Análise Situacional de Riscos

Eventos OLIMPÍADAS (RJ-DF-BA-MG-SP-AM) e PARALIMPÍADAS (RJ)

05-21 Ago’16 (OLIMPÍADAS); 07-18 Set’16 (PARALIMPÍADAS)

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A OLIMPÍADA 2016, que acontece a partir de 03 de ago’16 (início das competições, mas com

Cerimônia Oficial marcada para 05 de ago’16) e que segue até dia 21 de agosto próximo, é um

grandioso evento que encerra a fase do que foi chamado de GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS, tais

como a Copa das Confederações de futebol (2013), a Copa do Mundo de Futebol (2014), a Copa

América de Futebol (2015); e as Olimpíadas do Rio de Janeiro (2016). Isso sem falar em eventos de

menor apelo midiático, mas que também movimentam grandes fluxos de pessoas, como os Jogos

Paralímpicos (também em 2016, após o período de Olimpíadas); Jogos Mundiais Militares (2011),

sendo que ambos os eventos têm/tiveram como Sede a cidade do Rio de Janeiro. Trata-se, portanto,

de um calendário esportivo intenso, que abrange um período de seis anos (de 2011 a 2016) e que terá

o Brasil, em especial o Rio de Janeiro, como importante polo das atenções do Brasil e do mundo.

Foram realizadas grandes frentes de investimento, sejam privados, públicos ou em Parcerias

Público-Privadas (PPP). Como exemplo, o orçamento olímpico atual está em R$ 38,6 bilhões – mais de

R$ 10 bilhões acima do que foi planejado na candidatura que levou o Rio de Janeiro a sediar os Jogos (à

época, falava-se em um orçamento de R$ 25,9 bilhões). Cerca de 64% desse valor, segundo a

organização, é destinado às ‘obras de legado’ – são mais de R$ 24 bilhões gastos em obras como a de

metrô que ligará a zona Sul à zona Oeste (onde fica o Parque Olímpico), a do BRT, entre outras.

Todavia, o evento foi configurado/selecionado à época de grande pujança econômica, sendo que

agora, no momento de sua concretização, o país está passando por severa crise econômica, bem como

uma instabilidade política considerável.

Fonte: Prefeitura do Rio – Olimpíadas 2016

Fonte: Prefeitura do Rio – Olimpíadas 2016

Fonte: Prefeitura do Rio – Olimpíadas 2016

Como já informado, todos os eventos se concentrarão na Cidade do Rio de Janeiro e área

metropolitana, com exceção prevista para o esporte FUTEBOL DE CAMPO, que tem programação para

jogos fora do RJ (tanto nas Olimpíadas ou mesmo Paralimpíadas), a saber, que também terão o

policiamento reforçado, nos períodos específicos: São Paulo-SP; Belo Horizonte-MG; Brasília-DF;

Salvador-BA; Manaus-AM. Portanto, considerando que o objetivo deste estudo é a região

metropolitana da cidade do Rio de Janeiro-RJ, todos os parâmetros e demais infos serão focadas neste

território geográfico.

2 A REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISE HISTÓRICA DE EVENTOS

A região metropolitana do Rio de Janeiro-RJ abrange os seguintes municípios: Rio de Janeiro,

Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé, Maricá, Mesquita, Nilópolis,

Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica, Tanguá e

Itaguaí. Toda esta região, com o acréscimo de trecho da BR116 (Nova Iguaçu – Trevo de acesso a

Piracambi/RJ127) e da BR101 (Niterói – Rio Bonito), são reconhecidamente “áreas de risco” para o

transporte rodoviário de cargas - onde há um grande registro de eventos FURTO, ROUBO e FRAUDE.

Fonte: Sindicato das Empresas de Escolta do RJ

As regiões denominadas BAIXADA FLUMINENSE, PAVUNA, ENGENHO DA RAINHA, INHAÚMA,

COSTA BARROS, MADUREIRA e outras concentram grande parte dos eventos registrados. Em 2014,

houve registro de 5.890 roubos no Rio, enquanto em 2015 foram 7.225 roubos no estado, um

crescimento de 22,66% em um ano, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). No

primeiro semestre de 2016, o estado registrou 4139 roubos, o que representou um aumento de 22%

em relação ao mesmo período do ano anterior. Trafegar com um veículo de cargas por ruas e avenidas

dos bairros de ACARI, PAVUNA, BARROS FILHO, COSTA BARROS, ANCHIETA, RICARDO DE

ALBUQUERQUE, PARQUE COLUMBIA e GUADALUPE (região dos Complexos da Pedreira e do

Chapadão), se tornou sinônimo de perigo para motoristas e de prejuízo para empresários. Na região,

que faz parte da 41ª Área Integrada de Segurança Pública (AISP), um caminhão carregado de

mercadorias é roubado a cada 12 (doze) horas. As estatísticas da polícia confirmam que o roubo de

cargas nestes locais ou proximidades aumentou substancialmente. Só o Pólo Empresarial da Pavuna

(PEP), que reúne mais de 33 empresas, calcula um prejuízo anual de R$ 50 milhões com os roubos de

cargas. A conta do Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas e Logísticas do Rio de

Janeiro (Sindicargas) é ainda mais robusta- indicando que pelo menos 15% (quinze por cento) de todos

os eventos com carga do Estado do RJ acontecem ali ou nas proximidades.

Conforme análise da FEDERAL ST, eventos envolvendo CARGAS encontram-se assim

distribuídos, no período dos últimos 06 (seis) meses:

Fonte: Sistema ATLANTE – KLIOS (FEDERAL ST)

3 IMPACTO NACIONAL NO POLICIAMENTO – EFETIVO EMPREGADO PARA O EVENTO

Os eventos que impactarão policiamento está sendo estruturado em nível nacional, inclusive

balizado em reforços na cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana, além de cidades de fronteira

(com Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina). Serão utilizados reforços de Polícias Militares de outros

Estados (através da Força Nacional de Segurança Pública) e reforços da Polícia Federal (PF) e Polícia

Rodoviária Federal (PRF). Além disso, as forças militares também terão homens à disposição da Central

de Comando e Controle (CCO), sendo que estes ficarão posicionados em aeroportos, instituições

públicas e outros pontos estratégicos. Tudo isso se deve ao esperado grande fluxo de pessoas, em nível

nacional e internacional.

Especificamente no Rio de Janeiro, as ações da Secretaria Extraordinária de Segurança para

Grandes Eventos (SESGE/MJ) para a OLIMPÍADA 2016 compreendem planejamento, coordenação,

controle e avaliação das operações de segurança e defesa civil. No total, um contingente estimado em

mais de 85 mil profissionais – sendo 47 mil de segurança pública, defesa civil e ordenamento urbano, e

38 mil das Forças Armadas – está sendo preparado para garantir a segurança no maior evento

esportivo já realizado na América do Sul. A articulação entre as instituições de Segurança, Defesa e

Inteligência criou o Plano Estratégico que servirá como diretriz para o planejamento das ações

definidas pela Comissão Estadual de Segurança Pública e Defesa Civil para os Jogos Rio 2016

(COESRIO2016), que define os parâmetros da atuação coordenada e integrada dos órgãos federais,

estaduais e municipais de segurança pública e de defesa civil, bem como de outras entidades

relacionadas. Durante os Jogos, a segurança de todos os locais de competição será de responsabilidade

da Força Nacional de Segurança Pública.

Um aplicativo está sendo distribuído pela polícia a funcionários de hotéis, restaurantes, barcas,

trens, concessionárias públicas, rodoviária, metrô, guias de turismo e até voluntários da Rio 2016 para

ajudar na prevenção e identificação de possíveis ataques terroristas durante a Olimpíada. O uso do

app, entregue a usuários em um treinamento específico, ganhou relevância em meio a crescentes

temores de ataques no Brasil após os atentados de Nice, no sul da França. Batizado como VIGIA,

profissionais de diferentes áreas poderão acionar uma unidade destacada do Centro Integrado de

Comando e Controle (CICC), que gerencia toda a operação de segurança dos Jogos. Segundo a SESGE, o

aplicativo instalado em smartphones permitirá que o usuário informe sobre atividades suspeitas, com

mensagens de texto, fotos e alertas. Por meio de sistemas de GPS, os policiais no CICC poderão

identificar exatamente onde se encontra o usuário, e em tempo real poderão fazer a análise das

informações e decidir pela resposta mais adequada. Comportamentos incomuns, como por exemplo

um hóspede de hotel que não sai do quarto há muito tempo, um carro suspeito estacionado diante de

um local de grande movimentação, pessoas que andam no sentido contrário da multidão numa grande

estação ou quaisquer outras atividades suspeitas poderão ser relatadas.

A Polícia Federal (PF) realiza treinamentos e capacitações em cursos de Contraterrorismo e de

Antiterrorismo, Segurança de Portos Marítimos, Controle de Qualidade de Aviação Civil e Segurança

Aeroportuária, Reconhecimento de Documentos Fraudulentos, Comando e Controle, Identificação de

Vítimas de Desastres e Segurança de Dignitários, entre outros. A força de trabalho da PF deve envolver

3,5 mil servidores, um acréscimo de 350% em relação à Copa do Mundo 2014, no Rio de Janeiro. As

equipes envolvidas desempenharão funções como: Comando e Controle, Controle Migratório,

Segurança Aeroportuária, Inteligência, Controle de Segurança Privada, Segurança de Dignitários, Polícia

Marítima, Vistorias e Contramedidas, e Operações Especiais.

Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) contará com 02 mil profissionais, que atuarão em ações de

educação e fiscalização de trânsito e na prevenção e repressão de ações criminosas. Também

intensificará a segurança no eixo rodoviário no período dos Jogos, formando cinturões de policiamento

nas divisas do estado e na Região Metropolitana do Rio. Policiais Rodoviários Federais especializados

em serviço de batedor motociclista também farão a segurança de dignitários e a escolta esportiva de

atletas.

Pontos Extras de Policiamento Rodoviário Federal – Cinturão de Segurança

Postos PRF na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

A ação integrada das Forças Armadas é formada por três eixos: segurança pública, defesa e

serviço de inteligência, que têm como base o Plano Estratégico de Segurança Integrada (PESI). Cerca de

38 mil militares devem atuar durante as competições no Rio de Janeiro e nas outras cidades que

receberão as partidas de futebol. Desse total, cerca de 20 mil ficarão sediados no Rio de Janeiro. O

PESI contempla também a previsão de emprego das Forças Armadas nas seguintes atividades da

Segurança Pública: na atividade de Defesa Civil, cooperando com as Secretarias de Defesa Civil dos

Estados, na forma determinada pela Presidente da República, e na Segurança de Dignitários e VIP,

mediante participação nas escoltas de batedores.

As medidas de enfrentamento ao terrorismo para os Jogos Olímpicos são da alçada do

Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo (CCPCT), que atua em integração com o

Ministério da Justiça e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

Por fim, o planejamento do policiamento no RJ foi estruturado para que não haja novas

demandas para a PMRJ, i.e., as atividades normais de policiamento da PMRJ serão mantidas, mesmo

em unidades especiais e UPP (Unidades de Polícia Pacificadora).

Consultas on line: http://www.pmerj.rj.gov.br/?page_id=564

4 O TRÂNSITO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

4.1 FLUIDEZ NO TRÂNSITO URBANO

Visando minorar o impacto no período de eventos, o Poder Público local (Estadual e Municipal), se

comprometeram com as seguintes ações:

Serviços e reparos: diminuição no volume de caminhões e equipamentos pesados no período dos

Jogos, principalmente nas regiões olímpicas. As concessionárias deverão fazer um planejamento das

obras e serviços a serem executados durante o período dos jogos e nos horários de pico. Serão

proibidas, já com alguns meses de antecedência, a realização de obras não emergenciais, como de

manutenção.

Perícia em túneis e vias expressas: Aumentar a eficiência e rapidez no atendimento a acidentes de

trânsito, liberando as vias mais rapidamente;

Redução de vagas públicas: De acordo com a necessidade operacional dos Jogos, inclusive

atendendo a organização de aumento de faixa exclusiva para pedestres, nas proximidades dos locais

de jogos e grandes concentrações de pessoas.

Horário de restrição de carga: Replanejamento para minimizar os impactos para a cidade e as

próprias empresas.

Vias de acesso principais à cidade do RJ (LINHA VERMELHA e LINHA AMARELA): receberão

‘atenção especial’, considerando os habituais ‘arrastões’ e movimentos do crime organizado.

Fonte: Prefeitura do Rio – Olimpíadas 2016

6. RECOMENDAÇÕES PARA MINORAÇÃO DO RISCO EM TRANSPORTES (URBANO E RODOVIÁRIO)

6.1 Evitar o trânsito de veículos de carga em período noturno: Salvo distribuições específicas, gerir as

roteirizações para períodos DIURNOS (preferencialmente, início da manhã).

6.2 Obediência às restrições impostas pelo Poder Público: Conforme já tratado, existem restrições

especiais para o trânsito no município do Rio de Janeiro, conforme a seguir:

- AVENIDA BRASIL - Circulação proibida em ambos os sentidos, no trecho entre Realengo e Av. Francisco

Bicalho, nos dias úteis das 6h às 10h e das 17h às 21h;

- LINHA AMARELA - Circulação proibida em ambos os sentidos, em toda sua extensão, nos dias úteis das 06h

às 11h e das 17h às 21h, e aos sábados das 06h às 14h;

- LINHA VERMELHA - Permanece a proibição em vigor, em toda sua extensão, em ambos os sentidos, todos os

dias, 24h por dia;

- BARRA, JACAREPAGUÁ, RECREIO DOS BANDEIRANTES E DEODORO - Em função da região ser de relevante

interesse olímpico, implantação da restrição à circulação em parte dos dias;

- POLÍGONO 1 (Zona Norte e Zona Oeste) - Entrada e circulação proibidas nos dias úteis das 6h às 11h e das

17h às 21h, e aos sábados das 6h às 14h;

- POLÍGONO 2 (Centro e Zona Sul) - Entrada e circulação proibidas nos dias úteis das 6h às 21h, e aos sábados

das 6h às 14h. Na área do Polígono 2 (Centro e Zona Sul) é permitida a entrada e circulação de caminhões de

pequeno porte, chamados Veículos Urbanos de Carga (VUC), com largura máxima de 2,70m (dois metros e

setenta centímetros) e comprimento máximo de 7,20m (sete metros e vinte centímetros), somente das 11h às

17h de segunda-feira a sexta-feira, em dias úteis, sendo vedada neste período a circulação de veículos de carga

com porte superior.

6.3 Acompanhamento permanente de eventos rodoviários, tais como GRANDES ACIDENTES,

INTERVENÇÃO E INTERDIÇÃO RODOVIÁRIA, etc: Este acompanhamento poderá ser realizado via

Centrais Operacionais de cada policiamento de área (http://goo.gl/7XBvNE) ou mesmo diretamente

com os números de emergência (190; 191; 158).

- A Organização das OLIMPÍADAS 2016 fornece, através de um sítio da Prefeitura da Cidade do Rio de

Janeiro, um completo e atualizado boletim de gestão viária urbana, disponível em

http://goo.gl/zw5Uo

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

- No restante do território brasileiro, estima-se uma ‘programação normal’ para os serviços de

segurança pública, considerando que as estruturas dos eventos, como já falado, serão alocados na

região metropolitana do RJ e, em casos excepcionais, em outras unidades da federação (dias de

eventos). Todavia, considerando que as polícias da União (PF e PRF) deverão deslocar um grande

efetivo de reforço, estima-se um prejuízo considerável à fiscalização em fronteiras e trechos de

rodovias federais- levando em conta o número já deficitário de agentes em serviço, em dias normais;

- INDICA-SE que NÍVEL DE ATENÇÃO aos movimentos de transporte (COMBOIO; ESPERA DE CARGA E

DESCARGA; AGREGAÇÃO E USO DE AUTÔNOMOS), focando um incremento do planejamento do

risco. A situação NÃO INDICA ações contingenciais em níveis de emergência, tal como aconteceu no

período da Copa do Mundo, a qual ocorreu em nível nacional e mobilizou grande parte da população

brasileira. Qualquer sinal de violação à gestão do PGR deverá ser imediatamente tratado, sob pena

de perda de sinal. Finalmente, na região metropolitana do Rio de Janeiro (média de 100 km de raio, a

partir do centro da cidade) precisa ser DESACONSELHÁVEIS estacionamentos e paradas para

aguardar agendamento de carga ou descarga.

Fontes: FreightWatch e Federal Soluções Técnicas

9 de Agosto de 2016