Análise de Balanços e Estudos de Indicadores Económicos com ...
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DIS 2411
Anlise de Balanos e Estudos de Indicadores Econmicos com Base nos
Modelos SNC
Autor: Carlos Monteiro Fernando Almeida
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Anlise de Balanos e Estudos de Indicadores Econmico-financeiros
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NOTA INTRODUTRIA
1. Objectivos
O objectivo principal desta aco consiste em dar a conhecer aos formandos as diversas
tcnicas de anlise da informao contabilstica e dos indicadores econmico-
financeiros, de modo que consigam diagnosticar os principais pontos fracos e pontos
fortes da empresa a partir das peas corrigidas e das informaes de carcter extra-
contabilstico.
Pretende-se demonstrar a importncia da identificao dos problemas econmico-
financeiros, de forma a aconselhar a aplicao de medidas correctivas de gesto,
principalmente de cariz financeiro e potenciar o equilbrio estrutural e a rendibilidade da
empresa.
Deste modo, pretende-se que os formandos no final da aco de formao consigam:
Extrair informao relevante das principais fontes de informao contabilstica e
extra-contabilstica;
Proceder aos ajustamentos necessrios s peas contabilsticas para a obteno das
peas financeiras;
Identificar, caracterizar e inter-relacionar os principais indicadores econmico-
financeiros da empresa em termos de:
Investimento
Financiamento
Equilbrio Estrutural
Liquidez e Tesouraria
Rendibilidade
Risco
Definir orientaes para a tomada de deciso de modo a:
Potenciar o equilbrio estrutural
Aumentar a rendibilidade
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Anlise de Balanos e Estudos de Indicadores Econmico-financeiros
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2. Material de Apoio
O curso ministrado numa plataforma de formao distncia (Blackboard), sendo a
apresentao terica das matrias efectuada atravs de vdeos, complementados com
diapositivos em Power Point e com exemplos ou casos prticos resolvidos em ficheiros
Word. Os contedos programticos encontram-se desenvolvidos nesta Sebenta de Apoio
que ser disponibilizada aos formandos.
3. Agenda dos Blocos de Formao
Blocos Programa Horas
Estudo
Horas Vdeo
B 1 Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
Objecto e Mtodo da Anlise Econmico-financeira
Informao Extra-contabilstica
Das Peas Contabilsticas para as Peas Financeiras -
Ajustamentos s Peas Contabilsticas
Principais Mapas de Anlise
4 0,5
B 2 Equilbrio Estrutural (Mdio Longo Prazo)
Estrutura das Aplicaes e das Origens de Fundos
Fundo de Maneio
Polticas de Investimento e de Financiamento
4 0,5
B 3 Gesto dos Capitais Circulantes (Curto Prazo)
Liquidez
Tesouraria (Balano Esquemtico)
Indicadores de Actividade e Gesto
4 0,5
B 4 Rendibilidade e Risco dos Capitais Investidos
Estrutura de Gastos e Perdas
Rendibilidade Econmica
Rendibilidade Financeira
Risco Global
4 0,5
4 Blocos TOTAL 16,0 2,0
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Anlise de Balanos e Estudos de Indicadores Econmico-financeiros
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NDICE
Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios 5
Objecto e Mtodo da Anlise Econmico-financeira 5
Informao Extra-contabilstica 16
o Empresa 16
o Envolvente Micro e Macroeconmica 23
Das Peas Contabilsticas para as Peas Financeiras
Ajustamentos s Peas Contabilsticas 27
Principais Mapas de Anlise 42
o Balano Financeiro 42
o Demonstrao dos Resultados por Naturezas Corrigida 45
o Demonstrao dos Fluxos de Caixa 47
o Demonstrao da Origem e da Aplicao de Fundos 50
Bloco 2: Equilbrio Estrutural (Mdio Longo Prazo) 59
Estrutura das Aplicaes e das Origens de Fundos 59
Fundo de Maneio 61
Polticas de Investimento e de Financiamento 65
Bloco 3: Gesto dos Capitais Circulantes (Curto Prazo) 74
Liquidez 74
Tesouraria (Balano Esquemtico) 77
Indicadores de Actividade e Gesto 90
Bloco 4: Rendibilidade e Risco dos Capitais Investidos 96
Estrutura de Gastos 96
Rendibilidade Econmica 98
o Teoria do Custo, Volume e Resultados (CVR) 98
o Efeito e Grau Econmico de Alavanca 101
o Risco Econmico 103
o Rendibilidade e Viabilidade Econmica 104
Rendibilidade Financeira 106
o Rendibilidade e Viabilidade Financeira 106
o Efeito e Grau Financeiro de Alavanca 110
o Risco Financeiro 115
Risco Global 116
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Anlise de Balanos e Estudos de Indicadores Econmico-financeiros
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NDICE DE FIGURAS
Fig. 1: Matriz de Anlise SWOT 21
Fig. 2: Anlise das Foras e Fraquezas 22
Fig. 3: Anlise das Oportunidades e Ameaas 23
Fig. 4: Modelo de Porter 26
Fig. 5: Perspectiva Contabilstica vs. Financeira das Contas 28
Fig. 6: Mapa de Rectificao Balano Financeiro (exemplo parcial) 30
Fig. 7: Mapa de Rectificao da Demonstrao dos Resultados por Naturezas
(exemplo parcial) 31
Fig. 8: Demonstrao dos Resultados por Naturezas Corrigida 47
Fig. 9: Principais Ciclos Financeiros 48
Fig. 10: Mapa de Mutao de Valores 52
Fig. 11: Demonstrao de Variaes dos Fundos Circulantes 53
Fig. 12: Demonstrao da Origem e da Aplicao de Fundos 55
Fig. 13: Balanos Sucessivos (Aplicao de Fundos sinttico) 60
Fig. 14: Grficos da Evoluo da Estrutura das Aplicaes (%) e
das Origens (Valor) (exemplo) 60
Fig. 15: DOAFs Sucessivas (Aplicao de Fundos sinttico) 61
Fig. 16: Regra do Equilbrio Financeiro Mnimo 62
Fig. 17: Durao e Risco do Ciclo das Origens e das Aplicaes (exemplo) 63
Fig. 18: Fundo de Maneio 63
Fig. 19: Balano Esquemtico 78
Fig. 20: Elementos Activos e Passivos de Tesouraria 87
Fig. 21: Demonst. de Resultados Sucessivas (Gastos de Explorao sinttico) 97
Fig. 22: Demonstraes de Resultados Sucessivas (sinttico) 97
Fig. 23: Demonstrao dos Resultados por Naturezas segundo a Teoria do CVR 99
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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BLOCO 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
Objectivos Principais:
Distinguir as funes e os objectivos da gesto financeira e da anlise financeira;
Conhecer o objecto e o mtodo da anlise financeira;
Reconhecer a importncia da informao extra-contabilstica;
Conhecer os trabalhos preparatrios;
Identificar os principais ajustamentos a efectuar s peas contabilsticas de forma a
obter as peas financeiras;
Conhecer as principais informaes a explorar das peas corrigidas.
Objecto e Mtodo da Anlise Econmico-financeira
A funo financeira de uma empresa ocupa-se da obteno, utilizao e controle dos
recursos financeiros, de forma a maximizar o valor da empresa, desenvolvendo
actividades que visem a determinao das necessidades de recursos financeiros (atravs
do planeamento das necessidades, inventariao dos recursos disponveis, previso dos
recursos a libertar pela explorao e clculo dos recursos a obter fora da empresa), a
obteno de recursos da forma mais vantajosa (em termos de custos e prazos, condies
fiscais, procura de equilbrio entre a composio dos capitais prprios e alheios), a
aplicao criteriosa e racional dos recursos (a fim de obter uma estrutura financeira
adequada e bons nveis de eficincia e rendibilidade), o controlo das aplicaes de
fundos (atravs da comparao entre previses e realizaes e pela anlise dos desvios)
e a avaliao da rendibilidade dos investimentos (quer da empresa como um todo, quer
por tipo de capitais utilizados).
A funo financeira engloba a gesto financeira e a anlise financeira.
A gesto financeira abrange o conjunto de tcnicas que visam a obteno regular e
oportuna dos recursos financeiros necessrios ao funcionamento e desenvolvimento da
empresa, ao menor custo possvel e sem alienao da sua independncia, bem como, o
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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estudo e controlo da rendibilidade, podendo ser aplicada numa perspectiva de mdio
longo prazo (quanto a polticas de investimento e de financiamento, distribuio de
resultados ou estrutura e nvel dos capitais permanentes) ou de curto prazo
(relativamente gesto dos activos e passivos correntes, tais como, disponibilidades,
gesto dos crditos de e a terceiros, desconto de ttulos, gesto de stocks e tesouraria).
Desta forma, so objectivos da gesto financeira: fazer o planeamento financeiro de
mdio longo prazo (Planos Financeiros) e de curto prazo (Oramentos de Tesouraria),
assegurar a gesto da tesouraria, estudar as decises de investimento e seleccionar as
fontes de financiamento, negociar financiamentos, estudar polticas de depreciao e
amortizao dos activos, analisar imparidades, variaes do justo valor, constituio de
provises, distribuio de resultados, assegurar a estrutura financeira mais adequada,
manter a integridade do capital e promover o seu reforo, permitir a constante
solvibilidade da empresa, assegurar a rendibilidade dos capitais investidos e controlar
origens e aplicaes de fundos.
Compete anlise financeira a recolha de dados e o seu estudo, a fim de fornecer
informaes relevantes ao gestor financeiro, atravs de um conjunto de tcnicas que
visam o estudo passado e presente da situao econmico-financeira da empresa, com
vista a determinar a sua provvel evoluo futura.
A anlise financeira pretende obter resposta s seguintes questes:
A empresa lucrativa?
Como obtido o lucro?
O que aconteceu nos anos anteriores?
Qual nvel de facturao da empresa?
Est muito endividada?
Que investimentos foram realizados?
.....
O seu objecto consiste em caracterizar a situao econmica e financeira da empresa e a
sua evoluo ao longo de certo perodo de tempo (normalmente de 3 a 5 anos), com
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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base no estudo das demonstraes financeiras e respectivos anexos. importante
verificar se:
a empresa dispe dos meios financeiros adequados s necessidades operacionais, ou
pode vir a dispor deles sem criar relaes de dependncia perante terceiros;
EQUILBRIO FINANCEIRO
a empresa tem capacidade de gerar valor ou rendimento que permita satisfazer
todos os agentes com interesses na organizao e garantir a sua sobrevivncia e
expanso a longo prazo.
RENDIBILIDADE / PRODUTIVIDADE
Os principais documentos que servem de base anlise financeira so o Balano e a
Demonstrao dos Resultados por Naturezas e respectivos anexos, a Demonstrao de
Alteraes no Capital Prprio, a Demonstrao de Fluxos de Caixa e respectivos
Anexos, os Relatrios de Gesto da Empresa, a Certificao Legal de Contas, as
publicaes de Gabinetes de Estudos (relativas a anlises sectoriais ou
macroeconmicas) e documentos relevantes da imprensa da especialidade.
As informaes financeiras de uma empresa fornecem um importante quadro de
referncia sobre a sua evoluo e estado de sade, revelando-se cada vez mais
importantes para a sociedade circundante, uma vez que se encontram na base de deciso
das vrias entidades envolvidas. A informao financeira vista neste contexto como
um elemento redutor de incertezas.
Podemos identificar um conjunto de entidades que, por diversas motivaes, tm o
maior interesse no conhecimento das informaes de carcter econmico e financeiro
de uma empresa, nomeadamente:
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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Accionistas, Potenciais Investidores, Consultores e Analistas Financeiros
que pretendem analisar a evoluo dos seus investimentos, o grau de distribuio ou
afectao de resultados, as formas de aumento de capital social, as estratgias de
crescimento das suas quotas de mercado e/ou avaliar o potencial de determinada
empresa em que desejam investir. Este um dos principais grupos receptores da
informao financeira de uma empresa, que necessita de informao para a tomada de
deciso quanto compra, posse ou venda das aces e o respectivo timing para a
realizao destas operaes. As anlises elaboradas para servirem de base tomada de
deciso podero ser efectuadas pelos prprios accionistas e potenciais investidores, ou
por intermedirios, tais como, consultores ou analistas financeiros, que constituem um
importante grupo de presso junto da gesto quanto publicao da informao
financeira, quer em termos de prazos, quer em termos de natureza e contedo.
Gestores
que pretendem avaliar a sua performance, compreender e controlar as operaes e ter
uma base para o planeamento e para a tomada de diversas decises de gesto, tais como,
decises de investimento, de financiamento, de distribuio de resultados, de polticas
comerciais ou operacionais. Tambm os contratos ou planos de incentivo aos gestores
assentam essencialmente em elementos financeiros. Muitas empresas estabelecem o
recebimento de incentivos (sob forma de bnus pecunirios, viagens ou outros prmios)
por parte dos gestores, quando estes atingem os objectivos predefinidos (ou uma
percentagem destes), por exemplo, em termos de Resultados, Rendibilidade dos
Capitais Prprios, Vendas ou Rendibilidade Econmica. importante que o gestor
possua conhecimento acerca das informaes financeiras da sua empresa em tempo
oportuno, a fim de corrigir possveis desvios na prossecuo dos objectivos a atingir.
Pessoal e Sindicatos
que pretendem negociar melhores condies de trabalho e maiores benefcios salariais,
necessitando de informaes financeiras da empresa, dado que estas constituem uma
boa fonte de informao acerca da sua situao actual e potencial rendibilidade e
solvabilidade. Dado que a empresa possui uma importante envolvente social,
promovendo o emprego e constituindo uma das principais fontes de rendimento das
famlias, o seu pessoal necessita ter conhecimento das suas informaes financeiras a
fim de avaliar a viabilidade futura dos seus planos de reforma. Alm disso, tal como
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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para os gestores, algumas empresas estabelecem planos de incentivo aos trabalhadores
com base em elementos financeiros, como por exemplo, comisses ou bnus sobre o
valor dos Ganhos ou Resultado Lquido do Perodo ou com base em indicadores de
rendibilidade, tendo eles, deste modo, grande interesse em aceder informao
necessria.
Credores e Pblico em Geral
que pretendem avaliar a capacidade da empresa quanto liquidao futura de crditos
concedidos e/ou decidir sobre depsitos ou outras aplicaes a efectuar.
Estado e Outros Entes Pblicos
que pretendem calcular o montante de impostos e taxas devido numa perspectiva fiscal,
ou que pretendem, de alguma forma, obter acesso aos elementos sobre a sua actividade,
tais como, as entidades que acompanham determinados sectores econmicos
(construo e da habitao por exemplo) a fim de compatibilizar medidas e polticas.
Outros
tais como, concorrentes que pretendem avaliar a performance relativa, estudantes ou
docentes que pretendem realizar trabalhos de investigao acadmica, ou outras
instituies de interesse especfico.
Uma anlise financeira inclui o estudo comparativo das informaes financeiras de uma
ou vrias empresas num determinado momento no tempo (Anlise Cross-Sectional)
e/ou evoluo e tendncias dessas informaes ao longo do tempo (Anlise Time-Serie).
Contudo, os analistas e gestores devem ter presente que as informaes contabilsticas
so obtidas de documentos contabilsticos que apresentam algumas limitaes,
nomeadamente:
No mbito da anlise econmico-financeira, a existncia de divergncias
conceptuais entre a tcnica contabilstica e a financeira provoca a necessidade de se
efectuar ajustamentos s peas contabilsticas, apoiadas em informaes
complementares extra-contabilsticas. Alguns destes ajustamentos no so aceites
em termos fiscais;
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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Os documentos contabilsticos podem conter informao assente no princpio do
custo histrico, ou seja, no reflectem os valores actuais de algumas contas;
O saldo de algumas contas so determinados por estimativa, como, por exemplo, as
contas de depreciaes, amortizaes e provises;
A dificuldade em valorizar quantitativamente alguns activos fsicos ou intangveis
existentes na empresa provoca a sua no valorizao e, logo, a sua omisso, tais
como, o valor dos seus recursos humanos (a sua motivao, capacidades tcnicas ou
formao), da sua imagem, da qualidade dos seus produtos ou servios, da marca,
do sistema de informao existente, da sua experincia e da existncia de sinergias;
A alterao de determinadas regras contabilsticas poder influenciar a
comparabilidade das peas contabilsticas de um exerccio com as dos exerccios
anteriores;
A falta de uniformidade contabilstica a nvel internacional inviabiliza, na maioria
das vezes, as comparaes entre empresas do mesmo sector em diferentes pases.
A anlise de rcios1 constitui uma das principais tcnicas de anlise no mbito da
anlise financeira, dado que permite reduzir toda a informao relevante constante num
complexo conjunto de informaes financeiras, a um conjunto limitado de indicadores
econmico-financeiros.
O clculo de rcios utilizado na anlise das informaes financeiras de uma empresa a
fim de se avaliar a sua situao econmico-financeira num dado momento e/ou a sua
evoluo ao longo de vrios perodos e compar-la com a situao de outras empresas
do mesmo sector e/ou com os valores mdios do sector. Esta prtica enfatiza (implcita
ou explicitamente) a posio relativa dos rcios financeiros da empresa em relao
distribuio dos rcios do sector e denomina-se benchmarking. Deste modo, comum
catalogar uma empresa como pouco rentvel ou muito rentvel de acordo com o seu
rcio de rendibilidade, sendo este muito abaixo ou muito acima da mdia, por exemplo.
1 A relao entre contas ou agrupamentos de contas do Balano e da Demonstrao dos Resultados por Naturezas, ou ainda entre outras grandezas econmico-financeiras, podero ter diversas designaes, nomeadamente, rcios, ndices, coeficientes, quocientes ou indicadores. Em Portugal, o termo rcio o mais defendido por diversos Professores da rea de Gesto e Contabilidade e pelo prprio Banco de Portugal.
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Ser importante referir que as divergncias registadas entre os rcios de uma empresa e
os rcios de referncia, podero no representar instabilidade perante a mdia do seu
sector, mas apenas reflectir uma posio estratgica da empresa quanto definio dos
seus objectivos, por exemplo.
implicitamente assumido neste tipo de anlise, que os rcios utilizados possuem as
propriedades estatsticas apropriadas, nomeadamente:
Proporcionalidade (a prpria forma do rcio requer uma estreita relao
proporcional entre o numerador e o denominador. Ou seja, a relao entre o
numerador e o denominador linear com constante igual a zero);
Normalidade (os valores em estudo apresentam uma distribuio normal).
No entanto, um elevado nmero de estudos revela que a no-proporcionalidade e a no-
normalidade so a regra e no a excepo, onde os dados apresentam constantemente
elevadas assimetrias e numerosos valores extremos e a incorrecta assuno destas
propriedades provoca implicaes graves a analistas financeiros e gestores. Por
exemplo, aquando da no existncia de normalidade, quer pela existncia de
assimetrias, quer pela presena de valores extremos, os rcios financeiros mdios de um
sector no devero ser utilizados como valores de referncia para uma empresa
(Martins, 2001).
Segundo McLeay (1986) os rcios referentes aos valores sectoriais podem ser
apresentados segundo dois mtodos de clculo:
1: Valor Mdio, em que o rcio calculado segundo a mdia aritmtica simples dos
rcios de cada empresa, segundo a expresso:
( )= ii xynr1
McLeay (1986: 78)
2: Valor Agregado, em que o rcio calculado com o numerador e o denominador
agregado das vrias empresas, nomeadamente:
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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== iiii xn
yn
xyxy11
McLeay (1986: 78)
Sendo que:
( )
+=
i
ii
x
xryrxy
McLeay (1986: 79)
Podemos ainda verificar que as diferenas existentes entre os valores de xy e r ,
dependem da co-varincia entre o rcio e o seu denominador, dado que:
( )( ) xryxxrrn
ii =1
e deste modo ),(1
xrcovx
rxy +=
McLeay (1986: 90) McLeay (1986: 90)
Os valores resultantes destes dois mtodos de clculo apenas sero semelhantes,
mediante condies de perfeita proporcionalidade entre as variveis y e x.
Tal como j foi anteriormente referido, o mtodo de anlise de rcios promove a
necessidade de comparar os valores dos rcios de uma empresa com determinados
rcios de referncia. Consideramos rcios de referncia todos os valores que servem de
padro de comparao nas anlises efectuadas e identificamos essencialmente os
seguintes trs tipos:
a) rcios da prpria empresa referentes a perodos anteriores para anlises de evoluo
e/ou referentes a projeces ou objectivos predefinidos para anlises de
desempenho face ao previsto;
b) rcios de empresas concorrentes a fim de identificar a posio relativa da empresa
face aos mesmos. Este tipo de informao por vezes de difcil acesso face
tendncia generalizada para manter a confidencialidade das informaes
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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financeiras, essencialmente as referentes s empresas que no so legalmente
obrigadas sua divulgao;
c) rcios do sector a fim de identificar a posio relativa da empresa no mesmo. Este
tipo de informao j de mais fcil obteno, dado a existncia de algumas
instituies sectoriais e Centrais de Balanos que procedem recolha e ao
tratamento de informaes financeiras das empresas, constroem bases de dados por
sectores e emitem relatrios peridicos, normalmente anuais, com rcios mdios
dos diversos sectores de actividade, servindo estes como valores de referncia a
gestores, analistas de crdito e analistas financeiros.
Sendo tradicionalmente os valores sectoriais valores mdios do sector, quaisquer
desvios extremos, relativamente a esses valores mdios, podem afectar a futura
performance das empresas, dado que, nestes casos, os elementos decisores alertam para
a necessidade de convergncia dos seus rcios actuais para os rcios de referncia. A
este tipo de convergncia denomina-se frequentemente por ajustamento de rcios.
O ajustamento de rcios pode ser conseguido pela manipulao das informaes
financeiras, atravs de tcnicas e polticas contabilsticas, como por exemplo, pelo
critrio de valorizao dos inventrios, pelo mtodo de depreciaes e amortizaes ou
pela valorizao dos activos no correntes ou atravs de outras decises de gesto a
nvel das polticas de investimento, comerciais, financiamento ou distribuio de
resultados.
Em Portugal, as Centrais de Balanos que fornecem com maior rigor e regularidade
informaes sectoriais so a do Banco de Portugal, a do Millennium BCP e a Dun &
Bradstreet.
As reas de estudo mais trabalhadas no mbito da anlise de rcios so:
a forma funcional dos rcios financeiros, ou seja, a questo da proporcionalidade;
as caractersticas da distribuio dos rcios financeiros;
a comparabilidade dos rcios entre empresas do mesmo sector e entre sectores;
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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o ajustamento de rcios;
a classificao dos rcios financeiros;
as propriedades cronolgicas dos rcios financeiros;
os modelos para previso de falncias;
anlise e avaliao de estratgias;
o mercado de ttulos e os rcios financeiros;
anlise de crdito e risco;
a estimao da Taxa Interna de Rentabilidade a partir das informaes financeiras.
Contudo, o mtodo de anlise de rcios apresenta diversas limitaes, que embora no
invalidem a sua utilizao, exigem ao analista um permanente estado de alerta aquando
da sua aplicao. Segundo Martins (2001) e Saias et al. (1998) as principais limitaes
dos rcios financeiros so as seguintes:
A inexistncia de valores de referncia universais provoca uma elevada
subjectividade afecta anlise;
Os rcios permitem quantificar factos e detectar anomalias mas, geralmente, no
conseguem por si s explicar de forma satisfatria as incorreces identificadas;
A anlise de rcios apenas tem sentido quando elaborada dentro do contexto
econmico-social em que a empresa se insere, tornando muito complexa, ou mesmo
impossvel, a comparao de rcios entre empresas de diferentes sectores ou pases;
A informao obtida atravs de um rcio mnima. O mtodo pressupe o estudo da
evoluo do mesmo rcio no tempo e a sua interligao com outros rcios. Por
exemplo, uma Liquidez Geral2 elevada pode representar uma situao forte de
liquidez (boa gesto) ou um excesso de fundos em caixa, que no geram
rendimentos (m gesto);
2 Liquidez Geral = Activo Corrente / Passivo Corrente.
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Um rcio pode evoluir de forma positiva por uma melhoria ou pioria de um dos seus
componentes: por exemplo, um aumento do rcio de Rendibilidade das Vendas3
poder ocorrer por diminuio do volume de vendas;
Dois valores idnticos para o mesmo rcio, obtidos em perodos diferentes ou entre
diferentes empresas, podem no reflectir a mesma realidade, pois podem ocorrer
compensaes entre os seus componentes;
Um rcio de valor positivo (que partida pode parecer resultante de uma situao
favorvel) pode dissimular uma situao desfavorvel por resultar de componentes
com sinais simultaneamente negativos, ou seja 0>
x
y ;
Os rcios podem ser afectados por operaes pontuais que coincidam com os fechos
de exerccio ou com variaes sazonais;
A definio dos valores mdios do sector como valor padro de referncia para uma
empresa apenas ser vlido se os dados cumprirem as propriedades estatsticas
necessrias, nomeadamente, a de proporcionalidade e de normalidade;
A possibilidade de clculo de numerosos rcios, provoca a necessidade de
seleccionar um conjunto mais limitado de rcios que permita uma anlise em que se:
minimize a informao perdida pela limitao do nmero de rcios utilizados
(para tal necessrio que o conjunto final de rcios seleccionados mantenha a
maioria da varincia observada no conjunto original de rcios considerados);
minimize a informao redundante entre os rcios seleccionados (para tal
necessrio que o conjunto final de rcios seleccionados apresente a menor
correlao entre eles e a ausncia de multicolinariedade).
Em termos gerais, a metodologia de base da anlise financeira assenta nas seguintes
etapas:
1. Recolha de informao contabilstica e extra-contabilstica;
2. Preparao das peas contabilsticas para anlise;
3 Rendibilidade das Vendas = Resultado Lquido / Vendas.
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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3. Comparao ao longo de um determinado perodo de tempo das peas contabilsticas: Estudo da Situao Financeira (Balano) e Econmica (Demonstrao dos Resultados por Naturezas);
4. Elaborao do Relatrio Econmico-Financeiro.
Desenvolvemos seguidamente os aspectos mais relevantes afectos a estas etapas, numa
perspectiva de anlise financeira.
Informao Extra-contabilstica
Empresa
Um processo de anlise financeira implica a recolha de informaes contabilsticas e
extra-contabilsticas, nomeadamente, informaes referentes empresa, ao seu sector de
actividade e meio envolvente, que possam, de uma forma directa ou indirecta, ajudar a
compreender a sua situao financeira e os resultados obtidos, tais como, a sua posio
no mercado, as condies de financiamento obtidas, a sua filosofia de gesto, o seu
histrico, a capacidade e personalidade dos gestores, a sua actividade e natureza
jurdica, a composio do seu capital, a situao macroeconmica, etc. Deve-se portanto
proceder recolha do mximo de informao possvel sobre os aspectos que tenham
afectado, estejam a afectar ou possam vir a afectar futuramente a situao patrimonial
ou o desempenho da empresa (Bastardo e Gomes, 1996). Ao processo de recolha de
informaes contabilsticas e extra-contabilsticas d-se o nome de diagnstico.
O diagnstico prepara todas as informaes relevantes sobre a empresa, sobre o seu
sector de actividade, contexto de mercado em termos econmico-polticos, etc.,
efectuando um estudo aprofundado ao potencial da empresa, s condies e resultados
de explorao e s relaes estabelecidas com o meio envolvente.
Segundo Cohen (1996), a fim de caracterizar a situao actual da empresa e identificar
situaes que possam influenciar o seu futuro desempenho, necessrio efectuar uma
anlise em termos de:
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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Risco (para evidenciar os riscos de incidentes susceptveis de perturbar as
actividades futuras da empresa);
Avaliao Global (realar os pontos fortes e fracos tendo em vista a proposta e o
desenvolvimento de aces de planeamento estratgico).
Em termos gerais, existem duas escolas de anlise preliminar: a escola francesa e a
americana. A escola francesa baseia-se fundamentalmente na anlise da empresa face ao
mercado e aos recursos de que dispe para desenvolver a sua actividade.
Criada no mbito da escola americana, a Teoria dos 5 Ms: Men, Money, Merchandise,
Materials e Market, considera que para avaliar o desempenho de uma empresa
necessrio efectuar uma anlise ao conjunto de factores humanos, financeiros, materiais
e de mercado que fornecem empresa vantagens competitivas face aos seus
concorrentes e logo, valor acrescentado, nomeadamente:
Men (potencial humano, qualidade das relaes, da organizao e da gesto);
Money (diagnstico financeiro);
Merchandise (qualidade e valorimetria dos Inventrios);
Materials (nvel tecnolgico, desempenho, fiabilidade dos Activos Fixos Tangveis);
Market (posio no mercado, imagem, rede de distribuio).
Ou seja, torna-se necessrio proceder a uma avaliao de carcter global, na qual
podemos identificar os principais elementos do diagnstico:
I Diagnstico das Orientaes Estratgicas
Anlise dos objectivos explcitos ou implcitos
do sistema de planificao e da gesto previsional;
dos dispositivos de controlo;
da carteira de encomendas;
das relaes com o meio envolvente (clientes, fornecedores, instituies
financeiras,).
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II Diagnstico das Estruturas
Anlise do organograma formal
Anlise do sistema de informao
III Diagnstico das Grandes Funes
Compras, Aprovisionamento e Gesto dos Inventrios
Produo e Gesto Tcnica
Marketing e Vendas
Recursos Humanos e relaes dentro da empresa
Diagnstico Financeiro
(Adaptado de Cohen, 1996: 387)
Cohen (1996) identifica as seguintes fases do diagnstico:
1. Preparao e tratamento das fontes de informao
Recolha das informaes contabilsticas e extra-contabilsticas consideradas relevantes.
Em termos financeiros procede-se aplicao dos instrumentos de anlise financeira,
tais como, ajustamento ou correco das contas, clculo dos indicadores, elaborao de
mapas e quadros auxiliares, etc.
2. Identificao dos aspectos mais relevantes
Identificao dos sintomas ou sndromas das dificuldades (diagnstico de crise) e
identificao dos pontos fortes e fracos (diagnstico de controlo). Em termos
financeiros procede-se apreciao e interpretao dos mapas e indicadores em termos
de equilbrio e desempenho financeiro, fontes e gastos do financiamento, estrutura e
remunerao das aplicaes, etc.
3. Anlise explicativa
Anlise explicativa das causas das dificuldades, das vantagens e desvantagens dos
vrios aspectos mais relevantes.
4. Prognsticos e recomendaes
Formulao das perspectivas e sugesto de solues alternativas.
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O diagnstico constitui uma fase crucial do processo de avaliao financeira da
empresa, dado que:
ajuda na determinao do valor real do patrimnio da empresa;
avalia a capacidade da empresa para gerar lucros estimativa do valor de
rendimento;
fornece indicaes preciosas sobre a situao financeira da empresa, em termos de
solvabilidade, rendibilidade, pontos fortes e fracos (essencialmente na ptica
financeira).
Este tipo de anlise permite identificar as vantagens competitivas de que a empresa
detentora e as suas limitaes, ou seja, identificar os seus pontos fortes e fracos, no
apenas em termos financeiros, mas tambm em termos comerciais, estratgicos,
tecnolgicos, etc.
Em termos financeiros, Cohen (1996) refere que o diagnstico permite determinar a
existncia de:
Pontos Fortes, tais como:
abundncia de recursos e de liquidez;
qualidade da carteira de crditos e de activos susceptveis de proporcionar mais-
valias potenciais;
qualidade das relaes com a envolvente financeira (bancos, mercados , ....).
Pontos Fracos, tais como:
fragilidade do equilbrio financeiro solvabilidade duvidosa;
falta de liquidez dos elementos activos;
fraca rendibilidade;
insuficincia de auto financiamento;
fragilidade da estrutura financeira insuficincia de Capitais Prprios ou de
Capitais Permanentes;
saturao da capacidade de endividamento;
m imagem junto do mercado financeiro;
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elevadas necessidades de Fundo Maneio de carcter estrutural.
A anlise SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats constitui um dos
mtodos mais conhecidos e utilizados pelos analistas, dado que permite posicionar
estrategicamente uma empresa no seu mercado atravs de uma anlise integrada das
suas foras e fraquezas face s oportunidades e ameaas do meio envolvente. Esta
anlise poder ajudar a compreender a situao financeira actual e os resultados obtidos,
bem como, ajudar a definir futuras estratgias e polticas de investimento,
financiamento, distribuio de resultados, comerciais, etc.
Creditada por Albert Humphrey na Universidade de Stanford (Califrnia EUA) na
dcada de 60, no se registam registos precisos sobre a origem desse tipo de anlise.
Segundo alguns autores, esta tcnica foi criada por Kenneth Andrews e por Roland
Christensen da Harvard Business School (EUA); segundo outros, esta tcnica j era
utilizada h mais de trs mil anos por Sun Tzu (544 496 a.C.). Sun Tzu considerado
um dos maiores estrategas militares de todos os tempos. Autor do famoso livro chins
sobre tcticas militares A arte da guerra (considerada de grande importncia nos
escritos militares e estratgicos da histria da humanidade) foi tambm um pioneiro das
cincias polticas.
Concentre-se nos pontos fortes, reconhea as fraquezas, agarre as
oportunidades e proteja-se contra as ameaas. (Sun Tzu, 500 a.C.).
Mais recentemente surgiu a denominada nova Anlise SWOT, assente na mxima de
que para um bom estratego, as ameaas constituem sempre oportunidades latentes,
sendo possvel transformar aparentes ameaas em novas oportunidades. Segundo esta
nova perspectiva, uma potencial ameaa s no poder ser transformada em
oportunidade se a empresa no possuir uma viso estratgica, no possuir meios para
aproveitar as novas oportunidades ou no agir atempadamente. A nova Anlise SWOT
enquadra as Foras e Fraquezas da empresa nas Oportunidades do meio envolvente e no
Tempo, ou seja, considerando a varivel Time em vez de Threats (Freire, 1998: 144).
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A anlise do ambiente interno consiste no estudo das Foras e Fraquezas actuais da
empresa e a anlise do ambiente externo no estudo das potenciais Oportunidades e
Ameaas do mercado que podero afectar o futuro funcionamento da empresa.
Figura 1: Matriz de Anlise SWOT
Na conquista do objectivo
Ajuda Dificulta
Inte
rna
(em
pre
sa
)
Ori
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m d
o F
acto
r
Ex
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(am
bie
nte
)
Fonte: Wikipdia (http://pt.wikipedia.org, consultado em 12 Julho 2007)
A definio das foras e fraquezas da empresa conseguida atravs da anlise dos
seguintes factores:
Caracterizao geral da empresa (estrutura, actividade que exerce, denominao, forma
jurdica, composio do capital, );
rea da produo (qualidades das instalaes, tecnologias utilizadas, estado de uso dos
equipamentos, cumprimento de prazos de fabrico, controlo de qualidade, manuteno
dos equipamentos, ...);
rea dos recursos humanos (definio das funes de cada posto de trabalho, nmero
de trabalhadores, seleco e recrutamento, grau de formao dos trabalhadores,
investimentos em formao, poltica de remunerao, poltica de prmios e incentivos,
estilo de gesto e liderana, );
S W
O T
Foras Fraquezas
Oportunidades Ameaas
-
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rea de pesquisa e desenvolvimento (desenvolvimento de novos produtos, melhorias de
produtos existentes, pesquisa para diminuir os custos dos produtos, pesquisa sobre
novas tecnologias, inovao, ...);
rea de aprovisionamento (poltica de compras, rotura de stocks, qualidade das
aquisies, poltica de recepo qualitativa e quantitativa, gesto de stocks,
armazenagem, );
rea de marketing / vendas (produto, preo, promoo, distribuio, comunicao,
publicidade, relaes pblicas, apoio ps-venda, clientela, mercado potencial, ...).
Figura 2: Anlise das Foras e Fraquezas
Fonte: Criado pelos autores
Os factores identificados no ambiente interno so resultado das estratgias de actuao
definidas pelos gestores da empresa e podem ser por estes controlados. Desta forma, os
gestores devem tentar maximizar as suas foras (ou pontos fortes) e minimizar as suas
fraquezas (ou pontos fracos).
Marketing
Empresa Produo
Rec.Humanos
I & D Aprovisionamento
Foras
Fraquezas
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Envolvente Micro e Macroeconmica
Para alm das informaes sobre a empresa, tambm necessrio recolher informaes
sobre a conjuntura nacional e internacional, em relao a factores que influenciam ou
podem vir a influenciar o desempenho da empresa, tais como, agravamentos das taxas
de juro, inflao, agravamento dos impostos, crescimento, desemprego, desvalorizao
da moeda, instabilidade social, poltica, selectividade e contraco do crdito, etc.
(Bastardo e Gomes, 1996).
Os factores identificados no ambiente externo no podem ser controlados pela empresa,
mas podem ser previstos e antecipados os seus efeitos atravs de um sistema de gesto
estratgico eficiente que acompanhe o mercado de perto de forma a conhecer as suas
tendncias. Os gestores devero tentar aproveitar as oportunidades e evitar as ameaas.
A definio das oportunidades e ameaas externas conseguida atravs da anlise dos
seguintes factores:
Meio envolvente geral (composto por factores macroeconmicos de ndole econmica,
social, poltico-legal, tecnolgica ou cultural, tais como, a evoluo do Produto
Nacional Bruto (PNB), das taxas de juro, das taxas de desemprego, das taxas de cmbio,
da inflao, poltica fiscal, incentivos financeiros produo e ao investimento, );
Meio envolvente sectorial (normalmente analisado com base nas cinco foras
competitivas do Modelo de Porter).
Figura 3: Anlise das Oportunidades e Ameaas
Fonte: Criado pelos autores
Economia
Novos
Concorrentes
Rivalidade
Produtos
Substitutos
Negociao
Fornecedores
Negociao
Clientes
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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Michael Porter concebeu em 1979 um modelo de anlise da competitividade entre
empresas que tem sido amplamente utilizado e mundialmente adaptado para diversos
sectores de actividade. O modelo constitudo por cinco factores, ou foras
competitivas, que devem ser objecto de estudo por parte de uma empresa que procure
desenvolver uma estratgia empresarial eficiente.
Segundo Porter (1998) existem foras externas, tais como, o poder de negociao dos
clientes e fornecedores, a ameaa de entrada de novos concorrentes e a existncia de
produtos ou servios substitutos, que influenciam de forma significativa a dinmica
concorrencial ou nvel de rivalidade entre empresas do mesmo sector, contribuindo para
a caracterizao do sector em que a empresa actua. Desta forma, uma empresa que
pretenda delinear uma estratgia eficiente, necessita avaliar os cinco factores ou foras
competitivas de Porter, que so as seguintes:
Rivalidade entre os concorrentes
O factor nvel de rivalidade ou dinmica concorrencial fortemente influenciado
pelos outros factores e pelas caractersticas dos principais concorrentes, bem como
do prprio mercado. O estudo deste factor exige o conhecimento do nmero, da
dimenso relativa e das caractersticas dos principais concorrentes, da taxa de
crescimento da actividade, do nvel de diversidade/diferenciao, de obstculos
sada, etc.
Poder de negociao dos clientes
O poder de negociao ou poder de mercado dos clientes caracterizam a presso
que estes podem exercer no sentido de influenciar o funcionamento da empresa a
seu favor. O estudo deste factor exige o conhecimento de alguns indicadores, tais
como: o ndice de concentrao relativa (maior concentrao (poucos clientes que
representam uma elevada quota parte das Vendas) implica maior poder de
negociao), a diferenciao dos produtos (pouca diferenciao implica maior poder
de negociao pois para o cliente indiferente adquirir o produto x ou y) ou o custo
de transferncia (custos baixos implicam maior poder de negociao pois para o
cliente fcil mudar de fornecedor).
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Poder de negociao dos fornecedores
O estudo deste factor semelhante ao anterior, mas na perspectiva das compras e
dos fornecedores, ou seja: o ndice de concentrao relativa (maior concentrao
(poucos fornecedores que representam uma elevada quota parte das Compras)
implica maior poder de negociao), a diferenciao dos produtos ou matrias
(elevada diferenciao implica maior poder de negociao pois no indiferente
para a empresa adquirir o produto x ou y) ou o custo de transferncia (custos
elevados implicam maior poder de negociao pois para a empresa difcil mudar
de fornecedor).
Ameaa de entrada de novos concorrentes
A entrada de novos concorrentes constitui uma ameaa uma vez que promove a
reduo da quota relativa da empresa no mercado, quer pela existncia de um maior
nmero de concorrentes, quer pela perda potencial de clientes uma vez que estes
tm sua disposio mais opes de escolha. O aumento do nmero de empresas
concorrentes, aumenta a rivalidade e a concorrncia entre empresas do mesmo
sector. A ameaa de entrada de novos concorrentes tanto maior quanto maior for a
taxa de atractividade e crescimento potencial da actividade e o respectivo acesso a
essa actividade. A existncia de barreiras entrada (tais como, restries
regulamentares, elevados custos de investimento, benefcios de economias de
escala, acesso restrito aos circuitos de distribuio, elevada fidelidade da clientela,
etc.) limitam e/ou dificultam o acesso actividade e, portanto, reduzem a ameaa de
entrada de novos concorrentes.
Ameaa de produtos ou servios substitutos
As inovaes tecnolgicas so os principais responsveis pelo aumento do nvel de
ameaa da existncia ou aparecimento de produtos ou servios substitutos. A
substituio consiste, com efeito, em substituir um produto ou um servio existente
por outro, que desempenha a mesma funo, se no uma funo mais dilatada,
proporcionando assim ao utilizador uma utilidade maior por um custo competitivo
(Silva e Jordo, 2000: 33). Face evoluo exponencial das novas tecnologias, o
aparecimento de novos produtos ou servios substitutos cada vez mais difcil de
prever e de dominar.
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Segundo Freire (1998) aps analisadas as foras competitivas, os gestores podem optar
por uma das alternativas seguintes:
Adequar: conhecer profundamente as caractersticas do seu sector de actividade e
adequar o funcionamento da empresa a essas caractersticas, criando condies para
enfrentar devidamente as foras competitivas do seu negcio ou explorar
determinados segmentos ou nichos de mercados onde os efeitos das foras so
menos agressivos;
Intervir: tentar intervir no sector mediante a alterao das caractersticas do mesmo
(introduzindo inovaes por exemplo) ou alterar a interaco das cinco foras em
proveito prprio, melhorando a posio concorrencial da sua empresa;
Antecipar: prever a evoluo provvel do sector e posicionar a empresa de forma a
potenciar os efeitos futuros esperados das cinco foras competitivas, tentando levar
a empresa a uma posio de liderana no sector.
Figura 4: Modelo de Porter
Fonte: Adaptado de Porter (1998: 4)
Poder de Negociao dos Fornecedores
Poder de Negociao dos
Clientes
Ameaa de Produtos ou
Servios Substitutos
Ameaa de Entrada de
Novos Concorrentes
Rivalidade entre
Concorrentes
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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Das Peas Contabilsticas para as Peas Financeiras - Ajustamentos s Peas
Contabilsticas
Os ajustamentos efectuados no mbito da anlise financeira tm em vista o apuramento
do valor real das peas contabilsticas, numa perspectiva de controlo quanto s normas e
prticas contabilsticas (quotas de depreciao e amortizao, montantes de provises,
clculo de imparidades e variaes do justo valor, classificao das rubricas, arrumao
das rubricas em termos de curto e longo prazo e de explorao e extra-explorao, etc.).
Tambm a dificuldade em determinar o valor exacto de algumas contas e a existncia de
eventuais erros de contabilizao justificam a necessidade de se efectuarem
ajustamentos ou correces.
O objectivo desta fase de preparao das peas contabilsticas, que servem de base
anlise econmico-financeira de uma empresa, consiste em certificar, corrigir, ajustar e
arrumar as mesmas, de forma a passar de uma ptica contabilstica para uma ptica
financeira.
O Balano Contabilstico assenta em normas contabilsticas que, nem sempre, so
apropriadas para efeitos da anlise financeira. Contudo, muito difcil, ou mesmo
impossvel, para um analista externo empresa, ter acesso a toda a informao
necessria para transformar o Balano Contabilstico em Balano Financeiro.
A principal questo que o analista deve colocar a seguinte:
OS DOCUMENTOS CONTABILSTICOS ESPELHAM DE UMA FORMA ADEQUADA A
SITUAO PATRIMONIAL DA EMPRESA?
Numa primeira fase de Certificao, o analista deve optar por procedimentos que
permitam confirmar a veracidade e a fiabilidade da informao disponvel e corrigir
subsequentemente as anomalias, se necessrio, de forma a:
Verificar se a contabilizao dos factos patrimoniais foi efectuada de acordo com as
normas constantes do SNC;
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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Verificar a existncia de erros de contabilizao;
Apurar todos os nus (hipotecas, penhores, emprstimos, etc.) efectivos ou
potenciais, que possam afectar o patrimnio da empresa;
Apurar as situaes supervenientes do fecho de contas, com especial ateno nas
rubricas de Devedores, Credores, Inventrios, Depreciaes e Amortizaes,
Imparidades, variaes do Justo Valor e Provises.
Em regra, o Balano Contabilstico j reflecte de forma verdadeira e apropriada a
situao patrimonial da empresa pelo que apenas se justifica que sejam feitas as
correces decorrentes da Certificao Legal de Contas ou de informaes sobre factos
supervenientes.
As normas contabilsticas, em determinadas situaes, prevem a opo das empresas
reconhecerem os seus Investimentos pelo modelo do custo ou pelo modelo do justo
valor. Tal dualidade levanta problemas de comparabilidade entre empresas que adoptem
diferentes modelos, podendo questionar-se se o modelo do custo adequado para
efeitos de anlise financeira. Nesta perspectiva consideramos que, no Balano
Financeiro, os Investimentos devero ser reconhecidos de acordo com o seu valor de
mercado.
Numa fase posterior de Preparao, o analista deve optar por procedimentos que
permitam arrumar as contas de forma a passar de uma perspectiva contabilstica para
uma fundamentalmente financeira, de forma a destacar-se os elementos que permitam
extrair informaes relevantes sobre a situao financeira, em termos de:
Figura 5: Perspectiva Contabilstica vs. Financeira das Contas
Activo Aplicaes de Fundos
Passivo Capital Alheio
Passivo No Corrente + Capital Prprio Capitais Permanentes
Passivo + Capital Prprio Origens de Fundos
Fonte: Criado pelos autores
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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A fim de arrumar as contas do Activo de carcter permanente (liquidez superior a 1 ano)
deve criar-se a rubrica de Outros Activos No Correntes (OANC). Esta rubrica de
carcter exclusivamente financeiro pois no consta no Cdigo de Contas do SNC.
Para efeitos de anlise financeira recomendvel que o Balano Financeiro evidencie o
valor dos Activos No Correntes Brutos, (corrigidos de imparidades acumuladas), e as
respectivas Depreciaes e Amortizaes Acumuladas. Desta forma dever ser includa,
no Balano Financeiro, uma rubrica de Depreciaes e Amortizaes.
Existem vantagens, para o trabalho de anlise, em detalhar a informao constante do
Balano Contabilstico de acordo com as principais contas de determinadas classes
como, por exemplo, os Inventrios.
Exemplos de procedimentos a efectuar:
Devedores: transferir para OANC as Dvidas de Terceiros a Mdio Longo Prazo no
tituladas ou tituladas e no imediatamente descontveis, as dvidas dos scios ou de
empresas associadas ou filiais e os saldos antigos de Financiamentos Concedidos;
transferir os Adiantamentos a Fornecedores para Inventrios.
Inventrios: transferir para OANC os monos e os Adiantamentos a Fornecedores com
grau de liquidez superior a 1 ano.
Credores: transferir para Inventrios os Adiantamentos de Clientes; transferir para
Passivo No Corrente os Financiamentos Obtidos de Participantes de Capital
(suprimentos e outros mtuos) dado o seu baixo grau de exigibilidade.
Acrscimos e Diferimentos: transferir os Gastos a Reconhecer e os Devedores por
Acrscimos de Rendimentos, com liquidez superior a 1 ano, para Outras Dvidas a
Receber a Mdio Longo Prazo (integrada na conta de OANC); transferir os
Rendimentos a Reconhecer e os Credores por Acrscimos de Gastos, com liquidez
superior a 1 ano, para Passivo No Corrente.
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Os ajustamentos devem ser efectuados simultaneamente no Balano e na Demonstrao
dos Resultados por Naturezas, dado que os ajustamentos que envolvem contas de gastos
ou de rendimentos exigem ajustamentos do Resultado Lquido do Perodo apurado. Os
mapas de apoio s operaes de ajustamento das peas contabilsticas tm a seguinte
estrutura:
Figura 6: Mapa de Rectificao Balano Financeiro (exemplo parcial)
Saldo Ajustamentos Saldo Rubricas 31/12/n Dbito Crdito Rectificado
ACTIVO NO CORRENTE
Activos Fixos Tangveis 857 825 857 825
Activos Intangveis 2 470 2 470
Participaes Financeiras 129 200 129 200
Depreciaes e Amortizaes (280 825) 24 625 (11) (256 200)
Outros Activos No Correntes Gastos a Reconhecer - MLP 385 (14) 385 INVENTRIOS
Matrias-Primas 170 935 170 935
Produtos Acabados 482 310 482 310
Mercadorias 47 905 47 905
Imparidades em Inventrios (55 910) 45 760 (4a) 37 798,3 (4b) (47 948,3)
Ad. por conta de Compras 6 165 (3) 6 165
Ad. por conta de Vendas 5 525 (7) (5 525)
DIFERIMENTOS 385 385 (14) 0
Colunas utilizadas para anotar o nmero ou a referncia da operao a dbito e a crdito, geralmente acompanhada de uma breve nota explicativa. Exemplo: (14) Transferncia dos Diferimentos com liquidez superior a 1 ano para Outros Activos No Correntes (OANC).
Saldo Ajustamentos Saldo Rubricas 31/12/n Dbito Crdito Rectificado
CAPITAL PRPRIO
Capital 250 000 250 000
Reservas 601 395 601 395
Resultados Transitados (31 830) 7 310 (2b) 118 680
45 760 (4a)
75 615 (5)
21 825 (11)
Resultado Lquido do Perodo 77 415 300 (1) 12 045 (5) 29 190,4
1 746,8 (2c) 2 800 (11)
37 798,3 (4b)
23 224,5 (13)
Fonte: Criado pelos autores
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O saldo rectificado constitui o saldo inicial somado dos valores rectificados a dbito e
subtrado dos valores rectificados a crdito para as contas de saldo tipicamente devedor
(nomeadamente, contas de Activo e de Gastos) e constitui o saldo inicial somado dos
valores rectificados a crdito e subtrado dos valores rectificados a dbito para as contas
de saldo tipicamente credor (nomeadamente, contas de Passivo, de Capital Prprio e de
Rendimentos).
Figura 7: Mapa de Rectificao da Demonstrao dos Resultados por Naturezas (exemplo parcial)
Saldo Ajustamentos Saldo Rubricas 31/12/n Dbito Crdito Rectificado
Imparidade de Inventrios 24 705 1 746,8 (2c) 12 045 (5) 52 205,1
37 798,3 (4b)
Juros e Gastos Similares Suportados 75 000 300 (1) 75 300
Resultado Antes de Impostos 77 415 52 414,9
Imposto Sobre Rendimento 23 224,5 (13) 23 224,5
RESULTADO LQUIDO DO PERODO
77 415 12 045 (5) 300 (1) 29 190,4
2 800 (11) 1 746,8 (2c)
37 798,3 (4b)
23 224,5 (13)
77 914,6 77 914,6 Fonte: Criado pelos autores
O total dos movimentos a dbito tem de ser igual ao total dos movimentos a crdito, tanto no Balano como na Demonstrao dos Resultados por Naturezas.
Sempre que um ajustamento envolva uma conta de gastos ou rendimentos, devem ser
efectuados dois lanamentos em simultneo, um no Balano e outro na Demonstrao
dos Resultados por Naturezas, de forma a no desequilibrar o total de movimentos a
dbito e a crdito em cada um dos mapas.
Considere-se, a ttulo de exemplo, nos mapas apresentados nas figuras 6 e 7, o
lanamento com a referncia (4b). Este lanamento corresponde ao reconhecimento de
um aumento das Imparidades de Inventrios em Mercadorias. O lanamento
contabilstico deste tipo de operao seria:
Dbito: 652 Perdas por Imparidade em Inventrios (Demonst.Resultados por Naturezas) Crdito: 329 Perdas Por Imparidade Acumuladas (Balano)
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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Tal lanamento implicaria um movimento a dbito na Demonstrao dos Resultados por
Naturezas (na conta de Perdas por Imparidade em Inventrios) e o correspondente
movimento a crdito no Balano (na conta de Perdas Por Imparidade Acumuladas), o
que iria desequilibrar o total de movimentos a dbito e a crdito em cada um dos mapas.
Em termos contabilsticos, o lanamento ir afectar a conta de Resultado Lquido do
Perodo, conta comum aos dois mapas. Desta forma, para efectuar este ajustamento,
devem ser registados dois lanamentos, um no Balano e outro na Demonstrao dos
Resultados por Naturezas, atravs da conta comum de Resultado Lquido do Perodo.
Nomeadamente:
Balano:
Dbito: 81 Result. Lq. do Perodo / Crdito: 329 Perdas Por Imparidade Acumuladas
Demonstrao dos Resultados por Naturezas:
Dbito: 652 Perdas por Imparidade em Inventrios / Crdito: 81 Result. Lq. do Perodo
Em termos lquidos, o lanamento o mesmo que o correspondente lanamento
contabilstico, mas desta forma efectuado em simultneo o respectivo ajustamento ao
valor do Resultado Lquido do Perodo apurado.
De salientar ainda que esta operao iria promover um aumento dos gastos ( Perdas por
Imparidade em Inventrios ) e logo uma reduo do Resultado Lquido do Perodo
apurado. Contudo, os lanamentos de ajustamento implicam um lanamento a dbito
(no Balano) e outro a crdito (na Demonstrao dos Resultados por Naturezas). Sendo
a conta de Resultado Lquido do Perodo uma conta de Capital Prprio, o apuramento
do saldo rectificado deve ser efectuado no Balano. Na Demonstrao dos Resultados
por Naturezas iro constar os mesmos lanamentos, mas na posio contrria em termo
de dbito/crdito. Ou seja, na Demonstrao dos Resultados por Naturezas o saldo
rectificado da conta de Resultado Lquido do Perodo corresponde ao saldo inicial
somado dos valores rectificados a dbito e subtrado dos valores rectificados a crdito.
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Martins (2004) defende a utilizao de uma conta especfica nos Capitais Prprios do
Balano, nomeadamente, a conta de Outras Variaes dos Capitais Prprios, para
registar os ajustamentos ao Resultado Lquido do Perodo. Desta forma, possvel
manter o valor do Resultado Lquido do Perodo apurados contabilisticamente e,
simultaneamente, fazer reflectir o valor dos ajustamentos efectuados nos Capitais
Prprios da empresa. Uma vez que este procedimento no influencia, de forma
significativa, o processo de anlise das contas e para visualizar de uma forma mais
directa o impacto dos ajustamentos sobre os resultados da empresa, optamos por fazer
reflectir os mesmos directamente na conta de Resultado Lquido do Perodo.
Segundo Martins (2004) existem algumas situaes que emitem sinais de perigo ao
analista e que revelam sintomas da necessidade de ajustar a informao contabilstica.
Essas situaes so as seguintes:
Existncia de reservas no parecer do Revisor Oficial de Contas (ou seja, a existncia
de uma certificao com reservas);
Ocorrncia de alteraes nos mtodos ou procedimentos contabilsticos (por
exemplo, a nvel do mtodo de custeio das sadas dos inventrios: existem causas
justificadas para a mudana ou a mesma foi influenciada pela busca de resultados
contabilsticos mais convenientes?);
Existncia de elevados montantes nos saldos das contas de Diferimentos e de
Acrscimos, uma vez que estas contas podem ser utilizadas com vista a influenciar
os resultados;
Registo de grandes alteraes no valor dos Inventrios, dada a influncia dos nveis
de stocks nos resultados, por via do custo das mercadorias vendidas e das matrias
consumidas ou atravs da variao dos produtos acabados ou em curso;
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Com base em Martins (2004) e Baptista (2002), enunciamos seguidamente os principais
procedimentos de preparao que o analista deve efectuar, de forma a tomar medidas
correctivas, se necessrio:
a) Contas do Activo
Activos No Correntes:
Criao de uma conta no contabilstica (dado que no consta no cdigo de contas
do SNC): a conta de Outros Activos No Correntes (OANC).
A conta de Outros Activos No Correntes (OANC) deve conter todas as contas do
Activo com liquidez superior a 1 ano, ou seja, de carcter permanente, que no sejam
Activo No Corrente propriamente dito, tais como:
Adiantamentos a Fornecedores de Investimentos, porque representam investimento
em Investimentos;
Valores realizveis a mdio e longo prazo (prazo superior a 1 ano);
Devedores por Acrscimos de Rendimentos cujo rendimento ocorra em exerccio
posterior ao prximo;
Gastos a Reconhecer cujo gasto seja reconhecido em exerccio posterior ao
prximo;
Inventrios de difcil venda (Monos);
Depsitos cativos ou em conta cauo com prazos superiores a 1 ano.
Exemplo: Transferir Adiantamentos a Fornecedores de Investimentos para Outros Activos No Correntes Balano:
Dbito: Outros Activos No Correntes / Crdito: 271 Fornecedores de Investimento
Conferir os valores contabilsticos dos investimentos e ajustar os mesmos para o
respectivo valor real. Ou seja, verificar se a empresa utiliza o mtodo do custo ou do
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justo valor e ajustar, sempre que necessrio o respectivo valor para o correspondente
valor real dos Investimentos.
Inventrios:
Verificar se houve alterao do critrio de valorimetria dos Inventrios durante o
perodo em anlise;
Registar a existncia de monos (bens dificilmente vendveis), que devem ser
transferidos para a conta de Outros Activos No Correntes, uma vez que representam
activos com elevado grau de permanncia na empresa;
Exemplo: Balano:
Dbito: Outros Activos No Correntes / Crdito: 32 Mercadorias
Transferir Adiantamentos por Conta de Compras com grau de liquidez superior a um
ano para a conta de Outros Activos No Correntes.
Exemplo: Balano:
Dbito: Outros Activos No Correntes / Crdito: 39 Ad. por Conta de Compras
Dvidas de Terceiros:
Arrumar as contas a receber de acordo com as perspectivas reais dos prazos de
recebimento dos crditos, em termos de curto prazo (recebimento previsto para um
prazo igual ou inferior a 1 ano) ou mdio e longo prazo (recebimento previsto para
um prazo superior a um ano);
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Transferir as Contas a Receber a Mdio Longo Prazo (no tituladas ou tituladas no
descontveis de imediato) para a conta de Outros Activos No Correntes;
Exemplo: Balano:
Dbito: Outros Activos No Correntes / Crdito: 2 Contas a Receber a ML Prazo
Transferir as dvidas dos scios ou accionistas empresa para a conta de Outros
Activos No Correntes, dado que normalmente tm um baixo grau de liquidez;
Exemplo: Balano:
Dbito: Outros Activos No Correntes / Crdito: 26 Accionistas / Scios
Constituir Clientes de Cobrana Duvidosa e respectivas Perdas por Imparidade para
todos os crditos que se prevem de cobrana difcil, independentemente dos
critrios fiscais;
Exemplo: Balano:
Dbito: 2134 Clientes Cobrana Duvidosa / Crdito: 211 Clientes Conta Corrente
Dbito: 81 Result. Lq. do Perodo / Crdito: 219 Perdas por Imparidade Acumuladas
Demonstrao dos Resultados por Naturezas:
Dbito: 65 Perdas por Imparidade / Crdito: 81 Resultado Lquido do Perodo
4 O SNC no prev qualquer subconta para Clientes de Cobrana Duvidosa, no entanto considera-se que para um melhor acompanhamento destas situaes se dever retirar estes valores da conta de Clientes C/C, pelo que se aconselha a utilizao de uma das subcontas disponveis, neste caso a 213.
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Verificar a existncia de crditos incobrveis (valores que efectivamente j no se
prevem receber) nas contas de Clientes de Cobrana Duvidosa;
Exemplo: Balano:
Dbito: 81 Result. Lq. do Perodo / Crdito: 213 Clientes Cobrana Duvidosa
Dbito: 219 Perdas por Imparidade Acumuladas / Crdito: 81 Result. Lq. do Perodo
Demonstrao dos Resultados por Naturezas:
Dbito: 683 Dvidas Incobrveis / Crdito: 81 Resultado Lquido do Perodo
Dbito: 81 Resultado Lquido do Perodo / Crdito: 65 Perdas por Imparidade5
Anular os crditos, no anteriormente considerados de cobrana duvidosa, que se
prevem incobrveis por contrapartida de Resultado Lquido do Perodo (referentes
ao prprio exerccio) ou Transitados (referentes a exerccios anteriores);
Exemplo: Balano:
Dbito: 56 Resultados Transitados / Crdito: 211 Clientes de Conta Corrente
Dbito: 81 Resultado Lquido do Perodo / Crdito: 211 Clientes de Conta Corrente
Demonstrao dos Resultados por Naturezas:
Dbito: 683 Dvidas Incobrveis / Crdito: 81 Resultado Lquido do Perodo
5 Caso as perdas por imparidade j tivessem sido reconhecidas em anos anteriores, o lanamento no Balano referente anulao das Perdas por Imparidade Acumuladas seria o seguinte:
Dbito: 219 Perdas por Imparidade Acumuladas / Crdito: 56 Resultados Transitados
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Transferir os Adiantamentos a Fornecedores de Investimentos (cujo preo no esteja
previamente fixado registado na conta 27136) para Outros Activos No Correntes,
uma vez que constituem investimentos;
Exemplo: Balano:
Dbito: Outros Activos no Correntes / Crdito: 27.13 Ad. a Fornecedores de Investimento
Transferir os Adiantamentos a Fornecedores (cujo preo no esteja previamente
fixado registado na conta 2287) para Inventrios, pois a sua aptido para se
transformarem em meios lquidos est condicionada recepo das matrias ou
mercadorias, eventual transformao e posterior venda;
Exemplo: Balano:
Dbito: 3 Inventrios / Crdito: 228 Adiantamentos a Fornecedores
Meios Financeiros Lquidos:
Transferir todos os elementos constantes na conta Caixa no imediatamente, ou
quase imediatamente, disponveis, (como por exemplo: vales de caixa, valores
selados, cupes de dividendos e de juros vencidos) para Outras Contas a Receber a
Curto Prazo ou Mdio Longo Prazo (Outros Activos No Correntes) consoante o seu
grau de liquidez;
Exemplo: Balano:
Dbito: 27 Outras Contas a Receber a Curto Prazo / Crdito: 11 Caixa
6 De referir que os Adiantamentos por Conta de Investimentos, com preo previamente fixado, j se devem encontrar registados numa conta da classe 4 - Investimentos. 7 De referir que os Adiantamentos por Conta de Compras, com preo previamente fixado, j se devem encontrar registados na conta 39, ou seja, numa conta de Inventrios.
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Dbito: Outros Activos No Correntes Contas a Receber a Mdio Longo Prazo Crdito: 11 Caixa
Transferir os Depsitos Cativos que se destinem cauo de obrigaes que a
empresa assumiu perante terceiros para Contas a Receber a Curto ou Mdio Longo
Prazo (Outros Activos No Correntes), de acordo com a data prevista para o
cumprimento dos mesmos;
Exemplo: Balano:
Dbito: 27 Outras Contas a Receber a C. P. / Crdito: 13 Outros Depsitos Bancrios
Dbito: Outros Activos No Correntes Contas a Receber a Mdio Longo Prazo Crdito: 13 Outros Depsitos Bancrios
b) Contas do Passivo
Dvidas a Terceiros:
Arrumar as dvidas existentes pela sua natureza: de funcionamento (directamente
associadas actividade de explorao, tais como: Fornecedores e Estado e Outros
Entes Pblicos) e de financiamento (associadas s actividades de investimento, tais
como: Financiamentos Obtidos ou Accionistas / Scios);
Transferir os Adiantamentos de Clientes (cujo preo no esteja previamente fixado
registado na conta 218) e os Adiantamentos por Conta de Vendas (cujo preo esteja
previamente fixado registado na conta 276) para Inventrios, pois os produtos ou
mercadorias que venham a ser entregues aos clientes, por via de adiantamentos
efectuados, no iro gerar mais meios lquidos;
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Exemplo: Balano:
Dbito: 218 Adiantamentos de Clientes / Crdito: 3 Inventrios
Dbito: 276 Adiantamentos por Conta de Vendas / Crdito: 3 Inventrios
Arrumar as contas das Provises nas Contas a Pagar a Curto ou a Mdio Longo
Prazo, consoante a previso da data de ocorrncia dos respectivos gastos.
Exemplo: Balano:
Dbito: 29 Provises Mdio e Longo Prazo Crdito: 29 Provises - Curto Prazo
c) Contas de Diferimentos
Transferir os Gastos a Reconhecer a mais de um ano para Outros Activos No
Correntes;
Exemplo: Balano:
Dbito: Outros Activos No Correntes Crdito: 281 Gastos a Reconhecer
Transferir os Rendimentos a Reconhecer a mais de um ano para Passivo No
Corrente.
Exemplo: Balano:
Dbito: 282 Rendimentos a Reconhecer - CP Crdito: 282 Rendimentos a Reconhecer - MLP
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d) Contas de Gastos e Perdas
Os principais ajustamentos s contas de gastos derivam de ajustamentos efectuados s
contas j referidas anteriormente. Para alm destes, a perspectiva financeira arruma as
contas, separando o seu contedo, em termos dos gastos afectos actividade de
explorao da empresa e os referentes a actividades extra-explorao.
Outros Gastos e Perdas (conta 68 do SNC):
Segundo a perspectiva financeira os Outros Gastos e Perdas devem ser classificados
segundo a sua natureza, como por exemplo:
Outros Gastos de Explorao: os directamente ligados actividade de explorao da
empresa, tais como: quotizaes obrigatrias ou ofertas e amostras de existncias.
Os Gastos Financeiros de Funcionamento resultantes da actividade de explorao da
empresa, tais como: diferenas cambiais desfavorveis resultantes de operaes de
compra e venda, descontos de pronto pagamento concedidos, encargos financeiros
com o desconto de ttulos, etc., devero integrar esta conta;
Outros Gastos Extra-Explorao: os restantes gastos associados ao investimento ou
no especificados.
Gastos e Perdas de Financiamento (conta 69 do SNC):
Os Gastos Financeiros de Financiamento constituem os gastos resultantes de operaes
de financiamento para suprir dificuldades de tesouraria ou para cobrir investimentos em
activos no correntes, tais como: juros de emprstimos bancrios, encargos com
Leasings, etc.
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e) Contas de Rendimentos
Os principais ajustamentos s contas de rendimentos derivam de ajustamentos
efectuados s contas j referidas anteriormente. Para alm destes, a perspectiva
financeira arruma as contas, separando o seu contedo, em termos dos Rendimentos
afectos actividade de explorao da empresa e os referentes a actividades extra-
explorao.
Trabalhos para a Prpria Entidade (conta 74 do SNC):
Os valores constantes nesta conta no esto, normalmente, relacionados com a
actividade de explorao da empresa, pelo que devem ser considerados como Outros
Rendimentos, ou seja, no devem figurar conjuntamente com os rendimentos de
explorao.
Outros Rendimentos e Ganhos (conta 78 do SNC):
Tal como a conta anterior e dado que se registam nesta conta os rendimentos e ganhos,
alheios ao valor acrescentado, das actividades que no sejam prprias dos objectivos
principais da empresa, na perspectiva financeira devem considerar-se estes valores
como Outros Rendimentos, ou seja, no devem figurar conjuntamente com os
rendimentos de explorao. A nica excepo a referente conta 7881 (Correces
Relativas a Perodos Anteriores) que deve ser reclassificada na conta de Resultados
Transitados.
Principais Mapas de Anlise
Balano Financeiro
Aps a realizao dos ajustamentos descritos no ponto anterior, o Balano
Contabilstico d lugar ao Balano Financeiro.
Destacamos seguidamente as principais diferenas entre ambos:
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A perspectiva financeira avalia as contas do Activo numa ptica de Aplicao de
Fundos. A empresa tem fundos aplicados em investimentos, em inventrios, em crditos
concedidos aos seus clientes ou em depsitos bancrios e outros instrumentos
financeiros.
Enquanto a perspectiva contabilstica agrupa as contas de acordo com a sua natureza
(Activo No Corrente, Inventrios, Meios Financeiros Lquidos, etc.), ordenando-as de
acordo com o seu grau de liquidez (menor liquidez maior liquidez).
Na perspectiva financeira a informao constante do balano contabilstico
reorganizada e detalhada com o objectivo de fornecer mais informao para o analista.
Figura 8: Activo segundo o Balano Contabilstico vs. Balano Financeiro
Balano Contabilstico Balano Financeiro
Fonte: Criado pelos autores
ACTIVO APLICAES de FUNDOS
Activo No Corrente Activo No Corrente
Activos Fixos Tangveis
Propriedades de Investimento
Activos Fixos Tangveis
Propriedades de Investimento
Activos Intangveis
Activos Biolgicos
Participaes Financeiras
Accionistas / Scios
Activos Intangveis
Activos Biolgicos
Participaes Financeiras
Accionistas / Scios
Outros Activos Financeiros Outros Activos Financeiros
Activos por Impostos Diferidos Activos por Impostos Diferidos
Depreciaes e Amortizaes Acum.
Activo Corrente Outros Activos No Correntes
Inventrios Ad. Fornecedores Imobilizado
Activos Biolgicos Outras Contas a Receber - MLP
Clientes Diferimentos - MLP
Outras Contas a Receber Inventrios (Monos)
Diferimentos Depsitos Cativos / Cauo
Activos Financeiros Detidos p/ Neg.
Outros Activos Financeiros Activo Corrente
Activos no Corrent. Detidos p/ Venda Inventrios
Caixa e Depsitos Bancrios Activos Biolgicos
Clientes
Outras Contas a Receber
Diferimentos
Activos Financeiros Detidos p/ Neg.
Outros Activos Financeiros
Activos no Corrent. Detidos p/ Venda
Caixa e Depsitos Bancrios
TOTAL DO ACTIVO TOTAL DE APLICAES
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A perspectiva financeira avalia as contas do Passivo e Capital Prprio numa ptica de
Origens de Fundos. A empresa financia-se com os capitais investidos pelos seus scios
ou accionistas (Capital Prprio) e com o capital de terceiros, tais como, crditos obtidos
dos seus fornecedores, entidades bancrias, outros credores, Estado e Outros Entes
Pblicos, etc. (Capital Alheio). Os capitais investidos na empresa e as dvidas a
terceiros so assim analisadas numa perspectiva de fontes de financiamento.
Enquanto a perspectiva contabilstica d nfase ao agrupamento das contas por tipo de
capitais (Prprios ou Alheios), ordenando-as de acordo com o seu grau de exigibilidade
(menor exigibilidade maior exigibilidade), a perspectiva financeira reagrupa as
mesmas, atravs da criao de dois grandes grupos de contas, dando nfase
componente temporal:
Capitais Permanentes: composto por todas as origens de fundos com grau de
exigibilidade superior a 1 ano, nomeadamente, todas as contas de Capital Prprio e
todos os passivos no correntes.
Passivo Corrente: composto por todos os passivos com grau de exigibilidade inferior
a 1 ano, que constituem, na grande maioria das vezes, a totalidade das contas de
Dvidas a Terceiros a Curto Prazo e Provises.
Figura 9: Passivo e Capital Prprio segundo o Balano Contabilstico vs. Balano Financeiro Balano Contabilstico Balano Financeiro
Fonte: Criado pelos autores
PASSIVO + CAPITAL PRPRIO ORIGENS de FUNDOS
Capital Prprio CAPITAL PERMANENTE
Capital Realizado Capital Prprio
Reservas Passivo No Corrente
Resultados Transitados
Resultado Lquido do Perodo
Passivo
Passivo No Corrente
Passivo Corrente PASSIVO CORRENTE
TOTAL DO PASSIVO + CP TOTAL DE ORIGENS
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Em resumo: a perspectiva financeira analisa as componentes do Balano em termos de
investimentos efectuados (Activos ou Aplicaes de Fundos) e respectivas fontes de
financiamento ou Origens de Fundos (Capitais Prprios ou Alheios).
Demonstrao dos Resultados por Naturezas Corrigida
A Demonstrao dos Resultados por Naturezas contabilstica apresenta os resultados
decompostos em dois grandes grupos, nomeadamente: operacionais (antes e depois de
depreciaes, gastos de financiamento e impostos); e financeiros. Os ajustamentos s
contas deste mapa so aqueles que derivam dos ajustamentos efectuados s contas de
gastos e rendimentos e que, consequentemente, alteram o valor do Resultado Lquido do
Perodo apurado.
A Demonstrao dos Resultados por Naturezas corrigida para uma perspectiva
financeira sofre alteraes significativas em termos de arrumao de contas. O objectivo
apresentar separadamente os resultados em termos de explorao, extra-explorao e
financeiros.
A grande mais-valia da rectificao deste mapa consiste na separao dos valores
associados a actividades de explorao, aos quais se denominam gastos ou rendimentos
de funcionamento, dos valores associados a actividades de investimento /
financiamento.
Existem contas que, contabilisticamente, incluem valores respeitantes s diferentes
actividades, pelo que se torna necessrio o seu desdobramento. Nesta situao salienta-
se as contas de Perdas por Imparidade (conta 65), Provises do Perodo (conta 67),
Outros Gastos e Perdas (conta 68), Reverses (conta 76) e Outros Rendimentos e
Ganhos (conta 78).
Neste contexto so includos nos Gastos de Explorao todos os valores efectivamente
imputveis a actividades de explorao, independentemente das contas em que se
encontram registados contabilisticamente. Os restantes valores so considerados Outros
Gastos associados a actividades extra-explorao.
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A ttulo de exemplo, apenas a parte dos Gastos e Perdas de Financiamento (conta 69)
efectivamente correspondente a actividades operacionais, tais como diferenas cambiais
desfavorveis resultantes de operaes de compra e venda, devem ser transferidos para
Outros Gastos e Perdas de Explorao. Os restantes valores registados
contabilisticamente nesta conta (conta 69), tais como, juros de emprstimos bancrios
ou encargos com Leasings, so considerados Juros e Gastos Similares de
Financiamento.
Da mesma forma, a conta de Juros, Dividendos e Outros Rendimentos Similares (conta
79) tambm desagregada em duas partes, sendo a parte correspondente aos
Rendimentos Financeiros de Funcionamento associados explorao reflectidos nos
Outros Rendimentos de Explorao; e a parte dos Rendimentos Financeiros resultantes
de Aplicaes de Capital so reflectidos nos outros rendimentos de extra-explorao.
Diversos analistas defendem que os Juros, Dividendos e Outros Rendimentos Similares
devem ser deduzidos nos Gastos e Perdas de Financiamento. Contudo, importante ter
presente, tal como argumentam outros tantos analistas, que uma das principais polticas
em estudo na anlise financeira de uma empresa a poltica de financiamento, pelo que
de crucial importncia isolar os Juros e Gastos Similares de Financiamento, o que no
seria possvel deduzindo os Juros, Dividendos e Outros Rendimentos Similares.
Neste contexto todos os rendimentos afectos actividade de explorao que no se
encontrem reflectidos nas rubricas exclusivamente de explorao devero ser registados
numa rubrica autnoma de Outros Rendimentos de Explorao que dever conter,
entre outros, as reverses de perdas por imparidade, as redues das provises, os
aumentos de justo valor, e as reverses de depreciao e amortizao associadas
explorao.
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_________________________________ Bloco 1: Recolha de Informao e Trabalhos Preparatrios
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Figura 8: Demonstrao dos Resultados por Naturezas Corrigida
1 + Vendas de Mercadorias e Produtos
2 + Prestao de Servios
3 + Subsdios Explorao
4 + Variao nos Inventrios da Produo
5 + Outros Rendimentos de Explorao
A = RENDIMENTOS DE EXPLORAO (1 + 2 + 3 + 4+5)
6 - Custo Mercadorias Vendidas Matrias Consumidas
7 - Fornecimentos e Servios Externos
8 - Gastos com o Pessoal
9 - Perdas por Imparidade de Inventrios
10 - Perdas por Imparidade de Dvidas a Receber
11 - Gastos de Depreciao e Amortizao
12 - Outros Gastos e Perdas de Explorao
B = GASTOS DE EXPLORAO (6 + 7 + ... + 12)
C RESULTADO DE EXPLORAO (A - B)
13 + Outros Rendimentos
14 - Outros Gastos
D RESULTADO EXTRA-EXPLORAO (13 14)
E = RESULTADO ANTES JUROS E IMPOSTOS (RAJI) (C + D)
15 - Juros e Gastos Similares de Financiamento Suportados
F = RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS (RAI) (E - 15)
16 - Imposto sobre o Rendimento do Perodo (IRC) (F * t8)
G = RESULTADO LQUIDO DO PERODO (F 16)
17 - Resultados a Distribuir (G * d9)
H = RESULTADOS RETIDOS (G 17)
Fonte: Criado pelos autores
Demonstrao dos Fluxos de Caixa
Elaborada de acordo com o modelo aprovado pela Portaria n 986/2009, de 7 de
Setembro, a Demonstrao dos Fluxos de Caixa (DFC) tem como principal objectivo
elucidar os utentes da informao financeira do modo como a empresa gera e utiliza o
dinheiro num determinado perodo (normalmente anual), em termos de fluxos gerados
na empresa pelas actividades operacionais, de investimento e de financiamento.
Note-se que os ajustamentos efectuados no mbito da anlise financeira no implicam
quaisquer alteraes a nvel dos recebimentos e pagamentos efectuados pela empresa,
pelo que o analista apenas se limita a analisar a informao constan