Alterações Funcionais e Estruturais em Artérias de...

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Alterações Funcionais e Estruturais em Artérias de Resistência de Ratos com Hipertensão Induzida por Ouabaína: Efeito do tratamento anti-hipertensivo com losartan. Fabiano Elias Xavier Tese de Doutorado em Ciências Fisiológicas (Fisiologia Cardiovascular) Universidade Federal do Espírito Santo Vitória, março de 2005.

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Alterações Funcionais e Estruturais em Artérias de Resistência de Ratos com Hipertensão Induzida por

Ouabaína: Efeito do tratamento anti-hipertensivo com losartan.

Fabiano Elias Xavier

Tese de Doutorado em Ciências Fisiológicas

(Fisiologia Cardiovascular)

Universidade Federal do Espírito Santo

Vitória, março de 2005.

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Alterações Funcionais e Estruturais em Artérias de Resistência de Ratos com Hipertensão Induzida por

Ouabaína: Efeito do tratamento anti-hipertensivo com losartan.

Fabiano Elias Xavier

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Ciências Fisiológicas – Fisiologia Cardiovascular.

Aprovada em 24/03/2005 por

________________________________ Profa Dra. Luciana Venturini Rossoni – USP

(Orientadora)

________________________________ Prof. Dr. Dalton Valentim Vassallo - UFES

(Co-Orientador)

________________________________ Profa Dra Ivanita Stefanon - UFES

________________________________

Prof Dr. José Geraldo Mill - UFES

________________________________ Profa Dra Rita Tostes Passaglia - USP

________________________________

Profa Dra Sandra Lia do Amaral – UNESP

Coordenador do PPGCF: _____________________________

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Vitória, março de 2005

.

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Este trabalho também foi orientado pela Profa Dra Mercedes Salaices, Catedrática de

Farmacología da Facultad de Medicina da Universidad Autónoma de Madrid,

Espanha.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Vitória, março de 2005

Xavier, Fabiano Elias, 1976

Alterações Funcionais e Estruturais em Artérias de Resistência de Ratos com Hipertensão Induzida por Ouabaína: Efeito do tratamento anti-hipertensivo com losartan.

xix, 185 p. 29,7 cm (UFES, D. Sc., Ciências Fisiológicas, 2005)

Tese, Universidade Federal do Espírito Santo, PPGCF

I. Fisiologia Cardiovascular

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Foi final de novembro... Dia quente que veio prenunciando chuva, característico de início de verão nestas bandas do equador, mas fazia um tempo bonito.

Em um canto, um sofá verde, bem desgastado pelo tempo e por suores, espremido,

quase sufocado por confissões e lágrimas...

A posição estratégica convidava a um reclinar momentâneo ou de horas. Nada dizia, tudo escutava, tudo sabia...

Esparramando-se, acoitavam nele duas criaturas estranhas. Talvez não fossem da

terra, mas, pelo menos fisicamente, terráqueos aparentavam ser...

Depois de horas, dias, meses a fio, planos traçados, mundo conquistado. Apesar de mal terem começado a faculdade, foram categóricos: Não mais monotonia ou monitoria, precisavam mudar o mundo e para tanto, despiram-se das camisas

pretas, lavaram as caras pintadas... Pesquisa!

Era até lúdico. Coisa d’outro mundo e para aqueles, a felicidade.

“Você vai primeiro... não é você que tem que ir...” Não houve vencedores em mais essa “teima”, foram juntos. Riram muito, brigaram mais um tanto, pegaram ônibus

diferentes... Tinham que dormir, o dia seguinte seria laborioso.

Conseguiram... A primeira vitória foi comemorada com água de côco, risos, mar, mais sonhos e um tanto de discussão.

Anos passados. Seguiram, ninguém sabe para d’onde e nem como estão. Notícias num dão...

Motivos? Talvez tenham, quiçá não.

Mares revoltosos e obstáculos quase ulissinianos não impediram brigas com o destino e divórcios momentâneos com a ciência (Penélopes? quem saberá?).

Contudo, deram coice nas adversidades e por fim, quase doutores, mas não como Fausto.

Felizes? Realização, não! Apenas começo!

Novos planos, estratégias quase bélicas para o porvir.

A munição? Ainda sonhos…

Quase indo, penso no que escreveu John Donne: “Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório,

assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure

saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.

Luíza A. Rabelo, primavera de 2004.

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A todos os meus Mestres

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Agradecimentos

Elaborar uma tese de doutorado é uma tarefa individual, porém não solitária.

Durante este período surgem pessoas especiais, sem as quais não emergiriam

resultados, conceitos, teorias ou inferências sobre fatos e reflexões que certamente

tornam o trabalho mais intenso. Eu tive a sorte de encontrar muita destas pessoas

especiais, que só pelo fato de conviver com elas já teria valido muito a pena. A estas

pessoas especiais quero expressar o meu agradecimento.

- Quero inicialmente fazer um agradecimento especial a minha família, pelo

incentivo, dedicação, carinho, compreensão, enfim, por ter me proporcionado tudo.

- À Luciana Rossoni pela orientação e pela presença constante durante estes quatro

anos de doutorado, mesmo havendo, durante algum tempo, um enorme oceano nos

separando. Sua dedicação, seu incentivo e suas idéias foram imprescindíveis para

que este estudo fosse realizado.

- A Dalton Vassallo, pelo apoio que me deu todas as vezes que necessitei e por

todos seus ensinamentos que certamente me conduziram neste caminho, muitas

vezes árduo, e fizeram com chegasse até aqui.

- A Mercedes Salaices, por haberme acogido en su laboratorio y por el apoyo

incondicional (precisamente en aquellos momentos en que eran más necesarios).

Mercedes ha jugado un papel determinante en la realización de este trabajo.

Además de sus comentarios y sugerencias, su confianza y sobre todo su amistad

han hecho mucho más fácil la realización de este estudio.

- A María Jesús Alonso, por el apoyo también imprescindible que me dio durante ese

más de un año en Madrid y por haberme conducido junto con Mercedes en el

desarrollo de este trabajo.

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- A Gloria Balfagón, por la invalorable experiencia que resultó compartir con ella

muchos momentos que para mí fueron de mucho aprendizaje y por que no decir de

diversión, pues su buen humor hizo mucho más fácil llevar a cabo un trabajo que a

simple vista no tiene nada de divertido.

- A Ana Briones, por todo lo que ha contribuido para la realización de los

experimentos de estructura vascular. Le agradezco enormemente la paciencia, la

dedicación y la amabilidad que tuvo para enseñarme tantas cosas sobre el tema. Su

participación aquí ha sido de gran importancia.

- A los demás compañeros y amigos del L4: Ana, Elena, Gema, María, Patricia,

Raquel, Vicente y en especial Amada e Yolanda. Hemos compartido muchas horas

de trabajo juntos, y algunas de ocio, y os aseguro que es un placer teneros como

compañeros y amigos. No hace falta que os diga que vuestros continuos

ofrecimientos de ayuda y sobre todo vuestra amistad me han ayudado mucho en la

realización de este trabajo.

- A los amigos del laboratorio C13 del Departamento de Fisiología: Carmen, Iván,

Javier, Mercedes y en especial a Rocío (la Roci), también por los buenos momentos

que pasamos juntos.

- Aos professores Ivanita Stefanon, José Geraldo Mill, Rita Tostes e Sandra Lia do

Amaral, por terem gentilmente aceito o convite para participar da avaliação deste

trabalho.

- A Luíza, pela amizade cada vez mais sólida que nos mantém unidos durante estes

dez anos. Durante este tempo, temos compartilhado muitos sonhos, e espero que

daqui em diante, além de sonhos, possamos compartilhar muitas realizações.

- A Ana Rosa, pelo apoio na fase final desta tese.

- Aos amigos do LEMC, muitos deles hoje ex-LEMC, em especial a Alessandra, Ana

Paula, Carlos, Carmen, Cleci, Ivanita, Karina, Leonardo, Patricia e Silvio, pelos bons

e maus momentos que passamos juntos e pela amizade durante todos estes anos.

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- Aos novos companheiros do Laboratório de Fisiologia Vascular do ICB/ USP.

- A Carmen González y a Silvia Arribas por haberme abierto las puertas de su

laboratorio para la realización de los experimentos con arterias presurizadas.

- A todos los miembros del Departamento de Farmacología y Terapéutica de la

Facultad de Medicina de la UAM.

- A los funcionarios del animalario de la Facultad de Medicina de la UAM, por la

ayuda y atención que me siempre dieron: Carmina, David, Manolo, Miguel, Pilar y

Santiago.

- A Diego, del Servicio de Microscopia Confocal de la Facultad de Medicina de la

UAM, por su colaboración en la toma de las imágenes.

- Aos professores, funcionarios e colegas do Programa de Pós-Graduação em

Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo.

- Meu muito obrigado também à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES) e à Universidad Autónoma de Madrid (UAM) pelo apoio

financeiro que me deram.

“Gracias a la vida que me ha dado tanto” (Violeta Parra).

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Índice Resumo.....................................................................................................................21

Abstract.....................................................................................................................24 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................27

1.1. Estrutura dos vasos de resistência e sua contribuição para a

resistência vascular periférica................................................................................28

1.1.1. Camada íntima............................................................................28

1.1.2. Camada média............................................................................28

1.1.3. Camada adventícia.....................................................................29

1.1.4. Matriz extracelular.......................................................................29

1.1.4.1. Colágeno.......................................................................30

1.1.4.2. Elastina..........................................................................30

1.2. Alterações estruturais, mecânicas e funcionais da parede arterial na

hipertensão...............................................................................................................32

1.3. Sistema renina-angiotensina.................................................................38

1.4. A Na+K+-ATPase.....................................................................................43

1.5. Substância endógena inibidora da Na+K+-ATPase e sua importância

para o processo hipertensivo.................................................................................45

1.6. Modelo de hipertensão induzido pelo tratamento crônico com

ouabaína....................................................................................................................51

2. OBJETIVOS...........................................................................................................58

2.1. Objetivo geral..........................................................................................58

2.2. Objetivos específicos.............................................................................58

3. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................61

3.1. Animais experimentais...........................................................................61

3.2. Medida da pressão arterial.....................................................................61

3.3. Metodologia empregada para estudo de reatividade vascular em

artérias mesentéricas de resistência......................................................................61

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3.3.1. Normalização das artérias de resistência e protocolos

experimentais.............................................................................................................63

3.3.2. Avaliação da resposta de relaxamento dependente do endotélio

e da resposta vasoconstritora à noradrenalina..........................................................63

3.3.3. Modulação do endotélio sobre a resposta vasoconstritora à

noradrenalina..............................................................................................................63

3.3.4. Influência do bloqueio da síntese de óxido nítrico, de

prostanóides e de canais para o potássio sobre a resposta vasoconstritora induzida

por noradrenalina.......................................................................................................64

3.3.5. Influência da atividade da Na+, K+-ATPase sobre a resposta

vasoconstritora induzida por noradrenalina................................................................65

3.3.6. Efeito do tratamento crônico com ouabaína sobre a atividade da

Na+, K+-ATPase sensível à ouabaína em artérias mesentéricas de resistência........65

3.4. Western Blot............................................................................................66

3.4.1. Expressão protéica da isoforma endotelial da sintase de óxido

nítrico..........................................................................................................................66

3.4.1.1. Eletroforese e transferência das amostras....................66

3.4.1.2. Incubação com os anticorpos e detecção das

subunidades...............................................................................................................66

3.5. Metodologia utilizada para o estudo das propriedades mecânicas e

estruturais de artérias mesentéricas de resistência de rato ...............................67

3.5.1. Miógrafo de pressão...................................................................67

3.5.1.1. Cálculos das propriedades mecânicas e estruturais das

artérias mesentéricas de resistência..........................................................................68

3.5.2. Microscopia confocal...................................................................71

3.5.2.1. Análise morfométrica dos componentes celulares da

parede vascular..........................................................................................................71

3.5.2.2. Estudo do conteúdo e organização da elastina.............75

3.6. Determinação de colágeno na parede arterial.....................................76

3.7. Expressão dos resultados e análises estatísticas..............................77

3.8. Fármacos e reagentes a utilizados.......................................................78

4. RESULTADOS.......................................................................................................82

4.1. Valores de pressão arterial sistólica e massa corporal......................82

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4.2. Respostas vasculares ao KCl, a acetilcolina e à noradrenalina em artérias mesentéricas de resistência......................................................................82

4.2.1. Modulação do endotélio sobre a resposta vasoconstritora à

noradrenalina..............................................................................................................85

4.2.2. Efeito do bloqueio da síntese de óxido nítrico e de prostanóides

sobre a resposta vasoconstritora induzida por noradrenalina....................................90

4.2.3. Efeito do bloqueio dos canais para o potássio dependentes de

cálcio sobre a resposta vasoconstritora induzida por noradrenalina..........................98

4.2.4. Efeito da inibição da atividade da Na+, K+-ATPase sobre a

resposta vasoconstritora induzida por noradrenalina...............................................102

4.2.5. Efeito temporal da resposta vasoconstritora induzida por

noradrenalina............................................................................................................102

4.3. Efeito do tratamento crônico com ouabaína sobre a atividade

funcional da Na+, K+-ATPase sensível à ouabaína..............................................106

4.4. Expressão protéica da isoforma endotelial da sintase de óxido nítrico.......................................................................................................................108

4.5. Estudo das propriedades estruturais de artérias mesentéricas de

resistência de rato realizado com miógrafo de pressão....................................109

4.6. Propriedades mecânicas de artérias mesentéricas de resistência de

rato avaliadas através de miógrafo de pressão..................................................114

4.7. Análise estrutural da parede vascular através de microscopia

confocal...................................................................................................................117

4.8. Conteúdo e organização da elastina...................................................119

4.9. Quantificação do conteúdo de colágeno............................................123

5. DISCUSSÃO........................................................................................................126

5.1. Resumo dos resultados.......................................................................126

5.2. Efeito do tratamento crônico com ouabaína sobre resposta contrátil

à noradrenalina e atividade funcional da Na+K+-ATPase em artérias

mesentéricas de resistência de rato.....................................................................126

5.3. Efeito do tratamento crônico com ouabaína sobre as propriedades

mecânicas e estruturais de artérias mesentéricas de resistência de rato.......139

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6. CONCLUSÕES....................................................................................................149

7. REFERÊNCIAS....................................................................................................152

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Valores de contração induzida por 120 mM de KCl em

artérias mesentéricas de resistência com e sem endotélio de ratos

Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína + Losartan.

84

Tabela 2: Valores de pD2 e resposta máxima obtidos através de

curvas concentração-resposta à noradrenalina, na presença e

ausência do endotélio, e a acetilcolina em artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína +

Losartan.

89

Tabela 3: Valores de pD2 e resposta máxima obtidos através de

curvas concentração-resposta à noradrenalina em artérias

mesentéricas de resistência de ratos Controle, Ouabaína, Losartan e

Ouabaína + Losartan, antes e após tratamento com L-NAME, NPLA

ou indometacina.

95

Tabela 4: Efeito da incubação com tetraetilamônio sobre os valores

de pD2 e resposta máxima à noradrenalina em artérias mesentéricas

de resistência com endotélio intacto e previamente incubadas com L-

NAME + indometacina.

99

Tabela 5: Efeito da incubação com tetraetilamônio sobre os valores

de pD2 e resposta máxima à noradrenalina em artérias mesentéricas

de resistência sem endotélio.

101

Tabela 6: Efeito da incubação com ouabaína sobre os valores de

pD2 e resposta máxima à noradrenalina em artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle e Ouabaína.

103

Tabela 7: Valores de resposta máxima e pD2 à noradrenalina uma e

duas horas após realização da primeira curva concentração-resposta

105

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a este agonista alfa-adrenérgico em artérias mesentéricas de

resistência dos diferentes grupos estudados.

Tabela 8: Morfologia da parede vascular de artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle e Ouabaína obtida através de

microscopia confocal.

118

Tabela 9: Estudo morfométrico de células musculares lisas e

endoteliais de artérias mesentéricas de terceira ordem isoladas de

ratos Controle e Ouabaína.

119

Tabela 10: Características da lâmina elástica interna de segmentos

de artéria mesentérica de terceira ordem de ratos Controle e

Ouabaína.

121

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Lista de Figuras

Figura 1: Esquema representativo de uma artéria de resistência

mostrando os diferentes constituintes que formam a parede arterial.

29

Figura 2: Modelos de remodelamento vascular, através dos quais,

podem ocorrer alterações da área de secção transversal dos vasos

sanguíneos.

33

Figura 3: Ações da angiotensina II sobre a parede vascular que

resultam em aumento da contração do músculo liso vascular,

crescimento, disfunção endotelial e inflamação.

41

Figura 4: Envolvimento dos mecanismos miogênico e neurogênico na

contração do músculo liso vascular resultante da inibição da Na+K+-

ATPase.

48

Figura 5: Modelo do plasmerosoma e do mecanismo envolvido no

aumento da mobilização de cálcio induzido por baixas doses de

ouabaína em células musculares lisas.

51

Figura 6: Esquema mostrando os principais componentes da

preparação para estudo com vasos de resistência isolados,

desenvolvido por Mulvany & Halpern (1977).

62

Figura 7: Foto representativa de uma artéria mesentérica de

resistência pressurizada a 70 mm Hg.

68

Figura 8: Secções ópticas obtidas através de microscopia confocal dos

diferentes componentes celulares da parede vascular.

73

Figura 9: Reconstrução tridimensional das secções ópticas obtidas 76

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através de microscopia confocal da lâmina elástica interna da parede

vascular.

Figura 10: Evolução temporal dos valores de pressão arterial sistólica

medidos através de pletismografia de cauda dos diferentes grupos

experimentais durante cinco semanas

83

Figura 11: Relaxamento dependente do endotélio induzido por

acetilcolina em artérias mesentéricas de resistência.

86

Figura 12: Respostas contráteis induzida por noradrenalina, em

artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle, Ouabaína,

Losartan e Ouabaína + Losartan.

87

Figura 13: Efeito da remoção mecânica do endotélio sobre a resposta

contrátil induzida por noradrenalina, em artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína +

Losartan.

88

Figura 14: Efeito do bloqueio da síntese de óxido nítrico com L-NAME

sobre a resposta contrátil induzida por noradrenalina em artérias

mesentéricas de ratos Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína +

Losartan.

92

Figura 15: Efeito do bloqueio da isoforma neuronal da sintase de óxido

nítrico, NPLA, sobre a curva concentração resposta à noradrenalina

em segmentos de ratos Controle e Ouabaína.

93

Figura 16: Efeito do bloqueio da ciclooxigenase com indometacina

sobre a resposta contrátil induzida por noradrenalina em artérias

mesentéricas de ratos Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína +

Losartan.

94

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Figura 17: Efeito da pré-incubação com indometacina + L-NAME e L-

NAME + Indo + tetraetilamônio sobre a curva concentração-resposta à

noradrenalina em segmentos de artérias mesentéricas de resistência

de ratos Controle e Ouabaína.

96

Figura 18: Efeito da pré-incubação com indometacina + L-NAME e L-

NAME + Indo + tetraetilamônio sobre a curva concentração-resposta à

noradrenalina em segmentos de artérias mesentéricas de resistência

de ratos Losartan e Ouabaína + Losartan.

98

Figura 19: Efeito da inibição dos canais para o potássio ativados por

cálcio (tetraetilamônio) sobre a curva concentração-resposta à

noradrenalina em segmentos sem endotélio de artérias mesentéricas

dos diferentes grupos experimentais.

100

Figura 20: Efeito da incubação com ouabaína sobre a curva

concentração-resposta à noradrenalina artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle e Ouabaína.

102

Figura 21: Controle temporal das curvas concentração-resposta à

noradrenalina artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle,

Ouabaína, Losartan e Ouabaína + Losartan.

104

Figura 22: Curva de relaxamento ao KCl na ausência e na presença de

ouabaína em artérias mesentéricas de resistência isoladas de ratos

Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína + Losartan.

107

Figura 23: Expressão protéica da isoforma endotelial da sintase de

óxido nítrico em artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle,

Ouabaína, Losartan e Ouabaína + losartan.

108

Figura 24: Relação pressão-diâmetro em artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle e Ouabaína em condições ativas e

111

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passivas.

Figura 25: Comparação dos parâmetros estruturais de artérias

mesentérica de resistência de ratos Controle e Ouabaína.

112

Figura 26: Comparação dos parâmetros estruturais de artérias

mesentérica de resistência de ratos Losartan e Ouabaína + Losartan.

113

Figura 27: Stress de parede, distensibilidade arterial e relação stress-

strain frente a aumentos de pressão intraluminar em artérias

mesentéricas de resistência pressurizadas de ratos Controle e

Ouabaína.

115

Figura 28. Stress de parede, distensibilidade arterial e relação stress-

strain frente a aumentos de pressão intraluminar em artérias

mesentéricas de resistência pressurizadas de ratos Losartan e

Ouabaína + Losartan.

116

Figura 29: Secções ópticas obtidas através de microscopia confocal

dos núcleos das células musculares e endoteliais de ratos Ouabaína e

Controle.

120

Figura 30: Reconstrução tridimensional das secções ópticas obtidas

através de microscopia confocal da lâmina elástica interna da parede

vascular de artérias mesentéricas de resistência de rato.

122

Figura 31: Imagens representativas do conteúdo total de colágeno

corado com picro sirius em artérias mesentéricas de resistência de

ratos Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína + Losartan.

124

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RESUMO

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21

Resumo

A administração crônica de ouabaína induz hipertensão em ratos, através da

ativação de vias simpatoexcitatórias centrais. Entretanto, em vasos de condutância,

os efeitos deste tratamento parecem ser compensatórios. Sabendo-se da

importância dos vasos de resistência no controle da pressão arterial, avaliaram-se

possíveis alterações sobre a resposta à noradrenalina (NA) e sobre as propriedades

mecânicas e estruturais de artérias mesentéricas de resistência (MRA) de ratos

tratados durante cinco semanas com ouabaína e o papel do sistema renina-

angiotensina sobre estes parâmetros.

A pressão arterial dos ratos Ouabaína aumentou progressivamente a partir da

primeira semana de tratamento, enquanto que nos ratos Controle permaneceu

estável. A resposta à NA em MRA com endotélio foi similar entre os grupos Controle

e Ouabaína. A retirada do endotélio ou a inibição da síntese de óxido nítrico (NO) (L-

NAME) induziu aumento desta resposta. O aumento induzido pela remoção do

endotélio foi similar em ambos os grupos, porém, o efeito do L-NAME foi maior no

grupo Ouabaína. O papel do EDHF sobre a contração à NA foi avaliado com o

tetraetilamônio (TEA) em MRA pré-incubadas com L-NAME + Indometacina. A

administração de TEA induziu aumento da resposta à NA somente em MRA de ratos

Controle. O tratamento com losartan reduziu a pressão arterial nos animais Controle

e Ouabaína, impedindo nestes últimos o desenvolvimento de hipertensão, porém as

alterações vasculares até aqui descritas ainda foram observadas.

Comparadas às artérias do grupo Controle, MRA de ratos Ouabaína

apresentaram diâmetro interno e externo e área de secção transversal reduzidos,

sem alteração da espessura da parede vascular, e aumento da rigidez da parede

vascular. Contudo, não foi observada nenhuma diferença significativa na espessura

das camadas adventícia e média, na densidade de células adventiciais e

musculares, na morfologia dos núcleos destas células ou na estrutura da elastina em

MRA de ratos Controle e Ouabaína. Entretanto, um aumento significativo do

conteúdo total de colágeno em MRA de ratos Ouabaína foi observado. O tratamento

com losartan, embora não tenha prevenido as alterações sobre a reatividade

vascular, foi capaz de prevenir as alterações estruturais e mecânicas em MRA de

ratos tratados com ouabaína.

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22

Os resultados demonstram que a hipertensão induzida por ouabaína cursa

com alterações funcionais e estruturais em MRA de rato. Enquanto as alterações

funcionais não parecem mecanismos contribuintes para o aumento da pressão

arterial, o remodelamento vascular, observado nas MRA de ratos Ouabaína pode

contribuir para o aumento da resistência vascular periférica e conseqüentemente

para a manutenção da pressão arterial elevada após tratamento com ouabaína. Este

remodelamento foi prevenido pelo tratamento antihipertensivo com losartan, o que

sugere a participação da angiotensina II como um provável mediador das alterações

vasculares estruturais decorrentes da hipertensão induzida por ouabaína.

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ABSTRACT

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24

Abstract

Several reports have demonstrated that chronic administration of ouabain can

induce hypertension, which are related to activation of central sympathoexcitatory

pathways. Vascular studies demonstrated that in conductance vessels effects of

ouabain treatment seem to be a compensatory mechanism to elevated arterial

pressure. Based on the role of resistance vessels in the regulation of blood pressure,

the purpose of this work was to study the effect of hypertension induced by five

weeks ouabain treatment on the vascular responses induced by noradrenaline (NA)

and on the vascular structure and mechanical properties of rat mesenteric resistance

arteries (MRA) and the role of angiotensin II (AT1) receptors in these responses.

In ouabain-treated rats a progressive increase of the arterial pressure was

observed from the first week of treatment. In the Control group, arterial pressure

remained unaltered. In both Ouabain and Control rats, treatment with losartan

reduced the arterial pressure to a similar level. Contractile responses to NA were

similar in MRA from Ouabain and Control rats and remained unmodified after

losartan treatment. Endothelium removal or the nitric oxide synthase inhibitor (L-

NAME) increased the responses to NA in MRA from both groups. Endothelial

modulation was similar in MRA from Ouabain and Control groups. However, L-NAME

effect was higher in MRA from Ouabain group. In MRA treated with L-NAME plus

indomethacin; tetraethylammonium (2 mM) shifted the NA curves leftward only in

segments from Control rats. Losartan treatment prevents the development of

hypertension but not vascular changes of endothelial modulation on the NA

contractile response observed after ouabain treatment.

Ouabain treatment reduced lumen and vessel diameter and cross-sectional

area were diminished in arteries from ouabain-treated rats compared with Control.

Vessels from ouabain-treated rats were also stiffer There was no difference in

adventitia or media thickness, adventitial or smooth muscle cells density, nuclei

morphology or elastin structure in arteries from Control and Ouabain rats. However,

ouabain treatment increased total collagen content in the vascular wall. Losartan

treatment prevented the increase in blood pressure, reversed the structural and

mechanical differences observed between Control and Ouabain rats and normalized

collagen content.

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25

Results presented in the current study suggest that hypertension induced by

ouabain is accompanied by functional and structural alterations in resistance vessels.

Although functional alterations do not seem to contribute to maintenance of elevated

arterial pressure, through an activation of the renin angiotensin system, ouabain

treatment induced changes in the structure and mechanical properties of rat MRA,

which in turn, would be participating in the development and maintenance of

hypertension in this model.

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INTRODUÇÃO

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Introdução 27

1. Introdução

A hipertensão arterial é sem dúvida, a doença de maior prevalência entre

todas as enfermidades cardiovasculares; trata-se de uma doença de etiologia

multifatorial, caracterizada por uma elevação crônica da pressão arterial. Em

indivíduos adultos, consideram-se valores normais de pressão sistólica abaixo de

120 mm Hg e a diastólica abaixo de 80 mm Hg (Joint National Commitee on

Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure, JNC 7). A

hipertensão arterial é uma doença silenciosa que não apresenta sintomas durante

muito tempo e caso sua evolução ocorra sem tratamento, pode gerar como primeiro

sintoma uma complicação severa como infarto do miocárdio, hemorragia ou acidente

vascular cerebral. Apesar do considerável avanço no seu diagnóstico e tratamento, a

hipertensão continua sendo um dos mais importantes fatores de risco para outras

doenças cardiovasculares como: infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca,

insuficiência renal, acidentes vasculares cerebrais, etc, (Kaplan, 1998). Em países

desenvolvidos, mais 20 % da população apresenta pressão arterial elevada e

acredita-se que em todo o mundo pelo menos 500 milhões de pessoas têm ou terá

pressão arterial elevada. Embora o conhecimento relacionado com a fisiopatologia

da elevação da pressão arterial tenha crescido substancialmente nos últimos anos,

sua etiologia ainda permanece desconhecida na grande maioria dos casos.

A resistência periférica total elevada é uma das principais características da

hipertensão arterial (Lund-Johansen, 1983). Esta resistência periférica aumentada

resulta primariamente do aumento da dissipação de energia que ocorre quando o

sangue flui através das pequenas artérias de resistência com o lúmen reduzido. As

artérias de resistência podem ser definidas como vasos pré-arteriolares que

contribuem passivamente e ativamente para a manutenção da resistência basal e

para o controle do fluxo sangüíneo durante alterações hemodinâmicas (Mulvany,

2003). Em muitas situações patológicas, em particular na hipertensão, as artérias de

resistência representam um importante papel na etiologia desta enfermidade (Folkow

et al. 1957; Folkow, 1990; Mulvany, 1987; Korner & Angus, 1997) e alguns autores

têm mesmo sugerido que o desenvolvimento de anormalidades nestes vasos

poderia ser causa primária em tais processos (Korner & Angus, 1997). Os principais

fatores que contribuem para o aumento da resistência periférica na hipertensão são:

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Introdução 28

o remodelamento vascular, as alterações mecânicas da parede arterial e as

alterações das respostas vasoconstritora e vasodilatadora. Além disso, essas

alterações são importantes contribuintes para o aparecimento das complicações

cardiovasculares associadas à hipertensão (Schiffrin, 1997) como a isquemia

miocárdica (Brush et al., 1988; Hasdai et al., 1997), o acidente vascular cerebral

(Collins et al., 1990) e a insuficiência renal (Klahr & Morrissey, 2003).

1.1. Estrutura dos vasos de resistência e sua contribuição para a

resistência vascular periférica

Em comparação com as artérias de condutância, as artérias de resistência

(com diâmetro luminar entre 100 e 500 µm) possuem uma parede arterial muito mais

fina em proporção com o diâmetro luminar, maior proporção de células musculares

lisas e menor proporção de material elástico (Mulvany & Aalkjaer, 1990; Christensen

& Mulvany, 2001). Entretanto, assim como os vasos de condutância, as artérias de

resistência são classicamente constituídas de três camadas: íntima, média e

adventícia (Figura 1).

1.1.1. Camada íntima. Consiste de uma camada de células endoteliais

diferenciadas e longitudinalmente arranjadas ao longo do eixo axial do vaso e na

direção do fluxo sanguíneo, uma camada subendotelial contendo tecido conjuntivo e

de uma membrana basal. A membrana basal é constituída de colágeno, elastina,

fibronectina, laminina e proteoglicanos, os quais compõem a matriz extracelular.

Esta membrana basal está em íntimo contato com a lâmina elástica interna, a qual é

formada por uma malha compacta de elastina.

1.1.2. Camada média. Em vasos de resistência a camada média constitui

aproximadamente 70 a 80 % do volume total da parede arterial (Lee et al., 1983;

Walmsley et al., 1983; Miller et al., 1987). É constituída de células musculares lisas,

as quais se encontram circunferencialmente arranjadas ao longo do eixo arterial, e

de uma matriz extracelular que inclui lâminas de fibras elásticas, fibras colágenas e

proteoglicanos. Esta camada está limitada exteriormente pela lâmina elástica

externa e internamente pela lâmina elástica interna. O número de camadas de

células musculares lisas é diretamente proporcional ao diâmetro do vaso (Lee et al.,

1983). Assim, artérias com diâmetro ao redor de 300 µm possuem aproximadamente

seis camadas de células musculares lisas na camada média, enquanto aquelas com

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Introdução 29

diâmetro entre 30 - 50 µm possuem apenas uma única camada (Gattone et al.,

1986; Miller et al., 1987).

1.1.3. Camada adventícia. Esta camada é formada por tecido conjuntivo,

contendo basicamente fibras de colágeno, fibras elásticas e componentes celulares

como fibroblastos e mastócitos. Este tecido conjuntivo se prolonga gradualmente

relacionando-se com estruturas vizinhas. Neste tecido conjuntivo perivascular

encontra-se uma rede de vasos de calibre muito pequeno conhecido como vasa

vasorum, cuja função está relacionada com o metabolismo da parede vascular. Na

camada adventícia também pode ser encontrada uma rede de fibras nervosas

relacionadas com a inervação simpática.

Figura 1. Esquema representativo de uma artéria de resistência mostrando os diferentes constituintes

que formam a parede arterial (Ross, 1976).

1.1.4. Matriz extracelular. A matriz extracelular é o principal constituinte da

parede dos vasos sangüíneos e prover uma estrutura na qual os vários tipos

celulares da parede vascular se encontram distribuídos. Esta estrutura é constituída

de fibras colágenas e fibras elásticas em meio a um material constituído de outras

moléculas como: glicoprotéinas, proteoglicanos, água, etc. Estes componentes

representam fatores determinantes para as características mecânicas da parede

vascular e, além disso, juntamente com os componentes celulares de cada camada

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Introdução 30

participam da regulação de processos celulares como: adesão, migração e

proliferação celular, influenciando dessa maneira na estrutura da parede vascular.

1.1.4.1. Colágeno. O colágeno é uma proteína formada por uma tripla hélice

de cadeias polipeptídicas, que de acordo com a composição dos aminoácidos e a

proporção de moléculas que interferem na sua conformação estrutural, classifica-o

em pelo menos 25 tipos geneticamente diferenciados. No sistema vascular tem sido

identificado pelo menos 13 tipos de colágeno, os quais contribuem para a

manutenção da estrutura e integridade da parede vascular e representa importante

papel em vários eventos celulares incluindo adesão, migração e proliferação celular

(Plenz et al. 2003).

Na parede vascular de artérias normais, os colágenos do tipo I e III são

predominantes e estão organizados como estruturas fibrilares principalmente nas

camadas íntima, média e adventícia (Walker-Caprioglio et al., 1992), enquanto os

tipos IV e VIII estão localizados na membrana basal e ao redor das células

musculares lisas (Yurchenco, 1990). Em menor proporção também se encontra o

colágeno do tipo V, o qual participa na formação de heteropolímeros e seu papel

parece estar relacionado com a regulação do diâmetro das fibras colágenas

(Yurchenco, 1990). O colágeno tipo VI tem também um papel minoritário em vasos

sangüíneos e aparece nas artérias entre o colágeno do tipo I e III associado a

proteoglicanos, sua função parece estar relacionada com processos de adesão a

células vasculares (Bidanset et al., 1992).

O colágeno é uma proteína de sustentação por excelência. Em linhas gerais

pode-se afirmar que as fibras colágenas não se estiram, constituindo esta a principal

diferença em relação às fibras elásticas.

1.1.4.2. Elastina. A proteína fibrosa elastina é um componente importante da

matriz extracelular de artérias de resistência, embora nestes vasos sua proporção

em relação ao colágeno seja bastante menor comparada a vasos de condutância.

As fibras elásticas são estruturas complexas formadas por elastina associada

a glicoprotéinas hidrofílicas e enzimas responsáveis pelo entrecruzamento dos

peptídeos de elastina. Estas fibras estão organizadas como “lâminas” concêntricas

fenestradas ou lamelas que separam as diferentes camadas da parede vascular.

Uma fina lâmina de tecido elástico separa a camada íntima da camada média

(lâmina elástica interna) e outra a camada média da camada adventícia (lâmina

elástica externa). A lâmina elástica interna é uma estrutura organizada, formada por

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Introdução 31

fenestrações regularmente distribuídas, as quais permitem a passagem de nutrientes

e outras substâncias do sangue para a parede vascular, e em sentido inverso. Já a

lâmina elástica externa, ao contrário da interna, encontra-se fragmentada ou em

alguns casos ausente em pequenas artérias de resistência (Walker-Caprioglio et al.,

1992).

A principal fonte de elastina são as células musculares lisas (Martin et al.,

1992). Esta proteína é sintetizada a partir de uma molécula precursora chamada

tropoelastina (Parks & Deak, 1990) junto com uma proteína de 67 kDa associada à

superfície celular através de uma proteína de membrana específica (Hinek et al.,

1992). Esta proteína de 67 kDa possui sítios de ligação à lecitina que interage com

proteínas microfibrilares e ainda um domínio hidrofóbico que une seqüências

hidrofóbicas dentro do peptídeo de elastina.

Juntamente com o colágeno, a elastina constitui um fator importante para a

determinação das propriedades mecânicas e estruturais da parede vascular de

artérias de resistência, como demonstrado recentemente por Briones et al. (2003).

De acordo com a Lei de Poiseuille, a resistência vascular periférica varia

inversamente com a quarta potência do raio arterial. Dessa maneira, pequenas

mudanças do diâmetro luminar podem influenciar marcadamente a resistência

vascular periférica. O diâmetro luminar, por sua vez, é determinado pelas

propriedades passivas e ativas da parede arterial. As propriedades passivas podem

ser descritas pela relação pressão: diâmetro sob condições onde as células

musculares lisas estão completamente relaxadas. Já as propriedades ativas dos

vasos sangüíneos são determinadas pelo estado contrátil das células musculares

lisas, pelo seu número e organização. Assumindo um determinado grau de ativação

de uma célula muscular lisa, e que este produz um dado nível de força por área de

secção transversal, a pressão contra a qual um vaso pode contrair será (de acordo

com a Lei de Laplace) proporcional à relação parede: lúmen (ou mais corretamente à

relação média: lúmen) (Mulvany, 1984). A característica estrutural primária dos

vasos é dessa maneira determinada pelo diâmetro interno e pela espessura da

parede (ou da camada média), medidas sob condições de completo relaxamento das

células musculares lisas e sob uma dada pressão intravascular. De acordo com o

diâmetro e a espessura da parede, um outro parâmetro que pode ser medido é a

área de secção transversal; a medida deste parâmetro é importante uma vez que

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Introdução 32

indica a quantidade de material que compõe a parede vascular e dessa maneira

fornece informação sobre processos biológicos os quais determinam a estrutura

vascular, como crescimento ou regressão celular.

1.2. Alterações estruturais, mecânicas e funcionais da parede arterial na

hipertensão.

Está bem documentado na literatura que a hipertensão crônica cursa com

alterações da estrutura dos vasos de resistência (Schiffrin, 1992; Mulvany, 2002;

Mulvany, 2003), as quais têm sido denominadas de remodelamento vascular. Este

processo refere-se à capacidade da parede vascular reorganizar seus componentes

celulares e extracelulares em resposta a um estímulo crônico, como por exemplo, ao

aumento de fluxo sangüíneo ou ao aumento da pressão intraluminar (Gibbons &

Dzau, 1994). De acordo com Mulvany (1999) o remodelamento vascular pode ser

classificado como hipertrófico (quando há um aumento da quantidade de material da

parede arterial), hipotrófico (quando ocorre redução da quantidade de material) ou

eutrófico (quando há somente um rearranjo dos constituintes da parede vascular)

(ver Figura 2). Esse remodelamento pode ainda ser classificado como “para dentro”,

quando ocorre redução do diâmetro luminar, ou “para fora”, quando o diâmetro

luminar aumenta (Figura 2).

Na maioria dos modelos experimentais de hipertensão, assim como em

pacientes hipertensos, o diâmetro interno de pequenas artérias de resistência está

reduzido e a relação parede: lúmen está aumentada quando comparados ao seu

controle normotenso sob condições isobáricas (Schiffrin, 1992; Intengan et al.

1999a; Mulvany, 2002; Briones et al., 2003; Schiffrin & Touyz, 2004). Essas

alterações podem ser conseqüência de um dos seguintes eventos: estreitamento do

lúmen em decorrência de um prejuízo do processo de remodelamento; aumento da

camada média muscular sem alterações do diâmetro luminar ou diminuição do

diâmetro externo do vaso, levando a um redução do lúmen (Heagerty et al., 1993).

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Introdução 33

RemodelamentoHipertrófico

Area Sec. Transv.

RemodelamentoEutrófico

= Area Sec. Transv.

RemodelamentoHipotrófico

Area Sec. Transv.

Fora DentroRemodelamento

HipertróficoArea Sec. Transv.

RemodelamentoEutrófico

= Area Sec. Transv.

RemodelamentoHipotrófico

Area Sec. Transv.

Fora Dentro

Figura 2. A figura mostra a forma pela qual o remodelamento pode modificar a área de secção

transversal dos vasos sanguíneos. O vaso considerado como normal está representado no centro da

figura. O remodelamento pode ser hipertrófico (i.e. com aumento da área de secção transversal,

vasos representados na parte de cima da figura, direita e esquerda), hipotrófico (com redução da área

de secção transversal, vasos representados na parte central da figura, direita e esquerda) ou eutrófico

(sem mudanças na área de secção transversal, vasos representados na parte inferior da figura, direita

e esquerda). Essa forma de remodelamento pode ser para dentro (com redução do diâmetro luminar,

à direita na figura) ou para fora (com aumento do diâmetro luminar, à esquerda na figura). Modificado

de Mulvany, 1999.

Em artérias de resistência de pacientes com hipertensão essencial, assim

como de alguns modelos animais de hipertensão arterial, não tem sido evidenciado

sinais de hipertrofia ou hiperplasia da camada média muscular (Korsgard et al.,

1993; Intengan et al. 1999a; Briones et al., 2003). As células musculares lisas

parecem rearranjar-se em volta de um lúmen arterial reduzido, e isso é

acompanhado por uma deposição aumentada de matriz extracelular (Intengan et al.

1999a,b; Intengan & Schiffrin, 2000; Briones et al., 2003). Essa forma de

remodelamento é conhecida como remodelamento eutrófico para dentro, ou seja,

sem mudanças na quantidade de material da parede vascular (Mulvany, 1999).

Algumas hipóteses têm sido propostas para explicar este processo. Uma delas

postula que a não-alteração do volume da camada média pode envolver uma

combinação de dois processos celulares: a apoptose e o crescimento. O primeiro

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Introdução 34

teria lugar na parte externa da artéria, com redução do diâmetro externo, enquanto

que processos de crescimento se localizariam na parte interna diminuindo assim o

diâmetro luminar (Intengan & Schiffrin, 2000).

O remodelamento eutrófico predomina em artérias de resistência de modelos

experimentais, nos quais o sistema renina-angiotensina parece está mais ativado,

como: os ratos espontaneamente hipertensos (SHR) (Mulvany & Halpern, 1977;

Mulvany et al., 1978; Mulvany & Korsgaard, 1983) e Dois Rins Um Clipe (Li et al.,

1996). Em humanos o remodelamento eutrófico é encontrado na maioria dos

pacientes hipertensos (Aalkjaer et al, 1987; Schiffrin et al., 1993; Rosei et al., 1995).

Já o remodelamento hipertrófico predomina em modelos animais com hipertensão

severa, nos quais o sistema endotelina está mais ativado, como: o modelo DOCA-

Sal (Deng & Schiffrin, 1992), o modelo Um-Rim Um-Clipe (Korsgaard & Mulvany,

1988; Deng & Schiffrin, 1991.) e o modelo Dahl-Sal sensível (D’Uscio et al., 1997).

Crescimento, apoptose, inflamação e fibrose são eventos que parecem contribuir

para o remodelamento vascular na hipertensão, onde vários fatores, como o sistema

renina-angiotensina e a endotelina-1 parecem exercer um importante papel

(Gibbons, 1998; Integan & Schiffrin, 2001).

Tem sido proposto que na hipertensão arterial, a reestruturação da parede

vascular deve-se a alterações sobre os componentes da matriz extracelular e seus

correspondentes receptores de adesão. As interações entre as células musculares

lisas e as proteínas da matriz extracelular se modificam quantitativa ou

topograficamente ocasionando uma redistribuição dos componentes da parede

vascular. Intengan et al. (1999) demonstraram, em artérias mesentéricas de ratos

espontaneamente hipertensos, que a expressão das integrinas αvβ3 e α5β1 junto

com o conteúdo de colágeno estavam aumentados e que ambos os parâmetros se

normalizavam com inibidores do sistema renina-angiotensina. Por outro lado, em

grandes artérias também tem sido descritas alterações no conteúdo (Keeley &

Alatawi, 1991) e organização (Boumaza et al., 2002) da elastina, as quais parecem

contribuir para as alterações da estrutura vascular em artérias de condutância

durante a hipertensão arterial.

Até pouco tempo atrás havia pouco enfoque sobre o papel desempenhado

pela elastina na determinação das propriedades estruturais e mecânicas de vasos

de resistência, assim como a sua contribuição para as alterações estruturais

decorrentes da hipertensão arterial. Entretanto, recentemente Briones et al. (2003)

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Introdução 35

descreveram que em artérias mesentéricas de resistência de ratos, a elastina

desempenha um papel crucial sobre as propriedades mecânicas e estruturais destas

artérias. Estes autores demonstraram que a elastina é um elemento importante na

determinação do diâmetro luminar, da relação parede: lúmen e das propriedades

mecânicas de artérias mesentéricas de rato, e que as alterações destes parâmetros

durante a hipertensão arterial parecem resultar, de maneira significativa, em

mudanças na organização da elastina na parede arterial (Briones et al., 2003). Nas

artérias de resistência de ratos espontaneamente hipertensos Briones et al. (2003)

demonstraram um aumento da quantidade relativa de elastina na lâmina elástica

interna da parede vascular associado a uma diminuição do tamanho das fenestras.

O remodelamento vascular na hipertensão também está associado com

alterações das propriedades mecânicas das artérias de resistência, as quais também

podem influenciar a relação pressão: diâmetro e assim a resistência ao fluxo

sangüíneo (Hadju et al., 1994). Rigidez, distensibilidade e complacência são termos

que têm sido utilizados para quantificar as propriedades elásticas das artérias (O’

Rourke, 1995). A complacência é a capacidade de o vaso distender-se frente a

aumentos da pressão intraluminar; depende da geometria e da rigidez dos

componentes da parede arterial. Uma diminuição do diâmetro luminar resultante

principalmente do remodelamento vascular pode reduzir a complacência vascular.

Entretanto, esta complacência pode ser normalizada pela redução da rigidez dos

componentes da parede arterial (Intengan et al., 1999b). Já o módulo elástico é

independente da geometria e depende basicamente da rigidez dos componentes da

parede vascular. Assim, a elasticidade arterial é determinada pela combinação do

módulo elástico dos componentes da parede vascular como: tecido conectivo,

elastina, fibras colágenas, células musculares lisas e endoteliais.

Muitos estudos utilizando artérias isoladas de animais hipertensos assim

como de pacientes com hipertensão essencial demonstraram que a distensibilidade

arterial apresenta-se reduzida quando comparada ao seu controle normotenso

(Laurant et al., 1997; Intengan et al. 1999; Intengan & Schiffrin, 2000; Briones et al.,

2003). De acordo com evidências experimentais, essa maior rigidez arterial tem sido

atribuída principalmente a alterações do conteúdo e/ ou organização dos

componentes da matriz extracelular. Na hipertensão, aumentos do conteúdo de

elementos fibrosos da matriz extracelular, como colágeno e elastina (Intengan et al.,

1999a; Intengan & Schiffrin, 2001; Briones et al. 2003), além de aumento na

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Introdução 36

expressão de moléculas de adesão (Intengan et al., 1999a; Intengan & Schiffrin,

2000) têm sido demonstrados. Entretanto, é importante mencionar que nem sempre

as alterações vasculares estruturais decorrentes da hipertensão arterial podem ser

explicadas por alterações das propriedades mecânicas da parede arterial (Gribbin et

al., 1979). Em pequenas artérias cerebrais de animais hipertensos, Baumbach &

Hadju (1993) demonstraram que as propriedades mecânicas destas artérias não

estão alteradas em mesma magnitude quando comparadas a outros leitos

vasculares de animais hipertensos. Além disso, também tem sido demonstrado que

a rigidez arterial apresenta-se reduzida em alguns leitos vasculares de animais e de

pacientes com hipertensão arterial, apesar de nestas artérias terem sido observados

redução do lúmen arterial, aumento na espessura da parede vascular e da relação

parede: lúmen ou aumento da relação colágeno: elastina (Hadju & Baumbach, 1994;

Intengan et al., 1999b; Bund et al., 2001).

Além das alterações estruturais e mecânicas da parede arterial, as alterações

funcionais também contribuem para o aumento da resistência vascular periférica na

hipertensão. Basicamente estas alterações consistem em uma vasoconstrição

aumentada, onde o endotélio vascular desempenha um papel fundamental.

Atualmente é bem conhecido o papel principal que representam as células

endoteliais na regulação de muitas funções vasculares (Rubanyi, 1993, Hailler,

1997). O endotélio regula o tônus, o crescimento e a apoptose das células

musculares lisas, a agregação plaquetária e a adesão de leucócitos à parede

vascular (Kubes et al., 1991; Moncada et al., 1991; Rubanyi, 1993; Hailler, 1997).

Estas funções são realizadas graças às ações combinadas de fatores liberados por

estas células como, o óxido nítrico (NO) (Furchgott & Zawadzki, 1980; Palmer et al.,

1987), a prostaciclina (PGI2) (Moncada et al., 1977), o fator hiperpolarizante derivado

do endotélio (EDHF) (Félétou & Vanhoutte, 1988; Taylor & Weston, 1988), a

endotelina-1 (ET-1) (Yanagisawa et al., 1988), o tromboxano A2 (TxA2) (Vanhoutte,

1993), os diversos fatores de crescimento (PDGF, fator de crescimento derivado de

plaquetas; VEGF, fator de crescimento endotelial VEGF; fatores transformadores do

crescimento, TGF, etc.), as moléculas de adesão leucocitária (VCAM-1, molécula de

adesão de células vasculares; ICAM-1, molécula de adesão intercelular e selectinas

E e P), dentre outros. Na presença de fatores de risco cardiovascular como o

diabetes, a hiperlipidemia, o tabagismo e a hipertensão arterial, o equilíbrio

hemodinâmico e/ ou humoral do endotélio se modifica, alterando o padrão fisiológico

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Introdução 37

de produção dos diversos fatores endoteliais. Sob estas circunstâncias se produz um

desequilíbrio entre os diferentes fatores endoteliais e estas células deixam de

exercer um papel homeostático e passam a contribuir para as alterações

cardiovasculares associadas a doenças com fatores de risco cardiovascular, como a

diabetes mellitus, a aterosclerose e a hipertensão arterial. Este processo, chamado

de disfunção endotelial, se caracteriza pela redução de fatores vasodilatadores e

predominância da liberação de fatores vasoconstritores, fatores de crescimento,

tendência à agregação plaquetária, maior adesão de leucócitos e desenvolvimento

de trombose (Mombouli & Vanhoutte, 1999).

Inúmeros estudos, tanto em humanos com em animais experimentais, têm

demonstrado a existência de disfunção endotelial na hipertensão, a qual tem sido

evidenciada habitualmente através de alterações no relaxamento dependente do

endotélio induzido por agonistas como a acetilcolina e a bradicinina (Lüscher et al.,

1987; Angus & Cocks, 1989; Panza et al. 1995; Taddei et al., 1997; Briones et al.,

1999). Entretanto, a disfunção endotelial não se resume apenas a um prejuízo da

resposta vasodilatadora dependente do endotélio que sugere uma menor produção

e/ ou biodisponibilidade do óxido nítrico, da prostaciclina ou do fator hiperpolarizante

derivado do endotélio. Vários estudos têm demonstrado que na hipertensão, o

endotélio com disfunção produz maiores quantidades de angiotensina II (Leite &

Salgado, 1992; Shiota et al., 1992), prostaglandina H2 (PGH2), tromboxano A2

(Lüscher & Vanhoutte, 1986; Taddei et al., 1997) e também de endotelina-1 (Schiffrin

& Thibault,1991). Estes fatores não possuem apenas ação vasoconstritora, mas

também participam de processos de crescimento e proliferação celular e da

agregação plaquetária. Além disso, a hipertensão também cursa com aumento dos

fatores de crescimento para as células musculares lisas, aumento da síntese de

proteínas da matriz extracelular, sendo em grande extensão responsável pelo

remodelamento vascular em portadores de hipertensão (Intengan et al., 1999;

Intengan & Schiffrin, 2000, 2001). Tanto na hipertensão arterial como em outras

doenças cardiovasculares, há aumento do estresse oxidativo, caracterizado por

aumento de espécies reativas de oxigênio como os ânions superóxido (·O2-), os

radicais hidroxil (OH·), o peroxinitrito (ONOO-), dentre outros, associado com

redução das defesas antioxidantes (Suzuki et al., 1995; Hamilton et al., 2001; Wu et

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Introdução 38

al., 2001). O ânion superóxido reage com o óxido nítrico formando o peroxinitrito que

tem alta capacidade oxidativa (Beckman et al., 1990; Goldstein & Czapski, 1995).

As espécies reativas de oxigênio, a angiotensina II, a endotelina-1, o estresse

de cisalhamento ativam vários fatores de transcrição, como o Nf-κB e o AP-1, que

por sua vez promovem a expressão de moléculas proinflamatórias pelo endotélio

(MCP-1, molécula quimiotática para monócitos; VCAM; ICAM e citocinas). Estas são

responsáveis por processos inflamatórios, lesão celular e adesão de monócitos e

granulócitos às células endoteliais, facilitando sua migração para o espaço

subintimal. Diante disso, considera-se atualmente que a disfunção endotelial medeia

o processo de aceleração aterosclerótica que pode se manifestar durante a

hipertensão. Diante do exposto até aqui, considera-se que a disfunção endotelial é

um dos principais responsáveis pelos processos de lesão cardiovasculares presente

na hipertensão. Na maioria destes processos, o sistema renina-angiotensina, através

de seu principal constituinte, a angiotensina II, parece exercer um importante papel,

uma vez que esta além de ser um potente vasoconstritor, possui ação proliferativa,

indutora do crescimento celular, pro-fibrótica, pró-oxidativa e pró-inflamatória. Além

disso, na hipertensão arterial seus níveis de produção parecem estar aumentados

em muitos tecidos.

1.3. Sistema renina-angiotensina

A angiotensina II constitui o principal peptídeo do sistema renina-angiotensina.

Sua ação local e sistêmica como agente vasoconstritor tem sido amplamente

estudada. Entretanto, nos últimos anos, tem-se descoberto outras ações deste

peptídeo, que o conduzem a um posto de protagonista nos processos de lesão

cardiovascular (Figura 3).

A síntese da angiotensina II foi inicialmente descrita como fazendo parte de

uma seqüência de reações bioquímicas envolvendo diversos órgãos (Kifor & Dzau,

1987). O angiotensinogênio hepático, seu precursor, sob a ação enzimática da

renina produzida pelos rins é convertido em angiotensina I, que por sua vez origina a

angiotensina II, sob a ação da enzima conversora de angiotensina (ECA). O sistema

renina-angiotensina foi originalmente descrito como um sistema circulatório,

entretanto, a maioria de seus componentes está localizada em vários tecidos do

organismo, indicando a existência de um sistema renina-angiotensina local ou

tecidual (Dzau, 1989; Danser, 1996). A ECA pode ser encontrada no plasma, no

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Introdução 39

interstício e no interior das células. A ECA tecidual está presente na maioria dos

órgãos como, coração, cérebro, vasos sanguíneos, rins, fígado, etc. (Hollenberg,

1998).

Todos os componentes do sistema renina-angiotensina, exceto a renina,

foram identificados no sistema vascular. A ECA pode ser encontrada na adventícia,

assim como nas células musculares lisas e endoteliais (Dzau, 1989). A expressão do

angiotensinogênio foi detectada em células musculares lisas, no endotélio e na

gordura perivascular (Naftilan et al., 1991; Morgan et al., 1996). Desde que a renina

não é produzida na parede vascular, a formação local de angiotensina II no

interstício é regulada pela ECA tecidual, a qual provavelmente dependente da

atividade da renina circulante.

Os efeitos celulares da angiotensina II se dão através da sua interação com

receptores específicos da membrana, principalmente o AT1 e o AT2 (De Gasparo et

al., 1995). Os receptores AT1 pertencem à família de receptores acoplados a

proteína G, que apresentam sete domínios transmenbranais, localizando-se a região

C-terminal na fase citoplasmática e a região N-terminal glicosilado na face

extracelular. Estes são encontrados em praticamente todos os tecidos e órgãos do

organismo. Dentre aqueles envolvidos em funções regulatórias do sistema

cardiovascular podem-se citar as glândulas supra-renais, o cérebro, os rins, o

músculo liso vascular e o coração (De Gasparo et al., 1995; Touyz & Schiffrin, 2000).

Os receptores AT2 também apresentam sete domínios transmembranais, mas não

são acoplados a proteínas G. Estes receptores predominam em tecidos fetais

exercendo um papel importante no crescimento e desenvolvimento; em adultos se

localizam nas glândulas adrenais, cérebro, útero e células endoteliais (Iwai &

Inagami, 1992; Dzau, 2001a, b). A ativação dos receptores vasculares para a

angiotensina II produz respostas diferenciadas, em função do tipo de receptor.

Via receptor AT1 a angiotensina II promove vasoconstrição, aumento da

resistência vascular periférica e da pressão arterial. Esta ação hipertensora da

angiotensina II se deve ao seu efeito contrátil sobre a musculatura lisa vascular,

assim como ao seu efeito estimulatório sobre a liberação de aldosterona, de

endotelina-1 e de vasopressina ou ainda devido ao aumento da atividade do sistema

nervoso simpático. Através dos receptores AT1 a angiotensina ainda é capaz de

promover aumento da produção de radicais livres, crescimento e migração celular,

produção de proteínas da matriz extracelular e inflamação (Allen et al., 2000).

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Introdução 40

Estudos recentes têm demonstrado que a angiotensina II é um potente agente

pró-inflamatório, uma vez que é capaz de modular algumas respostas do sistema

imunológico, tais como: a quimiotaxia, a proliferação e adesão celular e a

diferenciação de monócitos em macrófagos (Ruiz-Ortega et al. 2001; Suematzu et

al., 2002). Ultimamente têm crescido o inúmero de evidências experimentais

apontando a participação de mecanismos inflamatórios na patogênese de doenças

cardiovasculares como a aterosclerose e a hipertensão arterial (Ross, 1999; Vila &

Salaices, 2005). A angiotensina II está envolvida nestes processos através do seu

papel estimulatório sobre a liberação de vários mediadores inflamatórios, como,

moléculas de adesão celular, quimiocinas e citocinas inflamatórias. A angiotensina II

induz a adesão e migração de monócitos e neutrófilos na parede vascular através da

produção de moléculas de adesão celular como: selectinas, ICAM-1 e VCAM-1

(Intengan et al., 1999a; Pueyo et al., 2000) e de moléculas quimiotáticas como MCP-

1 (Chen et al. 1998).

A angiotensina II é considerada também um potente indutor de stress

oxidativo, o qual é considerado um dos mais importantes fatores envolvidos nos

processos de lesão cardiovascular. Esta ação pró-oxidante da angiotensina II se

deve a sua ação estimulatória sobre a produção de espécies reativas de oxigênio,

principalmente ânions superóxido, mediada através da indução da enzima NADPH

oxidase, a qual representa uma das principais fontes produtoras de radicais livres no

sistema cardiovascular (Griedling et al. 1994; Touyz & Schinffrin, 1999, 2000). Os

ânions superóxido produzem degradação do óxido nítrico e inibem a vasodilatação

dependente do endotélio, facilitando o aparecimento de disfunção endotelial.

Tem sido ainda demonstrado que o sistema renina-angiotensina, através de

seu principal componente, a angiotensina II, participa do processo de

remodelamento cardiovascular presente em doenças como a hipertensão arterial, a

insuficiência cardíaca e a aterosclerose (Touyz & Schinffrin, 2000; Schiffrin & Touyz,

2004). Sobre o sistema vascular a angiotensina II estimula a síntese de proteínas e

de DNA, promove hipertrofia e hiperplasia de células musculares lisas e de

fibroblastos, aumenta a espessura da parede vascular e diminui o diâmetro interno

vascular (Touyz et al., 1999). Fazem parte desses efeitos tróficos da angiotensina II,

a ativação da tirosina quinase e a ativação de uma série de protoncogenes (c-fos, c-

myc, myb, jun, jun-β, egr-1) envolvidos no controle do crescimento celular

(Timmermans et al. 1993; Touyz & Schinffrin, 2000). Várias ações da Angiotensina II

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Introdução 41

são também mediadas por fatores de crescimento. O Fator de crescimento do

fibroblasto (FGF), o fator transformante do crescimento β-1 (TGF β-1), o fator de

crescimento derivado de plaqueta (PGF), o fator de crescimento endotelial (VEGF) e

o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF) têm sua atividade aumentada

pela angiotensina II (Naftilan et al., 1989; Fukuda et al., 1995; Touyz & Schiffrin,

2000; Zhao et al. 2004). Estes fatores têm importantes repercussões sobre

crescimento celular e dessa maneira o aumento de sua atividade representa um

importante mecanismo envolvido no processo de remodelamento vascular. Além de

seu efeito estimulatório sobre fatores de crescimento, a angiotensina II estimula

ainda a produção de matriz extracelular com aumento da deposição de colágeno,

fibronectina e laminina (Intengan et al., 1999a; Varo et al., 2000).

Angiotensina II

ICAM-1VCAM-1MCP-1

NADH/NADPHOxidase

O2- NO ONOO-

Angiotensina II +

+

+ET-1

+

+ET-1

++

ContraçãoCrescimento

ETAAT1

Monócito

Migração ++

+

MatrizExtracelular

Endotélio

CélulasMusculares

Lisas

Angiotensina II

ICAM-1VCAM-1MCP-1

NADH/NADPHOxidase

O2- NO ONOO-

Angiotensina II ++

++

++ET-1

++

++ET-1

++++

ContraçãoCrescimento

ETAAT1

Monócito

Migração ++++

++

MatrizExtracelular

Endotélio

CélulasMusculares

Lisas

Figura 3. Ações da angiotensina II sobre a parede vascular levando ao aumento da produção de

espécies reativas de oxigênio (anions superóxido, O2-, e peroxinitrito, ONOO-), liberação de

endotelina-1 (ET-1) crescimento e migração das células musculares lisas, aumento da expressão de

moléculas de adesão, aumento da contração, disfunção endotelial e inflamação. MCP-1, molécula

quimiotática para monócitos; AT1, receptor a angiotensina II; ETA, receptor para a ET-1; NO, óxido

nítrico. Modificado de Touyz & Schiffrin, 2000.

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Introdução 42

A ação da angiotensina II sobre os receptores AT2 induz vasodilatação,

inibição do crescimento e da proliferação celular (Siragy, 2000). Os efeitos

vasodilatador e antiproliferativo induzidos pela ativação de receptores AT2 parecem

ser mediados pela estimulação da liberação endotelial de bradicinina, de óxido

nítrico e de prostaglandinas (PGI2 e PGE2), os quais apresentam propriedades

vasodilatadoras e antiproliferativas (Siragy, 2000).

Além da angiotensina II ser indiscutivelmente a substância ativa mais

importante do sistema renina-angiotensina, seus metabólitos, tais como a

angiotensina 1-7, a angiotensina III e a angiotensina IV, também possuem atividade

biológica. A angiotensina 1-7 apresenta efeitos opostos aos da angiotensina II,

atuando com um agente vasodilatador e inibidor do crescimento celular (Ardaillou &

Chansel, 1997). Dentre estes peptídeos, a angiotensina III parece ser um dos mais

importantes, porque compartilha muita das funções fisiológicas com a angiotensina II

sobre o sistema cardiovascular e sobre o sistema nervoso central, incluindo

respostas pressoras, liberação de vasopressina, potencialização da atividade

simpática e indução da secreção de aldosterona, além do efeito vasoconstritor

similar ao da angiotensina II (Ardaillou & Chansel, 1997). A angiotensina III também

apresenta propriedades pró-inflamatórias. Em células mononucleadas, a

angiotensina III regula a produção de MCP-1 e ativa a transcrição do fator nuclear

κB (NF-κB) e do gene AP-1, os quais parecem comportar como mediares dos efeitos

pró-inflamatórios deste peptídeo (Ruiz-Ortega et al., 2000). Em algumas situações

patológicas, como hipertensão arterial e diabetes mellitus, a aminopeptidase A renal,

a enzima que degrada a angiotensina II em angiotensina III está aumentada (Ruiz-

Ortega et al., 2001b). Em células mesangiais, a angiotensina III induz a expressão

de genes relacionados com crescimento celular, fibrose e respostas inflamatórias

(Ruiz-Ortega et al. 1998), o que sugere que este peptídeo pode contribuir para a

progressão de doenças associadas a estes eventos, como por exemplo, as doenças

cardiovasculares. A angiotensina IV é outro importante peptídeo originado a partir da

angiotensina II com potencial papel sobre a fisiopatologia vascular. Em placas

ateroscleróticas, a expressão do receptor AT4, encontra-se aumentada (Moeller et

al., 1999) e a angiotensina IV aumenta a proliferação celular (Pawlikowski & Kunert-

Radek, 1997); além disso, em células musculares lisas vasculares, a angiotensina IV

ativa a expressão do NF-κB (Esteban, et al., 2005).

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Introdução 43

Na hipertensão arterial, além do processo de remodelamento vascular e da

disfunção endotelial, outras alterações vasculares parecem contribuir para o

aumento na resistência vascular periférica como: o aumento da contração do

músculo liso vascular e da sensibilidade a agentes vasoconstritores, o aumento do

tônus miogênico, o aumento da permeabilidade da membrana aos íons sódio e

cálcio, as modificações na atividade da Ca2+-ATPase da membrana plasmática e do

retículo sarcoplasmático, as modificações de atividade do trocador Na+/Ca2+, assim

como as modificações na atividade e expressão da Na+K+-ATPase (Folkow, 1982;

Konishi & Su, 1983; Bohr & Webb, 1984; Lüscher & Vanhoutte, 1986; Blaustein,

1993; Marín, 1993). Esta última é um componente importante para a manutenção do

tônus vascular, e o comprometimento de sua atividade com a hipertensão pode estar

associada a alterações vasculares do processo hipertensivo (Webb & Bhor, 1979;

Blaustein, 1993; Marín & Redondo, 1999).

1.4. A Na+K+-ATPase A Na+K+-ATPase ou bomba de sódio é uma proteína integral de membrana,

encontrada na maioria das células eucarióticas, inclusive nas células musculares

lisas vasculares. A bomba de sódio é formada por três subunidades distintas assim

denominadas: α , com 113 kDa; β, com 55 kDa; e γ, com aproximadamente 14kDa

(Sweadner, 1989; Blanco & Mercer, 1998). A subunidade α é responsável pela

atividade catalítica e possui sítios de ligação para o ATP e para os compostos

digitálicos, dentre eles a ouabaína e a digoxina (Herrera et al., 1988; Horisberger et

al., 1991; Jewell et al., 1992; Gick et al., 1993). Esta subunidade é composta de 6-7

domínios transmembranais e pode ser encontrada sob quatro isoformas distintas: α1,

α2 α3, e α4, cuja localização varia de tecido para tecido. Estas isoformas diferem

pouco quanto ao seu peso molecular, mas são significativamente diferentes em

relação à sensibilidade pelos compostos digitálicos (Blanco & Mercer, 1998). No

músculo liso vascular, foram identificadas as três primeiras isoformas, α1, α2 e α3

(Sahin-Erdemli et al., 1994). Destas três isoformas, a que apresenta maior

sensibilidade aos compostos digitálicos é a α3, seguida pela α2 e por último a menos

sensível, a isoforma α1 (Blanco & Mercer, 1998). A subunidade β é formada por

apenas um domínio transmembranal, é altamente glicosilada, podendo ser

encontrada nas células sob três isoformas distintas: β1, β2 e β3. A função exercida

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Introdução 44

por essa subunidade não é completamente conhecida, mas acredita-se que ela

participa do processo de maturação da enzima, assim como da sua fixação na

membrana. Já a subunidade γ foi a última a ser descoberta e não se sabe ao certo

qual a sua importância para a atividade da bomba de sódio (Mercer et al., 1993;

Blanco & Mercer, 1998).

A Na+K+-ATPase tem como função principal a manutenção do equilíbrio iônico

transmembranal e dessa maneira participa da regulação do potencial de membrana

da célula (Kaplan, 1985; Vassalle, 1987; Allen et al., 1989; Apell, 1989). Esta enzima

transporta 2 íons potássio (K+) extracelulares em troca de 3 íons sódio (Na+)

intracelulares a partir da energia liberada da hidrólise de 1 mol de ATP. Dessa forma,

a Na+K+-ATPase participa da manutenção da diferença de potencial

transmembranal, sendo assim, eletrogênica. A Na+K+-ATPase está envolvida ainda

em outros processos celulares, como crescimento, diferenciação, bem como na

contração do músculo liso e cardíaco (Marín, 1993).

No músculo liso vascular, a Na+K+-ATPase possui papel essencial na

manutenção do tônus (Webb & Bohr, 1978; Van Breemen et al., 1979; Haddy, 1983;

Vassalle, 1987). A inibição dessa enzima, seja por glicosídeos digitálicos, como a

ouabaína, ou por solução livre de K+, produz aumento do tônus em vários leitos

vasculares (Toda, 1980; Wallick et al., 1982; Marín et al., 1988; Sato & Aoki, 1988).

Os mecanismos envolvidos nesta resposta incluem: 1) despolarização e abertura de

canais para Ca2+ dependentes de voltagem (Fleming, 1980; Vassalle, 1987) e

acúmulo intracelular de Ca2+ através da redução da atividade do trocador Na+-Ca2+

(Ozaki et al., 1978; Casteels et al., 1985; Marín et al., 1991; Fernández-Alfonso et

al., 1992; Blaustein, 1993); 2) liberação de noradrenalina das terminações nervosas,

decorrente da inibição da Na+K+-ATPase (Karaki & Urakawa, 1977; Rodríguez-

Mañas et al., 1994). A existência e/ ou a predominância desses dois mecanismos

sobre tônus vascular depende tanto da espécie animal como do leito vascular

estudado.

A atividade da Na+K+-ATPase no músculo liso vascular é significativamente

modulada por substâncias vasoativas derivadas do endotélio (Marín & Redondo,

1999), dentre elas o óxido nítrico que é um estimulante da sua atividade. Além do

mais, já é sabido que parte dos efeitos do óxido nítrico sobre a musculatura lisa

vascular são atribuídos à estimulação desta enzima (Gupta et al., 1994; Gupta et al.,

1996). O endotélio é capaz ainda de liberar outras substâncias que estimulam a

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Introdução 45

atividade da Na+K+-ATPase, como angiotensina II, endotelina-1 e prostaciclina

(Marín & Redondo, 1999). Outros fatores capazes de modular a atividade da bomba

de sódio incluem: a concentração de sódio intracelular, o estiramento (Liu et al.,

1998; Liu & Songu-Mize, 1998), a fosforilação por proteínas cinases e a insulina

(Gupta et al., 1996).

Sabendo-se que a homeostasia celular do Na+ e do potencial de membrana

são fatores essenciais para o controle do tônus vascular e da pressão arterial, e que

estas duas variáveis são por sua vez controladas pela atividade da Na+K+-ATPase,

alguns trabalhos têm sugerido que alterações na atividade e/ ou expressão bomba

de sódio podem ser fatores envolvidos na gênese e/ ou manutenção da hipertensão

arterial (Pamnani et al., 1981; Songu-Mize et al., 1984; Blaustein, 1993; Marín &

Redondo, 1999).

1.5. Substância endógena inibidora da Na+K+-ATPase e sua importância

para o processo hipertensivo Desde o inicio da década de sessenta quando de Wardener et al. (1961)

demonstraram a presença de um hormônio natriurético circulante após a expansão

aguda de volume, que participaria da regulação da excreção renal de sódio, muito foi

feito com o intuito de identificar este fator e de investigar a sua importância

fisiológica. Oito anos depois, Kramer et al. (1969) sugeriram que este hormônio era

um inibidor da Na+K+-ATPase e mais tarde em 1980, Gruber et al. demonstraram

que este hormônio possuía reação cruzada com anticorpos anti-digoxina, razão pela

qual passou a ser chamado de fator digitalis-like. Antes em 1976 Haddy & Overbeck

já sugeriam que esta substância inibidora da Na+K+-ATPase participava da gênese

de modelos de hipertensão dependente de volume. Entretanto, foi em 1981 que

Poston et al. e depois Hamlyn et al. em 1982, demonstraram a existência deste fator

digitalis-like no plasma de pacientes com hipertensão essencial, começando desde

então a ser demonstrada uma correlação entre os níveis plasmáticos desta

substância com a ingestão de sódio e os níveis pressóricos destes pacientes

(Hamlyn et al., 1982; Hasegawa et al., 1987). Porém a natureza química deste fator

até então era desconhecida. Foi em 1991 que Ludens et al. purificaram no plasma

de humanos o fator digitalis-like e, nesse mesmo ano, trabalhos do grupo liderado

pelo Dr. Hamlyn demonstraram que a ouabaína e o fator digitalis-like purificado

possuíam características bioquímicas, físico-químicas, imunológicas e fisiológicas

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Introdução 46

muito semelhantes, razão pela qual passou a ser conhecido como fator ouabain-like

(Mathews et al. 1991; Bova et al., 1991).

Em mamíferos, a ouabaína está presente em concentrações nanomolares,

cuja produção concentra-se no córtex da glândula supra-renal (Lundens et al., 1992;

Laredo et al., 1994), no hipotálamo (de Wardener & Clarson, 1985) e na região

anteroventral do terceiro ventrículo (AV3V) (Pamnani et al., 1981; Songu-Mize et al.,

1982). Sua produção pode ser estimulada pelo aumento da concentração plasmática

de sódio e pela expansão de volume extracelular (de Wardener et al., 1961;

Blaustein, 1993; Yamada et al., 1997). Entretanto, outros estímulos como o ACTH e

a angiotensina II também têm sido identificados como indutores da liberação deste

composto digitálico (Laredo et al., 1997).

Em humanos, algumas doenças cursam com um aumento dos níveis

plasmáticos de ouabaína como: a hipertensão essencial (Hamlyn et al., 1982), a

insuficiência cardíaca congestiva (Gottlieb et al., 1992), a insuficiência renal crônica

(Hamlyn et al., 1996), o infarto agudo do miocárdio (Bagrov et al., 1994), entre

outras. Existem trabalhos demonstrando que a ouabaína pode aumentar o tônus

simpático (Huang, et al., 1994; Huang & Leenen, 1999), aumentar a resistência

vascular periférica (D´Amico et al. 2003), ou ainda sensibilizar o leito vascular

aumentando sua responsividade às substâncias vasopressoras (Songu-Mize et al.,

1995; Vassallo et al., 1997; Rossoni et al. 1999, 2001). Diante disso, a ouabaína

pode contribuir para a patogênese da hipertensão arterial. Estes efeitos da ouabaína

são explicados pela sua capacidade de se ligar na subunidade α da Na+K+-ATPase

inibindo a atividade desta enzima (Skou & Esmann, 1992; Lingrel, 1992).

Assim como em humanos com hipertensão essencial, alguns modelos

animais de hipertensão arterial também apresentam níveis elevados de ouabaína

endógena como: o Ligadura em 8, o Dahl-sal sensível e o modelo Doca-Sal (Kojima,

1984; Leenen et al., 1994, Yamada et al., 1997; Yuan et al., 2000). Uma possível

explicação para a contribuição da ouabaína na gênese e/ ou manutenção do

processo hipertensivo nestes modelos deve-se à sua ação sobre o sistema nervoso

central. Essa hipótese tem sido comprovada através de algumas evidências

experimentais, como por exemplo: a de que a lesão da região AV3V em ratos Doca-

sal reduz a pressão arterial e melhora a atividade da bomba de sódio (Songu-Mize et

al., 1982). Ainda, em outros modelos, como o Um-Rim Um-Clipe e os ratos

espontaneamente hipertensos, a administração intracerebroventricular de anticorpos

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Introdução 47

antiouabaína também reduz a pressão arterial (Huang & Leenen, 1996; Yuan et al.,

2000). Huang et al. (1992) e Huang & Leenen (1994, 1996a) demonstraram que o

sódio é capaz de induzir liberação da ouabaína no sistema nervoso central. Um vez

liberada, a ouabaína ativa o sistema renina-angiotensina cerebral, e este, por sua

vez, é responsável pela diminuição do componente simpático inibitório e pelo

aumento do simpático excitatório, o que acarreta uma exacerbação da hipertensão

em animais espontaneamente hipertensos e Dahl-Sal sensíveis, submetidos a uma

alta ingestão de sódio (Huang & Leenen, 1996a,b)

Sabendo-se que a ouabaína é um inibidor da Na+K+-ATPase, e que esta por

sua vez modula significativamente o tônus vascular, uma outra hipótese para as

ações hipertensoras da ouabaína foi formulada. Esta hipótese baseia-se nos efeitos

vasculares deste composto digitálico, que poderiam contribuir para o aumento da

resistência vascular periférica e dessa forma para o processo hipertensivo. Esta

ação da ouabaína foi caracterizada de acordo com as evidências experimentais que

se seguem.

A administração de doses terapêuticas de ouabaína no antebraço de

pacientes normotensos e em cães anestesiados aumenta a resistência vascular e a

pressão arterial por uma ação direta no músculo liso vascular sem alteração da

freqüência ou do débito cardíaco (Ross Jr et al., 1960). Em 1988, Marín et al.

demonstraram que a ouabaína induz contração em artérias cerebrais de rato e que

esta resposta devia-se a uma ação direta desta substância no músculo liso vascular

(mecanismo miogênico); já em artérias femorais, o efeito contrátil devia-se à

liberação de noradrenalina dos terminais adrenérgicos (mecanismo neurogênico)

(Figura 4). Dessa forma, evidenciou-se que o efeito vascular da ouabaína também

dependia do leito vascular estudado.

Em seguida, trabalhos deste mesmo grupo procuraram elucidar melhor o

mecanismo de ação vascular da ouabaína e o envolvimento do endotélio sobre esta

resposta. Em 1992, trabalhos de Sánchez-Ferrer et al. e Rodríguez-Mañas et al.

demonstraram que a contração induzida pela ouabaína em anéis de vasos

placentários humanos e artérias carótidas de rato era negativamente modulada pelo

endotélio. Ou seja, a ouabaína, concomitante à contração muscular, promovia a

liberação de um fator vasodilatador de origem endotelial. Sobre o componente

neurogênico da contração induzida por ouabaína, Rodríguez-Mañas et al. (1994)

demonstraram que o endotélio vascular também era capaz de modular esta resposta

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Introdução 48

induzida pela ouabaína através da liberação de um fator vasodilatador de natureza

desconhecida. Entretanto, sabia-se que este fator não era nem o óxido nítrico nem

um derivado da via ácido araquidônico-ciclooxigenase.

2K+

[Na ]+i

[Ca ]2+i

+

vasoconstrição

VOCCs

+

Ouabaína Fatores digitalis-like

CML

Efeito direto: componente miogênico

NA

NA

+2K

α-receptor

Recaptação de NA

Terminaçãosimpática

CML3Na

+

Ca2+

3Na+

Ouabaína

VOOCs[Ca ]i2+

Vasoconstrição

OuabaínaFatores digitalis-like

(-)

Liberação de NA: componente neurogênico

Ca2+

Ca2+

3Na+

3Na+

3Na+

Ca2+

2K+

[Na ]+i

[Ca ]2+i

+

vasoconstrição

VOCCs

+

Ouabaína Fatores digitalis-like

CML

Efeito direto: componente miogênico

NA

NA

+2K

α-receptor

Recaptação de NA

Terminaçãosimpática

CML3Na

+

Ca2+

3Na+

Ouabaína

VOOCs[Ca ]i2+

Vasoconstrição

OuabaínaFatores digitalis-like

(-)

Liberação de NA: componente neurogênico

Ca2+

Ca2+

3Na+

3Na+

3Na+

Ca2+

2K+

[Na ]+i[Na ]+i

[Ca ]2+i[Ca ]2+i

+

vasoconstrição

VOCCs

+

Ouabaína Fatores digitalis-like

CML

Efeito direto: componente miogênico

NA

NA

+2K

α-receptor

Recaptação de NA

Terminaçãosimpática

CML3Na

+

Ca2+

3Na+

Ouabaína

VOOCs[Ca ]i2+

Vasoconstrição

OuabaínaFatores digitalis-like

(-)

Liberação de NA: componente neurogênico

Ca2+

Ca2+

3Na+

3Na+

3Na+

Ca2+

Figura 4. Envolvimento dos mecanismos miogênico e neurogênico na contração do músculo liso

vascular resultante da inibição da Na+K+-ATPase. A inibição desta enzima nas células musculares

lisas (CML) induz despolarização e abertura de canais de Ca2+ dependentes de voltagem (VOCCs) e

acúmulo intracelular de Ca2+ através da redução ou reversão da atividade da troca Na+-Ca2+, além

disso, a inibição da Na+K+-ATPase das terminações nervosas promove liberação de noradrenalina

(NA) que por sua vez se liga aos receptores alfa-1 adrenérgicos (α1-R) na membrana das células

musculares, induzindo contração. Modificado de Marin & Redondo, 1999.

Sobre a contração miogênica da ouabaína, Ponte et al. (1996a; b), utilizando

aorta de animais normotensos Wistar-Kyoto e espontaneamente hipertensos (SHR),

também demonstraram que o endotélio modula a resposta da ouabaína. Entretanto

o fator liberado era distinto no animal hipertenso comparado ao seu controle

normotenso. Na aorta de ratos Wistar-Kyoto o fator liberado era vasodilatador, pois

modulava negativamente a contração induzida pela ouabaína. Já nas aortas dos

ratos espontaneamente hipertensos era um fator vasoconstritor, uma vez que na

ausência do endotélio a resposta contrátil induzida pela ouabaína era de menor

magnitude. De maneira similar aos trabalhos publicados por Rodríguez-Mañas et al.

(1992) e Sánchez-Ferrer et al. (1992), Ponte et al. (1996a,b) também demonstraram

que este fator não era nem o óxido nítrico nem um prostanóide da via ácido

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Introdução 49

araquidônico-ciclooxigenase. Enquanto isso, a natureza química desses fatores

ainda era desconhecida. Outros pesquisadores também demonstraram a capacidade

da ouabaína induzir a liberação fatores endoteliais em cultura de células. Em 1987

Nakagawa et al. demonstraram que a ouabaína promovia a liberação de

prostaciclina; em 1990 Yamada et al. demonstraram a liberação de endotelina-1

pelas células endoteliais expostas à ouabaína e em 1993 Xie et al. demonstraram

que as células endoteliais liberavam óxido nítrico quando expostas à ouabaína.

Nos estudos de reatividade vascular acima citados as concentrações

utilizadas de ouabaína eram altas (da ordem de mM), muito mais elevadas que

aquelas encontradas no plasma e/ ou nos tecidos de pacientes ou animais

hipertensos. Entretanto, trabalhos do grupo liderado pelo Dr. Dalton Vassallo e pela

Dra. Luciana Rossoni, demonstraram que concentrações nanomolares de ouabaína

são capazes de aumentar a pressão arterial de animais hipertensos anestesiados, e

de potencializar a resposta vasoconstritora à fenilefrina no leito vascular caudal

isolado destes animais (Songu-Mize et al., 1995; Vassallo et al., 1997; Rossoni et al.,

2001, Padilha et al., 2004). Além disso, a ouabaína foi capaz aumentar a pressão

arterial diastólica em animais normotensos anestesiados e com os reflexos

cardiovasculares bloqueados. Este efeito era mediado através de dois mecanismos

distintos, um sensível e outro resistente à fentolamina (Barker et al., 2001). Estes

resultados em conjunto sugerem, portanto, que a ouabaína em concentrações

nanomolares, semelhantes àquelas encontradas no plasma de pacientes e animais

hipertensos, pode aumentar a resistência vascular por sua capacidade de

sensibilizar o músculo liso vascular a agentes vasopressores, podendo dessa

maneira, contribuir para o aumento do tônus vascular na hipertensão. Semelhante

ao efeito observado com altas concentrações (em mM) de ouabaína, o efeito de

concentrações nanomolares sobre a vasoconstrição induzida por fenilefrina também

sofre influência do endotélio vascular. Rossoni et al. (1999) demonstraram que no

leito vascular caudal de ratos normotensos, 10 nM de ouabaína induz liberação de

uma substância de origem endotelial com características de um ativador de canais

para potássio, e que esta substância modula negativamente o efeito da ouabaína

sobre a resposta pressora à fenilefrina. Assim como nos estudos utilizando

concentrações elevadas de ouabaína (Ponte et al., 1996a, b), estes últimos

utilizando concentrações nanomolares deste digitálico demonstraram que ao

contrário do observado em animais normotensos, no leito vascular caudal de ratos

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Introdução 50

espontaneamente hipertensos a ouabaína promove a liberação de um fator

vasoconstritor, que modula positivamente o efeito sensibilizador da ouabaína sobre

a contração à fenilefrina (Padilha et al. 2004).

O mecanismo pelo qual a ouabaína pode sensibilizar o músculo liso vascular

ao efeito de agentes vasoconstritores pode ser resumido de acordo com a figura a

seguir (Figura 5). Esse mecanismo foi proposto por Blaustein et al., (1998). Esses

autores identificaram uma microrregião celular entre a membrana plasmática e a

membrana do retículo sarcoplasmático, denominada por eles de plasmerosome.

Nessa região estão localizados o trocador Na+-Ca2+ e as isoformas α2 e α3 da

Na+K+-ATPase, que possuem maior afinidade pela ouabaína. Essa microrregião

parece ter importante função sobre a mobilização do cálcio intracelular e contribui

para o efeito dos compostos digitálicos, como a ouabaína. Assim, a inibição das

subunidades α2 e α3 da Na+K+-ATPase aumenta a concentração de sódio

intracelular, o que resulta em redução da atividade do trocador Na+-Ca2+ e

conseqüente aumento local de íons Ca2+. Esse Ca2+ é captado pela Ca2+-ATPase do

retículo sarcoplasmático e estocado no interior dessa organela citoplasmática.

Assim, após estímulo de um agonista vasoconstritor como a fenilefrina,

noradrenalina ou serotonina, a resposta contrátil resultante seria amplificada em

conseqüência de uma maior liberação de Ca2+ pelo retículo sarcoplasmático (Figura

5). Esse mecanismo explica como concentrações nanomolares de ouabaína podem

amplificar a resposta a um agente vasoconstritor e representa um mecanismo

adicional através do qual o fator ouabain-like endógeno pode contribuir para o

processo hipertensivo.

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Introdução 51

Ca2+

Ca2+

Na+

Na+

Na+

Na+

K+ Ca2+

Ca2+ATP

ATP

Ca2+

SERCA

ATP

Ca2+IP3

Ca2+

Ca2+

Ca2+ RSCML

α1-Rα2 /α3 NKA NCE

Ca2+

Ca2+

Na+

Na+

Na+

Na+

K+ Ca2+

Ca2+ATP

ATP

Ca2+

SERCA

ATP

Ca2+IP3

Ca2+

Ca2+

Ca2+ RSCML

α1-Rα2 /α3 NKA NCEOuabaína

Ca2+Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

SOC SOC

IP3-R

Ri-R

A B

Ca2+

Ca2+

Na+

Na+

Na+

Na+

K+ Ca2+

Ca2+ATP

ATP

Ca2+

SERCA

ATP

Ca2+IP3

Ca2+

Ca2+

Ca2+ RSCML

α1-Rα2 /α3 NKA NCE

Ca2+

Ca2+

Na+

Na+

Na+

Na+

K+ Ca2+

Ca2+ATP

ATP

Ca2+

SERCA

ATP

Ca2+IP3

Ca2+

Ca2+

Ca2+ RSCML

α1-Rα2 /α3 NKA NCEOuabaína

Ca2+Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

Ca2+

SOC SOC

IP3-R

Ri-R

A B

Figura 5. Modelo do plasmerosoma e do mecanismo envolvido no aumento da mobilização de cálcio

(Ca2+) induzido por baixas doses de ouabaína em células musculares lisas (CML). O esquema mostra

o retículo sarcoplasmático (RS) juncional com suas Ca2+-ATPases na membrana (SERCA), o

microdomínio entre a membrana do RS e a membrana plasmática adjacente contendo: canais de

cálcio operados por estoques intracelulares (SOC), as isoformas α2 e α3 da Na+K+-ATPase (NKA) e o

trocador Na+/Ca2+ (NCE). A. Sob condições normais, B. Após administração de baixas doses de

ouabaína. α1-R; receptor alfa-adrenérgico; IP3, trifosfato de inositol; IP3-R, receptor de IP3; Ri-R,

receptor de rianodina. Modificado de Arnon et al. (2000).

Todos estes resultados obtidos com a ouabaína serviram de suporte para

uma nova hipótese: a de que a ouabaína é capaz de induzir hipertensão quando

cronicamente administrada em animais normotensos.

1.6. Modelo de hipertensão induzido pelo tratamento crônico com

ouabaína

Até o início dos anos 90, havia muitas hipóteses sobre a contribuição da

ouabaína endógena para o processo hipertensivo, mas até então nenhum trabalho

havia demonstrado a capacidade deste digitálico desenvolver hipertensão quando

cronicamente administrado. Antes, em 1986, Yasujima et al. demonstraram que a

administração crônica de ouabaína não era capaz de induzir hipertensão em ratos,

similar a outros trabalhos publicados alguns anos mais tarde utilizando ratos (Li et

al., 1995) e ovinos (Pidgeon et al., 1996). Entretanto, um fator importante para o não

desenvolvimento de hipertensão nestes animais era a concentração de ouabaína

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Introdução 52

utilizada. Nestes trabalhos foram utilizadas altas concentrações de ouabaína, o que

podia levar a quadros de intoxicação digitálica e o não desenvolvimento de

hipertensão arterial.

Em 1993 Yuan et al. foram os primeiros autores a demonstrar que a

administração crônica de ouabaína induzia hipertensão em ratos, porém, diferente

dos trabalhos de Yasujima et al. (1986), Li et al. (1995) e Pidgeon et al. (1996), estes

autores utilizaram doses baixas de ouabaína, 17 µg/ Kg/ dia. Trabalhos publicados

por outros grupos também confirmaram que a administração de doses baixas de

ouabaína induzia hipertensão em ratos (Huang et al., 1994; Manunta et al., 1994;

Ferrari et al., 1998).

Manunta et al. (1994) foram os primeiros pesquisadores a iniciar a

caracterização deste novo modelo de hipertensão e demonstraram que esta cursa

com aumento dos níveis de ouabaína no plasma (1 a 10 nM), nos rins, no

hipotálamo e na glândula pituitária anterior. Neste mesmo ano, Huang et al. (1994)

publicaram um estudo demonstrando que a administração intravenosa,

intracerebroventricular ou subcutânea de 10 µg/ Kg/ dia de ouabaína durante 10 a 14

dias aumentava a pressão arterial em ratos normotensos, a qual parecia ser

mediada por uma ação da ouabaína sobre o sistema nervoso central. Mais tarde

este mesmo grupo, liderado pelo Dr. Frans Leenen, confirmou este efeito central da

ouabaína, demonstrando que neurônios da região anteroventral do terceiro

ventrículo (AV3V) eram essenciais para a hipertensão induzida por injeção

intracerebroventricular de ouabaína, possivelmente por um aumento da atividade

simpática (Veerasingham & Leenen, 1999). Ainda neste mesmo ano, Huang &

Leenen, (1999) demonstraram que a hipertensão induzida pela administração

subcutânea de ouabaína cursava com aumento da atividade simpática e prejuízo da

atividade barorreflexa e que este efeito devia-se ao aumento da atividade do sistema

renina-angiotensina cerebral. A participação do sistema renina-angiotensina cerebral

no efeito hipertensinogênico da ouabaína foi posteriormente comprovado. O mesmo

grupo do Dr. Leenen demonstrou que a administração de antagonistas do receptor

AT1 para a angiotensina II (losartan e embusartan) ou a utilização de ratos

transgênicos com deficiência para o angiotensinogênio cerebral impedia o aumento

da atividade simpática e a hipertensão induzida pelo tratamento crônico com

ouabaína (Huang et al., 2001; Zhang & Leenen, 2001).

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Introdução 53

Recentemente foi caracterizada uma segunda via do sistema nervoso central

envolvida no efeito hipertensinogênico da ouabaína. Di Filippo et al. (2003)

demonstraram que o tratamento crônico com este digitálico (14 µg/ Kg/ dia) durante

quatro semanas cursa com aumento do conteúdo cerebral de endotelina-1 e que

esta contribui para alguns efeitos hemodinâmicos observados após o tratamento.

Estes autores confirmaram o efeito hipertensor da ouabaína e demonstraram que

esta hipertensão está associada com aumento da resistência vascular renal e

redução do fluxo sanguíneo renal. Tanto a hipertensão como as alterações sobre a

hemodinâmica renal foram bloqueadas pela administração na área cinzenta

periaqueductal de antagonistas de receptores ETA para a endotelina-1, sugerindo

que a administração crônica de ouabaína também parece ativar vias cerebrais

envolvendo a endotelina-1, levando à hiperreatividade simpática e ao aumento da

pressão arterial. Resultados similares foram observados quando a ouabaína foi

administrada agudamente na área cinzenta periaquedutal; um aumento da pressão

arterial e da resistência vascular em órgãos como rins, intestino, músculo, pele e

baço foram observados, sendo ambos os parâmetros bloqueados por antagonistas

para o receptor ETA da endotelina-1 (D´Amico et al., 2003). Estes resultados

sugerem que na área cinzenta periaquedutal a ouabaína parece estimular a

liberação de endotelina-1, que através da ativação de receptores ETA contribui para

os efeitos hemodinâmicos observados após sua administração aguda ou crônica

(D´Amico et al., 2003; Di Filippo et al., 2003).

Sabendo-se que a administração aguda de ouabaína é capaz de induzir

vasoconstrição, alterar a reatividade vascular a agentes vasoconstritores e contribuir

assim para a elevação da pressão arterial em animais anestesiados, o grupo do Dr.

Vassallo e da Dra. Rossoni em conjunto com o grupo liderado pela Dra. Mercedes

Salaices, ambos dedicados aos efeitos vasculares da ouabaína, tem investigado se

a hipertensão induzida por ouabaína é acompanhada por mecanismos vasculares

periféricos.

Rossoni et al. (2002a), demonstraram que a hipertensão induzida pelo

tratamento com ouabaína por cinco semanas cursa com alterações na reatividade

vascular à fenilefrina e na atividade e expressão da bomba de sódio em aorta,

artéria mesentérica superior e artéria caudal de ratos. Em aorta e artéria mesentérica

superior de ratos hipertensos pelo tratamento com ouabaína foi observado uma

redução da resposta vasoconstritora à fenilefrina, enquanto em anéis de artéria

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Introdução 54

caudal, nenhuma alteração foi encontrada (Rossoni et al., 2002a). Antes em 2000,

Cargnelli et al. já haviam demonstrado que o tratamento crônico com ouabaína

durante quatro semanas era acompanhando por uma redução da resposta contrátil

induzida por fenilefrina em aorta de ratos, embora estes autores não tenham

detectado mudanças na pressão arterial após tratamento com este digitálico. Já em

anéis de artéria renal, Kimura et al. (2000) demonstraram um aumento da resposta

contrátil à fenilefrina e ao cloreto de potássio seguido do tratamento crônico com

ouabaína. Em conjunto estes resultados sugerem que diferentes leitos vasculares

podem ser afetados de maneira distinta pelo tratamento crônico com ouabaína,

podendo ser este um mecanismo coadjuvante na gênese deste modelo de

hipertensão arterial.

As alterações de reatividade vascular seguidas do tratamento crônico com

ouabaína, observadas por Rossoni et al. (2002a), estavam associadas com aumento

da modulação negativa do endotélio sobre a resposta contrátil induzida por

estimulação alfa-adrenérgica. Este resultado baseia-se na observação de que, tanto

em aortas como em artérias mesentéricas superiores, a remoção do endotélio

igualou a resposta contrátil dos animais tratados com ouabaína àquela obtida nos

animais controles. Essa maior modulação endotelial parece resultar de uma maior

liberação de óxido nítrico, uma vez que a inibição da sintase de óxido nítrico

produziu os mesmo efeitos da remoção do endotélio sobre a resposta contrátil à

fenilefrina em ambos os grupos (Rossoni et al., 2002b). Reforçando estes últimos

resultados, foram encontrados aumentos da expressão protéica da isoforma

endotelial (eNOS) e neuronal da sintase de óxido nítrico (nNOS), nas artérias dos

animais tratados com ouabaína, nas quais a modulação do óxido nítrico sobre a

resposta da fenilefrina estava aumentada. Estes resultados, portanto, sugerem que o

tratamento crônico com ouabaína é capaz de alterar a reatividade vascular de

maneira distinta dependendo do leito arterial estudado.

Além das modificações da resposta contrátil em artérias de animais tratados

com ouabaína, Rossoni et al. (2002a) demonstraram alterações sobre a atividade e

expressão da Na+K+-ATPase vascular. Estas alterações eram distintas conforme o

leito vascular estudado: aumento da atividade e expressão da Na+K+-ATPase na

aorta, não alteração na artéria mesentérica e redução na artéria caudal. Estas

alterações sobre a Na+K+-ATPase poderiam estar colaborando para a redução da

resposta contrátil à fenilefrina, observada nos animais tratados com ouabaína, uma

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Introdução 55

vez que uma maior atividade desta enzima poderia gerar hiperpolarização das

células musculares lisas e dessa maneira uma redução da contração em resposta a

agonistas vasoconstritores como a fenilefrina.

Recentemente, também se demonstrou que o tratamento crônico com

ouabaína altera a via do óxido nítrico derivado das terminações nitrérgicas

vasculares. Foi demonstrado que a vasoconstrição induzida por estímulos elétricos

apresenta-se reduzida em artérias mesentéricas superiores de ratos tratados com

ouabaína comparada ao seu controle normotenso. Este efeito parece resultar de

uma maior liberação de óxido nítrico das terminações nitrérgicas vasculares, uma

vez que esta redução da resposta contrátil foi abolida após tratamento com inibidor

não especifico da sintase de óxido nítrico, o L-NAME, ou com um inibidor seletivo

para a isoforma neuronal da sintase de óxido nítrico, o 7-NI. Reforçando a hipótese

de maior liberação de óxido nítrico neuronal nos animais tratados com ouabaína, foi

observado aumento da expressão da nNOS nas artérias mesentéricas superiores

destes animais (Xavier et al., 2004a).

Os estudos realizados até então (Rossoni et al., 2002a,b; Xavier et al.,

2004a), demonstravam, portanto, que a gênese da hipertensão induzida pelo

tratamento crônico com ouabaína, provavelmente não estava associada a

mecanismos vasculares periféricos. Pelo contrário, o tratamento com ouabaína

estava associado a mecanismos vasculares provavelmente compensatórios que

pareciam ser de contraposição ao quadro hipertensivo gerado pelo tratamento com

este digitálico.

Existem atualmente evidências que os glicosídeos cardiotônicos, dentre eles a

ouabaína, são capazes de promover o crescimento de miócitos cardíacos e

vasculares, e ainda que esse efeito pode ser alcançado com concentrações

semelhantes àquelas encontradas no plasma de mamíferos (Kometiani et al., 1998;

Aydemir-Koksoy et al., 2001). Aydemir-Koksoy et al. (2001) demonstraram em

células musculares lisas vasculares que concentrações nanomolares de ouabaína

são capazes de ativar a proteína cinase ativada por mitógenos 42/ 44 (MAPK 42/

44), a síntese de DNA e a proliferação de células musculares lisas vasculares. Além

disso, um aumento de moléculas de adesão do tipo VCAM-1 induzido por ouabaína

em células endoteliais de camundongos tem sido reportado, um efeito mediado pela

estimulação do fator nuclear κB (NF-κB) (Bereta et al., 1995). Os efeitos da

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Introdução 56

ouabaína sobre vias intracelulares que regulam o crescimento celular e que

poderiam contribuir para o processo de remodelamento vascular na hipertensão

arterial têm sido investigados principalmente em cultivos celulares. Até o presente

não havia nenhum trabalho voltado para o estudo de possíveis alterações estruturais

da parede vascular seguidas da hipertensão induzida pelo tratamento crônico com

ouabaína.

É importante ressaltar que os estudos que têm se dedicado aos efeitos

vasculares da hipertensão induzida pela administração crônica de ouabaína, até

então publicados, utilizaram apenas vasos de condutância (Cargnelli et al., 2000;

Kimura et al., 2000; Rossoni et al., 2002a, b; Xavier et al., 2004a, c), onde os efeitos

desta hipertensão parecem comportar-se como mecanismos de contraposição ao

processo hipertensivo. Entretanto, isso não descartava a possibilidade de alterações

em vasos de resistência. Assim, sabendo-se da importância destes vasos no

controle da resistência vascular periférica, tanto através das propriedades funcionais

quanto estruturais, e ainda que a ouabaína, além de induzir hipertensão arterial,

pode influenciar ambos os parâmetros vasculares, foram utilizadas no presente

estudo abordagens experimentais para a elucidação dos mecanismos decorrentes

da hipertensão induzida por ouabaína em pequenas artérias de resistência.

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OBJETIVOS

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Objetivos 58

2. Objetivos 2.1. Objetivo geral

Diante do exposto anteriormente, o primeiro objetivo deste trabalho foi estudar

possíveis alterações na reatividade vascular induzida por estimulação alfa-

adrenérgica em pequenas artérias mesentéricas de resistência de ratos

cronicamente tratados com ouabaína e a participação dos diferentes fatores

endoteliais nesta resposta. O objetivo seguinte foi avaliar se a hipertensão induzida

pelo tratamento crônico com ouabaína cursa com alterações das propriedades

mecânicas e estruturais de artérias mesentéricas de resistência de rato.

O efeito do tratamento anti-hipertensivo sobre as alterações funcionais e

estruturais em artérias mesentéricas de resistência de ratos tratados com ouabaína,

foi analisado com o uso de um antagonista de receptores AT1 para a angiotensina II,

o losartan.

2.2. Objetivos específicos

- Avaliar se o tratamento com ouabaína altera a reatividade vascular de

pequenas artérias mesentéricas de resistência à noradrenalina;

- Averiguar uma possível modulação, por parte do endotélio, sobre os efeitos

crônicos da ouabaína nestas artérias, bem como estudar que possíveis fatores

endoteliais poderiam estar envolvidos;

- Avaliar se o tratamento crônico com a ouabaína altera a expressão protéica

da isoforma endotelial da sintase de óxido nítrico nas artérias acima citadas;

- Avaliar se o tratamento crônico com a ouabaína altera a atividade da Na+K+-

ATPase sensível à ouabaína nas artérias mesentéricas de resistência

- Investigar possíveis alterações nas propriedades mecânicas de artérias

mesentéricas de resistência de rato após o tratamento crônico com ouabaína;

- Avaliar possíveis alterações estruturais induzidas pelo tratamento crônico

com ouabaína sobre as diferentes células que compõem a parede vascular (células

adventiciais, células musculares e células endoteliais), assim como sobre a lâmina

elástica interna;

- Analisar se o tratamento crônico anti-hipertensivo com um antagonista de

receptores AT1 para a angiotensina II, o losartan, é capaz de prevenir as prováveis

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Objetivos 59

alterações funcionais e/ ou estruturais seguidas da hipertensão induzida pelo

tratamento crônico com ouabaína.

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MATERIAIS E MÉTODOS

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Materiais e métodos 61

3. Materiais e Métodos

3.1. Animais experimentais

Neste estudo foram utilizados ratos Wistar machos, inicialmente com quarenta

e cinco dias de vida, fornecidos pelo biotério da Facultad de Medicina da

Universidad Autónoma de Madrid, Espanha. Pellets de liberação controlada de

ouabaína (0,5 mg/ pellet) ou placebo (Innovative Research of America, U.S.A.),

foram implantados subcutaneamente (Huang et al., 1994). Os pellets possuíam

capacidade de liberação constante de ouabaína (aproximadamente 8 µg/ dia) ou

placebo durante sessenta dias. Um segundo grupo de animais, além de receberem

pellets de liberação controlada de ouabaína ou placebo, recebeu tratamento oral

com um antagonista de receptores AT1 para a angiotensina II, o losartan (15 mg/ Kg/

dia) (Bravo et al., 2001). O losartan foi dissolvido na água de beber numa

concentração final calculada em função do peso corporal dos animais e do volume

diário de água consumido. O tratamento foi iniciado no mesmo período da

implantação dos pellets de ouabaína ou placebo. Sendo assim, os animais foram

divididos em quatro grupos experimentais: Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína

+ Losartan.

3.2. Medida da pressão arterial

Com o intuito de avaliar a evolução dos níveis de pressão arterial nos

diferentes grupos experimentais, os valores de pressão arterial foram determinados,

semanalmente, durante as cinco semanas de tratamento. A pressão arterial sistólica

foi determinada, de maneira indireta, pela pletismografia de cauda (Letica, Digital

Pressure Meter, LE 5000, Barcelona, Espanha) (Buñag, 1973). As medidas de peso

corporal também foram realizadas semanalmente durante todo o período de

tratamento.

3.3. Metodologia empregada para estudo de reatividade vascular em artérias

mesentéricas de resistência

Para estudar a reatividade vascular em artérias mesentéricas de resistência,

foi utilizado o método descrito por Mulvany & Halpern (1977). Para isso, o leito

mesentérico foi removido, posto em uma placa de petri contendo solução de Krebs-

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Materiais e métodos 62

Henseleit a 4º C (composição em mM: NaCl 118; KCl 4,7; NaHCO3 25; CaCl2.2H2O

2,5; KH2PO4 1,2; MgSO4.7H2O 1,2; EDTA 0,01 e glicose 11) e os quartos ramos da

artéria mesentérica superior foram dissecados e cortados em segmentos de 1,5 - 2,0

mm de comprimento com o auxílio de um microscópio de dissecção. Dois fios de

tungstênio (40 µm de diâmetro) foram inseridos no lúmen das artérias e montados

em um miógrafo para vasos resistência (Danish Myo Tech, Modelo 410A e 610M,

JP-Trading I/S, Aarhus, Dinamarca) para estudos de tensão isométrica. Um dos fios

estava acoplado a um transdutor de tensão e o outro a um micrômetro que permitia

o estiramento das artérias (Figura 6). Esse miógrafo estava conectado um sistema

para aquisição de dados (Powerlab/800 ADInstruments Pty Ltd, Castle Hill, Austrália)

e este a um computador (Macintosh).

Figura 6. Esquema mostrando os principais componentes da preparação para estudo com vasos de

resistência isolados, desenvolvido por Mulvany & Halpern (1977). A figura mostra duas placas de aço,

entre as quais um segmentos de até 2 mm de comprimento pode ser montado. Uma das placas está

conectada a um transdutor de força de alta sensibilidade e a segunda está conectada a um

micrômetro. A figura ampliada representa um vaso de resistência de aproximadamente 2 mm de

comprimento montada entre dois fios de 40 µm de diâmetro cada. Modificado de Angus & Wright,

(2000).

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Materiais e métodos 63

3.3.1. Normalização das artérias de resistência e protocolos

experimentais

Após um período de estabilização de 30 minutos em solução de Krebs-

Henseleit, gaseificada com mistura carbogênica (95% de O2 e 5% de CO2, pH 7,4) e

mantida à temperatura de 37° C, as artérias foram estiradas a uma tensão de

repouso considerada ótima em relação ao seu diâmetro interno. Para isso, em cada

segmento arterial a relação tensão: diâmetro interno foi calculada e a circunferência

interna correspondente a uma pressão transmural de 100 mm Hg para um vaso

relaxado in situ (L100) foi determinada (Mulvany & Halpern, 1977). Para a realização

dos experimentos, as artérias foram mantidas com uma circunferência interna L1,

calculado como L1 = 0,90 x L100, circunferência na qual o desenvolvimento de força é

máximo (Mulvany & Halpern, 1977). O diâmetro luminar efetivo (l1) foi determinado

de acordo com a equação l1 = L1/π.

Depois do processo de normalização, as artérias foram submetidas a um

período de estabilização de 30 minutos e em seguida contraídas com cloreto de

potássio (KCl, 120 mM), para avaliar sua integridade funcional.

3.3.2. Avaliação da resposta de relaxamento dependente do endotélio e

da resposta vasoconstritora à noradrenalina Após um período de 30 minutos, seguido da contração induzida pelo KCl, as

artérias foram pré-contraídas com U46619 (um mimético do TxA2), até

aproximadamente 50 % da contração máxima produzida por 120 mM de KCl, e

curvas concentração-resposta à acetilcolina (0,01 nM - 30 µM) foram realizadas.

Uma hora depois, curvas concentração-resposta à noradrenalina (10 nM - 30 µM)

foram realizadas.

3.3.3. Modulação do endotélio sobre a resposta vasoconstritora à

noradrenalina

Com a finalidade de avaliar a capacidade de o endotélio modular a resposta

vasoconstritora à noradrenalina, em alguns experimentos o endotélio foi removido de

acordo com a metodologia descrita por Osol et al. (1989). Para isso, um fio de

cabelo humano era lavado com etanol e posteriormente em solução de Krebs. Antes

do processo de normalização da tensão de repouso de cada segmento arterial, o fio

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Materiais e métodos 64

de cabelo era inserido no lúmen das artérias e movimentos de fricção contra a

parede arterial eram realizados. Após período de estabilização, 120 mM de KCl eram

administrados às preparações com a finalidade de avaliar a viabilidade arterial e

analisar uma possível lesão muscular após a remoção mecânica do endotélio.

Após 30 min da contração ao KCl, as preparações foram pré-contraídas com

U46619 (em uma concentração capaz de induzir aproximadamente 50 % da

contração máxima ao KCl 120 mM) e a ausência do endotélio foi comprovada pela

incapacidade da acetilcolina (30 µM) induzir relaxamento. Após a confirmação da

ausência do endotélio, as preparações eram lavadas e 60 minutos após o retorno à

tensão basal, curvas concentração-resposta à noradrenalina (10 nM - 30 µM) foram

realizadas.

3.3.4. Influência do bloqueio da síntese de óxido nítrico, de prostanóides

e de canais para potássio sobre a resposta vasoconstritora induzida por

noradrenalina.

A influência do óxido nítrico, de prostanóides derivados da via do ácido-

araquidônico-ciclooxigenase e do fator hiperpolarizante derivado do endotélio sobre

a resposta contrátil induzida por noradrenalina em artérias mesentéricas dos

diferentes grupos experimentais foi avaliada.

O efeito do óxido nítrico sobre a contração induzida por noradrenalina foi

avaliada através da utilização do Nω-nitro-L-arginina metil éster (L-NAME, 100 µM),

um inibidor não seletivo da sintase de óxido nítrico. O Nω-Propil-L-arginina (NPLA, 10

nM), um inibidor seletivo para a isoforma neuronal da sintase de óxido nítrico (Zhang

et al., 1997), foi utilizado para avaliar o papel do óxido nítrico de origem neuronal

sobre a resposta contrátil induzida por noradrenalina.

Para estudar a influência de prostanóides da via do ácido-araquidônico-

ciclooxigenase na vasoconstrição induzida por noradrenalina, os segmentos arteriais

foram pré-incubados com um inibidor da ciclooxigenase, a indometacina (10 µM).

Em um outro grupo de experimentos, foi avaliada a influência do fator

hiperpolarizante derivado do endotélio (EDHF) sobre a resposta contrátil induzida

por noradrenalina. Para isso, o efeito do tetraetilamônio (TEA, 2 mM), um bloqueador

de canais para potássio ativados por cálcio, foi avaliado em artérias mesentéricas de

resistência previamente incubadas com L-NAME (100 µM) mais indometacina (10

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Materiais e métodos 65

µM). Para avaliar a dependência do endotélio sobre o efeito do TEA, a resposta à

noradrenalina foi analisada em segmentos sem endotélio e previamente incubados

com este bloqueador de canais para o potássio ativados por cálcio. A resposta à

noradrenalina em presença destes inibidores era realizada num mesmo segmento

arterial, uma hora depois da curva à noradrenalina na ausência destes fármacos.

3.3.5. Influência da atividade da Na+, K+-ATPase sobre a resposta

vasoconstritora induzida por noradrenalina.

A influência da atividade da Na+K+-ATPase sobre a resposta contrátil induzida

por noradrenalina em artérias mesentéricas de animais Controle e Ouabaína foi

analisada em segmentos incubados com ouabaína (100 µM).

Cada um dos fármacos citados acima era administrado 30 minutos antes do

início da segunda ou terceira (no caso do estudo da influência do EDHF) curva

concentração-resposta à noradrenalina. Curvas concentração-resposta à

noradrenalina na ausência desses fármacos também foram realizadas em paralelo

com o intuito de avaliar a estabilidade das preparações.

3.3.6. Efeito do tratamento crônico com ouabaína sobre a atividade da

Na+K+-ATPase sensível à ouabaína em artérias mesentéricas de resistência

Para este estudo foi utilizada a técnica de relaxamento induzido por potássio,

inicialmente descrita por Webb & Bohr (1978). Após 30 minutos de estabilização em

solução normal de Krebs-Henseileit, as preparações foram incubadas com solução

sem potássio durante 30 minutos. Em seguida os segmentos arteriais foram pré-

contraídos com noradrenalina, e, após atingir um platô, KCl (1, 2, 5 e 10 mM) foi

adicionado de maneira cumulativa em intervalos de 2 minutos e 30 segundos (Ponte

et al., 1999a; Rossoni et al., 2002a). Após esse procedimento, as preparações foram

incubadas com ouabaína (100 µM) durante 30 minutos, e a curva de relaxamento ao

potássio foi repetida.

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Materiais e métodos 66

3.4. Western Blot

3.4.1. Expressão protéica da isoforma endotelial da sintase de óxido

nítrico

A expressão da isoforma endotelial da sintase de óxido nítrico (eNOS) foi

determinada através da técnica de Western Blot. Para isso, as artérias foram

homogeneizadas em solução tampão composta de: Tris (10 mM, pH=7,4), Lauril

sulfato de sódio (SDS, 1%) e Metavanadato de sódio (1 mM). Os homogeneizados

foram centrifugados a 500g por 10 minutos e a concentração de proteína foi medida

no sobrenadante pelo método de Bradford (1976).

3.4.1.1. Eletroforese e transferência das amostras

Alíquotas do homogeneizado (30 µg de proteína) foram diluídas em solução

de Laemmli (Uréia 0,5 mM; SDS 0,17 mM; DTT 39 µM; Tris-HCl pH=8 0,01 M e Azul

de bromofenol 0,5 %), mantidas à temperatura de 99° C durante 5 minutos e, em

seguida, aplicada no gel com SDS a 3% (Lauril Sulfato Sódico-poliacrilamida - SDS-

PAGE). As amostras foram submetidas a uma eletroforese com 7,5 % SDS-PAGE

em um sistema Mini-Protean II (BioRad) durante 2 horas, aplicando uma corrente

constante de 80 V (Power Pac 200, BioRad). O gel era composto de dois níveis,

Gel1 (7,5% de acrilamida) e Gel 2 (3% de acrilamida). Em um mesmo gel foram

aplicadas amostras de células endoteliais como controle positivo para a eNOS

(Transduction Laboratories, KY).

Após a eletroforese, as proteínas foram transferidas para uma membrana de

polivinil difluorida (PVDF, Transfer Membrane, Hybond P, Amersham Life Science),

previamente ativada com metanol. Para a transferência, o gel, a membrana e papel

Whatman foram colocados em um sistema de sanduíche e imersos em uma cuba

(Mini-Protean II, Módulo de Transferência, BioRad) contendo a solução de

transferência (Tris 25 mM; Glicina 190 mM; SDS 0,05 % e Metanol 20 %). O sistema

foi submetido a uma corrente de 230 mA durante 18 horas.

3.4.1.2. Incubação com os anticorpos e detecção das subunidades As membranas foram incubadas durante 60 minutos, à temperatura ambiente,

com uma solução bloqueante (leite desnatado 5 %, soroalbumina bovina 5 %, Tris-

25 mM, NaCl 137 mM e Tween 20 0,2 %) para evitar a união não específica com

reativos não imunológicos. Em seguida estas mesmas membranas foram incubadas

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Materiais e métodos 67

durante 90 min, sob agitação com solução bloqueante contendo o anticorpo primário

para a eNOS, com diluição de 1:2500. O anticorpo primário era monoclonal contra a

isoforma eNOS (Transduction Laboratories, KY). Depois disto, as membranas foram

lavadas com solução de TBS-T (Tris 10 mM, NaCl 100 mM e Tween 20 0,1 %) por

30 minutos, sob agitação. Posteriormente, foram incubadas com anticorpo

secundário (Transduction Laboratories, UK), Imunoglobulina IgG Anti-camundongo

unida a peroxidase de coelho para a eNOS, em solução bloqueante (diluição

1:2000), por 90 minutos, à temperatura ambiente e sob agitação. A proteína

correspondente a eNOS foi detectada por uma reação de quimiluminescência,

utilizando um sistema de detecção (ECL Plus, Amersham Life Science) incubando as

membranas por 5 minutos. As membranas foram colocadas em contato com um

filme fotográfico (Hyperfilm, Amersham Life Science), e as bandas impregnadas

posteriormente reveladas. As bandas das proteínas foram quantificadas mediante

análise densitométrica. Para tal, os filmes com as bandas protéicas impregnadas

foram gravados por um scanner conectado a um computador. Para análise das

bandas, foi utilizado o programa FotoLook 2.05 e a quantificação da área e da

densidade das bandas foi feita através de um programa de análise de imagens (NIH

Image 1.61).

3.5. Metodologia utilizada para o estudo das propriedades mecânicas e

estruturais de artérias mesentéricas de resistência de rato.

Para esse estudo o leito mesentérico foi removido e colocado em uma placa

de Petri contendo solução de Krebs Henseleit a 4º C e o terceiro ramo da artéria

mesentérica superior foi dessecado e limpo de tecido de adiposo.

3.5.1. Miógrafo de pressão

As propriedades mecânicas e estruturais das artérias mesentéricas de

resistência foram estudadas pela técnica de artérias pressurizadas, de acordo com o

método descrito inicialmente por Halpern et al., (1978). Segmentos de

aproximadamente 2 mm do terceiro ramo da artéria mesentérica superior foram

montados em um miógrafo de pressão (Danish Myo Tech, Modelo P100, J.P.

Trading I/S, Aarhus, Dinamarca). As duas extremidades das artérias foram

canuladas com micropipetas de vidro e amarradas com fio de sutura de nylon. Em

seguida o comprimento da artéria foi ajustado aumentando a pressão intraluminar

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Materiais e métodos 68

até aproximadamente 140 mm Hg, de maneira que as paredes arteriais estivessem

paralelas e sem estiramento (Figura 7). Com esse procedimento era possível

verificar também se a artéria estava adequadamente pressurizada. A pressão foi

ajustada para 70 mm Hg e sob este valor de pressão foi aguardado um período de

estabilização de 60 minutos, em solução de Krebs-Henseleit, gaseificada com

mistura carbogênica e mantida a temperatura de 37º C.

100 µm100 µm Figura 7. Foto representativa de uma artéria mesentérica de resistência (Terceiro ramo da artéria

mesentérica superior) pressurizada a 70 mm Hg.

Após o período de estabilização, a pressão intraluminar foi reduzida a 3 mm

Hg; uma curva de pressão foi realizada aumentando a pressão intraluminar de 3 a

140 mm Hg, em aumentos de 20 mm Hg e intervalos de 5 minutos. Esta curva foi

realizada em solução de Krebs-Henseleit na presença e na ausência de cálcio

(Ca2+). A solução de Krebs-Henseleit sem Ca2+ foi preparada omitindo o CaCl2 e

adicionando EGTA 10 mM. Para cada valor de pressão intraluminar, ao final dos 5

minutos, o diâmetro interno (Di) e externo (De) foram medidos. Ao final de cada

experimento, a pressão intraluminar era reduzida a 70 mm Hg em solução sem

cálcio e a artéria era fixada com solução de paraformaldeído 4 % (PFA, em 0,2 M de

tampão fosfato, pH=7,4) a 37° C durante 60 min. As artérias eram mantidas em

solução de paraformaldeído (4 %) e guardadas na geladeira até a realização dos

estudos de microscopia confocal.

3.5.1.1. Cálculos das propriedades mecânicas e estruturais das artérias

mesentéricas de resistência

As medidas de diâmetro interno e externo (Di e De) utilizadas para o cálculo

dos parâmetros estruturais e mecânicos arteriais foram realizadas em condições

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Materiais e métodos 69

passivas (em solução de Krebs sem cálcio, 0Ca). Os seguintes parâmetros

estruturais e mecânicos foram calculados:

1. Espessura da Parede (EP)

2. Área de Secção Transversal (AST)

3. Relação Parede/ Lúmen (P/ L)

As propriedades mecânicas das artérias foram calculadas de acordo o

método inicialmente descrito por Baumbach & Heistad (1989).

4. Distensibilidade arterial

A distensibilidade representa a porcentagem de mudança do diâmetro arterial

interno para cada valor de pressão intraluminar.

5. Strain (ε). Representa a variação nas dimensões da artéria (deformação, ε) em

conseqüência de uma dada tensão aplicada.

EP = (De0Ca – Di0Ca)

2

AST = x (De0Ca – Di0Ca) 4

π

P/ L = (De0Ca – Di0Ca)

(2 x Di0Ca)

(∆ Di0Ca) x 100

(∆ Di0Ca x ∆P)

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Materiais e métodos 70

Onde: D00Ca é o diâmetro a 3 mm Hg e Di0Ca é o diâmetro interno observado para um

dado valor de pressão intraluminar sob condições de completo relaxamento. O valor

de D00Ca foi medido a 3 mm Hg porque é difícil determinar o diâmetro interno a

valores inferiores de pressão intraluminar.

6. Stress de parede (σ) – Tensão (medida por unidade de área) produzida na parede

arterial frente a alterações da pressão intraluminar, do diâmetro interno e da

espessura da parede.

Onde: P é a pressão intraluminar (1 mm Hg = 133,4 N/ m2) e EP é a espessura da

parede arterial para cada valor de pressão intraluminar em solução de Krebs sem

Ca2+.

7. A rigidez arterial independente da geometria é determinada pelo módulo elástico

de Young, o qual pode ser expresso pela relação entre tensão e deformação (E =

Stress/ Strain). No caso de vasos sanguíneos esta relação stress-strain exibe um

comportamento curvilíneo. Assim, torna-se mais apropriado o cálculo da relação

tangencial ou incremental elastic modulus (EInc), o qual pode ser determinado pela

inclinação (β) da curva stress-strain (Dobrin, 1978).

EInc = δσ/δε

O EInc foi calculado plotando os dados obtidos de stress e de strain para cada

experimento utilizando a equação exponencial abaixo (SigmaPlot, SPSS Inc):

σ = σorig eβε

(Di0Ca – D00Ca ) ε =

D00Ca

σ = (P x Di0Ca)

(2EP)

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Materiais e métodos 71

Onde: σorig representa o stress de parede para o valor inicial de diâmetro (diâmetro a

3 mmHg). De acordo com a derivação das equações acima é possível obter-se que

EInc = βσ. Para um dado valor de σ, EInc é diretamente proporcional a β. Um aumento

de β implica um aumento de EInc, o qual representa um aumento da rigidez (Dobrin,

1978).

3.5.2. Microscopia confocal

A análise morfométrica dos componentes da parede vascular através de

microscopia confocal foi realizada de acordo com o método descrito por Briones et

al. (2003).

Os segmentos arteriais previamente fixados com paraformaldeído (4 %) a 70

mm Hg foram incubadas durante 15 min, ao abrigo da luz, com um corante nuclear,

o Hoechst 33342 (0,01 mg/ ml). As artérias foram colocadas em lâminas e cobertas

com uma lamínula. As artérias eram montadas em um meio de imersão Fluoroguard

(Glycerol:antifade, Biorad) em uma pequena câmara feita com fita adesiva de

maneira a evitar a compressão da artéria, e conseqüentemente a alteração da forma

da mesma. A artéria foi visualizada através de um microscópio confocal Leica TCS

SP2 adaptado a um microscópio invertido e uma fonte de laser (Argon e Helio-Neon

Laser Sources).

3.5.2.1. Análise morfométrica dos componentes celulares da parede

vascular

Secções ópticas seriadas (stacks de imagens) da camada adventícia ao

lúmen do vaso (z step = 0,5 µm) foram capturadas com uma objetiva de imersão em

óleo (NA 1,3), aumento de 63x. A coloração dos núcleos (Hoechst) foi visualizada

usando um comprimento de onda do microscópio confocal: 351 e 364 nm para

excitação e detecção a 400 - 500 nm. Um mínimo de duas séries de imagens das

diferentes regiões da artéria foram capturadas em cada segmento arterial analisado.

Todas as imagens foram capturadas sob as mesmas condições de intensidade do

laser, brilho e contraste.

Cada camada que compõem a parede vascular: a adventícia, a média e a

íntima, puderam ser identificadas e quantificadas de acordo com a forma e

orientação que possui os núcleos celulares destas diferentes camadas, os quais são

claramente identificados através da microscopia confocal. (Figura 8).

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Materiais e métodos 72

O início e/ ou término de cada camada foi baseado na medida da intensidade

de fluorescência dos núcleos celulares realizada com um software para análise de

imagens (MetaMorph Image Analysis Software, Universal Imaging Corporation).

Assim, a primeira imagem da adventícia em uma série foi considerada como sendo o

primeiro núcleo adventicial na sua máxima intensidade de fluorescência. De maneira

similar, o primeiro núcleo da camada média foi determinado. O último plano da

camada íntima foi considerado como sendo o último núcleo endotelial na sua

máxima intensidade de fluorescência. Em cada segmento arterial, o número de

núcleos das diferentes camadas da parede vascular foi determinado (MetaMorph

Image Analysis Software, Universal Imaging Corporation). Para cada série de

imagens obtida, um mínimo de duas medidas, para os diferentes parâmetros

analisados, foram realizadas.

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Materiais e métodos 73

A B

C

Figura 8. Secções ópticas obtidas através de microscopia confocal dos diferentes componentes

celulares da parede vascular de artérias mesentéricas de resistência pressurizadas a 70 mm Hg e

fixadas com paraformaldeído 4 %. A foto mostra os núcleos (ver setas) das células adventiciais (A),

musculares lisas (B) e endoteliais (C) coradas em azul com o corante Hoechst 33342. As imagens

foram capturadas com uma objetiva de 63x. Dimensões da imagen 238 x 238 µm.

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Materiais e métodos 74

Para permitir uma comparação entre os segmentos arteriais dos diferentes

grupos experimentais e assim avaliar possíveis alterações estruturais nestas

artérias, os seguintes cálculos foram realizados com base em segmentos de 1 mm

de comprimento:

1. Volume da parede arterial (em mm3), da camada média e adventícia.

Volume = ASTP x 1 mm

Onde: ASTP corresponde à área de secção transversal da parede vascular (em

mm2), calculada seguindo a equação:

ASTP = ASTexterna - ASTinterna

Onde:

e

Para o cálculo do volume da camada média e adventícia, foi utilizada a

equação acima, utilizando a área de secção transversal (AST), correspondente de

camada.

2. Superfície luminar calculada a partir do diâmetro da artéria em mm2.

3. Número total de células (adventiciais, musculares e endoteliais) calculadas com

base na superfície luminar de um vaso de 1 mm de comprimento.

x 2 2

ASTexterna = (Di0Ca + EP)

π

x 2 2

ASTinterna = Di0Ca

π

2

Di0Ca 2π Superfície luminar =

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Materiais e métodos 75

No de células = No de células/ área (mm2) x Superfície luminar

As análises morfométricas dos núcleos das células musculares lisas e

endoteliais foram analisados com uso do MetaMorph Image Analysis Software

(Universal Imaging Corporation). Os parâmetros analisados destes dois tipos

celulares foram: Área total (µm2), Comprimento (µm), Largura (µm), Shape factor e

Eliptical shape factor. Como as células adventiciais possuem uma forma bastante

variável mesmo em condições fisiológicas, a análise morfométrica destas células

não foi realizada.

3.5.2.2. Estudo do conteúdo e organização da elastina

A elastina possui propriedades de auto-fluorescência; quando excitada a 488

nm, emite fluorescência que pode ser detectada a um comprimento de onda de 500 -

560 nm (Wong & Langille, 1996; Boumaza et al., 2001).

Secções ópticas seriadas (stacks de imagens) da camada adventícia ao

lúmen do vaso (z step = 0,5 µm) foram capturadas com uma objetiva de imersão em

óleo (NA 1,3), aumento de 63x usando um comprimento de onda de 488 nm do

microscópio confocal. Um mínimo de duas séries de imagens de diferentes regiões

da artéria foram capturadas em cada segmento arterial analisado. Todas as imagens

foram capturadas sob as mesmas condições de intensidade do laser, brilho e

contraste.

Para cada grupo de imagens seriadas, projeções individuais da adventícia,

lâmina elástica externa (LEE) e interna (LEI) foram obtidas e a espessura da LEI foi

medida. Uma análise quantitativa da intensidade de fluorescência (média da

intensidade de fluorescência por pixel) e tamanho das fenestras da lâmina elástica

interna foi realizada com o MetaMorph Image Analysis Software (Universal Imaging

Corporation). Para isso, foi feita uma reconstrução tridimensional da LEI com o uso

do programa MetaMorph (Figura 9). Para cada série de imagens obtida, um mínimo

de cinco medidas foram realizadas para cada um dos parâmetros avaliados.

Sabendo-se que a concentração de elastina tem uma relação linear com a

intensidade de fluorescência (Blomfield & Farrar, 1969), foi assumido que o sinal de

fluorescência em uma determinada projeção era diretamente proporcional à

concentração de elastina em um dado pixel. A quantidade de elastina na LEI,

considerando a média da intensidade de fluorescência por pixel, a espessura da LEI

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Materiais e métodos 76

e a superfície luminar ocupada pela LEI foram estimadas considerando um

segmento arterial de 1 mm de comprimento.

As projeções tridimensionalmente reconstruídas da LEI foram segmentadas e

imagens binárias foram obtidas. Nessas imagens, a área relativa ocupada pela

elastina versus às fenestrações, assim como o número e o tamanho das fenestras

foram medidos. O volume ocupado pela LEI (incluindo elastina e fenestras) foi

calculado em cada artéria considerando a superfície luminar de um segmento de 1

mm de comprimento e a espessura da LEI.

Figura 9. Reconstrução tridimensional das secções ópticas obtidas através de microscopia confocal

da lâmina elástica interna (LEI) da parede vascular de artérias mesentéricas de resistência

pressurizadas a 70 mm Hg e fixadas com paraformaldeído 4 %. A imagem mostra a elastina

representada em verde e suas diversas fenestrações (setas).

3.6. Determinação de colágeno na parede arterial O conteúdo de colágeno na parede arterial foi determinado de acordo com o

método previamente descrito por Izzard et al. (2003). Os terceiros ramos da artéria

mesentérica superior foram dissecados, limpos de tecido adiposo, fixados em

paraformaldeído 4 % e lavados em tampão fosfato (pH 7,4). Após lavagem, os

segmentos foram incubados durante 1 hora em tampão fosfato contendo sacarose

30%. Em seguida os segmentos foram colocados em um molde para criostato

contendo meio para congelamento (Tissue-Tek OCT, Bayer, Química Farmacéutica;

Barcelona, Espanha). As artérias foram congeladas em nitrogênio líquido e foram

20 µm

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Materiais e métodos 77

mantidas congeladas a –70° C até o dia dos experimentos. Os segmentos arteriais

congelados foram cortados em secções transversais de 10 µm de espessura, postos

em uma lâmina revestida com gelatina (Gelatina 3%; Cromo alumbre de potássio 0,3

%) e secos a temperatura ambiente durante 1 hora. Depois de retirada do meio de

congelamento (Tissue-Tek OCT) com água destilada, o colágeno foi corado sob

agitação com picro sirius (0,1 % em água) (Picro Sirius F3B em solução saturada de

ácido pícrico) (Aldrich Chemical Company, Inc., Espanha). As imagens foram

captadas através de um microscópio de fluorescência (Nikon Eclipse TE 2000-S,

objetiva de 40x) usando uma câmera digital (Nikon DXM 1200F). A análise da área

total da parede vascular e daquela ocupada pelo colágeno foi realizada com o uso

do software Image-Pro Plus 4.0 para análise de imagens.

3.7. Expressão dos resultados e análises estatísticas

Os resultados estão apresentados como média ± erro padrão da média. Os

valores de “n” representam o número de animais utilizados em cada protocolo

experimental.

A resposta vasoconstritora induzida por noradrenalina foi normalizada em

função da resposta máxima de contração induzida por 120 mM de KCl, que foi

considerada como 100% da resposta contrátil do músculo. A partir deste valor, as

respostas contráteis à noradrenalina foram normalizadas. Os resultados das

respostas de relaxamento induzido pela acetilcolina estão expressos como

porcentagem de relaxamento. A resposta de relaxamento ao potássio foi expressa

como a porcentagem de contração residual à noradrenalina. Para cada curva-

concentração-resposta a acetilcolina e noradrenalina foram calculados os valores de

pD2 (-log. EC50) e resposta máxima (Rmax). Para isso, foi realizada uma análise de

regressão não-linear, obtida através da análise das curvas concentração-resposta a

esses agonistas, utilizando o GraphPad Prism Software (San Diego, CA, U.S.A.).

Com a finalidade de comparar a magnitude de efeito dos fármacos ou da

remoção do endotélio sobre a resposta contrátil à noradrenalina em artérias dos

diferentes grupos estudados, alguns resultados estão expressos como diferença da

área abaixo da curva (dAUC) de concentração-resposta à noradrenalina em situação

controle (sem fármacos) e experimental (com inibidores ou em segmentos sem

endotélio). A AUC foi calculada para cada curva concentração-resposta e a diferença

está expressa como porcentagem da diferença da AUC (dAUC) da curva controle

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Materiais e métodos 78

correspondente (GraphPad Prism Software, San Diego, CA, E.U.A). Resultados da

expressão da eNOS estão expressos como a relação entre a densidade óptica para

eNOS em relação à α-actina.

A determinação da quantidade de colágeno na parede vascular está

representada pela relação entre área ocupada pelo colágeno e a área total da

parede arterial.

A análise estatística dos resultados foi realizada por teste t, pareado e/ ou não

pareado, e análise de variância (ANOVA), duas vias, medidas repetidas ou

completamente randomizada. Quando a ANOVA apresentava significância

estatística o teste post-hoc de Bonferroni era realizado (GraphPad Prism Software,

San Diego, CA, E.U.A). Os resultados foram considerados estatisticamente

significantes para valores de P<0,05.

3.8. Fármacos e reagentes a utilizados

-2-Hidroxietilmercaptano (β-mercaptoetanol) (Sigma)

-3`, 3”, 5`, 5”-Tetrabromofenolsulfoneftaleína, sal sódico (Azul de Bromofenol)

(Sigma)

-Acetilcolina, cloridrato (Sigma)

-Ácido acético glacial (Probus)

-Ácido aminoacético (Glicina) (Sigma)

-Ácido Etilenodiaminotetracético (EDTA) (Sigma)

-Ácido hidroxietilpiperazina etanosulfônico (HEPES) (Sigma)

-Albumina bovina (Sigma)

-Anticorpo de camundongo anti-eNOS (Anti-eNOS) (Transduction Laboratories)

-Anti-imunoglobulina G de camundongo (Transduction Laboratories)

-Azul brilhante de Coomassie G (BioRad)

-Azul brilhante de Coomassie R (Sigma)

-Bicarbonato de sódio (Pancreac)

-Cloreto de cálcio (Pancreac)

-Cloreto de potássio (Pancreac)

-Cloreto de sódio (Pancreac)

-Controle positivo para eNOS (Células endoteliais) (Transduction Laboratories)

-Controle, pellets (Innovative Research of America)

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Materiais e métodos 79

-Corante nuclear Hoechst 33342 (Hoescht)

-Cromo alumbre de potássio

-DL-Ditiotreitol (DTT) (Sigma)

-Etanol absoluto (Probus)

-Éter sulfúrico (Pancreac)

-Fosfato de potássio (Pancreac)

-Fosfato de sódio (Merck)

-Gelatina

-Glicerol (Sigma)

-Glicose (Merck)

-Lauril sulfato sódico (SDS) (BioRad)

-Leite desnatado (Asturiana)

-l-Fenilefrina, hidrocloridrato (Sigma)

-Losartan (Merck)

-Metanol (Merck)

-Meio de congelamento de tecidos para criostomia Tissue-Tek OCT (Bayer)

-Meio de imersão Fluoroguard, Glycerol: antifade (Biorad)

-N, N, N`, N`-Tetrametil-etilenodiamina (Temed) (Sigma)

-N, N`-Metilenbisacrilamida 40% Solução 37, 5:1 (Acrilamida) (BioRad)

-N(W)-nitro-L-arginina metil éster (L-NAME), dicloridrato (Sigma)

-Ouabaína, octahidrato (Sigma)

-Ouabaína, pellets (Innovative Research of America)

-Paraformaldeído (Merck)

-Persulfato Amônico (APS) (Sigma)

-Picro Sirius F3B em solução saturada de ácido pícrico (Aldrich Chemical Company)

-Polioxietileno sorbitam monolaurato (Tween 20) (BioRad)

-Reagente para detecção de Western Blot (ECL plus) (Amersham Life Science,

Pharmacia biotech)

-Sacarose (Merck)

-Sulfato de magnésio heptahidratado (Merck)

-Tetraetilamônio, cloridrato (Sigma)

-Tris (hidroximetil)-aminometano (Tris) (BioRad)

-Uréia (Sigma)

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Materiais e métodos 80

Todas as soluções concentradas (10-1 e 10-2 M) foram dissolvidas em água

deionizada e mantidas no congelador a –20° C. Somente a indometacina foi

dissolvida em uma solução de bicarbonato de sódio 1,5 mM.

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RESULTADOS

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Resultados 82

4. Resultados 4.1. Valores de pressão arterial sistólica e massa corporal

A partir da primeira semana após a implantação do pellet contendo ouabaína,

os animais apresentaram um aumento significativo da pressão arterial sistólica

comparado com aqueles que receberam o pellet contendo placebo (Figura 10). Ao

longo do tratamento a pressão arterial dos animais tratados com ouabaína aumentou

progressivamente até a quinta semana de tratamento, enquanto que a pressão

arterial dos animais controle permaneceu estável ao longo destas cinco semanas

(Figura 10).

A administração de losartan (15 mg/ Kg/ dia, v.o.) já a partir da primeira

semana de tratamento reduziu a pressão arterial sistólica nos animais Controle e

Ouabaína, impedindo nestes últimos o desenvolvimento de hipertensão (Figura 10).

Nestes animais, a partir da segunda semana de tratamento os valores de pressão

arterial se mantiveram estáveis até a quinta semana de tratamento, porém reduzidos

em relação à pressão arterial dos animais Controle, não havendo diferenças

significativas entre os grupos Losartan e Ouabaína + Losartan (Figura 10).

Os valores de massa corporal dos quatro grupos experimentais foram

semelhantes ao final das cinco semanas de tratamento (Controle: 324 ± 12 g;

Ouabaína: 335 ± 15 g; Losartan: 343 ± 29 g e Ouabaína + Losartan: 326 ± 28 g,

ANOVA: P>0,05).

4.2. Respostas vasculares ao KCl, a acetilcolina e à noradrenalina em artérias

mesentéricas de resistência

O diâmetro luminar efetivo das artérias mesentéricas de quarta ordem de

ratos Ouabaína apresentou-se significativamente reduzido quando comparado ao

grupo Controle. O tratamento com losartan não modificou significativamente o

diâmetro luminar nas artérias de animais que receberam pellets placebo, porém

normalizou este parâmetro nos animais tratados com ouabaína (Controle: 217 ± 2,58

µm vs. Ouabaína: 205 ± 2,33 µm, ANOVA (uma via), P<0,05; Losartan: 224 ± 3,37

µm vs. Ouabaína + Losartan: 221 ± 3,28 µm, ANOVA (uma via), P>0,05).

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Resultados 83

0 1 2 3 4 5

90

110

130

150

170

190

**# *# *# *#

ControleOuabaínaLosartanOuabaína + Losartan

*+*+ *+

*+ *+

Tempo (semanas)

PAS

(mm

Hg)

Figura 10. Evolução temporal dos valores de pressão arterial sistólica (PAS) medidos através de

pletismografia de cauda em ratos Controle (n = 17), Ouabaína (n = 23), Losartan (n = 8) e Ouabaína +

Losartan (n = 8) durante cinco semanas. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão

da média.

ANOVA: *P<0,05 vs. semana 0.

ANOVA: +P<0,05 Ouabaína vs. Controle; #P<0,05 Losartan ou Ouabaína + Losartan vs. Controle.

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Resultados 84

Na Tabela 1 estão representados os valores de contração induzida por 120

mM de KCl. Como é possível observar, o KCl induziu contração de similar magnitude

nos segmentos arteriais dos quatro grupos experimentais utilizados neste estudo.

A retirada mecânica do endotélio não modificou significativamente a resposta

contrátil induzida pelo KCl (Tabela 1). Da mesma forma que para os segmentos com

endotélio intacto, a resposta ao KCl nos anéis sem endotélio foi semelhante entre os

diferentes grupos experimentais (Tabela 1).

Tabela 1. Valores de contração (mN/ mm) induzida por 120 mM de KCl em artérias

mesentéricas de resistência com (E+) e sem (E-) endotélio de ratos Controle (n =

15), Ouabaína (n = 14), Losartan (n = 8) e Ouabaína + Losartan (n = 8).

Controle

Ouabaína

Losartan

Ouabaína + Losartan

E+ 3,25 ± 0,18 3,23 ± 0,14 3,39 ± 0,07 3,31 ± 0,09

E- 3,19 ± 0,17 3,00 ± 0,47 3,84 ± 0,46 3,39 ± 0,11

Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA:

P>0,05

Como mostrado na Figura 11 a administração de acetilcolina induziu

relaxamento concentração-dependente nas artérias mesentéricas de resistência pré-

contraídas com U46619. Como é possível observar na Figura 11A e Tabela 2, a

resposta máxima e a sensibilidade a acetilcolina foram de similar magnitude nas

artérias do grupo Ouabaína comparados ao grupo Controle. A resposta de

relaxamento dependente do endotélio induzida por acetilcolina não foi modificada

pelo tratamento crônico com losartan (Figura 11B e Tabela 2).

A administração de noradrenalina aumentou, de maneira concentração-

dependente, o tônus basal dos anéis de artérias mesentéricas isolados de animais

Controle e Ouabaína (Figura 12A). Nestes grupos, tanto a resposta máxima como a

sensibilidade a este agonista alfa 1-adrenérgico foram de similar magnitude (Figura

12A e Tabela 2). Esta resposta permaneceu inalterada nas artérias mesentéricas de

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Resultados 85

resistência dos animais submetidos ao tratamento crônico com Losartan ou

Ouabaína + Losartan (Figura 12B e Tabela 2).

4.2.1. Modulação do endotélio sobre a resposta vasoconstritora à

noradrenalina

A remoção mecânica do endotélio induziu um significativo aumento da

sensibilidade à noradrenalina, sem alteração da resposta máxima, em artérias de

ratos Controles e Ouabaína, tratados ou não com Losartan (Figura 13 e Tabela 2).

Como evidenciado através dos valores de dAUC (Figura 13E), esse aumento foi de

similar magnitude nos quatro grupos experimentais estudados (Controle, Ouabaína,

Losartan e Ouabaína + Losartan).

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Resultados 86

A

-11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4

0

25

50

75

100

ControleOuabaína

Acetilcolina, log M

Rel

axam

ento

(%)

B

-11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4

0

25

50

75

100

LosartanOuabaína+ Losartan

Acetilcolina, log M

Rel

axam

ento

(%)

Figura 11. Relaxamento dependente do endotélio induzido por acetilcolina em artérias mesentéricas

de resistência (4o ramo da artéria mesentérica superior) pré-contraídas com U46619. A. Grupos

Controle (n = 15) e Ouabaína (n = 14); B. Grupos Losartan e Ouabaína + Losartan, n = 8 em cada

grupo. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA: P>0,05.

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Resultados 87

A

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 ControleOuabaína

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 LosartanOuabaína + Losartan

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

Figura 12. Respostas contráteis induzida por noradrenalina, em artérias mesentéricas de resistência

de ratos Controle (n = 7), Ouabaína (n = 7) (A), Losartan (n = 8) e Ouabaína + Losartan (n = 8) (B).

Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como porcentagem da contração

induzida por 120 mM de KCl. ANOVA: P>0,05.

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Resultados 88

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Conrole (E+)Controle (E-)

P<0,05

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Ouabaína (E+)Ouabaína (E-)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

P<0,05

E

C D

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Losartan (E+)Losartan (E-)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

P<0,05

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Ouabaína + Losartan (E+)Ouabaína + Losartan (E-)

P<0,05

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

Figura 13. Efeito da remoção mecânica do endotélio sobre a resposta contrátil induzida por

noradrenalina, em artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle (A, n = 7), Ouabaína (B, n =

7), Losartan (C, n = 8) e Ouabaína + Losartan (D, n = 8). E. Diferença percentual da área abaixo da

curva de concentração-resposta à noradrenalina (dAUC) em artérias mesentéricas dos quatro grupos

experimentais. Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como porcentagem da

contração induzida por 120 mM de KCl. Os valores de P indicam a significância estatística entre as

duas situações experimentais (Com (E+) e sem (E-) endotélio) pela ANOVA.

0

25

50

75

100 ControleOuabaínaLosartanOuabaína + Losartan

dAUC

(%)

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Resultados 89

Tabela 2. Valores de pD2 e resposta máxima (Rmax, % de contração ou de

relaxamento) obtidos através de curvas concentração-resposta à noradrenalina, na

presença (E+) e ausência (E-) do endotélio, e a acetilcolina em artérias mesentéricas

de resistência de ratos Controle (n = 7), Ouabaína (n = 7), Losartan (n = 8) e

Ouabaína + Losartan (n = 8).

pD2 Rmax (%)

Acetilcolina Controle 7,40 ± 0,03 96,3 ± 1,38

Ouabaína 7,39 ± 0,04 94,7 ± 1,38

Losartan 7,60 ± 0,06 97,0 ± 2,12

Ouabaína + Losartan 7,51 ± 0,06 97,4 ± 2,37

Noradrenalina

E+

Controle 5,93 ± 0,04 121 ± 2,00

Ouabaína 5,98 ± 0,03 128 ± 3,00

Losartan 6,07 ± 0,02 114 ± 1,00

Ouabaína + Losartan 6,00 ± 0,02 114 ± 2,00

E- Controle 6,58 ± 0,08 * 122 ± 3,00

Ouabaína 6,42 ± 0,08 * 129 ± 7,00

Losartan 6,60 ± 0,03 * 115 ± 2,00

Ouabaína + Losartan 6,56 ± 0,10 * 117 ± 3,00

Os valores estão expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA: *P<0,05

vs. E+

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Resultados 90

4.2.2. Efeito do bloqueio da síntese de óxido nítrico e de prostanóides

sobre a resposta vasoconstritora induzida por noradrenalina

Para analisar o papel do óxido nítrico sobre a resposta vasoconstritora à

noradrenalina em artérias mesentéricas de resistência dos diferentes grupos

experimentais, segmentos arteriais com endotélio intacto foram pré-incubados com

um inibidor não-seletivo da sintase de óxido nítrico, o L-NAME (100 µM). O L-NAME

induziu um aumento da sensibilidade e da resposta máxima à noradrenalina nas

artérias mesentéricas isoladas de animais Ouabaína e um aumento somente de

sensibilidade nas artérias de animais Controle (Tabela 3; Figuras 14A e 14B). Como

evidenciado pelos valores de dAUC o efeito da inibição da síntese de óxido nítrico

com L-NAME foi maior no grupo Ouabaína comparado ao grupo Controle (Figura

14E). No grupo de animais tratados com losartan, a preincubação dos segmentos

arteriais com L-NAME (100 µM) induziu uma resposta similar àquela observada nos

animais não-tratados com esse antagonista dos receptores AT1 (Figura 14C e D), ou

seja o efeito potencializador do L-NAME sobre curva concentração-resposta à

noradrenalina foi de maior magnitude nos animais que receberam ouabaína (ver

dAUC, Figura 14E).

Em artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle, a análise de dAUC

mostrou que o aumento da resposta contrátil à noradrenalina foi maior após remoção

do endotélio (46,7 ± 6,5 %) quando comparada àquela obtida após incubação com L-

NAME (25,2 ± 4,2 %, P<0,05). Entretanto, em segmentos de ratos Ouabaína a

potencialização da resposta à noradrenalina após remoção endotelial (37,3 ± 3,7 %)

ou tratamento com L-NAME (46,6 ± 6,1 %, P>0,05) foi similar. Com relação ao

aumento da dAUC após remoção do endotélio e após incubação com L-NAME, o

mesmo padrão de resposta comparado aos animais não-tratados com losartan, foi

observado, ou seja, nos animais Losartan o aumento da dAUC induzido pela

remoção do endotélio (37,5 ± 4,50 %) foi maior que a observada após tratamento

com L-NAME (19,2 ± 3,46 %, P<0,05). No grupo Ouabaína + Losartan, o aumento

da dAUC foi similar em ambos os casos (Remoção do endotélio: 42,6 ± 10 vs. L-

NAME: 42,9 ± 2,26 %, P>0,05).

Para estudar uma provável participação do óxido nítrico de origem neuronal,

as artérias mesentéricas de ratos Ouabaína e Controle foram incubadas com um

inibidor seletivo da isoforma neuronal da sintase de óxido nítrico, o NPLA (10 nM).

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Resultados 91

Como é possível observar na Figuras 15 e na Tabela 3, em nenhum dos grupos, o

NPLA modificou significativamente a resposta contrátil induzida por noradrenalina.

De maneira similar nos animais Controle e Ouabaína, a inibição da via do

ácido araquidônico-ciclooxigenase induzida pela indometacina (10 µM) reduziu

significativamente a sensibilidade à noradrenalina, sem mudanças na resposta

máxima, quando comparado com a condição controle, ou seja, antes do tratamento

com indometacina (Figura 16A, B e E, Tabela 3). No grupo de animais tratados

cronicamente com losartan, o mesmo padrão de resposta foi obtido (Figura 16 C, D

e E, Tabela 3).

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Resultados 92

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 ControleControle (L-NAME)

P<0,05

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 OuabaínaOuabaína(L-NAME)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

P<0,05

E

C D

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 LosartanLosartan (L-NAME)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

P<0,05

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Ouabaína + LosartanOuabaína + Losartan(L-NAME)

P<0,05

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

Figura 14. Efeito do bloqueio da síntese de óxido nítrico com L-NAME (100 µM) sobre a resposta

contrátil induzida por noradrenalina em artérias mesentéricas de ratos Controle (A, n = 7), Ouabaína

(B, n = 7), Losartan (C, n = 8) e Ouabaína + Losartan (D, n = 8). E. Diferenças percentual da área

abaixo da curva de concentração-resposta à noradrenalina (dAUC) em artérias mesentéricas de

ambos os grupos. Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como porcentagem

da contração induzida por 120 mM de KCl. ANOVA (duas vias): Os valores de P indicam a

significância estatística entre as duas situações experimentais (antes e depois do L-NAME) pela

ANOVA. +P<0,05 vs. Controle ou Losartan.

0

25

50

75

100

+

ControleOuabaína

+

LosartanOuabaína + Losartan

dAUC

(%)

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Resultados 93

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 ControleControle (NPLA)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 OuabaínaOuabaína (NPLA)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

Figura 15. Efeito do bloqueio da isoforma neuronal da sintase de óxido nítrico, NPLA (10 nM), sobre a

curva concentração resposta à noradrenalina em segmentos de ratos Controle (A, n = 3) e Ouabaína

(B, n = 4). Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como porcentagem da

contração induzida por 120 mM de KCl. ANOVA: P>0,05.

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Resultados 94

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 ControleControle (Indo)

P<0,05

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 OuabaínaOuabaína (Indo)

P<0,05

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

E

C D

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 LosartanLosartan (Indo)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

P<0,05

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Ouabaína + LosartanOuabaína + Losartan (Indo)

P<0,05

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

Figura 16. Efeito do bloqueio da ciclooxigenase com indometacina (Indo, 10 µM) sobre a resposta

contrátil induzida por noradrenalina em artérias mesentéricas de ratos Controle (A, n = 7), Ouabaína

(B, n = 7), Losartan (C, n = 8) e Ouabaína + Losartan (D, n = 8). E. Diferenças percentual da área

abaixo da curva de concentração-resposta à noradrenalina (dAUC) em artérias mesentéricas dos

quatro grupos experimentais. Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como

porcentagem da contração induzida por 120 mM de KCl. Os valores de P indicam a significância

estatística entre as duas situações experimentais (antes e depois da indometacina) pela ANOVA.

0

25

50

75

100 ControleOuabaína

dAUC

(%) Losartan

Ouabaína+Losartan

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Resultados 95

Tabela 3. Valores de pD2 e resposta máxima (Rmax, % de contração) obtidos através

de curvas concentração-resposta à noradrenalina em artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle (n = 7), Ouabaína (n = 7), Losartan (n = 8) e Ouabaína

+ Losartan (n = 8) antes e após tratamento com L-NAME (100 µM), NPLA (10 nM)

ou indometacina (10 µM).

pD2 Rmax (%)

Antes Depois Antes Depois

L-NAME Controle 5,91 ± 0,07 6,17 ± 0,06* 119 ± 2,33 127 ± 4,70

Ouabaína 5,90 ± 0,06 6,38 ± 0,05* 125 ± 4,80 145 ± 5,02*+

Losartan 6,08 ± 0,02 6,34 ± 0,05* 115 ± 1,96 120 ± 1,92

Ouabaína + Losartan 5,94 ± 0,05 6,32 ± 0,05* 115 ± 3,55 132 ± 4,82*+

NPLA

Controle 5,95 ± 0,03 5,90 ± 0,03 129 ± 5,90 122 ± 4,85

Ouabaína 6,01 ± 0,03 6,01 ± 0,02 122 ± 6,84 112 ± 6,40

Indometacina

Controle 5,87 ± 0,05 5,66 ± 0,06* 120 ± 1,96 113 ± 3,78

Ouabaína 5,86 ± 0,06 5,63 ± 0,03* 129 ± 3,15 125 ± 5,62

Losartan 6,07 ± 0,04 5,90 ± 0,05* 104 ± 1,72 107 ± 2,82

Ouabaína + Losartan 6,01 ± 0,03 5,85 ± 0,06* 126 ± 4,06 120 ± 3,53

Os valores estão expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA: *P<0,05

Antes vs. Depois da incubação com L-NAME ou Indometacina; +P<0,05 Ouabaína

ou Ouabaína + Losartan vs. Controle ou Losartan

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Resultados 96

4.2.3. Efeito do bloqueio dos canais para potássio dependentes de cálcio

sobre a resposta vasoconstritora induzida por noradrenalina.

Com o objetivo de avaliar o papel modulatório do EDHF sobre a resposta

contrátil mediada por noradrenalina em artérias mesentéricas de resistência de ratos

Controle e Ouabaína, o efeito do TEA foi avaliado em segmentos onde a síntese de

óxido nítrico e de prostanóides foi previamente inibida pelo tratamento com L-NAME

e indometacina, respectivamente.

A pré-incubação com L-NAME + indometacina aumentou a sensibilidade à

noradrenalina em segmentos arteriais de ambos os grupos Controle e Ouabaína

(Figura 17, Tabela 4). Entretanto essa resposta foi de maior magnitude em artérias

de ratos tratados com ouabaína (ver dAUC, Figura 17C). O subseqüente bloqueio

dos canais para o potássio ativados por cálcio com TEA induziu um aumento

adicional na sensibilidade à noradrenalina em segmentos isolados de ratos Controle

(Figura 17A e C, Tabela 4). Entretanto, em segmentos isolados de ratos ouabaína, o

TEA, em presença de L-NAME + indometacina, não produziu nenhum efeito

adicional sobre a curva concentração-resposta à noradrenalina (Figura 17B e C,

Tabela 4).

Nas artérias dos grupos cronicamente tratados com losartan (Losartan e

Ouabaína + Losartan) esse mesmo padrão de resposta foi observado, ou seja, nos

animais que receberam ouabaína a preincubação com TEA foi incapaz de deslocar a

curva concentração-resposta à noradrenalina em artérias previamente tratadas com

L-NAME + indometacina (Figura 18A e C, Tabela 4).

Nas artérias mesentéricas de resistência sem endotélio de ratos Controle e

Ouabaína, tratados ou não com losartan, a resposta contrátil à noradrenalina na

presença de TEA, não foi diferente daquela observada na ausência deste

bloqueador de canais para potássio ativados por cálcio (Figura 19, Tabela 5).

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Resultados 97

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 ControleL-NAME + IndoL-NAME + Indo+TEA

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

P<0,05

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 OuabaínaL-NAME + IndoL-NAME +Indo+TEA

Noradrenalina, log MC

ontr

ação

(%)

P<0,05

C

0

25

50

75

100 Controle (LNAME+Indo)Controle (LNAME+Indo+TEA)Ouabaína (LNAME+Indo)Ouabaína (LNAME+Indo+TEA)

*+

dAUC

(%)

Figura 17. Efeito da pré-incubação com indometacina (Indo, 10 µM) + L-NAME (100 µM) e L-NAME +

Indo + tetraetilamônio (TEA, 2 mM) sobre a curva concentração-resposta à noradrenalina em

segmentos de artérias mesentéricas de resistência (4o ramo) de ratos Controle (A, n=8) e Ouabaína

(B, n=8). C. Diferença percentual da área abaixo da curva de concentração-resposta à noradrenalina

(dAUC) em artérias mesentéricas após tratamento com L-NAME + Indo e L-NAME + Indo + TEA. Os

resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como porcentagem da contração

induzida por 120 mM de KCl

ANOVA:

- Grupo Controle: P<0,05 Controle vs. L-NAME + Indo; P<0,05 L-NAME + Indo vs. L-NAME + Indo +

TEA.

- Grupo Ouabaína: P<0,05 Controle vs. L-NAME + Indo.

- *P<0,05 Controle (L-NAME+Indo+TEA) vs. Controle (L-NAME+Indo)

- +P<0,05 Ouabaína (L-NAME+Indo) vs. Controle (L-NAME+Indo).

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Resultados 98

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 LosartanL-NAME + IndoL-NAME + Indo+ TEA

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

P<0,05

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Ouabaína + Losartan

L-NAME + IndoL-NAME + Indo+TEA

P<0,05

Noradrenalina, log MC

ontr

ação

(%)

C

0

25

50

75

100 Losartan (LNAME+Indo)Losartan (LNAME+Indo+TEA)Oua + Los (LNAME+Indo)Oua + Los (LNAME+Indo+TEA)

* +

dAUC

(%)

Figura 18. Efeito da pré-incubação com indometacina (Indo, 10 µM) + L-NAME (100 µM) e L-NAME +

Indo + tetraetilamônio (TEA, 2 mM) sobre a curva concentração-resposta à noradrenalina em

segmentos de artérias mesentéricas de resistência (4o ramo) de ratos Losartan (A, n=8) e Ouabaína +

Losartan (B, n=8). C. Diferença percentual da área abaixo da curva de concentração-resposta à

noradrenalina (dAUC) em artérias mesentéricas após tratamento com L-NAME + Indo e L-NAME +

Indo + TEA. Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como porcentagem da

contração induzida por 120 mM de KCl.

ANOVA (duas vias) com medidas repetidas:

- Grupo Losartan: P<0,05 Controle vs. L-NAME + Indo; P<0,05 L-NAME + Indo vs. L-NAME + Indo +

TEA.

- Grupo Ouabaína + Losartan: P<0,05 Controle vs. L-NAME + Indo

Teste t pareado: *P<0,05 Losartan (L-NAME+Indo+TEA) vs. Losartan (L-NAME+Indo)

Teste t não-pareado: +P<0,05 Ouabaína+Losartan (L-NAME+Indo) vs. Losartan (L-NAME+Indo).

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Resultados 99

Tabela 4. Efeito da incubação com tetraetilamônio (TEA, 2 mM) sobre os valores de pD2 e Rmax à noradrenalina em artérias

mesentéricas de resistência com endotélio intacto, previamente incubadas com L-NAME (100 µM) + indometacina (Indo, 10 µM).

Controle L-NAME + Indo L-NAME+Indo+TEA

Rmax pD2 Rmax pD2 Rmax pD2 Controle 124 ± 3,53 5,93 ± 0,04 132 ± 3,37 6,11 ± 0,06* 135 ± 4,06 6,43 ± 0,09*#

Ouabaína 125 ± 4,20 5,98 ± 0,03 134 ± 5,25 6,30 ± 0,04* 129 ± 5,02 6,39 ± 0,08*

Losartan 109 ± 3,86 6,04 ± 0,05 114 ± 3,50 6,31 ± 0,04* 122 ± 2,70 6,57 ± 0,09*#

Ouabaína + Losartan 113 ± 3,42 6,00 ± 0,03 131 ± 4,44* 6,26 ± 0,07* 130 ± 3,84* 6,29 ± 0,09*

Valores representam média ± erro padrão da média. ANOVA: *P<0,05 vs. Controle; #P<0,05 vs. L-NAME + Indo. n = 8 em cada

grupo.

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Resultados 100

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Controle (E-)Controle (E-) + TEA

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Ouabaína (E-)Ouabaína (E-) + TEA

Noradrenalina, log MC

ontr

ação

(%)

C D

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Losartan (E-)Losartan (E-) + TEA

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Ouabaína + Losartan (E-)Ouabaína + Losartan (E-) + TEA

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

Figura 19. Efeito da inibição dos canais para o potássio ativados por cálcio (tetraetilamônio, TEA, 2

mM) sobre a curva concentração-resposta à noradrenalina em segmentos sem endotélio de artérias

mesentéricas de resistência (4o ramo) de ratos Controle (A, n = 5), Ouabaína (B, n = 4), Losartan (C,

n = 8) e Ouabaína + Losartan (D, n = 8). Os resultados (média ± erro padrão da média) estão

expressos como porcentagem da contração induzida por 120 mM de KCl.

ANOVA: P>0,05

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Resultados 101

Tabela 5. Efeito da incubação com tetraetilamônio (TEA, 2mM) sobre os valores de

pD2 e Rmax à noradrenalina em artérias mesentéricas de resistência sem endotélio.

pD2 Rmax (%)

Antes Depois Antes Depois

TEA Controle 6,62 ± 0,03 6,71 ± 0,02 122 ± 1,84 117 ± 2,40

Ouabaína 6,44 ± 0,03 6,45 ± 0,05 122 ± 1,92 122 ± 3,43

Losartan 6,60 ± 0,03 6,58 ± 0,02 115 ± 2,00 117 ± 1,57

Ouabaína + Losartan 6,56 ± 0,10 6,56 ± 0,06 117 ± 3,00 125 ± 4,00

Os valores representam média ± erro padrão da média. ANOVA: P>0,05

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Resultados 102

4.2.4. Efeito da inibição da atividade da Na+, K+-ATPase sobre a resposta

vasoconstritora induzida por noradrenalina

Em segmentos arteriais com endotélio de ratos Controle e Ouabaína, a

resposta contrátil à noradrenalina na presença de 100 µM de ouabaína, não foi

diferente daquela observada na ausência deste inibidor da Na+K+-ATPase (Figura

20, Tabela 6).

4.2.5. Efeito temporal da resposta vasoconstritora induzida por

noradrenalina

A Figura 21 mostra o controle temporal das curvas concentração-resposta à

noradrenalina em artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle, Ouabaína,

Losartan e Ouabaína + Losartan, uma e duas horas após realização da primeira

curva à noradrenalina (0h). Como é possível observar em ambos os grupos

experimentais, tanto a sensibilidade quanto a resposta máxima a este agonista alfa-

adrenérgico não foram alteradas no decorrer do protocolo experimental,

demonstrando a estabilidade das preparações (Figura 21 e Tabela 7).

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Resultados 103

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 ControleControle(Ouabaína)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 OuabaínaOuabaína(Ouabaína)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

Figura 20. Efeito da incubação com ouabaína (100 µM) sobre a curva concentração-resposta à

noradrenalina artérias mesentéricas de resistência (4o ramo) de ratos Controle (A, n = 7) e Ouabaína

(B, n = 8). Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como porcentagem da

contração induzida por 120 mM de KCl.

ANOVA: P>0,05

Tabela 6. Efeito da incubação com ouabaína (100 µM) sobre os valores de pD2 e

Rmax à noradrenalina em artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle e

Ouabaína.

pD2 Rmax (%)

Antes Depois Antes Depois

Ouabaína Controle 5,95 ± 0,03 5,95 ± 0,05 129 ± 3,00 129 ± 4,30

Ouabaína 5,97 ± 0,02 5,96 ± 0,03 125 ± 2,06 118 ± 2,36

Os valores representam média ± erro padrão da média. ANOVA: P>0.05

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Resultados 104

A B

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175

Controle (2h)

Controle (0h)Controle (1h)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175

Ouabaína (2h)

Ouabaína (0h)Ouabaína (1h)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

C D

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Losartan (0h)Losartan (1h)Losartan (2h)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

-8 -7 -6 -5 -40

25

50

75

100

125

150

175 Ouabaina + Losartan (0h)Ouabaina + Losartan (1h)Ouabaina + Losartan (2h)

Noradrenalina, log M

Con

traç

ão (%

)

Figura 21. Controle temporal das curvas concentração-resposta à noradrenalina artérias

mesentéricas de resistência de ratos Controle (A, n = 6) e Ouabaína (B, n = 6), Losartan (C, n = 8) e

Ouabaína + Losartan (D, n = 8). Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como

porcentagem da contração induzida por 120 mM de KCl.

ANOVA: P>0,05.

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Resultados 105

Tabela 7. Valores de resposta máxima (Rmax) e sensibilidade (pD2) à noradrenalina uma e duas horas após realização da primeira

curva concentração-resposta a este agonista alfa-adrenérgico em artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle,

Ouabaína, Losartan e Ouabaína + Losartan.

0 Hora 1 Hora 2 Horas

Rmax pD2 Rmax pD2 Rmax pD2 Controle 121 ± 2,5º 5,97 ± 0,03 126 ± 3,82 5,91 ± 0,04 128 ± 2,86 6,00 ± 0,03

Ouabaína 129 ± 2,45 5,99 ± 0,03 127 ± 1,43 5,99 ± 0,02 127 ± 3,24 5,98 ± 0,04

Losartan 103 ± 1,18 6,12 ± 0,02 106 ± 1,68 6,13 ± 0,02 103 ± 1,16 6,10 ± 0,02

Ouabaína + Losartan 109 ± 3,02 6,06 ± 0,04 109 ± 3,30 6,07 ± 0,05 109 ± 3,30 6,08 ± 0,04

Valores representam média ± erro padrão da média. ANOVA: P>0,05.

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Resultados 106

4.3. Efeito do tratamento crônico com ouabaína sobre a atividade funcional da

Na+, K+-ATPase sensível à ouabaína

A atividade funcional da Na+K+-ATPase foi estudada através da técnica de

relaxamento induzido pelo potássio (Webb & Bohr, 1978). Como é possível observar

na figura 22, o potássio administrado às preparações foi capaz de reduzir de

maneira concentração-dependente, e de similar magnitude, a contração induzida por

noradrenalina nos segmentos arteriais de ratos Controle e Ouabaína. A

administração de ouabaína 100 µM reduziu substancialmente o relaxamento

induzido pelo potássio, e essa inibição foi maior nas artérias dos animais ouabaína

(Figura 22A). Comparando a dAUC da curva de relaxamento ao KCl na presença e

na ausência de ouabaína (100 µM) (Figura 22B), é possível observar que essa

diferença foi maior no grupo ouabaína, o que sugere uma maior atividade funcional

da Na+K+-ATPase sensível à ouabaína em artérias mesentéricas de resistência

desses animais.

No grupo de animais tratados com losartan, a atividade funcional da Na+K+-

ATPase sensível à ouabaína também foi de maior magnitude naqueles animais que

foram tratados com ouabaína, como é possível observar na maior capacidade de

inibição do relaxamento ao KCl induzido pela ouabaína e pelo valores de dAUC no

grupo Ouabaína Losartan (Figura 22C, e D).

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Resultados 107

A

B

0 2 4 6 8 100

25

50

75

100

125 Controle LosartanControle Losartan (Ouab)

Ouabaína LosartanOuabaína Losartan (Ouab)

+

KCl, mM

Con

traç

ão (%

)

Figura 22. A. Curva de relaxamento ao KCl na ausência e na presença de ouabaína (Ouab 100 µM)

em artérias mesentéricas de resistência isoladas de ratos Controle (n = 8), Ouabaína (n = 8) (A),

Losartan (n = 8) e Ouabaína + Losartan (n = 8) (C). Figuras B e C representam a diferença de área

abaixo da curva (dAUC) de relaxamento ao KCl na ausência e presença de ouabaína (P<0,05

ouabaína vs. controle).

ANOVA: +P<0,05 Controle (Ouab) ou Losartan (Ouab) vs. Ouabaína (Ouab) ou Ouabaína Losartan

(Ouab)

Teste t: +P<0,05 Ouabaína ou Ouabaína Losartan vs. Controle ou Losartan

D

0 2 4 6 8 100

25

50

75

100

125 ControleControle(Ouab 100µM)

OuabaínaOuabaína(Ouab 100µM)

+

KCl, mM

Con

traç

ão (%

)

0

100

200

300

400

500

600 ControleOuabaína

dAUC

(%)

+

0

250

500

750

1000

1250

1500 Controle losartanOuabaína losartan

dAU

C (%

) +

C

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Resultados 108

4.4. Expressão protéica da isoforma endotelial da sintase de óxido nítrico A Figura 23A mostra a expressão da isoforma endotelial (eNOS) sintase de

óxido nítrico, detectada através da utilização da técnica de Western blot em artérias

mesentéricas de resistência de ratos Controle e Ouabaína. Nestas artérias, o

tratamento durante cinco semanas com ouabaína não alterou a expressão protéica

da eNOS (Figura 23A). Em segmentos de ratos tratados com losartan, similar ao

grupo não tratado, não foram observados diferenças estatisticamente significativas

na expressão da eNOS (Figura 23B).

A B

0.0

0.5

1.0

1.5 ControleOuabaína

eNO

S/α

-act

ina

0.0

0.5

1.0

1.5 ControleOuabaína

eNO

S/α

-act

ina

Figura 23. A. Análise densitométrica de Western blot para expressão protéica da isoforma endotelial

da sintase de óxido nítrico (eNOS) em artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle (Com) e

Ouabaína (Oua) (A) e Losartan (Los) e Ouabaína + losartan (Oua+Los) (B). Painel superior mostra as

bandas de Western blots representativas da expressão da eNOS e da α-actina em artérias

mesentéricas de ratos controles em ambos os grupos. C+. controle positivo para eNOS (células

endoteliais humanas). Os resultados (média ± erro padrão da média) estão expressos como

expressão da eNOS em relação a α-actina.

C+ Oua Con C+ Oua+Los Los

eNOS

α-actina

eNOS

α-actina

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Resultados 109

4.5. Estudo das propriedades estruturais de artérias mesentéricas de

resistência de rato realizado com miógrafo de pressão

A Figura 24 mostra a relação pressão: diâmetro em artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle (Figura 24A) e Ouabaína (Figura 24B), em condições

ativas (na presença de 2,5 mM de Cálcio) e passivas (ausência de cálcio no meio).

Como é possível observar nas artérias mesentéricas de ambos os grupos, tanto na

presença como na ausência de cálcio, o aumento da pressão intraluminar induziu

um aumento progressivo do diâmetro interno arterial. Essa resposta foi similar em

ambas as situações experimentais, ou seja, na presença e na ausência de cálcio

(Figura 24). Esse comportamento de resposta foi semelhante nas artérias

mesentéricas de resistência dos grupos tratados com losartan (resultados não-

mostrados).

A Figura 25 mostra os parâmetros morfológicos obtidos em artérias

mesentéricas de resistência pressurizadas de ratos Controle e Ouabaína em

condições de máximo relaxamento (0 Ca2+). Para todos os valores de pressão

intraluminar avaliados, ambos os diâmetros interno (Figura 25A) e externo

(resultados não mostrados) e a área de secção transversal (Figura 25B) das artérias

mesentéricas de resistência de ratos Ouabaína apresentaram-se significativamente

reduzidos quando comparado ao grupo Controle. Embora estes parâmetros

estivessem reduzidos nas artérias de ratos Ouabaína comparada ao grupo Controle,

a espessara da parede vascular permaneceu inalterada após o tratamento crônico

com este digitálico (Figura 25C). Já a relação parede: lúmen em todos os valores de

pressão estudados apresentou-se significativamente maior nas artérias

mesentéricas de resistência de ratos submetidos ao tratamento crônico com

ouabaína (Figura 25D).

O tratamento com losartan, embora não tenha prevenido as alterações sobre

a reatividade vascular à noradrenalina e a atividade da Na+K+-ATPase induzidas

pelo tratamento com ouabaína, foi capaz de prevenir as alterações observadas

sobre estes parâmetros estruturais em artérias mesentéricas de resistência de ratos

cronicamente tratados com ouabaína. Dessa forma os valores de diâmetro interno

(Figura 26A) e externo (resultados não mostrados), da área de secção transversal

(Figura 26B), da espessura da parede vascular (Figura 26C) e da relação parede:

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Resultados 110

lúmen (Figura 26D) foram similares nos animais Ouabaína + Losartan comparados

ao grupo tratado somente com losartan em todos os valores de pressão intraluminar

estudados. Nos animais que receberam pellets placebo, o tratamento com losartan

não alterou os parâmetros estruturais avaliados.

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Resultados 111

A

0 20 40 60 80 100 120 140

150

225

300

375

450

Controle (0 Ca2+)

Controle (2,5 mM Ca2+)

Diâ

met

ro in

tern

o( µ

m)

B

0 20 40 60 80 100 120 140

150

225

300

375

450Ouabaína (2,5 mM Ca2+)

Ouabaína (0 Ca2+)

Diâ

met

ro in

tern

o( µ

m)

Pressão (mm Hg)

Figura 24. Relação pressão-diâmetro em artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle (A, n

= 8) e Ouabaína (B, n = 9) em condições ativas e passivas (Cálcio zero, 0 Ca2+). Os resultados estão

expressos como média ± erro padrão da média dos valores de diâmetro (µm) interno frente às

alterações de pressão intravascular.

ANOVA: P>0,05.

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Resultados 112

A B

0 20 40 60 80 100 120 140

150

225

300

375

450

ControleOuabaína

P<0,05

Pressão (mm Hg)

Diâ

met

ro in

tern

o ( µ

m)

0 20 40 60 80 100 120 14010000

20000

30000

40000

ControleOuabaínaP<0,05

Pressão (mm Hg)A

ST ( µ

m2 )

C D

0 20 40 60 80 100 120 14020

30

40

50 ControleOuabaína

Pressão (mm Hg)

Espe

ssur

a da

Par

ede

( µm

)

0 20 40 60 80 100 120 1407

14

21

28

35

OuabaínaControle

P<0,05

Pressão (mm Hg)

Pare

de/ L

úmen

(%)

Figura 25. Comparação dos parâmetros estruturais de artérias mesentérica de resistência de ratos

Controle (n = 8) e Ouabaína (n = 9). A. Relação pressão: diâmetro interno, B. Área de secção

transversal, C. Espessura da parede arterial, D. Relação parede: lúmen (D) obtida sob condições de

relaxamento máximo em artérias mesentéricas de ratos Controle e Ouabaína. Os resultados estão

expressos como média ± erro padrão da média. Os valores de P indicam a significância estatística

entre os dois grupos experimentais pela ANOVA.

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Resultados 113

A B

0 20 40 60 80 100 120 140

150

225

300

375

450

LosartanOuabaína + Losartan

Pressão (mm Hg)

Diâ

met

ro in

tern

o ( µ

m)

0 20 40 60 80 100 120 1400

10000

20000

30000

40000

LosartanOuabaína + Losartan

Pressão (mmHg)A

ST ( µ

m2 )

C D

0 20 40 60 80 100 120 14020

30

40

50 LosartanOuabaina + Losartan

Pressão (mm Hg)

Espe

ssur

a da

Par

ede

( µm

)

0 20 40 60 80 100 120 1407

14

21

28

35 LosartanOuabaína + Losartan

Pressão (mm Hg)

Pare

de/L

umen

(%)

Figura 26. Comparação dos parâmetros estruturais de artérias mesentérica de resistência de ratos

Losartan (n = 7) e Ouabaína + Losartan (n = 8). A. Relação pressão: diâmetro interno, B. Área de

secção transversal, C. Espessura da parede arterial, D. Relação parede: lúmen (D) obtidas sob

condições de relaxamento máximo em artérias mesentéricas de ratos Losartan e Ouabaína +

Losartan. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da média. ANOVA: P>0,05.

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Resultados 114

4.6. Propriedades mecânicas de artérias mesentéricas de resistência de rato

avaliadas através de miógrafo de pressão

A Figura 27 mostra as propriedades mecânicas das artérias mesentéricas de

resistência de ratos Controle e Ouabaína em condições de máximo relaxamento (0

Ca2+). O aumento da pressão intraluminar induziu aumento do stress de parede, o

qual se apresentou significativamente reduzido nas artérias mesentéricas de animais

Ouabaína (Figura 27A). A distensibilidade arterial foi maior nos valores de pressão

intraluminar de 20 e 40 mm Hg, a qual se reduziu progressivamente frente ao

aumento da pressão intraluminar (Figura 27B); o padrão desta resposta foi similar

em ambos os grupos estudados (Figura 27B). Como mostrado pelo deslocamento

para esquerda da relação stress-strain (Figura 27C) e pelo maior valor de β (Valores

médios de β: Controle: 4,17 ± 0,07 vs. Ouabaína: 4,67 ± 0,14, P<0,05), as artérias

mesentéricas de ratos ouabaína apresentaram uma maior rigidez arterial quando

comparadas com aquelas do grupo Controle.

Sobre as alterações das propriedades mecânicas das artérias mesentéricas

de resistência em ratos tratados com ouabaína, o tratamento anti-hipertensivo com

losartan também foi capaz de preveni-las. Nas artérias de animais que receberam

pellets placebo estas propriedades mecânicas não foram modificadas pelo

tratamento com losartan. Dessa maneira, tanto o stress de parede (Figura 28A),

como a distensibilidade arterial (28B) e ainda a relação stress-strain (Figura 28C)

foram semelhantes entre os grupos Losartan e Ouabaína + Losartan. A similaridade

da relação stress-strain nestes animais pode ser comprovada pela similaridade entre

os valores de β de ambos os grupos (Losartan: 4,14 ± 0,14 vs. Ouabaína + Losartan:

4,05 ± 0,12, P>0,05).

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Resultados 115

A B

0 20 40 60 80 100 120 1400.0

0.5

1.0

1.5

OuabaínaControle

P<0,05

Pressão (mm Hg)

Stre

ss(x

106

dina

s/ c

m2 )

0 20 40 60 80 100 120 1400.0

0.5

1.0

1.5

2.0 ControleOuabaína

Pressão (mm Hg)D

iste

nsib

ilida

de(%

/ mm

Hg)

C

Strain (Di/Do)0,0 0,5 1,0 1,5

0,5

1,0

1,5

2,0

Stre

ss(x

106

dina

s/ c

m2 )

Controle

Ouabaína

Strain (Di/Do)0,0 0,5 1,0 1,5

0,5

1,0

1,5

2,0

Stre

ss(x

106

dina

s/ c

m2 )

Controle

Ouabaína

Figura 27. Stress de parede (A), distensibilidade arterial (B) e relação stress-strain (C) frente a

aumentos de pressão intraluminar em artérias mesentéricas de resistência pressurizadas de ratos

Controle (n = 8) e Ouabaína (n = 9). Os resultados estão expressos como média ± erro padrão da

média. Os valores de P indicam a significância estatística entre os dois grupos experimentais pela

ANOVA.

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Resultados 116

A B

0 20 40 60 80 100 120 1400.0

0.5

1.0

1.5 LosartanOuabaína + Losartan

Pressão (mm Hg)

Stre

ss(x

106

dina

s/ c

m2 )

0 20 40 60 80 100 120 1400.0

0.5

1.0

1.5

2.0 LosartanOuabaína + Losartan

Pressão (mm Hg)

Dis

tens

ibili

dade

(%/ m

m H

g)

C

Strain (Di/Do)0,0 0,5 1,0 1,5

0,5

1,0

1,5

2,0

Stre

ss(x

106

dina

s/ c

m2 )

LosartanOuabaína + Losartan

Strain (Di/Do)0,0 0,5 1,0 1,5

0,5

1,0

1,5

2,0

Stre

ss(x

106

dina

s/ c

m2 )

LosartanOuabaína + Losartan

Figura 28. Stress de parede (A), distensibilidade arterial (B) e relação stress-strain (C) frente a

aumentos de pressão intraluminar em artérias mesentéricas de resistência pressurizadas de ratos

Losartan (n = 7) e Ouabaína + Losartan (n = 8). Os resultados estão expressos como média ± erro

padrão da média. ANOVA: P>0,05.

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Resultados 117

4.7. Análise estrutural da parede vascular através de microscopia confocal Com o uso da microscopia confocal, os valores médios de diâmetro interno e

externo, área de secção transversal e relação parede: lúmen das artérias dos

animais Controle e Ouabaína foram semelhantes àqueles obtidos através do

miógrafo de pressão. Com relação a estes parâmetros estruturais, as mesmas

diferenças foram observadas entre os grupos Controle e Ouabaína, quando as

artérias foram analisadas através da microscopia confocal (Tabela 8). A espessura

da camada adventícia e média também foi similar entre os grupos Controle e

Ouabaína (Tabela 8) e um aumento da relação média: lúmen foi encontrado no

grupo Ouabaína comparado ao grupo Controle (Tabela 8).

Como esperado, as artérias mesentéricas de terceira ordem do leito

mesentérico de ratos tratados com ouabaína apresentaram superfície luminar e

volume da parede vascular significativamente reduzidos quando comparados ao

grupo Controle (Tabela 8). O número total de células da parede vascular (células

adventiciais, musculares e endoteliais) apresentou-se diminuído nos ratos Ouabaína

comparados ao grupo Controle (Tabela 8), porém esta redução não alcançou

significância estatística (P=0,058). A densidade de células adventiciais e musculares

lisas, em suas respectivas camadas, permaneceram inalteradas após tratamento

crônico com ouabaína (Tabela 8). De maneira similar, o número total de células

endoteliais também foi semelhante no grupo Ouabaína comparado ao grupo

Controle (Tabela 8).

A análise morfológica dos núcleos das células musculares lisas da camada

média e das células endoteliais das artérias de ratos Controle e Ouabaína, não

revelou nenhuma alteração estatisticamente significativa após tratamento crônico

com ouabaína (Figura 29, Tabela 9).

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Resultados 118

Tabela 8. Morfologia da parede vascular de artérias mesentéricas de resistência de

ratos Controle (n = 8) e Ouabaína (n = 9) obtida através de microscopia confocal.

Controle Ouabaína

Diâmetro interno (µm) 330 ± 8,60 288 ± 8,10 +

Espessura da parede (µm) 30,5 ± 0,90 28,8 ± 1,00

Espessura da adventícia (µm) 6,46 ± 0,30 6,20 ± 0,50

Espessura da média (µm) 11,5 ± 0,60 11,8 ± 0,80

Relação parede: lúmen (%) 8,90 ± 0,25 10,2 ± 0,44 +

Relação média: lúmen (%) 3,39 ± 0,18 4,07 ± 0,23 +

Superfície luminar (mm2) 1,04 ± 0,03 0,90 ± 0,03 +

Volume da parede (mm3) 0,035 ± 0,001 0,029 ± 0,001 +

Número total de células da

parede vascular

7580 ± 311 6606 ± 363

Densidade CAD/ volume da

adventícia

113125 ± 8437 157789 ± 27560

Densidade CML/ volume da média374754 ± 19772 352456 ± 25763

CE/ mm2 1412 ± 16,8 1480 ± 120

Número total de EC 1475 ± 31,1 1334 ± 112

Os valores representam média ± erro padrão da média. Teste t: +P<0,05 vs.

Controle. CAD - células adventiciais, CML - células musculares lisas, CE – células

endoteliais.

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Resultados 119

Tabela 9. Estudo morfométrico dos núcleos das células musculares lisas e

endoteliais de artérias mesentéricas de terceira ordem isoladas de ratos Controle (n

= 8) e Ouabaína (n = 9).

Células musculares Células endoteliais

Controle Ouabaína Controle Ouabaína Área (µm2) 77,8 ± 3,51 81,7 ± 3,47 109 ± 4,43 115 ± 4,82

Comprimento (µm) 22,4 ± 0,37 22,8 ± 0,56 15,7 ± 0,51 16,35 ± 0,44

Largura (µm) 5,8 ± 0,13 5,9 ± 0,09 10,8 ± 0,15 10,7 ± 0,17

Os resultados estão expressos com média ± erro padrão da média.

4.8. Conteúdo e organização da elastina

Os segmentos de artéria mesentérica de resistência apresentaram

autofluorescência na adventícia e lâmina elástica interna (LEI). Análises detalhadas

das projeções de diferentes partes da parede arterial revelaram que em segmentos

de ambos os grupos, a autofluorescência na adventícia compreendia uma distinta

lâmina elástica externa (LEE) composta de fibras formando uma clara rede

separando a camada média mais uma série de fibras isoladas fora desta rede

(resultados não mostrados). Nenhuma fluorescência foi observada na camada média

muscular (Resultados não-mostrados). A LEI nas artérias de ambos os grupos

possuía uma estrutura claramente organizada de uma rede elástica compacta e

fenestrada (Figura 30).

A espessura da LEI não foi modificada pelo tratamento crônico com ouabaína

comparada ao grupo controle (Tabela 10). O número total de fenestras, o número de

fenestras por área, assim como o tamanho médio das fenestras foram similares nas

artérias mesentéricas de ratos tratados com ouabaína comparados com o grupo

Controle (Figura 30, Tabela 10). Entretanto, o volume ocupado pela LEI por artéria

apresentou-se significativamente menor nos segmentos isolados de ratos Ouabaína

(Tabela 10). A média da intensidade de fluorescência por pixel não apresentou

nenhuma diferença estatisticamente significativa nos animais tratados com ouabaína

comparados ao grupo controle (Tabela 10).

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Resultados 120

CML A B

CE C D

Figura 29. Secções ópticas obtidas através de microscopia confocal dos núcleos das células

musculares lisas (CML) e endoteliais (CE) da parede vascular de artérias mesentéricas de resistência

de ratos Controle (A e C) e Ouabaína (B e D). As artérias foram pressurizadas a 70 mm Hg e fixadas

com paraformaldeído 4 %. A foto mostra os núcleos (ver setas) celulares coradas com o corante

Hoechst 33342. A linha traçada nas fotos C e D representa o eixo longitudinal da artéria. As imagens

foram capturadas com uma objetiva de 63x. Dimensões de cada imagem 238 x 238 µm.

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Resultados 121

Tabela 10. Características da lâmina elástica interna (LEI) de segmentos de artéria

mesentérica de terceira ordem de ratos Controle (n = 8) e Ouabaína (n = 9).

Controle Ouabaína

Espessura (µm) 3,50 ± 0,10 3,50 ± 0,10

No total de fenestras 3437 ± 409 3265 ± 428

Área das fenestras (µm2) 13,8 ± 1,30 12,7 ± 0,90

Área relativa elastina/ imagem 0,80 ± 0,01 0,79 ± 0,01

Volume LEI/ artéria (mm3) 0,0036 ± 0,0001 0,0031 ± 0,0001 +

Intensidade de fluorescência/

pixel

114 ± 1,32 117 ± 1,50

Fluorescência total (x106)

(intensidade por pixel e por

artéria)

4085 ± 195 3658 ± 131

Os resultados estão expressos como média ± EPM .Teste t: + P<0,05 vs. Controle

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Resultados 122

A

B

Figura 30. Reconstrução tridimensional das secções ópticas obtidas através de microscopia confocal

da lâmina elástica interna (LEI) da parede vascular de artérias mesentéricas de resistência de rato

pressurizadas a 70 mm Hg e fixadas com paraformaldeído 4 %. A imagem mostra a elastina

representada em verde e suas diversas fenestrações (setas). A. Controle, B. Ouabaína. As imagens

foram capturadas com uma objetiva de 63x.

20 µm

20 µm

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Resultados 123

4.9. Quantificação do conteúdo de colágeno Como demonstrado na Figura 31A, em artérias de resistência de ratos o

colágeno total estava distribuído principalmente nas camadas adventícia e média. O

tratamento crônico com ouabaína aumentou significativamente o conteúdo total de

colágeno comparado aos animais não tratados com ouabaína (Figura 31A e B). Esse

aumento ocorreu principalmente na camada média (Figura 31A) e foi completamente

normalizado com o tratamento crônico com losartan (Figura 31A e B). Nas artérias

de animais que receberam pellets placebo o conteúdo total de colágeno não foi

alterado pelo tratamento crônico com losartan (Figura 31B).

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Resultados 124

A

B

0.00

0.25

0.50

0.75

ControleOuabaínaLosartanOuabaína + Losartan

+

Áre

a de

Col

ágen

o/Á

rea

tota

l

Figura 31. A. Imagens representativas do conteúdo total de colágeno corado com picro sirius em

artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína + Losartan.

B. Gráfico com valores médios da área ocupada pelo colágeno em função da área total da parede

vascular de artérias mesentéricas de ratos Controle, Ouabaína, Losartan e Ouabaína + Losartan. Os

resultados estão expressos com média ± erro padrão da média. ANOVA: +P<0,05 vs. Controle.

Controle Ouabaína

Losartan Ouabaína + Losartan

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DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

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Discussão 126

5. Discussão 5.1. Resumo dos resultados

Em concordância com trabalhos previamente publicados (Huang et al., 1994;

Manunta et al., 1994; Kimura et al., 2000; Manunta et al., 2001; Rossoni et al.,

2002a,b; Di Filippo et al., 2003; Xavier et al., 2004a,c), o presente estudo

demonstrou que o tratamento crônico com ouabaína (≈ 8 µg/ dia) durante cinco

semanas foi eficaz no desenvolvimento de hipertensão em ratos. Pela primeira vez

na literatura, os resultados obtidos aqui demonstraram que esta hipertensão cursa

com alterações da modulação endotelial sobre a resposta contrátil à noradrenalina,

da atividade da Na+, K+-ATPase e das propriedades mecânicas e estruturais de

pequenas artérias mesentéricas de resistência de rato. Os resultados sugerem que,

embora não houvesse mudanças da resposta contrátil à noradrenalina em artérias

mesentéricas de quarta ordem de ratos tratados com ouabaína, um maior efeito

modulatório do óxido nítrico e um prejuízo do efeito do fator hiperpolarizante

derivado do endotélio (EDHF) sobre esta resposta foram observados. Nestas

mesmas artérias, foi observado aumento da atividade da Na+, K+-ATPase sensível à

ouabaína. Em conjunto com estas alterações funcionais, as artérias mesentéricas de

resistência de ratos hipertensos pelo tratamento crônico com ouabaína

apresentaram diâmetro interno e área de secção transversal reduzidos, associados a

uma maior rigidez da parede vascular. Esta maior rigidez parece estar associada a

maior deposição do conteúdo total de colágeno na parede vascular. Embora não

tenha sido eficaz na prevenção das alterações funcionais, o tratamento crônico anti-

hipertensivo com losartan preveniu as alterações sobre a estrutura da parede

vascular decorrentes do tratamento crônico com ouabaína, sugerindo o envolvimento

do sistema renina-angiotensina no remodelamento vascular presente neste modelo

de hipertensão.

5.2. Efeito do tratamento crônico com ouabaína sobre resposta contrátil à

noradrenalina e atividade funcional da Na+K+-ATPase em artérias mesentéricas

de resistência de rato

O papel do fator ouabain-like ou ouabaína endógena no desenvolvimento e/

ou manutenção da hipertensão arterial tem sido sugerido baseado em trabalhos que

demonstram que os níveis plasmáticos dessa substância encontram-se elevados em

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Discussão 127

pacientes hipertensos e em alguns modelos experimentais de hipertensão arterial,

existindo nestes casos uma correlação entre a concentração plasmática deste

composto e os níveis de pressão arterial (Overbeck et al., 1976; Hamlyn et al., 1982,

Pamnani et al., 1987; Hamlyn et al., 1996). Além disso, uma outra forte evidência de

que esta ouabaína endógena pode ter implicações na gênese e/ ou manutenção da

hipertensão reside no fato de que a administração crônica de doses baixas de

ouabaína (similares àquelas encontradas no plasma de pacientes e animais

hipertensos) ou compostos isômeros relacionados induz hipertensão em ratos

(Huang et al., 1994; Manunta et al., 1994; Kimura et al., 2000; Manunta et al., 2001;

Rossoni et al., 2002a,b; Di Filippo et al., 2003; Xavier et al., 2004a). Esta hipertensão

tem sido atribuída à ativação de vias oriundas do sistema nervoso central envolvidas

na regulação cardiovascular, resultando em aumento da atividade simpática e

prejuízo da atividade barorreflexa (Huang et al., 1994; Huang & Leenen, 1999;

Zhang & Leenen, 2001; Di Filippo et al., 2003). Os sistemas renina-angiotensina

(Huang & Leenen, 1999; Zhang & Leenen, 2001) e endotelina (Di Filippo et al. 2003)

são exemplos de vias simpatoexcitatórias envolvidas no efeito hipertensinogênico da

ouabaína, uma vez que, tanto a hiperatividade simpática como a hipertensão

decorrentes do tratamento crônico com esse digitálico são prevenidas pelo

tratamento com antagonistas do receptor AT1 para a angiotensina II (Zhang &

Leenen, 2001) ou com antagonistas do receptor ETA para a endotelina-1 (Di Filippo

et al. 2003).

O modelo de hipertensão induzida por ouabaína também cursa com

mecanismos vasculares periféricos, entretanto, ao contrário dos mecanismos

centrais, as alterações vasculares parecem ser compensatórias e não contribuintes

para o processo hipertensivo (Rossoni et al. 2002a,b; Xavier et al., 2004a). Rossoni

et al. (2002a,b) demonstraram que o tratamento crônico com ouabaína induz

alterações na resposta contrátil a fenilefrina dependendo do leito vascular estudado.

Assim, na aorta e na artéria mesentérica superior de ratos tratados com ouabaína foi

observado uma redução da resposta a fenilefrina enquanto na artéria caudal

nenhuma alteração foi observada. Já, na artéria renal de ratos tratados com

ouabaína, Kimura et al. (2000) demonstraram aumento da resposta contrátil à

fenilefrina e ao KCl quando comparada aos animais normotensos (Kimura et al.,

2000). Corroborando estes últimos resultados, Di Filippo et al. (2003) demonstraram

que na hipertensão induzida por ouabaína existe aumento da resistência vascular

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Discussão 128

renal acompanhado de redução do fluxo sanguíneo renal, o que sugere uma

contribuição importante deste leito vascular no desenvolvimento e/ ou manutenção

da hipertensão arterial neste modelo experimental. A razão para estas diferenças

regionais na reatividade vascular em ratos hipertensos pelo tratamento crônico com

ouabaína não está clara, mas provavelmente possa estar relacionado com o

diferente papel que pode exercer cada um destes leitos vasculares no

desenvolvimento e/ ou manutenção da hipertensão induzida por ouabaína.

A resistência vascular aumentada é um dos mecanismos fundamentais da

gênese e/ ou manutenção da hipertensão arterial. Os vasos de resistência são os

que controlam a maior parte da resistência vascular ao fluxo sanguíneo e está claro

que durante a hipertensão anormalidades da função destas artérias contribuem de

maneira crucial para a elevação da pressão arterial. É importante ressaltar que as

alterações vasculares do modelo de hipertensão induzida por ouabaína foram

observadas somente em artérias de condutância, o que não descartaria a

possibilidade de que em vasos de resistência, estas alterações pudessem ser

contribuintes para a gênese e/ ou manutenção dos níveis elevados de pressão

arterial. Sendo assim, um dos objetivos do presente trabalho foi avaliar esta

possibilidade, estudando a reatividade vascular induzida por estimulação alfa-

adrenérgica em vasos de resistência de animais tratados com ouabaína, assim como

os prováveis mecanismos envolvidos.

Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que a resposta

contrátil induzida por noradrenalina em artérias mesentéricas de resistência de ratos

hipertensos pelo tratamento crônico com ouabaína não foi diferente daquela

observada em artérias de animais Controle, sugerindo, em conjunto com aqueles

resultados previamente mencionados, que existem diferenças regionais de

reatividade vascular após tratamento crônico com ouabaína.

Em artérias de ratos Ouabaína, a preincubação com L-NAME, um inibidor

não-seletivo da sintase de óxido nítrico, induziu um aumento de maior magnitude da

resposta à noradrenalina comparada ao grupo Controle, sugerindo, neste caso, uma

maior modulação negativa do óxido nítrico sobre a resposta alfa-adrenérgica em

vasos de resistência de ratos Ouabaína. Este resultado é semelhante aquele

previamente demonstrado em artérias de condutância de animais tratados com

ouabaína (Rossoni et al., 2002b). Entretanto, diferente do efeito do L-NAME, o

aumento da resposta contrátil à noradrenalina observado após remoção do endotélio

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Discussão 129

foi de similar magnitude em segmentos de ambos os grupos. Estes últimos

resultados sugerem que, embora pareça existir uma maior liberação de óxido nítrico

em resposta à noradrenalina nas artérias de ratos Ouabaína, o efeito modulatório

total do endotélio sobre a resposta contrátil a este agonista alfa-adrenérgico não

sofre alterações após tratamento crônico com ouabaína. Em contrapartida, os

resultados aqui obtidos sugerem que em artérias mesentéricas de resistência de

rato, o tratamento com ouabaína altera o balanço entre os fatores vasodilatadores

liberados pelo endotélio em resposta à noradrenalina. Esta afirmação está baseada

nas seguintes evidências experimentais. Ao comparar a magnitude de efeito do L-

NAME com aquela observada após remoção do endotélio (através dos valores de

dAUC) em artérias de ratos Controle, foi observado que a potencialização da

resposta à noradrenalina foi maior após a remoção do endotélio quando comparada

aquela após incubação com L-NAME. Este resultado sugere que nas artérias de

ratos Controle, além do óxido nítrico, outros fatores vasodilatadores de origem

endotelial parecem exercer um efeito modulatório negativo sobre a resposta contrátil

à noradrenalina. Já nos segmentos arteriais de ratos Ouabaína, os valores de dAUC

após remoção do endotélio ou após pré-incubação com L-NAME foram semelhantes,

sugerindo que apenas o óxido nítrico contribui para a modulação negativa do

endotélio sobre a resposta à noradrenalina nas artérias mesentéricas de resistência

destes animais.

O tratamento crônico com ouabaína não alterou a expressão protéica da

isoforma endotelial da sintase de óxido nítrico (eNOS) em artérias mesentéricas de

resistência de rato, descartando o envolvimento de um possível aumento de

expressão da eNOS como sendo responsável pelo aumento da produção de óxido

nítrico em artérias de ratos Ouabaína. Este resultado contrasta com resultados

previamente obtidos em aorta de ratos tratados com ouabaína, na qual um aumento

da expressão da eNOS foi demonstrado (Rossoni et al., 2002b). Tem sido

demonstrado que a hipertensão induzida por ouabaína também cursa com aumento

da expressão da isoforma neuronal da sintase de óxido nítrico (nNOS) (Rossoni et

al., 2002b; Xavier et al., 2004a). Por isso, para investigar uma possível participação

desta isoforma sobre a resposta contrátil à noradrenalina, segmentos de artérias

mesentéricas de resistência de ratos Controle e Ouabaína foram incubados com um

inibidor seletivo da nNOS, o NPLA. Ao contrário do L-NAME, o NPLA não alterou

nem a sensibilidade, nem a resposta máxima à noradrenalina em segmentos de

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Discussão 130

ratos Controle e Ouabaína, descartando, portanto, a participação do óxido nítrico

oriundo da atividade da nNOS sobre a resposta contrátil induzida por ativação alfa-

adrenérgica em artérias mesentéricas de resistência de rato. Não obstante, um

aumento da atividade da eNOS não pode ser descartado uma vez que em alguns

modelos de hipertensão arterial tem sido demonstrado que a atividade desta

isoforma da sintase de óxido nítrico encontra-se aumentada (Nava et al., 1995;

Hayakawa & Raij, 1997; Vaziri et al., 1998). Além disso, tem sido demonstrado que a

ouabaína em concentrações nanomolares induz aumento de cálcio e conseqüente

liberação de óxido nítrico em cultura de células endoteliais (Dong et al., 2004).

Embora a liberação de óxido nítrico em resposta à noradrenalina pareça estar

aumentada em artérias mesentéricas de resistência de ratos Ouabaína, o

relaxamento induzido por acetilcolina nestes vasos não foi alterado pelo tratamento

com ouabaína. Estes resultados estão de acordo com trabalhos previamente

publicados em outros leitos vasculares, onde a resposta vasodilatadora à acetilcolina

não foi alterada pelo tratamento crônico com ouabaína (Kimura et al., 2000; Rossoni

et al., 2002a). O mecanismo pelo qual a ouabaína altera a liberação de óxido nítrico

endotelial induzida por estimulação alfa-adrenérgica, mas não por ativação de

receptores muscarínicos não é conhecido. Outros autores também tem demonstrado

que, após sua administração aguda, a ouabaína aumenta a liberação basal de óxido

nítrico mas não afeta a liberação deste fator vasodilatador em resposta à bradicinina

em artérias carótidas de rato (Xie et al., 1993).

Estudos prévios demonstraram que a ouabaína induz liberação de

prostaciclina em células endoteliais bovinas (Nakagawa et al.,1987) e aumenta a

produção desta prostaglandina em células endoteliais aórticas estimuladas por ATP

ou bradicinina (Boeynaems & Ramboer, 1989). Além disso, tem sido demonstrado

que a hipertensão arterial cursa com alteração da síntese e liberação vascular de

alguns prostanóides (Vanhoutte, 1996; Taddei et al., 1997). No presente trabalho, o

papel modulatório de prostanóides derivados da via do ácido araquidônico-

ciclooxigenase sobre a resposta contrátil induzida por noradrenalina foi investigado.

A pré-incubação com indometacina reduziu significativamente a sensibilidade à

noradrenalina sem alterar a resposta máxima a este agonista alfa-adrenérgico em

artérias mesentéricas de resistência de ratos Controle e Ouabaína. Este efeito

sugere a participação de prostanoides vasoconstritores, em vez de vasodilatadores,

sobre a resposta contrátil induzida por estimulação alfa-adrenérgica em artérias

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Discussão 131

mesentéricas de resistência de rato. O efeito do bloqueio da ciclooxigenase foi

similar em ambos os grupos experimentais, sugerindo que a hipertensão induzida

por ouabaína não é acompanhada de alterações da síntese e/ ou liberação de

prostanóides vasoconstritores em artérias mesentéricas de resistência de ratos.

Estes resultados são opostos àqueles observados em artérias de resistência de

ratos espontaneamente hipertensos, onde a participação de prostanóides

vasoconstritores na resposta contrátil induzia por estimulação alfa-adrenérgica está

reduzida (Briones et al., 2002). Os resultados aqui apresentados são diferentes

também dos resultados previamente publicados em artéria mesentérica superior de

rato, onde o tratamento crônico com ouabaína induziu uma perda da participação de

prostanóides contráteis sobre a contração induzida por fenilefrina (Xavier et al.,

2004b), porém são similares aos encontrados em anéis de aorta e artéria caudal

(Rossoni et al., 2002b). A razão para esta discordância entre os resultados não é

clara, porém pode estar relacionada com diferenças no papel exercido por estes

prostanóides em cada um destes leitos vasculares ou ainda com o modelo de

hipertensão estudado. Aumento (da Cunha et al., 2002; dos Santos et al., 2003) ou

não alteração (Fortes et al. 1992) da participação de prostanoides sobre a

vasoconstrição induzida por estimulação alfa-adrenérgica tem sido reportados na

hipertensão arterial.

Além do óxido nítrico e das prostaglandinas derivadas da via do ácido-

araquidônico-ciclooxigenase, um outro fator capaz de modular a resposta

vasoconstritora induzida por estimulação alfa-adrenérgica, é o fator hiperpolarizante

derivado do endotélio (EDHF) (Dora et al., 2000). Sabe-se que a administração

aguda de ouabaína (10 nM) no leito vascular caudal de ratos normotensos e

hipertensos pelo tratamento com L-NAME induz liberação de um EDHF (Rossoni et

al., 1999, 2003), assim como, a hipertensão induzida por ouabaína cursa com

aumento da liberação deste fator endotelial em resposta a fenilefrina em artéria

caudal de rato (Rossoni et al., 2002b).

Assim, para avaliar um possível efeito do tratamento crônico com ouabaína

sobre o efeito modulatório do EDHF na resposta contrátil induzida por noradrenalina

em artérias mesentéricas de resistência, o efeito do tetraetilamônio, um bloqueador

de canais para potássio ativados por cálcio, foi avaliado em segmentos previamente

incubados com L-NAME + indometacina. Após estimulo contrátil decorrente da

adição de concentrações crescentes de noradrenalina, os efeitos atribuíveis ao óxido

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Discussão 132

nítrico e à ativação de canais para potássio, este último consistente com a liberação

do EDHF, tornaram-se aparentes. O L-NAME, na presença de indometacina,

aumentou significativamente a contração à noradrenalina, sugerindo que

normalmente o óxido nítrico liberado suprime esta contração. Esta resposta foi de

maior magnitude nas artérias dos animais Ouabaína, confirmando o efeito

anteriormente observado apenas com L-NAME. Nas artérias mesentéricas de ratos

Controle incubadas com L-NAME + indometacina, o tetraetilamônio induziu um

aumento adicional na resposta contrátil à noradrenalina. Este efeito foi dependente

do endotélio, uma vez que, em segmentos onde as células endoteliais foram

removidas, o tetraetilamônio não alterou significativamente a resposta contrátil à

noradrenalina. Ao contrário da resposta observada em artérias de ratos Controle, em

artérias mesentéricas de resistência com endotélio de ratos Ouabaína, o efeito

potencializador do tetraetilamônio sobre a resposta contrátil à noradrenalina, estava

ausente. Esses resultados são consistentes com a hipótese de que em artérias

mesentéricas de resistência de ratos Controle a resposta contrátil mediada por

estimulação alfa-adrenérgica é negativamente modulada pela liberação de fatores

vasodilatadores endoteliais como o óxido nítrico e o EDHF, como previamente

demonstrado (Dora et al., 2000). Porém, em artérias de ratos com hipertensão

induzida por ouabaína, parece haver uma perda do papel modulatório exercido pelo

EDHF e, quase que totalmente, a modulação endotelial negativa sobre a resposta

contrátil à noradrenalina se deve à liberação de óxido nítrico.

O EDHF está descrito como um fator vasodilatador, independente do óxido

nítrico e da prostaciclina, que medeia a hiperpolarização do músculo liso vascular

através da abertura de canais para o potássio ativados por cálcio (Feletou &

Vanhoutte, 1996). Atualmente existe uma considerável variabilidade quanto ao papel

do EDHF na vasodilatação dependente do endotélio dependendo do leito vascular e

das espécies animais estudadas. Baseado em evidências experimentais, existem

prováveis candidatos para o EDHF incluindo: os produtos do ácido araquidônico pela

via da citocromo P450, o íon potássio, o óxido nítrico de estoques intracelulares, o

peróxido de hidrogênio ou mesmo o acoplamento elétrico entre as células

endoteliais e musculares lisas através de junções comunicantes (gap junctions)

(Hecker et al., 1994; Chaytor et al., 1998; Edwards et al., 1998, Matoba et al., 2002;

Chauham et al., 2003; Rabelo et al., 2003). Em alguns vasos sanguíneos o óxido

nítrico parece ser o mediador primário da vasodilatação dependente do endotélio,

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Discussão 133

enquanto que o EDHF pode também contribuir em menor extensão. Entretanto em

algumas artérias de resistência, incluindo artérias mesentéricas, coronárias,

hepáticas, cerebrais e renais, o EDHF parece representar o principal componente da

vasodilatação dependente do endotélio (Parkington et al., 1995; Edwards et al.,

1998; Brandes et al., 2000; McNeish et al., 2002).

Embora o óxido nítrico e o EDHF atuem através de diferentes sistemas

efetores ou de segundos mensageiros, existem evidências de interações entre estes

dois fatores vasodilatadores derivados do endotélio. Alguns estudos tem mostrado

que o óxido nítrico e o monofosfato cíclico de guanosina (GMPc) são capazes de

inibir a vasodilatação mediada pelo EDHF (Kessler et al., 1999; Nishikawa et al.,

2000). Em alguns vasos, o óxido nítrico pode também inibir a síntese do EDHF por

inibir a citocromo P450 (Bauersachs et al., 1997). Além disso, a vasodilatação

mediada pelo EDHF encontra-se aumentada em resposta ao bloqueio de óxido

nítrico, assim como em camundongos que sofreram deleção para o gene que

codifica a isoforma endotelial da sintase de óxido nítrico (Brandes et al., 2000). Estes

resultados sugerem que em alguns casos o EDHF pode funcionar como um sistema

reserva, o qual parece estar mais ativado quando a síntese de óxido nítrico está

reduzida. Entretanto, existem também evidências que o óxido nítrico e o EDHF

podem agir de maneira sinérgica no controle do tônus vascular (Freitas et al., 2003)

ou ainda de maneira independente, em alguns leitos vasculares (Cohen et al., 1997,

Matoba et al., 2000).

Na hipertensão humana e em alguns modelos experimentais de hipertensão,

onde a vasodilatação dependente do endotélio mediada pelo óxido nítrico encontra-

se prejudicada, existem evidências de que o EDHF, através do seu efeito

vasodilatador, apresenta-se como um mecanismo compensatório para a liberação

diminuída de óxido nítrico (Maeso et al., 1999; Taddei et al., 1999). No modelo de

hipertensão induzido por ouabaína utilizado no presente trabalho foi observado

exatamente o contrário: um prejuízo da participação do EDHF e um aumento do

efeito modulatório do óxido nítrico sobre a vasoconstrição induzida por

noradrenalina. Diante do que foi mencionado até aqui, surgem duas questões: O

aumento de óxido nítrico representa um mecanismo compensatório devido ao

prejuízo na síntese e/ ou liberação do EDHF induzido pelo tratamento crônico com

ouabaína? Ou a participação do EDHF está diminuída devido a um maior efeito

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Discussão 134

inibitório do óxido nítrico? Estas são questões difíceis de responder, porém alguns

outros aspectos devem ser considerados.

Existem algumas evidências experimentais de que a hiperpolarização e o

relaxamento das células musculares lisas induzidos pelo EDHF se dá, em alguns

leitos vasculares, através do acoplamento elétrico entre as células endoteliais e as

musculares lisas através de junções comunicantes (Chaytor et al., 1998; 2001; Dora

et al., 1999; Xu et al., 2001). Estas junções comunicantes (gap junctions) são

formadas pela junção de dois hemi-canais, chamados conexons, no ponto de

contato entre duas células, no qual, cada hemi-canal está composto de seis

conexinas. Estas, por sua vez, são proteínas com quatro domínios transmembranais

e duas cadeias peptídicas expostas como alças para o meio extracelular (Kumar &

Gilula, 1996). Tem sido demonstrado que a ouabaína pode prejudicar a

funcionalidade da comunicação celular através destas junções e é capaz de diminuir

a expressão protéica de conexinas (Schirrmarcher et al., 1996; Harris et al., 2000;

Martin et al., 2003). Esta ação da ouabaína se correlaciona com a afinidade de

ligação deste digitálico à subunidade α da Na+, K+-ATPase, embora não se tenha

conhecimento se isto se reflete devido à alteração da homeostasia de sódio e

potássio, decorrente da inibição da bomba de sódio, ou se devido a ativação de vias

de sinalização intracelular. Em fibroblastos (COS) e células epiteliais (HeLa), baixas

concentrações de ouabaína (0,1 - 10 µM) atenuaram a transferência de corante

dentro de aproximadamente uma hora, enquanto altas concentrações (100 µM - 1

mM) foram requeridas para induzir efeito equivalente em células musculares lisas

(A7r5) de aorta de rato. Uma exposição mais prolongada das células musculares

lisas (A7r5) com estas concentrações de ouabaína resultou em inibição da

expressão protéica de conexinas Cx40 e Cx43, evidente após 90 minutos e quase

completa após quatro horas de incubação (Martin et al., 2003). Tem sido proposto

que estes efeitos da ouabaína sobre as junções comunicantes podem contribuir para

inibição do dos efeitos do EDHF no sistema vascular (Martin et al., 2003). Além

disso, este efeito tempo dependente da ouabaína sobre a expressão de conexinas

poderia também explicar seus efeitos, observados por Nelli et al. (2003), sobre o

relaxamento dependente do endotélio em artérias coronárias bovinas. Estes autores

demonstraram que trinta minutos de incubação com ouabaína foram insuficientes

para alterar o relaxamento dependente do endotélio induzido por bradicinina,

enquanto esta resposta foi abolida após noventa minutos de exposição à ouabaína

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Discussão 135

(Nelli et al., 2003). Portanto, no modelo de hipertensão induzida por administração

crônica de ouabaína este poderia ser um dos mecanismos responsáveis pela perda

da participação do EDHF sobre a resposta contrátil induzida por noradrenalina em

artérias mesentéricas de resistência de rato e, dessa maneira, o aumento de óxido

nítrico observado poderia representar um mecanismo compensatório para esta

perda da participação do EDHF.

Os efeitos da ouabaína são usualmente explicados pela sua capacidade que

de inibir a Na+, K+-ATPase, embora ainda não esteja muito claro se a hipertensão e

os efeitos secundários do tratamento crônico com este digitálico se devam realmente

à inibição desta enzima. Em um trabalho prévio, Rossoni et al. (2002a)

demonstraram que, assim como a resposta à estimulação alfa-adrenérgica, a

atividade e expressão da Na+, K+-ATPase sofria alterações pelo tratamento crônico

com ouabaína dependendo do leito arterial estudado. Assim, em ratos tratados com

ouabaína, foi observado: aumento da expressão das isoformas α1 e α2 e da

atividade funcional da Na+, K+-ATPase na aorta, não alteração na artéria

mesentérica superior e diminuição na artéria caudal (Rossoni et al., 2002a).

Resultados similares de aumento da expressão da isoforma α da Na+, K+-ATPase,

variando de acordo com o tecido estudado, também tem sido reportado por outros

autores (Wang et al., 2000). Em outros modelos experimentais de hipertensão,

aumento (Herrera et al., 1985; Sahim-Edermli et al., 1995), não alteração (Redondo

et al., 1995) ou diminuição (Overbeck et al., 1976; Ponte et al., 1996) da expressão

e/ ou atividade da Na+, K+-ATPase vascular também têm sido demonstrados,

podendo, dessa maneira, comportar-se como um mecanismo compensatório ou

contribuinte para o processo hipertensivo. Na hipertensão induzida por ouabaína, as

alterações da atividade e/ ou expressão da Na+, K+-ATPase vascular têm sido

associadas com as alterações da resposta contrátil mediada por estimulação alfa-

adrenérgica (Rossoni et al., 2002a).

No presente estudo, a atividade funcional da Na+, K+-ATPase foi avaliada pela

técnica de relaxamento induzido pelo potássio sensível à ouabaína de acordo com o

método inicialmente descrito por Webb & Bohr (1978). A adição de potássio em

segmentos previamente contraídos com noradrenalina induziu relaxamento, o qual

não foi diferente entre os grupos Controle e Ouabaína. Após incubação com

ouabaína, o relaxamento induzido por potássio nas artérias de ambos os grupos foi

significativamente reduzido. Entretanto, esta redução foi de maior magnitude nas

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Discussão 136

artérias do grupo Ouabaína, sugerindo, portanto, uma maior atividade da Na+, K+-

ATPase sensível à ouabaína nas artérias deste grupo. Essa maior capacidade de

inibição do relaxamento induzido por potássio em artérias de animais tratados com

ouabaína tem sido atribuído a uma maior quantidade de sítios de ligação

(subunidade α) para este digitálico (Rossoni et al., 2002a). Este aumento da

atividade sensível à ouabaína e/ ou expressão de subunidades α da Na+, K+-ATPase

pode estar associado com uma maior hiperpolarização das células musculares lisas

vasculares e, dessa maneira, à alterações da resposta vasoconstritora induzida por

estimulação alfa-adrenérgica (Rossoni et al 2002a). Sendo assim, no presente

estudo, a resposta contrátil induzida por noradrenalina foi avaliada após incubação

dos segmentos arteriais com ouabaína. Em nenhum dos grupos estudados a

incubação de segmentos com ouabaína foi capaz de alterar a resposta contrátil

induzida por noradrenalina, sugerindo que, embora possa estar envolvida em outros

processos celulares, a atividade da Na+, K+-ATPase não parece contribuir de

maneira aparente para a contração induzida por estimulação alfa-adrenérgica em

artérias mesentéricas de resistência de rato. Além disso, o aumento da atividade

desta enzima observada em artérias de animais Ouabaína tampouco parece ter

influencia sobre a capacidade contrátil induzida por noradrenalina. Estes resultados

contrastam com outros previamente publicados, demonstrando que, mesmo em

concentrações muito baixas, a ouabaína aumenta a resposta contrátil induzida por

fenilefrina no leito vascular caudal perfundido de ratos normotensos e hipertensos

(Songu-Mize et al., 1995; Vassallo et al., 1997; Rossoni et al., 1999, 2001, 2003;

Padilha et al., 2004). A razão para esta diferença não é clara, mas pode ser devido

ao tipo de preparação (artéria isolada e leito perfundido) ou mesmo das

características intrínsecas de cada leito vascular.

Tem sido reportado que a hipertensão induzida pelo tratamento crônico com

ouabaína pode resultar do aumento da atividade do sistema nervoso simpático,

como indiretamente evidenciado pelo bloqueio ganglionar (Huang & Leenen, 1999),

o que acarretaria aumento da resistência vascular periférica (Di Filippo et al., 2003).

A ouabaína cronicamente administrada nas concentrações utilizadas no presente

estudo acumula em áreas dos sistema nervoso central envolvidas na regulação de

funções cardiovasculares (Huang et al., 1994). Esse acúmulo parece mediar o

aumento da pressão arterial, uma vez que este efeito induzido por ouabaína pode

ser prevenido pela administração intracerebroventricular de anticorpos anti-ouabaína

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Discussão 137

(Huang & Leenen, 1999; Veerasinghan & Leenen, 1999). O aumento da atividade

simpática e conseqüentemente da pressão arterial decorrentes da administração

central ou periférica de ouabaína tem sido atribuída à ativação do sistema renina-

angiotensina cerebral. Este efeito é sugerido pela observação de que a

administração central ou periférica de antagonistas do receptor AT1 para a

angiotensina II são capazes de prevenir o aumento da atividade simpática e da

hipertensão induzidos por ouabaína (Huang & Leenen 1996; Zhang & Leenen,

2001).

As alterações vasculares observadas em ratos hipertensos pelo tratamento

crônico com ouabaína têm sido apontadas como possíveis mecanismos

compensatórios ao aumento da pressão arterial (Rossoni et al., 2002a,b; Xavier et

al., 2004a) ou ainda podem ser conseqüência da hiperreatividade simpática sobre o

sistema vascular. Em outros modelos de hipertensão foi demonstrado aumento do

efeito modulatório do óxido sobre a resposta vasoconstritora mediada por

estimulação alfa-adrenérgica, onde se sugere que esse efeito possa ser

conseqüência da estimulação simpática continuada sobre as células endoteliais

(White et al., 1996). Estes dados podem ser reforçados pelos resultados de Boric et

al. (1999), que demonstraram que a estimulação de nervos perivasculares

simpáticos da circulação mesentérica induz contração e, paralelamente, estimular a

liberação de óxido nítrico nestas artérias e que a estimulação alfa-adrenérgica

endotelial libera óxido nítrico (Tuttle & Falcone, 2001). Sendo assim, o aumento da

atividade simpática induzida pela ouabaína, como previamente demonstrado (Huang

& Leenen, 1999; Veerasinghan & Leenen, 1999), poderia atuar sobre o sistema

vascular e estimular a liberação de óxido nítrico derivado do endotélio. Diante desta

possibilidade, a reatividade vascular à noradrenalina em artérias mesentéricas de

resistência foi avaliada em animais Controle e Ouabaína, ambos tratados com

losartan, um fármaco que já é sabido ser efetivo na prevenção da hiperreatividade

simpática e da hipertensão induzida pelo tratamento crônico com ouabaína.

Como previamente publicado (Zhang & Leenen, 2001), o tratamento com

losartan reduziu significativamente a pressão arterial em ambos os grupos (Controle

e Ouabaína) abolindo a diferença entre eles. Apesar disto, o bloqueio crônico dos

receptores AT1 para a angiotensina II não foi capaz de modificar os efeitos

vasculares seguidos do tratamento crônico com ouabaína. Dessa maneira, um

aumento da participação do óxido nítrico e redução do EDHF em resposta à

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Discussão 138

estimulação alfa-adrenérgica foram observados nos animais que receberam

ouabaína. Além disso, o aumento da atividade funcional da Na+, K+-ATPase induzido

pelo tratamento crônico com ouabaína também não foi prevenido pelo tratamento

anti-hipertensivo com losartan. Estes resultados portanto sugerem que as alterações

vasculares em artérias mesentéricas de resistência de rato observadas após

tratamento crônico com ouabaína, não parecem ser conseqüência da pressão

arterial elevada, nem tampouco da ativação do sistema renina-angiotensina, mas

possivelmente são decorrentes dos níveis circulantes elevados deste digitálico.

Resultados semelhantes também foram obtidos em aorta e artéria mesentérica

superior de ratos Ouabaína, onde o tratamento com losartan também não foi capaz

de prevenir o aumento da modulação do óxido nítrico e a conseqüente redução da

resposta contrátil induzida por fenilefrina (Xavier et al. 2004b,c). Além disso,

Cargnelli et al. (2000) demonstraram que o tratamento crônico com ouabaína reduz

a resposta contrátil mediada por estimulação alfa-adrenérgica em aorta de rato, um

efeito que foi independente da pressão arterial elevada.

Existem evidências na literatura de que outros compostos digitálicos como a

digoxina e a digitoxina, ao contrário da ouabaína e seus isômeros, quando

administrados cronicamente são ineficazes no desenvolvimento de hipertensão em

ratos (Manunta et al., 2000). Comparando o efeito hipertensivo da ouabaína e de

alguns de seus isômeros, como a iso-ouabaína e a dihidro-ouabaína, com seu efeito

sobre a atividade Na+K+-ATPase, Manunta et al. (2001) demonstraram que o efeito

hipertensivo destes isômeros é independente da sua capacidade inibitória sobre a

atividade da Na+K+-ATPase. A ouabaína é um inibidor mais potente da atividade da

Na+K+-ATPase comparada à iso-ouabaína e à dihidro-ouabaína, porém estes últimos

possuem uma atividade hipertensora mais pronunciada (Manunta et al., 2001). Em

ratos tratados com digoxina, ao contrário daqueles tratados com ouabaína, não

foram observadas alterações sobre reatividade vascular a fenilefrina em artérias

renais de rato (Kimura et al., 2000). Em conjunto estes resultados demonstram que a

indução da hipertensão pela ouabaína em ratos parece ser independente da inibição

da Na+, K+-ATPase. Assim, novos sítios de ligação para a ouabaína em células

adrenocorticais têm sido descritos (Ward et al., 2002), os quais poderiam estar

envolvidos nos efeitos da administração crônica de ouabaína sobre a pressão

arterial e a função vascular.

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Discussão 139

5.3. Efeito do tratamento crônico com ouabaína sobre as propriedades

mecânicas e estruturais de artérias mesentéricas de resistência de rato

Em muitas enfermidades cardiovasculares ou situações que cursam com

alterações do sistema cardiocirculatório, o fenômeno do remodelamento vascular é

uma das características marcantes. Este remodelamento compreende as diferentes

maneiras de alterações estruturais da parede dos vasos sanguíneos que resulta, na

maioria das vezes, em aumento da relação parede: lúmen. Estas alterações podem

ou não estarem relacionadas com crescimento celular, senão com um processo de

reorganização do material que constitui a parede vascular, especialmente das

células musculares lisas da camada média. O remodelamento vascular pode ser de

tipos distintos, conforme as alterações quantitativas do material que compõe a

parede vascular (hipertrófico, eutrófico ou hipotrófico), ou conforme reduza (para

dentro) ou aumente (para fora) o diâmetro interno (Mulvany, 2000).

Tem sido evidenciado em pacientes e em alguns modelos experimentais que

no caso da hipertensão arterial, as mudanças na estrutura das artérias de resistência

envolve a combinação de basicamente dois processos: remodelamento eutrófico e

remodelamento hipertrófico. Ambos os tipos de remodelamento vascular

compartilham as características de diminuição do diâmetro luminar com aumento da

relação parede: lúmen, porém o remodelamento eutrófico diminui o diâmetro sem

alteração da área de secção transversal, enquanto que o remodelamento hipertrófico

aumenta a espessura da parede com aumento da área de secção transversal. Na

hipertensão o remodelamento reflete um processo adaptativo de pequenas artérias à

pressão arterial elevada e finalmente previne o aumento do stress de parede.

Apesar disso, a diminuição do diâmetro luminar e o aumento da relação parede:

lúmen contribuem para agravar o quadro hipertensivo porque aumentam a

resistência ao fluxo sanguíneo e podem ser causa para o aumento da resposta às

substâncias vasoconstritoras.

Na literatura não existia até então nenhuma evidência experimental de que a

hipertensão induzida por ouabaína pudesse estar associada a alterações estruturais

de vasos de resistência. Porém, existiam evidências de que a ouabaína, em

concentrações próximas daquelas encontradas no plasma de pacientes hipertensos,

promove a proliferação de miócitos vasculares (Kometiani et al., 1998; Aydemir-

Koksoy et al., 2001) e aumento de moléculas de adesão do tipo VCAM-1 em células

endoteliais de camundongos (Bereta et al., 1995), o que a torna um contribuinte em

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Discussão 140

potencial para o remodelamento vascular na hipertensão arterial. Assim, em vasos

de resistência de animais hipertensos pela administração crônica de ouabaína,

apesar de não terem sido observadas alterações sobre os processos de contração e

relaxamento, possíveis alterações da estrutura da parede vascular poderiam estar

presentes, contribuindo ou não para o aumento da resistência vascular periférica e

da pressão arterial.

O presente estudo foi o primeiro a demonstrar que a hipertensão induzida por

ouabaína cursa com remodelamento vascular de pequenas artérias de resistência de

rato. Neste estudo foram avaliadas as propriedades estruturais e mecânicas de

artérias mesentéricas de terceira ordem de ratos Controle e Ouabaína, em um

sistema para artérias pressurizadas, o qual representa um dos métodos atuais mais

apropriados para esse tipo de estudo por sua aproximação com as condições in vivo

(Schiffrin & Hayoz, 1997). Foi observado que artérias mesentéricas de resistência de

ratos Ouabaína apresentaram o diâmetro interno e externo reduzidos e aumento da

relação parede: lúmen e média: lúmen quando comparadas com as artérias de

mesma ordem do grupo Controle. Além disso, a área de secção transversal das

artérias de ratos hipertensos apresentou-se reduzida comparada a do grupo

normotenso. Em conjunto estes resultados sugerem que a hipertensão induzida por

ouabaína cursa com remodelamento vascular do tipo hipotrófico para dentro em

artérias mesentéricas de resistência de rato. Esse tipo de remodelamento não é

comum na hipertensão arterial, onde tem sido mostrado que em ambos, pacientes e

animais experimentais, o remodelamento eutrófico predomina na maioria dos casos

(Deng & Schiffrin, 1992a; Korsgaard et al., 1993; Li et al., 1996; Intengam et al.,

1999a,b; Briones et al., 2003; Porteri et al., 2003), embora exemplos de

remodelamento hipertrófico também tenham sido descritos (Deng & Schiffrin, 1992b,

Korsgard & Mulvany, 1998; Bund, 2000; Rizzoni et al., 2000).

Arteríolas renais aferentes de ratos espontaneamente pré-hipertensos

(Norrelund et al., 1994) e artérias de resistência isoladas de pacientes com isquemia

de membros inferiores (Coats et al., 2003), um modelo de hipotensão/ baixa

perfusão, também apresentaram remodelamento hipotrófico. O mecanismo deste

remodelamento não está totalmente claro, porem, atrofia de uma ou mais camadas

da parede vascular, devido à diminuição da densidade celular ou aumento da rigidez

de vaso poderiam ser responsáveis pela alteração da estrutura vascular. Coats et al.

(2003) demonstraram hipotrofia das camadas adventícia e média vasculares devido

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Discussão 141

à hipoplasia em artérias isquêmicas dos leitos subcutâneo e muscular esquelético.

No presente estudo, foi observada uma redução, embora não estatisticamente

significativa, no número total de células das artérias de ratos Ouabaína. Assim,

alguns sinais de hipoplasia nas artérias de ratos Ouabaína poderiam contribuir, pelo

menos em parte, para o remodelamento hipotrófico observado. Entretanto, desde

que o número de células e o volume da parede foram menores nas artérias de ratos

tratados com ouabaína, a densidade celular permaneceu inalterada após tratamento

com este digitálico. Corroborando estes resultados, Orlov et al. (2004) demonstraram

que em células endoteliais aórticas de suínos, a exposição a longo prazo com

ouabaína promove necrose, cujo efeito parece ser independente da alteração do

gradiente de Na+ e K+ decorrente da inibição da Na+,K+-ATPase. Por outro lado, em

artérias de resistência de ratos espontaneamente hipertensos (SHR-SP) e em

artérias basilares de ratos com hipertensão induzida pela inibição crônica do óxido

nítrico, uma redução do tamanho dos núcleos das células endoteliais foi observado

(Arribas et al., 1997a,b). No presente estudo, a morfologia dos núcleos das células

musculares lisas e endoteliais das artérias de ratos Controle e Ouabaína foi

analisada; nenhuma diferença sobre este parâmetro foi observada entre os grupos.

O remodelamento hipotrófico também pode ser produzido por alterações do

fluxo sanguíneo (Langille et al., 1989), o qual pode ser produzido por alterações

funcionais. Assim, tanto o aumento da resposta vasoconstritora como a diminuição

da produção de fatores vasodilatadores endoteliais podem reduzir o fluxo sangüíneo

nestes vasos. Entretanto, os resultados aqui obtidos demonstram que tanto a

resposta à noradrenalina, quanto o relaxamento induzido por acetilcolina não foram

alterados pelo tratamento com ouabaína. Em conjunto estes resultados excluem as

alterações funcionais como sendo causa do remodelamento observado em artérias

de ratos hipertensos pelo tratamento com ouabaína.

O remodelamento vascular observado em artérias de ratos Ouabaína parece

representar, assim como em outros modelos de hipertensão, um mecanismo

contribuinte para o processo hipertensivo, uma vez que, resultou em diminuição do

diâmetro luminar. Na hipertensão, o remodelamento vascular para dentro, ou seja,

com redução do diâmetro luminar, é apontado como causa fundamental para o

aumento da resistência vascular periférica. De acordo com a Equação de Poiseuille

a resistência vascular varia inversamente proporcional a quarta potência do raio;

sendo este uma função das propriedades mecânicas vasculares ativas e passivas.

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Discussão 142

As propriedades passivas podem ser descritas pela relação pressão: diâmetro em

condições de completo relaxamento vascular, enquanto as propriedades ativas

correspondem a uma função do nível de ativação das células musculares lisas, da

quantidade e da organização destas células na parede vascular. Considerando um

dado nível de ativação das células musculares lisas e que este produz uma

determinada força por área de secção transversal, a pressão contra a qual o vaso irá

contrair, de acordo com a Lei de Laplace, é proporcional a relação parede: lúmen, ou

mais corretamente à relação média: lúmen (Mulvany, 1984). Assim, o aumento da

relação parede: lúmen em artérias de resistência pode ser considerado como um

dos mecanismos contribuintes para o aumento da resistência vascular periférica e

dessa forma para a manutenção da pressão arterial elevada. No presente trabalho,

as propriedades ativas da parede vascular não foram aparentes, de maneira que a

relação pressão: diâmetro em artérias mesentéricas de resistência de ambos os

grupos foi similar na presença e na ausência de cálcio, como previamente descrito

por Briones et al. (2003). Por isso, não fica claro no presente estudo que

conseqüências poderiam ter o aumento da relação parede/ média: lúmen sobre as

propriedades ativas da parede arterial de artérias mesentéricas de resistência de

animais tratados com ouabaína. Por outro lado, em vasos de resistência de animais

espontaneamente hipertensos, a relação parede: lúmen aumentada não parece

estar associada com alterações das propriedades ativas da parede vascular (Izzard

et al., 1996a,b; Bund, 2000).

Como descrito acima, o diâmetro interno vascular depende das propriedades

ativas da parede arterial em resposta à pressão transmural e da complacência desta.

A complacência, que é a capacidade do vaso distender-se em resposta a aumentos

de pressão intraluminar, depende, por sua vez, da geometria e da rigidez dos

elementos que constituem a parede vascular. Esta complacência pode ser reduzida

em conseqüência de um diâmetro interno reduzido, como por exemplo na

hipertensão arterial, sendo este um exemplo típico de efeito dependente da

geometria, ou pode sofrer alterações em conseqüência de mudanças do módulo

elástico. O módulo elástico (Incremental elastic modulus) depende da rigidez dos

constituintes da parede vascular, colágeno, elastina, células musculares lisas, etc., e

é independente da geometria.

Diversos estudos previamente publicados têm demonstrado que o

remodelamento vascular na hipertensão cursa com alterações das propriedades

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Discussão 143

mecânicas da parede arterial (Baumbach et al., 1988; Hadju & Baumbach 1994;

Intengan et al., 1999a; Bund, 2000; Briones et al., 2003; Izzard et al., 2003). No

presente trabalho, foi observado que artérias mesentéricas de resistência de ratos

hipertensos pelo tratamento com Ouabaína apresentaram aumento da rigidez

arterial, como evidenciado pelo maior valor de β (Incremental elastic modulus)

nestas artérias comparadas ao grupo Controle. Estes resultados são semelhantes a

muitos outros previamente publicados com outros modelos de hipertensão, onde

também é descrito aumento da rigidez da parede arterial (Hadju & Baumbach, 1994;

Intengan et al., 1999a; Briones et al., 2003). Esse aumento da rigidez pode ser um

dos mecanismos responsáveis pela redução do diâmetro observado nas artérias dos

animais tratados com ouabaína. Por outro lado, evidências de não alteração (Dunn &

Gardiner; Intengan & Schiffrin, 1998) ou mesmo redução (Hadju & Baumbach, 1994;

Intengan et al., 1999b) da rigidez arterial também têm sido descritos na hipertensão.

Baseado em evidencias previamente descritas para outros tipos de hipertensão, é

provável que em vasos de resistência de animais Ouabaína, apesar da maior rigidez

dos componentes da parede vascular, a alteração da geometria arterial observada

representa um mecanismo para redução do stress de parede in vivo, o qual

protegeria a parede vascular dos danos ocasionados pelo aumento da pressão

arterial. Concordando com esta hipótese, o stress de parede das artérias de animais

tratados com ouabaína foi significativamente menor que aquele observado em

artérias de animais Controle.

A matriz extracelular vascular é um dos principais responsáveis pelas

propriedades mecânicas da parede arterial e também está envolvida em processos

biológicos como adesão, proliferação e migração celular (Tuñón et al., 2000). As

interações funcionais e estruturais entre as proteínas da matriz extracelular e as

células musculares lisas, através de moléculas de adesão, por exemplo, podem ser

importantes na manutenção da integridade vascular, e alterações nestas ações

poderiam contribuir para alterações na rigidez da parede arterial. Na hipertensão tem

sido demonstrado que devido às alterações dos componentes da matriz extracelular

e das correspondentes moléculas de adesão, as interações entre as células

musculares lisas e as proteínas da matriz se modificam quantitativamente e/ ou

topograficamente, produzindo reorganização das células musculares lisas e uma

reestruturação da parede vascular (Intengan et al., 1999a). Está descrito também

que o colágeno acumula em maior proporção em artérias mesentéricas de

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Discussão 144

resistência de ratos hipertensos (Intengan et al., 1999a), em conseqüência, por

exemplo, do estímulo por fatores humorais que estão aumentados na hipertensão,

como a angiotensina II (Mifune et al., 2000). Por outro lado, na parede vascular

existem enzimas proteolíticas que são responsáveis pela digestão das proteínas que

compõem a matriz extracelular, como a colagenase, cuja atividade pode estar

reduzida na hipertensão (Intengan & Schiffrin, 1999 abstract).

O colágeno representa uma das principais proteínas da matriz extracelular,

podendo ser encontrado na parede vascular em diferentes tipos. Nas camadas

íntima, média e adventícia o principal constituinte é o colágeno tipo I e III, enquanto

o colágeno do tipo IV e V pode ser encontrado na membrana basal das células

endoteliais e musculares lisas juntamente com os tipos I e III. Esta proteína

comporta-se como um dos principais determinantes do módulo elástico (Bank et al.,

1996), e na hipertensão o aumento de sua deposição de colágeno é apontado como

uma das principais causas para o aumento da rigidez arterial (Laurant et al., 1997;

Intengan et al., 1999a). Com relação ao comportamento da curva de relação stress-

strain, está descrito que a parte inicial (correspondente à relação stress-strain em

valores mais baixos de pressão) reflete o grau de estiramento das fibras elásticas,

enquanto que a parte superior da curva (correspondente à relação stress-strain em

valores mais altos de pressão) reflete a rigidez das fibras elásticas em seu grau

máximo de estiramento, assim como o grau de estiramento das fibras colágenas

(Dobrin, 1978). Comparando a relação stress-strain entre os grupos experimentais, é

possível observar que em todos os pontos superiores da curva, a qual representa a

contribuição do colágeno para a rigidez da parede arterial, existe um desvio para a

esquerda no grupo Ouabaína. Este desvio representa uma maior rigidez arterial e

aponta uma provável participação do colágeno neste efeito. Baseado nesta

possibilidade, o conteúdo total de colágeno em artérias mesentéricas de resistência

de ratos Controle e Ouabaína foi avaliado através da coloração com Picro sirius e,

apoiando a hipótese anteriormente citada, os resultados obtidos demonstraram que

a hipertensão induzida por ouabaína em ratos cursa com aumento do conteúdo total

de colágeno em artérias mesentéricas de resistência. O mecanismo responsável por

essa maior deposição de colágeno nas artérias de animais Ouabaína não é certa,

mas pode ser conseqüência de um aumento na síntese e/ ou redução da sua

degradação, como demonstrado em outros modelos de hipertensão.

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Discussão 145

Outro componente da matriz extracelular envolvida no processo de

remodelamento vascular na hipertensão é a elastina. Até pouco tempo atrás, a

contribuição desta proteína para as propriedades estruturais e mecânicas de vasos

de resistência de animais hipertensos era pouco estudada. Entretanto, alterações do

seu conteúdo e organização em vasos de condutância de animais hipertensos têm

sido previamente bem documentado (Keeley & Alatawi, 1991; Keeley et al., 1991;

Boumaza et al., 2001). Provavelmente isto se devesse ao fato de que as artérias de

resistência contêm uma pequena proporção de elastina comparada a vasos de

condutância. Entretanto, Briones et al. (2003), utilizando artérias mesentéricas de

resistência de rato, demonstraram que a elastina possui um papel fundamental na

manutenção da geometria vascular e participa de maneira importante como um

contribuinte para as alterações estruturais e mecânicas da parede arterial na

hipertensão.

No presente trabalho, é possível observar, que a relação stress-strain, nos

pontos inferiores da curva, a qual representa principalmente a participação da

elastina para a rigidez da parede arterial, existe um pequeno desvio para a esquerda

no grupo Ouabaína, o que sugere a contribuição da elastina neste efeito. Através de

microscopia confocal, foram investigadas possíveis alterações no conteúdo e

organização da elastina em artérias mesentéricas de resistência de ratos

hipertensos, as quais poderiam participar do processo de remodelamento observado

após tratamento crônico com ouabaína. A elastina possui propriedades de

autofluorescência; excitada a 488 nm emite fluorescência que pode ser detectada a

um comprimento de onda de 500-560 nm (Wong & Langille, 1996; Boumaza et al.

2001). A fluorescência detectada através de microscopia confocal corresponde a

elastina e não ao colágeno uma vez que artérias incubadas com NaOH 0,1 M a 75°

C (método usado para digestão do conteúdo de colágeno) apresentavam igual

fluorescência quando comparado aqueles segmentos na ausência de NaOH e

temperatura ambiente (Briones et al., 2003). Além disso, como previamente

demonstrado por Briones et al. (2003) o tratamento de segmentos arteriais com

elastase é capaz de remover completamente esta fluorescência, comprovando que

realmente corresponde a elastina.

Estimada pela intensidade de fluorescência na lâmina elástica interna, não foi

encontrado nenhuma diferença na quantidade de elastina entre os segmentos

arteriais de ratos Controle e Ouabaína. De maneira semelhante, a organização da

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Discussão 146

elastina na lâmina elástica interna não mostrou sinais de alterações nas artérias dos

animais Ouabaína comparados ao grupo Controle. Nestas artérias, a área e o

número das fenestrações da lâmina elástica interna foram similares entre os grupos

experimentais estudados. Entretanto o volume ocupado pela lâmina elástica interna

na parede arterial foi menor no grupo Ouabaína, comparado ao grupo Controle. Este

menor volume da lâmina elástica interna em artérias de ratos tratados com ouabaína

provavelmente deva-se ao menor tamanho que estas artérias apresentam

comparadas aquelas dos animais Controle. Os resultados apresentados aqui

sugerem, portanto, que, se a elastina comporta-se como um fator contribuinte para

as alterações mecânicas e estruturais de vasos de resistência de animais Ouabaína,

esse efeito não parece ser conseqüência de alterações na sua quantidade e/ ou

organização na parede arterial. Estes resultados são diferentes daqueles obtidos por

Briones et al. (2003) demonstrando que alterações na organização da elastina

contribui de maneira significativa para as alterações mecânicas e estruturais de

vasos de resistência de animais espontaneamente hipertensos. Estes autores

demonstraram que, embora não houvesse mudanças na quantidade total de

elastina, artérias de animais espontaneamente hipertensos apresentavam redução

do tamanho das fenestrações da lâmina elástica interna, o que, por sua vez, tornaria

a lâmina elástica interna mais rígida e menos distensível (Briones et al. 2003).

Corroborando estes resultados, esses mesmos autores demonstraram que após

digestão da elastina com elastase, as diferenças estruturais (redução do diâmetro

interno, aumento da relação parede:lúmen) e mecânicas (redução do stress de

parede, aumento da rigidez arterial), antes observadas nas artérias de ratos

hipertensos, foram abolidas (Briones et al. 2003).

Em conjunto, os resultados apresentados no presente trabalho sugerem que

alterações no conteúdo total de colágeno em artérias mesentéricas de ratos tratados

com ouabaína podem contribuir de maneira significativa para o aumento da rigidez

observado nestas artérias. Entretanto, outras possíveis alterações decorrentes do

tratamento crônico com ouabaína sobre outros componentes da parede arterial não

podem ser descartadas.

Como demonstrado anteriormente, as alterações funcionais induzidas pelo

tratamento crônico com ouabaína sobre a resposta vasoconstritora à noradrenalina e

atividade da Na+, K+-ATPase em vasos de resistência e de condutância (Xavier et

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Discussão 147

al., 2004b,c) não foram prevenidas pelo tratamento anti-hipertensivo com losartan,

descartando o efeito da pressão elevada ou do sistema renina-angiotensina sobre

estas alterações. Um questionamento que surgia era se o mesmo poderia ocorrer

com as alterações estruturais e mecânicas, ou seja, se o tratamento anti-

hipertensivo com losartan seria incapaz de modificar as propriedades estruturais e/

ou mecânicas em vasos de resistência de animais ouabaína. Embora tenha sido

descrito que uma das principais causas para o remodelamento vascular na

hipertensão seja a própria pressão arterial elevada (Mulvany, 2002), inúmeros

trabalhos têm demonstrado que o tratamento anti-hipertensivo por si só não é

condição única para reverter estas alterações estruturais (Thybo et al., 1995; Park &

Schiffrin, 2000; Schiffrin & Touyz, 2004), o que sugere que a manutenção destas

alterações envolve outros processos.

Os estudos experimentais revelam que a angiotensina II é um dos principais

fatores envolvidos no processo de remodelamento vascular na hipertensão. A

angiotensina II promove crescimento e proliferação de células musculares lisas

(Touyz et al., 1999, Touyz & Schinffrin, 2000), aumenta a síntese e reduz a

degradação de colágeno na parede vascular (Intengan et al., 1999a; Varo et al.,

2000), aumenta a expressão de moléculas de adesão (Intengan et al., 1999a; Pueyo

et al., 2000), além de possuir importante ação pró-inflamatória induzindo a produção

de espécies reativas de oxigênio, citocinas, moléculas quimiotáticas, etc. (Suematzu

et al., 2002). Além disso, está amplamente demonstrado que o tratamento com

antagonistas dos receptores AT1 para a angiotensina é capaz de melhorar

significativamente as alterações estruturais e mecânicas presentes na hipertensão

(Schiffrin et al., 1994; Schiffrin et al., 1995; Thybo et al., 1995; Rizzoni et al., 1998;

Intengan et al., 1999a). Esta melhora parece ser independente do efeito anti-

hipertensivo dos antagonistas do receptor AT1, uma vez que os beta-bloqueadores

produzem igual redução na pressão arterial, mas não foram capazes de reverter as

alterações estruturais em pacientes hipertensos (Schiffrin et al., 1994; Schiffrin &

Deng, 1995). No presente estudo, o efeito do tratamento crônico com losartan sobre

as alterações estruturais e mecânicas das artérias mesentéricas de resistência de

ratos Ouabaína foi avaliado.

Os resultados obtidos demonstraram que, além do seu efeito preventivo no

desenvolvimento de hipertensão, o tratamento crônico com losartan preveniu as

alterações estruturais e mecânicas em artérias de resistência de ratos submetidos

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Discussão 148

ao tratamento crônico com ouabaína. O tratamento com losartan preveniu a redução

do diâmetro interno e externo e o aumento da relação parede:lúmen, além do

aumento da rigidez em artérias mesentéricas de ratos tratados com ouabaína. Estes

resultados são corroborados pela observação de que o tratamento crônico com

losartan preveniu o aumento da deposição de colágeno em artérias de ratos

Ouabaína, reforçando a importante contribuição deste componente da matriz

extracelular sobre as alterações mecânicas das artérias de ratos hipertensos pelo

tratamento crônico com ouabaína. Estes resultados em conjunto sugerem que,

embora a angiotensina II não participe das alterações vasculares funcionais

decorrentes do tratamento crônico com ouabaína, ela parece ser responsável pelo

remodelamento vascular presente neste modelo de hipertensão. Seus efeitos sobre

a parede arterial de vasos de resistência de animais Ouabaína resultam de um

aumento do conteúdo total de colágeno que provocam aumento da rigidez arterial e

diminuição do diâmetro interno. Além disso, estes resultados descartam uma

provável contribuição direta da ouabaína, cujos níveis plasmáticos encontram-se

elevados neste modelo, sobre as alterações estruturais observadas. É importante

ressaltar que o tratamento crônico com losartan não afetou a estrutura ou as

propriedades mecânicas em artérias de ratos que receberam pellets contendo

placebo. Com os resultados obtidos aqui, não se pode afirmar se essa maior

participação do sistema renina-angiotensina sobre a estrutura e a mecânica das

artérias de animais Ouabaína, se deva a uma ativação direta da ouabaína sobre

este sistema ou se decorre de um aumento secundário à pressão arterial elevada,

ou mesmo da hiperatividade simpática, uma vez que o sistema renina-angiotensina

se encontra mais ativado em outros modelos de hipertensão. Entretanto,

recentemente Padilha et al., (2004) demonstraram que a ouabaína, utilizada em

concentrações nanomolares, promove a liberação de angiotensina II no leito

vascular caudal de ratos espontaneamente hipertensos, o que sugere a hipótese de

que a ouabaína administrada cronicamente pode diretamente no sistema vascular

ativar o sistema renina-angiotensina local. Porém, no sistema nervoso central este

efeito da ouabaína sobre o sistema renina-angiotensina já está bem descrito (Huang

& Leenen, 1999).

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Conclusões 149

6. Conclusões Os resultados experimentais obtidos no presente estudo demonstraram pela

primeira vez que a hipertensão induzida pelo tratamento crônico com ouabaína cursa

com alterações funcionais e estruturais das artérias mesentéricas de resistência de

rato.

- Ao contrário do observado em vasos de condutância (Rossoni et al., 2002a,b;

Xavier et al., 2004b,c) o aumento do efeito modulatório do óxido nítrico em artérias

mesentéricas de resistência de animais Ouabaína não foi capaz de alterar a

resposta a noradrenalina. Isso provavelmente deva-se a um contrabalanço

decorrente do prejuízo da resposta do fator hiperpolarizante derivado do endotélio

em artérias de resistência de animais Ouabaína.

- Apesar de ter sido observado aumento da atividade funcional da Na+K+ATPase em

artérias de resistência de ratos Ouabaína, esta resposta, que provavelmente

produziria maior hiperpolarização das células musculares lisas, não parece ter

qualquer influência sobre a resposta contrátil induzida por noradrenalina.

- Estas alterações funcionais não parecerem mecanismos contribuintes para o

aumento da resistência vascular periférica, entretanto, o remodelamento vascular

observado nas artérias mesentéricas de resistência de ratos Ouabaína parecem,

assim como em outros modelos de hipertensão, contribuírem para a resistência

vascular periférica aumentada e conseqüentemente para a manutenção da pressão

arterial elevada após tratamento crônico com ouabaína. As artérias dos animais

tratados com este digitálico apresentaram diâmetro luminar reduzido associado

provavelmente a maior rigidez da parede arterial.

- Embora não tenha sido capaz de prevenir as alterações sobre a participação dos

fatores endoteliais na resposta à noradrenalina ou o aumento da atividade da

Na+,K+-ATPase, o tratamento crônico com losartan preveniu o remodelamento

vascular presente nos animais Ouabaína e impediu o desenvolvimento de

hipertensão nestes animais. Estes resultados sugerem, portanto, a participação do

sistema renina angiotensina como um provável mediador das alterações vasculares

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Conclusões 150

estruturais decorrentes da hipertensão induzida por ouabaína. Em conjunto com os

resultados previamente publicados por Zhang & Leenen (2001) e Huang et al.,

(2001), os resultados aqui obtidos apresentam mecanismos adicionais que sugerem

a participação do sistema renina-angiotensina na hipertensão induzida pela

administração crônica de ouabaína.

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