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Análise da Situação da Mortalidade Infantil no Estado do Paraná, Brazil em
2004, baseado no Sistema de Investigação da Mortalidade Infantil (SIMI):
Vianna, Rossana C. X. F. 1, 2 Moro, Claudia. 2
Secretaria Estadual de Saúde Paraná (SESA-Pr.) 1
Programa de Pós- Graduação de Tecnologia em Saúde PUC-PR. 2
RESUMO:
O presente trabalho tem como objetivo analisar a situação da Mortalidade
Infantil no Estado do Paraná, Brazil no ano de 2004. Analisa-se os dados
encontrados no referido ano, baseado no Sistema de Informação da Mortalidade
(SIM) e no Sistema de Investigação da Mortalidade Infantil (SIMI). Avalia-se as
causas de óbitos infantis antes e após a investigação dos Comitês Municipais,
Regionais e Estadual; segundo os grandes grupos de causas (CID-10) de óbitos
mais encontrados no Paraná. Considera-se a evitabilidade dos óbitos ( onde 72 %
dos óbitos poderiam ser evitados), os critérios de evitabilidade dos óbitos ( onde
54% dos óbitos estão relacionados com afecções maternas), responsabilidade
pelos óbitos ( onde 21% são de responsabilidade familiar pelo óbito e 18% por
responsabilidade da assistência ambulatorial), bem como medidas de prevenção
(onde 32% poderiam ser prevenidos com medidas de atenção ambulatorial) da
Mortalidade Infantil, visando subsidiar os gestores de saúde no planejamento de
ações que promovam a redução da Mortalidade Infantil no Estado do Paraná,
Brazil.
Descritores: Mortalidade Infantil, Tecnologia em Saúde, Sistemas de
Informação em Saúde.
ABSTRACT:
The present work has as objective to analyze the situation of Infant Mortality
in State of Paraná, Brazil, in the year of 2004. One analyzes the data found in the
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related year, based on the Mortality Information System (SIM)and on the Infant
Dealth Inquiry System (SIMI). One evaluates the causes of dealths infant before
and after the inquiry of the Municipal, Regional and State Committees; according to
great groups of causes (ICD- International Classification of Diseases -10) of found
dealths more in the Paraná. One considers evitability (72% evitability), evitability
criteries ( 54% related with maternity afections), responsability ( 21% familiar
responsability and 18% ambulatorial assistence responsability), as well as
measures of prevention ( 32% prevent with ambulatorial assistence) of Infant
Dealth, aiming at to subsidize the managers of health in the planning of actions
that promote the reduction of Infant Dealth in the State of Paraná.
Key words: Infant Mortality, Health Technology, Health Informatic System.
INTRODUÇÃO:
A mortalidade infantil é importante como indicador das condições de saúde,
das condições ambientais, como também do nível social e econômico da
população. É um indicador que está relacionado às condições de vida de uma
população, quando da sua redução pode estar relacionada com a ampliação dos
serviços de saneamento básico, principalmente o aumento do número de
domicílios abastecidos com água, a ampliação da oferta dos serviços de saúde e
de atenção básica, a implantação de programas voltados para a saúde da mulher
e da criança como atenção ao pré-natal, ao parto, ao aleitamento materno, à
terapia de reidratação oral, entre outros; o aumento das coberturas vacinais e a
queda da fecundidade, observado também por Almeida Filho (2002).
Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, 2003 um dos
objetivos da saúde nacional americana é reduzir a mortalidade infantil até 2010 até
4,5óbitos /1000 nascidos vivos, mas também tem dificuldades, como no Brasil,
para atingir este objetivo devido às diferenças regionais, como em Delaware que
foi analisado de 1994-2000 onde Jarrell (2003) comprovou que o baixo peso ao
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nascer, a falta de pré-natal, mães suburbanas determinam a etiologia do aumento
da mortalidade nesta subpopulação.
As causas de mortalidade infantil no Paraná se alteraram ao longo do
tempo. Nos anos 1980, as principais causas de óbitos eram as doenças infecto
contagiosas, que sofreram declínio principalmente relacionado as medidas de
incentivo ao aleitamento materno e à terapia de reidratação oral e às campanhas
maciças de vacinação. Crescendo em importância as causas perinatais, que são
decorrentes da gravidez, do parto e do nascimento, respondendo por mais de 50%
das causas de óbitos no primeiro ano de vida, observado também por Medronho,
(2003).
Segundo Greg (2003), o melhor atendimento e a melhora da sobrevida
neonatal concorreram para reduzir a mortalidade neonatal nos Estados Unidos,
sendo referência nacional para peso ao nascer e idade gestacional relacionados
com o grau de mortalidade neonatal, estes dados servindo como auxiliares ao
clínico para tomar decisões nos cuidados prestados aos recém nascidos e nas
discussões com os pais.
Os coeficientes de mortalidade infantil no Paraná passaram de 56,35/1000
nascidos vivos em 1979 para 15,37/1000 nascidos vivos em 2004. Em número
absoluto de óbitos, em 1979 foram 11.469 óbitos e em 2004 foram 2.443 óbitos
infantis.
No Paraná existem 22 Regionais de Saúde (RS) que possuem 22 Comitês
Regionais de Prevenção do Óbito Infantil e analisam pelo menos 60% (valor
pactuado entre as RS, o Estado e o Ministério da Saúde) dos óbitos infantis
ocorridos em suas regiões e destes existem 151 Comitês Municipais que fazem a
busca ativa destes óbitos para análise.
O Paraná é o único estado da União que possui um sistema computacional,
criado na Secretaria Estadual de Saúde, no ano 2000, para facilitar a transferência
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dos dados obtidos por estas análises municipais e regionais dos óbitos infantis
ocorridos no Estado.
Outra dificuldade para redução dos óbitos infantis é a dificuldade de
entendimento e comunicação entre médicos e pacientes, incluindo as diferenças
culturais, sendo que a informática pode contribuir com estudos para melhor
entender a complexa interação médico- paciente e melhorar a infra- estrutura nos
cuidados à saúde, segundo Alexa (2005).
OBJETIVO:
Analisar a situação da Mortalidade Infantil no estado do Paraná em 2004, a
partir dos dados baseados nas informações do Sistema de Investigação de
Mortalidade Infantil (SIMI).
METODOLOGIA:
Os resultados apresentados são provenientes do banco de dados do
Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), gerenciado pelo Ministério da
Saúde (MS) e do Sistema de Investigação da Mortalidade Infantil (SIMI),
gerenciado pelo Centro de Informação e Diagnóstico em Saúde (CIDS). O SIM
refere-se a dados diretos, coletados da Declaração de Óbito e o SIMI refere-se a
dados coletados após a análise realizada pelos Comitês de Prevenção de
Mortalidade Infantil Municipais, Regionais e Estadual. Os Comitês de Prevenção
de Mortalidade Infantil foram criados no Paraná em 1994, passando a atuar
efetivamente a partir de 1999 (Vianna,2004); sendo criado no ano 2000 o sistema
informatizado de investigação de óbitos infantis nesta Secretaria, sendo único no
Brasil (Vianna, 2005). A seqüência da análise dos óbitos foi relatada em (Vianna,
2004).
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A Declaração de Óbito (DO) chega ao município na Vigilância
Epidemiológica, onde é solicitado ao Serviço de Saúde( ambulatório, hospital,
domicílio) os dados de atendimento como prontuário, carteiras de pré-natal,
carteira de vacinação, dados do pré-natal. Sendo tudo preenchido na ficha de
investigação, juntamente com dados da visita domiciliar realizada geralmente pela
enfermeira da Unidade de Saúde.
Após coletados os dados, estes são analisados pelos Comitês Municipais
de Prevenção do Óbito Infantil, sendo repassados aos Comitês Regionais de
Prevenção de Mortalidade Infantil nas Vigilâncias Epidemiológicas Regionais que
vão fazer a revisão, complementação, análise e digitação das fichas de análise no
(SIMI).
Estes, por sua vez repassam via intranet estes dados ao Comitê Estadual
de Prevenção de Mortalidade Infantil que fará a consolidação e avaliação das
informações do SIMI.
Este após analisar estes dados, transforma em informações e
conhecimentos divulgados aos gestores e demais entidades envolvidas, que
podem desta forma atuar de maneira condizente com a realidade o mais
precocemente possível na redução da ocorrência dos óbitos infantis no Estado.
Neste trabalho são apresentados dados da mortalidade infantil e seus
componentes: mortalidade neonatal precoce(<6 dias), mortalidade neonatal tardia
(7 a 27 dias) e pós neonatal ou tardia (28 dias a 1 ano). Esses dados foram
retirados do SIM/SIMI. Sendo que no SIMI foram analisados 75% dos óbitos
infantis ocorridos no Paraná em 2004.
Na ficha do SIMI tem 18 atributos que são:
1. Comitê que analisou o óbito (se Regional ou Municipal).
2. Data do encerramento da análise.
6
3. RS e município de residência.
4. Número da DO.
5. Data e hora do nascimento.
6. Data e hora do óbito.
7. Número da Declaração de Nascidos Vivos (DN).
8. Sexo.
9. Análise do óbito (descritivo).
10. Causa Básica do óbito na DO.
11. Causa Básica do óbito após a investigação pelos Comitês.
12. Morte Evitável.
13. Critérios de Evitabilidade.
14. Responsabilidade pelo óbito.
15. Medidas de Prevenção, com descrição das medidas.
16. Membros presentes e profissão.
17. Qualidade da ficha de investigação.
18. Data da última atualização.
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Ver tela do sistema 1 a seguir:
Tela do Sistema 1. Fonte: Vigilância do Óbito Infantil (VOI)/ Centro de Informação e
Diagnóstico em Saúde (CIDS). Secretaria Estadual de Saúde (SESA-Pr-Br).
Na investigação dos óbitos no SIMI são gerados 20 relatórios:
1. Quantitativo de morte evitável.
2. Quantitativo de critério de evitabilidade.
3. Quantitativo de responsabilidade pelo óbito.
4. Quantitativo de medidas de prevenção.
5. Quantitativo qualidade da ficha.
8
6. Quantitativo tipo de óbito por RS/ município.
7. Quantitativo CID ( Classificação Internacional de Doenças- 10) básica.
8. Quantitativo CID após investigação.
9. Quantitativo por RS.
10 Total de óbitos por municípios.
11 Análises com CID errado.
12 Quantitativo por RS/ ano.
13 Quantitativo por RS/ município/ ano.
14 Quantitativo de morte evitável/ município.
15 Quantitativo de critérios de evitabilidade/ municípios.
16 Quantitativo responsabilidade óbitos/ municípios.
17 Quantitativo medidas de prevenção/ município.
18 Quantitativo qualidade da ficha/ município.
19 Quantitativo por CID básica/ município.
20 Quantitativo CID após a investigação/ município.
No SIMI são gerados também 6 gráficos básicos para os usuários do sistema
terem as primeiras informações sobre os comportamentos dos óbitos infantis ao
longo do tempo pesquisado. São eles de:
1. Morte evitável.
2. Critérios de Evitabilidade.
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3. Responsabilidade pelo óbito.
4. Medidas de prevenção.
5. Qualidade da ficha.
6. Grupo das medidas de prevenção.
RESULTADOS e DISCUSSÃO:
Em 2004 no Paraná 72% dos óbitos infantis poderiam ser evitados, 21%
seriam inevitáveis e 7% estavam inconclusivos; segundo análises dos Comitês de
Prevenção de Mortalidade Infantil (Vianna, 2003), utilizando o Sistema de
Investigação de Mortalidade Infantil (Vianna, 2004). Conforme Gráfico 1 abaixo.
GRÁFICO DA EVITABILIDADE DOS ÓBITOS:
Gráfico1. Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr. 2004.
72%
21%
7%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
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DELO
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H,Q
HYLW
DELO
LGDG
H,Q
FRQF
OXVL
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Evitabilidadedos Óbitos
10
Nos critérios de evitabilidade os que apareceram no Sistema foram: 54%
relacionados com afecções maternas, 15% relacionados com anomalias
congênitas, 14% relacionados com infecções respiratórias, 6% relacionados com
acidentes e causas externas, os outros 11% foram relacionados à outras causas
que apareceram com valor inferior a 6% das vezes. Conforme Gráfico 2 abaixo.
GRÁFICO DOS CRITÉRIOS DE EVITABILIDADE DOS ÓBITOS:
Gráfico 2. Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr. 2004.
54%
15% 14%
6%11%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
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V Critérios deEvitabilidade
11
Segundo os critérios de Responsabilidade identificados no Sistema de
Investigação de Mortalidade Infantil no Paraná 2004 foram: 21% por
responsabilidade familiar, 20% por responsabilidade social, 18% por
responsabilidade da assistência ambulatorial, 15% por responsabilidade da
assistência médica, 14% por responsabilidade hospitalar, 8% seriam inevitáveis e
4% foram inconclusivos. Cabe ressaltar que estes critérios não são excludentes,
podendo aparecer mais de um critério de responsabilidade em cada óbito
investigado pelos Comitês de Prevenção de Mortalidade Infantil. Conforme Gráfico
3 abaixo.
GRÁFICO DA RESPONSABILIDADE DOS ÓBITOS:
Gráfico 3. Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr.2004.
21% 20%
18%
15% 14%
8%
4%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
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Respons.,
12
Segundo os critérios de prevenção estabelecidos e analisados no Sistema
têm-se: 32% dos óbitos poderiam ser prevenidos se recebessem medidas para
atenção ambulatorial, 28% seriam prevenidos por medidas sociais, 25%
prevenidos por medidas de atenção hospitalar e 15% prevenidos por medidas de
educação em saúde aos familiares. Dummer, em 2005 relata as condições socio
econômicas, o estilo de vida, o desenvolvimento, as privações comunitárias como
fatores que aumentam as adversidades de saúde para as crianças e devem ser
entendidos e sofrerem intervenções para as populações poderem melhorar a
saúde e desta forma reduzir a mortalidade infantil. Conforme Gráfico 4 abaixo.
GRÁFICO DA PREVENÇÃO DOS ÓBITOS:
Gráfico 4. Fonte: VOMI/ CIDS/ SESA Pr 2004.
32%
28%25%
15%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
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Prevenção
13
Analisando-se por Regionais de Saúde os óbitos infantis e conforme a
época de ocorrência em neonatal precoce (até 6 dias), neonatal tardia ( de 7 a 27
dias) e óbito infantil tardio (de 28 dias até 365 dias de vida) têm-se: Conforme
Tabela 1 e Gráfico 5 abaixo:
TABELA 1: ÓBITOS INFANTIS SEGUNDO A ÉPOCA DE OCORRÊNCIA:
Regionais Saúde Neonatal Precoce Neonatal Tardio Tardio
1ª RS 58% 6% 35%
2ª RS 53% 16% 32%
3ª RS 54% 18% 28%
4ª RS 36% 20% 43%
5ª RS 50% 12% 39%
6ª RS 28% 28% 45%
7ª RS 44% 18% 38%
8ª RS 63% 17% 20%
9ª RS 57% 13% 30%
10ª RS 41% 13% 46%
11ª RS 50% 19% 23%
12ª RS 52% 29% 20%
13ª RS 57% 13% 30%
14
14ª RS 61% 13% 26%
15ª RS 49% 15% 36%
16ª RS 57% 19% 24%
17ª RS 58% 12% 30%
18ª RS 63% 12% 25%
19ª RS 65% 10% 25%
20ª RS 53% 22% 24%
21ª RS 48% 17% 35%
22ª RS 54% 25% 21%
Fonte: VOMI/ CIDS/ SESA Pr 2004.
Para reduzir as causas perinatais, Otterblad (2004) propõe reduzir a
gravidez na adolescência, Chhabra (2004) propõe a melhor idade para parir como
sendo entre 20 e 35 anos, Duchon (2004) propõe a redução das disparidades na
Saúde Pública para reduzir os óbitos infantis, Lockitch (2004) propõe o intervalo
gestacional para reduzir os óbitos infantis, Valero (2004) propõe a redução da
incidência do baixo peso ao nascer para redução da mortalidade infantil, Misra
(2004) propõe a condução adequada à assistência essencial aos serviços de
saúde da mãe e da criança para redução da mortalidade infantil, Broughton (2004)
propõe a coleta adequada dos dados da mãe e a referência a um hospital regional
compatível para identificação neonatal e redução do risco de óbito neonatal,
Kontopoulos (2004) propõe estratégias adequadas para redução da discordância
de rotas no nascimento de gêmeos para melhorar a sobrevivência neonatal.
Observa-se em vários trabalhos portanto a preocupação na redução dos óbitos
neonatais como componente importante da mortalidade infantil.
15
0
10
20
30
40
50
60
70
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª 16ª 17ª 18ª 19ª 20ª 21ª 22ª
Neonatal precoce
Neonatal tardio
Tardio/pósneonatal
Gráfico 5: Porcentagem da Mortalidade Infantil segundo grupo de idade e regionais
de Saúde no Paraná 2004.
Fonte: VOMI/ CIDS/ SESA Pr. 2004
As causas básicas mais freqüentemente encontradas nas declarações
deóbito segundo os principais grupos de causas( capítulos do CID 10) foram: as
afecções originadas no período perinatal, grupo XVI do CID 10, corresponderam a
59% dos óbitos infantil no Paraná em 2004, as malformações congênitas e
anomalias cromossômicas, capítulo XVII do CID 10, corresponderam a 14% dos
óbitos infantis no Paraná em 2004. Os sintomas, sinais e achados anormais ao
exame clínico e laboratorial, capítulo XVIII do CID 10, corresponderam a 6,2% dos
óbitos . As doenças do aparelho respiratório, capítulo X do CID 10,
16
6%6%14%
59%
Afec.Per.Peri
Malform.Cong.
Sint.Si.Anorm.
Dç.Ap.Resp.
corresponderam a 6% dos óbitos infantis no Paraná em 2004. Conforme gráfico 6
abaixo.
GRUPO DE DECAUSAS NA D.O.
Gráfico 6. Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr. 2004.
As causas mais freqüentemente encontradas segundo os principais grupos
de causas (Capítulos do CID 10), após a investigação dos Comitês de Prevenção
de Mortalidade Infantil no Paraná 2004 foram: as afecções originadas no período
perinatal, (capítulo XVI do CID 10), com 60% dos óbitos infantis em 2004; as
malformações congênitas, (capítulo XVII do CID 10), corresponderam a 15% dos
óbitos infantis no Paraná em 2004. As doenças do aparelho respiratório, (capítulo
X do CID 10), corresponderam a 7% dos óbitos infantis no Paraná em 2004. Os
sintomas, sinais e achados anormais ao exame clínico e laboratorial, (capítulo
XVIII do CID 10), corresponderam a 5% dos óbitos infantis no Paraná em 2004.
Conforme gráfico 7.abaixo.
17
5%7%
15% 60%
Afec.Per.Peri.Malform.Cong.Dç.Ap.Resp.Sint.Si.Anorm.
GRUPOS DE CAUSA APÓS A INVESTIGAÇÀO DOS COMITÊS:
Gráfico 7. Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr. 2004.
Após as análises dos óbitos pelos Comitês é feita a correção da causa
básica, sendo verificada a diferença do que está na causa básica (CID 10) na DO
e a causa básica (CID10) após as análises dos Comitês. As causas mais
frequentemente alteradas para mais foram: feto e recém nascidos (RN) afetados
por transtornos maternos hipertensivos, que nas declarações de óbitos (DO)
apareceram em 17 casos em 2004 no Paraná e após as análises dos Comitês
apareceram em 65 casos, dando uma diferença de 48 casos onde após as
análises dos Comitês especificou-se mais as causas de óbito. Os casos de feto e
RN afetados por doenças maternas renais e das vias urinárias não apareceram
nas DOs e após as análises dos Comitês apareceram em 40 casos, significando
que as infecções maternas renais e das vias urinárias ainda são subnotificadas
nas DOs. Em terceiro lugar a maior diferença foi de 29 no diagnóstico de: feto e
RN afetados por outras formas de descolamento de placenta que apareceu em 17
casos nas DOs e em 46 após as análises dos Comitês. Em quarto lugar
apareceram feto e RN afetados por ruptura prematura das membranas que
apareceu em 27 casos nas DOs e em 52 casos após as análises dos Comitês,
18
dando uma diferença de 25. Em quinto lugar aparecem feto e RN afetados por
outras complicações não especificadas em outra parte com 3 casos nas DOs e 21
após as análises dos Comitês, perfazendo uma diferença de 18 casos. Em sexto
lugar aparecem feto e RN afetados por outras afecções maternas com 4 casos
nas DOs e 19 após as análises dos Comitês, dando uma diferença de 15 casos
onde especificou-se melhor a causa básica do óbito. Em sétimo lugar apareceram:
feto e RN afetados por incompetência de colo do útero com 7 casos nas DOs e 21
após as análises dos Comitês, perfazendo uma diferença de 14 casos. Em oitavo
lugar apareceram transtornos relacionados com a gestação de curta duração e
peso muito baixo não classificados em outra parte com 7 casos nas DOs e 20
casos após as análises dos Comitês, dando uma diferença de 13 casos. Em nono
lugar apareceram feto e RN afetados por corioamnionite com 7 casos nas DOs e
17 casos após as análises dos Comitês, perfazendo uma diferença de 10 casos.
Em décimo lugar apareceram as malformações congênitas múltiplas não
classificadas em outra parte com 15 casos nas DOs e 25 após as análises dos
Comitês ficando uma diferença de 10 casos. Conforme Tabela 3 abaixo.
19
TABELA CAUSA BÁSICA MAIS FREQUENTEMENTE ALTERADA PARA MAIS:
CAUSA BÁSICA PRÉ PÓS DIFER.
-Feto e RN afet. p. transt. Mater. Hipertens. 15 65 48
-Feto e RN afet. p. dç. mat. Renais e v. urin. 0 40 40
-Feto e RN afet. p. outras fo. Descol. Plac. 17 46 29
-Feto e RN afet. p. rupt. Premat. Memb. 27 52 25
-Feto e RN afet. p. outras compl. Ñ esp. em
outra parte 3 21 18
-Feto e RN afet. p. outras afec. Maternas 4 19 15
-Feto e RN afet. p. incomp. Colo útero 7 21 14
-Transt. Relac. c/ gest. Curta dur. e peso
mto. bx. ñ clas. em outra parte 7 20 13
-Feto e RN afet. p. corioamniorite 7 17 10
-Malform. Cong. Múlt. ñ clas. em
outra parte 15 25 10
Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr. 2004.
As causas mais freqüentemente alteradas para menos após as análises
feitas pelos Comitês foram: outros RN pré termo que apareceram em 104 DOs e
após as análises dos Comitês foram para 56 casos, acumulando uma diferença de
20
48 casos, caracterizando a necessidade de especificar melhor as DOs porque em
48 casos foi possível melhorar as causas básicas de pré termo para outras mais
específicas. Em segundo lugar apareceram os casos de angústia respiratória no
RN que apareceram em 134 casos nas DOs e em 79 casos após as análises dos
Comitês, reduzindo em 28 casos. Em terceiro lugar apareceram imaturidade
extrema em 102 casos e em 82 casos após as análises dos Comitês, perfazendo
uma diferença de 20 casos, indicando a necessidade de especificar melhor as
causas básicas nas DOs. Em quarto lugar apareceram outras causas mal
definidas não especificadas de mortalidade em 39 casos nas DOs e em 21 casos
após as análises dos Comitês, dando uma diferença de 18 casos. Em quinto lugar
apareceram infecção respiratória do RN em 55 casos e após a investigação dos
Comitês apareceram em 38 casos, perfazendo uma diferença de 17 casos. Em
sexto lugar apareceram afecções originadas no perÍodo perinatal não especificada
em 22 casos nas DOs reduzindo para 8 casos após as análises dos Comitês,
dando uma diferença de 14 casos. Em sétimo lugar aparecem RN com peso muito
baixo em 31 casos nas DOs, reduzindo para 20 casos após as análises dos
Comitês. Em oitavo lugar aparecem outros RN de peso baixo em 25 casos nas
DOs reduzindo para 16 casos após as análises dos Comitês, perfazendo uma
diferença de 9 casos. Em nono lugar apareceram infecções próprias do período
perinatal não especificado em 25 casos nas DOs e 17 casos após as análises dos
Comitês, dando uma diferença de 8 casos. Em décimo lugar apareceram
septicemia bacteriana não especificada em 72 casos nas DOs e em 65 casos
após as análises dos Comitês, perfazendo uma diferença de 7 casos.
Conforme Tabela 4 abaixo.
21
TABELA CAUSA BÁSICA MAIS FREQUENTEMENTE ALTERADAS PARA
MENOS:
CAUSA BÁSICA PRÉ PÓS DIFER
Outros RN pré termo 104 56 48
Angústia respirat. RN 134 79 28
Imaturidade Extrema 102 82 20
Outras ca. mal definidas .não especificadas de. mortal. 39 21 18
Infecções respiratórias RN 55 38 17
Afecções origin. no período perinatal não especificadas 22 8 14
RN c. peso muito baixo 31 20 11
Outros RN de peso baixo 25 16 9
Infecções prórias período perinatal não especificadas 25 17 8
Septicemia bacteriana não especificada 72 65 7
Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr.2004.
Neste ano de 2004 os Comitês investigaram 1833 casos de óbitos infantis o
que corresponde a 75% dos óbitos infantis ocorridos (2443) no estado do Paraná
em 2004. Por regionais de saúde têm-se o número de óbitos no Sistema de
Informação de Mortalidade(SIM), o número de óbitos analisados no Sistema de
Investigação de Mortalidade Infantil(SIMI) e a porcentagem de análises por
Regional de Saúde na Tabela 5, abaixo.
22
Porcentagem Óbitos Infantis notificados SIM e investigados SIMI
no Paraná em 2004.
SIM SIMI % analisado1ª RS 98 48 49%2ª RS 658 463 70%3ª RS 180 89 57%4ª RS 41 44 107%5ª RS 205 160 78%6ª RS 33 29 88%7ª RS 95 71 75%8ª RS 79 59 75%9ª RS 90 53 59%10ª RS 110 105 95%11ª RS 79 77 97%12ª RS 66 66 100%13ª RS 26 23 88%14ª RS 57 31 54%15ª RS 106 74 69%16ª RS 84 67 80%17ª RS 125 123 98%18ª RS 72 73 101%19ª RS 77 48 62%20ª RS 58 58 100%21ª RS 68 48 71%22ª RS 35 24 67%PARANÁ 2443 1833 75%
Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr. 2004.
O coeficiente de Mortalidade Infantil em 2004 até abril de 2005 ficou em
15,37 por mil nascidos vivos. Conforme Tabela 6 e Gráfico 8.
23
Coeficiente de Mortalidade Infantil por Regional de Saúde no Paraná em 2004
21,11/1000 nascidos vivos na 1ª Regional de Saúde
13,48/1000 nascidos vivos na 2ª Regional de Saúde
17,81/1000 nascidos vivos na 3ª Regional de Saúde
15,17/1000 nascidos vivos na 4ª Regional de Saúde
23,93/1000 nascidos vivos na 5ª Regional de Saúde
11,51/1000 nascidos vivos na 6ª Regional de Saúde
22,49/1000 nascidos vivos na 7ª Regional de Saúde
16,60/1000 nascidos vivos na 8ª Regional de Saúde
12,74/1000 nascidos vivos na 9ª Regional de Saúde
14,66/1000 nascidos vivos na 10ª Regional de Saúde
15,79/1000 nascidos vivos na 11ª Regional de Saúde
18,45/1000 nascidos vivos na 12ª Regional de Saúde
14,23/1000 nascidos vivos na 13ª Regional de Saúde
15,38/1000 nascidos vivos na 14ª Regional de Saúde
11,63/1000 nascidos vivos na 15ª Regional de Saúde
17,74/1000 nascidos vivos na 16ª Regional de Saúde
10,56/1000 nascidos vivos na 17ª Regional de Saúde
19,79/1000 nascidos vivos na 18ª Regional de Saúde
18,82/1000 nascidos vivos na 19ª Regional de Saúde
11,91/1000 nascidos vivos na 20ª Regional de Saúde
22,46/1000 nascidos vivos na 21ª Regional de Saúde
15,55/1000 nascidos vivos na 22ª Regional de Saúde Fte. VOI/CIDS/SESA
24
Coeficiente de Mortalidade Infantil nas 22 Regionais de Saúde
do Paraná em 2004
Gráfico 8. Fonte. VOMI/ CIDS/ SESA Pr.2004.
Observa-se o coeficiente de mortalidade infantil do estado do Paraná em
2003 de 15,37/1000 nascidos vivos, valor considerado baixo pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) ; com algumas regionais de saúde com coeficientes
considerados médios, segundo a OMS, isto é acima de 20/1000 nascidos vivos e
nenhuma Regional de Saúde com valores acima de 50/1000 nascidos vivos que
são valores considerados altos segundo a OMS. O coeficiente de mortalidade
0
5
10
15
20
25
30
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª 16ª 17ª 18ª 19ª 20ª 21ª 22ª Pr
25
infantil mais alto do estado do Paraná em 2004 foi na Regional de Saúde de
Guarapuava com 23,93/1000 nascidos vivos. O segundo valor mais alto foi na
Regional de Saúde de Pato Branco com 22,49/1000 nascidos vivos. O terceiro
coeficiente de mortalidade infantil mais alto do estado do Paraná em 2004 foi na
Regional de Saúde de Telêmaco Borba com 22,46/1000 nascidos vivos. E o
quarto coeficiente de mortalidade infantil mais alto do estado do Paraná em 2004
foi na Regional de Saúde de Paranaguá com 21,11/1000 nascidos vivos. Nestas
quatro Regionais de Saúde do estado do Paraná em 2004 têm-se coeficientes de
mortalidade infantil considerados médios segundo a OMS.
Os menores coeficientes de mortalidade infantil no estado do Paraná em
2004 ficaram em primeiro lugar com a Regional de Saúde de Londrina com
10,56/1000 nascidos vivos. Em segundo lugar ficou a Regional de Saúde de
União da Vitória com um coeficiente de mortalidade infantil de 11,51/1000
nascidos vivos. Em terceiro lugar ficou a Regional de Saúde de Maringá com um
coeficiente de mortalidade infantil de 11,63/1000 nascidos vivos. Em quarto lugar
com 11,91/1000 nascidos vivos.
CONCLUSÃO:
Devido a existência dos Sistemas de Informação no Sistema Público de
Saúde têm-se facilitado o trabalho de coleta e transferência de dados entre os
municípios, regionais de saúde e a Secretaria Estadual de Saúde e desta com o
Ministério da Saúde. No estado do Paraná além do Sistema de Informação da
Mortalidade que é um sistema que existe a nível municipal, regional, estadual e
federal têm-se o Sistema de Investigação da Mortalidade Infantil que foi criado em
2000 para facilitar o trabalho de coleta e análises realizados pelos Comitês
Municipais, Regionais e Estadual de Prevenção da Mortalidade Infantil. Os
Comitês foram criados e atuam no Paraná desde 1999, são interinstitucionais,
éticos e analisam os óbitos de maneira a descobrir as principais causas de óbitos,
sua evitabilidade, responsabilidade e para propor medidas de prevenção para
26
serem implementadas pelos municípios, regionais e estado visando reduzir os
óbitos infantis. Desta forma vê-se a tecnologia auxiliando a epidemiologia para
mostrar caminhos para a melhora da saúde da população infantil no estado do
Paraná.
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