Analise de Segurança Em Sistemas de Potência

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  • 7/21/2019 Analise de Segurana Em Sistemas de Potncia

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    UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS

    CINCIAS EXATAS E TECNOLGICAS

    PROGRAMA INTERDISCIPLINAR DE PS-GRADUAO

    EM COMPUTAO APLICADA

    Raul Antonio Gerhardt

    UM SISTEMA COMPUTACIONAL PARA ANLISE DESEGURANA EM SISTEMAS DE ENERGIA ELTRICA

    So Leopoldo, 2007.

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    UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

    CINCIAS EXATAS E TECNOLGICAS

    PROGRAMA INTERDISCIPLINAR DE PS-GRADUAO

    EM COMPUTAO APLICADA

    Raul Antonio Gerhardt

    UM SISTEMA COMPUTACIONAL PARA ANLISE DESEGURANA EM SISTEMAS DE ENERGIA ELTRICA

    Dissertao a ser avaliada como Requisito Parcial para Obteno do

    Ttulo de Mestre em Computao Aplicada

    Orientador

    Prof. Dr. Jos Vicente Canto dos Santos

    So Leopoldo, 2007

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    Raul Antonio Gerhardt

    Um Sistema Computacional para Anlise de Segurana em Sistemas de Energia Eltrica

    Monografia apresentada Universidade do Vale do Rio dos Sinos como requisitoparcial para obteno do ttulo de mestre em Computao Aplicada

    Aprovado em maro 2007.

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________________________________

    Professor Dr. Jos Vicente Canto dos Santos Orientador

    PIPCA Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

    _________________________________________________________________

    Professor Dr. Srgio L. Haffner

    FENG Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul - PUCRS

    _________________________________________________________________

    Professor Dr. Arthur T. Gmez

    PIPCA Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

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    AGRADECIMENTOS

    Um trabalho de mestrado, normalmente caracterizado como trabalho rduo, envolve

    diversas pessoas devido as suas propores. Durante as atividades do mestrado, sendo nas

    aulas ministradas ou no desenvolvimento da dissertao, houve a colaborao de diversas

    pessoas e algumas entidades.

    Agradeo a CEEE - Companhia Estadual de Energia Eltrica do Estado do Rio

    Grande do Sul e a Fundao Padre Urbano Thiesen pelo apoio financeiro, fundamental para a

    realizao deste.

    Ao corpo docente do PIPCA, agradeo o conhecimento adquirido e a energia

    despendida para que esse trabalho fosse realizado, seja nas aulas ministradas, nas indicaes

    bibliogrficas ou na discusso e elaborao de idias. Registro, em especial, o agradecimento

    coordenao do PIPCA na pessoa do Professor Doutor Arthur Gmez .

    Ao meu orientador, meu mestre mais brilhante, Professor Doutor Jos Vicente Canto

    dos Santos, agradeo a parceria, os conhecimentos repassados e a indicao dos caminhos

    frente a tempestade de idias e informaes. Tenho a convico que a participao desse

    grande ser humano foi fundamental no processo de elaborao. Ao JV, meu muitoobrigado.

    s empresas que presto servio, agradeo a colaborao e a compreenso da minha

    ausncia durante algum perodo. Agradeo em especial aos meus colegas, sejam da

    informtica, sejam dos demais setores, por me darem o apoio nesta etapa sonhada.

    A minha famlia, que fundamental, agradeo pelo apoio, incentivo e pacincia

    durante este processo. Quaisquer palavras frente e essa estrutura no representariam a fora e

    o significado que tem.

    Aos amigos de longe, aos de perto, dos mais diversos grupos e caractersticas, grato

    pela torcida e pelo apoio. Acredito na frase que os amigos so a famlia que escolhemos,

    valeu!

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    N o s s a s v i d a s s o c o m o a r e s p i r a o ,

    c o m o a s f o l h a s q u e c r e s c e m e c a e m .

    Q u a n d o r e a l m e n t e e n t e n d e r m o s s o b r e a s

    f o l h a s q u e c a e m , s e r e m o s c a p a z e s d e

    v a r r e r o s c a m i n h o s t o d o s o s d i a s e n o s

    a l e g r a r c o m n o s s a s v i d a s n e s t e m u n d om u t v e l .

    A j a h n C h a h

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    RESUMO

    Na rea de sistemas de energia eltrica, devido a sua importncia, os problemas deanlise de segurana e planejamento, vm sendo exaustivamente estudados nos ltimos anos.O principal objetivo deste trabalho o desenvolvimento de um sistema computacional paraanlise de segurana esttica em sistemas de energia eltrica que explorar semelhanas entreos problemas de anlise de segurana e de planejamento em sistemas de energia eltrica.Alm disto, o sistema proposto incorpora elementos que procuram aumentar sua adequaoao uso real em companhias concessionrias de energia eltrica. Na extensa reviso

    bibliogrfica realizada, no foi encontrado relato de proposta semelhante. Para validar osistema proposto, so apresentados resultados de testes realizados com diversas redeseltricas, incluindo um sistema real brasileiro, de grande porte.

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    ABSTRACT

    In the electrical energy systems area, the problems of security analysis and planning, havebeen intensively studied in the last years. The main objective of this work has been thedeveloping of a computational system for static security analysis, that will explore likeness

    between the problems of security analysis and planning on electrical energy systems.Moreover, the considered system incorporates elements that they look to increase itsadequacy to the real use in electrical utilities. The ample literature review achieved by theauthor has showed that no analogous proposal was found. To validate the proposed system,the results of tests made on several power systems were described, including a real lifeBrazilian system of considerable dimensions.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 Fluxograma do processo de anlise de contingncia 24

    Figura 5.1 Arquitetura Clssica da Anlise de Segurana 55

    Figura 5.2 Arquitetura do novo sistema de anlise de segurana 56

    Figura 5.3 Situao de ilhamento 57

    Figura 6.1 - Mdulos desenvolvidos 61

    Figura 6.2 Sistema desenvolvido no PIPCA-UNISINOS 62

    Figura 6.3 Algoritmo Geral 62

    Figura 6.4 ndices de desempenho utilizados no ANAREDE 63

    Figura 6.5 - Algoritmo para tratamento de ilhamentos 64

    Figura 6.6 Sistema 30 barras ISfl x ISme 68

    Figura 6.7 Sistema 30 barras ISv x ISme 68

    Figura 6.8 Sistema 30 barras ISmvar x ISme 68

    Figura 6.9 Sistema 30 barras com todos os ndices 69

    Figura 6.10 Sistema 3425 60 maiores ISfl 76

    Figura 6.11 Sistema 3425 60 maiores ISv 76

    Figura 6.12 Sistema 3425 60 maiores ISmvar 76

    Figura 6.13 - Sistema 3425 100 maiores ISme 77

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Estados de Operao da Rede 20

    Tabela 6.1 Resultado do ANAREDE para o Sistema de 30 barras e ME 65

    Tabela 6.2 Contingncias com SFR tratadas pela tcnica de ilhamento 69

    Tabela 6.3 60 maiores ISfl 71

    Tabela 6.4 60 maiores ISv 72

    Tabela 6.5 60 maiores ISmvar 73

    Tabela 6.6 60 maiores ISme 73

    Tabela 6.7 60 Contingncias com Separao Fsica da Rede 78

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    DSA Dynamic Security Assessment

    DTSA Decision Tree Security Assessment

    FACTS Flexible Alternating Current Transmission Systems

    FCCA Fluxo de Potncia No Linear

    FCCC Fluxo de Potncia Linear

    FCDR Fluxo de Potncia Desacoplado Rpido

    FPO Fluxo de Potncia timo

    GI Infactibilidade do Sistema

    GRASP Greedy Randomized Adaptive Search Procedure

    ISme ndice de Severidade Mnimo Esforo

    ISfl ndice de Severidade Fluxo de Potncia

    ISv ndice de Severidade Tenso

    ISmvar ndice de Severidade Gerao Reativa

    ISO Independent System Operator

    KKT Karush-Kuhn-Tucker

    MOD Mode of Disturbance

    MPI-AO Mtodo de Pontos Interiores de Alta Ordem

    PD Pr Despacho

    PDA Pr Despacho Ativo

    PDR Pr Despacho Reativo

    PI ndice de Performance (Performance Index)

    PPL Problema de Programao LinearRTS Reability Test System

    SCADA Supervisory Control and Data Acquisition

    SCOPF Security-Constrained Optimal Power Flows

    SEP Sistema Eltrico de Potncia

    SFR Separao Fsica da Rede

    WSCC Western System Coordinating Council

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    SUMRIO

    1.INTRODUO...................................................................................................................13

    2.ANLISE DE SEGURANA EM SISTEMAS DE ENERGIA ELTRICA ...............16

    2.1 Reviso da literatura ..............................................................................................16

    2.2 Estados de Operao de um Sistema de Potncia................................................19

    2.3 Anlise de Segurana .............................................................................................21

    2.4 Monitorao de Sistemas de Potncia...................................................................21

    2.5 Contingncias..........................................................................................................22

    2.5.1 Anlise de Contingncias .........................................................................................232.5.2 ndices de Performance ............................................................................................24

    2.5.3 Otimizao de Aes Corretivas e Preventivas........................................................26

    2.5.4 Seleo de Contingncias.........................................................................................26

    2.5.5 Seleo de Contingncias e Estabilidade de Tenso................................................27

    3.PLANEJAMENTO DA EXPANSO DA REDE ELTRICA ......................................28

    3.1 Reviso da Literatura.............................................................................................28

    3.2 Problema de Planejamento da Expanso.............................................................30

    3.3 Modelos Matemticos.............................................................................................313.3.1 Modelagem Matemtica Clssica.............................................................................32

    3.3.1.1 Modelo AC ...............................................................................................................32

    3.3.1.2 Modelo DC ...............................................................................................................33

    3.3.1.3 Modelo de Transporte...............................................................................................34

    3.3.1.4 Modelo Hbrido ........................................................................................................35

    3.3.1.5 Modelo Linear Disjuntivo ........................................................................................37

    3.4 Algoritmos Heursticos...........................................................................................38

    3.4.1 Algoritmo Heurstico de Garver...............................................................................393.4.2 Mtodo de Mnimo Esforo......................................................................................39

    3.4.3 Mnimo Corte de Carga ............................................................................................40

    3.4.4 Metaheursticas.........................................................................................................40

    4.FLUXO DE POTNCIA TIMO E ANLISE DE SENSIBILIDADE .......................42

    4.1 Reviso da Literatura.............................................................................................42

    4.2 Fluxo de Potncia timo (FPO) ............................................................................45

    4.2.1 Aplicaes do FPO...................................................................................................46

    4.2.2 Programao Linear..................................................................................................464.2.3 Programao No Linear..........................................................................................47

    4.2.4 Mtodo de Newton ...................................................................................................47

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    4.2.5 Programao Quadrtica Seqencial........................................................................48

    4.3 Anlise de sensibilidade .........................................................................................48

    4.3.1 Mtodo dos Fatores de Anlise Linear.....................................................................49

    4.3.2 Matriz de Sensibilidade QV .....................................................................................514.3.3 Jacobiano Reduzido..................................................................................................51

    4.3.4 Acoplamento Implcito CRIC...................................................................................52

    5.CONSIDERAES SOBRE UM SISTEMA COMPUTACIONAL PARA ANLISE

    DE SEGURANA...............................................................................................................53

    5.1 Centros de Controle de Sistemas de Potncia......................................................53

    5.2 Arquiteturas............................................................................................................54

    5.3 Explorao de Semelhanas com o Problema de Planejamento ........................56

    5.4 Tratamento de Ilhamentos.....................................................................................575.5 Verificao de Colapso de Tenso.........................................................................58

    5.6 Uso de Tcnicas Heursticas ..................................................................................58

    5.7 Outras Melhorias....................................................................................................59

    6.TESTES E RESULTADOS................................................................................................60

    6.1 Sistema Computacional Desenvolvido..................................................................60

    6.1.1 Consideraes Gerais ...............................................................................................60

    6.1.2 Arquitetura................................................................................................................61

    6.2 Sistema de Teste 30 Barras....................................................................................646.2.1 Mnimo Esforo........................................................................................................65

    6.2.2 Separao Fsica da Rede .........................................................................................69

    6.3 Sistema Real 3425 Barras ......................................................................................70

    6.3.1 Mnimo Esforo........................................................................................................70

    6.3.2 Separao Fsica da Rede .........................................................................................78

    7.CONCLUSO.....................................................................................................................79

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................80Apndice A - Sistema 3425 com os clculos de ISv, ISfl, ISmvar e ISme..........................85

    Apndice B Contingncias com Separao Fsica da Rede ...........................................109

    Apndice C Dados de entrada rede 30 barras ................................................................114

    Apndice D Alguns resultados gerados pelo ANAREDE para o Sistema 30 barras...119

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    1. INTRODUO

    Este trabalho insere-se na rea de desenvolvimento de aplicativos computacionais

    para o controle da operao de sistemas de energia eltrica. Tais sistemas so os responsveis

    pelo suprimento de energia eltrica s sociedades atuais. O nvel de dependncia destas

    sociedades com relao a um fornecimento confivel de energia eltrica de tal forma grande

    que no precisa ser detalhado neste documento. Apenas para lembrar dois fatores: organismos

    como o Banco Mundial medem o grau de desenvolvimento de um pas atravs da aferio da

    demanda por energia eltrica existente no mesmo e a presena do uso da energia eltrica em

    praticamente todos os setores produtivos, (podendo-se citar inclusive a edio deste

    documento como exemplo). Os responsveis pelo correto funcionamento dos sistemas de

    energia eltrica so os seus centros de controle e o desenvolvimento dos computadores nos

    ltimos anos permite que hoje tais centros operem em tempo real. Nesta filosofia de operao,

    os sistemas so constantemente monitorados e os eventos so tratados imediatamente aps sua

    ocorrncia. Isto aumenta a importncia e a necessidade de rapidez e de preciso dos mtodos

    computacionais aplicados, bem como sua complexidade.

    O problema de anlise de segurana esttica de sistemas de potncia consiste em

    determinar o nvel de importncia que os diferentes equipamentos formadores de uma redepossuem para a operao desta. Denomina-se de contingncia a sada de operao prevista ou

    imprevista de um ou mais equipamentos (linhas, transformadores, geradores, bancos de

    reatores / capacitores). Normalmente, os estudos de anlise de contingncia concentram-se

    mais em sadas de linhas e transformadores. Para saber o nvel de gravidade para o sistema de

    cada uma das possveis contingncias necessrio conhecer o ponto de operao, se existir,

    ao qual o sistema levado pela ausncia de um ramo e analisar os efeitos para a rede deste

    novo ponto de operao. No controle da operao de sistemas de potncia, a execuo da

    tarefa de seleo de contingncias gera uma lista dos ramos do sistema, ordenada pelo nvel

    de impacto causado ao sistema devido a cada contingncia. Tal lista ento utilizada pela

    tarefa de anlise de contingncias, na qual o sistema analisado com maior detalhamento para

    as contingncias de maior gravidade.

    O mtodo considerado exato para seleo de contingncias consiste na soluo de

    um fluxo de carga (fluxo de potncia) para a rede sem o ramo cuja sada de operao se deseja

    simular. Entretanto, mesmo com os recursos computacionais hoje existentes, a aplicao

    desse mtodo proibitiva devido s grandes dimenses dos sistemas de potncia e s srias

    restries de tempo de execuo das tarefas, impostas pelo controle da operao em temporeal. Devido a esse fato surge a necessidade de obteno de mtodos aproximados, porm

    confiveis e eficientes, para a soluo do problema. A busca de mtodos aproximados

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    facilitada pelo fato da regra geral para os sistemas eltricos de potncia ser a grande maioria

    das contingncias no trazer grandes problemas para a segurana do sistema. Com outras

    palavras: pequeno o nmero de contingncias que causam violaes de limites ou grandes

    variaes em relao ao ponto de operao inicial. As diferentes filosofias de abordagemdesse problema geram diferentes classes de mtodos aproximados.

    Assim como em outras reas da anlise de sistemas de energia eltrica, o problema

    de seleo de contingncias tambm pode ser subdividido em dois subproblemas:

    subproblema ativo e subproblema reativo. No contexto de verificao de segurana existe

    uma grande diferena na anlise dos subproblemas ativo e reativo. O subproblema ativo tem

    modelagem simples com um nmero pequeno de variveis. J o subproblema reativo exige

    uma modelagem mais complexa e um nmero maior de variveis associadas, o que aumenta o

    esforo computacional necessrio para analis-lo. Este um dos motivos que fazem que a

    busca de mtodos aproximados confiveis para anlise de segurana seja atualmente objeto de

    muitas pesquisas. Os dois aspectos das redes, ativo e reativo so contemplados no presente

    trabalho.

    Outro importante problema da rea de sistemas de energia eltrica o problema de

    planejamento da expanso de sistemas de transmisso, conhecido simplesmente como

    problema de planejamento. Na soluo deste, se tem como objetivo a determinao de onde,

    quando e quais equipamentos devem ser instalados em um sistema de potncia para garantir,ao longo de um perodo e ao menor custo possvel, o fornecimento adequado de energia

    eltrica aos consumidores. Na literatura especializada, o problema de planejamento vem

    sendo estudado desde a dcada de 1970, quando surgiram as primeiras propostas de soluo,

    hoje conhecidas como heursticas construtivas. Ultimamente, o problema de planejamento

    continua sendo tema de vrias publicaes, destacando-se artigos que utilizam abordagens de

    otimizao combinatria, como as tcnicas de Simulated Annealing e Busca Tabu.

    O principal objetivo deste trabalho o desenvolvimento de um sistema

    computacional para anlise de segurana esttica em sistemas de energia eltrica que explora

    semelhanas entre os problemas de anlise de segurana e de planejamento em sistemas de

    energia eltrica. Na extensa reviso bibliogrfica realizada, no foi encontrado relato de

    trabalho semelhante, por este motivo acredita-se que exista ineditismo na proposta. Outros

    pontos importantes, na arquitetura do sistema proposto, so o tratamento de ilhamentos e a

    incluso do clculo de proximidade de colapso de tenso. Estes pontos possuem uma

    aplicabilidade prtica bastante importante para companhias concessionrias de energia

    eltrica. Para validar o sistema proposto, sero apresentados resultados de testes realizados

    com diversas redes eltricas, incluindo um sistema real brasileiro, de grande porte.

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    Descrevendo a organizao deste documento, tem-se que aps esta introduo, o

    Captulo 2 descreve a anlise de segurana em sistemas de energia eltrica e revisa trabalhos

    relevantes sobre o tema, o Captulo 3 descreve o problema de planejamento da expanso da

    rede eltrica. De forma similar, o Captulo 4 aborda fluxo de potncia timo e anlise desensibilidade. Consideraes sobre um sistema computacional para anlise de segurana

    formam o Captulo 5. Seguem-se os testes realizados no Captulo 6 e a concluso no Captulo

    7.

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    2. ANLISE DE SEGURANA EM SISTEMAS DE ENERGIAELTRICA

    Diversos trabalhos esto inseridos na anlise de segurana em sistemas de energia

    eltrica. Antecedendo o estudo propriamente dito de caractersticas e conceitos sobre este

    tema, realizada uma reviso da literatura sobre os trabalhos desenvolvidos nesta rea.

    2.1 Reviso da literatura

    Nesta seo so analisados trabalhos importantes que enfocam tanto o aspecto

    esttico quanto o aspecto dinmico da anlise de segurana em sistemas de energia eltrica.

    Para uma tomada de deciso Wehenkel et alii (1993) defendem uma nova

    metodologia utilizando rvore de deciso. O mtodo de deciso em rvore utilizando a

    estabilidade de transio tem sido desenvolvido. A mais recente tcnica citada pelo artigo a

    segurana em regime permanente (steady-state security). Todas as tcnicas possuem

    limitaes e so aplicadas na anlise de segurana de sistemas de potncia. Desta forma,

    existem duas sugestes: (i) propor estratgias para resolver problemas existentes utilizando

    planos convencionais; (ii) propor estratgias novas. O trabalho mostra duas possibilidades:

    apresentar o atual status do mtodo DTSA (decision tree security assessment) e apresentaruma reformulao do DTSA em uma nova formulao de problemas bastante conhecidos,

    identificar novos problemas e sugerir estratgias apropriadas para DTSA.

    Um mtodo de pr processamento para selecionar contingncias mltiplas contendo

    altas probabilidade e severidade para segurana da rede apresentado por Chen et alii(1995).

    Baseado em anlises de classificao e qualidade, o mtodo proposto pode criar uma nova

    lista de contingncias rapidamente e reduzir o nmero de contingncias que devem ser

    acertadas.

    Canto dos Santos e Garcia (1998a) apresentam um trabalho para o tratamento de

    contingncias que causam desconexes em sistemas eltricos de potncia, que tambm pode

    ser conhecido como ilhamento. Canto dos Santos e Garcia utilizam o trabalho desenvolvido

    por Monticelli et aliiem 1982 para a aplicao de redes fictcias que sobrepem sobre a rede

    original uma rede com impedncias bastante altas em funo das reatncias originais. Esta

    utilizao tem a inteno de analisar as redes desconexas sem um esforo computacional

    adicional muito elevado.

    No trabalho de Ferreira et alli (1998), estudada a transio da estabilidade em

    sistemas de potncia, considerando uma desestabilizao de um ou mais geradores. Foi

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    utilizado o software TRANSYSTEM que os autores desenvolveram para a transio da

    anlise de segurana multi mquina. Os resultados obtidos so comparados com o mtodo de

    Runge-Kutta. So analisadas as influncias do repentino crescimento do torque

    eletromagntico nos geradores, quando um ou mais geradores tm variao.

    O trabalho de Garcia e Almeida [GARCIA e ALMEIDA, 1999] apresenta um

    mtodo capaz de identificar ramos crticos para a estabilidade de tenso do sistema, atravs da

    anlise modal da matriz de sensibilidade entre a injeo de potncia reativa e a magnitude de

    tenso das barras de carga. A matriz de sensibilidade utilizada obtida do modelo de

    Acoplamentos Implcitos desenvolvido por J. Carpentier no qual mantm-se fixos os fluxos

    de potncia ativa nos bipolos da rede. A grande vantagem do modelo apresentado que ele

    mantm a esparsidade das matrizes envolvidas.

    Manzoni demonstra com uma ferramenta a simulao de mdia e longa durao para

    estudos de controle e estabilidade de tenso de mdio e longo prazo. A rapidez de respostas

    em estudos de simulao de fenmenos de dinmicas lentas em sistemas de potncia

    essencial para a operacionalidade e eficincia do trabalho do engenheiro. A ferramenta

    estudada o FastSim++ [MANZONI et alii, 2000].

    O artigo apresentado por Mijuskovic [MIJUSKOVIC e STOJNIC, 2000], descreve o

    mtodo de contingncia em tempo realbaseado em ndice probabilstico. Este possvel

    atravs de informaes estocsticas fornecidas pelos equipamentos. Estes permitem uma

    maior compreenso do ranking de contingncias. Um sistema de potncia da Srvia

    utilizado como exemplo para o mtodo proposto.

    O trabalho apresentado por Guerra [GUERRA, 2002] desenvolve um mtodo de

    seleo de contingncias para violao de MW em linhas de transmisso e transformadores,

    utilizando abordagem multinvel adaptativa, que possa ser utilizada como uma ferramenta de

    auxlio ao operador na operao de sistemas eltricos de potncia em tempo real.

    Moura [MOURA, 2002] prope um mtodo capaz de selecionar e ordenar uma lista

    de contingncias provveis, com base em ndices nodais de avaliao das condies de

    segurana de tenso. O ndice de sensitividade, que indica a reduo de margem de potncia

    diante de uma contingncia, estudado. Alm de uma anlise nodal Moura tambm propem

    uma anlise sistmica, capaz de ordenar e selecionar as contingncias de acordo com as

    influncias de todo o sistema eltrico.

    Quintela [QUINTELA, 2002] aborda a avaliao de segurana de redes com relao

    estabilidade de tenso, atravs do estudo e implementao de ndices de proximidade aolimite de estabilidade de tenso e avaliao do potencial de utilizao dos mesmos no

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    processo de seleo de contingncias. Analisa-se a possibilidade de utilizao da tcnica em

    tempo real. A tcnica utilizada investiga cada ramo do sistema exceto o da contingncia

    simulada, calculando os ndices de estabilidade de tenso que variam de 0 a 1. O clculo dos

    ndices simples e rpido, baseado no fluxo de potncia ativa e reativa em cada ramorespectivamente. Utiliza-se apenas uma iterao do fluxo de carga e, caso alguma unidade

    geradora atinja seu limite de gerao de potncia reativa em decorrncia da contingncia em

    anlise, somente mais uma iterao realizada. A classificao das contingncias feita

    atravs dos ndices de performance formulados em funo dos ndices de proximidade ao

    limite de estabilidade de tenso.

    Amjady [AMJADY e ESMAILI, 2003], prope uma avaliao da estabilidade de

    tenso na rede pr e ps-contingncia utilizando duas tcnicas. Esta avaliao tem a

    finalidade de prever provveis pontos crticos na transmisso de energia em sistemas de

    potncia. A tcnica testada na Nova Zelndia e Iran.

    Anlise de segurana uma importante caracterstica para que os sistemas de

    potncia possam evoluir [KIM e SINGH, 2003]. O mtodo probabilstico utilizando Monte

    Carlo introduzido para modelagem e integrao do estado e da dinmica da anlise de

    segurana para computar ndices. Estes ndices de sistema mostram quantitativamente o plano

    em uso. Kim demonstra o estudo de caso em Western System Coordinating Council(WSCC)

    e IEEEReability Test System(RTS).

    No clculo da estabilidade transitria a busca por ndices que demonstram o quanto

    um sistema de energia eltrica, frente ocorrncia de contingncia, instvel ou estvel tem

    sido o objetivo de diversos estudos. Segundo Oliveira e Padilha [OLIVEIRA e PADILHA,

    2003], ndices baseados nos conceitos de coerncia, converso transitria de energia cintica

    e potncia, e trs produtos escalares entre variveis dinmicas de estado tm sido relatados

    como promissores. Entretanto, Oliveira tambm menciona que quando estes ndices so

    aplicados individualmente, obtm-se bons resultados apenas para casos especiais. Neste

    sentido, a composio destes ndices tem sido sugerida e o trabalho apresenta uma

    composio de ndices, de forma sistemtica, atravs de um sistema estatstico. O modo de

    classificao das contingncias conduz a uma concluso rpida e confivel sobre a

    estabilidade do sistema.

    A proposta de Kirschem [KIRSCHEN et alii, 2004] aborda uma tcnica para calcular

    probabilisticamente o nvel de stress no sistema de potncia com o objetivo de indicar esse

    nvel de forma mais prxima realidade. Esta tcnica baseada na estabilidade e na escala de

    casos de referncia e o uso de simulao atravs de Monte Carlo.

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    Albuquerque [ALBUQUERQUE e JUNIOR, 2003], em seu trabalho, defende um

    mtodo de classificao de contingncias levando em considerao a estabilidade de tenso,

    para ser utilizado nas salas de controle dos centros de operao em tempo real. Um ndice de

    performance calculado para cada contingncia. O ndice de performance proposto baseadonum ndice de proximidade de instabilidade de tenso calculado para cada ramo do sistema

    eltrico. As simulaes do artigo mostram que possvel identificar corretamente as

    contingncias mais crticas para um determinado ponto de operao.

    rvore de deciso aproximada para anlise de segurana e evoluo apresentado

    por Swarup [SWARUP et alii, 2005]. Um mtodo de rvore de deciso genrica para

    diagnosticar a robustez do sistema de fora na ocorrncia de severos distrbios e no controle

    de aes se forem necessrias. As rvores de deciso so construdas on-line. No artigo de

    Swarup, a rvore de deciso utilizada para classificao do estado do sistema de potncia

    quanto a sua segurana / insegurana de operao.

    A energia eltrica possui a vantagem de ser transportada com relativo controle, com

    alto grau de confiabilidade e a desvantagem de no poder ser armazenada em quantidade

    suficiente. Para que a energia atinja os pontos de consumo, deve-se manter reserva girante

    adequada de potncia ativa e reativa, no intuito do sistema atender continuamente as

    mudanas de demanda conservando a freqncia e a tenso dentro dos limites aceitveis.

    At hoje foram utilizados mtodos determinsticos para avaliao da estabilidade.

    Contudo, mtodos e critrios de avaliao probabilsticos tornaram-se necessrios devido ao

    crescimento de modelos interconectados, ao aumento da complexidade dos controles e

    tambm em funo da desregulamentao, o que provoca o aumenta e a incerteza de

    transaes de energia [QUINTELA, 2002].

    A segurana de sistemas de energia pode ser dividida em trs funes principais:

    monitoramento de sistemas, anlise de contingncia, otimizao de aes preventivas e

    corretivas.

    2.2 Estados de Operao de um Sistema de Potncia

    Os estados de sistema de operao so classificados como apresentado na tabela a

    seguir [QUINTELA, 2002], [GUERRA, 2002], [CASTRO JUNIOR, 2005], [STOTT e

    MONTICELLI, 1987].

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    Tabela 2.1 Estados de Operao da Rede

    Nvel Estado de Operao Descrio

    1 Seguro A carga atendida. Todas as variveis do sistemaesto dentro da faixa normal. No h violaes do

    limite de operao. Nenhum equipamento

    sobrecarregado. Possveis contingncias no causam

    violaes das restries.

    2 Corretivamente Seguro A carga atendida. No h violaes do limite de

    operao. Violaes causadas por possveis

    contingncias podem ser eliminadas por aes de

    controle sem perda da carga.

    3 Alerta A carga atendida. No h violaes do limite de

    operao e todas as restries so satisfeitas. O nvel

    de segurana est abaixo de um certo limite de

    adequao. Algumas violaes causadas por

    possveis contingncias no podem ser eliminadas

    por aes de controle sem que haja perda de carga.

    4 Emergncia Corrigvel A carga atendida. H violaes de limite de

    operao que podem ser eliminados por aes de

    controle sem perda de carga.

    5 Emergncia No Corrigvel A carga atendida. H violaes de limite de

    operao que no podem ser eliminadas por aes de

    controle sem perda de carga.

    6 Restaurativo No h violao de limites de operao. Ocorreu

    perda de carga

    Naturalmente, deseja-se operar sempre no nvel seguro. Entretanto, isso praticamente impossvel devido ao alto carregamento de equipamentos da rede. comum

    ento a operao nos nveis corretivamente seguro e alerta, este ltimo ocorrendo em horrios

    de pico de demanda [QUINTELA, 2002] [CASTRO JUNIOR, 2005]. Portanto surge a idia

    de se eliminar tais violaes. A eliminao das violaes conseguida atravs da execuo de

    aes de controle na rede. Por exemplo: pode-se eliminar a sobrecarga de uma linha de

    transmisso atravs de um redespacho da gerao e eliminar uma violao de tenso atravs

    da mudana de tapde um transformador. Quando um sistema enfraquecido a um nvel onde

    uma contingncia pode causar uma sobrecarga o sistema entra em estado de emergncia

    corrigvel. Se o distrbio muito severo, o estado de emergncia no corrigvel pode resultar

    diretamente do estado alerta. No estado de emergncia corrigvel, aes de controle tais como

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    remoo de faltas, controles de excitao, corte de gerao, modulao high voltage direct

    currentpodem restaurar o sistema para o estado alerta. Se as medidas anteriormente citadas

    no forem aplicadas ou no forem suficientes o sistema entra no estado de emergncia no

    corrigvel. Para evitar os blecautes, cortes de carga so sugeridos para evitar um colapsomaior. A volta ao estado de operao normal, ir depender das condies do sistema.

    2.3 Anlise de Segurana

    A execuo das funes de superviso e controle na operao de redes em tempo real

    est sujeita a uma restrio severa de tempo, ou seja, as funes devem ser executadas o mais

    rapidamente possvel. Por exemplo, a anlise de segurana deve ser executada ciclicamente

    entre 15 e 30 minutos. J o monitoramento do estado de operao da rede a cada 15 segundos.

    Dessa forma, torna-se necessrio desenvolver funes que permitam um procedimento rpidona obteno desses dados, mas sem perder-se a preciso necessria. Em relao ao estado

    atual do desenvolvimento das funes, quatro delas constituem desafios que requerem novas

    metodologias para suas utilizaes em tempo real: a) obteno de estratgias de controle

    corretivo/preventivo; b) obteno de estratgias de anlise eficientes para deteco de

    situaes em que a rede poder operar segundo os estados 2 e 3 (Tabela 2.1); c) avaliao de

    segurana de redes com relao estabilidade de tenso; d) avaliao de segurana dinmica

    de redes [GUERRA, 2002].

    A dificuldade bsica reside na complexidade dos modelos e mtodos de soluo

    disponveis, que os tornam incompatveis com as severas restries de tempo da operao em

    tempo real.

    2.4 Monitorao de Sistemas de Potncia

    Atravs de monitoramento so realizadas medidas em tempo real das grandezas

    fsicas no sistema de potncia e posterior filtragem, o que confere consistncia aos dados.

    Ento ocorre o processamento para obter-se uma estimativa das variveis de estado. Um fluxo

    de carga on-line utilizado para avaliar se o estado de operao seguro ou no

    [QUINTELA, 2002], [AURICH, 2004].

    O monitoramento de segurana deve ser capaz de aplicar mltiplas regras pr-

    especificadas para avaliar as condies de segurana do sistema de potncia, fornecendo aos

    operadores informaes atualizadas, sendo uma delas com relao segurana de tenso. As

    regras devem operar sobre os dados do sistema pr e ps contingncia e/ou com ndices

    calculados na seleo e / ou anlise de contingncia. Tambm deve ser capaz de estabelecer

    as margens, sensibilidades e outros sinais que so necessrios no clculo de vrios limites deoperao, tais como aqueles para o clculo da capacidade de transmisso disponvel.

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    Mesmo quando o estado do sistema est com tenses seguras importante conhecer

    o quanto o ponto de operao pode se mover e ainda permanecer com estado seguro. Quando

    necessrio, aes de controle preventivo devem ser tomadas para expandir a regio de

    segurana ao redor do ponto de operao.

    Alguns processos compem o monitoramento do sistema. A transmisso de dados e

    medidas at o centro de controle faz parte do sistema de telemetria. A estimativa de estado

    freqentemente usada para combinar os dados telemedidos com modelos do sistema para

    produzir a melhor estimativa das condies atuais. J a superviso dos sistemas de controle

    permite aos operadores controlar os circuitos remotamente. Juntos estes processos so

    definidos como Sistema Supervisrio (Supervisory Control and Data Acquisition - SCADA),

    o qual ajuda os operadores a monitorar a gerao e transmisso e tambm a tomar decises

    para corrigir sobrecargas ou tenses fora do limite [AURICH, 2004], [SOUZA et alii, 2004].

    2.5 Contingncias

    Pode-se definir contingncia como sendo eventos em que um ou mais equipamentos

    saem de operao de forma no esperada, resultando em uma mudana do estado de um ou

    mais elementos do sistema. Esta contingncia pode ser causada por erros previamente

    analisados ou por eventos no previstos, como queda de torres por temporais [AURICH,

    2004], [ALMEIDA, 2005]. Em outra definio comum, a sada de operao contingncia

    pode ser prevista ou imprevista.

    As contingncias podem ser consideradas como: contingncias simples: quando

    somente um equipamento sai de operao; ou contingncia mltipla: quando dois ou mais

    equipamentos saem de operao. Em sistemas de grande porte, a quantidade de contingncias

    mltiplas pode ser muito grande. O nmero de contingncias simples muito menor que o

    nmero de possibilidades de contingncias mltiplas (possibilidades cominatriais). Dessa

    forma, uma prtica geral realizar a anlise (a) de todas as contingncias simples e (b) das

    contingncias mltiplas cujas ocorrncias sejam mais provveis de acordo com critriosestabelecidos pela prpria operadora da rede. O problema ainda agravado para operaes

    em tempo real onde a restrio de tempo computacional muito severa, principalmente em

    sistemas de grande porte. Os sistemas de potncia constantemente sofrem mudanas. A

    segurana dos sistemas importante para mant-los operando quando componentes falham,

    sendo assim, muitos equipamentos so protegidos por dispositivos automticos ou manuais,

    no intuito de serem desligados se limites forem violados. Se um sistema continua operando

    com limites violados este pode ser seguido por outros eventos como as contingncias em

    cascata. Neste caso grande parte do sistema pode sofrer contingncias e ocasionar umblecaute.

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    2.5.1 Anlise de Contingncias

    importante identificar as contingncias que conduzem o sistema a condies de

    operao anormais ou prximas ao ponto crtico [QUINTELA, 2002]. Caso a rede se encontreem um ponto de operao que corresponda aos estados 1,2 ou 3 da Tabela 2.1 deve-se

    verificar qual ser o efeito da ocorrncia de contingncias na rede, sob o ponto de vista de

    violaes dos limites operacionais. Este tipo de anlise de contingncias simula a ocorrncia

    de contingncias e avalia-se seu impacto sobre a operao da rede. Os limites operacionais

    normalmente levados em conta na anlise de contingncias so as sobrecargas em linhas de

    transmisso e transformadores (MW) e sobre e subtenses em barramentos [GUERRA, 2002].

    Caso seja detectado o aparecimento de violaes aps a ocorrncia de uma certa

    contingncia, trs tipos de atitudes podem ser tomadas pelo operador: a) desenvolver uma

    tarefa corretiva que ser utilizada caso ocorra de fato a contingncia; b) desenvolver uma

    estratgia preventiva, e implement-la imediatamente, de modo que a contingncia passe a

    no provocar mais violaes; c) nada fazer, j que a ocorrncia de contingncias um fato

    pouco comum e mais provvel que o estado de operao de rede mude antes que ocorra

    qualquer contingncia [ALBUQUERQUE e JUNIOR, 2003].

    Conhecido o estado de operao da rede (denominado normalmente como caso

    base), pode-se iniciar o processo de anlise de segurana que comea com a verificao deseus limites de operao. Em caso positivo aes de controle devem ser realizadas de forma a

    eliminar as violaes que forem detectadas. H situaes em que uma das nicas aes para

    retornar a operao para o estado normal o corte de carga [BORGES, 2005].

    A Figura 2.1 apresenta a proposta de um processo de anlise de contingncia.

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    Figura 2.1 Fluxograma do processo de anlise de contingncia

    2.5.2 ndices de Performance

    A idia do ndice de performance (PI) a de que se pudesse ter previamente uma

    medida de quanto uma contingncia em particular afeta um sistema [ALBUQUERQUE e

    JUNIOR, 2003], [CASTRO JUNIOR, 2005]. Para tal, utilizado um ndice de performance

    para cada caso de contingncia cuja formulao geral :

    =m

    jj xwPI |)(| (2.1)Equao 2.1 Formulao PI

    Modeloconvergidoem tempo

    real

    Para cadacontingncia

    Clculo do ndice deperformance pelo

    mtodo declassificao

    H algumaviolao?

    Verifica se asviolaes podem ser

    corrigidas

    Ordenao dosndices de

    performance

    Anlise dascontingncias para

    as mais severas pelofluxo de carga AC

    Estratgia corretiva /preventiva pelo

    FPO*

    No

    Sim

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    onde wj um peso relativo funo fj(x) e fj(x) , em geral, a relao entre uma grandeza

    eltrica e seu limite em cada equipamento. A varivel m um nmero ao qual se eleva a

    funo fj(x), normalmente elevada ao quadrado, no intuito de melhor diferenciar um caso que

    esteja carregado, mas no ultrapassando limites operativos, de um caso que esteja realmentesobrecarregado.

    Para o clculo de um PI, utilizado um fluxo de potncia. Para tal, poderia se utilizar

    um mtodo linearizado de fluxo de potncia por apresentar rpida soluo entretanto, no

    teria como calcular a influncia de tenso no PI. Outra maneira ainda de se obter os fluxos e

    tenses nas linhas utilizando uma iterao do mtodo desacoplado rpido. Neste, o mtodo

    interrompido aps uma iterao P-e uma iterao Q-V. Aps a primeira iterao, o mtodo

    desacoplado rpido fornece informao bastante razovel para o clculo do PI.

    Normalmente a classificao de contingncias (ranking) realizada com base no

    clculo dos chamados ndices de performance (PI) [CORTES e MENDEZ, 1999]. PI uma

    escala que reflete o montante de violaes que ocorrer caso a contingncia venha a

    acontecer. uma medida de quanto uma contingncia em particular pode afetar o sistema de

    potncia. As contingncias com os maiores valores de PI so consideradas as mais severas.

    Sabe-se tambm que, especialmente para redes de grande porte, a maioria das contingncias

    acaba tendo um PI pequeno, ou seja, a ocorrncia da maioria delas no resulta em violaes

    ou em instabilidade de tenso. Da a importncia de se evitar uma anlise detalhada edemorada de casos sem nenhum impacto no que diz respeito violao ou estabilidade de

    tenso. O procedimento de seleo constitui no clculo dos PI para cada contingncia e a

    ordenao na ordem decrescente. As linhas correspondentes ao topo da lista so ento as

    candidatas a compor a lista menor a ser analisada detalhadamente pelo processo de anlise de

    contingncias.

    Alguns tipos de dificuldades so encontradas na classificao de contingncias

    como, por exemplo, o mascaramento (masking effect) [GRILO, 2005]. O mascaramento a

    dificuldade de diferenciar uma contingncia que resulta em outras pequenas violaes de

    outra que resulta em uma grande violao.

    Como o processo de seleo de contingncias resulta em uma economia de tempo

    computacional considervel, o tema recebeu ateno especial de pesquisadores ultimamente.

    Duas abordagens bsicas so: a) mtodos indiretos: para os quais o clculo do PI realizado

    aps a determinao do estado de operao da rede aps a contingncia; b) mtodos diretos:

    para os quais o PI calculado sem que se conhea o estado de operao de rede aps a

    contingncia. Alguns estudos em torno do PI sugerem pr-selees de contingncias antes deaplicar o PI. Assim o processo completo seria composto por pr-seleo, seleo e anlise.

    Um mtodo heurstico tambm foi proposto como meio de ps-seleo de contingncia. Outra

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    abordagem o uso de sistemas especialistas para estabelecer uma lista de provveis

    contingncias. [GRILO, 2005]

    2.5.3 Otimizao de Aes Corretivas e Preventivas

    Programas que so capazes de ajustar os controles na operao do caso base ou pr-

    contingncia para prevenir violaes nas condies ps-contingncias so denominados fluxo

    de carga timo com restrio de segurana (security-constrained optimal power flows -

    SCOPF). Estes programas normalmente fazem mudanas no despacho timo de gerao,

    potncia ativa e tenso do gerador, tap de transformador, intercmbio entre outros ajustes.

    Concomitantemente as funes de monitoramento e anlise de contingncias formam uma

    ferramenta eficaz para a segurana de sistemas de potncia [GRILO, 2005].

    Caso ocorram situaes infactveis, aes de controle apropriadas devem ser

    eficientemente obtidas e rapidamente implementadas. Para que isso possa ser realizado

    necessrio quantificar o grau de infactibilidade do sistema (GI), e determinar uma estratgia

    de controle corretivo para colocar o sistema de volta a regio de operao factvel. GI

    determinado atravs da menor distncia entre o ponto de operao infactvel e a fronteira de

    factibilidade no espao de parmetros. Fontes de reativos, mudana em tap de

    transformadores e corte de carga so controles normalmente disponveis. A busca de controles

    mais apropriados baseada na idia de localizao adaptativa. [QUINTELA, 2002].

    2.5.4 Seleo de Contingncias

    O processo de anlise que envolve os nveis de 1 a n normalmente chamado de

    seleo de contingncias (ou screening). Trata-se de um procedimento utilizado antes da

    anlise de contingncia e consiste em calcular aproximadamente as condies de operao

    ps-contingncia para uma lista de contingncias previamente definida e classific-las de

    acordo com algum critrio, de modo que apenas as mais severas delas sejam submetidas

    anlise de contingncias. Esta classificao baseada nos ndices de performance, os quais

    so computados para cada contingncia e refletem a severidade das violaes. Na prtica

    comum adotar-se somente um nvel para a seleo de contingncias antes da anlise de

    contingncias. O estado ps-contingncia da rede na seleo de contingncias normalmente

    obtido atravs do clculo de fluxo de carga pelo mtodo desacoplado rpido. No caso da

    seleo visar somente obteno de violaes de fluxo de potncia em ramos, somente uma

    iterao ativa realizada. No caso de se tentar obter as violaes de tenso, uma iterao ativa

    e uma iterao reativa so realizadas - [QUINTELA, 2002], [DOTTA et alii, 2004], [GRILO,2005].

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    A seleo de contingncias normalmente realizada somente para as contingncias

    simples. Com relao s contingncias mltiplas, em geral estas no so submetidas ao

    processo de seleo de contingncias, sendo analisadas diretamente atravs de um mtodo

    detalhado. As contingncias mltiplas a serem analisadas so escolhidas com rigor para aanlise, normalmente so escolhidas as que so mais provveis. O problema metodolgico

    encontrado a seleo das contingncias mais crticas, a colocao de muitos casos na lista

    menor a ser analisada primeiramente, apesar de ser um mtodo conservador faz com que o

    tempo alocado para a anlise de segurana seja maior. E quando ocorre o contrrio, da lista

    ficar muito pequena, problemas na rede podem deixar de ser detectados [GARCIA E

    ALMEIDA, 1999].

    2.5.5 Seleo de Contingncias e Estabilidade de Tenso

    Os limites operacionais normalmente levados em considerao na anlise de

    contingncias so as sobrecargas em linhas de transmisso e transformadores (MW) e sobre

    ou subtenses em barramentos. Em funo da mudana das condies de operao das redes,

    o problema que se tornou particularmente importante foi o de estabilidade de tenso. A

    instabilidade de tenso caracteriza-se por uma lenta variao do ponto de operao do sistema

    de modo que a magnitude de tenso na barra de carga decresce at um ponto em que no

    possvel reverter a situao atravs de aes de controle. Normalmente acontece em sistemassobrecarregados e que tero sua demanda ainda mais aumentada. Tambm se costuma

    associar o evento ao suporte inadequado de potncia reativa nos pontos em que se faz

    necessrio. O maior desafio o desenvolvimento de um PI que reflita adequadamente a

    situao ps contingncia em termos de proximidade ao limite de estabilidade de tenso

    [MANZONIet alii, 2000].

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    3. PLANEJAMENTO DA EXPANSO DA REDE ELTRICA

    O problema de planejamento da expanso da rede eltrica amplamente discutido e

    abordado devido a sua importncia. O problema de planejamento da expanso

    constantemente estudado visto a quantidade de literaturas encontradas. A primeira seo deste

    captulo busca realizar uma reviso da literatura como meio de conhecer as algumas das mais

    diversas tcnicas utilizadas. Posteriormente so abordados conceitos, heursticas e modelos

    utilizados no problema de planejamento.

    3.1 Reviso da Literatura

    O tratamento abordado por Haffner [HAFFNER et alii, 1999] para o problema do

    planejamento dinmico da expanso de sistemas de transmisso a utilizao de mltiplos

    estgios, visando otimizao do valor presente do somatrio dos investimentos realizados ao

    longo dos anos. O modelo de transportes foi adotado para representar a rede de transmisso

    sendo o problema de otimizao solucionado por intermdio do algoritmo branch and bound.

    Atravs da decomposio deBenderso problema do planejamento da expanso do sistema de

    transmisso pode ser subdividido em dois problemas a serem resolvidos sucessivamente e

    iterativamente: no primeiro subproblema decide-se a respeito das variveis de investimento,

    solucionado atravs de programao inteira; no segundo determina-se a melhor forma de

    operar a rede, utilizando os recursos da primeira etapa, solucionado atravs de programao

    linear. Desta forma, o esforo computacional concentra-se no subproblema de Investimento e

    na quantidade de vezes que esse deve ser resolvido para a obteno do resultado final. As

    concluses do trabalho indicam melhorias na obteno do resultado. Isto se deve ao

    particionamento da programao inteira em vrios estgios, facilitando os clculos e

    reduzindo o custo computacional.

    Um modelo de otimizao inteira mista apresentado por Oliveira [OLIVEIRA EBAHIENSE, 2003] para a expanso da rede de transmisso de um sistema hidrotrmico.

    Neste so apresentadas as metas de gerao hdrica no ano para diversas condies

    hidrolgicas e as condies de atendimento das demandas representadas de forma discretizada

    em patamares. A formulao disjuntiva adotada evita a no linearidade utilizada na segunda

    lei de Kirchoff envolvendo produtos entre variveis de investimento e de ngulos nodais. As

    condies de operao e de despacho so afetadas pelo intercmbio entre regies, que podem

    variar com a condio hidrolgica e tambm com a condio de carga.

    O trabalho desenvolvido por Srgio A. de Oliveira [OLIVEIRA, 2004], apresentadiversas metaheursticas combinatrias para a resoluo do planejamento da expanso da

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    transmisso de energia eltrica, analisado do ponto de vista esttico e de longo prazo. Uma

    das metaheursticas utilizadas uma verso paralela dosimulated annealing e outras verses

    paralelas de algoritmos genticos. Tambm utilizado time assncrono cujos agentes so

    variantes destas metaheursticas. Os modelos so inicializados por um time assncrono dealgoritmos heursticos construtivos e executados em um ambiente de processamento

    distribudo. Este ambiente composto por rede heterognea de estaes SUN, sistema

    operacional SunOS, com biblioteca para processamento paralelo. Os sistemas utilizados para

    teste foram Garver, Sul brasileiro, Norte- Nordeste brasileiro e sistema colombiano (93 barras

    / 155 ramos). A concluso abordada por Oliveira de que os resultados comprovam a eficcia

    da metodologia proposta quando comparado com o resultado das verses seriais de cada

    metaheurstica isolada, tambm demonstrando uma reduo no tempo de processamento.

    O trabalho apresentado por Silva Jnior [SILVA JUNIOR, 2005] aborda algumas

    propostas para solucionar o problema de planejamento da expanso de sistemas de

    transmisso, esttico e multiestgio, considerando restries de segurana critrio de

    segurana n-1, bem como para o planejamento que possa satisfazer simultaneamente diversos

    planos de programao da gerao pr especificados. Silva Jnior utiliza algoritmo gentico

    especializado, o algoritmo gentico de Chu-Beasly. Utiliza o modelo DC para realizar a

    modelagem da rede eltrica para os problemas da expanso de sistemas de transmisso aqui

    propostos. Com a finalidade de gerar a populao inicial e melhora de um descendente do

    algoritmo gentico Chu-Beasly, utiliza-se o algoritmo heurstico construtivo de Villanasa Garver - Salon. O modelo matemtico apresentado bastante flexvel visto que aplicado ao

    planejamento centralizado, planejamento centralizado com segurana e propostas de

    planejamento para um nmero reduzido de planos de programao da gerao. Contudo, este

    requer um esforo computacional muito elevado necessitando pensar em processamento

    paralelo para analisar sistemas de grande porte.

    Flores [FLORES, 2006] defende em seu trabalho a utilizao de modelos

    matemticos e de tcnicas de soluo para resolver o problema de planejamento da expansode sistemas de transmisso atravs de trs enfoques. O primeiro enfoque usa o modelo de

    corrente alternada do sistema de transmisso e um algoritmo heurstico construtivo

    especializado para resolver o problema de planejamento, e, ainda, realizar uma primeira

    tentativa de alocao de fontes de potncia reativa. O segundo enfoque busca utilizar o

    modelo de corrente contnua e tcnicas de programao no-linear, modelado de forma

    matricial com um algoritmo de otimizao especializado e, alm disso, um algoritmo

    heurstico construtivo especializado utilizado para resolver o problema de planejamento. No

    terceiro enfoque o modelo de corrente contnua e um algoritmo branch and bound so usados

    sem empregar tcnicas de decomposio. Neste caso, foram redefinidos os chamados testes de

    sondagem no algoritmo branch and bound e em cada n da rvore tem-se um problema de

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    programao no linear que resolvido usando a metodologia desenvolvida no segundo

    enfoque. Flores desenvolve uma tcnica baseada em uma combinao de mtodos de pontos

    interiores de alta ordem (MPI-AO) para resolver os problemas de programao no-linear de

    forma rpida, eficiente e robusta. O objetivo da combinao MPI-AO foi colocar num nicomtodo as caractersticas particulares de cada um dos MPI-AO e melhora o desempenho

    computacional.

    Na tese de doutorado de Miasaki [MIASAKI, 2006], novos modelos matemticos so

    aplicados ao problema de planejamento da expanso do sistema de transmisso de energia

    eltrica, em longo prazo. Miasaki menciona que os modelos estticos mais utilizados para

    representar este problema tm como estratgia adicionar somente linhas de transmisso e

    transformadores convencionais. A proposta de Miasaki busca inserir e avaliar tecnicamente os

    dispositivos flexveis de transmisso em corrente alternada (Flexible Alternating Current

    Transmission Systems FACTS) como elementos do processo de expanso do sistema,

    juntamente com as linhas de transmisso e transformadores convencionais, nos modelos

    matemticos propostos. Na tese so adicionados FACTS com a inteno de obter uma melhor

    distribuio dos fluxos de potncia ativa no sistema e, como conseqncia, contribuir para

    uma reduo no custo. Os impactos dessa metodologia so analisados no sistema IEEE 24

    barras, com cinco planos de gerao. No trabalho so implementados algoritmos genticos

    especializados sendo que os resultados, segundo o autor, indicam um excelente desempenho

    dos modelos propostos.

    3.2 Problema de Planejamento da Expanso

    O problema de planejamento da expanso de sistemas de transmisso um problema

    cuja modelagem matemtica assume uma forma muito complexa e de difcil soluo. Sua

    soluo compreende duas etapas consecutivas e claramente definidas: a modelagem

    matemtica e, a tcnica de soluo escolhida para resolver o problema matemtico. O

    problema do planejamento da expanso de sistemas de transmisso tambm apresenta uma

    estrutura multimodal com um nmero elevado de timos locais, o que leva a maioria dosmtodos aproximados a fornecer uma soluo tima local, s vezes de pobre qualidade

    [FLORES, 2006].

    Haffner [HAFFNER, 2000] cita em sua Tese de Doutorado que o planejamento das

    capacidades de gerao e de transmisso dos sistemas de energia eltrica constitui um

    problema de otimizao de grande complexidade em funo de diversos fatores. Entre os mais

    importantes Haffner destaca: a) que necessrio uma viso de longo prazo para que os

    empreendedores possam se beneficiar da economia de escala que usual para osequipamentos de transmisso e de gerao tais como centrais eltricas; b) os

    empreendimentos de gerao e de transmisso apresentam dependncias temporais e espaciais

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    e necessitam de anlise conjunta no espao e no tempo de longo prazo; c) precisam ser

    avaliadas, simultaneamente, as caractersticas tcnicas e ambientais dos empreendimentos; d)

    existem incertezas associadas aos valores previstos para o comportamento do consumo, dos

    recursos hdricos e do recurso e da disponibilidade das demais fontes primrias de energia aolongo do horizonte de planejamento.

    Oliveira e Bahiense [OLIVEIRA E BAHIENSE, 2003] mencionam em seu trabalho

    que o problema de expanso de redes de transmisso visa determinar quais e onde novos

    equipamentos devem ser construdos na rede de modo a atender as demandas previstas a custo

    mnimo de investimento e operao, respeitando as operaes tcnicas de operao da rede.

    O principal objetivo do planejamento da expanso de um sistema de transmisso

    obter o plano timo de expanso do sistema eltrico. O melhor plano de expanso deverindicar onde devero ser alocados novos equipamentos para que o sistema opere

    adequadamente, de forma que obedea s restries operacionais e financeiras para um

    determinado cenrio futuro [MIASAKI, 2006].

    Os autores citados nesta seo concordam em diversos pontos em seus trabalhos,

    como por exemplo, na diviso dos estgios para realizar o planejamento de expanso, na

    difcil soluo do problema de planejamento e na dificuldade de determinar os fatores para os

    clculos. Assim, o planejamento da expanso da rede eltrica de complexidade

    extremamente alta, alm de possuir diversas variveis e, algumas delas, sem uma estimativa

    aproximada para dar segurana total ao projeto.

    Os modelos matemticos desenvolvidos com a inteno de melhor representar o

    problema do planejamento da expanso da rede eltrica so os mais diversos. Os trabalhos

    pesquisados, no citados em sua totalidade, utilizam principalmente os seguintes modelos

    matemticos: modelos de transporte, modelos hbridos como o no-linear e o linear, o modelo

    de fluxo de carga DC, o modelo linear disjunto e o modelo de fluxo de carga AC. Para

    resolver todos estes modelos matemticos surgiram diversas heursticas e metaheursticascom o objetivo de minimizar o esforo computacional e buscar a soluo mais prxima do

    ideal (tima). Os modelos matemticos e as heursticas so objeto de estudo dos itens que

    seguem.

    3.3 Modelos Matemticos

    A maioria dos problemas do cotidiano pode ser representada atravs de um modelo

    matemtico. O modelo matemtico permite aos pesquisadores realizar simulaes, analisar e

    compreender dados experimentais.

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    Apesar de existirem os mais diversos tipos de modelos matemticos, dos mais

    simples aos mais complexos, um modelo de programao matemtica composto de uma

    funo objetivo e um conjunto de restries. As restries relacionam um conjunto de

    variveis de deciso atravs de um conjunto de equaes e inequaes algbricas. Nossistemas de gerao e transmisso de energia eltrica o objetivo normalmente minimizar os

    custos de investimento e de operao do sistema [MIASAKI, 2006], [HAFFNER, 2000],

    [OLIVEIRA, 2004].

    Normalmente, nos modelos matemticos, medida que so introduzidas melhorias, o

    modelo matemtico torna-se mais complexo. Desta forma, deve haver um comprometimento

    do modelo matemtico que utilizado para representar o mundo real, com a tcnica de

    soluo abordada. A tcnica deve possibilitar o mximo de aproveitamento dos recursos

    computacionais.

    O problema de planejamento do sistema de transmisso, de modo geral,

    classificado com relao ao horizonte, considerado para os custos de investimento em

    multiestgio (horizonte de planejamento dividido em diversas etapas) ou em esttico (em um

    nico horizonte de planejamento).

    3.3.1 Modelagem Matemtica Clssica

    No planejamento esttico de sistemas de transmisso tradicional, o sistema possui

    uma configurao inicial e tem como funo objetivo chegar a um cenrio futuro atravs do

    melhor plano de expanso possvel. Alguns modelos so citados e detalhados na inteno de

    exemplificar como os modelos podem atuar sobre o problema de planejamento da expanso

    do sistema eltrico [OLIVEIRA, 2004], [SILVA JUNIOR, 2005], [HAFFNER, 2000],

    [MIASAKI,2006].

    3.3.1.1 Modelo AC

    Representar o problema atravs das relaes matemticas de fluxo de carga AC seria

    ideal para indicar a operao adequada na modelagem matemtica. Entretanto, como a

    maioria dos sistemas utilizados no planejamento da transmisso apresenta um sistema inicial

    no conexo (ilhamento) difcil resolver sistemas deste tipo empregando as relaes

    matemticas do fluxo de carga AC e as tcnicas de soluo conhecidas. Um outro motivo que

    inviabiliza este modelo matemtico que o problema de planejamento de sistema trabalha

    com o fluxo de potncia ativa no sistema eltrico e o problema reativo resolvido em etapasposteriores.

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    3.3.1.2 Modelo DC

    O modelo DC considerado como o modelo ideal para ser utilizado em sistemas de

    transmisso, levando em considerao as duas leis de Kirchhoff para o sistema eltrico. Nesta

    formulao, variveis contnuas de operao (fluxos nas linhas, nveis de gerao e demanda),

    podem ser encontradas.

    ( )

    +=ji i

    iiijij rncvMin,

    (3.1)

    s.a.

    drgnB ij =+++)( (3.2)

    ijijijjiijij nnnn )(||)( ++ (3.3)

    gg0 (3.4)dr0 (3.5)

    ijij nn 0 (3.6)

    ),( ji (3.7)Equao 3.1 - Modelo Matemtico DC

    onde:

    v investimento devido a adio de circuitoscij custo de um circuito no ramo ijnij nmero de linhas adicionadas, nij = xij/ ija susceptncia nominal de uma

    linha entre as barras i-j parmetro adequado de transformao de unidades

    B(.) matriz de susceptncias ngulo de tenses nodaisg vetor de geraesr vetor de geradores fictcios ou artificiaisd vetor de demandasxij nova susceptncia a ser instaladanij nmero de linhas iniciais no ramo (i,j)

    ij definida pela realo: ij = ij / nij

    ij fluxo mximo de potncia ativa no ramo (i,j)

    g vetor de limites de gerao

    ijn vetor de nmero mximo de adies no ramo (i,j)

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    conjunto de todos os ramos definidos pelas linhas existentes e as alternativasde expanso

    O modelo apresentado por Oliveira [OLIVEIRA, 2004] (Equao 3.1) est um pouco

    modificado considerando o modelo DC original. Nesta formulao o termo iiriexiste para

    facilitar a resoluo. Quando o valor de relativamente grande, os valores de ri so

    praticamente iguais zero. Neste caso, tornando-se exatamente igual formulao original.

    Desta forma o problema torna-se sempre factvel, pois as sobrecargas no sistema que

    apareceriam no processo de resoluo so compensadas pelos geradores artificiais.

    3.3.1.3 Modelo de Transporte

    O modelo de transporte foi formulado por Garver, em 1970 [GARVER, 1970], sendo

    a primeira proposta para planejamento de redes de transmisso que utilizou programao

    linear. Esta metodologia consiste basicamente em resolver de maneira aproximada uma

    verso relaxada do modelo DC. No modelo de transportes de Garver leva-se em considerao

    apenas a primeira lei de Kirchhoff, no levando em considerao as restries da segunda lei.

    ( )

    =ji

    ijijncvMin

    ,

    (3.8)

    s.a.

    dgS =+ (3.9)

    ijijijij nn + )(|| (3.10)gg0 (3.11)

    ijij nn 0 (3.12)

    irrestritoirrestrito ijijn ),( ji (3.13)

    Equao 3.2- Modelo de Transporte

    Garver props inicialmente um Algoritmo Heurstico Construtivo para encontrar

    uma boa configurao e no necessariamente uma configurao tima. Se o termo nij for

    retirado da equao, a equao transforma-se em um Problema de Programao Linear (PPL).

    Dessa forma, a resoluo permite indicar o circuito mais atrativo que pode ser adicionado ao

    sistema eltrico.

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    3.3.1.4 Modelo Hbrido

    O modelo hbrido surge da necessidade de utilizar a boa qualidade de resposta do

    modelo DC juntamente com a possibilidade de clculo em redes desconexas do modelo de

    transportes. Pode-se dizer que o modelo hbrido uma combinao dos modelos DC e de

    Transportes. Encontrar a soluo tima neste caso quase equivalente busca no modelo DC

    por isso as diferentes variaes do modelo hbrido normalmente so utilizadas para auxiliar

    no processo de resoluo do modelo DC. O modelo hbrido pode apresentar a estrutura de um

    problema de programao linear ou no-linear.

    3.3.1.4.1 Modelo Hbrido No- Linear

    A formulao matemtica do modelo hbrido no-linear descrita a seguir:

    ( )=

    ji

    ijijncvMin,

    (3.14)

    s.a.

    dgS =+ (3.15)=+ ),(0))(( jinn jiijijijij (3.16)

    ijijijij nn + )(|| (3.17)gg0 (3.18)

    ijij nn 0 (3.19)

    irrestrito;irrestrito;inteiro jijijn

    Equao 3.3 Modelo Hbrido Linear

    Neste modelo, 1 representa o conjunto de caminhos onde existe linha na

    configurao base. As duas primeiras equaes referentes s restries indicam

    respectivamente que o modelo hbrido deve satisfazer a Lei de Kirchhoff das correntes em

    todas as barras e a Lei de Kirchhoff de Tenso nos laos existentes na configurao base.

    O conjunto de equaes referentes Lei de Kirchhoff das Tenses representa a

    diferena entre os modelos matemticos de transporte, hbrido e DC. importante salientar

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    que a no linearidade das restries neste modelo o torna um problema com nvel de

    complexidade maior em relao ao modelo de transportes.

    3.3.1.4.2 Modelo Hbrido Linear

    Na maioria das vezes, quando existe alguma dificuldade na resoluo de um

    problema, so criadas novas alternativas para a resoluo deste problema. O modelo

    matemtico hbrido obtido a partir do modelo hbrido no-linear. Para isso, utilizam um

    problema equivalente, cuja modelagem matemtica corresponde a um problema linear inteiro

    misto.

    Neste novo modelo, existem dois sistemas superpostos: a rede original e outra,

    completa, formada por circuitos candidatos. As Leis de Kirchhoff so observadas no modelo,

    descrito a seguir:

    ( )=

    ji

    ijijncvMin,

    (3.20)

    s.a.

    dgSS =++ . (3.21)

    1),(0)( = jin jiijijij (3.22)

    1),(|| jin ijijij (3.23)

    ),(|| jin ijijij (3.24)gg0 (3.25)

    ijij nn 0 (3.26)

    ;irrestrito;irrestrito;inteiro ijijijn

    3j ),(irrestrito ji (3.24)

    Equao 3.4 Formulao Matemtica do Modelo Hbrido No-Linear

    onde:

    S - matriz de incidncia transpostas dos caminhos existentes na

    configurao base;

    S - matriz de incidncia transpostas dos caminhos existentes naconfigurao completa;

    - vetor de fluxo de potncia dos caminhos existentes;

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    ' - vetor de fluxo de potncia dos novos caminhos candidatos;

    nij - nmero de circuitos existentes na configurao base;

    nij - nmero de novos circuitos adicionados;

    1 - conjunto de caminhos da configurao base;- conjunto de caminhos onde novas linhas podem ser acrescidas;

    3 - conjunto de barras da configurao base;

    j ngulo de tenso.

    3.3.1.5 Modelo Linear Disjuntivo

    O modelo DC considerado a modelagem ideal para o problema de planejamento,sendo este um problema de programao no-linear misto. De modo geral, pode-se

    transformar um modelo no-linear quadrtico com variveis binrias e reais usando uma

    transformao que permite separar os termos quadrticos em relaes no lineares. Dessa

    forma, pode-se transformar o modelo DC no-linear num modelo equivalente linear. Neste

    caso especfico, adicionado o parmetro M de valor muito grande. Segue a formulao da

    modelagem linear disjuntiva (que possui a mesma soluo tima do modelo DC):

    ( ) += ji kkijij rycvMin

    , (3.25)

    s.a

    drgSS =+++ 110 (3.26)

    1),(0)( = jijiijij (3.27)

    )1()(11 ijjiijij yM (3.28)

    )1()(11 ijjiijij yM (3.29)

    || ijij (3.30)

    y|| 1 ijijij (3.31)gg0 (3.32)dr0 (3.33)

    ),({0,1} jiyij (3.34)irrestritojijij ;irrestrito;irrestrito

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    Equao 3.5 Modelo Linear Disjuntivo

    Onde:

    yij uma varivel binria igual a 1 se no caminho i-j adicionado um circuito, caso

    contrrio igual a zero;

    S0 a matriz de incidncia n-ramo transposta dos circuitos existentes na

    configurao base com fluxos ;

    S1 a matriz de incidncia n-ramo transposta dos circuitos candidatos considerados

    como variveis binrias e com fluxos 1.

    Este tipo de tcnica apresenta uma desvantagem bastante importante em relao ao

    modelo DC, existe o aumento da dimenso do problema causado pela introduo de variveis

    binrias e, com a introduo do parmetro M para cada restrio, aumenta o fator de

    complexidade do modelo linear disjuntivo. A grande vantagem a modelagem linear, onde se

    pode desenvolver algoritmos adequados com propriedades de convergncia interessantes.

    3.4 Algoritmos Heursticos

    O problema de planejamento de longo prazo de sistemas de transmisso tem sidoestudado por diversos pesquisadores. As tcnicas utilizadas podem ser divididas em grupos.

    No primeiro grupo encontram-se os algoritmos exatos ou de otimizao clssica e no segundo

    grupo os algoritmos aproximados como as heursticas e as metaheursticas.

    O algoritmo construtivo de Garver [GARVER, 1970] utilizado em planejamento de

    sistemas de transmisso um dos primeiros algoritmos de maior importncia. Garver sugere

    resolver o prprio problema de transporte aps relaxar a integralidade, o que corresponde a

    solucionar o problema de programao linear para identificar o circuito mais atraente e que

    deve ser adicionado ao sistema eltrico.

    Existem muitos algoritmos heursticos para o modelo DC. Trs desses algoritmos

    foram desenvolvidos por pesquisadores brasileiros. Monticelli [MONTICELLI et alii, 1982]

    apresentou o algoritmo do mnimo esforo. Neste, o indicador de sensibilidade identifica o

    circuito que, uma vez adicionado ao sistema, produz uma maior reduo de sobrecargas do

    sistema eltrico. A modelagem permite que os circuitos sejam sobrecarregados. Outra

    filosofia apresentada o algoritmo de mnimo corte de carga. A filosofia semelhante

    proposta por Monticelli mas, neste, os circuitos no podem ser sobrecarregados e os

    problemas so traduzidos em cortes de carga. Desta forma, o indicador de sensibilidade

    identifica o circuito que produz uma maior reduo no corte de carga no sistema eltrico.

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    Oliveira [OLIVEIRA, 2004] utilizou funo sigmide para representar as variveis de

    investimento inteiras do problema de planejamento. O algoritmo utiliza tcnicas de

    programao no linear permitindo a incluso de no linearidades no problema de

    planejamento, tais como as perdas ativas do sistema de transmisso.

    Os algoritmos heursticos possuem a propriedade de encontrar apenas solues de

    boa qualidade para sistemas de grande porte e a qualidade das solues pode ficar

    extremamente distante da tima. Entretanto, por serem robustos e rpidos, os algoritmos

    heursticos representam um grande campo de pesquisa e as solues encontradas por

    algoritmos j desenvolvidos podem auxiliar no aperfeioamento de outros algoritmos que

    demandam maior esforo computacional, como as metaheursticas.

    3.4.1 Algoritmo Heurstico de Garver

    O modelo formulado por Garver [GARVER, 1970] uma verso relaxada do

    modelo DC. Para resolver o modelo de transportes, foi apresentado um algoritmo heurstico

    construtivo cujo indicador de sensibilidade resolvido utilizando um problema de

    programao linear. Garver considera que todo fluxo que no puder ser transportado pelas

    ligaes normais, fluir pelas ligaes de sobrecarga porque essas tm capacidades ilimitadas.

    Em cada etapa do processo de planejamento deve-se resolver um problema de programao

    linear e assim adicionar um circuito na trajetria de maior sobrecarga. O processo repetido

    at eliminar todas as sobrecargas. A implementao do algoritmo de Garver bastante

    simples pois se trata de solues sucessivas de programao linear. A principal limitao da

    metodologia que ela no garante a obteno da soluo tima do sistema planejado.

    3.4.2 Mtodo de Mnimo Esforo

    O mtodo do mnimo esforo baseia-se no fato de que a distribuio dos fluxos em

    uma rede tal que a lei do mnimo esforo que minimiza o produto das reatncias (p.u.) de

    cada ramo pelo quadrado do respectivo fluxo. Esta funo de mnimo esforo utilizada

    como um ndice de sensibilidade para ordenar as adies de novos circuitos do sistema

    [OLIVEIRA, 2004].

    ijjiijme ZIS ==2)(

    2

    1 (3.35)

    Equao 3.6 Funo do Mnimo Esforo

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    onde i - j a diferena angular do ramo ij antes da adio, e ij a variao da susceptncia

    de um circuito no ramo ij. A cada processo adicionado um novo circuito que possa provocar

    o maior impacto na distribuio de fluxos na rede, o que apresenta o maior |Zij| .

    A estrutura do algoritmo de mnimo esforo pode ser citada da seguinte maneira:

    Primeira Parte: 1) a configurao base a configurao corrente; 2) anlise DC para

    a configurao corrente. Se no houver sobrecargas ir para a segunda parte. Caso contrrio,

    calcular o ISme e ordenar os circuitos candidatos iniciando pelo circuito que apresentar maior

    valor absoluto do ndice. Ir ao passo trs. 3) Adicionar para a configurao corrente o

    primeiro circuito da lista anterior. Voltar ao passo 2.

    Segunda Parte: Ordenar os circuitos adicionados em ordem decrescente de seuscustos e eliminar aqueles cuja sada no produzem corte de carga no sistema. Encerrar.

    3.4.3 Mnimo Corte de Carga

    Semelhante ao Mtodo do Mnimo Esforo, este mtodo realiza a adio de linhas

    selecionadas conforme um ndice de sensibilidade que permite encontrar linhas mais atrativas.

    O ndice utilizado apresentado na equao a seguir:

    ))(( jijimccIS = (3.36)

    Equao 3.7 Mnimo Corte de Carga

    onde:

    j o multiplicador de Lagrange da j-sima restrio do sistema B+ g + r = d e os jso os ngulos de tenso da barra obtidos ao resolver o modelo DC para a configurao

    corrente utilizando um algoritmo de programao linear.

    3.4.4 Metaheursticas

    Os algoritmos metaheursticos apresentam um conjunto de tcnicas de otimizao

    adaptadas para trabalhar na resoluo de diversos problemas complexos. Alguns dos

    algoritmos metaheursticos foram aplicados com muito sucesso para resolver diversosproblemas no campo da pesquisa operacional e alguns problemas de engenharia eltrica. J

    foram propostos diversos mtodos metaheursticos para lidar com o problema de

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    planejamento da expanso do sistema de transmisso, por exemplo o simulated anealing, os

    algoritmos genticos, o Greedy Randomized Adaptive Search Procedure (GRASP) e a busca

    tabu [MIASAKI, 2006].

    Os mtodos metaheursticos tm a caracterstica geral de que convergem para

    solues timas ou quase timas. Contudo, estes mtodos utilizam grande esforo

    computacional. As metaheursticas se utilizam de mecanismos inteligentes com o objetivo de

    criar um processo eficiente capaz de sair de um ponto local timo e encontrar a soluo tima

    global ou uma soluo prxima da tima global. Desta forma, uma metaheurstica uma

    estratgia de alto nvel que parte de uma soluo ou um conjunto de solues em busca de

    possveis solues timas dentro de um determinado escopo. A diferena entre cada uma das

    heursticas est na tcnica utilizada por elas.

    De modo geral, para implementar as metaheursticas deve-se adotar os seguintes

    procedimentos: a) especificar uma forma de representar uma proposta de soluo dentro do

    espao de busca do problema (codificao); b) definir a forma de encontrar a funo objetivo

    ou seu equivalente para cada proposta de soluo; c) descrever a vizinhana da soluo

    corrente; d) determinar de forma explcita se a forma de realizar as transaes deve ser

    realizada a partir de um nico ponto ou de diversos pontos; e) indicar se o processo de busca

    deve ser realizado atravs de solues factveis ou podem ser consideradas tambm solues

    infactveis.

    No caso do problema de planejamento da expanso de sistemas de transmisso

    mais adequado considerar as propostas de soluo infactveis no processo de transio porque

    nesse tipo de problema as propostas factveis representam uma parcela muito reduzida no

    espao de busca do problema. Estes conceitos, interligados atravs do problema de

    planejamento da expanso da rede eltrica, podem auxiliar na busca de solues e geram um

    panorama das possibilidades matemticas e de possveis otimizaes que possam ser

    aplicadas na soluo deste problema.

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    4. FLUXO DE POTNCIA TIMO E ANLISE DE SENSIBILIDADE

    O fluxo de potncia timo, bem como a anlise de sensibilidade, possui diversas

    formas de serem resolvidos e podem ser aplicados em diversos problemas. A reviso da

    literatura na prxima seo menciona alguns trabalhos desenvolvidos neste contexto.

    Posteriormente, nas sees que seguem alguns conceitos sobre fluxo de potncia timo e

    anlise de sensibilidade so abordados.

    4.1 Reviso da Literatura

    Silva menciona que inmeras propostas de redes neurais existem na literatura pararesolver o problema de fluxo de potncia timo DC [SILVA et alii, 2000]. A rede de Hopfield

    um dos modelos mais utilizados, entretanto, a maioria ignora o sistema de transmisso.

    Silva observa que tal simplificao deixa de considerar importantes restries de potncia

    ativa, podendo conduzir a clculos equivocados de despacho. Silva prope uma rede de

    Hopfield modificada para resolver eficientemente problemas de fluxo de potncia timo DC.

    Para este caso, o sistema de transmisso representado atravs de equaes de fluxo de carga

    lineares e de restries no fluxo de potncia ativa. Os parmetros internos da rede de Hopfield

    modificada apresentada por Silva so computados pela tcnica de subespao vlido de

    solues, o qual garante que as solues encontradas pela rede (que so os pontos de

    equilbrio) sejam sempre factveis.

    Azevedo defende que o mtodo dos pontos interiores primal-dual e preditor-corretor

    so desenvolvidos para um mtodo de fluxo de potncia timo DC onde as leis de Kirchhoff

    so representadas por um problema de fluxo em redes com restries adicionais. No artigo

    [AZEVEDO et alii, 2001] Azevedo introduz um grafo generalizado na matriz que representa

    a estrutura da rede por onde os fluxos de potncia passam de modo que o modelo possa levar

    em conta as perdas resultantes da transmisso. Resultados numricos com implementao emMATLAB so apresentados por Azevedo para sistemas de teste IEEE. Azevedo constata que

    o mtodo dos pontos interiores se mostra bastante robusto convergindo para os casos testados.

    Nepomuceno [NEPOMUCENO et alii, 2003] divide o Pr despacho (PD) em duas

    partes: PDA (Pr Despacho Ativo) e PDR (Pr Despacho Reativo). No PDA, procura-se

    estabelecer uma gerao ativa inicial atravs de um modelo PD tradicional. No PDR, o pr

    despacho proposto pelo PDA avaliado do ponto de vista reativo, atravs do fluxo de

    potncia timo (FPO) Newton proposto. O modelo de PDR constitudo de T problemas de

    FPO, que so resolvidos separadamente, mas de maneira incremental, fazendo umacompanhamento de carga entre intervalos consecutivos, o que diminui consideravelmente o

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    tempo de reavaliao reativa do problema de PDR como um todo. Caso seja necessrio, o

    PDR capaz de propor redespachos na gerao ativa, de modo a contornar problemas reativos

    nos intervalos crticos (nos quais todos os recursos reativos j foram utilizados e ainda assim

    persistem os problemas reativos). A formulao e a metodologia de soluo proposta porNepomuceno so avaliadas no sistema IEEE30 em dois estudos de caso e mostrou-se bastante

    robusta no que diz respeito incorporao da parte reativa ao problema PD.

    Os mtodos de pontos interiores primal-dual e preditor-corretor so desenvolvidos

    para um modelo de fluxo de potncia timo DC onde as leis de Kirchhoff so representadas

    por um problema de fluxo em redes com restries adicionais, segundo Oliveira e Filho. A

    estrutura matricial resultante explorada reduzindo o sistema linear a ser resolvido a um

    sistema da dimenso do nmero de barras ou, opcionalmente, do nmero de laos

    independentes, cuja matriz invariante ao longo das iteraes permitindo que o mtodo tenha

    uma iterao bastante rpida. Como conseqncia, um sistema linear cuja matriz varia a cada

    iterao deve ser resolvido. A dimenso deste sistema se reduz ao nmero de geradores. Os

    autores utilizaram C para obter resultados numricos aplicados a sistemas IEEE e sistemas

    brasileiros de grande porte [OLIVEIRA E FILHO, 2003].

    Aurich apresenta um modelo de fluxo de potncia timo linear com reprogramao

    corretiva, utilizando um mtodo de pontos interiores primal-dual barreira logartmica

    [AURICH, 2004]. O modelo de fluxo de potncia timo linear determina um ponto deoperao econmico factvel do ponto de vista de um caso bsico, mas no leva em

    considerao a ocorrncia de contingncias. O modelo de fluxo de potncia timo linear com

    restries de segurana, por outro lado, determina uma soluo segura do ponto de vista das

    contingncias, mas as suas solues podem se afastar significativamente da soluo mais

    econmica. J o modelo de fluxo de potncia timo linear com reprogramao corretiva visa

    determinar um ponto de operao mais seguro em relao a possveis contingncias, ao

    mesmo te