Analise de Conteudo - Vanda
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A Análise de Conteúdo tem-se revelado com o passar dos tempos uma técnica de Investigação bastante dinâmica e abrangente. Teve os seus primórdios na comunicação social e propaganda política. Hoje em dia, a Análise de Conteúdo pode ser utilizada quer a nível qualitativo quer
quantitativo no processo de investigação. Apesar dos dois tipos actuarem em momentos diferentes a sua operacionalização passa por
etapas iguais. Esta etapa de investigação traduz-se assim fundamental para que o trabalho de investigação ocorra.
E
m que consiste a análise de conteúdo? Quais as suas etapas? Esta deve adoptar uma perspectiva quantitativa ou qualitativa? Qual o seu contributo no processo de investigação? Que vantagens e limitações apresenta? Estas são algumas das questões que pretendemos desenvolver com este artigo. Várias têm sido as posições ao longo dos tempos relativamente ao surgimento da análise de conteúdo, contudo, e no nosso ponto de vista, a análise de conteúdo sofreu uma evolução que provocou a ruptura com o cepticismo a ela associado, e ao mesmo tempo a relacionou com todos os métodos de investigação empírica.
A análise de conteúdo surge inicialmente como uma técnica descritiva e objectiva Na primeira metade do séc. XX a análise de conteúdo foi apresentada como uma técnica predominantemente útil no estudo da comunicação social e da propaganda política, que Berelson (1948, citado por Vala p.101) definiu como “uma técnica de investigação que permite fazer uma descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tendo por objectivo a sua interpretação”.
A Análise de Conteúdo requer diversas etapas Com uma abordagem cada vez mais multidisciplinar e com os debates metodológicos que vão surgindo na segunda metade do séc. XX, a análise de conteúdo sofre uma evolução deixando de ser estritamente descritiva e tornando-se também inferencial. Actualmente uma das definições que nos surge com mais abrangência é a de Bardin (1977, p. 42) que a define como “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objectivos da descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos”.
Surge assim como um conjunto de técnicas de análise, tornando-se inferencial. Partindo desta perspectiva, uma das questões que pode surgir é a se o investigador deve enveredar por uma análise qualitativa ou por uma análise quantitativa de conteúdo. Após reflexão conjunta depreende-se que a análise de conteúdo requer o contributo de ambas as perspectivas, sendo as duas de igual valor para o trabalho de investigação. Landry (2003, p.350) complementa ainda que “a
análise quantitativa permite evitar a armadilha da subjectividade decorrente do alongar-se nas particularidades dos conteúdos enquanto a análise qualitativa permite continuar fiel às particularidades dos conteúdos à custa de uma certa subjectividade”. Cabe ao investigador escolher quando e quais os tipos de análise de conteúdo a adoptar, visto que se trata de uma técnica de tratamento de informação, e como tal pode integrar-se em qualquer dos grandes tipos de procedimentos.
O investigador deve enveredar por uma Análise Qualitativa ou Quantitativa? 1. Definição dos objectivos e do quadro de referência teórico Nesta etapa o investigador deverá proceder à formulação das hipóteses e dos objectivos da investigação e à elaboração de indicadores nos quais se deverá apoiar a interpretação final. 2. Constituição de um Corpus O investigador deverá proceder à escolha/selecção de documentos que vão ser sujeitos à análise de conteúdo. 3. Definição de Categorias Esta etapa pretende atribuir um sentido, ou seja, categorizar o corpus, através da sua simplificação, potenciando assim a sua apreensão. 4. Definição de unidades de análise A escolha de uma unidade de análise é ditada tanto pelos objectivos do investigador como pelo material analisado. Nesta etapa é necessário proceder à definição de três tipos de unidades:
Unidade de Registo: é o segmento mínimo de conteúdo que se considera necessário para poder proceder à análise, colocando-a numa categoria.
Unidade de Contexto: apresenta-se como uma unidade de compreensão para codificar a unidade de registo, correspondendo a um segmento da mensagem cujas dimensões, superiores às unidades de registo, são indicadas para a compreensão e significação exacta da unidade de registo. (Bardin, 1977)
Unidade de Enumeração: é a unidade em função da qual se procede à quantificação.
5. Quantificação Esta etapa tem como objectivo permitir o relacionamento das características dos textos, combinadas ao universo estudado. Na elaboração da análise de conteúdo a passagem ou não por esta etapa é uma opção do investigador. 6. Interpretação de resultados Esta etapa, feita à luz dos objectivos e do suporte teórico, é fundamental. Através desta pretende-se compreender o fenómeno que constitui objecto de estudo e como fazer o investigador chegar à sua explicação. O percurso destas etapas deve ser correctamente executado, sendo fundamental para que a Análise de Conteúdo se traduza numa técnica operacional do trabalho investigado, de modo a garantir a autenticidade e a validade deste.
A Análise de Conteúdo apresenta Vantagens e Limites Quivy (1992) aponta algumas vantagens e limites da análise de conteúdo. Assim, como vantagens evidenciam-se:
Ser adequado ao estudo do implícito; Obriga o investigador a manter uma grande distância em relação às interpretações
espontâneas e às suas próprias; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
· Bardin, L. (1977). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70; · Poirier, Jean et al (1983). Histórias de Vida – Teoria e prática. Paris: Celta; · Fortin, Marie Fabienne (1999). O processo de Investigação: da concepção à realização. Loures: Lusociência; · Landry, Réjean (2003). Investigação Social – da problemática à colheita de dados. Loures: Lusociência; · Quivy, Raymond e Campenhoudt, Luc Van (1992). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva; · Vala, Jorge (1986). Metodologia das Ciências Sociais. Porto: Edições Afrontamento.
Sendo a comunicação reproduzida o seu objecto, há possibilidade de um controlo posterior do trabalho de investigação.
No que respeita aos limites o autor menciona que: Alguns métodos de análise podem ser muito pesados e laboriosos sendo necessário ter a
certeza de que são perfeitamente adequados aos objectivos da investigação; AUTORES:
Estela Gaspar nº2242; Flávio Redol nº2231; Helder Antunes nº2246; Vanda Tomás nº2254 6º CLE
Alguns métodos de análise baseiam-se em pressupostos sendo relevante o auto – questionamento relativo aos limites da investigação, e se a mesma se pode adaptar a estes limites.
Conclusão
A análise de conteúdo oferece assim um contributo fulcral para a Investigação, pois consegue dar sentido a um conjunto de factos sem reduzir a riqueza das significações. Em suma, podemos afirmar que a análise de conteúdo pretende contribuir para o avanço dos conhecimentos, fornecendo novas inferências e novas interpretações quer no plano teórico quer no empírico. 4