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ANAIS 2010 XIII JORNADA CIENTÍFICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE MEDICINA V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE IX FEIRA DE SAÚDE DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA Multidisciplinaridade em saúde: da pesquisa à clínica Brasília-DF, 14 a 16 de outubro de 2010

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ANAIS 2010

XIII JORNADA CIENTÍFICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA

V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE MEDICINA

V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

IX FEIRA DE SAÚDE DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA

Multidisciplinaridade em saúde: da pesquisa à clínica

Brasília-DF, 14 a 16 de outubro de 2010

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Universidade de Brasília Reitor: José Geraldo de Sousa Júnior Vice-Reitor: João Batista de Sousa Decano de Ensino de Graduação: Márcia Abrahão Moura Decano de Pesquisa e Pós-Graduação: Denise Bomtempo Birche de Carvalho Decano de Extensão: Oviromar Flores Decano de Administração: Pedro Murieta Santos Neto Decano de Assuntos Comunitários: Rachel Nunes da Cunha Faculdade de Medicina Diretor: Paulo César de Jesus Vice-Diretor: Joel Paulo Russomano Veiga Faculdade de Ciências da Saúde Diretor: Lílian Marly de Paula Vice-Diretora: Edgar Merchan Hamann Hospital Universitário de Brasília Diretor: Gustavo Adolfo Sierra Romero Diretora Adjunta de Serviços Assistenciais: Elza Ferreira Noronha Diretora Adjunta de Ensino e Pesquisa: Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira Diretora Adjunta Executiva: Laene Pedro Gama Universidade de Brasília Campus Universitário Darcy Ribeiro CEP 70910-900 – Tel: 33072022 Brasil, Brasília – DF JORNADA CIENTÍFICA Coordenação e Organização Geral: Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira Presidente da Jornada: Daniel França Vasconcelos COMISSÃO ORGANIZADORA Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira Daniel França Vasconcelos Joel Paulo Russomano Veiga Adriana Lofrano Antonio Carlos Rodrigues da Cunha Maria das Graças de Oliveira Patrícia Lopes Almeida Rômulo Medeiros de Almeida Josiane Moreira Julia Horita Moherdavid Karla Dionéia Gonçalves da Silva Leonardo Fellows COMISSÃO CIENTÍFICA Joel Paulo Russomano Veiga Paulo Gonçalves de Oliveira Antônio Carlos Rodrigues da Cunha Vera Lúcia Vilar de Araújo Bezerra Verônica Amado Carlos Eduardo Gaio Daniel França Vasconcelos Cleudson Nery Castro Leopoldo Luiz dos Santos Neto Ronaldo Mafia Cuenca Gustavo Adolfo Sierra Romero Fabiana Pirani Carneiro Pedro Sadi Monteiro Marina Kiyomi Ito Eliane Maria Fleury Seidl

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FEIRA DE SAÚDE Coordenadora: Enfermeira Josane Gallo COMISSÃO ORGANIZADORA Josilene Albino de Freitas Lima Franco Batista Leite Rosane Chaves Samoa Amorim Thuane Souza Antonio Rodrigues Djalma Rezende EXPEDIENTE EQUIPE DAEP/HUB Djalma José Resende Jaina Batista de Jesus Kely Cristina de Jesus Pereira dos Reis Rosane Antunes Carreiro Chaves Samoa Amorim da Cunha Maceno EQUIPE APOIO DIDÁTICO/DAEP/HUB Antônio Rodrigues da Silva José Rodrigues de Magalhães Luiz Gusmão Antunes Flávio Eduardo Peres Silva Rafael Rodrigues da Silva Rena Marinho Farias Impressão Marina artes gráficas e editora Periodicidade: anual FICHA CATALOGRÁFICA

Jornada Científica do HUB (11.: 2010 :Brasília, DF).

J82 Multidisciplinaridade em saúde: da pesquisa à clínica. XIII Jornada Científica do Hospital

Universitário de Brasília; V Jornada Científica da Faculdade de Medicina; V Jornada da Faculdade de Ciências da Saúde: 14 a 16 de outubro: anais / Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira, Daniel França Vasconcelos; organizadores. – Brasília: Universidade de Brasília, 2010.

146f. ISBN

1.Medicina. I. Muniz-Junqueira, Maria Imaculada; II.Vasconcelos, Daniel França.

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SUMÁRIO Apresentação

Programação Jornada Científica Programação da Feira de Saúde

Resumos das palestras

Encontro pré-jornada Palestra de Abertura Mesas-Redondas Conferência

Temas Livres

Clínica Cirúrgica Clínica Médica Pediatria Clínica e Cirúrgica Ginecologia e Obstetrícia Patologia Medicina Social Áreas Básicas Enfermagem Farmácia Nutrição Odontologia Psicologia Multiprofissional

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APRESENTAÇÃO

O Hospital Universitário de Brasília, a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília vêm desenvolvendo conjuntamente intensa atividade de ensino, pesquisa e extensão na área da saúde. Durante o período de 14 a 16 de outubro, estaremos realizando a XIII Jornada Científica do Hospital Universitário de Brasília, a V Jornada Científica da Faculdade de Medicina, a V Jornada Científica da Faculdade de Ciências da Saúde e a IX Feira de Saúde do Hospital Universitário de Brasília, compreendendo um único evento.

O objetivo é promover a educação em saúde de modo multiprofissional e apresentar o desenvolvimento da ciência em nossas instituições. Estaremos, portanto, aperfeiçoando os conhecimentos e mostrando a intensa atividade de pesquisas acadêmicas e científicas realizadas em nossas instituições, pela exposição da produção científica da Universidade de Brasília na área da saúde. Serão três dias de intensa atividade com realização de encontros pré-jornada, mesas-redondas e palestras, além da apresentação dos trabalhos científicos originais sob a forma de posteres. A Jornada Científica é destinada aos alunos, residentes, professores e profissionais de todas as áreas da saúde do Hospital Universitário de Brasília e de todas as áreas de saúde da Universidade de Brasília. A todos, que com sua presença dão sentido a esta jornada, nossas boas-vindas. Esperamos reforçar em cada um dos participantes o significado da existência de uma universidade pública, identificada com o desenvolvimento científico e tecnológico, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, como fator que renova o compromisso de sua função social.

Profa. Dra.Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira Coordenadora-Geral da XIII Jornada Científica do Hospital Universitário de Brasília,

V Jornada Científica da Faculdade de Medicina e a V Jornada Científica da Faculdade de Ciências da Saúde.

IX Feira de Saúde do Hospital Universitário de Brasília

Dr. Daniel França Vasconcelos Presidente da XIII Jornada Científica do Hospital Universitário de Brasília,

V Jornada Científica da Faculdade de Medicina e a V Jornada Científica da Faculdade de Ciências da Saúde

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PROGRAMA

XIII JORNADA CIENTÍFICA DO HUB, V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE MEDICINA E V JORNADA CIENTÍFICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

ENCONTRO PRÉ-JORNADA

DIA 14 / 10 / 2010 - Quinta-feira

AUDITÓRIO 1 — HUB

HORÁRIO Emergências

Coordenador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Gaio - HUB/UnB Secretária: Lia de Carvalho Ferreira Braga – HUB

18:30-19:00 1. Primeiro Atendimento ao politraumatizado Prof. Dr. Paulo Mendelsonh F. Otero - HUB/UnB 19:00-19:30 2. Insuficiência respiratória na infância Prof.ª Dr.ª Karina Nascimento - HUB/UnB 19:30-20:00 3. Emergências Obstétricas Prof. Dr. Alberto Carlos Zaconetta - UnB 20:00-20:30 4. Choque circulatório Prof. Dr. Hervaldo Sampaio Carvalho - HUB/UnB 20:30-21:00 Discussão

AUDITÓRIO 2 — HUB

HORÁRIO Interações medicamentosas

Coordenadora: Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB Secretário: Bruno Gedeon de Araújo – HUB

17:00-17:30 1. Hipolipemiantes Prof.ª Dr.ª Dayde Lane Mendonça da Silva - UnB 17:30-18:00 2. Anticoagulantes Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB 18:00-18:30 3. Bloqueadores do Sistema Renina – Angiotensina Prof.ª Dr.ª Alessandra Menezes Campos - UnB 18:30-19:00 4. Anti-retrovirais Prof.ª Dr.ª Alessandra Menezes Campos - UnB 19:00-19:30 5. Antiarritmicos Prof.ª Dr.ª Patrícia Medeiros de Souza - UnB 19:30-20:00 6. Antidiabéticos orais Prof.ª Dr.ª Adriana Lofrano-UnB 20:00-20:30 7. Antimicrobianos Prof. Dr. Fernando Araújo-UnB 20:30-21:00 Discussão

DIA 15 / 10 / 2010 - Sexta-feira

HORÁRIO ATIVIDADE AUDITÓRIO 1 – HUB AUDITÓRIO 2 – HUB AUDITÓRIO 3 – FS

08:00-08:30

Abertura

Reitor/ Vice-Reitor/ Decanos/ Diretor do

Hospital/ Diretor Faculdade de Medicina/

Diretor Faculdade de Ciências da Saúde/ Diretora da DAEP/

Presidente da Jornada/

08:30-09:30

Palestra

de abertura

O Poder Curativo do Amor

Prof. Dr. Carlos Eduardo Tosta da Silva - UnB

Presidente: Prof. Dr. Dioclécio Campos Júnior - HUB/UnB Secretária: Indira de Alencar Ribeiro Fagundes – HUB

09:30-10:00

Intervalo para o café

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10:00-12:30

Mesa-Redonda

Abordagem multidisciplinar nos

cuidados do indivíduo portador do HIV/Aids.

Coordenador: Prof. Dr. Antônio Carlos Rodrigues da Cunha - HUB/UnB Secretário: Paulo Giovanni Pinheiro Cortez - HUB 1. Vivendo e convivendo com HIV/Aids Prof.ª Dr.ª Eliane Maria Fleury Seidl – HUB/UnB 2. A reprodução por portadores do HIV/Aids: Dilemas técnicos e éticos. Prof. Dr. Antônio Carlos Rodrigues da Cunha - HUB/UnB 3. Prevenção da transmissão vertical. Prof.ª Dr.ª Elza Noronha - HUB/UnB Cuidados com o recém nascido. Prof.ª Dr.ª Maria Lígia Robalino Lima – HUB/UnB

Atualização em Diabetes Presidente: Prof. Dr. Augusto Cezar Florêncio Costa - HUB/UnB Secretária: Larissa Simões Nazareno - HUB 1. Genética do DM2: como os novos conhecimentos podem influenciar a prática clínica Prof.ª Dr.ª Angélica Amato – HUB/UnB 2. Papel dos novos agentes farmacológicos (ênfase em incretinas) Prof.ª Dr.ª Érica Correia Garcia - HUB/UnB 3. Assistência odontológica ao paciente diabético Prof.ª Dr.ª Maria do Carmo Guimarães - HUB/UnB 4. Novas tendências na dietoterapia para portadores de diabetes tipo 2 Prof.ª Dr.ª Marina Kiyomi Ito – HUB/UnB

Atividade Física, Nutrição e Saúde: as evidências justificam uma força tarefa

dos profissionais de saúde? Presidente: Prof.ª Dr.ª Keila E. Fontana Secretária: Luana de Almeida Gomes - HUB 1. Problemas metodológicos nos estudos das relações entre atividade física, nutrição e saúde Prof. Dr. Pedro Luiz Tauil - UnB 2. Aconselhamento em atividade física, nutrição e saúde: uma visão multidisciplinar Prof. Dr. Luiz Guilherme G. Porto - UnB 3. Exercício e Reabilitação da criança ao idoso: a visão do fisioterapeuta Prof.ª Dr.ª Vera Regina Fernandes da Silva Marães - UnB Ceilândia 4. Avaliação da aptidão física e indicadores de excesso de treinamento Prof. MSc. Guilherme Molina - UnB 5. Aspectos nutricionais de importância clínica para a prática de exercícios físicos Nutricionista Caroline Olimpio Romeiro de Meneses – Iate Clube de Brasília

13:00-15:00 Exposição de pôsteres

15:00- 16:50

Mesa Redonda

AUDITÓRIO 1 - HUB

AUDITÓRIO 2 - HUB

AUDITÓRIO 3 - FS

SALA H - AMBULATÓRIO

Promoção da qualidade de vida nas doenças

crônico-degenerativas Presidente: Prof. Dr. Leopoldo Luiz dos Santos Neto - HUB/UnB Secretária: Lídia Ester Lopes da Silva - HUB 1. Qualidade de vida: Definição e método de avaliação Prof.ª Dr.ª Maritza Luz Barbosa - HUB 2. Doença Renal Crônica Prof. Dr. Flávio José Dutra de Moura 3. DPOC Profª. Drª. Verônica Amado - HUB/UnB 4. Insuficiência cardíaca Prof.ª Dr.ª Antônia Marilene da Silva – HUB/UnB 5. Portador de necessidades especiais Prof.ª Dr.ª Juliana de Faria Fracon e Romao – UnB Ceilândia

Atenção Multidisciplinar ao

paciente do transplante Presidente: Prof. Dr. Rômulo Maroclo Filho - HUB/UnB Secretário: Raimundo Antônio Cardoso Júnior - HUB/UnB

1. Avaliação psicológica do doador e receptor Psicóloga Marina Kohlsdorf - HUB 2. Avaliação Fisioterapêutica do paciente pré-transplante Fisioterapeuta Sérgio Leite – HUB/UnB 3. Avaliação Clínica do doador e receptor Prof. Giuseppe C. Gato - HUB/UnB 4. Cuidados de enfermagem no pré e pós-operatório Enfermeira Maria Goreth Cutrim – HUB/UnB

Grupo de Assistência multidisciplinar ao

idoso – Um modelo de promoção de Saúde

Presidente: Prof.ª Dr.ª Maria Alice V. Toledo - HUB/UnB Secretária: Ana Carolina de Carvalho Fonseca - HUB 1. Porque o atendimento multidisciplinar no idoso Prof. Dr. Einstein Camargo - HUB/UnB 2. O papel do assistente social no centro de medicina do idoso. – Assistente social Luciana Maria Santos Cesário – HUB/UnB 3. Atividades fisioterápicas no Centro de Medicina do Idoso – Fisioterapeuta Dante Brasil Santos – HUB/UnB

Aspectos nutricionais na Pediatria

Presidente: Prof.ª Dr.ª Patrícia Lopes Almeida Secretário: Luciano Máximo da Silva – HUB/UnB 1. Metabolismo ósseo e o cálcio na infância e adolescência Prof. Dr. Luiz Claudio Gonçalves de Castro –HUB/UnB 2. Anemia por deficiência de ferro em crianças Nutricionista Gisele Ane Bortolini - MS 3. Aspectos Endócrinos da Obesidade na infância Prof.ª Dr.ª Cátia Barboza da Cruz – HUB/UnB 4. Distúrbios alimentares na infância e adolescência Prof.ª Dr.ª Tatiana Valverde da Conceição - HFA

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5. Atenção Nutricional ao Paciente Submetido a Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas (TCTH) Prof.ª Dr.ª Nádia Dias Gruezo - ICOD

4. Saúde bucal no idoso – Prof.ª Drª Érica Negrini Lia – HUB/UnB 5.Repercussões sistêmicas da doença periodontal no idoso Prof. Dr. Wagner Araújo HUB/UnB

17:00-18:00

Sessão Clinica Sessão Anatomoclínica

DIA 16 / 10 / 2010 – Sábado

HORÁRIO ATIVIDADE AUDITÓRIO 1 – HUB AUDITÓRIO 2 – HUB AUDITÓRIO 3 – FS

08:00-08:50

Conferência

Novo Código de Ética Presidente: Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia de Vilar de Araújo Bezerra - HUB/UnB Secretário: Jaqueline Rosa Naves - HUB Prof. Dr. Armando Otávio Vilar de Araújo – CFM

09:00-10:50

Mesa Redonda

Corticoterapia: efeitos terapêuticos versus efeitos

adversos Presidente: Profª. Drª. Adriana Lofrano HUB/UnB Secretário: Larissa Simões Nazareno - HUB

1. Vias e esquemas de utilização dos glicocorticóides Prof.ª Dr.ª Adriana Lofrano – HUB/UnB 2. Visão do endocrinologista e pediatra Prof. Dr. Luiz Claudio Gonçalves de Castro – HUB/UnB 3. Visão do reumatologista Prof. Dr. Leandro Crispim de Oliveira Lacerda – HUB/UnB 4. Visão do pneumologista Prof. Dr. Marcelo Palmeira. HUB/UnB 5. O uso de corticóide inalatório para o controle da asma em crianças e adolescentes: riscos e efetividade. Prof.ª Dr.ª Carmem Lívia Martins – HUB/UnB

Transtorno de humor na enfermaria

Presidente: Profª Maria das Graças de Oliveira – HUB/UnB Secretária: Yara Lilianna P.B.R. Gama – HUB 1. Clínica Médica Prof. Dr. Marcelo Peixoto 2. No pós-operatório Prof.ª Dr.ª Maria das Graças de Oliveira – HUB/UnB 3. Na puérpera Prof.ª Drª. Maria Marta Freire 4. Interação Medicamentosa com as drogas antidepressivas Prof. Dr. Raphael Boechat Barros HUB/UnB 5. A mente Influenciando o humor Prof. Dr. Bernardo Borges Cherulli

Prevenção do câncer Coordenador: Prof. Dr. Paulo Gonçalves de Oliveira - HUB/UnB Secretário: Pedro Rincon Cintra da Cruz - HUB 1.Colorretal Prof. Dr. Rômulo Medeiros de Almeida - HUB/UnB 2.Próstata Prof. Dr. Marcus Vinícius Osório Marocco - UnB 3.Mama Prof.ª Dr.ª Cláudia Ottaiano Rodrigues – HUB/UnB 4.O papel do HPV na etiopatogenia do câncer de cabeça e pescoço Prof.ª Dr.ª Eliete Guerra HUB/UnB

11:00-11:30 ENCERRAMENTO E PREMIAÇÕES

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IX FEIRA DA SAÚDE DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA 2010 Coordenação: Enfermeira Josane Gallo

PROGRAMAÇÃO: Dias 15 de outubro de 2010 de 8h ás 17h e 16 de outubro de 2010 de 8h ás 12hs 1-PROGRAMA DE ALCOOLISMO Coordenadora: Isabel Cristina Reis Praça

-Distribuir material educativo; Socialização da informação acerca do uso de substâncias psicoativas, Exposição de artesanato confeccionado pelos pacientes;

2-PROJETO Com-Vivência – Estande Prevenção de DST/HIV/AIDS Coordenadora: ElianeMaria Fleury Seidl

-Atividades educativas visando à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e HIV/AIDS, incluindo a distribuição de preservativos; Oficina sobre sexualidade e práticas sexuais seguras; Vídeos educativos sobre os temas DST/HIV/AIDS.

3-GERÊNCIA DE RISCO SANITÁRIO HOSPITALAR Coordenador: Dr. Carlos César Schleicher

-Informar ao público sobre o uso racional de medicamentos/saneantes; Desestimular a automedicação; Orientação em relação a fitoterápicos e tratamentos alternativos; Estimular o uso de medicamentos genéricos; Como identificar medicamentos “piratas”; Identificação de saneantes piratas e os malefícios causados por eles;

4-COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR-CCIH / Coordenadora: Isabela Pereira Rodrigues

-Trabalhar com a comunidade, alunos e profissionais da área da saúde conceitos fundamentais referentes ao controle das infecções relacionadas á assistência a saúde (IRAS) e suas interfaces com as diversas áreas da saúde.Disponibilizar conhecimento inerente á prevenção de infecções de forma prática aos cidadãos da comunidade que participarem do evento.

5-PROGRAMA DE DIABETES Coordenador: Prof. Augusto C.F. Costa

-Realizar o controle de glicemias capilares;Orientar e educar a comunidade sobre fatores de risco e prevenção; Aferição de pressão arterial; Medição de circunferência abdominal. -Atividade interativa e educativa (jogo) com a temática diabets, Kites “hipoglicemia”. - Painel educativo sobre temas em diabets que gerem dúvidas a paciente e familiares;

6-NUTRIÇÃO Coordenadoras: Nutricionistas Thaís Muniz eJuliana Rolin

-Avaliação Nutricional: Antropometria: peso e altura e classificação de acordo com o índice de massa corporal (IMC); Orientação nutricional; Palestras sobre orientação saudável.

7-ODONTOLOGIA Coordenadora: Prof. Celso de Freitas Pedrosa Filho

-Instruir sobre higiene bucal; Distribuir folhetos explicativos sobre práticas de higiene bucal; Mostra de vídeos educativos para crianças.

8-GRUPO DE APOIO DAS MULHERES ATINGIDAS PELA HANSENÍASE-GAMAH Coordenadora: Marly de Fátima Barbosa

-Exposição de trabalhos feitos por pacientes de hanseníase; Demonstrar a confecção de artesanatos pelos pacientes.

9-DERMATOLOGIA- HANSENÍASE, LEISHMANIOSE, EPDERMOLISE BOLHOSA E DERMATITE ATÓPICA Coordenadora: Assistente Social Maria Aparecida Gomes

- A Dermatologia trabalha em parceria com as Associações de pacientes portadores de Hansenísea, Psoríase; Leishmaniose, Epdermolise Bolhosa e Grupo de Apoio a pacientes com Dermatite Atópica. - Apresentação de trabalhos desenvolvidos pelo Serviço de Dermatologia que é feito através de orientação aos pacientes e de fundamental controle das doenças.

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10- ASSOCIAÇÃO BRASILIENSE DE LEISHMANIOSE Coordenadora: Profª Draª Raimunda Nonata

- Momentos educativos com filmes palestras. 11 -MEDICINA DO TRABALHO – Saúde e Qualidade de vida Coordenador: Enfermeira Ana Paula S. Abreu e Cristineide

- Massagem com deficientes visuais; - Medidas preventivas no combate a dengue - Ações H1N1 - Grupo de Tabagismo – orientação as pessoas que desejam parar de fumar.

12-SERVIÇO SOCIAL Coordenadora: Rafaela Paes Marques

- Divulgação do Trabalho do Serviço Social no HUB 13-LIGA ACADÊMICA DE CLINICA MEDICA DA UnB Coordenador: Dr. Marcelo Palmeira Rodrigues

-Aferir a pressão arterial da população, bem como esclarecer possíveis dúvidas e informar a população acerca do assunto Hipertensão arterial.

14- LIGA EMERGÊNCIA E TRAUMA DA UnB- LET/UnB Coordenador: Dr. Luciano de Freitas

-Divulgar o trauma como doença e os aspectos relacionados á sua prevenção; Instrução a comunidade e profissionais da saúde sobre, acidentes de trânsito, acidentes domésticos, noções de primeiros socorros, bem como a importância de se prevenir e evitar os riscos de exposição a diversos fatores agravantes. Contará com cartazes, manequins e equipamentos, como colar cervical, prancha rígida, talas de imobilização entre outros utilizados no treinamento em primeiros socorros, bem como o atendimento ao paciente vítima do trauma.

14.1- GRUPO DE ESTUDOS EM ATENDIMENTOS AO TRAUMA (GEAT) 15-LIGA ACADÊMICA DE NEUROLOGIA NEUROCIRUGIA DAUnB Coordenador: Dr. Pedro Alessandro Leite de Oliveira

Informar sobre aspectos básicos do Acidente Vascular Encefálico. Definição, apresentação clínica, diagnóstico, tratamento e reabilitação e, prevenção

16-PROJETO VIVA BEM Coordenador: Prof. Marcos Valério Soares Nascimento

Momento cultural – Ginástica Laboral, Dança de Salão , dança do ventre . 16- SAMU E SAMUZINHO 17-MUSEU DE DROGAS ITINERANTE –DIVISÃO DE POLÍCIA COMUNITÁRIA POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL

Orientação e prevenção ao uso de drogas; demonstração dos vários tipos de drogas ilícitas. 18- HEMOCENTRO- COLETA EXTERNA DE SANGUE

- Doação de sangue. Mediante inscrição antecipada na DAEP.

-COORDENAÇÃO FEIRA DA SAÚDE Coordenador: Enfermeira Josane Gallo Comissão Organizadora: Josilene Albino de Freitas Lima – UTI/HUB Franco Batista Leite – Centro de Patologia Clínica - HUB Rosane Antunes Samoa Amorim Thuane Souza Antonio Rodrigues Djalma Rezende

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ENCONTRO PRÉ-JORNADA: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS - INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA EM PEDIATRIA

Karina Nascimento Costa Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

A hipóxia é a principal causa de parada cardiorespiratória (PCR) na faixa etária pediátrica, dentro e fora do ambiente hospitalar. Dentre as causas de hipóxia,a insuficiência respiratória aguda (IRA) é a mais prevalente. Isso se deve, principalmente, às diferenças anatômicas e fisiológicas da via aérea da criança em relação ao adulto. Definição:

A IRA consiste na situação onde o sistema respiratório não é capaz de executar as trocas gasosas necessárias para suprir a demanda metabólica fisiológica do organismo. Do ponto de vista gasométrico, a IRA pode ser definida como a presença de hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg ou SpO2 < 92%) quando o paciente está respirando em ar ambiente (FiO2 21% à nível do mar), independentemente do nível de PaCO2, que pode estar normal, alto ou baixo. Considerações anatômicas:

A via aérea da criança é diferente da do adulto em vários aspectos. - O segmento cefálico é proporcionalmente maior e representa ¼ do corpo ao nascimento. - Macroglossia relativa pois, a língua é maior em relação à orofaringe e assim o deslocamento posterior dessa estrutura pode mais facilmente causar uma obstrução grave. - Epiglote mais curta, estreita e angulada em relação ao eixo da traquéia, levando a visualização dificultada dessa referência anatômica. - Laringe de formato cônico (até cerca dos 10 anos de idade), diferente do formato cilíndrico do adulto. - Anatomicamente, a via aérea de lactentes e crianças é muito menor, quando comparada a do adulto. A resistência ao fluxo é inversamente proporcional à quarta potência do raio da luz do tubo, assim o lactente e a criança mais jovem são especialmente vulneráveis a qualquer forma de obstrução de via aérea, quer seja por sangue, muco ou pus, quer seja por edema ou compressão externa. - Na faixa pediátrica, as costelas e a cartilagem intercostal, que normalmente dão suporte aos pulmões, são altamente complacentes, o que dificulta a mecânica respiratória. Isso porque a capacidade residual funcional fica reduzida, especialmente, quando o esforço respiratório é pequeno ou está ausente. - A criança tem taxa metabólica mais alta em relação ao adulto. Isso leva a um consumo maior de oxigênio (6 a 8 ml/kg/min) em relação ao adulto. Assim sendo, a hipoxemia na criança ocorre mais rapidamente no caso de apnéia ou de ventilação alveolar inadequada. Mecanismos fisiopatológicos básicos:

Distinguem-se basicamente três mecanismos fisiopatológicos como determinantes de insuficiência respiratória: a hipoventilação, os distúrbios de difusão e os distúrbios da relação entre a ventilação e a perfusão (distúrbios V/Q). - Hipoventilação:

A hipoventilação pode ser conceituada como a situação em que ocorre uma diminuição da ventilação alveolar (VA) na presença de pulmões normais.

A ventilação alveolar pode ser representada por : VA=FR X (Vt – Vd) onde: FR= freqüência respiratória; Vt= volume corrente; Vd= volume do espaço morto (anatômico e fisiológico)

Portanto os determinantes da hipoventilação são: redução da freqüência respiratória, redução do volume corrente ou aumento do espaço morto. É importante destacar que na hipoventilação, como o defeito não é de troca gasosa, pois os pulmões estão normais, qualquer oferta de oxigênio suplementar corrige a hipoxemia, assim a indicação de assistência ventilatória, invasiva ou não invasiva, não pode ser baseada apenas na oxigenação de pulso ou na PaO2 da gasometria. Os critérios clínicos são mais importantes, pois a hipoxemia somente ocorrerá tardiamente se o paciente estiver recebendo oxigenoterapia. Os sinais de desconforto respiratório (bradipnéia, respiração superficial ou taquipnéia), os níveis de PaCO2 (hipercapnia) e os sinais de fadiga respiratória (exaustão, sudorese, taquicardia, incapacidade de falar) são os que realmente importam para o reconhecimento da insuficiência respiratória nestes casos.

Podemos citar como exemplos de doenças que causam IRA por hipoventilação:

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- Meningoencafalite, traumatismo cranioencefálico, apneia da prematuridade – Por redução da FR e do Vt. - Doenças neuromusculares – Guillain-Barre, Werdnig-Hoffmann, Miastenia gravis – Por redução da FR e Vt. - Obstrução respiratória alta – Laringite, epiglotite – Por redução do Vt. Distúrbios da Difusão:

A difusão do ar entre os alvéolos e os capilares pulmonares depende fundamentalmente dos seguintes fatores: 1) superfície alveolar disponível para troca gasosa; 2) espessura da membrana alvéolo-capilar; 3) gradiente de pressão entre alvéolos e capilar pulmonar; 4) coeficiente de solubilidade do oxigênio e do dióxido de carbono.

No caso do pulmão, a superfície de troca está diretamente relacionada à área alveolar (número de alvéolos disponíveis), que varia de acordo com o tamanho da criança. A espessura da membrana alvéolo-capilar pode estar alterada pela presença de líquido, infiltrado inflamatório, fibrose e outras alterações. O coeficiente de solubilidade do oxigênio é da ordem de 0,0031 , ao passo que do dióxido de carbono é de 0,57, o que explica a maior difusibilidade do CO2 em relação ao O2 em condições habituais. Por outro lado, o gradiente de oxigênio favorece a difusão do alvéolo para o capilar ( exemplo: 150 – 40 mmHg do alvéolo para o capilar) ao passo que o gradiente de CO2 favorece a difusão no sentido contrário (ex: 46-40 mmHg do capilar para o alvéolo).

Exemplo de doenças que causam insuficiência respiratória associada a distúrbio na difusão: - Tuberculose (fibrose pulmonar), pneumonia (edema intersticial ou líquido no interior dos alvéolos) – Por aumento da espessura da membrana alvéolo-capilar. - Pneumotórax, hipoplasia pulmonar, lobectomia, prematuridade extrema – Por redução na superfície de troca. Distúrbios na relação ventilação/perfusão (V/Q):

Fisiologicamente a relação entre a ventilação e a perfusão não é uniforme em todo o pulmão, variando de acordo com a região pulmonar e com o decúbito. Em situações normais e em posição ortostática, os ápices pulmonares são proporcionalmente mais ventilados do que perfundidos, enquanto as bases são proporcionalmente mais perfundidas do que ventiladas.

Os distúrbios da relação V/Q são basicamente de três tipos: - Efeito Shunt:

Em condições de normalidade existe no pulmão um efeito shunt dito fisiológico ou anatômico, ou seja uma parcela de sangue venoso passa para o coração esquerdo sem que tenha havido troca gasosa (hematose). Este efeito shunt fisiológico é menor do que 5% do fluxo total e decorre fundamentalmente de desvios anatômicos, representados pelas veias brônquicas e pela drenagem do seio coronariano que drenam diretamente para o lado esquerdo da circulação. Por outro lado , em diversas situações patológicas ocorre um efeito shunt não anatômico ou não fisiológico, quando existem áreas pulmonares que em razão da doença encontram-se desproporcionalmente perfundidas em relação à ventilação alveolar, resultando em uma troca gasosa sub-ótima e consequentemente hipoxemia e hipercapia. Pneumonias, edema pulmonar, SDRA, doença de membrana hialina, que são processos consolidativos e infiltrativos, tem efeito shunt presente. - Efeito espaço morto

Diz-se que há efeito espaço-morto quando uma parcela do gás que entra nos pulmões não passa por áreas perfundidas, não havendo assim troca gasosa. Este efeito ocorre em condições de normalidade em uma parte da via aérea, conhecida como espaço morto anatômico, que vai da entrada das vias aéreas até os bronquíolos terminais. Também ocorre espaço morto dito fisiológico nos ápices pulmonares ou regiões não dependentes do pulmão (em razão do decúbito) nas quais se observa uma ventilação proporcionalmente maior do que a perfusão capilar pulmonar. Em diversas doenças pode ocorrer uma relação V/Q anormal, caracterizando um efeito espaço morto.

São exemplos de espaço morto a hipertensão pulmonar , a insuficiência cardíaca direita com baixo débito, a embolia pulmonar e a hiperdistensão alveolar (doenças obstrutivas, PEEP excessiva), assim como algumas condições observadas durante a ventilação mecânica invasiva, como, a utilização de tempos inspiratórios mais curtos do que o necessário pelas condições mecânicas do pulmão ou quando se utiliza um tubo traqueal muito longo e diversas peças interpostas entre o Y do circuito e o tubo traqueal. - Unidade silenciosa

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Em algumas doenças que acometem gravemente os pulmões, há um impedimento tanto da condução gasosa quanto da perfusão pulmonar. Estas regiões não participam uniformente da troca gasosa e são por isso chamadas de áreas ou unidades silenciosas. A tuberculose e a esquistossomose pulmonar , que podem levar a fibrose intersticial e colapso alveolar, podem levar à formação de unidades silenciosas. Quadro Clínico:

A dificuldade respiratória é a manifestação clínica da IRA. Na grande maioria das vezes, a taquipnéia é a primeira manifestação e representa a tentativa de o organismo manter adequada troca gasosa.

Observam-se outros sinais clínicos: - Tiragem intercostal; Retração de fúrcula esternal; Retrações subcostais; Batimento de asa de nariz; Gemência expiratória; Alterações de comportamento : Agitação, euforia, choro incessante, obnubilação, torpor e coma; Taquicardia; Hipertensão arterial; Cianose – Pode ser tardia, pois depende do nível de hemoglobina, somente surgindo quando a hemoglobina reduzida está maior que 3 a 5 g/dL.

Lembrando que bradipneia/apneia e a cianose secundárias à doença respiratória pura, são sinais de gravidade extrema, necessitando de intervenção imediata.

As freqüências respiratórias sugeridas para classificar a taquipnéia para as faixas estarias são: - RN a 2 meses : > 60 respirações por minuto (RPM); - 2 meses a 11 meses : > 50 RPM; 1 a 5 anos: > 40 RPM; Maior que 5 anos : > 20 RPM

O estridor é um sinal de obstrução das vias aéreas superiores (extratorácicas). As causas mais freqüentes são: malformações congênitas ( língua volumosa, laringomalácia, hemangioma, tumor de vias aéreas), infecções (epiglotite), edema de vias aéreas ( reação alérgica, edema pós intubação) e aspiração de corpo estranho. O quadro clínico é funcionalmente obstrutivo.

A insuficiência respiratória aguda baixa (vias aéreas inferiores), funcionalmente pode ser dividida em obstrutiva, restritiva ou mista.

Os quadros obstrutivos apresentam obstrução das vias aéreas intratorácicas (brônquios e bronquíolos), causada por edema ou hiperplasia de mucosa, espasmo, hipertrofia de musculatura lisa ou compressão extrínseca da árvore brônquica. Expiração prolongada acompanhada por sibilância é a principal manifestação clínica, além de taquipneia e retração respiratória. São exemplos: bronquilite, asma, edema pulmonar ou corpo estranho intratorácico.

Na IRA restritiva ocorre perda de volume pulmonar com diminuição da capacidade residual funcional. Os mecanismos compensatórios provocam aumento da pressão nas vias aéreas, mantendo ou aumentando assim a capacidade residual funcional. O dano pulmonar é parenquimatoso ou pleural. Taquipnéia, dispnéia, retração torácica esternal, intercostal ou diafragmática, dor torácica e broncofonia podem estar presentes. Pneumonia, atelectasia, edema pulmonar, derrame pleural e pneumotórax exemplificam o quadro.

Independente de qualquer classificação, os sinais principais de gravidade que podem evoluir para falência respiratória e parada devem ser sempre priorizados. São eles: - Aumento da freqüência respiratória evoluindo para bradipneia ou ritmo irregular. - Diminuição do nível de consciência e não resposta a estímulo doloroso. - Diminuição do tônus muscular. - Cianose Diagnóstico Complementar:

O que define insuficiência respiratória aguda, como já mencionado anteriormente, é a presença de hipoxemia (PaO2 < 60 mmHg ou SpO2 < 92%) em ar ambiente, independentemente do nível de PaCO2, que pode estar normal ou baixo (insuficiência respiratória aguda TIPO I - Hipoxêmica) ou elevado (insuficiência respiratória aguda TIPO II – Hipercápnica ou ventilatória).

Em outra abordagem pode-se, através da gasometria, classificar a IRA em quatro fases de gravidade: - Fase I- início de morbidade qualquer que desencadeia queda na PaO2 - Fase II – mecanismos de defesa são acionados e aumentam o volume minuto (queda da PaCO2), tentando evitar quedas maiores na PaO2.

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- Fase III- apesar dos esforços do organismo, a PaO2 diminui ainda mais, e a PaCO2 volta ao normal, com tendência a se elevar. Se não for instituída tearapêutica adequada, o organismo pode entrar em falência demonstrada pelo PaCO2 em elevação na fase final do processo

Fase IV- PaCO2 elevada e PaO2 muito baixa caracterizando a falência respiratória Manejo Clínico:

O tratamento inicial independentemente da etiologia é a oxigenioterapia. Vale sempre ressaltar que os procedimentos habituais de reanimação devem ser indicados se necessário. As formas de administração de oxigênio (cateter nasal, máscara, tenda, ambu ou tubo traqueal) estão estritamente ligados à gravidade do quadro de IRA, devendo ser sempre administrado em altas concentrações para todos os pacientes em estado grave com insuficiência respisratória, choque ou trauma, adicionando umidificação tão logo quanto possível, para evitar obstrução das vias aéreas menores pelo ressecamento das secreções.

A máscara simples de oxigênio é um dispositivo de baixo fluxo que fornece 35 a 60% de oxigênio, com um fluxo de 6 a 10 L/min. Um fluxo mínimo de 6L deve ser utilizado para evitar reinalação de CO2 exalado e uma concentração elevada de oxigênio.

A máscara não reinalante consiste de uma máscara facial com bolsa reservatótio e uma valva incorporada em orifícios de exalação para evitar a mistura de ar durante a inspiração e uma valva entre a máscara e o reservatório para evitar o fluxo de gás exalado para dentro do reservatório. Na inspiração, o paciente extrai oxigênio a 100% da bolsa reservatório e da afluência de oxigênio. Pode-se obter uma concentração de 95% de oxigênio inspirado com um fluxo de 10 a 15 L/min e com a máscara facial bem vedada a face.

A tenda de oxigênio é um dispositivo de plástico rígido transparente que envolve toda a parte superior do corpo da criança; pode fornecer cerca de 50 a 60% de oxigênio com fluxos elevados (10 a 15 L/min), mas não pode prover de forma fidedigna uma concentração estável de oxigênio inspirado, pois o ar ambiente pode entrar na tenda sempre que ela for aberta. Uma variação da tenda é o capacete de oxigênio, que cobre a cabeça do paciente, sendo bem tolerado por lactentes e neonatos.

A cânula nasal é um dispositivo de oferta de oxigênio de baixo fluxo. A fração inspirada final depende da freqüência respiratória e do esforço respiratório da criança e do seu tamanho. Um fluxo maior que 4 L/min irrita a nasofaringe, sendo usado geralmente de 1 a 2 L/min.

O tempo total de evolução da IRA está na dependência da doença desencadeou o processo, podendo variar de horas a dias. Portanto o paciente em oxigenioterapia deve ser reavaliado com freqüência.

Durante a investigação, além da anamnese detalhada (atentando para epidemiologia, intoxicações, etc) e exame físico minucioso, alguns métodos de propedêutica complementar podem ser úteis como métodos de imagem (radiografia, TC). Dentre os exames laboratoriais realizar triagem toxicológica (quando indicada), infecciosa e metabólica. Souza AD et al . Emergências Pediátricas 2 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2010. Barbosa AP et al. Insuficiência ventilatória aguda. São Paulo: Editora Atheneu, 2010 (Série terapia intensiva pediátrica e neonatal ;5) Carvalho CR. Fisiopatologia respiratória. São Paulo : Editora Atheneu, 2005 ( Série fisiopatologia clínica; 3) Suporte avançado de vida em pediatria – American Heart Association, 2008. ENCONTRO PRÉ-JORNADA: INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS - BLOQUEADORES DO SISTEMA RENINA - ANGIOTENSINA

Alessandra Menezes Serviço de Clínica Médica, Hospital Universitário de Brasília,UnB

As interações medicamentosas, por definição, são eventos farmacológicos em que o efeito de um fármaco pode ser modificado pela administração anterior ou concomitante de um outro fármaco, fitoterápico, alimentos e/ou bebidas, ou, ainda, essas modificações podem surgir em decorrência de condições fisiopatológicas inerentes aos pacientes (idade, sexo, obesidade, doenças pregressas).

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As interações medicamentosas podem acontecer em diversos níveis e, de acordo com o modo como ocorrem, recebem uma classificação específica. Interações farmacêuticas ocorrem durante qualquer etapa do preparo (manipulação) do medicamento e, para serem assim classificadas, devem ocorrer antes mesmo que o fármaco seja administrado ao paciente. São consideradas interações farmacêuticas as alterações físico-químicas que ocorrem durante a reconstituição, diluição, armazenamento e/ou infusão do fármaco.

As interações farmacocinéticas ocorrem quando a concentração de fármaco disponível no seu sítio de ação é modificada. São assim denominadas porque afetam, de alguma forma, os parâmetros farmacocinéticos de absorção, distribuição, metabolismo e/ou excreção.

As interações farmacodinâmicas ocorrem quando a ação farmacológica é modificada sem que haja alteração na concentração do fármaco no seu sítio de ação. Essas interações podem, ainda, ser subdivididas em sinergísticas e antagônicas, de acordo com os efeitos que promovem.

A prescrição de fármacos em associações visa obter, intencionalmente, efeitos terapêuticos mais intensos ou mais rápidos do aqueles obtidos com o uso isolado e, ao benefício terapêutico da associação de fármacos, se estabelece uma interação medicamentosa. Significa dizer que nem todas as interações medicamentosas detectadas durante a avaliação de um paciente podem incorrer em danos a ele. Entretanto, as interações medicamentosas constituem a principal causa de reações adversas.

Os fármacos que atuam no sistema renina-angiotensina constituem o grupo de medicamentos mais prescritos para o tratamento/prevenção de doenças cardiovasculares. Apesar dos benefícios terapêuticos adquiridos pelo uso dos antagonistas de receptors AT1 e inibidores da ECA, existem interações medicamentosas, que serão abordadas durante a exposição, que podem diminuir, ou até mesmo abolir, o efeito desses medicamentos, comprometendo os resultados da farmacoterapia.

- ANTIRETROVIRAIS Alessandra Menezes Serviço de Clínica Médica, Hospital Universitário de Brasília, UnB

As interações medicamentosas, por definição, são eventos farmacológicos em que o efeito de um

fármaco pode ser modificado pela administração anterior ou concomitante de um outro fármaco, fitoterápico, alimentos e/ou bebidas, ou, ainda, essas modificações podem surgir em decorrência de condições fisiopatológicas inerentes aos pacientes (idade, sexo, obesidade, doenças pregressas).

As interações medicamentosas podem acontecer em diversos níveis e, de acordo com o modo como ocorrem, recebem uma classificação específica. Interações farmacêuticas ocorrem durante qualquer etapa do preparo (manipulação) do medicamento e, para serem assim classificadas, devem ocorrer antes mesmo que o fármaco seja administrado ao paciente. São consideradas interações farmacêuticas as alterações físico-químicas que ocorrem durante a reconstituição, diluição, armazenamento e/ou infusão do fármaco.

As interações farmacocinéticas ocorrem quando a concentração de fármaco disponível no seu sítio de ação é modificada. São assim denominadas porque afetam, de alguma forma, os parâmetros farmacocinéticos de absorção, distribuição, metabolismo e/ou excreção.

As interações farmacodinâmicas ocorrem quando a ação farmacológica é modificada sem que haja alteração na concentração do fármaco no seu sítio de ação. Essas interações podem, ainda, ser subdivididas em sinergísticas e antagônicas, de acordo com os efeitos que promovem.

A prescrição de fármacos em associações visa obter, intencionalmente, efeitos terapêuticos mais intensos ou mais rápidos do aqueles obtidos com o uso isolado e, ao benefício terapêutico da associação de fármacos, se estabelece uma interação medicamentosa. Significa dizer que nem todas as interações medicamentosas detectadas durante a avaliação de um paciente podem incorrer em danos a ele. Entretanto, as interações medicamentosas constituem a principal causa de reações adversas.

Os fármacos antiretrovirais são rotineiramente prescritos para o tratamento/prevenção da contaminação pelo HIV. Apesar dos benefícios terapêuticos adquiridos pelo uso combinado desses medicamentos (coquetel antiretroviral), existem interações medicamentosas, que serão abordadas durante a exposição, que podem diminuir, ou até mesmo abolir, o efeito desses medicamentos, aumentando os riscos de resistência retroviral por comprometer a efetividade dos fármacos e, consequentemente, contribuir para a falência terapêutica.

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- INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: ANTIMICROBIANOS Fernando Araújo

Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília Introdução e Conceitos: É amplamente reconhecido que o risco de desenvolvimento de reações

adversas a medicamentos (RAM) secundárias a interações fármaco-fármaco aumenta de forma significativa com o número de medicamentos que o paciente esta recebendo. Estima-se que as RAM são responsáveis por 4,2-6% de todas as admissões hospitalares nos Estados Unidos1. As informações sobre a incidência de interações entre fármacos variam amplamente, com estimativas que chegam a 50%2. Dados de estudos mais antigos tendem a superestimar a frequência por incluírem interações clinicamente insignificantes ou apenas teóricas. A verdadeira incidência de RAM clinicamente significantes que ocorrem entre fármacos é amplamente desconhecida. Além disso, a frequência dessas interações varia consideravelmente entre diferentes populações de pacientes. Pacientes HIV-positivos, por exemplo, são de alto risco para reações adversas causadas por interações medicamentosas devido a natureza e a quantidade de medicamentos que eles usam, como também pela fisiopatologia de sua doença3,4. Os idosos também apresentam alta predisposição para RAM devido às mudanças em suas funções metabólicas e renal, além da frequente polifarmácia5.

Não é difícil identificar, pelo menos, uma interação em um complexo regime de medicações. A chave para os clínicos, no entanto, é direcionar as observações para aquelas interações medicamentosas com potencial significância clínica. As interações medicamentosas são consideradas clinicamente significantes quando elas têm o potencial de produzir toxicidade excessiva ou redução de atividade terapêutica. A maioria das interações medicamentosas clinicamente significantes não é intencional e podem resultar em consequências negativas. Porém, algumas interações podem ser exploradas por seu potencial benefício clínico. O inibidor de protease ritonavir, por exemplo, é amplamente administrado em baixas doses em pacientes HIV-positivos para aumentar (“boost”) as concentrações plasmáticas do inibidor de protease (IP) coadministrado, por inibir seu metabolismo. Os benefícios da potencialização com o ritonavir incluem redução da carga de comprimidos, eliminação das restrições alimentares e a melhora da resposta virológica nos tratamentos de pacientes experimentados6.

Uma interação é tipicamente descrita pelos medicamentos ou pelas classes de medicamentos envolvidos, pelo mecanismo pelo qual ocorre, pelo efeito resultante (toxicidade ou perda de eficácia), pela severidade clínica do efeito (menor, moderada ou severa) e pela probabilidade da consequência adversa ser causada pela interação em questão (improvável, possível, suspeita, provável ou estabelecida).

Interações menores usualmente têm consequências clínicas limitadas e não requerem mudanças na terapia. Um exemplo de interação menor é aquela que ocorre entre hidralazina e furosemida. Os efeitos farmacológicos da furosemida podem ser aumentados pelo uso concomitante de hidralazina, mas geralmente num grau sem significância clínica7. Embora as interações medicamentosas menores geralmente possam ser ignoradas na avaliação de um regime de medicamentos, interações moderadas muitas vezes exigem uma alteração na dosagem ou uma maior vigilância. Combinar rifampicina e isoniazida, por exemplo, leva a um aumento na incidência de hepatotoxicidade. Apesar desta interação, os dois fármacos ainda são usados em combinação, porém com frequente monitoramento das enzimas hepáticas. Interações severas, por outro lado, devem ser evitadas sempre que possível, uma vez que podem resultar em toxicidade potencialmente grave. Por exemplo, cetoconazol causa marcante aumento das concentrações plasmáticas da cisaprida, que pode levar ao desenvolvimento de prolongamento do intervalo QT e arritmias ventriculares potencialmente fatais8,9. É recomendado que estes fármacos não sejam utilizados juntos.

Os mecanismos de interações medicamentosas podem ser caracterizados como farmacodinâmicos ou farmacocinéticos. Uma interação farmacodinâmica ocorre quando um fármaco interfere no sítio de ação de outro fármaco ou, de alguma forma, altera sua resposta farmacológica. Esta interação pode resultar em aditividade, sinergia ou antagonismo do efeito pretendido. Um exemplo de interação farmacodinâmica é o sinergismo que resulta da combinação de dois ou mais anti-infecciosos no tratamento de patógenos resistentes. Por outro lado, o aumento de neutropenia resultante da coadministração de zidovudina (AZT) e ganciclovir e o aumento da depressão do sistema nervoso central (SNC) resultante da combinação de sedativos ou hipnóticos são exemplos de toxicidade

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aditiva12. Interações farmacodinâmicas não envolvem mudanças nas concentrações dos fármacos no plasma ou no sítio alvo de ação. As interações farmacocinéticas, por outro lado, ocorrem quando um fármaco altera a absorção, distribuição, metabolismo ou eliminação de outro fármaco. Interações medicamentosas clinicamente significantes são mais frequentemente resultantes de alterações farmacocinéticas, secundárias a modulação do metabolismo do fármaco. Em alguns casos uma alteração significante pode resultar de uma combinação de mecanismos farmacocinéticos e farmacodinâmicos. Por exemplo, a interação entre cerivastatina e gemfibrozila, que resultou em casos severos de rabdomiólise, foi uma provável conseqüência da inibição do metabolismo da cerivastatina pela genfibrozila (interação farmacocinética) e da propensão de ambos os fármacos para causar toxicidade muscular esquelética (interação farmacodinâmica)11–13. Interações Farmacocinéticas:

Interações que afetam a absorção: - Resultam de mudanças na taxa de absorção, na extensão da absorção ou da combinação de ambas; - Interações que levam a alterações na taxa de absorção são tipicamente sem importância clínica para medicamentos de uso contínuo, pois a quantidade total absorvida não é alterada. No entanto, reduções dessa taxa podem causar aumento inaceitável do tempo de latência de medicamentos administrados agudamente, como os fármacos sedativo-hipnóticos e analgésicos; - A extensão da absorção pode ser alterada pela motilidade gastrintestinal, pelo pH gastrintestinal, pela atividade das enzimas do CYP e proteínas de transporte e pela quelação dos fármacos no intestino. Geralmente, uma mudança na extensão de absorção que exceda 20% é geralmente considerada clinicamente significante14. - Alteração da flora bacteriana intestinal tem sido proposta como causa de alterações nas concentrações de medicamentos como a digoxina, contraceptivos orais e varfarina durante utilização de antibacterianos, como no caso da interação da digoxina com os macrolídeos. No entanto, uma explicação mais plausível para esta interação é a inibição da glicoproteína-P intestinal e renal, que aumentaria a absorção e retardaria a eliminação da digoxina.

Interações que afetam a distribuição: - Teoricamente, fármacos com alta ligação protéica (>90%) podem deslocar outros fármacos de alta ligação do sítio de ligação na proteína plasmática, aumentando a distribuição deste. No entanto, atualmente, há poucas interações clinicamente significantes que ocorram por este mecanismo2. - Fármacos com metabolização limitada têm o aumento da concentração não ligada compensada pelo aumento da metabolização. Como fármacos com metabolização não limitada dependem do fluxo sanguíneo hepático, aumento na fração não ligada no plasma pode não resultar em imediata eliminação compensatória. Porém, não há relatos de interações clinicamente significantes que envolvam o deslocamento de fármacos de metabolização não limitada15. - O aumento transitório da concentração da fração não ligada pode ser clinicamente importante para fármacos com limitada distribuição, índice terapêutico estreito ou com longa meia-vida (t½) de eliminação16.

Interações que afetam o metabolismo: - Modulação do metabolismo mediado pelo sistema de enzimas do citocromo P450 (CYP) é o principal mecanismo pelo qual um fármaco interage com outro. - A inibição enzimática diminui a taxa de metabolização de fármacos, o que aumenta a quantidade de fármaco no corpo, levando ao acúmulo e potencial toxicidade. - A inibição enzimática pode ser descrita por sua reversibilidade, variando de rapidamente reversível a irreversível. Interações devido à inibição metabólica reversível podem ainda ser classificadas em competitivas, não competitivas ou incompetitivas. Na inibição reversível a atividade enzimática é recuperada pela eliminação sistêmica do inibidor, de forma que o tempo de recuperação da enzima depende da meia vida de eliminação do inibidor. A inibição competitiva é caracterizada pela competição entre substrato e inibidor pelo sítio ativo da enzima. A competição pela ligação pode ser superada pelo aumento na concentração do substrato, sustentando assim a velocidade da reação enzimática, apesar da presença do inibidor17,18. Por outro lado, a inibição enzimática não competitiva não pode ser superada pelo aumento da concentração do substrato. Neste tipo de inibição o inibidor se liga num sítio da enzima que é diferente do sítio onde se liga o substrato, criando um complexo enzima-substrato não-funcional17,18. A inibição incompetitiva ocorre quando o inibidor se liga somente ao complexo enzima-substrato. Do ponto de vista clínico, inibição incompetitiva é rara, visto

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que a saturação da enzima com o substrato não é comum in vivo. Inibição irreversível ou quase-irreversível ocorre quando o composto parental ou um metabolito intermediário se liga ao grupamento heme da enzima CYP, inativando-a18. Na inibição irreversível, ou “inibição suicida”, o intermediário forma uma ligação covalente com a CYP ou com seu grupamento heme, causando inativação permanente. Na inibição quase-irreversível o intermediário está tão fortemente ligado ao grupamento heme da enzima que ela é praticamente irreversível. Assim, os mecanismos de inibição irreversível e quase-irreversível são indistinguíveis in vivo18. A eritromicina é um exemplo de inibidor irreversível da CYP3A4. As furanocumarinas do suco de toranja (grapefruit) inibem de forma reversível e irreversível a CYP3A4 do intestino delgado, o que leva ao aumento significativo da biodisponibilidade de fármacos como ciclosporina, saquinavir, midazolam, bloqueadores dos canais de cálcio e de certos inibidores da HMG CoA redutase19-25. Outros fármacos que também inibem a CYP3A4 intestinal são cetoconazol, itraconazol, eritromicina, ciclosporina e verapamil. A inibição dessa CYP frequentemente ocorre em conjunto com a inibição da glicoproteína-P (gp-P) intestinal26. - Uma série de eventos leva ao aumento da síntese de isoenzimas CYP, o que resulta em aumento de sua atividade catalítica tanto em nível hepático quanto intestinal. Na maioria dos casos de indução enzimática o aumento na síntese de enzimas resulta de aumento da transcrição gênica através da ativação de receptores nucleares (PXR e CAR são receptores que induzem síntese de CYP3A e 2B, respectivamente27-30, expressos predominantemente no fígado e nos intestinos31). O receptor PXR medeia a indução de CYP3A4, 2B6, 2C9, além do gene MDR1, responsável pela expressão de gp-P31,32. Rifampicina, fenobarbital, bloqueadores dos canais de cálcio, hormônios esteroidais, inibidores de protease, inibidores da HMG CoA redutase, Erva de São João (Hypericum perforatum) são compostos que se ligam em graus variados ao receptor PXR30,31.

Outros importantes indutores da CYP3A4 são carbamazepina, fenitoína, nevirapina e efavirenz. Além do risco de perda de efetividade de um fármaco substrato de uma enzima induzida, nos casos como do paracetamol a metabolização mais rápida pode gerar acúmulo de metabólito tóxico.

Interações que envolvem proteínas transportadoras de fármacos: - Transportadores como as proteínas de multi-resistência a fármacos (MDRs), glicoproteína-P, proteínas relacionas a resistência a múltiplos fármacos (MRPs), polipeptídios transportadores de anions orgânicos (OATPs), transportadores de cátions orgânicos (OCTs) e transportadores de anions orgânicos (OATs) podem ser alterados por xenobióticos, assim afetando a disposição de fármacos coadministrados que são transportados por estas proteínas. - Gp-P é uma bomba de efluxo que já foi identificada na superfície apical dos túbulos renais, em células epiteliais da placenta, na superfície canalicular dos hepatócitos, na superfície luminal dos capilares sanguíneos cerebrais e na superfície de subgrupos de linfócitos33,34. Em geral, as funções da gp-P limitam a exposição do corpo aos fármacos, excretando-os na bile, na luz intestinal e nos túbulos renais. Além de dificultar o acesso ao SNC e aos linfócitos33. No intestino, a gp-P afeta principalmente a taxa e não a extensão de absorção de fármacos32. Porém, a glicoproteína-P aumenta a exposição dos fármacos à CYP3A4 intestinal. Há uma sobreposição de substratos entre gp-P e CYP3A. Além disso, comodulação de CYP3A é uma característica comum entre inibidores e indutores da gp-P. Saquinavir, ciclosporina e paclitaxel são exemplos de fármacos sobre os quais a gp-P exerce significante limitação da absorção intestinal. Nas doses terapêuticas, indinavir satura as gp-P intestinais, excedendo muito sua capacidade de efluxo e, por isso, acaba apresentando boa biodisponibilidade oral. - Coindutores de gp-P e CYP3A4: fenobarbital, fenitoína, dexametasona, rifampicina e Erva de São João35,36. A rifampicina pode reduzir de forma significante a concentração plasmática da digoxina oral.

Conteúdo: Trinta por cento ou mais de todos os pacientes hospitalizados são tratados com um ou mais cursos de antibioticoterapia. Tendo em vista que os antimicrobianos estão entre os medicamentos mais utilizados e reconhecendo seu alto potencial para sofrer ou causar alterações nos efeitos farmacológicos quando associados a outros fármacos, nutrientes, alimentos ou fitoterápicos, destacaremos uma série de possibilidades de interações medicamentosas clinicamente significantes que exigem maior atenção do prescritor para que possam ser evitadas, sempre que possível, ou manejadas de forma a minimizar os riscos para a saúde do paciente. 1. Stephens M. Introduction. In: Talbot J, Waller P, eds. Stephens’ detection of new adverse drug reactions. West Sussex, England: John Wiley & Sons, Ltd; 2004. p.1–88.

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PALESTRA DE ABERTURA: O PODER CURATIVO DO AMOR - O PODER CURATIVO DO AMOR

Carlos Eduardo Tosta da Silva Laboratório de Imunologia Celular, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília

Mas o que é o amor? / É nascido do nada? / É chama difusa que queima e se apaga? / É sopro, é brisa ou é ventania? O amor liberta ou escraviza? / Causa-nos dor, ou nos ameniza? O amor incandesce, mas apazigua. / O amor é luz, é porto, é chegada. / O amor é uma força sagrada. / O amor é doar-se para tudo ser. / É se apequenar para poder crescer. / É bem nutrir o que vai nascer. / O amor é transcender.

O amor constitui poderoso instrumento para a transcendência, capaz de facilitar a quebra das barreiras que nos separam de nós próprios e do próximo, mas também as que impedem que o indivíduo retorne ao estado de equilíbrio, a que chamamos de saúde.

Está, atualmente, bem estabelecido que as emoções anti-amorosas como o ódio, ciúme, mágoa, revolta, agressividade, vingança, pessimismo, intolerância, ressentimento, desprezo, vergonha, remorso, culpa e desconfiança estão associadas a ansiedade e, não raro, também a depressão, capazes de causar ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), além de aumentar o tônus simpático e, em consequência, levar a inibição do sistema imunitário. Por outro lado, as emoções amorosas como compaixão, afetuosidade, cordialidade, generosidade, felicidade, paciência, tolerância, perdão, conciliação, aceitação, confiança, otimismo e ternura regulam a ação do eixo HHA, reduzem o tônus

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simpático e melhoram a função do sistema imunitário, além de reduzirem a pressão arterial e a neurodegeneração e melhorarem a memória. Além disso, as emoções amorosas ativam determinadas estruturas cerebrais, principalmente o sistema límbico, e levam ao aumento da síntese serotonina, dopamina, endorfinas, fator de crescimento neuronal, oxitocina, vasopressina, endocanabinóides e óxido nítrico que causarão sentimentos de prazer, recompensa, crença e motivação, e concorrerão para o aumento da imunidade e do bem-estar e redução da ansiedade e da depressão.

O amor é o mais poderoso instrumento de cura por ser: (1) o mais universal, já é a própria natureza da alma humana; (2) o mais global, pois pode ser utilizado por qualquer sistema de saúde; (3) o mais antigo, pois sempre existiu; (4) o mais holístico, dado que atua em todas as dimensões do ser humano, a física, a mental/emocional, a interpessoal e a espiritual; (5) o mais seguro, já que nunca prejudica, por não possuir efeitos colaterais; (6) o mais efetivo, pois sempre funciona; (7) o mais barato, já que é dado e recebido a custo zero; (8) o mais eclético, pois pode ser usado para manter a saúde e tratar qualquer doença; (9) o mais democrático, dado que todos podem doar e receber, e (10) o mais simples dos medicamentos, já que não exige registro nem patente para ser utilizado.

Espera-se que um profissional de saúde domine o conhecimento de sua área de atuação e que seja adestrado nas técnicas e procedimentos a ela pertinentes. Entretanto, isto não será de muita valia se as relações com o paciente não forem adequadas. E, para que haja uma boa relação com o paciente, há de se lhe tocar a alma. Para isto, o profissional de saúde precisa ser amoroso. O profissional amoroso é aquele que: (1) considera o paciente como a razão de ser de sua vida profissional, e não como um estorvo ou mal necessário; (2) sabe acolher o paciente: olhar para ele, sorrir, tratar-lhe pelo nome, cumprimentá-lo e ouvi-lo; (3) é fraterno e não arrogante ou prepotente; (4) explica para o paciente sua situação e com ele compartilha as decisões; (5) é compassivo; (6) não destrói a esperança.

Não bastasse considerar o poderoso efeito curativo do amor para o paciente, o profissional de saúde amoroso tem ainda outra vantagem: ele também é beneficiado. Está provado que o profissional amoroso é mais feliz, menos ansioso, tem mais saúde, vive mais e com melhor qualidade de vida. Isto porque, ser bom faz bem! Alleva E, Branchi I. NGF: A social molecule. Psychoneuroendocrinology 2006; 31:295–296 Barak Y. The immune system and happiness. Autoimmunity Reviews 2006; 5:523–527 Barber L, Maltby J, Macaskill A. Angry memories and thoughts of revenge: the relationship between forgiveness and anger rumination. Personality and Individual Differences 2005; 39: 253–262 Bartels A, Zeki S. The neural correlates of maternal and romantic love. NeuroImage 2004; 21:1155-1166 Beauregard M, Courtemanche J, Paquette V, St-Pierre EL. The neural basis of unconditional love. Psychiatry Research: Neuroimaging 2009; 172:93-98 Buchheim A, Heinrichs M, George C, Pokorny D, Koops E, Henningsen P, O’Connor M-F, Gündel H. Oxytocin enhances the experience of attachment security. Psychoneuroendocrinology 2009; 34:1417-1422 Burgdorf J, Panksepp J. The neurobiology of positive emotions. Neuroscience and Biobehavioral Reviews 2006; 30:173-187 Carter CS. Neuroendocrine perspectives on social attachment and love. Psychoneuroendocrinology 1998; 23:779–818 Clark AJ. Forgiveness: a neurological model. Medical Hypotheses 2005; 65:649–654 Cohen Y. Loving the patient as the basis for treatment. The American Journal of Psychoanalysis 2006; 66:139-155 De Silva P, Marks M. Jealousy as a clinical problem: Practical issues of assessment and treatment. Journal of Mental Health 1994; 3:195-204 Di Comite G, Sabbadini MG, Corti A, Rovere-Querini P, Manfredi AA. Conversation galante: how the immune and the neuroendocrine systems talk to each other. Autoimmunity Reviews 2007; 7:23–29 Dossey L. Compassion. Explore 1:1-5 Emanuele E, Politi P, Bianchi M, Minoretti P, Bertona M, Geroldi D. Raised plasma nerve growth factor levels associated with early-stage romantic love. Psychoneuroendocrinology 2006; 31:288–294 Engel G, Olson KR, Patrick C. The personality of love: fundamental motives and traits related to components of love. Personality and Individual Differences 2002; 32:839–853 Esch T & Stefano GB. Love promotes health. Neuroendocrinology Letters 2005; 26:264-267

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Eliane Maria Fleury Seidl Universidade de Brasília - Instituto de Psicologia e Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF.

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids), desde o surgimento dos primeiros casos no início da década de 1980, constitui um dos grandes problemas de saúde pública no plano mundial. O quadro de morbimortalidade por aids, que apresentava altas taxas de letalidade até meados dos anos 1990, sofreu alteração relevante com o advento da terapia antirretroviral combinada, particularmente no Brasil país em que a disponibilidade dos medicamentos é universal e gratuita. Descrita como uma das enfermidades mais assustadoras da história da humanidade, ainda tem sendo associada à morte e à degenerescência física. No entanto, as mudanças epidemiológicas e de controle da epidemia foram rápidas e contundentes. A disponibilidade do tratamento antirretroviral, desde 1996, tem permitido melhor qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). Diante da tendência à cronicidade, novos desafios nas áreas médica e psicossocial têm emergido. Na esfera psicossocial, questões como a vivência da sexualidade, a experiência da conjugalidade, a decisão quanto à maternidade e paternidade, o bem-estar psicológico das PVHA e a adesão ao tratamento são alguns dos temas que merecem atenção dos profissionais de saúde. A experiência de atuação em serviço público específico para essa clientela aponta que temas, que indicam dificuldades de ajustamento, são freqüentes e recorrentes nos atendimentos a pessoas HIV positivas. São eles: impacto psicológico do diagnóstico; estratégias de enfrentamento não adaptativas (esquiva e evitação); isolamento social, com rupturas na rede de apoio; sentimentos de culpa, ressentimento, raiva e desesperança; efeitos negativos da soropositividade sobre o relacionamento conjugal e a expressão da sexualidade; desconhecimento, dúvidas e medos em relação à enfermidade, ao tratamento e à possibilidade da morte; revelação do diagnóstico (para quem, como e quando comunicar); transtornos de ansiedade e/ou depressão; receio de ter aspectos da subjetividade e da história de vida revelados; medo da discriminação e do preconceito.

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O funcionamento do Projeto Com-Vivência (Ações Integradas de Estudo e Atendimento a Pessoas Vivendo com HIV/aids e Familiares), há quatorze anos, significou a abertura de um espaço privilegiado para a concretização de objetivos do Hospital Universitário de Brasília (HUB): local de aprendizagem e de produção de pesquisa e conhecimentos, voltado ao exercício técnico-profissional e à prestação de ações de saúde, integrado à rede de serviços do SUS do Distrito Federal. Trata-se de um projeto de extensão de ação contínua, vinculado ao Decanato de Extensão, iniciativa de professores do Instituto de Psicologia e do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília. Os professores, profissionais, alunos de graduação e de pós-graduação da Psicologia e do Serviço Social atuam de modo integrado aos demais profissionais da área do HIV/aids do HUB. Os objetivos do Projeto Com-Vivência são: (1) desenvolver ações de prevenção e de assistência da psicologia e do serviço social em HIV/aids, articuladas a atividades de ensino e pesquisa; (2) prestar atendimento psicológico e social, individual ou em grupo, a pessoas vivendo do HIV/Aids e familiares; (3) realizar ações preventivas e educativas sobre aspectos referentes ao HIV/aids junto à comunidade em geral. O atendimento psicossocial, disponibilizado pelo Projeto Com-Vivência a pessoas que vivem com HIV/aids (crianças, adolescentes e adultos) e a cônjuges, familiares e/ou pessoas da rede de apoio social do usuário, consolida-se em atividades e procedimentos realizados no ambulatório e na enfermaria, tais como: acolhimento, avaliação psicológica e social, pré ou pós-consulta (atendimento psicológico e/ou social antes ou depois da consulta médica), atendimento psicológico (individual ou em grupo), atendimento e/ou orientação social. O atendimento psicológico é prestado mediante ações de aconselhamento, orientação e/ou intervenção psicológica, individual ou em grupo, a pacientes ambulatoriais ou internados, bem como a familiares e/ou a pessoas significativas da rede de apoio social.

Em geral tem como objetivos principais: a identificação de dificuldades psicológicas associadas à condição de soropositividade; o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento em relação à enfermidade; o fortalecimento dos vínculos afetivos e sócio-familiares; a vivência da sexualidade, a manutenção e/ou reconstrução da vida amorosa; a adesão ao tratamento, às práticas preventivas e ao auto-cuidado; o fortalecimento e/ou manutenção da auto-estima, a melhoria do nível de conhecimento sobre a enfermidade e o tratamento; a resignificação da aids e modificação de crenças irracionais e fatalistas sobre a enfermidade e o tratamento; a manutenção e/ou reestruturação do projeto de vida. Em suma, o trabalho desenvolvido pela equipe do Projeto Com-Vivência faz parte das ações de saúde prestadas pelo HUB em HIV/aids. No entanto, a atuação efetivamente interdisciplinar, incluindo as demais categorias profissionais, ainda é um desafio, e deve ser construída diuturnamente, para o alcance do objetivo de oferecer atenção integral, equânime e de qualidade a pessoas vivendo com HIV/aids. - A REPRODUÇÃO POR PORTADORES DE HIV/AIDS: DILEMAS ÉTICOS E MORAIS

Antônio Carlos Rodrigues da Cunha Professor Adjunto e Coordenador da Área de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, UnB, Doutor em Ciências da Saúde com área de concentração em Bioética pela UnB/Università degli studi di Torino, Itália.

O Ministério da Saúde (MS) pretende lançar uma recomendação com orientações para portadores de HIV/Aids que queiram ter filhos. A iniciativa já provoca polêmica, porque com as técnicas disponíveis no momento não há possibilidade de reduzir a zero o risco de transmissão do vírus ao bebê e ao parceiro soro discordante. Acredita-se que cumprindo todas as recomendações o risco de transmissão do HIV para o bebê é menor de 1%.

No Brasil, grande porcentagem dos infectados pelo vírus está em idade reprodutiva e, ao atingir estado de saúde estável, começa a ter o desejo de desenvolver família. Até agora, a orientação a esse grupo variava conforme a opinião individual de cada profissional gerando a necessidade da participação do Estado no sentido de elaborar um documento que unifique as recomendações do ministério. A demanda por desejo reprodutivo aumenta proporcionalmente ao avanço científico das novas tecnologias reprodutivas e da indústria farmacêutica com medicamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais. Nos pacientes com, boa adesão ao tratamento baixa carga viral e sobretudo com parâmetros clínicos e laboratoriais compatíveis com boa imunidade, .autoridades ligadas ao MS

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entendem que a concepção é um direito. Tanto no caso da reprodução assistida, feita por meio de inseminação artificial, quanto no caso da gravidez natural, é essencial que os parceiros estejam com carga viral indetectável no momento da concepção e recebam acompanhamento pré e pós-natal. Entre as recomendações estão: não apresentar outras doenças sexualmente transmissíveis e crônicas; estar com baixa carga viral; ter o nível células de defesa do organismo elevado; e procurar acompanhamento médico.

Estudos têm demonstrado que o uso de terapia anti-retroviral a não amamentação, associada ou não ao parto Cesário eletivo, diminui significativamente a transmissão vertical do vírus para o bebê. Diante disso, a Sociedade Norte-Americana (ASRM) e Européia (ESHRE) de Medicina Reprodutiva fizeram colocações éticas que devem ser seguidas. Mulher HIV+

Se a mulher é HIV+, a inseminação intra-uterina eliminaria o potencial de transmissão do vírus ao parceiro. Uma gestante sem tratamento anti-retroviral tem uma taxa de transmissão do vírus para seu feto de 20-25%. Se zidovudina (AZT) for utilizada pela gestante, a partir da 14ª semana de gestação, bem como pelo recém-nascido até 6 meses, o risco de transmissão materno-fetal cai para 5-8%. Atualmente, recomenda-se o uso de 3 drogas anti-retrovirais pela gestante. Assim, quase a totalidade delas atinge carga viral indetectável, o que significa supressão viral máxima, reduzindo o risco de transmissão vertical para menos de 1%. Homem HIV+

Tecnologias hoje disponíveis permitem a separação de espermatozóides do vírus HIV em homens HIV positivo, para que reduza a carga viral na amostra seminal. Posteriormente, essa seleção é usada para inseminação dos óvulos das parceiras HIV negativo com o objetivo de obter gravidez. Essas tecnologias estão indicadas em casais HIV soros-discordantes, em que o homem está contaminado. Através de uma tecnologia no processamento do sêmen é possível a separação de espermatozóides, sem a presença do vírus HIV na amostra. Esse processamento seminal para retirada do HIV consiste em sucessivas "lavagens" dos espermatozóides. Existem alguns critérios para que estes homens possam fazer parte deste programa: não ser azoospérmico, baixa carga viral, contagem CD4+ adequada, dentre outros.

Para certificarmos a ausência do vírus na referida amostra, após o processamento, parte da suspensão contendo os espermatozóides é analisada através da técnica de PCR (Reação em Cadeia pela Polimerase) e outra parte é criopreservada. Após o resultado negativo, no que concerne à presença do vírus, a mulher é submetida à indução da ovulação para obtenção de óvulos que serão combinados com aqueles espermatozóides outrora crio preservados que serão agora descongelados, através de técnicas de reprodução assistida (IIU - Inseminação Intra-Uterina, Inseminação Artificial; FIV - fertilização in vitro, bebê de proveta; ICSI - injeção intra-citoplasmática de espermatozóide). Acompanhamento

O acompanhamento da mulher é feito através de testes para detecção de anticorpos para o HIV e antígeno p24 do HIV, que aparece no organismo 1 a 2 semanas após a exposição ao vírus. Esses testes devem ser realizados com freqüência após a transferência embrionária para o útero ou após a inseminação intra-uterina e também no recém-nascido.

Tratamento da infertilidade quando ambos os parceiros são HIV+ Estes casais têm de ser informados do risco de transmissão para a prole. Se a carga viral puder ser suprimida a níveis indetectáveis na gestante, o casal poderá ter um filho sem HIV. A terapia anti-retroviral atual que consiste em administrar ao paciente pelo menos 3 drogas está permitindo transformar a infecção pelo HIV numa doença crônica, com expectativa de sobrevida com boa qualidade de vida por muitas décadas. Por outro lado, como a terapia se tornou disponível há cerca de 10 anos, não é possível precisar quão duradoura será. Os dados atuais demonstram que, pelo menos 80% dos pacientes que são aderentes à terapia apresentam boa resposta clínica, imunológica e virológica. Considerações éticas

A utilização da tecnologia reprodutiva pode reduzir o risco da transmissão do HIV para a descendência, mas não o elimina. O risco levanta questões éticas no âmbito da liberdade de reproduzir, o que pode ser considerado danoso o suficiente para restringir esta liberdade e lavar a questionamentos: O Serviço Único de Saúde (SUS) está apto a atender esse contingente de pacientes? Há respaldo ético e jurídico para uso dessa tecnologia por casal soro discordante ou em que ambos são HIV+? O respeito à autonomia da paciente em decidir sobre sua reprodução contempla o princípio da

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beneficência, expresso na preocupação com o fato de que a criança possa nascer com uma doença ainda incurável e que exige o uso de medicamentos com efeitos colaterais muitas vezes danosos? É legítimo utilizar uma técnica médica onde há controvérsias à respeito dos princípios da beneficência e maleficência?

As técnicas de reprodução assistida surgiram para dar aos casais inférteis a possibilidade de conseguirem seus objetivos, gerar um filho, e também propiciar propedêutica e tratamento das doenças genéticas. Na medida em que essas técnicas resolvem o problema do casal e possibilitam a constituição de sua família, sua aplicação tem desdobramentos que ultrapassam uma terapêutica individual e ao atingir futuras gerações e possibilitar que casais HIV+ ou soro discordante possam constituir família, esses procedimentos passam a suscitar inquietações de ordens éticas, morais e religiosas.

Entende-se como legítimo ao casal que deseja ter filho utilizar-se de recursos como o da reprodução assistida para atingir seu objetivo. Entretanto, a prerrogativa da autonomia aparece vinculada à noção de responsabilidade. O casal realiza seu sonho e se submete aos riscos dos procedimentos; mas sua responsabilidade não se encerra neste ponto, pois dessa iniciativa pode surgir situações como: contaminação do parceiro e do bebê por uma doença crônica tratável, porém anda incurável e que exige um coquetel de medicamentos caros e que apresentam inúmeros efeitos colaterais. E assim, a necessidade individual passa a suscitar dilemas éticos e morais que envolvem toda sociedade podendo, inclusive, afetar futuras gerações.

O desejo reprodutivo do portador de HIv/Aids vem se consolidando como um problema de saúde que traz implicações médicas e psicossociais. Pesa o imaginário acerca das reais necessidades e anseios do ser humano como pessoa em perpetuar a espécie, constituir família. O estabelecimento dessas normas pelo MS legitima o direito dos casais soro discordantes de buscar meios científicos para a procriação. Esta realidade remete a limites éticos e jurídicos a respeito de se conseguir o objetivo da reprodução. O Brasil ressente-se de uma legislação específica para as novas tecnologias reprodutivas e o uso dessa tecnologia no casal soro discordante. Porém, é fundamental que nessas diretrizes do MS haja segurança para os profissionais da área de saúde, parceiros não infectados e sobretudo às crianças oriundas desses relacionamentos.Tornando-se essencial, que antes da divulgação das normas que haja um amplo debate com a comunidade científica e sobretudo com a sociedade levando a reflexões e questionamentos abordando temas como princípio da autonomia, responsabilidade, utilitarismo, compaixão e ainda, o princípio da justiça na alocação de recursos públicos. Possibilitando o empoderamento da sociedade não só compreendendo e se posicionando em relação a essa questão, mas, no desafio da construção de um serviço público que atenda os desejos e necessidades da maioria da população. Considerações finais

Pode-se classificar a infecção pelo HIV como uma doença crônica e tratável, mas no estágio do conhecimento técnico-científico atual ainda não é curável. A possibilidade de pessoas HIV+ terem filhos não infectados e não transmitir o vírus para seus parceiros tem aumentado substancialmente, mas o sucesso não pode ser totalmente garantido, principalmente naqueles casos onde se pretende liberar para relações sem preservativos nos dias férteis casais soro discordantes. Recomenda-se que antes da divulgação das normas haja um amplo debate e reflexão acerca desse complexo tema e que a abordagem do casal seja feita por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais que atuem nas áreas de medicina reprodutiva, infectologistas, obstetras, pediatras, psicólogas e enfermeiras. 1- Prado MM. Panorama da bioética no Brasil: um estudo sobre a reflexão bioética desenvolvida no Brasil. Dissertação de mestrado. Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília.Brasília,2002.203p 2- Mori M. A bioética: sua natureza e história. Humanidades. Brasília,v.9, n.4,p332-41,1994. 3- Conselho Federal de Medicina (Brasil). Resolução nº 1.358. Normas Éticas para utilização das técnicas de reprodução assistida, 1992. 4- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil). Resolução nº 33, de 17 de fevereiro de 2006. Regulamento técnico para o funcionamento dos bancos de células e tecidos germinativos. Diário Oficial da União, 20 fev. 2006; seção 1. 5- Melamed RMM. Novas famílias. In: Sousa MCB; Moura MD; Grynszpan D. (orgs.) Vivências em tempo de reprodução assistida- O dito e o não dito Rio de Janeiro: Revinter 2008.p. 143-147.

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6- Beauchamp TL, Childress JF. O respeito à autonomia. In: Beauchamp TL, Childress JF. Princípios da ética biomédica. São Paulo: Loyola; 2002. p. 137-208. 7- Corrêa M. Ética e reprodução assistida: a medicalização do desejo de filhos. Bioética 2001; 9(2): 71-82. 8- Garrafa V, Oselka G, Diniz D. Saúde pública, bioética e equidade. Bioética 1997; 5(1): 27-33. 9- Guilhem D, Prado MM. Bioética, legislação e tecnologias reprodutivas. Bioética 2001; 9(2): 113-26. 10- Cunha ACR, Kalume C; Nunes JC, Samrsla M, A expectativa de mulheres que aguardam tratamento de reprodução assistida no hospital público de referência do Distrito Federal. In: Garrafa V; Cordón J (orgs) Pesquisas em Bioética no Brasil de hoje. São Paulo: Gaia, 2006 p.85-99. 11- Garrafa V. Reflexão sobre políticas públicas brasileiras de saúde à luz da bioética. In: Fortes P, Zoboli E. (orgs.) Bioética e saúde. São Paulo: Loyola; 2003. p. 49-61. 12- Jonas H. O princípio da responsabilidade. Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro : Contraponto;2006.p.353. 13- Morin E. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2002. p. 128 14- Durand, G . Introdução geral- história conceitos e instrumentos, São Paulo, Loyola 2003. p. 144 15- Gonçalves EH. Desconstruindo o preconceito em torno do HIV/Aids na perspectiva da bioética de intervenção. Universidade de Brasília, tese de. Doutoramento em Ciências da Saúde – área de concentração em Bioética (orientador: V. Garrafa), 2005, 112 p. 16- Pessini L. A eutanásia na visão das maiores religiões. In: Barchinfontaine CP; Pessini L (orgs.) Bioética: Alguns desafios, São Paulo, Loyola 2001. p. 261-281. 17- Mori M. A moralidade do aborto; Brasília, Editora UnB, 1997, p.102. MESA REDONDA: ATUALIZAÇÃO EM DIABETES - GENÉTICA DO DIABETES MELLITUS TIPO 2: COMO OS NOVOS CONHECIMENTOS

PODEM INFLUENCIAR A PRÁTICA CLÍNICA? Angélica Amorim Amato Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) representa um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que

compartilha a hiperglicemia. Fatores ambientais são considerados os principais determinantes do aumento global de sua prevalência. Entretanto, a suscetibilidade à doença é reconhecidamente o resultado de fatores genéticos complexos, e a identificação de variantes genéticas relacionadas ao DM2 tem sido um dos principais focos de pesquisa em diabetes, uma vez que representa uma estratégia para melhorar a compreensão de sua fisiopatologia, requisito para o desenvolvimento de estratégias efetivas de prevenção e tratamento. Os avanços observados em epidemiologia genética, em especial a viabilização do mapeamento global do genoma, possibilitaram a detecção de diversas variantes genéticas cujo impacto sobre o metabolismo humano normal e sobre a fisiopatologia do diabetes tipo 2 precisam ainda ser elucidados.

Entre elas, estão a variante E23K do gene KCNJ11. Esse gene codifica o kir6.2, um dos componentes do canal de potássio ATP-dependente na célula beta, com papel crítico para a secreção de insulina, e essa variante tem sido associada ao risco de desenvolvimento de DM2. O gene PPARG codifica o PPARγ, um fator de transcrição membro da superfamília de receptores nucleares, que regula a expressão de genes críticos para a diferenciação e função do tecido adiposo e para a homeostase da glicose. É também o alvo das tiazolidinedionas, que estimulam o receptor, e são utilizadas como sensibilizadores insulínicos no tratamento do diabetes tipo 2. A variante Pro12Ala do PPARG associou-se a menor índice de massa corporal e melhor sensibilidade insulínica em algumas populações, e a suscetibilidade ao DM2 conferida por essa variante pareceu ser influenciada por fatores ambientais.

Duas variantes comuns do gene HNF4A, relacionado a uma forma monogênica de diabetes, também foram consistentemente relacionadas a suscetibilidade ao DM2 em populações de etnias diversas. Um polimorfismo de nucleotídeo único em um íntron do gene TCF2 ou HBF1B, que codifica

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o fator de transcrição 2 ou o fator nuclear hepatocitário 1 beta, também relacionado a uma forma monogênica de diabetes, foi associado a suscetibilidade à doença, assim como as variantes A98V e I27L do gene TCF1 ou HNF1A, que codifica o fator de transcrição 1 ou fator hepatocitário 1 alfa. O gene ENPP1, que codifica uma pirofosfatase de nucleotídeo-fosfodiesterase, aparentemente relacionada à sinalização insulínica, teve uma variante comum (K121Q), associada a obesidade, resistência insulínica e DM2.

Genes cujas variantes comuns estão relacionadas à suscetibilidade ao DM2, identificados por estudos de ligação genética, incluem o CAPN10, que codifica uma protease intracelular expressa no pâncreas e denominada calpaína, e o TCF7L2, que codifica o fator de transcrição 4, com papel-chave na via de sinalização Wnt (wingless type mmtv integration site family), e também expresso nas ilhotas pancreáticas.

Uma observação interessante é que a maior parte das variantes genéticas de risco identificadas até o momento está relacionada a disfunção de células beta e comprometimento da secreção de insulina. Esses conhecimentos reforçam o papel crítico da célula beta no desenvolvimento do DM2 e podem sugerir, em um primeiro momento, que a contribuição genética para a doença se daria por disfunção dessas células, e que a resistência insulínica seria conseqüência de fatores ambientais e relacionados ao estilo de vida. É possível, porém, que a ausência de genes relacionados à resistência insulínica seja conseqüência de limitações desses estudos em identificá-las e da necessidade de considerar que seus efeitos ocorram por meio de sua interação com fatores ambientais e de sua influência sobre o peso e a distribuição de gordura corporal.

As conseqüências metabólicas dessas descobertas genéticas ainda não foram determinadas, nem exatamente como esses resultados influenciarão a prática clínica. A expectativa é de que as informações assim obtidas se traduzam em aprimoramento das estratégias de prevenção, classificação, diagnóstico e tratamento da doença, além de disponibilização de informações prognósticas relacionadas ao risco de complicações crônicas. De fato, algumas dessas variantes foram relacionadas à resposta ao tratamento e risco de complicações microvasculares. A variante E23K do KCNJ11 associou-se a risco de falência de resposta às sulfoniluréias, e o alelo Ala da variante Pro12Ala do PPARG associou-se a melhor resposta às tiazolidinedionas e a proteção contra nefropatia diabética. O alelo T do polimorfismo rs7903146 do TCF7L2 foi associado a maior taxa de falência secundária às sulfoniluréias e necessidade de terapia insulínica.

Talvez a maior perspectiva em relação a esses conhecimentos não seja a identificação de um medicamento capaz de atuar sobre a base da doença e corrigir definitivamente a alteração metabólica, ou de predizer que pacientes irão desenvolver diabetes ou suas complicações, ou responder a uma determinada classe de medicamentos, mas elucidar a base molecular da interação entre genes e ambientes para determinar a suscetibilidade à doença e assim elaborar estratégias preventivas eficazes. Compreender como os fatores genéticos interagem com o ambiente para aumentar o risco de DM2 poderia fundamentar modificações individualizadas do estilo de vida, de acordo com o genótipo, para otimizar o ambiente e evitar o risco conferido por variantes genéticas de suscetibilidade.

- PAPEL DOS NOVOS AGENTES FARMACOLÓGICOS NO DIABETES MELLITUS Érica Correia Garcia Serviço de Endocrinologia, Hospital Universitário de Brasília, UnB

A relação entre a amplitude e tempo da hiperglicemia com o aparecimento de complicações

crônicas do diabetes mellitus é muito bem estabelecida. Com evidências de complicações decorrentes de pequenas alterações metabólicas, metas cada vez mais rigorosas são exigidas para a glicemia.

No diabetes tipo 1, pela destruição das células β pancreáticas, o tratamento farmacológico existente é a insulina.

No diabetes tipo 2 as estratégias terapêuticas são diversas, em função das características fisiopatológicas específicas do DM2: secreção deficiente de insulina pelo pâncreas; menor sensibilidade hepática e periférica à ação da insulina (resistência à insulina) e aumento da secreção hepática de glicose. O tratamento medicamentoso do diabetes tipo 2 pode ser realizado por antidiabéticos orais, por terapia substitutiva com a insulina e mais recentemente por terapia baseada em incretinas.

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A terapia baseada em incretinas é objetivo principal dessa discussão. Introdução

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Americam Diabetes Association (ADA), a primeira abordagem terapêutica para o diabetes tipo 2 deve ser a mudança do estilo de vida (alimentação saudável e atividade física regular) associada à metformina. Outros agentes farmacológicos devem ser associados conforme a necessidade visando o alcance do controle glicêmico (hemoglobina glicada < 6,5% para SBD e < 7% para ADA). Entretanto apesar das inúmeras drogas disponíveis, número considerável de diabéticos não atingem as metas estabelecidas mesmo após associação medicamentosa.

Uma limitação adicional ao controle glicêmico, particularmente com o uso da sulfonilureia e da insulina, é a associação com o risco aumentado de hipoglicemia. Outra conseqüência indesejada dos tratamentos atualmente muito utilizados, tais como as glitazonas, sulfonilureias e insulina, é o ganho de peso; problema importante aos diabéticos tipo 2 que geralmente tem sobrepeso ou obesidade.

Tratamentos que minimizam o risco de hipoglicemia e do ganho de peso representam grande impacto no controle do diabetes. Outra grande meta do tratamento desta doença é minimizar o risco cardiovascular inerente a mesma. Terapias baseadas em incretinas, incluindo inibidores de dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) e agonistas do receptor do GLP-1, foram desenvolvidos visando alcançar tais objetivos. Incretinas

GLP-1 (peptídeo glucagon símile 1) e GIP (polipeptídeo insulinotrópico glicose-dependente) são hormônios secretados por células enteroendócrinas do intestino em resposta a ingestão de nutrientes.

São chamados INCRETINAS, pois estimulam a síntese da pró-insulina e a secreção da insulina. Este efeito é dependente da glicose.

GLP-1 adicionalmente reduz a secreção do glucagon e diminuiu o esvaziamento gástrico. Este hormônio é rapidamente inativado e degradado (meia vida de 1 a 2 minutos) pela enzima dipeptidil peptidase-4 (DPP4).

O efeito das incretinas está prejudicado em diabéticos, muito provavelmente pela redução do GLP-1 ativo nestes pacientes e pela diminuição da sensibilidade das células β ao GIP, cujos níveis séricos estão inalterados. Inibidores da dipeptidil peptidase-4 (DPP-4).

Nova classe de antidiabético oral. Pode ser tomado com ou sem alimentos. Inibidores de DPP-4: aumento da insulina glicose-dependente e diminuição do glucagon . Diferentemente dos atuais tratamentos para o diabetes tipo 2, o inibidor do DPP-4 afeta tanto a

célula pancreática alfa quanto a beta, reduzindo a produção glicêmica ao mesmo tempo em que aumenta a secreção de insulina. O efeito do aumento dos níveis de GLP-1 sobre o retardo do esvaziamento gástrico não é observado no tratamento com estes inibidores da DPP-4.

A terapia não foi associada ao ganho de peso ou maior incidência de efeitos colaterais, incluindo hipoglicemia e edema.

Vildagliptina (Galvus®), um membro da classe dos ativadores das ilhotas pancreáticas, é um inibidor potente e seletivo da dipeptidil-peptidade-4 (DPP-4) que melhora o controle glicêmico. A administração de vildagliptina resulta em uma rápida e completa inibição da atividade da DPP-4. Em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, a sua administração leva à inibição da atividade enzimática da DPP-4 por um período de 24 horas.

O tratamento com 50 a 100 mg diários em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 melhorou significantemente os parâmetros de avaliação da função das células beta. O nível de melhora da função da célula beta é dependente do grau inicial de sua insuficiência; em indivíduos não diabéticos (glicemia normal), a vildagliptina não estimula a secreção de insulina ou reduz os níveis de glicose.

A redução da hipersecreção inapropriada de glucagon que ocorre durante as refeições atenua a resistência insulínica. O aumento da relação insulina/glucagon no indivíduo hiperglicêmico, devido ao aumento nos níveis das incretinas, resulta na diminuição da produção hepática de glicose no jejum e pós-prandial, levando à redução da glicemia.

A vildagliptina melhora o controle glicêmico quando administrada em monoterapia ou em combinação com metformina, sulfoniluréia ou glitazonas.

Em estudos clínicos, a magnitude das reduções da HbA1C com vildagliptina foi maior em pacientes com HbA1C iniciais mais elevadas. Em um estudo de 52 semanas, a vildagliptina (100

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mg/dia) reduziu os níveis de HbA1C em -1% comparado a -1,4% para a metformina (titulada a 2g/dia). Pacientes tratados com vildagliptina relataram significantemente menor incidência de reações adversas gastrintestinais versus aqueles tratados com metformina. Em outro estudo de 24 semanas, a vildagliptina (100 mg/dia) foi comparada à rosiglitazona (8 mg, uma vez ao dia). As reduções médias foram de -1,1% com vildagliptina e - 1,3% com rosiglitazona em pacientes com HbA1C inicial média de 8,7%. Pacientes recebendo rosiglitazona apresentaram um aumento médio de peso (+ 1,6 kg), enquanto aqueles recebendo vildagliptina não apresentaram ganho de peso (-0,3kg).

Sitagliptina (Januvia®) tem ação semelhante. A dose recomendada de Sitagliptina é de 100 mg em dose única diária como monoterapia ou em terapia combinada.

Saxagliptina (Onglyza®) pode ser ingerido uma vez ao dia, independente das refeições, e está disponível nas apresentações de 2,5mg e de 5,0mg.

Alogliptina (Syr-322®) ainda está em processo regulatório. Agonistas dos receptores do GLP-1 Em contraste com os inibidores da DPP-4, os agonistas do receptor do GLP-1 agem como

incretinomiméticos, porém mais resistentes a degradação em relação ao hormônio endógeno. Estudos evidenciam que os agonistas sintéticos do receptor do GLP-1 além de propiciarem a

homeostase glicêmica, atuam na preservação da célula β (aumento da massa dessas células, estímulo da proliferação e neogênese das mesmas e inibição de sua apoptose), na perda de peso e na proteção cardiovascular.

Estes agonistas levam a diminuição do esvaziamento gástrico o que pode contribuir para a perda de peso e para o melhor controle da glicemia pós prandial. Esta ação, no entanto, pode contribuir para evento adverso tal como a náusea.

Outra ação desta medicação é a perda de peso às custas principalmente da perda da massa gorda. Redução da circunferência abdominal, da pressão arterial sistólica e diastólica e da freqüência tanto da síndrome metabólica como do pré-diabetes acompanham a redução do peso corporal.

Efeitos favoráveis cardiovasculares são observados pela evidência da redução da proteína C reativa, peptídeo natriurético atrial e inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1, por exemplo.

Exenatide (Byetta®). O exenatide, isolado das secreções salivares do lagarto Suspectum heloderma (Monstro Gila), tem uma sobreposição de 53% na seqüência de aminoácidos com o GLP-1 de mamíferos.

No diabetes mellitus tipo 2, o exenatide reduz a secreção de glucagon no jejum e pós prandial. Isso resulta em melhor relação insulina/glucagon portal, contribuindo para a redução da produção hepática de glicose. Este aspecto do exenatide o diferencia das sulfoniluréias e metiglinidas.

O exenatide deve ser administrado via subcutânea, em doses de 5 a 10 µg, duas vezes ao dia. Os efeitos adversos mais freqüentes são náuseas (que se reduzem após algumas semanas), vômito,

diarréia e cefaléia. Não houve nenhuma evidência de toxicidade cardiovascular, pulmonar, hepática ou renal, durante o tratamento com exenatide.

Por sua limitação pela aplicação subcutânea duas vezes ao dia, foi desenvolvido o exenatide-LAR cuja aplicação é semanal. Esta apresentação além de demonstrar eficiência, apresenta menor incidência de efeito colateral nos estudos em andamento.

Liraglutida (Victoza®) já foi aprovada no Japão, Europa e Estados Unidos. Foi sintetizada por modificação química do GLP-1 e tem 97% de homologia à seqüência humana.

Aplicação única diária. Maior redução da glicemia pós prandial e da hemoglobina glicada em comparação com exenatide.

Albiglutide e taspoglutide ainda estão em desenvolvimento. Conclusão

O controle glicêmico adequado é o grande objetivo do tratamento do diabetes mellitus. Com o advento de novos agentes farmacológicos, terapia baseada em incretinas, o alcance das metas glicêmicas com mínimo efeito colateral associado já é uma realidade.

A glicemia controlada reduz ou retarda o desenvolvimento das complicações. Permite, assim, uma maior longevidade e qualidade de vida para os pacientes diabéticos.

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- ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA AO PACIENTE DIABÉTICO Prof. Dr. Maria do Carmo Machado Guimarães Departamento de Odontologia, Faculdade de Ciências da Saúde, UnB

As manifestações bucais do diabetes melllitus foram primeiramente descritas há mais de cem

anos. A idade do paciente e a data do início da doença, bem como o grau de controle metabólico podem exercer maior influência sobre as complicações sistêmicas e bucais do que o tipo de diabetes. Xerostomia, incluindo ou não ardência lingual e bucal, aumento da glândula parótida, maior suscetibilidade ao desenvolvimento de lesões da mucosa bucal e infecções oportunistas como candidose são manifestações bucais importantes observadas nos pacientes diabéticos. Naqueles com pobre controle glicêmico, a saliva e fluido sulcular apresentam quantidades aumentadas de glicose com resultante influência sobre o acúmulo do biofilme bacteriano e consequente desenvolvimento de cárie e doença periodontal. Há fortes evidências de que a incidência e a severidade da periodontite são influenciadas pela presença e controle do diabetes. LÖE (1996) relatou que a doença periodontal representa a sexta complicação mais comum do diabetes mellitus. Por outro lado, há estudos que indicam que a existência de periodontite severa generalizada pode adversamente influenciar o controle glicêmico. Apropriada avaliação odontológica do paciente diabético requer o conhecimento da patogenia, sintomas, complicações e manifestações bucais da doença. Da mesma forma, o cirurgião dentista deve conhecer e compreender o significado dos principais exames laboratoriais.

O atendimento odontológico ao paciente incluirá minuciosa anamnese com informações sobre a história médica do paciente e exame bucal completo. As condições sistêmicas e o grau de controle metabólico do paciente determinarão os cuidados a serem observados na terapia odontológica. De acordo com o grau de controle da doença, o tratamento odontológico poderá ou não requerer cuidados específicos com o paciente, especialmente nos quadros de emergência odontológica. - NOVAS TENDÊNCIAS NA DIETOTERAPIA PARA PORTADORES DE DIABETES TIPO2

Marina Kiyomi Ito, Departamento de Nutrição, Faculdade de Ciências da Saúde, UnB

O plano alimentar para pessoas portadoras de diabetes tipo 2 objetiva o atendimento das necessidades nutricionais individualizadas dos pacientes e o controle metabólico que auxilie no retardo do aparecimento das complicações crônicas da glicemia não controlada. Na prescrição da dieta leva-se em consideração inúmeros aspectos relacionados ao paciente, tais como o seu estado fisiológico, o estado nutricional – geralmente de excesso de peso, as comorbidades associadas, os medicamentos em uso, as metas de controle definidas entre o paciente e a equipe que o assiste, entre outros. Do ponto de vista energético da dieta e da distribuição dos macronutrientes, ou seja, dos carboidratos, proteínas e lipídios, estes têm sofrido mudanças ao longo das décadas.

A adoção de propostas alimentares baseadas em evidências científicas tem contribuído para a atualização da assistência nesta área do conhecimento. Esta apresentação tem como foco discutir os resultados de estudos recentes que sugerem a dieta do tipo mediterrânea como uma alternativa às dietas hipolipídicas, para a perda de peso e de controle metabólico. As dietas com características mediterrâneas são baseadas em teor relativamente maior de lipídios e menor de carboidratos, com ênfase nos ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados do tipo omega-3. A dieta enfatiza também o uso de alimentos como nozes, hortaliças e grãos integrais. Estudos de intervenção, randomizados e controlados, têm mostrado que dietas com esta característica podem propiciar melhor controle metabólico em pacientes diabéticos. 1) Shai I, et al. Weight loss with a low-carbohydrate, mediterranean, or low-fat diet. NEJM, 2008, 359:229-241. 2) Sacks FM, et al. Comparison of weight-loss diets with different compositions of fat, protein, and carbohydrate. NEJM, 2009, 360:859-873. 3) Accurso A, et al. Dietary carbohydrate restriction in type 2 diabetes mellitus anda metabolic syndrome: time for a critical appraisal. Nutr Metabol, 2008. Doi: 10.1186/1743-7075-5-9. 4) Esposito K, et al. Effects of a mediterranean-stye diet on the need for antihyperglycemic drug therapy in patients with newly diagnosed type 2 diabetes. Ann Int Med 2009, 151:306-315.

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5) Fung TT, et al. Low-carbohydrate diets and all-cause and cause-specific mortality. Ann Intern Med 2010, 153:289-298. MESA REDONDA: ATIVIDADE FÍSICA, NUTRIÇÃO E SAÚDE: AS EVIDÊNCIAS JUSTIFICAM UMA FORÇA TAREFA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE? - PROBLEMAS METODOLÓGICOS NOS ESTUDOS DAS RELAÇÕES ENTRE

ATIVIDADE FÍSICA, NUTRIÇÃO E SAÚDE. Pedro Luiz Tauil Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical da Universidade de Brasília

Quando se realiza um estudo epidemiológico, isto é, quando o sujeito da pesquisa é uma

população ou um grupo de pessoas, dois tipos de erro devem ser evitados: os erros aleatórios e os erros sistemáticos. Os primeiros afetam a precisão dos resultados e estão ligados ao tamanho da amostra e à variabilidade das medidas utilizadas: incidência, prevalência, média, risco relativo, razão de odds, entre outras. Esses erros podem ser diminuídos ou avaliados por meio de instrumentos estatísticos, como os testes de hipótese e os intervalos de confiança. Os erros sistemáticos afetam a validade interna dos estudos e estão relacionados aos vieses de seleção, aferição e de confundimento. Esses vieses podem ser evitados ou reduzidos com amostras probabilísticas, mascaramento do estudo, estratificação e análise multivariada.

Nos estudos das relações entre atividade física, nutrição e saúde, torna-se muito importante a caracterização adequada das variáveis, tanto preditoras (de atividade física e de nutrição) quanto às de desfecho (condições de saúde). A definição de conceitos de alimentação saudável, em quantidade e qualidade, de atividade física quanto ao tipo, freqüência e duração e os conceitos de saúde, como tempo e qualidade de vida, incidência de doenças, precisam ser bem explicitadas no método de estudo, o que nem sempre acontece. Por outro lado, a variável de desfecho é resultado de múltiplos fatores que atuam em conjunto, não podendo ser dissociados e até mesmo hierarquizados. Além disso, outros fatores, não diretamente vinculados à nutrição e à atividade física influem no nível de saúde dos indivíduos, como o estilo de vida, hábitos e comportamentos.

Estes fatos mostram a complexidade da demonstração da influência de fatores isolados nas condições de saúde.

O que é saúde? Existem vários conceitos, uns mais outros menos subjetivos. O famoso conceito da Organização Mundial de Saúde como “o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”,é muito subjetivo na medida em que o sentimento de bem-estar difere de um para outro indivíduo. Outros conceitos mais objetivos como capacidade de realizar atividades de trabalho e lazer, porém não contemplam toda a dimensão da saúde. Por outro lado, saúde não é uma variável dicotômica, como ter ou não ter. Mais existe uma graduação de níveis de saúde. Se é difícil conceituar saúde, mais difícil ainda é medir saúde. Geralmente os indicadores dessa mensuração são os negativos, como os de mortalidade geral e específica para alguns agravos, e os de morbidade, como incidência de doenças, e absenteísmo ao trabalho. Alguns positivos são esperança de vida e grau de autonomia.

Associam-se a essas dificuldades metodológicas, a duração dos estudos, pois as variáveis nutricionais e de atividade física levam algum tempo para manifestar seus efeitos na saúde dos indivíduos. Os estudos de longa duração trazem problemas práticos de abandono de sujeitos da pesquisa que, dependendo da sua dimensão e características, podem enviesar os resultados.

Para identificar fatores nutricionais e de atividade física que influenciam positiva e negativamente na saúde dos indivíduos, vários tipos de estudo epidemiológicos podem ser delineados. Classificam-se como estudos etiológicos ou de fatores de risco ou de proteção. Os estudos analíticos experimentais e os observacionais de coorte, do tipo caso-controle e transversais são os indicados para identificar procedimentos que se associam á melhoria ou piora das condições de saúde. Porém, nem sempre, por problemas éticos ou operacionais, os estudos experimentais podem ser os escolhidos. Por esta razão, os estudos observacionais são os mais freqüentes. Consistem na observação sistematizada da presença ou ausência de exposição a determinados fatores potencialmente benéficos ou maléficos à saúde dos indivíduos.

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O conhecido estudo de coorte de base populacional de doenças cardíacas de Framingham, Massachussets, USA, é um exemplo de identificação de fatores de risco e protetores para incidência de doenças do coração. Em várias publicações, incluem, entre outros, estudo de fatores nutricionais específicos e atividade física associados a doenças cardíacas.

Tanto em relação à leitura crítica de artigos científicos, quanto à execução de projetos de pesquisa para relacionar aspectos nutricionais e atividade física com a saúde dos indivíduos, o tipo de estudo, a caracterização explícita das variáveis estudadas e os cuidados para prevenir erros aleatórios e sistemáticos são fundamentais para credibilidade dos resultados e sua adoção pelos serviços de saúde.

- ACONSELHAMENTO EM ATIVIDADE FÍSICA, NUTRIÇÃO E SAÚDE – UMA VISÃO MULTIDISCIPLINAR

Luiz Guilherme Grossi Porto Professor de Educação Física, M.Sc, Ph.D. Professor colaborador do Laboratório Cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. Professor do Centro Universitário de Brasília -UniCEUB

O volume e a qualidade das evidências científicas atualmente disponíveis sobre as associações

positivas entre a prática regular de atividades físicas e alimentação saudável com diferentes indicadores de saúde nos possibilitam afirmar que todo profissional de saúde deve abordar essas questões em sua intervenção profissional, especialmente ao nível da atenção primária. Um bom exemplo deste contexto é a conclusão de estudo que avaliou a relação entre a capacidade física medida no teste de esforço com a mortalidade geral. Em razão da forte relação observada entre as categorias de maior capacidade física e uma maior longevidade, tanto em indivíduos sem doença cardiovascular quanto naqueles com teste de esforço positivo para isquemia miocárdica, os autores concluíram sugerindo que, em termos de redução da mortalidade por qualquer causa, aumentar a tolerância ao exercício requer ao menos a mesma atenção que aquela atribuída aos outros principais fatores de risco, pelo médico que trata pacientes de alto risco ou com doença cardiovascular (Myers et al, 2002).

Recentemente, constata-se que a relação entre atividade física e saúde é tema permanente e sempre atual na mídia leiga e científica. A despeito da ampla divulgação do assunto, a abordagem em equipe multidisciplinar, visando a promoção da saúde com base na prática da atividade física e da alimentação saudável, ainda é desafio em nosso país. Simultaneamente, algumas evidências científicas mais recentes têm mostrado que a adequada orientação multiprofissional pode favorecer a adoção de estilo de vida mais saudável por parte dos pacientes. Em estudo desenvolvido com clínicos gerais na Nova Zelândia, com intervenção baseada no aconselhamento médico durante a consulta, observou-se aumento no gasto energético total, no percentual de indivíduos que passaram a atingir a meta mínima de atividade física recomendada para a saúde e no aumento nos escores de alguns domínios da qualidade de vida, no grupo experimental comparativamente a grupo controle que seguiu a rotina habitual de atendimento (Elley, 2003).

O aconselhamento profissional em atividade física e alimentação saudável, entendido como método sistematizado de orientação ao paciente, adquire especial relevância nos dias atuais, em que existe verdadeira epidemia de obesidade e de sedentarismo no mundo. É importante considerar também o fato de que os índices de nível insuficiente de atividade física, de indivíduos que consomem dietas desbalanceadas, de obesidade e de outras condições clínicas associadas ao estilo de vida continuam, em muitos casos, a crescer ou estão estabilizados, mesmo frente à enorme difusão da informação. Consta-se, desta forma, que a informação por si só não muda comportamento. Na questão do combate ao sedentarismo, há que se admitir também a falha, ainda que parcial, de métodos tradicionalmente empregados, baseados em programas formais e supervisionados de exercícios. Apesar de eficientes em muitos casos, tendem a ser de curta duração e limitados no quantitativo de pessoas assistidas. Nesse sentido, novas estratégias são necessárias para enfrentar antigos, novos e crescentes problemas de saúde pública associados à falta de atividade física e à má alimentação em larga escala. A ênfase na educação em saúde e na inclusão desses temas como prioridade do atendimento primário e multiprofissional pode ser uma alternativa.

Estudos apontam que a assistência em saúde atual ainda não aborda esses temas na proporção em que as evidências científicas sugerem. Bobiak e colaboradores (2009) identificaram que, apesar da

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obesidade já ser um problema concreto em jovens, apenas 30% dos clínicos abordavam os temas de atividade física e nutrição no atendimento clínico entre adolescentes. Por outro lado, sabe-se que no contexto do atendimento clínico, especialmente na área pública, em razão do excesso de demanda, é fundamental pensar em alternativas de intervenção, pois no atendimento primário é difícil os profissionais terem tempo para o aconselhamento necessário. Apenas como exemplo, vale citar que estudo recente avaliou a eficácia de aconselhamento por telefone. Houve resultados positivos alguns desfechos importantes em pacientes diabéticos e hipertensos, como o aumento no tempo de atividade física semanal, a redução da ingestão de gorduras totais e de gordura saturada, o aumento no consumo de vegetais, frutas e fibras. (Eakin, 2009). Esses dados sugerem a importância do suporte social para a mudança do estilo de vida.

Nesse contexto, serão abordadas nesta palestra algumas evidências científicas da efetividade do aconselhamento em atividade física, alimentação e saúde, além de algumas limitações metodológicas e operacionais para esse tipo de intervenção. Serão ainda apresentadas algumas orientações quanto a procedimentos a serem adotados em intervenções de aconselhamento ou para a inclusão do aconselhamento na prática clínicas dos diferentes profissionais de saúde. Bobiak S; Flocke S; Stange K. Physical Activity and Diet Counseling Advice to Teens During a Clinician Encounter. J Adolescent Health 2009: 44(2) Supp, S17-S18 Eakin E; Reeves M; Lawler S; Graves N; Oldenburg B; Del Mar C; Wilke CK; Winkler E; Barnett A. Telephone Counseling for Physical Activity and Diet in Primary Care Patients. Am J Prev Med 2009;36(2):142–149 Elley CR, Kerse N, Arroll B. Effectiveness of counseling patients on physical activity in general practice: cluster randomized controlled trial. Br Med J 2003;326:1-6. Myers J, Prakash M, Froelicher V, Do D, Partington S, Atwood JE. Exercise capacity and mortality among men referred for exercise testing. N Engl J Med 2002;346:793-801

-AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA E INDICADORES DE EXCESSO DE TREINAMENTO Guilherme Molina Laboratório Cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília.

A aptidão física apresenta duas dimensões: uma relacionada ao desempenho esportivo e outra à saúde. Consoante com o aumento da expectativa de vida tem havido maior interesse sobre a última em relação ao desempenho esportivo, motivado pelo reconhecimento crescente do papel do exercício físico regular na promoção e manutenção da saúde. Neste sentido, diversos estudos epidemiológicos evidenciam menor morbimortalidade por doenças crônicas degenerativas em indivíduos fisicamente ativos. Neste contexto, a Organização Mundial de Saúde define saúde como: “estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de enfermidade ou invalidez”. Desta forma, a relação entre saúde e bem estar físico não está pautada apenas na avaliação de doenças mais também na capacidade de realizar atividade de trabalho físico.

Diversos estudos demonstram por meio de índices fisiológicos a relação negativa entre baixa capacidade cardiorrespiratória e mortalidade geral. Por outro lado, níveis de capacidade cardiorrespiratória compatíveis com a normalidade e/ou acima dos níveis de normalidade mesmo associados a fatores de risco à saúde ou doença pré-existente demonstram menor morbimortalidade comparativamente aos que apresentam o mesmo quadro clínico mais com baixa capacidade cardiorrespiratória. Desta forma, a quantificação dos componentes da aptidão física relacionados à saúde, aptidão cardiorrespiratória, aptidão neuromuscular e composição corporal por meio de testes e medidas, torna-se importante estratégia para o diagnóstico e prognóstico da aptidão física individual.

Dentre os diversos métodos de avaliação da aptidão física o teste cardiopulmonar é um exame de grande aplicação em diversas populações. Este possibilita determinar através de variáveis respiratórias, metabólicas e cardiovasculares por meio da hematose externa durante o esforço físico a expressão dos índices de avaliação funcional no qual são utilizados na prática para diagnóstico e prognóstico da saúde, bem como a determinação da “dose” ou intensidade da carga de trabalho ideal para a prescrição do exercício físico.

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Entretanto, persistem dúvidas quanto à relação dose resposta mais apropriada do exercício físico em termos de saúde. Neste contexto, a falta de orientação quanto à intensidade e volume de exercício além do excesso de exercício físico pode ser prejudicial à saúde.

Em geral, a redução da capacidade funcional associada ao excesso de exercício físico é conhecida como síndrome do overtraining no qual ocorre devido a um desequilíbrio entre estresse e recuperação, ou seja, é desencadeado por uma carga excessiva de estresse físico combinada com insuficiente regeneração. O défict homeostático decorrente da baixa regeneração desencadeia redução da capacidade funcional individual. A redução da funcionalidade pode ser quantificada através do teste cardiopulmonar com a redução de índices fisiológicos como: consumo de oxigênio obtido nos limiares ventilatórios e pico do esforço além do pulso de oxigênio.

Atualmente, as análises da função autonômica cardíaca, por meio da variabilidade da frequência cardíaca, vêem sendo cogitada como possível ferramenta para determinação do overtraining. O excesso de esforço físico, sabidamente, altera o balanço autonômico em grande parte reduzindo a variabilidade da frequência cardíaca.

Desta forma, os estudos vêem classificando a síndrome do overtraining em dois tipos. O tipo parassimpático, que é caracterizado pela predominância do tônus vagal ou por insuficiência adrenal, e a do tipo simpático, que mimetiza um estado hiperadrenérgico ou hiperfunção da tireóide. Os sintomas principais da síndrome do overtraining são cansaço e excitação (forma simpática) ou inibição e depressão (forma parassimpática). Em ambas as formas ocorrem diminuição da aptidão física.

Por fim, o diagnóstico do overtraining é de difícil execução, mas alguns fatores não podem deixar de ser observados como: queda da aptidão física e desequilíbrio psicológico, além destes podemos citar que os mediadores bioquímicos ou fisiológicos podem não ajudar no diagnóstico final do overtraining, mas são fundamentais para o controle do treinamento. É extremamente importante salientar que esta síndrome é de origem multifatorial e, portanto, deveria ser prevenida e tratada baseados num modelo multidisciplinar que envolve profissionais de educação física, nutricionistas, psicólogos do esporte, fisioterapeutas, médicos e outros. - ASPECTOS NUTRICIONAIS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA PARA A PRÁTICA DE

EXERCÍCIOS FÍSICOS Caroline Olimpio Romeiro de Meneses Nutricionista Clínica e Esportiva, Iate Clube de Brasília, DF

A prática de exercício físico requer um aporte nutricional adequado, tanto relacionado ao

fornecimento de macronutrientes quanto de micronutrientes, sendo que esses últimos apresentam um papel fundamental no equilíbrio corporal, e quando relacionado à pratica de exercícios contribuem para redução do estresse oxidativo aumentado pelo próprio exercício, principalmente o de alta intensidade (CLARKSON & THOMPSON, 2000; GOLDFARB,1999) .

A avaliação nutricional deve acontecer para que se façam orientações seguras quanto ao tipo de dieta a seguir de acordo com a atividade física pretendida. Essa conduta passa pela avaliação do estado nutricional, do gasto energético diário, do consumo de alimentos e do objetivo pretendido.

A avaliação do estado nutricional dos indivíduos é sem dúvida, o aspecto nutricional inicial a ser avaliado em qualquer situação. O aporte nutricional dependerá desse fator inicial, pois de acordo com o estado nutricional pode-se avaliar inicialmente se é necessário alteração de peso corporal ou ainda de composição corporal, caso o indivíduo apresente excesso de peso ou baixo peso.

O Gasto energético total (GET) deve ser avaliado para que se saiba o quanto o indivíduo gasta no repouso (Taxa metabólica basal – TMB), ou ainda o quanto se gasta com atividades rotineiras de baixa intensidade e por fim, o quanto o exercício praticado gera de gasto de energia extra. O Gasto energético diário é algo muito particular e difere de indivíduo para indivíduo e de atividade para atividade. É notório que a proporção que o indivíduo envelhece, tende a gastar cada vez menos energia, mas isto depende de vários fatores como: nível de atividade física diária do indivíduo, massa corporal, altura e idade.

Ao se realizar a avaliação do consumo energético diário conseguimos estimar qual a real necessidade do indivíduo em relação ao exercício, pois a conduta deve ser baseada no gasto e consumo de energia. Sabe-se que o consumo alimentar sofre influencia de inúmeros fatores na escolha

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qualitativa e quantitativa dos alimentos a serem ingeridos. Isto significa que os hábitos alimentares constituem o resultado das experiências apreendidas ao longo da vida; portanto, é possível, com algum esforço e técnicas eficazes de educação, reformular esses mesmos hábitos alimentares, no sentido de corrigir possíveis distúrbios nutricionais (ROGERS, 1998).

A anamnese alimentar criteriosa permite que se estabeleçam as estratégias para introdução das eventuais modificações dietéticas necessárias. Atletas ou simplesmente indivíduos praticantes de exercício físico não devem ser privados dos alimentos preferidos ou iniciar uma dieta incompatível com sua realidade (CARVALHO et al, 2003).

Quando se deseja a modificação da composição corporal à custa de redução de massa gorda, em geral, se propõe a redução da ingestão calórica com a escolha de alimentos de baixa densidade energética. Entretanto em atletas (profissionais ou amadores), a redução de 10 a 20% na ingestão calórica total já promove alteração na composição corporal, não induzindo à fome e fadiga, como ocorre em dietas de valor energético muito baixo (CARVALHO et al, 2003).

O efeito ergogênico da ingestão de carboidratos durante o exercício já foi consistentemente demonstrado, assim como já foi constatado que o exercício prolongado reduz acentuadamente o nível de glicogênio muscular, exigindo constante preocupação com sua reposição, porém o que se observa entre atletas, por exemplo, é um baixo consumo de carboidratos. A escolha dos alimentos fontes de carboidrato, assim como a preparação da refeição que antecede o exercício, deve respeitar as características gastrintestinais de cada indivíduo. Para otimizar a recuperação muscular recomenda-se que o consumo de carboidratos esteja entre 5 e 8g/ Kg de peso /dia (CARVALHO et al, 2003).

O metabolismo de proteína durante e após o exercício é afetado por alguns fatores, como o sexo, idade, intensidade, duração e tipo de exercício, além da ingestão energética e do aporte de carboidrato. A recomendação de ingestão diária (RDA) é de 0,8g/Kg de peso/dia e sua distribuição na dieta deve ser de 10 a 35% do total de calorias. Não há evidências de que o aumento no aporte protéico deve ser feito, e, portanto, as Diretrizes de recomendação de ingestão dietética (DRIs) não especificam se existe diferença na recomendação de indivíduos sedentários ou ativos (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION AND DIETITIANS OF CANADA, 2000), mas existem diretrizes nacionais que recomendam um aumento nesse fornecimento para atletas de endurance, em que as proteínas tem um papel auxiliar no fornecimento de energia para a atividade, calculando-se de 1,2 a 1,6 g/Kg de peso/dia. E para os atletas de força, aonde a proteína teria um papel importante no fornecimento de “matéria-prima” para a síntese de tecido, de 1,4 a 1,8 g/Kg de peso/dia (CARVALHO et al, 2003).

Um adulto necessita diariamente de cerca de 1g de gordura/Kg de peso corporal, o que equivale a 30% do VET. Atletas ou indivíduos ativos devem seguir essa mesma recomendação, pois além de fornecimento de energia é também veículo de vitaminas lipossolúveis.

Os micronutrientes apresentam importante papel na produção de energia, síntese de hemoglobina, manutenção da saúde óssea, função imunológica adequada, além da proteção do organismo contra os danos oxidativos. São elementos fundamentais para a síntese e reparação do tecido muscular durante a recuperação do exercício, ou ainda em caso de injúria. As vitaminas e minerais que apresentam grande importância devido à pratica de exercícios são, o Cálcio e vitamina D, vitaminas do complexo B, Ferro, Zinco, Magnésio, além de alguns antioxidantes como, vitamina C e E, b-carotenos e Selênio. Indivíduos com elevado risco de deficiência dessas substâncias são aqueles que apresentam uma dieta muito restritiva e/ ou pobre consumo de frutas e hortaliças, e com pequena variedade entre os grupos alimentares (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION AND DIETITIANS OF CANADA, 2000).

O estresse do exercício é acentuado pela desidratação, que aumenta a temperatura corporal, prejudica as respostas fisiológicas e o desempenho físico, produzindo riscos à saúde. A hidratação deve acontecer antes, durante e após o exercício, e para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem hidratado, recomenda-se a ingestão de 250 a 500ml de água duas horas antes do exercício. Durante o exercício, recomenda-se iniciar a ingestão nos primeiros 15 minutos, e manter a hidratação a cada 15-20 minutos. Após o exercício deve-se continuar ingerindo líquidos para compensar as perdas adicionais de água pela urina e sudorese (CARVALHO et al, 2003). CLARKSON, PM, THOMPSON, HS. Antioxidants: what role do they play in physical activity and health? Am J Clin Nutr 2000; 72:637-47.

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GOLDFARB, AH. Nutritional antioxidants as therapeutic and preventive modalities in exercise- -induced muscle damage. Can J Appl Physiol 1999; 24:249-66. ROGERS, PJ. Eating habits and appetite control: A psychobiological perspective. Proc Nutr Soc 1998; 58(1):59-67. CARVALHO, T et al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev Bras Med Esporte 2003;9:43- 56. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION AND DIETITIANS OF CANADA. Nutrition and Athletic Performance. Joint Position Statement. Med. Sci. Sports Exerc., v. 32, n. 12, p. 2130-2145, 2000. MESA REDONDA: PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NAS DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS - QUALIDADE DE VIDA: DEFINIÇÃO E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

Maritza Luz Barbosa Serviço de Diálise, Hospital Universitário de Brasília, UnB

1. Definições e teorias – Exposição da evolução da definição do processo saúde/doença ao longo do tempo; 1.1. Modelo primitivo; 1.2. Modelo grego; 1.3. Modelo cartesiano; 1.4. Modelo humanista; 2. Definição atual sobre saúde e suas implicações na psicologia; 3. O que então é considerado hoje qualidade de vida; 4. Últimas publicações sobre qualidade de vida com pacientes renais crônicos; 4.1. “Espiritualidade no paciente em diálise”; 4.2. “Predictors of quality of life among patients on dialysis in southern Brazil” 4.3. “Mudança do nível de qualidade de vida em portadores de insuficiência renal crônica terminal durante o seguimento de 12 meses” 4.4. “Qualidade de vida: comparação entre diálise peritoneal automatizada e hemodiálise” 4.5. “Qualidade de vida de pacientes em hemodiálise em um hospital público de Belém - Pará” 4.6. “Comparações de medidas de qualidade de vida entre mulheres e homens em hemodiálise” 5. Testes validados para avaliar qualidade de vida em pacientes renais crônicos; 5.1. SF 36; 5.2. KDQOL; 5.3. Escala Beck; 6. Bibliografia

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MESA REDONDA: ATENÇÃO MULTIDISCIPLINAR AO PACIENTE DO TRANSPLANTE - AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DO DOADOR E RECEPTOR

Marina Kohlsdorf Centro de Transplantes, Hospital Universitário de Brasília,UnB

O transplante apresenta-se atualmente como uma alternativa importante para pacientes que perderam funções relevantes ou necessitam do funcionamento eficiente de determinado órgão. O Centro de Transplantes do Hospital Universitário de Brasília – HUB/UnB realiza, atualmente, transplantes renais e de córnea, situações que exigem a atuação multidisciplinar na atenção à saúde. Este trabalho apresenta a atuação da Psicologia junto ao processo de avaliação e preparação de doadores e receptores em situação de transplante renal, estabelecida no Centro de Transplantes do Hospital Universitário de Brasília desde 2008.

De modo especial, o transplante renal demanda uma ação importante do psicólogo neste contexto, considerando que este procedimento proporciona ao paciente a retomada de atividades sociais, profissionais e pessoais geralmente prejudicadas após diagnóstico da insuficiência renal crônica. Entretanto, as exigências de cuidados após cirurgia, o processo de preparação dos pacientes para transplante e as questões éticas implicadas neste procedimento promovem um contexto potencialmente aversivo, que deve ser investigado e avaliado pelo psicólogo. O transplante renal intervivos pode ser caracterizado por dúvidas, dificuldades e expectativas, tanto para candidatos a receptor quanto candidatos a doador. Torna-se necessário então que a avaliação psicológica de pacientes em preparação para transplante renal seja baseada no modelo biopsicossocial de atenção à saúde, a partir de protocolos que incluam as dimensões fisiológicas, afetivo-emocionais e psicossociais tanto de potenciais doadores quanto de potenciais receptores. Elementos de ordem biológica, fatores afetivos e emocionais e aspectos de ordem social são destacados como essenciais em uma avaliação psicológica, pois têm influência direta na vivência, decisão, preparação e adaptação pós-cirúrgica a um transplante renal.

Um aspecto essencial a ser avaliado sob ponto de vista psicossocial refere-se às motivações para doação. Considerando os fatores ético-legais inerentes ao procedimento de transplantes renais intervivos, torna-se imprescindível garantir a autonomia do doador sobre sua escolha. A avaliação psicológica de candidatos a transplante renal tem como principal objetivo indicar possíveis contra-indicações ao transplante ou quaisquer elementos que possam suspender o procedimento, relacionados, por exemplo, à dinâmica afetiva disfuncional entre pacientes ou ainda à presença de coerção sobre a decisão do doador. Além disso, questões relacionadas à adesão ao tratamento após cirurgia e estratégias de enfrentamento frente à ansiedade devem ser acompanhadas ao longo da preparação ao transplante.

Desta forma, um protocolo de avaliação e acompanhamento psicológico deve atender aos seguintes elementos básicos: história de adoecimento e diagnóstico, história de diálise, adesão e adaptação ao tratamento, dúvidas e compreensão sobre procedimento cirúrgico e autocuidados após transplante, dúvidas sobre prejuízos à saúde em função do transplante e qualidade da comunicação com a equipe de atendimento. Ainda nesta esfera, são incluídos fatores relacionados ao uso atual ou anterior de substâncias psicoativas (álcool e drogas), história de transtornos psicopatológicos ou abuso de substância nos candidatos e familiares, discussão de riscos e benefícios advindos do transplante, história sobre a decisão de doação, autonomia, motivação do doador, coerções sociais ou ganhos secundários à doação.

Outros aspectos essenciais incluem: discussão de custos e benefícios do transplante para o doador e o receptor, expectativas, ansiedade, receio sobre a cirurgia e seqüelas do transplante a longo prazo, formas de enfrentamento frente à ansiedade, história familiar, eventos importantes e dinâmica afetiva entre receptor e doador e funcionamento conjugal dos candidatos ao transplante. Por fim, fatores sociais imprescindíveis na avaliação psicológica incluem qualidade e satisfação com o suporte sócio-familiar (emocional e operacional), abordagem a dúvidas e expectativas da família, composição sociodemográfica, valores sócio-culturais, práticas espiritualistas ou religiosas dos candidatos ao transplante, planejamento de atividades cotidianas e profissionais no período pós-cirúrgico e potencial impacto financeiro do transplante renal.

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- CUIDADOS PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DO TRANSPLANTADO RENAL Maria Goreth Cutrim Serviço de Enfermagem, Hospital Universitário de Brasília, UnB Introdução

Sabe-se que o momento que antecede uma cirurgia é carregado de diversos sentimentos como ansiedade, medo, entre outros. Dessa forma, faz-se necessário oferecer apoio emocional, preparo físico e orientações educativas. É imprescindível esta orientação até porque sua percepção está, muitas vezes, exarcebada tentando captar algo que possa estar interferindo ou que venha a interferir na sua operação. Para fornecer subsídio para pesquisas na área de enfermagem, esta orientação possibilita a adaptação do cliente à sua condição de saúde, minimizando suas ansiedades, expectativas, medo e até, dúvidas frente ao desconhecido, da cirurgia, da anestesia, de erros até mesmo da morte, ajudando-o a compreender o processo de internação.

A demanda de atividades burocráticas e administrativas em um centro cirúrgico é intensa, solicitando do enfermeiro tempo expressivo, daí a necessidade da interação com profissional enfermeiro do Centro de Transplantes, uma vez que seu primeiro contato é com este. Concorda–se com esse posicionamento, pois o paciente cirúrgico vivencia o estresse de tal forma, que muitas vezes não consegue exteriorizar seus medos, ansiedades, preocupações e incertezas, daí a importância da atuação do enfermeiro no sentido de perceber, inclusive na comunicação não verbal do paciente, essas manifestações presentes no período que antecede a cirurgia. De acordo com PENICHE (2000, p. 45), quando a adaptação do organismo for um sucesso, e os estímulos agressores desaparecerem, o organismo volta ao nível basal de funcionamento. Mas, quando esse estado se prolonga, surge a fase de resistência cujas alterações hormonais têm o objetivo de aumentar a capacidade adaptativa do organismo. Com base no estudo desenvolvido por PENICHE (2000), entende-se que o fator relacionado do diagnóstico de enfermagem de ansiedade se caracterizou pela necessidade do procedimento cirúrgico. Assim, o paciente cirúrgico enfrenta uma situação desconfortável pela proximidade da cirurgia, muitas vezes não tem conhecimento suficiente sobre o preparo, as rotinas, os cuidados pós-operatórios, gerando incertezas.

Vários autores afirmam que a visita pré-operatória de Enfermagem tem como algumas de suas principais finalidades: reduzir o nível de ansiedade do paciente, colaborar na recuperação da saúde e prestar assistência qualificada ao paciente que se submeterá a tratamento cirúrgico; e deve oferecer informações que contemplem o detalhamento das ações de Enfermagem desenvolvidas no pré, trans e pós-operatório (período perioperatório), sendo transmitida de forma individual ou em grupo, numa linguagem clara e objetiva, compatível com o nível de escolaridade e compreensão do paciente. No estudo de DELLOIAGONO et al. (1990a), realizado em um hospital-escola, foi constatado como sendo, na opinião dos enfermeiros participantes da amostra, da competência do enfermeiro da unidade de internação, a atividade de informar destinada aos pacientes pré-cirúrgicos, além de considerado o dia anterior à cirurgia como o melhor momento para esta informação. O Paciente Cirúrgico

O cliente cirúrgico é a pessoa que irá ser submetida a uma intervenção cirúrgica seja ela eletiva ou de urgência, para tratamento de uma enfermidade., ou seja, aquele cujo tratamento implica em ato cirúrgico, obviamente este tipo de tratamento representa uma agressão orgânico-psíquica,muito embora controlada. Em se tratando de tratamento sendo mais complexo em função da própria agressividade do tratamento sendo definido por dois períodos. Segundo GOLDENBERG; BEVILACQUA (1984), a cirurgia é o procedimento terapêutico para uma variedade de distúrbios fisiopatológicos que implicam ameaças reais, tais como, risco de vida, perda de órgãos ou parte dos mesmos, de lesões, prejuízos financeiros, postergação de projetos de vida, além do próprio desconforto decorrente da internação (separação da família, sofrimento, dor, insegurança e outros). Quando o paciente é informado, nota-se uma tranqüilidade e um bom relacionamento com o profissional que o recebe, nota-se uma tranqüilidade e um bom relacionamento com o profissional que o recebe, formando uma duplicidade com ele e tornando-o adepto ao tratamento. Para os enfermeiros, a interação verbal fornece segurança para o paciente: Os resultados apontam que, quando paciente foi adequadamente esclarecido sobre o procedimento cirúrgico a ser submetido, houve um aumento na satisfação de ambas as partes (paciente/profissional).

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Observou-se que, para os pacientes, a satisfação está bastante relacionada com as informações recebidas previamente ao ato cirúrgico.E nada melhor do que minimizar suas expectativas com método áudio visual, onde as informações são percebidas pelos dois principais sentidos; audição e visão.Os resultados apontam que, quando paciente é adequadamente esclarecido sobre o procedimento cirúrgico a ser submetido, houve um aumento na satisfação de ambas as partes (paciente/profissional). O medo é um sentimento destacado pelos pacientes, sendo que é relacionado, em alguns casos, ao instrumental e à anestesia; em outros à possibilidade de sentir dor, com histórias ouvidas de terceiros, e ainda, à própria situação ou à figura dos profissionais. O medo é um sentimento destacado pelos pacientes, sendo que é relacionado, em alguns casos, ao instrumental e à anestesia; em outros à possibilidade de sentir dor, com histórias ouvidas de terceiros, e ainda, à própria situação ou à figura dos profissionais. No diagnóstico de enfermagem Risco para Lesão por Posicionamento Perioperatório, os fatores relacionados foram: possíveis lesões devido ao posicionamento do paciente durante o procedimento cirúrgico; a perda das medidas protetoras habituais secundárias à anestesia, tempo cirúrgico superior a duas horas, além de lesões físicas presentes na pele do paciente. Segundo GOLDENBERG; BEVILACQUA (1984), a cirurgia é o procedimento terapêutico para uma variedade de distúrbios fisiopatológicos que implicam ameaças reais, tais como, risco de vida, perda de órgãos ou parte dos mesmos, de lesões, prejuízos financeiros, postergação de projetos de vida, além do próprio desconforto decorrente da internação (separação da família, sofrimento, dor, insegurança e outros).

Não obstante, entende RICKER (1997, p. 90) que, a posição do paciente durante a cirurgia é um cuidado importante a ser observado. Ao realizarmos esse procedimento muitas vezes, as posições não são convencionais podendo acarretar lesões. Posicionar o paciente é obter uma postura intermediária entre o possível e tolerável. Quando submetido à anestesia, o paciente perde a capacidade sensitiva de parte ou de todo o corpo, não conseguindo reagir à dor, a pressões, e há perda da capacidade de movimentação. Quando houver necessidade de uso de placa de bisturi elétrico, ela deverá deverá ser fixada em área limpa, seca, com poucos pêlos e o mais próximo possível do local a ser eletrocauterizado. Para MAGALHÃES (1997, p. 194), alguns locais são vulneráveis, como dedos, pernas e até ombros, pois há relatos de queimaduras dessas áreas. A cabeça e membros devem ficar em posição estável, principalmente quando ocorrer mudança de posicionamento durante o ato cirúrgico. Os membros superiores são passíveis de ficarem fora da mesa cirúrgica, sendo um risco para lesão do plexo braquial, da articulação do ombro ou queimadura de extremidades. Segundo MAGALHÃES (1997, p. 195), os calcâneos e músculos da panturrilha também são áreas vulneráveis à necrose por pressão, podendo causar o início de tromboembolismo. Daí a necessidade de proteção dos mesmos com atadura de algodão ou atadura de crepom, até para proteção da hipotermia.. Para MAGALHÃES (1997, p. 197), ao posicionar o paciente do decúbito dorsal para o ventral, deve-se evitar a rotação lateral do pescoço e da cabeça do indivíduo anestesiado, pois esse movimento pode causar estiramento dos ligamentos e músculos relaxados, lesões das articulações cervicais, ocorrendo dor e limitações funcionais no pós-operatório. Histórico do Transplante Renal

Em 1997 foi criada a chamada Lei dos Transplantes Lei nº9.434 de 4 de fevereiro de 1997, cujo objetivo era dispor sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante, e o Decreto n° 2.268 de 30 de junho de 1997 que a regulamentou, na tentativa de minimizar as distorções e até mesmo injustiças na destinação dos órgãos. No dia 30 de junho de 1997, através deste mesmo decreto, foi criado no âmbito do Ministério da Saúde o Sistema Nacional de Transplantes – SNT tendo como atribuição desenvolver o processo de captação e distribuição de tecidos, órgãos e partes retiradas do corpo humano para finalidades terapêuticas e transplantes. Em 1997 foi criada a chamada Lei dos Transplantes Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997), cujo objetivo era dispor sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante, e o Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997 que a regulamentou, na tentativa de minimizar as distorções e até mesmo injustiças na destinação dos órgãos. No dia 30 de junho de 1997, através deste mesmo decreto, foi criado no âmbito do Ministério da Saúde o Sistema Nacional de Transplantes – SNT tendo como atribuição desenvolver o processo de captação e distribuição de tecidos, órgãos e partes retiradas do corpo humano para finalidades terapêuticas e transplantes. Em se tratando de órgão sólido, o transplante de rim é o que oferece maior segurança de vida. Deste modo, são vários os fatores que influenciam a atenção e que se encontram agrupados em duas

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categorias: a dos fatores externos (próprios do meio ambiente) e a dos fatores internos (próprios do nosso organismo) . Deverá também apresentar motivação pessoal que o induza a tornar-se como doador sem nenhum tipo de ação coerciva da equipe multiprofissional ou dos membros da família. Candidatos a doadores e receptores são informados, orientados sobre os riscos e benefícios do transplante renal. Objetivo Geral

Analisar a percepção do paciente transplantada renal durante o pré e pós-operatório e a demanda de cuidados necessários no seu cotidiano. 2.1Objetivos específicos

O presente estudo tem como objetivo identificar a percepção do paciente que se submeterá a uma intervenção cirúrgica, acerca das orientações pré e pós-operatória oferecidas pela enfermagem. GOLDENBERG, S.; BEVILACQUA, R. G. Bases da cirurgia. 2ª. ed. São Paulo: EPU, 1984. DELLOIAGONO DE PAULA, A. A; CARVALHO, E. C. Pré e pós operatório em cirurgia geral e especializada. In: PIETREZ, F. A. B; PIONER, S. R. Org.). Porto Alegre: Artmed, 2000. PENICHE, A. C. G; CHAVES, E. C. Algumas considerações sobre o paciente cirúrgico e a ansiedade. Rev Latino-am. Enfermagem 2000 janeiro; 8(1): p 45. MAGALHÃES, M. A. C. Posicionamento do paciente. In: MANICA, J. T. (Org.). Anestesiologia: princípios e técnicas. 2. ed. Porto Alegre (RS): Artes Médicas, 1997, pp. 194-214. - ATENÇÃO NUTRICIONAL AO PACIENTE SUBMETIDO A TRANSPLANTE DE

CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS (TCTH) CONSENSO NACIONAL DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA / INCA,2009 Nádia Gruezo Nutricionista ICOD, DF

O transplante de células-tronco Hematopoéticas (TCTH), consiste na substituição de uma medula

óssea doente, ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável. O transplante pode ser autogênico, quando a medula vem do próprio paciente, transplante alogênico a medula vem de um doador, transplante a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue circulante de um doador ou do sangue de cordão umbilical. É um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como leucemia e linfoma (INCA, 2010).

Depois de se submeter a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula, o paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sangüínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem. Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, limpeza e esforços físicos são necessários. Por um período de duas a três semanas, o paciente necessitará ser mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre muito comuns. Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, sendo necessário em alguns casos o comparecimento diário ao Hospital-dia (INCA, 2010).

A terapia nutricional (TN) no TCTH tem como objetivo manter ou melhorar o estado nutricional, fornecer substrato de forma adequada para recuperação hematopoética e do sistema imune, além de minimizar as consequências do regime de condicionamento (ANDERS et al., 2000). Deverá ser indicada de forma individualizada, utilizando como critérios pacientes que estejam sob risco nutricional e/ou desnutridos (AKER; LESSEN, 1995; ALBERTINI; RUIZ, 2001; MUSCARATOLI et al., 2002).

Quando indicada, a TN deve ser iniciada imediatamente após diagnóstico de risco nutricional ou desnutrição, tanto para pacientes ambulatoriais quanto internados, pois a TN precoce melhora não só a resposta aos tratamentos antitumor como também a qualidade de vida (MUSCARATOLI et al., 2002).

A avaliação nutricional (AN) em pacientes candidatos ao TCTH compreende primeiramente a detecção de carências eventuais, suscetíveis de serem rapidamente corrigidas, pois indivíduos com

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estado nutricional comprometido apresentam maiores riscos de infecção, falha na pega do enxerto e consequente queda na sobrevida (SCHLOERB; AMARE, 1993; MUSCARATOLI, 2002; JUSTINO; WAITZBERG, 2006).

Um exame clínico e um interrogatório simples, assim como avaliação antropométrica, devem ser utilizados para avaliar e detectar este tipo de população, nas diferentes etapas do TCTH (CHENEY et al.,1987). O objetivo desses procedimentos é detectar possíveis carências nutricionais, possibilitando a intervenção precoce. E os indicadores de risco nutricional, como história de perda de peso, sintomas do trato gastrointestinal (TGI), percentual de ingestão alimentar e tipo de transplante, são de grande valia para identificar os pacientes sobre agravo nutricional (AKER, 1995; MUSCARATOLI, 2002).

Durante o período de internação, devido ao estado de hiper-hidratação e desequilíbrio de fluidos e eletrólitos, não é recomendada avaliação antropométrica como rotina, devendo esta ser realizada somente no período de pré-condicionamento (SCHLOERB; AMARE, 1993).

Durante o TCTH ocorrem duas situações distintas e simultâneas: a diminuição da ingestão oral de alimentos e o aumento das necessidades metabólicas, que irão interferir no estado nutricional do paciente. A manutenção de um bom estado nutricional é de extrema importância em todo o processo do TCTH. Para que tal fato ocorra, é necessária uma oferta adequada de nutrientes (ANDERS et al., 2000).

Embora o gasto de energia possa ser diferente entre um transplante autólogo e um transplante alogênico, é consenso que os requerimentos energéticos podem variar, chegando até 150% do gasto energético basal (MUSCARATOLI et al., 2002).

Na maioria dos centros de TCTH, os protocolos de recomendação energética são similares. Szeluga et al. (1995) demonstraram que, para manter um balanço nitrogenado em zero, foram necessárias de 30 a 50 kcal/kg de peso por dia para adolescentes e adultos. Segundo critérios do Fred Hutchinson Cancer Research Center, centro de referência mundial em TCTH, no período de pós-transplante imediato (30-50dias), as necessidades energéticas refletem o aumento do requerimento devido ao condicionamento, febre, infecções, doença enxerto contra hospedeiro aguda (DECH) e outras complicações metabólicas (FRED HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, 1985). Com relação às necessidades proteicas, são estimadas a fim de prover substrato para o reparo de tecido após a terapia de citorredução e poupar perda de massa magra (WEISDORF et al., 1987; FRED HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, 1985; MUSCARATOLI et al., 2002). AKER, S.N.; LENSSEN, P. Nutritional support of patients with hematologic malignancies. In: HOFFMANN, R.; BENZ, E. J.; SHATTIL, S.J. et al. Hematology: basic principles and practice. 2. ed. New York: Churchill Livingstone, 1995. p. 413-1482. ALBERTINI, S. M.; RUIZ, M.A. O papel da glutamina na terapia nutricional do transplante de medula óssea, Rev Bras. Hematol. Hemoter, (São José do Rio Preto), vol. 23, p. 41-47, jan/abr 2001. ANDERS, J. C.; SOLER, V. M.; BRANDÃO, E. M. et al. Aspectos de enfermagem, nutrição, fisioterapia e serviço social no transplante de medula óssea. Medicina, (Ribeirão Preto), vol. 33, p. 463-85, out/dez. 2000. CONSENSO NACIONAL DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA. / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de Janeiro: INCA, 2009. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Transplante de Medula óssea. Rio de Janeiro: INCA;2010. Disponível em URL: http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=125 CHENEY, C. L.; ABSON, K. G.; AKER, S.N. et al. Body composition changes in marrow transplant recipients receiving total parenteral nutrition. Cancer, vol. 59, p. 1515-19, 1987. FRED HUTCHINSON CANCER RESEARCH CENTER, BMT/PBSCT. Nutrition Care Criteria, Seatle, Washington, 1985 JUSTINO, S.R.; WAITZBERG, L.D. Terapia nutricional no TCTH. In: WAITZBERG L.D. Dieta, nutrição e câncer. 2. ed. rev. São Paulo: Atheneu, 2006. Cap. 67, p. 608-17. MUSCARATOLI, M.; GRIECO, G.; CAPRIA, S. et al. Nutritional and metabolic support in patients undergoing bone marrow transplantation. American Journal of Clinical Nutrition, vol. 75, p. 183-90, 2002. SCHLOERB, P.R.; AMARE, M. Total parenteral nutrition with glutamine in bone marrow transplantation and other clinical applications. Journal Parenteral and Enteral Nutrition, vol. 17, p. 407-13, 1993.

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WEISDORF, S.A.; LYSNE, J.; WIND, D. et al. Positive effect of prophylatic total nutrition parenteral nutrition on long-term outcome of bone marrow transplantation. Transplantation, vol. 43, p.833-38, 1987. MESA REDONDA: GRUPO DE ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR AO IDOSO – UM MODELO DE PROMOÇÃO DE SAÚDE - PORQUE O ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR NO IDOSO?

Einstein Francisco Camargos Serviço de Geriatria, Centro de Medicina do Idoso, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Não é novidade o acelerado envelhecimento da população brasileira nos últimos anos, como

também as estimativas quase sempre sobrepujadas pela espantosa realidade a qual o país atravessa. Dr. Fries, em artigo publicado há 25 anos no New England Journal of Medicine, chamava a atenção para o processo de envelhecimento, morte natural e compressão da morbidade. Denota-se importante preocupação com as doenças crônicas que acometem os idosos e, principalmente, o tempo de vida com essas doenças. Há meio século, doenças crônicas se manifestavam e o indivíduo, após alguns poucos anos de doença, acabava por falecer em decorrência dessa doença. No entanto, com as diversas possibilidades de tratamento hoje disponíveis, passa-se mais tempo com a doença e com suas complicações até o evento final. Morre-se menos de doenças agudas (doenças circulatórias e infecções, por exemplo) e vive-se mais.

Obviamente, com o aumento do número de doenças, complicações e da idade, faz-se necessária uma abordagem sistêmica do indivíduo, deixando em segundo plano (inicialmente) a abordagem de especialistas. Exemplo interessante foi citado em artigo de Boyde e colaboradores, intitulado “Clinical Practice Guidelines and Quality of Care for Older Patients With Multiple Comorbid Diseases”. Eles trazem como exemplo uma idosa de 79 anos que procura um clínico com: osteoporose, osteoartrite, diabetes Mellitus II, DPOC e hipertensão arterial. Todas doenças muito frequentes em idosos. Se fossem seguir todos os guidelines propostos sobre tratamento dessas comorbidades, essa senhora estaria tomando cerca de 20 medicamentos por dia, além de outras recomendações, como proteção para os joelhos, exercícios físicos (fortalecimento muscular, aeróbico, etc.), ajustes na dieta, prevenção de quedas (fisioterapia), uso de vacinas (gripe e pneumocócica), medidas constantes de pressão arterial, exames frequentes de laboratório (glicemia, colesterol, etc.), reabilitação pulmonar, e outros. É justamente nessa abordagem ampla, difícil e por vezes infactível que outros profissionais colaboram substancialmente. Falarei a seguir de características da equipe e do atendimento multidisciplinar necessários no atendimento do idoso. Capacidade técnica da equipe multidisciplinar

Os princípios lógicos que norteiam a técnica nesse caso geralmente são diferentes daqueles aprendidos na faculdade. O que é peculiar no idoso não é só a fisiologia relacionada ao envelhecimento, mas também aspectos sociais, econômicos, psicológicos, etc. Aprofundar os conhecimentos com estágios ou cursos de especialização é importante. Não basta querer “atender velhinhos”. É preciso saber atendê-los. Recentemente fizemos um curso de capacitação ao atendimento da pessoa idosa para médicos e outros profissionais da Secretaria Estadual de Saúde do DF. Uma médica reconhecidamente competente na sua área (especialista), ao final do curso confidenciou-me que sua visão a cerca do idoso mudou substancialmente após as aulas e que sua percepção do tratamento estava certamente equivocada antes. Isso só vem reforçar essa importância. Geralmente não aprendemos isso na faculdade. Integração interdisciplinar

Por natureza, o termo multidisciplinar já abarca a lógica da integração. Apesar do trabalho em saúde ser realizado em sua maioria individualmente, as discussões, observações, aprendizados mútuos e principalmente o respeito devem ser estabelecidos. É perfeitamente razoável uma linha de intersecção entre os profissionais. Exemplo disso é a fundamental intervenção farmacêutica no tratamento e orientação do idoso polimedicado, como também abordagens fisioterapêuticas na fragilidade e instabilidade postural. Cito as mais comuns, mas temos outros profissionais que

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contribuem a contento nesse processo, como educadores físicos, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais e dentistas. Impacto da equipe multidisciplinar

Quando se fala em contratação de profissionais não-médicos para o sistema de saúde ouvimos com freqüência escusas dos dirigentes, baseadas em idéias antigas e em desconhecimento demasiado do conceito de saúde.

Hoje, um tratamento com drogas para demência de Alzheimer gira em torno de 500 reais mensais (considerando apenas essa doença). Não há ganho substancial com as medicações, mas apenas estabilização da doença e redução na velocidade de perda. Por outro lado, intervenções pontuais de fisioterapia, fonoaudiologia e estimulação neurocognitiva com o paciente e abordagens ocupacionais e psicológicas com os familiares são no mínimo tão eficazes nessa doença quanto o tratamento medicamentoso.

Assim, é muito bem recebido por nós médicos esse trabalho multidisciplinar, ou interdisciplinar para alguns. Poucos de nós aprenderam na faculdade essa modalidade de trabalho. Poucos de nós estão aptos a lidar com essa circunstância e, substancialmente poucos de nós estão abertos a essa experiência. A história natural ditará a necessidade. - O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE MEDICINA DO IDOSO

Luciana Maria Santos Cesário Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

A profissão de assistente social é regulamentada pela Lei 8.662, de 07 de junho de 1993. O projeto

profissional do serviço social está fundamentado no Código de Ética do Assistente Social (aprovado em 13 de março de 1993), que normatiza o exercício profissional entre assistentes sociais, instituições e população, preservando-se os direitos e deveres profissionais, a qualidade dos serviços e a responsabilidade diante do usuário.

A atuação do assistente social na saúde deve nortear na direção dos Projetos da Reforma Sanitária e Ético-Político Profissional. O serviço social na área de saúde exerce ações em sintonia e articulado com o Sistema Único de Saúde(SUS) e Sistema Único de Assistência Social(SUAS), atuando em equipe e tendo em vista a interdisciplinariedade da atenção em saúde.

Um dos eixos do exercício profissional do assistente social na saúde é o atendimento direto ao usuário, desde a atenção básica até os serviços de média e alta complexidade.

Uma demanda crescente posta ao serviço social, é o atendimento à pessoa idosa. A população brasileira está envelhecendo, o que representa um desafio no campo da saúde, dadas

as propostas de envelhecimento saudável – físico, emocional e social. O assistente social enquanto membro de uma equipe interdisciplinar de instituição de saúde atua

nas relações interpessoais do paciente, equipe profissional e família. A Constituição Federal de 1988 é um marco importante para a área da assistência social, alçada à

condição de política pública, especificamente para os idosos em seu artigo 230: “ A família, a sociedade e o Estado, têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade defendendo sua dignidade e bem-estar e garantido-lhe o direito à vida.”

A Lei Orgânica da Assistência Social, sancionada em dezembro de 1993, em seu artigo 2º define como sendo um dos objetivos da assistência social “a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice.” No artigo 20º dessa mesma lei é assegurado o benefício de prestação continuada, que é “a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso com 65 anos ou mais e que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.” A renda per capta familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo.

A Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994, tem por objetivo garantir a participação do idoso na sociedade, os seus direitos sociais, a sua cidadania. Na área da saúde (artigo 10º), um dos itens garante ao idoso “assistência à saúde em todos os níveis do SUS e em Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia com equipe de interprofissionais.”

O Estatuto do Idoso, Lei 10.741/03, afirma os direitos da pessoa idosa, medidas de proteção, políticas de atendimento, acesso à justiça e define como crimes as condutas que os desrespeitam.

Centro de Medicina do Idoso – C.M.I.

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O assistente social tem como objetivo propiciar atendimento à pessoa idosa,ao familiar e ao cuidador, viabilizando ao paciente o acompanhamento diário em sua rede de proteção, proporcionando sucesso no tratamento de saúde bem como, reconhecendo a importância do acompanhamento familiar na rotina do idoso e garantido a qualidade do atendimento no C.M.I.

Conforme dispõe o Art. 4º III da Lei 8.842/1994: “priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência.”

O atendimento é realizado no ambulatório do C.M.I – dividido em geriatria geral e ambulatório para pacientes portadores de algum tipo de demência e nas enfermarias, geralmente na clínica médica. “ Ao idoso internado é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico”, conforme previsto no art. 16 da Lei 10.741/2003, “caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-lo por escrito.” Os pacientes são procedentes de várias clínicas do Hospital Universitário de Brasília-H.U.B., centros de saúde , outros hospitais e de Instituições de Longa Permanência para Idosos.

Também é realizado atendimento domiciliar, em conformidade com o Estatuto do Idoso- Art.15 IV:”atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural.”

Na prática ambulatorial é realizado o acolhimento ao paciente e ao familiar por meio de uma entrevista para avaliação social e seus desdobramentos.

No C.M.I. o assistente social também participa de atendimento multidisciplinar em grupo, de atenção ao familiar e cuidador do paciente idoso. É válido ressaltar que neste momento o profissional deve buscar a compreensão da funcionalidade familiar e informar aos seus membros sobre situações que possam configurar como negligência e orientá-los quanto aos direitos garantidos pelo Estado. Esta atividade com a família é uma fonte rica em informações e propicia uma maior interação entre os envolvidos nos cuidados ao idoso.

Na visita domiciliar o serviço social atua junto à equipe com o objetivo de avaliar as condições de saúde e cuidados dispensados ao idoso que possam interferir no seu bem estar físico, emocional e social. No momento da visita deve-se identificar laços afetivos de cuidados e/ou situações de negligências que o núcleo familiar pode submeter à pessoa idosa doente. E a partir daí, proceder com ações pertinentes. É possível estabelecer, junto à família e ao cuidador, um suporte mais adequado à assistência da pessoa idosa , informando e negociando as melhores opções desse cuidado necessário ao paciente.

Os pacientes, que necessitam da visita domiciliar, são identificados por solicitação da própria família, cuidador e da equipe médica.

Um dos pontos relevantes do atendimento domiciliar é fortalecer o suporte familiar, orientando a família a tomar as providências necessárias a uma melhor qualidade de vida ao idoso e da sua própria família. Este atendimento deve ter como base, toda a rede de atenção à saúde: Programa de Saúde da Família, Centros de Saúde, garantia da concessão de medicação sem interrupções, e como retaguarda o atendimento hospitalar.

A função do profissional de serviço social no C.M.I. é permeada por constantes desafios e possibilidades de garantir ao paciente idoso e sua família o acesso à promoção da saúde e a viabilização da garantia de direitos fundamentais inerentes a esta parcela crescente da população.

BRASIL. Código de Ética do Assistente Social. Lei 8.662/93 de Regulamentação da Profissão. Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 1997.

BRASIL, Ministério da Saúde. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, 2006. Séries normas e manuais técnicos. Cadernos de Atenção Básica nº 19.

BRASIL. Constituição de 1988. BRASIL. Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. Estatuto do Idoso. BRASIL. Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Lei Orgânica da Assistência Social. BRASIL. Lei 8.842 de 04 de janeiro de 1994. Política Nacional do Idoso.

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CARNEIRO, Terezinha Feres(Org.). Casal e família: permanências e rupturas. In: Cuidados com idosos com demência. Rio de Janeiro: Casa do Psicólogo,2009.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Parâmetros para atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde. Série Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais, nº 1, Brasília: CFESS, 2009. MESA REDONDA: ASPECTOS NUTRICIONAIS NA PEDIATRIA - METABOLISMO ÓSTEO-MINERAL EM PEDIATRIA

Luiz Cláudio Gonçalves de Castro Área da Medicina da Criança e do Adolescente - Universidade de Brasília

O crescimento e a aquisição de massa óssea são características intrínsecas do feto, da criança e do

adolescente. O conhecimento dos mecanismos fisiológicos e fisiopatológicos que podem afetar estes processos é fundamental não só à atividade dos pediatras, mas aos clínicos que lidam com adultos portadores de doenças ósteo-metabólicas, pois distúrbios presentes em fases mais avançadas da vida podem ter sua gênese na infância.

O tecido ósseo é uma estrutura altamente dinâmica ao longo de todas as etapas da vida do indi-víduo, com funções essenciais à manutenção da homeostase do organismo. A função mecânica do es-queleto relaciona-se à sustentação do indivíduo e à proteção dos órgãos, enquanto a função metabólica responde por uma série de reações bioquímicas, pelo equilíbrio eletrolítico, sobretudo dos íons cálcio, fósforo e magnésio, assim como pelo equilíbrio ácido-básico, pois o osso também atua como sistema tampão.

O osso está em constante processo de modelação e remodelação. Na faixa etária pediátrica, a formação óssea é mais intensa que a reabsorção, de forma a promover o crescimento do indivíduo. A remodelação (reabsorção do osso pelos osteoclastos seguida de formação coordenada pelos osteoblastos) é fundamental à competência biomecânica dos ossos, ao reparo das microfraturas e à manutenção do equilíbrio metabólico.

O delicado e complexo metabolismo ósteo-mineral decorre de uma interação contínua entre fatores genéticos e ambientais, que determinam e regulam a atividade dos vários componentes desse intricado eixo metabólico, envolvendo hormônios (PTH, calcitriol, GH, IGF-1, estrógenos, T4, T3, glicocorticóides, entre outros), citocinas/fatores locais (IL-6, TNF, TGF-β, M-CSF, RANK-L, osteoprotegerina), receptores e as células efetoras do tecido ósseo: osteoblastos e osteoclastos. Ao mesmo tempo, o tecido ósseo não atua sozinho, mas interage harmoniosamente com outros tecidos, principalmente intestino e rins, na regulação da absorção, excreção e reabsorção tubular do cálcio, fósforo e magnésio.

A quantidade de tecido ósseo no esqueleto é chamada massa óssea e sua aquisição também reflete uma interação genética/ambiente, não se sabendo precisar o peso de cada fator. Durante a infância e adolescência, o organismo “investe” na construção de um “banco” de massa óssea, cujo pico (quantidade máxima de massa óssea acumulada) é atingido no final da segunda década ou início da terceira década de vida. Após este período, o adulto jovem mantém sua massa óssea estável por vários anos e por volta da quarta/quinta década esta começa a diminuir, uma vez que a reabsorção passa a exceder a formação óssea.

Uma alimentação balanceada, com quantidades adequadas de cálcio (de acordo com as necessidades de cada faixa etária), e a prática regular de atividades físicas (principalmente exercícios contra a gravidade, como pular, correr, jogar bola) são variáveis importantes para uma boa aquisição de massa óssea. e minimizar sua perda nas fases mais avançadas.

Os cuidados com a qualidade óssea de uma criança devem começar durante a gestação. Uma série de alterações metabólicas ocorre na gestante para assegurar um aporte adequado de cálcio ao feto, fase em que há intensa e rápida mineralização do esqueleto. O feto se desenvolve em um ambiente hipercalcêmico, sendo necessária a integridade de um sistema hormônio-mediado na unidade feto-placentária (regulado pelo PTHrP), que permite o transporte ativo de cálcio da mãe para o feto contra um gradiente de concentração (através da Ca2+-ATPase), e de modificações adaptativas no organismo

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materno para assegurar a fonte de cálcio (principalmente pelo aumento da absorção intestinal de cálcio promovido pela maior síntese de calcitriol, prolactina e lactogênio placentário). De modo semelhante, o fosfato e o magnésio também seguem este padrão de transporte ativo, cujos mecanismos ainda não foram bem esclarecidos.

Durante a infância e adolescência esse delicado equilíbrio ósteo-mineral direciona a formação e modelação óssea para promover o crescimento da criança, através de alterações nas dimensões, geometria, densidade e resistência dos ossos. Já o processo de remodelação óssea está presente em todas as faixas etárias e consiste na substituição do osso previamente formado por tecido novo, sendo responsável não só pelo reparo das microfraturas e pela manutenção da qualidade e resistência do osso, mas também pela integridade de processos metabólicos sistêmicos.

O osso está em constante processo de formação e reabsorção, coordenado pelos osteoblastos e osteoclastos, os quais apresentam origens e mecanismos regulatórios diferentes, mas que também comunicam-se e se auto-regulam por meio de citocinas e fatores locais. Os osteoblastos diferenciam-se a partir das células mesenquimais e são os responsáveis pela síntese da matriz osteóide, sua mineralização e pela produção de outros fatores reguladores envolvidos na regulação do fosfato e do calcitriol. Os osteoclastos derivam das células hematopoiéticas e coordenam a reabsorção óssea, processo fundamental à manutenção da qualidade óssea e ao controle mineral de cálcio.

Para que a criança e o adolescente possam cumprir seu potencial de crescimento, construir uma boa massa óssea e manter a homeostase mineral, é fundamental que os vários hormônios, fatores de crescimento, citocinas, receptores e tecidos envolvidos neste sistema metabólico estejam preservados.

Qualquer alteração nestes elementos pode representar a base fisiopatológica das várias doenças ósteo-metabólicas, com comprometimento da síntese da matriz orgânica, sua mineralização, dos pro-cessos de formação e reabsorção óssea, da qualidade óssea e/ou da homeostase mineral (gerando dis-túrbios do cálcio, fosfato e magnésio).

As doenças ósteo-metabólicas que atingem a faixa pediátrica podem ser classificadas de acordo com a lesão metabólica de base: a- Distúrbios da Mineralização Óssea: -raquitismos: nutricionais, hipofosfatêmicos, dependente de Vitamina D -osteomalácia b- Distúrbios da síntese quantitativa ou qualitativa de colágeno tipo 1: -osteogênese imperfeita c- Distúrbios do receptor-sensor de cálcio -hipercalcemia hipocalciúrica familiar d- Distúrbios do equilíbrio da atividade osteoblástica/osteoclástica e/ou da microarquitetura óssea: -osteoporose juvenil idiopática -deficiência de GH -insuficiência renal crônica / osteodistrofia renal -Síndrome de Fanconi -Hipo/hiperparatireoidismo -Picnodisostose -Osteopetrose -Hipercortisolismo -Doença de Paget Juvenil (hiperfosfatasia crônica familiar) e- Doenças primárias de outros órgãos ou tecidos: hipogonadismo, hipertireoidismo, diabetes mellitus tipo 1, artrite reumatóide juvenil, lupus sistêmico, doença celíaca, doenças inflamatórias intestinais, fibrose cística f- secundárias ao uso crônico de medicamentos que interferem nas várias etapas do eixo ósteo-metabólico: glicorticóides, imunossupressores, anticonvulsivantes

A osteoporose é uma doença ósteo-metabólica sistêmica, caracterizada por diminuição da massa óssea e deterioração de sua microarquitetura, com conseqüente diminuição da resistência do osso e maior suscetibilidade a fraturas. Esse processo não afeta apenas adultos. Crianças e adolescentes também podem ser acometidos. Entretanto, o termo osteoporose é utilizado para indivíduos adultos, que já atingiram o pico de massa óssea. Em pediatria, segundo as orientações da Sociedade Inter-nacional de Densitometria Clínica, não seria adequado empregar as terminologias osteoporose e oste-openia, pois crianças e adolescentes ainda não atingiram o pico de massa óssea, recomendando-se, então, a expressão baixa massa óssea.

O método de escolha para se quantificar a massa óssea em pediatria é a absorciometria com dupla emissão de raios-X (DEXA), a qual apresenta baixa exposição à radiação, é rápida e segura. A DEXA avalia o conteúdo mineral ósseo (CMO, em gramas) e a densidade mineral óssea (DMO, em g/cm2,

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densidade areal). Os sítios de avaliação da DMO em pacientes pediátricos são a coluna lombar (L1-L4) e o corpo total.

Para a realização de densitometria óssea em crianças e adolescentes é imprescindível que o apa-relho esteja vinculado a um banco de dados específicos destas faixas etárias. Os programas disponíveis permitem realizar a DEXA a partir dos 5 anos de idade. Não se pode analisar o resultado da densitometria de uma criança com um banco de dados de adultos.

Como durante o crescimento há alterações na geometria e no tamanho do osso, a interpretação da densitometria óssea deve ser bastante criteriosa, sendo importante considerar o estadiamento puberal e a idade óssea do indivíduo.

Bioquimicamente, a remodelação óssea pode ser avaliada pela dosagem de marcadores de formação e de reabsorção, que são enzimas, proteínas não-enzimáticas ou seus fragmentos envolvidos neste processo: -marcadores de formação óssea: fosfatase alcalina (fosfatase alcalina óssea), osteocalcina e fragmentos carboxi-terminal e amino-terminal do pró-colágeno tipo I -marcadores de reabsorção óssea: piridinolina, deoxipiridinolina, produtos da degradação do colágeno (N-telopeptídeo e C-telopeptídeo), fosfatase ácida tartrato-resistente.

Deve-se ter muito cuidado ao interpretar a dosagens destes elementos na faixa etária pediátrica. O pediatra deve estar atento e pronto para prevenir problemas que comprometam a qualidade da

massa óssea da criança e do adolescente. Deve-se estimular: atividade física regular; exposição adequada ao sol (para assegurar a síntese de

Vitamina D, mas evitar horários de sol forte); uma alimentação balanceada, suprindo as necessidades diárias de cálcio (de acordo com a faixa etária; Tabelas 1 e 2) e de proteínas (importantes na formação do tecido ósseo) e sem excessos de sódio (que aumenta a excreção renal de cálcio); evitar tabagismo, etilismo e uso abusivo de bebidas carbonatadas.

Tabela 1: Necessidades Diárias de Cálcio Tabela 2: Quantidades aproximadas de Cálcio

ao longo da vida de um indivíduo presentes nas principais fontes alimentares

Gestantes e nutrizes devem ter bastante cautela com sua alimentação, uma vez que o feto e o

lactente requerem maior quantidade de cálcio devido à rápida mineralização do esqueleto nestas fases. Alguns estudos populacionais mostram que cerca de 75% dos indivíduos (incluindo todas as faixas

etárias) não cumprem as necessidades diárias de cálcio.

Idade Necessidade de Cálcio

0 a 6 meses 210 mg (leite materno exclusivo)

7 a 12 meses 280 mg 1 a 3 anos 500 mg 4 a 8 anos 800 mg 9 a 18 anos 1300 mg Adultos: 19– 50 anos > 51 anos

1000 mg 1200 mg

Gestantes e Nutrizes

1200 mg

Obs.: recomendações da Academia Nacional de Ciências – EUA

Alimento Medida Quantidade de Cálcio

Leite de vaca integral 1 copo (300ml) 345 mg Leite de vaca desnatado

1 copo (300ml) 360 mg

Leite de cabra (obs.: pobre em ácido fólico)

1 copo (300ml) 550 mg

Queijo Minas fresco 1 fatia fina (15g) 105 mg Queijo Prato 1 fatia fina (15g) 126 mg Iogurte natural integral

1 pote (180 mg) 280 mg

Sardinha em conserva (com espinha)

100 g 375 mg

Brócolis cru Cozido

50 g 206 mg 65 mg

Couve crua Folha de abóbora crua

50 g 50 g

102 mg 238 mg

Castanha do Pará Amendoas

50 g 50 g

99 mg 127 mg

Obs.: o cálcio presente nos alimentos vegetais apresenta baixa biodisponibilidade

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-Conclusões: Os cuidados com a qualidade da massa óssea da criança devem começar durante a gestação. Uma

série de alterações metabólicas ocorre na gestante e na nutriz para assegurar um aporte adequado de cálcio ao feto e ao lactente, fases em que há intensa e rápida mineralização do esqueleto.

A prevenção de distúrbios ósteo-metabólicos é mais eficaz e preferível ao tratamento. Em algumas situações, a osteoporose pode ser analisada como uma doença pediátrica com

repercussões geriátricas, conseqüente a um baixo pico de massa óssea atingido. É fundamental que o pediatra reconheça e intervenha nas situações que comprometam a aquisição

de massa óssea. Na consulta pediátrica, a anamnese também deve abordar este aspecto, procedendo-se com orientações precisas para a promoção da qualidade do “banco de massa óssea” que o indivíduo está construindo. Só assim pode-se instituir medidas preventivas ou terapêuticas em tempo hábil, evitando-se o comprometimento do desenvolvimento global da criança e do adolescente. 1- Baim S, Leonard MB, Bianchi ML et al. Official Positions of the International Society for Clinical Densitometry and executive summary of the 2007 ISCD Pediatric Position Development Conference. J Clin Densitom. 2008;11(1):6-21. 2- Baroncelli GI, Bertelloni S, Sodini F, Saggese G. Osteoporosis in children and adolescents: etiology and management. Paediatr Drugs. 2005;7(5):295-323. 3- Bianchi ML. Osteoporosis in children and adolescents. Bone. 2007 Oct;41(4):486-95. Epub 2007 Jul 18. 4- Cooper C, Harvey N, Javaid K et al. Growth and bone development. Nestle Nutr Workshop Ser Pediatr Program. 2008;61:53-68. 5- Davies JH; Evans BA, Gregory JW. Bone mass acquisition in healthy children. Arch Dis Child 2005; 90:373-378. 6- Gelfand IM, DiMeglio LA. Bone Mineral Accrual and Low Bone Mass: A Pediatric Perspective. Rev Endocr Metab Disord. 2005; 6(4):281-289. 7- Horowitz MC, Fretz JA, Lorenzo JA. How B cells influence bone biology in health and disease. Bone. 2010 Sep;47(3):472-9 8- Kovacs CS. Calcium and Bone Metabolism in Pregnancy and Lactation. J Clin Endocr Metab 2001; 86(6):2344-48. 9- McKay CP, Portale A. Emerging topics in pediatric bone and mineral disorders 2008. Semin Nephrol. 2009;29(4):370-8. 10- Pacifici R. T cells: critical bone regulators in health and disease. Bone. 2010;47(3):461-71. 11- Pérez-López FR, Chedraui P, Cuadros-López JL. Bone mass gain during puberty and adolescence: deconstructing gender characteristics. Curr Med Chem. 2010;17(5):453-66. 12- Pitukcheewanont P, Punyasavatsut N, Feuille M. Physical activity and bone health in children and adolescents. Pediatr Endocrinol Rev. 2010;7(3):275-82. 13- Sawyer AJ; Bacharach LK; Fung EG. Bone Densitometry in Growing Patients – Guidelines for Clinical Practice. Humana Press Inc. 2007. MESA REDONDA: CORTICOTERAPIA: EFEITOS TERAPÊUTICOS VERSUS EFEITOS ADVERSOS - VISÃO ENDOCRINOLÓGICO-PEDIÁTRICA

Luiz Cláudio Gonçalves de Castro Área da Medicina da Criança e do Adolescente, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Os glicocorticóides e mineralocorticóides endógenos são hormônios esteróides que atuam na regulação da homeostase metabólica e eletrolítica do organismo. Os corticoesteróides (CE) sintéticos são drogas reconhecidamente importantes e são utilizados, principalmente, devido à sua atividade imunomudulatória. Glico e mineralocorticóides são utilizados também como reposição hormonal nas situações de insuficiência adrenal. Como essas drogas agem nas vias metabólicas de vários tecidos devem prescritos com cautela e compromisso e seus potenciais efeitos adversos não podem ser desvalorizarizados. Exceto quando indicados no tratamento da hiperplasia adrenal (congênita ou

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tardia) e em outras causas de insuficiência adrenal (quando são utilizados em doses fisiológicas), os CE são prescritos em doses suprafisiológicas. A dose fisiológica do cortisol é de 8 a 12 mg/m2/dia. Para se ter uma idéia, ao seu utilizar uma dose de 1,5mg/kg/dia de prednisolona para controle de crise de broncoespasmo em uma criança de 20 kg, essa dose seria o equivalente a 190mg/m2/dia de cortisol, ou seja, 15 a 24 vezes a dose fisiológica.

O uso de CE sistêmico superior a 7 dias pode promover o bloqueio do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), através do mecanismo de feedback negativo. Desta forma, se o CE for utilizado por um período superior a 7 dias, o mesmo não deve ser suspenso abruptamente, mas sua administração deve ser descontinuada gradativamente, procurando-se garantir que ao término da corticoterapia o eixo HHA esteja completamente desbloqueado. O objetivo dessa conduta é evitar que o paciente desenvolva um quadro de insuficiência adrenal. A recuperação total da função do eixo HHA é bastante lenta, podendo todo este processo levar de 6 a 9 meses para se regularizar. Após a suspensão do CE, apesar da secreção basal de CE pela adrenal estar normalizada, a resposta ao estresse pode ainda ser inadequada. Assim, durante o período de descontinuação da corticoterapia, independente do esquema utilizado, quando o paciente enfrentar situações de estresse (seja metabólico, infeccioso ou outra causa), deve-se aumentar a dose do corticóide para dose de estresse até controle da situação do estresse, e, então, retornar ao esquema de retirada. Nesse período o paciente deve ser avaliado de próximo durante os primeiros 9 meses após a suspensão da corticoterapia e a família estar atenta para os sinais e sintomas de insuficiência adrenal.

O uso de CE, qualquer que seja a via de adminstração (oral, intravenosa, inalatória ou tópica), pode estar associado a alterações no metabolismo sistêmico, como alterações eletrolíticas, dislipidemias, resistência insulínica, diabetes mellitus, hipovitaminose D, hipertensão arterial, infecções oportunistas, síndrome de Cushing exógena e alterações do metabolismo ósteo-mineral, comprometendo o crescimento de crianças e adolescentes e promovendo desminiralização e deterioração da arquitetura óssea em adultos.

Nesse simpósio discutiremos as indicações endocrinológicas dos CE, seus efeitos adversos, como minimizar o risco desses acontecerem e a importância da individualização do tratamento baseado em conceitos de farmacogenômica. 1- Baschant U, Tuckermann J. The role of the glucocorticoid receptor in inflammation and immunity. J Steroid Biochem Mol Biol. 2010;120(2-3):69-75. 2- Clore JN, Thurby-Hay L. Glucocorticoid-induced hyperglycemia. Endocr Pract. 2009;15(5):469-74. 3- Curtis JR, Westfall AO, Allison J et al. Population-based assessment of adverse events associated with long-term glucocorticoid use. Arthritis Rheum. 2006;55(3):420-6. 4- De Nijs RN. Glucocorticoid-induced osteoporosis: a review on pathophysiology and treatment options. Minerva Med. 2008;99(1):23-43. 5- Hochberg Z. Mechanisms of steroid impairment of growth. Horm Res. 2002;58 Suppl 1:33-8. 6- Ma RC, Kong AP, Chan N, Tong PC, Chan JC. Drug-induced endocrine and metabolic disorders. Drug Saf. 2007;30(3):215-45. 7- McDonough AK, Curtis JR, Saag KG. The epidemiology of glucocorticoid-associated adverse events. Curr Opin Rheumatol. 2008;20(2):131-7. 8- Moghadam-Kia S, Werth VP. Prevention and treatment of systemic glucocorticoid side effects. Int J Dermatol. 2010;49(3):239-48. 9- Niu N, Manickam V, Kalari KR eet al. Human glucocorticoid receptor alpha gene (NR3C1) pharmacogenomics: gene resequencing and functional genomics. J Clin Endocrinol Metab. 2009;94(8):3072-84. 10- Olney RC. Mechanisms of impaired growth: effect of steroids on bone and cartilage. Horm Res. 2009;72 Suppl 1:30-5. 11- Thomas Z, Bandali F, McCowen K, Malhotra A. Drug-induced endocrine disorders in the intensive care unit. Crit Care Med. 2010;38(6 Suppl):S219-30. 12- Uzu T, Harada T, Sakaguchi M et al. Glucocorticoid-induced diabetes mellitus: prevalence and risk factors in primary renal diseases. Nephron Clin Pract. 2007;105(2):c54-7.

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- VISÃO DO REUMATOLOGISTA Leandro Crispim de Oliveira Lacerda Serviço de Reumatologia, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Desde o primeiro uso dos corticosteróides em 1950 para tratar pacientes com artrite reumatóide, os

efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores da corticoterapia têm sido a salvaguarda dos reumatologistas no manejo das doenças reumáticas.

É verdade que, com o advento de fármacos com maior potencial imunossupressor/imunomodulador e menor risco de parefeitos, a corticoterapia tem sido considerada, de uma maneira geral, como terapia adjunta ou de resgate nos casos graves em que se pretende salvar a vida ou assegurar a saúde de órgãos nobres.

Racionalizando-se o uso da corticoterapia com base nas suas formulações, o reumatologista pode assim aplicá-la na sua prática clínica diária: - Uso tópico: tratamento de manifestações cutâneas, sobretudo às comuns no lúpus. Formulações de baixa à alta potência serão utilizadas respeitando-se a extensão e o local das lesões. O uso da corticoterapia tópica, na forma de colírios, também é freqüente no manejo de manifestações oculares como as uveítes que acompanham algumas doenças auto-imunes. - Uso intramuscular: formulações de depósito são utilizadas, geralmente em uma ou poucas doses, para controle de manifestações articulares de doenças inflamatórias ou de sintomas relacionados aos chamados reumatismos de partes moles; - Infiltrações: corticosteróides de depósito de média ou alta potência são utilizados para infiltrações intra-articulares e das afecções de partes moles, como as tendinopatias e bursites; - Uso oral: é a formulação mais usada no dia-a-dia do reumatologista. As doses variam de 0,25 a 1mg/kg/dia, com ajustes posológicos realizados conforme gravidade inicial e controle clínico da doença. Em muitas afecções, tem sido utilizada como terapia adjunta inicial até que os efeitos dos fármacos modificadores do curso de doença, habitualmente de ação lenta, sejam observados; - Uso parenteral: restrito mas de grande valia para o controle rápido de manifestações graves do lúpus eritematoso sistêmico, não articulares da artrite reumatóide, casos especiais das espondiloartrites e das vasculites primárias;

Independente da formulação escolhida, atenção especial deve ser dada aos efeitos adversos comuns, e não raro graves, da corticoterapia. As recomendações gerais são de menor tempo de uso, com a menor dose efetiva para se alcançar o resultado almejado. A osteoporose induzida por corticóide exige atenção especial do reumatologista, que deverá lançar mão de profilaxia primária adequada (cálcio, vitamina D) nos casos em que se vislumbre uso de doses iguais ou superiores a 5mg/dia de prednisona (ou de seu equivalente) por mais de 3 meses.

Apesar da natureza ambígua da corticoterapia, representada por uma tênue linha entre seus benefícios e efeitos adversos; apesar da terapia biológica que pulula como novidade em tratamento direcionado a alvos; o reumatologista não abandona, e talvez nunca abandonará, seu uso: com essa velha nau, ainda de valor inconteste, ele singrará entre muitas tempestades. 1. Anna Dorai-Raj and Leslie Schrieber. The role of corticosteroids in rheumatology. Aust Prescr 1998;21:11-4. 2. Annil Mahajan*, Vishal R Tandon. Corticosteroids In Rheumatology: Friends or Foes. JIACM 2005; 6(4): 275-80.

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- O USO DE CORTICÓIDE INALATÓRIO PARA O CONTROLE DA ASMA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: RISCOS E EFETIVIDADE. Carmem Lívia Martins Serviço de Pediatria, Hospital Universitário de Brasília, UnB

Introdução e justificativa:

A asma é a doença crônica pediátrica mais frequente, que interfere na qualidade de vida do paciente com frequentes idas ao PS( responsável por 16% dos atendimentos) e internações, relevante absenteísmo escolar, limitação de atividades fisicas, distúrbios do sono e associação com outras co-morbidades.E como qualquer outra doença crônica da infância, ela pode causar prejuízos no crescimento e desenvolvimento da criança acometida.Daí a importância do diagnóstico e tratamento precoce, cujo padrão ouro é o uso de corticóide inalatório pelo tempo necessário. Porque utilizar os corticóides pela via inalatória?

Considerando o grande efeito antiinflamatório dos glicocorticóides, e com o objetivo de se conseguir uma efetiva ação tópica com baixa repercussão sistêmica, eles foram desenvolvidos, ganhando maior destaque a partir da decada de 70 com o surgimento do dipropionato de beclometasona. Atualmente são também disponíveis:budesonida, fluticasona, ciclesonida, mometasona e outros. Como agem os corticóides inalatórios?

São descritos os mesmos mecanismos dos sistêmicos Mecanismos moleculares; ligam-se aso receptores de glicocorticóides no citoplasma, o complexo

penetra no núcleo e se liga ao DNA ;reprime ou ativa atranscriação genética de diferentes mecanismos de ação celular.

Outras ações:aumento do número de receptores Beta, dimunição da produção e da ação dos mediadores da inflamação,aumento da produção de substâncias anti-inflamatóriras: ex:lipocortina 1(inibe a fosfolipase A2, que inibe a liberação do ácido araquidônico , interferindo na via da ciclooxigenase) Qual a importância da biodisponibilidade sistêmica dos corticóides inalatórios?

Ela interfere diretamente nos efeitos adversos sistêmicos dos corticóides inalatórios.(Figura 1) A biodisponibilidade sistêmica depende da quantidade e da velocidade que a medicação alcança a

corrente sanguinea, e é representada pela somatória das biodisponibilidade pulmonar e oral(que é absorvida pelo trato gastrointestinal e que passa pelo fígado) Qual o papel do figado na biodisponibilidade do corticóide inalatório?

Cerca de 45-90% do corticóide inalatório se deposita na orofaringe durante o seu uso, sendo em seguida deglutido e absorvido pelo trato digestivo. Porém, antes de alcançar a corrente sanguínea ele sofre uma metabolização no figado quando ocorre a inativação de grande parte do medicamento, reduzindo os efeitos sistêmicos adversos. A deposição pulmonar do corticóide inalatório interfere no tratamento e na biodisponibilidade sistêmica do medicamento?

Sim, o efeito terapêutico dos corticóides dependem da quantidade de deposição pulmonar. Que depende de: técnica inalatória, dispositivo inalatório, tipo de propelente no aerossol e tipo do corticóide.

Por outro lado, a deposição pulmonar interfere diretamente na biodisponibilidade sistêmica do medicamento pois não sofre a ação da inativação hepática.

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Qual seria o corticóide ideal?

Aquele que conseguissem uma ação tópica antinflamatória máxima com uma repercussão sistêmica mínima: - Grande deposição pulmonar; - Ligação com as proteínas plasmáticas na corrente sanguínea - Depuração hepática imediata - Disponibilidade oral baixa; - Formulação pró-droga inativa e apenas ativando-se somente no tecido pulmonar. Qual o papel dos corticóides inalatórios no tratamento da asma?

O corticóide inalatório atualmente é considerado o tratamento mais eficaz da asma pois:melhora a função pulmonar, reduz a hiperrresponsividade brônquica, reduz os sintomas, reduz a frequencia e gravidade das crises, previne o óbito e melhora a qualidade de vida do portador da doença.Ele representa a primeira opção do tratamento de manutenção do paciente com asma persistente de qualquer gravidade.

Os corticóides em baixa doses promovem melhora clinica e funcional na faixa etária pediátrica, devendo ser mantidos na menor dose em que se obtiver o controle e com um bom acompanhamento para prevenir possíveis efeitos sistêmicos. Qual o melhor dispositivo inalatório a ser utilizado?

A escolha deve ser individualizada observando-se alguns aspectos como a preferência pessoal e a capacidade de utilização dos vários dispositivos inalatórios, que podem ser:nebulizadores, aerossóis dosimetrados ou inaladores de pó seco. Por exemplo:pacientes neuropatas podem ter dificuldades para usar os aerossóis ou inalantes de pó.

A escolha do dispositivo correto aliado a técnica inalatória adequada são os principais deteminantes da boa deposição pulmonar do medicamento e consequentemente do sucesso terapêutico e prevenção dos efeitos adversos. Exemplo disto é o fato da utilização de espaçadores com os aerossóis diminuirem a deposição oral do medicamento e consequentemente os efeitos adversos locais. Quais são os efeitos adversos dos corticóides inaltórios? 1. Locais: disfonia ou rouquidão(miopatia nas cordas vocais reverível com a suspensão do medicamento); candidíase(diminuição local da imunidade ou aumento da glicose salivar); tosse(pelos propelentes dos aerossóis); hipertrofia da lingua(raro devido a hipertrofia da musculatura e deposição gordurosa, revesivel); dermatite perioral(com uso de aerossóis, reversivel) e sensação de sede(por irritação da garganta). 2. Osteoporose:diferentemente de adultos, os estudos em crianças em uso de corticóide inalatório não demonstraram a diminuição da densidade mineral óssea. 3. Supressão do Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal:estudos demonstram que pode haver supressão:doses altas de CI,tempo prolongado e tipo de corticóide. 4. Crescimento:estudos demonstram uma diminuição da velocidade de crescimento no inicio do tratamento sem no entanto afetar a estatura final.Por outro lado, a própria doença não controlada,

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necessitando cursos de corticóide oral parece contribuir de forma mais deletéria sobre o crescimento da criança portadora de asma. 5. Outros:miopatias, glaucoma, catarata, adelgaçamento da pele e equimoses. Como prevenir os efeitos adversos locais dos Corticóides Inalatórios(CI)? 1. Lavar a boca, sem deglutir, após o uso dos aerossóis; 2. Usar espaçadores com os aerossóis; 3. Dar preferência a dose unica ao dia; 4. Usar a menor dose possivel de CI; 5. Técnica inalatória adequada, revisada a cada consulta. Considerações Finais

Os corticóides inalatórios são fundamentais no tratamento do paciente portador de asma persistente, não apresentando na maioria das vezes efeitos sistêmicos importantes.

O tratamento de manutenção com corticoide inalatorio previne as crises, e evita o uso frequente de corticoide oral sistêmico.

O padrão ouro no tratamento da asma é o uso precoce de corticóide inalatório. O objetivo do tratamento é o controle da doença por meio do controle da inflamação.

IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma-2006 III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma.Jornal de Pneumologia.Volume 28.Suplemento 1.Junho de 2002 Guia para o Manejo e a Prevenção da Asma.GINA.2006 Modelamento e remodelamento das vias respiratórias na patogênese da Asma.Stephanie M.Warner e Darryl A. Knight:Current Opinion in Allergy and Clinical Immunology 2008, 8:44-48. http://www.unifesp.br/dmed/pneumo/Dowload/Corticoide%20inalatorio.pdf em 09-12-2010.

Major side effects of inhaled glucocorticoids. Authors:Kenneth G Saag, MD, MSc.,Daniel E Furst, MD.,Peter J Barnes, DM, DSc, FRCP, FRS.Section Editors Bruce S Bochner, MD. Robert A Wood, MD. Deputy Editor.Helen Hollingsworth, MD.Last literature review version 18.2: Maio 2010 | This topic last updated: Setembro 25, 2009 (More) MESA REDONDA: TRANSTORNO DE HUMOR NA ENFERMARIA - INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA COM DROGAS ANTIDEPRESSIVAS

Raphael Boechat Barros Departamento de Clínica Médica, Universidade de Brasília

1 - Introdução: - A depressão e os antidepressivos A WHO (World Health Organization - Organização Mundial de Saúde) considerou, em 1990, que

a depressão maior unipolar foi a principal causa de “anos vividos com incapacitação” em países desenvolvidos e que em 2020 será também a maior causa em mulheres também em países em desenvolvimento (Menezes; Nascimento, 2001). Atualmente, em todo o mundo, é a quarta doença que mais causa perda de anos de vida produtiva (Murray; Lopez, 1997a) sendo a previsão para 2020 é que seja a segunda, atrás apenas das doenças isquêmicas do coração (Murray; Lopez, 1997b). Em um estudo na cidade de São Paulo, um estudo apresentou a prevalência ao longo da vida de 16,8 % para episódio depressivo segundo os critérios da CID-10 (Moreno; Dias, 2002).

Principais drogas antidepressivas, mecanismo de ação e dosagens terapêuticas (Janicak et al., 1996, Stahl 1998, Oliveira e Sena 2006) - Tricíclicos: inibem a recaptação de serotonina, noradrenalina, têm efeito anti-histaminíco (H1), anticolinérgico/antimuscarínico (M1) e antagonismo alfa-adrenérgico (α1). Drogas e dosagens: imipramina (Tofranil): 75-300 mg/dia, amitriptilina (Tryptanol): 75-300 mg/dia, clomipramina (Anafranil): 75-300 mg/dia e nortriptilina (Pamelor): 50-150 mg/dia.

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- Inibidores da monoaminoxidase (IMAO): inibem a enzima monoaminoxidase, que metaboliza a serotonina e a noradrenalina, aumentando assim a oferta desses neurotransmissores nas sinapses. Drogas e dosagens: tranilcipromina (Parnat): 20-60 mg/dia e moclobemida (Aurorix): 300-600 mg/dia. - Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS): inibem a recaptação de serotonina, com conseqüente aumento da oferta de serotonina nas sinapses.

Drogas e dosagens: fluoxetina (Prozac): 20-80 mg/dia, sertralina (Zoloft): 50- 200 mg/ dia, paroxetina (Aropax): 20-60 mg/dia, fluvoxamina (Luvox) 100-300 mg/dia, citalopram (Cipramil): 20-60 mg/dia e escitalopram (Lexapro): 10-20 mg/dia. - Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN): inibem a recaptação de serotonina e noradrenalina.

Drogas e dosagens: venlafaxina (Efexor): 75-375 mg/dia, mirtazapina (Remeron) 30-45 mg/dia, duloxetina (Cymbalta): 60-120 mg/dia. - Inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina e dopamina (ISRND): inibe a recaptação de noradrenalina e dopamina.

Droga e dosagem: bupropiona (Wellbutrin) 300-450 mg/dia. 2 – Interações medicamentosas: Definições (Cozza, Armstrong e Oesterheld, 2003) 2.1 - Interações farmacodinâmicas:

São aquelas causadas pela influência de uma droga no efeito de outra no seu sítio final de ligação ou receptor (ou órgão alvo). Um exemplo é a associação entre antidepressivos tricíclicos e inibidores da MAO podendo causar a síndrome serotoninérgica central. 2.2 – Interações farmacocinéticas: São aquelas causas pelo efeito de uma droga no trajeto da outra pelo corpo. - Interação na absorção: Causada por uma droga na via de entrada da outra no corpo, usualmente no trato gastrointestinal. Podem ser influenciadas por alteração no PH gástrico, alimentos, bloqueio mecânico ou quelação e perda da flora bacteriana local. - Interação na distribuição Interação de uma droga no trânsito de outra pelo corpo, caracteristicamente ocorre como resultado de alterações nas ligações com proteínas plasmáticas. - Interação metabólica Alteração na biotransformação de um composto na sua forma ativa ou metabólito que será excretado. Em geral resulta por um bloqueio ou aumento do metabolismo enzimático. - Interação na excreção Alteração na capacidade de eliminar uma droga inalterada ou metabolito do corpo. 2.3 – Metabolismo - Enzimas do citocromo P 450. Existem na natureza mais 200 enzimas do citocromo P 450, sendo que pelo menos 40 são encontradas em humanos. As mais comuns (responsáveis por cerca de 90 % da atividade metabólica são: 1A2, 3A4, 2C9, 2C19, 2D6 e 2E1. - Inibição enzimática: Drogas metabolizadas por uma mesma enzima irão por vezes competir ou compartilhar os mesmos sítios enzimáticos , uma prejudicando a metabolização da outra. - Indução enzimática: Uma droga pode aumentar os sítios de metabolização de outra, consequentemente aumentando a metabolização da segunda.

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3 – Principais drogas antidepressivas e vias de metabolização (Wynn et al, 2009): 3.1 - Inibidores seletivos de recaptação de serotonina:

Droga Sítio de metabolização Enzima inibida/processo inibido Citalopram 2C19, 2D6, 3A4 2D6 Escitalopram 2C19, 2D6, 3A4 2D6 Fluoxetina 2C9, 2C19, 2D6, 3 A4 1 A2, 2B6, 2C9, 2C19, 2D6, 3 A4 Fluvoxamina 1 A2, 2D6 1 A2, 2B6, 2C9, 2C19, 2D6, 3 A4 Paroxetina 2D6 1 A2, 2B6, 2C9, 2C19, 2D6, 3 A4 Sertralina 2B6, 3C9, 2C19, 2D6, 3 A4 1 A2, 2B6, 2C9, 3 A4, glicuronidação

3.2 – Antidepressivos tricíclicos

Droga Sítio de metabolização Enzima inibida/processo inibido Amitriptilina 2C19, 2DC, 3 A4, UGT1A4 2C19, 2D6 Clomipramina 2C19, 2DC, 3 A4 2D6 Imipramina 1 A2, 2C19, 2D6, 3 A4, UGT1A4,

UGT1A3 2C19, 2D6

nortriptilina 2D6 2D6 3.3 – Outros antidepressivos

Droga Sítio de metabolização Enzima inibida/processo inibido Bupropiona 2B6 2D6 Mirtazapina 1 A2, 2D6, 3 A4 Nenhuma conhecida Trazodona 3 A4, 2D6 Nenhuma conhecida Venlafaxina 2D6 2D6

MENEZES, P.R.; NASCIMENTO, A. F. Epidemiologia da depressão nas diversas fases da vida. In: LAFER, B.; ALMEIDA, O .P.; FRÁGUAS JUNIOR, R.; MIGUEL, E. C. Depressão no Ciclo da Vida. Porto Alegre: Artmed, 2001. p.29-36. KAPLAN, H.; SADOCK, B.; GREEB, J. Compêndio de Psiquiatria, Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 7.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.1169p. MURRAY, C.J.; LOPEZ, A.D. Global mortality, disability, and the contribution of risk factors: Global Burden of Disease Study. Lancet, v.349, p.1436- 1442, 1997a. MURRAY, C.J.; LOPEZ, A.D. Alternative projections of mortality and disability by cause 1990-2020: Global Burden of Disease Study. Lancet, v.349, p.1498-1504, 1997b. JANICAK, P.G.; DAVIS, J.M.; PRESKORN, S.H.; AYD JR, F.J. Princípios e práticas em psicofarmacologia. Rio de Janeiro: Medsi, 1996. 540p. MORENO, D.H.; DIAS, R.S. Epidemiologia. In: MORENO, R.A; MORENO, D.H. Transtorno Bipolar do Humor. São Paulo: Lemos Editorial, 2002. p.97-109. STAHL, S.M. Psicofarmacologia – Bases neurocientíficas e aplicações clínicas. Rio de janeiro: Medsi, 1998. p.149-188. COZZA, LK, ARMSTRONG, SC, OESTERHELD JR, Princípios da interações medicamentosas na prática clinica,Amercican Psychiatric Publishing, Washington, 2003, 519 p WYNN GH, COZZA, LK, ARMSTRONG, SC, OESTERHELD JR. Manual Clínico Sobre os Princípios das Interações Medicamentosas para a Prática Médica

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MESA REDONDA: PREVENÇÃO DO CÂNCER - PRÓSTATA

Marcus Vinícius Osório Maroccolo Serviço de Urologia do Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília

O câncer de próstata é a segunda neoplasia maligna mais comum em homens, sendo superado

apenas pelos tumores de pele não-melanomas, e o segundo em mortalidade, precedido apenas pelo câncer de pulmão.

Apesar de sua alta incidência, existe um número muito maior de tumores sem significância clínica (tumores latentes), onde alguns relatos mostram que essa forma é encontrada em autópsias em até 30% dos homens acima de 50 anos. Entre os tumores com importância clínica, existe ainda uma grande variação no seu comportamento biológico e no seu potencial metastático.

A incidência de tumores prostáticos diagnosticados em autópsias é semelhante nas diferentes regiões do mundo, envolvendo diferentes etnias , contrastando com a incidência de câncer de próstata de importância clinica, que é alta nos Estados Unidos e nos países da Escandinávia e baixa no sudeste da Ásia. Estes achados indicam que o risco de progressão do câncer latente para a sua forma clínica pode ser afetado por fatores exógenos.

O câncer de próstata é uma doença do envelhecimento. Seu diagnóstico é raro antes dos 50 anos, com um pico de incidência entre 70 e 74 anos, sendo que em 85% dos casos o diagnostico é feito após os 65 anos de idade.

A etiologia é desconhecida, porém alguns fatores de risco, além da idade, foram identificados: Hereditariedade: o risco de desenvolvimento do câncer de próstata dobra na presença de um

parente de primeiro grau com a doença. Com 2 ou mais parentes o risco aumenta de 5 a 11 vezes. Raça: entre a população americana, os homens da raça negra apresentam uma incidência 50%

maior em relação aos brancos. Influência hormonal: a maioria das células prostáticas é hormônio-sensível e cresce rapidamente

na presença da testosterona. A castração reduz drasticamente o crescimento tumoral. Hábitos de vida: vários estudos na literatura têm demonstrado uma associação entre o câncer de

próstata e uma dieta rica em gordura animal e carne vermelha. Associação inversa tem sido demonstrada na dieta rica em soja, derivados do tomate (licopeno), selênio e vitamina E. Alguns trabalhos relatam ainda um risco aumentado na baixa exposição ao sol devido aos níveis diminuídos de vitamina D.

Entende-se por prevenção, um conjunto de ações que visam atuar nos fatores de risco identificáveis que levam ao desarranjo celular que ocorre nas fases iniciais da doença. Em relação ao câncer de próstata nem todos esses fatores podem sem alterados, como é o caso da idade, hereditariedade e raça.

A mudança dos hábitos de vida é uma importante forma de prevenir a doença. Estudos evidenciaram uma provável redução no risco de desenvolvimento do câncer de próstata em pacientes que desenvolvem atividades físicas de forma regular. A redução do consumo de gorduras saturadas e o consumo freqüente de derivados da soja, frutas e vegetais, bem como alimentos ricos em Omega-3, vitamina E e selênio estão associadas a um menor risco de desenvolver a doença.

Diversos trabalhos, alguns ainda em andamento, relatam um papel das drogas inibidoras da enzima 5-α redutase na prevenção dos tumores prostáticos, atuando assim no fator hormonal relacionado com a doença.

Em relação aos fatores de risco que não podem ser alterados como idade, hereditariedade e raça, o exame de rastreamento realizado com a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) e com o exame de toque retal, muitas vezes iniciado precocemente, pode desempenhar um papel fundamental no diagnóstico precoce da doença e na decisão terapêutica adequada, aumentando assim as taxas de cura da doença e diminuindo os efeitos adversos do tratamento.

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- O PAPEL DO HPV NA ETIOPATOGENIA DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO Eliete Neves da Silva Gerra Departamento de Odontologia, Faculdade Ciências da Saúde, UnB

Introdução: O Papilomavírus Humano (HPV) é um grupo de vírus DNA hospedeiro-específico, com uma especificidade singular pelas células epiteliais. O vírus tem sido encontrado principalmente no trato anogenital, uretra, pele, laringe, mucosa traqueobronquial e mucosa bucal. O papel carcinogênico do HPV de alto risco remete principalmente a duas oncoproteínas: HPV-E6, a qual promove a degradação do gene supressor de tumores p53, e a HPV-E7, que inativa o gene supressor de tumor pRb. O HPV tem sido relacionado à patogênese de várias lesões bucais, como o papiloma, a leucoplasia verrucosa, o carcinoma verrucoso e ao câncer de cavidade oral e orofaringe. Embora, vários estudos têm descrito a importância do HPV na etiologia dessas lesões, outros trabalhos não têm comfirmado a presença do vírus.

Objetivo: O objetivo desse estudo foi investigar a presença do HPV em lesões verrucosas bucais que sugerem ser HPV-positivas basendo-se no exame histopatológico de rotina (H&E) e comprar com o câncer de orofaringe.

Material e métodos: Vinte e oito lesões verrucosas bucais (13 leucopasias verrucosas com displasia, 7 carcinomas verrucosos e 8 papilomas) e 55 carcinomas espinocelulares de orofaringe (Tonsila) foram investigados para determinar a prevalência do HPV, usando uma nova sonda de hibridização in situ (Ventana- USA) para detecção de HPV de alto e baixo-risco. Realizou-se ainda a marcação imuno-histoquímica pelo p16 para verificar a associação com a presença do HPV.

Resultados: Não observou-se casos HPV-positivos de leucoplasia verrucosa, bem como nenhum caso positivo de carcinoma verrucoso. Três casos de papiloma oral (3 de 8) foram positivos para HPV de alto-risco e um caso positivo para HPV de baixo-risco (1 de 8). Nas lesões verrucosas bucais, não observou-se ainda associação entre a presença de HPV e a imunomarcação para o p16. Com relação ao carcinoma de orofaringe (tonsila), o HPV foi detectado em 47% dos casos (26 de 55). Observou-se ainda uma forte associação entre a presença do HPV e a imunomarcação para o p16 ( p<0,001).

Conclusão: A presença do HPV não foi um achado comum nas lesões verrucosas bucais, exceto em alguns casos de papiloma. Porém, o HPV está intimamente relaciondo à etipatogenia dos carcinomas de orofaringe. Concluiu-se ainda, que o p16 é um bom marcador para a triagem de casos de carcinoma de orofaringe para a avaliação da presença do HPV. 1 - Chung CH, Gillison ML. Human papillomavirus in head and neck cancer: its role in pathogenesis and clinical implications. Clin Cancer Res. 2009 Nov 15;15(22):6758-62. Epub 2009 Oct 27. 2 - Luginbuhl A., Sanders M., Spiro JD. Prevalence, morphology, and prognosis of human papillomavirus in tonsillar cancer. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2009 Oct;118(10):742-9). 3- Fakhry C, Westra WH, Li S, Cmelak A, Ridge JA, Pinto H, Forastiere A, Gillison ML.Improved survival of patients with human papillomavirus-positive head and neck squamous cell carcinoma in a prospective clinical trial. J Natl Cancer Inst. 2008 Feb 20;100(4):261-9. 4- Acay R, Rezende N, Fontes A, Aburad A, Nunes F, Sousa S. Human papillomavirus as a risk factor in oral carcinogenesis: a study using in situ hybridization with signal amplification. Oral Microbiol Immunol. 2008; 23: 271–274. 5- Bagan JV, Jimenez Y, Murillo J, Gavaldá C, Poveda R, Scully C, Alberola TM, Torres-Puente M, Pérez-Alonso M. Lack of association between proliferative verrucous leukoplakia and human papillomavirus infection. J Oral Maxillofac Surg. 2007 Jan;65(1):46-9.

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CONFERÊNCIA: NOVO CÓDIGO DE ÉTICA - O NOVO CÓDIGO DE ÉTICA

Armando Otávio Vilar de Araújo Clínica Medicina Integrada de Petrópolis, Conselho Federal de Medicina

Desde a promulgação do Código de Ética Médica (CEM) em 1988, numerosos eram os desafios

que exigiam respostas imediatas ante o avanço da ciência e da polêmica que envolve temas conflituosos que clamam por posicionamentos norteadores por parte dos conselhos de medicina. Em boa hora, o Conselho Federal e os conselhos regionais de medicina autorizaram a revisão do CEM. Os desafios foram muitos, mas a vontade de contribuir impeliu os membros da Comissão Nacional de Revisão do Código de ética médica e das comissões estaduais a caminhar juntos, buscando o melhor para a medicina brasileira e a sociedade.

As 2.677 propostas enviadas pelos médicos e órgão representativos da sociedade foram, na totalidade, analisadas, selecionadas, reavaliadas e submetidas à discussão. Como resultado, vislumbramos um código com estrutura de moral máxima (princípios fundamentais do exercício da medicina e direitos dos médicos) e mínima (normas deontológicas). As tarefas foram cumpridas ao longo das discussões da comissão nacional, que envolveram a análise comparada dos códigos de ética médica de outros países, estudo das resoluções exaradas pelo Conselho federal de Medicina (CFM) desde 1988, apreciação das decisões judiciais envolvendo o CEM de 1988, incorporação de dilemas bioéticos e a manutenção do código organizado em seu esquema clássico, composto por princípios, direitos e deveres. Nosso código de ética contém artigos com recomendações de caráter pedagógico, determinações deontológicas e outros com caráter deontológico e legal. Os 25 princípios fundamentais elencados referem-se, de modo ordenado, a princípios bioéticos da universalidade, atenção à saúde, honra e dignidade profissional, prestígio da medicina, atualização profissional, respeito à vida humana, autonomia do médico, eficácia profissional, não mercantilização, preservação do trabalho médico, confidencialidade, segurança do trabalho, preservação do ecossistema, saúde coletiva, solidariedade profissional, indicação de procedimentos diagnósticos e terapêuticos, respeito interprofissional, respeito mútuo, legalidade, natureza assistencial, autonomia do paciente, respeito à ética no fim da vida, desenvolvimento científico com responsabilidade social, pesquisa em seres humanos e responsabilidade com as gerações futuras.

No capítulo referente a documentos médicos, são definidos de forma clara o conteúdo dos dados que devem fazer parte do prontuário, sua guarda e quando o médico pode liberar cópias.Também explicita a possibilidade de o médico apresentar o prontuário em defesa própria, preservando-se o sigilo profissional, e a obrigatoriedade de que ateste atos executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou por seu representante legal. O capítulo que trata do ensino e pesquisa médica dá ênfase à necessidade da obtenção da aprovação de protocolo para realização de pesquisa em seres humanos, de acordo com a legislação vigente, bem como a obtenção do termo de consentimento livre e esclarecido para realização da pesquisa.

A auditoria e a perícia médica recebem atenção especial no Código com as resoluções CFM 1.614/01 e 1.635/02. O art. 95 do CEM proíbe claramente a realização de exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos no interior de prédios ou dependências de delegacias de polícia, unidades militares, casas de detenção e presídios. O Código amplia significativamente o princípio bioético da autonomia do paciente. Veda, porém, de forma clara e precisa, a execução da eutanásia, em qualquer circunstância, deixando, no entanto, a obrigatoriedade de o médico, em ocasiões de doenças incuráveis ou terminais, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis e se abster da prática da distanásia.

Existem preceitos jurídicos e religiosos que precisam ser obedecidos. Para os exegetas da ascendência comum do Direito e da Medicina, os dois ramos dessa árvore do conhecimento se puseram em conflito: de um lado, o médico que tem como verdade o respeito à vida e à pessoa, que constitui seu dever primordial, de acordo com as normas morais que a própria profissão impõe; de outro, o ordenamento jurídico vigente. Sua atenção pode não só carreara benefícios, mas, infelizmente, provocar resultados adversos à própria saúde do paciente, que pode se socorrer da justiça para fazer valer seus direitos fundamentais e inalienáveis. É sempre salutar afirmar que a práxis médica se

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fundamenta no compromisso com a vida e a saúde, na terapêutica do serviço desinteressado e na autonomia técnico-científica.

O médico precisa assumir as condições de pai ou mãe, psicólogo, sacerdote, conselheiro e, sobretudo, amigo. Precisa transmitir segurança ao paciente, sem nenhuma atitude arrogante. O médico com conhecimento de suas limitações e capacidade de superá-las sempre será um bom médico.

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CLÍNICA MÉDICA 1. MALÁRIA IMPORTADA DA ÁFRICA – RELATO DE CASO João Barberino Santos, Anna Paula Lopes de Oliveira, Cássia Carvalho de Siqueira, Ana Helena Germoglio Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília-DF. JUSTIFICATIVA: A malária é a mais importante doença parasitária do mundo com maior prevalência no Continente Africano, onde causa grande número de óbitos. No Distrito Federal, os casos de malária falciparum importados da África geralmente são graves, com elevada parasitemia, resistência aos antimaláricos de uso comum e, propensos ás complicações. OBJETIVO: Relatar caso de malária grave por P. falciparum procedente da África. DESCRIÇÃO: W.L.V.O., 35 anos, masculino, natural de Uruaçu-GO, residente em Brasília e procedente de Luanda-Angola. Paciente retornou de Luanda em 23 de junho de 2010 apresentando febre alta (40°C) contínua, com sudorese e calafrios, associada a anorexia, astenia, cefaléia, náuseas, vômitos, mialgia generalizada, dor intensa abdominal e dispnéia moderada. Nega diarréia, oligúria, hemorragias, artralgia e convulsão. No dia 03 de julho, devido à persistência da febre, piora da dispnéia, surgimento de disfagia e odinofagia, procurou o PS do HRAN, sendo internado no dia 04/07. Ao exame físico, palidez mucocutânea (2+/4+), desidratação (3+/4+), icterícia (2+/4+), hepatomegalia a 4cm de RCD, esplenomegalia dolorosa e crepitações pulmonares. O diagnóstico parasitológico de malária por P. falciparum foi feito no dia 05/07, no LACEN, com parasitemia inicial de 200 mil parasitos/mm3. O paciente foi tratado com artesunato (dose inicial de 2,4mg/kg, seguida de 1,2mg/kg no segundo e terceiro dias) e clindamicina (20mg/kg/dia, durante sete dias), com queda progressiva da parasitemia. Desenvolveu complicações de pancreatite aguda (amilase = 335 U%) e insuficiência renal aguda (uréia = 223 mg% e creatinina = 4,9 mg%), sendo transferido para a UTI do HRSM onde permaneceu sete dias internado, porém sem necessidade de diálise. Retornou ao HRAN em 16/07 com febre diária e hemocultura positiva para MRSA; suspeito de estar com endocardite bacteriana, passou a fazer uso de vancomicina, obtendo melhora clínica. CONCLUSÃO: Embora haja registros de malária grave por P. vivax, a gravidade é geralmente determinada por P. falciparum. A atenção deve ser redobrada aos pacientes com malária falciparum procedentes da África, pelo maior risco de complicações e de óbito conseqüentes ás cepas quimiorresistentes determinantes de elevadas parasitemias, e agravado pelo atraso no diagnóstico e tratamento. 2. CLÍNICA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA MALÁRIA EM ÁREA NÃO ENDÊMICA, DISTRITO FEDERAL, BRASIL João Barberino Santos, Anna Paula Lopes de Oliveira, Cássia Carvalho de Siqueira, Laila Lopes de Farias Pinho. Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília. JUSTIFICATIVA: O Distrito Federal, apesar de ser considerado área sem risco para contrair malária, atende casos vindos de áreas endêmicas. OBJETIVO: Avaliar o quadro clínico, co-morbidades, complicações, tratamento e resposta terapêutica dos casos atendidos no DF. MÉTODO: Estudo prospectivo dos casos de malária atendidos e diagnosticados pelo Serviço de Vigilância Sanitária do DF, no período de abril de 2009/2010. Os pacientes responderam a um questionário sobre sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento, e foram examinados. O diagnóstico de malária foi feito pelo método da Gota Espessa e os pacientes foram tratados com esquemas terapêuticos preconizados pelo Ministério da Saúde. RESULTADOS: Foram entrevistados 33 (84,6%) dos pacientes diagnosticados. Febre (97%), calafrios (88%) e sudorese (82%) foram mais prevalentes. Outros sintomas: astenia (88%), anorexia (82%), cefaléia (82%), mialgias (75%), dor abdominal (63%) e vômitos (48%). Os

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sinais mais encontrados foram: palidez (57%), desidratação (39%), icterícia (36%), sangramentos (36%), esplenomegalia (21%) e hepatomegalia (15%). Apenas um paciente apresentou complicação (hipoglicemia), devidamente corrigida. Plasmodium vivax causou 73% dos casos e P. falciparum 27%; um paciente teve co-infecção pelas duas espécies. O tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico foi 6,8 dias. Não houve evidência clínica de resistência medicamentosa á artemisina + lumefantrine (contra malária falciparum) nem á cloroquina e primaquina (contra malária vivax). CONCLUSÃO: O quadro clínico apresentado não diferiu da literatura. A baixa freqüência de hepato-esplenomegalia pode indicar baixa gravidade e/ou precocidade do diagnóstico, corroborada pela ausência de complicações graves e de óbitos. Profissionais médicos no DF ainda necessitam de esclarecimentos clínico-epidemiológicos sobre malária que lhes permitam suspeita-la com mais precocidade. 3. PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DE PACIENTES COM MALÁRIA EM ÁREA NÃO ENDÊMICA, DISTRITO FEDERAL, BRASIL. João Barberino Santos, Cássia Carvalho de Siqueira, Anna Paula Lopes de Oliveira, Laila Lopes de Farias Pinho. Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília. JUSTIFICATIVA: Poucos estudos sobre características epidemiológicas dos pacientes com malária no DF. OBJETIVO: Caracterizar o perfil sócio-econômico e cultural dos pacientes com malária diagnosticada no DF no sentido de melhorar a suspeição diagnóstica inicial. MÉTODO: Estudo prospectivo com pacientes diagnosticados com malária pela Vigilância Epidemiológica do DF, no período de abril de 2009/2010. Os pacientes responderam a um questionário previamente elaborado sobre questões pertinentes. RESULTADOS: Durante o período estudado, foram diagnosticados 39 pacientes com malária. Destes, 6 (15,4%) não participaram da pesquisa por recusa ou já haviam deixado o DF ao tentar-se contato. Houve 26 (78,8%) pacientes do gênero masculino; a idade média dos participantes foi 37 anos (5-69). Quanto ás condições de moradia, 22 (66,6%) moravam em casas com paredes completas, 22 (66,6%) perto de coleções de água e 23 (69,7%) próximo a área de mata. Apenas 3 (9,1%) pacientes negaram haver animais no peridomicílio, sendo cães e aves domésticas os animais mais freqüentes. O uso de repelente como proteção foi referido por 21 (64,5%) pacientes; uso de inseticida por 11 (33,3%), uso de mosquiteiro por 10 (30,3%) e uso de quimioprofilático por 6 (18,2%). A doença foi adquirida em outros países por 11 (33,3%) pacientes; os 22 (66,6%) que a adquiriram no Brasil o foram todos na região Norte. CONCLUSÃO: A maioria dos pacientes que chega com malária ao Distrito Federal possui boa condição sócio-econômica-cultural permitindo a abordagem educativa com larga perspectiva de êxito. O paciente com diagnóstico de malária no Distrito Federal é adulto jovem, do gênero masculino, visitando regiões endêmicas principalmente por motivos laborais. 4. RELAÇÃO CLÍNICO-GENÉTICA: ANÁLISE ENTRE MUTAÇÕES NA PROTEÍNA ARYL HIDROCARBON RECEPTOR INTERACTING PROTEIN (AIP) E SUAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Lucas Faria de Castro1, Lucas Mendes Oliveira1, Amanda Leite Nisiyama1, Gabriella Mendes Soares Mota1, Luciana Ansaneli Naves² Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Endocrinologia, Brasília, DF; 1-Graduandos em medicina pela UnB; 2-Chefe do serviço de Endocrinologia do HUB JUSTIFICATIVA: Os tumores hipofisários correspondem a cerca de 15% dos tumores intracranianos sendo diversas suas manifestações clínicas, a depender da fisiopatologia da doença, que guarda relação com alterações genéticas. As mutações em uma proteína chamada Aryl Hidrocarbon Receptor Interacting Protein (AIP) têm demonstrado íntima relação com a rara condição Familial Isolated

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Pituitary Adenoma (FIPA), caracterizada pelo aparecimento de tumores hipofisários familiares. OBJETIVO: Estabelecer relação clínico-genética em pacientes portadores do FIPA em acompanhamento no Ambulatório de Neuroendocrinologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB). MÉTODOS: Estudo prospectivo em coorte de quatro famílias com diagnóstico confirmado de pelo menos dois casos de adenomas hipofisários em até três gerações, identificadas a partir de um caso índice acompanhado no Ambulatório de Neuroendocrinologia do HUB. Foi construído um heredograma, realizada avaliação clínica e hormonal e ressonância magnética nuclear de sela túrcica nos casos com forte suspeita clínica. A avaliação molecular do gene da proteína AIP foi realizada após a investigação hormonal e quando evidenciada mutação foi feito correlação com a expressão clínica dos tumores. RESULTADOS: Das quatro famílias, as de número 1 e 2 apresentaram fenótipo clínico heterogêneo e as famílias 3 e 4, homogêneo. As mutações exônicas da proteína AIP foram diferentes entre as famílias, mas semelhantes entre os integrantes acometidos da mesma família. Foram investigados 214 indivíduos, e a penetrância de mutações nessa proteína foi entre 20 e 40%. As possibilidades de mutações nas proteínas CDKN1 e Menin foram afastadas nas 4 famílias. CONCLUSÃO: O reconhecimento da FIPA permite a definição de uma grande variedade fenotípica, em que tipos tumorais podem ser variáveis em cada família. As mutações na proteína AIP ocorrem em 15% das FIPA e em até 50% das famílias que possuem IFS sendo sua penetrância variável e parece associar-se a uma maior agressividade e menor resposta terapêutica aos agonistas dopaminérgicos e análogos da somatostatina. 5. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO E APOIO AOS PACIENTES PORTADORES DE ADENOMAS PITUITÁRIOS (PEAPAP). Lucas Mendes de Oliveira1, Lucas Faria de Castro1, Amanda Leite Nisiyama1, Gabriella Mendes Soares Mota1, Luciana Ansaneli Naves2. 1-Graduandos em medicina pela UnB; 2--Chefe do Serviço de Endocrinologia do HUB; Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Endocrinologia, Brasília, DF JUSTIFICATIVA: O manuseio do paciente com doença hipofisária é complexo e difícil de ser realizado, o que tem acarretado níveis de atendimento e controle subótimo em diversas condições endocrinológicas crônicas, além de dificuldades de aderência ao tratamento. OBJETIVOS: Implementar no Ambulatório de Neuroendocrinologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), um Programa de Apoio a Pacientes Portadores de Tumores Hipofisários (PEAPAP) oferecendo a eles e a seus familiares suporte clinico e educacional. MÉTODOS: O programa é dirigido aos pacientes portadores de tumores neuroendócrinos e hipotálamo-hipofisários acompanhados regularmente no Ambulatório de Neuroendocrinologia do HUB e aos seus familiares. Os pacientes foram inscritos no PEAPAP e convidados a reunir seus familiares de até segundo grau, e comparecer em data pré-agendada a uma palestra de esclarecimento sobre a doença, suas complicações, possibilidades terapêuticas e associações com outras patologias. Os pacientes foram divididos em grupos por tipo de tumor e há acompanhamento familiar, visando o diagnóstico precoce de endocrinopatias, elaboração de folders educativos para cada patologia, em linguagem acessível possibilitando melhor entendimento da doença pelos pacientes, assim como de questionários para avaliação do nível de satisfação do atendimento médico e da compreensão sobre própria doença. RESULTADOS: Pode-se perceber que medidas do PEAPAP se mostram muito eficientes no estreitamento a relação de confiança com os pacientes e suas famílias, aumento do nível de satisfação dos pacientes com o serviço médico e redução da taxa de evasão do tratamento. CONCLUSÃO: Espera-se que com este trabalho a longo prazo as informações sobre tumores hipofisários sejam mais divulgadas e conhecidas pelos pacientes e seus familiares, e que haja ainda maior aproximação da relação médico-paciente, além da promoção de saúde, educação e terapia em um só ambiente de forma complementar entre si.

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6. NECROBIOSE LIPOÍDICA – RELATO DE CASO. Elisa Raphael dos Santos, Anna Luiza Braga Plá, Pedro Rodrigues dos Reis, Ulysses Pavan Rissato, Mônica Oliveira Piantino Lemos, Tatiana Cristina Nogueira Varella, Ana Maria Costa Pinheiro. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Unidade de Pediatria Clínica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A necrobiose lipoídica é uma rara doença geralmente associada ao Diabetes Mellitus que merece atenção devido ao impacto na qualidade de vida do paciente e resistência à terapêutica. OBJETIVO: Descrever um caso de necrobiose lipoídica com ênfase na estratégia terapêutica empregada. DESCRIÇÃO: Paciente feminina de 35 anos com história de aparecimento de placa eritematosa assintomática na perna direita há cinco anos. Evoluiu com novas placas de mesmo aspecto que coalesceram e após três anos surgiram placas semelhantes na perna contralateral. Ao exame nota-se placas eritematosas na face anterior das pernas de bordas acastanhadas e de centro amarelado e atrófico com telangiectasias. Anatomopatológico: “necrose coagulativa circundadas por histiócitos e células multinucleadas em meio a infiltrado inflamatório de mononuclear”, confirmando a suspeita clínica de necrobiose lipoídica. Submeteu-se a vários tratamentos: AAS 325 mg/dia e betametasona tópica, sem melhora. Daivonex® (calcipotriol) também sem resposta. PUVA (tópica com gel 8-MOP a 0,05%), 36 sessões, com melhora do prurido e da hiperpigmentação. Terapia fotodinâmica com Metvix® (ácido metilaminolevulínico), 2 sessões, sem resposta. Retornou a PUVA (gel 8-MOP 0,1%), 10 sessões, trocado por creme, sem melhora adicional. Iniciado o uso de Protopic® (tacrolimus) 0,1% com boa melhora clínica. CONCLUSÃO: A necrobiose lipoídica é uma doença crônica e degenerativa do tecido conjuntivo de etiopatogenia desconhecida. Existem diversas opções terapêuticas, porém pouco eficientes, como uso de corticóides, retinóide tópico, PUVA, ciclosporina e cloroquina. Mostramos um caso raro de necrobiose lipoídica não diabeticorum, doença de difícil tratamento que mostrou melhor resposta com tacrolimus e PUVA. Esse resultado é concordante com a literatura, porém existem poucos casos relatados caracterizando baixa evidência científica, o que indica que todos os serviços devem relatar os seus resultados para formação de banco de dados para futuras metanálises. 7. FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA (1988-2008) João Barberino Santos, Ítalo Moreira Damasceno, Leonardo Morais Paiva. Núcleo de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Febre de Origem Indeterminada (FOI) é um dos maiores desafios diagnóstico e terapêutico na Clínica Médica e há carência de informações sobre os casos atendidos no HUB. OBJETIVO: Determinar freqüência, principais etiologias, tempo médio de internação, terapêutica e evolução dos pacientes com Febre de Origem Indeterminada internados no Hospital Universitário de Brasília (HUB) nos últimos 20 anos (1988/2008). MÉTODO: Estudo retrospectivo de todos os pacientes com critério de FOI clássica internados na enfermaria de DIP no HUB, no período de janeiro de 1988 a dezembro de 2008, utilizando-se dos dados em prontuários. RESULTADOS: Vinte pacientes preencheram os critérios de inclusão no estudo. O gênero masculino foi o mais acometido (75%). O diagnóstico definitivo foi alcançado em 40%, as causas mais freqüentes foram infecciosas (35%), seguidas pelas inflamatórias (5%); não houve casos de neoplasias. Dentre as causas infecciosas, os diagnósticos mais freqüentes foram: febre tifóide (37,5%), CMV e toxoplasmose ambos com 12,5%; não houve casos de tuberculose. A causa inflamatória foi Granulomatose de Wegener. O tempo médio de internação foi 22,7 dias. Quanto à evolução, 50% tiveram regressão espontânea; 20 % foram tratados e curados; 20% evoluíram para doença crônica; e em 5 % ocorreu o óbito. A taxa de complicações durante a internação foi 15%: infecção hospitalar (10%) e choque séptico (5%). Os sinais clínicos mais encontrados foram: alteração em pele e anexos (35 %), adenomegalia, hepatomegalia e esplenomegalia isoladas (25%); hepatoesplenomegalia (20%);

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alterações da ausculta pulmonar e cardíaca (15%). Os sintomas mais apresentados foram: sintomas gerais (95%), gastrintestinais (50%), e respiratórios (35%). Antibióticos foram usados contra doenças infecciosas (50%) e em tratamento empírico (25%). CONCLUSÃO: A maioria dos casos de FOI no HUB permaneceu sem diagnóstico definido. A despeito disso, a maioria teve evolução favorável (cura sob terapia ou cura espontânea). 8. DISSOCIAÇÃO ENTRE MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA E CONSUMO DE OXIGÊNIO EM ATLETAS DO MOUNTAIN BIKE Guilherme Eckhardt Molina1,2,3, Luiz Guilherme Grossi Porto1, Keila Elizabeth Fontana2, Luiz Fernando Junqueira Jr1. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório Cardiovascular, Brasília, DF1; Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Laboratório Fisiologia do Exercício, Brasília, DF2; Centro Universitário UNIEURO, Faculdade de Saúde, DF3. JUSTIFICATIVA: A análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) avalia o balanço autonômico vago-simpático sobre o coração. Hiperatividade simpática e/ou baixa VFC podem estar associadas à síndrome de overreaching. OBJETIVO: Analisar a VFC e o desempenho cardiorrespiratório de atletas praticantes de mountain bike, em fase básica do treinamento, comparativamente a indivíduos fisicamente ativos. MÉTODO: Foram avaliados 13 atletas do ciclismo (GA - média ± sd: 27,4 ± 4,3 anos, IMC 21,6 ± 1,8 kg/m2) e 11 controles (GC - 25 ± 5,2 anos e IMC 23,1 ± 1,4 kg/m2), todos homens, sem diferença estatística para idade (p = 0,08) e IMC (p = 0,06). Os intervalos R-R para análise da VFC foram obtidos do ECG convencional registrado durante 5 min no repouso supino e ortostático, pela manhã, após 24 horas de descanso da última sessão de treinamento. A VFC foi analisada nos domínios do tempo e da frequência por meio de sistema próprio do Laboratório Cardiovascular-FM/UnB. Após, foi realizado teste de esforço incremental cardiopulmonar para a determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2max). As variáveis demonstraram distribuição não-normal, sendo comparadas pelo teste de Mann-Whitney, (P<0.05). RESULTADOS: Foi observada apenas diferença significativa para a média dos intervalos RR, em ambas as posições, supino e ortostática, (GC, 996.0 ± 155,5ms; GA, 1158,8 ± 152,2ms; p=0.02) e (GC, 761,2 ± 104,3ms; GA, 892,5 ± 166,1ms; p=0.04), dentre os diversos índices da VFC. Como esperado, foi verificada diferença no VO2max (GC 47,2 ± 8,4ml/kg.min; GA 71,4 ± 7,8ml/kg.min; p=0.001).CONCLUSÃO: A maior capacidade física, traduzida pelo consumo de oxigênio em diferentes níveis de esforço, associada com inalteração da modulação autonômica cardíaca, avaliada pela VFC, a qual se esperaria que estivesse aumentada, sugere condição de overreaching nos atletas de mountain bike ou repouso prévio insuficiente (24h) para avaliação do real estado da FAC desses atletas. 9. VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM ATLETAS E NÃO ATLETAS NO REPOUSO. Guilherme Eckhardt Molina1,2,3, Luiz Guilherme Grossi Porto1, Keila Elizabeth Fontana2, Luiz Fernando Junqueira Jr1. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório Cardiovascular, Brasília, DF1; Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Laboratório Fisiologia do Exercício, Brasília, DF2; Centro Universitário UNIEURO, Faculdade de Saúde, DF3. JUSTIFICATIVA: A frequência cardíaca de repouso (FCr) observada freqüentemente em atletas de endurance, bradicardia, tem efeito cardioprotetor. Todavia, permanece controverso na literatura se a bradicardia esta associada com aumento do tônus vagal no coração; Diminuição do tônus simpático no coração ou diminuição da freqüência cardíaca intrínseca. OBJETIVO: Proceder à análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo de da frequência em atletas

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comparativamente com indivíduos treinados na posição supina e na posição ortostática, quanto à existência de alterações do balanço simpático parassimpático no nodo sinoatrial. MÉTODO: Foram avaliados 13 atletas do ciclismo (GA - média ± sd: 27,4 ± 4,3 anos, IMC 21,6 ± 1,8 kg/m2) e 11 controles (GC - 25 ± 5,2 anos e IMC 23,1 ± 1,4 kg/m2), todos homens, sem diferença estatística para idade (p = 0,08) e IMC (p = 0,06). Os intervalos R-R para análise da VFC foram obtidos do ECG convencional registrado durante 5 min no repouso supino e ortostático, pela manhã, após 24 horas de descanso. da última sessão de treinamento. A VFC foi analisada nos domínios do tempo e da freqüência por meio de sistema próprio do Laboratório Cardiovascular-FM/UnB. A maioria das variáveis mostrou distribuição não-normal, e foram comparadas pelo teste de Mann-Whitney, ao nível de 5%. RESULTADOS: A FCr do GA foi significativamente menor que do GC caracterizando bradicardia de repouso (GA 84 ± 12 bpm; GA 58 ± 9 bpm; p=0.001). Contudo, não foram verificadas diferenças significativas entre as análises da VFC no domínio do tempo e da frequência nas posições supino e ortostática entre os grupos. CONCLUSÃO: O resultado sugere que o treinamento físico aeróbio dos ciclistas não está associado às alterações da respostas autonômicas cardiovasculares no repouso, desta forma, a bradicardia observada no GA pode estar relacionada a adaptações intrínsecas do nodo sinoatrial. 10. FREQUÊNCIA CARDÍACA E CONSUMO DE OXIGÊNIO EM DIFERENTES INTENSIDADES DE ESFORÇO EM CICLISTAS DE ELITE E INDIVÍDUOS ATIVOS Guilherme Eckhardt Molina1,2,3, Luiz Guilherme Grossi Porto1, Keila Elizabeth Fontana2, Luiz Fernando Junqueira Jr1. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório Cardiovascular, Brasília, DF1; Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Laboratório Fisiologia do Exercício, Brasília, DF2; Centro Universitário UNIEURO, Faculdade de Saúde, DF3. JUSTIFICATIVA: Questiona-se se a utilização da freqüência cardíaca (FC) como discriminante de intensidade de esforço físico. OBJETIVO: Analisar a FC e consumo de oxigênio nos limiares ventilatórios anaeróbio (LA) e ponto de compensação respiratório (LCR) de atletas de ciclismo, comparativamente a indivíduos ativos. MÉTODO: Foram avaliados 13 atletas (GA - média ± sd: 27,4 ± 4,3 anos, IMC 21,6 ± 1,8 kg/m2) e 11 controles (GC - 25 ± 5,2 anos e IMC 23,1 ± 1,4 kg/m2), homens, sem diferença estatística para idade (p = 0,08) e IMC (p = 0,06). O registro da FC e o consumo de oxigênio (VO2) foram obtidos durante o teste cardiopulmonar. Utilizou-se o teste de Mann-Whiteny, para comparação entre os grupos, (P<0.05). RESULTADOS: A FC de repouso do GA foi menor (p=0.001) que do GC. Os valores amostrais (mediana; espaço interquartílico) não diferiram para FCLA e FCLCR entre os grupos (GC, 149; 145 – 164bpm; GA, 160; 155 – 169bpm; p=0.07) e (GC, 185; 177 – 193; GA, 183; 182 -185; p=0.55) respectivamente. Por outro lado, o VO2LA e VO2LCR diferiram (GC, 27,9; 22,0 - 32,2 ml/kg.min-1; GA, 51,1; 46,5 - 55,7 ml/kg.min-1; p=0.01) entre os grupos. A variação absoluta e relativa da FC no LA (VALA; VRLA) e LCR (VALCR; VARLCR) entre os grupos diferiram (GC, 69; 53 – 82bpm; GA, 108,5; 90,2 - 110,7bpm; p=0.001) (GC, 77,0; 54,4 - 114,7%; GA, 182,0; 138,0 – 225,0%; p=0.001) e (GC, 96; 85 – 114bpm; GA, 125,5; 113,2 – 134bpm; p=0.001) e (GC, 107,8; 92,3 - 151,4%; GA, 216,2; 162,3 – 280,1%; p=0.001) respectivamente. CONCLUSÃO: A FC não diferiu entre os grupos. Os valores de VO2 nos limiares são diferentes, apesar da semelhança da FC. A variação absoluta e relativa da FC entre os grupos fica evidente que o GA, em relação ao GC, teve maior sobrecarga fisiológica para iguais valores de FC absoluta.

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11. REPRODUTIBILIDADE DA ANÁLISE TEMPORAL DA VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA EM INDIVÍDUOS NORMAIS, NO REPOUSO SUPINO. Luiz Guilherme Grossi Porto, Guilherme E. Molina e Luiz Fernando Junqueira Jr. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Clínica Médica, Laboratório Cardiovascular, Brasília, DF JUSTIFICATIVA: A análise da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) é uma metodologia não-invasiva e poderosa para avaliação clínica da função autonômica cardíaca. OBJETIVO: Avaliar a reprodutibilidade, em curto prazo, de índices temporais da VFC em homens clinicamente normais. MÉTODO: Foram estudados 19 homens, com idade mediana de 30 anos (19 - 46 anos), clinicamente normais, insuficientemente ativos e com IMC entre 18,5 e 29,9 Kg/m2. Os participantes submeteram-se a avaliação clínico-cardiológica e ao teste de avaliação da FAC (FAC1), por meio da análise temporal da VFC de séries temporais de 5 min de intervalos R-R do ECG (IntRR), obtidos por meio do freqüencímetro Polar S810®, no repouso supino. Solicitou-se aos voluntários a manutenção do estilo de vida sem qualquer modificação, por duas semanas. Após este período, novo teste da FAC foi realizado (FAC2). A reprodutibilidade foi avaliada por meio de teste de hipótese. Dada a distribuição não-normal de algumas variáveis, os índices temporais de FAC1 foram comparados pareadamente com os valores obtidos na FAC2, por meio do teste de Wilcoxon, ao nível de 5%. RESULTADOS: O número de IntRR em FAC1 (1005; 778-1343 ms) foi semelhante (p=0,09) ao observado em FAC2 (990; 730-1168 ms). Valores semelhantes (p=0,01) também observados no desvio padrão dos IntRR entre FAC1 (56,4; 25,3 – 130,4 ms) e FAC2 (52,0; 21,8 – 123,3 ms). O mesmo ocorreu com os valores do coeficiente de variação em FAC1 (5,4; 2,7 – 11,8ms) e FAC2 (5,5; 2,7 – 11,5ms // p=0,12); do PNN50% em FAC1 (30,0; 1,3 – 74,6%) e FAC2 (9,8; 0,3 – 69,3% // p=0,19) e no rMSSD em FAC1 (46,0; 17,3 – 153,3ms) e FAC2 (33,8; 16,7 – 142,8ms // P=0,11). CONCLUSÃO: Observou-se adequada reprodutibilidade de índices temporais da VFC, em homens clinicamente normais, em seguimento de duas semanas sem modificação do estilo de vida. 12. ANÁLISE DA SOBREVIDA DE ENXERTOS E RECEPTORES DE TRANSPLANTES RENAIS REALIZADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA (HUB) Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Avaliar a sobrevida de enxertos e receptores de transplantes renais realizados no HUB. OBJETIVO: Analisar as sobrevidas de enxertos e de receptores dos transplantes renais realizados no HUB, bem como a influencia das variáveis tipo de doador e idade do receptor nestas sobrevidas. MÉTODO: Estudo do tipo observacional, onde foram revisados os casos clínicos de todos os pacientes submetidos a transplante renal no HUB desde 2006. Calculou-se as sobrevidas de pacientes e de enxertos por meio da Curva de Sobrevida de Kaplan-Meier. Foi realizado análise multivariada de sobrevida das variáveis tipo de doador (vivo e cadáver) e idade do receptor utilizando o Modelo de Regressão de Cox. RESULTADOS: De um total de 41 pacientes, 10 foram receptores de doador cadáver (DC) e 31 de doadores vivos relacionados(DVR). A sobrevida geral do receptor em 1, 6 e 12 meses foi 97,5%, 92% e 90% , respectivamentede. Analisando os subgrupos, nos receptores de doadores vivos a sobrevida nesse mesmo período foi 100%, 93% e 90% e nos receptores de doador cadáver 90%, 90% e 90%. Quanto à sobrevida do enxerto, nos receptores de DC essa sobrevida foi de 100% num período de seguimento médio de 10 meses, e nos receptores de DVR a sobrevida de enxerto foi de 90% num período de seguimento médio de 18 meses. Não houve influência da idade do receptor na sobrevida dos enxertos. CONCLUSÃO: A sobrevida dos receptores foi maior quando o doador era do tipo DVR, dado compatível com as características do preparo de cada tipo de

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transplante. Em relação a sobrevida renal, esta foi maior em paciente do tipo doador cadáver, porém a amostra bem inferior desse tipo de transplante, dificulta a retirada de conclusões sobre esse dado. 13. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE RENAL NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA (HUB) Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Estabelecer um perfil dos pacientes submetidos a transplante renal no HUB. OBJETIVO: Analisar o perfil quanto à idade, sexo, tipo de doador e tempo de seguimento, em meses, de pacientes submetidos a transplante renal no Hospital Universitário de Brasília. MÉTODO: Estudo do tipo descritivo. Os dados foram obtidos por revisão dos prontuários dos pacientes submetidos a transplante renal no HUB desde setembro de 2006 a agosto de 2010. RESULTADOS: De um total de 41 pacientes transplantados em nosso serviço, 68% eram do sexo masculino, sendo a média de idade 38 anos. Quanto ao tipo do doador, a maioria (75%) foi do tipo Doador Vivo Relacionado e 25% do tipo Doador Cadáver. O tempo de seguimento médio até a data de 21/08/10, foi de 17 meses, variando de zero dia até 48 meses. CONCLUSÃO: Em nosso serviço, a maioria dos pacientes transplantados pertencia ao sexo masculino, apesar de não haver diferença significante entre o sexo em relação aos pacientes em diálise no Brasil. A média de idade foi de 38 anos, sendo uma média ligeiramente mais baixa em relação a outros estudos. Os doadores vivos foram responsáveis pela maioria dos casos, embora no Distrito Federal a diferença entre vivos e falecidos não seja significante. Com o aumento do número de pacientes em seguimento pré – transplante doador cadáver em nosso ambulatório, essa proporção vem gradativamente se invertendo. 14. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM BRASÍLIA Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Serviço de Nefrologia HUB - UnB, DF. JUSTIFICATIVA: A Insuficiência renal aguda é caracterizada pela súbita diminuição da função do rim, ocasionando elevação das escórias nitrogenadas e perda da regulação dos eletrólitos e do volume extracelular e do equilíbrio ácido-base. A IRA é geralmente uma doença do paciente hospitalizado. A incidência em ambiente hospitalar encontrada na literatura varia entre 2 a 7%, correlacionando-se a choque séptico, hipovolemia, uso de aminoglicosídeos, insuficiência cardíaca, uso de contrastes radiológicos, pós-operatórios, idade avançada, doença hepática, nefropatia pré-existente e diabetes. A incidência de IRA vem aumentando, o que se relaciona com o aumento da incidência de sepse e internação em UTI. OBJETIVO: Avaliar, nos pacientes com IRA, as seguintes variáveis clínico-epidemiológicas: idade, gênero, etnia e modalidade de diálise realizada. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes atendidos no período de Janeiro de 2005 a dezembro de 200, processados no Microsoft Excel. RESULTADOS: Foram incluídos 1801 pacientes atendidos em vários hospitais de Brasília. Os pacientes do sexo masculino representaram 53,4% do total. A maioria dos pacientes foi classificada como brancos (63,4%), sendo esta a etnia mais prevalente. A idade dos pacientes variou entre <1 ano a >90 anos, sendo que 46% dos pacientes estavam na faixa etária de 60 a 79 anos. Em relação ao método de diálise empregado, 88,8% dos pacientes foram submetidos à hemodiálise. CONCLUSÃO: O estudo demonstrou o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes atendidos em diversos hospitais de Brasília, em um período de 5 anos,

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refletindo as características da doença no Distrito Federal e em regiões próximas. Tais características se mostraram condizentes com o perfil encontrado na literatura. 15. EVOLUÇÃO NO DECORRER DOS ANOS NA QUANTIDADE DE TRANSPLANTES RENAIS REALIZADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Nos últimos anos, houve em nosso país, um aumento de políticas direcionadas para o incentivo da doação de órgão sólidos. Tal fato vem se refletindo em um curva ascendente do número de transplantes renais no Brasil. OBJETIVO: Avaliar a evolução quanto ao número de transplantes renais realizados no HUB no decorrer dos anos e dimensionar a parcela de contribuição do HUB em relação ao DF, e do próprio DF frente ao cenário nacional MÉTODO: Estudo do tipo descritivo. Feito levantamento de todos os transplantes renais realizados no HUB e do número de transplantes renais realizados no DF e no Brasil, desde 2006 até junho deste ano. Os dados foram obtidos no Registro Brasileiro de Transplantes. RESULTADOS: Nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010 foram realizados, respectivamente, 3, 9, 7, 13 e 9 transplantes no HUB, totalizando 41. Isso representa 17% do total de transplantes renais realizados no DF (234 transplantes) neste mesmo período. Em 2007 o DF foi responsável por 1% dos transplantes renais realizados no Brasil. Em 2010 esse percentual corresponde a 1,7% até o momento. Em 2006 foram realizados 3278 transplantes renais no Brasil. Em 2009 esse número subiu para 4281. CONCLUSÃO: O número de transplantes renais realizados no Brasil nos últimos 5 anos vem aumentando progressivamente, assim como também tem aumentado a participação do DF neste contexto. O HUB acompanha essa tendência de crescimento, o que é visto principalmente nos últimos 3 anos. 16. ANÁLISE DA MORTALIDADE ENTRE OS PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM BRASÍLIA Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Inara Creão da Costa, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Serviço de Nefrologia HUB - UnB, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A injúria renal aguda é uma complicação comum de várias patologias, e afeta 2 a 7% dos pacientes hospitalizados e mais de 35% dos pacientes críticos. A terapia de substituição renal é a base para o tratamento dos doentes com lesão renal aguda severa, sendo necessária em até 6% dos pacientes críticos e associada à mortalidade intra-hospitalar de 50 a 80%. A despeito do avanço de novas técnicas de terapia intensiva e de métodos dialíticos contínuos, a mortalidade permanece alta. As evidências, até o presente momento, mostram que a sobrevivência ou morte dos pacientes em UTIs depende mais dos fatores relacionados ao paciente do que das formas de diálise empregadas. OBJETIVO: Avaliar as taxas de mortalidade nos pacientes com insuficiência renal aguda e com insuficiência renal crônica submetidos a métodos dialíticos em unidade de terapia intensiva. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes atendidos no período de Janeiro de 2005 a Dezembro 2009. Os dados foram armazenados e processados no Microsoft Excel. RESULTADOS: Foram incluídos 1801 pacientes atendidos em vários hospitais de Brasília, sendo que 54,8% apresentaram IRA e 45,19% foram caracterizados como portadores de IRC prévia. Do total de pacientes 49,9% foram à óbito, sendo que 4 pacientes apresentaram este desfecho durante o procedimento dialítico. A taxa de mortalidade geral para o total de pacientes submetidos a métodos dialíticos de urgência foi de 66,4%. Nos pacientes com IRA a mortalidade foi de 66,7%, enquanto que nos pacientes com IRC 30%. CONCLUSÃO: Os dados encontrados, assim como os disponíveis na literatura, confirmam a Insuficiência renal aguda dialítica como fator de mal prognóstico em unidade de terapia intensiva, mesmo com os significativos avanços das máquinas de hemodiálise.

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17. TRANSTORNO DE TIQUE – RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA Simone Lespinasse Araújo, Diego Martins de Mesquita, Fernanda Seabra Simões Resende, Temidayo Omolara Otomosho. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Psiquiatria, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Existe inúmeros casos de transtorno de tique sem diagnóstico ou cuja sintomatologia é atribuída a outros diagnósticos. Destaca-se tal caso pela sua representatividade. OBJETIVO: Relatar caso de transtorno de tique diagnosticado e acompanhado no ambulatório de Psiquiatria do Hospital Universitário de Brasília. DESCRIÇÃO: HDS, 20 anos, masculino, solteiro, estudante, natural de Brasília-DF, residente e procedente do Gama-DF, queixa-se de “movimentos involuntários há 13 anos”. Refere que há 13 anos apresenta movimentos involuntários em pescoço e braço esquerdo. Os movimentos são diários, constantes, interrompidos em alguns momentos, sem fatores desencadeantes ou de piora. Relata piora progressiva dos movimentos involuntários. Refere acompanhamento neurológico neste serviço há 2 anos, com diagnóstico de coréia, sendo tratado com Rivotril ½ e Orap 1mg por dia. Nega sialorréia, diarréia, coprolalia ou qualquer outra sintomatologia associada. Antecedentes: infecção de garganta de repetição e asma na infância. Nega etilismo, tabagismo, consumo de drogas ilícitas e demais patologias. Ao exame: boa apresentação, fáscies atípica, atitude adequada durante a entrevista, contato adequado com o examinador, com movimentos involuntários em cabeça e braço esquerdo. Sem demais alterações. CONCLUSÃO: A síndrome de Tourette foi descrita em 1885, tem prevalência de 4 a 5:10.000 e acomete preferencialmente o sexo masculino (3:1). Pode começar como transtorno motor aos 7 anos, tiques aos 11 anos, sendo de herança autossômica dominante. Sua base fisiopatológica é a exacerbação dopaminérgica central. A história clínica completa é fundamental para o diagnóstico correto. 18. DIFICULDADE TERAPÊUTICA NA CONDUÇÃO DE PACIENTE COINFECTADO HIV/LEISHMANIOSE TEGUMENTAR – RELATO DE CASO. Carolina Barbosa Bruno, Anglya Samara Silva Leite Coutinho, Jorgeth de Oliveira Carneiro da Motta, Carmen Déa Ribeiro de Paula, Cláudia Porto, Raimunda Nonata Ribeiro Sampaio.

Universidade de Brasília/Hospital Universitário de Brasília/Departamento de Clínica Médica/Serviço Dermatologia JUSTIFICATIVA: Relatar a dificuldade no tratamento de pacientes coinfectados HIV/Leishmaniose Tegumentar através de caso clínico. OBJETIVO: Comunicar dificuldade terapêutica da Leishmaniose Tegumentar em paciente portador do vírus HIV. MATERIAL E MÉTODOS: Paciente masculino, 37 anos, portador do vírus HIV há 24 anos em uso de tenofovir, lamivudina e efavirenz. Em 2003 teve o diagnóstico de Leishmaniose Tegumentar e, desde então, já apresentou várias formas clínicas da leishmaniose: forma cutânea com a úlcera clássica, Leishmaniose disseminada e quadro clínico de possível visceralização, quando apresentou febre, astenia, perda de peso, hepatoesplenomegalia, pancitopenia e hipoalbuminemia. Entretanto, o esfregaço, a cultura e o PCR para leishmania foram negativos. Tratado com N-metil glucamina isolado e associado à pentoxifilina, desoxicolato de anfotericina B e anfotericina B lipossomal. Desenvolveu cardiotoxicidade com o uso da N-metil glucamina dose de 20mg Sbv/Kg/dia, nefrotoxicidade com o uso do desoxicolato de anfotericina B e falha terapêutica após vários ciclos de anfotericina B lipossomal. CONCLUSÃO: A coinfecção HIV/Leishmaniose é uma condição emergente e o seu tratamento é um desafio. O paciente apresentou efeitos colaterais importantes, várias recidivas mesmo com contagem de células CD4 normal, falha terapêutica após vários ciclos de Anfotericina B Lipossomal e necessidade de profilaxia secundária. A grande incidência de eventos adversos com as medicações, a alta taxa de recidiva, a necessidade de

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profilaxia secundária, a pouca disponibilidade de drogas menos tóxicas e de mais fácil aplicação e a falta de estudos que orientem a condução destes pacientes tornam o seu tratamento um desafio. 19. RELATO DE UM CASO DE PSEUDOXANTOMA ELÁSTICO Carolina Barbosa Bruno, Tatiana Varella, Fernanda Nóbrega Cordeiro, Anglya Samara Silva Leite Coutinho. Universidade de Brasília/Hospital Universitário de Brasília/Departamento de Clínica Médica/Serviço de Dermatologia JUSTIFICATIVA: Relatar um caso de uma doença rara que pode evoluir com comprometimento sistêmico grave. OBJETIVO: Relatar um caso de Pseudoxantoma elástico. DESCRIÇÃO: Mulher, 46 anos, hipertensa, comparece ao ambulatório de dermatologia e relata pele flácida desde a infância com piora progressiva. Negava uso de medicações sistêmicas. Dois irmãos com quadro semelhante.Exame de pele detectou flacidez na axila, virilha e pescoço, diminuição da consistência e coloração amarelada. Pápulas amareladas coalescentes em padrão de pedra de calçamento no pescoço. O exame histopatológico de axila mostrou epiderme habitual. Derme reticular média e profunda com fibras elásticas espessadas e fragmentadas que se coram em negro pelo método de Verhoeff. CONCLUSÃO: O Pseudoxantoma elástico é uma doença hereditária rara com comprometimento multissistêmico em pele, olhos e sistema cardiovascular causada pela mineralização progressiva do tecido elástico. É uma doença universal com prevalência estimada em 1/100.000 habitantes, sendo maior em judeus. Tem padrão de herança autossômica recessiva na maioria dos casos, embora tenha alguns relatos de padrão autossômico dominante. É decorrente de uma mutação no gene ABCC6 que codifica uma proteína com provável ação na detoxificação celular, o que leva alguns autores a acreditarem que o pseudoxantoma elástico seria primariamente uma doença metabólica. Sua maior importância está no diagnóstico precoce pois está associada a grave morbidade e mortalidade cardiovascular e oftalmológica, entre elas infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, doença vascular periférica como claudicação intermitente e perda da visão por hemorragia retiniana. É essencial acompanhamento multidisciplinar para os portadores do pseudoxantoma elástico a fim de evitar todas estas complicações. Relata-se um caso de pseudoxantoma elástico, uma doença rara e que teve seu diagnóstico feito tardiamente, o que poderia ter comprometido a qualidade de vida da paciente. 20. TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR FORMA MUCOSA – RELATO DE UM CASO COM RESPOSTA INSATISFATÓRIA APÓS USO DA ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL. Carolina Barbosa Bruno, Anglya Samara Silva Leite Coutinho, Jorgeth de Oliveira Carneiro da Motta, Carmen Déa Ribeiro de Paula, Cláudia Porto, Raimunda Nonata Ribeiro Sampaio. Universidade de Brasília/Hospital Universitário de Brasília/Departamento de Clínica Médica/Serviço Dermatologia JUSTIFICATIVA: Apresentar um caso de falha terapêutica da Anfotericina B Lipossomal no tratamento da Leishmaniose mucosa OBJETIVO: Comunicar um caso de leishmaniose mucosa que não respondeu ao tratamento com Anfotericina B Lipossomal. DESCRIÇÃO: Paciente do sexo feminino, 75 anos, com história de úlcera com resolução espontânea em perna aos 7 anos de idade após picada de inseto. Aos 47 e 51 anos, teve diagnóstico de leishmaniose mucosa tratada com sucesso com medicação que não sabe informar no primeiro episódio e, aos 51 anos, tratada com 2g de pentamidina. Aos 74 anos foi diagnosticada novamente com leishmaniose mucosa. Além disso, apresentava diabetes melllitos controlado com hipoglicemiante oral, hipertensão arterial controlada com diurético e artrite reumatóide em uso de difosfato de cloroquina e prednisona 5mg/dia. Por todas as co-morbidades apresentadas e um Clearance de creatinina estimado 30ml/min, optou-se pelo tratamento com Anfotericina B Lipossomal. Após dose total de 3g e suspensão da prednisona, não obteve melhora da lesão. Iniciado tratamento com N-metil glucamina na dose 5mg SbV/Kg/dia associado a pentoxifilina 1200mg/dia com excelente resposta clínica. CONCLUSÃO: A anfotericina B é considerada droga de segunda linha no tratamento da leishmaniose tegumentar. A anfotericina em suspensão coloidal é indicada pelo Ministério da Saúde quando não se obtém resposta com o

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antimonial ou quando o mesmo está contraindicado. Entretanto, a sua forma lipossomal não está registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária para uso na Leishmaniose Tegumentar, apesar do acúmulo de experiências encontradas na literatura, sendo o seu uso off-label na leishmaniose tegumentar. O antimonial, por outro lado, é droga de primeira linha com vários estudos bem conduzidos comprovando sua eficiência, mesmo em esquemas alternativos. Ensaios clínicos são necessários para melhor orientação no uso da Anfotericina B lipossomal na Leishmaniose Tegumentar. 21. PROTOTECOSE CUTÂNEA: RELATO DE CASO. Carolina Barbosa Bruno, Fernanda Nóbrega Cordeiro, Anglya Samara Silva Leite Coutinho, Carmen Déa Ribeiro de Paula. Universidade de Brasília/Hospital Universitário de Brasília/Departamento de Clínica Médica/ Serviço de Dermatologia. JUSTIFICATIVA: Relato de infecção rara causada por alga. OBJETIVO: Relato de condição rara e que faz diagnóstico diferencial com infecções fúngicas. DESCRIÇÃO: Mulher, 65 anos, procedente de Valparaíso-GO, ex-lavradora na Bahia (há 22 anos) e que tem como hobbie a jardinagem. Referia lesão no rosto com crescimento progressivo, sensação de ardência e prurido. Usou clobetasol tópico sem melhora. Ao exame apresentava placa vegetante bem delimitada, eritematoacastanhada em bochecha direita. Realizado exame histopatológico que identificou estruturas compatíveis com Paracoccidioides brasiliensis. Iniciado tratamento com sulfametoxazol-trimetoprim. Evoluiu com progressão das lesões no braço direito. Novo exame histopatológico demonstrou inflamação granulomatosa associada a estruturas arredondadas, algumas com endosporulação e positiva nas colorações de Ácido Periódico Schiff e Grocott. A cultura de framento de pele identificou Prototheca spp. O teste de assimilação dos açucares especificou Prototheca wickerhamii. CONCLUSÃO: A Prototecose cutânea é uma infecção rara causada por algas do gênero Prototheca. São algas aclorofiladas distribuidas universalmente: vegetações, solo, água, animais e alimentos. Também coloniza a pele, as unhas, o trato respiratório e gastrointestinal dos homens. É um patógeno oportunista, que provoca infecção em imunocomprometidos. A infecção ocorre através de inoculação traumática na pele, contato de pele lesada com água contaminada e trauma por picada de inseto. São observadas três formas clínicas: cutânea, articular e sistêmica ou disseminada. A forma cutânea é a mais comum e a articular se apresenta como burstite olecraniana. O diagnóstico é feito através de exame histopatológico e identificação da espécie por testes específicos. O diagnóstico diferencial é feito com infecções fúngicas e, principalmente com o Paracoccidioides brasiliensis. O tratamento de escolha é a anfotericina B, mas também podem ser utilizados os azóis: fluconazol, voriconazol e itraconazol, que apresentam atividade moderada. Há cerca de 119 casos no mundo e sete casos no Brasil, sendo este o segundo caso diagnosticado no Distrito Federal. 22. FIBROHISTIOCITOMA MALIGNO ASSOCIADO À HIPOGLICEMIA –RELATO DE CASO. Cláudia Ottaiano Rodrigues, Marcos Vinicius da Silva França, João Nunes de Matos Neto, Gabriela Aquino Schneider, Alcir Galdino de Oliveira Filho, Anna Paula Lopes de Oliveira, Pedro Manzke de Carvalho. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Oncologia Clinica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A ocorrência de hipoglicemia em pacientes portadores de tumores intratorácicos foi descrita em 1930 por Doege e Potter. Desde então outros tumores de linhagem mesenquimal vem sendo descritos como responsáveis por episódios de hipoglicemia. O fibrohistiocitoma maligno é descrito como causa de hipoglicemia em um número restrito de casos na literatura. OBJETIVO: Relatar um caso de fibrohistiocitoma maligno associado à hipoglicemia. DESCRIÇÃO: Paciente de 52 anos, feminina, admitida em 2007 no Pronto Socorro do Hospital Universitário de Brasília com

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dispnéia de repouso há três meses. Apresentava piora progressiva dos sintomas, associados a dor torácica ventilatório-dependente e tosse seca. Tomografia de tórax evidenciou lesão tumoral mediastinal com extensão para veia cava superior e átrio direito. Paciente evolui com episódio de hipoglicemia (16 mg/dl) corrigido após aporte com soro glicosado a 50%. Durante a internação para investigação a paciente cursou com episódios repetidos de hipoglicemia sintomática. Foram realizadas, durante hipoglicemia, as dosagens de glicose e Insulina sérica. Os resultados mostraram tratar-se de hipoglicemia hipoinsulinêmica. Foi realizada biópsia da tumoração torácica com diagnóstico histopatológico e imunohistoquímico de Fibrohistiocitoma Maligno. Iniciada dexametasona por via oral, com controle parcial das glicemias. Paciente recebeu o primeiro ciclo de quimioterapia baseada em Ifosfamida e Adriamicina. No entanto houve piora do quadro respiratório e óbito no 35° dia de internação. CONCLUSÃO: O fibrohistiocitoma maligno primário de pulmão é uma neoplasia pouco comum e que pode estar associada à hipoglicemia hipoinsulinêmica.

23. ATRASO NO ESTADIAMENTO E INÍCIO DE TRATAMENTO DOS PACIENTES COM CÂNCER DE RETO LOCALIZADO TRATADOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA EM 2009 Claudia Ottaiano Rodrigues, Alcir Galdino de Oliveira Filho, Anna Paula Lopes de Oliveira, Pedro Manzke de Carvalho, João Nunes de Matos Neto Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Oncologia Clinica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A literatura médica recomenda amplamente o tratamento neoadjuvante como modalidade terapêutica padrão nos pacientes com câncer de reto localizado. Um adequado estadiamento é fundamental para decisão terapêutica. No entanto, o atraso do início do tratamento é um achado comum entre pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde. OBJETIVO: Avaliar a média de dias entre o diagnóstico e o início do tratamento dos pacientes com câncer de reto tratados com quimioterapia e radioterapia neoadjuvante no Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília no ano de 2009. MÉTODO: Foi realizado um estudo longitudinal, descritivo e retrospectivo dos pacientes com câncer de reto localizado tratados no ambulatório de tumores colorretais. RESULTADOS: Nove pacientes realizaram tratamento neoadjuvante. A média de tempo entre o início dos sintomas e a primeira consulta no serviço de oncologia foi de 202,125 dias, variando entre 66 e 373 dias. A média de dias entre o diagnóstico e a primeira consulta foi de 50,55 dias, sendo o mínimo de 17 dias e o máximo de 151. A média entre os primeiros sintomas e a realização da colonoscopia foi 142,125 dias (32 – 233 dias). Nenhum paciente foi diagnosticado por rastreamento. O número de dias entre a primeira consulta e o início da quimioterapia foi, em média, de 22,75 dias (11 – 39 dias). CONCLUSÕES: O tratamento neoadjuvante realizado pelo Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília ainda apresenta atraso no diagnóstico, estadiamento e início do tratamento em relação aos serviços de excelência. 24. AVALIAÇÃO DA RESPOSTA CLÍNICA COMPLETA DOS PACIENTES COM CÂNCER DE RETO LOCALIZADO TRATADOS COM QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA NO ANO DE 2009. Claudia Ottaiano Rodrigues, Alcir Galdino de Oliveira Filho, Anna Paula Lopes de Oliveira, Pedro Manzke de Carvalho, João Nunes de Matos Neto. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Oncologia Clinica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A radioterapia concomitante à quimioterapia neoadjuvante é o tratamento padrão para o câncer de reto ressecável no Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília. Numerosos estudos têm descrito taxas de respostas clínicas completas em torno de 20% com o uso desta modalidade de tratamento. OBJETIVO: Avaliar a taxa de resposta clínica completa nos pacientes com Câncer de reto tratados com quimioterapia e radioterapia neoadjuvante no Serviço de

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Oncologia do Hospital Universitário de Brasília no ano de 2009. MÉTODO: Foi realizado um estudo longitudinal, descritivo e retrospectivo dos pacientes com câncer de reto localizado tratados com quimioterapia e radioterapia neoadjuvante no Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília no ano de 2009. RESULTADOS: Foram tratados 63 pacientes com câncer colorretal. Trinta e dois pacientes eram portadores de câncer de reto. Nove pacientes realizaram tratamento neoadjuvante. A resposta ao tratamento foi avaliada por exame proctológico e descrita como resposta completa, parcial ou progressão de doença. Seis pacientes tiveram resposta clínica ao tratamento, dos quais 03 pacientes obtiveram resposta clínica completa. Houve duas progressões da doença e um paciente não foi avaliado por perda de seguimento. CONCLUSÕES: O tratamento neoadjuvante realizado pelo Serviço de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília obteve taxas de resposta similares às descritas na literatura médica de outros centros de referencia. 25. SÍNDROME NEFRÓTICA PERSISTENTE EM MIELOMA MÚLTIPLO Viviane Alves Leite, Eduardo Flávio Oliveira Ribeiro, Paulo Henrique da Costa Corá, Vinicius de Oliveira Boaventura, Cássia Maria Melo Souza, Marina Labarrere de Albuquerque, Matheus Serapião Mendes, Afonso Lucas Nascimento, Ronaldo Antônio Filho, Vitorino Modesto dos Santos. Hospital das Forças Armadas – HFA e Universidade Católica de Brasília – UCB, Departamento de Clínica Médica, Brasília-DF. JUSTIFICATIVA: Mieloma múltiplo corresponde a 1% das as neoplasias malignas e associa-se com síndrome nefrótica em cerca de 5% dos casos. Enfatizar proteinúria persistente após resposta terapêutica do mieloma múltiplo. OBJETIVOS: Relatar caso de mieloma múltiplo evoluindo com síndrome nefrótica. DESCRIÇÃO: Homem de 69anos, pardo, portador de HAS e DM, apresentando dor óssea difusa intensa há 20 dias, associada com astenia e perda ponderal de 5kg no período. Antecedente de hipertrofia prostática em investigação. Exames complementares revelaram: anemia (Hb 8,0; Ht 24,9; VCM 103, CHCM 32); VHS 120; comprometimento da função renal (creatinina 2,0; uréia 70); proteinúria com níveis nefróticos (13g/24h); hipercalcemia (1,45); e elevação de PSA (42,08). Cintilografia de corpo inteiro e RNM de coluna vertebral mostraram lesões degenerativas osteoarticulares em vértebras cervicais com compressão medular entre C4-C5. Radiografia de crânio, pelve e coluna vertebral evidenciaram osteopenia difusa, sem lesões líticas. Eletroforese de proteínas evidenciou pico monoclonal e o mielograma mostrou 92% de plasmócitos e 1% de eritrócitos. Tratado com dexametasona (40mg/dia) e eritripoetina (40.000UI semanais) houve melhora da dor, sem necessidade de transfusão sanguínea e com normalização da função renal após três ciclos de corticoterapia. No entanto, houve persistência de proteinúria (8g/24h). CONCLUSÃO: Mieloma múltiplo é uma neoplasia caracterizada pela proliferação monoclonal de células plasmáticas na medula óssea, que pode evoluir com destruição óssea e falência medular. Predomina no sexo masculino, na raça negra e em indivíduos acima de 60 anos. Complicações mais comuns incluem infecções bacterianas recorrentes, anemia, lesões osteolíticas e insuficiência renal. A doença óssea pode predispor às fraturas patológicas, compressão da medula espinhal, hipercalcemia e dor, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade. O acometimento renal pode ocorrer pelo depósito de proteínas de cadeia leve nos túbulos renais, além de hipercalciúria e fibrinólise secundária com lesão glomerular. 26. EXISTE CORRELAÇÃO ENTRE DESEMPENHO NEUROPSICOLÓGICO E PRESSÃO ARTERIAL EM ESTUDOS LONGITUNAIS? Filipe L. de Menezes, Alessandra Fátima N. R. Alves, Maria Alice V. Toledo. Hospital Universitário de Brasília - Centro de Medicina do Idoso JUSTIFICATIVA: Tanto a hipertensão arterial quanto a doença de Alzheimer (DA) são altamente prevalentes na população idosa. Um maior entendimento da relação entre PA e cognição pode ter implicações em medidas preventivas. OBJETIVO: Revisão da literatura até o presente momento

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sobre esse tema. MÉTODO: Pesquisa no MEDLINE (National Library of Medicine) com termos chaves: cognitive function and blood pressure (encontrados 1545 artigos), sendo que quando acrescentamos a palavra prospective, o total de artigos se restringe a 307, os quais foram analisados. RESULTADOS: A hipertensão arterial aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e conseqüentemente o risco de déficit cognitivo, demência vascular e possivelmente de demência de Alzheimer. Quando o diagnóstico de AVC é excluído da análise e as aferições da Pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) são feitas, controlando-se fatores como sexo, idade, educação, consumo de álcool, tabagismo e uso de medicação anti-hipertensiva, os resultados são controversos. Estudos de caso controle, em geral, associam menor função cognitiva entre hipertensos, com diferenças significativas na memória imediata e retenção. Em muitos desses estudos, a amostra é pequena e existem fatores de confundimento. Dois grandes estudos populacionais apresentam resultados conflitantes: a) Framingham: foram avaliados 2032 indivíduos (55-89 anos) submetidos a 8 testes neuropsicológicos, não foi encontrada relação consistente entre as duas variáveis; b) estudo realizado com 1736 indivíduos suíços (75-101 anos) utilizando-se o Mini-Mental (MMSE), mostrou que tanto a PAS quanto a PAD estão positivamente relacionadas ao MMSE de base. Nos indivíduos acima de 75 anos, parece que a diminuição da PAD é mais preditiva de desempenho cognitivo e aumento da mortalidade. CONCLUSÃO: Mais estudos prospectivos são necessários para se investigar a possibilidade de que um aumento sustentado e/ou diminuição na pressão arterial sistêmica (excluindo pacientes que tiveram AVC) está associado com declínio cognitivo. 27. PREVALÊNCIA DE Strongyloides stercoralis EM PACIENTES HIV POSITIVOS, NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA. Ricardo Perez Jannuzzi, Fernando Augusto Lopes Deckers, João Barberino Santos. Núcleo de Medicina Tropical, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal. JUSTIFICATIVA: Estima-se que a estrongiloidíase em pacientes HIV positivos seja freqüente em Brasília, devido ao baixo nível sócio-econômico dos pacientes, e sendo pouco diagnosticada pelos profissionais da saúde. OBJETIVO: Estudar a prevalência de Strongyloides stercoralis e a associação com outros parasitos intestinais em pacientes HIV positivos atendidos no Hospital Universitário de Brasília (HUB). MÉTODO: Estudo clínico epidemiológico do tipo inquérito hospitalar em 31 pacientes infectados por HIV, atendidos no HUB, selecionados por conveniência. Os pacientes foram submetidos à entrevista médica, exame físico, análise hematológica e parsitológica de fezes pelos métodos de Hoffman-Pons-Janer e de Rugai. RESULTADOS: Foram incluídos 31 pacientes, dos quais apenas 3 (9,67%) tiveram exame de fezes positivo para S. stercoralis. Todos eram do gênero feminino, média de idade de 45,3 anos, e com perda ponderal média de 4,6kg/mês. Uma com profissão gari e outra do lar referiram baixa condição sócio-econômica, enquanto que era estável para a terceira, auxiliar de informática. Duas pacientes apresentavam lesões cutâneas, com hiperceratose, xerodermia e descamação. Apenas uma paciente relatou diarréia alta e crônica. Todas tinham queixas de astenia e mal estar. Eosinofilia de 7720 cel/mm³ (22%) foi observada em uma paciente. CONCLUSÃO: A prevalência de Strongyloides stercoralis, na amostra estudada de pacientes HIV positivos atendidos no HUB, foi baixa. Apenas uma paciente apresentou diarréia compatível com a parasitose. Mesmo assim, consideramos que os médicos devem estar atentos á infecção pelo risco de disseminação e de morte em pacientes imunodeprimidos.

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28. RELATO DE CASO: SÍNDROME DE SWEET Ibraim Viana Vieira, Priscila Morais Galvão Souza, Leornardo Morais Paiva, Camila Viana Vieira, Patrick Damasceno, Anna Luiza Braga Pla, Mônica Piantino. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A Síndrome de Sweet é doença rara e desconhecida pela maioria dos médicos. OBJETIVO: Apresentar relato de caso de uma paciente com Síndrome de Sweet atendida no ambulatório de dermatologia do HUB. MÉTODO: Relato do caso e revisão bibliográfica sobre a Síndrome de Sweet. RESULTADOS: Paciente feminina, 29 anos, com placas eritemato-infiltrativas, pruriginosas em membros superiores, colo e dorso, de início há aproximadamente três anos que pioravam com uso de antibióticos ou exposição ao sol. Apresentou febre no início do quadro, não aferida. Refere uso de prednisona oral (chegando a ficar cushingóide) e dexametasona tópico com melhora das lesões. Realizada biópsia da placa que confirmou hipótese diagnóstica de Síndrome de Sweet. Também chamada de dermatose neutrofílica febril aguda, esta síndrome não tem predileção racial, incidindo principalmente em mulheres entre a quarta e sexta décadas de vida. Sua etiologia não está bem estabelecida, porém acredita-se que possa ser devida a um desequilíbrio de citocinas. É associada a alguma doença de base em até 50% dos casos. Existem três formas clínicas: clássica, paraneoplásica, e induzida por medicamento. O diagnóstico é feito pela satisfação de dois critérios maiores e dois menores.

• Critérios maiores: - Início agudo de lesões cutâneas típicas. - Achados histopatológicos consistentes com Síndrome de Sweet. • Critérios menores: - Febre maior que 38ºC ou mal estar. - Associação com malignidade, doença infecciosa ou gravidez, ou antecendente de infecção respiratória ou de TGI. - Excelente resposta a corticóide sistêmico ou iodeto de potássio. CONCLUSÃO: A Síndrome de Sweet é rara e somente o conhecimento prévio do clínico/dermatologista permite o diagnóstico desta afecção. 29. ERITEMA PIGMENTAR FIXO POR DIPIRONA: RELATO DE CASO. Patrick Silva Damasceno, Marcelo de Oliveira Ramiro, Camila Viana Vieira, Anna Luiza Braga Pla, Ibraim Viana Vieira, Monica Piantino. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Ressaltar que a Dipirona, um analgésico muito utilizado no Brasil, se associa freqüentemente a farmacodermias como o eritema pigmentar fixo. OBJETIVO: Relatar caso de eritema pigmentar fixo desencadeado por uso de crônico de dipirona. MÉTODO: Revisão sistemática de prontuário e descrição de caso atendido no ambulatório de dermatologia do HUB. RESULTADOS: A.C.B., masculino, 62 anos, negro, pedreiro, casado, natural de Corrente-PI, residente em Planaltina-DF há 17 anos, Fototipo VI, olhos pretos. Paciente relata que há cerca de 3 anos surgiram duas lesões eritematosas associadas a prurido de intensidade moderada, uma era localizada no rebordo costal direito e media cerca de 3 cm de diâmetro, a outra em antebraço direito com 1cm de diâmetro. Refere ter feito uso de pomadas de dexametasona para tratamento das lesões, sem sucesso. As lesões tinham períodos de remissão de poucos dias, retornando então com prurido de mesma intensidade. A lesão em rebordo costal direito evoluiu, após tempo desconhecido pelo paciente para mancha hipercrômica no local da lesão. Após extenso questionamento sobre uso de medicações, paciente referiu uso de Dipirona para alivio de cefaléia ocasional. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: A partir das características da lesão, seus períodos de remissão e recidiva sempre no mesmo local, o uso ocasional da dipirona e o

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não surgimento de novas lesões agudas após a substituição do medicamento por paracetamol, o eritema pigmentar fixo foi definido como decorrente do uso de Dipirona. 30. RELATO DE CASO: ESCLEROSE CUTÂNEA EM PLACAS Camila Viana Vieira, Patrick Damasceno, Ibraim Viana Viera, Anna Luiza Braga Plá, Mônica Piantino. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A esclerodermia cutânea isolada é dificilmente encontrada e diagnosticada na prática clínica. OBJETIVO: Apresentar relato de caso de uma paciente com esclerose cutânea em placas atendida no ambulatório de mermatologia do HUB. MÉTODO: Relato do caso e revisão bibliográfica sobre a esclerose cutânea em placas. RESULTADOS: Paciente feminina, 22 anos, com mancha arroxeada de início há 6 anos com crescimento progressivo. Biópsia confirmou diagnóstico de esclerodermia. A esclerodermia cutânea em placas ou morfea caracteriza-se por placas redondas ou ovais de bordas irregulares, induradas, superfície lisa, cor marfínica que na fase ativa estão envolvidas por halo eritemato-violáceo, conhecido como anel lilás. Evolutivamente surgem atrofia e esclerose, diminuição ou ausência de folículo pilos-sebáceos, diminuição da sudorese e discromia variável, com hipo ou hiperpigmentação A diagnose clínica de esclerodermia cutânea é dada pelas características dermatológicas da lesão. O diagnóstico laboratorial engloba o estudo histopatológico das lesões, pesquisa de anticorpos antinucleares. As alterações histopatológicas são comuns e semelhantes aos encontrados na esclerodermia sistêmica. A biópsia deve ser realizada preferencialmente nas áreas indicativas de atividade, onde ocorre deposição de colágeno novo na derme, tecido celular subcutâneo e fáscia. CONCLUSÃO: A esclerosa cutânea em placas é afecção rara, mas de forma clínica característica. Seu diagnóstico depende de experiência clínica e, em alguns casos, do exame histopatológico da lesão. 31. PSORÍASE PUSTULOSA COMPLICADA COM PIODERMITE Anna Luiza Braga Plá, Elisa Raphael dos Santos, João Henrique Zanotelli dos Santos, Camila Viana Vieira, Ibraim Viana Vieira, Marcelo de Oliveira Ramiro, Patrick Silva Damasceno, Monica Piantino Lemos. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Trazemos esse caso pela exuberância das lesões e a gravidade da paciente que necessitou de internação hospitalar. OBJETIVO: Descrever um caso de psoríase pustulosa complicada com infecção secundária, necessitando de internação hospitalar. DESCRIÇÃO: A paciente em questão é acompanhada pelo ambulatório de Psoríase do HUB, tem 45 anos chegou queixando-se de exacerbação da psoríase em mão esquerda há um mês, com piora há cinco dias, quando as lesões tornaram-se mais dolorosas, crostosas e edemaciadas. Queixava-se ainda de astenia, hiporexia e febre diária com calafrios há 4 dias. Ao exame físico apresentava edema de mão esquerda e placas eritematosas com pústulas e crostas hematomelicéricas nos 3º, 4º e 5º quirodáctilos esquerdos e em face medial da perna direita. A paciente fez uso Amoxicilina 500mg/dia, Neomicina tópica 2 vezes ao dia e Permanganato de potássio 1:30.000 1 vez ao dia por 15 dias com piora clínica. Cultura de secreção da lesão e de swab nasal: Staphylococcus aureus sensível a Oxacilina e Vancomicina. A paciente foi internada e iniciou-se tratamento tópico e Oxacilina 2g de 6 em 6 horas por 14 dias, recebendo alta com melhora clínica em uso de Vaselina e Propionato de Clobetasol 0,05%. Durante a internação diagnosticou-se artrite psoriásica e no acompanhamento ambulatorial indicou-se o uso de Etanercept. CONCLUSÃO: A Psoríase Pustulosa é uma apresentação caracterizada pelo desnvolvimente de pústulas estéreis em áreas de eritema e descamação. As lesões são bastante dolorosas e podem causar grande limitação. A paciente havia sido tratada com Metotrexato, Acicretina e Efalizumabe, mas encontrava-se há 6 meses sem nenhum tratamento sistêmico, estando em uso

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apenas de Dexametasona creme. A infecção secundária é mais comum em pacientes em uso de imunossupressores sistêmicos, mas devemos estar atentos para essa complicação. Mesmo sendo a psoríase pustulosa estéril, devemos sempre afastar a piodermite como complicação. 32. ALOPECIA AREATA EM CRIANÇA DE 10 ANOS ATENDIDA NO AMBULATÓRIO DE DERMATOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO – RELATO DE CASO. Fernanda Simões Seabra Resende, Alessandra de Sousa Gonçalves, Fabiana Ribeiro Costa, Diego Martins de Mesquita, Tamidayo Omolara Omotosho, Lívia Oliveira Munhoz, Quintino Rodrigues de Castro Júnior, Caio Simões Souza, Guilherme Costa Crispim de Sousa, Ana Maria Costa Pinheiro. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Ambulatório de Dermatologia, Brasília, DF. INTRODUÇÃO: A alopecia areata (AA) afeta 0,1% a 0,2% da população geral. A apresentação inicial mais comum ocorre no final da adolescência, primeira infância ou na idade adulta jovem. Caracteriza-se por perda de cabelo em áreas bem definidas em couro cabeludo, geralmente. Em 1% a 2% dos casos há acometimento de todo couro cabeludo (alopecia totalis); ou queda de fâneros por todo o corpo (universalis). A etiologia ainda é incerta, mas fatores genéticos, auto-imunes, estresse emocional, presença de anticorpos e produção de citocinas que inibem o crescimento do folículo piloso estão relacionados com a patologia. RELATO DE CASO: K.J.P.F., feminino, 10 anos, estudante, natural do Gama-DF, residente e procedente de Valparaíso-GO. QP: “Queda de cabelo há 4 anos”. HMA: Há 4 anos, paciente refere dois quadros de queda lenta dos cabelos nas regiões occipital e frontal, produzindo áreas de falha no couro cabeludo, foi usado Minixidil 2% e Theracort 40. Procurou o HUB, há 1 semana, com relato de queda progressiva dos cabelos em todo o corpo e regiões mais extensas do couro cabeludo, em regiões frontal, temporal e occipital, há 1 ano. A conduta consistiu em Minoxidil 5% e Prednisona; além de encaminhamento para psicologia. Antecedentes: Alergia a poeira, bezetacil; divórcio dos pais em 2009; pai perdeu o emprego em 2009; acidente com corrente elétrica em 2009. Ao exame: Ausência de fâneros em regiões frontal, temporal e occipital, sobrancelhas, axilas, membros, genitália. Exame dermatoscópico do couro cabeludo: folículos vazios, pontos amarelados e fios fraturados. CONCLUSÃO: Os efeitos da AA são principalmente psicológicos. Existe uma maior incidência de atopia e hipotireoidismo em pacientes com AA. Episódios de AA antes da puberdade predispõem recorrência crônica da doença. A perda do cabelo pode levar a mudanças significativas na aparência, os pacientes podem experimentar fobia social, ansiedade e depressão, sendo importante o acompanhamento psicológico. 33. RUPTURA DE FOLHETO ANTERIOR DE VÁLVULA MITRAL POR DEGENERAÇÃO MIXOMATOSA – RELATO DE CASO. Fernanda Simões Seabra Resende, Alessandra de Sousa Gonçalves, Quintino Rodrigues de Castro Júnior, Fabiana Ribeiro Costa, Lívia Oliveira Munhoz, Daniel Seabra Resende Castro Corrêa. Hospital Brasília, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF. INTRODUÇÃO: A ruptura de cordoalha tendínea da valva mitral possui como etiologia mais freqüente a degeneração mixomatosa. O folheto posterior é o mais acometido, em até 83% dos casos. Os sintomas geralmente são agudos, tendo em vista que a ruptura do folheto leva a regurgitação mitral hemodinamicamente significativa. Pacientes com regurgitação mitral secundária à ruptura de cordoalha apresentam alta mortalidade no primeiro ano, pois apresentam insuficiência cardíaca congestiva (ICC) rapidamente progressiva e elevação da pressão capilar pulmonar, requerendo intervenção cirúrgica precoce. A correção cirúrgica pode aliviar os sintomas, porém, quando é realizada em pacientes sintomáticos com função sistólica ventricular comprometida, costuma haver evolução com ICC no pós-operatório e prognóstico ruim. Assim, a correção cirúrgica deve ser realizada precocemente, antes de se instalar a disfunção do VE. CASO CLÍNICO: R.F.D., masculino, 61 anos. Previamente hígido, iniciou subitamente dispnéia intensa, ortopnéia importante, evoluiu com

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piora progressiva. Apresentou tosse seca e sudorese abundante na noite anterior. Antecedente patológico de prolapso de válvula mitral. Negou outros sintomas ou comorbidades. Ao exame: sopro holosistólico em foco primário mitral e estertores bolhosos pulmonares difusos bilateralmente. HD: insuficiência mitral aguda de origem isquêmica ou por degeneração mixomatosa. Exames: Ecocardiograma transtorácico: ruptura completa do folheto anterior da valva mitral, com AE de 4,6 cm e fração de ejeção do VE de 70%. Estudo de coronárias e ventriculografia: não foi encontrada doença coronariana. Evolução: Realizada cirurgia de troca valvar mitral por prótese metálica com sucesso e boa evolução no pós operatório. CONCLUSÃO: O tratamento cirúrgico é importante, pois o prognóstico a longo prazo desses pacientes é melhor do que o dos que não sofrem intervenção. 34. COMPLICAÇÃO DE ABSCESSO DENTÁRIO: ENDOCARDITE – RELATO DE CASO. Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Kelsen Teixeira, Fernanda Simões Seabra Resende, Fabiana dos Santos Damasco, Guilherme Costa Sousa, Caio Simões de Souza, Priscila Miranda, Thiego Araújo. Hospital Santa Lúcia, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF. INTRODUÇÃO: Endocardite infecciosa originada em foco dentário por Enterococcus faecalis: relato de caso. Fundamento: A endocardite infecciosa possui como foco principal as infecções na orofaringe, principalmente, os procedimentos dentais. Sua incidência está entre 0,0025% e 0,0050% de casos por ano, sendo homens e a faixa etária dos 47 aos 69 anos os mais acometidos. Em 50% a 70% dos casos, o principal agente etiológico das infecções em valvas cardíacas é o Streptococcus viridans. A cirurgia deve ser considerada em todos que apresentem episódios de falência cardíaca, tais como edema agudo de pulmão, regurgitação aórtica aguda, lesões estruturais com destruição valvar, fístulas cardíacas e vários graus de anormalidades na condução atrioventricular causada por abscessos septais. CASO CLÍNICO: CSL, 60 anos, masculino, hipertenso, ex-tabagista, diabético. Admitido no dia 21 de janeiro com quadro de endocardite infecciosa originada em foco dentário, dispneico e com edema em membros inferiores (2+/4+). Exames: Ecocardiograma transesofágico (19/01/2010): Insuficiência aórtica de grau moderado a importante e lesão filamentar móvel aderida a face ventricular de válvula aórtica de aproximadamente 2 cm de diâmetro. TC de tórax (21/01/2010): derrame pleural bilateral moderado. Hemoculturas (22/01/2010): Enterococcus faecalis sensível à penicilina. Foi realizado no dia 23 de janeiro a extração dentária sem intercorrências. Após 6 dias, troca de válvula aórtica com prótese biológica, com relato de sangramento aumentado por suspeita de lesão de pequena artéria muscular ao se instalar um dos drenos. CEC: 88 minutos. Clamp: 78 minutos. No pós operatório, recebeu 2 concentrados de hemáceas, 2 plasmas e 8U de plaquetas. Profilaxia antimicrobiana com cefuroxima e hemodinâmica às custas de dobutamina. Alta: 02/02/2010. CONCLUSÃO: O caso ilustra uma forma rara de endocardite infecciosa originada em foco dentário por Enterococcus faecalis e a importância da conduta cirúrgica na cura bacteriológica, melhora da função cardíaca e da qualidade de vida. 35. DISSECÇÃO DE AORTA TIPO A – RELATO DE CASO. Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Kelsen Teixeira, Fernanda Simões Seabra Resende, Fabiana dos Santos Damasco, Guilherme Costa Sousa, Caio Simões de Souza, Priscila Miranda, Thiego Araújo. Hospital Santa Lúcia, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF. INTRODUÇÃO: A dissecção de aorta é a emergência aórtica mais comum, afetando 3 a 4 pacientes por 100.000 pessoas/ano. Dos pacientes com dissecção de aorta, 20% morrem antes de chegarem ao hospital e 30% morrem durante a internação hospitalar. As dissecções tipo A devem ser tratadas com cirurgia o mais precocemente possível. A literatura mostra uma mortalidade de 50% em 48h sem cirurgia, risco de ruptura nas primeiras 24-48h de 1 a 2%, mortalidade variável de 60-90% dos casos ao final de 2 semanas e uma mortalidade esperada entre 70 a 90% em 90 dias. RELATO DE CASO:

M.B.O., masculino, 49 anos. Paciente admitido com quadro de dor torácica difusa. TC de tórax e abdômen: aorta ascendente aneurismática, imagem sugestiva de pseudo-aneurisma na região dos seios

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de valsalva, presença de lâmina de dissecção iniciando-se um pouco acima do plano valvar e se estendendo até a aorta abdominal, ao nível do tronco celíaco. Ritmo cardíaco irregular com fibrilação atrial, sopro sistólico (++/6+) em foco aórtico, pulsos periféricos amplos e simétricos. Submetido à cirurgia com fechamento de fístula Ao – AD, troca de aorta com implante de enxerto (ascendente – croça – descendente) e endoprótese em pós-subclávia (tempo de SEC = 3h30min; tempo de clampeamento = 2h25min). CONCLUSÃO: A dissecção de aorta tipo A é um evento grave que deve sempre ser encaminhado para o tratamento cirúrgico, tem alto risco de ruptura nas primeiras 24-48h e alta taxa de complicações e morte.

36. SEPSE POR INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO – RELATO DE CASO. Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Kelsen Teixeira, Fernanda Simões Seabra Resende, Fabiana dos Santos Damasco, Guilherme Costa Sousa, Caio Simões de Souza, Priscila Miranda, Thiego Araújo. Hospital Santa Lúcia, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF. INTRODUÇÃO: Infecções do trato urinário (ITU) são freqüentes em ambientes hospitalares e o segundo tipo mais comum de infecção na população. Devido à anatomia feminina, a ITU é especialmente problemática nas mulheres, sendo que mais de um terço delas terão um episódio ao longo de sua vida. Quase sempre causadas por Escherichia coli, ao passo em que Klebsiella sp. e Proteus têm freqüência aumentada na ITU complicada. Uma grave complicação da ITU é a sepse que em 25% das vezes é causada por infecção do trato urinário. Oxigenação tissular precoce, terapia antibiótica inicial, identificação rápida e controle do foco séptico no trato urinário são passos críticos no tratamento. CASO CLÍNICO: G.T.M., feminino, 28 anos. Paciente apresentando dor abdominal em baixo ventre há cinco dias foi internada com piora da dor, disúria, polaciúria, náuseas, vômitos e febre nas últimas 24 horas. Pálida, sonolenta, extremidades frias, pulsos periféricos não palpáveis, presença de turgência jugular. Temperatura axilar de 39 °C. EAS: teste do nitrito positivo com numerosos leucócitos. Gasometria arterial: acidose metabólica compensada à custa de PCO2 de 19. Leucograma: 17700 leucócitos/mm³ e 5% de bastões. Plaquetas: 195000 plaquetas/mm³. TC de abdômen sugestiva de pielonefrite. Iniciada infusão de noradrenalina e volume. Mantido ciprofloxacino e iniciado Tazocin. A radiografia de tórax mostrava congestão pulmonar bilateral. CONCLUSÃO: A infecção do trato urinário é extremamente comum nos ambientes hospitalares quanto fora deles e pode ter complicações graves. O diagnóstico precoce e a terapia antibiótica direcionada são fundamentais nessas situações. 37. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO PELO USO DE COCAÍNA-RELATO DE CASO Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Fabiana dos Santos Damasco, Fernanda Simões Seabra Resende, Caio Simões Souza, Guilherme Costa de Sousa, Thiego Araújo, Priscila Miranda. Hospital Santa Lúcia, Brasília, Brasil JUSTIFICATIVA: O uso da cocaína está associado a várias complicações cardiovasculares, incluindo o Infarto agudo do miocárdio (IAM). No entanto, a magnitude do aumento no risco de IAM, imediatamente após o consumo de cocaína, permanece desconhecida. RELATO DE CASO: M.C.S, masculino, 27 anos, tabagista, solteiro, procurou atendimento na Emergência do Hospital Santa Lúcia, no dia 27/01/2010, com intensa dor precordial irradiada para dorso associada a sudorese profusa há 6 horas, após uso de maconha e cocaína. Foi, então, encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital. Ao exame físico apresentava pressão arterial sistêmica de 110 mmHg x78 mmHg e freqüência cardíaca de 77 bpm. Classe funcional I. O eletrocardiograma admissional revelou um supradesnivelamento de ST em parede inferior. Foi submetido à coronariografia em caráter de urgência pela técnica de Judkins que mostrou coronárias sem lesões, sem trombos e sem dissecções, com fluxo normal; porém ventrículo esquerdo com hipociesia leve de parede látero-inferior. A radiografia do tórax não apresentou alterações. No primeiro dia de internação o paciente apresentou

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ansiedade necessitando de tratamento específico. A avaliação seriada das enzimas nos dois dias de permanência na UTI corroborou com o diagnóstico de IAM por vasoespasmo pelo uso de substâncias tóxicas. Exames na admissão: troponina cardíaca I(cTNI)=2,19ng/mL e creatinina fosfoquinase(CPK)=435U/L, após 4 horas: cTNI=1,82 ng/mL e CKMB=15,1U/L, após 18 horas: cTNI=0,8 ng/mL e CKMB=4,8U/L, e após 42 horas: cTNI=0,47 ng/mL e CKMB=0,6U/L. Discussão: A ocorrência de IAM após uso de cocaína, mesmo na ausência de doença coronariana, se deve à vasoconstrição coronariana levando a um desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio e cosequentemente à isquemia. Além disso, é um potente ativador plaquetário relacionado à trombose. O uso concomitante de cigarros e bebidas alcoólicas pode exacerbar a dor. Portanto é importante a pesquisa do uso de cocaína em pacientes jovens com dor torácica. 38. AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCO E COMPLICAÇÕES EM PACIENTES ACIMA DE 65 ANOS ADMITIDOS COM SÍNDROME CORONARIANA AGUDA EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. Sérgio Lincoln de Matos Arruda, Kelsen Teixeira, Fernanda Simões Seabra Resende, Fabiana dos Santos Damasco, Guilherme Costa Sousa, Caio Simões de Souza, Priscila Miranda, Thiego Araújo. Hospital Santa Lúcia, Unidade de Terapia Intensiva, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A cardiopatia isquêmica representa uma das principais causas de óbito na atualidade, sendo que 80% destes eventos ocorrem em pacientes com idade superior a 65 anos; autópsias demonstram prevalência da doença arterial coronariana nessa população de 70% 2. OBJETIVO: Avaliação dos principais fatores de risco para síndrome coronarina aguda (SCA) e as complicações mais freqüentes em idosos, incluindo a taxa de mortalidade após o evento coronariano. MÉTODO: A coleta dos dados foi realizada com base em entrevista aos pacientes ou familiares, consulta dos prontuários e exames complementares. RESULTADOS: A hipertensão e o diabetes foram predominantes nos idosos com significância estatística, 286 (38,64%) idosos e 243 (32,83%) jovens, (p=0,0091); 142 (19,18%) idosos e 75 (10,13%) jovens, (p<0,0001); respectivamente. Dentre as complicações, a insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e as arritmias foram prevalentes na população idosa. O índice de mortalidade também foi maior nos idosos: 55 (14,5%) pacientes idosos e 19 (5,2%) jovens, (p < 0,0001). CONCLUSÃO: Houve variação dos fatores de risco com a idade e a prevalência da hipertensão e do diabetes mellitus na faixa etária dos pacientes acima ou igual a 65 anos. Pacientes idosos com SCA possuem seu curso hospitalar freqüentemente acompanhado de complicações, principalmente arritmias, ICC. O índice de mortalidade foi maior no idoso. 39. ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE INFECÕES EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE RENAL NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Joel Paulo Russomano Veiga, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Infecções são a principal causa de morbimortalidade no período pós-transplante precoce, uma vez que mais de 80% dos receptores de transplante renal apresentam ao menos 1 episódio de infecção no primeiro ano. Infecções e rejeição do órgão estão intimamente relacionadas com o uso da terapia imunossupressora. A magnitude da imunossupressão é o maior risco para infecções pós-transplante, mais do que o uso de um imunossupressor específico. Dentre as infecções, o acometimento do trato urinário é a infecção mais comum nos receptores de transplante renal. Os principais fatores de risco para a ITU do receptor de transplante renal incluem cateteres urinários, a manipulação e o trauma do rim e ureter durante a cirurgia, anormalidades anatômicas dos rins nativos ou transplantados, bexiga neurogênica, especialmente em pacientes diabéticos e, possivelmente, a

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rejeição. OBJETIVO: Avaliar a incidência de infecções nos pacientes submetidos a transplante renal no HUB. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes acompanhados no período de Setembro de 2006 a Agosto de 2010, processados no Microsoft Excel. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 pacientes submetidos ao transplante renal, na condição de receptores, e analisadas as taxas de infecção pós-transplante. Do total de pacientes, 61,1% (22 casos) apresentaram algum tipo de infecção até 1 ano pós-transplante. As infecções mais comuns foram as que acometeram vias aéreas (19 pacientes ) e trato urinário (11 pacientes). A maioria dos pacientes que apresentou infecção do trato urinário evoluiu com vários episódios subseqüentes, caracterizando ITU de repetição, e dessa forma ultrapassando em número de infecções qualquer outra topografia. CONCLUSÃO: O estudo demonstrou a incidência de infecções de pacientes submetidos a transplante renal no HUB na condição de receptores. Os resultados estão de acordo com os dados encontrados na literatura. 40. ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE COMPLICAÇÕES CLÍNICAS E CIRÚRGICAS EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE RENAL NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Joel Paulo Russomano Veiga, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: O transplante renal é uma modalidade de terapia de substituição renal, que envolve o transplante de um rim de um doador vivo ou cadavérico. Atualmente, devido à maior acurácia dos exames pré-transplante e à evolução dos medicamentos imunossupressores, as complicações e rejeições têm ocorrido com menos freqüência. Desde os primeiros transplantes renais, complicações cirúrgicas também permanecem como importante causa de morbidade, resultando, ocasionalmente, até mesmo em perda do enxerto e morte. OBJETIVO: Avaliar as taxas de complicações clínicas e cirúrgicas nos pacientes submetidos a transplante renal no HUB. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes acompanhados no período de Setembro de 2006 a Agosto de 2010, processados no Microsoft Excel. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 pacientes submetidos ao transplante renal, na condição de receptores, e analisados dados referentes a complicações clínicas e cirúrgicas. As complicações clínicas mais comuns foram nefrotoxicidade pelo tacrolimus e diabetes medicamentoso, ambos com 7 casos (19,4%), seguidos por intolerância gastrointestinal ao micofenolato, com 6 casos (16,6%). Houve rejeição aguda em 7 pacientes (19,4%) e perda do enxerto em 3 casos (8,3%), sendo um por trombose vascular. Com efeitos menos devastadores que as complicações vasculares, os problemas urológicos foram as complicações cirúrgicas mais comuns. CONCLUSÃO: O estudo demonstrou a taxa de incidência de complicações clínicas e cirúrgicas dos pacientes atendidos no serviço de transplante renal do HUB. 41. AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO TRANSPLANTE RENAL QUANTO À QUEDA DA CREATININA, AUMENTO DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR E RESTABELECIMENTO DO VOLUME URINARIO. Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Joel Paulo Russomano Veiga, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A doença renal crônica consiste em perda progressiva e irreversível da função dos rins. Em fases avançadas da disfunção, o transplante renal é uma opção terapêutica indicada na reabilitação destes pacientes. O sucesso do transplante, e conseqüentemente o bom funcionamento do

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enxerto, é avaliado basicamente por medidas seriadas da Creatinina sérica e volume urinário. O nível de creatinina sérica correlaciona-se ainda com a perda tardia do enxerto. OBJETIVO: Avaliar a eficácia do transplante renal quanto à queda dos níveis séricos de creatinina, aumento da taxa de filtração glomerular e restabelecimento de volume urinário adequado após o procedimento cirúrgico. MÉTODO: Estudo do tipo observacional, descritivo. Os dados foram obtidos por revisão dos prontuários dos pacientes submetidos a transplante renal no HUB desde 2006 a agosto de 2010. Para cálculo da creatinina utilizamos a creatinina de estabilização (menor creatinina após o transplante que se manteve por pelo menos 3 mensurações consecutivas). A estimativa da taxa de filtração glomerular foi feita pelo clearence de creatinina (Fórmula de Cockcroft-Gault). Para o cálculo do volume urinário/24h foram consideradas as ultimas 3 mensurações consecutivas e calculados os valores médios. RESULTADOS: Foram incluídos no estudo 36 pacientes submetidos ao transplante renal, na condição de receptores. A creatinina média de estabilização e a média do volume urinário foram, respectivamente, 1,49 mg/dl (variando de 0,9 a 2,7) e 3.109ml/24h (variando de 1440ml a 5500ml) e clearance de creatinina estimado médio > 50ml/min. O tempo de seguimento médio dos pacientes (calculado até agosto desse ano), foi de 17 meses, variando de zero dia até 48 meses. CONCLUSÃO: O resultado deste estudo nos mostra que o transplante de rim, como terapia renal substitutiva, realmente tem uma eficácia bastante grande no contexto de queda da creatina sérica, do restabelecimento de volume urinário adequado e da taxa de filtração glomerular. 42. PERFIL ETIOLÓGICO DOS PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA Bruno Pereira Teixeira, Natalia de Carvalho Trevizoli, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Rômulo Maroccolo Filho, Flávio José Dutra de Moura, Joel Paulo Russomano Veiga, Giuseppe Cesare Gatto. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Transplante, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A doença renal crônica consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins. Diversas são as patologias que podem levar a essa disfunção renal. Em fases avançadas da disfunção, o transplante renal é uma opção terapêutica indicada na reabilitação destes pacientes. OBJETIVO: Identificar , no contexto dos transplantados renais, as patologias que culminaram na insuficiência renal crônica terminal (IRCT) e quais seriam as mais prevalentes nesse grupo de indivíduos. MÉTODO: Estudo do tipo descritivo. Os dados foram obtidos por revisão dos prontuários dos pacientes submetidos a transplante renal no HUB desde setembro de 2006 a agosto de 2010. RESULTADOS: Forma incluídos 36 pacientes transplantados em nosso serviço. Desse total, quase um terço (30% - 11 pacientes) apresentou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) como diagnostico que originou a IRCT. As glomerulopatias foram responsáveis por 8 casos (22%) e a nefropatia diabética ocorreu em apenas 2 pacientes (5%). Um numero expressivo de pacientes (28% - 10 casos) não tiveram a causa da insuficiência renal estabelecida. CONCLUSÃO: Em nosso serviço, a doença de maior prevalência para a IRCT é a nefropatia hipertensiva, semelhante ao encontrado na literatura. Chamou atenção a baixa incidência de pacientes com nefropatia diabética. O número elevado de pacientes sem causa estabelecida sugere que uma boa parte da população está tendo acesso a um acompanhamento especializado somente em fases avançadas da doença, onde pouco pode ser feito pelo doente. 43. REGISTRO EPIDEMIOLÓGICO NACIONAL DA ACROMEGALIA Lucas Mendes Oliveira1, Lucas Faria de Castro1, Amanda Leite Nisiyama1, Gabriella Mendes Soares Mota1, Luciana Ansaneli Naves². 1-Graduandos em Medicina pela UnB; 2-Chefe do serviço de Endocrinologia do HUB Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Endocrinologia, Brasília, DF

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JUSTIFICATIVA: A Acromegalia é uma doença crônica debilitante e desfigurante que resulta da hipersecreção do hormônio do crescimento (GH) e do fator de crescimento insulina-símile I (IGF-I), e quando não controlada resulta em taxa de mortalidade cardiovascular, duas a três vezes maior, em relação a indivíduos do mesmo sexo e idade na população geral, com 5-10 anos de redução na expectativa de vida. OBJETIVOS: Estabelecer um registro epidemiológico da amostra atendida no HUB para avaliar características relacionadas à doença e ao tratamento. MÉTODOS: Estudo retrospectivo e observacional, utilizando a base de dados ACCESS-Windows para coleta de informações sociais, epidemiológicas e clínicas, que foi validada em amostra populacional do Distrito Federal. Foram avaliados 98 pacientes com diagnóstico de acromegalia, e para a análise do tratamento foram excluídos aqueles com dados de diagnóstico ou de acompanhamento insuficientes. RESULTADOS: Dos 98 pacientes, constatou-se 38 anos como a idade média de diagnóstico e 3,875 anos como a média do tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico. Dentre as comorbidades relacionadas à doença, cefaléia, alterações de partes moles e artalgia são os mais prevalentes. Os pacientes (n=78) foram divididos em 5 modalidades terapêuticas: primária-medicação (SMS) que obteve controle clínico em 12 casos e não controle em 5, nenhum curado; cirurgia (OP) que apresentou 6 pacientes curados, nenhum controle clínico e 2 pacientes em não controle; cirurgia + medicação (OP + SMS), dos quais, 1 obteve cura, 8 obtiveram controle clínico e 4 não controlaram; cirurgia + radioterapia (OP + RxT), que não teve pacientes incluídos por falta de dados; cirurgia + radioterapia + medicação (OP+RxT+SMS), com 5 casos de cura, 4 casos com controle clínico e 3 não controlados. CONCLUSÃO: Estudos de levantamento epidemiológico de condições clínicas diversas, tal como a acromegalia, são importantes para permitir a formulação de padrões característicos para a doença, otimizando os métodos diagnósticos e a conduta. 44. ESTUDO RETROSPECTIVO DE FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA EM PACIENTES IMUNODEPRIMIDOS E NEUTROPÊNICOS NO HUB-DF. Leonardo Morais Paiva, Italo Moreira Damasceno, João Barberino Santos. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina-HUB, Clínica Médica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: O espectro das doenças responsáveis por FOI é amplo e ela pode ocorrer em pacientes imunodeprimidos e neutropênicos. OBJETIVO: O presente trabalho, baseado na experiência em 20 anos do Serviço de Infectologia do Hospital Universitário de Brasília, se propôs a levantar subsídios que permitam compreender melhor essa associação em termos de prevalência e etiologia da FOI em imunodeprimidos, em plena era da AIDS. MÉTODO: Estudo retrospectivo de todos os pacientes com critérios de FOI em portadores de HIV que foram internados no HUB no período de janeiro de 1988 a dezembro de 2008. Esse trabalho faz parte de um amplo Projeto de Estudos sobre a FOI no HUB. A partir da relação de pacientes internados com FOI, fornecida pelo Livro de Registro de Internações no Serviço de Infectologia do HUB, os prontuários foram revistos para a detecção e estudo dos pacientes com a associação FOI/AIDS. RESULTADOS: Vinte e três pacientes preencheram os critérios de inclusão no estudo da FOI. Em nenhum paciente foi constatada neutropenia. Durante a internação de todos foi realizado exame sorológico para HIV, mas em apenas um foi constatada a infecção pelo retrovírus. Tratava-se de um paciente masculino, 29 anos, com 8 semanas de febre, internado por 29 dias para investigação. Demorou 9 dias até á conclusão diagnóstica, sendo confirmada etiologia infecciosa devido a Broncopneumonia. Não foi possível traçar um quadro clínico-epidemiológico de FOI em imunodeprimidos e neutropênicos nem estabelecer diferenças com a FOI em imunocompetentes uma vez que não houve amostra suficiente. CONCLUSÃO: Quase totalidade dos casos de Febre de Origem Indeterminada no HUB ocorreu em pacientes imunocompetentes. Apenas um paciente tinha a associação com a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, o que não permitiu conclusões específicas devido à insuficiência da amostra.

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45. ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DA VARIANTE C1430A DO GENE LHB EM MULHERES COM E SEM A SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS João Mangussi-Gomes¹; Michele Delarmelina R Borba¹; Gustavo B Barra³; Patrícia Godoy³; Amadeu J R Queiroz¹; Bruno F Luitgards¹; Vitor M Caldas¹; Luiz A Casulari¹; Lucília D C R Motta¹; Francisco A R Neves²; Adriana Lofrano-Porto¹. ¹Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil; Hospital Universitário de Brasília, Divisão de Endocrinologia, Ambulatório de Gônadas e Adrenais; ²Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil; Faculdade de Ciências da Saúde, Laboratório de Farmacologia Molecular; ³Laboratório Clínico Sabin, Brasília-DF, Brasil; Núcleo de Apoio à Pesquisa. JUSTIFICATIVA: A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das endocrinopatias mais comuns em mulheres na idade reprodutiva. Sua fisiopatologia permanece incompletamente elucidada. Alguns polimorfismos do gene do hormônio luteinizante já foram implicados na sua gênese, porém nenhuma associação consistente foi evidenciada. OBJETIVOS: Analisar a frequência da variante C1430A da subunidade β do gene do hormônio luteinizante (LHB), recentemente descrita, em mulheres com e sem SOP. MÉTODOS: O grupo SOP incluiu 48 pacientes com diagnóstico estabelecido pelos critérios de Rotterdam (2003). Como integrantes do grupo controle foram avaliados 41 indivíduos saudáveis não relacionados geneticamente entre si. Para todos participantes, foi coletada amostra de sangue periférico e extraído o DNA dos leucócitos de cada amostra. O gene LHB foi amplificado pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) e, em seguida, sequenciado e analisado. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (CEP/FS – 124/09). RESULTADOS: A frequência da nova variante alélica foi de 4,2% (4/96) no grupo com SOP e de 1,2% (1/82) no grupo controle (p>0,05). À análise conjunta, a chance das pacientes com SOP apresentarem a nova mutação em heterozigose foi 3,48 vezes a chance dos indivíduos do grupo controle (odds ratio: 3,48; IC 95%: 0,37 – 32,41). Nenhum dos participantes estudados apresentou homozigose para a nova variante alélica. CONCLUSÃO: Nesse estudo, não houve diferença estatisticamente significativa entre a frequência alélica C1430A do grupo com SOP e o grupo controle. A chance de pacientes com SOP serem heterozigotas para a mutação não se mostrou significativamente diferente daquela dos indivíduos do grupo controle. Não obstante, amostras maiores de pacientes e controles seriam úteis para evidenciar uma possível associação ainda não demonstrada. 46. ANÁLISE DA TAXA DE INFECÇÕES, INTERNAÇÕES E MORTALIDADE EM PACIENTES EM DIÁLISE NO HUB Natalia de Carvalho Trevizoli, Bruno Pereira Teixeira, Pedro Mendes de Oliveira Filho, Flávia Lara Barcelos, Raimundo Antonio Cardoso Junior, Gustavo João Sebba, Flávio José Dutra de Moura, Giuseppe Cesare Gatto, Lucyana Bertoso Vasconcelos Freire, Maria das Graças Vieria, Elinete Soares dos Santos. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Serviço de Nefrologia HUB - UnB, DF. JUSTIFICATIVA: A diálise apresenta um alto risco para infecção, por ser um procedimento invasivo, em pacientes imunocomprometidos que utilizam acesso vascular por períodos prolongados. Os pacientes podem necessitar de freqüentes hospitalizações, seja por complicações da diálise ou devido à doença de base. Infecções do acesso vascular apresentam-se como causa de grande morbidade, acometendo infinitamente mais o cateter venoso central. As infecções também possuem alto impacto em pacientes que realizam diálise peritoneal (DP), pois as peritonites e infecções de cateter constituem as duas primeiras causas de morbidade e falha de tratamento. OBJETIVO: Avaliar taxas de infecção, internação hospitalar e mortalidade nos pacientes em diálise no HUB. METODOLOGIA: Estudo retrospectivo, a partir de dados obtidos dos prontuários de pacientes acompanhados no período de Janeiro de 2009 a Agosto de 2010, processados no Microsoft Excel.

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RESULTADOS: Foram acompanhados 82 pacientes em 2009 e 72 pacientes em 2010. Os pacientes em HD representaram 74% dos pacientes em seguimento. A taxa de hospitalização dos pacientes em DP foi de 0,72, diminuindo para 0,55 em 2010. Já para os pacientes em HD esta taxa foi de 0,61 em 2009 e 0,29 em 2010. Foram registrados 6 casos de infecção (fístula e cateter) em pacientes em HD em 2009 (10%) e 1 caso até Agosto de 2010 (1,6%). Nos pacientes em DP, foram 8 casos de infecção (cateter e peritonite) em 2009 (36%) e 4 casos em 2010 (22%). A taxa de mortalidade variou de 18% a 16% em pacientes em DP e de 10% a 7,4% em pacientes em HD. CONCLUSÃO: O estudo demonstrou a incidência de infecções, a necessidade de internação hospitalar e a taxa de mortalidade em pacientes em diálise, e está de acordo com os dados disponíveis na literatura. 47. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: RELATO DE CASO Alessandra de Sousa Gonçalves, Fabiana Ribeiro Costa, Fernanda Seabra Simões Resende, Diego Martins de Mesquita, Júlia Martins de Oliveira, Lívia Munhoz de Oliveira e José Roberto Macedo Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília INTRODUÇÃO: A dor torácica de origem cardíaca pode ser devido à angina, ao aneurisma dissecante de aorta, à pericardite e ao infarto agudo do miocárdio. O infarto do miocárdio (IAM) é caracterizado por isquemia miocárdica prolongada causadora de lesão muscular irreversível. A sua localização é retroesternal ou atravessa a região anterior do tórax. Pode apresentar irradiação para ombros, braços, pescoço, região inferior da mandíbula ou parte superior do abdome. A dor pode ser compressiva e geralmente é intensa. A duração da dor varia de 20 minutos a várias horas. Os sintomas associados são náuseas, vômitos, sudorese e fraqueza. RELATO DE CASO: Paciente previamente hígido, masculino, 88 anos, ex-tabagista de 20maços-ano, sem relato de uso de medicações. Apresentou quadro de dor precordial típica associado à sudorese, amenizado o quadro álgico após o uso de analgésico. Dez horas depois, apresentou novamente dor associado à sudorese e a vômitos. Trazido ao pronto-socorro, estava contactuante, colaborativo, sem sedação e sem uso de aminas vasoativas. O eletrocardiograma revelou infarto agudo do miocárdio com supra de ST em parede anterior. Foi encaminhado para angioplastia de urgência. A coronária descente anterior apresentava lesão obstrutiva em terço médio e sofreu angioplastia com colocação stent bem sucedida. Havia evidências de outras lesões graves em coronária direita e coronária circunflexa. Iniciado protocolo de IAM com supra e agrastat® (50mg IV). O ecocardiograma indicou: fração de ejeção cardíaca de 34% e miocardiopatia dilatada isquêmica com repercussão hemodinâmica importante. Três dias depois houve parada cardiorespiratória em ritmo de AESP e o paciente veio a óbito. CONCLUSÃO: O IAM com supradesnível do segmento ST caracteriza situação clínica de extrema gravidade e com risco de vida. O tratamento deve ser rápido e objetivo a fim de diminuir a morbidade e mortalidade dessa patologia. 48. HEMATOMA SUBDURAL E COMPLICAÇÕES HEMODINÂMICAS EM IDOSO: RELATO DE CASO Alessandra de Sousa Gonçalves, Fernanda Seabra Simões Resende, Fabiana Ribeiro Costa, Lívia Munhoz de Oliveira, Maressa Quezzia Barroso Macedo, José Roberto Macedo Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília INTRODUÇÃO: O hematoma subdural crônico (HSC) representa uma das formas mais freqüentes de hemorragia intracraniana, sendo causa comum de internação hospitalar. As complicações que aumentam o tempo de permanência em unidades de terapia intensiva são as relacionadas à função respiratória, doença pulmonar obstrutiva crônica, tabagismo, congestão pulmonar, desmame da ventilação mecânica prolongado, diabetes, infecções, insuficiência renal, acidente vascular encefálico e instabilidade hemodinâmica. RELATO DE CASO: S.B.A, 88 anos, masculino, com história de queda da própria altura. Evoluiu com anisocoria e coma. Submetido a tomografia computadorizada de

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crânio (TCC) sem contraste que indicou hematoma subdural agudo fronto-parietal à esquerda extenso e desvio da linha média. Realizada craniotomia de urgência, descompressão de nervo craniano, implante de eletrodo cerebral profundo e tratamento cirúrgico do hematoma subdural. Durante a sua internação o paciente broncoaspirou, por isso iniciou-se antibioticoterapia. Seguiu com rebaixamento de consciência (glasgow=4), pupilas anisocóricas, hipernatremia (Na= 158,5 mEq/L), leucocitose, escórias nitrogenadas elevadas (uréia=141; creatinina=1,3mg/dl) e oscilação da pressão arterial. Teve parada cardíaca em atividade elétrica sem pulso (AESP) com necessidade de reanimação vigorosa. Houve persistência da hipernatremia (a despeito das correções) e do estado comatoso. Nova parada cardíaca ocorreu sem resposta às manobras de reanimação. O paciente veio a óbito após 27 dias de internação em unidade de terapia intensiva. CONCLUSÃO: O idoso é mais suscetível a complicações decorrentes de internação hospitalar. A ocorrência de comorbidades determina um aumento no tempo de internação, dos custos de internação e nos índices de mortalidade na população acometida. 49. NEOPLASIA DE VESÍCULA BILIAR: RELATO DE CASO Alessandra de Sousa Gonçalves, Fernanda Seabra Simões Resende, Fabiana Ribeiro Costa, Júlia Martins de Oliveira, Diego Martins de Mesquita, Lívia Munhoz de Oliveira, José Roberto Macedo Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília INTRODUÇÃO: O câncer da vesícula biliar (CVB), patologia rara, é reconhecido como a neoplasia maligna mais comum da árvore biliar e o quinto carcinoma mais freqüente do trato gastrintestinal. RELATO DE CASO: M.C.M, 46 anos, previamente hígida, iniciou quadro de dispepsia progressiva mal definida, especialmente após alimenta-se. A endoscopia digestiva alta indicou esofagite, gastrite e duodenite. Iniciou-se dor abdominal, de moderada intensidade, cujo quadro álgico não melhorou após o tratamento com inibidor de bomba de prótons e com o tratamento empírico para H.pylori. Houve aumento do volume abdominal, náusea e perda de peso. Ultrassonagrafia de abdômen demonstrou espessamento de paredes de vesícula, com lesão fúndica associada à ascite e a nódulos hepáticos. Tomografia computadorizada revelou nódulos hepáticos, sem espessamento de vesícula, ascite e linfonodomegalia abdominal. Devido a divergência, a paciente foi internada para investigação. Novos exames confirmaram achados compatíveis de neoplasia de vesículas e metástases para fígado e linfonodos hepáticos. O laudo histopatológico atestou presença de adenocarcinoma pouco diferenciado com células em anel de sinete. Evoluiu com dispnéia intensa, acidose metabólica e alcalose respiratória. Apresentou abolição de sons em hemitórax direito e crepitações grosseiras em base pulmonar esquerda. Após exames, confirmou-se a comorbidade de embolia pulmonar maciça. A paciente iniciou tratamento oncológico paliativo e tratamento com trombolíticos após restabelecimento da estabilidade hemodinâmica. O tratamento melhorou a qualidade de vida da paciente, que veio a óbito em três meses devido à parada cardiorespiratória. CONCLUSÃO: Devido às características clínicas inespecíficas e sintomas ausentes no câncer precoce, o diagnóstico de CVB ocorre em estágio avançado, quando o prognóstico é reservado, com índice de sobrevida em cinco anos de aproximadamente 5%. 50. TRATAMENTO DE TUBERCULOSE PULMONAR COM PESQUISA DE BAAR E CULTURA PARA BK NEGATIVAS: A PRÓPOSITO DE UM CASO Martins R.L.M; Resende, A.A; Rolón, P.A Serviço de Clínica Médica, Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília INTRODUÇÃO: A tuberculose, doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, conhecida desde a Antiguidade é uma das doenças mais conhecidas da humanidade. O Brasil é um dos 22 países responsáveis por 90% dos casos. O diagnóstico da tuberculose pulmonar é realizado por uma associação do quadro clínico, radiológico e microbiológico. Os exames microbiológicos mais utilizados são BAAR e cultura. 50 a 80% dos pacientes apresentam pesquisa direta do BAAR no

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escarro positiva, essa possui valor preditivo positivo maior que 95% positivo e sensibilidade de 40-60%. A cultura apresenta-se com sensibilidade de 80% e nos estudos brasileiros apresentou-se com 76,6% de especificidade. Atualmente novas técnicas diagnósticas são oferecidas, com maiores sensibilidade e especifidade, como métodos moleculares e dosagem de citocinas, contudo ainda são caras e não muito utilizadas. OBJETIVO: Relatar caso de tuberculose pulmonar com amostras de culturas negativa e BAAR negativo. RELATO DE CASO: J.R.P.S, masculino, 37 anos, negro, solteiro, natural, residente e procedente de Coribe-BA. Paciente tabagista 40maços/ano, alcoolista de fermentados e destilados 1litro/dia, relata que há 5 anos apresentou quadro de tosse produtiva, dispnéia aos moderados esforços, inapetência, perda ponderal, dor torácica em hemitórax esquerdo, pirexia diária vespertina acompanhada calafrios e sucedida de sudorese e PPD 15mm. O esquema RIP foi prescrito, contudo esse foi suspenso diante de 2 amostras de escarro com BAAR e cultura negativas. Durante 5 anos, os sintomas permaneceram e se intensificaram. Foi então encaminhado ao ambulatório de Pneumologia do HUB-UnB. Apresentava-se taquipnéico (29irpm), em uso tiragem intercostal, com murmúrio vesicular diminuído em 1/3 superior de hemitórax E, atrito pleural em base e região subaxilar esquerda. Nova amostra de escarro com realização de cultura e BAAR foram realizadas, acrescidas de broncoscopia que sugeriu processo infeccioso. O raio X revelou opacidade parenquimatosa difusa em lobo superior esquerdo. Mesmo com a baciloscopia e culturas negativas,foi iniciado tratamento com o esquema RIPE. Em quinze dias, o paciente apresentou melhora do quadro clínico com diminuição da tosse e da dor torácica, mostrava-se eupneico, somente apresentando à ausculta pulmonar diminuição do murmúrio vesicular fisiológico em base esquerda. CONCLUSÃO: O melhor método de diagnóstico de tuberculose é uma associação de características clínicas, radiológicas e microbiológicas. Contudo, mesmo diante de um exame microbiológico negativo, uma alta suspeita clínica deve levar em conta a necessidade de iniciar prova terapêutica com medicação tuberculostática, pois 20% dos casos de tuberculose pulmonar cursam sem confirmação bacteriológica.

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CLÍNICA CIRÚRGICA 1. ADENOMA HEPATOCELULAR GIGANTE: RELATO DE CASO Hugo Donovan Oliveira da Silva, Camila Oliveira Barbosa, Juliana Gurgel Faria Araújo, Andréa Pedrosa Ribeiro Alves. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Cirurgia Geral, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: O adenoma hepatocelular é uma proliferação benigna relativamente rara dos hepatócitos, encontrada em mulheres jovens em uso crônico de anticoncepcional oral. O diagnóstico é sugerido por métodos de imagem e muitas vezes de modo incidental, por ser, em boa parte dos pacientes, assintomático. O tratamento cirúrgico é indicado sempre que possível pelo risco de malignização e ruptura. OBJETIVO: Relatar caso de adenoma hepático gigante com dificuldade diagnóstica pré-operatória. DESCRIÇÃO: Paciente do sexo feminino, 25 anos, usuária de anticoncepcional, com dor contínua em região lombar e abdome superior. TC de abdome revelou lesão expansiva heterogênea, medindo 97 x 83 x 59 mm, em íntimo contato com a grande curvatura gástrica e com lobo hepático esquerdo, devendo-se considerar o diagnóstico de GIST ou lesão exofítica do fígado. EDA com abaulamento gástrico extrínseco. Indicada laparotomia exploradora que evidenciou lesão exofítica em lobo hepático esquerdo (segmentos - II/III). Realizada ressecção não regrada da lesão e a avaliação anatomopatológica concluiu tratar-se de um adenoma hepatocelular. CONCLUSÃO: No caso apresentado, temos uma paciente jovem com sintomas inespecíficos e exames complementares com imagens sugestivas de tumor hepático exofítico mimetizando tumor extra-mucoso do estômago, devido a proximidade e compressão extrínseca do mesmo. Persistindo a dúvida diagnóstica foi indicada laparotomia exploradora. Ao inventário, foi confirmada a presença de tumor exofítico do fígado de grandes dimensões, compatível com adenoma hepático. Apesar de tratar-se de lesão benigna, foi realizada ressecção da mesma para confirmação histopatológica e pelo risco de ruptura e malignização. 2. ANESTESIA SUBDURAL ACIDENTAL APÓS PUNÇÃO PERIDURAL – RELATO DE CASO. Renato Borges Saito, Kátia Cilene Soares de Macedo, Heverly Balduíno Ribeiro, Edno Magalhães, Cátia Sousa Govêia, Luís Cláudio de Araújo Ladeira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Existem relatos de bloqueio subdural acidental durante a realização de anestesia subaracnóidea ou peridural. OBJETIVO: Descrever um caso de possível anestesia subdural acidental após punção epidural. RELATO DO CASO: Paciente com 60 anos, masculino, estado físico II (ASA), admitido para realização de reconstrução intestinal. Exames físico e laboratoriais normais. Realizada punção lombar mediana, única, com agulha de Tuohy 16G, no espaço L2-L3 e com perda de resistência. Aspiração negativa para líquor ou sangue. Dose teste com resultado negativo. Administrado ropivacaína a 0,2% (10mg), morfina (2mg) e fentanil (100 µg). Pré-oxigenação, indução com sufentanil (30µg), propofol (150mg), rocurônio (40mg) e manutenção com isoflurano (1-2%). Após 15 minutos o paciente apresentou quadro de hipotensão arterial refratária a efedrina e reposição hídrica, sendo iniciada infusão de noradrenalina com melhora dos parâmetros hemodinâmicos. Ao final do procedimento cirúrgico o paciente apresentava midríase bilateral, inconsciência, apnéia e estabilidade hemodinâmica mantida com uso de vasopressor, sendo encaminhado à UTI após 5 horas do início da anestesia. Após 3 horas apresentava-se consciente, em respiração espontânea, sem uso de amina vasoativa e com melhora da midríase. DISCUSSÃO: O bloqueio subdural acidental é uma complicação rara e deve ser suspeitado quando as alterações sensoriais e motoras não seguem o padrão normal. O diagnóstico é clínico e os achados atípicos incluem um bloqueio sensorial extenso, hipotensão arterial moderada, insuficiência respiratória, dilatação pupilar e inconsciência. Estes sintomas geralmente apresentam

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lenta instalação (15-20 minutos), duração variável (2-7 horas) e completa recuperação da função neurológica. O tratamento consiste em suporte ventilatório e cardiovascular, pois na grande maioria das vezes os sintomas são temporários. CONCLUSÃO: Os anestesistas devem atentar para a possibilidade de bloqueio subdural durante anestesia no neuroeixo, pois trata-se de uma complicação incomum e potencialmente fatal se não diagnosticada rapidamente. 3. COMPLICAÇÃO DA VENTILAÇÃO PULMONAR SELETIVA: COLAPSO PULMONAR E CHOQUE – RELATO DE CASO. Renato Borges Saito, Felipe Oliveira Marques, Áurea Carolina Machado de Sousa Oliveira, Edno Magalhães, Cátia Sousa Govêia, Luís Cláudio de Araújo Ladeira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Atelectasia ou colapso pulmonar pode resultar de obstrução brônquica, por corpo sólido, secreção, ventilação seletiva ou diminuição do surfactante, diminuindo número de alvéolos funcionantes. OBJETIVO: Discutir diagnóstico e conduta anestésica no colapso pulmonar. RELATO DO CASO: Paciente masculino, 54 anos, com diagnóstico de carcinoma de língua, admitido para realização de pelveglossomandibulectomia. Apresenta história de glossectomia parcial há 2 anos. Exames físico e laboratoriais normais. Realizada traqueostomia, indução com fentanil (500 µg), propofol (120 mg) e rocurônio (40 mg) e manutenção com isoflurano 1-2%. No transoperatório ocorreu extubação acidental, sendo realizada nova intubação traqueal. Capnometria e ausculta pulmonar normais. Após 30 minutos o paciente evoluiu para quadro de choque, com queda da saturação periférica de O2, hipotensão arterial, taquicardia, abolição do murmúrio vesicular à esquerda e hipertimpanismo a direita, sem turgência jugular ou abafamento de bulhas cardíacas. Observada melhora clínica após início da ventilação manual e infusão de noradrenalina. Radiografia de tórax com colabamento pulmonar à esquerda, e intubação seletiva de brônquio direito na fibroscopia. Feito o reposicionamento da cânula endotraqueal com melhora do quadro clínico e radiológico. DISCUSSÃO: Na presença de colapso pulmonar, como ocorre durante a ventilação seletiva, o lobo remanescente absorve todo estresse imposto pela alta pressão nas vias aéreas. Como os demais lobos passam a não contribuir para o aumento do volume gasoso, as pressões pleurais ao redor do lobo remanescente quase não se alteram, gerando uma alta pressão transpulmonar sobre este, além de shunt importante no pulmão não ventilado, podendo cursar com repercussões hemodinâmicas e alterações na relação ventilação/perfusão. CONCLUSÕES: Em cirurgias com mobilização da cabeça, os anestesiologistas devem atentar para complicações hemodinâmicas associadas às pulmonares decorrentes do deslocamento da cânula traqueal. 4. ANESTESIA EM GESTANTE PORTADORA DE SÍNDROME DE SNEDDON – RELATO DE CASO. Renato Borges Saito, Juliano Neves do Rego, Áurea Carolina Machado de Sousa Oliveira, Silvia Piccolo Daher, Edno Magalhães, Cátia Sousa Govêia. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A Síndrome de Sneddon (SS) cursa com AVC associado ao livedo reticular e predomina em mulheres jovens, com incidência anual estimada em 4 casos por milhão. OBJETIVO: Discutir o procedimento anestésico em gestante com SS. RELATO DO CASO: Gestante com 37 anos, 37 semanas e 2 dias de idade gestacional, admitida para cesárea eletiva. Apresentava diagnóstico de SS, hipertensão arterial (HAS) e asma intermitente. Fazia uso regular de hidroclorotiazida (25mg/d), metildopa (1g/d), clexane (120mg/d), AAS (100mg/dia) e β2-agonista inalatório em caso de crise asmática. Apresentava dislalia como seqüela neurológica após 3 episódios de AVC. Ao exame, observaram-se livedo reticular em extremidades, fenômeno de Raynaud, HAS leve e sopro holodiastólico em FAo. Hemograma, bioquímica, ECG e radiografia de tórax sem alterações. Coagulograma: TTPa: 43,8’’ REL: 1,41; TS e TAP normais. Ecocardiograma: insuficiência aórtica moderada e VE com dilatação moderada (FE: 69%). Anticoagulante lúpico e anti-cardiolipina IgM e IgG: negativos. Realização indução em seqüência rápida com fentanil (300µg), propofol (150mg) e

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succinilcolina (100mg) e manutenção balanceada com remifentanil (0,2-0,3µ/kg/h) e sevoflurano a 2%. Nascimento de feto vivo, hiporreativo, com melhora clínica após estimulação tátil e assistência ventilatória. DISCUSSÃO: A SS é uma doença rara e de etiologia desconhecida, classificada como uma arteriopatia oclusiva sistêmica não inflamatória. Caracteriza-se pela presença de livedo reticular, acrocianose, múltiplos eventos cerebrovasculares, associados à HAS, lesão valvular cardíaca, convulsões, fenômeno de Raynaud e comprometimento renal. Muitos pacientes apresentam associação com à síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (80%), assim como resistência a proteína C ativada, o que pode resultar em trombose venosa. Devido ao estado de hipercoagulabilidade da gravidez é recomendável interromper a gestação assim que for atingida a maturidade fetal, com diminuição da tendência pró-trombótica e da mortalidade. CONCLUSÃO: Os anestesiologistas devem estar atentos para alterações da fisiologia pertinentes ao manejo perioperatório em portadores de Síndrome de Sneddon. 5. RESPOSTA A EFEDRINA EM GRÁVIDAS SUBMETIDAS À RAQUIANESTESIA PARA CESARIANA: INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE GENÉTICA. Renato Borges Saito, Maurício Daher Andrade Gomes, Gustavo Barcelos Barra, Edno Magalhães, Cátia Sousa Govêia, Luís Cláudio de Araújo Ladeira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Estudos recentes comprovaram a presença de diversos polimorfismos do gene receptor beta-2 adrenérgico (ADRB2). OBJETIVO: Avaliar a influência do polimorfismo do códon 16 do ADRB2 na resposta ao tratamento da hipotensão em grávidas submetidas à anestesia subaracnóidea. MÉTODOS: 142 gestantes ASA I e II foram submetidas à raquianestesia para cesariana. O bloqueio subaracnóideo foi padronizado e a pressão arterial foi avaliada a cada 3 minutos. O tratamento da hipotensão arterial foi realizado com efedrina. Após o procedimento foi colhida amostra sangüínea para genotipagem, que foi feita pelo seqüenciamento direto do produto de PCR do segmento do gene do ADRB2 que contém o códon 16 de todas as pacientes. RESULTADOS: O genótipo mais prevalente foi o heterozigoto Arg16Gli (54%, n=77) seguido pelos homozigotos Gli16Gli (31%, n=40) e Arg16Arg (15%, n=21). A incidência geral de hipotensão arterial foi de 71,8%, sendo menor no grupo Arg16Arg (52%) em relação aos outros genótipos (p=0,04). A dose de efedrina necessária para estabilização hemodinâmica do genótipo Arg16Arg foi significativamente menor quando comparada com o restante das pacientes (8,81 ± 2,21 versus 14,67 ± 1,164 mg; p=0,0486). DISCUSSÃO: O controle da pressão arterial e do débito cardíaco depende em grande parte da atividade dos ADRB2. O gene do receptor ADRB2 já foi identificado como sendo polimórfico e alguns destes polimorfismos já foram identificados como funcionalmente relevantes para o controle da pressão arterial. CONCLUSÃO: Na população brasileira, a presença homozigótica do polimorfismo do códon 16 do ADRB2 (genótipo Arg16Arg) possivelmente confere maior estabilidade hemodinâmica e melhor resposta ao tratamento às grávidas submetidas ao bloqueio subaracnóideo para cesariana. 6. ESTUDO DO EFEITO ANALGÉSICO DA ADIÇÃO DE CETAMINA E ÓXIDO NITROSO À ANESTESIA VENOSA TOTAL. Heverly Balduíno Ribeiro, Renato Borges Saito, João Victor Ferreira Couto, Edno Magalhães, Cátia Sousa Govêia, Luís Cláudio de Araújo Ladeira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Centro de Anestesiologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Os opióides podem aumentar a sensibilidade ao estímulo nociceptivo, provocando aumento da dor pós-operatória, um fenômeno denominado hiperalgesia induzida por opióides. OBJETIVO: Avaliar o efeito sinergístico da associação de cetamina e óxido nitroso sobre a intensidade da dor pós-operatória, após anestesia com opióides, e seus possíveis efeitos colaterais. MÉTODOS: Após aprovação pelo comitê de ética (FM/UnB), 20 pacientes, maiores de 18 anos, ASA I-II, submetidos à colecistectomia videolaparoscópica eletiva, sob anestesia geral venosa com propofol e remifentanil foram incluídos nesse ensaio clínico aleatorizado e duplamente encoberto. O grupo

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cetamina (C), n=10, recebeu cetamina por via venosa, na dose de 0,5mg/kg, à indução anestésica. O grupo cetamina e óxido nitroso (C-N): n=10, recebeu cetamina por via venosa, na dose de 0,5mg/kg e óxido nitroso à 66% durante a anestesia. No intra-operatório foram avaliados os parâmetros hemodinâmicos e respiratórios e o consumo de anestésicos. No pós-operatório foram avaliados a intensidade da dor, pela escala visual analógica de dor (EVA) e o consumo de analgésicos por cada paciente, além dos possíveis efeitos adversos. Os dados paramétricos foram avaliados pelo teste t-student e os dados não paramétricos pelo teste qui-quadrado. P<0,05 foi considerado estatisticamente significante. RESULTADOS: Não houve diferença entre os grupos em relação aos dados demograficos, estado físico da ASA, duração da cirurgia, parâmetros hemodinâmicos e respiratórios e consumo de anestésicos no intra-operatório. Também não foi observada diferença em relação à intensidade da dor pós-operatória no período de 24 horas. O consumo de analgésicos no pós-operatório foi similar nos dois grupos. Não houve diferença em relação à incidência de náuseas e vômitos. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: A adição de óxido nitroso à anestesia geral venosa não se mostrou capaz de potencializar o bloqueio NMDA pela cetamina e reduzir o consumo pós-operatório de analgésicos em pacientes submetidos à anestesia com opióides. 7. LEIOMIOMA DE MÃO: RELATO DE CASO Jefferson Lessa Soares de Macedo, Felipe Augusto Neves Oliveira de Carvalho, Simone Correa Rosa Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Serviço de Cirurgia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: O leiomioma é uma neoplasia de músculo liso, rara e de difícil diagnóstico. INTRODUÇÃO: O leiomioma é uma neoplasia benigna de músculo liso encontrada com mais freqüência em mulheres, no útero. A ocorrência de leiomioma na mão é rara, devido ao mínimo conteúdo de músculo liso nessa área. RELATO DO CASO: Uma jovem de dezessete anos foi atendida no Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário de Brasília com história de crescimento lento de um tumor indolor, na face volar do quinto dedo da mão esquerda há sete anos. Ao exame físico, revelou um tumor endurecido de 7 cm de diâmetro, móvel, não aderido a planos profundos e indolor à palpação. Os exames vascular, sensitivo e motor da mão esquerda não mostraram alterações significativas. Quanto à operação, sob bloqueio do plexo braquial, foi realizada incisão na base do tumor. O tumor era encapsulado e não envolvia as bainhas tendinosas dos flexores do quinto dedo, vasos ou nervos digitais. A dissecção foi simples em torno da cápsula e o tumor foi retirado inteiramente. Foi realizado estudo imunoistoquimico usando anticorpos diretamente contra actina alfa de músculo liso, proteína S-100 e antígeno de proliferação celular Ki-67. O diagnóstico foi de leiomioma. A paciente não tem recorrência da lesão após acompanhamento de 2 anos da operação e não apresenta limitação motora ou sensitiva da mão esquerda. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: O leiomioma é um raro tumor de mão, deve-se considerar seu diagnóstico quando o paciente se apresenta com um nódulo isolado de crescimento lento. O único tratamento é a completa ressecção cirúrgica. O diagnóstico apenas é confirmado após estudo histopatológico. O caso relatado trata-se de leiomioma de origem cutânea, histologicamente sólido, com prognóstico favorável. Pela história relatada, o tumor começou a se desenvolver provavelmente aos 14 anos de idade. O caso destaca-se pela localização na mão, pelas dimensões e faixa etária da paciente. Há poucos casos de leiomioma de mão descritos na literatura, e há só um que relata leiomioma de mão de 7cm. 8. EFEITOS DO PNEUMOPERITÔNIO COM CO2 SOBRE A MORFOLOGIA RENAL E HEPÁTICA EM RATOS. Igor Eduardo Caetano de Farias, Pedro Henrrique Alves de Moraes, Leonardo Durães, Fabiana Carneiro, Paulo Gonçalves de Oliveira, João Batista de Sousa. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Cirurgia Experimental, Brasília DF.

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O presente estudo analisa as consequências do aumento de pressão intraperitonial causada pelo pneumoperitônio com CO2 sobre a morfologia renal e hepática em ratos. O trabalho correlaciona as alterações teciduais ao tempo de exposição ao pneumoperitônio e ao tempo de duração dessas alterações. JUSTIFICATIVA: Há indícios o pneumoperitônio gera alterações no parênquima hepático e renal. OBJETIVO: O presente estudo analisa as consequências do aumento de pressão intraperitonial causada pelo pneumoperitônio com CO2 sobre a morfologia renal e hepática em ratos. O trabalho correlaciona as alterações teciduais ao tempo de exposição ao pneumoperitônio e ao tempo de duração dessas alterações. MÉTODO: O estudo contou com 54 ratos, adultos, machos que depois de anestesiados, foram aleatoriamente distribuídos em três grupos (P, PP e C):P - 18 animais foram submetidos ao pneumoperitônio durante 30 minutos imediatamente antes da laparotomia; PP-18 animais foram submetidos a pneumoperitônio por 60 minutos, 30 imediatamente antes da laparotomia e 30 após a laparorrafia;. Grupo controle (C)–18 animais submetidos a laparotomia sem pneumoperitônio. O pneumoperitônio foi mantido à pressão de 5mmHg. Nove animais, em cada grupo, foram mortos aos 3° e 7° dias de pós-operatório, quando ocorreu a coleta de amostras do rim e do fígado para estudo morfológico. As peças do fígado foram coradas com hematoxilina e eosina (HE) e as do rim com HE e Von Kossa. A análise das lâminas foi feita de forma cega. RESULTADOS: Não foram observadas alterações na morfologia renal compatíveis com o pneumoperitonio. As alterações encontradas foram calcificações em células dos túbulos renais. Nas amostras de fígado foram observados achados histológicos como degeneração hidrópica e esteatose. Somente a degeneração hidrópica presente nos animais submetidos ao pneumoperitônio de 60 minutos e mortos no 7° dia pós operatório apresentaram relevância estatística (p= 0,029). A presença desse achado pode ter ocorrido devido à diminuição da perfusão tecidual, gerada pelo aumento de pressão intraperitoneal, associada à reperfusão das estruturas isquêmicas. CONCLUSÃO: O pneumoperitônio com CO2 não interferiu na morfologia renal e provocou degeneração hidrópica no fígado dos animais mortos no 7° dia pós-operatório. 9. O PNEUMOPERITÔNIO DE CO2 NÃO INTERFERE NA FORÇA TÊNSIL DE FERIDA CIRÚRGICA DE PAREDE ABDOMINAL DE RATOS. Pedro Henrique Alves de Morais, Igor Eduardo Caetano de Farias, Leonardo de Castro Durães, Paulo Gonçalves de Oliveira, João Batista de Sousa. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Cirurgia Experimental, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A cirurgia laparoscópica utiliza amplamente o pneumoperitônio de CO2, porém seus efeitos sobre a cicatrização são pouco conhecidos, e têm pertinência no pós operatório. OBJETIVO: Verificar a influência que o pneumoperitônio de CO2 tem na força tênsil cicatricial da parede abdominal de ratos sujeitos a laparotomia. MÉTODOS: A amostra foi de 80 ratos Wistar, que foram anestesiados e submetidos a laparotomia e pneumoperitônio de CO2, com pressão de 5 mmHg. Houve quatro grupos de animais: A- submetidos a pneumoperitônio pré-operatório; B- submetidos a pneumoperitônio pós-operatório; C – submetidos a pneumoperitônio pré e pós-operatório; D – grupo controle. Realizou-se a eutanasia no 7° e 14° DPO. Um trecho da parede abdominal foi ressecada, a força tênsil de ruptura (FTR) foi avaliada e os valores registrados em Newtons. Os animais foram pesados no dia da operação e da eutanásia. Fez-se análise estatística no programa SPSS versão 13.0 com os testes ANOVA, Mann-Whitney e teste t de Student. RESULTADOS: Os do 7° DPO emagreceram (p<0.001) e aqueles do 14° DPO tiveram ganho ponderal (p=0.001). Houve diferença entre a FTR do 7° e do 14° DPO, p=0.001. Não houve diferença de FTR dentre os animais sujeitas a eutanásia no 7° DPO (p=0.712), tampouco dentre os do 14° DPO (p=0.580). CONCLUSÃO: Nas condições propostas pelo experimento, o pneumoperitônio de CO2 não interfere na força tênsil cicatricial da parede abdominal de ratos Wistar. 10. EFEITO DO PNEUMOPERITÔNIO COM DIÓXIDO DE CARBONO NA CICATRIZAÇÃO DE ANASTOMOSES COLÔNICAS: ESTUDO EXPERIMENTAL EM RATOS.

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Leonardo de Castro Duraes, Igor Eduardo Caetano de Farias, Pedro Henrique Alves de Morais, Paulo Gonçalves de Oliveira, Ruy Lino Junior, João Batista de Sousa. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Cirurgia Experimental, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A cirurgia laparoscópica utiliza o pneumoperitônio com dióxido de carbono (CO2) para prover exposição cirúrgica adequada da cavidade abdominal. OBJETIVO: Avaliar os possíveis efeitos do pneumoperitônio com CO2 na cicatrização de anastomose colônica. MÉTODO: Em120 ratos foi realizada uma ressecção de segmento colônico e anastomose término-terminal. Os animais foram distribuídos em quatro grupos: I – animais submetidos a pneumoperitônio antes da laparotomia; II – animais submetidos a pneumoperitônio após a laparorrafia; III – animais submetidos a pneumoperitônio antes da laparotomia e após a laparorrafia; IV – grupo controle. O pneumoperitônio foi realizado por 30 minutos na pressão de 5 mmHg. Os grupos foram divididos em 3 subgrupos para eutanásia no 3º, 7º e 14º dia pós-operatório (DPO). Foram estudados evolução clínica, peso, força de ruptura da anastomose, características histopatológicas, histomorfometria do colágeno e dosagem de hidroxiprolina. RESULTADOS: Houve 6 óbitos, sendo 4 do grupo I (p=0,097). Não houve diferença estatística na evolução do peso (3ºDPO p=0,719; 7ºDPO p=0,195; 14ºDPO p=0,651). Não houve diferença na força de ruptura da anastomose (3ºDPO p=0,165; 7ºDPO p=0,219; 14ºDPO p=0,539). No estudo histopatológico, no 3ºDPO houve menor hemorragia no grupo II comparado com o grupo controle (p=0,003). No 7ºDPO houve menor infiltrado mononuclear (p=0,006), maior infiltrado polimorfonuclear (p=0,001) e maior necrose focal (p=0,001) no grupo II comparado com o grupo controle. No 14ºDPO houve menor fibrose do grupo II comparado com o grupo controle (p<0,001). No estudo histomorfométrico houve uma diminuição do colágeno nos grupos I e III em relação ao grupo controle no 7ºDPO (p<0,0001), e um aumento do colágeno nos grupos I e II em relação ao grupo controle no 14ºDPO (p<0,001). Não houve diferença estatística na dosagem da hidroxiprolina (3ºDPO p=0,152; 7ºDPO p=0,913; 14ºDPO p=0,981. CONCLUSÃO: O pneumoperitônio com CO2 na pressão de 5 mmHg não prejudica a cicatrização das anastomoses colônicas em ratos. 11. OBSTRUÇÃO INTESTINAL CAUSADA POR HÉRNIA INTERNA EM PACIENTE SEM CIRURGIA ABDOMINAL PRÉVIA -RELATO DE CASO Magalhães, V.S.F; Manalti, H.S; Torres, A.V; Barbosa, C.O; ; Souza, F.A.A; Camelo, R.S; Ribeiro, P.R.F; Buta, R.O; Silva, C.M; Araújo, A.G.F; Valente, R.S; Cruz, C.A.T. Universidade de Brasília – Faculdade de Medicina – Área de Clínica Cirúrgica – Serviço de Cirurgia Geral - HUB JUSTIFICATIVA: Hérnia interna é a protrusão de uma víscera através de forames, fossas ou orifícios, dentro da cavidade abdominal. Corresponde a 0,2 - 0,9% das causas de obstrução intestinal. OBJETIVO: Relatar um caso de hérnia paraduodenal congênita levando a obstrução intestinal em paciente sem história de cirurgia abdominal atendido em um serviço de cirurgia geral, no mês de março de 2010. MÉTODOS: Estudo descritivo de caso clínico baseado em levantamento de dados de prontuário do paciente. RESULTADOS: Paciente de 31 anos apresenta-se com quadro de distensão e dor abdominal, parada de eliminação de flatus e fezes associado a episódios de vômitos. Ao exame físico apresentava dor intensa a palpação abdominal, sem sinais de irritação peritoneal. Tem como antecedente diagnóstico de seminoma testicular estadio III, em tratamento quimioterápico além de TEP e TVP prévios em uso de varfarin 5mg/dia. Na rotina para abdome agudo foi identificada distensão importante de alças de delgado; a TC confirmada a distensão de delgado com ponto de parada. Realizada laparotomia exploradora que evidenciou presença de orifício em mesocólon com passagem de alças de delgado através do mesmo além de tumor retroperitoneal. CONCLUSÃO: O presente relato trata de uma manifestação rara e reforça a sua importância como diagnóstico diferencial nos quadros de obstrução intestinal. 12. RELATO DE CASO: ADENOCARCINOMA DE PEQUENAS CÉLULAS EM ESÔFAGO

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Magalhães, V.S.F; Camelo, R.S; Silva, C.M; Barbosa, C.O; Torres, A.V; Souza, F.A.A; Araújo, A.G.F; Buta, R.O; Ribeiro, P.R.F; Manalti, H.S; Cruz, C.A.T. Universidade de Brasília – Faculdade de Medicina – Área de Clínica Cirúrgica – Serviço de Cirurgia Geral - HUB JUSTIFICATIVA: O carcinoma de pequenas células do esôfago é uma neoplasia rara, cuja prevalência varia de 0,05 a 7,6% entre todos os tumores esofágicos. OBJETIVO: Relatar um caso de adenocarcinoma de pequenas células primitivo em terço médio do esôfago. MÉTODOS: Estudo descritivo de caso clínico baseado em levantamento de dados de prontuário do paciente. RESULTADOS: Paciente, feminino, 75 anos com quadro de disfagia progressiva, epigastralgia e perda ponderal de 4 quilos em 3 meses de evolução. Era tabagista de aproximadamente 30 cigarros/dia durante 65 anos. Ao exame físico apresentava-se levemente emagrecida. Exames laboratorias sem alterações. Endoscopia digestiva alta (EDA) evidenciou lesão vegetante ulcero-infiltrativa em terço médio do esôfago ocupando a luz o órgão. A tomografia computadorizada (TC) do tórax evidenciou uma lesão expansiva, com extensão aproximada de 8cm pertencente ao esôfago com projeção para as estruturas mediastinais, linfonodos para-aórticos, mesentéricos e do tronco celíaco, além de grandes vasos. A TC de abdome foi normal. O anatomopatológico realizado em fragmentos obtidos na EDA concluiu que se tratava de adenocarcinoma de pequenas células. Tal resultado foi confirmado por imunohistoquimica, com marcadores endócrinos positivos. Foi proposto tratamento quimioterápico, em vigência no momento. CONCLUSÃO: Por se tratar de uma patologia pouco comum, o manejo do carcinoma de pequenas células do esôfago continua controverso sendo necessários mais estudos sobre o tema. 13. BILIOMA INTRA-HEPÁTICO PÓS TRAUMÁTICO – UM RELATO DE CASO Paulo Roberto Faria Ribeiro, Carlos Augusto T. Cruz, Camila Oliveira Barbosa, Ana Verusca Torres, Fábio Augusto Albanez Souza, Raquel Soares Camelo, Helena de Souza Malnati, Vanessa Sole Ferreira Magalhães, Augusto Gurgel Faria Araújo, Rafael Oliveira Buta, Carolina de Melo Silva. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Clínica Cirúrgica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Relato de caso com revisão da literatura de um caso de bilioma pós traumático OBJETIVO: Apresentar o relato de um caso de um bilioma pós traumático com o tratamento proposto e com o desfecho, além de revisão da literatura. MÉTODO: Relato de caso com revisão bibliográfica RESULTADOS: Paciente de 14 anos que sofreu queda de uma árvore de cerca de 3 m3tros de altura com uma contusão abdominal, inicialmente não apresentou sintomas porém cerca de 15 dias após o ocorrido iniciou com icterícia progressiva. Foi avaliada por exames de imagem que demonstraram volumoso tumor cístico intra hepático. Após completar a investigação foi levanada a hipótese de bilioma traumático e realizada drenagem percutânea com saída de de grande quantidade de bile. O débito do dreno permaneceu alto com a drenagem, foi então realizada uma CPRE com papilotomia endoscópica, havendo diminuição progressiva do débito pelo dreno e o mesmo foi retirado. A paciente teve alta assintomática e realizou retorno para controle por imagem com redução volumétrica importante e exame de sangue mostrando bilirrubinas normais. CONCLUSÃO: O bilioma é um tumor cistico bem delimitado causado pelo dano ás vias biliares e extravazamento de bile. Este extravasamento é encápsulado por células inflamatórias, fibroblastos, e células gigantes do tipo corpo estranho. O bilioma pode ser intra-hepático ou intraperitoneal, de acodo com seu mecanismo de formação. Causas de formação de bilioma incluem trauma hepático, hidatidose, colecistectomia laparoscópica e litotripsia extracorpórea. Neste caso o trauma contuso foi a causa determinada, e após o tratamento evoluiu bem.

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14. RESSECÇÃO CIRÚRGICA DE UM ADRENOCORTICOCARCINOMA – UM RELATO DE CASO Paulo Roberto Faria Ribeiro, Carlos Augusto T. Cruz, Camila Oliveira Barbosa, Ana Verusca Torres, Fábio Augusto Albanez Souza, Raquel Soares Camelo, Helena de Souza Malnati, Vanessa Sole Ferreira Magalhães, Augusto Gurgel Faria Araújo, Rafael Oliveira Buta, Carolina de Melo Silva. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Clínica Cirúrgica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Relato de caso com revisão da literatura de um caso raro de adrenocorticocarcinoma OBJETIVO: Apresentar o relato de um caso de adrenocorticocarcinoma apresentando-se como virilização e hipertricose.. MÉTODO: Relato de caso com revisão bibliográfica RESULTADOS: Paciente de 20 anos do sexo feminino iniciou quadro de hipertricose, virilização e amenorréia, sendo tratada inicialmente para síndrome dos ovários policísticos, não havendo melhora. Evoluiu com dor em flanco D e tumoração palpável na mesma topografia. Os exames de imagem mostravam grande massa no pólo supra-renal que tomava flanco e pelve confundindo com a região anexial. O painel hormonal sugeria um tumor de supra-renais. Foi submetida a cirurgia com retirada de grande massa em flanco e pelve de conteúdo sólido-cístico. Evoluindo bem no pós operatório. Laudo histopatológico confirma a suspeita de adrenocorticocarcioma sendo a apciente encaminhada á oncologia para complementação terapêutica. REVISÃO DA LITERATURA: Trata-se de uma caso de adrenocorticocarcinoma, doença com incidência de cerca de um para cada milhão de habitantes por ano, cujo painel hormonal é característico e o tratamento inicial consiste em cirurgia seguida de quimioterapia. 15. ATELECTASIA MAXILAR CRÔNICA Márcio Nakanishi, João Mangussi-Gomes, Fabiana Damasco Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil; Hospital Universitário de Brasília, Divisão de Otorrinolaringologia, Ambulatório de Rinologia. JUSTIFICATIVA: A atelectasia maxilar crônica possui apresentação clínico-radiológica típica, apesar de tardia e com consequências potencialmente graves. Alto grau de suspeição se impõe para que sequelas sejam evitadas. OBJETIVO: Descrever a apresentação, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de um caso de atelectasia maxilar crônica. DESCRIÇÃO: Uma paciente de 34 anos se apresentou com história de episódios recorrentes de rinossinusite há mais de 10 anos. Nos últimos cinco anos, os sintomas sinusais haviam melhorado, porém desenvolveram-se progressivamente, parestesia e hiperestesia na região maxilar direita. Ao exame físico, não foram evidenciadas alterações significativas, exceto por hiperestesia na região maxilar direita. A tomografia computadorizada de seios paranasais demonstrou opacificação completa do seio maxilar direito, além de retração das suas paredes lateral e superior, sugerindo processo atelectásico. A campimetria computadorizada evidenciou escotoma adjacente ao ponto cego do olho direito, possivelmente já indicando prejuízo funcional ao nervo óptico direito. Foi realizada uncinectomia, bulectomia e antrostomia maxilar direitas por via endoscópica, com aspiração de fluido mucoso e espesso do seio maxilar direito. A paciente apresentou boa evolução pós-operatória e os controles radiológicos foram satisfatórios. Encontra-se assintomática há mais de um ano. As causas da atelectasia maxilar crônica são pouco elucidadas. Acredita-se que por uma obstrução à drenagem do seio maxilar haja acúmulo de secreções com posterior reabsorção do conteúdo aquoso e gasoso pela mucosa sinusal. O fluido maxilar torna-se espesso e é criado um microambiente com pressão negativa. Como evento fisiopatogênico final, ocorre a atelectasia do seio maxilar com consequente abaulamento de suas paredes. O diagnóstico é clínico (enoftalmia/hipoglobo/deformidades facias) e radiológico (opacificação completa do seio maxilar). A história de sintomas sinusais precedentes diferencia a atelectasia maxilar crônica, como no caso apresentado, da síndrome do seio silencioso. CONCLUSÃO: A atelectasia maxilar crônica é

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uma condição pouco comum, porém potencialmente grave pelas sequelas fisionômicas e visuais que pode acarretar. 16. SCHWANNOMA MALIGNO DE SEIOS PARANASAIS Sharlene Castanheira Pádua, Lucas Moura Viana, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado Pires de Araújo, Rafaela Aquino Fernandes Lopes, Gustavo Subtil Magalhães Freire, André Luís Queiroz, Luiz Augusto Nascimento, Márcio Nakanishi. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Schwannomas malignos são tumores que crescem a partir das células de Schwan dos nervos periféricos. Extremidades, tronco, tórax e retroperitônio são os locais mais acometidos, sendo raros na região da cabeça e pescoço. Ocorre predominantemente na 4º e 5º década de vida e sem preferência por sexo ou raça. Em 30% dos casos está associada a neurofibromatose tipo I (NF I). OBJETIVO: Objetiva-se relatar um caso de schwannoma malignos localizado em seios paranasais. RELATO DO CASO: Paciente, 57 anos, com queixa de obstrução nasal, rinorréia, sangramentos recorrentes e dor facial há 6 meses, em fossa nasal direita (FND). Há 2 meses com epífora e exoftalmia do olho direito, sem prejuízo da acuidade visual. Durante o exame físico, foi evidenciado tumoração preenchendo toda a FND de aspecto friável. A TC de seios paranasais revelou massa volumosa e expansiva em FND, adelgaçando e erodindo parede medial do seio maxilar, lamina papirácea, células etmoidais e parte do osso esfenóide. Durante a cirurgia endoscópica, observou-se lesão friável, parda com epicentro provavelmente em etmóide posterior com infiltração dos tecidos adjacentes. O estudo anatomopatológico e a imunohistoquímico foram compatíveis com tumor maligno de bainha de nervo periférico (TMBNP). O paciente foi submetido a um novo procedimento cirúrgico para ampliação de margens. Posteriormente, foi realizado radioterapia no leito tumoral. Até o momento (12 meses de pós-operatório) o paciente encontra-se sem sinais de recidiva tumoral. CONCLUSÃO: Os TMBNP são raros, principalmente na região da cabeça e pescoço. Clinicamente, aparecem como massas bem delimitadas, sangrantes com sinais de compressão local. O diagnóstico definitivo somente é dado pelo estudo anatomopatológico associado a imunohistoquímica com a presença da proteína S-100 positiva. O tratamento preconizado consiste na ressecção em bloco do tumor com margem cirúrgicas livres, associado ou não a radioterapia. Os portadores neurofibromatose do tipo I apresentam pior prognóstico. 17. SÍNDROME DA TRISSOMIA DO 4Q: APRESENTAÇÃO DE UM NOVO CASO E DISCUSSÃO SOBRE OS ACHADOS AUDIOLÓGICOS. Lucas Moura Viana, Sharlene Castanheira Pádua, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado Pires de Araújo, Alessandra Ramos Venosa, Isnaldo Piedade Faria, Nilda A Maia, Carlos Augusto Costa Pires de Oliveira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Trissomia parcial é geralmente o resultado da segregação de uma translocação gênica familial balanceada. O segmento trissômico comum de todos os pacientes clinicamente similares com trissomia parcial do 4q corresponde ao terço distal do braço longo do cromossomo 4. OBJETIVO: Objetiva-se relatar um caso raro de trissomia parcial do 4q. RELATO DO CASO: Este relato descreve a avaliação auditiva de uma criança, 5 anos, com características clínicas da trissomia parcial 4q, cujo cariótipo revelou 46,XY,der(3)t(3;4)(p25;q25),mat e discute os seus achados. À avaliação clínica, apresentava pregas epicânticas bilaterais, ponte nasal proeminente, malformação de orelhas, micrognatia, braquidactilia, criptorquidia direita e hérnia inguinal bilateral. Tomografia Computadorizada de crânio e ultrassonografia abdominal foram normais Não há historia de outros

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membros afetados na família. A avaliação audiológica mostrou audiometria comportamental, impedanciometria e otoemissões acústicas evocadas transientes e por produto de distorção sem alterações. O potencial evocado auditivo de tronco cerebral apresentou ondas I a V com amplitudes e latências normais. A audiometria de tronco cerebral define resposta até 20dB à esquerda e 40dB à direita. CONCLUSÃO: A avaliação dos resultados dos testes de otoemissões acústicas associados à audiometria comportamental apresentou audição dentro dos limites da normalidade. Este exame permitiu supor que a função auditiva, incluindo a porção coclear, encontra-se normal. No potencial evocado auditivo de tronco encefálico, o paciente apresentou alteração unilateral com resposta a partir de 40 dB, indicando alteração discreta da audição. Tal achado não justifica o retardo na aquisição da fala apresentado pelo paciente, uma vez que mesmo perdas auditivas de grau profundo unilaterais são associadas a desenvolvimento normal das habilidades lingüísticas. Este trabalho é o primeiro a relatar as características auditivas nestes pacientes e mostra também que o atraso na fala não é por deficiência auditiva, e sim pela cromossomopatia por ele apresentada. 18. AVALIAÇÃO DA NEUROTOXICIDADE NA VIA AUDITIVA CENTRAL EM PACIENTES TRATADOS POR QUIMIOTERAPIA COM CISPLATINA. Lucas Moura Viana, Sharlene Castanheira Pádua, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado Pires de Araújo, Alessandra Ramos Venosa, André Lopes Sampaio, Nilda A Maia, Carlos Augusto Costa Pires de Oliveira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA/OBJETIVO: A cisplatina é um quimioterápico indicado para o tratamento de vários tumores sólidos. Está bem definido o dano coclear e vestibular causado pela cisplatina por estresse oxidativo nas células ciliadas, porém, apesar de alguns estudos mostrarem neurotoxicidade, tem-se poucos relatos a respeito da neurotoxicidade especificamente na via auditiva central. MATERIAIS E MÉDTODOS: Foram avaliados dez pacientes entre 3-19 anos que foram tratados com cisplatina em altas doses. Esses foram submetidos a uma avaliação audiométrica completa. Foram analisados as latências absolutas das ondas I, III, V e os interpicos I – III, III – V e I – V do exame potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Esses dados foram comparados aos dados de pacientes controles do mesmo sexo e da mesma idade. Para análise estatística da significância dos resultados foi utilizado o teste de Mann-Whitney, considerando-se uma diferença significativa entre as médias quando p<0,05. O software utilizado foi o SPSS. RESULTADOS: Somente um paciente apresenta atraso nas ondas I e V da orelha direita. Duas crianças apresentaram aumento do interpico I-III, uma no interpico III-V e nenhuma, no interpico I-V. Não houve significância estatística ao comparar os interpicos entre as crianças casos e controles, considerando um intervalo de confiança de 95%. DISCUSSÃO: Nos últimos anos, a influência de agentes quimioterápicos na função auditiva, especialmente a cisplatina e carboplatina, foi estudada por alguns pesquisadores a partir das manifestações de sintomas auditivos como o zumbido e alteração da sensibilidade auditiva por alguns indivíduos em tratamento. Desta forma, o poder de ação ototóxica destes agentes vem sendo documentado, especialmente na população pediátrica. Entretanto, nenhum trabalho avaliou a neurotoxicidade das vias auditivas centrais. Apesar de não haver diferença estatisticamente significante, existem alterações individuais, que pode sugerir uma neurotoxicidade das vias auditivas centrais.

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19. AMILOIDOSE LARÍNGOTRAQUEAL PRIMÁRIA COMO CAUSA DE OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS SUPERIORES Lucas Moura Viana, Sharlene Castanheira Pádua, Vítor Yamashiro Rocha Soares, Pedro Ivo Machado Pires de Araújo, Rafaela Aquino Fernandes Lopes, Gustavo Subtil Magalhães Freire, Luciana Miwa Watanabe, Carlos Augusto Costa Pires de Oliveira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Amiloidose localizada, acometendo somente órgãos da cabeça e pescoço, é uma doença rara e benigna. OBJETIVO: Objetiva-se relatar um caso raro de amiloidose laríngea evoluindo com obstrução de vias aéreas superiores. RELATO DO CASO: Paciente, sexo feminino, 41 anos, apresentou quadro de dispnéia e disfonia com dois anos de evolução. Os sintomas intensificaram-se após episódio de infecção de vias aéreas superiores, em fevereiro de 2004, quando procurou outro serviço e foi feita biópsia laríngea que mostrou depósito de material amorfo. A coloração pelo vermelho congo revelou polarização em verde maçã, compatível com amiloidose. Apresentou piora progressiva e em março de 2005, foi submetida à traqueostomia de urgência por obstrução das VAS. Em 2006 iniciou acompanhamento no presente serviço. Doenças secundárias e/ou sistêmicas foram afastadas. TC cervical mostrou severo espessamento concêntrico com área de obstrução completa acometendo glote, região subglótica e traquéia proximal com 38 mm de extensão crânio-caudal. RNM cervical mostrou lesão expansiva, relativamente bem delimitada, sem invasão de estruturas adjacentes, localizada na laringe subglótica e estendendo-se para glote. Esta lesão determina estreitamento circunscrito da coluna aérea laríngea, associado à área de obstrução luminal completa na região subglótica. CONCLUSÃO: A amiloidose é um distúrbio do metabolismo protéico no qual fibrilas protéicas extracelulares se depositam em vários tecidos. Os sintomas são inespecíficos e relacionados com a função do local acometido. O caso relatado mostra uma apresentação rara da doença, na qual as lesões acometem as pregas vocais bilateralmente, subglote e traquéia, com necessidade de traqueostomia de urgência por obstrução de VAS, exacerbado por quadro inflamatório agudo. O tratamento da amiloidose laríngea varia da simples observação da lesão a laringectomia parcial de acordo com a extensão da doença na laringe. Lesões localizadas podem ser removidas completamente por via endoscópica com bisturi frio ou laser de CO2. 20. CÂNCER DE RETO E GRAVIDEZ: RELATO DE CASO Antônio Carlos Nóbrega dos Santos, Flávia Berford, Isabel Saenger Wumbaer, João Batista de Sousa, José Guilherme Filho, Juliana Gurgel Faria Araújo, Leonardo de Castro Durães, Paulo Gonçalves de Oliveira, Romulo Medeiros de Almeida, Viviane Fernandes Rosa. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Clínicas Cirúrgicas, Serviço de Coloproctologia. JUSTIFICATIVA: A neoplasia de reto associada a gestação é uma entidade rara, com poucos casos descritos na literatura . OBJETIVO: Relatar o caso uma gestante no segundo semestre de gravidez que apresentou câncer de reto médio. DESCRIÇÃO: Paciente de 36 anos no segundo trimestre de gravidez com queixa de hematoquezia há 3 meses. G4 P1 A2. Ao exame encontrava-se em bom estado geral. Abdome semigloboso, útero palpável na cicatriz umbilical. Toque retal: lesão úlcero-vegetante, friável, circunferencial, localizada a 9cm da margem anal. Colonoscopia: ausência de lesões sincrônicas. Biópsia: adenocarcinoma bem diferenciado do reto. CEA 1,13ng/ml. Ultra-som gestacional: feto único de 16 semanas. Ultra-som endoanal: uT3 uN1 uMx. Ressonância nuclear magnética do abdome e pelve: espessamento parietal de 6cm de extensão no reto médio. Radiografia de tórax sem alterações. Em decisão conjunta dos Serviços de Coloproctologia, Oncologia, Ginecologia/Obstetrícia e Radiologia foi optado por tratamento operatório seguido de quimioterapia até o término da gravidez e após o parto, nova quimioterapia. A paciente foi submetida a ressecção

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anterior do reto e ileostomia protetora. Apresentou boa evolução pós-operatória. O resultado anatomopatológico foi pT3 pNO pMx,. Iniciou quimioterapia adjuvante. O parto cesáreo foi realizado com 34 semanas por maior risco de óbito para o concepto após esse período em gestantes submetidas a quimioterapia. O recém-nascido pesou 3,1Kg e não apresentou anormalidades. Submetida a reconstrução do trânsito intestinal após 6 meses, sem intercorrências. CONCLUSÃO: Embora a concomitância de câncer de reto e gravidez seja rara e a conduta terapêutica não esteja bem estabelecida, a estratégia de tratamento adotada demonstrou eficácia até o momento. 21. LIPOMA INTESTINAL: RELATO DE CASO Antônio Carlos Nóbrega dos Santos, Flávia Berford, Isabel Saenger Wumbaer, João Batista de Sousa, José Guilherme Filho, Juliana Gurgel Faria Araújo, Leonardo de Castro Durães, Paulo Gonçalves de Oliveira, Romulo Medeiros de Almeida. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Clínicas Cirúrgicas, Serviço de Coloproctologia. JUSTIFICATIVA: Lipomas intestinais são raros, geralmente pequenos e assintomáticos. Sua incidência varia de 0,035 a 4,4%. Na maioria das vezes seu diagnóstico é incidental por colonoscopia, operação ou autópsia e a localização mais relatada é no cólon ascendente. Quando maiores do que 2 cm podem causar enterorragia, alteração do hábito intestinal e até obstrução intestinal. Seu tratamento pode ser realizado por ressecção endoscópica ou cirúrgica. OBJETIVO: Relatar caso de lipoma intestinal DESCRIÇÃO: Paciente do gênero feminino, 58 anos, com quadro de dor abdominal difusa em cólica, alteração do hábito intestinal (constipação), enterorragia eventual, presença de muco nas fezes e perda ponderal de 8 Kg com evolução de 4 meses. Submetida a colonoscopia que identificou lesão vegetante ulcerada no cólon sigmóide, obstruindo cerca de 90% da luz, impedindo a progressão do aparelho. A biópsia evidenciou atividade inflamatória, compatível com borda de úlcera. Realizou exames de estadiamento que revelou apenas espessamento circunferencial do cólon esquerdo à tomografia computadorizada. A paciente foi submetido a retossigmoidectomia por quadro de suboclusão intestinal. O estudo histopatológico da peça demonstrou a presença de lipoma submucoso com 5 cm no seu maior eixo. A paciente encontra-se em acompanhamento ambulatorial no serviço de Coloproctologia CONCLUSÃO: Relata-se caso de lipoma de intestino grosso, entidade rara, que deve ser considerado no diagnóstico diferencial de obstrução intestinal. 22. MELANOMA ANORRETAL: RELATO DE CASO Antônio Carlos Nóbrega dos Santos, Flávia Berford, Isabel Saenger Wumbaer, João Batista de Sousa, José Guilherme Filho, Juliana Gurgel Faria Araújo, Leonardo de Castro Durães, Paulo Gonçalves de Oliveira, Romulo Medeiros de Almeida. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Centro de Clínicas Cirúrgicas, Serviço de Coloproctologia. JUSTIFICATIVA: Melanomas anorretais são raros, representando 0,05% dos tumores malignos colorretais e 1% dos cânceres de canal anal. A maioria se origina da junção mucocutânea, mas também podem vir da borda anal, do epitélio de transição do canal anal ou mesmo do reto. Os pacientes se apresentam com sangramento e tumor anal e em 30% dos casos a avaliação inicial encontra metástases à distância. O prognóstico costuma ser ruim mesmo com o procedimento cirúrgico com intenções curativas (amputação abdominoperineal ou ressecção local alargada), com sobrevida de 10 a 20% em 5 anos. OBJETIVO: Relatar caso de melanoma anorretal. DESCRIÇÃO: Paciente do gênero masculino, 70 anos, com quadro de alteração do hábito intestinal (constipação) e hematoquezia eventual com evolução de 1 ano. Há 3 meses evoluiu com prolapso anal, que tornou-se irredutível. Ao exame físico, presença de lesão vegetante prolapsada e irredutível, que à retossigmoidoscopia mostrou tratar-se de lesão de aproximadamente 5cm na parede inferior lateral direita do canal anal. Biópsia

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confirmou tratar-se de melanoma maligno. Realizada colonoscopia, sem outras alterações. Demais exames de estadiamento revelaram múltiplas metástases hepáticas à TC de abdome. Paciente foi submetido a ressecção local e encaminhado para tratamento paliativo com a equipe da oncologia. CONCLUSÃO: Relata-se caso de melanoma anorretal, entidade extremamente rara, com poucos relatos na literatura. O paciente apresentou diagnóstico de doença avançada, já com múltiplas metástases hepáticas e fora de possibilidades cirúrgicas curativas, sendo realizada apenas a ressecção local da lesão. Essa evolução do caso corrobora o que é encontrado na literatura, com relação ao prognóstico ruim da doença e sua alta agressividade.

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PEDIATRIA CLÍNICA E CIRÚRGICA 1. POSTURA, PRAXIA GLOBAL E EQUILÍBRIO DE ESCOLARES COM SOBREPESO E OBESIDADE. Andrezza Aparecida Aleixo, Elaine Leonezi Guimarães, Isabel Aparecida Porcatti de Walsh, Karina Pereira. Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Curso de Fisioterapia, Disciplina de Pediatria, Uberaba, MG. JUSTIFICATIVA: O excesso de massa corporal, na criança obesa ou com sobrepeso, pode acarretar diminuição da estabilidade, alterações na postura e na praxia global. Objetivo: Avaliar escolares com sobrepeso ou obesidade, na faixa etária de 6 a 12 anos de idade, quanto às alterações posturais, ao equilíbrio e à praxia global. Metódo: Participaram do estudo 34 escolares matriculados em uma escola estadual de Uberaba/MG, com diagnóstico de sobrepeso ou obesidade infantil segundo Índice de Massa Corporal (IMC). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e os pais autorizaram a participação destas por meio do Termo de Consentimento. RESULTADOS: Dentre os 34 escolares selecionados 32,35% apresentaram-se com sobrepeso e 67,65% com obesidade. Quanto às alterações posturais observou-se que 63,6% dos escolares com sobrepeso apresentavam protrusão de cabeça, 63,6% protrusão de ombro, 72,7% diferença de altura de ombros, 54,5% hiperlordose lombar, e, 54,5% diferença de altura da fossa poplítea. No grupo com obesidade, 82,6% apresentavam diferença na altura de ombros, 65,2% hiperlordose lombar, 47,8% hiperextensão de joelhos, 86,9% diferença de altura da fossa poplítea, 65,2% joelhos valgos, 78,3% protrusão de abdômen, e, 47,8% anteversão pélvica. O equilíbrio estático não apresentou diferença estatisticamente significativa. No equilíbrio dinâmico houve diferença significativa caracterizando o grupo sobrepeso com perfil psicomotor hiperpráxico enquanto os obesos mostraram-se eupráxicos. Na avaliação da praxia global houve diferença significativa entre os grupos em três subfatores: coordenação oculopedal (p=0,022); dissociação de membros superiores (p=0,042) e de membros inferiores (p=0,045). Quanto à dissociação de membros inferiores e superiores verificou-se perfil psicomotor eupráxico no grupo com sobrepeso e dispráxico nos obesos. E, quanto à coordenação óculopedal ambos mostraram-se dispráxicos. CONCLUSÃO: De acordo com os resultados pode-se inferir que o sobrepeso e a obesidade infantil podem alterar a postura, o equilíbrio e a praxia global, além de comprometer a socialização da criança 2. INCIDÊNCIA DE DEFICIÊNCIA DE GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE (G6PD) NA TRIAGEM NEONATAL EM BRASÍLIA ER Santos1, FL Menezes1, PN Cavalcante1, BF Luitgards1, LF Abdalla2, SS Costa2, SF Fonseca1 1Hospital Universitário de Brasília, Hematologia pediátrica; 2Laboratório Sabin LTDA, Brasília, DF INTRODUÇÃO: A G6PD é uma enzima que participa da via daspentoses-fosfato, reduzindo o NADP+ a NADPH, permitindo a redução do glutatião oxidado e atuando na neutralização de espécies reativas de oxigênio. Na deficiência de G6PD, a hemácia é particularmente suscetível ao dano oxidativo, e o favismo, a ocorrência de infecções ou o uso de determinadas drogas, constituem eventos que podem precipitar a hemólise. Estima-se que 400 milhões de pessoas no mundo tenham deficiência de G6PD, principalmente nas regiões mediterrâneas, africanas e asiáticas. A triagem neonatal para esta enzimopatia não tem sido obrigatória no Brasil, embora estime-se uma prevalência nacional de 1 a 10%. O Distrito Federal (DF) carece de dados quanto a prevalência dessa condição. O objetivo deste estudo foi verificar a incidência da deficiência de G6PD entre os recém-nascidos no DF, que realizaram teste de triagem neonatal no Laboratório Sabin, Brasília, no período de janeiro de 2007 a janeiro de 2010. MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisadas 7257 amostras colhidas em papel filtro. A quantificação da atividade da G6PD foi realizada por método enzimático colorimétrico com normalização da hemoglobina. Os recém-nascidos que apresentaram resultado inferior a 2,1 mg/g Hb, foram considerados deficientes e realizaram nova coleta, em tubo com EDTA, para confirmação da

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deficiência, pela quantificação da enzima por método enzimático (VR: 4,6-13,5 U/g Hb). RESULTADOS: Foram triados 236 (3,25%) recém-nascidos deficientes de G6PD pelo teste em papel filtro, mas apenas 57 foram confirmados após a quantificação da enzima. Assim, na amostra estudada o índice de positividade para deficiência de G6PD foi de 0,78% (57/7257) e a porcentagem de casos falsamente positivos pelo teste de triagem inicial empregado foi de 75,85%. CONCLUSÃO: As altas temperaturas, condições de transporte e acondicionamento têm sido relatadas como as principais causas de falsos positivos, fato que tem sido discutido na literatura médica. Entretanto, a incidência de G6PD neste estudo é inferior àquela demonstrada por outros autores para a população brasileira, o que pode ser explicado pela presença de reticulócitos no sangue periférico de recém-nascidos com icterícia neonatal, que falsamente aumentaria a detecção da enzima, ou talvez os resultados reflitam a real incidência de deficiência de G6PD na população do DF. Os dados apontam ainda para a necessidade de cautela ao se analisar o resultado de um teste de triagem neonatal para deficiência de G6PD, pela ocorrência de falsos positivos e os autores reforçam a necessidade de complementação dos estudos, por meio da quantificação da enzima e até do estudo molecular para o estabelecimento do diagnóstico final. 3. AVALIAÇÃO DA MORTALIDADE EM RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BAIXO PESO EM DIÁLISE PERITONEAL COM SISTEMA FECHADO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DE NEONATOLOGIA NO DISTRITO FEDERAL. Fabiane Amais Lemes, Leonardo Almeida Costa, Enzio Galvão Diniz Torreão Bráz, Raimundo Nonato Ferro Lago Filho, Giuseppe Cesare Gatto, Gustavo João Sebba, Fernanda de Oliveira Almeida, Eirika Nakatani, Pedro Oliveira Mendes Filho, Stanley Janes Franstone Pina, Joel Paulo Russomano Veiga, Flavio José Dutra de Moura. Nephron Brasília Serviços Médicos Ltda. JUSTIFICATIVA: A literatura demonstra altos índices de mortalidade em recém–nascidos (RN) de muito baixo peso com insuficiência renal aguda submetidos a métodos de terapia renal substitutiva.OBJETIVO: Avaliar a mortalidade de RN submetidos a diálise peritoneal contínua com sistema fechado implantado pelo serviço de nefrologia comparado aos descritos na literatura.DESCRIÇÃO: O procedimento é realizado com uso de material estéril, onde é montado um sistema de infusão e drenagem totalmente fechado utilizando bandeja de curativo, sonda foley nº16, coletor de urina fechado, torneira cirúrgica de 3 vias, equipo microfix para bomba de infusão,bolsa de solução a 1,5%,clorexidina,gaze e luva estéril. Após a montagem desse sistema sobre campo estéril é realizado a instalação na criança seguindo técnica asséptica.RESULTADOS: Foram analisados dados referentes a 7 crianças com peso inferior a 1300g no período de janeiro de 2008 a julho de 2010 , com uma taxa de mortalidade de 28,6%, enquanto os dados obtidos na literatura demonstram uma taxa de mortalidade acima de 75% em RN com peso inferior a 1500g,.CONCLUSÃO: Apesar das dificuldades técnicas encontradas e da pequena amostra analisada, a diálise peritoneal mostrou-se eficaz com a implantação do sistema desenvolvido pela equipe quando comparado aos índices descritos na literatura para a faixa etária e peso estabelecido. 4. AVALIAÇÃO DE PERITONITE EM RECÉM-NASCIDOS DE MUITO BAIXO PESO EM DIÁLISE PERITONEAL COM SISTEMA FECHADO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DE NEONATOLOGIA NO DISTRITO FEDERAL. Fabiane Amais Lemes, Leonardo Almeida Costa, Enzio Galvão Diniz Torreão Bráz, Raimundo Nonato Ferro Lago Filho, Giuseppe Cesare Gatto, Gustavo João Sebba, Fernanda de Oliveira Almeida, Eirika Nakatani, Pedro Oliveira Mendes Filho, Stanley Janes Franstone Pina, Joel Paulo Russomano Veiga, Flavio José Dutra de Moura. Nephron Brasília Serviços Médicos Ltda.

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JUSTIFICATIVA: Incidência de peritonite em recém–nascidos (RN) de muito baixo peso com insuficiência renal aguda submetidos à diálise peritoneal (DP) como método de terapia renal substitutiva.OBJETIVO: Avaliar a eficácia da DP com sistema fechado implantado pelo serviço de nefrologia na redução dos índices de infecção comparado aos descritos na literatura.DESCRIÇÃO: O procedimento é realizado com uso de material estéril, onde é montado um sistema de infusão e drenagem totalmente fechado utilizando bandeja de curativo, sonda foley nº16, coletor de urina fechado, torneira cirúrgica de 3 vias, equipo microfix para bomba de infusão,bolsa de solução a 1,5%,clorexidina,gaze e luva estéril. Após a montagem desse sistema sobre campo estéril é realizado a instalação na criança seguindo técnica asséptica. RESULTADOS: Foram analisados dados referentes a 7 crianças com peso inferior a 1300g no período de janeiro de 2008 a julho de 2010 que não evdienciaram peritoneites nospacientes tratados. Dados obtidos na literatura demonstram uma taxa de infecção acima de 62% em RN com peso inferior a 1500g. CONCLUSÃO: Apesar das dificuldades técnicas encontradas e da pequena amostra analisada, a diálise peritoneal com sistema fechado mostrou-se eficaz quando comparada aos índices descritos na literatura . Já que os relatos associam a ocorrência de peritonite diretamente relacionada a inadequada técnica de instalação. 5. STEVENS-JOHNSON POR DIPIRONA: RELATO DE CASO. Marcelo de Oliveira Ramiro, Patrick Silva Damasceno, Luciano Máximo da Silva, Anna Luiza Braga Pla Pediatria Clínica, HUB, UnB JUSTIFICATIVA: A síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) é causada, freqüentemente, por uso de medicamentos, principalmente antimicrobianos, anticonvulsivantes e paracetamol. Poucos estudos relacionam a síndrome em discussão à dipirona, de utilização comum no Brasil. OBJETIVO: Relatar um caso de SSJ desencadeada pelo uso de dipirona. METODOLOGIA: Revisão sistemática de prontuário e descrição de caso RELATO DE CASO: G.A.C., 6 anos, masculino, estudante, natural de Sobradinho-DF. Iniciou com quadro de três dias de tosse, coriza e febre. Fez uso de dipirona, evoluindo com aparecimento de pápulas eritematosas na pele. Compareceu ao HRP, foi diagnosticada alergia medicamentosa, prescrita dexclorfeniramina. Evoluiu com piora das lesões cutâneas, acometimento de mucosas oral e genital, tendo sido encaminhado ao HUB. Ao exame apresentava-se febril, desidratado, pele com pápulas eritematosas e vesículas em face, pescoço, tórax, prepúcio e região palmar. Apresentava hiperemia conjuntival bilateralmente, halitose. Foi realizado diagnóstico clínico de SSJ, sendo internado, posto em precaução de contato, iniciada alimentação por sonda naso-gástrica, tendo diagnósticos associados durante a evolução de infecção por anaeróbios em mucosa oral, pneumonia lobar hospitalar. Usou clindamicina, ceftriaxone e posteriormente cefepime após hemocultura que mostrou crescimento de Acinetobacter baumanii. Com a manutenção do quadro de febre foi introduzido meropenem, cessando a febre em alguns dias. Evoluiu com melhora importante do estado geral, recebendo alta no 27º DIH afebril, com nova hemocultura negativa e lesões em remissão. DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: No presente caso, a SSJ foi desencadeada por uso de dipirona, que em estudos brasileiros, é etiologia em cerca de 36,3% do casos. Pelas inúmeras portas de entrada cutâneas, orais, urogenitais e brônquicas o paciente apresentou infecção de pele, pneumonia, além de bacteremia, sendo necessário o escalonamento de antibióticos para resolução do quadro.

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6. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE ATENDIDO NO AMBULATÓRIO DE ASMA DO CENTRO DE CLÍNICA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA. João Victor Campos de Almeida; Gabriel Vieira Pontes; Carmen Lívia Faria da Silva Martins Hospital Universitário de Brasília (HUB/UNB). INTRODUÇÃO: A asma é uma doença que acomete pessoas de todas as idades, de diferentes níveis sociais e culturais e com graus variados de gravidade e freqüência. Sua prevalência está aumentando em todas as regiões do mundo, principalmente em crianças. OBJETIVO: Definir e atualizar as características demográficas e epidemiológicas do paciente no ambulatório de Asma do Centro de Clínicas Pediátricas do Hospital Universitário de Brasília. METODOLOGIA: Estudo transversal retrospectivo e descritivo, onde foram coletados dados referentes à idade, gênero e procedência dos pacientes atendidos no ambulatório de Asma do Centro de Clínicas Pediátricas do HUB entre maio de 2005 e agosto de 2010. RESULTADO: O total de crianças e adolescentes portadoras de asma registrados neste ambulatório até o momento é de 688. Dos pacientes atendidos entre maio de 2005 até agosto de 2010, quanto ao sexo: 55,37% masculino e 44,63% feminino; quanto à procedência: Ceilândia (12,58%), Samambaia (10,36%), Planaltina (9,43%), Taguatinga (7,63%), Santa Maria (7%), Recanto das Emas (3,72%), São Sebastião (4,96%), Gama (3,88%), Sobradinho (4,96%), Paranoá (1,87%), Riacho fundo (1,87%), Plano Piloto (3,09%), Guara (1,07%), Brazlandia (1%), Estrutural, (1%) Outras localidades do DF (15%), Localidades fora do DF (5,33%), não informado (5,25%). No que concerne a idade: Lactentes (14,25%), pré-escolar (46,54%), escolar (17,55%), adolescentes (18,72%) e não informado (2,94%). CONCLUSÃO: Além da literatura pertinente os autores compararam os resultados com as pesquisas realizadas anteriormente no Serviço. O sexo masculino continua sendo mais freqüente entre os pacientes atendidos no referido ambulatório. O pré-escolar representou a maior prevalência no ambulatório estando de acordo com dados da literatura. O escolar e o adolescente jovem praticamente dividem a segunda posição. Dado interessante observado foi a manutenção do aumento do número de atendimentos ao lactente no Serviço, refletindo um encaminhamento precoce de bebês para o referido ambulatório. Em relação à procedência, a cidade de Ceilândia continua com a maior prevalência de atendimentos, Samambaia continua em segundo lugar e Planaltina que tinha baixa freqüência no serviço manteve a terceira posição. O presente trabalho possibilitou atualizar o perfil demográfico e epidemiológico dos pacientes atendidos no Ambulatório de Asma do Centro de Clínicas Pediátricas do HUB. 7. PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DOS PACIENTES PORTADORES DE ASMA NO AMBULATÓRIO DE ASMA DO CENTRO DE CLÍNICAS PEDIÁTRICAS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA COM BASE NAS DIRETRIZES BRASILEIRAS DO MANEJO DE ASMA DA SOCIEDADE BRASILEIRA PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA (SBPT). Carmen Lívia Faria da Silva Martins, Gabriel Vieira Pontes, João Victor Campos de Almeida. Universidade de Brasília, Hospital Universitário de Brasília, Ambulatório de Asma da Clínica Pediátrica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: asma é doença crônica pediátrica mais freqüente e 3ªcausa de internação/ SUS. As diretrizes do tratamento visam o controle da doença, que depende entre outros, do diagnóstico da gravidade da doença e início precoce do corticóide inalatório.O principal tratamento da asma é a profilaxia com meta na adesão ao tratamento e acompanhamento do controle da doença. OBJETIVO: Proposta de implantação de fluxograma de atendimento dos pacientes portadores de asma no ambulatório de asma do Centro de Clínicas Pediátricas do Hospital Universitário de Brasília, por meio da utilização de ficha médica estruturada com base nas Diretrizes Brasileiras do Manejo de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). MÉTODO: Em janeiro de 2009, foi introduzida no referido ambulatório uma forma de atendimento estruturado pautado em três modelos

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de fichas: 1ªconsulta, 1ºretorno e ≥ 2ºretorno.A ficha da 1ªconsulta:propõe-se ao diagnóstico, classificação incial da gravidade e início do tratamento. A ficha do 1º retorno enfatiza educação e adesão ao tratamento, iniciando o acompanhamento do estado de controle da doença. A ficha do 2ºretorno reforça adesão ao tratamento e estado de controle. As fichas apresentam dados demográficos, frequência de idas ao PS/ internações , antecedentes pessoais/familiares, antropometria, anamnese/ exame físico, desencadeantes de crise, PFE,quadro das diretrizes para classificação e estado de controle da doença, medicamentos/tempo de uso, educação em asma, adesão, calendário vacinal, sono, atividade fisica, condições socio-econômicas, exames, controle do ambiente, uso dos dispositivos inalatórios e retorno. A utilização das fichas estabeleceu um fluxograma de atendimento que organizou o serviço, 1. Pré-consulta:acolhimento por estudantes de medicina: identificação e registro de dados pessoais, antropometria, medida do pico de fluxo, intervalo da última consulta, número de crises , idas ao PS, uso de medicação de resgate; 2. Consulta médica com preceptores, internos e residentes; 3. Pós- consulta: uso de espaçadores, dispositivos inalatórios,reforço da prescrição e retorno por técnica de enfermagem. RESULTADOS:Os dados das fichas foram categorizados na estatística de 2009, demonstrando 437 atendimentos, média mensal:39,73.A classificação demonstrou: 247 asma persistente leve(56,5%) ,133 moderada (30,4%), 29 grave(6,6%) e 26 intermitente(5,9%). O estado de controle: 143(32,9%)controlados, 255 (58,5%)parcialmente controlados e 37(8,5%) não controlados. A não adesão foi 10,9%(48) e internação de 5,7%(25). CONCLUSÃO: as formas de prevalência da doença foram similares a literatura. A adoção de uma ficha estruturada estabeleceu uma lógica de fluxo de atendimento, fornecendo margem a que se estabeleçam ações de planejamento para o ensino, pesquisa e assistência.Os autores acreditam no uso desta ficha para o atendimento médico da doença na rede básica de saúde, uma vez que ela torna fácil o entendimento das diretrizes de manejo da doença e do acompanhamento do paciente.

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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 1. ANÁLISE DO USO DE MISOPROSTOL PARA O AMADURECIMENTO CERVICAL E INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO EM GESTANTES INTERNADAS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA HUB NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2009 A JANEIRO DE 2010. Fabiana Ribeiro Costa, Regivane Laurentino Silveira, Fernanda Simões Seabra Resende, Alessandra Sousa Gonçalves, Indara Ferreira Braz de Queiroz, Lizandra Moura Paravidine, Antonio Carlos Rodrigues da Cunha. Hospital Universitário de Brasília, Maternidade HUB, Brasília DF OBJETIVO: Analisar o uso do Misoprostol no amadurecimento do colo cervical e na indução do trabalho de parto, considerando a indicação, dose e intervalos entre as doses, intervalo entre primeira dose e parto, esquema utilizado, se o parto ocorreu nas primeiras 24 horas, se precisou realizar o parto por cesáriana, quantas pacientes usaram ocitocina. METODOLOGIA: O trabalho consistiu em um estudo retrospectivo, de natureza descritiva e transversal, com pacientes gestantes internadas no Hospital Universitário de Brasília HUB, num período de janeiro de 2009 a janeiro de 2010. RESULTADOS: Foram analisados 1328 prontuários sendo excluídos 96, devido dados incompletos ou não encontrados, restando 1232. Destes, 107 foram válidos para o uso de misoprostol, excluídos 4 por tratar-se de fetos mortos e 1 devido dados insuficientes, resultando em 102 prontuários finais. Pós-datismo (58,8%) configurou-se na principal indicação. O intervalo médio entre a administração da primeira dose e o parto foi de 15,64h, sendo o parto vaginal a principal via (52,94%). CONCLUSÃO: O parto ocorreu, em média, com menos de 24horas. Em inúmeros casos houve sucesso terapêutico com apenas 1 dose do medicamento. O misoprostol foi efetivo no amadurecimento do colo cervical e na indução do trabalho de parto em gestantes com colo desfavorável e em condições obstétricas que impõe resolução da gestação. 2. RELATO DE CASO: ASSISTÊNCIA A GESTANTE COM TOXOPLASMOSE Fabiana Ribeiro Costa, Regivane Laurentino Silveira, Alessandra de Sousa Gonçalves, Fernanda Simões Seabra Resende, Nicolas Thiago Nunes Cayres Souza, Alberto Carlos Moreno Zaconeta, Paulo Sergio França. Hospital Universitário de Brasilia, Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia. Brasília DF INTRODUÇÃO:Toxoplasmose é um doença infecto-parasitária causada pelo Toxoplasma gondii. Quando associada a gravidez 40% dos conceptos infectam-se no 1o. trimestre e 80% próximo ao nascimento. As manifestações clássicas da doença são: coriorretinite, hidrocefalia, calcificações cerebrais e convulsões. A sorologia para toxoplasmose realizado no pré-natal é passo inicial no diagnóstico e tratamento precoce da doença materna e prevenção do comprometimento fetal. CASO CLÍNICO: B.M.O.V.C, 28 anos, primigesta, Idade gestacional: 8 semanas. Iniciou o Pré-natal no Hospital Universitário de Brasília com 8 semanas gestacionais, datada por Ecografia. Realizou sorologias de rotina e detectado na 15ª semana títulos elevados de IgM e IgG para toxoplasmose e teste de avidez fraco indicando infecção recente. Com isso iniciou tratamento com espiramicina 1000mg 8/8h. Na 21ª semana gestacional, realizou amniocentese diagnóstica para confirmação de infecção intra-útero cujo resultado foi negativo. Manteve a medicação inicial até o parto, realizou vigilância fetal por ecografia que evidenciou nenhum comprometimento fetal. A paciente entrou em trabalho de parto mas realizou cesariana por desproporção cefalo-pélvica. Recém nascido a termo, grande para a idade gestacional, pesou 4060g, com Apgar de 9 no 1° e 5° minutos. A fundoscopia, sorologia e tomografia computadorizada do mesmo foi normal. Apresentou icterícia precoce tratada com fototerapia, e permaneceu no Alojamento conjunto até alta hospitalar. COMENTÁRIOS: Diante de uma gestante com toxoplasmose a terapêutica ainda é controversa. Como não há uniformidade de

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protocolos, objetivamos evidenciar que a conduta estabelecida no HUB tem cuidados adequados ao binômio mãe-feto durante e após a gestação. 3. SÍNDROME HELLP: RELATO DE CASO Alessandra de Sousa Gonçalves, Fernanda Seabra Simões Resende, Fabiana Ribeiro Costa, Júlia Martins de Oliveira, Diego Martins de Mesquita, Lívia Munhoz de Oliveira, José Roberto Macedo Hospital Universitário de Brasília, Universidade de Brasília INTRODUÇÃO: A síndrome HELLP é uma complicação grave da pré-eclâmpsia que determina aumento de morbidade e mortalidade maternas e perinatais. As implicações maternas são dependentes da gravidade da doença, ao passo que as perinatais dependem mais da idade gestacional. O diagnóstico é feito quando a síndrome HELLP está bastante avançada. RELATO DE CASO: A.L.S, 22 anos, com 32 semanas de gestação, foi internada no devido à pressão alta (160x 90mmHg). Passou a apresentar icterícia, elevação de TGO e TGP, plaquetopenia, hiperbilirrubinemia, anemia, leucocitose e teve um pico febril. Recebeu transfusão de hemácias, plaquetas e crioprecipitado. Evoluiu com anúria, elevação das escórias e hipoglicemia. Paciente foi submetida à cesariana devido a préeclâmpsia e HELLP síndrome. Não houve repercussões neonatais. Teve achado de DPOP durante o procedimento cirúrgico. Chegou à unidade de terapia intensiva consciente, dispnéica e com enjôo. O raio-x sugeria broncograma aéreo e infiltrado bilateral. Endoscopia digestiva alta evidenciou sangramento difuso. Ecografia de abdômen total revelou hematoma em parede abdominal, o qual foi drenado cirurgicamente. Realizou-se hemodiálise. A paciente evolui com boa tolerância à dieta oral, respiração espontânea via cateter nasal, boa saturação, leucograma em declínio, níveis pressóricos normais, diminuição das escórias nitrogenadas, loquiação fisiológica e estabilização hemodinâmica. CONCLUSÃO: Considerando que a síndrome HELLP é uma intercorrência grave, no geral de início súbito, com mau prognóstico, e que tem chance de se repetir em gestações futuras, é importante que essas pacientes sejam orientadas quanto à gravidade da doença e a possibilidade de recorrência da mesma, e recomendadas a iniciar o prénatal precocemente.

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MEDICINA SOCIAL 1. EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO-UTERINO. Natália de Melo Manzi, Bruna Côrtes Rodrigues, Ana Catarine Melo de Oliveira Carneiro, Tábata Longo da Silva, Ana Cláudia Nunes Solá, Noel Peixoto Schechtman, Hugo Leonardo Gonçalves de Oliveira Magalhães, Jane Lynn Dytz. Universidade de Brasília, Faculdades de Ciências da Saúde e de Medicina, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A educação em saúde representa uma estratégia importante na formação de comportamentos que promovam ou mantenham uma boa saúde. OBJETIVO: Desenvolver atividades de educação em saúde sobre o tema prevenção de câncer cérvico-uterino para a população de Ceres e Santa Isabel, Goiás. MÉTODO: Trata-se de um relato descritivo sobre uma experiência de educação em saúde desenvolvida por nove acadêmicos de medicina e enfermagem da Universidade de Brasília, integrantes do PET-Saúde, acerca do tema prevenção do câncer de colo cérvico-uterino, nos municípios de Ceres e Santa Isabel, Goiás, no período de 2 a 7 de fevereiro de 2010. Foram realizadas diferentes ações comunicativas: confecção e distribuição de cartazes/panfletos, produção de um programa de rádio e roda de conversa na sala de espera das unidades básicas de saúde. RESULTADOS: Todas as atividades foram avaliadas como produtivas, mas a roda de conversa se revelou como uma oportunidade de compartilhar experiências e sentimentos, bem como discutir idéias e conceitos visando construir um novo conhecimento, com contribuições do saber teórico dos estudantes e do saber prático das usuárias. Para os acadêmicos foi permitido desenvolver a capacidade reflexiva frente aos diversos cenários encontrados e expandir seus conhecimentos acerca do tema prevenção do câncer cérvico-uterino. CONCLUSÃO: Essa experiência comprova a importância de aproximar sistema de saúde e população, bem como de promover a educação em saúde, especialmente no âmbito da auto-valorização, prevenção e promoção da saúde. 2. AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: CAPACITAÇÃO EM PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO UTERINO. Natália de Melo Manzi, Tábata Longo da Silva, Hugo Leonardo Gonçalves de Oliveira Magalhães, Ana Cláudia Nunes Solá, Bruna Côrtes Rodrigues, Ana Catarine Melo de Oliveira Carneiro, Noel Peixoto Schechtman, Jane Lynn Dytz. Universidade de Brasília, Faculdades de Ciências da Saúde e de Medicina, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Atualmente, intensificam-se discussões a respeito da importância da educação permanente para a equipe de saúde, sobretudo para os agentes comunitários de saúde (ACS) que atuam de forma direta com as famílias. OBJETIVO: Relatar uma atividade de capacitação para ACS a respeito da prevenção do câncer cérvico-uterino. MÉTODO: Trata-se de um relato de experiência vivenciada por graduandos de medicina e enfermagem da Universidade de Brasília, vinculados ao PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde da UnB). A experiência foi realizada, em fevereiro de 2010, nos municípios de Ceres e Santa Isabel, Goiás. Contou-se com a participação de ACS de seis unidades básicas de saúde de Ceres e uma de Santa Isabel, totalizando 49 e 12 profissionais, respectivamente. Foi desenvolvido um encontro em cada município separadamente, com duração de 4 horas, para abordar o tema através da associação de duas modalidades de educação: tradicional e problematizadora. RESULTADOS: No uso da educação tradicional, foi percebido que, apesar de ter uma conotação de educação unilateral, essa foi útil e abriu espaço para questionamento e discussão. Apesar das dinâmicas problematizadoras terem sido diferentes, o aproveitamento em ambos os municípios foi notório. Os agentes puderam utilizar seus conhecimentos prévios e experiências vividas para compreender e refletir sobre novos saberes. CONCLUSÃO: A atividade evidenciou êxito, uma vez que os ACS demonstraram ter assimilado o conteúdo e organizado conceitos, podendo aplicá-los de forma criativa, envolvendo-se com o aprendizado e acrescentando as suas próprias vivências ao conhecimento aprendido.

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3. ADESÃO DOS ALUNOS DE MEDICINA DA UNB À CAMPANHA DE VACINAÇÃO DO VÍRUS H1N1, 2010. Naiara Viudes Garcia Martins, Mariana Bittencourt Afflalo, Letícia Bernardes Marçal, Júlia Barreira Peréa, Lauro Afonso Cortês Bogniotti, Maria Regina Fernandes de Oliveira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Área de Medicina Social, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Conhecer a adesão dos alunos de medicina à campanha de vacinação contra o vírus H1N1 é de fundamental importância uma vez que esses estudantes, bem como os profissionais de saúde, podem ter uma maior probabilidade de contrair o vírus, se comparados à população geral, visto que têm mais contato direto com pessoas infectadas no ambiente hospitalar. OBJETIVO: Estimar a frequência de adesão dos estudantes da UnB matriculados no curso de Medicina do 3° ao 10° semestres, à campanha de vacinação contra a gripe H1N1 promovida pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde no ano de 2010. MÉTODO: Estudo epidemiológico descritivo individual do tipo inquérito de prevalência. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário elaborado para o estudo e direcionado à população alvo. Foi calculada uma amostra baseada em uma prevalência de 50% e IC 95%. RESULTADOS: Foram entrevistados 136 estudantes e 94,74% do 9º semestre, 87,10% do 8º semestre, 87,10% do 5º semestre, 84,62% do 4º semestre, 80% do 3º e do 6º semestre e 79,17% do 7º semestre aderiram à campanha; 69,4% foram vacinados em postos de saúde, 44,4% dos entrevistados apontaram a atuação no combate à pandemia a principal razão para aderirem à campanha e o meio de comunicação determinante para a adesão foi a televisão com 60,7%. CONCLUSÃO: A frequência de vacinação no curso de medicina atingiu a meta global do Ministério da Saúde de vacinar pelo menos 80% do público alvo, no caso, trabalhadores de saúde. Entretanto, a UnB e a Faculdade de Medicina não se mostraram importantes influenciadores para a formação de opinião desses estudantes quanto à importância da vacinação. 4. ESTUDO DE CAUSAS EVITÁVEIS NA MORTALIDADE INFANTIL DO DISTRITO FEDERAL Renato Victor Batista, Luciana M. Vasconcelos Sardinha, Elisabeth Carmen Duarte. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Coletiva, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA - Apoiar o debate sobre a efetividade dos serviços de saúde em Brasília. OBJETIVO - Analisar uma série histórica (1997-2006) do Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) segundo causas evitáveis (CMIev), mal definidas (CMImd) e demais causas de morte no Distrito Federal (DF). MÉTODOS - Trata-se de um estudo de séries temporais para o período de 1997 a 2006. As mortes infantis foram classificadas quanto à evitabilidade com base na Lista Brasileira de Mortes Evitáveis produzida pelo Ministério da Saúde (MS). As fontes de dados foram o Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC/MS) e o tabulador da Lista Brasileira de Mortes Evitáveis que utiliza como base o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS). RESULTADOS - O CMI [por 1000 nascidos vivo (/1000NV)] caiu 27% entre 1997 (17,6/1000NV) e 2006 (12,8/1000 NV), em consequência de reduções de 5% no CMI pelas “demais causas” (excluidas as evitáveis) e de 37% no CMIev [12,7/1000 NV em 1997, e 8,06/1000 NV em 2006], como detalhado a seguir: o CMIev por ações de imunoprevenção caiu 100% (de 0,06 a 0,00/1000 NV), por ações de promoção à saúde vinculadas a ações de atenção em saúde caiu 69% (de 1,92 a 0,60/1000 NV), por adequada atenção à mulher no parto caiu 62% (de 2,05 a 0,78/1000 NV), por ações de diagnóstico e tratamento adequados caiu 51% (de 1,64 a 0,80/1000 NV) e por adequada atenção ao recém nascido caiu 39% (de 6,32 a 3,85/1000 NV). Por outro lado, o CMIev por adequada atenção à mulher na gestação teve um incremento de 189%, de 0,7/1000 NV em 1997 para 2,04/1000 NV em 2006. O CMImd permaneceu baixo (<0,5/1000 NV) durante todo o período de análise. CONCLUSÃO – o CMIev no DF, assim com identificado em outros estudos para o Brasil, apresentou redução importante no período de 1997 e 2006, sugerindo certa melhora na atenção à saúde - em especial a atenção à mulher no parto e ao

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recém nascido -, e/ou melhora da qualidade de vida da população. No entanto, aumento relevante no CMIev pela adequada atenção à mulher na gestação foi observado, o que corrobora com achados de estudos nacionais, e revela a necessidade de ampliar a cobertura da atenção qualificada ao pré-natal no DF.

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PATOLOGIA 1. INFECÇÃO FÚNGICA DEMONSTRADA EM PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) SIMULANDO NEOPLASIA EM REGIÃO DE CABEÇA E PESCOÇO: RELATO DE CASO Emanuel Adelino Medeiros Damasceno, Lisley Calixto de Araújo, Márcio Magalhães Arruda, Lívia Bravo Maia, Filipe Ramos Barra, Talyta Matos Cano. Centro de Anatomia Patológica, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: As lesões expansivas em região de cabeça e pescoço se apresentam como um grande problema clínico. Em casos de dúvida diagnóstica a PAAF guiada por ultrassonografia se mostra valiosa na determinação do diagnóstico e da conduta a ser tomada. O diagnóstico diferencial das lesões expansivas em região de cabeça e pescoço é amplo, sendo a infecção fúngica um dos processos a se considerar. OBJETIVO: Relatar caso de infecção fúngica simulando neoplasia maligna em região de cabeça e pescoço. MÉTODO: G. M. L., masculino, 23 anos, iniciou há dois meses quadro de emagrecimento, febre diária, rouquidão e disfagia progressiva. A tomografia computadorizada evidenciou lesão expansiva em orofaringe e linfonodomegalia em cadeia submandibular, sendo sugeridos os diagnósticos de doença linfoproliferativa e carcinoma epidermóide metastático. Realizou-se a PAAF que apresentou numerosos histiócitos xantomatosos e pequenas estruturas redondas e claras em meio a fundo protéico amorfo. A coloração pelo Grocott revelou numerosas estruturas argentafíns, pequenas, arredondadas ou ovais e com brotamentos, sugestivos de paracococcidioidomicose. CONCLUSÃO: A infecção fúngica se impõe como diagnóstico diferencial de lesões expansivas em região de cabeça e pescoço. A PAAF tem sido uma importante ferramenta nos diagnósticos dessas doenças. 2. CARCINOMA METÁSTATICO CERVICAL SIMULANDO CARCINOMA ANAPLÁSICO DA TIREÓIDE: RELATO DE CASO Emanuel Adelino Medeiros Damasceno, Lisley Calixto de Araújo, Lívia Bravo Maia, Larissa Cardoso Marinho, Maria Iolanda Gomes, Alexandre Cavalca Tavares. Centro de Anatomia Patológica, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Neoplasias tireoidianas malignas são geralmente bem diferenciadas. Carcinomas anaplásico e metastático devem ser considerados quando células pouco diferenciadas forem encontradas. Estudo imunocitoquímico aumenta a especificidade diagnóstica. OBJETIVO: Relatar caso de metástase cervical de carcinoma comprometendo secundariamente tireoide, diagnosticada na punção aspirativa por agulha fina (PAAF) e imunocitoquímica. DESCRIÇÃO: A.F.M., masculino, 73 anos, tabagista (acima de 60 maços/ano), apresentando massa cervical de crescimento progressivo há 2 meses, com suspeita clínica de carcinoma anaplásico da tireoide. Realizou PAAF de nódulo cervical que mostrou grupos de grandes células coesas, com núcleos atípicos e discreto pleomorfismo celular, sugestivo de carcinoma pouco diferenciado (figura 1). Imunocitoquímica revelou positividade para CK7 e negatividade para CK20 nas células neoplásicas, favorecendo carcinoma metástatico. Evoluiu com sintomas obstrutivos das vias aéreas, sendo submetido à tireoidectomia. Exame histopatológico evidenciou múltiplos êmbolos carcinomatosos, com imunoexpressão positiva para CK7 e negativa para CK20, tireoglobulina, sinaptofisina, TTF-1 e RP, favorecendo mama e pulmão como prováveis sítios primários (tabela 1 e figura 2). Exame tomográfico revelou nódulo irregular medindo 11 mm no lobo superior do pulmão esquerdo, não ressecado. Boa resposta clínica à quimioterapia foi verificada após 3 meses de acompanhamento. CONCLUSÃO: Relatamos caso raro de carcinoma metastático tireoidiano de provável origem pulmonar, simulando carcinoma anaplásico, onde a PAAF e a imunocitoquímica tiveram papel fundamental na definição da conduta médica.

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3. CITODIAGNÓSTICO DE LINFOMA DE HODGKIN POR PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA E IMUNOCITOQUÍMICA: RELATO DE CASO Emanuel Adelino Medeiros Damasceno, Lisley Calixto de Araújo, Talyta de Matos Cano, Ana Emília Borges de Azevedo, Maria Iolanda Gomes, Alexandre Cavalca Tavares. Centro de Anatomia Patológica, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: O citodiagnóstico do linfoma de Hodgkin (LH) depende do achado das células de Reed-Sternberg (RS) no esfregaço. Diagnóstico diferencial com subtipos de linfoma não-Hodgkin e outros processos que apresentam células semelhantes às RS indicam estudo histopatológico como primeira escolha diagnóstica. Emblocados celulares e imunocitoquímica podem ser úteis. OBJETIVO: Descrever caso de LH diagnosticado por citologia e imunocitoquímica, confirmado na histopatologia. DESCRIÇÃO: Paciente masculino, 25 anos, referiu aparecimento de nódulo de em região cervical posterior esquerda, indolor, sem sinais flogísticos, há 6 meses. No primeiro exame físico o nódulo era de 7cm. Presença de outros nódulos em região cervical anterior direita e axilar esquerda. Realizada punção aspirativa (PAAF) de nódulos cervicais (nível II a IV esquerda e nível V bilateral e axilar) por patologista e confeccionados esfregaços e blocos celulares. O exame microscópico revelou alta celularidade heterogênea, contendo freqüentes células linfóides neoplásicas com cariomegalia, membrana nuclear espessa, cromatina grosseira e macronucléolos eosinofílicos. Algumas eram bi ou multinucleadas. De permeio, numerosos linfócitos em diversos estágios de maturação, neutrófilos e eosinófilos. O estudo imunocitoquímico revelou imunoexpressão positiva nas células neoplásicas para CD30 e CD15, negativa para CD20 e CD3, melhor evidenciada no emblocado. Biópsia do linfonodo supra-clavicular esquerdo confirmou LH clássico, padrão esclerose nodular. CONCLUSÃO: O presente caso indica que métodos menos invasivos podem ser utilizados para triagem de neoplasias linfoproliferativas, possibilitando diagnóstico conclusivo. Confecção de blocos celulares no momento da PAAF e estudo imunocitoquímico favoreceram a conclusão diagnóstica.

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ÁREAS BÁSICAS 1. ABORDAGEM MOLECULAR DAS HEMOPATIAS CLONAIS NA SÍNDROME DE DOWN Lílian Barros Queiroz 1,2; Juliana Forte Mazzeu de Araújo 1; Isis Maria Quezado Soares Magalhães 3; Beatriz Dolabela de Lima 2; Cezar Martins-de-Sá 2; Íris Ferrari 1. (1) Universidade de Brasília (UnB), Laboratório de Genética Clínica; (2) Universidade de Brasília (UnB), Laboratório de Biologia do Gene; (3) Hospital de Apoio de Brasília (HAB). JUSTIFICATIVA: A condição do portador de Síndrome de Down (SD) desperta especial interesse nos estudos sobre leucemogênese, não só pela alta prevalência de leucemia aguda do tipo megacarioblástica (LMA-M7), normalmente raro na população pediátrica geral, mas também pela curiosa forma de proliferação clonal, a leucemia transitória (LT) que acomete aproximadamente 5% dos recém-nascidos com SD. Estes casos geralmente evoluem com remissão espontânea nos primeiros três meses de vida, mas podem desenvolver LMA-M7 entre 2 a 3 anos depois de ter ocorrido a remissão espontânea da LT. Essas leucemias são causadas por mutações adquiridas no exon 2 do fator de transcrição hematopoiético GATA1 que impedem a síntese da proteína GATA1, mas não a síntese da proteína truncada, GATA1s. OBJETIVOS: 1) identificar a presença de mutações somáticas no gene GATA1 em crianças portadoras da SD, nos dois tipos de proliferação clonal LT e LMA-M7, visando a consolidá-lo como marcador molecular; 2) determinar a frequência de ocorrência de LT e LMA-M7/SD no Distrito Federal. METODOLOGIA: (a) Análise citogenética para diagnóstico da SD e alterações clonais; (b) reação em cadeia da polimerase (PCR) de DNA genômico humano; (c) sequenciamento dos produtos de PCR para detecção de mutações (d) clonagem dos produtos de PCR no vetor pGEM-T (apenas quando detectada alteração no sequenciamento direto) seguido de transformação em células competentes de E. coli DH5a, digestão com enzimas de restrição (SacII e NdeI) para posterior sequenciamento desses PCRs clonados e) imunofenotipagem para caracterização da linhagem hematopoiética envolvida e seu grau de maturação. RESULTADOS: Foi realizada a triagem de mutações no GATA1 em 138 amostras, destas, 108 corresponderam a pacientes com SD; seis pacientes com plaquetopenia e anemia constitucional; e as 24 amostras restantes corresponderam a seguimento dos pacientes, em diferentes datas de coleta. Foi identificada uma mutação p.Tyr63ThrfsX66 na LT, permitindo o acompanhamento da doença residual mínima neste paciente; e um clone leucêmico na LMA-M7 da SD: 47,XY,del(5)(p13~14),del(6)(q?),+21c[12%]/46,XY,+21c[46]. Estas alterações genéticas têm implicações na escolha do melhor tratamento e na evolução da doença. CONCLUSÃO: Esta alteração molecular tem implicação na escolha do melhor tratamento e na evolução da doença. 2. EFEITO DA MILTEFOSINA SOBRE A CAPACIDADE FAGOCITÁRIA DE MACRÓFAGOS PERITONEAIS DE CAMUNDONGOS Charlene Barreto Ponte1, Raimunda Nonata Ribeiro Sampaio1, Maria Imaculada Muniz-Junqueira2, Selma Aparecida Souza Kükelhaus2 1Laboratório de Dermatomicologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília-DF 2Laboratório de Imunologia Celular, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Brasília -DF JUSTIFICATIVA: A miltefosina (hexadecilfosfocolina) oral tem se mostrado eficaz e segura no tratamento das leishmanioses, no entanto, pouco se sabe sobre seus mecanismos de ação e seus efeitos sobre os macrófagos. OBJETIVO: Avaliar o efeito de diferentes concentrações da miltefosina sobre a capacidade fagocitária de macrófagos peritoneais, por receptores para padrões moleculares de patógenos e por receptores para opsoninas. MÉTODO: Células peritoneais decamundongos C57BL/6 (n=9), depois de centrifugadas foram quantificadas, incubadas por 2 h (37ºC com 5% de CO2, em ar), em duplicata e em placa de 24 escavações, lavadas e novamente incubadas por 30 min com

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miltefosina (0, 10, 50, 100 µg/mL) e com 4 x 106 leveduras (Saccharomyces cerevisiae), sensibilizadas ou não com o soro dos camundongos. Posteriormente, as células foram lavadas, secas, fixadas com metanol, coradas com solução de Giemsa, montadas em lâminas de vidro e analisadas em microscopia (200 macrófagos/ lamínula). RESULTADOS: A miltefosina afetou a fagocitose por receptores para os padrões moleculares de patógenos, em relação ao controle, nas preparações incubadas com 50 µg/mL, pois aumentou a mediana do índice fagocitário (Wilcoxon; p=0,003) e a média do percentual de macrófagos envolvidos na fagocitose (teste t-pareado; p<0,001) e diminuiu a média de leveduras fagocitadas (teste t-pareado; p=0,004). Quando a fagocitose foi avaliada pelos receptores para opsoninas os resultados indicaram que, em relação ao controle, houve aumento do índice fagocitário com 10 µg/mL (teste t-pareado; p=0,001) ou 50 µg/mL (teste t-pareado; p<0,001), aumento no percentual de macrófagos envolvidos na fagocitose e na média de leveduras fagocitadas com 50 µg/mL (teste t-pareado; p<0,01). CONCLUSÃO: A miltefosina aumentou a fagocitose por receptores para padrões moleculares, pelo aumento no recrutamento de macrófagos, enquanto que pelos receptores para a opsoninas a droga aumentou também a média de leveduras fagocitadas. Nossos resultados apontam para uma possível atividade imunomoduladora da miltefosina. 3. O MONTELUCASTE DEPRIME A FAGOCITOSE PELOS MONÓCITOS DE INDIVÍDUOS NORMAIS Marcelo Bogliolo Piancastelli de Siqueira, Valéria Botan, Shirley Claudino Couto, Maria Imaculada Muniz-Junqueira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Patologia, Laboratório de Imunologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Entre os mediadores da resposta inflamatória na asma estão os leucotrienos, que resultam do metabolismo do ácido araquidônico. O montelucaste é um antagonista do receptor para o leucotrieno CysLT1 utilizado no tratamento da asma. OBJETIVO: Avaliar a influência do montelucaste e fenoterol sobre os fagócitos. MÉTODO: Fagócitos de 20 voluntários sadios foram incubados com as drogas e a fagocitose de Saccharomyces cerevisiae foi avaliada pelos receptores para padrões moleculares de patógenos e pelos receptores para opsoninas. A produção de radicais livres foi avaliada pelo teste do NBT. RESULTADOS: O montelucaste (129) deprimiu o índice fagocitário (IF) dos monócitos em relação ao controle (179), e o fenoterol (144) não influenciou o IF dos monócitos para 5 leveduras sens/fagócito (p=0,04, ANOVA). Esta depressão deveu-se ao menor envolvimento dos monócitos na fagocitose, passando a mediana de 78,5% (controle) para 62% (montelucaste) (p<0,05, Kruskal-Wallis/teste de Dunn), sendo que o fenoterol não modificou a proporção de monócitos envolvidos na fagocitose (66,5%). Não houve diferença na média de leveduras fagocitadas/neutrófilo entre os 3 grupos (p>0,05, Kruskal-Wallis). O fenoterol mostrou uma tendência para aumentar a média±EPM de leveduras fagocitadas de 2,5±0,15 no grupo controle para 3,0±0,2 para o grupo fenoterol (p=0,07, teste t pareado). Este aumentou não influenciou o índice fagocitário dos neutrófilos quanto avaliados utilizando 5 leveduras sensibilizadas/fagócito (p>0,05). CONCLUSÃO: Nossos dados mostraram que o montelucaste deprimiu a capacidade fagocitária dos neutrófilos pelos receptores para opsoninas, enquanto o fenoterol ocasionou um discreto aumento do número de partículas fagocitadas. Tem sido demonstrado que infecções respiratórias em pacientes asmáticos são as principais responsáveis pelo desencadeamento das crises asmáticas. A maior susceptibilidade às infecções pode relacionar-se à menor capacidade fagocitária observada nos pacientes e a capacidade do montelucaste deprimir a fagocitose deve ser considerada quando da escolha da indicação terapêutica para tratamento de indivíduos já potencialmente deficientes.

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4. DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO POR MACRÓFAGOS PERITONEAIS TRATADOS COM PS-2, UM PEPTÍDEO DE PHYLLOMEDUSA AZUREA. Vitor M. Caldas, Leiliane F. Sampaio, Bruno F. Luitgards, Filipe L. de Menezes, José Roberto S. A. Leite e Selma A. S. Kückelhaus. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA. Peptídeos antimicrobianos tem efeito modulador sobre as funções de defesa de células de mamíferos, sobretudo na expressão e síntese de citocinas e radicais livres. OBJETIVO. O objetivo desse estudo foi determinar o efeito da PS-2 sobre a produção de peróxido de hidrogênio (H2O2) por macrófagos peritoneais de camundongos Swiss, tratados ou não com diferentes concentrações de PS-2. MÉTODO. As células peritoneais foram coletadas de oito camundongos da linhagem Swiss normais, lavadas, centrifugadas, quantificadas em hematôcitometro e incubadas por 2 horas a 37ºC com 5% de CO2 em ar, em placa de microcultivo de 24 escavações para a aderência dos macrófagos. Após a incubação, as escavações foram lavadas com STF para remover as células não aderidas e então, os macrófagos foram incubados por 1 hora, com 140 µL de solução de vermelho fenol acrescida de PS-2 (2, 10 ou 100 µg/mL), com ou sem acetato de forbol miristato (PMA); durante a incubação foi preparada uma curva padrão em vermelho de fenol. A reação foi interrompida com NaOH e as leituras das absorbâncias foram feitas em espectrofotômetro de placa com filtro de 620 nm (SpectraMax® Plus384). RESULTADOS. Os resultados foram expressos em micromoles (µM) de H2O2. Na concentração de 100 µg/mL de PS-2, houve aumento da produção de H2O2 por células peritoneais de macrófagos (Mann-Whitney; p=0,023), enquanto que as demais concentrações foram similares ao controle (p>0,05).CONCLUSÃO: Nossos resultados indicaram que a PS-2 aumentou a produção de peróxido de hidrogênio por macrófagos peritoneais de camundongos na concentração de 100 µg/mL. Considerando que os peptídeos antimicrobianos podem interferir nas vias de ativação celular, esse efeito pode significar uma possível atividade imunomoduladora da droga, no entanto, são necessários mais estudos para identificar seus mecanismos de ação, visando futuras aplicações biomédicas. 5. DETERMINAÇÃO DA TOXICIDADE IN VITRO DA DERMASSEPTINA DS 01, UM PEPTÍDEO ANTIMICROBIANO DE PHYLLOMEDUSA AZUREA. Filipe Lima de Menezes1, Bruno Ferreira Luitgards1, Leiliane Ferreira Sampaio1, Vitor Marques Caldas1, José Roberto Souza Almeida Leite2, Selma Aparecida Souza Kückelhaus1,3

Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Os peptídeos antimicrobianos catiônicos possuem interação eletrostática com uma variedade de membranas celulares e podem causar destruição celular, sendo importante identificar os efeitos da dermasseptina DS01, um peptídeo antimicrobiano catiônico, sobre células de mamíferos, in vitro, para conhecer as concentrações tóxicas, visando aplicações biomédicas e biotecnológicas. OBJETIVO: Determinar a concentração tóxica da DS 01 sobre células peritoneais de camundongos, in vitro. MÉTODO: As células peritoneais foram coletadas de cinco camundongos da linhagem Swiss normais, lavadas, centrifugadas, quantificadas em hematôcitometro e incubadas por uma hora a 37ºC com 5% de CO2 em ar, em placa de microcultivo de 96 escavações. Os experimentos foram conduzidos em triplicata, incubando-se 2x105 células em meio RPMI 1640 acrescido com diferentes concentrações de DS 01 (0, 0,5, 1, 2, 4, 8, 16, 31, 63, 125, 250 e 500 µg/mL). A viabilidade celular foi analisada pelo método de redução do 2,5-Difenil Brometo de Tetrazoilium (MTT) a cristais de formazan, pela adição de 10 µL da solução (5 mg/mL) à cada escavação e posterior incubação por mais quatro horas, seguida da adição de 50 µL de dodecil sulfato de sódio para a liberação dos cristais. Os resultados foram analisados em espectrofotômetro com filtro de 570 nm (SpectraMax® Plus384) e expressados em absorbância. RESULTADOS: A incubação das células peritoneais por 4 horas com DS 01 mostrou que concentrações superiores a 32 µg/mL da droga causou redução significativa da

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atividade metabólica das células peritoneais de forma dose dependente (ANOVA; p<0,0001), em relação ao controle. As demais concentrações não afetaram a redução de MTT pelas células peritoneais. CONCLUSÃO: As maiores concentrações de DS 01 reduziram o metabolismo das células peritoneais dos camundongos, indicando possíveis efeitos tóxicos sobre as mesmas, no entanto, são necessários mais estudos para avaliar seus mecanismos de ação e seus efeitos sobre as células do sistema imunitário. 6. DETERMINAÇÃO DA FAGOCITOSE POR MACRÓFAGOS PERITONEAIS TRATADOS COM PS-2, UM PEPITÍDEO ANTIMICROBINO DE PHYLLOMEDUSA AZUREA. Leiliane Ferreira Sampaio, Bruno Ferreira Luitgards, Vitor Marques Caldas, José Roberto Souza Almeida Leite, Selma Aparecida Souza Kückelhaus. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular e Laboratório de Morfologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Os estudos realizados com a filosseptina-2, mostraram considerável atividade contra o Plasmodium falciparum e ausência de toxicidade sobre macrófagos peritoneais de camundongos. Considerando que a habilidade dos animais de evitar infecções depende de seus mecanismos de defesa que os habilitam a responder aos processos infecciosos e que, os peptídeos antimicrobianos podem apresentar efeitos imunomodulatórios sobre células de mamíferos é importante identificar as atividades biológicas dos peptídeos sobre essas células. OBJETIVO: Determinar o efeito da PS-2 sobre a capacidade fagocitária de macrófagos peritoneais de camundongos Swiss visando futuras aplicações biológicas e biomédicas. MÉTODO: As células peritoneais foram coletadas de oito camundongos Swiss, lavadas, centrifugadas, quantificadas em hematôcitometro. Experimentos feitos em duplicata, placa de microcultivo de 24 escavações contendo lamínula de vidro para a aderência das células. As células peritoneais (2x105 células/400µL) distribuídas nas escavações e incubadas em câmara úmida a 37ºC por 60 min, em ar de 5% de CO2. Depois as escavações foram lavadas com STF e novamente incubadas por 30 minutos, em meio RPMI 1640 com as diferentes concentrações de PS-2 (0, 2, 10 e 100 µg/mL) e com uma suspensão de leveduras (Saccharomyces cerevisiae), sensibilizadas com soro dos camundongos. Depois as escavações foram lavadas secas, fixadas com metanol, coradas com solução de Giemsa e montadas em lâminas de microscopia. A fagocitose pelos receptores para opsoninas foi avaliada ao microscópico pelo índice fagocitário. Foram analisados 200 macrófagos. RESULTADOS: A análise mostrou que as diferentes concentrações de PS-2 (0, 2, 10 e 100 µg/mL) não afetaram a capacidade fagocitária dos macrófagos peritoneais. Não houve diferenças no percentual de células envolvidas na fagocitose, tampouco na média de leveduras fagocitadas, em relação ao controle (Kruskall-Wallis; p>0,05). CONCLUSÃO: Os resultados permitiram concluir que as diferentes concentrações de PS-2 não afetaram a capacidade fagocitária dos macrófagos peritoneais, quando avaliada pelos receptores para opsoninas. 7. DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO POR MACRÓFAGOS PERITONEAIS TRATADOS COM PS-2, UM PEPTÍDEO ANTIMICROBIANO DE PHYLLOMEDUSA AZUREA. Bruno Ferreira Luitgards, Leiliane Ferreira Sampaio, Vitor Marques Caldas, Filipe Lima de Menezes, José Roberto Souza Almeida Leite, Selma Aparecida Souza Kückelhaus. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Imunologia Celular, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Peptídeos antimicrobianos têm efeito modulador sobre células de mamíferos, sobretudo na expressão e síntese de citocinas e radicais livres. OBJETIVO: Determinar o efeito da filosseptina-2(PS-2) sobre a produção de óxido nítrico por macrófagos peritoneais de camundongos tratados ou não com diferentes concentrações do peptídeo. MÉTODO: Células peritoneais foram coletadas de oito camundongos Swiss, centrifugadas, quantificadas e depositadas(2x105) em placa de microcultivo de 96 escavações, em triplicata, meio RPMI 1640 sem soro em câmara úmida por 1 hora a 37°C com 5% de CO2 em ar, para a aderência das células. Em seguida, as escavações foram lavadas

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para a remoção das células não aderidas e os macrófagos foram incubados em meio RPMI 1640 completo acrescido com diferentes concentrações de PS-2(0, 1, 10 e 100 µg/mL), com ou sem lipopolissacarídeo. Terminada a incubação, tranferiu-se 100µL do sobrenadante de cada escavação para outra placa e à estas acrescentou-se 100µL do reagente de Greiss. Uma curva padrão foi preparada com nitrito de sódio(NaNO2) diluído em água destilada. As leituras das reações colorimétricas foram feitas em espectrofotômetro de placa(SpectraMax®Plus384) com filtro de 540nm e os resultados expressos em absorbância. RESULTADO: Os resultados da produção de óxido nítrico por macrófagos peritoneais incubados com a PS-2 indicaram que as concentrações(1, 10 ou 100µg/mL) do peptídeo não afetaram a função celular em relação aos níveis produzidos pelo controle(Teste t pareado; p<0.05). CONCLUSÃO: Os resultados da funcionalidade de macrófagos avaliada pela produção de óxido nítrico mostraram que a PS-2 não afetou sua produção nas concentrações analisadas. 8. PESQUISA DE PROTOZOÁRIOS E HELMINTOS EM MOEDAS CIRCULANTES NO PARANOÁ-DF Rayane Marques Cardoso, Felipe Fernandes Lobo, Ludmila Aragão Feitosa, Márcia C. dos S. Sousa, Mariana Seabra Fernandes, Rhaniéllen Silva Ferreira, Sara da Rocha Viana, Sonaira F. Alves, Daniella Barreto Santana. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de Vetores, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: As moedas são materiais de grande circulação no ambiente urbano e sua análise parasitológica é uma questão de saúde pública, já que quando contaminadas podem ser meio de transporte de alguns agentes causadores de doenças em seres humanos. OBJETIVO: O estudo visou verificar a presença de protozoários e helmintos em moedas de dez centavos (R$ 0,10) circulantes em locais urbanos na cidade do Paranoá. MÉTODO: Foram coletadas 70 moedas provenientes de locais variados. Essas foram lavadas e a água resultante foi colocada em tubos vedados (para evitar contaminação) e centrifugados a 2.000 rpm por 15 min. Com o uso de pipetas, o sedimento foi retirado para a confecção das lâminas e corado com lugol. RESULTADOS: Foram encontrados cistos de Entamoeba coli e Endolimax nana e ovos de Ascaris lumbricoides, protozoários e helmintos frequentes em fezes humanas. CONCLUSÃO: As parasitoses no Brasil se mostram como um problema de saúde pública e a presença deles em moedas de circulação refletem em parte o desconhecimento da importância de medidas profiláticas por parte da população. Sendo esta pesquisa um mecanismo de alerta e uma forma de intervenção dos estudantes da Universidade em suas futuras práticas hospitalares. 9. PESQUISA DE ENTEROPARASITOS EM HORTALIÇAS ORGÂNICAS, HIGIENIZADAS E HIDROPÔNICAS VENDIDAS EM SUPERMERCADOS DO DISTRITO FEDERAL Naiara Viudes Garcia Martins, Letícia Bernardes Marçal, Talyta Cortez Grippe, Mariana Bittencourt Afflalo, Nayane Braga Aidar, Tássia Milenna Oliveira de Souza, Júlia Barreira Peréa, Danilo de Souza e Almeida Silva, Daniella Barreto Santana. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de Vetores, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: As parasitoses intestinais são amplamente difundidas devido às más condições sanitárias, e as hortaliças servem como um dos principais veículos de transmissão de enteroparasitos, alcançando um elevado índice de contaminação populacional e uma grande diversidade de manifestações clínicas. O estudo da presença de enteroparasitos em hortaliças é de fundamental importância, visto que esse é um problema de saúde pública. OBJETIVO: Avaliar a contaminação por enteroparasitos em hortaliças orgânicas, higienizadas e hidropônicas vendidas nos supermercados do Distrito Federal. MÉTODO: Foram utilizadas 30 amostras de hortaliças orgânicas, higienizadas e hidropônicas provenientes de supermercados do Distrito Federal, das variedades: agrião (Nasturtium

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officinale), couve (Brassica oleracea), rúcula (Eruca sativa) e alface (Lactuca sativa). Cada amostra foi desfolhada, pesada, lavada e processada pelo método de Hoffman modificado. Lâminas foram confeccionadas, coradas e observadas ao microscópio óptico. RESULTADOS: Os resultados evidenciaram a ocorrência de protozoários e helmintos em 50% das amostras analisadas. O agrião foi a única variedade de hortaliça que não apresentou estruturas parasitárias. Os enteropasitos mais frequentes foram os helmintos com índice de 86,6%, cujos representantes foram Ascaris sp, Ancylostoma sp, Necator sp, Toxocara sp e Strongyloides sp. CONCLUSÃO: Conclui-se que as hortaliças comercializadas nesta região têm potencial papel na transmissão de enteroparasitos, havendo necessidade de medidas específicas que propiciem uma melhoria na qualidade higiênico-sanitária destes alimentos. 10. A ISONIAZIDA AUMENTA A PRODUÇÃO DE ÂNIONS SUPERÓXIDO PELOS FAGÓCITOS DE INDIVÍDUOS NORMAIS Sabrina Santos Garcia, Fernando Silva Lustosa, Érica Alessandra Rocha Alves, Marthina Gomes, Shirley Claudino Couto, Maria Imaculada Muniz-Junqueira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Patologia, Laboratório de Imunologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Estima-se que 1/3 da população mundial está infectada pelo bacilo da tuberculose, com 9,2 milhões de doentes por ano ocasionando 1,7 milhões de mortes. Os radicais de oxigênio estão entre os principais mecanismos microbicidas dos fagócitos para as micobactérias. Não está ainda esclarecido se as drogas utilizadas no tratamento da doença podem influenciar a capacidade microbicida dos fagócitos. OBJETIVO: Avaliar a influência da isoniazida, rifampicina e pirazinamida sobre a produção de radicais de oxigênio pelos fagócitos. MÉTODO: Sangue de 20 voluntários normais foi distribuído em lâminas para aderência dos fagócitos e tratadas com isoniazida, rifampicina e pirazinamida, por 30 min, e incubadas com NBT. As preparações foram coradas com safranina e a porcentagem de redução do NBT foi determinada ao microscópio. RESULTADOS: A isoniazida (29,9±2,2%) aumentou a media±EPM da %redução basal do NBT em relação aos fagócitos do grupo controle (21±2,8%) (p=0,01, teste t pareado). A média±EPM da % redução do NBT também se mostrou mais elevada no grupo tratado isoladamente com a isoniazida do que nos grupos em que foi feita a associação das três drogas isoniazida, rifampicina e pirazinamida (18,6±2,9) (p=0,02, ANOVA). Quando os fagócitos foram estimulados pela presença das leveduras não houve diferença entre os grupos (p=0,77, ANOVA). CONCLUSÃO: A isoniazida aumentou a produção de ânions superóxido propiciando uma melhor capacidade microbicida para os fagócitos. Quando associada às outras drogas utilizadas no tratamento da tuberculose, este efeito não foi evidenciado. É possível que uma ação inibitória discreta, não evidenciada estatisticamente por nossos dados, possa ter contraposto a ação da isoniazida sobre os fagócitos quando em associação com os outros antimicrobianos. A possibilidade de influenciar positivamente a resposta microbicida dos fagócitos deve ser considerada quando da utilização desta droga em indivíduos imunodeficientes, como é o caso da associação de tuberculose e infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. 11. ISONIAZIDA, PIRAZINAMIDA E RIFAMPICINA DEPRIMEM A FAGOCITOSE PELOS MONÓCITOS E NEUTRÓFILOS DE INDIVÍDUOS NORMAIS Fernando Silva Lustosa, Sabrina Santos Garcia, Érica Alessandra Rocha Alves, Marthina Gomes, Shirley Claudino Couto, Maria Imaculada Muniz-Junqueira. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Departamento de Patologia, Laboratório de Imunologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: Após ter sido considerada sob controle, a tuberculose ressurgiu na década de 90, tornando-se um sério problema de saúde pública. Os monócitos são células chaves na defesa contra o

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Mycobacterium tuberculosis e não está esclarecido se as drogas utilizadas no tratamento da doença influenciam as funções destas células. OBJETIVO: Avaliar a influência da isoniazida, rifampicina e pirazinamida sobre a capacidade fagocitária. MÉTODO: Os fagócitos de 20 voluntários sadios foram incubados com as drogas e a fagocitose de Saccharomyces cerevisiae foi avaliada pelos receptores de padrões moleculares de patógenos e pelos receptores para opsoninas. O índice fagocitário (IF) é a multiplicação da média de leveduras fagocitadas/fagócito pela porcentagem de fagócitos envolvidos na fagocitose. RESULTADOS: O tratamento com a isonizida (178), rifampicina (177) e pirazinamida (138) isoladas e associadas (102) deprimiram o IF dos monócitos pelos receptores para opsoninas em relação ao controles não tratados (219) (p<0,0001, Kruskal-Wallis teste). Esta depressão deveu-se tanto ao menor envolvimento dos monócitos na fagocitose (p<0,0001, Kruskal-Wallis teste), quanto à menor proporção de partículas fagocitadas por monócito (p<0,0001, Kruskal-Wallis). O tratamento com as três drogas causou uma depressão do IF dos neutrófilos (p<0,0004, Kruskal-Wallis teste), da proporção de neutrófilos envolvidos na fagocitose (p<0,01, Kruskal-Wallis teste) e da média de leveduras fagocitadas (p<0,008, Kruskal-Wallis). As três drogas não influenciaram a capacidade fagocitária dos neutrófilos (p>0,05) ou dos monócitos (p>0,05) pelos receptores que reconhecem padrões moleculares de patógenos. CONCLUSÃO: A três drogas utilizadas deprimiram a capacidade fagocitária dos monócitos e neutrófilos. Como estes fagócitos fazem parte da defesa inata do indivíduo, esta imunodeficiência ocasionada pela própria terapia deve ser levada em consideração no tratamento dos pacientes, pois podem estar contribuindo para dificultar o tratamento, tanto para o próprio M. tuberculosis, quanto para outras infecções oportunistas, como podem aumentar os riscos de outras imunodeficiências associadas, como a desnutrição. 12. CRESCIMENTO DE ISOLADOS DE AMEBAS VIDA LIVRE (ACANTHAMOEBA SPP) EM MEIO ENRIQUECIDO. Mayara Gabriele C. de Oliveira, Aline Silva Moraes, Daniella de Sousa M.M. Alves, Rodrigo Gurgel Gonçalves, Cesar A. Cuba-Cuba. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de Vetores, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A caracterização biológica de amebas de vida livre é fundamental para determinação do potencial patogênico. As amebas do gênero Acanthamoeba podem causar ceratite em imunocompetentes, sobretudo usuários de lente de contato e encefalite amebiana granulomatosa em imunocomprometidos. OBJETIVO: Avaliar o crescimento e desenvolvimento de isolados de Acanthamoeba do Distrito Federal em meio enriquecido, comparando com a cepa padrão patogênica Acanthamoeba polyphaga (ATCC 30461). MÉTODO: Os cistos e/ou trofozoítos foram colhidos de placas com regiões marcadas, lavados 3 vezes com água destilada estéril e centrifugados a 2000 rpm durante 15 minutos. O sedimento de cada isolado foi inoculado na solução salina de NEFF para o encistamento. Após 48 horas foi feito um repique para o meio PYG (proteose peptona 0,75%, extrato de levedura 0,75% e glucose 1,5%). As amostras foram contadas em hemocitômetro e as positivas foram repicadas em intervalos de 48 horas para observação. RESULTADOS: Foram observadas 10 amostras (ATCC 30461, BSB 5, UnB 11, I P1S1, III P2S1, VP1S1, UnB 7, III P1S2, UnB 7 Clonagem e UnB 13 CR(8) s/ E.coli) e, a cada nova contagem, as amostras negativas foram descartadas. As amostras que apresentaram maior crescimento durante a axenização foram ATCC 30461 (cepa padrão), BSB 5 (córnea), I P1S1 (piscina) e UnB 11 (solo). CONCLUSÃO: Três isolados do DF apresentaram desenvolvimento compatível com a da cepa padrão patogêncica (ATCC 30461) indicando crescimento em um curto intervalo de tempo. Devido à cepa patogênica sobreviver em meios de alta osmolaridade e temperatura, o intervalo dos repiques não afetou seu crescimento, bem como o dos três isolados do DF. Já com as outras amostras o intervalo pode ter sido o causador da diminuição do crescimento.

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13. PARASITOS INTESTINAIS E AMEBAS DE VIDA LIVRE ISOLADOS NO CÓRREGO SAMAMBAIA - DF Ana Clara Chagas, Gabriela Andrade, Gabriela Lisboa, Mariana Ribeiro, Natália Schettini, Daniella Souza. Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Laboratório de Parasitologia Médica, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: As águas do Córrego Samambaia-DF que percorre a região de Vicente Pires-DF encontra-se contaminada por diversos protozoários, amebas de vida livre e helmintos OBJETIVO: O objetivo do presente trabalho foi verificar a presença de parasitos e amebas de vida livre em amostras do córrego Samambaia, que serve como fonte de irrigação para a produção de hortaliças. MÉTODO: A metodologia foi dividida em três etapas: coleta de amostras, feita em três trechos eqüidistantes (em cada ponto foram utilizadas 15 garrafas pet); análise parasitológica laboratorial de 90 lâminas e 3 culturas destas amostras em placas de petri, que continham Agar não nutriente mais Escherichia Coli mortas por calor, sendo uma cultura para cada ponto de coleta. Para a análise parasitológica, foi utilizado o método de Hoffman (sedimentação espontânea), adicionado de centrifugação. A análise das lâminas se fez ao microscópio óptico e as placas ao microscópio óptico invertido. RESULTADOS: Das 45 amostras foram encontrados parasitas em 25 amostras. Sendo estes: 10 Cistos de amebas de vida livre (0,22%), 2 Larvas rabditóides de Strongyloides stercoralis (0,04%), 7 Protozoários ciliados (0,15%),3 Cistos de Endolimax nana (0,06%), 3 Cistos de Balantidium coli (0,06%), 5 Protozoários de vida livre flagelado (0,11%), 2 Endolimax sp.(0,04%), 2 Entameba SP (0,04%), 1 Trofozoíto de Balantidium (0,02%), 1 Ovo de Ascaris lumbricóides (0,02%). Em todas as placas havia parasitas. Encontrou-se Cistos e Trofozoíto de Acanthamoeba.. CONCLUSÃO: A água do Córrego Samambaia-DF encontra-se contaminada por diversos protozoários, amebas de vida livre e helmintos. Se faz, assim, necessário o controle dos resíduos que estão atingindo essa água, bem como o tratamento da mesma. 14. PROTOZOÁRIOS EMERGENTES E OPORTUNISTAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA Laura Helena Alves Pereira; Daniella de Sousa Mendes Moreira Alves; Faculdade Anhanguera de Brasília, Curso de Biomedicina. JUSTIFICATIVA: A água é uma substância de importância vital para os seres vivos e, com a contaminação das fontes hídricas, a possibilidade de contrair doenças vem sendo observada desde os primórdios da humanidade. Dentre os patógenos que podem contaminar a água, encontram-se os protozoários oportunistas, alvo deste estudo. OBJETIVOS: Descrever os protozoários oportunistas que podem ser veiculados através da água, a importância das infecções e os métodos de isolamento descritos na literatura. METODOLOGIA: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica qualitativa, com base em fontes eletrônicas. CONCLUSÃO: Os Protozoários mais freqüentes descritos na literatura são Cyclospora cayatanensis, Cryptosporidium parvun, Giardia lamblia, Isospora belli, Acanthamoeba e Blastocysris hominis. São poucas as pesquisas feitas e publicadas com isolamento destes protozoários em água, pois a maioria é feita em fezes humanas, tendo como fonte de contaminação a água. Todos os protozoários apresentados têm um caráter oportunista, e estão relacionados a pequenos surtos. As técnicas de isolamento mais utilizadas foram análises parasitológicas como técnica de Lutz; Hoffman; Pons e Janer, centrífugo-flutuação em solução de sulfato de zinco, técnica de Faust, e método de Rugai, Mattos e Brisola, a PCR (estudo molecular) e ensaios imunológicos (métodos imunoenzimáticos).

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ENFERMAGEM 1. APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM À PACIENTE PORTADORA DE LÚPUS ERITEMASO SISTÊMICO (LES) EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. Natália de Melo Manzi, Andréa Mathes Faustino, Paula Elaine Diniz dos Reis, Ivone Kamada, Cristine Alves Costa de Jesus. Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A Sistematização da Assistência de Enfermagem é o modelo metodológico ideal para o enfermeiro aplicar seus conhecimentos técnico-científicos na prática assistencial. OBJETIVO: Descrever as etapas do processo de enfermagem aplicadas a uma paciente portadora de LES, utilizando o referencial teórico de Imogene King e a Taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA). DESCRIÇÃO: Estudo de caso de uma paciente portadora de LES, atendida na UTI de um hospital de ensino de Brasília. Para a coleta de dados utilizou-se um instrumento elaborado baseado em referenciais teóricos de enfermagem. Após a anuência da paciente, os dados foram coletados a partir da entrevista e exame físico, durante o período de 11 a 14 de Maio de 2010. Em seguida, os dados foram analisados e, baseando-se na Taxonomia II da NANDA, foram formulados os diagnósticos de enfermagem. Também foram estabelecidos objetivos e intervenções de enfermagem para cada um dos diagnósticos identificados. A implementação do processo foi realizada por uma das autoras do trabalho. Foram identificados 10 diagnósticos de enfermagem, com as respectivas metas a serem alcançadas e as intervenções necessárias. CONCLUSÃO: Foi possível aplicar uma assistência de enfermagem sistematizada por meio do Processo de Enfermagem, onde a paciente constituiu-se como centro da atuação do profissional, de forma que suas necessidades foram atendidas através de ações fundamentadas em um modelo teórico próprio da profissão. 2. APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM A UM CLIENTE PORTADOR DE TUMOR SEMINOMATOSO TESTICULAR: RELATO DE CASO Lídia Ester Lopes da Silva, Andréa Mathes Faustino, Paula Elaine Diniz dos Reis, Ivone Kamada e Cristine Alves Costa de Jesus Departamento de Enfermagem da Universidade de Brasília, Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário de Brasília, Brasília - DF. INTRODUÇÃO: Os seminomas são tumores germinativos que se desenvolvem a partir de células testiculares produtoras de esperma. Os cuidados de Enfermagem incluem a avaliação dos estados físico e psicológico do paciente e a monitorização quanto à resposta e efeitos colaterais da quimioterapia (QT). Sendo assim, a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) ao paciente com seminoma é essencial para um cuidado qualificado. OBJETIVOS: Descrever as etapas do processo de enfermagem aplicadas a um cliente portador de Tumor Seminomatoso Testicular utilizando o referencial teórico de Imogene King e a Taxonomia II da NANDA. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de caso de um cliente com Tumor Seminomatoso Testicular em estágio III apresentando metástase intestinal e pulmonar, atendido na UCM de um hospital de ensino de Brasília. O instrumento de coleta de dados elaborado baseou-se no referencial teórico de King, Doenges, Moorhouse e Murr. Após realizar uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Lilacs e Pubmed, os dados foram coletados a partir de entrevista, exame físico e do prontuário, entre 11 a 14/05/2010. Foram formulados os diagnósticos de enfermagem, a partir da Taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), bem como as respectivas intervenções. DESCRIÇÃO: Em maio de 2010, o paciente começou a observar uma massa abdominal palpável, sendo diagnosticado Tumor Seminomatoso Testicular apenas em Janeiro de 2010. Sendo assim, iniciou os ciclos BEP de

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QT. Ao exame, além de apresentar-se desnutrido, foi evidenciado metástase intestinal e pulmonar com compressão da veia cava inferior. Diante problemas levantados, identificaram-se dez diagnósticos de enfermagem: Ansiedade, Déficit no auto-cuidado, Deambulação Prejudicada, Dor aguda, Fadiga, Intolerância à atividade, Nutrição desequilibrada, Padrão de sono prejudicado, Medo e Padrão respiratório ineficaz. CONCLUSÃO: Ressalta-se a relevância da atuação do enfermeiro no cuidado ao cliente portador de Tumor Seminomatoso Testicular, numa assistência individualizada. 3. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE PORTADOR DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: ESTUDO DE CASO Lídia Ester Lopes da Silva, Natália de Melo Manzi, Andréa Mathes Faustino e Cristine Alves Costa de Jesus. Departamento de Enfermagem da Universidade de Brasília, Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Universitário de Brasília, Brasília - DF. JUSTIFICATIVA: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) constitui um dos problemas de saúde de maior prevalência na atualidade. O tratamento objetiva prevenir a morbidade, a mortalidade e a redução da pressão arterial. Neste contexto, a participação do enfermeiro constitui-se de práticas assistenciais e principalmente de orientações sobre a doença, o tratamento, os fatores de risco e os hábitos de vida saudáveis através de uma assistência sistematizada. OBJETIVO: Descrever as práticas assistenciais sistematizadas de enfermagem a uma paciente portadora de HAS através da Teoria do Autocuidado de Orem e da a Taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA). METODOLOGIA: Estudo de caso de uma paciente portadora de HAS, internada na Unidade de Clínica Médica de um hospital de ensino de Brasília. Os dados referentes à paciente foram obtidos entre 28 de Julho e 01 de Agosto de 2010, a partir de entrevista, exame clínico e dados coletados no prontuário. Em seguida, foram formulados os diagnósticos de enfermagem baseando-se na Taxonomia II da NANDA, com posterior estabelecimento das intervenções. DESCRIÇÃO: Após a avaliação da paciente, identificaram-se cinco diagnósticos de enfermagem: auto-controle ineficaz da saúde, déficit de conhecimento relacionado à doença, excesso do volume de líquidos, débito cardíaco diminuído e troca de gases prejudicada. CONCLUSÃO: A assistência individualizada e sistematizada mostrou a importância do enfermeiro, principalmente no que se refere ao seu papel de educador, e confirmou a necessidade de um cuidado mais holístico. Esse é fator fundamental para a adesão ao tratamento e conseqüente controle da doença. 4. FATORES QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DO SONO DE PACIENTES INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE CLINICA MÉDICA Lídia Ester Lopes da Silva, Leila Bernarda Donato Gottems e Pedro Rodrigues de Sousa Junior. Enfermagem, Universidade Católica de Brasília e Universidade de Brasília, Brasília - DF. JUSTIFICATIVA: Os transtornos do sono são queixas frequentes em pacientes internados e podem complicar a recuperação. OBJETIVO: Este estudo objetivou identificar estas queixas, possíveis causas e propor medidas que possam ser implementadas por enfermeiros para melhorar a qualidade do sono. METODOLOGIA: Trata-se de estudo descritivo observacional, transversal, qualitativo e quantitativo, realizado no Hospital Regional da Asa Norte. Foram entrevistados 52 pacientes na Unidade de Clínica Médica, por meio de um questionário socioeconômico e um questionário do sono previamente modificado, com base no basic nordic sleep questionnaire. As variáveis foram avaliadas no SPSS e Excel. RESULTADOS: A maioria dos entrevistados apresentou dificuldades para dormir; interrupções noturnas; cochilos diurnos; ronco; e ausência de medicação para induzir o sono. As médias de latência e de tempo total de sono foram: 50 min. e 5h24, respectivamente, além de necessidade de 2h 30 a mais de sono noturno. CONCLUSÃO: A maior parte considerou o sono em ambiente hospitalar tão bom quanto em ambiente doméstico, não referindo problemas no sono

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anteriores à internação. Porém, os dados deste estudo sugerem que os pacientes apresentaram insônia durante a hospitalização, o que pode ser explicado pelo fato de terem percepção alterada com relação aos problemas do sono. Neste contexto, o enfermeiro pode intervir orientando os pacientes com relação à higiene do sono, além de outras medidas.

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FARMÁCIA 1. INFLUÊNCIA DE ALIMENTOS NA ABSORÇÃO DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS EM CARDIOLOGIA Bruno Gedeon de Araujo, Alessandra Menezes Campos, Patrícia Medeiros de Souza, Daniel França Vasconcelos, Hervaldo Sampaio Carvalho Hospital Universitário de Brasília, Residência Multiprofissional, Farmácia Clinica – Atenção Cardiopulmonar, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A administração de medicamentos durante a alimentação pode modificar a taxa e/ou a extensão da absorção desses fármacos, alterando a biodisponibilidade. OBJETIVO: Identificar as interações existentes entre alimentos e os fármacos utilizados no serviço de cardiologia do HUB. Estabelecer os manejos de horário, de modo a evitar a redução da biodisponibilidade dos medicamentos que interagem com alimentos. MÉTODO: Foi realizada pesquisa no MEDLINE (em junho de 2010, PubMed) com limites em artigos de revisão e cuja versão online estava disponível no Portal Capes. Primeiramente, foi feita uma busca com as palavras-chave no MeSH (Medical Subject Heading) com as seguintes palavras: Terazosin AND food interaction e Prazosin AND food interaction. Foi também realizada consulta no Formulário Terapêutico Nacional 2008 e em bases de dados (Micromedex e UpToDate) com os nomes dos 36 medicamentos selecionados. RESULTADOS: Foram selecionados 36 medicamentos mais freqüentemente prescritos em cardiologia, dentre eles foram identificadas 25 interações medicamento-alimento, das quais 5 reduziam a biodisponibilidade, 9 aumentavam a biodisponibilidade e 11 reduziam os efeitos adversos. De acordo com as interações identificadas, foram propostos manejos de horário, visando melhorar a biodisponibilidade e reduzir os efeitos adversos dos respectivos medicamentos. CONCLUSÃO: A identificação de interações do tipo medicamento-alimento possibilitou minimizar potenciais reações adversas a medicamentos, objetivando reduzir erros na prescrição e na administração de medicamentos e favorecer o uso racional de medicamentos no serviço de cardiologia do HUB.

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NUTRIÇÃO 1. APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM MULHERES COM EXCESSO DE PESO Renata Brasileiro Miranda1, Cibele Ferreira Neves1 , Sérgio Lincoln de Matos Arruda2, Mariana Silva Melendez Araújo2, Sandra Fernandes Arruda1, Kênia Mara Baiocchi de Carvalho1. 1Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição. Programa de Pós Graduação em Nutrição Humana. 2Clínica Dr Sérgio Arruda: Cirurgia Geral e Bariátrica. Brasília, DF. JUSTIFICATIVA:O Índice de Alimentação Saudável Adaptado (IASad) é um instrumento validado e serve para avaliar qualidade da alimentação de adultos. Não existem dados da aplicação do instrumento em pessoas com excesso de peso. OBJETIVO:Avaliar o padrão alimentar pelo IASad de mulheres obesas graus 2 e 3, comparando-se com eutróficas. MÉTODO:Foram avaliadas 58 mulheres (15 eutróficas, 26 obesas grau 2 e 17 obesas grau 3) com aplicação de questionário sócio demográfico e cálculo do índice de massa corporal (IMC; kg/m2). Foram aplicados recordatório alimentar de 24 horas e registro alimentar de 3 dias, para determinação do consumo energético e composição de macronutrientes da dieta.Determinou-se o IASad, sendo considerada alimentação precisando de melhorias para os resultados entre 71 e 100 pontos. RESULTADOS:Na amostra total, as variáveis sócio demográficas (idade:38 ± 9,8 anos e renda per capta: 2160 ± 1535 reais) e a qualidade da alimentação ( IASad: 68,81 ± 9,7pontos) foram semelhantes nos três grupos. A maior parte das mulheres (51,7%) apresentava padrão alimentar precisando de melhorias. Contudo, a ingestão de colesterol das eutróficas (156,2± 84,3 g/dia) foi significativamente menor do que a das obesas grau 2 (243,7± 100,3 g/dia) e 3 (258,3± 107,0 g/dia) (p= 0,009) e o consumo energético foi marginalmente superior (p=0,065) entre as participantes com excesso de peso. Das variáveis investigadas, apenas o consumo energético apresentou correlação positiva (r2=0,398) e significativa (p=0,006) com o IASad. CONCLUSÃO: Da qualidade da alimentação, observou-se melhora do perfil quanto ao consumo de colesterol entre as eutróficas. Nesta amostra, o IASad apresentou associação com o consumo energético. Futuras investigações devem ser feitas sobre as implicações da relação quantidade e qualidade da alimentação, de acordo com este instrumento. 2. AVALIAÇÃO DE UM PROJETO PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM SÃO SEBASTIÃO – DF. Maína Ribeiro Pereira, Caroline Olimpio Romeiro de Meneses, Kenia Baiocchi de Carvalho, Júlia Devidé Nogueira, Sarah Guerra Gama Tinoco Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição, Brasília, DF; Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, Brasília, DF; Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Gerência de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis, Brasília, DF JUSTIFICATIVA: A região administrativa de São Sebastião-DF tem uma ampla cobertura do Programa Saúde da Família (PSF) e apresenta alta prevalência de obesidade e má alimentação o que aumenta o risco para doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). OBJETIVO: Avaliar os resultados de um programa de intervenção para redução dos fatores de risco para DCNT em indivíduos com excesso de peso, assistidos em Unidades Básicas de Saúde, de São Sebastião – DF. MÉTODO: Estudo quase-experimental de intervenção em adultos, usuários do PSF da cidade de São Sebastião, que apresentavam Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 25 Kg/m2 e/ou circunferência da cintura (CC) acima de 80 cm para mulheres e 94 cm para homens. Os participantes foram alocados em Grupo Controle (GC) ou Grupo Intervenção (GI). O GC (n = 81) recebeu a assistência padrão oferecida pelo PSF. O GI (n = 198) recebeu acompanhamento padrão do PSF, somado a oficinas

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mensais educativas com temas de alimentação e nutrição, além de atividades físicas orientadas com duração de uma hora três vezes por semana durante oito meses. Coletas de dados foram realizadas antes, durante e após a intervenção para avaliar consumo alimentar de frutas e hortaliças, antropometria, exames bioquímicos e freqüência de atividade física. RESULTADOS: Houve aumento do consumo diário de frutas no GI (p= 0,002) e redução de peso, IMC, CC e colesterol total. No GC não foi observada alteração significativa dos parâmetros estudados. CONCLUSÃO: A redução de fatores de risco para DCNT observada nos participantes revela a importância da inserção de programas educação e saúde em comunidades, além das atividades desenvolvidas pelo PSF. Vínculo estabelecido entre a Universidade de Brasília e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal pode auxiliar no combate às DCNT e redução de fatores de risco associados. 3. PERFIL NUTRICIONAL DOS PACIENTES INTERNADOS NAS CLÍNICAS CIRÚRGICAS E MÉDICAS DO HUB – ESTUDO NUTRIDIA BRASIL. Elaine Nazaré dos Santos, Meg Schwarcz Hoffman, Marina Kiyomi Ito Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: A alteração do estado nutricional em pacientes hospitalares contribui para o aumento da morbi-mortalidade e complicações clínicas. OBJETIVO: Avaliar o perfil nutricional dos pacientes internados nas Clínicas Cirúrgica (CC) e Médica (CM) do Hospital Universitário de Brasília (HUB) MÉTODO: Estudo transversal, com protocolo de coleta de dados segundo o NutriDia Brasil (ND), com dados coletados em um único dia, 12/08/2009. Foram aplicados 4 questionários, sendo: (1) a respeito do nosocómio, (2) referente ao estado clínico do paciente, (3) e (4) questionários referentes ao consumo alimentar dos pacientes e aceitação da dieta. O paciente informou sua história nutricional e como se encontrava a sua ingestão naquele dia. Definiu-se como indicadores de risco nutricional (IRN) os seguintes parâmetros: índice de massa corporal (IMC) < 18,5 kg/m², paciente com perda de peso nos últimos 3 meses, ingestão alimentar baixa na semana anterior ao ND e baixa ingestão no dia do ND. RESULTADOS: Encontravam-se internados nas CC e CM 86 pacientes. Foram excluídos aqueles que não consentiram ou estavam em box de isolamento. Dos 75 pacientes entrevistados, 46,6% eram homens (n=34), 68,5% eram adultos e 31,5% idosos. A mediana do IMC dos pacientes foi de 23,3 kg/m² (Min:12,7, Max:52,0 kg/m²) e a média de idade 49,8 (DP 17,3). De 18,8% a 81,3% não consumiram nada em uma refeições principais. Entre os IRN os piores índices foram da CM com 28,6% dos pacientes apresentam pelo menos dois dos indicadores que compõe o IRN. CONCLUSÃO: A prevalência de desnutrição intra-hospitalar encontrada foi semelhante aos relatos na literatura e foi maior entre os idosos. Dentre os fatores associados à IRN, o alto percentual de pacientes com ingestão insuficiente da dieta é um dado preocupante e que deve ser observado visando intervenções precoces.

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ODONTOLOGIA 1. PROMOÇÃO DA SAÚDE EM CÂNCER: EXPERIÊNCIA DA INSERÇÃO DA ODONTOLOGIA NO CACON DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA Figueiredo PT, Mello TS, Barbosa I, Barbosa L, Ferrare.N, Leal D, Fortunato D, Guerra EN, Leite A, Melo NS, Moraes K, Mattos M, Costa KO, Marques A. Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Divisão de Odontologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: As estratégias de promoção da saúde em câncer são voltadas à identificação dos fatores de risco, diagnóstico precoce e controle de seqüelas do tratamento oncológico. Trata-se de abordagem multidisciplinar, com participação de diversos profissionais de saúde. OBJETIVO: Apresentar uma experiência de sucesso com ações de promoção de saúde voltadas ao câncer no Serviço de Saúde Bucal da Divisão de Odontologia do HUB. MÉTODO: O Serviço de Saúde Bucal do HUB, integrado ao Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON-HUB), é composto de cirurgiões-dentistas, professores, estagiários e alunos de graduação e pós-graduação. Além do diagnóstico, são adotadas estratégias de identificação de fatores de risco, principalmente o álcool e fumo, com encaminhamento de pacientes ao Programa de Controle do Tabagismo do HUB. Nos pacientes oncológicos do CACON, o serviço de saúde bucal realiza ações voltadas para melhoria da qualidade de vida, controle de placa, instruções de higiene oral e adequação do meio bucal antes, durante e após as sessões de quimioterapia e/ou radioterapia. A divisão de Odontologia participa também do acolhimento dos pacientes que já possuem o diagnóstico de câncer, com orientações necessárias para o início do tratamento. RESULTADOS: Trata-se de experiência exitosa de promoção de saúde em câncer em 229 pacientes, com acompanhamento periódico no HUB. CONCLUSÃO As ações apresentadas dizem respeito a condutas odontológicas específicas voltadas para promoção de saúde em câncer e controle das seqüelas do tratamento oncológico em uma unidade pública de Saúde. 2. SÍNDROME DE GARDNER ASSOCIADA À ESCLEROSE ÓSSEA MAXILO-MANDIBULAR, ODONTOMAS, SUPRANUMERÁRIOS E DENTES IMPACTADOS: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA Fabiana Tolentino de Almeida, André Ferreira Leite, Paulo Tadeu de Sousa Figueiredo, Nilce Melo, João Batista Sousa, Rômulo Almeida, Ana Carolina Acevedo, Eliete Guerra Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia, Brasília, DF. JUSTIFICATIVA: O estudo das alterações ósseas e dentárias do complexo maxilo-mandibular é de fundamental importância na prática odontológica, uma vez que o cirurgião-dentista desempenha um papel importante tanto no diagnóstico como no tratamento destas alterações. OBJETIVO: Descrever as manifestações bucais de uma paciente do sexo feminino com Síndrome de Gardner. DESCRIÇÃO: O caso índice e os cinco membros da família foram submetidos à avaliação médica, odontológica e exames complementares. A colonoscopia do caso índice mostrou múltiplos pólipos no cólon e estômago. A radiografia panorâmica do caso índice revelou a presença de esclerose óssea difusa, odontomas, supranumerários e dentes impactados. Foi feita avaliação da radiografia panorâmica utilizando um teste diagnóstico proposto por Takker et al 1995, com resultado de 35, significante em indivíduos com Polipose Adenomatosa Familial. A Tomografia Computadorizada por Feixe Cônico mostrou alterações ósseas e dentárias não visualizadas na radiografia panorâmica. CONCLUSÃO: Estudos futuros são necessários para esclarecer os aspectos genéticos da Polipose Adenomatosa Familial que associa o gene APC, anomalias dentárias e esclerose óssea na maxila e mandíbula

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3. ORAL FEATURES IN KABUKI SYNDROME PATIENTS Heliana Dantas Mestrinho, Samantha do Prado Sobral, André Ferreira leite, Paulo Tadeu Figueiredo, Iris Ferrari, Heloísa Safatle, Mara Córdoba, Beatriz Versiani, Ana Carolina Acevedo University of Brasília, Oral Care Center for Inherited Diseases and Department of Clinical Genetics, University Hospital of Brasília , DF OBJECTIVE: The aim of this study was to describe oral manifestations in Brazilian individuals with Kabuki Syndrome (KS), a multiple congenital anomaly/mental retardation syndrome. METHODS: Sixteen KS individuals with age comprised between 8 to 24 years of both genders were referred by the Department of Clinical Genetics, for oral treatment and follow-up, to the Oral Center for Inherited Diseases, University Hospital of Brasília, Brazil. Each individual underwent complete physical examination , as well as extra-oral and intra-oral radiographic examinations. Extra-oral and intra-oral photographs were also performed. RESULTS: Craniofacial and dental alterations were observed in all KS patients examined. Seven of 16 individuals had class III malocclusion, probably due to the presence of maxillary recession and mid-face hypoplasia. Also, high arched palate was observed in three quarters of individuals. Flattening of the condyle was revealed in 2 individuals. The most common dental anomaly observed was teeth shape abnormalities, mainly screwdriver incisors. Besides, atypical shape of molar’s crowns, occlusal convergence of premolar’s crowns, and root dilacerations were also observed. Hypodontia and microdontia were present in 9 and 4 individuals, respectively. Enamel diffuse opacities were also observed in permanent dentition (n= 10). CONCLUSION: A great clinical heterogeneity was observed in KS individuals in line with other previous studies in the literature. Some non previously reported anomalies were also observed in this sample, such as anomalies of crown, root shape and flattening of condyle. Further clinical and molecular studies are necessary in order to better understand the presence of dental anomalies in this syndrome. 4. ANOMALIAS DENTÁRIAS EM PACIENTES COM GLICOGENOSE ATENDIDOS NA DIVISÃO DE ODONTOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA. Jéssica Araújo Viana, Fabiana Ferreira Resende, Paulo Márcio Yamaguti, Heliana Dantas Mestrinho, Lílian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo, Raquel Ribeiro Gomes. Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia. JUSTIFICATIVA: Glicogenose (doenças do armazenamento do glicogênio) são desordens hereditárias que afetam o metabolismo do glicogênio. O glicogênio apresenta-se alterado em quantidade ou qualidade devido a alterações nas enzimas responsáveis por sua síntese e degradação. Fígado e músculos são os órgãos mais comum e seriamente afetados, mas também, há relatos de anomalias do desenvolvimento dentário. A frequência de todas as formas de Glicogenose é de aproximadamente 1 em 20.000-25.000 nascidos vivos. OBJETIVO: Descrever as anomalias dentárias observadas em pacientes com Glicogenose atendidos na Divisão de Odontologia do HUB. MÉTODOS: Estudo descritivo de casos procedentes do Distrito federal (DF) e Entorno atendidos a partir de abril de 2003. Os pacientes foram submetidos a exame clínico e radiográfico após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Foram identificadas anomalias dentárias de forma, de número e da cronologia de formação e erupção dentária. RESULTADOS: Foram atendidos quatro pacientes encaminhados de hospitais da Secretaria de Saúde do DF com diagnóstico de Glicogenose hepática. Todos apresentaram anomalias de forma radicular, principalmente taurodontia e dentes com raízes curtas. Além disso, observou-se casos de anomalias de número (agenesia dentária e dente supranumerário), atraso na cronologia de formação e erupção dentária e alteração no eixo de erupção de caninos. CONCLUSÕES: (1) Os achados deste estudo indicam uma possível associação entre distúrbios do metabolismo do glicogênio e a presença de anomalias dentárias de forma e de número. Entretanto são necessários estudos com um grupo maior de pacientes com Glicogenose para confirmar

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estes achados. (2) A identificação da associação entre as anomalias dentárias e a Glicogenose pode auxiliar na compreensão dos mecanismos relacionados ao metabolismo do glicogênio e a odontogênese, assim como no diagnóstico precoce, tratamento e acompanhamento apropriado das anomalias dentárias nesse pacientes. 5. MANIFESTAÇÃO ATÍPICA DE CRANIOSINOSTOSE ASSOCIADA A AMELOGÊNESE IMPERFEITA – RELATO DE CASO Rafael Gomes Kouzak, Gabriel Muniz, Raquel Ribeiro Gomes, Heliana Dantas Mestrinho, Lilian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo, Paulo Márcio Yamaguti. Clínica de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias de Desenvolvimento Dentário, Divisão de Odontologia, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF JUSTIFICATIVA: A craniosinostose pode ser definida como um fechamento prematuro de determinadas suturas cranianas afetando o crescimento e desenvolvimento craniofacial. Elas podem estar ligadas a doenças metabólicas ou serem herdadas geneticamente. As manifestações bucais relatadas incluem alterações ósseo-esqueléticas, atraso na erupção de dentes permanentes e apinhamento dentário. Porém, não há relatos na literatura de alterações no desenvolvimento dentário. OBJETIVO: Esse trabalho, tem como objetivo, descrever as manifestações bucais de dois irmãos com diagnóstico de craniosinostose ligada a síndrome não diagnosticada. DESCRIÇÃO: Os pacientes foram encaminhados pela clínica de genética para a clínica de atendimento a pacientes portadores de anomalias de desenvolvimento dentário – Divisão de Odontologia - HUB. Os pais relataram consangüinidade em primeiro grau. Dos três filhos do casal, os dois filhos mais velhos, gênero masculino com 10 e 9 anos de idade, eram afetados. O heredograma sugeriu um modo de herança autossômico recessivo. Após anamnese, exame clínico e assinatura do termo de consentimento informado livre e esclarecido, os pacientes foram submetidos a radiografias e fotografias intra e extra-bucais. Além da craniosinostose e assimetria craniofacial, os pacientes apresentavam: proptose, atraso de crescimento, deficiência visual, altos valores de PTH e episódios de câimbras e convulsões. Não foram observadas alterações nos dedos das mãos ou dos pés. As manifestações bucais observadas foram: palato ogival, maloclusão, dentes permanentes com ausência de esmalte e descoloração amarelada dos dentes (amelogênese imperfeita do tipo hipoplásica), gengivite, alta atividade de cárie, atraso da rizogênese e lesões periapicais. CONCLUSÕES: Não há relatos na literatura de casos esporádicos ou com modo de herança autrossômica recessiva de craniosinostose associada a amelogênese imperfeita do tipo hipoplásica. Uma melhor investigação de todas as características fenotípicas do paciente e análise de mutação abordando genes candidatos podem contribuir para o diagnóstico correto dessa doença. 6. ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTES COM MALFORMAÇÕES CRANIOFACIAIS E DEFEITOS DE DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO DE ORIGEM HEREDITÁRIA NA DIVISÃO DE ODONTOLOGIA DO HUB Marília Bizinoto Silva, Rafaela Rocha Peixoto, Raquel Ribeiro Gomes, Heliana Dantas Mestrinho, Lilian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo, Paulo Márcio Yamaguti. Clínica de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias de Desenvolvimento Dentário, Divisão de Odontologia, Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF RESUMO: A Clínica de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias do Desenvolvimento Dentário da Divisão de Odontologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB) realiza atendimento odontológico de pacientes com malformações craniofaciais e defeitos de desenvolvimento dentário de origem hereditária. O serviço é um projeto de extensão de ação contínua vinculado ao Decanato de Extensão da Universidade de Brasília que visa o diagnóstico (clínico e molecular), aconselhamento, prevenção, tratamento, acompanhamento e educação em saúde dos pacientes e seus familiares. A

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equipe é composta por professores da divisão de Odontologia do HUB e do Departamento de Odontologia da Faculdade de Ciências da Saúde, alunos de graduação e pós-graduação, estagiários de extensão e profissionais voluntários. Em razão da diversidade de alterações e patologias, o atendimento é multiprofissional e conta com a colaboração de outros serviços do HUB, tais como os serviços de pediatria, gastropediatria, nefrologia, genética clínica, endocrinologia, otorrinolaringologia e dermatologia. Além disso, colaborações locais (Laboratório de Farmacologia Molecular) e internacionais (Universidade de Birmingham/EUA, Universidade de Leeds/Inglaterra e Universidade de Tokushima/Japão) têm sido estabelecidas com finalidade de realizar estudos de diagnóstico molecular. Atualmente, o perfil dos pacientes é heterogêneo, englobando desde defeitos de desenvolvimento dentário sem comprometimento sistêmico a diversas síndromes raras. Desde a criação do serviço, os resultados obtidos têm auxiliado na melhor compreensão de diversas doenças, possibilitando a formulação de protocolos de atendimento com enfoque principal na promoção de saúde bucal desses pacientes. 7. PREVALÊNCIA DE TAURODONTIA EM PACIENTES COM AGENESIA DENTÁRIA E FAMILIARES ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA, BRASIL. Larissa Gavião Junqueira, Clarissa Habckost Dutra de Barros, André Ferreira Leite, Paulo Tadeu de Sousa Figueiredo, Lílian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo Poppe, Raquel Ribeiro Gomes Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia, Centro de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias Dentárias do Hospital Universitário de Brasília. JUSTIFICATIVA: Diversos autores relatam associação entre Taurodontia e Agenesia Dentária. OBJETIVO: O objetivo foi comparar a prevalência de taurodontia em (1) indivíduos com agenesia dentária não-sindrômica (2), seus familiares de primeiro e segundo grau com a dentição completa e (3) um grupo controle de indivíduos saudáveis com a dentição completa. MÉTODOS: Radiografias panorâmicas de indivíduos com agenesia dentária, seus familiares de primeiro e segundo grau e indivíduos sem parentesco com os anteriores foram analisadas. Todos os indivíduos com agenesia dentária e familiares (17 famílias) foram acompanhados entre

março de 2002 e abril de 2008 no Centro de Atendimento a Pacientes Portadores de Anomalias Dentárias

do Hospital Universitário de Brasília. Radiografias panorâmicas do grupo controle foram pareadas por gênero e idade. A Taurodontia dos primeiros molares inferiores foi determinada de acordo com Seow e Lai (1989). Os

dados foram analisados pelo Fisher’s Exact Test. RESULTADOS: Foram analisadas radiografias panorâmicas de 31 [58% do gênero masculino, 42% do gênero feminino] indivíduos com agenesia dentária, 29 [51,7% do gênero masculino, 48,3% do gênero feminino] dos seus familiares e 180 [46,7% do gênero masculino, 43,3% do gênero feminino] do grupo controle. A prevalência de taurodontia foi de 25,8% em indivíduos com agenesia dentária [12,4% do gênero masculino, 12,4% do gênero feminino], 10,3% nos familiares de primeiro e segundo grau com dentição permanente completa [10,3%, do gênero masculino 0,0% do gênero feminino] e 6,67% no grupo controle [3,33% do gênero masculino, 3,33% do gênero feminino]. Houve diferença estatística significante na prevalência de taurodontia entre os grupos estudados (p = 0,002). Não houve diferença estatística entre homens e mulheres. CONCLUSÕES: A prevalência de taurodontia foi maior nos indivíduos com agenesia dentária não-sindrômica. Além disso, a prevalência nos familiares com dentição permanente completa foi maior do que no grupo controle. Estudos moleculares são necessários para 8. MANIFESTAÇÕES BUCAIS EM PACIENTE COM SÍNDROME DE ROBINOW: RELATO DE CASO. Raquel Ribeiro Gomes, Heliana Dantas Mestrinho, Lílian Marly de Paula, Ana Carolina Acevedo, Paulo Márcio Yamaguti. Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Odontologia. JUSTIFICATIVA: A Síndrome de Robinow é caracterizada por encurtamento dos membros superiores e anomalias genitais e faciais. Trata-se de uma condição geneticamente heterogênea com

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