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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL UFRGS
ESCOLA DE ENGENHARIA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA
ANLISE ERGONMICA DE POSTOS DE TRABALHO DE CAIXA DE BANCO:
COMPARAO DE DOIS MODELOS DO BANRISUL S. A.
Cludio Schmitz
Porto Alegre, 2002.
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL UFRGS
ESCOLA DE ENGENHARIA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA
ANLISE ERGONMICA DE POSTOS DE TRABALHO DE CAIXA DE BANCO:
COMPARAO DE DOIS MODELOS DO BANRISUL S. A.
Cludio Schmitz
Orientador: Professora Dra. Lia Buarque de Macedo Guimares
Banca Examinadora: Prof. Dra. Anamaria de Moraes Prof. Dr. Flvio Sanson Fogliatto Prof. Dr. PauloAntnio Barros Oliveira
Trabalho de Concluso do Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia modalidade
Profissionalizante nfase Ergonomia
Porto Alegre, 2002.
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III
Este Trabalho de Concluso foi analisado e julgado adequado para a obteno do ttulo
de mestre em ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo orientador e pelo
coordenador do Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola de Engenharia,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Prof. Dra. Lia Buarque de Macedo Guimares Orientador Escola de Engenharia Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Profa. Helena Beatriz Bettella Cybis Coordenadora Mestrado Profissionalizante em Engenharia Escola de Engenharia Universidade Federal do Rio Grande do Sul
BANCA EXAMINADORA Prof. Prof. Dra. Anamaria de Moraes PUC/RJ Prof. Dr. Flvio Sanson Fogliatto PPGEP/UFRGS Prof. Dr. PauloAntnio Barros Oliveira CEDOP/UFRGS
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IV
Dedico este trabalho minha esposa, Maria de Lourdes, pela sua compreenso e companheirismo, e s minhas filhas, Jlia e Laura. Agradeo a todos os meus colegas de trabalho, minha orientadora Lia, amigos e familiares, que direta ou indiretamente contriburam para o desenvolvimento deste trabalho.
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V
Sumrio SUMRIO................................................................................................................................................................. V
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................... VII
LISTA DE TABELAS .........................................................................................................................................VIII
RESUMO .................................................................................................................................................................IX
ABSTRACT.............................................................................................................................................................. X
CAPTULO 1 - INTRODUO .............................................................................................................................. 1 1.1 OBJETIVOS .................................................................................................................................................... 4 1.2 MTODO DE PESQUISA.............................................................................................................................. 4 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO.................................................................................................................... 5
CAPTULO 2 O TRABALHO BANCRIO....................................................................................................... 7 2.1 AS INOVAES TECNOLGICAS DO TRABALHO BANCRIO E CONSEQUENTE INTENSIFICAO DOS CASOS DE LER/DORT.......................................................................................... 13 2.2 A SADE BANCRIA: FATORES RELACIONADOS OCORRNCIA DE LER/DORT.............. 14 2.3 O SOFRIMENTO PSQUICO DO TRABALHO BANCRIO............................................................... 17 2.4 O TRABALHO DE CAIXA....................................................................................................................... 19
CAPTULO 3 ESTUDO DE CASO APRESENTAO DA SITUAO PR E PS-IMPLANTAO DO NOVO MODELO DE AGNCIA BANRISUL............................................................. 22
3.1 - BREVE DESCRIO DA EMPRESA...................................................................................................... 22 3.1.1 - Nmero de Empregados ...................................................................................................................... 22 3.1.2 Empregados que exercem a funo de caixa ..................................................................................... 23 3.1.3 - Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho SESMT.......... 24
3.2 - APRESENTAO DO CASO SITUAO INICIAL DO TRABALHO............................................ 24 3.3 SITUAO DAS CONDIES DE TRABALHO AT 2000 ............................................................... 27
3.3.1 Fatores ambientais ............................................................................................................................. 27 3.3.2 Mobilirio e equipamentos ................................................................................................................. 28 3.3.3 Ginstica Laboral GL...................................................................................................................... 29
3.4 - O NOVO MODELO DE AGNCIA BANRISUL .................................................................................... 30 3.4.1 - Caractersticas gerais do novo modelo, mobilirios e equipamentos ............................................... 31
3.5 - O PROCESSO DE TRABALHO DOS CAIXAS DO BANRISUL.......................................................... 32 3.5.1 - Equipamentos utilizados...................................................................................................................... 32 3.5.2 Desenvolvimento das atividades: trabalho prescrito do caixa de banco.......................................... 33 3.5.3 Desenvolvimento das atividades: descrio do trabalho real........................................................... 33
3.6 COMPARATIVO ENTRE TAREFA PRESCRITA E TAREFA REAL ................................................. 36 3.7 - ANLISE PRELIMINAR DOS MOBILIRIOS DE CAIXA EXISTENTES........................................ 39
3.7.1 - Mobilirio de caixa antigo .................................................................................................................. 39 3.7.2 - Mobilirio de caixa antigo adaptado.................................................................................................. 40 3.7.3 - Mobilirio de caixa novo baixo .......................................................................................................... 41 3.7.4 - Mobilirio de caixa novo adaptado alto............................................................................................. 42
3.8 TEMPO DE CICLO DA ATIVIDADE DE CAIXA................................................................................. 44 3.9 COMPARATIVO ENTRE POSTOS DE TRABALHO ANTIGOS (AT 2000) E NOVOS POSTOS DE TRABALHO ................................................................................................................................................. 45
CAPTULO 4 MTODO DE ABORDAGEM E LEVANTAMENTO DE DADOS .................................... 48 4.1 - DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA .................................................................................................. 50 4.2 - AMOSTRA DA POPULAO PESQUISADA ....................................................................................... 52 4.3 APLICAO DO QUESTIONRIO ABERTO ...................................................................................... 53 4.4 APLICAO DO QUESTIONRIO FECHADO ................................................................................... 53
CAPTULO 5 - RESULTADOS............................................................................................................................ 56
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VI
5.1 - COMPILAO DOS DADOS DO QUESTIONRIO ABERTO ........................................................... 56 5.1.1 Ordenamento dos problemas levantados .............................................................................................. 56
5.2 - RESULTADOS DA PESQUISA COM O QUESTIONRIO FECHADO .............................................. 59 5.2.1 Priorizao dos itens de demanda ergonmica com a incorporao da opinio do especialista ... 59 5.2.2 - Medidas de consistncia interna......................................................................................................... 60 5.2.3 Anlise Estatstica dos dados do questionrio................................................................................... 61
CAPTULO 6 DISCUSSO............................................................................................................................... 65
CAPITULO 7 - CONCLUSO ............................................................................................................................. 72
8 - REFERNCIAS ................................................................................................................................................ 75
ANEXO 1 - QUESTIONRIO FECHADO ......................................................................................................... 80
ANEXO 2 - DADOS DA AMOSTRA AVALIADA NO ESTUDO DE CASO QUESTIONRIOS ABERTO E FECHADO......................................................................................................................................... 85
ANEXO 3 RESULTADO PESQUISA MOBILIRIO DE CAIXA BAIXO COMISSO DE ERGONOMIA (1999)............................................................................................................................................. 87
ANEXO 4 - QUESTIONRIO ABERTO DADOS LEVANTADOS TABULADOS POR CRITRIO QUE VALORIZA A ORDEM DE MENO ...................................................................................................... 95
ANEXO 5 - RELAO ENTRE QUESITOS CONSISTNCIA QUESTIONRIO FECHADO.......... 103
ANEXO 6 - RESULTADOS QUESTIONRIO FECHADO FATORES SEM SIGNIFICNCIA (CONFIABILIDADE < 90 %).............................................................................................................................. 108
ANEXO 7 - TESTE DE COMPARAO DE MAIS DE 2 PROPORES .............................................. 112
ANEXO 8 - RESULTADOS NDICES DE DEMANDA ERGONMICA EM ORDEM DECRESCENTE DE SATISFAO - DIFERENAS MDIAS PR E PS-INTERVENO ........................................... 115
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VII
Lista de figuras
FIGURA 1 - COMPARATIVO ENTRE TAREFA PRESCRITA E TAREFA REAL............................................................. 37
FIGURA 2 - COMPARATIVO ENTRE TAREFA PRESCRITA E TAREFA REAL............................................................. 38
FIGURA 3 - MOBILIRIO ANTIGO............................................................................................................................ 40
FIGURA 4 MOBILIRIO ANTIGO ADAPTADO........................................................................................................ 41
FIGURA 5 MOBILIRIO DE CAIXA NOVO BAIXO .................................................................................................. 42
FIGURA 6 MOBILIRIO DE CAIXA NOVO ADAPTADO ALTO ................................................................................ 44
FIGURA 7 - QUADRO COMPARATIVO MOBILIRIO ANTES E PS-INTERVENO................................................. 46
FIGURA 8 - QUADRO COMPARATIVO MOBILIRIO ANTES E PS-INTERVENO................................................. 47
FIGURA 9 - GRFICO DOS FATORES AVALIADOS COM SIGNIFICNCIA ................................................................ 63
FIGURA 10 - GRFICO INCIDNCIA DE DORES NOS CAIXAS DO BANRISUL .......................................................... 64
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VIII
Lista de tabelas TABELA 1 NMERO DE EMPREGADOS DO BANRISUL (DADOS DE 31/12/2001)................................................. 23
TABELA 2 COMUNICAES DE ACIDENTE DO TRABALHO CAT POR LER/DORT ...................................... 24
TABELA 3 ORDENAMENTO DE PROBLEMAS LEVANTADOS AU PETRPOLIS................................................. 57
TABELA 4 ORDENAMENTO DE PROBLEMAS LEVANTADOS AU UNIO........................................................... 57
TABELA 5 ORDENAMENTO DE PROBLEMAS LEVANTADOS AU OTVIO ROCHA........................................... 58
TABELA 6 ORDENAMENTO DE PROBLEMAS LEVANTADOS AU URUGUAI ...................................................... 58
TABELA 7 ALFA DE CRONBACH CALCULADO POR GRUPO DE QUESTES, ANTES E APS INTERVENO
ERGONMICA.................................................................................................................................................. 60
TABELA 8 RESULTADOS COM SIGNIFICNCIA OBTIDOS ATRAVS DO TESTE NO PARAMTRICO WILCOXON
SIGNED RANKS TEST PARA DUAS AMOSTRAS RELACIONADAS.................................................................... 62
TABELA 9 COMUNICAES DE ACIDENTE DO TRABALHO CAT POR LER/DORT E ALTERAES NO
TRABALHO DO CAIXA ..................................................................................................................................... 70
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IX
Resumo
Este trabalho aborda uma interveno ergonmica baseada em princpios da macroergonomia,
de carter participativo, realizada nos postos de trabalho dos caixas do Banco do Estado do
Rio Grande do Sul S. A. - Banrisul. A demanda deveu-se alta incidncia de patologias
ocupacionais, LER/DORT (Leses por Esforos Repetitivos /Doenas Osteomusculares
relacionadas ao Trabalho), em escriturrios do banco (caixas). Utilizando os mesmos
instrumentos de pesquisa, foi avaliado o grau de satisfao dos empregados em relao
organizao do trabalho, sade, ambiente laboral e mobilirio, antes e aps a interveno
realizada nos setores de caixa.
Os resultados demonstraram que a metodologia Anlise Macroergonmica do Trabalho
(AMT) utilizada foi adequada, pois inova ao identificar e quantificar tambm fatores
subjetivos que, muitas vezes, permanecem restritos aos prprios trabalhadores, pois provm
de suas vivncias e experincias pessoais ou de grupo.
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X
Abstract
This dissertation describes an ergonomic intervention based on Macroergonomy principles,
carried out in a participative way in workstations of bank tellers of Banrisul. The high
occurrence of occupational pathologies RSI/WMSDS (Repetition Strain Injuries/Work-
Related Musculoskeletal Disorders) among cashiers. The level of satisfaction of the
employees in relation to the work organization, health, labour ambient and furnishings was
evaluated making use of the same tools of research, before and after the action.
The results proved that the choice for the methology Work Macroergonomic Analysis
(WMA) was adequate since it introduces an innovation in identifying and quantifying
subjective aspects that many times remain restricted to the very workers once they proceed of
their personal or groupal experiences.
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1
Captulo 1 - Introduo
A instituio bancria mudou consideravelmente nos ltimos anos, tanto para os clientes
quanto para os bancrios. Para o cliente, se o banco era um local familiar onde lhe atendiam
chamando pelo nome e lhe tratavam com ateno e zelo, hoje isto no mais ocorre. O banco
transformou-se em um local de filas interminveis, de taxas de juros altos, tarifas e contratos
abusivos que os lesam diariamente. Para o bancrio, h alguns anos atrs, seu trabalho era
sinnimo de status, bons salrios, prestgio e ascenso profissional. Atualmente, com a
automao, sua atividade transformou-se em um local de sobrecarga de trabalho, tenso
psicolgica e insegurana (Cenci,1999).
A partir da dcada de 60, os bancos brasileiros passaram por diversas transformaes, para
possibilitar a manuteno da lucratividade em um mercado altamente competitivo. O aumento
do nmero de clientes tornou-se essencial nessa estratgia de disputa por maior lucratividade,
havendo uma multiplicao de agncias bancrias. Houve uma diversificao dos produtos
oferecidos pelos bancos, incluindo seguros, turismo, pagamento de salrios, recebimentos de
tributos e taxas em geral e financiamentos diversos, aumentando demasiadamente a demanda
de servios (Belmonte, 1998; Vasconcelos et al., 1997; Campello e Silva Neto, 1992).
O diferencial de desempenho na busca de ganhos produtivos baseia-se no desenvolvimento de
novas tecnologias nas reas de telecomunicaes, que possibilitam encurtar distncias, e no
processamento de dados, que permite maior controle sobre as informaes e reduz
significativamente os tempo de processamento e transformao dessas informaes. Para
oferecer os produtos e servios com maior rapidez e segurana no setor bancrio surgiu a
automao. Estas inovaes tecnolgicas so entendidas como um atrativo para o cliente, na
medida que permitem que a contabilidade e todas as operaes financeiras estejam sempre
atualizadas, alm de dar ao banco uma imagem de confiabilidade, agilidade e modernidade.
Por decorrncia destas modificaes, o sistema de organizao do trabalho viu-se
profundamente afetado. A automao transformou radicalmente a organizao do trabalho em
bancos. Ela permitiu um aumento de produtividade e simplificao do trabalho bancrio de tal
forma que, apesar do aumento da demanda de servios, no houve um incremento
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2
proporcional dos empregos oferecidos no setor (Belmonte, 1998; Campello e Silva Neto,
1992).
Outra transformao das ltimas dcadas, que no est vinculada simplesmente automao,
a maior segmentao ou fragmentao das tarefas, a criao de especializaes. O caixa-
executivo, por exemplo, deixa de fazer o trabalho de compensao, que repassado para a
retaguarda especializada ou setor especfico para realizar tal atividade. Este destacado,
muitas vezes para exercer somente um tipo de tarefa, que pode ser s recebimento de
pagamentos, entrega de tales de cheque, ou atendimento a clientes comuns ou especiais. Esta
diviso obedece a uma lgica que permite o aproveitamento dos tempos do empregado,
visando o aumento da produtividade e beneficiando os clientes que mais interessam ao banco.
A atividade de compensao dividida em mltiplas tarefas, sendo que cada trabalhador fica
encarregado de uma parte especfica (Couto et al., 1998; Campello e Silva Neto, 1992).
Com a diminuio dos tempos de processamento, e por conseqncia, um menor nmero de
trabalhadores, os aumentos de demanda dos servios passaram a ser realizados segundo uma
padronizao de movimentos, que repercutiram no aumento do volume de trabalho, no
controle sobre os tempos necessrios para realizar as atividades e sobre a qualidade dos
servios. A experincia profissional do bancrio perde muito de sua importncia, pois as
atividades tornam-se rotinas, e o trabalho mais facilmente substituvel. Assim, a atividade
laboral bancria torna-se mais desqualificada e desvalorizada, aumentando o desemprego e a
depreciao do salrio (Belmonte, 1998; Campello e Silva Neto, 1992).
Segundo Santos (1996), os sistemas informatizados foram concebidos para agilizar as
atividades bancrias, reduzir custos dispensando mo de obra e facilitar a relao entre o
cliente e o banco, sem a interveno dos empregados. Porm, Santos (1996) identificou
deficincias nestes sistemas informatizados, apesar dos esforos dos seus desenvolvedores,
principalmente devidas ao desconhecimento dos usurios sobre sistemas de computadores,
pois a populao compreende diversas idades, nveis de experincia, de conhecimento e uma
ampla variedade de caractersticas fsicas. Santos (2000) identificou ainda que, na interao
do homem-computador, a incompatibilidade ou apresentao de erros durante a operao dos
sistemas informatizados e que trazem dificuldades para seus usurios, so devidas ao
desconhecimento, por parte do projetista, da tarefa, do modo operatrio e da estratgia de
soluo de problemas do componente humano do sistema.
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3
Aumentou significativamente o nmero de indivduos com leses resultantes da intensificao
do processo de trabalho e da inadequao de seu meio. Estas condies desfavorveis no
trabalho podem desencadear problemas de sade provocados pela tenso psicolgica e pelas
ms condies de trabalho a que diariamente so submetidos. Como conseqncia, o nmero
de trabalhadores com problemas de sintomas dolorosos no sistema msculo-esqueltico,
identificados como Leses por Esforos Repetitivos LER ou, preferencialmente, Distrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho DORT, passaram a se intensificar. Apesar da
dificuldade de anlise clnica da doena, suas causas so atribudas tanto a fatores fsicos
quanto psquicos do meio de trabalho (Mattar e Azzi, 1995; Couto, 1991).
Os fatores de natureza ergonmica (fora excessiva, alta repetitividade de um mesmo padro
de movimento, posturas incorretas dos membros superiores, compresso das delicadas
estruturas dos membros superiores, frio, vibrao e postura esttica) so considerados
atualmente os principais fatores causadores deste problema. No entanto, fatores de natureza
organizacional (concentrao de movimentos numa mesma pessoa, horas extras, dobras de
turno, ritmo apertado de trabalho, ausncia de pausas que seriam necessrias) e de natureza
psicossocial (presso excessiva para o resultado, ambiente excessivamente tenso, problemas
de relacionamento interpessoal, desprazer, aceitao e falta de reconhecimento do trabalho)
so elementos que contribuem de forma acentuada na formao deste quadro (Couto et al.,
1998).
Conforme a avaliao de sade dos bancrios do Rio Grande do Sul realizada pelo Censo
Bancrio (1997), os acidentes por doena ocupacional tm maior percentual no Banrisul e
Meridional (atual Santander), sendo tambm semelhantes s freqncias identificadas na
Caixa Econmica Federal - CEF e bancos privados. O censo ainda identificou que, muito
freqentemente, os sintomas de LER/DORT so associados presena de distrbios
psiquitricos e especialmente aos sintomas de depresso. Outra constatao que todos os
sintomas de LER/DORT levantados so mais freqentemente referidos pelos caixas, seguidos
pelos escriturrios. Entre os caixas, os que mais apontam problemas ergonmicos fsicos so
os do Banrisul, Meridional e Banespa. A grande incidncia destas patologias ocupacionais,
LER/DORT, demanda inicial do trabalho, foram comprovadas atravs dos relatrios internos
do servio especializado em engenharia de segurana e em medicina do trabalho SESMT do
Banrisul.
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4
Poucos estudos se concentraram nas questes psicossociais que impactam no trabalho e na
qualidade de vida dos bancrios (Alves Filho e Arajo, 2001; Alves e Silva, 2000; e
Belmonte, 1998). Belmonte (1998) estudou possveis elementos de satisfao ou motivao
no ambiente de trabalho bancrio, tendo realizado um levantamento e anlise das condies
existentes em uma situao real. O autor props algumas melhorias fsicas e comparou com a
situao original para avaliar os ganhos de satisfao e motivao dos bancrios. Este trabalho
trata de um estudo de caso no setor bancrio e segue o modelo de Belmonte (1998), adotada
no setor de fechamento de caixa em outro banco, porm, enfoca especificamente o trabalho de
caixa.
1.1 OBJETIVOS
O objetivo desta dissertao foi levantar, identificar e analisar os problemas apresentados
pelos empregados caixas do Banco do Estado do Rio Grande do Sul S. A. - Banrisul segundo
a percepo dos bancrios, implementar modificaes fsicas, antropomtricas e
organizacionais e adequar os postos de trabalho s exigncias da Norma Regulamentadora 17
Ergonomia da Portaria 3.214/78. Visou-se, ainda, sugerir medidas corretivas visando
melhorar as condies de trabalho dos empregados da empresa e avaliar o impacto das
alteraes implementadas.
1.2 MTODO DE PESQUISA
Utilizou-se o mtodo de Anlise Macroergonmica do Trabalho (AMT) proposto por
Guimares (1999) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, baseado nos
princpios da macroergonomia, de carter participativo. A partir dos levantamentos iniciais, os
problemas identificados pelos trabalhadores foram a base para a recomendao de medidas de
correo e controle. Avaliou-se o impacto da interveno ergonmica desenvolvida com a
participao dos empregados caixas, medindo-se o grau de satisfao dos mesmos com as
alteraes de mobilirio de caixa, com o ambiente laboral, com a organizao do trabalho e
com a sade, antes e aps a implantao do novo modelo de agncia do banco, voltada ao
auto-atendimento.
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5
A avaliao ergonmica foi realizada em um perodo de seis meses. Neste perodo, foram
realizadas adequaes em grande nmero de estabelecimentos bancrios do Banrisul. Estas
adequaes englobam a mudana cultural na forma de agir dos empregados, atuao mais
agressiva da empresa no mercado e instalaes fsicas e tecnolgicas, visando aumentar e
priorizar o auto-atendimento. O mobilirio de caixa, objeto deste estudo e utilizado no novo
modelo de agncia foi desenvolvido com a participao dos empregados, tanto durante a fase
de projetao quanto na de realizao de testes para sua efetiva implantao. A possibilidade
de participar do processo decisrio d ao trabalhador um sentimento de responsabilidade que
resulta em maior motivao e satisfao (Nagamachi, 1996). Segundo Smith (1997), na
introduo de nova tecnologia, computacional especialmente, deve haver uma poltica
explcita na empresa que defina os mecanismos de participao dos trabalhadores. Existe,
segundo Korunka et al. (1995) e Smith (1997), uma relao entre a falta de participao do
trabalhador no processo de mudana e a ocorrncia de queixas fsicas e psquicas e a reduo
na satisfao com o trabalho. Este mobilirio provm da confeco prvia de sucessivos
mockups, aos quais foram implementadas as sugestes advindas de dados coletados em
pesquisa na empresa (Anexo 3).
Houve limitaes relevantes no trabalho, tanto na questo de implementao de adequaes
nos ambientes e nos mobilirios, quanto na dificuldade em identificar publicaes sobre o
assunto tratado ou que pudessem ser utilizadas como parmetros de comparao dos
resultados obtidos.
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esta dissertao est estruturada em 7 captulos, incluindo esta introduo. No captulo 2 so
feitas consideraes sobre a instituio bancria e suas modificaes, decorrentes do processo
de transformao do trabalho bancrio e o conseqente aumento dos casos de doena
ocupacional LER/DORT
No captulo 3 feita uma descrio geral sobre a empresa onde foram desenvolvidos os
trabalhos, os estudos do processo de trabalho e a anlise preliminar dos mobilirios existentes.
realizado um comparativo entre os postos de trabalho de caixa antigos, at 2000, e os novos
postos de trabalho de caixa.
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6
O captulo 4 apresenta o mtodo de abordagem, de carter participativo, dados da amostra
pesquisada e os tipos de questionrios utilizados na pesquisa.
No captulo 5 descreve-se os resultados obtidos a partir da aplicao dos questionrios e a
metodologia estatstica aplicada aos dados obtidos em resposta, antes e aps a interveno
ergonmica. No mesmo captulo ainda citada a consistncia dos dados obtidos como
resposta.
O captulo 6 trata da discusso dos resultados obtidos, sua relao com demais estudos
realizados no setor bancrio e no captulo 7 esto descritas as concluses finais.
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7
Captulo 2 O Trabalho Bancrio
Com uma viso sociolgica do trabalho, Antunes (2002), ressalta a perda de referncia do ser
social que trabalha, o qual ele denomina de classe-que-vive-do-trabalho. Deste ponto de
vista so considerados os trabalhadores dos nossos dias, no s os operrios industriais, mas
tambm os empregados de escritrio, de hotelaria, engenharia, artistas, etc. O campo de
atuao deste trabalhador dentro de um processo de globalizao, em uma difuso acelerada
das novas tecnologias, aliadas a presena da produtividade.
O autor ainda trata da metamorfose no mundo do trabalho, onde defende que as alteraes tais
como reduo do nmero de trabalhadores, no configuram uma tendncia que pode ser
generalizada e que caminha em uma s direo pois se trata de uma processualidade
contraditria e multiforme, permitindo dizer que nem o operariado desaparecer to
rapidamente e, o que fundamental, no possvel perspectivar nem mesmo em um universo
distante nenhuma possibilidade de eliminao da classe-que-vive-do-trabalho.
Para Antunes (2002), o trabalho atual segue um conjunto de tendncias que, em seus traos
bsicos seguem as mesmas direes na sociedade capitalista em quase todas as partes do
mundo: 1) H uma crescente reduo do trabalhador, fabril, estvel, que se desenvolveu na
vigncia do binmio taylorismo/fordismo e que vem diminuindo com a reestruturao,
flexibilizao e desconcentrao do espao fsico produtivo da fase do toyotismo; 2) Existe
um trabalho precarizado, so os terceirizados ou subcontratados, ou ainda outras formas
semelhantes deste trabalho que proliferam em todas as partes do mundo; 3) Existe neste
contexto um aumento significativo do trabalho feminino, que atinge mais de 40% da fora de
trabalho nos pases avanados e tem sido preferencialmente absorvido pelo sistema
econmico capitalista precarizado e desregulamentado; 4) H uma expanso dos assalariados
mdios e de servios, embora este setor j presencie tambm traos de desemprego
tecnolgico; 5) Quanto aos jovens e velhos, so os excludos do mercado de trabalho dos
pases centrais, os mais velhos com cerca de 40 anos ou mais, quando desempregados
dificilmente conseguem um novo trabalho.
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Para De Masi (1999), O operrio de hoje se esfora cada dia da sua vida, no mesmo
trabalho, e, o seu destino no trgico, seno nos raros momentos em que ele fica consciente
levando ao seu desenvolvimento como ser humano, existindo desta maneira a necessidade de
formas administrativas e organizacionais compatveis com este operrio de hoje, que
repensa o futuro do seu trabalho.
Segundo Chiavenato (2000), atualmente enfrenta-se em todas as organizaes, uma forte
turbulncia, proveniente da influncia da tecnologia da informao, acarretando mudanas e
incertezas no mundo do trabalho e conseqentemente ao indivduo na sociedade
contempornea. O bancrio dentro da organizao em que trabalha seja ela pblica ou
privada, sofre toda a influncia das incessantes mudanas decorrentes da economia
globalizada, onde as atividades e os negcios no conhecem fronteiras.
Para este autor, a nfase na era da informao est baseada na produtividade, qualidade e
competitividade em uma economia globalizada. A teoria da informao, acompanhada do
desenvolvimento tecnolgico valoriza o conhecimento, trocando o capital financeiro pelo
intelectual. Mas o conhecimento somente absorvido e criado por pessoas em suas atividades
humanas. Em praticamente todas as funes que exerce, o trabalhador alvo de cobrana: do
conhecimento, qualidade, criatividade, excelncia, habilidades mltiplas. O fato de ser o
propulsor da atividade econmica e do sucesso globalizado, vem afetando a sua sade e
qualidade de vida, necessitando de uma administrao com estratgias voltadas para o ser
humano integral, suas necessidades fsicas e subjetivas, para suportar a presso de todo o
processo de informao e tecnologia.
Reportando ao bancrio, os caixas, objeto desta dissertao, so afetados da mesma forma,
como toda a classe-que-vive-do-trabalho, com os benefcios e males do trabalhador da era da
informatizao.
Hoffmann (1997) refere que, nos anos 70, trabalhar em um banco era sinnimo de status, bons
salrios, estabilidade e prestgio social. Em poucos anos, a realidade bem diferente: no incio
dos anos 90, os bancos empregavam quase um milho de pessoas no pas, no sculo XXI se
emprega menos de quinhentos mil. O mesmo autor observa que a causa do encolhimento da
categoria se deve s fuses, automao e terceirizao de servios. Com base nos dados do
ano de 1996 fornecidos pelo CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - e
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do Sindicato de Bancrios de So Paulo, o maior do pas, Hoffmann acrescenta ainda as
seguintes informaes:
O Bamerindus, incorporado pelo HSBC, da Inglaterra, demitiu cinco mil
funcionrios. O Excel, que assumiu o Econmico, e o Unibanco, que ficou com o
Nacional, fecharam agncias em todo o Brasil. A situao no diferente no setor
pblico. O Meridional incentivou a demisso de mil de seus nove mil empregados; o
Banrisul cortou um mil e trezentos no final de 1995 e o Banco do Brasil mandou
embora quinhentos e trinta e oito trabalhadores em maro deste ano (Hoffmann,
1997, p.11).
Seligmann Silva (1986) tambm alerta para a reduo de empregos no setor tercirio,
especialmente nos bancos, cuja 'computadorizao' se faz celeremente, considerando que h
urgncia em encarar que isso determina mudanas no contedo do trabalho, bem como nas
carreiras, desaparecimento de determinado tipo de emprego e diminuio das oportunidades
globais de empregos (p. 128). A autora se baseou em dados do DIEESE (1980-1985) para
fazer essa afirmao.
Em 1996, os investimentos em automao bancria mantiveram-se prximos aos de 1995, o
que se explica no apenas pela reduo de custos na rea da informtica. H outros dois
fatores relevantes: a criao de parcerias entre empresas e bancos para efetuarem operaes de
pagamento com mais agilidade e segurana, e a consolidao do atendimento personalizado
(home-banking e office-banking), com o repasse do custo dos equipamentos para o cliente.
Um terceiro motivo a existncia de um processo de terceirizao das atividades na rea de
informtica, seguindo uma tendncia internacional (DIEESE, 1997a).
Ainda com relao diminuio dos empregos, Hoffmann (1997) coloca que com o fim da
inflao alta e a abertura do sistema financeiro ao capital estrangeiro, os financistas do pas
esto obrigados a ser mais eficientes. H necessidade de os bancos nacionais tornarem-se
mais enxutos.
Segnini (1994), ao falar das mudanas econmicas ocorridas no pas, afirma que aps a
implantao de polticas econmico-financeiras governamentais, com o Plano Cruzado, em
1986, as quais tinham por objetivo a estabilizao da economia e a reduo da inflao, os
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bancos foram obrigados a "se reestruturarem em termos operacionais de forma que lhes foi
possvel manter a capacidade de continuar lucrando, com ndices acima de qualquer outro
setor da economia brasileira" (p.40). Esta reestruturao compreendeu medidas como: a)
reduo dos custos operacionais, com o objetivo de racionalizar e otimizar o uso dos
equipamentos de informtica; b) fechamento de agncias e excluso do sistema financeiro das
pequenas contas correntes, considerando-as no rentveis; c) novas formas de organizao do
trabalho, as quais possibilitam demisses progressivas de funcionrios.
Segnini (1994) acrescenta que "os bancos privados demitiram seus funcionrios e os bancos
estatais desenvolveram planos de incentivo aposentadoria no processo de reduo do quadro
dos bancrios com vnculo empregatcio com o prprio banco" (p.41). Os funcionrios que
permanecem no emprego tm de buscar cada vez mais a qualificao profissional para dar
conta da poltica centrada na qualidade dos servios prestados pelo banco. Hoje, o funcionrio
precisa, alm do conhecimento especfico de sua funo, ser um generalista, ter familiaridade
com o computador, ser um negociador e ter potencial para dar conta das demandas do banco.
Em funo destas novas demandas, a autora refere que o nvel de escolaridade mnima
requerida para o ingresso no banco o segundo grau completo. Todavia, 20% dos
funcionrios so portadores do diploma de terceiro grau. Considerando somente aqueles que
ingressaram na instituio nos ltimos 10 anos, esse ndice se eleva para 25% (Segnini, 1994,
p.51).
Essa busca de qualificao ocorre no sentido de que se torna necessrio
"tambm possuir um conjunto de habilidades adquiridas fora do espao de trabalho e
reforadas neste que lhes possibilitam exercer sua funo de forma mais produtiva,
como, por exemplo, ter capacidade de trabalhar com diferentes produtos e servios do
banco ao mesmo tempo, de acordo com as solicitaes do segmento do mercado no
qual se insere" (Segnini, 1994, p.54).
A tecnologia incide na reestruturao dos bancos, pois com a informtica e seus benefcios,
pode-se dar um novo tipo de atendimento ao cliente, ou seja, via telefone, fax, home-banking
ou office-banking. O atendimento ao cliente tambm diferenciado entre clientes rentveis -
com mais capacidade de investimento; e clientes no rentveis - com menos capacidade de
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investimento. Aos primeiros dada ateno, pois adquirem uma quantidade maior de
produtos e servios bancrios. Aos clientes no rentveis resta o auto-atendimento. Com este
procedimento, os bancos afirmam estar reduzindo os custos, pois uma operao eletrnica
custa em torno de cinco vezes menos que o procedimento manual (DIEESE, 1997). Mas os
clientes que usufruem o auto-atendimento precisam ter uma capacitao tcnica acima da
mdia pois, sem ela, encontram dificuldades para utilizar os servios oferecidos pelo banco
(DIEESE, 1997).
O sistema financeiro brasileiro, alm das interferncias do processo de globalizao da
economia mundial, vem passando por alteraes estruturais nos ltimos anos, motivadas no
s pelo acirramento da concorrncia no setor, a nvel mundial/nacional, mas tambm pelo
processo de ajuste da economia brasileira (DIEESE, 1997a).
Na categoria bancria, as mudanas facilitadas pela informtica permitiram um controle mais
objetivo da mo de obra, excluindo as chefias intermedirias. Normas de controle mais
objetivas foram somadas com uma poltica de recursos humanos mais agressiva, no sentido de
motivar o funcionrio a assumir os objetivos da empresa. O DIEESE (1997a) acredita que "o
processo de ajuste dos bancos tem sido extremamente doloroso para a categoria. Demisso em
massa dos trabalhadores, intensificao do processo de trabalho, flexibilizao da jornada e
do salrio marcam novas mudanas" (DIEESE, 1997a, p.6).
Freidenson e Souza e Queiroz (1999) realizaram um estudo em um setor de processamento de
dados bancrios, visando identificar aos fatores de risco para as leses por esforos
repetitivos. Constataram que a maior parte das atividades realizada na posio sentada.
Reconhecem que o trabalho em p mais desgastante, com maior dispndio de energia que o
trabalho sentado. Porm, quanto o trabalho realizado sentado, mas sem alternncia de
postura ele se torna tambm desgastante, levando sria sobrecarga na coluna vertebral,
principalmente na sua poro lombar, expondo o disco vertebral a compresses que podem
levar agravos. Concluram ainda que essa manuteno de postura sentada, sem alternncia, em
cadeiras que promovem a compresso da regio popltea gera agravos sade do trabalhador,
como problemas circulatrios. A Nota Tcnica 060 do Ministrio do Trabalho e Emprego
(2001) ratificou a concluso dos autores.
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Quanto manuteno da postura sentada sem alternncia, os autores Freidenson e Souza e
Queiroz (1999) concluram que Esta uma situao to grave quanto o trabalho em p
desenvolvido em jornadas prolongadas.
Os problemas de tenso excessiva entre os trabalhadores, que contribuem para as posturas
tensas no trabalho, aumento da competitividade e desgaste emocional do trabalho, foram
abordados por Souza e Silva (1999). Os autores retratam as transformaes advindas com a
possibilidade de privatizao de instituies pblicas, aliados s mudanas que ocorrem no
setor bancrio visando a automao de tarefas antes realizadas pelo ser humano.
Freidenson e Souza e Queiroz (1999) citam que o melhor agente da sade do trabalhador o
prprio trabalhador. Evidenciaram a falta de capacitao como fator gerador de problemas de
sade, citando o exemplo da existncia de equipamentos ou acessrios, como apoio para ps,
que no eram utilizados por falta de informao ou treinamento, conforme explicitado pelos
empregados. Os autores concluram ainda que, a exemplo de outros estudos, trabalhar sob
tenso prejudicial na medida em que os movimentos realizados durante o trabalho ocorrem
com uma musculatura submetida a contraes, mantidas por longos perodos, podendo
acarretar agravos sade.
O trabalho de pesquisa realizado por Alves Filho e Arajo (2001) com funcionrios do Banco
do Brasil, tendo como cenrio o Programa de Desligamento Voluntrio (PDV), demonstrou
que a motivao geral dos funcionrios baixa, estando diretamente relacionada aos aspectos
organizacionais. Os resultados mais expressivos obtidos apresentam expectativas maiores em
relao justia do trabalho e sobrevivncia pessoal e familiar. Os autores consideram que as
pessoas no ambiente de trabalho no agem somente movidas por seus impulsos interiores,
necessidades no atendidas ou aplicaes de recompensas e punies. Em lugar disso, as
pessoas devem ser vistas como indivduos pensantes cujas crenas, percepes e perspectivas
influenciam fortemente seus comportamentos.
Silva e Msculo (2000) verificaram a incidncia de LER/DORT a partir das inovaes
tecnolgicas, a classificao das LER adotada pelo INSS e alguns fatores de risco, ligados
organizao do trabalho, ao ambiente de trabalho, psicossociais e externos (atividades que
exigem movimentos repetitivos, atividades estressantes fora do trabalho, falta de lazer, etc.).
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Os autores inovam ao sugerir como estratgia de interveno para preveno da LER, a
Yogaterapia.
Alves e Silva (2000) realizaram estudo sobre qualidade de vida no trabalho no setor bancrio,
visando diferenciar os setores pblico e privado, cujas constataes so de extrema
importncia, principalmente para os bancos pblicos, que o caso do Banrisul. Os autores
concluram que o banco pblico ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir os
nveis de qualidade de vida no trabalho que a percepo dos respondentes da pesquisa
indicaram. Em quase todos os fatores, dos quais ressaltamos a comunicao, a organizao do
trabalho e a participao, h indicadores sobre como os bancos deste segmento podem atuar.
Estudos realizados por Dugdill (2000) envolvendo empregados de um grande banco britnico
enfocaram o relacionamento entre os fatores psicossociais e o estilo de vida dos avaliados. O
autor concluiu que todos os fatores psicossociais pesquisados, tais como, envolvimento com o
projeto de trabalho, habilidade para tomar decises e controle sobre o trabalho, foram
considerados positivos sade no trabalho, e mais relevantes que os levantamentos
individuais do estilo de vida. Dugdill (2000) sugere uma aproximao mais holstica para o
desenvolvimento do ambiente de trabalho, envolvendo profissionais da sade nos projetos,
conjuntamente com representantes da fora de trabalho.
O impacto nas organizaes causado pela tecnologia da informao nos bancos e setores de
seguros na Nigria foi positivo, abrindo novas perspectivas e nichos de mercado pouco
explorados at o momento. Em funo da tecnologia, houveram alteraes na forma de
realizao das tarefas, que passou a ser feita de forma mais imediata, em menor tempo e com
menos erros; a disponibilidade de relatrios eletrnicos auxiliam nas decises tomadas; houve
reduo no volume de papis manuseados, etc. (Ugwu et al., 2000).
2.1 AS INOVAES TECNOLGICAS DO TRABALHO BANCRIO E
CONSEQUENTE INTENSIFICAO DOS CASOS DE LER/DORT
A expanso industrial trouxe oportunidades mltiplas ao ser humano. Criaram-se novos
empregos, aperfeioaram-se tcnicas antigas, surgiu a figura do super especialista. Todo
este progresso trouxe, obviamente, uma melhoria na qualidade geral de vida dos indivduos,
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atravs de uma produo acelerada de bens de consumo e prestao de servios. Os
indivduos passaram a trabalhar num ritmo mais veloz, e a executar tarefas cada vez mais
especficas. Um dos exemplos mais marcantes a secretria, que h alguns anos atrs tomava
conta dos servios de telefone, datilografia, cadastro e recepo; atualmente existe uma
telefonista, uma datilgrafa e uma recepcionista para as mesmas funes. A automao das
funes dirias trouxe uma quantidade significativa de problemas. Um dos mais importantes
so as leses por esforos repetitivos LER (Lech e Hoefel, 1995).
Como referido antes, o trabalho bancrio tem sofrido, nas ltimas dcadas, profundas
modificaes tecnolgicas e de relaes de trabalho que tm impactado significativamente o
desenvolvimento da atividade. A introduo da automao em larga escala e novas formas de
gesto empresarial tm sido parte de um crescente e continuado esforo pela racionalizao e
padronizao das tarefas, com a finalidade de aumento de produtividade e diminuio relativa
do nmero de empregos. A conseqncia tem sido uma mudana no perfil da categoria
bancria (Campello e Silva Neto, 1992; Censo Bancrio, 1997).
Apesar do aumento da demanda por servios bancrios, no houve um incremento
proporcional dos empregos oferecidos no setor, ao mesmo tempo em que o trabalho bancrio
tornando-se mais desqualificado e desvalorizado, aumentando o fantasma do desemprego e a
depreciao do salrio (Campello e Silva Neto, 1992). O Censo Bancrio (1997) ratifica as
informaes de Campello e complementa a operao de mquinas sofisticadas, ao mesmo
tempo em que simplifica e padroniza as tarefas, promove tambm um aumento do esforo
fsico e mental para exercer uma atividade repetitiva em ritmo acelerado.
2.2 A SADE BANCRIA: FATORES RELACIONADOS OCORRNCIA DE
LER/DORT
Segundo Maciel (1995), os principais fatores de risco relacionados ao aparecimento das
LER/DORT so as posturas; o tipo de movimento e foras aplicadas durante a atividade; o
contedo da atividade, envolvendo a seqncia das aes e os dispositivos utilizados; fatores
psicolgicos relacionados s presses que o trabalhador sofre no desempenho do trabalho, tais
como o ritmo imposto e a taxa de produo esperada, e algumas caractersticas individuais.
Uma vez que essas leses so uma conseqncia de vrios fatores do trabalho atuando
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conjuntamente, que dizem respeito principalmente s posturas e movimentos e sua freqncia,
a ergonomia tem sido utilizada mais diretamente na sua preveno.
Segundo Couto et al. (1998), os Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
DORT so transtornos funcionais, transtornos mecnicos e leses de msculos e /ou tendes
e/ou fscias e/ou nervos e/ou bolsas articulares e pontas sseas nos membros superiores
ocasionados pela utilizao biomecanicamente incorreta dos membros superiores, que
resultam em dor, fadiga, queda da performance no trabalho, incapacidade temporria e,
conforme o caso, podem evoluir para uma sndrome dolorosa crnica, nesta fase, agravadas
por todos os fatores psquicos (inerentes ao trabalho ou no) capazes de reduzir o limiar de
sensibilidade dolorosa do indivduo.
Segundo Browne et al. (1984) leses por esforos repetitivos so doenas msculo-tendinosas
dos membros superiores, ombros e pescoo, causadas pela sobrecarga de um grupo muscular
particular, devido o uso repetitivo ou pela manuteno de posturas contrrias, que resultam
em dor, fadiga e declnio no desempenho profissional. Se a mecanizao do trabalho por um
lado minimizou a sobrecarga fsica total, por outro coloca os bancrios em situaes de
trabalho montonas e repetitivas, para as quais h uma exigncia de concentrao de carga na
musculatura das mos e braos, gerando o esforo repetitivo. Manipulando teclados rgidos,
ilhas numricas, conferindo e carimbando documentos, preparando lotes de cheques para
compensao, os trabalhadores exigem dos grupamentos musculares tendinosos um
sobresforo.
De acordo com a Norma Tcnica Sobre LER do INSS, de 1993, LER a terminologia que
descreve as afeces (doenas) que podem atingir tendes, sinvias, msculos, fscias ou
ligamentos de forma isolada ou associada; com ou sem degenerao dos tecidos afetando
principalmente, mas no apenas, os membros superiores, regio escapular e pescoo. De
origem ocupacional decorre, de forma combinada ou no, dos seguintes fatores: uso repetitivo
de grupos musculares; uso forado de grupos musculares; manuteno de postura inadequada.
A partir da recente reviso da Norma Tcnica de 1993, feita pelo INSS atravs do Decreto
2.172, de 05 de maro de 1997, a expresso LER foi substituda por DORT (Distrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), mas a terminologia LER continua sendo aceita
devido a sua difuso. De acordo com a Ordem de Servio 606, que disciplina a nova Norma
Tcnica, o conceito de LER/DORT o seguinte:... as leses causadas por esforos
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repetitivos so patologias, manifestaes ou sndromes patolgicas que se instalam
insidiosamente em determinados segmentos do corpo, em conseqncia do trabalho realizado
de forma inadequada...
A LER manifesta-se fisiologicamente lesionando e incapacitando pessoas cuja atividade
envolva algum nvel de fora e repetitividade de movimentos. Para identificar as causas das
LER/DORT, necessrio considerar-se vrios fatores dos ambientes de trabalho que podem
causar o aparecimento das leses. Fatores psicossociais, incluindo-se o stress nas situaes de
trabalho e clima organizacional (tarefas repetitivas, excesso de atividades e equipamentos
ergonomicamente inadequados) devem ser abordados igualmente. Entender a gnese da LER
possibilita desenvolver aes efetivas na recuperao e preveno. Existe uma concordncia
geral em torno da multicausalidade da LER (Confederao Nacional dos Bancrios Central
nica dos Trabalhadores, 1998).
Lima (1997) enumera fatores biomecnicos, fisiolgicos, psicolgicos, hbitos e atividades da
vida extra trabalho, organizao do trabalho e condies fsicas e ambientais e tece sua crtica:
...diante desta listagem (que ainda no exaustiva), fcil desgarrar-se quando se adota uma
abordagem ecltica, em que cada fator aparece igualmente determinante do processo, ou
quando se assume uma postura empiricista, deixando que cada situao decida qual fator
preponderante.... O autor enfatiza a preponderncia ou o carter determinante dos fatores
mediatos e materiais, associados organizao do trabalho, sobre aqueles imediatos,
associados ao ambiente fsico e fisiologia dos trabalhadores (Lima, 1997).
Alguns grupos de pessoas so mais suscetveis ao desenvolvimento de leses por traumas
cumulativos. Couto (1991) afirma que as mulheres so duas vezes mais propensas que os
homens a sofrerem leses. Segundo o autor, uma das razes que os msculos, tendes e
ligamentos das mulheres possuem menor resistncia que os dos homens. A dupla jornada de
trabalho da mulher e os fatores hormonais tambm contribuem para o aparecimento das
LER/DORT, pois ela est exposta a esforos musculares no tempo que transcende a jornada
de trabalho na empresa (Couto, 1991).
Lima (1997) considera o perfil psicolgico como fator predisponente das LER/DORT sendo
mais propensas as pessoas tensas, que assumem responsabilidades acima de seus limites,
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excessivamente responsveis, e por isso mesmo, incapazes de conseguir um relaxamento
adequado.
Couto et al. (1998) afirma que qualquer pessoa pode desenvolver alteraes psicolgicas
importantes quando submetida tenso excessiva, qual traz dor como conseqncia.
Os fatores de tenso e cansao decorrentes do modelo de organizao do trabalho bancrio
principalmente dos bancrios que trabalham em agncias so bem detalhados por Seligman
Silva (1986;1994) e por Ferreira (1993) a partir de pesquisa do DIESAT (1985). Entre eles: a
questo do tempo de jornada insuficiente para cumprir as tarefas prescritas, com conseqente
prolongamento do tempo de trabalho; acmulo de funes e insuficincia de empregados;
pausas pequenas ou inexistentes em conseqncia do intensivo ritmo de trabalho; presso e
controle exercidos pelas chefias, mquinas, autenticaes, avaliao de desempenho; presso
para cumprimento de prazos e horrios em muitas tarefas; presso das filas, dos clientes e
necessidade de manter cordialidade permanente; grande responsabilidade em relao ao
dinheiro de terceiros; possibilidade de ser vtima de fraudes; medo de assalto; limitaes das
perspectivas de carreira e temor pelo desemprego, principalmente nos bancos privados.
2.3 O SOFRIMENTO PSQUICO DO TRABALHO BANCRIO
Seligmann Silva (1994) refere que a separao entre a concepo de trabalho e sua execuo
foi aprofundada com o passar dos anos. Essa fragmentao crescente do trabalho favoreceu,
entre outros fatores, o aumento do controle exercido sobre o desempenho do trabalhador. Com
o surgimento da mquina substituindo o homem, originou-se uma populao excedente e,
como conseqncia, um acmulo de trabalho para os que se mantiveram no emprego. Os
trabalhadores, alm de ficarem desempregados, sofreram um esvaziamento de suas
experincias profissionais.
Basaglia (1982) refere que por muitos anos os partidos polticos e os sindicatos lutaram para
aumentar o salrio do trabalhador, porm no levaram devidamente em considerao a
modificao das condies de trabalho. Isso significa dizer que a pessoa adoece devido s
precrias condies de trabalho. Para o autor, vivemos numa sociedade que se parece com
um manicmio e somente a ao de forma conjunta e efetiva poder trazer melhoria nas
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condies de trabalho do trabalhador. O que ocorre que muitas vezes o que o trabalhador
recebe como salrio no garante a manuteno de sua dignidade como homem.
Ronchi (1976) enfatiza que a sociedade est em constante desenvolvimento e que a cada nova
gerao h uma reelaborao dos costumes, sentimentos e hbitos, o que se d atravs do
contato social. Essa transformao ocorre por meio dos indivduos que compem a sociedade
atravs do seu cotidiano, da sua personalidade e do seu trabalho. Esses indivduos, os quais
seguem normas para se manter no grupo, possuem problemas emocionais e angstias que
refletem a no resoluo dessa forma de estruturao capitalista da sociedade.
Dejours (1992) observa que se deve estudar "o que acontece com a vida psquica do
trabalhador desprovido de sua atividade intelectual pela organizao cientfica do trabalho"
(p.43). Entende que quando h uma relao desarmoniosa entre a organizao racional do
trabalho e a estrutura da personalidade pode ocorrer insatisfao, ou seja, sofrimento mental.
Bates e Bloch (1997) em artigo sobre o impacto do fim do emprego constataram que as
empresas, de modo geral, no preparam seus empregados para melhorar as relaes e sim se
preocupam com as questes tcnicas. Acrescentam que " baixo o nvel de treinamento e
orientao para lidar com a tenso e as presses que acompanham as transformaes do
mercado. Na verdade, h apoio para os aspectos 'racionais' das mudanas, mas no para os
emocionais" (p.52).
Segundo Silva (1991) o processo de tenso permanente torna o profissional suscetvel a uma
srie de doenas. H reclamaes generalizadas de estresse, nervosismo, ansiedade, gastrite,
etc. A tenso e a dor de cabea parecem constituir-se num problema crnico (...) Essa
situao, decorrente da tenso que se torna cada vez maior com a intensificao do trabalho,
bastante comum, e a gravidade dos problemas tem aumentado (Silva, 1991).
Frana (1997) enfatiza que as empresas tm modelos de trabalho desumanos, ou seja, modelos
que diariamente restringem as reais capacidades intelectuais e emotivas do trabalhador que
sofre negaes e sanes sistemticas no trabalho em nome da produtividade. Acrescenta que
" raro encontrar-se, nas prticas gerenciais e administrativas, metas que envolvam melhorias
efetivas das condies do trabalho, padres de preveno da sade fsica e mental e
tecnologias que privilegiem a adaptao do trabalho ao homem" (p.81).
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Dejours e Abdoucheli e Jayet (1994) acredita que quando h uma carga psquica aumentada
no ambiente de trabalho a mesma poder causar transtornos fsicos os quais so entendidos
como psicossomticos. O autor explicita este aspecto afirmando que "o medo, a angstia no
trabalho, mas tambm a frustrao e a agressividade, podem aumentar as cargas
cardiovasculares, musculares, digestivas, etc. (Dejours e Abdoucheli e Jayet, 1994, p. 29).
O aumento do nmero de assaltos a agncias bancrias vem incorporando-se como um
importante componente do cotidiano de trabalho nos bancos, principalmente nas grandes
cidades do pas. O investimento em itens de segurana tem aumentado sensivelmente em
contraposio s ocorrncias de assaltos. O estudo de Fukui (1992) mostra que um dos
subprodutos deste componente do trabalho bancrio provoca sobre os indivduos medo,
trauma e neurose. Reportando-se aos resultados de pesquisa realizada na Frana, a autora
chama a ateno para o fato de que a ocorrncia de assalto em um banco produz:
(...) uma seqncia de distrbios. O mais caracterstico o choque emocional:
atinge 25% dos funcionrios assaltados com crise de choro, mal estar, agitao fsica,
desmaios, alguns deles precisando de interveno mdica. No dia seguinte ao assalto,
75% dos empregados apresentam perturbaes de sono. Na primeira semana aps o
assalto, 25% dos funcionrios temem profundamente que o assalto se repita. Mais de
60% dos empregados, sob o impacto de qualquer rudo estranho, continuam a reviver
o assalto. (...) Para quase todos a neurose traumtica, semelhante neurose de
guerra, surge em pelo menos 6% das pessoas que presenciaram o assalto. Os caixas
so os mais atingidos por esses distrbios (...) seis meses depois, cerca de 30% dos
funcionrios ainda manifestam o temor da revivncia do assalto (Fukui, 1992).
2.4 O TRABALHO DE CAIXA
As atividades dos caixas executivos podem ser assim resumidas: verifica o preenchimento de
cheques, confere assinatura; recebe informaes dos clientes via terminal, verifica seu saldo,
realiza os lanamentos no prprio terminal; digita vrios dados alm do prprio valor da
operao, como o cdigo da operao e outros solicitados no terminal financeiro; no
fechamento do caixa, a soma das operaes da mquina deve conferir com a soma do dinheiro
e cheques em posse do caixa; os documentos comprobatrios das operaes devem ser
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conferidos e juntados; o caixa fica mais fixo ao terminal, pois este lhe fornece todos os dados
necessrios, exceto em relao conferncia de assinaturas (Campello e Silva Neto, 1992).
A automao das atividades de caixa produziu mudanas significativas na organizao e no
contedo da tarefa. De um lado, diminuiu a carga fsica e a possibilidade de erro; de outro,
acentuou a simplificao do fluxo e do contedo da tarefa, interferindo no ritmo, na
produtividade, interao com o cliente e no significado do trabalho. Tal processo tem sido
implementado nos marcos das concepes tradicionais e tecnocrticas, reforando o
determinismo tecnolgico (Jordo e Miguez, 1989).
Os autores Zamberlan e Salerno (1979) investigaram a organizao do trabalho em bancos em
estudo exploratrio. Eles apontam duas caractersticas no controle da qualidade da tarefa e da
performance do bancrio. A redundncia como maneira de aumentar a confiabilidade do
sistema e a natureza seqencial como maneira de submeter o bancrio a uma presso exercida
pelos seus prprios colegas (chamada pelos autores de presso lateral), devido estruturao
do trabalho (pg. 79).
O controle sobre a atividade do bancrio exercido tambm atravs do dimensionamento das
agncias. definido a partir do movimento de clientes e do tempo necessrio para
desenvolvimento de cada uma das tarefas previamente estabelecidas. Zamberlan e Salerno
(1979) mostram que este processo tem, basicamente, dois objetivos: reduzir a ociosidade de
pessoal e controlar a produtividade do bancrio via presso dos clientes. Assim, o
dimensionamento de pessoal, o ritmo de trabalho do bancrio e a presso da clientela so
elementos que expressam uma lgica articulada e racional de controle da atividade do
bancrio e indicam exigncias importantes para o trabalho. Esse estilo de controle coloca a
necessidade de uma superviso direta num plano secundrio. A presso da fila e o volume de
trabalho tornam a relao com o cliente muito difcil, principalmente em dias de pique.
Apesar de todos os bancos terem adotado o sistema de fila nica, a grande quantidade de
pessoas na fila e o nmero reduzido de caixas existentes no sistema bancrio atual, inclusive
no novo modelo de agncia adotado pelo Banrisul, a presso das filas e a sobrecarga de
trabalho so evidenciadas. A dependncia do cliente e do colega para a realizao das tarefas,
a diviso do trabalho efetuada, o ritmo exigido, a estrutura de cargos (muitos cargos de
confiana), passam a valer como um sistema de superviso, exercendo uma presso sobre os
bancrios para que as tarefas sejam cumpridas (Zamberlan e Salerno, 1979 pg.77).
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A atividade bancria do caixa marcada pela tenso devido possibilidade de erro e das
responsabilidades que dele dela derivam. Pode produzir trabalho psicolgico ps-jornada,
conforme citado por Ferreira (1989), ou seja, os contedos psicolgicos surgidos no trabalho
invadem a vida psquica do indivduo fora do trabalho e, no raro, o prprio sono e sonhos. O
bancrio, mesmo fora da situao de trabalho, longe da tarefa, continuar atuando
psicologicamente e resolvendo dificuldades surgidas no trabalho.
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Captulo 3 Estudo de caso apresentao da situao pr e ps-implantao do novo modelo de agncia Banrisul
3.1 - BREVE DESCRIO DA EMPRESA
O Banco do Estado do Rio Grande do Sul S. A. - Banrisul foi fundado em 12 de setembro de
1928, quando os pecuaristas atravessavam uma crise de grandes propores, aps um perodo
promissor. Endividados, os criadores de gado reivindicaram incentivos especiais do governo
estadual a fim de ultrapassar as dificuldades e impulsionar o desenvolvimento do setor. Na
condio de banco oficial, passou a arrecadar toda a tributao estadual, at ento recebida
pelo Banco Pelotense, posteriormente incorporado. Em anos posteriores, outras instituies
foram incorporadas pelo Banrisul: Banco Real do Pernambuco (1969), Banco Sul do Brasil
(1970), Banco de Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul Badesul, Distribuidora
de Ttulos e Valores Mobilirios do Estado do Rio Grande do Sul Divergs (1992), Caixa
Econmica Estadual (1998), Banrisul Processamento de Dados BPD (2000).
Desde maro de 1990, o Banrisul atua como banco mltiplo, operando com as Carteiras
Comercial, de Crdito Imobilirio e de Financiamento e Investimento. O Governo do Estado
mantm o controle acionrio do Banrisul que o maior banco do Rio Grande do Sul. Sua rede
atende mais de 76% dos municpios. Os servios, no entanto, estendem-se at outras
localidades do pas.
O Banrisul presta servios financeiros em 353 Agncias e 301 Postos de Atendimento
Bancrio - PAB, e mais 103 pontos externos de atendimento (dados dezembro/2001)
totalizando 767 pontos de atendimento. Concentra suas atividades no Estado do Rio Grande
do Sul e tem agncias nas principais capitais do Brasil.
3.1.1 - Nmero de Empregados
Conforme dados fornecidos em dezembro de 2001 pelo Departamento de Recursos Humanos
do Banrisul, o banco conta com 8.031 empregados, distribudos conforme tabela 1 . Alm dos
empregados, o Banrisul conta com servios terceirizados de vigilncia, limpeza, mo de obra
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(carga/descarga), ascensorista, telefonista e contnuo, totalizando 1.735 contratados. O
Banrisul propicia o aprimoramento de estudos aos nveis de segundo grau e universitrio
atravs de estgio, com permanncia na empresa por at 2 anos. Em dezembro de 2001 o
banco mantinha 2.456 estudantes cumprindo estgios com remunerao.
LOTAO
(LOCAL DE TRABALHO)
NMERO DE
EMPREGADOS
Direo Geral 1.988
Agncia Central 291
Agncias no Estado 5.413
Agncias Fora do Estado 337
Exterior 2
TOTAL 8.031
Tabela 1 Nmero de Empregados do Banrisul (Dados de 31/12/2001)
(Fonte: Departamento de Recursos Humanos do Banrisul)
3.1.2 Empregados que exercem a funo de caixa Durante o desenvolvimento da pesquisa, mais precisamente no ms de dezembro de 2000, o
nmero de empregados do sexo feminino na atividade de caixa era predominante,
representando 52,77%, 2.068 de um total de 3.919 caixas. O percentual de caixas do sexo
masculino representava na ocasio 47,23%, equivalente a 1.851 caixas.
Os dados levantados no ms de dezembro de 2001 indicam que houve uma mudana
significativa na representatividade dos caixas, sendo que os empregados do sexo feminino na
funo compem 47,90%, 1.336 de um total de 2.789 caixas. Os empregados caixas do sexo
masculino representam 52,10%, 1.453 pessoas. Verificou-se que houve uma inverso na
representatividade na funo em relao ao sexo. Houve uma diminuio do nmero de
postos de trabalho caixa no mesmo perodo, de 28,83%, equivalente a 1.130 pessoas.
Os demais dados da amostra pesquisada esto indicados no Anexo 2.
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3.1.3 - Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho SESMT
O Banrisul conta com uma equipe de profissionais especializados em Engenharia de
Segurana e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a sade e proteger a
integridade fsica do trabalhador no local de trabalho. O SESMT do Banrisul foi institudo em
13 de agosto de 1985 de forma centralizada, com abrangncia estadual. Atualmente este
servio est constitudo pelos seguintes profissionais: 3 mdicos do trabalho, 1 enfermeira do
trabalho, 1 auxiliar de enfermagem do trabalho, 1 engenheiro de segurana do trabalho e 3
tcnicos de segurana do trabalho.
3.2 - APRESENTAO DO CASO SITUAO INICIAL DO TRABALHO
Em levantamento de dados realizado pelo Servio Especializado em Engenharia de Segurana
e em Medicina do Trabalho do Banrisul, foi verificado um aumento do nmero de registros de
Comunicaes de Acidente de Trabalho CAT por doena ocupacional LER/DORT. Este
aumento pode ser verificado a partir da tabela 2.
Ano
Total de
CAT por
LER/DORT
Total de dias de
afastamento para
tratamento
Total de emp.
caixas
(mdia anual)
Total geral de
empregados
(mdia anual)
1998 109 1.115 4009 8298
1999 116 1.189 4036 7874
2000 192 1.659 3916 8064
2001 172 1.583 3070 8155
Tabela 2 Comunicaes de Acidente do Trabalho CAT por LER/DORT (Fonte: Relatrio de Acidentados SESMT Banrisul)
Alm da alta incidncia de LER/DORT em empregados, principalmente nos que exercem
atividade de caixa de banco, o tempo de afastamento do trabalho necessrio para recuperao
das leses e retorno s atividades muito prolongado (fonte: Relatrio de Acidentados
SESMT Banrisul). O total de dias de afastamento constante na tabela 2 inclui apenas o
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perodo custeado pela empresa, at 16 dias, desconsiderando o perodo de tratamento sob
responsabilidade do INSS (auxlio acidente).
Produtos e postos de trabalho inadequados podem provocar leses musculares, dores e fadiga.
Na maioria dos casos, os problemas podem ser evitados com a melhoria dos postos de
trabalho e dos equipamentos utilizados nestes postos. Algumas peas do posto de trabalho,
tais como mesa, cadeiras etc., podem ser projetadas com dispositivo de ajuste, regulagem, de
forma a acomodar os diferentes tipos fsicos. Em alguns casos, no entanto, no so possveis
e/ou aconselhveis ajustes, devendo-se projetar para as medidas dos usurios extremos. Uma
porta, por exemplo, deve ser dimensionada para as pessoas maiores.
A postura sentada utilizada no mdulo de caixa baixo (conforme descrito no subitem 3.7.3 e
identificado na figura 5), dimensionado a partir de recomendaes da Norma
Regulamentadora 17 Ergonomia (NR 17) da Portaria 3.214 de 8 de junho de 1978, tem
vrias vantagens em comparao com a postura de p, pois o corpo tem melhor suporte em
funo da variedade de apoios disponvel: cho, assento, apoio das costas, superfcie de
trabalho. Desta forma, a postura sentada menos fatigante que a de p. No entanto, a postura
de p favorece as atividades que exijam que o operador exera fora ou que se movimente
com freqncia. Embora a posio sentada seja mais confortvel, no recomendvel
permanecer sentado por um tempo muito longo para evitar os problemas que advm do
trabalho esttico. Alm disso, diversas atividades desempenhadas na posio sentada
requerem que a pessoa mantenha as mos sob viso, exigindo que a pessoa curve a cabea e o
tronco, podendo gerar dores. Ao inclinar o tronco para frente, a pessoa no usa o encosto das
costas, o que pode gerar problemas naquela regio, agravados ainda por flexes de ombro
maiores que 90. Dentro da tica de que mudanas de postura so necessrias, alternar a
postura em p e sentado possvel, se o posto de trabalho for remodelado.
O posto foi reavaliado prevendo a possibilidade de alternncia de movimentos, em
p/sentado. O projeto de redimensionamento do posto de caixa foi feito pela rea de
engenharia do Banrisul, Departamento de Patrimnio. A Nota Tcnica 060 do Ministrio do
Trabalho e Emprego (2001) ratifica a opo adotada pelo Banrisul, de alternncia de postura
na concepo e remodelao de postos de trabalho, no caso especfico do presente estudo, dos
mdulos de caixa do banco.
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Concluindo, nenhuma postura ou movimento deve ser mantido por longo perodo. Posturas
prolongadas e movimentos repetitivos so fatigantes e, em longo prazo, podem levar a leses
nos msculos e articulaes. Este problema pode ser prevenido com a alternao de tarefas.
Se a tarefa no puder ser enriquecida, necessrio alternar as posturas assumidas na execuo
do trabalho. Se o trabalho efetuado de p, parado, importante alternar com a posio
sentada e vice-versa. O estresse contnuo em certos msculos como resultado de manuteno
prolongada de postura ou movimentos repetitivos leva fadiga muscular. Como esta fadiga
desconfortvel e reduz o desempenho muscular, a postura ou o movimento no pode ser
mantido continuamente. Quo maior o esforo muscular, menor o tempo de manuteno
do trabalho.
Segundo Iida (1990), em postos de trabalho com computador as pessoas permanecem com o
"corpo quase esttico durante horas, com a ateno fixa na tela do monitor e as mos sobre o
teclado, realizando operaes de digitao, altamente repetitivas. Portanto, as condies de
trabalho no terminal de computador, em comparao com o trabalho tradicional de escritrio,
so mais severas e as inadaptaes ergonmicas do posto de trabalho provocam
conseqncias bastante incmodas. Elas se concentram na fadiga visual, nas dores musculares
do pescoo e ombros, e dores nos tendes dos dedos. Estas ltimas, em casos mais graves,
transformando-se em uma doena ocupacional chamada de tenossinovite, que pode
incapacitar definitivamente o trabalhador para a tarefa de digitao".
Quanto ao aspecto ergonmico, verificou-se, ainda, a utilizao de equipamentos muito
grandes, como teclados e monitores, dificultando a distribuio dos mesmos sobre a superfcie
de trabalho. As gavetas, apesar de leves devido o uso de corredias, obrigam o operador a
afastar-se do mvel para poder abri-las, o que poderia ser melhorado com o uso de gavetas de
abrir (tampa) ou do tipo cobrador de nibus. A concepo do mvel obriga o usurio a dispor
o monitor de forma lateralizada, determinando uma postura nica (sem ajuste).
A partir destas constataes e justificativas, optou-se por investigar a situao de trabalho
com o objetivo de propor medidas corretivas, e, a partir das modificaes implementadas,
estudar sua repercusso no apenas na sade, mas tambm na motivao e satisfao dos
trabalhadores que exercem a funo de caixa.
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3.3 SITUAO DAS CONDIES DE TRABALHO AT 2000
3.3.1 Fatores ambientais
Os nveis de rudo, temperatura e iluminao foram analisados inicialmente de forma
qualitativa e verificou-se uma falta de cuidado geral quanto a estes fatores, bem como s
condies de higiene, leiaute, espao fsico, ventilao e/ou condicionamento de ar. Os
ambientes e imveis, de uma forma geral, so mantidos em condies mnimas, at necessitar
de manuteno corretiva, tendo em vista registros de necessidades de adequaes constantes
nos Programas de Preveno de Riscos Ambientais PPRA (NR 9 da Portaria 3.214/78) das
agncias avaliadas.
Posteriormente, foram realizadas avaliaes quantitativas, medies dos nveis de iluminao,
rudo, temperatura, velocidade do ar e umidade, seguindo recomendaes especificadas nas
Normas Regulamentadoras NR aprovadas pela Portaria 3.214/78 e Normas da Associao
Brasileira de Normas Tcnicas ABNT, especificamente, NR 15 Atividades e Operaes
Insalubres, anexo 1, limite de tolerncia para rudo contnuo ou intermitente e anexo 3, limites
de tolerncia a calor; NR 17, item 17.5.2, alneas a at d; NBR 10152 e NBR 5413 (normas
brasileiras registradas no Inmetro).
Quanto iluminao, os nveis medidos, em geral, esto dentro dos parmetros estabelecidos
por norma, acima dos nveis mnimos recomendados, em todas as agncias avaliadas. O nvel
de iluminamento mnimo estabelecido pela NBR 5413 para estabelecimentos bancrios de
500 lux. Alguns nveis medidos em pontos isolados nas agncias no atingiram o nvel
mnimo, estando um pouco abaixo do recomendado. Por norma, ponto algum fora do campo
de trabalho pode ter valor medido inferior a 70% ou exceder a 30% da iluminao mdia
especificada para a atividade. Para aferir os nveis de iluminamento foi utilizado um luxmetro
digital, marca Gossen (procedncia alem), modelo Mavolux, com escalas de 0 a 200.000 lux.
Quanto ao rudo, os dados obtidos esto abaixo dos limites de tolerncia permitidos por norma
para fins de percepo de adicional de insalubridade, NR 15, anexo 1, que de 85 dB(A) para
um tempo de exposio de oito horas dirias, caracterizando uma condio salubre. No
entanto, nos locais de trabalho onde as atividades exijam solicitao intelectual e ateno
constantes, que o caso da atividade bancria, estabelecido por norma, NR 17 Ergonomia,
que os nveis de rudo sejam mantidos conforme a NBR 10152, que estabelece os parmetros
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a serem observados para fins de conforto, ou seja, nveis de rudo menores que 65 dB(A). Os
nveis medidos durante a jornada de trabalho esto, geralmente, acima do estabelecido,
aproximadamente 68 dB(A); o maior nvel medido foi de 77 dB(A). Foram utilizados os
equipamentos decibelmetro analgico e calibrador, modelos ETB 130 e ETB 135,
respectivamente, ambos da marca Entelbra, para realizar as medies de nveis de presso
sonora. Como os valores medidos esto geralmente acima dos limites estabelecidos para
conforto, 65 dB (A), recomendvel que sejam feitas avaliaes dos nveis de presso sonora
com a utilizao de dosmetros, que fornecem informaes mais precisas sobre a dose diria
de exposio.
Para fins de conforto, alm dos nveis de rudo, so estabelecidas outras condies: ndice de
temperatura efetiva entre 20 e 23C; velocidade do ar no superior a 0,75 m/s; umidade do ar no inferior a 40%. Dentre estas condies, salientamos que todos os ambientes avaliados
possuem sistemas de condicionamento de ar, favorecendo a manuteno de temperaturas
adequadas no ambiente de trabalho. Observou-se, porm que a temperatura no distribuda
de forma uniforme nas agncias, o que foi confirmado pelos empregados de cada local
vistoriado. Quanto aos ndices de umidade e velocidade do ar, em todas as avaliaes feitas
em estabelecimentos do Banrisul, inclusive nas demais agncias (que no so objeto desta
pesquisa), no se verificaram valores divergentes dos estabelecidos. Utilizou-se para
avaliao dos nveis de temperatura um termo-higrmetro digital marca Minipa. Para medir a
velocidade do ar utilizamos um anemmetro de propriedade do banco.
3.3.2 Mobilirio e equipamentos
O mobilirio utilizado at o ano de 2000 era praticamente o mesmo de 20 anos atrs,
conforme se observa nas figuras 7 e 8. O bir, mvel mais utilizado no banco, era dotado de
quinas vivas, bordas no arredondadas, revestimento do tampo em frmica e de demais peas
em louro freij e altura entre 75 e 76 cm. As mesas de microcomputador possuam tampo
nico, com revestimento melamnico (frmica) liso na cor branco brilhante (depois mudado
para texturizado) e ps em ao. Posteriormente foram adquiridas mesas de micro dotadas de
regulagem de altura para o teclado e, mais recentemente, com superfcie ajustvel em altura
para o teclado (que comporta tambm o mouse).
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Os mveis de caixa utilizados at o ano de 2000 esto descritos no subttulo 4.7, como
mdulo de caixa antigo alto e antigo alto adaptado (para receber equipamentos de
automao). Estes mveis, tambm concebidos h mais de 20 anos, seguem a linha dos birs
antigos, mesmos acabamentos e quinas vivas.
Os equipamentos utilizados nas agncias foram evoluindo gradualmente, da mquina de
clculo manual (Facit), mquina autenticadora e mquina de escrever manual para calculadora
eletnica e mquina de escrever eltrica. Posteriormente, evoluiu-se para o uso de terminais
financeiros e terminais de computador (ligados a um servidor, como Edxt, Solution, Ibm, etc.)
e atualmente microcomputadores interligados em rede e dotados de sistemas operacionais
diversos.
3.3.3 Ginstica Laboral GL
A partir de setembro de 1999, o banco passou a implantar programa de GL nas agncias do
Banrisul. O projeto inicial envolveu todas as agncias da cidade de Porto Alegre e mais 8
agncias no interior do estado (sedes das superintendncias regionais do Banco).
O programa de GL foi criado a partir de recomendaes da Comisso Paritria de Sade
(composta por 7 empregados do banco e 7 representantes dos empregados, eleitos dentre os
Sindicatos de Bancrios das diversas regies do Estado do Rio Grande do Sul), cuja
metodologia inicial est descrita a seguir:
a) Realizar palestra introdutria, visando esclarecer benefcios da ginstica; incentivar o
desenvolvimento pessoal em busca da sade e melhoria da qualidade de vida; esclarer
sobre a incidncia de doenas ocupacionais e forma de registro (Comunicao de
Acidente do Trabalho CAT); informar sobre benefcios disponibilizados pelo banco
para o tratamento de portadores de LER/DORT atravs de programa interno
(PROAT).
b) Desenvolver 03 sesses de GL em grupos de bancrios, com a finalidade de introduzir
a prtica diria do exerccio.
c) Treinar motivadores de GL para atuao nas agncias (empregados da prpria
agncia).
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d) Instituir duas pausas de 10 minutos cada, no dedutveis da jornada de trabalho, para
realizao da GL.
Posteriormente, em meados de 2000, a metodologia foi aprimorada, sendo institudas trs
aulas semanais com a participao de profissionais (Educadores Fsicos) e/ou estagirios
(Graduandos em Educao Fsica) nas agncias, introduzindo ainda orientaes posturais
individualizadas.
As agncias localizadas em Porto Alegre envolvidas no presente estudo, cuja implantao
ocorreu de janeiro a abril de 2000, continuam praticando a GL e realizando as pausas
autorizadas pelo banco (em horrios administrados pelos prprios empregados e
administraes das agncias). Na agncia de Rio Pardo, igualmente envolvida neste estudo, a
GL foi implantada em junho de 2001.
3.4 - O NOVO MODELO DE AGNCIA BANRISUL
O processo de remodelao das agncias do banco, denominado novo modelo de agncia
Banrisul, foi uma exigncia de mercado. Ao mesmo tempo em que os bancos privados
aumentam seus lucros de forma expressiva, os bancos pblicos, ou de economia mista, que
o caso do Banrisul, sofrem presses de todas as formas visando possveis privatizaes. Com
o intuito de manter seu quadro funcional maduro, bem como aumentar sua participao no
mercado, inclusive competindo com outras instituies privadas, houve a necessidade de
realizar adequaes fsicas e tecnolgicas nos locais de atendimento. A Diretoria do Banrisul
autorizou em 1999 o incio do processo de adequao ao novo modelo, priorizando as 135
agncias de maior rentabilidade. Mesmo assim, a empresa no deixou de atuar em demais
municpios, bem como localidades onde o atendimento bancrio somente realizado pelo
Banrisul.
O novo modelo de agncia Banrisul, como ocorre tambm nas demais instituies financeiras,
pblicas ou privadas, visa priorizar o auto-atendimento, cuja caracterstica principal o
acesso imediato dos clientes em uma sala dotada de mquinas e equipamentos, onde
trabalham empregados designados a dar orientao para seu efetivo uso. O custo de uma
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operao realizada em equipamentos de auto-atendimento muito inferior em relao quela
realizada na boca de caixa.
3.4.1 - Caractersticas gerais do novo modelo, mobilirios e equipamentos
A agncia adequada ao novo modelo deve possuir sala de auto-atendimento antecedendo a
entrada da agncia, cujo acesso deve ser rpido e seguro. Para acessar a agncia, o cliente ou
usurio deve passar obrigatoriamente por uma porta detectora de metais. Os clientes que
possuem contas especiais, at um limite pr-determinado, devem ter suas contas gerenciadas
por empregados do Banco, cuja finalidade atender o cliente em seu prprio estabelecimento
ou residncia, ou prioritariamente direcion-lo para utilizao do auto-atendimento, home-
banking ou office-banking.
O atendimento a clientes no gerenciados ou usurios (no clientes) feito inicialmente em
uma plataforma de servios, localizada preferencialmente nas proximidades do acesso
principal da agncia. O servio de empresas ou clientes gerenciados feito na retaguarda da
agncia, por empregados que atuam na funo de caixa de retaguarda. O nmero de caixas
para atendimento ao pblico muito pequeno no novo modelo de agncia.
A mudana de atuao no mercado gera mudanas radicais na forma de agir e pensar das
pessoas, principalmente uma mudana cultural tanto para os empregados quanto para os
clientes e usurios.
O mobilirio, em geral, foi reformulado para utilizao no novo modelo de agncia, sendo
que as principais caractersticas so: gavetas leves (dotadas de corredias), bordas
arredondadas, mesas de microcomputadores com ajuste de altura para o teclado (incluindo
espao para o mouse) e fornecimento de suporte para apoio de ps regulvel.
As cadeiras antigas foram substitudas por cadeiras dotadas de cinco ps com rodzios duplos,
revestimento permevel (tecido), apoio lombar com ajuste de altura e inclinao, regulagem
do assento em cinco posies. Algumas cadeiras ainda possuem apoio para os braos com
altura ajustvel.
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Os equipamentos utilizados pelos caixas foram substitudos por novos ou complementados
para atuar no sistema operacional unix total, os quais seguem as recomendaes da NR 17 -
Ergonomia. As salas de auto-atendimento foram dotadas de novos equipamentos (cash-
dispenser), que permitem saque (inclusive valores menores), pagamento de documentos que
possuem codificao em barras e dispensadora de talonrio de cheque (somente agncias de
maior fluxo).
Alm do mdulo de caixa, para realizar algumas atividades rotineiras inerentes funo, os
atendentes utilizam outros mveis, ferramentas e equipamentos, como o mdulo de talonrio
em madeira ou metlico (retaguarda), mquinas de contar numerrio ou moedas, terminais
financeiros, cartes de assinatura, etc. Todos estes dados foram considerados no trabalho.
3.5 - O PROCESSO DE TRABALHO DOS CAIXAS DO BANRISUL
O processo de trabalho foi observado inicialmente, sem instrumentao, e verificou-se que a
atividade executada consistia, primeira vista, em um servio altamente repetitivo, com
jornadas de trabalho prolongadas, pausas pequenas ou inexistentes, complementado pela
presso das filas, principalmente nos dias de maior movimento.
3.5.1 - Equipamentos utilizados
Para o desenvolvimento de seu trabalho, o operador de caixa no Banrisul utiliza, no novo
modelo de agncia, o sistema operacional unix total, composto pelos seguintes perifricos,
alm da CPU do computador: monitor de 14 ou 15 polegadas; teclado e mouse; autenticadora;
leitora de documentos (cdigo de barras); pin (entrada de senha) para uso de clientes.
O caixa ainda utiliza demais instrumentos e ferramentas de trabalho: carimbos auto-
entintados; porta moedas (moedeira); porta documentos de acrlico ou madeira; extrator de
grampos; outros, como atilhos, rgua, clipes, caneta, formulrios, etc.
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3.5.2 Desenvolvimento das ativida