ANÁLISE ESTRATÉGICA EM UMA UNIDADE DE NEGÓCIOS...

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GUILHERME HIDEKI DIAS ANÁLISE ESTRATÉGICA EM UMA UNIDADE DE NEGÓCIOS DE B2B DO SETOR DE TURISMO Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do diploma de Engenheiro de Produção. São Paulo 2010

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GUILHERME HIDEKI DIAS

ANÁLISE ESTRATÉGICA EM UMA UNIDADE DE NEGÓCIOS DE B2B

DO SETOR DE TURISMO

Trabalho de formatura apresentado à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo para

obtenção do diploma de Engenheiro de Produção.

São Paulo

2010

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GUILHERME HIDEKI DIAS

ANÁLISE ESTRATÉGICA EM UMA UNIDADE DE NEGÓCIOS DE B2B

DO SETOR DE TURISMO

Trabalho de formatura apresentado à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo para

obtenção do diploma de Engenheiro de Produção.

Orientadora: Professora Doutora Uiara Bandineli

Montedo

São Paulo

2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

Dias, Guilherme Hideki

Análise estratégica em uma unidade de negócios de B2B do setor de turismo / G.H. Dias. -- São Paulo, 2010.

78 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1. Análise estratégia I. Universidade de São Paulo. Escola

Politécnica. Departamento de Engenharia de Produção II. t.

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À minha família e amigos que me acompanharam nesta longa jornada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que no decorrer da minha vida possibilitaram e contribuíram para a

realização deste trabalho e minha formação acadêmica, profissional e pessoal.

À Professora Dra. Uiara Bandineli Montedo pela orientação e conselhos que

possibilitaram a elaboração deste trabalho.

À minha família pelo apoio que me deram durante a minha vida. Aos meus pais pelos

sacrifícios que fizeram por mim e por todo amor e carinho; à minha irmã que sempre esteve

ao meu lado e em quem sempre me espelhei.

Aos meus amigos que me acompanharam e ajudaram em toda esta jornada. Ao Bruno

e à Estela, amigos desde o 1º ano da faculdade por todo companheirismo que demonstraram.

À todos os membros do CMP, que proporcionaram muitos momentos de descontração. À

Renata e à Samyra, por sempre me ouvirem quando precisava.

E, finalmente, à Cris e ao Osni, que me acompanharam desde meu ingresso na

engenharia de produção e cujo carinho e incentivo foi essencial durante estes três últimos

anos.

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A estratégia sem tática é o caminho mais lento

para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído

antes da derrota.

(Sun Tzu)

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RESUMO

Este trabalho se propõe a realizar uma análise estratégica em uma unidade de negócio

de Business-to-Bussiness (B2B) no setor de turismo visando a obtenção de vantagens

competitivas frente ao mercado.

Com este propósito este projeto irá partir de metodologias clássicas para a formulação

da estratégia em uma empresa, utilizando recursos como a análise SWOT e as Cinco Forças

de Porter, o que irá permitir analisar o ambiente competitivo em que esta se encontra e como

deve se posicionar no mercado.

Palavras-chave: Análise estratégica, Business to Business, Turismo

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ABSTRACT

This paper aims to conduct a strategic analysis in a business unit of Business-to-

Business (B2B) in the tourism sector in order to obtain competitive advantages in the market.

With this purpose, this project will use classical methodologies of formulating

strategies in a company, using resources as the SWOT and Porter Five Forces Analysis, which

will allow the analysis of the competitive environment and how the company should position

itself in the market.

Keywords: Strategic Analysis, Business to Business, Tourism

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Formação de estratégias segundo as diferentes escolas de pensamento ................22

Figura 2 – As Cinco Forças de Porter ......................................................................................23

Figura 3 – Estratégias competitivas genéricas .........................................................................30

Figura 4 – Recursos e requisitos da estratégia de Liderança em custo ....................................32

Figura 5 – Recursos e requisitos da estratégia de Diferenciação .............................................34

Figura 6 – Recursos e requisitos da estratégia de Enfoque ......................................................35

Figura 7 – Matriz SWOT .........................................................................................................37

Figura 8 – Organograma do setor de B2B ...............................................................................51

Figura 9 – Tela do Reserve de tarifas disponíveis ...................................................................53

Figura 10 – Exemplo de relatório gerencial .............................................................................53

Figura 11 – Posicionamento estratégico atual da empresa ......................................................56

Figura 12 – Forças competitivas para o setor de B2B .............................................................63

Figura 13 – Matriz SWOT da empresa ....................................................................................68

Figura 14 – Estratégia das concorrentes no setor .....................................................................69

Figura 15 – Estratégia da empresa estudada ............................................................................70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faturamento do mercado de viagens corporativas por segmento ..........................45

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Faturamento do mercado de viagens corporativas.................................................45

Gráfico 2 – Queda das comissões as agências na América Latina...........................................48

Gráfico 3 – Participação das empresas no faturamento do setor de B2B.................................54

Gráfico 4 – Desempenho do setor de B2B em 2010.................................................................55

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABAV Associação Brasileira de Agências de Viagens

ABGEV Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

B2B Business to Business

B2C Business to Consumer

EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo

IATA International Air Transport Association

IEVC Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas

GDS Global Distribution System

SINDTUR Sindicato das Empresas de Turismo

SNEA Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias

SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats

TMC Travel Management Company

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE GRÁFICOS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15

1.1 A Empresa .............................................................................................. 16

1.2 Objetivo e escopo do trabalho ................................................................ 17

1.3 Estrutura do trabalho .............................................................................. 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 19

2.1 Estratégia ................................................................................................ 19

2.2 As Cinco Forças de Porter ...................................................................... 23

2.2.1 Entrantes Potenciais ............................................................................................ 24

2.2.2 Rivalidade entre os concorrentes ........................................................................ 25

2.2.3 Produtos substitutos ............................................................................................ 27

2.2.4 Poder de barganha dos compradores .................................................................. 27

2.2.5 Poder de barganha dos fornecedores .................................................................. 28

2.3 Estratégias Competitivas Genéricas ....................................................... 29

2.3.1 Liderança em custo ............................................................................................. 31

2.3.2 Diferenciação ...................................................................................................... 33

2.3.3 Enfoque ............................................................................................................... 34

2.4 Análise SWOT ........................................................................................ 36

2.4.1 Forças (Strengths) ............................................................................................... 37

2.4.2 Fraquezas (Weaknesses) ..................................................................................... 38

2.4.3 Oportunidades (Opportunities) ........................................................................... 38

2.4.4 Ameaças (Threats) .............................................................................................. 39

3 AMBIENTE COMPETITIVO ...................................................................... 41

3.1 Visão Geral ............................................................................................. 41

3.1.1 Concorrentes ....................................................................................................... 42

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3.1.2 Clientes............................................................................................................... 42

3.2 Desempenho recente no Brasil ............................................................... 44

3.3 Tendências do mercado .......................................................................... 47

3.3.1 Redução das comissões pagas pelas companhias aéreas ................................... 47

3.3.2 Mudança no comportamento de empresas de médio porte ................................ 48

3.3.3 Busca por alternativas para substituir as viagens ............................................... 49

4 A EMPRESA ................................................................................................ 51

4.1 Serviços prestados................................................................................... 52

4.2 Clientes ................................................................................................... 54

4.3 Posicionamento estratégico da empresa ................................................. 55

5 ANÁLISE ESTRATÉGICA ......................................................................... 57

5.1 Cinco Forças Competitivas de Porter ..................................................... 57

5.1.1 Entrantes Potenciais ........................................................................................... 57

5.1.2 Rivalidade entre concorrentes ............................................................................ 59

5.1.3 Produtos substitutos ........................................................................................... 60

5.1.4 Poder de barganha dos compradores .................................................................. 61

5.1.5 Poder de barganhas dos fornecedores ................................................................ 61

5.1.6 Considerações finais sobre as Forças Competitivas .......................................... 62

5.2 Análise SWOT ........................................................................................ 64

5.2.1 Forças ................................................................................................................. 64

5.2.2 Fraquezas ........................................................................................................... 64

5.2.3 Oportunidades .................................................................................................... 65

5.2.4 Ameaças ............................................................................................................. 66

5.3 Estratégias Competitivas Genéricas ....................................................... 68

5.3.1 Posicionamento dos concorrentes ...................................................................... 69

5.3.2 Posicionamento da empresa estudada ................................................................ 70

5.4 Ações a serem tomadas ........................................................................... 71

6 CONCLUSÃO .............................................................................................. 75

6.1 Resultados Obtidos ................................................................................. 75

6.2 Contribuição do Trabalho ....................................................................... 75

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 77

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1 INTRODUÇÃO

Na economia atual o avanço tecnológico tem sido um fator que vem afetando as

empresas e como elas atuam dentro do mercado.

Para Drucker (1998), este cenário está sendo fortemente influenciado por dois fatores:

a globalização e a tecnologia. Esta última criou uma nova realidade dentro do mundo dos

negócios, tornando possível que as transações comerciais fossem realizadas sem que haja a

necessidade de deslocamento físico e com uma maior agilidade.

Além disso, a tecnologia possibilitou a “criação de novas estratégias de negócios,

novas estruturas organizacionais e de novas formas de relacionamento entre empresas e entre

empresas e seus consumidores” (LAURINDO; CARVALHO, 2003, p. 85), o que os autores

denominam como a “Nova Economia”.

Segundo Porter (1989), estas mudanças tecnológicas não são valiosas por si só, mas

por afetar a estrutura da indústria e a vantagem competitiva. Com o desenvolvimento da

Internet, por exemplo, houve uma redução das barreiras de entrada, atraindo novos entrantes,

além de dar ao consumidor uma maior poder de barganha, pois estes têm acesso às

informações dos produtos e serviços de diferentes empresas em tempo real.

Diante desta realidade, surge o tema abordado que envolve uma grande empresa de e-

commerce do setor de turismo, sendo que esta possui uma unidade de negócios voltada para o

Business to Business (B2B), ou seja, focada em clientes corporativos. No decorrer deste

trabalho será promovida uma discussão de como a empresa deve se portar frente ao mercado

em relação ao setor descrito.

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1.1 A Empresa

O trabalho é desenvolvido na Agência1 que é uma empresa de capital aberto fundada

no início de 2004 e possui cerca de 350 funcionários atualmente.

A Agência atua no setor de viagens por meio da venda de passagens aéreas, cruzeiros e

pacotes turísticos diretamente ao consumidor por seu canal de televendas e em seu portal na

internet, ou seja, a companhia é focada em Business to Consumer (B2C), caracterizando-se

por possuir uma grande quantidade de clientes e, portanto, uma ampla gama de necessidades e

expectativas. Para atender essas expectativas o portal da empresa possui um sistema de busca

que permite a seleção das companhias aéreas preferenciais do consumidor e destaca as

passagens disponíveis mais baratas para o consumidor.

Desde a sua fundação a Agência vem tendo uma participação expressiva neste

mercado, emitindo mais de um milhão de passagens aéreas e sendo uma das líderes do setor.

No final de 2009, a Agência, com a finalidade de expandir a sua área de atuação e

aumentar a sua receita, começou a atuar no setor de atendimento de clientes corporativos, ou

seja, Business to Business (B2B), que se caracteriza por uma menor quantidade de clientes,

porém cada um destes possuindo um grande volume de negócios. E, portanto, de extrema

importância a satisfação das necessidades de cada cliente, já que a perda de um deles pode

causar um grande impacto sobre a receita da companhia.

Para atender os clientes corporativos a empresa firmou uma parceria com uma

empresa que desenvolveu um software que permite a busca de vôos mais baratos online e que

possui um sistema que permite o gerenciamento das viagens das empresas, como relatórios

que apontam a economia obtida (comparando o maior preço da passagem de um determinado

vôo com o preço obtido), implantação de política de viagens (que pode impedir que o

funcionário escolha um bilhete mais caro por preferência de uma companhia) e separação de

gastos por centro de custos.

1 Nome de empresa fictício

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Atualmente o setor de B2B tem como principais clientes empresas que fazem parte do

seu mesmo grupo (que representam mais de 70% do faturamento) e possui uma baixa

participação dentro da receita total da empresa (inferior a 5%).

1.2 Objetivo e escopo do trabalho

O objetivo deste trabalho é realizar uma análise estratégica do setor de B2B da

Agência, destacando qual o posicionamento estratégico que a empresa deve tomar para

possibilitar uma melhor penetração no mercado, gerando vantagens competitivas frente a seus

concorrentes e definir como estas vantagens serão alcançadas.

Este tema foi escolhido baseado na participação do autor no setor de B2B da empresa

desde janeiro de 2010 e seu papel dentro da área, que envolve o mapeamento e melhoria de

processos, análise de resultados e auxílio à tomada de decisões da área.

1.3 Estrutura do trabalho

Este trabalho irá partir, no capítulo 2, de uma revisão teórica dos conceitos

relacionados à estratégia e sua formulação que foram discutidos durante o curso de

Engenharia de Produção e que serão utilizados para analisar o caso nos demais capítulos.

No capítulo 3 será feita uma apresentação do mercado em que a empresa Agência

encontra-se inserida atualmente, com o propósito de facilitar as análises a serem realizadas

posteriormente.

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No capítulo 4 será descrita a empresa mais profundamente com o intuito de

demonstrar como esta funciona atualmente.

O capítulo 5 consiste na aplicação dos conceitos apresentados na revisão bibliográfica

na empresa estudada e no ambiente competitivo em que ela se situa, visando a formulação de

sua estratégia.

Por último, o trabalho é finalizado com a conclusão que busca rever o tema proposto e

resumir as análises realizadas, apontando os principais resultados obtidos.

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19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Estratégia

O conceito moderno de estratégia surgiu durante o século XVIII na Europa.

Anteriormente a essa época existiam poucos autores que abordavam o tema além de Sun Tzu,

estrategista militar chinês e o filósofo italiano Nicolau Maquiavel. (HURST, 2000)

Neste período os estudiosos em estratégia começaram a examinar a arte dos generais

tentando criar modelos similares que fossem capazes de explicar o seu sucesso. (HURST,

2000)

No entanto estas aplicações eram limitadas para a área militar, sendo que somente na

década de 50 que o conceito de estratégia surgiu com aplicações para negócios, crescendo nas

3 décadas posteriores. (SHIMIZU; CARVALHO; LAURINDO, 2006)

A partir deste momento uma ampla gama de publicações surgiu na literatura

especializada abordando o tema e, embora exista certa convergência em seu conceito, há uma

grande diversidade em relação ao seu conteúdo e processo de formulação.

Mintzberg; Ahlstrand e Lampel (2000) ilustram esta divergência ao separá-las em 10

escolas de pensamentos estratégicos, sendo que as três primeiras possuem caráter prescritivo,

ou seja, a estratégia é formulada através de um processo explícito e controlado, e as sete

restantes possuem caráter descritivo. A descrição dessas encontra-se a seguir.

Escola do Design: propõe um modelo de formulação de estratégia que visa atingir a

adequação entre as capacidades internas à organização (forças e fraquezas) e possíveis

acontecimentos externos a ela (ameaças e oportunidades). Essa escola é a mais

influente no processo de formulação de estratégia e sua origem pode ser atribuída aos

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20

livros Leadership in Administration de Philip Selznick de 1957 e Strategy and

Structure de Alfred Chandler de 1962.

Escola do Planejamento: defende que a estratégia deveria ser realizada através de

processos formais e por planejadores qualificados, refletindo a tendência em

administração e práticas empresariais na década de 70. Teve como principal influência

o livro publicado em 1965 Corporate Strategy de Igor Ansoff.

Escola do Posicionamento: esta escola aceita a maior parte das premissas das duas

anteriores, mas diferencia-se ao impor limite sobre as estratégias que eram possíveis,

resumindo-as em poucas estratégias denominadas “genéricas”, que seriam as únicas

desejáveis em uma determinada indústria e que poderiam ser usadas para defender-se

dentro do ambiente competitivo. O principal percussor desta escola é Michael Porter,

autor de Competitive Strategy em 1980.

Escola Empreendedora: foca no processo de planejamento estratégico centralizado

em um executivo principal, baseando-se na experiência, sabedoria e intuição desse

profissional. O principal conceito ligado a escola é ligada a “visão: uma representação

mental de estratégia, criada ou ao menos expressa na cabeça do líder”.

(MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL; 2000, p. 98)

Escola Cognitiva: estuda a mente do estrategista, ou seja, ela busca a compreensão de

como cada indivíduo processa as informações para chegar a uma decisão. Um dos

principais autores desta escola é Herbert Simon, com sua obra Administrative

Behavior de 1947.

Escola de Aprendizado: diferentemente da Escola Empreendedora, esta não se limita

a somente uma pessoa para a formulação estratégica. A Escola de Aprendizado afirma

que quando um grupo de pessoas entende a situação em que uma empresa se encontra

e a capacidade da mesma para lidar com a situação, elas são capazes de convergir em

padrões comportamentais que funcionam.

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21

Escola do Poder: formulação de estratégia como um processo de utilização de poder

como um processo de influência e política, com o objetivo de obter estratégias mais

favoráveis.

Escola Cultural: diferentemente da Escola do Poder, a Escola Cultural defende uma

manutenção da estabilidade da estratégia devido à influência da cultura, ou seja, este

pensamento resiste contra a idéia de mudanças estratégicas.

Escola Ambiental: diferencia-se das demais ao não considerar o ambiente

competitivo em que uma empresa se encontra como um fator e sim como um ator,

sendo este o principal agente na formulação da estratégia.

Escola de Configuração: possui dois aspectos, o das características da organização e

do ambiente em que ela se encontra (configuração) e o processo de geração de

estratégia (transformação), ou seja, esta escola descreve a estabilidade da estratégia em

determinados estados organizacionais, que é interrompida por mudanças para novos

estados.

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22

Figura 1 – Formação de estratégias segundo as diferentes escolas de pensamento

(adaptado de Mintzberg e Lampel, 1999)

Para o desenvolvimento deste trabalho será abordada a Escola do Posicionamento,

utilizando das análises descritas nos próximos itens para obter vantagens competitivas frente

aos concorrentes.

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23

2.2 As Cinco Forças de Porter

Segundo Porter2, o primeiro passo necessário para se desenvolver uma estratégia é

conhecer a estrutura da indústria em que atua. Para realizar esta análise, o autor aponta cinco

forças competitivas básicas presentes em todas as indústrias, independente se elas prestam

serviços ou fabricam produtos, que podem ser vistas na Figura 2.

Figura 2 – As Cinco Forças de Porter

(adaptado de Porter, 1991)

Essas forças podem se apresentar com uma maior ou menor intensidade dentro de uma

indústria, afetando a sua rentabilidade.

2 HARVARD BUSINESS SCHOOL VIDEO SERIES. Michael Porter on Competitive Strategy. Boston: Harvard

Business Review, 1988.

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24

A seguir encontra-se uma descrição de cada uma das cinco forças apresentadas.

2.2.1 Entrantes Potenciais

Segundo Porter (1991), empresas que iniciam as suas operações em uma indústria

trazem consigo uma nova capacidade, um desejo de obter uma parcela do mercado e recursos.

Conseqüentemente, os preços exercidos podem se reduzir ou os custos das empresas que

atuam no mercado atualmente podem aumentar, diminuindo a rentabilidade. A medição da

ameaça de entrada em um determinado mercado é dada pela existência de barreiras de entrada

na indústria.

Porter (1991) identifica seis principais barreiras de entrada:

Economias de escala: ocorrem quando o custo unitário de um produto se reduz à

medida que o volume total produzido por período aumenta. Essa barreira obriga o

novo entrante a iniciar as suas operações em uma larga escala, estando sujeito a

retaliação por parte das concorrentes ou ingressar no mercado em uma escala menor,

porém sofrendo desvantagens em relação ao custo do produto

Diferenciação do produto: as empresas que já se situam no mercado possuem uma

identificação de marca e lealdade frente aos clientes. Ao ingressar no mercado é

necessário superar estes vínculos, ocasionando em altos investimentos em marketing,

publicidade e serviços ao consumidor o que pode resultar em prejuízos iniciais.

Necessidade de capital: em indústrias onde existe uma exigência de um alto nível de

investimento, como as instalações de produção, pesquisa e desenvolvimento de

produtos e crédito ao consumidor, é criada uma barreira de entrada.

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Desvantagens de custo independentes da escala: empresas estabelecidas podem

possuir vantagens de custo em relação às ingressantes independente do volume

produzido. Por exemplo, uma empresa pode ter processos mais eficientes devido a sua

experiência ou por possuir uma tecnologia própria.

Acesso aos canais de distribuição: como os canais de distribuição já são atendidos

pelas empresas estabelecidas, o ingressante deve convencer os canais a aceitarem o

seu produto através de esforços de vendas que envolvem descontos e promoções,

reduzindo a sua rentabilidade ou até criar um novo canal de distribuição caso essa

barreira for muito alta.

Políticas Governamentais: o governo pode impactar um determinado mercado,

dificultando o ingresso em um determinado setor. A exigência de licenciamentos e a

restrição à matéria-prima são exemplos que podem ser dados.

Além das barreiras de entrada, a reação dos concorrentes existentes a uma nova

entrada também influenciarão a ameaça de entrada. Caso já exista um histórico de vigorosas

retaliações ou o crescimento do setor é muito baixo e os concorrentes atuais estão dispostos a

reduzir os preços para manter sua parcela de mercado, os potenciais ingressantes podem ser

dissuadidos a não entrar em um determinado mercado. (PORTER, 1991)

2.2.2 Rivalidade entre os concorrentes

A rivalidade entre os concorrentes de uma indústria ocorre através de manobras que

buscam um melhor posicionamento no mercado, com o uso de táticas de concorrência de

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preço, publicidade, criação de novos produtos e oferecimento de mais serviços. (PORTER,

1991)

A intensidade em que essas manobras ocorrem caracteriza a rivalidade das empresas

em um setor, sendo que uma alta rivalidade está ligada aos seguintes fatores:

Concorrentes numerosos e equilibrados em tamanho e recursos disponíveis

Crescimento lento da indústria, causando disputas entre as empresas por uma maior

parcela do mercado

Custos fixos ou de armazenamento altos, criando pressões para a satisfação da

capacidade e para a redução do nível de estoques através de redução de preços

Ausência de diferenciação ou custos de mudança, que levam a uma intensa

concorrência de preços

Capacidade aumentada em grandes incrementos, o que pode desestabilizar o equilíbrio

de oferta e demanda da indústria

Empresas que atuam no setor possuem visões diferentes quanto à estratégias, origens e

maneiras de competir no mercado

Presença de altas barreiras de saída, que mantém as empresas dentro de um setor por

um período maior, mesmo obtendo retornos financeiros insatisfatórios

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2.2.3 Produtos substitutos

Os produtos e serviços substitutos são aqueles capazes de realizar a mesma função que

os produtos e serviços da indústria. A existência destes produtos limita o potencial de retorno

de um mercado ao estabelecer um teto nos preços que podem ser exercidos na indústria.

Quanto mais atraentes os produtos substitutos em relação a suas características como

preço, desempenho e qualidade, menor é a rentabilidade.

Porter (1991) destaca que os produtos substitutos que exigem maior atenção são os

sujeitos a tendências de melhoria de seu trade-off do preço por desempenho com o produto da

indústria, ou seja, produtos que futuramente podem ter uma redução de preço e/ou uma

melhoria de performance, aumentando sua atratividade. Esse aspecto se agrava no caso das

empresas fabricantes dos substitutos estarem em uma indústria com altas margens de lucro, já

que caso haja um acirramento da concorrência, há a possibilidade de uma redução de preços

maior.

2.2.4 Poder de barganha dos compradores

Os compradores podem influenciar uma indústria ao exigir preços menores e/ou

produtos com uma maior qualidade, jogando os concorrentes uns contra os outros e reduzindo

a rentabilidade da indústria.

O poder de barganha dos compradores é alto ao apresentar estas características:

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Grupo de compradores concentrado ou compra de grande volume em relação às

vendas do vendedor. Este poder é ainda maior em casos em que a indústria possui

custos fixos altos e, portanto, existe um interesse em manter a capacidade preenchida

Custos dos produtos adquiridos são significativos em relação aos custos totais dos

compradores, o que torna o comprador mais sensível ao preço e aumenta a sua

disposição para encontrar produtos nas características desejadas em relação a preço e

qualidade

Produtos padronizados ou não diferenciados, o que amplia a quantidade possível de

fornecedores, acirrando a competição

Baixo custo de mudança de fornecedores

Baixos lucros dos clientes, o que aumenta a pressão pela redução de seus custos

Compradores são uma ameaça de integração para trás, existindo a possibilidade da

fabricação própria dos produtos

Produto não é importante para a qualidade dos produtos ou serviços do comprador

Acesso total a informação, como demanda e custo dos fornecedores

2.2.5 Poder de barganha dos fornecedores

Os fornecedores podem exercer a sua influência sobre a indústria através do aumento

dos preços e/ou redução da qualidade dos produtos ou serviços oferecidos. Portanto um

fornecedor com alto poder de barganha pode reduzir o lucro de uma indústria que não possui

a capacidade de repassar o aumento dos custos a seus consumidores.

O poder de barganha dos fornecedores é alto quando:

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O setor é dominado por poucas empresas e possui uma maior concentração que a

indústria para a qual vende seus produtos e serviços

Não existe uma concorrência com outros produtos substitutos

A indústria não é um comprador importante para os fornecedores, tendo baixa

representatividade em suas vendas

O produto oferecido é essencial para o negócio do comprador

O produto oferecido é diferenciado ou existem custos de mudança, o que reduz a

possibilidade por parte do comprador de jogar as empresas uma contra as outras

Fornecedores são uma ameaça de integração para frente

2.3 Estratégias Competitivas Genéricas

Para Porter3, uma empresa deve possuir uma vantagem competitiva sustentável para

superar os seus concorrentes. Essa vantagem competitiva é algo que a empresa pode fazer

melhor que seus rivais, podendo ser obtida através de um custo menor ou de diferenciação de

seu produto ou serviço. Outro fator que deve ser considerado pela companhia é como deseja

atuar no mercado, definindo se irá atuar de uma forma mais restrita, visando um segmento

específico, ou se irá atuar de forma mais ampla.

3 HARVARD BUSINESS SCHOOL VIDEO SERIES. Michael Porter on Competitive Strategy. Boston: Harvard

Business Review, 1988.

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A combinação dos fatores descritos gera quatro estratégias competitivas genéricas

possíveis que uma empresa pode ter. Elas são diferenciação, liderança em custo, enfoque em

custo e enfoque em diferenciação como pode ser visto na Figura 3.

Figura 3 – Estratégias competitivas genéricas

(adaptado de Porter, 1991)

As estratégias genéricas são métodos viáveis de posicionar a empresa dentro de uma

indústria com a finalidade de lidar com as cinco forças competitivas. Caso uma empresa não

consiga focar a sua estratégia em uma destas direções ela não atingirá uma vantagem

competitiva e terá os seus lucros reduzidos, sendo obrigada a reduzir as suas margens para

não perder clientes que compram em grandes volumes e exigem preços mais baixos e não

conseguindo competir com os seus concorrentes que estabeleceram uma diferenciação em seu

produto. Portanto, o pior posicionamento possível de uma empresa é o “meio-termo”.

(PORTER, 1991)

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Para se aprofundar sobre o assunto a seguir apresenta-se uma descrição destas

estratégias genéricas.

2.3.1 Liderança em custo

Essa estratégia consiste em atingir a liderança de custos no mercado por meio de um

conjunto de políticas com este fim. Uma empresa que adota a estratégia de liderança em custo

deve realizar um controle rígido de suas despesas, reduzindo gastos em pesquisa e

desenvolvimento, publicidade, assistência técnica e forças de vendas por exemplo. Além

disso, deve construir instalações em escala eficiente e buscar ganhos obtidos através da

experiência. (PORTER, 1991)

Este posicionamento estratégico possibilita a defesa da empresa frente às forças

competitivas. O seu custo menor possibilita a obtenção de retornos depois que seus

concorrentes tenham reduzidos seus lucros devido à competição (rivalidade entre

concorrentes). O custo menor também diminui o poder de barganha dos consumidores, os

quais somente podem exigir a redução de preços até o nível do concorrente mais eficiente.

Além disso, aumenta a flexibilidade da empresa em lidar com aumento de preços de matéria-

prima, gera barreiras de entradas para novos competidores e melhora o posicionamento da

empresa em relação aos produtos substitutos.

Para atingir este posicionamento de mercado, porém, existem algumas dificuldades,

como a necessidade de uma alta parcela de mercado e de volume de produção para obter

ganhos de escala, investimentos altos em equipamentos para manter a produção a mais

eficiente possível e prejuízos iniciais devido a gastos voltados ao estabelecimento de sua

parcela de mercado.

A Figura 4, a seguir, mostra resumidamente os recursos e habilidades necessárias para

a adoção da estratégia de liderança em custo, assim como os requisitos organizacionais para a

empresa.

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Figura 4 – Recursos e requisitos da estratégia de Liderança em custo

(adaptado de Porter, 1991)

Os riscos associados a essa estratégia segundo Porter (1991) são:

Mudança tecnológica que anule o investimento realizado

Custo baixo de aprendizado para os concorrentes por meio de imitação ou

investimento em instalações

Aumento de custos que diminuem a capacidade da empresa e manter o diferencial em

custo suficiente para contrabalancear a marca, qualidade ou outra forma de

diferenciação de outros produtos

Incapacidade de enxergar alterações necessárias no produto ou no marketing devido ao

foco no custo

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2.3.2 Diferenciação

Essa estratégia se foca na criação de um produto ou serviço que seja considerado único

dentro da indústria, diferenciando o produto ou serviço oferecido pela empresa. Essa

diferenciação pode assumir diversas formas: marca associada ao produto, tecnologia, serviços

adicionais oferecidos, entre outros. É importante ressaltar que os custos não podem ser

ignorados nesta estratégia, apesar de não ser seu objetivo primário. (PORTER, 1991)

Esse posicionamento permite lidar com as forças estratégicas ao isolar a empresa

frente aos seus concorrentes devido à lealdade de seus clientes, que também impõe uma

barreira de entrada a novos entrantes, as maiores margens de lucro da empresa também

permitem lidar com um possível poder dos fornecedores e a diferenciação dos produtos reduz

o poder dos consumidores ao tirar-lhes alternativas de comparação do produto, diminuindo

desta forma a sua sensibilidade ao preço.

Esta estratégia geralmente dificulta a obtenção de uma alta parcela de mercado e para

atingir o estado de diferenciação a empresa estará usualmente fazendo um trade-off com a

posição de custo devido à necessidade de investimentos altos em pesquisa e desenvolvimento,

projeto do produto, materiais com uma maior qualidade ou serviços adicionais ao consumidor.

A Figura 5, a seguir, mostra resumidamente os recursos e habilidades necessárias para

a adoção da estratégia de diferenciação, assim como os requisitos organizacionais para a

empresa.

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Figura 5 – Recursos e requisitos da estratégia de Diferenciação

(adaptado de Porter, 1991)

Segundo Porter (1991), os riscos associados à adoção desta estratégia são:

Diferencial de custo entre os concorrentes e a empresa torna-se muito grande para

manter a lealdade dos clientes

Redução da necessidade dos consumidores em relação ao fator de diferenciação

Diminuição da diferença percebida devido à imitação

2.3.3 Enfoque

Para Porter (1991), esta estratégia competitiva genérica visa focar a empresa em um

determinado grupo de compradores, segmento de produtos ou mercado geográfico, atendendo

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este grupo de uma maneira mais eficiente ou eficaz que os concorrentes que estão fazendo de

maneira ampla. Portanto a empresa destaca-se ao satisfazer melhor as necessidades de seus

clientes, sejam estas por custo (enfoque em custo) ou estas por diferenciação (enfoque em

diferenciação).

A adoção desta estratégia permite lidar com as forças competitivas as quais a indústria

é submetida, seja adotado o enfoque em custo ou o enfoque em diferenciação, devido aos

motivos expostos nos dois itens anteriores.

A Figura 6 abaixo apresenta os recursos e habilidades necessárias para a adoção da

estratégia de enfoque, assim como os requisitos organizacionais para a empresa.

Figura 6 – Recursos e requisitos da estratégia de Enfoque

(adaptado de Porter, 1991)

Os riscos associados à adoção desta estratégia são:

Concorrentes encontram outros mercados dentro do alvo estratégico, tirando o foco da

empresa

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Redução das diferenças entre os produtos ou serviços entre o alvo estratégico e o

mercado

Diferencial de custos entre os concorrentes que atuam na indústria inteira e a empresa

aumenta, eliminando as vantagens de atender um segmento menor ou a diferenciação

trazida por essa estratégia

2.4 Análise SWOT

A análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) é um modelo

amplamente disseminado no mundo corporativo com o propósito de auxiliar na formulação e

planejamento estratégico de uma empresa.

Esse modelo é dividido em uma análise interna, observando as características da

própria organização através de suas forças (Strengths) e fraquezas (Weaknesses) e uma análise

do ambiente externo, observando as oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats).

O propósito desta análise é reconhecer as limitações da organização, maximizando os

seus pontos fortes ao mesmo tempo em que monitora as ameaças e oportunidades do ambiente

externo. (SHIMIZU; CARVALHO; LAURINDO, 2006)

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Figura 7 – Matriz SWOT

2.4.1 Forças (Strengths)

As forças consistem nos recursos e competências de uma empresa que podem gerar

vantagens em relação aos seus competidores. Podem ser citados como exemplos:

Marca reconhecida

Alta parcela de mercado

Localização favorável

Detenção de patente

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2.4.2 Fraquezas (Weaknesses)

As fraquezas consistem no oposto das forças, ou seja, são os aspectos em que a

empresa possui desvantagens em relação a seus concorrentes. Podemos destacar como

fraquezas:

Dificuldade de acesso aos insumos ou recursos naturais

Custos fixos elevados

Marca pouco reconhecida

Reputação negativa da empresa no mercado

2.4.3 Oportunidades (Opportunities)

Oportunidades são fatos que ocorrem no mercado, fora do controle da empresa,

capazes de beneficiá-la, proporcionando um aumento na rentabilidade da empresa ou um

fortalecimento dentro da indústria. É importante ressaltar que as oportunidades são

características do ambiente externo da indústria como um todo, ou seja, são comuns a todas as

empresas que se localizam em um determinado mercado.

Podemos citar como exemplos de oportunidades:

Alta taxa de crescimento do mercado

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Uso de novas tecnologias

Aumento da renda dos clientes e, portanto, da demanda

Alteração de legislação

2.4.4 Ameaças (Threats)

As ameaças são o oposto das oportunidades, portanto são fatos que ocorrem no

ambiente competitivo que podem prejudicar as operações de uma empresa. Como as

oportunidades, as ameaças são comuns a todas as empresas em uma indústria e estão fora de

seu controle.

Algumas possíveis ameaças são:

Regulamentação mais rigorosa do setor

Baixa taxa de crescimento do mercado

Desenvolvimento de produtos substitutos com melhor índice de preço-desempenho

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3 AMBIENTE COMPETITIVO

Este capítulo tem como finalidade apresentar um panorama sobre o mercado de

viagens corporativas, seu funcionamento e tendências. Para tal, será feita uma breve descrição

desta indústria, apresentando informações para ilustrar o seu crescimento nos últimos anos e a

sua importância na economia brasileira.

Esse estudo servirá de base para a avaliação das forças competitivas do setor que será

realizada posteriormente.

3.1 Visão Geral

Segundo a Associação Brasileira dos Gestores de Eventos e Viagens Corporativas

(Abgev), viagens de negócios são “viagens individuais ou coletivas, feitas freqüentemente por

profissionais liberais, funcionários, terceiros ou convidados de empresas e pagas por um

Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), com objetivos profissionais ou decorrentes dos

mesmos”. Podemos citar como exemplos a participação em eventos e convenções,

treinamentos, busca por novos negócios e visitas às sedes da empresa em outras localidades.

Atualmente esse mercado possui grande importância no setor de turismo no país,

sendo responsável por 54,94% de todo faturamento desse setor em 2009.

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3.1.1 Concorrentes

As empresas que concorrem diretamente neste setor são as Travel Management

Companies (TMCs). Elas têm o papel de intermediárias entre os fornecedores de viagens e

turismo, como companhias aéreas, hotéis e locadoras de automóveis, e empresas, realizando a

cotação, reserva e emissão de bilhetes. Além disso, as TMCs oferecem serviços adicionais

para as corporações, que variam de acordo com o tipo de segmento de clientes que elas

priorizam (este assunto será abordado mais profundamente no próximo item).

Indiretamente também existe a concorrência com as agências de viagens,

principalmente as que fornecem seus serviços online. Elas são utilizadas como canal de

compra usualmente por empresas de menor porte que não possuem despesas regulares ou que

possuem um baixíssimo volume de viagens.

3.1.2 Clientes

O mercado de viagens de negócios pode ser divido de forma ampla em dois segmentos

de clientes. Esses clientes se diferenciam pelo volume gasto em viagens e suas necessidades.

Pequenas e médias empresas

As pequenas e médias empresas geralmente procuram as TMCs com o objetivo de

possibilitar o acesso a tarifas negociadas e reduzir as suas despesas com viagens. Dessa

forma, possuem uma menor exigência em relação aos serviços prestados, precisando da

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aplicação de políticas de viagens muito simples (quando possuem uma) e de relatórios

padronizados de suas despesas e gastos com suas viagens.

A maior parte das TMCs foca as suas atividades nesse segmento devido a essa menor

cobrança por parte dos clientes e da infraestrutura necessária para atendê-los, que não exige

altos investimentos.

O modelo de negócios mais comum corresponde àquele em que não existe uma

cobrança direta dos clientes pelos serviços, sendo a receita das TMCs provinda das comissões

pagas pelos fornecedores pelos bilhetes e reservas realizadas. É importante ressaltar que

algumas TMCs, principalmente as menores, para compensar seu poder de negociação

reduzido frente aos fornecedores, realizam o repasse de parte dessa comissão para seus

clientes.

Grandes empresas

As empresas de grande porte buscam as TMCs exigindo:

Serviços consistentes em uma região, país ou até globalmente

Aplicação de políticas de viagens

Gerenciamento e manutenção de perfis de viajantes

Gerenciamento de despesas, relatório e estatísticas personalizados de acordo com suas

necessidades

Serviço de atendimento aos usuários da empresa para solução de problemas técnicos e

esclarecimento de dúvidas quando necessário

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Ferramenta de Self-booking, que permite a consulta, reserva e emissão de bilhetes de

forma simples, sem a necessidade de interferência por parte das TMCs

Integração com seus sistemas, como o ERP

Portanto podemos concluir que essas empresas têm como principal objetivo a

otimização de suas despesas de viagens.

As TMCs que prestam serviços nesse segmento precisam arcar com altos

investimentos relacionados a treinamento de profissionais, tecnologia, serviços em aeroportos,

entre outros.

O modelo de negócios utilizado com essas companhias é o de taxa de serviço

(conhecido como fee), onde toda a comissão recebida pela TMC dos fornecedores é repassada

a seu cliente e é cobrado um valor referente ao serviço prestado, ou seja, com esse modelo

quem paga o serviço efetivamente realizado é o consumidor/cliente final ao invés dos

fornecedores.

3.2 Desempenho recente no Brasil

Em 2009 a indústria de viagens corporativas foi responsável pela movimentação de R$

32,06 bilhões e obteve um faturamento de R$ 17,61 bilhões, o que representou um aumento

de 0,87% em relação ao ano anterior segundo os Indicadores Econômicos das Viagens

Corporativas (IEVC), índice desenvolvido com apoio da ABGEV, como pode ser visto no

Gráfico 1.

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Gráfico 1 – Faturamento do mercado de viagens corporativas

(Fonte: ABGEV)

A maior parte do faturamento do setor é referente ao transporte aéreo, que representou

50,6% do total em 2009. A hospedagem ficou em segundo lugar com 37,2% e a locação de

automóveis em terceiro com 5,7%. A Tabela 1 ilustra esses valores nos últimos três anos.

Tabela 1 – Faturamento do mercado de viagens corporativas por segmento

(Fonte: ABGEV)

16,35

17,4617,61

15

16

17

18

2007 2008 2009

Bilh

õe

s

Faturamento do setor

Transporte Aéreo HospedagemLocação de

automóveis

2007 8,58 5,42 0,89

2008 9,15 6,24 0,98

2009 8,92 6,55 1,00

Faturamento (em bilhões)

Ano

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46

O aumento discreto no setor em 2009 foi atípico, sendo que o crescimento usualmente

fica localizado na faixa de 6 a 7% ao ano. Ele pode ser justificado por uma combinação de

fatores apresentados a seguir.

Redução acentuada das tarifas aéreas

A competição acirrada no setor de transporte aéreo não é algo novo no mercado. Os

altos custos fixos das companhias aéreas provindos das aeronaves, a baixa fidelidade dos seus

consumidores e dificuldade de diferenciação de serviço são somente alguns dos fatores que

vêm causando as reduções de preços.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em 2008 o preço médio de

um bilhete em rotas nacionais era de R$ 417,74, enquanto o preço pago por quilômetro voado

era de R$ 0, 61776. Já em 2009 o preço médio cobrado foi de R$ 321,28, o que representa

uma queda de 23,1% em relação a 2008. Se observarmos a partir do preço por quilômetro

voado, a queda foi de 22,8%, chegando ao patamar de R$ 0, 47682.

Gripe suína

O surto da gripe suína causada pelo vírus influenza A (H1N1) teve início no México

nos primeiros meses de 2009 e devido às viagens aéreas tomou proporções globais, atingindo

o ápice em junho, quando a Organização Mundial de Saúde aumentou o nível de ameaça da

doença para pandemia (nível máximo da escala).

As empresas reagiram a esse acontecimento através da redução ou até suspensão das

viagens internacionais (principalmente para os países com maior número de casos da doença).

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Crise econômica mundial

No final de 2008 houve um agravamento da crise econômica, o que levou a uma

reestruturação dos gastos das empresas para o ano seguinte. Somente viagens consideradas de

extrema necessidade foram realizadas, o que levou a uma redução de seu volume total, houve

uma preferência por bilhetes de classe econômica em detrimento dos de classe executiva

(principalmente para os funcionários situados em uma posição mais alta na hierarquia da

empresa, como os diretores) e foi realizado um reposicionamento quanto a eventos e

convenções corporativas.

3.3 Tendências do mercado

Após essa breve apresentação do setor cabe apresentar as modificações que estão

ocorrendo dentro do mercado de viagens corporativas.

3.3.1 Redução das comissões pagas pelas companhias aéreas

As empresas aéreas, nos últimos tempos, têm buscado reduzir seus custos. Como

cerca de metade desses são relacionados ao preço do combustível e, portanto, fora de controle

das companhias, elas tendem a focar seus esforços em todas as demais áreas para cortar

gastos. Investimentos em automação (check-in online, por exemplo), que diminuem a

necessidade de pessoas empregadas, redução de serviços oferecidos e também gastos com as

comissões pagas para as agências são as principais estratégias adotadas.

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Como pode ser visto no Gráfico 2, em 2000 no Brasil, a comissão paga as agências era

de 14%. Já em 2008 esse valor caiu mais que a metade, alcançando a taxa de 6%.

Gráfico 2 – Queda das comissões as agências na América Latina

(Fonte: adaptado de Hermes Management Consulting)

3.3.2 Mudança no comportamento de empresas de médio porte

É possível observar uma alteração no perfil dos clientes de médio porte no Brasil. Eles

estão começando a se aproximar do perfil das grandes empresas, exigindo das TMCs sistemas

de gerenciamento que permitam uma análise de seus gastos com viagens na totalidade, ao

invés da busca pelo bilhete mais barato.

Essas empresas também começam a demandar de seus fornecedores uma maior

quantidade de serviços, como sistemas de self-booking para facilitar o processo de cotação e

reserva das viagens e também serviços de atendimento 24 horas, bem como disponibilidade

de serviços no aeroporto para oferecer um maior conforto aos viajantes da empresa.

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3.3.3 Busca por alternativas para substituir as viagens

A crise econômica fez com que as empresas revissem seus custos, buscando

alternativas menos custosas que pudessem suprir as necessidades que possuíam em relação às

viagens. Nesse cenário a áudio e a videoconferência surgiram como opções de serviços

substitutos e vêm ganhando mais espaço no mercado corporativo.

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4 A EMPRESA

Como exposto anteriormente, a empresa Agência atua no setor de turismo vendendo

passagens aéreas, cruzeiros e pacotes turísticos por seu setor de televendas e seu portal da

internet desde 2004, sendo uma das mais importantes empresas no setor de B2C dentro do

país nesse mercado. Atualmente é responsável pela emissão de mais de R$ 1 milhão de

passagens aéreas diariamente e faz parte de um grupo de empresas líder no comércio

eletrônico no Brasil.

Em setembro de 2009 iniciou-se um processo de diversificação da empresa com a

formação de um novo setor: o B2B. Ele foi implementado com o objetivo de atender clientes

corporativos de pequeno e médio porte em suas viagens de negócios.

Esse setor da empresa conta com 10 funcionários, como pode ser observado no

organograma a seguir, onde quatro são dedicados exclusivamente ao atendimento às empresas

do próprio grupo.

Figura 8 – Organograma do setor de B2B

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Para possibilitar a prestação desse serviço a Agência contratou o Reserve, uma

empresa que desenvolveu um software de mesmo nome que permite o gerenciamento de

viagens corporativas. Ele será descrito no próximo item.

4.1 Serviços prestados

O sistema Reserve é uma ferramenta online que permite aos clientes da Agência:

Realizar buscas das tarifas disponíveis de viagens e de hotéis no território brasileiro,

dando destaque àquelas de menor preço e expondo todas as companhias aéreas em

uma única tela (ver Figura 9 a seguir)

Sistema de self-booking, que permite a emissão dos bilhetes e reserva de hotéis de

forma simples e rápida online

Possibilidade de aplicação de política de viagens da empresa, se ela possuir uma

Módulo de aprovação eletrônica, ou seja, um funcionário não será capaz de emitir uma

passagem sem o conhecimento do responsável por viagens indicado pela empresa

Histórico de gastos em viagens

Marcação de assento do avião online

Relatórios gerenciais por centro de custos, de desvios de política, de economia obtida,

comparando o valor do bilhete comprado com a tarifa referência do vôo (de maior

preço), entre outros (ver a Figura 10 a seguir)

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Figura 9 – Tela do Reserve de tarifas disponíveis

(Fonte: Reserve)

Figura 10 – Exemplo de relatório gerencial

(Fonte: Reserve)

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Atualmente a empresa não oferece nenhum tipo de serviço adicional além daqueles

disponibilizados por meio do software Reserve.

4.2 Clientes

Os clientes do setor de B2B da Agência são formados por algumas empresas do grupo

do qual faz parte, tendo uma alta representatividade dentro do setor (superior a 70% do

faturamento total) e por poucas empresas de pequeno porte que não possuem muitos gastos

regulares com viagens (valor inferior a R$ 10.000 por mês). O Gráfico 3 ilustra a participação

das empresas no faturamento do setor em setembro (empresas A e B pertencem ao grupo).

Gráfico 3 – Participação das empresas no faturamento do setor de B2B

53%

24%

6%

4%

4%

2%7%

Empresa A

Empresa B

Empresa C

Empresa D

Empresa E

Empresa F

Outras

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O Gráfico 4 a seguir mostra o desempenho do setor no ano com relação a suas metas

(os valores foram multiplicados por um fator K).

Gráfico 4 – Desempenho do setor de B2B em 2010

Como pode ser observado no gráfico, a unidade de negócios de B2B vem

apresentando dificuldade para cumprir as metas estabelecidas. Esse fato ocorre principalmente

pelo posicionamento estratégico atual da empresa que será discutido a seguir.

4.3 Posicionamento estratégico da empresa

50%43%

115%

86% 87%

73%

59%

51%

76%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Efetuada Meta Atingida

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O B2B não possui uma área dedicada à negociação de tarifas corporativas, ou seja, os

valores que as empresas clientes buscam através do Reserve são as mesmas que as disponíveis

para as pessoas físicas no seu site, com a única diferença que no B2B não é cobrada uma taxa

extra de serviço de 2%, como é feito no B2C.

O modelo de negócios atual não cobra taxas de serviço do cliente diretamente,

trabalhando com as comissões recebidas pelas companhias aéreas, hotéis e locadoras de

automóveis. No entanto, não existe repasse dessa comissão para os clientes, como

normalmente ocorre com TMCs que utilizam esse modelo.

Como agravante, a empresa não consegue criar uma diferenciação frente aos seus

concorrentes que oferecem mais serviços, como atendimento emergencial 24 horas e serviços

de atendimento no aeroporto, o que dificulta a sua captação de clientes de médio porte, uma

vez que estes vêm aumentando suas exigências quanto ao nível de serviço.

A Agência, portanto, não possui uma direção específica de sua estratégia, estando

posicionada no que Porter (1991) descreve como o “meio-termo”, uma região de risco que

garante à empresa uma baixa rentabilidade, como pode ser visto na Figura 11.

Figura 11 – Posicionamento estratégico atual da empresa

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5 ANÁLISE ESTRATÉGICA

A partir dos dados apresentados sobre a indústria e da empresa em questão, será

elaborada a estratégia a ser adotada. Primeiramente será feita uma análise do mercado como

um todo, observando as forças competitivas que se encontram em maior intensidade e após

isso, será feito um estudo focado na Agência através do modelo SWOT e da determinação do

posicionamento estratégico a ser tomado por ela.

5.1 Cinco Forças Competitivas de Porter

5.1.1 Entrantes Potenciais

Para analisar a ameaça que os entrantes potenciais podem trazer a um determinado

segmento é necessário identificar as barreiras de entrada existentes (ou não) no setor.

Economias de escala: para adentrar no setor não é necessária uma grande escala por

parte dos novos concorrentes, sendo a maioria das TMCs composta por empresas de

menor porte. Logo essa barreira não é expressiva.

Diferenciação do produto: no mercado de viagens corporativas não existe um

serviço altamente diferenciado que possibilitaria a criação de vínculos de lealdade

entre os clientes.

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Necessidade de capital: para abrir uma agência de turismo é necessário um capital de

integralização mínimo de US$20.000 exigido pelo Sindicato Nacional de Empresas

Aéreas (SNEA)4, não necessitando um investimento inicial muito alto.

Desvantagens de custo independentes da escala: devido à fragmentação de

conteúdo das companhias aéreas existente no país, essa barreira é significativa, pois

uma empresa necessita de conhecimentos de tecnologia para superá-la. Caso contrário,

ela estará sujeita a custos operacionais mais elevados em comparação com os

concorrentes.

Acesso aos canais de distribuição: essa barreira é pouco significativa dentro do

mercado. Basta possuir os registros necessários para a abertura de uma agência de

viagens para obter esse acesso.

Políticas governamentais: a regulamentação e registros exigidos pelo governo

brasileiro não é muito grande. Para exercer essa atividade basta possuir os registros

necessários para a abertura de uma empresa de qualquer natureza (como o CNPJ) e

registros adicionais na Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), no SNEA, no

Sindicato das Empresas de Turismo (SINDTUR), na Associação Brasileira de

Agências de Viagens (ABAV) e na International Air Travel Association (IATA) para

possibilitar o acesso a passagens internacionais.

Como podemos observar o mercado não possui barreiras de entradas significativas e,

portanto, a entrada de novos competidores é simples. Porém é importante ressaltar que como

o mercado é altamente fragmentado (em 2009 existiam 11.676 agências de turismo registradas

no Ministério de Turismo5), a chance de surgir novos ingressantes que afetem a estrutura do

setor é muito baixa. Logo, a ameaça de novos ingressantes é baixa.

4 Dados obtidos em http://www.snea.com.br/cadastro/C1.pdf

5 Ministério do Turismo. Estatísticas básicas de turismo – Brasil 2004 a 2009. Brasília, 2010.

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5.1.2 Rivalidade entre concorrentes

Empresas de pequeno e médio porte

As empresas que prestam seus serviços para pequenas e médias organizações são

numerosas e os custos de mudança de fornecedores para esses clientes são muito baixos, o

que aumenta a rivalidade entre as empresas do setor. Porém como as margens de lucro são

pequenas, não é possível uma competição acirrada de preços entre as TMCs.

Outros fatores que também influenciam a baixa competitividade é a alta taxa de

crescimento do mercado, a ausência de custos fixos altos e de barreiras de saída elevadas.

Empresas de grande porte

As TMCs de maior porte são menos numerosas, bem equilibradas e, devido ao seu

maior volume de negócios, tem recursos para uma competição mais acirrada de preços e

serviços.

Devido aos fatos explicitados, classificamos a força competitiva Rivalidade entre

concorrentes como média.

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5.1.3 Produtos substitutos

O mercado de viagens de negócios vem sofrendo com a crescente ameaça de outra

indústria: o setor de telecomunicações. Áudio e videoconferências vêm ganhando mais espaço

dentro do mundo corporativo na atualidade, permitindo a conexão entre usuários em

diferentes pontos do globo de uma maneira quase instantânea.

O seu custo reduzido frente ao gerado pelo deslocamento físico dos profissionais por

meio de viagens, principalmente após o período de recessão econômica, aumentaram a

atratividade do setor. Além disso, o surgimento de novas tecnologias simplificou o seu uso e

reduziu o investimento necessário para a sua instalação em uma empresa, o que, combinado

com a maior disponibilidade de serviços de internet de banda larga no país a tarifas acessíveis,

também permitiu a entrada dessa tecnologia em empresas de menor porte.

A crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável é outro fator que vem

impulsionando o uso de áudio e videoconferências nas empresas. Esta tecnologia,

diferentemente do transporte aéreo, não tem um impacto sobre o meio ambiente, enquanto

este último é responsável pela emissão de toneladas de gás carbônico todos os anos.

Assim, pode-se concluir que a força relacionada aos produtos substitutos no mercado

de viagens corporativas é muito forte e eles podem limitar o crescimento do setor no futuro.

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5.1.4 Poder de barganha dos compradores

Empresas de pequeno e médio porte

Elas têm um baixo volume de compras, porém o custo de mudança de fornecedores é

muito baixo. Em alguns casos, trabalham com diversas TMCs ao mesmo tempo e fazem

cotações em cada uma dessas para escolher a de menor preço.

Empresas de grande porte

A situação dessas empresas é contrária àquela das de pequeno e médio porte, já que

possuem um alto volume de compras significativo dentro das receitas das TMCs. Enfrentam,

entretanto, custos de mudança altos devido à integração de seus sistemas com seus

fornecedores (como as ferramentas de self-booking e o ERP).

Através dessas informações podemos concluir que o poder de barganha dos clientes é

alto.

5.1.5 Poder de barganhas dos fornecedores

Tal como discutido anteriormente, os principais fornecedores do setor são os de

transporte aéreo e os de hospedagem.

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Os primeiros encontram-se em um segmento altamente concentrado, onde as duas

principais companhias do país concentram mais de 80% do mercado6, cenário completamente

oposto em relação às TMCs que estão em um setor altamente fragmentado. Além disso, as

TMCs têm uma alta dependência desses fornecedores para exercer suas atividades e, na

maioria dos casos, não apresentam um volume que afete significativamente as vendas das

companhias aéreas.

Esses fatores contribuem para a existência de um enorme poder de barganha das

empresas de transporte aéreo sobre as TMCs, fato que já foi demonstrado através da redução

de comissões por bilhete emitido para viagens internacionais. Outro aspecto refere-se à

imposição da cobrança da taxa DU (de repasse a terceiros) no valor de 10% do bilhete para

viagens domésticas quando os passageiros compram as suas passagens no balcão da

companhia aérea ou com agências (e que não é cobrada caso o cliente compre diretamente do

site da empresa aérea).

Em contrapartida, os fornecedores de hospedagem apresentam uma realidade diferente

daquela das companhias aéreas. Eles estão em uma indústria tão fragmentada quanto as TMCs

e têm um volume de vendas significativo associado a elas, assim como as TMCs têm em

relação aos hotéis. Pode-se, portanto, concluir que existe uma relação de interdependência

entre os compradores e os fornecedores neste caso.

A partir das informações discutidas acima, é possível observar que a força competitiva

relacionada ao poder de barganha dos fornecedores é significativa dentro da indústria.

5.1.6 Considerações finais sobre as Forças Competitivas

Esse item analisou as forças competitivas presentes na indústria, obtendo os resultados

mostrados na Figura 13.

6 Dados obtidos da Folha de São Paulo do dia 03 de outubro

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Figura 12 – Forças competitivas para o setor de B2B

Das forças presentes no setor, as que têm maior relevância são o poder de barganha

dos compradores e fornecedores e a ameaça dos produtos/serviços substitutos. A ameaça de

novos entrantes é fraca devido à fragmentação do mercado e a rivalidade entre os

concorrentes pode ser caracterizada como uma força de intensidade média.

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5.2 Análise SWOT

5.2.1 Forças

Imagem da empresa

A Agência é uma das líderes em vendas de passagens aéreas em seu portal na internet,

o que a diferencia perante o mercado de viagens e facilita a captação de novos clientes para o

setor de B2B.

Recursos Financeiros

A Agência faz parte de um grupo de empresas que são líderes no setor de ecommerce

brasileiro e por isso tem um maior acesso a recursos financeiros para realizar investimentos.

5.2.2 Fraquezas

Baixa participação no mercado

Os principais clientes da empresa atualmente são as que pertencem ao mesmo grupo,

que representam mais de 70% do faturamento do setor. Como agravante, parte das empresas

pequenas que a Agência não possui gastos regulares com viagens.

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Alta rotatividade de funcionários

O mercado de turismo tem como uma de suas características a alta rotatividade de

funcionários. Na empresa estudada a rotatividade é ainda maior que a do mercado (uma

funcionária do setor de atendimento ao cliente fica na empresa entre 3 e 4 meses7), o que

dificulta a retenção de talentos.

5.2.3 Oportunidades

Redução de fragmentação de conteúdo das companhias aéreas

O Brasil é o país da América Latina com maior fragmentação de conteúdo das

companhias aéreas, tendo 77% dos inventários das empresas fora de Sistemas Globais de

Distribuição (da sigla GDS em inglês), ou seja, cada uma possui um portal próprio onde são

listados os seus vôos disponíveis, o que ocasiona em um aumento de custos operacionais para

as TMCs devido à redução da produtividade dos funcionários, que gastam mais tempo em

cada reserva.

Porém uma das duas grandes companhias aéreas que atuam no mercado brasileiro

encontra-se atualmente em um processo de volta ao GDS; esta deverá ter até o final do ano

todo o seu inventário migrado de volta ao GDS. Esse sistema trará como conseqüência a

redução dos custos operacionais das TMCs.

7 Informação obtida verbalmente com a coordenadora da área

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Alta taxa de crescimento do setor

O mercado de viagens corporativas vem apresentando um crescimento médio de

faturamento de 6 a 7% ao ano (com exceção de 2009, por um conjunto de fatores explicado

anteriormente), demonstrando um potencial para expansão das empresas que atuam no setor.

5.2.4 Ameaças

Redução das comissões pagas pelas companhias aéreas para as TMCs

As companhias aéreas atualmente têm implantado políticas de redução de custo cada

vez mais rígidas. Redução do número de serviços oferecidos aos passageiros, criação de

alianças com outras companhias para aumentar à taxa de ocupação das aeronaves e também a

diminuição dos gastos devido ao pagamento de comissões as agências de viagens e TMCs no

Brasil, seguindo tendências globais do mercado.

Um exemplo disso é que recentemente no país houve uma redução das comissões dos

vôos internacionais de 9% para 6%8.

Infraestrutura aérea brasileira

A última década tem sido marcada pelo crescente aumento da demanda de viagens,

impulsionado principalmente pela redução das tarifas cobradas pelas companhias aéreas.

Porém os investimentos realizados não foram suficientes para suprir as necessidades que 8 Dados obtidos em www.panrotas.com.br

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surgiram co o aumento do número de vôos, o que culminou na crise aérea de 2006 após a

queda do avião da Gol.

Atualmente o Brasil ainda possui altas taxas de atrasos e cancelamentos devido a

deficiências na infraestrutura aérea, o que afeta diretamente o desempenho dos serviços

prestados, tornando-os menos atrativos.

Crescimento do setor de telecomunicações no país

Como foi apontado em capítulos anteriores, o setor de telecomunicações vem se

configurando como uma ameaça ao setor de viagens, por ser uma solução de baixo custo para

as empresas se conectarem com seus funcionários e clientes em diferentes pontos do mundo

de forma rápida e segura.

A disponibilidade de redes de internet de banda larga a preços acessíveis também

possibilitou uma maior penetração no mercado corporativo ao facilitar o uso dessa tecnologia

por empresas de menor porte.

A partir desses pontos levantados, podemos montar a matriz SWOT da empresa, como

pode ser visto na Figura 13.

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Figura 13 – Matriz SWOT da empresa

5.3 Estratégias Competitivas Genéricas

A definição da estratégia competitiva genérica de uma empresa é importante para

posicioná-la frente às forças competitivas do mercado. Antes da sua escolha, porém, deve-se

observar como os concorrentes atuam e competem dentro da indústria.

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5.3.1 Posicionamento dos concorrentes

As empresas presentes na indústria, como mencionado em capítulos anteriores,

possuem foco em dois segmentos de clientes diferentes. O primeiro consiste de grandes

corporações que não estão em busca simplesmente de tarifas menos dispendiosas. Essas

organizações procuram otimizar suas despesas com viagens como um todo e também exigem

das TMCs uma maior diversidade de serviços.

Portanto a estratégia das TMCs que lidam com grandes corporações pode ser

classificada como enfoque (por ser somente uma parte da indústria) em diferenciação (por

nível e qualidade de serviços prestados).

Já as empresas de menor porte procuram o acesso a preços menores de passagens e

estadias. Logo as TMCs que atuam nesse segmento têm como estratégia o enfoque em custo.

A Figura 14 a seguir exibe as estratégias tomadas pelos concorrentes no setor.

Figura 14 – Estratégia das concorrentes no setor

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5.3.2 Posicionamento da empresa estudada

Como dito anteriormente, atualmente as empresas de médio porte vem aproximando

seu comportamento ao de grandes corporações, exigindo uma quantidade maior de serviços e

uma melhor qualidade de atendimento.

A Agência então se posicionará dentro da indústria focando esse segmento,

diferenciando-se por meio dos serviços prestados.

Figura 15 – Estratégia da empresa estudada

Para isso foi definida uma lista de serviços a serem implantados no setor através de

uma pesquisa realizada com outros concorrentes por meio dos serviços divulgados em seus

domínios na web e principalmente pelas exigências das empresas desse porte que a Agência

tentou captar no decorrer do ano sem sucesso. Segue a lista de serviços levantados:

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Serviço de atendimento emergencial 24h (no momento o setor de B2B funciona das 9h

às 19h)

Serviços personalizados em aeroportos nacionais, como acompanhamento de

embarque e desembarque

Serviço de atendimento ao cliente online

Executivo de contas, funcionário responsável por negociar juntamente com os

fornecedores de viagens tarifas mais atraentes para cada cliente de acordo com suas

necessidades e características. Ele também é responsável, caso desejado pelo cliente,

pela elaboração de políticas de viagens com o cliente, focando na redução de suas

despesas totais com viagens

5.4 Ações a serem tomadas

Após a definição da estratégia a ser adotada pela empresa é de extrema importância

traçar ações necessárias para a implantação da mesma. Para isso foram definidas cinco

principais ações a serem realizadas, sendo três delas referentes aos novos serviços a serem

prestados.

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Mudança do modelo de cobrança do setor de B2B

O modelo atual do setor de B2B baseia-se na obtenção de receita por meio de

comissões provindas de seus fornecedores que são um percentual do total de gastos realizados

sobre as viagens de seus clientes. Este modelo não é consistente com a estratégia adotada pela

empresa.

Primeiramente o serviço prestado pela Agência é feito para seu cliente e não para seu

fornecedor. Logo a receita não deve provir do último e sim das empresas clientes. Outro fato é

que esse modelo “incentiva” o aumento das despesas com viagens do cliente, pois quanto

mais cara a passagem ou estadia a ser adquirida por ele, maior será a renda da empresa.

Portanto é necessária a adoção do modelo de cobrança composto de taxas de serviço

(fee), onde toda a comissão recebida pela empresa será repassada para o cliente e será cobrado

dele um valor de acordo com o volume (quantidade e não valor) de transações e de serviços

utilizados. Com a adoção deste modelo também será possível proteger a rentabilidade da

empresa de uma eventual redução de comissões que é uma tendência do mercado, como foi

discutido anteriormente.

Adoção do cartão virtual EBTA

A empresa utiliza um sistema de venda faturada, ou seja, após a realização de uma

compra por parte de seu cliente ela paga os fornecedores e depois emite uma fatura com prazo

que varia de 10 a 15 dias no mesmo valor para seu cliente.

Esse sistema acaba trazendo despesas devido a custos operacionais e financeiros. Com

a adoção do cartão EBTA, isso não ocorreria.

O cartão EBTA é um cartão de crédito virtual da American Express que é criado pela

agência juntamente com seu cliente com a finalidade de pagar as despesas com viagens. Dessa

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forma, a cobrança seria feita diretamente às empresas, sem necessidade de um processo

intermediário realizado pela Agência.

Outro benefício do cartão é que ele aumenta o prazo de pagamento para os clientes e,

como ele é criado como uma associação entre cliente e a TMC (o cartão somente pode ser

utilizado para a compra de viagens com essa TMC), aumenta a fidelidade do cliente.

Contratação de atendente para período noturno

Para possibilitar a implantação do serviço de atendimento emergencial será necessário

a contratação de um novo funcionário de 10 horas (a empresa trabalha com funcionários de 6

e 10h, ao invés de 8h) que deverá ficar na empresa no período noturno (das 19h às 07h).

Deverá ser mudado o horário de uma das atendentes atuais também para que tenha um

funcionário no setor entre as 07 e 09h.

Contratação de terceiros para prestar serviços de atendimento no aeroporto

Como existe um difícil acesso ao espaço de lojas de aeroporto e seu aluguel é caro, os

custos não justificam os benefícios ganhos. Portanto a opção que a empresa possui é

terceirização.

Uma das empresas voltada a prestação desse serviço é a Service Plus que possui

estabelecimentos em 18 aeroportos do país.

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Contratação e treinamento de executivo de contas

Contratação de um profissional responsável pela negociação com fornecedores e

elaboração de políticas de viagens para os clientes. Para sua capacitação esse participará de

treinamentos disponibilizados pela ABGEV sobre o assunto, necessitando de investimentos

razoáveis.

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6 CONCLUSÃO

6.1 Resultados Obtidos

O trabalho apresentado buscou realizar a análise estratégica da área de B2B

da empresa Agência que atua no mercado de viagens corporativas e que faz parte

de um grupo de empresas de e-commerce que é líder no Brasil.

Inicialmente focou-se em realizar uma análise da indústria como um todo

através das cinco forças de Porter, onde foi possível identificar que o poder de

barganha, tanto dos fornecedores quanto dos clientes, era uma força relevante no

setor, assim como a ameaça causada por produtos e serviços substitutos.

Após esta etapa foi realizada uma análise interna da empresa, observando os

seus pontos fortes e fracos e uma análise externa, apontando as oportunidades e

ameaças existentes no mercado e, em seguida, foi estabelecido o posicionamento

estratégico a ser adotado pela empresa baseado na mudança de comportamento

das empresas de médio porte, sendo escolhido o enfoque em diferenciação. E, para

atingir a diferenciação frente aos concorrentes, foram selecionados serviços a serem

implantados na empresa.

6.2 Contribuição do Trabalho

A empresa em estudo encontra-se em uma posição dentro do mercado

desfavorável. Atualmente, não consegue estabelecer uma diferenciação em seus

serviços prestados ou ter uma vantagem em relação ao custo frente a seus

concorrentes.

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Desta forma, este trabalho possibilitou um melhor direcionamento estratégico

da Agência, determinando os passos a serem tomados para o aumento de sua

competitividade no setor de viagens corporativas e, conseqüentemente, atingir uma

maior rentabilidade.

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