análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

27
FCV Empresarial, v. 1, p. 167193, 2007. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EM EMPRESAS DA ÁREA COMERCIAL DE EMBALAGENS Érika Patrícia de Sousa M. Camelo 1 Kátia Regina Bernabé 1 Sebastião Fagundes da Silva 1 Roberto Rivelino M. Ribeiro 2 RESUMO. A contabilidade gerencial tem sido amplamente utilizada pelas empresas no sentido de facilitar decisões, otimizar recursos e conhecer práticas que melhorem a dinâmica empresarial. Especificamente, a área da análise das demonstrações contábeis vem ganhando muito espaço entre os analistas, investidores, credores e outros grupos que se relacionam com a empresa, com o objetivo de conhecer o histórico financeiro da empresa, sua evolução, suas políticas de obtenção e aplicação de recursos etc. Nesse sentido, o presente trabalho tem o objetivo de conceituar alguns itens como: Demonstrações Contábeis, índices financeiros entre outros, com o propósito de fundamentar o estudo prático sobre a análise de alguns Demonstrativos Financeiros de três empresas do ramo comercial de embalagens. Palavras chave: demonstrações contábeis; empresas de embalagens. INTRODUÇÃO A contabilidade é uma ciência muita antiga e desde os seus primórdios a sua principal função foi contribuir para o controle das riquezas (patrimônio). Esse perfil foi evoluindo ao longo dos tempos e hoje a contabilidade possui diversas especializações com finalidades 1 Alunos do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Cidade Verde – FCV – Maringá/PR. 2 Professor de Ciências Contábeis da FCV e UEM.

Transcript of análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Page 1: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS  EM EMPRESAS DA ÁREA COMERCIAL DE EMBALAGENS 

Érika Patrícia de Sousa M. Camelo1 Kátia Regina Bernabé1 

Sebastião Fagundes da Silva1 

Roberto Rivelino M. Ribeiro2

RESUMO. A contabilidade gerencial tem sido amplamente utilizada pelas empresas  no  sentido  de  facilitar  decisões,  otimizar  recursos  e  conhecer práticas que melhorem a dinâmica empresarial. Especificamente, a área da análise das demonstrações contábeis vem ganhando muito espaço entre os analistas,  investidores, credores e outros grupos que se  relacionam com a empresa,  com  o  objetivo  de  conhecer  o  histórico  financeiro  da  empresa, sua evolução, suas políticas de obtenção e aplicação de recursos etc. Nesse sentido,  o  presente  trabalho  tem  o  objetivo  de  conceituar  alguns  itens como: Demonstrações  Contábeis,  índices  financeiros  entre  outros,  com  o propósito  de  fundamentar  o  estudo  prático  sobre  a  análise  de  alguns Demonstrativos  Financeiros  de  três  empresas  do  ramo  comercial  de embalagens.   

Palavras‐chave:  demonstrações contábeis; empresas de embalagens. 

INTRODUÇÃO 

A  contabilidade  é  uma  ciência muita  antiga  e  desde  os  seus primórdios  a  sua  principal  função  foi  contribuir  para  o  controle  das riquezas (patrimônio). Esse perfil foi evoluindo ao longo dos tempos e hoje  a  contabilidade  possui  diversas  especializações  com  finalidades 

1   Alunos  do  Curso  de  Ciências  Contábeis  da  Faculdade  Cidade  Verde  –  FCV  – 

Maringá/PR. 2   Professor de Ciências Contábeis da FCV e UEM. 

Page 2: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

168   Camelo e outros  distintas,  embora  todas  concorram  para  o  controle  patrimonial  das pessoas físicas e jurídicas. 

Diante  desse  cenário  é  importante  destacar  a  área  da contabilidade  gerencial  voltada  para  a  análise  e  interpretação  das Demonstrações  Contábeis  (Balanço  Patrimonial,  Demonstração  do Resultado  do  Exercício,  Demonstração  das  Origens  e  Aplicações  de Recursos,  Demonstração  do  Fluxo  de  Caixa  etc),  onde  estuda  estes demonstrativos empresariais, identificando o seu histórico numerário, através  de  fórmulas  e  cálculos  de  índices  com  o  objetivo  de diagnosticar  os  resultados  das  atividades mercantis  (lucro,  prejuízo, capital  de  giro,  dependência  financeira  etc)  e  a  consolidação  dessas tendências. 

Dentre  os  diversos  índices  utilizados  para  a  realização  da análise das demonstrações contábeis cabe ressaltar os mais utilizados: Índices  de  Liquidez,  de  Endividamento  ou  Estrutura  de  Capital,  de Atividades, de Rentabilidade etc. Os referidos índices são utilizados de acordo  com  a  necessidade  do  analista,  pois  cada  um  tem  uma finalidade  específica,  e  o  seu  conjunto  torna‐se  mais  útil  para visualizar o cenário geral da empresa. 

Nesse  sentido,  o  presente  trabalho  apresenta  um  estudo  de caso na área de análise e interpretação das demonstrações contábeis, com  a  utilização  de  alguns  índices  financeiros,  sobre  os demonstrativos  contábeis  (Balanço  Patrimonial  e  Demonstração  do Resultado  do  Exercício)  das  empresas  Dixie  Toga,  Metal  Iguaçú  e Petropar,  dos  períodos  de  2004  a  2006,  disponibilizados  no  site  da Bovespa ( Bolsa de Valores de São Paulo), compreendendo o universo das empresas do setor de Embalagens. 

Estrutura das demonstrações contábeis 

É de  extrema  importância para o  contador  e o  administrador entender  as  demonstrações  financeiras  para  que  possa  administrar um  negócio  e  saber  como  ele  opera.  As  demonstrações  financeiras possibilitam  uma  visão  da  situação  econômica  e  financeira  da empresa,  constituindo‐se  num  ponto  de  partida  para  análises 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 3: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  169  econômicas  e  financeiras  bem  como  apoio  para  a  realização  do planejamento estratégico e operacional. 

Para  que  se  possa  analisar  as  demonstrações  financeiras  é preciso ter o conhecimento do que representa cada conta ou grupo de contas.  A  análise  das  operações  de  uma  empresa  pode    nos  revelar  gastos  excessivos,  falta  de  controle  e  ou  uma má  gestão.  Logo,  as demonstrações financeiras nos permite  levantar  informações precisas para tomada de decisões em diversas áreas como no planejamento de vendas, compras, produtos, política  financeira, de  recursos humanos, resultados alcançados, planos, previsões etc. 

A  existência  dessas  informações  provenientes      das demonstrações contábeis, mantém os usuários em geral, com um bom nível  de  conhecimento  sobre  a  atividade  e  situação  econômica financeira da empresa. 

Conforme afirmação de Gitman, (2002, p.70) 

Os  relatórios  aos  acionistas  da  maioria  das  grandes sociedades   anônimas, também  incluem comentários sobre as  atividades  da  empresa,  novos  produtos,  pesquisa  e desenvolvimento,e  outros  assuntos.  A  maioria  das empresas não  vê  o  relatório  anual unicamente  como  uma exigência,  mas  como  um  importante  veículo  para influenciar  as  percepções  dos  proprietários  acerca  da empresa  e  suas  perspectivas  futuras.  Devido  as informações  que  contém,  o  relatório  aos  acionistas  pode afetar  o  risco  esperado,  o  retorno,  o  preço  da  ação  e, sobretudo, a viabilidade da empresa. 

Esse  conjunto  de  informações    gerado  pela  Demonstração Contábil  deve  ser  divulgado  anualmente  pela  Administração  da empresa,  demonstrando  sua  prestação  de  contas  para  os  sócios  e acionistas  juntamente  com os  relatórios da administração e as notas explicativas  para  que  os  mesmos  possam  acompanhar  a  situação financeira econômica da empresa. 

Através  da    estrutura  contábil  das  demonstrações  é  que poderemos obter uma avaliação mais aprimorada das empresas, mas 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 4: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

170   Camelo e outros  para  que  essa  análise  seja    avaliada  com mais  clareza  como  já  dito anteriormente    devemos  ter  conhecimentos  sólidos  da  forma  de contabilização e apuração das demonstrações contábeis, sem os quais ficam  seriamente  limitadas  as  conclusões  extraídas  sobre  o desempenho da empresa. 

As  Demonstrações  Contábeis  são  compostas  pelas  seguintes demonstrações :  

 

1. Balanço Patrimonial;  2. Demonstração do Resultado do Exercício 3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Liquido  4. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.  

 

Devido  a  importância  das  Demonstrações    Contábeis,  para  o conhecimento  da empresa e sua variação patrimonial, iremos estudar  cada uma delas. 

Balanço patrimonial 

O  Balanço  Patrimonial  procura  sintetizar  uma  posição financeira da empresa em um dado momento, demonstrando todos os bens e direitos   da mesma. Comparando assim os ativos através dos bens  e  direitos  que  ela  possui,  com  o  passivo  através  das  suas obrigações até mesmo os  financiamentos para a aquisição de bens e direitos  do  ativo.  A  diferença  entre  o  Ativo  e  o  Passivo  é  igual  ao Patrimônio  Liquido  que  demonstra  os  recursos  próprios  da  empresa que pertencem aos seus sócios. 

No  Balanço  Patrimonial,  as  contas  que  são  constituídas    no Ativo  e  no  Passivo  devem  ser  agrupadas  de maneira  que  facilite  o conhecimento para a análise da  situação  financeira da empresa para isso   essas  contas  são apresentadas em ordem decrescentes de grau de liquidez para o ativo, e de exigibilidade para o passivo  

Em outras palavras, Leite (1994, p. 19) afirma  

Que  o  balanço  é  uma  demonstração  que  detalha  e  avalia (pelo  custo) as aplicações  realizadas por uma empresa em 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 5: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  171  

determinado  momento  e  especifica  as  fontes  que financiaram  estas  aplicações  (  recursos  de  terceiros  e recursos  próprios  que  estão  alocados,  no  momento considerado,  no  financiamento  das  aplicações  específicas no Ativo). 

O  Balanço  é  uma  forma  de  demonstrar  os  termos  fontes  e investimentos de recursos, o que é altamente desejável do angulo da Análise de Balanços,  visto que analisar balanços é, em grande parte, avaliar  a  adequação    entre  as  diversas  fontes  e  os  investimentos efetuados. 

Iudícibus (1998, p. 133) afirma:    

A grande importância do Balanço reside na visão que ele dá das  aplicações  de  recursos  feitas  pela  empresa  (Ativo)  e quantos desses  recursos  são devidos a  terceiros  (Passivo). Isso  evidencia  o  nível  de  endividamento,  a  liquidez  da empresa,  a  proporção  do  capital  próprio  (Patrimônio Liquido) e outras análises a serem vistas no apêndice sobre Análise de Balanços. A visão de dois balanços consecutivos mostra  facilmente  a movimentação  ocorrida  no  período  e como a estrutura patrimonial e  financeira se modificou no período. 

O Balanço Patrimonial  serve para  se obter os dados do Ativo, Passivo  e  do  Patrimônio  Liquido,  para  analisar  suas  variações  em determinado período por meio da verificação dos registros contábeis, é ai que   vem a necessidade de resumir os dados de forma adequada, e  que  facilita  as  pessoas  a  conhecer  a  situação  patrimonial  da empresa e as suas variações ocorridas durante certo período . 

Demonstração de resultado do exercício 

Tem  por  objetivo  demonstrar  a  movimentação  da  conta  de lucros  ou  prejuízos  acumulados,  ainda  não  distribuídos  aos  sócios titular  ou  aos  acionistas,  revelando  os  eventos  que  influenciaram  a modificação do  seu  saldo, devendo  também  revelar o dividendo por ação  do  capital  realizado,  essa  demonstração  é  elaborado simultaneamente com o Balanço Patrimonial, demonstrando como se 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 6: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

172   Camelo e outros  chegou ao  lucro ou ao prejuízo, esclarecendo muitas das variações do patrimônio  liquido,  no  período  entre  dois  balanços.  O  lucro  (ou prejuízo) é apurado através das receitas, custos e despesas  incorridas pela empresa em determinado período e são apropriados conforme o regime  de  competência    ou  seja,  independentemente    de  que  esses valores tenham sido pagos ou recebidos. 

Matarazzo (1995, p. 47) afirma:  

A  Demonstração  do  Resultado  do  Exercício  é  uma demonstração  dos  aumentos  e  reduções  causados  no Patrimônio  Liquido  pelas  operações  da  empresa.  As receitas  representam  normalmente  aumento  no  Ativo, através de ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber  ou  dinheiro  proveniente  das  transações. Aumentando  o  Ativo,  aumenta  o  Patrimônio  Liquido.  As despesas  representam  redução  do  Patrimônio  Liquido, através  de  um  entre  dois  caminhos  possíveis:  redução  do Ativo ou aumento do Passivo Exigível. 

Com  isso  todas  as  receitas  e  despesas  se  localizam  na Demonstração  do  Resultado,  conforme  sua  forma  de  apresentação, demonstrando  uma  síntese  financeira  dos  resultados  operacionais  e não operacionais da empresa. 

Demonstração das mutações do patrimônio líquido  

A  DMPL  é  uma  demonstração  mais  completa  e  abrangente, apresenta  as  variações  de  todas  as  contas  do  Patrimônio  Liquido durante  o  exercício  social,  seja  ela  proveniente  da  correção monetária,  de  aumento  de  capital,  de  reavaliação  de  elementos  do ativo, de lucro ou de simples transferência entres contas, relacionadas no grupo do Patrimônio Liquido. Essa   demonstração é  facultativa na maioria  das  companhias,  mas  quando  apresentadas,  substitui  a Demonstração de  Lucros ou Prejuízos Acumulados  (DLPA) que é uma demonstração onde mostra as retenções de lucros, as distribuições de lucros aos sócios, os ajustes de exercícios anteriores, saldos ainda não destinados.  Por    esse  motivo  a  DMPL  se  caracteriza    como  um elemento complementar  do que como  peça através da  qual se pode 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 7: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  173  obter informações que possibilitam a tomada de decisão, desta forma  a  DMPL  não  é  analisada  conforme  o  Balanço  e  a  Demonstração  do Resultado do Exercício. 

Hoji,  (2004,  p.  268)  afirma  que,“A DMPL,  evidencia  os  fluxos que  impactam os  saldos das  contas do  Patrimônio  Liquido.  Para  fins de publicação, por ser mais abrangente, a DMPL substitui a DLPA, esta sim, obrigatória de acordo com a legislação.” 

A    elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é facultativa e, de acordo com o artigo 186, parágrafo 2º, da Lei das S/A, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados poderá ser incluída nesta demonstração. 

Demonstração das  origens  e aplicações de  recursos 

A  Demonstração das Origens e Aplicações e Recursos indica as modificações    na  posição  financeira  da  empresa  de  um  exercício  a outro,  evidenciando  a  origem  dos  recursos  e  onde  eles  foram aplicados  permitindo  uma    melhor  apreciação  para  a  análise financeira, dando um sentindo mais amplo, permitindo a identificação clara   dos  fluxos  financeiros que aumentaram ou  reduziram o capital circulante liquido, indicando suas origens. 

Matarazzo  (1995,  p.52),  afirma  que  “A  DOAR  visa  permitir  a análise do  aspecto  financeiro da  empresa,  tanto no que diz  respeito ao  movimento  de  investimentos  e  financiamentos  quanto relativamente  á  administração  da  empresa  sob  o  angulo  de  obter  e aplicar compatívelmente  os recursos.” 

Portanto,  através  da  DOAR  podemos  analisar  os  recursos  ao longo de um exercício, como eles foram obtidos,a sua participação nas transações  comerciais,  e  também  como  foram  aplicados  novos recursos. 

PADRONIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 

As  demonstrações  financeiras  devem  ser  organizadas  e preparadas  para  a  análise  através  de  padronizações.  Com  este 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 8: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

174   Camelo e outros  objetivo obtemos  informações mais claras e detalhadas para gerentes e dirigentes de uma empresa.  

De  acordo  com  Matarazzo  (2007,  p.  136)  “a  padronização consiste em: simplificação, comparabilidade, adequação aos objetivos da análise, precisão na classificação de contas, auxilia a descoberta de erros  e  proporciona  a  intimidade  do  analista  com  as  demonstrações financeiras”.  

A seguir apresenta‐se um comentário mais claro e detalhado a respeito das informações mencionadas acima pelo autor.  

• Simplificação: um balanço expresso de acordo com a  lei das S.as abrange  em  média  60  contas,  isso  proporciona  um  grau  de dificuldade maior  na  visão  do  balanço  como  um  todo. Quando comparados  com  três balanços  com 60  valores diferentes  cada um calculamos os percentuais de variação de um período para o outro  (ou  seja,  a  análise  vertical  e  horizontal),  atinge  a  540 números,  e  isso  complica  o  trabalho  de  um  analista, proporcionando  perca  de  dados  e  a  demora  no  processo  da análise.  Existem    padronizações  que  reduz  em média  de  20,  o número  de  contas  do  balanço  proporcionando  agilidade  e  a facilidade no processo da análise.  

• Comparabilidade: bancos, seguradoras etc; ou seja, onde se tem por  obrigatoriedade  um  plano  de  contas  legal  com  maior  ou menor grau de informações e títulos de contas, no qual se torna difícil  perceber  sua  origem.  A  análise  é  feita  através  de comparação,  e  seu  propósito  é  analisar  um  balanço  após  seu enquadramento  em  um  exemplo  que  se  torna  possível,  a comparação com outros balanços. 

• Adequação  aos  objetivos da  análise:  geralmente  uma  conta  ou outra  devem  ser  reclassificada,  como  por  exemplo,  duplicatas descontadas  que  deve  constar  no  passivo  circulante.  Outras contas como duplicatas à receber e estoques são habitualmente classificadas no ativo circulante. 

• Precisão  nas  classificações  de  contas:  encontramos  com freqüência  balanços  e  demonstrações  de  resultados  com  erros nas classificações de contas, como permanente que se encontra no  ativo  circulante,  obrigações  do  próprio  exercício  que 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 9: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  175  

aparecem como do exercício seguinte, etc. a padronização deve ser  rigorosa  para  corrigir  certos  tipos  de  erros  como  os mencionados acima.  

• Descoberta de  erros:  erros propositais ou não  investigados nas demonstrações financeiras.  

a) Estoque final ou inicial das demonstrações do resultado do exercício não é idêntico com os estoques dos balanços. 

b) Provisão para devedores duvidosos do balanço não é igual a  que  foi  construída  na  demonstração  do  resultado  do exercício. 

c) Impossível harmonizar o patrimônio  liquido  final, mais os resultados  do  exercício  com  o  patrimônio  liquido  inicial. Uma  padronização  mais  objetiva  deveria  sempre  ser precedida da preparação de um fluxo de caixa. 

• Intimidade  do  analista  com  as  demonstrações  financeiras  da empresa:  baseada  nas  regras  da  análise  e  padronização, obrigatoriamente leva o analista a refletir isoladamente em cada conta  das  demonstrações  financeiras,  e  assim  decidir  com  a confrontação de outras contas. 

Com  base  nestas  informações,  podemos  nos  orientar  de maneira  mais  clara  e  precisa,  para  nos  auxiliar  nas  tomadas  de decisões. E com isso apresentar um trabalho dinâmico no qual envolve seriedade e perfeição no desenvolvimento da análise. 

Reclassificação 

A  reclassificação  é  o  ato  de  analisar  e  reagrupar  as  contas quando necessário.  Segundo Matarazzo  (2007, p. 136)  “se o  analista conhecer os principais itens de manipulação dos balanços, desconfiará das  rubricas  citadas  e  solicitará  esclarecimentos  à  empresa  em análise, na duvida deverá reclassificá‐las”.  

Com afirmação de Assaf Neto (2007, p. 126) tem‐se que “dessa maneira,  é  sugerido  o  reagrupamento  de  algumas  contas  do demonstrativo, com o objetivo de tornar o balanço mais homogêneo e consistente para o processo de análise econômico‐financeira”.  

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 10: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

176   Camelo e outros  

Sendo  assim  a  reclassificação  e  o  reagrupamento  se  torna obrigatoriamente  necessária,  para  a  análise.  Com  estes procedimentos  podemos  extrair  informações  mais  claras  e  precisas em relação aos demonstrativos das empresas.   

AVALIÇÃO DA EMPRESA ATRAVÉS DE ÍNDICE 

Toda  empresa  necessita  de  informações  organizadas  e detalhadas para  tomadas de decisões, e por  isso existe um grupo de pessoas que por sua vez, obrigatoriamente precisam demonstrar mais interesse  na  análise  de  índices.  Dentre  elas  estão:  os  acionistas, credores e dirigentes que buscam apurar os resultados e assim tomar as decisões da empresa. As  instruções presentes nos demonstrativos financeiros são de suma importância para muitas empresas e afins. 

Este estudo que nos leva a certas conclusões e decisões para a tomada  de  decisões  tem  como  palavra  chave  “relativas”  ‐  devido  a análise das demonstrações financeira, que apóia‐se no uso de  índices ou valores relativos. 

Gitman e Madura  (2003, p. 191) “a análise de  índices envolve métodos  de  cálculo  e  interpretação  de  índices  financeiros  para analisar e monitorar o desempenho da empresa”.  

Já Hoji (2004, p. 280) “a técnica de análise por meio de índices consiste  em  relacionar  contas  e  grupos  de  contas  para  extrair conclusões  sobre  tendências  e  situações  econômico‐financeira  da empresa”.  

Os  instrumentos  básicos  para  o  analista  de  índices  são:  a Demonstração de Resultado e o Balanço Patrimonial da empresa. Na análise de índices o aspecto mais relevante é a interpretação do valor do  índice, ou seja, para saber se um valor é elevado ou reduzido, se é bom  ou  ruim,  para  isso,  utilizamos  o  método  da  comparação  de índices que pode ser feito de duas maneiras, tais como série‐temporal ou comparativa setorial.  

As  principais  formas  de  análises  são  destacadas  abaixo,  de acordo com o entendimento de Gitman e Madura (2003, p. 192):  

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 11: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  177  

• Análise  comparativa  setorial:  abrange  a  comparação  de  índices financeiros  de  várias  empresas  no  mesmo  período.  Os interessados querem  comparar o  andamento da  empresa  com o de outras empresas em seu setor. Este tipo de análise comparativa setorial, e também chamado Benchmarkng, tem sido muito usado pelos analistas. Muitos acham que uma empresa analisada quando tem seu valor ‘melhor que a média’ do setor, pode favoravelmente ser  vista  como  uma  boa  empresa  em  relação  a  outras.  Esta conclusão  ‘melhor  que  a  média’  pode  ser  falsa.  No  entanto  é interessante  o  analista  verificar  desvios muito  alto  ou  baixo  de mais em relação ao padrão do setor.  

• Análise  série‐temporal:  verifica  o  andamento  com  o  período.  A comparação  do  atual  desempenho  com  o  antigo,  através  de índices permite que os analistas avaliem o progresso da empresa. 

• Análise  combinada:  um  dos  interesses  dos  analistas  é  trabalhar com a análise combinada, ou seja, combinar a análise comparativa com  a  série‐temporal.  Este  tipo  de  combinação  nos  permite  ter uma visão de avaliar as  tendências do  comportamento do  índice em  relação  ao  setor.  Através  da  análise  dos  índices,  podemos chegar, a várias conclusões e decisões a  respeito da situação das empresas,  em  relação  a  seus  concorrentes  e  ao  mercado  de trabalho. E por isso, a análise de índices, é indispensável para estas medidas que favorece o desempenho das empresas.      

Como  já  foi mencionado  à  análise  de  índices  não  é  apenas  o cálculo  de  um  índice.  O mais  interessante  é  a  interpretação  de  seu valor. A  importância de cada  índice depende claramente de quem é o usuário das diversas entidades, e além, disso não se deve esquecer a importância  de  cada  um  deles  isoladamente.  Por  tanto,  de  acordo com o número de índices que deverá ser utilizado na análise, depende do usuário, da profundidade e da importância que se deseja analisar.  

Análise vertical e horizontal 

A  comparação  dos  valores  extraídos  em  determinada  data, com  aqueles  obtidos  em  períodos  anteriores,  e  o  entrosamento desses  números  com  outros  e  afins,  são  as  duas  principais características de  análise de uma  empresa. Assim  à  comparação dos 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 12: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

178   Camelo e outros  números entre si com os diferentes períodos oferecem a situação das demonstrações  contábeis. Este processo é  representado pela  análise horizontal e pela análise vertical.  

A  análise horizontal  consiste na  comparação  entre os  valores de uma mesma  conta ou grupo de  contas, em diferentes períodos. É essencialmente um método de análise  temporal. A análise horizontal pode ser feita de acordo com o cálculo das variações em relação à um ano base, desta  forma é chamada de análise horizontal encadeada, e sendo em relação ao ano anterior, será denominada análise horizontal anual.  

Segundo  Hoji  (2004,  p.  279)  “a  análise  horizontal  tem  a finalidade  de  evidenciar  a  evolução  dos  itens  das  demonstrações contábeis  por  períodos.  Calculam‐se  os  números  –  índices estabelecendo o exercício mais antigo como  índice base 100. Pode‐se calcular  também, os aumentos anuais.”  

Na  visão  de  Matarazzo  (2007,  p.  250)  “a  análise  horizontal mostra a evolução de cada conta das demonstrações sobre a evolução da empresa”.  

Já  a  análise  vertical  abrange  os  valores  percentuais  das demonstrações  financeiras. Portanto  calcula‐se o percentual de  cada conta em  relação  a um  valor base. Podemos  tomar  como exemplo  a análise vertical do balanço patrimonial de uma empresa, calcula‐se o percentual de cada conta em relação ao total do seu ativo.  

A análise vertical facilita a avaliação da estrutura do ativo e do passivo,  e  interage  cada  item  da  demonstração  de  resultado  na formação do  lucro ou prejuízo.  Já  nas demonstrações de  resultados, calcula‐se  o  percentual  de  cada  conta  em  relação  às  vendas.  Neste caso  podemos  afirmar  que  a  análise  vertical  também  é  uma  técnica comparativa.  

Para  Matarazzo  (2007,  p.  249),“  a  análise  vertical  mostra  a importância  de  cada  conta  em  relação  à  demonstração  financeira  a que pertence e, através da comparação com padrões do ramo ou com percentuais  da  própria  empresa  em  anos  anteriores,  permitir  inferir se há itens fora das proporções normais”.  

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 13: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  179  

É  recomendável  que  a  análise  vertical  e  horizontal  sejam usadas combinadas. Não devemos tirar decisões e respostas somente da análise horizontal, pois mesmo apresentando variações de 2000% pode  continuar  sendo  um  item  irrelevante  dentro  da  demonstração financeira a que faz parte. E por isso, devemos trabalhar com a análise horizontal  e  com  a  análise  vertical  para  que  nossas  conclusões  e respostas  sejam  baseadas  nestas  duas  ferramentas,  analisadas  e combinadas  simultaneamente,  em  uma  só  técnica  de  análise  onde denominamos análise vertical/horizontal (MATARAZZO, 2007, p. 248) 

Índices de liquidez 

São  índices usados para medir as condições de pagamento da empresa, isto é, se a empresa apresenta um quadro favorável, ou não, para saldar suas dívidas (prazo imediato, curto e longo prazo). 

Segundo Silva (1999, p. 266) os índices de liquidez 

visam fornecer um  indicador da capacidade da empresa de pagar  suas  dívidas,  a  partir  da  comparação  entre  os direitos  realizáveis e as exigibilidades. No geral, a  liquidez decorre  da  capacidade  de  a  empresa  ser  lucrativa,  da administração  de  seu  ciclo  financeiro  e  das  sua  decisões estratégicas de investimento e financiamento. 

Em outras palavras, o autor afirma que o cálculo  inicia com a comparação  entre  os  direitos  e  as  obrigações  da  empresa,  com objetivo de  identificar o grau de  liquidez empresarial a partir da  sua administração (ciclo financeiro e lucratividade). 

Marion  (2002, p.  83) diz que  tais  índices  “são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa,  isto é, constitui uma apreciação  sobre  se  a  empresa  tem  capacidade  para  saldar  seus compromissos.  Essa  capacidade  de  pagamento  pode  ser  avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato.” 

Para Matarazzo  (2003,  p.  163‐164)  este  índice  não  pode  ser confundido  com  índice de  capacidade de pagamento, pois os  índices de  liquidez  não  são  extraídos  do  fluxo  de  caixa  que  comparam  as entradas  com  as  saídas  de  dinheiro.  São  índices  que,  a  partir  do 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 14: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

180   Camelo e outros  confronto  dos  Ativos  circulantes  com  as  Dívidas,  procuraram medir quão  sólida é a base  financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não  estará, obrigatoriamente, pagando  suas dívidas  em dia em  função de outras variáveis  como prazo,  renovação de dívidas etc.  

Observa‐se  na  apreciação  do  mesmo  uma  preocupação  em esclarecer  que  os  índices  de  liquidez  não  podem  ser  considerados como  aqueles  que  medem  a  capacidade  de  pagamento  de  uma empresa,  uma  vez  que  não  são  extraídos  das  entradas  e  saídas  de caixa  (fluxo de caixa). O autor esclarece que se os  índices de  liquidez apresentam  um  resultado  bom,  isso  não  pode  ser  entendido ‘definitivamente’  como  uma  condição  de  pagamento,  pois  é  preciso analisar qualitativamente as contas e os ciclos destas para  identificar seus prazos, giros e condições. 

Do  exposto,  depreende‐se  que  os  índices  de  liquidez  servem para  apreciar  e  vislumbrar  as  condições  de  pagamento  de  uma empresa,  ou  seja,  antecipa  o  quadro  financeiro  das  suas  entradas  e saídas, que pode ser melhor estudado através do fluxo de caixa.  

Liquidez Imediata 

Este  quociente  relaciona  o  disponível  em  determinado momento com o passivo corrente. 

Com afirmação de Assaf Neto (2007, p. 190):  

Revela  a  porcentagem  das  dívidas  a  curto  prazo (circulante)  em  condições  se  serem  liquidadas imediatamente. Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco  interesse  das  empresas  em  manter  recursos monetários  em  caixa,  ativo operacionalmente de  reduzida rentabilidade. 

Diante da afirmação do autor, pode‐se constatar que a liquidez imediata relata a quantia que a empresa dispõe para pagar sua dívidas de curto prazo.  

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 15: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  181  

Liquidez Corrente 

Mede a  capacidade da empresa de atender a  suas obrigações de curto prazo. 

Segundo Iudícibus (2007, p. 91):  

Este  quociente  relaciona  quantos  reais  dispomos, imediatamente  disponíveis  e  conversíveis  em  curto  prazo em dinheiro,  com  relação  às dívidas de  curto prazo.  É um índice  muito  divulgado  e  frequentemente  considerado como  o  melhor  indicador  da  situação  de  liquidez  da empresa.  É  preciso  considerar  que  o  numerador  estão incluídos  itens  tão diversos  como: disponibilidade,  valores a  receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagas antecipadamente.  No  denominador,  estão  incluías  as dívidas e obrigações vencíveis a curto prazo. 

Com  tal  afirmação,  pode‐se  concluir  que  a  liquidez  corrente relaciona quanto que a empresa tem disponível e quanto que ela pode converter para pagar suas dívidas a curto prazo. 

Liquidez Seca 

O  índice  de  liquidez  seca  objetiva  calcular  a  capacidade  de pagamento empresarial desconsiderando os seus estoques. 

Para  Gitman  e  Madura  (2003,  p.  195):  “O  índice  seco (quociente ácido) é parecido com o  índice de  liquidez de curto prazo, exceto por excluir o estoque, em geral é o ativo circulante de menor liquidez.”  

Entende‐se que o índice de Liquidez Seca serve para verificar a tendência  financeira  da  empresa  em  cumprir,  ou  não,  com  as  suas obrigações a curto prazo, mas desconsiderando os seus estoques, pois estes  podem  apresentar‐se  obsoletos  e  não  representar  a  realidade dos saldos apresentados no Balanço contábil. 

É  importante  também  observar  que  se  a  empresa  possui  um estoque muito  elevado,  os  analistas  ou  investidores  vão  considerar que não existem políticas adequadas de compras e vendas. 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 16: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

182   Camelo e outros  

Liquidez Geral 

Esse  índice  serve  para  detectar  a  saúde  financeira  no  que  se refere à liquidez de longo prazo do empreendimento. 

Assaf Neto, (2007, p. 191) afirma que, “Esse indicador revela a liquidez, tanto a curto como a longo prazo. De cada $ 1 que a empresa tem de dívida, o quanto existe de direitos e haveres no circulante e no realizável a longo prazo.” 

Com  o  relato  do  autor,  entende‐se  que  esse  índice  aponta quanto  a  empresa  possui  em  dinheiro,  bens  e  direitos  realizáveis  a curto e longo prazo. 

Índices de endividamento ou estrutura de capital 

Esses  índices  se  relacionam  entre  si,  procurando  descrever  a posição  relativa  do  capital  próprio  (da  empresa)  com  relação  ao capital de credores (bancos, fornecedores etc). 

Iudícibus  (2007,  p.  94),  afirma  que  estes  quocientes relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a posição relativa do capital com relação ao capital de terceiros. São quocientes de  muita  importância,  pois  indicam  a  relação  de  dependência  da empresa com relação a capital de terceiros. 

Acrescendo  a  visão  de  Gitman  e Madura  (2003,  p.  198)  que afirmam  ainda,  “o  índice  de  endividamento mede  a  parte  do  ativo total  financiada  pelos  credores  da  empresa.  Quanto mais  alto  esse índice, maior a quantia em dinheiro que está sendo usada para gerar lucros.” 

Para  Matarazzo  (1998,  p.  157)  “Os  índices  desse  grupo mostram  as  grandes  linhas  de  decisões  financeiras,  em  termos  de obtenção  e  aplicação  de  recursos.”  Portanto,  os  índices  de endividamentos  servem  para  visualizar  a  estrutura  financeira  das obtenções  e  alocações  dos  recursos  empresariais,  possibilitando  o estudo  para  conhecer  e  optar  pelas  melhores  decisões  de investimentos. 

 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 17: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  183  

Capital de Terceiros/Capital Próprio 

O  cálculo  realizado  para  identificar  a  relação  entre  recursos próprios e de  terceiros permite  conhecer a dependência de  recursos alheios.  

Segundo  Silva  (1999,  p.  256)  “O  índice  de  participação  de capitais  de  terceiros  indica  o  percentual  de  capital  de  terceiros  em relação ao patrimônio  líquido,  retratando a dependência da empresa em relação aos recursos externos.”   

Com  relação  a  afirmação  do  autor,  compreende‐se  que  esse índice  indica quanto que a empresa tem de capital de terceiros e sua dependência com relação aos recursos externos. 

Capital de Terceiros/Passivo Total 

Neste  índice  a  empresa  procura  identificar  qual  é  a participação  do  capital  de  terceiros  em  relação  ao  total  de  recursos captados. 

Para  Iudícibus  (2007,  p.  94)  “Este  quociente  (também conhecido  por  “Debt  Ratio”),  de  grande  relevância,  relaciona  o Exigível Total  (capitais de  terceiros)  com Fundos Totais Providos  (por capitais próprios e capitais de terceiros).”  

Entende‐se  que  este  índice  representa  a  participação  dos fundos  captados  de  terceiros  (bancos,  fornecedores  e  outras obrigações a curto e  longo prazo) sobre os fundos totais da empresa, que é o  conjunto dos  recursos apresentados no patrimônio  líquido e em outras contas que representam encargos de terceiros.   

Imobilização do Patrimônio Líquido ou Capital Próprio 

A  imobilização  do  patrimônio  líquido  demonstram  que  os recursos próprios da empresa estejam aplicados em  investimentos de recuperação a  longo prazo,  inviabilizando o giro de alguns  recursos a curto  prazo.  Assim,  pode‐se  afirmar  que  índice  é  utilizado  para encontrar  o  montante  dos  recursos  próprios  aplicados  em  ativo permanente.    

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 18: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

184   Camelo e outros  

De acordo  com  Silva  (1999, p. 254)  “O  índice de  imobilização do patrimônio líquido indica quanto do patrimônio líquido da empresa está aplicado no ativo permanente.” 

Portanto,  essa  aplicação  em  ativos  a  longo  prazo  pode  ser viável  ou  não,  dependendo  do  ramo  de  atividade  e  políticas operacionais e de  investimentos da empresa. No geral, esses recursos aplicados em ativos permanentes deixam de favorecer outras políticas a curto prazo, deixando a empresa dependente de  recursos externos para alavancar o seu giro.   

Índices de rentabilidade  

Os  índices  de  Rentabilidade medem  o  quanto  uma  empresa está sendo  lucrativa ou não, através dos capitais  investidos, o quanto renderam  os  investimentos  e,  qual  o  resultado  econômico  da empresa. O seu conceito analítico é o quanto maior melhor.  

Hoji (2004, p. 290), afirma que os índices de rentabilidade  

São  muito  importantes,  pois  evidenciam  o  sucesso  (ou insucesso)  empresarial.Os  índices  de  rentabilidade  são calculados,  geralmente,  sobre  as  receitas  líquidas  (alguns índices  podem  já  ter  sido  calculados  em  análise  vertical), mas, em alguns casos, pode ser  interessante calcular sobre as  Receitas  Brutas  deduzidas  somente  das  vendas canceladas e abatimentos. 

Para  se  fazer  a  análise  de  rentabilidade,      é  necessário  a verificação  dos  lucros  que  estejam  relacionados  com  valores  que possam  dar  a  entender    o  tamanho  destes  lucros  dentro  das atividades da empresa. 

Retorno sobre o  ativo 

O  Retorno sobre o Ativo revela o quanto a empresa obtém de lucro  sobre  o  investimento  total.  O  Retorno  Líquido  sobre  o  Ativo pode  ser  aumentado  elevando‐se  as margens  de  lucro  ou  o  giro  do ativo.  Entretanto,  a  concorrência  limita  sua  capacidade  de  fazer  as duas  coisas  ao mesmo  tempo.  A  rentabilidade  do  ativo  é  calculada 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 19: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  185  quando  se  deseja  ter  um  idéia  da  lucratividade,  como  um  todo,  do empreendimento, venham de onde vierem os  recursos, admitindo‐se as aplicações realizadas.  

Para Matarazzo  (1995,  p.  185),  “este  índice mostra  quanto  a empresa obteve de  lucro  liquido em  relação ao Ativo,uma medida da capacidade  da  empresa  em  gerar  lucro  liquido  e  assim  poder capitalizar‐se.” 

O  retorno  sobre  o  ativo  evidencia  qual  foi  o  retorno  que  a empresa obteve frente ao que conseguiu gerar de receitas. Em outras palavras:  quanto  o  que  sobrou  para  a  firma  representa  sobre  o volume faturado.  

Retorno sobre o patrimonio liquido 

O Retorno  sobre Patrimônio  Líquido  indica quanto a empresa teve  de  lucro  para  cada  unidade  monetária  de  Capital  Próprio investido, mostrando qual a taxa de rentabilidade do Capital próprio. 

Para  Matarazzo,  (1995,  p.  187)  considera  que  “O  papel  do índice  de  Rentabilidade  do  Patrimônio  Liquido  é   mostrar  a  taxa  de rendimento do Capita Próprio.  Essa  taxa pode  ser  comparada  com  a de outros rendimentos alternativos no mercado.” 

Com  isso  podemos  concluir  que  este  índice  serve  como indicador  para  que  os  investidores  verifiquem  se  a  empresa  está oferecendo o retorno desejável. 

Rentabilidade das vendas líquidas ou margem operacional 

Avalia  o  que  se  denomina  freqüentemente  lucros  puros, adquiridos    em  cada  entidade  monetária  de  venda.  Considerando somente  os  lucros  auferidos  pela  empresa,  ignorando  quaisquer despesas  financeiras  ou  obrigações,  podemos  dizer  que  o  lucro apurado  é  puro.  O  lucro  de  uma  empresa  pode  ser  avaliado  em relação a suas vendas,ativos,patrimônio liquido e ao valor da ação. 

Para Braga,(2006, p. 168), margem operacional:   

Destina‐se  a medir  o  volume  de  receitas  absorvidas  pelos custos  de  exploração.Quanto  mais  elevado  este  índice, 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 20: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

186   Camelo e outros  

menor  a margem  de  ganho  dos  negócios.Enquanto  que  a margem bruta mede a rentabilidade das vendas,  logo após a dedução do custo dos produtos vendidos. 

Conforme  a  visão  do  autor  pode‐se  avaliar  os  ganhos  dos negócios através deste índice. 

APRESENTAÇÃO ESTUDO PRÁTICO 

Objetivo do estudo 

Demonstrar a  importância das Demonstrações Contábeis para análise, através de  índices  financeiros, e de avaliar  três empresas no ramo  comercial  de  embalagens  através  dos  Índices  de  Liquidez, Rentabilidade e Estrutura de Capital. 

Método do estudo 

Foram  levantados  dados  através  de Balanços  disponibilizados no  site  da  Comissão  de  Valores  Mobiliários  (CVM)  das  seguintes empresas:  Dixie  Toga,  Metal  Iguaçu  e  Petropar  referente  aos exercícios de 2004 a 2006,  todas no  ramo  comercial de Embalagens. As  informações  extraídas  foram  analisadas  através  do  Sistema  de Análise  Financeira  de  Balanço  do  autor  Matarazzo  e  os  resultados podem ser visualizados através dos gráficos a seguir. 

Gráfico 01 – Índices de Liquidez 2004 

Índices de Liquidez - 2004

0,77

1,55

1,031,34

1,84

0,62

2,55

3,08

1,39

-

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

Liquidez Geral Liquidez Corrente Liquidez Seca

DIXIE E TOGA

PETROPAR

METAL IGUAÇU

Fonte: os autores 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 21: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  187  

Os  índices  de  liquidez  analisados  em  2004  reflete  que  a empresa Metal Iguaçu apresentou o melhor resultado, principalmente o  índice de  liquidez corrente, que em comparação com a Dixie e Toga obteve  praticamente  o  dobro.  A  Dixie  também  não  apresentou  um índice de  liquidez geral  satisfatório  (0,77), ou  seja,  comparando  seus ativos  e  passivos  de  curto  e  longo  prazo  a  empresa  não  conseguiria honrar seus compromissos 100% (cem por cento). 

É importante destacar que a Petropar apresentou um índice de liquidez seca muito baixo, demonstrando que 1/3, aproximadamente, de  seu  ativo  refere‐se  a  estoque  de  produtos,  e  que  até  o  final  de 2006  esse  resultado  aumentou,    comprometendo  a  liquidez  da empresa. 

  Gráfico 02 – Índices de Liquidez 2005 

Í n d i c e s d e L iq u id e z - 2 0 0 5

0 , 7 9

1 , 1 7

0 , 7 70 , 8 4

1 , 4 6

0 , 6 3

2 , 0 4

1 , 1 9

0 , 7 7

-

0 , 5 0

1 , 0 0

1 , 5 0

2 , 0 0

2 , 5 0

L iq u id e z G e r a l L iq u id e z C o r r e n t e L iq u id e z S e c a

D I X I E E T O G A

P E T R O P A R

M E T A L I G U A Ç U

Fonte: os autores  

Em 2005 houve algumas mudanças, principalmente em relação ao  índice  de  liquidez  corrente,  onde  todas  as  empresas  tiveram reduções  nos  seus  resultados  e  no  final  de  exercício mantiveram‐se com  quocientes  aproximados,  com  exceção  da  Petropar  que apresentou um resultado superior em comparação as demais. 

Outro ponto de proximidade de quocientes refere‐se ao índice de  liquidez  seca,  demonstrando  uma  tendência  do  setor  em  estocar mais. 

    

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 22: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

188   Camelo e outros  

Gráfico 03 – Índices de Liquidez 2006 

Índices de Liquidez - 2006

0,88

1,28

0,790,89

1,38

0,55

1,77 1,69

1,15

-0,200,400,600,801,001,201,401,601,802,00

Liquidez Geral Liquidez Corrente Liquidez Seca

DIXIE ETOGAPETROPAR

METALIGUAÇU

 Fonte: os autores  

Conforme  nos  gráficos  anteriores  é  possível  perceber  que  a Metal  Iguaçu permaneceu  com o melhor  índice de  liquidez  geral das três  empresas,  e  ainda  conseguiu  recuperar‐se  da  queda  dos  outros índices e manter‐se na liderança.  

Gráfico 04 – Índices de Estrutura de Capitais 2004 E s tru tu ra d e C a p ita l 2 0 0 4

2 3 8 %

4 3 %

1 5 4 %

6 6 %7 2 %6 5 %

7 5 %6 0 %

3 5 %5 0 % 4 5 % 3 9 %

0 %

5 0 %

1 0 0 %

1 5 0 %

2 0 0 %

2 5 0 %

E n d iv id a m e n to C o m p o s içã o d oE n d iv id a m e n to

Im o b iliza çã o d o P a trim o n iolíq u id o

Im o b iliza d o d o s R e cu rso s n ã oC o rre n te s

D IX IE E T O G A

P E T R O P A R

M E T A L IG U A Ç U

Fonte: os autores 

 Este  índice  reflete  o  relacionamento  do  capital  próprio  e  de 

terceiros,  e  com  grande  destaque  a  Dixie  e  Toga  apresenta  uma porcentagem  de  endividamento muito  acima  das  demais  empresas, revelando que a mesma está com um endividamento duas vezes mais 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 23: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  189  acima do seu patrimônio líquido. Enquanto, a Metal Iguaçu obteve um resultado abaixo dos 50%  (cinquenta por  cento), demonstrando uma política equilibrada sobre a utilização do capital de terceiros.  Gráfico 05 – Índices de Estrutura de Capitais 2005 

E S T R U T U R A D E C A P IT A L 2 0 0 5

3 2 8 %

4 9 %

1 7 0 %

6 3 %8 8 %

4 9 %

1 1 4 %7 8 %

5 0 %

9 1 %

4 8 % 4 6 %

0 %

5 0 %

1 0 0 %

1 5 0 %

2 0 0 %

2 5 0 %

3 0 0 %

3 5 0 %

E n d iv id a m e n to C o m p o s iç ã o d oE n d iv id a m e n to

Im o b iliz a ç ã o d oP a tr im o n io

líq u id o

Im o b iliz a d o d o sR e c u rs o s n ã o

C o rre n te s

D IX IE E T O G AP E T R O P A RM E T A L IG U A Ç U

Fonte: os autores  

De  acordo  com  a  análise  anterior,  a  Dixie  e  Toga,  em comparação  as  demais  empresas,  continuou  apresentando  o  maior índice  de  endividamento  e  acima  do  seu  patrimônio  líquido;  cabe ressaltar,  que  a  mesma  empresa  imobilizou  mais  recursos  e  que provavelmente parte desses  valores obtidos de  terceiros  foram para financiar  seu  ativo  imobilizado  (compra  de  máquinas  industriais, ampliação de fábrica etc).  Gráfico 06 – Índices de Estrutura de Capitais 2006 

E S T R U T U R A D E C A P I T A L 2 0 0 6

2 8 7 %

5 1 %

1 3 4 %

5 6 %

1 0 8 %

5 3 %

1 1 2 %

7 4 %6 9 % 7 9 %5 1 % 4 5 %

0 %

5 0 %

1 0 0 %

1 5 0 %

2 0 0 %

2 5 0 %

3 0 0 %

3 5 0 %

E n d i v i d a m e n t o C o m p o s i ç ã o d oE n d i v i d a m e n t o

I m o b i l i z a ç ã o d oP a t r i m o n i o

l í q u i d o

I m o b i l i z a d o d o sR e c u r s o s n ã o

C o r r e n t e s

D I X I E E T O G AP E T R O P A RM E T A L I G U A Ç U

Fonte: os autores 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 24: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

190   Camelo e outros  

No ano de 2006 a Metal  Iguaçu apesar de conseguir  reduzir o grau  de  dependência  de  capital  de  terceiros,  em  comparação  ao período  de  2005  –  composição  do  endividamento,  ainda  permanece com o maior índice em relação as demais empresas.  4.8 – Gráfico 07 – Índices de Rentabilidade 2004 

Ín d ic e s d e R e n ta b ilid a d e - 2 0 0 4

1 ,3 5

4 % 6 %3 6 %

0 ,9 7

1 2 % 1 2 %3 8 %

2 ,4 8

7 % 1 6 %3 3 %

0 ,0 0

0 ,5 0

1 ,0 0

1 ,5 0

2 ,0 0

2 ,5 0

3 ,0 0

G iro d o A tiv o M a rg e m L iq u id a R e n ta b ilid a d e d oA tiv o

R e n ta b ilid a d e d oP L

D IX IE E T O G AP E T R O P A RM E T A L IG U A Ç U

 Fonte: os autores 

 

A empresa Metal Iguaçu demonstrou que o seu giro de ativo e a rentabilidade do mesmo é superior ao  índice das demais empresas; embora a margem  líquida das  suas  receitas  seja  inferior da Petropar que apresentou um índice de 4% (quatro por cento) a mais em 2004.   

Gráfico 08 – Índices de Rentabilidade 2005 Ín d ic e s d e R e n ta b ilid a d e - 2 0 0 5

1 ,2 9

4 % 5 %1 8 %

0 ,8 3

1 0 % 9 % 1 5 %

2 ,0 1

2 % 3 % 3 %0 ,0 0

0 ,5 0

1 ,0 0

1 ,5 0

2 ,0 0

2 ,5 0

G iro d o A t iv o M a rg e m L iq u id a R e n ta b ilid a d ed o A t iv o

R e n ta b il id a d ed o P L

D IX IE E T O G AP E T R O P A RM E T A L IG U A Ç U

 Fonte: os autores 

 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 25: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  191  

Em  comparação  ao  período  anterior  todas  as  empresas apresentaram índices menores no giro dos seus ativos, mas a empresa Dixie  e  Toga  foi  a  única  que  apresentou  uma  queda  menor,  não somente neste índice mas em todos os outros. 

Observar‐se  também  que  houve  uma  variação  negativa  dos índices  de  rentabilidade  (Ativo  e  Patrimônio  Líquido)  da  empresa Metal  Iguaçu,  demonstrando  que  os  quocientes  encontrados  foram muito  baixos,  podendo  afastar  possíveis  investidores  da  referida empresa. 

 4.10 – Gráfico 09 – Índices de Rentabilidade 2006 

Í n d ic e s d e R e n t a b i l id a d e - 2 0 0 6

1 , 2 0

5 % 6 %1 9 %

0 , 8 2

5 % 4 % 7 %

1 , 4 6

1 % 2 % 2 %0 , 0 0

0 , 2 0

0 , 4 0

0 , 6 0

0 , 8 0

1 , 0 0

1 , 2 0

1 , 4 0

1 , 6 0

G ir o d o A t i v o M a r g e m L iq u id a R e n t a b i l id a d ed o A t iv o

R e n t a b i l id a d ed o P L

D I X I E E T O G AP E T R O P A RM E T A L I G U A Ç U

 Fonte: os autores 

 

No  último  período  analisado,  fica  evidente  que  o  pior desempenho  de  rentabilidade  foi  da  empresa Metal  Iguaçu,  onde  o seu lucro líquido foi decrescendo de um ano a outro. 

Outro  ponto  importante  refere‐se  a  “rentabilidade  do patrimônio  líquido”  outro  índice  que  demonstrou  uma  queda  geral das  três  empresas,  embora  a  Dixie  tenha  conseguido manter‐se  no mesmo patamar em 2005 e 2006, enquanto as outras empresas foram reduzindo a sua rentabilidade de forma drástica. 

Portanto,  ressalta‐se  a  importância  de  analisar  os  índices  em conjunto,  conforme  demonstrado  nesse  trabalho,  algumas  empresas tiveram o melhor resultado no índice de liquidez, demonstrando que a sua  capacidade  de  pagamento  (obrigações  a  curto  e  a  longo  prazo) estava  excelente, mas  a  sua  rentabilidade  estava  comprometida.  Em outras  palavras,  pode‐se  afirmar  que  nem  toda  empresa  que  possui 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 26: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

192   Camelo e outros  uma capacidade de pagamento acima da média é capaz de aumentar a sua  rentabilidade e atrair novos  investimentos, necessitando de uma política comercial mais sólida e estruturada. 

CONCLUSÃO 

O  trabalho  apresentou  as  principais  informações  e  conceitos sobre a área de Análise das Demonstrações Contábeis, bem  como os índices mais utilizados pelos analistas e  investidores para visualizar a estrutura  de  capital,  rentabilidade  e  condições  de  geração  de  caixa para pagamentos a curto e a longo prazo. 

O  estudo  prático  da  análise  das  empresas  Dixie  Toga, Metal Iguaçu e Petropar  referente  aos exercícios de 2004  a 2006, permitiu conhecer  na  prática  o  funcionamento  e  a  importância  da  análise financeira, pois  através dessa  técnica é possível observar  a evolução dos elementos patrimoniais e traçar um perfil das políticas financeiras de  obtenção  e  alocação  de  recursos  (de  capital  próprio  ou  de terceiros). 

Portanto,  este  trabalho  favoreceu  um  conhecimento complementar e muito  importante  sobre essa área da  contabilidade, pois aproximou o aluno da realidade através de um estudo prático. 

REFERÊNCIAS: 

ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. 8ª ed.  São Paulo: Atlas, 2007. 

BOVESPA ‐   Bolsa  de  valores  de  São  Paulo.  Disponível  no  site, www.bovespa.com.br, acessado em Junho/2007. 

GITMAN,  Lawrence  Jeffrey; MADURA,  Jeff. Administração  financeira. São Paulo: Adisson Wesley, 2003. 

GITMAN, Lawrence Jeffrey, MADURA, Jeff. Princípio de Administração Financeira. São Paulo: Addison Wesley, 2002. 

FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007. 

Page 27: análise das demonstrações contábeis em empresas da área ...

Análise das demonstrações contábeis...  193  GITMAN,  Lawrence  Jeffrey.  Administração  Financeira.  São  Paulo: Addison Wesley, 2003. 

HOJI, Massakazu. Administração Financeira  .   5ª ed. São Paulo: Atlas, 2004 

IUDÍCIBUS,  Sérgio  de.  Análise  de  balanços.  9ª  ed.  São  Paulo:  Atlas, 1998.  

IUDÍCIBUS,  Sérgio  de.  Análise  de  balanços.  8ª  ed.  São  Paulo:  Atlas, 2007.  

LEITE,  Helio  de  Paula.  Introdução  á  Administração  Financeira.  São Paulo: Atlas, 1994 

MARION,  José  Carlos.  Análise  das  demonstrações  contábeis.  2ª  ed. São Paulo: Atlas, 2002. 

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise  financeiras de balanços. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1995. 

MATARAZZO, Dante  Carmine. Análise  financeira  de  balanços.  5ª  ed. São Paulo: Atlas, 1998. 

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise  financeiras de balanços. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. 

SILVA,  José  Pereira  da.  Análise  financeira  das  empresas.  4ª  ed.  São Paulo: Atlas, 1999. 

 

  FCV Empresarial, v. 1, p. 167‐193, 2007.