Anais Segundo Simposio Minerais is Do Nordeste

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ANAISDOIISIMPSIODEMINERAIS INDUSTRIAISDONORDESTE CampinaGrandeParabaBrasil 17a20denovembrode2010 Organizadores: AdoBenvindodaLuz CarlosAdolphoM.Baltar LuizCarlosBertolino CETEMRIODEJANEIRO 2010

ANAISDOIISIMPSIODEMINERAISINDUSTRIAISDONORDESTE Organizadores AdoBenvindodaLuz CarlosAdolphoM.Baltar LuizCarlosBertolino CAPA VeraLciaEspritoSanto COMISSOTCNICA AdoBenvindodaLuz CarlosAdolphoM.Baltar LuizCarlosBertolino JooAlvesSampaio PauloF.A.Braga SilviaCristinaAlvesFrana Ocontedodestetrabalhoderesponsabilidade exclusivado(s)autor(es). SimpsiodeMineraisIndustriaisdoNordeste(2.:2010:CampinaGrande,PB) Anaisdo IISimpsio de Minerais Industriais do Nordeste/Orgs. Ado BenvindodaLuz,CarlosAdolphoM. Baltar,LuizCarlosBertolino.Campina Grande:CETEM/UFPE,2010. 248p.:il. 1.Rochasemineraisindustriais.2.MineraisIndustriais.I.Centrode TecnologiaMineral.II.Luz,AdoBenvindo(Org.).III.Baltar,CarlosAdolpho M.(Org.).IV.Bertolino,LuizCarlos(Org.) ISBN9788561121662CDD553.6

APRESENTAOA realizao do II Simpsio de Minerais Industriais do Nordeste, no perodo de 17 a 20 de novembro de 2010, na sede da Federao das Indstrias da Paraba-FIEP, na cidade de Campina Grande-PB, foi uma iniciativa dos pesquisadores do CETEM/UFPE Ado Benvindo da Luz, Carlos Adolpho Magalhes Baltar e Luiz Carlos Bertolino. Esse Evento teve como objetivo apresentar e discutir com os empresrios e instituies regionais, os avanos obtidos em pesquisas realizadas pelo CETEM, UFPE, UFRJ, IPT, UFCG, IFRN, na rea dos minerais industriais do nordeste. Na realizao deste evento, contamos com a colaborao de uma Comisso Regional constituda por FIEP, SENAI/PB, CDRM/PB, DNPM, SEBRAE, SINDIMINERAIS, SETDE Secretaria de Estado de Turismo e Desenvolvimento Econmico-PB, SECTI Secretaria de Cincia, Tecnologia e Inovao do Municpio de Campina Grande, SUDEMA Superintendncia de Administrao de Meio Ambiente. O Evento contou com 23 trabalhos tcnicos sobre bentonita, caulim, agrominerais, feldspato, ltio, palygorskita (atapulgita), moscovita, vermiculita, gesso, quartzito e 6 palestras: insumos minerais para perfurao de poos (CENPES/Petrobras), Minerais Industriais/CETEM, potencial da indstria cermica do nordeste/IPT, plo gesseiro do Pernambuco/SINDUGESSO, potencial mineral da Paraba/CDRM/PB, Processo Administrativo Minerrio/DNPM/PB. Os organizadores deste Evento agradecem a todos aqueles que direta ou indiretamente contriburam para a organizao desse evento e sentem-se honrados, por estar contribuindo para o desenvolvimento do setor mineral do Pas, em particular dos minerais industriais do nordeste Rio de Janeiro, outubro de 2010 Ado Benvindo da Luz, Carlos Adolpho M. Baltar e Luiz Carlos Bertolino Organizadores

SumrioPARTEIBENTONITASESTUDO PROSPECTIVO DA BENTONITA: TENDNCIAS DE MERCADO.................................................................................Jos Mrio Coelho, Marsis Cabral Junior

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CARACTERIZAO MINERALGICA E ESTUDOS DE BENEFICIAMENTO DA BENTONITA DE PEDRA LAVRADA - PB..Luiz e Elaynne Rohem Peanha Carlos Bertolino, Ado Benvindo da Luz, Dayse Mirella Oliveira Timteo, Diego Araujo

Tonnesen

CARACTERIZAO E BENEFICIAMENTO DAS BENTONITAS DOS NOVOS DEPSITOS DE CUBATI- PB.............................Diego Araujo Tonnesen, Ado Benvindo da Luz,Luiz Carlos Bertolino e Dayse Mirella Oliveira Timteo

31 39 47 59

ESTUDO DAS CONDIES PARA A MODIFICAO SUPERFICIAL DE UMA BENTONITA........................................................Carlos A. M. Baltar, Joo A. Sampaio e Glenda A. R. Oliveira

USO DE BENTONITAS ORGANOFILICAS EM FLUDOS DE PERFURAO BASE LEO..........................................................Heber S. Ferreira, Gelmires A. Neves e Heber C. Ferreira

ESTUDO DO COMPORTAMENTO REOLGICO DAS ARGILAS BENTONTICAS DE CUBAT, PARABA, BRASIL.....................Romualdo R. Menezes, Heber S. Ferreira, Gelmires A. Neves e Heber C. Ferreira

PARTEIICAULIMCARACTERIZAO E BENEFICIAMENTO FSICO-QUMICO DO CAULIM DA REGIO BORBOREMA-SERID.......................Fernanda. A. N. G. Silva, Livia S. Mello, Joo A. Sampaio, Ado B Luz e Flvio S. Teixeira

71 83 91

COMPORTAMENTO DO REJEITO DE CAULIM EM CONCENTRADOR CENTRIFUGO.......................................................................Jos Yvan Pereira Leite e Lana Lopes de Souza

ESTUDO DE BENEFICIAMENTO DO REJEITO DE CAULIM DA REGIO DO SERID.........................................................................Fernanda. A. N. G. Silva, Luiz Carlos Bertolino e Ado Benvindo da Luz

PARTEIIIAGROMINERAISO POTENCIAL DOS AGROMINERAIS NA REGIO NORDESTE DO BRASIL.............................................................................Marcelo Soares Bezerra

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FLOGOPITITO DA BAHIA COMO FONTE DE POTSSIO PARA A AGRICULTURA BRASILEIRA............................................Adriana de A. Soeiro da Silva, Slvia C.A. Frana, Clia M. Ronconi, Joo A. Sampaio, Ado B. da Luz e Diego de S. da Silva

115

ESTUDO DA APLICAO DE RESDUOS DE VERMICULITA COMO FERTILIZANTE ALTERNATIVO DE POTSSIO.................Silvia Cristina Alves Frana, Ado Benvindo da Luz, Jssica Silva dos Santos e Rodrigo da Silva Borges

125

ESTUDO DO USO DE SERPENTINITO COMO CORRETIVO DE SOLOS AGRCOLAS..................................................................Aline M. S.Teixeira, Joo A. Sampaio, Francisco M. S. Garrido, Marta E. Medeiros, Luiz C. Bertolino e Daniel V. Prez

133

ESTUDO DO USO DE ROCHA POTSSICA COMO FERTILIZANTE DE LIBERAO LENTA........................................................Mnica Silva Arajo e Joo A. Sampaio

145

PARTEIVPEGMATITOSBENEFICIAMENTO DE FELDSPATO A PARTIR DO PEGMATITO DE CURRAIS NOVOS-RN.......................................................Diego A. Tonnesen, Ado B. da Luz e Paulo F. A. Braga

155

163

BENEFICIAMENTO DE MICA DA REGIO BORBOREMA-SERID.............................................................................................Shirleny Fontes Santos, Silvia Cristina Alves Frana e Tsuneharu Ogasawara

LEUCITA UTILIZANDOOS

PRODUO

DA

VITROCERMICA FELDSPTICA REFORADA

COM

FELDSPATOS

CONTIDOS NO PEGMATITO DA REGIO BORBOREMA-SERID...... ..................................................................................Carla N. Barbato, Joo A. Sampaio, Ado B. da Luz e Tsuneharu Ogasawara

173

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UMA ALTERNATIVA EM ANLISE QUMICA APL DE BASE MINERAL DE PEGMATITO DO RN.............................................Franciolli da Silva Dantas de Arajo, Lana Lopes de Souza, Antnio de Pdua Arlindo Dantas, Jadilson Pinheiro Borges Jnior, Eiji Harima e Jos Yvan Pereira LeiteESTUDO DE APROVEITAMENTO DE RESDUOS FINOS DE QUARTZITO DA REGIO DE SERID...........................................

195 201

Michele Pereira Babisk, Francisco Wilson Holanda Vidal e Jlio C. Guedes Correia

AVALIAO DE PROPRIEDADES DE ESFOLIAO TRMICA DAS VERMICULITAS DO NORDESTE BRASILEIRO..................Elbert Valdiviezo Viera e Marcondes Mendes de Souza

PARTEVOUTROSEFEITO RETARDANTE DO CMC NO GESSO ALFA..........................................................................................................................Leila M. Baltar e Carlos A.M.Baltar

215 227

ESTUDO DA ATAPULGITA DO PIAU PARA CLARIFICAO DE LEOS.........................................................................................Salvador L. M. Almeida, Marcelo Corra de Andrade e Ado B. da Luz

PANORAMA DA INDSTRIA DE LTIO NO BRASIL.............................................................................................................................Paulo F. A. Braga, Slvia C. A. Frana, Ronaldo L. C. dos Santos

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PARTEIBENTONITAS

IISIMPSIODEMINERAISINDUSTRIAISDONORDESTE

ESTUDOPROSPECTIVODABENTONITA:TENDNCIASDE MERCADOJosMrioCoelho1&MarsisCabralJunior2 RESUMO A bentonita possui cerca de 140 usos industriais, tendendo aumentar o seu consumo nos pases em desenvolvimento. O mercado para pet litter o maior consumidor, atingindo 4,5 Mt, em 2007. O segmento de pelotizao dever ultrapassar o de pet litter, j em 2012, devido elevao da demanda de bentonita na pelotizao de minrio de ferro. Este fato deve-se ao grande crescimento do consumo chins. J, em 2012, ocorrer um adicional de 45,3 Mt por ano, resultante do aumento da capacidade de pelotizao de minrio de ferro j programada. Hoje, a capacidade brasileira de produo de pelotas de cerca de 56,0 Mt/ano. Com os projetos previstos, esta capacidade atingir 70 Mt/ano, em 2013. Esta elevao implicar na ampliao da demanda de bentonita que dever ser atendida em grande parte pela importao, devido, principalmente, s caractersticas das reservas nacionais que, em geral, apresentam baixa qualidade para essa finalidade. A procura de bentonita para lamas de perfurao tende a aumentar cerca de 2% por ano. O consumo est intimamente associado atividade de perfurao, que, por sua vez, est ligada ao mercado do petrleo/gs, sendo que os preos dessas commodities vm se elevando. Fora estas utilizaes principais, elevadas taxas de crescimento so esperados em outros mercados especializados. O consumo na indstria de leos comestveis apresentou um aumento mdio de 8,2% ao ano, de 1997 a 2006, atingindo 37,3 Mt em 2006. Grande quantidade de leos comestveis vendida em bruto, especialmente na sia, havendo um potencial significativo para a expanso da utilizao desse insumo no processo de clareamento. O Brasil precisa incrementar os investimentos em pesquisa mineral e tecnolgica a fim de buscar a ampliao de reservas e a melhoria da qualidade dos produtos a base de bentonita, para evitar que o mercado seja dominado por importaes oriundas da Argentina, dos Estados Unidos e ndia. Palavras-chave: Bentonita, Mineral Industrial, Mercado, Paraba, Brasil. ABSTRACT Bentonite has about 140 industrial uses, tending to increase their consumption in developing countries. The market for pet litter is the biggest consumer, reaching 4.5 Mt in 2007. The segment steel industry is expected to exceed the pellet pet litter as early as 2012 due to rising demand for bentonite in iron ore pelletization. This fact is due to the strong growth of Chinese consumption. Already in 2012, there will be an additional 45.3 Mt per year, due to increased capacity for iron ore pelletizing already scheduled. Today, the Brazilian capacity for producing pellets is about 56.0 Mt /1

UFRJCentrodeCinciasMatemticasedaNatureza,InstitutodeGeocincias,DepartamentodeGeologia. Av.AthosdaSilveiraRamos,149,CEP:21941900,RiodeJaneiro,RJ,Brasil.

2

IPTInstitutodePesquisasTecnolgicasSoPaulo

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COELHO,J.M.,CABRALJUNIOR,M. result in the increased demand of bentonite which should be met largely by imports, mainly due to the characteristics of the national reserves which, in general, have low quality for this purpose. The demand for bentonite drilling muds tends to increase around 2% per year. Consumption is closely linked to drilling activity, which in turn is linked to market the oil / gas, and the prices of these commodities have been increasing. Outside these main uses, high growth rates are expected in other specialized markets. The consumption of edible oils industry showed an average increase of 8.2% per annum from 1997 to 2006, reaching 37.3 Mt in 2006. Large quantities of edible oil are sold in the rough, especially in Asia, with significant potential for expanding the use of that ingredient in the bleaching process. Brazil needs to increase investment in mineral exploration and technology in order to pursue the expansion of reserves and improving the quality of products made from bentonite to prevent the market is dominated by imports from Argentina, the United States and India. Key-words: Bentonite, Industrial Minerals, Market, Paraba, Brasil.

1. INTRODUOA bentonita pode ser definida como uma rocha constituda essencialmente por argilominerais do grupo das esmectitas, cuja estrutura cristalina permite a adsoro de ctions, atribuindo-lhes propriedades fsico-qumica peculiares. Tais caractersticas conferem s argilas bentonticas uma srie de propriedades especiais, como tixotropia, plasticidade e elevada capacidade de troca catinica, as quais possibilitam uma grande variedade de aplicaes industriais, tendo um papel fundamental como aglomerante de minrios (pelotizao de minrio de ferro) e de areias de moldagem em fundio, agentes tixotrpicos em lamas de perfurao para sondagens (indstria do petrleo), descoramento de leos, construo civil (paredes contnuas/impermeabilizante), e como carga mineral em tintas, esmaltes e vernizes. Porm a bentonita chega a apresentar 140 usos/funes na indstria. (SILVA, & FERREIRA, 2008). A cristalizao das esmectitas se processa a partir de solues com alta concentrao de ctions e baixa ao lixiviante. Essas condies genticas esto presentes em stios geolgicos distintos, permitindo a sua ocorrncia em perfis de solos, como produtos de diagnese e de alteraes hidrotermais e em ambientes deposicionais confinados, de guas alcalinas, comumente prximas a emanaes vulcnicas. Dentro do grupo das argilas bentonticas, destacam as de composio sdica, que formam gis tixotrpicos e tm maior aproveitamento industrial, e as clcicas (terras fuller ou argilas descorantes). A clcica com adio de 2,5 a 3% em peso de barrilha pode tambm adquirir propriedades similares sdica. No caso das principais jazidas brasileiras, situadas no estado da Paraba, as bentonitas so de natureza clcica, necessitando de ativao para melhorar o seu desempenho. Dependendo das aplicaes futuras (fluido de perfurao, pelotizao, areia de fundio entre outras), os mineradores de bentonita j tm bastante experincia sobre qual tipo de argila deve ser processada (chocolate, verde lodo, entre outras) para obter o melhor resultado final. O beneficiamento das bentonitas do nordeste, passa pelo estgio de desintegrao, adio de 2,5 a

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IISIMPSIODEMINERAISINDUSTRIAISDONORDESTE 3% em peso de barrilha, homogeneizao, laminao ou extrudagem, cura (2 a 10 dias), secagem, moagem, classificao pneumtica e ensacamento. (LUZ, & OLIVEIRA 2008). Neste trabalho ser feita uma anlise do mercado de bentonita, apresentando-se o contexto atual e algumas das principais tendncias de sua minerao, onde so abordados: a) panorama mundial da minerao de bentonita; b) caractersticas da minerao de bentonita no Brasil estrutura empresarial, parque produtivo, comrcio e preos praticados; e c) perspectivas do mercado no que tange ao consumo e necessidades adicionais de reservas de minrio.

2. MINERAO DE BENTONITA NO BRASIL2.1. Panorama mundial As reservas mundiais de bentonita, calculadas pelo USGS em 2008, atingem o montante de 1.360 milhes de toneladas. Devido abundncia de reservas mundiais, a sua estimativa no vem sendo publicada. Os EUA possuem mais de 50% deste total e o principal produtor mundial de bentonita sdica, alcanando cerca de 32%. Outros pases que se destacam na produo de bentonita so: China, Grcia, ndia, Turquia e Rssia, conforme pode ser observado na Tabela 1. (BGS, 2010). O Brasil, com uma produo de 400.000 t em 2008, representou cerca de 2,6% do total mundial. Tabela 1 - Produo de Bentonita no Mundo - 2004-2008 Pas Brasil China EUA Grcia ndia Rssia Turquia Outros Produo Mundial Total Fonte: BGS, 2010, modificado 2.2 Caractersticas da minerao de bentonita no Brasil Na Tabela 2 esto listadas as reservas brasileiras de bentonita e argilas descorantes, onde as reservas medidas e indicadas somam 55,3 e 34,2 milhes de toneladas, respectivamente. De acordo com o Sumrio Mineral 2008, as reservas oficiais medida e indicada brasileiras alcanaram, respectivamente, 41,4 e 27,5 milhes de toneladas em 2007, havendo uma reduo de 25 % e 19% das reservas medidas e indicadas, respectivamente, em relao aos valores consolidados de 2005 pelo Anurio Mineral Brasileiro, 2006. 2004 226.874 2.250.000 4.060.000 1.030.556 410.000 500.000 643.153 6.224.067 2005 221.300 2.300.000 4.710.000 1.124.795 590.000 500.000 582.735 4.132.791 2006 t 265.032 3.200.000 4.940.000 1.100.000 610.000 456.000 400.000 3.674.786 238.746 3.200.000 5.070.000 1.100.000 630.000 460.000 400.000 4.510.353 265.032 3.300.000 4.870.000 1.525.000 710.000 460.000 683.253 3.651.747 2007 2008

13.300.000 14.400.000 14.800.000 15.700.000 15.600.000

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COELHO,J.M.,CABRALJUNIOR,M. Tabela 2 - Reservas Brasileiras de Bentonita e Argilas Descorantes -2005 Reservas Unidades da Federao/Municpio Medida (t) Indicada (t) Inferida (t) Lavrvel (t)

Bentonita e Argilas Descorantes 55.331.753 t 34.227.654 t 18.698.348 t 44.752.334 t Bahia Paraba Piau Paran So Paulo 3.704.192 t 357.348 t 3.704.192 t 5.283.841 t 10.000.000 t 10.350.046 t 4.443.876 t 11.636.190 t 3.670.036 t 16.000.000 t 687.942 t

1.800.000 t 15.306.226 t

13.641.325 t 25.425.800 t 16.541.000 t 10.458.075 t

Fonte: Anurio Mineral Brasileiro, 2006 As principais jazidas de bentonita em operao no Brasil esto localizadas no municpio de Boa Vista, estado da Paraba. Existem outros depsitos importantes, destacando-se o municpio de Vitria da Conquista na Bahia, onde est instalada a Companhia Brasileira de Bentonita CBB , pertencente a Sd Chemie, multinacional alem da indstria de aditivos qumicos. A CBB possui uma capacidade instalada para produo de 100.000 t /ano. Os estados produtores de bentonita so: Paraba, So Paulo e Bahia. De acordo com o SUMRIO MINERAL (2009), a produo estimada de bentonita bruta no Brasil atingiu 340.141 toneladas, representando um aumento de 30,8% em relao de 2007. O estado da Paraba produziu 77,3% da bentonita bruta brasileira, So Paulo respondeu por 11,7%, Bahia com 11%. A maior produtora de bentonita bruta a Bentonit Unio Nordeste com 48,1 % em 2008. O destino da bentonita bruta se distribuiu entre os estados da Paraba (96,5%), Rio de Janeiro (3,1%), Paran (0,2%), So Paulo (0,1%). A bentonita bruta lavrada na Paraba comercializada em grandes quantidades no prprio Estado e destinada s empresas para a sua ativao e posterior venda aos demais mercados nacionais. O municpio de Boa Vista foi o responsvel por 88% das vendas de bentonita bruta, em 2007. Para Campina Grande foram destinado 8,9% e para Pocinhos 3,1%. A produo interna de bentonita beneficiada em 2008 (moda seca e ativada) alcanou 265.032 toneladas, representado um crescimento de 9,8% em relao a 2007, que foi de 238.746 toneladas. A distribuio geogrfica da produo de bentonita moda seca deu-se da seguinte forma: So Paulo com 99,8% e Paran com 0,2%. A produo de bentonita ativada distribuiu-se entre o estado da Paraba com 86% e Bahia com 14%. O destino de bentonita beneficiada (moda seca) se distribuiu nos seguintes Estados: So Paulo (52,2%), Minas Gerais (28,6%), Paran (8%), Santa Catarina (0,1%).

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IISIMPSIODEMINERAISINDUSTRIAISDONORDESTE A Bentonit Unio Nordeste situada em Boa Vista/PB, produz exclusivamente bentonita do tipo ativada e contribuiu com 98,7% deste produto produzido no Brasil, seguida da empresa Bentonita do Paran Minerao Ltda., localizada em Quatro Barras/PR, com 1,3%. (Sumrio Mineral, 2008) O destino da bentonita ativada foi apurado entre os seguintes Estados: Esprito Santo (38,4%), Minas Gerais (25,5%), So Paulo (14,8%), Rio Grande do Sul (12,1%), Santa Catarina (9,1%). O parque produtivo nacional composto por 14 empresas sendo que 83% se encontram no estado da Paraba, vide Quadro 1. Quadro 1- Principais produtores/fornecedores nacionais Aligra Indstria e Comrcio de Argila Ltda Argos Extrao e Beneficiamento de Minerais Ltda BENTONISA Bentonita do Nordeste S.A. Bentonit Unio Nordeste S.A. Bentonita do Paran Minerao Ltda Colorminas-Colorfico e Minerao S.A. Companhia Brasileira de Bentonita CBB DOLOMIL Dolomita Minerios LTDA. DRESCON S.A. EBM - Empresa Beneficiadora de Minrios Ltda Laporte do Brasil MIBRA Minrios Ltda. MPL Minerao Pedra Lavrada Ltda. NERCON Quartzolit Weber Schumacher Insumos para a Indstria Fonte: Silva, A., & Ferreira, H. 2008 Segundo o Sumrio Mineral - 2009, os dados preliminares relativos ao consumo estimado de bentonita bruta indicaram a seguinte distribuio em 2008: extrao de petrleo, gs e outros minerais (89,9%), construo civil (5,2%), refratrios (3,2%), pelotizao (1,5%). As finalidades industriais para a bentonita moda seca se distriburam entre: graxas e lubrificantes (88%), leos comestveis (10,2%), fundio (1,8%). Os usos industriais da bentonita ativada se distriburam entre: pelotizao (47,4%), fundio (28,8%), rao animal (13%), extrao de petrleo, gs e outros minerais (9%), outros produtos qumicos (1,6%). 2.3 Comrcio e Preos de Bentonita O Brasil auto-suficiente em termos de reservas de bentonita. Porm, ao se analisar os dados da balana comercial de bens primrios de bentonita, apresentados na Tabela 3, constata-se que as trocas comerciais brasileiras apresentam um dficit constante. 13

COELHO,J.M.,CABRALJUNIOR,M. Tabela 03 - Evoluo do Saldo da Balana Comercial bens primrios de bentonita 2001 a 2008 (US $ Milhes) Substncia Bentonita 2001 -9,3 2002 -9,5 2003 -9,8 2004 -11,2 2005 -13,5 2006 -13,6 2007 -17,9 2008 -17,4

Fonte: Sumrio Mineral, 2000 a 2009, modificado. A bentonita sdica muito utilizada em funo das suas excelentes propriedades coloidais, apresentando grandes aplicaes na lama de perfuraes da indstria de petrleo e gs, para investigaes geotcnicas e ambientais. O Brasil no possui reservas de bentonita sdica, e a produo, por conseguinte, somente pode ser obtida pela ativao da bentonita clcica. (BRAZ, 2002, apud BALTAR & LUZ, 2003). Os preos da bentonita variam em funo da qualidade do produto bruto, da pureza, da funo ou aplicao, e do tipo do beneficiamento a que foi submetido o minrio. Os preos de exportao e importao de bens primrios de bentonita esto listados na Tabela 4. Substncia Preos/anos Preo de Bentonita exportao Preo de importao 2001 2002 2003 241 96 361 82 252 91 2004 388 88 2005 369 75 2006 442 86 2007 479 80

Tabela 4 - Preos de exportao e bens primrios de bentonita 2001 2007 (U$/t) Fonte: Sumrio Mineral, 2000 a 2009, modificado Segundo os dados do Sumrio Mineral - 2009, as importaes de bens primrios perfizeram um montante de 215.768 t, no valor de US$ FOB 22.693 milhes, em 2008. As exportaes totais de bentonita em 2008 foram de 9.740 t, atingindo o montante de US$-FOB 5.221 milhes. Com relao s quantidades importadas e exportadas de bens primrios, fica evidente a diferena da quantidade importada em relao exportada, conforme Figura 1. Observa-se uma curva positiva crescente desde 2002 at 2007. A diferena no ano de 2007, com relao quantidade importada, chega a 23 vezes o valor da quantidade exportada.

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IISIMPSIODEMINERAISINDUSTRIAISDONORDESTE

Figura 1: Comrcio de bens primrios de bentonita (t) - 2002-2007 Fonte: MDIC/ALICEWEB, 2008, modificado. Os preos de exportao e importao se mantiveram praticamente estveis nos ltimos sete anos (Figura 2). O Brasil exporta bentonita com um alto valor, pois o seu custo de produo elevado em relao aos principais produtores. E importa um minrio de alta qualidade, com bom nvel de beneficiamento a um preo baixo.

Figura 2: Preos de bentonita (t) - 2002-2007 Fonte: MDIC/ALICEWEB, 2008, modificado. Os preos mdios relativamente elevados das exportaes brasileiras esto relacionados a produtos beneficiados (ativao qumica), evidenciando a qualificao competitiva de parte desse segmento industrial. Os principais pases exportadores para os bens primrios de bentonita foram: Argentina (49%), ndia (26%) e Grcia (24%); os principais pases importadores de bens primrios foram: frica do Sul (39,5%), Argentina (18,9%), Chile (6,4%), Venezuela (4,6%) (Sumrio Mineral - 2009). Na Tabela 5 esto listados os preos mdios nacionais informados pelas empresas, constantes do Sumrio Mineral, do perodo de 2004 a 2008.

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COELHO,J.M.,CABRALJUNIOR,M. Tabela 5 - Preos nacionais de bentonita Discriminao 2004 R$/ t Moda Seca Ativada R$/ t R$/ t Fonte: Sumrio Mineral, 2010 Na Tabela 6 esto listados os preos mdios internacionais informados pela revista Industrial Minerals. Tabela 6 - Preos Internacionais de bentonita Local Portos Europeus ndia FOB Kandla ndia Wyoming/EUA Wyoming/EUA Wyoming/EUA Fonte: Industrial Minerals, 2010. Tipo de bentonita Grau Cat litter 1-5mm Grau Cat litter OCMA/API grade Grau API Bruta Fundio 50-70 $36-38 $43-53 $70-100 $44-100 $70-90 Preo 9,68 209,58 288,42 2005 14,09 240,71 348,77 2006 15,65 237,43 369,85 2007 14,5 235,0 232,00 2008 25,28 266,57 382,70

In naturaPreos Mdios(1)

Obs.(1) Preo mdio nominal informado pelas empresas

3. BENTONITA PERSPECTIVASNo mercado mundial atual, o segmento de pet litter corresponde ao maior consumidor final de argilas bentonitas, alcanando 4,5 Mt em 2007. No entanto, o ramo de fundio dever ultrapasslo j em 2012, devido ao aumento da demanda de bentonita na pelotizao de minrio de ferro. Este fato deve-se, principalmente, grande expanso do consumo chins. A tendncia que em 2012 ocorra um adicional de 45,3 Mt no montante do consumo anual, resultante do aumento da capacidade de pelotizao de minrio de ferro j programada para o futuro recente. A procura de bentonita para lamas de perfurao tende a ampliar cerca de 2% por ano at 2012. O consumo est intimamente associado atividade de perfurao, que, por sua vez, est ligada ao mercado do petrleo/gs, sendo que os preos dessas commodities vm se elevando paulatinamente. Fora estas utilizaes principais, elevadas taxas de crescimento so esperados em outros mercados especializados. A indstria de leos comestveis, e em particular as do leo de palma, 16

IISIMPSIODEMINERAISINDUSTRIAISDONORDESTE apresentou um aumento mdio de 8,2% ao ano no perodo 1997 a 2006, atingindo a produo recorde de 37,3 Mt em 2006. Grande quantidade de leos comestveis vendida em bruto, especialmente na sia, havendo um potencial significativo para a expanso da utilizao desse insumo no processo de clareamento na regio. (ROSKILL, 2010) Atualmente, a capacidade brasileira de produo de pelotas de cerca de 56,0 Mt/ano. Com os projetos previstos esta capacidade atingir 70 Mt/ano em 2013. Esta elevao implicar na ampliao da demanda de bentonita que dever ser atendida em grande parte pela importao, devido, principalmente, s caractersticas das reservas nacionais que, em geral, apresentam baixa qualidade para essa finalidade. Em decorrncia do amplo campo de aplicao, a demanda de argilas bentonticas tende a se ampliar nos pases em desenvolvimento, principalmente nos BRICs. O Brasil precisa incrementar os investimentos em pesquisa mineral e tecnolgica a fim de buscar a ampliao de reservas e a melhoria da qualidade dos produtos a base de bentonita, para evitar que o seu mercado seja dominado por importaes oriundas da Argentina, dos Estados Unidos e ndia. Nos ltimos cinco anos, vm ocorrendo um aumento no consumo de bentonita no Brasil, relacionado ao crescimento do pas (aumento do PIB e da produo de produtos para exportao). O consumo aparente de bentonita beneficiada mantm-se no intervalo entre 200 e 250 mil toneladas por ano. A Tabela 6 indica a projeo do consumo de bentonita de 2010 a 2030, a partir de estudos que considerou trs cenrios para o crescimento da economia brasileira: Cenrio 1- Frgil (2,3% a.a); Cenrio 2- Vigoroso (4,6% a.a); e Cenrio 3-Inovador (6,9% a.a.). Tabela 6 - Projeo do consumo de bentonita (t). Anos Cenrio 1Frgil 2010 2015 2020 2030 Fonte: Autores. Esta presso de demanda certamente dever fomentar a minerao nacional. No entanto, alguns dos fatores que podero inibir o aumento da produo nacional esto relacionados concorrncia das importaes de bentonitas da Argentina e ndia, que apresentam melhor qualidade e menores preos, respectivamente; a carncia de investimentos em pesquisa mineral no pas; e a utilizao dos minerais ou materiais substitutos da bentonita. 298.903 323.137 339.030 365.347 Cenrio 2Vigoroso 301.163 332.404 359.987 429.086 303.040 340.245 379.807 499.334 Cenrio 3-Inovador

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COELHO,J.M.,CABRALJUNIOR,M. A Figura 4 apresenta a projeo de consumo de bentonita de 2010 a 2030 nos trs cenrios: Frgil, Moderado e Inovador.

Figura 4: Projees da demanda 2010/2030 nos trs cenrios: Frgil, Moderado e Inovador Fonte: Autores Observa-se que a tendncia de elevao do consumo se mantm de maneira constante, praticamente, independente do PIB. Isto reflete a expectativa de expanso dos dois grandes setores consumidores, indstria petrolfera e siderrgica, que apresentam perspectivas de crescimento, para os prximos 20 anos, de maneira continua e consistente face, principalmente, ao pr-sal e a expanso da indstria siderrgica no pas. A Tabela 7 apresenta uma projeo da produo brasileira - 2010 a 2030. Tabela 7 - Projeo da produo brasileira - 2010 a 2030 Ano 2010 2015 2020 2025 2030 Fonte: Autores Toneladas 246.952 272.655 301.033 332.364 366.957

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4. CONCLUSOEm 2008, a produo mundial de bentonita foi da ordem de 15.600.000 t, sendo os Estados Unidos o maior produtor com 4.870.000 t, representando cerca de 31% do total da produo mundial, seguido por China (21%) e Grcia, 10%. A produo chinesa cresceu mais de 47% no perodo de 2004 a 2008. As empresas norte americanas so as maiores produtoras, representando cerca de um tero do total da produo mundial, em 2007. Na Europa e Estados Unidos produo de bentonita dominada por um pequeno nmero de grupos empresariais, muitos dos quais esto integrados em atividades a jusante. A AMCOL International Corporation, dos Estados Unidos, o maior produtor mundial de bentonita, com uma capacidade de mais de 2 Mt por ano. Na Europa, a S & B Industrial Minerals da Grcia e Sud-Chemie da Alemanha so os principais produtores, cada um com uma capacidade de mais de 1 Mt por ano. A AMCOL e Sud-Chemie esto alargando a sua base global. A Sud-Chemie possui base de produo no Brasil e no restante dos BRICs. Os principais mercados consumidores para bentonita so: Amrica do Norte (7,5 Mt), sia (5,6 Mt) e Europa (5 Mt), embora haja variaes significativas no padro de consumo dentro de cada uma destas regies. Atualmente, as maiores taxas de crescimento no consumo so encontradas na sia, principalmente na China e na Amrica do Sul, onde a demanda marcada pela expanso da produo na indstria siderrgica, provando, conseqentemente, o crescimento da pelotizao de minrio de ferro e dos mercados de fundio. Estas variaes dependem, em parte, dos tipos de minrio de ferro processado (variedades que se utilizam de maior ou menor pelotizao) e tambm do grau de industrializao. Nas economias emergentes as aplicaes nas indstrias siderrgica e metalrgica so um dos principais motores da demanda, enquanto que nas economias maduras as aplicaes residenciais, tais como pet litter, predominam. No mundo, atualmente, o segmento de pet litter o maior consumidor final de argilas bentonitas, que aliado ao consumo de sepiolita, atingiu 4,5 Mt, em 2007. O mercado est fortemente concentrado na Europa (1,7 Mt) e Amrica do Norte (2,5 Mt). Sendo este um mercado maduro, pouco provvel que cresa em mais de 1% por ano at 2012, quando a previso chegar 4,7 Mt. O mercado siderrgico dever ultrapassarar o de pet litter j em 2012, devido ao aumento da demanda de bentonita na pelotizao de minrio de ferro, impulsionado, principalmente, pelo acentuado crescimento do consumo chins. A tendncia que ocorra um adicional de 45,3 Mt no consumo anual em 2012. Alm da China, devero responder pela maior parte da elevao do consumo a Austrlia, Brasil, China, ndia, Rssia e Sucia. Atualmente, a capacidade brasileira de produo de pelotas de cerca de 56,0 Mt/ano. Com os projetos previstos esta capacidade atingir 70 Mt/ano em 2013, implicando no aumento da demanda de bentonita que dever ser atendida em grande parte pela importao devido, principalmente, a baixa qualidade da bentonita nacional. A procura de bentonita para lamas de perfurao tende a aumentar cerca de 2% por ano at 2012, alcanando 2 Mt. Seu consumo est intimamente associado ao dinamismo da indstria do petrleo/gs, sendo que a tendncia do aumento dos custos em explorao ir incentivar uma 19

COELHO,J.M.,CABRALJUNIOR,M. maior utilizao de bentonita e outros minerais em fludos de perfurao. Todavia, devido concorrncia de fluidos de perfurao alternativos, h uma expectativa de reduo na demanda de bentonita para lamas de perfurao no longo prazo, o que deve implicar em um crescimento modesto, no superior a 2% ao ano. O consumo e a produo de bentonita para lama de perfuro esto centralizados nos Estados Unidos, onde atingiu cerca de 1 Mt em 2007. Fora estas utilizaes principais, elevadas taxas de crescimento so esperados em outros mercados especializados. A indstria de leos comestveis, e em particular as do leo de palma, apresentou um aumento mdio de 8,2% ao ano, no perodo 1997 a 2006, atingindo a produo recorde de 37,3 Mt em 2006. Uma grande quantidade de leos comestveis vendida em bruto, especialmente na sia, e existe um potencial significativo para o aumento da utilizao no branqueamento nesta regio. O setor de minerao de minerais industriais enfrenta diversos desafios para manuteno e aprimoramento competitivo de seu parque industrial. A elevada carga tributria um dos mais importantes fatores do "custo Brasil" que afeta a competitividade dos minerais industriais, como o caso da bentonita brasileira. H um consenso sobre a necessidade na reduo do valor dos impostos e diminuio do nmero deles atravs da reforma tributria. No h concordncia, porm, sobre quais impostos devero ser eliminados/reduzidos e quem vai pagar menos ou mais impostos. Com relao reforma tributria deve-se tomar o cuidado de no reduzir a receita, pois, no Brasil, a forma de distribuio de renda por meio de gastos pblicos e transferncias. A reduo do Imposto de Renda das empresas acima veio acompanhada de mudanas visando no reduzir a receita. Uma proposta tributria adequada atividade de minerao deve considerar o porte dos investimentos com retorno de longo prazo e as dificuldades com as quais tal atividade convive, sob todos os aspectos (rigidez locacional, riscos das pesquisas geolgicas e longo prazo de maturao dos investimentos), de modo que a tributao no seja fator impeditivo para competitividade internacional, seja pelo excesso de carga tributria, sejam pelo excesso de subsdios, e leve tambm em conta os benefcios gerados pela atividade mineral no contexto global da economia. Com relao ao marco legal da minerao, atualmente em processo de reviso, deve-se considerar que a minerao de bentonita no deve sofrer aumento da alquota, em face de sua competitividade frente aos produtores internacionais. Levando em considerao a geodiversidade e potencial geolgico do territrio brasileiro, uma ao fundamental o incentivo a campanhas prospectivas visando identificao de novos depsitos com condicionantes geolgicos que permitam lavra a custos inferiores aos atuais, bem como de novas reservas de melhor qualidade. A elevao do consumo de bentonita e as poucas reservas conhecidas mais qualificadas no conseguem alimentar o mercado domstico, forando assim a um aumento de produtos importados, principalmente da Argentina. Alm disto, o avano da exausto das principais minas na Paraba evidencia a necessidade de investimentos em pesquisa mineral para descoberta de

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IISIMPSIODEMINERAISINDUSTRIAISDONORDESTE novas jazidas, no sentido de, se no totalmente conseguir suprir o mercado interno, amenizar a tendncia de escalada das importaes. Considerando a expectativa de continuidade da importao de bentonita, uma ao sugestiva a realizao de estudos para avaliar a ampliao do intercmbio comercial com pases da Amrica Latina, caso, por exemplo, da Argentina, aproveitando-se os diferenciais competitivos relativos dotao mineral e a complementaridade das cadeias produtivas relacionadas a bentonita.

5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBraz, E. Anlise da adequao do mercado produtor de barita e de bentonita para perfurao de poos de petrleo. In: XIX Encontro Nacional de Tratamento de Minrios e Metalurgia Extrativa, Anais. Volume 2. Baltar, C.A.M.; Oliveira, J.C.S.; Barbosa, J.P. (Editores). Recife, p. 10-17, 2002. British Geological Survey. World Mineral Production 2004-2008. Disponvel em: http://www.bgs.ac.uk/downloads/search.cfm?SECTION_ID=0&MIME_TYPE=0&SEARCH_TXT= mineral+production&dlBtn=go. Acessado em 01/09/2010. Departamento Nacional da Produo Mineral (DNPM). Anurio Mineral Brasileiro 2006 In: http://www.dnpm.gov.br/assets/galeriaDocumento/AMB2006/substancia%20f-m.pdf. Acessado em 14/09/2010. .Sumrio Mineral Brasileiro 2010. In: www.dnpm.gov.br , acessado em 21/09/2010. Industrial Minerals 2010. . In : www.industrialminerals.com. Acessado em 08/09/2010. LUZ, A.B. & OLIVEIRA, C.H. 2008. Bentonita. In: LUZ, A.B.; LINS, F.F. 2008. Rochas & Minerais Industriais: Usos e Especificaes. 2. ed. Rio de Janeiro: Centro de Tecnologia Mineral CETEM, 2008, p.239-254. MDIC/ALICEWEB, 2001 a 2008. Disponvel em http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/ &titulo_p=Exporta%E7%E3o%20Brasileira consultanova/consulta.asp?tip=ExpNCM &ttulos=1996%20a%202009. Roskill, 2010. Disponvel em: http://www.roskill.com/reports/bentonite. Acessado em 20/09/2010 Silva, A. & Ferreira, H. 2008 Sep. 6. 3. Argilas bentonticas: conceitos, estruturas, propriedades, usos industriais, reservas, produo e produtores/fornecedores nacionais e internacionais. Revista Eletrnica 19/04/2009. de Materiais e Processos [Online] 3:2. Disponvel Acessado em: em http://www.dema.ufcg.edu.br/revista/index.php/REMAP/article/view/77/91.

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CARACTERIZAOMINERALGICAEESTUDOSDE BENEFICIAMENTODABENTONITADEPEDRALAVRADAPBLuizCarlosBertolino1;AdoBenvindodaLuz1;DayseMirellaOliveiraTimteo1,2;DiegoAraujoTonnesen1,3 &ElaynneRohemPeanha1

RESUMONo estado da Paraba ocorre um dos maiores depsitos de bentonita do Brasil, especialmente na regio de Boa Vista. Recentemente foram descobertos novos depsitos na regio de Cubat e Pedra Lavrada-PB, criando uma grande expectativa de ampliao da produo mineral na regio. A bentonita uma argila plstica originada frequentemente da alterao qumica de cinzas vulcnicas depositadas sobre lagos ou rios de baixa turbulncia. Dentre os principais usos industriais da bentonita podemos citar: como viscosificante mineral nos fluidos de perfurao de poos de petrleo, aglomerantes de areia de moldagem usadas em fundio, pelotizao de minrio de ferro, absorvente sanitrio para animais de estimao, descoramento de leos, entre outros. O objetivo deste trabalho a caracterizao do depsito de argila bentontica do municpio de Pedra Lavrada - PB e o beneficiamento visando o seu uso como componente mineral nos fluidos de perfurao. Foram realizadas anlises mineralgicas utilizando as tcnicas de difratometria de raios X, microscopia eletrnica de varredura, lupa binocular e classificao granulomtrica. A etapa de beneficiamento consistiu na ativao da argila com barrilha (Na CO ) e2 3

na anlise da influncia do tempo de cura e do percentual de carbonato adicionado, sobre a viscosidade das suspenses. Os resultados obtidos at o momento atendem apenas parcialmente aos requisitos de viscosidade da norma N-2605 Petrobras. Palavras-chave: beneficiamento. ABSTRACT In the state of Paraba there are the main deposits of bentonite of Brazil, especially in Boa Vista. Recently, new occurrences were discovered in the region of Cubat and Pedra Lavrada, creating great expectations for the expansion of mineral production in the region. Bentonite is a plastic clay often originated from the chemical alteration of volcanic ash deposited on lakes or rivers with low turbulence. Among the main industrial uses of bentonite it can be cited as oil wells drilling fluids, binders for molding sand used in casting, pelletizing iron ore, pet litter, oil bleaching, among others. The aim of this study is to characterize the deposit of bentonite clay from Pedra Lavrada Paraba state and processing it, aiming its use as a mineral component in drilling fluids. MineralogicalCETEMCentrodeTecnologiaMineral,MinistriodeCinciaeTecnologia Av.PedroCalmon,900CidadeUniversitria,CEP:21941908,RiodeJaneiro/RJBrasil. Email:[email protected] 2 UFRJUniversidadeFederaldoRiodeJaneiro,DepartamentodeGeologia.Av.AthosdaSilveiraRamos,274.CEP:21.949 900,RiodeJaneiro,RJBrasil 3 UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro, CT, Escola Politcnica, Departamento de Engenharia Metalrgica e de Materiais.Av.AthosdaSilveiraRamos,149.CEP:21941972,RiodeJaneiro,RJBrasil.1

Bentonita,

caracterizao

mineralgica,

caracterizao

tecnolgica,

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BERTOLINO,L.C.;LUZ,A.B.;TIMTEO,D.M.O.;TONNESEN,D.A.&PEANHA,E.R. analyses were performed using the techniques of X-ray diffraction, scanning electron microscope, binocular microscope and particle size analysis. The processing step consisted in the activation of the clay with sodium carbonate (Na CO ) and analysis of the influence of curing time and the2 3

percentage of sodium carbonate addition, on the viscosity of clay suspension. The results obtained so far meet just partially the requirements of the standard viscosity Petrobras Key-words: Bentonite, clay, mineralogicall characterization, clay beneficiation, clay activation 1. INTRODUO Argilominerais so essencialmente silicatos hidratados de alumnio geralmente cristalinos, podendo conter ferro e magnsio. A bentonita o nome genrico dado ao material composto principalmente pelo argilomineral montmorillonita ((Na,Ca) (Al,Mg) Si O (OH) .nH O), contendo0,3 2 4 10 2 2

ainda illita (K, H O)(Al,Mg,Fe) (Si,Al) O [(OH) ,H O), caulinita e quartzo. A bentonita geralmente possui3 2 4 10 2 2

a estrutura interestratificada entre membros do grupo das esmectititas e outros filossilicatos. A estrutura dos filossilicatos composta por unidades estruturais: uma folha de tetraedro de slica, ligados pelos oxignios localizados nos vrtices da base, e uma folha de octaedros de alumina ligados pelas faces laterais (PORTO e ARANHA, 2010). As reservas brasileiras de bentonita correspondem aproximadamente a 83 milhes de toneladas, onde os principais depsitos ocorrem nos estados da Paraba, So Paulo, Bahia e Piau. O Estado da Paraba um dos maiores produtores, onde atuam nessa rea cerca de nove empresas, que esto concentradas no municpio de Boa Vista. Entretanto, recentemente foram descobertos novos depsitos na regio de Cubat e Pedra Lavrada (Figura 1), criando uma grande expectativa de ampliao da produo mineral na regio. 2. MATERIAIS E MTODOS Foram coletadas duas amostras de bentonita (Clara e Cinza) em uma cava aberta para desenvolvimento da pesquisa geolgica no municpio de Pedra Lavrada (Figura 2). No CETEM, as amostras de bentonita foram secas ao ar por um perodo de aproximadamente 8 horas e cominuidas. Aps a cominuio, o material seguiu para a etapa de homogeneizao e quarteamento. A homogeneizao foi realizada atravs da confeco de pilha cnica e pilha prismtica. Dessa foram retiradas alquotas para as diferentes etapas de caracterizao mineralgica e beneficiamento.

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Figura 1. Localizao da rea de estudo. Fonte: Google Earth, coordenadas: 24 M, UTM: 779878.52 L/9251206.61S, altitude do ponto de viso: 6,03 km.

Figura 2. Afloramento de bentonita onde foram coletadas as amostras, municpio de Pedra Lavrada, PB. 2.1. Caracterizao Mineralgica A identificao dos constituintes minerais das amostras foi realizada por difratometria de raios X (DRX), lupa binocular e microscpio eletrnico de varredura (MEV). 25

BERTOLINO,L.C.;LUZ,A.B.;TIMTEO,D.M.O.;TONNESEN,D.A.&PEANHA,E.R. Os difratogramas de raios x foram obtidos em um equipamento BRUKER-D4 ENDEAVOR, nas seguintes condies de operao: radiao co k (40 kv/40 ma); velocidade do gonimetro de 0,02 2 por passo com tempo de contagem de 0,5 segundos por passo e coletados de 4 A 80 2, com detector sensvel posio lynxeye. As interpretaes qualitativas de espectro foram efetuadas por comparao com padres contidos no banco de dados PDF02 (ICDD, 2006) em software bruker diffracplus. esse foi o principal mtodo utilizado na caracterizao mineralgica das amostras de bentonita. As anlises no microscpio eletrnico de varredura (MEV) foram realizadas em um equipamento modelo Quanta 400 da Bruker. As amostras foram metalizadas com prata e analisadas nos mdulos eltrons secundrios, eltrons retroespalhados e EDS. 2.2. Ativao da Bentonita com Na CO2 3

As amostras foram ativadas com carbonato de sdio (Na CO ) com 1, 2, 3, 4 e 5% da massa total2 3

da alquota. Essas amostras foram disponibilizadas em bandeja, vedadas para evitar a perda de umidade, posteriormente foram realizadas trs coletas com intervalos de 24 horas (48, 72 e 96). Em seguida, as amostras foram desagregadas no moinho analtico, por 40 segundos, at obter a massa de 24,3 g, de acordo com as normas da Petrobras, granulometria inferior a 0,074 mm. 2.3. Preparao da Suspenso Aps o procedimento da ativao das amostras, o material foi transferido para o agitador Hamilton Beach, para a preparao da suspenso, juntamente com 500 ml de gua destilada, e com velocidade mxima de 17000 rpm e durao de 20 minutos, depois desse procedimento o material foi transferido para um becker fechado, ficando em repouso por 24 horas. No dia seguinte, foi levado ao agitador Hamilton Beach, por 5 minutos, em velocidade de 17000 rpm, logo em seguida foi aferido o pH, com pHmetro Digimed DM-20, o mtodo seguiu as normas da Petrobras. 2.4. Ensaio de Viscosidade Os ensaios de viscosidade foram realizados utilizando-se o viscosmetro FANN modelo 35A, de acordo com os seguintes procedimentos: a suspenso preparada 24 horas antes, aps esse procedimento, as amostras foram novamente agitadas durante 5 minutos, com uma velocidade de 17000 rpm e posteriormente transferidas para o copo do viscosmetro, onde foi realizada a leitura em 600 rpm durante 2 minutos e em seguida 300 rpm durante 15 segundos; o mtodo seguiu a norma Petrobras N-2605 (1998). 2.5. Fluorescncia de Raios X Os teores de Al O , CaO, Fe O , MgO, MnO, K O, Na O, P O , SiO eTiO das amostras foram2 3 2 3 2 2 2 5 2 2

determinados pela anlise de fluorescncia de raios X. Essas determinaes foram obtidas por uma varredura semiquantitativa utilizando um espectrmetro modelo S4-Explorer da BRUKERAXS, equipado com um tubo de rdio.

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3 RESULTADOS e DISCUSSES3.1. Caracterizao Mineralgica Inicialmente, as amostras foram analisadas em lupa binocular com objetivo de avaliar os constituintes mineralgicos e a liberao do mineral de interesse. Seguem abaixo as fotografias (Figura 3) da amostra Clara.

Figura 3. Fotografias da amostra de bentonita Clara. Lupa binocular. Os difratogramas de raios X indicam que as amostras brutas so constitudas essencialmente por montmorillonita, caulinita e quartzo, secundariamente ocorrem picos caractersticos de illita e muscovita (Figura 4). As duas amostras (Cinza e Clara) apresentam composio mineralgica semelhante, embora a bentonita Clara apresente picos de montmorillonita mais intensos.

Bentonita Pedra Lavrada

22000 20000 18000 16000 14000

Intensidade

Bentonita Cinza12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80

Bentonita Clara

2

Figura 4. Difratogramas de raios X das amostras. Radiao Co K (40 kV/40 mA). 27

BERTOLINO,L.C.;LUZ,A.B.;TIMTEO,D.M.O.;TONNESEN,D.A.&PEANHA,E.R. As amostras foram analisadas no microscpio eletrnico de varredura (MEV), conforme observase na Figura 5, as amostras so constitudas por aglomerados de argilominerais e quartzo. O quartzo est distribudo na forma de pequenos gros e dispersos na amostra. Na Figura 6 apresentada a imagem de um gro de quartzo e o EDS do mineral.

Figura 5. Imagens de aglomerados de argilominerais, eltrons retroespalhados.

Figura 6. Imagem de gro de quartzo, eltrons retroespalhados. EDS do gro de quartzo. 3.2. Caracterizao Tecnolgica Fluorescncia de raios X Na Tabela 1 so apresentados os resultados das anlises por fluorescncia de raios X da frao granulomtrica < 20 m (635#) e da frao argila. As duas amostras apresentam composio qumica semelhante, a concentrao de Al O varia de 27,1 a 25,5%, de SiO varia 52,0 a 54,4%, nas2 3 2

amostras Cinza e Clara respectivamente.

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IISIMPSIODEMINERAISINDUSTRIAISDONORDESTE Tabela 1. Composio qumica das amostras por fluorescncia de raios X (% em peso). Amostras Bentonita