Ambientes virtuais de aprendizagem - Três Personalidades de Portugal - Texto

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Atividade 1 - Tarefa 3 Ambientes Virtuais de Aprendizagem Coordenação: Professora Doutora Lina Morgado Professor: Rui Páscoa Universidade Aberta Ana Correia Ana Toscano Hélder Pereira Maria Emanuel Almeida Marta Saraiva

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Ana Correia

Ana Toscano

Hélder Pereira

Maria Emanuel Almeida

Marta Saraiva

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Ao longo dos séculos Portugal foi e continua a ser o berço de grandes personalidades que marcaram e elevaram o sangue lusitano aos quatro cantos do Mundo. Associar Portugal a nomes como Aristides de Sousa Mendes, Amália Rodrigues e Raul Lino, é nomear apenas algumas das grandes referências que dão corpo à cultura portuguesa.

Aristides de Sousa Mendes

Nasceu em Carregal do Sal - Cabanas de Viriato (Viseu), a 19 de julho de 1885. Filho de Maria Angelina Ribeiro de Abranches de Abreu Castelo-Branco e José de Sousa Mendes, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1907. Posteriormente desempenhou funções diplomáticas como cônsul português em vários países, durante a sua carreia diplomática no período do Estado Novo, liderado por António de Oliveira Salazar. Casado com Maria Angelina Ribeiro de Abranches Coelho de Sousa Mendes e num segundo momento da sua vida com Andrée Cibial.

No tempo da Segunda Guerra Mundial, mais propriamente durante a invasão da França pelos Nazis, Aristides de Sousa Mendes exercia o cargo de Cônsul de Portugal em Bordéus. Vai ser neste contexto que o seu nome vai ficar ligado à ideia de herói nacional e internacional, desobedecendo às indicações que António de Oliveira Salazar havia estipulado pela Circular 14, de novembro de 1939, segundo a qual:

os cônsules de carreira não poderão conceder vistos

consulares sem prévia consulta ao Ministério aos estrangeiros de

nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio, aos apátridas, aos

portadores de passaportes Nansen e aos russos; (...) àqueles que

apresentem nos seus passaportes a declaração ou qualquer sinal de

não poderem regressar livremente ao país de onde provêm; aos

judeus expulsos dos países da sua nacionalidade ou daqueles de onde

provêm.1

Apesar do determinado, Aristides de Sousa Mendes concedeu milhares de vistos para que refugiados pudessem entrar em Portugal, feito que lhe conferiu a designação por muitos de Schindler português, uma vez que permitiu a cerca de 10 mil judeus escapar ao genocídio nazi – o Holocausto. As suas palavras, face a este massacre, terão sido: se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus.2

Para além de um grande diplomata, Aristides de Sousa Mendes deixou um legado muito forte enquanto humanista no que respeita a noções de cidadania, de respeito, de entreajuda e de valorização do outro. Por isso, foi e continua a ser reconhecido e homenageado como símbolo de referência para a História da Humanidade.

1 Salazar, A. (1939). Circular 14 do Ministério dos Negócios Estrangeiros .

2 Mendes, A. (s.d.). Recuperado de http://www.uc.pt/antigos-estudantes /perfi l/p erfil_memo riais /aristid es_Sousa_mend es . Acesso a 12 de abril de 2015.

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A este grande Homem ficou a dever-se a salvação de artistas sonantes como Salvador Dali, Charles Oulmont, entre outros nomes não tão sonantes, mas cujo valor da vida foi valorizado e ajudado.

Aristides de Sousa Mendes foi demitido por Salazar, por ter ajudado os refugiados judeus e ter desobedecido às ordens de Estado, e acabou por falecer na miséria após ter sua reforma suspensa pelo ditador português, em Lisboa a 3 de abril de 1954.

Amália Rodrigues

Amália da Piedade Rodrigues, fadista, cantora e atriz, portuguesa, um dos ícones da cultura portuguesa do século XX, é

considerada internacionalmente como uma das melhores

vozes de sempre, Amália Rodrigues, foi inquestionavelmente a

artista portuguesa mais importante do século XX, única na

capacidade de exprimir através da sua arte o sentimento mais

profundo de uma cultura. Mulher de uma intuição e inteligência

sublimes, foi por natureza uma cantora à frente do seu tempo,

alterando regras, tradições e costumes, elevando assim a música

urbana a que chamamos fado a uma arte maior.3

Nasceu em Lisboa, a 23 de junho de 1920.

Encarada como a supremacia do fado, comumente aclamada como a voz de Portugal é uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre portugueses ilustres.

Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, como uma das suas melhores embaixadoras pelo mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora.

Até a sua morte, em outubro de 1999, 170 álbuns haviam sido editados com seu nome em 30 países, vendendo mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo, número 3 vezes maior que a população de Portugal.

Dez anos após a sua morte, a presença de Amália Rodrigues na cultura portuguesa mantém-se inalterada, como se ainda a tivéssemos entre nós em plena atividade. A sua herança, mais do que um património histórico congelado no passado, é um legado vivo que continua a inspirar mesmo a geração que já não a ouviu ao vivo: o legado físico do seu espaço íntimo; e o do registo da sua voz, juntando-se ainda a este todo o corpus da documentação que se lhe refere.

3 Almeida,Bruno (2009), Legado de Amália Rodrigues, São Luís, teatro municipal, recuperado de www.teatrosaoluiz.pt/gca/?id =42. Acesso a 12 de abril

de 2015.

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Mas a herança de Amália transcende em muito o seu legado material. É sobretudo o exemplo da sua postura artística que permanece viva e continua a motivar intérpretes, poetas e compositores de todos os géneros, bem como artistas em todos os ramos.

A casa de Amália Rodrigues era um palco onde todas as noites a espontaneidade era a encenação de um dos espetáculos mais intimistas. A sua casa estava sempre aberta a quem viesse por bem, poetas, compositores, instrumentistas e fadistas.

Deixamos um exemplo da sua obra, Lágrima, um dos fados mais célebres da fadista e de sua autoria:

Cheia de penas me deito

E com mais penas me levanto

Já me ficou no meu peito

O jeito de te querer tanto

Tenho por meu desespero

Dentro de mim o castigo

Eu digo que não te quero

E de noite sonho contigo

Se considero que um dia hei-de morrer

No desespero que tenho de te não ver

Estendo o meu xaile no chão

E deixo-me adormecer

Se eu soubesse que morrendo

Tu me havias de chorar

Por uma lágrima tua

Que alegria me deixaria matar4

Raul Lino

A relevância de Raul Lino e a sua icónica representatividade do ser português é mais clara do que o nome faz crer, que embora não seja dos mais reconhecidos, é dos mais representativos do imaginário arquitetónico português, reconhecendo-se na traça de edifícios que ligam Portugal a outras partes do mundo lusófono.5

Nascido em Portugal em 1879, estudou em Inglaterra e na Alemanha, onde conheceu Albrecht Haupt, entusiasta da arquitetura portuguesa, que o seduziu para a procura da essência da tradição arquitetónica do país. Influenciado por Thoreau, escritor que exalta a relação harmoniosa com a natureza, desenvolve um trabalho com duas matrizes: a tradição e a natureza. A sua primeira obra teórica, A nossa casa, é reflexo disso, iniciando a teorização sobre arquitetura simultaneamente funcional, cultural e integrada na natureza.

4 Rodrigues, A. (1983). Lágrima. Recuperado de http://letras.mus.br/amal ia-rodrigues /232339/. Acesso a 12 de abril de 2015. 5 Matos, M. C., Ramos, T. B. (out. 2007). Um encontro, um desencontro.

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Se recolhe influências dos recentíssimos movimentos de Arte Nova e de Arts and Crafts, a sede de defesa e divulgação da traça de construção nacional levou-o em viagens diversas por Portugal à procura das raízes e dos motivos intemporais do país para os aplicar na sua visão arquitetónica. Desenvolve trabalho prático e teórico na preservação e restauro de património edificado, intervindo, por exemplo, nos palácios de Sintra e Queluz e impõe-se como projetista quer de edifícios, quer do mobiliário e decoração dos mesmos.6

Os cerca de 700 projetos incluem edifícios particulares como a Casa Monsalvat, a de Santa Maria ou a do Cipreste; e públicos como o Tivoli, o pavilhão Português para a Exposição de Paris, ou o pavilhão do Brasil para a Exposição do Mundo Português. Em Moçambique projeta a Catedral de Nampula e no Brasil edifícios habitacionais e públicos em São Paulo e no Rio de Janeiro.7 8

A sua traça reconhece-se pela integração do azulejo e do tijolo, do telhado tradicional, dos beirados e das sacadas. As casas que o caracterizam revestem-se de simplicidade, conforto, funcionalidade e simultâneo pormenor estético, jogos de luz e fluidez dos espaços, sempre com a preocupação de que o edifício se funda com a natureza e a cultura .9

Sem comprometimento político a sua preocupação em criar um estilo português com funcionalidade prática e simbólica foi aproveitada pelo Estado Novo para impor uma arquitetura portuguesa.10 No entanto, a preocupação com a defesa de uma visão da arquitetura portuguesa levou o próprio Raúl Lino a atitudes de imposição estética e intransigência no seu campo de trabalho.

Morreu em 1974, em Lisboa, com 95 anos.

6 Silva, A. (1999). Raul Lino, livre como o cipreste. RTP. recuperado de http://www.rtp.pt/arquivo/?article=697&tm=22&visual=4 7 Matos, M. C., Ramos, T. B. (out. 2007). Um encontro, um desencontro. 8 s.a., (s.d.). Raul Lino, Nacionalismo e Pedagogia. recuperado de http://ler.letras.up.pt/uploads/fich eiros/1859.pdf 9 Mascaro, L., Bortolucci, M. e Lourenço, J. (jan./jun 2011). Ricardo Severo, Raul Lino e os Movimentos Tradicionalistas. Revista Convergência Lusíada,

n.º 25. recuperado de http://www.realgabin ete.com.br/revistaconvergencia/?p =187 10 Silva, A. (1999). Raul Lino, livre como o cipreste. RTP. recuperado de http://www.rtp.pt/arquivo/?article=697&tm=22&visual=4