Análise do filme "No Limite do Silêncio"

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No Filme “No limite do Silêncio” (The Un- said), Michael Hunter (Andy Garcia) é um psicólogo cuja carreira profissional, e a vida familiar se desmoro- nam em decorrência do suicídio do filho, Kyle Huntyer (Trevor Blu- mas). Três anos depois do ocorrido, após uma palestra, Michael é pro- curado por uma ex- aluna, Barbara Wagner (Teri Polo), Assistente Social de um reforma- tório que pede a ele para avaliar um dos internos, Thomas 'Tommy' Caffey (Vincent Kartheiser), um jovem traumatizado por um terrível aconte- cimento ocorrido qua- tro anos atrás. Ao acei- tar o caso, Michael sai do abatimento em que se encontra e, com isso, consegue obter respos- tas para o suicídio do próprio filho. Resumo do Filme Preâmbulo Após três anos decorridos do suicídio do filho Kyle, Michael Hunter já não fazia atendimento clínico, dedicando-se apenas a dar palestras e a escrever. Ele é chamado para dar uma palestra na faculdade onde dava aulas. No final da explanação, é aborda- do por uma ex-aluna Barbara Wagner, que lhe pede para exami- nar o caso de Thomas Caffey, um jovem que foi testemunha do assassinato da própria mãe. Ela justifica ao ex-professor que ain- da não se sente segura para liberar o jovem, Pois ela desconfia que ele esconde emoções reativas (ver considerações na página 4). O motivo da preocupação dela se dá pela proximidade da saída do jovem do orfanato, pois ele estaria completando dezoi- to anos em seis semanas. Inicialmente Michael se recusa a tratar do caso, mas após as primeiras leituras do dossiê que Barbara entregara para ele, aca- ba cedendo e decide falar com Tommy. Análise do Filme “No Limite do Silêncio” Ac. Gerinelson O. Dantas Fund. Teóricos das Práticas Breves em Psicologia Resumo do Filme 1 Preâmbulo 1 O processo terapêutico 2 Síntese 3 Emoção reativa 4 NESTA EDIÇÃO: FACULDADE PIO DÉCIMO Andy Garcia Michael Hunter Vincent Kartheiser Thomas 'Tommy' Caffey Teri Polo Barbara Wagner Linda Cardellini Shelly Hunter Sam Bottoms Sr. Joseph Caffey August Schellenberg Detective Hannah Chelsea Field Penny Hunter Brendan Fletcher Troy Trevor Blumas Kyle Huntyer ATORES PERSONAGENS DIREÇÃO Tom McLoughlin Coordenação Profª Ma. Graziela Gatto Cena do filme

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Page 1: Análise do filme "No Limite do Silêncio"

▪ No Filme “No limite do Silêncio” (The Un-said), Michael Hunter (Andy Garcia) é um psicólogo cuja carreira profissional, e a vida familiar se desmoro-nam em decorrência do suicídio do filho, Kyle Huntyer (Trevor Blu-mas). Três anos depois do ocorrido, após uma palestra, Michael é pro-curado por uma ex-

aluna, Barbara Wagner (Teri Polo), Assistente Social de um reforma-tório que pede a ele para avaliar um dos in ternos, Thomas ' T o m m y ' C a f f e y (Vincent Kartheiser), um jovem traumatizado por um terrível aconte-cimento ocorrido qua-tro anos atrás. Ao acei-tar o caso, Michael sai do abatimento em que

se encontra e, com isso, consegue obter respos-tas para o suicídio do próprio filho. ▪

Resumo do Filme

Preâmbulo ▪ Após três anos decorridos do suicídio do filho Kyle, Michael Hunter já não fazia atendimento clínico, dedicando-se apenas a dar palestras e a escrever. Ele é chamado para dar uma palestra na faculdade onde dava aulas. No final da explanação, é aborda-do por uma ex-aluna Barbara Wagner, que lhe pede para exami-nar o caso de Thomas Caffey, um jovem que foi testemunha do assassinato da própria mãe. Ela justifica ao ex-professor que ain-da não se sente segura para liberar o jovem, Pois ela desconfia que ele esconde emoções reativas (ver considerações na página 4). O motivo da preocupação dela se dá pela proximidade da saída do jovem do orfanato, pois ele estaria completando dezoi-to anos em seis semanas. Inicialmente Michael se recusa a tratar do caso, mas após as primeiras leituras do dossiê que Barbara entregara para ele, aca-ba cedendo e decide falar com Tommy. ▪

Análise do Filme “No Limite do

Silêncio” Ac. Gerinelson O.

Dantas

Fund. Teóricos das Práticas Breves em

Psicologia

Resumo do Filme 1

Preâmbulo 1

O processo terapêutico 2

Síntese 3

Emoção reativa 4

NESTA EDIÇÃO:

FACULDADE PIO DÉCIMO

Andy Garcia Michael Hunter

Vincent Kartheiser Thomas 'Tommy' Caffey

Teri Polo Barbara Wagner

Linda Cardellini Shelly Hunter

Sam Bottoms Sr. Joseph Caffey

August Schellenberg Detective Hannah

Chelsea Field Penny Hunter

Brendan Fletcher Troy

Trevor Blumas Kyle Huntyer

ATORES PERSONAGENS

DIREÇÃO Tom McLoughlin

Coordenação

Profª Ma. Graziela Gatto

Cena do filme

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Tal reação de rejeição à garota, está marcado por um sofrimento rechaçado e que se realiza através do Acting out, onde ele tornou em ato o inconsciente.

Ali mesmo ele reencontra a filha de Michael, que percebendo a trai-ção do namorado Troy, decide ir para casa e pede a Tommy para levá-la. Troy enciumado ameaça Tommy.

A caminho, Shelly diz para Tommy que ele deverá ser bonzinho com ela, senão o pai não o deixará sair do orfanato, com isso deixando Tommy irritado.

Chegam na antiga casa. Enquan-to Shelly apresenta os ambientes, Tommy sobe para o segundo pavi-mento e chega no antigo quarto de Kyle. Lá Shelly conversa com Tommy sobre os hábitos e sobre o suicídio do irmão. Tommy pergunta a Shelly, se ela culpa os pais pelo ocorrido. Ela diz que se sente culpa-da porque sabia que ele não estava bem. Nesse ínterim, Tommy tenta tocá-la nas costas, mas recua.

O terceiro encontro de Michael com Tommy ocorre no ginásio de esportes. Eles conversam sobre o tipo de trabalho do pai (era vende-dor de artigos para restaurantes). Michael pergunta se ele se sente à vontade para falar sobre o pai. Inici-almente diz que não, mas que não custava cooperar. Ele procura algo no cesto de bolas e encontra uma semelhante àquela que Kyle estava constantemente rebatendo contra a parede. Quando ele encontra a pe-quena bolinha, Michael reage imedi-atamente, foi como se o próprio Kyle estivesse ali, diante dele, essa reação advém com as seguintes pala-vras proferidas por Tommy − Eu sabia que estava aqui... Eu jogava o tem-po todo... Ele, então, convida Michael para jogar, como Kyle fazia quando estava vivo.

Esse comportamento de Tommy é oriundo das informações obtidas através de Shelly. A partir daí, ele começa a manipular Michael, con-fundindo-o, em decorrência do so-frimento com a morte do filho.

O jogo prossegue... E as ima-gens do passado voltam à tona, Mi-chael se vê jogando com o filho, num clima de muita alegria como de costume. Por um momento Tommy o chama de pai, e ao se voltar para ele, Michael vê a imagem do filho em Tommy. Continuam o jogo, Michael pergunta a Tommy se ele costumava sonhar com os pais, ele responde com um riso sarcástico.

Vê-se aqui o processo de contra-transferência que se instala em Mi-chael, ele se dirige ao paciente se o jovem fosse o próprio filho. Mas isso se dá graças à manipulação por parte de Tommy.

Tommy − Se costumo sonhar com meus pais? Essa é nova. Michael diz que os sonhos tem significados. Tommy diz, então, que não sonha com eles, mas sim com outras coi-sas. Ele pergunta se Michael sonha com o filho. Então Michael reage e pergunta como ele sabe sobre ele. Ele diz que não sabe nada, somente que ele morreu. E pede desculpas.

Michael pede para Tommy falar sobre o casamento dos pais; dos momentos bons, mas ele reage não querendo falar sobre isso. A preocu-pação de Michael em relação ao passado de Tommy é que ele esteja em paz com o passado para que o futuro não seja ameaçado. Michael pede para que Tommy fale com ele e nesse momento vê a imagem do próprio filho. Que diz que falaria, mas não naquele momento. Tommy, então diz que falaria da próxima vez.

Michael, pede a Barbara que o mantenha ali, mas ela diz que é complicado.

Tommy chega na casa de Shelly, e ouve no noticiário da televisão, sobre a morte da garota que ele ata-cou a socos.

Shelly, beija Tommy e ele forma um murro numa reação de agressão ao ato da moça. Sai.

O detetive esteve no orfanato anunciando o crime e pede para quem tiver informação sobre al-guém que tenha chegado após o horário de recolher, avisasse a ele.

Michael volta a estar com Tommy e conta sobre a visita na prisão. Ele reage com irritação. Michael diz para Tommy que a

▪ No primeiro contato (na cozinha do orfanato), Michael diz para Tommy que aquele encontro era apenas uma conversa, deixando claro que ele não estava sendo anali-sado. Michael observa em Tommy um gesto de bate bola nas mãos com a massa de pão. Isso parece ser o primeiro sinal de semelhança com os atos do filho que estava sempre com uma pequena bola e que cons-tantemente lançava contra as pare-des da casa.

Shelly vai ao encontro do pai e ao ver Tommy, lançam-se olhares.

Michael volta ao orfanato e reco-lhe materiais para analisar o caso.

O segundo encontro com Tommy, ocorre na sala de aula. Mi-chael propõe conversar sobre os pais, mas Tommy prefere falar so-bre outro assunto. Ele sugere, então, falar sobre a escola. Pergunta: − Você era um aluno medíocre, e agora está se destacando. O que houve?

Tommy responde: − Sério?

... − Não insistirá em falar de meus pais? Michael − Se não quiser não falaremos. Então me diga, como ficou esperto de repente? Tommy − Não sei. Eu matava muita aula. Michael − Então para onde ia? Tommy − Por aí. Para a linha do trem. Amarrava um gato e via o trem passar por cima dele. Eles se olharam e Tommy disse: − Estou brincando. Michael − Eu sei disso. (ambos ri-ram).

Após o contato com Tommy, muitas mudanças ocorreram em Michael, desde o fazer a barba, até tentar uma reaproximação com a filha.

Tommy, vai a uma festa na fer-rovia e lá conhece Chloe que o con-funde com um amigo. Pergunta se ele tem ecstase. Continuando a tenta-tiva de sedução, ela diz que a argola que perdera estava dentro da calça, aí toma a mão dele e tenta colocá-la dentro das vestes. Ele reage se ne-gando a pô-la. Ele pede para voltar para a festa, mas ela insiste no inten-to. Ele tenta escapar, mas ela insiste. Ela pega na genitália dele e ele reage socando-a até à morte.

O processo terapêutico

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FUND. TEÓRICOS DAS PRÁTICAS BREVES EM PSICOLOGIA

autópsia revelara que a mãe tinha tido relação sexual antes de ser as-sassinada. Isso o deixa muito irrita-do. Em meio à discussão, Michael o segura e pronuncia o nome do filho. Tommy exige de Michael que diga que ele não teve culpa da morte da mãe e que não havia outro homem. Michael faz o que Tommy pede e sai.

Tommy se encontra com Shelly na linha férrea. Ela tenta beijá-lo, mas ele foge. Na madrugada ele tem pesadelo onde ele empurra Shelly do trem, e acorda assustado.

Michael vai mais uma vez na prisão. Lá ele narra os fatos que envolvera o suicídio do filho. Ele confiara num profissional (Harry) para cuidar da depressão do filho e ele acaba abusando o garoto. As revelações foram feitas por Kyle, através de uma carta deixada para o pai. Michael ficou desesperado com a revelação e pensou em matar o amigo que traíra sua confiança. Desesperado, ele segue para a casa dele e lá presencia o suicídio do abusador.

Sr. Joseph Caffey, se sentindo encorajado pelas narrativas de Mi-chael, acaba revelando o segredo que envolvia Tommy. Podemos ver através das seguintes falas: − Foi Tommy... Era o Tommy. Se repetir isso negarei. Tal como neguei e continuarei a negar. Até morrer. Compreende?

Se nt indo- se e ncur ra lado , Tommy foge.

Michael vai procurar Tommy na casa da filha, lá fica sabendo que Shelly havia contado a história de Kyle, para ele. Michael ficou desa-pontado.

Tommy vai procurar Barbara. Ela conta que já sabia de tudo sobre a mãe dele. Então, ele a empurra e ataca-a com vários golpes. Ao ob-servar Barbara, ali no chão, ensan-guentada, ele vê fleches do assassi-nato da mãe. Ele foge dali. Michael chega e socorre Barbara.

Tommy vai para a casa de Shelly que decide fugir com ele. Na fuga, Michael persegue-os em disparada.

O carro de Tommy se choca contra o da polícia. Eles saem do carro. Michael pede perdão à filha numa tentativa de reconciliação com ela. Ela se despede de Tommy. Michael pede que ele largue a arma e pede para ajudá-lo. As imagens do passa-do voltam às lembranças de Tommy. Ele se sentia culpado. O pai matara a mãe por ela ter seduzi-do o próprio filho. Ele chora nos braços de Michael. De repente foge em direção ao trem que aponta ao longe. Todos correm atrás dele. Michael pula e o arrasta, salvando-o da morte.

Na sala de um hospital:

... Vais libertar-me senhor doutor? (Tommy)

Há muitas formas de liberdade. (Michael)

Mas não aquela que eu quero. (Tommy)

Mas há uma liberdade que todos precisam. A liberdade interior... Aquela que vive aqui. (toca no coração). (Michael)

Eu não sou o seu filho. (Tommy)

Eu sei que não. (Michael) ▪

Tommy manipula o tera-peuta (racionalização e intelectualização visando sair do orfanato);

Apresenta quadro psicóti-co;

Não consegue distanciar o

processo de separação da mãe;

Cresce se cupabilizando pela morte da mãe. Esse fato contribui para o pro-cesso de descompensação;

Mata uma jovem - Acting out;

Transferência dele com o terapeuta;

Estabelece laços com a filha do terapeuta;

Contratransferência - se dirige ao paciente como se fosse o próprio filho;

O terapeuta prolonga o luto;

O terapeuta vai em busca de dados para esclarecer o caso.

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Cena do filme

Síntese

Cena do filme

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▪ Damos o nome de emoções reativas, aos sentimentos que aparecem em uma comunicação que destoam fortemente do con-teúdo dessa mesma comunica-ção.

Os exemplos mais comuns são:

A) A expressão de raiva no lugar de sentimento real de tristeza, de medo ou de impotência. O indi-víduo passa a expressar uma rai-va, que destoa da raiva verdadei-ra, pois, ela vem carregada de algum tipo de angustia ou ansie-dade. B) A expressão de alegria no lu-gar do sentimento real de triste-za, de inveja, ou de constrangi-mento, onde o indivíduo parece e se comporta como muito alegre (eufórico) para evitar o contato com o verdadeiro sentimento. Essa alegria vem contaminada e misturada com uma dose de an-gústia ou ansiedade. C) A expressão de piedade ou pena no lugar de sentimento real de hostilidade, competição ou de vingança. O indivíduo se com-porta como pesaroso evitando assim o contato com seus reais sentimentos. Neste caso a pieda-de está misturada com uma dose de angústia ou ansiedade. Lembremos que os sentimentos, quando em função reativa, estão misturados com angustia ou an-siedade patológica. Dessa forma o sentimento ex-pressado cria um contexto nessa comunicação que destoa do con-teúdo da mensagem, e encobre o verdadeiro sentimento que, este sim, será compatível com a men-sagem.

Podemos dizer que essa mesma mensagem tem dois significados dependendo do sentimento que está sendo expresso. Conforme exemplos acima, a mensagem A pode ser de raiva e indignação e a mesma mensa-gem pode ser de tristeza e de impotência. A mensagem B pode ser encara-da como de alegria ou de triste-za, e a mensagem C pode ser de pena e comiseração ou de hostili-dade e vingança.

Dessa maneira temos nas situa-ções de emoções reativas, a se-guinte configuração: 1) Uma mensagem manifes-ta onde o sentimento expressado é discordante do conteúdo da mensagem 2) Uma mensagem latente onde o sentimento encoberto é compa-tível com o conteúdo da mensa-gem Dessa forma, a mensagem mani-festa encobre a mensagem laten-te e o indivíduo não entra em contato com seus verdadeiros sentimentos. Lembremos que entendemos como mecanismos de defesa do psiquismo os sintomas, condutas e procedimentos que o psiquis-mo adota de forma consciente ou não consciente para evitar o con-tato entre o EU consciente e o material excluído, seja ele de 1ª ou 2ª zona de exclusão.

As emoções reativas vão fazer parte das defesas conscientes que são mecanismos de evitação de contato com conteúdos enco-bertos mas que apresentam um grau variável de consciência para o indivíduo. A forma mais eficiente de identi-ficá-los é a percepção de que: existe uma discordância entre o sentimento emitido e o conteúdo da fala, do comportamento ou da situação em questão. Por exemplo: Uma fala piedosa do cliente, mas com um conteú-do de "bem feito que isto aconte-ceu". Podemos saber que o sen-timento reativo é pena e o senti-mento evitado é a hostilidade e vingança. Podemos dizer que o sentimento expresso é o manifesto, e o con-teúdo sugerido aponta para o sentimento latente. A medida que identificamos e clareamos a contradição entre o sentimento expresso e o conteú-do da mensagem, e explicitamos a mensagem latente, abrimos um compartimento de conteúdos evitados para que possam ser trabalhados. ▪

http://www.epp.psc.br/manejo.htm

Página 4 ANÁLISE DO FILME “NO LIMITE DO SILÊNCIO”

FUND. TEÓRICOS DAS PRÁTICAS BREVES EM PSICOLOGIA

O manejo de sentimentos na análise Psicodramática—Emoção reativa

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