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ANÁLISE DO DESEMPENHO
FINANCEIRO DAS EMPRESAS AÉREAS
LISTADAS NA BOLSA DE VALORES DE
LONDRES
Rafael Vianna Avila (UFRJ)
Heloisa Marcia Pires (UFRJ)
A aviação civil mundial tem passado por mudanças relativas à
liberalização dos mercados. Cada vez mais empresas se encontram em
ambientes competitivos que anteriormente não existiam. Para estudar a
capacidade financeira das empresas a enfrrentar estes desafios são
analisados o retorno do investimento, o retorno do capital do
acionista, o crescimento do ativo e da receita operacional líquida.
Foram consideradas as nove empresas de aviação civil de capital
aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores de Londres - London
Stock Exchange. Esta análise levou em consideração os anos de 2005
a 2009. Os resultados mostram que o grupo de empresas que vem
apresentando um desempenho acima da média em relação aos índices
de rentabilidade são British Airways, Easy Jet, Sky West, Ryanair, Dart
Group e Air China. Já para a Aer Lingus e Air Partner, foi observado
um desempenho abaixo da média.
Palavras-chaves: Análise Financeira, Aviação Civil, Bolsa de Valores
de Londres
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
O transporte aéreo tem sofrido crescente desregulamentação nos últimos anos em todo o
mundo. A sobrevivência das empresas tem sido condicionada à busca por eficiência, uma vez
que as barreiras protecionistas de empresas nacionais no setor de transporte aéreo tem se
modificado para o caso do mercado internacional. (Fernandes e Pires, 2008)
As companhias aéreas têm buscado a lucratividade e a permanência nos mercados em
cenários instáveis e propensos a grandes mudanças. Países enfrentam a possibilidade de abrir
a competição de seus mercados domésticos às empresas internacionais considerando a
soberania nacional e a eficiência do mercado. (Fernandes e Pires, 2008)
A aviação civil é um negócio de características próprias, sendo intensivo em capital e
tecnologia, representado especialmente por aviões, equipamentos e transmissão de
informações. De maneira geral esse setor é responsável por um mercado de alto poder
aquisitivo que se divide entre internacional, nacional e regional, para vôos regulares. Além
disso, oferece empregos de qualidade, transporta mercadorias de alto valor agregado e cria
visibilidade para as nações. (Fernandes e Pires, 2008)
A liberdade de competição nesse mercado estratégico para as nações cresceu de tal forma que
tem se observado variações em preços de passagens entre as companhias aéreas. Essas
práticas que atingem a indústria de aviação civil têm comprometido a rentabilidade do
negócio de transporte aéreo.
Os efeitos de sucesso comprovados na desregulamentação dos Estados Unidos e a ineficiência
na indústria de aviação civil da Europa influenciaram a Comissão Européia a introduzir certas
reformas para promover a competição e aumentar a eficiência e produtividade de suas
companhias aéreas. (Fethi, Jackson e Weyman-Jones, 2000)
Esse processo de liberalização teve início em 1987 com pacotes de reformas no setor aéreo
europeu, que implementaram preços mais flexíveis, expansão da capacidade e maior acesso
ao mercado. (Fethi, Jackson e Weyman-Jones, 2000)
Com esta preocupação o trabalho deu foco a fazer uma comparação das empresas com capital
aberto na bolsa de valores de Londres e assim analisar seus índices econômico financeiros.
Além disso, como a amostra possui empresas de diversos localidades, o artigo permite uma
análise entre empresas do Reino Unido e de outras nações.
2. Empresas e variáveis
As empresas selecionadas da amostra são: Aer Lingus, All Nippon Airways, Air China, Air
Partner, British Airways, Dart Group, Easy Jet, Ryanair e Sky West, referentes aos países
Inglaterra, Irlanda, China, Japão e Estados Unidos. Foram consideradas as nove empresas de
aviação civil de capital aberto com ações negociadas na Bolsa de Valores de Londres. Elas
foram determinadas a partir de uma pesquisa nos sites da bolsa de valores britânica (London
Stock Exchange - LSE) e da comissão de valores mobiliários britânica (Financial Services
Authority - FSA).
Assim, foram analisados os balanços patrimoniais e demonstrativos de resultados de exercício
das empresas entre os anos de 2005 e 2009. Como existiu uma dificuldade de obtenção de
informações econômico financeiras confiáveis diretamente nos sites da LSE e da FSA, as
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demonstrações financeiras das empresas listadas na Bolsa de Valores de Londres foram
coletadas dos relatórios anuais provenientes dos próprios sites de cada companhia aérea.
Para melhor analisar a estrutura financeira das empresas, o banco de dados foi refinado a
partir do cálculo de índices econômico financeiros das empresas aéreas. Para que a análise
não levasse em conta os efeitos da inflação e de moedas diferentes, transformou-se o banco de
dados a valores nominais constantes de 2009, referenciado ao dólar.
Como se pode ver na Figura 1, o mercado das empresas de aviação civil com capital aberto na
LSE movimenta um total de US$ 34.855,34 milhões e possui US$ 58.270,64 milhões em
ativos em 2009.
Figura 1 – Ativo e receita líquida das empresas de aviação com capital aberto na LSE (moeda contante 2009)
As variáveis consideradas foram retorno sobre o investimento (ROA), retorno do patrimônio
líquido (RPL), crescimento do ativo total e da receita operacional líquida. As estatísticas das
variáveis financeiras selecionadas encontram-se no Quadro 1 e 2.
O retorno sobre o investimento pode ser explicado pelo quão lucrativa uma empresa é em
relação aos seus ativos totais, dando uma idéia do quão eficiente a gestão da empresa é ao
usar seus ativos para gerar lucros.
O retorno sobre o patrimônio líquido mede a rentabilidade de uma corporação revelando o
quanto a empresa gera de lucro com o capital dos acionistas.
2005 2006 2007 2008 2009
ROA
(%)
Máximo 10,05 9,48 9,77 10,89 4,60
Mínimo 3,38 -3,63 3,19 -12,81 -7,52
Média 5,19 3,40 5,48 -0,36 0,91
Desvio
Padrão 2,29 3,84 1,97 8,05 3,98
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Quadro 1 – Estatísticas da rentabilidade do ativo (ROA)
Verifica-se no Quadro 1 que o retorno sobre o investimento das empresas analisadas
teve uma média negativa apenas no ano de 2008, que também foi o ano que apresentou o
maior máximo na análise histórica, de 10,89%, referente ao ROA da Air Partner. Também
observa-se um desvio padrão de 8,05% no ano de 2008, o maior deste conjunto de anos, para
esta amostra, indicativo de um ano de maior risco de rentabilidade do ativo.
Outra observação foi o desempenho do ano de 2009 em relação à série histórica. Esse
ano apresentou o pior máximo (4,60%, referente à Dart Group), um valor mínimo
relativamente alto para a amostra (-7,52%, referente à Aer Lingus) e a pior média nestes anos.
2005 2006 2007 2008 2009
RPL
(%)
Máximo 22,52 27,28 29,37 37,18 20,05
Mínimo 6,83 -8,57 11,15 -72,75 -18,46
Média 16,61 10,01 15,89 -6,18 3,86
Desvio
Padrão 5,98 9,93 5,87 34,97 12,28
Quadro 2 – Estatísticas da rentabilidade do capital do acionista (RPL)
Observa-se no Quadro 2 que o retorno sobre o patrimônio líquido das empresas analisadas
também teve uma média negativa apenas no ano de 2008, muito pelo desempenho
relativamente baixo, em comparação com o resto da amosta, (-72,75%) da British Airways.
Esse mesmo ano apresentou um desvio padrão elevado, de 34,97%. Esse indicador de risco
mostra a grande variabilidade de retorno que o mercado passou nessa época.
Apesar de melhores, os resultados do RPL para o ano de 2009 foram afetados por esse
momento ruim da economia. Nesse ano as empresas tiveram o menor máximo dos cinco anos
analisados (20,05%, referente a Air China) e o segundo pior mínimo (-18,46%, referente a
Aer Lingus).
3. Estudo de caso
A amostra foi dividida de 2 maneiras distintas. Na primeira divisão, as empresas selecionadas
foram separadas em quatro grupos relacionando tanto o retorno sobre o investimento (ROA),
quanto o desempenho do capital do acionista (RPL) para o ano de 2009, conforme o Quadro
3.
ROA RPL
Grupo 1 > 0,91 > 3,86
Grupo 2 > 0,91 < 3,86
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Grupo 3 < 0,91 > 3,86
Grupo 4 > 0,91 > 3,86
Tabela 3 – Grupos relacionados quanto ao retorno do investimento e do capital do acionista
O grupo 1 é aquele constituído de empresas que obtiveram ROA e RPL acima da média. Estas
empresas são as de mais alto desempenho. Estão neste grupo: Ryanair, Dart Group, Air
China, British Airways, Easy Jet e SkyWest. As empresas do grupo 2 são aquelas com RPL
abaixo da média podendo ser negativo, mas com desempenho de rentabilidade do ativo acima
da média. Nenhuma empresa se enquadrou neste grupo. No grupo 3 encontram-se empresas
com RPL alto, porém desempenho do ROA abaixo da média podendo ser negativo. Nenhuma
empresa se enquadrou neste grupo. As do grupo 4 são as de mais fraco desempenho, incluindo
desempenho negativo tanto a nível de rentabilidade do ativo quanto a nível do capital do
acionista. Estão neste grupo Aer Lingus, Air Partner.
Na segunda divisão, analisou-se os indicadores econômico financeiros das nove
empresas individualmente para todos os anos paralelamente aos seus ativos totais e receita
operacional líquida do período.
Figura 2 – Índices de rentabilidade Aer Lingus
A Aer Lingus pertence ao grupo 4, o de mais baixo desempenho tanto de rentabilidade do
ativo quanto de retorno sobre o patrimônio líquido para o ano de 2009. A empresa apresentou
um desempenho relativamente baixo para esse ano, tendo em vista que seu ROA foi de -8% e
que seu RPL foi de -18%, como observado na Figura 2.
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Figura 3 – Crescimento do ativo e receita operacional líquida Aer Lingus
Pode-se notar na Figura 3 que a empresa passou por um período de crescimento da receita
operacional líquida entre os anos de 2005 e 2007. A Aer Lingus apresentou diminuição em
13% do tamanho do ativo e de 7% das receitas operacionais líquidas de 2008 para 2009.
Outra análise que pode ser feita é em relação à capacidade de geração de receitas a partir do
tamanho do ativo total da Aer Lingus. Nesse caso, apesar de ser a sexta empresa em tamanho
de ativos, a Aer Lingus é a quinta em capacidade de geração de receitas proporcionalmente ao
tamanho do ativo, com uma receita operacional líquida de 70% do ativo total. Ver Figura 1.
Figura 4 – Índices de rentabilidade Air Partner
A Air Partner também pertence ao grupo 4. Na Figura 4, pode-se ver que a empresa
apresentou índices de rentabilidade acima de zero de 2005 a 2008, contudo, em 2009, a
companhia aérea teve ROA de -0,08% e RPL de -0,25%.
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Figura 5 – Crescimento do ativo e receita operacional líquida Air Partner
Como se pode observar na Figura 5, o ativo da Air Partner já apresentava sinais de
decrescimento de 2007 para 2008, quando teve diminuição do crescimento de 34% para 8%.
De 2008 para 2009 essa queda se acentuou chegando a uma diminuição de 19% do ativo em
relação ao ano anterior. A receita operacional líquida, de maneira similar e retardada, teve
aumento de 2005 até 2008 e, a partir desse ano até 2009, diminuiu em 24%.
Pode-se notar, na Figura 1, que a Air Partner apresenta uma grande capacidade de geração de
receitas em relação ao ativo, já que aquela é em torno de 400% acima do valor do ativo total.
Figura 6 – Índices de rentabilidade British Airways
A British Airways pertence ao grupo 1, ou seja, apresenta ROA e RPL acima da média para a
amostra referente ao ano de 2009 (Figura 6). A empresa apresentou resultados positivos dos
índices de rentabilidade analisados em todos os anos, com exceção de 2008, onde teve uma
perda de -13% do retorno sobre o investimento e de -73% do retorno do patrimônio líquido,
menor índice geral desse ano.
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Figura 7 – Crescimento do ativo e receita operacional líquida British Airways
A empresa apresentou decrescimento de receita operacional líquida a partir de 2008 (Figura
7). Um ponto positivo para o futuro da empresa é a melhoria da geração de receitas a partir do
ativo no ano de 2009, já que apresentou-se uma diminuição de 13% do ativo total ao mesmo
tempo em que as receitas saíram de um decréscimo de 10,35% em 2008 para um decréscimo
de 0,4% em 2009.
Figura 8 – Índices de rentabilidade Easy Jet
A Easy Jet também pertence ao grupo 1 (Figura 8). A empresa apresentou seu melhor
momento em 2007 com 6% de ROA e 13% de RPL. No entanto, a partir desse ano até 2009
pode-se analisar uma queda dos índices. Apesar dessa queda, a empresa tem se mantido seus
índices de rentabilidade acima da média para este conjunto de anos da amostra.
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Figura 9 – Crescimento do ativo e receita operacional líquida Easy Jet
Pode-se notar um crescimento da receita operacional líquida e do ativo total em todo o
período analisado (Figura 9). A Easy Jet tem apresentado boa relação entre a geração de
receitas proporcionalmente ao tamanho do ativo, com uma receita operacional líquida de 73%
do ativo total. Ver Figura 1.
Figura 10 – Índices de rentabilidade Sky West
A Sky West teve tanto o seu desempenho de rentabilidade do ativo quanto de retorno sobre o
patrimônio líquido acima da média para o ano de 2009 (Quadro 3). No entanto, a empresa
apresentou uma queda em seus índices de rentabilidade, tendo em vista que a empresa
apresentou uma queda de 4% para 2% de seu ROA e de 13% para 6% do seu ROE do ano de
2008 para o ano de 2009, como observado na Figura 10.
Figura 11 – Crescimento do ativo e receita operacional líquida Sky West
Pela Figura 11 observa-se que apesar do ativo total ter permanecido praticamente constante ao
longo do período analisado, atingindo um crescimento aproximado de 6% em 2009, se
observou uma queda da receita operacional líquida de 26% nesse mesmo ano. Esse é um
indicativo de que a empresa pode ter perdido mercado para concorrentes, já que com o mesmo
tamanho de ativo ela produziu menos receita.
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Figura 12 – Índices de rentabilidade Ryanair
A Ryanair é mais uma empresa que pertence ao grupo 1 (Quadro 3). A empresa apresentou
resultados positivos dos índices de rentabilidade analisados em todos os anos com exceção de
2008, onde teve um índice negativo de aproximadamente -3% do retorno sobre o investimento
e de -7% do retorno do patrimônio líquido. Em 2009 a empresa retomou o crescimento,
apresentando ROA de 4% e RPL de 11% (Figura 12).
Figura 13 – Crescimento do ativo e receita operacional líquida Ryanair
Pode-se notar na Figura 13 um período de recuperação da Ryanair. Depois de apresentar
quedas de crescimento consecutivas de 2005 até 2008, em 2009 a empresa teve um
crescimento de 24% do tamanho do ativo e de 6% da receita operacional líquida. Ainda assim,
é possível observar a capacidade ociosa do ativo pela perda de capacidade de geração de
receitas, que proporcionalmente representa 39% do tamanho do ativo. Ver Figura 1.
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Figura 14 – Índices de rentabilidade Dart Group
O Dart Group também pertence ao grupo 1 (Quadro 3). Na Figura 14 pode-se ver que a
empresa apresentou índices de rentabilidade positivos em todos os anos analisados. Em
especial, no ano de 2008 a empresa teve seu melhor ano, com 9% de ROA e 29% de RPL.
Figura 15 – Crescimento do ativo e receita operacional líquida Dart Group
Na Figura 15, pode-se observar um crescimento de 15% do tamanho do ativo de 2008 para
2009, no entanto, houve uma diminuição em 3% da receita operacional líquida nesse mesmo
período.
Figura 16 – Índices de rentabilidade Air China
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A Air China também apresenta seu retorno sobre o investimento e o retorno sobre o
patrimônio líquido acima da média para a amostra referente ao ano de 2009. O ano de 2008
foi o pior na análise histórica, sendo o único a ficar com resultado negativo (Figura 16). A
empresa teve um ROA de -9,5% e um RPL de -46%. Em 2009 já se observa uma melhora,
com um ROA de 4,5% e um RPL de 20%.
Figura 17 – Crescimento do ativo e receita operacional líquida Air China
No período de 2007 a 2009 a Air China apresentou queda anual de aproximadamente -2,5%
em sua receita operacional líquida. Em relação ao ativo, a Air China obteve uma diminuição
em -3% de 2006 para 2007 e um aumento de 8% para 2008 e de 10% para 2009 (Figura 17).
A empresa teve uma capacidade pequena de geração de receitas proporcionalmente ao
tamanho de seu ativo total, que foi de aproximadamente 48%.
4. Conclusões
Este artigo analisou o desempenho econômico financeiro das empresas Aer Lingus, All
Nippon Airways, Air China, Air Partner, British Airways, Dart Group, Easy Jet, Ryanair e
Sky West. Foram consideradas as variáveis retorno sobre o investimento, retorno do
patrimônio líquido, crescimento do ativo total e da receita operacional líquida.
Essa análise identificou duas empresas européias com baixo desempenho econômico
financeiro para o ano de 2009. As empresas Aer Lingus e Air Partner foram enquadradas no
grupo com os índices ROA e RPL abaixo da média. Todas as outras seis empresas
examinadas no ano de 2009 estão situadas no grupo onde os índices econômico financeiros
estão acima da média da amostra.
Pode-se observar que todas as empresas apresentaram crescimento da receita operacional
líquida de 2005 até 2007, sendo que dessas, Dart Group e Air China foram as únicas a não
apresentar crescimento para 2008, sendo que de 2008 para 2009 cinco empresas apresentaram
queda de sua receita líquida.
Assim, se observa um cenário de relativa preocupação, tendo em vista que o desempenho
econômico financeiro da maioria das empresas da amostra apresenta queda no último ano
analisado, o de 2009. Deve-se buscar entender que essa deterioração ocorreu por conta de
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fatores externos à empresa, como a crise financeira mundial de 2008 ou se existem problemas
internos de má gestão dessas empresas.
Este estudo se limita aos anos de 2005 a 2009, assim, uma análise que englobe as informações
econômico financeiras de 2010 poderia verificar uma possível retomada de desempenho das
empresas.
Este estudo se restringe à análise de desempenho financeiro das empresas aéreas listadas na
bolsa de valores de Londres. Sendo assim, ela não é exaustiva e novos estudos são
importantes para confirmar os resultados apresentados.
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FERNANDES,E.; PIRES, H.M. Uma Análise Comparativa de Desempenho de Empresas Aéreas a Nível
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Acesso em 10/12/2010.
(*) Este trabalho contou com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq)
Análise do desempenho financeiro das empresas aéreas listadas na Bolsa de Valores de
Londres