ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS...

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ENGENHARIA CIVIL JOEL PIAZZA ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS CRICIÚMA, JUNHO DE 2009

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ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇOPOR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESCCURSO DE ENGENHARIA CIVIL

JOEL PIAZZA

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

CRICIÚMA, JUNHO DE 2009

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JOEL PIAZZA

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Civil no curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

Orientador: Prof. Esp. Alexandre Vargas

CRICIÚMA, JUNHO DE 2009

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JOEL PIAZZA

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUICÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Engenheiro Civil, no Curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em estruturas.

Criciúma, 01 de julho de 2009.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Esp. Alexandre Vargas - Engenheiro Civil - (UNESC) - Orientador

Prof – Márcio Vito - Engenheiro Civil

Prof. Dr. Leonardo de Brito - (UNESC)

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Dedico este trabalho, em especial aos meus pais Valmir Piazza e Aneide Menegon Piazza, pela doação e amor incondicional em todos os momentos de minha vida, e minha namorada Franciane Mezzari por todo apoio e carinho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre ao meu lado, me

confortando nos momentos de dúvidas e inquietações e, responsável por todas as

vitórias pessoais em minha vida.

Aos meus pais, Valmir Piazza e Aneide M. Piazza, que foram

extremamente essenciais na formação da minha carreira profissional.

Ao professor e orientador Eng. Alexandre Vargas que, sempre disposto,

muito contribuiu para elaboração deste trabalho.

Aos colegas de curso, que propuseram momentos inesquecíveis no

decorrer do curso.

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“Insanidade é fazer sempre as mesmas coisas, esperando resultados”.

Albert Einstein

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RESUMO

Neste trabalho, apresenta-se e se discute um estudo experimental sobre o

comportamento estrutural de vigotas pré-moldadas de concreto com substituição do

aço por varetas de bambu (in natura) como elemento de combate à tração na flexão

das vigotas, permanecendo a armadura superior de aço comumente utilizada. Sobre

o método dos ensaios as vigotas foram submetidas à ação de forcas concentradas,

aplicadas verticalmente nos terços dos vãos. Ensaiaram-se oito vigotas pré-

moldadas, sendo quatro, armadas longitudinal com varetas de bambu da espécie

Dendrocalamus Giganteus e quatro vigotas de referência, armadas com barras de

aço CA-60 com diâmetro nominal de 4.2 mm conforme os critérios da NBR 14862. A

utilização de varetas de bambu como armadura longitudinal é viável do ponto de

vista estrutural, pois é possível aplicar a mesma hipótese de cálculo utilizado no

concreto armado com aço (Estádio ll). Todavia para introdução deste material não

convencional requer cuidados especiais devido à baixa aderência desenvolvida na

associação concreto x bambu. Constatou-se que o comportamento estrutural das

vigotas pré-moldadas em relação à carga portante total até a ruptura foi satisfatório,

obtendo valores superiores ao teórico.

Palavras-chave: Vigota pré-moldada. Bambu. Carga Portante. Aderência.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Ensaio de resistência a compressão.....................................................20Figura 2 – Curva de Gauss.......................................................................................20Figura 3 - Ensaio de abatimento de tronco de cone.............................................22Figura 4 - Adensamento do concreto com vibrador de imersão.........................23Figura 5 - Diagrama tensão-deformação para aços de armadura passiva.........27Figura 6 – Anatomia do bambu................................................................................32Figura 7 - Dimensões dos corpos-de-prova de varetas de bambu para ensaio e tração..........................................................................................................................36Figura 8 – Ensaio de compressão diametral..........................................................39Figura 9 – Laje pré – moldada composta por vigotas treliçadas.........................47Figura 10 – Corte com laje confeccionada a partir de vigas treliçadas..............47Figura 11 – Seção típica de armadura treliçada. ..................................................48Figura 12 – Perspectiva da armação da vigota......................................................48Figura 13 – Cimbramento.........................................................................................50Figura 14 – Comportamento da seção transversal nos estádios de uma viga de concreto armado na flexão nominal simples.........................................................52Figura 15 – diagrama de tensões no concreto no estado limite último..............53Figura 16 – Domínios de deformação no estado limite último em uma seção transversal.................................................................................................................55Figura 17 - Carregamento teórico para máximo momento...................................62Figura 18 – Local onde foi feito o carregamento dos corpos de prova..............64Figura 19 – Local onde foram moldados os corpos de prova.............................65Figura 20 – Bambuzal da espécie...........................................................................65 Figura 21 – Colmos coletados.................................................................................66Figura 22 - Corte transversal dos colmos coletados............................................67Figura 23 – Diâmetro externo na horizontal. Figura 24 – Diâmetro externo na vertical...............................................................68Figura 25 – Trefilagem das varetas de bambu.......................................................68Figura 26 – Dimensões das formas metálicas.......................................................69Figura 27 – Limpeza das fôrmas com ar comprimido...........................................69Figura 28 – Aplicação do desmoldante com bomba costal..................................70Figura 29 – Confecção da vigota pré-moldada com bambu.................................71

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Figura 30 – Procedimento de confecção da vigota pré-moldada........................71Figura 31 – Exsudação do material desmoldante.................................................72Figura 32 – Superfície da viga pré-moldada impregnada com a mistura desmoldante..............................................................................................................72Figura 33 - Extremidades das vigotas de aço e de bambu...................................73Figura 34 – Betoneira utilizada na produção do concreto....................................74Figura 35 – Corpos de prova....................................................................................74Figura 36 – Sistema de carregamento....................................................................75Figura 37 – Escala de medidas em 20 litros...........................................................75Figura 38 – Bombas que fazem o carregamento...................................................76Figura 39 – Linha de nylon para medir as deformações.......................................76Figura 40 – Sistema de aquisição dos dados........................................................77Figura 41 – Rotação nos apoios..............................................................................77Figura 42 – Esquema de carregamento das vigotas.............................................78Figura 43 – Início do carregamento da vigota de referencia................................78Figura 44 – Carregamento de 80 Kgf, vigota de referência. ................................79Figura 45 – Carregamento de 120 Kgf, vigota de referência................................79Figura 46 – Carregamento de 130,50 Kgf, vigota de referência...........................79Figura 47 – Inicio do carregamento, vigota armada com varetas de bambu.....80Figura 48 – Carregamento de 40 Kgf, vigota armada com varetas de bambu.. .80Figura 49 – Carregamento de 60 Kgf, vigota armada com varetas de bambu. . .80Figura 50 – Carregamento de 71 Kgf, vigota armada com varetas de bambu. . .81Figura 51 – Gráfico Momento x Flexa.....................................................................82Figura 52 – Gráfico do momento para flecha máxima..........................................83Figura 53 – Gráfico da carga máxima de ruptura..................................................84Figura 54 – Inter-face bambu x concreto................................................................84Figura 55 – Inter-face aço-concreto........................................................................85

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Comparação da energia gasta em MJ para produzir 1m3 por unidade de tensão ...................................................................................................................29Tabela 2 – Comparação de produção anual de bambu e de madeira (t/ha).......30Tabela 3 – Ensaio de caracterização do bambu....................................................33Tabela 4 – Ensaios de caracterização mecânica de colmos de bambu..............37Tabela 5 – Dados de tração, compressão, flexão e cisalhamento para três espécies distintas.....................................................................................................39Tabela 6 – Relação entre a resistência á tração e o peso específico..................39Tabela 7 – Ensaios de aderência do bambu com tratamento, sem tratamento e do aço. .......................................................................................................................43Tabela 8 – Bitola mínima para o fio do banzo superior, conforme a altura da treliça..........................................................................................................................48Tabela 9 – Aço para utilização em lajes pré-fabricadas........................................49Tabela 10 – Limites de deslocamentos para aceitabilidade sensorial................59Tabela 11 – Vigota pré-moldada com aço CA-60. Valores médios. ...................81Tabela 12 – Vigota pré-moldada com varetas de bambu. Valores médios........82

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

“in loco” – No local.

a/c – Fator água/ cimento.

εyd- Deformação específica de cálculo do aço.

Eci - Módulo de elasticidade do aço.

Δc – Cobrimento nominal.

Fs – Fator de segurança.

fck – Resistência característica do concreto à compressão.

fcd – Resistência de cálculo do concreto à compressão.

fyk – Resistência característica de escoamento do aço à tração.

fyd – Resistência de cálculo de escoamento do aço à tração.

fstk – Limite de resistência do aço

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15 1.1 TEMA .................................................................................................................... 15 1.2 DELIMITAÇÕES DO TEMA ................................................................................. 15 1.3 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................ 15 1.4 OBJETIVOS .......................................................................................................... 16 1.4.1 Objetivo geral ................................................................................................... 16 1.4.2 Objetivo Específico ......................................................................................... 16 1.5 QUESTÃO DA PESQUISA ................................................................................... 17 1.6 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 17 2 FUNDAMENTACÃO TEÓRICA ............................................................................... 18 2.1 CONCRETO .......................................................................................................... 18 2.2 CARACTERISTICAS DO CONCRETO ................................................................ 19 2.2.1 Resistência à compressão .............................................................................. 19 2.2.2 Consistência ..................................................................................................... 20 2.2.3 Trabalhabilidade ............................................................................................... 21 2.2.4 Homogeneidade ............................................................................................... 22 2.2.5 Adensamento .................................................................................................... 22 2.2.6 Cura do Concreto ............................................................................................. 23 3 AÇO .......................................................................................................................... 25 3.1 CLASSIFICAÇÕES DO AÇO ............................................................................... 25 3.2 CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DO AÇO ..................................................... 26 3.2.1 Resistência característica de escoamento do aço à tração (fyk) ............... 26 3.2.2 Limite de resistência (fstk) .............................................................................. 26 3.2.3 Alongamento na ruptura ................................................................................. 26 3.3 MONTAGENS DAS ARMADURAS ...................................................................... 28 4 BAMBU .................................................................................................................... 29 4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO BAMBU ........................................................ 29 4.2 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS, MORFOLÓGICAS, ANATÔMICAS E QUÍMICAS ................................................................................................................... 30 4.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-MECÂNICAS ........................................................ 33 4.4 DIFICULDADES DA ASSOCIAÇÃO BAMBU/CONCRETO ............................... 40 4.4.1 Absorção de água ............................................................................................ 40

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4.5 VARIAÇÃO DIMENSIONAL ................................................................................. 41 4.6 ADERÊNCIA ENTRE O BAMBU E O CONCRETO ............................................ 42 4.7 DURABILIDADE DO BAMBUCRETO ................................................................. 44 5 LAJE PRÉ-MOLDADA ............................................................................................ 45 5.1 CONCEITOS ......................................................................................................... 45 5.2 VIGOTA TIPO TRELIÇADA ................................................................................. 46 5.3 CONCRETO ......................................................................................................... 49 5.4 AÇO ....................................................................................................................... 49 5.5 CIMBRAMENTO ................................................................................................... 49 5.6 ANÁLISE ESTRUTURAL DA LAJE PRÉ-MOLDADA ........................................ 51 5.6.1 Estado limite último de flexão simples .......................................................... 51 5.6.2 Cálculo do valor da armadura ......................................................................... 53 5.6.3 Momento positivo resistido pela seção nervurada ...................................... 56 5.6.3.1 Momento positivo resistido pela seção nervurada conhecida à armadura ..................................................................................................................................... 57 5.6.4 Deslocamentos ................................................................................................. 59 6 DIMENSIONAMENTO DAS VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS. AMOSTRA DE REFERENCIA SEGUNDO A NBR-14862 .................................................................. 60 6.1 CÁLCULO DA ALTURA DA LINHA NEUTRA .................................................... 60 6.2 CÁLCULO DO MÁXIMO MOMENTO .................................................................. 61 6.3 FLECHA MÁXIMA ................................................................................................ 62 7 METODOLOGIA ...................................................................................................... 63 7.1 ESCOLHA DO LOCAL PARA MOLDAGEM E ENSAIOS .................................. 63 7.2 INÍCIO DOS TRABALHOS ................................................................................... 64 7.3 CONFECÇÃO DAS VARETAS DE BAMBU ........................................................ 66 7.4 MOLDAGEM DAS VIGAS PRÉ-MOLDADAS ..................................................... 68 7.5 AÇO UTILIZADO .................................................................................................. 73 7.6 CONCRETO .......................................................................................................... 73 7.7 MÉTODO DE ENSAIO .......................................................................................... 74 7.8 ENSAIO DOS CORPOS DE PROVA ................................................................... 78 7.9 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................................... 81 8 RECOMENDAÇÕES PARA O USO DO BAMBUCRETO ...................................... 86 8.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO BAMBU ................................................ 87 8.1.1 Vantagem .......................................................................................................... 87

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8.1.2 Desvantagens ................................................................................................... 87 9 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 88 9.1 SUGESTOES PARA FUTUROS TRABALHOS .................................................. 89 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 90 APÊNDICES ................................................................................................................ 92 APÊNDICE A – Valores Experimentais de Momentos e Carregamento ............. 93 para cada amostra ensaiada .................................................................................... 93

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1 INTRODUÇÃO

A conscientização global com o alto consumo de energia e o conseqüente

aumento da poluição vem levando o meio acadêmico a pesquisar materiais

alternativo de origem natural que possam substituir produtos industrializados

utilizados na construção civil. Estudos sobre este e outros materiais não

convencionais vêêm sendo desenvolvidos, motivados pela escassez de habitações

populares no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Neste trabalho,

apresenta-se e se discute um estudo experimental sobre o comportamento estrutural

de vigotas de concreto armadas com varetas de bambu, substituindo o aço

comumente utilizado.

1.1 TEMA

Substituições parciais do aço utilizando varetas de bambu da espécie

Dendrocalamus Giganteus para confecção de vigotas para laje pré-moldada de

concreto.

1.2 DELIMITAÇÕES DO TEMA

O estudo teórico experimental tem por objetivo, a definição de parâmetros

comparativos de dimensionamento à flexão simples de vigotas de concreto armadas

com bambu que garantam segurança frente aos estados limites. Parâmetros sempre

colocados como obstáculo a utilização do bambu como armadura em vigas de

concreto. Como modelo de dimensionamento e aderência bambu x concreto, o

presente trabalho discorre desprezando a ancoragem das vigotas e a deterioração

das fibras de bambu.

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

A concepção básica de uma estrutura de concreto armado com bambu

consiste na capacidade do concreto de resistir aos esforços de compressão, e as

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varetas de bambu, aos esforços de tração. Para que tal sistema seja eficiente e

responda adequadamente às solicitações da estrutura, deve haver transferência de

forças entre o concreto e o elemento resistente a tração. A aderência entre o

concreto e o bambu é responsável por essa transferência. Quando eficiente, a

aderência garante que esses dois materiais trabalhem de forma unificada,

garantindo também a capacidade do concreto de continuar a resistir aos esforços

após a ocorrência da sua fissuração (Park & Paulay, 1975). Haja vista que o bambu

é um material que possui propriedades mecânicas compatíveis às dos materiais

utilizados em estruturas de concreto armado (Lima Jr. et al., 2000); vem sendo

estudada a possibilidade da utilização desse material como elemento resistente à

tração em estruturas de concreto armado. Entretanto, verifica-se que a utilização do

bambu com esta finalidade tem sido dificultada pela baixa aderência desenvolvida

entre este material e o concreto (Kurian & Kalam, 1977).

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é desenvolver e avaliar experimental e

teoricamente a substituição parcial do aço em vigotas de concreto armado com

varetas de bambu, da espécie Dendrocalamus giganteus (bambu gigante) com área

de seção pré-dimensionada na confecção de vigotas para laje pré-moldadas. Tal

proposta tem por objetivo viabilizar o uso da laje pré-moldada e criar uma alternativa

para as lajes convencionais pré-fabricadas.

1.4.2 Objetivo Específico

• Estudar e conhecer as propriedades físico-mecânicas e a estrutura

anatômica da espécie de bambu que será discutida;

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• Desenvolver um dispositivo para realizar as sucessivas provas de

carga;

• Realizar ensaios e comparar os resultados encontrados;

• Medir as deformações com uso de instrumentos;

• Observar desempenho dos resultados e fazer uma analogia com as

vigotas em concreto armado segundo a NBR 14859-2;

1.5 QUESTÃO DA PESQUISA

Qual a eficácia de varetas de bambu no combate a flexão em elementos

pré-moldados de concreto armado?

1.6 JUSTIFICATIVA

Baseado em conhecimentos adquiridos por várias gerações, o bambu

vem sendo cultivado e empregado, por suas características de rusticidade, rapidez

de crescimento, baixo custo e, por ter se adaptado as diversas condições

edafoclimatologicas, o que tem propiciado sua grande disponibilidade ao longo

território nacional.

O bambu pode ser utilizado diretamente em construções ou combinado

com materiais convencionais, como parede de pau-a-pique ou, recentemente

utilizado, na substituição do aço em construções secundárias, embora apresente

problemas como o baixo módulo de elasticidade longitudinal em relação ao aço,

baixa aderência ao concreto e instabilidade dimensional.

Devido à pequena quantidade de estudos experimentais executadas até o

momento, não se tem conhecimento suficiente do comportamento destas vigas de

concreto armadas com bambu em relação aos estados limites. Desta forma, tornam-

se imprescindíveis estudos experimentais de modelos, para se definir parâmetros

que forneçam subsídios que possibilitem garantir segurança frente aos estados

limites.

As pesquisas envolvendo o emprego de bambu são crescentes em nível

mundial, impostas pela necessidade de aproveitar recursos naturais para viabilizar

construções com características especiais.

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2 FUNDAMENTACÃO TEÓRICA

2.1 CONCRETO

O concreto é basicamente o resultado de uma mistura, em determinadas

proporções, de cimento, pedra, areia e água. A proporção entre os materiais

constituintes do concreto é conhecida por dosagem ou traço, sendo que podemos

obter um concreto com características especiais quando acrescentadas à mistura

adições como aditivos, fibras, entre outros.

Existem algumas razões pelas quais o concreto é um material tão

largamente usado na engenharia. A primeira delas seria sua excelente resistência à

água. A capacidade do concreto de resistir à ação da água, sem deterioração séria,

ao contrário da madeira e do aço comum, faz dele um material ideal para estruturas

destinadas a transportar, controlar e estocar água. Já na antiguidade, através dos

romanos, uma das primeiras aplicações conhecidas do concreto, foi sua utilização

em aquedutos e muros de contenção de água. Nos dias de hoje o uso do concreto

em barragens, canais e canalizações para conduzir água, pode ser observado

praticamente no mundo inteiro.

A segunda razão que explica o intenso uso do concreto é a facilidade com

que elementos estruturais de concreto podem ser executados, numa variedade de

formas e tamanhos. Isto acontece, pois a consistência plástica do concreto fresco,

permite ao material fluir nas fôrmas. Com seu endurecimento, após um número de

horas, o concreto torna-se uma massa resistente e as fôrmas podem ser removidas.

A terceira razão para a popularidade do concreto deve-se ao fato dele ser

o material normalmente mais barato e mais facilmente disponível no canteiro de

obras. O cimento Portland, a areia, a pedra e a água que, como citados inicialmente,

que são os ingredientes necessários à confecção do concreto, são materiais

relativamente baratos e normalmente disponíveis na maior parte do mundo.

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2.2 CARACTERISTICAS DO CONCRETO

2.2.1 Resistência à compressão

A principal característica do concreto é sua resistência à compressão

simples, denominada Fc, a qual é determinada pelo ensaio de corpos-de-prova

submetidos à compressão uniaxial, esse ensaio também permite a obtenção de

outras características, como o módulo de elasticidade, dentre outras. O valor

estimado da resistência à compressão de um lote é feito utilizando corpos-de-prova

para ensaio segundo a NBR 5738 – Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos

ou prismáticos de concreto, os quais são ensaiados segundo a NBR 5739 –

Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos, que especifica

como, corpo-de-prova padrão brasileiro sendo um cilíndrico, com 15 cm de diâmetro

e 30 cm de altura, e a idade de referência para o ensaio é 28 dias.

Figura 1 - Ensaio de resistência a compressãoFonte: http://www.unesc.net?pagina=fck

Para saber quanto um determinado concreto resiste à compressão, é

necessário realizar certo número de ensaios de corpos de prova. Os valores obtidos

são mais ou menos dispersos, variando de acordo com o rigor com que se

confecciona o concreto. Então, precisa-se apontar uma resistência representativa

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para esse concreto. Como a média aritmética não considera a dispersão dos

resultados, define-se como resistência característica do concreto à compressão (fck),

o valor que apresenta grau de confiança de 95%. Ou seja, fck é o valor da resistência

de modo que ao menos 95% dos resultados obtidos nos ensaios estejam acima

dele. Na Figura 2 observa-se a distribuição estatística normal dos resultados (curva

de Gauss).

Figura 2 – Curva de Gauss.Fonte: Carvalho, 2007, p. 33.

2.2.2 Consistência

A primeira propriedade do concreto fresco que deve ser considerada é a

sua consistência. Carvalho (2003, p. 28) a define como sendo:

(...) a maior ou a menor capacidade que o concreto fresco tem de se deformar; está relacionada ao processo de transporte, lançamento e adensamento do concreto, e varia, em geral, com a quantidade de água empregada, granulometria dos agregados e pela presença de produtos químicos específicos.

Carvalho (2003) diz ainda que em elementos com alta taxa de armadura,

por apresentarem maior dificuldade de adensamento, deve ser empregada

concretos com menor consistência. Entretanto, não havendo grande quantidade de

armadura nas peças, é indicado à utilização de concretos com maior consistência, e

em princípio, com menor quantidade de água.

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2.2.3 Trabalhabilidade

A trabalhabilidade é a facilidade com que o concreto pode ser manuseado

desde a mistura até o acabamento, sem perda considerável da homogeneidade. A

trabalhabilidade do concreto deve ser estabelecida de acordo com a geometria do

elemento estrutural, tipo de fôrma, taxa de armadura, equipamentos de mistura, de

transporte, de lançamento, adensamento e tipo de acabamento desejado.

Guimarães in: Isaia (2005, p. 474), diz que, “o concreto deve apresentar duas

qualidades principais durante a fase de execução de peças estruturais: fluidez e

coesão. A fluidez é a facilidade de mobilidade e a coesão é resistência à exsudação

e à segregação”. “Há vários ensaios que dão uma noção da trabalhabilidade do

concreto, visto que nenhum dá uma medida direta dessa qualidade” (GUIMARÃES

IN: ISAIA, 2005, p. 478). De baixo custo e muito utilizado tanto em laboratório quanto

em canteiro de obras, o ensaio de abatimento do tronco de cone é normalmente o

ensaio mais aplicado. A NBR 7223 – MB 256 – NM 67 normaliza esse ensaio no

Brasil. Guimarães in: Isaia (2005, p. 479), explica o funcionamento do ensaio:

No centro de uma base metálica, posiciona-se um molde também metálico de um tronco de cone com 300 mm de altura, base com 200 mm de diâmetro e topo com 100 mm de diâmetro. Deve-se molhar o molde para diminuir a influência do atrito durante a execução do ensaio. Mantém-se o molde firme à base metálica colocando os pés sobre saliências fixas junto à base do tronco de cone, o qual deve ser preenchido com três camadas de concreto, apiloando cada camada 25 vezes com uma barra de ferro de 16 mm de diâmetro. Após remover o excesso de concreto, mantém-se firme o molde sobre a base colocando as mãos sobre saliências fixas no centro do molde e retirando os pés das saliências inferiores. Logo a seguir o molde é erguido, provocando o abatimento do concreto. O molde é colocado com o topo apoiado na base metálica ao lado do concreto e, com o auxílio de uma régua de aço e de uma escala, mede-se o abatimento do tronco de cone no seu centro.

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Figura 3 - Ensaio de abatimento de tronco de cone.Arquivo: Autor

2.2.4 Homogeneidade

A homogeneidade é a distribuição dos agregados dentro da massa de

concreto. Assim quanto mais uniformes e dispersos estaverem os agregados na

mistura com a pasta, mais homogêneo será o concreto, resultando assim, numa

melhor qualidade na estrutura. Carvalho (2003) enfatiza que essa melhora será,

principalmente, quanto à permeabilidade e à proteção proporcionada à armadura,

além de resultar em melhor acabamento, sem a necessidade de reparos posteriores.

Segundo Yazigi (2003), a velocidade de rotação muito baixa da betoneira

pode prejudicar a homogeneidade do concreto e o alcance da consistência ideal da

mistura. Já a velocidade elevada gera a segregação do concreto, já que, pela ação

da força centrífuga, os agregados tendem a acumular-se contra a parede interna do

tambor.

2.2.5 Adensamento

É um processo manual ou mecânico, com auxilio de vibradores, na qual

se faz a compactação da mistura do concreto fresco, com o objetivo de eliminar os

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23

vazios internos da mistura e facilitar a acomodação do concreto no interior das

fôrmas. A falta de adensamento pode ocasionar falhas na concretagem, dando

origem às bicheiras. Para que seja atingido um adensamento satisfatório há uma

série de recomendações técnicas para o uso de vibradores mecânicos encontradas

no item 9.6.2 da NBR 14031:2003, de maneira que não aconteça falta nem excesso

de energia no adensamento. A finalidade do adensamento do concreto é a

eliminação do ar aprisionado nos processos de mistura, transporte e lançamento.

Tornando o mesmo mais compacto e menos permeável. Para que seja atingido um

adensamento satisfatório há uma série de recomendações técnicas para o uso de

vibradores mecânicos encontradas no item 9.6.2 da NBR 14031:2003, de maneira

que não aconteça falta nem excesso de energia no adensamento.

Figura 4 - Adensamento do concreto com vibrador de imersão.Fonte: Autor

2.2.6 Cura do Concreto

Conhecida como o conjunto de medidas que tem por finalidade evitar a

evaporação prematura da água necessária para a hidratação do cimento, que é

responsável pela pega e endurecimento do concreto. Para Mehta & Monteiro (1994,

p. 345) “os dois objetivos da cura são impedir a perda precoce de umidade e

controlar a temperatura do concreto durante um período suficiente para que este

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24

alcance um nível de resistência desejado”. O objetivo da cura é manter o concreto

saturado, ou o mais próximo possível dessa condição, até que os espaços

inicialmente ocupados pela água sejam ocupados pelos produtos da hidratação do

aglomerante.

Segundo Carvalho (2003), após o início da pega, ocorre um processo em

que o concreto perde parte da água necessária para sua hidratação por meio da

evaporação, e essa perda repentina tende a provocar fissuras, que não podem ser

resistidas pelo concreto devido a sua pouca idade. Para isso devem ser tomadas

medidas para evitar essa evaporação ou até mesmo fornecer água necessária para

que o concreto atinja as suas propriedades. Esse conjunto de medidas é

denominado de cura. Quanto maior o prazo de cura, mais resistente e durável será o

concreto, visto que não existe um tempo pré-determinado para a realização da cura.

“Existe certo consenso quanto ao prazo mínimo de sete dias de cura, embora este

deva variar em função do coeficiente de forma da peça, do tipo de cimento, da

relação A/C, das condições climáticas, etc.” (THOMAZ IN: ISAIA, 2005, p. 568).

Denomina-se período de cura o intervalo de tempo que corresponde às reações

químicas iniciais de hidratação do cimento e endurecimento do concreto. Tal período

pode influenciar significativamente todas as propriedades do material, necessitando-

se cuidados especiais que favoreçam física e quimicamente a construção da matriz

de cimento; assim sendo, deve-se garantir o tempo e a qualidade de água

necessária para as reações de hidratação e para a constituição do gel, variáveis e

função da composição química do cimento e das eventuais adições. (THOMAZ,

2001, pg. 191).

Page 25: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

25

3 AÇO

O aço é associado ao concreto com a finalidade de melhorar a

resistência, desse último a determinados tipos de esforços. Possui um percentual de

0,03% a 2,04% de participação do carbono para lhe conferir maior ductilidade,

permitindo assim que o mesmo não se quebre quando for dobrado para a execução

das armaduras. E é justamente no teor de carbono que esclarecemos a diferença

entre aço e ferro. Este último possui um teor entre 2,04% e 6,70%. Embora

usualmente se utilize o termo ferro, as barras e fios destinados às armaduras para

concreto armado possuem, normalmente, um teor de carbono entre 0,08% e 0,50%,

e, portanto, sua denominação técnica correta é aço.

3.1 CLASSIFICAÇÕES DO AÇO

Classificam-se como barras os produtos obtidos por laminação, e como

fios os obtidos por trefilação. Ambos dividem-se em categorias conforme seu valor

característico de resistência de escoamento (fyk). Temos assim os aços CA-25, CA-

50 ou CA-60 (a sigla CA indica concreto armado, e o número informa a resistência

de escoamento mínima, em kN/cm²). Logo, a resistência (fyk) do aço CA-25, por

exemplo, é de 25 kN/cm².

Os diâmetros e seções transversais nominais de projeto devem seguir a

NBR 7480 (barras e fios de aço destinados à armadura para concreto armado).

Temos os diâmetros comerciais encontrados:

Barras: em bitolas de 5,0, 6,3, 8,0, 10,0, 12,5, 16,0, 20,0, 22,5, 25,0 e 32,0 mm.

Fios: estes são encontrados nas bitolas 3,2, 4,0, 5,5, 6,3, 8,0 e 10,0 mm.

Na ausência de valores fornecidos pelas siderúrgicas (fabricantes) ou de

ensaios específicos, admitimos o módulo de elasticidade Eci do aço como sendo fck

5600.

Page 26: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

26

3.2 CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DO AÇO

De acordo com Carvalho (2003), as características mecânicas mais

importantes para a definição de um aço, obtidas em ensaios de tração, são

resistência característica de escoamento, limite de resistência e alongamento na

ruptura.

3.2.1 Resistência característica de escoamento do aço à tração (fyk)

É a máxima tensão que a barra ou o fio devem suportar, pois, a partir

dela, o aço passa a sofrer deformações permanentes. Este é o caso dos aços com

patamar de escoamento definido (CA-25 e CA-50). O aço CA-60 não tem patamar

definido, e o valor de fyk é o da tensão correspondente a uma deformação

específica permanente de 0,002 ou 2%o.

3.2.2 Limite de resistência (fstk)

É o ponto máximo de resistência da barra, ou seja, é a força máxima

suportada pelo material, e com a qual ele se rompe. Seu valor é obtido pela leitura

direta na máquina de tração. A relação entre a força de ruptura e a área da seção

transversal inicial da amostra é que determina a tensão máxima.

3.2.3 Alongamento na ruptura

É o valor do aumento do comprimento do corpo de prova correspondente

à ruptura, expresso em porcentagem. Temos então:

ε = l1 –l0 . 100 l 0

Page 27: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

27

Em que l 0 e l 1 são os comprimentos inicial e final, respectivamente, de um

trecho (normalmente central) do corpo de prova. O valor de l 1 deve ser medido

depois de a carga ser retirada.

Nos aços com patamar de escoamento definido, a deformação específica

de cálculo (εyd), que é a correspondente ao início do patamar, é obtida pela seguinte

equação:

εyd = f yd

Es

Em que:

ε yd - Deformação específica de cálculo do aço;fyd - Resistência de cálculo de escoamento do aço à tração;Es - Módulo de elasticidade do aço;

Para o aço CA-60, que não apresenta patamar de escoamento, o item

8.3.6 da NBR 6118:2003 permite, assim como para os aços com patamar, utilizar,

para os cálculos nos estados - limite de serviço e último, o diagrama da Figura 5:

Figura 5 - Diagrama tensão-deformação para aços de armadura passiva.Fonte: Carvalho, 2007.

O presente diagrama é válido para intervalos de temperatura entre -200ºC

e 1500C, podendo ser aplicado para tração e compressão.

Page 28: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

28

3.3 MONTAGENS DAS ARMADURAS

Primeiramente, observa-se se as barras encontram-se livres de

corrosões, impurezas etc, de modo a garantir o pleno desempenho à que foram

dimensionadas. Se necessário for, antes do início da montagem das armaduras as

barras de aço devem passar por:

• Limpeza: as barras devem estar isentas de qualquer material que

possa prejudicar a aderência com o concreto;

• Corte: deve-se procurar utilizar um equipamento compatível com o

diâmetro da barra e que o mesmo tenha um acabamento satisfatório de corte.

Podem ser utilizados equipamentos manuais ou mecânicos;

• Desempenho: caso alguma barra apresente alguma deformação deve

ser corrigida, geralmente utilizam-se martelos ou marretas;

• Dobramento: normalmente precisam-se dobrar as barras de aço, basta

colocar a barra sobre uma bancada onde se dispõe de pinos de dobramento ou

equipamento específico para tal atividade. Tal procedimento deve seguir

rigorosamente as orientações descritas segundo a NBR 6118:2003, relacionadas

aos ganchos das armaduras.

A quantidade de barras e seu arranjo (posição dentro da seção

transversal do elemento) devem atender às prescrições da NBR 6118:2003,

assegurando a penetração e o adensamento do concreto em todos os vazios do

elemento estrutural, bem como que haja espaço para que as agulhas dos vibradores

sejam introduzidas entre as barras.

De acordo com Chaves (1996), é de fundamental importância que o

dobramento dos ferros siga rigorosamente o projeto estrutural, de modo que a

estrutura de concreto armado trabalhe de acordo com a resistência que ela foi

projetada. Caso não seja garantido esse posicionamento a estrutura pode perder

resistência. Outro ponto importante é o cuidado na concretagem, deve-se tomar

cuidado para que os processos de lançamento e adensamento do concreto não

desloquem a armadura da sua posição.

Page 29: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

29

4 BAMBU

4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO BAMBU

O interesse pelo bambu esta intimamente relacionado com a perenidade

das touceiras e seu rápido desenvolvimento que viabiliza o inicio da colheita dos

colmos a partir de 2 anos de idade. Por ser uma espécie perene, o cultivo de bambu

é perfeitamente viável em terrenos marginais com elevada declividade,

possibilitando o aproveitamento econômico dessa área. Apresenta também um

sistema radicular do tipo fasciculado, com rizoma (extensão dos rizomas no solo

pode variar de 25 a 187 km/ha), que contribui para proteção do solo contra erosão. A

velocidade media de crescimento dos colmos de bambu varia de 8 a 10 cm/dia,

podendo atingir 40 cm/dia para colmos da espécie Dendrocalamus giganteus.

O bambu necessita de baixo consumo de energia para sua produção. Na

tabela 1, HIDALGO LOPES (1974), faz a comparação da energia necessária para

produção de vários materiais de construção com suas tensões de compressão,

utilizadas em cálculos estruturais. Percebe-se que para o aço resistir a uma mesma

tensão que o bambu, ele consome 50 vezes mais energia.

Tabela 1- Comparação da energia gasta em MJ para produzir 1m3 por unidade de tensão

Fonte: HIDALGO LOPES, (1974).

Para avaliar o desempenho do bambu, podemos destacar;

• desempenho como material estrutural (construção civil);

• alta funcionalidade em relação ao valor agregado do bambu

comparado com outros materiais (aço, cerâmica);

• material de vasta disponibilidade, apesar de certas irregularidades

geométricas e ausência de ferramentas especificas para manuseio.

Material Bambu Madeira Concreto AçoMJ/m3 /MPa 30 80 240 1500

Page 30: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

30

JANSSEN (2005) realizou um estudo comparando a produção anual de

bambu com a de madeira de reflorestamento (pinus) em t/ha (tabela 2). Nota-se que

a produção de biomassa do bambu é três vezes superior a da madeira.

Tabela 2 – Comparação de produção anual de bambu e de madeira (t/ha)

Produção anual Verde Seco Verde Secot/há Total Total Colmo Tronco Colmo Tronco

Bambu 78,3 47,4 55,7 36,0Pinus 17,5 13,5 14,0 10,8

RelaçãoBambu/ pinus

4,5 3,5 4,0 3,3

Fonte: JANSSEN, (2005).

Atualmente, o bambu vem sendo reconhecido como uma espécie florestal

de grande valor, em decorrência de suas amplas possibilidades agronômicas e

tecnológicas como matéria-prima fibrosa industrial, artesanal, e como material

estrutural para pequenas construções rurais. Como matéria-prima industrial, as

maiores possibilidades de utilização do bambu são para produção conjunta de fibras

celulósicas para papel e energia, esta na forma de amido granular ou como etanol,

após a sacarificação do amido. A produção de broto de bambu, como alimento e a

obtenção de carvão a partir dos colmos, são outras possibilidades de utilização do

bambu. Vários são os produtos que se pode obter a partir do bambu, destacando-se:

• Fibras celulósicas para papel;

• Fibras celulósicas e amido ou etanol;

• Broto comestível;

• Carvão;

• Painéis laminados ou compensados;

• Material para construções rurais;

• Tubos para condução de água.

4.2 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS, MORFOLÓGICAS, ANATÔMICAS E

QUÍMICAS

Page 31: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

31

Os bambus pertencem a um grupo de gramíneas arborescentes gigantes,

classificados como Bambusae, uma tribo da família das Gramíneas. Pelas

características de seu colmo, é considerada uma planta lenhosa, monocotiledônea,

pertencente às angiospermas (HIDALGO LOPEZ, 1974).

Existem no mundo cerca de 80 gêneros e 1250 espécies de bambus, das

quais 62% são nativas da Ásia, 34% das Américas e 4% da África e Oceania. A

classificação e identificação botânica das espécies são muito difíceis, tendo em vista

que este tipo de vegetal floresce em intervalos de tempo muito longos (30 a 100

anos), dependendo da espécie e de condições ambientais (HIDALGO LOPEZ,

1974). Devido ao clima, os bambus nativos crescem naturalmente em todos os

continentes, com exceção da Europa.

As espécies de bambu mais difundidas no Brasil são Bambusa tuldoides

(bambu comum), Bambusa vulgaris Schrad (bambu verde), Bambusa vulgaris

Schrad var. vittata (bambu imperial, amarelo), Dendrocalamus giganteus (bambu

gigante) e algumas espécies do gênero Phylllostachys sp (cana da Índia).

Os colmos crescem de rizomas subterrâneos, sendo que a maioria das

espécies são encontradas em regiões tropicais e subtropicais. O crescimento de

algumas espécies pode ser medido diariamente, sendo que já foi medido o

crescimento de 120,0 cm em 24 h, para espécie Madake (Phyllostachys

bambusóides) na região de Kioto (UEDA,1956 citado por HIDALGO LOPES, 1974) e

37,0 cm no mesmo período, no Rio de Janeiro em 1993 (GHAVAMI, 2005).

O diâmetro do bambu decresce ao longo de seu comprimento, de baixo

para cima, e é dividido em intervalos por nós, onde crescem os ramos e há

diafragmas transversais internos. Estes intervalos são chamados de inter-nós. A

superfície exterior do colmo é coberta por duras e lustrosas cutículas, as quais são

praticamente impermeáveis, evitando a perda de água pelo bambu.

A seção transversal de uma parede de bambu consiste das seguintes

partes:

• Superfície exterior dura e lustrosa, a qual parcialmente evita a perda de

água do colmo;

• Células de parênquimas, onde os nutrientes são armazenados;

Page 32: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

32

• Feixes vasculares (contendo vasos através dos quais há o movimento

da água, tubos de seiva, fibras de paredes grossas responsáveis pela resistência do

bambu).

Cerca de 60 a 70 % da massa do colmo correspondem às fibras. A

capacidade da fibra do colmo cresce progressivamente enquanto os feixes

vasculares tornam-se menores no tamanho e mais densos do interior para a

superfície exterior do colmo, não sendo distribuídos uniformemente.

Portanto, propicia à parte externa maior resistência mecânica (figura 6).

Figura 6 – Anatomia do bambu.Fonte – adaptado de ROBLES AUSTRÍACO e PAMA, apud BARBOSA (1987).

Os colmos de Bambusa tuldoides apresentam maior quantidade de

massa fibrosa (61,19%) que os colmos de Bambusa vulgaris (53,32%) e

Dendrocalamus giganteus (46,09%), em volume (AZZINI et al., 1977). AZZINI et al.

(1977) observaram que a maior quantidade de feixes fibro-vasculares foi encontrada

em colmos de Bambusa vulgaris (410 feixes/cm2) em comparação com Guadua

angustiofolia (276,6 feixes/cm2) e Dendrocalamus giganteus (256 feixes/cm2).

Concluíram também que o número de feixes vasculares por unidade de superfície na

camada externa foi sempre superior ao da camada interna. Segundo AZZINI, a

densidade do bambu varia de 500 a 800 kg/m3, dependendo da estrutura anatômica,

como a quantidade e distribuição de fibras em volta das camadas dos vasos de

condução.

Page 33: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

33

4.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-MECÂNICAS

Os primeiros experimentos de que se têm notícia com o bambu

reforçando o concreto datam de 1917 na China, Japão e Filipinas. Segundo

SALCEDO (2001), os chineses foram os primeiros a utilizar o bambu como

substituto do aço no reforço de concreto de pontes ferroviárias e outras construções.

Na Europa, alemães e italianos, no século passado, também já realizavam suas

pesquisas. A 2a Guerra Mundial incentivou os estudos, por parte de Japão e Estados

Unidos, de utilizar o bambu caso a obtenção do aço fosse dificultada.

Mas, apesar destas utilizações importantes, o bambu é um material que

leva consigo certo preconceito, pois seu emprego foi realizado empiricamente,

havendo poucos estudos científicos para sua caracterização. Isto pode ser

justificável por ser um material natural com milhares de espécies e, portanto, com

grande variabilidade em suas características físicas e mecânicas.

Portanto, para utilizar o bambu como material estrutural de modo

eficiente, se faz necessário à caracterização física e mecânica das espécies mais

utilizadas para fins estruturais, como Guadua angustifólia e o Dendrocalamus

giganteus.

Os primeiros ensaios realizados com bambu por H. K. CHOU nos EUA

(SALCEDO, 2001), e posteriormente aplicados na China (1918), foram na

concretagem de pontes para linhas de trem utilizando o bambu da espécie

Phyllostachys como reforço em pilares solicitados à flexão. Foram ensaiadas 220

amostras, apresentando os resultados da tabela 3.

Tabela 3 – Ensaio de caracterização do bambu

ENSAIO TENSÃO DE RUPTURA (MPa)Flexão 93,5Tração 98,6

Compressão 38,7Cisalhamento 8,0

Fonte: H. k. CHOU (1914), citado por SALCEDO (2001)

Page 34: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

34

Em alguns tipos de união entre elementos de bambu é importante

conhecer a resistência à tração perpendicular às fibras para prevenir falhas de

esforços de tensão perpendiculares às mesmas. Para tanto, Puentes e TAM (2006)

realizaram ensaios em aproximadamente 400 amostras de bambu da espécie

Guadua Angustifólia com e sem nós, os colmos foram coletados em três regiões da

Colômbia, e apresentavam idades de 4 e 6 anos. Com os resultados, os autores

concluíram que a região do meio do colmo apresenta maior resistência (26,5%),

sendo que nas amostras com nó obtiveram-se resultados 39% superiores do que em

aqueles sem nós.

Apresentado também maior resistência as amostras com 4 anos de idade

(29%). Entretanto, vale observar que estes resultados dependem de como foi

determinada região do meio do colmo.

CRUZ et al (2006) para determinar a isotropia transversal dos colmos de

bambu e obter as principais constantes elásticas (módulo de cisalhamento

superficial e módulo de elasticidade circunferencial), realizou ensaios de torção e de

tração por compressão diametral. Os ensaios foram realizados nas espécies

Guadua angustifólia, Metake e Moso. Utilizou-se um modelo de elementos finitos

para a determinação das constantes elásticas.

Essa pesquisa apresentou resultados importantes, como a distribuição

não-homogênea das fibras na parede do colmo. Portanto, há a necessidade de se

determinar mais constantes elásticas necessárias para se construir modelos de

elementos finitos para melhor representar sua anisotropia e detalhar seu

comportamento mecânico.

O comportamento de tração x deformação do bambu foi considerado

elástico linear até a ruptura (LIMA JR. et al., 2000). Assim, as tensões nas varetas

de bambu podem ser definidas com base na equação a seguir.

σb = Eb . eb

eb < ebr

Onde:

Eb: módulo de elasticidade das varetas de bambu;

eb: deformação específica das varetas de bambu;

Page 35: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

35

ebr: deformação de ruptura das varetas de bambu.

LIMA JR. et al. (2000) obtiveram que os módulos de elasticidade à tração

em varetas de bambu D. giganteus com nó e sem nó, com os respectivos desvios-

padrão, foram 13 +/- 2,99 GPa e 23,75 e 3,71 GPa, respectivamente. Entretanto,

observaram que o módulo de elasticidade das varetas de bambu como armadura em

vigas de concreto não é o mesmo do que o determinado em ensaio de tração direta,

pois os nós e internos são posicionados de forma intercalada.

LIMA JR. et al. (1999), em ensaios de caracterização mecânica,

obtiveram valores de resistência à tração para a mesma espécie de bambu com e

sem nó na ordem de 97,51 MPa e 277,19 MPa e módulo de elasticidade de 13,14

GPa e 23,75 GPa, respectivamente. Com estes dados, podemos concluir que o

bambu difere seus resultados dependendo do local do colmo de onde foi retirada

amostra (base, meio e ponta). Mas, independente da posição, o comportamento é

praticamente linear até a ruptura.

A resistência à tração é maior na parte externa do colmo, isto é, na região

da casca, atingindo uma tensão de 210 MPa a 250 MPa. Já na parte interna, onde

ocorre maior concentração de células de parênquima, a tensão à tração encontra-se

entre 150 e 200 MPa (LOPES, 1974).

O mesmo autor ensaiou corpos-de-prova de bambu Dendrocalamus

giganteus, com e sem nó, para determinar a resistência à compressão axial, obtendo

valores médios de 35 MPa e 38 MPa, respectivamente.

Devido ao grande número de espécies de bambu, as suas propriedades

mecânicas apresentam grande variabilidade entre as espécies, dependendo também

das dimensões da amostra, local que foi retirada do colmo e como foi confeccionada

amostra tendo em vista a ausência de ferramentas disponíveis para manuseio.

Outros fatores como a umidade e a idade, podem afetar a resistência. A umidade no

colmo é de 15 a 20 % para espécies de 4 a 6 anos de idade.

Na literatura, encontram-se valores diferentes em relação às

características físicas e mecânicas do bambu. Esta divergência se dá,

principalmente, pela ausência de normas para a realização dos ensaios, sendo

aplicadas metodologias de ensaios diferentes para a determinação da mesma

característica.

Page 36: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

36

FERREIRA (2002) realizou ensaios de caracterização na espécie de

bambu Gigante (D. giganteus) e obteve dados similares aos citados na literatura, em

relação ao ensaio de compressão (77,8 MPa). Os ensaios foram efetuados em

corpos-de-prova de 1 cm x 2 cm de seção transversal e de comprimento 6 cm.

Nos ensaios realizados por GHAVAMI (2005), adotando as dimensões

dispostas na figura 7, foi determinada a resistência à tração do bambu Gigante,

obtendo-se até 370 MPa. Com estes resultados pode-se obter a relação entre a

resistência à tração do bambu e sua densidade, verificando-se um resultado 6 vezes

superior àquele obtido para o aço.

Figura 7 - Dimensões dos corpos-de-prova de varetas de bambu para ensaio e traçãoFonte: adaptado de GHAVAMI (2005).

C = E 1/2 ρ

Onde:

E: Módulo de Elasticidade

ρ: densidade do bambu

GHAVAMI (2005), para determinar o Módulo de elasticidade do bambu,

considerou as varetas de bambu compostas por duas partes: uma composta das

fibras longas e dispostas em uma direção apenas (uniformemente distribuídas) e

outra, composta pelo restante de material que envolve as fibras, chamando esta

parte de matriz, considerando que ambas estão unidas por uma perfeita aderência.

A equação a seguir, baseada na teoria dos compósitos, foi utilizada para

determinar o Módulo de Elasticidade do bambu.

Page 37: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

37

Ef = Ef * v f +E m (1-v f )

Onde:

Ef e Em = módulos de elasticidade especifico das fibras e da matriz,

respectivamente,

Vf e Vm = (1-Vf) = fração volumétrica das fibras e da matriz,

respectivamente.

A variação do volume de fibras foi determinada através de um software

para digitalização de imagem (DIP). Para isto, foram selecionados colmos de várias

espécies de bambu e, para cada colmo, foram coletadas 3 amostras (base, meio e

ponta). Através destas amostras, GHAVAMI (2005) observou que a distribuição das

fibras é mais uniforme na base do que no meio e ponta. Isto pode ser explicado

devido à tensão a que o bambu é submetido, na região da base do colmo,

provocada pelo vento, e pelo peso próprio. Entretanto esta diferença não é

significativa. GHAVAMI (1995) recomendou o uso do bambu como um material

alternativo, substituindo o aço, como reforço em peças de concreto. Para o autor, as

melhores espécies para este fim são Bambusa vulgaris e Dendrocalamus giganteus.

Ensaios realizados por K. DATTA (1935), citado por SALCEDO (2001), determinou

que peças de concreto reforçadas com bambu e submetidas à compressão podem

oferecer maior resistência, pois o bambu apresentou essa propriedade superior à do

concreto. Entretanto, uma peça de concreto armada com bambu é mais flexível. O

bambu também pode ser utilizado como reforço na zona de tração de vigas de

concreto, mas devido ao módulo de elasticidade do bambu ser menor do que o do

aço, a área de armadura de bambu deve ser maior do que a do aço. Na tabela 4

estão descritos os resultados realizados por Datta (1935), citado por SALCEDO

(2001).

Tabela 4 – Ensaios de caracterização mecânica de colmos de bambu

ENSAIO TENSAO (GPa)

OBSERVAÇÕES

Módulo de elasticidade à compressão

18,9 a 19,9 Valor aproximado ao concreto

Resistência á compressão0,79 a 0,86 Valores superiores aos do concreto

(colmos de 30 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro).

Modulo de elasticidade a tração 17,0 a 18,0

Page 38: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

38

Resistência à tração 0,16 a 0,21

Modulo de elasticidade à flexão 17,0 a 22,0

Resistência á flexão

0,18 a 0,76 Colmos de bambu com diâmetro entre 7 e 8 cm e uma distancia entre os

apoios de 25 vezes o diâmetro.

Fonte: K. Datta (Stuttgar, Alemanha, 1935) citado por SALCEDO (2001)

GHAVAMI et al (2006) estão realizando estudos experimentais para a

determinação do módulo de elasticidade do bambu, considerando-o como uma

constante elástica, segundo a ISO/DIS 22157 (2001).

Segundo TARGA e BALLARIN (1990), na determinação do Módulo de

Elasticidade de um colmo maduro, seco ao ar livre, apresentou valores entre 12,5 e

19,5 GPa e valor médio de 16,0 GPa. Para algumas espécies secas em estufas, o

valor pode atingir até 22,5 GPa. Já os colmos verdes geralmente atingem valores de

até 10,0 GPa. Estes valores fazem com que o uso do bambu seja atrativo,

especialmente se a relação entre a resistência à tração e o peso específico do

bambu for considerado.

Entretanto, a resistência à compressão é muito menor do que a

resistência à tração, situando-se entre 31 MPa e 72 MPa. Geralmente a resistência

aumenta com a maturidade do colmo. Experiências conduzidas por TARGA e

BALLARIN com o bambu Dendrocalamus strictus mostraram aumentos significativos

da resistência à compressão dos 6 meses aos 2,5 anos de idade (a Tensão de

Ruptura, o Módulo de Elasticidade e a Resistência à Compressão cresceram

respectivamente 79%, 38% e 76%). Normalmente, depois da idade de 5 anos de

idade o acréscimo de resistência do bambu não é significativo.

Através do ensaio de compressão diametral (Figura 8), LIMA Jr. et al.

(1999) determinaram a resistência à tração paralela às fibras e o módulo de

elasticidade transversal do bambu Gigante, sendo, respectivamente de 20,53 MPa e

2,17 GPa. Os autores utilizaram a Teoria de Vigas em Arco para calcular a tensão

máxima e o módulo de elasticidade transversal do bambu e concluíram, através de

ensaios realizados anteriormente com outras espécies, que esta propriedade

mecânica transversal do bambu é semelhante na maioria das espécies. Isto

acontece porque as células de parênquima apresentam características mecânicas

semelhantes nas diversas espécies de bambu. Os resultados experimentais

demonstram que o bambu pode ser utilizado como reforço em lajes de concreto.

Page 39: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

39

Figura 8 – Ensaio de compressão diametral.Fonte: LIMA JR et al (1999).

SARTORI e CARDOSO JR. (1998) apresentaram dados de tração,

compressão, flexão e cisalhamento, obtidos para três espécies (tabela 5).

Tabela 5 – Dados de tração, compressão, flexão e cisalhamento para três espécies distintas

Espécie Tração(GPa)

Compressão (GPa)

Flexão(GPa)

Cisalhamento(GPa)

B. Vulgaris var. vittata 0,12 38,9 0,11 38,8B. Vulgaris 0,17 51,6 0,14 40,4

D. Giganteus 0,14 64,8 0,13 45,0

Fonte: SARTORI e CARDOSO JR. (1998)

GHAVAMI (1998), estudando a relação ente à tração paralela as fibras e

o peso especifico para alguns materiais (tabela 6), constatou que o bambu é o

material que apresenta o maior valor para esta relação, o que torna vantajosa a sua

utilização como material de construção.

Tabela 6 – Relação entre a resistência á tração e o peso específico

Material Resistência à tração paralela as fibras σt (MPa)

Peso Específico γ (g/cm3)

R = σt / γ . 10-2

Aço (CA - 50) 50,0 7,83 0,63Bambu 14,0 0,8 1,75

Alumínio 30,4 2,70 1,13

Fonte: GHAVAMI (1992)

Page 40: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

40

4.4 DIFICULDADES DA ASSOCIAÇÃO BAMBU/CONCRETO

BERALDO (1991) avaliou o uso do bambu com material de construção no

Brasil não é mais difundido devido alguns fatores imitantes, como, a pequena vida

útil do bambu frente ao aço, a variação volumétrica quanto sujeito a umidade, o que

acaba destruindo a união bambu/concreto, resultando em grandes deflexões e

fissurações quando carregado e a baixa aderência ente o bambu e o concreto em

virtude de sua superfície lisa. Em vista disso, alguns pesquisadores desenvolveram,

e ainda continuam desenvolvendo, estudos para viabilizar o uso do bambucreto com

maior segurança.

Por fim, ainda existe possibilidade de utilização do bambu como material

alternativo para diminuir o peso de elementos construtivos ou como fator estético

com o explica OLIVEIRA (1980). “o rippendencken” é um piso alemão que se obtém

com placas de concreto-ferro-bambu, que apresenta vantagens sobre os

convencionais devido ao menor peso especifico, alem de ser um bom isolante

acústico.

4.4.1 Absorção de água

Uma das principais desvantagens do bambu quanto à utilização como

reforço no concreto é a absorção de água. O bambu segundo VIJAV RAJ (1991),

quando cortado e deixado no mesmo ambiente contem uma umidade natural entre

12 e 20%. Colmos de bambu da espécie dendrocalamus strictus com 2,5 anos de

idade podem absorver entre 51 e 55% de água depois de 4 dias de imersão e entre

57 e 64% depois de 7 dias de imersão.

No estudo de GHAVAMI (1994) com vários impermeabilizantes, o que se

mostrou, mas eficaz foi o Negrolin, produzido pela Sika. O bambu Gigante foi imerso

durante 96 horas em água (após ter sido tratado com Negrolin) e apresentou uma

taxa de absorção de apenas 4%.

Outros impermeabilizantes que também já foram estudados são a

emulsão asfáltica (piche) e algumas tintas e vernizes. Segundo BARMAK (1938), o

importante é o produto a ser empregado satisfaça as seguintes condições:

Page 41: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

41

• a impermeabilização deve ser feita por revestimento;

• o impermeabilizante dever ser insolúvel e inalterante na água;

• não deve produzir reações químicas nem com o bambu nem com o

concreto;

4.5 VARIAÇÃO DIMENSIONAL

Variações dimensionais podem ocorrer no bambu devido à rápida

absorção e liberação de água, por ser um material higroscópico, isto é quando em

contato com o meio aquoso, o bambu varia de dimensões. Segundo LIMA JR (1999)

esta propriedade faz com que o bambu, quando em contato com o concreto fresco,

absorva parte da água de amassamento e aumente suas dimensões. Após o

endurecimento do concreto, este vai gradativamente liberando a água absorvida e

retorna as dimensões iniciais. Com isto, a interação entre os dois materiais fica

comprometida. Um bambu verde quando colocado para secar libera água e encolhe,

e esta água diminui conforme o bambu atinge a idade adulta de aproximadamente 3

anos. Sabe-se que a umidade natural do colmo de bambu maduro é de 20%.

Segundo VIJAY RAJ (1991) o bambu pode encolher aproximadamente

12% do seu diâmetro e 16% da sua espessura aos 6 meses de idade. Entretanto,

este bambu na idade adulta reduz seu encolhimento para 4 - 7 % no diâmetro e 3 - 7

% na espessura de parede de colmo. Assim, o bambu quando usado reforço em

peças de concreto pode absorver água do concreto fresco e inchar, encolhendo logo

que o concreto secar, fazendo que o bambu fique completamente ou parcialmente

isolado da argamassa adjacente, causando fissuras na superfície do concreto.

GEYMAYER e COX (1970, verificam que a variação linear é 5% na

direção radial e 0,5% na direção longitudinal, sendo a mesma variação das madeiras

convencionais. Antes de qualquer tentativa para a impermeabilização do bambu, é

necessário saber se alguma parte dela absorve mais umidade do que a outra e

conseqüentemente, requer tratamentos diferentes. Com este objetivo. GEYMAYER

e os outros retiraram a parte interna do bambu para determinar separadamente a

absorção de uma umidade é diferente em cada uma das partes de bambu ficam

submersas por alguns dias e absorção aumenta e fica quase igual nas 2 partes.

Page 42: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

42

Portanto, recomenda-se o uso de impermeabilizantes sobre o bambu,

juntamente com um concreto de traço rico e secagem rápida, a fim de prevenir

fissuras. Recomenda-se ainda, que o colmo de bambu seco seja colocado em água

dois a três dias antes da concretagem para evitar a absorção de água do concreto.

4.6 ADERÊNCIA ENTRE O BAMBU E O CONCRETO

Outro problema sério da associação bambu x concreto e um dos grandes

entraves á sua utilização é a má aderência. Essa má aderência depende

principalmente do grau de saturação do colmo depois de endurecido o concreto, da

extensão e proporção de retração dos colmos, das saliências do colmo, da

proporção bambu/concreto e da variação da temperatura.

A adoção das medidas para aumentar essa aderência contribui

bastante para maximizar a capacidade de carga de vigas com bambu. Por essas

razões, vários são os estudos a respeito de tratamentos a serem realizados no

bambu a fim de obter essa melhoria de aderência.

Entre os tratamentos existentes na literatura destacam-se:

• a aplicação de piche salpicado com areia que além de propiciar a

formação de uma superfície rugosa, funciona com impermeabilizante;

• o arame farpado pregado sobre o colmo ou a varetas;

• grampos de cerca cravados sobre o bambu;

• ranhuras feitas na casca das varetas;

• a utilização dos próprios nós dos bambus para aumentar a superfície

de contato com o concreto (o mais natural dos métodos).

Ghavami (1995) diz que repelente mais adequado é o negrolin produzido

pela Sika, sendo que este deve ser utilizado em conjunto com areia. Entretanto foi

notado posteriormente que o Sidakur 32 Gel é mais adequado para esse tipo de

tratamento.

Page 43: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

43

Alguns resultados de testes de arrancamento realizados por Ghavami

(1995) e Rosa (2002) (sendo que os ensaios realizados com tratamento por Sikadur

e com o aço foram realizados por Rosa), podem ser vistos na tabela 7.

Tabela 7 – Ensaios de aderência do bambu com tratamento, sem tratamento e do aço.

Tratamento Alfa (N/mm2)

Com nó Sem nó

Sem tratamento 0,52 1,2

Negrolin + areia 0,73 1,55

Negrolin + areia + arame 0,97 1,8

Sikadur 32 Gel 2,75

Aco 3,25

Fonte: GHAVAMI (1992)

LIMA JR. (1999) realizam ensaios de arrancamento com o bambu

gigante, variando os tratamentos de impermeabilização e aderência e tipo de

concreto. Com os resultados, concluíram que contrariamente, ao que se esperava, o

bambu natural foi o que apresentou maior resistência ao deslizamento, pois os

bambus tratados com materiais impermeabilizantes inviabilizaram pequenas tensões

de aderência, pois houve cisalhamento nos próprios bambus. Também observam

que entre os concretos graníticos e lateralíticos, e este ultimo, apesar de ter uma

resistência à compressão menor, apresentou uma melhor aderência.

FERRÃO e FREIRE (1995) testaram a espécie Bambusa Tuldoides, em

relação à aderência ao concreto, através do teste de arrancamento com 5

tratamentos físicos diferente em varas de bambu em forma de taliscas, tendo como

melhores resultados o piche/areia e grampos de cerca. Tanto o grampo de cerca

quanto o arame farpado desenvolvam maior aderência do que aquelas engastadas

com apenas 10 cm.

Segundo FERRAO (1992), no ensaio de vigas armadas com bambu á

flexão simples. Os tratamentos que possibilitam uma maior carga de ruptura foram o

pinche com areia e arame farpado, sendo que neste ultimo o gancho de resistência

pode estar ligado á absorção de esforços por parte do arame.

Page 44: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

44

4.7 DURABILIDADE DO BAMBUCRETO

A vida do bambu no concreto é até certo ponto incerta. O concreto é

muito alcalino (Ph =13) sendo tal valor elevado para o bambu. Com o tempo, esta

alcalinidade destrói a camada com fibras de celulose do bambu.

Para obter uma maior durabilidade do bambucreto é muito importante

considerar a porcentagem de área de seção transversal do bambu em relação a

área do concreto da peça. Ensaios realizados por MEHRA (1951) que mantiveram

as dimensões da peça variaram a porcentagem de bambu de 5 á 7,5% mesmo

quando submetido a ciclos de umedecimentos a secagem.

O espaçamento correto entre as varetas de bambu que servem de

armadura em peças de concreto é um fator importante para determinar a resistência

ao cisalhamento das mesmas. Ensaios indicaram que quando o reforço longitudinal

principalmente é muito espaçado, a resistência á flexão é prejudicada. Também,

quando o reforço de bambu principalmente é usado em linhas verticais e quando o

ponto em questão é perto da linha neutra da peça, a área de concreto da seção

horizontal de cisalhamento pode ser danificada, causando fissuras na peça devido

ao cisalhamento horizontal. Em muitas amostras testadas sob carregamento á

flexão, a causa das rupturas foi atribuída ao cisalhamento horizontal.

Segundo LIMA (1999), as vigas de concreto-bambu são mais deformáveis

que as que usam aço como reforço, devido ao menor módulo de elasticidade do

bambu, ocasionando fissuras de grande abertura, levando a peça ao colapso. O

reforço de cisalhamento melhora ao comportamento das vigas de concreto-bambu.

Page 45: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

45

5 LAJE PRÉ-MOLDADA

5.1 CONCEITOS

Estas lajes são caracterizadas por possuírem vigotas pré-moldadas de

concreto armado, nos quais se apóiam blocos especiais de cerâmica ou de concreto.

Estes elementos são manufaturados em fábricas e transportados, após a sua cura,

para a obra. Depois da colocação das vigotas, blocos, armadura de distribuição,

eletrodutos e caixas de passagem, recebem uma camada fina de concreto em sua

superfície superior, chamada de capeamento.

O escoramento necessário para executar uma laje desse tipo não requer

um grande número de pontaletes ou escoras.

Segundo a ABNT NBR 6118:2003, item 14.4.2.1 as lajes ou placas são

“elementos de superfície plana sujeitos principalmente a ações normais a seu

plano”.

Page 46: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

46

As placas de concreto são usualmente denominadas lajes. A norma NBR

14859-1 (2002) no item 3.1 define vigotas pré-fabricadas como elementos estruturais

constituídos por concreto estrutural, executadas industrialmente ou no próprio

canteiro de obra, mas fora do local definitivo de utilização, sob rigorosas condições

de controle de qualidade. Parcialmente ou totalmente envolvida pelo concreto

estrutural encontra-se a armadura que irá constituir a armadura inferior de tração da

laje, integrando parcialmente a seção de concreto da nervura longitudinal.

As lajes pré-moldadas podem ter nervuras principais em uma ou em duas

direções sendo classificadas como laje unidirecional ou bidirecional,

respectivamente. A laje pré-moldada unidirecional possui nervura principal disposta

em uma única direção, sendo formada por vigotas pré-moldadas posicionadas na

direção principal da laje. Mesmo quando nas situações em que são adotadas

nervuras transversais de travamento, esta laje ainda é classificada como

unidirecional.

A laje pré-moldada bidirecional possui nervuras resistentes em duas

direções ortogonais entre si. Normalmente, esta laje é construída dispondo-se

vigotas pré-moldadas com armação treliçada na direção do menor vão e pelas

nervuras transversais moldadas in loco na outra direção.

5.2 VIGOTA TIPO TRELIÇADA

A vigota treliçada (figura 9) é formada por uma placa de concreto que

envolve parcialmente ou totalmente a armadura treliçada (conforme NBR 14862,

2002) e quando for necessário pode ser complementada com armadura passiva

inferior de tração que ficará totalmente envolvida pelo concreto da nervura. São

utilizadas para compor as lajes treliçadas (LT).

Page 47: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

47

Figura 9 – Laje pré – moldada composta por vigotas treliçadasFonte: Autor

Os parâmetros que definem a laje como vigota treliçada mostrados na

figura 10, são os seguintes:

Figura 10 – Corte com laje confeccionada a partir de vigas treliçadas.Fonte: NBR 14859-1-(ABNT-2002)

• Altura total da laje (h)

• Espessura da capa de concreto (hc)

• Intereixo de nervuras (i)

• Largura das nervuras (bw)

• Tipo de material de enchemento

• Altura da vigota (he)

A armadura de aço é fabricada em forma de estrutura espacial prismática,

constituída por dois fios de aço paralelos na base (banzo inferior) e um fio de aço no

topo (banzo superior), interligados por eletrofusão (caldeamento) aos dois fios de

aço diagonais (sinusóides), com espaçamento regular (passo).

Page 48: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

48

Figura 11 – Seção típica de armadura treliçada.Fonte: www.puma.com.br

Figura 12 – Perspectiva da armação da vigota.Fonte: www.puma.com.br

O aço a ser utilizado na fabricação de armaduras treliçadas deve respeitar

o disposto na NBR 7480, sendo permitida a utilização dos diâmetros nela

especificados para a categoria CA 60 e o máximo diâmetro de 12,5 mm para a

categoria CA 50, atendendo às condições de soldabilidade, podendo ser liso,

entalhado ou nervurado.

Tabela 8 – Bitola mínima para o fio do banzo superior, conforme a altura da treliça.

Altura da armadura treliçada Diâmetro nominal mínimoDe 80 a 130

De 131 a 225De 226 a 300

6,07,08,0

Fonte: NBR 14859-1-(ABNT-2002).

Page 49: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

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5.3 CONCRETO

O concreto utilizado na confecção das vigotas pré-fabricadas e o concreto

complementar (referente à capa) devem atender às especificações das NBR 6118,

NBR 8953, NBR 12645 e NBR 12655. A resistência característica à compressão

será a especificada pelo projeto estrutural, sendo exigida no mínimo classe C20. No

caso de execução concomitante do concreto complementar e do concreto da

estrutura, prevalece o de classe mais alta especificado no projeto.

5.4 AÇO

Na utilização em lajes pré-fabricadas o aço deve atender aos critérios da

tabela 09.

Tabela 9 – Aço para utilização em lajes pré-fabricadas.

Produto Norma Diâmetro nominal mínimo mm Diâmetro máximo mmBarras/fios de aço CA

50/CA 60NBR 7480 6,3 (CA 50)

4,2 (CA 60)20,0 (CA 50)10,0 (CA 60)

Tela de aço eletrossoldada

NBR 7481 3,4 -

Fios de aço para protensão

NBR 7482 3,0 -

Cordoalhas de aço para protensão

NBR 7483 3 x 3,0 -

Armadura treliçada eletrossoldada

NBR 14862

Diagonal (sinusólide): 3,4Banzo superior: 6,0Banzo interior: 4,2

Diagonal (sinusóide): 7,0Banzo superior: 12,5Banzo inferior: 12,5

NOTA – Outras dimensões, desde que superiores à mínima padronizada, podem ser utilizadas, mediante acordo entre fornecedor e comprador

Fonte: NBR14859-1-(ABNT-2002).

5.5 CIMBRAMENTO

É uma estrutura de suporte provisória composta por um conjunto de

elementos que apóiam as fôrmas horizontais (vigas e lajes), suportando as cargas

atuantes (peso próprio do concreto, movimentação de operários e equipamentos,

Page 50: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

50

etc.) e transmitindo-as ao piso ou ao pavimento inferior. Para tanto deve ser

dimensionado, entre outras coisas, em função da magnitude da carga a ser

transferida, do pé-direito e da resistência do material utilizado.

Estes elementos normalmente dividem-se em:

• Suporte: escoras, torres, etc;

• Trama: vigotas principais, conhecidas também como longarinas, e

vigotas secundárias, conhecidas como barrotes; todo o conjunto de trama

pode ser de metal, como mostra a figura 13.

• Acessórios: peças que unem, posicionam e ajustam as anteriores.

Figura 13 – CimbramentoFonte: www.abcp.com.br

Após a concretagem, inicia-se o processo de endurecimento do concreto,

onde as peças atingem a condição de serem autoportantes (em média 72 horas

após) até atingirem a resistência para a qual foram projetadas (28 dias). A fim de

liberar a maioria das peças de cimbramento para o próximo uso, são posicionadas

novas escoras (ou, nos sistemas que permitem a desmontagem das outras peças

sem movimentar as escoras, deixamos parte delas) e depois são desmontadas as

demais peças para uso na próxima laje.

Enquanto o cimbramento é um sistema estático, onde as cargas de

montagem e concretagem são transferidas para o apoio, o reescoramento é um

Page 51: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

51

sistema dinâmico que deve prever, além das cargas dos elementos recém

concretados, o quanto, os pilares, vigas e lajes dos pavimentos inferiores podem

receber destas cargas.

5.6 ANÁLISE ESTRUTURAL DA LAJE PRÉ-MOLDADA

5.6.1 Estado limite último de flexão simples

Todo elemento estrutural deve atender as verificações dos estados limites

últimos e de serviço. No caso das lajes com nervuras pré moldadas são

determinantes no dimensionamento; o estado limite ultimo de capacidade resistente

das seções sob flexão, e o estado limite de utilização de deformação excessiva.

Considerando atuando na seção transversal de um elemento de concreto

armado um momento fletor (M) crescente que varia de zero até um valor que leve o

elemento ao colapso, nota-se níveis distintos de deformação denominados estádios

(figura 14), que determinam o comportamento da seção até sua ruína.

Estádio I – também chamado de estado elástico, onde sob a ação de um

momento fletor MI de pequena intensidade, a tensão de tração no concreto não

ultrapassa sua resistência característica à tração (ftk), neste estádio temos:

• O diagrama linear de tensão normal ao longo da altura da seção;

• As tensões nas fibras são proporcionais às deformações,

correspondendo ao trecho linear do diagrama tensão-deformação do concreto;

• Ainda não aparecem fissuras visíveis a olho nu.

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52

Figura 14 – Comportamento da seção transversal nos estádios de uma viga de concreto armado na flexão nominal simples.Fonte: MONTOYA, 1978.

Estádio II – com o aumento do valor do momento fletor para MII>Mr, as

tensões de tração na maioria dos pontos abaixo da linha neutra (LN) terão valores

superiores ao da resistência característica do concreto à tração (ftk):

• Mr é o momento de fissuração da seção transversal, ou seja, o

momento acima do qual surge a primeira fissura de tração à flexão;

• Considera-se que apenas o aço passa a resistir aos esforços de tração;

• Admite-se que a tensão de compressão no concreto continue linear

embora alguns autores a considere com variação parabólica como mostrada no

desenho;

• As fissuras de tração na flexão no concreto são visíveis.

Estádio III – com o aumento do valor do momento fletor até a um valor

próximo ao de ruína (Mu) acorre:

• O início do escoamento da fibra mais comprimida do concreto,

atingindo a deformação específica de 0,35%, (3,5%);

• O diagrama de tensões tende a ficar vertical (uniforme) para

deformações superiores a 2% com quase todas as fibras trabalhando com sua

tensão máxima;

• A peça encontra-se bastante fissurada, com a fissuração quase

atingindo a linha neutra;

Supõe-se que a distribuição de tensões no concreto ocorra segundo um

diagrama parábola-retângulo. A norma admite, para efeito de cálculo, que o

diagrama parábola-retângulo possa ser substituído por um retângulo com a distância

y, da linha neutra à borda mais comprimida, igual a 0,8 da real x, figura 15.

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53

Figura 15 – diagrama de tensões no concreto no estado limite último.Fonte: Autor

Os estádios l e ll correspondem às situações reais de serviço. Já o

estádio lll, diz respeito ao estado-limite último (ações majoradas e resistências

minoradas), que ocorre apenas em situações extremas. Por isso, o

dimensionamento das estruturas de concreto armado será feito no estádio lll, de

modo a projeta estruturas econômicas, sem que as mesmas atinjam o colapso.

5.6.2 Cálculo do valor da armadura

A quantidade de armadura longitudinal, para seções transversais

retangulares, conhecidos a resistência do concreto (f ck), largura da seção (b w),

altura útil (d) e tipo de aço (f yd e εyd) é determinada, a partir do equilíbrio das

forças atuantes na seção de acordo com os domínios, figura 16, estabelecidos pela

NBR6118 (2003) resultando em fórmulas e tabelas como as encontradas em

CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO (2001) mostradas a seguir.

fs . d . Z

Md As = Eq. 01

Onde:

Page 54: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

54

• Md – momento fletor solicitante de cálculo na seção, no

dimensionamento é obtido, em geral, multiplicando-se o momento em serviço pelo

coeficiente de ponderação φ.f.

• d – altura última: distância entre o centro de gravidade da armadura

longitudinal tracionada até à fibra mais comprimida de concreto;

• z – braço de alavanca: distância entre o ponto de aplicação das

resultantes das tensões normais de compressão no concreto e de tração no aço

(distância entre o centro de gravidade da armadura de tração e o centro de

gravidade da região comprimida de concreto).

Conhecendo a posição da linha neutra, é possível saber o domínio em

que a peça esta trabalhando e calcular a resultante das tensões de compressão no

concreto (Fc) e o braço de alavanca (z).

Fe = (0.85 . f cd) . (bw) . (0.8 . x) Eq. 02

z = d – 0.4 . x Eq.03

Como o equilíbrio das forças atuantes normais a seção transversal, como

não há força externa, a força atuante no concreto (Fe) deve ser igual a força atuante

na armadura (Fs)

∑F = 0 →Fs – Fe = 0→Fs = Fe Eq.04

O equilibrio dos momentos das forças internas em relação a qualquer

ponto (no caso, em relação C.G da armadura) deve ser igual ao momento externo

de cálculo.

∑M = Md →Md = Md = Fc . z Eq.05

Das Equações 04 e 05 temos.

Md = Fs . z Eq. 06

Colocando Fc e Z na Equação 05 tem-se;

Page 55: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

55

Md = Fe . z = (0.85 . fcd . bw . 0.8 . x) . (d – 0.4 . x) Eq. 07

Ou ainda,

Md = (0.68 . x . d – 0.272 . x2) . bw . fcd Eq. 08

Obtido o valor de (x) que define a posição (altura) da linha neutra, é

possível verificar em que domínio a peça atingirá o estado-limite último. Na flexão

simples, que esta sendo considerada aqui, os domínios possíveis é o 2, 3 e 4.

No início do domínio 2 tem-se εc = 0, e o final do domínio 4 tem-se εs = 0,

que são as piores situações que podem ocorrer (um dos dois materiais não contribui

na resistência).

Figura 16 – Domínios de deformação no estado limite último em uma seção transversal.Fonte: NBR6118 (ABNT-2003)

Quando atuar um momento fletor positivo (tração na borda inferior) em

seções transversais da laje nervurada há duas possibilidades em relação à linha

neutra. Em uma situação, se a distância da linha neutra x for menor que a espessura

da mesa hf, a região comprimida de concreto é um retângulo de lado bf e altura x,

podendo ser utilizado o procedimento anterior, usando-se no lugar de bw na (Eq. 02)

o valor de bf . Quando ao contrário x > hf usa-se o cálculo de viga T como mostrado

em CARVALHO e FIGUEIREDO (2005), onde se determina a parcela do momento

Page 56: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

56

resistido pelas abas (M1) e pela alma da seção (Md – M1) ficando o valor da

armadura total necessária dado pela (Eq. 09) substituindo-se b por b w e no lugar do

momento o valor de M d – 1.

f . d . x) .0,4 - (d

Ml- Md

f . ) 2hf

- (d

M1As

ydyd

+= Eq . 09

Com,

[ ]= f . 0.85 . 2

hf -d h)b (b Ml cd fwf . Eq. 10

5.6.3 Momento positivo resistido pela seção nervurada

Para a determinação do momento resistente da seção, conhecida a

largura bf da capa de concreto que contribui para resistir aos esforços aplicados e a

posição da linha neutra x tem-se:

Para x ≤ h f (seção como retangular)

Md = (0,85 . fcd . bf . 0.8 . x ) . (d – 0,4 . x) Eq.11

Para x ≥ hf (seção em T)

Md = 0,85 . fcd . (b f - bw) . hf (d – hf) 0,85 . fcd . (bw . 0,8 .x) Eq.12

O momento máximo resistido se dá entre os domínios 3 e 4 (x = x34)

porque neste caso ocorre o máximo aproveitamento dos materiais que compõem o

concreto armado, ou seja, a ruptura do concreto ocorre simultaneamente com o

escoamento do aço, que é a situação ideal, pois os dois materiais atingem o máximo

de sua capacidade resistiva e com grande deformação na armadura. O valor da

distância da linha neutra à borda mais comprimida fica dado pela Eq. 13.

Page 57: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

57

d . 3,5

(3,5).34 xx

ydε+= Eq.13

Com,

ε yd – deformação específica de escoamento do aço.

Assim para calcular o momento máximo resistente determina-se o valor

da linha x para o limite dos domínios 3 e 4, x34 dado em (Eq. 13) e conforme a

situação (x < hf ou x > hf ) emprega-se (Eq. 11 ou Eq. 12).

5.6.3.1 Momento positivo resistido pela seção nervurada conhecida à armadura

Uma situação muito comum, conhecendo a largura (bf) e a altura útil (d)

de seção transversal retangular, a resistência do concreto (fck), e o tipo de aço (fyk) e

a área da seção transversal da armadura longitudinal (As), com estes dados pode-se

chegar ao valor do máximo momento resistido pela seção.

Neste caso ao se fixar o valor da área de aço, a posição da linha neutra

fica automaticamente determinada, não podendo mais ser considerada igual ao

limite entre os domínios 3 e 4 (x ≠‚ x34). O momento resistido é encontrado devendo-

se inicialmente, considerar que a seção irá trabalhar nos domínios 2 ou 3 (incluindo

o início do domínio 4). Em qualquer desses domínios, o aço tracionado estará

escoando, ou seja, εs ≥ εyd e fs = fyd . Nesse caso, conhecendo a área de aço (As), a

força (Fs) na armadura é:

Fs = A s . fyd

Eq. 14

Partindo do fato que, por equilíbrio, as forças resultantes no aço e no

concreto devem ter mesma intensidade. Pela Eq. (02) e como Fe = Fs, obtemos como

resultado a equação para o valor de x :

Page 58: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

58

f . b 0,68.

X

ydw

yds fΑ . = Eq.

15

Após a determinação do valor de x é preciso verificar se ele é inferior ao

limite x34. Caso isso ocorra e, portanto, de fato Fs = fyd, o máximo momento resistido

(Md) pela seção é obtido pelo produto da força na armadura (ou no concreto) pelo

braço de alavanca z (Eq. 03):

Md = Fs. (d – 0,4 . x) = As . f yd . (d – 0,4 . x) Eq. 16

Caso a profundidade x da linha neutra seja superior ao limite x34, isto

indica que a seção está trabalhando no domínio 4 e, portanto, a tensão na armadura

será inferior a f yd e dependerá do valor de x. Nesse caso, a força na armadura fica:

Fs = As . fs Eq. 17

A partir da figura 14, com o valor de x pode-se determinar εc é igual a

0,0035:

εs = εc . ( d – x) Eq. 18 x

fs = εs . Es = 0,0035 . ( d- x) . E s Eq. 19 1,15 x 1,15

Sendo;

Es – módulo de elasticidade do aço

Substituindo fs no aço, destacando que no domínio 4 εc e, portando, a

tensão Fs no concreto, obtém-se uma equação de segundo grau em x :

0,782. fcd . bw . (x) 2 + As . 0,0035 . Es . x – d. A s . 00,35 . Es = 0 Eq. 20

Page 59: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

59

Com o valor da profundidade x da linha neutra, o momento fletor

resistente ds seção é encontrado com a Eq. 16, substituindo fyd por fs.

5.6.4 Deslocamentos

O dimensionamento do deslocamento é feito verificando a segurança das

vigotas em relação aos estados limites, de acordo com os preceitos da NBR-6118

(ABNT-2003).

Na verificação do estado limite de deformação excessiva, deve ser

utilizada a combinação quase permanente das ações, podendo ser escrita da

seguinte maneira:

Fd, ser = ∑ Fgk + Ψ2 F qk Eq. 21

Onde:

• F d ser, é o valor de cálculo das ações para combinação de serviço;

• F gk ações permanentes, podendo ser peso próprio da laje, peso de

alvenaria e revestimento, etc.

• F qk ações principais acidentais, podendo ser cargas variáveis,

sobrecarga de utilização, etc.

• Ψ2 é o fator de redução de combinação quase freqüente para ELS.

Os deslocamentos máximos (flechas) medidos a partir do plano que

passa pelos apoios estão limitados aos valores fornecidos pela NBR-6118 (ABNT-

2003). A tabela 10 mostra os limites dos deslocamentos para aceitabilidade

sensorial.

Tabela 10 – Limites de deslocamentos para aceitabilidade sensorial.

Tipo de efeito Razão da limitação

Exemplo Deslocamento a considerar

Deslocamento limite

Aceitamento sensorial

Visual Deslocamentos visíveis em Elementos estruturais

Total l / 250

Page 60: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

60

Outro Vibrações sentidas no pisoDevido a cargas

acidentais

l / 350

Fonte: NBR-6118 (ABNT-2002).6 DIMENSIONAMENTO DAS VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS. AMOSTRA DE

REFERENCIA SEGUNDO A NBR-14862

Para efeito deste trabalho foi estipulada segundo a NBR 14862 (2002),

uma armadura mínima resistente à tração, com a finalidade de avaliar e comparar os

resultados obtidos com vigotas pré-moldadas de mesma seção, porem com

substituição parcial do aço por varetas de bambu como elemento resistente à tração

da espécie dendrocalamus giganteus no combate a flexão.

Dados:

• Aço: CA 60;

• Armadura resistente à tração: 2 Φ 4.2 mm;

• Concreto Fck: 20 Mpa;

• As vigotas possuem as seguintes dimensões;

• Comprimentos: 2,70 m;

• Vão teórico: 2,50 m;

• Largura: 9 cm;

• Altura: 12 cm;

• Espaçamentos e cobrimentos;

• Cobrimento do aço na viga: 0,5 cm;

• Espaçamento do aço na viga: 5 cm;

6.1 CÁLCULO DA ALTURA DA LINHA NEUTRA

Utilizando a hipótese de seção decrescente

0,277 . 6000 x = As . fyd = . 1,15 = 1,75634 cm 0,68. bw . fcd 0,64 . 9 . 200

Page 61: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

61

1,4

Com o resultado do valor de x, é possível determinar em qual domínio a

peça esta trabalhando:

x = 1,75634 = 0,2927d 6,0

Este resultado mostra que esta peça esta trabalhando no domínio 2.

6.2 CÁLCULO DO MÁXIMO MOMENTO

Utilizando a Eq. 11 é possível obter o máximo momento teórico resistido

pela área de aço existente. Utilizando uma área de aço de 0,277 cm² (2 Φ 4.2) é

obtido o Md Máx de:

Md = (0.64. x . d – 0.272 . x2) . bw . fcd = ( 0,64 . 0,0175634 . 0,06 – 0,272 .

0,0175634 2) . 0,09 . 1.428571,429

Md = 75,92 Kgf .m

Dividindo o valor encontrado de Md pelo coeficiente de segurança 1,4 se

obtém o valor Mmáx de serviço.

Mk = 7,592 = 5,423 KN.m = 54,23 Kgf.m

1,4

Haja vista que este momento é resultante de uma carga distribuída do

eixo longitudinal da vigota:

Mk = q . l2

8

54,23 = q . 2,5 2 = 69,41 Kgf

Page 62: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

62

8 m

Sabendo que o peso próprio da vigota é de 18 Kgf/m e que o

carregamento dos corpos de prova se dará em dois pontos a 1/3 das extremidades,

se obtém o valor da carga concentrada máxima para o máximo momento resistente.

Mk = q .l 2 + P . a 8

54,23 = 18 . 2,50 2 + P . 0,833 P = 48,22 Kgf 8

Figura 17 - Carregamento teórico para máximo momento.Fonte: Autor.

6.3 FLECHA MÁXIMA

O deslocamento máximo (flecha) admissível para esta vigota com vão

teórico de 250 cm, segundo a NBR-6118 (ABNT-2003), tendo como fator de

limitação os deslocamentos visíveis totais:

l / 250 = 250 / 250 = 1 cm

Page 63: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

63

7 METODOLOGIA

7.1 ESCOLHA DO LOCAL PARA MOLDAGEM E ENSAIOS

O intuito deste trabalho consiste na análise de vigotas para lajes pré-

moldadas, para melhor acompanhamento da fabricação dos elementos e para

moldagem dos corpos de prova, foi escolhida uma fábrica de artefatos pré-moldados

para serem realizados os estudos. A empresa com sede no município de

forquilhinha, RF Pré-moldados foi gentilmente cedido, os serviços, pelo seu

proprietário Sr. Rodrigo Frittz. Proporcionou todo o suporte necessário de

equipamentos, pessoal e materiais necessários para a confecção dos corpos de

prova para a análise.

Todavia, como os corpos de prova são de dimensões razoavelmente

pequenas, e parte do estudo diz respeito à capacidade portante das mesmas, sendo

necessário sobrecarregá-las até seu colapso, foi estipulado que o melhor local para

realização adequada dos ensaios fosse próximo e de fácil acesso, para melhor

acompanhamento do acadêmico.

Page 64: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

64

Figura 18 – Local onde foi feito o carregamento dos corpos de prova.Fonte: Autor.

7.2 INÍCIO DOS TRABALHOS

De início, será realizado o dimensionamento de dois modelos de vigotas

de concreto armado, com seção transversal tipo trilho e dimensões segundo critérios

da NBR 14862, conforme detalhado no item 7.4, com vãos teóricos pré-

estabelecidos de 2,50m. A determinação dos vãos foi limitada na escolha das

maiores amostras coletadas de varetas de bambu Dendrocalamus Giganteus,

considerando sua perfeita integridade, além do mesmo estar dentro de uma faixa

média de comprimento para sua utilização em residências unifamiliares. Foram

confeccionados oito exemplares. Quatro exemplares foram dotados de varetas de

bambu substituindo o aço como elemento de combate à tração na flexão das

vigotas. Outros quatro exemplares foram confeccionados conforme os critérios da

NBR 14862, para comparar os resultados encontrados. A fim, de que seja

carregados até seu limite e verificar a capacidade portante das amostras com a

interação aço/bambu na mesma seção.

Page 65: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

65

Figura 19 – Local onde foram moldados os corpos de prova.Fonte: Autor

O presente trabalho terá como base para sua elaboração uma pesquisa

bibliográfica apurada, com o intuito de aprofundar os conhecimentos na área de

concreto armado e a associação de materiais não convencionais. Com enfoque no

estudo das vigas sujeitas a esforços de flexão simples.

Tendo conhecimento da teoria, serão confrontados os resultados com os

cálculos pré-realizados, para posterior análise das diferenças de resistência de cada

exemplar, objetivando definir a utilização deste elemento não metálico no combate a

flexão frente aos estados limites.

Inicialmente foi procurado um local dentro da empresa que fornecesse

condições ergonômicas ideais para realizações dos ensaios, e também um local de

fácil acesso para um trator fazer o deslocamento das torres de concreto.

Com o local definido, foram construídas duas torres utilizando conjuntos

de filtros circulares pré-moldados, cuidadosamente empilhados, que serviram para

apoiar os corpos de prova para que fosse efetuado o carregamento. Foram

conferidos o nível e o prumo das torres para garantir a distribuição homogênea das

cargas nas amostras ensaiadas.

Page 66: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

66

7.3 CONFECÇÃO DAS VARETAS DE BAMBU

Primeiramente foi feita uma pesquisa de campo para aquisição das varas

de bambu da espécie desejada para coleta e confecção das varetas. As amostras

foram encontradas no município de Criciúma as margens da rodovia Gov. Jorge

Lacerda, gentilmente cedidas pelo Sr. Antonio Martinello em sua propriedade como

mostra a figura 19. As amostras foram coletadas no dia 15 de janeiro de 2009.

Segundo GHAVAMI (2005), a região do meio do colmo apresenta maior resistência

(26,5%), apresentando também cerca de 29% maior resistência as amostras com 4

anos de idade. Entretanto, segundo a pesquisa, vale observar que estes resultados

dependem de como foi determinada região do meio do colmo.

Por conseguinte, foram coletadas amostras com idade aproximada de 5

anos e cortadas no meio do colmo, conforme mostra as figuras 20 e 21.

Figura 20 – Bambuzal da espécie Figura 21 – Colmos coletados.

D.Giganteus Fonte: Autor Fonte: Autor

O processamento dos colmos de bambu se inicia na colheita, que deve

ser feita atentando-se para não permitir o acumulo de água parada em sua base,

promovendo o corte acima do primeiro nó. Após o corte devidamente correto, são

necessários à armazenagem e a secagem dos colmos ao ar livre. O período de

secagem natural a sombra atendeu um prazo mínimo de três meses, não expostos

aos raios solares, e a umidade do solo.

Page 67: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

67

Em seguida, submetidas a uma cuidadosa etapa de processamento dos

colmos. Inicialmente foram feitos o desdobro em serra circular destopadeira – corte

transversal, (figura 22).

Figura 22 - Corte transversal dos colmos coletadosFonte: Autor

Com a falta de equipamentos desenvolvidos especificamente para o

manuseio de bambu, foi utilizada uma serra circular de alta rotação com serra

diamantada especial para garantir que não prejudicasse a parede externa do colmo.

Devido ao seu baixo valor de módulo de elasticidade GHAVAMI (1992), recomendou

que a área de bambu empregada em peças de concreto seja, no mínimo, seis vezes

maior do que seria necessária para o aço.

Mediu-se com um auxilio de paquímetro digital, os diâmetros internos e

externos do colmo, tanto na base como na ponta, na horizontal e vertical, como

mostra as figuras 23 e 24. Dando seguimento ao processo, os colmos foram

cuidadosamente trefilados (figura 25).

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Figura 23 – Diâmetro externo na horizontal. Figura 24 – Diâmetro externo na verticalFonte: Autor Fonte: Autor

Figura 25 – Trefilagem das varetas de bambu. Fonte: Autor.

7.4 MOLDAGEM DAS VIGAS PRÉ-MOLDADAS

O inicio dos trabalhos deu-se com a moldagem das vigotas pré-moldadas.

Essas vigotas, utilizadas nos testes foram moldadas em fôrmas metálicas, de

medidas padronizadas, enquadrando-se nos requisitos da NBR 14859 (2002), tendo

suas dimensões como mostra a figura 26.

Page 69: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

69

Figura 26 – Dimensões das formas metálicas.Fonte: Autor

Antes de efetuar a moldagem das amostras, as formas metálicas

passaram por um criterioso processo de limpeza com asperção de ar comprimido

como se percebe na figura 27.

Comumente usado para facilitar a desfôrma das vigas é utilizado como

material desmoldante, uma mistura na proporção de 2:1 entre óleo queimado e óleo

diesel que é aplicada em toda superfície da fôrma pulverizando-a com bomba costal

como mostra na figura 28.

Figura 27 – Limpeza das fôrmas com ar comprimido

Page 70: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

70

Fonte: Autor

Figura 28 – Aplicação do desmoldante com bomba costal.Fonte: Autor

Após a limpeza e aplicação do desmoldante é iniciada a concretagem das

vigotas. Inicialmente é realizado o primeiro preenchimento. Com o auxílio de baldes

e colheres o concreto é lançado dentro das fôrmas sendo preenchidas beirando a

sua totalidade.

Posteriormente a este preenchimento é realizada a primeira vibração, que

é feita por uma mesa vibratória, que consiste em um sistema de eixos

desbalanceados movidos por motores elétricos causando as vibrações continuas

desejadas.

Com a primeira etapa da vibração concluída, inicia-se a colocação das

varetas de bambu e o aço, que é fixado nas extremidades por uma peça terminal de

ferro fundido, com a função de limitar o concreto dentro da fôrma no comprimento de

vigota desejado e manter o espaçamento entre as barras de aço nas vigotas de

referencia. Também nesta etapa as varetas de bambu são amarradas com arame

recozido, para que acontecendo a vibração, não venham a se deslocar e também

garantindo o espaçamento. Cabe ressaltar também, que as vigas são moldadas com

a armadura de flexão voltadas para cima, neste momento se tem o cuidado de

conferir se o preenchimento das fôrmas foi satisfatório, pois caso isso não ocorra, ou

a armadura ficará exposta ou muito para dentro da viga, diminuindo a altura útil de

cálculo.

Page 71: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

71

Figura 29 – Confecção da vigota pré-moldada com bambu.Fonte: Autor.

Figura 30 – Procedimento de confecção da vigota pré-moldada.Fonte: Autor.

Na próxima etapa é terminado o preenchimento das fôrmas, cobrindo com

concreto a armadura e feita a ultima vibração e o acabamento das vigotas. Após o

período de vibração foi verificado que este último provocou o adensamento desejado

do concreto, que a mistura desmoldante exsudou na superfície, como mostra a

figura 31.

Page 72: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

72

Figura 31 – Exsudação do material desmoldanteFonte: Autor

Prosseguindo o processo e com o auxílio de um pórtico metálico, as

fôrmas são levadas para o pátio onde passam por intenso procedimento de cura.

Após 4 dias ocorreu a desforma das vigotas, onde foi possível observar a mistura

desmoldante impregnada nas peças.

Figura 32 – Superfície da viga pré-moldada impregnada com a mistura desmoldante. Fonte: Autor

Cabe ressaltar, que foi observado, com o transcorrer do processo de cura,

o material desmoldante que se encontrava impregnado na superfície das vigotas,

por si tratar de um material volátil, foi desaparecendo, entretanto não em sua

totalidade.

Page 73: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

73

Figura 33 - Extremidades das vigotas de aço e de bambu.Fonte: Autor.

7.5 AÇO UTILIZADO

A NBR 14859-1(2002), especifica os diâmetros nominais mínimos de

barras e fios para utilização em lajes pré-moldadas, como sendo para CA 60 o

diâmetro mínimo de 4.2 mm e para CA 50 o diâmetro de 6.3 mm. Com base nesta

informação para o dimensionamento dos corpos de prova para este trabalho foram

utilizados dois fios de aço CA 60 de 4.2 mm de diâmetro para cada vigota de

referencia.

7.6 CONCRETO

O concreto utilizado para a moldagem das vigotas pré-moldadas, foi

produzido de acordo com a NBR 6118 (2003), tendo uma resistência característica

(Fck) de 20 MPa. Na produção deste concreto foi utilizado um sistema mecânico para

sua homogeneização, uma betoneira com capacidade de 450 litros (figura 34).

Page 74: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

74

Figura 34 – Betoneira utilizada na produção do concreto.Fonte: Autor.

Foram retirados corpos de prova de cada mistura utilizada, para a

produção das vigotas pré-moldadas.

Figura 35 – Corpos de prova.Fonte: Autor

7.7 MÉTODO DE ENSAIO

As vigotas foram submetidas à ação de forças concentradas, aplicadas

verticalmente, substituindo a força uniformemente distribuída por duas forças

Page 75: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

75

concentradas, aplicadas exatamente nos terços do vão, segundo as figuras

mostradas a seguir.

Figura 36 – Sistema de carregamento.Fonte: Autor.

A força atuante foi aplicada através do preenchimento linear com água

limpa num tonel metálico com capacidade de 200 Lt (peso próprio igual a 14 Kgf).

Para garantir o carregamento adequado com velocidade continua, foi utilizado uma

bomba de imersão de 1 cv de potência com vazão aproximada de 30 Lt/min. Para

medir a quantidade de litros carregados foi confeccionada uma escala de medida

mostrando o carregamento a cada 20 Lt . Para não danificar os equipamentos foi

construída uma caixa 1,0 x 1,0 x 0,25 m com serragem no seu interior, servindo de

amortecedor no decorrer dos ensaios como mostra a figura 37.

Figura 37 – Escala de medidas em 20 litrosFonte: Autor.

Page 76: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

76

Figura 38 – Bombas que fazem o carregamento.Fonte: Autor

Durante cada etapa de aplicação de carga, foram registrados os

deslocamentos ocorridos e a aplicação de carga relativa a eles. Na falta de

equipamentos ideais (relógios comparadores) para aferição dos deslocamentos, foi

adotado um sistema de aquisição de dados utilizando uma linha de nylon de 1,6 mm

extremamente esticada cerca de 11 cm abaixo da vigota, como mostra na figura 39.

Com auxilio de paquímetro digital foram aferidas as deformações no entre

eixo das vigotas aferindo os dados de flecha.

Figura 39 – Linha de nylon para medir as deformações.Fonte: Autor.

Page 77: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

77

Figura 40 – Sistema de aquisição dos dados.Fonte: Autor

Os ensaios de flexão simples foram realizados considerando-se que os

elementos estruturais estariam simplesmente apoiados. Para garantir esta situação

as lajes foram apoiadas sobre blocos de concreto, permitindo a rotação das vigotas

nos apoios (figura 41).

Figura 41 – Rotação nos apoios.Fonte: Autor

Page 78: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

78

7.8 ENSAIO DOS CORPOS DE PROVA

As vigotas produzidas com 270 cm de comprimento total foram apoiadas

em bases de concreto. O vão teórico resultante foi de 250 cm como mostra a figura

42.

Figura 42 – Esquema de carregamento das vigotas.Fonte: Autor.

A carga aplicada ocorreu seguindo o mesmo padrão para todos os corpos

de prova. O carregamento foi realizado de 20 Lt em 20 Lt, respeitando um intervalo

de 5 minutos entre os sucessivos carregamentos, até atingir um volume de 100 Lt.

Após esse limite, o intervalo de tempo entre os carregamentos foi aumentado para

15 minutos até levar a estrutura ao colapso.

As ilustrações a seguir, mostram claramente as deflexões nas vigotas pré-

moldadas à medida que vão sendo carregadas até sua ruptura. As figuras 43 à 46

estão relacionadas com as vigotas de referencia.

Figura 43 – Início do carregamento da vigota de referencia.

Page 79: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

79

Fonte: Autor.

Figura 44 – Carregamento de 80 Kgf, vigota de referência. Fonte: Autor.

Figura 45 – Carregamento de 120 Kgf, vigota de referência.Fonte: Autor.

Figura 46 – Carregamento de 130,50 Kgf, vigota de referência.Fonte: Autor.

As figuras 47 à 50 estão relacionadas com as vigotas pré-moldadas com

varetas de bambu.

Page 80: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

80

Figura 47 – Inicio do carregamento, vigota armada com varetas de bambu.Fonte: Autor.

Figura 48 – Carregamento de 40 Kgf, vigota armada com varetas de bambu.Fonte: Autor.

Figura 49 – Carregamento de 60 Kgf, vigota armada com varetas de bambuFonte: Autor.

Page 81: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

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Figura 50 – Carregamento de 71 Kgf, vigota armada com varetas de bambuFonte: Autor.

7.9 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A NBR 6118:2003 sita no item 13.3, que os deslocamentos limites são

valores práticos utilizados para a verificação do estado limite de deformações

excessivas da estrutura, e a tabela 13.2 da referida norma, estabelecem os

parâmetros da flecha máxima admissível. Esta flecha máxima já foi calculada

anteriormente, tendo como valor de aceitabilidade 10 mm de deslocamento para os

corpos de prova ensaiados.

As tabelas a seguir apresentam as leituras de deformação devido à

aplicação da carga até a ruptura nos dois modelos de corpos de prova, tendo como

referência a flecha limite da norma. Os valores apresentados correspondem a

valores médios, a partir das tabelas no anexo1.

Tabela 11 – Vigota pré-moldada com aço CA-60. Valores médios.

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrente

Da carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR

6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim 0,00005,0 5 0,8615 10 Sim 18,2275

10,0 5 2,5265 10 Sim 22,392520,0 5 4,5132 10 Sim 30,722540,0 5 7,5030 10 Sim 47,382560,0 5 9,2432 10 Sim 64,042580,0 5 12,3550 10 Não 80,7025

100,0 15 14,4220 10 Não 97,0625120,0 15 16,4032 10 Não 113,6625130,45 - ruptura 10 Não 122,3360

Page 82: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

82

Tabela 12 – Vigota pré-moldada com varetas de bambu. Valores médios.

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrente

Da carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR

6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim 0,00005,0 10 2,1995 10 Sim 18,2275

10,0 10 5,1060 10 Sim 22,392520,0 10 7,8182 10 Sim 30,722530,0 10 9,7050 10 SIm 38,962540,0 10 11,3852 10 Não 47,382560,0 10 15,7907 10 Não 64,0425

72,50 - ruptura 10 Não 74,2375

Nota-se que nas tabelas acima, os valores experimentais de momento e

carregamento, atendem os requisitos da norma NBR 6118:2003, levando em conta a

flecha máxima admissível.

Figura 51 – Gráfico Momento x Flexa.Fonte: Autor.

Page 83: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

83

Figura 52 – Gráfico do momento para flecha máxima.Fonte: Autor.

Analisando o gráfico da figura 52, tendo como referência a flecha máxima

e o máximo momento teórico podemos verificar que esta diferença entre os valores

estimados e o valor experimental se dá por causa dos coeficientes de majoração das

cargas e minoração das resistências.

Entretanto ao analisar a relação do momento para flecha máxima entre a

vigota armada com bambu e a vigota de referencia, constata-se uma diferença nos

valores de momento em relação à flecha máxima admissível em torno de 64 %. Haja

visto que, nenhuma das amostras ensaiadas houve ruptura nas varetas de bambu.

Esta diferença pode ser explicada através da redução da aderência entre o bambu e

o concreto, também se observa comparando os dados do gráfico de carga máxima

de ruptura, (figura 53).

Page 84: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

84

Figura 53 – Gráfico da carga máxima de ruptura.Fonte: Autor.

Partindo da análise da diferença de carregamento até a ruptura das

amostras discutidas, fica evidente que a associação concreto x bambu (in natura),

não confere uma aderência desejada para tal fim, pois mesmo tendo as mesmas

características dimensionais existe uma diferença de 68 ,73% para a máxima carga

resistida em favor da vigota de referência.

Com o término dos ensaios foi realizado uma análise visual nos planos de

ruptura das vigotas, onde se constatou uma ligeira redução no volume das varetas

de bambu implicando no comprometimento de aderência entre os materiais bambu e

concreto. Conforme as figuras 54 e 55

Figura 54 – Inter-face bambu x concretoFonte: Autor.

Page 85: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

85

Figura 55 – Inter-face aço-concretoFonte: Autor.

Page 86: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

86

8 RECOMENDAÇÕES PARA O USO DO BAMBUCRETO

A seguir são listadas algumas recomendações feitas pelos diversos

cientistas que pesquisaram a questão do uso do bambu como reforço na armação

de vigas de concreto:

• Uma vez que são as fibras que conferem resistência à tração, sugere-

se o uso da lascas ou varetas de bambu, cortados longitudinalmente, de forma que a

camada mais externa seja melhor aproveitada, dispensando o uso das camadas

internas, que são suscetíveis ao ataque de insetos. Pelas de concreto armadas com

varetas de bambu mostram melhor capacidade de carga em relação àquelas

armadas com colmos roliços, de acordo com FERRAO (1992).

• Conforme McCLURE (1967), o bambucreto resistiu a uma carga de

quatro á cinco vezes a de uma viga sem qualquer armação, recomendando para

projetos valores estimados apenas de duas a três vezes a capacidade de carga a

favor da segurança.

• GLENN (1950) propôs, a fim de que as peças de concreto tivessem

uma relação ótima de utilização do bambu, uma porcentagem de 3 a 4% da área da

seção transversal da viga como área de bambu.

• Devido ao seu baixo valor de módulo de elasticidade GHAVAMI (1992),

recomendou que a área de bambu empregada em peças de concreto seja, no

mínimo, seis vezes maior do que seria necessária para o aço.

• JANSSEN (1995) também fez algumas recomendações sobre o uso do

bambucreto:

- a limitação da deformação no vão situa-se no intervalo de 1/500 a

1/1000;

- a altura da viga deve ser da ordem de 10% do vão, de forma que o

concreto possa absorver parte dos esforços;

- estudo de outra geometria para a seção transversal da viga, por

exemplo o T invertido, de maneira que se consiga um maior espaço para alojar toda

a área de bambu necessária.

- devido a não existência de estudos no que se refere à vida útil do bambu

no concreto, o autor recomenda a adoção de valores da ordem de 1,7 como

coeficiente de segurança na execução dos cálculos.

Page 87: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

87

8.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO BAMBU

8.1.1 Vantagem

Como vantagens da utilização do bambu como material de construção

pode-se citar:

• devido ao seu ciclo de crescimento rápido, o bambu pode ser

produzido em grande escala em uma pequena área;

• o bambu é considerado um material resistente apesar de usar baixa

densidade, pois suporta elevadas solicitações quando tracionado;

• o bambu tem uma estrutura que resiste muito bem a cargas dinâmicas;

• novos colmos podem ser cortados a cada ano de um mesmo

bambuzal.

8.1.2 Desvantagens

• durabilidade natural reduzida, necessitando de tratamento de

preservação contra o ataque de insetos;

• o posicionamento paralelo dos internos dos colmos é praticamente

impossível, devido à grande diferença no comprimento do colmo entre os nós;

• o fogo é um grande risco para o bambu;

• um colmo não é completamente liso, devido os nós que existem, que

podem dificultar o manuseio quando o material é trabalhado.

Page 88: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

88

9 CONCLUSÃO

As conclusões finais aqui apresentadas originam-se do conteúdo presente

neste trabalho, onde se procurou avaliar a capacidade portante de vigotas pré-

moldadas unidirecionais com a associação de varetas de bambu da espécie

Dendrocalamus Giganteus. Salienta-se que os resultados finais estão

fundamentados na análise teórico-experimental, tendo as vigotas uma altura total de

9 cm e vão teórico de 250 cm. Pode-se concluir que a utilização de varetas de

bambu como armadura longitudinal nas vigotas de concreto é viável do ponto de

vista estrutural, pois é possível aplicar a mesma hipótese de cálculo utilizada no

concreto armado com aço (Estádio ll), desde que se adote coeficientes de

segurança na ordem de 1,7 sobre o momento de cálculo. Torna-se necessário, pelo

fato do bambu ser um material natural e não homogêneo, conseqüentemente, sujeito

a variações em suas propriedades físicas e mecânicas.

A conclusão sobre o sistema que foi utilizado para efetuar os

carregamentos e a aquisição de dados para as análises foi positiva, pois mesmo

tendo algumas variáveis que poderiam interferir nos resultados elas pareceram atuar

de forma uniforme para todos os corpos ensaiados, uma vez que os resultados

aferidos apresentaram uniformidade nos valores, mostrando que a variável principal

do estudo, a aderência do bambu, pôde ser analisada com bom índice de

confiabilidade.

As análises conclusivas foram feitas a partir dos dados coletados de

flecha, carregamento, momento e o aparecimento das fissuras. O comparativo entre

os dados das vigotas com varetas de bambu e viga pré-moldada de referencia,

apresentaram diferentes valores para o momento gerador da flecha máxima

admissível em torno de 64% a favor das vigotas de referência.

Sendo que o valor de momento é 1,39 vezes menor que o valor do

momento teórico para a flecha máxima admissível. Para o carregamento Maximo ate

a ruptura a diferença de carga concentrada P, aplicada nos terços médios do corpos

de prova entre a vigota de referência e a vigota com bambu ficou em torno de 68 %,

tendo a vigota de bambu atingindo o colapso com carga P de 72,5 Kgf e para vigota

de referência 122,33 Kgf, valores estes superiores ao teórico que teve como

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resultado 48,22 Kgf. Haja vista os valores encontrados fica claro no presente

trabalho, a reduzida aderência conferida na associação destes materiais, visto que

não houve ruptura em nenhuma vareta de bambu dos corpos de prova ensaiados.

Assim, espera-se que este trabalho possa contribuir para um maior

entendimento do comportamento a flexão de vigas de concreto armadas com bambu

e que sirva de estímulo para outros trabalhos nesta área.

9.1 SUGESTOES PARA FUTUROS TRABALHOS

a) Refazer estes experimentos utilizando combinações de vãos diferentes;

b) Analisar a fluência nas vigotas pré-moldadas com a associação de

varetas de bambu, como elemento resistente a tração;

c) Desenvolver uma técnica mais detalhada na associação destes

materiais.

Page 90: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

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REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6120 – Cargaspara Cálculo de Estruturas: Procedimento. Rio de Janeiro, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 – Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado: Especificação. Rio deJaneiro, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14931 –Execução de estruturas de concreto: Procedimentos. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14859-1 – Lajepré-fabricada – Requisitos – Parte 1: Laje unidirecional. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14859-2 – Lajepré-fabricada – Requisitos – Parte 2: Lajes bidirecionais. Rio de Janeiro, 2002.

AZEVEDO, Hélio Alves. O edifício até sua cobertura. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. 178 p.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos; MARCHETTI, Osvaldemar. Concreto armado, eu te amo. São Paulo: Edgard Blücher, 2004. v. 2. 264 p

CARVALHO, Roberto Chust; FIGUEIREDO FILHO, Jasson Rodrigues de. Cálculo eDetalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado: segundo a NBR 6118:2003. 2. ed São Carlo, SP: EDUFSCAR, 2005.

FERREIRA, G.C.S Vigas de Concreto Armadas com Bambu. São Paulo. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, SP, 2002.

MONTOYA,M M. HORMIGON ARMADO. 8. ed. Editora Gustavo Gili,S.A.Barcelona, Espanha. 1978.

RIPPER, Ernesto. Como Evitar Erros na Construção. 3. ed. São Paulo: PINI, 1996.

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ISAIA, Geraldo Cechella. Concreto: ensino, pesquisas e realizações. São Paulo: IBRACON, 2005.

MEHTA, Povindar Kumar; MONTEIRO, Paulo J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: PINI, 1994.

THOMAZ, Ercio. Execução, controle e desempenho das estruturas de concreto. In: ISAIA, Geraldo Cechella. Concreto: ensino, pesquisas e realizações. São Paulo:IBRACON, 2005. v. 1. p.527-581.

YAZIGI, Walid. A técnica de edificar. 5.ed São Paulo: PINI, 2003.

Page 92: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

92

APÊNDICES

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APÊNDICE A – Valores Experimentais de Momentos e Carregamento para cada amostra ensaiada

Tabela 01 – Vigota pré-moldada com aço CA-60. Primeira amostra ensaiada

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrente

Da carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR 6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim5,0 5 0,456 10 Sim10,0 5 2,531 10 Sim20,0 5 4,973 10 Sim40,0 5 6,665 10 Sim60,0 5 9,871 10 Sim80,0 5 13,342 10 Não

100,0 15 14,495 10 Não120,0 15 15,998 10 Não132,5 - ruptura 10 Não

Tabela 02 – Vigota pré-moldada com aço CA-60. Segunda amostra ensaiada

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrenteDa carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR 6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim5,0 5 0,998 10 sim10,0 5 4,421 10 Sim20,0 5 4,987 10 Sim40,0 5 8,419 10 Sim60,0 5 9,312 10 Sim80,0 5 14,538 10 Não

100,0 15 15,081 10 Não120,0 15 16,351 10 Não136,0 - Ruptura 10 Não

Tabela 03 – Vigota pré-moldada com aço CA-60. Terceira amostra ensaiada

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrenteDa carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR 6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim5,0 5 1,022 10 Sim10,0 5 1,923 10 Sim

Page 94: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

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20,0 5 3,533 10 Sim40,0 5 7,173 10 Sim 60,0 5 7,836 10 Sim80,0 5 9,359 10 Sim

100,0 15 14,112 10 Não120,0 15 16,632 10 Não

130,80 - ruptura 10 Não

Tabela 04 – Vigota pré-moldada com aço CA-60. Quarta amostra ensaiada

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrenteDa carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR 6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim5,0 5 0,970 10 Sim10,0 5 1,231 10 Sim20,0 5 4,560 10 Sim40,0 5 7,755 10 Sim60,0 5 9,954 10 Sim80,0 5 12,440 10 Não

100,0 15 14,000 10 Não120,0 15 16,332 10 Não

122,50 - ruptura 10 Não

Tabela 05 – Vigota pré-moldada com varetas de bambu. Primeira amostra ensaiada

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrenteDa carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR 6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim5,0 5 3,330 10 Sim10,0 5 5,432 10 Sim20,0 10 8,220 10 Sim40,0 10 12,005 10 Não60,0 10 16,044 10 Não

72,50 - ruptura 10 Não

Tabela 06 – Vigota pré-moldada com varetas de bambu. Segunda amostra ensaiada

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrenteDa carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR 6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim

Page 95: ANÁLISE EXPERIMENTAL DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AÇO POR VARETAS DE BAMBU EM VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

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5,0 5 2,444 10 Sim10,0 5 4,650 10 Sim20,0 10 7,110 10 Sim40,0 10 9,881 10 Sim60,0 10 15,200 10 Não

78,50 - ruptura 10 Não

Tabela 07 – Vigota pré-moldada com varetas de bambu. Terceira amostra ensaiada

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrenteDa carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR 6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim5 5 2,022 10 Sim

10 5 5,350 10 Sim20 10 9,443 10 Sim40 10 14,001 10 Não

60,00 10 16,829 10 Não64,00 - ruptura 10 Não

Tabela 08 – Vigota pré-moldada com varetas de bambu. Quarta amostra ensaiada

Carga(Kgf)

Tempo(min)

Flexa decorrenteDa carga (mm)

Flexa de Norma(mm)

Atende a NBR 6118:2003

Momento(Kgf.m)

0 0 0 10 Sim5 5 1,002 10 Sim

10 5 4,992 10 Sim20 10 6,500 10 Sim40 10 9,654 10 Sim60 10 15,090 10 Não

68,00 - ruptura 10 Não