Analise estrutural para implantar a tpm

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Ministério da Educação Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná Departamento Acadêmico de Eletrotécnica Projeto Final de Graduação ANÁLISE DE INDICADORES ESTRUTURAIS PARA IMPLANTAÇÃO DA TPM CELSO HIROSHI OGATA CRISTIAN ZENI GISELLE CRISTINA TERÇARIOL Projeto final de graduação em Engenharia Industrial Elétrica com ênfase em Eletrotécnica do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Orientador: Prof. M.Sc. Marcelo Rodrigues CURITIBA 2003

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Ministério da EducaçãoCentro Federal de Educação Tecnológica do Paraná

Departamento Acadêmico de EletrotécnicaProjeto Final de Graduação

ANÁLISE DE INDICADORES ESTRUTURAIS PARA

IMPLANTAÇÃO DA TPM

CELSO HIROSHI OGATA

CRISTIAN ZENI

GISELLE CRISTINA TERÇARIOL

Projeto final de graduação em EngenhariaIndustrial Elétrica com ênfase em Eletrotécnicado Centro Federal de Educação Tecnológica doParaná.

Orientador: Prof. M.Sc. Marcelo Rodrigues

CURITIBA

2003

Page 2: Analise estrutural para implantar a tpm

AGRADECIMENTOS

Este trabalho é dedicado primeiramente aos nossos familiares e amigos que

entenderam durante 2 anos, a importância do tempo dedicado a execução deste.

Agradecemos e dedicamos ainda a algumas pessoas que colaboraram muito com a

finalização deste trabalho:

1. Em especial ao nosso professor orientador Marcelo Rodrigues, que durante toda

a execução acompanhou e indicou os caminhos para a melhoria contínua deste

trabalho;

2. Ao pessoal da FAURECIA Bancos para Automoveis Ltda:

? Mauro Bessa (Gerente de Manutenção);

? Araken de Paula Jr. (Diretor Fábrica Quatro Barras);

? Marcelo Silvano (Diretor Industrial);

? E a todo pessoal envolvido com o processo de implantação desta metodologia de

trabalho, principalmente a equipe de manutenção que muito colaborou com a

implantação.

Page 3: Analise estrutural para implantar a tpm

RESUMO

Como um dos frutos da globalização, a competitividade do mercado gerou a procura

pela redução dos custos dos processos produtivos. A TPM, assim como vários

sistemas para a melhoria de produtividade, tornou-se uma ferramenta muito útil para

as empresas que buscam a redução de custos de manutenção. A implantação

frenética e sem nenhuma preocupação com a filosofia empresarial embutida nesta

ferramenta, trouxe conseqüências desastrosas para muitas empresas. Frustrando

desta maneira seus colaboradores, que passam a desacreditar em qualquer outra

proposta de mudança. Este trabalho analisa as condições iniciais necessárias,

através de um estudo de caso, para a implantação da TPM de maneira consistente.

Iniciando-se por um diagnóstico da situação anterior da empresa, a elaboração de

proposta de melhoria para a estrutura básica para a TPM, a implantação destas

melhorias e os resultados alcançados. No trabalho evidenciam-se os ganhos obtidos

pela empresa, quando comparado a situação anterior com a atual. Apesar deste

trabalho ser um estudo de caso, o mesmo pode ser utilizado como referência para

outras empresas que pretendem ou estão implementando a TPM. Com uma

avaliação criteriosa é possível responder a esta importante pergunta: sua empresa

tem TPM ou pensa que tem?

Page 4: Analise estrutural para implantar a tpm

ABSTRACT

As one of the results of the globalization, the competitiveness of the market

generated the search for the reduction of the costs of the productive processes. The

TPM, as well as some systems for the productivity improvement, became a very

useful tool for the companies who search the reduction of maintenance costs. The

frantic implantation and without no concern with the business philosophy of this tool,

brought disastrous consequences for many companies. Frustrating in this way its

collaborators, who start to discredit in any another proposal of change. This work

analyzes the necessary initial conditions, through a study of case, for the implantation

of the TPM in consistent way. Initiating itself for a diagnosis of the previous situation

of the company, the elaboration of proposal of improvement for the basic structure for

the TPM, the implantation of these improvements and the results reached. In the

work the profits gotten for the company are proven, when compared the previous

situation with the current one. Despite this work being a case study, it can be used as

reference for other companies who intend or are implementing the TPM. With a strict

evaluation it is possible to answer to this important question: its company has TPM or

thinks that it has?

Page 5: Analise estrutural para implantar a tpm

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Cronograma de trabalho........................................................................ 17

Figura 02 – Percentual do efetivo de manutenção em relação ao total de

empregados da empresa................................................................................... 25

Figura 03 – Representação dos índices TMEF, TMPR e TMPF............................... 29

Figura 04 – As 6 grandes perdas.............................................................................. 34

Figura 05 – Os cinco pilares da TPM........................................................................ 35

Figura 06 – Os oito pilares básicos da TPM ............................................................. 36

Figura 07 – Guarda chuva do Kaizen proposto por IMAI.......................................... 49

Figura 08 – Fluxograma............................................................................................ 59

Figura 09 – Organograma do departamento de manutenção................................... 63

Figura 10 – Cumprimento do plano de preventiva. ................................................... 64

Figura 11 – Número de corretivas. ........................................................................... 65

Figura 12 – Algoritmo de determinação de criticidade.............................................. 78

Figura 13 – Instrução de 1º nível .............................................................................. 81

Figura 14 – Diário de bordo ...................................................................................... 83

Figura 15 – Cronograma de adequação do sistema................................................. 85

Figura 16 – Fluxograma de adequação do sistema.................................................. 86

Figura 17 – Fluxograma de implantação do quadro gestão a vista ......................... 91

Figura 18 – Quadro gestão a vista............................................................................ 91

Figura 19 – Parte frontal do cartão. .......................................................................... 94

Figura 20 – Parte traseira do cartão. ........................................................................ 94

Figura 21 – Fluxograma de funcionamento do quadro ............................................. 96

Figura 22 – Gráfico de meta preventiva x preventiva realizada.............................. 100

Figura 23 – Gráfico comparativo de meta preventiva x preventiva realizada ......... 101

Figura 24 – Gráfico de intervenções corretivas ...................................................... 102

Figura 25 – Gráfico comparativo de intervenções corretivas.................................. 102

Figura 26 – Meta do índice de corretivas para os próximos 12 meses................... 103

Figura 27 – Gráfico de saídas do almoxarifado – reposição................................... 104

Figura 28 – Gráfico comparativo de saídas do almoxarifado – reposição .............. 104

Page 6: Analise estrutural para implantar a tpm

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Evolução da manutenção ....................................................................... 19

Quadro 2 - Conceitos de manutenção. ..................................................................... 24

Quadro 3 - As 12 fases para a implantação da TPM................................................ 38

Quadro 4 – Análise de criticidade da empresa ......................................................... 78

Page 7: Analise estrutural para implantar a tpm

LISTA DE ABREVIATURAS

ABRAMAM – Associação Brasileira de Manutenção

CCQ – Círculos de Controle de Qualidade

CMNTe – Custo Total de Manutenção de um determinado equipamento

CMPF – Custo de Manutenção Por Faturamento

CMVR – Custo da Manutenção pelo Valor de Reposição

CTMN – Custo Total da Manutenção

EAG – Equipe Auto Gerenciável

EUA – Estados Unidos da América

F – Faturamento da empresa

FE - Ferramentaria

FMEA – Análise do Tipo e Efeito de Falha

FQ – Freqüência de quebra

GM - General Motors

ISO 14000 – Norma de qualidade para meio ambiente

JIPM – Japan Institute of Plant Maintenance - Instituto Japonês de Manutenção de

Industrial

JIT – Just in Time

LB – Lubrificação

LCC – Life Cycle Cost – Custo do Ciclo de vida

LER – Lesão por Esforços Repetitivos

M(t) – Mantenabilidade

ME – Manutenção Elétrica

MM – Manutenção Mecânica

MTBF – Mean Time Betwenn Failures – Tempo Médio Entre Falhas

MTTF – Mean Time To Failure – Tempo Médio Para Falhar

MTTR – Mean Time To Repair – Tempo Médio Para Reparo

N – Número de falhas totais detectadas

NBR – Norma Brasileira

OPT – Optimized Production Technology – Tecnologia de Produção Otimizada

OP - Operação

OS – Ordem de Serviço

PL – Plano de Lubrificação

Page 8: Analise estrutural para implantar a tpm

PM – Prêmio Deming

PR - Predial

QP – Qualidade e Produtividade

QS – Sistema de Qualidade

QT – Qualidade Total

R(t) – Confiabilidade

RCM – Manutenção Centrada na Confiabilidade

SIM – Sistema Integrado de Manutenção

TMEF – Tempo Médio entre Falhas

TMPF – Tempo Médio Para Falhar

TMPR – Tempo Médio Para Reparo

TO – Taxa de Ocupação

TOC – Theory Of Contraints – Teoria das Restrições

TPM – Total Productive Maintenance – Manutenção Produtiva Total

TQC – Controle Total da Qualidade

VLRP – Valor de Compra de um Equipamento

VW – Volkswagen

Page 9: Analise estrutural para implantar a tpm

LISTA DE SÍMBOLOS

T – Período de tempo especificado

? - Taxa de falhas do equipamento

? - Taxa de reparos

T.op. – Tempo total de operação do equipamento

Page 10: Analise estrutural para implantar a tpm

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE QUADROS

LISTA DE ABREVIATURAS

LISTA DE SÍMBOLOS

SUMÁRIO

1 PROPOSTA DE PROJETO .............................................................................. 14

1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14

1.2 JUSTIFICATIVAS ........................................................................................................... 15

1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................... 15

1.3.2 Objetivo geral .............................................................................................................. 15

1.3.3 Objetivos específicos................................................................................................... 15

1.4 METODOLOGIA ............................................................................................................. 16

1.4.1 Estudo bibliográfico e teórico....................................................................................... 16

1.4.2 Escolha da empresa e coleta de dados. ...................................................................... 16

1.4.3 Análise dos dados e avaliação da situação atual da empresa. ..................................... 16

1.4.4 Aplicação dos indicadores de viabilidade..................................................................... 17

1.4.5 Propostas de correção e melhorias necessárias ao sistema estrutural......................... 17

1.4.6 Validação do projeto.................................................................................................... 17

1.4.7 Implantação das idéias de melhoria............................................................................. 17

1.5 CRONOGRAMA.............................................................................................................. 17

Page 11: Analise estrutural para implantar a tpm

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 18

2.1 INTRODUÇÃO DA FUNÇÃO MANUTENÇÃO ................................................................ 18

2.1.1 Histórico da manutenção. ................................................................................................... 18

2.1.2 A importância da função manutenção.......................................................................... 20

2.1.3 Conceitos importantes de manutenção. ....................................................................... 22

2.1.3.1 Manutenção Corretiva. ............................................................................................ 22

2.1.3.2 Manutenção Preventiva........................................................................................... 23

2.1.3.3 Manutenção Preditiva.............................................................................................. 23

2.1.4 Recursos humanos na manutenção............................................................................. 25

2.1.5 Custos de manutenção................................................................................................ 26

2.1.6 Indicadores classe mundial.......................................................................................... 27

2.1.6.1 Indicadores de gestão. ............................................................................................ 27

2.1.6.2 Indicadores de custos.............................................................................................. 31

2.1.7 Tendência dos indicadores de manutenção brasileiros. ............................................... 31

2.2 INTRODUÇÃO AO TPM.................................................................................................. 32

2.2.1 Histórico do TPM......................................................................................................... 32

2.2.2 Conceitos de TPM....................................................................................................... 33

2.2.3 Objetivos do TPM........................................................................................................ 34

2.2.4 Pilares do TPM............................................................................................................ 35

2.2.5 Implantação da TPM. .................................................................................................. 37

2.3 POR QUE A TPM NÃO DÁ CERTO. ............................................................................... 38

2.3.1 A implantação não ocorre no sentido “Top down”. ....................................................... 38

2.3.2 A responsabilidade da TPM é somente da manutenção............................................... 39

2.4 FERRAMENTAS BÁSICAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA TPM. ............................... 39

2.4.1 House Keeping 5S...................................................................................................... 39

2.4.2 FMEA – (Failure Mode and Effect Analysis)................................................................. 42

2.4.2.1 Tipos de FMEA. ...................................................................................................... 42

2.4.2.2 Aplicação da FMEA................................................................................................. 43

2.4.2.3 Funcionamento básico. ........................................................................................... 43

2.4.2.4 Etapas para a aplicação. ......................................................................................... 44

2.4.3 EAG (Equipe Auto Gerenciável). ................................................................................. 47

2.4.4 Kaizen – Melhoria Contínua......................................................................................... 48

2.4.5 Manutenção Autônoma................................................................................................ 51

2.4.6 TOC - Theory of Constraints........................................................................................ 52

2.4.6.1 Elementos da TOC.................................................................................................. 54

2.4.7 Polivalência................................................................................................................. 55

Page 12: Analise estrutural para implantar a tpm

3 METODOLOGIA CIENTÍFICA........................................................................... 58

3.1 AMBIENTE EXPLORADO............................................................................................... 58

3.2 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA .................................................................................. 61

3.2.2 FAURECIA BRASIL..................................................................................................... 62

4 SITUAÇÃO DA EMPRESA EM OUTUBRO 2002............................................. 63

4.1 DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO. ......................................................................... 63

4.2 DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO. .............................................................................. 66

5 INDICADORES ESTRUTURAIS PARA A IMPLANTAÇÃO DA TPM .............. 68

5.1 COMPROMETIMENTO DA ALTA DIREÇÃO.................................................................. 68

5.2 5’S. ................................................................................................................................. 68

5.3 EAG. ............................................................................................................................... 69

5.4 MOTIVAÇÃO DE PESSOAL. .......................................................................................... 69

5.5 DOCUMENTAÇÃO E HISTÓRICO DE MÁQUINAS. ....................................................... 70

5.6 ANÁLISE DE GARGALOS E CRITICIDADE DE EQUIPAMENTOS. ............................... 71

5.7 MANUTENÇÃO DE 1º NÍVEL. ........................................................................................ 72

5.8 SISTEMA DE PREVENTIVAS. ........................................................................................ 72

5.9 IMPLANTAÇÃO DO FMEA DE MANUTENÇÃO ............................................................. 73

5.10 PEÇAS DE REPOSIÇÃO. ............................................................................................... 74

5.11 TREINAMENTO. ............................................................................................................. 74

5.11.1 Operadores de produção. ............................................................................................ 75

5.11.2 Manutencionistas. ....................................................................................................... 76

5.11.3 Supervisores de produção e outras funções suportes. ................................................. 76

6 IMPLANTAÇÃO ................................................................................................ 78

6.1 ANÁLISE DE CRITICIDADE. .......................................................................................... 78

6.2 NOVO SISTEMA DE MANUTENÇÃO DE 1º NÍVEL. ....................................................... 80

Page 13: Analise estrutural para implantar a tpm

6.3 DIÁRIO DE BORDO........................................................................................................ 83

6.4 ADEQUAÇÃO DO SISTEMA EXISTENTE. ..................................................................... 84

6.5 MANUAIS DAS MÁQUINAS. .......................................................................................... 87

6.6 CÓPIAS DE PROGRAMAS E SISTEMAS OPERACIONAIS DAS MÁQUINAS............... 87

6.7 PEÇAS DE REPOSIÇÃO. ............................................................................................... 88

6.8 PREVENTIVAS. .............................................................................................................. 89

6.9 PLANO DE LUBRIFICAÇÃO. ......................................................................................... 90

6.10 SISTEMA GESTÃO VISUAL........................................................................................... 90

6.10.1 Funcionamento do quadro........................................................................................... 95

6.11 ASPECTOS MOTIVACIONAIS........................................................................................ 98

6.12 FUTURAS IMPLANTAÇÕES. ......................................................................................... 99

7 RESULTADOS ALCANÇADOS...................................................................... 100

8 CONCLUSÕES ............................................................................................... 106

9 BIBLIOGRAFIA............................................................................................... 108

Page 14: Analise estrutural para implantar a tpm

141 PROPOSTA DE PROJETO

1.1 INTRODUÇÃO

Desde a Segunda Guerra Mundial (1939/1945) que se percebe a importância

da manutenção adequada e periódica das ferramentas de trabalho. O equipamento

militar deveria estar o mais perto possível da perfeição operacional, mas, ao mesmo

tempo ter a mais rápida e perfeita manutenção. As lições aprendidas com materiais

militares passaram para a indústria (Tavares, 1999).

Junto com a globalização veio a concorrência cada vez mais acirrada entre as

empresas. Frente a este cenário o setor industrial tem buscado transformações

profundas nos sistemas produtivos.

Na busca de se conseguir uma alta produtividade garantindo sua

competitividade no mercado, as empresas investiram em novas tecnologias. Como

conseqüência houve a modernização dos equipamentos, a automação dos sistemas

e processos, a diversidade e a quantidade de componentes inseridos em sistemas

cada vez mais complexos, favorecendo desta forma a probabilidade de ocorrências

de falhas. Este avanço tecnológico não afeta apenas a maquinaria das fábricas, mas

também o processo de manufatura.

Para manter a disponibilidade operacional destes sistemas, é necessário se

aplicar uma metodologia de manutenção efetiva nos ativos das empresas. Em

Curitiba e Região Metropolitana o programa mais utilizado é a TPM –Total

Productive Maintenance – Manutenção Produtiva Total, técnica de origem japonesa

criada na década de 70 que vem sendo aplicada no Brasil desde a década de 90

(Rodrigues, 2003).

A TPM preconiza um retorno de investimento da ordem de 30 para 1 em

processos contínuos e de 100 para 1 em processos seriados, isto para o período de

três anos (Ribeiro, 2001 p. 36-37).

Segundo Takahashi e Osada apud Yoshinaga (1993, p. 04 ), “A magnitude

das melhorias é surpreendente, pois defeitos da qualidade são reduzidos em 90%,

avarias em 90% e os lucros crescem na ordem de milhões de dólares”.

No Brasil observam-se algumas frustrações com relação a esse retorno.

Quando analisados criteriosamente os motivos do insucesso a principal causa é que

Page 15: Analise estrutural para implantar a tpm

15na prática as empresas dizem que estão aplicando TPM, e na verdade não estão. E

quando isto ocorre, há um grande descontentamento das pessoas que acreditaram

no método (Ribeiro, 2001 p.37).

Para se evitar frustrações iniciais um estudo preliminar deve ser feito, pois a

implantação da TPM deve ser ajustada às características específicas de cada

empresa, como escala de negócios, espaço físico da fábrica, capacidade de

produção e as características dos produtos (Takahashi e Osada, 1993).

1.2 JUSTIFICATIVAS

Devido ao alto índice de insucesso da implantação do sistema TPM, que

acarreta na desmotivação dos funcionários envolvidos neste processo, a avaliação

da viabilidade e da situação atual da empresa é item fundamental para uma

implementação correta e a garantia de bons resultados.

Através do convívio com estes problemas em algumas empresas, presencia-

se diversas dificuldades com relação à implementação desta ferramenta,

principalmente falta de estrutura técnica e cultural, de modo que criou-se uma

motivação pessoal para desenvolver uma técnica ou um sistema aplicados a

implantação da TPM visando atingir melhores resultados.

1.3 OBJETIVOS

1.3.2 Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo geral elaborar um sistema de avaliação para

a estrutura básica dos sistemas de manutenção e produção da empresa, por

intermédio de indicadores, afim de mostrar os passos que a empresa tem que dar

antes da implementação efetiva da ferramenta TPM. A aplicação desta sistemática

deu-se através de um estudo de caso, em uma empresa de manufatura do setor

automotivo.

1.3.3 Objetivos específicos

Page 16: Analise estrutural para implantar a tpm

16Este trabalho pretende ainda através do estudo de caso aplicado a uma

determinada empresa:

? levantar a situação atual da empresa no setor de manutenção e produção;

? aplicar indicadores de avaliação pré-TPM;

? analisar nível de envolvimento do pessoal (operação e manutenção);

? propor ações de melhorias à empresa;

? implantar algumas ações de melhorias;

? apresentar os resultados da implantação dessas melhorias.

1.4 METODOLOGIA

Diante do exposto, apresenta-se a seguir a proposta de metodologia de

pesquisa de campo aplicada a um estudo de caso.

1.4.1 Estudo bibliográfico e teórico.

Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, buscando conhecer os

aspectos a serem estudados (qual deve ser o nível da mão de obra dos

manutentores, como deve estar o nível cultural dos operadores de produção, qual

deve ser o índice de implantação das ferramentas de qualidade e produtividade

necessárias, entre outros.).

1.4.2 Escolha da empresa e coleta de dados.

Após a escolha da empresa foi realizada uma coleta de dados a fim de

mostrar a situação atual da empresa, através de pesquisas de opinião, índices de

produtividade e qualidade, indicadores de recursos humanos e principalmente

índices de manutenção.

1.4.3 Análise dos dados e avaliação da situação atual da empresa.

Page 17: Analise estrutural para implantar a tpm

17Os dados pesquisados foram analisados e indicaram a situação atual da

empresa para a implementação da TPM, através da metodologia criada neste

projeto.

1.4.4 Aplicação dos indicadores de viabilidade.

Dentro do modelo de avaliação, foram criados indicadores que mostram qual

é a situação mínima desejada para o início da implementação da TPM, em paralelo

com a avaliação da situação atual da empresa.

1.4.5 Propostas de correção e melhorias necessárias ao sistema estrutural.

Com a situação atual definida, foram propostas melhorias e correções ao

sistema estrutural para a implementação da TPM, para que se for o caso, preparar a

empresa adequadamente para a correta implementação desta ferramenta.

1.4.6 Validação do projeto.

Como este projeto de pesquisa teve o apoio da empresa escolhida, na qual foi

efetuado o estudo de caso, esta metodologia de avaliação foi validada pelo comitê

de direção da mesma, provando assim sua viabilidade.

1.4.7 Implantação das idéias de melhoria.

Foram implantadas algumas das idéias de melhoria, de acordo com o tempo

disponível, monitoradas e apresentados os resultados alcançados.

1.5 CRONOGRAMA

Figura 01 – Cronograma de trabalho

Page 18: Analise estrutural para implantar a tpm

18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 INTRODUÇÃO DA FUNÇÃO MANUTENÇÃO

2.1.1 Histórico da manutenção.

A história da manutenção (Rosa, 1999, p.25), acompanha o desenvolvimento

técnico industrial da humanidade. No fim do século XIX, com o surgimento da

mecanização das indústrias surgiu a necessidade dos primeiros reparos. Até 1914, a

manutenção tinha importância secundária e as indústrias praticamente não

possuíam equipes para a execução deste tipo de serviço. Os reparos eram

trabalhados pelo mesmo efetivo da produção. Até esta época as equipes de

manutenção praticamente não existiam e a maior parte dos cuidados com o

equipamento era no sentido de trocar partes que se gastavam. Evitar que o

desgaste fosse em curto prazo era também um cuidado que se tomava em relação

aos equipamentos. Para isso, passava-se gordura de origem animal nas partes

móveis e sujeitas a cargas mecânicas, onde o desgaste era notado com facilidade e

contornado com esta simples providência.

Pinto e Xavier (2001, p.39) dividem a manutenção após 1930 em três

gerações.

A primeira geração abrange o período anterior a segunda guerra mundial,

quando os equipamentos eram simples, geralmente superdimensionados em uma

indústria pouco mecanizada. A produtividade não era prioritária, portanto não era

necessária uma manutenção sistemática, apenas serviços de limpeza, lubrificação e

reparo após quebra, ou seja, a manutenção era basicamente corretiva.

A segunda geração vai desde a segunda guerra mundial até os anos 60.

Nesta fase houve um forte aumento da mecanização e da complexidade das

instalações industriais, devido ao aumento de demanda por todo o tipo de produtos.

O aumento da disponibilidade dos equipamentos começa a ser cada vez mais

necessário, assim como a confiabilidade. Tudo em busca da maior produtividade. A

produção dependia mais do bom funcionamento das máquinas, isto levou a idéia de

que falhas nos equipamentos poderiam e deveriam ser evitadas, resultando no

conceito de manutenção preventiva. Esta manutenção na década de 60 consistia de

Page 19: Analise estrutural para implantar a tpm

19intervenções feitas a intervalos fixos. Conseqüentemente o custo manutenção

começou a elevar-se muito comparado aos custos de produção, forçando o

surgimento de sistemas de planejamento e controle da manutenção. A vida útil dos

equipamentos precisava ser aumentada, e ferramentas para isso começaram a

surgir.

A terceira geração inicia-se a partir da década de 70, aonde há a aceleração

nos processos de mudanças na indústria. As paradas de produção gerava custos e

afetava a qualidade dos produtos, estes fatores se agravaram pela tendência

mundial de utilização de sistemas just-in-time onde pequenas pausas na produção

poderiam acarretar na paralisação da fábrica. A disponibilidade e a confiabilidade

tornaram-se pontos chaves devido ao aumento da automação e da mecanização. O

aumento da automação significa que falhas cada vez mais freqüentes afetam a

capacidade de se manter padrões de qualidade. Os aspectos segurança e meio

ambiente começam a ser exigidos cada vez mais com maiores padrões, a

manutenção preventiva se tornaria uma ferramenta defasada para atender a esses

requisitos, surge então a manutenção preditiva, a TPM e a RCM - Manutenção

Centrada na Confiabilidade.

Primeira Geração Segunda Geração Terceira GeraçãoAntes de 1940 1940 1970 Após 1970

>Conserto após falha >Disponibilidade crescente >Maior disponibilidade e confiabilidade

>Maior vida útil do equipamento >Melhor custo benefício

>Melhor qualidade dos produtos

>Preservação do meio ambiente

>Conserto após falha >Computadores grandes e lentos >Monitoração de condição>Sistemas manuais de planejamento e controle do trabalho

>Projetos voltados para confiabilidade e manutenabilidade

>Monitoração por tempo >Análise de risco

>Computadores pequenos e rápidos

>Softwares potentes>Análise de modos e efeitos da falha (FMEA)

>Grupos de trabalhos multidisciplinares

Aumento da expectativa em relação a manutenção

Mudanças nas técnicas de manutenção

Quadro 1 - Evolução da manutençãoFonte: adaptado de Pinto e Xavier (2001, p.08).

Page 20: Analise estrutural para implantar a tpm

202.1.2 A importância da função manutenção.

Leibel (2003) define a manutenção como sendo um “conjunto de ações que

permite manter ou restabelecer um bem dentro de um estado específico ou na

medida para assegurar um determinado serviço, são aquelas medidas que permitem

manter o sistema em funcionamento”.

A manutenção torna-se importante somente quando os problemas acontecem

ou quando uma função vital da empresa é afetada. A manutenção é um conjunto de

procedimentos que visa o perfeito funcionamento de uma máquina, equipamento,

ferramenta ou instalação, o máximo tempo possível para prevenir prováveis falhas

ou quebras. Portanto, a manutenção deve promover a alta disponibilidade dos

equipamentos para atender, durante todo o tempo, ao processo de produção para se

evitar estrangulamento das etapas e perdas por paradas não programadas (Neto,

2002 p. 15).

A essa função de vital importância para a economia das empresas e

principalmente para a vida de todos nós, não é dada a devida consideração.

Segundo Arcuri Filho, (2001, p.10):

“... a Manutenção experimentou uma impressionante evolução neste curto

período de pouco mais de 100 anos de existência formal, sendo que alguns

já a apontam como a mais importante Função da Engenharia nos dias de

hoje. A introdução da Manutenção Preventiva, o advento da Preditiva, a

criação da TPM e da RCM, a paulatina transformação em Gestão de Ativos

são pontos de inflexão relevantes que marcaram decisivamente sua

trajetória de progressiva valorização, levando-a, finalmente, a desempenhar

o estratégico papel de protagonista da produção”.

Os números que envolvem a manutenção são muito grandes, de acordo com

a ABRAMAM – Associação Brasileira de Manutenção, (2003):

“... a Função representa, no Brasil, um negócio que movimenta cerca de

US$ 35 bilhões por ano, empregando 20% da força de trabalho própria das

empresas. Em países mais ricos, como os EUA, Japão e Alemanha, estes

valores são ainda mais impressionantes, atingindo US$ 300, US$ 175 e US$

130 bilhões, respectivamente”.

Page 21: Analise estrutural para implantar a tpm

21Esses números mostram a necessidade de novos investimentos e criação

e/ou adequação de ferramentas para a redução do custo manutenção, custo este

que se transforma em resultado operacional (lucro) para as empresas tornando-as

cada vez mais competitivas.

Nota-se uma preocupação, principalmente nos países de Primeiro Mundo, na

busca dessa política de redução de custos e otimização da qualidade de seus

produtos, visando à competitividade. Apoiados nesta necessidade, a manutenção de

classe mundial busca a melhoria de modo constante. Entende-se por classe mundial

a garantia de condições de competir em qualquer lugar do mundo oferecendo

produtos com qualidade e com preços atrativos, bons prazos de entrega e ser

reconhecido como um fornecedor confiável (Mishawka e Olmedo, 1993 p.277).

A situação brasileira pode ser incluída no termo “Manutenção de Terceiro

Mundo”, pois podemos distinguir algumas características e conseqüências que

demonstram a Manutenção de Terceiro Mundo como:

? Alta taxa de retrabalho. Que aumentam os custos produtivos devido aos

custos de reprocessos gerados por problemas de qualidade que podem ser

gerados pela falta de uma adequada manutenção nas máquinas;

? Falta de pessoal qualificado. Gerando um tempo demasiado de máquinas

paradas;

? Convivência com problemas crônicos e demora na resolução destes;

? Faltas de sobressalentes no estoque, geralmente devida a política de

redução exagerada de custos ou um mau planejamento de manutenção e

reposição de estoque;

? Alto índice de máquina parada e serviços não previstos;

? Baixa produtividade;

? Históricos de máquinas não existentes ou inadequados;

? Falta de planejamento de manutenção;

? Abuso de “soluções temporárias” nas máquinas;

? Alta quantidade de horas extras;

? Falta de tempo para executar qualquer tarefa;

Page 22: Analise estrutural para implantar a tpm

22Todas essas características afetam no resultado global da manutenção

gerando principalmente a desmotivação das equipes, a falta de confiança dos

clientes e várias outras conseqüências.

2.1.3 Conceitos importantes de manutenção.

2.1.3.1 Manutenção corretiva.

A manutenção corretiva é aquela que se conduz quando o equipamento falha

ou cai abaixo de uma condição aceitável quando em operação (Mishawka e Olmedo,

1993 p.09)

Segundo Monchy (1989, p. 37) a manutenção corretiva corresponde a uma

atitude de defesa (submeter-se, sofrer) enquanto se espera uma próxima falha

acidental (fortuita), atitude característica da conservação tradicional.

Pinto e Xavier (2001, p. 36) definem a manutenção corretiva como a atuação

para a correção da falha ou do desempenho menor que o esperado, sendo a ação

principal restaurar as condições de funcionamento do equipamento ou sistema.

A manutenção corretiva deveria ser o tipo de manutenção menos utilizada

dentro das empresas devido a uma série de vantagens e desvantagens citadas por

Wyrebsky (1997, p. 39):

Vantagem:

? Não exige acompanhamentos e inspeções nas máquinas.

Desvantagens:

? As máquinas podem quebrar-se durante os horários de produção;

? As empresas utilizam máquinas de reserva;

? Há necessidade de se trabalhar com estoques.

Nota-se devido a essa série de desvantagens, a preocupação de se tornarem

mínimas as condições onde seja necessária a utilização da manutenção corretiva.

Page 23: Analise estrutural para implantar a tpm

232.1.3.2 Manutenção Preventiva.

É um conjunto de ações para manter os equipamentos nas condições

especificadas provendo inspeções sistemáticas, detecção e prevenção de falhas em

seu estágio inicial.

Para Monchy (1989, p.39), "manutenção preventiva é uma intervenção de

manutenção prevista, preparada e programada antes da data provável do

aparecimento de uma falha”.

De acordo com Pinto e Xavier (2001, p. 39), manutenção preventiva é a atuação

realizada de forma a reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho,

obedecendo a um plano previamente elaborado, baseado em intervalos definidos de

tempo. É a procura obstinada de evitar a ocorrências de falhas.

Na Manutenção Preventiva observamos vantagens e desvantagens conforme

Wyrebsky (1997):

Vantagens:

? Assegura a continuidade do funcionamento das máquinas, só parando para

consertos em horas programadas;

? A empresa terá maior facilidade para cumprir seus programas de produção.

Desvantagens:

? Requer um quadro (programa) bem montado;

? Requer uma equipe de mecânicos eficazes e treinados;

? Requer um plano de manutenção.

A correta aplicação da manutenção preventiva mostra um grau de evolução

dos departamentos de manutenção, assegurando a qualidade do departamento e

serviço da manutenção, além de redução de custos.

2.1.3.3 Manutenção Preditiva.

Acompanha-se a vida útil das máquinas efetuando-se inspeções periódicas,

medições, leituras, sondagem, etc. Observa-se o comportamento das máquinas,

verificando falhas ou detectando mudanças nas condições físicas, podendo-se

prever com precisão o risco de quebra, permitindo assim a manutenção

programada. Ela substitui, na maioria dos casos, a manutenção preventiva.

Page 24: Analise estrutural para implantar a tpm

24Pinto e Xavier (2001, p. 42) definem manutenção preditiva como a atuação

realizada com base na modificação de parâmetros de condição ou desempenho,

cujo acompanhamento obedece a uma sistemática. Quando o grau de degradação

se aproxima ou atinge os limites previamente estabelecidos, é tomada a decisão de

intervenção.

Mirshawka e Olmedo (1993, p. 352) colocam a manutenção preditiva como:

"... a manutenção preventiva baseada no conhecimento do estado/condição

de um item, através de medições periódicas ou contínuas de um ou mais

parâmetros significativos. A intervenção de manutenção preditiva busca a

detecção precoce dos sintomas que precedem uma avaria. São

denominações equivalentes: manutenção baseada na condição ou

manutenção baseada no estado ou manutenção condicional."

Na Manutenção Preditiva as vantagens e desvantagens são de acordo com

WyrebskY (1997):

Vantagem:

? Aproveita-se ao máximo a vida útil dos elementos da máquina, podendo-se

programar a reforma e substituição somente das peças comprometidas.

Desvantagens:

? Requer acompanhamentos e inspeções periódicas, através de instrumentos

específicos de monitoração;

? Requer profissionais especializados.

Segundo Mirshawka e Olmedo (1993, p. 13), “ o uso da manutenção preditiva é

atualmente mais econômico que a manutenção preventiva efetuada em intervalos

fixos”.

Manutenção corretiva Manutenção preventiva Manutenção preditivaManutenção efetuada após a

ocorrência de uma pane destinada a recolocar um item

em condições de executar uma função requerida.

Manutenção efetuada em intervalos prédeterminados, ou de acordo

com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha

ou a degradação do funcionamento de um item.

Manutenção que permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base na aplicação

sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meios de supervisão centralizados ou de

amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção preventiva e diminuir a manutenção corretiva.

Conceitos segundo a NBR 5462

Quadro 2 - Conceitos de manutenção.Fonte: NBR 5462 apud Filho (2000).

Page 25: Analise estrutural para implantar a tpm

252.1.4 Recursos humanos na manutenção.

A forte automação do processo produtivo, as modificações do perfil funcional

causadas por ações como TPM e polivalência e modificações na relação de

empregados de cada área, segundo Pinto e Xavier (2001, p. 55), verifica-se uma

mudança no perfil estrutural das empresas, mostrando uma tendência de aumento

relativo de mantenedores além de sua maior especialização como mostra a figura 2:

Figura 02 – Percentual do efetivo de manutenção em relação ao total de

empregados da empresa.Fonte: adaptado de Pinto e Xavier (2001, p. 56).

A capacitação do pessoal de manutenção é um quesito fundamental para o

bom funcionamento do departamento de manutenção. Segundo Pinto e Xavier

(2001, p. 108) “o profissional despreparado gasta no mínimo, um tempo muito maior

para executar o serviço, contudo é capaz de introduzir defeitos ou provocar sérios

problemas pela falta de qualificação”.

A falta de escolas que visem a formação de engenheiros e técnicos de

manutenção, de acordo com Kardec e Zen (2002, p. 42), acarretam na improvisação

do engenheiro ou técnico. Os cursos de aperfeiçoamento de curta duração e de

especialização solidificam a qualificação da comunidade de manutenção.

O trabalho em equipe, além da qualificação do pessoal, é um item fundamental

para um bom resultado da manutenção, pois a integração do pessoal faz com que

as tarefas se tornem mais fáceis e menos burocráticas.

Ano

%

0

5

10

15

20

25

30

35

1987 1990 1993 1995 1997 1999 2001

% próprio + contratado

% próprio

Page 26: Analise estrutural para implantar a tpm

26Vários fatores fazem com que, segundo Robbins e Finley (1997, p. 08), as

equipes sejam uma boa alternativa de trabalho:

? Equipes aumentam a produtividade;

? Equipes melhoram a comunicação;

? Equipes fazem melhor uso dos recursos;

? Equipes realizam tarefas que grupos comuns não podem fazer;

? Equipes são mais criativas e eficientes na resolução de problemas;

? Equipes significam decisões de alta qualidade;

? Equipes significam melhores produtos e serviços;

? Equipes significam processos melhorados;

? Equipes permitem ás organizações misturar pessoas com diferentes tipos de

conhecimento sem que essas diferenças rompam o tecido da organização.

Outro ponto a ser considerado é a motivação das equipes que segundo

Mirshawka e Olmedo (1997, p. 08) é um dos principais problemas da manutenção. A

pouca satisfação pessoal na execução de suas funções, causada pela falta de

liberdade de apresentar e implantar idéias próprias ou pelo trabalho extremamente

chato, provoca uma queda no rendimento da manutenção e em uma má realização

dos trabalhos necessários.

Portanto uma equipe homogênea, bem preparada e motivada é a base para o

bom funcionamento dos recursos humanos da manutenção e do aumento do seu

resultado global.

2.1.5 Custos de manutenção.

Leibel (2003) conceitua custo como: “todos os gastos, incorridos ou

potencialmente a incorrerem, realizados com um objetivo específico, normalmente,

para a obtenção de lucro”.

Os custos de manutenção podem ser divididos em custos diretos e custos

indiretos segundo Pinto e Xavier (2001, p. 58).

Os custos diretos são aqueles necessários para manter os equipamentos em

operação Neles se incluem: manutenção preventiva, inspeções regulares,

lubrificação, manutenção preditiva, custos de reparo e manutenções corretivas em

geral. O custo direto de manutenção compõe-se de custo de mão de obra direta

Page 27: Analise estrutural para implantar a tpm

27(mão de obra própria), custo de sobressalentes (aquisição de peças de reposição),

custo de materiais de consumo (óleos, graxas e produtos químicos) e custo de

serviço de terceiros.

Os custos indiretos são aqueles relacionados com a estrutura gerencial e de

apoio administrativo, custos com análises e estudos de melhorias, engenharia de

manutenção, supervisão, e outros. Ainda incluem-se aquisição de ferramentas e

instrumentos de medição para acompanhamentos, amortização, depreciação,

iluminação, energia elétrica, dentre outros.

2.1.6 Indicadores classe mundial.

Tavares (1999, p. 82) descreve indicadores classe mundial como os

indicadores que possuem uma mesma forma de cálculo em todos os países. Os

indicadores classe mundial são seis, quatro focados em gestão dos equipamentos e

dois em gestão de custos.

2.1.6.1 Indicadores de gestão.

? TMEF (Tempo Médio Entre Falhas) ou MTBF (Mean Time Between Failures)

Pinto e Xavier (2001, p. 102) definem TMEF como sendo o tempo médio de

bom funcionamento. Rosa (1999, p. 50) cita o TMEF como o tempo médio entre

falhas sucessivas de um item reparável, ou média aritmética dos tempos entre uma

falha e outra na mesma máquina, em um lote de máquinas ou uma instalação. O

TMEF é calculado como sendo a relação entre o tempo total de operação do

equipamento (T.op.) e o seu número de falhas totais (N), detectadas (equação 01).

Ainda podemos representar o TMEF como o inverso da taxa de falhas (?), do

equipamento (equação 02).

NopT

MTBFTMEF..?? (Eq. 01).

?1?? MTBFTMEF (Eq. 02).

Quanto maior o TMEF melhor é o resultado operacional.

Page 28: Analise estrutural para implantar a tpm

28

? TMPR (Tempo Médio Para Reparo) ou MTTR (Mean Time To Repair)

Segundo Pinto e Xavier (2001, p. 102) o TMPR é o tempo médio sem produção

associado a falha. Rosa (1999, p. 59) mostra o TMPR como o tempo médio

necessário para reparar um item. Média aritmética dos tempos gastos nos reparos

de: uma máquina, lote de máquinas ou instalação. O TMPR é calculado pela razão

entre o tempo de intervenção corretiva, incluindo o tempo gasto no reparo e todas as

esperas que retardam a colocação do equipamento em funcionamento (T) pelo

número de falhas detectadas no período em questão (N) conforme equação 03.

Ainda o TMPR pode ser definido como o inverso da taxa de reparos ( ? ) (equação

04).

NT

MTTRTMPR ?? (Eq. 03).

?1?? MTTRTMPR (Eq. 04).

O TMPR depende da facilidade do equipamento ser mantido, da capacitação

profissional de quem faz a intervenção e das características de organização e

planejamento da manutenção. Quanto menor o TMPR melhor é o resultado para a

manutenção.

? TMPF (Tempo Médio Para Falhar) ou MTTF (Mean Time To Failure).

Mirshawka e Olmedo (1993, p. 253) conceituam o TMPF como o quociente do

tempo total de operação do item (T. op.) pelo número total de falhas (N) (equação

05).

NopT

MTTFTMPF..?? (Eq. 05).

A única diferença entre o TMEF e o TMPF é na sua utilização. O TMPF é

utilizado somente para itens não reparáveis (itens que quando falham são

substituídos) como, por exemplo, componentes (disjuntores e contatores). E o TMEF

é utilizado para itens reparáveis (motores e bombas).

Page 29: Analise estrutural para implantar a tpm

29Rodrigues (2003, p. 51) mostra que como o TMPF é utilizado para itens não

reparáveis, o seu TMPR é zero. E o TMEF está associado ao TMPR por se tratar de

itens reparáveis. A Figura 03 mostra a relação entre esses indicadores.

Figura 03 – Representação dos índices TMEF, TMPR e TMPFFonte: adaptado de Tavares (1999, p. 84).

? Disponibilidade (Avaliability)

“A disponibilidade é a probabilidade do equipamento estar apto a produzir no

momento em que é solicitado” (Rosa, 2000), sendo função da relação entre o tempo

de operação do equipamento e o tempo total disponível.

Pinto e Xavier (2001, p. 101) conceituam a disponibilidade como a relação

entre o tempo em que o equipamento ou instalação ficou disponível para produzir

em relação ao tempo total. Ou ainda:

TMPRTMEFTMEF

idadeDisponibil?

? (Eq. 06).

Alguns fatores afetam a disponibilidade dos equipamentos. A freqüência de

manutenção (confiabilidade) e a facilidade na execução da manutenção

(manutenabilidade), que são incluídas nos equipamentos na fase de projeto

(Mishawka, 1993 p. 14).

Falha

Operação

TMPF

TMEF TMPRTempo

Page 30: Analise estrutural para implantar a tpm

30Com o advento de novas práticas de manutenção e a preocupação em

manter alta a disponibilidade dos equipamentos, os conceitos de confiabilidade e

manutenabilidade vêm se tornando cada vez mais importantes.

Conforme a NBR 5462 apud Filho (2000, p. 82) “manutenabilidade (M(t)) é a

capacidade de um item ser mantido ou recolocado em condições de executar as

suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas, quando a

manutenção é executada sob condições determinadas e mediante procedimentos e

meios prescritos. O termo manutenabilidade é usado como uma medida do

desempenho de manutenabilidade”.

Conforme Rosa (1999, p. 45) “a manutenabilidade é a probabilidade de um

equipamento retornar a sua condição operacional com recursos de manutenção

determinados, dentro de um período de tempo especificado”.

Para a manutenabilidade temos:

(Eq. 07).

Nota-se que quanto menor o TMPR, maior é a manutenabilidade, ou seja,

menos tempo o manutencionista leva para colocar o equipamento em

funcionamento, aumentando assim sua disponibilidade.

A NBR 5462 apud Filho (2000, p. 27) cita que “confiabilidade é a capacidade de

um item desempenhar uma função requerida sob condições especificadas, durante

um tempo. O termo confiabilidade é usado como medida de desempenho de

confiabilidade. Seu símbolo é R(t) (de reliability)”.

Ao analisar a confiabilidade chegamos a seguinte equação:

(Eq. 08)

Quanto maior o TMEF maior é a confiabilidade dos equipamentos, ou seja,

menor é o tempo que o equipamento passa em manutenção, conseqüentemente

com um aumento da disponibilidade dos mesmos.

-tTMPR

M(t)= 1-e

-tTMEF

R(t)= e

Page 31: Analise estrutural para implantar a tpm

312.1.6.2 Indicadores de custos.

? Custo de Manutenção Por Faturamento (CMPF)

É um indicador de fácil entendimento e fácil cálculo. É obtido pela razão entre o

custo total da manutenção (CTMN) pelo faturamento da empresa (F).

100xF

CTMNCMPF ? (Eq. 09).

Filho (2000, p. 233) conceitua CTMN como o total de todos os custos e despesas

(custos diretos + custos indiretos) que o departamento de manutenção efetua.

? Custo de Manutenção pelo Valor de Reposição (CMVR)

Este indicador comumente é utilizado em equipamentos estratégicos, geralmente

máquinas gargalos ou equipamentos críticos, que do seu funcionamento depende,

por exemplo, o faturamento da empresa ou a qualidade dos produtos.

Esse indicador é determinado pela relação entre o custo total de manutenção de

um determinado equipamento (CTMNe) e o valor de compra desse equipamento

(VLRP).

100xVLRP

CTMNeCMVR ? (Eq. 10).

2.1.7 Tendência dos indicadores de manutenção brasileiros.

A manutenção brasileira está passando por um momento de grande evolução

conforme mostra a tendência de evolução dos índices brasileiros de manutenção ,

em levantamento realizado nos últimos 3 anos (Tavares, 2001).

Até o fim da década de 90 a manutenção representava um gasto de 6,5% a

8,0% do faturamento das empresas, em 1999 este valor representou 3,6% do

Page 32: Analise estrutural para implantar a tpm

32faturamento, devido principalmente a um maior decréscimo do valor do custo

manutenção do que ao aumento de produção (aumento do faturamento). Devido à

renovação do maquinário pelas empresas, comprovado pelos índices de idade

média dos equipamentos (cerca de 17 anos).

O custo manutenção frente ao investimento em novos equipamentos alcançou

um valor entre 2,5% e 3,0% dos investimentos com tendências de baixa. Alguns

fatos contribuíram para a diminuição dos custos manutenção, principalmente a

diminuição drástica de níveis de estoque de manutenção, apresentando um

resultado satisfatório de três meses de rotatividade. Além disso, os índices de

manutenção corretiva vem diminuindo devido ao uso de novas técnicas de

gerenciamento de manutenção, acarretado pelo aumento do índice de manutenção

preventiva.

Os indicadores de pessoal mostram que há uma tendência de diminuição, nos

últimos três anos, do efetivo de manutenção. O turn over (rotatividade de pessoal) da

manutenção, está regredindo devido a diminuição da oferta de emprego.

Lamentavelmente o nível do pessoal de manutenção vem diminuindo (1 pessoa com

nível superior para cada 10 manutentores) devido à desvalorização da mão de obra

qualificada, mostrando o aumento da mão de obra desqualificada (cerca de 30% do

efetivo total da manutenção).

Os índices da gravidade e freqüência de acidentes têm diminuído

sensivelmente (redução de 50% para a taxa de freqüência e 30% para a gravidade

dos acidentes) mostrando a preocupação das empresas com a questão segurança.

A evolução da manutenção repercute positivamente para a produção, pois a

partir de todos esses índices nota-se que há o aumento da disponibilidade das

máquinas funcionando cerca de 85% do tempo efetivo, diminuindo os custos de

produção.

2.2 INTRODUÇÃO AO TPM

2.2.1 Histórico do TPM.

A TPM (Manutenção produtiva total) surgiu no Japão na indústria Nippon

Denso KK, integrante do grupo Toyota que recebeu em 1971 o prêmio PM (Prêmio

Deming) concedido a empresas que se destacaram na condução deste programa.

Page 33: Analise estrutural para implantar a tpm

33A TPM derivou da manutenção preventiva criada nos Estados Unidos e

evoluiu até o processo conhecido atualmente.

Em 1950, nos Estados Unidos, surge a manutenção preventiva e em 1954

evoluiu para a manutenção do sistema de produção, inicialmente adotada dentro do

conceito de que as intervenções sendo adequadas evitariam as falhas e

melhorariam o desempenho e a vida útil das máquinas. Ainda nos Estados Unidos,

em 1957, surge a manutenção corretiva com incorporação de melhorias, que criava

facilidades nos equipamentos, objetivando facilidades na aplicação de manutenções

preventivas, aumentando a confiabilidade.

Na década de 60 surge a prevenção de manutenção, que incorporava ao

projeto das máquinas o conceito da não necessidade da manutenção, ou seja,

eliminar a necessidade de certas intervenções dentro do projeto. A engenharia da

confiabilidade e a engenharia econômica também surgiram nesta época.

Nos anos 70, surge a Logística e a Terotecnologia. Em 1971 a Nippon Denso

inicia seu projeto de TPM, baseado nas teorias norte-americanas de manutenção

preventiva.

Na década de 80, a TPM foi aperfeiçoada pelo JIPM (Japan Institute of Plant

Maintenance) e chegou ao Brasil em 1986 (Pinto, 2001 p. 180).

A partir de então, a TPM tem sido bastante implementada na indústria

brasileira, buscando os resultados que essa ferramenta atingiu no Japão.

2.2.2 Conceitos de TPM.

Nakajima (1989, p. 11) conceitua o TPM como uma estrutura onde haja a

participação de todos os níveis da empresa, desde a alta direção até o operador, é a

prevenção da manutenção com a participação de todos.

Para Guilherme (2000 p. 10), a TPM pode ser definido através de 5 pequenos

conceitos:

? Criar uma postura dentro da empresa, que busque ilimitadamente a eficiência

do sistema de produção;

? Criar um sistema que previna qualquer tipo de perda, tanto no local, quanto

no objeto, para alcançar o zero defeito, o zero refugo, a zero quebra e o zero

acidente;

? Participação de todos os departamentos;

Page 34: Analise estrutural para implantar a tpm

34? Envolvimento de todos os colaboradores, desde a diretoria até a 1ª linha de

operadores;

? Alcançar a zero perda, através de atividades de pequenos grupos.

Basicamente a TPM é um sistema de manutenção com a participação de

todos, objetivando a melhoria da eficiência dos equipamentos e a responsabilização

de todos sobre a manutenção dos bens produtivos.

2.2.3 Objetivos do TPM.

O objetivo principal da TPM é atingir a eficiência global do equipamento, para

isso é necessária a eliminação das perdas que a prejudicam. De acordo com Pinto e

Xavier (2001, p. 182) as perdas na visão do TPM são seis e conceituadas como

grandes perdas, conforme mostra a figura 6.

As 6 Grandes Perdas Causa da Perda Influência1. - Quebras2. - Mudança de linha3. -Operação em vazio epequenas paradas

4. - Velocidade reduzidaem relação à nominal

5. -Defeitos de produção

6. -Queda de rendimento

Perda por paralisação

Perda por queda develocidade

Perda por defeitos

Tempo de operação

Tempo efetivo deoperação

Tempo efetivo deprodução

Figura 04 – As 6 grandes perdasFonte: adaptado de Pinto e Xavier (2001, p. 182).

Mirshawka e Olmedo (1993, p. 60) citam que essas 6 grandes perdas são

bastante significativas no processo produtivo, e atacando-as, realmente seremos

capazes de melhorar o rendimento operacional global do equipamento.

Outro objetivo da TPM é promover uma cultura na qual os operadores se

sintam responsáveis pelas suas máquinas, aprendendo muito mais sobre eles e

Page 35: Analise estrutural para implantar a tpm

35possam se concentrar nos diagnósticos de problemas e sugestões de

aperfeiçoamento do equipamento.

2.2.4 Pilares do TPM.

Segundo Rodrigues (2003, p. 45), a definição dos pilares a serem adotados,

depende da filosofia que a empresa que irá implantar possui, adaptando assim, os

pilares às necessidades atuais da empresa.

Dias (2001) define como sendo cinco os pilares necessários para a

implantação do TPM (figura 05).

Figura 05 – Os cinco pilares da TPMFonte: adaptado de Dias (2001).

Porém a estrutura mais comumente utilizada é a proposta pelo JIPM, com oito

pilares básicos, citados por Pinto e Xavier (2001, p. 185) e Guilherme (2000, p. 14).

Res

gate

do

post

o de

trab

alho

Man

uten

ção

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ejad

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ento

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ltura

(TPM

)

I II III IV V

TPM

Page 36: Analise estrutural para implantar a tpm

36

Figura 06 – Os oito pilares básicos da TPMFonte: adaptado de Pinto e Xavier (2001, p. 185).

? Melhoria focada - reduzir os problemas para melhorar a eficiência do

equipamento;

? Manutenção autônoma - sistemática de manutenção espontânea para o

operador, é a conscientização da filosofia da TPM;

? Manutenção planejada - as equipes de manutenção tem como atividade,

além da manutenção, análise das falhas, melhorias na eficiência da

manutenção e aumento da disponibilidade dos equipamentos;

? Treinamento - atividades voltadas para evolução profissional e educacional

dos operadores e manutentores;

? Controle inicial - interação entre as áreas de planejamento, projeto,

produção e manutenção. Atividades para eliminar problemas desde a

especificação do equipamento até a sua operação;

? Manutenção da qualidade - produtos de boa qualidade garantidos por uma

manutenção de qualidade, assegurando o zero defeito;

Man

uten

ção

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ualid

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I II III IV V

TPM

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Man

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a Fo

cada

TPM

VI VII VIII

Page 37: Analise estrutural para implantar a tpm

37? TPM Office - envolvimento e gestão de todos os processos administrativos

essenciais ao apoio das atividades operacionais e de manutenção;

? Segurança e meio ambiente - garantir o índice zero para acidentes graves,

eliminação das condições inseguras, baixo absenteísmo e zero agressões ao

meio ambiente.

2.2.5 Implantação da TPM.

A sistemática de implantação da TPM, geralmente obedece à estrutura de

doze fases separadas em preparação e implementação, apresentadas a seguir:

Fase Nº Etapa Ações

1 Comprometimento da alta direçãoem implantar a filosofia TPM.

- Divulgação da TPM em todas asáreas da empresa;- Divulgação em boletins internos daempresa.

2Campanha de divulgação etreinamento para a introdução daTPM.

- Seminários dirigidos a gerentes esupervisores;- Treinamento dos operadores.

3 Estrutura para implantação da TPM. - Definição da equipe ou comissão deimplantação.

4 Definição de objetivos e metas. -Escolha de metas e objetivos a seremalcançados.

Pre

para

ção

para

a in

trod

ução

da T

PM

5 Elaboração do plano diretor para aimplantação da TPM.

-Detalhamento do plano deimplantação em todos os níveis.

Iníc

io d

aA

plic

ação

6 Início do programa de TPM. -Convites a clientes, fornecedores eempresas contratadas.

7 Melhorias em máquinas eequipamentos.

-Definição de equipamento piloto eequipe de trabalho.

8 Estruturação da manutençãoautônoma.

-Implementação da manutençãoautônoma por etapas, de acordo com oprograma;-Auditoria de cada etapa.

9 Estruturação da manutençãoprogramada pela manutenção.

-Condução da manutenção preditiva;-Gestão de sobressalentes,ferramentas, desenhos e documentos.

10 Treinamento e capacitação.

-Treinamento do pessoal de produção;-Treinamento do pessoal demanutenção;-Formação de líderes;-Educação de todo o pessoal.

Impl

emen

taçã

o

11Estruturação do controle da faseinicial de operação dosequipamentos.

-Gestão do fluxo inicial;-LCC (Life Cycle Cost)

Page 38: Analise estrutural para implantar a tpm

38

Fase Nº Etapa Ações

Con

solid

ação

12 Realização da TPM e seuaperfeiçoamento

-Candidatura ao prêmio Deming (PM);Busca de objetivos mais ambiciosos.

Quadro 3 - As 12 fases para a implantação da TPMFonte: adaptado de Pinto e Xavier (2001, p. 187).

Seguindo essa metodologia, a estimativa média de implementação da TPM é

de 3 a 6 meses, e de 2 a 3 anos para o início do estágio de consolidação.

2.3 POR QUE A TPM NÃO DÁ CERTO.

Segundo Pinto e Xavier (2001, p. 188), o principal problema para a evolução

da TPM em boa parte da indústria nacional é o abandono após o alcance de alguns

bons resultados. O ciclo geralmente segue a implantação, o crescimento, o

abandono e o declínio. Então o projeto é retomado, o ciclo se torna repetitivo e a

cada retomada, mais difícil é o seu crescimento pois se instala um sentimento de

descrença no pessoal.

Ribeiro (2001, p. 36-37), aponta distorções que podem acarretar em um mau

funcionamento da TPM.

2.3.1 A implantação não ocorre no sentido “Top down”.

Os fundamentos da TPM são passados apenas para as pessoas a partir da

média gerência, se esquece de partir da alta direção. A alta direção deve assumir o

comando da TPM e medir as metas de produção, qualidade e custos.

Page 39: Analise estrutural para implantar a tpm

39

2.3.2 A responsabilidade da TPM é somente da manutenção.

Geralmente associa-se a TPM como uma ferramenta somente de

manutenção, porém todas as outras áreas da empresa devem participar da

implantação e gestão da TPM.

O retorno do investimento à implantação da TPM não está efetivamente

ocorrendo, pois não se dá a devida priorização, não se tem o domínio adequado do

conteúdo e não se planeja a real dimensão de esforços para as respectivas

consolidações, ou seja, a maioria das empresas que falam estar implantando TPM,

na prática não estão.

2.4 FERRAMENTAS BÁSICAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA TPM.

Para que a TPM atinja os objetivos e metas traçadas no plano de

implementação, é importante que uma série de outras ferramentas de produtividade

e qualidade esteja, ou seja, implementada. Algumas ferramentas importantes são:

2.4.1 House Keeping 5S.

A expressão House Keeping (cuidar da casa) é utilizada no Japão para

designar cinco técnicas específicas utilizadas pelas donas de casa japonesas, para

administrar o seu lar e, ao mesmo tempo ensinar aos membros da família a se

tornarem responsáveis pela limpeza e organização doméstica. No final da

década de 60 o House Keeping passou a ser considerado pelas indústrias

japonesas como fator decisivo para a implantação das técnicas da qualidade total.

No ocidente, por questões culturais, as técnicas de House Keeping tiveram

dificuldades na sua disseminação. Daí a razão de tais técnicas serem hoje

conhecidas e difundidas como 5S, numa analogia as letras iniciais da designação de

cada uma delas.

O 5S é um método simples e prático para:

• Aumentar a eficiência e a produtividade das equipes de trabalho;

• Obter um local de trabalho ordenado, limpo e saudável;

Page 40: Analise estrutural para implantar a tpm

40• Propiciar uma revolução dos ambientes físicos de trabalho, melhorando-os

continuamente;

• Eliminar desperdícios;

• Criar o ambiente propício para as melhorias contínuas por toda a empresa

(Kaizen).

Segundo Osada (1992, p. 25-166) os 5S são os seguintes:

1º S - Seiri (Sorting) - Organizar.

Organizar as coisas significa colocá-las em ordem de acordo com regras ou

princípios específicos.

Na linguagem do 5S significa distinguir o necessário do desnecessário, tomar

as decisões difíceis e implementar o gerenciamento pela estratificação, para livrar-se

do desnecessário.

Nesse caso a ênfase está no gerenciamento pela estratificação e em ocupar-

se das causas para eliminar o desnecessário impedindo que se transformem em

problemas.

2º S - Seiton (Systematizing) - Arrumar.

Arrumar significa colocar as coisas nos lugares certos ou dispostos de forma

correta, para que possam ser usadas prontamente. É uma forma de acabar com a

procura de objetos.

Nesse caso a ênfase está no gerenciamento funcional e no fim da procura de

objetos. Depois que tudo estiver no lugar certo, ou seja, funcionalmente arrumado de

forma a garantir a qualidade e a segurança, seu local de trabalho estará em ordem.

Page 41: Analise estrutural para implantar a tpm

413º S - Seiso (Sweeping) - Limpeza.

Limpar para que tudo fique limpo. Significa acabar com o lixo, a sujeira e tudo

o que for estranho, até tudo ficar limpo. Limpeza é uma forma de inspeção.

Nesse caso, a ênfase está na limpeza como forma de inspeção, no asseio e

na criação de um local de trabalho impecável.

Embora o significado óbvio da palavra limpeza seja eliminar o lixo e a sujeira

e deixar tudo limpo, ele tem se tornado cada vez mais importante. Com as

tecnologias de maior qualidade, maior precisão e melhor processamento, até os

pequenos detalhes podem ter conseqüências vitais. Por isso, é muito importante ser

persistente na sua determinação de fazer uma limpeza geral.

4º S - Seiketsu (Sanitizing) - Padronização.

Padronizar significa manter a organização, a arrumação e a limpeza contínua

e constantemente. Como tal abrange tanto a limpeza pessoal quanto à limpeza do

ambiente.

A ênfase se está no gerenciamento visual e na padronização das atividades

de 5S. A inovação e o gerenciamento visual são utilizados para atingir e manter

condições padrão, permitindo que você aja sempre com rapidez.

5º S - Shitsuke (Self Discipline) - Disciplina.

Disciplina significa treinamento e capacidade de fazer o que se deseja,

mesmo quando é difícil. No 5S significa criar (ou ter) a capacidade de fazer as coisas

como deveriam ser feitas.

A ênfase está na criação de um local de trabalho com bons hábitos e

disciplina. Ensinando a todos o que precisa ser feito e oferecendo treinamento, é

possível acabar com os maus hábitos e inserir bons. As pessoas acostumam-se a

criar e seguir regras.

Page 42: Analise estrutural para implantar a tpm

42

2.4.2 FMEA – (Failure Mode and Effect Analysis).

A metodologia FMEA, traduzida no português como Análise do Tipo e Efeito

de Falha, é uma ferramenta que busca evitar que ocorram falhas no projeto do

produto ou do processo.

Por meio da análise das falhas potenciais e propostas de ações de melhoria,

detectamos as falhas antes que se produza uma peça e/ou produto, buscando o

aumento na confiabilidade do sistema.

A metodologia FMEA esteve à disposição do mercado há muito tempo, a

maioria dos inventores e peritos de processo tentaram antecipar o que poderia

ocorrer erradamente com o sistema antes de ele ser implantado. Somente em 1940

a ferramenta foi formalmente introduzida, usada no desenvolvimento aeroespacial

para evitar erros nos tamanhos das amostras pequenos foguetes.

Uso da metodologia foi incentivado em 1960 para o desenvolvimento de

projetos produtos espaciais para levar o homem a Lua. E em 1970 a Ford Motor

Company , empresa americana, utilizou desta técnica para a melhoria de sua

produção (2003)

A norma QS 9000 especifica o FMEA como um dos documentos necessários

para um fornecedor submeter uma peça/produto à aprovação da montadora. Este é

um dos principais motivos pela divulgação desta técnica. Deve-se, no entanto

implantar o FMEA em uma empresa, visando-se os seus resultados e não

simplesmente para atender a uma exigência da montadora.

Capaldo, Guerreiro e Rozenfeld (2003) resumem a metodologia FMEA da

seguinte maneira:

2.4.2.1 Tipos de FMEA.

A FMEA pode ser aplicada tanto no desenvolvimento do projeto do produto

como do processo. As etapas e a maneira de realização da análise são as mesmas,

ambas diferenciando-se somente quanto ao objetivo. Assim as análises FMEA´s são

classificadas em dois tipos:

Page 43: Analise estrutural para implantar a tpm

43? FMEA DE PRODUTO: na qual são consideradas as falhas que poderão

ocorrer com o produto dentro das especificações do projeto. O objetivo desta

análise é evitar falhas no produto ou no processo decorrentes do projeto. É

comumente denominada também de FMEA de projeto.

? FMEA DE PROCESSO: são consideradas as falhas no planejamento e

execução do processo, ou seja, o objetivo desta análise é evitar falhas do

processo, tendo como base às não conformidades do produto com as

especificações do projeto.

Existe ainda um terceiro tipo, que é o FMEA de procedimentos

administrativos, muito pouco aplicados. Nele analisam-se as falhas potenciais de

cada etapa do processo. Isto com o mesmo objetivo que as análises anteriores, ou

seja, diminuir os riscos de falha.

2.4.2.2 Aplicação da FMEA.

A aplicação da FMEA é de vasta área, mas pode se destacar estas

aplicações:

? Para diminuir a probabilidade da ocorrência de falhas em projetos de novos

produtos ou processos;

? Para diminuir a probabilidade de falhas potenciais (ou seja, que ainda não

tenham ocorrido) em produtos/processos já em operação;

? Para aumentar a confiabilidade de produtos ou processos já em operação por

meio da análise das falhas que já ocorreram;

? Para diminuir os riscos de erros e aumentar a qualidade em procedimentos

administrativos.

2.4.2.3 Funcionamento básico.

O princípio da metodologia é o mesmo independente do tipo de FMEA e a

aplicação, ou seja, se é FMEA de produto, processo ou procedimento e se é

aplicado para produtos/processos novos ou já em operação. A análise consiste

basicamente na formação de um grupo de pessoas que identificam para o

produto/processo em questão suas funções, os tipos de falhas que podem ocorrer,

Page 44: Analise estrutural para implantar a tpm

44os efeitos e as possíveis causas desta falha. Em seguida são avaliados os riscos de

cada causa de falha por meio de índices e, com base nesta avaliação, são tomadas

as ações necessárias para diminuir estes riscos, aumentando a confiabilidade do

produto/processo.

Para aplicar-se a análise FMEA em um determinado produto/processo, forma-

se um grupo de trabalho que irá definir a função ou característica daquele

produto/processo. Este grupo irá relacionar todos os tipos de falhas que possam

ocorrer, descrever para cada tipo de falha suas possíveis causas e efeitos.

Relacionar as medidas de detecção e prevenção de falhas que estão sendo ou já

foram tomadas. Para cada causa de falha atribuir índices para avaliar os riscos e por

meio destes riscos, discutir medidas de melhoria.

2.4.2.4 Etapas para a aplicação.

a) Planejamento.

Esta fase é realizada pelo responsável pela aplicação da metodologia e

compreende:

? Descrição dos objetivos e abrangência da análise: em que identifica-se

qual(ais) produto(s)/processo(s) será(ão) analisado(s);

? Formação dos grupos de trabalho: em que define-se os integrantes do grupo,

que deve ser preferencialmente pequeno (entre 4 a 6 pessoas) e

multidisciplinar (contando com pessoas de diversas áreas como qualidade,

desenvolvimento e produção);

? Planejamento das reuniões: as reuniões devem ser agendadas com

antecedência e com o consentimento de todos os participantes para evitar

paralisações;

? Preparação da documentação (ver na figura 3 a documentação necessária).

Page 45: Analise estrutural para implantar a tpm

45b) Análise de Falhas em Potencial.

Esta fase é realizada pelo grupo de trabalho que discute e preenche o

formulário FMEA de acordo com os passos que seguem.

Tipo(s) de falha(s) potencial(is) para cada função:

? Efeito(s) do tipo de falha;

? Causa(s) possível(eis) da falha;

? Controles atuais.

c) Avaliação dos Riscos.

Nesta fase são definidos pelo grupo os índices de Severidade (S), Ocorrência

(O) e Detecção (D) para cada causa de falha, de acordo com critérios previamente

definidos (um exemplo de critérios que podem ser utilizados é apresentado nas

tabelas abaixo, mas o ideal é que a empresa tenha os seus próprios critérios

adaptados a sua realidade específica). Depois são calculados os coeficientes de

Prioridade de Risco (R), por meio da multiplicação dos outros três índices.

Quando o grupo estiver avaliando um índice, os demais não podem ser

levados em conta, ou seja, a avaliação de cada índice é independente. Por exemplo,

se estamos avaliando o índice de severidade de uma determinada causa cujo efeito

é significativo, não podemos colocar um valor mais baixo para este índice somente

porque a probabilidade de detecção seja alta.

d) Melhoria.

Nesta fase o grupo, utilizando os conhecimentos, criatividade e até mesmo

outras técnicas como brainstorming, lista todas as ações que podem ser realizadas

para diminuir os riscos. Estas medidas podem ser:

? Medidas de prevenção total ao tipo de falha;

? Medidas de prevenção total de uma causa de falha;

? Medidas que dificultam a ocorrência de falhas;

? Medidas que limitem o efeito do tipo de falha;

? Medidas que aumentam a probabilidade de detecção do tipo ou da causa de

falha.

Page 46: Analise estrutural para implantar a tpm

46

Estas medidas são analisadas quanto a sua viabilidade, sendo então

definidas as que serão implantadas. Uma forma de se fazer o controle do resultado

destas medidas é pelo próprio formulário FMEA por meio de colunas que onde ficam

registradas as medidas recomendadas pelo grupo, tais como: nome do responsável

e prazo, medidas que foram realmente tomadas e a nova avaliação dos riscos.

e) Continuidade.

O formulário FMEA é um documento “vivo”, ou seja, uma vez realizada uma

análise para um produto/processo qualquer esta deve ser revisada sempre que

ocorrerem alterações neste produto/processo específico. Além disso, mesmo que

não haja alterações, deve-se regularmente revisar a análise confrontando as falhas

potenciais imaginadas pelo grupo com as que realmente vem ocorrendo no dia-a-dia

do processo e uso do produto. Permitindo assim a incorporação de falhas não

previstas, bem como a reavaliação com base em dados objetivos e das falhas já

previstas pelo grupo.

f) Importância.

A metodologia FMEA é importante porque pode proporcionar para a empresa:

? Uma forma sistemática de se catalogar informações sobre as falhas dos

produtos/processos;

? Melhor conhecimento dos problemas nos produtos/processos;

? Ações de melhoria no projeto do produto/processo, baseado em dados e

devidamente monitoradas (melhoria contínua - Kaizen);

? Diminuição de custos por meio da prevenção de ocorrência de falhas;

? O benefício de incorporar dentro da organização a atitude de prevenção de

falhas, a atitude de cooperação e trabalho em equipe e a preocupação com a

satisfação dos clientes.

Page 47: Analise estrutural para implantar a tpm

47

2.4.3 EAG (Equipe Auto Gerenciável).

Com a globalização veio também a competitividade e a constante busca por

melhores índices, exigindo uma reformulação nos conceitos antigos de

especialização e habilidades da mão de obra. Atividades que eram feitas por uma

especialidade passaram a ser executadas, também, por outras especialidades, com

a mesma qualidade e, sempre em nome da qualidade e rapidez do serviço.

A denominação “Equipes Auto-Gerenciáveis” vem da tradução do termo em

inglês “Self-Managing Work Groups”. Segundo Pearce e Ravlin (1987, p. 40) esta

denominação enfatiza a característica de um grupo de trabalho de atuar na

regulação de uma grande série de fatores que afetam a organização do trabalho

dentro da empresa, como assuntos internos abrangendo desde a seleção dos

membros até a escolha do líder.

As empresas buscam:

? Equipes enxutas;

? Domínio tecnológico – qualificação;

? Multi-especialização;

? Menor número de especialidades envolvidas.

Lannes (1998) resumiu os critérios que caracteriza a EAG:

? Vários trabalhadores, em uma unidade de produção limitada, espacial e

organizacionalmente, compartilham uma tarefa comum que é dividida em

sub-tarefas, e assumem responsabilidade compartilhada a longo termo;

? Os membros desta unidade, o “grupo de trabalho”, coletivamente determinam

(auto-regulação coletiva) com relativamente um alto grau de autonomia, a

coordenação da seqüência do trabalho e alocação de trabalhos e tarefas

dentro da unidade de produção assim como a regulação input/output

(manutenção de fronteiras);

? Cada membro pode executar uma variedade de sub-tarefas (multi-

funcionalidade) e o faz dependendo da necessidade;

? Inerente a este conceito está o princípio de enriquecimento de funções (“job

enrichment”) onde é destinado ao grupo diferentes funções, como

Page 48: Analise estrutural para implantar a tpm

48planejamento da produção e controle ou garantia da qualidade; isto permite

que cada membro execute tarefas desafiadoras.

A Equipe Auto Gerenciável é constituída de no máximo 25 operadores que

trabalham:

? Sobre um setor geograficamente determinado;

? Numa mesma faixa horária;

? Sobre um mesmo produto, processo ou parte do processo ou para um mesmo

cliente;

? São constituídas de um núcleo estável e equilibrado de operadores que se

reportam a um responsável da EAG e utilizam as funções suportes.

? O trabalho em equipe, embora não seja uma tradição, tem recebido grande

atenção nos últimos anos como a grande saída para a produtividade e

satisfação das pessoas.

2.4.4 Kaizen – Melhoria Contínua.

‘Kai’ significa, em japonês, mudança e 'zen' para melhor. Da junção nasceu a

estratégia minuciosa de melhorias graduais implementadas continuamente, que os

japoneses creditam como o fundamento do seu milagre industrial do pós-guerra.

IMAI (1986) colou uma série de inovações de gestão japonesas, até ali

olhadas separadamente, debaixo do que ele chama um “guarda chuva”, figura 07.

No 'kaizen' abrigam-se práticas que vêm desde os anos 50, como o “just in time”

iniciado na Toyota por Taiichi Ohno ou o controle da qualidade total esquematizado

por gurus japoneses, como Kaoru Ishikawa, que bebeu na fonte dos conceitos da

qualidade importados para o Japão pelos americanos Deming e Juran nos anos 60.

Page 49: Analise estrutural para implantar a tpm

49

Figura 07 – Guarda chuva do Kaizen proposto por IMAIFonte: IMAI (1986)

A filosofia do Kaizen afirma que o nosso modo de vida seja no trabalho, na

sociedade ou em casa, merece ser constantemente melhorado. Efetivamente a

crença de que deve haver um melhoramento interminável está profundamente

entranhada na mentalidade japonesa.

Basicamente, fazer o Kaizen é motivar para melhorar. É trabalhar

verdadeiramente em equipe e resolver os problemas comuns. É acrescentar

entusiasmo a qualquer tarefa por mais rotineira que seja.

Os 10 mandamentos do Kaizen segundo o Rodrigues (2003):

1º. O desperdício ('muda' em japonês) é o inimigo público nº1, para o eliminar é

preciso sujar as mãos;

2º. Melhorias graduais feitas continuadamente, não é ruptura pontual;

3º. Toda a gente tem de estar envolvida, quer gestores do topo e intermédios,

quer pessoal de base, não é elitista;

? Orientação para oconsumidor

? TQC (Controle Totalda Qualidade)

? CCQ (Círculos deControle deQualidade)

? Sistema deSugestões

? Automação? Disciplina no local

de trabalho? TPM

? Kanban? Melhoramento da

Qualidade? “Just in Time”? Zero defeitos? Atividades em grupos

pequenos? Relações cooperativas

entre administração emão-de-obra

? Desenvolvimento denovos produtos

Page 50: Analise estrutural para implantar a tpm

504º. Assenta numa estratégia barata, acredita num aumento de produtividade sem

investimentos significativos, não aplica somas astronômicas em tecnologia e

consultores;

5º. Aplica-se em qualquer lado, não serve só para os japoneses;

6º. Apóia-se numa total transparência de procedimentos, processos e valores,

torna os problemas e os desperdícios visíveis aos olhos de todos;

7º. Focaliza a atenção no local onde se cria realmente valor ('gemba' em

japonês);

8º. Orienta-se para os processos;

9º. Dá prioridade às pessoas; acredita que o esforço principal de melhoria deve

vir de uma nova mentalidade e estilo de trabalho das pessoas (orientação

pessoal para a qualidade, trabalho em equipa, cultivo da sabedoria, elevação

do moral, autodisciplina, círculos de qualidade e prática de sugestões

individuais ou de grupo);

10º. O lema essencial da aprendizagem organizacional é aprender fazendo.

Em outras palavras, melhoria contínua é tudo aquilo que se faz e que agrega

valor, ou seja, acrescenta valor ao produto e/ou serviço e ao processo. Um exemplo

de melhoria que agrega valor é o canivete suíço: seu fabricante percebeu os usos

“inadequados” (abrir garrafas, apertar parafusos, sacar rolhas) que os usuários

faziam dos canivetes comuns, e acrescentou abridor de garrafas, chave de fenda e

saca-rolhas, entre outras coisas, ao seu produto, tornando-o um sucesso de vendas.

A idéia é que, se continuarmos a fazer as coisas sempre da mesma forma, não

haverá progresso. Deve haver, então, um clima que encoraje as pessoas a propor

pequenas mudanças, visando sempre ao cliente, e que, somadas, vão ser a

revolução dentro da empresa. As pessoas devem ser reconhecidas por seus

esforços, seu interesse, sua dedicação. Dentro desse conceito, nenhum dia deve se

passar sem que se tente realizar algum aprimoramento.

Outra característica do kaizen é se apoiar em sugestões do pessoal que “põe

a mão na massa”. Ela incentiva as pessoas a apresentarem soluções para os

problemas operacionais mais simples que surgem na produção. Afinal, é muito mais

fácil fazer alguma criada pelos próprios operadores, do que aceitar uma ordem que

vem de cima e que, nem por isso, pode representar a melhor solução. E as melhores

soluções vêm dos que convivem com o problema.

Page 51: Analise estrutural para implantar a tpm

51

2.4.5 Manutenção Autônoma.

Conforme o IM&C (2000, cap. 05 ) manutenção autônoma é o processo de

capacitação dos operadores, com o propósito de torná-los aptos a promover no seu

ambiente de trabalho mudanças que garantam altos níveis de produtividade.

Ao contrário do que muitos pensam, a manutenção autônoma não consiste

meramente em cuidar da aparência dos equipamentos, limpando-os e pintando-os

periodicamente.

Os operadores não se transformam em eletricistas, instrumentistas ou

mecânicos de manutenção, nem ao contrário, o pessoal da manutenção em

operadores.

O desenvolvimento da Manutenção Autônoma implica em mudanças dos

papéis da Operação e da Manutenção e, conseqüentemente, mudanças nos

equipamentos. A mudança de papéis implica na necessidade de um plano de

capacitação da Operação e Manutenção. A mudança dos equipamentos implica na

implementação de um sistema de controle de perdas e suporte às melhorias que

serão implementadas nos equipamentos.

A manutenção autônoma está ligada diretamente ao desenvolvimento dos

operadores que é feito passo a passo. A cada passo, o operador passa a

desenvolver novas atividades e, portanto, deve ser preparado para essas novas

atividades, através de treinamentos específicos.

Na TPM os operadores são treinados para supervisionarem e atuarem como

mantenedores em primeiro nível. Os mantenedores específicos são chamados

quando os operadores de primeiro nível não conseguem solucionar o problema.

Assim, cada operador assume suas atribuições de modo que tanto a manutenção

preventiva como a de rotina, estejam constantemente em ação.

Segue uma relação de suas principais atividades:

? Operação correta de máquinas e equipamentos;

? Registro diário das ocorrências e ações;

? Inspeção autônoma;

? Monitoração com base nos seguintes sentidos humanos: visão, audição,

olfato e tato;

? Lubrificação;

Page 52: Analise estrutural para implantar a tpm

52? Elaboração de padrões (procedimentos);

? Execução de regulagens simples;

? Execução de reparos simples;

? Execução de testes simples;

? Aplicação de manutenção preventiva simples;

? Preparação simples (set-up);

? Participação em treinamentos e em grupos de trabalho.

? Os objetivos principais da manutenção autônoma são:

? Evitar o desgaste acentuado do equipamento através de uma operação

correta e inspeção diária;

? Estabelecer os parâmetros básicos necessários para manter o equipamento

permanentemente em boas condições;

? Manter as condições ideais do equipamento através da restauração e gestão

apropriada.

A implantação da Manutenção Autônoma deve ter três propósitos:

? Determinar uma meta comum para a Produção e Manutenção, para que

estabeleçam as condições básicas de funcionamento dos equipamentos a fim

de reduzir o desgaste acelerado;

? Determinar Programa de Treinamento para os Operadores aprenderem mais

sobre as funções de seus equipamentos, os problemas mais comuns que

podem ocorrer, como devem ser tratados e como podem evitá-los;

? Preparar os Operadores para serem parceiros ativos da Manutenção e

Engenharia em busca de uma melhora contínua do Rendimento Global e

Confiabilidade de seu equipamento.

2.4.6 TOC - Theory of Constraints.

A Teoria das Restrições TOC foi criada pelo físico israelense Eliyahu M.

Goldratt na década de 80, inicialmente fundamentada em programas de computação

com o objetivo de desenvolver e implementar um sistema de programação de

produção com capacidade finita, para resolver problemas de chão de fábrica. Este

sistema ficou conhecido como OPT, e sua aplicação tornou-se para muitos como

sendo o sinônimo de Teoria das Restrições.

Page 53: Analise estrutural para implantar a tpm

53Ficou constatado na prática, entretanto, que o simples uso de um software

não garante à empresa um processo auto-sustentado de melhoria contínua. Para tal,

era necessário antes de tudo que fossem quebrados certos paradigmas que regem

as organizações, mudando a forma de agir e pensar das pessoas.

Tornou-se evidente, portanto que era realmente preciso desenvolver um

método em que se permitisse criar, comunicar e implementar uma boa solução para

a produção (Souza, 2003).

De acordo com os pressupostos presentes na TOC, restrição é qualquer coisa

que limita um sistema em conseguir maior desempenho em relação a sua meta. Na

analogia da corrente, restrição seria o elo mais fraco. Pode-se afirmar, devido às

flutuações estatísticas presentes, que todo sistema possui pelo menos uma restrição

ou que toda corrente possui sempre um elo mais fraco. Tal afirmativa pode ser

comprovada ao se analisar a realidade dos sistemas produtivos. Se tais sistemas

não possuem restrições, ou seja, se nada limita seus desempenhos, qual seria então

seu lucro líquido? Uma vez que não existe nenhuma empresa capaz de gerar um

lucro operacional infinito, fica claro que sempre existirá ao menos uma restrição que

limitará o ganho de qualquer tipo de organização.

Existem diversos tipos de restrições. Estas podem ser físicas (como uma

máquina com baixa capacidade produtiva, despreparo ou baixo número de

empregados) ou então restrições não físicas (como as restrições de política da

empresa, comportamentais, culturais ou de mercado). Entretanto as restrições

físicas podem ser consideradas, na maioria das vezes, como reflexos das restrições

comportamentais ou de procedimentos da organização.

Goldratt (1992, p. 04-28) afirma que toda organização é formada ou

constituída com um propósito principal e que este é, na verdade, determinado por

seus proprietários ou por seus acionistas, que investem recursos com um

determinado objetivo. Se a empresa possui ações negociadas no mercado de

capitais, certamente a meta é “ganhar mais dinheiro tanto agora como no futuro”.

Definido o objetivo, a empresa deve agora encontrar as medidas necessárias

para guiar e controlar seus esforços na direção de sua meta. Medidas financeiras

são necessárias por dois motivos principais. A primeira é controle, ou seja, saber até

que ponto a empresa está conseguindo alcançar o objetivo de gerar lucro. A outra

razão, e talvez a mais importante delas, é induzir que as partes façam o que é bom

para a organização como um todo. Tradicionalmente, são usadas três medidas para

Page 54: Analise estrutural para implantar a tpm

54se avaliar a “saúde” das empresas: o lucro líquido (medida absoluta), o retorno sobre

o investimento (medida relativa) e o fluxo de caixa (condição necessária muito

importante à sobrevivência da companhia). Estas, quando julgadas em conjunto, são

suficientes para fornecer as informações financeiras necessárias à administração de

uma empresa.

O uso destas medidas, porém, são muito úteis nos relatórios da alta cúpula

administrativa, mas diz muito pouco quando se pretende medir o impacto das ações

locais no resultado global do sistema.

Deste modo a TOC definiu três novos elementos que não apenas auxiliam

nas tomadas de decisões da diretoria da empresa, como também nas decisões

operacionais locais. São eles:

2.4.6.1 Elementos da TOC.

a) Ganho (Throughput): índice pelo qual o sistema gera dinheiro através das

vendas.

É importante observar na definição que o ganho só é obtido quando o produto

(ou serviço) ofertado é efetivamente vendido. Desta forma evita-se qualquer

confusão entre produção e ganho. Se o que foi produzido não for realmente vendido

não se obtém ganho.

b) Inventário (Inventory): todo o dinheiro que o sistema investe na compra

de coisas que pretende vender.

Aqui, inventário deve ser entendido no seu sentido mais amplo, incluindo

máquinas, equipamentos, instalações, construções, materiais, entre outros

elementos. Esta definição é a mesma do convencional significado de ativo, com

exceção ao que se refere ao inventário de material. Não se deve atribuir valor ao

produto conforme este vai sendo manipulado pelo sistema produtivo, uma vez que

todo conceito de valor acrescido ao produto faz parte de um distorcido processo de

otimização local. O objetivo é acrescentar valor à empresa e não ao produto.

O fato de não se levar em conta no cálculo do inventário o valor agregado ao

mesmo, não significa que não se tenha estas despesas. Tais gastos, para ele,

aparecem na terceira medida denominada despesa operacional.

Page 55: Analise estrutural para implantar a tpm

55c) Despesa Operacional (Operating Expenses): todo o dinheiro que o

sistema gasta transformando Inventário em Ganho.

Despesa Operacional pode ser entendida, portanto, como todo dinheiro que

sai ou é perdido pelo sistema.

Goldratt (1992, p. 04-28) menciona que passou a adotar, no início de 1987, o

nome atual de Teoria das Restrições. Para ele, um melhor entendimento da

psicologia provocou nele uma mudança da ênfase em regras e princípio para um

foco em um processo iterativo. Além disso, as significativas ramificações que este

processo teve para áreas como contabilidade, distribuição, marketing e projeto do

produto quase o forçou aquela escolha de palavras.

Pode-se dizer, que a TOC se divide hoje em três grandes grupos de atuação:

os diagramas de causa-e-efeito denominados de processos de raciocínio com suas

cinco ferramentas fundamentais (árvore da realidade atual, diagrama de dispersão

de nuvem, árvore da realidade futura, árvore de pré-requisitos e árvore de transição),

o uso das definições ganho, inventário e despesa operacional como norteadores

para tomadas de decisões e seus aplicativos em gerenciamento de distribuição,

marketing, gerenciamento de projetos (denominado Corrente Crítica) e o método

Tambor-Pulmão-Corda.

2.4.7 Polivalência.

A competitividade mundial tem pressionado as empresas a adoção de

filosofias de trabalho e a uma metodologia mais moderna de dimensionamento de

operadores, pois visão das empresas é o alto índice de produtividade, com isso

custos de produção reduzidos, podendo oferecer produtos a preços mais baixos que

os de seus competidores ou trabalhar com maiores margens de lucro.

Fazendo uma análise das empresas bem sucedidas em produtividade permite

concluir que há uma forte correlação entre produtividade e flexibilidade de produção,

visto que estas se adaptam facilmente às constantes oscilações do mercado

globalizado.

A filosofia de produção Just In Time (JIT) originado do Sistema Toyota de

Produção, apresenta-se hoje como uma alternativa para responder a esses dois

requisitos: produtividade e flexibilidade.

Page 56: Analise estrutural para implantar a tpm

56Uma das importantes ferramentas proposta pela filosofia de produção JIT, a

qual é o tema principal deste trabalho, é o operador polivalente (multifuncional) se

contrapondo com o operador monofuncional, ainda empregado na maioria das

indústrias brasileiras.

A polivalência possibilita aos operadores, além de executarem atividades

produtivas (que agregam valor), criarem novas formas de executar as atividades

básicas da produção e procederem ajustes que a máquina não consegue por si só

executar, bem como controlarem a qualidade dos produtos e até mesmo a limpeza

de seu ambiente de trabalho. Outra vantagem proporcionada pela polivalência

através da rotatividade de funções é a redução das doenças do trabalho por

esforços repetitivos (L.E.R – Lesões por Esforços Repetitivos), contribuindo para a

redução do absenteísmo nas empresas.

Assim a polivalência traz ganhos significativos de custos às empresas,

fazendo com que elas flexibilizem suas produções e aumentem a sua produtividade.

Assim, este trabalho tem como objetivo, constatar que a polivalência do operador é

uma das mais importantes ferramentas para a produtividade nas empresas de

manufatura. Para isto segue-se uma sistemática de exploração em três campos

complementares: uma revisão bibliográfica, um estudo teórico e um estudo prático.

Dentro desse contexto, uma das importantes ferramentas proposta pela

filosofia de produção JIT, é o operador polivalente (multifuncional) se contrapondo

com o operador monofuncional, ainda empregado na maioria das indústrias

brasileiras.

A polivalência segundo Filho (1999) possibilita aos operadores, além de

executarem atividades produtivas (que agregam valor), criarem novas formas de

executar procederem ajustes que a máquina não consegue por si só executar, bem

como controlarem a qualidade dos produtos e até mesmo a limpeza de seu ambiente

de trabalho.

Dessa forma a polivalência traz ganhos significativos de custos a empresa,

fazendo com que elas priorizem operadores que possam desempenhar multifunções

a especialistas monofuncionais as atividades básicas da produção.

Esta abordagem, baseada no posto de trabalho e na alocação fixa de um

operador a cada posto, considera a produtividade global como o resultado da

somatória das produtividades individuais (obtidas em cada posto de trabalho). Isto

origina, por sua vez, a necessidade de um grande número de atividades de

Page 57: Analise estrutural para implantar a tpm

57suporte/controle exercidas por técnicos especializados com poder hierárquico sobre

os operadores diretos. Estes são responsáveis em última instância pelo

cumprimento das regras e procedimentos de trabalho, pela coordenação das

atividades e interfaces existentes entre os postos, e destes com as outras áreas não-

produtivas (manutenção, qualidade, planejamento da produção, etc.).

Sob o ponto de vista das características dos operadores, o modelo clássico,

baseado no posto de trabalho, enfatiza a força física em detrimento das habilidades

de raciocínio, principalmente aquelas voltadas para a melhoria do processo de

produção que passa a ser função da gerência e do corpo técnico. Todas as

diretrizes relativas à gestão dos recursos humanos produtivos baseiam-se

igualmente no posto de trabalho: treinamento, seleção e avaliação de pessoal são

diretamente vinculados à tarefa que cada operador deverá desempenhar em seu

posto.

No princípio, as idéias de Taylor e Ford e as teorias de divisão do trabalho

dominaram rapidamente as organizações industriais do mundo todo. Marcaram uma

época de surpreendentes avanços de produtividade, mas foram e têm sido alvo de

vigorosas críticas por inibir a atuação da criatividade humana no exercício de

operações muito simples e restritas.

Após a Segunda Guerra Mundial, já na década de 50, começaram os

primeiros movimentos pela Qualidade Total (QT) e os primeiros indícios do que seria

uma verdadeira revolução nos métodos de administração dos negócios. Deixou-se

de defender a fria divisão do trabalho em tarefas para valorizar mais as

características dos trabalhos em equipe. Os movimentos pela QT passaram a buscar

a eficiência das organizações através de investimentos no que elas têm de mais

valioso: o homem.

Page 58: Analise estrutural para implantar a tpm

58

3 METODOLOGIA CIENTÍFICA

3.1 AMBIENTE EXPLORADO.

O crescimento industrial paranaense em maio de 2003 foi de 3,5%, segundo o

IBGE (2003). A projeção de crescimento para os próximos 4 anos no Estado do

Paraná é algo em torno de 5,5%, segundo o IPARDES – Instituto Paranaense de

Desenvolvimento Econômico e Social (2003).

“... o que caracteriza o homem é ter a necessidade e a

capacidade de fabricar e usar os instrumentos e utensílios

de sua cultura”, (Ruiz, 1993 p. 48)

Este desenvolvimento reflete o investimento na formação de um pólo

automotivo na Região Metropolitana de Curitiba, que começou nos anos 70 com a

New Holland e hoje incorpora, além das montadoras, diversos fornecedores diretos.

Dentro deste foco, as atividades de melhoria contínua são um diferencial na

luta para a administração destes mercados. A busca pelo sucesso destas

ferramentas é cada vez mais frequente, e essa pesquisa através de uma proposta

de estudo de caso visa a implementação correta, o alcance dos objetivos e o

cumprimento das metas e prazos estipulados para uma futura implementação da

TPM.

Entre os diversos tipos de pesquisa científicas existentes, a que melhor se

adequou a nossa proposta de trabalho foi aplicação de um estudo de caso em uma

indústria no ramo automotivo e a metodologia aplicada é descrita conforme o

fluxograma (figura 08).

Page 59: Analise estrutural para implantar a tpm

59

Figura 08 – Fluxograma

Destaque dos Indicadores eferramentas aplicáveis para a

TPM

Tipo de abordagem aplicadasobre o tema

Escolha da empresa para estudode caso

Tabulação e demonstrativos daeficiência dos indicadores

Implantação das idéias demelhorias

Coleta de dados dos resultados

Validação das idéias de melhoriaspelo comitê de direção da

empresa

Coleta de dados dos Indicadoresantes da implantação das idéias

de melhorias

Tratamento dos dados

Proposta de idéias de melhorias

Referencial bibliográfico

Escolha do tema depesquisa

Referencialbibliográfico

Page 60: Analise estrutural para implantar a tpm

60

A empresa na qual focamos nossa pesquisa localiza-se na Região

Metropolitana de Curitiba, distrito industrial de Quatro Barras, é um fornecedor direto

para as montadoras de automóvel. A FAURECIA bancos para automóveis, é uma

empresa multinacional, com sede em Brières na França, que produz bancos

completos.

A escolha desta empresa para a aplicação da nossa proposta deve-se ao fato

da facilidade de acesso ao dados, pois dois membros da equipe trabalham no local.

Assim, o acesso do terceiro integrante da equipe foi facilitado, bem como um

acompanhamento mais eficiente, um contato direto com os resultados e

consequências da aplicação das propostas.

A empresa estava disposta a melhorar, de maneira a não frustar seus

funcionários, que já passaram por processos/tentativas anteriores de implementação

de ferramentas da qualidade. Este fato fortaleceu nosso embasamento perante a

diretoria, no sentido da criação de uma base para a implementação da TPM.

O trabalho iniciou-se em outubro de 2002, onde foram colhidos os dados, do

SIM - Sistema Integrado de Manutenção, software da Astrein, instalado na

FAURECIA em dezembro de 1998, que armazena todas as ordens de serviço

executadas, bem como todo o estoque da empresa. Os principais dados

pesquisados foram a quantidade de intervenções corretivas e preventivas, as horas

utilizadas para essas intervenções e principalmente custos de estoque.

Os dados utilizados do SIM, foram tabulados em forma de gráficos sendo

divididos em duas partes: a situação anterior ou atual com dados tabulados até

setembro de 2003, e a situação proposta pelo projeto com dados tabulados até

junho de 2003.

Devido a dificuldade de se obter dados mensuráveis para o aspecto humano

de produção e manutenção, esses aspectos e de relacionamento foram pesquisados

através da vivência na empresa, através de contato direto com o pessoal de todos

os níveis hierárquicos da empresa e contextualização do ambiente fabril.

Page 61: Analise estrutural para implantar a tpm

61

3.2 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A Bertrand Faure começa suas atividades 3 semanas após o início da

Primeira Grande Guerra Mundial, criando um atelier de bancos para bondes elétricos

e também para o metrô de Paris.

Em 1929, aperfeiçoa-se desenvolvendo um novo produto, o assento com

mola. Porém, a Segunda Guerra Mundial interrompe suas atividades.

Em seguida, Bertrand Faure e seu filho resolvem desenvolver a atividade de

colchoaria e, nos anos 60, tal labor está em pleno vapor; com a chegada da Gérard

Faure no grupo, completam o conjunto dos elementos do banco: armação, tecidos

metálicos, corrediças e articulações, almofadas e capas.

Nesta época, a sociedade ocupava três quartos do mercado interno francês

de componentes automotivo; então Gérard Faure e Pierre Richier decidem

desenvolver a sociedade internacionalmente.

Os contratos que se seguem são:

? Alemanha - 1971

? Bélgica - 1972

? Espanha - 1977

? Portugal - 1979

? EUA - 1986

? Itália - 1988

Em 1988, o grupo Bertrand Faure confirma sua dimensão no mercado de

negócios, com 8 milhões em número de negócios, 17.000 funcionários atuando em

plantas industriais em 10 países diferentes.

Logo, em 1992, com Daniel Dewavrin, o grupo centra-se totalmente na

atividade de “assentos para automóveis”.

Em 1994, o grupo deixa a atividade de colchoaria, muda sua razão social de

Èpeda Bertrand Faure para Bertrand Faure.

Outubro de 1996, os equipamentos ECIA e Treves entram no capital da

Bertrand Faure. com 17,3%. Em 1999 ocorre a fusão entre o grupo ECIA e a

Bertrand Faure, FAURECIA torna-se então a razão social do grupo.

Page 62: Analise estrutural para implantar a tpm

62Em 2000, a FAURECIA incorpora as atividades automotivas do grupo

SOMMER ALLIBERT.

O grupo FAURECIA é mundialmente conhecido por seu desempenho e sua

criatividade. Se destaca entre os três maiores especialistas mundiais de assentos

completos para automóveis, e é o primeiro em estruturas metálicas para assentos

automotivos.

3.2.2 FAURECIA BRASIL

No Brasil a matriz esta localizada no Paraná, especificamente no município de

Quatro Barras, em uma área de aproximadamente 80.000 m2, dos quais 21.000 m2

são de área construída, onde trabalham cerca de 450 funcionários entre produção e

administração, existindo ainda, duas unidades de JIT nas plantas das montadoras

da Renault – São José dos Pinhais (PR) e Peugeot Citroën – Porto Real (RJ), sendo

estas responsáveis aproximadamente por mais 8000 m2 de área construída, e cerca

de 110 funcionários.

A distribuição da produção é celular dedicada por projeto ou cliente.

Atualmente seus clientes são:

? Renault do Brasil – para o qual são fornecidos bancos completos para os

modelos Scenic e Clio;

? Peugeot Citroën – para o qual são fornecidos bancos completos para os

modelos 206 e Picasso;

? VW/Audi – fornecimento de estruturas metálicas dos bancos dianteiros,

através da Johnson Controls;

? GM – fornecimento de estruturas metálicas dos assentos dianteiros dos

modelos Corsa e Meriva;

? 4CB – tendo como produto final apenas os trilhos que compõe os bancos

dianteiros do modelo Palio

Page 63: Analise estrutural para implantar a tpm

63

4 SITUAÇÃO DA EMPRESA EM OUTUBRO 2002

4.1 DEPARTAMENTO DE MANUTENÇÃO.

O departamento de manutenção é subordinado á diretoria da fábrica e

composto pelo seguinte organograma:

Figura 09 – Organograma do departamento de manutenção.Fonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Onde todo o pessoal operacional e boa parte da engenharia de manutenção

são tercerizados. As especialidades são divididas em quatro partes:

? Ferramentaria;

? Manutenção elétrica;

? Manutenção mecânica;

? Manutenção predial.

Para cada especialidade existe um plano de manutenções preventivas

gerenciadas por um programa denominado Sistema Integrado de Manutenção (SIM).

Este programa além de gerenciar planos de preventivas, é utilizado para

cadastramento de ordens de serviço e controle do almoxarifado de manutenção.

O sistema de preventivas existentes hoje no SIM é desatualizado e cheio de

problemas, principalmente no que diz respeito às intervenções que devem ser feitas

Gerente de manutenção

Supervisor de manutenção (tercerizado )

Engenheiro de manutenção elétrico

(tercerizado)

Engenheiro de manutençãomecânico

Planejador de manutenção(tercerizado)

Equipe de piso(ferramenteiros,

elétricos e mecânicos)(tercerizados)

Engenharia de manutenção

Page 64: Analise estrutural para implantar a tpm

64nas máquinas. A instrução de preventiva gerada pelo SIM contempla apenas

verificações e poucas ações necessárias.

Além do plano de preventiva ser mais uma lista de checagem do que

realmente um plano de preventiva, o cumprimento deste plano é muito ruim

chegando á índices muito baixos (figura 10).

Figura 10 – Cumprimento do plano de preventiva.Fonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Estas falhas do plano de manutenção preventiva, o descaso dos operadores

e supervisores de produção frente ás máquinas e a necessidade de uma melhor

qualificação, tanto dos operadores de produção quanto dos manutencionistas, reflete

no número de manutenções corretivas efetuadas e na sua duração que são

exageradamente altos.

O alto índice de quebras (necessário trocar peças, é uma intervenção mais

demorada) e paradas (geralmente ajustes de parâmetros) de máquina gera um

desconforto do departamento de manutenção, que é incessantemente cobrado e

responsabilizado por essas quebras e paradas de máquinas, gerando um atrito

muito grande entre produção e manutenção. Este atrito gera uma visão pessimista

frente do departamento de manutenção e uma cobrança cada vez maior da direção

da empresa, resultando em equipes totalmente desmotivadas de ambos os lados,

um lado não acreditando no outro e o pior: não trabalham conjuntamente em busca

da diminuição destes índices.

Preventiva - Meta Preventiva

156 156 184 19990

264

121

302

431503 503 503 503 503 503

707

432

472

0100200300400500600700800

jan/

02

fev/

02

mar

/02

abr/0

2

mai

/02

jun/

02

jul/0

2

ago/

02

set/0

2

Oco

rrên

cias

Preventiva Meta Preventiva

Page 65: Analise estrutural para implantar a tpm

65

Figura 11 – Número de corretivas.Fonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Abordando ainda o sistema SIM de gerenciamento, tem-se um cadastro de

peças de reposição inchado, porém com muitos itens com posição zero em estoque.

Alto índices de grandes paradas ou ainda intervenções não feitas corretamente

devido á inexistência de peças de reposição em estoque ou ainda a falta do

cadastramento dessas peças no SIM.

O sistema de estoque possui peças idênticas cadastradas várias vezes com

códigos diferentes, peças cadastradas em 5 idiomas diferentes (português, inglês,

francês, alemão e espanhol), definição de mínimos e máximos em estoques mal

dimensionados possuindo muitas peças de máquinas obsoletas ou que sofreram

algum tipo de modificação cadastradas. Analisando o estoque nota-se que ele está

subdimensionado em relação à quantidade de peças necessárias, principalmente ao

grande número de paradas devido à falta de peças de reposição. Por outro lado a

existência de muitas falhas de cadastramento e a necessidade de obsoletagem de

peças mostra uma perda de capital estocada no almoxarifado de manutenção e que

pode ser resolvido rapidamente reduzindo os índices deste estoque.

Número de Corretivas

267

515

806

491

850

715 707 672

777

100200

300400

500600

700800

900ja

n/02

fev/

02

mar

/02

abr/0

2

mai

/02

jun/

02

jul/0

2

ago/

02

set/0

2

Oco

rrên

cias

Page 66: Analise estrutural para implantar a tpm

66

4.2 DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO.

A produção está subdividida por clientes e subordinada à diretoria da fábrica.

Então cada supervisor de produção gerencia sua área por padrões determinados

pela empresa. A relação existente com o departamento de manutenção é somente

de acionar quando ocorre uma quebra ou parada de máquina. Não existia uma

sistemática eficiente por parte da manutenção ou da produção frente á manutenção

que deve ser feita pelo operador de produção (5´s das máquinas ou manutenção de

1º nível – manutenção autônoma). A manutenção de 1º nível possuía um formulário

complexo, com tarefas ineficientes onde não se indica o que deve ser realizado pelo

operador no caso das verificações não estiverem corretas, além do que o

treinamento destes formulários foram realizados sem critério nenhum, servindo

apenas como formalização dos mesmos.

Como esse formulário é mensal e deve ser preenchido à caneta

esferográfica, todo o fim de mês é necessário a sua troca em todas as máquinas da

fábrica. Responsabilidade essa do líder de produção, que deve ter uma matriz deste

formulário de todas as máquinas, para que possa no fim do mês tirar fotocópia e

colocar nas máquinas, ou seja, um líder que tem 20 máquinas em sua equipe,

necessita ter 20 matrizes do formulário e tirar 20 fotocópias mensalmente.

Pelo sistema da qualidade, esse formulário deve ser arquivado devidamente

pela engenharia de manutenção para servir de histórico. Porém como ao longo dos

anos, a produção percebeu o desinteresse do departamento de manutenção para

com esse formulário, primeiramente começou a arquivá-los no lixo, para após não

mais preenchê-lo. Então não se possui mais histórico destas manutenções.

É possível dizer que não existe manutenção autônoma na fábrica, o que gera

uma sobrecarga aos manutencionistas, que executam o que facilmente um operador

de produção ou o líder poderiam fazer.

Nota-se o grande descaso existente com as máquinas, onde a única

preocupação é produzir cada vez mais sem se preocupar com a conservação das

máquinas. Os resultados desta visão, são máquinas com quatro ou cinco anos de

uso em um estado de degradação muito elevado, sujeitas ao um alto índice de

quebras e paradas.

Page 67: Analise estrutural para implantar a tpm

67A limpeza das máquinas e dispositivos era realizada rapidamente e sem

critérios, utilizando-se de ferramentas que muitas vezes não são as indicadas para

esse trabalho, acarretando em vários problemas de quebras de máquinas e má

qualidade do produto final.

No aspecto motivacional os operadores não se interessam no lançamento de

novos projetos e muito menos se comprometem com esse sistema. As experiências

anteriores não mostravam a importância e o papel destes operadores para esse

sistema, eram lançados somente para dizer que existiam, eram puramente

figurativos. Esse sentimento de pré-fracasso é um obstáculo gigante para novas

propostas de melhorias.

Com a visão de que apenas é necessário produzir, o supervisor de produção

não se compromete com novos projetos e tão pouco se mostram comprometidos

frente aos seus subordinados, ou seja, o operador de produção é somente destinado

á produzir, tendo que deixar em segundo plano, tarefas importantes como o 5´S e a

manutenção de 1º nível, que mesmo sendo mal dimensionadas não são executadas.

As auditorias de limpeza, conhecidas como auditorias de 5’s são efetuadas

por pessoas que não consideram a limpeza técnica das máquinas e dispositivos pelo

simples fato de não conhecerem os pontos críticos de limpeza destes equipamentos.

Isto resulta em um não cumprimento das diretrizes deste programa que visa a

redução de perdas pela organização e a limpeza.

De acordo com as avaliações realizadas, a empresa (na data de

outubro/2002) não se encontrava apta a iniciar um programa de TPM

satisfatoriamente e que se tivesse certeza que este teria a longevidade e os

resultados que normalmente se esperam de um projeto desta importância e

investimento.

Para que a empresa possa realmente implantar um sistema de TPM eficaz e

que alcance os resultados esperados, ela deve realizar mudanças em alguns de

seus projetos implantados atualmente. Neste contexto, se faz necessário a

implantação de outras ferramentas, que no momento são mais fundamentais que a

TPM e servirão de base para a futura implementação desta última.

De posse do levantamento executado, é sugerido uma série de melhorias

necessárias à empresa em questão ajustando a sua estrutura básica para a TPM, a

essas sugestões de melhorias chamamos de “indicadores estruturais para a

implantação da TPM” aplicado a este estudo de caso.

Page 68: Analise estrutural para implantar a tpm

68

5 INDICADORES ESTRUTURAIS PARA A IMPLANTAÇÃO DA

TPM

De acordo com os estudos realizados, as melhorias sugeridas como

necessárias são as seguintes:

5.1 COMPROMETIMENTO DA ALTA DIREÇÃO.

Para o início da implementação de qualquer ferramenta é muito importante o

comprometimento da direção. A vontade de realização deve vir de maneira top

down, ou seja, dos mais altos níveis para os menores, onde a participação e o apoio

da alta direção é fundamental. Portanto, primeiramente, antes de implantar qualquer

ferramenta ou ação sugerida, deve-se apresentar a proposta ao comitê de direção,

buscando o apoio e os recursos necessários para que o projeto realmente alcance

os objetivos planejados.

Conseguindo o comprometimento dos diretores da empresa, os níveis abaixo

deles no organograma conseqüentemente também se sentirão comprometidos e

passarão esse sentimento aos seus subordinados, acarretando no final em uma

fábrica totalmente comprometida como novo projeto ou sistema.

5.2 5’S.

O 5’s é a ferramenta primordial para a implantação da TPM. Um programa de

5’s bem estruturado e bem implantado é uma garantia inicial para o sucesso de uma

futura implantação de qualquer projeto de TPM. Por este motivo uma readequação

no sistema utilizado pela empresa, aonde deve-se estimular mais os operadores a

realmente se comprometerem com o sistema em questão, tornando-os fiscalizadores

do sistema.

O sistema deve ser simples, de fácil entendimento e com regras e indicadores

bem claros (se for anexado a um sistema de premiação por resultados do projeto ou

dos resultados da empresa).

Page 69: Analise estrutural para implantar a tpm

69Deve-se tomar um grande cuidado com a motivação do pessoal, e o projeto

deve ser visto não como uma nova tentativa de implantação do sistema, mas sim um

aprimoramento do sistema em funcionamento. Somente a tentativa de reimplantação

de um sistema que não deu certo, já é um alto fator desmotivante.

5.3 EAG.

A integração entre produção e equipes suportes é importante para a rápida

solução dos problemas. Deve-se sempre incentivar a melhoria das relações,

principalmente a relação entre produção e manutenção que está bastante abalada

neste momento dentro da fábrica.

Com a TPM a afirmação "da minha máquina cuido eu" é adotada pelos

operadores que passam a dispensar ao equipamento uma atenção especial, coisa

totalmente diferente do descaso que se verificava na época dentro da empresa.

Nessa atitude em relação às máquinas estão a observação do desempenho, a

limpeza, organização e atividades de manutenção. À medida que os operadores

executam tarefas elementares de manutenção, os mantenedores podem se dedicar

a tarefas mais complexas e atividades de análise e melhoria da planta. É o trabalho

em equipe que possibilita essas atitudes.

5.4 MOTIVAÇÃO DE PESSOAL.

Uma equipe bem motivada é um dos fatores essenciais para se conseguir

bons resultados na implementação de qualquer ferramenta de produção. Um

operador que se sente bem com seu trabalho, é um operador que mais facilmente irá

aceitar novos desafios e novas propostas de trabalho. Para isso, em cada passo a

ser dado, deve-se mostrar ao pessoal o porque da implementação da ferramenta e,

principalmente a função de cada pessoa dentro deste sistema.

Neste processo deve-se sempre abordar, de maneira clara e objetiva, a

importância da nova ferramenta para esse pessoal e a própria empresa (sistema em

que está inserido).

Se possível procurar mostrar os resultados futuros que influenciarão o

operador, por exemplo, aumento de eficiência e impacto no programa de

participação nos resultados. Buscar também outros problemas que afetam a

Page 70: Analise estrutural para implantar a tpm

70motivação para o trabalho, como relação com o superior, aspectos salariais e o

plano de carreira e junto com o departamento de recursos humanos tentar saná-los

ou buscar uma alternativa paralela para diminuir os impactos destes fatores.

A divulgação dos projetos também é um aspecto muito importante, criar

folders, banners ou colunas no jornal da empresa mostrando a importância do

projeto e o grau de envolvimento da empresa e de seu comitê de direção, motiva o

pessoal pois se um superior ou a empresa não se interessa pelos projetos, seus

subordinados ou funcionários não terão a motivação necessária para o andamento

do projeto, decretando o fracasso do mesmo.

Uma outra proposta seria premiar os operadores mais motivados e engajados

no sistema, buscando o comprometimento dos outros funcionários.

5.5 DOCUMENTAÇÃO E HISTÓRICO DE MÁQUINAS.

Como a documentação das máquinas existentes na fábrica é insuficiente,

desatualizada ou simplesmente não existe, é necessário realizar um levantamento

da documentação de todas as máquinas (descritivos, projetos e diagramas) do que

existe, do que falta. Também é preciso manter uma cópia nos arquivos da

manutenção. Se for necessário, contatar as empresas que fabricaram os

equipamentos afim de repor a documentação. Para novas máquinas é preciso criar

uma metodologia de aceitação junto aos fornecedores para que, o que realmente foi

pedido no caderno de encargos de manutenção seja cumprido e entregue.

Devido à inexistência de histórico das máquinas, faz-se necessária a inclusão

de uma metodologia de monitoramento e arquivo das ocorrências de cada máquina.

Essa metodologia pode ser cumprida através do uso do “diário de bordo” em todos

os equipamentos, aonde todas as intervenções efetuadas, por qualquer pessoa de

qualquer setor, nos equipamentos é registrada, gerando assim um histórico de todas

as ocorrências do equipamento.

Page 71: Analise estrutural para implantar a tpm

71

5.6 ANÁLISE DE GARGALOS E CRITICIDADE DE EQUIPAMENTOS.

O conhecimento de quais são os postos gargalos é fundamental para a

estruturação básica do TPM. O uso do TOC é o método mais simples para essa

análise.

Através do posto gargalo é que priorizamos as ações da manutenção. Os

gargalos podem ser definidos de acordo com várias características:

? Gargalo de manutenção – Máquina que quebra periodicamente ou necessita

de um tempo muito grande de intervenções é chamada de máquina crítica e

pode ser descoberta com o uso do algoritmo abaixo:

? Gargalo de produção – Máquina que “guia” o processo, ou seja, o fluxo total

de peças que pode-se retirar do processo depende do tempo de processo

desta máquina;

Deve-se através de uma metodologia de conhecimento dos gargalos e linhas

críticas de produção, primeiramente mapear as linhas de produção mais

problemáticas e que não podem, de maneira alguma, ficarem sujeitas á paradas por

manutenção. Dando prioridade na implantação das ferramentas básicas necessárias

para a TPM.

Em um segundo momento uma nova análise de criticidade e de postos

gargalos deve ser realizada, porém tendo como foco não mais a linha de produção,

mas sim cada máquina, buscando identificar qual é a máquina mais crítica, a qual

deve ser a primeira a sofrer no futuro uma intervenção TPM.

A análise de gargalo e criticidade dos equipamentos também é fundamental

para o traçado da forma de atuação da manutenção, ou seja, essa análise mostra as

prioridades de atendimento dos manutencionistas, pois uma máquina gargalo ou

considerada crítica (vital para a produção) não deve ter o mesmo tratamento de uma

máquina que por exemplo trabalha em 30% do tempo útil de produção.

Page 72: Analise estrutural para implantar a tpm

72

5.7 MANUTENÇÃO DE 1º NÍVEL.

O sistema de manutenção de 1º nível (manutenção efetuada diariamente pelo

operador, também denominada manutenção autônoma) precisa de uma

reformulação pois as informações contidas no formulário de 1º nível são muito

pobres e a cada checagem que o operador realiza em sua máquina, deve

corresponder uma ação descrita pelo formulário, para que realmente se torne um

sistema eficiente e que traga resultados. Portanto o sistema de 1º nível deve compor

de uma instrução do que o operador precisa checar em seu posto de trabalho e se

essa checagem não estiver correta, as ações que ele deve tomar frente a essa

condição. O formulário deve ser simples, de fácil e rápido entendimento e

preenchimento, preferencialmente utilizando um sistema visual.

Tomar o cuidado de que quando implantar o sistema, treinar todos os

envolvidos corretamente para que o sistema não caia no descrédito. Um sistema mal

lançado e que não alcança o comprometimento do pessoal envolvido está

invariavelmente destinado ao fracasso.

5.8 SISTEMA DE PREVENTIVAS.

Para a adequação do sistema de preventivas, é necessário a revisão de todo

o sistema informatizado de preventivas, analisando freqüências, tempos e a

necessidade de execução, bem como a criação de instruções de trabalho para a

execução destas preventivas.

As preventivas devem ser revisadas tomando como base os manuais dos

fabricantes e o histórico das falhas, incluindo além das tarefas de verificações, as

ações necessárias para garantir o bom funcionamento dos equipamentos durante

sua vida útil (troca de componentes, lubrificações, ensaios, etc...).

Ações e verificações coerentes com os equipamentos analisados são de

fundamental importância para o alcance dos resultados de diminuição de

manutenções corretivas e paradas de máquinas.

A criação das instruções de trabalho de manutenção é necessária para a

regulamentação das tarefas da manutenção dentro do chão de fábrica e também

para que o operador de produção realmente conheça todas as intervenções que são

Page 73: Analise estrutural para implantar a tpm

73ou serão efetuadas em sua máquina. Tornando-o, desta forma, responsável pela

sua máquina e dando condições para que ele possa verificar se a tarefa foi efetuada

conforme a engenharia de manutenção previu através da instrução de trabalho.

Outra ferramenta muito importante para que os operadores de produção se

sintam donos de suas máquinas é a utilização de um sistema de gestão visual das

manutenções preventivas. O sistema de gestão visual compreende em um quadro

com todas as manutenções preventivas funcionando como um “kanban de

manutenção”.

5.9 IMPLANTAÇÃO DO FMEA DE MANUTENÇÃO

A realização do FMEA de manutenção mostra-se importante para empresa,

pois a previsão dos possíveis erros que podem ocorrer na máquina, diagnosticam a

necessidade de quais itens serão necessários para a composição dos estoques de

peças de reposição. Um FMEA de manutenção bem feito é a garantia de que o

estoque está bem dimensionado e a resposta da manutenção é mais rápida, pois os

erros foram previstos, as preventivas bem implantadas e bem dimensionadas,

gerando um estoque de alto nível e de alta rotatividade, diminuindo custos de

estoques desnecessários e paradas de longa duração.

O FMEA de manutenção, a princípio deve ser realizado na fase de projeto da

máquina, porém no caso desta empresa, deveria começar a implantação da

ferramenta FMEA através da escolha de máquinas críticas, priorizando as que tem

um alto consumo de peças de reposição e constantemente paradas de longa

duração. Na equipe de trabalho deve-se incluir pessoal da manutenção, produção,

qualidade, engenharia e se possível um representante da empresa construtora do

equipamento.

Geralmente o resultado de um FMEA de manutenção é um plano de

contingência para as quebras das máquinas, aonde pode-se ou não disponibilizar

peças de reposição no almoxarifado e adequar intervenções preventivas ou

preditivas para prever ou suprir maiores perdas ocasionadas por essas quebras

estudadas dentro do FMEA.

Page 74: Analise estrutural para implantar a tpm

74

5.10 PEÇAS DE REPOSIÇÃO.

As peças de reposição e consumíveis necessários em estoque deverão ser

revisados, avaliados e dimensionados de acordo com a realidade da empresa dentro

do projeto de adequação das bases do TPM. O resultado esperado com esta ação é

a diminuição de itens de estoque e conseqüentemente a diminuição de caixa

investido no almoxarifado de manutenção.

Itens com cadastro em duplicidade devem ser avaliados e excluídos do

sistema e do almoxarifado, sendo necessária a revisão de quantidades mínimas e

máximas de acordo com um histórico de pelo menos um ano de consumo das

peças, excluindo ou reduzindo drasticamente as quantidades dos itens sem

movimentação durante este período. Uma verificação deve ser feita em conjunto

com a engenharia para excluir itens obsoletos do sistema e modificações em peças

de reposição (novos fabricantes, mudanças de desenhos).

Após esse levantamento, se efetua a compra dos itens considerados

necessários e com estoque zero ou abaixo do mínimo, para que o almoxarifado de

manutenção não seja o causador de paradas de máquinas devido à falta de peças

de reposição.

Um próximo passo para a redução do índice de estoque da manutenção, seria

a busca de fornecedores “parceiros”, que trabalhassem com o sistema de

consignação de peças ou então tivessem prazos de entregas reduzidíssimos que

não comprometessem a eficácia do sistema de produção. Com este procedimento a

disponibilidade operacional da planta industrial é aumentada.

5.11 TREINAMENTO.

A questão treinamento é um ponto que deve ser tratado com muito cuidado

antes da implantação da TPM. Não só a falta de treinamento, mas também o

excesso podem prejudicar o sucesso do sistema. A principal atenção que deve se

tomar ao efetuar um treinamento é direcionar o que se está falando para quem

necessita da informação, ou seja, dependendo da função que ele exerce dentro da

empresa o treinamento deve ter um enfoque diferente.

Page 75: Analise estrutural para implantar a tpm

75A seguir segue a maneira em que deve-se efetuar a divisão do pessoal e o

que é preciso enfocar em cada treinamento.

5.11.1 Operadores de produção.

Para aumentar o grau de comprometimento dos operadores deve-se

implantar um sistema de treinamentos que atenda a requisitos mínimos:

? Treinamento que auxilie o operador a gerenciar sua rotina, de modo que

realmente consiga efetuar todas as tarefas necessárias à sua polivalência em

determinado posto de trabalho no tempo certo, de maneira correta, atendendo

a todas as especificações técnicas e aspectos de segurança;

? Treinamento que mostre realmente como funciona o quadro de gestão de

preventivas, dando ênfase a importância do operador de produção no

sistema. Mostrando a confiança que a empresa deposita nele, e a confiança

que ele deve ter perante as suas funções de suporte (manutenção, qualidade,

engenharia e logística), dando a liberdade do questionamento do sistema (se

é ou não útil, Kaizen do sistema) ligado com o sistema de sugestões da

empresa, o que acarreta uma motivação para a melhoria do sistema e faz

com que a informação realmente chegue a quem necessita dela (pessoal

responsável pelo gerenciamento do sistema).

? Treinamento específico de todas as tarefas que forem destinadas aos

operadores, explicando criteriosamente o que deve-se fazer, qual

equipamento utilizar e que medidas de segurança devem ser tomadas. Deve

conter na instrução de trabalho o registro dos operadores aptos a executarem

a tarefa, mostrando a evidência do treinamento destas pessoas.

? Treinamentos específicos para cada ferramenta ou método novo a ser

implantado para os operadores na linha de produção, para que se

comprometa o operador com o sistema a ser implantado. Exemplos:

metodologia 5´S, diário de bordo, qualquer formulário novo que seja incluído

na linha de produção, entre outros.

Page 76: Analise estrutural para implantar a tpm

76

5.11.2 Manutencionistas.

Os manutencionistas devem ter a consciência de que fazem parte de uma

equipe de suporte da produção, e que devem atuar com rapidez e precisão sobre os

problemas, impactando ao mínimo o bom funcionamento do processo.

? Do mesmo modo que os operadores os manutencionistas, devem ser

treinados sobre o funcionamento do quadro de gerenciamento de preventivas,

porém com um enfoque diferente. Deve-se dar ênfase no aspecto que a

produção é cliente da manutenção e a pessoa que é realmente o responsável

pelo equipamento é o operador de produção. Tudo o que for modificado na

máquina deve-se, obrigatoriamente, ser comunicado à ele e registrado, para

que não ocorra problemas de produção devido á falta de informação.

? Deve-se programar, de acordo com a matriz de policompetência e

polivalência e da necessidade real da fábrica, os treinamentos de

aprimoramento técnico dos manutencionistas para que o sistema não esteja

sujeito às variações dos índices de absenteísmo do pessoal. Treinamentos

como: controladores lógicos programáveis, ferramentaria, programação de

robôs e treinamentos específicos sobre os equipamentos da fábrica são

importantes para polivalência.

5.11.3 Supervisores de produção e outras funções suportes.

Como a implantação de qualquer ferramenta deve ter o comprometimento

das chefias, todos os supervisores de produção e membros das equipes suportes

devem estar realmente comprometidos e engajados no sistema a ser implantado

funcionando como um fator motivante para o pessoal que realmente vai trabalhar

com o sistema.

Portanto o treinamento deste pessoal deve ter um enfoque diferente dos

demais, onde deve-se mostrar o papel fundamental da posição destas pessoas para

com o sistema. Sempre levando em consideração e motivando cada vez mais a

posição dos operadores do sistema que é o pessoal principal de qualquer

ferramenta de gerenciamento de produção.

Page 77: Analise estrutural para implantar a tpm

77Dentro da filosofia do Kaizen, onde tudo deve ser constantemente melhorado,

somente a correção e/ou a implantação desta estrutura básica pode já resultar em

ótimos resultados para a empresa. Mas não deve-se perder o foco de sempre estar

melhorando o sistema onde sugestões e principalmente críticas, especialmente do

pessoal que realmente trabalha dentro do sistema (operadores de produção e

manutencionistas). Este tipo de participação é muito importante para a revisão dos

rumos e adequação das técnicas utilizadas, portanto uma idéia ou opinião por mais

ridícula que seja, nunca deve ser menosprezada, pois é das pequenas idéias que

mudamos os rumos de nossos projetos.

Page 78: Analise estrutural para implantar a tpm

786 IMPLANTAÇÃO

A necessidade da implantação e correção destes aspectos, foram

apresentados ao comitê de direção, que após analisar as propostas e as metas a

serem atingidas autorizou a implementação. A implementação seguiu a seguinte

ordem:

6.1 ANÁLISE DE CRITICIDADE.

Com a necessidade da implantação imediata de ferramentas como a

manutenção de 1º nível e o quadro gestão a vista da manutenção, linhas de

produção prioritárias precisavam ser definidas.

Foi então realizada uma reunião entre a equipe de implantação destes

sistemas para a definição destas linhas mais prioritárias. Para essa definição, foi

utilizado o seguinte algoritmo de determinação de criticidade:

Após uma discussão de idéias, foram atribuídos conceitos de criticidade (alta,

média ou baixa), aos itens dos algoritmos para cada linha de produção, resultando

na seguinte tabela:

Figura 12 – Algoritmo de determinação de criticidadeFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

ALTA (A) MÉDIA (B) BAIXA (C)

SASegurança e Meio-

ambiente

Acidentes Pessoais, Agressõesao Meio-ambiente e Danos

Materiais

Exposição a Riscos de Acidentesao Meio-ambiente ou do

PatrimônioNenhum risco

QPQualidade e

Produtividade

Produtos com defeito, redução da

Velocidade e Redução daProdução

Variação da Qualidade ou daProdutividade

Não afeta

OPOportunidade de

ProduçãoCessa todo o Processo Cessa parte do Processo Não afeta

TO Taxa de OcupaçãoDois turnos ou horário

Administrativo1 turno

FQ Frequência de Quebra Intervalo menor que 1 semana Em média uma vez por mês Raramente Ocorre

MT MantenabilidadeO tempo e/ou custo do reparo são

elevadosO tempo e/ou custo do reparo são

suportáveis

O tempo e/ou custo doreparo sãoirrelevantes

ALTA MÉDIA BAIXA

A PARADA REPENTINA DO EQUIPAMENTO PROVOCA:

CRITICIDADE DA LINHA

ALGORITMO DE DETERMINAÇÃO DA CRITICIDADE DA LINHA DE PRODUÇÃO

SA

QP

TO

FQ

OP

MT

OP

FQ

MT

A

A

A, B

B, C

B, C

C

C

B, C

B, C

B, C

A

A

A, B

A, B

A, B

C

C

24 horas (3 turnos)

Page 79: Analise estrutural para implantar a tpm

79

Quadro 4 – Análise de criticidade da empresaFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Além deste algoritmo, outro ponto fundamental foi o índice de importância

comercial das linhas de produção. Onde foi considerado quais eram as linhas de

produção de maior importância financeira para a empresa.

Após o estudo com essas ferramentas, foi definido que por causa da

necessidade de todos os produtos fabricados passarem pela linha da pintura, e

sendo assim, uma linha gargalo de toda a fábrica, começarmos a implantação das

ferramentas por essa linha de produção.

A linha de corte e costura como interfere na produção de dois clientes

potenciais (Renault e Peugeout), e possui duas máquinas de corte de tecidos

extremamente sensíveis e de manutenção cara, trabalhando como gargalo de todo

esse processo, foi considerada também uma linha crítica.

Das linhas de solda e montagem, devido ao alto nível de complexidade e

quebras das máquinas e também da alta importância financeira, a linha GM foi

considerada como a mais importante no momento da avaliação. Na seqüência as

linhas da Renault, Peugeout, VW/Audi, conformação, trilhos e Master.

Então essa seqüência foi a definida para a implementação das ferramentas

de ajuste da estrutura base para a implementação da TPM, através da análise de

criticidade das linhas de produção.

SA QP OP TO FQ MT

Renault Média Média Alta Média Alta Média

Peugeout Média Média Alta Média Alta Média

VW/Audi Média Média Alta Baixa Alta Média

GM Média Média Alta Média Alta Alta

Trilhos Média Média Alta Baixa Alta Média

Pintura Alta Alta Alta Média Alta Alta

Corte e Costura Alta Alta Alta Média Alta Alta

Conformação Média Média Alta Média Alta Média

Master Média Média Média Baixa Alta Média

AltaAlta

Média

Média

MédiaMédiaAlta

Média

Itens de CriticidadeLinha de Produção Avaliação Final

Média

Page 80: Analise estrutural para implantar a tpm

806.2 NOVO SISTEMA DE MANUTENÇÃO DE 1º NÍVEL.

A partir de novembro de 2002, foi implantado, devido às deficiências

mencionadas no capítulo anterior, um sistema de manutenção de 1º nível

gerenciado de forma visual, mais simples e composto de todas as instruções

necessárias para os operadores de produção.

No total, foram criadas cerca de 250 instruções visuais de 1º nível. Todas as

máquinas cadastradas no SIM e em funcionamento na empresa possuem, hoje,

esse formulário.

Esse sistema de manutenção de 1º nível é composto de uma instrução,

conforme mostrado no apêndice A, dentro do sistema da qualidade da empresa, que

possui todas as verificações que são necessárias o operador executar antes ou após

a produção.

O que diferencia a instrução nova do sistema antigo, é que essa instrução

fornece maiores informações das tarefas a serem executadas aos operadores, como

qual a freqüência de execução das verificações (na manutenção de 1º nível apenas

são relacionadas as intervenções com freqüência menor ou igual a uma semana,

sendo as outras intervenções relacionadas através de cartões brancos incluídos no

quadro gestão á vista de manutenção), em qual turno deve ser realizadas tais

verificações, auxílios visuais e qual a ação que deve ser tomada se a verificação

realizada não estiver OK.

A descrição da ação a ser realizada é um dos pontos mais importantes deste

novo sistema, pois agora realmente o operador sabe o que precisa fazer em sua

máquina.

Se por um acaso, ele possuir alguma dúvida sobre a realização da tarefa,

existe no verso da instrução, uma descrição detalhada sobre o que deve ser feito,

como deve ser feito e que equipamentos de segurança e ferramentas deve utilizar

para a execução da tarefa.

A instrução é montada em uma prancheta de PVC e pendurada junto a

máquina, de forma a ficar bem visível a todos que passam próximo á ela.

Page 81: Analise estrutural para implantar a tpm

81

Figura 13 – Instrução de 1º nívelFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Para o funcionamento do sistema, a cada operador foi disponibilizada uma

caneta para quadro branco, sendo ele responsável pela conservação da mesma e

da instrução de sua máquina. Antes de iniciar a produção o operador deve

preencher seu número de cadastro da empresa, data, turno e vistando a instrução

nos locais indicados da máquina que irá trabalhar.

Deve então executar a lista de verificações marcando com um ? , as

verificações que não tiveram problema. Para as verificações que não estão OK, o

operador deve executar a ação descrita na última coluna do formulário, preenchendo

o diário de bordo da máquina e daí então preencher com um ? a verificação, se

ocorrerem problemas com essas ações a célula deve ser deixada em branco e os

serviços suportes acionados rapidamente para sanar os problemas. Se existirem

tarefas a serem realizadas em outros horários de produção ou em seu término,

devem ser deixados as células em branco, preenchendo somente na execução das

verificações.

A instrução, ao final do turno, deve ser deixada preenchida para que o

operador do próximo turno conheça os problemas que ocorreram no turno anterior.

No início do próximo turno o operador verifica a checagem do turno anterior e apaga

as informações iniciando um novo ciclo dentro do formulário.

A questão que gerou mais controvérsia na implantação deste formulário, é a

necessidade de possui histórico das atividades de 1º nível. Porém que logo foi

Page 82: Analise estrutural para implantar a tpm

82resolvida com a implantação do diário de bordo da máquina e com o registro nas

OS. Somente é gerado histórico para as verificações que não estiveram OK as

verificações que não tiveram problema não são arquivadas, diminuindo assim a

quantidade de formulários e papéis dentro do sistema.

O ponto fundamental do sistema, é que como as instruções são preenchidas

por canetas coloridas e ficam em lugares visíveis a todos, o gerenciamento é feito de

maneira visual e por qualquer pessoa que passe ao lado da máquina. Assim,

supervisores e líderes podem verificar a correta execução das tarefas mais

facilmente de modo visual. Para o operador, como o sistema ficou mais fácil e rápido

o índice de comprometimento e execução aumentou sensivelmente.

O lançamento do sistema foi por áreas, pela ordem de criticidade estipulada

na análise de criticidade e de máquinas gargalo executada no início do projeto.

Antes de cada lançamento todos os operadores foram treinados no preenchimento

do formulário, na execução das tarefas e principalmente na importância para ele da

correta execução dos mesmos. Um treinamento mais complexo para a manutenção

autônoma está sendo preparado para setembro de 2003 onde o operador passará a

realizar tarefas mais complexas de manutenção em sua máquina,

conseqüentemente necessitando um maior nível de comprometimento.

O controle do sistema é realizado através de auditorias de acompanhamento

trimestrais reportadas diretamente aos diretores de planta e ao diretor industrial e

divulgadas nos murais de afixagem das áreas de convívio das equipes autônomas.

Essas auditorias são realizadas em equipe composta de duas pessoas: um

representante da manutenção e um representante da produção ou engenharia de

processos.

O sistema constantemente deve ser revisado em conjunto com o pessoal de

produção, esta instrução é um exemplo de um documento vivo da manutenção, ou

seja, não deve ser esquecido, deve ser sempre melhorado e atualizado.

Os resultados desta ferramenta podem ser verificados em médio prazo. Com

um respeito de 90% na execução do sistema (dados da auditoria de fevereiro 2003),

nota-se uma evolução no índice de comprometimento de supervisores e

principalmente operadores de produção. Como exemplo deste comprometimento,

existem instruções de 1º nível que por intermédio de sugestões dos operadores,

estão na quinta revisão.

Page 83: Analise estrutural para implantar a tpm

83O índice de problemas mais simples, como ajustes de ar, água e falta de

limpeza decaíram bastante com esse comprometimento. Resultado: a manutenção

pode se ater a problemas mais complexos e a execução das manutenções

preventivas, sem se preocupar com esses problemas simples que ocupavam cerca

de 20% do seu tempo.

6.3 DIÁRIO DE BORDO.

Para a TPM o operador deve se sentir dono da sua máquina, para isso ele

deve saber todas as intervenções que foram realizadas em sua máquina. Essa

necessidade foi verificada após o início da implantação do sistema de 1º nível e o

estudo dos quadros gestão á vista de manutenção.

Então surgiu a idéia do diário de bordo. Um caderno anexado à máquina

aonde são registradas todas as intervenções executadas na mesma, tanto corretivas

quanto preventivas, citando o que foi feito, quem fez, quando fez e quanto tempo

durou a intervenção.

Figura 14 – Diário de bordoFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Todas as pessoas, sejam elas de produção, manutenção, qualidade,

engenharia, ou de qualquer outro setor que modificar alguma coisa na máquina ou

dispositivo devem registrar essa modificação no diário de bordo.

Page 84: Analise estrutural para implantar a tpm

84Foram implantados então no início de 2003, cerca de 400 diários de bordo em

toda a fábrica em máquinas e dispositivos, que além do acompanhamento das

intervenções pelos operadores e supervisores. Os diários de bordo são

fundamentais para o histórico do equipamento. Quando preenchido totalmente, o

caderno é trocado e arquivado no dossiê da máquina na engenharia de manutenção.

Como curiosidade, os primeiros diários de bordo estão sendo trocados no mês de

julho de 2003.

Todos os operadores foram treinados no preenchimento do diário de bordo,

como devem proceder frente a esse documento e sua importância para o processo

produtivo.

Da mesma forma da instrução de 1º nível, o comprometimento do pessoal da

fábrica foi muito bom. De acordo, com a auditoria de 1º nível (que audita esse ponto

e preenchimento de OS) realizada em fevereiro de 2003, o nível de preenchimento

do diário de bordo chegava a 80% das intervenções, sendo necessário apenas uma

conscientização por parte do pessoal das equipes suportes de engenharia e

qualidade que já foi realizada.

6.4 ADEQUAÇÃO DO SISTEMA EXISTENTE.

Como os sistemas de preventiva e de controle de almoxarifado de peças de

reposição estavam desatualizados e mal dimensionados, em janeiro de 2003 foi

montada uma equipe de trabalho para solucionar todos esses problemas.

Essa equipe de trabalho é formada pelos integrantes do departamento de

engenharia de manutenção, participantes do setor de engenharia e os responsáveis

de produção e engenharia das linhas de produção em estudo. O grupo é liderado

pelo gerente de manutenção.

De posse do estudo de criticidade das linhas de produção foi traçado o

cronograma deste projeto de adequação, figura 15.

Page 85: Analise estrutural para implantar a tpm

85

Figura 15 – Cronograma de adequação do sistemaFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

As tarefas pré-determinadas para esta adequação foram definidas em

conjunto com a equipe, respeitando, um fluxograma de trabalho (figura 16), definindo

datas limites e responsáveis. Para as linhas de produção inicias foi definido um

prazo de conclusão dos trabalhos de dois meses, devido a complexidade e o volume

de trabalho necessário. Após a dificuldade das primeiras linhas de produção, o prazo

para as outras foi estipulado como sendo de um mês devido a repetibilidade de

alguns processos.

09/05/03Corte eCostur

a100%

06/06/03PINTURA

100%

100%

11/07/03GM 100

%14/08/03

Renault

20/09/03Peugeout VW/Aud

i TrilhosConformaçãoMaster

4 5 6 7 8 9 10

11

12Mês

24/10/03

Linh

a de

Pro

duçã

o

Page 86: Analise estrutural para implantar a tpm

86

Figura 16 – Fluxograma de adequação do sistemaFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Fluxograma de adequação do sistema

Início

Reunir docum entação dos equipam entos da linha de

produção selecionada Manuais

Elaborar / Coletar lista de peças de reposição

Lista de peças de reposição

Copiar / listar / arquivar / program ar

Revisar fichas e/ou m odificar

Aprovada a revisão?

SIM

Cadastrar / Revisar

Fichas de MP no SIM

Lançar e im plantar quadro na área

Validar após 3 m eses

Melhoria Contínu a - PDCA

Backups dos softwares

NÃO

Page 87: Analise estrutural para implantar a tpm

87

6.5 MANUAIS DAS MÁQUINAS.

A primeira verificação considerada necessária pela equipe era a verificação

da documentação da linha de produção. Nesta verificação notou-se a falta de boa

parte dos manuais das máquinas, principalmente das linhas de corte e costura e

pintura, sem contar o alto nível de desorganização nos armários da engenharia de

manutenção.

Foram então, separados todos os manuais existentes na engenharia de

manutenção, das linhas de produção e realizado um levantamento do que existia e

do que era necessário. De posse dessa necessidade, outros departamentos da

empresa foram contatados, para verificar a existência desta documentação nestes

locais. O que não existia na fábrica, foi encontrado junto ao fornecedor da máquina

por meio de manuais eletrônicos encontrados na internet ou por contato direto com o

fornecedor.

Os manuais foram compilados em pastas separadas por máquina e

acondicionadas adequadamente no arquivo da engenharia de manutenção, uma

cópia de todos os manuais disponibilizados para consulta do pessoal operacional e

as cópias dos esquemas elétricos das máquinas acondicionados dentro dos quadros

elétricos.

O trabalho resultou em 10 pastas de manuais para a linha de corte e costura

e 8 para a linha da pintura, com um material confiável, atualizado e organizado.

Antigamente, como comparação, existia 3 pastas para a linha de corte e costura e 5

para a linha de pintura.

6.6 CÓPIAS DE PROGRAMAS E SISTEMAS OPERACIONAIS DAS

MÁQUINAS.

A falta de cópias de programas atualizados das máquinas traz sérios

problemas para a fábrica. Como os equipamentos se tratam de robôs onde

periodicamente se modificam trajetórias, não ter a cópia atualizada destas

modificações significa uma intervenção corretiva bem mais demorada.

Este cenário foi encontrado em praticamente todas as linhas incluídas no

sistema até agora. Para solucionar este problema foi criada, primeiramente, uma

Page 88: Analise estrutural para implantar a tpm

88metodologia de retirada das cópias dos programas e sistemas operacionais,

coordenadas pelo departamento de manutenção e efetuada, no caso dos

programas, pelos líderes de produção semanalmente e dos sistemas operacionais

pelos manutencionistas mensalmente.

Em outros equipamentos em que não são efetuadas modificações nos

programas, mas não possuíam cópias destes programas, foi realizado um trabalho

de retirada destas cópias arquivando-as em arquivos com sistema corta fogo e uma

cópia nos arquivos da engenharia de manutenção.

6.7 PEÇAS DE REPOSIÇÃO.

Em cada linha foi retirada do sistema (SIM) uma lista de peças cadastradas e

do consumo dessas peças em dois anos. Essas listas foram analisadas e os

problemas encontrados foram todos corrigidos.

Os itens que possuíam cadastro em duplicidade, triplicidade e até em

quadruplicidade foram eliminados, constando agora apenas um cadastro para cada

tipo de peça. As peças cadastradas em outro idioma, que não o português, foram

todas traduzidas, tornando as listas acessíveis a todos para consulta.

Através do histórico de consumo, os ajustes de máximos e mínimos foram

todos redimensionados para adequar o almoxarifado de manutenção á realidade, os

itens com estoque zero também foram dimensionados conforme o consumo,

excluindo aqueles que não tiveram movimentação nos últimos dois anos.

Após essa primeira verificação no estoque, foi efetuado um estudo de acordo

com os manuais das máquinas, as peças realmente necessárias em estoque.

Algumas peças sugeridas pelos fabricantes e consideradas necessárias pela equipe

de manutenção não estavam cadastradas. Todas essas peças foram então, após

este estudo, cadastradas e compradas.

Os itens com estoque zero considerados, após prévio estudo, como

necessários em estoque foram comprados de acordo com o novo

redimensionamento de máximos e mínimos, assim todas as peças cadastradas das

linhas analisadas possuem pelo menos a quantidade mínima em estoque.

As peças de máquinas obsoletas ou modificadas que não são mais utilizadas

foram posicionadas para venda ou obsoletagem, tendo seus cadastros no sistema

excluídos ou modificados para a nova condição.

Page 89: Analise estrutural para implantar a tpm

89Como resultado deste árduo trabalho, no caso da linha de corte e costura

após todo este estudo, chegou-se em uma redução de 5% no custo total de peças

de reposição estocadas. O número de cadastros de peças de reposição para esta

linha diminuiu de 667 para 547 peças, uma redução de 18% no número de peças.

6.8 PREVENTIVAS.

Com o alto índice de corretivas, foi questionada a eficácia do sistema de

preventivas utilizado pela fábrica. As preventivas existentes no sistema não eram

coerentes.

Dentro do escopo da equipe, concordou-se a necessidade da revisão.

O primeiro passo, foi de revisar a codificação das máquinas, codificando as

máquinas que não possuíam cadastro dentro do sistema, eliminando as duplicidades

e recodificando os códigos dos equipamentos que não estavam codificados de

acordo com o sistema utilizado pela empresa.

Todas as preventivas das linhas em estudo foram revisadas de acordo com

os manuais dos fabricantes, adaptando as tarefas a realidade da fábrica, ao histórico

de ordens de serviço executadas e às sugestões dos operadores de produção e do

departamento de engenharia.

Em vez de verificações e checagens, foram incluídas nas preventivas ações

com trocas de peças e inspeções com seus devidos parâmetros. As periodicidades

de execução foram todas verificadas e modificadas de acordo com a quantidade de

pessoal operacional da manutenção, dos manuais e em contato direto com os

fabricantes, equilibrando as metas de execução de preventivas mensais.

Foram incorporados dentro dos planos de preventiva, itens de segurança e

controle funcional do equipamento, para garantir a segurança de quem executa a

preventiva e de quem opera a máquina, e garantir que o equipamento está

funcionando corretamente e produzindo peças boas.

Para a linha de corte e costura, foram revisadas cerca de 30 planos de

preventivas e para a linha da pintura cerca de 25 planos.

Como exemplo desta revisão, a preventiva da máquina de costura reta

possuía 21 verificações e ações e após a revisão passou a ter 39 ações e

verificações com parâmetros.

Page 90: Analise estrutural para implantar a tpm

906.9 PLANO DE LUBRIFICAÇÃO.

Uma deficiência encontrada dentro do sistema (SIM), era a não utilização do

plano de lubrificação das máquinas. Sistema esse que possui um módulo de

gerenciamento de lubrificação, porém sem a alimentação dos dados.

Resumindo, até outubro de 2002 o plano de lubrificação era controlado pelos

próprios manutencionistas, que lubrificavam as máquinas conforme a necessidade

encontrada na execução das preventivas e muitas vezes com os produtos errados.

Verificou-se então a necessidade do uso de um plano de lubrificação mais

eficiente e decidiu-se utilizar o módulo de controle existente dentro do SIM.

Em cada linha de produção, foram consultados os manuais das máquinas, os

fabricantes, o pessoal de produção e principalmente os manutencionistas, para

elaborar esse plano de lubrificação.

O plano de lubrificação consiste em uma série de intervenções periódicas

relacionadas a lubrificar e trocar óleos das máquinas, cadastradas dentro de um

módulo de gerenciamento.

Agora todas as máquinas da fábrica possuem um plano de lubrificação com

as tarefas bem exemplificadas, com a descrição correta dos óleos a serem utilizados

e a destinação correta dos resíduos de acordo com a norma ISO14000.

6.10 SISTEMA GESTÃO VISUAL.

A falta de conhecimento de todas as intervenções necessárias a sua

máquina, impede o operador de produção de se sentir responsável ou dono de sua

máquina. Por isso é muito importante que o operador conheça o plano de

preventivas que vai ser executado em sua máquina.

A alternativa criada pela equipe para solucionar esse problema, foi a criação

de um quadro onde estão localizados todas as tarefas que devem ser realizadas

periodicamente dentro da linha de produção.

A implantação do quadro obedece ao fluxograma da figura 17.

Page 91: Analise estrutural para implantar a tpm

91

Figura 17 – Fluxograma de implantação do quadro gestão a vistaFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Figura 18 – Quadro gestão a vistaFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Instruções das tarefas

Indicador de semana corrente.Deve ser mudado a cada semana

Quadro Gestão a Vista

Número da Semana

Fluxograma de implantação do quadro gestão á vista

Início

Elaboração e aprovação dos cartões

Definição da ZAP de aplicação do sistemagestão a vista ou novo equipamento/utilidade

Cartões

Fim

IInstruções

Distribuição dos cartões no quadro gestão avista e atualização/cadastro SIM

SIM atualizado

Matriz dePolivalência

SIM Manual dofabricante

Treinamento dos operadores

Cronograma deatividades

Elaboração e aprovação das instruções detrabalho de manutenção relacionadas

Page 92: Analise estrutural para implantar a tpm

92

O quadro é separado em 52 divisões, onde cada divisão corresponde a uma

semana do ano. Cada tarefa a ser executada é indicada no quadro através de um

sistema de cartões coloridos, onde cada cor significa uma especialidade diferente:

? Cartão azul (ME).

São os cartões de preventivas elétricas, codificados como ME de

Manutenção Elétrica e executados exclusivamente por manutencionistas da

área de elétrica.

? Cartão verde (MM).

São os cartões de preventivas mecânicas, codificados como MM de

Manutenção Mecânica e executados exclusivamente por manutencionistas da

área de mecânica.

? Cartão cinza (FE).

São os cartões de preventivas de Ferramentaria, codificados como FE de

Ferramentaria e executados exclusivamente por manutencionistas da área de

mecânica com habilitação em ferramentaria.

? Cartão marrom (PR).

São os cartões de tarefas da área Predial, codificados como PR de predial

e executados exclusivamente por manutencionistas prediais.

? Cartão laranja (PL).

São os cartões do Plano de Lubrificação, codificados como PL de plano de

lubrificação e executados exclusivamente por manutencionistas da área de

mecânica.

Page 93: Analise estrutural para implantar a tpm

93? Cartão amarelo (LB).

São os cartões de tarefas de Laboratórios (químico, no caso da pintura e

metrologia e ensaios no caso das outras linhas), codificados como LB de

laboratórios e executados exclusivamente pelo pessoal especializado destas

áreas.

? Cartão branco (OP).

São os cartões das tarefas executadas pela produção, codificados como

OP de Operação e executados exclusivamente pelo operador de produção da

máquina em questão.

Com essa codificação de cores, cada responsável pelos cartões consegue

verificar suas tarefas semanais a uma longa distância, é a função primordial de um

bom sistema visual.

O cartão possui ainda uma série de informações importantes para a

realização das tarefas:

? Códigos e nomes dos equipamentos pai e filho;

? Periodicidade de execução da tarefa;

? Quem executa e quantas pessoas são necessárias para a realização da

tarefa;

? Tempo necessário estimado para a execução da tarefa;

? A situação em que deve estar a máquina para a execução da tarefa (pode ser

com a máquina parada ou com a máquina em funcionamento);

? A descrição da tarefa a ser executada;

? Auxílio visual para identificação rápida;

? Número da instrução de trabalho relacionada;

? Campos no verso para registro do executante, data de execução e visto.

Page 94: Analise estrutural para implantar a tpm

94

Figura 19 – Parte frontal do cartão.Fonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Figura 20 – Parte traseira do cartão.Fonte: Faurecia bancos para automóveis

Nº do Cartão sendo:1. Vide quadro ao lado2. Equipamento Pai ,3. Nº sequencial do cartão

Nº da revisão do conteúdo do cartão

Foto Ilustrativa do equipamento

Nº da instrução relacionada

Freqüência de execução

Descrição da tarefa a ser executada

Tempo máximo de execução

Quantidade de pessoas necessáriase quem executa a tarefa:OPE – Operador ProduçãoMAN – ManutençãoLAB – LaboratórioPRE - Predial

Situação da máquina na execução datarefa

Cor do Cartão e código indica otipo da tarefa:

Branco - OP - Tarefa a serexecutada pela produçãoAmarelo – LB - Tarefa a serexecutada pelo labaratórioVerde – MM - Tarefa mecânica aser executada pela manutençãoAzul – ME - Tarefa elétrica a serexecutada pela manutençãoCinza - FE - Tarefa a serexecutada pela ferramentariaMarrom – PR - Tarefa a serexecutada pela manutençãopredialLaranja – PL - Plano delubrificação a ser executada pelamanutenção

Data em que foi executada a tarefa

Nº da matrícula de quem executou a tarefa

Visto de quem executou a tarefa

Page 95: Analise estrutural para implantar a tpm

95Os cartões brancos são tarefas de preventivas antes realizadas pela

manutenção que foram repassadas aos operadores de produção, devido à sua baixa

complexidade. Eles funcionam também como um gerenciador de rotina dos

operadores de produção, melhorando o nível de limpeza e conservação das

máquinas, aumentando o tempo de disponibilidade da máquina para produção e

reduzindo o tempo que o operador perde limpando a máquina, pois ele terá uma

rotina do que fazer e quando fazer. Garantindo assim, a limpeza da máquina e o

respeito ao tempo destinado à limpeza diária.

Para cada cartão existe uma instrução de trabalho relacionada que

regulamenta a tarefa. Esta instrução busca a repetibilidade e a regulamentação do

processo executado, itens fundamentais para auditorias de qualidade.

A instrução descreve a tarefa em mínimos detalhes, citando as ferramentas

necessárias para a execução das tarefas e os equipamentos de proteção individual

necessários.

Todo o pessoal que executa essas tarefas é treinado e assina a instrução,

provando que teve realmente o treinamento e que sabe realizar a tarefa, tornando-se

ciente e responsável pela correta execução das tarefas.

6.10.1 Funcionamento do quadro

O funcionamento do quadro é descrito conforme o fluxograma da figura 21.

Os responsáveis pelas tarefas do quadro devem efetuar, em um dia

específico da semana indicada no quadro de manutenção as tarefas indicadas à sua

especialidade localizada na semana corrente. Devem registrar no verso do cartão a

execução e reposicioná-las no quadro de acordo com a periodicidade indicada nos

cartões. Por exemplo, se realizar na semana 14 uma tarefa de periodicidade 16

semanas, o cartão deve ser recolocado na semana 30.

No caso da impossibilidade da execução da tarefa, o responsável deve

reprogramar a tarefa para a próxima semana, preenchendo o formulário de

reprogramação de tarefas, explicando o motivo da não execução da tarefa e

deixando o cartão no quadro atrasado. A cada atraso de uma semana uma nova

reprogramação é necessária. Por exemplo, se existirem 20 cartões com 3 semanas

atrasadas, deverá existir no formulário 60 reprogramações.

Page 96: Analise estrutural para implantar a tpm

96

Figura 21 – Fluxograma de funcionamento do quadroFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

.

Início

Verificar os cartões no quadro

Existe cartão nasemana corrente?

Executar tarefa programada no cartão

Executou tarefa conformefreqüência?

Encontrou problema?

Preencher folha de reprogramação

Efetuar reprogramação e retornar cartãoposição original no quadro

Executou o trabalho?

Completar folha de problemasencontrados

Assinar folha de problemas encontrados

Preencher verso do cartão e assinar

Programar o cartão no quadro conformefreqüência indicada

Fim

Formulário dereprogramação

de tarefas

Cartão assinado

Instruções detrabalho

manutenção

SIM

SIM

SIM

SIM

NÃO

NÃO

NÃO

NÃO

Formulário dereprogramação

de tarefas

Fluxograma de funcionamento do quadro gestão à vista

Page 97: Analise estrutural para implantar a tpm

97Então quando um supervisor ou até mesmo os diretores e gerentes que

passarem perto do quadro e notarem cartões atrasados, primeiramente pela cor dos

cartões saberão quem está atrasado. Observando o formulário de reprogramação,

saberão porque a tarefa está atrasada e poderão buscar a solução para a execução

da tarefa. Somente com o SIM, se uma tarefa de preventiva não pudesse ser

realizada, o gerente de manutenção só saberia do motivo da não execução no

fechamento das preventivas no fim do mês. Ás vezes uma preventiva podia ser

realizada com até 60 dias de atraso, comprometendo todo o sistema de preventivas

e outras vezes comprometendo a integridade do equipamento.

Como com o sistema novo todos conhecem as tarefas a serem realizadas,

atualmente nas áreas implantadas, as tarefas não atrasam mais que duas semanas.

Esse sistema de cartões é baseado no sistema SIM, onde todas as datas de

execução das tarefas agendadas pelo SIM são idênticas as indicadas pelo quadro,

pode-se dizer então que o quadro é um espelho do sistema informatizado, porém

com o conhecimento de qualquer um que passe ao lado do quadro e não um

sistema escondido em uma rede de computadores com acesso somente a poucas

pessoas.

As melhorias verificadas com a implantação deste quadro foram bastante

interessantes:

? Com o conhecimento das tarefas que a manutenção precisa executar, a

produção cobra a execução delas, a relação então se estreitou entre esses

dois departamentos;

? As instruções de trabalho tornaram as tarefas sistemáticas e repetitivas,

garantindo qualidade ao serviço executado;

? O operador se sente mais responsável pela sua máquina e

conseqüentemente confia mais em seu funcionamento;

? Com a gestão visual, o gerente de manutenção e os supervisores de

produção gerenciam mais facilmente o sistema de preventivas e a limpeza

dos equipamentos.

A implantação deste quadro, no início, foi uma tarefa complexa. A resistência

principalmente dos supervisores de produção e operadores de produção foi muito

grande, porém com a persistência da equipe aliada a metodologia de treinamento e

Page 98: Analise estrutural para implantar a tpm

98comprometimento implantados, essa resistência se transformou em uma grande

expectativa.

Os resultados das primeiras implantações começaram a aparecer e o sistema

se mostrou bastante confiável e funcional. Todos os supervisores queriam a

implantação do sistema em suas áreas, porém a implantação segue com o

cronograma estipulado.

6.11 ASPECTOS MOTIVACIONAIS.

Sempre que é lançado uma nova ferramenta ou sistema para a implantação

da estrutura básica para a TPM as pessoas envolvidas são treinadas e motivadas a

se comprometerem com o sistema. A metodologia adotada pela equipe de

implantação é a de mostrar os benefícios que os projetos a serem implantados

trazem para o operador e não para a fábrica.

Aspectos como o aumento da eficiência, a não necessidade de executar

horas extras ou utilizar banco de horas e a diminuição de retrabalhos e índices de

sucata, bem como a própria visão do supervisor para com seus operadores, são

utilizados como exemplos de benefícios destas ferramentas para os operadores.

Não se pode tratar nenhuma destas ferramentas como um acúmulo de trabalho para

o operador, se o operador sair com esse pensamento do treinamento ele irá

executar as tarefas com má vontade mostrando não estar comprometido com o

sistema.

A estratégia de colocar o operador como papel fundamental de qualquer

ferramenta a ser implantada vem dando certo dentro da empresa. As ferramentas

começaram a funcionar de uma maneira melhor e as tarefas estão sendo feitas com

um maior cuidado do que antigamente. O 5’S mesmo não tendo ainda um processo

bem definido está começando a melhorar, os manutencionistas já não reclamam

tanto da limpeza das máquinas, como reclamavam anteriormente e o tempo para a

execução das preventivas estando as máquinas limpas está diminuindo.

O descaso com as máquinas, com o inicio do sentimento de posse da

máquina, está desaparecendo, conseqüentemente o índice de sugestões (pelo

sistema de sugestões da empresa) relacionadas a manutenção das máquinas e aos

sistemas implantados cresceu espantosamente.

Page 99: Analise estrutural para implantar a tpm

99Todos esses pontos refletem na queda do índice de corretivas observado no

período de outubro 2002 a julho 2003.

A adoção de um lançamento simbólico após o término da implementação dos

sistemas em cada linha de produção, com a participação dos diretores da empresa

(mostrando o comprometimento da alta cúpula da empresa), adicionado a uma

premiação simbólica inicialmente para as melhores respostas dos operadores a um

questionário e posteriormente a todos os operadores da linha de produção, são

pontos que se observa como sendo muito importantes para os bons resultados que

a fábrica vem alcançando e espera alcançar.

6.12 FUTURAS IMPLANTAÇÕES.

Outros projetos estão sendo preparados para complementarem a adequação

dos sistema de manutenção e de produção da empresa para a implementação da

TPM.

Entre eles um trabalho muito forte de diminuição de micro paradas está

sendo preparado. Após a diminuição do índice de corretivas, a tendência é de que

os maiores índices de interrupções sejam devido às micro paradas.

A estratégia é baseada na monitoração destas paradas e a estruturação de

pequenos grupos multifuncionais para a resolução dos problemas, utilizando as

ferramentas do ciclo PDCA.

O projeto de um FMEA de manutenção também está sendo planejado para

início de 2004, assim que a expansão do projeto de implantação dos quadros gestão

ã vista estiver concluída e validada.

A previsão da equipe é de que na metade do ano de 2004 a empresa já

esteja preparada para o início da implementação da ferramenta TPM.

Page 100: Analise estrutural para implantar a tpm

100

7 RESULTADOS ALCANÇADOS

A idéia inicial na execução deste projeto era a de somente propor as melhorias

necessárias para a estrutura básica da TPM. Porém no decorrer do projeto, as idéias

de melhoria começaram a sair do papel e puderam, com o interesse da empresa,

serem implantadas dentro do sistema produtivo.

O principal ponto para se ter bons resultados, realmente, é ter uma empresa

totalmente motivada e comprometida com os sistemas, portanto a estratégia de

trabalhar esses aspectos motivacionais foi o ponto chave para a implementação da

maioria das idéias de melhoria.

Com a equipe mais motivada consegue-se um comprometimento muito

grande, principalmente de supervisores e gerentes, que acarretou na redução de

vários indicadores considerados antigamente muito preocupantes.

Um destes indicadores que melhoraram foi o cumprimento do plano de

preventivas (figura 22).

Figura 22– Gráfico de meta preventiva x preventiva realizadaFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

O gráfico de preventivas mostra uma evolução a partir de setembro de 2002

no cumprimento das preventivas. A cobrança pelo início da estruturação do sistema

156 156184 199

90

264

121

302

431385 372

478

390414

475

407

501 521503 503 503 503 503 503

707

432

492

431

491441 450

505455

537 521472

50

150

250

350

450

550

650

750

jan/

02

fev/

02

mar

/02

abr/0

2

mai

/02

jun/

02

jul/0

2

ago/

02

set/0

2

out/0

2

nov/

02

dez/

02

jan/

03

fev/

03

mar

/03

abr/0

3

mai

/03

jun/

03

Núm

ero

de O

corr

ênci

as

Preventiva Meta Preventiva

Page 101: Analise estrutural para implantar a tpm

101fez com que esse índice alcançasse 91% em setembro de 2002 e mantém-se no

decorrer da implantação do projeto com as ações tomadas.

Este resultado inicial deve-se a conscientização do pessoal da manutenção e

da produção, da real importância da manutenção preventiva para o sistema. Os

supervisores de produção mudaram a filosofia de apenas produzir e começaram a

liberar as máquinas para a execução das preventivas e a cobrar a execução das

mesmas.

Com a afixação deste indicador para o pessoal de manutenção, o

comprometimento aumentou e a eficiência no cumprimento das tarefas aumentou

significativamente de 2002 para 2003, como mostra a figura 23.

707

521

121

521

0

200

400

600

800

Mês de jun/02 Mês de jun/03

Mês

Qua

ntid

ade

de in

terv

ençõ

es

PreventivasProgramadasPreventivasExecutadas

Figura 23– Gráfico comparativo de meta preventiva x preventiva realizadaFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Esse foi o primeiro indício de que o sistema iria funcionar, mas essas

preventivas não eram bem feitas, pois o índice de corretivas continuou no mesmo

patamar (figura 24).

Page 102: Analise estrutural para implantar a tpm

102

Figura 24 – Gráfico de intervenções corretivasFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Com o início da implantação das melhorias, o índice de corretivas caiu de um

patamar de 700 intervenções para um patamar de 400 intervenções a partir de

março de 2003, após o final da implantação do novo sistema de 1º nível finalizado

em fevereiro de 2003. Um resultado muito expressivo, uma redução de 42,85% no

número de intervenções corretivas (os índices de dezembro e janeiro são

desconsiderados por serem meses de paradas das montadoras).

O gráfico comparativo (figura 25), mostra a comparação do índice de

corretivas antes e após a implementação de algumas melhorias no sistema.

740

373

0100200300400500600700800

Mês de Fev/03 Mês de Jun/03

Mês

Qua

ntid

ade

de in

terv

ençõ

es

Figura 25 – Gráfico comparativo de intervenções corretivasFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

267

515

806

491

850

715 707672

777

875

661

235

380

740

391 386 400373

100

200

300

400

500

600

700

800

900ja

n/02

fev/

02

mar

/02

abr/0

2

mai

/02

jun/

02

jul/0

2

ago/

02

set/0

2

out/0

2

nov/

02

dez/

02

jan/

03

fev/

03

mar

/03

abr/0

3

mai

/03

jun/

03

Núm

ero

de O

corr

ênci

as

Page 103: Analise estrutural para implantar a tpm

103Em fevereiro aconteceu o lançamento do novo sistema de primeiro nível e as

primeiras auditorias das ferramentas de manutenção (5´s de máquinas, ordens de

serviço, diários de bordo e manutenção de primeiro nível), e o resultado destas

auditorias afixadas nas áreas de comunicação das equipes de produção.

Como os primeiros resultados das auditorias foram ruins, a cobrança

aumentou, elevando assim com o passar do tempo o comprometimento dos

operadores na realização das tarefas.

Esse índice de corretivas ainda é muito alto e a meta é alcançar o patamar de

100 intervenções corretivas no final de 2003, reduzindo cada vez mas esses índices

no decorrer de 2004 (figura 26).

Figura 26 – Meta do índice de corretivas para os próximos 12 meses.Fonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

A redução das intervenções corretivas acarretou na diminuição na utilização

de material do almoxarifado de peças de reposição (figura 27).

373

10050

0

100

200

300

400

Mês de Jun/03 Mês de Dez/03 Mês de Jun/04

Mês

Qua

ntid

ade

de in

terv

ençõ

es

Page 104: Analise estrutural para implantar a tpm

104

Figura 27 – Gráfico de saídas do almoxarifado – reposiçãoFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

Com o menor índice de quebras de máquina, os custos com peças de

reposição caíram muito, porém com o ajuste do almoxarifado de peças de reposição

(complemento dos estoques mínimos), o nível de estoque subiu um pouco (cerca de

R$300.000).

Um trabalho forte de redução de estoques nos próximos meses, com estudos

de consumo e históricos das máquinas deve reduzir o estoque mínimo e

consequentemente este acréscimo que foi necessário efetuar.

O comparativo da figura 28 mostra uma redução de em média de R$100.000

por mês no consumo de peças em apenas 6 meses, ou seja uma economia de

aproximadamente 1 milhão de reais em 1 ano.

304,47

92,55

0

100

200

300

400

Mês de Dez/02 Mês de Jun/03

Mês

kR$

Figura 28 – Gráfico comparativo de saídas do almoxarifado – reposiçãoFonte: FAURECIA bancos para automóveis Ltda.

202,30

142,64

304,47

191,49

119,65 130,6888,55

140,4292,55

0,00

50,00100,00

150,00200,00

250,00

300,00

350,00

Out

ubro

Nov

embr

o

Dez

embr

o

Jane

iro

Feve

reiro

Mar

ço

Abr

il

Mai

o

Junh

o

kR$

Page 105: Analise estrutural para implantar a tpm

105Todos esses resultados devem melhorar bastante com a implementação das

outras ferramentas citadas neste projeto, principalmente com ma implementação dos

quadros de gerenciamento de preventivas.

As última auditorias (mensais) do sistema de manutenção produtiva realizadas

no mês de agosto, mostraram que o espírito de que “da minha máquina cuido eu”,

está surtindo efeito e mudando a rotina dos operadores de produção e manutenção

dentro da fábrica.

As máquinas estão limpas e a cobrança da produção (cliente) frente a

manutenção (fornecedor do serviço) está muito forte. Atualmente o próprio operador

da máquina pressente um futuro problema da máquina e abre uma ordem de

manutenção para averiguar o problema.

Page 106: Analise estrutural para implantar a tpm

1068 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos mostram que o ajuste de toda a estrutura básica de um

sistema de produção e de manutenção são fundamentais para a implantação da

TPM.

O sistema de avaliação da estrutura básica da empresa para a TPM criado a

partir de diversas ferramentas de qualidade e produtividade citadas como

indicadores, simplificou a análise do que se necessita implantar e qual o grau de

avanço necessário.

Este projeto não pode ser considerado uma metodologia, pois a avaliação do

que é necessário ou não, deve ser feita de acordo com o que existe implantado na

empresa estudada. Então ao estudo varia de empresa para empresa, podendo até

após a realização deste estudo chegar a conclusão de que uma empresa pode

implantar a TPM sem ter que efetuar mudanças na sua estrutura de base de

manutenção.

O estudo da situação da empresa em outubro de 2002 foi realizado e

apresentado junto com as propostas de melhorias pela equipe de manutenção à

direção da empresa, que resolveu implantá-las.

As ações efetuadas alcançaram os resultados esperados e principalmente

mostrou-se que pode se economizar e melhorar o resultado operacional da empresa

com pequenas ações.

Porém, a conclusão mais interessante deste projeto é que tudo o que foi

implementado envolvia pessoas. E se essas pessoas não se comprometessem com

a ação, por mais interessante e bem planejada que ela seja, não se alcançaria os

resultados esperados e inevitavelmente o fracasso aconteceria.

O treinamento e a conscientização foram pontos cruciais e vitais, a

metodologia implantada mostrou-se eficaz

O implantar qualquer metodologia de trabalho somente para dizer que tem ou

pensar que tem, é extremamente danoso para a imagem da empresa e para a

motivação de seus funcionários.

O trabalho dentro da empresa prossegue, as outras propostas vão sendo

implantadas, mas a pergunta continua:

“Sua empresa tem TPM ou pensa que tem?”

Page 107: Analise estrutural para implantar a tpm

107A FAURECIA bancos para automóveis não tem, mas com o estudo realizado a

meta é a de que em meados de 2004 a empresa estará corretamente estruturada

para o início de um projeto de TPM eficaz e que resulte em ótimos resultados.

Este trabalho abre um leque de inúmeras e interessantes propostas para

outros projetos e linhas de pesquisa como:

? Análise e implantação de um FMEA de manutenção;

? Causas e conseqüências da má administração humana do departamento de

manutenção e a influência no resultado operacional;

? A manutenção como fonte de lucro e não de despesa, maneiras de se

otimizar o trabalho diminuindo custos e mantendo o padrão de qualidade do

serviço;

? A implantação de um sistema de TPM, suas dificuldades de implantação e

seus resultados implantados;

? Aplicação desta avaliação em outras empresas para notar-se a diferença dos

sistemas de manutenção e a necessidade de cada uma.

Page 108: Analise estrutural para implantar a tpm

1089 BIBLIOGRAFIA

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