Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

9
A ESCRITA DA HISTÓRIA EM MEIO ÀS TENSÕES ENTRE NORMA E EXPERIÊNCIA NA MODERNIDADE Professora Ana Nemi Professor Rafael Ruiz O curso pretende analisar os “fundamentos” do mundo contemporâneo a partir das continuidades possíveis entre as normas discutidas pelos letrados do século XVII e pelos projetos iluministas do século XVIII, e as normas pactuadas a partir das revoluções da virada do século XVIII para o XIX. O termo “fundamentos” reporta-se aqui ao conjunto de ideias e projetos que teriam influenciado a constituição dos novos regimes saídos dos processos revolucionários. Espera-se discutir algumas dessas ideias e projetos no que diz respeito à experiência dos povos que se pretendia libertar e representar. Trata-se, em resumo de observar os enraizamentos normativos construídos no mundo contemporâneo em diálogo com as propostas de vivências tradicionais que, comuns na primeira modernidade, tornaram-se objeto de crítica e/ou defesa durante a segunda modernidade conferindo-lhes novos significados ao longo do século XIX. Temas: - Legalismo e providencialismo, casuísmo e sistema. - Direito, teologia moral e probabilismo. - A função e o papel do Juiz - O justo e o Direito nos Tratados do século XVII: a construção da noção de bem comum. - Hermenêutica das sentenças judiciais (século XVII). - Tradições historiográficas na primeira modernidade – A História como narrativa de fatos singulares e universais.

description

Tensões da modernidade na historiografia. Antes e depois da revolução Francesa

Transcript of Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

Page 1: Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

A ESCRITA DA HISTÓRIA EM MEIO ÀS TENSÕES ENTRE NORMA E EXPERIÊNCIA NA MODERNIDADE

Professora Ana NemiProfessor Rafael Ruiz

O curso pretende analisar os “fundamentos” do mundo contemporâneo a partir das continuidades possíveis entre as normas discutidas pelos letrados do século XVII e pelos projetos iluministas do século XVIII, e as normas pactuadas a partir das revoluções da virada do século XVIII para o XIX. O termo “fundamentos” reporta-se aqui ao conjunto de ideias e projetos que teriam influenciado a constituição dos novos regimes saídos dos processos revolucionários. Espera-se discutir algumas dessas ideias e projetos no que diz respeito à experiência dos povos que se pretendia libertar e representar.

Trata-se, em resumo de observar os enraizamentos normativos construídos no mundo contemporâneo em diálogo com as propostas de vivências tradicionais que, comuns na primeira modernidade, tornaram-se objeto de crítica e/ou defesa durante a segunda modernidade conferindo-lhes novos significados ao longo do século XIX.

Temas:

- Legalismo e providencialismo, casuísmo e sistema.

- Direito, teologia moral e probabilismo.

- A função e o papel do Juiz

- O justo e o Direito nos Tratados do século XVII: a construção da noção de bem comum.

- Hermenêutica das sentenças judiciais (século XVII).

- Tradições historiográficas na primeira modernidade – A História como narrativa de fatos singulares e universais.

- Tradições historiográficas na segunda modernidade – “Sentidos” da História entre universalidade e singularidade.

- Iluminismo e Romantismo entre racionalismo e probabilidade.

- Construção dos espaços público e privado na segunda modernidade, transfigurações da teologia moral.

- História e revolução, ruptura e continuidade na elaboração das leis e na atuação dos juízes.

- A ressignificação da ideia de bem comum na construção da nação.

Page 2: Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

- O romance e a História entre norma e experiência.

- Hermenêutica das sentenças judiciais (século XIX).

BIBLIOGRAFIA

AGULHON, M. 1848 – O aprendizado da República, R.J.: Paz e Terra, 1991.

ARENDT, H. “As esferas pública e privada”, In: A condição humana. R. J.: Forense, 1993, pp. 31-88.

BERMAN, M. Tudo que ´sólido se desmancha no ar – a aventura da modernidade. S. P.: Cia das Letras, 2006.

BURKHARDT, Reflexiones sobre la historia universal. México: Fondo de Cultura, 1996.

CALVINO, Í. O visconde partido ao meio.----------------- O barão nas árvores----------------- O cavaleiro inxistente(Trilogia que o autor chamou de “Nossos antepassados” editada pela Companhia das Letras)

CATROGA, F. Memória, história e historiografía. Coimbra: Quarteto, 2001.

CERVANTES, Miguel de, Don Quijote de la Mancha, (edición del IV Centenario), Madrid, Alfaguara, 2004 (edição em português, ver Editora 34)

CHARLE, C. Les intellectuels em Europe au XIXe siècle – Essai d´histoire comparée. Paris: Seuil, 1996.

COULANGES. F. “Considerações sobre a França”, In: HARTOG, F. O século XIX e a história – O caso Fustel de Coulanges. R. J.: UFRJ, 2003, pp. 183-294.------------------------- “De la manière d´écrire l´histoire en France et en Allemagne depuis cinquante ans” e “Questions contemporaines”, In: Questions historiques. Paris: Hachette, 1923, pp. 1-16 e 471-516.

DELACROIX, C.; DOSSE, F.; GARCIA, P. Ler courants historiques en France XIX – XX siècle. Paris: Gallimard, 2007.

DELACROIX, C.; DOSSE, F.; OFFENSTADT, N. Historiographies II Concepts et débats. Paris: Gallimard, 2010.

DOSTOIEVSKI, F, O sonho de um home ridículo, in Duas narrativas fantásticas, São Paulo, Editora 34, 2003.

GAY, P. O estilo na história. S. P.: Cia das Letras, 1990.

Page 3: Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

GIBBON, E. Declínio e queda do Império Romano. S. P.: Cia das Letras, 2005.

GOETHE, J. W. Os sofrimentos do jovem Werther. Linda-a-velha: ACE, 2000.

GOOCH, G. Historia e historiadores em el siglo XIX. México: Fondo de Cultura, 1977.

GUIZOT, F. A história das origens do governo representativo na Europa. R. J.: Topbooks, 2008.

HARTOG, F. Evidência da História – o que os historiadores veem. B. H.: Autêntica, 2011.----------------Regimes d´historicité – presentisme et expériences du temps. Paris: Seuil, 2003.

HERCULANO, Alexandre. “A Abóboda”. Disponível na Internet.

KOSELLEK, R. Crítica e crise. R. J.: Contraponto/EDURJ, 1999.

LOCKE. Carta sobre a tolerância. S. P.: Hedra, 2007.

MAYER, A. J. A força da tradição – A persistência do Antigo Regime, S.P.: Cia das Letras, 1987.

MICHELET, J. Le tableau de la France. Paris: Équateurs, 2011.

MOMIGLIANO, A. Problèmes d´historiographie ancienne et moderne. Paris: Gallimard, 1983.

NEMI, A. L. L. . “Singularidade histórica, arcaísmo e excepcionalidade política na historiografia ibérica.“ In: Atas VII Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-Americano. Rio de Janeiro : UERJ, 2010.--------------------- “Alexandre Herculano e a escrita da História”. In: Atas do IX Colóquio Internacional Tradição e Modernidade no Mundo Ibero-Americano. Rio de Janeiro: EURJ/FAPERJ/UC, 2012 (CD-ROM).

NORA, Pierre. Les lieux de mémoire I – La republique, La nation. Paris: Gallimard, 1997.----------------- Les lieux de mémoire II – La nation, Les france. Paris: Gallimard, 1997.----------------- Les lieux de mémoire III – Les france. Paris: Gallimard, 1997.

RANKE, L. Von “Las epocas en la Historia”, “Páginas autobiográficas”, In: Pueblos y Estados en la Historia moderna. México: Fondo de Cultura, 1986, pp. 57-97 e 523-527.

ROUSSEAU, J.J. O contrato social. Porto Alegre.: L&PM, 2007.

Page 4: Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

SENNETT, R. O declínio do homem público. S. P.: Cia das Letras, 1988.

SHAKESPEARE, W. The tempest. Penguin, 1995.

TOCQUEVILLE, A. O Antigo regime e a revolução, S. P.: Hucitec, 1989.

VOGT, Joseph. El concepto de la historia de Ranke a Toynbee. Madr: Guadarrama, 1971.

WINOCK, M. As vozes da liberdade – os escritores engajados do século XIX. R. J.: Bertrand Brasil, 2006.

ABRIL, PEDRO SIMÓN DE, Apuntamientos de como se devem reformar las doctrinas y la manera de enseñallas para reducillas a su antigua entereza y perficion, de que con la malicia del tiempo y con el demasiado deseo de llegar los hombres presto a tomar las insignias dellas, han caydo y ahora nuevamente publicados y añadidos con algunas observaciones y notas por don José Clemente Carnicero, oficial del archivo de la Secretaría de Gracia y Justicia de Indias, (Madrid, Pedro Madrigal, 1589), Segunda Edición, Madrid, Imprenta de D.M. de Burgos, 1817.

AYALA, Francisco Javier de. Servidumbres personales de índios, de Fr. Miguel de Agia. Edição e estudo preliminar, Sevilla: Escuela de estudios hispano-americanos, 1946.

BERMÚDEZ DE PEDRAZA, Francisco, Arte legal para estudiar la Jurisprudencia nuevamente corregido y añadido en esta segunda edición, Madrid, por Francisco Martínez, a costa de Domingo Gonçalez, 1633.

CABEDO, Jorge de Practicarum Observationum sive decisionum supremi senatu Regni Lusitaniae, Ioannem Keerbergium, Antuerpiae, 1620.

CARRASCO DEL SAZ, F. Interpretatio ad aliquas leges Recopilationis Regni Castellae, Hispali: apud Hieronimum Contreras, 1620.

CASTILLO DE BOBADILLA, Jerônimo Política para corregidores y señores de vasallos en tiempos de paz y de guerra, Medina del Campo, por Christoval Lasso e Francisco Garcia, 1608.

CERDÁN DE TALLADA, Thomás, Veriloquium en reglas de Estado, segun derecho diuino, natural, canonico y ciuil y leyes de castilla, endereçado a la conseruacion de la auctoridad del catholico don Phelipe Tercero, Valencia, en casa de Iuan Chrysostomo Garriz, 1604.CONCINA, Daniel, Theologia Christiana Dogmático-Moral, compendiada en dos tomos, Traducida al idioma castellano y añadida en muchas partes de las obras del mismo autor por el P. D. Joseph Sánchez de la Parra, Tercera Impresión, en Madrid, en la oficina de la viúda de Manuel Fernández, 1773.

FREITAS, Serafino de, De Iusto Imperio Lusitanorum Asiatico, Hieronymi Morillo, Valladolid, 1625

Page 5: Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

GUARDIOLA Y SÁEZ, L., El Corregidor perfecto y juez exactamente dotado de las calidades necesarias y convenientes para el buen Gobierno económico y político de los pueblos y la más recta administración de justicia en ellos, y avisado, entre otras cosas, de las muchas cargas y obligaciones de su Oficio: conforme todo a las Leyes Divinas, Derecho Real de España, y Reales Resoluciones hasta ahora publicadas sobre la nueva Planta y Escala admirable de los Corregimientos y Alcaldías Mayores de estos Reynos, en Madrid, en la Imprenta y Librería de López, 1785.

LOPE DE RODO, La Idea Sucinta del Probabilismo, razones que establecen el probabilismo, que contiene la historia abreviada de su origen, progresos y decadencia: el examen crítico que lo establecen, y un resumen de los argumentos que lo impugna, Lima, 1772

PORTUGAL, Domingos Antunes, Tractatus de Donationibus iurium et bonorum regiae Coronae, Editio secunda Lugdinensis, Adisson, Lugduni, 1699.

SOLÓRZANO PEREIRA, Política Indiana, Tomo II, Livro V, Capítulo VIII, Como deben proceder en todo los Oidores y Ministros de las Audiencias de las Indias, y en particular en el oír y librar los pleytos y votarlos y firmarlos en los acuerdos, y en guardar el secreto de ellos. Y quando se dirá que hacen sentencia y están conformes de toda conformidad, n.29, en Madrid, en la Imprenta Real de la Gazeta, año de 1776, tomo V, libro VIII.

AUBENQUE, Pierre. A prudência em Aristóteles. Tradução de Marisa Lopes. São Paulo: Discurso editorial, 2003.

GARRIGA, Carlos. Los límites del reformismo borbónico: a propósito de la administración de la justicia en Indias. In: BARRIOS PINTADO, Feliciano, (Coord.), Derecho y Administración pública en las Indias Hispánicas. Cuenca: Ediciones de la Universidad Castilla-La Mancha, 2002, vol I, p. 781-821.

GROSSI, Paolo. Mitología jurídica de la Modernidad, Traducción de Manuel Martínez Neira. Madrid: Ed. Trotta, 2003.

GUZMÁN, Alejandro. Decisión de controversias jurisprudenciales y codificación del Derecho en la época moderna. Madrid: Anuário de Historia del Derecho español, 1980.

HOMEM, António Pedro Barbas, Judex Perfectus. Função jurisdicional e estatuto judicial em Portugal, 1640-1820, Almedina, Coimbra, 2003.

LUQUE TALAVÁN, Miguel, Un universo de opiniones. La Literatura jurídica indiana. C.S.I.C., Madrid, 2003.

MACERA, PABLO, Probabilismo en el Perú durante el siglo XVIII”, en la Nueva Corónica . Universidad Nacional Mayor de san Marcos. 1963.

Page 6: Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

MARILUZ URQUIJO, J.M. Ensayos sobre los juicios de residencia indianos. Sevilla: Escuela de estudios hispano-americanos de Sevilla, 1952.

MARTEL PAREDES, Víctor Hugo. El lugar del Probabilismo en las ideas políticas del Perú, Solar,n 3, año 3. Lima, 2007, p. 11-22.

MARTIRÉ, E. Las Audiencias y la Administración de Justicia en las Indias. Del iudex perfectus al iudex solutus. Buenos Aires: Librería Histórica, 2009.

MECCARELLI, Massimo, Arbitrium Un aspetto sistematico degli ordinamenti giuridici in età di diritto comune, Milão, Giuffrè, 1998.

MORSE, Richard, O Espelho de Próspero. Cultura e idéias nas Américas, São Paulo, Companhia das Letras, 1998.

MUÑOZ GARCÍA, Ángel, Diego de Avendaño, 1594-1698: filosofía, moralidad, derecho y política en el Perú colonial. Lima: UNMSM, Fondo Editorial, 2003.PINCKAERS, Servais Théodore. Las fuentes de la moral cristiana. Su método, su contenido, su historia. Pamplona: Ediciones Universidad de Navarra, 2000.

PRODI, Paolo. Uma história da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

RODRÍGUEZ GIL, Magdalena, Domingos Antunes Portugal. Um jurista barroco, in Cuadernos de Historia del Derecho, 2004, vol. Extraordinario, 279-292.RUIZ, R. Os espaços da ambiguidade: os poderes locais e a justiça na América espanhola do século XVII, Revista de História, 163, ago/dez, p. 81-101. São Paulo, 2010.

RUIZ, R., “A interpretação das leis reais: ambiguidade e prudência no poder das autoridades locais na América do século XVII”, Clio. Revista de Pesquisa histórica, 27-1, Universidade Federal de Pernambuco (Recife, 2009).

TAU ANZOÁTEGUI, V. Casuismo y sistema. Indagación histórica sobre el espíritu del Derecho indiano. Buenos Aires: Instituto de Investigaciones de Historia del Derecho, 1992.

TAU ANZOÁTEGUI, V. El poder de la costumbre. Ensayos sobre el derecho consuetudinario en América hispana hasta la Emancipación. Buenos Aires: Instituto de Investigaciones de Historia del Derecho, 2001.THIEBAUT, Carlos, Cabe Aristóteles, Visor, La Balsa de la Medusa, 17, Madrid, 1988.

VALLEJO, Jesús, Acerca del fruto del árbol de los jueces. Escenarios de la justicia en la cultura del ius commune. AFDUAM 2 (1998).

VALLEJO, J., Ruda equidad, Ley consumada. Concepción de la Potestad normativa (1250-1350).Centro de estudios constitucionales, Madrid, 1992.

Page 7: Ana Nemi Rafael Ruiz UNIFESP

VILLEY, Michel, Compendio de Filosofía del Derecho, 2 vol. Los medios del Derecho, vol 2, Eunsa, Pamplona, 1981. (Tem tradução para o português: Filosofia do Direito. Definições e fins do Direito.Os meios do Direito, Martins Fontes, São Paulo, 2008).

ZERON, Carlos Alberto de M. R. e RUIZ, Rafael, A força do costume, de acordo com a Apologia pro Paulistis (1684), Ciência, história e historiografia, ALMEIDA, Marta de e VERGARA, Moema de Rezende (org.), São Paulo/Rio de Janeiro, Via Lettera/MAST, 2008.