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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FABRÍCIO SILVA FERREIRA Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito no Brasil: Uma abordagem utilizando o Índice de Basiléia RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FABRÍCIO SILVA FERREIRA

Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das

cooperativas de crédito no Brasil: Uma abordagem utilizando o Índice de Basiléia

RIO DE JANEIRO

2010

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Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito no Brasil:

Uma abordagem utilizando o Índice de Basiléia

FABRÍCIO SILVA FERREIRA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de

Mestre em Administração

Orientador: Prof. Eduardo Facó Lemgruber

Rio de Janeiro 2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

Ferreira, Fabrício Silva. Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito no Brasil: Uma abordagem utilizando o Índice de Basiléia – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2010. 120 f.: il. Orientador: Eduardo Facó Lembruger Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, Rio de Janeiro, 2010. Referências Bibliográficas: f. 84-89. Cooperativas de crédito, previsão de insolvência, regressão logística, Índice de Basiléia, Early Warning Systems, supervisão indireta. Instituto de Pós-Graduação em Administração. III. Título. CDD:

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, que tem estado presente não só nos momentos

difíceis, mas em todos os passos da minha vida.

Aos meus pais, por todo incentivo e esforço que fizeram para que eu pudesse

prosseguir na vida acadêmica.

A minha esposa Ana Cristina por todo apoio e compreensão, demonstrando que a

distância e a indisponibilidade de tempo podem ser dificuldades sempre superadas

na busca por uma vida juntos.

Ao Prof. Eduardo Facó Lemgruber pelos sábios ensinamentos e orientação, muito

importantes na condução desta pesquisa. Ao Prof. Otávio Henrique dos Santos

Figueiredo pela contribuição no aperfeiçoamento dos resultados.

A todos os demais professores do Coppead por todo conhecimento transmitido e

também aos funcionários pelo permanente suporte durante a jornada que foi a

realização do mestrado. Jornada esta que não seria possível sem a grande união e

apoio dos amigos da turma 2008 do Coppead. Na intensa convivência durante todo

o mestrado formou-se uma grande família, em um período marcado por momentos

de muito esforço e dedicação.

Ao Banco Central do Brasil, por ter me propiciado mais uma oportunidade de

aperfeiçoar meus conhecimentos e buscar contribuir para o desenvolvimento de

instituição cada vez mais competente e reconhecida.

Aos amigos do Banco Central do Brasil: Marcelo do Carmo, Nizam, Márcia, Paulo

César e todos os demais que auxiliaram no fornecimento de dados e nas discussões

que envolveram a elaboração desta pesquisa. Ao amigo Ricardo Wagner Boyenard

pelas discussões e sugestões de referências bibliográficas.

Ao amigo Daniel do Nascimento Petiz, que presenciou dia-a-dia a árdua caminhada

que envolve a realização de um mestrado em uma Escola de Negócios conceituada

como é a Coppead. À Cláudia, pelos conselhos e orientações durante o mestrado.

Em especial, agradeço ao meu orientador técnico, Fábio Lacerda Carneiro, pelo

grande apoio e incentivo para realização do mestrado, estando sempre presente,

sobretudo, naqueles momentos de dificuldades.

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Resumo

FERREIRA, Fabrício Silva. Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito no Brasil: Uma abordagem utilizando o Índice de Basiléia. Dissertação (Mestrado em Administração). Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

A modelagem na previsão de insolvência de entidades empresariais tem sido

amplamente pesquisada nos últimos 40 anos, mas poucos estudos foram

direcionados para o segmento das cooperativas de crédito. Esse segmento tem

apresentado um substancial crescimento devido ao maior incentivo governamental

ao desenvolvimento da microfinanças e às diversas mudanças regulamentares

ocorridas nos últimos anos. Tendo em vista o universo significativo de cooperativas

de crédito em atuação no país, o elevado índice de ―mortalidade‖ no segmento nos

últimos anos e a necessidade de aprimoramento contínuo das atividades de

monitoramento indireto dessas instituições, esta pesquisa tem como objetivo o

desenvolvimento de um modelo de previsão de insolvência para esse segmento,

aplicando a técnica estatística conhecida por regressão logística. Como variáveis

preditivas são utilizados treze indicadores econômico-financeiros aplicáveis à

avaliação de cooperativas de crédito, os quais fornecem informações sobre a

situação dessas entidades em relação a aspectos como alocação do capital,

eficiência, rentabilidade, liquidez e qualidade de ativos. O nível de adequação de

capital das cooperativas, monitorado pela evolução do Índice de Basiléia, foi

estabelecido como principal critério para seleção dos grupos de solventes e

insolventes. São estimados dois modelos de previsão considerando indicadores de

12 e 24 meses anteriores ao ponto de corte estabelecido para seleção das

cooperativas (31.12.2004). Os níveis de precisão geral de ambos os modelos,

superiores a 94%, foram considerados satisfatórios, fornecendo evidências de que

modelos ―Early Warning” podem ser aplicados na previsão de insolvência neste

segmento e que o Índice de Basiléia pode ser utilizado como “proxy” na definição

dos grupos no processo de modelagem.

Palavras-chave: Cooperativas de crédito, modelos de previsão de insolvência,

regressão logística, Índice de Basiléia, Early Warning Systems, supervisão indireta.

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Abstract

FERREIRA, Fabrício Silva. Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito no Brasil: Uma abordagem utilizando o Índice de Basiléia. Dissertação (Mestrado em Administração). Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

Insolvency prediction models of corporate entities has been widely researched in the

last 40 years, but few studies have been directed to the segment of credit

unions. This segment has shown a substantial growth due to government´s incentive

to the development of microfinance and changes in the regulation in recent

years. Considering the significant universe of credit unions in operation in Brazil, the

high rate of "mortality" in the segment in recent years and the continuous

improvement necessities of the off-site monitoring, this research aims to development

a model for predicting insolvency for this segment, applying the statistical technique

known as logistic regression. Thirteen financial indicators are used as predictive

variables for the evaluation of credit unions, which provides information on the

situation of entities in areas such as capital allocation, efficiency, profitability, liquidity

and asset quality. The level of capital adequacy of credit unions, monitored by the

evolution of the Basel Index, was defined as the main criterion for selection of

solvent and insolvent groups. Two prediction models are estimated considering

indicators 12 and 24 months prior to the cutoff established for selection of groups

(31.12.2004). The overall accuracy of both models, over 94%, was considered

satisfactory, providing evidence that Early Warning Models can be applied in the

prediction of insolvency in this segment and that the Basel Index can be used as

proxy in the definition of the groups in the modeling process.

Keywords: Credit unions, Predicting insolvency, logistic regression, Basel Index,

Early Warning Systems, Off-site supervision

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.1 Justificativa da Pesquisa .............................................................................. 14

1.2 Objetivo ........................................................................................................ 16

1.3 Principais perguntas da pesquisa ................................................................ 16

1.4 Estrutura do Estudo...................................................................................... 16

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 18

2.1 Evolução dos estudos sobre previsão de insolvência .................................. 18

2.2 Principais estudos sobre previsão de insolvência no Brasil ......................... 20

2.3 Estudos aplicados às cooperativas de crédito ............................................. 21

2.4 Importância dos modelos de previsão de insolvência no contexto da supervisão bancária ............................................................................................... 23

2.5 O Índice de Basiléia ..................................................................................... 24

2.6 Outras técnicas utilizadas na modelagem de previsão de insolvência ......... 27

2.6.1 Análise Discriminante Multivariada (MDA) ............................................. 27

2.6.2 Risco Proporcional de Cox .................................................................... 28

2.6.3 Escalonamento Multidimensional (MDS) ............................................... 29

2.6.4 Support Vector Machine (SVM) ............................................................. 31

2.6.5 Data Envelopment Analysis (DEA) ........................................................ 32

2.7 Regressão Logística..................................................................................... 34

2.7.1 Vantagens da Regressão Logística ....................................................... 35

2.7.2 Estimação do modelo de Regressão Logística ...................................... 37

2.8 Medidas de avaliação do modelo logístico ................................................... 38

2.8.1 Valor de verossimilhança (Log Likehood Value) .................................... 39

2.8.2 O teste de Wald ..................................................................................... 39

2.8.3 Teste de Hosmer e Lemeshow .............................................................. 40

2.8.4 R2 da regressão logística ....................................................................... 40

2.8.5 Tabelas de classificação ........................................................................ 42

2.9 Aspectos relevantes na elaboração de modelos de previsão de insolvência 43

2.9.1 Seleção das variáveis independentes ................................................... 43

2.9.2 Definição do conceito de insolvência ..................................................... 44

2.9.3 Seleção da Amostra .............................................................................. 46

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3 METODOLOGIA ................................................................................................ 50

3.1 Descrição do banco de dados e softwares utilizados ................................... 50

3.2 Principais atividades desenvolvidas ............................................................. 51

3.3 Indicadores utilizados como variáveis independentes ................................. 51

3.4 Definição do critério de insolvência e seleção da amostra ........................... 52

3.4.1 Definição do grupo de insolventes (Grupo 1) ........................................ 54

3.4.2 Definição do grupo de solventes (Grupo 0) ........................................... 57

3.4.3 Amostra final utilizada para estimação dos modelos ............................. 57

3.5 Testes com as variáveis independentes ...................................................... 58

3.6 Estimação dos Parâmetros da Regressão Logística .................................... 59

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 61

4.1 Resultados do modelo estimado com indicadores de 31.12.2003 ............... 61

4.1.1 Equação e análise dos coeficientes da regressão .................................... 61

4.1.2 Interpretação das variáveis selecionadas ................................................. 62

4.1.3 Análise da Significância das variáveis e do modelo ................................. 63

4.1.4 Níveis de precisão do modelo 31.12.2003 – Amostra de análise ............ 66

4.1.5 Níveis de precisão do modelo de 31.12.2003 – Amostra 31.12.2006 ....... 68

4.2 Resultados do modelo estimado com indicadores de 31.12.2002 ............... 70

4.2.1 Equação e análise dos coeficientes da regressão ................................... 70

4.2.2 Interpretação das variáveis selecionadas ................................................. 71

4.2.3 Análise da Significância das variáveis e do modelo ................................. 72

4.2.3 Níveis de precisão do modelo – Amostra de análise 31.12.2002 ............. 73

4.2.4 Níveis de precisão do modelo de 31.12.2002 – Amostra de 31.12.2005 . 74

4.3 Comparativo entre os dois modelos estimados ............................................ 75

4.3.1 Níveis de precisão dos modelos na amostras de análise e com dados de anos posteriores ................................................................................................. 76

4.3.2 Curva ROC Comparativa .......................................................................... 76

5 SUMÁRIO, PRINCIPAIS CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ............................................................................................... 79

5.1 Sumário ........................................................................................................... 79

5.2 Principais conclusões ...................................................................................... 79

5.3 Limitações do Estudo....................................................................................... 81

5.3 Sugestões para estudos futuros ...................................................................... 82

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 84

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APÊNDICE A – DESCRIÇÃO DOS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS .................................................................................................................................. 90

APÊNDICE B - OUTPUTS DO SOFTWARE SPSS STATISTICS 17.0 .................... 94

APÊNDICE C – PROBABILIDADES E CLASSIFICAÇÕES DOS DOIS MODELOS ESTIMADOS ........................................................................................................... 112

ANEXOS ................................................................................................................. 120

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Lista de Siglas e Abreviaturas

ATA – Ativo Total Ajustado

APR – Ativos Ponderados pelo Risco

DEA – Data Envelopment Analysis

EWS – Early Warning Systems

IB – Índice de Basiléia

MDS – Multidimensional Scaling

MDA – Multivariate Discriminant Analysis

MQO – Mínimos Quadrados Ordinários

PLA – Patrimônio Líquido Ajustado

PR – Patrimônio de Referência

PR Nível I – Patrimônio de Referência Nível I

PR Nível II – Patrimônio de Referência Nível II

ROC – Receiver Operating Characteristic

SFN – Sistema Financeiro Nacional

SICOOB – Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil

SICOOB BRASIL - Confederação Nacional das Cooperativas do Sicoob Ltda.

SICREDI – Sistema de Crédito Cooperativo

SVM – Support Vector Machine

-2LL – Log Likehood Value (Valor log de verossimillhança)

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Estudos sobre previsão de insolvência realizados no exterior _____________ 19

Tabela 2 - Principais estudos realizados no Brasil sobre previsão de insolvência _______ 20

Tabela 3 - Sumário dos procedimentos de seleção de amostras/coleta de dados dos estudos sobre previsão de insolvência _______________________________________________ 48

Tabela 4 – Relação dos Indicadores Econômico-Financeiros Contábeis Utilizados na Realização dos Testes Estatísticos e Estimação dos Modelos ______________________ 52

Tabela 5 - Resumo do procedimento de seleção da amostra de ____________________ 58

Tabela 6 – Indicadores selecionados na regressão, coeficientes b, erro padrão e estatísticas Wald – Modelo 31.12.2003 _________________________________________________ 61

Tabela 7 – Medidas da regressão: -2LL, R2 de Cox & Snell, R2 de Nagelkerke (Modelo 31.12.2003) _____________________________________________________________ 64

Tabela 8 - Teste Qui-quadrado dos coeficientes do modelo 31.12.20003 _____________ 65

Tabela 9 – Percentual de acerto do modelo 31.12.2003 (ponto de corte: 0,50) _________ 66

Tabela 10 – Diversos pontos de corte para classificação dos grupos – Amostra de Análise (Modelo 31.12.2003) ______________________________________________________ 67

Tabela 11 – Resultados da Validação Cruzada – Amostra de Validação (Modelo 31.12.2003) _____________________________________________________________ 68

Tabela 12 – Diversos pontos de corte para classificação dos grupos – Amostra de 31.12.2006 (Modelo 31.12.2003) _____________________________________________ 69

Tabela 13 – Indicadores selecionados, coeficientes b e estatísticas Wald – Modelo 31.12.2002 ______________________________________________________________ 70

Tabela 14 – Medidas da regressão logística dos modelos estimados ________________ 72

Tabela 15 – Teste Qui-quadrado dos coeficientes do modelo 31.12.2002 _____________ 73

Tabela 16 – Percentual de acerto do modelo 31.12.2002 (ponto de corte: 0,50) ________ 73

Tabela 17 – Níveis de acerto para diversos pontos de corte – Amostra de Análise ______ 74

Tabela 18 - Resultados da Validação Cruzada – Amostra de Validação (Modelo 31.12.2002) _______________________________________________________________________ 74

Tabela 19 – Níveis de acerto para diversos pontos de corte – Amostra de 31.12.2005 ___ 75

Tabela 20 – Comparativo do nível de acerto dos modelos estimados com indicadores de 31.12.2003 e 31.12.2002 ___________________________________________________ 76

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Lista de Figuras e Gráficos

Figura 1 – Representação das instituições solventes e insolventes no escalonamento multidimensional _________________________________________________________ 30

Figura 2 – Hiperplanos de Separação, superior e inferior formados no espaço m=2 ___ 32

Figura 3 – Análise DEA para um conjunto de empresas___________________________ 33

Figura 4 – Gráfico da Função de Regressão Logística ____________________________ 38

Gráfico 1 - Evolução mensal do Índice de Basiléia no período de jan/03 a dez/07 - Cooperativa 333 – Encerrada/Cancelada ____________________________ 55

Gráfico 2 – Exemplo de situação de queda abrupta e significativa do IB _____________56

Gráfico 3 – Situação de múltiplos ―desenquadramentos‖ significativos do IB ___________ 57

Gráfico 4 – Curva ROC comparativa para os dois modelos ________________________ 78

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1 Introdução

Para milhares de brasileiros o cooperativismo é um veículo de acesso eficiente a

diversos produtos e serviços, sendo as cooperativas de crédito de singular

importância para o desenvolvimento das microfinanças no país (ALVES, 2006). O

segmento passou por mudanças importantes nesta década, com destaque para a

maior atuação dos bancos cooperativos, reforço no papel das cooperativas centrais,

introdução de novas modalidades de cooperativas e expansão da rede de postos de

atendimento cooperativo (PACs). O crescimento do segmento, sobretudo, dos PACs

foi significativo nos últimos anos. Em 2001, o segmento totalizava 1379 cooperativas

e 1344 postos de atendimento cooperativo. Em jun/2008, o número de cooperativas

ativas atingiu 1462 e os PACs totalizaram 2621. (SOARES e MELO SOBRINHO,

2008).1 Embora o número de cooperativas não tenha avançado muito, constata-se

pelos dados acima um crescimento substancial, aproximadamente 95%, do número

de postos de atendimento no período.

Apesar do crescimento do segmento cooperativo ser importante para o

desenvolvimento da microfinanças no país, este pode implicar em maior risco para

economia popular em razão do aumento do número de associados e do volume de

recursos captados. Além do avanço da rede de atendimento, o escopo de atuação

das cooperativas de crédito aumentou com a não exigência de vinculação do

associado a uma categoria específica, em especial após a criação da modalidade de

cooperativas de livre admissão em 2003. A taxa de mortalidade nesse segmento

também foi significativa nos últimos anos. De acordo com Soares e Melo Sobrinho

(2008), entre 2000 e junho de 2008, 366 cooperativas foram encerradas, o que

corresponde a 74% do número de cooperativas que iniciaram suas atividades no

mesmo período.

Para reguladores e supervisores do segmento é importante dispor de ferramentas

que permitam a identificação, com certa antecedência, de prováveis instituições

insolventes (WHALEN, 1988; JAGTIANI et al, 2000). Desse modo é possível

antecipar e promover soluções que minimizem os impactos econômicos e sociais da

1 Outras informações sobre a evolução, estrutura e funcionamento do segmento cooperativo encontram-se nos anexos deste estudo.

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quebra sobre os diversos stakeholders envolvidos. Entre as possibilidades para se

subsidiar a realização de ações prudenciais, destaca-se a utilização de modelos e

técnicas para se prever a insolvência das entidades empresariais.

A previsão de insolvência de empresas e instituições financeiras tem sido

extensivamente pesquisada desde o final de década de 60. Neste período, inúmeros

modelos, conhecidos na literatura internacional como Early Warning Systems, foram

desenvolvidos e testados empiricamente em entidades empresariais de diversos

países. Em geral, estes modelos são fundamentados em métodos matemáticos,

estatísticos e técnicas de inteligência artificial e possibilitam detectar com certa

antecedência as situações de insolvência (BALCAEN e OOGHE, 2004; KUMAR e

RAVI, 2007).

A regressão logística e análise discriminante estão entre a técnicas estatísticas mais

utilizadas na literatura (BALCAEN e OOGHE, 2004; MINUSSI, DAMACENA e NESS

JR., 2002, PEREIRA, DOMÍNGUEZ e OCEJO, 2007). A análise discriminante busca

determinar uma combinação linear entre duas ou mais variáveis independentes que

possibilitem uma melhor discriminação entre grupos definidos a priori (HAIR et al,

2005). A regressão logística é aplicável a situações nas quais se deseja predizer

valores de uma variável categórica, em geral binária, em função de variáveis

independentes que podem ser métricas ou categóricas (CORRAR et al, 2009; HAIR

et al, 2005). Para Krzanowski (1988) e Press e Wilson (1978), apud Minussi,

Damacena e Ness Jr (2002), a regressão logística é considerada a mais adequada,

especialmente quando as distribuições das variáveis independentes são não

normais. Ohlson (1980) afirma que o uso da regressão logística evita uma série de

restrições da análise discriminante, transformando o problema de previsão de

insolvência em uma estimação da probabilidade da firma falir em um determinado

período no tempo. A regressão logística demanda um número menor de premissas,

sendo por essa razão mais adequada que a análise discriminante. (CORRAR et al,

2009; JANOT, 1999; HAIR et al, 2005; HOSMER e LEMESHOW, 2000; OHLSON,

1980).

Tendo em vista o menor número de restrições e considerando a existência de

diversos estudos que utilizaram a regressão logística e validaram sua eficácia na

modelagem de previsão de insolvência, opta-se pela utilização dessa técnica nesta

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pesquisa. O propósito é desenvolver um modelo de previsão para o segmento

cooperativo, porém sugerindo um novo critério como proxy do evento de insolvência.

Este considera o Índice de Basiléia, um indicador utilizado pelas autoridades de

supervisão para avaliar a adequação de capital das instituições financeiras.

1.1 Justificativa da Pesquisa

O segmento de cooperativas de crédito no Brasil caracteriza-se pela

heterogeneidade de suas entidades, as quais têm estruturas e políticas de

funcionamento, em alguns casos, notadamente diferentes. Em razão de algumas

características e particularidades inerentes a esse segmento, alguns ajustes são

necessários na aplicação das técnicas existentes.

Apesar de diversos estudos com o objetivo de prever a insolvência de entidades

diversas terem sido realizados nos últimos 40 anos, poucos foram orientados para o

segmento das cooperativas de crédito. Na revisão de literatura para elaboração

dessa pesquisa foram encontrados quatro estudos direcionados a modelagem de

insolvência no segmento em questão. Os principais estudos, desenvolvidos por

Bressan (2002) e Bressan et al (2004), ficaram restritos às cooperativas de crédito

rural de Minas Gerais.

Por outro lado, o número de cooperativas ativas é bastante elevado e estas se

encontram distribuídas em diversas localidades no território brasileiro. Este é um

fator que dificulta uma maior freqüência de ações de supervisão direta realizadas

nessas instituições. Inspeções diretas são geralmente de elevado custo de

implementação e consomem tempo considerável das entidades supervisoras.

(GLOGOVA et al, 2005). Por essa razão, os órgãos supervisores tomam suas

decisões sobre as ações de fiscalização direta, baseados na análise indireta das

instituições financeiras. Uma prática corrente é utilizar técnicas estatísticas para

essa finalidade (GLOGOVA et al, 2005).

Os estudos realizados nessa área utilizam diferentes conceitos para definir o estado

de insolvência das entidades analisadas. Entre os principais critérios encontrados na

literatura destacam-se o pedido de concordata/falência, o não pagamento aos

credores e/ou titulares de dividendos, a existência de passivo a descoberto ou de

resultados negativos. No entanto, a deterioração financeira pode ter origem muito

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antes de se constatado tais eventos, o que prejudica a eficácia do modelo estimado

(WHALEN, 1991). Por essa razão, sugere-se neste estudo a utilização do Índice de

Basiléia como um critério para se definir insolvência. O Índice de Basiléia, cujo

conceito está mais bem detalhado no capítulo 2, em termos gerais, é um indicador

que busca mensurar a proporção de capital que a instituição dispõe em relação ao

seus ativos ponderados pelo risco. Foi criado pelo Comitê de Supervisão Bancária

da Basiléia2 com a finalidade de evidenciar se as instituições financeiras têm níveis

de capital suficientes para suportar a exposição ao risco de suas operações. Além

de ser um indicador de risco, esse índice assume papel importante sob a ótica

prudencial, pois o monitoramento em relação a seu limite mínimo regulamentar pode

sinalizar previamente um quadro de dificuldades econômico-financeiras das

instituições supervisionadas.

As cooperativas de crédito, conforme Lei Cooperativista nº 5.764/71 (BRASIL, 1971),

não estão sujeitas à falência e, de acordo com o art. 93, inciso II da mencionada lei,

o Poder Público poderá intervir nas cooperativas quando ocorrer ―ameaça de

insolvência‖. Por essa razão, detectar com antecedência situações de desequilíbrios

econômico-financeiros que ameacem a situação de solvência das cooperativas é

fundamental para uma atuação tempestiva do poder público.

Desse modo, a existência de poucos estudos sobre previsão de insolvência para as

cooperativas de crédito, o alto índice de mortalidade no segmento, as dificuldades

de se promover uma supervisão direta em um número muito elevado de instituições

e a possibilidade de testar um novo critério para se caracterizar insolvência neste

segmento são os principais fatores que motivaram o desenvolvimento desta

pesquisa.

2 O Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia (Basel Committee on Banking Supervision) é formado

por autoridades de supervisão bancária. Foi constituído pelos Presidentes dos bancos centrais dos países do Grupo dos Dez (G-10), em 1975. A reuniões são realizadas geralmente no Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Basiléia, Suíça.

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1.2 Objetivo

O objetivo desta pesquisa é realizar uma análise da aplicação da técnica de

regressão logística na previsão de insolvência do segmento cooperativo. São

utilizados como variáveis independentes alguns indicadores econômico-financeiros

das cooperativas de crédito no Brasil e sugere-se uma abordagem que considera a

evolução do Índice de Basiléia na separação do grupo de insolventes e solventes.

Busca-se essencialmente o desenvolvimento de um modelo de previsão que permita

sinalizar quais as cooperativas com maior probabilidade de se tornar insolventes

nesse segmento.

1.3 Principais perguntas da pesquisa

Em termos gerais, esta pesquisa busca encontrar respostas para as seguintes

perguntas:

A técnica de regressão logística pode ser utilizada de modo eficaz na

previsão de insolvência das cooperativas de crédito no Brasil?

O Índice de Basiléia pode ser adotado como ―proxy‖ na definição dos grupos

de cooperativas solventes e insolventes?

Quais indicadores econômico-financeiros são importantes na identificação

de problemas no segmento das cooperativas de crédito?

1.4 Estrutura do Estudo

Este estudo está organizado em cinco capítulos. No primeiro capítulo encontra-se

uma introdução sobre a importância do segmento e da utilização dos modelos de

previsão de insolvência, sendo explicitados a motivação, os objetivos e as principais

perguntas da pesquisa.

No segundo capítulo é realizada uma revisão de literatura, onde são apresentados a

evolução dos modelos de previsão de insolvência, os principais estudos realizados

no Brasil e aqueles aplicados ao segmento de cooperativas. São em seguida

descritas resumidamente algumas das principais técnicas utilizadas na modelagem

sobre previsão de insolvência, destacando-se em especial a regressão logística,

Page 18: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

17

suas vantagens e principais testes aplicados na avaliação deste modelo. Por último,

são discutidos alguns pontos sobre a definição do critério de insolvência,

constituição da amostra e seleção das variáveis independentes.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia utilizada na seleção da amostra e os

indicadores utilizados para aplicação da técnica de regressão logística, sendo

destacados todos os ajustes necessários para adaptação do modelo à realidade do

segmento sob análise.

Em seguida, no quarto capítulo, efetua-se uma análise dos resultados obtidos na

estimação de dois modelos, avaliando-se os níveis de precisão, a robustez e a

significância de ambos os modelos. É realizada uma interpretação econômica dos

parâmetros estimados e avaliado os efeitos dos indicadores econômico-financeiros

selecionados sobre a probabilidade de insolvência das cooperativas.

Por fim, no quinto capítulo são apresentadas as conclusões e discutidas as

limitações da pesquisa e sugestões para realização de estudos futuros.

Page 19: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

18

2. Revisão da Literatura

Neste capítulo é apresentado parte do conteúdo teórico utilizado para subsidiar a

elaboração desta pesquisa. Inicialmente é realizada uma breve apresentação sobre

a evolução dos estudos realizados sobre previsão de insolvência, destacando-se

alguns dos estudos que foram realizados no Brasil e aqueles direcionados para

cooperativas de crédito. Em seguida, é destacada a importância das ferramentas de

previsão de insolvência no contexto da supervisão das instituições financeiras e

introduz-se a definição e forma de cálculo do Índice de Basiléia. São apresentados

também outras técnicas utilizadas na modelagem de previsão insolvência e enfatiza-

se o modelo de regressão logística, ressaltando as vantagens e as razões da sua

escolha. São apresentados os principais testes utilizados para se avaliar o ajuste,

significância e precisão dos modelos estimados por meio dessa técnica. Por fim, é

realizada uma discussão sobre os principais aspectos que envolvem o

desenvolvimento de modelos de previsão de insolvência, em especial aqueles

relacionados à definição dos critérios de insolvência, a estruturação e

dimensionamento da amostra e a seleção das variáveis independentes.

2.1 Evolução dos estudos sobre previsão de insolvência

Os modelos de previsão de insolvência têm sido objeto de estudo por diversos

acadêmicos e pesquisadores que buscam analisar as causas do fracasso

empresarial (BALCAEN e OOGHE, 2004; KUMAR e RAVI, 2007; PEREIRA,

DOMÍNGUEZ e OCEJO, 2007; OLHSON, 1980). Nas últimas cinco décadas,

inúmeras técnicas de investigações empíricas foram propostas na tentativa de se

prever a insolvência/falência das empresas. Beaver (1966) utilizou a técnica de

análise discriminante univariada, propondo um dos primeiros modelos de previsão

de falência baseado em índices financeiros. Altman (1968), também um dos

pioneiros na previsão de falência de empresas, utilizou diversos indicadores

contábeis, porém com o ferramental da técnica análise discriminante multivariada,

sugerindo uma metodologia de classificação amplamente conhecida por ―Z-score‖.

Os resultados de seu estudo evidenciaram que a falência de uma empresa poderia

ser prevista com razoável precisão por meio da utilização de informações

disponíveis nos balanços patrimoniais de até dois anos antes da insolvência.

Page 20: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

19

Martins (2003) cita diversos outros estudos realizados no exterior utilizando

diferentes técnicas estatísticas, conforme se verifica na Tabela 1:

Tabela 1 – Estudos sobre previsão de insolvência realizados no exterior

Fonte: Martins (2003, p.15)

A partir da década de 90, outras técnicas mais sofisticadas e utilizando o maior

poder computacional disponível foram desenvolvidas, com destaque para as

técnicas de inteligência artificial. As técnicas aplicando conceitos de redes neurais

artificiais estão entre as que mais se destacam e têm sido freqüentemente utilizadas

na previsão de insolvência de empresas em alternativa às técnicas estatísticas

multivariadas clássicas (LEE et al, 2005).

As técnicas baseadas em redes neurais apresentam inúmeras variantes e, assim

como outros métodos bastante promissores, têm sido bastante exploradas nos

últimos 20 anos com o intuito de aprimorar a eficácia dos modelos na previsão de

insolvência de empresas. Entre as diversas técnicas que despontaram com o

advento da tecnologia da informação, Kumar e Ravi (2007) destacam:

Fuzzi Logic - FL

Genetic Algorithm - GA

Cased-based Reasoning – CBR

Rough Set Techniques – RST

Support Vector Machines – SVM

Decision trees - DT

Data Envelopment Analysis – DEA

Soft Computing – SC

Ano Local Autror(es) Técnica Estatística1966 EUA Beaver teste de classificação dicotômica

1968 EUA Altman análise discriminante

1975 EUA Sinkey análise discriminante

1986 EUA Lane, Looney e Wansley análise discriminante

1991 EUA Thomson regressão logística

1991 EUA Whalen modelo de risco proporcional de Cox

1997 Portugal Morgado análise discriminante

1998 Inglaterra Lennox análise discriminante, "probit"e regressão logística

1999 EUA Shumway modelo "hazard"

2001 Colômbia Rosillo C. análise discriminante

2002 Venezuela Molina modelo de risco proporcional de Cox

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20

Uma tendência dos estudos dessa área será o desenvolvimento de modelos híbridos

(hybrid intelligent systems), utilizando as várias técnicas disponíveis de inteligência

artificial de modo a potencializar a vantagens dos modelos individuais e reduzir suas

limitações (KUMAR e RAVI, 2007).

2.2 Principais estudos sobre previsão de insolvência no Brasil

No Brasil, segundo Corrêa, Costa e Matias (2006), o primeiro modelo de previsão de

insolvência foi proposto por Elizabetsky em 1976. Kanitz (1978) desenvolveu um dos

modelos mais conhecidos sobre previsão de insolvência no país. Ele utilizou um

modelo de análise discriminante para classificar as empresas em solventes e

insolventes, sugerindo uma metodologia que ficou amplamente conhecida como

―termômetro de insolvência de Kanitz‖. Corrêa, Costa e Matias (2006) destacam que

mais de 22 modelos já foram testados no Brasil.

Em pesquisa realizada para elaboração desta revisão bibliográfica foram

identificados os seguintes estudos realizados no Brasil:

Tabela 2 - Principais estudos realizados no Brasil sobre previsão de insolvência

Verifica-se na Tabela 2 que os estudos sobre previsão de insolvência no Brasil têm

sido realizados em diferentes setores e utilizando uma ampla variedade de técnicas.

Martins (2003) aplicou a modelagem proposta por Cox (Cox Proportional Hazards

Model) para prever as concordatas das empresas brasileiras de capital aberto,

Ano Autor(es) Técnica(s) Entidades1976 ELIZABETSKY Análise Discriminante Múltipla - MDA Empresas de Confecção

1978 KANITZ Análise Discriminante Múltipla - MDA Empresas Diversas

1982 PEREIRA Análise Discriminante Múltipla - MDA Empresas Diversas

1996 ALMEIDA Redes Neurais Bancos

1996 MATIAS e SIQUEIRA Regressão Logística - LOGIT Bancos

1997 SIQUEIRA e ALMEIDA Regressão Logística/Redes Neurais Bancos

1998 LACHTERMACHER e ESPENCHITT Redes Neurais Construção/Engenharia

1998 KASSAI e KASSAI Análise Discriminante Múltipla - MDA Empresas Diversas

1999 ROCHA Risco proporcional de COX - COX Hazard Model Bancos

1999 JANOT Regressão Logística/Risco Proporcional de Cox Bancos

2001 GIMENES e URIBE-OPAZO Análise Discriminante/Regressão Logística Cooperativas Agropecuárias

2002 BRESSAN Regressão Logística/Risco Proporcional de Cox Cooperativas de Crédito

2002 MINUSSI, DAMACENA e NESS JR. Regressão Logística Empresas Industriais

2003 MARTINS Risco proporcional de COX - COX Hazard Model Cias Abertas

2004 BRESSAN, BRAGA e LIMA Regressão Logística - LOGIT Cooperativas de Crédito

2004 BRESSAN, BRAGA e BRESSAN Risco proporcional de COX - COX Hazard Model Cooperativas de Crédito

2004 ONUSIC, KASSAI e NORONHA Análise Envoltória de Dados - DEA Empresas Diversas

2005 SCARPEL Support Vector Machines - SVM Cias Abertas

2006 CORRÊA, COSTA e MATIAS Regressão Logística - LOGIT Bancos

2006 NETO, NAGANO e MORAES Redes Neurais Cooperativas Agropecuárias

2007 ONUSIC, CASA NOVA e ALMEIDA Análise Envoltória de Dados - DEA Empresas Diversas

Page 22: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

21

sugerindo em sua conclusão a realização de estudos setoriais que contemplassem a

estimação de modelos de previsão de insolvência para empresas de mesma

atividade econômica.

Na área bancária, os resultados evidenciam que os modelos de previsão de

insolvência podem ser utilizados como uma importante ferramenta para detectar

problemas nas instituições financeiras. Destaca-se o estudo elaborado por Janot

(1999), que examina a eficácia de dois tipos de modelos de Early Warning. Ele

aplicou a regressão logística e o modelo de risco proporcional de Cox buscando

prever o fenômeno de insolvência bancária no Brasil durante o período 1995/1998.

O percentual de acerto na classificação dos bancos pelos dois modelos estimados

por Janot (1999), superiores a 90%, revelam que a insolvência bancária é passível

de ser prevista no Brasil.

Outro importante estudo utilizando dados de instituições bancárias foi realizado por

Rocha (1999), que aplicou também o modelo estatístico proposto por Cox para

construir um sistema Early Warning que fosse capaz de identificar as instituições

bancárias com problemas.

Importante ressaltar que estudos utilizando técnicas de inteligência artificial, entre

outras, também foram realizados no Brasil. Entre esses se destacam os realizados

por Almeida (1996), Almeida e Siqueira (1997), Lachtermacher e Espenchitt (1998),

aplicando redes neurais, Osunic et al (2004), utilizando Análise Envoltória de Dados

e Scarpel (2005), que fez um comparativo da técnica Support Vector Machine (SVM)

e os modelos estimados pelas técnicas de análise discriminante linear e quadrática.

2.3 Estudos aplicados às cooperativas de crédito

De modo geral, os estudos mencionados anteriormente foram elaborados para a

avaliação do desempenho financeiro e previsão de insolvência ou de falência de

empresas capitalistas, cujo objetivo fundamental é a maximização do lucro e da

riqueza dos acionistas. Por outro lado, segundo Neto et al (2006), ao ser realizar

uma avaliação da situação econômico-financeira das entidades cooperativas, deve-

se considerar o fato de que estas são organizações sem fins lucrativos, e que, por

essa razão, atuam sob uma lógica econômica diferente. Para uma cooperativa, por

exemplo, pode ser adequado não auferir resultado econômico significativo ao final

Page 23: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

22

do exercício, pois assim ela pode oferecer taxas mais competitivas ao cooperado,

seja na captação dos recursos, seja nos empréstimos realizados.

Nesse contexto, Neto et al (2006) destacam que as cooperativas têm sido avaliadas

por meio dos modelos tradicionais de análise financeira, não obstante se configurem

alguns problemas inerentes à aplicação destes métodos de avaliação. O uso de

alguns indicadores clássicos na análise financeira de empresas e instituições

financeiras, pode não ter muita aplicabilidade na avaliação geral do segmento. O

indicador rentabilidade sobre o patrimônio líquido, por exemplo, tem uma média

baixa no segmento comparativamente ao das instituições bancárias. Isso porque,

além dessas entidades não visarem o lucro, existe um elevado número de

cooperativas não realizam captações e são muito pouco alavancadas. É importante

também destacar que nesse segmento não há uma separação tão clara entre capital

e dívida tal como nos bancos, visto que no modelo de funcionamento do sistema

cooperativo os depositantes também são detentores do capital da entidade.

Considerando estas, entre outras especificidades para se analisar a situação

econômico-financeira das cooperativas, poucos estudos foram realizados propondo

formas alternativas para a avaliação dessas entidades. Apesar de se restringir a uma

pequena amostra do setor cooperativista agropecuário paranaense, Gimenes e

Uribe-Opazo (2001), utilizaram as técnicas de análise discriminante e regressão

logística (Logit), apresentando evidências empíricas de que os demonstrativos

contábeis são capazes de fornecer valiosas informações sobre o processo de

deterioração dos índices financeiros das cooperativas. Bressan, Braga e Lima (2004)

aplicaram a técnica de regressão logística em um grupo de cooperativas de crédito

rural de Minas Gerais, com o objetivo de avaliar o estado de solvência ou insolvência

dessas cooperativas. Entre as recomendações finais propõem a utilização do

modelo Logit em diferentes cenários com o propósito de verificar quais seriam os

indicadores mais representativos para indicar a insolvência, pois eles podem sofrer

alterações de um ano para outro. Sugerem também a expansão do estudo para

cooperativas de crédito de outras unidades da federação, com o propósito de

permitir comparações e verificação dos parâmetros utilizados. Bressan, Braga e

Bressan (2004) aplicaram o modelo de risco proporcional de Cox novamente com o

objetivo de prever a insolvência das cooperativas de crédito rural de Minas Gerais,

Page 24: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

23

concluindo que, respeitadas as devidas limitações, referido modelo também foi

satisfatório na sinalização do risco de insolvência nessas entidades.

De maneira geral, constata-se, pelos resultados empíricos dos estudos

mencionados, um nível de acerto superior a 90% na classificação correta das

cooperativas, fato este altamente motivador para realização desta pesquisa.

2.4 Importância dos modelos de previsão de insolvência no contexto da

supervisão bancária

Em geral, as inspeções diretas (On-site Supervision) implicam em elevado custo e

demandam muito tempo das autoridades de supervisão. Com o propósito de

direcionar as prioridades da supervisão direta são utilizadas ferramentas de

supervisão indireta (Off-site Supervision). Uma prática corrente, tanto na academia

como nas instituições, é utilizar técnicas estatísticas como análise discriminante ou

regressão logística para essa finalidade (GLOGOVA et al, 2005).

Na opinião de Whalen e Thomson (1998), o avanço da tecnologia da informação

possibilita aos reguladores bancários conduzir uma supervisão indireta mais eficaz e

diversos sistemas de alerta temprano tem sido desenvolvidos com o auxílio de

técnicas estatísticas. Estas buscam identificar a situação dos bancos baseada nos

seus demonstrativos financeiros e, ao contrário da análise financeira tradicional, os

sistemas ―Early Warning‖ possibilitam selecionar as instituições problemáticas com

maior antecedência de modo a priorizar as atuações da supervisão. Para Jagtiani et

al (2000), a habilidade dos órgão reguladores na previsão de deficiências de capital

nos bancos pode melhorar a efetividade dos processos de supervisão,

possibilitando um tempo adicional para o monitoramento intensivo das instituições

com problemas e permitindo a imposição de sanções por parte da autoridade

supervisora no sentido de buscar uma recuperação.

No segmento de cooperativas de crédito, no qual o universo fiscalizável é superior a

mil e quatrocentos instituições, torna-se praticamente inviável a realização recorrente

de inspeções diretas. Desse modo, é imprescindível o uso de ferramentas de

supervisão indireta para priorizar as ações de fiscalização.

Page 25: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

24

2.5 O Índice de Basiléia

Tendo em vista a opção por utilizar o Índice de Basiléia (IB) como principal critério na

seleção do grupo das cooperativas insolventes, é fundamental o entendimento de

como esse índice é calculado para fins de monitoramento da adequação de capital

das instituições financeiras. O Relatório de Estabilidade Financeira (Maio/04),

publicado pelo Banco Central do Brasil, apresenta o seguinte conceito para o Índice

de Basiléia:

“Índice de Basiléia: conceito definido pelo Comitê de Basiléia, que recomenda a relação mínima de 8% entre o PR e o total dos ativos ponderados pelo risco, conforme regulamentação em vigor. No Brasil, a relação mínima exigida, a partir de dezembro de 2002 é de 11% para as cooperativas centrais e cooperativas singulares filiadas a cooperativas centrais, 15% para as demais cooperativas, 30% para agências de fomento e 11% para as demais instituições financeira. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2004, p. 48)”.

3

Para melhor compreensão sobre o Índice de Basiléia é importante também

compreender duas variáveis utilizadas no cálculo do Índice: PLE (Patrimônio Líquido

Exigível) e PR (Patrimônio de Referência). O Patrimônio de Referência (PR),

conforme Banco Central do Brasil (2004, p. 48), é definido como o somatório do

Capital nível I e nível II, que são calculados conforme apresentado a seguir:

“Capital Nível I – Resultado aritmético dos saldos das rubricas contábeis:

Patrimônio Líquido, Contas de Resultado Credoras, Contas de Resultado

Devedoras. Para apuração final, devem ser excluídas, ainda, as Reservas

de Reavaliação, as Reservas para Contingências e as Reservas Especiais

de Lucros Relativas a Dividendos Obrigatórios não Distribuídos, deduzidos

os valores referentes a Ações Preferenciais não Cumulativas e a Ações

Preferenciais Resgatáveis”;

“Capital Nível II – Resultado aritmético dos saldos das rubricas contábeis:

Reservas de Reavaliação; Reservas para Contingências; Reservas

Especiais de Lucros Relativas a Dividendos Obrigatórios não Distribuídos;

Ações Preferenciais não Cumulativas; Ações Preferenciais Resgatáveis;

Dívidas Subordinadas Elegíveis a Capital e Instrumentos Híbridos de Capital

e Dívida, estando limitado, entre outros, ao montante do Nível I”.

3 Para fins desse estudo, utiliza-se o Índice de Basiléia (IB) que segue a forma de cálculo diferente

do IB atual. Assim, não são consideradas as alterações normativas ocorridas em razão do Acordo de Basiléia II.

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25

O PLE, segundo Silva (2005, apud Medeiros e Pandini, 2007), é o valor mínimo de

patrimônio líquido que deve ser mantido pela instituição financeira em razão do grau

de risco das suas operações. Um dos principais componentes do PLE é o APR

(Ativos Ponderado pelo Risco), variável que é obtida por meio da ponderação das

categorias de ativos considerando faixas de risco. Além de considerar APR, o PLE

também inclui no seu cálculo os riscos mercado, estes representados pelo risco de

taxa de juros e exposição cambial. Também é considerado no cálculo o risco de

crédito das operações de swap. O PLE é calculado utilizando-se os dados

registrados pelas instituições financeiras em contas patrimoniais e de compensação

referentes a requerimentos de capital para Ativos Ponderados pelo Risco, Risco de

Crédito de Swap, Risco de exposição cambial e Taxa de Juros, de acordo com a

fórmula a seguir (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2004, p. 49):

PLE = F · (Ativos Ponderados pelo Risco) + Risco de Crédito de Swap + Risco de exposição cambial + Risco de taxa de juros.

Fator F = fator aplicável aos ativos ponderados pelo risco, definido pelo Banco Central do Brasil em 0,11 para as cooperativas centrais e cooperativas singulares filiadas a cooperativas centrais; 0,15 para as demais cooperativas; 0,30 para agências de fomento; e 0,11 para as demais instituições financeiras.

De forma resumida, para que esteja enquadrada no Índice de Basiléia, o PR da

instituição deve ser igual ou superior ao PLE calculado.

A fórmula de cálculo do Índice de Basiléia (IB) é a seguinte (BACEN, 2004):

𝑰𝑩 =PR .100

Apr + 1

F.(Juros +Câmbio +Swap )

(1)

Onde:

Apr = Ativos ponderados pelo Risco

Juros + Câmbio+ Swap = valores calculados respectivamente para risco de taxa de juros, risco cambial e risco de crédito de Swap.

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26

Carneiro, Vivan e Krause (2007), destacam que as exigências adotadas no Brasil em

relação ao Índice de Basiléia são mais conservadoras do que as definidas no Acordo

da Basiléia, não somente pelo limite mínimo de 11% adotado, mas também no que

se refere as faixas para ponderação dos ativos. No Brasil, estabeleceu-se uma faixa

adicional de 300% para os créditos tributários registrados no ativo.

De forma simplificada, as faixas de risco para ponderação dos ativos e seus

principais itens, conforme tabela anexa da Resolução 2.099 (BACEN, 1994) são:

risco nulo (0%) – disponibilidades em caixa, reservas livres depositadas no

Banco Central, aplicações compromissadas com lastro em títulos públicos

federais garantidos pelo Tesouro Nacional e de instituições ligadas;

risco reduzido (20%) – Depósitos bancários, aplicações em ouro,

disponibilidades em moedas estrangeiras, serviços de compensação de

cheques;

risco reduzido (50%) - títulos públicos estaduais e municipais, aplicações em

cotas de fundos de investimento, depósitos interfinanceiros, certificado de

depósito, letras de câmbio, letras imobiliárias, entre outros;

risco normal (100%) - operações de crédito em geral, outros créditos,

debêntures, obrigações da Eletrobrás, títulos de dívida agrária, títulos de

renda variável e operações de câmbio (Exportação e importação), outros

valores e bens, imobilizado de uso, entre outras.

Importante destacar que risco de 300% para créditos tributários foi introduzido

posteriormente pela Circular 2.916/99.

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27

2.6 Outras técnicas utilizadas na modelagem de previsão de insolvência

A seguir são apresentadas sucintamente algumas técnicas encontradas na literatura

sobre previsão de insolvência, de modo a demonstrar a diversidade de métodos que

pesquisadores utilizaram nos últimos 40 anos e evidenciar a inexistência de uma

teoria consolidada sobre a modelagem de previsão de insolvência. Maiores

informações e detalhamentos sobre as técnicas descritas podem ser encontradas no

conteúdo dos artigos e livros referenciados nesta seção.

2.6.1 Análise Discriminante Multivariada (MDA)

A análise discriminante múltipla (MDA) é uma técnica estatística utilizada para

classificar as observações em uma série de grupos definidos a priori com base nas

características individuais das observações (ALTMAN, 1968). Desse modo, se uma

observação particular, por exemplo, uma empresa apresenta características que

podem ser quantificadas, a MDA pode ser utilizada para determinar um conjunto de

coeficientes discriminantes. Estes são utilizados para se obter uma variável

dependente, denominada Z-score, sendo este o parâmetro que discrimina os grupos

predefinidos (ALTMAN, 1968). A discriminação é conseguida estabelecendo-se

pesos da variável estatística para cada variável independente de modo a maximizar

a variância entre grupos em relação à variância dentro dos grupos (HAIR et al,

2005).

De forma resumida, pode-se descrever a análise discriminante como uma técnica de

discriminação entre grupos por meio de escores em que para cada observação é

calculado um escore correspondente. O escore é decorrente de uma ponderação

dos valores das variáveis independentes. Calculando-se a média dos escores de

cada grupo obtêm-se os centróides (HAIR et al, 2005). O centróide é equivalente à

média aritmética das variáveis discriminantes para os elementos pertencentes ao

mesmo grupo (ALTMAN, 1968). A distância entre os centróides permite verificar a

significância estatística da função discriminante do modelo.

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28

A melhor combinação linear de variáveis independentes para discriminar elementos

pertencentes a diferentes grupos é aquela que permite minimizar os erros de uma

classificação incorreta (HAIR et al, 2005). Para isso, é necessário que os seguintes

pressupostos sejam realidade (CORRAR et al, 2009):

As variáveis independentes têm que apresentar normalidade multivariada;

combinação linear entre todas as variáveis independentes;

ausência de multicolinearidade;

ausência de outliers;

homogeneidade das matrizes de variância e covariância de cada grupo.

2.6.2 Risco Proporcional de Cox

A principal vantagem do modelo de risco proporcional de Cox em relação aos outros

métodos estatísticos é que este adicionalmente fornece uma estimativa do tempo

esperado para a quebra (JANOT, 1999). De acordo com Janot (1999), os modelos

de previsão de insolvência baseados em técnicas Logit ou análise discriminante

fornecem somente a probabilidade da instituição falir em algum ponto no tempo

considerando um intervalo previamente especificado, não provendo nenhuma

informação sobre quando a falência ocorrerá.

Para Rocha (1999), o modelo de risco proporcional de Cox ―[...] produz um perfil de

sobrevivência para as instituições, ou seja, a probabilidade destas sobreviverem

mais do que diferentes períodos especificados como uma função do tempo.‖

Destaca ainda que uma das principais vantagens desse modelo é não prescindir de

qualquer hipótese em relação as propriedades distributivas dos dados.

O modelo de risco proporcional de Cox pode ser descrito da seguinte forma: sendo t

o tempo até a falência, pode-se definir uma função de sobrevivência dada por S(t)

como a probabilidade de uma entidade sobreviver mais do que t períodos (JANOT,

1999):

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29

S(t) = Prob[ T >t ] = 1 - F(t) (2)

onde F(t) é uma função de distribuição cumulativa do tempo até falência e a função

densidade de probabilidade é igual a f (t) = -S’ (t). Mesmo que a distribuição do

tempo até falência seja descrita por F(t) ou f (t), ela é normalmente caracterizada

pela função risco (hazard function) a seguir (ROCHA, 1999):

ℎ (𝑡) = 𝑙𝑖𝑚𝑑𝑡 →0

𝑃 𝑡 < 𝑇 < 𝑑𝑡 𝑇 > 𝑡

𝑑𝑡=

−𝑆′(𝑡)

𝑆 (𝑡)

(3)

A função risco, h(t), fornece a probabilidade de falência no próximo instante, visto

que a instituição sobreviveu até o período t. De acordo com Rocha (1999), em

função das hipóteses assumidas sobre a natureza da distribuição do tempo até

falência, diferentes tipos de modelos de risco podem ser especificados para

utilização do modelo de Cox.

2.6.3 Escalonamento Multidimensional (MDS)

O escalonamento multidimensional (MDS) é uma técnica que possibilita a

determinação de uma imagem relativa de um conjunto de objetos, que podem ser

representados na forma de um mapa perceptual (HAIR et al, 2005). Conforme

Molinero e Cinca (2001), o escalonamento multidimensional (MDS) envolve um

conjunto de técnicas baseadas em representações gráficas que produz um mapa

baseado na tabela de distâncias entre um conjunto de pontos. Desse modo, basta

uma inspeção visual no mapa para se obter uma percepção sobre a informação

contida na matriz de distâncias. O MDS gera uma escala de referência como parte

do processo de localização dos pontos no espaço, de modo que é possível pelo

mapa verificar características particulares de cada grupo de instituições conforme a

posição espacial dos pontos (MOLINERO e CINCA, 2001).

Para Molinero e Cinca (2001), o objetivo de aplicar esta técnica é verificar se

instituições insolventes tendem a se agrupar em uma área específica do mapa,

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30

enquanto as solventes se agrupariam em outra área diferente, de tal forma que, se

as duas áreas fossem suficientemente distintas, o mapa poderia ser utilizado para

finalidade de previsão de insolvência.

Um exemplo de um mapa gerado pela técnica de escalonamento multidimensional é

apresentado na Figura 1:

Figura 1 – Representação das instituições solvente e insolventes no escalonamento multidimensional (pontos preenchidos representam as insolventes).

Fonte: Molinero e Cinca (2001)

R1: Ativos correntes/Ativos Totais

R2: Ativos correntes - Caixa/Ativos

Totais

R3: Ativos correntes/Empréstimos

R4: Reservas/Empréstimos

R5:Lucro Líquido/Ativos Totais

R6: Lucro Líquido/Capital Próprio

R7: Lucro Líquido/Empréstimos

R8: Custo das Vendas/Vendas

R9: Fluxo de Caixa/Empréstimos 24

Dimensão 1

Dim

en

são

2

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31

2.6.4 Support Vector Machine (SVM)

A técnica de Support Vector Machine (SVM) utiliza um modelo linear para

implementar uma classe de fronteiras não lineares. O modelo linear é construído em

um novo plano espacial, no qual se obtêm um hiperplano ótimo de separação. O

SVM é o algoritmo que gera o modelo linear que maximiza a distância dos vetores

no hiperplano e esta maximização promove a separação entre as classes de decisão

(MIN e LEE, 2005).

Segundo Vapnik (1999, apud Scarpel, 2005), o ―Support Vector Machine‖ (SVM) é

considerado um procedimento construtivo universal de aprendizagem em linha com

os pressupostos da ―statistical learning theory‖. Para Scarpel (2005), o termo

universal significa que o SVM é uma técnica que pode ser utilizada para o

aprendizado de várias outras técnicas como as redes neurais, as funções de base

radial etc.

Como se trata de uma classificação binária, segundo Scarpel (2005), o problema

consiste na determinação de uma função paramétrica, que pode ser linear ou não,

para um hiperplano de separação dos pontos em dois conjuntos no Rm, em que m é

o número de dimensões existentes. São gerados três hiperplanos (SCARPEL, 2005):

1. Hiperplano de Separação: H0: y = wtx + b = 0 que separa as observações.

2. Hiperplano Superior: H1: y = wtx + b = +1 que é definido por pelo menos 1

ponto pertencente ao grupo com y = +1.

3. Hiperplano Inferior: H2: y = wtx + b = -1 que é definido por pelo menos 1

ponto pertencente ao grupo com y = -1.

A Figura 2 apresenta os hiperplanos de separação, superior e inferior no

espaço em duas dimensões.

De acordo com Cherkassky e Mulier (1998, apud Scarpel, 2005), os pontos que

definem os hiperplanos H1 e H2 são denominados ―support vectors‖ e a orientação

do plano de separação (H0) é determinada de modo que a distância entre H1 e H2

seja maximizada.

Page 33: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

32

Figura 2 - Hiperplanos de Separação, superior e inferior formados no espaço m=2.

Fonte: Scarpel (2005)

2.6.5 Data Envelopment Analysis (DEA)

De acordo com Onusic, Kassai e Noronha (2004, p. 22), a Análise por Envoltória de

Dados (Data Envelopment Analysis – DEA), foi inicialmente apresentada por

Charnes, Cooper e Rhodes (1978) como ―[..] uma técnica de avaliação de eficiência

relativa a ser aplicada onde preços não pudessem ser atribuídos aos insumos e

produtos das entidades em estudo‖.

É uma técnica não paramétrica que utiliza programação linear para mensurar a

eficiência de cada entidade (DMU - Decision Making Units) de modo que seja

possível atribuir pesos relativos a seus insumos e produtos (KASSAI, 2002 apud

ONUSIC, KASSAI e NORONHA, 2004). A tentativa de estimação da eficiência

técnica de escolas com múltiplos insumos e produtos, resultou na formulação do

modelo CCR (abreviatura dos sobrenomes dos autores Charnes, Cooper e Rhodes).

Para Silva e Azevedo (2004), o DEA é uma técnica que trata saídas (outputs) e

entradas (inputs) com o objetivo de analisar o desempenho comparativo entre

unidades independentes (instituições, organizações, escolas e outras), considerando

para isso a eficiência de cada unidade.

Page 34: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

33

Segundo Kassai (2002, apud Onusic, Kassai e Noronha, 2004), para um melhor

entendimento da DEA, pode-se selecionar um conjunto de empresas e seu plano de

produção. Por meio de uma solução de um ―[...] problema de programação linear

para cada uma das empresas, pode-se determinar a empresa que não será

superada por outra em seu plano de produção. Esta empresa é considerada

eficiente e utilizada como modelo para as demais‖ (KASSAI, 2002 apud ONUSIC,

KASSAI e NORONHA, 2004, P. 23).

De acordo com Niederauer (1998, apud Onusic, Kassai e Noronha, 2004),

graficamente a curva de eficiência resultante da Análise DEA é apresentada na

Figura 3. Os pontos abaixo da curva representam as empresas cuja operação não é

eficiente, ou seja, que possuem neste caso indicador de eficiência < 1.

Figura 3 – Análise DEA para um conjunto de empresas

Fonte: Osunic, Kassai e Noronha(2004)

Page 35: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

34

2.7 Regressão Logística

Conforme mencionado anteriormente, as duas técnicas mais utilizadas na literatura

sobre previsão de insolvência são a análise discriminante e a regressão logística. A

técnica de análise discriminante geralmente é aplicada para classificar um elemento

em um grupo predefinido, o que significa, no caso dessa pesquisa, classificar a

cooperativa como pertencendo ao grupo de solventes ou insolventes. Entretanto,

verifica-se que esta técnica requer uma série de premissas difíceis de serem

válidas, tais como normalidade multivariada das variáveis independentes e matrizes

não significativamente diferentes de variância-covariância entre os grupos (CORRAR

et al, 2009; HAIR et al, 2005; HOSMER e LEMESHOW, 2000; OHLSON, 1980)

O modelo de regressão logística apresenta menos restrições que a análise

discriminante. De acordo com Norius, 1993 (apud Janot, 1999) mesmo nos casos

em que as premissas da análise discriminante são satisfeitas, o modelo de

regressão logística (Logit), ainda apresenta bons resultados. Para Janot (1999, p.

15), o modelo Logit é considerado ―um modelo de resposta qualitativa, pois é

utilizado com o propósito de modelar o comportamento de um tomador de decisão

que deve escolher entre um conjunto finito de alternativas‖. Para Rocha (1999, p.

138), ―[...] estimar as probabilidades de falência é objetivo dos modelos de resposta

qualitativa‖. No caso dos modelos de resposta qualitativa, a determinação de Xi

(características das instituições) precede a de Yi (insolvência ou quebra). Desse

modo é possível determinar a Pr(Yi = 1 / X), sem a necessidade de especificar a

distribuição de X (JANOT, 1999) Contrariamente ao que se verifica na análise

discriminante, a afirmativa Yi precede a determinação de X. Na opinião de Janot

(1999, p.16), ―[...] a análise discriminante é meramente uma técnica de classificação,

enquanto o modelo Logit analisa uma relação causal.‖

A técnica de regressão logística é recomendada quando a variável dependente é

discreta, assumindo dois ou mais valores possíveis (HAIR et al, 2005; HOSMER e

LEMESHOW, 2000). Na definição de Hair et al (2005), a regressão logística é um

procedimento no qual são calculados os coeficientes logísticos que comparam a

probabilidade de um evento ocorrer com a probabilidade de não ocorrer. Pode ser

caracterizada como ― [...] uma técnica estatística que nos permite estimar a

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35

probabilidade de ocorrência de determinado evento em face de um conjunto de

variáveis explanatórias, além de auxiliar na classificação de objetos ou casos”

(CORRAR et al, 2009, p. 284).

Na década de 90, a regressão logística se tornou o padrão nas análises dos

problemas de natureza dicotômica em vários campos do conhecimento (HOSMER e

LEMESHOW, 2000). No segmento do cooperativismo de crédito, Bressan (2002) foi

pioneira na aplicação da regressão logística na modelagem de previsão de

insolvência das cooperativas de crédito rural de Minas Gerais, alcançando

resultados promissores no uso da técnica para esse segmento. Bressan, Braga e

Lima (2004) destacam que a utilização da técnica de regressão logística na previsão

de insolvência de instituições financeiras já se encontra consolidada na literatura,

destacando os trabalhos de Martin (1977), Espahbodi (1991), Matias e Siqueira

(1996), Janot (2001) e Albuquerque Jr. E Ribeiro (2001). Outros autores no Brasil

também utilizaram a técnica em questão, tais como Osunic, Kassai e Noronha

(2004), comparando os resultados em relação à técnica de análise envoltória de

dados (DEA). Gimenez e Opazo-Uribe (2001), aplicaram a regressão logística em

um grupo de cooperativas agropecuárias do estado do Paraná, realizando uma

comparação em relação aos resultados da análise discriminante.

2.7.1 Vantagens da Regressão Logística

Na literatura verifica-se a existência de uma diversidade de técnicas que já foram

utilizadas com o objetivo de prever a insolvência das empresas, com destaque para

a análise discriminante e regressão logística. Neste estudo, utiliza-se a regressão

logística porque além do menor número de restrições e da maior simplicidade e

facilidade de implementação, esta técnica apresenta uma série de vantagens.

A regressão logística começou a ser mais amplamente utilizada em modelos de

previsão de insolvência a partir da década de 80. Após diversos autores terem

aplicado a técnica de análise discriminante multivariada na previsão de insolvência

de empresas nas décadas de 60 e 70, Ohlson (1980), optou por utilizar essa técnica

estatística para evitar uma série de conhecidos problemas da análise discriminante.

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36

Entre as principais vantagens apontadas por Ohlson (1980) para se utilizar a

regressão logística está a não exigência de se conhecer as probabilidades de

insolvência da população e as distribuições das variáveis preditivas.

Corrar et al (2009, p. 292) destacam uma série de vantagens operacionais na

utilização da técnica de regressão logística. São elas:

Comparativamente a outras técnicas estatísticas, a regressão logística

permite utilizar com maior facilidade as variáveis categóricas;

É mais adequada na solução de problemas que buscam estimativas de

probabilidade, uma vez que sua escala de resultados se encontra no

intervalo de 0 a 1.

Demanda um número menor de premissas em relação a outras técnicas

utilizadas para se discriminar grupos

Possibilita a utilização simultaneamente de variáveis métricas e não

métricas;

Considerando que o número de premissas requeridas é menor, tende a

apresentar resultados mais confiáveis estatisticamente.

Permite uma interpretação dos resultados com relativa facilidade,

sobretudo porque sua lógica se assemelha a de outras técnicas

amplamente conhecidas, como a regressão múltipla.

Tem facilidade computacional, pois é encontrada na maioria dos pacotes

estatísticos conhecidos.

Hair et al (2005) também destacam várias razões pela qual a regressão logística se

tornou uma técnica bastante atraente. Entre elas, está a maior robustez da

regressão logística às desigualdades das matrizes de variância/covariância entre os

grupos, a possibilidade de se utilizar variáveis independentes categóricas e também

o fato de apresentar uma maior similaridade com a regressão múltipla em termos de

interpretação de resultados.

Page 38: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

37

2.7.2 Estimação do modelo de Regressão Logística

A regressão logística é uma técnica estatística paramétrica que, tendo em vista o

problema da previsão de insolvência, retorna a probabilidade de uma entidade se

tornar insolvente. Em geral, se a probabilidade estimada é superior a um ponto de

corte, comumente 0,50, a empresa é classificada pelo modelo como insolvente.

De acordo com Hosmer e Lemeshow (2000, p. 32), o modelo da regressão logística

múltipla é dado pela seguinte equação:

π(𝑥) =eg(X)

1 + eg(X)

(4)

Onde:

π(𝑥)= P (Y =1 │X) = probabilidade de ocorrência de um evento, dada a

ocorrência de X na observação;

g(X) = β0 + β1X1 + β2X2 + ... + βpXp;

βp = coeficiente da variável independente Xp

A estimação dos coeficientes da regressão logística é realizada por meio do

procedimento de máxima verossimilhança (CORRAR et al, 2009; GUJARATI, 2006;

HAIR et al, 2005; HOSMER E LEMESHOW, 2000; ONUSIC, KASSAI e NORONHA,

2004; MENARD, 2010). Essa estimação não pode ser realizada utilizando o

procedimento tradicional dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), como é

realizado na regressão múltipla. A razão, é porque o modelo logístico não é linear e

a transformação que dá origem equação 4 requer a estimação dos parâmetros pelo

método da máxima verossimilhança (CORRAR et al, 2009; HAIR et al, 2005).

Contudo, para Dobson (1990) o método dos mínimos quadrados ponderados é

também um alternativa, apresentando vantagens computacionais, dado que o

processo interativo pode ser evitado.

Na estimação do modelo de regressão logística, os dados são ajustados à curva

logística, que tem a forma em ―S‖ tal como apresentado na Figura 4 (OSUNIC,

KASSAI e NORONHA, 2004):

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38

Figura 4 - Gráfico da Função de Regressão Logística

Fonte: Osunic, Kassai e Noronha (2004)

2.8 Medidas de avaliação do modelo logístico

Tal como se faz necessário na regressão múltipla, para validar um modelo de

previsão estimado por meio da regressão logística, podem ser utilizados diversos

testes e medidas estatísticas. Contudo, como a equação da regressão logística é

estimada pelo método da máxima verossimilhança, os testes e medidas utilizados na

regressão múltipla linear não são adequados para serem aplicados, embora medidas

com interpretação similar possam ser utilizadas (CORRAR et al, 2009).

Um dos principais questionamentos que deve ser feito quando da avaliação do

modelo logístico é o seguinte:

―O modelo que inclui uma ou mais variáveis explicativas diz mais sobre a resultado

da variável resposta do que o modelo que não inclui essas variáveis?” (HOSMER e

LEMESHOW, 2000, p. 11)

De modo que esse questionamento, entre outros, possam ser respondidos, são

descritos de forma breve os principais testes e medidas estatísticas utilizados para

avaliar o ajuste e validade do modelo logístico.

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39

2.8.1 Valor de verossimilhança (Log Likehood Value)

De acordo com Corrar et al (2009, p. 294), esta é uma das principais medidas de

avaliação geral da regressão logística e seu objetivo é ―[...] aferir a capacidade de o

modelo em estimar a probabilidade associada à ocorrência de determinado evento‖.

O valor de verossimilhança, obtido pela multiplicação do logaritmo do valor da

verossimilhança pela constante -2, é comumente representado por – 2LL (CORRAR

et al, 2009). De acordo com Hair et al (2005), o valor de verossimilhança (-2LL) é

utilizado para verificar o ajuste do modelo e, de modo geral, valores menores dessa

medida indicam melhor ajuste do modelo. Entretanto, conforme salientam Corrar et

al (2009), mesmo diante da facilidade de interpretação do -2LL, isoladamente este

indicador fornece pouca informação sobre a adequação do modelo. Por essa razão,

as ferramentas computacionais em geral calculam o valor de -2LL somente com a

constante no modelo e depois o fazem com inclusão de todas variáveis

significativas. Quanto maior for essa diferença entre os valores obtidos, maior o

potencial dos coeficientes para estimar as probabilidades, ou seja, mais significativo

estatisticamente é o modelo. Essa diferença é testada por meio de uma estatística

Qui-quadrado para verificar a significância do modelo como um todo e, é útil para

testar a hipótese de que todos os coeficientes da equação logística são iguais a

zero, tal como o teste F é aplicado no caso da regressão linear (CORRAR et al,

2009).

No método de stepwise do SPSS, essa medida também pode ser utilizada para

verificar se inclusão ou exclusão de variáveis independentes geram melhorias no

modelo estimado.

2.8.2 O teste de Wald

O -2LL busca avaliar o modelo como um todo. Porém tal como ocorre na regressão

linear, onde geralmente de utiliza o teste t para avaliar o grau de significância de

cada variável independente do modelo, na regressão logística existe o teste de

Wald. Este tem por objetivo avaliar se cada parâmetro estimado é significativamente

diferente de zero (CORRAR et al, 2009).

O teste de Wald é obtido pela relação entre o parâmetro β estimado pelo método da

máxima verossimilhança e a estimativa do erro padrão (HOSMER e LEMESHOW,

2000). De acordo com Corrar et al (2009), a estatística Wald segue uma distribuição

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Qui-quadrado e quando a variável dependente tem um único grau de liberdade,

pode ser calculado pela seguinte fórmula :

Wald = β

S. E.

2

(5)

Onde:

β = coeficiente da variável independente incluída no modelo

S.E. = erro padrão (standard error)

Hauck and Donner (1997, apud Hosmer e Lemeshow, 2000), estudaram a

performance do teste Wald e descobriram que geralmente ele falha na rejeição da

hipótese nula quando os coeficientes são muito expressivos. No entanto, o que se

verifica é que muitos trabalhos acadêmicos utilizam esse indicador para testar a

significância dos parâmetros estimados pela regressão logística.

2.8.3 Teste de Hosmer e Lemeshow

Hosmer e Lemeshow (1980, apud Hosmer e Lemeshow, 2000), propõem um teste

em que são formados grupos baseados nos valores das probabilidades estimadas e

realizado um teste Qui-quadrado para verificar se existem diferenças entre os

grupos.

O teste é conceitualmente simples e trata-se de um teste Qui-Quadrado, em que o

número de observações é divido em 10 classes e as freqüências preditas são

comparadas com as freqüências observadas(CORRAR et al, 2009). O que se busca

é aceitar a hipótese de que não existem diferenças significativas entre as

classificações realizadas pelo modelo e a situação observada, de modo que se

verificadas tais diferenças, o modelo não representaria de modo satisfatório a

realidade (CORRAR et al, 2009).

2.8.4 R2 da regressão logística

Na regressão logística, também existem medidas similares ao coeficiente de

determinação da regressão múltipla. Hair et al (2005), destacam três medidas

comparáveis: R2 de Cox e Snell, o R2 de Nagelkerke e o ―pseudo‖ R2, que Corrar et

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al (2009) denominam McFadden’s-R2 ou R2 logit. O R2 logit representa a melhoria do

-2LL do modelo em relação ao -2LL nulo, ou seja, do modelo que inclui somente a

constante. De acordo com Hair et al (2005, p. 284), o R2 logit é calculado pela

fórmula a seguir:

R2 logit = −2LLnulo − (−2LLmodelo)

−2LLnulo (6)

O R2 Logit possibilita somente verificar se o modelo traz alguma melhoria à

qualidade das predições se comparado a um modelo sem as variáveis

independentes. Referida medida não pode ser interpretada tal como o coeficiente de

determinação da regressão múltilpla, que representa qual o percentual das

variações na variável dependente são explicadas pelas variáveis independentes

(CORRAR et al, 2009).

O R2 de Cox e Snell, tem a mesma forma de interpretação, de modo que valores

elevados indicam um melhor ajuste do modelo (CORRAR et al, 2009; HAIR et al,

2005). De acordo com Corrar et al (2009), tal como o R2 Logit, esse indicador não

serve para indicar a proporção da variação da variável dependente em função das

variações das variáveis independentes. Contudo, entre regressões logísticas

igualmente válidas geradas a partir de um mesmo conjunto de dados, deve-se

preferir a equação que apresente o maior R2 de Cox e Snell.

Para Hair et al (2005), o R2 de Cox e Snell é considerada uma medida limitada,

sobretudo por que esta não alcança o valor máximo de 1. Nagelkerke (1991, apud

Corrar et al, 2009) propôs uma modificação para que a escala ficasse situada entre

0 e 1, tornando com isso mais fácil a interpretação do indicador.

Na opinião de Hosmer e Lemeshow (2000), os indicadores R2 são pobres se

comparados com as medidas de R2 da regressão linear e por isso não recomendam

apresentá-los isoladamente como uma medida de bom ajustamento do modelo da

regressão logística. Contudo, conforme salientam Corrar et al (2009), ainda não

existe consenso na literatura sobre qual é a melhor métrica de avaliação e, por essa

razão, recomendam utilizá-los em conjunto, não se devendo atribuir importância

elevada a nenhuma dessas medidas.

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42

2.8.5 Tabelas de classificação

Uma forma intuitiva de sumarizar os resultados do modelo de regressão logística é

por meio da tabela de classificação (HOSMER e LEMESHOW, 2000). Esta é uma

tabela cruzada dos valores estimados da variável dependente y e as variáveis

explicativas utilizadas para estimação do modelo.

Para construir essa tabela, segundo Hosmer e Lemeshow (2000), é preciso definir

um ponto de corte (cut-point) utilizado para comparar as probabilidades. O valor

comumente utilizado para esse ponto de corte é 0,5 (MENARD, 2010).

Considerando o problema modelado neste estudo, se a probabilidade for superior a

esse ponto de corte, a cooperativa é classificada como insolvente e solvente caso

contrário. Mudanças no ponto de corte podem também ser definidas a interesse do

pesquisador.

Ohlson (1980) considera que tabela de classificação é uma das formas de se avaliar

o modelo, destacando que os erros de classificação dessa tabela tem propriedade

aditiva, na medida em que o melhor modelo é aquele que minimiza a soma dos

erros. No caso do problema de insolvência, considera-se o erro tipo I como a

classificação incorretamente de uma entidade insolvente como solvente e o erro tipo

II, a classificação de uma entidade solvente como insolvente (JANOT, 1999). Nesse

sentido, Ohlson (1980) afirma que diferentes pontos de corte implicam em um “trade-

off” entre os dois tipos de erros.

Balcaen e Ooghe (2004) afirmam que, na prática, ambos os erros podem ter sérias

conseqüências, dependendo do problema modelado. Por exemplo, no contexto em

que o modelo é utilizado para decisões de concessão de crédito, o erro tipo II, que

seria classificar um instituição solvente como insolvente pode conduzir à uma recusa

na concessão do crédito ao cliente. Essa decisão poderia acarretar impactos nos

resultados futuros da instituição financeira. Por outro lado, incorrer no erro tipo I,

pode gerar uma perda financeira substancial, pois o crédito pode não ser honrado.

Considerando o problema sobre a ótica da supervisão, os custos do erro tipo I são

os piores devido as conseqüências decorrentes da quebra de uma instituição

financeira. Na opinião de Whalen (2005), se os modelos de previsão de insolvência

são usados para auxiliar a alocação dos recursos da supervisão direta, eles não

deveriam indicar incorretamente um número muito elevado de instituições de baixo

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risco como sendo de elevado risco de insolvência (Erro tipo II) e o desejável é que

ambas as taxas de erro sejam baixas.

2.9 Aspectos relevantes na elaboração de modelos de previsão de insolvência

São apresentados a seguir alguns aspectos relevantes no desenvolvimento de

modelos de previsão de insolvência. Estes estão relacionados principalmente à

escolha das variáveis independentes, definição do critério de insolvência e tamanho

da amostra. Uma conclusão inevitável é que estas questões não se encontram

consolidadas na literatura, não havendo ainda um consenso entre autores e

pesquisadores da área.

2.9.1 Seleção das variáveis independentes

De acordo com Ohlson (1980), uma avaliação eficaz da relação preditiva de um

modelo demanda a existência de variáveis independentes em datas anteriores ao

evento da insolvência. Para esse autor, a capacidade de previsão de qualquer

modelo depende sobretudo da qualidade dessas variáveis independentes.

Pereira, Domínguez e Ocejo (2007) destacam que a maioria dos estudos utilizou

indicadores econômico-financeiros como variáveis independentes. Uma das razões

pela qual indicadores econômico-financeiros são utilizados, segundo Micha (1984,

apud Balcaen e Ooghe, 2004), é porque estes são medidas objetivas, robustas e

geralmente baseadas em informações disponíveis ao público. Por outro lado,

conforme argumentam Balcaen e Ooghe (2004), a utilização de indicadores

contábeis apresenta uma série de desvantagens. Uma delas decorre da

dependência dos indicadores de critérios endógenos como tipo e tamanho da

empresa. Outra é porque pesquisadores implicitamente consideram que as

informações contábeis refletem em sua totalidade e de modo verídico a situação

patrimonial e financeira da empresa, fato que nem sempre é realidade.

Ooghe et al (1995, apud Balcaen e Ooghe, 2004) destacam os fortes incentivos para

as empresas manipularem suas informações contábeis, sobretudo quando o

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momento da falência está próximo. Desse modo, a ―contabilidade criativa‖ é utilizada

como uma mecanismo de defesa da empresa para buscar a melhoria da sua

situação econômico-financeira. A utilização de informações contábeis manipuladas e

não confiáveis conduz à um problema de inconsistência para maiorias dos

indicadores econômico-financeiros (TUCKER, 1986 apud BALCAEN E OOGHE,

2004).

Balcaen e Ooghe (2004) também destacam problemas relacionados a existência de

dados incompletos e do viés originado de indicadores com valores extremos. Por

essa razão, sugerem que os pesquisadores realizem uma cuidadosa análise para

verificar a qualidade dos dados ou mesmo detectar ou corrigir erros em suas

amostras como fizeram Ooghe et al (1993, apud Balcaen e Ooghe, 2004) ao reduzir

os efeitos dos erros causados por valores extremos.

Um dos pontos críticos destacados por Balcaen e Ooghe (2004), é o fato de muitos

estudos considerarem implicitamente que toda informação relevante para previsão

de insolvência está concentrada nas informações contábeis. Isso porque nem toda

informação importante está refletida nos balanços patrimoniais e demonstrativos de

resultados. Buscando minimizar esse problema, diversos autores sugerem também a

inclusão de variáveis não contábeis ou qualitativas na elaboração dos modelos de

previsão de insolvência. Keasey e Watson (1987, apud Pereira, Domínguez e Ocejo,

2007), afirmam que não há consenso se um modelo adequado de previsão deva se

basear unicamente em indicadores econômico financeiros e demonstram que

modelos que incluem variáveis qualitativas apresentam capacidade de previsão

superior.

2.9.2 Definição do conceito de insolvência

Para realização das regressões logísticas ou aplicação de qualquer técnica

estatística na previsão de insolvência, uma etapa fundamental é a definição do

conceito de insolvência/fracasso a ser utilizado, de modo que os grupos possam ser

devidamente separados em solventes e insolventes.

Contudo, a insolvência empresarial não é bem definida na forma dicotômica, uma

vez que não existe um critério preciso para separação dos grupos e assim as

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populações de empresas solventes e insolventes não podem ser claramente

separadas. Alguns pesquisadores argumentam que somente é possível separar uma

população de empresas solventes, insolventes e uma população na ―zona cinzenta‖,

onde a situação da empresa não está claramente definida (BALCAEN e OOGHE,

2004).

De acordo com Balcaen e Ooghe (2004), na construção de modelos estatísticos de

previsão de insolvência os pesquisadores separam arbitrariamente as populações de

empresas solventes e insolventes, isso porque existe arbitrariedade tanto na

definição do conceito de insolvência assim como na forma em que este conceito é

aplicado na separação das amostras.

Em função da ausência de uma teoria geral universalmente aceita para o fracasso

empresarial, não existe uma única definição para o conceito. Esta pode ser

considerada uma limitação relevante, sobretudo porque toda seleção da amostra

depende da definição previamente adotada (PEREIRA, DOMÍNGUEZ e OCEJO,

2007).

Entre os diversos estudos realizados encontramos diferentes abordagens: Beaver

(1966) utiliza múltiplos critérios para caracterizar o fracasso, entre eles o não

pagamento de credores e dividendos a acionistas preferenciais, a ocorrência de

contas bancárias a descoberto e a falência jurídica. Os estudos realizados por

Altman (1968), Deakin (1972), Zavgren (1985) e Aziz & Lawson (1989) recorrem a

falência jurídica (PEREIRA, DOMÍNGUEZ e OCEJO, 2007).

Whalen (1991) destaca a distinção entre a insolvência, que é considerado um evento

econômico, e a falência, que é um evento regulamentar decorrente de uma decisão

proferida pelo respectivo órgão competente. Esse é um aspecto relevante e que

pode afetar sensivelmente os resultados do modelo de previsão de insolvência.

No Brasil, diferentes critérios são utilizados para definir o que é insolvência. Matias e

Siqueira (1996) consideram uma instituição bancária insolvente quando esta é

submetida ao processo intervenção ou liquidação extrajudicial pelo Banco Central.

Gimenez e Uribe-Opazo (2001) caracterizam o estado de insolvência aquele em

que a empresa não pode honrar suas dívidas com seus credores e é declarada

falida. Janot (1999) considera a instituição insolvente quando seu patrimônio líquido

Page 47: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

46

é negativo ou quando não é mais possível continuar suas operações sem incorrer

em perdas que culminariam em patrimônio líquido negativo. Destaca ainda que a

insolvência poderia decorrer da colocação da instituição bancária em evidência pelo

supervisor responsável no Banco Central. Por outro lado, esse critério apresenta

uma desvantagem por estar respaldada em uma avaliação que contempla também

aspectos subjetivos de julgamento do responsável pela supervisão. Bressan et al

(2004) utilizam uma adaptação da definição utilizada por Janot (1999), classificando

as cooperativas insolventes aquelas que foram encerradas, que apresentaram

patrimônio líquido ajustado negativo e/ou as cooperativas que registraram o mínimo

de 40% de resultados finais negativos no período de agosto de 1998 a agosto de

2001.

Neste estudo, sugere-se uma abordagem diferente considerando valores do Índice

de Basiléia na definição do estado de insolvência das cooperativas de crédito,

conforme é apresentado na seção metodológica da pesquisa.

2.9.3 Seleção da Amostra

Para Pereira, Domínguez e Ocejo (2007) o desenvolvimento de modelos de previsão

de insolvência demanda que os seguintes pontos sejam claramente definidos:

como serão selecionadas as empresas insolventes e as solventes?

qual o tamanho da amostra?

qual setor de atividade será estudado?

as empresas serão emparelhadas ou não?

A primeira pergunta, como visto anteriormente, depende da definição adotada por

cada pesquisador para insolvência, o que inevitavelmente contempla aspectos

subjetivos e arbitrários (BALCAEN e OOGHE, 2004; PEREIRA, DOMÍNGUEZ e

OCEJO, 2007). A segunda pergunta é sensivelmente afetada pela definição do

conceito de insolvência/fracasso, já que o tamanho da amostra depende, sobretudo,

do critério utilizado para selecionar as empresas insolventes. Um ponto crucial nesse

caso é se a amostra é representativa das empresas que estão sendo objeto de

estudo.

Page 48: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

47

Em uma situação ideal para utilização de técnicas estatísticas, as empresas devem

ser selecionadas aleatoriamente, mas conforme destaca Mora (1994, apud Pereira,

Domínguez e Ocejo, 2007), a amostragem aleatória pode selecionar empresas de

portes e setores muito diferentes de modo que as diferenças obtidas pelas variáveis

independentes podem não depender unicamente de uma distinção da situação de

solvência, mas de características relacionadas a área da atuação e ao porte da

empresa, entre outras. Zmijewksy (1984) também destaca a dificuldade de se

selecionar aleatoriamente uma amostra representativa de instituições insolventes em

razão das taxas de insolvência/fracasso da economia. Esses pontos retratam bem,

algumas dificuldades relativas às duas últimas perguntas.

De acordo com Ooghe e Joes (1990, apud Balcaen e Ooghe, 2004), se os modelos

de previsão de insolvência são utilizados como ferramentas preditivas, as amostras

de solventes e insolventes devem ser representativas de toda a população, uma vez

que não faz sentido construir um modelo muito preciso para uma amostra que não é

representativa. Contudo, segundo Balcaen e Ooghe (2004) a grande maioria do

modelos estatísticos elaborados, a estimação é obtida utilizando-se amostras não

aleatórias, cujas composições são diferentes da composição da população. Para

Zmijewksy (1984), se as amostras são não aleatórias seria esperado que o

parâmetro estimado pelo modelo e as probabilidades estimadas de insolvência

fossem viesadas e o resultado geral do modelo também fosse afetado. Contudo, o

autor conclui que o uso de amostras não aleatórias não afeta significativamente a

precisão do modelo, uma vez que as inferências estatísticas do impacto das

variáveis independentes não são afetadas. Amostras não aleatórias muitas vezes

decorrem da baixa freqüência de insolvência em relação total de empresas na

economia. Dun e Bradstreet (1982, apud Zmijewksy, 1984), reportam que a taxa de

quebra das empresas nos Estados Unidos nunca excedeu 0,75% da população. Na

opinião de Zmijewksy (1984), isso pode superestimar a amostra de empresas

insolventes.

Outro problema comumente encontrado é o critério de seleção da amostra baseado

na existência de dados completos, sendo que esse critério pode conduzir a um viés

na seleção da amostra, sobretudo, porque as empresas insolventes possuem

geralmente dados incompletos, o que tende a subestimar a probabilidade de

insolvência (ZMIJEWKSY, 1984).

Page 49: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

48

A maioria dos estudos utilizou amostras emparelhadas de empresas solventes e

insolventes, nas quais para cada empresa insolvente era selecionada uma solvente

ou múltiplos de empresas solventes(OHLSON, 1980; PLATT e PLATT, 2002 apud

BALCAEN e OOGHE 2004). Usualmente o emparelhamento é realizado

considerando os critérios de tamanho, indústria e tempo de funcionamento.

Zmijewksy (1984) constatou que em 17 estudos realizados, todos utilizaram o critério

de dados completos para selecionar as empresas, sendo que em 12 deles foram

estruturadas amostras emparelhadas como critério para selecionar as empresas

solventes, conforme apresentado na Tabela 3:

Tabela 3 - Sumário dos procedimentos de seleção de amostras/coleta de dados dos estudos

sobre previsão de insolvência

Zmijewksy (1984) critica o fato de estes estudos terem utilizado amostras não

aleatórias que têm composições consideravelmente diferentes da composição da

população, o que pode gerar um viés nos modelos estimados.

Em relação ao tamanho da amostra, Adrich e Nelson (1984, apud Kolari et al, 2002)

relataram que menos de 50 observações por parâmetro pode produzir um modelo

Logit descalibrado. Testes simulados com o modelo Logit revelaram que utilizando

amostras inferiores a 200 empresas e selecionando entre 4 e 6 parâmetros, níveis

modestos de descalibração foram encontrados, contudo o erro de classificação é,

Insolventes Solventes

Beaver (1966) Sim Sim Sim 79 79 50,0% NR NR 10,0%

Altman (1968) Sim Sim Sim 33 33 50,0% 6,0% 3,0% 5,0%

Wilcox (1971/1973) Sim Sim Sim 52 52 50,0% NR NR 6,0%

Deakin (1972) Sim Sim Sim 32 32 50,0% 3,0% 3,0% 3,0%

Blum (1974) Sim Sim Sim 115 115 50,0% NR NR NR

Elam (1975) Sim Sim Sim 48 48 50,0% NR NR NR

White e Trunbull (1975) Sim Sim Não 34 2303 1,5% 53,0% 1,0% 2,0%

Altman et al. (1977) Sim Sim Sim 53 58 47,7% 6,0% 9,0% 7,0%

Deakin (1977) Sim Sim Não 63 80 44,1% 12,0% 1,0% 6,0%

Ketz (1978) Sim Sim Não 75 100 42,9% 33,0% 4,0% 7,0%

Van-Fredericslust (1978) Sim Sim Sim 20 20 50,0% 5,0% 10,0% 8,0%

Norton e Smith (1979) Sim Sim Sim 30 30 50,0% 11,0% 3,0% 7,0%

Dambolena e Khoury (1982) Sim Sim Sim 46 46 50,0% 9,0% 1,0% 6,0%

Ohlson (1980) Sim Sim Não 105 2058 4,9% NR NR 4,0%

Emery e Cogger (1982) Sim Sim Sim 52 52 50,0% NR NR 10,0%

Zavgren (1982) Sim Sim Sim 45 45 50,0% NR NR 18,0%

Zmijew ski (1983) Sim Sim Não 96 3880 2,5% 83,0% 1,0% 2,0%

Solventes Geral

Fonte: Zmijewsk i (1984)

Seleção da amostra Composição da Amostra Taxas de erros na classificação (2)

Pesquisa

Critério de

dados

completos

População

de firmas

insolventes

Amostras

empare-

lhadas

Numero de empresas Taxa de

insolventes

na amostra (1) Insolventes

(1) Número de firmas insolventes/total de firmas na amostra

(2)Taxa de erro é a proporção de firmas incorretamente classificadas conforme reportado nos estudos para um ano antes da insolvência

NR - Não Reportado

Page 50: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

49

em grande parte, decorrente da assimetria da variáveis do que do reduzido tamanho

da amostra (KOLARI et al, 2002). De acordo Anderson e Richardson (1979) e

McLachlan (1992, apud Guimarães, 2006) o tamanho da amostra exerce forte

influência sobre o viés dos estimadores de máxima verossimilhança, incorrendo-se

em uma elevação do viés quando os estimadores são obtidos a partir de amostras

de tamanho reduzido.

Page 51: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

50

3 Metodologia

Neste capítulo é apresentada a metodologia utilizada para aplicação da técnica de

regressão logística (Logit) na modelagem de previsão de insolvência das

cooperativas de crédito. Para separação dos grupos que compõem a amostra, é

sugerido um critério que considera a evolução dos valores do Índice de Basiléia.

Este é um indicador utilizado pelas autoridades de supervisão para monitorar a

adequação de capital das instituições financeiras em relação ao risco de suas

operações. São apresentados também as principais atividades desenvolvidas, os

critérios de inclusão e exclusão das cooperativas da amostra e os indicadores

econômico-financeiros utilizados na estimação dos modelos.

3.1 Descrição do banco de dados e softwares utilizados

O banco de dados estruturado para esta pesquisa é composto por um conjunto de

dados cadastrais e contábeis extraídos respectivamente do UNICAD (Informações

sobre Entidades de Interesse do Banco Central) e COSIF (Plano Contábil das

Instituições do Sistema Financeiro Nacional). Os dados contábeis tem origem nos

balanços patrimoniais e demonstrativos de resultados remetidos ao Banco Central

do Brasil pelas cooperativas de crédito singulares, considerando o período de

jan/2002 a dez/2007. O principal conjunto de dados utilizados na estimação dos

modelos é constituído por indicadores econômico-financeiros calculados para as

cooperativas de crédito.

Esses dados secundários foram manuseados por meio de planilhas eletrônicas,

bancos de dados e utilizou-se o software estatístico SPSS Statistics 17.0 para se

estimar os modelos. Por questões de sigilo bancário, não é revelada a identificação

das cooperativas utilizadas no estudo, sendo todas as entidades codificadas para

fins de apresentação dos resultados.

Page 52: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

51

3.2 Principais atividades desenvolvidas

Entre as atividades realizadas para desenvolvimento desta pesquisa, podem ser

destacadas:

Extração e organização dos dados cadastrais e dos indicadores econômico-

financeiros das cooperativas de crédito no Brasil;

Definição dos critérios para insolvência, que permitiram a identificação dos

grupos de solventes e insolventes e o dimensionamento do tamanho da

amostra;

Realização testes estatísticos com os indicadores;

Estimação de modelos de previsão de insolvência utilizando a técnica de

regressão logística;

Avaliação dos modelos estimados e realização de testes de precisão

utilizando indicadores de datas-base posteriores;

3.3 Indicadores utilizados como variáveis independentes

Na maioria dos estudos, os indicadores econômico-financeiros são utilizados como

variáveis preditoras de insolvência (DIMITRAS, ZANAKIS e ZOPOUNIDIS, 1996).

Esses indicadores retratam a situação das entidades em análise sob diferentes

óticas, de modo que o desempenho da entidade em relação à aspectos como

liquidez, resultados, qualidade dos ativos, endividamento, capitalização geralmente

são considerados na modelagem. Contudo, é preciso considerar os efeitos da

correlação entre os indicadores, uma vez que a multicolinearidade pode gerar

problemas de estimação (PEREIRA, DOMÍNGUEZ e OCEJO, 2007; BALCAEN e

OOGHE, 2004).

Nesse estudo, utiliza-se como variáveis independentes um conjunto de treze

indicadores que permitem avaliar a situação econômico-financeira das cooperativas

sob as diferentes óticas mencionadas acima. Entre as inúmeras possibilidades de

indicadores que podem ser calculados por meio das demonstrações financeiras,

Page 53: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

52

esse conjunto inclui aqueles que, sob o ponto de vista do pesquisador, são

relevantes para a avaliação das instituições do segmento. Diante do problema da

multicolinearidade, é evitada a inclusão de indicadores altamente correlacionados.

Com a estimação dos modelos, um dos propósitos é identificar aqueles indicadores

que são previsores da situação de insolvência no segmento.

O conjunto de indicadores utilizados como variáveis independentes na regressão

logística se encontra relacionado na Tabela 4. As fórmulas de cálculo, descrição e

interpretação e valores teóricos possíveis para cada indicador encontram-se no

Apêndice 1.

Tabela 4 – Relação dos Indicadores Econômico-Financeiros Contábeis Utilizados na Realização dos Testes Estatísticos e Estimação dos Modelos

PLA – Patrimônio Líquido Ajustado ATA – Ativo Total Ajustado PR – Patrimônio de Referência

3.4 Definição do critério de insolvência e seleção da amostra

Mesmo após a realização de inúmeros estudos sobre o assunto, não há consenso

na literatura em relação ao conceito de insolvência e sobre os critérios para seleção

da amostra (BRESSAN, 2002; BALCAEN e OOGHE, 2004; PEREIRA, DOMÍNGUEZ

e OCEJO, 2007). Por essa razão, opta-se neste estudo por utilizar inicialmente o

maior número de cooperativas de crédito singulares com dados disponíveis e aplicar

um critério que considera a análise da evolução do Índice de Basiléia para definir o

grupo de solventes e insolventes da amostra. Importante destacar que não estão

Código Indicador*

X1 Comprometimento do PLA com ativos de baixa liquidez

X2 Ativos de renda da intermediação financeira em relação ao ATA

X3 Operações de crédito, líquidas de provisão, em relação aos ativos de intermediação financeira

X4 Operações de crédito vencidas em relação à carteira total classificada

X5 Cobertura de operações de crédito vencidas em relação ao PR

X6 Ativos líquidos em relação às captações

X7 Custo das captações

X8 Rentabilidade do ativo total ajustado

X9 Margem de intermediação financeira

X10 Giro do ativo

X11 Custo operacional

X12 Despesas administrativas em relação ao ATA

X13 Taxa de aplicação das operações de crédito

* A descrição e fórmulas de cálculo dos indicadores encontram-se no Apêndice A

Page 54: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

53

incluídas nessa análise as cooperativas centrais, justamente por estas serem

entidades cooperativas especiais com atuação distinta no segmento. Na definição de

Pinheiro (2008, p. 7), as cooperativas centrais ―[...] objetivam organizar, em comum e

em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de interesse das filiadas,

integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca

dos serviços‖.4

A base de dados inicial é composta por 1667 cooperativas singulares. Além do

critério de insolvência proposto neste estudo, a amostra final considera as restrições

decorrentes da disponibilidade de dados para os cálculo dos indicadores e outras

exclusões necessárias. Essas exclusões são decorrentes da observação de valores

extremos no Índice de Basiléia, múltiplos desenquadramentos, ocorrência de ajustes

abruptos na série e características do segmento, tais como o elevado número de

instituições com baixa alavancagem.

O período utilizado para análise da evolução do índice e constituição da amostra é

de 72 meses (jan/2002 a dez/2007). A escolha por este período considera o fato de

mudanças relevantes para o segmento terem ocorrido a partir de 2000, a

necessidade de dados até 24 meses antes da data de corte e a qualidade do banco

de dados do período em questão. Foram excluídas da base de dados inicial todas as

cooperativas com tempo de funcionamento inferior a 30 meses. Esse procedimento

também tem por objetivo a não inclusão de cooperativas de crédito em fase inicial do

negócio. Diante da necessidade de utilizar indicadores de datas-base até 24 meses

anteriores à data de corte de definição dos grupos, foram excluídas todas as

cooperativas que não tinham dados contábeis em pelo menos 24 meses no período

em questão. Isso necessariamente expurgou da base as cooperativas

encerradas/canceladas nos anos de 2002 e 2003.

Tendo como premissa o conhecimento prévio sobre a forma de atuação das

entidades do segmento, foram também excluídas da base de dados inicial todas

cooperativas que possuíam baixa alavancagem em 31.12.2003. Para fins desta

pesquisa, considera-se baixa alavancagem um Ativo Total Ajustado (ATA) inferior a

3 vezes o Patrimônio Líquido Ajustado (PLA). A exclusão por esse critério decorre do

fato das cooperativas pouco alavancadas em geral manterem uma estrutura

4 De acordo com o Banco Central do Brasil, em junho de 2008, o total de cooperativas ativas

totalizava 1461, sendo 38 cooperativas centrais e 1.423 cooperativas singulares (PINHEIRO, 2008)

Page 55: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

54

patrimonial do tipo ―capital-empréstimo‖, não realizando captações por meio de

depósitos. Isso conduz à distorções significativas nas métricas estatísticas do

segmento e restringe a aplicação de alguns indicadores utilizados neste estudo.

3.4.1 Definição do grupo de insolventes (Grupo 1)

Para fins deste estudo, um nível inadequado de capitalização por um número

mínimo de períodos é considerado como proxy de insolvência. A utilização do Índice

de Basiléia na seleção do grupo de insolventes considera o fato deste índice, em

geral, preceder a situação de insolvência técnica patrimonial (passivo a descoberto)

e do conseqüente encerramento/liquidação da cooperativa. Sua função principal é

sinalizar se a instituição dispõe de capital e reservas compatíveis com sua exposição

ao risco e suficientes para absorver a grande maioria de suas perdas inesperadas.

Em razão do período dos dados utilizados no estudo (2002-2007), a seleção dos

grupos considera o índice de Basiléia sem as recentes alterações propostas pelo

Comitê de Basiléia, que mudaram o cálculo do indicador. Além de mudanças no

cálculo dos diversos riscos, o novo Índice contempla a exigência de capital para o

risco operacional das instituições financeiras.

O grupo de insolventes foi constituído pelas instituições que registraram Índice de

Basiléia abaixo de 8% em pelo menos 3 períodos no ano de 2004, pois nesse ano

houve um quantitativo elevado de instituições que atingiram um patamar abaixo

desse limite. A escolha do ano de 2004 também possibilita a utilização de

indicadores de 31.12.2002 e 31.12.2003 na estimação dos modelos. O critério de no

mínimo 3 períodos para que a cooperativa seja classificada no grupo de insolventes

considera os casos em que valores do IB abaixo de 8% tenham sido eventuais,

vindo a ser revertidos no período subseqüente.

Em 2004, o mínimo regulamentar exigido era de 15% para cooperativas singulares

não filiadas às Cooperativas Centrais e 11% para as filiadas (BANCO CENTRAL DO

BRASIL, 2004). Neste estudo, é definido o patamar de 8%, por ser este o limite

internacionalmente sugerido pelo Comitê da Basiléia.

Patamares muitos baixos ou negativos no IB sinalizam uma situação de deterioração

do capital, em alguns casos irreversíveis, como se apresenta no exemplo da

cooperativa 333, visualizado no Gráfico 1 a seguir:

Page 56: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

55

Gráfico 1: Exemplo da evolução mensal do Índice de Basiléia no período de jan/03 a dez/07

para a Cooperativa 333 que foi encerrada.

1. O gráfico mostra a evolução mensal do Índice de Basiléia para a cooperativa 333

2. A descrição e fórmula de cálculo do Índice de Basiléia encontra-se na seção 2.5

3. Os meses encontram-se no eixo X, no formato ano/mês (Ex: 200301 = janeiro de 2003)

4. Para fins deste estudo, o termo ―desenquadramento‖ significa que o Índice de Basiléia ficou

inferior ao limite mínimo de 8% estabelecido internacionalmente pelo Comitê de Basiléia

5. Passivo a Descoberto: quando o patrimônio de referência da cooperativa fica negativo

6. Encerramento se refere ao período em que cooperativa foi cancelada/encerrada.

No caso da cooperativa 333, em seguida ao ―desenquadramento‖ no Índice de

Basiléia se configurou a situação de passivo a descoberto, que levou ao

encerramento da cooperativa. A análise dos dados das cooperativas que registraram

três ou mais desenquadramentos em 2004 revelou que aproximadamente 93% das

cooperativas que passaram por referido evento registraram, em algum momento

posterior, passivo a descoberto, sendo muitas canceladas, encerradas ou

submetidas a liquidação ordinária ou extrajudicial.

Por outro lado, na definição dos grupos da amostra, alguns autores consideram a

insolvência a partir da data oficial do requerimento ou decretação da falência,

liquidação ou encerramento da entidade. Contudo, em geral se verifica um lapso

temporal entre a existência de uma situação econômico-financeira deteriorada

(evento econômico) e o encerramento, decretação da liquidação ou da falência da

instituição (evento regulamentar).

5,5 %

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

20

03

01

20

03

03

20

03

05

20

03

07

20

03

09

20

03

11

20

04

01

20

04

03

20

04

05

20

04

07

20

04

09

20

04

11

20

05

01

20

05

03

20

05

05

20

05

07

20

05

09

20

05

11

20

06

01

20

06

03

20

06

05

20

06

07

20

06

09

20

06

11

20

07

01

20

07

03

20

07

05

20

07

07

20

07

09

20

07

11

IND

ICE

DE

BA

SILÉ

IA (

%)

"De

sen

qu

adra

me

nto

"

Pas

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esc

ob

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o

Ence

rram

en

to

Período: 17 meses

Page 57: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

56

A possibilidade de haver esse período até o encerramento definitivo da entidade é

um dos principais motivos pelo qual se sugere neste estudo o critério do Índice de

Basiléia para seleção do grupo de insolventes. Além disso, a correta previsão de

níveis inadequados desse indicador possibilitaria promover, com maior

antecedência, ações corretivas no sentido de evitar a completa deterioração da

situação patrimonial da cooperativa.

Para evitar que valores extremos ou eventos atípicos afetassem os resultados da

regressão logística no SPSS também foram excluídas as cooperativas que

apresentaram Índices de Basiléia muito negativos e/ou registraram múltiplos

desenquadramentos e ajustes abruptos e significativos na série histórica do Índice

de Basiléia. Isso porque os dados contábeis dessas cooperativas podem não refletir

a real situação econômico-financeira, já que a quebra estrutural observada pode ser

conseqüência de ajustes em razão de erro de contabilização e/ou manipulação

contábil. Estes, inclusive, podem ser determinados pela Cooperativa Central ou

supervisão do Banco Central do Brasil. Exemplos das situações que motivaram a

exclusão dos casos acima são apresentados nos Gráficos 2 e 3 a seguir:

Gráfico 2 – Exemplo de situação de queda abrupta e significativa na série do IB

-12000

-10000

-8000

-6000

-4000

-2000

0

2000

20

02

-01

20

02

-04

20

02

-07

20

02

-10

20

03

-01

20

03

-04

20

03

-07

20

03

-10

20

04

-01

20

04

-04

20

04

-07

20

04

-10

20

05

-01

20

05

-04

20

05

-07

20

05

-10

20

06

-01

20

06

-04

20

06

-07

20

06

-10

20

07

-01

20

07

-04

20

07

-07

20

07

-10

Índ

ice

de

Bas

iléia

(IB

) -

%

Data-base

Evolução do IB- jan/2002-dez/2007 - Cooperativa 752

Page 58: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

57

Gráfico 3 – Situação de múltiplos ―desenquadramentos‖ significativos do IB

3.4.2 Definição do grupo de solventes (Grupo 0)

Para seleção da amostra de solventes (Grupo 0), foram separadas da amostra

todas as cooperativas insolventes codificadas para o grupo 1. Em seguida,

excluíram-se todas cooperativas que, de 2002 a 2007, registraram Índice de Basiléia

inferior a 8%, assim como as que encerraram suas atividades, foram liquidadas ou

paralisadas no período. Não se adotando esse procedimento, incorrer-se-ia no risco

de inserir na amostra de cooperativas saudáveis, instituições com problemas em

data futura ao período definido para seleção de insolventes, mas cujas variáveis

preditivas poderiam naquele momento sinalizar uma deterioração financeira.

3.4.3 Amostra final utilizada para estimação dos modelos

Considerando os critérios mencionados acima, constituiu-se uma amostra

representativa dos segmento para realização das regressões logísticas. Essa

amostra busca atender uma das sugestões de Zmijewski (1984) no sentido de evitar

a utilização da amostragem emparelhada, a qual, segundo o autor não respeita as

-7000

-6000

-5000

-4000

-3000

-2000

-1000

0

1000

20

02

-01

20

02

-04

20

02

-07

20

02

-10

20

03

-01

20

03

-04

20

03

-07

20

03

-10

20

04

-01

20

04

-04

20

04

-07

20

04

-10

20

05

-01

20

05

-04

20

05

-07

20

05

-10

20

06

-01

20

06

-04

20

06

-07

20

06

-10

20

07

-01

20

07

-04

20

07

-07

20

07

-10

Índ

ice

de

Bas

iléia

(IB

) -

%

Data-base

Evolução do IB- jan/2002-dez/2007 - Cooperativa 53

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58

distribuições nas duas populações. O resumo do procedimento utilizado na seleção

da amostra é apresentado na tabela 5 a seguir:

Tabela 5 - Resumo do procedimento de seleção da amostra de

cooperativas solventes e insolventes

3.5 Testes com as variáveis independentes

Após definidos dicotomicamente os grupos de cooperativas solventes e insolventes

(classificadas como 0 e 1 respectivamente), foram estruturadas duas base de dados

no SPSS contendo a identificação das cooperativas codificadas e respectivos

indicadores econômico-financeiros relacionados na Tabela 4. Um base de dados

contém indicadores da data-base 31/12/2003 e outra é constituída por indicadores

de 31/12/2002. Desse modo, foram estimados dois modelos utilizando como variável

dependente o grupo em que as cooperativas foram classificadas e como variáveis

independentes os treze indicadores em suas respectivas datas-base.

Adicionalmente foram realizados testes de normalidade das variáveis independentes

de modo a demonstrar a inadequação da técnica de Análise Discriminante, já que

uma das premissas mais importantes é que as variáveis independentes possuíssem

distribuição normal multivariada (CORRAR et al, 2009; HAIR et al, 2005; OHLSON,

1980).

Total de cooperativas na base de dados no período (2002-2007) 1667

Exclusão por indisponibilidade de dados, cooperativas encerradas 2002/2003 e

menos de 30 meses de funcionamento até 31/12/2004 441

Excluídas por apresentar alavancagem* inferior a três vezes o PLA em 31/12/2003 568

Total de Cooperativas utilizadas para separação dos grupos 658

Total de Cooperativas com IB** inferior a 8% em pelo menos 3 meses em 2004 55

Exclusão das cooperativas que apresentaram IB extremos, múltiplos

desenquadramentos ou ajustes na série 25

Total de Cooperativas incluídas na amostra de Insolventes (Grupo 1) 30

Total de cooperativas utilizadas para seleção da amostra de solventes após

exclusão das cooperativas com IB inferior a 8% em pelo menos 3 meses em 2004 603

Exclusão das cooperativas encerradas ou liquidades posteriomente e das

cooperativas que apresentaram IB abaixo de 8% no período de 2002 a 2007 211

Total de Cooperativas incluídas na amostra de Solventes (Grupo 0) 392

* Alavancagem = Ativo Total Ajustado / Patrimônio Líquido Ajustado

** IB - Índice de Bas i léia

Page 60: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

59

A normalidade multivariada é difícil de ser testada e é possível que a distribuição

multivariada seja não normal quando as distribuições das variáveis individuais são

normais. Por outro lado, grandes amostras tendem a diminuir os efeitos nocivos de

não-normalidade (HAIR et al, 2005). Dado da complexidade de testar a normalidade

multivariada, foram realizados testes de normalidade univariada com as variáveis

independentes. Utilizou-se para o teste de normalidade não paramétrico de

Kolmogorov-Smirnov (K-S) e análise dos gráficos PP-Plot. Para maioria das

variáveis independentes da amostra total a distribuição normal não se verifica pelo

teste K-S, considerando o nível de significância de 5%. Os resultados dos testes de

normalidade KS e os gráficos PP-Plot encontram-se no Apêndice B.

3.6 Estimação dos Parâmetros da Regressão Logística

Na regressão logística, utilizou-se o método stepwise forward Wald, disponível no

software SPPS. Por meio desse método as variáveis são inseridas ou excluídas do

modelo em um processo interativo baseado no nível de significância segundo a

estatística Wald.5 Todos indicadores não significantes, segundo esta estatística, não

são inseridos no modelo ou são removidos após uma série de interações, de modo

que quando nenhum indicador puder se removido ou incluído, o processo é

finalizado. Para fins de comparação também foi realizada uma regressão utilizando o

método stepwise forward LR, mas os resultados foram idênticos e os mesmos estão

reportados no Apêndice B.

A amostra final válida utilizada para executar as regressões totaliza 422 casos,

sendo 30 cooperativas classificadas como insolventes e 392 solventes. Os

indicadores utilizados são referentes às datas-base de 31/12/2003 e 31/12/2002,

respectivamente 12 e 24 meses antes da data de corte de seleção dos grupos de

insolventes.

Na interpretação dos resultados, é importante se considerar que a probabilidade de

insolvência de cada cooperativa pode ser calculada pela expressão:

5 Neste método, o objetivo dos algoritmos do software SPSS é maximizar a

estatística Wald para cada variável

Page 61: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

60

π 𝑥) =eg X)

1 + eg X)=

1

1 + e−g(X)

(7)

Onde:

π(𝑥)= P (Y =1 │X) = probabilidade de ocorrência de um evento, dada a

ocorrência de x na observação

g(x) = β0 + β1x1 + β2x2 + ... + βpxp;

Os coeficientes β são estimados pelo software estatístico SPSS 17 utilizando o

método da máxima verossimilhança interativo. Pela equação de cálculo da

probabilidade dada pela técnica de regressão logística observa-se que:

Se g(x) —› +∞, então P (Y = 1) = Situação de Insolvência → 1

Se g(x) —› -∞, então P (Y = 1) = Situação de Insolvência → 0

De acordo com o ponto de corte estabelecido como ―default‖ no SPSS, caso a

probabilidade calculada seja igual ou superior a 0,50, a cooperativa é classificada

pelo software como insolvente. Caso seja inferior, ela é classificada como solvente.

Esse ponto de corte pode também ser definido pelo pesquisador.

A análise significância das variáveis e do poder de predição do modelo são

efetuadas pelo teste de Wald e pelas medidas R2 da regressão logística, teste Qui-

quadrado dos coeficientes do modelo, teste de Hosmer e Lemeshow e pela tabela

de classificação.

Page 62: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

61

4 Análise dos resultados

Neste capítulo é apresentada uma análise dos resultados obtidos com a

estimação dos dois modelos estimados. Os coeficientes das variáveis

selecionadas pelo processo de stepwise são apresentados, juntamente com a

estatística Wald de cada parâmetro. São também analisadas as principais

medidas de avaliação do ajuste e precisão do modelo e ao final apresentada a

curva ROC comparando a precisão dos dois modelos.

4.1 Resultados do modelo estimado com indicadores de 31.12.2003

Nesta seção são analisados os resultados do modelo estimado utilizando os

indicadores de 31.12.2003. Os outputs do SPSS referentes aos testes e

regressões realizadas neste estudo encontram-se no Apêndice B.

4.1.1 Equação e análise dos coeficientes da regressão

Após a execução da regressão logística no software SPSS 17.0, cinco

indicadores foram incluídos na equação a seguir, isso após seis interações pelo

procedimento de stepwise. Esses indicadores e seus coeficientes são

apresentados na Tabela 6:

Tabela 6 – Indicadores selecionados na regressão, coeficientes b, erro padrão e

estatísticas Wald – Modelo 31.12.2003

PLA – Patrimônio Liquido Ajustado ATA – Ativo Total Ajustado

Variável Nome do Indicador Coeficiente b Erro Padrão Wald df Sig.

X1Comprometimento do PLA com ativos de baixa

liquidez3,125 ,713 19,203 1 0,00

X4Operações de crédito vencidas em relação à

carteira total classificada8,966 3,413 6,902 1 0,01

X7 Custo das captações 26,273 9,601 7,488 1 0,01

X8 Rentabilidade sobre o AtivoTotal 13,489 7,217 3,494 1 0,06

X12 Despesas administrativas em relação ao ATA 22,832 6,973 10,722 1 0,00

B0 Constante -9,422 1,261 55,843 1 0,00

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62

Considerando os valores estimados pela técnica de regressão logística, é obtida

a seguinte equação para cálculo da probabilidade de insolvência de cada

cooperativa da amostra:

𝑃(𝑌 = 1) =1

1 + e−(−9,42 +3,13X1 +8,97X4+ 26,27X7+13,49X8 + 22,83X12 )

4.1.2 Interpretação das variáveis selecionadas

A análise da equação estimada na regressão logística revela que os sinais das

variáveis explicativas selecionadas estão condizentes com a realidade

microeconômica do segmento. Os sinais positivos implicam na interpretação de

que um maior valor para aquele indicador sinaliza uma maior probabilidade de

insolvência e vice-versa.

O coeficiente positivo estimado para Comprometimento do PLA com ativos de

baixa liquidez (X1) revela que um maior direcionamento dos recursos da

cooperativa para ativos pouco líquidos (ativo permanente e ativos não usuais),

contribui para elevar a sua probabilidade de insolvência. Isso porque que estes

ativos além de terem impacto negativo na liquidez geral da cooperativa, não são

geradores de renda de intermediação financeira..

O coeficiente positivo obtido para a variável Operações de crédito vencidas em

relação a carteira classificada (X4) revela que quanto maior percentual de

operações vencidas na carteira, maior a probabilidade de quebra em decorrência

da piora da qualidade da carteira de crédito da cooperativa. De acordo com a

Resolução 2.682/99 do Banco Central do Brasil (BACEN, 1999)6, a partir de 60

dias de atraso a instituição financeira não poderá mais apropriar renda de suas

operações de crédito. Além disso, a instituição financeira tem que realizar um

provisão mínima obrigatória para créditos de liquidação duvidosa que é um

percentual em função do tempo em que a operação se encontra vencida. Esta

6 De acordo com a Resolução 2.682/99, as operações de crédito devem ser classificadas de

acordo com o risco do devedor/operação e obrigatoriamente em função do atraso nos seguintes níveis de risco (AA,A,B,C,D,E,F,G,H). A partir do nível A é exigido a constituição de uma provisão mínima obrigatória. Também é vedado o reconhecimento no resultado do período das receitas de operações de crédito que apresentarem atraso igual ou superior a sessenta dias. A Resolução 2.682/99 está na sua integra nos anexos deste estudo..

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63

provisão atinge 100% da operação quando houver parcela em atraso igual ou

superior a 180 dias. Em geral, essas despesas de provisão afetam sensivelmente

os resultados da cooperativa e conseqüentemente seu patrimônio líquido ajustado

(PLA).

Sob a ótica da despesas financeiras, a estimação do indicador Custo das

Captações (X7) com o coeficiente positivo revela que uma maior probabilidade de

insolvência está associada a magnitude dos taxas de captação praticadas pelas

cooperativas. Isso porque custos mais elevados de captação podem afetar

negativamente os resultados, sobretudo se verificada a ocorrência de ―spreads‖

negativos. As taxas mais elevadas podem ser também reflexo de uma piora na

percepção do risco de insolvência da cooperativa.

Considerando o fato das cooperativas serem sociedades sem fins lucrativos, a

seleção do indicador Rentabilidade sobre o ativo total ajustado (X8) pode sinalizar

que a busca por uma rentabilidade líquida muito elevada pode estar sendo

acompanhada de uma maior assunção de riscos conduzindo à uma maior

probabilidade de insolvência para essas cooperativas.

Por fim, o coeficiente elevado e positivo estimado para indicador Despesas

administrativas em relação ao ATA (X12) evidencia que a eficiência da

cooperativa influencia significativamente na sua probabilidade de insolvência. Isso

porque uma ineficiência caracterizada por valores mais elevados de despesas

administrativas em relação aos ativos administrados pode conduzir a resultados

líquidos negativos e contribuir para deterioração da situação patrimonial da

cooperativa.

4.1.3 Análise da Significância das variáveis e do modelo

A análise da significância das variáveis é efetuada utilizando o teste Wald. De

forma análoga ao teste t utilizado na regressão linear múltipla, o teste de Wald

testa a hipótese nula de que determinado coeficiente estimado não é

significativamente diferente de zero (CORRAR et al, 2009). Conforme pode ser

observado na Tabela 6 apresentada anteriormente e considerando o processo

Page 65: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

64

stepwise de inclusão das variáveis, todas variáveis selecionadas foram

significantes ao nível de significância de 10%.

Para verificar se o modelo tem na realidade um poder de predição aceitável,

utilizou-se o R2 Logit, R2 de Nagelkerke R2 de Cox & Snell, medidas, por

analogia, de interpretação semelhante ao R2 da regressão múltipla no sentido de

que quanto maior esse valor, melhor o poder preditivo (CORRAR et al, 2009).

Nessas métricas, especialmente o R2 de Nagelkerke, o modelo atingiu um

percentual relevante (0,628). O R2 Logit ficou em 0,567. Importante ressaltar que

apesar do R2 de Cox & Snell ser inferior (0,252), de acordo com Hair et al (2005),

tal valor pode ser considerado adequado, visto que sua escala não se situa no

intervalo entre 0 e 1.

Os resultados desses indicadores e do valor Log de verossimilhança (-2LL)

encontram-se na Tabela 7 a seguir:

Tabela 7 – Medidas da regressão: -2LL, R2 de Cox & Snell, R2 de Nagelkerke

(Modelo 31.12.2003)

Passo

-2 Log

likelihood

(-2LL)

R2 Logit R2 de Cox &

Snell R2 de Nagelkerke

6 93,813 0,567 0,252 0,628

Na Tabela 7 verifica-se que o -2LL mínimo alcançado na regressão logística foi de

93,813, o que isoladamente não auxilia na avaliação do modelo. Sua principal

função é servir de base de comparação entre modelos, no caso em questão,

comparando o modelo estimado pelo processo de stepwise com o modelo

estimado somente com a constante (CORRAR et al, 2009). Por meio dessa

comparação é verificado se as variáveis independentes incluídas no modelo

contribuem para melhorar sua capacidade de estimar as probabilidades de

insolvência. Para isso utiliza-se um teste Qui-quadrado em relação aos

coeficientes do modelo. Este testa a hipótese de que todos os coeficientes

incluídos na equação são nulos e seu valor é justamente a diferença entre o -2LL

obtido somente com a constante no modelo e o -2LL calculado após a inclusão

das variáveis selecionadas. O que se espera é que a inclusão das variáveis

selecionadas reduza significativamente o valor log de verossimilhança (CORRAR

Page 66: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

65

et al, 2009). Os resultados desse teste para o modelo estimado encontram-se na

Tabela 8 a seguir:

Tabela 8 - Teste Qui-quadrado dos coeficientes do modelo 31.12.20003

Qui-quadrado Gl. Sig.

Passo 6 Passo 4,961 1 ,026

Modelo 122,630 4 ,000

Conforme pode se constatar, há uma redução significativa da medida -2LL, o que

permite afirmar, ao nível de 5% de significância, que pelo menos um dos

coeficientes da equação estimada é diferente de zero.

Outro teste utilizado para avaliar o modelo é o teste de Hosmer e Lemeshow, que

é uma estatística Qui-Quadrado na qual se avalia se existem diferenças

significativas entre as classificações previstas pelo modelo e as observadas

(CORRAR et al, 2009; HOSMER e LEMESHOW, 2000). A estatística Qui-

quadrado obtida nesse teste foi 6,727, com um valor-p de 0,566, o que significa

que não podemos rejeitar a hipótese nula de que as classificações previstas pelo

modelo e as observadas são iguais. Os resultados desse teste em todos os

passos do processo de stepwise estão no Apêndice B.

Constata-se pelos resultados dos testes realizados que os coeficientes da

equação são significantes pelo menos ao nível de 10% de significância e que as

medidas R2 da regressão logística são satisfatórias e estão em linha com o

sugerido por alguns autores (CORRAR et al, 2009, HAIR et al, 2005). Há portanto

evidências de que o modelo estimado a partir da amostra de análise pode ser

considerado válido para estimação da probabilidade insolvência das cooperativas

de crédito. Os erros de classificação do modelo estimado são analisados na

seção a seguir.

Page 67: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

66

4.1.4 Níveis de precisão do modelo 31.12.2003 – Amostra de análise7

Para mensurar os níveis de precisão do modelo estimado, geralmente utiliza-se a

tabela de classificação (CORRAR et al, 2009; HAIR et al, 2005; HOSMER e

LEMESHOW, 2000). Esta apresenta os percentuais de acerto do modelo

comparando valores observados com os valores previstos, depois de estabelecido

um ponto de corte para separar os grupos em função das probabilidades

estimadas para cada cooperativa.

Considerando o ponto de corte padrão do SPSS para classificação dos grupos

(0,50), o percentual de acerto geral do modelo é elevado (96,4%), conforme se

verifica na Tabela 9. Contudo, o erro tipo I, que é classificar uma cooperativa

insolvente no grupo de solventes, apresenta um patamar relativamente elevado

(40%). Tal nível de erro pode ser conseqüência de se buscar no modelo uma

previsão para um evento anterior à situação de insolvência de fato, o que

provavelmente impacta o nível de precisão do modelo.

Tabela 9 – Percentual de acerto do modelo 31.12.2003 (ponto de corte: 0,50)

Buscando minimizar essa margem de erro indesejável, foi realizada uma análise

de sensibilidade do percentual de erro do modelo em relação à outros pontos de

corte inferiores. A redução do erro tipo I é desejável sob uma ótica prudencial,

pois nesse caso reduz-se o risco de não sinalizar como insolventes aquelas

cooperativas cujas probabilidades são inferiores a 0,50, contudo não são muito

baixas.

A seleção de outros pontos de corte inferiores a 0,50 representa um trade-off

entre os erros tipo I e II, em que se reduz o erro tipo I e por outro lado se eleva o

erro tipo II, que é classificar uma cooperativa solvente como insolvente. Foi

7 De acordo com Hair et al (2005) esta é a amostra utilizada para estimar o modelo de regressão

logística. Para se avaliar as matrizes de classificação a amostra é dividida aleatoriamente em dois grupos, um para estimação do modelo (amostra de análise) e o outro para validação (amostra de teste).

Solventes Insolventes

Solventes 389 3 99,2

Insolventes 12 18 60,0

96,4

Observado

Previsto

Grupo Percentual

Correto

Grupo

Percentual de acerto total

Page 68: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

67

selecionado o ponto de corte que reduzisse o erro tipo I, sem alterar

significativamente o percentual de acerto geral do modelo. Os níveis de precisão

para diversos pontos de corte encontram-se na Tabela 10 a seguir:

Tabela 10 – Diversos pontos de corte para classificação dos grupos – Amostra de Análise

(Modelo 31.12.2003)

Nível de acerto – Percentual de cooperativas corretamente previstas em comparação ao grupo observado

Erro Tipo I – Erro de previsão em que a cooperativa é considerada solvente quando na realidade pertence ao grupo

observado de insolventes: Cálculo Erro Tipo I = 1 – nível de acerto (Insolventes)

Erro Tipo II - Erro de previsão em que a cooperativa é considerada insolvente quando na realidade pertence ao grupo

observado de solventes. Erro Tipo II = 1 – nível de acerto (Solventes)

Considerando o nível de erro tipo I e percentual de acerto geral, os resultados

gerais do modelo são melhores utilizando um ponto de corte de 0,40. Mas os

parâmetros estimados e sua precisão podem ainda ser avaliados utilizando outra

amostra, normalmente denominada na literatura amostra teste ou amostra de

validação (HAIR et al, 2005). Conforme se verifica em diversos estudos, essa a

amostra de validação pode ser uma ou várias amostras aleatórias retiradas da

própria amostra utilizada para estimar o modelo (validação cruzada), como pode

também ser uma amostra obtida em outra data-base, ou seja, utilizando

indicadores de um período posterior. O procedimento de validação cruzada

adotado consiste em estimar os coeficientes das variáveis com 90% da amostra

original regredindo 10 novas amostras e calcular respectivamente os níveis de

acerto em 10 amostras aleatórias contendo cada 10% dos casos da amostra

original. Os resultados dessa validação cruzada, para o modelo de 31.12.2003

encontram-se na Tabela 11:

Ponto de corte

(Probabilidade) Solventes Insolventes Geral Erro Tipo I Erro Tipo II Erro Total

0,50 99,2% 60,0% 96,4% 40,0% 0,8% 3,6%

0,45 99,2% 66,7% 96,9% 33,3% 0,8% 3,1%

0,40 99,2% 70,0% 97,2% 30,0% 0,8% 2,8%

0,35 99,0% 70,0% 96,9% 30,0% 1,0% 3,1%

0,30 98,7% 73,3% 96,9% 26,7% 1,3% 3,1%

0,25 98,5% 76,7% 96,9% 23,3% 1,5% 3,1%

0,20 97,4% 76,7% 96,0% 23,3% 2,6% 4,0%

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68

Tabela 11 – Resultados da Validação Cruzada – Amostra de Validação (Modelo 31.12.2003)

Além da validação cruzada, com o propósito de verificar se o modelo estimado

tem estabilidade ao longo do tempo, a equação do modelo de 31.12.2003 foi

testada utilizando uma nova amostra com indicadores de uma data-base 36

meses posterior.

4.1.5 Níveis de precisão do modelo de 31.12.2003 – Amostra 31.12.2006

Com o intuito de testar o modelo utilizando indicadores das cooperativas foi

selecionada uma amostra maior e em outra data-base (31.12.06). A intenção é

verificar se o modelo estimado com dados de 2003 pode ser utilizado

posteriormente mantendo níveis de precisão semelhantes.

A amostra de validação é composta de 556 cooperativas, sendo 539 delas

classificadas inicialmente como solventes (Grupo 0) e 27 insolventes (Grupo 1),

selecionadas neste grupo por registrarem um Índice de Basiléia inferior a 8% em

pelo menos três meses no ano de 2007. Para cálculo das probabilidades das

cooperativas da amostra de validação são utilizados os mesmos coeficientes

estimados no modelo com indicadores de 31.12.03. O mesmo procedimento de

análise de sensibilidade é realizado e os resultados obtidos estão apresentados

na Tabela 12 a seguir:

Solventes Insolventes

Solventes 390 2 99,5

Insolventes 12 18 60,0

96,7

Grupo

Percentual de acerto total

Observado

Previsto

Grupo Percentual

Correto

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69

Tabela 12 – Diversos pontos de corte para classificação dos grupos – Amostra de 31.12.2006

(Modelo 31.12.2003)

Nível de acerto – Percentual de cooperativas corretamente previstas em comparação ao grupo observado

Erro Tipo I – Erro de previsão em que a cooperativa é considerada solvente quando na realidade pertence ao grupo

observado de insolventes: Cálculo Erro Tipo I = 1 – nível de acerto (Insolventes)

Erro Tipo II - Erro de previsão em que a cooperativa é considerada insolvente quando na realidade pertence ao grupo

observado de solventes. Erro Tipo II = 1 – nível de acerto (Solventes)

Observa-se pelos resultados da Tabela 12 que os níveis de precisão do modelo

estimado com os coeficientes obtidos da amostra de 2006 são ligeiramente

piores, com um acerto geral em torno de 95,5% contra 96,7% do modelo de

31.12.2003. Contudo, constata-se para o mesmo ponto de corte (0,25), um erro

tipo I bastante superior ao obtido na estimação do modelo de 31.12.2003 (38,9%

frente 23,3%). Um dos prováveis motivos para elevação do erro tipo I pode ser o

menor número de cooperativas que se enquadraram no critério de insolvência

estabelecido, o que conduz a um aumento da proporção do erro em termos

percentuais. Além disso, o menor índice de acerto pode ser decorrente de outros

fatores. Destaca-se o impacto de mudanças no cenário econômico sobre

indicadores do segmento, sobretudo porque algumas variáveis independentes

registraram variações significativas no período. O custo de captação médio, por

exemplo, em 2003 se situava em patamar bem superior à 2006. Na amostra com

indicadores de 31.12.2003, o custo de captação médio das cooperativas é de

6,76% a.s. frente 4,93% a.s das cooperativas da amostra em 31.12.2006.

Diante da possibilidade de mudanças no cenário econômico ou mesmo alterações

na regulamentação ou na forma de atuação do segmento, inevitavelmente existe

a necessidade de se re-calibrar o modelo com uma periodicidade menor. Janot

(1999) também apresenta essa ressalva, destacando a importância de reconhecer

Ponto de corte

(Probabilidade) Solventes Insolventes Geral Erro Tipo I Erro Tipo II Erro Total

0,50 97,0% 50,0% 95,5% 50,0% 3,0% 4,5%

0,45 97,0% 50,0% 95,5% 50,0% 3,0% 4,5%

0,40 96,7% 55,6% 95,3% 44,4% 3,3% 4,7%

0,35 96,7% 55,6% 95,3% 44,4% 3,3% 4,7%

0,30 96,7% 55,6% 95,3% 44,4% 3,3% 4,7%

0,25 96,7% 61,1% 95,5% 38,9% 3,3% 4,5%

0,20 95,9% 61,1% 94,8% 38,9% 4,1% 5,2%

Nível de acerto Erros

Page 71: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

70

quando uma mudança na conjuntura econômica afeta as variáveis preditoras de

insolvência, sugerindo neste caso a re-estimação do modelo para que o mesmo

reflita a nova realidade.

4.2 Resultados do modelo estimado com indicadores de 31.12.2002

Os resultados da regressão logística utilizando indicadores da data-base de

31.12.2002, ou seja, tentado se prever com maior antecedência a deterioração da

situação patrimonial das cooperativas, não são tão precisos como o modelo

estimado com indicadores de 31.12.2003. Contudo revelam um poder de predição

satisfatório na amostra de análise.

4.2.1 Equação e análise dos coeficientes da regressão

Na execução da regressão logística utilizando os métodos stepwise forward Wald

e stepwise forward LR do SPPS, foram selecionados cinco indicadores, isso após

oito interações. Os indicadores e seus coeficientes são apresentados na Tabela

13.

Tabela 13 – Indicadores selecionados, coeficientes b e estatísticas Wald – Modelo

31.12.2002

ATA – Ativo Total Ajustado

Utilizando-se os valores acima se chega a seguinte equação para cálculo da

probabilidade de cada cooperativa:

𝑃(𝑌 = 1) =1

1 + e−(8,753 – 12,27X2 + 12,24X4 – 13,09X6−2,79X9+11,65X12 )

Nome do Indicador Coeficiente b Erro Padrão Wald Gl Sig.

X2 Ativos de intermediação financeira em relação ao ATA -12,268 -3,688 11,064 1 0,00

X4Operações de crédito vencidas em relação à carteira total

classificada12,241 -3,766 10,567 1 0,00

X6 Ativos líquidos em relação às captações -13,093 -2,881 20,646 1 0,00

X9 Margem de intermediação financeira -2,787 -1,535 3,298 1 0,07

X12 Despesas administrativas em relação ao ATA 11,653 -6,498 3,216 1 0,07

B0 Constante 8,753 -3,394 6,653 1 0,01

Page 72: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

71

4.2.2 Interpretação das variáveis selecionadas

A análise da equação acima revela que os sinais das variáveis independentes

selecionadas estão condizentes com a realidade do segmento.

O coeficiente negativo estimado para indicador Ativos de Intermediação

Financeira em relação ao ATA (X2) sinaliza que um maior direcionamento dos

recursos captados pela cooperativa para ativos geradores de renda de

intermediação financeira contribui para reduzir a sua probabilidade de

insolvência. Isso porque maior é o foco da sociedade cooperativa em sua

atividade-fim e conseqüentemente maior tende a ser sua capacidade de gerar

resultados a partir da sua base de ativos.

Por outro lado, tal como revelado no modelo de 31.12.2003, se a qualidade das

operações de crédito não for adequada, há uma maior probabilidade da

cooperativa se tornar insolvente. Constata-se isso pela análise do coeficiente

positivo do indicador Operações de crédito vencidas em relação a carteira

classificada (X4).

A liquidez é também considerado um fator importante para previsão de

insolvência. O coeficiente negativo para a variável independente Ativos líquidos

em relação as captações (X6) permite inferir que uma maior disponibilidade ativos

com liquidez, tais como depósitos nas centrais, títulos e valores mobiliários em

relação as captações da cooperativa, contribui para reduzir a probabilidade de

insolvência e vice-versa.

A margem de intermediação financeira (X9) é outro indicador cujo coeficiente

estimado tem sinal negativo. Isso evidencia que quanto maior o resultado de

intermediação financeira em relação as receitas operacionais, menor tende a ser

a probabilidade de insolvência da cooperativa. Isso está em linha com os

resultados obtidos com os indicadores de 31.12.2003. No modelo em questão, o

coeficiente do custo das captações é positivo e, de modo geral, quanto maior o

custo das captações, mais elevadas são as despesas de intermediação

financeira, impactando negativamente a margem de intermediação financeira.

Por fim, constata-se novamente a eficiência operacional como um fator relevante

para a solvência das cooperativas de crédito. O indicador Despesas

Page 73: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

72

administrativas em relação ao ATA (X12) é significante e positivo no modelo de

31.12.2002, sinalizando que a ineficiência contribui de forma decisiva para elevar

a probabilidade de insolvência das entidades cooperativas.

4.2.3 Análise da Significância das variáveis e do modelo

Para o modelo de 31.12.2002, a análise da significância das variáveis também

considera o teste Wald. Conforme pode ser observado na Tabela 13 anterior,

todas variáveis selecionadas são significativas segundo a estatística Wald ao

nível de significância de 10%.

A avaliação do poder de predição também é realizada utilizando-se as medidas

R2 Logit, R2 de Nagelkerke e R2 de Cox & Snell. Nas três medidas, os valores

foram muito similares ao do modelo de 31.12.2003, conforme ser verifica pela

Tabela 14 abaixo:

Tabela 14 – Medidas da regressão logística dos modelos estimados

Modelo Passo

-2 Log

likelihood

(-2LL)

R2

Logit R2 de Cox & Snell

R2 de

Nagelkerke

31.12.2003 6 93,813 0,567 0,252 0,628

31.12.2002 8 91,853 0,576 0,256 0,637

Pela Tabela 14, observa-se que o -2LL mínimo é um pouco melhor ao do modelo

de 31.12.2003. Tendo em vista a redução obtida no -2LL do modelo de

31.12.2002, apresentada na Tabela 15, o modelo de 31.12.2002 alcança uma

redução muito semelhante (124,590). Conforme se verifica pela Tabela 15, o teste

Qui-quadrado dos coeficientes do modelo de 31.12.2002 revela que ao menos um

dos coeficientes é estaticamente diferente de zero ao nível de significância de 5%.

Page 74: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

73

Tabela 15 – Teste Qui-quadrado dos coeficientes do modelo 31.12.2002

Qui-quadrado Gl. Sig.

Passo 8a Passo -,924 1 ,337

Modelo 124,590 5 ,000

Em relação ao teste de Hosmer e Lemeshow, a estatística Qui-quadrado foi

3,077, com valor-p de 0,929. Assim, não se pode rejeitar a hipótese de que as

classificações previstas pelo modelo e as observadas são iguais. Os resultados

do teste em todos os passos do processo de stepwise estão no Apêndice B.

4.2.3 Níveis de precisão do modelo – Amostra de análise 31.12.2002

Considerando o ponto de corte padrão do SPSS para classificação dos grupos

(0,50), o percentual de acerto geral do modelo de 31.12.2002 é semelhante ao do

modelo de 31.12.2003 (96,4% na amostra de análise). Verifica-se pela Tabela 16

que o erro tipo I (40%) é idêntico ao obtido como modelo de 31.12.2003. Isso

revela a dificuldade em relação a redução desse erro, evidenciando que a

previsão da cooperativas que se tornam insolventes é ainda um desafio para os

pesquisadores da área.

Tabela 16 – Percentual de acerto do modelo 31.12.2002 (ponto de corte: 0,50)

Também foi realizada uma análise de sensibilidade em relação a outros pontos de

corte inferiores, mas as reduções do erro tipo I se mostram menores que as

registradas no modelo de 31.12.2003, conforme pode ser constado na Tabela 17:

Solventes Insolventes

Solventes 387 5 98,7

Insolventes 12 18 60,0

96,0

Observado

Previsto

Grupo Percentual

Correto

Grupo

Percentual de acerto total

Page 75: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

74

Tabela 17 – Níveis de acerto para diversos pontos de corte – Amostra de Análise

(Modelo 31.12.2002)

Nível de acerto – Percentual de cooperativas corretamente previstas em comparação ao grupo observado

Erro Tipo I – Erro de previsão em que a cooperativa é considerada solvente quando na realidade pertence ao grupo

observado de insolventes: Cálculo Erro Tipo I = 1 – nível de acerto (Insolventes)

Erro Tipo II - Erro de previsão em que a cooperativa é considerada insolvente quando na realidade pertence ao grupo

observado de solventes. Erro Tipo II = 1 – nível de acerto (Solventes)

Na validação cruzada, os resultados são também satisfatórios conforme se

verifica na Tabela 18:

Tabela 18 - Resultados da Validação Cruzada – Amostra de Validação (Modelo 31.12.2002)

4.2.4 Níveis de precisão do modelo de 31.12.2002 – Amostra de 31.12.2005

No cálculo das probabilidades das cooperativas da amostra são utilizados os

mesmos parâmetros estimados no modelo com indicadores de 31.12.02, porém

com indicadores de 31.12.05, ou seja, 24 meses antes da data de corte do ano

dos desenquadramentos (31.12.2007). Os resultados obtidos são apresentados

na Tabela 19 a seguir:

Ponto de corte

(Probabilidade) Solventes Insolventes Geral Erro Tipo I Erro Tipo II Erro Total

0,50 98,7% 60,0% 96,0% 40,0% 1,3% 4,0%

0,45 98,7% 60,0% 96,0% 40,0% 1,3% 4,0%

0,40 98,7% 66,7% 96,4% 33,3% 1,3% 3,6%

0,35 98,2% 66,7% 96,0% 33,3% 1,8% 4,0%

0,30 97,7% 70,0% 95,7% 30,0% 2,3% 4,3%

0,25 97,2% 70,0% 95,3% 30,0% 2,8% 4,7%

0,20 96,4% 73,3% 94,8% 26,7% 3,6% 5,2%

Nível de acerto Erros

Solventes Insolventes

Solventes 387 5 98,7

Insolventes 13 17 56,7

95,7

Grupo

Percentual de acerto total

Observado

Previsto

Grupo Percentual

Correto

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75

Tabela 19 – Níveis de acerto para diversos pontos de corte – Amostra de 31.12.2005

(Modelo 31.12.2002)

Nível de acerto – Percentual de cooperativas corretamente previstas em comparação do grupo observado

Erro Tipo I – Erro de previsão em que a cooperativa é considerada solvente quando na realidade pertence ao grupo

observado de insolventes: Cálculo Erro Tipo I = 1 – nível de acerto (Insolventes)

Erro Tipo II - Erro de previsão em que a cooperativa é considerada insolvente quando na realidade pertence ao grupo

observado de solventes. Erro Tipo II = 1 – nível de acerto (Solventes)

Na validação do modelo de 31.12.2002, o erro tipo I é substancialmente maior na

amostra utilizando os indicadores de 31.12.2005, e nesse caso, não se verificam

melhorias significativas com as alterações no ponto de corte. Contudo, os níveis

de precisão geral do modelo continuam em torno de 94%, o que, a princípio, não

invalida os resultados obtidos pelo modelo estimado de 31.12.2002. Importante

destacar que neste caso se está utilizando uma equação estimada com dados de

31.12.2002, cujas probabilidades foram calculadas com indicadores de

31.12.2005, com o propósito de prever eventos ocorridos no ano de 2007. Por

essa razão, um nível de erro maior que o modelo de 31.12.2003 é plausível.

4.3 Comparativo entre os dois modelos estimados

Nesta seção é realizado um comparativo entre os dois modelos considerando os

resultados das amostras de análise e das amostras dos anos posteriores.

Também é apresentada uma curva ROC comparativa, permitindo avaliar os graus

de precisão alcançados pelos dois modelos estimados.

Ponto de corte

(Probabilidade) Solventes Insolventes Geral Erro Tipo I Erro Tipo II Erro Total

0,50 96,7% 27,8% 94,4% 72,2% 3,3% 5,6%

0,45 96,7% 27,8% 94,4% 72,2% 3,3% 5,6%

0,40 96,5% 33,3% 94,4% 66,7% 3,5% 5,6%

0,35 96,3% 33,3% 94,2% 66,7% 3,7% 5,8%

0,30 96,1% 33,3% 94,1% 66,7% 3,9% 5,9%

0,25 95,9% 33,3% 93,9% 66,7% 4,1% 6,1%

0,20 95,7% 33,3% 93,7% 66,7% 4,3% 6,3%

Nível de acerto Erros

Page 77: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

76

4.3.1 Níveis de precisão dos modelos na amostras de análise e com dados de anos posteriores

Apesar das medidas de avaliação da regressão logística terem sido melhores

para o modelo de 31.12.2003, ambos modelos apresentam níveis de acerto gerais

bem similares. Contudo, na amostra que utilizou indicadores de anos posteriores

constata-se um melhor desempenho do modelo de 31.12.2003, que registra um

erro tipo I menor, 50% ante os 72,2% verificados no modelo de 31.12.2002.

Uma comparação geral entre os modelos é apresentada na Tabela 20 a seguir:

Tabela 20 – Comparativo do nível de acerto dos modelos estimados com indicadores de

31.12.2003 e 31.12.2002

Nos resultados da Tabela 20 é possível constatar que, ao se tentar prever o

evento de insolvência com maior antecedência, eleva-se o erro tipo I. Esta

constatação está em linha com a expectativa de que indicadores mais recentes

forneçam informações mais valiosas e precisas sobre a piora da situação

econômico-financeira das entidades sob análise. Exceções podem ocorrer

quando os dados contábeis são manipulados, o que dificultaria a previsão correta

por qualquer modelo estatístico.

4.3.2 Curva ROC Comparativa

Outro método utilizado para avaliar precisão de modelos da regressão logística é

a Curva ROC (Receiver Operating Characteristic) (HOSMER e LEMESHOW,

2000; MENARD, 2010). De acordo com Hosmer e Lemeshow (2000), a área

abaixo da curva ROC fornece uma descrição mais completa da precisão dos

modelos na classificação. Essa área sob a Curva ROC se situa entre 0 e 1 e

31.12.03 31.12.06 31.12.03 31.12.06 31.12.03 31.12.06 31.12.02 31.12.05 31.12.02 31.12.05 31.12.02 31.12.05

0,50 99,2% 97,0% 60,0% 50,0% 96,4% 95,5% 98,7% 96,7% 60,0% 27,8% 96,0% 94,4%

0,45 99,2% 97,0% 66,7% 50,0% 96,9% 95,5% 98,7% 96,7% 60,0% 27,8% 96,0% 94,4%

0,40 99,2% 96,7% 70,0% 55,6% 97,2% 95,3% 98,7% 96,5% 66,7% 33,3% 96,4% 94,4%

0,35 99,0% 96,7% 70,0% 55,6% 96,9% 95,3% 98,2% 96,3% 66,7% 33,3% 96,0% 94,2%

0,30 98,7% 96,7% 73,3% 55,6% 96,9% 95,3% 97,7% 96,1% 70,0% 33,3% 95,7% 94,1%

0,25 98,5% 96,7% 76,7% 61,1% 96,9% 95,5% 97,2% 95,9% 70,0% 33,3% 95,3% 93,9%

0,20 97,4% 95,9% 76,7% 61,1% 96,0% 94,8% 96,4% 95,7% 73,3% 33,3% 94,8% 93,7%

Níveis de acerto - Modelo 31.12.2003 Níveis de acerto - Modelo 31.12.2002

SolventesPonto de corte

(Probabilidade)

Insolventes Geral

Amostra Amostra Amostra Amostra Amostra Amostra

Solventes Insolventes Geral

Page 78: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

77

propicia uma medida da capacidade do modelo de discriminar os casos

corretamente.

Hosmer e Lemeshow (2000, p. 162), sugerem uma regra geral para avaliação dos

resultados sobre área sob a Curva ROC:

a) Se ROC = 0,5: isto sugere que o modelo não tem poder de discriminação

(equivalente a jogar uma moeda)

b) Se a área ROC situa-se no intervalo entre 0,7 e 0,8: é considerada uma

discriminação aceitável;

b) Se a área ROC situa-se área no intervalo entre 0,8 e 0,9: é considerada

uma excelente discriminação;

c) Se a área ROC situa-se área maior ou igual a 0,9: excepcional

discriminação.

A Curva ROC para os modelos estimados retrata resultados bastante

satisfatórios, conforme se verifica no Gráfico 4. A área sob a curva é de 0,964

para o modelo de 31.12.2003 e 0,949 para o modelo de 31.12.2002,

evidenciando, segundo a escala sugerida por Hosmer & Lemeshow (2000), um

excepcional poder de discriminação dos casos da amostra.

Page 79: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

78

Gráfico 4 – Curva ROC comparando os modelos estimados com indicadores de

31.12.2002 e 31.12.2003

* Sensitividade: proporção correta da ocorrência do evento (insolvência) quando de fato ele ocorreu. ** Especificidade: proporção correta de não ocorrência do evento quando de fato ele não ocorreu. *** Linha de Referência: representação gráfica da situação onde não há poder de discriminação/previsão do modelo, ou seja, onde a área sob a curva é 0,50.

Page 80: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

79

5 Sumário, principais conclusões, limitações e sugestões para estudos

futuros

5.1 Sumário

O objetivo desse estudo é aplicar a técnica de regressão logística com o propósito

de desenvolver um modelo de previsão de insolvência para o segmento das

cooperativas de crédito. Adicionalmente busca-se verificar se o Índice de Basiléia

pode ser utilizado como uma proxy da situação de insolvência das cooperativas e

identificar quais indicadores econômico-financeiros são importantes para sinalizar a

possibilidade de fracasso das instituições do segmento. Para isso, foram estimados

dois modelos, utilizando como variáveis independentes um conjunto de treze

indicadores econômico-financeiros das cooperativas de crédito em duas datas-base:

31.12.2002 e 31.12.2003.

5.2 Principais conclusões

Os resultados alcançados podem ser considerados satisfatórios, visto que se obteve

uma nível de acerto geral superior a 94% em ambos os modelos, tanto na amostra

de análise, como na amostra de validação. Considerando o ponto de corte de 0,50, o

modelo estimado com indicadores de 31.12.2003 atinge um índice de acerto geral

de 96,4% na amostra de análise e 95,5% na amostra de validação. No modelo

estimado com indicadores de 31.12.2002, esses índices de acerto são de 96,0% e

94,4% respectivamente. Estes resultados estão em linha com os reportados em

outros estudos realizados com instituições bancárias e cooperativas no Brasil. Entre

os principais, pode-se destacar: Matias e Siqueira (1996), que apresentam um índice

de acerto de 91% aplicando Logit na previsão de insolvência de bancos; Janot

(1999), com acerto de 91,8% utilizando o Logit também na previsão de insolvência

de bancos; Gimenes e Uribe-Opazo, cujo índice de acerto geral é de 85,3% na

previsão de insolvência das cooperativas agropecuárias do estado do Paraná:

Bressan (2002), que apresenta um nível de acerto de 97,1% na previsão de

insolvência das cooperativas de crédito rural do estado de Minas Gerais.

De modo geral, os resultados obtidos com a aplicação da técnica de regressão

logística no segmento das cooperativas de crédito são promissores e evidenciam

Page 81: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

80

que modelos Early Warning podem ser utilizados na previsão de insolvência dessas

entidades. Contudo, esses resultados ainda precisarão ser aprimorados de modo

que possam ser utilizadas como ferramentas de monitoramento indireto pelas

cooperativas centrais ou autoridades de supervisão. Além do uso como ferramenta

de monitoramento indireto, outras aplicações também podem ser interessantes.

Entre elas está a utilização do modelo por agências de classificação de risco no

processo de concessão de rating para cooperativas ou no processo de análise do

risco de crédito pelas cooperativas centrais e bancos cooperativos.

Sob a ótica prudencial, a utilização de modelos Early Warning mais eficazes

possibilita aos órgãos supervisores adotarem antecipadamente medidas corretivas,

com o propósito de evitar ou minimizar os impactos decorrentes da quebra.

Nesse contexto, os indicadores extraídos das demonstrações financeiras das

cooperativas de crédito são fontes essenciais de informação no monitoramento

indireto das instituições do segmento. Os indicadores selecionados como

significativos na aplicação da regressão logística refletem adequadamente a

realidade microeconômica inerente à estrutura e forma de funcionamento das

entidades do segmento. Nos modelos estimados são evidenciados os impactos de

problemas relacionados à exposição elevada aos riscos das operações de crédito,

rentabilidades elevadas, baixa liquidez e ineficiência operacional das cooperativas.

Essas deficiências, se não corrigidas a tempo, podem conduzir à uma deterioração

irreversível da situação econômico-financeira das entidades.

Além de níveis inadequados de liquidez e da qualidade da carteira de crédito, a

eficiência se demonstra um dos componentes que mais afeta a probabilidade de

insolvência no segmento. Isso porque o indicador despesas administrativas em

relação ao Ativo Total Ajustado (ATA) parece ser uma variável importante e muito

significante em ambos os modelos estimados. Desse modo, se custos

administrativos estão em níveis elevados e incompatíveis para o porte da

cooperativa, tal ineficiência pode impactar os resultados e conseqüentemente os

níveis de capitalização e a solvência da entidade.Também pode ser destacado os

casos em que a cooperativa registra sucessivas perdas dos seus ativos, que nem

sempre são acompanhados de redução proporcional nas suas despesas

administrativas.

Page 82: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

81

5.3 Limitações do Estudo

Em relação a metodologia adotada neste estudo, é importante destacar alguns

aspectos e limitações. Primeiramente, a subjetividade na definição de insolvência

induz a escolha arbitrária do pesquisador por um critério e por essa razão a maioria

dos estudos se restringiu ao uso da definição legal para caracterizar o fracasso

(BALCAEN e OOGHE, 2004). Ressalta-se ainda que essa possibilidade de escolha

decorre da ausência de uma teoria geral sobre o fracasso gerencial, permitindo que

os critérios sejam decididos pelos próprios autores ou em razão da disponibilidade

dos dados (PEREIRA, DOMÍNGUEZ e OCEJO, 2007). Desse modo, o critério para

definir o conceito de insolvência adotado neste estudo reflete unicamente uma

decisão do pesquisador.

Nesta ótica, a principal contribuição desta pesquisa é utilizar o Índice de Basiléia

como critério para a separação dos grupos de solventes e insolventes, o que abre

caminho para que esse critério seja testado empiricamente em outros segmentos do

Sistema Financeiro Nacional. Dado que definição de insolvência/fracasso ainda é

uma incógnita entre os estudiosos e pesquisadores dessa área, o teste empírico

com novos critérios pode contribuir para o aprimoramento de novas sistemáticas na

modelagem de previsão de insolvência.

Outro ponto a ser destacado decorre da heterogeneidade das instituições e da

existência de particularidades do segmento. Em razão da diversidade de tipos de

cooperativas e das diferentes formas de atuação das entidades, a modelagem de

previsão de insolvência nesse segmento pode ainda ser testada com a inclusão de

outras variáveis, inclusive qualitativas. Desse modo, será possível captar outras

possíveis causas do processo de deterioração da situação econômico-financeira das

cooperativas, como por exemplo, variáveis relacionadas à gestão e governança

corporativa. Variáveis que refletem o modo de funcionamento do sistema a qual a

cooperativa está ligada, a vinculação desta à uma entidade cooperativa central ou

até mesmo informações sobre o tipo, tempo de funcionamento ou região de atuação

podem também ser testadas na previsão da insolvência.

Além dessas questões, entre as limitações desse estudo destaca-se o fato dos

modelos terem sido estimados utilizando informações baseadas em dados

contábeis, portanto suscetíveis a erros e manipulações (BALCAEN e OOGHE,

Page 83: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

82

2004). Outra limitação advêm das variações nos indicadores decorrentes de

mudanças econômicas, alterações regulamentares ou na forma de atuação do

segmento. Por essa razão, há a necessidade de re-estimar os modelos

periodicamente, de modo a identificar, naquele momento, quais indicadores são

importantes para sinalizar o processo de deterioração da situação econômico-

financeira. Janot (1999) e Bressan, Braga e Lima (2004) alertam sobre a

necessidade a re-estimação e adaptação dos modelos nos casos de mudança do

cenário econômico.

Em relação aos critérios de seleção do grupo de solventes e insolventes, é

importante mencionar que outros fatores também podem contribuir para quebra de

instituições financeiras, tais como problemas súbitos de liquidez, especialmente no

segmento cooperativo onde geralmente há maior concentração dos depositantes no

total das captações. Desse modo, esta também pode ser considerada uma limitação

dos modelos, dado que a seleção pelo Índice de Basiléia considera a quebra como

um problema decorrente da inadequação de capital e conseqüente registro da

situação de passivo a descoberto.

Em relação ao tamanho da amostra, Zmijewski (1984) destaca que o uso de

amostras emparelhadas que diferem significativamente das proporções nas

populações pode levar a um viés dos coeficientes da regressão logística. Desse

modo, procura-se utilizar nesse estudo o maior quantitativo de instituições com

dados disponíveis. Contudo é levado em consideração certas particularidades do

segmento. A principal delas relaciona-se à estrutura patrimonial das entidades do

segmento. Em razão do maior enfoque nos impactos negativos da insolvência sobre

a massa de depositantes das cooperativas, são excluídas do modelo as

cooperativas solventes que apresentaram alavancagem inferior a três vezes o

patrimônio líquido ajustado (PLA). Inevitavelmente, esta exclusão pode restringir a

aplicação do modelo para todo segmento cooperativo, uma vez que há um elevado

número de cooperativas que não realizam captações via depósitos.

5.3 Sugestões para estudos futuros

Conforme mencionado, acredita-se que modelos mais acurados tenham que ser

elaborados considerando o perfil de atuação de cooperativas, seja em razão do

porte, tipo da cooperativa ou sistema cooperativo a que esteja vinculada. Isso

conduz à necessidade de se desenvolver estudos no sentido de se obter uma

Page 84: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

83

segmentação baseada na forma de atuação e estrutura patrimonial e de resultados.

Este pode ser realizado por meio da aplicação de outras técnicas estatísticas

multivariadas, tais como a análise de conglomerados (Clusters Analysis). No

desenvolvimento de modelos também podem ser aplicadas técnicas como análise

fatorial, de modo que seja possível utilizar inicialmente um número maior de

variáveis. Essas variáveis são reduzidas a um pequeno número de fatores que são

utilizados como variáveis independentes na estimação dos modelos. Importante

mencionar que foi realizada uma tentativa nesta pesquisa visando reduzir o número

de variáveis. Contudo, a dificuldade de definir um sentido econômico para os fatores

obtidos nas datas-base em questão, levou à opção por regredir um menor número

de variáveis que capturassem diferentes aspectos das situação econômico-

financeira da cooperativa. Todavia, é recomendável que o procedimento

mencionado seja testado com mais variáveis e em outros períodos.

Por fim, espera-se que o desenvolvimento de estudos e testes empíricos com outras

técnicas e critérios ou até mesmo a migração para uma modelagem híbrida, que

considere técnicas estatísticas e de mineração de dados, contribuam para o

aprimoramento dos resultados alcançados com a realização desse estudo.

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APÊNDICE A – DESCRIÇÃO DOS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS

8 A interpretação do indicador também envolve uma avaliação conjunta com mais indicadores e outros aspectos que devem ser

considerados pelo analista.

Ref. Indicador Fórmula Descrição Interpretação8

Valores teóricos e média e desvio

amostral

X1

Comprometimento do PLA

com ativos de baixa liquidez

(Ativos não usuais + Permanente) / PLA

Demonstra o grau de comprometimento do patrimônio líquido da instituição com ativos fixos e não usuais. Quanto maior o valor, menor o foco da instituição em sua atividade-fim.

Quanto menor, melhor.

-∞ < X3 < +∞

31.12.2003 μ = 0,44 σ = 0,56

X2

Ativos de renda da

intermediação financeira em

relação ao ATA

Ativos de renda da intermediação financeira/ ATA

Demonstra a proporção de ativos que geram receita de intermediação financeira em relação ao ativo total ajustado.

Quanto maior, melhor.

0 ≤ X2 ≤ 1

31.12.2003 μ = 0,71 σ = 0,20

X3

Operações de crédito, líquidas

de provisão, em relação aos

ativos de intermediação

financeira

(Operações de crédito – Provisão para

operações de crédito) / Ativos de

intermediação financeira

Mostra a participação das operações de crédito (líquidas de provisão) em relação aos ativos de intermediação financeira. A definição de uma tendência no comportamento deste indicador revela mudança na política de aplicações da instituição.

Quanto maior, melhor.

0 ≤ X3 ≤ 1

31.12.2003 μ = 0,75 σ = 0,24

X4

Operações de crédito

vencidas em relação à

carteira total classificada

Operações de crédito vencidas / Carteira

classificada

Revela a parcela da carteira de operações de crédito da instituição que se encontra vencida, ou seja, é um dos indicadores que revelam a taxa de inadimplência da carteira. Tanto o numerador como o denominador são considerados pelo valor bruto, ou seja, sem a dedução da respectiva provisão de crédito. A existência de créditos em atraso exterioriza o risco dos devedores dessas operações não cumprirem as obrigações contraídas.

Quanto menor, melhor.

0 ≤ X4 ≤ 1

31.12.2003 μ = 0,05 σ = 0,07

X5

Cobertura de operações de

crédito vencidas em

relação ao PR

(Valor absoluto da provisão para operações de crédito - Operações de crédito vencidas) / Patrimônio de Referência

O numerador da fórmula procura evidenciar se há excesso ou insuficiência da provisão de crédito constituída, mediante sua comparação com a parcela do risco de crédito considerada potencialmente problemática em cada faixa (créditos vencidos). Em seguida, o referido excesso ou insuficiência tem sua relevância aferida em relação ao Patrimônio de Referência (PR). Assim, o índice positivo mostra um provisionamento suficiente para cobrir as operações de crédito vencidas e o quanto o valor desta diferença representa do PR. Se o valor apurado for negativo, revela provisão insuficiente para resguardar a totalidade das operações vencidas e, caso seja igual ou superior à unidade, significa que todo o PR seria consumido pelas operações de crédito vencidas não cobertas por provisão, caso estas venha ser baixadas para prejuízo.

Quanto maior, melhor.

-∞ < X5 < +∞

31.12.2003 μ = -0,02

σ = 0,26

X6 Ativos líquidos em relação às

captações

Ativos líquidos / Captações

Indica se a instituição possui de ativos líquidos para fazer face ao total de suas captações.

Quanto maior, melhor.

0 ≤ X6 < +∞

31.12.2003 μ = 0,40 σ = 0,31

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Ref. Indicador Fórmula Descrição Interpretação

Valores teóricos e média e desvio

amostral

X7 Custo das captações

Valor absoluto das despesas de captação nos 6 meses contados da data-base, inclusive / (Captações na data-base + Captações no sexto mês anterior ao

da data-base) / 2)

Mensura o custo médio da totalidade das captações de recursos (remunerados ou

não) dos associados, enquanto clientes. A capacidade da cooperativa em atrair esses

recursos a custos compatíveis com sua estrutura operacional e aplicá-los de forma

equilibrada e rentável dará a medida de sua eficiência na intermediação financeira.

Quanto menor, melhor

-∞ ≤ X7 < +∞

31.12.2003 μ = 0,067 σ = 0,024

X8 Rentabilidade do ativo total

ajustado

Sobra líquida nos 6 meses contados da

data-base, inclusive /( (Ativo Total Ajustado na data-base + Ativo Total Ajustado no sexto mês

anterior ao da data-base) / 2)

Mensura a taxa de retorno semestral sobre o ativo total médio da instituição. É portanto uma medida de rentabilidade das aplicações da cooperativa nas suas operações ativas.

Valores negativos

ou muito elevados não são recomendáveis.

-∞ < X8 < +∞

31.12.2003 μ = 0,019 σ = 0,039

X9 Margem de

Intermediação Financeira

Resultado de Intermediação

financeira / Receita Operacional

Demonstra o resultado da atividade principal em relação ao montante de

receitas operacionais. Quanto maior o índice, melhor o desempenho da instituição na atividade de intermediação financeira.

Quanto maior, melhor

-∞ < X9 ≤ 1

31.12.2003 μ = 0,36 σ = 0,21

X10 Giro do Ativo

Receita operacional nos 6 meses contados

da data-base, inclusive/((Ativo Total Ajustado na data-base + Ativo Total Ajustado no sexto mês anterior ao da data-base) / 2)

Demonstra quanto a instituição é capaz de gerar de receitas com suas operações, nos últimos seis meses, para cada unidade monetária investida no ativo total, indicando o nível de eficiência com que é utilizado esse ativo. Em outra interpretação, mostra o número de vezes (freqüência de rotação) que o Ativo Total Ajustado (ATA) se renovou em determinado período de tempo em relação ao total das receitas operacionais.

Quanto maior, melhor

0 ≤ X10 < +∞

31.12.2003 μ = 0,15 σ = 0,04

X11 Custo

operacional

Valor absoluto das despesas

administrativas nos 6 meses contados da

data-base, inclusive / (Resultado da intermediação

financeira nos 6 meses contados da data-base, inclusive + Receitas de serviços nos 6 meses

contados da data-base, inclusive)

Demonstra a participação dos custos administrativos sobre o resultados da intermediação financeira adicionados às receitas de serviços prestados. O valor refere-se aos últimos seis meses. Trata-se portanto de medida da eficiência operacional da instituição. Quanto menor seu valor, mais ajustada se encontra a instituição para realizar sua atividade-fim. Valores negativos geralmente indicam que cooperativa obteve resultado de intermediação negativo no período.

Quanto menor, melhor. Valores negativos são

piores que valores

superiores a 100%.

-∞ < X11 < +∞

31.12.2003 μ = 0,91 σ = 4,00

X12

Despesas administrativas em relação ao

ATA

Despesas administrativas nos 6 meses contados da

data-base, inclusive / Ativo Total Ajustado

Revela a parcela do Ativo Total Ajustado (ATA) que foi consumida com despesas administrativas, o que demonstra o grau de eficiência da instituição na administração dos seus ativos totais. Quanto menor o índice, maior a eficiência da cooperativa na gestão desses ativos

Quanto menor, melhor.

0 ≤ X12 < +∞

31.12.2003 μ = 0,068 σ = 0,037

X13

Taxa de aplicação das operações de

crédito

Rendas de operações de crédito nos 6 meses contados da data-base,

inclusive /

((Operações de crédito

na data-base + Operações de crédito no sexto mês anterior ao da data-base) / 2)

É a taxa média de aplicação das operações de crédito, cujo valor refere-se aos últimos

seis meses.

Deve estar em linha com as

taxas médias do segmento.

0 ≤ X13 < +∞

31.12.2003 μ = 0,200 σ = 0,078

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Definições: Ativo Total Ajustado - ATA Constituído pelo Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo e o Permanente, com balanceamento e reclassificação de rubricas ou grupos de rubricas.

balanceamento: prática contábil que permite apurar o saldo líquido entre componentes patrimoniais ou entre componentes de resultado, com saldo de natureza contrária, que se correlacionem.

reclassificação: mudança na classificação de rubrica ou grupo de rubricas visando à adequação do plano de contas para fins de análise.

Patrimônio de Referência - PR

É utilizado para apuração dos limites operacionais, sendo composto pelo somatório dos capitais níveis 1 e 2. nível 1 ("tier 1"): representado pelo Patrimônio Líquido, acrescido do saldo das contas de resultado credoras, e deduzido do saldo das contas de resultado devedoras, excluídas as Reservas de Reavaliação, as Reservas para Contingências e as Reservas Especiais de Lucros relativas a dividendos obrigatórios não distribuídos e deduzidos os valores referentes a ações preferenciais cumulativas e a ações preferenciais resgatáveis.

nível 2 ("tier 2"): representado pelas Reservas de Reavaliação, Reservas para Contingências, Reservas Especiais de Lucros relativas a dividendos obrigatórios não distribuídos, ações preferenciais cumulativas, ações preferenciais resgatáveis, dívidas subordinadas e instrumentos híbridos de capital e dívida. Especificações acerca dos instrumentos híbridos de capital e dívida e demais informações quanto ao patrimônio de referência estão contidas na Resolução 2.837/01.

Patrimônio Líquido Exigido - PLE

Valor de Patrimônio Líquido, ajustado na forma da regulamentação em vigor, compatível com o Grau de Risco da Estrutura de seus Ativos, Passivos e Contas de Compensação, que as instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil tem a obrigatoriedade de manter. Demais informações podem ser obtidas por meio da Resolução 2.099/00 e alterações posteriores.

Patrimônio Líquido Ajustado - PLA

Constitui-se do Patrimônio Líquido (conta Cosif 6.0.0.00.00-2) ajustado pelo valor líquido entre receitas (conta Cosif 7.0.0.00.00-9) e despesas (conta Cosif 8.0.0.00.00-6).

Ativos de Renda de Intermediação Financeira

Ativos cuja receita é considerada como de intermediação financeira. São compostos por Aplicações em Ouro, Disponibilidades em Moeda Estrangeira, Aplicações Interfinanceiras de Liquidez, Títulos e Valores Mobiliários, Derivativo - Ativo, Operações de Crédito Líquidas de Provisão, Carteira de Câmbio - Ativo, Negociação e Intermediação de Valores - Ativo, Créditos Vinculados Usuais e Créditos Vinculados Não Usuais.

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Ativos Líquidos

São aplicações que podem ser convertidas em numerários em curto espaço de tempo. Compõem-se de Disponibilidades, Aplicações Interfinanceiras de Liquidez (saldo balanceado), Títulos Públicos Federais (-) Provisão para Desvalorização dos Títulos Livres, Certificados de Depósitos Bancários, Cotas de Fundos de Investimento, Ações de Companhias Abertas (-) Provisão para Desvalorização das Ações, Cotas de Fundos de Renda Variável, Títulos Emitidos pelo Tesouro Nacional, Títulos Emitidos pelo Governo de Outros Países, Títulos Vinculados ao Banco Central, Reservas Compulsórias em Espécie no Banco Central. Ativos Não Usuais

São ativos que não estão relacionados com as atividades fim da instituição, tais como Créditos Tributários, Devedores por Depósitos em Garantia, Créditos Vinculados Não Usuais e Ativos Não Usuais Diversos.

Carteira classificada

Refere-se à carteira de operações de crédito classificada nos níveis de risco de que trata a Resolução nº 2.682, de 21.12.99, e evidenciada nas rubricas contábeis próprias integrantes do subgrupo 3.1.0.00.00-0 / Classificação da Carteira de Créditos.

Captações

Compõem-se das rubricas do Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo a seguir: Depósitos, Obrigações por Operações Compromissadas, Obrigações por Empréstimos e Repasses.

Receita operacional

As receitas operacionais representam remunerações obtidas pela instituição em suas operações ativas e de prestação de serviços, ou seja, são receitas auferidas com as atividades típicas, regulares e habituais da entidade.

Resultado da intermediação financeira

Compreende o resultado do confronto entre as receitas auferidas e as despesas incorridas exclusivamente com as operações de intermediação financeira.

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94

APÊNDICE B - OUTPUTS DO SOFTWARE SPSS STATISTICS 17.0

Modelo gerado com dados de indicadores de 31.12.2003

Block 0: Beginning Block

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95

Block 1: Method = Forward Stepwise (Likelihood Ratio)

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96

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97

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98

TABELAS DE CLASSIFICAÇÃO VÁRIOS PONTOS DE CORTE – MODELO 31.12.2003

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99

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100

Modelo gerado com dados de indicadores de 31.12.2002

Block 0: Beginning Block

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101

Block 1: Method = Forward Stepwise (Likelihood Ratio)

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102

Page 104: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

103

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104

TABELAS DE CLASSIFICAÇÃO - VÁRIOS PONTOS DE CORTE – MODELO 31.12.2002

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105

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106

CURVA ROC COMPARATIVA

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107

Teste de normalidade não paramétrico – Kolmogorov-Smirnov Variáveis independentes em 31.12.2003

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108

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109

Gráficos Normal P-P Plot – Variáveis Independentes

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110

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111

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112

APÊNDICE C – Probabilidades e classificações dos dois modelos estimados

Cod. Coop. Grupo

Probab. Estimada modelo

31.12.2003

Previsão Modelo

31.12.2003 (Ponto de corte:

0,50)

Probab. Estimada modelo

31.12.2002

Previsão Modelo

31.12.2002 (Ponto de corte:

0,50) 309 Insolvente 34,76% Solvente 93,51% Insolvente

407 Insolvente 0,71% Solvente 8,77% Solvente

498 Insolvente 99,04% Insolvente 99,99% Insolvente

785 Insolvente 59,42% Insolvente 97,51% Insolvente

598 Insolvente 57,01% Insolvente 41,15% Solvente

204 Insolvente 71,86% Insolvente 100,00% Insolvente

574 Insolvente 5,47% Solvente 4,93% Solvente

313 Insolvente 79,71% Insolvente 81,23% Insolvente

539 Insolvente 21,91% Solvente 7,94% Solvente

825 Insolvente 12,82% Solvente 14,55% Solvente

312 Insolvente 57,44% Insolvente 52,10% Insolvente

447 Insolvente 99,91% Insolvente 77,54% Insolvente

298 Insolvente 37,03% Solvente 21,99% Solvente

134 Insolvente 72,31% Insolvente 65,25% Insolvente

820 Insolvente 100,00% Insolvente 96,41% Insolvente

103 Insolvente 37,69% Solvente 4,84% Solvente

287 Insolvente 86,41% Insolvente 92,71% Insolvente

64 Insolvente 38,89% Solvente 40,40% Solvente

110 Insolvente 4,04% Solvente 73,86% Insolvente

37 Insolvente 17,17% Solvente 99,02% Insolvente

44 Insolvente 95,86% Insolvente 83,76% Insolvente

196 Insolvente 25,18% Solvente 4,13% Solvente

57 Insolvente 64,90% Insolvente 72,99% Insolvente

2 Insolvente 100,00% Insolvente 87,49% Insolvente

215 Insolvente 84,55% Insolvente 5,32% Solvente

333 Insolvente 98,78% Insolvente 31,98% Solvente

59 Insolvente 99,29% Insolvente 94,54% Insolvente

462 Insolvente 100,00% Insolvente 67,23% Insolvente

506 Insolvente 100,00% Insolvente 99,93% Insolvente

1187 Insolvente 15,70% Solvente 4,53% Solvente

568 Solvente 1,11% Solvente 0,34% Solvente

607 Solvente 1,35% Solvente 0,99% Solvente

468 Solvente 0,26% Solvente 0,00% Solvente

410 Solvente 0,76% Solvente 1,60% Solvente

563 Solvente 0,86% Solvente 9,35% Solvente

429 Solvente 0,50% Solvente 0,27% Solvente

685 Solvente 6,48% Solvente 6,55% Solvente

642 Solvente 0,36% Solvente 1,33% Solvente

552 Solvente 0,45% Solvente 0,03% Solvente

146 Solvente 0,66% Solvente 1,07% Solvente

717 Solvente 1,09% Solvente 87,66% Insolvente

756 Solvente 3,72% Solvente 11,79% Solvente

584 Solvente 0,57% Solvente 0,18% Solvente

508 Solvente 0,21% Solvente 0,57% Solvente

648 Solvente 1,34% Solvente 1,57% Solvente

644 Solvente 1,04% Solvente 0,44% Solvente

1131 Solvente 0,27% Solvente 0,00% Solvente

635 Solvente 0,36% Solvente 0,24% Solvente

1145 Solvente 0,46% Solvente 0,05% Solvente

455 Solvente 0,03% Solvente 0,00% Solvente

573 Solvente 0,20% Solvente 2,30% Solvente

662 Solvente 0,12% Solvente 1,43% Solvente

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113

Cod. Coop. Grupo

Probab. Estimada modelo

31.12.2003

Previsão Modelo

31.12.2003 (Ponto de corte:

0,50)

Probab. Estimada modelo

31.12.2002

Previsão Modelo

31.12.2002 (Ponto de corte:

0,50) 590 Solvente 4,51% Solvente 0,26% Solvente

620 Solvente 0,18% Solvente 4,01% Solvente

617 Solvente 0,19% Solvente 0,03% Solvente

360 Solvente 9,89% Solvente 10,06% Solvente

744 Solvente 0,45% Solvente 9,96% Solvente

524 Solvente 1,52% Solvente 0,23% Solvente

628 Solvente 0,08% Solvente 2,43% Solvente

567 Solvente 0,27% Solvente 0,05% Solvente

540 Solvente 0,17% Solvente 0,03% Solvente

680 Solvente 0,74% Solvente 1,15% Solvente

294 Solvente 0,04% Solvente 0,98% Solvente

431 Solvente 0,40% Solvente 10,13% Solvente

687 Solvente 0,41% Solvente 0,00% Solvente

534 Solvente 0,77% Solvente 0,40% Solvente

608 Solvente 0,30% Solvente 0,69% Solvente

625 Solvente 0,94% Solvente 0,89% Solvente

569 Solvente 0,74% Solvente 10,55% Solvente

521 Solvente 0,32% Solvente 7,46% Solvente

656 Solvente 4,91% Solvente 2,28% Solvente

435 Solvente 0,54% Solvente 0,21% Solvente

367 Solvente 2,23% Solvente 0,42% Solvente

624 Solvente 0,27% Solvente 0,01% Solvente

488 Solvente 0,27% Solvente 0,18% Solvente

483 Solvente 0,78% Solvente 0,14% Solvente

514 Solvente 13,54% Solvente 8,26% Solvente

443 Solvente 0,31% Solvente 1,67% Solvente

478 Solvente 0,47% Solvente 0,00% Solvente

359 Solvente 1,17% Solvente 2,43% Solvente

385 Solvente 1,92% Solvente 0,35% Solvente

610 Solvente 0,12% Solvente 2,16% Solvente

490 Solvente 1,99% Solvente 1,71% Solvente

599 Solvente 0,25% Solvente 0,04% Solvente

676 Solvente 2,45% Solvente 0,21% Solvente

517 Solvente 0,22% Solvente 1,86% Solvente

180 Solvente 1,76% Solvente 9,88% Solvente

595 Solvente 0,52% Solvente 1,13% Solvente

684 Solvente 1,09% Solvente 1,66% Solvente

558 Solvente 0,63% Solvente 0,00% Solvente

376 Solvente 0,38% Solvente 0,00% Solvente

542 Solvente 3,52% Solvente 15,04% Solvente

614 Solvente 0,38% Solvente 0,00% Solvente

437 Solvente 0,22% Solvente 3,23% Solvente

485 Solvente 0,33% Solvente 0,00% Solvente

515 Solvente 0,63% Solvente 0,35% Solvente

442 Solvente 0,66% Solvente 0,53% Solvente

575 Solvente 4,53% Solvente 0,91% Solvente

318 Solvente 4,60% Solvente 1,57% Solvente

136 Solvente 7,78% Solvente 0,00% Solvente

549 Solvente 0,51% Solvente 0,08% Solvente

458 Solvente 4,16% Solvente 1,84% Solvente

520 Solvente 0,12% Solvente 0,01% Solvente

502 Solvente 0,37% Solvente 4,82% Solvente

507 Solvente 0,11% Solvente 0,01% Solvente

290 Solvente 2,64% Solvente 14,81% Solvente

657 Solvente 0,37% Solvente 0,06% Solvente

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114

Cod. Coop. Grupo

Probab. Estimada modelo

31.12.2003

Previsão Modelo

31.12.2003 (Ponto de corte:

0,50)

Probab. Estimada modelo

31.12.2002

Previsão Modelo

31.12.2002 (Ponto de corte:

0,50) 406 Solvente 10,61% Solvente 6,58% Solvente

105 Solvente 0,11% Solvente 1,06% Solvente

397 Solvente 0,63% Solvente 0,10% Solvente

363 Solvente 0,23% Solvente 1,27% Solvente

466 Solvente 0,28% Solvente 1,76% Solvente

228 Solvente 0,61% Solvente 0,30% Solvente

475 Solvente 1,44% Solvente 0,00% Solvente

418 Solvente 0,23% Solvente 0,67% Solvente

505 Solvente 0,38% Solvente 0,13% Solvente

356 Solvente 5,40% Solvente 0,71% Solvente

550 Solvente 0,02% Solvente 0,00% Solvente

362 Solvente 0,22% Solvente 0,11% Solvente

331 Solvente 3,54% Solvente 3,81% Solvente

346 Solvente 0,44% Solvente 22,63% Solvente

366 Solvente 1,50% Solvente 0,39% Solvente

606 Solvente 0,35% Solvente 0,00% Solvente

302 Solvente 0,25% Solvente 0,00% Solvente

761 Solvente 0,08% Solvente 0,07% Solvente

354 Solvente 0,60% Solvente 0,48% Solvente

735 Solvente 0,27% Solvente 0,13% Solvente

342 Solvente 0,46% Solvente 5,72% Solvente

453 Solvente 0,97% Solvente 6,79% Solvente

159 Solvente 0,35% Solvente 10,23% Solvente

211 Solvente 2,05% Solvente 0,00% Solvente

511 Solvente 0,82% Solvente 0,00% Solvente

450 Solvente 1,54% Solvente 0,91% Solvente

423 Solvente 7,58% Solvente 8,41% Solvente

297 Solvente 0,68% Solvente 0,88% Solvente

544 Solvente 0,29% Solvente 0,07% Solvente

395 Solvente 1,06% Solvente 0,54% Solvente

525 Solvente 5,23% Solvente 0,92% Solvente

557 Solvente 45,18% Solvente 4,23% Solvente

487 Solvente 0,62% Solvente 2,24% Solvente

389 Solvente 1,18% Solvente 3,02% Solvente

755 Solvente 0,17% Solvente 0,00% Solvente

591 Solvente 0,64% Solvente 0,22% Solvente

585 Solvente 1,65% Solvente 1,16% Solvente

631 Solvente 0,41% Solvente 0,19% Solvente

473 Solvente 0,46% Solvente 0,00% Solvente

381 Solvente 0,78% Solvente 3,58% Solvente

338 Solvente 0,57% Solvente 0,05% Solvente

217 Solvente 0,65% Solvente 0,58% Solvente

436 Solvente 0,21% Solvente 4,77% Solvente

266 Solvente 0,32% Solvente 2,14% Solvente

1112 Solvente 1,12% Solvente 1,88% Solvente

537 Solvente 3,53% Solvente 8,67% Solvente

494 Solvente 1,16% Solvente 1,25% Solvente

185 Solvente 0,29% Solvente 0,20% Solvente

327 Solvente 0,46% Solvente 0,02% Solvente

222 Solvente 4,20% Solvente 12,10% Solvente

457 Solvente 6,02% Solvente 2,56% Solvente

482 Solvente 0,25% Solvente 0,16% Solvente

464 Solvente 0,14% Solvente 0,09% Solvente

422 Solvente 0,10% Solvente 0,00% Solvente

690 Solvente 0,96% Solvente 0,07% Solvente

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115

Cod. Coop. Grupo

Probab. Estimada modelo

31.12.2003

Previsão Modelo

31.12.2003 (Ponto de corte:

0,50)

Probab. Estimada modelo

31.12.2002

Previsão Modelo

31.12.2002 (Ponto de corte:

0,50) 646 Solvente 0,45% Solvente 0,44% Solvente

67 Solvente 0,12% Solvente 0,75% Solvente

412 Solvente 8,86% Solvente 0,52% Solvente

305 Solvente 0,92% Solvente 1,12% Solvente

535 Solvente 1,31% Solvente 0,59% Solvente

150 Solvente 1,44% Solvente 1,87% Solvente

481 Solvente 0,48% Solvente 0,05% Solvente

416 Solvente 1,24% Solvente 1,20% Solvente

647 Solvente 0,28% Solvente 0,10% Solvente

227 Solvente 1,77% Solvente 3,22% Solvente

286 Solvente 0,80% Solvente 0,00% Solvente

439 Solvente 0,82% Solvente 1,79% Solvente

530 Solvente 0,54% Solvente 0,28% Solvente

445 Solvente 0,45% Solvente 0,07% Solvente

559 Solvente 0,86% Solvente 0,36% Solvente

92 Solvente 1,36% Solvente 0,00% Solvente

321 Solvente 0,99% Solvente 0,56% Solvente

245 Solvente 0,23% Solvente 7,50% Solvente

415 Solvente 18,70% Solvente 5,18% Solvente

509 Solvente 0,77% Solvente 0,55% Solvente

58 Solvente 2,19% Solvente 0,22% Solvente

528 Solvente 1,44% Solvente 0,01% Solvente

178 Solvente 4,78% Solvente 3,53% Solvente

383 Solvente 8,22% Solvente 58,60% Insolvente

579 Solvente 0,53% Solvente 0,19% Solvente

582 Solvente 0,53% Solvente 0,25% Solvente

432 Solvente 2,96% Solvente 0,87% Solvente

444 Solvente 0,79% Solvente 0,11% Solvente

335 Solvente 1,80% Solvente 4,14% Solvente

452 Solvente 0,45% Solvente 0,00% Solvente

419 Solvente 5,37% Solvente 0,07% Solvente

50 Solvente 3,47% Solvente 5,73% Solvente

369 Solvente 1,17% Solvente 2,36% Solvente

681 Solvente 0,74% Solvente 1,09% Solvente

249 Solvente 0,64% Solvente 0,01% Solvente

417 Solvente 6,19% Solvente 68,46% Insolvente

532 Solvente 0,18% Solvente 0,29% Solvente

477 Solvente 0,69% Solvente 0,86% Solvente

258 Solvente 1,23% Solvente 0,65% Solvente

218 Solvente 7,15% Solvente 24,16% Solvente

602 Solvente 0,53% Solvente 0,14% Solvente

386 Solvente 0,70% Solvente 0,00% Solvente

593 Solvente 1,48% Solvente 2,45% Solvente

209 Solvente 0,88% Solvente 0,09% Solvente

497 Solvente 0,62% Solvente 0,33% Solvente

368 Solvente 0,26% Solvente 0,00% Solvente

411 Solvente 1,05% Solvente 4,89% Solvente

441 Solvente 0,24% Solvente 2,36% Solvente

460 Solvente 0,60% Solvente 0,00% Solvente

351 Solvente 2,48% Solvente 0,60% Solvente

151 Solvente 0,26% Solvente 1,22% Solvente

379 Solvente 0,25% Solvente 0,02% Solvente

465 Solvente 0,79% Solvente 0,12% Solvente

278 Solvente 0,72% Solvente 0,11% Solvente

405 Solvente 0,91% Solvente 51,39% Insolvente

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116

Cod. Coop. Grupo

Probab. Estimada modelo

31.12.2003

Previsão Modelo

31.12.2003 (Ponto de corte:

0,50)

Probab. Estimada modelo

31.12.2002

Previsão Modelo

31.12.2002 (Ponto de corte:

0,50) 317 Solvente 1,69% Solvente 0,28% Solvente

332 Solvente 1,56% Solvente 0,05% Solvente

197 Solvente 8,18% Solvente 0,75% Solvente

140 Solvente 0,44% Solvente 1,22% Solvente

1230 Solvente 2,41% Solvente 21,54% Solvente

308 Solvente 2,30% Solvente 0,18% Solvente

301 Solvente 0,37% Solvente 1,27% Solvente

547 Solvente 0,77% Solvente 1,32% Solvente

261 Solvente 2,41% Solvente 8,94% Solvente

145 Solvente 0,27% Solvente 0,01% Solvente

456 Solvente 0,42% Solvente 0,35% Solvente

365 Solvente 0,42% Solvente 0,46% Solvente

472 Solvente 2,68% Solvente 28,46% Solvente

529 Solvente 11,02% Solvente 0,49% Solvente

390 Solvente 0,21% Solvente 0,51% Solvente

311 Solvente 3,74% Solvente 0,36% Solvente

421 Solvente 0,08% Solvente 0,09% Solvente

303 Solvente 17,07% Solvente 16,62% Solvente

295 Solvente 0,58% Solvente 0,01% Solvente

470 Solvente 0,37% Solvente 0,13% Solvente

285 Solvente 0,23% Solvente 0,00% Solvente

361 Solvente 0,50% Solvente 0,19% Solvente

394 Solvente 2,27% Solvente 2,11% Solvente

570 Solvente 0,27% Solvente 0,15% Solvente

495 Solvente 0,23% Solvente 0,20% Solvente

291 Solvente 1,93% Solvente 2,36% Solvente

373 Solvente 0,55% Solvente 0,93% Solvente

100 Solvente 0,15% Solvente 0,17% Solvente

234 Solvente 0,62% Solvente 0,70% Solvente

399 Solvente 4,47% Solvente 3,32% Solvente

446 Solvente 8,36% Solvente 0,01% Solvente

188 Solvente 1,36% Solvente 0,43% Solvente

284 Solvente 0,53% Solvente 1,37% Solvente

307 Solvente 1,19% Solvente 0,12% Solvente

459 Solvente 0,49% Solvente 0,24% Solvente

467 Solvente 0,13% Solvente 0,00% Solvente

319 Solvente 0,30% Solvente 1,03% Solvente

438 Solvente 2,11% Solvente 0,22% Solvente

154 Solvente 1,10% Solvente 0,87% Solvente

545 Solvente 0,35% Solvente 0,11% Solvente

548 Solvente 5,18% Solvente 34,84% Solvente

469 Solvente 0,79% Solvente 6,30% Solvente

152 Solvente 1,23% Solvente 2,91% Solvente

299 Solvente 0,46% Solvente 0,21% Solvente

93 Solvente 0,29% Solvente 0,00% Solvente

206 Solvente 7,75% Solvente 8,28% Solvente

513 Solvente 0,18% Solvente 0,12% Solvente

384 Solvente 0,53% Solvente 0,00% Solvente

340 Solvente 0,37% Solvente 0,05% Solvente

199 Solvente 2,32% Solvente 0,98% Solvente

493 Solvente 0,05% Solvente 4,97% Solvente

216 Solvente 0,72% Solvente 0,02% Solvente

1254 Solvente 4,19% Solvente 5,22% Solvente

194 Solvente 0,27% Solvente 0,08% Solvente

269 Solvente 1,69% Solvente 1,83% Solvente

Page 118: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

117

Cod. Coop. Grupo

Probab. Estimada modelo

31.12.2003

Previsão Modelo

31.12.2003 (Ponto de corte:

0,50)

Probab. Estimada modelo

31.12.2002

Previsão Modelo

31.12.2002 (Ponto de corte:

0,50) 310 Solvente 0,60% Solvente 0,00% Solvente

401 Solvente 0,62% Solvente 1,03% Solvente

330 Solvente 0,59% Solvente 0,30% Solvente

224 Solvente 1,08% Solvente 0,18% Solvente

179 Solvente 2,21% Solvente 0,51% Solvente

433 Solvente 0,05% Solvente 0,00% Solvente

503 Solvente 0,37% Solvente 0,98% Solvente

240 Solvente 0,73% Solvente 1,28% Solvente

440 Solvente 0,23% Solvente 0,03% Solvente

214 Solvente 17,93% Solvente 37,06% Solvente

139 Solvente 2,90% Solvente 8,98% Solvente

252 Solvente 0,36% Solvente 0,16% Solvente

372 Solvente 3,62% Solvente 0,13% Solvente

268 Solvente 1,33% Solvente 0,10% Solvente

259 Solvente 0,27% Solvente 1,87% Solvente

253 Solvente 1,03% Solvente 0,02% Solvente

426 Solvente 0,94% Solvente 2,46% Solvente

147 Solvente 0,61% Solvente 0,66% Solvente

348 Solvente 1,96% Solvente 1,80% Solvente

265 Solvente 6,88% Solvente 17,48% Solvente

276 Solvente 2,16% Solvente 3,68% Solvente

546 Solvente 3,01% Solvente 11,86% Solvente

560 Solvente 0,30% Solvente 0,15% Solvente

306 Solvente 3,30% Solvente 0,33% Solvente

60 Solvente 42,08% Solvente 15,62% Solvente

512 Solvente 0,28% Solvente 1,06% Solvente

382 Solvente 20,72% Solvente 0,68% Solvente

391 Solvente 1,11% Solvente 0,15% Solvente

158 Solvente 1,03% Solvente 0,00% Solvente

1234 Solvente 12,30% Solvente 0,08% Solvente

168 Solvente 25,05% Solvente 4,20% Solvente

73 Solvente 0,41% Solvente 5,21% Solvente

536 Solvente 0,16% Solvente 0,00% Solvente

325 Solvente 0,47% Solvente 0,00% Solvente

1018 Solvente 43,46% Solvente 0,57% Solvente

163 Solvente 0,53% Solvente 0,51% Solvente

86 Solvente 1,01% Solvente 0,85% Solvente

263 Solvente 0,21% Solvente 2,78% Solvente

496 Solvente 0,79% Solvente 0,32% Solvente

280 Solvente 1,24% Solvente 0,37% Solvente

334 Solvente 0,17% Solvente 0,03% Solvente

355 Solvente 0,37% Solvente 0,33% Solvente

219 Solvente 0,90% Solvente 1,07% Solvente

350 Solvente 0,57% Solvente 0,28% Solvente

187 Solvente 0,36% Solvente 0,21% Solvente

364 Solvente 1,54% Solvente 1,66% Solvente

202 Solvente 0,59% Solvente 0,88% Solvente

476 Solvente 48,03% Solvente 38,43% Solvente

270 Solvente 0,67% Solvente 0,29% Solvente

226 Solvente 11,18% Solvente 0,33% Solvente

349 Solvente 1,45% Solvente 2,28% Solvente

1301 Solvente 1,00% Solvente 68,81% Insolvente

347 Solvente 1,57% Solvente 1,47% Solvente

583 Solvente 0,48% Solvente 0,48% Solvente

353 Solvente 0,55% Solvente 0,00% Solvente

Page 119: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

118

Cod. Coop. Grupo

Probab. Estimada modelo

31.12.2003

Previsão Modelo

31.12.2003 (Ponto de corte:

0,50)

Probab. Estimada modelo

31.12.2002

Previsão Modelo

31.12.2002 (Ponto de corte:

0,50) 320 Solvente 0,29% Solvente 0,05% Solvente

634 Solvente 2,33% Solvente 3,30% Solvente

133 Solvente 1,33% Solvente 0,14% Solvente

156 Solvente 0,67% Solvente 1,21% Solvente

688 Solvente 0,73% Solvente 0,00% Solvente

339 Solvente 14,54% Solvente 1,70% Solvente

937 Solvente 1,59% Solvente 0,02% Solvente

247 Solvente 2,07% Solvente 0,29% Solvente

161 Solvente 0,29% Solvente 4,01% Solvente

173 Solvente 0,58% Solvente 0,01% Solvente

124 Solvente 0,31% Solvente 0,07% Solvente

135 Solvente 0,38% Solvente 3,23% Solvente

212 Solvente 2,51% Solvente 0,75% Solvente

267 Solvente 0,60% Solvente 0,19% Solvente

257 Solvente 0,89% Solvente 1,41% Solvente

132 Solvente 99,47% Insolvente 4,94% Solvente

78 Solvente 0,50% Solvente 0,00% Solvente

45 Solvente 0,82% Solvente 2,39% Solvente

223 Solvente 12,90% Solvente 8,32% Solvente

236 Solvente 0,92% Solvente 0,28% Solvente

75 Solvente 2,67% Solvente 2,16% Solvente

210 Solvente 0,35% Solvente 0,07% Solvente

94 Solvente 1,01% Solvente 0,13% Solvente

153 Solvente 5,75% Solvente 3,90% Solvente

77 Solvente 0,50% Solvente 0,00% Solvente

256 Solvente 0,60% Solvente 0,13% Solvente

116 Solvente 4,87% Solvente 3,00% Solvente

203 Solvente 1,22% Solvente 0,03% Solvente

130 Solvente 0,17% Solvente 1,51% Solvente

329 Solvente 0,66% Solvente 0,54% Solvente

183 Solvente 0,52% Solvente 0,20% Solvente

189 Solvente 0,40% Solvente 0,00% Solvente

138 Solvente 7,57% Solvente 6,26% Solvente

221 Solvente 0,81% Solvente 0,23% Solvente

248 Solvente 1,99% Solvente 3,41% Solvente

251 Solvente 2,10% Solvente 0,32% Solvente

244 Solvente 0,63% Solvente 0,26% Solvente

336 Solvente 0,30% Solvente 0,00% Solvente

85 Solvente 0,32% Solvente 0,89% Solvente

300 Solvente 2,95% Solvente 4,09% Solvente

275 Solvente 2,11% Solvente 0,15% Solvente

627 Solvente 1,18% Solvente 1,11% Solvente

108 Solvente 1,24% Solvente 0,88% Solvente

279 Solvente 1,03% Solvente 0,25% Solvente

190 Solvente 0,74% Solvente 0,09% Solvente

141 Solvente 24,93% Solvente 10,47% Solvente

91 Solvente 0,69% Solvente 0,35% Solvente

117 Solvente 2,09% Solvente 6,83% Solvente

289 Solvente 4,40% Solvente 27,39% Solvente

166 Solvente 0,85% Solvente 2,19% Solvente

246 Solvente 1,37% Solvente 0,00% Solvente

120 Solvente 2,37% Solvente 2,64% Solvente

239 Solvente 1,39% Solvente 0,19% Solvente

174 Solvente 1,28% Solvente 0,19% Solvente

61 Solvente 1,29% Solvente 0,01% Solvente

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119

Cod. Coop. Grupo

Probab. Estimada modelo

31.12.2003

Previsão Modelo

31.12.2003 (Ponto de corte:

0,50)

Probab. Estimada modelo

31.12.2002

Previsão Modelo

31.12.2002 (Ponto de corte:

0,50) 326 Solvente 0,43% Solvente 0,39% Solvente

195 Solvente 0,21% Solvente 13,98% Solvente

901 Solvente 0,37% Solvente 2,82% Solvente

538 Solvente 1,23% Solvente 0,00% Solvente

169 Solvente 1,08% Solvente 1,10% Solvente

149 Solvente 5,10% Solvente 0,26% Solvente

121 Solvente 0,67% Solvente 0,69% Solvente

164 Solvente 5,14% Solvente 0,14% Solvente

99 Solvente 1,38% Solvente 0,78% Solvente

74 Solvente 0,62% Solvente 0,29% Solvente

250 Solvente 2,17% Solvente 0,02% Solvente

66 Solvente 10,72% Solvente 31,63% Solvente

128 Solvente 1,35% Solvente 0,95% Solvente

155 Solvente 2,51% Solvente 0,93% Solvente

378 Solvente 0,44% Solvente 0,48% Solvente

162 Solvente 2,18% Solvente 1,77% Solvente

322 Solvente 5,03% Solvente 15,78% Solvente

98 Solvente 0,43% Solvente 0,01% Solvente

148 Solvente 3,54% Solvente 1,76% Solvente

144 Solvente 1,55% Solvente 0,00% Solvente

519 Solvente 1,31% Solvente 1,32% Solvente

182 Solvente 1,02% Solvente 0,21% Solvente

220 Solvente 1,17% Solvente 1,32% Solvente

118 Solvente 1,18% Solvente 2,21% Solvente

192 Solvente 7,31% Solvente 3,67% Solvente

82 Solvente 1,24% Solvente 0,13% Solvente

486 Solvente 1,69% Solvente 0,00% Solvente

63 Solvente 1,01% Solvente 0,77% Solvente

87 Solvente 23,09% Solvente 2,20% Solvente

255 Solvente 1,10% Solvente 1,28% Solvente

454 Solvente 1,27% Solvente 1,82% Solvente

315 Solvente 2,23% Solvente 0,24% Solvente

127 Solvente 2,23% Solvente 2,13% Solvente

70 Solvente 4,77% Solvente 2,43% Solvente

518 Solvente 85,44% Insolvente 1,73% Solvente

81 Solvente 2,23% Solvente 0,77% Solvente

71 Solvente 2,41% Solvente 1,23% Solvente

54 Solvente 1,20% Solvente 1,05% Solvente

296 Solvente 10,97% Solvente 3,57% Solvente

425 Solvente 78,92% Insolvente 7,03% Solvente

Page 121: Análise comparativa de modelos de previsão de insolvência ... · Aplicação da técnica de regressão logística na previsão de insolvência no segmento das cooperativas de crédito

120

ANEXOS