorra o pensamento de que deverias ocupar outro ngulo no campo da atividade terrestre, asserena o corao e continua fiel aos deveres que as circunstncias te preceituem, reconhecendo que, em cada dia, estamos na posio em que a Bondade de Deus conta conosco para o bem geral. Desse modo, para que as tuas horas se enriqueam de paz e eficincia, no setor de ao que te cabe na Obra do Senhor, se trazes a conscincia tranqila no desempenho das prprias obrigaes, foroso te capacites de que s hoje o que s e te vs com quem te vs, no quadro em que te movimentas e na apresentao com que te singularizas, porque justamente como s, com quem ests no lugar em que te situas e claramente como te encontras, que o Senhor necessita de ti.

    16

  • NO CREDIRIO DA VIDAEmmanuel

    Deixa que a compaixo te aclare os olhos e lubrifique os ouvidos, a fim de que possas ver e escutar em louvor do bem.

    Quantas vezes geramos complicaes e agravamos problemas, unicamente pelo fato de exigir dos outros, aquilo de santo ou de herico que ainda no conseguimos fazer!

    frente das incompreenses ou perturbaes do cotidiano, procuremos reagir como estimaramos que os demais reagissem, se as dificuldades fossem nossas.

    A Terra est repleta dos que censuram e acusam.Amparemo-nos mutuamente.s vezes, pronuncias, palavras menos felizes, nas horas de irritao ou

    desanimo, que apreciarias reaver a fim de inutiliz-las, se isso fosse possvel, e agradeces a bondade do ouvinte que se dispe a atir-las no cesto do esquecimento. Por que no agir de modo anlogo, quando registras o comentrio de ordem negativa, partido de algum, no clima do desespero?

    Nos atos injustos, nas decises impensadas ou nos erros que perpetramos, somos gratos a misericrdia daqueles que nos acolhem com brandura e entendimento, extinguindo no silncio os resultados de nossas falhas involuntrias. Como no esposar norma idntica, quando algum de nossos irmos escorregava na sombra?

    Proclamamos a necessidade do progresso da alma, afirmamos o impositivo de

    nosso prprio aperfeioamento...Iniciemos esse esforo meritrio a favor de ns, reconhecendo que os outros

    carregam provaes e fraquezas semelhantes s nossas, quando no sejam problemas e obstculos muito mais aflitivos.

    Admiremos nossos companheiros quando se apliquem ao bem ou quando se harmonizem com o bem: entretanto, sempre que resvalem no qual, busquemos trat-los na base do amor que declaramos cultivar com Jesus, de vez que todo investimento de tolerncia que fizemos hoje, a benefcio do prximo, no credirio da vida, ser-nos- amanh precioso depsito que poderemos sacar no socorro queles a quem mais amamos, ou mesmo no auxlio a ns.

    17

  • ENERGIA E BRANDURAEmmanuel

    Na marcha do dia-dia, urge harmonizar as manifestaes de nossas

    qualidades com o esprito de proporo e proveito, a fim de que o extremismo no nos imponha acidentes, no trnsito de nossas tarefas e relaes.

    Energia na f; no demais que tombe em fanatismo. Brandura na humildade; no demais que entremostre relaxamento. Energia na convico; no demais que se transforme em teimosia. Brandura na humildade; no demais que degenere em servilismo. Energia na justia; no demais que seja crueldade. Brandura na gentileza; no demais que denuncie bajulao. Energia na sinceridade; no demais que descambe no desrespeito. Brandura na paz; no demais que se acomode em preguia. Energia na coragem; no demais que se faa temeridade. Brandura na prudncia; no demais que se recolha em comodismo. No caminho da vida, h que aprender com a prpria vida. Vejamos o carro moderno nas viagens de hoje; nem passo a passo,

    porque isso seria ignorar o progresso, diante do motor; nem velocidade alm dos limites justos, o que seria abusar do motor para descer ao desastre e morte prematura.

    Em tudo, equilbrio, porque, se tivermos equilbrio, asseguraremos, em

    toda parte e em qualquer tempo, a presena de caridade e pacincia, em ns mesmos, as duas guardis capazes de garantir-nos trajeto seguro e chegada feliz.

    18

  • ANTE A LEI DO BEMEmmanuel

    Em verdade, quando as aflies se sucedem umas s outras, simultaneamente, em nossa vida, sentimo-nos feio do viajor perdido na selva, intimado pelas circunstncias a construir o prprio caminho.

    Quando atinjas um momento, assim obscuro, em que as crises aparecem gerando crises, no atribuas a outrem a culpa da situao embaraosa em que te vejas e nem admitas que o desnimo se te aposse das energias. Analisa o valor do tempo e no canalizes a fora potencial dos minutos para os domnios da queixa ou da frustrao. Ora, levanta-te dos obstculos em pensamento e age em favor da prpria libertao na certeza de que, por trs da dificuldade, a lei do bem est operando.

    Certifica-te, sobretudo, de que Deus, Nosso Pai, o autor e o sustentador do Sumo Bem. Nenhum mal lhe poderia alterar o governo supremo, baseado em amor infinito e bondade eterna. vista de semelhante convico, o que te parece doena processo de recuperao da sade. Pequenos dissabores que categorizas por ofensas, sero convites a reexame dos empeos que te crivam a estrada ou apelos orao por aqueles companheiros de Humanidade que levianamente se transformam em perseguidores das boas obras que ainda no conseguem compreender. Contratempos que interpretas como sendo ingratido de pessoas queridas, quase sempre apenas significam modificaes dos Desgnios Superiores, em benefcio dos entes que amamos e que prosseguem credores de nosso entendimento e carinho. Discrdia problema que te pede ao pacificadora. Desarmonias domsticas mais no so que exigncia de mais servios aos familiares para que te concilies em definitivo com adversrios do pretrito, suprimindo possibilidades de retorno a causas de sofrimento e desequilbrio que j te induziram quedas e obsesses em existncias passadas, e at mesmo a presena da morte no se define seno por mais renovao e mais vida.

    Sempre que aflies te visitem na forma de enfermidade ou tristeza, humilhao ou penria, perseguio ou tentao, prejuzo ou desastre, no te rendas s sugestes de rebeldia ou desalento. Trabalha e espera, entre o prazer de servir e a felicidade de confiar, recordando que, se procuras pelo socorro de Deus, o socorro de Deus tambm te procura. E se a tranqilidade parece tardar, porque privaes e provaes se multipliquem, persevera com o trabalho e com a esperana, lembrando-te de que a lei do bem opera sempre e de que o amparo de Deus est oculto ou vem vindo.

    19

  • ENTRE DEUS E O PRXIMOEmmanuel

    Para todos ns, que ensinamos para aprender e aprendemos para ensinar lies de conduta evanglica, nos grupos de orao, impe-se um problema que precisamos facear corajosamente o problema de viver na prtica as teorias salvacionistas ou regeneradoras que abraamos.

    No crculo da prece, recolhemos a orientao, e fora dela somos intimados

    traduo. Pensamentos elevados e feitos que lhes correspondam. Boas palavras e boas obras. permanecer em casa nas mesmas diretrizes com que nos conduzimos no Templo da F.

    Muitas vezes supomos seja isso muito difcil e acreditamos poder assumir duas

    atitudes distintas; aquela com que comparecemos corretamente perante Deus, atravs da orao, e aquela outra em que quase sempre pautamos os prprios atos pela invigilncia, no trato com os irmos da Humanidade. Urge, porm, reconhecer que Deus est em toda parte, e, em toda parte, foroso comportar-nos como quem se sabe na presena Divina.

    Tanto se encontra o Criador com a criatura na orao quanto na ao. Na prece, somos induzidos ao entendimento e brandura, porque demandamos

    confiantemente Misericrdia dos Cus, aguardando tolerncia e Amor para as nossas necessidades, mas imprescindvel lembrar que a Misericrdia dos Cus nos ouve e socorre com Bondade Infinita para que venhamos a usar esses mesmos processos de apoio e beno, ante as necessidades dos outros.

    De que nos valeria apresentar uma fisionomia doce a Deus e um corao

    amargo aos companheiros do cotidiano, se todos eles so tambm filhos de Deus quanto ns?

    Se ainda no conseguimos transferir o ambiente da orao para a nossa esfera

    de trabalho, esforcemo-nos em conquistar a sublime e indispensvel realizao. A rogativa, perante o Senhor, comparvel ao cheque baseado no capital de

    servio aos semelhantes. Aprendemos, assim, a viver diante de Deus, atendendo aos nossos deveres para

    com o prximo, e a viver, diante do prximo, recordando as nossas obrigaes perante Deus.

    20

  • AMBIENTE PESSOALEmmanuel

    Surges e, onde pisas, aparece a atmosfera pessoal que te prpria. Falas e de tua palavra flui o magnetismo que te nasce do corao.

    Interessamo-nos em auxiliar os outros, conforme a beneficncia; entretanto, preciso saber como auxiliar, de vez que nos oferecemos, instintivamente, naquilo que damos.

    A ddiva , obrigatoriamente, envolvida pela influncia do doador. vista disso, analisa as reaes que provocas e os pensamentos que inspiras,

    onde, quando e com quem te manifestas.Qualquer estudo neste sentido pode ser efetuado sem nenhum embarao,

    desde que disponhas a observar em ti mesmo os resultados da presena dos outros.Na hora da insegurana, no estimas a conversao dos que te no

    compreendem; no dia da enfermidade, no te acomodas com as opinies deprimentes dos que se envenenam com pessimismo. A voz que te impele a construir a virtude uma beno de valor infinito, mas aquela que te censura o defeito em extino uma pancada mental de conseqncias imprevisveis.

    No te omita onde as circunstncias te aguardem o comparecimento, mas examina antes como te apresentares para que alguma atitude menos feliz de tua parte no estrague o fruto proveitoso que a tua interveno deva produzir.

    Entender primeiro, agir depois.A necessidade exige socorro, mas, se o socorro aparece destrambelhado, a

    necessidade faz-se maior.Medita na atmosfera espiritual que carregas e cultiva a serenidade, para que a

    serenidade te componha o ambiente. Isso no fazer caridade calculada, nem exercer o bem sob princpios de matemtica, e sim praticar em toda parte o respeito vida pelo culto do amor.

    21

  • TUA MENTEEmmanuel

    Entre os cuidados devidos ao corpo e a alma, recordemos o problema da habitao.

    Quanto mais instruda a pessoa, mais asseio na moradia.Nem sempre a residncia rica do ponto de vista material. V-se, a, contudo,

    limpeza e ordem, segurana e bom gosto. imperioso porm, que o senso de higiene e harmonia no se fixe, unicamente,

    no domicilio externo. Necessrio que semelhante preocupao nos alcance o pouso ntimo.

    A mente a casa do esprito.Como acontece a qualquer vivenda, ela possui muitos compartilhamentos com

    serventia para atividades diversas. E, s vezes, sobrecarregamos as dependncias de nosso lar interior com idias positivamente inadequadas as nossas necessidades reais.

    Quando preconceitos enquistados, teorias inteis, inquietaes e tenses, queixas e mgoas se nos instalam por dentro, dilapidamos os tesouros do tempo e as oportunidades de progresso, de vez que impedimos a passagem da corrente transformadora da vida, atravs de nossas prprias foras.

    Sabemos que uma casa, por mais simples, deve ser arejada e batida de sol para garantir a sade.

    Ningum conserva lixo, de propsito, no ambiente familiar.Qualquer perturbao no sistema de esgoto ou na circulao de energia eltrica

    representa motivos para assistncia imediata.Desde pocas remotas, combatemos a escurido. Da tocha candeia, da

    candeia lmpada moderna, esmera-se o homem na criao de recursos com que se defender contra o predomnio das trevas.

    Pondera quanto a isso e no guardes, ressentimentos e nem cultives discrdias no campo da prpria alma.

    Trabalha, estuda, faze o bem e esquece o mal, afim de que te arregimentes contra o nevoeiro da ignorncia.

    Tua mente tua casa intransfervel. Nela te nascem os sonhos e aspiraes, emoes e idias, planos e realizaes. Dela partem as tuas manifestaes nos caminhos da vida, e de nossas manifestaes nos caminhos da vida depende o nosso cativeiro sombra ou a nossa libertao para a luz.

    22

  • JULGAMENTOSEmmanuel

    Observando os atos dos outros, importante lembrar que os outros igualmente esto anotando os nossos. Sabemos, no entanto, de experincia prpria que, em muitos acontecimentos da vida, h enorme distncia entre as nossas intenes e nossas manifestaes.

    Quantas vezes somos interpretados como ingratos e insensveis, por havermos assumido atitude enrgica ante determinado setor de nossas relaes, aps atravessarmos, por longo tempo, complicaes e dificuldades, nas quais at mesmo os interesses alheios foram prejudicados em nossas mos? E quantas outras vezes fomos considerados relapsos ou pusilnimes, vista de termos praticado otimismo e benevolncia, perante aqueles com os quais teremos chegado ao extremo limite da tolerncia?

    Em quantas ocasies estamos sendo avaliados por disciplinadores cruis, quando simplesmente desejamos a defesa e a vitria do entes que mais amamos, e em quantas outras passamos por tutores irresponsveis e levianos, quando entregamos as criaturas queridas s provas difceis que elas mesmas disputam, invocando a liberdade que as Leis do Universo conferem a cada pessoa consciente de si?

    Reflete nisso e no julgues o prximo, atravs de aparncias. Deixa que o AMOR te inspire qualquer apreciao, e, quando necessites pronunciar algum apontamento, num processo de emenda, coloca-te no lugar do companheiro sob censura e encontrars as palavras certas para cooperar na obra de ilimitada misericrdia com que DEUS opera todas as construes e todos os reajustes.

    Corrige amando o que deve ser corrigido e restaura servindo o que deve ser restaurado; entretanto, jamais condenes, porque o Senhor descobrir meios de invalidar as posies do mal para que o bem prevalea, e, toda vez que as circunstncias te exijam examinar os atos dos outros, recorda que os nossos atos, no conceito dos outros, esto sendo examinados tambm.

    23

  • PARA O REINO DE DEUSEmmanuel

    Certamente, Jesus esteve, est e estar sempre conosco, no levantamento do Reino de Deus, e por isso mesmo, urge reconhecer que, para isso, ele no nos reclama demonstraes de herosmo ou espetculos de grandeza.

    Tudo em semelhante edificao compreensvel e simples, mas, por esta razo, o Mestre espera que as nossas tarefas compreensveis e simples sejam cumpridas por ns, em regime de esforo mximo, a fim de que venhamos a colaborar na fundao da estrutura eterna.

    Para que atinjamos no mundo, o Reino de Deus, no nos pede o Senhor peregrinaes de sacrifcio a regies particulares; espera, entretanto, demonstremos coragem suficiente para viver, dia por dia, no exato cumprimento de nossos deveres, na viagem difcil da reencarnao.

    No exige nos diplomemos nos preceitos gramaticais do idioma em que desfrutamos agora o privilgio do entendimento mtuo, espera, porm, que saibamos dizer sempre a palavra equilibrada e reconfortante, em auxlio de nossos companheiros da Humanidade. No nos obriga a renncia dos bens terrenos; espera, todavia, que nos dediquemos a administr-los sensatamente, empregando as sobras possveis no socorro aos irmos em penria. No nos impele as ginsticas especiais para o desenvolvimento prematuro de foras fsicas e psquicas; espera, entretanto, nos esforcemos para barrar pensamentos infelizes, dominando as nossas tendncias inferiores. No nos solicita a perfeio moral de um dia para outro; espera, contudo, nos disponhamos a cooperar com ele, suportando injrias e esquecendo-as, em favor do bem comum. No nos determina sistemas sacrificiais de alimentao ou processos de vida incompatveis com as nossas necessidades justas e naturais; espera, porm, sejamos no respeito ao corpo que a Lei da Reencarnao nos haja emprestado, guardando fidelidade invarivel aos compromissos que assumimos, uns frente dos outros. No nos aconselha o afastamento da vida social, sob o pretexto de preservarmos qualidade para a glria celeste; espera, no entanto, que exeramos bondade e pacincia, perdo e amor, no trato recproco, a fim de que, a pouco e pouco, nos certifiquemos de que todos somos irmos perante o mesmo Pai.

    Jesus no nos pede o impossvel; solicita-nos apenas a colaborao e trabalho na medida de nossas possibilidades humanas, cabendo-nos, porm, observar que, se todos aguardamos ansiosamente o Mundo Feliz de Amanh, preciso lembrar que, assim como um edifcio se levanta da base, o Reino de Deus comea de ns.

    24

  • DE SOL A SOLEmmanuel

    Dizes-te numa poca de tenso, na qual os sucessos de ordem negativa surgem aos montes, compelindo-te aos mais graves testes de fortaleza moral.

    To grande a massa de conflitos, na esfera da alma, que muitos dos nossos irmos de jornada evolutiva se recolhem retaguarda, buscando refazimento, quando no a cura dos nervos destrambelhados.

    vista disso, indagas, por vezes, como trabalhar eficientemente e, ao mesmo tempo, resistir com xito ao assdio da inquietao. Realmente, isso envolve questo muito importante no mundo ntimo de cada um de ns, porquanto nem podemos parar nos domnios da ao e nem desconhecer a necessidade de equilbrio para suportar construtivamente as provas que venham a sobrevir. A nica soluo a nosso ver, ser focalizar a mente do Esprito do Senhor, e Ele, o Divino Mestre, dar-nos- rendimento em servio e descanso ao corao. Se aparecerem dificuldades imprevistas, entrega-lhe os obstculos que te aborrecem, e prossegue no dever que te esposaste. Se tribulaes te carem na estrada, imagina-lhe as mos vigorosas nas tuas e procura atravessa-las, de nimo firme, aproveitando a lio bendita do sofrimento. Se problemas te desafiam, transmite-lhe as tuas apreenses e atende com pacincia aos encargos que a vida te reservou. Se amigos te desertaram, mentaliza nele o companheiro infalvel e continua fiel aos compromissos que te honorifiquem a existncia.

    Dividamos diariamente com Cristo de Deus a carga abenoada de trabalho que nos pese nos ombros. Ele o gerente de toda a empresa de elevao e scio provedor de todas as nossas necessidades. Deixa que o Senhor faa por ti a carga de trabalho de no consegues fazer, e segue a frente oferecendo os melhores recursos de que disponhas, no desempenho das obrigaes imediatas que te compete, e observars que quaisquer aflies se dissipam, em torno de ti, como as sombras se desfazem luz dos Cus, a fim de que sirvas alegremente, no bem de todos, com invarivel serenidade, de sol a sol.

    25

  • PROVAES DOS ENTES QUERIDOSEmmanuel

    No temos pela frente to-s as nossas dificuldades, mas igualmente as dificuldades das pessoas queridas, pelas quais, muitas vezes, sofremos muito mais que por ns prprios.

    Foroso, porm, anotar que, em nos interessando pelo apoio aos entes queridos, nunca estamos a ss, porquanto Deus, que no-los emprestou ao convvio, permanece velando sem olvid-los.

    Nos dias de cinza e sombra de provao, doemos aos entes amados o melhor de nossa ternura, mas evitemos insuflar-lhes pessimismo ou desconfiana, ansiedade ou inquietao.

    Se nos pedem conselhos, no descambemos para sugestes pessoais, e sim, ajudemo-los a buscar a Inspirao Divina, atravs da prece, porque Deus lhe conhece as necessidades e lhes traar seguro roteiro ao comportamento.

    Se doentes, mais que justo, lhe ministremos assistncia e carinho; todavia, empenhamo-nos em guiar-lhes o pensamento para o otimismo, convencidos de que Deus lhes resguarda a existncia em cada batimento do corao.

    Se empreendem mudanas em seu prprio caminho, abstenhamo-nos de interferir nas decises que assumam, e sim, ao invs disso, diligenciemos abenoar-lhes os planos de renovao e melhoria, compreendendo que a Divina Providncia vigia sobre ns, orientando-lhes os passos.

    Se resvalam em duras provas, trabalhemos por alivi-los e libert-los, que isso dever nosso, mas sem tortur-los com a nossa inconformidade e aflio, na certeza de que Deus no est ausente do quinho de lutas regenerativas ou edificantes que nos cabem a todos, em certas faixas de tempo.

    Auxiliemos aos nossos entes queridos a serem autnticos, como so e como devem ser perante a vida.

    Indiscutivelmente, tanto quanto irrompem problemas em nossa estrada, problemas outros inmeros aparecem no campo da ao, daqueles que mais amamos; no entanto, a fim de ampar-los com eficincia e segurana, atuemos em favor deles, em bases de equilbrio de amor, reconhecendo que no estamos sozinhos na empresa socorrista, de vs que muito antes de ns, Deus estava e continua a estar no caso de cada um.

    26

  • SEGUIRS A LUZEmmanuel

    Reconhecers os potenciais divinos do corao humano, no s para que no faltes ao culto da gratido, mas tambm para que no falhes as expectativas do Mestre e Senhor que te permitiu lhe trouxesses o nome na fachada do compromisso.

    Muitos diro que a Humanidade atingiu a bancarrota moral, que a civilizao retrocedeu, que o mal invadiu a moradia terrestre, que nenhum bem resta mais a fazer...

    Continuars, porm, crendo no homem e na sua capacidade infinita de renovao e sublimao.

    Muitos desancam. De toda a parte, servirs, leal ao teu posto.Esquecers os profetas do desanimo e os mentores do pessimismo, que

    despendem o tesouro das horas comprando arrependimento com a palavra corrompida em torno dos problemas da Terra em transio, e cumprirs os deveres que assumiste, ainda que para isso te vejas sob o imperativo de jugular os teus mpetos reao, diante do mal, com o que apenas favorecias a desordem.

    Armar-te-s de entendimento e abnegao, tolerncia e conformidade, a fim de que possas formar entre os lidadores que sustentam o combate multissecular e incessante da criatura humana contra a fora das trevas.

    Inspirar-te-s naqueles a quem os povos de hoje devem a sua estabilidade e grandeza!... Lembrar-te-s desses milhes de apstolos desconhecidos!... Dos professores que se apagara, para que os discpulos fulgurassem; dos pais que se esqueceram entre as paredes domsticas, para que os filhos conseguissem crescer, cooperando no levantamento de um mundo melhor; dos que retiveram o ouro sem egosmo, empregando-o criteriosamente, na formao do trabalho e do progresso, da beneficncia e da instruo, dos que se ofereceram em holocausto cincia para que os hospitais defendessem a vida contra a morte; dos que desistiram do conforto pessoal, a fim de se consagrarem a palavra ou pena, em horrios de sacrifcio sem remunerao estabelecida na Terra, para que no escasseassem esclarecimento e consolo mente popular; dos que desencarnaram fiis s responsabilidades que esposaram pelo bem dos outros, conquanto pudesse haver repousado nos dias que os aproximavam da morte, pela imposio do cansao fsico; dos que voluntariamente tomaram sobre os prprios ombros os encargos dos companheiros que desertaram das boas obras; dos que no permitiram que a injria e a incompreenso, a calnia ou a acusao indbita lhes impedissem o trabalho no amparo aos semelhantes!...

    No somente recordars esses justos que acenderam a luz de teu caminho, mas igualmente segui-los-s, amando e servindo sempre!...

    Corrigirs o mal com o bem, afastars a agresso com a pacincia extinguirs o dio com o amor, desfars a condenao com a beno.

    Embora te sangrem os ps, palmilha com eles os heris annimos do Bem Eterno, a estrada ngreme da ascenso, na certeza de que frente de todos esses pioneiros da imortalidade vitoriosa caminha Jesus, o Excelso Amigo, que um dia nos prometeu com clareza, e segurana: Aquele que me segue no anda em Trevas.

    27

  • EFEITO DO PERDOEmmanuel

    Dentre os ngulos do perdo, um existe dos mais importantes, que nos cabe salientar: os resultados dele sobre ns mesmos, quando temos a felicidade de desculpar.

    Muito frequentemente interpretamos o perdo como sendo simples ato de virtude e generosidade, em auxlio do ofensor, que passaria a contar com a absoluta magnanimidade da vtima; acontece, porm, que a vtima nem sempre conhece at que ponto se beneficiar o agressor da liberalidade que flui do comportamento, porquanto, no nos dado penetrar no ntimo mais ntimo dos outros e, por outro lado, determina a bondade se relegue ao esquecimento os detritos de todo mal.

    Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos desculpar o erro ou a provocao de algum contra ns, exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo que nos desvencilhamos de todos os laos suscetveis de apresar-nos a ele.

    Pondera semelhante realidade e no te admitas carregando os explosivos do dio ou os venenos da mgoa que destroem a existncia ou corroem as foras orgnicas, arremessando a criatura para a vala da enfermidade ou da morte sem razo de ser.

    Efetivamente, conhecers muitas vezes a intromisso do mal em teu caminho, mormente se te consagras com a diligncia e deciso seara do bem, mas no te permitas a leviandade de acolh-lo e transporta-lo contigo, maneira de lmina enterrada por ti mesmo no prprio corao.

    Ante ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e restaura-te, perdoando sempre. Nas trilhas da vida, somos ns prprios quem acolhe em primeiro lugar e mais intensivamente os resultados da intolerncia, quando nos entrincheiramos na dureza de alma.

    Sem dvida, impossvel saber, quando venhamos a articular o perdo em favor dos outros, se ele foi corretamente aceito ou se produziu as vantagens que desejvamos; entretanto, sempre que olvidemos o mal que se nos faa, podemos reconhecer, de pronto, os benefcios efeitos do perdo conosco, em forma de equilbrio e de paz agindo em ns.

    28

  • HEROSMO OCULTOEmmanuel

    Ters ouvido narrativas em torno de feitos sublimes, nos quais criaturas intrpidas ofereceram a prpria existncia para salvar os outros, quais os que tombaram na defesa da coletividade, em honra da justia, e os que foram surpreendidos pela desencarnao inesperada, em louvor da cincia, ao perquirirem processos de socorro aos sofrimentos da Humanidade.

    Reverenciemos, sim, o nome dos que se esqueceram, a benefcio dos semelhantes contudo, no nos ser lcito esquecer que existe um herosmo obscuro, to autntico e to belo quanto aquele que assinala os protagonistas das grandes faanhas, perante a morte - o herosmo oculto dos que sabem viver, dia por dia, no crculo estreito das prprias obrigaes, a despeito dos empecilhos e das provaes que os supliciam na estrada comum.

    Pondera isso, quando os embaraos da vida te amarguem o corao!... Certifica-te de que se existem multides na Terra que aplaudem as demonstraes de coragem dos que sabem morrer pelas causas nobres, existem multides no Mundo Espiritual que aplaudem os testemunhos da compreenso e sacrifcio dos que sabem viver, no auxlio ao prximo, apagando-se, a pouco e pouco, em penhor do levantamento de algum ou da melhoria de alguns na arena terrestre.

    Reflitamos no assunto e observa a parte mais difcil da existncia que o Senhor te confiou... Ser ela talvez o cativeiro a obrigaes domsticas inadiveis, o conflito ntimo, a conduo laboriosa de um filho doente, a tutela de um companheiro menos feliz, a tolerncia permanente para com o esposo ou a esposa em desequilbrio ou, ainda, a responsabilidade pessoal e direta na garantia das obras de benemerncia e cultura, elevao e concrdia na direo da comunidade.

    A matrcula na escola do herosmo silencioso est aberta constantemente, a ns todos.

    Revisemos a anotao do Divino Mestre:"Quem quiser caminhar nos meus passos, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me."

    Qual ser e como ser a cruz que te pesa nos ombros? Seja ela qual for, lembra-te de que o Cristo de Deus nos aguarda no monte da vitria e da redeno, esperando tenhamos suficiente coragem para abraar o herosmo oculto na fidelidade aos nossos prprios deveres at o fim.

    29

  • ACIMA DE NSEmmanuel

    Quantas vezes, procuramos paz, experimentando a tortura do sedento que anseia pela glria!...

    Em momentos assim, o passo mais expressivo ser sempre a nossa incondicional rendio a Deus, cuja sabedora nos guiar no rumo da tranqilidade operosa e tonificante.

    Imperioso pensar nisso, porque frequentemente surgem no cotidiano, crises inesperadas que se nos enovelam na vida mental, feio de problemas classificados por insolveis no quadro das providncias humanas.

    Em muitas ocasies, efetuaste quanto se te fazia possvel pela sustentao de um ente amado, no terreno firme dos ideais superiores e, ainda assim, assististe-lhe a queda espetacular nos precipcios da sombra... Entregastes os melhores valores da existncia para a felicidade de algum que os recolheu, enquanto isso lhe conferia vantagens imediatas, e, de instante para outro, sofreste inqualificvel abandono, colhendo injria e sarcasmo, em troca de renncia e de amor... Responsabilizaste a ti mesmo pelo amigo que te deixou a ss, no labirinto de negcios e compromissos inquietantes, sem qualquer considerao para com os teus testemunhos de confiana... Deste o que s e quanto tens na proteo do grupo domstico,por tempo vasto de trabalho e de sacrifcio, e te viste, de repente, sob o desprezo daqueles mesmos familiares que te deviam carinho e respeito, sem a menor possibilidade de reivindicao...

    Em tais circunstncias, a prova se reveste de tamanha complexidade que, quase sempre, no dispes de outro recurso seno conserv-la por braseiro de angstia, trancado no corao, porquanto, s vezes, no grave assunto, os melhores amigos no te poderiam compreender, de vez que, provavelmente, se inclinariam a intervenes oportunas, complicando-te os problemas.

    Diante de quaisquer dificuldades, e, sobretudo, nas horas de amargura suprema, confia Divina Providncia as dores que te vergastam a alma!...

    Todos ns, os Espritos em evoluo no Planeta, somos ainda humanos e, nessa condio, nem sempre conseguimos em ns mesmos, a energia suficiente para a superao de nossas deficincias...

    vista disso, nos momentos terrveis e a agoniados da adversidade terrestre, no abras falncia diante do desespero!... Recorre aos crditos infinitos do Pai Infinito Amor.

    Nenhum de ns est rfo de amparo e socorro, luz e beno, porque ainda mesmo fracassem todas as nossas foras, na direo do bem para o desempenho de nossas obrigaes, muito acima de ns e muito acima de nossos recursos limitados e frgeis, temos Deus.

    30

  • SERS PACIENTEEmmanuel

    Sers paciente. Compreenders que nem sempre se obtm a prestao de auxlio, atravs de providncias materiais, sem deixar, porm, de reconhecer que a pacincia, filha da caridade, tem passaporte livre para trabalhar com xito preciso, na superao de quaisquer obstculos para a consecuo das boas obras.

    Efetivamente o dio e a perseguio, a maldade e a injria arrasam muitas construes de servio, diariamente na Terra, mas imperioso lembrar que se mais no destroem que a pacincia dos obreiros fiis ao bem lhes ope a barreira da prece e da tolerncia, aparando-lhes os golpes.

    Pacincia!...Muitas vezes acreditamos que ela beneficia exclusivamente a ns, quando temos

    a felicidade de seguir-lhes os alvitres salvadores; no entanto, ela uma fora da alma que se irradia, sempre que lhe aplicamos a beno, criando segurana e harmonia em auxlio dos outros, onde se manifeste.

    Para conhecer-lhe a oportunidade e a grandeza, seria preciso visitar os abismos do sofrimento, nos quais se renem, para dolorosas reparaes, todos os que no lhe souberam ou no quiseram albergar a presena no corao. To somente a, nessas oficinas do reajuste, na Terra e fora da Terra, conseguiramos contar o nmero dos que se arrojaram a delinqncia s ao suicdio, loucura e morte, por falta de alguns minutos no convvio dela, a benfeitora infalvel, em cujo clima de entendimento Deus nos garante o dom de compreender e de esperar.

    Lembrar-te-s disso e socorrers com a tua serenidade qualquer da existncia, onde lavre o fogo da discrdia ou da rebeldia. Distribuirs as parcelas de tua pacincia, onde estejas, assegurando paz e otimismo, luz e bom nimo sustentao do amor que o Divino Mestre instituiu por alicerce ao Reino de Deus.

    Dars de tua pacincia aos sofredores e desorientados do mundo, tanto quanto ds de teu cntaro ao sedento e repartes com o faminto os recursos do teu po.

    Exercitars, indefinidamente, a pacincia de ouvir, de renovar, de desculpar, de aprender, de auxiliar, de repetir...E guarda a convico de que, assim agindo, ajudars no apenas a ti mesmo e aos que te cercam, mas ao prprio Senhor, que se no necessita de nossas honrarias, espera de cada um de ns o apoio da pacincia, afim de que nos possa usar, em qualquer problema, como pea importante de soluo.

    31

  • IDEAL E AOEmmanuel

    Evidentemente, preciso considerar o valor da reencarnao para que lhe assimilemos os benefcios.

    Cientes de que o corpo comparvel cela de recuperao, ao avental de servio ou carteira de estudo, foroso observarmos a importncia do tempo, adotando diligncia na obrigao a cumprir por norma de ao, nas atividades de cada dia.

    Que seria do enfermo, se uma pessoa querida, a pretexto de poupar-lhe dissabores, tomasse por ele os remdios desagradveis que lhe so imprescindveis? Do aluno que relegasse aos amigos mais cultos da escola a execuo das provas que lhe cabem, sob a desculpa de haver encontrado afeio e favor? Eis porque, na esfera de todas as experincias - mormente no campo das experincias humanas - somos induzidos a esperar do Senhor, com as ddivas da sade e do trabalho, da orientao e da alegria, a fora indispensvel para a desincumbncia dos encargos que as circunstncias nos assinalam.

    Sublime a caridade, mas, se no temos disposio a fim de pratic-la, a virtude preciosa no passar de um ideal do Cu, incapaz de pousar na Terra.

    Divina a humildade; entretanto, se nos falha a deciso de sofrer com pacincia, limitar-se- ela a propsito brilhante e intil, de vez que no se nos irradia do peito.

    Assim tambm a f, a bondade a tolerncia... Sem firmeza de nimo que as expresse, sero apenas sonhos que se esfumam, sem nenhum nexo com a realidade.

    A isso nos referimos para dizer que tanto nos problemas terrestres, quanto nos outros do Mundo Espiritual, necessitamos rogar a Deus os instrumentos indispensveis as conquistas de compreenso e segurana, progresso e harmonia que o Seu Infinito Amor nos enderea pelas bnos da vida; entretanto, imperioso pedir algo mais... Urge suplicar a ele, o Todo-Misericordioso, nos conceda a coragem de viver, sabendo viver.

    32

  • PERDO NA INTIMIDADEEmmanuel

    Quando nos referimos a perdo, habitualmente mentalizamos o quadro clssico em que nos vemos frente de supostos adversrios, distribuindo magnanimidade e benemerncia, qual se pudssemos viver sem a tolerncia alheia.

    O assunto, porm, se espraia em ngulos diversos, notadamente naqueles que se reportam ao cotidiano.

    Se no soubermos desculpar as faltas dos seres que amamos, e se no pudermos ser desculpados pelos erros que cometemos diante deles, a existncia em comum seria francamente impraticvel, porquanto irritaes e azedumes devidamente somados atingiram quotas suficientes para infligir a desencarnao prematura a qualquer pessoa.

    Precisamos muito mais do perdo, dentro de casa, que na arena social, e muito mais de apoio recproco no ambiente em que somos chamados a servir, que nas avenidas rumorosas do mundo.

    Em auxlio a ns mesmos, todos necessitamos cultivar compreenso e apoio construtivo, no amparo sistemtico a familiares e vizinhos, chefes e subalternos, clientes e associados, respeito constante a vida particular dos amigos ntimos, tolerncia para os entes amados, com pacincia e olvido diante de quaisquer ofensas que assaltem os coraes. Nada de aguardamos sucessos calamitosos, dores pblicas e humilhaes na praa, a fim de aparecermos na posio de atores da benevolncia dramatizada, apesar de nossa obrigao de fazer o bem e esquecer o mal, seja onde for.

    Aprendamos a desculpar - mas a desculpar sinceramente, de corao e memria -, todas as alfinetadas e contratempos, aborrecimentos e desgostos, no crculo estreito de nossas relaes pessoais, exercitando-nos em bondade real para ser realmente bons. To somente assim, lograremos praticar o perdo que Jesus nos ensinou. E se o Mestre nos ensinou perdoar setenta vezes sete aos nossos inimigos, quantas vezes deveremos perdoar aos amigos que nos entretecem a alegria de viver? Decerto que o Senhor se fez omisso na questo porque tanto de nossos companheiros necessitam de ns, quanto ns necessitamos deles, e, por isso mesmo, de coraes entrelaados no caminho da vida, imprescindvel reconhecer que, entre os verdadeiros amigos, qualquer ocorrncia ser motivo para aprendermos, com segurana, a abenoar e entender, amar e auxiliar.

    33

  • SEMENTES DIVINASEmmanuel

    Quando se te fale acerca do muito para liquidar as necessidades humanas, no menoscabes o pouco que sejas capaz de fazer, em auxlio ao prximo, repartindo o corao em pedaos de entendimento e de amor.

    O prato do socorro fraterno no resolve o problema da fome; no entanto, pode ser hoje a beno que reerguer as energias de algum, beira da inanio, afim de que o trabalho amanh lhe retire os passos do nevoeiro de desencanto e aflio.

    A pea de roupa ao companheiro em andrajos no resolve o problema da nudez, mas pode ser hoje o apoio substancial em benefcio de algum que o frei vergasta e que amanh se converter em fonte viva de amparo aos desabrigados da Terra.

    O livro nobilitante colocado nas mos do amigo em dificuldade, no resolve o problema da ignorncia; todavia, pode ser hoje a luz providencial para algum que as sombras envolvem e que amanh se far ncleo irradiante de idias renovadoras para milhares de criaturas sedentas de orientao e de paz.

    Os minutos rpidos de conversao esclarecedora que dispenses ao companheiro enredado nas teias da influncia nociva, no resolve o problema da obsesso; no entanto, pode ser hoje a escora salvadora para algum que a perturbao ameaa e que amanh se transformar em coluna viva de educao espiritual, redimindo os sofredores do mundo.

    No menosprezes a migalha de cooperao com que possas incentivar a sustentao das boas obras.

    Recorda o bulo da viva, destacado por Jesus como sendo a ddiva mais rica aos servios da f, pelo sacrifcio que a oferenda representava. No apenas isso. Rememoremos o dia em que o Senhor, abenoando cinco pes e dois peixes, alimentou extensa multido de famintos.

    Em verdade, quaisquer migalhas conosco ou simplesmente por ns, sero sempre migalhas, mas se levadas ao servio do bem, com Jesus, sero sementes divinas de paz e alegria, instruo e progresso, beneficncia e prosperidades no mundo inteiro.

    34

  • ATAQUES NAS BOAS OBRASEmmanuel

    Um problema existe no campo das boas obras, que surge, de vez em vez, a pedir-nos pacincia e reflexo - o problema do ataque.

    Reconheamos que os irmos mais particularmente chamados a servir so aqueles que se mostram mais intensivamente policiados por incessante e geral observao.

    Freqentemente, por esse motivo, para eles se encaminha o rigor de nossa vigilncia, porquanto aspiramos v-los sem qualquer momento infeliz.

    Fcil anotar que, de hbito, cada um de ns, entre os que nos dirigem ou nos obedecem, anela encontrar criaturas to perfeitas quanto possvel. Se nos achamos em subalternidade, queremos possuir chefes que se nos faam espelhos cristalinos de bons exemplos, e, se comandamos, eis-nos a disputar cooperadores, s vezes at mesmo mais eficientes que ns prprios. Acontece, porm, que reponta o dia em que aparecem neles as imperfeies e fraquezas inerentes a ns todos - os espritos em evoluo na Humanidade Terrestre - e choca-se-nos o ideal com a realidade. Quando desprevenidos, atiramo-nos censura sem perceber, ameaando, em muitas circunstncias a estabilidade das tarefas que mais amamos, ao modo de tresloucado escultor que se precipitasse a exigir a obra-prima de um dia para outro, golpeando o mrmore impensadamente.

    Por ocasio de quaisquer ataques, no mbito das realizaes nobres em que nos encontremos afeioados, verificaremos, assim, sem qualquer dificuldade, que eles so endereados geralmente aos companheiros que esto trabalhando e produzindo o bem de todos, mesmo porque, em verdade, nas construes respeitveis, no h tempo a perder com os irmos ainda voluntariamente estirados na inrcia.

    vista disso, nos momentos de crtica, levantamentos uma pausa dedicada orao, porque o Senhor nos alumiar, norteando-nos a atitude; se houver erro a corrigir, alcanaremos o tato da caridade para san-lo no reajuste; se nos achamos atacados, desculparemos, de imediato, quaisquer ofensas, multiplicando as prprias foras na precisa abnegao; e se estamos atacando algum, aprenderemos, para logo, a identificar o lado bom da pessoa, situao, acontecimento ou circunstncia que nos preocupem na causa edificante a que tenhamos empenhado o corao.

    Na hora do ataque, seja qual for, recorramos ao apoio da bondade e ao recurso da prece, de vez que a orao e a misericrdia nos traro um raio de luz da Mente Divina, ensinando-nos a ver compreender, amparar e harmonizar, auxiliar e servir.

    35

  • APOIO ESPIRITUALEmmanuel

    Compartilhamos, em nome da beneficncia, de recursos vrios, como sejam - a

    moeda e o agasalho, o teto e a mesa.Uma ddiva, porm, existe de que todos necessitamos no cmbio da

    fraternidade: a ddiva do encorajamento.Admitamos, de modo geral, que os nicos irmos baldos de fora so aqueles

    que tropeam nas veredas da extrema penria fsica; no entanto, em matria de abatimento moral, surpreendemos, em cada lance da estrada, legies de companheiros em cujos coraes a esperana bruxuleia qual chama prestes a extinguir-se, ao sopro da adversidade.

    Um possui crditos valiosos nos crculos da finana, mas carrega o peso de escabrosas desiluses; exorna-se aquele com ttulos de cultura e competncia, todavia traz o esprito curvado sob constrangimentos e desgostos de toda espcie, como se arrastasse fardos ocultos; outro dispe de autoridade e influncia, na orientao de vasta comunidade, e tem o peito semi-sufocado de aflio face das dores desconhecidas que lhe gravam as horas; outro, ainda, exibe-se por modelo de higidez nas vitrinas da sade corprea e transporta consigo um poo de lgrimas represadas, em vista das provaes que lhe oneram a vida.

    Detm-te em semelhantes realidades e no recuses o donativo da coragem para toda criatura irm do caminho.

    Se algum errou, fala-lhe das lies novas que o tempo nos traz a todos; se caiu, estende-lhe os braos com a f renovadora que nos repe nas trilhas de elevao; se entrou em desespero, d-lhe a bno da paz; se tombou em tristeza, oferece-lhe a mensagem do bom nimo...

    Ningum h que prescinda de apoio espiritual.Agora, muitos de ns precisamos da coragem de aprender, de servir, de

    compreender, de esperar...E, provavelmente, mais tarde, em trechos mais difceis da viagem humana,

    todos necessitaremos da coragem de sofrer e abenoar, suportar e viver.

    36

  • COMEAR DE NOVOEmmanuel

    Erros passados, tristezas contradas, lgrimas choradas, desajustes crnicos!...s vezes, acreditas que todas as bnos jazem extintas, que todas as portas se

    mostram cerradas necessria renovao!...Esqueces-te, porm, de que a prpria sabedoria da vida determina que o dia se

    refaa cada amanh.Comear de novo o processo da Natureza, desde a semente singela ao gigante

    solar.Se experimentaste o peso do desengano, nada te obriga a permanecer sob a

    corrente do desencanto. Reinicia a construo de teus ideais, em bases mais slidas, e torna ao calor da experincia, a fim de acalent-los em plenitude de foras novas.

    O fracasso visitou-nos em algum tenta-me de elevao, mas isso no motivo para desgosto e autopiedade, porquanto, freqentemente, o malogro de nossos anseios significa ordem do Alto para mudana de rumo, e comear de novo o caminha para o xito desejado.

    Temos sido desatentos, diante dos outros, cultivando indiferena ou ingratido; no entanto, perfeitamente possvel refazer atitudes e comear de novo a plantao da simpatia, oferecendo bondade e compreenso queles que nos cercam.

    Teremos perdido afeies que supnhamos inalterveis; todavia, no ser justo, por isso, que venhamos a cair em desnimo.

    O tempo nos permite comear de novo, na procura das nossas afinidades autnticas, aquelas afinidades suscetveis de insuflar-nos coragem para suportar as provaes do caminho e assegurar-nos o contentamento de viver.

    Desfaamo-nos de pensamentos amargos, das cargas de angstia, dos ressentimentos que nos alcancem e das mgoas requentadas no peito! Descerremos as janelas da alma para que o sol do entendimento nos higienize e reaquea a casa ntima.

    Tudo na vida pode ser comeado de novo para que a lei do progresso e de aperfeioamento se cumpra em todas as direes.

    Efetivamente, em muitas ocasies, quando desprezamos as oportunidades e tarefas que nos so concedidas na Obra do Senhor, voltamos tarde a fim de revis-las e reassumi-las, mas nunca tarde demais.l

    37

  • ACONTECE O MELHOREmmanuel

    Rendio a Deus, a atitude certa para a vitria na vida.Essa entrega, porm, no significa desistncia de ao ou moleza espiritual.Primeiro, o dever retamente cumprido. Depois, a aceitao. Nessa base,

    reconheceremos que as circunstncias nos trazem aquilo de melhor que a existncia nos possa oferecer.

    No mecanismo das ocorrncias, a orao ou o desejo expressam o pedido. Os acontecimentos posteriores consubstanciam a resposta da vida; e quem cumpre as obrigaes que a vida lhe assinala, mantm a conscincia segura e habilitada seja ao entendimento, seja conformao.

    No esprito harmonizado com a execuo dos prprios compromissos, no h lugar para o desespero. Se alguma dor aparece, ela se representa como sendo o mal menor frustrando calamidades pendentes; problemas inesperados exprimem dilaes necessrias em assuntos graves, cuja soluo imediata geraria conflitos ainda mais inquietantes; supostas ingratides repontam do solo afetivo, maneira de poda na rvore da existncia, favorecendo mais ampla produo de felicidade e paz; e a prpria morte natural, quando visite o lar terrestre, s vezes menos compreendida, providencia abenoada, evitando calvrios pessoais e domsticos ou coibindo acontecimentos funestos de resultados imprevisveis.

    Ante as dificuldades do cotidiano, silenciemos quaisquer impulsos rebeldia, e calemos reaes irrefletidas frente dos empeos da estrada.

    Deus responde certo.Atendamos ao trabalho que as circunstncias nos preceituam e, depois do dever

    cumprido, aceitemos o que vier, na certeza de que para a conscincia tranqila acontece o melhor

    38

  • AMPARO MTUOEmmanuel

    Apesar da condio de viajar que te caracteriza no mundo, pensa, de quando em quando, em teu corao como sendo esta a estalagem de que outros viajores se valem para refazimento ou informao, socorro ou descanso.

    Alija da entrada de tua casa ntima quaisquer calhaus suscetveis deferir os ps daqueles que te procuram, e acende a a luz da compaixo com que sejas capaz de compreender e auxiliar a todos, conforme a necessidade de cada um.

    Recorda os obstculos que j venceste e no permitas que o abrigo de tua alma se converta em labirinto de sombras para os que te buscam.

    J sabes que a vida possui carga suficiente de realidade para esclarecer os que passam na carruagem da iluso; assim, no lhes atires em rosto os enganos de que se enfeitam para o encontro com a verdade, e, em acolhendo aqueles que carregam defeitos mostra, cobre-os com a bondade de teu olhar, sem referir-te s chagas que transitriamente lhes desfiguram a vida.

    Todos ns, em esprito, nos albergamos uns com os outros. Cede aos companheiros que te pedem apoio o ambiente de paz e a mesa da bno. Em suma, compadece-te de todos os que passam pelo asilo de tua alma! Qual deles, como acontece a ns prprios, estar sem problemas? qual deles caminhar para a frente sem que a dor lhe purifique a viso.

    Diante dos bons, compadece-te, porquanto desconheces quantos espinhos se lhe cravam no corao, diariamente, para serem fiis ao bem, e, diante dos maus, compadece-te, duplamente, de vez que no ignoramos quanto sofrimento os aguarda, caminho afora, para que se desvencilhem do mal.

    Seja quem for que te bata s portas da apreciao. abenoa-o com a palavra do entendimento, e se algum chega para habitar contigo, no mesmo domnio do trabalho e do ideal, em alguma estao breve ou longa de convivncia, oferece a esse algum o melhor que possas.

    Nada sintas, penses, fales ou faas sem que a compaixo te assessore. Todos somos hspedes uns dos outros, e, se hoje aparece quem te rogue ateno e zelo, proteo e simpatia, em vista das surpresas aflitivas da estrada, possvel que amanh outras surpresas aflitivas da estrada esperem tambm por ti.

    39

  • COMPANHEIROS DIFCEISEmmanuel

    Companheiros difceis no so as criaturas que ainda no nos atingiram a intimidade e sim aquelas outras que se fizeram amar por ns e que, de um momento para outro, modificaram pensamento e conduta, impondo-nos estranheza e inquietao.

    Erigiam-se-nos por esteios f, soobrando em pesada corrente de tentaes... Brilhavam por balizas de luz, frente da marcha, e apagaram-se na noite das convenincias humanas, impelindo-nos sombra e desorientao...

    Examinado, porm, o assunto com discernimento e serenidade, seria, justo albergamos pessimismo ou desencanto, simplesmente porque esse ou aquele companheiro haja evidenciado fraquezas humanas, peculiares tambm a ns? Atentos s realidades do campo evolutivo, em que nos achamos carregando fardos de culpas e dbitos, deficincias e necessidades que se nos encravaram nos ombros, em existncias passadas, como exigir dos entes amados, que nos respiram o mesmo nvel, a posio dos heris ou o comporta-mento dos anjos?

    Com isso, no queremos dizer que omisso ou desero nas criaturas a quem empenhamos confiana e ternura sejam condies naturais para a ao espiritual que nos compete desenvolver, e sim, que, em lhes lastimando as resolues menos felizes, imperioso orar por elas na pauta da tolerncia fraternal com que devemos abraar todos aqueles que se nos associam s tarefas da jornada terrestre.

    Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, que diretriz adotar ante os companheiros que se fizeram difceis, seno abeno-los em mais alto grau de entendimento, carecedores como se encontram de mais ampla dedicao? Sem dvida, eles no podem, em muitas ocasies, compartilhar-nos, de imediato, as atividades cotidianas, vista dos compromissos diferentes a que se entregam; entretanto, ser-nos- possvel, no clima do esprito, agradecer-lhes o bem que nos fizeram e o bem que nos possam fazer, endereando-lhes a mensagem silenciosa de nosso respeito e afeto, encorajamento e gratido.

    Cumprindo semelhante dever, disporemos de suficiente paz interior para seguir adiante, na desincumbncia dos encargos que a vida nos confiou. Compreenderemos que se o prprio Senhor nos aceita como somos, suportando-nos as imperfeies e aproveitando-nos em servio, segundo a nossa capacidade de sermos teis, nossa obrigao aceitar os companheiros difceis como so, esperando por eles, em matria de elevao ou reajuste, tanto quanto o Senhor tem esperado por ns.

    40

  • CONFIA EM DEUSEmmanuel

    Nunca percas a esperana, por pior a situao em que te vejas. E jamais condenes algum que se haja embarafustado no labirinto da provao.

    O momento mais spero de um problema pode ser aquele em que se lhe descobre a soluo. E, em casos numerosos, a pessoa que te parece mais censurvel, no mais grave delito, ser talvez aquela que menos culpa carregue na trama do mal que as sombras entreteceram.

    Decerto haver corrigenda para o erro nas trevas, pelos mecanismos da ordem, tanto quanto surgir remdio para os enfermos pelos recursos da medicina.

    Observa, no entanto, o poder misericordioso de Deus, nos menores distritos da Natureza.

    A semente sufocada a que te sustentar o celeiro.A pedra colocada em disciplina o agente que te assegura firmeza na

    construo.Aflies e lgrimas so processos da vida, em que se te acrescentam as

    energias, a fim de que sigas frente, na quitao dos compromissos esposados, para que se te iluminem os olhos, no preciso discernimento.

    Nos dias difceis de atravessar, levante-te para a vida, ergue a fronte, abraa o dever que as circunstncias te deram e abenoa a existncia em que a Providncia Divina te situou.

    Por maiores se faam a dor que te visite, o golpe que te fira, a tribulao que te busque ou o sofrimento que te assalte, no esmoreas na f e prossegue fiel s prprias obrigaes, porque se todo o bem te parece perdido, na face da tarefa em que te encontras, guarda a certeza de que Deus est contigo, trabalhando no outro lado.

    41

  • CONVERSA EM FAMLIAEmmanuel

    Quando observares a dificuldade moral de algum, no te detenhas na superfcie das coisas. Aprofunda-te no exame das causas, para que a injustia no te enodoe o corao.

    Recordemos que o mdico nem sempre identifica a enfermidade pelo que v, mas sobretudo por aquilo que no v, apoiado na cooperao do laboratrio.

    Raramente todo o mal aquele mal que se enxerga no lado visvel das circunstncias.

    A Humanidade constituda de povos; cada povo se baseia em comunidades; cada comunidade uma coletnea de grupos; cada grupo uma constelao de almas.

    No opines sobre qualquer acontecimento infeliz, sem apreciar todas as peas que o suscitaram.

    Como definir a posio da esposa, imaginada em desvalimento, sem considerar a conduta do esposo, chamado pelos princpios de causa e efeito a prestar-lhe assistncia ? E como examinar o homem tombado em criminalidade passional, sem analisar a mulher que o levou ao desvario ? De que modo interpretar os jovens transviados sem tocar nos adultos que os largaram matroca, e de que maneira observar a penria dos mais velhos, sem anotar o abandono a que foram votados pelos mais moos ?

    Como acusar unicamente os maus, sem perguntar aos bons o que fizeram por eles, na esfera da convivncia ? E como condenar exclusivamente os pecadores, sem saber que orientao recolheram dos virtuosos que lhes comungam a vida cotidiana ?

    Sero justos ou insensveis os Espritos nomeados por justos quando relegam seus irmos aos enganos da injustia, sem a mnima frase que lhes clareie o raciocnio ? E sero corretos ou ingratos os Espritos supostos corretos quando deixam seus irmos afundados no erro, sem o menor amparo que lhes refaa o equilbrio ?

    Irmos uns dos outros pelos laos da famlia maior - a humanidade - , frente de nossos companheiros cados antes de censur-los, ser preciso interrogar-nos a ns prprios que espcie de benefcio j lhes teremos feito, a fim de que no resvalassem no lodo que lhes desfigura a face divina de filhos de deus, to carecedores das bnos de deus quanto ns prprios.

    Reflitamos nisso, porque, atendendo a isso, sempre que impelidos a observar o comportamento de algum, teremos misericrdia por inspirao e apoio, a fim de que no falhemos ao imperativo do amo para a glria do bem.

    42

  • DAR E FAZEREmmanuel

    Se deixas o corao naquilo que ds e fazes, realmente ningum poder prever os celeiros de bnos que te adviro de semelhante atitude.

    Liquidars o problema do companheiro em dificuldades materiais, no entanto, se

    o abraas por irmo verdadeiro, auxiliar-lhe-s o esprito desvencilhar-se das idias de penria e inatividade, impelindo-o a tomar posio no trabalho digno. Desse ponto de recuperao, seguir ele para a ferem, com a tua bno de fraternidade, e pessoa alguma avaliar os frutos de progresso e alegria que os outros recolhero do teu concurso inicial.

    Visitars o doente, emocionando-o com a tua prova de apreo, entretanto, se o

    acolhes no ntimo, na condio de um ente querido, libert-la-s das idias de desnimo e abandono, restituindo-lhe a paz da alma. Desse marco de reajuste, avanar ele caminho adiante e ainda quando continue assaltado por molstia difcil, no conseguirs calcular os frutos de pacincia e conformidade que os outros recolhero de teu gesto afetivo.

    Se te limitas a pagar o salrio estipulado em contrato ao cooperador que te

    serve, doando-lhe dinheiro s mos e secura ao corao, ters talvez para breve um adversrio potencial de tua obra.

    Na escola, se te circunscreves ao programa estabelecido, ministrando aos

    estudantes a aula de horrio certo, sem enriquec-la de bondade e compreenso, provvel te faas acompanhar para logo, por toda uma classe constituda de alunos rebeldes e repetentes.

    No nos referimos a isso para que se deva agir com irresponsabilidade.

    Aspiramos a salientar que se quisermos auxiliar e construir, ao mesmo tempo, preciso colocar a prpria alma naquilo que se concede e realiza.

    Em suma, importante tudo o que ds e fazes, no auxilio ao prximo; todavia,

    sempre mais importante para os outros e a favor de ti mesmo a maneira como ds isso ou fazes aquilo, de vez que todo benefcio sem amor comparvel ao poo raso, cujas guas de ontem secam hoje por falta de vida e circulao.

    43

  • DEUS VIREmmanuel

    No esmoreas sob o fardo das provaes e nem te desanimes na bruma das lgrimas.

    Nas horas mais difceis da senda terrestre, recorda que Deus vir em nosso

    auxlio. Ouvirs quem te fale dos triunfos retumbantes do mal, convidando-te

    cessao de qualquer esforo no bem, sob o pretexto de que o mal se acha escorado pelas enormes legies daqueles que lhe auferem as vantagens de superfcie. No discutas. Servirs incessantemente ao bem comum, na certeza de que Deus vir pelas vias do tempo, repor os bons no lugar justo.

    Assinalars a presena daqueles que te fazem sentir que os desentendimentos

    do mundo no se coadunam com o trabalho da paz, com a desculpa de que o homem tem necessidade da guerra como imperativo da evoluo. No discutas. Dars todo o apoio sustentao da concrdia, onde estejas, consciente de que Deus vir, pelas vias do tempo, estabelecer a solidariedade perfeita entre as naes.

    Escutars longas dissertaes, acerca da deteriorao dos costumes, inclinando-

    te a descrer da dignidade social. No discutas. Sers fiel no respeito a ti mesmo e no te retirars do dever retamente cumprido, na convico de que Deus vir, pelas vias do tempo, reajustar os setores convulsionados da comunidade humana, recolocando cada um deles em caminha certo.

    Muitas vezes, na prpria trilha pessoal, amargos vaticnios te procuraro da

    parte de muitos companheiros, tentando fixar-te o campo mental nas mais escabrosas questes da caminhada do dia-dia... Ouviremos referncias inquietantes em torno de compromissos que tenhamos abraado, de pessoas a quem nos afeioamos, de instituies a que oferecemos o melhor contedo de nossas aspiraes para a vida mais alta... Respeitemos a todos os informantes amigos que nos solicitem a ateno para a influncia do mal e, tanta quanto nos seja possvel, cooperemos com eles na extino do mal; entretanto, guardemos o corao invarivelmente na tnica luminosa da esperana, orando e trabalhando, vigiando e servindo, convencidos de que Deus, cuja infinita bondade nos sustentou ontem e nos sustenta hoje, sustentar-nos- igualmente amanh.

    Sejam quais forem as aflies e desafios da estrada, nunca te deixes intimidar

    pela farsa das trevas e faze brilhar no prprio corao a mensagem inarticulada do amor eterno que a luz dos cus abertos te anuncia, cada manh, de horizonte a horizonte : Deus vir.

    44

  • DISTRBIOS EMOCIONAISEmmanuel

    Enquanto nos demoramos encarnados no plano terrestre, um tipo de impacincia existe, sutil, capaz de arrastar-nos aos piores distrbios emotivos: a revolta contra ns mesmos.

    Acolhemos receios infundados, em torno de opinies que formulem de ns, seja por deformidades fsicas, frustraes orgnicas, conflitos psicolgicos ou empeos sociais de que sejamos portadores, e adotamos o medo por norma de ao, no exagerado apreo a ns mesmos, e dessa inquietao sistemtica comumente se deriva um desgosto contnuo contra as foras vivas que nos entretecem o veculo de manifestao.

    E tanto espancamos mentalmente esses recursos que acabamos neurticos, fatigados, enfermos ou obsessos, escorregando mecanicamente para a calha da desencarnao prematura. Tudo por falta de pacincia com as nossas provaes ou com os nossos defeitos. Decerto, ningum nasce no corpo fsico para louvar as deficincias que carrega ou ampli-las, mas preciso aceitar-