ANÁLISE COMPARATIVA DE AUDITORIAS …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3528/1/... ·...

45
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ISRAEL KRÜGER ANÁLISE COMPARATIVA DE AUDITORIAS COMPORTAMENTAIS EM UMA PLANTA PETROQUIMICA ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2013 MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO CURITIBA 2014

Transcript of ANÁLISE COMPARATIVA DE AUDITORIAS …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3528/1/... ·...

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ISRAEL KRÜGER

ANÁLISE COMPARATIVA DE AUDITORIAS COMPORTAMENTAIS EM UMA PLANTA PETROQUIMICA ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2013

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

CURITIBA 2014

ISRAEL KRÜGER

ANÁLISE COMPARATIVA DE AUDITORIAS COMPORTAMENTAIS EM UMA PLANTA PETROQUIMICA ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2013

Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista no curso de Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Eduardo Catai

CURITIBA 2014

ISRAEL KRÜGER

ANÁLISE COMPARATIVA DE AUDITORIAS COMPORTAMENTAIS EM UMA PLANTA PETROQUIMICA ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2013

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista no Curso

de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade Tecnológica

Federal do Paraná – UTFPR, pela comissão formada pelos professores:

Banca:

_____________________________________________

Prof. Dr. Rodrigo Eduardo Catai (Orientador)

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

________________________________________

Prof. Dr. Adalberto Matoski

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

_______________________________________

Prof. M.Eng. Massayuki Mário Hara

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

Curitiba

2014

“O termo de aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso”

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelas inúmeras graças que tem derramado durante toda minha vida.

À minha esposa e meu filho, pelo suporte, pela amor, e pela compreensão

durante o transcorrer da especialização.

À Universidade Tecnológica Federal do Paraná que abriu suas portas para a

realização do curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Ao Professor Dr. Rodrigo Eduardo Catai, por ter aceitado ser orientador desta

monografia, compartilhando seu conhecimento e pela atenção.

À Petrobras, por acreditar em mim e apoiar meu crescimento profissional.

Aos colegas do XXVIII CEEST, que dividiram suas experiências e

conhecimentos enriquecendo meu aprendizado durante o curso.

A todos que, de certa forma, contribuíram com o desenvolvimento deste

trabalho.

RESUMO

KRÜGER, Israel. ANÁLISE COMPARATIVA DE AUDITORIAS COMPORTAMENTAIS EM UMA PLANTA PETROQUÍMICA ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2013. 2014. 42 f. Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2014. Os trabalhadores de plantas petroquímicas constantemente estão expostos a muitos riscos em seu local de trabalho. A falha humana está presente em grande parte dos acidentes. Auditar o comportamento humano é uma ferramenta importante no auxilio de minimizar estas falhas. Assim, o objetivo geral desta monografia foi quantificar os diversos desvios apontados e verificar a evolução entre os anos de 2012 e 2013. O objetivo especifico foi analisar a quantidade de desvios dentro de cada circunstâncias e apontar pontos positivos e negativos nesta evolução, ressaltando onde pode ser melhorado a conscientização. Neste trabalho foi utilizado o método de pesquisa exploratória, e estudo de caso. Para análise fez-se um levantamento no banco de dados de auditorias comportamentais de uma planta petroquímica dos últimos dois anos. Os resultados mostraram a importância de se investir em treinamento dos trabalhadores industriais, sobre o bom desempenho de sua prática profissional, assim como sobre as implicações pessoais e legais que envolvem o acidente de trabalho.

Palavras-chaves: Auditoria comportamental. Acidente de trabalho. Segurança e

saúde no trabalho. Incidentes. Desvios.

ABSTRACT

KRÜGER, Israel. COMPARATIVE ANALYSIS OF BEHAVIORAL AUDIT IN A PETROCHEMICAL PLANT BETWEEN THE YEARS 2012 AND 2013. 2014. 42 f. Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2014. The workers of petrochemical plants are constantly exposed to many risks in your workplace. The human error is present in most accidents. Audit human behavior is an important tool in aid to minimize these failures. Thus, the general objective of this thesis was to quantify the various appointed deviations and verify the trend between the years 2012 and 2013. The specific objective was to analyze the amount of deviations in these circumstances and point out positives and negatives in this evolution, highlighting where awareness can be improved. In this study was used the method of exploratory research, applied in this case study. For the analysis it was made an survey in the database of behavioral audits of a petrochemical plant the last two years. The results showed the importance of investing in training of industrial workers, on the performance of their professional practice, as well as on the personal and legal implications surrounding the accident at work. Keywords: Behavioral audit. Occupational accidents. Safety and health at work.

Incidents. Deviation.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Piramide de Heinrich (1931)..............................................................................

15

Figura 2 Pirâmide de Frank Bird (1966)..........................................................................

16

Figura 3 Pirâmide da ICNA (1969)..................................................................................

16

Figura 4 Pirâmide DuPont (2005).................................................................................... 17

Figura 5 Iceberg …........................................................................................................... 18

Figura 6 Esquematização da evolução da gestão de SMS................................................ 22

Figura 7 Curva de Bradley adaptada por DuPont............................................................. 24

Figura 8 Esquemático unidade coqueamento retardado ….............................................. 25

Figura 9 Unidade de coqueamento retardado................................................................... 26

Figura 10 Distribuição de refinarias no Brasil. …............................................................. 26

Figura 11 Causa de acidentes ocorridos até 2002.............................................................. 27

Figura 12 Auditorias comportamentais realizadas em 2012 e 2013................................... 31

Figura 13 Evolução dos desvios encontrados..................................................................... 32

Figura 14 Evolução desvios Reação das Pessoas............................................................... 33

Figura 15 Evolução Desvios Posição das Pessoas............................................................. 33

Figura 16 Evolução Desvios uso EPI................................................................................. 34

Figura 17 Evolução Desvios Ferramentas e Equipamentos............................................... 34

Figura 18 Evolução Desvios Procedimentos...................................................................... 35

Figura 19 Evolução Desvios OLA..................................................................................... 36

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Comparação de acidentes entre nações no ano de 2005.................................. 20

Quadro 2 Comparativo entre os anos de 2010 e 2012..................................................... 21

Quadro 3 Comparativo de acidentes do trabalho liquidado nos anos de 2010 e 2012.... 21

Quadro 4 Demonstrativo dos desvios totais e percentuais nos anos 2012 e 2013........... 32

Quadro 5 Demonstrativo dos desvios totais e percentuais na categoria OLA................. 36

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABA Auditoria baseada na Atitude

Audicomp Auditoria Comportamental

Cofic Comitê de Fomento das Industrias de Camaçari no Estado da Bahia

DDS Diálogo Diário de Segurança

EPI Equipamento de Proteção Individual

EPC Equipamento de Proteção Coletiva

ICNA Insurance Company of Noth America

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

MHIDAS Major Hazard Incidents Data System

OLA Ordem, Limpeza e Arrumação

SMS Seguraça, Meio Ambiente e Saúde

UCR Unidade de Coqueamento Retardado

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 111.1 OBJETIVOS..................................................................................................... 121.1.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 121.1.2 Objetivo Específico.......................................................................................... 121.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 122 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................... 142.1 SEGURANÇA DO TRABALHO....................................................................... 142.2 INCIDENTES E DESVIOS............................................................................... 152.3 ACIDENTES DO TRABALHO......................................................................... 182.4 AUDITORIA COMPORTAMENTAL.................................................................. 222.5 COQUEAMENTO RETARDADO..................................................................... 242.6 ACIDENTES EM REFINARIAS....................................................................... 253 METODOLOGIA.............................................................................................. 284 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................... 314.1 ANÁLISE GERAL............................................................................................ 375 CONCLUSÃO.................................................................................................. 38 REFERÊNCIAS............................................................................................... 39

1 INTRODUÇÃO

Os trabalhadores envolvidos em atividades laborais em plantas petroquímicas

estão diariamente expostos a substâncias perigosas o que constituem em um sério

risco à sua saúde e ao meio ambiente.

Os riscos para as pessoas e equipamentos em uma refinaria de petróleo

estão ligados à inflamabilidade dos inúmeros compostos processados e/ou

armazenados. É comum ter-se temperaturas elevadas, acima do ponto de ebulição

das substâncias (SILVA, 2002).

Não obstante, também há a presença de materiais tóxicos nas plantas como

subprodutos dos processos ou como parte de sistemas de tratamento, entre os quais

o sulfeto de hidrogênio ou acido sulfídrico (H2S), o cloro e a amônia (NH3) estão

quase sempre presentes. Estas substâncias citadas, entre outras, também

constituem risco para os trabalhadores e eventualmente à população (SILVA, 2002).

Os primeiros a sofrerem os danos causados pelos acidentes são os

trabalhadores, segundo Puiatti (2000), devido a proximidade com os riscos que

deles decorrem tornando-os potenciais vitimas.

Hoje já existem estudos e trabalhos que tratam da questão comportamental,

que pode evidenciar vícios de conduta detectados por auditorias comportamentais,

inclusive levando em conta aspectos cognitivos da psique humana e como isso pode

influenciar a segurança de uma planta (ESTEVES, 2004).

Auditoria comportamental, também conhecida como auditoria baseada em

atitudes (ABA), é aquela baseada na análise do comportamento dos indivíduos, com

o objetivo de detectar, prematuramente, situações de riscos que esses possam estar

expostos.

A auditoria comportamental é interativa com a frente de trabalho. Nela são

analisadas diversos itens que envolvem pessoas e equipamentos. Tais auditorias

buscam conscientizar trabalhadores para as correções dos desvios.

Uma auditoria com desvio só é eficaz se para cada desvio verificado houver

uma recomendação por parte do auditor.

Segundo Navarro (2003), pode-se citar como benéficos da auditoria os

seguintes pontos:

• Focalizar a atenção em SMS (segurança, meio ambiente e saúde);

• Comunicar e esclarecer padrões esperados de SMS;

• Identificar o nível de entendimento e aplicação dos procedimentos de

SMS;

• Identificar os pontos fortes e oportunidades de melhoria do sistema de

gestão;

• Motivar as pessoas;

• Identificar onde as pessoas assumem os riscos;

• Identificar e corrigir desvios;

• Evitar acidentes e incidentes;

• Promover maior integração da liderança com as atividades de campo;

A convicção de que acidentes são uma latente ameaça, exige medidas de

controle, e a auditoria comportamental é uma mecanismo notável para que mortes

sejam evitadas, o meio ambiente seja preservado e não tenhamos perdas matérias.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desta monografia foi quantificar os diversos desvios

apontados na auditorias comportamentais e verificar a evolução entre os anos de

2012 e 2013.

1.1.2 Objetivo Específico

A pesquisa teve como objetivo especifico analisar a quantidade de desvios

dentro de cada circunstâncias e apontar pontos positivos e negativos nesta evolução,

ressaltando onde pode ser melhorado a conscientização do trabalhador, para

minimizar a probabilidade de falha humana. Este monitoramento do comportamento

dos trabalhadores poderá identificar não conformidades ou comportamentos de risco.

1.2 JUSTIFICATIVA

A teoria mais aceita sobre a dinâmica dos acidentes é de que resultam de uma

combinação de eventos indesejáveis em função da materialização das falhas

latentes. O acidente possui uma dinâmica própria que vai se materializando no

decorrer do tempo, resultado de decisões equivocadas, baixa percepção de risco,

ineficácia ou inexistência das rotinas de segurança (ARAUJO, 2013).

A abordagem deste trabalho tem sua justificativa na causa básica dos

acidentes. Se os desvios encontrados forem entendidos e tratados de maneira eficaz,

as consequências deles, ou seja o acidente com o trabalhador, deixará de existir.

,

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SEGURANÇA DO TRABALHO

Barbosa Filho (2010 apud FERREIRA, 1997, p.563), definiu como segurança:

“(...) estado, qualidade ou condição de seguro. Condição daquele ou daquilo que se

pode confiar”.

O conceito de segurança no trabalho nos países do novo mundo começou

nos Estados Unidos em 1877, onde surgiu o primeiro ato governamental que

referente à prevenção de acidentes. Foi exigido a utilização de proteção nas correias

de transmissão e engrenagem expostas, além de proibição de limpeza em máquinas

em movimento, bem como obrigava a existência de saídas de emergências para

abandono do local, em caso de emergência, explica Araújo (2009).

No Brasil pode-se dividir o foco no trabalhador em antes e depois do

presidente Getúlio Vargas, pois em 1930 este assunto ganhou novo impulso no

campo politico e legislativo e foi criado o ministério do trabalho (DEC. 19433)

A CLT, em seu capitulo V, Lei n° 6.514 (BRASIL, 1977), continua sendo um

dos instrumentos jurídicos mais eficazes para a prevenção de acidentes. Ela atribui

às empresas a responsabilidade do cumprimento das normas de segurança e

medicina do trabalho, a instrução dos colaboradores através de ordens de serviço e

a adoção de medidas que evitem a ocorrência de acidentes do trabalho ou doenças

ocupacionais. De acordo com a lei, os colaboradores também são responsáveis pela

sua segurança, através do cumprimento das instruções fornecidas e da observação

das normas de segurança e medicina do trabalho.

Para que a segurança no trabalho seja realizada de forma efetiva é

necessário que seja aplicada não apenas pelos profissionais de segurança como os

técnicos, engenheiros, médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem do trabalho,

mas principalmente pelos gerentes, supervisores, chefes e dirigentes da empresa

(CARDELLA, 2008).

De acordo com Dragoni (2005), a Segurança no Trabalho deve ser abordada

como investimento, e não como despesa, para empresa, uma vez que a prevenção

do acidente do trabalho reduz despesas, pois evita gastos com acidentes

envolvendo funcionários, patrimônio, máquinas e equipamentos, além de

indenizações por acidente podendo representar perdas consideráveis.

2.2 INCIDENTES E DESVIOS

Para contextualizar incidentes e desvios é necessário fazer-se um breve

histórico.

Em 1926, H. Heinrich, com base nos dados de acidentes do trabalho

indenizados pela companhia de seguros pela qual trabalhava, introduziu pela

primeira vez o acidente sem lesão, ou seja, acidentes somente que provocaram

danos materiais e quase dano à pessoas e ao meio ambiente (SANTOS, 2009).

Os dados levantados e suas respectivas atribuições estão na figura 1.

Figura 1: Piramide de Heinrich (1931)

Fonte: adaptado de DE CICCO e FANTAZZINI (1988)

Segundo Santos (2009), os trabalhos com foco na prevenção usaram como

referencia os principais conceitos estabelecidos por Heinrich, onde acidentes do

trabalho, com ou sem lesão, estavam ligados à personalidade do trabalhador, à

pratica de comportamentos inseguros e à existência de condições inseguras nos

locais de trabalho.

Ao longo dos anos, os dados levantados possibilitaram que Frank Bird

desenvolvesse a sua teoria intitulada de “Controle de Danos”. Este programa é

aquele que requer a identificação, registro e investigação de todos os acidentes com

danos à propriedade e a determinação do seu custo para a empresa. Alem disso,

todas essas medidas deverão ser seguidas de ações preventivas (DE CICCO e

FANTAZZINI, 1988).

Na Luckens Steel, siderúrgica da Filadélfia, na qual Bird trabalhava, ele

desenvolveu seus estudos e iniciou um programa de controle de danos, que sem se

descuidar dos acidentes com danos pessoais, onde o homem é o fator

preponderante, tinha o objetivo principal de reduzir as perdas oriundas de danos

materiais (SANTOS, 2009).

Com base neste estudo de Bird entre 1959 a 1966 denominado “controle de

perdas”, segundo De Cicco e Fantazzini (1988), ele atualizou a relação estabelecida

por Heinrich (figura 2), com base em mais de 90 mil acidentes ocorridos na Luckens

Steel.

Figura 2: Pirâmide de Frank Bird (1966)

Fonte: Adaptação de DE CICCO e FATAZZINI (1988)

Mais tarde, com base neste estudo, segundo Tavares (1996), a Insurance

Company of North America (ICNA) publicou um novo estudo com dados levantados

em 297 empresas, que empregavam mais de 1.750.000 pessoas, onde foram

obtidos 1.753.498 relatos de ocorrências. Esta amostra consideravelmente maior,

propiciou chegar-se a uma relação mais precisa (figura. 3) que a de Bird e Heinrich,

além de incluir um fato novo – os quase acidentes, ou incidentes, que são todas as

ocorrências, que se verificam no dia a dia de trabalho, não atingindo as pessoas e

não ocasionando danos à propriedade .

Figura 3: Pirâmide da ICNA (1969)

Fonte: Adaptação de DE CICCO e FATAZZINI (1988)

Outra empresa contemporânea a Luckens Steel, a DuPont também conhecia

bem a importância de identificar os riscos de sua atividade, pois quase teve seus

negócios travado, por conta de uma grande explosão em 1811. Nesta época E. I. Du

Pont, fundador da empresa, estabeleceu suas primeiras regras de segurança

(DUPONT, 2005).

Já no século XX a Dupont, com base em seus registros históricos de eventos

e também com base nos bancos de dados das demais empresas do segmento,

começa a dar forma aos registros estatísticos que evoluíram até os dias atuais,

ratificando uma razão de probabilidade estatística para os eventos de seu segmento,

como mostra a figura 4 (DUPONT, 2005).

Figura 4: Pirâmide DuPont (2005)

Consideram desvio qualquer ação ou condição, que tem potencial para

conduzir, direta ou indiretamente, danos a pessoas ao patrimônio (próprio ou de

terceiros), ou impacto ao meio ambiente, que se encontra desconforme com as

normas de trabalho, procedimentos, requisitos legais ou normativos, requisitos do

sistema de gestão ou boas práticas (DUPONT, 2005).

Com a idéia que todos os acidentes são evitáveis constituiu a base de sua

prevenção, a identificação e tratamento dos desvios e incidentes potenciais já

tomava parte da cultura de segurança disseminada por toda a organização há

alumas décadas (DUPONT, 2005).

Perdas normalmente são consequências de situações predecessoras com

desvios e ignorá-los ou permitir que eles tenham lugar em uma organização é

estabelecer tacitamente um caminho factível para a ocorrência de perdas materiais,

ambientais ou de saúde, Santos (2009). Ele ainda completa, incidentes e desvios

acenam ostensivamente para o gestor que uma perda está a caminho, porém se o

gestor não está preparado para entender a importância de atuar de forma preventiva

este sinal será em vão.

Com a figura do iceberg (figura 5) o cenário pode ser melhor entendido, onde

a parte acima d´água são perdas facilmente identificáveis e que retrata a atuação

reativa de um sistema de gestão (DUPONT, 2005).

Figura 5: Iceberg Fonte : Dupont 2005

Santos (2009), usa a analogia que identificar incidentes e desvios pode ser

entendido como “emergir” neste mar onde o iceberg está presente.

2.3 ACIDENTES DO TRABALHO

Acidente ocupacional é toda ocorrência de acidente durante o exercício do

trabalho a serviço da empresa ou no percurso até a mesma, que provoque lesões

corporais ou alterações psicológicas, podendo resultar em perda temporária ou

permanente da capacidade do colaborador para o trabalho e até mesmo óbito (LIMA,

GARCIA e CAPEL, 2006).

Os especialistas estão convencidos de que o acidente é resultante de uma

série de desvios de gestão associados, e as vezes potencializados, por fatores

comportamentais e pessoais. Muitos desses desvios estão relacionados a práticas

inadequadas ou inseguras, envolvendo manutenção de equipamentos, planejamento

da produção, qualificação e treinamento, organização e limpeza, entre outros,

explica Araújo (2009).

A Lei n° 8.213 estabelece no art. 19 e art. 20 que acidentes de trabalho são

todas as doenças produzidas ou desencadeadas pelo exercício da função

“provocando lesões corporais ou perturbação funcional que cause a morte ou a

perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”

(BRASIL, 1991).

A minimização ou eliminação dos acidentes de trabalho é um dos maiores

desafios enfrentados pelo homem, mesmo com todos os esforços já realizados, os

acidentes continuam acontecendo. Como existem os mais diversos recursos/

tecnologias para que sejam evitados, pode-se atribuir a maioria dos acidentes à

falha humana, desde o colaborador direto, até a gerência (CARDELLA, 2008).

De fato, conforme descrito por Barbosa Filho (2010), tem-se que a ocorrência

de um acidente, independente da existência de afastamento do trabalho ou não,

representa uma enorme perda para o colaborador, para a empresa, seus colegas de

trabalho e sua família.

Para a prevenção de acidentes, segundo Cardella (2008), é necessário o

estudo das situações que causam danos à integridade/ saúde das pessoas, do meio

ambiente e do patrimônio a fim de promover um trabalho seguro para todos os

colaboradores.

A prevenção de acidentes é baseada na identificação e controle/eliminação

dos riscos existentes no ambiente de trabalho. Conforme descrito por Lima, Garcia e

Capel (2006), existem três etapas principais que são realizadas com essa finalidade:

reconhecimento, avaliação e controle.

A etapa de reconhecimento consiste em identificar os riscos existentes no

ambiente, quem e quantas pessoas estão expostas. Ainda de acordo com Lima,

Garcia e Capel (2006), a avaliação do risco é realizada de forma quantitativa ou

qualitativa e o resultado é comparado com os padrões estabelecidos pelas

instituições legais. O controle consiste na adoção de medidas consistentes com os

riscos identificados que visam eliminar ou minimizar os fatores de riscos

ocupacionais existentes (LIMA, GARCIA e CAPEL, 2006 apud ANVISA, 2005).

O uso correto dos equipamentos de proteção coletiva (EPC) é uma das

medidas que protegem todos os trabalhadores expostos ao mesmo risco a fim de

evitar a ocorrência de acidentes (MUNHOZ, 2013).

Os equipamentos de proteção individual (EPI) são medidas complementares

nos casos em que os EPC não forem eficientes ou não existirem. O equipamento só

poderá ser utilizado mediante a existência do Certificado de Aprovação (CA), válido

por no máximo 5 anos, exceto se apresentarem defeitos, expedido por órgãos

competentes do MTE (MUNHOZ, 2013).

Segundo a NR 06 (BRASIL, 2012) o fornecimento de EPI deve ser registrado

e realizado pela empresa e sem ônus para o colaborador. A empresa deve fornecer o

EPI adequado para os riscos a que o colaborador está exposto, exigir seu uso,

orientar e treinar os mesmos sobre a utilização correta, substituir os EPI quando

danificados. O colaborador tem o dever de usar o EPI somente para a finalidade a

que se destina, de guardar e conservar da forma correta e informar à empresa

qualquer irregularidade existente. De acordo com Fernandes, Silva e Oliveira (2006

apud BRASIL, 2001) a empresa deve ainda armazenar a quantidade de EPI

suficiente de modo que garanta a reposição e distribuição imediata dos mesmos

sempre que necessário.

Porém segundo Santos (2009), O uso de EPI como ação preventiva é nula, e

normalmente não garante que o trabalhador esteja imune a sérias lesões, assim

como a barreira de contenção não assegura a inexistência de um derrame para o

meio ambiente. Desta forma, o EPI constitui de fato a última barreira antes do

trabalhador sofrer uma lesão. Pode ser a última, mas não pode ser a única barreira.

O mesmo se aplica nas barreiras de contenção de vazamentos ou derrames.

A British Safety Council mostra que em 2005 o Brasil foi um dos países com a

maior media de acidentados no trabalho. De acordo com o quadro 1, para cada 100

mil trabalhadores, tem-se uma taxa de 15.063 acidentes. Destes, em média 19,7 são

fatais. Um número alarmante quando comparados com a nação líder em segurança,

o Reino Unido, onde as taxa de acidente cai para 639 acidentes, onde tem-se 0,8

fatais.

Quadro 1: Comparação de acidentes entre nações no ano de 2005

Fonte: British Safety Council adaptado pelo Autor

O ministério da previdência social, em seu relatório anual informou que

durante o ano de 2012, foram registrados no INSS cerca de 705 mil acidentes do

trabalho. Destes os acidentes tipico somaram 78,32 %, os de trajeto 18,92% e as

doenças do trabalhos 2,76%.

No quadro 2 vê-se os números comparativos dos acidente registrados entre

os anos de 2010 e 2012:

Quadro 2: Comparativo entre os anos de 2010 e 2012.

Fonte: Ministério da Providencia Social. Adaptado pelo Autor (2014)

Há alguns anos, conforme quadro 3, o número de trabalhadores que vieram a

óbitos em sua atividade laboral permanece praticamente inalterada. No último ano,

2731 trabalhadores não voltaram para casa após seu dia de trabalho.

Entende-se acidente do trabalho liquidados, ao número de acidentes cujos

processos foram encerrados administrativamente pelo INSS, depois de completado

o tratamento e indenizadas as sequelas.

Quadro 3: Comparativo de acidentes do trabalho liquidado entre aos anos de 2010 e 2012.

Fonte: Ministério da Providencia Social. Adaptado pelo Autor (2014)

Apesar do alto número de acidentados e mortos nos últimos anos, Araújo

(2013), entende que é possível um diminuição brusca, basta as empresas evoluírem

no sistema de gestão de SMS. É necessário atitudes pró-ativas e medidas de

controle para todos incidentes e desvios, conforme esquematização da figura 6.

Figura 6: Esquematização da evolução da gestão de SMS

Fonte: ARAUJO (2013)

2.4 AUDITORIA COMPORTAMENTAL

As auditorias comportamentais tem como objetivo apenas identificar desvios

individuais ou coletivos, que possam potencializar a ocorrência de acidentes, não

sendo seu foco identificar fatores físicos no ambiente de trabalho ou no processo,

sendo essa a diferença básica entre auditoria comportamental e a inspeção de

segurança (ARAUJO, 2009).

Com a auditoria comportamental é possível sistematizar a observação

rotineira e sistemática, revelando aos colaboradores as formas de melhorias.

Quando se utiliza a técnica da auditoria comportamental, passam a ser observadas

não apenas o ambiente físico (equipamentos e instalações), mas principalmente o

comportamento das pessoas Araújo, (2009). Dupont (2005) acrescenta, quando

identificado o desvio em curso, se procede à cautelosa interrupção deste, buscando

em seguida a conscientização do trabalhador para os riscos envolvidos na atividade

e suas possíveis consequências para sua integridade e ao meio ambiente A auditoria

comportamental realizada periodicamente permite acompanhar a evolução das

ocorrências registradas, possibilitando observar as tendências e, assim, constatar a

eficácia das medidas preventivas. Esse estudos de tendência é importante para

identificar o desempenho abaixo do padrão desejado, reconhecendo sinais

prematuros de que algo pode não ir bem com o sistema de gestão de SMS

(ARAUJO, 2009).

A consultoria DuPont (2010), que possui índice de segurança 60 vezes melhor

que as melhores industrias do mundo, sugere o seguinte passo a passo na auditoria

comportamental:

• Programar a auditoria;

• Mentalizar as atividades do setor de trabalho e os possíveis desvios;

• Observar as pessoas no local de trabalho;

• Conversar com os trabalhadores sobre: boas praticas de SMS,

consequências dos desvios, possíveis formas de realizar o trabalho corretamente,

buscar concordância dos empregados sobre como eliminar as não conformidades,

identificar outros fatores de riscos no local de trabalho, ser cordial e entender o

ponto de vista, tentando identificar situações acima do nível de responsabilidade do

empregado;

• Registrar as observações;

• Sugerir um plano de ação;

• Fazer acompanhamento das implementação das ações preventivas

acordadas;

A consultoria reforça seus argumentos na curva de Bradley adaptada

mostrada na figura 7, onde atitudes como a preocupação mutua, orgulho

organizacional e trabalho em equipe são fatores preponderantes nas diminuição de

perdas e na consciência de SMS.

Figura 7: Curva de Bradley adaptada por DuPont

2.5 COQUEAMENTO RETARDADO

Para contextualizar o local que foram feitas as auditorias é importante um

breve descritivo do processo, e suas peculiaridades.

O Coqueamento Retardado é um processo de craqueamento térmico utilizado

em refinarias de petróleo, com o objetivo de aumentar a conversão dos resíduos de

destilação do petróleo (resíduos de vácuo, resíduos atmosféricos, óleos decantados),

transformando-os em produtos mais leves e de maior valor agregado, explica Ellis e

Paul, (1998).

Neste processo a carga é aquecida a 500 ºC, normalmente resíduos de torres

de destilação, e enviada para um ou mais vasos grandes vasos que fornecem o

grande tempo de residencia necessário para permitir que as reações de

coqueamento se completa. Os vapores retornam a uma fracionadora onde gás, nafta,

e óleos são separados. Depois que o coque atinge um determinado nível no vaso de

coqueamento, a corrente da matéria prima é enviada para outro vaso de forma que a

operação seja continua, descreve Silva, (2003).

Figura 8: Esquemático unidade coqueamento retardado Fonte: Lopez, 2003

Uma das características deste processo é a geração de um material sólido

muito concentrado em carbono chamado coque. O coque pode apresentar três

estruturas físicas distintas: shot, esponja e agulha. E a sua estrutura física e suas

propriedades químicas é que vão determinar a sua utilização final como combustível;

anodos para indústria de alumínio; eletrodos para indústria metalúrgica, dentre

outros. O coque do petróleo queima sem deixar cinzas (LOPEZ, 2003)

Nas refinarias o coque é produzido nas Unidades de Coqueamento Retardado

(UCR) figura 9.

O processo de coqueamento é muito importante para óleos pesados, que é o

caso brasileiro. Esse processo é altamente rentável e está sendo cada vez mais

implantado nas refinarias (SILVA, 2003).

Figura 9: Unidade de coqueamento retardado

2.6 ACIDENTES EM REFINARIAS

No Brasil, devido sua característica continental, possui refinarias distribuídas

por boa parte do território nacional, conforme figura 10.

Com duas refinarias em fase final de construção, o Brasil terá um aumento

significativo no processamento de petróleo.(PETROBRAS, 2014). Com isso, de uma

modo geral, os cuidados deverão ser intensificados para evitarmos acidentes.

Figura 10: Distribuição de refinarias no Brasil.

Fonte:SINDICOM (2013)

No Brasil não possuí-se grande histórico de acidentes, então foi utilizado o

levantamento realizados em MHIDAS (2002), onde encontra-se um total de 257

acidentes em refinarias pelo mundo que tem-se a causa apurada. O fator humano

aparece como terceira maior causa, com mais de 21 % dos casos, conforme figura

11. O que mostra a importância da disciplina operacional e do treinamento adequado

a força de trabalho.

Figura 11: Causa de acidentes ocorridos até 2002

Fonte: MHIDAS (2002)

Segundo uma estimativa de calculo da COFIC- Comitê de fomento das

Industrias de Camaçari no Estado da Bahia (COFIC, 2007), um acidente pode

chegar facilmente a US$ 150 mil, sem contar a perda produtiva por conta do sinistro

e danos na imagem da organização. Quando o sinistro envolve danos ambientais os

valores sobem exponencialmente, devido as multas ambientais.

3 METODOLOGIA

Segundo Richardson (1999), método vem do grego méthodos (meta=além de,

após de +ódos= caminho). Ele ainda salienta que a metodologia corresponde a

regras previamente estabelecidas para a utilização do método científico. Esteves

(2004) completa, que o método cientifico é o caminho da ciência para chegar a um

objetivo.

Neste estudo foi utilizado o método de pesquisa exploratória, pois segundo

Tognetti (2006) a pesquisa exploratória tem como propósito conhecer mais e melhor

o problema, elaborar hipóteses e aprimorar ideias. E neste trabalho foi mesclado

duas modalidades: Estudo de Caso e levantamentos bibliográficos;

Para a realização desta monografia foram utilizados dados coletados do

sistema Audicomp, que é um sistema usado exclusivamente para o cadastro de

auditorias comportamentais no sistema Petrobras e onde ficam armazenados o

banco de dados das auditorias comportamentais. O Foco do trabalho foi demonstrar

a Auditoria comportamental como uma ferramenta de identificação de desvios,

ressaltando a importância do fator humano para a prevenção de acidentes do

trabalho em uma planta petroquímica. A unidade de interesse foi a unidade de

coqueamento retardado, da unidade operacional da Repar.

Os itens verificados nas Auditorias comportamentais foram:

Reação das Pessoas

O Auditor deve observar as pessoas e como elas reagem diante dessa

situação, de forma a corrigir rapidamente situações de forma consciente como por

exemplo: colocar um EPI.

Posição das Pessoas

Devem ser verificados os perigos (condições eminentes de acidente) aos

quais as pessoas estão expostas, com atenção para:

- Possibilidade de lesão ao usar ferramentas ou levar cargas;

- Utilização de ferramentas improvisadas;

- Exposição aos riscos ambientais (químicos, físicos e biológicos);

- Posição de operação de maquinas e equipamentos com perigo de prender

partes do corpo;

- Posição inadequada de trabalho que possa resultar em lesões;

- Situação de fadiga ou estresse ocupacional;

- Exposição aos riscos ergonômicos;

Equipamentos de Proteção (EPI, EPC)

- Tipo de EPI estabelecido em procedimento;

- Uso adequado durante as atividades;

- Verificar se os EPI´s fornecem a proteção necessária;

- situação de higiene e conservação;

Uso de Ferramentas e Equipamentos

- Uso improvisado;

- Adequação ao trabalho a ser realizado;

- Uso Correto;

- Bom estado de conservação

Procedimentos, Normas Técnicas e Boas Práticas

- Existência de procedimentos para atividades ou operação;

- Conhecimento dos procedimentos pelo operador;

- Atendimentos aos procedimentos;

- Conhecimentos dos perigos e formas de controle por partes do operador;

Ordem e limpeza do local de trabalho (OLA)

- Nível de organização e limpeza;

- Guarda das ferramentas adequadamente;

- Produtos perigosos e resíduos, identificados e guardados adequadamente;

- Áreas em processo de limpeza isoladas e sinalizadas;

- Vazamento de produtos perigosos e resíduos no local de trabalho;

De acordo com Meneghetti (2010), o processo é delimitado por duas fase:

1º) Compreende a identificação, correção pontual e registro dos desvios,

utilizando como ferramenta a Auditoria Comportamental. Os desvios são

identificados e corrigidos pontualmente através da abordagem com o empregado.

Em seguida, são realizadas as anotações de campo, que servem para a alimentação

do banco de dados;

2º) Compreende a gestão para o tratamento dos desvios. Depois de

alimentado, o banco de dados passa a ser analisado, gerando relatórios e

indicadores da Auditoria Comportamental. Os resultados evidenciados são avaliados

no comitê de SMS da unidade, que geram planos de ação para tratamento das

anomalias, objetivando a minimização da ocorrência de acidentes de trabalhos.

Os resultados da trabalho foram expressos em forma de gráficos e discutidos

com base na literatura existente .

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nos anos de 2012 e 2013 foram realizadas 425 e 917 auditorias

comportamentais respectivamente. Destas apenas 34 em 2012 e 51 em 2013 não

foram encontrados desvios. Figura 12: Auditorias comportamentais realizadas em 2012 e 2013

A figura 12 mostra o comparativo ente os dois anos. Pode-se perceber que

em 2013 foi realizado mais que o dobro de auditorias comportamentais que no ano

de 2012. Isto se deve basicamente a dois motivos. O primeiro é o aumento de metas

individuais para a realização de auditorias na planta industrial. E segundo devido ao

início da operação da unidade em agosto de 2012. Houve uma transição de

empreendimento para unidade de processo propriamente dita. Fato que acarretou

em uma maior cobrança nos trabalhadores por conta da mudança de cenário na

unidade, que passou a conter hidrocarbonetos e gases tóxicos no processo.

Na figura 13, tem-se a evolução dos desvios por categorias conforme descrito

na metodologia. Percebe-se que mesmo com o acréscimo de auditorias realizadas

em 2013 e consequentemente o aumento geral dos desvios verificados (Quadro 4),

em três categorias foram detectados menos desvios: Reação das pessoas, posição

das pessoas e no uso de EPI.

Quadro 4: Demonstrativo dos desvios totais e respectivos percentuais nos anos de 2012 e

2013

Porém, fica claro na figura 13 que outros pontos necessitam de melhorias, como por

exemplo as categorias Ferramentas/Equipamentos, e Ordem/limpeza e arrumação que tiveram

quase 10 % e 15 % de aumento respectivamentes (Quadro 4).

Figura 13: Evolução dos desvios encontrados

Enquanto a categoria procedimento, embora em números totais tenha sido

encontrado um numero maioe, em termos percentuais manteve-se em 15 % do total

das auditorias.

Nas próximas figuras pode-se verificar pontualmente os resultados de cada

uma destas categorias e suas respectivas subcategorias.

• Reação das Pessoas:

A figura 14 apresenta a evolução dos desvios reação das pessoas. Em

termos globais esta categoria poderia até ser desprezada, pois representa menos de

3 % do total (Quadro 4). Porém deve ser tratada de forma igual as demais quando

trata-se em auditoria comportamental, e queremos ter taxa de acidente zero.

Figura 14: Evolução desvios Reação das Pessoas

É relevante salientar que no item reação das pessoas houve uma pequena

diminuição nos desvios percebidos. Pode-se destacar uma melhora no entendimento

por parte do executante das tarefas, da melhor maneira de executá-las, pois a

presença do auditor já não causa tanto desconformo ao trabalhador.

• Posição das Pessoas:

A figura 15 apresenta a evolução dos desvios posição das pessoas.

Figura 15: Evolução Desvios Posição das Pessoas

No figura 15 vê-se a evolução dos desvios na categoria posição das pessoas.

Nesta categoria teve-se uma redução significativa (15 % em termos percentuais

totais, Quadro 4). Os únicos subitem que aumentaram, foram o de inalar

contaminantes e o risco de queimadura. Isto pode-se explicar com a mudança de

característica da planta que em 2013 passou a operar. Isto altera as condições

físicas das linhas e equipamentos, que passam a possuir produtos no interior

químicos e temperatura diferente que a ambiente.

São itens importantes para acompanhar a transições de empreendimento

para operação. Porém em aspectos gerais esta redução é muito positiva e mostra

um amadurecimento na conscientização dos trabalhadores e a importância de um

posicionamento adequado para evitar um acidente.

• Uso de EPI:

A figura 16 apresenta a evolução dos desvios EPI.

Figura 16: Evolução Desvios uso EPI

Também neste tópico tem-se um decréscimo de 9 % nos número totais

levantados (Quadro 4). Porém teve-se quase duzentos desvios na categoria uso de

EPI, o que é um número ainda alto e que pode-se reduzir a zero. Contudo, é

necessário um trabalho intensivo de disciplina operacional junto a força de trabalho,

próprio e terceirizado. É importante ficar claro que o EPI é uma última barreira e

deve tornar-se um hábito para garantir a eles mesmos a integridade de seus

sentidos.

• Ferramentas e Equipamentos:

A figura 17 apresenta a evolução dos desvios ferramentas e equipamentos.

Figura 17: Evolução Desvios Ferramentas e Equipamentos

A figura 17, pode-se verificar um dos maiores aumentos nos desvios

encontrados em 2013. Em 2012 foram 93 desvios. Já em 2013 foram 399. Um

trabalho adequado com equipes de manutenção deve ser feito para alertar os

trabalhadores dos problemas quanto ao uso em condições inseguras e ferramentas

improprias para o serviço, que juntos somaram praticamente todos os desvios.

É necessário verificar também o ferramental das equipes de manutenção se

atende todas as atividades do dia a dia, e assim evitar improvisos.

• Procedimentos:

A figura 18 apresenta a evolução dos desvios em procedimentos.

Figura 18: Evolução Desvios Procedimentos

Neste item teve-se em números percentuais totais quase o mesmo

desempenho nos dois anos. Algo em torno de 15 % do percentual total de auditorias

realizadas (Quadro 4). Porem analisando em numeros totais, pode-se verificar um

pequeno acréscimo nos procedimento inadequados. Já os casos que o

procedimento não estava sendo seguidos na execução da tarefa dobrou as

ocorrências.

É comum o trabalhador, com mais prática na execução das tarefas, ter

excesso de confiança na atividade. Porem este comportamento pode levar a

cometer erros simples, que poderiam ser evitados seguindo procedimento ou um

check-list auxiliar.

O Procedimento é elaborado para padronizar a atividade e evitar problemas

na execução. Também neste item deve ser feito um reforço em reuniões com a força

de trabalho. Uma excelente oportunidade é durante o diálogo diário de segurança

(DDS), que muitas empresas realizam antes de iniciar a jornada de trabalho.

• Ordem, Limpeza e Arrumação:

Esta categoria de desvio foi a que teve maior elevação no comparativo. O

percentual subiu de 37,5 % em 2012, para 52,4% em 2013 (Quadro 5). Em todos os

subitens foram encontrados um acréscimos expressivos de desvios nos números

totais, conforme quadro 5.

Quadro 5: Demonstrativo dos desvios totais e percentuais na categoria OLA

São números que realmente chamam a atenção, pois um lugar sem

organização e limpeza podem causar uma série de problemas. A produtividade do

trabalhador fica comprometida, pois o trabalhador pode levar mais tempo para

qualquer atividade. Freitas (2011), ressalta que é sabido que no ambiente de

trabalho muitos fatores de ordem física exercem influências de ordem psicológica

sobre as pessoas, interferindo de maneira positiva ou negativa no comportamento

humano conforme as condições em que se apresentam. Neste contexto, a ordem e a

limpeza constituem um fator de influência positiva no comportamento do trabalhador.

A figura 19 apresenta a evolução dos desvios em procedimentos.

Figura 19: Evolução Desvios OLA

As pessoas que trabalham num ambiente desorganizado sentem uma

sensação de mal-estar que poderá tornar-se um agravante de um estado emocional

já perturbado por outros problemas. Esse estado psicológico poderá afetar o

relacionamento dos trabalhadores e expô-los ao risco de acidentes. Exemplificando:

passagens obstruídas com tábuas, caixotes, produtos acabados; obstáculos que

impedem o trânsito normal das pessoas entre máquinas ou corredores; obstáculos

onde se pode facilmente tropeçar ou escorregar; chão sujo de graxa, combustíveis

ou substâncias químicas etc. e pode causar até acidentes com escorregões, levando

a uma consequência mais séria. Freitas (2011).

Com base nos números levantados e na literatura consultada, este ponto

deve ser tratado com a devida importância, para não ser transformado em perdas

futuras.

4.1 ANÁLISE GERAL

O fator de falha no comportamento humano vem sendo considerado como um

dos fatores contribuintes mais frequentes nas analises de acidentes. A ferramenta

auditoria comportamental é uma ferramenta de gestão estruturada através de uma

abordagem quando identificado desvio em curso.

Existe uma tendência na mudança da cultura de segurança do empregado,

seja através da melhora da percepção de risco, na motivação (com elogio devido ao

seu trabalho seguro), na conscientização, ou até mesmo na troca de experiencia

entre o auditor e o auditado.

Embora uso-se no trabalho resultados uma empresa com grande evolução

quanto a cultura de SMS, ainda assim é possível encontrar um grande número de

desvios. A partir deste entendimento fica claro que para atingir a excelência em

SMS é necessários atuar na cultura dos empregados, de forma a conscientizá-los,

comprometê-los com o todo, melhorar o controle dos perigos e motivar a prevenção.

Os conceitos apresentados podem ser aplicados em qualquer empresa.

Porém, evoluir no sistema de gestão de SMS, é um processo gradativo, onde os

resultados dos desvios, deve ser gerenciado com uma visão pró-ativa, disseminando

por toda organização a cultura prevencionista, pois assim o conceito de antecipar as

perdas se tornará um hábito para todo o empregado.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se com os dados levantados entre os anos de 2012 e 2013 na planta

em estudo, que houve uma evolução de 115% no número de auditorias realizadas

em 2013. Em relação ao desvios, foram apontados em 2013 uma evolução de 56%

em relação a 2012.

Conclui-se ainda, que embora tenha-se um acréscimos geral no número de

desvios, algumas categorias das auditorias comportamentais tiveram decréscimo na

ordem de 30% nos apontamentos. Destaca-se como pontos positivos nesta análise,

a redução nas categorias reações das pessoas, posições das pessoas e uso de EPI.

Sendo que este último a redução foi de 30%. Como pontos a melhorar o

entendimento dos trabalhadores destaca-se as categorias ferramentas e

equipamentos, procedimentos e ordem/limpeza/arrumação, que tiveram aumento

significativos. Sendo que ordem/limpeza/arrumação o destaque negativo com um

acréscimo de 118% em relação a 2012.

Como sugestão para próximos trabalhos, é a realização de uma pirâmide com

que contenha as fatalidades, perdas graves, perdas médias, quase perdas (ou

incidentes), e desvios com os dados de alguma fábrica ou empresa, e fazer um

comparativo entre a pirâmide encontrada e as pirâmides teóricas.

Finalizando, pontua-se que a segurança no trabalho vai muito além do uso

adequado de EPI. Segurança no trabalho acima de tudo, deve ser um hábito, e

todos independente da hierarquia que ocupam na empresa, devem incorporar este

conceito nas suas atividades diárias, independente da urgência do atendimento.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, G. M. Elementos do sistema de gestão de SMSQRS: Teoria da

vulnerabilidade. 2º ed. São Paulo: Gerenciamento verde Ed., 2009.

ARAUJO, G. M. Elementos do sistema de gestão de SMSQRS: Sistema de gestão

Integrada. 2º ed. Vol 2. São Paulo: Gerenciamento verde Ed., 2010.

ARAUJO, G. M. Normas regulamentadoras comentadas: Caderno complementar-

Vol. 2. 11º ed. São Paulo: Gerenciamento verde Ed., 2013.

BARBOSA FILHO, Antonio Nunes. Segurança do trabalho e gestão ambiental.

3.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

BRASIL, Lei n° 6.514 de 22 de setembro de 1977. Altera o capítulo V do título II da

consolidação das leis do trabalho, relativo à segurança e medicina do trabalho.

Diário Oficial da União, Brasília, 22 set. 1977. Disponível em: <

http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1977/6514.htm>. Acesso em 15 mar.

2014.

BRASIL, Lei n° 8.213 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios

da previdência social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 24

jul. 1991. Disponível em:

<http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/lei8213.htm>. Acesso em: 15

de mar. De 2014.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-5.

Manuais de Legislação Atlas, 71º Edição, São Paulo: Editora Atlas, 2013.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-6.

Manuais de Legislação Atlas, 71º Edição, São Paulo: Editora Atlas, 2013.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-20.

Manuais de Legislação Atlas, 71º Edição, São Paulo: Editora Atlas, 2013.

BRITISH SAFETY COUNCIL.

https://www.britsafe.org/sites/default/files/editor/The_Causes_and_Incidence_of_Occ

upational_Accidents_and_Ill-Health_Across_the_Globe.sflb.pdf Acesso 18 de mar.

2014.

CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma

abordagem holística. 1.ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 17-20.

DRAGONI, José Fausto. Segurança, Saúde e Meio Ambiente em Obras: diretrizes

voltadas à gestão eficaz de segurança patrimonial e meio ambiente em obras de

pequeno, médio e grande porte. São Paulo: Editora LTr, 2005.

DUPONT; Apostila de sensibilização de segurança, meio ambiente e saúde

para empreendimentos. São Paulo, DSR, 2005.

DUPONT; Manual de auditoria comportamental. São Paulo: 2010.

ELLIS, P. J., PAUL, C. A. Tutorial: Delayed Coking Fundamentals, Prepared for

presentation at the AIChE Spring National Meeting, New Orleans, LA, p. 1-20, 1998.

ESTEVES, Alan. Gerenciamento de riscos de processo em plantas de

petroquimicos basicos- Uma proposta de metodologia estruturada; Dissertação de

Mestrado; Rio de Janeiro, 2004.

FERNANDES, Almesinda M. de Oliveira; SILVA, Michelle Cristina da; OLIVEIRA,

Shaleny Domitildes de. Gestão de saúde, biossegurança e nutrição do

trabalhador. V.4. Goiânia: AB, 2006

FREITAS, Djalma Dias. Acidente de trabalho: causas e suas conseqüências.

Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 23 nov. 2011. Disponivel em:

<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.34481&seo=1>. Acesso em: 24

mar. 2014.

LLORY, Michel. Acidentes industriais: O custo do silêncio; 26º edição; Malheiros

Editores, SP/SP, 2001.

LOPEZ, S. V. Modelagem por Redes Neurais de um Processo Industrial de

Coqueamento Retardado de Óleos Nacionais Pesados. 2° Congresso Brasileiro

de P&D em Petróleo e Gás, 2003.

MENEGHETTI, A. A. A importância da auditoria comportamental para a

prevenção de acidentes na industria petroquimica. Dissertação de Mestrado; Rio

de Janeiro, 2010.

MHIDAS. Major hazard incidents data system; 2002, Londres, UK; SRD – Safety

and Raliability Directorate.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.) Pesquisa social: teoria, método e

criatividade. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 16.

MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL http://www.previdencia.gov.br/wp-

content/uploads/2013/05/AEPS_2012.pdf Acesso 22 de mar. 2014.

MUNHOZ, N. S. Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde com

ênfase em perfurocortantes – análise das circunstancias dos acidentes no

município de Curitiba e Região Metropolitana. Monografia de especialização,

Curitiba, 2013.

NAVARRO, A. F. - Os acidentes industriais e suas conseqüências, Revista

Brasileira de Risco e Seguro, Escola Nacional de Seguros ISSN 1980-2013, v.5,

n.10, 103-140, out – mar 2009.

PETROBRA; Plano Estratégico (PE) e Plano de Negócios e Gestão (PNG);

Aprovado e apresentado em fevereiro de 2014.

PUIATTI, Roque. A prevencao e os trabalhadores: Aspectos comparativos da

legislacao dos EUA, da Grá-Bretanha e da Holanda . In: FREITAS, C. M; PORTO, M.

F. S.; MACHADO, J. M. H. Acidentes ampliados: desafios e perspectivas para o

controle e a prevenção. Rio de Janeiro. Editora Fiacruz, 2000.

RICHARDSON, R. J.; Pesquissas social: metodos e tecnicas. 3 ed. Rev. E ampl.

São Paulo: Atlas 1999.

SANTOS, H. R. F. Proposta de metodologia de investigação de incidentes e

desvios comportamentais como ferramenta complementar para gestao de SMS

de emprendimentos de engenharia da indústria de petróleo no Brasil.

Dissertação de Mestrado; Rio de Janeiro, 2009.

SILVA, Vanderlei. O planejamento de emergencia em refinarias brasileiras;

Dissertação de Mestrado; Rio de Janeiro, 2003.

TAVARES, J. C. Noções de prevenção e controle de perdas em segurança do

trabalho. São Paulo: Senac, 1996.

TOGNETTI, M. A. T. R. METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTIFICA. SLIDES DE

APRESENTAÇÃO. SÃO PAULO: DISPONIVEL EM:

HTTP://WWW.BIBLIOTECA.IFSC.USP.BR/PDFFILES/METODOLOGIA_PESQUISA_CIENTIFICA

.PDF ACESSO EM: 19/03/2014.