Análise do Desempenho Económico e Ambiental de Alternativas de ...
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Análise do Desempenho Económico e Ambiental de
Alternativas de Fabrico de Microinsertos
Desenvolvimento de um Modelo Integrado numa Perspetiva de Ciclo de
Vida
Gonçalo Andrade Nogueira Alves
Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Mecânica
Júri
Presidente: Professor Mário Manuel Gonçalves da Costa
Orientador: Professor Paulo Miguel Nogueira Peças
Coorientador: Professor Paulo Manuel Cadete Ferrão
Vogal: Professora Elsa Maria Pires Henriques
Outubro de 2012
I
Agradecimentos
Em primeiro lugar quero agradecer ao Professor Paulo Peças pelo acompanhamento,
disponibilidade e dedicação que sempre mostrou ao longo do desenvolvimento deste trabalho.
Em segundo lugar, ao Engº Filipe Narciso, ao Engº Luís Marrazes e a todos os
trabalhadores da Tecnimoplás por todo o tempo disponibilizado e fornecimento de dados que
tornaram possível o desenvolvimento deste estudo.
Ao Engº Pedro Oliveira da Famolde, pelos esclarecimentos acerca dos processos
produtivos envolvidos no fabrico de um molde.
Agradeço agora ao IPN, nomeadamente à Dra. Teresa Vieira e à Engª Vanessa Neto por
todas as explicações e dados fornecidos para o desenvolvimento do Caso de Estudo .
Aos meus Amigos que me acompanharam ao longo de toda a vida, por todas as saídas e
bons momentos que passamos juntos.
Por último e mais importante, um agradecimento muito sincero aos meus Pais, Irmã,
Namorada e restante Família por me proporcionarem a vida que tenho e por todo o apoio que
me têm dado desde sempre.
II
Resumo
Com o aumento do desenvolvimento de Microtecnologias e aparecimento de diversas
alternativas de produção de Microcomponentes, surge a necessidade de se desenvolver uma
ferramenta que permita a análise de diferentes cenários produtivos bem como a influência da
variação de diversos parâmetros num ambiente industrial.
Neste trabalho desenvolveu-se um Modelo Integrado de Apoio à Decisão com o intuito
de se realizarem diversas análises às alternativas de fabrico de Microinsertos. Este Modelo
incorpora três metodologias para a análise de custos e impactos ambientais numa perspetiva de
Ciclo de Vida: Life Cycle Cost (LCC), Life Cycle Assessment (LCA) e Modelo de Desempenho
Tecnológico baseado nos Processos (MTP).
No presente estudo foram analisadas duas alternativas de fabrico de Microinsertos:
maquinagem direta num bloco de aço e fabrico de Micromolde para consequente operação PIM.
Dentro destas alternativas estudaram-se também três tecnologias recentes de maquinagem –
MicroFresagem, MicroEDM e Laser Milling.
A aplicação do Modelo Integrado ao presente Caso de Estudo permitiu estimar os
custos/impactos ambientais envolvidos por fase e por etapa de fabrico de Microinsertos, sendo
contabilizado o Ciclo de Vida do produto e não apenas custos e impactos ambientais diretos de
produção. O Modelo Integrado permitiu também analisar a influência no desempenho económico
dos tempos de vida de ferramentas e elétrodos, uptimes e taxas de remoção de material de
equipamentos, e ainda da durabilidade do Micromolde no custo final. Estas análises de
sensibilidade possibilitam um aumento do conhecimento do efeito de diversos fatores num
sistema produtivo, de modo a facilitar-se a transição para o universo industrial.
Palavras-Chave: Microinsertos, Modelo Integrado de Apoio à Decisão, Life Cycle Cost, Life Cycle
Assessment, Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos.
III
Abstract
With the growth of developing of micro-technologies and appearance of several
alternative production of micro-components, it is needed to develop a tool that allows the
analysis of different production scenarios as well as the influence of changes in various
parameters in an industrial environment.
An Integrated Model for Decision Support, in order to carry out various analyses of micro-
inserts manufacturing alternatives, was developed in this work. This Model incorporates three
methodologies for the analysis of economic and environmental impacts on a Life Cycle
perspective: Life Cycle Cost (LCC), Life Cycle Assessment (LCA) and Technological
Performance Model based on the Processes (TPM).
In this study were analyzed two alternatives for the manufacture of micro-inserts: direct
machining of a block of steel and manufacture of micro-mold for consequent PIM operation.
Within these alternatives, three recent machining technologies – micro-milling, micro-EDM and
Laser Milling were also studied.
The application of the Model to the present case study allowed the estimation of the
environmental impacts/costs by phase and by stage of manufacture of micro-inserts, being
accounted the Life Cycle performance of the product and not just production cost and
environmental impacts. The Integrated Model also allowed the analysis of the influence of tools
and electrodes lifetimes, equipments uptimes and material removal rates as well as the influence
of the micro-mold durability in total cost. These analyses provided an improved understanding of
the effect of various factors on a production system, in order to ease the transition to its
industrial implantation.
Keywords: micro-inserts, Integrated Model for Decision Support, Life Cycle Cost, Life Cycle
Assessment, Technological Performance Model based on the Processes.
IV
Índice
Agradecimentos ..................................................................................................................................... I
Resumo................................................................................................................................................... II
Abstract ................................................................................................................................................. III
Índice ..................................................................................................................................................... IV
Lista de Tabelas .................................................................................................................................... VI
Lista de Figuras .................................................................................................................................. VIII
Glossário ................................................................................................................................................ X
1. Introdução ....................................................................................................................................... 1
2. Estado de Arte da abordagem “Life Cycle Engineering” .......................................................... 3
“Life Cycle Engineering” .......................................................................................................... 3 2.1.
“Life Cycle Cost” ...................................................................................................................... 5 2.2.
“Life Cycle Assessment” .......................................................................................................... 6 2.3.
Eco indicadores ....................................................................................................................... 8 2.4.
Eco indicador 95 .................................................................................................................. 8 2.4.1
Eco–indicador 99 ................................................................................................................. 9 2.4.2
“Process-based Cost Modeling” ............................................................................................ 11 2.5.
Referências............................................................................................................................ 13 2.6.
3. Estado de Arte de Microfabricação ............................................................................................ 15
Fabrico de Moldes ................................................................................................................. 16 3.1.
Componentes do Molde .................................................................................................... 16 3.1.1
Insertos no Molde .............................................................................................................. 18 3.1.2
Processos de Fabrico de Moldes ...................................................................................... 19 3.1.3
Processos de Obtenção de Microcomponentes .................................................................... 25 3.2.
Referências............................................................................................................................ 27 3.3.
4. Modelo Integrado de Apoio à Decisão ....................................................................................... 29
Modelo de Desempenho Económico – LCC ......................................................................... 29 4.1.
Modelo de Desempenho Ambiental – LCA ........................................................................... 31 4.2.
Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos – MTP................................ 33 4.3.
V
5. Descrição do Caso de Estudo e Modelo Desenvolvido ........................................................... 35
Alternativa 1 ........................................................................................................................... 37 5.1.
Alternativa 2 ........................................................................................................................... 38 5.2.
Variáveis de Entrada, Saída e de Controlo ........................................................................... 40 5.3.
Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos ........................................... 44 5.4.
6. Aplicação do Modelo Integrado de Apoio à Decisão ............................................................... 50
Análise da Dimensão Económica .......................................................................................... 50 6.1.
Alternativa 1 ....................................................................................................................... 51 6.1.1
Alternativa 2 ....................................................................................................................... 60 6.1.2
Análise da Dimensão Ambiental ........................................................................................... 70 6.2.
Alternativa 1 ....................................................................................................................... 70 6.2.1
Alternativa 2 ....................................................................................................................... 73 6.2.2
Análise Comparativa das Alternativas em termos das Dimensões Abordadas .................... 76 6.3.
7. Conclusões ................................................................................................................................... 79
Anexo I ......................................................................................................................................................i
Anexo II ................................................................................................................................................... iii
Anexo III .................................................................................................................................................. iv
Anexo IV ................................................................................................................................................. vi
Anexo V ................................................................................................................................................. vii
VI
Lista de Tabelas
Tabela 2-1 – Pesos de cada categoria consoante a perspetiva ........................................................... 10
Tabela 4-1 – Tipologias de Custos Totais. ........................................................................................... 30
Tabela 4-2 – Descrição dos inputs do Modelo LCC. ............................................................................ 31
Tabela 5-1 – Dados referentes a Material, Produção, Uso e Fim de Vida da Alternativa 1. ................ 47
Tabela 5-2 – Dados referentes a Material, Produção, Uso e Fim de Vida da Alternativa 2. ................ 48
Tabela 6-1 – Variáveis Exógenas consideradas no Modelo LCC. ....................................................... 50
Tabela 6-2 – Inputs introduzidos para cada tecnologia. ....................................................................... 51
Tabela 6-3 – Rácios de custo para as três tecnologias em estudo. ..................................................... 52
Tabela 6-4 – Valores relativos a consumos de energia, fluidos, gás, ferramentas, elétrodos e
materiais para a Alternativa 1. ............................................................................................................... 52
Tabela 6-5 – Distribuição de custos finais e tempo total consoante as tecnologias em estudo, da
Alternativa 1, para o fabrico de 1000 Microinsertos. ............................................................................. 53
Tabela 6-6 – Valores do custo unitário dos Microinsertos consoante os Tempos Médios de Vida das
fresas e dos elétrodos. .......................................................................................................................... 56
Tabela 6-7 – Distribuição de custos finais para o Laser, admitindo uma taxa de remoção de material
de 0,035 mm3/min e uptime de 25%. .................................................................................................... 60
Tabela 6-8 – Inputs das operações de Maquinagem até à fase de Acabamento. ............................... 61
Tabela 6-9 – Inputs das operações de Montagem e Acabamento Superficial. .................................... 61
Tabela 6-10 – Inputs da operação PIM ................................................................................................. 62
Tabela 6-11 – Rácios de custo para a todas as etapas da Alternativa 2 exceto o Acabamento do
Micromolde ............................................................................................................................................ 63
Tabela 6-12 – Valores relativos a consumos de energia, fluido, gás, ferramentas e materiais para a
Alternativa 2, excetuando a fase de Acabamento do Micromolde. ....................................................... 63
Tabela 6-13 – Valores relativos a consumos de energia, fluidos, gás, ferramentas, elétrodos e
materiais para as diferentes tecnologias de acabamento do Micromolde da Alternativa 2. ................. 64
Tabela 6-14 – Distribuição dos custos de Fabrico do Micromolde, exceto acabamento e acabamento
superficial, e PIM, consoante as etapas de cada operação .................................................................. 65
Tabela 6-15 – Distribuição de custos consoante o tipo de maquinagem, de dois elementos, da
Alternativa 2. .......................................................................................................................................... 66
Tabela 6-16 – Distribuição de custos finais consoante o tipo de Acabamento Superficial da Alternativa
2. ............................................................................................................................................................ 67
Tabela 6-17 – Custos totais na produção de 1000 Microinsertos consoante a tecnologia de
Acabamento e utilizando EBM como Acabamento Superficial. ............................................................ 67
Tabela 6-18 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para o fabrico de 1000
Microinsertos utilizando MicroFresagem da Alternativa 1. .................................................................... 71
Tabela 6-19 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para a MicroEDM. .............. 72
Tabela 6-20 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para o Laser Milling. ........... 72
VII
Tabela 6-21 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para o Fabrico do
Micromolde. ........................................................................................................................................... 73
Tabela 6-22 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para as três tecnologias
alternativas no Acabamento do Micromolde. ........................................................................................ 74
Tabela 6-23 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para a operação PIM. ........ 74
Tabela 6-24 – Custos por Microinserto consoante a Alternativa/Tecnologia utilizada, para o fabrico de
1000 Microinsertos, referentes aos cenários atuais das empresas. ..................................................... 76
VIII
Lista de Figuras
Figura 2-1 – Metodologia de aplicação da abordagem LCE. ................................................................. 4
Figura 2-2 – Principais etapas do LCA. .................................................................................................. 6
Figura 2-3 – Método do Eco indicador 95. ............................................................................................. 9
Figura 2-4 – Método do Eco indicador 99. ........................................................................................... 10
Figura 2-5 – Etapas correspondentes à lógica de funcionamento do PBCM ...................................... 11
Figura 3-1 – Estrutura de um Molde. .................................................................................................... 17
Figura 3-2 – Fases do processo produtivo de um molde ..................................................................... 20
Figura 3-3 – Ilustração esquemática de corte por arranque de apara (Fresagem) ............................. 22
Figura 3-4 – Ilustração esquemática da tecnologia EDM .................................................................... 22
Figura 3-5 – Ilustração esquemática da tecnologia Laser ................................................................... 23
Figura 3-6 – Ilustração esquemática do processo EBM. ...................................................................... 24
Figura 3-7 – Processo PIM ................................................................................................................... 26
Figura 4-1 – Modelo global LCC. .......................................................................................................... 30
Figura 4-2 – Modelo LCC de cada etapa do processo produtivo. ........................................................ 31
Figura 4-3 – Abordagem do Modelo LCA para o cálculo do Impacto Ambiental. ................................ 32
Figura 4-4 – Principais etapas de cálculo do Modelo Tecnológico baseado nos Processos. ............. 33
Figura 5-1 – Alternativas de fabrico de Microinsertos. ......................................................................... 36
Figura 5-2 – Vista frontal dos Microinsertos. ........................................................................................ 36
Figura 5-3 – Vista de topo dos Microinsertos. ...................................................................................... 37
Figura 5-4 – Tecnologias utilizadas na Alternativa 1. ........................................................................... 38
Figura 5-5 – Fases do Processo de Fabrico do Micromolde: Alternativa 2. ........................................ 39
Figura 5-6 – Fases da operação PIM: Alternativa 2 ............................................................................. 40
Figura 5-7 – Fluxos e inputs dos Processos de Maquinagem: Alternativa 1 e 2. ................................ 41
Figura 5-8 – Fluxos e inputs de a) MicroEDM b) Laser Milling: Alternativa 1 e 2 ................................ 42
Figura 5-9 – Fluxos e inputs de EBM: Alternativa 2. ............................................................................ 42
Figura 5-10 – Fluxos e inputs do Processo de Montagem: Alternativa 2. ............................................ 43
Figura 5-11 – Fluxos e inputs do Processo PIM: Alternativa 2. ........................................................... 44
Figura 5-12 – Fluxograma do Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos. .......... 45
Figura 5-13 – Esquema da organização final dos resultados fornecidos pelo Modelo. ....................... 49
Figura 6-1 – Distribuição das tipologias de custo, em percentagem, por tecnologia de maquinagem 54
Figura 6-2 – Gráfico da variação do Custo por Microinserto consoante os tempos médios de vida das
fresas e dos elétrodos. .......................................................................................................................... 55
Figura 6-3 – Gráfico da variação do Custo por Microinserto consoante o Tempo Médio de Vida da
Fresa. ..................................................................................................................................................... 56
IX
Figura 6-4 – Ilustração da evolução do Custo Hora-Máquina consoante o uptime do Equipamento
para as três tecnologias em estudo; a) Cenário atual – custos hora-máquina referentes aos uptimes
utilizados pela empresa; b) Cenário intermédio – ponto ilustrativo do uptime imposto para que as
tecnologias apresentem o mesmo custo hora-máquina; c) Cenário limite – custo hora-máquina da
tecnologia Laser para um uptime de 100% ........................................................................................... 58
Figura 6-5 – Evolução da Taxa de Remoção de Material do Laser em função da Profundidade de
Passagem .............................................................................................................................................. 59
Figura 6-6 – Gráfico que ilustra a Influência da tecnologia utilizada no Custo Total da Alternativa 2. 68
Figura 6-7 – Gráfico da variação do Custo por Microinserto consoante o volume de produção para
uma durabilidade do Micromolde de 1000 Microinsertos (curva verde) e 5000 Microinsertos (curva
azul), da Alternativa 2. ........................................................................................................................... 69
Figura 6-8 – Gráfico ilustrativo da influência do Acabamento do Micromolde no Impacto Ambiental; a
secção azul representa os impactos ambientais causados por todas as etapas do Fabrico do
Micromolde excepto o Acabamento; a secção encarnada representa os impactos ambientais
causados por todas as etapas da operação PIM; a secção verde representa os impactos ambientais
causados pelo Acabamento do Micromolde. ........................................................................................ 75
Figura 6-9 – Gráfico com a variação do custo por Microinserto consoante o volume de produção para
cada uma das alternativas em estudo, utilizando como tecnologia a MicroFresagem para tempo de
vida do Micromolde de 1000 Microinsertos. .......................................................................................... 77
Figura 6-10 – Valores do EI’99 consoante a Alternativa para o fabrico de 1000 Microinsertos. ......... 78
X
Glossário
CAD Computer-Aided Design
CAM Computer-Aided Manufacturing
CNC Computer Numerical Control
DALY Disability Adjusted Life Years
DDP Diferença de Potencial
EBM Electron Beam Machining
EDM Electrical Discharge Machining
EI’ 95 Eco indicador 95
EI’ 99 Eco indicador 99
EUA Estados Unidos da América
GWP Global Warming Potential
IA Impacto Ambiental
IPN Instituto Pedro Nunes
LCA Life Cycle Assessment
LCC Life Cycle Cost
LCE Life Cycle Engineering
LCI Life Cycle Inventory
LCIA Life Cycle Impact Assessment
LIGA Lithographie Galvanoformung Abformung
ODP Ozone Depletion Potencial
PAF Potentially Affected Fraction
PBCM Process-based Cost Model
PDF Potentially Disappeared Fraction
PIM Powder Injection Moulding
PME Pequenas e Médias Empresas
MTP Modelo Tecnológico baseado nos Processos
PIM Powder Injection Moulding
1
1. Introdução
O desenvolvimento de Microtecnologias tem suscitado bastante interesse na
comunidade industrial e científica. Devido ao aumento do número de campos de aplicação dos
Microcomponentes, a necessidade de um baixo custo, a simplicidade e a flexibilidade dos
Microelementos tem vindo a aumentar. Durante a última década, países das regiões da Europa
e América do Norte têm vindo a apostar, fortemente, na pesquisa e no desenvolvimento de
Microsistemas, pois acredita-se firmemente que estes são a base para a nova geração de
produtos e oportunidades de mercado. O valor acrescentado deste tipo de componentes é
amplamente reconhecido mas ainda existem diversas barreiras que têm de ser ultrapassadas
para que estes se encontrem institucionalizados no mercado presente.
O objetivo principal deste estudo consiste no desenvolvimento e aplicação de um Modelo
Integrado de Apoio à Decisão, que permita a comparação do desempenho de alternativas
tecnológicas, em fase de desenvolvimento, numa perspetiva de Ciclo de Vida. Este Modelo
integra três tipos de Modelos para a análise de diferentes dimensões, que se enquadram com a
abordagem Life Cycle Engineering: Modelo Life Cycle Cost (dimensão económica), Modelo Life
Cycle Assessment (dimensão ambiental) e Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos
Processos (MTP).
O presente trabalho enquadrou-se no Projeto ToolingEDGE, que além de outras
entidades, conta com a colaboração das empresas Tecnimoplás e Famolde e do Instituto Pedro
Nunes, diretamente envolvidas no estudo comparativo de alternativas de produção de
Microinsertos.
Para o atual estudo, existem duas alternativas de fabrico de Microinsertos: Alternativa 1
e Alternativa 2. Na Alternativa 1 os Microinsertos podem ser maquinados, di retamente num
bloco de aço, utilizando três tecnologias distintas – MicroFresagem, MicroEDM e Laser Milling. A
Alternativa 2 compreende o fabrico de um Micromolde, sendo que o Acabamento deste pode ser
efetuado utilizando uma das três tecnologias referidas anteriormente, e posteriormente uma
operação PIM para a obtenção dos Microinsertos.
De modo a validar e ilustrar a aplicabilidade do Modelo ao presente Caso de Estudo, foi
recolhida diversa informação com o intuito de se obterem resultados que permitam aumentar o
conhecimento numa área avançada do ponto de vista tecnológico, analisando diferentes
cenários produtivos dentro das diversas alternativas. Quando se analisam novas alternativas
tecnológicas, que envolvem novas cadeias de produção, há que ter em conta, não são os custos
finais, mas também os custos por etapa, com o propósito de se averiguar quais as fases criticas
no cenário produtivo em causa. Para se efetuar uma análise completa, a um produto, numa
perspetiva de Ciclo de Vida é imprescindível uma análise ambiental com o objetivo de se obter
uma perceção dos impactos ambientais associados ao fabrico de um determinado produto.
2
No desenvolvimento deste trabalho foram obtidos resultados para um cenário produtivo
preliminar com dados fornecidos pelos parceiros do projeto. Como se está perante novas
tecnologias de fabrico de componentes é importante perceber em que situações é que cada
alternativa/tecnologia deve ser empregue. Posto isto, estão reunidas as condições típicas da
empregabilidade do Modelo Integrado de Apoio à Decisão que torna bastante simples a
realização de análises de sensibilidade, testando diversos cenários produtivos, bem como
diferentes condições de fabrico. A aplicação do Modelo ao presente Caso de Estudo permitiu a
avaliação das duas Alternativas de fabrico em causa, bem como o desenvolvimento de análises
a parâmetros tais como, tempos médios de vida de ferramentas e elétrodos, uptime e taxa de
remoção de material de equipamentos e durabilidade do Micromolde. Estas análises contribuem
para um aumento do conhecimento em áreas em fase embrionária, sendo bastante úteis para a
ajuda na decisão, quando implementadas a uma escala industrial.
Esta Tese inicia-se com a apresentação do Estado de Arte da abordagem Life Cycle
Engineering (Capitulo 2) e com o Estado de Arte de Microfabricação (Capitulo 3), sendo que
estas duas partes constituem a pesquisa bibliográfica. No Capitulo 4 descrevem -se os Modelos
desenvolvidos, seguindo-se a caraterização do Caso de Estudo, no Capitulo 5. No Capítulo 6
encontram-se os resultados da aplicação do Modelo Integrado de Apoio à Decisão e as
diferentes análises de sensibilidade desenvolvidas neste estudo. Finalmente, as conclusões e
propostas para desenvolvimentos futuros são apresentados no Capítulo 7.
3
2. Estado de Arte da abordagem “Life Cycle Engineering”
Ao longo das duas últimas décadas a sustentabilidade e responsabilidade social são
duas temáticas que têm vindo a emergir no domínio das estratégias de negócios [2.1]
O crescente interesse no Ciclo de Vida de um produto, pode ser explicado através de
questões ambientais, económicas e de carácter técnico. Diferentes diretivas obrigam os
fabricantes a ser responsáveis pelo fim de vida dos seus produtos, bem como a criarem
cenários viáveis à execução desse mesmo fim de vida [2.2].
Por outro lado, a feroz concorrência do mercado atual, provoca uma diminuição do
intervalo de tempo de substituição entre produtos, fazendo com que ocorra mais frequentemente
o descarte/reciclagem. Deste modo, é importante maximizar a percentagem de utilização de
recursos e minimizar os danos infligidos ao meio ambiente durante a vida de um produto [2.3].
A par disto, a continuação do crescimento da população mundial e o aumento da procura
por riqueza dos países em vias de desenvolvimento, ameaçam o esgotamento de reservas
naturais, bem como o aumento da quantidade de poluição [2.4]. Não menos importante, é na
indústria da transformação de recursos que se encontra o verdadeiro desafio em conseguir
satisfazer a procura mundial de bens, utilizando uma quantidade limitada de reservas. Contribuir
para uma sociedade sustentável está a tornar-se, cada vez mais uma questão de sobrevivência
em desenvolvimento corporativo [2.5].
Segundo Tseng, para se conseguirem evitar todos estes problemas têm que ser tomadas
medidas de imediato, utilizando metodologias agressivas e eficazes, de modo a conseguir-se
criar um Mundo novamente sustentável [2.5].
Em linha com esta tendência, surge a Engenharia do Ciclo de Vida, ou em Inglês, Life
Cycle Engineering [2.5].
“Life Cycle Engineering” 2.1.
Presentemente, devido ao mercado global existente, as empresas têm que se manter
competitivas para conseguirem subsistir. Por outro lado, com o aumento da consciencialização
dos produtores, no que toca a temas sobre o ambiente, e a necessidade de uma ferramenta que
tenha em consideração elementos como design, produção, distribuição, aplicação e
manutenção, surge o Life Cycle Engineering – LCE [2.6], [2.7].
LCE é uma abordagem de análise de desempenho do Ciclo de Vida, que serve de
suporte ao processo de tomada de decisão e seleção de tecnologias, materiais e processos
alternativos [2.8].
Numa análise LCE são englobados três campos indispensáveis à sua realização: Life
Cycle Cost – LCC – que se debruça sobre a análise económica, Life Cycle Assessment – LCA –
que se encarrega do estudo dos impactos ambientais e o Desempenho Técnico, responsável por
garantir a funcionalidade desejada do produto [2.9].
4
A abordagem LCE centra-se no desenvolvimento e fabrico de produtos de forma a
minimizar os impactos ambientais e custos associados à produção destes, tendo sempre
presente o seu desempenho [2.10].
Por outro lado, também fornece uma visão equilibrada do investimento, considerando as
etapas que se verificam durante o Ciclo de Vida de um produto, onde se destacam a construção,
a manutenção, a renovação e o fim de vida (desmantelamento, reciclagem, desperdício, etc). As
motivações para se realizar um estudo LCE são o meio ambiente, a economia, regulamentos e
padrões [2.8].
Tem sido aplicado na seleção de tecnologias a empregar, bem como na seleção de
materiais. Na fase de design de um produto, uma das etapas mais importantes é a seleção de
materiais. As decisões tomadas durante esta fase têm bastante influência relativamente aos
custos do produto e impactos ambientais no seu Ciclo de Vida. Ao selecionar um material para
um conjunto específico de funcionalidades, as propriedades do material estão intrinsecamente
relacionadas com os requisitos de projeto, logo, os materiais são selecionados de acordo com
as suas propriedades mecânicas e considerações económicas [2.9], [2.11].
Com o objetivo de ilustrar o espaço de decisão de alternativas com o melhor
desempenho, alguns autores propõe a utilização de digramas ternários. Nestes diagramas a
informação recolhida da aplicação desta abordagem é agregada, tal como ilustrado na Figura
2-1, mostrando claramente as possíveis escolhas de acordo com a importância dada às três
dimensões da análise [2.9], [2.11].
Figura 2-1 – Metodologia de aplicação da abordagem LCE [2.12].
5
“Life Cycle Cost” 2.2.
A ferramenta Life Cycle Cost – LCC – foi desenvolvida por agências governamentais
Norte Americanas, por volta dos anos 60, com o intuito de se obter uma otimização dos custos
na aquisição de bens, tais como, grandes equipamentos tecnológicos. Em contrapartida , a
importância de estimar e controlar os custos durante o processo de desenvolvimento do produto
com o objetivo de limitar o custo de produção deste, é considerado um fato de extrema
importância no desenvolvimento de um produto eficiente. O constante crescimento da
necessidade dos produtores em possuir uma ferramenta que lhes possibilita desenvolver
produtos com o menor custo de aquisição, uso e eliminação fez com que o LCC se tornasse
numa metodologia que deve ser considerada durante as fases iniciais do desenvolvimento
desse mesmo produto [2.12], [2.13].
Por definição, LCC é um método de organização de custos com o objetivo de estimar o
custo associado à existência do produto desde o início até à sua eliminação. Numa análise Life
Cycle Cost devem ser considerados os custos relacionados com a aquisição de matéria-prima
(materiais), produção, transporte, uso e fim de vida [2.12], [2.13].
O principal objetivo de uma análise LCC é o fornecimento de dados que possibilitem a
escolha da abordagem com a maior relação benefício/custo, considerando toda a janela
temporal de uso do produto, de modo a que a longo prazo os custos para o proprietário sejam
mínimos [2.12], [2.13].
Visto que este método permite identificar a solução mais económica a longo prazo, uma
análise apropriada contribui para um aumento na competitividade do produto f inal. Permite
também ao projetista estimar a contribuição dos diversos fatores de custo nas diferentes fases
do Ciclo de Vida. Por estas razões, a ferramenta LCC, tem sido utilizada em diversos ramos de
engenharia, adaptando a sua metodologia a cada caso particular [2.12], [2.13].
Uma análise LCC inicia-se com a caraterização do objeto em estudo, de modo a serem
definidas as fronteiras do problema. Depois desta fase, desenvolve-se um Modelo de custo onde
são introduzidos os dados de entrada (inputs). O Modelo é validado através de uma avaliação
precisa dos dados de saída (outputs), com uma análise de sensibilidade [2.13].
A principal limitação deste Modelo prende-se com a necessidade de recolha de uma
elevada quantidade de informação que, na maior parte das vezes, não se encontra disponível
ou, dificilmente se consegue introduzir no Modelo. Para se ultrapassar esta limitação pode-se
recorrer ao desenvolvimento de Modelos de custo estocásticos, utilizando um julgamento
subjetivo [2.14].
6
“Life Cycle Assessment” 2.3.
O desenvolvimento da metodologia Life Cycle Assessment tem as suas raízes no final
dos anos 60 e início dos anos 70. Os primeiros estudos que aplicaram uma perspetiva de Ciclo
de Vida num sistema produtivo ocorreram nos EUA, com foco no meio ambiente e nos impactos
de diferentes tipos de produtos. A consciência ambiental na época era caracterizada por uma
inquietação particular no possível esgotamento de recursos, ilustrado pela primeira crise de
petróleo mundial em 1973. A principal preocupação foi, portanto, o de consumo de energia e
recursos, sem se fazer referência às emissões e às consequências que daí advém [2.14], [2.15],
[2.16].
LCA é uma metodologia que tem sofrido um constante desenvolvimento, devido ao
aumento da preocupação em criar um ambiente sustentável onde não são consumidos mais
recursos do que aqueles que o planeta Terra tem para oferecer. Por outro lado, o aumento no
uso de energia obtida a partir de combustíveis fósseis tem consequências gravíssimas a nível
ambiental e de saúde pública [2.17].
De acordo com a norma ISO 14040 [2.18], LCA pode ser definido como sendo uma
técnica que avalia os potenciais impactos ambientais associados aos inputs/outputs de um
sistema produtivo. Também interpreta os resultados do inventário dessas entradas/saídas e as
fases de impacto em relação aos objetivos de estudo. Tem como princípios um focus ambiental,
onde atribui a cada produto os aspetos e impactos ambientais de um sistema produtivo; uma
abordagem estruturada à volta de uma unidade funcional, que serve como meio de comparação
entre produtos; transparência de resultados, bastante importante na interpretação destes [2.19].
Atualmente a metodologia LCA assenta em quatro etapas principais [2.16], [2.19]:
Definição do objetivo e âmbito do estudo
Análise de inventário (Life Cycle Inventory - LCI)
Avaliação do impacto (Life Cycle Impact Assessment - LCIA)
Interpretação do estudo
Figura 2-2 – Principais etapas do LCA [2.19].
7
A primeira fase da implementação de uma metodologia LCA é a definição do objetivo e
âmbito de estudo. Nesta fase a finalidade do estudo é definida e a avaliação é delimitada em
termos de fronteiras do sistema produtivo. São demarcados os procedimentos de alocação, bem
como, a metodologia de atribuição de impactos. Para além das suposições que se fazem nesta
fase, é definida a unidade funcional [2.19].
A unidade funcional descreve as funções primárias de um produto e indica a quantidade
desta unidade que deve ser considerada no estudo. A sua principal função é fazer com que os
sistemas sejam tratados de forma equivalente e é usada como base para selecionar alternativas
[2.19].
Depois de se definir o âmbito do sistema produtivo, na análise de inventário (LCI),
recolhem-se informações acerca dos inputs/outputs para todos os processos dentro dos limites
desse âmbito. Estes dados são, posteriormente, compilados numa árvore de processos ou num
diagrama de fluxos classificando os estágios do Ciclo de Vida [2.19].
Para cada etapa do Ciclo de Vida recolhem-se dados referentes às emissões e recursos
utilizados em cada processo. Nesta fase existe um ponto critico – a alocação. A alocação é a
atribuição de impactos/danos ambientais a cada produto.
É bastante difícil e controverso realizar a alocação, pois a maior parte dos processos
industriais têm mais que um produto final, bem como, níveis intermédios de reciclagem [2.19],
[2.20], [2.21].
O objetivo da avaliação Life Cycle Impact Assessment é o de interpretar os resultados do
inventário em categorias de potenciais impactos. Nesta análise identificam-se e quantificam-se
as intervenções ambientais que contribuem para uma certa categoria de impactos (classificação
e caraterização), normalizam-se os resultados da fase anterior fazendo uso de valores de
referência (normalização) e agregam-se os diferentes impactos de modo a reduzir número de
categorias de impacto no resultado final (ponderação) [2.19], [2.21].
Na última etapa do LCA os resultados das outras fases são interpretados de acordo com
o objetivo do estudo com sensibilidade e incerteza. O resultado da interpretação determina os
efeitos relevantes bem como a extensão destes. Prevê também o prejuízo causado nos
ecossistemas e na saúde humana. Estes dois últimos passos são avaliados a partir do
parâmetro Eco indicador 99 que será abordado na subsecção seguinte [2.19].
Uma empresa que tenha como objetivo produzir de uma forma sustentável, tem de
pensar no sistema produtivo como um todo e não apenas sobre os processos que pertençam à
sua própria esfera de responsabilidade legal. O sistema que é utilizado para a avaliação do
Ciclo de Vida permite à empresa averiguar que, quando uma solução é implementada para
resolver um problema a uma dada altura do Ciclo de Vida, pode criar outro problema noutro
ponto qualquer desse ciclo. Esta característica torna o LCA uma ferramenta de apoio à decisão,
valiosa em empresas que privilegiam o desenvolvimento das suas atividades numa direção
sustentável [2.15], [2.16].
8
A principal limitação da implementação de uma metodologia LCA prende-se com o facto
de esta apenas efetuar uma avaliação em termos ambientais, não incluindo uma avaliação socio
económica. Outras desvantagens que se verificam quando se aplica esta ferramenta são a
dependência do âmbito e da disponibilidade de informação, bem como, a simplificação de uma
realidade complexa. Esta ferramenta não deve ser usada quando o objetivo é comparar
impactos ambientais de produtos que servem propósitos distintos [2.19].
Por outro lado, a primeira vantagem que se verifica quando se aplica esta ferramenta é
uma avaliação dos impactos ambientais a nível global e regional adicionando objetividade à
avaliação dos impactos. Deste modo, deve ser utilizada para identi ficar as fases mais
dominantes no Ciclo de Vida de um produto, comparando sempre impactos ambientais de
diferentes produtos mas com funções idênticas [2.16], [2.19].
Eco indicadores 2.4.
Os indicadores ecológicos são usados para comunicar o impacto que a atividade
humana tem sobre os ecossistemas. Estes Eco indicadores ajudam a descrever estes impactos
de uma forma simples e de um modo percetível, com vista ao auxílio na tomada de decisão.
Quantificam o contributo das diversas intervenções ambientais de um sistema para um c onjunto
de categorias de impacto ambiental e integram as categorias num único indicador [2.21].
Para proceder à avaliação de impacto ambiental foi apenas considerado o Eco indicador
99 (EI’99), mas, por motivos de contextualização, irá ser abordado sucintamente o Eco indicador
95 (EI’95).
Eco indicador 95 2.4.1
O Eco indicador 95 permite efetuar uma classificação, caraterização e normalização dos
impactos ambientais de acordo com os seus efeitos. Primeiramente os impactos ambienta is
relacionados com o produto em estudo, são agregados em efeitos a eles associados, e numa
fase posterior, os resultados daí provenientes, são baseados numa avaliação subjetiva,
convertidos num só valor. Tal como apresentado na Figura 2-3, de uma forma sucinta, os
poluentes são agrupados consoante os impactos ambientais que provocam, e, seguidamente
estes impactos são distribuídos em efeitos que causam. A etapa mais controversa é a
correspondente à valorização subjetiva onde são atribuídas ponderações às categorias de
impactos ambientais de forma a poder obter-se apenas um valor [2.22], [2.23].
9
Figura 2-3 – Método do Eco indicador 95 [2.23].
Eco indicador 99 2.4.2
Como já foi referido anteriormente o EI’ 99 sucede o EI’ 95. Sendo a ponderação o ponto
mais crítico e controverso da etapa LCIA, a metodologia EI’ 99, foi desenvolvida com base numa
abordagem top-down onde a pesagem é o ponto de partida. De modo a simplificar e a tornar
mais percetível a ponderação, esta primeira fase foi dividida em três grupos de danos
ambientais [2.20], [2.23]:
Saúde Humana
Qualidade do Ecossistema
Recursos
O impacto na saúde humana é medido em unidades DALY (Disability Adjusted Life
Years), que representam os anos de vida perdidos ou com incapacidades em consequência dos
impactos das emissões [2.24].
Na qualidade do ecossistema, o impacto, é representado pela fração potencialmente
afetada (PAF) ou pela fração potencialmente desaparecida (PDF) de espécies, sendo o impacto
ambiental dado pelo potencial de aquecimento global (GWP) e pelo potencial de destruição da
camada de ozono (ODP) [2.24].
10
A extração de recursos está relacionada com um parâmetro que indica a qualidade dos
restantes recursos minerais e fósseis [2.24].
Este indicador considera a análise de três campos do conhecimento científico,
nomeadamente a tecnosfera, a ecosfera e a valoresfera. O domínio da tecnosfera lida com os
processos tecnológicos e sistemas desenvolvidos por humanos. A ecosfera modela os danos
que são infligidos no ecossistema. Por último, a valoresfera incorpora a modelagem da
gravidade dos danos infligidos no ecossistema, bem como a administração de opções de
modelação que são feitas na tecnosfera e na ecosfera. Neste último campo, três arquétipos
humanos são desenvolvidos (individualistas, equalitários e hierarquistas), para se determinar
distribuição de fatores de pesos entre saúde humana, ecossistema e recursos (Tabela 2-1).
Normalmente, a perspetiva aceita é a hierarquista, por ser uma abordagem mais moderada
[2.24].
Perspetivas
Categorias de Dano Individualista Equalitária Hierarquista
Ecossistema 25 50 40
Saúde Humana 55 30 30
Recursos 20 20 30
Tabela 2-1 – Pesos de cada categoria consoante a perspetiva [2.24].
Na figura seguinte, apresenta-se um esquema geral da obtenção do Eco indicador, que
é, em suma, o que foi descrito acima.
Figura 2-4 – Método do Eco indicador 99 [2.24].
11
“Process-based Cost Modeling” 2.5.
Em quase todos os sectores da economia, verifica-se uma característica contínua de
mudança e inovação tecnológica, definidora da indústria moderna. No entanto, apesar deste
contexto, os empresários, têm que, continuamente escolher novas tecnologias, sejam elas,
materiais, processos ou arquiteturas. Acrescentando dificuldade a estas decisões, o
desempenho económico associado ao surgimento de tecnologias inovadoras está em constante
mudança. Estas alterações podem surgir devido a um número variado de mecanismos,
incluindo, por exemplo, economias de escala e diversificação dos preços associados a
tecnologias. Todos estes fatores levantam questões relacionadas com a melhor escolha do
caminho a seguir no processo produtivo, bem como, estratégias a utilizar de modo a que
eficiência seja maximizada para se diminuírem os custos [2.25].
Uma estratégia utilizada para lidar com estas constantes alterações consiste no
desenvolvimento de Modelos Tecnológicos de Custo baseados no Processo (Process-based
Cost Modeling - PBCM). Este, é normalmente descrito como um método de estimativa de custos,
que utiliza as propriedades físicas de um produto e as características do processo de fabrico do
produto, para estimar o custo de fabrico [2.26].
Tal com exemplificado na Figura 2-5 – Etapas correspondentes à lógica de
funcionamento do PBCM [2.26]., a lógica destes Modelos inicia-se com a descrição do produto
em termos de características e propriedades físicas. Segue-se a modelação de cada processo
de fabrico envolvido definindo as relações existentes entre os parâmetros do processo (tempo
de ciclo, equipamento, volume de produção, etc) e o desempenho do mesmo. Após terem sido
definidas as condições operacionais e recursos necessários existe uma adaptação do Modelo
Tecnológico (PBCM) para ser utilizado no Modelo Integrado. Os recursos consumidos, tais como
materiais, energia, ferramentas, entre outros, são multiplicados pelos valores específicos de
impacto em custo e em milipontos de Eco indicador [2.26].
Figura 2-5 – Etapas correspondentes à lógica de funcionamento do PBCM [2.26].
12
A parametrização das variáveis dos vários processos presente nos PBCM permite a
realização de diversos tipos de comparação de desempenho através da realização de análises
de sensibilidade e do cálculo de desempenho para vários cenários produtivos e/ou de negócio.
Esta ferramenta fornece uma compreensão técnica de como os custos evoluem
dependendo do produto e das características do processo. Em particular, os resultados
demonstram que o âmbito e o calendário dos custos variam ao longo dos processos
dependendo das suas características técnicas e financeiras [2.26].
O Modelo Tecnológico baseia-se em princípios técnico-científicos que relacionam as
características do produto final tais como, tamanho, forma e material, com os parâmetros
técnicos do processo necessários à produção. Nestes parâmetros estão incluídos o tempo de
ciclo, capacidade do equipamento e informações acerca de ferramentas [2.26].
13
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14
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[2.28] Eco-indicator 99 – Manual for Designers; Disponivel em:
<http://www.slideshare.net/guest05414e/ei99-manual>
15
3. Estado de Arte de Microfabricação
Graças ao crescente desenvolvimento tecnológico, existem, cada vez mais, dispositivos
de dimensões reduzidas. Com o crescimento das indústrias de Microfabricação, têm surgido
diversas dificuldades no fabrico de peças de tamanho reduzido, de forma a tornar competitivas
as empresas utilizadoras destas tecnologias [3.1].
Neste capítulo, irão ser abordadas técnicas de fabrico de Microcomponentes e, em
especial, os moldes para injeção destas Microestruturas.
A história Portuguesa da indústria de moldes tem a sua génese na evolução da Indústria
do Vidro. De facto, foi graças a um senhor inglês, chamado Stephens que, acompanhado por
vários artesãos de apurada perícia, foi criada a "Fábrica-Escola Irmãos Stephens”, de onde
resultaria uma intensa atividade empresarial em diversos setores, que fazem hoje da Marinha
Grande e de Oliveira de Azeméis, referências industriais mundiais. É no fim da 2ª Guerra
Mundial, em 1945, que é criada a primeira empresa para o fabrico de moldes de injeção de
plásticos - Aníbal H. Abrantes. Neste seguimento, começaram a estabelecer-se outras empresas
produtoras de moldes. Atualmente, o setor de moldes em Portugal possui cerca de 500
empresas com a dimensão típica de PME's (Pequenas e Médias Empresas). Graças a atributos
como, sólida experiência e know-how, cumprimento dos prazos de entrega, rigoroso contro lo de
qualidade, elevada experiência e competitividade, faz com que Portugal se encontre entre os
maiores fabricantes mundiais de moldes, exportando cerca de 90% da sua produção ,
essencialmente, para mercados como a Alemanha, França, e EUA [3.2], [3.3], [3.4].
Sendo a transformação de plásticos uma das indústrias de eleição para a produção em
massa de artigos de grande consumo, a adoção de Microtecnologias por parte da indústria de
moldes resulta assim de uma forma natural [3.5].
O crescimento no desenvolvimento de Microsistemas gerou um aumento no interesse da
produção em massa de Microcomponentes. Na generalidade, estes Microcomponentes têm
dimensões na ordem do milímetro sendo que as suas unidades funcionais encontram-se na
gama do micrómetro. Espera-se que o mercado mundial de produção de Microsistemas cresça
para o quádruplo nos próximos dez anos, com o auxilio de implementação de processos
tecnológicos eficientes e de baixo custo, bem como, utilização de uma maior gama de materiais
poliméricos e metálicos [3.6].
16
Fabrico de Moldes 3.1.
O molde é o “equipamento” onde é injetado material fundido de forma a obter-se a peça.
É uma ferramenta que permite a enformação de peças, com variação em termos de tipo,
dimensão e complexidade. Na sua forma mais simples é constituído por duas meias matrizes -
cavidade e bucha - que constituem o negativo da peça que se pretende obter. O maior ou menor
grau de complexidade do projeto depende, basicamente, de aspetos económicos e tecnológicos,
tais como, o número de peças a produzir, especificações definidas para as mesmas e o
equipamento onde as peças vão ser processadas [3.4], [3.7], [3.8].
Para um molde desempenhar corretamente a sua função tem de cumprir com os
requisitos descritos abaixo [3.8]:
Produzir um volume com a forma da peça
Permitir o enchimento com o material fundido
Facilitar o arrefecimento do fundido no interior do molde
Promover a extração da peça
Na secção seguinte serão abordados os componentes do molde e os processos de
fabrico destes. Em geral, os moldes convencionais possuem componentes e técnicas de fabrico
semelhantes. No âmbito desta Tese, serão discutidos Micromoldes, que são similares aos
moldes usuais mas com dimensões reduzidas, assim, tanto os componentes, como os
processos de fabrico, são semelhantes.
Componentes do Molde 3.1.1
Um molde é essencialmente constituído por um conjunto de placas e calços. A estrutura
típica de um molde de duas placas (configuração mais simples) consiste numa placa fixa, ou
lado da injeção e uma parte móvel, ou lado da extração (Figura 3-1). A parte fixa é formada
pelas placas de aperto da injeção e cavidade, sendo que a parte móvel é constituída pelas
placas da bucha, reforço da bucha, aperto de extração e calços [3.3], [3.8], [3.9].
17
Figura 3-1 – Estrutura de um Molde [3.9].
Nesta estrutura são montados e/ou maquinados os chamados sistemas funcionais que
compreendem [3.3]:
Zona moldante – constituída pela cavidade (fêmea) e bucha (macho) que dão origem à
forma da peça. Como já foi referido anteriormente, a cavidade encontra-se montada no
lado da placa fixa e a bucha move-se com a placa móvel [3.3].
Escape de gases – quando o material é injetado na cavidade, o ar que ocupa esse
espaço deverá ser expelido, correndo o risco de este ficar sobreaquecido pelo aumento
da pressão e provocar marcas de queimaduras ou bolhas de ar na peça. Para se
eliminarem estes problemas é necessário possibilitar a saída de ar, através das faces de
separação das placas ou folgas dos pinos extratores [3.3].
Sistema de guiamento – este sistema permite montar o molde na máquina, bem como
o ajuste de todas as partes do molde. Para que não ocorram desalinhamentos entre a
cavidade e a bucha são utilizados sistemas de guiamento [3.3].
Sistema de alimentação – é através deste sistema que se efetua o enchimento do
molde. O material fundido passa desde a unidade de plastificação até à zona moldante.
O fundido entra no molde pelos gitos, que podem comunicar diretamente com a
impressão (injeção direta) ou, ramificar-se num sistema de canais de alimentação,
fazendo a ligação entre os gitos e as impressões [3.3].
Ponto de injeção ou Furo do molde – pequena abertura (orifício) através da qual o
fundido entra na cavidade [3.3].
Sistema de arrefecimento – o arrefecimento do material é efetuado por transferência
de calor para o molde. Furos, são maquinados nas imediações da zona moldante, para
permitirem a passagem de um fluido refrigerante [3.3].
Extratores – também conhecidos como ejetores, empurram diretamente a peça, para
que esta seja removida do molde. A área de contacto peça-extrator deve ser tanto maior
quanto possível, de modo a que a pressão diminua, a fim de não causar danos na peça
[3.3].
18
Insertos – Insertos ou machos, são “peças” colocadas no interior da moldação com o
objetivo de formar vazios, furos ou reentrâncias [3.3].
Estes são os componentes que encontramos numa configuração típica de um molde.
Como se enquadra no âmbito desta Tese, seguidamente, vai referir-se, com maior detalhe as
funções e características dos insertos nos moldes.
Insertos no Molde 3.1.2
Como já foi referido anteriormente, os insertos são elementos do molde que têm a
função de formar pontos sem material na peça final [3.3].
Habitualmente e, em especial no caso de moldes com geometrias mais complexas, para
otimizar a matéria-prima, em alternativa a se produzir o molde a partir de um bloco único, são
fabricadas peças individuais de menor dimensão. Estas são, posteriormente, ligadas ao molde
por vários processos, nomeadamente através de parafusos ou encaixe forçado. Visto por este
prisma, o uso de insertos, pode ser entendido como uma forma de se diminuírem os custos
associados à produção de moldes. Pode-se usar o mesmo molde para fabricar peças com
geometrias distintas, alterando apenas os insertos utilizados, ou seja, alterar a localização
destes, bem como, a quantidade e a geometria [3.10].
Por outro lado, também existem desvantagens associadas ao uso dos insertos. O facto
de serem postiços, à volta dos quais, o material fundido escoa e solidifica, devido ao gradiente
de temperatura que se verifica entre o fundido e o inserto, estão sujeitos a um maior desgaste
comparativamente com outros componentes dos moldes. Dependendo do material que constitui
o inserto, este pode-se combinar com o material fundido levando, por vezes, a operações de
limpeza ou até de remoção do inserto [3.11].
De modo a prevenir o desgaste precoce dos insertos, estes devem ser arredondados e
ser constituídos por materiais projetados previamente para o tipo de uso a que se destinam.
Também é aconselhável proceder-se ao revestimento do postiço, ou até tratamentos térmicos
[3.11].
Com a evolução das tecnologias, tem-se verificado um aumento no uso de peças com
dimensões cada vez mais reduzidas, assistindo-se à mesma situação no que toca aos moldes
que servem para produção dessas peças, e ainda no que diz respeito aos insertos, surgindo
uma nova categoria de insertos chamada Microinsertos.
19
O campo de aplicações dos Microinsertos tem vindo a aumentar com o desenvolvimento
de novas tecnologias. Em especial, na indústria eletrónica repara-se numa constante diminuição
do tamanho das peças fabricadas. Como exemplos temos telemóveis, computadores, etc.
Diminuindo o tamanho destes componentes, tem que, obrigatoriamente se reduzir as dimensões
dos seus constituintes tais como chips, processadores, memórias etc. Estes elementos são
exemplos de produtos que possuem na sua constituição Microinsertos, normalmente com a
função de efetuarem ligações entre circuitos. Por outro lado, muitos destes produtos apresentam
elevada procura por parte dos consumidores, fazendo com que as indústrias se tenham que
adaptar a estas exigências para satisfazer as necessidades de mercado. Uma das formas de
fabrico de muitos destes elementos é a injeção em moldes. Nos Micromoldes (assim
denominados não pela sua dimensão ser da ordem de grandeza do mícron mas por produzirem
peças de reduzida dimensão) geralmente são utilizados Microinsertos de aço de modo a que o
material escoe em volta deste, solidifique e por fim forme um orifício na peça final [3.12].
Processos de Fabrico de Moldes 3.1.3
Um projeto de molde obedece, normalmente, a um conjunto de requisitos que, podem
ser impostos, pelo equipamento de injeção, pela geometria das peças, pelo número de
moldações pretendido, entre outros [3.13].
Em geral, o processo produtivo dos moldes desenrola-se em quatro fases distintas (ver
Figura 3-2): Conceção e Desenvolvimento; Maquinagem; Montagem e Acabamento Superficial;
Ensaio do molde. Cada uma destas fases engloba diversas operações que dependem da
complexidade e das características específicas de cada molde. Ainda existem atividades
complementares, chamadas operações auxiliares, tais como Polimento, Controlo de Qualidade e
Manutenção [3.13].
20
Figura 3-2 – Fases do processo produtivo de um molde [3.13].
Fase da Conceção e Desenvolvimento do Molde
Nesta primeira fase, estão englobadas três atividades: i) análise da informação do
cliente; ii) desenho da peça; iii) projeto e desenho do molde. Tal como o nome indica, a primeira
atividade inicia-se com a receção de toda a informação disponibilizada por parte do cliente.
Depois de toda a informação ter sido analisada é efetuado o desenvolvimento e o desenho da
peça para, posteriormente, seguindo um processo iterativo, se cumprirem todas as
especificações e requisitos geométricos da peça. Após ter sido definida a geometria da peça,
efetua-se o projeto e desenho do molde, onde se definem, de forma rigorosa, todos os
elementos e sistemas funcionais (referidos no subcapítulo 3.1.1) do molde. Nesta fase, são
também definidos os materiais, elementos necessários ao fabrico e montagem do molde,
tratamentos térmicos, acessórios e quantidades necessárias [3.13].
Fase de Maquinagem
Pode-se afirmar que a fase de maquinagem é a que mais se destaca de todas as fases
em termos de custos e tempo despendido. Depois de concluída a fase de projeto do molde, os
técnicos iniciam o processo de planeamento das operações de maquinagem necessária. As
matérias-primas, para o fabrico do molde são encomendadas e, aquando a sua receção,
iniciam-se as operações de maquinagem. Nestas operações incluem-se o Galgamento, o
Desbaste, a Furação, a Retificação e Acabamento. Seguidamente irá ser descrito cada processo
mais pormenorizadamente [3.13].
21
Galgamento
O Galgamento é a primeira operação de maquinagem que se efetua ao material que
chega em bruto. Esta operação consiste em retirar uma camada superficial de material à peça,
sendo também designada por “retirar o cascão do aço”, colocar as faces em esquadria e deixar
a peça nas dimensões definidas. Normalmente, estas ficam com uma sobre espessura para
maquinagem ou acabamento posterior. Para esta operação, geralmente, são utilizados
equipamentos chamados fresadoras. Estes equipamentos realizam o Galgamento com
ferramentas de corte designadas por rocas e insertos cortantes [3.13].
Desbaste
Esta operação é a fase do processo onde é removida a maior quantidade de material e ,
por sua vez, a que produz maior quantidade de resíduos, as limalhas. No Desbaste inicia-se a
maquinagem ao bloco de material, deixando uma determinada sobre espessura mais ou menos
uniforme de material [3.13].
Furação
Na Furação efetuam-se os furos necessários no molde, em especial os furos longos para
a refrigeração [3.13].
Retificação
A Retificação é usada com vários objetivos, destacando-se a obtenção de faces
paralelas nas peças, cotas com tolerâncias apertadas e uma qualidade superficial fina [3.13].
Acabamento
O Acabamento pode ser realizado através de diversas tecnologias, entre elas destacam -
se, a Fresagem, a Eletroerosão (EDM) e Laser Milling.
Fresagem – A Fresagem é realizada com o auxílio de ferramentas de corte
denominadas por fresas, integrais ou de insertos, que removem o material
excedente dando à peça a forma final. Geralmente é uma operação realizada em
centros de maquinagem por fresadoras CNC [3.14], [3.15].
22
Figura 3-3 – Ilustração esquemática de corte por arranque de apara (Fresagem) [3.15].
Eletroerosão (EDM) – A Eletroerosão é um processo de origem termoelétrica que
remove material pontualmente por ação de sucessivas descargas elétricas, que
ocorrem num meio dielétrico que envolve a peça a maquinar e o elétrodo
ferramenta. É um processo indicado na maquinagem de formas complexas em
materiais condutores elétricos, especialmente aqueles de alta dureza, e de
dimensões reduzidas, difíceis de serem maquinados por processos tradicionais.
Na maioria dos casos o elétrodo é fabricado por processos de fresagem mas,
para geometrias mais complexas e dimensões reduzidas, é usado Laser Milling
[3.16], [3.17], [3.18].
Figura 3-4 – Ilustração esquemática da tecnologia EDM [3.17].
Laser Milling - O processo Laser Milling utiliza a energia emitida pelo Laser para
maquinar uma peça, removendo material através da vaporização e ablação. A
energia do Laser é focada na superfície do material, sendo absorvida
parcialmente. Esta capacidade de absorção por parte do material depende, não
apenas do material em si, mas também do seu acabamento superficial, da
densidade de potência aplicada e do comprimento de onda do Laser.
23
A energia absorvida difunde-se pelo material por condução e funde-o.
Finalmente, o material liquefeito é expulso como resultado da elevada pressão e
temperatura no final do impulso Laser [3.19], [3.20].
Figura 3-5 – Ilustração esquemática da tecnologia Laser [3.19].
Fase de Montagem e Acabamento Superficial
Durante esta operação, procede-se à montagem das várias peças maquinadas e dos
acessórios adquiridos dando, assim, corpo ao molde. Esta atividade é essencialmente manual,
onde os operadores têm à sua disposição alguns equipamentos específicos para operações de
afinação final. Nesta fase, efetua-se ainda o ajustamento correto das partes constituintes do
molde, o teste e verificação dos movimentos do molde e os ajustamentos necessários ao seu
bom funcionamento antes do primeiro teste [3.13]. O polimento também é uma operação
contabilizada nesta fase. É um processo moroso visto ser executado manualmente. Por vezes,
existem dificuldades na aplicação dessa operação devido à geometria complexa , com
reentrâncias, onde o acesso é dificultado, especialmente, em moldes de dimensão reduzida.
Para estes casos, ultimamente tem-se utilizado uma tecnologia recente chamada
Bombardeamento de Eletrões – EBM.
Bombardeamento de Eletrões (EBM) – Bombardeamento de Eletrões é um processo
onde eletrões a alta velocidade são concentrados num estreito feixe e direcionados à
peça. Uma corrente de eletrões é criada, aplicando uma diferença de potencial no
cátodo. A sua forma côncava concentra o feixe através do ânodo, onde é aplicado um
campo magnético para acelerar os eletrões.
24
Seguidamente, estes são conduzidos para a peça através de uma válvula,
aquecendo, derretendo e vaporizando o material. De modo a que o feixe não seja
defletido, todo o processo ocorre numa câmara de vácuo ou num ambiente controlado
com uma mistura gasosa especifica [3.21].
Figura 3-6 – Ilustração esquemática do processo EBM [3.21].
Fase de Ensaio do Molde
O teste ou ensaio do molde consiste na montagem do molde numa máquina de injeção,
o enchimento da cavidade com plástico e a observação da qualidade da peça obtida. Verifica-
se, também nesta fase, se todos os componentes do molde estão a funcionar corretamente e
analisam-se as peças obtidas para determinar se se encontram de acordo com as
especificações do cliente. No caso de incorreções ou incumprimento das especificações, o
molde regressa ao processo de fabrico para sofrer pequenas afinações ou alterações na sua
estrutura [3.13].
Para além de todas as operações referidas ainda se acrescentam o controlo de
qualidade e a manutenção. O controlo de qualidade é efetuado em todas as fases do processo
produtivo, onde é assegurado o cumprimento das especificações definidas. A manutenção é
assegurada pelos operadores aos equipamentos produtivos. Sempre que não existam
competências internas esta operação pode ser efetuada pelos representantes das marcas ou
outras entidades [3.13].
O processo acima explanado é um processo típico na fabricação de um molde. No
âmbito desta Tese, vai ser estudado o processo de fabrico de Micromoldes. Para os
Micromoldes as fases do processo são idênticas, diferenciando-se apenas os processos de
maquinagem que são chamados processos de Micromaquinagem.
25
A base para se aplicarem tais Microprocessos é idêntica, diferindo apenas elementos
específicos que irão ser referidos posteriormente.
Processos de Obtenção de Microcomponentes 3.2.
Atualmente, existem diversas formas de fabricar Microcomponentes, tais como LIGA
(tecnologia alemã que utiliza litografia, galvanoplastia e moldação), MicroFresagem,
MicroEletroerosão (MicroEDM) e Laser Milling. Estes métodos são bastante dispendiosos devido
aos recursos que utilizam, assim como, o tempo que consomem na fabricação dos
Microcomponentes [3.22], [3.23].
Um dos exemplos bastante comum destes Microcomponentes são os Microinsertos
pertencentes a moldes. Tipicamente um Microinserto pode ser fabricado utilizando as
tecnologias acima referidas. Apesar da popularidade destes processos, estes apresentam certas
limitações no que toca ao fabrico de Microinsertos. Tecnologias como LIGA só são capazes de
reproduzir peças a 2.5D. A Eletroerosão é incapaz de maquinar arestas vivas e cantos
pontiagudos. Acima de tudo, alguns destes processos são extremamente dispendiosos visto
serem tecnologias recentes e necessitarem de uma quantidade elevada de recursos e
equipamentos inovadores [3.22], [3.23].
Posto isto é importante explorar outros meios de Microfabricação de modo a se evitarem
algumas, se não todas, as deficiências acima referidas. Um potencial candidato é o processo
PIM (Powder Injection Moulding). PIM é um processo de moldação de Microestruturas que
conjuga as vantagens de produzir peças com geometrias complexas com a produção em massa
e bons acabamentos superficiais [3.11].
O primeiro passo trata da preparação de feedstock que consiste na combinação de uma
pequena quantidade de polímero termoplástico (ligante) com pó metálico, dando origem a uma
mistura que, quando fundida, escoa facilmente na injetora. Seguidamente, o feedstock obtido
através de uma misturadora, é fundido na injetora e forçado para a cavidade do molde durante a
moldação por injeção, assumindo a forma do molde. Após a moldação, o ligante é removido
através de um processo chamado debinding. Deste processo resulta uma estrutura metálica,
porosa e frágil chamada peça verde. Esta peça é, consequentemente, sujeita a tratamento
térmico – sinterização – de modo a densificar a estrutura e eliminar porosidades e tensões
acumuladas. Estas duas últimas etapas podem ser combinadas num único ciclo térmico sendo
que o debinding é o que mais tempo consome (Figura 3-7) [3.24], [3.25], [3.26].
26
Figura 3-7 – Processo PIM [3.26].
27
Referências 3.3.
[3.1] Qin, Yi; 2006. Micro-forming and miniature manufacturing systems — development needs
and perspectives; Journal of Materials Processing Technology , vol. 177, pp. 8-18.
[3.2] CEFAMOL, História da Indústria Portuguesa de Moldes; Disponível em
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[3.3] Relatório de Projeto de Moldes; Disponível em
<http://www.neemb.alunos.ipb.pt/relatorio_proj.pdf>.
[3.4] Breve Historial; Disponível em <http://fresador.tripod.com/historia.htm>.
[3.5] Evans, B.; Mehalso, R.; 2001; How small is small?: A Guide to the New Microfabrication
Design and Process Techniques; Medical Device & Diagnostics Industry, vol. 11.
[3.6] Piotter, V.; Bauer, W.; Benzler, T.; Emde, A.; 2001; Injection molding of components for
microsystems; Microsystem Technologies, vol. 7, pp. 99-102.
[3.7] Bourdon, R.; Schneider, W.; 2002; A Systematic Approach to Microinjection Molding;
Business Briefing: Medical Device Manufacturing & Technology.
[3.8] Pires, Inês; 2012; Moldação por Injecção; Aulas Teóricas de Transformação de Polímeros.
[3.9] A Estrutura do Molde; Disponível em <http://pt.scribd.com/doc/58497605/6/A-estrutura-do-
molde>.
[3.10] Molded-In Inserts: Precautions and Guidelines; Engineering Design; Disponível em
<http://www2.dupont.com/Plastics/en_US/assets/downloads/processing/DCI281.pdf>.
[3.11] Schneider, J.; Iwanek, H.; Zum Gahr, K.-H.; 2005; Wear behaviour of mould inserts used
in micro powder injection moulding of ceramics and metals; Wear, vol. 259, pp. 1290-1298.
[3.12] Jung, W. C.; Heo, Y. M.; Yoon, G. S.; Shin, K. H.; 2007; Micro Machining of Injection
Mold Inserts for Fluidic Channel of Polymeric Biochips; Sensors , vol. 7, pp. 1643-1654.
[3.13] INETI; 2007; Manual para a Prevenção de Resíduos.
[3.14] Usinagem; 2012; Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Usinagem>.
[3.15] Milling; 2012; Disponível em
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[3.16] Eletroerosão; 2012; Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Eletroeros%C3%A3o>.
[3.17] Electron Erosão; 2012; Disponível em <http://www.electronerosao.com.br/oque.asp>.
[3.18] AgieCharmilles; 2012; Eletroerosão por penetração; Disponível em
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[3.19] Pfleging, W.; Bernauer, W.; Hanemann, T.; Torge, M.; 2002; Rapid fabrication of
microcomponents – UV Laser assisted prototyping, laser micromachining of mold inserts and
replication via photomolding; Microsystem Technologies vol. 9, pp. 67-74.
[3.20] Bado, P.; Clark, W.; Said, A.; 2006; Introduction to Micromachining Handbook; Disponivel
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28
[3.21] McGeough, J., A.; 1998; Avanced Methods of Machining; Disponivel em
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PT&redir_esc=y#v=onepage&q=electron%20beam%20machining&f=false>
[3.22] Tang, Y.; Fuh, W.K.; Thian, S.C.H.; Lu, L.; 2007; Micro-mould fabrication for a micro-gear
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[3.23] Youn, S.W.; Takahashi, M.; Goto, H.; Maeda, R.; 2007; Fabrication of micro-mold for
glass embossing using focused ion beam, femto-second laser, eximer laser and dicing
techniques; Journal of Materials Processing Technology, vol. 187–188, pp. 326-330.
[3.24] Liu, L.; Loh, N.H.; Tay, B.Y.; Tor, S.B.; 2011; Microstructure evolution of 316L stainless
steel micro components prepared by micro powder injection molding; Powder Technology, vol.
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[3.25] Meng, Junhu; Loh, Ngiap Hiang; Fu, Gang; Tor, Shu Beng; Tay, Bee Yen; 2010;
Replication and characterization of 316L stainless steel micro-mixer by micro powder injection
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[3.26] Liu, L.; Loh, N.H.; Tay, B.Y.; Tor, S.B.; Murakoshi, Y.; Maeda, R.; 2007. Effects of
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[3.27] Singh, R.; 2005; Non-Tradicional Machining; Manufacturing Processes II.
[3.28] Marinov, V.; 2007; Non-Tradicional Processes; Manufacturing Technology; pp.141-148.
[3.29] Vicente,R.; 2007; Análise da Qualidade e Integridade Superficial de Peças Maquinadas
por Erosão Laser 3D.
29
4. Modelo Integrado de Apoio à Decisão
O principal objetivo deste trabalho prende-se com o desenvolvimento de um Modelo
Integrado de Apoio à Decisão, com a finalidade de se comparar o desempenho de alternativas
tecnológicas, em fase embrionária, numa perspetiva de Ciclo de Vida. O presente Modelo
incorpora três tipos de Modelos para análise de diferentes dimensões que se enquadram na
abordagem Life Cycle Engineering: Modelo LCC (dimensão económica), Modelo LCA (dimensão
ambiental) e Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos (MTP).
Este último é apelidado de “Motor do Modelo” pois é adaptado, com base em modelos
tecnológicos de custo (PBCM), aos processos que mais adiante irão ser descritos. Esta
adaptação foi efetuada com o propósito de se obter uma quantificação integrada das duas
dimensões em análise (económica e ambiental). Deste modo, cada processo é parametrizado
sendo quantificado em termos de recursos consumidos, tempos, quantidades, etc.
Na presente situação, como se tratam de tecnologias que se encontram em fase de
desenvolvimento, por vezes, lida-se com dados/informação algo escassa e imprecisa. Posto isto
está-se perante situações em que o uso de análises de sensibilidade pode ser bastante útil para
o desenvolvimento do trabalho futuro.
Neste capítulo irão ser descritos os componentes referidos do Modelo Integrado. Esta
secção encontra-se dividida em três subsecções, uma para cada Modelo que constituem o
Modelo Integrado, de modo a fornecer-se toda a informação e lógica de funcionamento de cada
Modelo.
Modelo de Desempenho Económico – LCC 4.1.
Como referido anteriormente, foi desenvolvido um Modelo de Custo com o objetivo de
fornecer informações acerca dos custos envolvidos nos diferentes processos de fabrico para o
presente Caso de Estudo. A abordagem global do Modelo LCC encontra-se ilustrada na Figura
4-1.
30
Figura 4-1 – Modelo global LCC.
Neste Modelo, os custos totais encontram-se divididos em cinco tipologias de custo, tal
como exemplificado na Tabela 4-1. As fórmulas usadas para se calcular os diferentes custos
encontram-se no Anexo I.
Custo de Mão de Obra Custos associados ao trabalho efetuado pelos operadores
Custo do uso do Equipamento Custos associados aos equipamentos utilizados na produção
Custo do uso de Ferramentas Custos associados às ferramentas utilizadas
Custo de Energia Custos associados ao consumo energético
Outros Custos Custos associados a fluidos, gases e manutenção
Tabela 4-1 – Tipologias de Custos Totais.
Os custos totais provêm de uma separação em “custos parciais” por cada Alternativa do
Caso de Estudo que por sua vez se separam em fases e etapas. Para uma melhor compreensão
apresenta-se a figura seguinte:
31
Figura 4-2 – Modelo LCC de cada etapa do processo produtivo.
Na Figura 4-2 apresentam-se os inputs para cada etapa do processo. Uma descrição
sucinta dessas entradas encontra-se especificada na seguinte tabela:
Materiais Informações relativas aos materiais utilizados (Custo e
Densidade)
Ferramentas Dados das ferramentas (Custo e Tempo médio de Vida)
Fluidos Custo dos Fluidos
Gases Informações relativas aos Gases (Custo)
Máquinas Dados dos equipamentos (Custo de aquisição, Potência,
Tempo de Vida, Custo de Manutenção)
Tempo Informações relativas ao tempo despendido em cada etapa
Operadores Salário dos Operadores
Tabela 4-2 – Descrição dos inputs do Modelo LCC.
Modelo de Desempenho Ambiental – LCA 4.2.
Tal como descrito no Capitulo 2, a metodologia LCA compreende duas grandes sub
fases: descrição das matérias-primas utilizadas e emissões ocorridas durante o processo de
fabrico (LCI) e análise dos impactos infligidos devido às emissões/consumos (LCIA)
O Modelo LCA desenvolvido para este estudo encontra-se exemplificado
esquematicamente na Figura 4-3.
32
Figura 4-3 – Abordagem do Modelo LCA para o cálculo do Impacto Ambiental.
Na primeira fase da aplicação do Modelo LCA, os impactos são divididos em três
categorias: Recursos Consumidos, Emissões e Energia Consumida. Os impactos alusivos aos
Recursos Consumidos englobam todos os materiais e auxiliares utilizados na produção. A
categoria Emissões, engloba todos os gases libertados durante o processamento de materiais.
Por último, tal como o nome indica, a categoria Energia Consumida refere-se ao gasto de
energia durante os processos de fabrico. Somando estas três categorias de impacto obtém-se o
impacto total do Ciclo de Vida do produto.
Esta fase tem como principal objetivo o estudo dos impactos ambientais relacionados
com o processo de fabrico.
Na segunda fase (LCIA), aplicando um sistema de pesos às categorias de impacto
desenvolvidas na etapa anterior, agregam-se os impactos ambientais resultantes das emissões
e dos recursos consumidos, num indicador ambiental. Nesta Tese, foi implementado o Eco
indicador 99 por ser o mais utilizado na comunidade científica.
33
Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos – MTP 4.3.
A ferramenta MTP foi adaptada ao presente caso de estudo de modo a avaliar o
desempenho económico e ambiental dos diferentes processos de fabrico. Para que o MTP
efetue os cálculos necessários para se estimar o desempenho de cada processo é necessário
introduzir um conjunto de informações que caracterizam o cenário industrial e produtivo.
Figura 4-4 – Principais etapas de cálculo do Modelo Tecnológico baseado nos Processos.
Em cada processo, o Modelo utiliza parâmetros que são introduzidos pelo utilizador
assim como, valores existentes nas bases de dados. Existem valores gerais que são
introduzidos inicialmente chamados de Variáveis Exógenas. Estas compreendem os dados
relativamente a dias por ano, horas por dia, salários brutos, custo unitário de energia e custo de
oportunidade. Em cada etapa, como variáveis de entrada, especificam-se, os equipamentos,
software, fluidos, materiais e gases utilizados, bem como, a introdução dos valores
correspondentes a tempos de processo e setup, uptime dos equipamentos, número e taxa de
ocupação dos operadores.
O uptime pode ser definido como sendo a percentagem de tempo que determinado
equipamento se encontra em produção, ou seja, tempo produtivo deste.
Em cada etapa de fabrico, consoante as escolhas efetuadas previamente, o Modelo
recorre a listagens de seleção, para proceder aos cálculos preliminares. Este Modelo tem em
memória três listas de dados distintas, uma para ‘Equipamentos’, uma para ‘Ferramentas’ e uma
para ‘Outros Dados’.
Em relação à primeira, os valores disponíveis são o custo de aquisição, a potência,
tempo médio de vida do equipamento e percentagem do esforço de manutenção relativamente
às necessidades de produção.
34
A listagem ‘Ferramentas’ tem como entradas, o tipo de ferramenta, o custo unitário e o
tempo médio de vida, para se poder estimar o impacto relacionado com a utilização de
ferramentas. Por último em ‘Outros Dados’ encontram-se dados referentes aos materiais, (tanto
do molde como de ligantes e pós metálicos) software, fluídos e gases. Estas listagens foram
desenvolvidas com o propósito de facilitar a introdução de dados no Modelo, bem como acelerar
o processo de comparação de alternativas.
Para além destas listas de seleção, o Modelo recorre ainda a relações e correlações
empíricas para estimar todos os tipos de recursos consumidos e os desperdícios e emissões
gerados. Estas quantidades determinam o desempenho de cada alternativa, pelo que são
cruzadas com duas bases de dados, de forma estimar esse desempenho numa dimensão
económica e ambiental.
O MTP em causa é um Modelo aberto que permite a variação de todas as entradas, tais
como, Volume de Produção, Custo Unitário de Energia, Salários dos Operadores, etc. Apesar
desta flexibilidade o grande propósito deste Modelo é permitir diferentes análises de
sensibilidade, não só comparando as alternativas propostas mas também estimar o desempenho
em vários tipos de cenários de produção e negócio.
35
5. Descrição do Caso de Estudo e Modelo Desenvolvido
O desenvolvimento desta Tese enquadra-se no Projeto ToolingEDGE com vista a
desenvolverem-se conhecimentos científicos e tecnológicos, metodologias de trabalho e de
organização inovadoras, adaptadas ao sector de Engineering & Tooling. O Caso de Estudo
proposto para este trabalho foi desenvolvido em pareceria com o IPN (Instituto Pedro Nunes) e
com as empresas especializadas no fabrico de moldes – Tecnimoplás e Famolde.
A metodologia utilizada neste Caso de Estudo consiste na aplicação do Modelo
Integrado de Apoio à Decisão numa perspetiva de Ciclo de Vida na comparação entre diversas
alternativas de fabrico de Microinsertos. Estes Microinsertos têm utilizações variadas em
moldes, cujo fabrico e características não fazem parte deste estudo. A comparação situa -se
assim no desempenho das alternativas de fabrico tendo em conta o desempenho médio dos
diferentes tipos de Microinsertos produzidos. A aplicação de processos de m aquinagem
convencionais à escala micro é recente, sendo o conhecimento limitado. Além disso, são
utilizados processos onde a experiência também é escassa. Está-se assim, numa situação muito
interessante de aplicação do Modelo Integrado, uma vez que poderão ser usadas as
características interpolativas e de análise de sensibilidade do Modelo Tecnológico para avaliar o
impacto dessa incerteza no desempenho das diversas alternativas. Este Modelo é apelidado de
Integrado pois nele encontram-se incorporados três Modelos discutidos anteriormente – Modelo
LCC, Modelo LCA e Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos. A aplicação
deste Modelo Integrado tem como propósito ser um Modelo de apoio à decisão com vista a uma
análise com base numa perspetiva de Ciclo de Vida de um produto (Microinserto).
Tendo por base as alternativas tecnológicas em desenvolvimento no contexto da
“Indústria Eletrónica” para o fabrico deste componente, pode-se constatar que existem duas
grandes alternativas de obtenção de Microinsertos havendo três sub alternativas em cada uma
delas (Figura 5-1):
Alternativa 1 – Produção direta de Microinsertos; Alternativas de fabrico:
o Alternativa 1.A – Fabrico de Microinsertos por MicroFresagem
o Alternativa 1.B – Fabrico de Microinsertos por MicroEDM
o Alternativa 1.C – Fabrico de Microinsertos por Laser Milling
Alternativa 2 – Produção de Microinsertos por PIM; Alternativas de Fabrico do Micromolde:
o Alternativa 2.A – Fabrico do Micromolde por MicroFresagem
o Alternativa 2.B – Fabrico do Micromolde por MicroEDM
o Alternativa 2.C – Fabrico do Micromolde por Laser Milling
36
Figura 5-1 – Alternativas de fabrico de Microinsertos.
Pode-se considerar um Microinserto como sendo um “pino”, com 0.8 mm de altura e
base hexagonal com comprimento do lado de 0.3 mm, sendo que a superfície superior é
boleada, tal como especificado nas figuras seguintes. Para considerações materiais foi
calculado o volume do Microinserto. Chegou-se ao valor de 0.35 mm3
Figura 5-2 – Vista frontal dos Microinsertos.
37
Figura 5-3 – Vista de topo dos Microinsertos.
O objetivo da aplicação do Modelo a este estudo reside essencialmente em avaliar o
desempenho em termos económicos e ambientais das diferentes alternativas para diversos
cenários de produção. Será portanto relevante poder variar o número de Microinsertos a
produzir relacionando-o com a duração de cada componente utilizado em cada etapa do
processo de fabrico de Microinsertos. Pretende-se ainda conhecer a influência de fatores cujo
domínio do conhecimento é ainda limitado como o tempo de vida das ferramentas de
MicroFresagem, e o comportamento dos elétrodos em MicroEDM. Tem-se ainda como objetivo
conhecer o desempenho por parcela de impacto, por fase do Ciclo de Vida e por grupo físico de
impacto (materiais, energia, etc.). Todos estes pontos serão abordados pormenorizadamente
numa fase posterior da análise.
De seguida descreve-se em maior detalhe a sequência de produção de cada alternativa,
seguindo-se uma caraterização dos fluxos e recursos envolvidos em cada um dos processos
utilizados neste estudo.
Alternativa 1 5.1.
Na primeira alternativa, existem três tecnologias diferentes. A MicroFresagem é das três,
a mais antiga e a mais utilizada. Consiste numa remoção de material excedente, dando à peça a
forma final, com auxílio de ferramentas de corte denominadas por fresas. A MicroEDM é um
processo de origem termoelétrica que remove material pontualmente por ação de sucessivas
descargas elétricas, que ocorrem num meio dielétrico que envolve a peça a maquinar e o
elétrodo ferramenta. Por último, o Laser Milling é efetuado incidindo um feixe laser, que, devido
à sua densidade energética, funde o material e expele-o graças às elevadas pressões criadas,
devido às altas temperatura (Figura 5-4).
38
Figura 5-4 – Tecnologias utilizadas na Alternativa 1.
Alternativa 2 5.2.
Um dos principais objetivos deste Caso de Estudo é a utilização de tecnologias não
convencionais de fabrico de Microinsertos que sejam mais competitivas do ponto de vista do
custo de matéria-prima mas também do tempo de produção.
Neste sentido, o objetivo da Alternativa 2, é desenvolver um Micromolde que permita a
injeção em série de Microinsertos de modo a que estes possam ser substituídos de forma
individual, sem desmontagem integral ou reacondicionamento do molde a que se destinam, isto
é, reduzindo os tempos de paragem e manutenção.
O fabrico do Micromolde compreende quatro etapas, sendo estas, Conceção e
Desenvolvimento, Maquinagem, Acabamento Superficial e Montagem, tal como ilustrado na
Figura 5-5.
39
Figura 5-5 – Fases do Processo de Fabrico do Micromolde: Alternativa 2.
Na primeira etapa, é efetuado o projeto e desenho do Micromolde através de uma
representação 3D/2D, utilizando um software CAD, onde se definem com exatidão as dimensões
da peça, e todas as estruturas, tais como, zona moldante, sistemas de arrefecimento,
guiamento, encavilhamento e alimentação. Nesta etapa, são também ajustados os movimentos
efetuados pelas fresas para se obter a forma final, através de um software CAM.
Pode-se afirmar que a fase de Maquinagem é a que mais se destaca de todas as fases
em termos de recursos e tempo despendido pelo que o detalhe de informação é mais relevante.
Após a fase de projeto do Micromolde realizam-se as operações de Maquinagem. Nestas
operações incluem-se o Galgamento, o Desbaste, a Furação, a Retificação e o Acabamento
(Figura 5-5).
Depois de concluída a fase de maquinagem procede-se ao Acabamento Superficial. Este
acabamento superficial irá ser aplicado apenas nas zonas moldantes diferindo o tipo, consoante
a utilidade desejada para o molde, isto é, a durabilidade. Os Acabamentos superficiais
abordados no presente Caso de Estudo são EBM (Bombardeamento de Eletrões), Revestimento
e Têmpera.
40
Seguidamente, tal como esquematizado na Figura 5-5, o fabrico do Micromolde fica
concluído com a Montagem de todas as peças fabricadas, bem como os acessórios adquiridos
para este.
Depois de se ter fabricado o Micromolde procede-se à operação PIM. Conforme ilustrado
na Figura 5-6, a tecnologia PIM consiste num conjunto de processos que englobam, a
Preparação de Feedstock, a Moldação por Injeção, o Debinding e a Sinterização.
Figura 5-6 – Fases da operação PIM: Alternativa 2
Variáveis de Entrada, Saída e de Controlo 5.3.
As alternativas descritas utilizam diversos processos de maquinagem e de injeção. É
fundamental conhecer os recursos necessários à utilização de cada processo assim como
identificar os fluxos de entrada e saída para que se possa contabilizar cada processo em termos
de desempenho económico e ambiental. Esta identificação é também essencial para
parametrizar os processos tendo em mente não só as análises de sensibilidade mas também a
permanente alteração de condições operatórias por alteração das envolventes industriais e
económicas. Como existem processos com variáveis idênticas, estes foram agrupados por uma
questão de organização.
No fabrico do Micromolde da Alternativa 2, as variáveis das operações de arranque de
apara (Figura 5-7), até ao acabamento, são idênticas. A montante da operação, tem-se como
entrada a matéria-prima, ou seja, um bloco de aço para posteriormente ser maquinado. Para se
proceder a esta maquinagem é necessário um equipamento, energia para este funcionar e
ferramentas para se efetuar o corte. Para auxílio ao corte, utiliza-se um fluido para a
refrigeração e lubrificação da peça em causa. Por último é necessário mão de obra para se
efetuarem variadíssimas operações, tais como, fixação da peça, substituição de componentes,
controlo do processo, etc. Destas operações, resultam limalhas de aço, que consistem no
material removido, e resíduos tais como, fluídos e/ou ferramentas desgastadas.
41
Figura 5-7 – Fluxos e inputs dos Processos de Maquinagem: Alternativa 1 e 2.
Na Alternativa 2 são empregues três tecnologias alternativas de Acabamento do
Micromolde, que são idênticas às utilizadas na Alternativa 1 para produzir os Microinsertos,
bastando portanto uma descrição por processo.
As variáveis da MicroFresagem encontram-se especificadas na Figura 5-7. Para o Laser
Milling, através de uma análise da Figura 5-8, podemos verificar que este necessita de gás CO2
para o ambiente onde o feixe é aplicado. Tal como nas operações de maquinagem recorre a um
equipamento específico, consome energia e utiliza mão de obra. Para a realização de
MicroEDM, há que em primeiro lugar fabricar o elétrodo. Este é obtido por MicroFresagem,
maquinando um bloco de cobre. A MicroEDM, para além do equipamento, energia e mão de
obra, necessita de fluido dielétrico onde a peça é emersa (Figura 5-8).
42
a) b)
Em relação ao Acabamento Superficial do Micromolde as variáveis pouco diferem em
relação aos processos apresentados anteriormente. Para além dos inputs comuns
(equipamento, energia e mão de obra), o EBM necessita de uma mistura gasosa composta por
Hidrogénio e Oxigénio. O Revestimento, por ser uma etapa sub contratada não é contabilizado
no presente capítulo (Figura 5-9).
Figura 5-9 – Fluxos e inputs de EBM: Alternativa 2.
Figura 5-8 – Fluxos e inputs de a) MicroEDM b) Laser Milling: Alternativa 1 e 2
43
Depois de sofrer o Acabamento Superficial, procede-se à montagem de todos os
constituintes do molde. Esta etapa é essencialmente executada por um operador especializado,
que recorre a ferramentas específicas com um índice de desgaste muito baixo (Figura 5-10).
Figura 5-10 – Fluxos e inputs do Processo de Montagem: Alternativa 2.
A operação PIM é iniciada após a conclusão do fabrico Micromolde. A preparação de
feedstock apenas necessita de matéria-prima (pó metálico e ligante), de uma misturadora e das
habituais energia e mão de obra. Estas duas últimas variáveis irão estar presentes em todas as
operações referidas adiante. De seguida, o feedstock é injetado no Micromolde, através de uma
injetora. Deste passo resulta uma peça verde, que por ação de um forno, é-lhe removida o
ligante (peça castanha). A peça final é obtida depois da sinterização, efetuada no mesmo forno
do debinding. Na Figura 5-11 encontra-se exemplificado, esquematicamente, o processo PIM.
44
Figura 5-11 – Fluxos e inputs do Processo PIM: Alternativa 2.
Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos 5.4.
Nesta secção é descrito o funcionamento do Modelo de Desempenho Tecnológico
baseado nos processos (MTP) para cada uma das alternativas em estudo. Neste caso apenas é
necessário efetuar um Modelo, pois, apesar de existirem, seis alternativas, os processos usados
são bastante semelhantes, assim como as sequências de produção, sendo possível integrar
toda a rede de interligações e sequência de cálculo num único Modelo (Figura 5-12). Refira-se
que a todos os processos envolvidos se aplicam os Modelos de LCC e LCA cujas estruturas
foram descritas anteriormente.
45
Figura 5-12 – Fluxograma do Modelo de Desempenho Tecnológico baseado nos Processos.
Primeiramente é requisitado ao utilizador que introduza o volume de produção de
Microinsertos a fabricar. Consoante a alternativa que se esteja a avaliar, é necessário inserir o
volume de produção espectável para o Micromolde (Alternativa 2) e os materiais utilizados bem
como as quantidades destes, para ambas as alternativas.
O Modelo contém algumas particularidades. Permite obter em simultâneo os resultados
para as seis alternativas, embora permita também apresentar apenas parte dessas alternativas
consoante a escolha do utilizador. Existe a possibilidade de se combinar o tipo de Acabamento
Superficial consoante a maquinagem final escolhida. No Acabamento Superficial podem ser
escolhidos três tipos: Revestimento, Têmpera e EBM. Para além de se poderem realizar as
comparações descritas acima, ainda se podem avaliar o desempenho referente à maquinagem
direta dos Microinsertos utilizando três tecnologias diferentes. Posto isto, pode-se verificar que o
Modelo permite diversas alternativas de avaliação/comparação de custos e impacto ambiental
para a obtenção de Microinsertos.
Relativamente à Alternativa 2, consoante o volume de produção de fabrico de
Microinsertos e o volume de produção espectável do Micromolde, o Modelo automaticamente
calcula o número de Micromoldes a produzir bem como todos os recursos utilizados na
produção desses Micromoldes necessários. O Modelo possibilita a introdução do número de
cavidades a maquinar no Micromolde, até um máximo de oito, adaptando todos os cálculos
consoante esse valor (como por exemplo cálculo da quantidade de material necessário para o
feedstock)
46
No que toca à operação PIM consoante o volume de produção, as quantidades de
material são calculados automaticamente recorrendo à base de dados dos materiais criadas
previamente.
Após terem sido efetuados estes cálculos, determinam-se automaticamente o número de
ciclos necessários para a misturadora, debinding e sinterização consoante a capacidade de
operação de cada equipamento.
Por último, caso o utilizador tenha uma estimativa de custos referentes ao uso das
ferramentas poderá introduzir esse valor como Input. Para se obter uma estimativa com menor
erro pode-se usar a listagem de dados ‘Ferramentas’, fazendo com que o Modelo chegue a um
valor de custo de ferramentas usando como base de cálculos o tempo médio de uso e o custo
de aquisição da ferramenta.
Para complementar a descrição do Modelo proposto é importante explanar o modo como
os fatores de impacto de cada processo envolvido e os recursos consumidos são contabilizados
numa perspetiva de Ciclo de Vida. É no fundo, a interligação entre o MTP e os Modelos de LCC
e LCA (Tabela 5-1 e Tabela 5-2).
Para ambas as alternativas foram consideradas quatro fases no Ciclo de Vida: Aquisição
de Material, Produção, Uso e Fim de Vida. A primeira refere-se essencialmente ao impacto
económico e ambiental do processo de obtenção do ma terial “nobre” do produto, ou seja, do aço
que no fim constitui o Microinserto. A fase de produção consiste essencialmente no fabrico do
Microinserto, sendo a fase do Modelo que contém mais detalhe e complexidade. De referir que
na Alternativa 2 existem duas etapas nesta fase, uma vez que há a necessidade de produzir o
Micromolde e só depois se procede à produção de Microinsertos por PIM. Segue-se a fase de
uso, que inclui a utilização do Microinserto em injeção tendo-se contabilizado apenas as
necessidades de manutenção. Como os Microinsertos são obtidos por processos diferentes é
natural que não tenham a mesma duração. A última fase é a de fim de vida dos Microinsertos .
47
Material Produção Uso Fim de Vida
Alternativa 1
Microinsertos Aço - - Microinsertos
MicroFresagem – 1.A -
. Ferramentas
. Fluido de corte
. Equipamento
. Operador
. Energia
. Resíduos
-
-
MicroEDM – 1.B -
. Elétrodo
. Fluido Dielétrico
. Equipamento
. Operador
. Energia
-
Laser Milling – 1.C -
. CO2
. Equipamento
. Operador
. Energia
-
Tabela 5-1 – Dados referentes a Material, Produção, Uso e Fim de Vida da Alternativa 1.
No fabrico do Micromolde, as entradas da Tabela 5-2, referentes ao Acabamento são
idênticas às da Tabela 5-1 por se tratar de tecnologias semelhantes, que usam os mesmos
inputs. Na operação EBM, na produção, para além de se utilizar equipamento, operador e
energia, ainda se acrescenta uma mistura gasosa. Na Alternativa 2, o material necessário à
produção dos Microinsertos, é uma mistura de pó metálico com ligante chamado feedstock.
Nesta fase, é usado o Micromolde fabricado previamente, que pode ou não, sofrer
operações de manutenção durante o seu uso. No fim de vida, é contabilizado o Micromolde e
posteriormente os Microinsertos, depois de servirem o seu propósito. Relativamente à etapa que
envolve o processo PIM, para além dos aspetos gerais já referidos, há que salientar a utilização
de Árgon e Hidrogénio, necessários para o ambiente dentro do forno, sendo que do debinding,
resulta, como resíduo, o ligante.
48
Tabela 5-2 – Dados referentes a Material, Produção, Uso e Fim de Vida da Alternativa 2.
De modo a ter-se uma melhor perceção dos resultados finais, o Modelo agrupa todas as
tipologias de Custo/IA numa só folha para se facilitar a comparação de todas as alternativas e
análises de sensibilidade que se desejem realizar. Na Figura 5-13, encontra-se representado
resumidamente a forma de apresentação dos resultados finais.
Material Produção Uso Fim de Vida
Alternativa 2
Micromolde Aço - - -
Galgamento - . Ferramentas . Fluido de corte . Equipamento . Operador . Energia . Resíduos
-
-
Desbaste -
Furação -
Retificação -
MicroFresagem – 2.A -
MicroEDM – 2.B -
. Elétrodo
. Fluido Dielétrico
. Equipamento
. Operador
. Energia
-
Laser Milling – 2.C -
. CO2
. Equipamento
. Operador
. Energia
-
Montagem - . Ferramentas . Operador
-
EBM -
. H2 + O2
. Equipamento
. Operador
. Energia
. Resíduos
-
Microinsertos Feedstock Molde Manutenção
do Micromolde
Microinsertos, Molde
Preparação Feedstock -
. Pó Metálico + Ligante
. Equipamento
. Operador
. Energia
-
. Pó Metálico + Ligante
Moldação por Injeção - . Equipamento . Energia . Operador
. Feedstock
Debinding - . Árgon + 5% H2
. Equipamento
. Operador
. Energia
. Ligante
Sinterização - -
49
Figura 5-13 – Esquema da organização final dos resultados fornecidos pelo Modelo.
O MTP fornece como outputs finais, custos e impactos ambientais totais para o Ciclo de
Vida dos Microinsertos. Através dos Modelos LCC e LCIA, explanados na subsecção seguinte, é
possível realizar o teste de diversas configurações e cenários particulares (análises de
sensibilidade) fornecendo as soluções ótimas, isto é, mínimos custos e/ou impactos ambientais.
No capítulo seguinte irão ser apresentados os resultados da avaliação de ambas as
dimensões, económica e ambiental, bem como a discussão destes e as diferentes análises de
sensibilidade referentes a este Caso de Estudo.
50
6. Aplicação do Modelo Integrado de Apoio à Decisão
No presente capítulo é aplicado o Modelo Integrado ao Caso de Estudo dos
Microinsertos, com vista à obtenção de análises económicas e ambientais, bem como a
discussão de todas as possibilidades e análises de sensibilidade desenvolvidas.
Primeiramente são discutidos resultados, com base em inputs fornecidos pelas
empresas que se encontram a desenvolver estas tecnologias (por isso estes valores são
considerados como valores expectáveis com base na experiência e conhecimento de
especialistas). Tal como referido anteriormente, estes processos são bastante recentes quando
aplicados à escala Micro. Sendo assim existem poucos dados e estudos referentes aos
comportamentos de cada tecnologia em diferentes cenários de produção.
Opta-se portanto, pela seguinte organização deste capítulo: subcapítulo 6.1 incorpora a
análise LCC, com dados estimados fornecidos pelas entidades competentes. O mesmo
acontece com o subcapítulo 6.2 onde se aborda a dimensão ambiental (LCA). Na última secção
deste capítulo são comparadas as alternativas em estudo, sendo analisadas consoante os seus
aspetos económicos e ambientais. Diferentes cenários produtivos são discutidos ao longo deste
capítulo, estando assim organizados de acordo com a dimensão em que se inserem.
Análise da Dimensão Económica 6.1.
O Modelo LCC é inicialmente aplicado a um volume de produção de 1000 Microinsertos
por Ano. As variáveis exógenas consideradas encontram-se descritas na tabela seguinte:
Dias por Ano 250 dias
Horas por Dia 8 horas
Salário Bruto Operadores 1200 €
Salário Bruto Designers 1800€
Número de Salários por Ano 14
Custo Unitário de Energia 0.07 €/kWh
Custo de oportunidade 15%
Tabela 6-1 – Variáveis Exógenas consideradas no Modelo LCC.
Seguidamente existe uma separação do Modelo consoante as alternativas em estudo.
Nos dois subcapítulos seguintes são descritos, em termos económicos, as duas alternativas de
fabrico de Microinsertos em estudo.
51
Alternativa 1 6.1.1
Anteriormente referiram-se as tipologias de custo, bem como as entradas necessárias
para o Modelo efetuar os cálculos. Como neste estudo existem diversas etapas nos diferentes
processos de fabrico de Microinsertos, esses inputs diferem de fase para fase.
Na Alternativa 1, para o presente Caso de Estudo, é necessário a introdução de inputs,
para todas as tecnologias, referentes a materiais, equipamento, tempo e operadores. Para o
caso de MicroEDM são consideradas ferramentas, não para o processo em si, mas para a
fabricação do elétrodo que é feita através de MicroFresagem (requer fresas). Relativamente ao
Laser, é a única tecnologia que requer gás e não utiliza nem ferramentas nem fluidos.
Os diferentes inputs utilizados no Modelo, tais como, tempos de processo e de setup,
uptime e tempos médios de vida de ferramentas/elétrodos encontram-se especificados na
Tabela 6-2. De notar que estes dados correspondem, a valores unitários, isto é, os tempos
apresentados são referentes ao fabrico de apenas um Microinserto. Definiu-se o material do
Microinserto como sendo Aço 2738 e um volume de 0.35 mm3. Em relação aos uptimes
apresentados, verifica-se que o do Laser é bastante inferior aos restantes, pois em termos
organizacionais da empresa, esta tecnologia é utilizada em aplicações específicas, fazendo com
que esteja menos tempo em produção relativamente às restantes tecnologias.
MicroFresagem MicroEDM Laser Milling
Tempo de Processo por Unidade (h:mm)
0:10 0:05 0:35
Tempo de Setup (h:mm) 0:30 1:00 1:00
Uptime do Equipamento 80 % 80 % 25 %
Número/Taxa de ocupação dos operadores
1/100%
Tempo Médio de Vida da Ferramenta de Corte (h:mm)
1:40 1:40 -
Tempo Médio de Vida do Elétrodo (h:mm)
- 0:05 -
Tabela 6-2 – Inputs introduzidos para cada tecnologia; Fonte: Tecnimoplás e Famolde.
Relativamente aos valores de rácios de custos, ou seja, os custos horários de
equipamento e operador e os custos unitários de fluidos e gases, encontram-se especificados
na Tabela 6-3.
52
MicroFresagem MicroEDM Laser Milling
Custo Hora-Máquina 35,51 €/h 36,33 €/h 129,48 €/h
Custo Hora-Homem 8,40 €/h
Custo do Fluido de Corte 7,00 €/l 7,00 €/l -
Custo do Fluido Dielétrico - 5,00 €/l -
Custo do Gás - - 2,80 €/l
Tabela 6-3 – Rácios de custo para as três tecnologias em estudo.
Para uma melhor perceção da quantidade de recursos consumidos no fabrico de 1000
Microinsertos, apresenta-se a Tabela 6-4 – Valores relativos a consumos de energia, fluidos,
gás, ferramentas, elétrodos e materiais para a Alternativa 1..
MicroFresagem MicroEDM Laser Milling
Energia Consumida 8,358 MWh 6,158 MWh 13,07 kWh
Fluido de Corte Consumido 16,7 l 16,7 l -
Fluido Dielétrico Consumido - 12,50 l -
Gás Consumido - - 522 l
Quantidade de Ferramentas Utilizadas
100 100 -
Quantidade de Elétrodos Utilizados
- 1000 -
Quantidade de Aço Utilizado 0,27 kg 0,27 kg 0,27 kg
Quantidade de Cobre Utilizado
- 400 kg -
Tabela 6-4 – Valores relativos a consumos de energia, fluidos, gás, ferramentas, elétrodos e materiais
para a Alternativa 1.
Através da observação da Tabela 6-3 pode-se verificar que o custo hora-máquina da
tecnologia Laser é bastante superior às outras duas tecnologias. Isto deve-se ao facto, de que
este equipamento apresenta um custo de aquisição superior aos outros (no Anexo II encontram-
se os dados referentes aos equipamentos utilizados), mas também porque o seu uptime é
bastante mais reduzido (Tabela 6-2).
Relativamente ao consumo energético, a fresadora é de longe o equipamento que mais
energia consome. A MicroEDM é um equipamento com uma potência relativamente baixa (30
kW em comparação com os 50 kW da fresadora), mas apresenta um valor de energia
despendido elevado devido à fase de fabricação dos elétrodos, que para além de serem
bastantes, necessitam de ser maquinados por MicroFresagem. Relativamente ao Laser, é um
equipamento com uma potência bastante reduzida e consome bastante menos energia que os
restantes, não obstante de demorar mais tempo no processo de fabrico.
Numa primeira abordagem, é considerado que cada ferramenta apenas resiste à
maquinagem de dez Microinsertos/Elétrodos e que cada elétrodo apenas erodia um elemento.
53
A quantidade de aço total utilizada é idêntica, para os três casos, pois ambas as
tecnologias removem a mesma quantidade de material.
Seguidamente (Tabela 6-5) apresentam-se os valores de tempo e custos finais
calculados pelo Modelo, consoante os inputs especificados anteriormente.
MicroFresagem MicroEDM
Laser Milling Elétrodo Erosão
Tempo Total (hhh:mm) 167:17 167:18 84:14 580:48
Mão de Obra 1.404,20 € 1.408,40 € 708,40 € 4.880,40 €
Energia 585,08 € 352,10 € 36,01 € 0,92 €
Equipamento 5.935,56 € 4.922,64 € 3.064,05 € 75.225,60 €
Ferramentas 18.000,00 € 18.000,00 € - -
Fluido 116,67 € 116,67 € 62,50 € -
Gás - - - 1.479,00 €
Manutenção 593,56 € 492,26 € 306,40 € 7.522,56 €
Material 0,69 € 4.000 € 0,69 € 0,69 €
TOTAL 26.635,07 € 29.292,07 € 4.178,05 €
89.109,17 € 33.469,43 €
Tabela 6-5 – Distribuição de custos finais e tempo total consoante as tecnologias em estudo, da
Alternativa 1, para o fabrico de 1000 Microinsertos.
Primeiramente é abordada a tecnologia Laser por se verificar ser a mais dispendiosa de
todas. Como o seu tempo de maquinagem é mais elevado que as restantes tecnologias,
resultam maiores custos de mão de obra, equipamento, gás e manutenção. Este elevado tempo
de maquinagem aliado a um custo hora-máquina elevado resulta num custo associado ao uso
do equipamento bastante superior às restantes tecnologias. Mais à frente, irá ser efetuada uma
análise de sensibilidade onde este parâmetro é discutido, isto é, consoante as taxas de remoção
de material do Laser irá ser discutido se o tempo de maquinagem utilizado é ou não viável.
Note-se que estes tempos de maquinagem foram estimados por especialistas e não em
resultados concretos.
Através da observação da Tabela 6-5, verifica-se que o custo final da MicroEDM é
especialmente penalizado devido à fabricação do elétrodo por MicroFresagem. Este representa
cerca de 90% do custo final desta tecnologia, pois numa primeira abordagem considera-se que
cada elétrodo só erode um elemento. Esta hipótese tem repercussões diretas em termos de
custo de material utilizado no elétrodo. Acrescentando a este fato, cada fresa só maquina dez
elétrodos fazendo com que estas duas etapas contribuam com um maior peso no custo final.
Em relação à MicroFresagem, apenas se verifica que a parcela correspondente ao
consumo de energia é superior comparando com as restantes tecnologias. Isto deve-se ao facto
da fresadora ser o equipamento com a maior potência instalada (Ver Anexo II). Na
MicroFresagem, o maior custo, corresponde ao consumo de ferramentas. Tal como na
fabricação do elétrodo, supôs-se que cada ferramenta maquinava dez Microinsertos, resultando
em custos bastante elevados.
54
Na Figura 6-1 encontram-se distribuídos os custos tal como enunciados na secção 4.1.
Figura 6-1 – Distribuição das tipologias de custo, em percentagem, por tecnologia de maquinagem
No que toca às duas primeiras tecnologias pode-se observar (Figura 6-1) que a maior
parcela é referente às ferramentas, seguido do uso de equipamento. Tal como referido
anteriormente, o equipamento, representa a maior “fatia” nos custos do Laser.
Em termos globais, a MicroFresagem é a melhor alternativa pois é a que menos tempo
consome e que acarreta menos custos. Apesar da fase de erosão ser bastante mais económica
que as restantes, a tecnologia MicroEDM é penalizada pela fabricação do elétrodo.
Como os dados utilizados para estas tecnologias são valores estimados, fornecidos
pelas empresas parceiras do projeto, foram criados diversos cenários produtivos nos quais
alguns parâmetros foram modificados com o intuito de se criarem diferentes situações para
posteriormente serem analisadas. Esta é uma das grandes vantagens da aplicação destes tipos
de Modelos a estes estudos.
Os tempos médios de vida dos elétrodos e das fresas são exemplos de alguns desses
valores.
55
Numa primeira aproximação foi considerado, para o caso da tecnologia MicroEDM, que
cada fresa maquinava dez elétrodos e que cada elétrodo maquinava um Microinserto. Como
estes processos de maquinagem utilizam tecnologias que englobam custos relativamente
elevados foi elaborada uma análise para se averiguar a influência destes tempos de vida no
custo final do Microinserto. O gráfico da Figura 6-2 ilustra a situação referida.
Figura 6-2 – Gráfico da variação do Custo por Microinserto consoante os tempos médios de vida das fresas e dos elétrodos.
Este gráfico, é um gráfico 3D onde o custo unitário dos Microinsertos varia consoante os
tempos médios de vida dos elétrodos e das fresas. Logicamente, que quanto menor estes dois
tempos de vida maior será o custo unitário. Repare-se que quando o elétrodo apenas maquina
um Microinserto e que quando uma fresa maquina dez elétrodos o custo unitário do Microinserto
dispara para valores aproximados de 35 €. Para uma melhor compreensão destas variações, na
Tabela 6-6, encontram-se especificados os valores que serviram como base à construção do
gráfico da Figura 6-2. Note-se, também, que ambos têm aproximadamente a mesma influência
no custo final. Para valores de tempos de vida de 10 Microinsertos e de 10 elétrodos os custos
unitários variam entre 7 e 8 €. A partir de tempos de vida de aproximadamente 50 componentes
estas variáveis deixam de ter influência no custo final, pois, para estes casos o custo que
prevalece é o do equipamento.
10
100
10000,00 €
5,00 €
10,00 €
15,00 €
20,00 €
25,00 €
30,00 €
35,00 €
110
50100
500
1000
Tempo Médio de Vida
das Fresas (unidades de elétrodos)
Cu
sto
Un
itár
io d
os
Mic
roin
sert
os
Tempo Médio de Vida dos Elétrodos (unidades de Microinsertos)
Variação do custo unitário dos Microinsertos consoante os Tempos Médios de Vida das Fresas e Elétrodos
50
500
56
Tempo Médio de Vida das Fresas
10 50 100 500 1000 Tempo Médio de Vida dos
Elétrodos
1 33,47 € 19,07 € 17,27 € 15,83 € 15,65 €
10 7,25 € 5,81 € 5,63 € 5,49 € 5,47 €
50 4,92 € 4,92 € 4,60 € 4,57 € 4,56 €
100 4,63 € 4,48 € 4,47 € 4,45 € 4,45 €
500 4,40 € 4,37 € 4,36 € 4,36 € 4,36 €
1000 4,37 € 4,35 € 4,35 € 4,35 € 4,35 €
Tabela 6-6 – Valores do custo unitário dos Microinsertos consoante os Tempos Médios de Vida das
fresas e dos elétrodos.
Para o caso do tempo médio de vida das fresas, na MicroFresagem, observa-se que,
como para a MicroEDM, aumentando este valor o custo unitário diminui tal como ilustrado no
gráfico da Figura 6-3. Através da observação do gráfico, repara-se que a partir de um tempo de
vida de 100 maquinagens o valor do custo por Microinserto tende para constante sendo que o
seu valor mínimo ronda os 9 €.
Figura 6-3 – Gráfico da variação do Custo por Microinserto consoante o Tempo Médio de Vida da Fresa.
Após a apresentação dos resultados preliminares obtidos através dos dados estimados
fornecidos, observa-se que a melhor tecnologia em termos de custos para a maquinagem direta
dos Microinsertos é a MicroFresagem.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Cu
sto
po
r M
icro
inse
rto
(€
)
Tempo médio de vida da fresa (unidades de Microinsertos)
Variação do Custo por Microinserto consoante o Tempo Médio de Vida da Fresa
57
Comparando dois cenários semelhantes, entre a MicroFresagem e a MicroEDM, com o
aumento do tempo de vida das fresas (para ambas as tecnologias) e dos elétrodos (para a
MicroEDM), repara-se (Tabela 6-6) que considerando um tempo de vida máximo tanto para as
fresas como para os elétrodos, a MicroEDM torna-se bastante mais económica (8.90 € para a
MicroFresagem e 4.35 € para a MicroEDM). Note-se também, que mesmo considerando o tempo
máximo de vida para as fresas na MicroFresagem (maquinagem de 1000 Microinsertos), a
MicroEDM continua a ser mais económica considerando um tempo médio de vida de 10
maquinagens para ambas as ferramentas (fresas para maquinar o elétrodo e elétrodos para
erodir os Microinsertos).
Posto isto, procedendo a uma alteração pouco significativa no tempo médio de vida do
elétrodo (de uma maquinagem para dez) a MicroEDM torna-se a tecnologia mais económica na
maquinagem direta de Microinsertos. Pode-se então afirmar que o custo do fabrico do elétrodo
constitui a parcela principal relativamente ao custo final desta tecnologia.
No seguimento da análise de custos, no que toca à maquinagem utilizando Laser Milling,
repara-se que o custo por Microinserto, utilizando esta tecnologia é bastante superior às
restantes. Tal verifica-se devido ao elevado custo hora-máquina relativamente às restantes
tecnologias (Tabela 6-3), que está dependente do uptime do equipamento (ver Tabela 6-2), que
para o Laser, é bastante inferior comparativamente à MicroFresagem e MicroEDM.
Posto isto, na análise seguinte, admitiu-se, para diferentes cenários, valores de uptime
oscilantes tal como exemplificado no gráfico da Figura 6-4.
O eixo das ordenadas corresponde aos custos hora-máquina, enquanto que o eixo das
abcissas corresponde aos uptimes do Laser (eixo inferior) e da fresadora e eletroerosora (eixo
superior). A curva a verde exemplifica a evolução do custo hora-máquina do Laser em função do
uptime, sendo que as curvas a azul e a encarnado são referentes à evolução do custo hora-
máquina da MicroFresagem e MicroEDM respetivamente.
Como de pode observar na Figura 6-4, existem três pontos correspondentes aos três
diferentes cenários discutidos nesta análise. O ponto a) refere-se ao cenário atual, ou seja, os
uptimes utilizados presentemente nas empresas e os respetivos custos hora-máquina. No ponto
b) representa-se o cenário intermédio, isto é, os diferentes valores de uptime, para os quais as
tecnologias apresentam o mesmo custo hora-máquina. Finalmente no ponto c) encontra-se o
cenário limite, onde se impõe um uptime de 100% para o Laser.
No cenário atual (ponto a)) verifica-se que o uptime do Laser (25%) é bastante inferior
aos uptimes da MicroFresagem e da MicroEDM (80%), fazendo com que o custo hora-máquina
do Laser seja bastante superior ao das restantes duas tecnologias. O ponto b), representa a
interseção da evolução do custo hora-máquina do Laser com a da MicroFresagem e MicroEDM.
Esta interseção corresponde ao ponto onde os custos hora-máquina se igualam.
58
Para o mesmo custo hora-máquina o Laser apresenta um uptime superior às restantes
tecnologias (54% contra 46%), pois o custo de aquisição deste equipamento é superior aos
restantes (Anexo II), encarecendo o uso desta tecnologia.
Para valores de uptime superiores a 54% para o Laser e inferiores a 46% para a
MicroFresagem e MicroEDM o custo hora-máquina do Laser é inferior às restantes tecnologias.
Relativamente ao cenário limite (ponto c)), para um uptime do Laser de 100%, o custo hora-
máquina é de 32,37 €, valor correspondente a cerca de 85% de uptime para a MicroFresagem e
MicroEDM. Esta consideração de aumento de uptime do Laser representa admitir que no futuro,
o volume de encomendas para esta tecnologia aumentaria, aumentando deste modo o uptime.
Figura 6-4 – Ilustração da evolução do Custo Hora-Máquina consoante o uptime do Equipamento para as
três tecnologias em estudo; a) Cenário atual – custos hora-máquina referentes aos uptimes utilizados
pela empresa; b) Cenário intermédio – ponto ilustrativo do uptime imposto para que as tecnologias
apresentem o mesmo custo hora-máquina; c) Cenário limite – custo hora-máquina da tecnologia Laser
para um uptime de 100%
No seguimento da análise à tecnologia Laser e à sua não competitividade em termos
económicos, bem como, um tempo de maquinagem mais elevado, relativamente às outras duas
tecnologias em estudo, é efetuada uma discussão à taxa de remoção de material de modo a
estimar-se um tempo de maquinagem diferente do fornecido pela empresa. Como ainda não
existe experiência suficiente por parte da empresa parceira do projeto, no campo da
Micromaquinagem, através de dados recolhidos em artigos científicos e trabalhos realizados
anteriormente, estimou-se um valor médio de taxa de remoção de material do Laser consoante a
profundidade de passagem.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%
0 €
20 €
40 €
60 €
80 €
100 €
120 €
140 €
160 €
180 €
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Uptime do Laser
Custo Hora-Máquina
Uptime da Fresadora e da Eletroerosora
Evolução do Custo Hora-Máquina com o uptime do Equipamento
Laser
MicroFresagem
MicroEDM
a)
25% ; 129,48 €
a)
80% ; 35,51€
b)
46% ; 61,5€
54% ; 61,5€ c)
100% ; 32,37€
59
Esta aproximação encontra-se representada no gráfico da Figura 6-5.
De acordo com os dados recolhidos, foi elaborada uma regressão linear com o objetivo
de se estimar uma taxa de remoção de material admissível para o Laser, com fim a se calcular
um tempo de processo que esta tecnologia levaria a maquinar um Microinserto.
Por se tratar de uma geometria complexa com dimensões bastante reduzidas, as taxas
de remoção apresentadas são as típicas para a escala Micro, sendo bastante mais reduzidas do
que para a escala normal. Para o cálculo do tempo de maquinagem, irá ser utilizado um valor
intermédio de profundidade de passagem.
Para uma profundidade de passagem de 4 µm, obtém-se uma taxa de remoção de
material na ordem dos 0,035 mm3/min. Assumindo este valor de taxa de remoção, despender-
se-ia cerca de 10 minutos para maquinar um Microinserto.
Figura 6-5 – Evolução da Taxa de Remoção de Material do Laser em função da Profundidade de
Passagem; Fonte: [3.19], [3.20], [3.27], [3.28], [3.29].
À medida que forem surgindo resultados experimentais na empresa, bem como,
informação publicada adicional, esta equação deverá ser atualizada para o Caso de Estudo
específico.
Este tempo de maquinagem aproxima-se bastante dos tempos de maquinagem das
restantes tecnologias em estudo (ver Tabela 6-2). Posto isto, o custo associado à tecnologia
Laser diminuiria significativamente de cerca de 90.000€ para 25.700€.
y = 0,0092x - 0,0014
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0,04
0,045
0,05
0,055
0,06
0,065
0,07
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7
Taxa
de
Re
mo
ção
de
Mat
eri
al (
mm
3 /m
in)
Profundidade da Passagem (µm)
Evolução da Taxa de Remoção de material do Laser em função da Profundidade da Passagem
60
Alterando significativamente o tempo de maquinagem, o tempo que o equipamento se
encontra em produção diminui, diminuindo assim os custos associados ao uso deste, que são
bastante elevados devido ao custo horário que este apresenta. Em suma, para a fabricação de
1000 Microinsertos, com uma taxa de remoção de material obtida com base em artigos
científicos consultados, obtém-se a seguinte distribuição de custos:
Laser Milling
Tempo Total (dd:hh:mm) 07:00:00
Mão de Obra 1.411,20 €
Energia 0,26 €
Equipamento 21.751,98 €
Gás 425,85 €
Manutenção 2.175,20 €
Material 0,69 €
TOTAL 25.764,49 €
Tabela 6-7 – Distribuição de custos finais para o Laser, admitindo uma taxa de remoção de material de
0,035 mm3/min e uptime de 25%.
Novamente se verifica que a parcela com maior peso no custo final é o custo do uso do
equipamento. Este valor poderia diminuir de modo significativo com o aumento do uptime deste
equipamento (Figura 6-4). Relativamente ao custo total, com a presente taxa de remoção de
material, o Laser torna-se a tecnologia mais económica. De realçar que para esta análise se
compara a tecnologia Laser com uma redução significativa no tempo de maquinagem, com
resultados preliminares da MicroFresagem e MicroEDM sem alteração nos tempos de vida das
fresas/elétrodos (que fazem com que estas tecnologias se tornem bastante mais económicas).
Em termos de tempo de processo, só a Fresagem consome menos tempo, (cerca de 45 minutos)
em relação ao Laser.
Alternativa 2 6.1.2
Na Alternativa 2, em primeiro lugar procede-se à fabricação do Micromolde e
seguidamente à produção de Microinsertos através da operação PIM.
Tal como na Alternativa 1, inicialmente definiu-se o material do Micromolde. Este está
dividido em duas partes: estrutura de aço 2738 com 2,9 dm3 de volume e zona moldante com
0,8 dm3 sendo que o material constituinte é o aço 2344.
Seguidamente definem-se os inputs para cada etapa do fabrico do Micromolde. Na
Tabela 6-8 encontram-se especificadas as entradas para cada etapa no processo de fabrico do
Micromolde até à fase de Retificação.
61
CAD/CAM Galgamento Desbaste Furação Retificação
Tempo de Processo (hh:mm) 125:00 13:00 04:00 22:00 18:00
Tempo de Setup (hh:mm) - 02:00 00:10 01:40 00:20
Uptime do Equipamento 100% 90% 90% 90% 90%
Número/Taxa de Ocupação dos Operadores
1/100%
Tempo Médio de Vida da Ferramenta de Corte (h)
- 13 16 40 300
Tabela 6-8 – Inputs das operações de Maquinagem até à fase de Acabamento; Fonte: Tecnimoplás.
Concluída a Retificação procede-se ao Acabamento. Este pode ser efetuado por três
tecnologias referidas anteriormente: MicroFresagem, MicroEDM e Laser Milling. Os inputs
introduzidos no Modelo para estas tecnologias, são idênticos à Alternativa 1, estando assim
especificados na Tabela 6-2. Definiu-se que iriam ser maquinados dois elementos na zona
moldante, isto significa que por cada injeção efetuada resultam duas peças. Os valores
definidos na Tabela 6-2 são referentes à maquinagem de apenas um elemento.
Terminada a fase de Maquinagem do Micromolde, executa-se a Montagem e
posteriormente o Acabamento Superficial, que pode ser executado através de três processos.
Na Tabela 6-9 especificam-se as entradas utilizadas no Modelo para cada processo referido. A
Têmpera e o Revestimento por serem fases subcontratadas, apenas se contabiliza o custo final
destas operações estando especificado na Tabela 6-16.
Montagem EBM
Tempo de Processo (hh:mm) 07:00 00:20
Tempo de Setup (hh:mm) - 00:05
Número/Taxa de Ocupação dos Operadores
1/100% 1/100%
Uptime do Equipamento - 15%
Tabela 6-9 – Inputs das operações de Montagem e Acabamento Superficial; Fonte: Tecnimoplás e
Famolde.
Nesta fase, o fabrico do Micromolde encontra-se concluído. Procede-se assim ao fabrico
de Microinsertos através de PIM. Esta operação compreende quatro fases com inputs que
diferem entre si. Estes dados encontram-se descritos na Tabela 6-10:
62
Preparação de
Feedstock Injeção Debinding Sinterização
Tempo de ciclo (hh:mm:ss) 01:30:00 00:00:28 24:00:00 00:06:00
Tempo de Setup (hh:mm:ss) 00:10:00 00:10:00 00:10:00 00:10:00
Número/Taxa de Ocupação dos Operadores
1/100% 1/100% 1/5% 1/5%
Uptime do Equipamento 90%
Injeções por Ciclo - 2 - -
Tabela 6-10 – Inputs da operação PIM; Fonte: IPN.
Através da observação da Tabela 6-2, Tabela 6-8, Tabela 6-9, e Tabela 6-10 verifica-se
que o tempo e a mão de obra são dois fatores presentes em todas as etapas. No que toca ao
fabrico do Micromolde, na fase de Conceção e Desenvolvimento as ‘Máquinas’ utilizadas são
computadores para se efetuar o projeto do Micromolde. Os materiais apenas são contabilizados
uma vez no Galgamento, por ser um processo contínuo, onde no início do processo se tem
material bruto e no fim (uma das três etapas de acabamento) o Micromolde. O processo de
Montagem, por ser manual apenas requer operador, tempo e ferramentas, que como referido
anteriormente têm um tempo de vida muito longo, não sendo contabilizadas para este estudo.
Esta é única fase que não necessita interveniência de equipamentos. Por último, o
Bombardeamento de Eletrões apenas requer gás para o ambiente dentro da câmara.
No PIM apenas a primeira etapa inclui material. A Injeção utiliza unicamente o
equipamento e os típicos tempo e mão de obra. Finalmente, o debinding e a sinterização por
serem processos semelhantes contêm os mesmos inputs, destacando-se das outras etapas,
apenas devido ao uso de gás.
Os valores de rácio de custos para a Alternativa 2, encontram-se na Tabela 6-11.
Após se definirem todas as entradas, para o Modelo efetuar os cálculos, este devolve
diversos recursos consumidos para se chegar ao custo final/etapa. Estes valores são
apresentados na Tabela 6-12.
63
CAD/CAM Galgamento Desbaste Furação Retificação Montagem EBM Preparação
de Feedstock
Injeção Debinding Sinterização
Custo Hora-Máquina 1,15 €/h 22,29 €/h 27,24 €/h 23,52 €/h 12,38 €/h - 148,57 €/h 6,19 €/h 18,57 €/h 4,95 €/h 4,95 €/h
Custo Hora-Homem 12,60 €/h 8,40 €/h
Custo do Fluido de Corte
- 4,40 €/l 4,40 €/l 7,00 €/l 7,00 €/l - - - - - -
Custo do Gás - - - - - - 3,69 €/l - - 10 €/m3 10 €/m
3
Tabela 6-11 – Rácios de custo para a todas as etapas da Alternativa 2 exceto o Acabamento do Micromolde
CAD/CAM Galgamento Desbaste Furação Retificação Montagem EBM Preparação
de Feedstock
Injeção Debinding Sinterização
Energia Consumida
38,75 kWh 750,00 kWh 225,00 kWh
863,33 kWh 20,16 kWh - 0,02 kWh 38,67 kWh 62,86 kWh 870,00 kWh 222,00 kWh
Fluido de Corte Consumido
- 6,5 l 2,0 l 8,2 l 1,8 l - - - - - -
Gás Consumido - - - - - - 30,6 l - - 9,67 m3 2,47 m
3
Quantidade de Ferramentas
Utilizadas - 10 3 12 2 - - - - - -
Quantidade de Aço Utilizado
- 28,9 kg - - - - - - - - -
Quantidade de Pó metálico
- - - - - - - 3,3 g - - -
Quantidade de Ligante
- - - - - - - 0,3 g - - -
Tabela 6-12 – Valores relativos a consumos de energia, fluido, gás, ferramentas e materiais para a Alternativa 2, excetuando a fase de Acabamento do Micromolde.
64
Observando a Tabela 6-11 verifica-se que, como para a tecnologia Laser, o custo hora-
máquina do EBM é o mais elevado de todos os processos. Tal constatação deve-se ao facto
deste apresentar um uptime de 15% e um custo de aquisição de equipamento que ronda os
200.000 € (Ver Anexo II).
Na etapa de Conceção e Desenvolvimento foi calculado um custo hora-máquina,
baseado no custo associado ao uso de computadores e de software para se criar uma versão
CAD/CAM do Micromolde. Esta etapa apresenta também um custo hora-homem superior a todos
os outros processos visto tratar-se de mão de obra mais especializada e consequentemente
mais dispendiosa.
Em alguns processos de Maquinagem encontra-se referida a quantidade de ferramentas
utilizadas. Estes dados não referem que as ferramentas foram totalmente consumidas. Na fase
de cálculo de custos associados às ferramentas contabilizam-se os tempos médios de vida
destas, bem como o tempo de uso, chegando-se assim a um valor concreto de custo. O material
utilizado no fabrico do Micromolde é apenas contabilizado na primeira fase de Maquinagem
(Galgamento) sendo que a partir desta fase, todos os processos de fabrico do molde são
efetuados no mesmo bloco de aço.
A Têmpera e o Revestimento não são referidos nesta tabela por apenas constituírem um
custo final não tendo sido efetuados quaisquer cálculos relativos a estes processos.
Relativamente ao material utilizado na preparação do feedstock este foi calculado para
um volume de produção de 1000 Microinsertos com um desperdício de 50% de material. Para a
preparação desta mistura foi utilizada um proporção de 60% de pó metálico e 40% de ligante.
Seguidamente apresentam-se os recursos consumidos referentes às três tecnologias de
acabamento em estudo.
MicroFresagem MicroEDM Laser Milling
Energia Consumida 58,33 kWh 75,21 MWh 0,05 kWh
Fluido de Corte Consumido 2,0 l 1,0 l -
Fluido Dielétrico Consumido - 0,03 l -
Gás Consumido - - 1,04 l
Quantidade de Ferramentas Utilizadas
1 1 -
Quantidade de Elétrodos Utilizados
- 2 -
Quantidade de Cobre Utilizado
- 0,8 kg -
Tabela 6-13 – Valores relativos a consumos de energia, fluidos, gás, ferramentas, elétrodos e materiais
para as diferentes tecnologias de acabamento do Micromolde da Alternativa 2.
65
Finalmente apresentam-se os custos finais calculados por processo e por etapa. A
Tabela 6-14 refere-se aos custos envolvidos nos processos de fabrico do Micromolde, sendo
que a estes custos têm que ser adicionados o Acabamento (uma das três tecnologias em
estudo) e o Acabamento Superficial (entre um a três tipos de acabamento superficial em
estudo). Estes custos totais, consoante as escolhas efetuadas, irão ser apresentados adiante.
Nesta tabela estão também incluídos custos referentes à operação PIM da qual resultam os
Microinsertos. No Anexo III encontram-se duas tabelas onde os custos estão descriminados
consoante as tipologias de custos referidas no Capítulo 4.
Fabrico do Micromolde Total Percentagem
Material 81,71 € 1,78%
Conceção e Desenvolvimento
1.758,23 € 38,30%
Maquinagem 2.165,20 € 47,17%
Galgamento 619,80 € 13,50%
Desbaste 189,09 € 4,12%
Furação 925,83 € 20,17%
Retificação 430,48 € 9,38%
Montagem 58,80 € 1,28%
PIM Total Percentagem
Preparação de Feedstock 29,38 € 0,64%
Injeção 121,31 € 2,64%
Debinding 299,36 € 6,52%
Sinterização 76,39 € 1,66%
Tabela 6-14 – Distribuição dos custos de Fabrico do Micromolde, exceto acabamento e acabamento
superficial, e PIM, consoante as etapas de cada operação
Na Tabela 6-14 encontram-se os valores referentes aos custos finais do fabrico do
Micromolde. Como era espectável a fase de Maquinagem é a que implica maior custo (47,17%),
seguida da fase de design do Micromolde onde a mão de obra (consultar Anexo III) desempenha
um papel preponderante. De entre as etapas de maquinagem, a que acarreta maiores custos é a
que se encontra em produção por um período de tempo maior (Furação – 20,17% do custo
total). O uso do equipamento é a tipologia de custo que apresenta o maior valor seguido pela
mão de obra.
66
Relativamente ao PIM verifica-se novamente que o uso do equipamento é o parâmetro
mais dispendioso. Em termos globais o debinding é a etapa que envolve maiores custos
(6,52%), pois é o mais moroso e utiliza como auxiliar, gás com caudal constante.
Com o objetivo de se averiguar a melhor opção em termos económicos do fabrico do
Micromolde elaboraram-se a Tabela 6-15 e a Tabela 6-16 onde se encontram exemplificados os
custos de cada tecnologia de maquinagem, bem como acabamentos superficiais.
MicroFresagem MicroEDM
Laser Milling Elétrodo Erosão
Tempo Total (hh:mm) 00:50 00:50 01:10 02:10
Mão de Obra 7,00 € 7,00 € 9,80 € 18,14 €
Energia 2,92 € 1,75 € 0,50 € 0,01 €
Equipamento 29,59 € 24,47 € 42,39 € 279,67 €
Ferramentas 36,00 € 36,00 € - -
Fluido 0,23 € 0,23 € 0,13 € -
Gás - - - 2,96 €
Manutenção 2,96 € 2,45 € 4,24 € 27,97 €
Material - 8,00 € - -
Custo 78,70 € 79,90 € 57,06 €
328,74 € 136,96 €
Tabela 6-15 – Distribuição de custos consoante o tipo de maquinagem, de dois elementos, da Alternativa
2.
Tal como na Alternativa 1, a tecnologia Laser é a mais dispendiosa devido ao elevado
tempo consumido na maquinagem, bem como o elevado custo hora-máquina em comparação
com as restantes tecnologias. Em termos energéticos, como analisado anteriormente, devido à
reduzida potência do equipamento consome pouca energia, refletindo-se no custo final. Os
diferentes valores entre o fabrico do elétrodo e a fresagem devem-se ao uso de fresadoras
distintas que não apresentam potências e custo hora-máquina exatamente idênticas. Mais uma
vez se verifica que a MicroFresagem é a melhor opção tanto em termos monetários como em
consumo de tempo, apresentando valores inferiores às restantes alternativas.
67
EBM Têmpera Revestimento
Tempo Total (hh:mm) 00:45
- -
Mão de Obra 6,30 €
Energia 0,00 €
Equipamento 111,43 €
Gás 18,59 €
Manutenção 11,14 €
TOTAL 147,46 € 8,00 € 8,00 €
Tabela 6-16 – Distribuição de custos finais consoante o tipo de Acabamento Superficial da Alternativa 2.
Relativamente ao Acabamento Superficial, pode-se conjugar qualquer tipo de
Maquinagem final com EBM, Têmpera ou Revestimento consoante a durabilidade que se deseje
para o Molde (Ver Figura 5-13).
Na Tabela 6-17 apresentam-se os custos totais no fabrico de 1000 Microinsertos
utilizando a Alternativa 2. Na célula ‘Fabrico de Micromolde’ englobam -se todos os custos dos
processos envolvidos na produção do Micromolde exceto o Acabamento final. Foi apenas
incluído o custo da aplicação da tecnologia EBM, por ser a mais dispendiosa, assim avaliam-se
os custos referentes ao processo que envolve maiores custos. A última linha contém os custos
totais da produção de 1000 Microinsertos consoante a tecnologia em estudo.
Custos
Fabrico do Micromolde 4.063,94 €
PIM 526,44 €
MicroFresagem MicroEDM Laser Milling
78,70 € 136,96 € 328,74 €
Acabamento Superficial - EBM 147,46 €
TOTAIS 4.816,54 € 4.874,80 € 5.066,58 €
Tabela 6-17 – Custos totais na produção de 1000 Microinsertos consoante a tecnologia de Acabamento e
utilizando EBM como Acabamento Superficial.
68
A Figura 6-6 ilustra a influência do custo de cada tecnologia no custo final da Alternativa
2.
Figura 6-6 – Gráfico que ilustra a Influência da tecnologia utilizada no Custo Total da Alternativa 2.
As percentagens apresentadas, na Figura 6-6, correspondem à influência que cada
tecnologia apresenta no custo final da Alternativa 2, ou seja, para o caso da MicroFresagem, o
custo da utilização desta tecnologia representa 1,69% do custo total da Alternativa 2, utilizando
como Acabamento MicroFresagem. Como se pode verificar a MicroFresagem é a tecnologia que
menos peso tem no custo final, pois é a tecnologia, de entre as três, mais económica. Como o
custo da MicroEDM é semelhante ao da MicroFresagem, ambas apresentam uma contribuição
para o custo final reduzida e praticamente idêntica. Por último, como já se analisou previamente,
o Laser, apresenta custos mais elevados que as restantes tecnologias, refletindo-se numa maior
influência no custo final.
Na Alternativa 2 o acabamento do Micromolde apresenta uma reduzida influência no
custo final, sendo que as fases de design e maquinagem do Micromolde, (exceto o acabamento)
são as mais dispendiosas.
0 €
1.000 €
2.000 €
3.000 €
4.000 €
5.000 €
6.000 €
7.000 €
MicroFresagem MicroEDM Laser
Influência do Acabamento no Custo Total
AcabamentoMicromolde
Fabrico doMicromolde + PIM
1,69% 2,90% 6,68%
69
Seguidamente é efetuada uma análise, onde se variam o volume de produção e a
durabilidade, em termos de unidades de Microinsertos injetados, do Micromolde. O objetivo
desta análise não é o de comparação de tecnologias de maquinagem, mas sim, averiguar a
influência da durabilidade do Micromolde, consoante o volume de produção, no custo unitário
dos Microinsertos.
Para a obtenção dos valores de custos apresentados, apenas se efetuou a análise
utilizando como acabamento a MicroFresagem. Não se realizou para as restantes tecnologias
em causa, pois a evolução das curvas (Figura 6-7) não alteraria, apenas se deslocariam para
cima no eixo das ordenadas.
Na Figura 6-7 apresenta-se o gráfico da evolução do custo por Microinserto consoante a
variação do volume de produção, para uma durabilidade do Micromolde de 1000 Microinsertos
(curva verde) e para uma durabilidade de 5000 Microinsertos (curva azul).
Figura 6-7 – Gráfico da variação do Custo por Microinserto consoante o volume de produção para uma
durabilidade do Micromolde de 1000 Microinsertos (curva verde) e 5000 Microinsertos (curva azul), da
Alternativa 2.
Analisando em primeiro lugar a evolução do custo unitário dos Microinsertos para uma
durabilidade de 1000, através da observação da Figura 6-7, repara-se que para um volume de
produção entre 1000 e 2000 Microinsertos, existe uma ligeira subida no custo unitário pois
acrescenta-se o custo de produção do segundo Micromolde. Esse custo unitário vai diminuindo
com o aumento da produção de Microinsertos. A partir de cerca de 1500 Microinsertos, o custo
unitário destes, decresce para valores inferiores ao fabrico de 1000 Microinsertos, com um
Micromolde, pois na produção do segundo Micromolde os custos resultantes da fase de
Conceção e Desenvolvimento são nulos, visto não existir esta fase para o segundo Micromolde,
pois foi efetuada para o primeiro Micromolde.
1000; 4,58 €
1100; 6,27 €
2000; 3,5 €
2100; 5,28 €
3000; 3,73 €
3100; 4,93 €
0,0 € 0,5 € 1,0 € 1,5 € 2,0 € 2,5 € 3,0 € 3,5 € 4,0 € 4,5 € 5,0 € 5,5 € 6,0 € 6,5 € 7,0 € 7,5 € 8,0 € 8,5 € 9,0 € 9,5 €
10,0 €
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Cu
sto
po
r M
icro
inse
rto
Volume de Produção (uni)
Variação do Custo por Microinserto consoante o Volume de Produção e Durabilidade do Micromolde
1000Microinsertos
5000Microinsertos
70
A partir de volumes de produção de 2000 Microinsertos, no ponto em que se utiliza a
capacidade máxima de cada molde (volumes de produção múltiplos de 1000) assiste-se a um
aumento gradual no custo unitário dos Microinsertos (aumento de 3,5€ por Microinserto com
volume de produção de 2000 Microinsertos para 3,73€ por Microinserto com volume de
produção de 3000 Microinsertos). Isto deve-se ao facto dos custos da operação PIM
aumentarem, devido à adição de ciclos de mistura e de tratamentos térmicos (debinding e
sinterização). Para determinadas quantidades de Microinsertos, os equipamentos de preparação
de feedstock e tratamentos térmicos atingem o máximo da sua capacidade, sendo necessários
múltiplos ciclos para se suprimirem as necessidades de produção, incorrendo em custos mais
elevados.
Para uma durabilidade do Micromolde de 5000 Microinsertos (curva azul), aumentando o
volume de produção até 5000 Microinsertos (altura em que o Modelo assume automaticamente
que tem que ser fabricado outro Micromolde) o custo por Microinserto diminui gradualmente,
resultado já esperado, pois o custo total do Micromolde é dividido por mais elementos, advindo
num custo unitário menor.
Findado o estudo da dimensão económica procede-se à análise ambiental da produção
de Microinsertos consoante as duas alternativas em estudo. No subcapítulo seguinte efetua -se a
referida análise.
Análise da Dimensão Ambiental 6.2.
Nesta secção é analisado o impacto ambiental do Ciclo de Vida dos Microinsertos,
consoante as duas alternativas de fabrico. Tal como para o Modelo LCC, o Modelo para análise
da dimensão ambiental foi aplicado a um volume de produção de 1000 Microinsertos por ano.
Alternativa 1 6.2.1
Avaliando em primeiro lugar a Alternativa 1, os inputs introduzidos no Modelo, são
idênticos aos do Modelo LCC, tal com descritos na Tabela 6-2. Após a introdução das variáveis
de entrada, obtiveram-se valores de energia e recursos consumidos. Novamente, como os
inputs são idênticos ao Modelo LCC, os valores de energia e recursos consumidos também são
idênticos, sendo apresentados na Tabela 6-4. Após terem sido obtidos os valores de energia e
recursos consumidos, procede-se à associação dos impactos ambientais num indicador
ambiental.
Inicialmente apresentam-se os resultados desta agregação consoante os tipos de
recursos consumidos por tecnologia, de modo a obter-se uma melhor perceção dos impactos
que cada recurso tem no resultado final.
71
Os valores obtidos para cada recurso expressos em termos de Eco indicador são
apresentados em unidades pts (pontos) e resultam da multiplicação de valores tabelados para
cada tipologia de recurso, com a quantidade utilizada destes.
MicroFresagem Percentagem
Energia Consumida (kWh) 8.358,33 99,2%
Impacto Energia (pts) 392,84
Quantidade de Fluido de Corte (kg)
16,02 0,8%
Impacto Fluido (pts) 3,32
TOTAL (pts) 396,16
Tabela 6-18 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para o fabrico de 1000
Microinsertos utilizando MicroFresagem da Alternativa 1.
Como se pode verificar, na Tabela 6-18, encontram-se especificados, em pontos, os
valores dos impactos referentes aos consumos efetuados utilizando MicroFresagem. Facilmente
se observa que o consumo de energia representa a maior fatia no impacto ambiental produzido
no uso desta tecnologia, pois a potência do equipamento utilizado neste processo é
relativamente elevado, bem como o tempo despendido na operação de maquinagem.
No que toca aos impactos alusivos à MicroEDM, os seus valores encontram-se
especificados na Tabela 6-19. Repara-se que nesta tecnologia, a fase de Fabricação do
Elétrodo é a que maior impacto ambiental apresenta (cerca de 95% do valor total). Isto deve -se
à necessidade de produção de um elétrodo por cada Microinserto a fabricar, logo a quantidade
de Cobre a utilizar é elevada. Como este recurso apresenta um valor tabelado de impacto
ambiental elevado (ver tabela apresentada no Anexo IV), aliado a um elevado consumo, resulta
num valor elevado, representado 66,7% do impacto ambiental total desta tecnologia. A energia
consumida simboliza aproximadamente 1/3 do impacto, sendo que, novamente, a fase de
fabricação do elétrodo é a que apresenta maior dispêndio. Em relação aos fluidos utilizados,
estes representam uma parcela quase insignificante.
72
MicroEDM
Percentagem Fabricação Elétrodo
Erosão
Energia Consumida (kWh) 5.030,00 514,43 30,3%
Impacto Energia (pts) 236,41 24,18
Quantidade de Cobre (kg) 400,00 - 66,7%
Impacto Cobre (pts) 560,00
Quantidade de Fluido de Corte (kg)
16,02 - 0,6%
Impacto Fluido (pts) 3,32
Quantidade de Fluido Dielétrico (kg)
- 9,73
2,4% Impacto Fluido Dielétrico (pts)
18,67
TOTAL (pts) 799,73 42,85
842,58
Tabela 6-19 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para a MicroEDM.
Por último, para auxílio à análise da terceira tecnologia em estudo da Alternativa 1,
elaborou-se a Tabela 6-20.
Laser Milling Percentagem
Energia Consumida (kWh) 13,07 9,8%
Impacto Energia (pts) 0,61
Quantidade de CO2 (kg) 1,03
90,2% Impacto CO2 (pts) 5,64
TOTAL (pts) 6,25
Tabela 6-20 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para o Laser Milling.
Como referido anteriormente o equipamento Laser, consome bastante mais tempo no
fabrico de 1000 Microinsertos que as restantes tecnologias. Mesmo assim, este apresenta um
impacto ambiental bastante mais reduzido que as restantes tecnologias devido à reduzida
potência relativamente aos restantes equipamentos. Em termos ambientais, o Laser, é mais
penalizado devido ao uso de CO2 que representa 90% do impacto ambiental desta tecnologia.
73
Relativamente ao fim de vida dos recursos consumidos (tal como especificados na
Tabela 5-1) bem como, dos Microinsertos não são apresentados quaisquer resultados, visto que
as quantidades consumidas são bastante reduzidas, não tendo qualquer efeito no resultado final
dos impactos ambientais.
Alternativa 2 6.2.2
Findada a análise ambiental à Alternativa 1, procede-se ao estudo dos impactos
ambientais referentes à Alternativa 2. Tal como para a Alternativa 1 os inputs, Recursos e
Energia consumidos, são idênticos ao Modelo LCC e encontram-se especificados nas Tabelas
Tabela 6-8, Tabela 6-9, Tabela 6-10 e Tabela 6-12.
Em primeiro lugar apresentam-se os valores do EI’99 obtidos para o fabrico do
Micromolde, excetuando a fase de Acabamento.
Fabrico do Micromolde
Percentagem
Impacto Energia (pts) 58,48 91,7%
Impacto Material (pts) 3,18 4,9%
Impacto Fluido de Corte (pts) 2,09 3,4%
TOTAL (pts) 63,75
Tabela 6-21 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para o Fabrico do Micromolde.
No Anexo V encontram-se descritos, pormenorizadamente os consumos e os valores do
EI’99 por etapa de fabrico do Micromolde. Como se pode observar, tal como evidenciado na
Alternativa 1, a energia constitui o maior fato para o impacto ambiental. Relativamente aos
recursos consumidos, estes não têm uma expressão significativa no resultado final, visto que,
em relação ao consumo energético, apresentam valores reduzidos. Os recursos consumidos na
fase EBM (H2 e O2), não são considerados no valor total, pois o impacto destes é praticamente
nulo devido às reduzidas quantidades consumidas (Ver Anexo V).
No que respeita aos impactos ambientais associados às três tecnologias alternativas de
Acabamento do Micromolde, verifica-se que o Laser é o que menos impacto produz devido a um
baixo consumo de energia. Entre a MicroFresagem e a MicroEDM, a diferença no valor do
impacto deve-se essencialmente ao material necessário para se fabricar o elétrodo na
MicroEDM, fazendo com que esta tecnologia seja a que apresenta o maior valor do EI’99 de
entre as três tecnologias.
74
MicroFresagem MicroEDM Laser Milling
Elétrodo Erosão
Impacto Energia (mpts) 1.958,33 1.175,00 334,48 2,28
Impacto Material (mpts) - 1.120,00 - -
Impacto Fluido de Corte (mpts) 6,63 6,63 - -
Impacto Fluido Dielétrico (mpts) - - 37,34 -
Impacto CO2 (mpts) - - - 11,27
TOTAL (pts) 1,96 2,30 0,37
0,01 2,67
Tabela 6-22 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para as três tecnologias
alternativas no Acabamento do Micromolde.
Em relação à operação PIM, (Tabela 6-23 – Agregação da Energia e Recursos
Consumidos no EI’99 para a operação PIM.) mais uma vez se repara que a energia é a
categoria que maior impacto ambiental produz nesta fase (99,6%). Os materiais contabilizados
para o impacto associado ao consumo de recursos foram, os pós metálicos e ligante para o
feedstock, e a mistura hidrogénio e árgon para o ambiente no forno que efetua os tratamentos
térmicos. Como o objetivo é fabricar Microinsertos, que apresentam um volume bastante
reduzido, a quantidade de material utilizado é também reduzido.
PIM Percentagem
Impacto Energia (pts) 53,50 99,6%
Impacto Material (pts) 0,21 0,4%
TOTAL (pts) 53,71
Tabela 6-23 – Agregação da Energia e Recursos Consumidos no EI’99 para a operação PIM.
Finalmente, na Figura 6-8 – Gráfico ilustrativo da influência do Acabamento do
Micromolde no Impacto Ambiental encontra-se representado esquematicamente a influência do
impacto ambiental do Acabamento do Micromolde no fabrico dos Microinsertos, para a
Alternativa 2.
75
Figura 6-8 – Gráfico ilustrativo da influência do Acabamento do Micromolde no Impacto Ambiental; a
secção azul representa os impactos ambientais causados por todas as etapas do Fabrico do Micromolde
excepto o Acabamento; a secção encarnada representa os impactos ambientais causados por todas as
etapas da operação PIM; a secção verde representa os impactos ambientais causados pelo Acabamento
do Micromolde.
Como se pode observar as duas parcelas com maior influência são o fabrico do
Micromolde e a operação PIM, especialmente penalizados pelo consumo de energia que
apresentam.
De entre as três alternativas, a que menos prejudica o ambiente é o Laser,
essencialmente devido ao reduzido consumo de energia associado ao seu equipamento. Neste
campo, a MicroEDM é a tecnologia mais penalizada, não devido ao consumo de energia do
equipamento de erosão, mas devido ao fabrico do elétrodo, mais concretamente o material
consumido (cobre) e a energia consumida pela fresadora. Em termos globais, a influência das
tecnologias de Acabamento do Micromolde é praticamente insignificante, sendo que as parcelas
que mais contribuem para o impacto ambiental, são as fases de Fabrico de Micromolde e PIM.
Uma análise paralela a esta seria averiguar os efeitos dos impactos ambientais por fase
de Ciclo de Vida, tal como evidenciados na Tabela 5-2. Esta análise não acrescentaria
informação à apresentada, apenas a complementaria, não fazendo sentido, deste modo
apresentar uma análise consoante as diferentes fases do Ciclo de Vida. Mesmo assim, no que
respeita ao fim de vida dos recursos consumidos, apenas o material utilizado no fabrico do
Micromolde tem influência no resultado final do impacto, apresentando-se esse resultado no
Anexo V.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
MicroFresagem MicroEDM Laser
pts
Influência do Acabamento no Impacto Ambiental
AcabamentoMicromolde
PIM
Fabrico doMicromolde
1,67% 2,26% 0,06%
76
Análise Comparativa das Alternativas em termos das Dimensões 6.3.
Abordadas
Neste subcapítulo irá ser efetuada uma comparação entre as Alternativas em estudo
para o fabrico de Microinsertos consoante as duas dimensões, económica e ambiental,
estudadas.
Em primeiro lugar será efetuada uma comparação de custos das duas Alternativas em
estudo.
Para uma melhor perceção dos resultados relativamente ao custo de cada Microinserto
foi elaborada a Tabela 6-24.
Custo por
Microinserto Tempo Total
Alternativa 1 – MicroFresagem (1.A) 26,64 € 167h17
Alternativa 1 – MicroEDM (1.B) 33,47 € 251h32
Alternativa 1 – Laser Milling (1.C) 89,11 € 581h00
Alternativa 2 – MicroFresagem (2.A) 4,58 € 230h50
Alternativa 2 – MicroEDM (2.B) 4,73 € 232h10
Alternativa 2 – Laser Milling (2.C) 4,91 € 235h15
Tabela 6-24 – Custos por Microinserto consoante a Alternativa/Tecnologia utilizada, para o fabrico de
1000 Microinsertos, referentes aos cenários atuais das empresas.
Através da observação da Tabela 6-24, verifica-se que o custo por Microinserto da
Alternativa 1 é bastante superior ao da Alternativa 2. Tal constatação deve-se ao facto de que
maquinar o Microinserto diretamente de um bloco de aço consome bastante mais recursos em
termos de ferramentas e equipamento do que na Alternativa 2. Em relação à Alternativa 1.C o
excessivo tempo de maquinagem do Microinserto, aliado a um custo hora-máquina bastante
elevado faz com que esta tecnologia seja exageradamente dispendiosa. O mesmo não se
verifica na Alternativa 2.C pois, como se maquinam apenas duas cavidades o custo do Laser
relativamente ao do fabrico do Micromolde e da operação PIM é atenuado.
Posto isto, pode-se verificar, que no cenário de produção apresentado, em termos
económicos, a Alternativa que se revela menos dispendiosa é a 2 sendo que entre as
tecnologias em causa o custo por Microinserto não varia significativamente.
De seguida procede-se a uma análise ao volume de produção. O objetivo desta análise é
averiguar, o ponto para qual cada alternativa é mais rentável. Para uma melhor compreensão ,
foi elaborado o gráfico da Figura 6-9.
77
Figura 6-9 – Gráfico da variação do custo por Microinserto consoante o volume de produção para cada
uma das alternativas em estudo, utilizando como tecnologia a MicroFresagem para tempo de vida do
Micromolde de 1000 Microinsertos.
Para esta análise foram considerados os casos em que para ambas as alternativas, a
tecnologia utilizada foi a MicroFresagem. Não são apresentadas as restantes, pois os gráficos
são bastante semelhantes, deslocando as linhas para cima no eixo das ordenadas (devido a
tratarem-se de tecnologias onde estão envolvidos maiores custos).
A Alternativa 1 é apresentada na Figura 6-9 como sendo uma linha constante pois o
custo de maquinagem do Microinserto não varia. Na segunda alternativa, para volumes de
produção baixos, o custo por Microinserto é elevado, pois o custo do fabrico do Micromolde é
relativamente elevado. Os custos de cada alternativa igualam-se para a produção de 174
Microinsertos, sendo que para volumes superiores, a Alternativa 2 é a mais económica e para
volumes inferiores a Alternativa 1 é a que menos custos acarreta. Quanto mais Microinsertos se
produzirem por PIM menor irá ser o custo unitário de cada, pois o custo do Micromolde que
constitui a parcela com maior peso nesta alternativa, distribui-se por mais Microinsertos.
Seguidamente, efetua-se uma análise comparativa em termos ambientais às duas
alternativas em estudo. Para tal elaborou-se o seguinte gráfico para uma melhor compreensão
dos resultados.
0 €
10 €
20 €
30 €
40 €
50 €
60 €
70 €
80 €
90 €
100 €
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Cu
sto
po
r M
icro
inse
rto
Volume de Produção (uni)
Variação do Custo por Microinserto consoante o Volume de Produção
Alternativa 1
Alternativa 2
78
Figura 6-10 – Valores do EI’99 consoante a Alternativa para o fabrico de 1000 Microinsertos.
Como se pode verificar através da observação da Figura 6-10 – Valores do EI’99
consoante a Alternativa para a Alternativa 2, a influência de cada tecnologia de Acabamento é
insignificante, sendo que as maiores contribuições devem-se ao fabrico do Micromolde e à
operação PIM.
Relativamente à Alternativa 1, a tecnologia MicroEDM, é em termos globais, a que maior
impacto ambiental apresenta, em grande parte, devido, não à erosão, mas ao fabrico do
elétrodo. Finalmente a tecnologia Laser demonstra resultados, que em termos de impacto
ambiental são bastante reduzidos quando comparados com as restantes tecnologias. Isto deve -
se, como já foi referido, ao facto deste equipamento apresentar uma potência bastante reduzida.
Em termos globais, num cenário geral, a alternativa que acarreta menores custos é a 2,
ou seja a de obtenção de Microinsertos através da fabricação de Micromolde e consequente
operação PIM. Nesta alternativa o acabamento do Micromolde que apresenta menores custos é
a MicroFresagem. A alternativa que demonstra menores impactos ambientais é a 1, caso se
utilize Laser, pois, caso se utilize outra das restantes tecnologias, os impactos ambientais são
superiores à Alternativa 2.
Posto isto, para se obter custos menos elevados, prejudica-se o ambiente, e vice-versa,
isto é, caso se queira privilegiar o ambiente, tem que se suportar maiores custos. Obviamente,
tal constatação é valida para as condições iniciais de fabrico sem incluir as suposições/análises
de sensibilidade efetuadas ao longo do desenvolvimento desta Tese.
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1.000
MicroFresagem
MicroEDM
Laser Milling
Pontos
Avaliação Ambiental consoante as Alternativas
Alternativa 2
Alternativa 1
79
7. Conclusões
Para o presente trabalho, foi proposto o desenvolvimento de um Modelo Integrado de
Apoio à Decisão com vista a aplicação a um Caso de Estudo específico. Os objetivos da
utilização deste tipo de Modelos prendem-se essencialmente com a análise e comparação de
diversas alternativas/tecnologias de fabrico. Para além disto, a sua versatili dade constitui um
importante fato perante cenários onde seja necessário efetuar diferentes análises de
sensibilidade para se averiguarem as melhores condições de processo.
Este Modelo integra na sua estrutura três metodologias que se enquadram numa
abordagem de Ciclo de Vida: LCC (Life Cycle Cost), LCA (Life Cycle Assessment) e MTP
(Modelo Tecnológico baseado nos Processos). A aplicação deste tipo de Modelos ao presente
Caso de Estudo permitiu a realização de análises às dimensões económica e ambiental , tendo
sempre como base uma perspetiva de Ciclo de Vida do produto e não apenas nos
custos/impactos ambientais diretos, resultantes do processo produtivo.
No Caso de Estudo abordado, foram analisadas duas alternativas de fabrico de
Microinsertos envolvendo três tecnologias diferentes (MicroFresagem, MicroEDM e Laser
Milling) de produção.
Na Alternativa 1, os Microinsertos são maquinados diretamente num bloco de aço. Nesta
alternativa, a tecnologia que menores custos envolve é a MicroFresagem, apresentando também
um menor tempo de processo, não obstante do elevado custo de aquisição das ferramentas bem
como o reduzido tempo médio de vida destas. Em relação à MicroFresagem, a MicroEDM é
mais dispendiosa devido à fase de fabricação dos elétrodos, que para além de serem
necessários bastantes, são fabricados por MicroFresagem (tecnologia que apresenta custos
elevados devido ao elevado custo e reduzido tempo médio de vida das ferramentas). A
tecnologia mais dispendiosa é o Laser, essencialmente devido ao seu elevado custo hora-
máquina que está diretamente relacionado com o elevado custo de aquisição do equipamento e
reduzido uptime relativamente às restantes duas tecnologias.
Nesta alternativa foi efetuada uma análise de sensibilidade aos tempos médios de vida
das fresas (para a MicroFresagem) e dos elétrodos (para a MicroEDM) verificando-se que com o
aumento do tempo de vida, o custo por Microinserto diminui, tendendo para uma assíntota. Por
se verificar que a tecnologia Laser não era tão competitiva como as restantes, foram efetuadas
duas análises, uma ao uptime do equipamento e outra à taxa de remoção de material. Concluiu-
se que aumentando o uptime, o custo hora-máquina diminui, incorrendo assim em menores
custos, e aumentando a taxa de remoção de material o tempo de processo diminui, verificando -
se assim uma nova diminuição do custo total.
Relativamente à Alternativa 2, os Microinsertos são obtidos por injeção de pós metálicos
num Micromolde. Nesta alternativa, o fabrico do Micromolde representa a fase que acarreta
maiores custos, onde as etapas de CAD/CAM e maquinagem são as mais dispendiosas.
No acabamento do Micromolde a tecnologia mais económica é a MicroFresagem, apesar
de não existirem elevadas discrepâncias de custos entre as três tecnologias.
80
No seguimento do estudo da Alternativa 2 foi analisada a influência da durabilidade do
Micromolde, variando o volume de produção. Concluiu-se que, aumentando a durabilidade do
Micromolde o custo por Microinserto diminuía com o aumento do volume de produção. Fixando a
durabilidade do Micromolde em 1000 Microinsertos produzidos, aumentando o volume de
produção para valores superiores a 1000, conclui-se que são necessários fabricar Micromoldes
adicionais, sendo que a partir do primeiro, os restantes Micromoldes, apresentam menores
custos, pois não se contabiliza a etapa de CAD/CAM.
Por fim, na análise da dimensão económica, conclui-se que a Alternativa 2 é a que
menores custos envolve para uma produção de 1000 Microinsertos, verificando-se que para
volumes de produção até 174 Microinsertos a Alternativa 1 é a mais económica.
No que respeita à dimensão ambiental, na Alternativa 1 a tecnologia que menores
impactos apresenta é o Laser. Na Alternativa 2 os maiores impactos ambientais são referentes à
fase de fabrico do Micromolde. Nesta alternativa o acabamento do Micromolde apresenta uma
influência reduzida, pois é um processo rápido relativamente aos restantes.
Finalmente, em termos ambientais, a tecnologia Laser da Alternativa 1 é a que
apresenta menores impactos, sendo que as restantes tecnologias ostentam impactos bastante
superiores aos da Alternativa 2. Na Alternativa 2 os impactos são semelhantes, predominando
os das fases de fabrico de Micromolde e PIM em comparação com a etapa de acabamento do
Micromolde.
Propostas para Desenvolvimentos Futuros
Para complementar o estudo realizado nesta Tese, sugerem-se, como trabalhos futuros,
os seguintes desenvolvimentos:
Com o avanço do desenvolvimento do Projeto ToolingEDGE, novos dados surgiram,
assim como valores referentes a tempos de processo, durabilidade de
ferramentas/elétrodos, etc. Introduzindo estes valores no Modelo, chegar -se-á a
resultados concretos em termos de custo e impacto ambiental, sendo possível, dessa
forma, validar o Modelo, bem como contestar os resultados das análises de
sensibilidade efetuadas.
Visto estar-se perante a aplicação da abordagem LCE, seria interessante executar um
estudo ao desempenho técnico dos Microinsertos fabricados consoante as Alternativas
em causa. Tal não foi realizado neste trabalho pois os Microinsertos ainda não se
encontram em produção nem a servir o seu propósito.
Por último, estando-se perante a aplicação de um Modelo Tecnológico com enormes
possibilidades de variações e diferentes análises, poderia ser realizado um estudo em
que a geometria do componente em causa se modificava, obtendo resultados referentes
a custos e ambiente consoante a forma escolhida.
i
Anexo I
Custo de Consumíveis
Qu – Quantidade utilizada
CU – Custo Unitário do Consumível
Custo de Mão de Obra
Custo HH – Custo Hora-Homem
Sm – Salário Mensal Bruto
Ns – Número de Salários por Ano
Cs – Custos Sociais
dano – Dias de Trabalho por Ano
hdia – Horas por Dia de Trabalho
Custo do Equipamento
( )
( )
Custo HM – Custo Hora-Máquina
CAq.Equip. – Custo de Aquisição do Equipamento
dano – Dias de Trabalho por Ano
hdia – Horas por Dia de Trabalho
i – Custo de Oportunidade
n – Tempo Médio de Vida do Equipamento
ii
Custo de Manutenção
Custo de Energia
Pot.Equip.= Potência do Equipamento
Nh – Número de Horas em Funcionamento
CUEner – Custo Unitário da Energia
Eco indicador 99
iii
Anexo II
Dados referentes às características dos equipamentos utilizados
Equipamento utilizado por Etapa
Designação Custo de
Aquisição (€) Potência
(kW)
Tempo Médio de
Vida (Anos)
Conceção e Desenvolvimento
iMac 2.000 0,31 5
Galgamento Anayak – VH 1080 180.000 50,00 8
Desbaste Huron – NX40 220.000 54,00 8
Furação Mas – VO50 185.000 30,00 8
Retificação Monoprecis – 114S 100.000 1,10 8
EBM Sodick Pikka Finish 200.000 0,05 8
Preparação Feedstock Z-Blade 50.000 23,20 8
Injeção Arburg 220 150.000 15,50 8
Debinding e Sinterização Forno Vácuo: ZTS 40.000 36,00 8
MicroFresagem Huron F2X 10Five 215.000 50,00 6
MicroEDM Agietron Compact3 220.000 6,10 6
Laser Milling Deckel-Maho 40SI 245.000 0,02 6
iv
Anexo III
Distribuição de custos finais para as fases do fabrico do Micromolde exceptuando Acabamento e Acabamento Superficial.
Fabrico do Micromolde Mão de Obra Ferramentas Equipamento Energia Outros Total Percentagem
Material - - - - - 81,71 € 1,78%
Conceção e Desenvolvimento
1.575.00 € - 37,29 € 2,71 € 143,22 € 1.758,23 € 38,30%
Maquinagem 513,80 € 84,48 € 1.226,29 € 130,10 € 210,53 € 2.165,20 € 47,17%
Galgamento 126,00 € 45,00 € 334,28 € 52,50 € 62,03 € 619,80 € 13,50%
Desbaste 35,00 € 4,70 € 113,49 € 15,75 € 20,15 € 189,09 € 4,12%
Furação 198,80 € 21,98 € 551,55 € 60,43 € 93,06 € 925,83 € 20,17%
Retificação 154,00 € 12,80 € 226,98 € 1,41 € 35,30 € 430,48 € 9,38%
Montagem 58,80 € - - - - 58,80 € 1,28%
v
Distribuição de custos finais para a operação PIM.
PIM Material Mão de Obra Equipamento Energia Outros Total Percentagem
Preparação de Feedstock 1,32 € 14,00 € 10,32 € 2,71 € 1,03 € 29,38 € 0,64%
Injeção - 34,07 € 75,32 € 4,40 € 7,53 € 121,31 € 2,64%
Debinding - 10,15 € 119,68 € 60,90 € 108,63 € 299,36 € 6,52%
Sinterização - 2,59 € 30,54 € 15,54 € 27,72 € 76,39 € 1,66%
vi
Anexo IV
Dados retirados do software SimaPro relativos aos valores do EI’99 para cada recurso
consumido e consultados em [2.27] e [2.28].
Recursos Consumidos Quantidade Unidades
Aço 110 mpts/kg
Cobre 1.400 mpts/kg
Energia 47 mpts/kWh
Fluido de Corte 207 mpts/kg
Fluido Dielétrico 1.920 mpts/kg
Gás CO2 5.454 mpts/kg
Gás H2 830 mpts/kg
Gás O2 12 mpts/kg
Gás Árgon 8 mpts/kg
Pó Metálico 212 mpts/kg
Ligante 300 mpts/kg
Reciclagem Aço -86 mpts/kg
vii
Anexo V
Consumo de Energia, Material, Fluido de Corte e Gases e valores de EI’99 para cada etapa de fabrico do Micromolde excepto Acabamento
Material do Molde CAD/CAM Galgamento Desbaste Furação Retificação EBM TOTAL
Energia Consumida (kWh) - 38,75 750,00 225,00 215,00 15,58 0,02 1.244,36
Impacto Energia (mpts) - 1.821,25 35.250,00 10.575,00 10.105,00 732,42 1,08 58.484,74
Quantidade de Material (kg) 28,95 - - - - - - 28,95
Impacto Material (mpts) 3.184,61 - - - - - - 3.184,61
Quantidade de Fluido de Corte (kg) - - 6,25 1,92 0,58 1,35 - 10,09
Impacto Fluido de Corte (mpts) - - 1.293,03 397,85 119,36 278,50 - 2.088,73
Quantidade de H2 (kg) - - - - - - 0,00 0,00
Impacto da H2 (mpts) - - - - - - 1,90 1,90
Quantidade de O2 (kg) - - - - - - 0,01 0,01
Impacto da O2 (mpts) - - - - - - 0,09 0,09
viii
Consumo de Energia, Material, Fluidos e Gases e valores de EI’99 para cada etapa do Acabamento
MicroFresagem
MicroEDM Laser Milling Elétrodo Erosão
Energia Consumida (kWh) 41,67 25,00 7,12 0,05
Impacto Energia (mpts) 1.958,33 1.175,00 334,48 2,28
Quantidade de Material - Cobre (kg) - 0,80 - -
Impacto Material (mpts) - 1.120,00 - -
Quantidade de Fluido de Corte (kg) 0,03 0,03 - -
Impacto Fluido de Corte (mpts) 6,63 6,63 - -
Quantidade de Fluido Dielétrico (kg) - - 0,02 -
Impacto Fluido Dielétrico (mpts) - - 37,34 -
Quantidade de CO2 (kg) - - - 0,00
Impacto da CO2 (mpts) - - - 11,27
TOTAL (pts) 1,96 2,30 0,37
0,01 2,67
ix
Consumo de Energia, Material e Gases e valores de EI’99 para cada etapa da operação PIM
Preparação de Feedstock Injeção Debinding Sinterização TOTAL
Energia Consumida (kWh) 38,67 13,07 864,60 222,00 1.138,34
Impacto Energia (mpts) 1.817,33 614,37 40.636,20 10.434,00 53.501,90
Quantidade de Pó Metálico (kg) 0,00 - - - 0,00
Impacto Pó Metálico (mpts) 3,64 - - - 3,64
Quantidade de Ligante (kg) 0,00 - - - 0,00
Impacto Ligante (mpts) 0,01 - - - 0,01
Quantidade de H2 (kg) - - 0,04 0,01 0,05
Impacto da H2 (mpts) - - 35,84 9,20 45,04
Quantidade de Árgon (kg) - - 16,28 4,18 20,46
Impacto da Árgon (mpts) - - 126,99 32,61 159,60
Valor do EI’99 para a reciclagem do Micromolde
Quantidade de Material (kg) 28,95
Impacto Reciclagem do Material (pts) -2,49