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ANÁLISE DA APLICABILIDADE DO JOGO DE SIMULAÇÃO LOGÍSTICA LOGSIM Roberto Portes Ribeiro (UFSM) [email protected] Cristhian Saggin (UFSM) [email protected] Anderson Luis Walker Amorin (UFSM) [email protected] Os jogos de empresas são desenvolvidos com o intuito de simular situações empresariais, onde o jogador pode desenvolver diversas habilidades necessárias para a realidade da gestão empresarial. Este trabalho descreve uma aplicação do jogo LOOGSIM, que consiste num modelo matemático de simulação logística que propõe equilibrar a relação entre estoques e transportes, onde o jogador escolhe quantidades de suprimentos e o modal de transporte para atender uma determinada demanda de mercado, buscando o menor custo logístico. Discorre sobre as características e resultados do simulador. Tem por finalidade a comparação dos resultados obtidos na execução do jogo LOGSIM com a base de cálculo apresentada pelo autor. A aplicação do jogo ocorreu em um grupo de estudantes do curso de graduação em administração do CESNORS da Universidade Federal de Santa Maria, onde foram coletados os dados e posteriormente comparados com uma planilha formulada segundo os cálculos apresentados pelo autor em sua dissertação. Palavras-chaves: simulação logística, jogos de empresas, modais de transporte XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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ANÁLISE DA APLICABILIDADE DO

JOGO DE SIMULAÇÃO LOGÍSTICA

LOGSIM

Roberto Portes Ribeiro (UFSM)

[email protected]

Cristhian Saggin (UFSM)

[email protected]

Anderson Luis Walker Amorin (UFSM)

[email protected]

Os jogos de empresas são desenvolvidos com o intuito de simular

situações empresariais, onde o jogador pode desenvolver diversas

habilidades necessárias para a realidade da gestão empresarial. Este

trabalho descreve uma aplicação do jogo LOOGSIM, que consiste num

modelo matemático de simulação logística que propõe equilibrar a

relação entre estoques e transportes, onde o jogador escolhe

quantidades de suprimentos e o modal de transporte para atender uma

determinada demanda de mercado, buscando o menor custo logístico.

Discorre sobre as características e resultados do simulador. Tem por

finalidade a comparação dos resultados obtidos na execução do jogo

LOGSIM com a base de cálculo apresentada pelo autor. A aplicação

do jogo ocorreu em um grupo de estudantes do curso de graduação em

administração do CESNORS da Universidade Federal de Santa Maria,

onde foram coletados os dados e posteriormente comparados com uma

planilha formulada segundo os cálculos apresentados pelo autor em

sua dissertação.

Palavras-chaves: simulação logística, jogos de empresas, modais de

transporte

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

Os jogos de simulação surgiram com o intuito de aproximar um ambiente simulado à

realidade, desde os primeiros registros de jogos de simulação até os softwares atuais, os quais

são desenvolvidos em diversos campos de estudo, como por exemplo, jogos de empresas,

aplicados a diversas áreas como produção, estratégias de mercado, finanças e logística.

Inúmeras entidades educacionais e empresas procuram utilizar os jogos como ferramenta de

aprendizagem e treinamento de estudantes e profissionais, permitindo que estes vivenciem

situações que envolvam a aplicação de conhecimentos e técnicas que precisariam utilizar no

ambiente de uma empresa, com isso, acrescentando maior dinâmica a forma de ensino

tradicional.

A área de logística possui diversas ferramentas para se trabalhar, cada uma possuindo suas

particularidades e características. Devido à competitividade atual do universo organizacional,

a logística surge como uma das principais áreas a ser analisada, por representar uma fonte de

custos que afetam diretamente o desempenho organizacional. Assim, a logística ganha a

responsabilidade de agregar valor ao produto através do serviço por ela oferecido ao menor

preço possível. Neste contexto, o simulador logístico abordado neste artigo propicia aos

jogadores a utilização de alguns tipos de transporte disponíveis e trata a questão dos estoques

equilibrando a disponibilidade de produtos ao cliente com o menor nível de estoque possível.

Com isso o jogador que melhor equilibrar essa relação incorrerá em resultados satisfatórios

no jogo.

Este artigo tem como objetivo verificar a aplicabilidade do jogo de simulação logística

denominado LOGSIM proposto por Cavanha Filho em 2000, em sua dissertação submetida ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC). O modelo proposto permite a experimentação de níveis de

estoques e atendimento à demanda de mercado, pelo estabelecimento de quantidades de

materiais de fontes provedoras visando medir o menor custo logístico total, resultado das

entregas de materiais adequadas em quantidade e tempo, levando em conta as possibilidades

de crises de transporte e o tipo de demanda do produto. Através da comparação do modelo

matemático de simulação do LOGSIM com cálculos em uma planilha eletrônica, busca-se

analisar os cálculos do LOGSIM e interpretar seus resultados de acordo com o que foi

proposto por Cavanha Filho (2000) na concepção do jogo. Para essa análise, será realizada a

aplicação do jogo LOGSIM em um grupo de estudantes de graduação em administração do

CESNORS da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Para o alcance desse objetivo, esta pesquisa está dividida em sete partes, esta introdutória. As

duas seções a seguir tratam de uma revisão bibliográfica acerca dos temas: jogos de empresas,

logística, estoques e modais de transporte. A quarta parte apresenta a metodologia de pesquisa

utilizada, o quinto tópico traz a apresentação do LOGSIM, seguido da análise dos resultados

obtidos com a aplicação do jogo em uma turma de graduação em administração, e por fim, as

conclusões deste artigo.

2. Jogos de empresas

Com a presença cada vez mais intensa dos computadores na vida cotidiana existe a

necessidade do desenvolvimento de softwares para diversas finalidades, entre eles pode-se

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destacar os softwares educativos, como ferramentas de apoio ao processo de ensino-

aprendizagem. Novaes (2001) destaca utilização de jogos como suporte ao processo de

ensino-aprendizagem dentre os softwares educativos, como sendo mais um auxiliar para o

professor em sua atividade de conduzir os alunos a aprender determinado assunto.

Os jogos de empresas têm sido considerados por muitos autores como um método de ensino

capaz de oportunizar aos participantes uma visão do mundo empresarial e de gestão de

negócios onde, em um curto espaço de tempo, são criadas situações que demonstram com

clareza a necessidade da visão estratégica do negócio e a importância da estruturação de

sistemas de informação gerencial e de apoio a decisão. Conforme Wilhelm (1997) os jogos de

empresas têm a mesma estrutura do jogo simulado, isto é, possuem regras claras e bem

definidas, presença de espírito competitivo, possibilidade de identificar vencedores e

perdedores, ludicidade, fascinação e tensão. Mas, além disso, o jogo simulado permite que os

jogadores coloquem em prática suas habilidades técnicas relacionadas à área empresarial,

realizando sequências de interações proporcionadas pelo jogo simulado. O autor menciona

ainda que os jogos de empresas estruturados são sistemas simulados contendo diversas

atividades essenciais a uma empresa, envolvendo eventos relativos à produção, distribuição e

consumo, permitindo ao grupo vivenciar situações que envolvem a aplicação de

conhecimentos e técnicas de acordo com um objetivo determinado, em períodos de decisão

consecutivos.

Segundo Novaes (2001) a utilização de jogos pode ser mais uma ferramenta de auxílio aos

alunos durante o processo de aprendizagem, ajudando a entender os processos decisórios que

futuramente serão realizados dentro do ambiente de negócios. Congruente a isto Sauaia

(1995) diz que os jogos de empresas buscam um nível de aprendizagem plena integrando os

níveis as dimensões afetiva e cognitiva. Nesta mesma linha, Rosas e Sauaia (2006) revelam

que existe uma expectativa de crescimento do uso do método de aplicação de jogos nos cursos

de administração, sendo evidenciado um crescimento de 250% no número de cursos

utilizando simuladores como jogos de empresas de 2005 para 2010.

3. Logística

Conforme Fleury et al (2007) após o homem ter abandonado a economia extrativista,

iniciaram-se as atividades produtivas organizadas, com a produção especializada que resulta

na troca dos excedentes de produção, surgindo a necessidade de estoque, armazenagem e

transporte. Portanto, a função logística é muito antiga, e seu surgimento se confunde com a

origem da atividade econômica organizada.

A logística não compreende somente transporte, o sistema logístico possui diversos

componentes, e o gerenciamento integrado dos diversos componentes é extremamente

necessário para que as empresas consigam atingir a excelência operacional com baixo custo.

Segundo Fleury et al (2007) para atingir essa meta, as empresas necessitam conhecer muito

bem os trade-offs inerentes a sua operação logística, e possuir sistemas e organização

adequados para tomar as decisões de forma integrada.

A logística pode ser definida de muitas maneiras, porém Christopher (2003) define logística

de modo abrangente, quando considera a logística como um processo de gerenciamento

estratégico para aquisição, movimentação e armazenagem de insumos, componentes e

produtos acabados, incluindo os fluxos de informações. O objetivo da logística é evitar

rupturas no suprimento de diferentes produtos nos pontos de venda e o excesso de materiais

e/ou produtos em toda a cadeia de suprimentos, ou seja, balancear a produção com a

demanda.

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Fleury et al (2007) diz que o movimento da qualidade total e o conceito de produção enxuta

trouxeram consigo um conjunto de técnicas e procedimentos, como JIT, QFD, entre outros. E

essas mudanças influenciaram o surgimento do Supply Chain Management (SCM). Este

possui um conjunto de negócios que ultrapassa as atividades diretamente relacionadas a

logística integrada. O SCM engloba principalmente o canal de distribuição, com o conjunto de

unidades organizacionais, instituições e agentes internos e externos, que executam as funções

que dão apoio ao marketing de produtos e serviços de determinada empresa. Sendo assim o

SCM representa o esforço de integração dos diversos participantes do canal de distribuição

por meio da administração compartilhada de processos-chave de negócios que interligam as

diversas unidades organizacionais e membros do canal, desde o consumidor final até o

fornecedor inicial de matéria-prima.

3.1 Estoques

No caso de companhias industriais e comerciais os estoques representam um dos ativos mais

importantes do capital circulante e da posição financeira. Conforme Iudícibus et al (2008) os

estoques são bens tangíveis ou intangíveis adquiridos ou produzidos pela empresa com o

objetivo de venda ou utilização própria no curso normal de suas atividades. Estão

intimamente ligados as principais áreas de operação das companhias e envolvem problemas

de administração, controle, contabilização e avaliação. O autor ressalta que também são

incluídos como estoque itens adquiridos pela empresa, mas que estão em trânsito, quando sob

condição de compra FOB e/ou ponto de embarque.

Segundo Fleury et al (2007) cada vez mais as empresas estão querendo garantir

disponibilidade de produtos ao cliente final, com o menor nível de estoque possível. São

diversos os fatores que vem determinando esse tipo de política. Um dos fatores é o elevado

custo de oportunidade do capital, reflexo das proibitivas taxas de juros brasileiras, tem

tornado a posse e a manutenção de estoques cada vez mais onerosos. Outro fator é o foco

gerencial na redução do capital circulante líquido uma das medidas adotadas por diversas

empresas que desejam maximizar seus indicadores de valor econômico adicionado. Aumentar

a eficiência desses processos significa simplesmente deslocar para baixo a curva de custos

unitários de movimentação de materiais, permitindo operar com tamanho de lotes de re-

suprimentos menores, sem, no entanto afetar a disponibilidade de produto desejada pelos

clientes finais ou incorrer em aumentos nos custos logísticos totais.

Uma supervalorização de quantidades de estoques pode proporcionar um excesso de estoques

e obsolescência, enquanto projeções muito conservativas podem resultar em faltas de estoques

e perdas aos consumidores. Para qualquer tipo de empresa seria indesejável ter uma situação

de falta de estoques, pois o consumidor poderá ser desviado para outro lugar e parte do

mercado poderá estar perdida. Então, os estoques devem ser suficientes para cobrir as

variações e tempos de atrasos. Segundo Martins e Alt (2003) o gerenciamento adequado de

estoques implica em possuir a quantidade certa de estoque no momento adequado para suprir

a necessidade do consumidor.

O risco pode ser interpretado pelo nível de incerteza associado a um acontecimento. Segundo

Assaf Neto (2008) a mensuração de risco processa-se geralmente por meio do critério

probabilístico, o qual consiste em atribuir probabilidades aos diferentes estados de natureza

esperados e, em conseqüência, aos possíveis resultados do evento. Dessa maneira, é delineada

uma distribuição de probabilidades dos resultados esperados e mensuradas suas principais

medidas de dispersão e avaliação do risco. O que se pode observar em relação ao risco de

falta de estoques é a postura pessoal do gestor em relação ao risco, onde não se encontra uma

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única maneira de agir para todas as situações. O que se busca saber são as preferências do

gestor na relação liquidez financeira relacionada ao baixo nível de estoques e atendimento

eficiente ao cliente.

3.2 Modais de transporte

De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), os modais de

transporte usados para o transporte de cargas são divididos em cinco modos básicos:

rodoviário; ferroviário; dutoviário; aquaviário e aeroviário. Porém neste estudo serão

considerados apenas os modais de transporte utilizados no programa de simulação logística

LOGSIM, que são os modais: aeroviário; rodoviário; ferroviário e aquaviário.

Almeida e Mariano (2007) destacam que o transporte aeroviário é um dos principais tipos de

modais utilizados no comércio exterior, isso demonstra o motivo da utilização deste modal de

transporte no jogo estudado. Congruente a isto Ribeiro e Ferreira (2002) afirmam que o

transporte aéreo obteve uma demanda crescente nos últimos anos, mesmo possuindo um frete

de valor mais elevado do que outros tipos de modais de transporte. Esse sistema de transporte

apresenta como grande vantagem segundo Ballou (2001) a rapidez de entrega das cargas,

especialmente em longas distâncias.

De acordo com Ribeiro e Ferreira (2002) o transporte rodoviário é o tipo de transporte mais

utilizado no Brasil alcançando praticamente todos os locais do território nacional, já que

desde a década de cinquenta é o modal mais desenvolvido e o mais procurado para transporte

de cargas. Este modal oferece uma entrega razoavelmente rápida e confiável para embarques

com volumes de carga fracionada, obtendo vantagem neste segmento de mercado. Além

disso, o transporte rodoviário apresenta custos fixos baixos, já que as rodovias são construídas

com fundos públicos, porém o seu custo variável é considerado alto, pois engloba custos com

taxas de licença, impostos ao usuário e pedágios, combustível e manutenção.

Slack et al (2002) caracteriza o modal ferroviário como um transporte de movimentação lenta

de matéria-prima e de produtos manufaturados de baixo valor a grandes distâncias. Conforme

Ribeiro e Ferreira (2002) o modal ferroviário apresenta custos fixos altos em equipamento,

terminais, vias férreas entre outros custos fixos, porém os custos variáveis são mais baixos,

mas mesmo assim o transporte ferroviário não é tão utilizado quanto o transporte rodoviário

no Brasil, principalmente devido à falta de investimentos nas ferrovias.

O modal aquaviário é considerado o mais lento de todos os modais de transporte, mesmo

assim, o transporte de cargas realizado através de navios é o mais utilizado para o transporte

de cargas de elevada tonelagem a grandes distâncias, em conformidade com isto o Centro de

Ensino de Pesquisa Aplicada da USP (CEPA) ressalta que os custos do transporte hidroviário

são de cinco a dez vezes menores do que os custos dos outros modais de transporte, porém a

grande limitação do transporte por navios é a sua estrutura, já que são poucos os portos com

capacidade de receber navios de grande porte.

4. Metodologia

Com relação à natureza, esta pesquisa caracteriza-se como aplicada, pois conforme apontam

Marconi e Lakatos (2003), a pesquisa aplicada gera conhecimentos novos e úteis para o

avanço da ciência e para aplicação prática. Segundo Cooper e Schindler (2003), um estudo

pode ser visto como exploratório ou formal. Este estudo caracteriza-se como exploratório,

pois os estudos exploratórios tendem a gerar estruturas soltas com objetivos de descobrir

futuras tarefas de pesquisa. O objetivo imediato da exploração normalmente é desenvolver

hipóteses ou questões para pesquisas adicionais. No método de coleta de dados por

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levantamento bibliográfico, como apontam Cooper e Schindler (2003), os dados secundários,

provenientes de levantamentos bibliográficos podem ajudar a decidir o que precisa ser feito,

tornando-se uma rica fonte de hipóteses para o pesquisador. Quanto ao objetivo, segundo

Cooper e Schindler (2003), este estudo caracteriza-se como descritivo, pois pretende analisar

um problema e contribuir para solução desse problema, com a descoberta de associações entre

diferentes variáveis. As simulações são cada vez mais usadas em processos de pesquisa,

Conforme Cooper e Schindler (2003) fazer uma simulação significa copiar a essência de um

sistema ou processo e analisar as variáveis nesse ambiente simulado.

Para aprofundamento nas áreas de logística empresarial e jogos de empresas foi realizado um

levantamento de material bibliográfico nas bibliotecas universitárias, pesquisas de artigos na

internet, através dos sites de busca e visitas a páginas eletrônicas relacionadas ao assunto. A

partir da pesquisa bibliográfica e de cálculos realizados em uma planilha eletrônica do

Microsoft Excel®, buscou-se parâmetros para análise dos dados coletados do simulador com

o objetivo de obter a confirmação dos fenômenos observados no jogo, segundo os critérios

estabelecidos.

A análise realizada no LOGSIM consiste na aplicação do jogo e análise dos resultados obtidos

com a simulação do jogo conforme a base de cálculo definida por Cavanha Filho (2000) em

sua dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e

Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina.

Para o desenvolvimento dessa metodologia, o jogo inicialmente foi aplicado em uma turma do

curso de administração do CESNORS da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),

utilizando a configuração inicial do LOGSIM, sendo que após a explicação do funcionamento

do jogo aos alunos, iniciou-se a simulação com quatro grupos de quatro componentes. Após o

término do jogo, um dos grupos percebeu que o valor dos custos totais apresentados durante a

simulação não convergiam com a forma de cálculo apresentada pelo autor do jogo em sua

dissertação. Sendo assim, este grupo realizou uma nova simulação com o LOGSIM onde os

quatro componentes do grupo competiram individualmente. Buscando explorar o maior

número de estratégias possíveis, iniciou-se a simulação com um jogador priorizando a

estratégia de utilizar exclusivamente o modal aeroviário; outro, buscando priorizar a

utilização do modal hidroviário e completando eventuais excessos de demanda a partir de

outros modais; e os dois jogadores restantes participaram da simulação sem priorizar a

utilização de qualquer um dos tipos de modais de transporte disponíveis, seguindo estratégias

mistas quanto à utilização dos modais de transporte e quanto à formação de estoques.

Por fim, a pesquisa traz reflexões sobre o modelo e seus resultados, salientando também a

importância da aplicação do LOGSIM em uma turma de graduação em administração.

5. O LOGSIM

LOGSIM é a forma reduzida de Logistic Simulator, que vem a ser um software de simulação

logística, livre para cópias e duplicações de propriedade da UFSC, elaborado na linguagem

Visual Basic versão 6.0. O simulador enfatiza o trade-off estoques x transportes, com foco

especial no custo da falta, por até 99 rodadas, em que o operador escolhe quantidades de

suprimentos e formas de transportes para atender uma determinada demanda de mercado,

procurando o menor custo logístico total. Segundo Cavanha Filho (2000), os seus propósitos

são a simulação isolada ou múltipla, por operadores de estoques ou o treinamento em salas de

aula, com a finalidade de estimular a sensibilização do binômio transporte x estoques.

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Na configuração inicial do jogo, o animador deve escolher taxa de juros por rodada, custos de

transporte e de falta de falta de produtos, tendência de demanda de mercado, nível de crise de

demanda, nível de crise de cada modal de transporte, número de operadores e número de

rodadas da aplicação do jogo. Conforme Cavanha Filho (2000) os parâmetros do simulador

servem para dar equilíbrio entre as opções de fazer muito estoque, caso a taxa de juros sejam

baixas, ou de arriscar estoques baixos se as taxas são altas. Com o custo da falta alto, há

tendência em operar com estoques mais altos, evitando-se pagar caro caso haja falta de

produto no mercado.

São considerados custos, para efeito do modelo apresentado por Cavanha Filho (2000), os

seguintes componentes:

Custo de transporte = valor, em moeda, para transportar da origem ao destino, da

quantidade definida, levando em conta o modal de transporte;

Custo de estoques em trânsito = valor, em moeda, relativamente ao tempo do transporte da

origem ao destino, sobre a quantidade de material transportado e o modal escolhido. No

caso do transporte aéreo, como o seu tempo é zero, não existe custo de estoque em

trânsito;

Custo de estoques por não utilização = valor, em moeda, relativamente à quantidade de

material disponível no local de uso, mas que não está contemplado com a demanda de

mercado do momento, passando para confrontar a demanda do período seguinte;

Custo da falta = valor, em moeda, relativamente a não produção por falta de material

disponível, quer seja pela não programação correta, ou pela demanda excessiva ocorrida,

ou por crise de transporte sem a competente cobertura de estoques.

Estão projetadas, para o modelo construído por Cavanha Filho (2000), cinco tipos de crises, as

quais são:

Crise de demanda = ocorrência de descontinuidade aleatória do valor demandado em um

determinado período, ou etapa, gerando uma demanda nula;

Crise de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário e hidroviário = ocorrência de

descontinuidade aleatória da quantidade comandada para transporte em um determinado

tempo, gerando um transporte nulo e havendo perda total do material adquirido.

O sistema desenvolvido por Cavanha Filho (2000) consiste nas seguintes etapas genéricas:

o jogador analisa os dados e define estratégias para atender a demanda de produção ou

mercado, quantidades de materiais a adquirir, forma de transportar, nos níveis de risco e

custo que pretende operar;

o sistema processa dados e obtém valores de demanda de mercado, a vigorarem durante a

execução de um ciclo de rodadas;

o sistema processa os dados dos operadores e os parâmetros de cada rodada, produzindo

um resultado de mercado que envolve a quantidade demandada, resultando em excessos

de estoques, ou faltas e demais conseqüências positivas ou negativas aos operadores;

as rodadas se sucedem até que se atinja a última rodada, quando são computados os

resultados finais.

A comparação de performance dos jogadores ou entre aplicações se dá de forma relativa, pois

o interesse e o foco de Cavanha Filho (2000) são sobre o custo logístico mínimo, sem contar

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com os volumes de venda, questão que pode ser desenvolvida em uma próxima etapa do

trabalho.

6. Resultados

Após a aplicação do simulador logístico LOGSIM aos quatro jogadores, obtiveram-se os

seguintes resultados apresentados nas Tabelas 1 e 2. As linhas no corpo da Tabela 1

representam a quantidade de rodadas efetuadas na simulação, que neste caso foram no número

de 20 rodadas. Quanto às colunas da Tabela 1, a primeira mostra o número de rodadas; já nas

colunas de dois a cinco se encontram a quantidade de produtos transportados correspondentes

aos tipos de modais escolhidos pelos jogadores em cada rodada; a sexta coluna corresponde

aos pedidos e expressa a quantidade de produtos recebidos em cada rodada; a sétima coluna

representa a demanda gerada pelo LOGSIM em cada rodada, e a última coluna corresponde

aos estoques, mostrando a quantidade de produtos armazenados no estoque no decorrer de

cada rodada.

JOGADOR 1 JOGADOR 2

RO

DA

DA

S

AE

RE

O

RO

DO

V.

FE

RR

OV

.

HID

RO

V.

PE

DID

.

DE

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ND

.

ES

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QU

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OV

.

HID

RO

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.

DE

MA

ND

.

ES

TO

QU

E

1 14 6 20 14 9 5 1 9 15 9 9 0

2 1 16 7 12 0 2 2 30 17 12 5

3 4 20 5 15 3 12 25 12 5 12

4 13 5 33 43 5 4 6 31 43 0

5 10 50 15 15 5 5 110 30 15 15

6 40 0 0 5 6 40 0 0 15

7 60 20 50 11 44 7 40 50 0 11 4

8 100 0 144 8 190 0 194

9 0 66 78 9 50 66 178

10 20 12 86 10 0 12 166

11 0 13 73 11 0 13 153

12 10 0 13 60 12 7 3 0 13 140

13 36 15 10 36 96 0 13 12 6 2 0 96 44

14 39 1 2 64 64 0 14 1 11 20 64 0

15 10 30 1 1 0 15 5 18 30 9 1 8

16 3 4 15 15 0 16 20 18 15 11

17 50 10 200 14 14 0 17 10 18 14 15

18 90 1 80 170 170 0 18 95 53 80 155 170 0

19 3 500 14 14 0 19 300 53 14 39

20 780 1157 -377 20 777 1157 1157 39

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da simulação

Tabela 1 – Resultados da simulação para os jogadores 1 e 2

JOGADOR 3 JOGADOR 4

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RO

DA

DA

S

AE

RE

O

RO

DO

V.

FE

RR

OV

.

HID

RO

V.

PE

DID

.

DE

MA

ND

.

ES

TO

QU

E

RO

DA

DA

S

AE

RE

O

RO

DO

V.

FE

RR

OV

.

HID

RO

V.

PE

DID

.

DE

MA

ND

.

ES

TO

QU

E

1 9 11 4 32 9 9 0 1 9 9 9 0

2 1 1 3 12 12 12 0 2 12 12 12 0

3 2 1 3 5 5 0 3 5 5 5 0

4 6 12 43 43 0 4 43 43 43 0

5 2 110 15 15 0 5 15 15 15 0

6 28 30 3 0 3 6 0 0 0 0

7 37 4 12 11 4 7 11 11 11 0

8 6 181 0 185 8 0 0 0 0

9 34 66 153 9 66 66 66 0

10 0 12 141 10 12 12 12 0

11 3 0 13 128 11 13 13 13 0

12 16 1 0 13 115 12 13 13 13 0

13 21 12 0 96 19 13 96 96 96 0

14 5 12 45 64 0 14 64 64 64 0

15 3 2 127 1 1 0 15 1 1 1 0

16 9 12 15 15 0 16 15 15 15 0

17 10 766 14 14 0 17 14 14 14 0

18 24 1 51 170 170 0 18 170 170 170 0

19 1 160 14 14 0 19 14 14 14 0

20 180 1157 1157 0 20 1157 1157 1157 0

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da simulação

Tabela 2 – Resultados da simulação para os jogadores 3 e 4

Na Tabela 1 pode-se observar que os jogadores 1 e 2 utilizaram estratégias mistas no que se

refere ao uso dos modais de transporte, pois não priorizaram o uso de um determinado tipo de

modal para transportar os produtos, e seguiram o critério de atendimento à demanda com

formação de estoques. Já na Tabela 2 pode-se verificar que o jogador 3 priorizou a utilização

do modal hidroviário quando possível, apenas completando as variações de demanda com os

outros modais de transporte disponíveis. A justificativa para esta estratégia é de que o modal

hidroviário apresenta o menor custo de transporte no LOGSIM. O jogador 4 definiu a

estratégia de não formar estoques, e por isso optou em todas as rodadas pelo transporte

através do modal aeroviário, assumindo o custo maior pelo transporte.

A seguir pode-se observar na Tabela 3 o ranking dos vencedores na simulação classificados

em ordem decrescente com relação a seus custos logísticos totais.

Ranking LOGSIM

JOGADOR CUSTO TOTAL ($)

JOGADOR 4 30.260,00

JOGADOR 2 41.808,20

JOGADOR 3 45.112,20

JOGADOR 1 59.427,00

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da simulação

Tabela 3 – Ranking dos vencedores da simulação

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O vencedor desta aplicação do LOGSIM foi o jogador 4 que obteve o menor custo total dentre

todos os jogadores e preferiu utilizar somente o modal aeroviário, definido no jogo como o

modal de transporte de maior custo de transporte e menor tempo de entrega dos produtos, sem

formação de estoques. O jogador 3 que utilizou a estratégia de usar o modal hidroviário com o

menor custo de transporte não obteve a vitória nesta simulação, ficando em terceiro lugar, não

sendo o último colocado devido ao fato aleatório de o jogador 1 ter sofrido falta de produtos

para atender a demanda em uma determinada rodada devido à crise aérea, o que gerou custo

de falta, colaborando para a elevação do seu custo total, deixando o jogador 1 em último

lugar. Já o jogador 2 foi o segundo jogador que mais utilizou o modal aeroviário no decorrer

da simulação e terminou com o segundo menor custo total, encerrando a aplicação do jogo

com a segunda colocação.

Nas vinte rodadas da simulação foi realizada a comparação do custo total obtido no simulador

LOGSIM pelos quatro jogadores em cada rodada com os cálculos descritos por Cavanha Filho

(2000) como sendo dos custos utilizados no simulador. Foi constatado que os valores

verificados no simulador e os cálculos executados conforme a base de cálculo citada pelo

autor não convergem. Após a verificação deste fato, constatou-se que o simulador a cada

rodada somava o custo acumulado da rodada anterior, não tendo razão aparente para isso. O

cálculo do custo total realizado pelo simulador nesta aplicação é dado por:

CT = CR1 + (CR1 + CR2) + (CR1 + CR2 + CR3) + (CR1 + CR2 + CR3 + CR4) + … + (CR1 +

CR2 + CR3 + CR4 + CR5 + CR6 + CR7 + CR8 + CR9 + CR10 + CR11 + CR12+ CR13 + CR14 +

CR15 + CR16 + CR17 + CR18 + CR19 + CR20) (1)

onde CT e CRn representam respectivamente, o custo total e o custo da rodada n, sendo que n

é o número de cada rodada.

Já os cálculos do custo total explicitados por Cavanha Filho (2000) estão representados por:

CT = CR1 + CR2 + CR3 + CR4 + ... + CR20 (2)

Observa-se que a diferença entre as duas formas de calcular o custo total é de que em (2) o

custo apurado em cada rodada tem o mesmo impacto na contabilização do custo total ao final

das vinte rodadas, entretanto em (1) o custo da rodada 1, por exemplo, tem impacto vinte

vezes maior do que o custo encontrado na rodada 20 na apuração do custo total ao final das

vinte rodadas. Sendo assim, o jogador que obtiver menores custos nas jogadas iniciais, tende a

vencer o jogo, pois propaga este menor custo durante as outras rodadas. Já o jogador que

obtiver maiores custos sofrerá o efeito contrário e dificilmente conseguirá reverter esta

situação.

O custo total apurado em cada rodada do LOGSIM é dado por:

CRn = Ct + CF + CEt + CFt + CE (3)

Ct é o custo de transporte dos produtos calculado por:

Ct = Q x CM (4)

CF representa o custo fixo e CEt é o custo do estoque em trânsito dado por:

CEt = Q x P x J (5)

CFt é o custo total da falta de produtos expresso por:

CFt = F x Cf (6)

CE é o custo do estoque dado por:

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CE = E x P x J (7)

Onde: Q = Quantidade de produto pedido

CM = Custo do modal de transporte

P = Preço do produto

J = Taxa de Juros

F = Quantidade de produtos que faltaram para suprir a demanda de mercado

Cf = Custo relativo à falta de um único produto

E = Quantidade de produtos em estoque

Substituindo (4), (5), (6) e (7) em (3), obtem-se o custo total de cada rodada do LOGSIM

dado por:

CRn = (Q x CM) + CF + (Q x P x J) + (F x Cf) + (E x P x J) (8)

Analisando a composição da fórmula de cálculo do custo total apurado em cada rodada do

LOGSIM, conclui-se que os custos de estoque em trânsito e custos de estoque devem ser

evitados, pois são custos que provêm de uma tentativa de antecipar um pedido para obter uma

redução dos custos de transporte, no entanto, esta antecipação do pedido acaba gerando custos

maiores do que pedir somente o necessário para a rodada atual do jogo. Os custos fixos não

têm influência no resultado porque são iguais para todos os competidores. Já os custos de falta

de produtos são cruciais para o desempenho dos jogadores e devem ser evitados

principalmente nas primeiras rodadas da simulação, onde seus efeitos têm uma maior

multiplicação.

A diferença de cálculo do custo total realizado pelo simulador altera o resultado final do jogo,

tornando viável somente a escolha pelo modal aeroviário, pois este modal tem entrega

imediata e seu custo de transporte é contabilizado apenas na rodada corrente sem incorrer em

repetição de contabilização de custo de estoque em trânsito, o que acontece com os modais

rodoviário, ferroviário e hidroviário que acumulam custos dobrados, triplicados e

quadriplicados respectivamente. Desta forma o jogador que optar pelo modal hidroviário será

prejudicado em relação aos outros jogadores que optarem por outras estratégias de transporte.

Sendo assim, pode-se concluir que o jogador que utilizar somente ou em maior parte o modal

de transporte aeroviário será o vencedor do jogo.

7. Conclusão

Os simuladores são muito úteis em diversas áreas do conhecimento, facilitando o aprendizado

e trazendo a realidade ao aprendiz. Os jogadores podem testar suas habilidades em partidas

consecutivas, em um curto espaço de tempo, trazendo uma simplificação do que acontece no

dia-a-dia. Nesta mesma linha, o autor do jogo LOGSIM propõe o trade-off estoques x

transportes simulando o ambiente logístico. Neste sentido, o LOGSIM proposto por Cavanha

Filho em 2000, em sua dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia

de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina atende às expectativas de

simular um ambiente real, a medida que faz com que os participantes que estão em sala de

aula e não tiveram a oportunidade de perceber a importância da relação entre as variáveis

logísticas, possam fazê-lo através do LOGSIM.

Após a análise dos resultados da aplicação do jogo, se verificou que o simulador LOGSIM

apresenta algumas divergências entre os cálculos citados pelo autor do jogo proposto e os

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valores apresentados de fato na simulação realizada com o grupo de estudantes. Dentre os

resultados encontrados após o jogo, foi constatado que o jogador que utilizar somente, ou em

maior parte o modal de transporte aeroviário obterá o menor custo, pois não terá outros custos

acumulados a serem somados em cada rodada além do custo fixo e do custo de transporte,

como ocorre no uso de outros modais de transporte, e se tornará o vencedor, com isso não

sendo necessária nenhuma escolha complexa do mesmo durante o jogo.

Sugere-se que o modelo matemático do simulador LOGSIM passe por um pequeno ajuste no

cálculo do custo total de modo que o custo apurado em cada rodada tenha o mesmo impacto

na contabilização do custo total ao final de n rodadas, desse modo, o simulador estará

considerando o mesmo peso para o custo de cada uma das n rodadas, permitindo que os

jogadores tenham maiores possibilidades de formar estratégias, englobando todos os modais

de transporte, de acordo com o que é proposto por Cavanha Filho (2000).

A aplicação do jogo de simulação LOGSIM em um grupo de estudantes de graduação em

administração do CESNORS da Universidade Federal de Santa Maria comprova, mais uma

vez, a utilização do LOGSIM como valiosa ferramenta do processo de ensino aprendizagem, a

medida que o modelo proposto permite a experimentação de níveis de estoques e atendimento

à demanda de mercado, pelo estabelecimento de pedidos de suprimentos objetivando medir o

menor custo logístico total, resultado das entregas de materiais adequadas em quantidade e

tempo, levando em consideração as possibilidades de crises de transporte e o tipo de demanda

do produto.

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