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    A OBRA DO MEMORIALISTA ALMEIDA NOGUEIRA: UMA FONTE PARAA HISTÓRIA DA CULTURA ESTUDANTIL NA ACADEMIA JURÍDICA DE

    SÃO PAULO (1827-1878)

    Marina Santos CostaUniversidade Federal de São João del-Rei (Mestrado em Educação)[email protected]

    Palavras-chave: fontes memorialísticas, Almeida Nogueira, Academia Jurídica de SãoPaulo, século XIX.

    Este estudo tem como objetivo analisar os limites e potencialidades da obraTradições e reminiscências: estudantes, estudantões e estudantadas, escrita pelomemorialista Almeida Nogueira, publicada entre os anos de 1907 e 1912 e se insere noeixo temático Fontes, categorias e métodos de pesquisa em História da Educação .Este trabalho é parte de outro mais amplo. A obra do memorialista Almeida Nogueira tem sido utilizada como a principal fonte em minha pesquisa de dissertação demestrado que investigar a cultura produzida entre os estudantes de Direito de São Paulono século XIX, mais especificamente, entre os anos de 1867 e 1878. Apesar de suacentralidade, outros documentos, como a imprensa periódica da época, são analisadosem minha dissertação.

    Nesse sentido, torna-se importante refletir acerca dos escritos de Almeida Nogueira, sendo a proposta para esse texto a discussão das limitações e potencialidadesde tal obra como fonte para a História da Educação. Desde já é bom esclarecer que não pretendo e nem acredito que seja possível esgotar essas reflexões por conta da riquezadesta produção de Almeida Nogueira e das diversas frentes de análises que a mesma possibilita.

    Segundo Vampré (1997, v.II, p.352 e seguintes), Almeida Nogueira nasceu a 4de fevereiro de 1851, na Fazenda Loanda, município de Bananal (RJ). Depois de haverestudado primeiras letras, juntamente com seu irmão Pedro, a princípio, na fazenda paterna, e depois em um colégio em Barra Mansa (1859-1860), seguiu, em 1861, para aEuropa. Voltou ao Brasil em 1863, prosseguiu os estudos e em 1867, tendo ido para SãoPaulo, e, depois de fazer os exames de preparatórios no Curso Anexo, matriculou-se, em1869, no primeiro ano jurídico. Em março de 1874 defendeu teses, foi nomeado professor substituto em 1890 e designado lente catedrático em 1891. Foi deputado provincial e geral por várias legislaturas, redator de “O Correio Paulistano”, senadorrepublicano por São Paulo (1898-1903). Faleceu a 16 de julho de 1914, quando aindaexercia o cargo de professor da Academia Jurídica de São Paulo. Apoiado nessa vastaexperiência, Almeida Nogueira escreveu sobre a Academia Jurídica de São Paulo.

    De seu casamento com Maria Amélia Domingues de Castro, filha dos Barões deParaitinga, ficaram quatro filhas, três casadas que lhes deixaram netos com os apelidosAlmeida Nogueira Chaves, Almeida Nogueira Porto e Almeida Nogueira Junqueira(PUPO, 1978).

    Em se tratando de suas produções, além de diversas monografias, Almeida Nogueira escreveu Ensaios Juridicos e Sociaes i (1873) , dois volumes de um tratadodenominado Economia Política (1905, 1906),Tratado Theorico e Pratico de Marcas

    Industriaes (1910) juntamente com Guilherme Fischer Júnior e os nove volumes de Tradições e reminiscências: estudantes, estudantões (CONSTANTINO, 1940, p.24).

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    Esta última, sobre a qual trato nesse artigo, certamente, é a sua obra de maiorrelevância e, para Vampré (1977, p. 354), outro memorialista da Academia, constitui-se“a mais extensa, a mais brilhante, a mais curiosa, a mais instrutiva contribuição, que atéhoje se publicou sobre esta Academia”. Tantos elogios, provavelmente, se devem aofato de que este foi o primeiro trabalho que registrou o passado da Academia Jurídica de

    São Paulo. Assim, Almeida Nogueira é considerado o primeiro memorialista a registrara história da Academia e sua obra é tida como referência para a história da Faculdade deDireito de São Paulo.

    A obra de Almeida Nogueira também é relevante por outro motivo: o incêndioque atingiu a secretaria da Faculdade de Direito em 1880 e arrasou quase todo o arquivoda instituição. Nesse sentido, sua obra possibilitou, de certa maneira, “salvar d as cinzasas glórias e os tipos que a Faculdade conservou” e “impediu que ficasse hojeirremediavelmente perdida a fonte mais preciosa de investigação das eras idas”(CONSTANTINO, 1940).

    O início da obra de Almeida Nogueira se deu com seus relatos em crônicas sobreas turmas da Academia no jornalCorreio Paulistano que “sem objetivo maior que ohistórico ameno, espirituoso, da vida acadêmica, (...) traçava notas biográficas ourelatos ligeiros e mesmo imcompletos, sobre os bacharéis das “Arcadas”” (PUPO, 1978, p.2). Esses escritos foram tão bem aceitos pelos leitores que foram organizadosem livros pelo autor, sendo em 1907 a publicação do primeiro volume.

    A proposta inicial da obra de relatar crônicas da Academia Jurídica de São Paulodesde a sua fundação em 1827 até 1890 pode ser verificada no prefácio de sua primeirasérie. Entretanto, os escritos de Almeida Nogueira ficaram inacabados e alcançam até oano de 1878, por ocasião de seu falecimento.

    Nesse sentido, a obra que podemos acessar hoje é organizada em nove volumes, publicados entre os anos de 1907 e 1912, em sua maioria, pelaTypographia A Editora ii . Cada livro publicado tem cerca de 19cm de comprimento por 12,5cm de largura e omínimo de 275 e o máximo de 343 páginas. Vale dizer que sua produção não seguiauma ordenação cronológica, e, portanto, ao longo das séries da obra, algumas turmasacadêmicas, entre os anos de 1827 e 1878, não tiveram suas memórias escritas porAlmeida Nogueiraiii.

    Estudante da Academia em um tempo, professor da mesma em outro, o autor justifica seu empreendimento memorialístico afirmando que seu desejo era salvar doesquecimento interessantes pormenores do cotidiano em que vivia e ressalta o“estylodespretencioso em que ellas foram traçadas (...) de proporcionar aos leitores momentosde attrahente diversão, (...) [podendo] trazer, em todo caso, uma ou outra nota

    biographica a respeito de nomes conhecidos ou de alguma saudosa personalidade”

    (NOGUEIRA, 1907, p. I).Uma leitura atenta da obra revela que as fontes principais utilizadas por Almeida Nogueira foram as suas próprias memórias, as memórias e contribuições dos outrossujeitos que passaram pela Academia, além dos documentos oficiais que sobreviveramao incêndio de 1880, além de jornais que circulavam no período. No prefácio da oitavasérie, o autor revela que recorre “a todas as fontes escriptas que ficam ao nosso alcance,alem disso, nos dirigimos ás pessoas cujo testemunho nos póde ser proveitoso”.(NOGUEIRA, 1910, v.8, p. III).

    Os nove volumes de Almeida Nogueira trazem uma compilação de variadas práticas cotidianas produzidas pelos diversos sujeitos que transitavam pela Academia,dentre elas as culturais, empreendidas pelos estudantes do Largo São Francisco. Além

    de registrar questões acerca do contexto em que os mesmos viviam, a obra aponta as

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    características físicas e de comportamento dos estudantes e dos outros sujeitos daAcademia, relatando também como eles se divertiam e se vestiamiv .

    Seus escritos, possibilitam, ainda, a identificação dos diferentes sujeitos sociaisenvolvidos nestas práticas cotidianas, ao fornecer nomes, datas de nascimento, paternidade, origem geográfica, condição social, ano de entrada no curso de Direito, as

    possíveis ocupações profissionais seguidas pelos formados. Nesse sentido, PUPO(1978, p.2) aponta que Almeida Nogueira

    historiou a própria Academia, em relatos cronológicos econtemporâneos de turmas acadêmicas, traçando perfis dos seus professores, seguidos de figuras dos estudantes, em exposição de sériavisualização biográfica, ou caricatas passagens da vida acadêmica quetanto marcou a sociedade paulistana.

    Considero a produção de Almeida Nogueira como uma obra literária. Nessesentido, outra questão relevante para esse estudo é o uso da literatura como fonte para os

    estudos em História da Educação. A esse respeito, Dias (2000, p.1) afirma que aliteratura desenvolve

    um diálogo ininterrupto entre a vida e o cotidiano. É no cruzamentodo mundo simbolizado pela palavra em estado de literatura, com arealidade diária dos homens que a obra literária, pode assumir seu papel de revelador da sociedade. Buscar o seu auxílio nos parece serimportante para compreender uma época, sendo ela uma criaçãosocial e, é nesse sentido que ela tem que ser considerada.

    As pesquisas de Galvão (1994), dentre as quais sua dissertação de mestradointitulada Escola e cotidiano: uma história da educação a partir da obra de José Linsdo Rego (1890-1920) , indicam que a “potencialidade de fontes não convencionais,como a literatura, nos estudos da História da Educação, [revelam] aspectos em geralnegligenciados e pouco perceptíveis em pesquisas baseadas unicamente em documentosoficiais” ( apud CASTRO e MORAIS, 2002).

    Nesse mesmo sentido, Lopes (apud CASTRO e MORAIS, 2002, p. 4) adverteque

    como fonte, o uso da literatura não é simples. Exige mais do quesensibilidade (elemento indispensável e preliminar), que se conheça,ao menos razoavelmente a História da Literatura e as discussõessobre os limites da ficção e da realidade.(...) Por um lado, as obrasliterárias não são meros sintomas, espelhos possíveis da realidade doseu tempo, mas têm uma vida estética. Por outro, são filhas do seutempo, têm uma existência concreta, historicamente situada edeterminada.

    Nesse sentido, os limites e potencialidades deste tipo de obra literária comofonte para a História da Educação devem ser considerados tendo em vista sua existênciaconcreta, historicamente situada, conforme a citação de Lopes. O historiador deve semunir de um rigoroso suporte metodológico com o intuito de que sua compreensãotome o documento em seu contexto, o que permite o alcance de suas dimensõeshistóricas. E este trabalho se vincula a este conjunto de preocupações, uma vez que osrelatos e memórias de Almeida Nogueira merecem ser questionados, interrogados. Otexto produzido por este espectador engajado deve ser relativizado e contextualizado, no

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    sentido de se evitar que seja tomado como “espelho do real”. Este cuidado deve sertomado com todas as fontes, uma vez que todas elas trazem as marcas de quem as produziu, seja do ponto de vista individual, coletivo ou institucional. Tais marcas nãoinvalidam as fontes documentais. Assim, as memórias de Almeida Nogueira merecemnão cair no esquecimento, pois esclarecem dimensões importantes da História Cultural

    como, por exemplo, as práticas culturais das quais os estudantes daquele tempo seocupavam. Neste estudo, para analisar as práticas culturais empreendidas pelos estudantes

    na Academia Jurídica de São Paulo, foi feita uma leitura minuciosa dos nove volumesde Almeida Nogueira à procura das práticas culturais e das configurações sociaisestabelecidas naquele espaço/tempo para o levantamento de categorias de análise. Noque se refere ao cotidiano dos estudantes, foram identificadas as seguintes categorias:esportes, festas, passeios, brincadeiras, discursos amorosos, produções artísticas eliterárias, apelidos, práticas musicais, trotes, jogos de salão, espetáculos. Estascategorias foram organizadas em um banco de dados, o que permitiu uma análisequantitativa das recorrências das práticas culturais dos estudantes num período bastanteextenso (1827-1878). Foi mapeado um total de 1012 práticas culturais ao longo de todaa obra de Nogueira.

    No que se refere ao uso dessa obra como fonte documental, uma revisão bibliográfica preliminar permitiu constatar que as pesquisas que, de alguma forma, sededicam à obra de Almeida Nogueira e à Academia de Direito de São Paulo no séculoXIX, têm sido pouco numerosas no campo da Educação. Entre os 42 números de umadas principais revistas da área, a Revista Brasileira de Educação , (publicada entre 1995e 2009), foram lidos412 artigos e textos publicados na seção “espaço aberto”. Constat eique apenas 7 trabalhos (1,6%) tratam de ensino superior, outros 7 (1,6%) abrangem oséculo XIX, contexto com o qual me ocupo, sendo que somente 1 (0,2%) se refere àcidade de São Paulo. Tais números pouco representativos podem ser entendidos pelofato de que esta revista não publica apenas textos de História da Educação. Todavia,quando se toma especificamente o campo da História da Educação como horizonte deanálise, os números não são tão superioresv. Dentre as cinco edições pesquisadas doCongresso Brasileiro de História da Educação , constatamos que, do total de 2466trabalhos publicados entre os anos de 2000 e 2008, 57 (2,3%) se referem ao contexto doséculo XIX, 33 (1,3%) ao ensino superior, 27 (1,0%) à cidade de São Paulo e 9 (0,3%)ao uso da literatura como fonte para a História da Educação. Já nos anais das cincoedições do Congresso de Pesquisa e Ensino em História da Educação em MinasGerais, verifica-se que nos 778 resumos publicados entre os anos de 2001 e 2009, 28(3,5%) se relacionam com o contexto do século XIX, 27 (3,4%) com o ensino superior,

    8 (1,0%) com o uso da literatura como fonte para a História da Educação e 1 (0,1%)com a cidade de São Paulo.A partir desta revisão bibliográfica, faz-se importante ressaltar que, no campo da

    Educação e, especificamente da História da Educação, poucos pesquisadores tomam aobra de Almeida Nogueira como fonte. As exceções são os casos de Portes (2001) eCruz (2009). Todavia, tais pesquisadores investigam trajetórias escolares e estratégiasde ascensão educacional e social de estudantes pobres e negros na Academia Jurídica. Não priorizam as práticas culturais empreendidas pelos estudantes da Academia em tela,como no caso de minha pesquisa para dissertação de mestrado.

    Com relação às memórias de Almeida Nogueira, Portes (2001) e Cruz (2009)relatam o cuidado que tiveram na produção de suas análises a partir dessa fonte, pois,

    muitas vezes, ela apresenta um caráter eufemístico e funciona para prestar homenagense para louvar os que já morreram. No caso de Cruz (2009, p. 25), tal pesquisador

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    concluiu que Almeida Nogueira descreve apenas situações engraçadas, cômicas em queos estudantes negros estavam envolvidos e não suas qualidades intelectuais. Taisapontamentos são muito caros, pois colocam a necessidade de vigilância ao debruçarsobre a obra de Almeida Nogueira.

    Acredito ser necessário mostrar como as tradições e reminiscências de Almeida

    Nogueira descrevem e caracterizam os estudantes. Como exemplo, veja-se parte dadescrição do estudante Francisco José da Silva Ribeiro:

    - Mineiro, filho de Joaquim Ribeiro da Silva.Era alto, cabellos e olhos pretos, physionomia aberta e expansiva.Usava só bigode. Não se esmerava no trajar.O Chico Silva, como todos lhe chamavam, era um guapo e eleganterapaz, possante e intellectualmente, cabeça bem modelada, olhosgrandes e negros, de uma vivacidade algo prejudicada pelas vigílias...Sim, pelas vigílias obrigadas dos passeios nocturnos, de carro, aolegendário luar da romântica Paulicéa de antanho, no grupo da luzida bohemia representada por Sizenado Nabuco, Luiz Veiga, (...). Seguiua carreira da magistratura e exerceu o juizado municipal e o direito emvarios termos e comarcas, entre estas, por longo tempo, a de Patos, e, presentemente, a de Bagagem, ambas do Estado de Minas. (...) (NOGUEIRA, 1910, v.8, p. 184,185,186).

    Outro apontamento importante que apresento é acerca da omissão de Almeida Nogueira sobre algumas informações. Ele faz algumas inferências diretas em seusescritos ao deixar claro que não vai relatar certo fato para não denegrir a imagem dealgum colega. Como exemplo, leia-se o que ele escreve sobre oappellido do estudanteJoaquim Gomes de Siqueira Reis: “Tinha elle na Academia umappellido , que a gentenão pode proferir e ainda menos publicar, nem mesmo em francez, como alguns maldissimuladamente o faziam” (NOGUEIRA, 1907, v.1, p.315).

    Também pode-se perceber certas omissões quando se faz o cruzamento de suaobra com outras fontes e bibliografias. Um exemplo pode ser dado com um casoenvolvendo o próprio Almeida Nogueira (1907, v.1, p. 284) que na obra faz, apenas, poucas referências sobre o acontecimento. Ele cita no seu primeiro volume (1907, v.1, p. 284) que teve algumasdivergencias com o colega Candido Drummond Furtado deMendonça e que, por isso, tiveramrelações cortadas e, no prefácio do sétimo volumeem que Wenceslau de Queiroz (NOGUEIRA, 1909, v.7, p.XIII) refere-se a “umasublevação de estudantes, da qual o dr. Almeida Nogueira foi dissidente”, sofrendoinjustiças.

    Entretanto, Constantino (1940, p.11,12) nos alerta que este acontecimento teve bastante impacto na época, já que, por causa das alterações nos exames da Faculdade deDireito e de Medicina com o decreto de 22 de outubro de 1871, muitos estudantes serebelaram escrevendo um “protesto acadêmico” e que apenas nove estudantes foramcontrários ao manifesto, entre eles Almeida Nogueira. A atitude desses últimos fez comque as “colunas da “Imprensa Acadêmica”, jornal de Carlos de Carvalho, os[declarasse] “infames” e condenados “à execração dos colegas””, sendo excomungadosde diversas entidades: o que não foi relatado de maneira minuciosa por Almeida Nogueira, por estar evidentemente envolvido no caso.

    Outra questão colocada pelo próprio Almeida Nogueira é sobre as possíveis

    imprecisões das suas crônicas, prometendo, no último volume um “ appendice , no qual[daria] a emenda dos erros de facto que (...) tivessem escapado nas séries anteriores”

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    (NOGUEIRA, 1908, v.5, p.I), mas, como disse anteriormente, este volume não chegoua ser produzido. Além disso, ao longo de toda a obra, o autor relata as dificuldadesenfrentadas para buscar e agrupar tantos documentos e pede a benevolência do público para com seus escrito, como por exemplo: “As difficuldades com que luctamos paracolligir dados authenticos sobre tantas individualidades de épocas diferentes e

    sobretudo as de gerações já remotas, deveriam dar-nos direitoá indulgencia do leitor”(NOGUEIRA, 1908, v.4, p.II). Trata-se de uma interessante estratégia de se antecipar a possíveis críticas. Nesse mesmo sentido, é muito recorrente nas memórias de Almeida Nogueira a solicitação da contribuição das pessoas no sentido de auxiliá-lo a serfidedigno em seus relatos, contendo na obra diversas cartas de elogios e críticas acercade sua produção.

    Assim, o entendimento do uso da literatura como fonte e as reflexões já produzidas acerca dos escritos de Almeida Nogueira permitem perceber com maisclareza que seus nove volumes são “um produto cultural”, produzido por um sujeitohistórico determinado e “inserido em um contexto histórico também determinado”(DIAS, 1999, p.22). Por isso, é tão importante conhecer esse sujeito, o contexto em queele escreve, por que ele escreve, para quem ele escreve e quais possíveis estratégias podem ser detectadas.

    Nesse sentido, o contexto histórico do período com o qual a obra de Almeida Nogueira se ocupa torna-se relevante, pois permite compreender como a cidade de SãoPaulo e os que nela viviam percebiam a Academia e seus sujeitos. A Academia seconstituiu juntamente com a cidade de São Paulo onde, segundo Vampré (1997, v.1, p.40), de um modo um tanto exagerado,“o estudante era o rei e a Academia o centrointelectual, financeiro e moral, de tudo”. Em 1827, São Paulo foi escolhida para abrigara Academia de Direito do sul do país por causa de sua centralidade, o que facilitaria a presença de mineiros, fluminenses, catarinenses e rio grandenses.

    Durante o século XVIII, São Paulo era uma província isolada, comcaracterísticas rurais e com uma economia modesta. Nesse sentido, a fundação daAcademia Jurídica de São Paulo, em 1827, foi um dos fatores responsáveis pelamudança no perfil dessa cidade ao longo do século XIX. De acordo com Adorno (1988, p. 81)

    a um panorama, à primeira vista, estagnado, a Academia de Direitode São Paulo constituiu-se, no período compreendido entre 1827 a1865-9, em pólo difusor de mudanças sociais e que, a grosso modo,contrastava com a miséria e a „desordem‟ imperantes no espaço dacidade. De fato, São Paulo parecia viver às expensas da vidaacadêmica. Não somente os estudantes eram efetivos usuários dosserviços urbanos, a despeito de sua precariedade, como também avida social e cultural se desenvolvia como se emanasse dos interioresda Academia.

    A consolidação e o reconhecimento da independência brasileira, em setembro de1822, se deu em poucos anos e sem muitos abalos (FAUSTO, 1995). Apesar de não poder ser considerada uma emancipação pacífica e apesar de D. Pedro I ter tido problemas para conseguir aliadosnesse processo, “a elite política promotora daIndependência não tinha interesse em favorecer rupturas que pudessem pôr em risco aestabilidade da antiga Colônia” (FAUSTO, 1995, p. 146). Tendo isso em vista, o novoImpério necessitava de uma Constituição, aprovada em 25 de março de 1824, que

    vigorou com algumas mudanças até o final do Império e era caracterizada por um

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    governo monárquico, hereditário, constitucional, escravocrata, com voto indireto ecensitário e tendo a religião católica como oficial (FAUSTO, 1995).

    No que se refere ao ensino superior, o inciso XXXIII do artigo 179 daConstituição, conforme Gondra e Schueler (2008, p. 52), “se compromete com aberturade „Collegios‟ e Universidades, onde seriam ensinados os „elementos das Sciencias,

    Bellas Letras e Artes‟”. Assim, cinco anos após a independência, fundaram -se os CursosJurídicos em Olinda e em São Paulo.Após a abdicação de D. Pedro I em 1831 e até que seu filho completasse a

    maioridade para assumir o trono, o Império passou pelo período conhecido comoRegência. De acordo com Fausto (1995, p. 161) o período regencial foi um dos maisagitados e importantes da história política do país. Nesse sentido, Fausto (1995, 2002)aponta uma questão relevante acerca da preservação da unidade territorial do Império,que não se mostrava garantida mesmo com a Independência. Entre suas hipóteses, a quese refere à formação de um corpo burocrático que deu “melhores condições de enfrentarcom êxito a tarefa de construir o Estado nacional” (FAUSTO, 1995, p. 184) se vinculaaos Cursos Jurídicos:

    a formação de uma elite homogênea, educada na Faculdade de Direitode Coimbra e, a seguir, nas faculdades de Olinda-Recife e de SãoPaulo, com uma concepção hierárquica e conservadora, favoreceu aimplementação de uma política cujo objetivo era o da construção deum Império centralizado. A circulação dessa elite pelo país, ocupando postos administrativos em diferentes províncias, integrou-a ao podercentral, reduzindo sua vinculação com os diferentes interessesregionais (FAUSTO, 2002, p. 100).

    A participação dos formados nos Cursos Jurídicos de Olinda-Recife e São Paulo

    na vida social, política e econômica do Brasil é percebida ao longo de todo Império.A estrutura econômica do Brasil gravitava em torno das atividades agrícolas e a“grande novidade na economia brasileira das primeiras décadas do século XIX foi osurgimento da produção de caf é para exportação” (FAUSTO, 1995, p. 186). A provínciade São Paulo se destacava na produção de café a princípio pelo Vale do Paraíba, quechegou ao seu auge por volta de 1850 e, posteriormente, pela região denominada OestePaulista, que, nas últimas décadas do século XIX, com uma nova classe denominada burguesia do café, foi responsável pelo início das transformações de cunho capitalista(FAUSTO, 1995, p. 199, 203).

    O movimento republicano, fundamental para a compreensão do declínio daMonarquia, surgiu em1870, tendo como base social os “profissionais liberais e

    jornalistas, um grupo cuja emergência resultou do desenvolvimento urbano e daexpansão do ensino ,” em que se pode incluir os magistrados formados nos CursosJurídicos. O movimento ganhou mais força com a formação do Partido RepublicanoPaulista (PRP), fundado em 1873, constituído principalmente pela burguesia cafeeira deSão Paulo, que defendia a federação como modelo de organização política do país,tendo as províncias como suas unidades básicas (FAUSTO, 1995, p. 228).

    De outra parte, no que se refere à questão do Exército, a insatisfação dos oficiaisem relação ao governo se agravou depois de 1883, mas esses desentendimentos jávinham acontecendo com a desvalorização do quadro de oficiais que com a

    mudança de [sua] composição social (...) contribuiu para afastar os

    oficiais da elite política do Império, especialmente dos bacharéisformados pelas faculdades de direito. Os “legistas”, como eram

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    chamados os bacharéis, sintetizavam na visão militar a cultura inútil, acorrupção eleitoral e impediam com sua teia de leis e regulamentos odesenvolvimento do país (FAUSTO, 1995, p. 231).

    Foi nesse cenário, com o apoio dessas duas forças: Exército e burguesia cafeeirade São Paulo, organizada em torno do PRP, que nasceu a República em 15 de novembrode 1889 (FAUSTO, 1995, p. 235).

    A partir do exposto, tomando os devidos cuidados, os escritos memorialísticos,fontes pouco convencionais para os pesquisadores da História da Educação, possibilitam que sejam lançadas luzes sobre o cotidiano de uma instituição de ensinosuperior do século XIX e das práticas culturais realizadas por seus estudantes emespaços extra-classe.

    Para que uma fonte contribua efetivamente com os estudos em História daEducação é preciso“realizaruma leitura crítica interna ou externa do documento” ,tendo em vista que o mesmo “não pode ser entendido como a realidade histórica em si,mas trazendo porções da realidade (SAMARA e TUPY, 2007, p.124). Nesse sentido,

    procuramos entender a obra de Almeida Nogueira como uma importante fonte para aHistória da Educação, pois suas memórias podem ser reveladoras no sentido de seremmais uma representação de espaços educativos que se constituíram tendo comoreferência a Academia Jurídica de São Paulo. Assim, partindo-se do pressuposto de queas práticas educativas também ocorrem em espaços exteriores ao mundo escolar, aextensa produção de Almeida Nogueira pode contribuir para a compreensão dosignificado que essas práticas culturais desenvolvidas entre os jovens estudantes daAcademia Jurídica tiveram nas suas interações sociais com a cidade, com os outros jovens e com a própria construção de suas identidades e da Academia.

    Como exemplo, cito os espetáculos teatrais, musicais e circenses, que osestudantes além de frenquetarem, também os produziam e representavam, tanto queuma “sociedade academica arrendou por cinco annos uma antiga sala de representaçõestheatrais e nella deu vários espectaculos, illudindo ou contrariando, (...) as instruções dogoverno” (NOGUEIRA, 1908, v.4, p.55). Nota -se que essas práticas foram uma dasmaneiras encontradas pelos estudantes para exporem suas posições políticas.

    Além disso, as profusões dessas práticas cotidianas e culturais, inscritas na obrade Almeida Nogueira, se revelam fundamentais porque permitem trazer para o campoda História da Educação novas questões. E, ainda, permitem um aprofundamento nosestudos que se ocupam com as questões atinentes à cultura escolar, visto que, muitoalém das práticas escolares propriamente ditas, elas contribuem, como bem afirmaBittencourt (2005, p. 9), para o enriquecimento dos estudos em História da Educação.

    Referências Bibliográficas

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    BITTENCOURT, Agueda B.; FARIA, Ana Lúcia G. de. Editorial. RevistaQuadrimestral da Faculdade de Educação/UNICAMP. v.16, n.I (46), p.7-9, jan./abr.,2005.

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    Disponível em:http://www.saofrancisco.edu.br/edusf/publicacoes/RevistaHorizontes/Volume_02/uploadAddress/horiz-3%5B6181%5D.pdf .Acessado em: 02/08/2010.

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    i Optei, nesse caso e ao longo de todo o texto, por utilizar a ortografia do período ao citar asfontes.ii

    Exceção do primeiro volume que é publicado pelaTypographia Vanorden & Co.iii As turmas que não aparecem nos relatos de Almeida Nogueira entre os anos de 1828 e 1878são as seguinte: 1831, 1846, 1849, 1852, 1857, 1858, 1859, 1865, 1866, 1868, 1873.iv Pode-se citar, ente outros sujeitos: professores e diretores da Academia, população de SãoPaulo, família dos estudantes.vForam pesquisados os anais das seguintes edições: I ao VCongresso Brasileiro de História da

    Educação (ocorridos em 2000, 2002, 2004, 2006, 2008) e I ao VCongresso de Pesquisa e Ensino em História da Educação em Minas Gerais (2001, 2003, 2005, 2007, 2009).