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Alterações no padrão intra-anual de precipitação como indício de mudança climática Carlos Manuel Cotafo Martins Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Prof. António Heleno Domingues Moret Rodrigues Orientador: Prof a . Maria Manuela Portela Correia dos Santos Ramos da Silva Vogal: Prof. João Alexandre Medina Corte-Real Outubro de 2010

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Alterações no padrão intra-anual de precipitação como

indício de mudança climática

Carlos Manuel Cotafo Martins

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Prof. António Heleno Domingues Moret Rodrigues

Orientador: Profa. Maria Manuela Portela Correia dos Santos Ramos da Silva

Vogal: Prof. João Alexandre Medina Corte-Real

Outubro de 2010

Agradecimentos

Aos meus pais por terem propiciado as adequadas e necessárias condições ao desenvolvimento

do meu percurso académico.

À Professora Manuela Portela por todo o empenho e total disponibilidade demonstrados ao longo

do processo de elaboração do presente documento, bem como pela excelente capacidade de

racionalização na resolução de vários problemas que surgiram no decorrer do estudo, e ainda, pelos

conselhos que deu e sugestões que fez, relativamente à elaboração do presente documento.

I

Resumo

O estudo desenvolvido visou detectar alterações no padrão intra-anual (em ano hidrológico) da

precipitação que, de algum modo, constituíssem indícios de alteração climática.

Admitindo que a mudança climática, a confirmar-se, deve traduzir-se pela alteração de

propriedades estatísticas das séries temporais de algumas variáveis climatológicas e, em particular,

da precipitação, foram desenvolvidos quatro procedimentos destinados a detectar a mencionada

alteração. Dois procedimentos incidiram sobre a análise de máximos de precipitação e visaram a

identificação de eventuais alterações: a) nas séries correspondentes à contribuição, para o total

anual, dos três meses, em cada ano, com mais elevada precipitação; b) no período do ano mais

frequente para ocorrência da precipitação máxima mensal. Os restantes incidiram sobre a distribuição

intra-anual da precipitação, tendo sido analisados os meses em que, ano a ano, a precipitação

totaliza 20, 40, 60 e 80% da correspondente precipitação anual e ainda a contribuição, expressa em

termos adimensionais por referência a um trimestre médio de um período de 25 anos, de cada um

dos trimestres do ano hidrológico.

Os procedimentos desenvolvidos foram aplicados aos registos de precipitação mensal no período

entre os anos hidrológicos 1910/11 e 2003/04 em 31 postos udométricos localizados em Portugal

Continental.

Os resultados da pesquisa de alterações nas características das diferentes séries temporais

consideradas foram analisados, quer graficamente (apreciação subjectiva), para o que, previamente,

se estabeleceram critérios que se admitiu traduzirem os efeitos da ocorrência de mudança climática,

quer por aplicação de testes de homogeneidade (apreciação objectiva) que incidiram sobre a

significância da diferença entre médias, designadamente, os testes t de Student e de Mann-Whitney.

Concluiu-se, assim, haver um único indício de alteração do padrão intra-anual da precipitação

comum à generalidade dos postos, com significado estatístico, que, de algum modo, pode ser

considerado indicativo dos efeitos da mudança climática e que respeita ao facto de o 2º trimestre do

ano hidrológico ter sido “substituído” pelo 1º trimestre que passou a constituir o período mais

frequente de ocorrência da precipitação mensal máxima, bem como o período mais contributivo para

o total anual de precipitação.

Palavras-chave: Padrão intra-anual de precipitação, Tendência, Quebra de homogeneidade,

Alteração climática

II

Abstract

This study was carried out with the aim of detecting changes in the rainfall intra-annual pattern

(referred to the hydrological year), which somehow could suggest the effects of the climate change.

Assuming that climate change, if confirmed, should lead to a change in the statistical properties of

the time series of some of the climatic variables, particularly in rainfall, four procedures were

developed to detect that change. Two procedures focused on the analysis of maximum rainfall and

were aimed at identifying possible changes in the series corresponding to: a) the contribution to the

total annual rainfall of the three months with higher rainfall; b) the most frequent period of the year of

occurrence of the maximum monthly rainfall. The remaining procedures focused on the intra-annual

rainfall distribution by analysing the months in which 20, 40, 60 and 80% of the annual rainfall was

achieved, and also the contribution of each one of the four trimesters of the hydrological year relatively

to a 25-years average trimester.

The procedures developed were applied to the monthly rainfall values, from 1910/11 to 2003/04, in

31 rain gages stations located in Portugal mainland.

The changes in the characteristics of the time series were analyzed either graphically (subjective

evaluation), for which were previously established the criteria that were admitted to express the effects

of the occurrence of climate change, and by application of homogeneity tests (objective evaluation)

aiming at testing the significance of the difference between means. The Student t test and the Mann-

Whitney test were adopted.

This study concluded that there is only a single hint of change in the intra-annual rainfall pattern

with statistical significance among the majority of the 31 rain gages. Such change, which probably

reflects the effects of climate change, expresses a progressive replacement of the 2nd

trimester of the

hydrological year by the 1st trimester, which is now the most frequent period of occurrence of the

maximum monthly rainfall, and the period with the highest contribution to the total annual rainfall.

Key-words: Intra-annual rainfall pattern, Trend, Non-homogeneity, Climate change

III

Índice

1 Introdução, objectivo e organização do documento ................................................................ 1

2 Enquadramento do tema. Estudos antecedentes ................................................................... 3

3 Dados de base – Postos utilizados e critérios de selecção .................................................... 9

4 Descrição dos procedimentos adoptados ............................................................................. 15

4.1 Introdução ........................................................................................................................ 15

4.2 Análise de máximos ......................................................................................................... 15

4.2.1 Contribuição dos três meses com maior precipitação para o total anual.................. 15

4.2.2 Período mais frequente de ocorrência da precipitação mensal máxima .................. 20

4.3 Análise da distribuição intra-anual da precipitação ......................................................... 23

4.3.1 Mês médio de ocorrência de 20, 40, 60 e 80% da precipitação anual ..................... 23

4.3.2 Contribuição trimestral relativamente ao trimestre médio de um período de n anos 26

5 Apresentação e análise de resultados .................................................................................. 31

5.1 Introdução ........................................................................................................................ 31

5.2 Análise de máximos ......................................................................................................... 32

5.2.1 Contribuição dos três meses com maior precipitação para o total anual.................. 32

5.2.2 Período mais frequente de ocorrência da precipitação mensal máxima .................. 37

5.3 Análise da distribuição intra-anual da precipitação ......................................................... 44

5.3.1 Mês médio de ocorrência de 20, 40, 60 e 80% da precipitação anual ..................... 44

5.3.2 Contribuição trimestral relativamente ao trimestre médio de um período de n anos 51

6 Testes estatísticos: detecção de quebras de homogeneidade ............................................. 57

6.1 Introdução ........................................................................................................................ 57

6.2 Descrição dos testes t de Student e de Mann-Whitney e metodologia de aplicação ..... 57

6.3 Apresentação de resultados ............................................................................................ 61

7 Síntese dos resultados .......................................................................................................... 71

8 Prosseguimento do estudo .................................................................................................... 73

IV

Índice de Figuras

Figura 2.1 – À esquerda: diagrama cronológico adimensional de médias móveis de precipitações em

grupos de 15 anos, e à direita: anos com médias das subséries anteriores e posteriores

significativamente diferentes. .................................................................................................................. 6

Figura 2.2 – (a) Variação absoluta de precipitação (mm) entre os períodos de 1941-70 e 1971-97. (b)

Média móvel de períodos sucessivos de nove anos dos valores médios dos 55 postos analisados

para o mês de Março. .............................................................................................................................. 6

Figura 2.3 – Séries de precipitação mensal e anual em 144 postos udométricos (1910/11 a 2003/04).

Distribuição espacial da magnitude das tendências estatisticamente significativas em Março (à

esquerda) e no ano (à direita), (magnitudes expressas em percentagem por ano da precipitação no

correspondente intervalo de tempo). ....................................................................................................... 7

Figura 2.4 – À esquerda: (I) média dos valores equiprováveis do índice R30 (em dias) para as

décadas de (a) 1970-79, (b) 1980-89 e (c) 1990-99; (II) variabilidade local do índice R30 para as

décadas de (a) 1970-79, (b) 1980-89 e (c) 1990-99. À direita: (I) média dos valores equiprováveis do

índice R5D (em mm) para as décadas de (a) 1970-79, (b) 1980-89 e (c) 1990-99; (II) variabilidade

local do índice R5D para as décadas de (a) 1970-79, (b) 1980-89 e (c) 1990-99.................................. 8

Figura 3.1 – Precipitação anual média em Portugal Continental. Os pontos representam as 144

estações udométricas utilizadas. ............................................................................................................ 9

Figura 3.2 – Localização esquemática dos 31 postos udométricos analisados. .................................. 12

Figura 4.1 – Médias móveis das máximas precipitações mensais adimensionais, Cmmax1, Cmmax2,

Cmmax3, CmmaxT. ............................................................................................................................... 17

Figura 4.2 – Médias móveis das máximas precipitações mensais, Pmmax1, Pmmax3 e das

precipitações anuais Panual. ................................................................................................................ 18

Figura 4.3 – Frequência relativa de ocorrência (em ordenadas) de Pmmax1 no 1º e 2º Trimestres, e 2º

Semestre, do ano hidrológico, em sucessivos períodos de 25 anos. ................................................... 21

Figura 4.4 – Análise por médias móveis em grupos consecutivos de 25 anos, do mês em que se

atinge respectivamente 20, 40, 60 e 80% de Panual. Postos de Giões e de Vila Velha de Ródão. .... 23

Figura 4.5 – Análise por médias móveis em grupos de 25 anos consecutivos da contribuição de cada

um dos trimestres do ano hidrológico relativamente ao trimestre médio nos 25 anos antecedentes.

Postos de Caia e de Escalhão. ............................................................................................................. 27

Figura 5.1 – Médias móveis das máximas precipitações mensais adimensionais, Cmmax1, Cmmax2,

Cmmax3, CmmaxT, para os 31 postos udométricos seleccionados. ................................................... 32

Figura 5.2 – Frequência relativa de ocorrência (em ordenadas) de Pmmax1 no 1º e 2º trimestres, e 2º

semestre, do ano hidrológico, em sucessivos períodos de 25 anos, para os 31 postos udométricos

analisados. ............................................................................................................................................ 38

V

Figura 5.3 – Análise por médias móveis em grupos consecutivos de 25 anos, do mês em que se

atinge respectivamente 20, 40, 60 e 80% de Panual, dos 31 postos seleccionados. .......................... 44

Figura 5.4 – Análise por médias móveis em grupos de 25 anos consecutivos da contribuição trimestral

relativamente ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes, dos 31 postos seleccionados. ............. 51

Figura 6.1 – Divisão da série de N anos de precipitação em duas subséries: uma anterior, com

dimensão N1, e outra, posterior, com dimensão N2. ............................................................................ 58

Figura 6.2 – N-2n+1 conjuntos de duas subséries, uma anterior e outra posterior .............................. 60

Índice de Quadros

Quadro 3.1 – Número de postos com valores da Panual med inseridos nos intervalos especificados.

............................................................................................................................................................... 10

Quadro 3.2 – Intervalos e valores de Panual med utilizados para seleccionar os postos udométricos a

utilizar no estudo. .................................................................................................................................. 11

Quadro 3.3 – Postos udométricos seleccionados. Identificação e características gerais. ................... 12

Quadro 3.4 – Postos udométricos seleccionados. Precipitações médias mensais e anuais (mm).

Postos ordenados por precipitações anuais médias crescentes. ......................................................... 13

Quadro 5.1 – Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados

relativas à análise dos três meses com maior contribuição para Panual. ............................................ 37

Quadro 5.2 – Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados

relativas à análise dos períodos do ano hidrológico em que mais frequentemente ocorre Pmmax1... 43

Quadro 5.3 – Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados

relativas ao mês no qual, em média, ocorre % da precipitação anual, com a variar entre 20 e 80%,

com incremento de 20%. ....................................................................................................................... 49

Quadro 5.4 - Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados

relativas ao mês no qual, em média, ocorre 20, 40 e 60% da precipitação anual................................ 50

Quadro 5.5 – Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados

relativas à contribuição trimestral relativamente ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes. ........ 56

Quadro 6.1 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries

anterior e posterior para os postos udométricos de Cabana Maior, Leonte, São Bento da Porta Aberta

e Moimenta da Raia. ............................................................................................................................. 63

Quadro 6.2 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries

anterior e posterior para os postos udométricos de Firvidas, Lixa do Alvão, Bornes e Sobrado de

Paiva. ..................................................................................................................................................... 64

VI

Quadro 6.3 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries

anterior e posterior para os postos udométricos de Escalhão, Ariz, Pega e Vale de Espinho. ............ 65

Quadro 6.4 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries

anterior e posterior para os postos udométricos de Porto Taveiro, Penhas Douradas, Ladoeiro e

Castelo Branco. ..................................................................................................................................... 66

Quadro 6.5 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries

anterior e posterior para os postos udométricos de Vila Velha de Ródão, Pernes, Monte Camões e

Alcochete. .............................................................................................................................................. 67

Quadro 6.6 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries

anterior e posterior para os postos udométricos de Caneças, Sobral de Monte Agraço, Moinhola, e

Caia. ...................................................................................................................................................... 68

Quadro 6.7 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries

anterior e posterior para os postos udométricos de Amieira, Azinheira de Barros, Algodôr e Castro

Verde. .................................................................................................................................................... 69

Quadro 6.8 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries

anterior e posterior para os postos udométricos de Giões, Monchique e Loulé. .................................. 70

VII

Lista de Símbolos e Abreviaturas

Nível de significância

Nível de confiança

Função de distribuição de probabilidade da lei Normal

-1

Função inversa de distribuição de probabilidade da lei Normal

Cmmax1(i) Contribuição do mês com maior precipitação no ano i para o total anual de precipitação (-)

Cmmax2(i) Contribuição do segundo mês com mais elevada precipitação no ano i para o total anual de

precipitação (-)

Cmmax3(i) Contribuição do terceiro mês com mais elevada precipitação no ano i para o total anual de

precipitação (-)

CmmaxT(i) Contribuição dos três meses com mais elevada precipitação no ano i para o total anual de

precipitação (-)

CTri1 (i) Contribuição relativa do 1º trimestre do ano hidrológico com início no ano i face ao trimestre

médio de um conjunto n de 25 anos hidrológicos, cujo último é igualmente o ano i

CTri2 (i) Contribuição relativa do 2º trimestre do ano hidrológico com início no ano i face ao trimestre

médio de um conjunto n de 25 anos hidrológicos, cujo último é igualmente o ano i

CTri3 (i) Contribuição relativa do 3º trimestre do ano hidrológico com início no ano i face ao trimestre

médio de um conjunto n de 25 anos hidrológicos, cujo último é igualmente o ano i

CTri4 (i) Contribuição relativa do 4º trimestre do ano hidrológico com início no ano i face ao trimestre

médio de um conjunto n de 25 anos hidrológicos, cujo último é igualmente o ano i

fr(i) Frequência relativa de um evento i

GEE Gases com efeito de estufa

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

N Dimensão da série (amostra)

N1 Dimensão da subsérie anterior

N2 Dimensão da subsérie posterior

n1 Dimensão das séries de resultados de dimensão igual a 94 anos

n2 Dimensão das séries de resultados de dimensão igual a 70 anos

NA Número de realizações de uma experiência aletória

Estatística do teste de Mann-Whitney

Média da distribuição da estatística do teste de Mann-Whitney

Panual(i) Precipitação anual no ano i (mm)

Panual med Precipitação anual média (mm)

Pmmax1(i) Precipitação mensal máxima no ano i (mm)

Pmmax2(i) Precipitação no 2º mês com maior precipitação no ano i (mm)

Pmmax3(i) Precipitação no 3º mês com maior precipitação no ano i (mm)

Pmax Precipitação máxima

Pmin Precipitação mínima

r(i) Número vezes que um evento i ocorre em n realizações de uma experiência aleatória

VIII

Estimativa do desvio padrão de uma população

SNIRH Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos

Somatório do número de ordem dos elementos da subsérie de dimensão N1

Somatório do número de ordem dos elementos da subsérie de dimensão N2

Variância da subsérie de dimensão N1

Variância da subsérie de dimensão N2

Variância da distribuição da estatística do teste de Mann_Whitney

Estatística do teste de Student

Média da subsérie de dimensão N1

Média da subsérie de dimensão N2

Valor de ordem i de uma amostra de uma variável aleatória X

1

1 Introdução, objectivo e organização do documento

A correcta caracterização de variáveis hidrológicas é um procedimento fundamental para que a

Engenharia Hidráulica obtenha a adequada informação de base necessária à sua actividade de

projecto. A consideração das referidas variáveis (séries cronológicas diárias, mensais, ou anuais de

precipitação e/ou escoamento, entre outras) tem partido do pressuposto de que, não obstante a

variabilidade natural e intrínseca dos fenómenos traduzidos por essas variáveis, as séries temporais a

que dão lugar são homogéneas e estacionárias. Por outras palavras, que as propriedades dos

registos udométricos deduzidos a partir de amostras de séries temporais de precipitação se

manterão, por não se esperarem modificações nos factores que condicionam o fenómeno traduzido

por esses registos. Obviamente que os anteriores pressupostos deixam de ser válidos num contexto

de alteração climática, a qual, a confirmar-se, deverá estar presente nas amostras longas de variáveis

hidrológicas através de quebras de homogeneidade associadas ao aparecimento de tendências (de

aumento ou de diminuição) nos valores dos registos (Portela et al., 2009).

A reconstituição da história do clima da Terra revela frequentes variações climáticas. Algumas

manifestam-se com uma forte regularidade temporal em ciclos relativamente bem definidos. A maioria

das variações climáticas dá-se em períodos de centenas, milhares ou milhões de anos e têm causas

naturais. Há porém um consenso cada vez mais generalizado nos meios científicos de que as

emissões antropogénicas para a atmosfera de GEE têm contribuído para as alterações climáticas que

se admitem estar a ocorrer no último século e especialmente nos últimos 50 anos (Santos e Miranda,

p. 21 e 22, 2006).

Vários trabalhos científicos indicam existir indícios de que as referidas alterações climáticas

estejam a modificar as características das séries climatológicas. Mendes e Coelho (1993) destacam

uma significativa redução dos valores da quantidade de precipitação na Primavera, nos 30 anos

antecedentes à data do respectivo estudo, sendo tal redução fundamentalmente devida ao mês de

Março. Portela e Quintela (2001) referem, igualmente, que para o mês de Março, para os postos

analisados, todos os grupos de 15 anos consecutivos com início posterior ao ano hidrológico de

1962/63 exibem, sem excepção e mais acentuadamente, médias móveis inferiores às

correspondentes médias nos períodos de registos. Já Durão et al. (2009) concluem que em Portugal

Continental, o regime de precipitação está a tornar-se mais homogéneo, designadamente nas regiões

a sul do Tejo.

Portela e Quintela (2001) referem que a mudança climática, a confirmar-se, deve traduzir-se pela

alteração de propriedades estatísticas das séries temporais de algumas variáveis climatológicas, em

particular das que mais directamente exprimem as condições do clima, como sejam a precipitação e a

temperatura. Nesse entendimento, o estudo que se desenvolveu e que agora se apresenta pretendeu

detectar eventuais alterações no padrão de distribuição da precipitação ao longo do ano hidrológico

que, de algum modo, pudessem constituir indícios da mudança climática.

2

A exposição do trabalho efectuado foi organizada em oito capítulos. O presente capítulo tem um

carácter introdutório, enquanto que o capítulo 2 contém o enquadramento teórico do tema, tendo-se

procurado expor de forma concisa a informação relevante, disponível até ao momento sobre o

mesmo. No capítulo 3 é identificada a origem dos dados de base utilizados para a execução do

estudo, bem como os critérios de selecção de tais dados. O capítulo 0 é dedicado à descrição dos

procedimentos de análise aplicados, para o que foi organizado em dois subcapítulos. O subcapítulo

4.2 focou-se na análise de máximos de precipitação, tendo-se procedido à identificação de eventuais

alterações nas séries referentes aos três meses com maior precipitação em cada ano, bem como na

frequência da ocorrência do mês com maior precipitação no 1º e 2º trimestres e no 2º semestre do

ano hidrológico. O subcapítulo 4.3 incidiu sobre a distribuição intra-anual da precipitação, tendo sido

analisados, em cada ano, os meses de ocorrência de 20, 40, 60 e 80% da precipitação anual

(entendendo-se por tal os meses em que precipitação acumulada totaliza 20, 40, 60 e 80% da

precipitação anual) e ainda a contribuição relativa, face ao trimestre médio de um período de 25 anos,

cujo último ano coincide com o ano a analisar, de cada um dos trimestres do ano hidrológico.

Os resultados obtidos pela aplicação dos procedimentos brevemente mencionados são

apresentados e analisados no capítulo 0. Julgou-se, ainda, adequado testar a significância estatística

de tais resultados, pelo que foram submetidos a uma análise estatística a qual visou detectar quebras

de homogeneidade. Para tanto, recorreu-se à aplicação de dois testes de significância da diferença

entre duas médias: um paramétrico, o teste t de Student, e outro não paramétrico, o teste de

Mann-Whitney. A descrição dos anteriores testes estatísticos, bem como a metodologia utilizada na

sua aplicação e os resultados obtidos são apresentados no capítulo 6.

O capítulo 7 contém a síntese global da análise efectuada, a qual permitiu identificar, de entre os

resultados obtidos, os que traduzem, de modo estatisticamente fundamentado, alterações no regime

das precipitações em Portugal Continental, expectavelmente decorrentes da mudança climática.

A finalizar apresentam-se, no capítulo 8, algumas orientações para continuação do estudo.

3

2 Enquadramento do tema. Estudos antecedentes

O clima em Portugal Continental é condicionado essencialmente pela posição geográfica do

território em relação ao oceano Atlântico e pela forma e disposição dos principais conjuntos

montanhosos. O território português sofre a passagem de superfícies frontais, normalmente

provenientes de oeste, assim como a influência do anticiclone subtropical do hemisfério Norte

(anticiclone dos Açores) e de centros de baixa pressão de origem térmica que se formam,

respectivamente, a partir de meados da Primavera com prolongamento pelo Verão e Inverno. Além

de estas condições gerais de circulação atmosférica, assumem especial importância os sistemas

montanhosos que atravessam o país sensivelmente na direcção NW-SE. Para a generalidade do

território do continente, os meses de Abril e Outubro são meses de transição, em que se regista um

equilíbrio entre situações anticiclónicas e depressionárias. De entre as situações de bloqueio

destaca-se a ocorrência de gotas de ar frio, que se formam em altitude, devido à advecção de ar frio

de origem polar que são responsáveis por nebulosidade e descida da temperatura do ar e, sobretudo,

pelas precipitações muito intensas que originam. Estas precipitações são muito localizadas e afectam

particularmente o Sul de Portugal (MAOT, 2002).

Apesar da forte influência do oceano Atlântico, que se manifesta, por exemplo, pelo facto de a

precipitação durante o período de inverno estar fortemente ligada à circulação atmosférica em larga

escala do sector Euro-Atlântico, de acordo com Santos et al. (2005) as condições climáticas que

prevalecem em Portugal Continental são do tipo Mideterrânico.

O clima Mediterrânico sofre influência simultânea da dinâmica climática tropical e das latitudes

médias, sendo directamente afectado por massas contientais e marítimas de origens diversas (Barry

and Chorley, 1998; Reale et al., 2001 in Paredes et al., 2006). Nesta região grande parte da

precipitação ocorre durante a época de Inverno, com um pico entre Dezembro e Fevereiro, quando a

cintura ciclónica de média latitude atinge a sua posição mais setenterional (HMSO, 1962 in Paredes

et al., 2006).

Em resultado da influência do oceano Atlântico e do mar Mediterrânico, o regime de precipitação

sobre a península Ibérica é caracterizado por um comportamento fortemente sazonal (Esteban-Parra

et al., 1998; Trigo e DaCamara, 2000 in Paredes et al., 2006), sendo as regiões central e ocidental da

Ibéria caracterizadas por registos de precipitação máxima no período de Novembro a Fevereiro. Para

além do regime de carácter demarcadamente sazonal, a Península Ibérica, bem como toda a região

Mediterrânica, caracterizam-se por uma acentuada variabilidade interanual da precipitação. Em

consequência, ocorrem com alguma frequência anos muito húmidos e anos muito secos, afectando

fortemente o ciclo hidrológico (Paredes et al., 2006).

As possíveis alterações climáticas, resultantes do reforço do efeito de estufa, poderão ter

consequências da mais variada ordem, em particular na alteração da circulação geral da atmosfera

com os sequentes efeitos na distribuição espacial e temporal da quantidade de precipitação (Mendes

e Coelho, 1993). Também Bates et al., p.3 (2008) referem que o aquecimento observado ao longo de

4

várias décadas tem sido ligado a alterações no ciclo hidrológico, tais como: aumento do vapor de

água na atmosfera; alteração de padrões de precipitação, tanto de intensidade, como de regimes

extremos; redução das camadas de cobertura de neve; e alterações na humidade dos solos e do

escoamento. É também referido pela mesma fonte que é bastante provável que a frequência de

eventos de precipitação intensa, ou a contribuição dos mesmos para o total de precipitação tenha

aumentado para a maioria das áreas do globo terrestre.

Em termos globais as mudanças observadas na precipitação mostram um aumento substancial

da variabilidade espacial e inter-décadas. Ao longo do século XX e até 2005, a precipitação tem vindo

a aumentar em zonas continentais localizadas a altas latitudes – entre 30˚N e 85˚N –, enquanto nas

zonas entre 10˚S e 30˚N se têm verificado decréscimos de precipitação desde 1970, (Bates et al.,

2008; Mata, 2008 in Vaz, 2008). Algumas zonas registaram maiores precipitações, como são o caso

do Este da América do Norte e do Sul, o Norte da Europa e o centro-Norte da Ásia, enquanto outras

ficaram significativamente mais secas, como a região do Mediterrâneo, do Sul de África e parte do

Sul Asiático (Mata, 2008 in Vaz, 2008).

No que se refere às alterações previstas, a maioria dos cenários projecta um aumento da

precipitação anual média no Norte da Europa e um decréscimo nas regiões mais a Sul. Não obstante,

as alterações na precipitação variam substancialmente com as estações do ano e com as diversas

regiões, em resposta a alterações da circulação em larga escala e na capacidade de retenção de

vapor de água. Prevê-se um forte decréscimo, em algumas zonas de cerca de 70%, da precipitação

estival no Sul e centro da Europa e talvez até ao centro da Escandinávia, aqui num ritmo muito mais

lento (Bates et al., 2008).

Em Portugal Continental, admite-se que as alterações climáticas ao longo das últimas décadas

estejam associadas a uma variação da circulação atmosférica de larga escala (Corte-Real et al.,

1998). Considera-se, igualmente e de acordo com o IPCC (do inglês, Intergovernmental Panel on

Climate Change), que a mudança climática, a confirmar-se deve traduzir-se por uma variação

estatisticamente significativa da média e/ou variabilidade das variáveis que definem o clima e que

persiste durante um longo período, na ordem de décadas ou maior, sem uma identificação específica

da causa dessa variação. Com esta definição, a alteração climática poderá ter causas naturais,

antropogénicas ou ser resultado de ambos, (Santos e Miranda, p. 23, 2006).

Os diversos cenários de alteração climática projectam modificações importantes do clima em

Portugal. No que concerne à precipitação, sugerem uma redução da ordem de 20 a 40% da

precipitação actual, devida à redução da duração da estação chuvosa. Não obstante os diversos

modelos preverem, em termos globais, a redução de precipitação anual, sugerem um ligeiro aumento

daquela precipitação na região Norte de Portugal e um decréscimo para as regiões do Centro e Sul.

Os modelos prevêem ainda um aumento da assimetria sazonal da precipitação, com decréscimo

relevante para o período de Verão, (Santos e Miranda, p. 47, 2006).

5

Ao longo das últimas duas décadas têm sido realizados vários estudos com o intuito de identificar

alterações em séries temporais de variáveis climatológicas, na Península Ibérica e em Portugal

Continental, dos quais se apresenta seguidamente uma breve resenha.

Mendes e Coelho (1993) efectuaram uma análise da quantidade de precipitação estacional e

anual em cada uma das oito regiões em que dividiram Portugal Continental (Minho e Douro Litoral,

Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira Litoral, Beira Interior, Estremadura, Ribatejo, Alentejo e Algarve),

tendo para tal recorrido aos registos de um total de 233 estações de observação, sendo 56

climatológicas e 177 udométricas. Tais registos compreenderam o período entre 1931 e 1992. Nas

conclusões apresentadas, os referidos autores destacam ter havido uma significativa redução dos

valores de precipitação na Primavera (Março, Abril e Maio) nos 30 anos antecedentes à data de

apresentação do estudo (1993), praticamente em todo o País, mas com maior expressão na Beira

Interior e no Alentejo. É ainda referido que os resultados obtidos apontam tendencialmente para uma

estação das chuvas mais curta, com uma ainda maior concentração no Inverno (Dezembro, Janeiro e

Fevereiro), ou, pelo menos, para a possibilidade de as estações mais chuvosas passarem a ser

apenas o Inverno e Outono (Setembro, Outubro e Novembro), ao invés do que acontecia

anteriormente, em que eram o Inverno e a Primavera. Os mesmos autores destacam, ainda, que a

redução de precipitação detectada na Primavera é devida, fundamentalmente, ao mês de Março, que

nos mencionados 30 anos se revelou progressivamente mais seco.

Corte-Real et al. (1998) classificaram a partir de registos diários de campos de pressão ao nível

do mar sobre o Atlântico Nordeste e Europa Ocidental, com recurso a um algoritmo de agregação de

médias, quatro padrões de circulação principais associados à precipitação diária em Portugal. Entre

os referidos padrões de circulação da atmosfera foi identificado um padrão chuvoso, bem como dois

padrões secos distintos: um prevalecendo no Verão, e outro ocorrendo frequentemente no Inverno.

Foi, ainda, identificado um padrão de bloqueio. Em resultado do estudo efectuado, os referidos

autores concluíram que a tendência de decréscimo da precipitação no mês de Março no sul de

Portugal está intimamente ligada a tendências nas frequências de ocorrência dos padrões chuvoso e

seco de Verão. Neste estudo verificaram, ainda, que a amplitude da variabilidade interanual, em

Janeiro, que antes de 1970 era reduzida, se tornou maior desde então.

Portela e Quintela (2001) com o objectivo de detectar variações com carácter tendencial em

séries temporais de precipitação registadas no território nacional, aplicaram a tais séries dois

métodos: o método clássico de médias móveis e um método, expressamente desenvolvido no âmbito

do referido estudo, o qual utilizou a comparação, em termos estatísticos, das médias da precipitação

em determinados intervalos de tempo em que se dividiram os períodos de registos. Ambas as

metodologias foram aplicadas a séries de precipitação de onze postos do território nacional, tendo

sido evidenciado que as precipitações no 2º trimestre do ano hidrológico (de Janeiro a Março) e, de

modo mais acentuado, no mês de Março, exibem uma tendência nítida de redução. Veja-se o

exemplo relativo ao posto udométrico de Pernes, na Figura 2.1, onde as médias móveis que se

apresentam (gráfico à esquerda) foram adimensionalizadas pela média relativa a todo o período

6

analisado e correspondente a cada uma das séries temporais, e onde os pontos, no gráfico à direita,

indicam uma quebra de homogeneidade entre duas subséries.

Figura 2.1 – À esquerda: diagrama cronológico adimensional de médias móveis de precipitações em grupos

de 15 anos, e à direita: anos com médias das subséries anteriores e posteriores significativamente diferentes, (adaptada de Portela e Quintela, 2001).

Paredes et al. (2006) referem que a precipitação acumulada durante o mês de Março nas regiões

centrais e ocidentais da Península Ibérica apresenta um claro e contínuo declínio de 50% durante o

período 1960-97. Os mesmos autores referem ainda que as tendências de precipitação no mês de

Março, na Europa, para o período 1960-2000 revelam um claro acréscimo de precipitação nas

regiões mais a Norte (Ilhas Britânicas e regiões da Escandinávia), e um decréscimo ao longo do

Mediterrâneo Ocidental. Ainda no mesmo estudo é apresentada uma análise comparativa dos valores

médios de precipitação registados, para cada mês, entre dois períodos distintintos: 1941-70 e

1971-97, bem como uma análise por médias móveis aos valores pluviométricos registados no mês de

Março, para o período entre 1941 e 1997. Anota-se que, os resultados dos procedimentos

mencionados representam o valor médio obtido para os 55 postos udométricos da Península Ibérica

utilizados. Na Figura 2.2 apresentam-se os referidos resultados.

Figura 2.2 – (a) Variação absoluta de precipitação (mm) entre os períodos de 1941-70 e 1971-97. (b) Média

móvel de períodos sucessivos de nove anos dos valores médios dos 55 postos analisados para o mês de Março. (adaptada de Paredes et al., 2006)

7

Em 2007, Santos e Portela (2007) apresentaram um estudo tendo em vista a detecção de

tendências em séries longas de variáveis hidro-climatológicas que, de algum modo, pudessem

constituir indícios de mudança climática, e o qual pretendeu complementar estudos antecedentes

sobre idêntica matéria tais como Corte-Real et al. (1998) e Portela e Quintela (2001). No referido

estudo procedeu-se à aplicação do teste estatístico não paramétrico de Mann-Kendall às séries

mensais de precipitação em 98 postos udométricos de Portugal Continental no período de 94 anos,

entre 1910/11 e 2003/04. A magnitude das tendências detectadas foi quantificada por aplicação do

estimador de declive de Sen. Tendo-se verificado que os 98 postos udométricos utilizados não

cobriam de modo uniforme a área de Portugal Continental, os autores optaram por refazer o estudo

antecedente (Santos e Portela, 2007) mediante a inclusão das séries de precipitações mensais em

mais 46 postos udométricos, num total de 144 postos a analisar.

Santos e Portela (2008) apresentaram, então, um novo estudo no qual se concluiu existirem

variações da precipitação que, exceptuando as variações relativas ao mês de Março, são

geograficamente circunscritas. Nos meses de Outubro, Dezembro, Abril e Setembro, as variações

detectadas apontaram no sentido do aumento local da precipitação e nos meses de Fevereiro, Março

e Julho, no da diminuição. Nos meses de Novembro, Janeiro, Maio, Junho e Agosto ocorre tanto o

aumento, como a diminuição da precipitação mensal, sendo também esta a situação a nível anual. Os

autores registaram, ainda, que o mês de Abril passou de uma situação de ausência de variações

estatisticamente significativas (Santos e Portela, 2007) a evidenciar tendência para aumento local da

precipitação, e que em comparação ao estudo antecedente, a tendência de diminuição da

precipitação no mês de Março surge muito mais pronunciada.

Na Figura 2.3 apresentam-se dois mapas esquemáticos de Portugal Continental, reproduzidos do

estudo antecedente, referentes ao mês Março e ao ano, onde se caracteriza a distribuição espacial

da magnitude das tendências estatisticamente significativas.

Figura 2.3 – Séries de precipitação mensal e anual em 144 postos udométricos (1910/11 a 2003/04).

Distribuição espacial da magnitude das tendências estatisticamente significativas em Março (à esquerda) e no ano (à direita), (magnitudes expressas em percentagem por ano da precipitação no correspondente intervalo de

tempo) (adaptada de Santos e Portela, 2008).

8

Durão et al. (2009) avaliaram a distribuição espacial de eventos de precipitação extrema no Sul

de Portugal, utilizando uma abordagem geoestatística para aceder à relação entre os padrões

espacial e temporal de ocorrência de eventos de precipitação extrema. Para tal, utilizaram registos de

precipitação diária de 105 estações, referentes ao período compreendido entre 1960 e 1999, e uma

metodologia que consistiu na determinação de dois índices de precipitação extrema: o índice R30,

que representa a frequência de ocorrência de precipitações extremas, e que consiste na

contabilização dos dias em que, por ano, são excedidos os 30 mm de precipitação; e o índice R5D

responsável pela caracterização de ocorrência de cheias, e que consiste na maior precipitação

acumulada ao longo de cinco dias consecutivos, em cada ano. Em face da aplicação das

metodologias descritas, os autores concluíram que apesar de não se verificarem tendências

temporais significativas, os padrões espácio-temporais relativos a uma década, se estão a tornar

mais contínuos nas últimas duas décadas, em comparação com as antecedentes, o que revela que o

regime de precipitação se está a tornar mais homogéneo no Sul de Portugal Continental.

Na Figura 2.4 apresentam-se vários mapas esquemáticos que ilustram os resultados obtidos no

estudo anteriormente citado.

Figura 2.4 – À esquerda: (I) média dos valores equiprováveis do índice R30 (em dias) para as décadas de

(a) 1970-79, (b) 1980-89 e (c) 1990-99; (II) variabilidade local do índice R30 para as décadas de (a) 1970-79, (b) 1980-89 e (c) 1990-99. À direita: (I) média dos valores equiprováveis do índice R5D (em mm) para as décadas

de (a) 1970-79, (b) 1980-89 e (c) 1990-99; (II) variabilidade local do índice R5D para as décadas de (a) 1970-79, (b) 1980-89 e (c) 1990-99 (adaptado de Durão et al., 2009).

Em síntese, as conclusões apresentadas pelos vários estudos anteriormente citados, revelam ser

indubitável a redução nos valores de precipitação no mês de Março ao longo das últimas três

décadas.

9

3 Dados de base – Postos utilizados e critérios de selecção

A precipitação é uma das componentes mais importantes do ciclo hidrológico e um factor

fundamental na definição das características hidrológicas de Portugal Continental. Verifica-se que a

variabilidade espacial é uma das particularidades mais marcantes do regime de precipitação no

Continente, como bem expressa na Figura 3.1. A barreira morfológica constituída pelas montanhas

do Minho, Cordilheira Central e relevos que a prolongam para sudoeste, provocam precipitações

elevadas nas regiões entre os rios Lima e Cávado apresentando, principalmente na vertente atlântica,

valores elevados de precipitação anual média, na ordem de 2200 mm, chegando em alguns locais da

Serra do Gerês a atingir valores próximos de 4000 mm. A leste dos alinhamentos montanhosos do

noroeste, a precipitação anual média desce para 800 mm ano e atinge cerca de 500 mm/ano nos

vales encaixados do rio Douro e seus principais afluentes. A Cordilheira Central da serra da Estrela

provoca efeito semelhante, variando a precipitação entre mais de 2000 mm/ano na vertente atlântica

e 800 mm/ano a leste destes alinhamentos, descendo a 600 mm/ano na zona do vale do Tejo

internacional. A região do rio Guadiana apresenta uma reduzida precipitação anual média, na ordem

de 570 mm, compreendendo algumas zonas com precipitação inferior a 450 mm. Em conjunto com o

interior da bacia do rio Douro (vale do rio Côa), esta é a região do Continente em que os valores de

precipitação anual média são mais baixos.

Figura 3.1 – Precipitação anual média em Portugal Continental. Os pontos representam as 144 estações

udométricas utilizadas (adaptada de Santos et al., 2010).

10

Outra das características do regime de precipitação é a sua acentuada variabilidade intra-anual,

verificando-se que, em média, cerca de 70% da precipitação se concentra no semestre húmido, entre

os meses de Outubro a Março. A ocorrência de precipitação sob a forma sólida é um fenómeno muito

localizado em Portugal Continental (MAOT, 2002).

De acordo com Santos e Miranda, p. 51 (2006) a precipitação anual média em Portugal é de

cerca de 900 mm. Outras fontes indicam valores ligeiramente diferentes, citando-se, pela sua

abrangência e actualidade, a estimativa de cerca de 960 mm apresentada no Plano Nacional da Água

(MAOT, 2002). Já Quintela, p. 2.7 (1996) refere que a precipitação anual média em Portugal

Continental atinge cerca de 1000 mm, sendo que, considerando apenas as regiões a norte do Tejo,

se estima que o valor seja 1230 mm, e que, considerando apenas as regiões a sul do Tejo, este se

reduza para 700 mm.

Para a realização do estudo que se apresenta recorreu-se à utilização dos registos de

precipitação mensal em 144 postos udométricos de Portugal Continental, no período entre os anos

hidrológicos 1910/11 e 2003/04. Tais dados foram facultados pela orientadora científica da

dissertação, tendo sido anteriormente utilizados e validados noutros estudos (Santos e Portela, 2008).

Na Figura 3.1 pode observar-se a localização geográfica esquemática dos postos udométricos

utilizados, bem como a distribuição da precipitação anual média que lhes está associada.

Relativamente aos valores absolutos de precipitações anuais médias (Panual med), para os 94 anos

de registo de dados, no conjunto dos referidos 144 postos, obtiveram-se valores variando entre o

mínimo de 469.3 mm e o máximo de 3010.8 mm. No Quadro 3.1 apresenta-se o número de postos a

que correspondem precipitações anuais médias nos sucessivos intervalos de 100 mm de Panual med

aí especificados.

Quadro 3.1 – Número de postos com valores da Panual med inseridos nos intervalos especificados.

(-)

400 ↔ 500 4

500 ↔ 600 29

600 ↔ 700 21

700 ↔ 800 13

800 ↔ 900 14

900 ↔ 1000 5

1000 ↔ 1100 5

1100 ↔ 1200 6

1200 ↔ 1300 11

1300 ↔ 1400 4

1400 ↔ 1500 4

1500 ↔ 1600 4

1600 ↔ 1700 6

1700 ↔ 1800 3

1800 ↔ 1900 2

1900 ↔ 2000 4

2000 ↔ 2100 0

2100 ↔ 2200 3

2200 ↔ 2300 0

2300 ↔ 2400 1

2400 ↔ 2500 0

2500 ↔ 2600 0

2600 ↔ 2700 2

2700 ↔ 2800 1

2800 ↔ 2900 0

2900 ↔ 3000 1

3000 ↔ 3100 1

(mm)

Número de

postos

Intervalo de

Panual med

11

Com seria expectável face ao regime de precipitação em Portugal Continental, no intervalo de

precipitação anual média entre 400 e 1500 mm insere-se a maior parte dos postos udométricos,

concretamente, 116 postos, ou seja, aproximadamente 81% do total de 144 postos.

Tendo-se considerado adequado e suficiente desenvolver o estudo com base nos registos, não

na totalidade dos 144 postos udométricos antes mencionados, mas em parte desses postos, houve

que desenvolver um critério de selecção dos postos a adoptar, no sentido de assegurar que os

mesmos fossem representativos das precipitações ocorrentes. Para o efeito, atendendo à distribuição

de postos pelos intervalos de precipitação apresentados no Quadro 3.1, considerou-se, após algumas

tentativas, o agrupamento dos 144 postos em cinco intervalos de precipitação, compreendidos entre

as precipitações extremas, antes referidas, de 469.3 mm e 3010.8 mm. Para cada um desses

intervalos, especificaram-se as seguintes precipitações anuais, que se admitiram representativas do

intervalo: menor precipitação (extremo inferior do intervalo), Pmin; Pmin acrescida de 25% ou seja,

1.25 Pmin; precipitação média no intervalo, de acordo com os postos nele compreendidos, Pmed;

75% da maior precipitação correspondente ao extremo superior do intervalo, ou seja, 0.75 Pmax; e

maior precipitação, Pmax. No Quadro 3.2 apresentam-se os intervalos utilizados e os valores de

precipitação anual determinados segundo o procedimento anteriormente descrito. Para cada intervalo

adoptaram-se seguidamente os cinco postos com precipitações anuais médias tão próximas quanto

possível das precipitações representativas desse intervalo, processo do qual resultou a selecção de

25 postos udométricos.

Quadro 3.2 – Intervalos e valores de Panual med utilizados para seleccionar os postos udométricos a utilizar

no estudo.

Como mencionado, o recurso ao anterior critério visou identificar um conjunto de postos

representativo dos registos disponíveis, embora constituído por um número de postos

consideravelmente inferior ao de 144 de que se partiu. De modo a assegurar uma cobertura tão

uniforme quanto possível do território nacional, foram adicionados mais seis postos, para além dos

que resultaram daquele critério, com obtenção do número total de postos udométricos a analisar no

âmbito da dissertação de 31. Tais postos estão identificados no Quadro 3.3. e geograficamente

localizados na Figura 3.2. Anota-se que as coordenadas cartográficas especificadas naquele quadro

se referem ao sistema Hayford-Gauss Militar.

Anexo ao presente texto, entregam-se, em formato digital, os registos mensais da precipitação

nos anteriores postos nos 94 anos adoptados na análise. O Quadro 3.4 contém algumas das

características das precipitações naqueles postos, designadamente, as médias das precipitações

mensais e anuais.

Pmin 1.25 Pmin Pmed 0.75 Pmax Pmax

469.3 ↔ 600 469.3 502 534.7 567.3 600

600 ↔ 700 600 625 650 675 700

700 ↔ 900 700 750 800 850 900

900 ↔ 1500 900 1050 1200 1350 1500

1500 ↔ 3011 1500 1877.7 2255.4 2633.1 3010.8

(mm)

(mm)

Intervalo de

precipitação

Valores de precipitação

12

Quadro 3.3 – Postos udométricos seleccionados. Identificação e características gerais.

Figura 3.2 – Localização esquemática dos 31 postos udométricos analisados.

M P

1 02G10 181874.7 544022.9

2 03I03 198824.4 532892.9

3 03H03 193706.0 525190.0

4 02P01 295868.6 553749.4

5 03K04 234068.0 535632.0

6 04K03 236973.7 503523.7

7 05O01 294373.4 499170.8

8 07H02 188418.9 452842.9

9 08P02 301773.8 442772.0

10 08L04 240466.8 438137.8

11 11O01 284023.0 385325.0

12 12P01 300643.7 370312.0

13 12G01 175030.0 359717.0

14 11L05 249373.6 383127.0

15 14N02 274231.0 317972.0

16 15M01 255518.5 316542.1

17 16K01 239725.5 297999.6

18 17F01 154557.3 268699.6

19 20I01 210363.0 214322.0

20 21D01 128747.7 198697.0

21 21B07 108515.5 192889.6

22 19C01 111813.0 228597.0

23 22F03 157884.0 179748.0

24 20O01 285187.5 213176.4

25 24L01 250100.2 145958.9

26 25G01 176453.0 120245.3

27 27K01 230121.9 86104.2

28 27I01 154232.0 70389.5

29 29K02 238565.0 56314.0

30 30F01 159096.0 39736.0

31 31I01 211375.0 20009.0

Número de

ordem

Código

(SNIRH)Nome do Posto Bacia Hidrográfica

Coordenadas (m)

Cabana Maior Lima

Leonte Cávado/Rib. Costeiras

São Bento da Porta Aberta Cávado/Rib. Costeiras

Moimenta da Raia Douro

Firvidas Douro

Lixa do Alvão Douro

Bornes Douro

Sobrado de Paiva Douro

Escalhão Douro

Ariz Douro

Pega Douro

Vale de Espinho Douro

Porto Taveiro Mondego

Sobral de Monte Agraço Rib. Oeste

Ladoeiro Tejo

Castelo Branco Tejo

Vila Velha de Ródão Tejo

Penhas Douradas Tejo

Pernes Tejo

Monte Camões Tejo

Alcochete Tejo

Caneças Tejo

Castro Verde Guadiana

Giões Guadina

Monchique Arade

Loulé Rib. Algarve

Moinhola Sado

Caia Guadiana

Amieira Guadiana

Azinheira Barros Guadiana

Algodôr Guadiana

13

Quadro 3.4 – Postos udométricos seleccionados. Precipitações médias mensais e anuais (mm). Postos

ordenados por precipitações anuais médias crescentes.

Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

29 49.6 72.2 82.0 57.1 51.9 51.0 43.4 29.7 10.2 1.3 1.7 19.2 469.3

27 57.8 62.7 76.2 62.7 52.4 59.5 49.9 32.9 16.2 2.2 1.8 22.2 496.6

28 56.1 71.5 81.2 68.9 64.2 66.5 51.1 31.8 13.1 2.3 2.3 24.2 533.2

20 59.8 75.0 81.1 76.1 58.5 58.2 46.6 35.1 11.7 3.0 3.8 26.2 535.0

9 61.1 68.5 68.0 63.5 55.1 52.6 48.7 50.5 28.4 14.5 10.5 36.5 558.0

19 58.9 69.0 77.2 73.9 69.0 67.6 52.5 42.9 18.8 4.4 3.3 26.4 563.9

25 60.3 70.5 75.4 76.2 68.7 67.8 57.9 40.5 18.1 3.8 3.5 24.3 566.9

26 62.7 82.5 87.5 82.5 72.6 68.8 52.1 41.1 13.0 2.2 2.3 22.9 590.2

24 59.8 78.8 76.5 78.0 74.9 74.2 55.3 38.1 21.8 4.2 4.7 31.1 597.4

15 69.8 77.2 74.4 75.4 74.0 72.7 55.1 51.8 28.5 7.1 7.9 30.6 624.5

23 69.9 83.7 98.6 89.8 77.0 76.9 57.9 42.4 18.0 4.2 3.9 28.5 650.9

31 73.6 93.9 117.2 97.8 84.2 80.2 53.8 33.9 10.2 2.2 2.5 22.2 671.8

21 76.0 97.3 102.2 103.1 84.9 80.5 54.9 39.8 15.3 4.1 4.5 35.6 698.2

17 84.5 107.5 103.3 108.7 91.7 84.7 56.7 51.6 22.3 4.1 8.8 30.4 754.2

16 87.8 111.3 107.9 105.7 94.6 93.1 63.2 55.0 31.5 8.0 6.4 37.2 801.7

18 89.7 112.7 116.9 123.4 98.3 100.1 67.3 57.9 24.3 6.8 6.0 39.4 842.8

22 84.2 120.4 130.1 117.3 98.4 95.6 74.2 54.9 23.4 6.0 5.6 36.5 846.5

7 76.7 105.2 116.4 103.6 100.1 87.6 76.1 75.4 41.8 16.0 16.5 47.2 862.6

11 91.4 137.5 126.0 122.1 88.7 90.7 74.9 72.7 33.7 13.8 12.5 44.1 908.3

13 97.9 117.7 136.4 127.7 113.1 105.7 84.5 76.8 40.4 12.8 16.0 49.8 978.8

5 102.6 131.8 137.8 157.6 133.2 108.4 85.4 72.0 43.4 18.2 19.9 45.8 1056.0

4 115.5 140.8 152.7 163.2 130.4 140.8 101.3 88.5 48.1 21.3 26.2 66.2 1195.1

30 116.0 171.6 204.9 183.2 169.8 156.0 103.4 66.8 23.2 2.6 5.2 43.7 1246.5

8 123.4 155.6 191.3 168.6 144.1 139.9 99.8 91.7 47.6 18.9 23.0 59.2 1263.0

6 127.5 158.6 191.7 185.1 166.7 141.5 105.4 94.4 49.2 25.1 20.6 62.6 1328.6

10 126.7 179.5 203.5 206.9 165.5 149.8 108.6 86.6 51.9 18.3 19.8 53.7 1370.8

12 154.7 232.8 218.0 192.5 170.4 155.4 108.1 117.7 43.6 11.3 12.1 71.2 1488.0

14 182.0 269.6 296.7 237.1 212.5 198.1 147.3 130.2 70.2 28.7 24.6 79.2 1876.4

1 209.6 256.5 303.8 300.7 249.3 215.9 163.9 133.1 85.5 41.7 54.6 112.9 2127.5

3 247.1 314.5 396.2 372.6 317.3 300.9 194.8 186.2 97.0 48.0 58.2 143.1 2676.0

2 289.2 351.9 422.0 404.1 343.1 323.1 230.8 221.0 122.2 57.9 74.1 171.6 3010.8

São Bento da Porta Aberta

Leonte

Precipitação mensal média (mm)

Monchique

Sobrado de Paiva

Lixa do Alvão

Ariz

Vale de Espinho

Bornes

Pega

Porto Taveiro

Firvidas

Moimenta da Raia

Caneças

Vila Velha de Ródão

Castelo Branco

Pernes

Sobral de Monte Agraço

Azinheira Barros

Caia

Ladoeiro

Moinhola

Escalhão

Monte Camões

Amieira

Número de

ordemNome do Posto

Giões

Algodôr

Penhas Douradas

Cabana Maior

Loulé

Castro Verde

Alcochete

Panual med

(mm)

14

15

4 Descrição dos procedimentos adoptados

4.1 Introdução

Neste capítulo apresentam-se e descrevem-se os quatro procedimentos adoptados, os quais

visaram analisar o padrão intra-anual das precipitações, quer ao nível dos máximos de precipitação

mensal, quer ao nível da distribuição da mesma ao longo do ano hidrológico.

Nos procedimentos adoptados baseados na consideração, quer de médias móveis – subcapítulos

4.2.1, 4.3.1 e 4.3.2 –, quer de períodos de anos sucessivos com dimensão inferior ao total da amostra

– subcapítulos 4.2.2 e 4.3.2 –, optou-se pela utilização de conjuntos com dimensão n de 25 anos. No

que concerne à análise por médias móveis, Portela e Quintela (2001) referem que a diminuição de n

faz com que a ocorrência de anos com características extremas (anos húmidos ou muito secos)

apareça muito evidenciada sem que tais anos impliquem, contudo, alteração das condições médias

de precipitação. No âmbito da análise de precipitações, Vaz (2008) também identificou como

adequada a dimensão n de 25 anos. Em relação aos períodos de n anos sucessivos a considerar nos

demais procedimentos, adoptou-se uma dimensão mínima de 25 anos devido, não só ao que se

referiu anteriormente relativamente às médias móveis, mas também de modo a que houvesse

conformidade nos períodos temporais considerados em todos os procedimentos.

Em resultado da aplicação da análise de médias móveis aos procedimentos adoptados

identificaram-se comportamentos nas séries, os quais sugeriram a existência de tendências. De modo

a tornar mais clara e concisa a análise efectuada, optou-se por distinguir dois tipos de tendências: as

primárias e as secundárias. Por tendência primária entende-se uma tendência dominante e global, ou

seja, que se manifesta em grande parte do período analisado. Por tendência secundária entende-se

uma tendência que se verifica num período de tempo relativamente reduzido, podendo constituir um

episódio isolado numa série temporal estacionária, ou ocorrer numa série com uma tendência

primária.

4.2 Análise de máximos

4.2.1 Contribuição dos três meses com maior precipitação para o total anual

O primeiro procedimento aplicado teve por objectivo averiguar se a contribuição, para a

precipitação anual em cada ano, dos três meses com maior precipitação sofreu ou não alteração ao

longo dos sucessivos anos. Trata-se, portanto, de um procedimento destinado a analisar o padrão

intra-anual da precipitação nos três meses com maior pluviosidade.

Neste procedimento são considerados, em cada posto e para cada um dos anos do período de

registo, as três mais elevadas precipitações mensais. Tais precipitações, ordenadas da mais elevada

para a mais baixa, foram designadas por Pmmax1(i), Pmmax2(i), e Pmmax3(i), em que Pmmax1

designa a mais elevada precipitação mensal (mais correctamente referenciada por precipitação

mensal máxima) e Pmmax2 e Pmmax3 a segunda e a terceira mais elevadas precipitações mensais,

16

respectivamente e (i) é um índice de ano. A contribuição dos anteriores máximos para a precipitação

anual em cada ano (i) foi expressa em termos adimensionais, por referência à precipitação anual

nesse ano, mediante o cálculo dos seguintes quatro coeficientes:

(4.1)

(4.2)

(4.3)

(4.4)

Aos sucessivos valores anuais de cada um dos anteriores coeficientes foi aplicada uma análise

por médias móveis em grupos sucessivos de 25 anos hidrológicos, de modo a averiguar acerca da

ocorrência de tendências ou de alterações naqueles valores.

A Figura 4.1 relativa aos postos udométricos de Algodôr e Lixa do Alvão exemplifica os resultados

obtidos, os quais serão retomados de modo detalhado no capítulo 5 no que respeita, quer ao

presente procedimento, quer aos demais procedimentos aplicados.

Em tal figura, para o posto de Algodôr observa-se uma tendência de aumento da contribuição do

mês com maior precipitação para a precipitação anual, Cmmax1. Com efeito, nas primeiras subséries

de 25 anos, tal contribuição ronda os 25%, sendo que, nas últimas subséries, supera os 30%. A

contribuição, respectivamente, do segundo e terceiro meses com maior precipitação para a

precipitação anual, Cmmax2 e Cmmax3, não apresenta, contudo, qualquer tendência. Para Cmmax3

registam-se, inclusivamente, apenas três subséries de 25 anos, com início, respectivamente, nos

anos hidrológicos de 1952/53, 1977/78, e 1979/80, com um valor diferente do que corresponde às

restantes subséries, e que é de 15%. Pode assim afirmar-se que, a contribuição dos três meses que

em cada ano registam maior precipitação, para o total anual da mesma, CmmaxT, exibe uma

tendência de aumento – nas primeiras subséries a contribuição é de aproximadamente 59%,

enquanto que nas últimas atinge os 63% – devido exclusivamente ao aumento da contribuição,

Cmmax1.

17

Figura 4.1 – Médias móveis das máximas precipitações mensais adimensionais, Cmmax1, Cmmax2,

Cmmax3, CmmaxT.

Relativamente ao posto de Lixa do Alvão, a observação da Figura 4.1 permite identificar uma

tendência de diminuição da contribuição para o total anual do mês com maior precipitação em cada

ano. Nas subséries de 25 anos relativas aos primeiros anos do período de registos, a contribuição

Cmmax1, é de aproximadamente 30%, enquanto que nas últimas subséries esta diminui para cerca

de 25%. No caso da contribuição do segundo mês com maior pluviosidade, Cmmax2, não se

identifica qualquer tendência, pois, com excepção das subséries relativas ao período compreendido

entre os anos hidrológicos de 1933/34 a 1936/37, as quais contribuíram com 17% para o total anual

de precipitação, as restantes apresentam uma contribuição de 18 ou 19%. Já a contribuição para o

total anual de precipitação do terceiro mês com maior pluviosidade, Cmmax3, exibe uma ligeira

tendência de aumento ao longo do período de registos. Nas subséries iniciais esta contribuição é de

cerca de 13%, aumentando para 15% nas subséries finais de 25 anos. A contribuição para o total

anual dos três meses com mais elevada precipitação, CmmaxT, evidencia uma ténue tendência de

diminuição, pois o seu valor nas últimas subséries reduziu-se aproximadamente em 3% face aos

cerca de 60% registados nas primeiras subséries. Constata-se, assim, que a diminuição da

contribuição do mês mais pluvioso, Cmmax1, foi dominante face ao aumento da contribuição do

terceiro mês com maior precipitação, Cmmax3.

Para os dois postos adoptados como exemplo, conclui-se, assim, que o procedimento aplicado

conduz à identificação de comportamentos distintos das séries cronológicas relativas à contribuição

dos três meses com maior precipitação para o total anual. Com efeito, verifica-se que a contribuição,

para a precipitação anual, do mês com maior precipitação tem vindo a intensificar-se, no posto de

Algodôr, e a reduzir-se, no posto de Lixa do Alvão. Conclui-se, também, que a contribuição para a

precipitação anual do terceiro mês com maior precipitação pode intensificar-se, embora de forma

moderada.

Importa, contudo, averiguar se tais alterações resultam de um aumento, no caso do posto de

Algodôr, ou de uma diminuição, no caso do posto de Lixa do Alvão, da máxima precipitação mensal

em cada ano, e do aumento da precipitação no terceiro mês mais pluvioso, no caso do posto de Lixa

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Algodôr

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Lixa do Alvão

18

do Alvão, ou, por exemplo, da diminuição da própria precipitação anual sem alteração sensível dos

valores das referidas precipitações mensais. Para concluir acerca do efeito dominante, pode-se

recorrer à representação das médias móveis das máximas precipitações mensais e das próprias

precipitações anuais, como se exemplifica na Figura 4.2.

Figura 4.2 – Médias móveis das máximas precipitações mensais, Pmmax1, Pmmax3 e das precipitações

anuais Panual.

A observação da Figura 4.2 evidencia, no posto udométrico de Algodôr, que a principal causa da

tendência de aumento da contribuição, para o total da precipitação anual, do mês com maior

pluviosidade advém da tendência de aumento da precipitação registada nesse mesmo mês. Com

efeito, enquanto que na subsérie de 25 anos referente ao ano hidrológico de 1910/10, a média da

precipitação máxima mensal é de cerca de 112 mm, na última subséries esta atinge cerca de

149 mm, variação que representa um acréscimo de cerca de 33% na média da precipitação máxima

mensal. Também para o posto de Algodôr, a mesma figura evidencia que, no que concerne à

precipitação anual, existem dois períodos com tendências distintas. O primeiro, que corresponde às

sucessivas subséries de 25 anos com início compreendido entre os anos hidrológicos de 1910/11 e

1939/40, apresenta uma tendência de acréscimo da precipitação anual, com os valores médios a

variarem entre os 450 mm no início do referido período e os 565 mm no final (acréscimo de

aproximadamente 26%). O segundo, que se inicia nas subséries a partir do ano hidrológico de

1940/41 e termina na última subsérie, a qual tem início no ano hidrológico de 1979/80, exibe uma

tendência de diminuição da precipitação anual, com o seu valor médio, que se situava, para a última

subsérie da década de 30, em 565 mm, a decrescer até valores médios de Panual de cerca de 480

mm nas últimas subséries do período de registos (decréscimo da precipitação de aproximadamente

18%). No entanto, é de notar que, na globalidade do período considerado, não existe uma tendência

dominante, ficando a diferença, entre as médias das subséries de 25 anos iniciais e finais, de cerca

de 7% (aumento de 451 para 475 mm) a dever-se, essencialmente, ao facto de aparentemente, a

partir do ano hidrológico de 1971/72 se ter iniciado uma tendência de aumento da precipitação anual.

Anota-se que a confirmação desta tendência, como primária, ou apenas como uma tendência

secundária de subida dentro de uma tendência primária de descida estaria dependente da

consideração de mais alguns anos de registo de dados. Tendo em conta o que foi referido,

0

100

200

300

400

500

600

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mm) Algodôr

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mm) Lixa do Alvão(mm) Lixa do Alvão

19

poder-se-á concluir que, para o posto de Algodôr, a tendência de aumento da contribuição, para o

total anual de precipitação, do mês mais chuvoso se deve primariamente à tendência de aumento da

precipitação máxima mensal, sendo que, o decréscimo do valor médio da precipitação anual para as

subséries entre os anos hidrológicos de 1940/41 e 1971/72 contribuiu para evidenciar o efeito do

referido aumento de Pmmax1.

Na mesma Figura 4.2, relativamente ao posto udométrico de Lixa do Alvão, observa-se que, tanto

as médias móveis relativas a Pmmax1, como a Pmmax3, como à precipitação anual apresentam uma

tendência de acréscimo na globalidade do período considerado, embora a taxa de aumento não seja

semelhante entre as referidas precipitações. A precipitação máxima mensal é a que apresenta menor

acréscimo se comparados os valores referentes à subsérie inicial (1910/11) e final (1978/80): cerca

de 12%, o que corresponde a um aumento de cerca de 302 para 339 mm de precipitação. No que

concerne à terceira mais elevada precipitação registada em cada ano, o valor correspondente à

primeira subsérie é de cerca de 129 mm, enquanto o calculado na última subsérie é de

aproximadamente 214 mm, incremento de precipitação de representa uma variação de cerca de 66%

entre os valores referidos. Relativamente às médias móveis da série de precipitações anuais, é

possível identificar uma clara tendência de subida. Embora para as subséries com início entre o

período de 1955/56 e 1968/69 se observe uma tendência secundária de diminuição dos valores de

Panual, considerando a totalidade do período de 94 anos analisado, a diferença entre a média obtida

para a primeira subsérie (1910/11) e a última (1979/80) é de cerca de 371 mm, o que equivale a um

incremento de 36% face à média da primeira subsérie (cerca de 1117 mm). As diferentes taxas de

variação das referidas séries hidrológicas explicam o facto de, apesar de se observar na Figura 4.2

que, graficamente, as séries relativas a Pmmax1 e Pmmax3 exibem um comportamento semelhante,

as suas contribuições para o total anual, apresentam, como se pode ver na Figura 4.1, uma tendência

de diminuição para a contribuição de Pmmax1, e uma tendência de aumento para a contribuição de

Pmmax3. Conclui-se, assim, que, ao longo do período de registo no posto de Lixa do Alvão, as três

precipitações analisadas, Pmmax1, Pmmax3 e Panual têm vindo a aumentar e que a tendência de

diminuição da contribuição para o total anual do mês mais pluvioso, e a tendência de aumento da

contribuição do terceiro mês com mais elevada precipitação em cada ano, se devem,

respectivamente, ao menor e maior acréscimo dos valores de precipitação face ao aumento da

precipitação anual.

Complementarmente, haveria sempre que averiguar se as tendências visualmente detectadas

têm ou não significado estatístico, aspecto que será retomado com detalhe no capítulo 6.

Importa anotar desde já que, no conjunto dos 31 postos analisados, as contribuições, para o total

anual, do segundo e terceiro meses com mais elevada precipitação não evidenciaram tendências no

sentido da alteração sistemática e persistente dos seus valores. Quanto à contribuição para o total da

precipitação mensal máxima, não se identificou um comportamento dominante, dado que um conjunto

de postos revela uma tendência para o aumento de Cmmax1, enquanto que noutro conjunto se

verifica o oposto. É também de referir que não se identificou qualquer padrão que relacione, entre os

20

postos analisados, a variação quer das precipitações máximas mensais, quer das precipitações

anuais, com os distintos comportamentos tendenciais identificados nas séries relativas a Cmmax1.

4.2.2 Período mais frequente de ocorrência da precipitação mensal máxima

A aplicação do procedimento objecto do presente subcapítulo visa detectar eventuais alterações

nos períodos do ano em que mais frequentemente ocorre a máxima precipitação mensal

(normalmente designada por precipitação mensal máxima, Pmmax1, como explicitado no item

precedente). Os períodos objecto de análise foram o 1º e o 2º trimestres do ano hidrológico e o

2º semestre do ano hidrológico. A subdivisão do semestre húmido nos dois primeiros trimestres do

ano hidrológico (Outubro a Dezembro e Janeiro a Março) justifica-se pela sua importância na

contribuição para a precipitação anual, pois espera-se que cerca de 70% da precipitação se

concentre no semestre húmido, entre os meses de Outubro a Março (MAOT 2002).

Para a efectivação do procedimento em menção anotou-se, para cada um dos 94 anos com

registos, o número de ordem do mês em que ocorreu a precipitação mensal máxima (Pmmax1, de

acordo com a simbologia definida no subcapítulo precedente), sendo que o número de ordem 1

designa o primeiro mês do ano hidrológico, ou seja, Outubro. Seguidamente, para os sucessivos n

períodos de 25 anos, com o primeiro período a iniciar-se no ano hidrológico de 1910/11,

determinaram-se as frequências relativas de ocorrência do mês com maior precipitação nos períodos

do ano hidrológico referidos no parágrafo anterior. Note-se, no entanto, que, as frequências relativas

obtidas para cada um dos sucessivos períodos de 25 anos foram imputadas ao último ano de cada

um dos referidos períodos. Tal procedimento deve-se à necessidade de compatibilizar os resultados

obtidos pela aplicação dos vários procedimentos apresentados no presente estudo.

A frequência relativa, fr(i) de um evento i para um número genérico de realizações de uma

experiência aleatória pode definir-se da seguinte forma,

(4.5)

em que:

NA é o número de realizações dessa experiência aleatória (E.A.);

r(i) é o número de vezes que o evento i ocorreu nas n realizações da E.A.;

sendo que, para o procedimento desenvolvido, i toma os valores 1, 2 e 3 consoante a precipitação

máxima mensal, Pmmax1, ocorreu:

1 – no 1º trimestre;

2 – no 2º trimestre;

3 – no 2º semestre.

21

A Figura 4.3 relativa aos postos udométricos de Firvidas e Sobrado de Paiva exemplifica os

resultados obtidos pelo presente procedimento, com base nos quais se elucida acerca do tipo de

análise suscitado pelo mesmo.

Figura 4.3 – Frequência relativa de ocorrência (em ordenadas) de Pmmax1 no 1º e 2º Trimestres, e 2º

Semestre, do ano hidrológico, em sucessivos períodos de 25 anos.

A anterior figura mostra que, ao longo do período de registos, para o posto de Firvidas, o

1º trimestre do ano hidrológico tem vindo progressiva e paulatinamente a substituir-se ao 2º trimestre

como o período em que mais frequentemente ocorre a precipitação mensal máxima. A “troca” entre

trimestres, que representa, por assim dizer, uma mudança ou quebra no comportamento das séries

de precipitações mensais máximas, é especialmente acentuada a partir da subsérie de 25 anos que

termina no ano hidrológico de 1978/79. Com efeito, em 60% dos anos de tal subsérie a precipitação

mensal máxima ocorreu no 2º trimestre do ano hidrológico, sendo que a anterior percentagem se

reduz para cerca de 24% ao considerar-se a subsérie que termina em 1998/99.

Na globalidade do período de registos no posto de Firvidas, verifica-se que a frequência relativa

da ocorrência de Pmmax1 no 1º trimestre exibe uma nítida tendência de aumento: na subsérie que

termina no ano hidrológico de 1934/35 a precipitação máxima mensal ocorreu no 1º trimestre em 28%

dos anos, enquanto que, na última subsérie, que termina em 2003/04, a frequência relativa de

Pmmax1 nesse semestre atingiu 56%. O acréscimo de frequência relativa da ocorrência da

precipitação máxima mensal no 1º trimestre é mais evidente para as subséries com início

compreendido entre os anos hidrológicos de 1978/79 e 2003/04, em que a correspondente frequência

relativa praticamente duplica, ao aumentar de 32% para 60%.

No que concerne à frequência de ocorrência de Pmmax1 no 2º semestre do ano hidrológico a

observação do gráfico da Figura 4.3 referente a Firvidas não evidência alterações significativas,

embora em parte das últimas subséries, nomeadamente naquelas com início no período

compreendido entre os anos hidrológicos de 1983/84 a 1996/97, se observe um ligeira aumento da

frequência relativa da ocorrência de Pmmax1 no 2º semestre, a qual atinge o valor máximo de 16%

na subsérie com início no ano de 1999/00.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Firvidas

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Sobrado de Paiva

22

Assim, conclui-se, que, no posto udométrico de Firvidas, houve uma alteração do período do ano

em que mais frequentemente ocorre a precipitação mensal máxima, tendo o 2º trimestre do ano

hidrológico sido substituído pelo 1º trimestre.

No que se refere ao posto de Sobrado de Paiva, a Figura 4.3 mostra que, para as subséries que

terminam no período compreendido entre os anos hidrológicos de 1934/35 a 1977/78, a ocorrência de

Pmmax1 no 1º trimestre do ano hidrológico é cada vez menos frequente: com efeito, nesse período e

para esse semestre, a frequência relativa de Pmmax1 diminui de 68%, na primeira subsérie de 25

anos, para 24%, na última subsérie. Contudo, tal tendência de diminuição inverte-se a partir do ano

de 1978/79 sendo que na última subsérie de 25 anos, que termina em 2003/04, a frequência relativa

da ocorrência de Pmmax1 no 1º trimestre atinge 52%.

A frequência com que a precipitação mensal máxima no posto de Sobrado de Paiva ocorre no 2º

trimestre do ano hidrológico evidencia também dois comportamentos distintos. Assim, nas subséries

que terminam no período compreendido entre os anos de 1934/35 e 1974/75 verifica-se que a

referida frequência aumenta de 32% para 72%, enquanto que para as subséries que terminam no

período compreendido entre os anos de 1977/78 e 2003/04 a ocorrência da precipitação máxima

mensal no 2º trimestre do ano hidrológico se torna cada vez menos frequente, sendo que em apenas

sete dos 25 anos da última subsérie Pmmax1 teve lugar no 2º trimestre (frequência de 28%).

Em relação à frequência de ocorrência de Pmmax1 no 2º semestre do ano hidrológico verifica-se

que, após um longo período com grande estabilidade de comportamento, tal frequência aumenta

muito significativamente partir da subsérie com início no ano hidrológico de 1975/76 e até à última

subsérie (início em 2003/04): acréscimo de cerca de 4% para sensivelmente 20%.

Conclui-se, então, que, no posto de Sobrado de Paiva, existe uma alternância entre períodos

mais frequentes de ocorrência de Pmmax1: enquanto para as subséries com início entre os anos

hidrológicos de 1934/35 e 1953/54 tal período coincide com o 1º trimestre do ano hidrológico, para as

subséries que terminam no período compreendido entre os anos hidrológicos de 1954/55 e 1995/96

“desloca-se” para o 2º trimestre do ano hidrológico, voltando o 1º trimestre a ser a época mais

frequente para a ocorrência de Pmmax1 nas subséries que terminam entre os anos hidrológicos de

1996/97 e 2003/04. É de notar, no entanto, que, apesar de, em anos recentes, o 1º trimestre ter

voltado a ser o período mais frequente de ocorrência de Pmmax1, para a subsérie que termina em

2003/04 tal aconteceu em apenas 52% dos anos hidrológicos face à percentagem de 68% referente à

subsérie que termina em 1934/35. Note-se também que, para a subsérie que termina em 2003/04 a

diferença entre a frequência de ocorrência de Pmmax1 no 2º trimestre e no 2º semestre foi de apenas

8% face à diferença de 32% registada em 1934/35, o que revela um aumento significativo na

frequência de ocorrência do mês com maior precipitação numa época do ano hidrológico (2º

semestre) com precipitação, em regra, reduzida.

No subcapítulo 5.2.2, onde se apresenta a totalidade dos resultados obtidos, pode verificar-se

que, ao longo do período de registos e para a generalidade dos postos, o período mais frequente de

ocorrência de Pmmax1 alterna entre o 1º e 2º trimestres do ano hidrológico. Anota-se, no entanto,

23

que, a aplicação do procedimento em análise permitiu identificar o 1º trimestre do ano hidrológico

como o período mais frequente de ocorrência da precipitação mensal máxima nas subséries que

terminam a partir de 1993/94, em 29 dos 31 postos udométricos analisados, havendo apenas que

ressalvar o facto de, no posto de Sobrado de Paiva tal acontecer apenas a partir da subsérie que

termina em 1996/97, e, no posto de Monte Camões a partir da subsérie que termina em 1993/94.

4.3 Análise da distribuição intra-anual da precipitação

4.3.1 Mês médio de ocorrência de 20, 40, 60 e 80% da precipitação anual

O desenvolvimento do procedimento a que se refere o presente subcapítulo teve por objectivo

identificar o mês no qual, em média, a precipitação acumulada representa % da precipitação anual,

Panual. Tal mês foi designado em termos simplificados por mês médio de ocorrência de % da

precipitação anual. Em cada ano, por mês de ocorrência de % da correspondente precipitação

anual, entendeu-se o mês tal que a precipitação acumulada até ao mesmo, inclusive, igualou ou

excedeu % da precipitação nesse ano, sendo que se fez variar entre 20 e 80%, com incremento

de 20%, resultando deste modo quatro “patamares” de precipitação anual. Para cada um dos

referidos quatro patamares de precipitação anual anotou-se o seu mês de ocorrência,

correspondendo o mês 1 a Outubro e o mês 12 a Setembro.

Às séries temporais obtidas com recurso à metodologia anteriormente descrita aplicou-se uma

análise por médias móveis em períodos de dimensão n igual a 25 anos. Uma eventual alteração do

comportamento das séries daí resultantes poderá indiciar uma mudança no padrão de distribuição da

precipitação ao longo do ano hidrológico.

A Figura 4.3, relativa aos postos udométricos de Giões e Vila Velha de Ródão exemplifica os

resultados obtidos através do procedimento objecto de análise.

Figura 4.4 – Análise por médias móveis em grupos consecutivos de 25 anos, do mês em que se atinge

respectivamente 20, 40, 60 e 80% de Panual. Postos de Giões e de Vila Velha de Ródão.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Giões

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Lixa do Alvão(-) Vila Velha de Ródão(-) Lixa do Alvão(mês) Vila Velha de Ródão

24

A anterior figura mostra que, para o posto udométrico de Giões, os números de ordem dos meses

em que, em média, se totalizou 60% e 80% de Panual têm progressivamente vindo diminuir, ou seja,

apresentam uma clara tendência de decréscimo. Relativamente aos números de ordem dos meses a

que, em média, correspondeu 20% e 40% de Panual, observa-se que só a partir das subséries com

início na década de 50 se identifica uma clara tendência de decréscimo.

Com efeito, no que concerne ao mês em que, em média, foi totalizado 20% de Panual, a partir da

subsérie com início no ano hidrológico de 1955/56 verifica-se uma tendência de decréscimo, tendo,

para o referido ano, a precipitação acumulada de 20% de Panual sido atingida, em média, 2.72

meses após o início do ano hidrológico, enquanto que, para a subsérie com início em 1979/80, a

mesma percentagem da precipitação anual foi alcançada, em média, 1.92 meses após o início do ano

hidrológico.

Relativamente ao mês em que, em média, se totalizou 40% de Panual, observa-se uma tendência

de diminuição do correspondente número de ordem, que, para a subsérie de 25 anos com início em

1952/53, era 3.96, reduzindo-se para 3.52, na última subsérie do período de registo (com início no

ano hidrológico de 1979/80).

As médias móveis do número de ordem do mês de ocorrência de 60% da precipitação anual

denotam uma clara tendência de redução na globalidade do período considerado, com o mês médio

de ocorrência de 60% Panual a decrescer de 5.92, na subsérie com início em 1910/11, para 5.36, na

subsérie com início em 1979/80.

Por fim, as médias móveis relativas ao último dos patamares de Panual considerados, de 80%,

apresentam comportamento semelhante ao descrito para 60% de Panual, evidenciando igualmente

uma tendência global de redução do tempo decorrido, em média, desde o início do ano hidrológico

até à acumulação de 80% de Panual. Assim, enquanto que o referido período para a primeira das

subséries analisadas (início em 1910/11) foi de 8.16 meses, para a última das subséries (início em

1979/80), foi de 7.52 meses.

Na Figura 4.4 apresentam-se, igualmente, os resultados obtidos para o posto de Vila Velha de

Ródão, sendo, de imediato, identificáveis tendências díspares entre as quatro séries de médias

móveis representadas.

No que concerne à série relativa ao mês médio de ocorrência de 20% de Panual, observa-se que

esta apresenta uma tendência de diminuição, que se manifesta claramente a partir da subsérie com

início no ano hidrológico de 1927/28. Comparando o valor registado na referida subsérie com o valor

registado para a última subsérie (início em 1979/80), este reduz-se de 2.68 meses para 2.08 meses.

Considerando a totalidade do período de registo, o decréscimo do valor do mês médio de ocorrência

de 20% de Panual é menor, passando-se de 2.44 meses, na subsérie com início em 1910/11, para

2.08 meses na última subsérie. A menor diferença registada entre as subséries inicial e final face à

diferença regista entre a subsérie com início em 1927/28 e a subsérie final deve-se, essencialmente,

25

a um período de maior irregularidade na série, no qual se registam duas curtas tendências

secundárias: entre 1915/16 e 1919/20 de redução e, entre 1919/20 e 1927/28 de aumento.

A série relativa ao mês médio de ocorrência de 40% de Panual não evidencia, na sua globalidade,

qualquer tipo de tendência, embora a partir da subsérie que se inicia no ano hidrológico de 1967/68

se possa observar uma ligeira tendência de diminuição dos valores das sucessivas subséries. Dos

4.04 meses obtidos para a subsérie com início no referido ano hidrológico, passou-se para os 3.72

meses na subsérie com início em 1979/80.

Relativamente à série do mês médio de ocorrência de 60% de Panual, a observação da Figura

4.4 permite identificar uma tendência primária de aumento do tempo decorrido, em média, entre o

início de cada ano hidrológico e o mês em que se atinge o referido patamar de precipitação anual.

Identifica-se igualmente, um período inicial em que se evidencia uma tendência secundária de

decréscimo. Com efeito, se se considerar o período relativo às subséries com início entre os anos

hidrológicos de 1920/21 e 1979/80; período durante o qual a ocorrência de 60% de Panual deixa de

ser atingida, em média, 5.08 meses após o início do ano hidrológico, para passar a ser atingida, em

média 5.68 meses após o início do mesmo, é clara a tendência de acréscimo. No entanto,

comparando os valores relativos à primeira e última subséries, respectivamente 5.48 meses e 5.68

meses, tornando-se claro que o acréscimo é bastante menos significativo. Tal deve-se à já referida

tendência de redução presente no período inicial de registos, em que dos 5.48 meses registados em

1910/11 se chega aos 5.08 meses em 1920/21.

Por fim, observa-se que, a série temporal relativa às médias móveis do mês em que se regista

80% de Panual apresenta um comportamento bastante semelhante àquela que anteriormente se

descreveu. Como tal, identifica-se uma tendência global de aumento do tempo decorrido, em média,

entre o início de cada ano hidrológico e o mês em que se atinge o referido patamar de precipitação

anual, bem como um período inicial em que se evidencia uma tendência secundária de decréscimo

dos mesmos valores. Desta forma, a partir da subsérie com início em 1921/22, a qual regista um valor

de 6.88, face aos 7.64 meses registados na última subsérie do período analisado, é revelada uma

tendência global e primária de acréscimo dos valores da série analisada. Já no período que

compreende as subséries com início entre os anos de 1910/11 e 1920/21, é identificável uma

tendência secundária de decréscimo, a qual se caracteriza pela diminuição do tempo médio decorrido

entre o início do ano hidrológico e o mês em que é alcançado 80% de Panual de 7.24 meses para 6.8

meses.

Face ao que foi nos exposto parágrafos antecedentes verifica-se que, o procedimento aplicado

permitiu identificar, em dois postos udométricos, comportamentos distintos das séries cronológicas de

médias móveis relativas ao mês de ocorrência de % da precipitação anual, com avariar entre 20

e 80%, com incremento de 20%. Assim, no caso específico do exemplo relativo ao posto de Giões,

concluir-se-ia, portanto, que os referidos patamares de precipitação anual têm vindo a ser atingidos

sucessiva e progressivamente mais cedo no ano hidrológico, o que revela uma tendência para a

concentração da precipitação num período mais reduzido do ano hidrológico.

26

No exemplo relativo ao posto de Vila Velha de Ródão concluir-se-ia que, 20% da precipitação

anual tem vindo a ocorrer cada vez mais cedo no decurso do ano hidrológico, o mesmo acontecendo

com a ocorrência de 40% de Panual para as últimas subséries do período analisado. Pelo contrário,

relativamente às séries de médias móveis do mês de ocorrência de 60% e 80% do total anual

pluviométrico, conclui-se que, os referidos patamares de precipitação têm vindo a ocorrer

sucessivamente mais tarde no ano hidrológico. O comportamento evidenciado pelas quatro séries,

obtidas através do procedimento em análise, permite concluir que, no caso específico do posto de

Vila Velha de Ródão, parte da precipitação anual se está a concentrar num período inicial do ano

hidrológico mais curto, enquanto que, a restante precipitação se distribui ao longo de um maior

intervalo de tempo do ano hidrológico.

Complementarmente, haveria sempre que averiguar o significado estatístico das tendências

sugeridas, pelo que no capítulo 6 se procederá à análise detalhada deste aspecto.

Importa anotar desde já que, no conjunto dos 31 postos analisados, para as séries relativas às

médias móveis do mês de ocorrência de 20% da precipitação anual, 26 deles apresentam para a

última subsérie (início em 1979/80) um valor inferior ao registado na subsérie inicial (1910/11),

evidenciando ainda a referida série, para a maioria dos 26 postos udométricos identificados, uma

tendência de decréscimo. Relativamente às três restantes séries não se reconheceu qualquer padrão

comum à maioria dos postos analisados. A consulta do subcapítulo 5.3.1, onde se apresentam os

resultados obtidos pela metodologia que se descreveu, para a totalidade das estações seleccionadas

para este estudo, permitirá a completa percepção dos fenómenos descritos.

4.3.2 Contribuição trimestral relativamente ao trimestre médio de um período de n anos

O procedimento que se refere o presente subcapítulo destina-se a avaliar a contribuição de cada

um dos quatro trimestres do ano hidrológico relativamente ao trimestre médio de um período

suficientemente longo de n anos para o que se fixou n em 25 anos. Para tanto, a precipitação em

cada um dos trimestres de um ano i foi dividida pela precipitação média trimestral no período de

25 anos finalizando nesse ano i.

A metodologia adoptada não permite analisar as precipitações trimestrais no período inicial de

25 anos, compreendido entre 1910/11 e 1933/34, o que se considerou não ser significativo face à

longa dimensão do período com dados disponíveis (94 anos), e ao objectivo geral do estudo, que

passa por analisar se existe ou não uma alteração no padrão de distribuição intra-anual da

precipitação nos anos de registo mais recentes face a períodos de tempo mais antigos. A utilização,

como factor de adimensionalização, da precipitação trimestral média num período n=25 anos (em que

o último desses n anos coincide com o ano em análise, como antes explicitado), teve por objectivo

eliminar dos resultados finais a influência de eventuais tendências nas séries de precipitação anual.

Em termos de nomenclatura, designou-se por CTri1(i) a contribuição da precipitação no

1º trimestre do ano hidrológico i face ao trimestre médio nos 25 anos hidrológicos finalizando também

27

no ano i. De modo equivalente, CTri2(i), CTri3(i) e CTri4(i) identificam as contribuições adimensionais

relativas do 2º, 3º e 4º trimestres do ano hidrológico i.

Para detectar tendências nas séries das contribuições trimestrais adimensionais procedeu-se à

aplicação a tais séries de uma análise por médias móveis em períodos de 25 anos. A Figura 4.5

exemplifica os resultados obtidos tendo por base os postos udométricos de Caia e Escalhão.

Figura 4.5 – Análise por médias móveis em grupos de 25 anos consecutivos da contribuição de cada um

dos trimestres do ano hidrológico relativamente ao trimestre médio nos 25 anos antecedentes. Postos de Caia e de Escalhão.

No gráfico da anterior figura correspondente ao posto udométrico de Caia, observa-se que o

1º trimestre do ano hidrológico, por assim dizer, “substitui” o 2º trimestre como o período que mais

contribui para o total anual de precipitação. Essa “troca”, que representa uma alteração no padrão

intra-anual da precipitação, resulta reforçada devido ao “comportamento em sentidos contrários” das

séries referentes a CTri1 e CTri2. Com efeito, relativamente ao 1º trimestre, a série CTri1, após um

longo período de relativa estabilidade, apresenta, a partir da subsérie com início em 1962/63 uma

clara tendência de acréscimo. Por sua vez, a contribuição relativa do 2º trimestre do ano hidrológico,

CTri2, exibe uma tendência global e persistente de descida ao longo de todo o período analisado.

No que se refere ao 1º trimestre, a clara e forte tendência de acréscimo que se inicia em 1962/63,

exprime-se pelo aumento de CTri1 do valor nesse ano de 1.31, para o valor de 1.70 relativo à última

subsérie de 25 anos (com início em 1979/80).

Relativamente à contribuição do 2º trimestre, CTri2, que apresenta uma clara tendência global de

decréscimo, verifica-se que o valor de 1.76 relativo à primeira média móvel adimensional (ano de

1934/35) decresce progressivamente até atingir 0.99 na última das subséries analisadas (com início

em 1979/80). A tendência global e progressiva de decréscimo das médias móveis de CTri2 é

particularmente acentuada ao longo das sucessivas subséries com início no período compreendido

entre os anos de 1954/55 e 1970/71. Com efeito, em tal período a média móvel reduz-se do valor de

1.6, na primeira subsérie de 25 anos, para 1.06, na última subsérie desse mesmo período.

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Caia

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Escalhão

28

Na série de médias móveis relativa a CTri3, apesar de tal série apresentar valores para as últimas

subséries ligeiramente superiores aos registados nas iniciais (0.73 em 1934/35 face a 0.79 em

1979/80), não se identifica uma clara tendência de acréscimo.

A última das séries analisada, Ctri4, não evidência qualquer tendência global de alteração dos

seus valores, podendo apenas referir-se a existência de duas tendências secundárias. Uma de

decréscimo entre as subséries com início entre 1934/35 e 1960/61, com os valores registados a

diminuírem de 0.29 para 0.21, e outra de acréscimo entre as subséries com início entre 1960/61 e

1979/80, com os valores registados a aumentarem de 0.21 para 0.3.

No gráfico da Figura 4.5 relativo ao posto udométrico de Escalhão pode observar-se que, para o

breve período compreendido pelas subséries com início entre os anos hidrológicos de 1934/35 e

1937/38 o 2º e 1º trimestres do ano hidrológico alternam, pela ordem descrita, como o período mais

contributivo para o total anual de precipitação. A partir de 1938/39 segue-se um período em que as

contribuições do 1º e 2º trimestres, CTri1 e CTri2, são praticamente iguais ou apresentam valores

bastantes próximos. Este período termina na subsérie com início em 1944/45, voltando o 2º trimestre

a ser o mais contributivo para o total anual de precipitação. Entre 1959/60 e 1963/64 ocorre,

novamente, um período em que os valores relativos das contribuições de CTri1 e CTri2 alternam

entre si. Por fim, a partir de 1963/64, o 1º trimestre assume-se, em definitivo, como o período que

mais contribui para a precipitação anual, aumentando progressivamente o seu “peso”, ao mesmo

tempo que a contribuição do 2º trimestre se reduz, sendo que a partir de 1974/75 é, inclusivamente,

inferior à do 3º trimestre, o que denota uma grande alteração no padrão intra-anual da precipitação.

Em termos de tendências na globalidade do período de registos, pode dizer-se que, para CTri1,

se identifica uma tendência de aumento dos valores médios. Com efeito, após um período

relativamente homogéneo (entre os anos hidrológicos com início entre 1934/35 e 1963/64) a

contribuição do 1º trimestre para o total anual de precipitação aumenta visivelmente, correspondendo-

lhe um acréscimo de cerca de 27%, do valor 1.23 para o valor de 1.56.

No período com registos a contribuição adimensional do 2º trimestre, CTri2, exibe uma tendência

de descida dos valores médios. Atendendo unicamente à primeira e última subséries, com início

respectivamente em 1934/35 e 1979/80, o valor médio de CTri2 decresceu de 1.34 para 0.86, o que

representa uma redução de 36%. No entretanto, ocorre um período – compreendido entre os anos

hidrológicos de 1937/38 e 1954/55 – em que se identifica uma tendência secundária de aumento das

médias móveis de CTri2, que passam de 1.24 para 1.55. A partir da subsérie com início naquele

último ano surge, então, a clara tendência de descida.

As médias móveis das contribuições adimensionais no 3º trimestre não evidenciam qualquer

tendência, sendo que, inclusivamente, a primeira e a última subséries de 25 anos conduzem ao

mesmo valor de 0.95 para CTri3

Por fim, as médias móveis de CTri4 mostram uma tendência regular de acréscimo de valores,

com aumento das contribuições da precipitação no 4º trimestre de 0.39, na subsérie com início em

29

1934/35, para 0.51, na última das subséries, o que representa um acréscimo de cerca de 31%.

Importa, contudo, esclarecer que o acréscimo relativo de 31% denotado por CTri4, representa uma

quantidade de precipitação inferior à que decorre do aumento relativo de cerca de 27% de CTri1.

Conclui-se, assim, que no caso específico do posto udométrico de Caia a contribuição para a

precipitação anual do 2º trimestre do ano hidrológico tem vindo a diminuir desde o início do período

analisado. Este facto associado à tendência de acréscimo da contribuição do 1º trimestre iniciada em

1964/65 originou a substituição, a partir desse mesmo ano, do 2º trimestre pelo 1º trimestre como o

período do ano hidrológico que mais contribui para o total anual de precipitação.

No que concerne ao posto udométrico de Escalhão, conclui-se que, no período compreendido

pelas subséries com início entre 1934/35 e 1963/64, apesar de o 2º trimestre, CTri2, não se

apresentar sempre como o período do ano hidrológico mais contributivo para o total anual de

precipitação, é, sem dúvida, o que ocorre com maior frequência e predominância. Conclui-se,

igualmente, que a partir de 1963/64 há uma alteração do padrão de distribuição da precipitação até

então registado. Tal deve-se ao facto do 1º trimestre do ano hidrológico se tornar no período com

maior contribuição para o total anual de precipitação, assumindo uma preponderância

progressivamente mais significativa face aos restantes trimestres do ano hidrológico. Note-se, ainda,

que, a partir da subsérie com início em 1974/75, a da contribuição do 2º trimestre para a precipitação

anual diminui de tal forma que passa a ser inferior à contribuição do 3º trimestre.

É importante referir que, uma análise à totalidade dos resultados obtidos por aplicação da

metodologia anteriormente descrita (conforme subcapítulo 5.3.2), permitiu identificar uma clara

tendência de decréscimo da contribuição relativa da precipitação do 2º trimestre, CTri2, nas últimas

subséries, face aos valores característicos das subséries iniciais. A globalidade dos postos

udométricos analisados sugere também uma tendência incipiente de acréscimo da contribuição do

1º trimestre, CTri1, para as subséries com início no decorrer da década de 60.

Em resultado do anterior comportamento geral das séries Ctri1 e CTri2 verifica-se que, em todos

os postos analisados, a partir das subséries com início no decorrer da década de 60, o 1º trimestre do

ano hidrológico é aquele que, em média, apresenta a maior contribuição relativa para o total da

precipitação anual. Tal facto revela uma alteração no padrão intra-anual de distribuição da

precipitação, dado que, para as subséries iniciais do período estudado, e para a grande maioria dos

postos udométricos analisados, o período em média mais contributivo era o 2º trimestre do ano

hidrológico.

Complementarmente, haveria sempre que averiguar o significado estatístico das tendências

detectadas, pelo que no capítulo 6 se procederá à análise detalhada deste aspecto.

30

31

5 Apresentação e análise de resultados

5.1 Introdução

No presente capítulo procede-se à apresentação e análise dos resultados obtidos através da

aplicação, aos 31 postos udométricos seleccionados, identificados no Quadro 3.3, de cada um dos

quatro procedimentos descritos e exemplificados no capítulo antecedente. Para tanto, os postos

udométricos foram agrupados por bacia hidrográfica e ordenados de norte para sul, ou seja, de

acordo com a ordem subjacente àquele quadro. Julga-se que a referida organização poderá facilitar a

identificação de eventuais padrões regionais de alteração do comportamento das séries de

precipitação.

Tendo por base estudos antecedentes que, de algum modo, mencionam efeitos da mudança

climática em séries de precipitação e de forma a sistematizar e a sintetizar a análise dos resultados,

foi estabelecido, para de cada um dos procedimentos aplicados, um critério que, a verificar-se, leva

ao reconhecimento de uma mudança efectiva no padrão intra-anual da precipitação.

Na definição de tal critério atendeu-se a que a mudança climática a ocorrer deve resultar: a) numa

maior frequência, em especial ao longo das últimas décadas, dos fenómenos extremos,

designadamente dos episódios de precipitação intensa, sobretudo nas latitudes médias e altas, e de

secas, nas latitudes médias (Santos e Miranda, 2006); b) numa transferência de precipitação entre

períodos do ano hidrológico ou numa alteração significativa dos valores médios característicos de um

determinado período do ano hidrológico.

Assim, para cada procedimento e após a apresentação, sempre sob a forma gráfica, aliás como

exemplificado no capítulo precedente, dos respectivos resultados, é explicitado o critério que leva ao

reconhecimento de uma alteração no padrão da precipitação indicativa de mudança climática.

Segue-se o resultado da aplicação desse critério aos 31 postos analisados por meio de um quadro

síntese que explicita se se detectam ou não alterações nos padrões das precipitações, tendo ainda

sido considerada a hipótese de os resultados não sustentarem qualquer conclusão.

De modo a tornar mais evidente eventuais alterações, elaboraram-se quadros síntese tendo por

base dois períodos distintos: um relativo à globalidade do período de registos (94 anos, entre 1910/11

e 2003/04), e outro incidindo sobre um período mais recente, definido pelo conjunto das 20 subséries

com início, a primeira, em 1960/61 e, a última, em 1979/80.

É importante referir que, à análise que se segue, está inerente um cariz demarcadamente

subjectivo, pelo que, no essencial, tal análise representa apenas um passo intermédio com vista a

facilitar a identificação das conclusões finais do estudo efectuado.

32

5.2 Análise de máximos

5.2.1 Contribuição dos três meses com maior precipitação para o total anual

A Figura 5.1 contém os resultados referentes à caracterização da contribuição, para a

precipitação anual, dos três meses com mais elevada precipitação, em conformidade com o

procedimento descrito no subcapítulo 4.2.1.

Bacia do rio Lima

Bacia do rio Cávado/Ribeiras Costeiras

Bacia do rio Douro

Figura 5.1 – Médias móveis das máximas precipitações mensais adimensionais, Cmmax1, Cmmax2,

Cmmax3, CmmaxT, para os 31 postos udométricos seleccionados.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Algodôr(-) Cabana Maior

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Leonte

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) São Bento da Porta Aberta

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Moimenta da Raia

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Firvidas

33

Bacia do rio Douro (continuação)

Figura 5.1 (continuação) – Médias móveis das máximas precipitações mensais adimensionais, Cmmax1,

Cmmax2, Cmmax3, CmmaxT, para os 31 postos udométricos seleccionados.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Lixa do Alvão

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Bornes

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Sobrado de Paiva

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Escalhão

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Ariz

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Pega

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Vale de Espinho

34

Bacia do rio Mondego

Bacia do rio Tejo

Figura 5.1 (continuação) – Médias móveis das máximas precipitações mensais adimensionais, Cmmax1,

Cmmax2, Cmmax3, CmmaxT, para os 31 postos udométricos seleccionados.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Porto Taveiro

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Penhas Douradas

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Ladoeiro

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Castelo Branco

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Vila Velha de Ródão

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Pernes

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Monte Camões

35

Bacia do rio Tejo (continuação)

Bacia das Ribeiras do Oeste

Bacia do rio Sado

Bacia do rio Guadiana

Figura 5.1 (continuação) – Médias móveis das máximas precipitações mensais adimensionais, Cmmax1,

Cmmax2, Cmmax3, CmmaxT, para os 31 postos udométricos seleccionados.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Alcochete

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Caneças

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Sobral de Monte Agraço

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Moinhola

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Caia

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Amieira

36

Bacia do rio Guadiana (continuação)

Bacia do rio Arade Bacia das Ribeiras do Algarve

Figura 5.1 (continuação) – Médias móveis das máximas precipitações mensais adimensionais, Cmmax1,

Cmmax2, Cmmax3, CmmaxT, para os 31 postos udométricos seleccionados.

Considerou-se ocorrer uma alteração indicativa de mudança climática no contributo, para a

precipitação em cada ano, dos três meses com maior precipitação, quando tal contributo denota uma

tendência de aumento, o que resultará, em média, numa maior fracção da precipitação a ocorrer nos

meses mais chuvosos (critério subjacente ao reconhecimento de uma mudança efectiva no padrão

intra-anual da precipitação).

Tendo por base os resultados representados na Figura 5.1, o Quadro 5.1 sintetiza a análise

efectuada segundo o critério anteriormente explicitado.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Azinheira de Barros

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Algodôr

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Castro Verde

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Giões

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Monchique

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Loulé

37

Quadro 5.1 – Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados relativas à

análise dos três meses com maior contribuição para Panual.

A observação do Quadro 5.1 permite concluir que não existe um padrão comum entre os postos

udométricos analisados. Verifica-se, contudo, que postos em que se identificaram indícios de

mudança do padrão climático se concentram nas bacias hidrográficas situadas no centro sul, e sul do

país.

Remete-se, para o subcapítulo 6.3, a análise do significado estatístico dos resultados

anteriormente apresentados.

5.2.2 Período mais frequente de ocorrência da precipitação mensal máxima

A Figura 5.2 contém os resultados referentes à identificação do período do ano (1º trimestre, 2º

trimestre e 2º semestre) em que mais frequentemente ocorre a máxima precipitação mensal

(conforme procedimento descrito no subcapítulo 4.2.2).

Sim Indefinido Não Sim Indefinido Não

02G10 Cabana Maior • •

03I03 Leonte • •

03H03 São Bento da Porta Aberta • •

02P01 Moimenta da Raia • •

03K04 Firvidas • •

04K03 Lixa do Alvão • •

05O01 Bornes • •

07H02 Sobrado de Paiva • •

08P02 Escalhão • •

08L04 Ariz • •

11O01 Pega • •

12P01 Vale de Espinho • •

12G01 Porto Taveiro • •

11L05 Penhas Douradas • •

14N02 Ladoeiro • •

15M01 Castelo Branco • •

16K01 Vila Velha de Ródão • •

17F01 Pernes • •

20I01 Monte Camões • •

21D01 Alcochete • •

21B07 Caneças • •

19C01 Sobral de Monte Agraço • •

22F03 Moinhola • •

20O01 Caia • •

24L01 Amieira • •

25G01 Azinheira Barros • •

27K01 Algodôr • •

27I01 Castro Verde • •

29K02 Giões • •

30F01 Monchique • •

31I01 Loulé • •

Arade

Rib. Algarve

Últimas 20 sub séries

Bacia

Hidrográfica

Código

(SNIRH)Nome

Indício de mudança do padrão

climático

Indício de mudança do padrão

climático

Posto udométrico Totalidade do período de registos

Guadiana

Rib. Oeste

Sado

Tejo

Mondego

Douro

Lima

Cávado/Rib.

Costeiras

38

Bacia do rio Lima

Bacia do rio Cávado/Ribeiras Costeiras

Bacia do rio Douro

Figura 5.2 – Frequência relativa de ocorrência (em ordenadas) de Pmmax1 no 1º e 2º trimestres, e 2º

semestre, do ano hidrológico, em sucessivos períodos de 25 anos, para os 31 postos udométricos analisados.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Cabana Maior

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Leonte

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) São Bento da Porta Aberta

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Moimenta da Raia

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Firvidas

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Lixa do Alvão

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Bornes

39

Bacia do rio Douro (continuação)

Bacia do rio Mondego

Figura 5.2 (continuação) – Frequência relativa de ocorrência (em ordenadas) de Pmmax1 no 1º e 2º

trimestres, e 2º semestre, do ano hidrológico, em sucessivos períodos de 25 anos, para os 31 postos udométricos analisados.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Sobrado de Paiva

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Escalhão

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Ariz

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Pega

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Vale de Espinho

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Porto Taveiro

40

Bacia do Tejo

Figura 5.2 (continuação) – Frequência relativa de ocorrência (em ordenadas) de Pmmax1 no 1º e 2º

trimestres, e 2º semestre, do ano hidrológico, em sucessivos períodos de 25 anos, para os 31 postos udométricos analisados.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Penhas Douradas

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Ladoeiro

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Castelo Branco

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Vila Velha de Ródão

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Pernes

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Monte Camões

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Alcochete

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Caneças

41

Bacia das Ribeiras do Oeste

Bacia do rio Sado

Bacia do rio Guadiana

Figura 5.2 (continuação) – Frequência relativa de ocorrência (em ordenadas) de Pmmax1 no 1º e 2º

trimestres, e 2º semestre, do ano hidrológico, em sucessivos períodos de 25 anos, para os 31 postos udométricos analisados.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Sobral de Monte Agraço

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Moinhola

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Caia

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Amieira

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Firvidas(-) Azinheira de Barros

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Algodôr

42

Bacia do rio Guadiana

Bacia do rio Arade Bacia das Ribeiras do Algarve

Figura 5.2 (continuação) – Frequência relativa de ocorrência (em ordenadas) de Pmmax1 no 1º e 2º

trimestres, e 2º semestre, do ano hidrológico, em sucessivos períodos de 25 anos, para os 31 postos udométricos analisados.

Para o procedimento, a que se referem os resultados apresentados na figura antecedente

entendeu-se que uma mudança no padrão climático é expressa por uma alteração, sem precedente

nas subséries iniciais, do período mais frequente de ocorrência de Pmmax, ou, não havendo

alteração desse período, por um aumento da frequência de ocorrência do mesmo. Importa esclarecer

que a anterior análise incidiu apenas sobre as séries referentes aos 1º e 2º trimestres, sendo que o 2º

semestre foi incluído a título informativo, pois a precipitação que lhe está associada tem uma reduzida

contribuição para o valor anual.

Assim, apresenta-se no Quadro 5.2 a síntese da análise dos resultados da Figura 5.2 segundo o

critério anteriormente descrito.

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Castro Verde

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Giões

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Monchique

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

(-) Loulé

43

Quadro 5.2 – Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados relativas à

análise dos períodos do ano hidrológico em que mais frequentemente ocorre Pmmax1.

O Quadro 5.2 não indica a inexistência de um padrão comum aos postos estudados, embora se

registe uma supremacia, para ambos os períodos analisados, do número de postos em que se

detectou um indicio de mudança do padrão climático ou seja, postos nos quais se identificou uma

alteração no período do ano hidrológico mais frequente para a ocorrência de Pmmax1, ou nos quais,

não havendo alteração do referido período, o mesmo se tornou mais frequente. Com efeito, o 1º

trimestre passou, nos últimos cerca de 30 anos, a ser o período em que mais frequentemente ocorre

a mais elevada precipitação mensal, Pmmax1.

Relativamente à identificação de padrões regionais é de notar que, dos 31 postos seleccionados

para este estudo, nos sete situados mais a norte se detectou um indício de mudança no padrão

climático, quer considerando a totalidade do período analisado, quer apenas as últimas 20 subséries.

No subcapítulo 6.3 procede-se à análise do significado estatístico dos resultados anteriormente

apresentados.

Sim Indefinido Não Sim Indefinido Não

02G10 Cabana Maior • •

03I03 Leonte • •

03H03 São Bento da Porta Aberta • •

02P01 Moimenta da Raia • •

03K04 Firvidas • •

04K03 Lixa do Alvão • •

05O01 Bornes • •

07H02 Sobrado de Paiva • •

08P02 Escalhão • •

08L04 Ariz • •

11O01 Pega • •

12P01 Vale de Espinho • •

12G01 Porto Taveiro • •

11L05 Penhas Douradas • •

14N02 Ladoeiro • •

15M01 Castelo Branco • •

16K01 Vila Velha de Ródão • •

17F01 Pernes • •

20I01 Monte Camões • •

21D01 Alcochete • •

21B07 Caneças • •

19C01 Sobral de Monte Agraço • •

22F03 Moinhola • •

20O01 Caia • •

24L01 Amieira • •

25G01 Azinheira Barros • •

27K01 Algodôr • •

27I01 Castro Verde • •

29K02 Giões • •

30F01 Monchique • •

31I01 Loulé • •

Sado

Guadiana

Arade

Rib. Algarve

Posto udométrico

Lima

Cávado/Rib.

Costeiras

Douro

Mondego

Tejo

Rib. Oeste

Totalidade do período de registos Últimas 20 sub séries

Bacia

Hidrográfica

Código

(SNIRH)Nome

Indício de mudança do padrão

climático

Indício de mudança do padrão

climático

44

5.3 Análise da distribuição intra-anual da precipitação

5.3.1 Mês médio de ocorrência de 20, 40, 60 e 80% da precipitação anual

A Figura 5.3 contém os resultados referentes ao mês médio de ocorrência de α% de Panual com

α a variar entre 20% e 80% com incremento de 20% (subcapítulo 4.3.1).

Bacia do rio Lima

Bacia do rio Cávado/Ribeiras Costeiras

Bacia do rio Douro

Figura 5.3 – Análise por médias móveis em grupos consecutivos de 25 anos, do mês em que se atinge

respectivamente 20, 40, 60 e 80% de Panual, dos 31 postos seleccionados.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Cabana Maior

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Leonte

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) São Bento da Porta Aberta

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Moimenta da Raia

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Firvidas

45

Bacia do rio Douro (continuação)

Figura 5.3 (continuação) – Análise por médias móveis em grupos consecutivos de 25 anos, do mês em que

se atinge respectivamente 20, 40, 60 e 80% de Panual, dos 31 postos seleccionados.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Lixa do Alvão

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Bornes

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Sobrado de Paiva

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Escalhão

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Ariz

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Pega

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Vale de Espinho

46

Bacia do rio Mondego

Bacia do rio Tejo

Figura 5.3 (continuação) – Análise por médias móveis em grupos consecutivos de 25 anos, do mês em que

se atinge respectivamente 20, 40, 60 e 80% de Panual, dos 31 postos seleccionados.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Porto Taveiro

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Penhas Douradas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Ladoeiro

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Castelo Branco

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(-) Lixa do Alvão(-) Vila Velha de Ródão(-) Lixa do Alvão(mês) Vila Velha de Ródão

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Pernes

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Monte Camões

47

Bacia do rio Tejo (continuação)

Bacia das Ribeiras do Oeste

Bacia do rio Sado

Bacia do rio Guadiana

Figura 5.3 (continuação) – Análise por médias móveis em grupos consecutivos de 25 anos, do mês em que

se atinge respectivamente 20, 40, 60 e 80% de Panual, dos 31 postos seleccionados.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Alcochete

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Caneças

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Sobral de Monte Agraço

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Moinhola

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Caia

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Amieira

48

Bacia do rio Guadiana (continuação)

Bacia do rio Arade Bacia das Ribeiras do Algarve

Figura 5.3 (continuação) – Análise por médias móveis em grupos consecutivos de 25 anos, do mês em que

se atinge respectivamente 20, 40, 60 e 80% de Panual, dos 31 postos seleccionados

Como critério subjacente ao reconhecimento de uma alteração na distribuição intra-anual da

precipitação, entendeu-se ocorrer uma mudança no padrão daquela precipitação quando se detecta

uma alteração, nas séries representativas dos quatro patamares de Panual, no sentido da

concentração da precipitação nos meses iniciais do ano hidrológico, o que graficamente resulta em

diagramas com tendência descendente em anos recentes.

A síntese da apreciação dos resultados da Figura 5.3 de acordo com o anterior critério é

apresentada no Quadro 5.3.

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Azinheira de Barros

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Algodôr

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Castro Verde

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Giões

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Monchique

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1905 1915 1925 1935 1945 1955 1965 1975 1985

(mês) Loulé

49

Quadro 5.3 – Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados relativas

ao mês no qual, em média, ocorre % da precipitação anual, com a variar entre 20 e 80%, com incremento de 20%.

A observação do Quadro 5.3, não permite reconhecer um padrão comum aos postos udométricos

estudados. É, no entanto, possível identificar, para a totalidade do período analisado, um predomínio

de postos para os quais não se detectou qualquer indício de mudança do padrão climático.

Assinala-se ainda que, para ambos os intervalos temporais indicados no quadro precedente, o

número de postos nos quais o critério de mudança no padrão climático resultou numa indefinição foi

relativamente elevado. Com efeito, quando considerada a totalidade do período de registos, foram

identificados sete postos nas referidas condições, o que representa cerca de 23% dos 31 estudados,

número que, para o período relativo às últimas 20 subséries, aumenta para doze postos,

representando 39% das 31 estações estudadas.

É de referir que o principal factor conducente à existência de postos para os quais não se

conseguiu definir o padrão evidenciado pelos resultados (situações de padrão indefinido no

Quadro 5.3) se prendeu com o comportamento das séries relativas ao mês médio de ocorrência de

80% de Panual, que, a partir das subséries com início na década de 50, podem revelar andamentos

Sim Indefinido Não Sim Indefinido Não

02G10 Cabana Maior • •

03I03 Leonte • •

03H03 São Bento da Porta Aberta • •

02P01 Moimenta da Raia • •

03K04 Firvidas • •

04K03 Lixa do Alvão • •

05O01 Bornes • •

07H02 Sobrado de Paiva • •

08P02 Escalhão • •

08L04 Ariz • •

11O01 Pega • •

12P01 Vale de Espinho • •

12G01 Porto Taveiro • •

11L05 Penhas Douradas • •

14N02 Ladoeiro • •

15M01 Castelo Branco • •

16K01 Vila Velha de Ródão • •

17F01 Pernes • •

20I01 Monte Camões • •

21D01 Alcochete • •

21B07 Caneças • •

19C01 Sobral de Monte Agraço • •

22F03 Moinhola • •

20O01 Caia • •

24L01 Amieira • •

25G01 Azinheira Barros • •

27K01 Algodôr • •

27I01 Castro Verde • •

29K02 Giões • •

30F01 Monchique • •

31I01 Loulé • •

Sado

Guadiana

Arade

Rib. Algarve

Posto udométrico Totalidade do período de registos Últimas 20 sub séries

Bacia

Hidrográfica

Código

(SNIRH)Nome

Indício de mudança do padrão

climático

Indício de mudança do padrão

climático

Lima

Cávado/Rib.

Costeiras

Douro

Mondego

Tejo

Rib. Oeste

50

divergentes dos das restantes três séries, como acontece, por exemplo para os postos de Ladoeiro,

Sobral de Monte Agraço, e Monchique.

Por tal motivo, julgou-se ser adequado repetir a análise dos resultados apresentados na Figura

5.3 considerando apenas as séries relativas aos meses médios de ocorrência de 20, 40, e 60% de

Panual. Os resultados de tal análise são sintetizados no Quadro 5.4.

Quadro 5.4 - Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados relativas

ao mês no qual, em média, ocorre 20, 40 e 60% da precipitação anual.

A observação do Quadro 5.4 continua a não permitir identificar um padrão comum aos postos

udométricos estudados. Contudo, comparando o Quadro 5.3 com o Quadro 5.4 e no que se refere à

totalidade do período de registos, observa-se uma clara redução do número de postos udométricos

em situação indefinida, bem como um claro aumento do número de postos onde há sugestão de

alteração do padrão climático, pelo que, de algum modo, a não consideração da série relativa ao mês

médio de ocorrência de 80% de Panual tornou mais clara e objectiva a análise dos resultados

apresentados na Figura 5.3.

Remete-se, para o subcapítulo 6.3, a apreciação do significado estatístico dos resultados

anteriormente apresentados.

Sim Indefinido Não Sim Indefinido Não

02G10 Cabana Maior • •

03I03 Leonte • •

03H03 São Bento da Porta Aberta • •

02P01 Moimenta da Raia • •

03K04 Firvidas • •

04K03 Lixa do Alvão • •

05O01 Bornes • •

07H02 Sobrado de Paiva • •

08P02 Escalhão • •

08L04 Ariz • •

11O01 Pega • •

12P01 Vale de Espinho • •

12G01 Porto Taveiro • •

11L05 Penhas Douradas • •

14N02 Ladoeiro • •

15M01 Castelo Branco • •

16K01 Vila Velha de Ródão • •

17F01 Pernes • •

20I01 Monte Camões • •

21D01 Alcochete • •

21B07 Caneças • •

19C01 Sobral de Monte Agraço • •

22F03 Moinhola • •

20O01 Caia • •

24L01 Amieira • •

25G01 Azinheira Barros • •

27K01 Algodôr • •

27I01 Castro Verde • •

29K02 Giões • •

30F01 Monchique • •

31I01 Loulé • •

Lima

Cávado/Rib.

Costeiras

Douro

Mondego

Tejo

Rib. Oeste

Sado

Guadiana

Arade

Rib. Algarve

Posto udométrico Totalidade do período de registos Últimas 20 sub séries

Bacia

Hidrográfica

Código

(SNIRH)Nome

Indício de mudança do padrão

climático

Indício de mudança do padrão

climático

51

5.3.2 Contribuição trimestral relativamente ao trimestre médio de um período de n anos

A Figura 5.4 contém os resultados referentes contribuição de cada um dos quatro trimestres dos

sucessivos anos hidrológicos relativamente ao trimestre médio de um período 25 anos finalizando no

ano a que se referem aqueles trimestres (subcapítulo 4.3.2).

Bacia do rio Lima

Bacia do rio Cávado/Ribeiras Costeiras

Bacia do rio Douro

Figura 5.4 – Análise por médias móveis em grupos de 25 anos consecutivos da contribuição trimestral relativamente ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes, dos 31 postos seleccionados.

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Cabana Maior

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Leonte

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) São Bento da Porta Aberta

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Moimenta da Raia

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Firvidas

52

Bacia do rio Douro (continuação)

Figura 5.4 (continuação) – Análise por médias móveis em grupos de 25 anos consecutivos da contribuição

trimestral relativamente ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes, dos 31 postos seleccionados.

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Lixa do Alvão

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Bornes

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Sobrado de Paiva

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Escalhão

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Ariz

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Pega

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Vale de Espinho

53

Bacia do rio Mondego

Bacia do rio Tejo

Figura 5.4 (continuação) – Análise por médias móveis em grupos de 25 anos consecutivos da contribuição

trimestral relativamente ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes, dos 31 postos seleccionados.

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Porto Taveiro

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Penhas Douradas

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Ladoeiro

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Castelo Branco

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Vila Velha de Ródão

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Pernes

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Monte Camões

54

Bacia do rio Tejo (continuação)

Bacia das Ribeiras do Oeste

Bacia do rio Sado

Bacia do rio Guadiana

Figura 5.4 (continuação) – Análise por médias móveis em grupos de 25 anos consecutivos da contribuição

trimestral relativamente ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes, dos 31 postos seleccionados.

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Alcochete

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Caneças

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Sobral de Monte Agraço

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Moinhola

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Caia

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Amieira

55

Bacia do rio Guadiana (continuação)

Bacia do rio Arade Bacia das Ribeiras do Algarve

Figura 5.4 (continuação) – Análise por médias móveis em grupos de 25 anos consecutivos da contribuição

trimestral relativamente ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes, dos 31 postos seleccionados.

Em face dos resultados da anterior figura optou-se por focar a detecção de indícios de mudança

climática tendo por base apenas as médias móveis relativas aos 1º e 2º trimestres. Assim,

considerou-se que uma mudança no padrão climático corresponderia a uma alteração do trimestre

mais contributivo para Panual, ou, mantendo-se esse trimestre, a uma alteração significativa da

contribuição do mesmo para Panual.

No Quadro 5.5 sintetiza-se a apreciação dos resultados da Figura 5.4, segundo o critério anterior.

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Azinheira de Barros

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Algodôr

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Castro Verde

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Giões

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Monchique

0

0.3

0.6

0.9

1.2

1.5

1.8

2.1

1930 1940 1950 1960 1970 1980

(-) Loulé

56

Quadro 5.5 – Quadro síntese de análise de indício de mudança climática nas séries de resultados relativas à

contribuição trimestral relativamente ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes.

A observação do Quadro 5.5 revela, para ambos os períodos analisados, a existência de um

padrão de comportamento comum aos postos estudados, o qual corresponde à confirmação do

indício de mudança do padrão climático.

Conclui-se assim que, quer na totalidade do período de registos, quer no período correspondente

às últimas 20 subséries, há uma alteração do trimestre mais contributivo para o total anual de

precipitação face ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes, sendo o 2º trimestre do ano

hidrológico substituído pelo 1º trimestre do ano hidrológico.

Tal como nos itens antecedentes, remete-se, para o subcapítulo 6.3, a análise ao significado

estatístico dos resultados anteriormente apresentados.

Sim Indefinido Não Sim Indefinido Não

02G10 Cabana Maior • •

03I03 Leonte • •

03H03 São Bento da Porta Aberta • •

02P01 Moimenta da Raia • •

03K04 Firvidas • •

04K03 Lixa do Alvão • •

05O01 Bornes • •

07H02 Sobrado de Paiva • •

08P02 Escalhão • •

08L04 Ariz • •

11O01 Pega • •

12P01 Vale de Espinho • •

12G01 Porto Taveiro • •

11L05 Penhas Douradas • •

14N02 Ladoeiro • •

15M01 Castelo Branco • •

16K01 Vila Velha de Ródão • •

17F01 Pernes • •

20I01 Monte Camões • •

21D01 Alcochete • •

21B07 Caneças • •

19C01 Sobral de Monte Agraço • •

22F03 Moinhola • •

20O01 Caia • •

24L01 Amieira • •

25G01 Azinheira Barros • •

27K01 Algodôr • •

27I01 Castro Verde • •

29K02 Giões • •

30F01 Monchique • •

31I01 Loulé • •

Sado

Guadiana

Arade

Rib. Algarve

Posto udométrico

Lima

Cávado/Rib.

Costeiras

Douro

Mondego

Tejo

Rib. Oeste

Totalidade do período de registos Últimas 20 sub séries

Bacia

Hidrográfica

Código

(SNIRH)Nome

Indício de mudança do padrão

climático

Indício de mudança do padrão

climático

57

6 Testes estatísticos: detecção de quebras de homogeneidade

6.1 Introdução

No presente capítulo procede-se à apresentação dos testes estatísticos utilizados para detectar

quebras de homogeneidade nas séries representadas nas figuras incluídas no Capítulo 0, da

metodologia de aplicação daqueles testes e, a finalizar, de quadros com a síntese dos resultados de

tal aplicação.

A análise apresentada no capítulo antecedente foi sustentada num conjunto de critérios

conducentes ao reconhecimento de uma alteração no padrão da precipitação indicativa de mudança

climática. Contudo, a apreciação dos resultados decorrentes da aplicação dos critérios adoptados

reveste-se de carácter subjectivo, pelo que se julga pertinente submeter os resultados que então se

obtiveram a testes estatísticos que averigúem a significância das alterações de comportamento

registadas. Pretende-se, assim, confirmar analítica e objectivamente os indícios de quebras de

homogeneidade sugeridos pela apreciação visual das figuras incluídas no capítulo precedente,

sintetizados nos Quadro 5.1 a Quadro 5.5.

Para testar a significância da diferença entre duas médias utilizaram-se dois tipos de teste: um

paramétrico, e outro não paramétrico, que se distinguem essencialmente pelo facto de o teste do

primeiro tipo se basear em conceitos teóricos que requerem condições específicas acerca da

população a ser testada, ou acerca de parâmetros através dos quais é extraída informação da

amostra, enquanto que, o teste do segundo tipo se baseia em conceitos teóricos que não requerem

que os dados amostrais sejam retirados de uma população com determinadas características e não

impõe condições acerca dos parâmetros da população (McCuen, p.53, 2003). Como teste

paramétrico a aplicar optou-se pelo de Student, enquanto que a escolha para o teste não paramétrico

recaiu sobre o de Mann-Whitney.

A metodologia adoptada para a aplicação dos referidos testes estatísticos é semelhante à

apresentada por Portela e Quintela (2001). Considera-se que tal metodologia, cuja descrição consta

do subcapítulo 6.2 e que assenta na constituição e análise de subséries “dinâmicas”, é a mais

indicada para uma análise sistemática de detecção de quebras de homogeneidade em séries

temporais.

6.2 Descrição dos testes t de Student e de Mann-Whitney e metodologia de aplicação

A descrição que se segue foi adaptada de Portela e Quintela (2001), omitindo-se a repetição

dessa referência no decurso da apresentação do texto.

Seja N a dimensão da série e xi, o seu elemento genérico. Considere-se a anterior série dividida

em duas subséries consecutivas, a primeira, com dimensão N1 e decorrendo do ano 1 ao ano N1, e a

58

segunda, com dimensão N2 (sendo N2=N-N1) e correspondente aos anos de N1+1 a N. Às anteriores

subséries atribuíram-se as designações de subsérie anterior e de subsérie posterior, respectivamente

(Figura 6.1).

N N21

= N- N1

1 n NN1

N +11

N-n+1 Ano

Períodos resultantes da subdivisão da série de precipitações em duas subséries

N Dimensão da série de precipitações

Figura 6.1 – Divisão da série de N anos de precipitação em duas subséries: uma anterior, com dimensão N1, e outra, posterior, com dimensão N2 (adaptada de Portela e Quintela, 2001).

Designem-se por e as médias da primeira e da segunda subséries, em que se dividiu a

série de N anos

(6.1)

A pesquisa de quebras de homogeneidade nas médias utiliza a comparação, em termos

estatísticos, das médias e , considerando-se ocorrer uma quebra sempre que estas médias

sejam significativamente diferentes entre si. Para apreciar tal diferença aplicaram-se os testes de

Student e de Mann-Whitney.

A estatística do teste de Student é dada, Murteira, p. 8688 (1980), por

(6.2)

em que e , N1 e N2 têm o significado anteriormente apresentado e é a estimativa do

desvio-padrão da amostra, calculada a partir das variâncias e

respectivamente das subséries N1

e N2, por meio de

(6.3)

em que são

(6.4)

O número de graus de liberdade a considerar para a distribuição de Student é N1+N2-2, ou seja,

N-2.

Subsérie anterior Subsérie posterior

59

Para o nível de confiança de =1-, em que é o nível de significância, a hipótese de as médias

e não serem significativamente diferentes é rejeitada desde que se verifique a condição

α (6.5)

em que α é o quantil α

da distribuição de Student.

Como é evidenciado pela equação (6.5), considerou-se que a região de rejeição era bilateral, o

que também se admitiu na aplicação do teste de Mann-Whitney.

O teste de Mann-Whitney considera uma estatística, NMW, dada por, McCuen, p.181 (2003), por

(6.6)

em que e são determinados da seguinte forma: combinam-se, numa única série, as subséries de

dimensão, respectivamente, N1 e N2, associando a cada um dos seus elementos o indicador 1 ou 2,

consoante a subsérie de origem é N1 ou N2. Ordena-se, por ordem crescente, a série (de dimensão

N=N1+N2). e correspondem ao somatório do número de ordem dos elementos da série a que

está associado, respectivamente, o indicador 1 ou 2. Note-se, ainda, que:

(6.7)

A estatística NMW tem uma distribuição assimptótica normal com média e variância ,

dadas por:

(6.8)

(6.9)

Observa-se que a dimensão N2 da subsérie posterior não aparece nas equações (6.6) a (6.9) por

ter sido expressa em função de N1.

A hipótese de homogeneidade da média da série é rejeitada com o nível de confiança =1- se

se verificar

(6.10)

em que é a função distribuição de probabilidade da lei normal e -1

, a sua inversa.

Na pesquisa das quebras de homogeneidade, por aplicação dos testes apresentados, fez-se

crescer progressivamente de uma unidade a dimensão N1 da subsérie anterior e diminuir

correspondentemente a da subsérie posterior, N2. Considerou-se que a dimensão mínima de

qualquer uma das duas subséries em que se dividiu a série de N anos com registos deveria ser igual

60

à dimensão n do grupo de anos adoptado na descrição por médias móveis (n=25). O primeiro ano

hidrológico em que pode terminar uma subsérie anterior para assegurar a anterior condição é o ano

de ordem n e o último, o de ordem N-n+1, conforme se ilustra na Figura 6.2. Consoante a subsérie

anterior termine no ano n ou no ano N-n+1, as dimensões das duas subséries correspondentes serão

N1=n e N2=N-n ou N1=N-n e N2=n.

1 n n+1 n+2 n+3 n+4 NN-n+1N-nN-n-1N-n-2N-n-3... ... ... Ano

1

2

3

N-2 n+1

N-2 n

N-2 n-1

Número do

conjunto

.

.

.

Subséries anteriores e posteriores

N Dimensão da série de precipitações

Figura 6.2 – N-2n+1 conjuntos de duas subséries, uma anterior e outra posterior (adaptada de Portela e

Quintela, 2001).

Ao fazer variar as dimensões N1 e N2 das subséries anterior e posterior, considerou-se que a

primeira de tais subséries poderia terminar em cada um dos sucessivos anos hidrológicos entre n e

N-n. Obtiveram-se, deste modo, N-2n+1 conjuntos diferentes de duas subséries, uma anterior e outra

posterior Figura 6.2. A pesquisa de quebras de homogeneidade foi efectuada sequencialmente para

cada um desses conjuntos.

É de referir que o nível de significância, α, adoptado foi de 5%.

Considerou-se ocorrer quebra de homogeneidade entre as médias das subséries relativas aos

anos contidos em N1 e aos anos contidos em N2 quando, de acordo com pelo menos um dos testes

anteriormente descritos, tais médias fossem significativamente diferentes, tendo-se imputado a

quebra ao primeiro ano da subsérie de dimensão N2.

Os resultados da pesquisa, para cada um dos postos udométricos analisados, de quebras de

homogeneidade nas respectivas séries de resultados apresentadas do subcapítulo 5.2.1 ao

subcapítulo 5.3.2, são apresentados, no subcapítulo seguinte sob a forma de quadros síntese.

61

6.3 Apresentação de resultados

O presente subcapítulo contém quadros síntese – os quais se incluem nos Quadros 6.1 a 6.8 –

com os resultados da pesquisa de quebras de homogeneidade nos 31 postos udométricos

analisados. Cada quadro síntese refere-se a um dado posto, encontrando-se devidamente

identificado.

Face à formulação dos procedimentos desenvolvidos para detectar alterações no padrão

intra-anual das precipitações (capítulo 0), obtiveram-se séries de resultados com dimensões, n,

distintas. Assim, enquanto que o procedimento que teve por objectivo averiguar se a contribuição,

para a precipitação anual em cada ano, dos três meses com maior precipitação sofreu ou não

alteração ao longo dos sucessivos anos (subcapítulo 4.2.1) e o procedimento que teve por objectivo

identificar o mês no qual, em média, ocorre % da precipitação anual, Panual, com variando entre

20 e 80% (subcapítulo 4.3.1), originaram séries de resultados de dimensão, n1, igual ao número de

anos com registos de precipitação nos 31 postos estudados, ou seja, n1=94 anos, o procedimento

que teve como objectivo detectar eventuais alterações nos períodos do ano em que mais

frequentemente ocorre a máxima precipitação mensal, Pmmax1 (subcapítulo 4.2.2), bem como o

procedimento cuja aplicação visou avaliar a contribuição de cada um dos quatro trimestres do ano

hidrológico relativamente ao trimestre médio de n igual a 25 anos (subcapítulo 4.3.2), originaram

séries de resultados de dimensão n2=70.

Devido às dimensões distintas das séries de resultados, os quadros síntese que se seguem,

contêm resultados que diferem também em número por serem distintos os números de conjuntos de

subséries sobre os quais recaiu a pesquisa de quebras de homogeneidade entre as médias. Com

efeito, para os procedimentos objecto dos subcapítulos 4.2.2 e 4.3.2, a pesquisa de quebras de

homogeneidade recaiu sobre 21 (n2-50+1) conjuntos de subséries, enquanto que para os

procedimentos objecto dos subcapítulos 4.2.1 e 4.3.1, tal pesquisa incidiu sobre 45 (n1-50+1)

conjuntos de subséries.

Não obstante ter já sido referido no subcapítulo 6.2, importa ter presente que os resultados do

procedimento estatístico de detecção de quebras de homogeneidade foram imputados ao primeiro

ano de cada uma das sucessivas subséries de dimensão N2. Desta forma, as séries de resultados

decorrentes da aplicação dos testes estatísticos às séries obtidas por aplicação dos procedimentos

descritos nos subcapítulos 4.2.2 e 4.3.2 iniciam-se em 1959/60, enquanto que, as decorrentes da

aplicação dos procedimentos descritos nos subcapítulos 4.2.1 e 4.3.1 se iniciam em 1935/36.

Considerou-se que uma alteração estatisticamente significativa das características das séries

analisadas se traduziria pela ocorrência de, pelo menos, três quebras de homogeneidade sucessivas

entre subséries anteriores (N1) e posteriores (N2). Por outras palavras, quebras de homogeneidade

temporalmente consecutivas mas em menor número foram consideradas esporádicas e, como tal,

não indiciando alteração do comportamento das séries a que se referem.

62

Menciona-se, ainda, que, não obstante a forma densa dos quadros sínteses, cada posto é tratado

de modo individual, sendo que, meramente por uma questão de sistematização da extensa

informação tratada, cada quadro síntese agrupa quatro postos. A ordem dos postos é a do Quadro

3.3.

Para cada posto os resultados foram agrupados em quatro conjuntos – cada conjunto

relacionando-se com um dos subcapítulos 4.2.1, 4.2.2, 4.3.1 e 4.3.2. Por sua vez, cada conjunto foi

subdividido em tantos subconjuntos de resultados quanto o tipo de séries sobre as quais recaiu a

análise de quebras de homogeneidade, em conformidade com a organização e a simbologia

adoptada nos mencionados subcapítulos. Assim, o procedimento objecto do subcapítulo 4.2.1 incide

sobre séries de Cmmax1, Cmmax2, Cmmax3 e CmmaxT (quatro subconjuntos de resultados); o

procedimento apresentado no subcapítulo 4.2.2, sobre séries no 1º e 2º trimestres e no 1º semestre,

identificadas, de forma abreviada nos quadros por 1º tri, 2º tri e 2º sem (três subconjuntos de

resultados); o procedimento objecto do subcapítulo 4.3.1. sobre séries de 20% Panual, 40% Panual,

60% Panual e 80% Panual (quatro subconjuntos de resultados); e, por fim, o procedimento a que se

refere o item 4.3.2 sobre subséries de Ctri, Ctri2, Ctri3 e Ctri4 (quatro subconjuntos de resultados).

As ocorrências de alterações estatisticamente significativas entre médias são assinaladas

simplesmente por meio de células sombreadas a cinzento escuro. Como antes especificado, tais

células foram imputadas ao primeiro ano de cada uma das sucessivas subséries de dimensão N2.

As conclusões gerais do estudo efectuado, suscitadas pela análise dos quadros contendo os

resultados da apreciação visual (capítulo 0) combinados com os anteriores quadros síntese são

sistematizadas no capítulo seguinte.

63

Quadro 6.1 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior para os postos udométricos de Cabana Maior, Leonte, São Bento da Porta Aberta e Moimenta da Raia.

Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4 Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

Ano de início

da sub série

posterior

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

CABANA MAIOR (02G10)

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

SÃO BENTO DA PORTA ABERTA (03H03) MOIMENTA DA RAIA (02P01)

LEONTE (03I03)

Quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior Ausência de quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior

64

Quadro 6.2 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior para os postos udométricos de Firvidas, Lixa do Alvão, Bornes e Sobrado de Paiva.

Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4 Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

Mês de ocorrência de α% PanualContribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anosFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1

Ano de início

da sub série

posterior

Contribuição dos três meses com maior

precipitação

BORNES (05O01)

FIRVIDAS (03K04) LIXA DO ALVÃO (04K03)

SOBRADO DE PAIVA (07H02)

Quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior Ausência de quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior

65

Quadro 6.3 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior para os postos udométricos de Escalhão, Ariz, Pega e Vale de Espinho.

Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4 Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

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1976 / 77

1977 / 78

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1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

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1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

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1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

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1972 / 73

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1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

Frequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% PanualContribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

ARIZ (08L04)

Ano de início

da sub série

posterior

Contribuição dos três meses com maior

precipitação

PEGA (11O01)

ESCALHÃO (08P02)

VALE DE ESPINHO (12P01)

Quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior Ausência de quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior

66

Quadro 6.4 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior para os postos udométricos de Porto Taveiro, Penhas Douradas, Ladoeiro e Castelo Branco.

Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4 Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

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1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

Frequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% PanualContribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoAno de início

da sub série

posterior

LADOEIRO (14N02)

PORTO TAVEIRO (12G01) PENHAS DOURADAS (11L05)

CASTELO BRANCO (15M01)

Quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior Ausência de quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior

67

Quadro 6.5 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior para os postos udométricos de Vila Velha de Ródão, Pernes, Monte Camões e Alcochete.

Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4 Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anosMês de ocorrência de α% Panual

Ano de início

da sub série

posterior

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1

MONTE CAMÕES (20i01)

VILA VELHA DE RÓDÃO (16K01) PERNES (17F01)

ALCOCHETE (21D01) (21D01)

Quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior Ausência de quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior

68

Quadro 6.6 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior para os postos udométricos de Caneças, Sobral de Monte Agraço, Moinhola, e Caia.

Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4 Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

Frequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% PanualContribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anosAno de início

da sub série

posterior

Contribuição dos três meses com maior

precipitação

MOINHOLA (22F03)

CANEÇAS (21B07) SOBRAL DE MONTE AGRAÇO (19C01)

CAIA (20O01)

Quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior Ausência de quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior

69

Quadro 6.7 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior para os postos udométricos de Amieira, Azinheira de Barros, Algodôr e Castro Verde.

Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4 Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anosAno de início

da sub série

posterior

ALGODÔR (27K01)

AMIEIRA (24L01) AZINHEIRA DE BARROS (25G01)

CASTRO VERDE (27i01)

Quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior Ausência de quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior

70

Quadro 6.8 – Quadro síntese de detecção de quebras de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior para os postos udométricos de Giões, Monchique e Loulé.

Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4 Cmmax1 Cmmax2 Cmmax3 CmmaxT 1º tri 2º tri 2º sem 20% Panual 40% Panual 60% Panual 80% Panual Ctri1 Ctri2 Ctri3 Ctri4

1935 / 36

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1945 / 46

1946 / 47

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1951 / 52

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1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

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1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

1935 / 36

1936 / 37

1937 / 38

1938 / 39

1939 / 40

1940 / 41

1941 / 42

1942 / 43

1943 / 44

1944 / 45

1945 / 46

1946 / 47

1947 / 48

1948 / 49

1949 / 50

1950 / 51

1951 / 52

1952 / 53

1953 / 54

1954 / 55

1955 / 56

1956 / 57

1957 / 58

1958 / 59

1959 / 60

1960 / 61

1961 / 62

1962 / 63

1963 / 64

1964 / 65

1965 / 66

1966 / 67

1967 / 68

1968 / 69

1969 / 70

1970 / 71

1971 / 72

1972 / 73

1973 / 74

1974 / 75

1975 / 76

1976 / 77

1977 / 78

1978 / 79

1979 / 80

MONCHIQUE (30F01)

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anosMês de ocorrência de α% Panual

Contribuição trimestral face a um tirmestre médio

de 25 anos

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1 Mês de ocorrência de α% Panual

Ano de início

da sub série

posterior

Contribuição dos três meses com maior

precipitaçãoFrequência de ocorrência Pmmax1

GIÕES (29K02)

LOULÉ (31I01)

Quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior Ausência de quebra de homogeneidade entre médias das subséries anterior e posterior

71

7 Síntese dos resultados

Com os procedimentos apresentados em 4.2 pretendeu-se averiguar acerca de eventuais

alterações na contribuição dos três meses responsáveis, em cada ano, pelos valores mais elevados

de precipitação, e ainda, detectar algum tipo de alteração no período do ano hidrológico em que mais

frequentemente ocorre a precipitação máxima mensal (Pmmax1). Entendeu-se que um acréscimo ou

redução da contribuição relativa dos referidos máximos de precipitação indiciaria a alteração de um

padrão climatológico intra-anual. Entendeu-se igualmente que uma alteração no período do ano

hidrológico em que mais frequentemente se regista a precipitação máxima mensal, ou que, não

havendo alteração do referido período, este se tenha tornado mais frequente, também indiciaria a

alteração de um padrão climatológico intra-anual.

Relativamente à contribuição, face ao total anual, dos três meses com mais elevada precipitação,

a análise efectuada não detectou, de entre os 31 postos udométricos analisados, qualquer

comportamento generalizado de indício de mudança climática. É, no entanto, de notar que, em sete

dos referidos postos (Leonte, Firvidas, Lixa do Alvão, Sobrado de Paiva Alcochete, Azinheira de

Barros e Algodôr), se identificou, especialmente nas séries relativas à contribuição para o total anual

do mês com mais elevada precipitação (Cmmax1), uma alteração estatisticamente significativa do

seu comportamento ao longo do período analisado (ver subcapítulo 6.3). Assinala-se que, de entre os

referidos sete postos, nos quatro situados mais a norte – Leonte, Firvidas, Lixa do Alvão, e Sobrado

de Paiva – a alteração de Cmmax1 se deu no sentido da uma diminuição, enquanto que nos três

mais a sul – Alcochete, Azinheira de Barros, e Algodôr – a alteração de Cmmax1 foi no sentido de um

acréscimo.

No que concerne ao período do ano hidrológico em que mais frequentemente ocorre a

precipitação máxima mensal, Pmmax1, na análise efectuada não se identificou um padrão comum

aos postos estudados, embora se registe uma clara preponderância do número de postos em que se

detectou um indicio de mudança do padrão climático, ou seja, postos nos quais se identificou uma

alteração no período do ano hidrológico mais frequente para a ocorrência de Pmmax1, ou nos quais,

não havendo alteração desse período, se tornou, contudo, mais frequente. Com efeito, o 1º trimestre

passou, nos últimos cerca de 30 anos, a ser o período em que mais frequentemente ocorre a mais

elevada precipitação mensal, Pmmax1. Regista-se ainda que, em parte dos postos udométricos

estudados, nas últimas cerca de duas décadas, a frequência de ocorrência de Pmmax1 no 2º

semestre do ano hidrológico aumentou de forma significativa, conforme explicitado nos elementos

apresentados nos subcapítulos 5.2.2 e 6.3.

O desenvolvimento dos procedimentos apresentados no subcapítulo 4.3 visou, com base no

estudo quer dos meses de ocorrência de α% de Panual (com α a variar entre 20% e 80% com

incrementos de 20%), quer da contribuição de cada um dos trimestres do ano hidrológico face ao

trimestre médio dos 25 anos antecedentes, analisar o comportamento da distribuição da precipitação

ocorrida em cada ano, e, consequentemente, detectar eventuais alterações no seu padrão de

72

comportamento que pudessem indiciar a ocorrência de uma alteração climática. Assim, recorda-se

que se entendeu ocorrer uma mudança no padrão climático quando detectada uma alteração, nas

séries representativas dos quatro patamares de Panual, no sentido da concentração da precipitação

nos meses iniciais do ano hidrológico (procedimento apresentado em 4.3.1), e que uma mudança no

padrão climático corresponderia a uma alteração do trimestre mais contributivo para Panual, ou,

mantendo-se esse trimestre, a uma alteração significativa da contribuição do mesmo para Panual

(procedimento apresentado em 4.3.2).

Relativamente ao mês de ocorrência de α% de Panual, para a globalidade dos 31 postos

estudados, não se detectou um comportamento conjunto das variáveis analisadas que conduza à

identificação de uma alteração no padrão climático. Verifica-se, no entanto, através da análise

conjunta aos resultados apresentados em 5.3.1 e 6.3, que em treze dos 31 postos udométricos

estudados, existe uma antecipação do mês em que ocorre 20% de (decréscimo no número de ordem

médio do mês em que ocorre 20% de Panual). Note-se, ainda que, dos treze postos mencionados,

nove se situam no centro-sul e no sul de Portugal continental.

No que concerne à contribuição de cada um dos trimestres do ano hidrológico face ao trimestre

médio dos 25 anos antecedentes conclui-se que, há uma inequívoca alteração do trimestre mais

contributivo para o total anual de precipitação face ao trimestre médio dos 25 anos antecedentes,

sendo o 2º trimestre do ano hidrológico substituído pelo 1º trimestre do ano hidrológico.

Considerando-se que a escolha dos postos udométricos estudados permitiu a obtenção de uma

amostra suficientemente representativa dos regimes de precipitação em Portugal Continental ao

nível, quer da sua dispersão geográfica (cobrindo razoavelmente todo o território nacional), quer dos

valores de precipitação anual (abrangendo a gama de variação da precipitação em Portugal)

conclui-se através da análise conjunta aos resultados apresentados nos capítulos 0 e 6 que, no

período compreendido entre os últimos 20 a 30 anos que antecedem o último ano hidrológico contido

nos dados de base utilizados (2003/04), a precipitação máxima mensal, Pmmax1, ocorre

sistematicamente com maior frequência no 1º trimestre do ano hidrológico e que, face ao trimestre

médio dos 25 anos antecedentes, o 1º trimestre do ano hidrológico se tornou o período mais

contributivo, substituindo o 2º trimestre.

Admite-se, assim, que, em resultado de um processo de mudança climática em Portugal

Continental, no que se refere aos regimes intra-anuais de precipitação, o 2º trimestre do ano

hidrológico tenha sido “substituído” pelo 1º trimestre que passou a constituir o período mais frequente

de ocorrência da precipitação mensal máxima, bem como o período mais contributivo para o total

anual de precipitação. Tais conclusões são consistentes com a acentuada redução da precipitação no

mês de Março, ao longo das últimas três décadas, referenciada e identificada por Mendes e Coelho

(1993), Corte-Real et al. (1998), Portela e Quintela (2001), Paredes et al. (2006) e Santos e Portela

(2008).

73

8 Prosseguimento do estudo

Face às conclusões apresentadas no capítulo antecedente, as quais indicam claramente que,

sensivelmente nas últimas três décadas, houve uma substituição do 2º trimestre do ano hidrológico

pelo 1º trimestre como o período, quer mais frequente de ocorrência da precipitação mensal máxima,

quer mais contributivo para o total anual de precipitação, julga-se ser pertinente prosseguir com o

estudo, nomeadamente, detalhando a mudança na estrutura temporal da precipitação intra-anual de

que resultou a mencionada substituição.

Estando bem identificada e documentada a redução da precipitação no mês de Março a partir das

décadas de 1970/80 – Mendes e Coelho (1993), Corte-Real et al. (1998), Portela e Quintela (2001),

Paredes et al. (2006) e Santos e Portela (2008) – admite-se que o referido decréscimo de

precipitação possa não ser o principal ou o único responsável pelas alterações no regime intra-anual

de precipitação identificadas no presente estudo.

Considera-se que seria de todo o interesse aplicar as metodologias descritas nos

subcapítulos 4.2.2 e 4.3.2 aos seis primeiros meses do ano hidrológico, ou seja, ao 1º semestre do

referido período. Desta forma, julga-se que seria possível identificar qual o mês, ou quais os meses

que, para além do mês de Março, teriam sido responsáveis pelas mencionadas alterações no regime

de precipitação.

No que concerne à contribuição de um trimestre do ano hidrológico face ao valor registado num

trimestre médio de 25 anos (subcapítulo 4.3.2) julga-se que seria interessante englobar, não só na

analise mensal do 1º semestre do ano hidrológico sugerida no parágrafo antecedente, mas

igualmente na análise trimestral efectuada no presente estudo, uma análise às precipitações

mensais, trimestrais e anuais. Deste modo, poderia eventualmente ser possível perceber se a

substituição do 2º trimestre do ano hidrológico pelo 1º trimestre se ficou a dever unicamente à

redução dos valores de precipitação do mês de Março, à redução dos valores de precipitação no

2º trimestre, mantendo-se os valores médios registados no 1º trimestre, ou à redução dos valores de

precipitação no 2º trimestre, ocorrendo simultaneamente um aumento dos valores de precipitação no

1º trimestre.

Admite-se, ainda, que, porventura a metodologia de análise sugerida possa conduzir à detecção

de padrões regionais de precipitação correspondentes a uma das três hipóteses mencionadas.

Anota-se, por fim, que, em face do conhecimento ainda incipiente de que se dispõe no que

respeita à quantificação precisa dos efeitos da mudança climática nas variáveis hidrológicas, resta

sempre um vasto campo para prosseguimento da investigação, por exemplo, visando analisar a

repercussão dos efeitos das alterações detectadas nas séries de escoamentos fluviais e

consequentemente nas disponibilidades hídricas.

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