AMERICA DO S L · aplicada a um texto que tem 36 anos. Mas a verdade é que o é – e não,...

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SUPLEMENTO ESPECIAL DA HORA DO POVO / FOLHA GRÁFICO-VISUAL DE ARTE E IDEIAS / VERSÃO 9.0 / 3 DE MAIO A 21 DE JULHO DE 2018 AMERICA DO S L

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SUPLEMENTO ESPECIAL DA HORA DO POVO / FOLHA GRÁFICO-VISUAL DE ARTE E IDEIAS / VERSÃO 9.0 / 3 DE MAIO A 21 DE JULHO DE 2018

AMERICADO

S L

CONVERSA COM JANGO FILHO

(ENTREVISTA COM JOÃO VICENTE GOULART)

POR MARIO DRUMOND

UNIR A NAÇÃO E ROMPER COM A

DEPENDÊNCIAPOR CLAUDIO CAMPOS

O QUE FAZIA UM PRESIDENTE DE

VERDADE: A AGENDA DE JANGO EM 1963

POR CARLOS LOPES

FIGURAS E FIGURINHAS EM 1964: ANTES E DEPOIS

DO GOLPE CONTRA O BRASILPOR CARLOS LOPES

Chegamos ao fim desta série. Faremos, aqui, apenas algu- mas considerações complementares, que, em alguma me-

dida, possam minimizar as nossas falhas e limitações (somente conseguimos citar em pouca medida o material pesquisado, devido ao risco desta série tornar-se interminável).

A melhor coleção de documentos históricos sobre o golpe de 64 – inclusive sobre a intervenção militar norte-a-mericana, a “Operação Brother Sam” – está no Volume VII de “Textos Políticos da História do Brasil”, preciosa obra organizada por Paulo Bonavides e Roberto Amaral, que teve

1964POR MARIO DRUMOND

Na direção do Estado, criaremos o caos e a

confusão. De maneira im-perceptível, porém ativa e constante, propiciaremos o despotismo dos funcioná-rios, o suborno, a corrup-ção e a falta de princípios. A honradez e a honestidade serão ridicularizadas como desnecessárias e convertidas em uma sombra do passado. Cultivaremos a sem-vergonhice, a insolência, o engano, a mentira, o alcoolismo, as drogas, o vício e o medo irracional entre semelhantes; a traição, o fascismo, a inimizade entre os povos e, sobretudo, o ódio aos mais pobres, tudo isto é o que vamos fomentar habil-mente até que se estilhace o sentimento nacional. Apenas uns poucos lograrão suspeitar e até compreender o que realmente sucede, porém, a estes lhes colocaremos em uma posição indefesa ridicularizando-os e caluniando-os a fim de desacreditá-los e apontá-los como párias da sociedade.

pré-candidato à Presidência da República pelo PPL – Partido Pátria Livre. Queremos começar, João Vicente, com uma ideia sua que nos fascina, que é o Projeto do Memorial João Goulart. Visitando o site do Instituto João Goulart só en-contramos a “justificativa” do projeto, que, para nós, é mais que óbvia. Então, gostaríamos que você nos dissesse mais sobre a proposta de conteúdo, o que se pretende fazer no Memorial depois de concretizado. Podemos dizer que temos muitos companheiros, artistas, intelectuais, profissionais da cultura e da política, interessados em participar e até ajudar no que puderem para o sucesso desta ideia.

JVG – A ideia inicial do projeto partiu de Oscar Niemayer, quando estivemos com ele, lá pelo ano de 2004, e que passou a ser o projeto mãe do então recém fundado Instituto João Goulart – que é uma OSCIP. Estive com Niemeyer muitas vezes discutindo o projeto. O objetivo principal seria o de reverenciar e promover as ideias de liberdade e democracia, através de um marco que nos lembrasse o fato histórico que quebrou a nossa Constituição e a nossa Democracia em 1964, com o golpe de estado. [...] [mais na página web]

Aqui, o leitor poderá conhecer um dos mais importantes documentos da História recente do nosso país.Em agosto de 1982, Cláudio Campos, no 3º Congresso

do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), de-lineou a estratégia da Revolução Nacional Brasileira – e a tática a seguir naquele momento. Os acontecimentos posteriores confirmariam a análise de Cláudio – tanto naquilo em que o povo bra-sileiro foi vitorioso, quanto no que não conseguiu, infe-lizmente, êxito.

Talvez os mais jovens es-tranhem a palavra “recente”, aplicada a um texto que tem 36 anos. Mas a verdade é que o é – e não, principalmente, porque a História do Brasil tem já um pouco mais de cinco séculos, embora tam-bém isso seja uma verdade.

A questão é que os pro-blemas por ele colocados ainda não foram superados – pelo contrário, as quase quatro décadas posteriores demonstra-ram, de maneira trágica, o quanto custou a nós, brasileiros, o hediondo caminho oposto. [...] [mais na página web]

É possível dizer do presidente João Goulart o mesmo que Getúlio Vargas disse de si mesmo, ao observar que fora le-

vado à revolução pela total intransigência de Washington Luís.Disse o presidente Vargas, no seu diário, em novembro

de 1930, que era “o mais pacífico dos homens” (“Quantas

a sua terceira edição publicada pelo Senado Federal em 2002. O sétimo volume é especialmente importante para a história do golpe de 64, pois reúne documentos do período 1956-1964, ou seja, dos governos Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart – e do golpe de Estado.

Muito importante para as questões que abordamos é a troca de cartas entre Jango e Kennedy, por ocasião da “cri-se dos mísseis”, em 1962. Em sua resposta ao presidente norte-americano, que tentava conseguir nosso apoio para a ação dos EUA contra Cuba e a URSS, diz o presidente brasi-leiro [...] [mais na página web]

Faremos parecer estúpidos os fundamentos da morali-dade, destruindo-os. Nossa principal aposta será na ju-

ventude. Vamos corrompê-la, desmoralizá-la e pervertê-la. Nosso objetivo é conseguir que aqueles que agredimos nos recebam de braços abertos. Estamos falando de ciência, de uma ciência para implantar um novo cenário na mente das pessoas. Antes dos porta-aviões, dos mísseis, chegarão os símbolos que venderemos como universais e glamorosos, os modernos arautos da juventude e da felicidade ilimi-tada. O propósito final desta estratégia a escala planetária é derrotar as alternativas ao nosso domínio no campo das ideias mediante o deslumbramento e a persuasão, a manipulação do inconsciente, a usurpação do imaginário coletivo e a colonização das utopias redentoras e libertá-rias para obter um produto paradoxal e inquietante: que as vítimas cheguem a compreender e a aceitar a lógica de seus verdugos.” [...] [mais na página web]

Era para ser uma entre- vista do tipo formal, em

geral uma sabatina do en-trevistador ao entrevistado. Mas este entrevistado parece ser dotado de uma virtude de relacionamento pela qual ele sempre se posiciona de igual para igual com o interlocu-tor, quem quer que seja ele, e faz desaparecer, quase de imediato, toda formalidade

ou desnível hierárquico que quase sempre se pré-estabele-cem ou possam ser pré-concebidos em primeiros contatos. E a entrevista desaguou para uma boa camaradagem e um ótimo papo entre companheiros de diferentes vivências em uma mesma História. Reflexões complementares e compartilhadas. A bem da matéria, penso eu. Deu gosto fazê-la! Espero que a leitura dê o mesmo ao leitor.

ASOL – Estamos na Casa dos Jornalistas, em Belo Horizonte, com a ilustre presença de João Vicente Goulart, que hoje prestigia Minas Gerais na qualidade de

1964

vezes desejei a morte como solução da vida. E, afinal, depois de humilhar-me e quase suplicar para que os outros nada sofressem, sentindo que tudo era inútil, decidi-me pela revo-lução, eu, o mais pacífico dos homens, decidido a morrer.”).

Todos os que conviveram com João Goulart ressaltam a sua índole cordata. Por exemplo, seu amigo e ministro-chefe da Casa Civil, depois ministro das Relações Exteriores, o grande advogado Evandro Lins e Silva, indicado por Jango para o Supremo Tribunal Federal (STF):

“Jango era um homem essencialmente bom e tolerante. Não sabia dizer não a ninguém. Comentei com ele que havia necessidade, muitas vezes, de dizer não, que o presidente da República tem muitas vezes essa obrigação, embora constrangido por pressões políticas ou razões sentimentais. É certo, também, que havia sérias resistências políticas. É preciso levar em conta o seguinte: Jango queria fazer cer-tas reformas contra as quais as elites brasileiras reagiam e resistiam. [...] [mais na página web]

AMÉRICA DO SOL

Folha Gráfico-Visual de Arte e Ideias

Nº 9

IMAGENS DE CAPA E CONTRACAPA:

Pastéis de Fernando TavaresTEXTO-TEMA DESTA EDIÇÃO:

1964

EDITOR: Mario DrumondDIREÇÃO DE ARTE: Fernando TavaresDIREÇÃO DE REDAÇÃO: Hora do Povo

TEXTOS: Carlos Lopes Claudio Campos Mario DrumondDIREÇÃO DE FOTOGRAFIA : Leo Drumond

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