Alongamento e faixa ‘japonesa’ aliviam dores de gestantes ......templam elementos de...

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4 Campinas, 24 a 30 de novembro de 2008 JORNAL DA UNICAMP RAQUEL DO CARMO SANTOS [email protected] utilização de uma faixa-suporte e a adoção de exercícios de alongamentos podem ali- viar as dores nas costas causadas pela lombalgia, motivo de queixa de grande parte das gestantes. A faixa-suporte, uma antiga tradição da cultura japonesa, foi testada em 17 grávidas que realizaram pré-natal nos Centros de Saúde do Jardim Santa Mônica, do distrito de Barão Geraldo e do bairro Village. Já os exercícios de alongamento tiveram 16 voluntárias dos mesmos locais. “Os dois grupos de grávidas relataram o alí- vio da dor após o início dos testes. Isto significa que ambos os métodos poderiam ser recomendados para quem está sofrendo com o incômodo na gestação”, destaca a autora da pesquisa, Flávia Silva Novaes, que foi orientada pela professora Antonieta Keiko Kakuda Shimo. Flávia é educadora física e apresentou disserta- ção de mestrado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Seu objetivo ao propor as duas alternativas para o alívio das dores nas costas foi contemplar um público que não pode ingerir medicações em razão do estado em que se encontra. Além disso, estimativas apontam que 50% das gestantes sofrem com lombal- gia. O problema pode resultar, inclusive, na perda das capacidades funcionais. “O aumento do peso da barriga já consiste em um problema para a grávida realizar suas atividades domésticas. Com dor, este quadro fica ainda pior”, argumenta. N os jogos de computa- dor, o que importa é a jogabilidade e a di- versão. Ao contrário do que ocorre com outros softwares de caráter admi- nistrativo, por exemplo, que con- templam elementos de produtivi- dade, no caso específico dos jogos, o sucesso está no entretenimento e prazer. Neste sentido, a arquiteta e especialista em Tecnologia da Informação Ana Regina Mizrahy Cuperschimid elaborou uma série de diretrizes para o desenvolvimen- to de jogos de computadores. “Trata-se de um check list para aqueles interessados em considerar fatores chave para o sucesso do jogo. Não que seja uma garantia, mas os itens podem auxiliar muito cirurgiã-dentista e especia- lista em Odontogeriatria Lorena Alves Coutinho avaliou 81 idosos do Lar dos Velhinhos e Lar Betel, em Piracicaba, para determinar a condição endodôntica desta popula- ção. No total, foram realizados exames clínicos, radiográficos e testes comple- mentares em 942 dentes, sendo que a maioria não apresentou problemas na região dos canais radiculares. Por outro lado, a pesquisa constatou grande prevalência de calcificações pulpares (nódulos), e a presença de atre- sias – diminuição do espaço do canal –, além da necessidade de novo trata- mento, o que demonstra uma demanda elevada por serviços de endodontia. A conclusão consta de dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) e orientada pelo professor Eduardo Hebling. A principal causa dos retratamen- tos, apontada no exame clínico, explica Lorena, não é a falta de qualidade no tratamento, mas a ausência de restau- ração definitiva, que pode provocar mi- croinflitrações e levar ao insucesso da terapia endodôntica. “É recomendável tratar por completo o dente e não deixar apenas o curativo provisório após a conclusão do canal. A falta da proteção dos sistemas radiculares obturados através de restaurações com materiais definitivos pode ocasionar sérios danos à saúde bucal, como é o caso de lesões nas raízes”, esclarece. Segundo Lorena, por muitos anos a falta de prevenção e de informação le- vava os idosos a extraírem seus dentes antes mesmo de tentar um tratamento. Os tempos mudaram e hoje, acredita- se, a população com mais de 60 anos deve optar por tratamentos mais con- servadores em relação à saúde bucal. “Hoje existem tecnologias específicas para tratar os canais radiculares dos dentes dos idosos. É certo que há um grau de dificuldade, mas isto não deve ser empecilho para promover a manu- tenção da dentição no envelhecimen- to”, argumenta a cirurgiã-dentista. Após a aplicação dos testes por três semanas, no último trimestre de gestação, Flávia utilizou escalas de dor, numérica e de carinhas para avaliar a evolução do quadro e saber em que medida os mé- todos foram eficientes, para traçar um perfil de cada voluntária. Pelo relato, na maioria das gestantes – cerca de 80% –, a dor lombar teve início entre o quarto e sexto mês de gravidez. A maioria também apontou que a dor era diária, principalmente nos períodos vespertino e noturno. Segundo os relatos, as grávi- das sentiam “queimação”, incômodo e pontadas. A seqüência de exercícios de alon- gamento foi elaborada pela própria pesquisadora, fundamentada na literatura e na vivência profissional de atividades físicas para gestantes. Eles foram apli- cados durante 30 minutos, três vezes por semana. Já no caso da faixa-suporte, o uso foi diário. Ela foi colocada entre o quadril e a parte mais baixa do abdômen. A faixa pode ser con- feccionada com tecido de algodão, com seis metros de comprimento e 30 centímetros de largura. De fácil colocação, a gestante pode ajustá-la de forma a ficar mais confortável. “Seu custo é baixo e ela pode ser confeccionada pela própria grávida. Até por isso, resolvi realizar os testes em pacientes de Centro de Saúde, por acreditar ser uma opção para as freqüen- tadoras”, esclarece a educadora física. A Alongamento e faixa ‘japonesa’ aliviam dores de gestantes, demonstra pesquisa A cirurgiã-dentista Lorena Alves Coutinho: “É recomendável tratar por completo o dente” A Para Lorena, num prazo de menos de dez anos, os idosos, em razão da evo- lução das técnicas, terão mais condições de manter preservada a sua dentição. Ela acredita que os investimentos em prevenção têm sido eficientes e destaca a colaboração da nova especialidade de Odontogeriatria, voltada especialmente para a terceira idade. Lorena lembra ainda que a dentição permanente é definitiva e deve receber atenção especial, através de visitas ao cirurgião-dentista e manutenção da saúde bucal, com práticas preventivas diárias. “Somente a prevenção é capaz de fazer diminuir os altos índices de ausência de dentes, tanto na população idosa como nas demais faixas etárias no Brasil”, argumenta. (R.C.S.) Estudo da FOP avalia saúde bucal de idosos na concepção e desenvolvimento”, explica a autora da pesquisa. Orientada pelo professor Hermes Renato Hildebrand, Ana Regina apre- sentou dissertação de mestrado no Instituto de Artes, em que destaca não só as heurísticas de jogabilidade para os programas, como também mostra os resultados de testes em três jogos famosos que comprovam a sua teoria. Ana Regina explica que as di- retrizes podem ser utilizadas para qualquer tipo de jogo a ser criado. Também salienta que se trata de um estudo único, uma vez que não existe nenhum trabalho que aborde a questão. Segundo a especialista, o mercado de jogos de computado- res está em expansão e é grande a demanda para o público infantil ou mesmo para empresas que querem oferecer um serviço a mais para vender seus produtos. Entre as diretrizes, a especialista privilegiou as características de diversão e facilidade de usar para agradar o usuário. Segundo ela, um bom jogo de computador tem que ter fases, desafios e enigmas para estimular a perseverança. Outro requisito são as recompensas oferecidas ao jogador com bom de- sempenho. “Deve ter recompensas significativas e não somente ganhar um ‘parabéns’ ao completar as fa- ses. O jogador pode ter um escudo, ganhar mais poderes, coisas deste tipo”, explica. Ela lembra, no entan- to, que um bom jogo além de seguir as diretrizes propostas, deve ter um custo acessível, aceitação social e confiabilidade. (R.C.S.) Arquiteta cria diretrizes para jogos de computador Ana Regina Mizrahy Cuperschimid, especialista em TI: “Itens podem auxiliar muito na concepção e desenvolvimento” A autora da pesquisa, Flávia Silva Novaes, e gestante com faixa: estimativas apontam que lombalgia atinge 50% das grávidas Foto: Antoninho Perri Foto: Divulgação Foto: Antoninho Perri Foto: Divulgação

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4 Campinas, 24 a 30 de novembro de 2008JORNAL DA UNICAMP

RAQUEL DO CARMO [email protected]

utilização de uma faixa-suporte e a adoção de exercícios de alongamentos podem ali-viar as dores nas costas causadas pela lombalgia, motivo de queixa de grande parte das gestantes. A faixa-suporte,

uma antiga tradição da cultura japonesa, foi testada em 17 grávidas que realizaram pré-natal nos Centros de Saúde do Jardim Santa Mônica, do distrito de Barão Geraldo e do bairro Village. Já os exercícios de alongamento tiveram 16 voluntárias dos mesmos locais. “Os dois grupos de grávidas relataram o alí-vio da dor após o início dos testes. Isto significa que ambos os métodos poderiam ser recomendados para quem está sofrendo com o incômodo na gestação”, destaca a autora da pesquisa, Flávia Silva Novaes, que foi orientada pela professora Antonieta Keiko Kakuda Shimo.

Flávia é educadora física e apresentou disserta-ção de mestrado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Seu objetivo ao propor as duas alternativas para o alívio das dores nas costas foi contemplar um público que não pode ingerir medicações em razão do estado em que se encontra. Além disso, estimativas apontam que 50% das gestantes sofrem com lombal-gia. O problema pode resultar, inclusive, na perda das capacidades funcionais. “O aumento do peso da barriga já consiste em um problema para a grávida realizar suas atividades domésticas. Com dor, este quadro fica ainda pior”, argumenta.

Nos jogos de computa-dor, o que importa é a jogabilidade e a di-versão. Ao contrário do que ocorre com

outros softwares de caráter admi-nistrativo, por exemplo, que con-templam elementos de produtivi-dade, no caso específico dos jogos, o sucesso está no entretenimento e prazer. Neste sentido, a arquiteta e especialista em Tecnologia da Informação Ana Regina Mizrahy Cuperschimid elaborou uma série de diretrizes para o desenvolvimen-to de jogos de computadores.

“Trata-se de um check list para aqueles interessados em considerar fatores chave para o sucesso do jogo. Não que seja uma garantia, mas os itens podem auxiliar muito

cirurgiã-dentista e especia-lista em Odontogeriatria Lorena Alves Coutinho avaliou 81 idosos do Lar dos Velhinhos e Lar

Betel, em Piracicaba, para determinar a condição endodôntica desta popula-ção. No total, foram realizados exames clínicos, radiográficos e testes comple-mentares em 942 dentes, sendo que a maioria não apresentou problemas na região dos canais radiculares.

Por outro lado, a pesquisa constatou grande prevalência de calcificações pulpares (nódulos), e a presença de atre-sias – diminuição do espaço do canal –, além da necessidade de novo trata-mento, o que demonstra uma demanda elevada por serviços de endodontia. A conclusão consta de dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) e orientada pelo professor Eduardo Hebling.

A principal causa dos retratamen-tos, apontada no exame clínico, explica Lorena, não é a falta de qualidade no tratamento, mas a ausência de restau-ração definitiva, que pode provocar mi-croinflitrações e levar ao insucesso da terapia endodôntica. “É recomendável tratar por completo o dente e não deixar apenas o curativo provisório após a conclusão do canal. A falta da proteção dos sistemas radiculares obturados através de restaurações com materiais definitivos pode ocasionar sérios danos à saúde bucal, como é o caso de lesões nas raízes”, esclarece.

Segundo Lorena, por muitos anos a falta de prevenção e de informação le-vava os idosos a extraírem seus dentes antes mesmo de tentar um tratamento. Os tempos mudaram e hoje, acredita-se, a população com mais de 60 anos deve optar por tratamentos mais con-servadores em relação à saúde bucal. “Hoje existem tecnologias específicas para tratar os canais radiculares dos dentes dos idosos. É certo que há um grau de dificuldade, mas isto não deve ser empecilho para promover a manu-tenção da dentição no envelhecimen-to”, argumenta a cirurgiã-dentista.

Após a aplicação dos testes por três semanas, no último trimestre de gestação, Flávia utilizou escalas de dor, numérica e de carinhas para avaliar a evolução do quadro e saber em que medida os mé-todos foram eficientes, para traçar um perfil de cada voluntária. Pelo relato, na maioria das gestantes – cerca de 80% –, a dor lombar teve início entre o quarto e sexto mês de gravidez. A maioria também apontou que a dor era diária, principalmente nos períodos vespertino e noturno. Segundo os relatos, as grávi-das sentiam “queimação”, incômodo e pontadas.

A seqüência de exercícios de alon-gamento foi elaborada pela própria pesquisadora, fundamentada na literatura e na vivência profissional de atividades físicas para gestantes. Eles foram apli-cados durante 30 minutos, três vezes por semana. Já no caso da faixa-suporte, o uso foi diário. Ela foi colocada entre o quadril e a parte mais baixa do abdômen. A faixa pode ser con-feccionada com tecido de algodão, com seis metros de comprimento e 30 centímetros de largura. De fácil colocação, a gestante pode ajustá-la de forma a ficar mais confortável. “Seu custo é baixo e ela pode ser confeccionada pela própria grávida. Até por isso, resolvi realizar os testes em pacientes de Centro de Saúde, por acreditar ser uma opção para as freqüen-tadoras”, esclarece a educadora física.

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Alongamento e faixa ‘japonesa’ aliviam dores de gestantes, demonstra pesquisa

A cirurgiã-dentista Lorena Alves Coutinho: “É recomendável tratar por completo o dente”

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Para Lorena, num prazo de menos de dez anos, os idosos, em razão da evo-lução das técnicas, terão mais condições de manter preservada a sua dentição. Ela acredita que os investimentos em prevenção têm sido eficientes e destaca a colaboração da nova especialidade de Odontogeriatria, voltada especialmente para a terceira idade.

Lorena lembra ainda que a dentição permanente é definitiva e deve receber atenção especial, através de visitas ao cirurgião-dentista e manutenção da saúde bucal, com práticas preventivas diárias. “Somente a prevenção é capaz de fazer diminuir os altos índices de ausência de dentes, tanto na população idosa como nas demais faixas etárias no Brasil”, argumenta. (R.C.S.)

Estudo da FOP avalia saúde bucal de idosos

na concepção e desenvolvimento”, explica a autora da pesquisa.

Orientada pelo professor Hermes Renato Hildebrand, Ana Regina apre-sentou dissertação de mestrado no Instituto de Artes, em que destaca não só as heurísticas de jogabilidade para os programas, como também mostra os resultados de testes em três jogos famosos que comprovam a sua teoria.

Ana Regina explica que as di-retrizes podem ser utilizadas para qualquer tipo de jogo a ser criado. Também salienta que se trata de um estudo único, uma vez que não existe nenhum trabalho que aborde a questão. Segundo a especialista, o mercado de jogos de computado-res está em expansão e é grande a demanda para o público infantil ou mesmo para empresas que querem

oferecer um serviço a mais para vender seus produtos.

Entre as diretrizes, a especialista privilegiou as características de diversão e facilidade de usar para agradar o usuário. Segundo ela, um bom jogo de computador tem que ter fases, desafios e enigmas para estimular a perseverança. Outro requisito são as recompensas oferecidas ao jogador com bom de-sempenho. “Deve ter recompensas significativas e não somente ganhar um ‘parabéns’ ao completar as fa-ses. O jogador pode ter um escudo, ganhar mais poderes, coisas deste tipo”, explica. Ela lembra, no entan-to, que um bom jogo além de seguir as diretrizes propostas, deve ter um custo acessível, aceitação social e confiabilidade. (R.C.S.)

Arquiteta cria diretrizespara jogos de computador

Ana Regina Mizrahy Cuperschimid, especialista em TI: “Itens podem auxiliar muito na concepção e desenvolvimento”

A autora da pesquisa, Flávia Silva Novaes, e gestante com faixa: estimativas apontam que lombalgia atinge50% das grávidas

Foto: Antoninho PerriFoto: Divulgação

Foto: Antoninho Perri

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