ANÁLISE DE BATERIAS CAIXAS GRETSCH Full Range Series … · xas de madeira porque gosto do som...

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178 www.backstage.com.br ANÁLISE DE BATERIAS CAIXAS GRETSCH CAIXAS GRETSCH caixa é o elemento central dentro de um setup de ba- teria. Todos os rudimentos, toque simples, toque du- plo, “paradidles” foram criados e desenvolvidos para a cai- xa, e mais tarde, transportados para tambores e pratos. Até a invenção do suporte (estante) de caixa no início do sécu- lo 20, os músicos usavam as caixas apoiadas em cadeiras ou penduradas ao ombro presas por tiras de couro, como são Cesar Conti [email protected] A A emblemática marca de baterias, fundada em 1883 nos EUA pelo imigrante alemão Fredrich Gretsch, completa 125 anos e lança a série Full Range de caixas Full Range Series usadas em bandas marciais. Com suportes de caixa e pedais de bumbo mais práticos e eficientes, desde o início do sécu- lo passado, um só músico pode executar o trabalho feito anteriormente por três, já que um tocava o bumbo, outro a caixa e um terceiro os pratos e blocks de madeira. Surgiam assim a bateria e o baterista. De lá para cá a indústria evo- luiu e, com a chegada de novas tecnologias e muita pesqui- Fotos: Patrícia Demolinari e Rodrigo Monteiro / Divulgação

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ANÁLISE DE BATERIAS

CAIXAS GRETSCHCAIXAS GRETSCH

caixa é o elemento central dentro de um setup de ba-

teria. Todos os rudimentos, toque simples, toque du-

plo, “paradidles” foram criados e desenvolvidos para a cai-

xa, e mais tarde, transportados para tambores e pratos. Até

a invenção do suporte (estante) de caixa no início do sécu-

lo 20, os músicos usavam as caixas apoiadas em cadeiras ou

penduradas ao ombro presas por tiras de couro, como são

Cesar [email protected]

A

A emblemática marca de baterias, fundada em 1883 nos EUA peloimigrante alemão Fredrich Gretsch, completa 125 anos e lança a série FullRange de caixas

Full Range Series

usadas em bandas marciais. Com suportes de caixa e pedais

de bumbo mais práticos e eficientes, desde o início do sécu-

lo passado, um só músico pode executar o trabalho feito

anteriormente por três, já que um tocava o bumbo, outro a

caixa e um terceiro os pratos e blocks de madeira. Surgiam

assim a bateria e o baterista. De lá para cá a indústria evo-

luiu e, com a chegada de novas tecnologias e muita pesqui-

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sa, o universo das caixas cresceu rapi-

damente, abrindo um leque de novos

materiais, medidas e sonoridades.

Tudo isso acabou definindo padrões

por meio de novos timbres que passa-

ram a ser marca registrada de alguns

bateristas que até hoje são reconheci-

dos pelo som pessoal e exclusivo de

suas caixas.

A série Full Range de Gretsch é fabricada

na China e composta exclusivamente

por caixas. A Sonotec Music&Sound, re-

presentante da marca no Brasil, coloca à

disposição do mercado os modelos

Hammered Polished Brass com cas-

co feito em latão martelado à mão,

Hammer Black Steel com casco em

aço também martelado à mão e Gloss

Maple em madeira (maple) com acaba-

mento natural laqueado. Todas nas medi-

das 14"de diâmetro por 5"de profundida-

de e 14"x 6 1/2". As caixas Full Range

têm aros die cast (fundido) com en-

trada para dez parafusos de afinação,

canoas (castanhas) com dupla afina-

ção para as peles batedeira e resposta,

automático Gretsch do tipo Trow Off

e cavalete do lado oposto, ambos com

regulagem de pressão da esteira, anel

de suspiro dentro do escudo com a

logomarca e vêm com peles Evans para

batedeira e resposta. A Hammered

Polish Brass tem casco de latão de

1,2mm de espessura e acabamento

martelado dourado com hardware

(ferragem) cromado e arremate de 45

graus nas bordas.

O modelo Hammer Black Steel tem

casco em aço com 1,2mm de espessu-

ra, acabamento martelado preto ni-

quelado, 45 graus no arremate das

bordas e hardware cromado. A Gloss

Maple tem o casco fabricado com dez

folhas de maple, 30 graus de inclina-

ção no chanfro das bordas, acabamen-

to externo na cor da madeira laquea-

do, e, na parte interna, o famoso selan-

te prateado “silver seler” também usa-

do desde os anos 60 nos tambores da

Gretsch fabricados nos EUA.

A Backstage convidou os bateristas

Luiz Varanda, Jorge Gomes, Cesar

Machado, Kikinho Neto e Bicudo

para tocarem e opinarem sobre o de-

sempenho das caixas Gretsch Full

Range Series.

LUIZ VARANDA

(Estúdio - Atlanta - EUA)

“Eu sempre tive preferência pelas cai-

xas de madeira porque gosto do som

mais grave, principalmente em estú-

dio. Claro que tudo vai depender do

que está sendo gravado. O que me

chamou a atenção na caixa de maple

foi o timbre, a resposta da esteira, a

afinação chega fácil, tem projeção e

ótimo volume. A de brass tem muito

volume, o som de sidestick e rimshot

é exelente, acho que se encaixaria

bem em um show ao vivo, talvez em

lugar aberto, além do acabamento ser

muito bonito. A de aço me lembra

aquela onda “funk”, meio piccollo,

apesar de ter 5" de profundidade, tem

o rimshot bem estalado além desse

acabamento black nikel ser fantásti-

co. São três sons distintos. Acho que

a Gretsch conseguiu alcançar uma

boa gama de possibilidades sonoras

com essas três caixas.”

BICUDO

(O Salto)

“Todas são lindas, não é à toa que a

Grestch está aí esse tempo todo. As

caixas são fantásticas, não tenho

nada a dizer de negativo de um ins-

trumento desses. A questão é só você

decidir em que situação usar cada uma

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delas. Eu sempre

procuro muita

projeção no som

do meu instru-

mento, por mais

que eu já toque

forte, e nesse ca-

so o som já vem

pronto e com vo-

lume. A caixa de

brass é muito ver-

sátil, tem agudo

na ponta e grave

no meio da pele,

com esse aro die

cast é uma combinação muito boa. A de

madeira tem aquele som clássico que

essas caixas devem ter. A de aço com a

ponta de agudo e bastante volume.

Também gostei desse sistema de regula-

gem de esteira dos dois lados, que facili-

ta muito na hora de achar o seu som.”

JORGE GOMES

(Beth Carvalho/ Zeca Pagodinho)

“Essa caixa de madeira me agrada

pelo peso do som da pele ser equili-

brado com o de aro e rimshot. Não

sobra aquele agudo muito alto, pelo

fato de ser maple e ter aro die cast. É

uma caixa que eu usaria para fazer

shows ao vivo com bandas com mui-

tos integrantes porque eu sei que ela

não iria ‘gritar’ no meio da banda. A

qualidade do instrumento, indepen-

dente de ser uma Gretsch, é indiscu-

tível, fora a beleza do acabamento. A

de aço eu gosto muito, tanto para o

pop, quanto para o samba também.

Fazendo samba de escola junto com a

percussão, com essa sobra de agudo

que ela tem, casa muito bem na hora

de fazer as acentuações. O som vem

pronto e fala al-

to na sua cara; se

não tiver micro-

fone, ela vai se-

gurar do mesmo

jeito. A caixa de

brass é excelente

com essa combi-

nação de aro com

regulagem de es-

teira dos dois la-

dos. Só não gosto

da sobra de agudo,

achei excedente,

talvez usasse um

abafador para segurar esses harmônicos.

No meu caso, eu só mudaria a cor das

plaquetas com a logomarca, acho que

dourada iria ficar mais bonita...”

KIKINHO NETO

(DNA)

“O som das caixas é top. Gostei das três.

Posso ficar com elas para mim?...(risos).

Eu particularmente prefiro o som das

caixas de metal. Tanto a de brass

quanto a de aço me agradaram muito.

Gostei do timbre, do sistema de regu-

lagem da esteira e principalmente da

ponta de agudo que a caixa de aço dá.

O acabamento é muito bonito, esse

martelamento dá um efeito muito le-

gal nas duas e o aro die cast facilita

“Eu sempre procuro muita projeção no som do meuinstrumento, por mais que eu já toque forte, e nesse

caso o som já vem pronto e com volume. A caixa de brassé muito versátil, tem agudo na ponta e grave no meio da

pele, com esse aro die cast é uma combinação muito boa”

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Para saber mais

e-mail: [email protected]

para quem gosta de tocar rimshot,

que é meu caso. Já a caixa de maple,

se usada com um abafador, fica

com o som mais característico da

madeira mesmo, aí também me

agrada. Eu gosto de tirar o som que

a caixa permite que seja tirado

dela, senão fica um som mentiro-

so. Cada um tem seu gosto pessoal,

mas independente disso, a série

Full Range está oferecendo três

opções excelentes de caixas de

primeira linha.”

CESAR MACHADO

(Solo/estúdio)

“A estrutura das três caixas é mui-

to boa, mas eu não gosto do meca-

nismo desse automático da estei-

ra. Diferente do automático tipo

‘gaveta’, esse sistema é mais difícil

de mexer enquanto você está to-

cando. Eu uso muito esse recurso

de mudar a sonoridade da caixa ti-

rando e colocando a esteira du-

rante a performance, e o automático

não favorece essa prática. O acio-

namento é paralelo ao corpo da cai-

xa, já o de gaveta é perpendicular,

o que facilita muito o manuseio e

pode ser fechado até com o joelho

durante a tocada. Agora os aros

com dez afinações são muito bons,

acho que toda caixa deveria ter

aro com dez furos. O sistema de

regulagem da pressão da esteira

dos dois lados também agiliza o

resultado. Quanto à sonoridade,

esse casco de madeira é muito

bom, tem som encorpado e grave do

jeito que eu gosto para tocar bossa

nova e jazz. A caixa de brass eu usaria

para um trabalho que pedisse uma

pegada mais pesada. A de aço eu co-

locaria como segunda caixa do meu

lado esquerdo, acho que com esses

aros, se você chamar a afinação para

o agudo, pode até tirar um som de

caixa piccollo desse instrumento. A

série Full Range da Gretsch está

muito boa, só trocaria esse sistema

de automático da esteira...”

“A caixa de brass eu usaria para um trabalho que pedisseuma pegada mais pesada. A de aço eu colocaria comosegunda caixa do meu lado esquerdo, acho que com

esses aros, se você chamar a afinação para o agudo, podeaté tirar um som de caixa piccollo desse instrumento”