AMOR

Amor, que gesto humano na alma escreve,Amor, que gesto humano na alma escreve,Vivas faíscas me mostrou um dia,Vivas faíscas me mostrou um dia,De onde um puro cristal se derretiaDe onde um puro cristal se derretiaPor entre vivas rosas e alva neve,Por entre vivas rosas e alva neve,

A vista, que em si mesma não se atreve,A vista, que em si mesma não se atreve,Por se certificar do que ali via,Por se certificar do que ali via,Foi convertida em fonte, que faziaFoi convertida em fonte, que faziaA dor ao sofrimento doce e leve,A dor ao sofrimento doce e leve,

Jura Amor que brandura de vontadeJura Amor que brandura de vontadeCausa o primeiro efeito; o pensamentoCausa o primeiro efeito; o pensamentoEndoidece se cuida que é verdade,Endoidece se cuida que é verdade,

Olhai como o Amor gera, num momentoOlhai como o Amor gera, num momentoDe lágrimas de honesta piedade,De lágrimas de honesta piedade,Lágrimas de imortal contentamento. Lágrimas de imortal contentamento.

Poema: Luís de Camões Poema: Luís de Camões Música: Kenny GMúsica: Kenny G