Almanaque Brazil Portugal - 1900

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sans

Gayeté (Montaigne, Des livres)

Ex Libris José Mindlin

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Z>© E R i l ^ I l i P Ò Í \ J Ü C Í A 1 A

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ALMANACHILLUSTRADO DO

BRASIL-PORTUGAL

i.° Anno

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Typ. da Companhia Nacional Editora — L. do Conde Barão, 50 X

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Almanacli Illustrado

DO

RASIL P ORTUGAL PARA O ANNO

DE I 9 O O

LISBOA Redacção do Brasil-Porlugal, 52, Rua Ivens

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Porta para a egreja da Candelária no Rio de Janeiro

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NOITE DE NATAL

«A cabana era pequena...» > — Diz a cantiga da minha aldeia. Era em Dezembro, noite serena De lua cheia:

Era em Dezembro que se dizia A tal cantiga! E n'aquella hora Jesus nascia N'uma caminha de palha-triga...

As vezes frio por lá por fora, Frio e geadas... Mas a cosinha, que aquecedora Com o seu cheiro de rabanadas!

Que bom que era! No lar enorme Ardiam pinhas! ,

«.. .Nesta noite ninguém dorme...» Cantava a gente das «Janeirinhas».

Girava o rapa, giravam dansas,

tlegremente! o cheiro agreste das pinhas-mansas

Ia junctar-se ao do vinho-quente.

Bella fogueira, bella! saudando O Deus-menino! — E as lavaredas, estrallejando, Eram risadas do som mais fino!

Vinham cazeiros em vid'airada, Roucas as vozes:

«Nós vimos á consoada, Ao vinho mail-ás fi/hozes!»

Vinham cachopas todas em linha, Em linha solta:

«...Oh seranda, oh serandmha, Vamos dar a meia volta /»

Vinham harmoniuns, flautas, férrinhos, Todos tocando: E os dedos davam mil estalinhos Sobre as cabeças, em cada bando:

« Venham as linaas cantigas, A chula, o laríloléla ! Cantae, dansae, raparigas, Sobre o bico da chinella /»

E nos caminhos, entre tambores, N'uma grulhada, Passavam bandos de tocadores Pedindo ás portas a consoada.

Da minha casa, mandavam malgas De vinho, á rua:

«Vivam as nossas fidalgas, Raminhos de Salsa crua!»

Depois do vinho, novas cantigas, Novas e velhas.. • — Passava a lua dobando estrigas, Estrigas brancas de lã de ovelhas... —

Passava a lua com luar a rodos, A semeal-o-.. Até que os sinos tocavam todos: Missa-do-gallo! Missa-do-gallo!

E na capella, dando alegria A todo o povo, O Deus-menino, deitado, ria No seu presépio de colmo novo.

Levavam-lhe ovos, maçãs vermelhas, Todos da aldeia; E o cura ria ás «suas ovelhas» Com a cestinha-de-offertas cheia...

Que echo vós tendes, sinos aldeanos, Missa-do-gallo! Que hoje, volvidos annos e annos, Quasi inda julgo estar a escutal-o

Inda parece que ouço cantigas Sob a janella:

Cantae, dansae, raparigas, A chula, o laríloléla !• •.

D. JOÃO DE CASTRO

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SEGUNDA. >J< Circumcisão do Senhor. S. Fulgencio, B. dé Ruspe.

2 TEBÇA. S. Izidro, P. M. 3 QÜAETA. S. Anthero, P. M. 4 QUINTA. S. Gregorio, B. 5 SEXTA. S. Simeão Estelita. 6 SABBADO. >JtOs Ss. Reis, Gaspar, Belchior

e Balthazar, adv. contra accidentes ep i lép t ica e perigos de caminhos.

7 DOMINGO. (1." depois dos Reis). N. Senhora de Jesus.

8 3) SEGUNDA. S Lourenço Justiniano, pa-triaroha de Veneza.

9 TERÇA. S. Julião, M. 10 QUARTA. S. Paulo, 1." eremita. 11 QUINTA. S. Hygino, P. M. 12 SEXTA. S Sàtyro, M. S. Taciana, M. 13 SABBADO. S. Hilário, B. e Dr. da egr. 14 DOMINGO (2."). O SS Nome de Jesus. 15 @ SEGUNDA. S. Amaro, Ab. 16 TERÇA. OS SS. Martyres de Marrocos, Ff. 17 QUARTA. S. Antão, Ab. 18 QUINTA. A Cadeira de S. Pedro em Roma. 19 SEXTA. S. Canuto, rei de Dinamarca, M. 20 SABBADO. (Jej. no Patriarchado). S. Sebas

tião M. 21 DOMINGO (3.°). S. Ignez, V. M. 22 SEGUNDA.»^ S. Vicente, M., padroeiro de

Lisboa e do Algarve 23 C TERÇA. Os Desposorios de N. Senhora

com S. José. 24 QUARTA. N. Senhora da Paz: 25 QUINTA. A Conversão de S. Paulo, Ap. 26 SEXTA. S. Polycarpo, B. M. 27 SABBADO. S. João Chrysostomo, B. e

Dr. da egr. 28 DOMINGO, (é °) S. Gonçalo de Amarante. 29 SEGUNDA. S. Francisco de Salles, B. 30 TERÇA. S. Martinha, V. M. 31 @ QUARTA. S. Pedro Nolasco.

SEGUNDA. >J< Circum cisão do Senhor. S Fulgencio. B. de Ruspe.

2 TERÇA. S.;Izidoro, B. M. 3 QUARTA. S. Anthero, P. M. 4 QUINTA. S. Gregorio. B. 5 SEXTA. S. Simeão Estelita. S. Apolina-

jia, V. 6 SABBADO >$< Os Ss. Reis Magos. S. André. 7 DOMINGO (1.°- depois dos Reis). S. Tbeo-

doro, monge. 8 J) SEGUNDA. S. Lourenço Justiniano pa-

triarcha de Veneza. 9 TERÇA. S. Julião, M.

10 QUARTA. S Paulo, 1." eremita. 11 QUINTA. S. Hygino P. M. 12 SEXTA. S. Satyro, M. S. Taciana, M. 13 SABBADO. S. Hilário, B e Dr. da egr. 14 DOMINGO (2.°). O SS. Nome de Jesus.

N. Senhora da Divina Providencia. 15 '% SEGUNDA. S. Amaro Ab. 16 TERÇA. Os Ssi Martyres de Marrocos. 17 QUARTA S. Antão, Ab. 18 QUINTA. A Cadeira de S. Pedro em Roma. 19 SEXTA. S. Canuto, rei de Dinamarca, M. 20 SABBADO (>í< no Bisp. do Rio de Janeiro)..

S. Sebastião, M. adv. contra a peste, padroeiro da capital do Rio de Janeiro:

21 DOMINGO (3°) S. Ignez, V. M. 22 SEGUNDA. S. Vicente, M. 23 d TERÇA. Os Desposorios de N. Senhora

com S. Jcsé. 24 QUARTA. N. Senhora da Paz. 25 QUINTA (•£< no Bisp. de S. Paulo). A Con

versão dè S. Paulo, Ap. 26 SEXTA. S Polycarpo, B. M. 27 SABBADO. S. João Chrysostomo, B. 28 DOMINGO (ir) S. Cyrillo, B. 29 SEGUNDA. S. Francisco de Salles, B. 30 # TERÇA. S. Martinha, V. M. 31 QUARTA. S Pedro Nolasco.

A S T B O L O S I A Aquário (de 22 de Janeiro a 21 de Fevereiro). — Alegria. O homem que nasce sob este signo, é discreto, amável, attrahente, espirituoso, alegre e curioso—a principio pobre e depois

rico dispenderá a fortuna com a sua mulher e com os seus amigos — Ser-Ihe hão funestas a água e a s febres.—Por volta dos 37 * annos correrá perigos, estará gravemente doente o que não o impedirá de ter uma vida longa. —Amigo da gloria, chegará a. ver o seu mérito justamente apreciado— Terá poucos filhos. A ' ,

A mulher será de bom, caracter, constante, generosa, sincera, liberal, alegre, gostando talvez, um bocsdinho de mais, d»- < divertir-se. A energia do seu caracter servir-lhe-ha para supportar com facilidade as adversidades e tristezas... de família... motivadas pelo seu casamento. Viajará muito e depois d'uma mocidade relativamente pobre chegará a ter uma boa fortuna.— Se a velhice for demorada ficará paralytica. A pedra-amuleto d'este signo é a Saphyra, que perserva dos venenos vegetaes e animaes, das picadas venenosas e das dentadas dos cães damnádos.

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Almanach do Brasil-Portugal

COMPUTO ECCLES1ASTIC0

Áureo numero — 1. Epacta — XXIX. Cyclo solar —5. Indicção romana —13. Letra dominical — G. Cyclo lunar—100.

TÊMPORAS

As primeiras — 7, 9 e 10 de março. As segundas — 6, 8 e 9 de junho. As terceiras —19, 21 e 22 de setembro. As quartas —19, 21 e 22 de dezembro.

FESTAS MOVEIS

Septuagesima —11 de fevereiro. Cinza —28 de fevereiro. Paschoa da Resurreição —15 de abril. Paschoela' — 22 de abril. Ladainhas — 21, 22 e 23 de maio. Ascensão — 24 de maio.

Espirito Santo — 3 de junho. SS. Trindade —10 de junho. Corpo de Deus —14 de junho. Coração de Jesus — 22 de junho. Domingo l.« do Advento — 2 de dezembro.

B Ê N Ç Ã O S M A T R I M O N I A I S

Os casamentos solemnes celebram-se desde 7 de janeiro até 27 de fevereiro, inclusive; desde 23 de abril até 2 de dezembro, também inclusive.

Lucilia Simões

Dotada de recursos scenicos excepçionaes, preparada por uma educação e uma iüustração realmente raras n'uma mulher, Lucilia Simões assignalou logo de entrada a sua maneira rea-lisando verdadeiras difficuldades.

Conta Jules Claretie que, ha dois annos, quando foi do Congresso da Imprensa, em Stockolmo, lhe dissera Ibsen:

— Ha uma personagem das minhas peças, a Nora, que eu ainda não vi, e já agora não conseguirei vèr, capazmente desempenhada... Só a eila se abalancam actrizes feitas, como a Ré-iane, depois d'um longo tirocinio, e portanto falhas já de mocidade, que é um dos requisitos es-senciaes á objectivação perfeita d'aquelle papel.

Oh, se o bom velho põdesse vêr agora a nossa Lucilia! Que deslumbramento, que satisfação não seria a sua! Como elle veria finalmente, flagrante e vivo de emoção, palpitando,—como um ruidoso bater de aza"s, — da mais impetuosa e arrogante mocidade, essa sua creação/gueri-da entre todas, e para cuja completa realização a leveza, a frescura,, a energia, a graça são com effeito indispensáveis requisitos!

ABEL BOTELHO.

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A-PlVA^

Portugal

1 QUINTA. (Jej., excepto nos bisp. de Vizeu e Elvas). S. Ignacio, B. M-

2 SEXTA. >J< A Purificação de N. S.a

3 SABBADO S. Braz, B. M. 4 DOMINGO. f5.°J. Santo André Corsino, B. 5 SEGUNDA. ,S. Agueda, V. M. 6 35) TERÇA. As Chagas de Christo. 7 QUARTA. S. Romualdo, Ab. 8 QUINTA. S. João da Matta, fund. da Ord.

da SS. Trindade. 9 SEXTA. S. Apolonia, V. M.

10 SABBADO. S. Escolastica, V. S. Guilherme, duque de Aquitania, A.

11 DOMINGO. (Septuagesima). S. Lázaro, B. 12 SEGUNDA. S. Eulalia, V. M. 13 TERÇA. S. Gregorio II, P. 14 @ QUARTA. S. Valentim, M. 15 QUINTA. Traslad. de S. Antônio. 16 SEXTA. S. Porfirio, M. 17 SABBADO. S. Faustino, M. 18 DOMINGO. (Sexagesima). S. Theotonio', 1.°

Prior de Santa Cruz de Coimbra. 19 SEGUNDA. S. Conrado; F. 20^ TERÇA: S. Eleutherio, B. 21 QUARTA. S. Maximiano, B. 22 C QUINTA. A Cadeira de S. Pedro em

Antiochia. S. Margarida de Cortona. 23 SEXTA. S. Pedro Damião, B. 24 SABBADO. •S. Mathias, Ap. 25 DOMINGO. (Qtiinquagesima). S. Cesario,

irm. de S. Gregorio Nazianzeno. 26 SEGUNDA. S. Torquato M., Are. de Braga. 27 TERÇA. (Entruão). S. Leandro, Arç. de

Sevilhá. 28 QUARTA. (Cinza). (Jej. até á Paschoa ex

cepto nos dom.). S. Romão, Ab.

Brasil

1 QUINTA (Jejum). S. Ignacio, B. M. 2 SEXTA. >J< A Purificação de Nossa Se

nhora. 3 SABBADO. S..Braz, B. M. 0 B. Odorico, F 4 DOMINGO (5.°). S. André Corsino, B. C. 5 SEGUNDA. S. Agueda, V. M. 6 3) TERÇA. AS Chagas de Christo. 7 QUARTA. S. Romualdo, Ab. 8 QUINTA. S. João da Matta, fund. da Ord.

da SS. Trindade, ' 9 SEXTA. S. Apolonia, V. M.

10 SABBADO. S. Escolastica, V. 11 DOMINGO (Septuagesima). S. Lázaro, B. 12 SEGUNDA. S. Eulalia, V. M. 13 TERÇA'.,S. Gregorio IL*P. 14 © QUARTA. S. Valentim, M. 15 QUINTA. Traslad. de S. Antônio. 16 SEXTA. S. Porfirio. M. 17 SABBADO. S. Faustino, M. 18 DOMINGO (Sexagesima). S. Theotonio, 1."

Prior de Santa Cruz de Coimbra. • 19 SEGUNDA. S. Conrado, F. 20 TERÇA. S. Eleuterio, B. 21 QUARTA. S. Maximiano, B. 22 (£ QUINTA. A Cadeira de S. Pedro em

Antiochia. S Margarida de Cortona, F. 23 SEXTA. S. Pedro Damião, B,, Card. e Dr.

da egr. S. Lázaro, monge. 24 SABBADO. S. Mathias, Ap. 25 DOMINGO (Quina^agesima). S. Cesario, irm.

de S. Gregorio Nazia,nzeno. %f 26 SEGUNDA. S. Torquato, M., Are. de Braga.! 27 TERÇA (Entrudp). S. Leandro. Are. de Se

vilhá. A B. Eustachia, V. F. 28 QUARTA (Cinza). (Jej. até á Paschoa, escee-

pto aos dom.) S. Romãc, Ab.

ASTROLOGIA Piseis (De 22 de Fevereiro a 21 de Março). —Doçura de caracter. 0 homem que nasce sob este signo será ousado, sábio, presumido e de boa indole. —Sem fortuna em-

quahto novo, alcanca-a depois para logo a dissipar. Gostando de ligações honestas, será comtudo infeliz com as mulheres até aos 40 annos. A sua índiscripeão natural ser-lhe-ha desvantajosa, mas só a elle próprio fará mal. Do seu casamento resultarão questões de família-a não ser que despose uma extrangeira.

A mulher, de bellesa rara, terá na sna mocidade desavenças com os pães, que deligenciarão oppor-se á , sua vocação. Dotada d'excellente coração terá muito espirito, muito critério e poucos filhos. Discreta e econômica gostará todavia de reuniões onde será desejada e notada. Feliz o marido de tal mulher! Porque", será amado com fidelidade e ternura. Terá vida longa, se bem que por volta dos 28 annos corra perigo; past j sada essa edade nunca mais terá doença grave. »'

0 tálisman d'este signo é o Chrysolüho (de côr amarella esverdeada). Pedra soberba que faz com que se encontrefn thesouros escondidos... e favorece as investigações scientiflcas.

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Almanach do Brasil-Portugal

i@UP§i§ - US&Qk

Haverá no anno de 1900 três eclipses, sendo dois do Sol e um da Lua.

I. — Eclipse total do Sol no dia 28 de maio, visivel em Lisboa como eclipse parcial.

Começa o eclipse geral ás 11 h. e 36 m. da m.

Acaba ás 4 h. e 59 m. da t. Este eclipse será visivel em toda a Europa,

em toda a America do Norte e Central, nas regiões do noroeste da África, e no Atlântico ao norte do equador.

A linha do eclipse central passa perto de Ovar, Vizeu e Guarda, estendendo-se a zona da totalidade até Porto e Aveiro.

Para Lisboa, o eclipse começa ás 2 h. e 8 m. da tarde.

Está na maior phase ás 3 h. e 28 m. da t. Acaba ás 4 h. e 39 m. da t. Grandeza do eclipse: 0,925 do diâmetro so

lar.

II. — Eclipse parcial da Lua no dia 13 de junho, visivel em Lisboa.

Entra a Lua na penumbra aos 40 m. da m. Entra na sombra ás 2 h. e 48 m. da m. Meio do eclipse ás 2 h. e 51 m. da m. Sae a Lua da sombra ás 2 h. e 54 m. da m. Sae da penumbra ás 5 h e 2 m. da m. Grandeza do eclipse: 0,001 do diam. lunar. Este eclipse será visivel na Europa Occi

dental, em quasi toda a África occidental, e em toda a America, excluindo o Alaska.

III.—Eclipse annular do Sol no dia 22 de novembro, invisível em Lisboa.

Começa o eclipse ás 3 h. e 43 m. da m. Acaba ás 9 h. e 43 m. da m. Este eclipse será visivel na metade meri

dional da África, no Oceano Indico, na Austrália e nas ilhas de Sunda. A linha do eclipse central passa na ilha de Bazaruto (África Oriental).

Conducção de toiros

t eyp§i§-RÍ© Bi MKItR® Haverá no anno de 1900 três eclipses, sen

do dois do Sol e um da Lua. I. Eclipse total do Sol no dia 28 de maio,

invisível no Rio de Janeiro. Começa o eclipse ás 9 h. e 20 m. da m. Acaba ás 2 h. e 43 m. da t. Este eclipse será visivel em toda a Europa,

em toda a America do Norte e Central, nas regiões do noroeste da África, e no Atlântico ao norte do equador.

II. Eclipse parcial da Lua nos dias 12 e 13 de»junho, visivel no Rio de Janeiro.

Entra a Lua na penumbra ás 10 h. e 24 m. da t. de 12 de junho. ,.

Entra na sombra aos 32 m. da m. de 13 de junho. Meio do eclipse aos 35 m. da m.

Sae a Lua da sombra aos 38 m. da m. Sae da penumbra ás 2 h. e 46 m. da m. de

13 de junho. Grandeza do eclipse: 0,001 do diam. lunar. Este eclipse será visivel na Europa occi

dental, em quasi toda a África occidental, e em toda a America, excluindo o Alaska.

III. Eclipse annular do Sol no dia 22 de novembro, invisível no Rio de Janeiro.

Começa o eclipse á 1 h. e 27 m. da m. Acaba ás 7 h. e 27 m. da m. Este eclipse será visivel na metade meri

dional da África, no Oceano Indico, na Austrália e nas ilhas de Sunda. A linha do eclipse central passa na ilha de Bazaruto (África Oriental.

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vC

A Vtw,^_

Portugal

© QUINTA. S. Adrião, M. SEXTA. S. Simplicio, P.

3 SABBADO. S. Hemiterio, M. 4,DOMINGO. (1.° da Quaresma). S. Casimiro. 5 SEGUNDA S. Theophilo, B. 6 TERÇA. S. Ollegario, B. 7 QUARTA. (Têmporas). S. Thomaz de Aqui-

no, Dr. da egr. 8 3$ QUINTA. S. João de Deus. 9 SEXTA. (Têmporas). S. Franciscà Roma

na, viuva. 10 SABBADO. (Têmporas). S. Militão e 39

Comp. Mm. 11 DOMINGO. (2.° ãa Quaresma). S. Cândi

do, M. 12 SEGUNDA. S. Gregorio, P. e Dr. çla egr. 13 TERÇA. A B. Sancha, V., Inf. de Portugal. 14 QUARTA. Trasl. de S Boaventura. 15 QUINTA. S. Zacharias, P. 16 fg SEXTA. S. Cyriaco. 17 SABBADO. S. Patrício, Ap da Irlanda. 18 DOMINGO. (3.° ãa Quaresma). S. Gabriel

Archanjo. 19 SEGUNDA. >$« S. José, Esposo de N. Se

nhora e protector da egr. catholica. 20 TERÇA. S. Martinho Dumiense, Arceb. í •#**• de Braga. 21 QUARTA. S. Bento, Ab. 22 QUINTA. S. Emygdio, B. M. 23 SEXTA. S. Felix e seus Comp. Mm. 24 t£ SABBADO. Instituição, do SS. Sacra

mento. 25 DOMINGO. (4'.° ãa Quaresma). Annuncia-

ção de N. Senhora. 26 SEGUNDA. S. Ludgero, B. 27 TERÇA. S. Roberto, B. 28 QUARTA. S. Alexandre, M. 29 QUINTA. S. Victorino e seus Comp. Mm. 30 © SEXTA. S. João Climaco. 31 SABBADO. S. Balbina, V.

Brasil

1 © QUINTA. S. Adrião, M. 2 SEXTA. S. Simplicio, P. 3 SABBADO. S. Hemiterio, M. 4 DOMINGO (1.° ãa Quaresma).. S. Casi

miro. 5 SEGUNDA. S. Theophilo, B. 6 TERÇA. S. Ollegario, B S. Coleta, V. F. 7 QUARTA (Têmporas). S. Thomaz de Aqui-

no, Dr. da.egr. D. 8 3) QUINTA. S. João de Deus. 9 SEXTA (Têmporas). S. Franciscà Romana,

viuva. S. Cátharina de Bolonha, V. F. 10 SABBADO (Têmporas). S. Militão e 39

Comp. Mm. 11 DOMINGO (2° ãá Quaresma). S. Cândido, M. 12 SEGUNDA. S. Gregorio» P. e Dr. da egr. 13 TERÇA. A B. Sancha, V , Inf. de Portugal. 14 QUARTA Trasl. de S. Boaventura. 15 QUINTA. S. Zacharias, P. 16 fie SEXTA. S. CyriaCo, M. 17 SABBADO. S. Patrício, Ap. da Irlanda. 18 DOMINGO (3.° ãa Quaresma). S. Gabriel,

Archanjo. 19 SEGUNDA. >|< S. José, Esposo de N. Se

nhora e protector da egr. catholica. 20 TERÇA. S. Martinho Dumiense, Are. de

Braga. 21 QUARTA. S. Bento, Ab. 22 QOINTA. S. Emygdio, B. M. 23 SEXTA. S. Felix e seus Comp. Mm. 24 f£ SABBADO. Instituição do SS. Saera-

mento. S. Marcos, M, S. Agapito, B. 25 DOMINGO (4.° ãa Quaresma). Annuncia-

ção de N. Senhora. / 26 SEGUNDA. S. Ludgero, B. S. Braulio, B. 27 TERÇA. S. Roberto, B. S. Augusta, V. M. 28 QUARTA. S. Alexandre, M. 29 QUINTA. S. Victorino e seus Comp. Mm. 30 © SEXTA. S. João Climaco. 31 SABBADO. S. Balbina, V. S. Benjamin, M.

A S T R O L O G I A Aries (de 22 de março a 21 (fabril). — ORGULHO, AMBIÇÃO, CÓLERA.

Os homens nascidos sob o auspício d'esta constellação serão irasciveis, eloqüentes, estudiosos, apaixonados e sem palavra. Conseguirão talvez um casamento feliz e de fortuna. Serão infelizes nas viagens... e muito em corridas de bicycletas !

As mulheres serão bonitas, espertas, curiosas, gulosas, com uma enorme tendência para os exageros, mentindo inconscientemente. Casam cedo, e têm muitos filhos. Podem mesmo casar com homem que chegue ao jjiaximo da gloria quer militar quer governamental. *

O amuleto d'este signo é uma Amethysta engastada em ouro. Pedra que tem a virtude de preservar da vaidade, do orgulho, da exaltação e da. . . embriaguez.

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Almanaeh. do Brasil-Portugal

A Egreja considera dias santificados os seguintes: Janeiro—1 Circumcisão do Senhor — 6 Epipha-

nia, Dia de Reis—20 S. Sebastião (no bispado do Rio de Janeiro) e 25 (no bispado de S. Paulo).

Fevereiro—2 Purificação de Nossa Senhora. Os dias em que cahir quinta-feira santa, sexta-

feira santa, Ascensão do Senhor e festa do Corpo de Deus.

Junho — 24 dia de S. João e 29 dia de S. Pedro. Julho —2 Santa Izabel (no arcebispado da Bahia.) Agosto—15 Assumpção de Nossa Senhora. Setembro—8 Natividade de Nossa Senhora. N'este

dia festeja-se N. S." da Pena na sua capella em Ja-

Novemb-o— 1 e 3 Festa de Todos os Santos edia de finados.

Dezembro—8 Immaculada Conceição de Nossa Senhora e 25 Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo.

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Feriados —PORTUGAL

Grande gala:

Janeiro 1, por boas Festas e entrada do Anno Novo.

Março 21, Anniversario do Sereníssimo Príncipe D. Luiz Filippe.

Abril 29, Outhorga da Carta Constitucional. Julho 31, Juramento da Carta Constitucional e

anniversario do sr. infante D. Affonso. Setembro 28, Anniversario de Sua Magestade Fi-

delissima El-Rei D. Carlos e de Sua Magestade a Rainha D. Maria Amélia de Orleans.

Outubro 16, Anniversario de Sua Magestade a Rainha a Senhora D. Maria Pia de Saboya.

Pequena gala:

Fevereiro 17, Annos de S. A. a Senhora Infanta D. Antonia.

Abril 15, Domingo de Paschoa. * Maio 1, Dia do nome de Sua Altera o Príncipe Real D. Luiz Filippe.

Maio 22, Anniversario do casamento de Sua Magestade Fidelissima El-Rei D. Carlos.

Junho 14, Procissão do corpo de Deus. Junho 22, Festa do Santíssimo Coração de Jesus. Julho 10, Pronome de Sua Magestade a Rainha

D. Maria Amélia. Setembro 8, nome de Sua Magestade a Rainha a

Senhora D. Maria Pia de Saboya. Novembro 4, Nome de S. M. El-Rei D. Carlos. Novembro 15, Annos do Senhor Infante D. Ma

nuel. Dezembro 1, Acelamação D'E1-Rei D. João IV. Dezembro 8, Dia de Nossa Senhora da Concei

ção, padroeira do Reino. Dezembro 25, Dia de Natal. Dezembro 31, ultimo dia do anno.

Feria»:

De 1 a 6 de janeiro e 27 de fevereiro, de 9 a 23 de abril, 24 de julho, 24 de setembro, 19 de outubro, de 24 a 31 de dezembro, e todos os dias de grande gala.

Nos tribunaes é feriado todo o mez de setembro.

—H&í-S-sS-í—

Feriados—BRASIL

1." de Janeiro. Commemoração de fraternidade universal. Descobrimento do Rio de Janeiro.

24 de Fevereiro. Anniversario da Constituição da Republica.

21 de Abril. Commemoração do Supplicio de Ti-radentes e dos percursores da Republica.

3 de Maio. Anniversario da descoberta do Brasil.

13 de Maio. Anniversario da abolição da escravatura.

14 de Julho. Commemoração da Republica Fran-ceza e da Liberdade e Independência dos povos americanos.

7 de Setembro. Independência do Brasil. 12 de Outubro. Descoberta da America. 2 de Novembro. Commemoração dos mortos. 15 de Novembro. Anniversario da proclamação

da Republica.

Desenho de Roque Gameiro

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Portugal

1 DOMINGO. (Paixão). S. Macario. 2 SEGUNDA. S. Francisco de Paula. 3 TERÇA. S. Pancracio, B. M. 4 QUARTA. S. Izidoro, arceb. de Sevilha. 5 QUINTA. S. Vicente Ferrer, D. 6 3) SEXTA. AS Sete Dores de N. Senhora. 7 SABBADO. S. Epifanio, B. M. 8 DOMINGO (Ramos). S. Amancio, B. 9 SEGUNDA. Traslad.- de S. Monica.

10 TERÇA. S. Ezequiel, Propheta. 11 QUARTA. (Trevas). S. Leão I, Papa. 12 QUINTA. (Enãoencas). (1J< ãesde o meio ãia

até ao meio ãia seguinte). S. Victor, M. portuguez.

13 SEXTA (Paixão). S. Hermenegjldo, M. 14 SABBADO. (Alleluia). Os Ss. Tiburcio e Va-

leriano, Mm. 15 © DOMINGO. (Paschoa). As Ss. Basilissa e

Anastácia, Mm. 16 SEGUNDA. (1.** oít.) S. Engracia, V. M. por-

tugueza. 17 TERÇA. (2.* oit.) S. Aniceto, P. M. 18 QUARTA. S. Gualdino, B., C. 19 QUINTA. S. Hermogenes, M. 20 SEXTA. S. Ignez de Montepoliciano, V. D. 21 SABBADO. S. Anselmo, Are. de Cantuaria. 22 tX DOMINGO. (Paschoella). Fugida de N.

Senhora para o Egypto. 23 SEGUNDA. N. Senhora ãps Prazeres. 24 TERÇA. S. Fiel de Sigmaringa, M. F. 25 QUARTA. S. Marcos Evang. 26 QUINTA. S. Pedro de Rates, M., 1.» B. de

Braga. 27 SEXTA. S. Tertuliano, B. 28 SABBADO. S. Vital, M. 29 # DOMINGO. (Bom Pastor). S. Pedro, M. 30 SEGUNDA. S. Catharina de Sena, V. D.

Brasil

1 DOMINGO (Paixão). S. Macario. 2 SEGUNDA. S. Francisco de Paula. 3 TERÇA. S. Pancracio B. M. 4 QUARTA. S. Izidoro, are. de Sevilha. 5 QUINTA. S. Vicente Ferrer, D. 6 3) SEXTA. As Sete Dores de N. Senhora.

S. Marcelino, M. 7 SABBADO. S. Epifartio, B. M. 8 DOMINGO (Ramos). S. Amancio, B. 9 SEGUNDA. Traslad. de S. Monica.

10 TERÇA. S. Ezequiel, Propheta. 11 QUARTA (Trevas). S. Leão I, Papa. 12 QUINTA (Enãoencas). (fr ãesãe o meio dia

até ao meio dia seguinte). S- Victor. 13 SEXTA (Paixão). S. Hermenegildo, M. 14 ® SABBADO (Alleluia). Os Ss. Tiburcio e

Valeriano, Mm. 15 DOMINGO (Paschoa). As Ss. Basilissa e

Anastácia, Mm. 16 SEGUNDA (1.» oit). S. Engracia, V. M. por-

tugueza. 17 TERÇA (2." oit.) S. Aniceto, P. M. 18 QUARTA. S. Gualdino, B. 19 QUINTA. S. Hermogenes, M. 20 SEXTA. S. Ignez de Montepoliciano, V. 21 SABBADO. S. Anselmo, Are. de Cantuaria. 22 t£ DOMINGO (Paschoella). Fugida de N.

Senhora para o Egypto. 23 SEGUNDA. N. Senhora dos Prazeres. 24 TERÇA. S. Fiel de Sigmaringa, M. F. 25 QUARTA. S. Marcos Evangelista. 26 QUINTA S. Pedro de Rates, M., l.c B. de

Braga. 27 SEXTA. S. Tertuliano B. 28 SABBADO. S. Vital, M. 29 © DOMINGO (Bom Pastor), S Pedro, M. 30 SEGUNDA. S. Catharina de Sena, V. D.

ASTROLOGIA Taurus (de 22 d'abril a 21 de maio). — Ousadia e forep de earaeter. O homem nascido sob este signo é cheio d'audacia, brusco, colérico, e triumphaiá dos inimigos- Sor

ri-lhe a felicidade, e a fortuna parece correr ao- seu encontro. Viajará em terras estrangeiras, mas nunca por lá será feliz. Terá a alma pouco poética. Será rico na segunda metade da vida mas tornar-se-ha então taciturno, pouco sociavel, e logo os seus melhores amigos o abandonarão.

A mulher será enérgica e ajuisada. Por natureza violenta será comtuõo esposa submissa e hei a nao ser que o seu gênio seja incompatível com o do marido. Antes de casar, as suas^maneiras independentes e a sua inconstância darão azo aos murmúrios das más línguas... e sem rasao... ou com ella. En-VIUVArpe™i*a-amuleto'd'este signo é a Agatha que engastada em ouro livra o seu possuidor de todos o& perigos e lhe garante victoria sobre invejosos inimigos.

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Almanacli do Brasil-Portugal

Dias feriados nos Estados —BRASIL AMAZONAS. — 1 de março, Abertura do Congresso. — l de julho, Primeira constituição do Estado.—

10 de julho, Emancipação dos escravos.—5 de setembro, Elevação á cathegoria de província em 1850. —21 de novembro, Adliesão á Republica.

PARÁ.— 21 de junho, Promulgação da Constituição.— 15 de agosto, Adliesão á Independência do Brasil.—16 de novembro, Adliesão á"Republica.

MARANHÃO.—28 de julho, Promulgação da Constituição.—18 de novembro, Adhesão á Republica. PIAUHY.—24 de janeiro, Commemoração da Independência.—13 de junho, Promulgação da Cons

tituição.—16 de novembro; Adhesão á República. CEARÁ. —12 de julho, Promulgação da Constituição—16 de novembro, Adhesão á Republica. Rio GRANDE DO SORTE. —19 de marco, Installacãó do governo republicano de André de Albuquer

que Maranhão em 1817. —7 de abril, Promulgação da Constituição. —12 de junho, Morte do Padre Miguel Joaquim de Almeida Castro, conhecido por frei Mlguelinho, em 1817.

PARAHYBA.—5 de agosto, Festa da Padroeira. N. S. das Neves. PERNAMBUCO.—27 de janeiro.-r-Restauração de Pernambuco do domínio hollandez em 1654.—17

de junho, Promulgação da Constituição. —10 de novembro, Primeiro brado de Republica, dado por Bernardo Vieira de Mello em 1710 em Olinda.

ALAGOAS.—15 de março, Installação da l.a assembléa provincial.—11 de julho, Promulgação da Constituição. —16 de setembro, Creacão da Província.

SEROIPE.— 18 de maio, Promulgação da Constituição. BAHIA.—2 de julho'.---Tomada da cidade da Bania.—7 de novembro, Revolução em 1837 (Sabi-

nada). ESPIRITO SANTO.—23 de maio, Povoamento do território do Estado. —12 de junho, Execução de

Domingos José Martins em 1817.—28 de agosto, Festa de li. S. da Penha.—20 de novembro, Adhesão á Republica.—25 de dezembro. Natal.

DISTRICTO FKDERAL.—20 de janeiro. Fundação da Cidade do Rio de Janeiro. S. PAULO—8 de julho, Installação do Congresso Constituinte. —14 de julho, Promulgação da Cons

tituição.—14 de dezembro, Restauração da legalidade.

PARANÁ.—7 de abril, Promulgação da Constituição.—16 de dezembro, Installação da província em 1850.

S. CATHARINA.— 11 de junho, Promulgação da Constituição.—17 de novembro, Adhesão á Republica.

RIO GRANDE DO SUL — 14 de julho, Promulgação da Constituição. —20 de setembro, Revolução republicana em 1835.

MINAS-GERAES.—15 de junho, Promulgação da Constituição.

MATTO GROSSO. —15 de agosto, Promulgação da Constituição.—9 de dezembro, Adliesão á Republica.

GOYAZ—1 de junho, Promulgação da Constituição.

—r-im-r—

Tempo p o r q u e usar lu t

se deve

Fernando de Oliveira

Pelas pessoas reinantes, 6 mezes: por marido ou mulher, 1 anno; por pães, filhos, avôs, bisavôs, netos ou bisnetos, 6 mezes.—Por sogras, sogros, genros, noras, irmãos ou cunhados, 4 mezes.—Tios, sobrinhos, primos oo-irmaos, 2 mezes.— Por qualquer parente mais afastado, 15 dias.

N. B.—Metade do tempo aqui designado é luto pesado e o resto alliviado, comquanto hoje já não esteja em uso o lucto alliviado.

13

Page 22: Almanaque Brazil Portugal - 1900

MM©

Portugal

1 TERÇA. S. Filippe e S. Thiago. App. 2 QUARTA. . S. Athanasio, B. e Dr. da egr. 3 QUINTA. Invenção da S. Cruz. Os Ss. Ale

xandre e Juvenal, Mm. 4 SEXTA. S. Monica, viuva, mãe de S.

Agostinho. 5 SABBADO. Conversão de. S. Agostinho. 6 D DOMINGO (3.°). O Patrocínio de S. José. 7 SEGUNDA. Traslad. de S. João da Matta. 8 TERÇA. Apparição de S. Miguel Archanjo. 9 QUARTA. S. Gregorio Nazianzeno, B. e

Dr. da egr. 10 QUINTA. S. Antonino, arceb. de Florença. 11 SEXTA. S. Anastácio, M. 12 SABBADO. S. Joanna, princ. de Portugal,

''V. D. 13 DOMINGO f4°)..N. Senhora dos Martyres.

S. Pedro Regalado, F. 14 (% SEGUNDA. S. Gil, D. 15 TERÇA. S. Izidro, lavrador. 16 QUARTA. S. João Nepomuceno, M. adv.

da boa fama. 17 QUINTA. S. Paschoal Raylão, F-S-Possi-

donio, A. 18 SEXTA. S. Venancio, M. 19 SABBADO. S. Pedro Celestino, P. 20 DOMINGO (5.°). S. Bernardino de Sena, F. 21 tf SEGUNDA. S. Mancos, M.,. l.° B. de

Évora. 22 T^RÇA. S. Rita de Cássia, viuva, A. 23 QUARTA. S. Basilio, arceb. de Braga. 24 QUINTA. ^< Aseenção do Senhor. 25 SEXTA. S. Gregorio VII, P. 26 SABBADO. S Filippe Nery, fund. da Cong.

do Oratório. 27 DOMINGO (6.°). S. João, P.- M. 28 @ SEGUNDA. S. Germano, B. 29 TERÇA. S. Máximo, B. 30 QUARTA. S. Fernando, rei de Castella. 31 QUINTA. S. Petronilla, V.

Brasil

1 TERÇA. S. Filippe e S. Thiago. App. 2 QUARTA. S. Athanasio, B. e Dr". da egr. 3 QUINTA. Invenção da S. Cruz. 4 SEXTA. S. Monica, viuva, mãe de S.

Agostinho. 5 SABBADO. Conversão de S. Agostinho. 6 2) DOMINGO. (3.°). O Patrocínio de S. José'.-7 SEGUNDA. Traslad. de S. João da Matta. 8 TERÇA. Apparição de S. Miguel'Archanjo. 9 QUARTA. S. Gíegorio Nazianzeno, B. e Dr.

da ègr. 10 QUINTA. S. Antonino, arcebispo de Flo

rença. 11 SEXTA. S. Anastácio, M. 12 SABBADO. S. Jóanna, princ. de Portugal,

13 DOMINGO.,fá.°). N, Senhora dos Martyres. 14 ©SEGUNDA. S. Gil, D. 15 TERÇA. S. Izidro, lavrador. 16 QUARTA. S. João Nepomuceno, M. adv.

da boa fama. 17 'QUINTA. S. Paschoal Baylão, F. 18 .SEXTA-S. Venancio;,. M.. 19 SABBADO. S. Pedro Celestino, P. 20 DOMINGO. (Ò.°).. S. Bernardino de Sena, F. 21 t£ SEGUNDA. (Rogações, Jej.) S. Mancos,

M., 1.» B. de Évora. 22 TERÇA. (Rogações, Jej) S. Rita de Cássia,

viuva, A. 23 QUARTA. (Rogações, Jej.) S. Basilio, arce

bispo de Braga. 24 QUINTA. >j< Ascensão do Senhor. 25 SEXTA. S. Gregorio VII, P. 26 SABBADO. S. Filippe Nery, fund. da Cong.

do Oratório. 27« DOMINGO. (6.°). S. João, P. 28 # SEGUNDA. S. Germano, B. 29 TERÇA. S. Máximo, B. : 30 QUARTA. S. Fernando, rei de Castella. 31 QUINTA, S. Petronilla, V.

^ . S T B O X i O GKT.A. Geminis (de 22 de maio a 21 de junho).

AMIZADE Têm os homens nascidos sob este signo um excellente coração. Dotados de muito espirito,.prudência e generosidade, serão

comtudo um tanto presumpçosos e inclinados ifinura, alegria e astucia, Grande tendência ao amor e á amisade. Felizes se se ligam a uma mulher ou a outro homem que tenha nascido sob o mesmo signo. \ ' a

As mulheres serão bellas, amáveis, simples, ternas, felizes. Desconfiem porem dos homens emquanto são novasl Só en contrarão a felicidade com um esposo de certa edade e de temperamento parecido com o seu. Têm tendência a serem desmaze-ladas no arranjo da casa:

 pedra-amuleto d'este signo è " Verdentar que dá as geraes sympathias e amisade áquelles que nascendo sob este signo a trazem comsigo.

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CANÇÃO DAS «MALAS*

Maio, è Maio/— repicamjinos ! Sinos e sinos a repicar ! Venham os velhos, venham meninos, Todos folgarI Todos sanar! Que está hi Maio cheio de flores! Que chegou Maio florindo\as corei Das sete dores!

O senhor Cura tem quefa\er Que é de varar! —Anda e desanda, como um sarilho, E só benzer e mais benzer: «Nome do Padre, Nome do Filho... • E só casar e mais casar: •Espirito Santo, amen. Jesus... n Pois chegou Maio defurta-cores, Me\ de Maria cheio de lu\I E os corações que tracem amores São gtestài brancas como um altar Onde dà a lua : «Matas» de lua Cheias de luar!

Vede estas .maias. moças do povo, Olhaepara ei Ias! Vede se ha trancas ou colmo novo. De cores tão beilas, Tão amarei Ias!

Nunca tiveram heidos ou granjas Fructas tão lindas, assim em pinhas — Vede e revêde: lembram laranjas Pequenininhas, p'ra creancinhas. Ou cabacinhas de algum romeiro De sol enchidas ao meto dia. •. Vinho com cheiro üe embebedar!

Bebei vós de elle, tem alegria Moços e Moças, até fartar! Quê chegou Maio fazendo bodas Com bragaes de oiro por hi alem: Tanta riqueza—vede vós todas! — Ninguém a tem!

Oiro das giestas é o mais perfeito Fa^em-sejoias sem derretel-o: , Tal como nasce, põc-se no peito Mais no cabello ! — Lindo sem par! Que beilas croas para Prtncezas Elle fária !...A Que lindas crôas para reinar N'um rancho alegre de camponesas.

f empre em folia, empre a dansar,

Como essas vo^es que andam no ar Saudando Maio, me\ de Maria, Maio que cobre os campos de flores, Pombas e amores!

Uma curva de caminho agreste escunde subitamente o bando festivo ; esparsa no ar, como um reflexo da sua alegria e das suas giestas, fica uma claridade loira que amacia a payeagem. E por entre -a ultimas vozes da canção, que a distancia vae apagando, o canto de uma rapariga sobe. lento e lento, como elanguescido peto sol, na tran-quillidade do ar sem manclia

Oh Senhor-da-canna-verde Padrinho do meu amor. Vede a vossa canna verde Como hoje também dá flor I

Seccae, Senhora-das-Dores, Vossas lagrimas seccae-as ! Que a croa do vosso Filho Não tem espinhos, tem .maios. I

Maio! Dia 1 de Maio!—E o meu quarto já cheira A*alegria, a frescura, ás flores da giesteira Que o meu velho hortelão a rir, a rir como ellas, Certamente enramou em todas as janellas

* *

E em toda a casa, como estonteado de vinho, Só para me dizer: «Oh senhor Morgadinho! Não quer saber? —0 Maio, aquelle rapaz loiro, Veio noje do Brazil e encheu a casa de oiro 1» '

D. JOÃO DE CASTRO.

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1 SEXTA. S. Firmo, M. S. Fortunato, Presb. 2 SABBADO. (Jejum). S. Marcellino, M. 3 DOMINGO. (Paschoa do Espirito Santo). S.

Paula, V. M. 4 SEGUNDA. (1." oit.) S. Francisco Carac-

ciolo. 5 D TERÇA. (2." oit.) S. Marciano, M. 6 QUARTA. (Têmporas jej.) S. Norberto, B. 7 QUINTA. S. Roberto, Ab. 8 SEXTA. (Têmporas, jej.) S. Salustiano. 9 SABBADO. (Têmporas, jej) Os Ss. Primo e

Feliciano, Mm. O Melania. 10 DOMINGO. (1.°) SS. Trinãaãe. S. Margarida,

rainha da Escócia. 11 SEGUNDA. S. Barnabé, Ap. 12 TERÇA. (Jej., no Patriarchaão.) S. João de

S. Fagundo, A. 13 © QUARTA. (>}< no Patriarchaão). S. Antô

nio de Lisboa, F. 14 QUINTA. >J< Corpo de Deus. 15 SEXTA. S. Vito, M. 16 SABBADO. S. João Francisco Regis. 17 DOMINGO. (2.° depois ão Pentecostes). A B.

Thereza, rainha de Leão, portugueza. 18 SEGUNDA. OS SS. Marcos e Marcelliano,

Irs. Mm. 19 TERÇA. S Juliana de Falconeri, V. 20 (Ç QUARTA. S. Silverio, P. M. 21 QUINTA. (Jejum). S. Luiz Gonzaga. 22 SEXTA. >j< O SS. Coração de Jesus. 23 SABBADO. (Jejum). S. João Sacerdote. 24 DOMINGO. (3.°) Nascimento de S. João

Baptista. 25 SEGUNDA. S. Guilherme, Ab. 26 TERÇA. OS Ss. João e Paulo, Irs. Mm. 27 @ QUARTA. S. Ladislau, rei da Hungria. 28 QUINTA. (Jejum). S. Leão II, P. 29. SEXTA, tfr S. Pedro e S. Paulo, App. 30 SABBADO. Commemoração de S. Paulo,

Ap. S. Marcai, B.

5 6

7 8 9

10

11 12

13 14 15 16 17

18

19 20 21 22 23 24

.25 26 27 28 29 30

SEXTA. S. Firmo, M. SABBADO (Jejum). S. Marcellino, M. DOMINGO (Paschoa do Espirito Santo). S.

Paula, V. M. SEGUNDA (i.* oit.) S. Francisco Carac-

ciolo. Jj TERÇA (2* oit.) S. Marciano, M. QUARTA. (Têmporas, jej.) S. Norberto, B.

S. Paulo, V. M. QUINTA. S. Roberto, Ab. SEXTA. (Têmporas, jej) S. Salustiano. SABBADO (Têmporas, jej) Os Ss. Primo e

Feliciano, Mm.' DOMINGO (1.°) SS. Trinãaãe. S. Margari

da, rainha da Escócia. SEGUNDA. S. Barnabé, Ap. TERÇA.' S.João de S. Fagundo, A. S. Ono-

fre. O B. Guido, F. © QUARTA. S. Antônio de Lisboa, F. QUINTA. >J< Corpo de Deus. SEXTA. S. t i t o , M. SABBADO. S. João Francisco Regis. DOMINGO. (2.° depois ão Pentecostes). A.

Thereza, rainha de Leão, portugue SEGUNDA. Os Ss. Marcos e Marcelliari

Irs. Mirf (5[ TERÇA. S. Juliana de Falconeri, V. QUARTA. S. Silverio, P. M. QUINTA. S Luiz Gonzaga. SEXTA. O SS. Coração de Jesus. SABBADO. (Jejum). S. João Sacerdote. DOMINGO (3."). Nascimento de S. João •

Baptista. SEGUNDA. S. Guilherme, Ab. $§ TERÇA. Os Ss. João e Paulo, Irs, Mm. QUARTA. S. Ladislau, rei da Hungria. QUINTA. (Jejum). S. Leão II, P. \ SEXTA >J< S, Pedro e S. Paulo, App. i SABBADO. Commemoração de S. Paulo,;

A p . •

B

^ÍV/^cSr:

Caitcer (üe 22 de Junho a 21 de Julho). A S T R O L O G I A

pecepçâo — pissabor Os homem que nascem sob este signo são ríxosos, cliicaneiros, libertinos e andam sempre ao sabor dos seus cápncnos e das suas piian-

lasias que preferem ao trom critério. Sei ão alrãiçoados constantemente e nunca conseguirão fortuna. E os amigos despreza-los-lião, quan Jo na velhice e na penúria.

As mulheres serão muito bonilas e de tempefamêtilo ardente, activas, trabalhadeiras. curiosas, caprichosas e algum tanto emhnsteiras. Cazam a primeira vez cedo e tornam a cazar por volta dos trinta annos. Não terão muhos filhos. E a paz sírá na sua casa. Homens e mulheres deverão desconfiar dos falsos protectores.

A pedra que os protege é a Esmeralda — cuja virtude é guarda assanhada da castidade.

16

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Almanacli do Brasil-Portugal

Correios —PORTUGAL

Paizes

Portugal, Açores, Madeira, Hespanha, e Canárias

Europa, Rússia e Turquia asiáticas, Egypto, Pérsia, Estados Unidos da America, Terra Nova, Canadá, Alge-ria, Nova Escócia, Nova Brunswick, Tunis, Van-Couver

Santa Helena, Ascensão, Cabo, Austra-" lia, Victoria índia, China, Japão. Sião, Timor, Mé

xico, Venezuela, Honduras, Guatemala, Costa Rica, Colônias da Europa

Brazil, Republica Argentina, Bolívia, Chile, Paraguay. Peru, Urtiguay

Cabo Verde, Angola, Moçambique

O

25

05

130

130

130 50

n £ '

10

25

25

Jomae» — Pagam como impressos; e só para o reino, Açores, Madeira e Hespanha é que o porte é de 2 í/v réis por 50 grammas; as amostras pagam como impressos. Os maços com impressos não devem exceder o peso de 2 kilog. e os das amostras de 250 grammas.

Manuscriptos - Para o reino e ilhas pagam 25 réis até 250 grammas, e 5 réis por cada 50 grammas a mais.

Amostras — Para a Europa, Turquia e Rússia asiática 25 réis por 100 gram. e 15 réis por- cada 50 gram. a mais. O peso não deve exceder a 250 gram., porém para a Inglaterra, França e Bélgica podem ter 350 gram. 0 porte para as colônias d'estes paizes é o dobro.

Registo.—50 réis por cada carta ou mas-so, além d«porte. No caso de perda o correio paga y$000 réis. Sendo o seguro de valor declarado o prêmio é de 250 réis por 1008000 réis ou fracção.

Vales de correio nacionaes

O valor máximo dos vales nacionaes é fixado:

Para os vales de correio nacionaes: Em 30Ü$000 réis, quando houverem de ser

pagos pelo thesoureiro pagador do ministério da fazenda ou por qualquer dos thesou-reiros pagadores dos distrietos;

Em 2004000 réis quando houverem de ser pagos por qualquer recebedor de comarca ;

Em 100$000 réis quando houverem de ser pagos por qualquer recebedor de concelho.

Para os vales de correio ao portaãor e para os vales telegraphicos — em 100^000 réis, qualquer que seja a thesouraria ou recebedoria em que houverem de ser pagos ;

Segue,

Atelier de rendas da Ex.™» Sr.a D. Maria Augusta Bordallo Pinheiro

17

Page 26: Almanaque Brazil Portugal - 1900

SilLH©

Portugal $

3 4

DOMINGO (4°). S. Theodorico, Abbade. SEGUNDA. Visitação dé N. Senhora. S.

Mareia, M. TERÇA. S. Jacintho, M.-

QUARTA S. Izabel, rain. de Portugal, F. 5 QUINTA. S. Athanasio, M. 6 SEXTA. S. Domingas, V. M. 7 SABBADO. S. Pulcheria, V. 8 DOMINGO. (5O). N. Senhora do Patrocínio. 9 SEGUNDA. S. Cyrillo, B. M.

10 TERÇA. S Januário e seus Comp. Mm. 11 QUARTA. S. Sabino. 12 (5© QUINTA. S. João Gualberto, Ab. 13 SEXTA. S. Anacleto, P. M. J4 SABBADO. S. Boaventura,.B. F. 15 DOMINGO (6.°). Ô Anjo Custodio do Reino.

S. Camillo de Lellis. 16 SEGUNDA. Triumpho da S. Cruz. Nossa

Senhora do Monte do Carmo. 17 TERÇA. S. Aleixo. ' 18 QUARTA. S Marinha, V. M.

' 19 C QUINTA. AS Ss. Justa e Rufina, Mm. 20 SEXTA. S. Jeronymo Emiliano. 21 SABBADO. S. Praxedes, V. 22 DOMINGO (?."). S. Maria Magdalena. 23 SEGUNDA. S. Apollinario, B. M. 24 TERÇA.. S. Christina, V. M. 25 QUARTA. S, Thiago, Ap. 26 @ QUINTA. Os Ss. Symphronio, Olympio

e Theodúlo, Mm. 27 SEXTA. S Pantaleão, med. 28 SABBADO. S. Innooencio, P. 29 DOMINGO (8.°). SanfAnna, Mãe da Mãe

de Deus 30 SEGUNDA. S. Rufino, M 31 TERÇA S. Ignacio de Loyola.

Brasil

DOMINGO. (4.°) S. Theodorico, Ab. SEGUNDA. (>kno Are. da Bahia). Visitação,

de N. Senhora. 3 TERÇA. S. Jacintho, M. S. Heliodoro, B. 4 f) QUARTA. S. Izabel, rainha de Portu

gal. 5 QUINTA. S. Athanasio, M. 6 SEXTA. S. Domingas, V. M. 7 SABBADO. S. Pulcheria, V. 8 DOMINGO. (5.°) N. Senhora do Patrocínio.'

S. Procopio, M. 9 SEGUNDA. S. Cyrillo, R. M.

10 TERÇA S. Januário e seus Comp. Mm. 11 QUARTA. S. Sabino. Trasl. de S. Bento. 12 T QUINTA. S. João Gualberto, Ab. 13 S~EXTA.S. Anacleto, P. M.. 14 SABBADO. S. Boaventura, B. Cardeal. 15 DOMINGO. (6.°). O Anjo Custodio. 16 SEGUNDA. Triumpho da Santa Cruz. 17 TERÇA. Santo Aleixo. 18 QUARTA. S. Marinha. 19 <% QUINTA. AS SS. Justa e Rufina, Mm. 20 SEXTA. S. Jeronymo Emiliano. 21 SABBADO. S. Praxedes, V. 22 DOMINGO. (7.")'S. Maria Magdalena. 23 SEGUNDA. S. Apollinario, B. M. 24 TERÇA. S. Christina. V. M. 25 QUARTA. S. Thiago, À. S. Christovão, M. 26 # QUINTA. Os Ss. Symphronio, Olympio

e Theodúlo, Mm. 27 SEXTA. S. Pantaleão, med. 28 SABBADO. S. Innocencio, P. 29 DOMINGO. (8.°). SanfAnna, Mãe da Mãe

de Deus. 30 SEGUNDA. S. Rufino, M. 31 TERÇA. S. Ignacio de Loyola.

A S T R O L O G I A Leo (de 22 de julho a 21 de agosto). — Coragem. ,

O homem que nasce sob tal signo é franco, valente, corajoso, liberal, magnânimo e em geral orgulhoso. Terá uma bella alma, accessivel ás emoções da piedade e da compaixão, mas gosta de escarnecer, e de fazer ralar. Com bella presença agrada com facilidade ao bello'sexo e nao o ignora, lendo durante muito tempo procurado honras e gloria, verá por fim conseguidos os seus desejos. Correrá perigos: e receie por isso das armas de fogo. Os filhos que tiver farão a sua felicidade e consolo.

A mulher será ladina, de muito gênio, ousada, rancorosa e vingativa, mas bonita e^bella, amável e estimada. Casará prematuramente, terá poucos filhos, a não ser que a lua por occasiao do seu nascimento esteja em determinada posição relativa (aspecto trigono) com o » i . ,. o í,aOHOm»i|,0

A nedra nreciosa nue devem Dossuir os aue nascem n'este mez é o Subi vermelho que se assemelha a «ma g£ta de P

8a„gSe coalhado^"Tsua virtude consiste em acalmar accessos de cólera, conservar a saúde, e dissipar as tristezas do coração.

Page 27: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

No Senhor da Serra

Despezas de emissão pagas pelos tomadores :

a) Prêmio de 50 réis por cada 50000 réis ou fracção, até á importância de 1000000 réis.

D e m a i s de 100*8000 réis, até 1100000 réis, lsJSlOO réis. De mais de 1100000 réis até réis 1200000, 10200 réis. E assim successiva-mente, accrescentando 100 réis por cada 100000 réis ou fracção d'esta quantia

b) Sello de estampilha, relativo á importância da emissão;

c) A taxa de 300 réis além do prêmio e do sello, para os vales telegraphicos.

d) 5 réis por cada requisição.

CORREIOS — BRAZIL tabeliã * para franqueam.en.to de correspondência

TAXAS

Cartas.ordinárias, por 15 gr. ou fr. de 15 gr

Bilhetes postaes simples, por cada um.

Bilhetes postaes duplos, por cada um

Cartas-bilhete, por cada uma.. . Impressos, por 50 gr. ou fr. de

50 gr Jornaes e revistas, por 100 gr. ou

fr. de 100 gr Manuscriptos, por 50 gr. ou fr

de 50 gr Amostras, por 50 gr. ou fr. de

50 gr •• Encommendas, por 50 gr. ou fr.

de 50 gr Prêmio de registro, por objecto. Aviso de recepção, por objecto

registrado

Para o inlerio-; da republica

200

50

80 200

20

10

150

150

150 200

100

Para o estrangeiro

300

100

200 300

50

Taxa de

100

100 não se exprtle

400

200

* Conforme o Regulamento approvado por Decreto n.° 2:aS0 de 10 de fevereiro de 1896, alterado pela Lei n.° 489 de 15 de dezembro de 1897.

CARTAS.—Não ha limite de peso ou dimensões para esta classe de correspondência.

As cartas não franqueadas pagarão no destino o dobro do porte ou insufQciencia; as de procedência estrangeira pagarão 400 réis por 15 grammas ou fracção.

Nos actuaes bilhetes postaes e cartas-bi-Ihete as taxas serão completadas com sellos adhesivos.

A taxa mínima dos manuscriptos para o estrangeiro será de 250 réis, e das amostras de 150 réis.

REGISTRO COM VALOR. — Limite máximo 300*000 réis.

As cartas pagarão além do porte, registro e outra qualquer taxa a que estejam sujeitas, até 10*000—800 réis, e 150 réis por cada 5*000 ou fracção de 5*000 réis excedentes.

E' facultativo o porte das cartas e obrigatório o das outras correspondências.

AMOSTRAS.—• Peso máximo 250 grammas, dimensões 0m30X0m,20X0,1,,10. Em cylindro ou rolo — 0m,3ü de comprimento por 0,m15 de diâmetro.

IMPRESSOS.—Os maços de impressos, como os de manuscriptos, não podem exceder o peso de 2 kilogrammas, nem apresentar sobre nenhum dos lados, dimensão superior a 0n,,45. Em cylindro ou rolo poderão ter 0m,10 de diâmetro por 0m,75 dè comprimento.

JORNAES E REVISTAS. — Esta classe de correspondência está sujeita ás condições de expedição estabelecidas para os impressos, quando destinados ao exterior.

"VALES.—- OS tomadores de vales pagarão, além da taxa e registro:

Até 25*000, 400 réis; até 508000, 700 réis; até 100*000, 1*200 réis; até 150*000,1*750 réis; até 200*000, 2*250 réis; e 500 réis por 100*000 ou fracção excedentes de 200*000 rs.

E' obrigatório o registro de cartas remet-tendo vales.

19

Page 28: Almanaque Brazil Portugal - 1900

1 QUARTA. S. Pedro aã Vincula. 2 QUINTA. N. Senhora dos Anjos. 3 3) SEXTA Invenção de S. Estevão. Pro-

tomartyr. 4 SABBADO. S. Domingos. 5 DOMINGO. (9.°). N. Senhora das Neves. 6 SEGONDA. Transfiguração de Christo. S.

Thiago, Eremita. 7 TERÇA. S. Caetano. 8 QUARTA. S. Cyriaco e seus Comp. Mm. 9 QUINTA. S. Romão, M.

10 rg) SEXTA. S. Lourenço, M. 1.1 SABBADO. OS Ss. Tiburcio e Suzana, Mm. 12 DOMINGO (10°). N. Senhora da Boa Morte. 13 SEGUNDA.OS SS.HypolitoeGassi.ano,Mm. 14 TERÇA. (Jejum). S. Euzebio. 15 QUARTA. •£< Assumpção de N. Senhora. 16 QUINTA. S. Roque, F. 17 C SEXTA. S. Mamede, M. 18 SABBADO. S. Clara de Monte Falco, V 19 DOMINGO. (11.°). S. Joaquim, Pae de N.

Senhora. 20 SEGUNDA. S Bernardo, Ab. e Dr. da egr. 21 TERÇA. S. Joanna Franciscà, viuva. 22 QUARTA. S. Thimoteo, M. 23 QUINTA. S Filippe Benicio. 24 SEXTA. S. Bartholomeu, Ap. 25 <H SABBADO. S. Luiz, rei de França, F. 26 DOMINGO. (12r). O Sagrado Coração de

Maria. S. Zeferino, P. M. 27 SEGUNDA. S. José de Calazans. 28 TERÇA. S. Agostinho, B. e Dr. da egr. 29 QUARTA. Degolação de S. João Baptista.

S Sabina, M. 30 QUINTA. S. Rosa de Lima, V. D. 31 SEXTA. S. Raymundo Nonnato, Cardeal.

QUARTA. S. Pedro aã Vincula. QUINTA. N.. Senhora dos Anjos.

SEXTA. Invenção de S. Estevão., Pro-tomartyr.

SABBADO. S Domingos. DOMINGO. (9°) N. Senhora das Neves, pa

droeira da cidade de Parahiba do Norte.

6 SEGUNDA. Transfiguração de Christp. 7 TERÇA. S. Caetano. S. Alberto, C. 8 QUARTA. S. Cyriaco e seus Comp. Mm. 9 QUINTA. S. Romão, M.

10 ® SEXTA. S. Romão, M. 11 SABBADO. OS Ss. Tiburcio e Suzana, Mm. 12 DOMINGO. (10.°) N. Senhora da Boa Morte. 13 SEGUNDA. OS SS. Hypolito e Cassiano» Mm. 14 TERÇA. (Jejum). S. Euzebio. 15 QUARTA. >J< Assumpção de N. Senhora. 16 QUINTA. S. Roque. F. S. Jacintho, D. 17 (£ SEXTA. S. Mamede, M. 18 SABBADO. S. Clara de Monte Faleo, V. A, 19 DOMINGO (11.°) S. Joaquim, Pae de N. Se

nhora. 20 SEGUNDA. S. Bernardo, Ab. e dr. da egr. 21 TERÇA. S. Joanna Franciscà. viuva. 22 QUARTA. S. Thimotheo, M. 23 QUINTA. S. Filippe Benicio. 24 SEXTA. S. Bartholomeu, Ap. 25 ® SABBADO. S. Luiz. rei de França, F. 26 DOMINGO (12°) O Sagrado Coração de

Maria. 27 SEGUNDA. S. José* de Calazans. 28 TERÇA. S. Agostinho, B. 29 QUARTA. Degolação de S. João Raptista. 30 QUINTA. S. Rosa de Lima, V. 31 SEXTA. S. Raymundo Nonnato, Cardeal,

" * • «

â S T E O L O Ê I â Virgo (de 22 de agosto a 21 de setembro), — Puder. 0 homem será sincero, generoso, pndico, discrelo, cspirituoso, bcmiconforraado. e de bom coração.

Baseará honras, sobretudo no estado ecclesiastico. Mas porque desconheça a astucia e a velhacaria. será muitas vezes enganado e roubado. Terá cuidado nô trajar, mas sem excesso. Com fortuna relativa, consisti-Tão os seus haveres principalmente em bens immoveis de mais ou menos luxo, e que com o seu bom critério saberá augmentar. .

As mullieres muito avisadas, embusteiras, fingidas e pérfidas, serão também bonitas e impostoras, inconseqüentes e cubiçosas, sempre de. mau pensar, e mofando de toda a gente. Um bom aspecto do planeta Venus pôde comtudo attenüar tão maus presagios. Se o seu comportamento fòr algum tanto censurável com o primeiro marido, será correctissimo com o segundo. De coração pouco inclinado á bondade, apezar das suas maneiras aflectadamente meigas, com a edade tornar-se-lião melancholicas e más.

A.pedra-amulclo d'este signo é 0 ./aspe que desanuvia o espirito e preserva de moléstias contagiosas.,

20

Page 29: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

TELEGRAPHOS — P O R T U G A I , TAXAS DOS TEUGRANIMAS

Entre as estações do reino ORDINÁRIOS

Taxa fixa 50 réis — cada palavra 10 réis NOTICIOSOS E .SUISTJEJSANOS

Taxa fixa 25 réis—cada pala vi a 5 » URBANOS

Taxa fixa 20 réis — cada palavra 2 » W. II. — Para os despachos suburbanos é limitada

a 15 kilometros de Lisboa, 10 kilome'ros do Porto e 5 kilometros de qualquer outra cidade, a distancia das localidades para onde se podem expedir.

Para outros paizes e colônias porlvguezas

Preço por A PAHTIR DO CONTINENTE DO KB1NO palaVrã

t frs-açores 0,550 Ader 4 325 Allemenha 0.250 Algeria e Tunisia 0,320 Austrália 5,950 Atutria 0,365 Bahia 5,725 Baltimore 1,900 Bélgica 0,290 Benguella 12,085 Bissau 5,4'2."i Bolama 5,425 Bolivia 8,150 Bofton 1,70 Bulgária 0,45 Cabo da Boa Esperança 6,250 Canárias 0,775 Ceará 5,725 Ceylso 4,615 Chili 8,150 Dinamarca 0,370 Egypto 1.725 França (continental) 0.200 Gaba© 8,175 Gibraltar 0,210 Gran-Bretanha, Irlanda e ilhas da Mancha. 0,350

Preço por palavra

frs. Grécia . . . . 0 660

» (ilhas) 0,695 Hespanha 20 rs. Hungria 0,365 Itália -, 0 325 Japão 7,700 Loanda .' 10,425 Lourenço Marques ii,:-]i i0 Luxemburgo 0.290 Madeira 0,835 Malta « 0 420 Maranhão 5,725 Marrocos 0,325 Moçambique 6,300 Montenegro 0,410 Moseamedes 13,185 Natal 6,250 Noruesra 0,485 Nova Yoik 1,700 Paizes Baixos (Hollanda) 0.330 Pará 5,725 Pernambuco 4,475 Philadelphia 1,900 Pittsburg 1900 Príncipe s .",95 Republica Argentina 5,725 Rio de Janeiro 5,725 Rio Grande do Sul 5,725 Roumania 0,410 Rússia europea 0,605 Santos 5 725 Senegal 1,590 Servia 0,410 S. Thiago de Cabo Verde . . . . . . . . ' 4,600 S. Thomé 7.925 Suissa 0,290 Suécia 0.405 S. Vicente de Cabo Verde 3,870 Transwaal (i.450 Turquia europea O.U65 Uruguay 5.725 Zanzibar 0,250

O preço do franco é regulado porannuncios mandados publicar pela Repartição dos telegraphos.

Tuas lindas mãos me tomem O meu coração a arder; Ergue o amor ao ceu o homem E baixa á terra a mulher.

Põe no meu peito a tua mão Para que Deus me não mate Ai! bate-me o coração; Até o pobre me bate!

Guedes Ceixeira.

Page 30: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Portugal $

1 SABBAno. S. Egydio, Ab. ~L 2 3 DOMINGO (13.°). S. Estevão.jrei da Hun- &

gria. 3 SEGUNDA. S. Eufemia, V. M. 4, TEBÇA. S. Rosa de Viterbo, V. F. 5 QÜAETA. S. Antonino, M. A.j 6 QUINTA. S. Libania, V. 7 SEXTA. S. João, M. 8 SABBADO. Natividade de N. Senhora. S.

Regina, V. 9 @ DOMINGO. (U.°). O SS. Nome de Maria.

10 SEGUNDA. S. Nicolau Tolentino 11 TEBÇA. S. Theodoro, Penitente. 12 QUABTA. S. Anta, V. M. 13 QUINTA. S. Filippe, M. 14 SEXTA. Exaltação da S. Cruz. 15 f£ SABBADO. S. Domingos em Soriano. 16 DOMINGO. (15.°.) Festa das Dores de N

Senhora. 17 SEGUNDA. S. Pedro deArbués, M. 18 TEBÇA. S. José de Qupertino. 19 QUABTA. (Têmporas, jej.) S. Januário, B. M. 20^ QUINTA. S;. Eustachio é seus Comp. Mm. 21 SEXTA..(Têmporas, jej.) S. Màtheus, Ap. e

Evang. 22 SABBADO. (Têmporas, jej.) S. Maurício e

seus Companheiros. 23 | | DOMINGO (16°). S. Uno, P. M. 24 SEGUNDA. N. Senhora das Mercês. 25 TEBÇA. S. Firmino, B. M. 26 QUABTA. OS SS. Cypriano e Justina, Mm. 27 QUINTA. OS SS. Cosme e Damião, Mm;

28 SEXTA. S.Wençeslau, duque de Bòhemia. 29 SABBADO. S. Miguel Archanjo: 30 DOMINGO (17.'). S. Jeronymo, Dr. da egr.

Brasil

1 SABBADO. S. Egydio Ab. 2 3) DOMINGO. (13°) S. Estevão, rei da Hun

gria. 3 SEGUNDA. S. Eufemia, V. M. 4 TEBÇA. S. Rosa de Viterbo, V. F. 5 QUABTA. S. Antônio, M. A. 6 QUINTA. S. Libania, V. 7 SEXTA. S. João, M. 8 SABBADO. >J< Natividade de N. Se 9 (•© DOMINGO O SS. Nome de Maria"

10 SEGUNDA. S. Nicolau Tolentino. 11 TEBÇA. S. Theodora, Penitente. 12 QUABTA. S. Anta, V. M. 13 QUINTA. S. Filippe M. 14 SEXTA. Exaltação da Santa Cpüz. 15 C SABBADO. S. Domingos em Soriano. 16 DOMINGO (15°) Festa das Dores dé Nossl

Senhora. 17 SEGUNDA. S. Pedro de Arbués. !

18 TEBÇA. S. José de Cupertino, F. 19 QUABTA. (Têmporas jej.) S Januário, B. M. 20 QUINTA. S. Eustachio é seus Comp. 21 SEXTA. (Têmporas jej.) S. Matheus, Ap. -e

Evang. 22 SABBADO. (Têmporas, jej.) S. Maurício e

seus Companheiros, Mm. 23 © DOMINGO, (16°). S. I^ino, P. M. 24 SEGUNDA. N. Senhora das Mercês. 25 TEBÇA. S. Firmino, B. M. 26 QUABTA. OS SS. Cypriano e Justiná, Mm. 27 QUINTA. OS SS. Cosme e Damião, Mm.: 28 SEXTA. S. Wenceslau, duque de Bohem,J| 29 SABBADO. S. Miguel Archanjo. ™ 30 DOMINGO. (17.°). S. Jeronymo, Dr. da egr.

A S T R O L O G I A

Libra (Bálançaj (de 22 de setembro a 21 d'outubro).— Chieana-JProeesaos.

Os homens que nascem sob este signo pão rixosos, amigos da chicana e excessivos no prazer. Farão fortuna comhierciando e sobretudo no commercio d'exportacão. Em geral terão bello aspecto, maneiras dis-tinctas, talento oratório e boa reputação ; mas nada os impede de faltar á sua palavra se o interesse os obrigar a isso. Terão ricas heranças. E como sejam excessivamente prudentes nao correrão perigos. Cazar-se-hão mais d'uma vez e,terão poucos filhos que lhes darão grande prazer.

ks\mulheres< serão aíTaveis e muito amadas,, alegres, dotadas de maneiras encantadoras e em geral felizes. Gostam muito de flores; rodeal-as-hão muitos admiradores mas a sua grande susceptibilidade faz com que á miúdo mudem d'amísades. Cazar-se-hão dos 17 aos 23 annos.

A jóia que dá virtude aos que hascem sob este signo e o Diamante... que se embacia ao contacto de mãos traiçoeiras.

2 2

Page 31: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

Telegraphos — BRAZIL Ettação central

P r a ç a 1S d e N o v e m b r o

Telegrammas do interior, 70 réis por palavra, em distancia mínima determinada, e múltiplos de 70 na proporção do augmento da distancia.

O máximo numero de letras de cada palavra é 15; o excedente couta-se como outra palavra. Para a linguagem convencionada, o numero de-letras de cada palavra não pôde exceder a 10.

Conta-se como uma só palavra a indicação abreviada, e antes de endereço, de—Resposta paga (R. P.), Expresso pago (X. P.), etc/.

Os telegrammas com nota de urgente pagam o tri-da taxa. expedidor pôie suspender a expedição, descon-

je 200 réis para despezas de expedientes. Se r sido feita a expedição, pagará a taxa de um mma de 10 palavras, mandando suspender a

expedidor pôde pedir que o seu telegramma ransmittido a diversos pontos indicados, até ser ntrado o destinatário. Este pagará o excesso da e na falta o expedidor. permittido um mesmo telegramma a difierentes

iiuatarios. A taxa dos telegrammas múltiplos é nesma dos telegrammas ordinários, acrescida da

hantia de 200 réis por serie ou fracção de 10 palavras.

Os telegrammas dirigidos a localidades não servidas por telegraphos da União podem ser levados

; ao seu destino pelo Correio, por expresso ou por estafeta, escrevendo o expedidor a nota correspondente, que entra no calculo da taxa.

Os telegrammas para o Amazonas são transmit-tidos até o Pará por via terrestre, e d'ahi em deante pelo cabo sub-fluvial do Amazon Telegraph Company. O. expedidor pôde porém encaminhar o telegramma pelo correio, do Pará em deante.

PREÇOS

Os preços por palavra, a partir do Rio de Janeiro até ás difierentes localidades para onde ha expedição, comprehendidas nos Estados abaixo designados, s-ão os seguintes:

Alagoas 540; Amazonas (vid. a final); Bahia 350; Ceará 800; Espirito Santo 240; Goyaz 450; Maranhão 890; Matto Grosso 540; Minas Geraes 210; Pará 930; Parahyba 690; Paraná 350; Pernambuco 620; Piauhy 850; Rio de Janeiro 120; Rio Grande rio Sul 540; Rio Grande do Norte 750; Sergipe 450; S. Paulo 240; Amazonas (Alemquer 1930, Breves 1930, Cametá 1130, Chaves 1730, Gurupá 1330, Itacoatlára 2530, Macopá 1730. Manius 2930, Monte Alegre 1730, Mosqueiro 1130, Óbidos 2130, Parintins 2330, Pinheiro 1130, Santarém 1930, Soure 1130).

CONTAGEM DE PALAVRAS

Para a correspondência exterior, o máximo limite de uma palavra são dez lettras, as excedentes serão contadas como mais uma palavra (1).

Nos números escriptos em algarismos contam-se

(1) Art. XXII, n.° 2 da Convenção Internacional de Berlim.

tantas palavras quantos os grupos de três algarismos, contando-se os excedentes como mais uma palavra (1).

No mais vigoram as mesmas disposições da Convenção Internacional para o serviço interior.

(1) Art. xxn, n.° 7 da Convenção Internacional de Berlim.

tarifa dos preços por palavra a partir do Rio de Janoiro

NORTE

Washington aâílüO •WYork 389UU Poiuigal 38190 tlespaníia 387"U Fiança 385*0 Inglaterra 39400 Áustria 35700

Allemanha 38S10 Muiisia-Europea 38770 Bélgica . . . . . . . . . . i . . . . 3&f>2ü I tá l i a . . . . . . .- . . . 35270 Madeira , ;• 28860 Dakar(Via de S. Vicente).. 3899(1

1

SUL

Republica Argentina 8700 Republica Oriental 8600 1'araguay 18000 l'erú <8800

Chile 28100 Bolívia 48840 Venezuella! 78640 Columbia 78040

No caso ite uma inte"rupcâo no telegranho submarino ao norte tio Brasil, os telegrammas para a Europa e outros logares podem seguir p-las linhas do sul a encontrarem a via Galveston que os transmitia ao seu destino.

Scena da Cosa de Boneca

23

Page 32: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Portugal

1 3) SEGUNDA. Os Ss. Veríssimo Máxima e Julia, Irs. Mm. portuguezes.

2 TERÇA. OS Anjos da Guarda. 3 QUABTA. S. Cândido, M. 4 QUINTA. S. Francisco de Assis. 5 SEXTA. S. Plácido e seus Comp. Mm. 6 SABBADO. S. Bruno, fund. da Ord. da Car-

tuxa. 7 DOMINGO. (18°) 0 SS. Rosário de Nossa

Senhora. 8 @ SEGUNDA. S. Brigida, viuva. 9 TERÇA. S. Dionysio. B. de Paris,

lü QUARTA. S.Francisco de Borja,padroeiro do Reino e Conquistas, adv. contra os terremotos.

11 QUINTA. S. Firmino. 12 SEXTA. S. Cypriano, B. M. 13 SABBADO. S. Eduardo, rei de Inglaterra. 14 DOMINGO. (19°) N. Senhora dos Remédios. 15 t£ SEGUNDA. S. Thereza de Jesus, V. C. 16 TERÇA. S. Martiniano, M. A. 17 QUARTA. S. Hedwiges, viuva, duqueza de

Polônia. 18 QUINTA. S. Lucas Evang. 19 SEXTA. S. Pedro de Alcântara, F. 20 SABBADO. S. João Cancio, adv. contra as

febres. 21 DOMINGO. (20.°) S. Ursula e suas Comp.

Vv. Mm. 22 SEGUNDA. Dedicação da Real Basílica de

Matra. S. Maria Salomé. 23 # TERÇA. S. João de Capistrano, F. S. 24 QUARTA! S. Raphael Archanjo. 25 QUINTA OS SS. Chrispim e Chrispiniano,

Irs. Mm. 26 SEXTA. S. Evaristo, P. M. 27 SABBADO. OS Mm. de Évora. 28 DOMINGO. (21.°). S. Simào e S. Judas Thad-

deu. App. 29 SEGUNDA. Traslad. de S. Izabel, rainha de

Portugal. 30 TERÇA. S. Serapião, B. C. 31 J> QUARTA. (Jejum). S. Quintino. M.

9

-#H-;-#~

D SEGUNDA. OS Ss. Veríssimo, Máxima e Julia, Irs. Mm. portuguezes.

TERÇA. Os Anjos da Guarda. QUARTA. S. Cândido, M. QUINTA. S. Francisco de Assis. SEXTA. S. Plácido e seus Comp. Mm, SABBADO. S. Bruno. . DOMINGO. (18°). O SS. Rosário dq Nossa

benhora. ® SEGUNDA. S. Brigida, viuva, princesa

de Nericia. . TERÇA S. Dionysio, B. de Paris.

10 QUARTA. S. Francisco de Borja, padroelrci do Brazil.

11 QUINTA. S. Firmino, B. 12 SEXTA. S. Cypriano, B. M. 13 SABBADO. S. Eduardo, rei de Inglaterra:. • 14 DOMINGO. (19°). N. Sr.a dos Remédios. 15 <£ SEGUNDA. S. Thereza de Jesus, V. C. 16 TERÇA. S. Martiniano, M. A. 17 QUARTA S. Hedwiges, viuva, duqueza de

Polônia. 18 QUINTA. S. Lucas Evangelista. 19 SEXTA. S. Pedro de Alcântara, F., pa

droeiro principal do Brazil. SABBADO. S. João Cancio, adv contra as

febres. DOMINGO. (20.°). S. Ursula e suas Comp.

Vv. Mm. 22 SEGUNDA. Dedicação da Real Basílica de

Mafra. 23 © TERÇA. S. João de Capistrano, F. 24 QUARTA. S. Raphael Archanjo. 25 QUINTA Os Ss. Chrispim e Chrispiniano,

Irs. Mm. 26 SEXTA. S. Evaristo, P. M. 27 SABBADO. üs SS. Martyres de Évora. 28 DOMINGO (21°) S. Simão e S. Judas Thad-

deu. App. 29 SEGUNDA. Traslad. de S. Izabel, rainha-í

de Portugal. 30 TERÇA. S. Serapião, B. C. 31 3 QUARTA. (Jejum). S. Quintino, M.

20

21

Escorpião (de 22 de outubro e 20 de novembrol. — MALICIA-VELHACARIA. n c hnmPr,« dados á luz sob este signo serão ousados, temerários, cynicos mas saberão disfarçar os defeitos com apparencias

ama° is ifnTanam por goste> O moçJs, desconfias de taes seductoresl As suas ucçoes «lao sempre em contradtcção com as suas

promessas. dissimuladas, astuciosas, pérfidas, lindas e impostoras, inconseqüentes e çubiçosas. Terão sempre más M J « ? * A ? bom aípecto dò plane?a Venüs pode modificar taes tendências. Se com o primeiro mando a sua conducta náo é cor-

rdec?a: . * « £ ° ^ " F ^ * — «#o sobre o sangue

d e r r a l n í t T e t í ^ S 0 . ' j ± ? 3 í ^ . q " e X L T ? S r « i . de certa fôrma se transformar n o „ 0 de\ympathi°a. ^ ^

24

Page 33: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanaeh. do Brasil-Portugal

\smstm Theatro elo Pará

— dos E. li. da America do Norte, Th. Ottoni. 56; —do Equador, Hospício. 3 B; — da Franca, Gen. Gamara 55; — da Grã-Bretanha. t.° de Março;—da Grécia, José Bonifácio, 32 (Nictheroy); —da Guatemala. Primeiro dé Março. 55; — do Haity, Republica Dominicana, praça Tiradentes. 48; — da Hespanlía, Carmo, 59; — da Hollanda, Paizes Baixos, Gen. Câmara. 88; —da Itália. Alfândega, 83; —do México, S. José. 102; —do Paraguay, Primeiro de Março, 40; —do 1'erú, Rezende. 46, sobr. • — de Portugal, Gen. Câmara (Edifício da Bolsa) ;—da Republica Argentina, Alfândega, 2, 1.»; —de Roma, Santa Sé, convento do Carmo, largo da Lapa; — da Rússia. Primeiro de Março, 59. Teleph. 263; —da Suécia e Noruega, Gen. Câmara; — da Suissa, Gen. Câmara, 82; —do Uruguay, Republica Oriental, becco das Can-cellas, 2; —de Venezuela, Primeiro de Março, 91.

'•£$£>•

Consulados no Rio de Janeiro

Da Allemanlia, império. Rua do Carmo 38; —da Áustria-Hungria, Gen. Câmara, 43; —da Bélgica, Gen. Câmara, 5; —da Bolívia, 1.» de Março, 40; — do Chile. l.° de Março, 31; —da Columbia, Al fandega, 122; —da Dinamarca, Gen. Câmara, 88;

COHSÜIABQ 00 6MSIL EM LISBOA RUA DO ALECRIM, i6, 1."

Cônsul geral, João Vieira da Silva; Vice-cônsul. Augusto Sarmento P. Brandão- Chanceller, Dario Freire; Auxiliares: Joaquim Cíiçton, Rua Direita de Pedrouços; Domingos d'01iveira Gaia, Rua Castilho. 34; é Américo dos Santos, Rua Rosa Araújo, 31, 2.", D.

T H B A T R C S D A C A P I T A I , ( R i o d e J a n e i r o ) Âpollo (Thealro).— Situado á rua Lavradio, 50 e

construído pelo actor Guilherme da Silveira. Tem uma ordem de camarotes, tribuna nobre, camarote da policia e conservatório, logar para quatro cenlas cadeiras na platéia e uma vasta galeria.

Thealro Éden Laoradio.—Ma. do Lavradio, 96. E' theatro campestre., construído pelo engenheiro Francisco Justin, e em que trabalham companhias eqüestres e gymnasticas. servindo também para re-

Íiresentações lyricas, dramáticas e bailes; compor-a 2:500 pessoas, e está siluado em um grande jar

dim, servindo de recreação durante osentre-actos. Eldorado (Theatro Campestre). —Funccwnaí no

becco do Império esquina da rua Santa Thereza. Tem Restaurant no interior do jardim.

Engenho de Dentro (Thealro do). — Pertence a uma Sociedade Dramática Recreativa do Engenho de Dentro. Ofíicinas.

Gávea (Thealro da). — Rua da Boa Vista, 39, Jardim Botânico. Pertence a uma sociedade particular de amadores, dá mensalmente uma representação dramática.

Lucinda (Theatro). -— Na rua Luiz Gama. 24. fundado pelo aclor Furtado Coelho. E' campestre, c

tem 13 camarotes. 306 cadeiras, 96 logares nas galerias nobres e 200 logares nas galerias geraes. Preços: camarotes I5-S000, cadeiras de 1.» classe 3-S000, de 2.» classe 2£000, galeria geral e entrada geral W 0 0 .

Lyrico (antigo Thealro D. Pedro II). — Na rua 13 de Maiu. Teleph. 88, proprietário Bartholomeu Corrêa da Silva. A sala comporta 2:000 espectadores inclusive a orchestra. Tem duas tribunas nobres, 42 camarotes de t.a ordem, 42 de 2.» e uma galeria na 3 a ordem com 500 logares. A platéia divide-se em 426 cadeiras de 1." classe e 380 de 2.J. Entre os camarotes de 1.» ordem e a platéia ha uma varanda com 220 cadeiras.

Phenix Dramática (Thealro). —Ms. Ajuda 59. E' campestre e tem 12 camarotes, 300 cadeiras. 62 galerias nobres e 500 logares nas galerias geraes. Preços: Camarotes 12$000, cadeiras e galerias nobres 2#000, galeria geral ou entrada geral W00.

Recreio Dramático (Thealro). — Rua Luiz Gama. 45. Teleph. 634. Companhia Dramática empreza do artista Dias Braga.

5. Pedro de Alcântara (Thealro). — Praça Tira- 4 dentes, Teleph. 230. Têm uma tribuna nobre, 30

(segue)

25

Page 34: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Portugal

1 QUINTA. >$< Festa de Todos os Santos. 2 SEXTA. Commemoração dos Fieis Defun-

ctos. S. Victorino, M. 3 SABBADO: S.Malaquias, B. Primaz da Ir

landa. 4 DOMINGO (22.°). S. Carlos Borromeu. Ar

ceb. Cardeal. f> SEGUNDA. S. Zacharias e S. Izabel, pães

de S. João Baptista-. 6 ® TERÇA. S. Severo, B. M. 7 QUARTA. S. Florencio, B. 8 QUINTA. S. Severiano e seus Comp. Mm. 9 SEXTA. Ded. da Basílica do Salvador. S.

Theodoro, M. 10 SABBADO. (Jejum, excepto nos Bisp. de Coim

bra e Aveiro e no Prior, do Grato). S. André Avelino.

11 DOMINGO. (23.°). 0 Patrocínio de Nossa Senhora, S.. Martinho, B.

12 SEGUNDA. S. Martinho^ P. M. 13 CJC TERÇA. S. Eugênio, B. de Toledo. 14 QUARTA. Traslad. de S. Paulo, l.« Erem. 15 QUINTA. Dedicação da Real Basílica do

SS. Coração de Jesus. 16 SEXTA. O B. Gonçalo de Lagos, A. 17 SABBADO! S. Gregorio Thaumaturgo, B. 18 jDoMiNGO (6." que ficou depois ãosBeis). De

dicação da Basílica dos Ss. App. 19 SEGUNDA. S. Izabel, rainha de Hungria, F. 20 TERÇA. S. Felix de Valois, fund. dos Tri-

nqs. 21 QUARTA. Apresentação de N. Senhora. 22 # QUINTA. S. Cecília, V. M. 23 SEXTA. S. Clemente, P. M. 24 SABBADO. S. João da Cruz, C. 25 DoiiiNQO. (24.° e ultimo ãèpois ão Espirito

Santo). S. Catharina, V. M. 26 SEGUNDA: S. Pedro Alexandrino, B. M. 27 TERÇA. S. Margarida de Saboya, viuva, D. 28 QUARTA. S. Gregorio III, P. S. 29 t QUINTA. S. Saturnino, M. 30 SEXTA. S. André, Ap.

1 QUINTA. >J< Festa de todos os Santos. 2 SEXTA. Commemoração dos Fieis Defun-

ctos. ^ 3 SABBADO. S. Màlaquias,'B. Primastffc' Ir-

' landa. 4 DOMINGO. ('i2.°). S. Carlos Borromeu, Ar

ceb. Cardeal. 5 SEGUNDA. S. Zacharias e S. Izabel, pães

S. João Baptista. 6 © T E R Ç A . S.Severo, B. M. S. Leandro.'* 7 QUARTA. S. Florencio, B. 8 QUINTA. S. Severiano e seus Comp. Mm. 9 SEXTA. Ded. da Basílica do Salvador. •,

10 SABBADO. (Jejum). S. André Avellino. 11 DOMINGO. (23°). O Patrocínio de N. Se

nhora. 12 SEGUNDA. S. Martinho, P. M. 13 (£ TERÇA. S. Eugênio, B. de Toledo. 14 QUARTA. Traslad, de S. Paulo, 1.° Erem,

Os Ss. da Ord. do Carmo. 15 QUINTA. Dedicação da Real Basílica do

SS. Coração de Jesus. ' 16 SEXTA. 0 B. Gonçalo de Lagos, A. S. Va-

lerio, M. 17 SABBADO. S. Gregorio Thaumaturgo, B.i

A B. Salomea, V. F. 18 DOMINGO. (6.° que ficowãepois ãos Retlsjl

Dedicação da Basílica dos SS. App, 7 19 SEGUNDA. S. Izabel, rainha da Hungria, F. 20 TERÇA. S. Felix de Valois, fund. dos Tri-

nos. 21 QIJABTA. Apresentação de N. Senhora. 22 «&' QUINTA. S. Cecília, V. M. 23 SEXTA. S. Clemente, P. M. 24 SABBADO. S. João da Cruz, C. 25 DOMINGO. (24° e ultimo depois do Espirito

' Santo). 26 SEGUNDA. S Pedro Alexandrino, B. M. '• 27 T E R > . S. Margarida de Saboya, viuva, D--28 QUARTA. S. Gregorio III, P. 29 3> QUINTA. S. Saturnino, M. 30 SEXTA. S.André. Ap.

ASTROLOGIA

Sagittario (de 21 de Jiovembro a 20 de Dezembro). -VIAGENS, EXPLORAÇÕES, CONFIANÇA-

P ÁPT«"í««"a I a pedla-amtileto d'este signo, e também o Catbuúmlo.

26

Page 35: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

camarotes de 1.» classe. 27„de 2.» e 30 de 3.». 288 cadeiras de 1.» classe, 244 de 2.a, 28 galerias nobres e 400 logares nas galerias geraes.

SanfAnna (Thealro). — Na rua Luiz Gama. Teleph. 259, antigo Theatro Cassino, construído de novo. E campestre. iTèta uma tribuna nobre, 18 camarotes de 1.» classe e 4 de 2.» classe, 81 cadeiras numeradas, e 500 logares nas galerias. Preços : Camarotes de 1.» classe 15$000, de 2." classe

12-JS000, varandas e cadeiras numeradas 2*5000, galerias ou entrada geral 1£000.

Tlialma (Thealro). — Rua Propósito, 12, pertence a uma sociedade particular.

Todos-os-Santos (Thealro de). — Rua Imperial em Todos os-Santos. Propriedade defuma associação particular para o recreio das famílias da freguezia.

Variedades Dramáticas (Thealro). — Na praça de Tiradenles. antigo «Príncipe Imperial.»

THEATROS DE LISBOA (TABELLA DE PREÇOS)

DESIGNAÇÃO DOS LUGARES St Í.Ü -gtc

Frizas

m i 1.* ordem $ \ |j ; 2.» ordem

° ' 3.a ordem

Balcão » reservado

Cadeiras Fauteuils

» d'orchestra Galerias Geral

» reservada Platéa geral Superior i... Torrinhas Varandas .

15$000

18$000

9$000

7$000

$700

4$500 4$onO 3$aoo 4$000

3$000

1$500

3$500 3$000 5$000 4$000 3$000 2$800 2*500

3*000 2$500 3$500 3$000 2$500

1$000

$800 $600

4$500 $400

$300

$600

$150

1$800

1$000

$700

$500 $600

$250

2$500 2$000 4$000 3$500 3$000 2$500 2$000

1$000

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1$800 1$500 1$200

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Nascimentos e occasos do Sol (Lisboa)

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TEMPO MÉDIO

Nascimento

7 h. 17 7 13 m.

h. ii).

6 h. 5 5 m. 6 h. ü m . 6 h. 34 m.

6 h. 2 3 m. 6 h. l i . 5 li. 58 m.

5 h. 44 in. 5 li. 33 m.

5 li. 22 1B.

5 h. 12 m. 5 h. 1 m. 4 h. 5 3 m.

4 li. 46 m. 4 h. 4 3 m. 4 n. 41 m.

Occaso

4 h. 4 3 m. 4 h. 47 m. 4 h 54 m.

5 h. 5 m. 5 h. 15 ra. 5 h. 2t> m.

5 li. 37 m, 5 li. 5 m. 6 h. 12 m.

6 li 16 HI. 6 ti. 27 m. 6 h. S D m .

6 h. 4 8 m. 6 h. 59 m. 7 h. 7 m.

7 h. 14 m. 7 h. 17 ra. 7 h . 19 ui.

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1 II SI

TEMPO MEDIU

Nascimento

4 h . 4 3 m. 4 li. 4 6 m. 4 li. 53 m.

5 h. 1 m. 5 h. 12 m. 5 h. 22 m.

5 h. 35 m. 5 h. 4 6 m. 5 li. 5» m

6 h. 11 ro. 6 li. 23 m. 6 li. 35 m.

6 h. 4 7 ' m . ti li. 57 m-7 li. b ,m.

7 h. 14 m. 7 h. 17 m. 7 n. 19 m.

Occaso

7 li. 17 m. 7 li. 14 m. 7 li. 7 m.

6 h. 6 li. 48 m. 6 h. 38 ra.

6 h. 25 m. 6 li. 14 ra. 6 li. 1 m.

1.. 49 m. 5 li. 36 ro. 5 li. 25 m.

5 h. 18 m. 5 li. 3 m. 4 ti. 54 m.

4 li. 46 m. 4 h. 4 3 m 4 n. 41 m.

Nascimentos e occasos

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TEMPO

Nascimento

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5 44 5 47 5 5 3 5 55

5 59 6 1 6 5 6 9

6 11 6 12 11 16 6 2 0

O 7 22 fi 25 6 2tl U 3 3

6 36 6 38 6 0 42

MEDIU

Occaso

h. m. 6 49 6 511

6 49 6 47 -

6 44 li 41 6 35 6 31

6 25 6 19 6 10 6 O

5 54 5 5 0 5 41 5 34

5 3 0 .". 28 5 2 3 5 21

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(Rio de Janeiro)

TEMPO MÉDIO

Nascimento

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5 2 6 5 2 8 5 32 5 36

5 3 9 5 4 1 5 4 1 5 4 8

5 50 5 51 5 54 5 57

5 59 6 1 6 5 6 10

6 14 « 17 6 24 6 31

6 34 0 37 6 4 3

18 6 47

Page 36: Almanaque Brazil Portugal - 1900

1 SABBADO. S. Eloy, B. 2 DOMINGO. (1° ão Advento) .S. Bibiana, 3 SEGUNDA. S. Francisco Xavier. 4 TEBÇA. S. Barbara, V. M. 5 QUABTA. S. Geraldo, Arceb. de Braga. 6 ® QUINTA. S. Nicolau, B. 7 SEXTA. (Jejum em Braga e Elvas). S. Am-'• brosio, ti. e Dr. da egr.

8 SABBADO. >J< (Jejum). A Iramaculada Conceição de N. Senhora, Padroeira do Reino- e Conquistas.

9 DOMINGO (2° ão Advento). S. Leocàdia, V M.

10 SEGUNDA. Traslad. da Santa Casa doLo-reto. S. Melchiades, P. M.

11 TEBÇA. S. Damaso, P. portuguez. 12 QUABTA. S. Justino, M. 13 <I QUINTA. S. Luzia, V. M. 14 SEXTA. S. Agnello, Ab. 15 SABBADO. (Jejum). S. Euzebio, B. M. 16 DOMINGO. (3° do Advento). As Virgens de

África, Mm. Aa. 17 SEGUNDA. S. Bartholomeu de S. Gemi-

niano. 18 TEBÇA. N. Senhora do O'. 19 QUABTA. (Têmporas, jej.) S. Fausta, mãe

de S. Anastácia. S. Adjunto, Ab. 20 QUINTA. S. Domingos de Silos, Ab. 21 # SEXTA. (Têmporas, jej). S. Thomé, Ap. 22 SABBADO. (Têmporas, jej). S. Honorato, M. 23 DOMINGO (4.° do Advento). S. Servulo, adv.

contra a paralysia: 24 SEGUNDA (Jejum). S. Gregorio, M. 25 TEBÇA. >U Nascimento de Nosso Senhor

Jesus Christo. 26 QUÀETA. (l.a oit.) S. Estevão, Protomartyr-27 QUINTA (2.*- oit.) S. João, Ap. 28 SEXTA (3.a oit.) Os Ss. jnnocentes, Mm. 29 3) SABBADO. S. Thomaz, Are. de Cantua

ria, M. 30 DOMINGO. S. Sabino, B. M. 31 SEGUNDA. S. Silvestre, P.

SABBADO. S. Eloy, B. DOMINGO (1° ão Advento). S. Bibiana, V. M. SEGUNDA. S. Francisco Xavier.

4 TEBÇA. S. Barbara, V. M. 5 QUAUTA. S. Geraldo, Arceb. de Braga. 6 f® QUINTA. S'. Nicolau, B. 7 SEXTA. (Jejum). S. Ambrosio, B. e Dr. da

egr-8 SABBADO. Vj< (Jejum). A Immaculada Con

ceição de N. Senhora. 9 DOMINGO (2° do Advento). S. Leocàdia,;

V. M. 10 SEGÍUNDA. Traslad. da Santa Casa do Lo-

reto. S. Melchiades, P. M. 11 TERÇA. S. Damaso, P. portuguez. 12 QUABTA. S. Justino, M. 13 C QUINTA. S. Luzia, V. M. 14 SEXTA. (Jejum). S. Agnello, Ab. 15 SABBADO. (Jejum). S. Euzebio, B. M. 16 DOMINGO (3." ão Advento). As Virgens de

África, Mm. Aa. 17 SEGUNDA. S. Bartholomeu de S. Gemi-

niano. 18 TEBÇA. N. Senhora do 0'. 19 QUABTA. (Têmporas, jej.) S, Fausta, mãe

de S. Anastácia. 20 QUTNTA. S. Domingos de Silos, Ab. 21 ® SEXTA. (Têmporas,jej). S. Thomé, Ap 22 SABBADO. (Têmporas, jej.) S. Honorato, M. 23 DOMINGO (4° ão Aãvento). S. Servulo,-adv;

contra a paralysia. 24 SEGUNDA. (Jejum). S. Gregorio, M. 25 TERÇA. >{< Nascimento de N. Senhor Je

sus Christo. 26 QUABTA. (l.a oit.) S. Estevão, Protomartyr. 27 QUINTA. (2.- oit). S. João, Ap. e Evang$

lista. 28 1) SEXTA. (3.° oit). Os Ss. Innocentes, Mm. 29 SABBADO. S. Thomaz, Are. de Cantual

ria, M. 30 DOMINGO. S. Sabino, B. M. 31 SEGUNDA. S. Silvestre, P.

ASTROLOGIA Capricórnio (de 21 de dezembro a 21 de janeiro). —IRREFLEXÃO, EST0UVAMENT0 Os homens que nascem sob este signo attingirão grandes honras, mas correm sempre o perigo de mudanças rápidas de posiç»

ráo quasi todos ambiciosos, levianos, irasciveis, velhacos, rixosos. Tem extraordinária confiança em si. Serão amigos de trah serão quasi ihâr~màs terão más companhias; affectam uma falsa gravidade; sao amigos do prazer e de coração muito inconstante. Têm a cabeça pequena, o olhar fugaz, a testa inclinada, e os olhos fundos. .-!

As mulheres terão o corpo muito bem feito, e serão espertas, de excessiva timidez, algum tanto ousadas na adolescência e antes da maternidade; serão também muito intrigantes, e occupar-se-hao de política. Sao aumentasse bem que o dissimulem. Gostam de viagens e de tudo que seja novidade. Teráo belleza attrahente. Morrem muito velhas E o Onyx a pedra que dá felicidade aos que nascem sob e.te signo e a sua acçáo consiste em acalmar a angustia causada pelas difficuldades da respiração.

28

Page 37: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

$. u a } a «gata

Tu só-, pobre animal, beijas o triste! Tu que o rato devoras, e que os dentes Tens afiados fiara quanto existe! Caprichosa excepção ! Dize: que sentes?

Amas, pobre animal! e tens tu pena, Sim, pôde na tua alma entrar piedade? Se pôde entrar eu sei! Negar quem lia de Amor ao tigre, coração á liyena!

Tudo no mundo sente : o ódio é prêmio Dos condemnados só que esconde o inferno. Tudo no mundo sente : a mão do Eterno A tudo deu irmão, deu par, deu gêmeo.

A mim deu-me esta gata, a mim deu-me isto... Esta fera, que as unhas encolhendo Pelos hombros me trepa e vem, correndo, üeijar-me... Só. não vivo! amado, existo!

.IOÃO DE DEUS.

CABRA, 0 CARNEIRO E 0 CEVADO

Uma Tez Uma cabra, um carneiro e um cevado latn n'oina carroça todos três,

Caminho do mercado... Não iam passear, é manifesto;

Mas vamos nOs an resto. Ia o cevado n'uma gritaria,

Que a cabra e o carneiro NSo podendo na sua boa fé Acertar com » causa do beneiro,

Diziam lá comsigo: Que mania!

Cá este nosso amigo E companheiro

Por força gosta mais de andar a p é ! . . . O caso é

Que o cai roceiro Herde a cabeça, Vae como um louco, Saca um fitei ro E diz-lhe: — HortTcssa...

Passa a mais! Eu inferncíras taes

Não as aturo! Ouvir berrar ha tanto tempo c dnro! Pois o senhor não vê que esla nem chora!? Nem ao menos as lagrimas lhe saltam, Como é tão natural n'nma senhora!?

Guelas não lhe faltam, E de ferro;

O ponto é que ei Ia as abra; Mas è cabia . . .

Teve outra creação: Não dá um berro

Sem alguma razão! E julga que este cavalheiro é mudo?. . . É serio; t *m propósito, ó sizudo... As vezes berra que-estremece Indo,

Mas só quando é preciso; Tem jnizo. . .

Miolo! «Miolo, eiclama ooulro; nobre tolo! Elle snppõe que o levam a tosquia,

E por isso nem pia. Esla pensa também que vae, de carro,

Ao atarro, Vasar a tela; Pobre pateta!

Deixal-os! lá se avenham; Mas porcos não se ordenham!

Cevalos não se ordenham nem losnuiam! Demais sei eu o fim com qoe se criam...

De mais sei eu! Por isso brado ao céo!

Por isso choro a minha triste sorte! Por isso gritei, grito e gritarei, Do fundo da mirTalma até â morte:

Aqui dei rei! Aqui d el-rei!

Falava como um homem! Muita gente Não discorre com tanta discreçãu.

Infelizmente Quando o mal £ ' fatal,

A lamúria que vale! Que vale a prevenção!

Antes ser insensalq que prudente Um insensato, ao menos, menos sente ; Não vê um palmo adeanle do nariz ;

Vê o presente E está contente... E' maisfelií!

JOÃO DE DEUS-

•l»--

29

Page 38: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Companhias de Navegação PORTUGAL

« E m p r e g a IXa.clon.a.1» Ç.A.fTi.cs.') D e L i s t o a p a i a

í

524 1044 148 552

1600 77

612 56

156 80

180

Portos

S. Thomé

N. Redondo

Classes

1."

250650 680400 680400 850500

1140ÜOO 11400.0 1420500 1420500 1420500 1520ÒOO 1520000 1610500

2.»

1701OO 5103OÚ 510300 660500 850500 850500

1040500 104*500 1040500 1140OUO 1140000 1230500

3.*

80551 280500 280500 340200 3800 0 380000 420750 420750 420750 470500 4'705Ol) 52025')

Menores a té 2 annos — l ivres ; de 2 a 4 — 1 quar to de passagem; de 4 a 10 — meia passagem.

O passageiro qne quizer i r só n ' u m camarote pagará os outros beliches com desconto de 20 p . c.

Bagagem U r r e de cada passagei ro: 1." oti 2.* classe, meio met ro cúbico; 3." classe, u m

quar to de met ro cúbico.

Itinerário da carreira quinzenal para a costa occidental d'Africa

Lisboa, saída 6 de cada mez 23 de cada mez Madeira 8 — S. Viceule 12 — S. Thiago 13 a 14 29 a 30 Príncipe 23 — \ S. Tbomé - .. 24 a 2ti 8 a 10 do mez seguinte Cabinda .: 28 12 Santo Antônio do Zaire. — 13 Ambrizelte ... 29 — Ambriz .. , 30 tu >14 , Loanda - . . 1 a 3 do mez seguinte 15 a 1 7 NoTOKedmdo 4 18 Benguelta 6 ISO Mossamtfries - 7 21 a 23 B, dos Tigres 8 — Porto Alexandre . . . . 8 — Mossamedes 9 — Benoiiella 10 a 11 U a 25 Novo Redondo 12 26 Loanda 13 a 15 27 a 29 Ambriz 16 30 Amljrizíttle . . . . . 17 1 do terceiro mez Santo Antônio do Zaire. 18 — Tabinda . 19 2 S. Tbomé 21 a í 3 4 a 9 . Príncipe — 7 * " S. Thiago i a 2 do terceiro mez 16 S. Vicenie - 17 Madeira — 22 Lisboa, c h e g a d a . . . . 9 a 10 24

As demoras nos portos podem ser abreviadas mas nunca ; serão inferiores* a 6 horas conforme o con-tracto.

Mala Real P o r t u g u e s a

Praça do Município, 6 e 7.— LISBOA

Partidas de Lisboa-para o Brasil no principio de cada mez.

Os paquetes são 'Iluminados a luz electrica e teem todos os melhoramentos atê hoje introduzidos nos paquetes modernos.

Tabeliã de preços das passagens i

Destinos

Madeira Bahia i Rio de Janeiro Santos Anvers

1 a classe

27$000 135$000 150#000 160J000

2.» classe

97J000 1O5Í000 1151000

27J50ÓO

' Os preços de 3.& classe são estipulados nas tabellas es-peciaes fornecidas nas agencias da companhia.

Creanças a té 2 a n n o s — g r á t i s , sendo uma só por cada familia. '

De 2 a 6 annos, nas mesmas condições — um quarto' \ de preço. '

De 6 a 12 annos — metade .

Empresa Insulana de Eavegação -PKEÇOS DAS PASSAGENS

l.a cl. ,2.a Cl. 3.a cl. - convez De Lisboa » Maleira 253500 178000. . ,58000 - • » » a Santa Maria 3OSU0U 22800O 108000 68000' » » a S. Miguel .. 30&0O0 228,000 108000 68000 o ' - á Terceira ..- 318000 238000 108500 68000 » 9 a Graciosa 328000 248000 1111000 , 78000

' » » a S.Jorge 328000 -248000 118000 7S000 » » Fa ia lePico 328000 2480,00 118000 78000 » » a Flores e Corro .. : 348000 268000 138000 98000

N ã o se dão passagens no convez emquanto houver logares n à 3.* classe. Os menores até dois annos, — l iv re s ; de dois a qua t ro a n n o s — u m quar to de passa-. gem, de quat ro a dez annos — meia passagem. Os preços são de cada be l iche ; será concedido u m beliche a duas creanças que paguem meia passagem cada uma , e egualmente u m beliche pa ra quat ro que pag u e m u m quar to de passagem. O passageiro que quizer i r só n ' u m camarote pagará òs outros logares qtte oecupar com abat imento de 20 por cento. Bagagem l iv re de cada passageiro de 1.* ou 2." classe, meio met ro cúbico; de 3.* classe, u m quar to de metro cúbico.

En t r e Lisboa e Madeira h a bilhetes de ida e volta em 1." e 2." classe validos por 3 mezes, por 45|000 réis em 1." classe e 27#000 réis em 2."

Nota das escalas dos vapores e datas de sabida, conforme o contrato de 30 de novembro de 1893

Serviço que começou em 20 de janeiro de 1894

Para S. Miguel, Terceira, Graciosa (Santa Cruz),' S. Jorge (Calheta), Cães do Pico, Fayal e Flores: ' Em 5 de Janeiro, Março, Maio, Julho Setembro e Novembro. '

30

Page 39: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Para S. Miguel, Terceira, Graciosa (Santa Cruz), S. Jorge (Calheta), Lages do Pico, Fayal e Flores: — Em 5 de Fevereiro, Abril, Junho, Agosto, Outubro e Dezembro.

N. B. —Os vapores de 5 de Janeiro, 5 de Abril, 5 de Julho e 5 de Outubro farão mais a escala pela ilha do Corvo.

Para Madeira, Santa Maria, S. Miguel, Terceira, Graciosa (Praia), S. Jorge (Villas das Vellas), Cães do Pico e Fayal:—Em 20 de cada mez.

N. B. — Os vapores tocarão nos portos acima ditos tanto na ida como na volta. Agencia, Cães do Sodré, 84, 2.° — Germano Serrâo ^.rnaud.

Companhia de Navegação a Yapor do Pacifico Os paquetes d'esta Companhia eahem de Lisboa de

14 em 14 dias para o Brasil, Bio da Prata e Pacifico ás quartas-feiras, tocando mensalmente em Pernambuco e Bahia, e n'algumas viagens vão também directamente de Lisboa para Montevidéu.

Os paquetes da Companhia costumam gastar de:

Lisboa a Pernambuco » » Bahia

9 a 11 dias 11 » 13 »

Lisboa a Bio de Janeiro 12 a 14 dias » » Montevidéu 19 » 20 » » » Buenos-Ayres (com trasbordo) 18 > 22 »

Litboa a Punta Arenas 23 » 27 » » » Coronel ou Lota . . 28 » 32 > » Talcahuano 29 » 33 > » » Yalparaizo 30 » 34 »

Todas as passagens são pagas adiantadas em libras esterlinas ou moeda portuguesa ao cambio do dia.

Se o passageiro se não ntilisar do bilhete depois de o ter tomado, perde o direito a uma metade da passagem, ou poderá transferil-o para outro paquete posterior em breve praso.

Cães, pássaros, etc.

O frete de cada cão pertencente aos srs. passageiros, ê á razão de:

Para os portos do Brasil £ 10 » » * » Bio da Prata » 12 » » » » Pacifico » 15

(Sustento não incluído)

F r e ç o s d.e p a s s a g e n s

De Lisboa a

S. Vicente

Pernambuco

Bahia

Bio de Janeiro

Montevidéu e Buenos Ayres

Sandy-Point

Valparaico

Caldera

A rica, Mollendo e Callao

Camarotes exteriores, 1.* classe . » interiores, -> > •» exteriores, » * interiores, » » » exteriores, » » » interiores, » » exteriores, » » » interiores, » » » exteriores, » » » interiores, » > » exteriores, » » » interiores, • » » exteriores, - > • » interiores, » -» exteriores, » » » interiores, » -

1.' classe

Libras

13 20 19 22 20 25 22 30 24 45 36 60 48 60 48 65 53

2.* classe.

Libras

10 12 — 12

12

13

23 — 28 — 28 — 33 —

3." classe

Libras

5-0 0 8 -0 0

8- 0 0

8- 0-0 ,

8 100

13- 0-0

17- 0-0

18- 0 0

18- 0 0

Passagens de ida e volta

Dão-se bilhetes de ida e volta, intransmissiveis, e sô para passageiros de 1.* classe com o abatimento de 25 p. c. pagos adiantados e validos por espaço de um anno.

O passageiro que por motivo justificado não fizer uso da passagem de volta, dentro do praso d'um

anno receberá a differença que pagou para o bilhete de volta. Fora do praso d'um anno perderá todo o direito de reclamação. Quando o passageiro não tenha tomado o bilhete de ida e volta e deseje regressar da Europa para os portos do Brasil e Bio da Prata, ser-lhe-ha leito um abatimento de 20 p. c. sobre a passagem de volta, logo que o regresso não exceda a um anno.

i

J 31

Page 40: Almanaque Brazil Portugal - 1900

I'n]a-iiii|i!"

MALA REAL INGLEZA

Paquetes de Southampton com escala por Lisboa ás segunâas feiras alternaãas para o Brasil e Rio da Prata

Tabeliã das passagens de Lisboa incluindo mesa, vinho, cama, roupa e propinas a creados

Destinos

Las Palmas S. Vicente Pernambuco ou Maceió Bahia Bio de Janeiro Santos Montevidéu ou Buenos-Ayres

N.°3

£ 12.0.0 » 17.0.0 » 25.0.0 » 27.0.0 » 30.0.0 » 31.0.0 » 35.0.0

1 a classe

N.° 1

. 10.0.0 13.0.0 20.0.0 22.0.0 25.0.0 26.0.0 30.0.0

Camarote só em n.° 3

. com ' 2 beliches

- 18. 0.0 25.10.0 37.10.0 40.10 0 45. 0.0 46.10.0 52.10.0

Creados ou

creadas

6.13.4 8.13 4

13; 6.8 14.13.4 16.13.4 17. 6.8 20. 0.0

2.a classe

7.0.0 10.0.0 15.0.0 15.0.0 16.0.0 18.0.0 18.0.0

3.a classe

£ 4.0.0 » 6.0.0 '

rs. 291009

» 29$000 » 29#OO0 » 32J000'

I d a e volta—Dão-se bilhetes de ida e volta em 1." classe com abatimento de 25 por cento, validos, por um anno.—Volta—Aos passageiros de l ." classe que tendo vindo do Brasil nos vapores d'esta companhia, desejem regressar alli no período d 'um anno, concede-se a reducção de 20 por cento na passagem de vol ta .—Famíl ias—Compostas de pães, filhos e creados quando a importamia total rias passagens prefaça 4 passagens de adultos em l . a ou 2.* classe, obteem a deducção da sexta parte. Esta concessão não abrange as passagens de ida e volta.

Yiagens de. regresso

Destinos

Southampton ou Antuérpia . . •

1 * classe

N.°3

£ 4.0 0 » 10.0.0

N.oi'

£ 3.0 0 '» 8.0.0

Camarote só em n.° 3

coro 2 beliches

£ 6.0.0 » 15.0.0

Creados ou

creadas

£ 2.0.0 » -3.6 8

2.» classe

£ 2.0.0 » 5.0 0

3.* classe

£ 1.10.0 » 3. 0.0

• ila e volta—Dão-se bilhetes de ida e volta em 1.» classe com o abatimento de 25 porcento validos por 6 m e z e s . — O b s e r v a ç õ e s U e r a e i — A s creanças pagam na seguinte proporção:—^Sendo uma de 3 annos, gratis.—Sendo mais de uma e até 8 annos paga cada nma um Quarto de passjgèm.—Até 12 annos, meia passagem.—A designação acima entende-se para todas as classes.—Nenhum logar se considera tomalo sem estar pago e entrará na lista conforme a data do pagamento.—O passageiro qne não quizer seguir viagem depois de ter pago a passagem perderá metade da mesma.—Não se dá bilhete d'embarque sem a apresentação do passaporte na devida ordem.—Tanto o embarque como o desembarque dos passageiros é a custa d'elles, excepto os de 3.* classe.—O pagamento é feito em libras ou em moeda portugueza, ao cambio do dia.

Agentes em Lisboa: James, Emves & C.°—31, Bua dos Capellistas.

32

Page 41: Almanaque Brazil Portugal - 1900

**?**.„

Companhias de Navegação BRASIL

Companhia Nacional de Navegação a Vapor Agencia, rua da Saúde, 46

Linha do Sul.— Do Bio de Janeiro a Montevidéu, a 11 de cada mez, tocando em Santos, Paranaguá, Antonina, Santa Catharina, Bio Grande e Porto Alegre. — IArilia /intermediária. — Do Bio de Janeiro a Montevidéu, a 29 de cada mez, tocando em Santos, Cadanêa, Iguape, Paranaguá, Antonina, S. Francisco, Itajahy, Santa Catharina, Bio Grande e Porto Alegre.—Linha Costeira e Fluvial de Santa Catha-rma.—Do Desterro a Itajahy, Blumenau, S. Francisco e Joinville, nos dias 11, 20 e 30 de cada mez. —Linha Fluvial de Matto Grosso.—De Montevidéu até Cuyabá, a 10 de cada mez.

Companhia Brasileira de Navegação a Vapor Linha do norte

Escriptorio, rua do General Câmara, 10 As viagens são três mensalmente; as sahidas do

Bio de Janeiro nos dias 10, 20 e 30 de cada mez.— —Os vapores do dia 30 fazem escala na ida pelo porto da Victoria, capital da província do Espirito Santo, e na volta do norte, no dia 20.—Os preços das passagens são os seguintes:

Ré Convez Victoria 30*000 15JS000 Bahia 70$000 27$000 Maceió 85S000 27$000 Pernambuco 90$000 27$000 P a r a h y b a . . . . , 108$000 31Ç000 Natal 117$000 34$090 Ceará 144$000 36f000 Maranhão 180$000 40$000 Pará 20715000 49$000 Manáos 290|000 78$000

Dão-se bilhetes de ida e volta para todos os portos -do norte pelo tempo de um anno, com o abatimento •de 25 p. e.~

Para os portos de Parahyba, Natal, Ceará e Maranhão também se dão bilhetes de ida e volta por um anno, com o abatimento de 10 p. c.

Companhia de Navegação e Estrada de Ferro Espirito Santo a Caravellas

Escriptorio, rua 1.° de Março, 60

Esta companhia faz duas viagens mensaes do Bio de Janeiro a S. Matheus, na província do Espirito Santo; e Caravellas, no Estado da Bahia, servindo os seguintes portos: Itapemirim, Piúma, Benevente, Guarapary, Victoria e Santa Cruz.

Os paquetes sahem sempre do Bio de Janeiro cinco dias antes da lua nova ou cheia.

Pertence-lhe a Estrada de Ferro do Cachoeiro ao Alegre, da qual esta navegação é complemento.

Tem tamliím navegação a vapor para os portos do sul até Porto Alegre, e acceita frelamentos para qualquer porto do Brasil.

Becebe carga para todas as estações da Estrada de Ferro Bahia e Minas, com a qual tem trafego mutuo.

Companhia de Navegação Paulista Escriptorio, no trapiehe de sua propriedade

sita no beco do Cleto Linha de navegação entre o porto do Bio de Ja

neiro e o de Santos.no Estado de S. Paulo.—Vapores: America, Paulista, Santa Maria, S. José.— Sahidas do Bio de Janeiro, 5, 10, 15, 20, 25, 30 ou 31.—Sahidas de Sintos, 4, 9, 14,19, 24, 29.—A companhia recebe carga para todas as estações das estradas de ferro do Estado de S. Paulo, segundo as condições já annuncialas, e também emitte bilhetes de passagens até S. Paulo, aos preços seguintes:

1.* classe 25$000 2.* dita 14$000 1.* dita de ida e volta, com

praso de 30 dias 45J000 As creanças menores de três annos terão passagem

gratuita. Cada passageiro de 1.* classe tem direito na Estrada de Ferro até 50 kilos de bagagem.

Liverpool, Brasil and River Plate Mail Steamer

Agencia, rua 1° de Março, 82 O) vapores sahem de Liverpool todos os sabba-

dos para os portos do Bio da Prata em direi tu ra, e para os portos do Brasil, tocando em Lisboa e Lei lões .

Sahem de Londres por Antuérpia para o Bio da Prata, em direitura ou com escalas pelo Brasil cada semana; sahem de Liverpool e continente para os portos do Chile, Peru e Bio de Janeiro duas vezes -por mez.

Is partidas do Bio de Janeiro, na toma-viagem Ira a Europa, são annunciadas com antecedência. As partidas para New-York são em todos os sab-

bados e para New-Orléans uma vez por mez. Os vapores levam passageiros e cargas para os

porto-i acima e para os outros portos da Europa, sendo a carga baldeada no porto mais próximo do destino, íí custa da companhia.

A companhia fegura, contra o risco marítimo, carga e valores, mediante um prêmio módico.

PREÇOS DAS PASSAGENS 1 * cias. 2.' cias.

Para Buenos-Âyres £ 10. £ 4 » Montevideo £ 10 £ í » Santos 209000 10*000 * Bahia 700000 25JJ0OO

Lisboa 2300000 700000 Southampton ..: = . . . . £25 £ 9

> Havre » 25 » 9 » Antuérpia » 30 » 10 '/2 > Liverpool > 25 » 9 » New-York . 3 0 » 10 '/.

Um bilhete de ida e volta é valido por 12 mezes.

33

Page 42: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanack áo Brasil-Portugal

Société Génèrale de Transports Maritimes á vapeur de Marseille

Agencia, rua d'Alfândega, 34

Viagens rápidas entre a Europa e a America do Sul, em 20 dias. Serviço bi mensal. Sahida d'este porto: para a Europa, a 9 e a 24 de cada mez; para o Bio da Prata, a 4 e 20.

Estes vapores recebem carga e passageiros para S. Vicente, Barcelona, Marselha, Gênova, Nápoles, Montevidéu e Buenos-Ayres.

Pacific S team Navigat ion Company

Vapores entre Liverpool e Valparaizò, tocando em Lisboa, e fiordeos.—Agentes no Bio de Janeiro— Wilson Sons C.° Limited. — Praça das Marinhas, 2.—Estes vapores fazem duas viagens por mez; sendo as partidas do Bio de Janeiro para a Europa, como para o Pacifico, de 15 em 15 dias.

Os vapores na viagem para a Europa, além dos portos, do costume, tocarão alternativamente na Bania e Pernambuco.

Tendo a companhia camarotes reservados para a Europa, podem os .«rs., passageiros de 1." classe to-mal-os com antecipação da chegada dos vapores do Sul.

Servizio Postale Italiano

Navegação de Gênova a Buenos-Ayres

Agencia, rua d'A/fandega, 15 Fazem escala por Marselha e recebem carga e

passageiros.—Tem boas accommòdações para passageiros de 1.*, 2.a e 3.a classe, a preços reduzidos, para Marselha, Gênova e Nápoles. • - -'

Real Gompanhia dos Paquetes Inglezes de Southampton

Superintendente, G. Anderson Rua de S. Pedro, 1

As partidas dos vapores do Bio de Janeiro para a Europa, são ás segundas e quartas-feiras alternadas. Da Europa para o Bio de Janeiro ás terças e quintas-feiras, também alternadas.

Companhia de Navegação diária a vapor entre o Rio de Janeiro,

Porto da Piedade e ilha de Paquetá Para informações, a bordo do vapor no cães de

Marinhas.—O vapor parte do cães de Marinhas ás 3 horas da tarde em todos os dias úteis; nos dias ssntificados ou de festa nacional ás 10 horas da manhã. Do porto da Piedade parte todos os dias ás 6, e da Paquetá ás 7 horas da manhã;; aos domingos não ha viagens.

Preços para o porto da Piedade 2f 000 por passageiro calçado, e 1$000 -por descalços. Para Paquetá 1$000 por passageiro calçado e.500 por descalços.— Assignatura mensal e intransferível para Paquetá 30JS000. As cargas são pagas pela tabeliã em mão do mestre do vapor.

Compagnie des Messageries Maritimes Agencia, rua 1° de Março, 19, 1°

Linha de paquetes a vapor.'entre Bordéos e Buenos-Ayres.

Chargeurs Réunis, Sociedade Anonyma Companhia Jranceea de navegação a vapor

Serviço regular para o Brasil e Bio da Prata. — Agente no Bio de Janeiro, F. Mazon—Rua 1." de Março, 13-

Imposto do sello

ALGUMAS DISPOSIÇÕES MAIS USUAES

Decreto de 29 de julho de 1899 •

• PAPEIS SUJEITOS AO SELLO, A TINTA D'0LE0 ANTES DEESCRIPTOS OU AO DE ESTAMPILHA

0400

Passaporte nacional para fora do reino e das possessões ultramarinas, até 3 pessoas

Por cada pessoa a mais..'.. .1 ' Passaporte estrangeire, para fora do reino e pos

sessões ultramarinas. Referenda em passaporte estrangeiro, para fora

do reino e possessões ultramarinas Bilhetes de residência ou referenda, permittindo

residência a estrangeiros : Por três mezes Por seis mezes -. Por nove mezes Por um anno

Licença para leilão de moveis ou immo-veis em casa particular, em prédio a vender, ou em casa, loja, armazém de venda, ou qualquer logar publico, em Lisboa e Porto, valida por 5 dias

Licenças para cada leilão, nas .praças do commércio, de letras a risco marítimo.

Licenças para uso de armas em Lisboa e Porto, sendo para caça..,

Para defeza própria ou de propriedade.. As licenças mencionadas, relativas a

um anno, Doder-se-hão conceder por fracções trimestraes, sendo as taxas dos sellos proporcionaes ao tempo por que as mesmas licenças se passarem.

100»

Recibos ou seus duplicados entre particulares : De 10000 até 100000 réis. De 100000 alé 500000 réis De 500000 até 1000000 réis De 1000000 até 2500000 réis De 2500000 até 5000000 réis . „

Augmentando 50 rs. por cada 2500000 ou fracção

0010

0050 r 0200

0800 10000

100000

30000

O vapor Zaire

34

Page 43: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

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Page 44: Almanaque Brazil Portugal - 1900

36

Page 45: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

0 Jaizo do fínno (Dos Almanachs Populares)

'IRAR da relativa posição dos astros, deduzir de mysteriosa cabala... se o anno será ou não pingue em feijão frade. . é succintamente no que consiste o juizo do anno.

A principio a predicção deveria referir-se sisudamente ao anno metereologico. O almanach popular limitava-se a agoirar das couves, e o Borda d'agua era para o pequeno lavrador um conselheiro que lhe suspendia por vezes a mão no arrojar da semente á terra.

Mas eis que a Duvida e o Desdém, que lapidam Deuzes, e têm por especial mister esfarripar a grenha da Confiança, tropeçaram um dia num desses almanachs e babujaram-no com a sua peçonha sem antídoto. E logo. (isto foi ha muitos annos). nasceram poucas cebollas, onde o agricultor semeara muitas batatas todo confiado na previsão do seu Bandarra. O descalabro e o descrédito depreciaram, a seguir, os juízos do anno.. mas só pelo que respeita ás hortaliças.

Pois que, colhido hoje esse prognostico annual em taes repositórios raro será que não se encontre allusão, cheia de tino, á vida. á vida política, á vida donde se espreme o imposto como num la-gar se espreme azeite doce.

A galhofa do agoiro não consegue fazer esquecer o rancor do opprimido, e quando no almanach popular o advinho ousa avançar que o anno será farto em grão de bico.. . vae ajuntando que o não será menos em grão na aza. e que, pelo que respeita especialmente aos grãos de bico, os governos se encarregarão de estudar — por meio de varias commis-sões — a melhor maneira . de os comer todos com espinafres. E o caso é que, despida a idéa da imagem pictoresca, fica-nos tiritando uma verdade.

Também como dantes relatada a historia mythologica do planeta que rege o anno, se concluem as felicidades ou dissabores terrenos. Mas essas conclusões trazem sempre acerbo condimento. E senão vejam: Porque fosse o sol o planeta que superintendia no anno pretérito, previu um subtil astrologo . «.que uma epidemia se alastraria pela Terra», justificando o sábio a sua deducção. por ser o sol «amante da medeçiga».

Portanto, meus amigos. quem não contou com a Peste foi. porque não comprou o almanach!

E como desta arte quiçá renasça a fé numa astromancia nova, passemos a archivar os cálculos farcistas dos bandarras deste anno, sem mesmo lhe poupar as ingênuas illustrações. Lede. e crêde.

37

Page 46: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

0 ^eringador Reportorio critico, Jocoso e Prognostico

Diário para 1900

(35.° d a s u a publ icação)

ALUA, na opinião de alguns homens de sciencia e no conceito de quantos a ob- < servam a olho nú, exerce grande e po

derosa influencia sobre a Terra. E' ella que determina a subida e a descida das marés; é ella que influe no corte das madeiras, na tos-quia dos gados, na morte dos porcos, na pro-creação das gallinhas, na saúde dos homens e no regimen das mulheres; emfim, até nos malucos tem influencia, porque nos quartos de lua, ha por ahi maluqui-nho que nem o diabo o atura!

N'estas condições, a Lua é, por assim dizer, o regulador da humanidade; e todos nós mais ou menos estamos sujeitos á sua influencia nos annos em que outros planetas dominam, quanto mais n'este anno, em que a Lua' é senhora soberana e absoluta,- pois que é ella d'esta vez o planeta dominante.

Já se vê que tendo a Lua acção tão decisiva sobre todas as coisas e principalmente sobre os telhudos, e tanto que áquelles que teem aduella de menos se chama geralmente lunáticos, devemos esperar que durante o anno de 1900 a humanidade-faça mais tolices e disparates do que áquelles que fez no anno de 1899, e °iuc n^° f ° r a m poucos.

Os velhos cartapacios que encerram a sciencia de muitos séculos, ensinam-nos que n'este anno não haverá séçcas medonhas que obriguem o povo a andar em procissões de penitencia pedindo chuva, porque haverá abundância de águas. O inverno será temperado, a primavera fresca, o estio moderado e o outomno muito humidp. O trigo será pouco, mas em compensação, o milho, o centeio e a cevada serão em grande abundância. Vinho e azeite nem muito nem pouco. Haverá uma regular mediania.

O que, porém, os mesmos cartapacios nos indicam é que se manifestarão grandes doenças nos animaes, nos gados principalmente, e tantas que chegarão a causar espanto.

Os homens e as mulheres também soffrerão gravíssimas enfermidades, as mulheres principalmente padecerão do mal da madre. Haverá pouca seda e pouquíssimo mel, porque morrerão muitos bichos de seda e muitas abelhas.

Nas altas regiões políticas, também haverá—as predicções não mentem—graves perturbações de funestas conseqüências.

Finalmente, a Lua não influenciará muito beneficamente o nosso planeta; mas acima da Lua, do Sol e das predicções da sciencia está a suprema vontade de quem tudo creou, tudo dispõe e tudo manda; e por isso

Deus super omnia.

38

Page 47: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

Almanach do astrologo Saragoçano

0 melhor prognosticador do tempo, das doenças nas pessoas e nos gados, e das colheitas

Portugal será assolado por uma grave epidemia de.. . saúde; mas o nosso paternal governo, para que os médicos, boticários e coveiros ganhem mais alguns vinténs, mandara injectar e pôr de quarentena todos os indivíduos que transitem de uma freguezia para a outra, para que áquelles que não flcam envenenados pelas injecções venham a morrer de fome !

Haverá falta de peixe em toda a costa de Portugal, porque os robaüos, gorazes, espadas, cações, etc, indignados com as immensas poucas vergonhas que se praticam n'essas praias, levarão as fêmeas das

suas espécies para o centro do Oceano, onde se não possam desmoralisar, vendo os mais reles pelintras Ungindo de abastados, ouvindo os estalidos dos beijos que as solteiras e casadas pespegam na cara dos garotos dançadores de valsas.

— Com respeito á agricultura, teremos abundância de grãos de toda a espécie, rructos de pomar, vinho e azeite, e falta de centeio, trigo e hortaliças; de gado bovino haverá falta, por serem grandes as vendas para o estrangeiro, mas haverá abundância de gado caprino*6 suíno e fartura de caça.

De que haverá excessiva abundância será de capitães, majores, coronéis, generaes, chefes de repartição e flscaes do governo, que continuarão a passar vida folgada e a comerem o rendimento de todos os impostos do Estado, deixando o povo depennado, e sem luz, sem água, sem estradas e sem escolas.

Almanach da Bruxa d'Arruda Contém esle almanach: Novo methodo de deitar cartas ou segredo infallivel de se saber o que se deseje. — Oráculo do café para se sa

ber o futuro. — Arte de adivinhar por meio da Bíblia. — Maneira de qualquer senhora se apresentar sempre virgem.—Maneira de enleiliçir alguém para obter casamento. — Mágica da ruão negra, para alcançar boas heranças. — Maneira de conhecer o gênio e intenções das pessoas. — Maneira de conseguir qtie dois namorados se odeiom e quebrem relações. —• Maneira de se conseguir amizade e saciiQcios. — Agulhas mágicas. — Maneira de saber quem é o pae de qualquer creança. — Maneira de encontrar the-souros escondidos. — Desenvolvido formulário de sinas. — Virtude do Alecrim ou remédios contra a peste, tristeza, chagas, venenos, catarro, achaques, gotta, hemonhoidas, intestinos, caspa e varias doenças dos olhos, uretra, madre, pernas e pés, etc.

Diz a Lua que o anno de 1900 será abundante de milho, cevada, centeio e legumes; que haverá falta de trigo e de azeitona.

O progresso que tanto se desenvolveu no século XIX estacionará, com tendências para o retrocesso. Este prognostico parece indicar que as viagens pelo caminho de ferro ainda serão mais morosas do que

sendo feitas em carros puxados a bois; que os omni-bus elevadores de S. Sebastião da Pedreira trabalharão apenas 10 minutos por semana; que o governo que já nos apanha todo o dinheiro que ganhamos com o visco das contribuições, restabelecera o direito feudal, para que os grandes senhores chamem seu ao que é nosso e disponham de nossas filhas e de nossos pescoços; que serão reorganisadas as legiões de frades e augmentado o quadro de officiaes do exercito, para ser maior o numero de inúteis, que vivam á custa dos que trabalham, etc, etc

Segundo o mesmo planeta, as creanças que nascerem em 1900 serão claras, louras, olhos azues, langui-das e choronas; as que venham ao mundo fora d'estas condições, são desobedientes aos seus desejos e por isso castigadas, quando crescidas, com calvices, cai-los, joanetes e maus casamentos.

A preguiça estenderá ainda mais o seu império; os operários preferirão apanhar 120 réis por meio de ca-

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Almanach do Brasil Portugal

lotes e de esmolas, do que ganhar 500 ou 600 réis por meio do trabalho, e dizendo-se explorados pelo capital, coligar-se-hão para explorar por meios violentos áquelles que conquistaram uns tostões com trabalho intelligente e com a abstenção de bebedeiras e de extravagâncias.

As mulheres pensarão em viver á custa dos homens, espreguiçando-se indo-lentemente.

As damas do tom atraiçoarão seus esposos em troca d'um leque, umas luvas, ou quando muito exigentes, em troca dum vestido da moda; as das classes baixas porão de parte os Maneis e os Jaquins da sua classe, para conquistarem bra-zileiros de contrabando e janotas, na idéa de ncão trabalharem e viverem á cusla do trabalho ou rendimento alheio.

Almanach do Pae Paulino Propheticcv Sstyrico e Burlesco

llluntra.ilo eotn mtignificas gravuvas

Quem, lá de cima, vê os destinos terrestres, quem deita os seus olhos misericordiosos sobre os infelizes mortaes, é nada mais, nada menos, do que a lua, essa lua que o po

bre Hylario dizia no seu sentido fado, era o novello com que Nossa Senhora fazia meia.. .

E que alé, ao que dizem, guarda varias surprezas ao" Zé Povo Embasbacado, surprezas agradáveis é claro, mas que por ora não são ainda do domínio publico.

Haverá emfim mil coisas boas; o que lhes não podemos afiançar é se haverá centenários, mas como a vida está para elles, é possível que tenham por ahi algum e até se não fosse atrevimento nós dávamos idéa para um. . .

" ^ - A ^ S V ^ ^ 5 2 5 ^ " " ^ ^

(Almanach do Borda d'Água T J t i l a o s l a v r a d o r e s , m a r í t i m o s e a r t i s t a s

( T i r a g e m 5 0 : 0 0 0 exempla r e s )

E' a Lua (â sombra da qual se pratica tanta pouca vergonha) o planeta que nos destinam para' mestre-sala da perpetua contradança em que nos encontramos.

E Deus queira que tu, Lua, nos ponhas termo aos pezares, seguindo â risca esse rol do sr. Justino Soares.

Faze pois que os namorados tenham sempre bons en-sejos de, nos lábios carminados, assentarem doces beijos-

O anrio pois promette ser um terrível descobridor de cousàs encobertas, já que estamos em maré de manifestações, e porá a calva á mostra a vários cavalheiros... que encobriam as suas máculas com o auxilio do chino a que chamam Política Deitará por terra alguns titulares

que não perderão o titulo que merecem, fará com que as companhias de' caminho de ferro deixem de ser ronceiras para caminharem em grande velocidade para a mina, bem como reduzirá os bancos á condição de tripeças e os naufrágios trarão a opulencia a varias viuvas que exultarão de contentamento por seus maridos terem sabido morrer a tempo e a horas.

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Almanach do Brasil-Portugal

O verdadeiro almanach de S. Cypriano

0 Grande! 0 Mágico! 0 Feiticeiro! 0 Diabólico! e o Phantasmagorico

O planeta Lua poasue o metal prata e por isso teremos varias descobertas de thesouros n'algumas cidades e villas do norte e leste.

Domina sobre os pecegos e oliveiras.

E' também aquático e por isso as águas salgadas por onde S. Cypriano sete vezes andou, terão este anno maior poder de feiticeria. E' feminino, proveito das solteiras que pretendam casar e das casadas que desejem ser adoradas pelos maridos porque terão o planeta dominador a proteger-lhès as tentativas de todas as sortes a que se dediquem.

O inverno prolongar se-ha além da primavera., esta entrará pelo estio, o estio será menos quente que o outomno e este tão frio como o mais rigoroso inverno.

Analysemos o dia da primeira lua de março e assim ganharemos plena certeza da colheita que teremos durante o anno que vae começar.

Assim pois se o dia estiver: 1.° —Ameno-— Teremos escassez de peixe

mas em compensação muita abundância de caça. Bom vinho, excellente colheita de cevada, trigo, batata, feijão, grão, azeite, grande abundância dtenxames, magníficas fructas, boas hortaliças e beilas pastagens.

2.° — Chuvoso — Grande abundância de pescaria, mediania de caça. Pouco vinho mas muito trigo, batata, arroz, azeite, grão etc, mediania de hortaliças, abundância de fructas, poucos enxames, algumas doenças no gado e magníficas pastagens.

3.°—Ventoso—Teremos grande abun-

ças. gens

dancia de fructa — razoável colheita d'hortaliça, carestia de trigo mas grande abundância de vinho, cevada, grão, azeite, feijão, batata, arroz, etc. magníficas'pastagens, algumas doenças no gado mas de pouca importância, bastante pescaria e escassez de caça.

4.° - Trovejaão — Teremos abundância de vinho, trigo e azeite, mediania de batata, grão, feijão e outros legumes. Muita fava e muita er-. vilha. Escassez de fructas e bortali-

Bons enxames e excellentes pasta-Grande quantidade de caça e mais

pescaria. 5.° — Calor—Teremos uma bella primavera

mas um estio insupportavel, abundância de legumes, fructas e hortaliças, mediania de azeite, mel e batata, boas e abundantes pastagens.

Regular caça e muita pescaria. O vinho será bom e em grande quantidade se um mau inverno não destruir as vinhas.

6.° — Nublado — Teremos além d'algumas doenças no gado, fracas pastagens e os enxames serão em pequena quantidade.

O vinho não será bom, e a batata muito bichosa.

Haverá porém grande abundância de trigo, milho, centeio, cevada, feijão, grão; muita fructa, muita hortaliça, excellente azeite, magníficas colheitas de fava e hervilha, boa caça e excellente pescaria.

Mas diz. o bom Cypriano e também Santa Apolonia que para reger este anno lá temos — Seus super omnia.

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Almanach do Brasil-Portugal

Almanach do Bom Fadista (21.° anno de publicação)

Nasce o anno á 2.a feira que é signal de bom agouro, teremos descida no ouro, o que pYó Zé, é melgueira, ninguém ficará p'r'a freira desde a iidalga á camponea. Doenças, nem, uma insomnia, quer no verão, queT no inverno, e vae ser bom o governo que rege este aimo a Parvonia

Si Não Correrá o anno muito doentio, a

não ser para os irnacioira.es onde haverá alguns prejuízos de importância.

li agora antes de terminar, umulitmo conselho que me bão de agradecer, porque a maior felicidade para urna mãe é que os seus filhos sejam bonitos para que todos In'o digam e os amimem. .

, Não casem fioís antes do. meiado creste anno, para que os filhos que tenham, que vir. não 'nasçam debaixo da influencia da Lua, que a esses, é que ella nega a sua protecção.

Assiiri, os que debaixo da suainfluen-cia nascem, têem os olhos somnolentos, e um maior do que o outro, signaes.no rosto, e o nariz rombo.

Alem d'isso são dorminhpcos, têem a miúdo enfermidades, e são inclinados a navegar o que é sempre desagradável para uma mãe.

Almanak cio lEPovo {11° aono ia sua yâkiiít)

JUÍZO DO ANNO Deve o anno de 1900 ser utn anno extraor

dinariamente feliz e relativamente prospero. Teremps, como de costume, um inverno, uma

primavera, úm estio e um outomno. D'estas quatro epocbas só a ultima será menos agradável, porque tudo faz prever um outomno muito humido, o que não é das melhores cousas para o bolor nem para o rheumatismo. Em compensação teremos um inverno tão temperado que ha-de parecer verão, üm estio muito moderado e uma primavera tão ires-quinha e agradável que todos farão preces para que ella dure o mais tempo possível-

Haverá grande abundância de grãos, ezcepto o trigo que não deve ser grande cousa; o azeite chegará muito bem

para o que é preciso e o vinho contentará todos os amadores pela abundaucia e qualidade.

Os homens, receiaijdo alguto.nQvo castigo pe-^ los seus peccados, como a peste bubônica ou ou

tra epidemia parecida, serão durante o anno de 1900 d'um juízo e cordurad'as-sombrar, no que serão imitados pelus senhoras que lhes não querem ficar atraz. Os governos estudarão o meio de acabarem com os impostos e restituirem mesmo aos contribuintes alguns tantos réis que lhe tenham tirado nos últimos annos ; e a Justiça, tirando a venda de que já está farta por tantos annos d'uso obrigatório, inaugurará uma nova e esplendida epocha em que nem um só justo deixará de ser premiado, nem um único criminoso ficará impune !

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Almanach do Brasil-Portugal

Orações do anpoi5

i

Ó puríssima e bella, — alva cecem, minha vida e meu bem;

ó puríssima e triste, — amor sereno, meu bem e meu veneno;

ó puríssima e doce, — brando olhar, meu veneno e meu ar;

ó puríssima e santa, — alma num beijo, meu ar e meu desejo:

ó puríssima deusa, fôrma o ceo do meu desejo e o teu!...

XVIII

Uma nuvem que fugia... levou as sombras comsigo; foi então que o sol amigo surgiu na noite sombria.

A nuvem — era a illusão, as sombras — um mar d'abrolhos-o sol — a luz dos teus olhos, a noite — o meu coração.

Üma chilena (Santiago-Valparaizo)

XI

Passei na tua rua. Quasi morta ia minha alma, — triste mocidade! e, n'essa hora fatal, á tua porta

eu deixei a Anciedade.

Quiz ver se a resgatava; esta viuvez opprimia de dôr meu coração; porém, passando alli mais uma vez,

eu deixei a Illusão.

Voltei ainda. O amor dos meus vinfannos obrigou-me a partir; mas, n'esse dia, vi rirem-se de mim os Desenganos,

e eu deixei a Alegria.

Hoje, se por desgraça, tenho a passar por esse chão funereo, sinto medo e horror, como quem passa,

de noite, um cemitério!...

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Almanach do Brasil-Portugal

EDA EÉQÜEIRÜZ

SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA

(EXCERPTO)

As Villaças costumavam ir aos sabbados a casa de um tabellião muito rico da rua dos Calafates: eram assembléas simples e pacatas, onde se cantavam motetès ao cravo, se glosavam motes ef havia jogos de prendas do tempo da senhora D. Maria I, e ás 9 horas a criada servia a órchata. Bem. Logo no primeiro sabbado, Macario, de casa«a azul, calçfisde^ãnga com presilhas de trama de metal, gravata de setim roxo, curvava-se diante da esposa do tabellião, a senhora D. Maria da Graça, pessoa secca e aguçada, com um vestido bordado a matiz, um nariz adunco, uma enorme Iuneta de tartaruga, e

pluma de marabout nos seus cabellos grisalhos. A um canto da sala já lá estava, entre um frou-frouàe vestidos enormes, a menina Villaça, a loira, vestida de branco, simples, fresca, com o seu ar de gravura colorida. A mãe Villaça, a soberba mulher pallida, cochichava com um desembargador de figura apopletica. O tabellião era homem letrado, latinista, e amigo das musas, escrevia n'um jornal de então a Alcofa das damas: porque era sobretudo galante, e elle mesmo se intitulava tfuma ode pittoresca, moço escudeiro de Venus, Assim as suas reuniões eram occu-padas pelas bellas-artes— e n'uma noite um

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Almanach do Brasil-Portugal

poeta do tempo devia vir lêr um poemeto intitulado Elmira ou a vingança do veneziano!. Começavam então a apparecer as primeiras audacias românticas. As revoluções da Grécia principiavam a attrahir os espíritos romanescos e saidos da mythologia para os paizes maravilhosos do oriente. Por toda a parte se fallava no pachá de Janina. E a poesia apossava-se vorazmente d'este mundo novo e virginal de minaretes, serralhos, sultanas côr de âmbar, piratas do archipe-lago, e salas rendilhadas, cheias do perfume do áloes onde pachás decrépitos acariciam leões. — De sorte que a curiosidade era grande — e quando o poeta appareceu com os cabellos compridos, o nariz adunco e fatal, o pescoço entalado na alta gola do seu frak á restauração e um canudo de lata na mão — o sr. Macario é que não teve sensação, porque lá estava todo absorvido, fallando com a menina Villaça, e dizia-lhe meigamente:

—- Entãof n'outro dia, gostou das casimi-ras?

— Muito, disse ella baixo. E desde esse momento envolveu-os um

destino nupcial. No entanto, na larga sala, a noite passa

va-se espiritualmente. Macario não poude dar todos os pormenores históricos e característicos d'aquella assembléa. Lembrava-se apenas que um corregedor de Leiria recitava o Maãrigal a Lyãia: lia-o de pé, com a luneta redonda applicada sobre o papel, a perna direita lançada para diante, a mão na abertura do collete branco de gola alta, e em redor o circulo das damas, recamadas de vestidos de ramagens, cobertas de plu-mas, as mangas estreit a s terminadas n'um fofo de rendas, mitenes de retroz preto cheios da scintillação dos an-neis. Tinham sorrisos ternos, cochichos, doces murmurações, risinhos, e um brando palpitar de leques recamados de lan-tejoulas. — Muito bonito, diziam, muito bonito! E o corregedor desviando a luneta, cumprimentava sorrindo, e via-se-lhe um dente podre.

Depois a preciosa D. Je-ronyma da Piedade e San-de, sentando-se com maneiras commovidas ao cravo, cantou com a sua voz roufenha a antiga ária de Sully

Oh Ricardo, oh meu rei, o mundo te abandona.

o que obrigou o terrível Gaudencio, democrata de 20 e admirador de Robespierre, a rosnar rancorosamente junto de Macario:

— Reis-viboras! Depois, o conego Savedra cantou uma mo

dinha de Pernambuco muito usada no tempo do senhor D. João VI: lindas moças, lindas moças — e a noite ia assim correndo, litteraria, pachorrenta, erudita, requintada e toda cheia de musas.

Oito dias depois, Macario era recebido em casa da Villaça, n'um domingo. A mãe con-vidára-o, dizendo-lhe: espero que o visinho honre aquella choupana. — E até o desembargador apopletico, que estava ao lado, exclamou : choupana! diga alcaçar! formosa dama! . Estavam, n'esta noite, o amigo do chapéu

de palha, um velho cavalleiro de Malta, tro-pego, estúpido e surdo, um beneficiado da sé,\ilíustre pela sua voz de tiple, e as manas Hilárias; a mais velha das quaes, tendo assistido, como aia de uma senhora da casa da Mina, á tourada de Salvateria, em que morreu o conde dos Arcos, nunca deixava de narrar os episódios pittorescos d'aquella tarde: a figura do conde dos Arcos de cara rapada e uma fita de setim escarlate no rabicho ; o soneto que um magro poeta parasita da casa de Vimioso, recitou quando o conde entrou, fazendo ladear o seu cavallo n°gro, arreado á hespanhola, com um chai-rel onde as suas armas estavam lavradas em prata r o tombo que n'esse momento um

Tourada de fidalgos

4 5

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Almanach do Brasil-Portugal

frade de S. Francisco deu da trincheira alta, e a hilariedade da corte, que até a sr.a con-dessa de Pavolide apertava as mãos nas ilhargas; depois el-rei o senhor D. José I, vestido de velludo escarlate, recamado de oiro, todo encostado ao rebordo do seu palanque, e fazendo girar entre dois dedos a sua caixa de rape cravejada, e por traz im-moveis, o physico Lourenço, e o frade, seu confessor: depois o rico aspecto da praça cheia de gente de Salvaterra, maioraes, mendigos dos arredores, frades, lacaios, e o grito que houve, quando D. José I entrou :—Viva el-rei, nosso senhor, e o povo ajoelhou, e el-rei tinha-se sentado, comendo doces, que um creado trouxe n!um sacco de velludo atraz d'elle: depois a morte do conde dos Arcos, os desmaios, e até el-rei todo debruçado, batendo com a mão no parapeito, gritava na confusão, e logo o capellão da casa de Arcos tinha corrido a buscar a extrema uncção: ella Hillaria, ficara aterrada de pavor, sentia os urros dos bois, gritos agudos de mulheres, os ganidos dos flatos, e vira então um velho, todo vestido de veludo pre

to, com a fina espada na mão, debater-se en tre fidalgos e damas que o seguravam, e que- f* rer atirar-se á praça, bradando de raiva. E o pae do conde : ella então desmaia nos braços de um padre da congregação. Quando , veiu a si, achou-se junto da praça; a herlinda real está á porta, com os postilhões emplu mados, os machos cheios de guisos e os ba tedores com pampilhos; ei rei já estava den tro, escondido no fundo, pallido, sorvendo febrilmente rape, todo encolhido com o con-, fessor; e defronte, com uma das mãos apoia-f da á alta bengalla, forte, espaduado, com o" aspecto carregado, o marquez de Pombal, fallando devagar e intimativamente, e gesticulando com a luneta: mas os batedores; j picaram, os estalos dos postilhões retiniram e a berlinda partiu ao galope, emquanto o povo gritava: Viva el-rei nosso senhor—e o sino da porta da capella do paço tocava a finados ! Era uma honra que el-rei concedia á casa dos Arcos.

(1873). EçA DE QUEIHOZ.

Tourada de fidalgos **K.

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Procissão do Corpo de Véus ao sahir da Sé

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Almanach do Brasil-Portugal 1 i gabinete portuguez de leitura no l io de Janeiro

CA pr i . rn .e i ra seta.}

O comparecimento dos principaes representantes de todas as classes á reunião installadora do Gabinete Portuguez de Leitura, verificou-se na casa n.° 20 da Rua direita' (hoje 1." de Março), residência do Dr. Antônio Coelho Louzada.

«Primeira sessão da Assembléa Geral dos aceionis-tas do Gabinete Portuguez de Leitura em o dia 19 de maio de 1837.

«Os accionistas do Gabinete Portuguez de'Leitura no Rio de Janeiro, reunidos, em numero de 43, na residência do accionista Antônio José Coelho Lou-zada, e estando presente o Encarregado de Negócios da Nação Por-tugueza, João Baptista Moreira, foi este senhor quem presidiu á As-semblêa, chamando p a r a 1." secretario F r a n c i sco Eduardo Alves Vianna e para segundo José Antônio de Seixas.

O primeiro . secretario pediu a palavra para expor o estado da Assoc iação , e sendo-lhe concedida, apresentou a lista geral dos accionistas, que sobem a 189, tendo subscre-vido por 404 acções, e em seguimento offereceu á Assembléa um projecto de Estatutos, por elle orga-nisado, e esta oflerta foi recebida com especial agrado.

«O mesmo Accionista fez a seguinte declaração : —Proponho que"na falta dé Estatutos se adópte já o seguinte artigo/do meu projecto f-— —O Conse-lho Administrativo da sociedade é nomeado em Assembléa Geral, e se compõe de sete membros: um Presidente, um' Vice-Presidente,' dois Secretários, um Thezoureiro e dois Agentes.

«Posta em discussão, os accionistas Louzada e Luiz José da Silva mandaram á meza a seguinte emenda:

«Proponho que fique' prorogada a presente meza provisória até á definitiva approvação dos Estatutos.»

E entrando a emenda e proposta em discussão, o Presidente, depois de sufficientemente discutida a matéria, poz a votos as seguintes questões: E' da approvação da Assembléa que fique prorogada a actual meza provisória? e a Assembléa Geral decidiu que não.

O Adámastor na Bahia — quadro a óleo

Interrogou o presidente mais: Deve proceder-se á nomeação de uma nova meza, composta de igual numero de membros? e a Assembléa decidiu que sim.

Em virtude d'esta deliberação, o presidente fez proceder á eleição, e a maioria de sufrágios recaiu para Presidente, no sr. José da Rocha Cabral; 1.° Secretario, Francisco Eduardo Alves Vianna, 2.« Secretario, José Maria do Amaral Vergueiro, os quaes tomaram os respectivos logares.

«O accionista Francisco Xavier Alves propoz que se nomeasse uma commissão de três membros, além do accionista auetor do projecto de Estatutos, para

o reverem e organisarem, e, posto a votos, foi appro-ya<ío, e pro-cedendo-se á eleição, reuniram o maior numero de votos o Dr. Cabral, Dr. João Joaquim Pestana, Dr. Almeida e Silva e Francisco Alves Vianna. , «O accionista Francisco Xavier Alvares própóz se agradecesse ao sr. Dr. Antônio José Coelho Louzada a urbanidade com que se tinha dignado tratar a todos

os accionistas presentes, franqueando-lhes a sua casa. O Presidente, como interprete dos sentimentos da Assembléa, significou áquelle senhor que os portuguezes alli reunidos se achavam penhorados pela civil e hospitaleira recepção que lhes havia feito o Ill.m» Sr.Dr. Antônio José Coelho Louzada.

«Não havendo mais cousa alguma a tratar, o presidente encerrou a sessão á 1 °"4 horas da tarde.

«Sala da sessão da Assembléa Geral dos accionis-, tas do Gabiüete Portuguez de JLeitura no Rio de Janeiro, aos 14 de maio de 1837.

«Assignado: José Marcellino da Rocha Cabral, Presidente —Francisco Eduardo Alves Vianna, secretario—Henrique do Carmo Edoló, secretario.»

VISCONDE DE FABO E OLIVEIRA..

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Almanach do Brasil-Portugal

D. Elisa de Andrade (Pernambuco)

ORIENTAES

Porque das serras nos espinhaços, quasi tocando no azul do ceu, ergueis ãs nuvens os longos braços, • arvores Velhas que o tempo ergueu?

Que desespero, que eterna lucta, quanta blasphemia n'essa attitude, o velhos deuses de barba hirsutal

FIDALGA

Negro chapéu de um apurado gosto, corpo enluvado num vestido claro, passa; e táo bella que passando é raro, que alguém não saia para ver-Ihe o rosto.

Entanto ao vel-a, em seu olhar deparo não sei que magoa, tão atroz desgosto, que sinto vir desse esplendor supposto todas as queixas de um destino avaro.

Outros talvez, nada percebam, nada talvez descubram n'essa requintada belleza nobre, aristocrata e calma;

e cegos, cegos de deslumbramento, não saibam mesmo como experimento esse pesar que lhe adivinho n'alma.

VELHAS âBYOBES Velhos gigantes de longos braços, arvores velhas que o tempo ergueu, porque voltai-vos p'ra os espaços n'essa impotência de Prometheu?

Recordo, ao ver-vos n'essa anciedade, faunos em plena decrepitude Chorando os louros da mocidade.

DOMINGOS MAGABINOS (Pernambuco).

. . :•-*£,..*•*-£ .T'irir' ••"•

Paizagem (quadro de D. Klisa d Andrade)

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Projecto de monumento funerário (de Teixeira Lopes)

a-HB-—«

NO OALVAEIO

FICAMOS commovidos, maravilhados deante de Jesus Christo que ia su

bindo o Calvário, em caminho da morte. Que assombrosa, que ungida pagina

de dôr! Teixeira Lopes contou-nos que aquella

inspiração sentida era, para o bom povo de Aveiro a quem elle era muito reconhecido, porque a, bella alma d'este artista tão grande e tão pura, como o seu talento, ê reconhecida a toda a gente.

Sobe o monte, ainda bem longe do logar do suppliçio.

Temos a visão clara e pungentissima da scena.

Ao chegar áquelle ponto já vinha quasi de rastos, a caminhar em joelhos, a res

piração curta, anceada, como a de um* animal perseguido. .

De repente'vemol-o abater-se no chão, ficar prostrado, o tronco soerguido, suspenso, nos dois braços, âs mãos espetadas na poeira, a cabeça levantada an-gustiosamente procurando o ar, a barba estendida para a frente, àbocca.aberta em arco, os olhos sabidos, a coroa ao lado, offegante; não pode mais. , Ensopada em suor e enodoada, a pobre túnica de grosseiro linho cahe-lhe dos hombros em saçco, deixando vêr o peito oppresso n'aquella intensa agonia em que os pulmões estalam e o coração quer rebentar. E ninguém tem piedade! A pesada cruz, que no instante

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Page 59: Almanaque Brazil Portugal - 1900

Almanach do Brasil-Portugal

afflictivo a mão largou do hombro, desceu, abateu-se-lhe em cheio sobre as costas. Não ha Cyreneo, não ha uma mão caridosa que lhe deitem; está sósinho no monte ermo, diante de nós, calado, arquejante, com os seus olhos de angustia nos nossos olhos, penetrando-nos de( compaixão e de espanto. E assim,' n'esta attitude, as pernas abatidas de lado na poeira, erguido sobre as mãos. que "me perdoe!—oh! mas a dôr eguala tudo. . os olhos dos animáes, no soffrimento, tornam-se humanos.

Não pôde mais! É tão grande, tão trágico o momento qüe o silencio é enorme, absoluto ; não ha gargalhadas nem obscenidadea pharisaicas, .-pragas de pretorianos, tropel dos algozes e do povo que o'acompanha ululando. Ninguém, nem uma arvore, só elle. Silencio e solidão no monte ermo; ouve-se o soluçar de uma. mulher. E o que é mais pungente, o que rnais dóe, é que o caminho é cada vez mais Íngreme, o sol aperta calcinando a terra, o logar do supplicio ainda está longe e Elle tem que se arrastar até lá!

Poderoso gênio de um artista cheio de profundidade e ao mesmo tempo tão

Maquette para uma estatua do Senhor dos Passos

ffífnpf

Teixeira Lopes

commovente e tão simples, tão grande, que com uma figurinha quasi informe assim consegue evocar, dar vida dentro em nós, a essa espantosa tragédia de bondade, de altruísmo, de soffrimento!

Depois as almas ingênuas dos bons homens de Aveiro vestir-lhe-hão uma túnica franjada a ouro, pol-o-hão em um deleitoso Calvário com açucenas e cravos, cera accesa continuamente a alu-mial-o, linda coroa de espinhos mas de prata, camisa de bretanha finíssima com punhos postiços como tem a imagem dos Passos na nossa igreja do Carmo.

Porque ingenuamente elles sentem a necessidade de, por uma forma qualquer, suavisarem aquella impressiva hora de martyrio de que, como homens filhos de Adão, fomos os causadores.

GUILHERME GAMA.

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Almanach do Brasil-Portugal

Receita para se morrer com 170 annos

Alguns hygienistas e physiologistas apontam para a macrobia isto: estatura meã, ser magro, conservar-se quasi imberbe até aos 25/ahnos, casar-se cedo, viver no campo, sustentar-se com alimentos simples, levantar e deitar com o sol u ser moderado nas affeições, crenças e enthusiasmos. E que se resida nas latitudes septentrio-naes.

0 PRIMEIRO ALMANACH Ha no British Museum um exemplar do primeirro alma

nach publicado. Data de 1500. O almanach celebra pois este anno o seu í.° centenário.

Uma bala que anda 6 léguas Por occasião do jubileu da rainha Victoria fizeram OS

artilheiros inglezes um tiro celebre que ficou denominado j . Jubilee fíound (a trajectoria do jubileu) e attingiu o alcance de 19.555 metros. , _

Nas mesmas condições conseguiram depois os allemaes 19.888 metros.

A artilharia franceza não ficou atraz das suas visinnas. Possue actualmente um canhão de 34 centímetros que, atirando com uma velocidade inicial de 900 metros por segundo, pode enviar o seu projectil a uma distancia de 22 kilometros. • .

Um canhão mais comprido, que não esta ainda ao serviço, poderá enviar, parece, a sua granada a 24:000 metros. Quando esta mesma velocidade for realisada com o calibre de 34, o alcance attingirá 30 kilometros, a distancia de Douvres a Calais.

-*-í-

Oiço-os dizer a miúdo Que saia, ,. ' . . ,

Que m« distraia-Mas respondam:

Não ha infâmia que os jornaes me escondam ; Eu com dez reis sei tudo

(Melhor talvez que se o tivesse visto!) Depois isto:

Poupo calçado, Poupo vestuário ;

E se eu já mesmo em casa fui roubado

Por um sicario, Na rua ando arriscado

Muito mais I Nada como os jornaes • Jornaes, casa e — apito Cá. sempre n'algibeira! De nóute, á cabeceira...

Que eu não me deito sem correr os cantos! Nem eu durmo, dormito...

Elles são tantos! JOÃO DE'DEUS.

1

Sr. Policia faz o obséquio de me dizer se os arredores de Lisboa são dentro ou fora de Lisboa? 52

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Almanach do Brasil-Portugal

Em toda a parte, até na China, as mulheres são excessivamente boas... quando nada ha que as obrigue a serem más.—MERY.

As mulheres lêem todas pelo mesmo breviario, mas são incapazes de se unirem para um mesmo fim. — M.me DE POMPADOÜR.

zes.

Um hespanhol: —Entrar n'uma jaula de leões! Que tem lá isso ?! Aqui estou eu que já lá entrei mais de dez ve-— E você não teve medo ? — Eu, medo ? 1 Começa porque de nenhuma das vezes lá havia leões. •.

- Nós vimos em linha recta dos Silvas, de Moncorvo, casa famosa. -Pois eu venho de casa d'um agiota... também em linha recta-. • mas não o encontrei.

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Almanach do Brasil-Portugal

Cesario Verde

Contrariedades

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;

Nem posso tolerar os livros mais bizarros.

Incrível! Já fumei três massos de .cigarros

Consecutivamente. .'.'"."

Doe-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:

Tanta depravaçiío nos usos, nos costumes!

Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes

E os ângulos agudos.'

Sentei-me á secretaria. AUi defronle mora *

Uma infeliz, sem peilò, os dois pulmões doenles;

Soffre de faltas d'ar, morreram-lhe os parentes

E engomnia para fora.

-Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!

Tão livida! O doutor deixou-a. Mortiftca.

Lidando sempre I E deve a conta á botica!

Mal ganha para sopas...

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;

Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,

Por causa d'um jornal me rejeitar, ha dias,

Um folhetim de versos.

Que mau humor! Rasguei uma epopéia morta

Np fundo da gaveta. O que produz o estudo ?

Mais d'uma redacção, das que elogiam tudo,

Me tem fechado a poria.

A-critica segundo o melhodo deTaine

Ignoram-^a. Juntei n'uma fogueira immensa

Muitíssimos papeis inéditos. A imprensa

Yale um desdém solemne.

Com raras excepções merece-me o epigramma.'

Deu meia noite; e em paz pela calçada abaixo,

Um sol-e-dó. Chovisca. O populacho

Diverte-se na lama.

Eu nunca dediquei poemas ás fortunas,

Mas sim, por deferencia a amigos ou a artistas.

Independente! Só por isso os jornalistas

Me negam as columnas.

Receiam que o assignante ingênuo os abandone,

Se forem publicar taes cousas, taes auetores.

Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores

Deliram por Zaccone. :

Um prosador qualquer desfrueta fama honrosa,

Obtém dinheiro, arranja a sua «coterie» ;

E a mim, não ha questão que mais me contrarie

Do que escrever em prosa.

A adulação repugna aos sentimentos flnos;

Eu raramente falo aos nossos lilleratos,

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Almanach do Brasil-Portugal

E apuro-me em lançar originaes e exaclos,

Os meus alexandrinos...

E a tisica ? Fechada, e com o ferro acceso !

Ignora que a aspbyxia a combustão das brazas,

Nao foge do estendal que lhe humedece as casas,

E fina-se ao desprezo!

Mantem-se a chá e pão! Antes entrar na cova.

Esvae-se; e todavia, à tarde, fracamente.

Oiço-a cantarolar uma canção plangenle

D'uma opereta nova!

Perfeitamente. Vou findar sem azedume,

Quem sabe se depois, eu rico e n'outros climas,

Conseguirei reler estas antigas rimas,

Impressas em volume ?

Nas tettras eu conheço um campo de manobras •

Emprega-se a reclame, a intriga, o annuncio a blague,

E esta poesia pede um editor que pague

Todas as minhas obras. . . / ' ' *

E, estou melhor ; passou-me a cólera. E a visinha ?

A pobre engommadeira ir-se-ha deitai* sem ceia ?

Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia.. .

Que mundo? Coitadinha!

CEZARIO VERDE,

DIE T-A-E-SIDIE

N'aquelle "pic-nic„ de burguezas, Houve uma cousa simplesmente bella,' E que, sem ter Historia nem grandezas, Em todo o caso dava uma aguarella.

Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão de bico Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima d'uns penhascos Nós acampámos, inda o sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo purpuro a sahir da renda Dos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda O ramalhete rubro das papoulas!

CEZARIO VERDE.

.1 Caridade' Estatua em mármore de Teixeira Lopes

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Almanac

O cruzador D. CARLOS O cruzador D. Carlos construído nos importantes estaleiros da conhecida casa Armstrong segundo a*

publicadas no Diário do Governo de 27 de junho de 1854, é um bello barco de 4:100 toneladas, construído pia revestida de madeira e cobre e dividido em compartimentos estanques.

O seu deslocamento em carga é de 4:3oo tonelladas e a immersão de seis metros no máximo. As machinas são de triplice expansão e verticaes, e as bielles, pistons e arvores motoras de aço Siem*

são de bronze-magnèsio e as caldeiras archi-tubulares. A sua-marcha, em mar calmo, é de 20 nós, com tiragem natural, e de 22 com tiragem forcada. Tem paioes para um aprovisionamento máximo de 950 tonelladas de carvão. A artilhería é de tiro rápido e compõe-se de 4 canhões de i5 centímetros, 8 canhões de 12 ncanhM

canhões de 3j millimetros, 4 metralhadoras e 5 tubos lança-torpedos, sendo três abaixo da linha'de fluctuâl mento de projecteis e cargas para i5o tiros por canhão de'i5 e 12 centímetros e de 3oo para cada umdos-w tegido de proa a popa por uma facha couraçada de aço doce de espessura variável entre 40 é 110 millimetrol

A casa do commando é protegida por placas de aço de 10 centímetros de espessura.

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asil-Portugal

ções do concurso, o, de querena du-

ilartin. As helices

47 millimetros, 6 Tem aprovisiona-; canhões. E' pro-

Os mastros são dois, de ferro, com dois reductos para canhões de 47, e pro-jectores electricos.

O governo do navio consta de uma machina especial a vapor para a manobra do leme, bombas a vapor e de braço para esgotamento em caso de ruptura, um transmissor d'ordens, um porta voz, um telematro systema Barr e Strond, apparelhos de distillação, machina electro-dynamica com caldeira independente, machina a vapor para o cabrestante, bomba de compressão de ar, e um motor auxiliar para serviço dos cinzeiros.

A illuminação é a luz electrica collocada de forma que não tem o menor contado com os compartimentos destinados á guarda da pólvora e projecteis.

Exteriormente possue quatro fortes projectores electricos assim como os apparelhos destinados aos signaes ;

Alem dos esealeres que lhe competem em harmonia com o numero da guar-nição possue mais duas chalupas a vapor com força suficiente para em mar calmo rebocarem todas as outras embarcações. Os alojamentos constam de uma câmara e beliche para o commandante,/«moi'r, duas salas de jantar, beliches para 14 of-ficiaes, salas de banho, retretes, enfermaria, escriptorio do çommissario, pharma— cia, officina do mestre artilheiro, cabine do mestre da eduipagem, câmara dos ofiiciaes inferiores com 12 dormitórios, câmara dos machipistas com 6 dormitórios, etc. I

As dispensas e tanques de água podem conter: gêneros para uma viagem de 40 dias, e água para 15 dias destinados a uma equipagem de 3oo homens.

O systema de arejamento é o mais aperfeiçoado que se conhece e dos últimos modelos adoptados pela marinha de guerra ingleza.

A força das machinas do «D. Carlos»

O apparelho motor do D, Caries compõe-se de duaí machinas de tríplice expansão da força máxima, nas experiências, de 12:000 cavallos indicados, sendo o vapor fornecido por 12 caldeiras Yarrow que trabalham á pressão máxima de 3oo libras por pollegada quadrada. Andou com esta força 22 */2 milhas por hora, durante algumas horas. Se taes experiências podessem durar muitos dias seguidos^ o navio só teria carvão para 3 diasvpõrque consumi-, ria em cada 24 horas mais de 3oo toneladas de carvão! A força das machinas, 12 mil cavallos indicados, é tal que pode levantar90o:ooo kilogrammas a 1 metro em um segundo ! Esta força applicáda a levantar o navio fal-o-hia subir 12 metros e meio em cada minuto. Se as caldeiras, aquecidas para produzir vapor á máxima potência arrehentassem, e se se podesse aproveitar a sua força em levantar o navio, este saltaria no i.° segundo a mais de 60 metros, e continuaria elevando-se.com a velocidade adquirida a mais de 240 metros ! Tal é a força das machinas do D. Carlos I!

! G. C.

Torre de Bélem

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Almanach do Brasil-Portugal

Ç E ^ P ^ S PO^.TUSUKZ^S A industria das rendas ê muito antiga em Portu

gal, e {oi nos conventos que ella obteve os seus mais primorosos e difficeis modelos.

No Museu d'Arte Ornamental de Lisboa existem fragmentos de rendas nacionaes que são verdadeiras maravilhas.

Em regra, todas essas rendas eram destinadas a paramentos do culto religioso, especialmente a toalhas dos altares.

Fora dos trabalhos conventuaes que se destinavam aos templos, aos paços regios, e ás casas da mais alta nobreza que h'esees conventos sempre possuiam uma freira sua parente,1 existia também o fabrico de

'rendas para a venda commercial. Em todo o norte do paiz sempre houve rendeiras,

tação methodica e illustrada, procurando os melhores modelos e specimens conhecidos para serem imitados, e creando outros da mais' apurada e delicada expressão, dos quaes pôde servir de exemplo a copia de renda de leque cuja gravura publicamos.

Por varias vezes se tem alvitrado a idéa de estabelecer essa industria n'um grande recolhimento para raparigas abandonadas, á imitação do que existe em Bruxellas, mas até hoje nem particular nem oficialmente se tem resolvido qualquer cousa a este respeito.

É bom seria que se resolvesse,, aproveitando-se a corrente de beneméritas e philántropicas instituições que nos últimos tempos se teein desenvolvido no paiz, especialmente em Lisboa. Assim como o asylo

Renda de leque"—Maria Augusfa Bordallo Pinheiro

mas foi Peniche a;terra que adquiriu maior e mais celebrada fama na factura d'èste artigo. Aa rendas de Peniche foram sempre muito apreciadas aqui e até no estrangeiro, existindo algumas que constituem verdadeiros .primores no ginero.

Durante muitos annos as rendas de Peniche conservaram o typo vulgar dos modelos primitivos não indo além das ápplicações mais triviaes. Eram feitas ao acaso, por tradição, pôde assim dizer-íe, entre as mulheres da terra, sem desenho, sem intuitos de aperfeiçoamento.

Foi ha poucos annos que se organisou a escola,, confiada superiormente ádirecção technica de D. Maria Augusta Bordallo Pinheiro, irmã do celebre ca-ricaturista Raphael Bordallo Pinheiro, e que possue aptidões artísticas do mais fino gosto, continuando assim a tradição d'aquella conhecida familia.

Esta senhora deu á industria rendeira uma orien-

de Santo Antônio tem dado os mais bellos e animadores resultados, de esperar seria que uma officina de rendeiras em larga escala desse brilhante compensação a todos os sacrifícios que se fizessem, para o instituir.

As rendas feitas na escola de D. Maria Augusta" Bordallo Pinheiro são muito procuradas e ainda ha pouco tempo estiveram expostos n'um estabelecimento do Chiado alguns modelos encantadores; d'uma perfeição, delicadeza, e acabamento inexcediveis.

Desenvolver esta primorosa industria, tão apreciada e cuidada na Bélgica e na França, onde as Valenciennes e Malines gozam de fama universal, seria um bom elemento de credito e expansão da industria nacional, tanto mais que, em varias localidades do paiz as mulheros do povo demonstram uma natural tendência para a factura d'este artigo.

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Almanach do Brasil Portugal

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Almanach do Brasil-Portugal

VALENTIM MAGALHÃES

larearola

Desce, de pedra em pedra, minha atnadn, Vem a mim, com cuidado, de vagar; , Da lua a hóstia de prata immaculada Sobe das ondas turbidas do Mar.

Assaias colhe, na areia fria, Pisa de lepe. Cuidado l Vem! , Ouve dás ondas a symphonià..'.', • ''• ; Toma-me ó braço, firma-te bem.

Juntos estamos/ vès ? N'çste rochedo Sentemo-nos agora, em frente ao Mar. Confia-lhe sem, pejo o teu segredo ; Que o meu segredo vou-Ihe confiar.

Rompendo as nuvens, alvinittHte,. O plenilúnio desabrochou: Lotus itftmenso, que, de repente, De'claridade tudo inundou.

Segredos-? Pensas que é possível tel-os Junto do grande falador — O Mar? Nem precisa de ouvir p'ra conhecel-os, Pois sabe os corações adivinhar.

.Estufa', asvdgasl mansas ovelhas, . Balem-te ás plantas, balem de amor; E nas areias brincam scentelhas Como phalenas n'um prado em flor.

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Almanach do Brasil-Portugal

Confessemo-nos, pois, ao grande amigo: O Oceano é um confidente singular... Quantos dramas de amor guarda comsigo ! Querida, confessemo-nos ao Mar!

Olha-me aquella branca Jalua Como deslisa, corre subtil... Se me lha, curva, na luz da lua, Lua de prata n'um ceu de anil.

Vamos, conta sem medo, minha amada, Teu goso e teu supplicio ao velho Mar. . . Entrega-lhe a tua alma conturbada Que ha de o monstro a tua alma socegàr.

rBoiam nas ondas negras e inquietas Phosphorescencias, vagos clarões... São esperanças mortas de poetas, Pobres destroços de corações. \

Que me amas, querida, confessaste, E que te amo acabei por confessar. Apenas tal ouviu, não reparaste ? Aos nossos pés veio estender-se o Mar.

Gemidos tassam nos frios ventos, Soluços hartos, trêmulos ais. •. São talvez preces ou juramentos

•'•*" • Dos que não rêsam nem juram mais.

O Mar veio dizer-nos brandamente, Falas de amor ouvindo-nos trocar :

. «Amae-vos, filhos meus, eternamente.-E jurâmos-lhe sempre nos amar.

Meu Deus! que estranha, fria risada Passou nas ondas, perdeu-se além... Oh! como tremes, minha adorada! Toma-me o braço, firma-te bem.

Kto de Janeito, 3i —3

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JL' Exm*SHahnra H. Bsrfca Lphmana.

E A DOS OLHOS GARÇOS

(£ançao) Poesia de Guerra Junqueiro Musica de Oscar da Silva

Carclo

L 1 dos o lhos ôacxos.pAsJo.j-inKa a bel.Ja Fi-.a n o « u fu..*o U._AIU> .,or eg,'J

rar- È'tn éuearo.o U-.nho, Tri Ouet..rmtaé *•!• l i Ro..do r)la o fu. sg cjuan.do Jòrdon..rpl IA\ -JÁ te.-ri ca...mi..sd5p'ra st ir ta .sar.

fr^ffH i ^ S #NfJj i ^ W ^rrrni fíifl 3 É "Tftf^T^f^f^^^^1

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E. •?>. .5p fuso << Ujrr(on.(lfSffrurosca o li,.nho Já foi ra,.mo ver.d.í íi j.rpíronroem

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_ Almanach do Brasil-Portugal

K a d o s 0ÍÍ30S é^ -PÇ 0 8

E a dos olhos garços pastorinha bella. Fia no seu fuso linho por corar; E' trigueiro o linhò, triguèirinhá é ella, Rodopia o fuso, quando fôr donzella, Já terá camisas para se ir casar.

E esse fuso alegre onde se enrosca o linho Já foi ramo verde n'este trone© em brasas; Deu já cachos brancos como o branco arminho, Já sobre elle a ave construiu seu ninho, Já sobre elle, amando, palpitaram azas!

GUERRA JUNQUEIRO.

N'essa tristeza mórbida, secreta, Que te afugenta as sombras do repouso, Eu vejo a nypocòndria, a febre infecta — Ftorescencias do pântano do gozo.

Por uma noite de luar repleta, Eu, comtudo, quizera, fervoroso, Sentir pulsar esta paixão discreta No bronze do teu seio tormentoso !

Mulher d'Avintes

^£'J3$SSrJ&±*-—"*-4 Depois.. . morrer! beijando como o pária

Na liça da peleja sanguinária A mortalha de lodo em que se cose!

És o perfume negro, a flor do pasmo» Que no silencio morno do marasmo Faz-me sonhar os estos da nevrose!. . .

Rio de Janeiro. FONTOURA XAVIER.

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Almanach do Brasil-Portugal

As traduccoes

São curiosos os descuidos que teem escapado a alguns traductores.

Du Pinet, traduzindo Plinio, na parte em que se refere ás duas espécies de mármores —Lápis Muniãicus e Lápis Sinanãicus, apresenta estas denominações como sendo os nomes de dois nobres romanos.

Coeffeteau traduzindo Flores, fez da cidade Corfinium o capitão Corfinius.

O abbade Thiers, apesar de ser um grande erudito, sustentando uma polemica litte-raria com Mabillon, citou a phrase de Philon — Omnis bônus liber, traduzindo-a d'este modo:—Todo o livro tem sempre alguma coisa, de bom. Mas o que Philon diz não é isto; é que—Todo o homem de bem é livre.

O abbade Prevost, traduzindo a viagem de Towston, encontrou um trecho ánctp se

diz que o navegador inglez, não tendo velas inteiras, serviu-se de uma bonnete (vela pequena) e com eIJa navegou. '

O auctor de Manon Lescaut traduziu pela seguinte fôrma: Towston suspendeu em um mastro um velho bonnét, com o qual se transportou para a ilha de Whigt.

Finalmente temos no próprio Evangelho um exemplo frisante d'estas descahiãas.

E' bem conhecida a phrase biblica: — E' mais fácil passar um camello pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino do ceu.

Pois saiba^se que quem traduziu o trecho, do grego para o latim, confundiu os dois termos Kamelos (camello) e Kamilos (calabre ou corda grossa), e d'ahi proveio ficar a phrase disparatadamente transtornada.

PARÁ-PALÁCIO PRESIDENCIAL

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Almanach do Brasil-Portugal

Q U I N T I N O D E B O G A Y U V A Director do "O Paiz" do Riode Janeiro

Não exaggeramos dizendo que Quintino Bocayuva é uma das individualidades mais importantes e proeminentes da republina brasileira. Na imprensa occupa um logar distinctissimo ao lado dor* primeiros jornalistas do novo e velho mundo.

Quintino Bocayuva nasceu a 4 de dezembro de 1836, contando portanto 64 annos. Aos 15 annos entrou na Universidade de S. Paulo, onde durante algum tempo estudou litteratura, indo depois para o Rio de Janeiro, onde se lançou' ao trabalho jornalístico com o maior enthusiasmo, escrevendo folhetins, criticas theatraes, ehronicas litterarias, dramas, etç. Mais tarde abordou a política. Eem 1860 combateu pelas idéas do democrata Saldanha Marinho no Diário do Rio de Janeiro, do qual foi nomeado director em 1865. ~

Mais tarde escreveu no Globo e na Republica, e por ultimo no Paiz, de que é ainda hoje um dos proprietários e redactor em chefe.

Em 15 de novembro de 1889 estava ao lado do marechal Deodoro, quando se proclamou a republica, para a qual elle havia preparado o espirito publico com a lógica expressiva dos seus artigos.,Toi então nomeado ministro do Exterior do Governo provisório, manifestando grande capacidade e energia,, animo forte e vontade inquèbrantavel, e sobre tudo um grande orgulho cívico em manter á face de todo o mundo, os interesses e dignidade do seu paiz em brilhante e altiva posição. Em 1890 foi eleito senador pelo Estado do Rio de Janeiro, cargo que ainda exerce.

Durante o periodò revolucionário que attribulou o governo presidencial de Floriano Peixoto, esteve sempre ao lado do Presidente prestando-lhe relevantes e importantíssimos serviços. Gomo orador é de primeira ordem, sendo a sua palavra auctorisada sempre ouvida com o inaior respeito e acatamento. A. sua auctoridade moral é enorme, e o seu caracter recto, imparcial, justo e tenaz.

Tudo quanto é deve-o ao seu talento pujântissimo e aó seu trabalho infatigavel. E mesmo um exemplo notável do que estas faculdades podem fazer de um homem, nos paizes novos e vigorosos onde ainda existem crenças e princípios.

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Almanach do Brasil-Portugal

Como se chamava o descobridor do Brasil ?

Como se chamava o descobridor do Brasil? murmurará no seu intimo o leitor seriamente intrigado com esta pergunta enygmatica, que, mais que um problema histórico, lhe parecerá um traquelles themas caprichosos, que faziam as delicias da Academia dos Singulares e de.outras corporações similhantes, que tanto floresceram, para entretenimento intellectual de nossos avós, no século xvn.

Sobre quem fosse o descobridor do Brasil, sobre a prioridade de símilhante achado, debatida entre portuguezes e ltespanhoes, tem-se esçripto muito, mas sobre a identidade ou authenticidade do nome de Cabral nunca até agora se tinha suscitado a menor duvida.

Tem sido também ponto de divergência acalorada a casualidade ou pr.omptidão da viàgein de Cabral ás praias de Santa Cruz, mas nunca ninguém se lembrara de dizer que ,o illustre navegador portuguez usava de outro noménomOmento da sua partida, a 9 de março de 1500, comman-dando a segunda expedição que D. Manuel enviara com destino á Índia.

Para não abusar por mais tempo da paciência dos nossos leitores, entremos desde já ria matéria e exponhamos com toda a franqueza a questão. " ,_ •

Percorrendo a chancellaria, de D. Manuel, encontramos a fls. 10 do livro 13 uma çaftá ássi-

gnada em Lisboa a 15 de fevereiro de 1500, em que se concedia todo o poder e auctoridade de capi tão-mór da armada da índia a Pedro Alvare&f de Gouveia, fidalgo da casa real. Confessamos que sentimos certa surpreza ao lêr esta carta e o nome da pessoa, que era investida de tão solemnespo-deres. Pedro Alvares de Gouveia era, para assim dizer, uma individualidade inédita, desconhecido ",> em absoluto nos fastos da índia. A armada que n'aquelle anno partira para o Oriente era do com-mando de Pedro Alvares Cabral. A principio sup-pozemos que teria havido engano no escrivão que passou a carta ou no oíficial que a registou, mas a hypóthese . dissipou-se em face d'outro docu mento, passado em Évora a 12 de abril de 1497. com que D. Manuel confirmava a lença de vinte c seis mil réis que D. João 2.° cedera ã Pedro Alvares de-Gouveia e a seu irmão João Fernandes Cabral, sendo metade para cada um.

Este documento e a circumstancia de João Fernandes Cabral ser o primogênito de Pedro Alvares Cabral nos levam a crer, hypóthese que parece ser bem fundamentada, que Pedro Alvares Cabral se denominara primitivamente de Gouveia tomando d àpellido de sua mãe D. Izabel de Gouveia. Porque motivo o abandonou depois não o podemos ainda descobrir; o qüé sabemos apenas é que elle, em documentos officiaes de 1502, já era tra-ctado por Pedro Alvares Cabral.

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O Adamastor

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Almanach do Brasil-Portugal

Seria para causar extranheza que nenhum dos historiadores que se referiram ao descobrimento do Brasil tractasse d'esta particularidade, se elles em geral não fossem tão omissos em tudo o que se refere ao illustre capitão, cujo feito singular, ou premeditado ou adventicio, bastou a immorta-lisal-o. 0 nome de Cabral é indissolúvel do nome do Brasil.

Este phenomeno, porém, não se dá unicamente com Cabral; succede com Vasco da Gama e com outros personagens de hão menos valia. Não pode ser maior a descuriosidade dos historiadores em pormenorisar os antecedentes biograpbicos de quem tanto havia de perdurar na memória e na consagração dos vindouros. Parece que os homens só eram dignos da grandesa histórica desde que os seus próprios feitos os principiavam a avultar. Eram filhos das suas próprias obras e se elles se esqueciam de ateiar o fogo sagrado da própria fama, remunerando generosamente a lisonja dos seus Plutarchos, ou edifioando qualquer monumento que mais ou menos se eternisasse. era contar com o quasi absoluto esquecimento. 0 espirito de investigação e de publicidade estava então bem longe de ãltingir a vertigem dos nossos dias, em que não lia ninguém que não tenha a sua estatua, ou de bronze ou de mármore, no pantheon da imprensa noticiosa e chocalheira.

Sem ser de modo nenhum nosso intento escrever a biographia de Pedro Alvares ou retraçar-lhe o períil, seja-nos permittido acerescentar mais uma informação importante e curiosa.

A lapide sepulchral, que reveste na egreja da Graça em Santarém a ossada de Pedro Alvares, é d'uma sirigelesa tão commovente, que trahiria a sua grande modéstia se fosse elle que a recom-

mendara.em testamento, se não testemunhara o descuido, a humildade cliristã, ou a pouca devoção dos seus descendentes para com a sua memória. Nem sequer nos indica a data do seu fal-lecimento, que até hoje, que nos conste, não tem sido precisada com exactidão. F. A. de Varnhagen (visconde de Porto Seguro) na sua Historia do Brasil, livro em-cujas paginas era bem cabido o retrato á penna de Cabral, tracta de leve o que devera ser Uso dos principaes protogonistas do seu trabalho, e indica-nos que elle ainda vivia em 1518, por isso que no livro das moradias andava insepipta em seu nome a verba de 2437 reaes por mez.

0 sr. visconde de Sanches de Baena, na sua Memória acadêmica intitulada O descobridor do Brasil Pedro Alvares Cabral, escreve a pag. 58 :

«Pedro Alvares Cabral, depois dos acontecimentos que ficam levemente esboçados, passou a viver na Villa de Santarém, afastado da corte desde 1502, curando apenas da administração da sua casa, até á sua morte em 1528. Esta preciosa data, até hoje ignorada, foi mais uma revelação do padre Rousado. confirmada pela escriptura de 9 de agosto de 1529, que a deante mencionaremos.»

Esta data, com effeito, seria preciosa, se não fosse, ao que nos parece, absolutamente inexacla.

A escriptura de 9 de agosto de 1529 é um con-tracto realisado entre a viuva de Pedro Alvares Cabral, D. Isabel de Castro, e os frades eremita6 do convento de Santo Agostinho para ter jazigo perpetuo na capella de S. João Evangelista na egreja do mesmo 'convento. Inserindo o sr. Sanches de Bacna bastantes documentos na sua Me

O commandante do Adamastor regressando a terra

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A ala esquerda da sala

moriá, alguns dos quaes aliás interessantíssimos, mas que não tem relação immediáta com o as-sumpto principal, não se lembrou de produzir este, que tão directamente lhe dizia respeito e que tanta importância tinha. Na ausência de simi-lhante testemunho, somos levados a çrêr que elle não teria sido rigorosamente interpretado è que o sr. visconde não veria o próprio original, tendo conhecimento d'elle por alguma referência ou citação; d'outro modo feria indicado o paradouro do'livro onde a escriptura se acha registada.

Exponhamos agora os fundamentos da nossa contradicta.

Na chancellaria de D. Manuel, a fls. 60 do livro 39, acham-se registadas três cartas, de quasi egual theor, a primeira das quaes, de 5 d'outubro de 1520, concede a teriça ahnual de 20 mil reaes, a partir do primeiro de janeiro de 1521 em deante, a Fernão d Alvares Cabral, nosso moço fidalgo, filho de Pedro Alvares Cabral, que Deus perdoe. A segunda, d'egual quantia, a Antônio Cabral, irmão

do anterior, e a terceira de trinta mil réis a D. Isabel de Castro, viuva de Pedro Alvares Cabral.

Em presença de testemunhos tão authenticos e tão incontestáveis, qüer-nos parecer que fica provado á evidencia que o fallecimento de Pedro Alvares Cabral sé deve collocar anteriormente aos primeiros dias do mez de novembro de 1519.

No emtanto, • se appãrecerem novos factos ou elementos que desauctorisem esta afflrmação, seremos o primeiro a curvar ã cabeça perante a evidencia da verdade. Em investigações d'esta náturesa nunca nos devemos surprenehder com o inesperado.

Na véspera da celebração do quarto centenário do descobrimento do Brasil nunca serão supérfluos os njateriaes que se ajuntem para o monumento commemorativo do grandioso feito.

SOUSA VITEBBO.

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Almanach do Brasil-Portugal

Conselheiro Antônio Ennes

À Grã-Bretanha e o Transwaal

veram autora; os hespanhoes não - conheceram nunca; nós, portuguezes, também a não contamos entre as virtudes nacionaes. Pois devemos aprendel-a, que bem precisa nos é! O preconceito de que a fraqueza desdoura é um erro actavico, que nos vem dos tempos rudes em que u força era a única superioridade, a única excellencia; um erro que nos irmana moralmente com os selvagens da África e da Oceania. O esforço, sim, o esforço é dever e virtude quando pode ser proveitoso; o esforço contra o impossível não passa d'um acto de delírio do amor-próprio Assim como se não enaltece por esforçado o homem que se não arreda do caminho d'uma locomotiva, tão pouco merece ser celebrado o governo, ou o povo, que vendo arrojar-se sobre elle um colloso de poderio não evita o embate. Em semelhantes transes não se discutem direitos, code-se á necessidade. A força não dará direitos áquelles que dispõem delia, mas cria doveres aos que ameaça. Deve-se respeital-a e temel-a, como se respeita a fúria do mar, como se teme o raio. Abusiva ou não, é força e esmaga. Precisa-se contar mesmo com a propensão immanente para abusar. Abusou sempre, continuará a abusar até ao fim dos secalos. E' imprevidencia esperar que o leão tenha sempre as garras encolhidas O Transwaal, atravessado no Caminho das ambições da Inglaterra; o Transwaal pro. vocando a Inglaterra « suscitando-lhe inimizades e rebeldias, não podia conliar em que o leo-pardo britannico se deixasse prender pelo tenuc tio de convenções ou açaimar pela equidade, ou domesticar pela justiça!

ANTÔNIO ENNES

As admirações que estão sendo tributadas aos boers derivam d'um critério que não é racional, nem humano, nem moderno nem positivo, e que considera u valor, —o valor que affronta os perigos com firmeza e a morte com desprezo, —um dos mais preclaros dotes humanos. Esse valor é, realmente, uma benemerencia quando move os individuos a sacrilicarem-se pelas collectividades ou por princípios que devem melhoral-as; mas as nações, e os governos que as dirigem, precisam subordinar-lhe as inspirações eos Ímpetos ás conveniências da conservação e das prosperidade. A missão dos governantes nãoé compor romances de cavallaria Um estado redigido por D. Quixote seria um manicômio de muitas léguas quadradas. O próprio Sancho Pança daria um estadista melhor do que o heroe manchego. Até na adversidade, até na humilhação, o primeiro dever, a necessidade capital d'um estado, é conservar-se, mesmo porque só existindo poderá levantar-se e des-forrar-sé. Affligido ura povo por calamidades e ameaçado por perigos, a sabedoria dos seus regentes consiste sempre em escolher o menor mal. E' o que Kruger não soube fazer. Por brio? Seria, mas não sei distinguir esse brio do orgulho, nem me parece que haja em tal sentimento mais abnegação do que egoísmo.

Ha um outro sentimento mais diflicil, mais meritorio, mais altruísta, e por isso mosmo rarissimo: é a coragem de ser fraco, a coragem de acceitar as provocações a que está sujeita a fraqueza. Essa coragem tanto não exclue a dignidade, que em muitos casos é „ única verdadeira e bem entendida dignidade Os boers não a ti- l"m voluntário bôer

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Uma partida de latvii-tenis no club de Carcavellos

(A' frente do grupo d'estcs distinutos sportmen vè-se .Sua Magestade El-fiei de Portugal e o Sr, Infante U. Alfonso)

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Almanach do Brasil-Portugal

4,s Çuaias A manhã está clara, tépida. Vamos sahir a barra a bordo de um yaeht

ideal... Desçamos o Tejo. Passemos em frente

da Torre de Belém. Ali está a primeira praia, a praia clássica,

Pedrouços, estendendo o seu areai e a sua casaria n'uma grande extensão.

Pedrouços. A uma hora de Lisboa em americano, e a um auarto de hora em comboio. Foi a praia chie dos nossos avós.

Hoje é a praia bargueza por excellencia. Toma-se banho cedo. Almoça-se cedo.

Janta-se cedo. £ deitam-se cedo. A's 9 horas da manhã, os filhos vão todos

os dias para o escriptorio, os papás para a repartição, e as meninas para o piano. • -

A' noite reunem-se no club e fazem jogos de prendas. «Mentes tu». «Então onde estavas tu?» «Em casa do padre cura. • •»

E o nosso yatch vae seguindo, parallelo ás barracas de madeira, onde a filha do Gomes, alfayate, ouve os madrigaes do filho do Nunes, guarda livros...

Algés. Uma continuação de Pedrouços na linha das casas e no recheio das ditas.

Corre-lhe ao longo uma alameda, com uma vista deliciosa, que serve de picadeiro amoroso aos amantes balneare?, e de ren-dea-vous a todos em geral.

A vida é pouco mais ou menos igual á de Pedrouços, apenas com menos gente e mais sombras.

No fim da alameda alveja o Dáfundo, sem caracter próprio, a não ser o que lhe dá a fama dos seus restaurants e das pândegas que lá se fazem.

A margem alteia-se um pouco e debrua-se de casitàs alegres. Um rio murmura e vem passar sob a ponte do caminho de ferro.

E' a Cruz Quebrada. Lá está o palácio dos condes de Thomar a

cupulal a, fronteiro a um castello fingido, de ca-liça, e o edifício do club, com uma sala de baile magnífica, onde ás vezes, por acaso, a pacata colônia balnear faz a estroinice de dançar uma valsa-..

A praia é pequena, mas chega, porque os banhistas, se não tiverem espaço, esperam uns pelos outros, na bonhomia de pessoas de bons costumes, que se dão esplendidamente uns com os outros.

Quando por acaso se organisa algum pie nic á Senhora Apparecida, ou a outro ponto do interior, a Cruz Quebrada despovoa-se. Vão todos. Ninguém fica. Porque a sua divisa é socialista e grande: Todos por um, e um por todos. • •

E' também isso o que suecede n'aauella praia que nos apparece agora com um fraquissimo forte a defendei a— Caxias... Praia pacata, com uma rua em angulo lavada de sol, onde um papagaio diz coisas, e um conselheiro lê, n'uma cadeira de verga, as ultimas novidades do Diário de Noticias. Caxias impõe-se pelo socego. E' praia de engorda.

Faz ahi a margem mais uma bahia, na ponta da qual outro forte se levanta, do tempo de D. João IV, o Bestaurador.

Aquella figura que lá surge...—não te assustes—é uma creada a estender a roupa.

ANTÔNIO BANDEIRA

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Almanach do Brasil-Portugal

'"NOSSA .SENHORA Í7ÂSSUMPÇÃO

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Almanach do Brasil-Portugal

Maria Posso lá esquecer tudo isto !•. • Um casalejo branco entre arvores. Havia por

ali azenhas onde nas noites claras de luar se escutavam não sei que maguas de corações malfadados ; e entre altos caniçados, o rio — um luminoso fio d'água correndo sobre areias d'oiro fino — cantava e fugia. Em mauhãs de verão era suave olhar a paysagem do alto da ponte. A roupa lavada estendida na verdura da relva, cheirava a sol; o gado melancholico pastava nas colunas; e na frescura consoladora das sebes que as amoras já maduras perfumavam, os idy-hos mais adoráveis de candura que os meus olhos têm visto. Por vezes sentia-se o baralho forte dos remos batendo nas águas silenciosas; e das cearas maduras vinha um brilho d'oiro vivo e um forte sabor de saúde.

Virgílio passava ali compondo doces bucólicas.

Fiquei me um dia a pensar se seria o encanto d'este retalho de paysagem quasi bíblica, a amorosa convivência com os lagos e com as arvores que formaram assim a alma de Maria enchendo a do profundo sentimento das coisas.

As suas mãos eram alvas como o linho mais puro dos altares, e os olhos, meu Deus, os olhos eram verdes, tão verdes como os da Joaninha do Valle de Santarém.

Já na meninice ella tinha um languido geito contemplativo que fazia scismar, e quando olhava para os altos céus a sua fronte cobria-se de luz. Era então que as almas ingênuas lhe chamavam Nossa Senhora! Ha no coração dos humildes uma tocante candura e uma tão viva intuição da alma humana que enternece e surprehende. Maria lembrava bem essa suave judia, branca como vergeis d'assucenas em flor que outr'ora encheu as almas d'um profundo encanto è que hoje vem perfumando toda a lenda christã.

Nas noites escuras, se ella passava, um nimbo de luz ficava clareando os caminhos ásperos e até as arvores pareciam rezar.

Era bem Nossa Senhora ! • • • N'esse tempo estava eu doente na aldeia:

e como a encontrasse á beira do casal fazendo renda, escutei-lhe a voz clara como sinos d'oiro e de crystal cantando na tristeza dolorida dos poentes :

— Maria, quando d'aqui me for embora, hei-de ter muita pena!

— Pena de quê, meu senhor ? — Não sei: mas hei-de sentir uma

grande saudade d'estas arvores, d'esta casinha branca, da minha amiga, de tudo! Vá lá a gente esquecer estas coisas quando ellas penetram toda a nossa vida! Se as perdemos um dia é como quem perde um ser muito amado!

Olhava-me surprehendida com esses olhos que sempre foram o meu enlevo:

— Ha uma coisa que eu lhe queria dizer; mas tenho medo, porque todas

as mulheres a quem falo n'isto costumam rir-se de mim.

— Eu não rio de ninguém ! — Queria dizer-lhe que a amo muito. • • Parou a renda e ficou a olhar-me com os olhos

rasos de lagrimas. Ella não podia amar, a pobre Maria que per

fumava tudo á volta de si, como um cabaz de rosas que passasse na pureza do luar.

Com áquelles olhos e aquella virginal alvura, era já do ceu.

Foi ahi pelo outomno que sua mãe lhe morreu.

Logo que os céus começaram a empallidecer e das arvores cahiam já folhas como andorinhas mortas, a mãe de Maria começou também a enfraquecer e fechou os olhos, por um poente terno, quando a luz arroxêa a paysagem e as águas do rio vão quasi exangues. E morta tinha um riso tão luminoso na boca desfallecida que parecia repoisar e sonhar.

O puro corpo que gerou o mais immaculado coração que eu tenho amado, devia ser assim, devia ser do ceu ! ^Quando foi a enterrar entre os Iyrios que en

tão floriam toda a aldeia. Maria quiz acompanhai a até á sepultura. O caixão desceu ao co-val e Maria, com a voz presa de soluços, teve este grito profundamente humano:

— Olha ainda, mãe, olha ainda tua pobre filha que fica sosinha no mundo sem um braço amigo a que se encoste!-.

• • • Posso lá esquecer isto!

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Almanach do Brasil-Portugal

EDUARDO COELHO Quando fundou o Diário de Noticias

A casa onde morreu Eduardo Coelho Essa casa nova, em que o popular jornalista

havia sonhado passar tríulqüillamenté a velhice, não era oulra senão a da antiga rua dos Cardaes de Jesus, n.° 29, rua hoje denominada de Eduardo Coelho.

Nicolau Tolentino terminou os seus dias pouco mais ou menos no logar correspondente ao escriptorio.

Admirador de Nicolau Tolentino e desejoso de perpetuar, por mais uma forma, a memória do insigne sonetista, Eduardo Coelho intentava mandar collocar no prédio uma lapide commemorativa que honrasse a memória do poeta. Elle próprio redigiu os dizeres que essa lapide deveria conter, e, algumas semanas antes de expirar, quando a doença já lhe entorpecia os movimentos, ao fazer-me percorrer comsigo o palacete a que se estavam dando os últimos retoques, me foi mostrar no seu escriptorio, em um quadrilongo de madeira tosca que representava as dimensões exactas da inscripção projectada, áquelles dizeres es-criptos pelo seu próprio punho mal firme. Eram os seguintes, que, por curiosidade, aqui deixo archivados:

O muito conceituoso e popular poeta satyrico

portuguez Nicolau Tolentino de Almeida passou os últimos dias da vida que tiveram termo aos 22 de junho de 1811, no prédio sobre cujos alicerces foi alevantada esta casa, na qual se aproveitaram, para memória, dois arcos de cantaria que davam accesso á morada do poeta.

Este nascera em Lisboa a 9 de setembro de 1740.

Nicolau Tolentino morreu pobre depois de haver passado a vida a implorar, com uma humildade que era quasi uma humilhação, as dádivas e os benefícios dos ricos. Eduardo Coelho, sem incensar os ricos nem lisongear os poderosos, antes pelo contrario procurando sempre abater todos os orgulhos, exaltar todas as modéstias e levantar do nada os que, como elle, mereciam que do nada se erguessem ás culminações da fortuna e da consideração social, morreu, não certamente na opu-leücia, mas na abastança independente, depois de haver gasto á larga, em proteger desvafidos e em auxiliar todas as iniciativas generosas, tanto ou mais do que havia ho-nestíssimamente açctimulado para garantir o futuro dos que lhe eram queridos.

Se alguma vez, pois, se levar a effeito a idéa de collocar, em honra de Tolentino. a lapide que Eduardo Coelho projectara, outra lapide deveria, pelo menos com razão egual, collocar-se-lhe a par — a que consignasse que no mesmo prédio em que fallecera o espiri-tuoso poeta do século passado, morreu, quasi 78 annos depois, o jornalista mais popular e benemérito que no século que está correndo viveu em Portugal.

ALFREDO DA CUNHA

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— A l m a n a c h do B r a s i l - P o r t u g a l

Nem esta idéa oííerece novidade. Foi este um dos primeiros alvitres apresentados á com-missão que ha annos se constituiu eleita por uma grande assembléia de amigos, collegas e admiradores de Eduardo Coelho, para consagrar, por meio de um monumento condigno, a memória do insigne jornalista.

Por motivos facilmente comprehensiveis, quem escreve estas linhas nunca acceitou a honra de pertencer a essa oommissão que foi organisada com homens de coração e de intelli-

gencia, de que alguns d'eHes, como Sousa Martins, já não pertencem ao numero dos vivos. Sé algum pedido, comludo, me fosse licito dirigir aos que ainda possam attendel-o, seria, além do que naturalmente me dieta o ardente desejo de ver concluídos os seus trabalhos com honra para todos, o de não deixarem no esquecimento o alvitre a que alludo.

ALFREDO DA CUNHA.

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0 primeiro numero do "Dwio de Noticias"

Fundado ha 35 annos por Thomaz Quintino Antunes e Eduardo Coelho, o Diário de Noticias traçou e seguiu um pragrainína de utilidade publica que se mjintiéni hoje ainda nas suas linhas geraes.

Os que continuam a obra iniciada por áquelles que a fundaram, organisaram e durante longo tempo lhe imprimiram o cunho de uma superior competência, nunca se afastaram do pensamento inicial, h^o se desviaram um ápice do caminho traçado, e teem-se firmado sempre na comprehengão dos de-veres que impendem sobre uma publicação jornalística que goza de créditos geraes, e de vasta popularidade.

As modificações que teem .advindo ãs variadas secções que constituem 6 jornal são apenas aquellas que o progresso exige e as condições da vida actual aconselham. £' certo que a reportagem moderna tem maior amplitude, mais vastas ramificações que a do tempo em que, por assim dizer, a lançou em Lisboa o pulso hábil e firme de Eduardo Coelho. E 0 Diário de Noticias faltaria á sua missão, se não fosse como todos os outros órgãos de publicidade, correspondendo á es-

pectativa do publico e á educação social do povo de Lisboa, que em parte fora por elle preparada. Por isso elle é um repositório segpro é amplo de informações, e também por easa raz;ão, e sobretudo pelos immensos créditos dé que dispõe em todas as classes é o jornal por; éxcellencia do annuncio, que qonstitue a fonte principal dos seus avulta-dos rendimento^:

Por varias formas tem o Diário ãe Noticias sabido corresponder ao favor publico, avul-tando entre eBas a d» publicação de Brindes e Números ãe htiúó ülustrados pelos primeiros artiétás, e çolíaboradòs pelos primeiros es-çriptorés. Á frente da sua redacção figura um nome consagrado: o do decano dós jornalistas portuguezes, o sr. Brito Aranha, presidente da Associação dos Jornalistas de Lisboa» e como secretario da empreza, de que é um dos maiores proprietários, o do dr. Alfredo da Cunha, poeta e prosador, a força e a alma do jornal, a que dedica todo o seu talento e toda a sua actividade, para que o Diário de Noticias seja ao mesmo tempo órgão moderno da opinião publica e digno con-tinuador de tradições honradas.

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Almanach do Brasil-Portngal

Yersos de Nicolau Tolentino Oeaeripçõo de Badajo.v

Passei o rio, que tornou atraz, Se acaso é certo o que Camões nos diz, Em cuja ponte um bando de aguazis Registam tudo quanto a gente traz.

Segue-se um largo, em frente d'elle jaz Longa fileira de baiucas vis: Cigarro acceso, fumo no nariz, É como a companhia alli se faz.

A cidade por-dentro é fraca rez, As movas põem mantilhas, e andam sós, Tem boa cara; mas não tem bons pés.

Isto, coifas de prata, e de retroz, E a cada canto um sórdido marquez, Foi tudo quanto vi em Badajoz,

O colchão dentro do toueado

Chaves na mão, melena desgrenhâda, Batendo o pé na casa, a mãe ordena, Que o furtado colchão, fofo, e de penna, A filha o ponha alli, ou a creada:

A filha, moça esbelta, e aperaltada, Lhe diz co'a doce voz, que o ar serena: «Sumiu-se-lhe um colchão, è forte pena; Olhe não fique a casa arruinada;

«Tu respondes assim? tu zombas d'isto? Tu cuidas que por ter pae embarcado, Já a mãe não tem mãos?» E dizendo isto,

Arremette-lhe á cara e ao penteado; Eis senão quando (caso nunca visto !l Sáe-lhe o colchão de dentro do toueado.

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Almanach de Brasil-Portugal

Dr.- Fernando Director do!"Jornal do Brasil", do Rio de Janeiro

Tem os leitores na sua presença uma das, mais càraeteristiçase. proeminentes individualidades do Brasil.

Redactór-chefe do jornal mais lido e vulgarisado em todos os Estados da-Republica, o seu amor pela imprensa como que lhe apura é desenvolve todas as aptidões notáveis n'esse posto de honra e de combate. , ., ' , :

O dr. Fernando Mendes d1 Almeida é professor distinctor e jurisconsulto abalisado, écomman-dante da Guarda Nacional do Rio de Janeiro, tem a correr-lhe nas veiai o sangue de um dos homens que mais honraram o Brasil, o senador Cândido Mendes. Pois todo esse núcleo de faculdades herdadas ou adquiridas, tantos e tão avantajados dons de talento, de caracter, de coração, n'elle se congregam e assimilam em todos os momentos em que põe em acção e evidencia as suas faculdades de jornalista. Apaixona-se por todas as causas nobres, elle, o advogado insigne na tribuna forense, torna-se o advogado por excellencia de todos os opprimidos na tribun* do jornal- Deferíde-os com todos os argumentos, e no combate diário terça as armas da polemica com a mesma galhardia que no posto militar sabe terçar uma espada na defeza da pátria.

E', além disto, o jornalista moderno em toda a vasta expressão. Os Estados Unidos do Norte, que visitou e cuja civilisação o etíthusiasma, parece terem-lhe emprestado todo o seu movimento, toda a sua febre, toda a sua velocidade. Desde o artigo político até á nouvèlle à Ia mdinsa.be fazer o jornal á americana, cheio de interesse, variado, vivo, sensacional. Por isso não podia o Jornal do Brasil deixar de ter a vasta sympathia e popularidade que tem no paiz inteiro, e que se transmitiram a Portugal, onde todos sabem, que a grande folha fluminense é ao ir esmo tempo o advogado permanente de todos os interesses da pátria e o defensor acerrimo, de todos os portuguezes, o grande, o devotado amigo de Portugal.

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Almanach do Brasil-Portugal

Actriz hespanhola Maria Guerrero

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Almanach do Brasil-Portugal

Alexandre Herculano

fica mais barato.

Um dia o sr. duque de Palmella, visitando, em Valle de Lobos, Alexandre Herculano, reparou que o austero historiador tinha para se allumiar um candieiro antigol de latão, dos de três bicos, balde, espevitador, bandeira^ e apagador, um arsenal de apetrechos para uma pobre luz modesta e pacata com que nossos avós se allumia-vam.

— Hade permittir que lhe offereça um candieiro do nosso tempo, disse o illustre titular a Herculano.

— Acceito, mas com a condição de ser também para azeite.

— Pois será para azeite; confirmou o duque — epas-v sadps dias pffereceu-a Herculano um bello candieiro moderno para azeite.

Quando voltou algum tempo depois a fazer nova visita ao Solitário ãe Valle de Lobos, viu que o antigo7 candieiro de latão continuava no mesmo posto sobre a banca de trabalho de Herculano, e perguntou:

— Então não gosta do candieiro que lhe offereci? — Gosto muito, acudiu Herculano, dá boa luz e é bonito. • — Então porque não faz uso d'elle ? ..... \ — Gasta muito azeite e por isso o colloquei na sala das visitas, que são poucas. Assim.

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Uma carta de Alexandre Herculano <*i

MEU AMIGO

0 portador d'esta é um padre que teve a felicidade de acreditar que. a existência da Egreja catholica era conciliavel com a existência' da,Liberdade. Cahiu no grave erro em que cahiram Chateaubriánd, Lamartine, MonfAlembèrt, Venturade Raulicae tantos outros mais obscuros, entre os quaes se conta este seu criado que se fartou de dizer tolices a tal respeito. Veio porém o — Syllabus — e poz a coisa no são. Agora já todos sabemos em que lei havemos de viver. - ,.,J|v

Mas o padre,tinha dado com a lingua nos dentes; estava convencido das suas idéas e teimou.

Perseguíram-tfo, como era de razão. O padre defendeu-se e bem; deixaram-n*o. A Santa Madre Egreja tem isso: agacha-se quando lhe viram o dente. Cuidam alguns que é medo; enganam-se. É para começar os trabalhos' de sapa. .'.

A Companhia de Jesus, hoje synonima de Santa Madre Egreja, tem uma gerarchia interna

1*1 Ao visconde de Santa Monica, então ministro.

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que nem sempre corresponde á gerarchia official. No fundo da escala estão os que têm olhos no corpo sem que todavia os tenham na alma. Serve esta espécie de animaesinhos de Santo Ignacio para áquelles trabalhos subterrâneos que se vão abrindo debaixo dos pés dos malditos da dita Egreja ou sociedade. Ora o meu padre concorre a um beneficio da Sé de Lisboa. Do respectivo prelado e seus acolytos não tem elle a esperar senão guerra. Se elles são irmãos toupeiras ou não, melhor o sabem ahi na Secretaria, porque lhes tem lido as producçõès. Que em todo o caso o padre ha de ser minado, isso é de fé. Agora o que eu peço ao meu amigo e virtualmente ao meu infeliz collega lavrador a quem vestiram o farda-Ihão de ministro, é que se perceberem bicho debaixo dos pés do Fadre, vão devagarinho com o tacão da bota e apertem sem dó. Não peço mais do que isto. "<C"\

0 Padre Teixeira é um moço de talento, de estudo e liberal. Se apparecer Outro que valha mais do que elle, é esse que devem despachar. Sou incapaz de pedir uma injustiça. Mas se, porque rosnou o seu caro visinho, ou o faiseur Roquette, ou o dr.'Vigário Geral, ou outro moço assim, preferirem algum badana do rebanho de Santo Ignacio (badana é termo cã do officio, que o amigo Pequito lhe pôde explicar) sentil-o-hei, porque commettem o que nos homens públicos é mais do que uma flagrante injustiça — um erro deplorável.

Adeus. Receba um abraço do seu velho HEBCULÀNO.

Uma cheia no Tamega

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Almanach do Brasil-Portugal

0 gabinete Je t r a t a i te Oliveira Martins

Como n'esse dia luctuoso para a pátria portugueza em que expirou o grande escriptor que se chamou Oliveira Martins, assim se conserva, piedosamente resguardado, o gabinete da sua casa, dentro do qual foi concebida e executada a ultima parte da sua obra. Nun'Alvares e os Filhos âe D. João I, esses dois livros immOrtaés que hão de levar a todas as gerações, cada vez mais luminoso e belio, o espirito que os concebeu, dentro d'aquellas paredes foram pensados e escriptos?

Era n'aquella cadeira modesta, no meio dos seus livros, um ou outro bibelot, um quadrito de auctor, dando ao aposento uma nota artística, que se compra-zia o formoso espirito do auctor do Portugal Gontempo-, raneo em idealissár esses quadros da historia portugueza, que entre nós só elle tinha, como Michelet, o poder de resurgir do passado, banhados de luz, cheios de vida. Depois, em volta d'aquella mesa, que se vê pa nossa primeira gravura, Oliveira Martins, sempre depéi

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Almanach do Brasil-Portugal

ia traçando no papel, n'essa linguagem tão sua, ao mesmo tempo tão liiteraria e tão familiar, os assumptos que o seu talento evocava, e as suas poderosas faculdades de observação e analyse faziam reviver, como se o passado desapparecesse, e fossem do nosso tempo e até do nosso convivio, as figuras da Historia, por elle postas em toda a luz, em toda a evidencia flagrante.

O sábio não vae todo á sepultura i Na memória dos homens vive e dura.

disse-o o poeta, e a confirmação d'essa verdade está no sentimento de nós todos ao contemplarmos hoje a fronte pensativa, a phisionomia serena, melancólica e triste de Oliveira Martins, ao evocarmos a sua vida de trabalho, ao compulsarmos a obra vasta dp seu pensamento.

E agora mesmo, lançando os olhos para os objectos que lhe foram queridos, para os livros com que elle conviveu, para os retratos preferidos que o acompanhavam nas horas do seu labor intellectual, perguntamos a nós próprios se a alma de Oliveira Martins não paira sobre esses objectos entre os quaes se passou a parte mais gloriosa da sua existência de escriptor, de estadista e de alto funccionario.

Estas palavras não são escriptas apenas para áquelles que lancem um olhar de mera curiosidade sobre as gravuras d'esta pagina. São muito especialmente dirigidas aos que mais convivem com Oliveira Martins, e mais de perto aquilataram o valor das suas faculdades pujantes e a nobreza do seu caracter sem mancha,

Esses ao fixarem a vista nos imóveis, nos livros, nos quadros, que guarnecem esse gabinete de trabalho constituído pelos dois trechos constantes das nossas gravuras, sentirão invadil-os um pensamento doloroso e uma recordação pro-

'fundisssima.

A' piedosa saudaded'aquel-la que foi a companheira da sua vida e a confidente intellectual do seu pensamento, a Sr.* D. Victoria de Oliveira Martins, se deve a religiosa conservação d'esse gabinete de trabalho, exactamente como no dia que se apagou para o mundo o espirito do escriptor insubstituível, do pensador eminente.

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J3ébé, o Pensador

Jirttuilo de ct-eatiç.i — Em mármore (Teixeira Lopes)

Zumbem duas moscas ao de cimía do pires em que Bébé acaba de almoçar o seu leite com sopas de pão de Ió. Bestam migalhas no fundo escorregadio, em que a colher não pega; e as duas moscas, como que julgando mal guardado esse festim luxuoso, approximamse em círculos concenlricos, cada vez mais estreitos, emquanto que Bébé olha a scenã com uma curiosidade que lhe põe dois vincos reflecti-dos na fronte habitualmente serena. Os seus grandes olhos claros, a sua bocca entreaberla que descobre os primeiros denlinhos, a sua altitude cheia de concentração, com a colher suspensa a meio caminho dos lábios, — revelam o trabalho cerebral de um pensador que

se esforça por comprehender o que vê. Desappareceu-lhe da physionomia a tranqüilidade, ao zumbir d'aquelles dois aniinaesinhos que no seu vôo passam e tornam a passar por dentro de um raio de sol, tomando e abandonando logo a apparencia de inseclos leitos com lascas espelhentas de mka: — duas aves de rapina á espreita de uma preza!... £ as suas pernas, immoveis, á dependura da alta cadeira, dão a idéa culminante da sua allenção:— por coisa nenhuma d'es-te mundo Bébé estaria quieto, a não ser pelo empenho na solução de um problema que certamente continha triumphos extraordinários para o seu bem-estar, para o sabor dos seus almoços futuros, talvez para o progresso da humanidade.—Porque Bébé, insensivelmenfe, espera descobrir no manejo d'aquelles adventicios, cubiçosos do resto do seu almoço, a maneira de poder ainda aproveitar as migalhas doiradas que nadam na alvura do leite... — Alas acode-lhe então uma idéa que o faz sorrir com desdém das duas moscas, como se assistisse a uni esforço eminentemente ridículo de pretensão: — é claro que aquellãs duas.treaturitas insignificantes, muito mais pequenas do que a preza a empolgar, nunca poderão conseguir o que elle não conseguira, armado com a sua colher e podendo inclinar em todos os sentidos o pireis: Bébé encolhe ligeiramente os hombròs; e esse gesto traduz o pensonieuto infórme do seu pequeno cérebro que principia a ra

ciocinar um pouco: — Coitadas! nem ao menos téem uma co

lher ! . . .

Mas aguarda os acontecimentos, por*descargo de consciência. Pouco a pouco, sempre volteando, as duas moscas teem approximado o vôo do pires, zumbindo, zumbindo sempre. Em baixo os sobejos do aimoço de Bebê devem parecer-lhes um archipelago de rochas de oiro á flor de um oceano lodo branco, onde vae raiar dentro em pouco, como um oriente, a flecha estreita do sol que roda de seu vagar sobre a meza, similhante a um ponteiro de

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luz.—Vae amanhecer alli, n'aquellas paragens dormentes ao fundo de um abysmo de porcelana, comp tardiamente amanhece n'um valle que altas montanhas rodeiam! — E Bébé espreita sempre'áquelles dois piratas do ar, ancioso de ver como elles se tirarão de difli-culdades. Vagarosamente, com um geilo de ladrão nocturno, para não espantar as moscas, Bébé desencosta-se da meza até onde o espaldar da sua cadeira lh'o perrtiitte, — e olha. Ha então um momento em que ellas ficam immoveis ao de cima do pires, sustentadas por uma vibração imperceptível da^azas. Depois, uma d'ellas desce, e a outra dá mais duas voltas a espionar 0 horiSonte, como para se assegurar da impunidade. Bébé exagera a sua immobilidade; e cerra os olhos, emquanto que a mosca, subitamente parada no seu giro, parece fital-o desconfiada, agora Sem úm zumbido. Quando torna a abrir os olhos, as duas aves de preza çstao pousadas na vertente do pires, mesmo á beira do leite, d'esta vez como duas aves ribeirinhas á beira-niar, tentando peneirar com a vista a immensidão das águas. Erguem-se-lhes ao longe as ilhotas de pão de ló, abeberadas de leite na base; e as duas moscas consultam-se, emquanto que Bébé, com o olhar arregalado, a respiração suspensa, prepara o assalto que arrebatará o resto de almoço das garras dos seus commensaes. O raio de sol tem entretanto marchado, vae já na borda do pires... —E' manhã, emfim! — Vê-se o fundo áquelle immovel oceano, de um branco ligeiramente azulado; faisca o sol na humida porcelana. Ás duas moscas, como que despertando de um bom somno, espérguiçam as azas transparentes com as patítás;, appro-ximam-se do inesperado almoço, mergulham o ferrão no leite, chupam com voluptuosidadc cega. Bébé olha um momento aquellas mal educadas, comprehendendo emfim; e de súbito, espantando-as com a voz e com o gesto, toma o pires ás mãos ambas, e põe-se a lambei-o soffregamente com a língua, abandonando a colher que lhe fora inútil. Sabe-lhe melhor esse resto; depois que o lem conquistado á pirataria pelo estudo, pela observação, pela astucia,—pelo gênio, emfim. Sentê-se engrandecido, ao cabo d'aquelle confliclo de onde a sua finura sahiu vencedora. Agora que

as duas moscas, afugentadas, andam de novo a esvoaçar longe do pires, como que ataran-tadas, elle julga ouvir nos seus zumbidos um clamor de derrota que se lamenta esterilmen-te; e esse clamor faz um coro delicioso ao seu triumpho. Sempre lambendo o fundo do pires, Bébé, sorri-se para ellas, com um ar-sinho de escarneo.

Depois, tendo saboreado o seu leite e a sua victoria, Bebe descança, como um trabalhador que tem ganho honestamente o seu dia. Distraindo, pousa uma das mãos á beira da meza, esperando na passagem a lista de sol que continua a rodar, scismando vagamente se ella passará também sobre os seus dedos. Com efféilo, ao cabo de três minutos em que Bébé tem íifado o sol, semi-cérrando as pal-pèbras, a sua mão é alcançada por elle, e adquire subitaWnte uma transparência rosea. Olha então os seus dedos, mira-os e remira-os; mas punge-o de repente um pensamento profundo: — qual será verdadeiramente o papel d'elles, uma vez que ainda ha pouco acaba de verificar a sua perfeita inutilidade no conflicto da existência, perante os simples ferrões de duas moscas? — Ergue o indicador, examina-o por todos os lados:—-decididamente, esse dedito que os seus olhos vêem translúcido do sol, deve servir para alguma coisa, deve ter um fim c-ue o seu cérebro não alcança. — (A não ser que.. .)•—-Bébé sorri; principia-se a fazer luz no seu espirito. Con tinua a remirar o dedo, voltando, pondo-o deante dos olhos, app.roximando-o e affastan-do-o, orá embebendo-o no sol ora pàssando-o para a sombra, como um joalheiro que ana-lysa uma pedra preciosa. Adivinha que vae resolver o formidando problema; e redobra de attenção, com os seus dois olhos muito vivos sobre o dedo muito espetado. Súbito, Bébé sorri-se: —n'um rasgo de gênio, brusco e decisivo como o grito de Archimedes, descobre afinal para que elle serve. —E recos-tando-se, triumphante, — mette-o altivamente no nariz! i

BELDEMOHIO

(Ed. de;Barros Lobo)

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Dois cartazes de JUucha

S>arat) .JBerojkaiwit

Um dos nossos homens eminentes que a adorava: Sousa Martins. Nunca me fallau d'ella, sem se mostrar succumbido. — "Esta mulher é um abuso do creador!r dizia-me elle, ao regressarmos da gare, aonde foramos despedir-nos d'ella. A' minha vista, depois de ouvir uma tirada brilhante e um tanto paradoxal de Sousa Martins, disse-lhe Sarah Bernhardt:

— 0 sr. professor é outro Júlio Verne. — Como phantasista?! — Não: como propheta. Eu creio que Júlio Verne prevê: não phantasia...

SILVA PINTO.

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SARAH BERNHARDT

N'uma das salas "do museu de Cluny, ha uma tapeçaria edade-média onde va

gueiam descuidosas beilas castellãs; envolve-as uma paisagem fantástica: flores

d'enormes cálices, nascidas d'arbustos inverosimeis; e aos seus pés, humilham-se dra

gões, chimeras, leões. Uma natureza do século xn ou x m e vista de cima de torres!

A Phantasia e o Orgulho foram assim pousar Sarah no cimo d'uma torre muito

alta d'onde se nào vê a vida, nem com ella se communica. E tudo é lá soberbo^e

irreal, feito para encantar a imaginação e para desolar o entendimento ! O peor é que

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quem chega a taes alturas nunca mais descerá. A natureza assim se vinga dos que a

abandonam para sempre: sonharão sempre egual . . . E por isso a trágica foi con-

demnada á eterna repetição dos mesmos gestos, da mesma graça, dos mesmos des

fechos, como essas beilas icastellãs aos mesmos cálices enormes, ás mesmas chi

meras e aos mesmos dragões.

- MARIO BERTAUX.

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Fialho d'Almeida

A Sapho, como romance, é o único de Dau-det onde o assumpto domina e preenche o livro, ao contrario do que nos outros suc-cede ao enternecido contista, onde a trama é uma successão de contos ou delicados perfis do flagrante da vida, cosidos a fio frouxo por um alfaiate de gênio sacrificando á elegância e á distincção. Tem Sapho o travor de historia vivida, e d'aquellas, dolorosas, que se escrevem à sangue de saudades: por isso o romancista recomendava ao filho a lesse, passados os vinte annos, quando já o co

ração, sangrado dos primeiros idyllios, verga á amarga, resignação dos desenganos: Sapho é o typo de mulher puida em amores d'oc-casião, tomada por um e "outro, servindo o leito e a cosinha, esgosa a mezes, que o primeiro acaso divorcia dos amantes, e que está condemnada, ave arribadora, a educar adolescentes para o amor esponsalicio, e a ir pr'á rua, volvida a aprendizagem sentimental dos educandos. Pelas delicadezas do coração, raros se interessam: o que fica d'ella é a memória das dissoluções, e a alcu-

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nha sinistra, ganha em bas-fonãs de ceias e cotes. Eis que já no regresso da edade, um rapazola artista lhe apparece, cheirando aos trevos poéticos da aldeia, embriagãnte do ingênuo calor dos vinte annos, e que o acaso envia á pavorosa solidão moral da sua pobre alma de coeotte. Os dois fazem ca-zal n'um canto de mansarda; tudo sorri á vida d'esses seres, e a alma de Sapho crys-talinisa-se, vindo ao de cima os instinctos bons da mulher que se sente útil e reintegrada no papel d'eterna companheira, astro do lar, descrevendo no universo do amor a eterna translação, e depondo-se no fundo do passado, como vasa de mortas marés, a horrível bohemia das ceias dos bars, dos leitos alugados, que lhe dava notoridade entre to-

deixa dormir o dono, nem habitar na casa a felicidade. Alfim, um jantarsinho de hortas faz com que Sapho tope do vicio, antigas relações: uns poucos a reconhecem: Tiens, Saphol Sapho!—e de todas as partes vozes a apunhalam, intimidades d'out'ora fazem pst!, remóques sórdidos a arrastam para a cruz d'esse passado que deixou campainhas de alarme, e por cujas encruzilhadas ella não pôde mais passar sem risco de despedaçar-se nos dentes da matilha perversa dos seus antigos souteneurs. Emfim, de tombo em tombo, suspeita em suspeita, a onda sobe, salsa de angustias apprehen-sivas, lethàlisando os filtros límpidos da vida a dois, que o demoníaco destino mira romper a todo o transe. E quando, emfim,

dos os nocturnos dos bairros escolares parisienses.

Mas os primeiros arroubos volvidos, começa no coração do moço a raclagem sentimental a lhe inquietar as effusões. Elle ama com todos os sentidos e instinctos de uma alma branca e sem mysterios, e essa mulher mais velha inquieta-o, com o muro impenetrável do seu passado, a que elle não assistiu, e que por mais que ella queira, e conte, e contraprove, elle não pôde bem conhecer e medir pfofundamente. Ciúmes vagos, confusas apprebensões, suspeitas anonymas, palavras surprehendidas em acasos fluctuantes de conversas, tudo isto faz herpes, e põe de atalaia a aura cruciante <Jo ciúme, cão de guarda do amor, que não

se separam para sempre, a despedida tem esse cunho irreparável que todos sentido havemos, n'alguma hora de sermos esse rapaz de vinte annos, amando a sério, ou deltas terem sido essa creatura lagrimosa e naufragada, pedindo á ultima paixão sonhos de ingresso na vida honesta, única profunda, consoladora, projectavel no além— attonitas do pavor de ficarem na rua, quando os invernos da vida já lhes não permittem retorno a novas flirtações!

E1 este approximadamente o arranjo que o amigo Adolfo Belot fez do romance, e muito mal, pessimamente, porque não faliando já nas invenções carpinteiraes com que deformou a acção original da obra de Daudet, o monstro só viu na peça, scenas

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pittorescas ou dramáticas a encher e fechar actos, tirando portanto ás figuras a sua lógica convergente, e falhando os typos do romance por forma a lhes deixar apenas um esbracejar de manequins. E' de resto este sempre o papel dos cucos que vêm fazer creação em ninhos d'outrâs aves; só a exploração dos emprezarios e cabotinos de theatros, e a confessa pobreza d'uma litte-ratura dramática, explicam estes ridículos enxertos de mesquinhos alvaneis cor--tando barracas em muros de cathedraes e de palácios. Por isso.e porque, seja dito, a companhia de Réjane é uma pobre tropa viajora, surprehendi-da de se ver escutada, de casaca, n'um primeiro theatro de capital, é que a grandeza da actriz Réjane só nos appareceu, ra-diòsa, dolorosa e sublimemente solitária, ao quar to acto, na grande scena da separação, suando sangue, e que nunca mais se olvidará. Essa scena é em summa o que subsiste de nobre e singu^jir em todo o trabalho da sensibilis-sima actriz, n'esta peça, e ella nos basta para lhe enfileirarmos o vulto na cordilheira de cimos que a arte scenica alcandóra no planispherio da genio-

. graphia contemporânea. Réjane é grande e por ella a arte fran-ceza nivelaria, certo, a italiana, da Duse, se o gosto alto, o pro-celosa gênio, o critério seguro e superior d'Eleonora, que a salva do ephemero e tão fidalgamente lhe prohibe de dar alma a fu-teis creações e figurinhas, podessem tocar a consciência artística da franceza filha de Paris, flor d'uma civilisação esgotada, nefasta, que corrompe o occidente, e todos pagaremos caro, como os avassalados de Roma pagaram ha séculos as. dissoluções da cidade centro. Lastima se faz que prestigiosas creaturas, como estas, das raras que abrem na banalidade grosseira da vida, tãó dilatados plainos de visão, prestem seu corpo, por interesse' ou capricho, á mòdelação de tão apoucadas obras litterarias, e roça-guem pelo reles, azas de tão cerulas remi-

Sarah Bemhardt e Réjatje no Pierrot meurtrier

ges, crescidas nos seus hombros para olym-picos vôos na grande arte! Fazer Ma Vou-sine, Mããame Sans Gene, e tutti quanti, quando se tem na fronte o halo electrico das Únicas, e quando escusado seria sair de França para encontrar, na contemporaneidade das lettras, figuras menos mortas, e consciências novas a exprimir!

Que séstro o d'estas mulheres francezás que vêem cá!? Cuidarão ellas que Lisboa fica na Martinica, e os portuguezes são alar-veirões sensuaes e imbecilisados caixeiró-Ias ? Eleonora Duse admirou o silencio religioso, o angor pectoris com que a escutavam

platéas portuguesas,! quando na Segimâtf' Mulher áe Tankeray e na Heãda Gabler, evangelhos novos rolavam, da sua bocca de Gorgo-na, sobre a idealidade artística, presentjda, susceptibilissima, ;da nossa gente culta A França, com a sua pulverisação littera-ria, reflexo do nihilis-mo philosophico, moral e mental que por lá sopra, inda ora conta oito ou dez escri-ptores theatraes, de certo pulso, não digo atléticos, originaes, creando colossos, mas emfim registrando os choques do tumulto social com lúcido estylete, e restituindo as impressões d'esses choques, em obras que, - fragmentárias embora, nefastas algumas, antagônicas, todavia realçam no seu ocaso a alma d'es-sa França desthrona-

da da realeza do mundo, e suja agonia, dado o canibalismo das raças fulvas, enche já hoje de inquietações os velhos pequenos paizes da Europa latina, occidental. A lista é talvez longa, nem Réjane precisa que estrangeiros lh'a recordem. Haveria para todas as cordas, morbidezas estheticas, esta-tuarias, gritos e visões. Galeria moderna de mascaras colhidas no flagrante dos desejos e dos vícios, no inconfessável das consciências aprizoadas ou revoltas, na fugacidade dos problemas com que o hamletismo moderno tortura, na gaiola da razão preva-ricante, essa felósa miserrima que se chama a duvida do ser.

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De Maurício Donnay a Afjranchie, a Dou-loureuse e Le Torrent. De François de Curei, a Figurante, a Nouvelle Iãole, o Repas ãu lion, Iwvitée e Les fossiles. De Lavedan, a Cathé-rine e o Prince ã'Aurec. A Ainée de Júlio Le-maitre. De Becque, os Corbeaux o Enfant proãigue, e a Parisienne, já representada em Lisboa. O Berceau de Brieux, a Epiãémie, de Mirbeau, e o Boubouróche de Courteline. A Princesse Lointaine de Rostand, a ^moítrewse e o Passe de Porto Riche. As Tenailles de Hervieu... E isto para não fallar da dramaturgia franceza, até Dumas filho, e para lhe não pôr em foco de humilhante parallelo, o theatro scandinavo e alle-mão de Strindberg, Bjorh, Bjornson, Hauptmann, Su-dermann, etc.—que isso seria para estas calaceiras celebri

dades um não acabar de recrimações e vergastadas.

Verdade, verdade: Tem parte alguma se acolheriam festivamente, como nós temos acolhido, actrizes vindas, como Sarah Ber-nhardt n'um cyclo de dezoito annos, quatro vezes a Lisboa, fazer em todas quatro, por preços triplos, o mesmo reportorio anedó-ctico e sédiço, e com entourages de correc-ção mais que suspeita. Pois se o que pensará Portugal pouco accrescenta ao computo total da gloria d'estas deusas, de duas, uma:

ou as deusas cá tornam, incógnito, pelo preço e reclame de mulheres, ou haveremos que as tornar responsáveis pelo pouco que nos dão, a par do que muito promettem.

FIALHO D'ALMEIDA

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Sé ãe Lisboa-

Amarem-se com igual amor é para os amantes a primeira ventura; a segunda consiste em deixarem de se amar ao mesmo tempo.

Não sejas como a água, que se tinge de todas as éôres.

Quando fores visitar o lobo leva o cão comtigo.

(PROV. SYRIACO.)

(PROV. SERVIO.)

Não estamos verdadeiramente curados do amor que tivemos a uma mulher senão quando não sentimos curiosidade em saber com quem ella nos esquece.

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MARIANNO PINA

A Marianno Pina jornalista e homem de lettras que o Brasil por demais conhece, a morte prematuramente cerrou os olhos na curta idade dé 38 annos.

Principiou a sua carreira litteraria.no Diário da Manhã, quando o saudoso Pinheiro Chagas o dirigia brilhantemente com a luz do seu enorme talento, e ao cabo de alguns annos foi para Paris na qualidade de correspondente da Gazeta de Noticias, do Rio de Janeiro. Na capital da Franca fundou a llhistração, bello jornal de artes e letras que durou nove annos. Regressando a Portugal fundou o Nacional e dirigiu o Diário Popular e depois o Jornal do Commercio, do qual era redactor gerente ha bastante tempo. Fez uma viagem ao Brasil onde teve a ventura de verificar quanto o] seu nome era conhecido e apreciado no glorioso pai4 do Sal.

Ha um anno pouco mais ou menos manifestaram-

se-lhe os primeiros symptomas da tuberculose, tomando logo a doença um incremento alarmante.

Trabalhando sempre, foi mandado para o Estoril por conselho dos médicos. O ar do mar e as emanações resinosas dos pinheiros sustaram por algum tempo a marcha da terrível enfermidade.

O infeliz jornalista estava porem irremediavelmente perdido e no dia 3 de março exhalava o ultimo alento sem uma agonia, sem uma afflicção.

Mariano Pina era o prototypo do litterato moderno, incansável, movimentado, e abordando a arte, a critica e a litteratura, sendo notável na segunda destas especialidades. Trabalhou muitíssimo e morren pobríssimo.

A sua existência foi uma lucta constante de todos os dias, que sô tinha a compensação de ver que era considerado como um intellectual de grande valor e merecimento.

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De Volta á JMalhada

O pinheiral d'El-rei, perto do Monte, Corre ao longo da Costa. Na invernia, Quando as nuvens lhe achatam o horisonte, E lhe sacode o sul a ramaria, A' resaca do mar junta os gemidos!

Ulula, range, estrala, grita, implora! E, como o próprio mar, solta rugidos, Ao crescer da tormenta assoladora!

Hontem, porém, o norte limpo e brando, Das cordas da ramagem sonoros», Arrancava-lhe uns sons, de quando em quando,

Semelhantes á nota peregrina Da tristeza amorosa Da leve casuariua!

Quando era moço e amava, Como essa nota divina

Me arrebatava!...

E hontem ouvi-a Apenas echo sumido, Que a minh'alma conhecia De quando tinha vivido!

O campo falia e escuta! São aeritos Oi grandes arvoredos!

Caudaes, ribeiras, fontes, passaritos, Correspondem ás nossas confidencias,

Contando-nos segredos!

Fundem-se em nós aquellas existências, Que tem auroras, noites, tempestades, E a folha morta 1... E, como nó j — saudades!

Os corvos altaneiros, Na direcção do mar, Saindo dos pinheiros, Seguem a crucitar!

Sol posto. Lá, distante, da jardia, Yem o rebanho. Andou, desdejt alvorada

A pastar toda o dia.

Cheguemos á Malhada. Fizeram-na campeira,

Que o fato ê grande, alegre e saltadorl

A' rez que se tresmalha, o oão da Beira, Um rafeiro de raça,

Latindo, a faz voltar.

Vozeia, ameaça, Silva e floreia o baculo, o pastor!

Aos latidos, aos silvos, ao vozear, Aos berros da cabrada, Que vem, a tilintar, Correndo á desfilada, Retumba o pinheiral!

Estéril, desmandado, Foge o gado maninho; e, socegado, Entra o fecundo alfeire no curral!

Trazem as cabras, rebentando, os uberes! Começam-se a ordenhar. Dá, qual mais mansa, Um tarro, a trasbordar, de leite espumeo!

A' porta da Malhada, o cão descança!

BULHÃO PATO.

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ADA paiz tem o seu divertimento favorito. A Inglaterra goza com o sportismo hippico e os jogos athleti-cos, a França recreia-se nas corridas cavallares, os portnguezes e os hespa-nhoes enlevam-se nas toi-radas. Noiis sotnmes tous

d'Athénes en ce point. O nosso velho coração latino, tão apaixonado da audácia aventureira e dos cortejos magestosos, exulta cora este especta-culo eminentemente característico. O combate do bipede pensante contra o quadrúpede cornudo faz despertar, no tréfonds de cada um de nós, o frêmito molecular de alguma coisa que foi outr'ora um antepassado valoroso.

A Hespanha tem fanatismo pelas corridas de toiros. Ainda ha pouco, quando os Estados-Unidós da America a obrigavam a digerir precipitadamente os últimos restos da herança de Carlos V, ella não dava tento aos borbo-rygmos intestinaes, para só gritar a plenos pulmões: A' los toros! Causava espanto a maneira por que os hespanhoes se consolavam das desgraças nacionaes, no momento em que, por todo este espheroide rotatório, se perguntava, inquieto, se a poesia e a legenda sensual que alimentavam a opera-comica e o romance não iam ser estranguladas pela brutalidade yankee e enterradas com dominó preto. E os phyloso-phos sedentários de além dos Pyreneus, mal Comprehendiam o enthusiasmo còm que o publico da arena barceloneza, no dia seguinte á derrota de Cavite, lançava á pátria de De-wey, como supremo desafio, o nome de um toireador famoso.

PINTO DE CARVALHO

A corrida é prato de resistência no menu das grandes festas hespanholas. Quando algum chefe de estado visita Madrid, oílerece-se-lhe sempre uma toirada, como Castelar pronunciava discursos brilhantes em honra das personagens illustres que o iam ouvir para as galerias do parlamento. Gambelta, assistindo a uma sessão nas cortes, teve o gosto de ser mimoseado com uma arenga, que o fogoso tribuno castelhano propositadamente improvisou a respeito de um projecto

minúsculo, e em que a Hespanha inteira desfilava com gestos de bravura, repiques de castanholas, sonoridades frágeis de pandeiros, cantos ornitho-logicos de ti pies e.frou-frous de guitarras.

O toireio, como a es-grima, a choreographia e a gymnastica, tem as suas leis, os seus princípios re-gulamentares, o seu código ; e os toiros hespanhoes teem o seu stud-book, a sua genealogia em forma, como os puros-san-gues que disputam o Der-by em- Epsom, ou o prêmio do Jockey-Club em Chantilly.

Ha quem sustente que as tauromachias só exis

tem verdadeiramente em Hespanha. A penna do príncipe de Licbnouski dizia.— rçportan-do-se ás asseverações da condessa Hahn-Hahn, viajante allemã — que a corrida de toiros portugueza era muito innocente e apresentada com bastante mediocridade. Madame Junot (depois duqueza de Abrantes) tamBem já declarava nas suas Recordações de uma embaixada que as corridas luzitanas eram, simplesmente, uma má parodia das de Hespanha.

Na Roma da decadência, os nobres de ordem eqüestre, e mesmo senatorial, iam ao

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A l m a n a c h do B r a s i l - P o r t u g a l

circo para combater como gladiadores. O imperador Commodo, filho de um gladiador, baixava desnudo á arena, e sahiu vencedor em setecentos combates. A lei prohibia que os patrícios tomassem parte nos combates gla-diatorios e marcava de infâmia o gladiador— esse rei do músculo. Mas os costumes podiam mais que a lei. Em Hespanha lambem os nobres desciam á arena para conquistar novos laureis en Ias hastas dei toro. Aqui, as censuras ecclesiasticas tentaram, por varias vezes, impedir as toiradas.

Enumeremos, por sua ordem chronologica, as Constituições Pontifícias mediante as quaes se pretendeu obstar á pratica d'este divertimento. A pedido de vários theologos (que consideravam a toirada como espectaculo sanguinário, cruel e sobretudo, gentilico) Pio V expediu, em lf>66, a Extravagante que refere Navarro de verbo ad verbum, in sum cap. 15, N.° 29, prohibindo totalmente o correr toiros, e ordenando, sob pena de excommunhão maior, três coisas: 1." Que os príncipes, ec-clesiasticos ou seculares, não permittissem corridas de toiros ou de feras nos seus domínios; 2.a Que pessoa alguma toireasse, e que se, por acaso, morresse no corro não tivesse sepultura sagrada; 3.a Que os clérigos, tanto regulares como seculares^, não assistissem a similhantes espectaculos. Sua Santidade entendia que «de acommetter toiros provinham muitas mortes a homens, mutilações a corpos e perigos a almas». Filippe II escreveu a seguinte carta ao papa Gregorio XIII, suppli-, cando a revogação das determinações de PioV: "*.

«A' Su Santidad. Muy Saneio Padre.'A Don Juan de Cunijo

mi Embajador y dei mio consejo escribo, que de mi parte hable a Vuestra Santidad sobre

ei próprio motu que dió Ia buená memória de nuestro Sancto Padre Pio V á causa dei correr de los toros, y por ser de Ia importância que és á causa de los danos v inconvenientes que de no se correren estos ftevnós se sigue, como más largo informará ei dicho Embajador, humildemente supplico á Vuestra Santidad que dandolc credito á Io que de mi parte le dixere, aquellò mande conceder, que en ello recibiré singular gracia v beneficio de V." S., cuya saneta persona Nuestro Sefior guarde á fíueno y prospero regimieiito de su Universal Iglesia"

De San Lorenzo ei real, á quince de Junio , de 1575.

De Vuestra Santidad Muy humilde y devoto hijo Don Phelipe, por Ia Gracia de Dios, Rey de Ias Espanas, de Ias Dós Sicilias, de Hier, que sus sanlos pies y manos besa. Yo El-Rey.

Antônio de Grasso.»

De facto, em 1575, Gregorio XIII concedeu licença para toiradas, excepto aos domingos (a* i\ip ser com o intuito de festejar ; algum santo, por voto da municipalidade) e levantou a comminação imposta aos seculares, mas deixou em vigor a referente aos religiosos e clérigos in sacris. Assim, a Egreja, fazendo dobrar a orthodoxia a concessões op-portunistas, ora encarava as' corridas como actos criminosos, ora as considerava meios de de\Oçãq e descargo de consciência. Sendo, porém, o papa Sixto V informado, em 1586, que os mestres de theologia e cânones não só iam aos loiros, mas ensinavam que os de ordens sacras os podiam vêr, remetteu um Breve ao bispo de Salamànca, para que, na qualidade de Legado Apostólico, mandasse aos ditos mestres que não ensinassem tal, que os Clérigos contheudos na indicada Constituição os não vissem, e que, se preciso fosse, invo-

Toiros no campo

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casse o auxilio de braço secular. Em 1>596, o rei de Hespanha dirigiu uma supplica a Clemente VIU, a fim d'este soberano pontífice moderar as disposições dos seus antecessores, allegando que no seu paiz os cavalleiros e mais homens se faziam destros e expeditos

Sara a guerra com o exercício das toiradas. i Papa atlendeu a supplica e permittiu, so

mente em Hespanha, que os ecclesiasticos disfructassem corridas taurinas, continuando,

applicado aos infractores foram completamente ineflicazes. Os espectaculos tauromachicos nunca cessaram, e mesmo no século xvi vieram a lume diversos tratados a respeito do toircio e do cavalgar á gineta com regras at-tinentes á tauromachia.

Os rescrintos papaes referiram-se não só ás tauromacnias, mas a outros exercícios. Os torneios soffreram censuras do papa Eugênio

Conducção de toiros (Calçada de Carriche)

porém, a manter o impedimento tocante aos religiosos.

As antigas leis hcspanholas declaravam inhabil a testemunhar em justiça ei que por dineros fuese a lidiar una bestia brava. Todavia, quer-nos parecer que este preceito da legislação significava antes que o lidar toiros era acto por tal forma cavalheiresco, que ninguém o devia praticar a troco de dinheiro.

Tanto aquellas disposições repressivas e restrictivas como este ferrêle de ignomínia

(no século ix) e de Innocencio 111, que os classificava de jogos abomináveis; e ainda no século xvi a Egreja os fulminava de excom-munhão. Muitas vezes se negou sepultura sagrada aos que haviam entrado n'elles. Clemente V, nas suas celebres Constituições Clementinas, prohibiu a caça feita por ecclesiasticos, autborisando-a apenas quando os coelhos e os animaes ferozes apparecessem em grande quantidade. Que distancia d'ahi aos tempos em que o epicurista Leão X, longe de pôr óbices aos exercicios venatorios, era o primeiro a dar o exemplo, guardando a

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Almanach do Brasil-Portugal

Ura adorno de Guerrita

thiara na gaveta, e indo, á guiza de um sportman de hoje em dia, caçar veados em Cornetto, armar redes em Viterbo e pescar á linha no lago Bolsena!...

A incontinencia lacrimatoria dos tenorinos humanitários determinou, por sem duvida, a adopção da lei Grammont em França. Esta espada de Daraocles legislativa"pende sobre a cabeça dos taurophilos gaulezes. Os privi

légios da lei Grammont deviam, a nosso ver, tornar-se extensivos a esses animaes arteiros que se chamam — os políticos, embora as ex-crescencias symbolicas que alguns abrigam sob os respeitáveis chapéos altos sejam devidas a accidentes pessoalissimos e somente empregadas nas partidas de sport conju-igaes... '

' * PINTO DE CARVALHO (Tinop.)

Guerrita entrando a matar

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Almanach do Brasil-Portugal

CxULerrita. Causou enorme surpreza no mundo taurino a ines

perada retirada do eminente toireiro Rafael Guerra (Ouerrita), que abandonou a sua lucrativa carreira apenas com 37 annos de idade, ainda cheio de vigor e na plena posse de todas as suas exhnberan-tes faculdades. (1)

Bafa ei Bejarano Guerra, (Guerrita) nasceu no dia 6 de março de 1862 no bairro da Mercê (Cordoba), sendo seus pães Joeé e Juana, modestos industriaes, proprietários de uma fabrica de cortumes.

Dias depois foi ba-ptisado na egreja de Santa Marina, apadrinhado por seu avô materno Marianno Bejarano em substituição do matador José Rodrigues, (Pepete), fallecido dias antes e pela esposa de Rafael Bejarano.

Em 187-1 foi José Guerra nomeado porteiro do matadouro de Cordoba, e desde essa época «e pôde assegurar que principiou a vocação tauromachica de seu filho.

Guerrita era chamado para todas as praças de Hespanha, França e Portugal e toireava nas corridas que desejava, arrecadando grossos ca-bedaes, o que lhe per-mitte possuir hoje uma avultadissima fortuna que se calcula em mais de oitocentos contos de réis.

Basta dizer-se que atê 15 d'outubro, data em que toireou na sua ultima corrida em Zara-goza, apresentou-se em 887 corridas, nas quaes matou 2.333 oornupetos que, com 114 que estoqueou antes de receber a alternativa de matador de toiros, Bommam o importante numero de 2.447.

Só no corrente anno lidou rezes bravas em 82 corridas com outros diestros dos mais afamados, e no anno de 1895 a 19 de maio, realisou um record taurino originalíssimo, em que, toireando ás 9 horas da

Rafael Guerra (Guerrita)

(1) Matou o seu ultimo touro a 15 d'outubro de 1899.

manhã em San Fernando, ás 11 em Jerez de Ia Fron-tera e ás 5 horas da tarde em Sevilha, ganhou a ba-gatella de nove mil duros ou sejam nove contos de réis approximadamente despachando nove toiros.

Na lide dos 2.447 toiros que matou, foi colhido muito poucas vezes, sendo os ferimentos mais importantes os que recebeu nas seguintes praças:

Em 30 de novembro de 1887 na Havana (Cuba).

Em 1 de janeiro de de 1888, na mesma praça, recebeu uma cornada no lado direito do pescoço que lhe poz a descoberto a artéria ju-gular.

Em 24 de Junho de 1890 em Jerez, soffreu uma ferida gravíssima na região inguinal direita; e em 7 de Setembro de 1883 em Mur-cia, recebeu um pun-tazo no angulo do maxilar que poz a sua vida em grave risco.

E' como se pôde apreciar, um numero relativamente pequeno de desastres para quem tanto expoz a vida ante as aceradas hastes dos muitos oornupetos que toireou.

Também ê justo notarmos outra vez que Guerrita, com o seu methodo especial de toireio, as suas poderosíssimas e inesgotáveis faculdades, e a sua desenvolvida musculatura podia ter o exercício continuado da sua arriscada profissão, sem receio de uma colhida a não ser por descuido.

Rafael Guerra quiz ser, e foi, não cessaremos de o repetir, um toireiro excepcional executando com perfeição todas as sortes conhecidas e atê mesmo levou a efieito algumas que estavam cm desuso, como a sorte de matar recibiendo ; pensou tornar-se rico e conseguiu-o, ficando rico em pouco tempo; e por fim resolveu não toirear nunca com outro matador de toiros por diante de si e realisou o seu intento.

EGYDIO D'ALMEIDA.

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Almanach do Brasil-Portugal

Alfredo Keil

A S E R R A N A (drama lyrico, musica de Alfredo Keil) Ouvem-se fora as rebecas e os violões; os camponeses

correm ao fundo.

MANUEL

A nossa aldeia chega!

CAMPONEZES

Venha embora! - - ~

ZABEL E MAIS RAPARIGAS, fora

Nascida no meio da serra, É mais resistente a flor,

E no peito das serranas Tem mais raízes o amor.

Marcello escuta, enleiado, a voz de Zabel.

NABOE, baixo a Marcello

Afasta esse odip cruel, Marcello!

MAECELLO

D'essa turba encantadora Só escuto a Zabel!

Ai! como a sua voz tremula chora!

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Almanach do Brasil-Portugal

SCENA III

Os mesmos, ZABEL, toda a gente do logar que vae para o arraial, entrando

A s CANTADE1BAS

Nascida no meio da serra, É mais resistente a flor, E no peito das serranas Tem mais raízes o amor.

• OS HOMENS E MAIS POVO

Folgar sem cedo, rapazes! Folgar, folgar, camponezas! É hoje dia de festa, Amanhã virão tristezas.

CORO DE MULHERES, destacando-se do mais povo, batem nas mesas chamando o taberneiro

Viva a festa do nosso padroeiro! Vinho, quer-se mais vinho, ó taberneiro!

Os homens riem.

ZABEL, O Marcello que se tem conservado sentado desde a entrada do coro

Só tu, no meio d'alegria tanta, Ainda não sorriste 1

MARCELLO, com mau modo, levantando-se

Deixa me!

Mudando de tom.

Nao I Vem cá! Sorri-me ! espanta Dos meus enleios o rebanho triste.

Chega-se á mesa.

Quero vinho também: vinho ao Marcello! Corra ahi vinho a rodo! Eia, enxuguemos todo

U da tasca! HOMENS

Juramos nós bebel-o!

MANUEL

E para de alegria encher o mulherio,

E preciso que alguém nos cante ab desafio.

HOMENS E CANTADEIRAS, apontando para Zabel

Zabel! Zabel! ZABEL

Pois vá 1 E o cantador quem é ?

MANUEL

Lá para responder-te é que ninguém!

MULHERES E HOMENS, apontando para André

André!

Destaea-se de um grupo André com guitarra; seguem-no outros camponeses também com guitarras. Marcello e Nabor sentam-se junto de uma mesa.

. ZABEL

Chamam-me rosa nos montes, Nos montes onde eu nasci; Toma cuidado co'a rosa Que tem espinhos p'ra ti.

Como a rosa das campinas Tem abrolhos a mulher; Attrae muito o seu perfume Mas faz mal a quem a quer!»

O coro repete a segunda quadra.

ANDBÉ, respondendo-lhe

Chamam-lhe rosa nos montes, Nos montes onde nasceu; Quem dera só para tel-a Fortuna e vida, sei eu!

Enchi minhas mãos de sangue, Quando te quiz apanhar; Mas conheço quem primeiro Te colheu aem se arranhar.

LOPES DE MENDONÇA.

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Almanach. do Èrasil-Porfcugal

DÉCIMO NONO ftHNO, N." 6:140 _ Húmero nwtilso, IO r e i s Dominga. 12 CB favprelro do 1899

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Almanach do Brasií-Portügaí

Sob a direcção superior, de competência não vulgar, conseguiu O Século ser o jornal portuguez de mais vasta circulação em todo o paiz. Repositório abundantíssimo, completo, da informação, pode afflrmar-se, sem trahir a verdade, que todos os casos, todos os acontecimentos da vida nacional, encontram nas suas columnas a reper-cursão, o ecco. Verdadeira pieuvre jornalística, as suas antennas espalham-se por todos os logares, e lançam depois sobre essas numerosas columnas que parecem elásticas, factos, impressões, narrativas, tudo que forma a vida portugueza, tudo o que interessa á opinião, desde o que se passa na morada dos reis, até ao que se discute e resolve no mais modesto club socialista.

D'esta forma O Século tornou-se uma necessidade e uma força. Fez da reportagem a sua arma de concorrência e de lucta, e soube com tão apurado tacto manejal-a ou esgrimil-a, que triumphou.

Alcançada a primeira victoria, fácil se tornou a segunda, facilimas quantas se lhe tem seguido. O Século e avidamente procurado e lido em todas as terras dó paiz e nas colônias portuguezas. Nem se comprehen-

deria uma tiragem de tantas dezenas de milhares de exemplares sem estas ramificações múltiplas, sem esta circulação larguissima que leva a cada habitação um numero d'este jornal. .

Variadas e já numerosas publicações tem sahido da empresa mater, fundada por Magalhães Lima ha 20 annos, salientando-se entre ellas o Supplemento do Século que todas as semanas se apregoa pelas ruas de Lisboa, e a mais recente de todas, O Século no Brasil e Colônias, publicação semanal destinada quasi exclusivamente, como o seu titulo indica, ao Brasil e ao ultramar portuguez.

Para a enorme tiragem do Século tem contribuído em grande escala as illustracões que todos os dias se espalham pelas paginas do jornal, e para as quaes a empresa installou no seu edifício uma pfficina de zincographia.

Todo esse desenvolvimento, excepcional n'um paiz de recursos limitados, deve-se, justo é dizel-o, á intelligencia, á perseverança, á força de vontade, d'aquelle que tem hoje a propriedade e direcção do Século, e cujo retrato damos: Silva Graça.

Silva Graça

Illusão d'cptica.

—Oh!

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Almanaôh do Brasil-Portugal T*%

ultima

Inda hoje, o livro do passado abrindo,

Lembro-as e punge-me a lembrança d'ellas:

Lembro-as, e vejo-as, como as vi partindo.

Estas cantando, soluçando aquellss.

Umas, de meigo olhar, piedoso e lindo,

Sob as rosas de neve das capellas;

Outras, de lábios de coral, sorrindo,

Desnudo o seio, lubricas e beilas...

Todas formosas como tu chegaram:

Partiram... e,,ao partir, dentro em meu seio,

Todo o veneno da paixão deixaram.

Mas, oh! nenhuma teve o teu encanto,

Nem*teve olhar como esse olhar tão cheio

De luz tão viva, que abrazasse tanto!

OLAVO BII.AC. •

OLAVO BILAC (RIO DE JANEIRO)

Illusão d'optioa

— Ah!

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Almanach do Brasil Portugal

E no Paiz das Chimeras Mil vozes d'anjos dispersos, A musica das Espheras, Hão de cantar-te os meus Versos.

Mas é tão fria a luz calma Do teu olhar... que flagello! Se a tua alma é um mar de gelo E o olhar é o espelho da alma...

Senta-se a Noite á janella Do Firmamento, a anediar Com o pente d'uma estrella A cabelleira de luar.

Serve-te a madeixa negra De moldura ao rosto franco, Como se uma toutinegra Pousasse num lirio branco.

E as minhas quadras singelas, Feitas de crenças e anhelos, São pequeninas estreitas Que atiro p'ra os teus cabellos.

Nesse teu lábio vermelho Ha risos do sol d'agosto: A Alvorada é um espelho, Onde se mira o teu rosto.

Ao lançar dos olhos meus A rede dos meus desejos No lago dos lábios teus, Eu trago-a cheia de beijos!

E as Estrellas, de joelhos, Vão depor nas mãos de Deus Os doces beijos vermelhos Que tombam dos lábios teus.

A Lua, onde os olhos fito, A face em nuvens recata, Como lagrima de prata Na palpebra do Infinito...

A's vezes, quando indeciso Me curvo p'ra o teu olhar, Vem numa lagrima um riso: — Raio de sol sobre o Mar!

O Arco-íris, que enfreia As nuvens feitas de estriga, Faz-me lembrar a tua liga Mordendo a seda da meia..

Molho em Alma a minha penna — Raio de sol a tremer — Para escrever o meu poema Com letras d'astros a arder.,

\ • l

E passo a vida tristonho A cantar, por não saber Se a Vida está só no Sonho E a Realidade em morrer...

O Inverno no Coração: Cheio de neve o Passado: — A andorinha da Illusão Faz volta p'ra o meu telhado.

Um canto ao vento fiuctua: Começa a Aurora a cantar.. • • Oh Noute, vae-te deitar: Rasga o pandeiro da Lua!

A estrella da Madrugada

f um douto tremer fulgente uma camelia pregada

Na botoeira do Poente.

Pequenas da minha terra, Dou-vos Canções; dae-me Beijos! A quem sua Alma descerra, Vae-se-lhe a Alma em desejos!

Tenho já secca a garganta: E como é que isto é, não sei! — Quem canta seu mal espanta... Puz-me a cantar... e chorei!

GUEDES TEIXEIEA.

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Almanach do Brasil-Portugal

BRASIL r

São especialmente notáveis os discursos de Assis Brasil sobre o systema federativo e sobre a fôrma republicana, j Duas prelecções, completas', duas oi ações monumenfaes deixaildo o assunopto èigotado. Ha n'esses famosos discursos rasgos de genuína eloqüência. , .

Assis Brasil, atacando as instituições, respeitou sempre os indivíduos que as representavam. Foi invariavelmente a sua linha de conducta. Nunca offendeu ninguém pessoalmente, nunca desceu ao doesto ou ao

chaseo, mantóve-se sempre na serena região dos princípios. . De uma vez, Silveira Marlinf, qiie, embora monarcbisla, sempre andou descontente com a monarchia, apontoú.õ

Imperador como responsável dos males do Brasil. O deputado republicano protestou, dizendo que os males provinham das instituições e não do monarcha e que não

hesitava em fazer a declaração de. que considerava o sr. D. Pedro II um cidadão distincto a todos os respeitos, amante sincero do seu paiz.

Quanta dignidade n'estas palavras! E como se impõe ao respeito quem assim procede! Proclamada a republica, Assis Brasil defendeu-a com a penna e com a palavra e, sendo escolhido pelo governo pro

visório para o melindroso posto de ministro em Buenos Ayres, passou a servil-a no desempenho d'esse elevado cargo. Foi na capital da Republica Argentina que encetou a sua carreira diplomática, que tem sido fecunda cm serviços

ao Brasil. Dos modernos diplomatas brasileiros ha alguns que teem ganho fama sem terem praticado actos que a justifiquem; Assis Brasil é dos poucos qüe podem justificar cem factos a sua escolha para as missões exteriores, ainda as mais delicadas. Eleito deputado á Assembléa Constituinte, tomou parte muito activanos.seus trabalhos.

O traço indelével da sua passagem pelo Congresso foi a declaração que lez, ao proceder-se á eleição de presidente da republica. Deodoro era candidato e tinha todas as probabilidades de victoria.

Assis Brasil votava ao marechal toda a consideração e consagrava-lhe grande estima pessoal. Entendia, porém,que elle viria a ser funesto, como foi, ás novas instituições e por isso recusou-lhe o seu voto, dando-o ao dr. Prudente de Moraes.

A declaração escripta, que apresentou á Assembléa, expondo as razões por que não votava em Déodoro, é o mais valioso documento que um homem publico pôde dar da sua independência, da sua lealdade, da sua altivez e do seu patriotismo.

f V. DE S. BOAVENTURA.

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Almanach do Brasil-Portugal

FI*©C©8 B E N 1 ¥ E

Quando eu parti, minh'alma aberta em chagas Partiu também, seguindo a minha sina. — Corri florestas, solitárias fragas, Buscando allivio á dor que me domina.

E depois de rever longiquas plagas ünde brinquei quando era pequtnina, Olhando o mar, que as transparentes vagas Entornavam na praia alabastrina;

Depois de vêr cidades populosas, Palácios, cathedraes maravilhosa», Jardins floridos como eu nunca vi;

Voltei, sentindo o mesmo horror'ao mundo, Trazendo n'alma o mesmo mal profundo A mesma angustia que levei d'aqui.

AUIIEA PIIIES.

WSJÍ-Ô m&mmm Escravo de essa angélica meiguice Por uma lei fatal como um castigo, .Não abrigara tanta dôr comigo, Se este atfecto que sinto não sentisse.

Que te não dôa, emtanto, isto que digo, Nim as magoadas falas que te disse, Não t'as dissera nunca se não visse Que por dizelas minha dôr mitigo.

Longe de ti, sereno e resoluto, Irei morrer, mi>errimo, esquecido, Mas heide amar-te sempre, anjo iinpolluto.

És para mim o trueto prohibido; Não pousarei meus lábios n'esse frueto, Mas morrerei sem nunca ter vivido.

ADELINO FONTOURA.

BIO EE JANEIRO — Typographia Nacional 137

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Almanach do Brasil-Portngal

A PESTE NO PORTO

Dr. Câmara Pestana iFallecicto de peste em Lisboa aos 17 de novembro de 1899)

Nos princípios de julho, a existência da peste no Porto era um caso averiguado e scientifica e officialmente reconhecido.

O dr. Ricardo Jorge, cuja opinião estava formada sobre a moléstia, mandou, no entretanto, o bacillus ao seu collega, dr. Câmara Pestana, director do Instituto

Bacteriológico de Lisboa. O illustre ba-cteriologista constatou, também, a existência do bacillus da peste bubônica e participou immediatamente o facto^aoV. presidente do conselho para ser tomado na devida consideração.

Parece, porem, que da conferência do

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Almanach do Brasil-Portugal

director d'aquelle Instituto com o chefe do governo, houve melindres muito justificáveis para o dr. Pestana, que para fazer corroborar às suas opiniões, remet-

anti-pestifero do dr. Yersin, quem respondeu reforçando, se era possível, as opiniões auctorisadas dos médicos portuguezes.

Dr. R i c a r d o J o r g e

teu, por seu turno, o bacillus para Paris, afim de ali ser também examinado.

A resposta não se fez esperar e foi o Instituto Pasteur, o percursor do soro

As providencias do governo impunham-se, porque das opiniões dos entendidos inferia-se o serio cuidado a haver com semelhante moléstia para a debellação da

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Almanach do Brasil-Portugal

Rua da Fonte Taurina onde se deu o primeiro caso de peste

qual todos os meios prophylaticos pareciam poucos.

Mas, como a epidemia apresentava um caracter benigno, estacionario, pouco progressivo, não obstante a media da mor-bilidade e da mortalidade ser terrivelmente assustadora nas regiões, onde ella grassa com toda a celeridade, os ânimos aquietaram-se um pouco até aos meados ou fins do mez de julho sem que grandes signaes de perturbações transparecessem.

Por outro lado, a tetrica nova, cahindo de chofre no povo, percorrendo de lés a

lés todo o paiz, acarretaria a todos um pavor não difficil de computar. O Porto resentir-se-hia immedia-tamènte d'essas conseqüências,vendo-se prejudicado nos interesses econômicos, com as suas orficinas paradas, paralysada a vida com-mercial, a industria sem braços e — uma outra peste não menos terrível — a miséria.

O tempo ia correndo. Do Porto chegavam todos os dias noticias para aterrar os espíritos mais pá-vidos, e os jornaes portuenses não pareciam inquietos, nem preoc!- . cupados com a terrível epidemia.

Os casos succedidos desde que se dera pela peste, montavam a \ 14, os quaes foram assim distribuídos: 11 na Fonte Taurina, 2 nas Arcadas de Gruindães e 1 na rua dos Mercadores.

Esta mortalidade não apresentava, como se vê, tendências de grande alastramento.

Na chusma de interviews, que começaram a apparecer em todos os periódicos, enchendo columnas

e columnas de jornaes, expendiâm-se as opiniões auctorisadas que concertavam e diagnosticavam os meios para debellar a peste, e foi d'este modo que o publico se foi a pouco e pouco elucidando, preparando-se para receber o terrível inimigo que, segundo todas as probabilidades, estava em vésperas de bater aporta de todos os lares, caso não fosse combatido com êxito.

A opinião, em geral, de todos os médicos era que a peste bubônica do Porto • se apresentava muito attenuada, o que

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Almanach do Brasii-Pórtugaí

ainda assim não era motivo para rego-sijo, porisso que ella ainda não encontrara, talvez, condições próprias para irradiar com intensidade, esperando occa-sião de menos calor para tomar maior desenvolvimento.

Porisso havia muito tempo para pôr em pratica todos os meios aconselhados pela demographia e hygiene publicas e não foi sem opportunidade que de todos os lados surgiram opiniões, alvitres, conselhos de varias espécies concernentes todos ao fim commum de debellar a epidemia ou, pelo menos, de a attenuar.

O que, acima de tudo, punha nos corações um grande susto, era o estado pro-phylatico do Porto que, sem exaggero algum de má vontade, ou de precipitados juizos, é iacontestavelmente muito menos liygienico do que o de Lisboa.

Pelos começos do mez transacto, o sr. presidente do conselho auctorisou o dr. Ricardo Jorge a tomar todas as providencias que o caso reclamava, concedendo á câmara do Porto uma verba especial para satisfazer ás despezas exigidas com as medidas sanitárias que scien-tificamente se careciam para tal fim.

Entretanto, outras medidas de maior vulto não appareciam. Em geral parecia esperar-se da providencia divina compla-cencias ou suppunha-se (mercê da ignorância provável do caso scientifico) que a peste bubônica, internando-se na hran-dura dos nossos costumes, se attenuaria, como que por entíanto, indo-se embora com preces e exorcismos.

E continuavam os jornaes do Porto a declarar, quasi todos pelo mesmo coro, que não havia peste, ou que, se alguns casos anormaes se tinham dado, eram elles, com effeito, de uma doença infecciosa, de caracter epidêmico, mas sem confecção do terrivel morbo.

Um dos jornaes da cidade invicta ex-pendeu, nos meados de julho, que ainda não vira a declaração coram pdpulo que algum medico conhecido tivesse feito. Comtudo, por essas alturas reunia-se ali a Sociedade de Medicina e Cirurgia, sob a presidência do dr. Augusto Brandão, em cuja assembléa se deliberou, após varias discussões, por unanimidade, que era a genuína, a authentica peste Bubônica que estava no Porto.

Hospital das Guellas de Páu —Enfermaria

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Almanach do Brasil-Portugal

M^^WMMMl^M.

Encomnrani.se no outeiro As ruínas em montão d'um castellojroqueiro. Quando um frouxo de sol a morrer no occidente Doira a crista da serra e oscula friamente A sombra negra d'essas ruínas desoladas, Eu relembro o Passado: os duellos e as caçadas!.

Vejo-os eorrer ainda, esses nobres avoengos, Montárias reaes, com seus finos podengos, A galopBj galgando sebes e vallados, — O cabello a açoutar os gorros emplumados! — Sobre negros corseis resfolegando pompas, E irem, chicotes no ar, á vibração das trompas,

Leves no estribo, ao fim d'um bosque secular, Empoeirados na luz do sol crepuscular I E ouço ainda a distancia os confusos ruidos: O hallali! a resoar no bosque entre latidos!.•;.

Hoje, reina um silencio austero nas campinas. O sol qne vae morrer beija somente ruínas! Zumbe atravez do bosque um enxame de insectosj. Tremem, na calma do ar, rendas verdes de fetos; E o fio d'agoa que murmura entre os choupae.s Some-se entre o fraguedo e não scintilla mais...

JOÃO SARAIVA

A esposa do actual presidente do conselho de miuistios portuguez Sur. José Luciano de Castro

O lar do actual presidente do conselho de ministros de Portugal impõe-se pelo exemplo. E'que á frente d'elle está uma senhora que, pelas qualidades pessoaesque a ennobrecem, honra o seu sexo. Esposa desvelada e mãe amantissima, dotou-a a natureza de faculdades superiores para ser a companheira digna, consciente, responsável. Está, como raros, á altura da missão que desempenha. N'esta terra, onde a maior parte da gente está deslocada, a sr.a D. Maria Emilia está no seu logar. Honra a tradição que herdou do pae, jurisconsulto de valor e caracter sem mancha, e ê tão correcta e alta a comprehensão que tem do dever pela sua missão imposto, que, assim como uma mulher pode dirigir um paiz, a nobre esposa do presidente do conselho, no impedimento de seu marido, podia dirigir o governo.

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No Minho— Ã caminho da romaria 133

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Almanach do Brasil-Portugal

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DR. ALVES DE SA

A individualidade do eminente advogado, que é uma glória do foro portuguez, e cujo retrato honra hoje esta pagina, é tão vastamente conhecida nos dois paizes onde se fala a lingua que lhe tem dado tão assigna-lados triumphos oratórios, que supérfluo seria o biographal-a n'este logar.

Desde a Universidade, que lhe deu o grau de doutor, premiando com justiça o brilhante acadêmico que, por excepcionaes faculdades, se salientara entre os seus condis.-cipulos, até ás glorias da palavra conquistadas dia a dia e palmo a palmo nos tribu-naes de Lisboa, a existência do doutor Alves de Sá pôde apontar-se como modelo de tra

balho, de, valor, de orientação, de honestidade; e por todas estas qualidades, de triumpho.

Feixe de nervos, mas tão bem dispostos e conjugados, que decerto a natureza se com-prouve em mostrar n'este exemplar da Espécie que a intelligencia mais tina, o.bom senso mais pratico, a orientação mais segura e o methodo mais rigoroso, se podem harmonisar por completo com a organisação nervosa mais' excitaVel e irrequieta. E só assim se explica bem que o casuidico eminente e o profundo júrisconsultò, que tem implantado no Direito todas as modernas acquisições das sciencías, seja simultaneamente, pintor, musico, aguarellista, escul-ptor, aguafortistá, e tão accentuadamente evidenciado em qualquer d'estas ramificações da grande Arte, que, se não fossem as occupações pròfissiònáés d'este trabalhador emérito, em qualquer d'ellas seria alguém, teria um nome, alcançaria a fama. Para conquistar-lhe a de pintor, por exemplo, bastariam esses dois retratos a óleo, que são duas obras de arte: o de sua mãe e o de seu pae, que se vêem no escriptorio da sua casa e no seu escriptorio de advogado.

No seu atélier penetramos nos domínios do artista. E' ahi que elle passa, na rccherche do

' bellò,.todo envolvido na arte, as raras horas que lhe deixam vagas os trabalhos do foro. Afastada e silenciosa, essa sala presta-se maravilhosamente, ás mais delicadas lo-cubrações do espirito artístico, e elle, exem-plarissimo chefe de família, quando se recolhe á esse pequeno museu de arte, isola-se por tal fôrma, que até as pessoas mais queridas, se tentarem penetrar lá, encontram como barreira, como se lá estivesse gravado, o Lasciati ogni sperama, do florentino.

telas paredes, ao longo dos frisos, inscri-pções de poetas, de philosophos, de prophe-tas, de dramaturgos, mostram a orientação espiritual de Alves de Sá. Inscrevendo trechos de livros celebres na sua casa de trabalho artístico, quiz elle imitar a decoração oriental, fazendo falar as paredes. Assim, lá se encontram os nomes de A. Comte, Dumas,

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filho, Bourget, A. Daudet, Richepin, Vauve-nargues, Montaigne, La Rochefoucault, Victor Hugo, Guerra Junqueiro, Gomes Leal, Gcethe, Isaias, Apelles.

E, por toda a parte, n'esta adorável mansão

beca admirável de Lupi, esboços de Silva Porto, desenhos a lápis de Boucher e Henri Regnault, uma vacca de Jayme Verde, carvões, esbocetos e águas fortes signées Alves de Sá, retratos de amigos que o visitam, in-

ATEL1ER

do espirito, objectos de arte, que parecem despertar do seu repouso quando os sons do piano ou do órgão, vibrados pelos dedos con-vulsos do artista, enchem de harmonia e de vida essa casa até ahi silenciosa. Uma ca-

completos a maior parte, porque só algumas horas lhe deixam os sabbados para esse trabalho especial, bibelots, faianças, bronzes, eis o que constitue a decoração d'esse atelier original.

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O R E G E N T E (Tragédia histórica)

(Entra o Rei com a comitiva e senta-se). REI.—Senhor Duque e meu tio, a vôs que me me-

receis especial affeição vos peço que queiraes tomar o logar primeiro no guiamento das coisas do reino.

DUQUE. — Eu vos agradeço c felicito, senhor, por haverdes tomado vosso logar, como vos competia, em principe de tanto entendimento e prudência. Estamos em conselho. : . . . ' .

REI.—Pois deliberai. DUQUE.—Como crjlmos falsas as palavras de obe

diência do'Infante, nos parece que primeiro haja de se tirarem de todos os cas-tellos os alcaides que elle pèz.

REI .—E' prudente. ABCEBISPO. — E' preci

so. (Ouve-se um pequeno vuião na sala próxima. O rei olha; o duque pára um momento. Faz-se silencio. Continua:) ~

DüQUE.—E' mister afas-tal-o, para sempre, da corte e prohibir aos fidalgos qtte o visitem.

R E I . —Assim o entendeis? VOZFS.—Absol utamente. REI.—Far-se-ha. (Reboliço de espanto.

Álvaro Vaz, de meid armadura, apparece á porta).

AVBANCHES.—Como al-feres-môr do Reino, pertence-me um logar no conselho ! Fazei-me a graça de esperar, senhores. Quero deliberar comvosco!

(Atravessa a sala, beija a mão ao rei.) Perdoai, meu senhor!: quem tem o dever de batalhar por yôs e o tem feito toda a vida pelos vossos, tem o direito de dar os conselhos que a sua experiência e lealdade lhe mandem.

REI.—Ninguém vos recusaria a entrada em nosso conselho. Mas..'. por que vir armado?

AVBANCHES.-Meu senhor e rei. A mim me avisaram de que não viesse, que seria ou prezo, ou morto! Tudo pode esperar-^e de valentes que ferem por detraz! Puz a minha cota « v i » ; heide morrer com ella, como cavalleiro a quem pertence vestil-a em vossa deféza e minha!

REI.—Agradeço-vos o empenho. . AVBANCHES.—Nada tendes que agradecer I Sois o

meu rei: a minha espada e a minha v;da são vosias! Acreditais na minha palavra t

REI —Como fidalgo que sois. AVBANCHES.-Neln podeis duvidar. Fez-me vosso

pai capitão-mór do már, n'este reino: perguntai á

- 'Marcellino Mesquita

sua memória se elle costumava premiar assim os des-leaes e os villões?!

DUQUE.—Memória honrada ê essa. AVBANCHES.—Assim o achais, Duque? Pois me

lhor vos íôra que respeitasseis no Infante, o seu irmão querido, a nobreza e a honradez do sangueTE, mesmo em vòs!.

DUQUE.—Quercis dizer. AVBANCHES.—Que vôs e todo o que ousar pôr a

língua no muito alto senhor o infante D. Pedro, o mais primoroso cavalleiro das Hespanhas, o mais leal caracter, o mais alto principe do reino.... mentís... como desleacs e traidores a elle e ao seu rei! (Rumor).

DUQUE.— D. Álvaro... AVBANCHES — Mentís!

pela gorja, como perros, como villões, como Judas!

•REI. — Tende mão em vós, D. Álvaro . .

AVBANCHES.—Meu Senhor: El-Rei Henrique de Inglaterra me fez conde de Avranches na Normandia,. porque lá ensinei como eram as cutiladas de Ceuta! Encheu-me de oiro! e, porque com honra e lealdade o servi sempre—di-zem-n'o os ' alvarás — cobriu-me com o manto da jarreteira — que honra o manto dos reis, — a cota amolsrada em cem combates ! O imperador da Allê-manha punha-me a seu lado na batalha, sentava-me a seu lado á sua meza e como louvava as minhas cutiladas contra os turcos, ouvia o meu conselho em seus

negócios! Ganhei, por minhas obras, em Hespanha, em França, em Inglaterra, na Allemanha, na África, na Ásia, falar de mão a mão aos príncipes e aos reis! Exerço, aqui, o meu direito e não consentirei, com vida!, que alguém me suspeite da menor mancha na minha honra de cavalleiro! Senhor! o que disse, disse! Se algum de vôs, ou todos, ousais negal-o, eu vos desafio a combater, a um e um, a dois e dois, a três e três,—que a villania acobarda!—porque vos lanço á cara o insulto de desleaes, de falsos, ao vosso sangue, ao vosso nome, ao vosso rei! Esses sois todos vós! (atira o guante ao chão) e ousai negal-o!!

(Grande confusão; o rei levanta-se, rodeiam-no, D. Álvaro encosta-se á espada com grande altivez).

ABCEBISPO.—O conselho não pode continuar. BEBBÈDO.—Está desvairado. DUQUE.—Senhor, sahi. Faltou-vos ao respeito. Ve-

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•emos como castigal-o. (O rei pensalivo deixa-se •Amauzvr).

AVBANCHBK.—(A um pagem que fica a olhal-o). Dai-me o meu guante.

PAGEM.—(Trazendo-lh'o). Ah! meu senhor, como iois grande!

AVBANCiíbs.—E' muito fácil sôl-o, amigo. Cons-jiencia limpa e fazer tanto cazo da morte como da vida!

(Entra a Rainha afflicta).

AVBANCHES.—Dona Izabel, minha Senhora... RAINHA.—Conde, vôs sois um valente e leal amigo

de meu pail AVBANCHES.—Como a mim próprio o amo, bem

o sabeis. RAINHA.—Defcndei-o, agora. Matai-o-hão. Está

condemnudo I AVBANCHES.—Senhora, a honra de um cavalleiro

pede-lhe muitas vezes a vida! (A Rainha chora). Senhora minha, não choreis! E' uma dôr que a ca-lumnia e as vis paixões d'essa gente, possam fazer-vos chorar!

RAINHA.—E' por meu pai! \!>s, um tão grande cavalleiro... podereis...

AVBAKOHES.—Tudo o que ríóde fazer um amor de irmão, um dever de cavalleiro, um respeito de filho, eu o farei por vosso pai, Senhora! Para elle vou, e, todo o resto da minha força, a ultima gotta do meu sangue, o ultimo ar da minha vida, será por sua vida! E' tudo o que um velho pôde offerecer em honra da irmandade que nos liga, em vingança do vosso pranto que me agonia. (Commovido).

RAINHA.—Obrigada. Ide. Deus vos ajudará. Contai com o meu agradecimento e as minhas orações! (O conde beija-lhe a mão. A Rainha sahe).

AVBANCHES.—(Ao pagem). Amigo, olhas-me, espantado ?

PAGEM.—Julguei ver-vos chorar! AVBANOHES.—Ah! Ah! quasi! Ha três coisas que

um cavalleiro portuguez nunca vê sem abalo: um castigo de Deus, a lamina de} uma espada, e as lagrimas de uma mulher! Por onde é o caminho?

PAGEM.—Por aqui, meu senhor! (Sahem.—Fim do 3." acto).

MAECELLINO MESQUITA.

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J caca ao leão

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ROSA DAMASCENO AUGUSTO ROSA

AUGUSTO DE MELLO FERREIRA DA SILVA

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JOÃO ROSA VIRGÍNIA

EDUARDO BRAZAO J. D'ALMEIDA

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(Quadro de Pedro Américo)

JEDBO AMEBICO com as suas telas immortaes e Carlos Gomes com as notas inspiradas do Guarany foram os brasileiros que n'este século levaram a mais longes terras a arte do Brasil e de maior gloria encheram o nome do seu paiz.

Saudade De me ver tão sósinho e tão ausente, , Não sei que hei de sentir que me não dôa : E vou passando os dias, quasi á toa, Ura bem, ora mal — crente e descrente.

Creio ás vezes -que a tua bocca sente Tudo o que diz; que é pura, franca e bôa: Mas logo a julgo mal, que me atraiçãa,

. Que tudo o que ha em ti engana e mente.

Não sei que mal de espirito me invade; Não sei porque me vem, nem d'onde vem, Nem que fazer á minha enfermidade.

Vivo na dôr; e a dôr que me sustem Faz-me feliz por ser toda saudade E porque essa saudade me entretem.

MANOEL PENTEADO.

Çoijda da aírga Uma sombra, uma luz que me revele Que existe outra alma que me acolha amiga! Basta o soluço, um ai de uma cantiga Que saiba o meu amor que é filha d'elle.. •

Porque amoroso, então, amo quem vele Minha alma, cujo amor tanto a castiga, Que nem o coração já se afadiga Do seu bater que lhe arroxeia a pelle!

Hei-de ver se Ella vem á hora dada, Ave Marias, quando calam ninhos, E o pôr do sol parece uma alvorada!

Amarrado, talvez, como os velhinhos, A's saudades da vida suspirada, Como uma cruz á beira dos caminhos!

AJTONSO GATO.

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D'nma qoeijadada matar dois coelhos

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Clichê de. Silva Iiofiueira.

O "Tio ^krjastá.cio (Valle de Santarém)

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