Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

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1 A história dos jornais impressos no Litoral Norte Paulista Bruna Vieira Guimarães e Ricardo Reis Hiar 1 Universidade Metodista de São Paulo UMESP Resumo Resgate da trajetória dos jornais impressos no Litoral Norte Paulista, do periódico Mar que circulou na cidade de São Sebastião em 1893 ao Imprensa Livre, atual diário da região. Descrever quem foram os jornalistas fundadores e como mantiveram os primeiros jornais na região, conhecer as linhas editoriais e cobertura jornalística desses impressos são os objetivos dos autores. Este artigo também propõe lançar um primeiro inventário dos jornais de caráter noticioso (e não segmentados) que circularam nas cidades de São Sebastião, Ubatuba, Ilhabela e Caraguatatuba em 118 anos de história da imprensa na região. Utilizamos à metodologia da Pesquisa Histórica tendo como base documentos, livros e os próprios jornais encontrados em acervos e bibliotecas nas quatro cidades do litoral. Trata-se de reunir num único documento em construção, os jornais periódicos que contribuíram e contribuem para o desenvolvimento comunicacional no litoral norte paulista. Palavras chaves: História de Jornais, Imprensa Paulista, Imprensa no Litoral Norte, Jornais de Caraguatatuba, Jornais de São Sebastião, Jornais de Ubatuba e Jornais de Ilhabela. Introdução Os jornais impressos noticiosos que circularam no Litoral Norte do Estado de São Paulo de 1893 aos anos 1990 integram o escopo principal deste artigo. A metodologia adotada foi a Pesquisa Histórica por meio de documentos, livros e consulta aos periódicos conservados nas bibliotecas e arquivos públicos nas cidades de Caraguatatuba, São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela. Na definição de José Honório Rodrigues (1982, p.21), Pesquisa Histórica é “a descoberta cuidadosa, exaustiva e diligente de novos fatos históricos, a busca da documentação que prove a existência dos mesmos, permita sua incorporação ao escrito histórico ou a revisão e interpretação nova da História”. Consiste na descoberta dos fatos, na documentação, e no uso correto dos achados. Para Richardson (1989, p.199), “a pesquisa histórica ocupa-se do passado do homem, e a tarefa do historiador, [...] consiste em localizar, avaliar e sintetizar 1 Bruna Vieira Guimarães Doutoranda em Comunicação Social pela UMESP e jornalista com atuação no Litoral Norte Paulista. E-mail: [email protected]. Ricardo Reis Hiar - Especialista em Comunicação Social pela UMESP e jornalista com atuação no Litoral Norte Paulista. E-mail: [email protected].

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Artigo Bruna Vieira

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A história dos jornais impressos no Litoral Norte Paulista

Bruna Vieira Guimarães e

Ricardo Reis Hiar1 Universidade Metodista de São Paulo – UMESP

Resumo

Resgate da trajetória dos jornais impressos no Litoral Norte Paulista, do periódico Mar que circulou na cidade de São Sebastião em 1893 ao Imprensa Livre, atual diário da região. Descrever quem foram os jornalistas fundadores e como mantiveram os

primeiros jornais na região, conhecer as linhas editoriais e cobertura jornalística desses impressos são os objetivos dos autores. Este artigo também propõe lançar um primeiro

inventário dos jornais de caráter noticioso (e não segmentados) que circularam nas cidades de São Sebastião, Ubatuba, Ilhabela e Caraguatatuba em 118 anos de história da imprensa na região. Utilizamos à metodologia da Pesquisa Histórica tendo como base

documentos, livros e os próprios jornais encontrados em acervos e bibliotecas nas quatro cidades do litoral. Trata-se de reunir num único documento em construção, os jornais

periódicos que contribuíram e contribuem para o desenvolvimento comunicacional no litoral norte paulista.

Palavras chaves: História de Jornais, Imprensa Paulista, Imprensa no Litoral Norte, Jornais de Caraguatatuba, Jornais de São Sebastião, Jornais de Ubatuba e Jornais de

Ilhabela.

Introdução

Os jornais impressos noticiosos que circularam no Litoral Norte do Estado de

São Paulo de 1893 aos anos 1990 integram o escopo principal deste artigo. A

metodologia adotada foi a Pesquisa Histórica por meio de documentos, livros e consulta

aos periódicos conservados nas bibliotecas e arquivos públicos nas cidades de

Caraguatatuba, São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela.

Na definição de José Honório Rodrigues (1982, p.21), Pesquisa Histórica é “a

descoberta cuidadosa, exaustiva e diligente de novos fatos históricos, a busca da

documentação que prove a existência dos mesmos, permita sua incorporação ao escrito

histórico ou a revisão e interpretação nova da História”. Consiste na descoberta dos

fatos, na documentação, e no uso correto dos achados.

Para Richardson (1989, p.199), “a pesquisa histórica ocupa-se do passado do

homem, e a tarefa do historiador, [...] consiste em localizar, avaliar e sintetizar

1 Bruna Vieira Guimarães – Doutoranda em Comunicação Social pela UMESP e jornalista com atuação no

Litoral Norte Paulista. E-mail: [email protected].

Ricardo Reis Hiar - Especialista em Comunicação Social pela UMESP e jornalista com atuação no Litoral

Norte Paulista. E-mail: [email protected].

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sistemática e objetivamente as provas, para estabelecer os fatos e obter conclusões

referentes aos acontecimentos passados”.

Explicando as técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, Antonio Carlos

Gil (1989, p.48) afirma que “boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como

pesquisa bibliográfica”, justamente porque a pesquisa bibliográfica coloca o pesquisador

em contato direto com tudo que foi escrito sobre os objetos pesquisados.

O levantamento sobre os primeiros jornais que circularam na região foi feito

também no Arquivo Público do Estado de São Paulo, na Biblioteca Nacional, no Rio de

Janeiro e na Biblioteca da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São

Paulo, quando os autores deste artigo pesquisavam dados para suas dissertações de

mestrado2.

Os autores encontraram no Arquivo Público de Caraguatatuba, exemplares do

jornal A Voz do Litoral (circulou de 1953 a 1986), O Atlântico (1963 a 1967), A Tribuna

de Ubatuba (1966 a 1968), Expressão Caiçara (1984), 4 Estâncias (1984 a 1989),

Jornal Impacto (1975 a 1989), O Litoral Norte (1975 a 1989), Caraguatatuba (1978 a

1987), Radiolite (1982 a 1991), Jornal da Praia (1991), Tribuna Caiçara (1992), Folha

de São Sebastião (1994), Imprensa Livre (desde 1995), Jornal Costa Norte (1996), e

outros em circulação.

No Arquivo Histórico de São Sebastião estão catalogados exemplares do jornal O

Continente (1913), O Martello (1916), O Atlântico (1925), Litoral Norte (1936), A voz

do Litoral Norte (1953), O Bandeirante (1956), O Bandeirante do Litoral (1975 a 1989),

além dos periódicos em circulação. Nas Bibliotecas Públicas de Ilhabela e de Ubatuba os

autores encontram somente exemplares dos jornais ainda em circulação, com

pouquíssimas exceções como O Atlântico (1962).

Este artigo faz uma breve descrição dos jornais noticiosos3 que estão em

circulação e dos periódicos que tenham sido publicados por pelo menos seis meses nas

duas últimas décadas. Entre eles, o diário Imprensa Livre e o mensal Sintonia Social,

ambos de São Sebastião e que circulam nas quatro cidades da região; o Diário do Litoral

Norte com circulação de terça a sábado; e o semanário Canal Aberto, os dois últimos de

2 A pesquisa foi feita nos anos de 2006 e 2007. No Arquivo do Estado de São Paulo, na Biblioteca

Nacional e na Biblioteca da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, os autores não

encontraram exemplares dos jornais pioneiros que circularam no litoral norte paulista, somente coletaram

dados em livros e documentos sobre a história da imprensa interiorana de São Paulo. 3 Os autores não consideraram neste artigo os jornais de associações de classe, sindicais, de igrejas,

comércios e outros que circularam e ainda circulam na região, tais como: De praia em praia - da Diocese

de Caraguatatuba, Jornal da Associação Comercial e Empresarial nas quatro cidades, jornais ou revistas

de Yacht Club, de aposentados etc.

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Ilhabela; os semanários Noroeste News e Expressão Caiçara publicados às quintas-feiras

em Caraguatatuba, o último com edições semanais também em São Sebastião e Ubatuba;

o semanário A Cidade publicado aos sábados somente em Ubatuba; o Jornal Agito de

Ubatuba, com circulação de terça, quarta e quinta na própria cidade e com edição

especial de sexta-feira vendida nas bancas da cidade e com circulação no Litoral Norte e

Vale do Paraíba.

Dentre os jornais que abriram e fecharam as portas nos últimos 20 anos estão o

semanário Jornal da Vila (1992) de Ilhabela; o semanário Correio do Litoral que

circulou de 2003 a 2005 em São Sebastião; o semanário Jornal A Cidade de

Caraguatatuba (2004); o quinzenal A Folha de Caraguá (2004 e 2005); Tribuna

Caiçara (1992); A Semana de Ubatuba (2002 a 2007)4, entre outros.

Paulo Sérgio Pinheiro, no prefácio do livro O Bravo Matutino sobre a história do

jornal O Estado de S. Paulo (CAPELATO e PRADO, 1980, p.XI), afirma que o uso dos

jornais como fonte de documentação sobre a história republicana é usual, mas que

“faltavam trabalhos sobre os próprios jornais, especialmente os grandes jornais, de

prolongada participação na vida política brasileira. Não se tratava simplesmente de fazer

história da imprensa, mas de situar esses jornais como elementos atuantes no processo

político global”.

Se recortado para o âmbito regional, tal afirmação também se confirma, quando

os autores constatam a falta ou inexistência de estudos sobre os jornais que contribuíram

(e contribuem) para o desenvolvimento político e econômico no Litoral Norte Paulista.

Dos pioneiros aos jornais em circulação

A história da imprensa no litoral norte de São Paulo não é diferente da história da

imprensa brasileira. Apesar de o Brasil ter sido descoberto no ano de 1500, a Gazeta do

Rio de Janeiro, primeiro jornal impresso nacionalmente, esperou 308 anos para circular

na então capital brasileira (SODRÉ, 1999).

No litoral norte de São Paulo, a cidade de São Sebastião aparecia num mapa de

1502, registrado por Américo Vespúcio em uma de suas expedições. A emancipação

política aconteceu em 1636 e somente 257 anos depois, a cidade registrou o primeiro

jornal a circular no litoral norte, Mar de 1893, seguido por Terra de 1894, como

4 As datas do início e do término das publicações foram obtidas por meio das entrevistas feitas para

elaboração deste artigo ou calculadas de acordo com os exemplares encontrados pelos autores. Portanto, as

datas são aproximadas.

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registrado no capítulo “A Imprensa no Interior”, no livro “História da Imprensa de São

Paulo”, escrito por Freitas Nobre (1950, p.155-157), presidente do Sindicato dos

Jornalistas deste estado naquela época.

O Continente (16 abr. 1916); O Atlântico (21 jun. 1925); Litoral Norte (15 jul. 1936); A Voz do Litoral (24 abr. 1955).

Jornais extintos - O Martello (5 out.1916); O Bandeirante (11 mar.1962); Jornal Cidade de

Caraguatatuba (29 set. a 06 out.2004); A Folha de Caraguá (01 a 15 fev.2005); Correio do Litoral (19 a

25 fev.2005).

O levantamento da imprensa paulista feito por Nobre (1950, p.167), registrou

jornais que circularam no Estado de São Paulo de 1823 a 1945. Neste período, ainda

consta o registro do jornal Echo Ubatubense em 1896, na cidade de Ubatuba.

Na obra “Imprensa do Interior – Um Estudo Preliminar” de Gastão Thomaz de

Almeida (1983, p.38), há outro levantamento dos primeiros jornais nas cidades do estado

de São Paulo, desde Farol Paulista de 1823 aos periódicos da década de 1970. Neste

período constam os registros do Eco Ubatubense (sem o H na palavra Echo) de 1896, e

em São Sebastião, o primeiríssimo Mar de 1893.

Os autores deste artigo não encontraram exemplares dos dois jornais pioneiros na

região: Mar e Terra. Encontraram a descrição apenas do Echo Ubatubense5, como segue

5 No livro “Ubatuba – espaço, memória, cultura”, os autores Juan Droguett e Jorge Otávio Fonseca (2005,

p.247) confirmam que manusearam exemplares do Echo Ubatubense, além de constarem nas referências

os jornais Cidade de Ubatuba e Tribuna de Ubatuba. Em 2007, quando os autores deste artigo

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abaixo. Portanto, a análise e a descrição de Mar e Terra ficam para as próximas

pesquisas.

A segunda cidade a se emancipar politicamente no litoral norte paulista foi

Ubatuba, em 1638. Portanto, após 258 anos a cidade registrou o primeiro periódico

impresso. Uma descrição do Echo Ubatubense foi encontrada na obra “Ubatuba-

Documentário”, de Washington de Oliveira (1977):

Como poucas cidades de nosso Estado, e quiçá do Brasil, Ubatuba contou com um bom número de jornais aqui editados. A partir de 12 de outubro de 1896 circulou o primeiro deles, o “Echo Ebatubense”, dirigido pelo Dr. Esteves da Silva e que contou apenas um ano de existência (OLIVEIRA, 1977, p.192).

O segundo exemplar do Echo Ubatubense assim se referiu:

[...] saiu a luz a primeira folha imprensa em Ubatuba, o primeiro número do “ECHO UBATUBENSE” e, lá fora, ouvia-se o espocar dos foguetes, anunciando às 10 horas em ponto, que Ubatuba tinha, dora em diante, um defensor de seus interesses legítimos. O primeiro número foi enviado ao Sr. Campos Sales, presidente do Estado de São Paulo (OLIVEIRA, 1977, p.192-193).

Uma pequena biografia de “Filhinho”, como era conhecido o farmacêutico,

escritor e jornalista Washington de Oliveira, consta no livro “São Paulo – Litoral Norte”,

de Lita-Jacques Chastan (1983, p.93). Ele nasceu em Ubatuba em 31 de março de 1906,

e ali estudou até transferir-se para Pindamonhangaba, onde concluiu o curso superior de

Farmácia. Após breve permanência em São Paulo, retornou a Ubatuba, e, além da

atividade profissional, exerceu outras no plano cultural, político e social.

Washington de Oliveira casou-se e teve três filhos. Militou na imprensa local,

secretariando o “Semanário Cidade de Ubatuba”, e foi correspondente dos grandes

diários da Capital. Membro da Associação Paulista de Imprensa; da União Brasileira de

Escritores; fundador e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Ubatuba; ex-

prefeito de Ubatuba em 1936 e 1945; ex-vereador em diversas legislaturas; autor do

livro “Ubatuba-Documentário”, utilizado neste artigo. Retornamos aos primeiros jornais

e jornalistas ubatubenses mais adiante.

A terceira cidade a se emancipar politicamente no litoral norte foi Ilhabela, em

1806. No entanto, os autores não encontraram registros de jornais editados na cidade

antes do Jornal da Vila, em 1992. Sabe-se que O Atlântico, de 1961, e outros periódicos

circularam na cidade nestas seis últimas décadas.

pesquisaram na Biblioteca no Centro de Ubatuba, não encontraram os exemplares, portanto eles devem

estar conservados em outro local.

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A quarta cidade a se emancipar na região foi Caraguatatuba em 1857. A cidade

esperou 96 anos para registrar o primeiro periódico, A Voz do Litoral de 1953, que será

descrito mais adiante. Tal jornal aparece citado no capítulo “Imprensa do Interior”, no

livro “Nascimento da Imprensa Paulista”, de João Gualberto de Oliveira (1978), que

ordenou os jornais pelo título, data da fundação e nome do redator responsável, “dados

que conseguimos obter em diversas fontes, com a devida cautela (OLIVEIRA, 1978,

p.161)”.

Em Caraguatatuba, Oliveira (1978, p.173) registra A Voz do Litoral (sem data e

citação de editor) e, O Atlântico de 1962 que tinha como redator Manuel Esteves da

Cunha Júnior. Em Ubatuba, constam Tribuna Caiçara – 1951 – José Pedro Saturnino; e

O Atlântico de 1961. No Litoral Norte, Oliveira (1978, p.211 e 184) cita os jornais O

Impacto – 1974 – José Carlos Barreto Barbosa; O Litoral Norte – 1974 e, O Litoral

Norte de São Paulo – 1976 – Osvaldo Biel.

Jornais de São Sebastião

Em São Sebastião6 a imprensa foi inaugurada em 1893 com Mar, seguido por

Terra, de 1894. Na pesquisa para este artigo os autores não encontraram os nomes dos

fundadores, tempo de circulação e demais informações dos mesmos. Os autores

encontraram no Arquivo Histórico da cidade, exemplares de outros jornais pioneiros que

passamos a descrever, tendo como base as informações noticiosas e editoriais contidas

nestes periódicos.

O Continente foi fundado em 1913 por E. de N. Paulo, como impresso na capa

do jornal. O jornal que circulava em São Sebastião tinha quatro colunas, formato

tablóide, com quatro páginas semanais impressas em gráfica própria. Noticiava

acontecimentos locais como inauguração de cooperativa agrícola (edição de 16 de abril

de 1916), visita de políticos entre outros assuntos locais.

Na parte de publicidade, constavam anúncios de farmácias, armazéns, ranchos,

companhias de navegação, comunicados de comerciantes e agradecimentos à população.

Os autores não sabem precisar a data em que o jornal parou de circular, mas o último

exemplar consultado data de 1919, portanto circulou pelo menos durante seis anos,

passando por mudanças gráficas e editoriais identificadas pelos autores nos exemplares

consultados.

6 São Sebastião soma 73.631 habitantes (2009). A cidade está localizada há 209 quilômetros de São Paulo.

Disponível em: www.saosebastiao.sp.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2010.

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O Martello como o nome diz, era um jornal crítico e literário, abordava temas

políticos em forma de prosa e versos. Tinha quatro páginas, o tamanho era a metade de

um tablóide – um panfleto. Na capa da edição de 05 de outubro de 1916, consta Anno 1,

número 16 e editor “Zé Ninguém”, demonstrando que o jornal adotava uma linha crítica,

algumas vezes sarcástica. Os autores não sabem precisar a data em que o jornal parou

de circular.

O Atlântico, criado em março de 1925, era um semanário publicado aos

domingos, com sede na rua Dr. Altino Arantes, n.24, em São Sebastião, tendo como

diretor Manuel Custódio de Matos e gerente Arthur de Freitas. O jornal era vendido por

assinaturas, não usava fotos, mas ilustrações com notas curtas sobre política e notícias

em geral. O jornal emitia opinião em artigos assinados, tinha quatro páginas com quatro

colunas cada, sendo a última página predominantemente de anúncios. Os autores não

sabem precisar até quando circulou.

O Litoral Norte circulou pela primeira vez em 15 de julho de 1936, era

quinzenal, tinha oito páginas e quatro colunas, sendo dirigido pelo professor Henrique

Rodolpho Penno e tendo como repórter Jorge de Castro. O jornal era propriedade de

uma sociedade anônima, como consta na capa, dispunha das editorias de política,

economia, opinião, esportes, cultura e circulava em Ubatuba, Vila Bela (hoje Ilhabela),

Porto Novo (bairro da região sul de Caraguatatuba) e São Sebastião. Os autores deste

não sabem precisar o período em que o jornal circulou. No editorial “A nossa aspiração”,

no primeiro exemplar, o jornal conta a que veio:

Destituído de ostentações inexpressivas, o Litoral Norte surge no terreno áspero do jornalismo com a sua simplicidade natural e animada da mais sublime finalidade. Aos seus organizadores não move outro intuito que não seja o de bem servir a coletividade exprimindo com carinhosa fidelidade as necessidades mais prementes que visem o bem estar dos habitantes destas praias férteis. Todos problemas dependentes de solução que estiverem no desenvolvimento celero das fontes econômicas e do invejável progresso do nosso litoral, serão debatidos pelas colunas deste jornal com a serenidade aconselhável para o sucesso de todas as campanhas nobres e produtivas. O “Litoral Norte” será o porta-voz de todas as pretensões justas do povo desta região e o defensor desassombrado das aspirações do nosso litoral (LITORAL NORTE, 15 julho 1936, editorial).

No editorial, consta também que o jornal é resultado de um grupo de amigos: Não foi sem algum sacrifício que o “Litoral Norte” surgiu á luz da publicidade. Por iniciativa de um grupo de amigos dedicados desta zona uberrima, o nosso jornal veio preencher uma lacuna dá muito observada. Reunindo energias e aproveitando entusiasmos, a ideia há pouco embrionária tornou-se hoje uma esplêndida realidade. Na preparação da seletiva do “Litoral Norte” muito se

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destacou o dinamismo extraordinário de Agnello Ribeiro dos Santos, que contribuiu poderosamente para a realização da obra ideada e efetivada com este número inicial. A parte intelectual e administrativa foi confiada ao professor Henrique Rodolpho Penno, que muito espera deste povo generoso e hospitaleiro para o desenvolvimento sempre crescente do “Litoral Norte”, que representa a opinião autorizada da gente boa desta próspera região (LITORAL NORTE, 15 julho 1936, editorial)

7.

O primeiro número de O Bandeirante data de 9 de setembro de 1956, tinha oito

páginas divididas em quatro colunas, com texto, fotografias e ilustrações, formato

standard, dirigido inicialmente por A. Guimarães P. Dias e gerenciado por Alexandre

Pinder. O nome do jornal vinha acompanhado pela figura de um bandeirante e se

denominava como “órgão dedicado aos interesses do Litoral Paulista”.

O primeiro editorial intitulado “Salva São Sebastião”, dizia:

Quando surge um jornal todas as atenções se voltam para suas diretrizes e as indagações fervilham. E respondemos com fidelidade, que, outro empenho não temos, senão o de servir incansavelmente, a esta nobre gente. Não estamos presos a interesses políticos de nenhum matiz, nem temos compromissos com pessoas ou grupos econômicos, que nos desviem do caminho traçado. Nossos compromissos estão assumidos com o povo cujas reivindicações pugnaremos (O Bandeirante, 09 de setembro de 1956, editorial).

As editorias do jornal estão assim descritas neste mesmo texto: Veicularemos os assuntos sobre religião, economia e finanças; crônica feminina; política local, nacional e estrangeira; comércio; industria; agricultura e pecuária; associações de classes e sindicalismo; esportes; queixas e reclamações; sociais; recreação, urbanismo e turismo; cooperativismo e notícias várias, dentro, das possibilidades de um jornal pequeno, que há de crescer, mercê da colaboração do povo, que é sempre acolhedor [...]. (O Bandeirante, 09 de setembro de 1956, editorial).

Os autores deste artigo tiveram acesso ao exemplar de 11 de março de 1962, de O

Bandeirante, ano VI, número 261, dirigido por Benedito Alvarenga e Régis de Abreu,

gerenciado por Geraldo Dória Abreu, com novo layout, cujo nome do periódico vinha

agora sem a figura do bandeirante. Este jornal circulou semanalmente por pelo menos

seis anos.

O jornal Bandeirante do Litoral circulou na década de 1980, tendo como

diretora-proprietária Luzia Santos Dias Antunes do Prado. A tiragem variava de quatro

7 Os autores preferiram traduzir o editorial sem usar a grafia da época, como consta no original, mas

readequando-as a grafia atual das palavras . No entanto, as frases não foram alteradas .

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páginas para mais. O jornal em formato tablóide explorava fotos na capa8, como no

exemplar consultado que data de fevereiro de 1982, além de anúncios na página final, e

nas páginas internas, notícias gerais, coluna social, ronda policial e colunas de opinião.

Em 1994 foi criado o jornal Folha de São Sebastião. Os autores não conseguiram

ter acesso a exemplares do mesmo, e, portanto a descrição fica para as próximas

pesquisas.

Outro jornal semanal feito em São Sebastião foi o Correio do Litoral que

circulou nas quatro cidades da região de 2003 a 15 de julho de 2005. O jornal em

formato Standard, colorido, variava de 14 a 20 páginas, dividido em cadernos e

editorias. Tinha colunistas, classificados, reportagens especiais e notícias da região

escritas por jornalistas, especificamente para o jornal9. Teve como diretor João Marcelo

de Vincenzo, substituído posteriormente por Carla de Vincenzo.

O Jornal Costa Norte circula semanalmente há 18 anos, com edições aos sábados

nas cidades de Bertioga (onde está a redação), Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião,

Ilhabela, Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente e Cubatão. São 20 mil exemplares em

formato Standard com notícias das cidades citadas e editorias de Política, Geral,

Opinião, Social, Esporte, Variedades, Classificados. Possui endereço eletrônico:

http://www.costanorte.com.br.

O jornal mensal Sintonia Social, dirigido pela jornalista Nívia Alencar, circula

em São Sebastião desde julho de 2006 quando se chamava Construção Social, com

enfoque em notícias de cunho social. Em dezembro de 2006, o jornal passou a se chamar

Sintonia Social. São quatro mil exemplares, em formato germânico, colorido e com oito

páginas. Circula nas quatro cidades da região.

O jornal Chip News que originou o atual Imprensa Livre, foi criado em 28 de

outubro de 1986 pelo médico Lourival Costa Filho e o engenheiro Marjan Kozlowski.

Em dois anos, o jornal deixou de ser gratuito, passou a circulação semanal e começou a

ser vendido nas bancas. Em 25 de outubro de 1989, tornou-se diário e passou a se

chamar Imprensa Livre. Em 1994, o anuário da Associação Nacional de Jornais

(SOUZA; MACHADO, 1994, p.238), confirma que o Imprensa Livre era impresso em

formato Standard, sem cores e dirigido por João Carlos Ferreira.

8 O exemplar do dia 27 de janeiro a 3 de fevereiro de 1982 estampava uma foto grande do governador da

época, além de três fotos pequenas com chamadas na capa. O período de circulação do jornal foi calculado

de acordo com os exemplares encontrados. 9 A autora deste artigo trabalhou no Correio do Litoral em 2003. O jornal contava com site, ainda

disponível em: http://www.correiodolitoral.com.br/. Acesso em: 20 abr.2010.

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Em 2000, Lourival Costa Filho deixou o jornal que foi assumido pelo jornalista

Henrique Veltmanque o dirigiu até 2006. Em 2007 o jornal foi comprado pela Riviera

Group, um grupo de capital português instalado em Santos, litoral sul de São Paulo. A

tiragem média diária é de 3 mil exemplares e o jornal conta com cinco jornalistas em sua

redação10. A versão eletrônica (www.imprensalivre.com) simplesmente reproduz as

notícias da edição impressa. O Imprensa Livre será amplamente analisado no próximo

artigo dos autores sobre a imprensa no Litoral Norte Paulista.

Jornais de Ubatuba

Na cidade de Ubatuba11, o Echo Ubatubense dirigido por Esteves da Silva,

circulou pela primeira vez em 12 de outubro de 1896, como confirmam Juan Droguett e

Jorge Otávio Fonseca (2005) no livro “Ubatuba - Espaço, Memória e Cultura” que

mostra o percurso histórico da imprensa na cidade, tendo como base a obra de

Washington de Oliveira (1977) já citada. Sobre o Echo Ubatubense, eles acrescentam:

As colunas desse semanário falam de geografia, de mitologia, de literatura, de “higiene da alma” e oferecia um calendário de atividades e eventos da vida social, além de avisos comerciais, o que indica a parceria para baratear os custos de impressão, tiragem e circulação. Parece-nos que a intenção comunicativa deste jornal era educar a população carente de informação sobre o acontecer temporal; mas essa primeira forma de mídia impressa teve curta duração, pouco mais de um ano de existência (DROGUETT; FONSECA, 2005, p. 243).

O segundo jornal foi o Ubatubense com direção de Luiz Domiciano da

Conceição Júnior, circulação semanal e que também não teve vida longa (OLIVEIRA,

1977, p.193).

A próxima iniciativa foi O Fogo, jornal causticante, dirigido por Paulo Egídio da

Costa. O periódico era todo feito pelo diretor proprietário que escrevia, compunha,

organizava e distribuía os exemplares. “O prelo e todos os utensílios desse jornal, menos

os tipos, foram fabricados pelas mãos de Paulo Egídio, que, aliás, era habilíssimo

mecânico (OLIVEIRA, 1977, p.193)”.

Em seguida apareceu O Relâmpago sob a direção de Ernesto de Oliveira, que,

assim como o nome, teve pouquíssima duração na cidade. Prevendo o fracasso do

último, o mesmo Ernesto de Oliveira cria com outro grupo de amigos O popular. “Não

10

Os dados são de 2009. Em 2010, o Imprensa Livre abriu a sua primeira sucursal em Caraguatatuba e

contratou mais jornalistas. 11

Ubatuba tem 81.096 habitantes (2009). Localizada há 324 quilômetros do Rio de Janeiro e há 234

quilômetros de São Paulo. Disponível em: www.ubatuba.sp.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2010.

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demorou muito para que Osmar Amado da Cunha e Irineu Ferreira Gomes fizessem

circular O Papagaio em papel verde, para dar cunho original... (OLIVEIRA, 1977, p.

193)”.

Observamos que o início do jornalismo em Ubatuba remonta os fins do século XIX, começo do século XX, colaborando com a implantação da República. Naquele então, não se falava de nação e sim de Brasil como país, a ideia de nação era um projeto a ser construído sob a consigna do processo. Dessa forma, os jornais traziam menos notícias, assumiam o papel educativo de formadores de opinião – porta-vozes das mudanças que precisavam acontecer na mentalidade e no comportamento dos habitantes de Ubatuba, em sintonia com o cenário nacional. A finalidade dos jornais era política e o conteúdo dos mesmos, doutrinário (DROGUETT e FONSECA, 2005, p.244).

Em 1º de novembro de 1905, Floriano Rodrigues de Morais funda o jornal A

Cidade de Ubatuba transferindo-o aos irmãos Ernesto de Oliveira e Deolindo de

Oliveira Santos que deram continuidade a publicação por 25 anos, portanto até 1930.

Em 1914, o jornal O Lápis foi editado e escrito por Idomeu Ferreira Gomes, José

Pedro Toledo e José Puccini, este último sobrinho-neto do famoso compositor italiano

Puccini. O jornal cedeu lugar a O Prego “mais áspero, mais ferino nas suas investidas...

Sabemos também de um outro jornal, de tiragem irregular de um único exemplar, que ia

de casa em casa, às ocultas, quase a medo... Era O Lampeão, de pavio curto e, por isso,

de pouca duração (OLIVEIRA, 1977, p.194)”.

Em 1920, o engenheiro Jacundino Barreto, o professor Máximo de Moura Santos

e o promotor Olegário de Toledo Barros fundaram O Arauto, passando Ubatuba a contar

com dois jornais, considerando A Cidade. “Foram dois jornais da época que implantaram

uma verdadeira luta entre partidos políticos, em um espaço bastante restrito, de um

público não preparado para este tipo de discussão (DROGUETT e FONSECA, 2005,

p.245)”.

Em 1934 surge o semanário Ubatubense -o segundo com este nome- criado por

José Rosa e Carlos Gewe, sob a direção de Altino Simonetti. A década de 1940 não

registra a existência de jornais devido à conjuntura da Segunda Guerra Mundial.

Na década de 1950 veio O Atlântico, de Manuel Esteves da Cunha Junior e

Fernando Azevedo e A Tribuna Caiçara de Lycurgo Barbosa Querido, passando por esta

Thiago Darcy Castilho, Justo Arouca, Rubens André Costilhas, Benedito Santos e outros

colaboradores (OLIVEIRA, 1977, p.194). Na administração de Francisco Matarazzo

Sobrinho, A Tribuna Caiçara e O Atlântico empenham-se em ferrenha luta política e

Page 12: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

12

acabam desaparecendo frente ao cenário de revolução e ditadura. Ubatuba passa sete

anos sem ter jornal.

Na década de 1970, o jornal Maraberto é produzido por jovens do grêmio

estudantil.

Tais jovens tinham a missão de reivindicar a cidade e suas tradições, o que pareceu ser o eixo propulsor do jornalismo como instância mediadora do município até a década de oitenta. Cabe mencionar a existência de um jornal regional produzido também na década de setenta, em Caraguatatuba, denominado O Litoral Norte, que incluía notícias de Ubatuba (DRAGUETT e FONSECA, 2005, p. 245).

No livro “O Litoral Norte do Estado de São Paulo - Formação de uma região

periférica”, Armando Corrêa da Silva (1975) aponta que 48,7% da população nas quatro

cidades do litoral liam jornais nos anos de 1970-1972. No entanto em 1973 afirma que

“o Litoral Norte não possui jornal local embora Caraguatatuba e Ubatuba possuam

estações de rádio (SILVA, 1975, p.96)”. Pressupõe-se que os jornais lidos vinham da

capital paulista.

No livro “São Paulo Litoral Norte - Caiçaras e Franceses”, Lita-Jacques Chastan

(1992) registra sem precisar a data, a existência do Jornal de Ubatuba, de propriedade

de Nelson Del Pino, jornalista correspondente de órgãos de imprensa na capital e que

possuía uma rede de oito jornais semanais.

O jornalista profissional Nelson Del Pino (independente) foi mais uma vez agraciado como o ‘Título social cidade de Ubatuba’, que lhe será entregue neste dia 24 de outubro, no famoso Baile das Rosas, que este ano alcança seu XIII ano de realização. O jornalista foi distinguido através do item Imprensa, que, através de uma comissão e intelectuais escolheu o Jornal de Ubatuba como o melhor do ano (CHASTAN, 1992, p.129).

Registra-se que em maio de 1998, o tenente Samuel Messias de Oliveira (2001,

p.32), no livro “Ilha Anchieta: rebelião, fatos e lendas”, conta que editou cinco mil

exemplares do jornal Notícias Policiais Especial. E que o jornal despertou tanto

interesse que ele repetiu a dose e editou mais cinco mil, se referindo ao jornal que fez

com fotos de 1952, quando aconteceu a rebelião no presídio da Ilha Anchieta. Esta

publicação isolada não tinha periodicidade e, por isso, não entra no inventário proposto

neste artigo.

Na pesquisa feita por Juan Draguett e Jorge Otávio Fonseca (2005, p.245-246),

consta que no dia 26 de outubro de 1999 foi fundado por Josias Sabóia o jornal A

Semana que circulou durante cinco anos (até outubro de 2004), quando passou a ser um

Page 13: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

13

jornal online semanal12. Na mesma linha, surge O Povo por um período breve, pois seu

fundador Oswaldo Luiz foi trabalhar em outra publicação.

Em 2005, quando Draguett e Fonseca pesquisaram sobre os jornais locais,

existiam em Ubatuba três periódicos expressivos: A Cidade, Opinião e Agito Ubatuba.

Cada um com seu estilo. O jornal Opinião, de circulação semanal na região, foi

publicado por Oswaldo Luiz e Denis Bomeisel em 2005, para que a população pudesse

se expressar com liberdade. Os autores deste artigo não conseguiram localizar

exemplares deste, portanto presumem que o jornal deixou de existir.

Na descrição de Draguett e Fonseca (2005, p.246), o jornal A Cidade, fundado

em 1985 por Gilberto Bosco Ferretti, natural de Lorena, tem formato Standard, com

impressão offset feita em São José dos Campos. É semanal e distribuído aos sábados. No

início, tinha quatro páginas, hoje alcança 16, sendo duas páginas de classificados para

publicação de editais da Câmara de Vereadores, proclamas, anúncios de comércio e

órgãos públicos.

Em 2010, o jornal A Cidade continua com 16 páginas, mas o proprietário desde

1995 é Benedito Góis Filho também diretor da Rádio Costa Azul, a mais antiga da

cidade. Os três mil exemplares semanais são vendidos nas bancas da cidade aos sábados,

além das assinaturas anual e semestral. Em datas comemorativas a tiragem sobe para

cinco mil exemplares, capa colorida e tem como jornalista responsável Hugo Simeão

que acumula a função de assessor de imprensa da Câmara de Vereadores. O site13 está

sem atualização há cinco anos.

Ainda na descrição de Draguett e Fonseca (2005, p.246), outro jornal em

circulação é o Agito Ubatuba, lançado em 2004 com o objetivo de fixar a imediatez dos

acontecimentos na cidade: cultura, lazer, história, turismo ou esportes são pautas que

regem suas colunas. A tiragem inicial era de dois mil exemplares e distribuição gratuita,

tendo como diretor executivo o publicitário Ewald Martins e diretora comercial Kaka Di

Lorenzo.

O jornal ampliou os dias de circulação em 2009. A tiragem é de mil exemplares

de terça a quinta quando o jornal sai com 16 páginas, preto e branco, distribuído

gratuitamente na cidade. Na edição de sexta-feira, são 4.500 exemplares e o jornal conta

com 40 páginas, capa colorida, sendo geralmente 36 de notícias e anúncios e seis de

12

A versão online do jornal A Semana deixou de ser atualizada na internet em 11 Outubro de 2007, Edição

Nº. 344, Ano VIII, como pode ser conferido em http://www2.uol.com.br/jornalasemana. Estão

disponíveis as edições anteriores, da 64 a 303. Acesso em: 18 abril 2010. 13

SEMANA (A). Disponível em: http://www2.uol.com.br/jornalasemana. Acesso em 18 abr. 2010.

Page 14: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

14

classificados, vendido nas bancas e distribuído também nas cidades de Parati,

Caraguatatuba, Pindamonhangaba, Caçapava, Taubaté, São Luis do Paraitinga e São

José dos Campos.

O jornal se diferencia dos demais na parte de classificados que reúnem 17

imobiliárias e outros 350 anúncios, serviços e grande parte dos editais da Prefeitura de

Ubatuba. Geralmente a manchete é escrita pelo proprietário Ewald Martins que publica

também press-releases e mantém colunas fixas, tendo como colaboradores secretários

municipais e outras personalidades locais. São 13 funcionários que trabalham no jornal,

com gráfica própria e que, portanto, imprime outras publicações.

Jornais em circulação - Agito Ubatuba (2 a 8 abr.2010); A Cidade (Ubatuba, 11 jul.2009); Imprensa

Livre (São Sebastião, 17 e 18 abr.2010).

Jornais de Ilhabela

Em Ilhabela14 os autores não encontraram jornal feito na cidade antes de 1992,

quando circulou o Jornal da Vila15 que em 1993 se transformou na Revista da Ilha, uma

publicação mensal da Estação Arte, com tiragem de cinco mil exemplares, em papel

sulfite, duas cores e 24 páginas. Os editores da revista eram Roberto Piedade, Martins

Ramos e Amauri Pontieri. A revista circulou até 1996.

Em 1995, surgiu a Revista Ancoradouro, uma empresa familiar que dois anos

depois adquiriu gráfica e, em 18 de maio de 1997 lançou o Diário do Litoral, atualmente

14

Ilhabela possui 26.011 habitantes (2009). Está localizada há 217 quilômetros da cidade de São Paulo.

Disponível em: www.ilhabela.sp.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2010. 15

Os autores não manusearam exemplares do Jornal da Vila. Conseguiram as informações na entrevista

com Heloíza Gomes de Lacerda Franco, publicitária e proprietária do Jornal Diário do Litoral (Grupo

Ancoradouro), concedida por telefone a Bruna Vieira Guimarães, em 16 abr. 2010.

Page 15: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

15

com circulação de terça a sábado, com tiragem diária de três mil exemplares. O jornal

presta serviço dos atos das administrações públicas, de Ilhabela e São Sebastião, com

distribuição nas quatro cidades da região. É vendido em banca e distribuído aos

anunciantes e nos prédios públicos.

O jornal publica os editais da Prefeitura de Ilhabela. A parte jornalística é feita

com a publicação dos press-releases das prefeituras da região, além de coluna social e

classificados. O Diário do Litoral passou por duas reformas gráficas e a terceira está em

andamento. O site http://www.tvancoradouro.com.br/diario/ esta no ar desde 2007 e

reúne o conteúdo de notícias do Grupo Ancoradouro que edita outras publicações.

Outra jornal feito em Ilhabela é o Canal Aberto, semanal, oito páginas em

tamanho germânico, com notícias produzidas pelo jornalista Fernando Siqueira, papel de

revista, tiragem de três mil exemplares e distribuído gratuitamente no comércio,

repartições públicas e nas bancas. É um jornal político e apartidário, com trânsito livre

nos partidos políticos que se paga com a venda de anúncios. Tem credibilidade com a

população que o considera um jornal sério.

Os fundadores do Canal Aberto foram Abílio Alves de Lima Junior, Luis

Antônio Braga de Siqueira, Nivaldo Simões e Fernando Siqueira, este último pretende

transformá-lo em bi-semanário. A versão impressa do jornal, com notícias exclusivas, é

enviada por e-mail a oito mil moradores da cidade, região e de outros países que tenham

interesse em saber notícias de Ilhabela. O site http://www.jornalcanalaberto.com.br

registra cerca de três mil acessos diários.

Jornais em circulação – Diário do Litoral (Ilhabela, 13 abr.2010) e O Ancoradouro (Ilhabela, Março

2010); Canal Aberto (Ilhabela, 16 abr.2010); Sintonia Social (São Sebastião, dez.2006).

Jornais de Caraguatatuba

Page 16: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

16

Em Caraguatatuba16, até 1953 apenas jornais vindos de outras cidades circularam

no município. No livro “Fazenda dos Ingleses”, Marino Garrido (1988, p.60) confirma

que os jornais Correio Paulistano e O Estado de S. Paulo, ambos da capital, chegavam a

Caraguatatuba nas décadas de 1930 a 1980. O autor não cita jornais regionais lidos na

Fazenda dos Ingleses, mas cita que os Pasquins, no qual o litoral norte “era mestre neste

tipo de comunicação - os de Benedito Cruz caracterizavam-se pela mordacidade, pela

ironia, pela irreverência, pela malícia e até pela agressividade (GARRIDO, 1988, p.59)”.

Elaborados em forma poética, quase sempre em versos heptassílabos, os pasquins

aproveitavam os assuntos do dia e eram afixados em paredes, no interior dos botecos,

nos postes, distribuídos de porta em porta, circulava de forma anônima em qualquer

lugar político.

“Os Pasquins do Litoral Norte de São Paulo” foram objetos de estudo de

Gioconda Mussolini (1971, p.11) que os define como uma “maneira típica do folk de

expressar os ‘acontecimentos’ ou seja, as próprias experiências do grupo, cuja

importância era o consenso local que definia, e não a seleção do historiador”.

Os pasquins abordavam os atos políticos, nas quatro cidades da região.

Circularam sorrateiramente nos municípios litorâneos em decorrência das eleições de

1947. O objetivo era influenciar a opinião pública sobre questões políticas locais. Com o

passar do tempo, as atividades dos pasquinzeiros se reduziram e a população passou a

dar mais ênfase à informação recebida por outras fontes de informação (MUSSOLINI,

1971, p.11).

No livro “Santo Antonio de Caraguatatuba - Memória e Tradição de um Povo”,

organizado por Jurandyr Ferraz de Campos (2000), consta um capítulo sobre os Rádios e

os Jornais que fizeram história na cidade, escrito pela jornalista Adriana Coutinho e a

historiadora Luzia Rodrigues de Toledo Prado.

Elas afirmam que em 1953 foi editado o primeiro jornal caraguatatubense, A Voz

do Litoral fundado por José Benedito Moreira e Luiz José Moreira, com apoio de Irineu

Meirelles e Altamir Tibiriçá Pimenta que possuíam influência política partidária local.

Os dois últimos atuaram como redatores do semanário.

Irineu Meirelles atuou como diretor do jornal durante muitos anos, “sempre

respeitando por todos pelo seu princípio de integridade e independência. Esta linha de

16

Caraguatatuba conta com 96.125 habitantes em 2009 segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística). A cidade está localizada há 180 quilômetros de São Paulo, possui uma história recente

devido à catástrofe de 1967 que dizimou parte da população e dos documentos históricos. Disponível em:

www.caraguatatuba.sp.gov.br. Acesso em: 18 abr. 2010.

Page 17: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

17

austeridade, o jornal A Voz do Litoral sempre procurou conservar, mesmo após a sua

morte, ocorrida no ano de 1980 (COUTINHO; PRADO, 2000, p.261)”.

Já Altamir Tibiriçá Pimenta, que além de ter sido um dos fundadores, atuou

como diretor e redator durante todo o tempo em que o veículo circulou.

No período de 1956 e 1957, quando cumpriu seu mandato como Prefeito de Caraguatatuba, foi substituído pelo redator Hugo O. Galvão da Silva, só voltando na década de 60, para dar continuidade aos trabalhos da direção e redação do jornal (COUTINHO; PRADO, 2000, p. 261).

A redação do jornal se localizava na Rua Santa Cruz, onde hoje funciona a

Tipografia Poloni que realizava os serviços de impressão do jornal. A Catástrofe de

196717, que dizimou parte da população, fez com que o jornal deixasse de circular

semanalmente, passando a sair dois números num só exemplar. Neste período o jornal

foi reduzido em número de matérias, devido à quase inexistência de colaboradores e de

anunciantes, obrigando a direção tomar medidas de contenção de despesas

(COUTINHO; PRADO, 2000, p. 261).

No ano seguinte o jornal volta à periodicidade semanal e no final da década de

70, Altamir Tibiriçá Pimenta assume a direção do veículo. O semanário exerceu suas

atividades durante 35 anos, até 1988. É considerado o jornal de maior repercussão na

história da cidade e por sua vez, Altamir Tibiriçá “passou boa parte de sua vida

escrevendo e, ao mesmo tempo, fazendo a história da imprensa de Caraguatatuba.

Faleceu em 9 de janeiro de 2000 (COUTINHO; PRADO, 2000, p.262)”.

Antes, em 1984, enquanto proprietário de A Voz do Litoral Altamir fundou um

novo jornal na cidade, 4 Estâncias que teve como diretor Sebastião Souza Lemos.

Circulou nas quatro cidades da região até 1989.

Entre outros veículos que fizeram parte da história da imprensa da região, por um

período curto no tempo, está a Folha do Litoral que circulou quinzenalmente no início

da década de 1960, dirigido por Pedro Cruso e gerenciado por José Moraes. O jornal

contava com colaboradores que moravam na cidade:

Osíris Nepomuceno Santana, Altamir Tibiriçá Pimenta, José de Almeida Barbosa e Geraldo Nogueira da Silva, tendo também como fotógrafo o Sr. Nelson Reising. Além destes, o jornal contava com a importante participação de Elza Saraiva Monteiro, responsável pela parte de literatura do jornal [...]. Não se

17

A Tromba D’Água ou Catástrofe de Caraguatatuba aconteceu em 18 de março de 1967, quando as

chuvas que caíam na região provocaram muitos deslizamentos na Serra do Mar. Toneladas de lama e

vegetação avançaram sobre a cidade deixando centenas de mortos. O fato foi noticiado em jornais no

Brasil e no Mundo tornando a cidade mais conhecida.

Page 18: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

18

tem conhecimento da data em que encerrou suas atividades (COUTINHO; PRADO, 2000, p.262-263).

Em 1973, circulou pela primeira vez o jornal Impacto, tendo como diretor-

proprietário Monteiro Junior que o adquiriu de José Carlos Barreto. Durante exatos 20

anos, o jornal noticiou o que de mais importante aconteceu na cidade e na região. Dentre

os colaboradores, Monteiro Junior contava com a valiosa colaboração da esposa Doroty

Hertel Monteiro que fazia a coluna social do jornal (COUTINHO e PRADO, 2000,

p.263).

Monteiro Junior possuía experiência jornalística por ter atuado no Correio

Paulistano, Última Hora, fundou as revistas Mocidade, City Show e o jornal Primeira

Fila na cidade de São Paulo. Em Caraguatatuba atuou como locutor da Rádio Oceânica e

trabalhou em O Litoral Norte criado em 1974.

Lita-Jacques Chastan (1983) transcreve trechos de uma entrevista sobre a

aquisição do jornal e a relação de Monteiro Júnior com o Litoral Norte. Ele declarou:

Descobri Caraguá, meu grande amor, e fiz Rádio Oceânica (Programa Monteiro Júnior), e depois veio o jornal ‘O Litoral Norte’ e, por fim, essa outra doença chamada ‘Impacto’, que adquiri numa brincadeira com seu ex-proprietário José Carlos Barreto, menos trouxa do que eu. Houve tempo em que fiz o grande rádio (Rede Piratininga), na época de Miguel Leuzzi e Radamés Lacava, além de Roberto Espíndola (então diretor comercial da Piratininga), hoje, coincidentemente, em Caraguatatuba, como diretor-proprietário da Rádio Oceânica (CHASTAN, 1983, p.129).

O Impacto teve um diferencial entre os jornais da região: começou a ser

publicado numa escala invertida. Quando as atividades foram iniciadas, a circulação era

diária. Porém, devido a muitas crises e mudanças, passou a circular semanalmente,

depois quinzenalmente e enfim mensalmente. A última edição foi em 1993, ano do

falecimento do proprietário.

Este não foi o único jornal a ser fechado após o falecimento do diretor-

proprietário. Caso semelhante foi o do jornal O Litoral Norte, fundado por Hugo José

Apuléo e Germano Marcio de Miranda Schmidt em 1974. Hugo Apuléo era jornalista

diplomado e acumulava experiência em jornais paulistanos como O Dia e Jornal de São

Paulo. Por meio de sua experiência, o tablóide sobreviveu em meio às crises.

Além da circulação nas quatro cidades, O Litoral Norte chegava a Jambeiro,

Paraibuna, São Luiz do Paraitinga, São José dos Campos e Taubaté. O jornal tinha

bastante influência em São Sebastião e muitos apoiadores locais. Desativado no final da

década de 1980. “A existência destes órgãos, que sempre buscavam a verdade e o

Page 19: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

19

espírito da opinião pública, foi uma conquista para o desenvolvimento do município de

Caraguatatuba (COUTINHO; PRADO, 2000, p.264)”.

No livro “Memorial de sua Excelência - história política de Caraguatatuba”, Justo

Arouca (2003, p.329) cita na bibliografia jornais que circularam na cidade, tais como: A

Voz do Litoral, da Tarde, Expressão Caiçara, Folha da Baixada, Impacto, Imprensa

Livre, Noroeste News, O Defensor, O Dia, O Litoral Norte, Panorama Jornal, 4

Estâncias, Radiolit (1982 a 1991), Jornal, Tribuna Caiçara (1992), e outros de

circulação nacional.

Os autores deste artigo colheram declarações que evidenciam a existência de

outros jornais como Caraguatatuba (1978 a 1987), Jornal da Praia (1991) que circulou

principalmente em período eleitoral, o Mais Mais (anos 2000) e outros periódicos que

serão analisados num próximo artigo acadêmico.

Em 1986, o jornalista Salim Burihan participou da criação do Imprensa Livre. De

1984 a 1991 Salim Burihan trabalhou na sucursal no Litoral Norte, do Jornal

ValeParaibano que tem sede em São José dos Campos, e também foi correspondente do

Jornal da Tarde e do Estadão. De 1992 a 1997 trabalhou na Folha de São Paulo como

correspondente no Litoral Paulista, cobrindo de Guarujá a Paraty (litoral sul e norte de

São Paulo).

Ainda nesta cidade, registra-se o jornal semanal A Cidade de Caraguatatuba,

publicado durante 56 semanas no ano de 2004. O jornal de 20 páginas, formato tablóide,

capa colorida, com caráter explicitamente político, teve como diretor responsável o

jornalista Roberto Espíndola. Passadas às eleições municipais daquele ano, o candidato

apoiado saiu-se derrotado e o jornal deixou de circular.

De dezembro de 2004 a julho de 2005, circulou o jornal quinzenal A Folha de

Caraguá, em formato Standard, capa colorida, com oito páginas, se denominava “Jornal

de Verdade”. Teve como diretores José Flávio A. Pierre, Marly Fabrette, Dorothy P.

Pereira e Henrique D. B. Louro, e como jornalista responsável à autora deste artigo. O

jornal publicava notícias escritas por estagiários e jornalistas da redação. Foi fechado

porque não conseguiu sobreviver apenas com a venda dos anúncios.

Page 20: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

20

Jornais em circulação - Noroeste News (Caraguá, 15 abr.2010); Expressão Caiçara (Caraguá, 14 a 20

abr.2010); Jornal Costa Norte (Baixada Santista e Litoral Norte, 04 a 10 abr.2010).

Os dois jornais em circulação na cidade são os semanários Expressão Caiçara e

Noroeste News18, ambos com tiragem de cinco mil exemplares, oito páginas, utilizam os

press-releases da Prefeitura de Caraguatatuba e região.

O Expressão Caiçara foi fundado em 1982 por Salim Burihan e Lázaro Macedo.

Em 1984 foi vendido para Lúcio Fernandes e, posteriormente, para Roberto Espíndola.

Hoje é dirigido pelo filho Carlos Roberto Espíndola. O Noroeste News foi criado em

1997 por um grupo de amigos, entre eles, Pedro Monte-Mór e César Jumana, este último

atual diretor. Ambos serão amplamente analisados no próximo artigo dos autores.

Conclusão

As quatro cidades da região levaram tempo entre a emancipação política e o

registro dos primeiros jornais impressos localmente. São Sebastião esperou 257 anos

para ter o jornal Mar em 1893, inaugurando a imprensa na região. Ubatuba levou 258

anos para ver Echo Ubatubense publicado em 1896. Ilhabela esperou 186 anos para ver

o Jornal da Vila de 1992. E Caraguatatuba aguardou 96 anos para ver impresso A Voz do

Litoral de 1953.

Em 118 anos de imprensa no Litoral Norte de São Paulo, poucos jornais

perduraram por mais de uma década. As exceções foram: A Voz do Litoral que circulou

por 35 anos até 1986; Impacto que circulou por 20 anos até 1993; O Litoral Norte que

circulou por 15 anos até 1989; Expressão Caiçara que circula há 28 anos, desde 1982;

Noroeste News que circula há 13 anos, desde 1997; todos na cidade de Caraguatatuba.

18

Os dois jornais disponibilizam no site o jornal em pdf. NOROESTE NEWS . Disponível em:

http://www.noroestenews.com.br/. Acesso em: 19 abr.2010. EXPRESSÃO CAIÇARA. Disponível em:

http://jornalexpressaocaicara.com.br/. Acesso em: 18 abr.2010.

Page 21: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

21

Em Ubatuba, o jornal A Cidade de Ubatuba circulou por 25 anos até 1930; e o

homônimo A Cidade, circula há 23 anos, desde 1987. Em Ilhabela, o Diário do Litoral

completou 13 anos, em circulação desde 1997.

Em São Sebastião, os autores não encontraram bibliografia sobre a imprensa na

cidade e, portanto, a pesquisa teve como base os poucos exemplares dos jornais

encontrados, dificultando a precisão nas datas de quando os mesmos foram fechados. O

diário Imprensa Livre circula há 24 anos, desde 1986, e o Sintonia Social, circula há 3

anos.

Quantitativamente, os autores catalogaram 13 jornais em São Sebastião, 14

jornais em Caraguatatuba, 22 em Ubatuba e 03 em Ilhabela. Trata-se de um primeiro

levantamento acadêmico, sujeito a atualização.

Dos 52 jornais inventariados, apenas sete existiram por mais de dez anos. A

maioria dos jornais fechou as portas porque não conseguiu sobreviver com a venda de

anúncios publicitários e classificados. A situação se assemelha ao quadro econômico no

litoral norte, baseado no turismo, comércio e prestação de serviços, sem a presença de

um parque industrial.

Dentro os jornais que conseguem sobreviver com as atividades jornalísticas e

publicitárias estão o Grupo Ancoradouro com o Diário do Litoral, Grupo Costa Norte de

Comunicação com o jornal Costa Norte, jornais Agito Ubatuba, Expressão Caiçara e

Noroeste News. Os anúncios publicitários e classificados desses jornais representam 40 a

50% do total de páginas da publicação e são preenchidos com os editais das prefeituras,

câmaras de vereadores e afins. Três destes periódicos ampliaram nos últimos anos, os

dias de circulação e a tiragem do jornal: Imprensa Livre, Expressão Caiçara e Agito

Ubatuba.

Em três das quatro cidades da região, há gráficas que imprimem os próprios

jornais: em São Sebastião tem a gráfica do Imprensa Livre, em Ubatuba tem a gráfica do

Agito Ubatuba e em Ilhabela há a gráfica do Diário do Litoral. Em Caraguatatuba

existem gráficas, mas os jornais locais são impressos nas cidades de São José dos

Campos e São Paulo.

Qualitativamente, alguns jornais mantêm uma aproximação com a política local,

em favorecimento aos grupos políticos que estão no exercício do poder. A relação entre

os departamentos comerciais e as redações desses poucos jornais é conflituosa. As

notícias publicadas são baseadas, senão cópias dos press-releases enviados pelas

assessorias de imprensa das quatro prefeituras, câmaras de vereadores e órgãos públicos,

Page 22: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

22

sem qualquer verificação ou complementação das informações. Exceção de reportagens

de cunho investigativo publicadas no Imprensa Livre, Canal Aberto e outros.

Há bons exemplos de jornais que contrariam a situação descrita acima. Por

exemplo, o jornal Sintonia Social que não tem o propósito de favorecer (e não favorece)

grupos políticos que estejam no poder. Neste jornal não existe conflito entre comercial e

redação porque o conteúdo editorial não é comercializado. O lema do jornal é “Rumo à

sociedade desenvolvida e solidária”, e seu conteúdo beneficia trabalhos com enfoque

social, especialmente de Organizações Não Governamentais. O conteúdo publicado não

são cópias de press-release, mas reportagens e entrevistas em campo do próprio jornal,

em sua grande maioria19.

Parte dos jornais em circulação tem endereços eletrônicos na internet, mas não

utilizam o potencial das mídias digitais, com exceção do jornal Canal Aberto que envia

o jornal semanal para oito mil contatos, e o Grupo Ancoradouro que mantêm um site

com características de um portal de notícias da região. Os demais veículos utilizam a

internet apenas para sobrepor o material impresso, sendo que alguns mantêm os sites

desatualizados.

Os autores acreditam que a curto e médio prazo não haverá jornais com

imparcialidade na região. A imprensa no litoral norte retrocedeu ao longo do tempo. A

região atraiu por muito tempo, “aventureiros” da comunicação, interessados no lucro

momentâneo, que acabaram retornando para as cidades de origem. Este foi um dos

fatores que explicam a vida curta de alguns jornais impressos no Litoral Norte.

Quanto ao público leitor da região, é preciso criar hábitos de leitura de jornais,

tendo em vista as tiragens que não ultrapassa cinco mil exemplares. A venda dos jornais

regionais em banca no Litoral Norte é baixa e os leitores acabam optando por ler os

“jornais press-releases” de distribuição gratuita. Há carência de leitores críticos e que

busquem informações completas de forma a contribuir para o desenvolvimento da

região.

O Litoral Norte Paulista abriga instituições de ensino superior, mas apenas o

Módulo Centro Universitário20 oferece a capacitação profissional em Comunicação

Social. No primeiro semestre de 2008 teve início em Caraguatatuba, a Faculdade de

Comunicação Social com Habilitações em Publicidade e Propaganda, e Jornalismo. Nos

19

Declaração da jornalista Nívia Alencar, proprietária do jornal Sintonia Social, enviada à autora por e-

mail em 22 jul.2010. 20

Módulo Centro Universitário. Disponível em: http://www.modulo.br/. Acesso em: 20 abr.2010.

Page 23: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

23

anos seguintes, somente a faculdade de Jornalismo abriu novas turmas. A única turma de

Publicidade e Propaganda concluirá a faculdade em 2011.

A situação descrita evidencia que o nível de profissionalismo na área de

Comunicação na região tem muito que melhorar. O ritmo do mercado de trabalho nos

jornais do Litoral Norte é lento e não acompanha o atual crescimento econômico e social

nas cidades de Caraguatatuba, São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela.

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Entrevistas: - Ewaldo Carlos Martins Soares da Silva, diretor-proprietário do jornal Agito Ubatuba,

entrevista concedida por telefone a Bruna Vieira Guimarães, em 20 abr.2010.

Fernando Siqueira, jornalista diretor-proprietário do jornal Canal Aberto, entrevista concedida por telefone

a Bruna Vieira Guimarães, em 15 abr.2010.

Heloiza Gomes de Lacerda Franco, publicitária e proprietária do Jornal Diário do Litoral/Grupo

Ancoradouro, entrevista concedida por telefone a Bruna Vieira Guimarães, em 16 abr.2010.

Igor Veltman, ex-editor do Imprensa Livre, entrevista concedida por e-mail a Ricardo Reis Hiar, em 14

abr.2010.

Roberto Espíndola, fundador do Expressão Caiçara e de A Cidade de Caraguatatuba , entrevista

concedida pessoalmente a Ricardo Reis Hiar, em 31 mar.2010.

Roberto José Arantes Monteiro, diagramador há 20 anos do jornal A Cidade de Ubatuba, entrevista

concedida por telefone a Bruna Vieira Guimarães, em 15 abr.2010.

Anexo 1.

Cronologia histórica dos jornais no Litoral Norte Paulista

São Sebastião Caraguatatuba Ubatuba Ilhabela

Mar

(1893)

A Voz do Litoral

(1953 a 1986) = 35

anos de circulação

Echo Ubatubente

(1896 a 1897)

Jornal da Vila

(1992) que se tornou a

Revista da Ilha (1993 a

1996)

Terra

(1894)

Folha do Litoral

(1960)

Ubatubense

(1898)

Ancoradouro

(1995) e Diário do

Litoral Norte (1997

até hoje) = 13 anos em

circulação

O Continente

(1913 a 1919 aprox.)

Impacto

(1973 a 1993) = 20

anos de circulação

O Fogo

(1900)

Canal Aberto

(2007 até hoje) = 3

anos em circulação

O Martello

(1916)

O Litoral Norte

(1974 a 1989) = 15

anos em circulação

O Relâmpago

(1901)

Page 26: Alternativas, Mídias e Histórias da Comunicação

26

O Atlântico

(1925)

O Litoral Norte de São

Paulo (1976)

O Papagaio

(1901)

Litoral Norte

(1936)

Caraguatatuba (1978 a

1987 aprox.)

Cidade de Ubatuba

(1905 a 1930) = 25

anos

O Bandeirante

(1956 a 1962 aprox.)

Radiolit

(1982 a 1991 aprox.)

O lápis

(Aprox. 1914)

O Bandeirante do

Litoral (1982)

4 Estâncias

(1984 a 1989)

O prego

(Aprox. 1915)

Chip News

(1986) que se tornou

Imprensa Livre

(1989 até hoje) = 24

anos

Expressão Caiçara

(1982 até hoje) = 28

anos em circulação

O lampião

(Aprox. 1916)

Jornal Costa Norte

(1992 até hoje) = 18

anos em circulação

Jornal da Praia (1991) O Arauto

(1920)

Folha de São Sebastião Tribuna Caiçara

(1992)

O Ubatubense

(1934 a 1939 aprox.)

Correio do Litoral

(2003 a 2005)

Noroeste News (1997

até hoje) = 13 anos em

circulação

Tribuna Caiçara

(1951 a 1960 aprox.)

Sintonia Social

(jul.2006 até hoje) = 3

anos em circulação

A Folha de Caraguá

(2004)

O Atlântico

(1961 a 1967 aprox.)

Cidade de

Caraguatatuba (2004)

A Tribuna de Ubatuba

(1966 a 1968)

Maraberto

(1977)

Notícias Policiais (duas

edições únicas) (1998

A Semana

(1999 a 2004) = 5 anos

de circulação

Jornal de Ubatuba

(1992 aprox.)

O Povo (2004)

Opinião (2005)

A Cidade (1987 até

hoje) = 23 anos em

circulação

Agito Ubatuba (2004

até hoje) = 6 anos em

circulação

13 jornais 14 jornais 22 jornais 03 jornais = Total 52

As datas mencionadas indicam o ano de fundação e fechamento dos jornais. Os jornais em negrito estão

em circulação na data de revisão deste artigo, em outubro de 2010.