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LAÍSE ANTON Análise de desempenho ambiental da cogeração de energia elétrica a partir de adições sucessivas de biomassa em destilaria autônoma São Paulo 2017

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LAÍSE ANTON

Análise de desempenho ambiental da cogeração de energia elétrica a partir de adições sucessivas de biomassa em destilaria autônoma

São Paulo 2017

LAÍSE ANTON

Análise de desempenho ambiental da cogeração de energia elétrica a partir de adições sucessivas de biomassa em destilaria autônoma

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências

Orientador: Prof. Dr. Luiz Alexandre Kulay

São Paulo 2017

LAÍSE ANTON

Análise de desempenho ambiental da cogeração de energia elétrica a partir de adições sucessivas de biomassa em destilaria autônoma

Dissertação apresentada a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências Área de Concentração: Engenharia Química Orientador: Prof. Dr. Luiz Alexandre Kulay

São Paulo 2017

Este exemplar foi revisado e corrigido em relação à versão original, sob responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador. São Paulo, 21 de fevereiro de 2017.

Assinatura do autor: ________________________

Assinatura do orientador: ________________________

Catalogação-na-publicação

Anton, Laíse Análise de desempenho ambiental da cogeração de energia elétrica a

partir de adições sucessivas de biomassa em destilaria autônoma / L. Anton – - versão corr. -- São Paulo, 2017.

124 p.

Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia Química. 1.Biomassa 2.Cogeração 3.Avaliação de Ciclo de Vida 4.Ciclo Rankine 5.Análise Energética I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia Química II.t.

Dedico este trabalho a minha família.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço ao professor Dr. Luiz Alexandre Kulay pelo comprometimento

no desenvolvimento desse trabalho, pela orientação e, sobretudo, pela amizade cultivada e,

principalmente pela compreensão nos momentos mais difíceis.

Aos colegas do GP2 que de certa forma contribuíram para aelaboração desse trabalho: Alex,

Letícia, Ana, Cristina, Hugo.

Ao professor Gil Anderi da Silva, pela ajuda no momento difícil.

A minha família e amigos pelo apoio e incentivo.

RESUMO

Uma análise do setor sucroalcooleiro nacional revela sua autossuficiência energética que com

investimentos adequados, pode evoluir para transformar tal característica em benefício por

meio de exportação de energia elétrica. Atualmente, os sistemas de cogeração das usinas de

etanol operam com bagaço-de-cana; no entantoesse quadro deve ser alterado devido ao

grande aumento de disponibilidade de palha gerada no campo. Um acordo firmado entre o

Governo do Estado de São Paulo e UNICA, que limita e condiciona queimadas durante a

colheita na região ratifica essa condição. O presente estudo se propõe a estimar e discutir

impactos ambientais associados à cogeração de energia elétrica em destilarias autônomas para

situações diversas de operação do ciclo Rankine, modelo de termodinâmico adotado para

representar o funcionamento daquele sistema. Para atender a tais propósitosforam verificadas

diferentes condições de pressão de operação da caldeira (20, 45, 67, 80 e 100 bar), teor de

umidade da palha (10%, 15%, 25%, 35% e 50%), e taxa de adição dessa biomassa (10%,

20%, 30%, 40% e 50%) com relação ao total gerado no campo. A coordenação simultânea

dessas variáveis resultou na formulação de cento e vinte e cinco cenários de análise. Os

cenários foram analisados a partir de Análise Energética (Análise Termodinâmica de 1ª e

2ªLeis) e Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). AACVocorreusob enfoque do tipo “berço-ao-

portão”, e seguiu diretrizes metodológicas descritas na normaABNT NBR ISO 14044.

Adotou-se como unidade funcional para o estudo “produzir10 t de etanol anidro (99,5% w/w)

”. O sistema de produto compreende atividades realizadas nas etapas agrícola (de produção de

cana-de-açúcar e palha) e industrial (obtenção de etanol e cogeração). A análise ocorreu em

termos da geração específica deeletricidade, e de perfil de impactos ambientais, definido em

termos dos potenciais de Mudanças Climáticas, Acidificação Terrestre, Eutrofização

Aquática, e de Formação de Oxidantes Fotoquímicos e de Material Particulado.Os resultados

obtidos indicam que a eficiência energética aumenta com a elevação das funções de estado do

vapor superaquecido que é injetadona turbina. Em termos de desempenho ambiental,

observou-se redução sistêmica de efeitos adversoscom o aumento da eficiência do ciclo

termodinâmico. Os resultados também ratificaram como condição mais favorável em termos

de desempenho ambiental aquela em que 50% da palha gerada no campo, com 10% de

umidade, é aproveitada como fonte de energia térmica na caldeira, produzindo vapor

superaquecido a 100 bar.

Palavras-chave: Biomassa. Cogeração. Ciclo Rankine. Análise energética. Avaliação do Ciclo

de Vida

ABSTRACT

Analyzing the sugar-alcohol sector in Brazil, one can perceive that it is self-sufficient in

energy terms and that, with adequate investments, it can evolve to transform this

characteristic into a benefit through the export of electricity. Currently, the cogeneration

systems of the ethanol plants operate with bagasse. However, this picture should be changed

due to the large increase in availability of straw generated in the field. An agreement signed

between the Government of the State of São Paulo and the federation of ethanol and sugar

mills (UNICA) that limits and conditions burnings during harvesting in the region ratifies this

condition. This study estimates and discusses environmental impacts associated with the

cogeneration of power in autonomous distilleries for typical operational conditions of the

Rankine cycle, a thermodynamic model adopted to represent the operation of that system. In

order to meet these purposes, different boiler operating pressure (20, 45, 67, 80 and 100 bar),

moisture content of the straw (10%, 15%, 25%, 35% and 50%), and rate of biomass feeding

(10%, 20%, 30%, 40% and 50%) in relation to the total generated in the field have been

verified.The simultaneous coordination of these variables resulted in the formulation of one

hundred and twenty-five analysis scenarios, which were investigated in terms of Energy

Analysis (Thermodynamic Analysis of 1st and 2nd Laws) and Life Cycle Assessment (LCA).

The LCA was carried out under a "cradle-to-gate" approach and followed the methodological

guidelines described in ABNT NBR ISO 14044. It was adopted as a Functional Unit for the

study "to produce 10 t of anhydrous ethanol (99.5% w/w) ". The product system comprises

activities that occur in the agricultural (production of sugarcane and straw) and industrial

(synthesis of ethanol and cogeneration) stages. The analysis took place in terms of the

specific generation of electricity, and of environmental impact profiles have been defined in

terms of the potential of Climate Change, Terrestrial Acidification, Aquatic Eutrophication,

and Formation of Photochemical Oxidants and Particulate Material. The results indicate that

the energy efficiency increases with the increase of the state functions of the steam that is

injected into the turbine. Regarding the environmental performance, it was observed a

systemic reduction of adverse effects with the increase of the efficiency of the

thermodynamic cycle. The results also confirmed that the most favorable condition in terms

of environmental performance is that one which 50% of the straw produced in the field, with

10% humidity, is used as a source of thermal energy in the boiler, producing superheated

steam at 100 bar.

Keywords: Biomass. Cogeneration. Rankine cycle. Energy analysis. Life Cycle Assessment.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura geral da cana-de-açúcar 24

Figura 2 –Representação de um ciclo Rankine com reaquecimento 28

Figura 3 – Prazo para eliminação da queima da palha no estado de São Paulo 33

Figura 4 –Representação esquemática genérica do ciclo de vida de um produto 37

Figura 5 – Etapas de ACV:diretrizes definidas pela norma ABNT NBR ISO 14040 40

Figura 6 – Representação de ciclo Rankine com reaquecimento 56

Figura 7 –Esquema ilustrativo da caldeira de força 58

Figura 8 –Desenho esquemático ilustrativo do arranjo turbina e gerador 62

Figura 9 – Ilustração do conjunto condensador e torre de resfriamento 63

Figura 10 –Detalhe da bomba de recalque de condensado 66

Figura 11 – Representação da unidade dedesaeração 67

Figura 12 –Sistema de produtopara geração de eletricidade a partir de biomassa de cana-de-açúcar 73

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Percentual de área total de cana-de-açícar por Unidade da Federação 18

Gráfico 2 –Perfil comparado de produtividade (t/ha) de cana-de-açúcar por região 19

Gráfico 3 –Produção de cana-de-açúcar por estado 20

Gráfico 4 –Produção total de etanol por região do Brasil 22

Gráfico 5 – Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palhapara TAc 92

Gráfico 6 –TAc vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões 93

Gráfico 7 –Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para FEu 94

Gráfico 8 –FEu vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões 95

Gráfico 9 – Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para POF 96

Gráfico 10 –POF vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões 97

Gráfico 11 –Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para PMF 99

Gráfico 12 –PMF vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões 100

Gráfico 13 –Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para CC 101

Gráfico 14 –CC vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões 102

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características dos cenários avaliados: pressão de vapor, taxa de adição e umidade de palha 50 Tabela 2 – Variação do consumo de eletricidade na unidade industrial em função da umidade da palha 53 Tabela 3 – Parâmetros gerais utilizados para estimativa e modelagem dos cenários de análise 55 Tabela 4 – Pressão de extração ótima de vapor a ser efetuada na turbina para os diferentes níveis de operação caldeira em termos de pressão de vapor superaquecido 60 Tabela 5 – Características e propriedades do bagaço e palha de cana-de-açúcar 69 Tabela 6 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 20 bar) 74 Tabela 7 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 45 bar) 75 Tabela 8 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 67 bar) 76 Tabela 9 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 80 bar) 77 Tabela 10 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 100 bar) 78 Tabela 11 – Eletricidade Excedente gerada em cada cenário de análise 81 Tabela 12 – Aspectos ambientais associados à produção de 1,0 t de cana-de-açúcar para as condições de processamento agrícola exercitadas no Estado de São Paulo 83 Tabela 13 – Inventário produção de 10 t C2H6O (99,5%w/w) 87 Tabela 14 – Fatores de emissão para queima de óleo diesel em maquinários agrícolas 88 Tabela 15 – Inventário do sistema de cogeração para: P = 20 bar, a = 10 % palha, u = 10% 90 Tabela 16 – Análise da influência da pressão de operação do sistema sobre POF 97 Tabela 17 – Análise da influência da pressão de operação do sistema sobre PMF 100 Tabela 18 – Análise da influência da pressão de operação do sistema sobre CC 102

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 17

3.1 Cana-de-açúcar, etanol e eletricidade ....................................................................... 17

3.1.1 Dados da produção e mercado ............................................................................ 17

3.1.2 Produção de etanol e eletricidade ....................................................................... 23

3.1.3 Impactos ambientais gerados pelo cultivo de cana ............................................. 35

3.2 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV): conceito, aplicações e método........................ 36

3.2.1 Definição do objetivo e escopo do estudo de ACV ............................................ 41

3.2.2 Análise de Inventário .......................................................................................... 43

3.2.3 Avaliação dos impactos ambientais .................................................................... 44

3.2.4 Interpretação dos resultados ............................................................................... 45

3.2.5 Estudos ACV voltados à cogeração de eletricidade ........................................... 46

4 MÉTODO DE TRABALHO ............................................................................................ 49

4.1 Definição dos cenários.............................................................................................. 50

4.2 Modelagem Termodinâmica dos Cenários ............................................................... 52

4.2.1 Premissas e definição dos parâmetros operacionais dos cenários ................. 52

4.2.2 Construção de modelos matemáticos .............................................................. 54

4.2.3 Características específicas dos arranjos .............................................................. 55

4.2.4 Modelagem dos equipamentos ........................................................................... 56

4.2.5 Cogeração ........................................................................................................... 68

4.3 Aspectos Específicos da Avaliação Ambiental ........................................................ 70

4.3.1 Definição de Objetivo e Definição de Escopo: Função, Unidade Funcional e

Fluxo de Referência .......................................................................................................... 70

4.3.2 Sistema de produto e fronteiras do sistema ........................................................ 71

4.3.3 Tipo e qualidade dos dados, e Tratamento de multifuncionalidades .................. 72

4.3.4 Método de Avaliação de Impactos e Categorias de Impacto Ambiental ............ 79

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 80

5.1 Análise termodinâmica ............................................................................................. 80

5.2 Análise Ambiental - Inventários de Ciclo de Vida – ICVs ...................................... 82

5.2.1 Produção de cana-de-açúcar ............................................................................... 82

5.2.2 Tratamentos preliminares e transporte de cana-de-açúcar e palha ..................... 85

5.2.3 Tratamento e moagem de cana-de-açúcar .......................................................... 85

5.2.4 Produção de etanol hidratado ............................................................................. 86

5.2.5 Enfardamento da Palha ....................................................................................... 87

5.2.6 Transporte da palha ............................................................................................ 88

5.2.7 Moagem da palha................................................................................................ 89

5.2.8 Cogeração ........................................................................................................... 89

5.3 Avaliação de Impactos.............................................................................................. 91

5.3.1 Acidificação Terrestre (TAc).............................................................................. 91

5.3.2 Eutrofização Aquática (FEu) .............................................................................. 94

5.3.3 Formação de Oxidante Fotoquímico (POF) ....................................................... 96

5.3.4 Formação de Material Particulado (PMF) .......................................................... 98

5.3.5 Mudanças Climáticas (CC) ............................................................................... 101

6 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 104

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 106

APÊNDICE A ..................................................................................................................... 113

12

1 INTRODUÇÃO

A produção de açúcar e álcool se destaca como uma das principais atividades produtivas

do Brasil. O setor sucroalcooleiro passa por um momento de modernização e crescimento,

devido a mudanças no cenário econômico nacional que a cada ano, sobretudo em termos de

commodities agrícolas e bioprodutos, busca reforçar posições no mercado internacional sem,

no entanto, abrir mão de suprir as demandas internas.

No caso específico do segmento em questão, podem ser apontados como agentes

propulsores de tais avanços a abertura do mercado externo para o etanol brasileiro; a

consolidação da tecnologia flex-fuel junto ao mercado interno; e a criação de mecanismos

para comercialização dos excedentes de energia elétrica gerados por usinas de autônomas e

anexas, para a rede concessionária (UNICA, 2015).

Ainda assim, para perseverar em um meio cada vez mais exigente, as empresas que

atuam no ramo precisam constantemente elevar seu nível de competitividade expandindo

receitas e/ou reduzindo despesas. Sob o ponto de vista de gestão, tais resultados poderiam ser

alcançados a partir de ações de duas naturezas, inclusive a serem implementadas,

eventualmente, de forma simultânea.

O primeiro grupo de ações consiste das elevações da produtividade agrícola e do

rendimento industrial dos processos que compõem essas cadeias produtivas, com vistas a

intensificar a obtenção dos produtos principais de ambos os estágios: cana-de-açúcar e etanol.

O segundo nível de atuação compreende a redução de perdas de processo, ação que em

termos práticos poderia também ser entendida como intensificar o reaproveitamento de

resíduos como vinhaça, torta de filtro e cinza gerados no ciclo industrial, e da palha

remanescente daatividade agrícola.

Dentre as opções antes em destaque deve merecer atenção particular o reaproveitamento

de resíduos agrícolas. O uso de material lignocelulósico – na forma de bagaço excedente e

palha – vem se consolidando como uma importante fonte complementar de produção de

etanol. Muito embora a tecnologia encontre-se ainda em fase de desenvolvimento, condição

que por naturezaelevaos custos a ela associados a patamares superiores aosatingidos pela rota

convencional, a produção do chamado etanol de segunda geração, ou etanol 2G, vem

despertando cada vez mais interesse entre os usineiros (CORTEZ, 2010).

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Outra possibilidade palpável para o reaproveitamento de biomassa consiste do

aproveitamento da palha como combustível complementar nas caldeiras que integram o ciclo

de cogeração, com o intuito de incrementar a oferta de vapor e, por conta disso, de energia

elétrica. O objetivo maior dessa ação é ser capaz de exportar para a rede concessionária

quantidades cada vez mais elevadas do excedente de eletricidade produzida por aquele

sistema.

Antes de um desenvolvimento, o reaproveitamento de palha pode ser interpretado como

uma adequação de condições do processo já existentes em âmbito sistêmico. Ao viabilizar seu

uso no ciclo Rankine muitas usinas reverteram uma relação que antes era de dependência com

as redes concessionárias, e passaram a ser fornecedoras de energia elétrica. O nível de

intervenção atual das organizações que optaram por seguir tal caminho é tão intenso, que a

posição por elas adquirida lhes permite estabelecer bases para composição dos preços de

eletricidade (UNICA, 2015).

Uma tendência franca de ampliação desse quadro pode ser esperada para os próximos

anos. Estaprojeçãose fundamenta em dois fatores. O primeiro deles é de ordem tecnológica, e

está associado ao fato de a palha poder ser usada, ainda que dentro de limites definidos, como

agente de fornecimento de energia. O segundo fator remeteàoferta da mesma biomassa. O

Protocolo Agroambiental, estabelecido entre o Governo do Estado de São Paulo – maior

produtor em nível nacional de cana-de-açúcar – e a União da Agroindústria Canavieira

(UNICA), antecipou os prazos legais para eliminação de queimadasna região. O acordo

firmado em 2007 determinouque a extinção da prática em áreas passíveisde realização de

colheita mecanizadaocorresse em 2014, e não mais no prazo em que fora originalmente

concebido, de 2021. Dentro da mesma linha de abordagem, as queimadas de palha em zonas

nas quais não existe tecnologia adequada para mecanização deveriam cessar em 2017, e não

mais em 2031 (SÃO PAULO, 2007).

Um terceiro elemento, relacionado à forma de gestão das sobras de palha por parte do

produtor, pode ainda ser considerado na mesma esfera de análise. Ao observar a questão com

maior nível de detalhe percebe-se haver apenas dois encaminhamentos possíveis: (i) aquele

estabelecidoa partir de uma ótica essencialmente reativa, em que os restos culturais devem ser

tratados e dispostos de maneira inadequada, que hipoteca custos e desembolsos regulares; ou

(ii) uma opção baseada em enfoque proativo, caminho em que investimentos seriam feitos

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com vistas a valorizar a biomassa como insumo de processo para produção de bens de

consumo.

Nesse caso, muito embora se deva prever desembolsos mais vultosos do que aqueles

realizados para efeito de tratamento da palha, as receitas alcançadas com os produtos

derivados dessa ação levariam a resultados superavitários, mesmo acrescentando custos de

tratamento de rejeitos e/ou de reaproveitamento de resíduos derivados desta conduta

processual.

Além disso, o aproveitamento da palhagera um dividendo acessório importante para o

segmento ao atribuir-lhe uma imagem de responsabilidade ambiental. Ao suprimir em caráter

definitivo as queimadas, usinas e destilarias afastam, ao menos em tese, o estigma de

poluidores que se criou junto ao grande público. Esses efeitos adversos acabam, de forma

inexorável, incidindo sobre a aceitação do etanol brasileiro no mercado estrangeiro.

Dentro ainda da vertente ambiental o uso de ativos agrícolas em atividades antrópicas é

visto como benefício, quando comparado aos sucedâneos de origem fóssil. Essa visão baseia-

se nos ganhos potenciais que estes proporcionam em termos de caráter de renovabilidade, e

de balanço de carbono. No entanto, é fundamental não perder de vista que oconsumo indireto

de recursos não renováveis (para, por exemplo, as produções de fertilizantes, agroquímicos e

combustíveis), o aporte de agentes tóxicos à água e ao solo, a ocupação e transformação do

solo, e a alteração da biodiversidade local, são também aspectos inerentes, e negativos, da

mesma opção.

Há muitos estudos sobre reaproveitamento de palha disponíveis na literatura técnica. No

entanto, essas abordagens concentram esforços principalmente no caráter termodinâmico dos

processos de produção (FILHO e BADR, 2004; HASSUANI et al, 2005; SARTORI e

FLORENTINO, 2007; ENSINAS, 2008; SEABRA, 2008; DIAS et al 2009; MOTA et al,

2009; DANTAS, 2010; OLIVÉRIO e FERREIRA, 2010; PELLEGRINI et al, 2010;SOUSA e

MACEDO, 2010; DIAS et al 2011;PELLEGRINI e OLIVEIRA JR, 2011; SEABRA e

MACEDO, 2011; LINERO, 2012; CARDOSO et al, 2013; LEAL, 2013).

Quando a mesma questão é investigada no mérito ambiental as análises restringem-seà

magnificação de emissões atmosféricas (LORA e TEIXEIRA, 2001; RIPOLI e RIPOLI,

2009). Ainda, se uma verificação ambiental de amplitude sistêmica foi realizada

(SUGAWARA, 2012; CALDEIRA-PIRES et al, 2013; GIL et al, 2013; GUERRA et al, 2014;

15

GUERRA, 2014; MILANEZ et al, 2014; SIGNOR et al, 2014; SILVA et al, 2014) esta

ocorreu para condições bem definidas de utilização de palha.

O levantamento em questão não identificou, portanto, pesquisas voltadas à avaliação do

desempenho ambiental da cogeração de energia elétrica a partir da queima de palha

envolvendo diferentes condições de operação do sistema e adições incrementais dessa

biomassa, a qual se encontrasse inclusive em condições diversas.

O presente estudo se propôs a preencher, ainda que em parte, essa lacuna. Para tanto, fez

uso de uma abordagem conjugada, em que se buscou coordenar de forma sinérgica, a

aplicação de duas técnicas: a Análise Energética, que está fundamentada em conceitos

termodinâmicos; e a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), a qual, por essência, se atém a

compor diagnósticos de desempenho ambiental de sistemas antrópicos.

Com esta investigação de ordem acadêmico-científica espera-se dar uma contribuição

para que os setores sucroalcooleiro, e de planejamento energético, possam dispor de mais

subsídios para seguir atuando de maneira proativa, consciente e responsável sobretudo, no

tocante ao trato da variável ambiental, dentro da interface que claramente se estabeleceu entre

ambos.

16

2 OBJETIVOS

Tendo em vista a problemática apresentada no capítulo anterior, este estudo se propõe,

em termos de objetivo geral, a verificar os efeitosambientaisde adições sucessivas de palha de

cana-de-açúcar na cogeração de energia elétrica.

Como propósitos adicionais, destacam-se ainda como interesses complementares do

mesmo esforço de pesquisa:

• Elaborar um diagnóstico de avaliação do desempenho ambiental da exportação de

eletricidade associada à produção de etanol;

• Juntar subsídios que permitam incorporar a variável ambiental a ações de

planejamento energético para as quais o modal em análise seja parte integrante; e,

• Contribuir para o Banco de Dados brasileiro de apoio à elaboração de estudos de

Avaliação de Ciclo de Vida.

17

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Cana-de-açúcar, etanol e eletricidade

3.1.1 Dados da produção e mercado

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e açúcar, além de ocupar o

segundo posto no ranking internacional de produção de etanol atrás apenas dos Estados

Unidos (RFA, 2016). Estes desempenhos ampliam as perspectivas do país em termos de

captação de divisas junto aos mercados externos de alimentos e biocombustíveis (MAPA,

2015).Segundo a CONAB (2016), a estimativa para a safra 2016/2017 é que de que o Brasil

atinja o patamar de 691 milhões de toneladas (Mt) de cana-de-açúcar, condição que, caso

atendida, projetará um crescimento de 3,8% em relação à safra anterior. Dos principais

estados produtores do Centro-Sul do Brasil, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul, apenas os dois últimos acusaram queda na produção de cana no

período.

Em São Paulo, observou-se crescimento absoluto de pouco mais de 14 mil toneladas

(kt) entre as safras. O acréscimo se justifica devido: (i) as condições climáticas registradas

nos últimos meses serem bastante favoráveis ao desenvolvimento das lavouras; e (ii) ao

excesso de chuva ocorrido no transcurso da safra passadaque dificultou – e em certas zonas,

até impediu – a colheita da cana (CONAB, 2016).

Em 2016/2017 a área colhida foi pouco superior a 9,0 milhões de hectares (Mha), um

aumento de 4,8% com relação ao que ocorreu no período anterior. Uma parte desse avanço é

resultado da cana bisada da safra 2015/2016. A cana bisada é aquela cuja colheita ocorreu na

safra seguinte àquela em que ocorreu o plantio por falta de tempo, ou mesmo, devido a

condições climáticas adversas. Essa cana passa, portanto, por dois ciclos de desenvolvimento

(meses chuvosos de outubro a março). Por conta disso, apresenta brotos laterais isoporizados,

com mais açúcares invertidos e, consequentemente, com menor potencial de produzir álcool e

açúcar (DUFT, 2016).

De acordo com Cortez (2010), a época ideal para colheita da cana ocorre 12 meses

após o corte da soca, período em que a planta cresce e matura. Na visão do autor, a cana

bisada é um efeito indesejado, que se manifestaem virtude de problemas genéticos cujo

aparecimento se dá no transcorrer da safra. Para Cortez, afalta de planejamento adequado das

usinas para realizar a colheita pode intensificar a incidência deste problema.

18

Outras causas do crescimento da área colhida em São Paulo foram: o aumento de área

própria de algumas unidades de produção, e a expansão da lavoura sobre uma área produtiva

existente no estado, que outrora já fora utilizada para esse mesmo cultivo, mas que há alguns

anos encontrava-se desativada (CONAB, 2016).

Em termos de distribuição geográfica, São Paulo ocupa papel de destaque na indústria

sucroalcooleira (Gráfico1), respondendo por 4,7 Mha, ou seja, pouco mais de 52% da área

total de cultivo de cana do país. A este se seguem Goiás, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso

do Sul, Alagoas e Pernambuco. Juntos, todos esses estados totalizam cerca de 92% da

produção nacional do ativo agrícola (CONAB, 2016).

Gráfico 1 - Percentual de área total de cana-de-açúcar por Unidade da Federação

Fonte: CONAB (2016)

A produtividade média estimada para todo o país na temporada 2016/2017 é de

76,2t/ha. A redução de 1,0%, em relação à safra anterior (76,9 t/ha), é reflexo da redução de

desempenho observada no Centro-Sul (São Paulo inclusive teve queda de 1,6%), região na

qual as lavouras alcançaram recordes de produtividades no período anterior (Gráfico 2). De

qualquer forma, no Nordeste há expectativa de recuperação do potencial produtivo da cana,

depois de a região sofrer com más condições climáticas em 2015/2016, sem poder sequer

mitigar esses efeitos devido ao baixo nível tecnológico

(CONAB, 2016).

Gráfico 2 – Perfil comparado de produtividade (t/ha) de cana

Fonte: CONAB (2016)

São Paulo lidera o ranking d

agrícola. O estado registrou um aumento

quinzena de julho de 2016.

entre Julho de 2016 (86,3 t/ha)

Aprodução brasileira de açúcar elevou

alcançando naquela ocasião 38 Mt. Esse limite foi mantido até a safra 2013/2014, se

reduzindo para menos de 35 Mt nas duas edições seguintes. No período 2

inclusive uma redução de 5,8% no volume produzido, que chegou a 33Mt. Para a safra

2016/2017 espera-se um reaquecimento do mercado com retorno ao patamar de

previsão está baseada na forte expectati

federação devemresponder por este expressivo resultado

Goiás, Alagoas, e Mato Grosso do Sul (

Com relação aos subprodutos

feitas pela UNICA. A primeira instituição infere que o ATR

médio da cana nesta safra seja de 130 kg/t de cana

efeitos devido ao baixo nível tecnológico existentepara manejo e colheita

Perfil comparado de produtividade (t/ha) de cana-de-açúcar por região

lidera o ranking dos estados produtores de cana qua

registrou um aumento acumulado de 1,3% neste índice

quinzena de julho de 2016.Uma análise mensal revela, porém, crescimento

ulho de 2016 (86,3 t/ha) e o mesmo período de 2015 (85,8 t/ha) (UNICA,2016)

Aprodução brasileira de açúcar elevou-se em 44% entre as safras 2005/06 e 2010/2011,

alcançando naquela ocasião 38 Mt. Esse limite foi mantido até a safra 2013/2014, se

reduzindo para menos de 35 Mt nas duas edições seguintes. No período 2

inclusive uma redução de 5,8% no volume produzido, que chegou a 33Mt. Para a safra

se um reaquecimento do mercado com retorno ao patamar de

na forte expectativa de evolução na área plantada.

mresponder por este expressivo resultado: São Paulo, Minas Gerais, Paraná,

Mato Grosso do Sul (CONAB, 2016).

Com relação aos subprodutos, há divergência entre as previsões

primeira instituição infere que o ATR (Açúcar Total Re

esta safra seja de 130 kg/t de cana-de-açúcar (tc), portanto mais baixo do que

19

existentepara manejo e colheita

açúcar por região

quanto à produtividade

neste índicena segunda

crescimento menor(de 0,60%)

(UNICA,2016).

se em 44% entre as safras 2005/06 e 2010/2011,

alcançando naquela ocasião 38 Mt. Esse limite foi mantido até a safra 2013/2014, se

reduzindo para menos de 35 Mt nas duas edições seguintes. No período 2015/16 houve

inclusive uma redução de 5,8% no volume produzido, que chegou a 33Mt. Para a safra

se um reaquecimento do mercado com retorno ao patamar de 38Mt. A

va de evolução na área plantada. Seis estados da

: São Paulo, Minas Gerais, Paraná,

há divergência entre as previsões da CONAB e aquelas

(Açúcar Total Recuperável)

), portanto mais baixo do que

20

o obtido para a safra anterior (138,8 kg/tc). Desse quadro decorreria uma redução drástica de

coprodutosderivados da cana, que são os casos específicos de açúcar, bagaço, melaço,

vinhaça, óleo fúsel, álcool bruto, torta de filtro, e levedura seca.

No caso específico do açúcar, a agência estima queda de 2,8% da produção com relação

ao ano anterior, ou seja, 617 kt (CONAB, 2016). Já a UNICA contabilizaelevação do ATR

médio global, motivado principalmente por contado desempenho apresentado pelas lavouras

paulistas no período (UNICA, 2016).

O elevado desempenho em termos de produtividade agrícola é apenas uma das razões

da liderança do estado de São Paulo em termos de produção de cana. A outra razão, talvez

ainda mais conclusiva para justificar esta posição, mesmo que guarde uma correlação

biunívoca com a primeira é o volume de produção.

Tal como está descrito no diagrama do Gráfico 3 o estado acumulou, individualmente,

mais de 55% da produção nacional na safra 2015/2016. Esse desempenho, que corresponde

ao dobro da somatória das performances de Goiás, Minas Gerais, e Mato Grosso do Sul –

estados que se seguem a São Paulo neste ranqueamento –, baseia-se em três fatores: (i)

substituição maciça de áreas de pastoreio e de outros cultivos por lavouras de cana-de-açúcar;

(ii) uso de engenharia genética avançada para formulação de cultivares que estejam

plenamente adaptados às condições edafoclimáticas, de solo e relevo da região; (iii) adoção

de mecanização não apenas para semeadura e tratos culturais, mas principalmente, para a

colheita, motivado por questões ambientais e de saúde ocupacional associadas à queima da

palha (CORTEZ, 2010).

Gráfico 3 – Produção de cana-de-açúcar por estado

Fonte: CONAB (2016)

21

O aumento no preço dos combustíveis vem mantendo aquecida a demanda por etanol

nos últimos meses. O preço do açúcar também tem sido beneficiado pela conjuntura

econômica internacional, devido à queda daprodução de importantes países produtores como

Tailândia e China. Em ambos os casos a redução de oferta deve-se àestiagem queafetou

significativamente a produtividade da cana naqueles países. Em termos de conversão de cana

em produto final, a safra 2016/2017 projeta perfil mais equilibrado que os demonstrados em

edições anteriores, com relação de distribuição percentual de 54:46 entre açúcar e etanol

(UNICA, 2016).

A produção brasileira de etanol total na mesma safra deverá ser de aproximadamente

30 bilhões de litros, valor inferior àquelealcançado pelo exercício anterior em 0,40% (121

milhões de litros). Asregiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte podem ser apontadas como

principais responsáveis pelo decréscimo de desempenho. O volume produzido de etanol

anidro, cuja aplicação mais comum é a mistura com gasolina, será aumentado em 4,7% com

relação ao resultado obtido em 2015/2016 de 11,2 bilhões de litros. Essa diferença deve ser

proporcionada por intensificação da produção de destilarias autônomas e anexas localizadas

na Bahia, no Mato Grosso do Sul, em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraíba.

Para o etanol hidratado, utilizado nos veículos flex-fuel, prevê-se aumento mais

discreto, de 3,4% da produção (649 milhõesde litros) da safra passada para esta. Esse ganho

se justifica em virtude do aumento de produção de Alagoas, Rio Grande do Norte, Maranhão,

Espírito Santo e Rio de Janeiro, estados que tradicionalmente detêm menores índices na

produção do combustível.

Como já seria de se supor, a produção de etanol está concentrada no Sudeste do Brasil.

De acordo com estimativas feitas pela CONAB, a região irá contribuir com pouco mais de

60% do total produzido no país na safra 2016/2017 (Gráfico 4), um desempenho que

inclusive supera o doano anterior em 1,8%. Os mesmos levantamentosestabelecem o ranking

dos demais envolvidos nesse mercado com a seguinteordem: Centro-Oeste; Sul e Nordeste,

que estariam virtualmente empatados; e Norte, com uma participação mais discreta (CONAB,

2016).

Encerrada a moagem de cana-de-açúcar naregião Centro-Sul do Brasil apenas algumas

usinas seguem produzindo eletricidade a partir de bagaço, ou de fontes alternativas de

biomassas. Estatísticas realizadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

22

(CCEE) parao período compreendido entre Janeiro e Julho de 2016 dão conta, porém, que a

cogeração energética realizada a partir dessa classe de matéria-prima aumentou em pouco

mais de 7,0% em todo o país, quando comparada com igual intervalo de tempo no ano

anterior (CCEE, 2016).

Gráfico 4 – Produção total de etanol por região do Brasil

Fonte: CONAB (2016)

Apesar de expressiva, a maior parte da contribuição do setor não manteve o mesmo

perfil de desempenho ao longo dos meses que se seguiram. Isso porque o ritmo de produção

observadonasduas primeiras semanas de 2016 foi conseguido com estoques de matéria-prima

(bagaço e palha) remanescentes de 2015. À época, o preço da energia no mercado atingiu a

marca recorde de 822,00 R$/MWh, valor teto alcançado no período pelo Preço de Liquidação

de Diferenças (PLD), que serve de referência para o mercado livre do insumo.Durante o ano

de 2016, vigorou um novo valor teto de remuneração para o produto – 388,00 R$/MWh – que

acabou por refrear aquele movimento de ascensão econômica.Isso ocorreu porque um PLD

tão atraente acabou inflacionando um mercado algo recente (compra e venda de biomassa)

surgido dentro do setor sucroalcooleiro diante de oportunidadesfavoráveis de remuneração

quanto aquelaspropagadas pelo cenário de 2015 (BATISTA, 2015).Apenas a título de

ilustração de como oscilou este mercado, em Agosto de 2016 a energia atingiu o patamar de

117,44 R$/MWh (CCEE,2016)

A despeito do aumento de capacidade instalada, a geração efetiva de energia elétrica

em 2015 está condicionada a alguns fatores como: (i) oferta de cana-de-açúcar; (ii) ganhos de

23

eficiência energética das usinas; (iii) investimento em aproveitamento da palha; e (iv) do

preço da biomassa adquirida junto a terceiros. Essas questões influenciam diretamente a

viabilidade donegócio de exportação de eletricidade, cuja gestão, expectativas e até mesmo,

as limitações, variam de usina para usina.

Algumas mudanças nos leilões do mercado regulado realizados pela Agencia Nacional

de Energia Elétrica (ANEEL) tendem a recompor, ainda que em parte, a atratividade do

negócio para as usinas. Atendendo às demandas do setor, o Governo Federal lançou um leilão

exclusivo de biomassa, que ocorreu em Abril de 2015, e para o qual foram cadastrados cerca

de quatro dezenas de projetos voltados ao uso de biomassa. Juntas, todas essas iniciativas

perfazem cerca de 2,1 PW (Peta Watts) de potência (BATISTA, 2015).

3.1.2 Produção de etanol e eletricidade

3.1.2.1 A cana-de-açúcar

A cultura de cana-de-açúcar tem um papel ambiental muito importante, uma vez que o

etanol, seu principal produto derivado, ao menos em termos de volumes produzidos, se

apresenta como alternativa concreta para redução de emissões de Gases de Efeito Estufa

(GEE) A cana-de-açúcar (Saccharum L.) é uma gramínea semiperene de bom

desenvolvimento em solos aerados e com drenagem, condições para as quais exige-se que a

profundidade seja superior a 1,0 metro (EMBRAPA, 2014).

O desenvolvimento da cana ocorre em dois ciclos culturais. O primeiro destes ciclos

se denomina de cana-planta, e ocorre quando a planta ainda não foi exposta ao primeiro corte;

sua duração pode variar de 12 a 18 meses, dependendo a variedade cultivada (CONAB,

2014). Logo após ter sido realizado o primeiro corte, inicia-se formalmente o chamado ciclo

da cana-soca, cuja duração se mantêm em torno de 12 meses a despeito da espécie plantada.

A semiperenidade da cana se aplica em virtude das perspectivas de serem realizados

vários cortes sucessivos sem a necessidade de replantio. No entanto, no início de cada cultivo,

tanto previamente como durante a semeadura e os tratos culturais, as quantidades de ativos

agrícolas como fertilizantes, agroquímicos, condicionadores de solo, e maturadores, presentes

no solo devem ser recompostas, a fim de que a cultura se sustente em patamares de

produtividade economicamente vantajosos. Os cortes sucessivos reduzem a resposta da

cultura à aplicação desses insumos, até que após cinco (ou, no máximo, seis) eventos, seja

24

necessário proceder a renovação do canavial (CONAB, 2014). A Figura 1 apresenta e

descreve de maneira esquemática dos principais constituintes estruturais da cana-de-açúcar.

Figura 1 – Estrutura geral da cana-de-açúcar

Fonte: Hassuani (2005)

A cana se divide em colmos – região na qual se concentra a maior parte da sacarose –,

pontas, e folhas, chamadas genericamente de palha (ou palhada). Quando a colheita ocorre

pela via manual a palha é em geral queimada a fim de viabilizar o avanço dos cortadores de

cana pelo canavial para realizar a extração da planta (UNICA, 2015).

3.1.2.2 Processamento da cana

As plantas industriais que processam a cana-de-açúcar podem ser classificadas em

dois grandes grupos: usinas e destilarias. As usinas (também chamadas de destilarias anexas)

detêm tecnologia para gerar simultaneamente etanol e açúcar, enquanto as destilarias (ou

destilarias autônomas) produzem apenas álcool. O direcionamento em favor de uma das

opções de produto de uma usina depende principalmente da demanda do mercado. A decisão

será influenciada também por períodos de precipitação (em duração e intensidade) que

ocorrem ao longo do ano agrícola, dado que em épocas mais úmidas a sacarose na cana

apresenta níveis de concentração mais baixos que naqueles de insolação constante. Nesses

25

casos, de seguidos e/ou intensos intervalos de pluviosidade, é preferível potencializar a

produção de etanol.

Em geral, a sacarose total contida na cana é repartida equitativamente entre as

produções de etanol e açúcar; a substituição de um produto por outro pode aportar

rebalanceamentos que variam entre 5,0 e 10% (CORTEZ, 2010). Em uma usina típica, 1.0 t

cana-de-açúcar produz em média 57 kg açúcar, cerca de 51 L etanol anidro, 140 kg bagaço, e

outros 140 kg palha, ambos em base seca (CORTEZ, 2010). No caso das destilarias a

produção de etanol é proporcionalmente mais elevada; algumas dessas unidades têm

capacidade de gerar até 86 L etanol anidro a partir da moagem de 1000 kg de cana (CGEE,

2009).

3.1.2.3 Etanol

Etanol ou álcool etílico são termos usados para designar uma substância orgânica, de

massa molar 46,06 g/mol e fórmula química C2H6O. O álcool empregado nas formulações de

combustíveis, bebidas, produtos de limpeza, tintas, e outros bens de consumo é em geral

obtido por uma rota bioquímica, caso de fermentação do açúcar da cana por

Saccharomycescerevisiae, que é maciçamente praticada no Brasil; ou química, como

hidratação do etileno, ou redução de acetaldeído. Como é de se supor, da primeira rota se

obtém álcool de fonte renovável, enquanto dos outros arranjos de processo derivam produtos

de origem fóssil. Potenciais diferenças entre as aplicações a que se destina o álcool ocorrem

durante a destilação, necessária para usos que depreendem elevado grau de pureza do ativo, e

nos processos de pós-produção (ou acabamento) do produto (CORTEZ, 2010).

Apesar de estar presente em diversos produtos do cotidiano, o etanol é mais utilizado

atualmente no Brasil, como combustível. O caráter de sustentabilidade a ele associado,

quando provindo de cana-de-açúcar em muito deriva do balanço neutro de carbono

estabelecido entre a taxa de captura de gás carbônico (CO2) da atmosfera, e aquela lançada a

partir da queima do combustível em motores (operados segundo ciclo Otto), ou a queima de

biomassa em sistemas de cogeração (cuja variação termodinâmica é regida pelo ciclo

Rankine).

Outro benefício a ele associado reside no Coeficiente Energético (Ce), que é calculado

pela razão entre a quantidade de energia gerada por certa quantidade de etanol e aquela que

26

foi despendidaem termos de ativos fósseis para produção do mesmototal

(HAMMERSCHLAG, 2006). Segundo Macedo et al (2008) o processamento de etanol de

cana-de-açúcar em um sistema que também exporta eletricidade apresenta Ce = 9,6. Smeetset

al (2008) projetaramque no futuro, após o ano 2030, os valores de Ce para cultivos

mecanizado e manual, caso esseúltimo ainda exista, poderiam variam respectivamente entre

13< Ce,Mc< 23, e 14 < Ce,Mn< 23.

O processo de fermentação alcoólica consiste basicamente da adição de leveduras do

tipo Saccharomyces cerevisiae ao caldo da cana, que foi separado da biomassa por

prensagem, sofreu peneiramento para remoção de sólidos suspensos, e foi concentrado, para

remoção de água (e consequentemente, concentração do teor de açúcares).

De acordo com CGEE (2009), o grau de extração dos açúcares durante a moagem

pode variar entre 94 – 98%. A ação dos microrganismos provoca cisão das moléculas de

glicose (C6H12O6) transformando-as em etanol (C2H5OH). Há ainda liberação de CO2 para o

ambiente, o qual pode ser considerado produto complementar da reação por encontrar

mercado junto ao segmento alimentício (CORTEZ, 2010).

O produto principal da fermentação é um substrato açucarado, conhecido como vinho,

que deverá ser centrifugado para recuperação das leveduras antes de seguir para a destilação.

A destilação do vinho é realizada em duas colunas de pratos. Da primeira delas obtém-se

álcool com concentração variando entre 45º – 50º GL (fração em volume), conhecido como

flegma. A outra corrente que emana do processo, a vinhaça, deixa a unidade como efluente

líquido.

Segundo Sousa apud Vianna (2006), os teores elevados de matéria-orgânica e potássio

(K) da vinhaça a credenciam como fonte suplementar de nutrição da lavoura de cana, a ser

aplicada por meio de fertirrigação. No entanto, CGEE (2009) sinaliza que a dosagem de

vinhaça deve ser regulada, a fim de não provocar impactos ambientais negativos no solo,

nascentes e lençóis freáticos.

O flegma é conduzido para a coluna de retificação, a fim de remover água e outros

extrativos que coexistem com o etanol em solução, casos de óleo fúsel e flegmaça. A

operação gera como produto final álcool hidratadoa cerca de 97º GL (SILVA et al,

2014).Como última etapa da fase industrial (que para certos usos seria inclusive

desnecessária), o álcool hidratado sofre desidratação. Assim, o teor de água na solução se

27

reduz de 5%v/v para 0,5%v/v condição que caracteriza o ponto de anidro. Este produto é

conhecido como etanol anidro.

Os resíduos gerados durante a fabricação do etanol são em geral aproveitados, tanto no

próprio processo, como em outros segmentos de transformação. O exemplo mais trivial dessa

prática consiste no reaproveitamento de bagaço para geração de energias elétrica e térmica.

Vinhaça e cinzas, estas últimas, coletada nas caldeiras por sistemas de controle de poluição

atmosférica, retornam para o campo. A decantação do caldo, que ocorre previamente ao seu

aproveitamento na fermentação, gera lodo que, posteriormente, é submetido à filtração a

vácuo.

A fração líquida dessa operação retorna ao processo, ao passo que a fração sólida,

conhecida como torta de filtro,tem mercado constituído como substrato para produção de

ração animal, ou simplesmente retorna para a lavoura para ser aproveitada como adubo.

Como fora descrito anteriormente o CO2 emitido durante a fermentação do caldo pode ser

usado na confecção de bebidas gasosas; já o óleo fúsel é absorvido pelas indústrias químicas,

na qual será usado em ativos para formulação de cosméticos, e de fármacos (CORTEZ,

2010).

3.1.2.4 Sistema de Cogeração a partir da biomassa

Segundo Dantas (2010) a cogeração é a fonte responsável pelo suprimento de energia

térmica e eletromecânica em usinas de cana-de-açúcar. Em linhas gerais, esta consiste de um

processo no qual uma fonte de energia primária alimenta uma máquina ou aparelho térmico

que, por combustão, irá transformar a energia química em mecânica (trabalho de eixo).Esta,

de sua parte, será a seguir convertida em energia elétrica por meio da ação de geradores.

Segundo Moran e Shapiro (2008), cogeração é o método que produzsequencialmente

potência (energia elétrica e/ou mecânica) além de transferir calor (energia térmica, ou vapor

do processo) para certo uso.

A possibilidade da venda do excedente energético impulsionou a busca por melhores

eficiências das unidades de cogeração, potência com ciclo a vapor, cujo fluido de trabalho, a

água (H2O), escoa em estado estacionário, com auxílio de bombas, através da caldeira,

turbina e condensador. Observe-se que nesse arranjo, não há contato entre o fluido de trabalho

e a fonte de calor (PELLEGRINI et al. 2010).

28

Os ciclos termodinâmicos que são responsáveis pela geração de energia tanto elétrica,

como térmica para o processo, são constituídos por caldeira, turbina, condensador, bombas,

desaerador, dessuperaquecedor e purgador. A forma como cada qual desses elementos da

planta de cogeração se interconecta aos demais está descrita de maneira esquemática na

Figura 2.

Figura 2 –Representação de um ciclo Rankine com reaquecimento

Fonte: Adaptado de Guerra (2014)

As unidades geradoras de potência instaladas nas destilarias de etanol operam segundo

o ciclo Rankine. A produção de energia a partir desse arranjo considera por transformações

termodinâmicas os estágios de aquecimento isobárico, expansão adiabática, condensação e

produção de líquido subresfriado.

Em centrais termelétricas é usualrealizar modificações no ciclo Rankine com o

objetivo de aumentar a eficiência térmica da unidade. Uma dessas adequações consiste da

interrupção da expansão do vapor na turbina para adição de mais calor. A esse processo dá-se

o nome de Reaquecimento (MORAN e SHAPIRO, 2008). Outras formas de promover

melhorias de eficiência térmica na planta compreendem (i) o aumento da temperatura média

do fluído introduzido no ciclo, e (ii) a redução da diferença de temperatura entre a fonte

quente e o líquido comprimido que é alimentado na caldeira. Esse processo de aquecimento

gradual do líquido recebe o nome de Regeneração (Guerra et al 2014). Uma última

possibilidade seria o ciclo Resultante, que consiste da coordenação das duas variações, do que

decorre um ciclo do tipo regenerativo com reaquecimento.

29

A eletricidade obtida a partir da queima do bagaço é vista como importante opção para

o planejamento energético nacional, uma vez que esta poderia suprir, ao menos em parte, as

necessidades da população em épocas nas quais as usinas hidrelétricas sejam forçadas a

reduzir sua capacidade de produção. A colheita da cana ocorre em uma época de,

necessariamente, baixa pluviosidade (entre Junho a Novembro), quando os reservatórios

costumam atingir seus níveis mais baixos. Dessa forma, o aproveitamento de energia contida

na biomassaevitaria uma descontinuidade no fornecimento de energia elétrica (SOUSA e

MACEDO, 2010).

Para Sousa e Macedo (2010), outro ponto a favor da geração de eletricidade a partir de

cana reside no fato de a maior parte das usinas estarem localizadas no estado de São Paulo,

uma situação que reduz perdas (e, por conseguinte, custos) de transmissão e distribuição, que

são inerentes ao transporte da energia para principal centro consumidor brasileiro.

Atualmente, a eletricidade é gerada apenas pelo processamento do bagaço; com isso,

um enorme potencial energético contido na palha não é ainda aproveitado. O bagaço obtido

namoagem da cana é enviado para a planta de utilidades, onde será queimado nas caldeiras.

Cerca de 5,0% desse material é armazenado como reserva técnica para partida do

sistema.Segundo Pellegrini (2011), os sistemas de cogeração usados na grande maioria das

usinas brasileirasse compõemde caldeiras,cujo vapor gerado encontra-se superaquecido a 21

bar de pressão, e de turbinas de contrapressão (as quais o vapor de escape está a 2,5 bar).

Aproximadamente 50% do vapor demandado pelo processo expandem nas turbinas de

acionamento das moendas. Estes equipamentos apresentam eficiência isentrópica é inferior a

60% e consumo específico variável entre 14 – 16 kg vapor/kWh. Algumas usinas produzem

vapor apressões mais elevadas (entre 42 e 66 bar), condição da qual decorre, naturalmente,

uma geração excedente de eletricidade, que será comercializada em mercados livres ou

regulados.

Nestes casos, é recomendável o uso que além de turbinas de contrapressão sejam

usadas também turbinas de condensação a fim de se obter-se uma eficiência termodinâmica

mais elevada do ciclo Rankine. Outra alternativa é fazer uso apenas de turbinas de

condensação com extração. Nesse caso, o vapor excedente é enviado para a unidade de

condensação na qual utiliza-se água de resfriamento em grandes quantidades (PELLEGRINI

e OLIVEIRA JR, 2011).

30

Cada tonelada de cana-de-açúcar requer 12 MWh de energia para ser processada. Este

total é facilmente gerado nos sistemas de cogeração instalados nas usinas. O aumento do

preço da energia comercializada pelas agências públicas, que conduziu as usinas à

autossuficiência e à valorização do bagaço tanto para venda, como para outros fins, foi o

agente motivador das indústrias para explorar de maneira mais intensa a comercialização de

excedentes de energia gerada. Tal constatação foi feita por Dantas (2010), mas permanece

válida até hoje. Segundo o mesmo autor, até 2020 a biomassa de cana-de-açúcar tem

capacidade de adicionar até 15 GW de eletricidade ao sistema elétrico brasileiro. Esse aporte

seria equivalente a incorporar uma nova Itaipu ao parque gerador nacional, condição que

apena ratifica a importância do setor como alternativa para o suprimento da (crescente)

demanda de energia do país.

Para cogerar energia nas usinas, caldeiras e turbinas trabalham sequencialmente com

os geradores de energia elétrica. Hoje, quase todas as usinas e destilarias possuem um sistema

de geração de vapor que opera a partir da queima do bagaço e algumas delas já vêm

adicionando a palha à queima devido ao seu grande potencial energético. O bagaço ainda é o

combustível mais utilizado, pois praticamente metade da quantidade da palha permanece nas

lavouras, onde é utilizada como restos vegetais, embora haja a tendência de mudar esse

conceito por questões ambientais (GUERRA, 2014).

Ripoli (2009) estimou em 7 milhões o número de cidadãos brasileiros que poderiam

ser beneficiados a cada ano com energia elétrica proveniente da queima de palha. Em um

estudo considerado como referência no mesmo segmento, Beeharry (2001) concluiu que a

produção de energia poderia ser aumentada em até 50% caso fossem empregadas como

combustíveisno ciclo de cogeração, fontes de biomassa como pontas, folhas secas e folhas

verdes.

Tradicionalmente as destilarias de etanol consomem 28kWh de eletricidade e 500 kg

de vapor para cada tonelada de cana processada (CGEE, 2008; MILANEZ et al, 2014). As

tecnologias para cogeração tornaram-se mais eficiente com a utilização de caldeiras de alta

pressão. Hoje em dia são utilizadas instalações capazes de produzir vapor superaquecido a

105 bar de pressão e 300-525ºC de temperatura, dependendo da necessidade de energia

excedente.

31

Sistemas de cogeração que operam a 105 bar e 525ºC têm potencial para produzir até

158 kWh/tcde energia excedente, reduzindo a demanda de vapor para 280 kg /tc e utilizando,

além da totalidadedo bagaço disponível, também de 50% da palha produzidano campo(ou

seja, 140 kg/tc). O potencial de produção de bioeletricidade de cada planta irá dependertanto

do tipo, comoda configuração de operação (temperatura e pressão) dos sistemas de cogeração

(KHATIWADAet al, 2012).

Prabhakar et al (2010) relatam a realização de ensaios para análise de eficiência de

sistemas de cogeração que se valem exclusivamente da palha como combustível. O autor

constata ter havido um acréscimo de 9,0 MW no fornecimento de energia de unidades que

operam a 43 bar (abs), e de até 20 MW para sistema cuja pressão de operação foi elevada até

87 bar (abs). O consumo de vapor de processo em ambos os casos foi reduzido para 350 kg

/tc.

O sistema de cogeração é responsável por quase 65% da exergia total destruída na

usina, a qual é da ordem de 460 kWh/tc. Segundo Pellegrini (2011), a caldeira é a principal

fonte desse efeito, com uma contribuição de 97%. Guerra (2014) sustenta que as turbinas

mais modernas usadas nas usinas brasileiras podem alcançar 88% de eficiência isentrópica,

quando o vapor emanado da caldeira encontra-se a 520°C e 120 bar. Para Pellegrini (2011),

excesso de palha utilizado em geral nesses casos impõe grandes perdas exergéticas à etapa de

moagem.

Olivério (2010) aponta que a introdução de 50% de palha (para uma moagem de 500

t/h de cana) no sistema de cogeraçãoresulta em uma produção excedente de energia de até 84

MW. Para uma situação hipotética em que fosse utilizada 100% de palha, o excedente

projetado seria de 112 MW. No entanto, o mesmo autor alerta para o risco de exposição da

integridade física do sistema, proporcionado por incrustação por acumulo de sílica, ou

corrosão, dada a presença de cloretos, em situação em que a adição de palha supere 50% da

quantidade gerada no campo.

Seabra (2011) e Dias et al (2011) estimam que quando 40 – 50% da palha disponível

no campo é utilizada como combustível adicional ao bagaço, o saldo total de energia elétrica

a partir da queima da cananas usinas pode variar de 468 – 670 MJ/tc, (ou de 130 – 186

kWh/tc).

32

3.1.2.5 Palha da cana-de-açúcar e seu aproveitamento como combustível

As atividades de colheita, limpeza e transporte da cana-de-açúcar geram expressivas

quantidades de restos vegetais, que como consequência do método de colheita (em especial,

da colheita manual) são queimados na própria lavoura. Esse quadro trouxe implicações

bastante negativas para o setor, sobretudo quando os desempenhos ambientais das produções

de açúcar e álcool passaram a ser questionados. Como reação a essa posição desfavorável foi

criado o Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro.

O protocolo, firmado em meados de 2007, entre a ÚNICA – neste ato representando a

indústria paulista produtora de açúcar, etanol e bioeletricidade – e o Governo do Estado de

São Paulo antecipa os prazos legais para encerramento da colheita da cana-de-açúcar com

queimada (UNICA, 2015). A Figura 3 compara, em termos temporais, a evolução desse

processo quando o mesmo é gerido sob as bases do Protocolo Agroambiental, com aquela que

fora originalmente estabelecida na Lei Estadual 11.241 – 2002, promulgada com o intuito de

atender aos mesmos propósitos.

Abandonando a prática das queimadas pré-colheita, parte da palha deixada sobre o

terreno em decorrência da colheita mecanizada poderia ser usada como fonte de energia em

sistemas de cogeração. O restante permanece como matéria vegetal remanescente no solo

com os intuitos de repor nutrientes e dar proteção à planta e ao solo de efeitos naturais

adversos como erosão, desgaste, compactação e assoreamento.

Como mencionado anteriormente, cada tonelada de cana gera 140 kg de palha em base

seca. Hassuani (2005) e Cortez (2010) advertem para a importância de que ao menos metade

desse material seja deixado no campo pelos motivos apontados no parágrafo anterior.

Diversas alternativas de recolhimento da palha já foram investigadas. Entre aquelas mais

bem aceitas estão a colheita integral da cana-de-açúcar, o fardo cilíndrico, o picado a granel, e

o fardo prismático. Para Guerra (2014), o método que apresenta menores custos específicos é

o recolhimento da palha por meio de enfardamento.

33

Figura 3 – Prazo para eliminação da queima da palha no estado de São Paulo

Fonte: UNICA (2015)

Existe pouca informação sobre a operação de caldeiras que utilizam a palha da cana,

bem como, de problemas e de ações mitigatórias que fossem relacionadas a tal

aproveitamento. De qualquer forma, sabe-se que elevados teores de terra incorporada à palha

podemoriginar depósitos sobre as superfícies dos trocadores de calor da caldeira

comprometendo seriamente sua operação (CGEE, 2009). Outro problema já diagnosticado

refere-se às elevadas quantidades de óxidos presentes na palha em comparação ao bagaço. Por

conta disso, o uso da palha pode expor o funcionamento dos equipamentos que tenham

contato direto com esse material. A caldeira aparece novamente como foco mais crítico desse

distúrbio. Por se tratar de um vaso de pressão esta pode sofrer com deposição de cinzas em

seu interior dependendo das temperaturas interna da instalação, e de fusão do material (CTC,

2014).

De acordo com dados do CGEE (2009), experimentos conduzidos em usinas

brasileiras mostraram baixa efetividade em termos de geração de energia, quando quantidades

superiores a 25%w/w do total de palha gerada no campo foram adicionadas ao bagaço. No

entanto, Sartori (2007) e um registro anterior do próprio CGEE (2008) defendem que o uso de

palha em vasos de pressão pode chegar até a 50% w/w da capacidade produção na etapa

agrícola sem que haja risco de comprometer a integridade física de seus elementos internos da

34

caldeira e de outras unidades e equipamentos que compõem o ciclo Rankine. Guerra (2014) e

Milanez et al (2014) recomendam que a palha seja cominuída previamente ao uso na

cogeração.

Com relação a emissões atmosféricas existe consenso entre os especialistas de que a

utilização de biomassa leva a baixas emissões líquidas de carbono, na forma de CO2, o qual

seria inclusive desconsiderado a partir da adoção do conceito de carbono neutro (EVANS et

al, 2010). O conceito de carbono neutro está diretamente ligado ao ciclo de carbono na

atmosfera. Trata-se do produto (ou processo) cujo balanço de emissões é nulo (ou mesmo,

negativo) em que os lançamentos para o ar que derivam de carbono e ocorram na forma de

CO2 dito, biogênico, foram, portanto, integralmente compensados. Esta neutralização se dá

por meio do plantio da cana (que durante o crescimento captura CO2 do ar para incorporar o

carbono à sua estrutura). Outros Gases de Efeito Estufa (GEE) como o metano (CH4) e o

óxido de dinitrogênio (N2O), são lançados no ambiente em quantidades menores – de 2,0% ou

menos do total de emissões do sistema (EVANS et al, 2010).

Com relação às emissões a partir do solo, a abordagem mais usual volta a ser de

carbono neutro. Nesse caso, as emissões de CO2 do solo não são contabilizadas para efeito de

inventário de emissão de GEE na agricultura, uma vez que este gás é proveniente da

respiração das raízes das plantas e de atividade microbiana de decomposição, condição que

caracteriza a circulação de carbono no ambiente (EVANS et al, 2010). Signor (2014) adverte

para o fato do balanço de carbono ser elaborado considerando-se variações nos estoques desse

elemento no solo ao longo do tempo, independentemente das condições de manejo a que a

colheita esteja submetida.

3.1.2.6 Valor energético

Olivério (2010) relata que energia contida na cana não foi integralmente explorada até

2003. À época as usinas brasileiras atinham-se apenas a extração do valor energético contido

no caldo de cana e negligenciando o potencial que está intrínseco à biomassa (bagaço e

palha).

Ao restringir-se ao suco, apenas a terça parte da energia contida na cana é utilizada de

forma eficiente. O autor afirma ainda que a energia associada ao bagaço era subutilizada pelo

fato de a eficiência dos sistemas de cogeração disponíveis no período ser inferior ao patamar

35

de 50%.Em relação à palha, este potencialera completamente desperdiçado pelo fato da tônica

ser de queimada no campo pré-colheita.

Somando-se as três componentes energéticas contida em 1,0 t de cana será possível

obter-se um potencial correspondente a 1,2 de barris de óleo cru. Mantida essa relação, um

hectare de cana cultivada pode gerar de 95 a 114 barris desse recurso fóssil. Ao expressar em

termos energéticos a produção nacional de cana-de-açúcar de 2010, Olivério obteve 1,17Ecal

(Exa calorias) disponíveis. Este total representa 80% da energia fóssil consumida na

Alemanha, ou 42% da demanda do Japão. Destaque-se por fim que em níveis normais de

umidade – de 50%w/w para o bagaço, e 15%w/w para palha – os conteúdos energéticos dessas

biomassas atingem respectivamente 7.560 e 12.960 kJ/kg (CTC,2014).

3.1.3 Impactos ambientais gerados pelo cultivo de cana

A agroindústria da cana-de-açúcar pode causar diversos impactos sobre o meio ambiente.

Segundo Mota (2009), dentre os principais desdobramentos adversos derivados dessa prática

é possível citar:

• Redução da biodiversidadedevido ao desmatamento e a implantação da monocultura;

• Expansão da fronteira agrícola sobre áreas de floresta nativa;

• Contaminação do solo, águas superficiais e subterrâneas por efluentes, devido à

adoção de prática de adubação química, fertirrigação com vinhaça, aplicação de

agroquímicos e dosagem de maturadores e corretivos de solo de origem mineral;

• Compactação e desgaste do solo em virtudedo tráfego de máquinas pesadas durante o

plantio, tratos culturais e principalmente, da colheita;

• Assoreamento de corpos d’água em função da erosão do solo, e adoção de práticas de

desflorestamento (muitas vezes ilegais) sobrematas ciliares;

• Alteração da qualidade do ar e do microclima local por conta de queimadas;

• Emissão de fuligem e GEE em decorrência da queima de palha no campo antes e

durante a colheita;

• Danos à flora e fauna causados, sobretudo, pela perda de habitats naturais originada

também por conta daqueimada de palha sem controle; e,

36

• Aumento de poluição atmosférica a partir do consumo de dieselem máquinas agrícolas

por ocasião de operações de semeadura e plantio, tratos culturais, e transporte de cana,

bem como, na colheita, quando esta ocorre com auxílio de mecanização.

3.2 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV): conceito, aplicações e método

Embora as primeiras ideias de análise de ciclos de vida de produtos remontarem ao

século XIX, elas apenasse consolidaram no século XX. A metodologia de ACV foi então

elaborada, tendo como base diversas aplicações em países ao redor do mundo. A Society of

Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC), por intermédio de organizações “irmãs”

nos Estados Unidos e na Europa, desempenhou papel fundamental no desenvolvimento e na

padronização da metodologia da ACV mediante a agregação de praticantes e usuários

(WEIDEMA, 1997).

De acordo com Rojas (2012), “a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta

analítica usada para estimar, avaliar e interpretar impactos ambientais atribuíveis ao ciclo de

vida de um produto. ACV é uma técnica da área de ecologia industrial padronizada pela

Organização Internacional para Normalização (ISO) nas séries da norma ISO 14040, que se

propõe a dar sustentação a decisões nos segmentos de políticas públicas, design de produtos,

compras, melhorias nos processos produtivos e projetos sempre dentro de uma perspectiva

ambiental”.

Segundo Caldeira-Pires et al (2002) a norma ISO 14040 define ACV como compilação

dos fluxos de entradas e saídas e avaliação dos impactos associados a um produto ao longo do

seu ciclo de vida. A mesma diretriz interpretao termo ‘ciclo de vida’ como estados

consecutivos e interligados de um produto, desde a extração de matérias-primas ou

transformação de recursos naturais, até a deposição final do produto na natureza.

A ACV é um método estruturado, abrangente e padronizado internacionalmente.

Quantifica emissões pertinentes e recursos consumidos, bem como, estimaa magnitudede

impactos ambientais e sobre a saúde, relacionados com questões de recursos e de esgotamento

que estão associados a quaisquer bens ou serviços (VILELA et al, 2013).

A ACV do produto completo desde a extração de recursos, produção, uso e reciclagem,

até a eliminação dos resíduos está ilustrada pela Figura 4. Os estudos de ACV podem indicar

37

incongruências e contrassensos ocorridos durante a tentativa de se tentar resolver um

problema ambiental. Não é incomum que uma ação nesse sentido origine acréscimo em

outros impactos ambientais.

Figura 4 – Representação esquemática genérica do ciclo de vida de um produto

Fonte: IBICT (2014)

Conforme definição da “United States Environmental Protection Agency” (EPA), “a

Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) emprega uma abordagem holística para investigar

sistemas industriais ao longo de toda sua vida útil. O objetivo dessa ação éconhecer as

consequências ambientais associadas a um produto, processo ou atividade, desde a sua

criação (extração de matéria-prima), até a disposição final”.

As possibilidades de aumentar a consciência coletiva da importância de proteger o

ambiente, e identificar os potenciais impactos associados a um produto (fabricado e

consumido) reforçou o interesse no desenvolvimento de métodos para melhor compreender e

conter esses impactos ao longo do seu ciclo vida (UNEP/SETAC, 2011). Um estudo de ACV

proporciona uma visualização abrangente dos fluxos de matéria e energia que circulam do

ambiente para o ciclo de vida e vice-versa fornecendo uma base holística e objetiva de

comparação entre alternativas que cumpram (ou atendam) a mesma função (ou necessidade).

38

ACV analisa sequências de transformações antrópicas que se encontram

interconectados por correntes materiais e energéticas (VILELA et al, 2013). Os resultados de

um estudo dessa natureza compreendem um diagnóstico quantitativo dos impactos ambientais

potenciais do sistema em análise (MALÇA e FREIRE, 2006).

A ACV se presta a (i) identificar oportunidades de melhoriado desempenho ambiental

dos produtos em vários pontos do seu ciclo de vida; (ii) informar e subsidiar os tomadores de

decisões de organizações governamentais, indústria ou não governamentais; (iii) selecionar

indicadores relevantes de desempenho ambiental, incluindo técnicas de medição; (iv) fazer

marketing ambiental consistente, consciente e proativo (UNEP/SETAC, 2011). Diante dessa

gama de possibilidades de aplicação pode-se entender a ACV como uma abordagem essencial

para melhoria de eficiência dos recursos, que permite que as empresas e stakeholders possam

identificar "pontos fracos" ao longo da cadeia de suprimentos, bem como os riscos potenciais

e as oportunidades de melhorias (LUO et al, 2009).

Weidema (1997) e Curran (2012) apresentam conceitos e definições de uso

regularpela ACV que têm importância determinante para compreensão da técnica. São eles:

• Ambiente: meio que envolve as operações da organização (empresa, atividade)

analisada;

• Impacto ambiental: qualquer mudança no ambiente adversa ou benéfica, resultado

de atividades ou produtos da organização;

• Intervenções: são corrente de entrada (na forma de recursos), e saída (emissões para

o ar, água e solo) que serão, respectivamente, consumidas e produzidas pelo mesmo

sistema, alémde relações ambientais não diretamente ligadasàs mesmas entradas e

saídas, casos de (i) uso do solo, (iii) impactos físicos,(iv) aspectos relacionados a

saúde ocupacional e bem-estar de trabalhadores,(v) preservação (também com viés

de manutenção do bem-estar) de animais domésticos em atividades agropecuárias,

entre outros;

• Produto: é um bem físico ou serviço não-material que cumpre uma ou mais funções

definidas;

39

• Sistema de produto: conjunto de processos elementares, serviços e demais

atividades antrópicas que ao serem conectados perfazem o ciclo de vida de um, ou

mais, bens de consumo e/ou produção.

• Processo elementar: em um sistema de produto, o processo elementar é considerado

o menor nível de arranjo antrópico sobre o qual será possível efetuar coleta de

dados com vistas a quantificar consumos e gerações associadas a um certo ciclo de

vida.

Curran (2012) agrupa as aplicações de ACV em quatro áreas:

a) Análises não comparativas de produtos já existentes: são relevantes para produzir

relatórios ambientais de produtos, com o objetivo de melhorar o nível de

informação dos consumidores, ou para pesquisa que vise identificar áreas

ambientalmente mais críticas do ciclo de vida de um produto. Essas análises são

baseadas em ambientes específicos (empresas ou localidades) ou em informações

médias regulares.

b) Análises comparativas de produtos existentes: visam a influenciar os atores

envolvidos com um produto (fornecedores, produtores ou consumidores). Uma

avaliação de produtos similares produzidos por diferentes fornecedores pode

revelar que alguns deles podem ser superiores do ponto de vista ambiental. Uma

empresa pode comparar seus próprios produtos com os de seus concorrentes. A

comparação pode ser usada também como estratégia de marketing ou para

rotulagem ambiental.

c) Análises comparativas de produtos potenciais (desenvolvimento de produtos):

nesse caso, a tarefa é como identificar melhorias no produto, tais como, a

substituição de ingredientes, a aplicação de diferentes tecnologias no processo de

produção, a redução dos resíduos na fase de distribuição, entre outras.

d) Análises estratégicas de produtos em relação a gestão ambiental: tipicamente

comparam diferentes tipos de produtos a fim de obter um quadro de como eles

funcionarão na perspectiva de um objetivo ambiental de longo prazo. Isso pode ser

usado para determinar as prioridades de longo prazo de uma empresa do ponto de

40

vista ambiental, agrupar as diretrizes gerais de desenvolvimento de produtos ou

pensar ajustes de longo prazo no alcance do produto.

Os itens “a” e “b” são classificados como aplicações táticas. O item “c” é uma

aplicação prospectiva, e o item “d” é exemplo de aplicação estratégica. Cada classe de

aplicações exige que a informação tenha níveis próprios de aprofundamento, exatidão,

agregação e incerteza. Dessa forma é essencial estar atento para o planejamento da aplicação

da ACV antes de realizá-la (WEIDEMA, 1997).

Conforme indicado na norma ABNT NBR ISO 14040 (ABNT, 2009a) a condução da

ACV leva em conta as etapas de definição de objetivos, definição de escopo, análise de

inventário, avaliação de impacto e interpretação. A Figura 5 apresenta as referidas etapas,

além de mostrar a forma como essas se interconectam durante a aplicação da técnica.

Figura 5 – Etapas de ACV: diretrizes definidas pela norma ABNT NBR ISO 14040

Fonte: adaptado de ABNT NBR ISO 14040 (ABNT, 2009a).

O arcabouço estrutural da técnica de ACV pode ser repetido mais de uma vez ao longo

de um estudoaté que as incertezas a ele associadas são eliminadas, ou se reduzam a níveis

compatíveis com os objetivos a que se presta a iniciativa. Cada uma das fases constituintes da

técnica passa a ser descrita a seguir de maneira sucinta, mas com grau de aprofundamento

suficiente para subsidiar as discussões empreendidas mais adiante nesse estudo.

41

3.2.1 Definição do objetivo e escopo do estudo deACV

É a fase de planejamento da ACV. Nela são determinados os objetivos, o público-

alvo (interessados), os recursos necessários e os participantes do estudo. A definição do

escopo envolve a descrição do produto a ser pesquisado e de possíveis produtos alternativos.

Outras atividades que ocorrem nessa fase são (i) delimitação da pesquisa (base de referência

para a análise, ou seja, sua unidade funcional; o sistema de produto e seus processos

elementares; procedência e características geográfica, temporal, tecnológica dos dados; nível

de detalhe da análise, etc.); (ii) escolha das categorias e dos parâmetros ambientais que serão

analisados; (iii) definição da estratégia de coleta de informação; (iv) forma de tratamento de

situações em que ocorram multifuncionalidades. Essas definições são fundamentais para que

os resultados da ACV possam ser utilizados (JRC, 2010).

A primeira tarefa a realizar no planejamento de uma ACV é determinar o objetivo do

estudo, em função das diversas aplicações possíveis. Uma ACV executada, por exemplo,

com o intuito de situar o produto em relação a um determinado padrão ambiental pode não

ter umâmbito adequadamente amplo para ser utilizado no desenvolvimento de um novo

produto. Uma análise pode ser produzida para determinado local ou situação (país ou

continente), ou ter uma perspectiva mundial. Análises podem ser conduzidas com vistas a

subsidiar decisões cotidianas (tais como troca de fornecedores); ou podem sustentar decisões

mais amplas (como a compra de um equipamento, ou uma mudança de legislação). A

tendência é que horizonte de tempo do estudo seja maior para situações em que o

diagnóstico da ACV sirva a propósitos táticos e estratégicos.

A Definição do Escopo consiste de estabelecer os limites e a abrangência do estudo.

O escopo determina para quais produtos e processos elementares deverá se coletar dados,

bem como a localização geográfica e o nível tecnológico desses processos. Deve-se também

decidir como fixar os limites do sistema de produto em análise com outros sistemas

antrópicos, e com o meio ambiente. A definição do escopo compreende ainda escolher

parâmetros ambientais e os métodos para determinação e interpretação dos impactos

(MARTINHO, 2014).

Sugawara (2012) reforça que o escopo de uma ACV tem como resultado a definição

da estratégia para coleta de informação e a lista de informações essenciais para o estudo.

Adicionalmente, este pode determinar se haveránecessidade de uma avaliação verificação de

42

conteúdo do estudo por parte independente (‘peer review’) e, em caso afirmativo, como

ocorre essa ação e quem a realizará. Finalmente, a definição de escopo deve também

descrever o tipo e o formato do relatório a ser produzido.

O produto pode ser descrito tanto como um produto físico (por exemplo, uma

máquina de lavar), um processo (produção da lavadora), ou um serviço (serviço de

lavanderia). É importante especificar o graude qualidade (ou detalhamento) mínima que o

objeto de estudodeve ter já que essas especificações trazem associadas demandas para os

processos e materiais utilizados no ciclo do produto, os quais se desdobram

inexoravelmenteem impacto ambiental (SILVA e KULAY, 2006).

O produto deve ser definido não apenas por suas características intrínsecas e

funcionais, e pela qualidade inerente, mas tambémem função do uso (ou atendimento da

necessidade) a que se destina ou que seja verificada pela ACV. A essa aplicação dá-se o

nome de ‘Função’ e sua a quantificação denomina-se “Unidade Funcional (UF)”. Em

estudos nos quais haja interesse em comparar os desempenhos ambientais de distintos

produtos, o praticante deve se certificar que todos estes cumpram de fato a mesma função,

independentemente do grau de eficiência com que isso ocorra.

Em geral, um processo elementar gera frequentemente mais do que um único

produto. Essa situação caracteriza uma multifuncionalidade. Nesses casos, não é razoável

considerar o produto em estudo como único responsável por todas as intervenções

ambientais de um processo, e dos estágiosque o precedem no ciclo de vida. Portanto, é

necessário decidir como essas intervenções ambientais serão distribuídas entre os diferentes

subprodutos doprocesso. Uma das alternativas mais usuais é a aplicação do procedimento de

alocação (JRC, 2010).A alocação consiste em repartir as cargas ambientais entre produtos

que caracterizama situação de multifuncionalidade a partir de um critério. Este, pode ser de

duas naturezas: (i) físico, como quantidades de massa ou volume, total de energia associada,

teor de um componente, entre outros; e (ii) econômico, que será definido em função do preço

de mercado, ou mesmo, dos custos de produção de cada produto (JRC, 2010).

Outra possibilidade seria a expansão de fronteiras. Nesse caso, as cargas ambientais

da geração dos coprodutos do processo elementar são atribuídas ao produto em estudo. No

entanto, as cargas ambientais relacionadas à supressão de bens que sejam substituídos pelos

coprodutos do mesmo sistema quando estes atuam em outros sistemas de produto devem ser

43

igualmente debitadas. A estas se denominam genericamente de cargas evitadas (JRC, 2010).

A delimitação final a ser produzida antes da coleta da informação refere-se à

definição de quais parâmetros ambientais ou categorias de informação o estudo irá envolver.

Em princípio, não há objeção formal a que uma ACV se concentre em apenas certa

substância (CO2, por exemplo), ou mesmo um tema ou categoria de impacto (Mudança

Climática). Inclusive, na busca por simplificação, muitos pesquisadores e praticantes têm

defendido a limitação dos parâmetros ambientais pesquisados nos estudos de ACV. No

entantohá também uma corrente contrária a essa simplificação, que postula a introdução de

grande número de parâmetros com o intuito de habilitar a ACV a manejar a complexidade

plena do debate em voga debate sobre meioambiente (MARTINHO, 2014).

Os parâmetros ambientais que serão incluídos no estudo dependerão do seu peso final

na fase de determinação dos impactos ambientais. Para isso, é útil que se realize uma análise

de custo/benefício, em termos de factibilidadeda coleta de informações, e benefícios que um

eventual aprofundamento desta pode proporcionar em termos de precisão dos resultados. A

estratégia de coleta de informação auxilia na estruturação da fase de inventário, de forma que

não se deve coletar um dado a menos que se conheça sua importância. Ela deve descrever

também a qualidade dos dados. A qualidade da informação necessária pode variar em função

das diferentes partes do ciclo de vida do produto, ou seja, aquelas que têm grande influência

no resultado final, necessitam de informação mais precisas que as outras etapas do sistema

de produto, que por ventura exerçam menor influência (SUGAWARA, 2012).

3.2.2 Análise de Inventário

Na Análise de Inventário, os dados representativos de aspectos ambientais, ou seja,

correntes materiais e energéticasque cruzam as fronteiras entre o sistema de produto e o meio

ambiente são coletados. É usual que sejam quantificados também (i) bens de consumo e seus

eventuais subprodutos, (ii) fluxos intermediários (que interligam dois processos elementares

em análise), e (iii) fluxos de produto (que são utilizados no processo em análise, mas advêm

outros processos antrópicos Os dados utilizados podem ser obtidos em campo (dados

primários) ou na de literatura (dados secundários). Dados quantitativos utilizados para

comparação de materiais ou processos, bem como, aqueles de ordem qualitativa, que se

prestamà descrição de aspectos ambientais ou estágios de ciclo que vida que não podem ser

quantificados, podem ser selecionados a partir da aplicação dos critérios de exclusão de

44

dados. Tais critérios permitem identificar aspectos ambientais a serem considerados em cada

processo elementar; ou seja, no menor nível de um sistema de produto para o qual é possível

quantificar correntes de matéria e energia de entrada e saída (ABNT, 2009b).

A coleta de dados gera um conjunto de informações que estão na forma bruta. Estes

devem então ser tratados para compor o Inventário de Ciclo de Vida (ICV), cabendo então ao

executor da ACV (i) verificar se os requisitos de qualidade de dados foram de fato atendidos,

(ii) aplicar balanços de matéria e energia com o intuito de aferir (e validar) a consistência dos

parâmetros coletados, (iii) correlacionar tais valores à UF, e (iv) decidir e aplicar

procedimentos que permitam lidar adequadamente com situações de multifuncionalidade.

Todo este conjunto de ações, iniciativas, e procedimento é conhecido no âmbito da técnica

como Tratamento dos Dados (SILVA e KULAY, 2006).

Como já fora comentado anteriormente na descrição das ações de Definição de

Escopo, as situações de multifuncionalidade devem ter um encaminhamento durante a

elaboração de uma ACV. Isso ocorre exatamente no transcurso da Análise de Inventário.

Muito embora seja um procedimento de uso recorrente para abordagens de processos

multifuncionais, a alocação é uma questão controversa. Por conta disso, recomenda-seque,

sempre que possível, a alocação seja evitada. Para tanto há dois caminhos: (i) a subdivisão do

processo até níveis em que seja possível separar perfeitamente consumos e emissões

associados a cada coproduto; ou (ii) expandindo os limites do sistema de maneira a incluir as

funções adicionais a ele relacionadas; ou seja, expansão de fronteiras (VAN DER VOET,

2009; MUNIZ, 2012).

3.2.3 Avaliação dos impactos ambientais

A Avaliação de Impactos Ambientais do Ciclo de Vida (AICV) analisa as magnitudes

e significâncias dos efeitos potenciais causados pelo ciclo de vida do produto sobre o meio

ambiente e sobre o ser humano, no âmbito do atendimento da função (MARTINHO, 2014).

De acordo com a norma ABNT NBR ISO 14044 (ABNT, 2009b), a etapa de AICV é

composta por elementos obrigatórios e opcionais. São elementos obrigatórios: a (i) Seleção de

categorias de impactos e de seus respectivos indicadores; a (ii) Classificação; a (iii)

Caracterização; e, (iv) a Definição do Perfil de Impacto Ambiental.

45

A Seleção das Categorias de Impacto Ambiental baseia-se nos resultados do ICV, em

particular, nos aspectos ambientais de maior relevância para o estudo. De qualquer forma, são

categorias de impactos de uso mais frequentes em estudo desta natureza: Mudança Climática;

Depleção da Camada de Ozônio; Acidificação; Depleção de Recursos Abióticos;

Eutrofização, Formação de Foto-oxidantes, Depleção de Recursos Hídricos, de Metais, e de

ativos de origem Fóssil, Transformação e Ocupação do Solo, e Toxicidades Humana e do

ambiente.

As categorias de impacto devem ser correlacionadas com resultados gerados pelo ICV.

Esta ação ocorre em dois momentos; o primeiro deles é essencialmente qualitativo e se dá sob

a forma de procedimento de Classificação. No segundo momentoocorre uma interação de

ordem quantitativa, Caracterização (SILVA e KULAY, 2006).

A norma ABNT NBR ISO 14044 (2009b) especifica como sendo elementos opcionais

os procedimentos de Normalização e Ponderação. A Normalização compreende a conversão

dos resultados gerados pela Caracterização para uma base única de referência. O

procedimento de Normalização está condicionado à disponibilidade de fatores confiáveis, que

reflitam (ou se aproximem em termos de rigor e consistência) das condições gerais em que

ocorre a avaliação.

A Ponderação trata de atribuir pesos às diferentes categorias de impacto, com base na

percepção de profissionais que estejam direta ou indiretamente ligados à análise em

realização (SILVA, 2012). Da aplicação deste procedimento decorre a formulação do

chamado Indicador Único de desempenho ambiental do produto, ou serviço em análise.

Dadas suas características, tanto a Normalização como a Ponderação são tratadas como

elementos opcionais de AICV por conta da subjetividade que lhe é inerente (SUGAWARA,

2012).

3.2.4 Interpretação dos resultados

A última das etapas da ACV é conhecida como Interpretação. Em linhas gerais esta

ação compreende uma verificação dos resultados obtidos pelo estudo com vistas ao

estabelecimento de recomendações e conclusões. A interpretação é uma análise crítica, que

tem como objetivo combinar, resumir e discutir constatações que tenham ocorrido durante

arealização da Análise de Inventário e a Avaliação de Impactos.

46

Segundo Martinho (2014) é fundamental para o sucesso da Interpretação que todas as

percepções e leituras, assim como, as decisões e condutas, que ocorreram durante as etapas

executivas da ACV sejam confrontadas (inclusive de maneira iterativa, se necessário for) com

os objetivos e itens de escopo definidos como alicerces para o estudo.

As conclusões e recomendações geradas por qualquer estudo de ACV devem refletir

objetivamente os resultados de suas três fases executivas (Análise de inventário, Avaliação de

impacto e Interpretação). Para tanto estes não podem estar baseadas em interpretações

pessoais, uma vez que estas poderiam influenciar futuros processos de tomadas de decisão

para os quais, imagina-se, o diagnóstico gerado pela ACV venha fornecer subsídios

(SUGAWARA, 2012).

3.2.5 Estudos ACV voltados à cogeração de eletricidade

AACV tem sido amplamente empregada para avaliaçãode impactos ambientais que

decorrem de processamentos industriais. Ainda que com menor incidência do que para outras

ações produtivas a técnica foi também aplicada para análise de unidades e sistema de

cogeração de energia elétricaque se valessem de biomassa de cana-de-açúcar como fonte de

energia para seu funcionamento (GAUDREAULT et al., 2010).

Silva et al (2014) identificaram que para a condição brasileira, os principais

impactospotenciais dessa classe de geração de energia elétrica se dãocomo Oxidação

fotoquímica e Toxicidade Humana, e se originam principalmente da queima de palha, e

aplicação de produtos químicos. Os autores afirmam ainda que o uso de recursos renováveis e

não-renováveis, e o consumo de energia são questões igualmente importantes no âmbito da

matéria ambiental.

Guerra et al (2014) observaram que a melhoria do rendimento energético do sistema

de cogeração é acompanhada pela redução nos impactos ambientais em muitas categorias.

Nesse contexto, um cenário de produção de vapor a 100 bar e 520°C proporciona ganhos

ambientais mais expressivos, tanto em termos absolutos quanto relativos, quando comparado

a um cenário homólogo em termos de adição de biomassa, mas que se desenvolve a 20 bar e

350°C.

Os resultados de uma ACV realizada por Gil et al (2013) em sistema de cogeração de

uma indústria de açúcar em Cuba mostraram que a redução das emissões para o ar, a água e o

47

solo tiveram um efeito favorável sobre as categorias de Carcinogênese, Radiação ionizante e

não-ionizante, Ecotoxicidade e Uso do solo. Impactos que se manifestam sob a forma de

danos à saúde humana atingiram patamares elevados na fase de cogeração, que representou

cerca de 80% dos efeitos adversos associados ao processo. As maiores contribuições para esta

categoria estiveram associadas à lançamentos para o ar de material particulado proveniente da

queima do bagaço.

Para Kiatkittipong et al (2009), o principal benefício da queima da biomassa reside na

capacidade de a biomassa substituir combustíveis fósseis em sistema de incineração.Para os

impactos ambientais analisados noestudo (Aquecimento Global, Acidificação e Eutrofização)

a queima de bagaço é mais benéfica ao ambiente do que as usina termelétricas. A exceção

ficou por conta da Formação de oxidantes fotoquímicos para a qual este diagnóstico se

inverte.

O uso da palha na cogeração não é ainda uma unanimidade em termos ambientais. Por

isso muitos pesquisadores têmdedicado esforços ao tema. Cardoso et al (2013) realizaram

uma avaliação técnica e econômica sobre a recuperação da palha da cana para produção de

bioenergia, concluindo que o uso de biomassa enfardada apresenta maior custo por unidade

de massa em comparação ao sistema em que a palha seja colhida e transportada junto com

colmos da cana.

Vilela (2013) constatou que o aumento na capacidade de moagem, e de uso de palha

na cogeração, elevam as emissões de CO2. Para o autor o fenômenose relacionaà

intensificação da queima de biomassa na caldeira. Em contrapartida, este assina-laque um

consumo maior de biomassa irá também elevar a quantidade de energia vendida. Quando a

ACV foi aplicada segundo o conceito de expansão de fronteiras para tratamento de

multifuncionalidades, Vilela observou que os impactos proporcionados pelo sistema quanto a

Mudança Climática tornaram-se negativos. O autor reputa esse resultadoao fato de fontes

marginais de provimento de energia elétrica que compõem a o grid brasileiro terem sido

evitadas.

Ensinas et al (2008) estudaram a redução da demanda de vapor no processo de

produção de açúcar e etanol, e alternativas de sistemas de cogeração em usinas, com objetivo

de aumentar a capacidade de geração de eletricidade. Os autores concluíram que a demanda

de vapor nos processos investigados pode ser reduzida via integração térmica. Na análise

48

comparativa entre alternativas de cogeração, a configuração do tipo BIG-CC (Biomass

Integrated Gaseification Combined Cycle) apresentou o maior potencial de geração de

eletricidade. A partir do momento em que barreiras técnico-econômicas sejam efetivamente

superadas e o BIG-CC se viabilize, este arranjo poderia proporcionar um aumento de 70% na

geração líquida de eletricidade.

Desse encadeamento de ideias resulta uma constatação importante: além da

eletricidade em si, a cogeração de biomassa é capaz de proporcionar ao setor sucroalcooleiro

nacional mais um subproduto. Nesse contexto, sempre que realizado dentro de limites

técnicos adequados, o aproveitamento de palha, passa a ser condição necessária para atrair

investimentos que resultem em modernizaçãoe/ou ampliação do sistema.

49

4 MÉTODO DE TRABALHO

A fim de atender de maneira satisfatória aos objetivos a que se propôs originalmente,

este estudo foi estruturado na forma das seguintes ações operacionais:

a. Revisão de bibliográfica: esta etapa compreende levantamento junto à literatura

técnico-científica de dados e informações capazes de subsidiar a avaliação do

desempenho ambiental de unidades de cogeração operando com biomassa nas formas

de bagaço e palha, bem como, de conteúdos que permitam conhecer em elevado nível

de detalhe aspectos tecnológicos, operacionais e construtivos desse processo

produtivo;

b. Definição de cenários: com base nos levantamentos efetuados na etapa de Revisão

Bibliográfica foram selecionados parâmetros essenciais para o funcionamento do ciclo

Rankine com reaquecimento em uma destilaria autônoma. Estes foram variados dentro

de limites técnicos bem definidos. Cada qual dessas condições de operação originou

um cenário de análise;

c. Análise Energética: cada cenário foi verificado quanto ao desempenho energético.

Para tanto, parâmetros e demais condições operacionais que caracterizassem cada

cenário foram alimentados a um modelo matemático que fora concebido com o

propósito único de simular o comportamento termodinâmico do ciclo de cogeração;

d. Análise Ambiental: esta etapa consistiu em aplicar a técnica de ACV a um sistema de

produto que caracterizasse adequadamente a produção de eletricidade via cogeração

de biomassa de cana-de-açúcar. Com isso, esperava-se obter um diagnóstico sistêmico

equantitativo, do desempenho ambiental daquele arranjo. Para a elaboração do modelo

de sistema de produto procedeu-se um amplo levantamento de consumos e emissões

associadas ao ciclo de vida em análise para cada cenário de operação. Os resultados

obtidos da Análise Energética também foram incorporados ao acervo de informações

que caracterizou cada situação sob investigação. A Análise Ambiental foi conduzida

dentro de um escopo de aplicação da ACV do tipo ‘berço-ao-portão’, e levou em

conta apenas categorias de impacto que fossem aderentes com as circunstâncias

examinadas. Para esse desenvolvimento, fixou-se a produção de etanol gerada pela

50

destilaria, a fim de que essa variável não exercesse influência direta sobre os

resultados obtidos;

e. Análise crítica: de posse dos resultados alcançados realizou-se uma análise de

tendência que se propôs a identificar o grau de influência de cada parâmetro essencial

sobre os demais de sua classe, no tocante aos efeitos ambientais selecionados para o

estudo. Além de eventualmente conhecer os valores de cada parâmetro essencial que

resultassem nos mínimos impactos ambientais gerados pelo sistema de produto, esta

verificação buscou ainda conhecer, e ser capaz de justificar, tendências de oscilação

desses efeitos a partir da alteração de comportamento de condições de processo

específicas para a cogeração.

4.1 Definição dos cenários

A partir das informações obtidas na Revisão Bibliográfica foram definidos os cenários

possíveis de cogeração elétrica para modelagem da Análise Energética e posteriormente, da

Análise Ambiental. Os parâmetros denominados de essenciais (ou inerentes) à análise,

quecaracterizam e distinguem cada uma das possibilidades são: (i) taxa de aproveitamento da

palha gerada no campo como combustível para a cogeração; (ii) teor de umidade da palha; e

(iii) função de estado do vapor emanado da caldeira.A Tabela 1descreve os valores

selecionados para cada parâmetroessencial.

Tabela 1 – Características dos cenários avaliados: pressão de vapor, taxa de adição e umidade de palha

Pressão da caldeira P (bar)

Adições da palha A (%)

Umidade da palha u (%)

20 10 10

45 20 15

67 30 25

80 40 35

100 50 50

51

Um cenário hipotético (Cn) será caracterizado para condições específicas de Pressão

do vapor que deixa a caldeira (P), Taxa de Adição de Palha (A) e Umidade da palha (u). Ou

seja,

Cn = f [P (bar); A (%); u (%)]

O caráter de independências dos parâmetros essenciais fez com que fossem

constituídos exatos cento e vinte e cinco cenários de análise. As bases teóricas para

proposição de tais arranjos provem da descrição detalhada de ganhos de efetividade em usinas

termelétricas, cuja cogeração ocorre em ciclos Rankine de elevada eficiência térmica por

conta da inclusão de reaquecimento, aos quais se acoplam turbinas de extração-condensação.

Estes conteúdos e conhecimentos foram adquiridos junto a Moran e Shapiro (2008).

A palha é enfardada no próprio local de produção e transportada para a destilaria.

Chegando ao destino esta será picada e adicionada ao bagaço para compor a mistura a ser

queimada na caldeira. Para cada tonelada de cana-de-açúcar produzida são gerados 280 kg de

bagaço com umidade média ub = 50%, e outros 164,7 kg de palha. Nesse caso admitiu-se

como valor de referência para projeto de ciclo de cogeração que a umidade da palha seja de

up = 15% (CORTEZ, 2010; GUERRA, 2014).

Foram definidas cinco condições operacionais de produção de vapor superaquecido à

saída da caldeira. Essas variaramentre 20 < P (bar) < 100 e, por hipótese, mantem o mesmo

grau de superaquecimento em todos os casos. Essa especificação procurou reduzir o número

de graus de liberdade associados ao sistema, e ao mesmo tempo enfatizar o foco na variação

de pressão da caldeira e alimentação da turbina.

A escolha dos valores das pressões (20, 45, 67, 80 e 100 bar) foi baseada em Guerra

(2014). Após levantamento realizado junto à literatura especializada o autor constatou que a

maioria das caldeiras ainda operacom baixas pressões para produção de vapor. Guerra

adverte, porém, que esse quadro vem se alterando ao longo dos anos, e que os projetos mais

recentes de ciclo Rankine geram vapor a pressões mais elevadas. Todos os valores de pressão

selecionados constam da literatura como possibilidades reais para operação da caldeira.

Com relação à quantidade de palha utilizada como combustível, cinco condições

foram definidas, entre 10 < A (%)<50 de toda a palha gerado durante o cultivo da cana-de-

açúcar. O limite superior da faixa foi determinado em função de dois fatores: (i) quantidades

superiores a 50% de palha poderiam comprometer a estabilidade operacional da caldeira,

52

mais especificamente, dos tubos de circulação de água, ao gerar depósitos sobre esses, devido

ao teor de sílica na palha; ou mesmo, os expor a corrosão, dada a presença de cloretos no

mesmo combustível; (ii) os especialistas em cultivo de cana sugerem que ao menos a metade

da palha gerada permaneça no campo a fim de proteger a superfície do solo de efeitos naturais

adversos (erosão, desgaste, compactação).

Variações de umidade da palha, entre 10 e 50%, definem mais cinco condições. Um

up,máx = 50% foi considerado com o intuito de verificar os impactos ambientais associados ao

sistema de produto quando toda a biomassa (bagaço e palha) apresentasse a mesma

quantidade de água superficial em sua estrutura. Já o up = 10% foi ensaiado com o objetivo de

fornecer conclusões para casos em que a palha fosse secada previamente ao seu uso, passando

assim a deter uma taxa de água inferior ao padrão usual de projeto. Nesse caso, considerou-se

que a secagem da palha ocorreria de forma natural, simplesmente por exposição ao sol, sem,

portanto, predispor consumo de recursos e/ou geração de rejeitos.

4.2 Modelagem Termodinâmica dos Cenários

4.2.1 Premissas e definição dos parâmetros operacionais dos cenários

Todos os ciclos Rankine que definem os cenários de análise detêm a mesma

concepção construtiva, sendo constituídos pelos seguintes equipamentos: caldeira, turbina,

condensador, bombas, desaerador e purgador. Amodelagem termodinâmica foi realizada

admitindo que sua operação ocorreria em regime permanente. Além disso, estabeleceu-se por

premissa que todo bagaço gerado na etapa de moagem da cana é consumido na caldeira.

Para todos os cenários, considerou-se que uma fração de vapor na forma saturada, com

título (x) = 1,0 e P = 2,5 bar é extraída da turbina para ser usada na produção do etanol. Esta é

chamada, convencionalmente, de vapor de escape. Além disso, o vapor que deixa a turbina

(vapor de cauda) também estaria saturado, mas com x = 0,89 e a P = 0,1 bar. Este fluído

segue diretamente para o condensador, onde muda de fase antes de retornar á caldeira. Foram

desprezadas perdas de carga das tubulações responsáveis pelo transporte do fluido de trabalho

ao longo do ciclo termodinâmico. Os balanços de energia realizados nos equipamentos

auxiliares (bombas, desaerador, dessuperaquecedor, purgadores e tubulações) não

consideraram possíveis perdas energéticas nessas unidades.

53

Os cálculos adotados nas simulações tomaram por premissa a produção de etanol

anidro (99,5%w/w) em destilaria autônoma, com capacidade de moagem de 2,5 Mt de cana-de-

açúcar por safra (210 dias). Partindo-se das estimativas realizadas por Dias et al (2009) e

Cavalett et al (2012) para destilarias autônomas que operam no estado de São Paulo, adotou-

se um consumo específico de 400 kg/tc de vapor saturado (2,5 bar) para o atendimento da

demanda térmica da planta industrial (que compreende tanto a destilaria, como a própria

cogeração).

O consumo total de eletricidade na planta industrial oscila entre 31,06 kWh/tc para o

cenário I quando up = 10%, e 39,56 kWh/tc, (cenário V com up = 50%) (Tabela 2). Assim

como já fora indicado antes a produção de etanol foi mantida constante. Essa decisão traz

imediatamente dois desdobramentos fundamentais para o desenvolvimento do estudo: (i) a

quantidade de cana-de-açúcar permanece constante; e (ii) a quantidade de bagaço gerado na

etapa de moagem será igualmente invariável para todos os cenários.

Tabela 2 – Variação do consumo de eletricidade na unidade industrial em função da umidade da palha

Cenário Eletricidade

(kWh/tc) Umidade da palha

u (%)

I

31,06 10

31,12 15

31,27 25

31,47 35

31,91 50

II

32,12 10

32,25 15

32,55 25

32,94 35

33,82 50

III

33,18 10

33,37 15

33,82 25

34,41 35

35,73 50

54

IV

34,24 10

34,50 15

35,10 25

35,88 35

37,65 50

V

35,31 10

35,62 15

36,37 25

37,35 35

39,56 50

Essa decisão permitiu que os efeitos ambientais das sucessivas adições de palha, e da

taxa de umidade a esta associada fossem verificados sem quaisquer interferências que

pudessem ser proporcionadas pela outra fonte de biomassa (bagaço) que foi introduzida no

sistema.

4.2.2 Construção de modelos matemáticos

Os modelos elaborados para representar o funcionamento termodinâmico da

cogeração basearam-se em análises de 1ª.e 2ª. Leis. O programa computacional Engineering

Equation Solver – EES® foi empregado como ferramenta de apoio à elaboração dessas

lógicas. Além das premissas descritas na seção anterior, diversos parâmetros de caráter geral

foram considerados para efeito de elaboração dos modelos. Aqueles considerados mais

significativos para essa ação aparecem descritos a seguir na Tabela 3.

Além de conferir homogeneidade a análise, e reduzir a níveis instantâneos a

velocidade das estimações, a opção pelo EES se sustenta em virtude de sua capacidade de

solucionar com elevado grau de precisão, um conjunto extenso de equações lineares. As

equações são inseridas pelo operador para efeito de composição do modelo em estudo. A

interface de simulação também deve ser construída, permitindo com isso que a apresentação

se tornecustomizada e assim, facilite a interpretação dos resultados obtidos.

Com as propriedades de estado bem definidas e respeitando os graus de liberdade,

pode-se usar o EES® para estimar parâmetrostanto físico-químicos como termodinâmicos do

fluido de trabalho, viabilizando a realização de simulações em diversas condições

55

operacionais (EES, 2016). Serão apresentados a seguir, mais detalhes quanto a características

e especificidades dos modelos termodinâmicos. Além disso, serão apresentadas ainda as

equações elaboradas para compor os referidos modelos.

Tabela 3 – Parâmetrosgeraisutilizados para estimativa e modelagem dos cenários de análise

Parâmetros Valores Unidades

Cana moída total 2.500.000 t

Dias de safra (destilaria em operação) 210 dias

Eficiência térmica da caldeira variável: f (cenário)

Eficiência isentrópica da turbina variável: f (cenário)

Eficiência do gerador 95 %

Eficiência isentrópica das bombas 85 %

Temperatura no desaerador 110 °C

Bagaço produzido na destilaria 280 kg/tc

Teor de umidade do bagaço (ub) 50 %

Teor de umidade da palha (up) variável: f (cenário)

Palha produzida no campo (up = 0%) 140 kg/tc

Consumo de vapor na destilaria 400 kg/tc

Consumo de eletricidade nadestilaria 30 kWh/tc

Consumo de eletricidade na moagem da palha variável: f (cenário)

Pressão do vapor superaquecido que deixa a caldeira variável: f (cenário)

Pressão de extração na turbina para uso no processo (vapor de escape) 2,5 bar

Pressão de extração na turbina para condensação (vapor de cauda) 0,1 bar

Fonte: Ensinas (2008); Seabra (2008); Dias et al. (2009); Dias et al. (2010); Oliveira Jr. (2012); Cardoso et al. (2013); e Cavalett et al. (2012); CONAB (2014); Guerra (2014).

4.2.3 Características específicas dos arranjos

Foram utilizados dados reais para os parâmetros de desempenho dos equipamentos da

planta de cogeração, como bombas, turbina, caldeira e gerador. Tal como já fora mencionado,

assumiu-se que a produção de etanol anidro seria constante, que todo o bagaço gerado a partir

do processamento da cana-de-açúcar é utilizado na cogeração, e que a destilaria opera no

estado estacionário.

56

Figura 6 – Representação de ciclo Rankine com reaquecimento

Fonte: adaptado de Guerra (2014)

Assim, parâmetros como as quantidades de cana-de-açúcar produzida, vapor gerado, e

etanol obtido na destilaria, assim como, o consumo de eletricidade na planta industrial,

mantiveram-se constantes para todos os cenários.

A Figura 6 apresenta uma ilustração do ciclo Rankine com reaquecimento operando

em um sistema de cogeração, que foi construído no programa EES®. A pressão em que parte

do vapor é extraído na turbina com o intuito de reaquecê-lo no superaquecedor da caldeirafoi

determinada via otimização das condições de processo, tendo em conta as diferentes pressões

de operação da caldeira (20, 45, 67, 80 e 100 bar).

4.2.4 Modelagem dos equipamentos

A modelagem termodinâmica de cada equipamento que constitui o ciclo Rankine foi

baseada na aplicação de princípios de conservação de matéria e energia (particularmente, de

entalpia (sistema aberto) e trabalho de eixo, que são típicos da 1ª. Lei da Termodinâmica) e

balanços entrópicos (usados para introduziram componentes da 2ª. Lei na análise). Funções

de estado dos fluídos envolvidos na cogeração foram empregadas para determinar as

propriedades termodinâmicas das mesmas substâncias. Valores de entalpia e entropias foram

calculadas a partir da biblioteca de propriedades termodinâmicas do EES®. O desempenho

técnico da caldeira, turbina, bombas, e do gerador elétrico foi representado por dados

57

coletados junto à literatura técnica (ENSINAS, 2008; SEABRA 2008; DIAS et al, 2009 e

2010; OLIVEIRA JR, 2012; CARDOSO et al, 2013; FLORIO e OLIVEIRA JR, 2014;

GUERRA et al, 2014).

Os resultados teóricos da modelagem foram confrontados a parâmetros reais, obtidos

de um ciclo de cogeração que opera a P = 67 bar, para duas condições de dosagem de

biomassa em termos de palha: A = 0%, e A = 50%. No caso em que o ativo foi dosado em

associação ao bagaço, seu teor de umidade era de up = 15%.

Os principais indicadores de desempenho determinados pelo modelo para as condições

de cada cenário foram: eficiência energética (%), Geração específica de eletricidade (kWh/tc),

Eletricidade exportada (kWh/tc), consumo de água na torre de resfriamento (kg/tc), consumo

de água deionizada (kg/tc).

4.2.4.1 Caldeira

A caldeira é o equipamento que responde pela transferência do calor dos produtos da

combustão para o fluido de trabalho. Trata-se de um dos elementos mais importantes do ciclo

Rankine quando analisado sob o ponto de vista da 2ª. Lei da Termodinâmica, pois é ali que

residem as maiores irreversibilidades do sistema. Estas derivam justamente dos processos de

combustão e de transferência de calor (BRÄSCHER, 1991; TSATSARONIS e PARK, 2002).

Vapor é gerado na caldeira pela transformação da energia química do combustível em

energia térmica (calor). A queima da biomassa da cana-de-açúcar ocorre na fornalha; o calor

que é produzido dessa operação será transferido por radiação para feixes de tubos que

compõem as paredes internas da caldeira. No interior destes circula água que, devido ao

contato indireto com a energia em um equipamento conhecido como superaquecedor, muda

sucessivamente de fase até atingir a condição de vapor superaquecido (na qual sua

temperatura será elevada acima da temperatura de saturação).

Mesmo depois de ceder energia para o fluido de trabalho, os gases de combustão ainda

possuem temperatura elevada. Por conta disso os geradores de vapor dispõem de

equipamentos para aproveitar melhor essa energia remanescente. Dentre estes se incluem os

reaquecedores, economizadores, e pré-aquecedores de ar (BRÄSCHER, 1991; ANON, 2005).

A temperatura do vapor à saída do superaquecedor é dada pela equação (Eq 1):

58

T1 = Tsat(water; P = Pc) + Gsuper (Eq 1)

Onde:

T1= temperatura do vapor superaquecido (oC);

Tsat(water; P = Pc) = temperatura de saturação da água na pressão da caldeira (oC);

Gsuper= grau de superaquecimento (oC)

Pc = pressão de operação da caldeira (bar).

A quantidade de calor gerada na caldeira é dada pela vazão mássica de biomassa, ou

seja, bagaço e palha. A essa quantidade de calor dá-se o nome deenergia disponível, ao passo

que o total de energia efetivamente absorvida pelo fluido de trabalho denomina-se energia

útil. A diferença entre energia disponível e energia útil se deve a perdas que ocorrem ao longo

dos diversos equipamentos da instalação (SINGER, 1981).

No ciclo Rankine com reaquecimento o vapor superaquecido passar pelo estágio de

alta pressão da turbina, e retorna para o reaquecedor a fim de recompor a temperatura inicial.

Nesta condição o fluido retorna mais uma vez para a turbina onde segue naturalmente o

processo de expansão. A Figura 7 representa um esquema da caldeira desenvolvido com

auxílio do EES®.

Figura 7 – Esquema ilustrativo da caldeira de força

Fonte: adaptado de Guerra (2014)

59

Tomando como referência a Figura 7, o balanço de massa na caldeira pode ser

estimado pelas equações Eq. 2 e Eq. 3:

ṁágua = ṁvapor + ṁpurga (Eq 2)

ṁpurga = Ypurga . ṁvapor (Eq 3)

Onde:

ṁágua= vazão mássica da água de alimentação da caldeira (t/h);

ṁvapor= vazão mássica de geração de vapor superaquecido (t/h);

ṁpurga= vazão mássica de purga da caldeira (t/h);

Ypurga= taxa de purga (%);

O balanço de energia na caldeira esta descrito a seguir na forma das equações Eq 4 a

Eq 6:

ṁágua . h7 + Qc= ṁvapor· h1+ ṁpurga· hpurga + Qreaq (Eq 4)

Qc = ( mbagaço · PCIbagaço + mpalha . PCIpalha) · ɳc (Eq 5)

ɳc . Qreaq = ṁvap.reaq . (h9 – h8) (Eq 6)

Onde:

Qreaq = energia consumida no reaquecimento do vapor que retorna para o reaquecedor (kJ/kg);

h8= entalpia específica do vapor que segue para o reaquecedor (kJ/kg);

h9= entalpia específica do vapor que retorna para a turbina após ser reaquecido (kJ/kg);

hpurga = entalpia específica da purga da caldeira (kJ/kg);

Qc = energia útil (kJ/kg);

ṁbagaço = vazão mássica de bagaço na fornalha (kg/h);

ṁpalha = vazão mássica de palha na fornalha (kg/h);

ɳc = eficiência térmica da caldeira (%);

PCIbagaço = poder calorífico inferior do bagaço (kJ/kg);

PCIpalha = poder calorífico inferior da palha (kJ/kg).

60

Conhecendo a eficiência témica da caldeira e a energia disponível da biomassa, pode-

se então obter a energia útil. Uma estimativa aceitável para a taxa de purga é que esta totalize

3,0% da vazão de vapor (MORAN e SHAPIRO, 2008). A partir disso estimam-se as vazões

mássicas de vapor superaquecido e purga.

Uma estimativa de perdas energéticas na caldeira pode ser realizada a partir de Eq 7 e

Eq 8:

Boiler losses = POTentrada . ( 1 – ηc) (Eq 7)

Boiler losses, perc = Boiler losses . 100% (Eq 8) POTentrada

Onde: POTentrada = potência de entrada ou energia disponível (kJ/kg);

Boiler losses = perdas energéticas na caldeira (kJ/h);

Boiler losses.perc = perda energética percentual na caldeira (%).

A estimativa da pressão ótima de extração do vapor para o reaquecimento está baseada

em hipóteses formuladas por Guerra (2014) que, de sua parte, se fundamentam na aplicação

do Método de Aproximações Quadráticas.

Tabela 4 – Pressão de extração ótima de vapor a ser efetuada na turbina para os diferentes níveis de operação caldeira em termos de pressão de vapor superaquecido

Pressão da caldeira (bar) Pressão de extração ótima para reaquecimento

do vapor (bar)

20 9,10

45 15,8

67 21,1

80 23,5

100 27,4

A otimização dos cenários com reaquecimento mostrou que cada condição de pressão

da caldeira possui um ponto bem definido de extração. Esses valores aparecem indicados na

Tabela 4.

61

4.2.4.2 Turbina

A turbina é o equipamento responsável pela conversão de energia térmica em energia

cinética, do que resulta energia mecânica de eixo que, de sua parte, irá acionar o gerador.

Cada estágio da turbina é projetado para produzir uma quantidade de trabalho a partir de um

montante estabelecido de energia térmica (SHLYAKHIN, 2005). A eficiência de uma turbina

real, conhecida como eficiência isentrópica, é definida pela razão entre o trabalho de eixo real

e o trabalho de eixo na expansão isentrópica (ideal), para as mesmas funções de estado de

entrada na turbina e mesma pressão de saída. Essa relação, entre trabalho produzido e energia

térmica disponível, resulta na eficiência interna do estágio (SALISBURY, 1974; MORAN e

SHAPIRO, 2008).

A definição matemática da eficiência isentrópica da turbina está indicada a seguir em

Eq 9:

ηt = h1 – h2 (Eq 9) h1 – h2,iso

Onde:

h1 = entalpia específica do vapor na entrada de um determinado estágio da turbina (kJ/kg);

h2 = entalpia específica do vapor na saída de um determinado estágio da turbina (kJ/kg)

h2iso = entalpia na condição ideal de expansão à saída de um estágio da turbina (kJ/kg)

ηt = eficiência isentrópica da turbina (%)

A Figura 8 descreve o conjunto turbina e gerador para um dos modelos construídos

com auxílio de EES®. A turbina é alimentada pela corrente de vapor superaquecido

proveniente da caldeira. No ciclo Rankine com reaquecimento, há três correntes de vapor de

saída: (i) corrente do vapor de escape a 2,5 bar (Figura 8: corrente C2), que será empregada

como fonte de energia térmica no processo; (ii) corrente de vapor de cauda (Figura 8: C3), a

qual é extraída a 0,1 bar, e encaminhada para o condensador; e (iii) corrente de vapor que

retorna para a caldeira (Figura 8: C8). Partindo da expressão de cálculo de (ηt) é possível

determinar a entalpia real do vapor extraído para o processo (MORAN e SHAPIRO, 2008; LI

e CALISAL, 2010).

62

Figura 8 – Desenho esquemático ilustrativo do arranjo turbina e gerador

Fonte: adaptado de Guerra (2014)

Complementarmente à Eq 9 está a Eq. 10:

ηt = h1 – h3 (Eq 10) h1 – h3iso

Onde:

h1 = entalpia específica do vapor na entrada na turbina (kJ/kg);

h3 = entalpia específica do vapor de cauda da turbina (kJ/kg);

h3iso = entalpia específica do vapor de cauda na condição ideal de expansão isentrópica (kJ/kg);

ηt = eficiência real da turbina.

O balanço de massa na turbina pode ser calculado pela Eq 11:

ṁ vapor = ṁ vap.escape + ṁ vap.cauda (Eq 11)

Onde:

ṁ vapor = vazão mássica do vapor superaquecido de alimentação da turbina (t/h);

ṁ vap.escape = vazão mássica do vapor de escape (t/h);

ṁ vap.cauda = vazão mássica do vapor de cauda (t/h).

63

As potências elétricas do sistema foram determinadas pelas equações Eq 12 a Eq 14:

POT eletr.gerada = (POT1 + POT2) . ηg (Eq 12)

POT1 = ṁ vap.escape . (h1 – h2) (Eq 13)

POT2 = ṁ vap.cauda . (h1 – h3) (Eq 14)

Onde:

POTeletr.gerada = potência elétrica gerada no turbogerador (kJ/h);

POT1 = potência elétrica gerada associada ao vapor de escape (kJ/h);

POT2 = potência elétrica gerada associada ao vapor de cauda (kJ/h);

ηg = eficiência do gerador (%).

4.2.4.3 Condensador

A unidade de condensação se encarrega de descartar calor excedente do sistema para o

meio ambiente ao condensar o vapor de cauda da turbina até que este atinja limites de líquido

saturado. O condensador é projetado de modo a proporcionar a pressão de condensação

desejada (STOECKER, 1989; MAULBETSCH &DI FILIPPO, 2006). Para este estudo

admitiu-se que a pressão de condensação seria de 0,1 bar. Este valor é frequentemente

empregado no dimensionamento de unidades de cogeração que operam no setor

sucroalcooleiro com turbinas do tipo extração-condensação (MAULBETSCH eDI FILIPPO,

2006). A Figura 9 mostra o funcionamento do conjunto formado por condensador e torre de

resfriamento do ciclo Rankine com reaquecimento que foi elaborado no EES®.

Figura 9 – Ilustração do conjunto condensador e torre de resfriamento.

Fonte: adaptado de Guerra (2014)

3

64

O vapor de cauda circula através do condensador (Figura 9: C3 e C4). As temperaturas de

entrada e saída da água de recirculação na torre de resfriamento (Tin e Tout) são parâmetros de

projeto desse equipamento. Seu dimensionamento leva em conta considerações econômicas e

restrições impostas pelo sistema. No projeto, deve-se garantir a remoção da carga térmica do

vapor de processo, além de assegurar uma temperatura mínima para a água resfriada. O valor

dessa temperatura compreende uma das considerações essenciais de projeto da torre, pelo fato

de exercer grande impacto sobre seu custo (CORTINOVIS, 2004).

Na modelagem de todos os cenários estudados, adotou-se temperaturas da água de

saída da torre Tin = 30°C, e de retorno para ela Tout = 40°C. Essa consideração determinou a

vazão de recirculação da bomba, uma vez conhecido a taxa de transferência de energia

térmica da corrente quente (vapor de cauda) para a corrente fria (água de recirculação).

Os balanços de massa e de energia no condensador podem ser realizados a partir da aplicação

de Eq 15 e Eq 16:

ṁvap.cauda = ṁ4 (Eq 15)

Qout = ṁvap.cauda . (h3 – h4) (Eq 16)

Onde:

Qout = calor transferido do vapor de cauda para água de recirculação da torre (kJ/h);

h3 = entalpia específica da corrente de vapor de cauda na entrada do condensador (kJ/h);

h4 = entalpia específica da corrente de líquido saturado na saída do condensador (kJ/h);

ṁ4 = vazão mássica de líquido saturado na saída do condensador (kJ/h).

Já os balanços material e energético na torre de resfriamento originam-se de Eq 17 e Eq 18:

Qout = ṁrecirculação . (hout – hin) (Eq 17)

ṁrepos.torre = Yperdas . ṁrecirculação (Eq 18)

Onde:

hin = entalpia específica da corrente de água de resfriamento na entrada do condensador

(kJ/kg);

hout = entalpia específica da corrente de água de resfriamento na saída do condensador (kJ/kg);

65

ṁrecirculação = vazão mássica da água de recirculação da torre (kg/h);

ṁrepos.torre = vazão mássica da água de reposição da torre (kg/h);

Yperdas = percentual de perda de água na torre de resfriamento em relação à recirculação (%).

Faz-se necessária uma reposição de água na torre de resfriamento a fim de suprir

perdas de processo que ocorrem por evaporação, arraste e purga (OLIVEIRA JR, 2012). O

balanceamento do equipamento admitiu que este operasse em regime permanente. Por conta

disso, a vazão de água reposição é igual ao somatório de todas as perdas da torre.

Oliveira Jr (2012) aponta que as perdas de água na torre podem alcançar 10% da

vazão de água que circula no sistema. Tendo em vista tal observação, adotou-se para

modelagem dos cenários em estudo uma perda de 5,0% da vazão de água que recircula entre

o condensador e a torre de resfriamento. As perdas de energia que ocorrem no condensador

foram determinadas pelas equações Eq 19 e Eq 20.

POTcondensador = Qout (Eq 19)

POTcondensador,perc = POTcondensador . 100% (Eq 20) POTentrada

Onde:

POTcondensador = potência perdida no condensador (kJ/h);

POTcondensador,perc = potência percentual perdida no condensador (%).

4.2.4.4 Bombas

Uma ação de bombeamento é necessária para que a água de alimentação que é extraída

da unidade de condensação retorne à caldeira. Dessa intervenção decorre uma elevação

natural de pressão. Na cogeração o bombeamento é realizado em dois estágios: no primeiro

estágio, encontra-se um grupo de bombas conhecido como bomba de condensado, que se

encarrega da extração da água saturada da unidade condensadora. No segundo estágio de

bombeamento, atua outro grupo de bombas, que elevará a pressão da água de alimentação até

a pressão final. Em geral essa condição de bombeamento é submetida a grandes diferenciais

66

de pressão (OLIVEIRA JR, 2010). Por conta disso, definiu-se para os cenários em análise que

a pressão de alimentação é em 20% superior à pressão de operação da caldeira.

Trabalho deve ser fornecido para que as bombas desloquem o líquido de baixa até alta

pressão. Parte desse trabalho é perdido por conta de irreversibilidades do processo. A

eficiência de uma bomba pode ser definida como sendo o inverso da eficiência de uma

turbina; ou seja, a razão entre o trabalho isentrópico e o trabalho real, a ser fornecido quando

se opera entre duas pressões (MORAN e SHAPIRO, 2008). A Figura10 traz um detalhe da

bomba 1, que desloca líquido saturado do condensador para o desaerador.

Figura 10 – Detalhe da bomba de recalque de condensado

Fonte: adaptado de Guerra (2014)

A eficiência isentrópica da bomba será calculada pela equação Eq 21:

ηB1 = h4 – h5iso (Eq 21) h4 – h5

Onde:

h4 = entalpia específica do líquido saturado na saída do condensador (kJ/kg);

h5 = entalpia específica do líquido na saída da bomba (kJ/kg);

h5iso = entalpia específica do líquido à saída da bomba medida na condição ideal de

compressão isentrópica (kJ/kg);

ηB1 = eficiência isentrópica da bomba.

Uma consulta a catálogos de equipamentos levou a adotar uma eficiência isentrópica

da bomba ηB1 = 85%. O trabalho perdido pela bomba, que corresponde à diferença (h5 – h5iso)

será reduzido à medida que a pressão de descarga se aproxima da pressão isentrópica de

descarga. A potência consumida na bomba B1 pode ser estimada por Eq 22:

3

67

POTB1 = ṁvap.cauda . (h5 – h4) (Eq 22)

Sendo:

POTB1 = potência consumida pela bomba B1 (kJ/h);

A bomba de alimentação da caldeira (B2) foi modelada com conceitos idênticos

àqueles apresentados para a modelagem da bomba do condensador (B1).

4.2.4.5 Desaerador

O desaerador é um equipamento projetado para remover gases não condensáveis do

sistema, e para realizar o pré-aquecimento da água de alimentação da caldeira. A Figura 11

apresenta um esquema do desaerador construído no EES.

Figura 11 – Representação da unidade de desaeração

Fonte: adaptado de Guerra (2014)

Os balanços de massa e energia no desaerador estão sintetizados nas equações Eq 23 e

Eq 24.

ṁretorno + ṁvap.desaerador + ṁvap.cauda + ṁrep.desaerador = ṁágua (Eq 23)

ṁretorno . hcond. + ṁvap.desaerador . h2 + ṁvap.cauda . h5 + ṁrep.desaerador . hrep.des = ṁágua . h6 (Eq 24)

Onde:

ṁretorno = vazão mássica de condensado de retorno para o processo de produção do etanol

(kJ/h);

ṁvap.desaerador = vazão mássica do vapor usado para atingir o set point de desaeração (kJ/h);

68

ṁvap.cauda = vazão mássica do vapor de cauda da turbina a ser bombeado para o desaerador

(kJ/h);

ṁrep.desaerador = vazão mássica de reposição de água no desaerador (kJ/h);

ṁágua = vazão mássica da água de alimentação da caldeira (kJ/h);

hcond = entalpia específica do condensado de retorno para a produção de etanol (kJ/h);

h2 = entalpia específica da corrente de vapor a 2,5 bar que alimenta o desaerador (kJ/h);

h5 = entalpia específica da corrente do condensado procedente do condensador (kJ/h);

hrep.des = entalpia específica da corrente de água de reposição do desaerador (kJ/h);

h6 = entalpia específica da corrente de água na saída do desaerador (kJ/h).

Do ponto de vista de modelagem, a vazão de água de alimentação da caldeira pode ser

conhecida via balanços de massa e energia. Assim como já fora apresentado na seção 4.2.1 –

‘Premissas e definições de parâmetros usados na construção de cenários’ a vazão de

retorno de condensado desde a produção de etanol está também identificado, pelo fato de a

vazão de vapor saturado seco a P = 2,5 bar usado no processamento de C2H6O (99,5%v/v) ter

sido fixado em 400 kg/tc (Tabela 3). Admitiu-se que 90% do vapor saturado que foi utilizado

pelo processo retorna na forma de condensado para o desaerador; o restante se perde na forma

de emissões atmosféricas e efluentes líquidos ao longo do processo.

Como as propriedades de estado das mesmas correntes são conhecidas, determinou-se

então a vazão da água de reposição do desaerador, e o consumo de vapor utilizados para

atingir o set point de 110°C no equipamento. Essa consideração resultou em fechamento dos

balanços. Por fim, o balanço energético do desaerador desprezou perdas de calor para o

ambiente (ou seja, este foi tratado como adiabático).

4.2.5 Cogeração

A cogeração compreende um ciclo Rankine, com sistema de reaquecimento, comum

em unidades elétricas de alto desempenho instaladas no estado de São Paulo (GUERRA et al,

2014). A Tabela 5 traz as propriedades da biomassa utilizada nesta etapa do processo. A

variabilidade em torno desses dados é bastante elevada. Isso se deve às diferentes

características do solo nas regiões em que a cana é cultivada. Este estudo baseou suas

69

condicionantes em valores propostos por Leal (2013) pelo fato destes serem típicos para as

características atuais da cana-de-açúcar processada no estado de São Paulo.

Tabela 5 – Características e propriedades do bagaço e palha de cana-de-açúcar

Propriedade Bagaço Palha (***)

Poder Calorífico Inferior (PCI) (kJ/kg) 7565 12960

Umidade absoluta (%) 50 15

C (%) 44,6(*) 45,7 (**)

H (%) 5,80(*) 6,20(**)

O (%) 44,5(*) 42.8 (**)

Fonte: Leal et al (2013)

Observações: (*) base seca; (**) folhas verdes; (***) dados padronizados para palha, que foram empregados para efeito de estimativas realizadas para cada cenário.

A quantidade de energia excedente do processo foi determinada para cenário em

análise, a partir do conjunto de equações lineares (Eq 25 a Eq 27) apresentado a seguir.

Ee = ET – EPT (Eq 25)

ET = (HVAP – ΣHVBPi). Ƞ (Eq 26)

EPT = Σ (EP)i (Eq 27)

Sendo:

Ee = energia excedente (MWh)

ET = energia total gerada (MWh)

EPT = energia total consumida no processo (MWh)

(EP)i = energia consumida em cada etapa do processo (MWh)

HVAP = entalpia do vapor de água de alta pressão

HVBPi = entalpia do vapor de água de baixa pressão

Ƞ = Eficiência

70

O processo de cogeração foi modelado a partir de dados secundários, obtidos junto a

Dias et al (2009 e 2011), Oliveira Jr (2012), Florio e Oliveira Jr (2014) e Guerra et al (2014),

sempre com apoio do programa computacional EES®. Tal como aparece indicado na seção

4.2.4 os resultados dessa incursão teórica foram comparados a dados reais no intuito de

validar o modelo.

Depois de serem efetuados os ajustes necessários verificou-se que os desvios

existentes entre os dados hipotéticos e aqueles que foram coletados durante visitas de campo

apresentavam uma variação inferior a 2,5% para todos os indicadores de desempenho (vide

mais uma vez a seção 4.2.4), condição considerada aceitável para efeito dos fins a que este

estudo se propõe.

4.3 Aspectos Específicos da Avaliação Ambiental

4.3.1 Definição de Objetivo e Definição de Escopo: Função, Unidade Funcional e Fluxo

de Referência

Este estudo foi conduzido de acordo com as diretrizes estabelecidas pela norma ABNT

NBR ISO 14044 (ABNT, 2009b). A modelagem do ciclo de vida ocorreu a partir de

abordagem atribucional. Assim, no que se refere à Definição de Objetivos a iniciativa se

propôs a efetuar uma análise ambiental de ações para melhoria de desempenho de unidades de

cogeração de energia elétrica a partir de queima de bagaço e de palha da cana-de-açúcar.

Quanto ao enfoque metodológico decidiu-se por um escopo de aplicação da técnica de ACV

do tipo “berço-ao-portão”. Por conta disso, processamentos que ocorrem nas etapas de pós-

produção do ciclo de vida foram desconsiderados pela análise.

Em termos de Definição de Escopo foram estabelecidos os requisitos que se seguem:

Função: produzir energia elétrica excedente em sistema de cogeração movido por bagaço e

palha de cana-de-açúcar em condições desta ser absorvida pela rede concessionária;

Unidade Funcional (UF): dado que o estudo foi desenvolvido segundo escopo do tipo ‘berço-

ao-portão’, não há sentido em arbitrar-se um valor de UF, mas sim, e antes, de estabelecer um

Fluxo de Referência (FR) para levar adiante a análise. Admitiu-se por conta disso que o

sistema de produto em análise deveria se capaz produzir 10 t de etanol (C2H6O, 99,5% v/v).

71

4.3.2 Sistema de produto e fronteiras do sistema

Muito embora o FR remetesse à produção de etanol, o foco da ACV permaneceu

voltado para cogeração de eletricidade via queima de biomassa. Nesses termos o sistema de

produto compreendeu as etapas de (i) produção agrícola de cana-de-açúcar, (ii) enfardamento

da palha, (iii) transporte de ambas as matérias-primas agrícolas até a destilaria, (iv) produção

de etanol, (v) moagem da palha e (vi) cogeração de eletricidade. O diagrama completo do

sistema de produto é apresentado na Figura 12.

O modelo agrícola adotado nesse estudo seguiu os procedimentos, condutas e práticas

convencionais exercitadas no estado de São Paulo. A partir de indicações contidas em

CONAB (2014), definiu-se em 85,6 tc/ha o nível de produtividade agrícola da cana-de-açúcar

na região. Este valor refere-se à média de desempenhos no período compreendido entre 2005

e 2013.

O grau de mecanização das lavouras é tal que 85% do preparo da área e outros 90% da

colheita ocorrem com o auxílio de máquinas (GUERRA, 2014). Resíduos industriais, como

torta de filtro, vinhaça e cinzas da caldeira são reutilizados como fonte de fornecimento de

nutrientes para o cultivo agrícola. Quanto à utilização da palha, considerou-se a hipótese de

que a fração não utilizada na cogeração seria deixada no campo para cumprir funções de

proteção do solo e da cana, como já havia sido adiantado na seção 3.1.2.5.

Na etapa de cultivo foram considerados: (i) uso de fertilizantes para efeito de

suprimento de macronutrientes primários (N, P, K), (ii) ajuste de acidez com calcário; e (iii)

controle de pragas para manutenção das taxas de desempenho agrícola. A administração para

o solo dos resíduos industriais de processo foi considerada fonte complementar de nutrição.

A produtividade de 83,3 L de etanol/t cana é obtida por meio da fermentação alcoólica

do caldo da cana a temperatura (26 – 32°C) e a acidez (4,5 < pH < 5,5) controladas. O etanol

gerado neste processo é destilado, retificado e desidratado até atingir 99,5%v/v. Para tanto,

serão necessários 1030 kg de caldo de cana, e 30 kWh de eletricidade, obtidos integralmente a

partir de queima de biomassa. Desse total, exatos 17 kWh/tc são consumidos na moagem da

cana, e os demais 13 kWh/tc sustentam demandas elétricas da destilaria e da própria cogeração

(SEABRA e MACEDO, 2011).

72

4.3.3 Tipo e qualidade dos dados, e Tratamento de multifuncionalidades

O estudo foi baseado em dados primários e secundários. Os Inventários do Ciclo de

Vida (ICV) para as produções de cana e etanol, que compreendem os dados primários, foram

obtidos por intermédio de parceria técnico-científica estabelecida com o Laboratório Nacional

de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) (CAVALETT et al, 2013; BONOMI et al,

2016).

A Cobertura Temporal compreendeu o período de 2008 a 2015 para os dados da etapa

agrícola, quando foi possível obter uma série histórica consistente e representativa da

realidade a que o estudo se propõe a examinar. Quanto à Cobertura Geográfica esta remeteu

ao estado de São Paulo em função de sua prevalência em termos de produção nacional de

cana-de-açúcar e de etanol. Finalmente, no tocante à Cobertura Tecnológica admitiram-se as

características, condicionantes, bem como os aspectos construtivos e de processo descritos em

diferentes seções deste documento.

As multifuncionalidades foram tratadas sempre por meio do procedimento de

alocação. A primeira dessas situações ocorre na etapa agrícola, exatamente entre cana-de-

açúcar e palha. Para a referida situação fez-se uso do critério mássico. Por conta disso, as

cargas ambientais relativas a cada produto variam em função do valor de up (%) para a palha.

A segunda situação de multifuncionalidade ocorre na destilaria entre etanol,

condensado de retorno, vinhaça e torta de filtro. Esta foi tratada por alocação mássica, e os

fatores atribuídos a cada coproduto são: etanol 4,86%, condensado de retorno 26,5%, vinhaça

66,7% e torta de filtro 1,92%.

A última das situações de multifuncionalidade ocorre na cogeração. Esta remete as

correntes de eletricidade exportada, eletricidade para o processo, vapor de baixa pressão e

cinzas. Para essa situação decidiu-se por alocação energética e, com isso, a cinza de retorno

para o campo não acumulou cargas ambientais. Já os fatores de alocação estabelecidos para

os demais coprodutos variaram em função das quantidades de eletricidade exportada e

eletricidade consumida no processo. Estes aparecem indicados a seguir nas Tabelas 6 a 10.

73

74

Tabela 6 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 20 bar)

Taxa de adição de

palha (%)

Umidade da palha (%)

Fator de Alocação

Eletricidade Exportada (%)

Eletricidade Processo (%)

Vapor de baixa pressão (%)

10

10 18,52 8,32 73,16

15 18,33 8,36 73,31

25 17,91 8,44 73,65

35 17,48 8,53 73,99

50 16,80 8,71 74,49

20

10 20,79 8,11 71,10

15 20,34 8,42 71,24

25 19,56 8,57 71,87

35 18,75 8,75 72,50

50 17,41 9,11 73,48

30

10 22,81 8,37 68,82

15 22,26 8,47 69,27

25 21,15 8,69 70,16

35 19,95 8,96 71,09

50 17,99 9,49 72,52

40

10 24,75 8,39 66,86

15 24,08 8,52 67,40

25 22,64 8,81 68,55

35 21,11 9,17 69,72

50 18,55 9,87 71,58

50

10 26,61 8,41 64,98

15 25,86 8,56 65,59

25 24,07 8,93 67,00

35 22,22 9,36 68,42

50 19,10 10,24 70,66

75

Tabela 7 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 45 bar).

Taxa de adição de

palha (%)

Umidade da palha (%)

Fator de Alocação

Eletricidade Exportada (%)

Eletricidade Processo (%)

Vapor de baixa pressão (%)

10

10 24,23 7,74 68,03

15 24,04 7,77 68,19

25 23,61 7,85 68,54

35 23,18 7,94 68,88

50 22,48 8,11 69,41

20

10 26,54 7,73 65,73

15 26,23 7,81 65,96

25 25,34 7,95 66,71

35 24,52 8,13 67,35

50 23,31 8,50 68,19

30

10 28,67 7,73 63,60

15 28,12 7,83 64,05

25 26,99 8,05 64,96

35 25,79 8,31 65,90

50 23,81 8,82 67,37

40

10 30,67 7,73 61,60

15 29,99 7,86 62,15

25 28,55 8,14 63,31

35 27,01 8,48 64,51

50 24,43 9,16 66,41

50

10 32,57 7,72 59,71

15 31,75 7,88 60,37

25 30,03 8,23 61,74

35 28,17 8,65 63,18

50 25,05 9,49 65,46

76

Tabela 8 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 67 bar).

Taxa de adição de

palha (%)

Umidade da palha (%)

Fator de Alocação

Eletricidade Exportada (%)

Eletricidade Processo (%)

Vapor de baixa pressão (%)

10

10 27,52 7,41 65,07

15 27,32 7,44 65,24

25 26,89 7,51 65,60

35 26,45 7,60 65,95

50 25,76 7,77 66,47

20

10 29,85 7,39 62,76

15 29,45 7,45 63,10

25 28,65 7,60 63,75

35 27,83 7,77 64,40

50 26,47 8,11 65,42

30

10 32,01 7,37 60,62

15 31,47 7,47 61,06

25 30,34 7,68 61,98

35 29,13 7,93 62,94

50 27,16 8,43 64,41

40

10 34,03 7,35 58,62

15 33,35 7,48 59,17

25 31,88 7,76 60,36

35 30,37 8,09 61,54

50 27,81 8,75 63,44

50

10 35,93 7,34 56,73

15 35,12 7,49 57,39

25 33,41 7,83 58,76

35 31,56 8,24 60,20

50 28,45 9,06 62,49

77

Tabela 9 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 80 bar).

Taxa de adição de

palha (%)

Umidade da palha (%)

Fator de Alocação

Eletricidade Exportada (%)

Eletricidade Processo (%)

Vapor de baixa pressão (%)

10

10 28,99 7,25 63,76

15 28,79 7,29 63,92

25 28,36 7,36 64,28

35 27,92 7,45 64,63

50 27,22 7,62 65,16

20

10 31,34 7,23 61,43

15 30,93 7,30 61,77

25 30,13 7,44 62,43

35 29,31 7,61 63,08

50 27,95 7,94 64,11

30

10 33,50 7,21 59,29

15 32,96 7,30 59,74

25 31,83 7,52 60,65

35 30,62 7,77 61,61

50 28,65 8,26 63,09

40

10 35,53 7,19 57,28

15 34,85 7,31 57,84

25 33,41 7,59 59,00

35 31,88 7,91 60,21

50 29,31 8,57 62,12

50

10 37,43 7,17 55,40

15 36,62 7,32 56,06

25 34,91 7,65 57,44

35 33,07 8,06 58,87

50 29,98 8,86 61,16

78

Tabela 10 – Fatores de alocação para partição de cargas ambientais entre eletricidade exportada, eletricidade consumida no processo, e vapor de alta pressão (@ 100 bar).

Taxa de adição de

palha (%)

Umidade da palha (%)

Fator de Alocação

Eletricidade Exportada (%)

Eletricidade Processo (%)

Vapor de baixa pressão (%)

10

10 30,22 7,13 62,65

15 30,02 7,16 62,82

25 29,59 7,24 63,17

35 29,15 7,32 63,53

50 28,45 7,49 64,06

20

10 32,57 7,10 60,33

15 32,17 7,17 60,66

25 31,37 7,31 61,32

35 30,55 7,48 61,97

50 29,19 7,81 63,00

30

10 34,75 7,07 58,18

15 34,20 7,17 58,63

25 33,07 7,38 59,55

35 31,87 7,63 60,50

50 29,90 8,11 61,99

40

10 36,77 7,05 56,18

15 36,09 7,17 56,74

25 34,66 7,44 57,90

35 33,13 7,77 59,10

50 30,57 8,42 61,01

50

10 38,67 7,02 54,31

15 37,87 7,17 54,96

25 36,17 7,51 56,32

35 34,35 7,90 57,75

50 31,24 8,70 60,06

79

4.3.4 Método de Avaliação de Impactos e Categorias de Impacto Ambiental

A avaliação de impacto foi conduzida a partir da aplicação do método ReCiPe

midpoint (H) v1.12 (GOEDKOOP et al, 2013). Para levar adiante a referida avaliação, foram

selecionadas as seguintes categorias de impacto: Mudança Climática (CC), Acidificação

Terrestre (TAc), Eutrofização Aquática (FEu), além da Formação de Oxidante Fotoquímica

(POF) e Formação de Material Particulado (PMF). A opção por tais recortes da matéria

ambiental foi decidida em função das particularidades do objeto de estudo, assim como, do

caráter da análise.

80

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise termodinâmica

A análise do desempenho termodinâmico foi conduzida por meio da comparação entre

os principais indicadores de desempenho de cada cenário. Tal como já foi detalhado antes,

estes índices foram obtidos para distintas condições de pressão de operação da caldeira (P),

taxa de adição de palha (A) e teor de umidade dessa biomassa (u).

Os totais de eletricidade excedente (Ee) que foram calculadas a partir das equações Eq

25 a Eq 32 para variadas condições de operação do ciclo Rankine aparecem descritos a seguir

na Tabela 11. O perfil de distribuição demonstrado por aqueles resultados leva a concluir que

Ee não guarda uma relação de linearidade com as variações de (Pi, Aj, uk) que foram testadas

nesta análise. Isso se deve ao fato já reportado de os consumos de eletricidade ocorridos na

destilaria se manterem constantes para uma produção fixa de etanol (que para o caso presente

foi definida como sendo de 10 t), ao mesmo tempo que a energia total (ET) produzida

aumenta com a adição de biomassa, mais especificamente, de palha, mesmo que está

apresente teores de umidade mais elevados. O consumo de energia térmica do processo

permanece também inalterado em todos os cenários, mais uma vez em virtude da fixação do

volume produzido de etanol. Tal como aparece descrito na seção 4.2.1 o montante adotado

para este parâmetro no caso presente foi de 400 kg/tc (ou seja, 272,0 kWh/tc quando expresso

na forma de conteúdo energético de vapor saturado @ 2,5 bar e x = 1,0).

81

Tabela 11 – Eletricidade Excedente gerada em cada cenário de análise

Cenário Palha (%) Umidade da palha (%)

Eletricidade (MWh/FR)

20 bar

Eletricidade (MWh/FR)

45 bar

Eletricidade (MWh/FR)

67bar

Eletricidade (MWh/FR)

80 bar

Eletricidade (MWh/FR)

100bar

I 10

10 10,5 14,8 17,5 18,8 19,9

15 10,3 14,6 17,3 18,6 19,8

25 10,1 14,2 16,9 18,2 19,4

35 9,8 13,9 16,6 17,9 19,0

50 9,3 13,4 16,0 17,3 18,4

II 20

10 12,1 16,7 19,7 21,1 22,3

15 11,8 16,4 19,3 20,7 21,9

25 11,2 15,7 18,6 19,9 21,2

35 10,7 15,1 17,9 19,2 20,4

50 9,8 14,0 16,7 18,0 19,2

III 30

10 13,7 18,6 21,8 23,4 24,7

15 13,3 18,2 21,3 22,8 24,1

25 12,5 17,2 20,2 21,7 23,0

35 11,6 16,2 19,1 20,6 21,8

50 10,3 14,6 17,4 18,8 20,0

IV 40

10 15,3 20,6 24,0 25,6 27,1

15 14,8 19,9 23,3 24,9 26,3

25 13,7 18,6 21,9 23,4 24,8

35 12,5 17,3 20,4 21,9 23,2

50 10,7 15,2 18,1 19,5 20,7

V 50

10 16,9 22,6 26,2 27,9 29,4

15 16,2 21,7 25,3 27,0 28,5

25 14,9 20,1 23,5 25,1 26,5

35 13,4 18,4 21,7 23,2 24,6

50 11,1 15,8 18,8 20,3 21,5

82

5.2 Análise Ambiental - Inventários de Ciclo de Vida – ICVs

Como não poderia deixar de ser, a análise ambiental seguiu as mesmas orientações que

foram estabelecidas para a análise energética. Assim, também nesse caso foram investigados

cento e vinte e cinco cenários dado que cogeração variou suas características no que se refere

a correntes materiais e energéticas de entrada e saída. Para essas últimas inclusive, as

oscilações ocorreram tanto em termos de fluxos elementares na forma de emissões, como de

produto (Ee).

Aparecem descritos nas seções que se seguem os Inventários de Ciclo de Vida (ICVs)

mais relevantes para a composição dos modelos de sistema de produto que suportaram a

análise de desempenho ambiental. Junto de cada conjunto estão indicadas premissas gerais e,

quando coube, também considerações específicas que orientaram a elaboração do respectivo

ICV.

5.2.1 Produção de cana-de-açúcar

O inventário da produção de cana-de-açúcar aparece representado na Tabela 12. Este

foi construído a partir de uma parceria com o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia

do Bioetanol (CTBE). Para a elaboração deste ICV foram estabelecidas as seguintes

premissas:

• Fonte dos dados: secundários;

• Cobertura Temporal: 2008 a 2011. A exceção ocorreu quando se fez uso do banco de

dados, visto que este representa realidades anteriores à cobertura temporal deste ICV;

• Cobertura Geográfica: estado de São Paulo. Qualquer variação de ordem geográfica

foi introduzida por conta do uso de banco de dados;

• Cobertura Tecnológica: mix das formas manual e mecanizada, tanto para plantio

quanto para colheita.

No que se refere aos fertilizantes minerais, a análise baseou-se em dados obtidos junto

a Seabra et al (2011). De acordo com essa fonte as demandas nutricionais médias por hectare

de cana-de-açúcar cultivada durante uma safra [/(ha. ano)] que esteja instalada no estado de

São Paulo são respectivamente: amônia = 8,12 kg; ureia = 134 kg; nitrato de amônio = 31,3

kg; fosfato de monoamônio (MAP) = 6,27 kg; superfosfato simples (SSP) = 186 kg; e cloreto

de potássio (KCl) = 115 kg. Os autores mencionam também que para as mesmas condições de

análise, serão consumos corretivos na forma de calcário e gesso à razão 2,00 e 1,00 t/(ha.ano),

respectivamente.

83

Tabela 12 – Aspectos ambientais associados à produção de 1,0 t de cana-de-açúcar para as condições de processamento agrícola exercitadas no Estado de São Paulo

Entradas/saídas Quantidade Unidade

Entradas

Transformação, de pasto em prado, extensivo 10,6 m2

Transformação, de arável, não irrigado 118 m2

Transformação, para arável, não irrigado 128 m2

Ocupação, arável, não irrigado 110 m2a CO2, do ar 653 kg

Emissões para o ar CO2, de mudança de uso da terra 59,4 kg VOC, compostos orgânicos voláteis 442 g

CO, biogênico 5,81 kg

NOx 96,0 kg

Particulados, < 10 um 493 g Particulados, < 2.5 um 12,1 kg

SOx 25,0 g

N2O 40,0 g

CH4, biogênico 171 g NH3 134 g

NH4+ 159 g

CO2 9,57 kg

CH4 2,95E-04 kg SO2 2,40E-03 kg

C6H6 1,64E-02 kg

Cd 2,30E-05 kg

Cr 1,13E-04 kg Cu 3,83E-03 kg

Ni 1,58E-04 kg

Se 2,30E-05 kg

Zn 2,25E-03 kg Benzopireno 6,80E-05 kg

CxHy 7,42E-03 kg

CO 1,25E-02 kg

NMVOC (VOC não- metânicos) 6,76 kg CxHy, não especificados 8,90E-05 kg

Particulados, não especificados 4,30E-05 kg

Emissões para água Nitrato (NO3

-) 1,55E-01 kg

Emissões para o solo Carbofuran 5,40E-03 kg Diuron 1,20E-03 kg

Fipronil 5,16E-04 kg

Glifosate 3,00E-03 kg

Hexazinona 3,66E-04 kg Imazapic 1,57E-03 kg

Tebutiuron 1,29E-03 kg

Etil-trinexapac 1,12E-03 kg

Cd 10,4 kg Cu 131 kg

Zn 546 kg

Pb 222 kg

Ni 120 kg Cr 158 kg

84

Quanto aos agroquímicos, foram selecionados produtos de uso regular no controle de

pragas e doenças de lavouras desenvolvidas em São Paulo. De acordo com Sugawara (2012)

as dosagens destes, uma vez mais [/(ha.ano)] e em termos dos respectivos princípios ativos

são: Fipronil = 200g; Carbofuran = 2,10 kg; Glifosato = 1,30 kg; Etil-trinexapaque = 250g;

além de Diuron = 490g; Tebutiuron = 500g; Hexazinona = 140 g; e Imazapique = 175g.

Admitiu-se neste estudo que todos os resíduos industriais gerados na etapa industrial

do processamento de etanol como vinhaça, torta de filtro e cinzas, são reaproveitados no

campo. A área coberta com esses resíduos depende da disponibilidade de cada material; as

dosagem de aplicação, e porcentagem da área total de cada um foram estimadas por Sugawara

(2012) como sendo: Torta de filtro: 5,00 t/(ha.ano) e 11,2% da área total; Vinhaça: 100

kg/(ha.ano) e 51,8% da área total; e Cinzas: 5,00 t/(ha.ano) e 8,4% da área total.

Esta modelagem admite por premissa o aproveitamento integral da palha, seja este

para cogeração de eletricidade, ou na proteção/cobertura do solo agricultável. Assim,

quaisquer práticas envolvendo queima prévia dos canaviais foram desconsideradas. Dessa

forma, cada 1,00 t cana-de-açúcar gera 140 kg de palha (base seca). Admitindo-se a título de

exemplificação que up = 15% (uma das possibilidades examinadas pelo estudo) chega-se à

produção de exatos 164,7 kg palha úmida. Se a metade desse total for reaproveitada pela

cogeração (ou seja: A = 50% que corresponde a outra das possibilidades verificadas pelos

estudo), exatos 82,35 kg palha serão enfardados e transportados para a usina enquanto,

logicamente, uma quantidade igual a esta permanece no campo.

Os consumos e emissões relativos à etapa agrícola de produção de cana se mantiveram

constantes em todos os cenários. O mesmo ocorreu em termos de captura de CO2 do ar, que

segundo Frischknecht e Jungbluth (2007), deve ser inventariada para expressar a taxa de

retirada de carbono do ambiente. Como estimativa desse valor adotou-se o dado

disponibilizado por CGEE (2008), de 653 kgCO2/tc. As emissões para o ar ocorreram devido

a queima de diesel nos maquinários agrícolas; oxidação de fertilizantes, oxidação de calcário,

oxidação de resíduos industriais e uso do solo. De acordo com Franco (2008), o conteúdo total

de nitrogênio na palha deixada no campo é de 0,48% (base seca). Já a palha enfardada e

transportada até a usina tem emissões variáveis em função da quantidade e do teor de umidade

em está será adicionada ao sistema de cogeração. Estes valores serão apresentados mais

adiante.

85

As emissões para a água de compostos de P e K foram desconsideradas. Essa decisão

está baseada na consideração de Sugawara (2012) de que essas perdas, quando ocorrem, são

quase que desprezíveis em razão de os solos brasileiros apresentarem teor elevado de acidez

(4,0 < pH < 5,2). No entanto, o mesmo autor reporta que uma perda de 5,0% do N aplicado

como ureia é convertido para nitrato, que acaba sendo lixiviado para águas subterrâneas. São

fontes de emissões para o solo os metais pesados associados a corretivos e fertilizantes

minerais, e os ingredientes ativos dos pesticidas. De acordo com Jungbluth (2007), não há

acumulo de qualquer ingrediente ativo de agroquímico na cana e, portanto, as quantidades

integrais dessas dosagens serão emitidas para o solo.

5.2.2 Tratamentos preliminares e transporte de cana-de-açúcar e palha

Nesse trabalho, adotou-se como procedimentos de tratamento e transporte de cana e

palha a rota proposta por Hassuani (2005). Nesse caso, a cana é picada e transportada durante

a colheita, ao passo que a palha a ser usada na cogeração será enfardamento no campo, e

transporte nessas condições, para apenas depois, já na destilaria, ser moída antes de se

misturar ao bagaço. Outro desdobramento desse arranjo é o fato de que cana e palha são

transportados separadamente. Em termos de distância de deslocamento, admitiu-se um trajeto

de 32,3 km entre o campo e a destilaria. Esse dado foi determinado por Sugawara (2012) e

refere-se à média de tais distâncias para os principais municípios produtores de cana-de-

açúcar em São Paulo. Por fim, as emissões associadas a essa etapa foram contabilizadas

utilizando o banco de dados do Ecoinvent, ‘Transport, lorry 16-32t, EURO4/RER U’

(JUNGBLUTH, 2007).

5.2.3 Tratamento e moagem de cana-de-açúcar

Ao chegar à planta industrial a cana é descarregada sobre mesas alimentadoras após o

que será desfibrada para facilitar a extração do caldo. Durante a moagem, a cana passa por um

conjunto de rolos de esmagamento, denominados ternos, cuja ação separa o caldo primário

(que segue para produção de etanol) do bagaço (encaminhado para a caldeira). Esse processo

é facilitado pela adição de água de imbibição. No modelo elaborado para representar a

moagem da cana, admitiu-se uma taxa de água de imbibição de 300 kg/tc. Este desempenho

foi determinado tendo em vista os resultados descritos em Pistore (2004) e Elia Neto (2009).

86

Procedimento semelhante foi adotado na quantificação do consumo de eletricidade.

No entanto, neste caso as informações disponíveis na literatura (PISTORE, 2004; CORTEZ,

2010; e DIAS et al 2011) induziram a adoção de um dado agregado para representar este

parâmetro. Nesses termos, estabeleceu-se em 17 kWh/tc o valor da demanda elétrica total das

atividades de recebimento e preparo da cana (incluindo-se a moagem) para obtenção de caldo

e bagaço. Deve-se ainda ressaltar que esta necessidade é suprida pelo sistema de cogeração.

Por fim, a moagem da cana é um processo multifuncional. A situação foi tratada por

meio do procedimento de alocação por critério físico (massa). Em virtude dessa decisão,

coube ao caldo o equivalente a 78,5% das cargas ambientais pregressas e geradas na referida

etapa; a parcela remanescente foi atribuída ao bagaço. A referida partição admitiu que todo

bagaço gerado na moagem seria consumido pela cogeração da planta.

5.2.4 Produção de etanol hidratado

Assim como ocorreu com o subsistema da produção de cana-de-açúcar, também o ICV

de produção de etanol anidro foi construído a partir de dados secundários. Além disso, o

estudo considerou apenas a produção de etanol de 1ª geração (1G), obtido a partir dos colmos

da cana. A fim de proporcionar uniformidade aos dados, a Cobertura Geográfica

compreendeu também o estado de São Paulo. Já a Cobertura Temporal levou em conta dados

médios de produção do período 2004 – 2010, enquanto a Cobertura Tecnológica dispôs sobre

rotas processuais típicas de destilarias autônomas. Os dois subprodutos vinhaça e torta de

filtro não saem da fronteira do sistema sendo utilizados na etapa de produção de cana.

Pistore (2004), Dias et al (2009 e 2011) estimam em 13 kWh/tc o consumo agregado

de eletricidade dessa etapa do processo. Sob esse total figuras demandas associadas à

fermentação, destilação e retificação de etanol, bem como aqueles que ocorrem no ciclo de

cogeração. Além disso, foram incorporadas ao ICV emissões de CO2 biogênico provenientes

da fermentação.

Se analisado de maneira agregada como ocorreu para efeito de elaborado do modelo, o

conjunto de operação que compreende a conversão de caldo em etanol se transforma também

em um subsistema multifuncional. Assim como já fora apontado na seção 4.3.3 esta também

foi tratada por alocação mássica, por conta do que foram atribuídas as seguintes participações

87

aos produtos dela emanados: etanol: 4,86%; condensado de retorno: 26,5%; vinhaça 66,7%; e

torta de filtro 1,92%.

A Tabela 13 apresenta o ICV consolidado da produção de 1,0 t de etanol hidratado.

Tabela 13 – Inventário produção de 1,0 t de etanol (99,5%v/v)

Entradas/saídas Quantidades Unidades

Entradas

Caldo de cana 1,03 t

H2SO4,(l) 501 kg

Calcário hidratado 825 g

Óleo lubrificante 14,0 g

Ciclohexano 70,3 g

Compostos químicos inorgânicos 7,96 kg

Água industrial 38,4 kg

Saídas

C2H6O(99,5%v/v) 66,0 kg

Torta de filtro 26,1 kg

Vinhaça 906 kg

Condensado 360 kg

Emissão para o ar

CO2, biogênico 1,02 kg

C2H6O 2,01 g

5.2.5 Enfardamento da Palha

Hassuani (2005) testou diferentes estratégias de acondicionamento e transporte da

palha e concluiu ser possível recuperá-la para uso como fonte de energia caso o enfardamento

seja realizado com equipamentos adequados. Nesse caso o autor estima haver um consumo

médio de 1,90 L diesel por tonelada de palha (tp) enfardada (up = 15%).

A indisponibilidade de dados mais precisos sobre emissões atmosféricas geradas em

decorrência dessa operação fez com que os fatores de emissão para a queima de diesel em

88

máquinas agrícolas, obtidos de Nemecek e Käji (2007) e Sugawara (2012) fossem também

adotados nesse caso. Esses valores são apresentados mais adiante na Tabela 14.

5.2.6 Transporte da palha

Assim como já havia sido comentado na seção 5.2.2, cana e palha são transportadas

das mesmas origens (zona rural) aos mesmos destinos (planta industrial). Por conta disso,

todas as premissas estabelecidas para modelagem do deslocamento da cana, são válidas

também para o caso presente; quais sejam: (i) a distância percorrida L = 32,3 km; (ii) as

emissões atmosféricas são representadas por dados secundários coletados do banco de dados

do Ecoinvent para o modal de transporte ‘Transport, lorry 16-32t, EURO4/RER U’

(JUNGBLUTH, 2007).

Tabela 14 – Fatores de emissão para a queima de óleo diesel em maquinários agrícolas.

Emissão para o ar

Quantidade (g/kg de diesel)

CO2, fóssil

3,12E03

CH4, fóssil

1,29E-01

N2O

1,20E-01

NH3 2,00E-02

SO2 1,01

C6H6 7,30E-03

Cd

1,00E-05

Cr

5,00E-05

Cu

1,70E-03

Ni

7,00E-05

Se

1,00E-05

Zn

1,00E-03

Benzopireno

3,00E-05

PAH, Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos

3,29E-03

CxHy, não especificado

3,00

CO, fóssil

5,40

NOx 42,5

Fonte: Nemecek e Käji (2007); Sugawara (2012)

89

5.2.7 Moagem da palha

A palha que chega a destilaria deve ser picada antes de ser alimentada à fornalha da

caldeira (Hassuani, 2005). A ausência de dados mais precisos sobre o consumo de eletricidade

que é dispensado nessa operação fez com que uma conduta conservadora fosse adotada nesta

situação. Assim, assumiu-se que a potência consumida na moagem equivale a potência

nominal do equipamento de 68,3 kWh/tp (ou 5,60 kWh/tc) (GUERRA, 2014). Ressalte-se que

a demanda elétrica do moinho será também fornecida pela cogeração.

5.2.8 Cogeração

A cogeração também é multifuncional. Dela emanam quatro produtos: (i) eletricidade

excedente disponível para exportação; (ii) eletricidade utilizado processo; (iii) vapor saturado

(@ 2,5 bar e x = 1,0), também empregado como fonte energética (térmica) na produção de

etanol; e (iv) cinzas, que retornam ao campo para complementação de teores de metais no

solo. Assim, tal como já havia ocorrido em outras situações, optou-se pela alocação para

repartição das cargas ambientais. A indisponibilidade de dados econômicos remeteu a escolha

do critério a propriedades físicas. No entanto, dadas as diferentes características desses

produtos, não se encontrou uma solução que pudesse contemplar a todos. Diante dessa

constatação aplicou-se o critério de conteúdo energético para a distribuição de cargas e assim,

as cinzas acabaram sendo automaticamente isentadas de quaisquer consumos e emissões.

Muito embora a decisão resultasse em uma exclusão, os produtos que de fato detêm

contribuições efetivas em termos de desempenho ambiental acabaram por ser contemplados a

partir da escolha.

Nunca é demais ressaltar que cada cenário avaliado possui um potencial específico de

geração dos produtos e consumo de água. Esses dados foram estimados via análise energética

para cada condição (Pi; Aj; uk). Os resultados obtidos incorporados ao modelo que verificou o

desempenho impacto ambientais.

As emissões atmosféricas da queima do bagaço na caldeira foram estimadas a partir

dos fatores de emissão obtidos de Greet (2010). Os valores adotados nesse caso (/kg bagaço)

foram: CO = 560 mg; NOx = 540 mg; N2O = 30,0 mg; SOx = 29,0 mg; CH4 = 25,0 mg; VOC

= 38,0 mg; Particulados (φap< 10 µm) = 62,0 mg; e Particulados (φap< 2,5µm) = 31,0 mg.

90

Para as emissões decorrentes de queima de palha foram considerados os mesmos

fatores de emissão do bagaço. No entanto, estes foram corrigidos em função das variações de

(uk). A Tabela 15 traz um exemplo de ICV da cogeração para o caso em que (P = 20 bar; A =

10%; e u = 10%).

Tabela 15 – Inventário do sistema de cogeração para: P = 20 bar, a = 10 % palha, u = 10%

Entradas/saídas Quantidade Unidade

Entradas

Bagaço 280 kg

Palha 15,5 kg

Água deionizada 19,5 kg

Água industrial 550 kg

Condensado (procedente da destilaria) 360 kg

Emissão para o ar

CO2, biogênico 251 kg

CO 7,87E-02 kg

NOx 8,39E-02 kg

N2O 5,30E-04 kg

SOx 4,20E-03 kg

CH4, biogênico 3,24E-02 kg

VOC, compostos orgânicos voláteis 5,48E-03 kg

Particulados, < 10 um 8,88E-02 kg

Particulados, < 2.5 um 4,44E-02 kg

Emissão para o solo

C (proveniente da combustão do bagaço) 1,75E-01 kg

C (proveniente da combustão da palha) 2,73E-02 kg

91

5.3 Avaliação de Impactos

A avaliação de impactos corresponde em termos efetivos, a verificação do

desempenho ambiental da cogeração de eletricidade a partir de sucessivas adições de palha

em uma destilaria autônoma de etanol. Tal como aparece descrito na seção 4.3.4 esta etapa

metodológica da ACV foi cumprida utilizando-se o método ReCiPe Midpoint (H) – versão

1.12 (GOEDKOOP et al, 2013), para as categorias de impacto de Acidificação Terrestre,

Eutrofização Aquática, Formação de Oxidante Fotoquímica e de Material Particulado, e

Mudança Climática.

O principal objetivo dessa investigação foi conhecer quais as tendências em termos de

comportamento de um determinado Impacto Ambiental (IAn), diante de diferentes situações

de operação do ciclo Rankine, a serem definidas em função de mudanças na (i) pressão do

vapor de saída da caldeira, (ii) taxa de adição de palha e (iii) grau de umidade da palha. Em

termos algébricos, esse propósito pode ser sintetizado pela equação (Eq 33)

ΔIAn = f(Pi; Aj; uk) (Eq 33)

Os resultados são discutidos em relação a quantidade de eletricidade excedente (Ee).

No entanto, diante da variabilidade apresentada pelo sistema em termos de quantidade de

energia gerada (ET) (ver resultados da Tabela 11), optou-se por realizar a verificação dos

impactos com relação a esse parâmetro em termos específicos [/(MWh exportado) = /(MWhe)].

Os resultados obtidos estão descritos na forma das superfícies que compõem os

Gráficos de 5 a 14. A análise foi realizada em dois níveis. O primeiro deles remete a

abordagem descrita em Eq 33, em que os eixos são ocupados pelos parâmetros que impõem

variações a cogeração (Pi; Aj; uk) e as tendências de impacto se desenvolvem na forma do

código de cores que distingue cada plano. O segundo nível altera aquela lógica ao colocar

ΔIAn em um dos eixos, e deslocar Pi para cada um dos planos. Com tal estratégia esperava-se

poder proporcionar ao leitor do estudo recortes distintos em termos de tendências de

integração estabelecida entre impactos ambientais e parâmetros de processo.

5.3.1 Acidificação Terrestre (TAc)

Os resultados indicados no Gráfico 5 confirmam uma expectativa que, de certa forma,

já poderia ser esperada. Os menores impactos ambientais de 365 kg SO2eq/(MWhe) foram

registrados para as condições mais favoráveis de operação do sistema: Pi = Pmáx = 100 bar;

92

Aj = Amáx = 50%; uk = umín = 10%. Para essa condição registram-se os impactos mais elevados

de TAc em termos absolutos.

Por outro lado, nas mesmas condições a quantidade de energia exportada Ee = Ee,máx

amortecendo os efeitos adversos quando esses são mensurados em termos específicos. Tal

inter-relação fica ainda mais evidente para o caso oposto, em que o sistema opera com (Pi =

Pmín = 20 bar; Aj = Amín = 10%; uk = umáx = 50%). Nessa situação Ee = Ee,mín; no entanto, não

se observa um decréscimo de impacto equivalente a essa produção. Assim, os valores de TAc

alcançam 599 kg SO2eq/(MWhe) muito próximo ao limite superior da escala.

Gráfico 5 – Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para TAc

Outra constatação importante é a de que os valores de TAc são muito mais sensíveis a

variações de Aj e uk quando P1 = 20 bar. Esse fenômeno mostra-se mais atenuado nos

patamares seguintes (na faixa que compreende P2 = 45 bar e P3 = 67 bar). Já para pressões

93

elevadas, a partir de P4 = 80 bar, os impactos como TAc mostram uma tendência de

convergência.

Nesse caso, o efeito da pressão se faz notar apenas nas situações mais extremas quanto

à adição de palha (A1 = 10%) e teor de umidade (u5 = 50%). Essa leitura fica mais clara

quando o desempenho do sistema de produto é observado segundo o arranjo descrito no

Gráfico 6.

Gráfico 6 – TAc vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões

No caso de baixas pressões de operação do sistema os impactos decorrentes da etapa

agrícola passam a se fazer notar de maneira mais expressiva. Para condições de operação da

cogeração nas quais 20 < Pi (bar) < 45 predominam as contribuições decorrentes de emissões

atmosféricas de NOx as quais são originárias da decomposição de adubos nitrogenados no

solo durante o cultivo da cana-de-açúcar.

Como a quantidade de etanol se manteve constante ao longo de toda a análise,

quaisquer contribuições advindas da etapa agrícola se mantiveram igualmente inalteradas. No

entanto, seus aportes ao total de impactos de TAc são mais evidentes a baixas pressões

20 bar

45 bar

67 bar 80 bar

100 bar

94

justamente em virtude de ali se registrarem os menores valores de Ee que o sistema pode

alcançar.

5.3.2 Eutrofização Aquática (FEu)

Os Gráficos 7 e 8 descrevem o comportamento de FEu em função de variações de Pi,

Aj e uk. Também neste caso o desempenho ambiental é bastante influenciado pela pressão do

vapor de alta pressão que deixa a caldeira sobretudo quando Pi� Pmín (que nesta análise

refere-se a P1 = 20 bar).

Tal como já ocorrera com TAc, a maior intensidade de impacto provocado pelo

sistema com relação a FEu foi de 151 g P eq/MWhe. Este patamar foi alcançado exatamente na

situação em que o sistema operava em (P1 = 20 bar; A1 = 10%; u5 = 50%), atingindo o nível

mais discreto em termos de exportação de eletricidade Ee = 9,3 MWhe (Tabela 11).

Gráfico 7 – Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para FEu

95

Observando o fenômeno no que se refere a tendências é possível perceber que a

relação FEu = f (Pi) guarda grande semelhança com àquele apresentado por TAc. Conforme a

pressão do sistema se eleva o impacto totalizado converge para uma faixa restrita. Ao ser

atingido limite de Pmáx (P5 = 100 bar) estes se distribuem entre 81 < FEu (g P eq/MWhe) < 92,

ou seja, com uma variação de apenas 13% entre as condições extremas do par (Aj;uk) que são

(A1;u5) e (A5;u1).

A etapa industrial, da qual a cogeração é parte integrante, não emite qualquer

precursor de FEu para o meio ambiente. Portanto, as contribuições para essa categoria

procedem em sua totalidade da etapa agrícola, ou da produção de ativos que por ela são

utilizados. Os efeitos na forma de FEu que o sistema de produto aporta decorrem de

lançamentos de fosfatos (PO43-) para a água. Estes são introduzidos no processamento

agrícola da cana por meio de dosagens de SSP e MAP para suprir as necessidades de fósforo

da cultura.

As perdas de PO43- representam 99% da contribuição para esta categoria; no entanto,

em termos absolutos, estas se mantêm inalteradas para quaisquer dos casos analisados já que a

produção de etanol é constante por premissa. Disso conclui-se que a variação de impacto

antes observada, cuja medida é feita em termos relativos, está ligada em verdade à oscilação

de Ee, esta sim, intimamente vinculada à pressão de operação do ciclo Rankine.

Gráfico 8 – FEu vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões

20

45

67 80

100

96

5.3.3 Formação de Oxidante Fotoquímico (POF)

Os Gráficos 9 e 10 descrevem o perfil de variação de POF em função de modificações

na quantidade de energia elétrica exportada. Para este caso percebe-se mais uma replicação

dos comportamentos antes demonstrados por TAc e FEu quando alterações de pressão (ΔPi)

exercem maior influência sobre o desempenho específico do sistema do que podem causar

ΔAj e Δuk.

Gráfico 9 – Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para POF

O melhor desempenho do sistema, de 508 kg NMVOC/MWhe foi registrado

exatamente em (P5 = 100 bar; A5 = 50%; u1 = 10%) quando Ee = Ee,máx = 29,4 MWhe, ao

passo que a maior intensidade de efeitos adversos nesta categoria, 1,03 t NMVOC/kWhe se

dá, como não poderia deixar de ser, na condição oposta, de Ee = Ee,mín. A variação entre

ambos os limites nesse caso foi expressiva, atingindo pouco mais de 102%.

97

Gráfico 10 – POF vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões

Uma análise mais detida da questão expõe certas peculiaridades da conduta do sistema

no que se refere à relação POF = g (Pi). Realizou-se uma análise comparada, na qual a pressão

do sistema oscilou, mas foram mantidas constantes e nos níveis mais desfavoráveis, as

condições de dosagem de palha e umidade (ou seja: Pi; A1; u5).Os impactos totais para POF

estão indicados na Tabela 16, assim como as variações relativas entre aqueles resultados.

Tabela 16 – Análise da influência da pressão de operação do sistema sobre POF

Pressão (Pi, bar) POF (kg NMVOC/kWhe) Δ(%)

20 1027 –

45 797 (–) 22,4

67 696 (–) 12,7

80 657 (–) 5,60

100 626 (–) 4,72

20 bar

45 bar

67 bar 80 bar

100 bar

98

A análise de convergência cujos resultados constam da Tabela 16 indica não apenas a

inexistência de linearidade na relação POF = g (Pi), mas que, a partir de P3 = 67 bar as

variações de impacto podem ser consideradas discretas o suficiente para inclusive sugerir uma

tendência de constância, sobretudo se nessa digressão fossem levadas em conta incertezas

associadas aos dados, à modelagem, e até à forma de aplicação da metodologia – em

particular, na abordagem dos processos multifuncionais – que cercam o estudo. Como um

desdobramento imediato disso, pode-se concluir que para a operação do ciclo Rankine em

níveis de pressão tais que Pi ≥ P3, considerados de porte médio para as escalas em que o

sistema tem potencial para operar, têm-se que POF � k (constante).

Tal como já havia ocorrido com TAc as emissões atmosféricas de NOx representam a

principal fonte de impacto para POF. Para quaisquer pressões analisadas a contribuição dessa

carga ambiental esteve em torno de 93%. Essa constância em termos relativos está justificada

devido as perdas de NOx se concentrarem quase que integralmente no processamento

agrícola, em decorrência de degradação de fertilizantes nitrogenados no solo. Uma

contribuição residual, mas existente e variável, ocorre na caldeira, quando uma fração dos N-

compostos incorporados à biomassa é oxidada durante a combustão e no caso em que o N2 (g)

do ar segue pelo mesmo caminho.

5.3.4 Formação de Material Particulado (PMF)

O perfil de impactos do sistema quanto a PMF é bastante semelhante ao demonstrado

para POF, como pode ser constatado pelos resultados dos Gráficos 11 e 12. Isso se deve ao

fato de ambos os impactos se originarem essencialmente dos mesmos precursores: compostos

gasosos de enxofre e nitrogênio em estado gasoso (SO2, SOx e NOx). A exceção reside no fato

de que PMF incorpora a sua lista de aspectos ambientais os materiais particulados de

granulometria variada (φap< 2,5µm; 2,5 < φap (µm) < 10; e φap> 10µm).

Como a análise transcorre por premissa em uma situação na qual (i) as queimadas, que

seriam a fonte maior de emissão de partículas do sistema de produto, foram desconsideradas

e, em contrapartida, (ii) emissões de NOx se destacam em todos os cenários analisados,

constata-se uma convergência de perfis de tendência entre PMF e POF.

99

Gráfico 11 – Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para PMF

O menor nível de impacto nesse caso (163 kg PM10eq/MWhe) foi, mais uma vez,

obtido com (P5; A5; u1) enquanto o pior desempenho (348 kg PM10eq/MWhe) ocorreuem (P1;

A1; u5), projetando uma variação de 113% entre estes limites. A pressão de operação do

sistema segue detendo a maior influencia sobre o impacto acumulado. Na comparação entre

taxa de adição de palha e umidade, uk predomina sobre Aj, em termos de potencial de

intervenção no desempenho ambiental. Essa característica se havia manifestado inclusive para

os outros impacto analisados.

Uma análise de convergência foi também realizada para PMF. Esta investigação

ocorreu nos mesmos termos que aquela que fora conduzida para POF; ou seja, tomando por

referência condições de operação do tipo (Pi; A1; u5). Os resultados obtidos estão descritos na

Tabela 17, tanto em termos de impactos específicos, como de variação relativa.

100

Gráfico 12 – PMF vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões

Os valores indicados na Tabela 17 reforçam a similaridade de perfil entre PMF e POF

e assim, ratificam a conclusão obtida da análise anterior, de que a partir de níveis

intermediários de pressão de operação na unidade de cogeração (Pi ≥ P3), há uma tendência de

PMF � k1.

Tabela 17 – Análise da influência da pressão de operação do sistema sobre PMF

Pressão (Pi, bar) PMF (kg PM10eq/kWhe) Δ(%)

20 348 –

45 270 (–) 22,4

67 236 (–) 12,6

80 223 (–) 5,51

100 212 (–) 4,93

Para esta situação as emissões de NOx da decomposição de adubos nitrogenados no

solo contribuem em cerca de 60% para o acumulado de impactos. Por fim, as emissões de

20 bar

45 bar

67 bar 80 bar

100 bar

101

material particulado com dimensões φap< 2,5µm e φap> 10µm que ocorrem na caldeira

geraram aportes muito discretos à performance do sistema, para a categoria em referência

5.3.5 Mudanças Climáticas (CC)

O desempenho ambiental do sistema em termos de CC manteve o mesmo diapasão do

que ocorreu antes com os demais efeitos analisados. Também nesse caso a ordem de

influência dos parâmetros em verificação manteve-se inalterada, com Pi sendo dominante

sobre uk e este, sobre Aj. Essa comprovação destaca mais uma vez o efeito de Ee sobre o

desempenho específico do sistema.

Os impactos variaram de 106% entre extremos, desde 799 kg CO2eq/MWhe obtidos em

(P5; A5; u1), até 1,64 t CO2eq/MWhe registrados para (P1; A1; u5) (Gráficos 13 e 14). A análise

de convergência também revelou tendências semelhantes às das dos outros impactos, em

termos de variações relativas para os arranjos do tipo (Pi; A1; u5). Esses resultados podem ser

vistos na Tabela 18.

Gráfico 13 – Pressão vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para CC

102

Tabela 18 – Análise da influência da pressão de operação do sistema sobre CC

Pressão (Pi, bar) PMF (kg PM10eq/kWhe) Δ(%)

20 1645 –

45 1276 (–) 22,4

67 1116 (–) 12,5

80 1051 (–) 5,82

100 1002 (–) 4,66

Destaca-se a proximidade dos desempenhos alcançados para P4 = 80 bar e P5 = 100

bar, cujo valor de Δ = 4,66% foi o menor registrado em toda a análise. Esse resultado

descreve o grau de constância de impactos como CC quando Pi ≥ P4. No entanto, não se pode

desprezar também o resultado que envolve a faixa anterior de medição (entre P3 e P4), na qual

Δ = 5,82%. Ao ser considerado aceitável, mesmo sendo ligeiramente superior aos obtidos

para POF e PMF, esse resultado amplia a faixa de operação do sistema até pressões

intermediárias em torno de 67 bar.

Gráfico 14 – CC vs. Adição de palha vs. Umidade da palha para diferentes pressões

20 bar

45 bar

67 bar 80 bar

100 bar

103

As principais contribuições para a categoria originam-se de emissões de CO2 de

origem fóssil (CO2,f) advindas da queima do combustível em máquinas agrícolas usadas no

preparo do solo, tratos culturais e principalmente, para a colheita que no caso presente se dá

integralmente pela via mecanizada. Registram-se também, mesmo que em menor, emissões de

CO2,f derivadas de transportes, tanto de cana e palha para a unidade industrial, como de

vinhaça, torta de filtro e cinzas para o campo.

Ao serem somadas as emissões de CO2,f respondem por aproximadamente 44% do

impacto total a despeito das condições analisadas. Isso ocorre pois, como já indicado em

outras situações, esse efeito se manifesta em uma etapa do ciclo de vida em análise que não

sofre intervenção direta da cogeração. Completam a relação de precursores de CC as perdas

para o ar de N2O procedentes de mudanças de uso do solo, e emissões de CH4 de queima

incompleta de diesel também em máquinas e caminhões.

Por fim, deve-se destacar um aspecto conceitual deveras importante. O modelo usado

para contabilização de impactos ambientais disponível no método ReCiPe segue as

orientações estabelecidas pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPPC), as quais

assumem por premissa a condição de balanço nulo em termos de captação de carbono do ar, e

de emissão de carbono biogênico (CO2,b). Por essa leitura, o benefício que poderia ser

atribuído ao processo devido a elevada taxa de sequestro de carbono ar que a cana apresenta

(653 CO2 kg/tc) deixaram de ser considerados, assim os lançamentos de CO2,b que ocorrem na

caldeira devido a queima de biomassa. No caso da palha essa taxa será crescente conforma Aj

aumenta.

A decisão de usar o referido método de AICV para verificar o desempenho de CC foi

baseada no conceito que essa leitura apresenta junto á comunidade científica. No entanto, para

trabalhos futuros derivados do desenvolvimento do tema é recomendável realizar uma análise

baseada em compensação de carbono para investigar que efeitos essa abordagem produziria

nos resultados finais para a categoria.

104

6 CONCLUSÕES

Este estudo tratou de verificar o efeito de variações em termos de desempenho

ambiental na condição operacional (pressão Pi da caldeira), adição de palha (Aj), e taxa de

umidade (uk) dessa biomassa, as quais seriam provocadas no ciclo de cogeração de uma

destilaria autônoma de etanol com vistas a produzir energia elétrica em quantidade suficiente

para sua exportação.

A verificação ocorreu por meio da aplicação da técnica de ACV do tipo atribucional e

com enfoque do ‘berço-ao-portão’ para cinco categorias de impacto: Acidificação Terrestre

(TAc), Eutrofização Aquática (FEu), Formação de Oxidante Fotoquímico (POF), Formação

de Material Particulado (PMF) e Mudança Climática (CC). Foram estabelecidos cinco níveis

de intensidade para (Pi; Aj; uk), que depois de serem arranjados perfizeram cento e vinte cinco

cenários de análise. Cada condição cenário foi modelado a partir de análises termodinâmicas

de 1ª e 2ª leis. Além disso, as medições foram realizadas em termos específicos (/MWhe).

Os resultados obtidos revelaram comportamentos uniformes para todos os impactos

analisados. Como já se poderia intuir, os melhores desempenhos ocorreram para condições de

Pmáx = 100 bar, Amáx = 50% e umín = 10%, ao passo que aqueles que mais comprometeram a

performance do sistema ocorreram para Pmín = 20 bar, Amín = 10% e umáx = 50%. Verificando

esses resultados em termos de tendências, percebeu-se que Pi prevalece sobre os outros

fatores, e uk domina Aj. Isso ocorre pois Pi incide diretamente sobre a quantidade e energia

exportada (Ee).

A partir de níveis de pressão intermediários (que para o estudo, são aqueles que

superam 67 bar) ocorre um amortecimento significativo de impactos ambientais. Essa

condição define, portanto, o limite mínimo aceitável para esta variável.

Os desempenhos do sistema em termos de TAc, POF e PMF foram muito semelhantes

pelo fato de serem impostos pelo mesmo precursor: decomposição de adubos nitrogenados no

solo durante o cultivo da cana-de-açúcar. No caso de FEu, a função foi ocupada

majoritariamente por perdas de fosfatos, também ocorridas na etapa agrícola, mas nesse caso,

devido a dosagens de SSP e MAP.

Por fim, o desempenho ambiental para CC se apoia em emissões de CO2,f advindas da

queima do combustível em máquinas agrícolas usadas sobretudo na colheita, e em atividades

de transporte. A forma como foram quantificados parte do conceito de carbono neutro. Assim,

105

os benefícios proporcionados pela elevada taxa de captação de CO2 ar, bem como, da não

emissão de CO2,b não forma considerados. Este é um tema recomendável para estudos futuros.

106

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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113

APÊNDICE A

CÓDIGO ELABORADO PARA MODELAGEM DO SISTEMA DE COGERAÇÃO – CICLO RANKINE COM REAQUECIMENTO

114

1: "MODELAGEM TERMODINÂMICA DO CENÁRIO COM REAQUECIMENTO" 2: 3: "Dados da Safra" 4: 5: M_dot_cana =Cana_safra/Período_safra*1000/24[kg/h] "TaxadeMoagem de cana" 6: m_dot_bagaço=Y_bagaço/100*M_dot_cana*Utilização_Bagaço/100 "Alimentação de bagaço decana" 7: m_dot_palha=Y_palha/100*M_dot_cana*Utilização_Palha/100 "Alimentaçã o de palha decana" 8: Razão|vapor_biomassa=m_dot_vapor/m_dot_bagaço "Razão entre produção de vapor e consumo debiomassa" 9: m_bar_bagaço=m_dot_bagaço/1000 [ton/h] 10: m_bar_palha=m_dot_palha/1000[ton/h] 11: 12: "GERADOR DE VAPOR - Modelagem de conservação de matéria e energia" 13: "Balanço de massa caldeira" 14: 15: m_dot_agua=m_dot_vapor+m_dot_purga 16: m_dot_purga=Y_purga*m_dot_vapor 17:Y_purga=0,03 "Taxadepurga considerada = 3%" 18: M_bar_vapor=m_dot_vapor/1000[ton/h] 19: 20: "Balanço de massa Reaquecimento" 21: 22: m_dot_vap.reaq=m_dot_vapor "Todovaporsuperaquecido retorna para reaquecimento" 23: m_bar_vap.reaq=m_dot_vap.reaq/1000[ton/h] "Conversãoda vazão mássica de vapor de Kg/h para ton/h" 24: 25: "Balanços de energia" 26: 27: m_dot_agua*h[7]+ Q_dot_c = m_dot_vapor*h[1]+m_dot_purga*h_purga + Q_dot_reaq 28: Q_dot_c=(m_dot_bagaço*PCI_bagaço+m_dot_palha*PCI_palhaumid)*eta_c "Energia utilizada na fornecida na fornalha para evaporação daágua" 29: Q_dot_reaq=m_dot_vap.reaq*(h[9]-h[8]) 30: h[1]=enthalpy(water;T=T[1];P=P[1]): h_purga=enthalpy(water;T=T_purga;x=0) 31: P[7]=1,20*P_c: T_purga=T_SAT(water;P=P_c): P_purga=P_c: P[1]=P_c: 32: PCI_bagaço=7565:PCI_palha=12960[kJ/kg] "Poder calorífico inferior do bagaço (51% umidade)edapalha de cana (15% deumidade)" 33: PCS_palha=17000[kJ/kg] "Poder Calorífico superior dapalha" 34: PCI_palhaseca=(PCS_palha*1/4,1869-5400*Y_Hpalha/100) "Poder calorífica inferior da palha secaemkcal/kg"35: PCI_palhasec=PCI_palhaseca*4,1868 "Poder calorífico inferior da palha secaemkJ/kg"36:Y_Hpalha=6,2 "Fração de hidrogênio napalha" 37: PCI_palhaumida=PCI_palhaseca-4680*Umid_palha/100 "Poder calorífico inferior da palha úmida emkcal/kg" 38: PCI_palhaumid=PCI_palhaumida*4,1868 "Poder calorífico inferior da palha úmida emkJ/kg" 39: "Umid_palha=15[%]" " Umidade dapalha" 40:T[1]=T_SAT(water;P=P_c)+G_super "Temperatura do vaporsuperaquecido" 41: G_super=200[C] "Grau desuperaqucimento" 42: EEXP_FR=GeraçãoEletric.Espec.Excedente*m_biomassaFR/m_biomassa "Eletricidade exportadaporFluxodeReferência" 43: m_palha=(0,140*(Utilização_palha/100))/(1-(Umid_palha/100)) "Massa depalha" 44: m_bagaço=0,28 " Massa debagaço"

11545: m_biomassa=m_palha+m_bagaço "Massa debiomassa" 46: m_biomassaFR=m_biomassa*151,46925 "Massa de biomassa por Fluxo deReferência" 47: eletricidade_moerpalha=68,3*m_palha/1000 " Eletricidade usada para moer apalha" 48: 49: 50: "BOMBA 02 - ALIMENTAÇÃO DA CALDEIRA" 51:

52: P[6]=P[2] "Pressão de descarga da bomba igual a pressão dovapordeescape" 53: eta_B2=(h[6]-h7_iso)/(h[6]-h[7]) "Determinação da entalpia real da vazão de líquidonadescargadabomba" 54: h7_iso=enthalpy(water;s=s[6];P=P[7]) "Entalpia para condição idealisentrópica" 55: h[6]=enthalpy(water;P=P[6];T=T[6]) "Entalpia na saída dodesaerador" 56:s[6]=entropy(water;P=P[6];T=T[6]) "Entropia na saída do desaerador é entropia do líquidosaturado" 57: T[7]=temperature(water;h=h[7];P=P[7]) "Temperatura derecalque" 58: s[7]=entropy(water;h=h[7];P=P[7]) "Entropia da água de alimentação dacaldeira" 59: 60: "BOMBA 01 - CONDENSADO" 61: 62: P[5]=P[2] "Pressão de descarga da bomba igual a pressão dovapordeescape" 63: eta_B1=(h[4]-h5_iso)/(h[4]-h[5]) "Determinação da entalpia real do líquido na descarga dabomba" 64: h5_iso=enthalpy(water;s=s[4];P=P[5]) "Entalpia para condição idealisentrópica" 65: s[4]=entropy(water;P=P[4];x=0) "Entropia na saída do condensador - líquidosaturado" 66: T[5]=temperature(water;h=h[5];P=P[5]) "Temperatura de recalque paradesaerador" 67: h[4]=enthalpy(water;P=P[4];x=0) "Entalpia da saída do condensador é a entalpiadelíquidosaturado" 68:T[4]=T[3] "Temperatura de Entrada = temperatura de saída-->Somentetroca calorlatente" 69: P[4]=P[3] "Pressão de sucção da bomba = pressão da cauda daturbina" 70:s[5]=entropy(water;P=P[5];T=T[5]) "Entropia da água de recalque da bomba01" 71: 72: 73: "REAQUECIMENTO" 74: "Extração de vapor da turbina" 75: 76: P[8]=P[9] "Desprezadas perdas de carga no reaquecimento -ideal" 77: eta_t=(h[1]-h[8])/(h[1]-h8_iso) "Determinação da entalpia real do vapor extraído,atravésdaeficiênciaisentrópica" 78: h8_iso=enthalpy(water;s=s[1];P=P[8]) "Entalpia para condição ideal de expansãoisoentrópica" 79: T[8]=temperature(water;h=h[8];P=P[8]) "Temperatura de saída parareaquecimento" 80: s[8]=entropy(water;h=h[8];P=P[8]) 81:x[8]=quality(water;h=h[8];T=T[8]) "Título do vapor na saída parareaquecimento" 82: 83: 84: "TURBINA" 85: "Retorno de vapor da turbina" 86: 87:T[9]=T[1] "Parâmetro definido de projeto doreaquecedor" 88: s[9]=entropy(water;T=T[9];P=P[9]) 89: h[9]=enthalpy(water;T=T[9];P=P[9]) 90: 91: "Rendimento da turbina" 92:

11693: eta_t=(h[9]-h[2])/(h[9]-h2_iso) "Determinação da entalpia real do vapor extraídoparaodesaerador através da eficiênciaisoentrópica" 94: eta_t=(h[9]-h[3])/(h[9]-h3_iso) "Determinação da entalpia real do vapor extraídoparaocondensador através da eficiênciaisoentrópica" 95: h2_iso=enthalpy(water;s=s[9];P=P[2]) "Entalpia da corrente de vapor de escape para condiçãoidealdeexpansãoisoentrópica" 96: h3_iso=enthalpy(water;s=s[9];P=P[3]) "Entalpia da corrente de vapor na cauda para condiçãoidealdeexpansãoisoentrópica" 97:s[1]=entropy(water;P=P[1];T=T[1]) "Estado definido por 2 propriedadesindependentes" 98: T[2]=temperature(water;h=h[2];P=P[2]) "Temperatura do vapor deescape" 99: T[3]=temperature(water;h=h[3];P=P[3]) "Temperatura do vapor decauda" 100: s[2]=entropy(water;h=h[2];T=T[2]) "Entropia do vapor deescape" 101: s[3]=entropy(water;h=h[3];T=T[3]) "Entropia do vapor decauda"

102: x[2]=quality(water;h=h[2];T=T[2]) "Título do vapor deescape" 103: x[3]=quality(water;h=h[3];T=T[3]) "Título do vapor na cauda daturbina" 104: 105: "Balanço de massa na turbina" 106: 107: m_dot_vapor=m_dot_vap.escape+m_dot_vap.cauda 108: 109: 110: "PURGA DE CONDENSADO ANTES DE SER USADO NO PROCESSO" 111: 112: "RETORNO DE CONDENSADO DO PROCESSO INDUSTRIAL" 113: m_dot_retorno=m_dot_vap.processo*0,90 "Considerado perdas no processo de 10% da vazão devapor" 114: T_cond=90[C] "Considerado que todo condensado é coletado em umtanquederecuperação e retorna para o ciclo a 90C" 115: P_cond=P[2] "Pressão de retorno = pressão no desaerador = Pressãodovapordeescape" 116: 117: m_agua.dessuper=if(x[2];100;0;m_dot_agua.dessuper;0) "Seovaporde escape estiver superaquecido agua deve ser alimentada no dessuperaquecedor para obter vapor saturado para o processo de produção doetanol" 118: m_dot_purgador=if(x[2];100;-m_dot_agua.dessuper;0;0) "Seovaporde escape tiver x<1 o condensado precisa ser retirado empurgadores" 119: 120: "DESSUPERAQUECEDOR E VAPOR DE PROCESSO" 121: "Balanços de massa" 122: m_dot_vap.escape=m_dot_vap.dessuper+m_dot_vap.desaerador 123: m_dot_vap.processo=Cons.Vapor_processo*M_dot_cana*(1/1000) "Consumo de vapor para oprocesso" 124: m_dot_vap.processo=m_dot_vap.dessuper+m_dot_agua.dessuper 125: 126: "Balanço de energia no dessuperaquecedor" 127: m_dot_vap.processo*h_pro=m_dot_vap.dessuper*h[2]+m_dot_agua.dessuper*h_rep.des 128: h_pro=enthalpy(water;T=T_pro;x=1):T_pro=T_sat(water;P=P[2]) "Considerad o que o processo industrial utiliza vaporsaturado" 129:

117130: 131: 132: "DESAERADOR" 133: "Balanço de massa no desaerador" 134: 135: m_dot_retorno+m_dot_vap.desaerador+m_dot_vap.cauda+m_dot_rep.desaerador+m_dot_purgador = m_dot_agua 136: 137: "Balanço de energia no desaerador" 138: 139: m_dot_retorno*h_cond+m_dot_vap.desaerador*h[2]+m_dot_vap.cauda*h[5]+m_dot_rep.desaerador*h_rep.des

+m_dot_purgador*h_purgador=m_dot_agua*h[6] 140: h_cond=enthalpy(water;T=T_cond;P=P_cond): h_purgador=enthalpy(water;p=p[2]; x=0): h_rep.des=enthalpy(water;T=T_amb;P=P_rep.des): T_amb=25 141: P_rep.des=P[2] "Pressão no desaerador é a pressão de escape daturbina" 142: 143: "Conversão de unidades para ton/h" 144: 145: m_bar_vap.escape=m_dot_vap.escape/1000 [ton/h] 146: m_bar_vap.cauda=m_dot_vap.cauda/1000 [ton/h] 147: m_bar_vap.processo=m_dot_vap.processo/1000 [ton/h] 148: m_bar_vap.desaerador=m_dot_vap.desaerador/1000 [ton/h] 149: m_bar_rep.desaerador=m_dot_rep.desaerador/1000 [ton/h] 150: m_bar_feed.water.=m_dot_agua/1000 [ton/h] 151: m_bar_purga=m_dot_purga/1000 [ton/h] 152: m_bar_purgador=m_dot_purgador/1000 [ton/h]

153: 154: "CONDENSADOR" 155: 156: Q_dot_out=m_dot_vap.cauda*(h[3]-h[4]) "Balanço de energia --> Calor transferido dacondensaçãodovapor para a torre deresfriamento" 157: 158: 159: "TORRE DE RESFRIAMENTO" 160: 161: Q_dot_out = m_dot_recirculação*(h_out-h_in) 162: h_out=enthalpy(water;P=P_out;T=T_out): h_in=enthalpy(water;P=P_in;T=T_in): P_in=1: P_out=1: 163: m_dot_repos.torre=Y_perdas*m_dot_recirculação "Y_perdas corresponde a uma estimativa de perdas deáguaporevaporação, purga e arraste na torre deresfriamento" 164: m_dot_rep.total=m_dot_repos.torre+m_dot_rep.desaerador+m_dot_agua.dessuper 165: m_bar_repos.torre=m_dot_repos.torre/1000 [ton/h] 166: m_bar_rep.total=m_dot_rep.total/1000 [ton/h] 167: m_bar_vap.dessuper=m_dot_vap.dessuper/1000 [ton/h] 168: Perc.torre=m_dot_repos.torre/m_dot_rep.total*100 169: Perc.desaerador=m_dot_rep.desaerador/m_dot_rep.total*100 170: Perc.dessuper=m_dot_vap.dessuper/m_dot_rep.total*100 171: Tap.water_torre=m_dot_repos.torre/(m_dot_cana/1000) 172:Tap.water_deionised.processo=(m_dot_agua.dessuper)/(m_dot_cana/1000) "Tap waterdoprocesso" 173: Tap.water_deionised.caldeira=(m_dot_rep.desaerador)/(m_dot_cana/1000) "Tap waterdacaldeira" 174:

118175: 176: 177: "CÁLCULO DAS POTÊNCIAS ELÉTRICAS" 178: "Potência elétrica gerada" 179: 180: POT_elétr.gerada=(POT_1+POT_2+POT_reaq)*eta_g*convert(kJ/h;MW) "Potencia elétrica total gerada noturbogerador" 181: POT_reaq=m_dot_vap.reaq*(h[1]-h[8]) "Potencia gerada pelo vapor dacauda" 182: POT_1=m_dot_vap.escape*(h[9]-h[2]) "Potencia gerada pelo vapor de escape aP=2,5bar" 183: POT_2=m_dot_vap.cauda*(h[9]-h[3]) "Potencia gerada pelo vapor dacauda" 184: 185: "Consumo das bombas do ciclo" 186: 187: POT_elétr.consumida=(POT_B1+POT_B2)*convert(kJ/h;MW) "Potência consumida pelasbombas" 188: POT_B1=m_dot_vap.cauda*(h[5]-h[4]) "Potência consumida pelabomba1" 189: POT_B2=m_dot_agua*(h[7]-h[6]) "Potência consumida pelabomba1" 190: 191: 192: "EFICIÊNCIA GLOBAL DA UNIDADE DE COGERAÇÃO COM REAQUECIMENTO" 193: "Cálculo da eficiência energética" 194: 195: eta_Energética.Global=(POT_elétr.líquida + POT_processo)/POT_entrada*100 196: 197: "Potência líquida gerada na unidade de cogeração" 198: 199: POT_elétr.líquida = POT_elétr.gerada - POT_elétr.consumida 200: 201: "Potência utilizada no processo industrial" 202: 203: POT_processo=m_dot_vap.processo*(h_pro-h_sat)*convert(kJ/h;MW) 204: POT_desaerador=m_dot_vap.desaerador*(h[2]-h[6])*convert(kJ/h;MW) 205: POT_desaerador.perc=POT_desaerador/POT_entrada*100 206: POT_processo.perc=POT_processo/POT_entrada*100 207: h_sat=enthalpy(water;x=0;p=2,5) 208:

209: 210: "Alimentação energética na fornalha da caldeira" 211: 212: POT_entrada=(m_dot_bagaço*PCI_bagaço+m_dot_palha*PCI_palhaumid)*convert(kJ/h;MW) 213: 214: "APLICAÇÃO DA 2A LEI DA TERMODINÂMICA - ANÁLISE EXERGÉTICA" 215: "Ambiente de referência considerado: Po=1 bar e To=25 C" 216: 217: T0=25 [C] 218: P0=1 [Bar] 219: P00_h20=0,0303 [Bar] 220: 221: "LIMITE TEÓRICO DE EFICIÊNCIA - CICLO DE CARNOT" 222: 223: eta_Carnot=(1-(T[3]+273,15)/(T[1]+273,15))*100 "Trabalho máximoteórico"

119224: 225: "Trabalho útil final - saída do gerador" 226: 227: EXERGY.in_fuel=POT_entrada 228: EXERGY.out_electricity=POT_elétr.líquida 229: EXERGY.out_electricity.perc=POT_elétr.líquida/POT_entrada*100 230: 231: "BOILER" 232: 233: B_1=m_dot_vapor*(h[1]-h[0]-(T0+273,15)*(s[1]-s[0]))*convert(kJ/h;MW) "Exergiadovapor de saída do gerador devapor" 234: h[0]=enthalpy(water;t=T0;P=P0) 235: s[0]=entropy(water;t=T0;P=P0) 236: B_fuel=EXERGY.in_fuel 237: 238: "TURBINE" 239: "Exergia das correntes de vapor de escape e cauda" 240: 241: B_2=m_dot_vap.escape*(h[2]-h[0]-(T0+273,15)*(s[2]-s[0]))*convert(kJ/h;MW) "Exergiadovapor deescape" 242: B_3=m_dot_vap.cauda*(h[3]-h[0]-(T0+273,15)*(s[3]-s[0]))*convert(kJ/h;MW) "Exergiadovapor decauda" 243: 244: "Exergia da corrente de reaquecimento" 245: 246: B_8=m_dot_vapor*(h[8]-h[0]-(T0+273,15)*(s[8]-s[0]))*convert(kJ/h;MW) "Exergiadovapor para reaquecimento na saída daturbina" 247: B_9=m_dot_vapor*(h[9]-h[0]-(T0+273,15)*(s[9]-s[0]))*convert(kJ/h;MW) "Exergiadovapor apósreaquecimento" 248: 249: "Balanço de exergia na turbina" 250: 251: Bdest_turbine=B_1+B_9 - (B_2+B_3+B_8+POT_elétr.gerada/eta_g) "Exergia destruída na turbina" 252: Bdest_turbine.perc=Bdest_turbine/B_fuel*100 "Percentual de exergia destruída na turbina" 253: B_2_perc=B_2/POT_entrada*100 "Percentual de exergia no vapor de escape" 254:B_liq=POT_elétr.gerada/POT_entrada*100 "Percentual de exergia (trabalho) na saída do gerador" 255: 256: "Consumo de exergia no processo industrial associado ao consumo específico de vapor" 257: 258: EXERGY.out_process=m_dot_vap.processo*(h_pro-h[0]-(T0+273,15)*(s_pro-s[0]))*convert(kJ/h;MW) 259: s_pro = entropy(water;p=2,5;t=127,5)

260: EXERGY.out_process.perc=EXERGY.out_process/POT_entrada*100 261: EXERGY.out_deaerator=B_2-EXERGY.out_process 262: EXERGY.out_deaerator.perc=EXERGY.out_deaerator/POT_entrada*100 263:

120264: "DESSUPERAQUECEDOR" 265: "Balanço de entropia no dessuper" 266: 267: S_ger.dessuper=m_dot_vap.processo*s_pro - (m_agua.dessuper*s_agua + (m_dot_vap.dessuper-m_dot_purgador)*s[2]) 268: s_agua = entropy(water;p=2,5;t=25) 269: Bdest_dessuper=(T0+273,15)*S_ger.dessuper*convert(kJ/h;MW) "Exergia destruída nodessuperaquecedor" 270: Bdest_dessuper.perc=Bdest_dessuper/B_fuel*100 "Percentual de exergia destruída nodessuperaquecedor" 271: 272: "CONDENSADOR" 273: 274: B_4=m_dot_vap.cauda*(h[4]-h[0]-(T0+273,15)*(s[4]-s[0]))*convert(kJ/h;MW) "Exergianasaída docondensador" 275: Bdest_condenser=B_3-B_4 "Exergia destruída no condensador" 276: Bdest_condenser.perc=Bdest_condenser/B_fuel*100 "Percentual de exergia destruída nocondensador" 277: 278: "BOMBA 1" 279: 280: B_5=m_dot_vap.cauda*(h[5]-h[0]-(T0+273,15)*(s[5]-s[0]))*convert(kJ/h;MW) "Exergianasaída da bomba1" 281: Bdest_B1=B_4-B_5+W_B1 "Exergiadestruída na bomba 1" 282: W_B1=m_dot_vap.cauda*(h[5]-h[4])*convert(kJ/h;MW) "Trabalho realizado pela bomba B1" 283: Bdest_B1.perc=Bdest_B1/B_fuel*100 "Percentualde exergia destruída na bomba 1" 284: 285: "DESAERADOR" 286: "Balanço de entropia no dessuperaquecedor" 287: 288: S_ger.desaerador =m_dot_agua*s[6] -(m_dot_retorno*s_cond+m_dot_vap.desaerador*s[2]+m_dot_vap.cauda*s[5] +m_dot_rep.desaerador*s_agua+m_dot_purgador*s_sat) 289: s_cond=entropy(water;T=T_cond;P=P_cond): s_sat=entropy(water;P=2,5;x=0) 290: Bdest_desaerador=(T0+273,15)*S_ger.desaerador*convert(kJ/h;MW) "Exergia destruída nodesaerador" 291: Bdest_desaerador.perc=Bdest_desaerador/B_fuel*100 "Percentual de exergia destruída nodesaerador" 292: 293: 294: "BOMBA 2" 295: 296: B_7=m_dot_agua*(h[7]-h[0]-(T0+273,15)*(s[7]-s[0]))*convert(kJ/h;MW) "Exergianasaída da bomba2" 297: B_6=m_dot_agua*(h[6]-h[0]-(T0+273,15)*(s[6]-s[0]))*convert(kJ/h;"Exergianaentrada da bomba2" 298: W_B2=m_dot_agua*(h[7]-h[6])*convert(kJ/h;MW) "Trabalho realizado pela bombaB2" 299: Bdest_B2=B_7-B_6+W_B2 "Exergia destruída na bomba 2"

121300: Bdest_B2.perc=Bdest_B2/B_fuel*100 "Percentualde exergia destruída na bomba 2" 301: 302: "BOILER" 303:

304: B_7 + B_fuel +B_8=B_1+B_purga+B_9+Bdest_boiler "Balanço de exergia nacaldeira" 305: Bdest_boiler.perc=Bdest_boiler/B_fuel*100 "Percentualde exergia destruída na caldeira" 306: B_purga=m_dot_purga*(h_purga-h[0]-(T0+273,15)*(s_purga-s[0]))*convert(kJ/h;MW) 307: s_purga=entropy(water;h=h_purga;T=T_purga) 308: 309: 310: Total_exergy.dest=Bdest_B1+Bdest_B2+Bdest_desaerador+Bdest_condenser+Bdest_boiler+Bdest_turbine 311: Total_exergy.dest.perc=Total_exergy.dest/B_fuel*100 312: 313: 314: "Eficiência Exergética" 315: "Cálculo da eficiência exergética global" 316: 317: eta_EXergética.Global=(POT_elétr.líquida + EXERGY.out_process)/POT_entrada*100 318: 319: eta_Ex.ref.Carnot=eta_EXergética.Global/eta_Carnot*100 320: 321: 322: "Distribuição de exergia entre vapor e eletricidade" 323: 324: Exergia_vapor.perc = EXERGY.out_process/(POT_elétr.líquida + EXERGY.out_process)*100 325: 326: Exergia_eletricidade.perc = POT_elétr.líquida/(POT_elétr.líquida + EXERGY.out_process)*100 327: 328: 329: 330: "ANÁLISE COMPLEMENTAR 1A LEI - PERDAS ENERGÉTICAS" 331: "Perdas na Caldeira e turbina" 332: 333: Boiler_losses=POT_entrada*(1-eta_c) 334: Boiler_losses.perc=Boiler_losses/POT_entrada*100 335: Turbine_losses=(POT_1+POT_2+POT_reaq)*(1-eta_t)*convert(kJ/h;MW) 336: Turbine_losses.perc=Turbine_losses/POT_entrada*100 337: 338: "Perdas no condensador" 339: 340: POT_condensador=Q_dot_out*convert(kJ/h;MW) "Energia perdida nocondensador" 341: POT_condensador.perc=POT_condensador/POT_entrada*100 342: Condenser_losses=POT_condensador 343: 344: "Perdas no processo" 345: 346: process_losses = POT_entrada - (POT_processo+POT_elétr.gerada+POT_condensador+Turbine_losses+Boiler_losses) 347: process_losses.perc=process_losses/POT_entrada*100 348: 349: 350: "Cálculo da energia elétrica gerada por tonela de cana por tonelada de cana" 351:

122352: GeraçãoEletric.Espec.Total =POT_elétr.líquida*Período_safra*1000*24/Cana_safra 353: GeraçãoEletric.Espec.Excedente = GeraçãoEletric.Espec.Total - ConsumoEletr.Processo 354: 355: 356: 357: "ALOCAÇÃO" 358: 359: "Critério energético" 360: POT_específica_processo = POT_processo*Período_safra*1000*24/Cana_safra

361: Alocação_energia_vapor = POT_específica_processo/(POT_específica_processo+GeraçãoEletric.Espec.Excedente +ConsumoEletr.Processo)*100 362: Alocação_energia_eletr.exp = GeraçãoEletric.Espec.Excedente/(POT_específica_processo +GeraçãoEletric.Espec.Excedente+ConsumoEletr.Processo)*100 363: Alocação_energia_eletr.proc = ConsumoEletr.Processo/(POT_específica_processo+GeraçãoEletric.Espec.Excedente +ConsumoEletr.Processo)*100 364: 365: 366: "Critério exergético" 367: EXERGY.out_específica_process = EXERGY.out_process*Período_safra*1000*24/Cana_safra 368: Alocação_exergia_vapor = EXERGY.out_específica_process/(EXERGY.out_específica_process +GeraçãoEletric.Espec.Excedente+ConsumoEletr.Processo)*100 369: Alocação_exergia_eletr.exp = GeraçãoEletric.Espec.Excedente/(EXERGY.out_específica_process +GeraçãoEletric.Espec.Excedente+ConsumoEletr.Processo)*100 370: Alocação_exergia_eletr.proc = ConsumoEletr.Processo/(EXERGY.out_específica_process +GeraçãoEletric.Espec.Excedente+ConsumoEletr.Processo)*100 371: 372: 373: 374: 375: "Distribuição de energia entre vapor e eletricidade" 376: 377: Energia_vapor.perc = POT_processo/(POT_processo + POT_elétr.líquida)*100 378: 379: Energia_eletricidade.perc = POT_elétr.líquida/(POT_processo + POT_elétr.líquida)*100 380: 381: