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FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007.
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EM EMPRESAS DA ÁREA COMERCIAL DE EMBALAGENS
Érika Patrícia de Sousa M. Camelo1 Kátia Regina Bernabé1
Sebastião Fagundes da Silva1
Roberto Rivelino M. Ribeiro2
RESUMO. A contabilidade gerencial tem sido amplamente utilizada pelas empresas no sentido de facilitar decisões, otimizar recursos e conhecer práticas que melhorem a dinâmica empresarial. Especificamente, a área da análise das demonstrações contábeis vem ganhando muito espaço entre os analistas, investidores, credores e outros grupos que se relacionam com a empresa, com o objetivo de conhecer o histórico financeiro da empresa, sua evolução, suas políticas de obtenção e aplicação de recursos etc. Nesse sentido, o presente trabalho tem o objetivo de conceituar alguns itens como: Demonstrações Contábeis, índices financeiros entre outros, com o propósito de fundamentar o estudo prático sobre a análise de alguns Demonstrativos Financeiros de três empresas do ramo comercial de embalagens.
Palavras‐chave: demonstrações contábeis; empresas de embalagens.
INTRODUÇÃO
A contabilidade é uma ciência muita antiga e desde os seus primórdios a sua principal função foi contribuir para o controle das riquezas (patrimônio). Esse perfil foi evoluindo ao longo dos tempos e hoje a contabilidade possui diversas especializações com finalidades
1 Alunos do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Cidade Verde – FCV –
Maringá/PR. 2 Professor de Ciências Contábeis da FCV e UEM.
168 Camelo e outros distintas, embora todas concorram para o controle patrimonial das pessoas físicas e jurídicas.
Diante desse cenário é importante destacar a área da contabilidade gerencial voltada para a análise e interpretação das Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, Demonstração do Fluxo de Caixa etc), onde estuda estes demonstrativos empresariais, identificando o seu histórico numerário, através de fórmulas e cálculos de índices com o objetivo de diagnosticar os resultados das atividades mercantis (lucro, prejuízo, capital de giro, dependência financeira etc) e a consolidação dessas tendências.
Dentre os diversos índices utilizados para a realização da análise das demonstrações contábeis cabe ressaltar os mais utilizados: Índices de Liquidez, de Endividamento ou Estrutura de Capital, de Atividades, de Rentabilidade etc. Os referidos índices são utilizados de acordo com a necessidade do analista, pois cada um tem uma finalidade específica, e o seu conjunto torna‐se mais útil para visualizar o cenário geral da empresa.
Nesse sentido, o presente trabalho apresenta um estudo de caso na área de análise e interpretação das demonstrações contábeis, com a utilização de alguns índices financeiros, sobre os demonstrativos contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício) das empresas Dixie Toga, Metal Iguaçú e Petropar, dos períodos de 2004 a 2006, disponibilizados no site da Bovespa ( Bolsa de Valores de São Paulo), compreendendo o universo das empresas do setor de Embalagens.
Estrutura das demonstrações contábeis
É de extrema importância para o contador e o administrador entender as demonstrações financeiras para que possa administrar um negócio e saber como ele opera. As demonstrações financeiras possibilitam uma visão da situação econômica e financeira da empresa, constituindo‐se num ponto de partida para análises
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Para que se possa analisar as demonstrações financeiras é preciso ter o conhecimento do que representa cada conta ou grupo de contas. A análise das operações de uma empresa pode nos revelar gastos excessivos, falta de controle e ou uma má gestão. Logo, as demonstrações financeiras nos permite levantar informações precisas para tomada de decisões em diversas áreas como no planejamento de vendas, compras, produtos, política financeira, de recursos humanos, resultados alcançados, planos, previsões etc.
A existência dessas informações provenientes das demonstrações contábeis, mantém os usuários em geral, com um bom nível de conhecimento sobre a atividade e situação econômica financeira da empresa.
Conforme afirmação de Gitman, (2002, p.70)
Os relatórios aos acionistas da maioria das grandes sociedades anônimas, também incluem comentários sobre as atividades da empresa, novos produtos, pesquisa e desenvolvimento,e outros assuntos. A maioria das empresas não vê o relatório anual unicamente como uma exigência, mas como um importante veículo para influenciar as percepções dos proprietários acerca da empresa e suas perspectivas futuras. Devido as informações que contém, o relatório aos acionistas pode afetar o risco esperado, o retorno, o preço da ação e, sobretudo, a viabilidade da empresa.
Esse conjunto de informações gerado pela Demonstração Contábil deve ser divulgado anualmente pela Administração da empresa, demonstrando sua prestação de contas para os sócios e acionistas juntamente com os relatórios da administração e as notas explicativas para que os mesmos possam acompanhar a situação financeira econômica da empresa.
Através da estrutura contábil das demonstrações é que poderemos obter uma avaliação mais aprimorada das empresas, mas
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170 Camelo e outros para que essa análise seja avaliada com mais clareza como já dito anteriormente devemos ter conhecimentos sólidos da forma de contabilização e apuração das demonstrações contábeis, sem os quais ficam seriamente limitadas as conclusões extraídas sobre o desempenho da empresa.
As Demonstrações Contábeis são compostas pelas seguintes demonstrações :
1. Balanço Patrimonial; 2. Demonstração do Resultado do Exercício 3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Liquido 4. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
Devido a importância das Demonstrações Contábeis, para o conhecimento da empresa e sua variação patrimonial, iremos estudar cada uma delas.
Balanço patrimonial
O Balanço Patrimonial procura sintetizar uma posição financeira da empresa em um dado momento, demonstrando todos os bens e direitos da mesma. Comparando assim os ativos através dos bens e direitos que ela possui, com o passivo através das suas obrigações até mesmo os financiamentos para a aquisição de bens e direitos do ativo. A diferença entre o Ativo e o Passivo é igual ao Patrimônio Liquido que demonstra os recursos próprios da empresa que pertencem aos seus sócios.
No Balanço Patrimonial, as contas que são constituídas no Ativo e no Passivo devem ser agrupadas de maneira que facilite o conhecimento para a análise da situação financeira da empresa para isso essas contas são apresentadas em ordem decrescentes de grau de liquidez para o ativo, e de exigibilidade para o passivo
Em outras palavras, Leite (1994, p. 19) afirma
Que o balanço é uma demonstração que detalha e avalia (pelo custo) as aplicações realizadas por uma empresa em
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determinado momento e especifica as fontes que financiaram estas aplicações ( recursos de terceiros e recursos próprios que estão alocados, no momento considerado, no financiamento das aplicações específicas no Ativo).
O Balanço é uma forma de demonstrar os termos fontes e investimentos de recursos, o que é altamente desejável do angulo da Análise de Balanços, visto que analisar balanços é, em grande parte, avaliar a adequação entre as diversas fontes e os investimentos efetuados.
Iudícibus (1998, p. 133) afirma:
A grande importância do Balanço reside na visão que ele dá das aplicações de recursos feitas pela empresa (Ativo) e quantos desses recursos são devidos a terceiros (Passivo). Isso evidencia o nível de endividamento, a liquidez da empresa, a proporção do capital próprio (Patrimônio Liquido) e outras análises a serem vistas no apêndice sobre Análise de Balanços. A visão de dois balanços consecutivos mostra facilmente a movimentação ocorrida no período e como a estrutura patrimonial e financeira se modificou no período.
O Balanço Patrimonial serve para se obter os dados do Ativo, Passivo e do Patrimônio Liquido, para analisar suas variações em determinado período por meio da verificação dos registros contábeis, é ai que vem a necessidade de resumir os dados de forma adequada, e que facilita as pessoas a conhecer a situação patrimonial da empresa e as suas variações ocorridas durante certo período .
Demonstração de resultado do exercício
Tem por objetivo demonstrar a movimentação da conta de lucros ou prejuízos acumulados, ainda não distribuídos aos sócios titular ou aos acionistas, revelando os eventos que influenciaram a modificação do seu saldo, devendo também revelar o dividendo por ação do capital realizado, essa demonstração é elaborado simultaneamente com o Balanço Patrimonial, demonstrando como se
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172 Camelo e outros chegou ao lucro ou ao prejuízo, esclarecendo muitas das variações do patrimônio liquido, no período entre dois balanços. O lucro (ou prejuízo) é apurado através das receitas, custos e despesas incorridas pela empresa em determinado período e são apropriados conforme o regime de competência ou seja, independentemente de que esses valores tenham sido pagos ou recebidos.
Matarazzo (1995, p. 47) afirma:
A Demonstração do Resultado do Exercício é uma demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Liquido pelas operações da empresa. As receitas representam normalmente aumento no Ativo, através de ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das transações. Aumentando o Ativo, aumenta o Patrimônio Liquido. As despesas representam redução do Patrimônio Liquido, através de um entre dois caminhos possíveis: redução do Ativo ou aumento do Passivo Exigível.
Com isso todas as receitas e despesas se localizam na Demonstração do Resultado, conforme sua forma de apresentação, demonstrando uma síntese financeira dos resultados operacionais e não operacionais da empresa.
Demonstração das mutações do patrimônio líquido
A DMPL é uma demonstração mais completa e abrangente, apresenta as variações de todas as contas do Patrimônio Liquido durante o exercício social, seja ela proveniente da correção monetária, de aumento de capital, de reavaliação de elementos do ativo, de lucro ou de simples transferência entres contas, relacionadas no grupo do Patrimônio Liquido. Essa demonstração é facultativa na maioria das companhias, mas quando apresentadas, substitui a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) que é uma demonstração onde mostra as retenções de lucros, as distribuições de lucros aos sócios, os ajustes de exercícios anteriores, saldos ainda não destinados. Por esse motivo a DMPL se caracteriza como um elemento complementar do que como peça através da qual se pode
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Hoji, (2004, p. 268) afirma que,“A DMPL, evidencia os fluxos que impactam os saldos das contas do Patrimônio Liquido. Para fins de publicação, por ser mais abrangente, a DMPL substitui a DLPA, esta sim, obrigatória de acordo com a legislação.”
A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é facultativa e, de acordo com o artigo 186, parágrafo 2º, da Lei das S/A, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados poderá ser incluída nesta demonstração.
Demonstração das origens e aplicações de recursos
A Demonstração das Origens e Aplicações e Recursos indica as modificações na posição financeira da empresa de um exercício a outro, evidenciando a origem dos recursos e onde eles foram aplicados permitindo uma melhor apreciação para a análise financeira, dando um sentindo mais amplo, permitindo a identificação clara dos fluxos financeiros que aumentaram ou reduziram o capital circulante liquido, indicando suas origens.
Matarazzo (1995, p.52), afirma que “A DOAR visa permitir a análise do aspecto financeiro da empresa, tanto no que diz respeito ao movimento de investimentos e financiamentos quanto relativamente á administração da empresa sob o angulo de obter e aplicar compatívelmente os recursos.”
Portanto, através da DOAR podemos analisar os recursos ao longo de um exercício, como eles foram obtidos,a sua participação nas transações comerciais, e também como foram aplicados novos recursos.
PADRONIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
As demonstrações financeiras devem ser organizadas e preparadas para a análise através de padronizações. Com este
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174 Camelo e outros objetivo obtemos informações mais claras e detalhadas para gerentes e dirigentes de uma empresa.
De acordo com Matarazzo (2007, p. 136) “a padronização consiste em: simplificação, comparabilidade, adequação aos objetivos da análise, precisão na classificação de contas, auxilia a descoberta de erros e proporciona a intimidade do analista com as demonstrações financeiras”.
A seguir apresenta‐se um comentário mais claro e detalhado a respeito das informações mencionadas acima pelo autor.
• Simplificação: um balanço expresso de acordo com a lei das S.as abrange em média 60 contas, isso proporciona um grau de dificuldade maior na visão do balanço como um todo. Quando comparados com três balanços com 60 valores diferentes cada um calculamos os percentuais de variação de um período para o outro (ou seja, a análise vertical e horizontal), atinge a 540 números, e isso complica o trabalho de um analista, proporcionando perca de dados e a demora no processo da análise. Existem padronizações que reduz em média de 20, o número de contas do balanço proporcionando agilidade e a facilidade no processo da análise.
• Comparabilidade: bancos, seguradoras etc; ou seja, onde se tem por obrigatoriedade um plano de contas legal com maior ou menor grau de informações e títulos de contas, no qual se torna difícil perceber sua origem. A análise é feita através de comparação, e seu propósito é analisar um balanço após seu enquadramento em um exemplo que se torna possível, a comparação com outros balanços.
• Adequação aos objetivos da análise: geralmente uma conta ou outra devem ser reclassificada, como por exemplo, duplicatas descontadas que deve constar no passivo circulante. Outras contas como duplicatas à receber e estoques são habitualmente classificadas no ativo circulante.
• Precisão nas classificações de contas: encontramos com freqüência balanços e demonstrações de resultados com erros nas classificações de contas, como permanente que se encontra no ativo circulante, obrigações do próprio exercício que
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aparecem como do exercício seguinte, etc. a padronização deve ser rigorosa para corrigir certos tipos de erros como os mencionados acima.
• Descoberta de erros: erros propositais ou não investigados nas demonstrações financeiras.
a) Estoque final ou inicial das demonstrações do resultado do exercício não é idêntico com os estoques dos balanços.
b) Provisão para devedores duvidosos do balanço não é igual a que foi construída na demonstração do resultado do exercício.
c) Impossível harmonizar o patrimônio liquido final, mais os resultados do exercício com o patrimônio liquido inicial. Uma padronização mais objetiva deveria sempre ser precedida da preparação de um fluxo de caixa.
• Intimidade do analista com as demonstrações financeiras da empresa: baseada nas regras da análise e padronização, obrigatoriamente leva o analista a refletir isoladamente em cada conta das demonstrações financeiras, e assim decidir com a confrontação de outras contas.
Com base nestas informações, podemos nos orientar de maneira mais clara e precisa, para nos auxiliar nas tomadas de decisões. E com isso apresentar um trabalho dinâmico no qual envolve seriedade e perfeição no desenvolvimento da análise.
Reclassificação
A reclassificação é o ato de analisar e reagrupar as contas quando necessário. Segundo Matarazzo (2007, p. 136) “se o analista conhecer os principais itens de manipulação dos balanços, desconfiará das rubricas citadas e solicitará esclarecimentos à empresa em análise, na duvida deverá reclassificá‐las”.
Com afirmação de Assaf Neto (2007, p. 126) tem‐se que “dessa maneira, é sugerido o reagrupamento de algumas contas do demonstrativo, com o objetivo de tornar o balanço mais homogêneo e consistente para o processo de análise econômico‐financeira”.
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Sendo assim a reclassificação e o reagrupamento se torna obrigatoriamente necessária, para a análise. Com estes procedimentos podemos extrair informações mais claras e precisas em relação aos demonstrativos das empresas.
AVALIÇÃO DA EMPRESA ATRAVÉS DE ÍNDICE
Toda empresa necessita de informações organizadas e detalhadas para tomadas de decisões, e por isso existe um grupo de pessoas que por sua vez, obrigatoriamente precisam demonstrar mais interesse na análise de índices. Dentre elas estão: os acionistas, credores e dirigentes que buscam apurar os resultados e assim tomar as decisões da empresa. As instruções presentes nos demonstrativos financeiros são de suma importância para muitas empresas e afins.
Este estudo que nos leva a certas conclusões e decisões para a tomada de decisões tem como palavra chave “relativas” ‐ devido a análise das demonstrações financeira, que apóia‐se no uso de índices ou valores relativos.
Gitman e Madura (2003, p. 191) “a análise de índices envolve métodos de cálculo e interpretação de índices financeiros para analisar e monitorar o desempenho da empresa”.
Já Hoji (2004, p. 280) “a técnica de análise por meio de índices consiste em relacionar contas e grupos de contas para extrair conclusões sobre tendências e situações econômico‐financeira da empresa”.
Os instrumentos básicos para o analista de índices são: a Demonstração de Resultado e o Balanço Patrimonial da empresa. Na análise de índices o aspecto mais relevante é a interpretação do valor do índice, ou seja, para saber se um valor é elevado ou reduzido, se é bom ou ruim, para isso, utilizamos o método da comparação de índices que pode ser feito de duas maneiras, tais como série‐temporal ou comparativa setorial.
As principais formas de análises são destacadas abaixo, de acordo com o entendimento de Gitman e Madura (2003, p. 192):
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• Análise comparativa setorial: abrange a comparação de índices financeiros de várias empresas no mesmo período. Os interessados querem comparar o andamento da empresa com o de outras empresas em seu setor. Este tipo de análise comparativa setorial, e também chamado Benchmarkng, tem sido muito usado pelos analistas. Muitos acham que uma empresa analisada quando tem seu valor ‘melhor que a média’ do setor, pode favoravelmente ser vista como uma boa empresa em relação a outras. Esta conclusão ‘melhor que a média’ pode ser falsa. No entanto é interessante o analista verificar desvios muito alto ou baixo de mais em relação ao padrão do setor.
• Análise série‐temporal: verifica o andamento com o período. A comparação do atual desempenho com o antigo, através de índices permite que os analistas avaliem o progresso da empresa.
• Análise combinada: um dos interesses dos analistas é trabalhar com a análise combinada, ou seja, combinar a análise comparativa com a série‐temporal. Este tipo de combinação nos permite ter uma visão de avaliar as tendências do comportamento do índice em relação ao setor. Através da análise dos índices, podemos chegar, a várias conclusões e decisões a respeito da situação das empresas, em relação a seus concorrentes e ao mercado de trabalho. E por isso, a análise de índices, é indispensável para estas medidas que favorece o desempenho das empresas.
Como já foi mencionado à análise de índices não é apenas o cálculo de um índice. O mais interessante é a interpretação de seu valor. A importância de cada índice depende claramente de quem é o usuário das diversas entidades, e além, disso não se deve esquecer a importância de cada um deles isoladamente. Por tanto, de acordo com o número de índices que deverá ser utilizado na análise, depende do usuário, da profundidade e da importância que se deseja analisar.
Análise vertical e horizontal
A comparação dos valores extraídos em determinada data, com aqueles obtidos em períodos anteriores, e o entrosamento desses números com outros e afins, são as duas principais características de análise de uma empresa. Assim à comparação dos
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178 Camelo e outros números entre si com os diferentes períodos oferecem a situação das demonstrações contábeis. Este processo é representado pela análise horizontal e pela análise vertical.
A análise horizontal consiste na comparação entre os valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes períodos. É essencialmente um método de análise temporal. A análise horizontal pode ser feita de acordo com o cálculo das variações em relação à um ano base, desta forma é chamada de análise horizontal encadeada, e sendo em relação ao ano anterior, será denominada análise horizontal anual.
Segundo Hoji (2004, p. 279) “a análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis por períodos. Calculam‐se os números – índices estabelecendo o exercício mais antigo como índice base 100. Pode‐se calcular também, os aumentos anuais.”
Na visão de Matarazzo (2007, p. 250) “a análise horizontal mostra a evolução de cada conta das demonstrações sobre a evolução da empresa”.
Já a análise vertical abrange os valores percentuais das demonstrações financeiras. Portanto calcula‐se o percentual de cada conta em relação a um valor base. Podemos tomar como exemplo a análise vertical do balanço patrimonial de uma empresa, calcula‐se o percentual de cada conta em relação ao total do seu ativo.
A análise vertical facilita a avaliação da estrutura do ativo e do passivo, e interage cada item da demonstração de resultado na formação do lucro ou prejuízo. Já nas demonstrações de resultados, calcula‐se o percentual de cada conta em relação às vendas. Neste caso podemos afirmar que a análise vertical também é uma técnica comparativa.
Para Matarazzo (2007, p. 249),“ a análise vertical mostra a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence e, através da comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das proporções normais”.
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É recomendável que a análise vertical e horizontal sejam usadas combinadas. Não devemos tirar decisões e respostas somente da análise horizontal, pois mesmo apresentando variações de 2000% pode continuar sendo um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que faz parte. E por isso, devemos trabalhar com a análise horizontal e com a análise vertical para que nossas conclusões e respostas sejam baseadas nestas duas ferramentas, analisadas e combinadas simultaneamente, em uma só técnica de análise onde denominamos análise vertical/horizontal (MATARAZZO, 2007, p. 248)
Índices de liquidez
São índices usados para medir as condições de pagamento da empresa, isto é, se a empresa apresenta um quadro favorável, ou não, para saldar suas dívidas (prazo imediato, curto e longo prazo).
Segundo Silva (1999, p. 266) os índices de liquidez
visam fornecer um indicador da capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades. No geral, a liquidez decorre da capacidade de a empresa ser lucrativa, da administração de seu ciclo financeiro e das sua decisões estratégicas de investimento e financiamento.
Em outras palavras, o autor afirma que o cálculo inicia com a comparação entre os direitos e as obrigações da empresa, com objetivo de identificar o grau de liquidez empresarial a partir da sua administração (ciclo financeiro e lucratividade).
Marion (2002, p. 83) diz que tais índices “são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constitui uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato.”
Para Matarazzo (2003, p. 163‐164) este índice não pode ser confundido com índice de capacidade de pagamento, pois os índices de liquidez não são extraídos do fluxo de caixa que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do
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180 Camelo e outros confronto dos Ativos circulantes com as Dívidas, procuraram medir quão sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação de dívidas etc.
Observa‐se na apreciação do mesmo uma preocupação em esclarecer que os índices de liquidez não podem ser considerados como aqueles que medem a capacidade de pagamento de uma empresa, uma vez que não são extraídos das entradas e saídas de caixa (fluxo de caixa). O autor esclarece que se os índices de liquidez apresentam um resultado bom, isso não pode ser entendido ‘definitivamente’ como uma condição de pagamento, pois é preciso analisar qualitativamente as contas e os ciclos destas para identificar seus prazos, giros e condições.
Do exposto, depreende‐se que os índices de liquidez servem para apreciar e vislumbrar as condições de pagamento de uma empresa, ou seja, antecipa o quadro financeiro das suas entradas e saídas, que pode ser melhor estudado através do fluxo de caixa.
Liquidez Imediata
Este quociente relaciona o disponível em determinado momento com o passivo corrente.
Com afirmação de Assaf Neto (2007, p. 190):
Revela a porcentagem das dívidas a curto prazo (circulante) em condições se serem liquidadas imediatamente. Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade.
Diante da afirmação do autor, pode‐se constatar que a liquidez imediata relata a quantia que a empresa dispõe para pagar sua dívidas de curto prazo.
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Liquidez Corrente
Mede a capacidade da empresa de atender a suas obrigações de curto prazo.
Segundo Iudícibus (2007, p. 91):
Este quociente relaciona quantos reais dispomos, imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice muito divulgado e frequentemente considerado como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa. É preciso considerar que o numerador estão incluídos itens tão diversos como: disponibilidade, valores a receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagas antecipadamente. No denominador, estão incluías as dívidas e obrigações vencíveis a curto prazo.
Com tal afirmação, pode‐se concluir que a liquidez corrente relaciona quanto que a empresa tem disponível e quanto que ela pode converter para pagar suas dívidas a curto prazo.
Liquidez Seca
O índice de liquidez seca objetiva calcular a capacidade de pagamento empresarial desconsiderando os seus estoques.
Para Gitman e Madura (2003, p. 195): “O índice seco (quociente ácido) é parecido com o índice de liquidez de curto prazo, exceto por excluir o estoque, em geral é o ativo circulante de menor liquidez.”
Entende‐se que o índice de Liquidez Seca serve para verificar a tendência financeira da empresa em cumprir, ou não, com as suas obrigações a curto prazo, mas desconsiderando os seus estoques, pois estes podem apresentar‐se obsoletos e não representar a realidade dos saldos apresentados no Balanço contábil.
É importante também observar que se a empresa possui um estoque muito elevado, os analistas ou investidores vão considerar que não existem políticas adequadas de compras e vendas.
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Liquidez Geral
Esse índice serve para detectar a saúde financeira no que se refere à liquidez de longo prazo do empreendimento.
Assaf Neto, (2007, p. 191) afirma que, “Esse indicador revela a liquidez, tanto a curto como a longo prazo. De cada $ 1 que a empresa tem de dívida, o quanto existe de direitos e haveres no circulante e no realizável a longo prazo.”
Com o relato do autor, entende‐se que esse índice aponta quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e longo prazo.
Índices de endividamento ou estrutura de capital
Esses índices se relacionam entre si, procurando descrever a posição relativa do capital próprio (da empresa) com relação ao capital de credores (bancos, fornecedores etc).
Iudícibus (2007, p. 94), afirma que estes quocientes relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a posição relativa do capital com relação ao capital de terceiros. São quocientes de muita importância, pois indicam a relação de dependência da empresa com relação a capital de terceiros.
Acrescendo a visão de Gitman e Madura (2003, p. 198) que afirmam ainda, “o índice de endividamento mede a parte do ativo total financiada pelos credores da empresa. Quanto mais alto esse índice, maior a quantia em dinheiro que está sendo usada para gerar lucros.”
Para Matarazzo (1998, p. 157) “Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos.” Portanto, os índices de endividamentos servem para visualizar a estrutura financeira das obtenções e alocações dos recursos empresariais, possibilitando o estudo para conhecer e optar pelas melhores decisões de investimentos.
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Capital de Terceiros/Capital Próprio
O cálculo realizado para identificar a relação entre recursos próprios e de terceiros permite conhecer a dependência de recursos alheios.
Segundo Silva (1999, p. 256) “O índice de participação de capitais de terceiros indica o percentual de capital de terceiros em relação ao patrimônio líquido, retratando a dependência da empresa em relação aos recursos externos.”
Com relação a afirmação do autor, compreende‐se que esse índice indica quanto que a empresa tem de capital de terceiros e sua dependência com relação aos recursos externos.
Capital de Terceiros/Passivo Total
Neste índice a empresa procura identificar qual é a participação do capital de terceiros em relação ao total de recursos captados.
Para Iudícibus (2007, p. 94) “Este quociente (também conhecido por “Debt Ratio”), de grande relevância, relaciona o Exigível Total (capitais de terceiros) com Fundos Totais Providos (por capitais próprios e capitais de terceiros).”
Entende‐se que este índice representa a participação dos fundos captados de terceiros (bancos, fornecedores e outras obrigações a curto e longo prazo) sobre os fundos totais da empresa, que é o conjunto dos recursos apresentados no patrimônio líquido e em outras contas que representam encargos de terceiros.
Imobilização do Patrimônio Líquido ou Capital Próprio
A imobilização do patrimônio líquido demonstram que os recursos próprios da empresa estejam aplicados em investimentos de recuperação a longo prazo, inviabilizando o giro de alguns recursos a curto prazo. Assim, pode‐se afirmar que índice é utilizado para encontrar o montante dos recursos próprios aplicados em ativo permanente.
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184 Camelo e outros
De acordo com Silva (1999, p. 254) “O índice de imobilização do patrimônio líquido indica quanto do patrimônio líquido da empresa está aplicado no ativo permanente.”
Portanto, essa aplicação em ativos a longo prazo pode ser viável ou não, dependendo do ramo de atividade e políticas operacionais e de investimentos da empresa. No geral, esses recursos aplicados em ativos permanentes deixam de favorecer outras políticas a curto prazo, deixando a empresa dependente de recursos externos para alavancar o seu giro.
Índices de rentabilidade
Os índices de Rentabilidade medem o quanto uma empresa está sendo lucrativa ou não, através dos capitais investidos, o quanto renderam os investimentos e, qual o resultado econômico da empresa. O seu conceito analítico é o quanto maior melhor.
Hoji (2004, p. 290), afirma que os índices de rentabilidade
São muito importantes, pois evidenciam o sucesso (ou insucesso) empresarial.Os índices de rentabilidade são calculados, geralmente, sobre as receitas líquidas (alguns índices podem já ter sido calculados em análise vertical), mas, em alguns casos, pode ser interessante calcular sobre as Receitas Brutas deduzidas somente das vendas canceladas e abatimentos.
Para se fazer a análise de rentabilidade, é necessário a verificação dos lucros que estejam relacionados com valores que possam dar a entender o tamanho destes lucros dentro das atividades da empresa.
Retorno sobre o ativo
O Retorno sobre o Ativo revela o quanto a empresa obtém de lucro sobre o investimento total. O Retorno Líquido sobre o Ativo pode ser aumentado elevando‐se as margens de lucro ou o giro do ativo. Entretanto, a concorrência limita sua capacidade de fazer as duas coisas ao mesmo tempo. A rentabilidade do ativo é calculada
FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007.
Análise das demonstrações contábeis... 185 quando se deseja ter um idéia da lucratividade, como um todo, do empreendimento, venham de onde vierem os recursos, admitindo‐se as aplicações realizadas.
Para Matarazzo (1995, p. 185), “este índice mostra quanto a empresa obteve de lucro liquido em relação ao Ativo,uma medida da capacidade da empresa em gerar lucro liquido e assim poder capitalizar‐se.”
O retorno sobre o ativo evidencia qual foi o retorno que a empresa obteve frente ao que conseguiu gerar de receitas. Em outras palavras: quanto o que sobrou para a firma representa sobre o volume faturado.
Retorno sobre o patrimonio liquido
O Retorno sobre Patrimônio Líquido indica quanto a empresa teve de lucro para cada unidade monetária de Capital Próprio investido, mostrando qual a taxa de rentabilidade do Capital próprio.
Para Matarazzo, (1995, p. 187) considera que “O papel do índice de Rentabilidade do Patrimônio Liquido é mostrar a taxa de rendimento do Capita Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos alternativos no mercado.”
Com isso podemos concluir que este índice serve como indicador para que os investidores verifiquem se a empresa está oferecendo o retorno desejável.
Rentabilidade das vendas líquidas ou margem operacional
Avalia o que se denomina freqüentemente lucros puros, adquiridos em cada entidade monetária de venda. Considerando somente os lucros auferidos pela empresa, ignorando quaisquer despesas financeiras ou obrigações, podemos dizer que o lucro apurado é puro. O lucro de uma empresa pode ser avaliado em relação a suas vendas,ativos,patrimônio liquido e ao valor da ação.
Para Braga,(2006, p. 168), margem operacional:
Destina‐se a medir o volume de receitas absorvidas pelos custos de exploração.Quanto mais elevado este índice,
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186 Camelo e outros
menor a margem de ganho dos negócios.Enquanto que a margem bruta mede a rentabilidade das vendas, logo após a dedução do custo dos produtos vendidos.
Conforme a visão do autor pode‐se avaliar os ganhos dos negócios através deste índice.
APRESENTAÇÃO ESTUDO PRÁTICO
Objetivo do estudo
Demonstrar a importância das Demonstrações Contábeis para análise, através de índices financeiros, e de avaliar três empresas no ramo comercial de embalagens através dos Índices de Liquidez, Rentabilidade e Estrutura de Capital.
Método do estudo
Foram levantados dados através de Balanços disponibilizados no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) das seguintes empresas: Dixie Toga, Metal Iguaçu e Petropar referente aos exercícios de 2004 a 2006, todas no ramo comercial de Embalagens. As informações extraídas foram analisadas através do Sistema de Análise Financeira de Balanço do autor Matarazzo e os resultados podem ser visualizados através dos gráficos a seguir.
Gráfico 01 – Índices de Liquidez 2004
Índices de Liquidez - 2004
0,77
1,55
1,031,34
1,84
0,62
2,55
3,08
1,39
-
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
Liquidez Geral Liquidez Corrente Liquidez Seca
DIXIE E TOGA
PETROPAR
METAL IGUAÇU
Fonte: os autores
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Análise das demonstrações contábeis... 187
Os índices de liquidez analisados em 2004 reflete que a empresa Metal Iguaçu apresentou o melhor resultado, principalmente o índice de liquidez corrente, que em comparação com a Dixie e Toga obteve praticamente o dobro. A Dixie também não apresentou um índice de liquidez geral satisfatório (0,77), ou seja, comparando seus ativos e passivos de curto e longo prazo a empresa não conseguiria honrar seus compromissos 100% (cem por cento).
É importante destacar que a Petropar apresentou um índice de liquidez seca muito baixo, demonstrando que 1/3, aproximadamente, de seu ativo refere‐se a estoque de produtos, e que até o final de 2006 esse resultado aumentou, comprometendo a liquidez da empresa.
Gráfico 02 – Índices de Liquidez 2005
Í n d i c e s d e L iq u id e z - 2 0 0 5
0 , 7 9
1 , 1 7
0 , 7 70 , 8 4
1 , 4 6
0 , 6 3
2 , 0 4
1 , 1 9
0 , 7 7
-
0 , 5 0
1 , 0 0
1 , 5 0
2 , 0 0
2 , 5 0
L iq u id e z G e r a l L iq u id e z C o r r e n t e L iq u id e z S e c a
D I X I E E T O G A
P E T R O P A R
M E T A L I G U A Ç U
Fonte: os autores
Em 2005 houve algumas mudanças, principalmente em relação ao índice de liquidez corrente, onde todas as empresas tiveram reduções nos seus resultados e no final de exercício mantiveram‐se com quocientes aproximados, com exceção da Petropar que apresentou um resultado superior em comparação as demais.
Outro ponto de proximidade de quocientes refere‐se ao índice de liquidez seca, demonstrando uma tendência do setor em estocar mais.
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188 Camelo e outros
Gráfico 03 – Índices de Liquidez 2006
Índices de Liquidez - 2006
0,88
1,28
0,790,89
1,38
0,55
1,77 1,69
1,15
-0,200,400,600,801,001,201,401,601,802,00
Liquidez Geral Liquidez Corrente Liquidez Seca
DIXIE ETOGAPETROPAR
METALIGUAÇU
Fonte: os autores
Conforme nos gráficos anteriores é possível perceber que a Metal Iguaçu permaneceu com o melhor índice de liquidez geral das três empresas, e ainda conseguiu recuperar‐se da queda dos outros índices e manter‐se na liderança.
Gráfico 04 – Índices de Estrutura de Capitais 2004 E s tru tu ra d e C a p ita l 2 0 0 4
2 3 8 %
4 3 %
1 5 4 %
6 6 %7 2 %6 5 %
7 5 %6 0 %
3 5 %5 0 % 4 5 % 3 9 %
0 %
5 0 %
1 0 0 %
1 5 0 %
2 0 0 %
2 5 0 %
E n d iv id a m e n to C o m p o s içã o d oE n d iv id a m e n to
Im o b iliza çã o d o P a trim o n iolíq u id o
Im o b iliza d o d o s R e cu rso s n ã oC o rre n te s
D IX IE E T O G A
P E T R O P A R
M E T A L IG U A Ç U
Fonte: os autores
Este índice reflete o relacionamento do capital próprio e de
terceiros, e com grande destaque a Dixie e Toga apresenta uma porcentagem de endividamento muito acima das demais empresas, revelando que a mesma está com um endividamento duas vezes mais
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Análise das demonstrações contábeis... 189 acima do seu patrimônio líquido. Enquanto, a Metal Iguaçu obteve um resultado abaixo dos 50% (cinquenta por cento), demonstrando uma política equilibrada sobre a utilização do capital de terceiros. Gráfico 05 – Índices de Estrutura de Capitais 2005
E S T R U T U R A D E C A P IT A L 2 0 0 5
3 2 8 %
4 9 %
1 7 0 %
6 3 %8 8 %
4 9 %
1 1 4 %7 8 %
5 0 %
9 1 %
4 8 % 4 6 %
0 %
5 0 %
1 0 0 %
1 5 0 %
2 0 0 %
2 5 0 %
3 0 0 %
3 5 0 %
E n d iv id a m e n to C o m p o s iç ã o d oE n d iv id a m e n to
Im o b iliz a ç ã o d oP a tr im o n io
líq u id o
Im o b iliz a d o d o sR e c u rs o s n ã o
C o rre n te s
D IX IE E T O G AP E T R O P A RM E T A L IG U A Ç U
Fonte: os autores
De acordo com a análise anterior, a Dixie e Toga, em comparação as demais empresas, continuou apresentando o maior índice de endividamento e acima do seu patrimônio líquido; cabe ressaltar, que a mesma empresa imobilizou mais recursos e que provavelmente parte desses valores obtidos de terceiros foram para financiar seu ativo imobilizado (compra de máquinas industriais, ampliação de fábrica etc). Gráfico 06 – Índices de Estrutura de Capitais 2006
E S T R U T U R A D E C A P I T A L 2 0 0 6
2 8 7 %
5 1 %
1 3 4 %
5 6 %
1 0 8 %
5 3 %
1 1 2 %
7 4 %6 9 % 7 9 %5 1 % 4 5 %
0 %
5 0 %
1 0 0 %
1 5 0 %
2 0 0 %
2 5 0 %
3 0 0 %
3 5 0 %
E n d i v i d a m e n t o C o m p o s i ç ã o d oE n d i v i d a m e n t o
I m o b i l i z a ç ã o d oP a t r i m o n i o
l í q u i d o
I m o b i l i z a d o d o sR e c u r s o s n ã o
C o r r e n t e s
D I X I E E T O G AP E T R O P A RM E T A L I G U A Ç U
Fonte: os autores
FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007.
190 Camelo e outros
No ano de 2006 a Metal Iguaçu apesar de conseguir reduzir o grau de dependência de capital de terceiros, em comparação ao período de 2005 – composição do endividamento, ainda permanece com o maior índice em relação as demais empresas. 4.8 – Gráfico 07 – Índices de Rentabilidade 2004
Ín d ic e s d e R e n ta b ilid a d e - 2 0 0 4
1 ,3 5
4 % 6 %3 6 %
0 ,9 7
1 2 % 1 2 %3 8 %
2 ,4 8
7 % 1 6 %3 3 %
0 ,0 0
0 ,5 0
1 ,0 0
1 ,5 0
2 ,0 0
2 ,5 0
3 ,0 0
G iro d o A tiv o M a rg e m L iq u id a R e n ta b ilid a d e d oA tiv o
R e n ta b ilid a d e d oP L
D IX IE E T O G AP E T R O P A RM E T A L IG U A Ç U
Fonte: os autores
A empresa Metal Iguaçu demonstrou que o seu giro de ativo e a rentabilidade do mesmo é superior ao índice das demais empresas; embora a margem líquida das suas receitas seja inferior da Petropar que apresentou um índice de 4% (quatro por cento) a mais em 2004.
Gráfico 08 – Índices de Rentabilidade 2005 Ín d ic e s d e R e n ta b ilid a d e - 2 0 0 5
1 ,2 9
4 % 5 %1 8 %
0 ,8 3
1 0 % 9 % 1 5 %
2 ,0 1
2 % 3 % 3 %0 ,0 0
0 ,5 0
1 ,0 0
1 ,5 0
2 ,0 0
2 ,5 0
G iro d o A t iv o M a rg e m L iq u id a R e n ta b ilid a d ed o A t iv o
R e n ta b il id a d ed o P L
D IX IE E T O G AP E T R O P A RM E T A L IG U A Ç U
Fonte: os autores
FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007.
Análise das demonstrações contábeis... 191
Em comparação ao período anterior todas as empresas apresentaram índices menores no giro dos seus ativos, mas a empresa Dixie e Toga foi a única que apresentou uma queda menor, não somente neste índice mas em todos os outros.
Observar‐se também que houve uma variação negativa dos índices de rentabilidade (Ativo e Patrimônio Líquido) da empresa Metal Iguaçu, demonstrando que os quocientes encontrados foram muito baixos, podendo afastar possíveis investidores da referida empresa.
4.10 – Gráfico 09 – Índices de Rentabilidade 2006
Í n d ic e s d e R e n t a b i l id a d e - 2 0 0 6
1 , 2 0
5 % 6 %1 9 %
0 , 8 2
5 % 4 % 7 %
1 , 4 6
1 % 2 % 2 %0 , 0 0
0 , 2 0
0 , 4 0
0 , 6 0
0 , 8 0
1 , 0 0
1 , 2 0
1 , 4 0
1 , 6 0
G ir o d o A t i v o M a r g e m L iq u id a R e n t a b i l id a d ed o A t iv o
R e n t a b i l id a d ed o P L
D I X I E E T O G AP E T R O P A RM E T A L I G U A Ç U
Fonte: os autores
No último período analisado, fica evidente que o pior desempenho de rentabilidade foi da empresa Metal Iguaçu, onde o seu lucro líquido foi decrescendo de um ano a outro.
Outro ponto importante refere‐se a “rentabilidade do patrimônio líquido” outro índice que demonstrou uma queda geral das três empresas, embora a Dixie tenha conseguido manter‐se no mesmo patamar em 2005 e 2006, enquanto as outras empresas foram reduzindo a sua rentabilidade de forma drástica.
Portanto, ressalta‐se a importância de analisar os índices em conjunto, conforme demonstrado nesse trabalho, algumas empresas tiveram o melhor resultado no índice de liquidez, demonstrando que a sua capacidade de pagamento (obrigações a curto e a longo prazo) estava excelente, mas a sua rentabilidade estava comprometida. Em outras palavras, pode‐se afirmar que nem toda empresa que possui
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192 Camelo e outros uma capacidade de pagamento acima da média é capaz de aumentar a sua rentabilidade e atrair novos investimentos, necessitando de uma política comercial mais sólida e estruturada.
CONCLUSÃO
O trabalho apresentou as principais informações e conceitos sobre a área de Análise das Demonstrações Contábeis, bem como os índices mais utilizados pelos analistas e investidores para visualizar a estrutura de capital, rentabilidade e condições de geração de caixa para pagamentos a curto e a longo prazo.
O estudo prático da análise das empresas Dixie Toga, Metal Iguaçu e Petropar referente aos exercícios de 2004 a 2006, permitiu conhecer na prática o funcionamento e a importância da análise financeira, pois através dessa técnica é possível observar a evolução dos elementos patrimoniais e traçar um perfil das políticas financeiras de obtenção e alocação de recursos (de capital próprio ou de terceiros).
Portanto, este trabalho favoreceu um conhecimento complementar e muito importante sobre essa área da contabilidade, pois aproximou o aluno da realidade através de um estudo prático.
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Análise das demonstrações contábeis... 193 GITMAN, Lawrence Jeffrey. Administração Financeira. São Paulo: Addison Wesley, 2003.
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IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.
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LEITE, Helio de Paula. Introdução á Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1994
MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeiras de balanços. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1995.
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MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeiras de balanços. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
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