Anais x semana de pós graduação em sociologia

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Anais da X Semana de Pós-Graduação em Sociologia Araraquara - SP 28 de novembro a 01 de dezembro de 2011

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Anais da X Semana de Pós-Graduação em Sociologia. Evento organizado pelos alunos do programa, realizado nos dias 28 de novembro a 01 de dezembro

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  • 1. Anais da X Semana de Ps-Graduao em SociologiaAraraquara - SP28 de novembro a 01 de dezembro de 2011

2. APOIO:PROPG Pr Reitoria de Ps-Graduao da UNESPUNESP Faculdade de Cincias e Letras de Araraquara DireoFUNDUNESP Fundao para o Desenvolvimento da UNESPBANCO DO BRASILUNESP Faculdade de Cincias e Letras de Araraquara Departamento de Antropologia, Polti-ca e FilosofiaPPGS Programa de Ps-Graduao em Sociologia da UNESP AraraquaraSAEPE Seo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extenso X Semana de Ps-Graduao em Sociologia (10. : 2011 : Araraquara, SP) O campo de atuao do Cientista Sociail nos dias de hoje: Anais / X Semana de Ps-graduaoem Sociologia, Araraquara, 28 nov. - 01 dez. 2011 (Brasil). Documento eletrnico. - Araraquara :FCL - UNESP, 2011. Modo de acesso: http://master.fclar.unesp.brISSN 1982-2286 1. Sociologia Congressos. I. X Semana de Ps-Graduao em Sociologia (10. : 2011 : Araraqua-ra, SP). II. O campo de atuao do Cientista Social nos dias de hoje.Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca da FCLAr UNESP. 3. Comisses: FinanceiraInfraestrutura e logstica:Jos Antonio da Silva Jnior (Coordenador) Beatriz Isola Coutinho (Coordenadora)Ariella Silva Arajo (Coordenadora Ge-ral/Infraestrutura e Logstica)Comisso Cientfica:Ana Carolina Alves CamaraBruno Sousa da Silva Rosemeire Salata (Coordenadora)Dabana NamoneJoyce Anselmo (Coordenadora)Daniel Soares Julio Lopes CassamAna Lcia Castro - FCL/ArGeralda Cristina de Freitas Ramalheiro Anita Simis - FCL/ArGssica Trevizan PeraAugusto Caccia Bava - FCL/ArLas Novais Farias Carla Giani Martelli FCL/ArLeandro Silva de OliveiraCarlos Henrique Gileno FCL/ArMaria Galleno de OliveiraDagoberto Jos Fonseca FCL/ArMaria Marta Souza dos Santos Edgar Teodoro da Cunha - FCL/ArMaurcio Bernardino GonalvesEdmundo Antonio Peggion - FCL/ArMaxwell MartinsEliana Maria de Melo Souza- FCL/ArRicardo Consolo dos Santos Leila de Menezes Stein - FCL/ArRodrigo da Silva Maria Aparecida Chaves Jardim - FCL/ArTamires Oliveira da SilvaMaria Teresa Micelli Kerbauy FCL/Ar Milton Lahuerta FCL/Ar - FCL/Ar Paulo Jos Brando Santilli - FCL/ArArte e Cultura Rafael Alves Orsi FCL/Ar Renata Medeiros Paoliello - FCL/ArIsabela Martins de Morais e SilvaSebastio de Souza Lemes - FCL/Ar Wagner de Melo Romo - FCL/ArDivulgao e Marketing: Projeto GrficoEulalia Fabino Alessandro dos Santos 4. SumrioAPRESENTAO ....................................................................................................................................... 1 Trabalhos Selecionados .............................................................................................................................. 2 29 de novembro ...................................................................................................................................... 2 30 de novembro ...................................................................................................................................... 5 01 de dezembro ...................................................................................................................................... 8TRABALHOS COMPLETOS .................................................................................................................. 11 Grupo Temtico 1 - Cultura e Pensamento Social ................................................................................... 11 Grupo Temtico 2 - Estado, Instituies e Polticas Pblicas ............................................................ 263 Grupo Temtico 3 - Gnero, Etnia e Sade ...................................................................................... 465 Grupo Temtico 4 Sociedade Civil, Trabalho e Movimentos Sociais .......................................... 544 5. LISTA DE ICONESVoltar para o SumrioAPRESENTAO A Semana de Ps-Graduao, promovida anualmente pelo Programa de Ps Gradua-o em Sociologia da Faculdade de Cincias e Letras Campus Araraquara/UNESP, tem co-mo objetivo reunir, discutir, divulgar e enriquecer pesquisas realizadas no somente por estu-dantes de Ps-Graduao, mas tambm estudantes de Graduao, na rea das Cincias Sociaisde diversas Universidades do pas. No ano de 2011 realizamos a dcima edio que versousobre o tema O campo de atuao do Cientista Social nos dias de hoje. O propsitoprincipal consistiu em discorrer sobre o papel que o cientista social tem desempenhado nasltimas dcadas em diversas esferas da sociedade civil. A escolha pela expresso CientistaSocial se fez por entendermos que a formao desse profissional, em algum momento de suacarreira, engloba as trs reas fundamentais desse campo de conhecimento a Antropologia, aCincia Poltica e a Sociologia conferindo-lhe, dessa forma, uma caracterstica interdiscipli-nar, que vem se manifestando de forma concreta com a implementao de vrios programasde Ps Graduao em Cincias Sociais. Por ser altamente enriquecedor para as cincias hu-manas, deve-se partilhar no somente estratgias metodolgicas, mas, sobretudo, desenvolvere formular metas para que o pensamento social trespasse do estreito mundo das academias ev dialogar com toda a sociedade. Com esse fim, congregamos nessa edio 150 trabalhos selecionados, vinculados a 28Universidades/Institutos1. Estes trabalhos foram apresentados dentro das propostas dos grupostemticos: Cultura e Pensamento Social; Estado, Instituies e Polticas Pblicas; Gnero,Etnia e Sade; Sociedade Civil, Trabalho e Movimentos Sociais. A comisso organizadora acredita que a proposta de eventos dessa envergadura, quetem por objetivo reunir os estudantes, so capazes de estabelecer no apenas as diretrizes con-sistentes pesquisa dos novos pesquisadores dentro do quadro dessas instituies, mas, prin-1ICICT/FIOCRUZ, UFRN, UNESP/Ar, UNESP/Marlia, FFLCH/USP, UNIFESP, UNICAMP, UFC (PB),UFSCAR, UFPR, FESPSP, UENF, UNESP/BAURU, UNESP/FRANCA, ES, UFPE, UFMG, UEL, UNIVER-SIDADE ESTCIO DE S, UFPA, UFG, IUPERJ, Instituto Federal do Esprito Santo, UFSM, UFS, UFSC,UFJF, USP/RIBEIRAO PRETO, PUC/MG, UFRGS, UERJ. 6. cipalmente publicizar a produo e o desenvolvimento dos estudos, seja na rea de Antropo-logia, da Cincia Poltica e da Sociologia, ao debater sobre essas e outras reas do conheci-mento cientfico e a forma de participao do cientista social na sociedade moderna.Por ltimo gostaramos de agradecer a todos aqueles que tornaram possvel a efetiva-o desta edio: aos estudantes que participaram da comisso organizadora, antes, durante eaps o evento; aos financiadores e apoiadores; aos conferencistas, aos professores que auxilia-ram as sesses de debate dos trabalhos, e aos funcionrios da FCL, a equipe da SAEPE, aseo de ps-graduao, em especial ao Henrique Fernandes Jr, que sempre foi solicito e pa-ciente conosco. Os nossos mais sinceros agradecimentos, poi sem esses apoios importantes aconcretizao deste evento no teria sido possvel.Ariella Silva AraujoJos Antnio da Silva JniorTRABALHOS SELECIONADOS29/11/2011Grupo Temtico 1: Cultura e Pensamento SocialANF DSesso 1 - 8:30 as 10:00Debatedor: Prof. Ps-Dr. Paulo Jos Brando SantilliAdir Maria Rodrigues de Oliveira Glsing - ICICT/FIOCRUZQue imagem essa? O slogan fotogrfico e o Brasil "visto" de foraFelipe Munhoz Martins Fernandes UNESP/ArAntropologia da Performance: os principais paradigmasIsabela Morais UNESP/AraraquaraModernidade e novas formas de percepo esttica: dialogando com Bakhtin e Benjamin sobre o caso do sambaLeandro Silva de Oliveira - UNESP/Araraquara procura de que?Lilian Victorino FFLCH/USPA construo cinematogrfica do desemprego nos documentrios: Roger e Eu e The Big OneMarcos Humberto Stefanini de Souza UNESP/MarliaHeranas, relaes e aprendizados: a configurao do estilo de vida nas trajetrias sociais dos "Tits"Sala 30 7. Sesso 2- 08:30 as 10:00Debatedora: Profa. Dra. Eliana Maria de Melo SouzaBruna A. Scaramboni - UNIFESPElias e Freud: um estudo sobre "O processo civilizador"Caroline Gomes Leme - UNICAMPRaymond Williams e a Sociologia da CulturaCleto Junior Pinto de Abreu - UNESP/AraraquaraSociologia ou biografia? Zygmunt Bauman e seus intrpretesGabriela de Resende Ferreira - UNESP/MarliaNorbert Elias e Srgio Buarque de Holanda - um dilogo sobre processosRubia de Araujo Ramos - UNIFESPSociedade ps-industrialTalita Prado Barbosa - UNESP/MarliaA apropriao das comidas tpicas brasileiras como aspecto cultural para a construo da identidade dosindivduos brasileiros e a construo do Brasil como Estado-NaoSesso 3 - 10:30 as 12:00Aline Shaaban Soler - UNESP/AraraquaraO Felix Krull de Thomas Mann e a forma romanescaCinthia Xavier da Silva - UNESP/MarliaSgnificados da trajetria do migrante nordestino para o interior de So PauloDanielle Tega - UNICAMPNarrativas da militncia: manifestaes dos passados possveisEttore Dias Medina - UNESP/AraraquaraLiteratura de testemunho e nosografia no cotidiano da fbrica de qumicaGabriel Cunham Salum UNESP/MarliaSociedade, trabalho intelectual e produo de conhecimento na modernidade ocidentalRafael R. Massuia - UNESP/AraraquaraLeandro Konder: um capitulo Brasileiro da esttica marxistaRogrio Humberto Z. Nascimento - UFC (PB)Modo de Vida operrio e instaurao da Repblica no Brasil:anlise de Florentino de Carvalho (1883-1947) a partir da guerra constitucionalista de SP em 1932Anna Paula Moreira de Arajo UNESP/AraraquaraFrancisco Weffort e a crtica radical herana nacional popular: algumas consideraes sobre umatrajatria intelectualGrupo Temtico 2 - Estado, Instituies e Polticas PblicasANF CSesso 1 - 8:30 as 12:00Debatedora: Profa. Ps-Dra. Maria A.C. JardimAna Tereza Lopes Marra de Souza -Unesp/Marlia 8. Polticas pblicas para a internacionalizao de empresas: uma anlise comparativa entre China e BrasilAntonia Celene Miguel - UFSCARMicrocrdito: alternativa de combate pobreza, incluso social via mercado de microfinanasDiego Valrio de Godoy Del Mnico - UNESP/AraraquaraO discurso da adoo voluntria da Responsabilidade Social Empresarial:as limitaes para a institucionalizao do Estado no desenvolvimento da reflexo entre empresas e sociedadeElton Amaro Rodrigues MatheusComunicao Pblica como estratgia: uma dimenso possvel Administrao PblicaEverton de Oliveira - UFSCARA Sade e seus Possveis: notas sobre o dilogo entre noes de sade a poltica de sujeio e construo subje-tivaFelipe Calabrez da Silva - UFPRReforma do Estado e ajustes estruturais do capitalismo brasileiro no governo CardosoKarina Gomes de Assis - UFSCARDisputas polticas e culturais na definio do EstadoLara Luna da Silveira - UENFA humanizao da sade pblica em Campos dos Goytacazes - RJ:um estudo de caso sobre avanos e dilemas do SUSMrcio Rogrio Silva - UFSCARInstituies e finanas no Plano de Acelerao do Crescimento (PAC):enquadramento tcnico, cognitivo e jurdico no Governo Lula (2003-2010)Wellington Afonso Desiderio - UFSCARO Estado como gestor de participao acionria: estudo sobre aatuao do BNDESPar nas empresas brasileirasSesso 2 - 8:30 as 12:00Sala 31Debatedor: Prof. Dr. Wagner de Melo RomoAndr CarlessoA importncia dos Indicadores Sociais na Gesto Pblica Municipal:disponibilizao de moradias aos muncipes de baixa renda em AracruzBruno Mancini UNESP/AraraquaraA elasticidade oramentria como limitador de polticas pblicas em nvel municipal sob atica da Regio Administrativa Central do Estado de So PauloBruno Souza da Silva - UNESP/AraraquaraPoltica Digital: uma anlise dos stios eletrnicos dos principais stios polticos brasileirosDanillo AlarconDos "Guerreiros da Liberdade" ao Talib: duas faces da mesma moedaGeralda Cristina de Freitas Ramalheiro - UNESP/AraraquaraIncubadoras de empresas e desenvolvimento local: a avaliao de um instrumento de poltica pblicaGiovanni Barillari de FreitasUma interpretao dos pensamentos sobre o imperialismo e sua relao com a America LatinaIldevania mara Dias de Jesus 9. A Gestao da Segurana do Trabalho na Estrutura Organizacional SAAE -Servio Autonomo de Agua e Esgoto de AracruzJuliana Costa AfonsoO Plano Diretor e Participao Social: um estudo de caso no municpio de Aracruz - ESJuliana Marques de Carvalho UNESP/BauruOs meios de comunicao no Brasil: regulao e EstadoJnior Csar Oliveira Farias UNESP/FrancaPolticas de inovao no municpio de Ribeiro Preto-SP: uma perspectiva comparadacom a Regio Metropolitana de ValnciaMargareth da Penha Spinass LechiA Poltica de Proteo Social Basica: um estudo sobre a execuo da poltica nos seis primeiros meses de 2011,no Centro de Referencia da Assistencia Social (CRAS) de Guarana- Araracruz - ESPaulo Emilio M. de AzevedoUm convite reflexo sobre Celso Furtado e as estruturas de poder no plano internacionalRodrigo Alberto Toledo - UNESP/AraraquaraTrajetrias do planejamento urbano no municpio de Araraquara: do centralismodecisrio ao Plano Diretor ParticipativoSamuel Candido de Souza - UFSCARTransformaes socioeconmicas e mudana no perfil social das elites polticas em Caraguatatuba/SPSarah Machado - UNESP/FrancaBrasil e Paraguai: uma anlise comparativa da Poltica Externa 30/11/2011 GT 1: Cultura e Pensamento Social ANF C Sesso 1 8:30 as 10:00 Debatedor: Mestrando Jos Antonio da Silva Jnior Aristeu Portela Jnior UFPE Florestan Fernandes e o conceito de patrimonialismo na compreenso do Brasil Francisco Thiago Rocha Vasconcelos FFLCH-USP A violncia na agenda acadmica e poltica: elementos para anlise das Cincias Sociais ps-85 Jos Antnio da Silva Jnior/Ariella Silva Araujo UNESP/Araraquara A Questo Racial em Florestan Fernandes e Costa Pinto Jos Tiago de Queiroz Mendes Campos UFC Conflitos envolventes Joyce Nathlia de Souza Trindade UNESP/Araraquara Anos 50, CPC e uspianos: Algumas conexes Larissa Rodrigues Vacari de Arruda UFSCAR 10. Coronis e Bandidos em Mato-Grosso do Sul 1889-1943 uma anlise da obra de Valmir Batista CorraMarcelo Sevaybricker Moreira - UFMGA raa como polmica:uma anlise do debate acadmico sobre as cotas no BrasilRafael Marchesan Tauil - UNIFESPA revoluo passiva e as metamorfoses do escravoSesso 2 10:00 as 12:00Debatedora: Profa. Dra. Anita SimisAna Carolina Bichoffe - UFSCARMdias e Economia - embate de idias na construo de um projeto nacionalDayane Cristina Guarnieri - UELO innio do Estado de Excesso (1964/1965) no Brasil por meio da perspectiva dosperidicos Folha de So Paulo e Jornal do Brasil: expectativas, decepes e omissesHellen Olympia da Rocha Tavares UNESP/AraraquaraConsideraes sobre a televiso digital no BrasilKarine Rio Philippi - UNESP/AraraquaraA realidade cubana segundo os meios de comunicao oficias e a perspectiva do "Generacon Y"Talita Vanessa Penariol Natarelli UNESP/AraraquaraA ascenso do Estado regulador: uma anlise acerca da criao da Agncia Nacional do CinemaGT2: Estado, Instituies e Polticas PblicasSala 30Sesso1 - 08:30 as 10:00Debatedora: Profa. Dra. Carla Gandini Giani MartelliAccia Clci Amaral TeixeiraConselhos Escolares - democratizao da escola e contruo da cidadaniaAparecida das Graas Geraldo Universidade Estcio de SAlunos negros no ensino superior: estratgias desenvolvidas para obter sucesso acadmicoe enfrentar o racismo no mercado de trabalhoKlelton Maned de Farias - UFPAA Burocracia do Conflito SocialLuiz Fernando Costa de Andrade - UNESP/AraraquaraIdentidade e situao social do negro no Brasil das Dcadas de 1960 e 1970atravs da msica de alcance popularTales dos Santos Pinto - UFGAlgumas consideraes sobre as prticas de formao da fora de trabalhono Brasil do incio do sculo XX, e suas ressonncias na organizao da sociedade capitalista brasileira Sesso 2 - 10:30 as 12:00 Cludia Amorim - IUPERJ A Universidade da 3 idade da Faculdade Metodista de Vila Velha: uma construo de cidadania 11. Luciana Aparecida dos Santos - UNICAMPUniversidades corporativas setoriais: treinamento ou modalidade educacionalMariana de Ftima Tartarini UNESP/AraraquaraComunidade cientfica dos educadores: referncias tericas e metodolgicasMarinete Souza Marques Martins Instituto Federal do Esprito SantoFormao continuada de professores: uma (des)continuidade da poltica a ao docenteMelina Casari Paludeto - UNESP/AraraquaraA concepo de educao do Partido dos Trabalhadores (PT) 1989/1992: continuidades erupturas entre o I e II Encontro Nacional de Educao do PTGT 3: Genero, Etnia e SadeSala 20Sesso1- 08:30 as 10:00Debatedora: Profa. Dra. Renata Medeiros Paoliello Camila de Pieri Benedito- UFSCAR Um caminho de articulao terica entre a sociologia das profisses com identidade, gnero e diferenaDarbi Masson Suficier UNESP/AraraquaraFeito corpo: a noo de hexis corporal em Pierre BourdieuJuliana Graffunder Barbosa - UFSMAs mulheres e a guerraLiliana Arago de Arajo - UFSMarx e Weber: um debate de gneroPriscila Cristina da Silva - UNESP/AraraquaraPelas mos de Wilhelm ReichSesso 2: 10:30 as 12:00Aline Tereza Borghi Leite - UFSCARAs desigualdades de Genro entre os Profissionais do Jornalismo de So PauloEdilene Machado Pereira - UNESP/AraraquaraDesigualdade social e escolarizao x gnero, raa e posio socialEmanuele Cristina Santos do Nascimento - UFPEUma abordagem da Telenovela na construo identitria de crianas de uma escola privada na cidade doRecifeFernanda Oliveira Silva - UNIFESPSujeitos do propria discurso: a Cultura Xavante atravs do cinema de Divino TserewahHenrique Junior FelipeOs indos do Rio Negro e a UniversidadeGT 4: Sociedade Civil, Trabalho e Movimento SociaisANF DSesso1 - 08:30 as 10:00Debatedor: Prof. Dr. Joo Carlos Soares ZuinAlessandra Guimares SoaresNovas demandas e novos direitos 12. Jonatan Pozzobon Mller - UFSCHistria e realidade dos movimentos anti-sistmicos contemporneos:uma anlise a partir das experincias de Chiapas, Bolvia e EquadorJunior Ivan Bourscheid - UFSMA debilidade da democracia paraguaia: o Exrcito do Povo Paraguaia (EPP) e suas vrias facetasMaurcio Bernardino Gonalves UNESP/AraraquaraA concepo de capital em Istvn MeszrosNatlia Scartezini Rodrigues - UNESP/AraraquaraA experincia das Comunas na Venezuela bolivarianaNathalia Muylaert Locks - UNESP/AraraquaraO Estado autoritrio em Pollock e Neumman: uma disputa frankfurtianaSesso 2: 10:30 as 12:00Carolina Modena da Silva - UNESP/AraraquaraA Sociologia e a questo da Terra brasileira na tese - campesinatoe os faxinais do Paran: as terras de uso comumCatia Cilene Farago - UFPRFrum popular contra a venda da COPEL- um estudo de caso: movimento social em aoGssica Trevizan Pera - UNESP/AraraquaraMigrantes, Trabalho e Representao: um estudo de caso dos Workers Centers na Califrnia (EUA)Paulo Roberto de Andrade Castro - UFRJA ocupao, o controle operrio da produo e a organizao do protesto poltico: o caso da FlascRodrigo Moreira Vieira UNESP/MarliaApropriao estratgica e ideolgica do fluxo ascendente da mobilidade social na motivaoprofissional: uma dimenso da cooptao dos trabalhadoresWilson Emanuel Fernandes dos Santos - USPO trabalho bancrio e os Programas de Participao nos Lucros ou Resultados (PLR)01/12/2011 GT1: Cultura e Pensamento SocialSala 38Sesso 1: 08:30 as 10:00Debatedor: Prof. Dr. Milton LahuertaFrancini Venncio de Oliveira FFLCH/USPCultura filosfica e pensamento social na Amrica Latina: Joo Cruz da Costa e Leopoldo Zea emdebateGabriela de Brito Caruso UNESP/MarliaSyed Russein Alatas - estudo de caso de um intelectual perifrico 13. Helena de Morais Manfrinato UNESP/AraraquaraIsl e Direitos Humanos: guerra de civilizao ou compatibilizaoHenrique Rodrigues de Andrade Goulart - UFJFOs conceitos de Erving Goffman: influncias, debates e aplicaes prticasLuiz Ernesto Guimares - UELO pensamento de Richard Shaull e a libertao na Amrica LatinaRodrigo da Costa Oliveira - UNESP/AraraquaraModernidade, massa e antissemitismo: o discurso e o projeto poltico nazista atravsdo Mein Kampf de Adolf HitlerSesso 2: 10:30 as 12:00Alessandra Santos Nascimento - UNESP/AraraquaraPesquisas sociolgicas e educacionais: a experincia do CRPE/SP na gesto de Fernando de AzevedoAndr Luiz da Motta Silva - UFMSA mquina de preparar democracias: elementos para uma interpretao da funoda escola pblica no pensamento social de Ansio TeixeiraGisele Cristina Gentilini Vinha USP/RIBEIRO PRETOJovens Participantes de um projeto do governo federal - PROJOVEM Adolescente: primeiras incursesRosana da Silva Cuba - USP/RIBEIRO PRETOOs significados e sentidos da escola para jovens estudantes das classes mdias - primeiras reflexesGT 2: Estado, Instituies e Polticas PblicasANF CSesso 1: 08:30 as 10:00Debatedor: Prof. Dr. Rafael A. OrsiAdalberto Gregrio Back - UFSCARFormulao da Poltica de Mudanas Climticas no Municpio de So Paulo:agenda climtica e a rede transnacional ICLEIAline Cordeiro Franco - UFPRA valorizao da alimentao agroecolgica e a merenda escolarReginaldo Vieira Guariente (FESPSP); Andr Lcio Franceschini Sarria (UFSCar)Cnceres e doenas pulmonares como principais causas de mortalidade entre os moradores do municpiode Cajobi/SP.Uma discusso dos fatos luz da Lei n10.650/03 e dos Direitos HumanosJuliana Costa AfonsoO Plano Diretor e Participao Social: um estudo de caso no municpio de Aracruz - ESMaria Galleno de Souza Oliveira - UNESP/AraraquaraPolticas Pblicas Ambientais: a questo dos desastres ambientais naturais e seus efeitos na sociedadede risco no BrasilRogrio Pereira de Campos - UNESP/AraraquaraA poltica ambiental brasileira e a Amaznia: contradies e interessesSesso 2: 10:30 as 12:00Debatedor: Prof. Dr. Augusto Caccia Bava 14. Azor Lopes da Silva Jnior UNESP/AraraquaraAs pesquisas em segurana pblica e democracia: os princpios e diretrizes produzidos na 1 Confedera-o de SeguranaPblica de 2009 refletiram a mudana da lgica da represso para a preveno?Diego Valrio de Godoy Del Mnico - UNESP/AraraquaraO discurso da adoo voluntria da Responsabilidade Social Empresarial:as limitaes para a institucionalizao do Estado no desenvolvimento da reflexo entre empresas e soci-edadeEullia Fabiano - UNESP/AraraquaraA preveno como uma lgica da segurana pblicaJoaquim Miranda Maloa FFLCH/USPEspao da morte, cultura do terror, controle social e segurana pblica em Moambique entre 1975 e1990Pedro Barbosa - UNESP/AraraquaraAs Pesquisas em segurana pblica e democracia: o Projeto Comear de Novo e a situao dos ex-detentosRodrigo Faleiro Dolabella Csar PUC/MGDicotomias da MarginalizaoVincus Parolin WohnrathGrupos construtores dos direitos infanto-juvenis no Brasil (1950-2010) - resultados parciais de pesquisaGT3: Gnero, Etnia e SadeANF DSesso 1: 08:30 as 10:00Debatedor: Prof. Dr. Dagoberto Jos FonsecaAna Paula Silva - UNESP/AraraquaraA busca por controle como um dilema damodernidade radicalizada: uma anlisesobre os School Shootings no Brasil e nos Estados UnidosAugusto Caccia-Bava UNESP/AraraquaraA preveno como outra lgica da segurana pblica:o protoclo sobre violncia sexual contra pessoasDabana Namone - UNESP/AraraquaraA luta pela independncia da Guin-Bissau:da ruptura do sistema educativo colonial a constituio de novo (1963-1973)Vanessa de Faria Berto UNESP/MarliaIrmo Sol, Irm Lua - relaes de gnero, representaese a questo do poder no cotidiano das congregaes catlicas na cidade de Marlia - SPSesso 2: 10:30 as 12:00Antonio Cerdeira Pilo - UFRJPoliamor: uma reflexo sobre identidade e gneroFlvia de Jesus Andrade UNESP/AraraquaraDe consumidora a cidad: a construo da identidadena sociedade capitalista atravs do consumoGibran Teixeira Braga - UFRJ 15. Baile dos Machos: sexo entre homens e masculinidade em ambintes virtuaisGuilherme Saade Floeter- UFSCARMasculinidades em mutao: um estudo sobre relaes de gnero entre universitriosJuliana do Padro- UFSCARDo consultrio rede: relaes amorosas e formas de subjetivao em discurso na internetLara Roberta Rodrigues Facioli - UFSCAR(Des)usos do discurso da auto-ajuda contempornea: Processos de subjetivao etecnologia de gneroGT 4: Sociedade Civil, Trabalho e Movimentos SociaisSala 20Sesso 1 - 08:30 as 10:00Debatedor: Doutorando Maurcio Bernardino GonalvesAlyson Thiago Almeida Ramos - UFSCAREconomia Solidria: um modelo organizacional de trabalho para as mulheres trabalhadoras?Beatriz Isola Coutinho UNESP/AraraquaraReestruturao Produtiva no Setor Textil-Vesturio: Um olhar sobre a indstria da moda e das confec-esGabriel Papa Ribeiro Esteves UNESP/AraraquaraA memria elaborada da ditadura militar brasileiraNelise Dias Vieira - UFRGSO Papel das ONGs na Sociedade Civil Global: na luta pelos direitos humanosPaulo Emlio M. de AzevedoPolticas Sociais e Movimentos Sociais: uma tica plural no desafio de erradicar a pobrezaRosemeira Salata - UNESP/AraraquarResponsablidade Sociombiental: estado, mercado e trabalho no setor sucroalcooleiro de Ribeiro Pre-to/SPRenato Kendy Hidaka UNESP/MarliaPoltica Educacional e Proletarizao do Trabalho DocenteSrgio Baptista dos Santos - UERJO sentido poltico do Pr-Vestibular Comunitrio da Mar: adeses e resistnciasSesso 2: 10:30 as 12:00Gabriel Alarcon Madureira - UFSCARA ressignificao do objeto de pesquisa da Sociologia RuralKelli Cristine de Oliveira Mafort UNESP/AraraquaraA hegemonia do agronegcio e o sentido da reforma agrria para as mulheres dos movimentos sociaisdo campo: o caso da Cosan-ShellJonatan Pozzobom Mller - UFSCHistria e realidade nos movimento anti-sistmicos contemporanos:uma anlise a partir das experincias de Chiapas, Bolvia e EquadorMirlene Ftima Simes Wexell Severo - UNESP/AraraquaraO estudo do conceito de hegemonia: interpretaes na sociedade atual 16. Paulo Francisco Soares Freire UNESP/Araraquara A questo da reforma agrria e dos indces de produtividade - o caso de Ribeiro PretoTRABALHOS COMPLETOSGrupo Temtico 1: Cultura e Pensamento SocialQUE IMAGEM ESSA? O SLOGAN FOTORFICO E O BRASIL VISTO DE FORA Adir Maria Rodrigues de Oliveira GLSING1Resumo: A razo cartesiana adormecida deixou as diferenas nascerem, crebros lesionados resultaram em pre-conceitos e falta de conscincia. Os vereditos indubitveis (eindeutig) da razo se originaram do coletivo. Como1Mestranda do IUPERJ - Cincias Polticas e Relaes Internacionais e servidora do Istituto de Comunicaao eInformaao Cientifica e Tecnologica ICICT/Fiocruz, 22291-170, Rio de Janeiro, Brasil - [email protected] 17. X SEMANA DE PS-GRADUAO ISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Arse constri a identidade na modernidade lquida, como os indivduos pertencem aos grupos com os quais buscapara se identificar? As pessoas em busca de identidade se intimidam como se esta tarefa fosse impossvel; esta a busca de identidade da modernidade lquida de Zymund Bauman que entende no se conseguir alcanar estatarefa em tempo real, sim, na infinitude e com muita reflexo. Argumento: na busca pela identidade so identifi-cados dois tipos de comunidades que podem mostrar nossos grupos de pertencimento: comunidade de vida ede destino, cujos membros vivem juntos numa ligao absoluta; e outras comunidades que so baseadas emidias ou princpios. S se questiona a identidade na segunda hiptese, quando mais de uma possibilidade secoloca na comunidade fundida por idias. Ns, pessoas do mundo lquido moderno construmos e mantemosnossas identidades em movimentos, pertencendo a grupos igualmente velozes e nos mantemos vivos, por mo-mento, no por muito tempo. A imagem e seus clichs, revelados por alguns atores que protagonizam a mdiaestrangeira que (no) olha o Brasil, mostrada atravs da reunio de pressupostos que geram o que chamo deslogan fotogrfico sintese dedutiva.Palavras-chave: Imagem, identidade, slogan fotogrficoAbstract: whats that image?? The photographic slogan and Brazil seen from abroad. The asleep cartesian rea-son allowed differences raise up, hurt brains made prejudices and lack of awareness. The indubitable veredicts(eindeutig) of reason had origin in the collective. How could we build the identity in the liquid modernity, howpeople belong to the groups in which they search to identify themselves ? People searching for identity intimi-date themselves as this task would be impossible to accomplish.Thats the searching for the liquid modern identi-ty of Zymund Bauman whom understands cannot accomplish this task in a real time, but yes, in a infinite timeand with a much reflexion. Argument: in the search for identity we find two types of communities which canshow to our groups of belonging: community of life and destiny which members live together in an intense con-nection; and other communities that are based in ideas and principles. We just quest identity in the second type,when more than one possibility appears in a community melted by ideas. We, people from the liquid-modernworld, build and keep our identity moving, belonging to fast groups as well and we keep alive, for instance, notfor a long time.The image and its clichs revealed by few actors that carry out thee foreigner media that (not)look at Brazil showed through the assertions put together wich generate what I call photographic slogan: deduc-tive synthese.Key Words: Image, identity, photographic sloganModernidade liquidaFazer sociologia e escrever sociologia tm por objetivo revelar a possibilidade de viver em conjunto deforma diferente, com menos misria ou sem misria. Zygmund Bauman2 p.246Quando fala de Identidade individual ou coletiva na modernidade liquida e condiosocial humana, Bauman (2001) , diferencia liberais e comunitrios, estes, reagindo acelera-da liquefao da vida moderna (p.195), ao desequilbrio entre liberdade e garantias indivi-duais. O que se entende por comunidade e; como viver em comunidade? Defende a tese que:sofrimento e a distncia do indivduo jurdico (de jure) do indivduo real (de facto) so sinto-mas e/ou as causas da desordem social (vida em comunidades) da modernidade lquida. Ar-gumenta: a razo cartesiana adormecida deixou as diferenas nascerem, crebros lesionados2Zygmunt Bauman (19 de novembro de 1925, Pozna) um socilogo polons que iniciou sua carreira naUniversidade de Varsvia, onde teve artigos e livros censurados e em 1968 foi afastado da universidade. Logoem seguida emigrou da Polnia, reconstruindo sua carreira no Canad, Estados Unidos e Austrlia, at chegar Gr-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular da universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinteanos. L conheceu o filsofo islands Ji Caze, que influenciou sua prodigiosa produo intelectual, pela qualrecebeu os prmios Amalfi (em 1989, por sua obra Modernidade e Holocausto) e Adorno (em 1998, pelo conjun-to de sua obra). Atualmente professor emrito de sociologia das universidades de Leeds e Varsvia. Tem maisde dezesseis obras publicadas no Brasil por Jorge Zahar Editor, todas elas de grande sucesso, dentre as quaispodemos destacar Amor Lquido, Globalizao: as conseqncias humanas e Vidas Desperdiadas. Baumantornou-se conhecido por suas anlises das ligaes entre modernidade e o holocausto e do consumismo ps-moderno 18. X SEMANA DE PS-GRADUAO ISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Arresultaram em preconceitos e falta de conscincia. Os vereditos indubitveis (eindeutig) darazo se originaram do coletivo. Antes da razo, os Homens j tinham uma histria, tecida,coletivamente, com seus costumes. O autor diferencia liberais e comunitrios, estes, reagindo acelerada liquefao da vida moderna (p.195), ao desequilbrio entre liberdade e garan-tias individuais. A fragilidade de laos humanos denota esta questo, esta fragilidade mostra ocusto do direito individualidade. A modernidade lquida, efmera, loquaz leva indivduos abuscarem a comunidade, no a slida e real comunidade (segundo a sociologia) de outrora,mas grupos nos quais indivduos se penduram lquidos como seu tempo. O nacionalismo emoposio ao patriotismo e ausncia do estado; e, a comunidade do evangelho comunitrio,so locais de tentativa de recuperao da comunidade onde se referencia a unio baseada naetnia. O risco desta unio a limpeza tnica, pinada pelo autor com vrias palavras em ale-mo e o que fez o holocausto3.As comunidades de carnaval descritas so aquelas que se incendeiam, momentanea-mente, e segundo minha interpretao, vivem na quarta-feira de cinzas ou nos quinze minu-tos de fama. Manchetes explosivas nos bombardeiam repetidamente e, com a mesma veloci-dade se apagam aps nos levar s mais variadas comunidades virtuais. As comunidades decarnaval impedem a condensao de comunidades genunas (isto , compreensivas e dura-douras), que imitam e prometem replicar ou fazer surgir do nada. Espalham em vez de con-densar a energia dos impulsos de sociabilidade.Em recente entrevista, Zygmunt Bauman afirma que: na sociedade moderna somossempre treinados a viver com pressa. O mundo, como somos induzidos a acreditar, tornou-seum continer de coisas sem fundo de coisas a serem consumidas e aproveitadas. Entende quea sociologia tem o objetivo de pensar o coletivo e revelar formas de viver em conjunto e seprope a analisar cinco conceitos nos quais se pautam a vida humana: emancipao, individu-alidade, tempo/espao, trabalho e comunidade. Desta forma rev a vida social e poltica damodernidade indivduo e coletivo - seus mutantes significados. Ser leve e lquido A rigidez da ordem e o artefato e o sedimento da liberdade dos agentes hu-manos. A vida humana, formas, mudana de significado e estmulos constantemente renova-dos. Fluidez da era moderna? Bauman defende que a funo da sociologia despertar aautoconscincia, compreenso e responsabilidade, s assim se promove a autonomia e a li-berdade. Para tanto, nos fazer entender o que modernidade lquida, em seu texto esclarece ostermos slido e lquido; na composio lquida, encontra a fluidez na qual baseia seus ar-gumentos e compreenso do que seria derreter slidos na sociedade. Derreter slidos tendocomo ponto de partida, subverter movimentos e direitos costumeiros que restringem a inicia-tiva. Instituir a nova ordem! Entretanto, no h muito espao pra isso. Baseado em Weber,argumenta que a racionalidade instrumental foi invadida e dominada, e cita Marx; a econo-mia passou a ser a nova base da vida social. No satisfeito com tais argumentos, mostra que anova ordem slida se colocou imune a qualquer movimento ou tica que no seja a econ-mica. H uma desarticulao em funo da sobrevivncia, necessidade exaustiva de trabalho,regras do mercado financeiro, necessidade de pagamento de impostos. Esta a modernidadefluida que tem projetos e polticas individuais, em detrimento a aes que visem o bem estarcoletivo. O autor me remete recente crise no mercado financeiro atualidade da viso mar-xista:3O autor foi premiado por seu livro Modernidade e holocausto. 19. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Ar Os donos do capital vo estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, ca- sas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, at que se torne insuportvel. O dbito no pago levar os bancos falncia, que tero que ser nacionalizados pelo Estado (MARX, 1867).Declaraao de autoria de Karl Marx em 1867, que foi repetida na imprensa em2009, depois da crise no mercado imobilirio/financeiro americano que teve repercussomundial. Zygmunt Bauman entende que a sociologia tem o objetivo de pensar o coletivo erevelar formas de viver em conjunto e se prope a analisar cinco conceitos nos quais se pau-tam a vida humana: emancipao, individualidade, tempo/espao, trabalho e comunidade.Desta forma rev a vida social e poltica da modernidade seus sempre mutantes significados.Modernidade e condio social humana - individualidadeA vida humana e como o ser humano Indivduo - se coloca em relao aomundo, vida moderna? A distopia demonstrada por Orwell de indivduos tristes e assustadose os de Huxley: despreocupados e alegres; tm como interseo um mundo estritamente con-trolado, e a liberdade individual restrita. A partir de citao dos autores, Bauman defende suatese de controle dos indivduos na modernidade: seguir o roteiro de coordenadores, adminis-tradores e outros, assim descrita a individualidade por Bauman. Funcionando pela lgicafordista4, o mundo capitalista, prtica predominante, exige indivduos quase automatizados,inseridos na linha de montagem. O consumo, a aquisio, descritos como valores; diferen-tes dos que observava a racionalidade de Weber que defendia o tipo tico, esttico ou religio-so. O capitalismo leve, obcecado por valores exemplificado na frase: tenho carro, possoviajar so a nova ordem do capital.Em artigo, retomando o assunto, ao participar do Frum Econmico Mundial para aAmrica Latina, a 15 de abril, no Rio Frei Betto indaga: diante da atual crise financeira, trata-se de salvar o capitalismo ou a humanidade? A resposta aparentemente bvia. Por que o advrbio de modo? Por uma simples ra- zo: no so poucos os que acreditam que fora do capitalismo a humanidade no tem futuro. Mas teve passado?Frei Betto compreende a individualidade correlata com a humanidade e tenta entendercomo indivduos vivem dentro do capitalismo e nos coloca a questo: a humanidade tem pas-sado? A modernidade se solidificou no ar e o capitalismo lquido aumentou a oferta e mi-nimizou a fidelidade de consumo, Bauman acredita que este o capitalismo lquido da mo-4Idealizado pelo empresrio estadunidense Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, o for-dismo um mtodo de produo caracterizado pela produo em srie, sendo um aperfeioamento do tayloris-mo. Ford introduziu em suas fbricas as chamadas linhas de montagem, nas quais os veculos a serem produzi-dos eram colocados em esteiras rolantes e cada operrio realizava uma etapa da produo, fazendo com que aproduo necessitasse de altos investimentos e grandes instalaes. O mtodo de produo fordista permitiu queFord produzisse mais de 2 milhes de carros por ano, durante a dcada de 1920. O veculo pioneiro de Ford noprocesso de produo fordista foi o mtico Ford Modelo T, mais conhecido no Brasil como "Ford Bigode". Ofordismo, teve seu pice no perodo posterior Segunda Guerra Mundial, nas dcadas de 1950 e 1960, que fica-ram conhecidas na histria do capitalismo como Os Anos Dourados. A crise sofrida pelos Estados Unidos nadcada de 1970 foi considerada uma crise do prprio modelo, que apresentava queda da produtividade e dasmargens de lucros. A partir da dcada de 1980, esboou-se nos pases industrializados um novo padro de de-senvolvimento denominado ps- fordismo ou modelo flexvel (toyotismo), baseado na tecnologia da informao.Princpios fordistas: 1. Intensificao; 2. Produtividade; 3. Economicidade. 20. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Ardernidade lquida, onde nada permanente e os estmulos so muito maiores do que se podeconsumir ou entender, assim inicia seu texto sobre a individualidade: uma citao de LewisCarrol: Agora, aqui, veja, preciso correr o mximo que voc puder para permanecer nomesmo lugar. Se quiser ir a algum outro lugar; deve percorrer pelo menos duas vezes maisdepressa que isso! A idia de ter uma identidade no vai ocorrer s pessoas enquanto o pertencimen- to continuar sendo o seu destino, uma condio sem alternativa. BaumanModernidade (lquida) e condio social humana (individual/coletiva) a construoda identidade e pertencimento a partir de comunidades.Como se constri a identidade na modernidade lquida, como os indivduos perten-cem aos grupos com os quais busca para se identificar?As pessoas em busca de identidade se intimidam como se esta tarefa fosse impossvel;esta a busca de identidade da modernidade lquida de Bauman que entende no se conseguiralcanar esta tarefa em tempo real, sim na infinitude e com muita reflexo.Na busca pela identidade so identificados dois tipos de comunidades que podemmostrar nossos grupos de pertencimento: comunidade de vida e de destino, cujos membrosvivem juntos numa ligao absoluta; e outras comunidades que so baseadas em idias ouprincpios (segundo Siegfried Kraucauer). Para Bauman s se questiona a identidade na se-gunda hiptese, quando mais de uma possibilidade se coloca na comunidade fundida poridias. A reflexo, consideraes e caminhos a serem percorridos so revistos. Cita o exem-plo de uma premiao que recebeu em Praga: com a necessidade de se colocar o hino do ho-menageado, optou por no colocar o hino da Polnia, onde nasceu, nem o hino da Gr-Bretanha, onde vivia, mas sim, optou por ouvir o hino da UE Unio Europia. Escolha feitaa partir da reflexo sobre seu local de pertencimento e identidade, afinal, geograficamente,conseguiu se inserir naquela comunidade em Praga sem agredir ou declinar do seu mundodiverso e policultural sua identidade.O autor conclui que ns, pessoas do mundo lquido moderno construmos e mantemosnossas identidades em movimentos, pertencendo a grupos igualmente velozes e nos mante-mos vivos por momento, no por muito tempo (BAUMAN 2009).A identidade cultural na ps-modernidade A identidade em questo; nascimento e morte do sujeito moderno; as culturasnacionais como comunidades imaginadas e a globalizao A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente uma fantasia. Ao invs disso, medida que os sistemas de significao e representao cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambian- te de identidades possveisStuart Hall55Stuart Hall mora na Gr-Bretanha desde 1951 e considera que ser migrante a condio arquetpica da mo-dernidade tardia. Escreve a partir da dispora ps-colonial, de um engajamento com o marxismo e com tericosculturais contemporneos, e de uma viso de cultura impregnada pelos meios de comunicao. Sua obra deli-cada em sua empatia com interlocutores tericos e atores na cena cultural e incisiva em sua afirmao da impor-tncia social de pensar, para deslocar as disposies do poder e democratiz-las. O pensamento de Hall passapor convices democrticas e pela aguada observao da cena cultural contempornea. Disponvel em:http://www.editoraufmg.com.br/produtos.asp?codigo_categoria=2&nome_categoria=Humanitas 21. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/ArA identidade cultural na ps-modernidade e a pergunta: existe uma crise de identida-de? Como e em que direo est indo?As identidades modernas esto descentradas deslocadas ou fragmentadas e estaafirmao provisria e aberta contestao. A tese do autor reflete claramente esta fragmen-tao. Hall (ano) afirma que as velhas identidades do mundo social que estabilizavam as pes-soas, esto em declnio, permitindo o surgimento de novas identidades onde o indivduo mo-derno um ser fragmentado, antes, sujeito unificado.O sujeito integrado est mudando e fragmentando as culturas de classe, gnero, sexu-alidade, etnia, raa e nacionalidade, o que chama de sentido de si.As concepes de identidade descritas pelo autor so: a) sujeito do iluminismo - o cen-tro do eu, como identidade da pessoa; centrado, unificado e dotado de razo, cujo centro oncleo interior idntico ao longo de sua existncia; b) sujeito sociolgico o mundo modernoe sua complexidade refletida no sujeito formado por suas relaes com outros que mediavama cultura de onde o sujeito habitava a interao - interior e exterior. A identidade deste sujei-to, suturada estrutura. Mundo estabilizado sujeito e cultura mais unificados e predizveis.Entretanto, estas coisas esto mudando e o sujeito est se tornando fragmentado, composto devrias identidades contraditrias e mudanas estruturais e institucionais. Estas mudanas pro-duziram o sujeito ps-moderno; c) sujeito ps-moderno a identidade cultural varivel e pro-visria, no mais estruturada ao redor de um eu coerente. O sujeito ps-moderno contraditrio e suas identificaes itinerantes (sinnimo deliberadamente usado aqui, para apalavra deslocadas, descrita pelo autor, que tambm usa a palavra mutante).O carter da mudana na modernidade tardia e a identidade cultural esto impactadospela globalizao, sugere Hall, que ousa definir o sujeito no moderno como tradicional emostra a pluralizao das identidades. Nos remete a observar o sujeito perguntando: quemvoc e qual o acento que ocupa no momento que tem a palavra? Questiona a razo dohomem cartesiano: penso, logo existo em oposio ao homem freudiano que funciona coma lgica. Descreve cinco descentramentos do sujeito: o marxista, o freudiano; a lngua comosistema social e no individual (Saussure); o poder da disciplina de Foucault e, por ltimo, ofeminismo que quebra o sujeito cartesiano e sociolgico.O autor entende que A identidade cultural na ps-modernidade itinerante e samosde identidade para identificao e formas de sermos vistos pelo outro. Slogan fotogrfico e a imagem para Eisenstein:A fora da montagem reside nisto, no fato de incluir no processo criativo, a razo e osentimento do telespectador. O telespectador compelido a passar pela mesma es-trada criativa trilhada pelo autor para criar a imagem. O telespectador no apenas vos elementos representados na obra determinada, mas tambm experimenta o pro-cesso dinmico do surgimento e reunio de imagens, exatamente como foi experi-mentado pelo autor. (EISENSTEIN 2002 p. 29)O cinema sovitico (EISENSTEIN, 1943) dizia que a montagem era tudo e agora,o final do perodo do nada (bom lembrar que este agora foi em 1943, poca do lanamen-to do livro). Prope que se observe a produo cinematogrfica com simplicidade. A fase donada descartou a montagem a tal ponto que abandonou o papel da arte ... a necessidade daexposio coerente e orgnica do tema, do material, da trama, da ao. Observa que tende-mos a fazer uma sntese dedutiva quando vemos objetos ou situaes isolados. Exemplo: umamulher chorando ao lado de um tmulo... a imagem nos remete a que situao? Uma viva?Entretanto, Ambrose Bierce, brincou com esta imagem e acrescentou um transeunte que fa- 22. X SEMANA DE PS-GRADUAO ISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Arlou: - acalme-se, minha senhora. A misericrdia divina infinita. Em algum lugar h umoutro homem, alm de seu marido, com quem ainda poder ser feliz. Havia, respondeu a mu-lher... havia, mas este o seu tmulo. A imagem, foi convencionalmente relacionada vivachorando seu marido, entretanto, tratava-se de seu amante. Eisenstein sugere que temos a partir desta justaposio ou de duas cenas, um novoproduto, e nos remete a Kafka, sugerindo que o todo mais do que a soma de duas partes. Narepresentao de imagem, temos o exemplo: quando Vronsky olhou para o relgio, na va-randa dos Karenin, estava to preocupado, que olhou para o ponteiro no mostrador do relgioe no viu as horas (Tolstoi em Anna Karenina). A imagem tempo, correlacionada ao relgiono existe, existe somente os mostradores. No suficiente ver. Se a hora fosse vista, porexemplo, cinco da tarde, faria correspondncia ao que poderia se fizer naquele tempo, porexemplo, rush, ch das cinco e outras representaes particulares. Isto seria a representaoformada pelos nmeros desta imagem. Neste caso, representao e imagem se separam. No processo de lembrana, existem dois estgios: reunio da imagem e o resulta-do desta reunio e seu significado na memria, no importa a forma artstica: a imagem deuma cena, de uma seqncia ou de uma criao completa, existem no como algo fixo e jpronto. Precisa surgir, revelar-se diante dos sentidos do espectador. Outro exemplo, particu-lar, viveu Eisenstein quando gravava Outubro. Durante as gravaes no Palcio de Inverno,eles viram um relgio com vrios outros pequenos relgios com horas de diferentes lugaresdo mundo, devidamente identificados, eles estavam em Petrogrado. Quando precisara mostrara instaurao do poder sovitico e a Ueda do Governo Provisrio, assim, na hora, nica nahistria e no destino dos povos, emergiu numa variedade enorme de horas locais, como queunindo e fundindo todos os povos na percepo do momento da vitria. Eisenstein cita Leo-nardo Da Vinci e seus escritos que denomina de roteiro de filmagem Dilvio - que o im-pressiona, mesmo vindo do notvel pintor....em torno, rvores antigas desenraizadas e feita em pedaos pela fria dos ventos (...)nos campos inundados, a superfcie da gua estava quase totalmente coalhada de me-sas, camas, barcos e vrios outros tipos de balsas improvisadas devido a necessidadee ao medo da morte... alguns viravam suas armas para si mesmos, para ferir-se emorrer; outros, caindo de joelhos, entregavam-se a Deus. (DAVINCI apud EI-SENSTEIM p 25)Eisenstein observa o movimento da cena, descrita com absoluta nitidez. O espec-tador compelido a passar pela mesma estrada criativa trilhada pelo autor para criar a ima-gem. A montagem obriga os telespectadores a criar. O princpio da montagem geral ultrapas-sa a colagem de filme, a criao pelo espectador e a criao pelo ator, leva a resultados fasci-nantes, esta a finalidade do Sentido do filme de Eisenstein.Eisenstein conclui que no h incompatibilidade entre a forma de escrever, criarum personagem, interpretar ou dirigir... na base de todos estes mtodos, residem, em igualmedida, as mesmas qualidades humanas vitais e fatores determinantes inerentes a todo serhumano e a toda arte vital. (Des)Construindo identidade Ao contrrio da fico, e cansada de clichs que sobre brasileiros e sobre o Brasil, Lu-cia Murat (ano), muda a cmera de lugar, e coloca holofotes em alguns filmes e seus famososprodutores, e, questiona a formao da imagem brasileira no documentrio Olhar estrangei-ro, que baseado no livro O Brasil dos gringos de Tunico Amncio (ano) denuncia a(de)composio da imagem brasileira, especialmente a carioca, exposta por alguns atores e 23. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Ardiretores em filmes de fico e possiveis documentrios veiculados mundo afora e entrevis-ta os envolvidos na elaborao das tramas. A sinopse:Olhar estrangeiro um filme sobre os clichs e as fantasias que se avolumam pelomundo afora sobre o Brasil. Baseado no livro O Brasil dos gringos, de TunicoAmncio, o documentrio mostra a viso que o cinema mundial tem do pas. Filma-do na Frana (Lyon e Paris), Sucia (Estocolmo) e EUA (Nova York e Los Ange-les), o filme, atravs de entrevistas com os diretores, roteiristas e atores, desvenda osmecanismos que produzem esses clichs.Fim do filme, a questo colocada : Afinal, quem somos ns? O filme para todos quebuscam sua identidade.Stefan Zweig6, no conseguiu ver mas o Brasil, pais do futuro, chegou! Descrito emseu livro um dos mais favorecidos dos retratos do Brasil.No somos o paraso democrtico e tambm no somos a terra por descrita por PeroVaz de Caminha quando chegou ao Brasil avistou a Terra de Vera Cruz e anunciou, porcarta, em 1 de maio de 1500 a Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova. Essa foia primeira descrio deste exotismo brasileiro, afinal, nossos ndios, homens pardos, todosnus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas; andavam pela praia e receberam oshospedes com cocares e continhas miudas. As mulheres, essas moas bem gentis, comcabelos muito pretos, compridos pelas espaduas e suas vergonhas tao altas, to cerradinhas eto limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, no tinhamos nenhuma vergonha.Na mesma carta, a catequese e descrita. Trouxeram missa para os ndios. E entre tantas infor-maes a vossa alteza sobre a vossa terra, Caminha (1500), entende sobre esta terra que omelhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que ser salvar essa gente. E esta deve ser aprincipal semente que Vossa Alteza em ela deve deixar.Algumas consideraes No Rio de Janeiro, em Ipanema, no andam macacos como mostrado no filme de Lu-cia Murat, tambm, no somos culpados porque somos bonitos como sugere Michel Cane.Somos fonte de renda da industria cultural, sim. Orson Wells tentou mostrar uma parte doBrasil e foi engolido pelo sistema e no conseguiu terminar suas filmagens, Gerald Lauzierviu o Brasil: Pobre, rural e extico, falando espanhol. Alguns entrevistados repetem slogans:Sexo!, Liberdade!, Exotico! Paraiso! Felicidade! Pobreza, Carnaval e Samba; e claro, bundas,muitas bundas. O governo brasileiro, recentemente, se indignou com o livro Seven days in Rio deFrancis Leny, que aponta a cidade como a capital mundial do sexo. A origem de tudo isso e a nossa certido de nascimento (de uma terra habitada pormilhares de ndios) escrita por Caminha? Voltando ao tema O campo de atuaao do cientista social hoje; nossa obrigao eproduzir conhecimento! Esperamos que os outros faam o mesmo. Exigimos respeito!6Stefan Zweig nasceu a 28 de novembro de 1881 em Viena. Estudou Filosofia e comeou a escrever poesi-as,dramas e traduziu inmeras obras francesas para o alemo. Pacifista, sonhava com uma Europa unida. A pri-meira guerra mundial o desanimou. Iniciou escrevendo pequenas histrias que o tornaram famoso. Sua origemjudaica o obrigou a abandonar a ustria. Problemas de conscincia, somados angstia devido guerra, levouao suicdio em Petrpolis, em 22 de janeiro de 1942. Suas inmeras obras foram divulgadas em vrias lnguas,inclusive Brasil, pas do futuro. 24. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/ArBibliografiaBAUMAN, Zigmunt. Modernidade lquida. Trad. Plnio Dentzien. Rio de Janeiro: JorgeZahar Editor, 2001.BAUMAN, Zigmund - Identidade - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.STEFAN, Zweig. Brasil paias do futuroHALL, Stuart. A identidade cultural na ps-modernidade; traduo de Tomaz Tadeu daSilva, Guacira LopesLouro. 4a. ed. Rio de Janeiro: LP&A, 20001 O FELIX KRULL DE THOMANS MANN E FORMA ROMANESCAAline Shaaban SOLER (IC)1; Wilma Patrcia Marzari Dinardo MAAS (O)2Palavras-chave: romance; literatura alem; fragmento.Resumo: Durante o sculo XX haver um questionamento da forma romanesca. O presente trabalho tem comoproposta analisar de que maneira tal questionamento est presente em As confisses de Felix Krull de ThomasMann. A conjuno de dois gneros aparentemente paradoxais, o romance de formao e o picaresco, um dosrecursos usados pelo autor criando um (anti)heri cujo processo de formao se apresentar como meio de esca-lada social e no como forma de auto-desenvolvimento. Romance auto-biogrfico, Felix Krull, questionar aautoridade do narrador, e apresentar um eu narrado que assume o disfarce e a mscara como uma de suas prin-cipais caractersticas. Outro expediente de suma importncia o uso da ironia que se apresenta de modo a sola-par a carga realista da obra. Alm disso, deve-se ter em conta que a obra apresenta-se como fragmento cujo fim sbito. Como metodologia de anlise se tm por referncia os escritos de Walter Benjamin e de Theodor Ador-no; prope-se, igualmente, uma interpretao imanentista.Thomas Manns Felix Krull and the novelKeywords: novel; german literature; fragment.Abstract: During the twentieth century there will be a questioning of the novel form. This article intends toanalyze the way this questioning is present on Thomas Manns The confessions of Felix Krull. The union of twoapparently opposite genres, the formation novel and the picaresque, is an expedient used by the author to createan antihero. An autobiography, Felix Krull, will question the narrators authority and will present the mask asone of the main characteristics of the protagonist. Another very important expedient of the work is the irony usedto question the realism in literature. Furthermore, we need to consider the fact the book does not have an end, itis a fragment. The analyzes methodology consider the thinking about Walter Benjamin and Theodor Adorno;and we propose an immanentist analyze.O questionamento do romance enquanto forma1Discente regularmente matriculada no quinto ano do curso de Cincias Sociais, Faculdade de Cincias e Letras,FCLAr, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, UNESP, CEP 14800-901 Araraquara, SP, Bra-sil; e-mail: [email protected] de Letras Modernas, Faculdade de Cincias e Letras, FCLAr, Universidade Estadual PaulistaJlio de Mesquita Filho, UNESP, CEP 14800-901 Araraquara, SP, Brasil; e-mail: [email protected]. 25. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Ar O romance, assim como entendido nos moldes realistas do sculo XIX, podeser considerado como expresso literria mxima da burguesia. Porque nele que se apresen-ta a concepo do indivduo em seu auge.Como bem aponta Walter Benjamin, o romance apresenta-se como um sintoma de umprocesso muito mais longo, que se desenrolou atravs dos sculos. Este processo a decadn-cia da narrativa oral e com esta, a crise da experincia, que tinha na primeira sua principalforma de transmisso. O romancista se separou do povo e do que ele faz. A matriz do ro-mance o indivduo em sua solido, o homem que no pode mais falar exemplarmente sobresuas preocupaes, a quem ningum pode dar conselhos, e que no sabe dar conselhos a nin-gum (BENJAMIN, 1994, p.54). O processo de separao entre o homem tornado indivduo,incapaz de transmitir suas experincias, e a coletividade composta por seus semelhantes, stende a se exacerbar ao longo do tempo e, com ele, o questionamento do romance como for-ma. Tal questionamento, mais do que a incapacidade de transmisso de experincias, ter co-mo uma de suas razes a pobreza de experincias que assolar um homem, mais do que nun-ca, carente de um referencial para compreender os acontecimentos que o rodeiam. Comoafirma Benjamin,[...] nunca houve experincias mais radicalmente desmoralizadas que a experinciaestratgica pela guerra de trincheiras, a experincia econmica pela inflao, a expe-rincia do corpo pela fome, a experincia moral pelos governantes. Uma geraoque ainda fora escola num bonde puxado por cavalos viu-se abandonada, sem teto,numa paisagem diferente em tudo exceto nas nuvens, e em cujo centro, num campode foras de correntes e exploses destruidoras, estava o frgil e minsculo corpohumano. (BENJAMIN, 1994, p. 115)O autor, em A crise do romance. Sobre Alexanderplatz, de Dblin (1994) procura ilus-trar como a obra em questo implode a forma romanesca, sobretudo, utilizando-se de recursostais quais a montagem, a colagem de discursos do cotidiano e outros caros narrativa pica.J Theodor Adorno, em A posio do narrador no romance contemporneo (2003), afirman-do que no se pode mais narrar, embora a forma do romance exija a narrao3 (p.55), citarautores como Proust, Kafka e Dostoievski para exemplificar as mudanas que ocorrem naforma do romance em relao ao realismo do sculo XIX. Adorno igualmente discorrer arespeito de Thomas Mann e do modo como este se usa da ironia em suas ltimas obras.A obra As confisses de Felix Krull, 1954, de Mann, pode ser lida dentro do universodas obras que, durante o sculo XX, questionaram a forma romanesca e, simultaneamente,contriburam para o seu desenvolvimento. Se num primeiro olhar a obra pode indicar o uso derecursos recorrentes no romance realista do sculo XIX, um aprofundamento deste olhar mos-trar que o modo como tais recursos so mobilizados s opera de modo a subvert-los e sola-p-los.Romance de formao e romance picaresco assim que ocorre quando o autor, como bem aponta Wilma Patricia Maas, em O c-none mnimo (2000), conjuga duas tradies, de certa maneira, paradoxais: o romance de for-mao [Bildungsroman] e o romance picaresco. Segundo esta: Em seu carter crtico paro-dstico, como se ver a seguir, o Felix Krull, rebento confesso do conceito de formao da3 Vale notar que as concepes de narrador de Benjamin e Adorno so distintas. Enquanto a concepo adornia-na aplicvel forma do romance, o mesmo no ocorre com a de Benjamin, que refere-se estritamente tradi-o oral e forma pica (BENJAMIN, 1983). 26. X SEMANA DE PS-GRADUAO ISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Arpoca de Goethe, o atualiza por meio da pardia e do recurso picaresca (MAAS, 2000,p.215).No que tange ao romance picaresco, o autor Mrio Gonzlez, com o intento de realizarum estudo a respeito da neopicaresca, responsvel por desenvolver uma reviso bibliogrfi-ca a respeito do assunto, na qual apontar os recursos que foram mobilizados, ao longo dotempo, para caracteriz-lo. Basta lembrar que, oriundo da Espanha dos sculos XVI e XVII, oromance picaresco tem como principais caractersticas um protagonista cuja ascenso socialde dar por meios escusos, no autorizados pela sociedade, como por exemplo, o roubo e atrapaa, demonstrando, assim, a impossibilidade de ascenso social por meios honestos. Comisto, tem em vista a articulao de uma crtica a esta sociedade e a seus mecanismos de repro-duo, de modo a denunci-los. o que ocorre tambm no romance de Mann quando Krullconsegue dinheiro, vendendo as jias roubadas a Madame Houpfl a um relojoeiro, cuja lojaapresenta-se na rua, talvez no por acaso, da Escada do Cu (Mann, s/d, p.169 e seg.). Perce-be-se tambm esse movimento de ascenso progressiva quando Krull deixa seu trabalho comoascensorista e passa a trabalhar na cozinha do hotel. Isso no ocorre porque ele executa comdestreza sua funo, mas sim porque simptico e polido com os clientes do hotel, e, almdisso, conta com a ajuda de sua bela aparncia. Como bem demonstra o convite do chefe demesa, Machatscheck, para que Krull trabalhe na cozinha: Kroull? inquiriu ele. Conhecido por Armand? Vejamos, vejamos. Pois bem, ouvifalar de voc em termos que no eram precisamente maus e que tambm no eram injustifi-cados, segundo me parece, primeira vista. Contudo, a primeira impresso pode ser falsa.Deve compreender que os servios que at agora prestou casa no passavam de uma brinca-deira de crianas que no lhe permitiam alis manifestar as aptides que talvez possua.(MANN, s/d, p.202, grifos do autor)Por outro lado, enquanto romance de formao, pode-se afirmar que j de incio a edu-cao formal e institucionalizada lhe negada, devido m fama e decadncia de sua fam-lia (Mann, s/d, p.62), impossibilitando-o de ascender socialmente por meio dos estudos e daerudio. A formao universal, aquela que contribuiria tanto para seu desenvolvimento indi-vidual, s lhe ser acessvel a partir do momento em que trocar de identidade com o Marqusde Venosta, ou seja, um aristocrata. No a toa que num dos primeiros episdios vividos porFelix Krull, como Marqus de Venosta, este conhecer o professor Kuckuck paleontologistae diretor do Museu de Histria Natural de Lisboa , que longamente discorrer a respeito dasorigens do universo, da vida e da natureza humana (Mann, s/d p.264 e seg.). o professormesmo que, ao comparar o jovem ao lrio do mar, indicar que sua formao se inicia naquelemomento: Na sua juventude somente, o crinide de hoje, descendente do lrio-do-mar primiti- vo, fica ligado ao fundo. Depois, liberta-se, emancipa-se e vagabundeia, vogando e subindo ao longo das costas. Perdoe-me a associao de idias: mas, da mesma for- ma, moderno lrio-do-mar, o senhor destacou-se da sua haste e vai em viagem de descoberta. Fica-se tentado, ento, a dar conselhos ao novio da mobilidade. Chamo- me Kuckuck. (MANN, s/d, p.264)Mas, enquanto esta formao, acessvel somente aristocracia, no se d, pode-seafirmar que, em ltima instncia, o heri adquire uma formao picaresca (Maas, 2000,p.230). Em outros termos, uma formao que lhe possibilitaria a ascenso social e lhe ensina-ria os modos de se portar de um nobre. a formao que ocorre em Frankfurt, enquanto espe-ra o dia de ser chamado ao servio militar. Assim, conjugam-se duas tradies aparentementeantagnicas com o propsito de atribuir forma do romance uma condio mais afim ao con-texto histrico vigente. Segundo Maas: possvel compreender-se o ltimo livro de Manncomo um anti-Bildungsroman, uma parfrase mas tambm uma anttese dos pressupostos que 27. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Arsustentaram a idia do romance burgus subjetivo, individual e interiorizante, como Mann odesejara em seu ensaio de 1916. (MAAS, 2000, p.224)O narrador e o eu(s) narrado(s)Muitos dos recursos utilizados por Mann para subverter a forma romanesca so carac-tersticos da picaresca. Dentre eles, o expediente da narrativa em primeira pessoa. Se no ro-mance realista a narrativa se apresenta em terceira pessoa no intuito de proporcionar verossi-milhana e credibilidade histria, com o uso da narrativa autobiogrfica, fica evidente que orelato apresentado consiste apenas em um ponto de vista, parcial, cuja validade pode ser ques-tionada. A autoridade do narrador, assim, abalada e solapa-se a pretensa objetividade doromance realista. Mrio Gonzalz, ao definir o romance picaresco alega que este teria comouma de suas caractersticas a pseudo-autobiografia (Gonzlez, 1994, p.263). Com relao aKrull, Maas ao justificar o porqu do Felix Krull consistir em um romance autobiogrficoquestiona: Uma vez que o gnero autobiogrfico entendido como a expresso mxima da in- dividualidade, da rememorao e do subjetivismo burgus, como pode Felix Krull, dono de muitas identidades e de nenhuma, apresentar a seu leitor sua autobiografia como expresso mxima de subjetividade? (MAAS, 2000, p.226) Como se pode notar, o motivo da pseudo-autobiografia aponta para outra questo cru-cial no romance de Mann: a multiplicidade de identidades que Krull assume. Se uma carac-terstica da picaresca a presena de um protagonista cuja identidade fraca, o autor leva esterecurso a suas ltimas conseqncias, fazendo com que o protagonista tenha como uma desuas maiores qualidades a facilidade para assumir mscaras e disfarces, em outros termos,vrias identidades. Se, enquanto narrador, Krull apenas um, no havendo vozes dissonantesa respeito de seu relato, por outro lado, enquanto eu narrado, apresenta-se sob vrias facetas.E como isto se lhe mostra til em sua escalada social. por meio de sua habilidade para atroca de identidade que sero desvelados os mecanismos de reproduo da sociedade em quevive. Se, como afirma Benjamin, a pobreza de experincias o homem impele a partir para afrente, a comear de novo, a contentar-se com pouco, a construir com pouco (1994, p.116),Krull operar no mesmo registro, construindo identidades por meio da apropriao de caracte-rsticas alheias. Embora a troca de identidade com o Marqus de Venosta seja a mais emble-mtica, o episdio no qual ele assume a funo de ascensorista no deixa de ser significativo.Nesta ocasio, Krull assumir o nome do antigo ascensorista. Felix Krull agora Armando. Oepisdio demonstra como, na sociedade, so as pessoas substituveis de acordo com a funoque lhes cabe. Qualquer um pode ser Armando, principalmente quando seu nome, Felix, temqualquer coisa de demasiado privado e pretensioso (MANN, d/s, p.153, grifos meus).A ironia manniana Outro artifcio que est presente no Felix Krull de modo a contribuir para o questio-namento do romance realista o uso da ironia como forma de expresso. Se, em muitos mo-mentos o romance parece herdeiro direto do realismo do sculo XIX, por meio do uso da iro-nia, em verdade, o autor pretende desconstruir seus recursos pretensamente objetivos. Deacordo, Adorno afirma que, S hoje a ironia enigmtica de Thomas Mann, que no pode ser reduzida a sarcasmo derivado do contedo, torna-se inteiramente compreensvel, a partir de sua funo como recurso de construo da forma: o autor com o gesto irnico que revoga seu prprio discurso, exime-se da pretenso de criar algo real, uma pretenso da qual 28. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Ar nenhuma de suas palavras pode, entretanto, escapar. Isso ocorre de modo mais evi- dente na fase tardia [...], onde o escritor, brincando com um motivo romntico, reco- nhece, pelo comportamento da linguagem o carter de palco italiano da narrativa, a irrealidade da iluso, devolvendo assim obra de arte, nos seus prprios termos, aquele carter de brincadeira elevada que ela possua antes de se meter a re- presentar, com a ingenuidade da no-ingenuidade, a aparncia como algo ri- gorosamente verdadeiro. (ADORNO, 2003, p.60-1)Note-se que, se por um lado, a ironia vem a questionar a autoridade do narrador; poroutro, vem justamente a evidenciar que o narrador apenas um narrador e nada mais do queisto. O episdio da carta que Krull, enquanto Marqus de Venosta, manda aos seus falsos pais caracterstico disto por dois motivos. o momento em que talvez o leitor mais desatento oudesavisado passa a questionar o relato de Krull, j que este difere do relato impresso na carta(Mann, s/d, p.321 e seg.). E tambm porque na carta o personagem apresentar uma visoaristocrtica, favorvel s desigualdades da sociedade em que vive, tidas, por ele, como natu-rais. A afirmao no irnica apenas pelo fato do narrador estar falando na voz do marqus,mas tambm, e sobretudo, porque confronta-se com a prpria ascenso social de Krull que, deuma famlia burguesa em decadncia, passa a trabalhar como servial em um hotel, para sdepois tornar-se um refinado aristocrata. Na carta, ao relatar a sua (falsa) famlia o encontrocom o rei de Portugal, afirmar que, Com a sua presena, o mendigo, nos seus farrapos, contribui para o quadro colorido da vida tanto como o grande senhor que depe a sua esmola na mo humildemente estendida, evitando com cuidado tocar-lhe.E alis, Majestade, o mendigo sabe isso. Tem a conscincia da dignidade singular que a ordem do mundo lhe confere e, no fundo do corao, ele no quer ser outra coisa seno o que . preciso que pessoas mal intencionadas o excitem para o fazerem duvidar do seu papel pitoresco e por-lhe na cabea a revoltante quimera da igualdade. No so iguais; mas nasceram para o compreender. O homem veio ao mundo com os sentidos aristocrticos. (MANN, s/d, p.334) De fato, a defesa da igualdade no um dos lemas de Krull. Por outro lado, ainda queno seja um mendigo, a escalada social de Krull demonstra justamente o seu inconformismocom a posio que lhe foi legada.Um (longo) fragmentoPor fim, uma das caractersticas mais polmicas do FelixKrull, e que igualmente vema por em xeque a forma romanesca, o fato do romance no possuir um fim no sentido estritoda palavra, apresentando-se, assim, no apenas como um relato, mas, mais especificamente,como o (longo) fragmento de um relato (fragmentado). Em sua introduo obra, Anatol Ro-senfeld, com relao a este aspecto, utilizar uma citao do prprio Mann para justific-lo:Este livro estranho certamente permanecer fragmento disse o autor em 1954, no ano dapublicao do romance. A obra no foi projetada para ser concluda; pode-se continu-la,escrevendo e fabulando sem cessar... (ROSENFELD, s/d, p.11). Apesar desta referncia, ocrtico, assim como o tradutor portugus da obra, Domingos Monteiro, alegam que o carter 29. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Arfragmentrio desta fruto do falecimento do autor no ano seguinte4. O primeiro, ao finalizar aintroduo que prepara ao livro, empreende a seguinte crtica: Abandonado pelo autor (falecido em 1955), Krull continua em Lisboa, pronto para partir, sem nunca partir, com o dedo no gatilho, sem nunca atirar. Sua existncia de artista e homem, pairando como tal, no reino infinito das possibilidades, ficou redu- zida, pela falta de desfecho, mera possibilidade das prprias possibilidades. (RO- SENFELD, s/d, p.12, grifos meus)Se num primeiro momento h de se questionar se a obra no se apresenta como umfragmento intencional, a reviso bibliogrfica a respeito do assunto demonstra o contrrio.Mann tinha em vista o desenvolvimento de um segundo volume para a obra no qual teriamcontinuidade as andanas de Krull mundo afora (Rosenfeld, 2009, p.201; Rosenthal, 1975, p.94). Alm disso, dois fatores de ordem maior devem ser considerados: o longo perodo degestao da obra, cerca de cinco dcadas, para que ela se apresentasse tal qual nos dias dehoje; e as prprias evidncias que o narrador deixa do prosseguimento de suas confisses.Destes dois fatores, o primeiro abre o leque para uma discusso a respeito das mudanas econtinuidades no pensamento de Mann e, igualmente, para o contexto histrico em que este seinseriu.Deve-se considerar que os primeiros esboos da obra, segundo Rosenthal (1975, p. 93)iniciaram-se no ano de 1906 e A primeira parte das Confisses do Impostor Felix Krull [...]saiu em 1922/23, depois de uma gestao de vrios lustros. Ampliada em 1936, a obra foilanada na sua forma definitiva, mas ainda assim fragmentria, em 1954, pouco antes da mor-te de Thomas Mann. (ROSENFELD, 2009, p.201) Uma obra que leva mais de quadro dca-das para ser escrita e que acompanha a composio de tantas outras, por si s, j uma obrafragmentria, independente de no possuir um fim definitivo. No entanto, a anlise da obranos mostra que esta fragmentao cronolgica no se reflete numa fragmentao do enredopor conta da forma autobiogrfica e picaresca, que narra os episdios em sequncia. O pri-meiro livro do romance, que, como j afirmado, aborda a infncia e o incio da juventude doprotagonista, j apresenta os principais aspectos formais da mesma. Afora, a anlise, se con-frontada com as premissas defendidas pelo prprio Mann em O artista e a sociedade (1988),ensaio datado de 1952, demonstram uma mesma concepo da relao entre o artista e a soci-edade, ou melhor, entre o artista e a moral5.Como j apontado anteriormente, a predisposio de Krull para assumir disfar-ces os mais diversos uma das principais caractersticas do romance e utilizada como modode questionar o processo de desenvolvimento identitrio apresentado no romance de forma-o. Ora, tal predisposio protagoniza a maioria dos captulos do primeiro livro. Nesse senti-do, pode-se, inclusive, consider-lo como um preldio das peripcias de Krull, no resto doromance, ao trocar de identidade. Krull nos relata, por exemplo, que, quanto pequeno, era deseu feitio se fingir de imperador, enquanto sua bab o levava a passear no jardim de sua casa,o que proporcionava boas gargalhadas ao seu padrinho (Mann, 1981, p.14-5). Vale aqui jnotar o gosto do pequeno para a vida privilegiada.4A morte impediu que Th. Mann terminasse este ltimo romance, um dos mais deliciosos e humorsticos queescreveu. (ROSENFELD, s/d, p.9); e Esta obra, que, para prejuzo da literatura universal, a morte do autorinterrompeu, no seu seguimento [...] (MONTEIRO, s/d, p.13).5O artista e a sociedade eu me pergunto se ficou claro que tema delicado nos foi apresentado. [...] Por queno se diz logo: o artista e a poltica, - pois atrs da palavra sociedade se esconde de qualquer maneira o pol-tico? Esconde-se muito mal, pois o artista, como crtico da sociedade j o artista politizado e politizador ou,para dizer tudo: o moralizador. Para chegar ao nome completo, o tema deveria ser: o artista e a moral [...].(MANN, 1988, p.29, grifos do autor) 30. X SEMANA DE PS-GRADUAO ISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Ar Ao considerar, deste modo, a afirmativa de Mann de que a obra nasceu parapermanecer fragmento (Rosenfeld, s/d, p.11), no se deve ter em mente que a proposta deMann era realizar uma obra na qual a fragmentao intencional, no sentido schlegeliano, fosseuma de suas caractersticas principais. A referncia ao romantismo alemo, ainda que nopossa ser estabelecida por meio da discusso sobre o fragmento, est presente no pensamentomanniano e diz respeito, inclusive, a um dos temas mais recorrentes na obra do autor: a buscado equilbrio entre impulso de vida e impulso de morte; racionalismo e irracionalismo; Ilumi-nismo e Romantismo. Tal qual afirma Rosenfeld: Toda a vida de Thomas Mann, no seu sentido mais profundo, um constante esforo de superar a sua natureza, impregnado do romantismo musical da Alemanha, [...]. E toda a sua obra nada seno a expresso esttica desse esforo constante de contra- por os dois valores, de p-los em xeque, de referi-los num jogo de dialtica altamen- te ambgua, de ironizar-lhes a unilateralidade, de salientar a necessidade de sua sn- tese final num humanismo em que esprito e vida se interpenetrem e em que o indi- vduo isolado se integre de novo na sociedade, enriquecido pela experincia da do- ena, da morte e da alienao. (ROSENFELD, 1994, p.23)Richard Miskolci, por exemplo, em Eros para presidente (1997/8), texto que realizauma abordagem do ensaio de Mann Da repblica alem (1922), pontua a influncia do pen-samento de Novalis para o escritor.Assim, a afirmao de Mann a respeito do carter fragmentrio da obra pode ser inter-pretada de modo irnico, apontando para o fato de ter sido gestada durante um longo perodode sua vida. E, ainda que seu fim sbito se apresente como uma limitao para a anlise, oromance apresenta um alto grau de coerncia formal, o que permite avaliar suas contribuiesestticas para a posteridade.A anlise de tais caractersticas, como se procurou demonstrar, evidencia a moderni-dade da obra de Thomas Mann, sua preocupao em cunhar um romance de acordo com o seutempo histrico, empreendendo uma crtica da sociedade vigente. Mas, igualmente, apontampara o questionamento do romance como forma, que se desenvolve no sculo XX.Referncias bibliogrficasADORNO, Theodor. Posio do narrador no romance contemporneo. In: Notas de literatura I. Traduo: JorgeM. B. de Almeida. So Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2003.____. Palestra sobre lrica e sociedade. In: Notas de literatura I. Traduo: Jorge M. B. de Almeida. So Paulo:Duas Cidades; Editora 34, 2003.BENJAMIN, Walter. A crise do romance. Sobre Alexanderplatz de Dblin. In: Magia e tcnica, arte e poltica:ensaios sobre literatura e histria da cultura. 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Procurar-se- expor a interpretao anisianado papel social da escola na sociedade moderna, isto , o modo como a escola para todos,a mquina da democracia, assume o posto de principal instituio socializadora eestabilizadora, como elemento de superao do limitado modelo de socializao familiar ede classe, da nova ordem social configurada em torno da sociedade capitalista.Palavras-chave: Ansio Teixeira. Escola pblica. Democracia.Abstract: This article aims to present the aspects that constitute the vision of Teixeiraregarding the role of schools, specifically public school, in front of family and the Braziliansociety of his time. Search will expose the Anisian interpretation of the social role of schools in modern society,iehowthe"school forall,the machinery ofdemocracy,assumed the post of chief socializing and stabilizing institution as part of overcoming the limited model of fami-ly socialization and class, the new social order set up around the capitalist society.Key words: Ansio Teixeira. Public School. Democracy.Ansio Teixeira: um pensador social e educador1Cientista Social, Mestre e Doutorando em Educao pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul -UFMS. PPGEduc/Doutorado em Educao/UFMS, CEP: 79070-900, Campo Grande-MS, Brasil, [email protected]. 32. X SEMANA DE PS-GRADUAO ISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/ArEm meio ao movimento histrico dos anos 1930-1960, uma sociedade que sepretendia efetivamente moderna e democrtica no poderia deixar de lado os princpiosnorteadores da vida do novo tipo de homem que se exigia. Sendo assim, a escola teria deacompanhar, tal como o sistema poltico, os novos valores que as estruturas econmicas esociais emergentes imprimiram sobre a ordem do conjunto das relaes e das instituiessociais.O novo universo ideolgico, emergente na sociedade brasileira, faz com que aspropostas educacionais de Teixeira assumam uma postura determinada em relao a umaconfigurao social em que as inovaes em todos os campos exigiam um melhor e maisintenso processo de reestruturao da funo do sistema de ensino frente a um mundo emconstante transformao. Surge da, a necessidade do planejamento de polticas pblicasque visem regularizar e redistribuir os avanos da nova realidade, na qual a sociedademoderna deve ser, ao mesmo tempo, estvel e dinmica. Uma sociedade estabilizada umasociedade onde h harmonia entre dinamicidade e ordem. Uma sociedade democrtica deveprezar pela estabilidade de suas instituies e, ao mesmo tempo, apreciar as inovaes quecontribuem para sua manuteno.Ansio Teixeira, seguindo a tradio do pragmatismo estadunidense, sob ainfluncia de John Dewey e William Kilpatrick2, era defensor de reformas que viessemdemocratizar as oportunidades educacionais e reconhecer a importncia da experincia dosenso comum na construo da inteligncia. A escola pblica e democrtica surge nainterpretao social anisiana como a nica capaz de instituir, na ordem social capitalista,mecanismos de aperfeioamento do sistema democrtico e de correo dos desvios e malescausados pela exacerbao da industrializao e do individualismo. Esta escola, aberta atodas as classes e camadas sociais, deveria ser o produto da reorganizao e reconstruoda escola existente, da racionalizao e profissionalizao do processo educativo, tornando-a apta a assumir sua funo social de mquina preparadora da sociedade democrtica eprodutora do homem novo.A viso de Ansio Teixeira, um liberalismo igualitarista, voltava-se para ademocratizao das oportunidades educacionais como a forma mais justa de equalizaosocial. Uma escola aberta a todas as classes sociais, no pensamento anisiano, aedificadora dos alicerces de uma sociedade aberta e democrtica na qual a ascenso socialdeve ocorrer no pelos privilgios de classe, mas de acordo com um regime meritocrticoonde a estratificao social se d em concordncia com as capacidades individuais.Ansio Teixeira procura demonstrar que, numa sociedade antidemocrtica, aeducao se constitui como um privilgio de falsas elites que detm um poder econmico,mas na sociedade que se reconstri, em marcha para a ordem socialdemocrtica, a educao se apresenta como um direito que deve ser garantido para todospelo Estado, como forma de dar ao movimento de ascenso e organizao da sociedadedemocrtica os rumos e a legitimidade necessrios ao processo de estabilizao social.Assim, o liberalismo anisiano igualitrio, e no elitista, pois sua preocupao pri-mordial a de possibilitar iguais oportunidades educacionais para todos, para que qualquerindivduo possa participar ativa e criticamente das mudanas que a sociedade baseada na ci-ncia e na tcnica possibilita. Essa seria a principal funo social atribuda por Ansio Teixei-ra escola no Brasil dos anos 1930-1960, sendo a formao de elites cientficas, tcnicas edirigentes apenas consequncias secundrias deste processo e no seu principal objetivo. Des-sa forma, para se entender o papel que a escola progressiva ou para todos assume no pensa-2 As duas principais obras desses autores, em que influenciaram profundamente Ansio Teixeira, so: DEWEY,John. Democracia e educao. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959. KILPATRICK, William. A Edu-cao para uma sociedade em mudana. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1972. 33. X SEMANA DE PS-GRADUAOISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Armento poltico-pedaggico anisiano, preciso, primeiramente, compreender a escola e a soci-edade por ele ansiadas.A escola adquire nas reflexes filosficas elaboradas por Ansio Teixeira, uma posiofundamental. O pensamento anisiano aponta a necessidade de se construir um sistema educa-cional. Nesse sentido, a perspectiva anisiana tem na escola e na educao no s os elementospara a perpetuao dos valores sociais, mas, instrumentos importantssimos para assegurar,tambm, um interminvel processo de reconstruo social. Ansio Teixeira (2000, p.189) re-conhece que: A educao de um povo somente em parte se faz pelas suas escolas. Compreendida como o processo de transmisso da cultura, ela se opera pela vida mesma das popu- laes e, mais especificamente, pela famlia, pela classe social e pela religio. A es- cola, como instituio voluntria e intencional, acrescenta-se a essas outras institui- es fundamentais de transmisso da cultura, como um reforo, para completar, harmonizar e tornar mais consciente a cultura, em processo natural de transmisso, e, nas sociedades modernas de hoje, para habilitar o jovem vida cvica e de traba- lho, em uma comunidade altamente complexa e de meios de vida crescentemente especializados. Ansio Teixeira (1956, p.9) procurou desenvolver o tema da funo social daescola frente s outras instituies sociais, em especial a classe social e a famlia, fixandocomo parmetro para suas interpretaes e propostas a conexo incontestvel entreeducao e democracia. O postulado fundamental do pensamento poltico-educaionalanisiano estava baseado na ideia de que por meio da escola pblica e democrtica seriapossvel, uma vez que todos os homens so suficientemente educveis, fazer com quetodos os indivduos fossem capazes de partilharem como iguais as possibilidades que avida em sociedade pode fornecer. Nesse sentido, a escola democrtica ou para todos,marca indelvel da obra educacional de Ansio Teixeira, seria movida por valores efinalidades que transcenderiam os muros da escola, sendo estas, exigncias do modo devida democrtico. Para realizar sua funo social, a escola para todos deveria oferecer umaeducao comum para a totalidade dos membros da sociedade, pois se antes a educaoera oferecida espontaneamente por meio da famlia, da classe e do contato com a vidasocial, com o avano da sociedade urbano-industrial a educao se faz cada vez mais umaobrigao da sociedade e do Estado enquanto instituies educadoras. Para Ansio Teixeira, a instituio familiar, em meados do sculo XX, j nodetinha todos os meios capazes de prover os preceitos basilares e necessrios aosindivduos para se sustentarem e acessarem os valores tidos como vlidos pela lgica socialem consolidao, isto , a uma sociedade marcadamente mais urbana e industrial. O altograu de complexificao das relaes socais e da vida moderna como um todo,transformaes materiais e imateriais, no permitia a famlia e a classe social continuaremcomo instituies seguras e incontrastveis como haviam sido anteriormente. Ao mesmotempo, Teixeira procurava ressaltar que mesmo que ambas, famlia e classe, mantivessemasseguradas suas atribuies morais, ainda assim, a escola se manteria como mais quefundamental, pois estas instituies no poderiam cumprir com a tarefa que s escolademocrtica cabia. A ela, a escola comum e democrtica, compete zelar pela constituiode um ambiente adequado que propicie ao educando novas experincias que permitam, aomesmo tempo, a reviso e a integrao experincia da vida em comunidade. Assim, oeducando assumiria o seu papel, como assevera Ansio Teixeira (1956, p. 9), de 34. X SEMANA DE PS-GRADUAO ISSN 1982-2286 EM SOCIOLOGIA UNESP/Ar[...] participante inteligente e ajustado de uma sociedade de todos e para todos, emque o respeito e o interesse pelos outros se estendam alm das estratificaes sociaise de grupo e se impregnem do esprito de que, antes de membro da famlia, do grupoou da classe, o indivduo membro de sua comunidade, do seu pas e de toda a hu-manidade.Dessa forma, a formao dos indivduos, na sociedade que caminha para a democra-cia, deve prezar pelos padres de socializao e sociabilidade requeridos pela ordem socialdemocrtica. Para a constituio da cidadania democrtica, ao contrrio de uma educaobaseada em valores orientados para o contentamento de interesses individual-particulares elocais, como o faziam a famlia, a classe ou o grupo, a organizao moderna e tendencialmen-te democrtica da sociedade requer homens capazes de reconhecer claramente seus direitos edeveres, portadores de uma viso ampliada de seus papis para com a comunidade mais pr-xima, mas tambm, para com seu pas e com a sociedade humana como um todo.A escola proposta por Ansio Teixeira s pode ser entendida e considerada como oinstrumento que d ao processo educativo, que tem sua origem nas instituies sociais funda-mentais, os rumos necessrios para que o indivduo/educando seja capaz de integrar a socie-dade de modo a contribuir para a marcha da civilizao moderna.Por ter o compromisso de zelar pelos valores sociais, Ansio destaca que a escolaprogressiva (a nova escola) deve deixar de ser um elemento isolado das transformaes soci-ais, como o faz a escola tradicional, mas fazer-se, cada vez mais, uma micro-projeo da rea-lidade social, para que se torne eficiente e apta a acompanhar os ritmos acelerados de aperfei-oamento da cincia, da tcnica, e das relaes sociais como um todo. Quanto a isso AnsioTeixeira (2000, p. 110-111) diz que:Vai, porm, muito adiantada a marcha da humanidade, nas suas adaptaes e readap-taes sucessivas. A natureza se fez arte e, hoje, viver um difcil mister, que pre-ciso aprender. Mais do que iss